PERGUNTAS DE LEITURA NA CONCEPÇÃO DE MENEGASSI: CONSTRUÍNDO
SIGNIFICADOS E SENTIDOS
Amanda Santos (UEPA)1
Débora Borges (UEPA)²
Évilly Lima (UEPA)³
Revele Silva (UEPA)
RESUMO: Este trabalho de cunho bibliográfico qualitativo objetiva abordar
perguntas de pós leitura, para compreensão e interpretação, destacando-as para
construção de significado, produção de sentidos e também para a leitura crítica
referencial teórico (SOLÉ, 1998; MENEGASSI, 2005; 2010; MENEGASSI; ÂNGELO,
2010; FUZA; MENEGASSI, 2017; 2018), metodologia utilizada (neste caso, revisão
bibliográfica, composição da amostra e elaboração de perguntas de leitura a partir
do texto-base) e resultados obtidos (destacar e mencionar os principais).
Palavras-chave: três palavras ou expressões que resumem o trabalho. Separá-las
por ponto.
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A leitura é uma das habilidades mais importantes e fundamentais que devem
ser desenvolvidas no ser humano. A partir da leitura, o aluno pode compreender a
realidade em que está inserido e chegar a importantes conclusões sobre o seu
mundo e o dos outros. A competência de ler é essencial e dá suporte para o estudo
de outras áreas do conhecimento. Várias teorias foram desenvolvidas, com
diferentes concepções de leitura, sendo a interacionista (MENEGASSI; ANGELO,
2005; SANTOS; KADER, 2012) a concepção adotada nesse artigo. O processo de
leitura, segundo uma visão psicolinguística, possui quatro etapas, decodificação,
compreensão, interpretação e retenção (CABRAL, 1986, 86 apud MENEGASSI
1995). A partir dessa teoria, adotamos as etapas do processo de leitura concebidas
por Menegassi (2010), a da compreensão e interpretação, foco deste artigo.
1
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia-UEPA. E-mail:
[email protected]1 COMPREENDENDO PARA TER SENTIDO E INTERPRETANDO PARA
SIGNIFICAR
Quando falamos em leitura, o que nos vem à mente é a decodificação das
palavras e dos signos, é o ato de ler, de atribuir sentido ao texto e a capacidade de
interpretação. Sabemos que a leitura nos acompanha desde os primeiros anos de
vida, quando começamos a soletrar as primeiras palavras e tentamos decifrar o que
está escrito. Tentamos compreender o mundo e tudo que está à nossa volta, desde
a leitura de um livro a um simples passar de olhos em uma figura ou imagem, uma
propaganda, um noticiário etc.
De acordo com Martins (1994, p. 23), ―a leitura se realiza a partir do diálogo
do leitor com o objeto lido – seja escrito, sonoro, seja um gesto, uma imagem, um
acontecimento.
Dessa forma:
Seria preciso, então considerar a leitura como um processo de
compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por meio
de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto a
outros tipos de expressão do fazer humano, caracterizando-se também
como acontecimento histórico e estabelecendo uma relação igualmente
histórica entre leitor e o que é lido (MARTINS, 1994, p. 30).
O processo de leitura, segundo uma visão psicolingüística, possui quatro
etapas, decodificação, compreensão, interpretação e retenção (CABRAL, 1986, 86
apud MENEGASSI 1995).
É uma atividade que em cada leitor produz um significado de acordo com a
experiência e o conhecimento que cada um tenha. Segundo Paulo Freire (1998), ler
não é apenas um processo de decodificação de palavras escritas.
Para Koch (2009), a leitura é um ato social entre dois sujeitos, leitor e autor,
que interagem entre si, obedecendo aos objetivos e as necessidades socialmente
determinados. É uma atividade na qual se leva em conta os conhecimentos do leitor,
exige mais que o conhecimento do código linguístico, uma vez que o texto não é
apenas um produto de codificação e o leitor não é apenas um leitor passivo ou
somente aquele que decodifica os signos. Exige a intensa participação do leitor, pois
ele aplica ao texto seus conhecimentos armazenados e adquiridos, facilitando a
construção de sentidos.
Nesta mesma linha de pensamento, Solé (1998) afirma que a leitura é um
processo de interação entre o leitor e o texto. Esse processo conta com a presença
de um leitor ativo que processa e examina o texto com o objetivo de guiar sua
leitura, ou seja, sempre lemos com uma finalidade, a leitura é o processo com o qual
compreendemos a linguagem escrita. Nesta compreensão intervêm tanto a forma e
o conteúdo do texto, como o leitor e seus conhecimentos prévios, conhecimentos
estes, que possibilitam ao leitor fazer inferências de significados que resultam em
uma melhor compreensão do texto. É um processo interno, mas deve ser ensinado.
Ao longo dos anos, algumas concepções marcaram o ensino e a
aprendizagem de línguas nas escolas e representam as principais formas de
trabalho com a leitura, inclusive nos dias de hoje. Apesar de existir mais de uma
concepção, é imprescindível que o professor tenha em mente aquela que ele vai
utilizar, após escolhida, no decorrer das aulas, a fim de que as atividades sejam
guiadas de acordo com a escolha feita. Apresentamos, de forma breve, duas
concepções de leitura com focos diferentes e uma terceira, que é considerada
intermediária.
A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de
símbolos, mas significa interpretar e compreender o que se lê, segundo Kleiman
(2011, p. 25) ―a compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela
utilização de conhecimento prévio‖, ou seja, o leitor utiliza na leitura todo
conhecimento adquirido ao longo de sua vida. Mediante a interação de diversos
níveis de conhecimento é que o leitor consegue construir o sentido do texto.
