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DM LuisCoimbra 2019 MEEG

O documento explora a aplicação de inclinómetros na geotecnia, focando na perspectiva operacional, incluindo evolução tecnológica, instalação e manutenção dos equipamentos. Também aborda técnicas de análise de dados e calibração, além de discutir erros de medição e metodologias para melhorar a qualidade das informações. A pesquisa visa ser útil para equipes técnicas que trabalham com inclinómetros, destacando a necessidade de um documento que reúna informações dispersas e desatualizadas sobre o tema.

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DM LuisCoimbra 2019 MEEG

O documento explora a aplicação de inclinómetros na geotecnia, focando na perspectiva operacional, incluindo evolução tecnológica, instalação e manutenção dos equipamentos. Também aborda técnicas de análise de dados e calibração, além de discutir erros de medição e metodologias para melhorar a qualidade das informações. A pesquisa visa ser útil para equipes técnicas que trabalham com inclinómetros, destacando a necessidade de um documento que reúna informações dispersas e desatualizadas sobre o tema.

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Uma perspetiva operacional sobre a

aplicação de inclinómetros no âmbito da


geotecnia

LUÍS CÉSAR FERREIRA COIMBRA


Julho de 2019
Instituto Superior de Engenharia do Porto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA

Uma perspetiva operacional sobre a aplicação de inclinómetros


no âmbito da geotecnia

Luís César Ferreira Coimbra

2019
(página propositadamente em branco)

II
Instituto Superior de Engenharia do Porto
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA

Uma perspetiva operacional sobre a aplicação de inclinómetros


no âmbito da geotecnia

An operational perspective on the application of borehole inclinometers in


geotechnical engineering

Luís César Ferreira Coimbra

1980874

Projeto apresentado ao Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) para cum-


primento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Geotécnica e Geoambiente, realizado sob a orientação dos Doutores Francisco
Manuel Gonçalves Alves Salgado, Investigador Principal do Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (LNEC), e João Paulo Meixedo dos Santos Silva, Professor Ad-
junto do Departamento de Engenharia Geotécnica do ISEP.

III
(página propositadamente em branco)

IV
Júri

Presidente Doutor Helder Gil Iglésias de Oliveira Chaminé


Professor Coordenador com Agregação, Instituto Superior de Engenharia do Porto

Doutor João Paulo Meixedo dos Santos Silva


Professor Adjunto, Instituto Superior de Engenharia do Porto

Doutor Francisco Manuel Gonçalves Alves Salgado


Investigador Principal, Laboratório Nacional de Engenharia Civil

Doutora Maria Isabel Gonçalves Fernandes


Professora Auxiliar com Agregação, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa

V
A dissertação de mestrado em engenharia geotécnica e geoambiente (MEGG) foi
apresentada e defendida em prova pública, por Luís César Ferreira Coimbra, no
Auditório de Geotecnia do Departamento de Engenharia Geotécnica (ISEP) em 30 de
Setembro de 2019 mediante o júri nomeado, em que foi atribuída, por unanimidade,
a classificação final de 18 (dezoito) valores, cuja fundamentação se encontra em
acta. Todas as correções pontuais determinadas pelo júri, e só essas, foram
efectuadas.

VI
Dedico esta tese....

Aos meus Pais, por terem sempre respeitado a minha individuali-


dade e me terem dado sempre a oportunidade de errar.
À minha querida mulher Isabel Barbosa, pelo apoio incansável ao
longo dos últimos anos, apesar das minhas ausências, muitas vezes
presentes, e das minhas oscilações de humor.

VII
(página propositadamente em branco)

VIII
Agradecimentos
Esta dissertação deriva da minha atividade profissional no Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT) do
Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), designadamente ao longo
dos períodos 2006-2011 e 2014-2019. Foi um processo cumulativo ao longo do qual pude contar com o apoio, a
experiência, o conhecimento e a confiança de um grupo de trabalho de excelência com quem tive oportunidade de
crescer pessoal e profissionalmente. Portanto, manifesto o meu profundo agradecimento a todos os meus colegas
de trabalho pela atividade profissional que desempenham diariamente no NGUT. Este trabalho não teria sido pos-
sível sem a participação de todos, independentemente da categoria profissional que ocupam. No entanto, algumas
pessoas tiveram uma influência mais direta no desenvolvimento deste trabalho:
António Coelho
Arlindo de Sousa
Cláudia Henriques
Francisco Salgado
Joana Carreto
Mariana de Carvalho

Da mesma forma, não teria sido possível elaborar este trabalho sem o reconhecimento, a liberdade e a confiança
que me foram conferidas pelo LNEC, mais concretamente pelas chefias do DG e do NGUT, em despender do tempo
e dos recursos necessários para concretizar este documento. O meu muito obrigado:
Francisco Salgado
Joana Carreto
Laura Caldeira

Expresso também a minha gratidão aos orientadores deste trabalho:


Francisco Salgado
João Meixedo

É preciso ainda não esquecer que a formação académica que tive no ISEP tem sido determinante no meu percurso
profissional.

IX
(página propositadamente em branco)

X
Palavras-chave
Geotecnia, inclinómetro, observação, estabilidade, metrologia.

Resumo
Neste trabalho explora-se o estado da arte da aplicação de inclinómetros no âmbito da geotecnia. O tema é abordado
estritamente sob o ponto de vista operacional, desde a evolução tecnológica dos dispositivos até ao processamento
de dados, passando também pela instalação de tubos inclinométricos e pela manutenção dos equipamentos.
Neste documento introduzem-se também algumas informações relevantes sobre a manutenção de equipamentos e
sobre a análise e o processamento de dados, algumas pouco conhecidas, outras inovadoras. No que respeita à manu-
tenção dos equipamentos, fornecem-se elementos acerca da verificação e da calibração de inclinómetros, incluindo-
se uma revisão sobre algumas metodologias que podem ser aplicadas no planeamento do calendário de calibrações.
Relativamente à produção de resultados, apresentam-se algumas técnicas de cálculo que permitem dar continuidade
a históricos de observação descontínuos, estimar a distorção ocorrida no terreno e, a partir desta, estimar coeficien-
tes de segurança locais ou prever o tempo de vida útil das instalações inclinométricas. Por fim aborda-se a questão do
erro de medição com algum detalhe, fornecendo-se as ferramentas necessárias à análise qualitativa e ao melhora-
mento da informação recolhida, com inclusão de algumas técnicas de análise inovadoras que permitem refinar o me-
lhoramento da informação e estimar o erro associado aos resultados inclinométricos.
Acredita-se que o conteúdo deste documento será muito útil às equipas técnicas que trabalham com estes dispositi-
vos, sejam estas dedicadas à análise geotécnica ou à execução de trabalhos de campo. Pois, a informação existente
sobre o tema concentra-se quase exclusivamente na análise geotécnica. Portanto, justifica-se a elaboração de um do-
cumento dedicado ao estado da arte desta matéria sob uma perspetiva operacional, já que esta informação se encon-
tra muito dispersa, incompleta e frequentemente desatualizada.

XI
(página propositadamente em branco)

XII
Keywords
Geotechnics, inclinometer, monitoring, stability, metrology.

Abstract
In this work the state of the art of the use of borehole inclinometers in geotechnical engineering is explored. The mat-
ter is approached strictly from the operational point of view, starting with the technological evolution of these devices
and ending with the data processing and analysis, also passing through casing installation and equipment mainte-
nance.
In this document, some relevant disclosures about equipment maintenance and data analysis and processing are also
introduced, some little known, others innovative. Regarding equipment maintenance, elements are given about incli-
nometer verification and calibration, including a revision of some methodologies which can be applied to plan the cal-
ibrations’ schedule. Regarding the production of monitoring results, some calculation techniques are presented,
which allow the continuity of discontinuous historical records, the estimation of ground distortion and, based on the
latter, the estimation of local safety factors or the prediction of the service life of inclinometer casings. Lastly, the
measurement error is approached with some detail, providing the necessary tools to perform data quality analysis
and improvement, including some innovative techniques which allow the refinement of the data quality and the esti-
mation of the error included in the monitoring results.
It is believed that the content of this document will be very useful to the technical teams working with these devices,
be they dedicated to geotechnical analysis or to field work. Existing information about this topic is focused almost ex-
clusively on geotechnical analysis. Since the information on this matter from the operational point of view is very dis-
persed, incomplete and often outdated, a document dedicated to it is justified.

XIII
(página propositadamente em branco)

XIV
ÍNDICE DE TEXTO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................1

OBJETIVOS .....................................................................................................................................3

1. O INCLINÓMETRO COMO INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO GEOTÉCNICA ..................................5


1.1. Princípio de funcionamento .................................................................................................5
1.2. Enquadramento histórico .....................................................................................................6
1.3. Aplicabilidade dos inclinómetros na observação geotécnica .................................................9

2. TIPOS DE EQUIPAMENTO INCLINOMÉTRICO DISPONÍVEIS ........................................................ 15


2.1. Classificação dos tipos de equipamento inclinométrico ...................................................... 15
2.2. Tipos de sensor dos equipamentos inclinométricos (tecnologia) ........................................ 15
2.2.1. Generalidades.............................................................................................................. 15
2.2.2. Sensores baseados em ponte de Wheatstone .............................................................. 15
2.2.2.1. Contextualização ................................................................................................... 15
2.2.2.2. Sensores de nível eletrolítico ................................................................................. 18
2.2.3. Sensores de corda vibrante .......................................................................................... 19
2.2.4. Sensores de servoacelerómetro de equilíbrio de força com indução magnética ........... 20
2.2.5. Sensores baseados em sistemas microeletromecânicos (MEMS) .................................. 22
2.2.5.1. Contextualização ................................................................................................... 22
2.2.5.2. MEMS acelerométricos piezoelétricos ................................................................... 24
2.2.5.3. MEMS acelerométricos piezorresistivos ................................................................. 25
2.2.5.4. MEMS acelerométricos capacitivos ........................................................................ 26
2.2.5.5. MEMS acelerométricos termorresistivos/convectivos ............................................ 28
2.2.5.6. MEMS acelerométricos eletrolíticos....................................................................... 30
2.3. Planos de referência dos equipamentos inclinométricos .................................................... 32
2.4. Portabilidade dos equipamentos inclinométricos ............................................................... 33
2.4.1. Generalidades.............................................................................................................. 33
2.4.2. Equipamentos inclinométricos fixos ............................................................................. 34
2.4.3. Equipamentos inclinométricos de sonda ...................................................................... 36

3. INSTALAÇÕES INCLINOMÉTRICAS ............................................................................................. 39


3.1. Considerações iniciais ........................................................................................................ 39

XV
3.2. Tubos inclinométricos ........................................................................................................ 39
3.2.1. Classificação, caracterização, aquisição e armazenamento de tubos inclinométricos ... 39
3.2.2. Material de construção dos tubos inclinométricos ....................................................... 40
3.2.3. Diâmetro interno dos tubos inclinométricos ................................................................ 42
3.2.4. Tipo de união entre troços de tubo inclinométrico ....................................................... 43
3.3. Instalações por acoplamento exterior ou por incorporação estrutural ............................... 45
3.4. Instalações em furo de sondagem ...................................................................................... 45
3.4.1. Sequência de procedimentos e condicionantes ao desempenho das instalações .......... 45
3.4.2. Diâmetro do furo de sondagem ................................................................................... 46
3.4.3. Comprimento do furo de sondagem ............................................................................ 47
3.4.4. Montagem do tubo inclinométrico e respetiva introdução no furo de sondagem ......... 48
3.4.5. Alinhamento das calhas inclinométricas....................................................................... 50
3.4.6. Encastramento do tubo inclinométrico ........................................................................ 51
3.4.7. Preenchimento do espaço anelar entre o furo de sondagem e o tubo inclinométrico .. 54
3.4.8. Proteção do topo do tubo inclinométrico e identificação do sentido principal.............. 56
3.5. Instalações verticais em aterro........................................................................................... 57
3.6. Instalações verticais com observação interna de assentamentos ....................................... 58
3.7. Instalações em vala ou trincheira ....................................................................................... 59
3.8. Proteção de dispositivos contra interferências eletromagnéticas ....................................... 62

4. OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS INCLINOMÉTRICOS ...................................... 65


4.1. Procedimentos operacionais para a realização de campanhas inclinométricas ................... 65
4.2. Critérios de execução e seleção de campanhas de referência............................................. 68
4.3. Sonda inclinométrica ......................................................................................................... 69
4.3.1. Cuidados operacionais e principais medidas de manutenção ....................................... 69
4.3.2. Recuperação de sondas inclinométricas ....................................................................... 72
4.4. Dispositivo de referência para controlo da profundidade ................................................... 73
4.5. Cabo de ligação e de controlo da profundidade ................................................................. 75
4.6. Unidades de alimentação elétrica e de aquisição de dados ................................................ 76
4.7. Verificação e calibração de equipamentos inclinométricos ................................................. 77
4.7.1. Generalidades.............................................................................................................. 77
4.7.2. Verificação de equipamentos inclinométricos .............................................................. 78
4.7.2.1. Metodologias de verificação de equipamentos inclinométricos ............................. 78
4.7.2.2. Frequência de verificação metrológica dos equipamentos inclinométricos ............ 80
XVI
4.7.3. Calibração de equipamentos inclinométricos ............................................................... 81
4.7.3.1. Seleção do equipamento de calibração .................................................................. 81
4.7.3.2. Frequência de calibração metrológica dos equipamentos inclinométricos ............. 87

5. PROCESSAMENTO DE DADOS INCLINOMÉTRICOS ..................................................................... 91


5.1. Conceitos fundamentais..................................................................................................... 91
5.2. Desvios incrementais e acumulados ................................................................................... 94
5.3. Deslocamentos incrementais e acumulados ....................................................................... 95
5.4. Resultante dos deslocamentos e respetiva orientação ....................................................... 97
5.5. Evolução dos deslocamentos ao longo do tempo ............................................................... 98
5.6. Uso de múltiplas referências na mesma instalação inclinométrica .................................... 100
5.7. Profundidade da medição de topo, uso de alonga e diferença tubo-terreno..................... 103
5.8. Cálculo de distorções a partir de resultados inclinométricos ............................................ 105
5.8.1. Estimativa das distorções ocorridas no terreno .......................................................... 105
5.8.2. Estimativa de um fator de segurança local a partir das distorções estimadas e dos
parâmetros geotécnicos dos solos respetivos ...................................................................... 107
5.8.3. Aplicação dos valores de distorção para efeitos de estimativa do tempo de vida útil das
instalações inclinométricas .................................................................................................. 109
5.8.3.1. Estimativa da distorção do tubo e do valor máximo respetivo.............................. 109
5.8.3.2. Estimativa da distorção máxima de tubos inclinométricos em condições de “corte
pleno” .............................................................................................................................. 115
5.9. Estimativa de momentos de flexão em elementos estruturais .......................................... 119
5.10. Método alternativo de processamento de dados inclinométricos ................................... 122
5.11. InclinoReport: programa de processamento de dados inclinométricos ........................... 125
5.11.1. Considerações iniciais .............................................................................................. 125
5.11.2. Características comuns à generalidade dos programas de processamento de dados
inclinométricos .................................................................................................................... 125
5.11.3. Histórico e caracterização técnica do InclinoReport ................................................. 126
5.11.4. Funcionalidades do InclinoReport ............................................................................ 127

6. ANÁLISE QUALITATIVA, VALIDAÇÃO E CORREÇÃO DE DADOS INCLINOMÉTRICOS ................... 129


6.1. Considerações iniciais ...................................................................................................... 129
6.2. Erro típico de um sistema inclinométrico ......................................................................... 130
6.2.1. Conceito de erro típico, valores de erro especificados e propagação em deslocamentos
............................................................................................................................................ 130
6.2.2. Erro típico do sistema no cálculo de deslocamentos com múltiplas referências .......... 133

XVII
6.3. Indicadores qualitativos das medições inclinométricas ..................................................... 135
6.3.1. Somas das leituras inclinométricas............................................................................. 135
6.3.2. Média das somas das leituras inclinométricas ............................................................ 136
6.3.3. Dispersão das somas das leituras inclinométricas....................................................... 140
6.4. Deteção e correção de erros sistemáticos ........................................................................ 145
6.4.1. Generalidades............................................................................................................ 145
6.4.2. Erro de alteração do desvio na origem (bias-shift error) ............................................. 145
6.4.3. Erro de rotação (rotation error) ................................................................................. 152
6.4.4. Erro de profundidade (depth error) ............................................................................ 156
6.4.5. Erro de sensibilidade (sensitivity error) ...................................................................... 158
6.4.6. Outras causas para a ocorrência de erros sistemáticos generalizados ........................ 163
6.4.7. Erros sistemáticos pontuais ....................................................................................... 165
6.5. Estimativa do erro em curvas de perfil ............................................................................. 171
6.5.1. Procedimentos gerais de cálculo ................................................................................ 171
6.5.2. Influência dos procedimentos de correção na estimativa do erro em curvas de perfil 174

7. TRABALHO FUTURO ............................................................................................................... 177


7.1. Constituição de base dados geral das campanhas de observação inclinométrica detidas pelo
Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ........... 177
7.2. Otimização do aparato de verificação inclinométrica do Núcleo de Geotecnia Urbana e de
Transportes (NGUT) do Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC) ........................................................................................................... 177
7.3. Otimização da estimativa do tempo de vida útil das instalações inclinométricas com base
nos valores de distorção do tubo inclinométrico ..................................................................... 178
7.4. Avaliação do impacto do erro intrínseco ao método convencional de cálculo na
determinação de valores de deslocamento e da respetiva orientação em diversos casos de obra
............................................................................................................................................... 178
7.5. Estudo do impacto da deriva do desvio na origem nas medições inclinométricas a longo
prazo ...................................................................................................................................... 178
7.6. Estudo aprofundado da ocorrência de erros de rotação e dos métodos de correção
correntemente aplicados ........................................................................................................ 179
7.7. Estudo alargado da aplicabilidade e da eficiência dos métodos de análise e de correção de
dados inclinométricos apresentados nas secções 6.4.2 e 6.4.7................................................ 179
7.8. Desenvolvimento de algoritmos de auxílio à comparação topológica de curvas de perfil para
efeitos de identificação de erros de rotação e de profundidade .............................................. 179
7.9. Desenvolvimento futuro do InclinoReport........................................................................ 180

XVIII
7.10. Outras propostas de trabalho futuro .............................................................................. 185

8. CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 187


8.1. Considerações iniciais ...................................................................................................... 187
8.2. Resumo conclusivo .......................................................................................................... 187

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................................... 195

XIX
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Princípio básico da inclinometria para levantamento de perfis em furos de sondagem


(adaptado de SINCO, 2001; Stark & Choi, 2008). ............................................................................5
Figura 2 – Exemplos de aplicação das primeiras metodologias para levantamento inclinométrico
do perfil de furos de sondagem (adaptado de Haddock, 1931). ......................................................6
Figura 3 – Diagrama do circuito do primeiro inclinómetro moderno (adaptado de WES, 1963 -
anexo C).........................................................................................................................................9
Figura 4 – Enquadramento dos inclinómetros na classificação da instrumentação geotécnica
(adaptado de Dunnicliff, 1988). .................................................................................................... 10
Figura 5 – Diagramas de circuito aplicáveis à instrumentação baseada em ponte de Wheatstone
(adaptado de Dunnicliff, 1988). .................................................................................................... 16
Figura 6 – Exemplos de sensores de nível eletrolítico uniaxiais (em cima) e biaxiais (em baixo), com
meia ponte de Wheatstone representada pelas resistências entre os pares de elétrodos AB e BC
(adaptado de BesTech, 2017; Dunnicliff, 1988; Puccio, 2004; SPECTRON, 2009; TFC, 2017a, 2017b,
2017c).......................................................................................................................................... 19
Figura 7 – Diagrama de circuito e estrutura de um servoacelerómetro de equilíbrio de força
(adaptado de Hernandez & Gichard, 1978). ................................................................................. 21
Figura 8 – Acelerómetro capacitivo servoacelerado não diferencial (adaptado de Mukherjee et al.,
2014). .......................................................................................................................................... 27
Figura 9 – Acelerómetro capacitivo servoacelerado diferencial (adaptado de Wu, 2002). ............. 27
Figura 10 – Sensores MEMS incorporados na instrumentação (in)clinométrica (adaptado de Sellers
& Taylor, in: BiTech, 2008). .......................................................................................................... 28
Figura 11 – Exemplo de sensor MEMS eletrolítico eletrorresistivo (adaptado de Jung et al., 2007).
.................................................................................................................................................... 31
Figura 12 – Exemplo de sensor MEMS eletrolítico capacitivo (adaptado de Ueda et al., 2006). ..... 32
Figura 13 – Representação da relação entre a orientação de uma bitola com sensor inclinométrico
convencional e o diâmetro (d) do inclinómetro. ........................................................................... 33
Figura 14 – Exemplo de uma instalação inclinométrica fixa (adaptado de GEOKON, 2017a; SISGEO,
2017a). ........................................................................................................................................ 35
Figura 15 – Exemplo de um equipamento inclinométrico de sonda (adaptado de SISGEO, 2013a,
2011). .......................................................................................................................................... 37
Figura 16 – Calhas inclinométricas e planos ortogonais correspondentes (adaptado de Coimbra,
2016). .......................................................................................................................................... 40
Figura 17 – Exemplos da existência ou ausência de bisel em calhas e em rodas inclinométricas. .. 42
Figura 18 – Especificação geométrica para tubos de alumínio (adaptado de Coimbra, 2016;
DSERVICE, 2017b; Nunes & de Sousa, 1986). ................................................................................ 43

XXI
Figura 19 – Tipos de união entre troços de tubo inclinométrico (adaptado de ACE, 2017; Coimbra,
2016; GEOKON, 2017b; RST, 2017). .............................................................................................. 44
Figura 20 – Acessórios de obturação do fundo do tubo inclinométrico (adaptado de ACE, 2016a;
Coimbra, 2016; GEOKON, 2017c; HOLE, 2017; TECON, 2017). ...................................................... 48
Figura 21 – Procedimentos de obturação e selagem do fundo e das uniões do tubo inclinométrico
(adaptado de Coimbra, 2016; SISGEO, 2016d). ............................................................................. 49
Figura 22 – Introdução do tubo inclinométrico no furo de sondagem (adaptado de ACE, 2016a;
Coimbra, 2016; GEOKON, 2017c; HOLE, 2017; SISGEO, 2016d; TECON, 2017)............................... 49
Figura 23 – Técnica de montagem referida por Dunnicliff (1988) para minimizar a torção contínua
das calhas de rodagem ao longo do tubo. .................................................................................... 50
Figura 24 – Alinhamento das calhas inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2016). ..................... 50
Figura 25 – Precauções adicionais a considerar para o dimensionamento da extensão do maciço
de encastramento a executar (adaptado de Coimbra, 2016). ....................................................... 51
Figura 26 – Metodologias de estabilização do tubo inclinométrico na ausência de acessório de
fixação incluso na respetiva peça de obturação (in ex.: Figura 20ab, 3.4.4) (adaptado de Coimbra,
2016; SINCO, 1997). ..................................................................................................................... 52
Figura 27 – Metodologias de execução do maciço de encastramento (adaptado de Coimbra, 2016;
SINCO, 1997; SISGEO, 2013b). ...................................................................................................... 53
Figura 28 – Precauções a ter relativamente à remoção do encamisamento de um furo no decorrer
da execução do preenchimento do espaço anelar com material granular solto (adaptado de
Coimbra, 2016). ........................................................................................................................... 55
Figura 29 – Variação da resistência à compressão de uma mistura de cimento e bentonite em
função da relação (adaptado de Mikkelsen, 2002). ............................................... 56
Figura 30 – Proteção de tubos inclinométricos (adaptado de Coimbra, 2016; Nunes & de Sousa,
1986). .......................................................................................................................................... 57
Figura 31 – Instalação faseada de tubos inclinométricos verticais associados a dispositivos para
acompanhamento do perfil de assentamentos em profundidade (adaptado de Coimbra, 2016;
SISGEO, 2013b). ........................................................................................................................... 59
Figura 32 – Instalação inclinométrica em solo compressível, associada a dispositivos
ferromagnéticos para observação do perfil de assentamentos (adaptado de ACE, 2016b; Coimbra,
2016; SOIL, 2013). ........................................................................................................................ 59
Figura 33 – Método alternativo para instalação de dispositivos de observação no interior de obras
de aterro (adaptado de Clements, 1982, in: Dunnicliff, 1988). ...................................................... 61
Figura 34 – Esquemática da operação de sondas inclinométricas horizontais portáteis em
instalações com uma extremidade do tubo acessível (adaptado de SINCO, 2004). ....................... 61
Figura 35 – Esquemática da operação de sondas inclinométricas horizontais portáteis em
instalações com ambas as extremidades do tubo acessíveis (adaptado de SINCO, 2004). ............. 62
Figura 36 – Procedimentos gerais para a realização de campanhas inclinométricas (adaptado de
Coimbra, 2016; Dunnicliff, 1988; GEONOR, 2017). ....................................................................... 68

XXII
Figura 37 – Constituição interna de um inclinómetro com servoacelerómetro de equilíbrio de
força com indução magnética (adaptado de Coimbra, 2016, 2011). ............................................. 70
Figura 38 – Pormenor dos elementos rolantes de uma sonda inclinométrica. Relação com os
planos de medição e com o respetivo sinal de leitura (adaptado de Coimbra, 2016; GEONOR,
2017; GOUDA, 2017; SINCO, 2014, 2006b; SOIL, 2014d). .............................................................. 71
Figura 39 – Tubo plástico com recorte em bisel para recuperação de sondas inclinométricas. ...... 73
Figura 40 – Dispositivos de referência para controlo da profundidade (adaptado de Coimbra,
2016; DGSI, 2014b, 2013c; GEOKON, 2016b, 2009a). ................................................................... 74
Figura 41 – Sonda inclinométrica com cabo não destacável de marcas metálicas. Relação entre o
passo de leitura, a marcação do cabo e a distância entre rodas. ................................................... 76
Figura 42 – Exemplos de aparatos para verificação inclinométrica (adaptado de ASTM, 2012;
GEOSYSTEMS, 2010). ................................................................................................................... 80
Figura 43 – Exemplos de mesas rotativas (adaptado de Aerotech, 2010; Coimbra, 2011; Newport,
2010; RPI, 2010). .......................................................................................................................... 82
Figura 44 – Relação entre a tolerância admissível ( ) e a tolerância do equipamento sob
calibração ( ), em função do Coeficiente de Incerteza do Ensaio (Test Uncertainty Ratio, TUR;
adaptado de Coimbra, 2011). ....................................................................................................... 84
Figura 45 – Sentidos de medição inclinométrica e respetiva relação com a orientação azimutal dos
deslocamentos e com os sinais dos ângulos medidos nos planos e (adaptado de Coimbra,
2016; SINCO, 2006a). ................................................................................................................... 91
Figura 46 – Resposta de um sensor inclinométrico em função da inclinação da sonda na respetiva
direção......................................................................................................................................... 92
Figura 47 – Desvios incrementais de uma instalação inclinométrica nas direções e . ............... 95
Figura 48 – Geometria de uma instalação inclinométrica nas direções e (adaptado de
Coimbra, 2016). ........................................................................................................................... 95
Figura 49 – Deslocamentos incrementais nas direções e (adaptado de Coimbra, 2016). ........ 96
Figura 50 – Deslocamentos acumulados nas direções e (adaptado de Coimbra, 2016). .......... 97
Figura 51 – Resultante dos deslocamentos acumulados e respetiva orientação (adaptado de
Coimbra, 2016). ........................................................................................................................... 98
Figura 52 – Evolução da resultante dos deslocamentos e da respetiva orientação. Períodos de
aceleração intermitentes com taxas de progressão variáveis (adaptado de Coimbra, 2016). ........ 99
Figura 53 – Evolução da velocidade de progressão da resultante dos deslocamentos. Taxas de
progressão diárias. ....................................................................................................................... 99
Figura 54 – Evolução da resultante dos deslocamentos e da respetiva orientação. Taxa de
progressão constante com aceleração de movimento (adaptado de Coimbra, 2016).................. 100
Figura 55 – Aplicação do conceito de multi-referência ao processamento de dados inclinométricos
(adaptado de Coimbra, 2011). .................................................................................................... 102

XXIII
Figura 56 – Comparação de resultados provenientes de dois instrumentos distintos, processados
com e sem a inclusão de múltiplas referências. .......................................................................... 103
Figura 57 – Ponto de referência de sondas inclinométricas clássicas e modernas (adaptado de
SINCO, 2018).............................................................................................................................. 103
Figura 58 – Diferença tubo-terreno e profundidade da medição de topo (adaptado de Coimbra,
2007). ........................................................................................................................................ 105
Figura 59 – Conceito associado à estimativa de distorções em solos a partir de resultados
inclinométricos (adaptado de Salgado & Carvalho, 1999). .......................................................... 106
Figura 60 – Resultante dos deslocamentos acumulados e respetiva distorção no solo. ............... 106
Figura 61 – Esquema representativo de uma curva tensão/deformação obtida a partir de ensaios
laboratoriais de corte simples (adaptado de Salgado, 1995). ...................................................... 107
Figura 62 – Estimativa da distorção total ( ) em função da distorção horizontal ( ) e da
geometria da superfície de deslizamento provável (adaptado de Salgado & Carvalho, 1999). .... 108
Figura 63 – Deformação máxima acomodável por um tubo inclinométrico sem que a circulação de
uma sonda seja comprometida (adaptado de Carvalho et al., 2016). .......................................... 110
Figura 64 – Conceito associado ao cálculo da distorção de tubos inclinométricos (adaptado de
Carvalho et al., 2016). ................................................................................................................ 112
Figura 65 – Geometria e distorção de um tubo inclinométrico (adaptado de Carvalho et al., 2016).
.................................................................................................................................................. 113
Figura 66 – Perfis de distorção horizontal do solo e de distorção total do tubo numa instalação
inclinométrica (adaptado de Carvalho et al., 2016). ................................................................... 114
Figura 67 – Concetualização geral da deformação de um tubo em condição de “corte pleno” e da
mecânica associada à transposição de um obstáculo lateral pelas rodas inclinométricas. ........... 115
Figura 68 – Valores máximos de distorção e de deslocamento para uma instalação inclinométrica
vertical em condição de “corte pleno” e com inclinação compreendida entre ..................... 119
Figura 69 – Estimativa de curvatura a partir de deslocamentos inclinométricos pelo método de
ajuste de arco de circunferência (adaptado de Ooi & Ramsey, 2003). ........................................ 121
Figura 70 – Interdependência entre o cálculo de desvios nas direções e (adaptado de Lei et al.,
2006). ........................................................................................................................................ 122
Figura 71 – Erro de cálculo do método convencional de processamento de dados. Determinação
das componentes de desvio ( ) ou de deslocamento incremental ( ) nas direções e , da
resultante dos desvios ( ) ou dos deslocamentos incrementais ( ), e da respetiva orientação
( ).............................................................................................................................................. 124
Figura 72 – Erro típico de um sistema inclinométrico no cálculo de deslocamentos nas direções
e com contribuição de uma ou de duas campanhas de referência........................................... 134
Figura 73 – Evolução da média das somas das leituras com deriva normal do desvio na origem. 137
Figura 74 – Evolução da média das somas das leituras com deriva anormal do desvio na origem do
sensor ..................................................................................................................................... 137

XXIV
Figura 75 – Esquematização da influência da deriva do desvio na origem na medição de
inclinações (adaptado de Coimbra, 2011). .................................................................................. 139
Figura 76 – Evolução do desvio padrão das somas das leituras ao longo do tempo. .................... 141
Figura 77 – Deslocamentos acumulados de algumas campanhas com valores elevados de desvio
padrão. ...................................................................................................................................... 141
Figura 78 – Análise das somas das leituras em profundidade...................................................... 142
Figura 79 – Ábaco para determinação do valor máximo do diferencial de dispersão ( ) para uma
sonda com resolução e (adaptado de Coimbra, 2011). ......................... 144
Figura 80 – Deslocamentos incrementais das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77,
6.3.3). ........................................................................................................................................ 147
Figura 81 – Somas das leituras das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77, 6.3.3). ... 148
Figura 82 – Deslocamentos acumulados das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77,
6.3.3). Curvas obtidas (49 e 49R) e corrigidas pelos métodos das somas das leituras (49-Si e 49R-Si)
e dos deslocamentos (49-D e 49R-D). ......................................................................................... 151
Figura 83 – Erro sistemático introduzido em resultados acumulados pela ocorrência dum bias-shift
( ) ao longo de profundidades em instrumentos com resolução - (adaptado
de Coimbra, 2011; SINCO, 2000). ............................................................................................... 151
Figura 84 – Relação entre o ângulo de rotação do referencial de medição e o erro induzido nos
deslocamentos calculados (adaptado de Mikkelsen, 2003). ........................................................ 153
Figura 85 – Relação entre os sinais dos ângulos de rotação estimado ( ) e pretendido ( ) em cada
direção....................................................................................................................................... 154
Figura 86 – Correção de um erro de rotação devido a diferenças de alinhamento axial entre os
sensores de dois sistemas inclinométricos. ................................................................................ 155
Figura 87 – Magnitude do erro de rotação em função do angulo respetivo e do desvio da vertical
na direção ortogonal (adaptado de Coimbra, 2011). .................................................................. 156
Figura 88 – Padrões de forma tipicamente produzidos pelo erro de profundidade em tubos com
perfil em “S” e em “J” (adaptado de Coimbra, 2011; SINCO, 2000). ............................................ 157
Figura 89 – Exemplo de correção de um erro de sensibilidade devido a alterações ocorridas na
unidade de aquisição do sistema inclinométrico. ....................................................................... 160
Figura 90 – Magnitude do erro de sensibilidade em função do coeficiente de deriva respetivo e do
desvio da vertical do tubo inclinométrico (adaptado de Coimbra, 2011)..................................... 161
Figura 91 – Exemplo de correção de um perfil de somas tendencioso sem afetação dos valores de
medição. .................................................................................................................................... 162
Figura 92 – Correção de somas desviantes por compensação equitativa (adaptado de Coimbra,
2011). ........................................................................................................................................ 166
Figura 93 – Somas de leituras das campanhas 45 e 51 na direção (figuras 77 e 78, 6.3.3), pré e
pós correção de erros pontuais através da média das somas...................................................... 168

