HANSENÍASE KALLINY MIRELLA GONÇALVES BARBOSA

Enfermeira - UNIVASF
Mestra em Saúde Coletiva - UEFS
Doutoranda em Saúde Coletiva - UEFS
Especialista em Metodologias Ativas – UNIVASF
Especialista em Gestão e Enfermagem do Trabalho – FACESITA
Especialista em Gestão Estratégica em Saúde Pública e Coletiva –
FACESITA
Especialista em Auditoria em Saúde

2024
 01
Aspectos
gerais da
Hanseníase
 Aspectos gerais da Hanseníase
● Contexto Histórico
○ Doença Milenar: é uma das mais antigas doenças que acometem o ser humano;
○ Isolamento social: leprosários.
● Doença crônica, infectocontagiosa, de grande importância para saúde pública devido à
sua magnitude e ao seu alto poder incapacitante
○ Hanseníase como grave problema de Saúde Pública no Brasil:

Entre os anos de 2016 e 2020 foram diagnosticados, no Brasil, 155.359 casos

novos de hanseníase. Desses, 86.225 ocorreram no sexo masculino, o que
corresponde a 55,5% do total. Essa predominância foi observada na maioria das
faixas etárias e anos da avaliação, com maior frequência nos indivíduos entre 50 e
59 anos, totalizando 29.587 casos novos.
(BRASIL, 2022)
Taxa de detecção geral de casos novos de hanseníase por 100.000
habitantes segundo região de residência. Brasil, 2011 a 2020

Fonte: Sinan/SVS/MS e IBGE // Fonte: BRASIL, 2022b

 Aspectos gerais da Hanseníase
● Hanseníase em menores de 15 anos
○ Indica exposição precoce e transmissão persistente do agente;
○ Uma região é considerada hiperendêmica quando o coeficiente de detecção em
menores de 15 anos apresenta-se ≥10,00 por 100.000 hab.
■ Bahia: 3,4/100.000 hab. (2019); 1,64/100.000 hab. (2020)
■ Pernambuco: 7,38/100.000 hab. (2019); 3,82/100.000 hab. (2020)
■ Região Metropolitana - RIDE Petrolina/Juazeiro: 17,49/100.000 hab.
(BRASIL, 2022)

No período de 2011 a 2020, foram diagnosticados no Brasil 19.101 casos novos de

hanseníase em menores de 15 anos. Em relação à taxa de detecção de casos novos nessa
população, o país apresentou uma redução de 61,9%, passando de 5,22 em 2011 para 1,99
em 2020, com mudança do parâmetro muito alto para médio.
(BRASIL, 2022)
 02
Transmissão
da Hanseníase
 Transmissão da Hanseníase
● As vias aéreas superiores são a principal via de eliminação do bacilo e a mais
provável porta de entrada;
● Período de incubação:
Fonte: Google Imagens
○ Longo período: 2 a 7 anos.

● Homem é considerado a única fonte de

infecção da Hanseníase;
● Susceptibilidade genética;
● Pessoa doente SEM tratamento;
● Contato íntimo e prolongado;
○ Domicílio como importante espaço
de transmissão.

(BRASIL, 2022)
 03
Exame Clínico
Avaliação dermatoneurológica
 Definição do caso de Hanseníase
● Pessoa que apresenta uma ou mais características a
seguir com ou sem história epidemiológica e que
requer tratamento específico:
○ Lesões ou áreas da pele e com alteração de
sensibilidade;

TÉRMICA - DOLOROSA - TÁTIL

Fonte: PCDT Hanseníase

○ Acometimento de nervo(s) periférico(s), com ou

sem espessamento, associado às alterações
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas.
○ Presença de bacilos M. leprae, confirmada na
baciloscopia de esfregaço intradérmico (BAAR)
ou uma biópsia de pele.
BRASIL, 2022
Teste de sensibilidade térmica

(BRASIL, 2022)
Teste de sensibilidade dolorosa

(BRASIL, 2022)
Teste de sensibilidade tátil

(BRASIL, 2022)
Exame Clínico da Face
Exame Clínico dos Membros Superiores
Exame Clínico dos Membros Inferiores
 04
Classificação Clínica
e Operacional
Caso Clínico 1
● Avril Lavigne Oliveira da Silva;
● 12 anos;
● “mancha branca” no rosto;
● Não melhora com tratamentos para
dermatite ou protetor solar
● Pai da criança;
● Apresenta “manchas brancas”
● A genitora diz que nunca ouviu falar na
doença;
● Ao exame físico: lesão única em face
direita, hipocrômica, lisa, mal delimitada e
com perda da sensibilidade térmica,
diminuição da sensibilidade dolorosa e
sensibilidade tátil preservada.
Classificação Clínica

