Tópicos Especiais
Tópicos Especiais
ter
ial
Supl
ement
arpa
raAc
ompa
nha
r
TÓPICO ESPECIAL
A
13C
Espectroscopia de RMN de
– Uma Introdução Prática
A.1 U
M SINAL PARA CADA ÁTOMO DE CARBONO
DISTINTO
Quando colocados em um campo magnético forte, os núcleos de 13C (e também os
núcleos de 1H) absorvem a energia de radiofrequência de maneira característica. Os dados
interpretados a partir deste fenômeno são chamados de espectros de RMN de 13C (e de
1H). A interpretação dos espectros de RMN de 13C pode ser muito simples. Cada átomo
CDCl3
TMS
O espectro de 13C do 2-metilbutano (veja Fig. A.2) consiste em quatro sinais porque o
grupo metila em C1 e o grupo ligado a C2 são equivalentes por simetria. (Prove isto você
mesmo com um modelo ou um desenho tridimensional.) C2, C3 e C4 ocupam, cada um
deles, ambientes próprios e, consequentemente, cada um deles fornece um sinal distinto.
CDCl3
TMS
FIGURA A.2 O espectro
de RMN de 13C do
2-metilbutano. (Adaptado do
original (www.sigmaaldrich.com/
spectra/fnmr/FNMR001636. 220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0
PDF) com permissão de
δC (ppm)
Sigma-Aldrich.)
A.2 D
ESLOCAMENTO QUÍMICO – A LOCALIZAÇÃO DO SINAL DEPENDE DO
AMBIENTE ELETRÔNICO
Considere o espectro de RMN de 13C do 2-pentanol (Fig. A.3), que consiste em cinco
sinais. Um sinal no espectro do 2-pentanol está em uma frequência apreciavelmente mais
alta (δ 68) que os outros quatro (δ 15, 19, 24 e 42). Este sinal é do carbono ligado ao
átomo de oxigênio eletronegativo. Observe também que, como não existe simetria no
2-pentanol, cada carbono fornece um único sinal no espectro.
OH
CDCl3
Nós discutiremos outros fatores que provocam diferenças nos deslocamentos quími-
cos nos capítulos mais adiante. Em geral, no entanto, os vários ambientes dos átomos de
carbono presentes em uma molécula podem ser inferidos pelos deslocamentos químicos
dos sinais no espectro de RMN de 13C do composto. Para iniciar agora fazendo uso dos
espectros de RMN de 13C de uma maneira prática, podemos utilizar um diagrama que
mostra deslocamentos químicos típicos para átomos de carbono em diferentes ambien-
tes estruturais. Com este diagrama, podemos correlacionar deslocamentos químicos do
espectro de um composto desconhecido com sinais que são característicos de carbonos
em ambientes conhecidos, permitindo, assim, inferir informações estruturais a respeito
do composto desconhecido. Um diagrama para correlacionar deslocamentos químicos de
13C pode ser visto na Fig. A.4.
C N
C OR C OH C
O
C N C N CH
O C
CH2
C OR
O O
C C C C CH3
C R,H C OH
220 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 FIGURA A.4 Diagrama de
δC (ppm)
correlação de deslocamentos
químicos de RMN de 13C.
PROBLEMA DE REVISÃO A.1 Proponha uma fórmula estrutural para um composto com fórmula molecular C5H10O que
seja consistente com o espectro de RMN de 13C mostrado na Fig. A.5. Associe os sinais no
espectro aos carbonos específicos na fórmula que foi proposta.
PROBLEMA DE REVISÃO A.2 Proponha fórmulas estruturais para dois compostos que têm a fórmula molecular C5H10O.
Essas fórmulas estruturais devem ser consistentes com o número de sinais no espectro de
RMN de 13C, mostrado na Fig. A.6.
Quantos sinais (não contando o solvente) você esperaria que estivessem presentes no es- PROBLEMA DE REVISÃO A.3
pectro de RMN de 13C do (a) 2-metil-2-butanol, (b) 1-bromo-2-cloro-hexano, (c) 3-iso-
propil-2-metil-hexano?
Quantos sinais você prediz no espectro de RMN de 13C de cada um dos seguintes com- PROBLEMA DE REVISÃO A.4
postos?