XXV
Figura 94 – Deslocamentos acumulados das campanhas 45, 45R, 50 e 51 nas direções e
(figuras 77 e 78, 6.3.3), pré e pós correção de erros pontuais nas campanhas 45 e 50 através da
média das somas. ...................................................................................................................... 168
Figura 95 – Correção de leituras pertencentes ao percentil da distribuição de somas.
Comparação de resultados obtidos com diferentes métodos de análise e de correção. .............. 170
Figura 96 – Fluxo de trabalho mais comum para o processamento de dados inclinométricos no
NGUT. ........................................................................................................................................ 181
Figura 97 – Fluxo de trabalho sugerido para o processamento de dados inclinométricos no NGUT.
.................................................................................................................................................. 182

XXVI
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 – Instrumentação geotécnica destinada à medição de deformações. Tipos de


deformação medidos e principais aplicações (adaptado de Dunnicliff, 1988)................................ 11
Quadro 2 – Instrumentação concorrente e complementar aos sistemas inclinométricos. ............. 12
Quadro 3 – Classificação dos MEMS em função do tipo de energia de ativação e das grandezas
passíveis de se observar (adaptado de Korvink & Paul, 2006). ...................................................... 23
Quadro 4 – Categorização dos MEMS mecânicos em função do tipo de grandeza que medem e dos
princípios de funcionamento aplicáveis (adaptado de Korvink & Paul, 2006). ............................... 24
Quadro 5 – Sistemas inclinométricos fixos alternativos aos convencionais. .................................. 35
Quadro 6 – Principais características dos diferentes tipos de tubo inclinométrico disponíveis
(adaptado de Coimbra, 2016; DGSI, 2013b; DSERVICE, 2017a; Dunnicliff, 1988; GEOKON, 2017b;
RST, 2017; SISGEO, 2016a, 2016b, 2016c, 2010). .......................................................................... 41
Quadro 7 – Diâmetros de furo adequados a diferentes tamanhos de tubo (adaptado de Coimbra,
2016). .......................................................................................................................................... 47
Quadro 8 – Medidas de proteção da instrumentação geotécnica fixa contra interferências
eletromagnéticas (adaptado de Shoup, 1992). ............................................................................. 63
Quadro 9 – Requisitos metrológicos para a execução de medições inclinométricas (adaptado de
ISO, 2016). ................................................................................................................................... 83
Quadro 10 – Método de cálculo para estimativa da incerteza de medição introduzida pelo
equipamento de calibração (adaptado de Coimbra, 2011). .......................................................... 85
Quadro 11 – Grandezas estimadas para os principais requisitos não metrológicos de uma mesa
rotativa para execução de calibrações inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2011). .................. 86
Quadro 12 – Vantagens e desvantagens dos tipos de acionamento mecânico mais adequados para
um sistema de calibração inclinométrica (adaptado de Coimbra, 2011). ...................................... 87
Quadro 13 – Metodologias normalmente utilizadas para a definição da periodicidade de
calibração de instrumentos inclinométricos (adaptado de Coimbra, 2016). .................................. 89
Quadro 14 – Constantes de proporcionalidade ( ) dos principais fabricantes de inclinómetros
(adaptado de GEOKON, 2014a, 2014b, 2009b; RST, 2010; SINCO, 2014, 2006a; SISGEO, 2013a;
SOIL, 2014d, 2014e). .................................................................................................................... 93
Quadro 15 – Condição de deformação localizada. Estimativa da distorção máxima para os
diâmetros de tubo mais utilizados (adaptado de Carvalho et al., 2016). ..................................... 111
Quadro 16 – Condição de deformação perfeitamente distribuída. Estimativa da distorção máxima
para os diâmetros de tubo mais utilizados (adaptado de Carvalho et al., 2016). ......................... 111
Quadro 17 – Valores máximos de deformação de um tubo inclinométrico em condição de “corte
pleno”. ....................................................................................................................................... 119
Quadro 18 – Principais fontes de erro em medições inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2011;
SINCO, 2001, 2000). ................................................................................................................... 129

XXVII
Quadro 19 – Ações de operação e de manutenção que minimizam a ocorrência de erros
sistemáticos (adaptado de Coimbra, 2011; SINCO, 2006a). ........................................................ 130
Quadro 20 – Desempenho metrológico especificado pelos principais fabricantes de inclinómetros
(adaptado de DGSI, 2014b, 2013c; GEOKON, 2014c; RST, 2010; SISGEO, 2011; SOIL, 2014c, 2014g).
.................................................................................................................................................. 131
Quadro 21 – Padrões de deslocamento típicos do erro de alteração do desvio na origem
(adaptado de Coimbra, 2011; SINCO, 2000). .............................................................................. 146
Quadro 22 – Erro típico e erro estimado para as curvas de perfis acumulados das campanhas 45 e
51 (figuras 77 e 78acd, 6.3.3), cuja instalação tem cerca de de profundidade (39 secções).
.................................................................................................................................................. 173
Quadro 23 – Estimativas de erro pré e pós correção de erros sistemáticos pontuais na campanha
45 e 51 (figuras 93 e 94, 6.4.7), cuja instalação tem cerca de de profundidade (39
secções). .................................................................................................................................... 176
Quadro 24 – Lista de objetivos a implementar no InclinoReport................................................. 184

XXVIII
ÍNDICE DE EXPRESSÕES MATEMÁTICAS

(1) ( ) ⁄ 52

(2) ( ) 52

(3) ( )
53

(4) 53

(5) ( ) 55

(6) ( ) 55

(7) ⁄ 84

(8) ( )⁄ ⁄√ √ 85

| |
(9) { √ { 85
[ ] ( ⁄ )

(10) ⁄ 86

(11) { { 92

(12) { { 93

( )
(13) 93

( )
(14) 93

(15) { 94

∑ ∑
(16) { 94
∑ ∑

(17) { 96

(18) { 96

(19) √( ) ( ) 97

XXIX
(20) ( ⁄ ) 97



(21) 97
( ⁄ )
( ⁄ )
{ ( ⁄ )

(22) { { 102

(23) { 102

(24) 105

(25) 105

(26) 105

(27) ⁄ 106

(28) [ ] 106

(29) 106

(30) ⁄ ( ) 107

(31) ⁄ ⁄
107

(32) 108

(33) 108

(34) ( )
108

(35) ⁄ 108

(36) ( ) ⁄ ⁄( )
109

( )
(37) ( )
109

(38) ⁄
110

( ⁄ )
( ) ( ⁄ )
(39) { { ( ) 111

XXX
(40) ⁄ 111

(41) [ ] 111

(42) ⃑ ̂ ̂ ̂ ‖ ⃑‖ 112

‖⃑ ‖
(43) { ‖⃑ ‖ 112

⃑ ⃑
(44) ⃑ ⃑ ‖ ⃑ ‖‖ ⃑ ‖ 113
‖ ⃑ ‖‖ ⃑ ‖

(45) [ ] 113

( )
(46) { { 116
( )

( )⁄
(47) { 116
( )

( )
( )
(48) ( ⁄ ) 116
{

( )
(49) { ( ⁄ ) 116
( )

(50) ( ) 117

(51) 117

(52) ( ) ( ) ( ) ⁄ 117

(53) ( ) ⁄ 117

(54) 117

(55) 117

(56) 118

(57) 118

(58) 119

(59) ⁄
120
[ ( ) ]

XXXI
(60) 120

(61) ⁄ 120

(62) ⁄ 120

(63) ( ⁄ ) 120

(64) ( )⁄ 120

√( ) ( )

√( ) ( )
(65) ⁄ 120
√( ) ( )
( ) ( ) ( )
{

(66) ( ) 121

(67) 121

̅̅̅̅ ̅̅̅̅
̅̅̅̅ ̅̅̅̅
(68) { ̅̅̅̅ ̅̅̅̅
123
̅̅̅̅

(69) 123

(70) √ 123

(71) √ 123

(72) ⁄ ⁄ ( ⁄ ) 123

(73) { 123


√ √
(74) 123

{ √ √

(75) 131

(76) ∑ ∑ √ 131

(77) √( ⁄√ ) ( ⁄√ ) 133

(78) √ 133

XXXII
(79) ∑ √ 133

(80) { 135

(81) 135
√ √

⁄√ ⁄√
(82) { { 135


(83) { { 135

(84) { 136

(85) ∑ 136

∑ ( )
(86) √ 140

(87) 143

(88) ⁄ 143

√ ( )
( ) ⁄
(89) { 144
| | [√ ( ) ]
{

( )
(90) {
( )


{ 148

(91) 149

(92) 149

(93) 149

(94) 149

(95) ( ̅ ) 150

(96) ̅ ∑ ( )⁄ 150

(97) ̅ ̅ 150

XXXIII
(98) ̅ ̅ 150

(̅ ̅ )
(99) { 150
(̅ ̅ )

(̅ ̅ )
(100) { 150
(̅ ̅ )

(101) { 152

(102) { 153

(103) { 153

(104) { 154

(105) { { 154


(106) { { 155

(107) 158

(108) 158

( )
(109) 158

∑ ( ⁄ )
(110) ̅ 159

(111) ̅ 159

(112) ( ̅ ) 159

(113) ( ̅ ) 160
( ̅ )

(114) 163

(115) ( ) 163

( )⁄
(116) { 163
( )⁄

(117) ( ) ( ) ( )⁄ 165

XXXIV
(118) | | | |⁄ 166


(119) { 167

(120) ( ) 167

(121) { 167

(122) { { {

{ 170

(123) ( ) 171

( )
(124) { 171
( )


(125) ̅ √ 172

(126) ( ) √ ( ) ( ) 174

(127) ( ) ( ) √ ( ) ( ) √ 175

(128) ( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ 175

(129) ( ) √ ( ) ( ) √ 175

(130) ( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ √ 175

(131) ( ) ( ) √ ( ) ( ) ( )

( ) √ 175

(132) ( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ √ { }

175

XXXV
ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO I: OUTROS PARÂMETROS A CONSIDERAR NA SELEÇÃO DE UMA MESA ROTATIVA PARA


EFEITOS DE CALIBRAÇÃO INCLINOMÉTRICA (Coimbra, 2011)...................................................... 221
ANEXO II: EXTRAÇÃO DE VALORES DE ERRO TÍPICO A PARTIR DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ..... 225
ANEXO III: ENSAIOS INCLINOMÉTRICOS LABORATORIAIS: DIVERGÊNCIAS ENTRE INSTRUMENTOS E
ESTABILIDADE DAS LEITURAS EM FUNÇÃO DA MAGNITUDE DA INCLINAÇÃO ............................. 229
ANEXO IV: DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE INSTRUMENTAL DE SISTEMAS INCLINOMÉTRICOS
ATRAVÉS DE ENSAIOS LABORATORIAIS COMPARATIVOS ............................................................ 247
ANEXO V: DISTORÇÃO MÁXIMA DE TUBOS INCLINOMÉTRICOS EM CONDIÇÕES DE “CORTE
PLENO”. CASO DE OBRA DEMONSTRATIVO, VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DO CONCEITO E
ELEMENTOS DE CÁLCULO ADICIONAIS ....................................................................................... 257
ANEXO VI: CORREÇÃO DE ERROS DE ALTERAÇÃO DO DESVIO NA ORIGEM. DEMONSTRAÇÃO
APLICADA EM CASO DE OBRA .................................................................................................... 265
ANEXO VII: CORREÇÃO DE ERROS DE ROTAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE OBRA
.................................................................................................................................................. 283
ANEXO VIII: CORREÇÃO DE ERROS DE PROFUNDIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE
OBRA ......................................................................................................................................... 291
ANEXO IX: CORREÇÃO DE ERROS DE SENSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE
OBRA ......................................................................................................................................... 299
ANEXO X: DERIVA SISTEMÁTICA DO DESVIO NA ORIGEM EM PROFUNDIDADE DEVIDO AO
INGRESSO DE ÁGUA NA SONDA INCLINOMÉTRICA ..................................................................... 305
ANEXO XI: CORREÇÃO DE ERROS SISTEMÁTICOS PONTUAIS. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM
CASOS DE OBRA ......................................................................................................................... 319
ANEXO XII: ESTIMATIVA DO ERRO EM CURVAS DE PERFIL .......................................................... 331

XXXVII
SIMBOLOGIA E NOTAÇÃO

Lista de índices

Sentidos e , respetivamente (sobrescrito).


Direções e , respetivamente.
Sentidos e da direção , respetivamente (sobrescrito).
Sentidos e da direção , respetivamente (sobrescrito).
Indicador sequencial de secção de tubo, profundidade/cota ou leitura.
Índice máximo ou quantidade total (especificado no texto).
Indicador sequencial de campanha e de referência, respetivamente.
Resultante dos deslocamentos (sobrescrito).

Lista de variáveis

Área do triângulo .
, , , Constantes duma função ou arestas poligonais ((65), (66), (67), (68), (114)).
Escalares das componentes de ⃑ nas direções , e vertical, respetivamente.
Desvio na origem.
Curvatura dum troço de tubo.
Resistência ao corte não drenada.
Diâmetro médio da bobine duma mola de torção ((57));
desvio acumulado (restantes expressões).
Deslocamento no topo de um provete num ensaio de corte simples ((27));
diâmetro do fio duma mola de torção ((57));
desvio incremental (restantes expressões).
Desvio acumulado corrigido.
Desvio incremental corrigido.
Diâmetro exterior do tubo inclinométrico.
Diâmetro do furo de sondagem.
Graus de liberdade duma distribuição de valores.
̅ Coeficiente de deriva da sensibilidade.
Módulo de elasticidade.
Razão entre variâncias (F-Fisher, (88), (89));
força ou peso (restantes expressões).
Resistência à compressão não confinada.
Fator de segurança local.
Força tangencial no ponto de encontro com o obstáculo .

XXXIX
Componente de que atua no plano transversal ao da haste de suporte das rodas.
Metade da componente de transversal à haste de suporte das rodas.
Componente de que atua no plano transversal ao da haste de suporte das rodas.
Componentes normal e tangencial de no ponto de encontro com o obstáculo .
Componentes normal e tangencial de no extremo oposto ao do obstáculo .
Componente de longitudinal à haste de suporte das rodas.
Componentes normal e tangencial de no ponto de encontro com o obstáculo .
Aceleração gravítica.
Módulo de corte inicial.
Altura dum provete num ensaio de corte simples ((27));
dimensão dum obstáculo a transpor (restantes expressões).
Impulsão gerada pela calda de encastramento do tubo ((1));
momento de inércia dum elemento sob flexão ((58)).
⃑ Vetor representativo dum troço de tubo.
Constante instrumental ((113)).
Coeficiente de majoração do volume de injeção ou de preenchimento ((4));
índice ou número total das campanhas de referência de um histórico ((78), (79));
constante instrumental (restantes expressões).
Passo de leitura (in ex.: bitola do instrumento).
Comprimento da alonga utilizada ((25));
leitura inclinométrica (restantes expressões).
Leitura inclinométrica corrigida.
Comprimento do maciço de encastramento.
Comprimento da haste que suporta as rodas inclinométricas.
Comprimento total da sonda inclinométrica.
Comprimento entre rodas no plano da haste que as suporta.
Momento.
Altura correspondente ao uso de roldana e mordentes ((25));
número de campanhas ((125));
declive ou taxa de variação (sem índice);
medição (com índice).
Índice máximo ou quantidade total (especificado no texto).
Número de voltas da bobine duma mola de torção.
Profundidade ou cota.
Profundidade de medição de topo (última medição efetuada em campo).
Profundidade de medição de topo corrigida.
Raio (especificado no texto).
Coeficiente de rotura.

XL
Nível de tensão (stress level, (32), (33));
soma de leituras (restantes expressões).
Desvio padrão das somas das leituras.
̅ Média parcial das somas de leituras.
̅ Desvio padrão empolado.
Soma de leituras corrigida.
Rotação relativa dos braços duma mola de torção ((57));
tolerância, entendida como o dobro da exatidão (restantes expressões).
Valor crítico da distribuição t-Student.
Coeficiente de incerteza do ensaio (test uncertainty ratio).
Incerteza expandida.
Incerteza individual não expandida.
Incerteza combinada não expandida.
Folga lateral entre as rodas inclinométricas e as paredes das calhas de rodagem.
Volume de injeção ou de preenchimento necessário.
Deslocamento lateral.
Variável ou quantidade a determinar (especificado no texto).
Variável ou quantidade conhecida (especificado no texto).
Distância, cota ou comprimento de arco (especificado no texto).
Orientação da resultante dos deslocamentos.
Ângulo entre a haste que suporta as rodas e o plano transversal ao tubo.
Ângulo entre o plano transversal ao tubo e o segmento de reta desde o ponto de en-
contro com até ao eixo de rotação da roda.
Ângulo de inclinação na direção .
Distorção total.
Distorção em condição de “corte pleno”.
Distorção máxima em condição de “corte pleno”.
Distorção horizontal no terreno.
Distorção do tubo.
Distorção máxima do tubo inclinométrico.
Deslocamento.
Diferencial entre desvios na origem.
Deslocamento acumulado.
Deslocamento incremental.
Diferencial entre leituras.
̅ Média dos diferenciais entre leituras.

XLI
Diferencial entre medições.
Diferencial de dispersão entre uma campanha ordinária e a referência respetiva.
Diferença entre as cotas do topo do tubo e do terreno.
Variação angular ao longo dum troço de tubo.
Variação angular.
Diferencial entre médias de somas de leituras.
Diferencial de torque.
Ângulo de inclinação do tubo.
Erro.
Erro aleatório duma medição.
Erro aleatório duma leitura.
Erro de profundidade.
Erro sistemático duma medição.
Erro sistemático duma leitura.
Ângulo genérico (especificado no texto);
ângulo de inclinação na direção (se não especificado).
Ângulo máximo de inclinação do tubo em situação de deformação distribuída.
Ângulo máximo de inclinação do tubo em situação de deformação localizada.
Diferencial angular entre as inclinações de dois troços de tubo contíguos ((44), (45));
ângulo de rotação dum ponto num determinado referencial (restantes expressões).
Ângulo de rotação dum referencial.
Média aritmética genérica ((85));
Média das somas das leituras (restantes expressões)
Massa volúmica da calda de injeção.
Tensão de corte.
Tensão de corte inicial.
Torque duma mola de torção.
Tensão de corte na rotura.
Tensão de corte última.
Diâmetro ou calibre.
Inclinação dum troço de tubo.
Largura interna do tubo na zona das calhas de rodagem.
Diâmetro externo da sonda inclinométrica.
Diâmetro interno do tubo.
Curvatura dum elemento sob flexão.
Ângulo entre a tangente duma superfície de deslizamento e o plano transversal ao tu-
bo na zona de interseção.

XLII
GLOSSÁRIO DE TERMOS

Alonga: troço de tubo inclinométrico com uma união acoplada, destinado a facilitar a execução de
campanhas de observação com recurso a roldana e mordentes, em instalações inclinométricas cu-
jo topo se encontra demasiado baixo (in ex.: junto ou abaixo da cota superficial do terreno).

Constante instrumental: contante de proporcionalidade entre os valores de leitura e os valores da


correspondente da grandeza física a medir. A constante instrumental relaciona-se diretamente
com a Resolução e com o Ganho.

Deriva do desvio na origem: variação do desvio na origem, lenta e tendencial ao longo da vida útil
do instrumento, ou brusca e imprevisível com caráter temporário ou permanente.

Deslocamento acumulado: integral dos Deslocamentos incrementais ao longo dum perfil.

Deslocamento incremental: diferencial entre duas Leituras ou Medições da mesma secção de tu-
bo em duas datas distintas.

Desvio acumulado: integral dos Desvios incrementais ao longo dum perfil.

Desvio incremental: segmento de reta entre o Plano de referência dum Inclinómetro e uma das
extremidades dum troço de tubo, no plano transversal ao primeiro (in ex.: cateto oposto ao ângu-
lo formado pelo pela haste do instrumento e o Plano de referência respetivo).

Desvio na origem: valor medido quando a grandeza observada tem valor nulo.

Exatidão: diferença entre o valor da grandeza observada e o valor medido correspondente.

Ganho: relação entre a variação da grandeza a observar e a variação correspondente da resposta


sensorial do respetivo instrumento de medição. Quanto maior for a resposta sensorial, face a uma
determinada variação da grandeza observada, maior é o ganho do instrumento. Dependendo do
meio profissional, os termos Ganho e Sensibilidade podem confundir-se (ver Sensibilidade).

Histerese: retenção de determinada propriedade na ausência do estímulo que a gerou (in ex.: ma-

XLIII
terial cujo estado em determinado momento depende do histórico de estados em momentos an-
teriores). No âmbito instrumental/sensorial, esta característica é indesejável e pode-se manifestar
por a) um atraso na resposta à variação da grandeza observada, ou pela b) diferença entre as cur-
vas de resposta ascendente e descendente da variação linear da grandeza observada dentro de
determinada amplitude. b) tem consequências mais difíceis de contornar, uma vez que implica de-
riva do desvio e instabilidade de linearidade em função do histórico de medição.

Inclinómetro: dispositivo que mede inclinações. No âmbito deste trabalho, compreende um ins-
trumento com uma haste rígida de comprimento pré-definido e mede inclinações relativamente a
um Plano de referência, podendo este ser vertical, horizontal ou oblíquo.

Leitura (inclinométrica): registo inclinométrico individual.

Linearidade: máximo desvio entre a curva de resposta de um sensor, dentro de determinada am-
plitude, e a respetiva regressão linear centrada na origem.

Linearização: ajuste de uma função linear a outra polinomial, ou a um conjunto de valores conhe-
cidos, normalmente por regressão numérica. No âmbito da instrumentação, a linearização faz-se
dentro da amplitude de medição cujo valor máximo de divergência entre as funções de resposta e
de linearização é igual ou inferior a um determinado erro (ver Linearidade).

Medição (inclinométrica): média da diferença entre duas leituras simétricas.

Passo de leitura: espaçamento entre leituras consecutivas duma determinada campanha de ob-
servação. No âmbito dos dispositivos inclinométricos, este espaçamento coincide com o compri-
mento padrão da haste rígida do instrumento.

Percentil: valor abaixo do qual se concentra a percentagem correspondente do volume total de


dados. Por exemplo, um percentil indica que dos valores do conjunto de dados são
inferiores a . Um percentil incluso indica que o valor do percentil se inclui naquela percentagem
do volume de dados, enquanto um percentil excluso exclui o valor do percentil. Por defeito, os
percentis são normalmente exclusos.

Plano de referência: condição/estado em que o sensor gera uma resposta (in ex.: medição) nula.
No caso particular dos sensores inclinométricos, traduz-se num plano de inclinação relativamente

XLIV
ao plano da aceleração gravítica, geralmente um plano horizontal ou vertical.

Resolução: menor valor de leitura/medição que é possível observar. Em sistemas digitais a resolu-
ção é normalmente de uma unidade, em sistemas analógicos este valor depende da escala de
graduação.

Sensibilidade: menor variação da grandeza observada que é possível medir. Dependendo do meio
profissional, a sensibilidade pode tomar a mesma definição de Ganho. Por exemplo, um amplifi-
cador operacional aplica um determinado ganho a um sinal de entrada, sendo sensível a uma de-
terminada gama de valores. A alteração da sensibilidade do amplificador resulta na aplicação do
ganho definido a uma gama diferente de valores de entrada, sendo esta alteração corrigida atra-
vés do ajuste do ganho do amplificador. Por esta razão, os termos Sensibilidade e Ganho são mui-
tas vezes confundidos no léxico associado à eletrotecnia.

XLV
INTRODUÇÃO

Os inclinómetros são instrumentos fundamentais para o estudo e a avaliação da estabilidade de


obras geotécnicas. Fornecem elementos para a localização e a compreensão dos mecanismos de
rotura eventualmente presentes, contribuindo, dessa forma, para o diagnóstico e o prognóstico
da segurança da obra geotécnica e de estruturas adjacentes.

Embora o seu princípio de funcionamento e configuração básica não se tenham alterado nas últi-
mas décadas, os desenvolvimentos ocorridos nos sistemas informáticos permitem, hoje, uma
operacionalidade muito facilitada dos inclinómetros. No entanto, muitas medições inclinométri-
cas não atingem os seus objetivos por falta de conhecimento das diversas medidas que é necessá-
rio implementar, durante as fases de instalação dos tubos-calha, da leitura dos dados e do respe-
tivo processamento, a fim de minimizar as fontes de erro e de eliminar a ambiguidade ou incoe-
rência dos resultados (Dunnicliff, 1988). Mikkelsen (2003) refere que a simplicidade crescente das
operações incentivou o recurso a “subprofissionais” para execução das leituras, processamento
dos dados e apresentação de resultados, sem que haja o entendimento necessário à análise críti-
ca sobre os fatores que influenciam as medições e quais as repercussões que têm nos resultados.
O mesmo autor afirma que a inclusão de erros sistemáticos nos resultados, sem que sejam devi-
damente identificados e corrigidos, quando possível, foi potenciada pela progressiva separação
entre as equipas que executam os trabalhos de campo e as que fazem o trabalho de análise inter-
pretativa; pois objetiva-se principalmente, ou apenas, as funcionalidades básicas para a produção
de resultados sob a forma gráfica. Mesmo quando se utilizam programas comerciais capazes de
fornecer indicadores sobre a qualidade dos dados e de corrigir os erros mais comuns, raramente
se dá a devida atenção a estas ferramentas no trabalho quotidiano.

Ralph B. Peck1, no preâmbulo da obra de Dunnicliff (1988), salienta, para quem exerce na área da
geotecnia, que não basta ter um conhecimento casual da instrumentação utilizada; pois, em geo-
tecnia não existe o mesmo controlo nem o mesmo conhecimento sobre as propriedades dos ma-
teriais que se verifica noutras disciplinas. Este facto transforma a instrumentação numa ferramen-
ta de trabalho efetivo, muito além de um mero componente da investigação. O mesmo texto cita
que a instrumentação é apenas uma parte das atividades relacionadas com a observação geotéc-
nica e que o pessoal especializado, utilizando o melhor dos instrumentos (o olho humano), pode,

1
Ralph B. Peck (1912-2008): Doutorado em Engenharia Civil, ramo de estruturas (1937). Especializou-se em mecânica dos solos em
1939. Fundador do Método Observacional (Peck, 1969). Presidente da International Society for Soil Mechanics and Foundation Engi-
neering (ISSMGE) entre 1969 e 1973. Autor de mais de 200 publicações e coautor de dois livros dedicados às disciplinas de Fundações
(Peck et al., 1974) e de Mecânica dos Solos (Terzaghi et al., 1996). Premiado e galardoado múltiplas vezes no âmbito da ciência, enge-
nharia e serviço civil (GEOENGINEER, 2017).

1
geralmente, fornecer toda a informação necessária para avaliar a situação. Contudo, a instrumen-
tação permite detetar e acompanhar fenomenologias a uma escala muito inferior à visual e em
locais inacessíveis, como é o caso das deformações no subsolo obtidas a partir das medições incli-
nométricas.

Dunnicliff (1988) define as características essenciais dos técnicos envolvidos na instrumentação


como sendo confiáveis e pacientes, perseverantes, conhecedores dos fundamentos básicos da
geotecnia, com capacidades no âmbito da mecânica e da eletricidade, atentos ao detalhe e alta-
mente motivados. É claro que esta descrição é generalizada e depende das responsabilidades
atribuídas a cada técnico. Dependendo da função a desempenhar, poderão ser mais importantes
os conhecimentos de estatística e informática do que os de geotecnia, mecânica, eletricidade ou
eletrónica. Contudo, não deixa de ser verdade que a instrumentação geotécnica, independente-
mente da fase de trabalho em que se intervenha (in ex.: planeamento, instalação, medição, análi-
se e processamento de dados, ou interpretação de resultados), requer fiabilidade, paciência, per-
severança, atenção e motivação para que tenha sucesso. Particularmente, é importante que
quem recolha e/ou trate os dados conheça minimamente os instrumentos e as particularidades
das instalações no terreno, para que possa evitar, minimizar ou reconhecer e, se possível, corrigir
a transferência de erros dos dados para os resultados.

A facilidade de operação dos dispositivos de observação e de obtenção dos respetivos resultados,


acrescida do facto de muitos fabricantes fornecerem informação escassa sobre os seus produtos,
sendo esta uma prática tendencialmente crescente por razões de competitividade, justifica o seu
estudo, não apenas do ponto de vista da engenharia geotécnica, mas também do ponto de vista
instrumental e metrológico, particularmente no que respeita à análise e ao tratamento da infor-
mação recolhida. Pois, a definição de metodologias de análise e a incorporação das respetivas fer-
ramentas nos programas de cálculo permitirá assegurar a confiança nos resultados, evitar a re-
dundância de serviços, observar o correto funcionamento dos instrumentos e estimar o grau de
incerteza associada aos resultados. Esta prática é particularmente relevante no caso dos inclinó-
metros, uma vez que os resultados se obtêm por integração de séries de leituras, geralmente na
ordem das dezenas, tornando a replicação e a acumulação de cada erro num problema difícil de
contornar e frequentemente inaceitável.

2
OBJETIVOS

Pretende-se fazer um levantamento do estado da arte relativamente à operação dos inclinóme-


tros nos trabalhos geotécnicos, desde o princípio de funcionamento e constituição dos instrumen-
tos, passando pelas particularidades associadas à instalação dos respetivos tubos-calha, até à aná-
lise dos dados recolhidos e ao seu processamento para efeitos de interpretação de resultados.

Relativamente à análise de dados, demonstra-se, num primeiro plano, quais são os fatores que
afetam as leituras, de que forma o fazem e que implicações poderão ter na interpretação dos re-
sultados. Num segundo plano, são fornecidas metodologias que permitem avaliar a qualidade das
leituras e proceder à identificação e correção de erros sistemáticos. Acredita-se que a automati-
zação destes procedimentos, incorporando-os nos programas de processamento, e a implemen-
tação destas metodologias de verificação na rotina de trabalho produzirão melhores resultados,
reduzindo a ambiguidade interpretativa e a redundância das campanhas de observação que mui-
tas vezes são necessários para confirmar ou refutar as dúvidas existentes.

São ainda apresentadas metodologias de processamento que permitem maior flexibilidade relati-
vamente à dinâmica associada a alterações das condições no terreno, como também à transmu-
tação de instrumentos no decorrer da vida útil das instalações inclinométricas, discutindo-se tam-
bém a produção e análise de resultados complementares aos normalmente fornecidos pelos pro-
gramas comerciais com o objetivo de inferir parâmetros geotécnicos relevantes para estimativas
do fator de segurança de obras geotécnicas. Pois, o potencial de aplicação da informação forneci-
da pelos inclinómetros é ainda provavelmente desconhecido e, seja por desconhecimento ou pela
ausência de ferramentas de cálculo acessíveis, raramente se aplica todo o conhecimento existen-
te.

Finalmente procede-se a uma avaliação funcional do programa de processamento de dados incli-


nométricos atualmente utilizado pelo Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT) do
Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), com o obje-
tivo de constituir um plano de desenvolvimento futuro que integre os procedimentos de análise e
de melhoria qualitativa fundamentados neste documento.

3
1. O INCLINÓMETRO COMO INSTRUMENTO DE OBSERVAÇÃO GEOTÉCNICA

1.1. Princípio de funcionamento

Será conveniente começar por diferenciar clinómetros de inclinómetros. Embora não haja dife-
rença do ponto de vista da física e da metrologia, no domínio da geotecnia os primeiros utilizam-
se para observar rotações em estruturas e os segundos para localizar e acompanhar as deforma-
ções internas de maciços naturais, aterros ou fundações. Ambos os instrumentos medem a sua
inclinação num determinado ponto relativamente à posição de referência do sensor (in ex.: posi-
ção de inclinação nula, normalmente no plano horizontal ou vertical). Mas, enquanto as medições
clinométricas são valores discretos e pontuais, as medições inclinométricas estão associadas a um
comprimento de sonda, ou passo de leitura, e utilizam-se para a construção de um perfil contínuo
ao longo de um eixo.

A Figura 1 ilustra o princípio básico da inclinometria1, em que o seno da inclinação medida multi-
plicado pelo passo de leitura exprime um desvio transversal à posição de referência e de magni-
tude proporcional à medição efetuada. Conhecendo-se as posições do instrumento e executando-
-se uma série de medições ao longo de um eixo (in ex.: um furo de sondagem), obtém-se um con-
junto de distâncias perpendiculares à inclinação de referência do sensor, que depois de sucessi-
vamente somadas refletem o perfil desse eixo. As deformações obtêm-se por comparação de per-
fis obtidos em diferentes datas, permitindo acompanhar a sua evolução ao longo do tempo.

Figura 1 – Princípio básico da inclinometria para levantamento de perfis em furos de sondagem (adaptado
de SINCO, 2001; Stark & Choi, 2008).

1
Traduzido literalmente do termo inglês inclinometry: ato de determinar o perfil de um furo através de medições de inclinação e azi-
mute no seu interior (Bronzov et al., 1965).

5
1.2. Enquadramento histórico

A origem da inclinometria está na segunda metade do século XIX, a par do desenvolvimento das
indústrias petrolífera e mineira, com o objetivo de medir a magnitude e o sentido dos desvios da
perfuração (Tweedie, 2010). Haddock (1931) relata um número impressionante de invenções ins-
trumentais que estão na base dos princípios de funcionamento que ainda hoje governam grande
parte da instrumentação, seja para levantamento de perfis após a perfuração de uma sondagem
ou para acompanhamento do percurso de um furo durante a sua execução. A primeira técnica re-
tratada consiste numa garrafa com meia altura de ácido fluorídrico, diluído em água, descida até à
profundidade pretendida e estacionada durante o período suficiente para que a linha superficial
do fluido fique marcada na garrafa (Figura 2a). Esta técnica deu origem ao primeiro instrumento
inclinométrico de que se encontrou registo, desenvolvido por G. Nolten (Figura 2b). O método de
fluido foi tão importante que originou o primeiro instrumento elétrico, desenvolvido por G. C.
McFarlane (Figura 2c), que mede a variação da resistência elétrica de fios condutores parcialmen-
te mergulhados em mercúrio, sendo esse valor proporcional à porção imersa que, por sua vez, va-
ria conforme a inclinação do instrumento. O mesmo princípio encontra-se nos modernos acele-
rómetros de nível eletrolítico (2.2.2.2; 2.2.5.6). Outros métodos da época – início do século XX –
dignos de referência são o giroscópico, o de prumo e bússola, e o de pêndulo, cujos mecanismos
integraram os primeiros aparelhos de registo sequencial e com receção de dados à superfície. Kil-
leen & Elliott (1996) e Killeen et al. (1995) fazem uma revisão da instrumentação utilizada pela in-
dústria mineira até à data, onde descrevem instrumentos fotográficos, giroscópicos e de bloqueio
temporizado com mecanismos idênticos aos que Haddock (1931) retrata.

a) Método de fluido. b) Instrumento de G. Nolten. c) Instrumento de G. C. McFarla-


ne.
Figura 2 – Exemplos de aplicação das primeiras metodologias para levantamento inclinométrico do perfil de
furos de sondagem (adaptado de Haddock, 1931).

