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Um Nome Prestigiado

Tarsila do Amaral, uma figura central do modernismo brasileiro, nasceu em 1886 e teve uma carreira marcada por influências europeias e uma busca por uma arte genuinamente brasileira. Sua obra evoluiu do academicismo para uma forte expressão de temas e cores brasileiras, culminando em sua participação no Movimento Antropofágico e na pintura social. A Semana de Arte Moderna de 1922, da qual ela fez parte, foi um marco na arte brasileira, desafiando as normas acadêmicas e promovendo uma nova estética que incorporava elementos nativos.
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Tarsila do Amaral, uma figura central do modernismo brasileiro, nasceu em 1886 e teve uma carreira marcada por influências europeias e uma busca por uma arte genuinamente brasileira. Sua obra evoluiu do academicismo para uma forte expressão de temas e cores brasileiras, culminando em sua participação no Movimento Antropofágico e na pintura social. A Semana de Arte Moderna de 1922, da qual ela fez parte, foi um marco na arte brasileira, desafiando as normas acadêmicas e promovendo uma nova estética que incorporava elementos nativos.
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UM NOME PRESTIGIADO

DA PINTURA BRASILEIRA

Tarsila do Amaral nasceu em 1º de setembro de 1886 na Fazenda São Bernardo, município de


Capivari, interior do Estado de São Paulo. Filha de José Estanislau do Amaral e Lydia Dias de
Aguiar do Amaral. Era neta de José Estanislau do Amaral, cognominado “o milionário” em
razão da imensa fortuna que acumulou abrindo fazendas no interior de São Paulo. Seu pai
herdou apreciável fortuna e diversas fazendas nas quais Tarsila passou a infância e
adolescência.
Estuda em São Paulo no Colégio Sion e completa seus estudos em Barcelona, na Espanha, onde
pinta seu primeiro quadro, “Sagrado Coração de Jesus”, aos 16 anos. Casa-se em 1906 com
André Teixeira Pinto com quem teve sua única filha, Dulce. Separa-se dele e começa a estudar
escultura em 1916 com Zadig e Mantovani em São Paulo. Posteriormente estuda desenho e
pintura com Pedro Alexandrino. Em 1920 embarca para a Europa objetivando ingressar na
Académie Julian em Paris. Frequenta também o ateliê de Émile Renard. Em 1922 tem uma tela
sua admitida no Salão Oficial dos Artistas Franceses. Nesse mesmo ano regressa ao Brasil e se
integra com os intelectuais do grupo modernista. Faz parte do “grupo dos cinco” juntamente
com Anita Malfatti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Menotti del Picchia. Nessa época
começa seu namoro com o escritor Oswald de Andrade. Embora não tenha sido participante
da “Semana de 22” integra-se ao Modernismo que surgia no Brasil, visto que na Europa estava
fazendo estudos acadêmicos.

"COSTUREIRAS"

Volta à Europa em 1923 e tem contato com os modernistas que lá se encontravam:


intelectuais, pintores, músicos e poetas. Estuda com Albert Gleizes e Fernand Léger, grandes
mestres cubistas. Mantém estreita amizade com Blaise Cendrars, poeta franco-suiço que visita
o Brasil em 1924. Inicia sua pintura “pau-brasil” dotada de cores e temas acentuadamente
brasileiros. Em 1926 expõe em Paris, obtendo grande sucesso. Casa-se no mesmo com Oswald
de Andrade. Em 1928 pinta o “Abaporu” para dar de presente de aniversário a Oswald que se
empolga com a tela e cria o Movimento Antropofágico. É deste período a fase antropofágica
da sua pintura. Em 1929 expõe individualmente pela primeira vez no Brasil. Separa-se de
Oswald em 1930.

"OPERÁRIOS"

Em 1933 pinta o quadro “Operários” e dá início à pintura social no Brasil. No ano seguinte
participa do I Salão Paulista de Belas Artes. Passa a viver com o escritor Luís Martins por quase
vinte anos, de meados dos anos 30 a meados dos anos 50. De 1936 à 1952, trabalha como
colunista nos Diários Associados.

Nos anos 50 volta ao tema “pau brasil”. Participa em 1951 da I Bienal de São Paulo. Em 1963
tem sala especial na VII Bienal de São Paulo e no ano seguinte participação especial na XXXII
Bienal de Veneza. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.