Cl
(d) (e)
Quantos sinais (não contando o solvente) você esperaria que estivessem presentes no es- PROBLEMA DE REVISÃO A.5
pectro de RMN de 13C do (a) clorociclo-hexano, (b) cis-3-bromo-1-clorociclo-hexano,
(c) trans-1-cloro-4-bromociclo-hexano?
TÓPICO ESPECIAL
B
Teoria e Instrumentação
de RMN
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núcleos não produzem um espectro de RMN. Outros núcleos têm números quânticos de
spin maiores do que 12 . No entanto, em nosso tratamento deste ponto vamos nos ocupar
principalmente dos espectros que são fornecidos pelo 1H e pelo 13C, ambos com I = 12 .
1
2 TÓPICO ESPECIAL B
N N
Linhas
Sentido de força
magnética
da rotação
S S
Vamos considerar agora como o sinal dos núcleos que estão em ressonância é detecta-
do pelos espectrômetros de RMN, e como é convertido em um espectro de RMN.
B.2 D
ETECÇÃO DO SINAL: ESPECTRÔMETROS DE
RMN COM TRANSFORMADA DE FOURIER
A maioria os espectrômetros de RMN usa ímãs supercondutores que têm intensidades
de campo magnético muito elevadas. Os ímãs supercondutores operam em um banho de
hélio líquido 4,3 graus acima do zero absoluto e têm intensidades de campo magnético
mais de 100.000 vezes mais fortes do que o campo magnético da Terra.
Quanto mais forte for o ímã em um espectrômetro, mais sensível será o instrumento.
A Figura B.4 mostra um diagrama de um espectrômetro de RMN com transformada
de Fourier.
O pulso de excitação de
radiofrequência e os sinais
de RMN resultantes são
enviados por cabos entre
as bobinas da sonda no
ímã e o computador.
Console de operação
do gerador de
radiofrequência (RF)
Craig B. Fryhle
e do computador
O tubo da amostra gira no A transformada de Fourier do sinal proveniente
interior das bobinas da sonda, do domínio do tempo para o domínio da
no espaço vazio, no centro do ímã. frequência ocorre no computador.
O ímã supercondutor de um
FIGURA B.4 Diagrama de um espectrômetro de RMN com transformada de Fourier. espectrômetro de RMN.
* A relação entre a frequência da radiação (ν) e a intensidade do campo magnético (B0) é dada por
γ B0
ν=
2π
em que γ é a razão magnetogírica (ou giromagnética). Para um próton, γ = 26,753 rad–1 tesla–1.
4 TÓPICO ESPECIAL B
Pulso de RF Relaxação
x x x
Bobina
y receptora y y
indução livre (FID)
(c) A rotação do
Decaimento por
B0 vetor magnético
nuclear no plano (d ) O vetor magnético
x–y gera o sinal nuclear relaxa
FID na bobina de volta na direção
receptora. do eixo z, e o sinal
Tempo FID decai.
Transformada de Fourier
Espectro de RMN
como um alcano, é relativamente inerte. Também é volátil, tendo seu ponto de ebulição
em 27 °C. Depois de ser determinado o espectro, o TMS pode ser removido da amostra
facilmente por evaporação.
B.4 B
LINDAGEM E DESBLINDAGEM DE PRÓTONS: CAMPOS
MAGNÉTICOS INDUZIDOS
Os prótons do alqueno
são desblindados pelo
H H campo induzido
C Elétrons π circulantes
Campo (corrente anelar)
FIGURA B.6 O campo magnético magnético B0
induzido dos elétrons π em um aplicado
alqueno desblindam os hidrogênios C
de um alqueno. O deslocamento
químico dos hidrogênios do alqueno H H
é de aproximadamente δ 4,0–6,0.
TEORIA E INSTRUMENTAÇÃO DE RMN 7
Elétrons π circulantes
(corrente anelar)
Campo
FIGURA B.7 O campo magnético
magnético B0 H C C H
aplicado induzido dos elétrons π em
Os prótons do alquino uma ligação tripla blindam os
terminal são blindados hidrogênios do alquino terminal.
pelo campo induzido Seu deslocamento químico é de
aproximadamente δ 2,5–3,1.