6
A utilização de sistemas inclinométricos para observar deformações internas foi inicialmente su-
gerida por Evans (1913) para estudar a distribuição das taxas de deslocamento dos glaciares ao
longo da sua profundidade. Em 1948, um grupo de investigadores ingleses aplicou o método nos
Alpes Suíços com o objetivo de clarificar as duas correntes teóricas sobre a movimentação dos
glaciares que na altura se discutiam (Gerrard et al., 1952; Perutz, 1950, 1947, 1940; The Obser-
vatory, 1950; Waddington, 2010). Os resultados das medições foram determinantes para o con-
senso sobre o problema e o sucesso da experiência generalizou a prática inclinométrica para me-
dir as deformações internas dos glaciares (Fisher, 1952; Glen, 1958, 1952; Nye, 1952a, 1952b,
1951). As descrições instrumentais publicadas nesse período variam fundamentalmente entre três
tipos distintos de instrumento (Blake & Clarke, 1992; Gerrard et al., 1952; Gow, 1963; Mathews,
1959; Miller, 1958; Sharp, 1953):

• De fluido, com bússola flutuante e elemento pendular, sendo o fluido composto por gelati-
na aquecida. A solidificação da gelatina conserva as posições dos elementos de medição.
• Instrumentos com bloqueio temporizado, acionando-se um cronómetro que bloqueia os
elementos de medição ao fim do tempo determinado. A medição pode fazer-se com prumo
e bússola ou pêndulo e giroscópio.
• Instrumentos com registo fotográfico dos elementos de medição, podendo ser de registo
sequencial ou singular. Os elementos de medição são idênticos aos dos instrumentos de
bloqueio temporizado, mas funcionam com corrente elétrica e possibilitam a leitura do
prumo à superfície.

O inclinómetro moderno surgiu na década de 1950 pelo engenho de Stanley DeWolf Wilson1, que
o terá inventado por sugestão de Karl Terzaghi2 para colmatar a ausência de um instrumento ca-
paz de medir diretamente as deformações horizontais no interior dos maciços terrosos e rochosos
(Peck, 1989). Até então, os movimentos eram essencialmente medidos à superfície, através de
pontos de referência, ou observavam-se as deformações ocorridas no interior de poços (Terzaghi,
1961, 1950). Essa necessidade é claramente expressa por Terzaghi (1961, 1950) ao apresentar
uma medida preventiva, aplicada pela Comissão Geotécnica Sueca (Swedish Geotechnical
Commission) entre 1912 e 1922, para evitar acidentes ferroviários causados por deslizamentos de
talude em zonas de escavação. A metodologia consiste na instalação de tubos flexíveis encastra-

1
Stanley DeWolf Wilson (1912 – 1985): Formador em Engenharia Civil e Aeronáutica, tanto no âmbito militar como académico. Cofun-
dador das empresas Shannon & Wilson, Inc. e Slope Indicator Company. Inventor, investigador e consultor internacionalmente reco-
nhecido, principalmente na área de fundações e aterros. Autor de mais de 60 publicações técnicas e membro ativo de diversas organi-
zações de engenharia, pelas quais foi repetidamente galardoado pelas suas contribuições (Peck, 1989).
2
Karl Terzaghi (1883 – 1963): Diplomado em Engenharia Mecânica (1904) e Doutorado em Ciências Técnicas (1912). Professor, enge-
nheiro e consultor internacionalmente reconhecido. Fundador da disciplina de Mecânica dos Solos e cofundador da Geotecnia enquan-
to ramo especializado da Engenharia Civil. Cofundador e primeiro presidente da Sociedade Internacional de Mecânica dos Solos e Fun-
dações (ISSMFE) durante a década de 1930. Autor e coautor de vários livros no âmbito da Geotecnia (Terzaghi, 1943; Terzaghi et al.,
1996). Autor de mais de 200 publicações técnicas e científicas, assim como de inúmeras exposições e correspondências no âmbito da
Engenharia Civil (Bjerrum et al., 1960; Goodman, 1999). Premiado por múltiplas vezes pelas contribuições técnicas e científicas no âm-
bito da Engenharia Civil (ASCE, 2016; Goodman, 2008; Malyshev, 1973).

7
dos bem abaixo da zona potencial de deslizamento, dentro dos quais se fixa um varão rígido sem
que haja contacto entre os dois elementos. O resultado será a deformação do tubo exterior, man-
tendo-se a posição do varão interior, até que haja contacto entre os dois, fechando-se um circuito
elétrico que aciona um dispositivo de alarme. Embora já se utilizassem extensómetros nesse perí-
odo, estes aplicavam-se maioritariamente em grandes empreendimentos de aproveitamento hi-
dráulico/hidroelétrico.

O primeiro inclinómetro moderno foi disponibilizado no mercado em 1954 (Cornforth, in: BGS,
1974) pela empresa Shannon & Wilson Inc., fundada nesse ano por Stanley D. Wilson e William L.
Shannon1. Durante o mesmo ano, no contexto da Guerra Fria entre os Estado Unidos e a União
Soviética, o exército americano iniciou uma série de atividades na Gronelândia com o objetivo de,
numa primeira fase, investigar o comportamento da cobertura gelada e da sua base e, numa fase
posterior, construir infraestruturas militares de defesa e retaliação avançadas (1st Engineer Arctic
Task Force, 1955; Clark, 1965). Em 1957 a U. S. Army Engineer Waterways Experiment Station
(WES) contratou os serviços da empresa Shannon & Wilson Inc. para obter informações sobre os
deslocamentos internos da cobertura gelada na periferia das estradas de acesso construídas em
1956 e 1957. Esta viria a ser a primeira aplicação do inclinómetro no campo, cujo relatório de ati-
vidade (WES, 1963) refere como vantajosa e satisfatória. Stanley D. Wilson (WES, 1963 - anexo C)
descreve o instrumento utilizado2 com base no princípio de funcionamento pendular com leitura
direta à superfície por intermédio de uma ponte de Wheatstone (1843). A ponta do elemento
pendular contacta com uma resistência de alta precisão, formando, efetivamente, duas resistên-
cias que compõem meia ponte de Wheatstone; a outra metade encontra-se na unidade de rece-
ção. Quando uma aceleração gravítica atua sobre o pêndulo, fazendo deslocar a sua ponta ao lon-
go da resistência, o potencial voltaico da ponte varia proporcionalmente, permitindo deduzir a in-
clinação a que se encontra o instrumento (Figura 3). Trata-se de um sensor potenciométrico
(2.2.2), muito utilizado até à década de 1980.

As seguintes vantagens do Slope Indicator, relativamente aos instrumentos antecessores, torna-


ram o acompanhamento das deformações internas dos maciços, no âmbito da observação geo-
técnica, exequíveis e apetecíveis, tanto do ponto de vista técnico-prático como do financeiro:

• instalação de um tubo permanente, encastrado bem abaixo da zona potencial de desliza-


mento, permitindo a medição dos deslocamentos totais relativamente a um ponto fixo;
• orientação azimutal fixa, conseguida através de rodas que deslizam em calhas interiores do

1
Shannon e Wilson foram colegas em Harvard. Decidiram fundar uma empresa de consultoria após o encerramento do programa de
Mecânica dos Solos na Universidade de Harvard (Peck, 1989).
2
Slope Indicator: nomenclatura posteriormente aplicada à empresa dedicada ao desenvolvimento de instrumentação geotécnica, de
que Wilson foi cofundador.

8
tubo instalado, dispensando a necessidade de um sensor giroscópico ou de bússola;
• maior rapidez de execução;
• maior exatidão e precisão, quer pelo tipo de sensor incorporado, quer pela ausência de um
sensor azimutal;
• menor custo e maior durabilidade, pela natureza do sensor e pelos materiais de construção
utilizados (in ex.: o primeiro equipamento tinha um corpo de latão).

Contudo, a generalização do uso de inclinómetros só se deu durante das décadas de 1960 e 1970,
pelo impacto da sua inclusão no “Método Observacional”, designadamente para observação de
deslizamentos e de movimentos internos em obras de aterro (BGS, 1974; Dunnicliff, 1972; Gould
& Dunnicliff, 1972; Peck, 1972, 1969; Terzaghi, 1961; Updike, 1983; Updike et al., 1988; Wilson,
1973, 1970; Wilson & Hancock, 1965; Wilson & Mikkelsen, 1978).

Atualmente o inclinómetro é uma parte imprescindível da instrumentação utilizada para observa-


ção geotécnica, aplicável no acompanhamento de taludes, encostas, obras de aterro ou de esca-
vação, estruturas de contenção, fundações e obras subterrâneas.

Figura 3 – Diagrama do circuito do primeiro inclinómetro moderno (adaptado de WES, 1963 - anexo C).

1.3. Aplicabilidade dos inclinómetros na observação geotécnica

Existem duas grandes categorias de instrumentos de medição para observação geotécnica (Dun-
nicliff, 1988):

a) determinação das propriedades de um determinado maciço;


b) observação do desempenho de determinada obra, seja durante a fase de execução, seja
durante a sua exploração.

Os inclinómetros enquadram-se na categoria b). Pois, utilizam-se para localizar e medir deforma-
ções que ocorrem no interior dos maciços, através das quais se avalia e acompanha a respetiva
estabilidade no decorrer da execução e/ou exploração de uma obra.

Na Figura 4 esquematiza-se a classificação da instrumentação geotécnica e identifica-se os incli-


nómetros juntamente com os restantes instrumentos da mesma tipologia. Os inclinómetros en-

9
quadram-se no grupo das deformações, dentro do qual se classificam como um padrão de defor-
mação transversal (transverse deformation gage) por medirem deformações numa direção trans-
versal a uma medida/secção padronizada1.

Figura 4 – Enquadramento dos inclinómetros na classificação da instrumentação geotécnica (adaptado de


Dunnicliff, 1988).

No Quadro 1 apresenta-se um resumo dos tipos de deformação medidos e das principais aplica-
ções dos diferentes grupos de instrumentos pertences à mesma tipologia dos inclinómetros. Nes-
te quadro observa-se que os inclinómetros são adequados ao acompanhamento de qualquer tipo
de deformação interna em praticamente qualquer tipo de obra. De um modo geral, os inclinóme-
tros utilizam-se para detetar e acompanhar a evolução de superfícies de deslizamento, designa-
damente em taludes e encostas, podendo fornecer também um meio de controlo dos níveis de
água2. Outras aplicações incluem o acompanhamento de:

• assentamentos ao longo de secções transversais de obras de aterro (2.3; 3.7);


• deformações laterais em obras de aterro e de escavação, incluindo as respetivas fundações;
• deformações laterais em estruturas de contenção;
• deformações de fundações profundas (3.3) ou do solo adjacente a outras infraestruturas;
• deformações periféricas em obras subterrâneas, tanto laterais como verticais.

1
O padrão de medição é o comprimento de sonda ou passo de leitura.
2
Através dos tubos inclinométricos

10
Quadro 1 – Instrumentação geotécnica destinada à medição de deformações. Tipos de deformação medi-
dos e principais aplicações (adaptado de Dunnicliff, 1988).

*Tipo de deformação medida


Tipologia / instru-
Principais aplicações geotécnicas
mento
H V A/O R S I

1
Métodos topográficos X X X - X - Qualquer tipo de obra.

1
Extensómetros de su- Fissuração (elementos estruturais ou maciços naturais);
X X X - X -
perfície Convergência (obras subterrâneas ou escavações a céu aberto).

Extensómetros de 1
X X X - - X Obras de aterro e escavações a céu aberto.
sonda

Extensómetros fixos 1
X X X - - X Obras de aterro e escavações a céu aberto.
em talude

1
Extensómetros fixos Obras de aterro, escavações a céu aberto e obras subterrâ-
X X X - - X
em furo de sondagem neas..

Medidores de nível lí- 1


- X - - - X Obras de aterro e elementos estruturais (assentamentos).
quido

1
Obras de aterro, escavações, estabilidade de taludes, muros
Medidores de defor-
X X X - - X de suporte, fundações, obras subterrâneas, barragens de be-
mação transversa
tão, elementos estruturais.

1
Obras de aterro, escavações, estabilidade de taludes e encos-
**Inclinómetros X X X X - X
tas, muros de suporte, fundações, obras subterrâneas.

1 2
Muros de suporte, barragens de betão, estabilidade de talu-
Clinómetros - - - X X X
des e de edifícios, subsidência devida à atividade mineira.

1
Deformação linear relativa entre dois pontos, em elementos
***Telltales X X X - X X
estruturais ou formações naturais.

***Convergencióme- 1
X - - - - X Escavações em trincheira com instabilidade nos hasteais.
tros de trincheira

1
Degradação gradual do teto em obras subterrâneas;
***Refletometria X X X - X X 3
Deformações em estruturas e em maciços naturais.

1,4
***Sensores de fibra Estabilidade de taludes, muros de suporte, fundações, ele-
X X X - X X
ótica mentos estruturais, obras subterrâneas.

5
***Observação acús- Estabilidade de taludes, fundações de obras de aterro e de
X X X - - X
tica barragens de betão, escavações subterrâneas.

*H: horizontal; V: vertical; A/O: axial/oblíqua; R: rotacional; S: superficial; I: interna.


**Pertence aos medidores de deformação transversa.
***Outros medidores de deformação.
1
Dunnicliff (1988).
2
Apenas quando o fenómeno causador da instabilidade prevê uma componente rotacional.
3
O'Connor & Dowding (2000, 1999). Referem também a determinação do teor de humidade, a medição da pressão neutra e do nível
de água, e a deteção de contaminantes.
4
Brunner et al. (2007), Habel & Krebber (2011), Inaudi & Glisic (in: BiTech, 2007), Iten (2011), Woschitz & Brunner (2008), Zhu (2009).
Também utilizados para a medição da pressão neutra e do nível de água, determinação do teor de humidade e medição de tensões.
Pode enquadrar-se nos campos da extensometria, clinometria, inclinometria, refletometria, ou observação acústica.
5
Hunt (2007).

11
No Quadro 2 apresenta-se um conjunto de instrumentos que podem ser utilizados em detrimento
ou complementarmente aos inclinómetros. Neste quadro incluem-se também as principais carac-
terísticas de cada instrumento juntamente com algumas observações qualitativas relativamente
aos inclinómetros. Dependendo dos constrangimentos financeiros e/ou das especificidades de
cada obra, os inclinómetros podem não constituir a opção mais adequada.

Quadro 2-1 – Instrumentação concorrente e complementar aos sistemas inclinométricos – continua na pró-
xima página.

Instrumento Descrição/princípio Observações comparativamente aos sistemas inclinométricos

1
Indicadores de
plano de corte
• Deteção da presença e da profundi-
dade duma superfície de deslizamen- • Impossibilidade em definir a orientação dos movimentos inter-
(estacas de ro- nos;
to;
tura – rupture
stakes; sondas • instalação de um elemento longitudi- • impossibilidade em determinar a magnitude e a velocidade de
nal no terreno, de tal forma que in- progressão dos deslocamentos;
de distorção – 3
shear probe; fi- tersete uma possível superfície de • deteção de apenas uma ou duas zonas de distorção ;
tas de corte – deslizamento e que rompa perante a • resolução muito grosseira.
shear strip). evolução dos deslocamentos.

• Sem restrições de plano de inclinação;


• impossibilidade em determinar a orientação dos movimentos in-
ternos;
• resolução e exatidão ligeiramente inferiores;
• sem distinção entre deslocamentos horizontais e verticais;
1 • Deteção e acompanhamento da evo- • a observação de várias superfícies de distorção requer a instala-
Extensómetros
lução de deslocamentos transversais ção de vários dispositivos ancorados em profundidades distintas,
fixos o que representa maior custo e maior complexidade;
ou longitudinais;
(de cabo, para
medição de de- • fixação de um dispositivo numa ex- • tendência à deterioração ao longo do tempo e, ao contrário dos
formações tremidade e tensionamento na ex- inclinómetros, dificilmente substituíveis em caso de avaria ou de
tremidade oposta, de tal forma que a manutenção;
transversais em
furo de sonda- deformação do terreno incorra na al- • desfasamento entre a ocorrência dos deslocamentos iniciais e o
4
gem) teração da extensão do elemento ins- início das medições ;
talado. • propensão a influências térmicas consideráveis;
• medição de deformações de maior magnitude (5.8.3);
• insensibilidade a interferências eletromagnéticas (3.8);
• maior economia relativamente aos inclinómetros fixos (2.4.2) em
áreas muito extensas com baixa frequência de leitura e plano de
observação de longo prazo.
• Sem restrições de plano de inclinação;
• aplicação maioritariamente em obras subterrâneas;

• Deteção e acompanhamento da evo-


• instalação semelhante à dos inclinómetros (3), mas sem necessi-
1,2 dade de um tubo especializado (3.2), já que as rótulas permitem
Cadeias de- lução de deformações transversais;
a medição de rotações em plano axial e transversal;
fletométricas • série de segmentos rígidos ligados por 5
(fixas ou portá- rótulas defletométricas capazes de
• impossibilidade em detetar a rotação integral da instalação ,
teis) uma vez que o referencial de rotação é relativo (in ex.: entre ró-
medir a rotação relativa entre dois
tulas) e não absoluto (in ex.: aceleração gravítica);
segmentos contíguos.
• propagação do erro exponencial;
• repetibilidade inferior relativamente aos sistemas inclinométri-
cos fixos (2.4.2).
1
Dunnicliff (1988).
2
SOLEXPERTS (2014).
3
As estacas de rotura só permitem detetar a zona de distorção superior, enquanto as sondas de distorção e as fitas de corte permitem
detetar até duas zonas (in ex.: inferior e superior).
4
Devido à diferença de diâmetros entre os cabos e as paredes internas da instalação.
5
Por exemplo, devido à existência de uma superfície de deslizamento abaixo da base da instalação.

12
Quadro 2-2 – Instrumentação concorrente e complementar aos sistemas inclinométricos – continuação.

Instrumento Descrição/princípio Observações comparativamente aos sistemas inclinométricos

• Sem restrições de plano de inclinação;


• instalação semelhante à dos inclinómetros (3), mas sem necessi-
dade de um tubo de alojamento;
• Deteção e acompanhamento da evo-
lução de deformações transversais ou • equipamento de medição substancialmente mais dispendioso,
longitudinais; mas com custo e complexidade de instalação inferiores;
• baseados no princípio da refletome- • aplicação complementar aos sistemas inclinométricos para alar-
tria no domínio do tempo (time do- gamento da área observada com menor custo de instalação ou
main reflectometry – TDR), inicialmen- para prolongamento do tempo de serviço dos tubos após defor-
te desenvolvido para testar a integri- mação excessiva dos mesmos (5.8.3);
1
Cabos coaxi- dade de cabos elétricos (Moffitt, • calibração em obra requerida para medição da magnitude dos
ais 1964); deslocamentos, uma vez que a calibração laboratorial é pouco
• transmissão de uma série de impulsos consistente;
elétricos ao longo do cabo e medição • aplicabilidade restrita a meios de elevada rigidez com superfícies
das respetivas reflexões. O tempo de de corte bem definidas (in ex.: terrenos rochosos, solos duros e
retorno dos impulsos induzidos e as em zonas de distorção localizada);
voltagens refletidas permitem aferir • impossibilidade em determinar a orientação dos movimentos;
diversas propriedades do meio, como • 4
impossibilidade em detetar a rotação integral da instalação ;
seja a deformação ocorrida no cabo.
• exatidão e precisão inferiores;
• desfasamento entre a ocorrência das deformações iniciais e o
início das medições.
• Sem restrições de plano de inclinação;
• instalação semelhante à dos inclinómetros (3), mas sem necessi-
• Deteção e acompanhamento da evo- dade de um tubo de alojamento;
lução de deformações transversais,
longitudinais ou rotacionais;
• equipamento de medição substancialmente mais dispendioso,
mas com custo e complexidade de instalação inferiores;
• baseados em princípio semelhante ao
TDR, podendo a medição fazer-se em
• aplicação maioritariamente na observação de estruturas, princi-
palmente quando envolvem superfícies muito extensas;
função do tempo de resposta de um
2
Cabos de fibra sinal, da respetiva análise do espectro • facilidade de incorporação em elementos estruturais, materiais
ótica de frequências, ou de ambos; geossintéticos ou furos de sondagem;
(multiplexados; • um feixe de luz com determinado es- • insensibilidade a influências eletromagnéticas (3.8);
de gabarito pectro de frequências propaga-se ao • resistência a elevadas temperaturas e a agentes químicos;
longo; distribu- longo duma fibra cristalina devido à • possibilidade de observação de perfis praticamente contínuos
ídos) reflexão da onda no material de co- com um único sensor;
5
bertura radial . Variações no material • melhores características metrológicas e baixo custo de manuten-
refrativo e/ou no ângulo de incidência ção a longo prazo;
influenciam o espectro de frequências
• maior consumo energético quando a aquisição de dados é auto-
e/ou a intensidade luminosa transmi-
matizada;
tida, permitindo a utilização da pró-
pria fibra na forma de sensor. • incerteza relativamente à orientação dos movimentos;
• ambiguidade na determinação do tipo de deformação sofrido pe-
la fibra.

Sensibilidade ligeiramente inferior;
• Deteção e acompanhamento da evo- •
máxima deformação mensurável muito superior (in ex.: risco de
3
Redes wire- lução de deformações transversais e
interrupção prematura inexistente);
less de marca- longitudinais;
dores inteli-
• recuperação muito difícil em caso de avaria ou de manutenção;
• série de elementos inclinométricos
gentes que comunicam entre si através de • erro potencialmente superior na determinação da orientação dos
uma rede sem fios (wireless). movimentos;
• investimento potencialmente superior.
1
Blackburn & Dowding (2004); Bordas (1998); Dennis et al. (2006); Dowding et al. (in: BiTech, 2003); Dowding & O’Connor (2000);
Dowding et al. (1989, 1988); Farrington & Sargand (2006); Kane (1998); Kane et al. (1996); Kane & Beck (1994); Lin et al. (2009); Lin &
Tang (2005).
2
Bao & Chen (2006); Csipkes et al. (2005); Danisch (1997); Delage et al. (2013); Greenaway et al. (2002); Gue et al. (2015); Habel &
Krebber (2011); Hui & O’Sullivan (2009); Inaudi & Glisic (in: BiTech, 2007); Liehr et al. (2010, 2009); Liu et al. (2011); Measures (2001);
Moore et al. (2010); Pei et al. (2012); Shi et al. (2003); Sun et al. (2016); Wang et al. (2017); Yin et al. (2010); Yu & Yin (2002); Zhu et al.
(2014).
3
ELEXON (2016a, 2016b); Widzyk-Capehart et al. (2016).
4
Por exemplo, devido à existência de uma superfície de deslizamento abaixo da base da instalação.
5
Desde que o índice de refração do material de cobertura seja inferior ao da fibra e o ângulo de incidência do feixe seja inferior ao an-
gulo de refração do material de cobertura (Bloembergen & Pershan, 1962).

13
2. TIPOS DE EQUIPAMENTO INCLINOMÉTRICO DISPONÍVEIS

2.1. Classificação dos tipos de equipamento inclinométrico

O equipamento inclinométrico compreende:

• o sensor de medição juntamente com todos os componentes eletrónicos necessários ao


seu funcionamento;
• o corpo do instrumento (4.3), o qual inclui uma bitola de referência (in ex.: passo de leitu-
ra), e, tradicionalmente, rodas1 que servem o propósito de facilitar a sua deslocação no in-
terior do tubo e de o manter diametralmente centralizado;
• o cabo de ligação (4.5);
• a(s) unidade(s) de alimentação, aquisição, controlo e armazenamento (4.6).

Os equipamentos inclinométricos para observação geotécnica podem-se classificar em função:

a) do tipo de sensor (2.2);


b) do plano de referência (2.3);
c) da portabilidade (2.4).

2.2. Tipos de sensor dos equipamentos inclinométricos (tecnologia)

2.2.1. Generalidades

Embora os sensores se possam classificar como uniaxiais, biaxiais ou triaxiais, no presente traba-
lho o tipo de sensor refere-se apenas à tecnologia (in ex.: princípio de funcionamento), uma vez
que, normalmente, os inclinómetros apenas compreendem sensores uniaxiais2.

2.2.2. Sensores baseados em ponte de Wheatstone

2.2.2.1. Contextualização

A ponte de Wheatstone (1843) é o circuito utilizado para medir variações ou valores absolutos de
resistência elétrica. É importante compreender a mecânica geral associada a esta tecnologia, uma
vez que é aplicada em todo o tipo de instrumentação que traduza a grandeza a observar por in-
termédio da variação de uma resistência elétrica.

As resistências que variam juntamente com a grandeza a observar denominam-se elementos ati-
vos3. Estes podem variar devido:

• ao efeito piezorresistivo dos materiais condutores (Thomson, 1856), o qual consiste na va-

1
Atualmente existem sistemas inclinométricos sem elementos rolantes (2.4.2).
2
Os inclinómetro biaxiais e triaxiais compreendem dois ou três sensores uniaxiais, respetivamente.
3
Por exemplo, um fio ou uma grelha metálica sujeita à deformação por efeitos térmicos, de deslocamento estrutural, de variações de
pressão ou outros.

15
riação da sua resistência elétrica em proporcionalidade com a sua deformação (in ex.: coe-
ficiente de Poisson);
• à alteração da sua condutividade pela variação do meio condutor ou da massa de transpor-
te da corrente (Figura 2c, 1.2; Figura 6, 2.2.2.2);
• à variação diferencial das dimensões das próprias resistências de um ramo da ponte (tipo
potenciométrico – Figura 3, 1.2).

Na figura seguinte apresentam-se as configurações mais comuns de ponte de Wheatstone.

a) Ponte de Wheatsone (diagrama genérico). b) Quarto de ponte de Wheatsone com (diagrama in-
ferior) ou sem (diagrama superior) compensação
térmica dos cabos de ligação.

c) Meia ponte de Wheatsone com um (diagrama d) Ponte de Wheatsone completa com dois (diagra-
superior) ou dois (diagrama inferior) elementos ma superior) ou quatro (diagrama inferior) ele-
ativos. mentos ativos.

Figura 5 – Diagramas de circuito aplicáveis à instrumentação baseada em ponte de Wheatstone (adaptado


de Dunnicliff, 1988).

16
Observando a Figura 5a:

a) A corrente injetada no sistema ( ) divide-se em dois ramos paralelos ( e ), cada um


com duas resistências dispostas em série ( ).
b) Quando e , o potencial , verificando-se a relação ⁄ ⁄ .
Nestas condições a ponte diz-se equilibrada.
c) Medição em ponte equilibrada: é desconhecida e é variável; a última é regulada até
que o equilíbrio seja obtido ( ); a primeira é calculada através da relação apresenta-
da em b).
d) Medição em ponte não equilibrada: é desconhecida e é fixa; a primeira é calculada
pela relação direta entre o seu valor e o de , dada uma determinada corrente de injeção
.

Pela sua conveniência e velocidade de leitura, a ponte não equilibrada é a mais utilizada.

A principal condicionante desta técnica é a variação da resistência devido a variações térmicas. A


sensibilidade térmica afeta tanto os elementos sensoriais como os cabos de ligação à unidade de
leitura, sendo esta influência crescente com o aumento do comprimento da cablagem. Em ins-
trumentos inclinométricos, utilizados para perfilar furos de sondagem com dezenas de metros de
profundidade, compreende-se que esta seja uma influência significativa na qualidade dos dados
obtidos. Para minimizar o efeito térmico na cablagem, as resistências utilizadas na ponte são mui-
to superiores à resistência dos cabos de ligação e a ponte é configurada de forma a distribuir a in-
fluência térmica por vários elementos. A ponte pode também configurar-se de forma a aumentar
o sinal de resposta com a colocação de vários elementos sujeitos à deformação. Na Figura 5b-d
ilustram-se as três configurações mais utilizadas na ponte de Wheatstone, designadamente quar-
to de ponte (Figura 5b), meia ponte (Figura 5c) e ponte completa (Figura 5d).

No caso dos instrumentos inclinométricos convencionais, o diagrama mais frequentemente apli-


cado é o de meia ponte com dois elementos ativos dispostos em paralelo1 (Figura 5c). Nesta con-
figuração, a variação de resistência da cablagem é negligenciável e a influência térmica nos ele-
mentos ativos é minimizada pelas seguintes razões:

• de forma semelhante ao diagrama inferior da Figura 5b, a introdução de um segundo cabo


de retorno distribui a influência que a variação térmica tem na resistência da cablagem;
• as duas resistências em série no elemento sensorial experimentam a mesma variação tér-
mica com polaridades opostas, anulando o desequilíbrio entre os dois ramos paralelos;
• os dois elementos dispostos em paralelo duplicam a magnitude do sinal, aumentando a
sensibilidade do instrumento.

Aplicações do tipo esquematizado na Figura 5d, em sensores convencionais, não são comuns na
1
Os dois elementos ativos de uma ponte de Wheatstone podem estar dispostos em paralelo ou orientados a um do outro.

17
instrumentação inclinométrica para observação geotécnica, encontrando-se apenas em sensores
de alta gama, principalmente utilizados nas indústrias militar e médica.

Dunnicliff (1988) refere os seguintes tipos de sensor convencional baseados nesta metodologia:

• Potenciométrico: primeiro inclinómetro moderno (Figura 3, 1.2), baseado em meia ponte


de Wheatstone com dois elementos ativos em paralelo.
• Pendular: pêndulo rígido com dois elementos ativos em paralelo (meia ponte de Wheatsto-
ne), um de cada lado da haste de suspensão. Quando o instrumento é inclinado, o peso do
pêndulo induz uma pequena deformação na haste de suspensão, tensionando os elemen-
tos resistentes incorporados.
• De Nível Eletrolítico (Figura 6, 2.2.2.2): de forma análoga ao instrumento apresentado na
Figura 2c (1.2), este tipo de sensor baseia-se numa câmara semipreenchida com um líquido
condutor, na qual se encontram três elétrodos que, de forma semelhante a um potenció-
metro, representam dois elementos ativos de meia ponte de Wheatstone dispostos em pa-
ralelo. A porção de elétrodo mergulhada na solução é proporcional à inclinação da câmara
e faz variar a sua resistência.

Os sensores do tipo potenciométrico foram amplamente utilizados em sistemas de sonda (2.4.3)


até à década de 1980, altura em que foram substituídos pelos sensores de servoacelerómetro de
equilíbrio de força com indução magnética (2.2.4).

Os sensores do tipo pendular terão tido uma utilização limitada numa fase em que a instrumenta-
ção inclinométrica ganhou popularidade, entre 1960 e 1970, e os fabricantes, especializados na
produção de sensores para outros fins, terão adaptado a tecnologia para alargar a sua oferta.
Pois, as referências à utilização de sensores pendulares deste tipo, em sistemas inclinométricos
para observação geotécnica, são praticamente inexistentes.

2.2.2.2. Sensores de nível eletrolítico

Em sistemas inclinométricos e clinométricos, este tipo de sensor concorre diretamente com o ser-
voacelerómetro de equilíbrio de força com indução magnética (2.2.4), sendo o primeiro mais co-
mum em sistemas fixos (2.4.2) e o segundo em sistemas de sonda (2.4.3). Pois, os sistemas fixos
apresentam a impossibilidade de inverter o instrumento para executar a mesma medição no sen-
tido oposto (Figura 36, 4.1), anulando o desvio na origem (Figura 46, 5.1), razão pela qual o sensor
de nível eletrolítico, com menor deriva (6.3.2), se torna preferível ao servoacelerómetro de equi-
líbrio de força. Outras razões para a sua preferência em instalações fixas são o menor custo de
aquisição e de manutenção, assim como o menor consumo de energia. Na próxima figura apre-
sentam-se alguns exemplos de sensores eletrolíticos.

18
Figura 6 – Exemplos de sensores de nível eletrolítico uniaxiais (em cima) e biaxiais (em baixo), com meia
ponte de Wheatstone representada pelas resistências entre os pares de elétrodos AB e BC (adaptado de
BesTech, 2017; Dunnicliff, 1988; Puccio, 2004; SPECTRON, 2009; TFC, 2017a, 2017b, 2017c).

2.2.3. Sensores de corda vibrante

Os sensores de corda vibrante consistem num sistema pendular rígido acoplado a uma corda de
aço, tensionada entre da tensão de cedência, com uma bobina eletromagnética próxima
do seu ponto médio. De forma análoga ao sistema pendular baseado em ponte Wheatstone,
Dunnicliff (1988) refere uma configuração de duas cordas e duas bobinas, uma de cada lado do
pêndulo, para um sensor uniaxial, e outra de quatro cordas e quatro bobinas para um sensor bia-
xial. Contudo, há configurações distintas1.

Existem fundamentalmente duas versões deste tipo de instrumento:

a) Em circuito aberto: a bobina excita a corda com um impulso eletromagnético, fazendo-a vi-
brar na sua frequência natural, e depois transmite a corrente alternada induzida pela vibra-
ção a um contador de frequências. Quando o pêndulo é acelerado, devido à variação da in-
clinação do instrumento, a tensão na corda altera-se e, consequentemente, as frequências
da vibração e da corrente induzida aumentam ou diminuem, conforme a variação de tensão
seja positiva ou negativa, respetivamente.
b) Em circuito fechado (autorressonante): existem duas bobinas por corda, uma para excita-
ção e outra para leitura. O sinal de resposta da bobina de leitura é reencaminhado para a
bobina de excitação, mantendo a corda em vibração contínua à sua frequência natural.

O método a) é utilizado em medições estáticas/pontuais, enquanto o método b) se aplica a medi-


ções contínuas e/ou dinâmicas de baixa frequência. Dunnicliff (1988) refere que a operação em
modo autorressonante torna o instrumento permeável a influências eletromagnéticas.

Independentemente do método, a resposta pode obter-se por frequência de vibração ou por am-
plitude de potencial2, sendo a primeira preferível, senão um fator de decisão, na escolha deste ti-
po de instrumento, pelas seguintes razões (Dunnicliff, 1988):
1
Por exemplo, GEOKON (2011) refere uma corda e uma bobina por direção.
2
Neste caso, a medição do sinal de resposta baseia-se em ponte de Wheatstone (2.2.2).

19
• a resposta por frequência torna negligenciáveis os efeitos que a resistência dos contactos e
da cablagem têm nos sensores baseados em ponte de Wheatstone e, por isso, grandes ex-
tensões de cabo têm potencialmente melhor desempenho;
• a frequência de um sinal é sempre mais estável do que a sua amplitude de potencial, tor-
nando-a preferível, por exemplo, em instalações fixas com níveis freáticos permanente-
mente elevados.