A SEMANA

Um dos principais eventos da história da arte no Brasil, a Semana de 22, foi o


ponto alto da insatisfação com a cultura vigente, submetida a modelos importados,
e a reafirmação de busca de uma arte verdadeiramente brasileira, marcando a
emergência do Modernismo Brasileiro. A partir do começo do século XX, era
perceptível uma inquietação por parte de artistas e intelectuais em relação ao
academicismo que imperava no cenário artístico. Apesar de vários artistas
passarem temporadas em Paris, eles ainda não traziam as informações dos
movimentos de vanguarda que efervesciam na Europa. As primeiras exposições
expressionistas que passaram pelo Brasil - a de Lasar Segall em 1913 e, um ano
depois a de Anita Malfatti - não despertaram atenção; é somente em 1917, com a
segunda exposição de Malfatti, ou mais ainda com a crítica que esta recebeu de
Monteiro Lobato, que vai ocorrer uma polarização das idéias renovadoras.
Através do empresário Paulo Prado e de Di Cavalcanti, o verdadeiro articulador,
que imaginou uma semana de escândalos, organiza-se um evento que irá pregar a
renovação da arte e a temática nativista. Desta semana tomam parte pintores,
escultores, literatos, arquitetos e intelectuais. Durante três dias - entre 13 e 17 de
fevereiro - o Teatro Municipal de São Paulo foi tomado por sessões literárias e
musicais no auditório, além da exposição de artes plásticas no saguão, com obras
de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Ferrignac, John Graz, Martins
Ribeiro, Paim Vieira , Vicente do Rego Monteiro, Yan de Almeida Prado e Zina
Aíta ( pintura e desenho ), Hildegardo Leão Velloso e Wilhem Haarberg
( escultura ). As manifestações causaram impacto e foram muito mal recebidas
pela platéia formada pela elite paulista, o que na verdade contribuiria para abrir o
debate e a difusão das novas idéias em âmbito nacional.

Di Cavalcanti, Samba
Di Cavalcanti, Moças

programa da Semana

[fonte: MAC USP 22 e a idéia de Moderno]

13.fev.1922 - A Semana de Arte Moderna é inaugurada no Teatro Municipal de São


Paulo com palestra do escritor Graça Aranha, ilustrada por comentários musicais e
poemas de Guilherme de Almeida. O primeiro dia corre sem tropeços. Depois da longa
e erudita fala de Aranha, um conjunto de câmara ocupa o palco para executar obras de
Villa-Lobos. Após o intervalo, Ronald de Carvalho discursa sobre pintura e escultura
modernas. A platéia começa a se manifestar. Diante dos zurros do público, Ronald de
Carvalho devolve: "Cada um fala com a voz que Deus lhe deu."
O "gran finale" surge na forma de um recital de música comandado pelo maestro Ernani
Braga.

15.fev.1922 - A noite que celebrizou a semana começa com um discurso de Menotti del
Picchia sobre romancistas contemporâneos, acompanhado por leitura de poesias e
números de dança. É aplaudido. Mas, quando foi anunciado Oswald de Andrade,
começaram as vaias e insultos na platéia, que só param quando sobe ao palco a
aclamada pianista Guiomar Novaes.

Menotti del Picchia, Paisagem

Heitor Villa-Lobos se apresenta no palco do Municipal apoiado em um guarda-chuva e


calçando chinelos.

17.fev.1922 - A última noite da programação é totalmente dedicada à música de Villa-


Lobos. As vaias continuam até que a maioria pede silêncio para ouvir Villa-Lobos. Os
instrumentistas tentam executar as peças incluídas no programa apesar do barulho feito
pelos espectadores e levam o recital até o fim.
São Paulo, anos 20: Vale do Anhangabaú com o Teatro Municipal ao centro

Logo após os barulhentos espetáculos do Teatro Municipal, é lançada a revista


"Klaxon", que divulga as produções da nova escola. Calcados no êxito conseguido com
as agitadas noites de fevereiro, os jovens artistas conseguem espaço e estímulo para,
ainda em 1922, dar continuidade ao seu trabalho.