B.5 D
IAGRAMAS EM ÁRVORE DE DESDOBRAMENTO E A ORIGEM
DO DESDOBRAMENTO DO SINAL
No Capítulo 9 vimos como utilizar o desdobramento do sinal (acoplamento spin–spin)
para deduzir o número de átomos de hidrogênio adjacentes aos hidrogênios produzindo aH (desdobrado por
um dado sinal (Seção 9.6). Fizemos isso classificando o surgimento de um sinal como um um próton bH)
simpleto, dupleto, tripleto, quadrupleto, etc. e, então, aplicando a regra n + 1, em que n é
o número de átomos de hidrogênio adjacentes não equivalentes. Agora vamos considerar
como surgem os picos desses sinais.
O desdobramento de sinal é causado pelo efeito magnético dos prótons que estão nas Jab
vizinhanças e não são equivalentes aos prótons que produzem dado sinal. Os prótons das
vizinhanças têm momentos magnéticos que podem ou se somar ou se subtrair do campo
magnético em torno do próton que está sendo observado. O efeito desdobra os níveis
de energia dos prótons cujo sinal está sendo observado em um sinal de picos múltiplos.
Campo magnético aplicado, B0
Podemos ilustrar a origem do desdobramento do sinal usando diagramas tipo árvore
e mostrando as combinações possíveis de alinhamentos de momentos magnéticos para os
prótons adjacentes (Figs. B.8, B.9). Jab
FIGURA B.9 Diagrama do tipo árvore para o desdobramento de um tripleto. O sinal proveniente a
H (desdobrado por
do hidrogênio observado (aH) é desdobrado em três picos de intensidade 1 : 2 : 1 por dois
dois prótons de bH)
hidrogênios equivalentes adjacentes (bH). O nível superior do desdobramento no diagrama
representa o desdobramento de um dos hidrogênios bH adjacentes, produzindo um dupleto
mostrado na forma de duas linhas. O segundo hidrogênio bH desdobra cada uma dessas
linhas novamente, conforme mostrado no nível seguinte. Porém, as linhas centrais nesse
nível sobrepõem-se, porque Jab é o mesmo* para o acoplamento de ambos os hidrogênios Jab
b
H com o aH. Esta análise explica a razão de 1 : 2 : 1 observada para as intensidades em um
espectro (simulada em azul). Em qualquer diagrama do tipo árvore para desdobramentos, o
nível mais inferior representa mais exatamente o que observamos no espectro real. As possíveis
orientações magnéticas dos dois hidrogênios bH são mostradas abaixo do diagrama tipo Jab Jab
árvore com setas indicando que ambos os hidrogênios adjacentes podem estar alinhados a
favor do campo aplicado, ou um pode estar a favor e o outro contra (em duas combinações de
energia iguais, daí duas vezes a intensidade), ou ambos podem estar alinhados contra o campo
aplicado.
b a b a b
H H H H H
Campo magnético aplicado, B0
C C C C C
b
H
*Neste exemplo, Jab é o mesmo para ambos os hidrogênios bH porque supomos que eles sejam
homotópicos ou enantiotópicos (deslocamento químico equivalente). Se eles fossem diastereotópi-
cos ou de outra forma de deslocamento químico não equivalente, cada um poderia ter uma cons-
tante de acoplamento diferente com aH, e o padrão de desdobramento não teria sido um tripleto Jab Jab
puro (ou nem mesmo um tripleto de nenhum modo). Por exemplo, se as duas constantes de aco-
plamento tivessem sido significativamente diferentes, o padrão teria sido um dupleto de dupletos,
em vez de um tripleto. Hidrogênios geminais diastereotópicos que se acoplam com um hidrogênio
vicinal produzem normalmente um dupleto de dupletos, porque as constantes de acoplamento
geminal frequentemente são maiores do que as constantes de acoplamento vicinal.
lado na Fig. B.9. (Observe que, em qualquer diagrama do tipo árvore, o nível mais baixo
representa esquematicamente os picos observados no espectro real.)
As orientações magnéticas possíveis de dois hidrogênio bH que causam o tripleto são
mostradas com setas sob o diagrama de desdobramento. As setas indicam que ambos os
hidrogênios adjacentes podem estar alinhados a favor do campo aplicado, ou um pode
ser alinhado a favor e o outro contra (em duas combinações de igual energia, provocando
o dobro da intensidade), ou ambos podem ser alinhados contra o campo aplicado. A
diagramação das possíveis combinações para os momentos magnéticos nucleares é outra
maneira (além do diagrama do tipo árvore) de mostrar a origem das intensidades 1 : 2 :
1 dos picos que observamos no tripleto.