Há algumas desvantagens a considerar em inclinómetros deste tipo, com sejam (Dunnicliff, 1988):

• corrosão da corda;
• deformação plástica da corda, por fluência, devida ao nível de tensão instalado;
• escorregamento da corda nos pontos de amarração.

Os fenómenos indesejáveis reduzem a tensão da corda e, consequentemente, a frequência de vi-


bração, introduzindo uma deriva do desvio (6.3.2), a qual pode ser brusca e significativa, o que
implica o reinício do histórico de observação com uma nova referência (4.2). Dunnicliff (1988)
mostra claramente que este tipo de instrumento é propenso a derivas consideráveis e que obriga
a cuidados preliminares, ou imediatamente posteriores, à sua instalação para mitigar esta ten-
dência (in ex.: fadiga acelerada da corda através de ciclos térmicos ou de vibração). Provavelmen-
te por esta razão, assim como pelo maior custo e pela menor resistência ao choque, os sensores
inclinométricos de corda vibrante não sejam muito comuns, a não ser que haja uma forte razão
para a sua preferência em função das condições específicas da sua aplicação.

Tal como os sensores baseados em ponte de Wheatstone, a corda vibrante é sensível a alterações
térmicas, pelo que o processamento de dados envolve duas etapas: a) cálculo da variação incli-
nométrica e b) posterior correção térmica. O efeito térmico na resposta do sensor afeta a lineari-
dade, pelo que a respetiva correção se faz por regressão polinomial obtida por calibração (4.7).

2.2.4. Sensores de servoacelerómetro de equilíbrio de força com indução magnética

Este tipo de sensor tem sido o mais utilizado em sondas inclinométricas portáteis (2.4.3), desde a
década de 1980 até à atualidade. A preferência por este tipo de sensor justifica-se pelas seguintes
características metrológicas:

• elevada sensibilidade;
• elevada resolução;
• boa linearidade;
• baixa histerese;
• relativa insensibilidade a variações térmicas após o período de aquecimento (4.1).

Os inclinómetros utilizados pelo Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de En-


genharia Civil (LNEC) baseiam-se nesta tecnologia e é especificamente sobre este tipo de sensor

20
que o presente trabalho se concentra.

O princípio de funcionamento assemelha-se ao pendular, mas em vez de uma resposta em função


do deslocamento inercial da massa, esta é ativamente movida para a sua posição inicial e a res-
posta é dada em função da força necessária à sua reposição. A sequência básica de funcionamen-
to, comum a todos os servoacelerómetros de equilíbrio de força clássicos (in ex.: não micromeca-
nizados; 2.2.5), pode resumir-se pela seguinte sequência de eventos (Figura 7):

1. O oscilador transmite um sinal de excitação às bobinas sensoriais e ao comutador de fase.


2. As bobinas sensoriais produzem um campo magnético, o qual varia conforme a posição da
massa excêntrica, e retornam um sinal ao detetor de quadratura.
3. O detetor de quadratura recebe os sinais do comutador de fase e das bobinas sensoriais, e
envia ao amplificador operacional um sinal proporcional ao desfasamento entre os dois si-
nais recebidos.
4. O amplificador operacional filtra o sinal recebido e transmite um sinal de excitação à bobina
de tração e ao circuito de saída.
5. Em função do sinal recebido, a bobina de tração desloca a massa excêntrica até ao ponto
em que a resposta das bobinas sensoriais esteja “em fase” com o sinal do comutador de fa-
se, e o circuito de saída gera um sinal de resposta.

Figura 7 – Diagrama de circuito e estrutura de um servoacelerómetro de equilíbrio de força (adaptado de


Hernandez & Gichard, 1978).

Como se depreende, o sinal gerado em 4 é proporcional ao deslocamento da massa pendular e a


resposta obtida em 5 é proporcional à corrente necessária para gerar um campo magnético que
reponha massa no seu ponto de equilíbrio. Na verdade, a medição faz-se de forma análoga a uma
ponte de Wheastone equilibrada, mas baseia-se na variação do campo magnético induzido pelo
movimento da massa e não na variação da resistência de um elemento sujeito a deformação.

21
As principais fragilidades destes sensores são a resistência ao choque e a deriva do desvio (6.3.2).
A resistência ao choque compromete não só o alinhamento axial dos acelerómetros, mas também
a fragilidade das bobinas sensoriais, cuja integridade garante a correta deteção da posição da
massa excêntrica. Para minimizar esta fragilidade, o instrumento deve ser manuseado, transpor-
tado e armazenado de acordo com as indicações expressas no capítulo 4. A deriva do desvio é um
problema de médio/longo prazo que afeta qualquer tipo de sensor. No entanto, tratando-se de
sondas portáteis em bom estado de funcionamento, este problema é largamente mitigado pela
natureza dos procedimentos de leitura e de cálculo (4.1; 5.1).

2.2.5. Sensores baseados em sistemas microeletromecânicos (MEMS)

2.2.5.1. Contextualização

Mais do que a simples miniaturização, os MEMS (micro-electromechanical systems) constituem o


conceito da produção integrada (in ex.: em bloco único) de sistemas completos, englobando, no
caso dos instrumentos metrológicos, o sensor e toda a estrutura eletrónica de excitação, trata-
mento de sinal e resposta. Esta tecnologia foi concetualizada durante as décadas de 1950 e 1960
com base no efeito piezorresistivo aumentado em cristais semicondutores (Barlian et al., 2009)
(2.2.5.2), inicialmente previsto por Bardeen & Shockley (1950) e posteriormente caracterizado por
Smith (1954). Apesar dos primeiros sensores piezorresistivos cristalinos de carga, deformação e
pressão terem surgido durante a década de 1960, a indústria dos MEMS só se formou na década
de 1980 e só se estabeleceu definitivamente em finais da década de 1990 (Ghodssi & Lin, 2011;
Lindroos et al., 2010). Atualmente estes sistemas encontram-se em praticamente todos os dispo-
sitivos eletrónicos de uso quotidiano, médico, industrial, militar ou científico, e há muito que não
se limitam ao efeito piezorresistivo cristalino, tendo vindo a substituir todo e qualquer sensor tra-
dicional por uma estrutura monolítica com o mesmo princípio de funcionamento. Ghodssi & Lin
(2011), Korvink & Paul (2006) e Lindroos et al. (2010) referem as seguintes vantagens dos MEMS
relativamente aos sensores tradicionais:

• menor dimensão;
• menor custo;
• menor consumo energético;
• maior robustez;
• características metrológicas semelhantes ou superiores.

Convém entender que a indústria associada à instrumentação geotécnica é relativamente peque-


na e produz dispositivos de precisão média a alta, de elevada robustez e de longa vida útil. Devido
a estas características, há normalmente um período de tempo alargado entre a introdução de no-

22
vas tecnologias no mercado e a sua inclusão na instrumentação geotécnica, sendo necessário que
os dispositivos de características desejáveis façam parte de um mercado mais alargado para que
se tornem economicamente viáveis (Dunnicliff, 1988). No caso particular do acelerómetro, sensor
utilizado nos instrumentos (in)clinométricos, foi o crescimento da aplicação de MEMS no setor
dos transportes (in ex.: airbags, suspensão hidráulica e controlo de estabilidade em viaturas ter-
restres, aéreas e aeronáuticas) que viabilizou sua inclusão na instrumentação geotécnica (Barlian
et al., 2009; Ghodssi & Lin, 2011; Korvink & Paul, 2006; Lindroos et al., 2010; Yazdi et al., 1998).

A incorporação de sensores MEMS nos sistemas (in)clinométricos para observação geotécnica


deu-se entre 2003 e 2006, designadamente pela substituição de servoacelerómetros de equilíbrio
de força (2.2.4) por MEMS do tipo capacitivo em sistemas portáteis (Dunnicliff, in: BiTech, 2008)
(2.2.5.3; 2.4.3). Note-se que a tecnologia dos MEMS é extremamente volátil e encontra-se em
franco crescimento há mais de 20 anos, verificando-se uma otimização sistemática da qualidade
destes dispositivos e dos respetivos processos de fabrico. Por isso, é expectável a adoção futura
de MEMS com diferentes princípios de funcionamento.

Korvink & Paul (2006) começam por classificar os MEMS em função do tipo de energia – sinal ou
estímulo – a que respondem, indicando também as grandezas passíveis de se observar que pode-
rão estar associadas a cada situação (Quadro 3). No caso dos inclinómetros, o tipo de estímulo de
interesse é o mecânico, designadamente a determinação da inclinação e da sua alteração devida à
força inercial exercida pela ação da aceleração gravítica. Trata-se, portanto, de sensores mecâni-
cos inerciais do tipo acelerométrico (Quadro 4), dos quais interessa abordar particularmente as
tipologias piezoelétrica (2.2.5.2), piezorresistiva (2.2.5.3), capacitiva (2.2.5.4), convectiva (2.2.5.5)
e eletrolítica (2.2.5.6). Pois, estes são os princípios de funcionamento mais utilizados e que apre-
sentam melhores relações custo/qualidade.

Quadro 3-1 – Classificação dos MEMS em função do tipo de energia de ativação e das grandezas passíveis
de se observar (adaptado de Korvink & Paul, 2006) – continua na próxima página.
Tipo de estímulo Grandezas observadas Observações
Determinação Pos i çã o, ori entaçã o, i ncl i na çã o, vel oci da de, a cel era çã o, des l o-
do estado ca mento, topogra fi a , deforma çã o, di s torçã o, tens ã o, dens i da de,
O es tado mecâ ni co
mecânico: ma s s a , frequênci a de res s onâ nci a .
i ni ci a l é gera l mente
▪ Força s l oca l i za da s e de torçã o (ma gni tude/di reçã o).
neces s á ri o pa ra a
Mecânico: Causas para a ▪ Força s i nerci a i s .
obs erva çã o da s
alteração do ▪ Força s di s tri buída s (pres s ões /onda s de choque). ca us a s externa s à
estado ▪ Pres s ã o a cús tica (i mpedâ nci a /frequênci a /compri mento de on-
s ua a l tera çã o.
mecânico: da /vel oci da de).
▪ Tens ã o de corte e fl uênci a .
▪ Vol tagem, ca mpo el étri co (i ntens i da de/di reçã o), corrente e po- Pres ente em todos
tênci a . os s i s tema s MEMS
▪ Ca rga , ca pa ci tânci a , cons tante di el étri ca , pol a ri za çã o, i ndutân- pa ra promover a
ci a , res i s tênci a e i mpedâ nci a . exci taçã o s ens ori a l
Elétrico:
▪ Frequênci a , des fa s a mento, perda di el étri ca , tempo de ca dên- e a receçã o,
ci a e de ci cl o. tra tamento e
▪ Di s tri bui çã o de es petro (dens i da de de ruído/a mpl i tude e des - convers ã o da
fa s a mento de frequênci a s ma rgi na i s à de tra ns porte). res pos ta.

23
Quadro 3-2 – Classificação dos MEMS em função do tipo de energia de ativação e das grandezas passíveis
de observar (adaptado de Korvink & Paul, 2006) – continuação.
Tipo de estímulo Grandezas observadas Observações
▪ Tempera tura , entropi a , enta l pi a e energi a di s ponível .
▪ Ca pa ci da de e conduti vi da de térmi ca .
Térmico: ▪ Qua nti da de, tra ns ferênci a e potênci a térmi ca . -
▪ Res i s tênci a , condutâ nci a e i mpedâ nci a térmi ca .
▪ Cons ta nte térmi ca e des fa s a mento.
▪ Ca mpo e i nduçã o ma gnéti co(a ) (a mpl i tude/di reçã o).
Magnético: ▪ Momento ma gnéti co e ma gneti za çã o. -
▪ Permea bi l i da de e s us ceti bi l i da de ma gnéti ca .
▪ Dens i da de e fl uxo de energi a de ra di a çã o el etroma gnéti ca .
▪ Pol a ri za çã o, coerênci a e des fa s a mento.
Radiante: ▪ Dens i da de de es petro. -
▪ Refl etâ nci a , tra ns mi tâ nci a e a bs orvênci a .
▪ Trâ ns i to, vel oci da de e energi a de pa rtícul a s ca rrega da s .
▪ Concentra çã o, compos i çã o e pH.
Químico: ▪ Potenci a l quími co, el etroquími co e de reduçã o. -
▪ Ta xa de rea çã o e cons ta ntes de equi l íbri o.

Quadro 4 – Categorização dos MEMS mecânicos em função do tipo de grandeza que medem e dos princí-
pios de funcionamento aplicáveis (adaptado de Korvink & Paul, 2006).
Categoria Grandezas observáveis Tipo Princípio de funcionamento
Piezoelétricos
Piezorresistivos
Capacitivos

Termorresistivos/Convectivos
Acelerométricos
Eletrolíticos
Aceleração
Inerciais Por corrente de tunelamento
Velocidade angular
Ressonantes
Óticos

Piezoelétricos
1
Giroscópicos Magnéticos
Capacitivos
Piezorresistivos
Capacitivos
Pressiométricos Pressão Pressiómetros
Acústicos
Ressonantes
Força/Carga Piezorresistivos
2
De força e torção Momento Transdutores de força
Torção/Rotação Ressonantes
1
Requerem excitação ressonante.
2
Semelhantes aos inerciais, mas o sistema sensorial inclui a macroestrutura onde o sensor está anexado.

2.2.5.2. MEMS acelerométricos piezoelétricos

A piezoeletricidade é a capacidade dum material colocado sob tensão gerar um diferencial elétri-
co por polarização, sendo este fenómeno invertível (APS, 2014). Esta propriedade, comumente
presente em cristais (in ex.: quartzo), é explorada desde o século XIX, tanto na forma de sensor (in
ex.: transdutores de pressão) como de atuador (in ex.: válvulas). A sua exploração no universo
MEMS é relativamente recente e obriga à inclusão de materiais piezoelétricos na estrutura de silí-

24
cio1, seja por deposição superficial (thin film deposition) ou por um processo de contaminação
atómica (doping) da estrutura cristalina siliciosa (Korvink & Paul, 2006; Tadigadapa & Mateti,
2009; Yazdi et al., 1998).

Este tipo de acelerómetro baseia-se normalmente na deflexão de uma haste siliciosa piezoelétri-
ca, cuja resposta se obtém em função do potencial elétrico que resulta do esforço induzido na
haste e que é geralmente capturado num condensador por capacitância (Chen et al., 1982; Yazdi
et al., 1998). Embora se reconheçam propriedades atrativas (in ex.: facilidade de produção mono-
lítica e autoverificação intrínseca), a sensibilidade deste tipo de sensor diminui proporcionalmen-
te à escala de miniaturização e a sua resposta requer correção térmica. Outra desvantagem é a
recorrência a processos de fabrico dispendiosos e difíceis de implementar para a incorporação de
elementos piezoelétricos na estrutura cristalina. Portanto, os MEMS capacitivos (2.2.5.4) são pre-
feríveis para medição de acelerações estáticas, tendo os MEMS piezoelétricos maior aplicação na
medição de forças e pressões (Korvink & Paul, 2006; Tadigadapa & Mateti, 2009).

2.2.5.3. MEMS acelerométricos piezorresistivos

Este tipo de sensor consiste numa plataforma (in ex.: haste ou pêndulo rígido) de silício suspensa
por elementos de ligação, ou suportes, que formam as resistências de uma ou de meia ponte de
Wheatstone, de forma semelhante aos sensores pendulares referidos em 2.2.2.

A condução elétrica em cristais semicondutores, geralmente à base de silício, germânio ou gálio,


dá-se através das impurezas atómicas contidas na malha cristalina. Quando o cristal é relativa-
mente puro a condução elétrica é bem definida e, devido à anisotropia induzida pela configuração
cristalográfica, o efeito piezorresistivo pode ser ampliado ou reduzido até um fator que pode che-
gar às centenas. Controlando o nível, o tipo e a distribuição das impurezas presentes na rede cris-
talina (in ex.: fósforo, boro, arsénio, alumínio, antimónio, tântalo, telúrio, entre outros), como
também os planos cristalográficos utilizados para a condução elétrica e para a aplicação de ten-
são, o efeito piezorresistivo destes materiais pode ser dezenas ou centenas de vezes superior ao
dos metais. Logo, um sensor cristalino tem uma sensibilidade muito superior à de um sensor con-
vencional (in ex.: metálico) e permite medir variações muito menores da grandeza observada
(Barlian et al., 2009; Korvink & Paul, 2006; Yazdi et al., 1998).

No âmbito da medição de inclinações, comparativamente a sensores baseados noutros princípios


de funcionamento (in ex.: sensores capacitivos), Yazdi et al. (1998) e Korvink & Paul (2006) refe-

1
Os materiais piezoelétricos mais comumente utilizados são o óxido de zinco (ZnO), o zirconato titanato de chumbo (PZT) e o ni treto
de alumínio (AlN). Estes elementos podem ser introduzidos na própria estrutura siliciosa do sensor ou ser produzidos separadamente e
posteriormente acoplados. Quando produzidos separadamente, também podem ser constituídos em quartzo (Korvink & Paul, 2006;
Tadigadapa & Mateti, 2009).

25
rem as seguintes desvantagens dos MEMS piezorresistivos:

• elevada sensibilidade a variações térmicas;


• reduzida sensibilidade metrológica;
• propensão para desvios e derivas consideráveis;
• grande dimensão dos sensores, por requererem maiores massas suspensas;
• produção monolítica mais complexa e dispendiosa, também requerendo maior volume;
• ausência de autoverificação intrínseca, requerendo um sistema de excitação independente
para verificar o bom funcionamento do sensor.

Por estas razões, a par da sua crescente utilização no setor automóvel, os MEMS capacitivos
(2.2.5.4) vieram substituir os MEMS piezorresistivos durante a década de 1990.

2.2.5.4. MEMS acelerométricos capacitivos

Este tipo de sensor baseia-se no efeito capacitivo1 de dois elementos condutores, muito próximos
e separados por um material não condutor, quando lhes é aplicado um potencial de corrente. São
constituídos por duas estruturas, uma fixa e outra móvel, que representam os dois elétrodos. A
estrutura móvel, suspensa por elementos elásticos, constitui a massa sísmica que responde à for-
ça inercial. Quando a massa é acelerada e se desloca, o espaçamento entre os elétrodos diminui
ou aumenta, dependendo da direção do movimento, o que resulta, respetivamente, num aumen-
to ou numa diminuição da capacitância, proporcional à aceleração aplicada. Para melhorar a line-
aridade, aumentar a sensibilidade e diminuir o desvio do sensor, a sua configuração é geralmente
diferencial2. Para aplicações (in)clinométricas de precisão, os sensores são normalmente servo-
acelerados3, tratando-se, efetivamente, de um servoacelerómetro de equilíbrio de força (2.2.4)
cuja resposta é função da força necessária à reposição da massa, mas a grandeza variável é a ca-
pacitância e não a indução magnética. Nas figuras 8 e 9 apresenta-se este tipo de sensor nas ver-
sões servoaceleradas não diferencial e diferencial, respetivamente.

No âmbito dos MEMS inerciais, Korvink & Paul (2006) indicam a preferência por este tipo de sen-
sor para medições acelerométricas pelos seguintes motivos:

• maior exatidão;
• melhor linearidade;
• estabilidade térmica, não requerendo compensação;
• maior facilidade de calibração (4.7);

1
Capacidade de acumulação de carga elétrica por polarização de um material não condutor entre elétrodos submetidos a uma carga
diferencial (EBO, 2017a).
2
Na configuração diferencial existem dois elétrodos fixos, um de cada lado do elétrodo móvel, de tal forma que o aumento da capaci-
tância de um lado corresponda à diminuição da capacitância do lado oposto (Figura 9).
3
Em circuito servoacelerado o sinal de resposta à variação da capacitância é reencaminhado para o circuito de alimentação e atua fisi-
camente sobre a estrutura móvel, deslocando-a novamente para a sua posição de equilíbrio (Figura 8; Figura 9).

26
• intrinsecamente autoverificáveis quando servoacelerados;
• produção monolítica fácil e em processo único, baixo custo relativo e menor dimensão.

a) Diagrama simplificado. a) Diagrama simplificado.

b) Acelerómetro capacitivo servoacelerado não di- b) Eletromicrografia de um acelerómetro capacitivo


ferencial. servoacelerado diferencial.
Figura 8 – Acelerómetro capacitivo servoacelerado Figura 9 – Acelerómetro capacitivo servoacelerado di-
não diferencial (adaptado de Mukherjee et al., ferencial (adaptado de Wu, 2002).
2014).

Dunnicliff (in: BiTech, 2008) refere a introdução deste tipo de sensor em sistemas (in)clinométri-
cos portáteis (2.4.3) por parte dos fabricantes Soil Instruments (desde 2003), RST Instruments Ltd.
(desde 2005) e Geokon Inc. (desde 2006). Atualmente, a Slope Indicator também disponibiliza in-
clinómetros digitais baseados em MEMS, mantendo a oferta de sistemas clássicos. Na Figura 10
apresentam-se dois exemplos de MEMS incorporados em (in)clinómetros.

27
a) MEMS capacitivos incorporados num inclinóme- b) MEMS capacitivos incorporados num clinómetro
tro biaxial da Geokon. biaxial da RST Instruments Ltd..
Figura 10 – Sensores MEMS incorporados na instrumentação (in)clinométrica (adaptado de Sellers & Taylor,
in: BiTech, 2008).

Sellers & Taylor (in: BiTech, 2008) fazem um breve resumo sobre os sensores utilizados na instru-
mentação (in)clinométrica e indicam a capacitância diferencial como o princípio de funcionamen-
to genericamente adotado. Os autores referem as mesmas vantagens indicadas por Korvink &
Paul (2006), como também a compatibilidade com as unidades de aquisição atuais de sinal analó-
gico (4.6) e, comparativamente aos servoacelerómetros clássicos, maior resistência ao choque,
menor custo, menor deriva (6.3.2) e menor consumo energético. A única desvantagem referida é
uma sensibilidade ligeiramente inferior para determinada amplitude de medição.

2.2.5.5. MEMS acelerométricos termorresistivos/convectivos

Os MEMS convectivos, tal como os eletrolíticos (2.2.5.6), surgiram na década de 1990, na sequên-
cia da expansão comercial dos dispositivos microfluídicos1 (Korvink & Paul, 2006).

As primeiras versões consistem numa base siliciosa fixa com uma massa sísmica móvel, sendo
uma parte aquecida e outra munida de um dispositivo para medição de temperatura. A difusão de
calor entre as duas partes, função do seu espaçamento, permite deduzir a aceleração gravítica a
que o sensor está sujeito (Dauderstädt et al., 1995; Hiratsuka et al., 1992; Yazdi et al., 1998).

As versões mais recentes não contêm partes móveis e baseiam-se na transferência térmica por
convecção de uma bolha de gás aquecido (Dao et al., 1996; Yazdi et al., 1998). Leung et al. (1998,
1
Os dispositivos microfluídicos destinam-se à manipulação de quantidades muito pequenas de fluido (in ex.: à escala micro e nano).
Surgiram no início da década 1950 e têm sido gradualmente introduzidos no mercado desde a década de 1980, sendo principalment e
utilizados nas indústrias química, biotecnológica, médica, farmacêutica e militar, embora o seu campo de aplicação seja mais abran-
gente (in ex.: na impressão a jato de tinta).

28
1997) apresentam uma estrutura simples e monolítica, cujo fabrico requer um processo único. O
acelerómetro consiste numa base siliciosa com uma cavidade, sobre a qual se suspende um ele-
mento central de aquecimento e uma série de outros elementos para medição da temperatura,
diametralmente e paralelamente dispostos relativamente ao primeiro. O aquecimento do ele-
mento central origina a formação de uma pequena bolha de gás aquecido, a qual se move ao lon-
go da cavidade em função da aceleração imposta ao instrumento. O perfil da distribuição térmica
ao longo da cavidade permite deduzir o valor da aceleração.

O circuito de medição da temperatura baseia-se numa ponte de Wheatstone (2.2.2), podendo os


elementos sensoriais ser constituídos por termístores1 ou por termopares2,3 acoplados (Milanovic
et al., 2000), permitindo os últimos a redução significativa do consumo energético e o aumento da
sensibilidade. Embora a sensibilidade dependa diretamente do consumo energético (in ex.: tem-
peratura de aquecimento), pode também ser melhorada com o aumento da densidade do gás, pe-
la substituição do gás por um fluido viscoso, ou com a otimização da geometria do sensor (Bahari
& Leung, 2011; Chen et al., 2008; Crespy et al., 2008; Giani et al., 2009; Leung et al., 1998, 1997;
Liao et al., 2006; Mailly et al., 2003a, 2003b; Park et al., 2011).

Refere-se as seguintes vantagens dos MEMS convectivos relativamente a outras tecnologias (Liu
& Zhu, 2017):

• maior resistência ao choque; pois não têm partes móveis nem suportes flexíveis;
• menor propensão a derivas de desvio (6.3.2);
• boa linearidade;
• intrinsecamente autoverificáveis;
• facilmente integrados em sistemas monolíticos;
• insensíveis a influências eletromagnéticas;
• custo muito baixo; pois incorporam estruturas muito simples e robustas, de produção fácil
e rápida, requerendo um processo único de fabrico.

São também considerados os seguintes inconvenientes (Liu & Zhu, 2017):

• consumo energético elevado;


• sensibilidade reduzida e dependente da temperatura ambiente, requerendo isolamento
térmico eficaz;
• resolução limitada;

1
Um termístor é um dispositivo ou material semicondutor que apresenta um elevado coeficiente térmico negativo de resistência elé-
trica. Ou seja, a resistência elétrica de um termístor decresce significativamente com o aumento da temperatura (IEC, 1982).
2
Um termopar é uma junção de dois elétrodos, em circuito aberto, cujos coeficientes térmicos são significativamente diferentes (in
ex.: dois metais diferentes). Devido à diferença entre as propriedades térmicas e elétricas dos dois materiais, a radiação energética so-
bre a junção induz um potencial elétrico que lhe é proporcional e que pode ser medido por outros meios (IEC, 1987a).
3
Um termopar acoplado, ou termopilha, é constituído pela junção de vários termopares, sendo a energia de radiação medida pelo
efeito que provoca nesse agrupamento (IEC, 1987b).

29
• tempo de resposta relativamente longo.

A simplicidade estrutural e o baixo custo deste tipo de sensor tem atraído muito interesse por
parte de vários investigadores, que têm conseguido introduzir melhorias significativas no sentido
de ultrapassar os inconvenientes acima referidos (in ex.: Bahari & Leung, 2011; Billat et al., 2002,
2001; Chen et al., 2008; Combette et al., 2007; Crespy et al., 2008; Garraud et al., 2011a, 2011b;
Giani et al., 2009; Liao et al., 2006; Ma & Leung, 2008; Mailly et al., 2003a, 2003c, 2003b; Mila-
novic et al., 2000; Park et al., 2011; Tsang et al., 2008). Há também a tentativa de desenvolver
MEMS convectivos sem recurso a estruturas de silício, a fim de eliminar os processos de fabrico
convencionalmente utilizados na indústria dos circuitos integrados e, assim, reduzir o custo de fa-
brico, melhorar o isolamento térmico e reduzir o consumo energético (in ex.: Petropoulos et al.,
2011; Rocha et al., 2011; Silva et al., 2012). O interesse industrial está também presente, sendo
provável que a aplicação de MEMS convectivos em sistemas instrumentais acelerométri-
cos/inclinométricos cresça no futuro (in ex.: Bugnacki et al., 2001; Cai et al., 2013; DW&A, 2010;
Fennelly, 2016; Fennelly et al., 2012; Pyle & Emerald, 2002; Wu & Grace, 2013).

2.2.5.6. MEMS acelerométricos eletrolíticos

Este tipo de sensor tem sido desenvolvido a par do convectivo (2.2.5.5). Existem fundamental-
mente dois tipos de sensor eletrolítico que têm sido explorados no universo dos MEMS:

a) eletrorresistivo (Figura 11);


b) capacitivo (Figura 12).

Os sensores do tipo a) baseiam-se na medição da resistência elétrica entre dois elétrodos parci-
almente mergulhados numa solução condutora. O valor dessa resistência varia em função da por-
ção de elétrodo submerso, por sua vez proporcional à inclinação do sensor. A mecânica sensorial
é igual à de um sensor homólogo convencional (2.2.2.2), recorrendo também a meia ponte de
Wheatstone (2.2.2) para medição dos valores de resistência elétrica.

São indicadas as seguintes vantagens (Choi et al., 2013; Jung et al., 2007; Kang et al., 2005; Lee &
Lee, 2011; Lee et al., 2013):

• baixo custo;
• menor consumo energético;
• maior resistência ao choque;
• menor deriva de desvio (6.3.2);
• intrinsecamente verificável;
• facilidade de integração monolítica.

Para além das desvantagens referidas em 2.2.2.2, são ainda reconhecidas algumas dificuldades

30
associadas à sua produção (Choi et al., 2013; Jung et al., 2007; Kang et al., 2005; Lee & Lee, 2011;
Lee et al., 2013):

• à escala dos MEMS, a tensão superficial pode introduzir alguma histerese;


• a constituição dos elétrodos não é fácil e obriga a cuidados especiais, já que o processo en-
volve a deposição de uma solução iónica sobre uma superfície tridimensional;
• a geometria do sensor afeta fortemente o seu tempo de resposta, assim como o eventual
comportamento histerético.

Figura 11 – Exemplo de sensor MEMS eletrolítico eletrorresistivo (adaptado de Jung et al., 2007).

Os sensores do tipo b) baseiam-se na medição da capacitância (2.2.5.4) entre dois elétrodos par-
cialmente mergulhados numa solução dielétrica1. Tal como acontece com os sensores do tipo a), o
valor de capacitância varia em proporção com a porção de elétrodo submerso.

Relativamente ao sensores to tipo a), estes apresentam as seguintes vantagens (Benz et al., 2005;
Ueda et al., 2006; Yotter et al., 2003):

• melhor linearidade;
• melhor resolução;
• menor tempo de resposta;
• menor sensibilidade térmica.

Contudo, esta técnica também apresenta algumas desvantagens (Benz et al., 2005; Ueda et al.,
2006; Yotter et al., 2003):

• consumo energético superior;


• obriga à criação de estruturas complexas que reduzam a influência da tensão superficial e
promovam o preenchimento homogéneo da cavidade;
• a amplitude de resposta é inversamente proporcional à dimensão do sensor, afetando

1
Uma solução dielétrica é aquela em que o soluto tem a capacidade de se polarizar na presença de um campo elétrico (EBO, 2017b).
Quanto menor for a condutividade elétrica dessa solução maior será a sua capacitância (capacidade de armazenar carga elétrica nessas
circunstâncias – ver secção 2.2.5.4).

31
também a sua sensibilidade.

Atualmente este tipo de sensor já se encontra incorporado nos sistemas inclinométricos fixos (in
ex.: DGSI, 2014a, 2013a; GEOKON, 2017a; ROCTEST, 2016; SISGEO, 2017a; SOIL, 2014a). Note-se
que nem todos os fabricantes especificam o princípio de funcionamento do sensor. No entanto, a
necessidade de compensação térmica e de ajuste polinomial, a fim de se obter o desempenho es-
pecificado, permitem deduzir o tipo de sensor utilizado.

Figura 12 – Exemplo de sensor MEMS eletrolítico capacitivo (adaptado de Ueda et al., 2006).

2.3. Planos de referência dos equipamentos inclinométricos

O plano de referência de um inclinómetro é aquele que corresponde a inclinação nula quando a


bitola (in ex.: o corpo do instrumento; 4.3) lhe está perfeitamente alinhada. Neste âmbito, os in-
clinómetros podem ser classificados como (Dunnicliff, 1988):

a) Horizontais: são instalados no plano horizontal e medem inclinações relativamente a esse


plano, permitindo calcular os deslocamentos ocorridos no plano vertical.
b) Verticais: são instalados no plano vertical e medem inclinações relativamente a esse plano,
permitindo calcular os deslocamentos ocorridos no plano horizontal.
c) Oblíquos: são instalados num plano intermédio entre o horizontal e o vertical, normalmen-
te no intervalo , permitindo calcular os deslocamentos ocorridos no plano que lhe
seja perpendicular.

A diferença entre os três tipos de inclinómetro está na relação entre as orientações da bitola e do
sensor, uma vez que a orientação absoluta do sensor é sempre a mesma1 (Figura 13). Este facto
tem algumas implicações que interessa abordar:

• Os inclinómetros do tipo b) com sensores convencionais (in ex.: não baseados em MEMS;
2.2) têm menor diâmetro que os restantes e, por isso, estão menos limitados relativamente
à amplitude máxima dos deslocamentos mensuráveis (5.8.3).
1
Os acelerómetros inerciais encontram-se sempre alinhados com o plano da aceleração gravítica.

32
• Os inclinómetros do tipo c) não permitem a redundância de leituras (4.1), uma vez que não
é possível inverter a orientação do instrumento. Este facto implica a não eliminação do
desvio na origem, traduzindo-se em menor exatidão, menor repetibilidade e maior impacto
da deriva do desvio nas leituras inclinométricas (6.3.2).

Os inclinómetros do tipo c) destinam-se principalmente à observação de maciços cujos planos po-


tenciais de escorregamento são oblíquos (in ex.: encostas ou taludes rochosos), ou ao acompa-
nhamento de movimentos ao longo da superfície de taludes em obras de aterro (Dunnicliff, 1988).
Embora este tipo de inclinómetro se mantenha disponível no mercado (in ex.: SOIL, 2014b), a sua
utilização é pouco expressiva. Pois, as amplitudes de medição dos instrumentos de tipo a) e b),
normalmente entre e , podendo chegar até (Quadro 20, 6.2.1), permitem cobrir
estas situações mantendo, ou mesmo melhorando, a qualidade das medições.

a) Inclinómetro horizontal b) Inclinómetro vertical c) Inclinómetro oblíquo


Figura 13 – Representação da relação entre a orientação de uma bitola com sensor inclinométrico conven-
cional e o diâmetro (d) do inclinómetro.

2.4. Portabilidade dos equipamentos inclinométricos

2.4.1. Generalidades

Relativamente à portabilidade, os equipamentos inclinométricos podem ser:

a) fixos (2.4.2);
b) de sonda1 (2.4.3).