2 METODOLOGIA
Esta pesquisa de cunho bibliográfico que objetiva abordar perguntas de pós
leitura, para compreensão e interpretação, destacando-as para construção de
significado, produção de sentidos e também para a leitura crítica, usa como base
acepções da psicolingüística e orientações para um processo de leitura na
perspectiva interacionista (CABRAL 1986; SILVA, 1987, 1998; MENEGASSI, 1995;
SOLÉ, 1998; ABARCA & RICO, 2003) e exemplos de perguntas elaboradas a partir
do quadrinho da Turma da Mônica.
Esta pesquisa foi elaborada a partir de material já publicado, constituído
principalmente de: livros, publicações em periódicos e artigos científicos,
monografias, dissertações, internet e materiais disponibilizados no ambiente
acadêmico. Foi dividida em três etapas, sendo a primeira, a escolha do livro didático
e em seguida realizou-se a discussão sobre a atividade didática selecionada. A
segunda etapa foi destinada à busca de materiais destinados à área, por fim, na
terceira etapa, procedeu-se à elaboração das 6 perguntas de leitura (2 de reposta
textual, 2 de resposta inferencial e 2 de resposta interpretativa), conforme propõem
Fuza; Menegassi (2017; 2018).
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os níveis de leitura mencionados não deixam de ser etapas, e não são
rigorosamente seguidas, pois ocorrem simultaneamente. Ao ler um texto, o aluno
deve ser avaliado em sua habilidade de decodificar o que está explícito no texto;
associar o que leu traçando paralelos com sua vida cotidiana, aplicando esses novos
conhecimentos; analisar a estrutura do texto, como ele foi construído, seu gênero e
sua linguagem e interpretar o que o autor deixou implícito, aplicando seus novos
conhecimentos adquiridos através da associação, o que auxilia em sua prática de
leitura de novos textos.
Textual:
1. Você conhece os personagens da tirinha?
2. Você sabe os nomes das árvores plantadas no primeiro e terceiro
quadrinho?
A etapa da compreensão, é aquela em que o texto apresenta informações ao
leitor e este consegue reconhecê-las, ou seja, é o momento em que o leitor ativa seu
conhecimento prévio sobre o tema, para colaborar com a compreensão do texto.
Compreender um texto, então, é “mergulhar” nele e retirar a sua temática e as suas
ideias principais, ou seja, é ter a capacidade de resumir um texto (MENEGASSI,
2010).
Na compreensão, o leitor, após retirar as principais informações de um texto,
recorre a informações que estão em sua memória para que auxiliem na construção
de sentido daquele texto. Assim, após o reconhecimento e o acréscimo de novas
ideias, o leitor termina a leitura com alterações em seus conhecimentos prévios,
agregando às suas informações as novas do texto, produzindo uma nova
informação.
A etapa da compreensão abrange níveis diferentes; ela pode ser: literal (o
leitor capta as informações principais de maneira explícita); inferencial (captam-se
informações que nem sempre estão em nível superficial, mas que são possíveis de
construção a partir das pistas textuais deixadas pelo autor); e inferencial extratextual
(o leitor articula informações do texto com informações de seus conhecimentos
prévios a respeito do tema tratado, dando origem a uma informação que não está
explícita no texto, mas que é plenamente pertinente à compreensão textual)
(MENEGASSI, 1995).
Abaixo, as perguntas elaboradas na etapa de compreensão em nível
inferencial:
1. Ao analisar o terceiro quadrinho, por que o personagem Cascão está
protegendo o cacto?
2. No terceiro quadrinho, o personagem Cebolinha almeja um balanço, mas
para construí-lo ele precisará de ajuda. Para quem ele pode recorrer para
ajudá-lo?
Na etapa de interpretação, o aluno deve primeiro decodificar o que leu, e isso
só se dá através de no mínimo duas leituras do mesmo texto, deve também,
associar o que leu com o que já conhece ampliando seus conhecimentos sobre o
assunto tratado no texto.
De acordo com Menegassi (2010), cada leitor tem internalizado
conhecimentos prévios próprios, que o leva a fazer interpretações diferentes, em
função de sua posição sócio-histórica- ideológica frente ao texto lido.
A análise servirá para conhecer a estrutura do texto, o que lhe dará
embasamento para produzir uma boa interpretação e uma boa produção textual.
Interpretar, neste caso é uma das habilidades mais aprofundadas e, com isso, é que
o aluno será capaz de realizar uma leitura crítica e aplicar esse novo conhecimento.
Um bom leitor leva a um bom escritor.
Segundo Leffa (1999, p. 28),
“o aluno também deve saber decodificar as letras em significado,
compreender, interpretar e reter, etapa mais avançada que pode vir após
a compreensão ou após a interpretação, etapas básicas para uma boa
retenção da leitura”.
1. Além de dar frutos e fazer sombra, qual a outra contribuição das árvores
para o meio ambiente?
2. Se você fosse um personagem da turma da Mônica, qual árvore plantaria?
Por quê?
Analisamos o material didático escolhido, o livro de Língua Portuguesa do 6º
ano, usado como objeto de análise de atividades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A leitura abre novos caminhos aos alunos, trazendo conhecimento de mundo
e permitindo um posicionamento crítico diante da realidade de cada um. A prática da
leitura permite que ele tenha um bom desenvolvimento cognitivo em todas as áreas,
porque ler não é apenas decodificar as palavras, é ir mais além. É saber interpretar,
saber reconhecer os sentidos das palavras e saber diferenciar o contexto de cada
texto lido. Mesmo que o professor escolha trabalhar com um pouco de cada
concepção, ele deve estar consciente sobre quais são as teorias que norteiam as
concepções abordadas e que objetivos cada uma delas tem com a leitura em sala
de aula.
REFERÊNCIAS
Apresentar todas as referências dos textos utilizados no trabalho, seguindo as
normas da ABNT.
ANEXOS