Análise do desdobramento de um quadrupleto O sinal de RMN para o
hidrogênio desdobrado por três hidrogênios vicinais equivalentes aparece na forma de
um quadrupleto com intensidades em uma razão de 1 : 3 : 3 : 1. O espectro de RMN do
bromoetano (Fig. 9.1), por exemplo, apresenta um quadrupleto para os hidrogênios em
C1 porque eles são desdobrados pelos três hidrogênios equivalentes do grupo metila em
C2. Uma análise de árvore de desdobramento para um quadrupleto seria gerada seguindo
o mesmo caminho de análise para dupletos ou tripletos, mas levada a mais um nível de
desdobramento.
PROBLEMA DE REVISÃO B.1 Desenhe um diagrama do tipo árvore para o desdobramento de um quadrupleto adi-
cionando mais um nível ao diagrama ilustrado na Fig. B.9. Utilizando setas conforme a
Fig. B.9, mostre, sob a sua árvore de desdobramento do quadrupleto, a combinação de
orientações magnéticas que são possíveis para os três hidrogênios vicinais e que levam à
observação da razão entre as intensidades de 1 : 3 : 3 : 1.
TEORIA E INSTRUMENTAÇÃO DE RMN 9
B.6 F
ATORES QUE PODEM COMPLICAR A ANÁLISE DE
RMN DE 1H
Os espectros de RMN de próton podem ter características que complicam a análise quan-
do tentamos determinar a estrutura de um composto. Por exemplo:
1. Os sinais podem se sobrepor. Isto acontece quando os deslocamentos químicos dos
sinais são muito parecidos. No espectro de 60 MHz do cloroacetato de etila (Fig. B.10,
superior) vemos que o simpleto do grupo —CH2Cl se situa diretamente na parte supe-
rior de um dos picos mais externos do quadrupleto da etila. O uso de espectrômetros
de RMN com maior intensidade de campo magnético (correspondente a frequências de
ressonância de 1H de 300–900 MHz) frequentemente permite a separação de sinais que
se sobreporiam em menores intensidades de campo magnético (Fig. B.10, inferior).
(b)
O
(c)
ClCH2 C OCH2CH3
(b) (a) (a)
(c)
TMS
O
(b) (c) (a)
ClCH2 C OCH2CH3
(b)
(b) (a)
FIGURA B.10 (Superior) O
espectro de RMN de 1H de
60 MHz do cloroacetato de
(a) etila. Observe a sobreposição
(c) de sinais em δ 4. (Inferior) O
espectro de RMN de 1H de
(c) 300 MHz do cloroacetato de
TMS etila, mostrando a resolução
em intensidade de campo
magnético superior dos
4,2 4,0 1,4 1,2
sinais que se sobrepuseram
em 60 MHz. As expansões
dos sinais são mostradas
8 7 6 5 4 3 2 1 0 em representações gráficas
δH (ppm, 300 MHz)
ampliadas.
X
a a
H H
b b
H H
c
H
Os deslocamentos químicos desses prótons podem ser tão semelhantes que o grupo
fenila dá um sinal que se assemelha a um simpleto. Ou os deslocamentos químicos
podem ser diferentes e, por causa dos acoplamentos de longo alcance, o sinal do grupo
fenila pode aparecer na forma de um multipleto muito complicado.
A apresentação que foi feita neste ponto aplica-se exclusivamente ao que chamamos de
espectros de primeira ordem. Nos espectros de primeira ordem, a distância em hertz (∆ν)
que separa os sinais acoplados é muito maior do que a constante de acoplamento, J. Ou
seja, ∆ν ≫ J. Nos espectros de segunda ordem (não discutidos), ∆ν aproxima-se de J em
magnitude e a situação torna-se mais complexa. O número de picos aumenta e as inten-
sidades não são as que seriam esperadas de considerações de primeira ordem.
TÓPICO ESPECIAL
C
Polímeros de Crescimento
de Cadeia
Polipropileno (sindiotático)
Os nomes Orlon, Plexiglas, Lucite, polietileno e Teflon são agora familiares para a maioria
de nós. Esses “plásticos” ou polímeros são utilizados na fabricação de muitos objetos
do nosso dia a dia – desde a roupa que vestimos até partes das casas onde vivemos. No
entanto, todos esses compostos eram desconhecidos 100 anos atrás. O desenvolvimento
do processo pelo qual os polímeros sintéticos são fabricados, mais do que qualquer outro
fator único, foi responsável pelo notável crescimento da indústria química no século XX.