Hanseníase Indeterminada
● Fase inicial da Hanseníase;
● Caracteriza-se por lesão única de pele e localizada, hipocrômica, sem
alteração de relevo e bordas mal delimitadas;
● Há hipoestesia ou anestesia térmica e/ou dolorosa, podendo a
sensibilidade tátil estar preservada;
● Pode ser acompanhada de alopecia e/ou anidrose.
(BRASIL, 2022)
 Caso Clínico 2
● Mateus Oliveira da Silva;
● 7 anos;
● Irmão de Avril (contactante de caso
confirmado de hanseníase)
● A genitora diz que nunca ouviu falar na
doença;
● Ao exame físico: apresenta uma lesão anular
bem delimitada e totalmente anestésica,
próximo ao ouvido esquerdo + nervo ulnar
direito espessado e diminuição da
sensibilidade no trajeto do nervo.
Classificação Clínica

Hanseníase Tuberculoide
● Placa única de borda elevada e eritematosa totalmente
anestésica;
● O espessamento de nervo ocorre de forma localizada, às vezes
com alterações de sensibilidade na área do trajeto do nervo com ou
sem presença de mancha.
(BRASIL, 2022)
Caso Clínico 3
● Gean Claudio Nunes da Silva, 42
anos;
● Trabalhador da construção civil
(pedreiro);
● Relato da companheira: há
aproximadamente 10 anos notou as
primeiras manchas;
● Gean se queixa de dor nos braços e
pernas, cãibras e diminuição da
força nas mãos;
● Ao exame físico: múltiplas manchas
hipocrômicas ou avermelhadas, com
bordas imprecisas, com sensibilidade
diminuídas e/ou ausentes .
 Caso Clínico 3
● Ressecamento em ambas narinas;
● Espessamento do nervo radial esquerdo (dor
à palpação);
● Espessamento dos nervos ulnares direito >
esquerdo (choque à palpação do u. direito);
● Diminuição da força para Abdução do 5º
dedo da mão direita (3/5);
● Apresenta garra móvel de 4º e 5º dedo;
● Nervos fibulares espessados com esquerdo >
direito (nega dor à palpação);
● Nervo fibular superficial do pé direito visível,
espessado e endurecido;
● Dorsiflexão do pé esquerdo diminuída (3/5).
 Hanseníase Dimorfa
● Comprometimento dos nervos periféricos e as lesões de
pele apresentam-se de forma disseminada;
● Presença de várias manchas ou placas avermelhadas ou
hipocrômicas ou acastanhadas, com bordas infiltradas;
● Comprometimento neural:
○ Múltiplo e assimétrico;
○ Espessamento;
○ Dor;
○ Choque à palpação;
○ Diminuição de força motora;
○ Alterações visíveis em face mãos e pés.

Forma clínica mais incapacitante

(BRASIL, 2022)
Caso Clínico 4
● Maria Bernadete da Silva, 53 anos;
● Convive com o marido, dois filhos e 3 netos;
● Queixa-se de “caroços” no rosto, nas orelhas
e no queixo dela há muito tempo;
● Relata que o marido sente dores no corpo,
fraqueza, cãibras e mal-estar;
● Ao exame físico: lesões nodulares, com
superfície exulcerada, recobertas por crostas,
em membros superiores, abdome inferior e
membros inferiores, acompanhadas de face
infiltrada e alterações na sensibilidade
térmica, dolorosa e tátil.
 Caso Clínico 4
● Ao exame físico: madarose bilateral,
infiltração e pequenas nodulações em ambos
pavilhões auriculares, além de edema
persistente e endurecido dos lábios;
● Nas plantas dos pés, duas úlceras
profundas, indolores, compatíveis com mal
perfurantes plantares;
● À palpação neural, a paciente apresentava
espessamento neural em todos os nervos
avaliados em ambos os membros (ulnar,
fibular e tibial).
● BAAR com resultado de 6+/6.
(AMORIM et al., 2022)
Classificação Clínica Forma clínica mais contagiante

