Minhoc
ão do
Pari
Acima do porto da capital, no Rio
Cuiabá, existe um sítio denominado
Pari. A água do rio naquele trecho
corre muito forte e tem muitos poços
que formam rebojos. Diz a lenda que
em um desses poços mora o
Minhocão do Pari, uma grande
serpente que em épocas remotas,
diziam que atraía casais de
namorados, pescadores e banhistas
para o fundo das águas para
morrerem afogados.
Vários canoeiros que já navegaram
pela região afirmam já terem visto a
fera, segundo relatos, um animal de
mais de 20 metros de comprimento e
dois metros de diâmetro.
Uma das conversas de pescadores
que espalhou a história, conta sobre
uma linda moça que se apaixonou por
um pobre pescador, porém o pai a
obrigou a se casar com um poderoso
compadre.
Na noite do casamento, vestida de
noiva, ela foi até o rio despedir-se do
seu amado. Inconformados com a
situação, os dois resolveram fugir
pelas águas do Rio Cuiabá. O pai,
orgulhoso demais para aceitar ficar
desmoralizado diante dos parentes e
amigos, saiu espalhando por aí que a
filha foi engolida pelo Minhocão do
Pari.
Tibara
né
O Tibarané se trata de um pequeno
passarinho encantado. A lenda conta
a história de uma (ou um) indígena
idosa (o) que vivia vagando pelas
florestas atormentando a vida das
pessoas que moram no campo.
Em uma das versões do conto, a
indígena sai logo cedo em busca de
fumo pela vizinhança. Bate de porta e
em porta e quando atendem ela faz o
pedido. Se a pessoa dá o fumo, ela
apenas agradece e entra de volta
para a floresta.
Porém, se a pessoa não tem fumo, ou
não quis dar a ela, fica muito brava e
sai correndo para as matas. Durante
a noite, ela então volta em forma de
pássaro, pousa em cima da cumeeira
da casa e canta um piado muito forte.
Segundo a crença, logo em seguida
morre alguém naquela casa.
Dizem os mais antigos que nas roças
perto do Rio Cuiabá, a presença dela
era constante há alguns anos atrás.
Outra versão do conto diz que seria
um homem, maltrapilho, que se
transforma em pássaro ao anoitecer.
Se alguém necessita de algo, um
favor ou benefício, a pessoa deve
fazer o pedido a ave enquanto ela
estiver cantando, lhe prometendo
comida, bebida ou fumo.
Realizado o pedido, se em alguns
dias um homem estranho aparece na
porta da casa, é o Tibanaré vindo
buscar o pagamento.
O Pé
de
Garraf
a
Diz a lenda que o Pé de Garrafa é um
ser místico peculiar. Ele habita as
florestas mais densas e as montanhas
mais altas do estado de Mato Grosso.
Muitos que afirmam já terem visto a
criatura, ou tiveram a oportunidade
de conhecer alguém que já o viu o
descrevem como muito alto, medindo
mais de três metros de altura, e que
possui um pé só, em forma de fundo
de garrafa. Seu pelo é preto e se
espalha por todo o corpo, deixando
branco só a parte do umbigo, onde
fica o seu ponto fraco.
Dizem que ele dá gritos muito fortes
que arrebentam os tímpanos de
quem o escuta e vive espantando e
seguindo pessoas que se aventuram
pelas estradas e florestas à noite.
Normalmente grita para alguém
pedindo informação sobre o caminho
da mata. Aqueles que ouvem seu
pedido não devem responder, pois ele
costuma seguir a pessoa. Relatos
afirmam que ele tem um único olho e
um chifre e que para escapar dele é
necessário atingir seu umbigo
branco, sua única fraqueza.
A
Alavan
ca de
Ouro
Na Colina do Rosário, nas
proximidades da Igreja do Rosário,
apareceu aflorando da terra e
despertando a cobiça de todos, uma
alavanca de ouro. Todos a queriam,
mas um rico português, senhor
ambicioso que possuía muitos
escravizados, a queria à todo custo.