Alguns cientistas estão agora expressando preocupação sobre a confiança que coloca-
mos nesses materiais sintéticos. Uma vez que eles são produtos de laboratório e de proces-
sos industriais em vez de processos que acontecem na natureza, a natureza frequentemente
não tem meios de descartar muitos deles. Apesar do progresso no desenvolvimento de
“plásticos biodegradáveis” em anos recentes, muitos materiais que não são biodegradáveis
ainda são utilizados. Ainda que muitos desses objetos sejam combustíveis, a incineração
nem sempre é um método plausível para descartá-los por causa da poluição do ar.
Nem todos os polímeros são sintéticos. Muitos compostos naturais são também
polímeros. A seda e a lã são polímeros que chamamos de proteínas. Os amidos de nossa
alimentação são polímeros, como também é a celulose do algodão e da lã.
Os polímeros são compostos que consistem em moléculas muito grandes constituídas
de muitas subunidades que se repetem. As subunidades moleculares que são utilizadas
para sintetizar os polímeros são chamadas de monômeros, e as reações pelas quais os monô-
meros são unidos são chamadas reações de polimerização. Investigamos um mecanismo
radicalar de polimerização na Seção 10.11. Estudaremos outros mecanismos na Seção
17.11, no Tópico Especial D e na Seção 21.7.
1
2 TÓPICO ESPECIAL C
O propileno (propeno), por exemplo, pode ser polimerizado para formar o polipropi-
leno. Essa polimerização ocorre através de uma reação em cadeia e, como consequência,
os polímeros como o polipropileno são chamados de polímeros de crescimento de cadeia
ou polímeros de adição:
polimerização
n
n
Propileno Polipropileno
(PP)
Como vimos na Seção 10.11, os alquenos são materiais de partida convenientes para
a preparação de polímeros de crescimento de cadeia. As reações de adição ocorrem através
de mecanismos radicalares, catiônicos ou aniônicos, dependendo de como são iniciados.
Os seguintes exemplos ilustram esses mecanismos. Todas essas reações são reações em
cadeia:
Polimerização Radicalar
C C C C
R C C R C C R C C C C etc.
Polimerização Catiônica
C C C C
R+ C C R C R C C C etc.
Polimerização Aniônica
C C C C
Z − C C Z C C Z C C C C etc.
n
Cl n
Cl
Cloreto de vinila Poli(cloreto de vinila)
(PVC)
Essa reação produz um polímero que tem uma massa molecular de aproximadamente
1.500.000 e que é um material duro, quebradiço e rígido. Nessa forma, é frequentemente
utilizado para fabricar canos, tubos e discos compactos (CDs). O poli(cloreto de vinila)
pode ser amaciado misturando-o com ésteres (chamados plastificantes). O material ama-
ciado é utilizado para fabricar “couro vinílico”, capas de chuva de plástico, cortinas de
chuveiro e mangueiras de jardim.
A exposição ao cloreto de vinila tem sido ligada a um tipo de câncer raro do fígado,
chamado de angiocarcinoma. Essa associação foi primeiramente observada em 1974 e
1975 dentre os trabalhadores das fábricas de cloreto de vinila. Desde aquela época, têm
sido estabelecidos padrões para limitar a exposição dos trabalhadores a menos do que
uma média de uma parte por milhão por um período de 8 horas por dia. O U.S. Food
and Drug Administration (FDA — órgão do governo norte-americano que controla a
comercialização de alimentos e medicamentos) baniu o uso de PVC em materiais de
embalagem para alimentos. (Existe evidência de que o cloreto de polivinila contém traços
de cloreto de vinila.)
POLÍMEROS DE CRESCIMENTO DE CADEIA 3
FeSO4
n
H—O—O—H
CN n
CN
Acrilonitrila Poliacrilonitrila
(Orlon)
A poliacrilonitrila decompõe-se antes de fundir, e por isso a fiação por fusão não pode
ser utilizada para a produção de fibras. Entretanto, a poliacrilonitrila é solúvel em N,N-
dimetilformamida, e essas soluções podem ser utilizadas para produzir fibras. As fibras
produzidas dessa forma são utilizadas na fabricação de carpetes e tecidos.