● Placas infiltradas e nódulos de

coloração eritêmato-acastanhada ou
ferruginosa, com hipoestesia ou
anestesia dos pés e mãos;
● A infiltração ocorre principalmente na
face, nariz, orelhas, cotovelos e
joelhos;
● Podem ocorrer madarose superciliar e
ciliar devido a infiltração, o nariz é
congesto, a pele e os olhos secos;
● Espessamento e acentuação dos sulcos
cutâneos;
● Ocorre comprometimento de maior
número de nervos periféricos de
Hanseníase virchowiana forma simétrica.
(BRASIL, 2022)
 Caso Clínico 5
● Beyoncé, professora, filha de Sr. João,
paciente virchowiano;
● Sem queixas dermatológicas. Ao exame
físico: referiu diminuição da sensibilidade
cutânea no trajeto do nervo, dormência,
dor e espessamento no nervo ulnar E e
fibular D;
● Queixa-se de “fisgadas” e desconforto no
pé direito + dores no braço e mão
esquerda quando realiza a escrita por
longo período de tempo;
 Caso Clínico 5
Avaliação dermatoneurológica:
● Paciente não apresenta lesões cutâneas (hipo ou hipercrômicas) visíveis;
● Não apresenta alterações de força e sensibilidade em face;
● À avaliação das narinas, a paciente não apresenta ressecamento, ferida ou
perfuração de septo;
● Nervo auricular direito visível / auricular esquerdo sem alterações ;
● Espessamento dos nervos ulnares - esquerdo>direito (choque à palpação do
ulnar esquerdo);
● Espessamento do nervo fibular direito (choque à palpação do fibular direito);
● Nervo fibular superficial de ambos os membros visíveis;
● Nervo radial, mediano e tibial sem alterações;
● Apresenta garra móvel de 4º e 5º dedo à esquerda.
Classificação Clínica
Forma neural pura (primária)
● A hanseníase confinada aos nervos
periféricos, sem envolvimento
dermatológico associado;
● Dificuldade de diagnóstico:
○ Diagnósticos incorretos;
○ Aumento dos danos permanentes
nos nervos;
○ Ultrassonografia ou o
eletroneuromiograma podem
auxiliar na elucidação;
○ Biópsia de nervo;
● Atenção especializada.
Hanseníase virchowiana
(BRASIL, 2022)
Classificação Operacional
Hanseníase Paucibacilar Hanseníase
(PB) Multibacilar (MB)
● Presença de 1 a 5 lesões ● Presença de mais de cinco lesões de
cutâneas; pele;
● Sem presença demonstrada de ● Envolvimento dos nervos (mais de um
bacilos álcool-ácido resistentes nervo periférico acometido, neural pura,
na baciloscopia ou no exame ou qualquer número de lesões de pele e
histopatológico; neurite);
● Sem acometimento neural. ● Presença demonstrada de bacilos em
(BRASIL, 2022) esfregaço ou biópsia de pele,
independentemente do número de
Podemos problematizar? lesões cutâneas.
(BRASIL, 2022)
 Diagnóstico da Hanseníase
● Epidemiológico;
● Clínico: realizado através da anamnese e do exame físico
com avaliação dermatoneurológica;
● Exames complementares:
○ Baciloscopia direta para bacilos álcool ácido
resistentes (BAAR);
○ Histopatologia;
○ Teste Rápido Imunocromatográfico para Detecção
de Anticorpos IgM para M. leprae;
○ Detecção Molecular Qualitativa de M. leprae por
Reação em Cadeia de Polimerase em Tempo Real
(qPCR)
○ Ultrassonografia dos nervos;
○ Eletroneuromiograma.
(BRASIL, 2022)
 (BRASIL, 2022)

Fluxograma de investigação de contatos na Atenção Primária à Saúde

 Prontuário Eletrônico do Cidadão E-SUS

O registro da parte subjetiva.

Codificação dos motivos da consulta
usando a CIAP2 e algumas notas

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE

A78 - HANSENÍASE E OUTRAS
DOENÇAS INFECCIOSAS NE
Prontuário Eletrônico do Cidadão E-SUS
O sistema oferece campos abertos e um bloco de
campos estruturados para facilitar o preenchimento
das aferições mais frequentes na consulta.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE

 Prontuário Eletrônico do Cidadão E-SUS
Registrar a avaliação do cidadão
feito pelo profissional de saúde,
considerando o raciocínio clínico. É
obrigatório informar pelo menos um
código, CIAP2 ou CID10.

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE

A78 - HANSENÍASE E OUTRAS
DOENÇAS INFECCIOSAS NE
 Prontuário Eletrônico do Cidadão E-SUS

Fonte: MINISTÉRIO DA SAÚDE

Registro das informações do plano
de cuidado. O sistema oferece
uma estrutura que permite
registro rápido do plano por meio
de um campo de texto e/ou
usando códigos para o registro de
procedimentos e intervenções
Diagnóstico da Hanseníase
● Baciloscopia de raspado intradérmico
● Baciloscopia negativa não exclui o diagnóstico de hanseníase
● Sítios de coleta de material:
○ 4 sítios: Esfregaço dos lóbulos auriculares D e E
Esfregaço da lesão
Esfregaço do cotovelo contralateral à lesão
○ Índice Baciloscópico:

(BRASIL, 2022)
OUTROS EXAMES LABORATORIAIS
NO DIAGNÓSTICO:
HEMOGRAMA;
TRANSAMINASES (TGO E TGP);
FUNÇÃO RENAL (UREIA, CREATININA E EAS);
GLICEMIA DE JEJUM.
*OUTROS EXAMES DE ROTINA PODERÃO SER SOLICITADOS A DEPENDER DA NECESSIDADE

*SE POSSÍVEL, REPETIR A CADA 3 MESES E/OU

QUANDO NECESSÁRIO
BRASIL, 2017
INCAPACIDADES E DEFORMIDADE

Triquíase Lagoftalmo inicial Lagoftalmo avançado

sem ectrópio com ectrópio

BRASIL, 2008

Úlcera de córnea
 INCAPACIDADES E DEFORMIDADE
Madarose de
cílios e infiltrações difusas
sobrancelhas

Queda da ponte
nasal
Infiltração e
deformidade nos
lobos auriculares

BRASIL, 2008
 INCAPACIDADES E DEFORMIDADE

BRASIL, 2008
Garra inicial Garra avançada Atrofias das regiões
hipotenar e tenar

Garra ulnar-mediana Fissura por ressecamento

Atrofia do primeiro interósseo
INCAPACIDADES E DEFORMIDADE

Pé eqüino-varo
Garra de artelho Fissuras: pé seco

BRASIL, 2008

Úlcera plantar