Os equipamentos do tipo a) representam maior custo, já que equivalem a uma série de inclinóme-
tros encadeados entre si. Exigem também maior complexidade ao nível do sistema de recolha e
armazenamento de leituras. Portanto, adequam-se melhor a determinadas situações com reque-
rimentos específicos, tais como (Dunnicliff, 1988):

• frequência de medição muito elevada (in ex.: acompanhamento da execução de escavações

1
Também designados móveis ou portáteis.

33
ou aterros em locais de risco);
• número de instalações muito elevado, de forma a permitir uma redução dos custos de ob-
servação e de manutenção dos equipamentos (in ex.: escavações, aterros ou taludes natu-
rais com extensão muito apreciável);
• local de acesso muito difícil (in ex.: acessibilidade impedida durante o período de inverno,
localidades muito remotas sem acesso adequado, ou zonas de obra instrumentadas que fi-
cam inacessíveis durante e/ou após a sua conclusão).

Os sistemas b) são normalmente preferíveis por representarem menor custo, melhores caracterís-
ticas metrológicas e maior versatilidade (Dunnicliff, 1988).

2.4.2. Equipamentos inclinométricos fixos

Os equipamentos fixos são constituídos por uma série de segmentos rígidos, encadeados entre si
por rótulas resistentes à torção ou suspensos em série por cabos de aço. Cada segmento compre-
ende uma bitola com o(s) respetivo(s) sensor(es), normalmente do tipo eletrolítico (2.2.2.2;
2.2.5.6), permitindo ajustar o passo de leitura às necessidades locais de cada instalação 1. O siste-
ma é suspenso no topo do tubo e permanece no local durante todo o período de observação,
sendo eventualmente substituído ou removido temporariamente para calibração quando esse pe-
ríodo é longo (in ex.: superior a um ano). Na Figura 14 apresenta-se um exemplo de aplicação de
um sistema inclinométrico fixo.

A ligação elétrica entre segmentos pode fazer-se em paralelo ou em série (in ex.: multiplexada2).
Ao contrário da ligação em série, a ligação em paralelo implica a existência de um cabo elétrico
por cada segmento, limitando o número de sensores em função do diâmetro do tubo inclinomé-
trico. O número de sensores em série que é possível instalar numa determinada instalação de-
pende do comprimento do tubo, da capacidade da unidade de multiplexação e dos recursos de
alimentação energética requeridos. Normalmente é possível instalar até 50 a 25 sensores em sé-
rie em tubos de a , respetivamente3 (DGSI, 2014a; GEOKON, 2016a; ROCTEST, 2016).

A recolha de dados pode fazer-se de forma manual ou automática. A recolha manual implica in-
tervenção humana para obtenção de dados, enquanto a recolha automática implica o funciona-
mento autónomo do sistema de acordo com as operações pré-programadas.

1
Por exemplo, podem-se instalar segmentos mais curtos nas profundidades onde se esperam deslocamentos, alargando o passo nas
restantes zonas do tubo inclinométrico, ou pode-se instalar uma ou várias séries apenas nas profundidades críticas e com o passo de
leitura adequado (DGSI, 2014a, 2013a).
2
A transferência de dados multiplexada (multiplexed data transfer) é uma técnica que combina várias fontes de dados num sinal único,
podendo a identificação do sinal de cada fonte fazer-se em função da sua frequência de transmissão, do tempo de transmissão que lhe
é atribuído, ou de uma série dados específica que identifica o início e o final da respetiva transmissão (TCEE, 2013).
3
Note-se que cabos de alimentação mais longos requerem maior quantidade de energia. Por esta razão, instalações mais longas su-
portam menor número de sensores. Desta forma, dispositivos digitais permitem maior número de sensores em profundidades equiva-
lentes porque têm menor consumo energético.

34
A recolha de dados pode ainda ser localizada ou centralizada. A primeira técnica consiste no ar-
mazenamento de dados no local de cada instalação inclinométrica, obrigando à existência de uma
unidade de armazenamento perto do tubo, no caso de aquisição automática, ou à deslocação de
um técnico ao local, caso a recolha de dados seja manual. Em sistemas centralizados, as instala-
ções inclinométricas encontram-se ligadas a uma central de aquisição, podendo o processo de re-
colha ser manual ou automático.

Figura 14 – Exemplo de uma instalação inclinométrica fixa (adaptado de GEOKON, 2017a; SISGEO, 2017a).

No quadro seguinte apresentam-se dois novos sistemas inclinométricos que surgiram durante a
última década e que apresentam especificidades próprias.

Quadro 5-1 – Sistemas inclinométricos fixos alternativos aos convencionais – continua na próxima página.

Instrumento Descrição/princípio Observações comparativamente aos sistemas inclinométricos

• Aplicável em tubagem inclinométrica ou piezométrica;


• Sequência de secções tubulares rígidas • maior dificuldade no alinhamento, já que não tem rodas;
com a de comprimento e
unidas por juntas flexíveis em borracha
• centralização e fixação através de centralizadores (DMS 2D) ou de
mangas expansíveis (DMS 3D);
reforçada;
• sensores inclinométricos do tipo eletro-
• multiparamétrico (in ex.: observação de deformações bi ou tridi-
mensionais, níveis/pressões de água, vibrações e temperatura
1 lítico (2.2.2.2; 2.2.5.6);
DMS numa única instalação);
• flexibilidade relativamente aos senso-
• contínuo (in ex.: inflexibilidade no que respeita à observação de
res a instalar (in ex.: inclinométricos,
apenas algumas zonas de interesse);
extensométricos ou piezométricos);
• controlo inteiramente remoto;
• recuperação potencialmente mais fácil pela ausência de rodas;

• configurações especializadas para cená-


• instalação requer equipamento pesado e especializado;
rios específicos .
3 • maior investimento inicial;
• profundidade máxima inferior.

35
Quadro 5-2 – Sistemas inclinométricos fixos alternativos aos convencionais – continuação.

Instrumento Descrição/princípio Observações comparativamente aos sistemas inclinométricos

• Instalação em tubo PVC com de diâmetro, o que re-


• Sequência de agrupamentos de 8 seg- presenta menor custo de perfuração;
mentos rígidos com a de • maior flexibilidade de alinhamento7;
comprimento, interligados por juntas
flexíveis;
• centralização e fixação por compressão axial dentro do tubo (in
ex.: a compressão provoca a expansão lateral das juntas);
• acelerómetros provavelmente do tipo
• medição de movimentos laterais, assentamentos e vibrações nu-
piezoelétrico com deteção da deflexão 5
2 4 ma única instalação ;
SAA por capacitância (2.2.5.2) ;
• cada segmento tem a capacidade de
• contínuo (in ex.: inflexibilidade no que respeita à observação de
apenas algumas zonas de interesse);
medir deformações triaxiais, vibrações
e temperatura ;
5 • recuperação potencialmente mais fácil pela ausência de rodas;
• controlo local ou remoto; • instalação requer equipamento pesado e especializado;
• configurações especializadas para cená- • mais prático e potencialmente mais económico em situações de
6
rios específicos . uso temporário;
• profundidade máxima inferior.
1
DMS (differential monitoring of stability), desenvolvido pela empresa italiana CSG (Centro Servizi di Geoingegneria): Blikra (2008); Fa-
letto et al. (2011); Foglino et al. (2008, 2006); Gardellini & Osimani (2008); Giuffredi et al. (2003); Lovisolo et al. (2007, 2003); Lovisolo
& Giusta (2005); Olivieri et al. (2012).
2
SAA (shape acceleration array), desenvolvido conjuntamente pelo Departamento de Transportes do Estado de Nova York (NYSDOT) e
pelo Instituto Politécnico de Rensselaer (RPI): Abdoun et al. (2008, 2007); Abdoun & Bennett (in: BiTech, 2008); Barendse (in: BiTech,
2008); Bennett et al. (2007a, 2007b); Danisch et al. (2007, 2005); MEASURAND (2013, 2010).
3
DMS 2D SLIDE: taludes suscetíveis a roturas frágeis e observação de curto prazo (até ); DMS 2D SLOPE: taludes não suscetíveis a
roturas frágeis e observação de médio prazo (até ); DMS 2D LST: taludes não suscetíveis a roturas frágeis e observação de longo
prazo (até ); DMS 2D GV: colunas integrais (in ex.: pré-assembladas) para observação de estruturas e de obras geotécnicas em
qualquer inclinação (até ); DMS 3D: sistema multiparamétrico com observação tridimensional.
4
A bibliografia refere a tecnologia MEMS (2.2.5) e a necessidade de proceder a correção térmica automatizada, especificando que o
princípio de funcionamento se baseia na deflexão de uma haste siliciosa medida por intermédio de um campo elétrico.
5
As deformações triaxiais estão limitadas a relativamente ao plano vertical. Ou seja, o sistema só mede assentamentos e vibra-
ções no plano horizontal.
6
SAAF: uso generalizado, controlo remoto, medição de deformações em todos os segmentos e de vibrações em algumas secções;
SAAR: uso especializado (in ex.: investigação), alta frequência, controlo local, medição de deformações e de vibrações em todos os
segmentos.
7
O sistema permite a definição de qualquer orientação azimutal (in ex.: a rotação do referencial é automatizada), mas o alinha mento
físico do equipamento é importante para que os níveis de exatidão e de precisão especificados sejam atingidos.

2.4.3. Equipamentos inclinométricos de sonda

Os equipamentos de sonda consistem numa bitola com os respetivos sensores (Figura 37, 4.3.1),
um cabo de ligação e de controlo da profundidade (4.5), e elementos rolantes centralizadores
(Figura 38, 4.3.1). O tipo de sensor utilizado é normalmente o servoacelerómetro de equilíbrio de
força com indução magnética (2.2.4) ou o MEMS capacitivo servoacelerado (2.2.5.4). Ao contrário
dos equipamentos fixos, estes têm passo de leitura fixo, normalmente de para o sistema
métrico ou de ( ) para o sistema anglo-saxónico. São manualmente introduzidos em
cada instalação a observar e gradualmente recolhidos da mesma, efetuando-se medições pontu-
ais ao longo do percurso e em função do passo de leitura (4.1). Na Figura 15 apresenta-se um
exemplo de um equipamento inclinométrico de sonda.

De um modo geral, cada campanha requer 2 ou 4 passagens da sonda no interior do tubo, con-
forme o instrumento seja uni ou biaxial, respetivamente (4.1). Este procedimento é necessário
para que o cálculo se faça por redundância de leituras simétricas entre si, de forma a eliminar o

36
erro do desvio na origem (5.1). O processo de redundância não só melhora a repetibilidade do sis-
tema como também permite o aumento dos períodos de serviço entre calibrações, já que o efeito
da deriva é efetivamente eliminado, desde que o instrumento opere dentro de determinadas
condições (6). A repetibilidade é essencialmente dependente da qualidade e da condição da insta-
lação (3), do sistema de referência utilizado (4.4) e do rigor do operador que executa as campa-
nhas de observação (6). O bom funcionamento deste tipo de equipamento requer também certos
cuidados no que respeita ao seu manuseamento, transporte e armazenamento, uma vez que é
muito sensível ao choque e propenso a derivas (4), principalmente quando o sensor não é do tipo
MEMS (2.2.5).

Figura 15 – Exemplo de um equipamento inclinométrico de sonda (adaptado de SISGEO, 2013a, 2011).

Relativamente aos equipamentos fixos, o inclinómetro de sonda apresenta a vantagem de ser


menos suscetível a prisões no interior da instalação por deformação excessiva da mesma, uma vez
que: a) normalmente é fornecida uma sonda placebo para verificar se o instrumento é capaz de
transitar no interior da instalação, como também b) é raro que uma sonda consiga transitar no
sentido descendente e seja incapaz de ascender novamente ao topo do tubo.

Dependendo do comprimento do respetivo cabo, os equipamentos de sonda são relativamente


fáceis de transportar, havendo variantes de cabo permanentemente fixo à sonda (in ex.: SOIL,
2014c) ou destacável (in ex.: GEOKON, 2016b), podendo este ser fornecido em bobina ou solto. As
unidades de aquisição mais recentes equivalem a smartphones ou iPads comuns com transmissão
de dados wireless, havendo mesmo sistemas que fornecem software passível de ser instalado em
qualquer telemóvel moderno (in ex.: ENCARDIO, 2017). Contudo, os sistemas com este tipo de
unidade de aquisição requerem a utilização de um cabo em bobina para alojamento das unidades
de alimentação energética e de transmissão de dados da sonda inclinométrica. Importa frisar que
um cabo solto é potencialmente mais fácil de transportar em situações de difícil acesso, mesmo

37
considerando a perda de peso significativa de que os cabos em bobina beneficiaram durante a úl-
tima década. Importa ainda referir outras considerações a fazer no que respeita à aquisição de i)
sistemas de cabo destacável ou ii) permanentemente fixo à sonda:

• os sistemas do tipo i) permitem o transporte acondicionado, mesmo em situações de aces-


so dificultado (in ex.: impossibilidade de transporte rodoviário);
• os sistemas do tipo i) permitem a substituição do instrumento utilizado numa determinada
instalação, mantendo o cabo de ligação e de controlo da profundidade1;
• os sistemas do tipo i) permitem a manutenção independente da sonda e do respetivo cabo
de ligação e de controlo da profundidade;
• os sistemas do tipo i) requerem cuidados e manutenção adicionais da ficha de ligação da
sonda ao cabo (4.3; 4.5). Por isso, são mais propensos a avarias derivadas de falhas associa-
das à ficha, seja por danos causados pela tensão a que a mesma está sujeita, seja por des-
gaste e/ou falta de manutenção dos respetivos vedantes.

Há também uma sonda inclinométrica triaxial comercializada sob o nome TRIVEC pela empresa
Solexperts AG (Dunnicliff, 1988; Frodl, 2000; Frodl & Naterop, 2007; Naterop, 1998; SOLEXPERTS,
2017; Thut, 1999). O equipamento TRIVEC consiste numa sonda telescópica com de compri-
mento e um sistema de acoplamento do tipo cónico-esférico em ambas as extremidades. A insta-
lação requer tubos telescópicos especiais com pontos de acoplamento ao longo do eixo. O equi-
pamento é guiado através de um dispositivo especializado que permite a sua rotação, de forma a
garantir o correto acoplamento das duas extremidades da sonda em cada par de pontos sequen-
ciais ao longo do tubo. A distância entre os dois pontos de acoplamento é medida através de um
transdutor de deslocamento linear de alta precisão2. A medição dos deslocamentos transversais
faz-se por intermédio de MEMS acelerométricos capacitivos (2.2.5.4). A medição dos deslocamen-
tos axiais não depende da inclinação do tubo, mas os sensores acelerométricos estão limitados a
uma amplitude de . O sistema requer calibração antes e depois de cada campanha de obser-
vação, sendo a duração das campanhas potencialmente mais elevada devido à forma como o
equipamento é operado. A principal aplicação do TRIVEC é em obras que requerem a observação
de assentamentos com uma precisão muito elevada (in ex.: barragens hidroelétricas), sendo pre-
ferível associar equipamentos inclinométricos e extensométricos portáteis na maioria das situa-
ções que requeiram acompanhamento das deformações internas.

1
Note-se que a substituição do cabo num sistema inclinométrico pode introduzir erros de profundidade difíceis de corrigir (6.4.4),
sendo este risco agravado com o aumento da idade e da fadiga do cabo substituído.
2
SOLEXPERTS (2017) refere a medição de deslocamentos axiais com exatidão e resolução .

38
3. INSTALAÇÕES INCLINOMÉTRICAS

3.1. Considerações iniciais

Uma instalação inclinométrica caracteriza-se por um tubo inclinométrico1 e um meio de ligação à


estrutura sob observação. A eficácia de uma instalação inclinométrica depende essencialmente:

a) da capacidade que o meio de ligação tem de transferir para o tubo as deformações sofridas
pela estrutura observada;
b) das condições de integridade estrutural do tubo inclinométrico2.

O fator a) relaciona-se diretamente com os procedimentos de execução da instalação. Nas sec-


ções 3.3 a 3.7 discutem-se procedimentos adequados aos seguintes tipos de instalação:

• por acoplamento exterior (3.3);


• em furo de sondagem (3.4);
• em aterro (3.5; 3.6);
• em vala ou em trincheira (3.7).

O fator b) prende-se com o perfil de deformação desenvolvido e com a existência de condições lo-
cais propícias à corrosão do tubo (in ex.: águas alcalinas e/ou temperaturas muito elevadas). O
perfil de deformação deve ser acompanhado tendo em vista a capacidade da(s) sonda(s) circu-
lar(em) livremente no interior do tubo (5.8.3). Sempre que haja a perspetiva de ocorrerem deslo-
camentos que impliquem a interrupção do programa de observação, ou a perda de instrumentos,
deve existir um plano de contingência para a execução atempada de novas instalações nas zonas
de observação afetadas, ou para a adoção de medidas que permitam a extensão da longevidade
das instalações em causa3. Na secção 3.2 apresentam-se vários tipos de tubo disponíveis no mer-
cado e discutem-se os respetivos âmbitos de aplicação.

3.2. Tubos inclinométricos

3.2.1. Classificação, caracterização, aquisição e armazenamento de tubos inclinométricos

A classificação de tubos inclinométricos pode fazer-se em função:

a) do material de construção (3.2.2);


b) do diâmetro interno (3.2.3);
c) do tipo de união entre troços (3.2.4).

1
Também designado por tubo-calha.
2
Por exemplo, existência de zonas de rotura e/ou afetadas por fenómenos de corrosão.
3
A longevidade dos tubos inclinométricos pode ser estendida por instalação de cabos coaxiais ou de fibra ótica (Quadro 2, 1.3).

39
Este tipo de tubo caracteriza-se pela inclusão de quatro calhas de rodagem que definem dois pla-
nos ortogonais (Figura 16). É geralmente fornecido em troços individuais com , ou
de comprimento, em função da sua aplicação e da capacidade de transporte disponível. Os troços
podem ser cortados para facilitar as operações de instalação1. No entanto, à exceção do troço
mais superficial, convém que os troços de determinada instalação tenham todos o mesmo com-
primento para facilitar o despiste de incoerências nos dados inclinométricos (6.4.7).

Figura 16 – Calhas inclinométricas e planos ortogonais correspondentes (adaptado de Coimbra, 2016).

O fabrico de tubos inclinométricos pode ser encomendado à indústria de alumínios ou de políme-


ros, mediante uma especificação geométrica, sem esquecer alguns requisitos fundamentais, tais
como a resistência à corrosão e o desvio máximo no alinhamento axial das calhas inclinométricas
(Quadro 6, 3.2.2; Figura 18, 3.2.3; Figura 23, 3.4.4). Embora hajam fabricantes de tubagens gene-
ralizadas que comercializam este tipo de tubo, o mercado é predominantemente detido pelos fa-
bricantes de inclinómetros. O fornecedor apropriado dependerá da localização geográfica, do cus-
to/metro, da quantidade necessária e da adequabilidade da oferta às exigências do projeto.

O armazenamento de tubos inclinométricos deve fazer-se em ambiente seco, sem grandes varia-
ções térmicas e com as suas extremidades fechadas. Por um lado, as variações térmicas bruscas e
significativas2 induzem deformações importantes nos tubos inclinométricos, principalmente ao
nível do alinhamento das calhas de rodagem (Figura 24, 3.4.5; Coimbra, 2016; Dunnicliff, 1988).
Por outro lado, os tubos armazenados são propensos à acumulação de sujidade nas calhas incli-
nométricas3, o que dificulta a circulação das sondas inclinométricas e afeta a qualidade metrológi-
ca dos dados respetivos (6; Coimbra, 2016; Dunnicliff, 1988).

3.2.2. Material de construção dos tubos inclinométricos

Os tubos inclinométricos podem ser fabricados em alumínio, aço, fibra de vidro, ou plástico 4. De-

1
O corte do tubo obriga ao uso de uniões exteriores ou telescópicas para a ligação de troços contíguos (3.2.4).
2
Por exemplo, incidência direta de luz solar.
3
Por exemplo, causada por pequenos animais, tais como mamíferos, répteis, insetos ou pássaros.
4
Normalmente em PVC (policloreto de vinil) ou em ABS (acrilonitrila-butadieno-estireno).

40
pendendo do material de construção, a espessura pode variar . No Quadro 6 identifi-
cam-se as principais características dos diferentes tipos de tubo disponíveis no mercado.

Quadro 6 – Principais características dos diferentes tipos de tubo inclinométrico disponíveis (adaptado de
Coimbra, 2016; DGSI, 2013b; DSERVICE, 2017a; Dunnicliff, 1988; GEOKON, 2017b; RST, 2017; SISGEO,
2016a, 2016b, 2016c, 2010).

Material Características gerais e observações

• Diâmetro interno: .
• Espessura: .
• Exige um tratamento anticorrosão.
• Resistência à corrosão aceitável, exceto em ambientes que contenham água alcalina (in ex.: ).

Alumínio
• Preço por metro superior ao dos tubos plásticos. Contudo, requer a aquisição de menor quantidade, podendo
resultar num investimento inicial inferior em obras de pequena dimensão.
• Bom controlo do alinhamento axial das calhas inclinométricas durante o fabrico. Contudo, deve ser armaze-
nado em temperaturas moderadas e sem exposição solar.
• Aplicável em praticamente todos os casos de obra, exceto quando a água é alcalina (in ex.: ) ou quan-
do há temperaturas muito elevadas no ambiente subterrâneo.

• Consiste num perfil fechado, oco e de secção quadrada.


• Diâmetro interno: .
• Espessura: .
• Muito pouco utilizado. Constitui uma solução barata para instrumentar fundações profundas ou outro tipo de
Aço estruturas que permitam deformações transversais apreciáveis e cujo módulo de deformação seja conhecido
(in ex.: perfis de aço cravados ou soldados).
• Precisão dos resultados inferior à obtida a partir de tubos inclinométricos.
• Fraca resistência à corrosão. Exige tratamento anticorrosão na presença de água.
• Torção e alinhamento axial difíceis de controlar.

• Diâmetro interno: .
• Espessura: .
• Preço por metro superior ao dos tubos plásticos.
• Excelente resistência à corrosão.
Fibra de vidro
• Bom controlo do alinhamento axial das calhas inclinométricas durante o fabrico e sem suscetibilidade de se
deformar por exposição solar.
• Pouco utilizado. Aplicável em todos os casos de obra. Contudo, só se justifica na presença de águas extrema-
mente agressivas ou com temperatura superior a .

• Diâmetro interno: .
• Espessura: .
• Utilizado com maior frequência. O tubo em ABS tem-se substituído aos tubos em PVC e em alumínio.
• Preço por metro é inferior ao dos tubos de alumínio. Contudo, requer a aquisição de maior quantidade, po-
dendo resultar num investimento inicial superior em obras de pequena dimensão.
Plástico
• Boa resistência à corrosão.
• Bom controlo do alinhamento axial das calhas inclinométricas durante o fabrico. Contudo, deve ser armaze-
nado em temperaturas moderadas e sem exposição solar.
• Aplicável em praticamente todos os casos de obra, exceto na presença de água extremamente agressiva ou
com temperatura superior a .

Os tubos plásticos e de alumínio são os que apresentam maior versatilidade, sendo por isso mais

41
frequentemente utilizados. Os tubos plásticos em ABS são normalmente indicados pelos fabrican-
tes, pelo que têm tido maior aplicação que os de alumínio. No entanto, convém notar que:
1
• a quantidade mínima de aquisição é normalmente superior para tubos plásticos ;
2
• o tipo de união plástica pode influenciar o desempenho do tubo plástico respetivo ;
3
• as calhas de rodagem nem sempre são biseladas (Figura 17);
4
• o erro do alinhamento axial das calhas pode ser superior em tubos plásticos .

Figura 17 – Exemplos da existência ou ausência de bisel em calhas e em rodas inclinométricas.

3.2.3. Diâmetro interno dos tubos inclinométricos

Os tubos inclinométricos são normalmente fornecidos em três diâmetros distintos que podem va-
riar (Quadro 6, 3.2.2). Por um lado, o diâmetro do tubo limita a circulação da sonda
inclinométrica no seu interior em zonas com deformação acentuada, estando diretamente relaci-
onado com o deslocamento máximo mensurável5 (5.8.3). Por outro lado, o diâmetro do tubo deve
ser adequado ao diâmetro do furo onde é instalado (3.4.2), sendo este frequentemente definido
em função do tipo de terreno a perfurar e/ou do equipamento de perfuração disponível.

Na Figura 18 apresenta-se um esquema geométrico dos tubos de alumínio mais frequentemente


comercializados. O esquema geométrico para tubos plásticos pode variar consideravelmente em
função do fabricante. Alguns exemplos encontram-se em DSERVICE (2017a), RST (2017), SINCO
1
Pode implicar um investimento desproporcional às necessidades, pelo que os tubos de alumínio, quando aplicáveis (Quadro 6), de-
vem ser considerados em obras de pequena dimensão.
2
Uniões integrais têm menor resistência e podem induzir a interrupção prematura dos tubos (3.2.4). A informação sobre as caracterís-
ticas mecânicas das uniões deve solicitar-se aos fabricantes e analisar-se comparativamente aos vários fornecedores disponíveis.
3
Tanto as calhas de rodagem como as rodas do instrumento devem ser biseladas a fim de dificultar o desencalhamento das rodas e m
zonas de deformação localizada do tubo e/ou na presença de detritos.
4
As calhas inclinométricas dos tubos plásticos podem produzir-se durante o processo de extrusão do tubo ou, à posteriori, por maqui-
nação. O primeiro método é mais barato, mas o segundo oferece melhor controlo sobre o alinhamento axial das calhas. Note-se que o
erro de alinhamento axial dos acelerómetros inclinométricos é normalmente inferior a (Dunnicliff, 1988; Mikkelsen, 2003), de-
vendo-se procurar tubos que ofereçam esse grau de precisão no que respeita ao alinhamento axial das calhas de rodagem.
5
Ou seja, a seleção do diâmetro de tubo deve considerar a magnitude de deslocamento esperada.

42
(2013b) e SISGEO (2016a, 2016b, 2016c). Exemplos da geometria de tubos em fibra de vidro en-
contram-se em GEOKON (2017b) e SISGEO (2010).

Figura 18 – Especificação geométrica para tubos de alumínio (adaptado de Coimbra, 2016; DSERVICE,
2017b; Nunes & Sousa, 1986).

3.2.4. Tipo de união entre troços de tubo inclinométrico

As uniões entre troços de tubo inclinométrico podem ser exteriores, integrais ou telescópicas
(Figura 19).

As uniões exteriores (Figura 19a) aplicam-se a qualquer tipo de tubo. Consistem em troços de tu-
bo curtos e mais largos que os troços principais. São fixadas a dois troços de tubo de forma a uni-
los para constituir um tubo contínuo. A fixação das uniões pode fazer-se por intermédio de rebi-
tes1, encaixe2 e/ou colagem3.

As uniões integrais (Figura 19b) aplicam-se apenas a tubos plásticos. O troços de tubo encaixam-
se diretamente entre si através de uma ficha pré-fabricada do tipo macho-fêmea. A resistência da
ligação entre troços é menor4 da obtida com uniões exteriores ou telescópicas, havendo maior
suscetibilidade para a acumulação de tensões em situações de deformação localizada numa sec-
ção muito curta e, consequentemente, para a inutilização precoce do tubo.

As uniões telescópicas (Figura 19c) aplicam-se a qualquer tipo de tubo. Permitem que os troços
principais de tubo deslizem no seu interior, ou possuem uma secção exterior e duas secções con-

1
Aplica-se a tubos metálicos ou plásticos sem fixação por encaixe.
2
Aplica-se a tubos plásticos com terminação do tipo macho-fêmea.
3
A colagem é normalmente aplicada em todas as uniões com o objetivo de impermeabilizar o tubo durante a instalação (3.4.4). No en-
tanto, há também fabricantes de tubos plásticos com uniões exteriores planas (in ex.: sem encaixe macho-fêmea) que indicam a cola-
gem como método preferencial de assemblagem (in ex.: DGSI, 2013b; RST, 2017; SISGEO, 2016b).
4
Note-se que os fabricantes só fornecem a resistência das uniões à tração. Esta informação é útil relativamente à resistência que as
mesmas oferecem durante a instalação do tubo, uma vez que têm de suportar o peso de todas as secções inferiores em suspensão. No
entanto, a informação sobre a resistência à tração das uniões é insuficiente no que respeita à manutenção da sua integridade sob
ações de corte ou de flexão constrita. Nesta condição, as uniões exteriores oferecem maior resistência porque tanto a espessura de
tubo como o comprimento de tubo sobreposto na zona da união são superiores.

43
tíguas interiores, de forma a que as segundas deslizem no interior da primeira. Podem ser utiliza-
das juntamente com um sistema para medição das deformações na direção longitudinal da insta-
lação inclinométrica (3.6). Este tipo de união deve utilizar-se em instalações verticais onde se pre-
veja a ocorrência de assentamentos com magnitude igual ou superior a da profundidade con-
siderada compressível (Dunnicliff, 1988).

a) Uniões exteriores.

b) Uniões integrais.

c) Uniões telescópicas.
Figura 19 – Tipos de união entre troços de tubo inclinométrico (adaptado de ACE, 2017; Coimbra, 2016;
GEOKON, 2017b; RST, 2017).

44
3.3. Instalações por acoplamento exterior ou por incorporação estrutural

Este tipo de instalação consiste a) no acoplamento do tubo inclinométrico no exterior da estrutu-


ra a observar, ou b) na incorporação do tubo no interior da mesma1.

No primeiro caso o tubo é fixo à estrutura em pontos com um determinado espaçamento entre si.
A fixação do tubo pode fazer-se por intermédio de abraçadeiras aparafusadas ou soldadas, ou, no
caso de tubos de aço com secção quadrada, por soldagem direta do tubo inclinométrico. Este mé-
todo é desaconselhado pelas seguintes razões:

• o tubo fica exposto à radiação solar e a ações de vandalismo2;


• a ligação do tubo à estrutura é descontínua 3.

A instalação do tipo b) caracteriza-se pela inclusão do tubo no interior de uma estrutura de betão.
A instalação pode fazer-se de duas formas distintas:

• inclusão de um tubo de aço no interior da estrutura durante a sua construção e posterior


instalação do tubo inclinométrico no interior do tubo incluso;
• perfuração da estrutura após a sua construção e instalação do tubo no interior do furo.

Instalações deste tipo adequam-se especialmente a fundações profundas. O primeiro método é


preferível porque dispensa os custos de perfuração. O segundo método constitui a única opção
quando é necessário proceder à observação inclinométrica no decurso do tempo de serviço da es-
trutura. Em ambos os casos deve proceder-se ao preenchimento do espaço anelar com calda, se-
guido as indicações gerais descritas em 3.4.7.

Ambos os tipos de instalação a) e b) são pouco comuns, uma vez que há outros métodos de ob-
servação mais apropriados a estruturas4, são comparativamente mais dispendiosas, exigem aces-
so constante ao tubo inclinométrico e, no caso a), obriga à exposição do tubo. Exemplos e suges-
tões de aplicação encontram-se em Dunnicliff (1988), GEOI (2017), Karim (2013), Lin et al. (2005),
Machan & Bennett (2008), Segura-Castillo et al. (2013), SOIL (2014b) e Talmon & Bezuijen (2013).

3.4. Instalações em furo de sondagem

3.4.1. Sequência de procedimentos e condicionantes ao desempenho das instalações

Este é o tipo de instalação inclinométrica mais frequentemente executada. De um modo geral, a

1
Por exemplo, um pilar, fundação, estrutura de suporte ou talude/encosta rochoso(a).
2
O uso de um tubo de aço com secção quadrada (Quadro 6, 3.2.2) ou a instalação do tubo inclinométrico no interior de um tubo de
aço pode minorar estes inconvenientes. No último caso deve proceder-se ao enchimento do espaço anelar com calda, seguido as indi-
cações gerais descritas em 3.4.7.
3
As deformações entre os pontos de fixação podem ser detetadas tardiamente, pelo que este método só é aplicável em situações on-
de ocorram deformações distribuídas ao longo da instalação inclinométrica.
4
Por exemplo, cabos de fibra ótica, clinómetros, extensómetros, fissurómetros, alvos topográficos, entre outros (in ex.: 1.3).

45
sequência de procedimentos aplicada é a seguinte:

1. Perfuração do terreno até à profundidade adequada.


2. Limpeza do furo de sondagem.
3. Obturação e selagem do fundo do tubo inclinométrico.
4. Montagem do tubo e selagem das respetivas uniões, anteriormente ou durante a sua intro-
dução no interior do furo.
5. Alinhamento das calhas inclinométricas durante e após a introdução do tubo no interior do
furo de sondagem.
6. Encastramento do tubo inclinométrico.
7. Enchimento do espaço anelar entre o tubo e o furo.
8. Proteção do topo do tubo, identificação da instalação e identificação da calha correspon-
dente ao sentido principal.

O desempenho duma instalação inclinométrica deste tipo depende fundamentalmente:

• da relação entre os diâmetros do tubo e do furo (3.4.2);


• do comprimento do furo (3.4.3);
• da verticalidade e da limpeza do furo1,2;
• da correta união e selagem dos troços de tubo (3.4.4);
• do alinhamento das calhas inclinométricas (3.4.5);
• da qualidade do maciço de encastramento (3.4.6);
• da adequabilidade e qualidade do preenchimento do espaço anelar (3.4.7).

Para além dos fatores de desempenho acima referidos, deve procurar-se que os deslocamentos
se desenvolvam num plano aproximadamente perpendicular ao eixo do tubo, de forma a evitar-se
a ocorrência de deformações axiais consideráveis em instalações que não incorporem uniões te-
lescópicas (3.6). Pois, os esforços induzidos pelas deformações paralelas ao eixo do tubo podem
provocar a rotura das uniões e o posterior esmagamento do tubo, inviabilizando a instalação
prematuramente. Ademais, os deslocamentos medidos só exprimem a magnitude total da defor-
mação do terreno quando tomam uma direção perpendicular ao eixo do tubo.

3.4.2. Diâmetro do furo de sondagem

O diâmetro do furo de sondagem deve ser adequado ao diâmetro do tubo. Por um lado, diâme-
tros de furo excessivos levam a maior consumo de material de enchimento e potenciam o aumen-
to do desfasamento temporal entre a primeira ocorrência de deformações no terreno e a sua tra-
dução em deformações do tubo inclinométrico. Por outro lado, é necessário que haja espaço
1
É importante que a inclinação do furo seja tão próxima do plano de referência do inclinómetro quanto possível, já que a exati dão e a
repetibilidade dos sensores diminui em função do aumento da inclinação relativamente ao plano de referência (6.2.1).
2
A limpeza do furo é importante para assegurar a profundidade pretendida (3.4.3), para assegurar a qualidade do maciço de encas-
tramento (3.4.6) e para reduzir o potencial de migração de partículas sólidas para o interior do tubo durante os procedimentos de en-
castramento e de preenchimento do espaço anelar (3.4.4).