O Teflon é fabricado através da polimerização do tetrafluoroeteno em suspensão
aquosa:
F F F F
Fe2+
n
H2O2, n
F F H2O
F F
Tetrafluoroetileno Politetrafluoroetileno
(Teflon)
OH O
Álcool vinílico Acetaldeído
Consequentemente, o polímero solúvel em água, poli(álcool vinílico), não pode ser pro-
duzido diretamente. Entretanto, ele pode ser produzido por um método indireto, que
começa com a polimerização do acetato de vinila em poli(acetato de vinila). Esse é, então,
hidrolisado ao poli(álcool vinílico). Entretanto, a hidrólise raramente é realizada até o
final, porque a presença de alguns grupos ésteres ajuda a conferir solubilidade em água ao
produto. Os grupos ésteres aparentemente contribuem para manter as cadeias poliméricas
separadas, permitindo a hidratação dos grupos hidroxila. O poli(álcool vinílico) no qual
10% dos grupos ésteres permanecem dissolve-se facilmente em água. O poli(álcool viní-
lico) é utilizado para fabricar filmes e adesivos solúveis em água. O poli(acetato de vinila)
é utilizado como uma emulsão em tintas à base de água.
n HO−
n O O H2O
n
O O OH
Um polímero com propriedades óticas excelentes pode ser preparado através da poli-
merização radicalar do metacrilato de metila. O poli(metacrilato de metila) é comerciali-
zado sob os nomes de Lucite, Plexiglas e Perspex:
n n
CO2Me CO2Me
Metacrilato Poli(metacrilato
de metila de metila)
Cl
Cloreto de Cloreto Copolímero
vinilideno de vinila
(excesso)
C.1 A
ESTEREOQUÍMICA DA POLIMERIZAÇÃO DE
CRESCIMENTO DE CADEIA
A polimerização cabeça-com-cauda do propileno produz um polímero no qual qual-
quer átomo de carbono é um centro de quiralidade. Muitas das propriedades físicas do
polipropileno produzido dessa maneira dependem da estereoquímica desses centros de
quiralidade:
polimerização
(cabeça-com-cauda)
Existem três arranjos gerais dos grupos metila e dos átomos de hidrogênio ao longo da
cadeia. Esses arranjos são descritos como sendo atáticos, sindiotáticos e isotáticos.
Se a estereoquímica nos centros de quiralidade é aleatória (Fig. C.1), diz-se que o
polímero é atático (a, sem + grego: taktikos, ordem).
ou
ou
ou
Os nomes isotático e sindiotático vêm do termo grego taktikos (ordem) mais iso
(mesmo) e syndyo (dois juntos).
Antes de 1953, os polímeros de adição isotático e sindiotático não eram conhecidos.
Naquele ano, entretanto, um químico alemão, Karl Ziegler, e um químico italiano, Giulio Ziegler e Natta
Natta, anunciaram independentemente a descoberta do catalisador que permitiria o ganharam o Prêmio
controle estereoquímico das reações de polimerização. Os catalisadores de Ziegler–Natta, Nobel de Química em 1963
como eles são agora chamados, são preparados a partir de haletos de metais de transição por suas descobertas.
e um agente redutor. Os catalisadores mais comumente utilizados são preparados a partir
do tetracloreto de titânio (TiCl4) e um trialquilalumínio (R3Al).
Os catalisadores de Ziegler–Natta são geralmente empregados como sólidos suspensos,
e a polimerização provavelmente acontece nos átomos metálicos nas superfícies das partí-
culas. O mecanismo para a polimerização é um mecanismo iônico, mas os seus detalhes
não são completamente entendidos. Existe evidência de que a polimerização ocorre através
da inserção do monômero alqueno entre o metal e a cadeia polimérica em crescimento.
6 TÓPICO ESPECIAL C
PROBLEMA DE REVISÃO C.1 (a) Escreva as fórmulas estruturais para as partes da cadeia das formas atática, sindiotática
e isotática do poliestireno (veja Problema de Revisão 10.15). (b) Se fossem preparadas
as soluções de cada uma dessas formas de poliestireno, quais soluções você esperaria que
mostrassem atividade ótica?