Mário de Andrade lança "Paulicéia Desvairada", o livro de poesias no qual todos os


procedimentos poéticos mais arrojados eram expostos e reunidos pela primeira vez.
Oswald de Andrade lança "Os Condenados".
[fonte: MAC USP 22 e a idéia de Moderno]

Tarsila do Amaral, Operários

[fonte: CPDOC/FGV]

Caracterizada por uma oposição entre o projeto formal inovador e a proposta de


resgatar elementos da cultura tradicional, a primeira geração de modernistas
desenvolve uma arte experimental, de acordo com o projeto fixado por Mário de
Andrade na Semana de Arte Moderna de 22. A produção destes iniciadores da arte
moderna no Brasil concilia uma linguagem importada das vanguardas
modernistas européias, com um conteúdo nativista que resgata as raízes culturais
brasileiras. Nos anos 20, estes modernistas conviveram de perto com a arte
européia. Paris, como centro de produção artística, definiu os novos rumos da arte
brasileira, influenciando toda essa geração de artistas. Antes mesmo de 22, Victor
Brecheret e Vicente do Rego Monteiro vão para a capital francesa para se
aprofundarem na pintura moderna. Logo depois da Semana de Arte Moderna é a
vez de Tarsila do Amaral ir a Paris. Outros artistas passam a seguir o mesmo
rumo, buscando concretizar o projeto modernista. É o que acontece com Di
Cavalcanti e Anita Malfatti, em 23, e com Antonio Gomide, em 24. Ismael Nery,
que estivera na Europa no começo dos anos 20, volta a capital francesa, em 27,
procurando um estilo vanguardista. Junto com o pernambucano Cícero Dias, que
revela seu talento precoce quando vai ao Rio de Janeiro, em 1927, estes artistas vão
se consolidar como os grandes iniciadores da arte moderna brasileira. Nesta época,
os centros artísticos no Brasil, além de escassos, privilegiavam uma arte acadêmica
com contornos tradicionais, o que incentivava os artistas modernos a buscar
alternativas de aprendizado independentes. Por isso, as escolas parisienses
representavam mais do que um intercambio cultural: eram necessárias para
qualquer tentativa de atualização. Estes artistas traziam para outros brasileiros as
novidades de Paris, transmitindo novas linguagens vanguardistas. A absorção
desta arte presente nos centros europeus une-se a elementos da nacionalidade
brasileira, consolidando o projeto modernista. A partir de então, a arte moderna
passa a trilhar novos rumos, distanciando-se, no entanto, daqueles estabelecidos na
Semana de 22.
Os integrantes do movimento Modernista de São Paulo

Ren Thiollier (1) Manuel Bandeira (2) Mário de Andrade (3)


Manoel Vilaboin (4) Francesco Pettinati (5) Cândido Motta Filho (6)
Paulo Prado (7) Não identificado (8) Graça Aranha (9) Afonso Schmidt (10)
Goffredo da Silva Telles (11) Couto de Barros (12) Tácito de Almeida (13)
Luís Aranha (14) Oswald de Andrade(15) Rubens Borba de Moraes (16)

Os Sapos – Manuel Bandeira

Enfunando os papos,
Saem da penumbra,
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra.

Em ronco que aterra,


Berra o sapo-boi:
- "Meu pai foi à guerra!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo


Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos!

O meu verso é bom


Frumento sem joio
Faço rimas com
Consoantes de apoio.

Vai por cinqüenta anos


Que lhes dei a norma:
Reduzi sem danos
A formas a forma.

Clame a saparia
Em críticas céticas:
Não há mais poesia,
Mas há artes poéticas . . ."

Urra o sapo-boi:
- "Meu pai foi rei" - "Foi!"
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!"

Brada em um assomo
O sapo-tanoeiro:
- "A grande arte é como
Lavor de joalheiro.

Ou bem de estatuário.
Tudo quanto é belo,
Tudo quanto é vário,
Canta no martelo."

Outros, sapos-pipas
(Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas:
- "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!".

Longe dessa grita,


Lá onde mais densa
A noite infinita
Verte a sombra imensa;

Lá, fugindo ao mundo,


Sem glória, sem fé,
No perau profundo
E solitário, é

Que soluças tu,


Transido de frio,
Sapo-cururu
Da beira do rio.

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