46
adequado ao preenchimento total do volume anelar (3.4.7). Tal como referido em 3.2.3, o diâme-
tro do tubo deve escolher-se em função da magnitude dos deslocamentos esperados, pelo que é
normalmente pré-definido pelo projetista. No entanto, é muitas vezes o diâmetro do furo que di-
ta o diâmetro do tubo a instalar, seja por via do tipo de terreno a perfurar ou do equipamento de
perfuração disponível. No Quadro 7 apresentam-se valores indicativos dos diâmetros de furo mais
adequados aos três diâmetros de tubo mais utilizados (Figura 18, 3.2.3).

Quadro 7 – Diâmetros de furo adequados a diferentes tamanhos de tubo (adaptado de Coimbra, 2016).

Tubo (Figura 18, 3.2.3): Estreito Médio Largo

Diâmetro do furo de sondagem ( ): a a a

1
Espaço anelar nos troços de tubo ( ): a a a

1
Espaço anelar nas uniões ( ): a a a
1
O espaço anelar é relativo ao diâmetro externo do tubo ( ) e não à largura máxima na zona das respetivas calhas ( ).

3.4.3. Comprimento do furo de sondagem

O comprimento do furo de sondagem deve permitir:

• o cruzamento de todas as zonas potencialmente instáveis;


• o encastramento do tubo numa zona considerada estável (3.4.6).

Todos os furos de sondagem devem ser acompanhados de um registo litológico. Este procedimen-
to permitirá relacionar os deslocamentos registados com a ocorrência de determinados estratos,
ou transições de estrato, e, assim, ajudar a identificar zonas de potencial perda de estabilidade.
Contudo, o registo litológico não dispensa os ensaios de caracterização física e mecânica necessá-
rios para modelar o comportamento do terreno, sejam estes executados in situ1 ou em laborató-
rio2. O registo litológico e os resultados dos ensaios de caracterização são da maior importância
para a correta definição da profundidade de uma instalação inclinométrica, exceto quando o solo
é relativamente homogéneo e a superfície de deslizamento provável é facilmente identificável.

Após a identificação de uma zona estável em profundidade, a instalação inclinométrica deve ser
dimensionada de forma a penetrar nessa zona (3.4.6; 4.7.2). Se possível, podem ainda
tomar-se precauções adicionais no sentido de evitar a interrupção prematura da instalação por
deformação localizada em zonas de fraqueza do tubo, como seja o dimensionamento da instala-
ção de forma a assegurar algum desfasamento (in ex.: ) entre uma superfície de desliza-
mento potencial e uma união entre troços de tubo (Coimbra, 2016).

1
Por exemplo, ensaios do tipo standard penetration test (SPT), cone penetration test (CPT) ou de molinete (vane test).
2
Por exemplo, a caracterização granulométrica, limites de consistência e peso específico dos grãos, assim como a caracterizaçã o da
deformabilidade e resistência ao corte (in ex.: ensaio de corte simples – simple shear test – ou ensaio triaxial – triaxial test).

47
3.4.4. Montagem do tubo inclinométrico e respetiva introdução no furo de sondagem

A montagem do tubo inclinométrico compreende a) a obturação e a selagem do fundo do tubo, e


b) a união e a selagem dos troços de tubo. Estes procedimentos impedem a percolação da calda

de encastramento, de partículas finas de solo ou de agregado para o interior do tubo.

A obturação e a selagem do fundo do tubo pode fazer-se recorrendo a uma peça de alumínio
moldada1 ou a qualquer outro acessório fornecido pelo fabricante e apropriado ao modelo de tu-
bo especificamente utilizado (Figura 20).

a) Tampa com âncora de fixação. b) Tampa com âncora de fixação e válvula de injeção.

c) Tampa com válvula de injeção. d) Tampa plana com “o-ring”. e) Tampa plana simples.
Figura 20 – Acessórios de obturação do fundo do tubo inclinométrico (adaptado de ACE, 2016a; Coimbra,
2016; GEOKON, 2017c; HOLE, 2017; TECON, 2017).

A união de troços faz-se por rebitagem e/ou por encaixe (3.2.4). Independentemente da possibili-
dade de montagem por encaixe, a rebitagem é requerida sempre que o peso do próprio do tubo
possa levar as uniões à rotura (in ex.: em instalações muito profundidas). Neste sentido, o plane-
amento da execução de uma instalação deve sempre considerar a informação disponibilizada pela
fabricante/fornecedor da tubagem sobre a resistência à tração das respetivas uniões.

A selagem do fundo do tubo e das uniões entre troços depende da necessidade de utilizar o tubo
para medição do nível de água. Havendo essa necessidade, a selagem faz-se com recurso a fita-
cola porosa2,3. Caso contrário é normalmente aplicado um vedante4 envolvido por fita-cola (Figura
21). Quando os tubos plásticos contêm anel vedante (o-ring), a necessidade de se proceder à se-

1
Aplicável a tubos de alumínio (3.2.2), podendo constituir-se pela moldagem do próprio tubo.
2
Note-se que neste caso é também necessário proceder ao preenchimento do espaço anelar com material poroso (3.4.7).
3
Note-se que na presença de aquíferos confinados é necessário proceder ao isolamento do tubo na zona de onde não se pretende ob-
ter a informação piezométrica.
4
Por exemplo, resina do tipo mastik, silicone ou outro tipo de cola. Em tubos plásticos pode haver necessidade de aplicação prévia de
um diluente para promover a aderência do vedante.

48
lagem com um vedante adicional depende da pressão a que o tubo esteja sujeito durante o pro-
cesso de encastramento e de enchimento do espaço anelar (3.4.6; 3.4.7), devendo-se seguir as
indicações do fornecedor/fabricante neste sentido.

A montagem do tubo é normalmente executada de forma faseada, à medida que o mesmo é in-
troduzido no furo de sondagem (Figura 22a). Este método implica que o tubo seja manualmente
descido e que permaneça suspenso durante a montagem de cada secção. Quando o comprimento
do tubo o torna demasiadamente pesado para ser manuseado com segurança, pode proceder-se
à sua montagem integral fora do furo e recorrer a uma grua para o elevar e introduzir dentro do
furo (Figura 22b). O recurso ao segundo método é pouco frequente.

a) Selagem. b) Encaixe de união. c) Fita-cola. d) Secções preparadas.


Figura 21 – Procedimentos de obturação e selagem do fundo e das uniões do tubo inclinométrico (adaptado
de Coimbra, 2016; SISGEO, 2016d).

a) Introdução com montagem faseada. b) Introdução com pré-montagem integral.


Figura 22 – Introdução do tubo inclinométrico no furo de sondagem (adaptado de ACE, 2016a; Coimbra,
2016; GEOKON, 2017c; HOLE, 2017; SISGEO, 2016d; TECON, 2017).

Deve também atender-se à existência de torção visível nas calhas de rodagem. Pois, a torção con-
tínua das calhas obrigará ao uso de uma sonda especializada para medir a rotação azimutal ao
longo do tubo e permitir a correção deste efeito durante o processamento de dados (6.4.6). Dun-

49
nicliff (1988) refere que a torção contínua das calhas de rodagem pode ser minimizada mediante
a instalação de troços de tubo contíguos com orientações torcionais contrárias (Figura 23). No en-
tanto, esta prática não se substitui a procedimentos adequados de armazenamento (3.2) e de en-
castramento (3.4.6), já que a torção das calhas difere entre troços, dependendo tanto do com-
primento de cada troço como da exposição a condições indutoras de deformações axiais.

Figura 23 – Técnica de montagem referida por Dunnicliff (1988) para minimizar a torção contínua das calhas
de rodagem ao longo do tubo.

3.4.5. Alinhamento das calhas inclinométricas

O tubo inclinométrico contém quatro calhas de rodagem que definem dois planos (Figura 16,
3.2.1). O melhor desempenho consegue-se quando um destes planos se alinha com a direção on-
de se desenvolvem os deslocamentos1. Portanto, o alinhamento das calhas inclinométricas é da
maior importância, já que a repetibilidade do sistema não é igual em todas as direções, sendo, no
caso de instrumentos biaxiais, superior no plano onde as rodas da sonda circulam (6.2).
1
A direção pode definir-se em função de observações ou indícios detetados in situ, ou em fun-
ção da direção de maior declive e de resultados obtidos de um modelo matemático (Figura 24).

a) Vista em planta. b) Vista em perfil.


Figura 24 – Alinhamento das calhas inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2016).

1
A direção onde se espera o desenvolvimento de deslocamentos é normalmente designada por ou (5.1). Esta direção de-
ve constar no plano de trabalhos, podendo haver necessidade de utilizar algum dispositivo que permita a correta orientação azimutal
das calhas inclinométricas (in ex.: bússola).

50
É importante proceder ao alinhamento das calhas inclinométricas com o tubo suspenso para evi-
tar a resistência à rotação por atrito no fundo ou nas paredes do tubo. Se possível, o tubo deve
manter-se relativamente alinhado durante a sua introdução no interior do furo. No caso de haver
necessidade de realinhamento após a sua introdução, o tubo deve ser novamente levantado para
que se proceda ao realinhamento com o mínimo de resistência. A rotação do tubo sem atender a
esta exigência potencia a ocorrência de torções que podem afetar a qualidade dos resultados in-
clinométricos (6).

3.4.6. Encastramento do tubo inclinométrico

O encastramento do tubo consiste na injeção de calda de cimento numa extensão de a


de comprimento. Na determinação do comprimento efetivo do maciço de encastramento é
conveniente assegurar-se um espaçamento mínimo de entre o topo do mesmo e a união
mais próxima (Figura 25). Para satisfazer esta condicionante poderá ser necessário cortar o troço
de tubo mais profundo a fim de alterar a posição das uniões e permitir a injeção de calda em
quantidade adequada. Contudo, este procedimento deve ser registado para que a profundidade
aproximada das uniões seja conhecida. Pois, as zonas de união estão muitas vezes associadas à
ocorrência de erros de medição com um padrão característico que interessa identificar (6.4.7).

Figura 25 – Precauções adicionais a considerar para o dimensionamento da extensão do maciço de encas-


tramento a executar (adaptado de Coimbra, 2016).

A execução do maciço de encastramento requer a estabilização do tubo face à impulsão gerada


pela calda durante o processo de injeção. A estabilização pode fazer-se com recurso (Figura 26):

a) a uma âncora que é parte integral da tampa de obturação (Figura 20ab, 3.4.4);
1
b) à própria mangueira de injeção ;
c) a um peso suspenso no fundo do tubo (in ex.: viga ou varão metálica/o);
d) a um peso introduzido dentro do tubo e apoiado na sua base2.

1
Requer uma tampa com válvula de injeção (Figura 20bc, 3.4.4).
2
Por exemplo, varas de perfuração, varas de SPT, ou varões metálicos.

51
Note-se que o método c) obriga à verificação do comprimento do furo, uma vez que a extensão
duma peça suspensa pode condicionar o dimensionamento inicial da instalação, designadamente
no que respeita à sua profundidade integral e às precauções referidas em 3.4.3 e na Figura 25. Por
esta razão, na impossibilidade de aplicação dos métodos a) ou b), o método d) é preferível quando
a força de estabilização requerida é substancial.

Em caso algum se deve colocar o tubo em compressão1 (Dunnicliff, 1988). Este procedimento po-
de introduzir deformações iniciais excessivas e danos irreversíveis no tubo2, potenciando também
o preenchimento deficiente do espaço anelar (3.4.7).

a) Força axial exercida por sus- b) Força axial exercida no inte- c) Força axial exercida pela
pensão na base do tubo. rior do tubo. mangueira de injeção.
Figura 26 – Metodologias de estabilização do tubo inclinométrico na ausência de acessório de fixação inclu-
so na respetiva peça de obturação (in ex.: Figura 20ab, 3.4.4) (adaptado de Coimbra, 2016; SINCO, 1997).

A magnitude da força axial a exercer ( ) pode estimar-se pela expressão (1), onde é a força de
impulsão, é a massa volúmica da calda de injeção, é o diâmetro exterior do tubo inclinomé-
trico, é o comprimento do maciço de encastramento a executar e é a aceleração gravítica.

( ) ⁄ (1)

A calda de cimento a aplicar no maciço encastramento compõe-se normalmente pela relação, em


peso, . A adição de agregado justifica-se na presença de maciços com ele-
vado grau de permeabilidade (in ex.: muito fraturados ou porosos). Nestas situações a argamassa
poderá ser mais ou menos grosseira conforme as necessidades, designadamente fina ou média,
de acordo com as expressões (2) e (3), respetivamente. A mistura dos materiais deve ser mecâni-
ca, adicionando gradualmente os agregados à calda de cimento, do mais fino para o mais grosso.

( ) (2)

1
Por exemplo, aplicando a carga de reação no topo do tubo.
2
Por exemplo, rotura das uniões e/ou torção das calhas inclinométricas.

52
( )
(3)

O encastramento do tubo inclinométrico pode fazer-se por (Figura 27):

i. deposição por gravidade a partir do topo do furo de sondagem;


ii. injeção por gravidade através de mangueira inserida no furo até à base do tubo;
iii. injeção sob pressão através de mangueira inserida no furo/tubo até à base do tubo.

O método i adequa-se a argamassa média aplicada em furos com paredes regulares e sem água. O
método ii adequa-se à aplicação de calda simples ou argamassa fina em furos com paredes irregu-
lares e sem água. Na presença de água ou na impossibilidade de proceder à sua extração tempo-
rária, é necessário recorrer ao método iii, podendo o mesmo realizar-se através do espaço anelar
ou, caso exista uma válvula de injeção incorporada no tubo (Figura 20bc, 3.4.4), a partir do inte-
rior do tubo inclinométrico. Note-se que o método iii implica custos adicionais associados a equi-
pamento especializado, como sejam a bomba, a mangueira e o bico de injeção.

a) Deposição por gravidade a b) Injeção através do espaço c) Injeção através do interior do


partir do topo do furo. anelar. tubo.
Figura 27 – Metodologias de execução do maciço de encastramento (adaptado de Coimbra, 2016; SINCO,
1997; SISGEO, 2013b).

A execução do maciço de encastramento deve ser acompanhada pelo controlo do volume e da al-
tura depositada(o). O volume necessário ( ) pode estimar-se através da expressão (4), onde é
um coeficiente de majoração para compensar eventuais perdas por migração para o interior do
terreno e pela irregularidade das paredes do furo de sondagem, é a extensão do maciço de en-
castramento, é o diâmetro do furo e é o diâmetro exterior do tubo inclinométrico.

(4)

É muito importante proceder-se à lavagem sistemática do tubo durante o período em que a calda

53
desenvolve presa (in ex.: após a execução). Pois, a experiência demonstra que a mi-
gração de detritos para o interior do tubo é quase inevitável, podendo estes agregarem-se e afe-
tarem os dados inclinométricos ou mesmo obstruir e inutilizar a instalação.

3.4.7. Preenchimento do espaço anelar entre o furo de sondagem e o tubo inclinométrico

O preenchimento do espaço anelar1 tem como objetivo assegurar a conformidade entre as de-
formações ocorridas no terreno e no tubo. A eficácia na transferência das forças geradas pela mo-
vimentação do terreno exige a satisfação de alguns critérios por parte dos materiais utilizados no
acompanhamento do tubo, como sejam:

• preenchimento uniforme e completo do espaço anelar (in ex.: inexistência de vazios e boa
compactação);
• características mecânicas compatíveis com as do terreno (in ex.: deformabilidade e resis-
tência equiparável ou inferior à do terreno).

O preenchimento do espaço anelar faz-se normalmente com recurso a:

a) material granular;
b) calda adaptada às características mecânicas do terreno.

O material do tipo a)2 utiliza-se sempre que é necessário controlar o nível de água no tubo3. Este
tipo de material é muito eficiente na transferência das solicitações que lhe são impostas e aco-
moda-se bem à ocorrência de deformações4. No entanto, o uso deste tipo de material implica
cuidados especiais relativamente à compactação e à uniformidade da sua distribuição ao longo do
tubo. É importante manter o controlo sobre o volume introduzido e sobre a altura de enchimento
ao longo do processo, promovendo a vibração do tubo para que a compactação seja eficiente e
para que não se formem “pontes de material granular” que promovam a formação de vazios.

No caso de furos encamisados, cujo enchimento se faça com material granular, o processo tem
que ser faseado, sob pena de rotura das uniões, devido às forças de atrito mobilizadas durante a
extração do encamisamento. A experiência demonstra que a altura encamisada e preenchida com
material granular não deve ultrapassar , devendo proceder-se à extração parcial do encami-
samento sempre que este valor se aproxime (Figura 28).

A presença de maciços muito fraturados e/ou carsificados pode inviabilizar a execução do acom-

1
Também designado por acompanhamento do tubo.
2
Por exemplo, areão rolado, solto e lavado, com diâmetro inferior a .
3
Note-se que na presença de aquíferos confinados é necessário proceder ao isolamento e ao tamponamento do espaço anelar na zona
de onde não se pretende obter a informação piezométrica.
4
Plinninger et al. (2010) apresentam um estudo sobre a conformidade entre as deformações ocorridas e registadas que diferentes mis-
turas oferecem. Os autores concluem que os materiais granulares oferecem melhor conformidade relativamente à deformação.

54
panhamento do tubo com material granular solto. Pois, nestas condições, este tipo de material é
suscetível de apresentar assentamentos futuros significativos, sendo também lavado facilmente
na decorrência da percolação de água no interior do maciço. Nestas situações pode utilizar-se ar-
gamassa média ((3), 3.4.6).

Figura 28 – Precauções a ter relativamente à remoção do encamisamento de um furo no decorrer da execu-


ção do preenchimento do espaço anelar com material granular solto (adaptado de Coimbra, 2016).

Os materiais do tipo b) utilizam-se normalmente quando não há necessidade de controlar os ní-


veis de água através dos tubos inclinométricos. Há também outras situações em que é preferível
utilizar este tipo de materiais, designadamente em solos muito deformáveis, ou furos muito irre-
gulares, cujo preenchimento completo com material solto apresente dificuldades1. Nestes casos, a
deformabilidade e resistência da mistura deve assemelhar-se à do terreno o melhor possível para
garantir boa conformidade entre as deformações do solo e do tubo (Mikkelsen, 2002).

Estas misturas são normalmente compostas por cimento, água e bentonite, embora exista tam-
bém uma grande variedade de caldas comerciais para aplicações específicas 2. As equações (5) e
(6) apresentam dois exemplos de composição destinados a solos de dureza baixa ou média a alta,
respetivamente, onde representa a resistência à compressão não confinada (SINCO, 2004).

( ) (5)

( ) (6)

A execução da mistura deve iniciar-se com água e cimento, com a posterior adição gradual da
bentonite até que a textura requerida seja obtida (in ex.: cremosa e com baixa fluidez). A propor-
ção permite variar a resistência à tração e o módulo de deformabilidade da mistu-
ra, de forma a satisfazer os requisitos específicos de cada instalação (Figura 29).

A execução do acompanhamento com mistura bentonítica faz-se através do espaço anelar, no


1
Alber et al. (2011) apresentam um estudo sobre a conformidade entre as deformações ocorridas e registadas que diferentes misturas
oferecem. Os autores concluem que as misturas bentoníticas oferecem melhor continuidade de acompanhamento.
2
Alber et al. (2011) e Plinninger et al. (2010) apresentam estudos sobre a conformidade entre as deformações ocorridas e registadas
que diferentes misturas oferecem. Nestas publicações encontram-se referências a uma grande quantidade de caldas comerciais.

55
sentido ascendente, de forma análoga à execução do maciço de encastramento (Figura 27b,
3.4.6). No entanto, é necessário fasear este processo quando o comprimento da instalação é mui-
to elevado (in ex.: superior a ), uma vez que a pressão gerada pela mistura pode colapsar o
tubo. Para este efeito deve consultar-se o fabricante/fornecedor no sentido de conhecer a pres-
são máxima suportável pelo tubo inclinométrico. De igual forma ao referido para o acompanha-
mento com material granular solto, devem registar-se os volumes injetados e a altura preenchida.

Figura 29 – Variação da resistência à compressão de uma mistura de cimento e bentonite em função da re-
lação (adaptado de Mikkelsen, 2002).

Independentemente do tipo de material utilizado, o volume necessário pode estimar-se a partir


da equação (4) (3.4.6), sendo , neste caso, a extensão de furo a preencher.

3.4.8. Proteção do topo do tubo inclinométrico e identificação do sentido principal

A proteção do topo do tubo tem como objetivo:

• evitar a acumulação de sujidade nas calhas inclinométricas;


• proteger a integridade do tubo de atos de vandalismo ou acidentais;
• facilitar a identificação e a localização do tubo.

A proteção pode consistir numa caixa de betão ou num tubo de aço parcialmente enterrado(a) no
terreno, com uma tampa metálica, ou num simples obturador (Figura 30). O tipo de proteção a
aplicar varia em função das condições locais 1.

A identificação do tubo deve incluir a designação da instalação, a marcação da calha de sentido

1
A regularidade da superfície do terreno, o tipo de solo e o respetivo uso podem favorecer a aplicação de um obturador simples ou a
construção de uma caixa de betão.

56
(Figura 24, 3.4.5) e a cota topográfica do topo do tubo ou do furo de sondagem.

a) Geometria das caixas de betão. b) Obturadores moldados. c) Obturadores comerciais.


Figura 30 – Proteção de tubos inclinométricos (adaptado de Coimbra, 2016; Nunes & Sousa, 1986).

3.5. Instalações verticais em aterro

Existem duas metodologias para proceder à instalação de tubos verticais em aterro:

a) instalação faseada durante a construção do aterro;


b) instalação integral em furo de sondagem após a construção do aterro.

O método a) é normalmente preferível quando se pretende incorporar a observação interna de


assentamentos na mesma instalação (Figura 31, 3.6). O encastramento do tubo executa-se de
forma análoga à descrita em 3.4.6, prosseguindo-se depois a construção do aterro até que o nível
de terraplanagem se aproxime do topo do tubo. Nesta fase procede-se à união de um troço de
tubo adicional e retoma-se a construção, repetindo-se o processo até que o aterro seja concluído.
Note-se que a salvaguarda da integridade do tubo exige alguns cuidados (Dunnicliff, 1988):

• os troços de tubo não devem ser excessivamente longos (in ex.: superiores a ), não só
por questões de estabilidade do tubo, como também devido à conformidade requerida pa-
ra o acompanhamento das deformações verticais;
• o material de aterro em torno do tubo deve ser de granulometria mais fina;
• a compactação em torno do tubo exige cuidados acrescidos, de forma a garantir um nível
de compactação adequado sem que o tubo seja danificado;
• o topo do tubo deve permanecer obturado a fim de evitar a acumulação de sujidade nas ca-
lhas inclinométricas e a deposição de detritos na sua base;
• o tubo deve estar sempre bem identificado a fim de evitar acidentes que o danifiquem.

O método b) aplica-se quando há necessidade de proceder à instalação de tubo inclinométricos


que não estavam previstos, quando o método a) é mal sucedido ou impedido1, ou quando o pro-
jeto o prevê explicitamente2. Neste caso a instalação deve executar-se conforme descrito em 3.4.

1
Por exemplo, devido à danificação do tubo por acidente ou a constrangimentos relacionados com a ordem de trabalhos da obra.
2
Por exemplo, considerando a afetação da qualidade do aterro ou do prazo de execução da obra, ou pela ausência de um sistema de
observação de assentamentos associado à instalação inclinométrica (3.6).

57
Dunnicliff (1988) refere ainda um método de instalação faseada em que se procede à compacta-
ção do aterro sobre o tubo, com posterior escavação para adição de novo troço. Embora o autor
refira que este método oferece melhores níveis de compactação em redor do tubo e melhor pro-
teção à sua integridade, convém notar que é mais trabalhoso, mais moroso e o volume de escava-
ção poderá ser considerável devido à proteção e à ocultação do tubo.

3.6. Instalações verticais com observação interna de assentamentos

Este tipo de instalação tem por objetivo proporcionar a observação do perfil de assentamentos
em profundidade sem necessidade de constituir uma instalação adicional. Aplicações típicas in-
cluem a construção de barragens, aterros e/ou a consolidação de terrenos de fundação compres-
síveis.

Existem essencialmente dois tipos de sistema disponíveis para este fim (Dunnicliff, 1988):

a) Sistema mecânico (ou de tesoura): âncora que se fixa na transição de uma união telescópi-
ca para o troço de tubo seguinte.
b) Sistema magnético (ou de indução): sensor elétrico que deteta a presença de materiais fer-
rosos ou magnéticos. O tubo é instalado com uma série de anéis metálicos/magnéticos com
um determinado espaçamento, podendo estes estar fixados no tubo ou ter movimento in-
dependente.

Qualquer dos sistemas é passível de ser instalado de forma integral ou faseada (3.5). No entanto,
há particularidades que convêm considerar:

• para assegurar a conformidade entre os deslocamentos verticais do terreno e do tubo, a


instalação faseada é normalmente acompanhada pelo acoplamento de falanges metálicas
aos troços de tubo instalados (Figura 31);
• o uso do sistema mecânico em instalações integrais não incorpora qualquer dispositivo que
assegure a igualdade entre as deformações verticais do terreno e do tubo1;
• há dispositivos especializados que garantem a conformidade dos movimentos verticais em
instalações integrais observadas com equipamentos magnéticos/indutivos2 (Figura 32).

Assim:

• um sistema magnético com aranhas de fixação poderá oferecer maior conformidade de de-
formação vertical em instalações inclinométricas executadas em furo de sondagem, princi-
palmente quando se trata da observação de solos compressíveis;
• o sistema mecânico instalado em aterro oferecerá maior conformidade de deformação ver-
tical se a sua instalação for do tipo faseado (3.5), uma vez que o tubo incorpora elementos
que garantidamente se movem juntamente com o terreno.
1
Ou seja, o desempenho da instalação depende das forças de atrito desenvolvidas ao longo do tubo.
2
Designados por aranhas, são anéis ferrosos/magnéticos com molas metálicas que se fixam lateralmente às paredes do furo.

58
Figura 31 – Instalação faseada de tubos inclinométricos verticais associados a dispositivos para acompa-
nhamento do perfil de assentamentos em profundidade (adaptado de Coimbra, 2016; SISGEO, 2013b).

Figura 32 – Instalação inclinométrica em solo compressível, associada a dispositivos ferromagnéticos para


observação do perfil de assentamentos (adaptado de ACE, 2016b; Coimbra, 2016; SOIL, 2013).

3.7. Instalações em vala ou trincheira

Este tipo de instalação aplica-se à observação de assentamentos, designadamente em barragens


de terra e noutras obras de aterro. A sequência de procedimentos pode resumir-se da seguinte
forma (Dunnicliff, 1988):

1. Escavação de trincheira com dimensões aproximadas de de largura e

59
de profundidade1,2.
2. Deposição de uma camada de base com cerca de de espessura e constituída por
3
material bem graduado .
3. Posicionamento e confinamento do tubo inclinométrico 4, utilizando o mesmo material de-
positado na base da trincheira5.
4. Cobertura do tubo com cerca de de espessura do mesmo material anteriormente
utilizado.
5. Enchimento da vala com material de aterro compactado6.

Dunnicliff (1988) refere ainda um método alternativo (Figura 33):

1. Abertura de uma faixa relativamente extensa (in ex.: cerca de de largura por
de profundidade).
2. Constituição de uma camada de base 7 compactada (in ex.: de largura por de
espessura).
3. Instalação do(s) dispositivo(s) de observação (in ex.: tubos inclinométricos).
4. Cobertura do(s) dispositivo(s) de observação com cerca de de espessura do mesmo
7
tipo de material utilizado na base .
5. Suporte lateral8 e compactação9 do aterro constituído.
6. Deposição e compactação de uma camada protetora8,10 (in ex.: cerca de ).

Clements (1982, in: Dunnicliff, 1988) refere que o segundo método é mais rápido e mais fácil de
executar, proporcionando também melhores resultados qualitativos. O mesmo autor refere uma
série de inconvenientes associados à instalação de dispositivos de observação em trincheira que
este método elimina (in ex.: drenagem deficiente e erosão interna – piping).

1
Dependendo da carga aplicada durante a compactação, poderá ser necessária uma profundidade superior.
2
Convém que a trincheira tenha um ligeiro declive no sentido da extremidade do tubo que permanecerá cessível.
3
A dimensão máxima da maior partícula oscila normalmente entre e . No entanto, o material de cobertura poderá variar
em função das características do aterro, da resistência do tubo inclinométrico, da espessura da cobertura e do equipamento de com-
pactação utilizado.
4
O tubo inclinométrico é montado anteriormente, procedendo-se à impermeabilização das uniões conforme descrito em 3.4.4.
5
A orientação das calhas inclinométricas (3.4.5) é ainda mais crítica em instalações horizontais, uma vez que os sensores incorporados
em sondas horizontais são normalmente unidirecionais (5.1). O tubo deve manter-se com um par de calhas orientado no plano vertical
enquanto se procede ao seu confinamento lateral por deposição e compactação do material de acompanhamento.
6
A compactação deve ser manual e faseada em camadas com de espessura.
7
Clements (1982, in: Dunnicliff, 1988) refere para a dimensão máxima da maior partícula da camada de base e de cobertura dos
dispositivos a instalar.
8
Clements (1982, in: Dunnicliff, 1988) refere o uso de material proveniente da escavação com dimensão máxima da maior partícula de
.
9
Clements (1982, in: Dunnicliff, 1988) refere a aplicação de compactação manual.
10
Clements (1982, in: Dunnicliff, 1988) refere ainda a deposição e compactação de uma segunda camada de proteção com cerca de
de espessura quando se prevê a circulação de viaturas de transporte de terras carregadas.

60
a) Fase 1: abertura de faixa alargada. b) Fase 2: constituição da camada de base.

c) Fase 3: instalação e cobertura dos dispositivos. d) Fase 4: constituição da camada de proteção.


Figura 33 – Método alternativo para instalação de dispositivos de observação no interior de obras de aterro
(adaptado de Clements, 1982, in: Dunnicliff, 1988).

A operação de sondas portáteis neste tipo de instalação pode fazer-se de três formas distintas
(Dunnicliff, 1988; SINCO, 2004):

a) uso de cabo de tração com uma roldana numa das extremidades do tubo e um tubo de re-
torno auxiliar paralelo ao tubo inclinométrico (Figura 34);
b) uso de um cabo de tração e de uma vara para posicionar a sonda na posição inicial (in ex.:
extremidade do tubo mais longínqua);
c) uso de um cabo de tração operado por duas pessoas, uma em cada extremidade do tubo
(Figura 35).

Figura 34 – Esquemática da operação de sondas inclinométricas horizontais portáteis em instalações com


uma extremidade do tubo acessível (adaptado de SINCO, 2004).

Os métodos a) e b) aplicam-se em situações em que só há acessibilidade a uma das extremidades


do tubo inclinométrico, sendo o método b) limitado a instalações de comprimento curto a médio
(in ex.: até ) e sem deformações consideráveis. O método c) aplica-se quando ambas as ex-

61
tremidades do tubo estão acessíveis. Em ambos os métodos a) e c), o cabo de tração é instalado
juntamente com o tubo inclinométrico, permanecendo no local durante o período de serviço da
instalação inclinométrica. No método c) o cabo de tração é o próprio cabo de ligação e de contro-
lo da posição da sonda (4.5).

Figura 35 – Esquemática da operação de sondas inclinométricas horizontais portáteis em instalações com


ambas as extremidades do tubo acessíveis (adaptado de SINCO, 2004).

3.8. Proteção de dispositivos contra interferências eletromagnéticas

Qualquer equipamento elétrico/eletrónico é suscetível de sofrer interferências eletromagnéticas


em determinadas circunstâncias (Vijayaraghavan et al., 2004). No caso da instrumentação geo-
técnica, essa suscetibilidade pode verificar-se na proximidade de:

• linhas elétricas de alta tensão;


• fontes geradoras ou transformadoras de energia elétrica;
• estações de transmissão aérea de frequência modulada (in ex.: telecomunicações e radar);
• motores elétricos;
• cablagens danificadas em uso;
• descargas elétricas naturais em condições climatéricas adversas (in ex.: trovoada).

Há pouca informação sobre a ocorrência de interferências eletromagnéticas na instrumentação


geotécnica, especificamente no que respeita aos equipamentos inclinométricos. Este fenómeno é
difícil de prever e de quantificar, uma vez que está dependente de um conjunto de fatores, desig-
nadamente a frequência e amplitude de excitação elétrica, o alinhamento entre os planos de pro-
pagação energética e as propriedades condutivas do meio (Vijayaraghavan et al., 2004). Os acele-
rómetros encontram-se isolados no interior de um corpo metálico, por sua vez ligado ao terreno
através do contacto entre as rodas e um tubo metálico ou pela imersão da sonda em água. Esta
propriedade confere proteção aos sensores contra interferências eletromagnéticas. Contudo, tan-
to os cabos de ligação como as fontes de alimentação são suscetíveis a este tipo de interferência e
constituem um veículo de transporte de diferenciais elétricos que podem danificar os sensores, a
cablagem, ou perturbar a estabilidade do sinal (in ex.: introduzir uma constante de desvio – 6.4.2
– ou afetar a estabilidade das leituras – 6.3.3; 6.5).

62
Shoup (1992) refere este problema e apresenta três casos de estudo distintos, recomendando
uma série de medidas de proteção (Quadro 8). A publicação dirige-se especificamente à proteção
de instrumentação fixa contra descargas elétricas naturais em condições climatéricas adversas.
Pois, os instrumentos estão fixos e são mais suscetíveis a este tipo de interferência, uma vez que:

• implicam maior número de cabos e com maior extensão;


• incorporam fontes de geração, transformação e/ou transmissão elétrica ligadas a uma rede
de distribuição;
• incluem-se num conjunto instrumental mais numeroso e diversificado;
• são suscetíveis a dano/interferência por descargas elétricas naturais, uma vez que operam
continuamente.

Contudo, convém não esquecer que os instrumentos portáteis também são vulneráveis a interfe-
rências eletromagnéticas, cuja suscetibilidade aumenta em profundidade devido ao aumento da
extensão de cabo. Embora as medidas de proteção abaixo apresentadas se apliquem apenas a
instrumentação fixa, a hipótese de interferência eletromagnética deve ser considerada em equi-
pamentos portáteis sempre que exibam comportamento errático circunscrito a determinado local
de operação.

Quadro 8-1 – Medidas de proteção da instrumentação geotécnica fixa contra interferências eletromagnéti-
cas (adaptado de Shoup, 1992) – continua na próxima página.

Medida Descrição

• Condutor em cobre não isolado, paralelo a cada cabo ou grupo de cabos do sistema de ob-
servação.