Para tê-la, ordenou que fizessem uma
grande escavação no local, sob sua
orientação. No desespero pelo ouro e
forçados pelo chicote, os homens
trabalhavam sem parar sob sol e
chuva. A ganância do patrão pelo
ouro era tão grande que ninguém
parava de trabalhar nem um minuto,
e o buraco atrás da alavanca ficava
cada vez mais fundo. Dessa forma, os
escravizados estavam ficando cada
vez mais nervosos e cansados.
Certo dia, apareceu por ali um
senhor bem velho que parecia estar
muito cansado e com sede. Ele pediu
água, mas ninguém se importou,
continuaram cavando. Apenas um
deles saiu do buraco e o deu um
pouco d’água. Após bebê-la, o senhor
agradeceu, dizendo: “Escute bem,
meu filho, quando a terra gemer três
vezes, você trate de subir fora deste
buracão e corra para bem longe”.
Em seguida, a terra começou a
gemer, uma, duas vezes e na terceira
a terra ao redor do buraco começou a
desmoronar, enterrando vivos todos
que estavam à procura da alavanca,
sendo que único que se salvou, foi o
homem que deu água ao velhinho.
Quando as pessoas se aproximaram,
o escravizado estava ali de olhos
arregalados contando o ocorrido.
Alguns afirmam que o velhinho seria
Jesus Cristo e que por este motivo a
Igreja do Rosário foi construída ali
por perto.
A mão
negra
A história é muito conhecida pela
região ribeirinha da baixada
cuiabana. Dizem que sob um grande
barranco que havia na margem do
Rio Cuiabá, morava uma idosa, muito
doente que roubava peixes dos
pescadores distraídos e que ela se
transformava em uma enorme mão
negra quando ia roubar os peixes.
Nos dias santos e feriados, sempre
havia alguém pescando sobe aquele
barranco. A lenda conta que certa
vez, um pescador que se considerava
muito esperto por não acreditar nas
histórias dos mais velhos, sobre o
aparecimento daquela mão
misteriosa, arrumou suas coisas e foi
para o ponto, com o objetivo de
passar o dia e a noite pescando.
Animado, rumou para o barranco e
sem perder muito tempo, colocou a
isca no anzol e ficou à espera de uma
fisgada. Ao meio dia, ele já tinha
conseguido capturar inúmeros
pescados de todos os tamanhos.
Quando ele decidiu sair para almoçar
e descansar, ele deu uma espiada em
sua cesta e para seu espanto, ela
estava vazia. Com medo, ele juntou
rapinho as coisas, mas antes de
conseguir sair correndo, foi
surpreendido por uma grande mão
negra, emergindo à beira d’agua
procurando por algo. Ao avistar a
cena ficou pálido e desesperado.
Correndo como louco, acabou se
enroscando em um emaranhado de
cipó e ali ficou gritando até aparecer
outro pescador para salvá-lo.
O
Candim
ba
Lá pelos anos 30, Candimba era um
rapaz que fazia sucesso entre as
jovens de Cuiabá, porém notavam
que ele era um muito nervoso,
principalmente com sua mãe. Após
certo tempo, ele começou a maltratá-
la cruelmente, não apenas com
palavras, mas também com pontapés.
As agressões de Candimba à mãe
foram se intensificando com o tempo,
e a medida que aumentavam, ele foi
mudando sua forma física. Foi se
encolhendo e ficando corcunda, suas
pernas iam ficando cada vez mais
finas e sua cabeça adquirindo uma
forma esquisita.
Quanto mais deformado ficava, mais
se escondia das pessoas, não gostava
do contato com ninguém, só da mãe.
Segundo relatos que corriam pelas
ruas da baixada cuiabana, houve uma
época em que a sua coluna ficou
completamente encurvada e seus
ossos à flor da pele de tanta
magreza. Diziam que os dedos do
rapaz tinham unhas longas e sujas, e
seus cabelo embolados e embaçados,
pareciam cabelos de milho.
Ele tinha apenas um único amigo que
o levava para tomar sol. Quem
passava e o via, acreditava ser coisa
de outro mundo e as pessoas diziam
que aquilo era castigo por maltratar
e espancar a própria mãe.