Sistema de proteção subterrâneo


• O condutor deve estender-se desde cerca de abaixo de cada sensor até à respetiva
unidade de alimentação/aquisição.
para sensores e cabos
• O condutor deve ter um afastamento de relativamente a qualquer instrumen-
to, cabo ou unidade de alimentação/aquisição.
• O condutor deve exibir resistência inferior a ao longo de toda a sua extensão.

• Pelo menos dois pára-raios colocados em dois extremos opostos e afastados do local ins-
trumentado.
• Afastamento de de qualquer elemento da instrumentação, incluindo o res-
Captura de raios de trovoada para petivo sistema de proteção subterrâneo.
proteger o sistema de proteção
subterrâneo • O condutor deve infiltrar o ambiente subterrâneo no plano vertical ou em sentido divergen-
te ao da instrumentação.
• O condutor deve atingir a profundidade do sensor mais profundo.
• O condutor deve ter resistência inferior a ao longo de toda a sua extensão.

• A resistência entre os elementos sensoriais e a respetiva blindagem (in ex.: corpo da sonda)
Verificação da resistência do iso- deve ser superior a para um diferencial de .
lamento de cabos e sensores • A resistência entre o sistema sensorial e o terreno deve ser superior a para um dife-
rencial de (in ex.: sensores e cabos, excluíndo a unidade de alimentação/aquisição).

• Só devem ser implementadas na presença de um sistema de proteção subterrâneo para


Medidas de proteção primária das sensores e cabos.
ligações às unidades de alimenta- • A implementação deste tipo de medidas sem um sistema de proteção subterrâneo pode
ção/aquisição proteger as unidades de alimentação/aquisição, mas agravar as consequências em cabos e
sensores.

63
Quadro 8-2 – Medidas de proteção da instrumentação geotécnica fixa contra interferências eletromagnéti-
cas (adaptado de Shoup, 1992) – continuação.

Medida Descrição

Isolamento dos cabos de transmis- • O isolamento de cabos de transmissão de dados é recomendado sempre que a resistência
são de dados do sistema de proteção subterrâneo seja superior a para um diferencial de .

i
• A ligação à rede de distribuição elétrica deve fazer-se através de uma UPS isolada ou de um
transformador de isolamento.
• O transformador de isolamento deve ter uma capacidade de retenção superior a e
ii
Proteção do sistema de alimenta- uma capacidade de rejeição de ruído em modo comum de .
ção elétrica • As ligações à terra da entrada e da saída do transformador de isolamento devem estar iso-
ladas.
• A ligação à terra da saída do transformador de isolamento deve fazer-se pelo sistema de
proteção subterrâneo.

Proteção do sistema de transmis- • Caso se utilize a rede telefónica para transmissão remota de dados, o modem deve estar
são remota de dados devidamente protegido.

Proteção da ligação entre a unida- • Ligações de série a computadores devem ser protegidas por isoladores óticos com capaci-
de de aquisição e o computador dade mínima de .

Remoção de cabos e sensores da- • Cabos e sensores que apresentem resistividade inferior a relativamente ao terreno
nificados da rede devem ser desligados da rede.

Minimização de interferências en- • O dimensionamento de sistemas de aquisição deve minimizar o cruzamento de sinais pro-
tre sinais sensoriais venientes de sensores diferentes, de forma a evitar que dispositivos danificados influenci-
em as leituras de dispositivos em bom estado de funcionamento.

• É necessário limitar as voltagens de entrada em unidades de aquisição que não ofereçam


um isolamento mínimo de entre todos os terminais.
Limitação de voltagens secundárias
nas unidades de aquisição • Os dispositivos de limitação de voltagem secundária devem oferecer proteção para um pico
exponencial de com nos ramos ascendente e descendente, respeti-
vamente.
i
Uma UPS (Uninterruptible Power Supply) é um conjunto de baterias destinado a manter o fornecimento de energia elétrica em caso
de falha da rede de distribuição, desempenhando também a função de estabilização da corrente elétrica (Vijayaraghavan et al., 2004).
ii
O ruído elétrico em modo comum advém de interferências externas captadas pela cablagem que viajam simultaneamente em todos
os condutores ativos (Vijayaraghavan et al., 2004).

64
4. OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS INCLINOMÉTRICOS

4.1. Procedimentos operacionais para a realização de campanhas inclinométricas

A execução de uma campanha inclinométrica envolve os seguintes elementos (Figura 15, 2.4.3):

• sonda inclinométrica (4.3);


• dispositivo de referência para controlo da profundidade (4.4);
• cabo de ligação e de controlo da profundidade (4.5);
• unidade de alimentação elétrica e de aquisição de dados (4.6).

Os seguintes acessórios poderão também ser necessários:

a) Sonda placebo (Figura 15, 2.4.3): réplica de sonda sem sensores incorporados destinada à
verificação da capacidade de circulação da sonda inclinométrica no interior do tubo.
b) Alonga (Coimbra, 2016): troço de tubo com união acoplada numa das extremidades, desti-
nado a proporcionar maior conforto e melhor controlo da profundidade aos operadores.

O acessório a) permite detetar profundidades onde se verifiquem obstáculos à circulação sem ris-
co de prisão para a sonda inclinométrica. Importa registar estas profundidades e, mediante a exis-
tência de zonas de resistência à passagem deste acessório, a execução da campanha deve ser se-
riamente ponderada; pois a recuperação de sondas inclinométricas nem sempre é fácil (4.3.2). As-
sim, a sonda placebo deve utilizar-se:

• sempre que a deformação do tubo se aproxime de valores que possam comprometer a pas-
sagem da sonda inclinométrica (5.8.3);
• em instalações suscetíveis com períodos muito alargados entre observações;
• em instalações recentes, onde não haja um histórico de observações anteriores;
• em instalações que abranjam zonas de intervenção, designadamente onde possam ocorrer
deslocamentos inesperados.

O acessório b) justifica-se em instalações cujo topo do tubo se encontre muito próximo ou abaixo
da cota superficial do terreno e cujo dispositivo de referência para controlo da profundidade seja
do tipo (Figura 40, 4.4). Por conveniência, o comprimento útil deste aces-
sório (in ex.: excluindo a união acoplada) é normalmente múltiplo do passo de leitura da sonda.

No sentido de assegurar a conformidade das profundidades de medição (6.4.4), a mesma alonga


deve ser sistematicamente utilizada em determinada instalação que o requeira. Da mesma forma,
a conformidade das profundidades de medição também pode ser afetada por alterações introdu-
zidas no cabo inclinométrico (4.5) ou no tipo de dispositivo de referência para controlo da pro-

65
fundidade (4.4). Portanto, é boa prática manter o mesmo cabo1 e o mesmo tipo de dispositivo de
referência durante o tempo de serviço de determinada instalação.

A utilização da mesma sonda inclinométrica ao longo do período de observação de uma determi-


nada instalação é igualmente importante (4.2; 6.4.3). Pois, os resultados inclinométricos incorpo-
ram erros de medição que são acumulados ao longo da profundidade (6.2) e a permuta de ins-
trumentos releva pequenas divergências entre sensores, tais como o alinhamento axial2 e o des-
vio na origem3. Apesar de isoladamente parecerem desprezáveis, estas divergências tornam-se
frequentemente incomportáveis em resultados acumulados (6.4.2; 6.4.3; 6.4.5).

É da maior importância verificar o bom funcionamento dos equipamentos de medição antes e


após cada serviço de observação. A manutenção de um registo de testes executados e de anoma-
lias detetadas é também muito importante para o planeamento conjunto das operações de cam-
po e de manutenção dos equipamentos. Pois, as campanhas inclinométricas são normalmente de
caráter periódico e têm lugar num conjunto de instalações de determinada obra, mais ou menos
distante da sede de trabalho, ao longo de um ou de vários dias, podendo abranger a deslocação
de duas ou mais pessoas. Logo, qualquer anomalia que impeça a obtenção de dados ou que colo-
que em causa a fiabilidade dos mesmos, independentemente do número de instalações em que
ocorra, implica, potencialmente, o dobro dos custos afetos à execução.

O conjunto de procedimentos afetos à realização de uma campanha inclinométrica pode resumir-


se da seguinte forma4 (Figura 36):

1. Acoplamento do dispositivo de referência para controlo da profundidade (4.4).


2. Ligação do cabo de alimentação e de controlo da profundidade (4.5).
3. Ligação da alimentação elétrica do equipamento (4.3; 4.6).
4. Introdução da sonda no tubo, orientada no sentido positivo de medição (Figura 38, 4.3.1):
• por conveniência, o sentido de medição positivo é coincidente com aquele em que se
espera o desenvolvimento de deslocamentos (Figura 24, 3.4.5; Figura 45, 5.1).
5. Descida do inclinómetro até ao fundo do tubo:

1
Embora resistentes e geometricamente estáveis, os cabos inclinométricos sofrem alterações dimensionais durante o seu longo tempo
de serviço. Por esta razão, a substituição de cabos inclinométricos implica quase sempre pequenas alterações de comprimento q ue,
por sua vez, se traduzem em pequenas divergências nos respetivos valores de leitura. Na prática, estas diferenças correspondem a er-
ros sistemáticos de profundidade (6.4.4). Mediante a necessidade de substituição do cabo inclinométrico, convém avaliar os espaça-
mentos entre marcas nos dois cabos e proceder à correção dos dados/resultados conforme descrito em 6.4.4, ou, alternativamente,
reiniciar o histórico de observação (4.2; 5.6; ISO 18674-3, 2016).
2
O alinhamento axial dos acelerómetros reporta-se à interferência interaxial das medições (in ex.: afetação de valores medidos no
plano devida à inclinação das calhas no plano e vice-versa). O alinhamento inicial é normalmente inferior a , mas este parâ-
metro evolui ao longo da vida útil do instrumento, principalmente em sensores do tipo apresentado em 2.2.4 (Mikkelsen, 2003; SINCO,
2000).
3
O desvio na origem é normalmente eliminado durante o processo de cálculo (5.1). Contudo, este processo pode ser deficiente para
instrumentos com desvio na origem muito elevado que operem em inclinações relativamente acentuadas (6.3.2).
4
Note-se que os procedimentos apresentados referem-se a inclinómetros bidirecionais. A sua aplicabilidade a instrumentos unidireci-
onais implica duas sequências adicionais de aquisição de dados nos sentidos e (Figura 24, 3.4.5; Figura 45, 5.1).

66
• é importante conhecer a profundidade do tubo para que a aproximação ao fundo seja
cuidada, evitando o choque da sonda na base do tubo;
• é igualmente importante atingir a base do tubo para confirmar a profundidade aproxi-
mada do tubo (6.4.4).
6. Subida do inclinómetro até à primeira marca de graduação1:
• é importante posicionar o instrumento por ascensão (in ex.: garantindo que o cabo é co-
locado sob tensão).
7. Imobilização da sonda durante 5 a 10 minutos (Dunnicliff, 1988; ISO 18674-3, 2016; Mikkel-
sen, 2003; SINCO, 2000, 2006a, 2014; SOIL, 2014d):
• este passo é da maior importância para evitar a ocorrência de derivas temporárias no
desvio na origem (6.4.2; 6.4.5), uma vez que a sensibilidade térmica do instrumento é
reduzida após o aquecimento dos sensores e respetivos circuitos integrados;
• note-se que este procedimento não é exclusivo a situações com gradientes térmicos
acentuados2, uma vez que a deriva por causas térmicas também pode ocorrer durante o
período de aquecimento interno do próprio instrumento.
8. Imobilização da sonda até estabilização dos valores:
• este processo dura normalmente 2 a 5 segundos;
• o processo de estabilização pode ser mais longo ou não ser possível, tendo, ou não, ca-
ráter sistemático e ocorrendo, ou não, numa instalação ou obra específica3;
• a ocorrência sistemática de tempos de estabilização anormais deve ser comunicada à(s)
equipa(s) responsável(eis) pela análise de dados e de resultados, no sentido de desen-
cadear um processo de investigação sobre o fenómeno e de verificar as margens de erro
associadas aos resultados (6.5).
9. Registo da leitura e subida da sonda até à próxima marca de graduação1.
10. Repetição dos passos 8 e 9 até ao topo do tubo, excluindo a alonga, se utilizada:
• as medições inclinométricas nunca devem ultrapassar o nível superficial do terreno ou
da estrutura sob observação, uma vez que esses dados podem resultar num erro de aná-
lise sobre a existência de deslocamentos superficiais que, na verdade, resultam da mobi-
lidade da alonga conferida pela folga entre a união e o tubo inclinométrico.
11. Extração da sonda, rotação em e reintrodução da mesma no tubo, desta vez orientada
no sentido negativo de medição (Figura 38, 4.3.1).
12. Repetição dos passos 5 a 10, excluindo o passo 7.
13. Remoção do inclinómetro do tubo.
14. Corte da alimentação elétrica.
15. Remoção da cablagem e acondicionamento dos equipamentos, incluindo o dispositivo de
referência para controlo da profundidade.

1
Ver secções 4.4 e 4.5 no que respeita aos requisitos necessários para o correto controlo da profundidade.
2
Por exemplo, devido à existência de água no interior no tubo, principalmente durante a época fria.
3
A estabilização das leituras inclinométricas pode ser afetada por múltiplos fatores, incluindo um nível deficiente de carga nas bateri-
as, o mau funcionamento dos sensores, o acompanhamento deficiente do tubo inclinométrico e a existência de vibrações (6.4.6; DGSI,
2007). Sob determinadas condições (in ex.: na proximidade de linhas elétricas de alta tensão), poderão ainda ocorrer interferências
eletromagnéticas que afetem a estabilidade das leituras (3.8).

67
Figura 36 – Procedimentos gerais para a realização de campanhas inclinométricas (adaptado de Coimbra,
2016; Dunnicliff, 1988; GEONOR, 2017).

Os procedimentos para a realização de campanhas inclinométricas em instalações horizontais são


idênticos aos apresentados com duas exceções:

• apenas o par de calhas inclinométricas orientado no plano vertical é medido;


• a rotação do instrumento faz-se sobre um eixo perpendicular ao eixo longitudinal da sonda
(in ex.: no plano horizontal).

4.2. Critérios de execução e seleção de campanhas de referência

Tal como referido no capítulo 1, a observação inclinométrica dos movimentos internos faz-se
através da comparação entre os resultados obtidos em duas datas distintas. Ou seja, há uma cur-
va de perfil com data fixa que serve de referência, relativamente à qual todos os resultados poste-
riores são comparados. É comum designar-se por campanha de referência a curva com data fixa e
por campanhas ordinárias aquelas cujos resultados são efetivamente utilizados para analisar a
evolução do estado da obra.

Embora qualquer campanha possa constituir uma referência, sendo também possível a existência
de várias campanhas de referência simultâneas no histórico de cada instalação (5.6), há determi-
nados acontecimentos que requerem a realização de campanhas com o objetivo específico de
constituir uma referência, tais como:

68
• primeira campanha inclinométrica após a execução de uma instalação (3);
• primeira campanha inclinométrica após a ocorrência de intervenções de obra onde uma ou
várias instalações inclinométricas se insira(m)1;
• substituição do equipamento inclinométrico utilizado, seja ao nível da sonda (4.3), do res-
petivo cabo (4.5), do dispositivo de referência para controlo da profundidade (4.4) ou da
alonga (4.1).

Em instalações novas, a campanha de referência deve realizar-se logo que o maciço de encastra-
mento adquira presa (in ex.: 1 a 3 dias após a conclusão da instalação). Nos restantes casos a
campanha de referência deve realizar-se logo que possível, devendo mesmo haver sobreposição
desta com outra ordinária quando há substituição de equipamentos (5.6).

Como base de comparação para obtenção de resultados, a campanha de referência é de extrema


importância e de deve realizar-se redundantemente2. ISO 18674-3 (2016) recomenda a seleção da
campanha de referência com base nos indicadores de qualidade do lote de campanhas inicial.
Contudo, esta série de campanhas deve ser representativa do perfil da instalação e exibir indica-
dores de qualidade idênticos (6.3). A redundância tem por objetivo o despiste de discrepâncias
que indiciem alguma característica particular da instalação ou outro tipo de problema3. Sempre
que se obtenham resultados inconsistentes neste lote de campanhas a sua causa deve ser investi-
gada4. Portanto, não se recomenda qualquer critério para seleção de uma campanha de referên-
cia de entre o conjunto obtido para o efeito, a não ser por exclusão de alguma que não se consi-
dere representativa do conjunto. Deste princípio infere-se que se considera insuficiente um con-
junto de 2 campanhas iniciais.

4.3. Sonda inclinométrica

4.3.1. Cuidados operacionais e principais medidas de manutenção

As sondas inclinométricas são dispositivos extremamente sensíveis, principalmente quando in-


corporam servoacelerómetros de equilíbrio de força com indução magnética (2.2.4). Por esta ra-
zão é muito importante que se proceda ao seu armazenamento, transporte e manuseamento de
forma cuidada, mais concretamente no que respeita à ocorrência de choques e de vibrações in-
tensas, particularmente quando o instrumento se encontra desligado. Mesmo havendo maior re-
sistência ao choque em inclinómetros com sensores MEMS (2.2.5), os procedimentos que aqui se

1
Embora a ocorrência de intervenções possa não afetar todas as instalações inclinométricas da respetiva obra, pode ser conveni ente
proceder ao reinício do histórico de medições inclinométricas em todas as instalações, de forma a avaliar o comportamento global da
obra a partir desse momento.
2
Normalmente 2 a 3 campanhas sequenciais (DGSI, 2007; Dunnicliff, 1988; ISO 18674-3, 2016).
3
Por exemplo, relacionado com a qualidade da instalação ou com o mau funcionamento do equipamento inclinométrico.
4
Por exemplo, introduzindo-se redundância adicional ou procedendo-se a uma análise de qualidade mais aprofundada que procure
identificar a ocorrência de erros sistemáticos localizados com determinado padrão (6.4.7).

69
apresentam são boas práticas a seguir.

Na Figura 37 apresenta-se o interior de uma sonda inclinométrica, onde se observa a bobina sen-
sorial e a massa pendular de um servoacelerómetro de equilíbrio de força com indução magnética
(Figura 7, 2.2.4). Note-se que, neste caso, não há qualquer travamento que impeça a massa pen-
dular de pressionar a bobina sensorial, sendo por isso recomendável que o instrumento seja ar-
mazenado na posição correspondente ao seu plano de referência (2.3). Esta recomendação é
também expressa por Coimbra (2011) e SINCO (2006a); pois, o peso da massa sobre a bobine por
períodos prolongados contribui para a sua deformação, traduzindo-se, efetivamente, numa deriva
precoce e acelerada do desvio na origem (6.3.2).

Figura 37 – Constituição interna de um inclinómetro com servoacelerómetro de equilíbrio de força com in-
dução magnética (adaptado de Coimbra, 2016, 2011).
Ainda relativamente à proteção da bobine sensorial, é igualmente importante ligar o instrumento
anteriormente à sua introdução no tubo inclinométrico e desligá-lo após a sua remoção do mes-
mo (SINCO, 2006a). Pois, tratando-se de um sensor servoacelerado, a massa pendular é perma-
nentemente centralizada enquanto ativo. Esta característica limita a oscilação da massa e protege
a bobina sensorial1 contra choques acidentais que possam ocorrer. Outras medidas de proteção
dos sensores contra choques acidentais incluem (DGSI, 2007; SINCO, 2014, 2006a):

• transporte do instrumento acondicionado no interior da respetiva mala;


• introdução e remoção da sonda no tubo inclinométrico com o auxílio das mãos, no sentido
de evitar que a expansão das molas incorporadas nos elementos rolantes provoque o cho-
que da sonda contra o tubo.

A proteção da sonda contra a humidade implica:

• baixa humidade relativa no local de armazenamento;


• proteção dos terminais de ligação em dias chuvosos.
1
Embora nem todos os sensores incorporem bobinas sensoriais (in ex.: MEMS, 2.2.5), este procedimento confere proteção a qualquer
sensor inercial servoacelerado.

70
Em instrumentos com cabo inclinométrico destacável, destacam-se os seguintes procedimentos
adicionais relativamente à manutenção do terminal da sonda:
1
• aperto adequado da ficha ;
2
• verificação periódica da condição dos vedantes ;
3
• lavagem/limpeza e secagem da sonda após cada dia de serviço .

Na Figura 38 apresenta-se um esquema das rodas de um inclinómetro e a forma como estas se re-
lacionam com os planos de medição e com os respetivos sentidos4. Note-se que a função das ro-
das de um inclinómetro não se limita a auxiliar o seu deslocamento, servindo também para man-
ter a orientação azimutal5 e a centralidade no interior do tubo6. Estas funções adicionais são de
extrema importância para a obtenção de dados coerentes, uma vez que alterações em qualquer
das variáveis traduzem-se em alterações de inclinação e, consequentemente, dos deslocamentos
calculados (6.3).

a) Pormenor das rodas de um inclinómetro e dos respetivos planos b) Relação entre as rodas de um in-
de medição. clinómetro e o sinal de leitura.
Figura 38 – Pormenor dos elementos rolantes de uma sonda inclinométrica. Relação com os planos de me-
dição e com o respetivo sinal de leitura (adaptado de Coimbra, 2016; GEONOR, 2017; GOUDA, 2017; SINCO,
2006b, 2014; SOIL, 2014d).

A manutenção das rodas inclinométricas implica (SINCO, 2006a, 2014; SOIL, 2014d):

• lavagem, limpeza e lubrificação dos elementos rolantes e das respetivas molas centraliza-
doras após cada dia de serviço (in ex.: com um óleo fino não corrosivo);

1
O aperto deve induzir uma certa deformação dos vedantes e oferecer uma resistência razoável à torção, mas o esmag amento dos
vedantes é de evitar (in ex.: o aperto manual é normalmente suficiente; DGSI, 2007; SINCO, 2014, 2006a).
2
A periodicidade de verificação dependerá sempre da frequência de utilização. Vedantes enrijecidos, corroídos (in ex.: descolorados),
desgastados, permanentemente deformados ou danificados de qualquer outra forma devem ser substituídos.
3
Pode ser necessário proceder à lubrificação ocasional da ficha de ligação com um óleo apropriado (in ex.: não condutor e não corrosi-
vo). SINCO (2014, 2006a) recomenda o arejamento da ficha durante após a operação do instrumento em dias chuvosos.
4
Alguns instrumentos incluem uma inscrição dos sinais positivo/negativo no topo da sonda, mas a maioria utiliza uma das convenções
indicadas na Figura 38b. O sentido positivo do plano de medição ( ) corresponde sempre a uma rotação de à direita de
(Figura 45, 5.1).
5
Este fator é controlado pelo estado das rodas e das calhas inclinométricas.
6
Este fator é controlado pelo estado das molas centralizadoras.

71
• verificação da força das molas centralizadoras após cada dia de serviço1;
• verificação da existência de folgas e/ou de movimento constrangido das rodas e da haste
que as suporta após cada dia de serviço2;
• verificação da existência de dano e/ou desgaste das rodas3.

Face ao exposto, é boa política dispor de um conjunto adicional de vedantes e de rodas inclino-
métricas; pois esta prática assegura a exclusão da condição física da sonda inclinométrica como
causa provável para a obtenção de resultados inclinométricos anómalos.

4.3.2. Recuperação de sondas inclinométricas

Dependendo da magnitude e da distribuição das deformações experimentadas pela instalação,


pode verificar-se a prisão e a perda da sonda placebo ou da sonda inclinométrica no interior do
tubo (5.8.3). O Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) deparou-se diversas vezes com esta situação e, na grande maioria dos casos, foi bem suce-
dido na recuperação desses elementos. A técnica consiste na introdução de um tubo plástico4 de
pequena espessura e com a extremidade recortada em bisel (Figura 39). O objetivo é descer o tu-
bo até que a sonda entre completamente no mesmo e posteriormente subir a sonda através des-
se tubo para evitar as deformações da instalação inclinométrica. Devem ser atendidos os cuidados
seguintes:

• o tubo plástico não deve ser demasiadamente estreito relativamente ao diâmetro do tubo
inclinométrico (in ex.: para tubos médios ou largos; Figura 18, 3.2.3);
• o bisel necessita de uma extensão mínima igual ao eixo de apoio das rodas inclinométricas
acrescido de uma vez o diâmetro de roda (Figura 39);
• é imperativo que o bisel seja alinhado com as rodas inclinométricas que estiverem direcio-
nadas para a base da sonda (Figura 39);
• o cabo inclinométrico tem de ser passado pelo tubo, pelo que este método só se aplica a
instrumentos de cabo destacável (2.4.3);
• o cabo inclinométrico tem de ser mantido sob tensão para evitar que se enrodilhe ou se
prenda, e para facilitar a passagem do tubo;
• a sonda deve ser descida até que o tubo ultrapasse a zona da instalação mais crítica;
• o procedimento deve fazer-se com alguma paciência e sem movimentos demasiadamente
bruscos, de forma a proteger a sonda e a integridade do tubo plástico;
• a sonda inclinométrica deve estar ligada para proteção dos sensores (4.1; 4.3).

1
A força das molas pode verificar-se por aperto manual. A força exercida deve ser constante e aparentemente equivalente à força ne-
cessária para recolher a haste de um conjunto de rodas a estrear.
2
A rotação total e livre deve exibir desaceleração aparentemente contínua (in ex.: sem resistências pontuais). Não devem ser percetí-
veis folgas laterais ou verticais nos eixos de rotação das rodas ou da haste que as suporta.
3
Por exemplo, cortes ou outro tipo de deformação visível.
4
É importante que o tubo tenha alguma flexibilidade para vencer mais facilmente as deformações da instalação inclinométrica. N or-
malmente utiliza-se tubagem em PVC com de espessura, em troços com de comprimento sequencialmente acoplados.

72
Figura 39 – Tubo plástico com recorte em bisel para recuperação de sondas inclinométricas.

4.4. Dispositivo de referência para controlo da profundidade

O dispositivo de referência para controlo da profundidade tem por objetivo assegurar que as lei-
turas inclinométricas se obtêm sempre às mesmas profundidades e com a sonda devidamente
centrada no interior do tubo1. Este elemento é da maior importância para obtenção de resultados
fiáveis, uma vez que a natureza do cálculo de deslocamentos inclinométricos é muito sensível a
pequenas variações (5; 6.3). Portanto, a realização de campanhas inclinométricas utilizando o to-
po do tubo como referência não é recomendável2,3.

Existem dois tipos de dispositivo de referência para controlo da profundidade (Figura 40):

a) roldada com mordentes de fixação (Figura 40ac);


b) copo de apoio (Figura 40b).

O dispositivo a) caracteriza-se por um suporte metálico com uma abraçadeira de fixação ao tubo,
uma roldana para guiamento do cabo e mordentes para fixação do mesmo. Na Figura 40ac obser-
vam-se dois tipos de mordente:

• com dentes metálicos (Figura 40a);


• com dentes revestidos (Figura 40c).

Embora qualquer tipo de cabo (4.5) possa ser utilizado com qualquer tipo de mordente, importa
anotar duas particularidades:

• dentes não revestidos agarram melhor o cabo, mas provocam maior desgaste em marcas
de graduação de borracha;
• dentes revestidos provocam menor desgaste em marcas de graduação de borracha mas são
mais propensos ao deslize do cabo por fadiga das molas incorporadas nos mordentes.

1
As rodas inclinométricas são concebidas para manter a sonda diametralmente centrada no interior do tubo, mas o movimento lateral
do cabo no topo do tubo tem o potencial de afetar essa centralidade em profundidades mais superficiais.
2
Por exemplo, encostando a marca de graduação ao tubo e mantendo o cabo imóvel até à estabilização das leituras.
3
A ausência de um dispositivo de referência para o controlo da profundidade introduz dependência entre a estabilização do inst ru-
mento e a estabilidade do operador durante o período de imobilização, obriga à excentricidade do cabo relativamente ao diâmetro do
tubo e aumenta o risco de dano no cabo por atrito do mesmo no rebordo do topo tubo.

73
O dispositivo a) depende fortemente da exatidão no posicionamento da sonda por parte do ope-
rador e implica alguns procedimentos adicionais de manutenção, pelo que importa:

• ponderar o uso de alonga em instalações cujo topo do tubo se encontra muito baixo (4.1);
• encostar devidamente a gola da abraçadeira ao topo do tubo;
• orientar a roldana no mesmo plano das rodas inclinométricas;
• estacionar a marca de graduação com uma exatidão de (SINCO, 2006a, 2000);
1
• verificar a força das molas e qualquer constrangimento à rotação dos mordentes ;
• limpar e lubrificar os mordentes após cada dia de serviço.

O dispositivo b) caracteriza-se por um cilindro com um encapsulamento plano, contendo este um


orifício central com uma peça moldada à medida das marcas de graduação metálicas. Na Figura
40b observa-se que o copo é longitudinalmente recortado em quadrante, de forma a possibilitar a
introdução e a remoção do cabo inclinométrico. Este tipo de dispositivo oferece vantagens sobre
o dispositivo a) por ser mais confortável de operar na generalidade das instalações (in ex.: dispen-
sa o uso de um alonga; 4.1) e por oferecer um ponto de referência para controlo da profundidade
independente do desempenho do operador. No entanto, o uso deste dispositivo também implica
alguns cuidados operativos:

• encosto efetivo do dispositivo ao topo do tubo;


• ausência de choque durante o encaixe da marca de graduação no centro do copo.

a) Dispositivo de b) Copo de apoio para marcas c) Dispositivo de


com mordentes metálicas. com mordentes
metálicos e distância padrão plásticos e distância reduzida
ao topo do tubo. ao topo do tubo.
Figura 40 – Dispositivos de referência para controlo da profundidade (adaptado de Coimbra, 2016; DGSI,
2014b, 2013c; GEOKON, 2016b, 2009a).

1
As molas devem ser substituídas mediante a deteção de qualquer deslize do cabo em campanha ou caso a ativação dos mordentes
seja inconsistente.

74
4.5. Cabo de ligação e de controlo da profundidade

Os cabos inclinométricos servem os seguintes propósitos:

• transportar e fornecer energia elétrica aos sensores de medição;


• transportar e retornar o sinal de resposta dos sensores de medição;
• permitir a movimentação do instrumento ao longo do tubo;
• permitir o controlo da profundidade do instrumento no interior do tubo, em função do res-
petivo passo de leitura (Figura 36, 4.1).

Os cabos inclinométricos operam sob tensão constante e são frequentemente submetidos a es-
forços de flexão e de torção1, pelo que são consideravelmente robustos e geometricamente está-
veis. Estes cabos incluem marcas de graduação com interespaçamento coincidente com o passo
de leitura do instrumento (Figura 41) e um ou dois terminais de ligação estanques. As marcas de
graduação podem ser metálicas ou de borracha, com ou sem numeração inclusa2. Embora hajam
elementos de referência para controlo da profundidade adequados a qualquer tipo de cabo, as
marcas metálicas destinam-se normalmente à utilização de um copo de apoio e as marcas de bor-
racha adequam-se melhor a um sistema de roldana e mordentes (Figura 40, 4.4).

De um modo geral, a manutenção correta dum cabo inclinométrico inclui:

• proteção dos terminais em dias chuvosos;


• armazenamento em local com baixa humidade relativa;
• lavagem/limpeza e secagem após cada dia de serviço3;
• verificação de danos no cabo e reparação atempada dos mesmos4;
• proteção dos terminais durante o transporte;
• enrolamento de cabos destacáveis com raio de curvatura alargado5;
6 7
• manuseamento em local relativamente limpo e sem indução de torção ;
• verificação periódica do estado de desgaste das marcas de graduação e reforço das mesmas
sempre que necessário8;
• proteção da incidência direta de luz solar durante períodos de tempo prolongados.

1
Por exemplo, durante o desenrolamento e o enrolamento do cabo.
2
Geralmente, as marcas metálicas contêm a numeração gravada e as marcas de borracha diferenciam-se por duas cores alternadas (in
ex.: diferenciação entre profundidades inteiras – – e decimais – ). Contudo, é boa política numerar as mar-
cas de borracha para evitar lapsos de contagem por parte dos operadores.
3
A limpeza do cabo não deve ser descurada, uma vez que a acumulação de detritos acelera o desgaste da blindagem exterior e pode
até originar fenómenos de corrosão (in ex.: na presença de agentes alcalinos).
4
Por exemplo, cortes, dobras acentuadas, perfurações ou zonas com desgaste acentuado.
5
Por exemplo, com diâmetro superior a (SINCO, 2006a).
6
É frequente que haja uma porção importante de cabo no solo durante a realização de campanhas inclinométricas. Este facto contri-
bui para a agregação de partículas abrasivas no cabo, contribuindo para o desgaste da blindagem exterior.
7
A torção de cabos elétricos é muito frequente e constitui a principal causa de avaria. Os cabos inclinométricos não são exceç ão, uma
vez que a sua utilização implica vários ciclos de desenrolamento/enrolamento. É importante que os técnicos obtenham formação no
sentido de evitar a torção dos mesmos. Na presença de esforços de torção, o cabo deve ser desenrolado na porção necessária, r odado
até que os esforços de torção sejam eliminados, e novamente enrolado de forma apropriada (SINCO, 2006a).
8
Aplicável principalmente a cabos com graduação de borracha.

75
Figura 41 – Sonda inclinométrica com cabo não destacável de marcas metálicas. Relação entre o passo de
leitura, a marcação do cabo e a distância entre rodas.

4.6. Unidades de alimentação elétrica e de aquisição de dados

As unidades de alimentação elétrica e de aquisição de dados podem constituir um ou dois equi-


pamento(s)1. Devido à redução de peso dos cabos inclinométricos e das respetivas bobinas de
transporte, como também à disponibilização de novas tecnologias de transmissão de dados a bai-
xo custo (in ex.: Bluetooth e WiFi), a tendência atual concentra-se na separação destas funções
em dois equipamentos distintos (Figura 15, 2.4.3):

a) unidade de alimentação elétrica dos sensores e de transmissão de dados;


b) unidade de receção, processamento e armazenamento de dados.

A unidade a) está normalmente incluída na estrutura da bobina de transporte do cabo inclinomé-


trico, incluindo terminais de ligação para carregamento das baterias e para comunicação direta
com o dispositivo.

A unidade b) pode constituir um dispositivo comercial ou um telemóvel moderno (in ex.:


smartphone) com uma aplicação fornecida pelo fabricante.

De um modo geral, estas unidades permitem (Coimbra, 2016):

• definir e armazenar as características de um conjunto limitado de instalações;


• adquirir e armazenar os dados de um conjunto limitado de campanhas inclinométricas;
• consultar os dados e, em alguns dispositivos, os resultados das campanhas armazenadas;
• consultar os parâmetros de qualidade dos dados das campanhas armazenadas (6.3).

Interessa relevar que a coerência dos dados registados deve ser observada durante a execução da
campanha (in ex.: através de indicadores de qualidade; 6.3) com introdução de redundância sem-
pre que necessário e possível (in ex.: repetição de leituras). Pois, a redundância de dados em sec-
ções de tubo onde se verifiquem anomalias pode evitar a repetição da campanha inclinométrica
noutra data e, assim, evitar o aumento de custo associado ao serviço de execução.

As boas práticas de operação e de manutenção destes equipamentos são independentes do tipo


de sistema de que se dispõe, compreendendo:
1
Em equipamentos fixos estas unidades compreendem sempre dispositivos distintos, havendo a possibilidade de armazenar os dados
localmente, remotamente, ou de ambas as formas (2.4.2).

76
• proteção dos terminais em dias chuvosos1;
• proteção da incidência direta da luz solar por períodos prolongados;
• limpeza das unidades após cada dia de serviço;
• ausência de choques violentos e de vibrações intensas 2;
3
• verificação do nível de carga das baterias , recarregando-as após cada dia de serviço;
4
• manter a memória limpa, com informação clara e atual .

4.7. Verificação e calibração de equipamentos inclinométricos

4.7.1. Generalidades

Todo e qualquer instrumento sofre alterações ao longo do tempo que afetam o seu funcionamen-
to5, designadamente ao nível da precisão e da exatidão das medições que produz. Portanto, a
manutenção dos equipamentos de medição requer a verificação periódica do seu bom funciona-
mento e, quando necessário, requer a calibração metrológica para assegurar a confiança nos re-
sultados produzidos ao longo dos respetivos períodos de serviço.

Convém começar por distinguir o significado dos termos verificação e calibração (JCGM, 2008a):

a) Verificação: prova objetiva da conformidade de um determinado equipamento relativa-


mente aos requisitos especificados.
b) Calibração: definição da relação entre uma medida padrão e o valor da mesma medida ob-
tido pelo equipamento a calibrar, incluindo as incertezas associadas a cada medição6.

O procedimento a) é generalizado e não implica, necessariamente, a definição de incertezas nem


o recurso a uma medida padronizada. Este procedimento é frequentemente utilizado para verifi-
car a conformidade de processos de execução, a constituição e/ou o estado de conservação de
materiais, ou a resposta de dispositivos a determinadas solicitações. Os processos de verificação
permitem validar resultados com base em indicadores de avaliação simples e prática. No entanto,
não se substituem aos processos de calibração. No que respeita aos inclinómetros, os processos

1
De um modo geral, com exceção da maioria dos smartphones, todas as unidades são impermeabilizadas. Contudo, é sempre boa prá-
tica proteger a unidade, mais concretamente no que respeita aos terminais de ligação.
2
Em unidades recentes, a proteção contra choques e vibrações é mais importante ao nível da alimentação elétrica dos sensores. No
entanto, este aspeto tem especial relevância em unidades integradas mais antigas (in ex.: que incorporem a alimentação elétrica e a
aquisição de dados num dispositivo), uma vez que se constituem de componentes maiores e mais frágeis.
3
A operação de inclinómetros com níveis baixos de energia torna os sensores instáveis, podendo traduzir-se num erro de alteração ou
de deriva do desvio na origem (6.3.2; 6.4.2; 6.4.5) e/ou no aumento da dispersão nos resultados (6.3.3). Não é boa prática proceder à
execução de campanhas inclinométricas com níveis de carga próximos ou abaixo do mínimo indicado pelo fabricante. Algumas unida-
des incluem a indicação do nível de carga e/ou emitem um alerta de carga insuficiente. Neste sentido, considera-se boa prática a ma-
nutenção de um registo de durabilidade, de forma a programar a respetiva substituição atempadamente.
4
A unidade de aquisição deve ter sempre a data atualizada e estar preparada com a informação correta do serviço a executar. Este
procedimento evita edições manuais (in ex.: no campo ou, à posteriori, na sede de trabalho), propensas a erro, e evita incoerências en-
tre a informação existente na base de dados e na unidade de aquisição.
5
Devido, por exemplo, a fadiga dos materiais de construção, deterioração química dos componentes, histerese dos componentes el é-
tricos induzida por ciclos on/off, ou alteração da capacitância dos condensadores.
6
Note-se que a existência de um padrão de medição implica a definição de incertezas por questões de rastreabilidade (JCGM, 2008a).

77
de verificação enquadram-se na otimização da calendarização de calibrações (4.7.3.2) e na avalia-
ção qualitativa dos dados inclinométricos (6).

O procedimento b) exige a comparação entre os valores medidos pelo equipamento a calibrar e os


valores homólogos obtidos de um dispositivo rastreável a um padrão de medição1. A relação en-
tre os dois conjuntos de medições é normalmente estabelecida através de uma função que
abrange a amplitude de medição do instrumento a calibrar (in ex.: curva de calibração). Esta curva
é posteriormente utilizada para afinar o instrumento sob calibração ou para corrigir os valores
medidos com o mesmo. Embora a prática possa variar em função do fabricante, verifica-se uma
tendência crescente a favor da implementação de procedimentos de correção em sistemas incli-
nométricos2,3.

4.7.2. Verificação de equipamentos inclinométricos

4.7.2.1. Metodologias de verificação de equipamentos inclinométricos

A grande maioria dos inclinómetros é intrinsecamente verificável; ou seja, fornece indicadores


que permitem demonstrar o seu correto funcionamento (6.3). No entanto, estes indicadores são
incapazes de aferir o estado de calibração dos sensores (in ex.: exatidão), pelo que se torna ne-
cessário operar o instrumento num aparato cuja inclinação seja estável e conhecida4. As metodo-
logias de verificação inclinométrica mais comuns incluem (ASTM, 2012; Coimbra, 2011; Dunnicliff,
1988; ISO 18674-3, 2016; Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000):

a) execução de campanhas inclinométricas numa instalação estável;


b) análise de dados de obra (6.3);
c) secção de tubo com inclinação fixa (Figura 42bc);
d) aparato rotativo com inclinação ajustável (Figura 42ac).

O método a) consiste na instalação de um tubo inclinométrico para efeitos de verificação metro-


lógica. O tubo deve apresentar uma ligeira inclinação relativamente ao plano de referência do ins-
trumento (in ex.: ) e ter um comprimento mínimo compatível com o indicado nas especifi-
cações técnicas do instrumento (in ex.: ). Na impossibilidade de se proceder à instala-
ção de um tubo com estas características, deve, por motivos de significância estatística, procurar-

1
Um padrão de medição define-se por uma determinada quantidade, utilizada com referência para medições futuras, caracterizada
pelo respetivo valor e pela incerteza de medição que lhe está associada (JCGM, 2008a).
2
A correção de leituras através de parâmetros de calibração verifica-se principalmente em sistemas com sensores MEMS (2.2.5).
3
Note-se que a correção de parâmetros de calibração pode ser explícita (Anexo IV) ou implícita (in ex.: incluída no firmware do disposi-
tivo e inacessível ao proprietário).
4
No caso da verificação inclinométrica é mais importante aferir a repetibilidade das medições do que a respetiva exatidão. Pois, a ob-
servação inclinométrica baseia-se inteiramente na comparação de desvios calculados em duas datas distintas, sem particular interesse
no valor real das inclinações medidas (Dunnicliff, 1988). No entanto, a manutenção da exatidão é importante para assegurar a confor-
midade das medições em instalações com períodos de serviço muito longos (in ex.: mais de cinco anos). Nestes casos, a perda de exa-
tidão (in ex.: devido a derivas excessivas do desvio na origem; 6.3.2) poderá resultar no cálculo de deslocamentos irreais.

78
se um comprimento mínimo que permita a análise de 30 profundidades1. Se houverem condições,
o sistema de verificação poderá incluir várias instalações com inclinação variável, de forma a per-
mitir a avaliação do desempenho dos dispositivos ao longo de uma determinada amplitude de
medição (in ex.: até ). O procedimento de verificação consiste na execução de campanhas
inclinométricas nesse(s) tubo(s) e na manutenção de um histórico de resultados que permita ana-
lisar a evolução dos deslocamentos incrementais, dos deslocamentos acumulados e do desvio na
origem (5.3; 6.3). Valores que se aproximem, ou que sejam superiores, aos limites de tolerância
estabelecidos indicam a necessidade de proceder à calibração do equipamento.

O método b) consiste na análise de dados de obra em zonas geotecnicamente estáveis2. Este mé-
todo poderá apresentar menor fiabilidade relativamente ao método a) devido à existência de
maior número de variáveis não controladas3. A verificação consiste nas análises de qualidade ex-
postas em 6, incluindo a avaliação do desvio na origem. No entanto, convém:

• efetuar uma triagem das instalações capazes de fornecer informação fiável e repetível para
efeitos de verificação metrológica;
• incluir o máximo de instalações viáveis para efeitos de verificação metrológica de um de-
terminado equipamento inclinométrico.

Comparativamente ao método a), o método b) é mais moroso, requer maior volume de dados e
exige maior especialização técnica ao nível da utilização de ferramentas estatísticas. Contudo,
permite verificar os equipamentos na amplitude de medição efetivamente utilizada em obra e
sem custos acrescidos de instalação.

O método c) baseia-se na disposição de um troço de tubo curto (in ex.: ) com inclina-
ção fixa (in ex.: ). O tubo pode incluir-se num maciço de betão ou noutro tipo de suporte,
desde que lhe seja conferida estabilidade. À semelhança do sugerido para o método a), o suporte
pode incluir uma série de troços com inclinações diferenciadas para verificação dos equipamentos
ao longo de uma determinada amplitude de medição. O procedimento consiste em obter uma
medição (in ex.: duas leituras; 5.1) em cada par de calhas e verificar os valores de inclinação e de
desvio na origem (6.3).

O método d) consiste na utilização de uma mesa rotativa (Figura 43, 4.7.3) ou de outro aparato
com funcionalidade semelhante (Figura 42ac). Normalmente os fabricantes de inclinómetros dis-
ponibilizam aparatos deste tipo para verificação dos equipamentos. O procedimento assemelha-
se à metodologia c), baseando-se na obtenção de medições, numa ou em várias inclinações e em

1
Ou seja, pelo menos para verificação de instrumentos com passo de leitura de .
2
Por exemplo, a zona inferior de instalações verticais, inclusa no maciço de encastramento (3.4.6).
3
Por exemplo, a ocorrência de movimentos, o assoreamento ou a lavagem de detritos na base do tubo.

79
ambos os planos de medição, com posterior análise dos valores medidos e do desvio na origem.

Para os métodos a), c) e d), importa anotar a importância de proceder à verificação de cada con-
junto utilizado em obra (in ex.: cabo de ligação, sonda e unidade(s) de alimentação elétrica e de
aquisição de dados), sem esquecer a confirmação de níveis de carga adequados (4.6). Pois, qual-
quer elemento do conjunto pode influenciar as medições inclinométricas.

a) Aparato rotativo com inclina- b) Aparato com inclinação fixa. c) Aparato com inclinações fixas.
ção variável.
Figura 42 – Exemplos de aparatos para verificação inclinométrica (adaptado de ASTM, 2012; GEOSYSTEMS,
2010).

4.7.2.2. Frequência de verificação metrológica dos equipamentos inclinométricos

A frequência de verificação metrológica de equipamentos inclinométricos deve estabelecer-se em


função da frequência de utilização e do histórico de medições de verificação. Ou seja, quanto
maior for a frequência de utilização, maior deve ser a frequência de verificação inicialmente esta-
belecida1, sendo posteriormente reduzida em função do histórico de medições. O objetivo é a de-
teção atempada de indicadores que justifiquem a calibração dos equipamentos (6.3). Contudo,
importa não esquecer que também há outras causas responsáveis pela degradação da qualidade
das medições (6.4.7).

Outras razões que justificam a verificação extraordinária dos equipamentos incluem:

• a ocorrência de acidentes durante o manuseamento dos equipamentos;


• a ocorrência sistemática e generalizada2 de resultados questionáveis3;
2 3
• a ocorrência esporádica ou sazonal, generalizada ou não, de resultados questionáveis .

Note-se que o diagnóstico de avarias pode ser difícil e requerer persistência. Sempre que esta hi-
1
Por exemplo, pode estabelecer-se uma frequência inicial de verificação semanal ou mensal, conforme o equipamento tenha mais ou
menos de uma utilização diária, respetivamente.
2
Por exemplo, em todas as obras observadas com um determinado equipamento.
3
Por resultados questionáveis entende-se resultados incongruentes sem que haja qualquer indicação de erro na análise qualitativa (6),
ou, havendo, que seja generalizado à maior parte das medições e sem causa aparente.

80
pótese é colocada, o processo de verificação deve incluir a permutação de equipamentos com ou-
tros homólogos que não apresentem o mesmo comportamento, de forma a testar a totalidade do
conjunto (in ex.: sonda, cabo, terminais e unidade de aquisição). Outro aspeto importante medi-
ante a hipótese de avaria é a estanqueidade do sistema, pelo que se deve proceder à verificação
dos equipamentos dentro e fora de água1. A prazo, a falta de qualidade dos resultados será sem-
pre mais onerosa do que o tempo requerido para o despiste de avarias.

4.7.3. Calibração de equipamentos inclinométricos

4.7.3.1. Seleção do equipamento de calibração

A calibração de inclinómetros faz-se normalmente numa mesa rotativa2 (Figura 43). A precisão, a
exatidão e a resolução da mesa devem ser compatíveis com os valores especificados pelo fabri-
cante do inclinómetro, incluindo as incertezas de medição associadas a ambos os dispositivos e a
contabilização da deriva metrológica da mesa rotativa durante o respetivo período de serviço en-
tre calibrações. Outras questões a considerar na decisão sobre a aquisição de uma mesa para ca-
libração de inclinómetros incluem (Coimbra, 2011):

• existência de outros instrumentos3 que possam usufruir do sistema de calibração;


• climatização da área de trabalho (in ex.: humidade e temperatura controladas);
• recurso a pessoal especializado para execução dos serviços de calibração;
• decisão sobre a finalidade última do processo de calibração4 (in ex.: afinação ou correção);
• condições para proceder à afinação dos equipamentos5 ou à correção das medições6;
• custos associados aos equipamentos necessários e às respetivas calibrações;
• caso se pretenda a acreditação do sistema, custos associados ao processo de acreditação e
à manutenção de credenciais.

O processo de calibração é dispendioso e deve ponderar-se em função da despesa inerente ao


custo de calibração dos equipamentos de que se dispõe7. O custo unitário de calibração externa8,9
de cada equipamento inclinométrico é estimado em e o período de serviço ótimo

1
A influência da água das medições nem sempre é percetível (Anexo X).
2
Rotary table, também conhecida por plataforma rotativa (rotary stage) ou por mesa indexante (indexing table).
3
Por exemplo, clinómetros.
4
A afinação dum instrumento requer intervenção mecânica no mesmo. A correção faz-se por atualização de parâmetros de calibração
no firmware do instrumento ou no software de processamento de dados.
5
Por exemplo, recurso a pessoal especializado e existência de condições e ferramentas de trabalho adequadas.
6
Por exemplo, recurso a pessoal especializado, implementação e manutenção de ferramentas informáticas adequadas .
7
De um modo geral, a implementação de um processo de calibração interna só é compensatória na posse de um número elevado de
equipamentos e/ou na perspetiva da comercialização do serviço.
8
O custo de calibração não inclui o transporte do equipamento, podendo este ser bastante dispendioso.
9
O custo de calibração baseia-se nas fichas de calibração obtidas até 2011. Valores mais recentes indicam que o custo se tem mantido
estável, decrescendo essencialmente pela desvalorização do dólar americano.

81
entre calibrações é estimado em cerca de 2 anos1,2 (Coimbra, 2011). Coimbra (2011) efetuou um
estudo para o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) ponderar a aquisição de um equi-
pamento para calibração de inclinómetros. O estudo apresenta critérios para seleção de mesas
rotativas com duas finalidades distintas:

• Calibração não certificada: processo interno – obtenção de uma curva de calibração para
efeitos de correção das medições inclinométricas.
• Calibração certificada: processo externo – comercialização do serviço3.

Atendendo ao histórico de campanhas inclinométricas analisado, Coimbra (2011) conclui que a


implementação de um sistema não certificado permitira alargar o período de serviço entre cali-
brações para mais de 5 anos, sem perda de qualidade, podendo mesmo atingir cerca de 15 anos.
No caso de implementação de um sistema certificado, a poupança poderia atingir dos cus-
tos de calibração4, para além da receita potencial associada à prestação de serviços.

Coimbra (2011) procede a um estudo de mercado e sugere um equipamento de calibração com os


requisitos necessários à certificação5. Esta opção é fundamentada pela pequena diferença entre
os custos de aquisição6 das mesas selecionadas para cada tipo de sistema de calibração.

a) Mesa de engrenagem sem-fim b) Mesa de engrenagem sem-fim c) Mesas de acionamento direto


com controlo manual. com controlo automatizado. com controlo automatizado.
Figura 43 – Exemplos de mesas rotativas (adaptado de Aerotech, 2010; Coimbra, 2011; Newport, 2010; RPI,
2010).

1
Note-se que o período de serviço está relacionado com diversos fatores, designadamente a frequência de utilização, as condições de
armazenamento e os cuidados de manuseamento/manutenção (4). Portanto, o período indicado só é válido naquele cenário.
2
Coimbra (2011) estimou o período de serviço ótimo entre calibrações a partir do histórico de indicadores de qualidade (6.3) de cam-
panhas inclinométricas executadas com diversos inclinómetros. ISO (2016) recomenda o mesmo período de serviço entre calibrações
como o máximo a praticar, desde que se acompanhe periodicamente o desempenho metrológico dos equipamentos (4.7.2).
3
A afinação de instrumentos permanece indefinida por Coimbra (2011), uma vez que a capacidade para o fazer requer um estudo es-
pecífico sobre as condições necessárias à abertura e assemblagem dos dispositivos, ou sobre a legalidade e os meios adequados à atu-
alização de parâmetros de calibração no firmware de dispositivos digitais (in ex.: MEMS; 2.2.5).
4
A terminologia “custos de calibração” refere-se apenas ao custo da contratação do serviço, excluindo o custo associado à manuten-
ção e à operação dos equipamentos de calibração.
5
Independentemente do tipo de sistema a implementar, um equipamento com os requisitos necessários para um sistema de calibra-
ção certificado representa menor custo de manutenção, já que oferece tolerâncias de aceitação muito superiores.
6
A terminologia “custos de aquisição” refere-se apenas ao equipamento necessário (in ex.: mesa, controladores, fonte de alimentação,
cablagem e software), excluindo outros custos necessariamente aplicáveis e que podem ser mais elevados num sistema de calibração
certificado (in ex.: climatização, aparato de suporte e nivelamento, formação e certificação).

82
As principais características a considerar no processo de seleção de uma mesa rotativa para cali-
bração (in)clinométrica são as seguintes (Coimbra, 2011):

a) exatidão, repetibilidade e resolução da mesa e dos instrumentos a calibrar;


1
b) superfície radial da mesa no plano vertical ;
2
c) capacidade de carga radial da mesa ;
3
d) momento de inércia admissível da mesa .
4
e) tipo de acionamento mecânico da mesa .

As características do tipo a) designam-se por requisitos metrológicos (IPQ, 2005a). É necessário


que haja compatibilidade entre os requisitos de ambos os equipamentos. Portanto, os requisitos
metrológicos duma mesa para efeitos de calibração inclinométrica devem definir-se em função
daqueles requeridos para os inclinómetros. No Quadro 9 apresentam-se os requisitos metrológi-
cos para equipamentos inclinométricos recomendados pelo Comité Técnico 182 da Organização
Internacional de Padronização (ISO 18674-3, 2016). No Quadro 20 (6.2.1) apresentam-se especifi-
cações técnicas dos principais fabricantes de equipamentos inclinométricos.

Quadro 9 – Requisitos metrológicos para medições inclinométricas (adaptado de ISO 18674-3, 2016).

Orientação
Portabilidade Parâmetro
Vertical Horizontal

iv
Exatidão (aplicável também a instrumentos fixos)
De sonda
i
Repetibilidade ao longo de de extensão

ii
Fixo Repetiblidade ao longo de de extensão

iii
De sonda e fixo Estabilidade do sinal ao longo de um período de ⁄

NOTA: os valores tabelados referem-se a medições executadas na direção onde as rodas circulam (5.1; 6.2).
i
Dispersão dos desvios acumulados (5.2) obtidos em medições executadas sob condições de repetibilidade (in ex.: mesmo operador,
mesmo procedimento, mesmo instrumento e mesma instalação).
ii
Dispersão dos desvios acumulados (5.2) obtidos em medições executadas sob condições de repetibilidade (in ex.: mesmo operador,
mesmo procedimento, mesmo instrumento e mesma instalação) e com uma cadeia de segmentos com amplitude de medição de
com de espaçamento.
iii
Variação do sinal emitido por um instrumento em posição estática.
iv
O termo (full scale) refere-se à amplitude máxima de medição do instrumento (in ex.: para amplitude de medição ,a
exatidão mínima, ao longo de , deve ser de ⁄ ( ) ⁄ ).

A repetibilidade exposta no Quadro 9 refere-se à repetibilidade do sistema e não dos sensores, já


que é avaliada para medições em profundidade e engloba erros de posicionamento (6.2). É co-

1
Há mesas que apenas funcionam corretamente com o eixo de rotação paralelo ao plano vertical. Para calibração de inclinómetros
verticais é necessário que a mesa tenha capacidade para operar com o eixo de rotação paralelo ao plano horizontal.
2
A capacidade de carga radial de uma mesa rotativa refere-se à força máxima exercida na direção perpendicular ao eixo de rotação do
prato, podendo esta dever-se ao peso acoplado a um prato orientado no plano vertical, à força centrífuga resultante da carga acoplada
sob rotação, ou de uma combinação de ambas as situações (Anexo I).
3
O momento de inércia, ou fletor, refere-se ao momento exercido em direção normal ao eixo de rotação (Coimbra, 2011; Anexo I).
4
Este fator tem implicações nos custos de aquisição, nos custos de manutenção, na capacidade de automatização e na produtivida de.

83
mum os fabricantes especificarem este valor como system accuracy e referirem a repetibilidade
do sensor separadamente (in ex.: DGSI, 2013c; SOIL, 2014c). A exatidão – accuracy – pode ser in-
terpretada como a exatidão do sensor, mas na verdade refere-se ao erro típico do valor médio de
duas leituras na mesma posição, uma vez que cada medição inclinométrica resulta da diferença
média de duas leituras simétricas (5.1). O termo accuracy refere-se frequentemente a uma medi-
da de dispersão (JCGM, 2008a) e será assim tratado neste documento.

A metodologia mais utilizada para avaliação da compatibilidade entre os requisitos metrológicos


dum padrão de calibração e dum determinado instrumento a calibrar consiste na determinação
do “Coeficiente de Incerteza do Ensaio” (TUR - Test Uncertainty Ratio; Bennett & Zion, 2005; Co-
imbra, 2011; Zion, 2007):

⁄ (7)

onde é a tolerância de aceitação do equipamento sob calibração e é a incerteza do processo


de medição.

A seleção preliminar de um equipamento de calibração através de um determinado permite


minorar o peso da incerteza de medição que provém desse instrumento, deixando margem para
introdução de outras incertezas que provenham doutros fatores1 ou da deriva do próprio ao longo
do tempo. Pois, nem sempre é fácil estimar todas as fontes de incerteza do processo e as respeti-
vas magnitudes. Na figura seguinte ilustra-se a influência que o valor de tem na tolerância
admissível dum ensaio de calibração.

a) Tolerância admissível ( ) para um instrumento b) Tolerância admissível ( ) para um instrumento


de tolerância calibrado com . de tolerância calibrado com .
Figura 44 – Relação entre a tolerância admissível ( ) e a tolerância do equipamento sob calibração ( ), em
função do Coeficiente de Incerteza do Ensaio (Test Uncertainty Ratio, TUR; adaptado de Coimbra, 2011).

A tolerância de aceitação do equipamento sob calibração ( ) pode definir-se em função das res-
petivas especificações técnicas, correspondendo ao dobro da exatidão especificada. Mas, tal co-

1
Por exemplo, influências doutros aparatos incluídos no sistema, do(s) operadore(s) e doutros fatores ambientais (in ex.: humidade,
temperatura e vibrações).

84
mo já foi referido, a exatidão especificada para inclinómetros de sonda refere-se ao erro aleatório
que resulta da diferença média de duas leituras simétricas (6.2), ou, na prática, que resulta da
média de duas medições. Portanto, o valor de exatidão a considerar para este tipo de instrumen-
to deve obter-se a partir da equação (8), onde é o valor médio das medições e , éa
dispersão que caracteriza o erro de e é a dispersão típica de cada medição (JCGM, 2008b).
Considerando o valor de exatidão do Quadro 9 ( ⁄ ), a tolerância de aceitação pa-
ra a generalidade dos inclinómetros verticais equivale ao resultado da expressão (9).

( )⁄ ⁄√ √ (8)

| |
{ √ { (9)
[ ] ( ⁄ )

A estimativa da incerteza a considerar ( ) pode ser do tipo A ou do tipo B, sendo o primeiro de


natureza experimental e o segundo de natureza arbitrária ou fundamentada (in ex.: extraído de
especificações; Brown, 2006; Dobbert, 2010; JCGM, 2008b). Na fase de seleção de equipamentos
a estimativa de é naturalmente do tipo B com contribuição de todas as variáveis disponibiliza-
das pelo fabricante (in ex.: exatidão, repetibilidade e resolução). No Quadro 10 apresenta-se o
método de cálculo utilizado por Coimbra (2011) para proceder à estimativa de a partir das es-
pecificações metrológicas das mesas rotativas analisadas.

Quadro 10 – Método de cálculo para estimativa da incerteza de medição introduzida pelo equipamento de
calibração (adaptado de Coimbra, 2011).

Variável Cálculo Observações

Incerteza expandida: – coeficiente de expansão ( ; JCGM, 2008b)

Incerteza combinada: √ (JCGM, 2008b)

Incerteza associada à exati- – exatidão especificada; distribuição retangular com de pro-


dão do instrumento: √ babilidade relativamente à ocorrência de (JCGM, 2008b).

– repetibilidade especificada; dispersão de medições assumindo


Incerteza associada à repe-
que está afetado de um coeficiente de expansão de
tibilidade do instrumento:
( ; JCGM, 2008b).

– resolução especificada; distribuição retangular com de pro-


*Incerteza associada à reso-
babilidade para o valor medido se situar entre duas unidades de reso-
lução do instrumento: √ lução consecutivas (in ex: ⁄ ; JCGM, 2008b)

*Devido à inclusão de codificadores óticos e de multiplicadores de escala, os equipamentos oferecem resoluções muito superiores à
sua exatidão e repetibilidade. Por esta razão foi considerado o valor mínimo de para todos os dispositivos, o que corresponde a
⁄ da resolução da generalidade dos instrumentos inclinométricos.

Conhecido o valor de do sistema inclinométrico a calibrar e o valor de de cada padrão de cali-


bração considerado, a ponderação consiste na exclusão dos equipamentos que apresentam valor
de insuficiente, procedendo-se posteriormente à avaliação dos custos de aquisição e de ma-

85
nutenção dos equipamentos restantes. Sabendo que o valor de oscila normalmente entre 3
e 10 (IPAC, 2010; IPQ, 2005b, 2005a, 1996; ISO & IEC 17025, 2017), Coimbra (2011) opta1 por de-
finir valores mínimos de para um sistema de calibração certificado e de para
um sistema de calibração não certificado. Desta forma, para o valor de exatidão
⁄ (Quadro 9) e para a tolerância obtida em (9), a incerteza máxima a procurar numa
mesa rotativa deverá situar-se no intervalo:

⁄ (10)

Coimbra (2011) apresenta as estimativas expostas no quadro seguinte relativamente às caracte-


rísticas da mesa b), c) e d).

Quadro 11 – Grandezas estimadas para os principais requisitos não metrológicos de uma mesa rotativa para
execução de calibrações inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2011).

Variável Valor

• A superfície radial deve considerar-se em função do diâmetro perfurado, já que algumas


mesas incorporam pratos de apoio e outras não. O diâmetro perfurado influencia a es-
tabilidade da carga, a facilidade do seu acoplamento e a forma como o próprio momen-
Superfície radial (b)): to fletor é exercido.
• Coimbra (2011) apresenta mesas com diâmetros perfurados entre e . A se-
leção final incorpora diâmetros perfurados de e de , correspondendo o úl-
timo à recomendação final.

Capacidade de carga radial (c)): • Massa total estimada: (Anexo I).

Momento de inércia ou fletor (d))*:


• Momento de inércia estimado: (Anexo I).
• Momento fletor estimado: (Anexo I).

*Estimado para uma distância máxima de entre a superfície da mesa e o centro gravítico da carga.

Relativamente ao tipo de acionamento mecânico da mesa (e)), Coimbra (2011) sugere os tipos
acionamento direto2 e engrenagem sem-fim3 como os mais adequados para esta finalidade
(Figura 43). As vantagens e as desvantagens de ambas as tipologias encontram-se descritas no
Quadro 12.

1
Coimbra (2011) refere que o valor mínimo pode fornecer margens de segurança irrealistas, uma vez que só considera um
lado da curva de dispersão que caracteriza a incerteza . Bennett & Zion (2005) sugerem . Zion (2007) sugere a aplicação de
um coeficiente de expansão da incerteza combinada superior ao valor comumente utilizado ( ; JCGM, 2008b), de forma a garantir
a cobertura total da curva que caracteriza a dispersão da incerteza de medição ( ; JCGM, 2008b). Garcia et al. (2009) expandem
com um coeficiente , o que, na prática, equivale a considerar ambos os lados da distribuição que caracteriza a incerteza da
medição ( ⁄( ) ).
2
O acionamento faz-se por indução magnética, encontrando-se o motor incorporado na própria mesa sem qualquer engrenagem.
3
O motor dispõe de um rotor com determinado passo (rosca sem-fim) que aciona a mesa através da respetiva engrenagem periférica.

86
Quadro 12 – Vantagens e desvantagens dos tipos de acionamento mecânico mais adequados para um sis-
tema de calibração inclinométrica (adaptado de Coimbra, 2011).

Acionamento Vantagens Desvantagens

iii
• Sem manutenção; • Maior dificuldade na manipulação de cargas ele-
• sem desgaste; vadas e/ou perante a ocorrência de momentos de
Direto (indução
i inércia ou angulares consideráveis;
magnética) • sem recuo; iv
• melhor controlo sobre o movimento; • maior incerteza relativamente à exatidão atingível
ii nas condições do ponto anterior.
• melhor exatidão e repetibilidade.

• Menor aumento de custo para capacidades de car- i,v


ga superiores com momentos de inércia ou de fle- • Recuo;
xão consideráveis; • níveis de exatidão muito elevados requerem a
Engrenagem • liberdade de opção sobre o tipo de motor a im- aquisição de unidades maiores e com maior capa-
sem-fim plementar; cidade de carga;
• exatidão garantida, desde que o equipamento seja • desgaste da engrenagem (in ex.: maior frequência
operado de acordo com as capaciades de carga es- de manutenção e de calibração).
pecificadas.
i
O recuo (backlash) caracteriza-se por um erro de medição/posicionamento aquando da mudança no sentido de progressão das medi-
ções/movimentos. Esta divergência deve-se à folga existente na engrenagem para fins de lubrificação e de tolerância de fabrico.
ii
Embora as mesas com acionamento direto tenham normalmente melhores características metrológicas, convém salientar que o de-
sempenho está mais dependente do tipo de aplicação (in ex.: magnitude e distribuição da carga).
iii
O custo deste tipo de mesa sobe abruptamente nestas condições de aplicação.
iv
Neste tipo de mesa, a exatidão só se pode aferir após afinação com a respetiva carga.
v
O recuo é importante para verificação da histerese em inclinómetros. Neste caso deve considerar-se a repetibilidade bidirecional para
efeitos de estimativa de (Quadro 10).

4.7.3.2. Frequência de calibração metrológica dos equipamentos inclinométricos

Não existe uma regra universal para estabelecer um período de serviço entre calibrações de um
determinado instrumento (Coimbra, 2016, 2011; ILAC & OIML, 2007). Na ausência de rotinas de
verificação metrológica ou funcional (4.7.2; 6.2; 6.3), o período de serviço inicial deverá estabele-
cer-se em função das recomendações do fabricante ou com base na experiência e no conheci-
mento comportamental de instrumentos semelhantes (ILAC & OIML, 2007). Note-se que o tipo de
sensor (2.2) é determinante para a definição do período de serviço entre calibrações, uma vez que
cada tipo de sensor tem características próprias 1. Portanto, a informação comportamental obtida
para determinado instrumento não se aplica a outro que possua um tipo de sensor distinto, ainda
que ambos os instrumentos tenham as mesmas características mecânicas, especificações metro-
lógicas semelhantes, sejam utilizados no mesmo ambiente e segundo os mesmos procedimentos.

O período de serviço entre calibrações pode e deve ser ajustado após o primeiro ciclo (in ex.: 1 a 2
anos). Este procedimento permite otimizar os custos de manutenção em função do tipo de utili-
zação e das características instrumentais de cada, ou de um grupo de, equipamento(s). ILAC &
OIML (2007) referem os métodos seguintes para ajuste dos períodos de serviço entre calibrações:

a) Ajuste automático: o período de serviço é alargado ou reduzido conforme o resultado da

1
Por exemplo, propensão à deriva do desvio, linearidade, resistência ao choque ou degradação da precisão por deterioração de co m-
ponentes eletrónicos e/ou mecânicos.

87
calibração demonstre, respetivamente, que o instrumento opera dentro ou fora de 80% da
tolerância admissível.
b) Gráficos de controlo: é mantido um histórico de resultados de calibração, sobre o qual se
procede a uma análise estatística da deriva instrumental ao longo do tempo. A base de da-
dos resultante permite calcular o período de serviço ótimo para as condições em que os
instrumentos são utilizados, podendo o mesmo período aplicar-se a outros instrumentos
semelhantes que operem nas mesmas condições.
c) Tempo de uso: é atribuído um tempo de uso a cada instrumento, procedendo-se à respeti-
va calibração assim que esse tempo expire. O tempo de uso atribuído pode definir-se atra-
vés de qualquer outro método.
d) Verificação em serviço: certos parâmetros são frequentemente verificados e o instrumento
é enviado para calibração quando se verifica a ocorrência de algum parâmetro fora do in-
tervalo de confiança.
e) Outros métodos estatísticos: os instrumentos são avaliados através de métodos estatísticos
adequados a cada, ou ao tipo de, instrumento.

Os métodos a) e b) só são aplicáveis quando o laboratório de calibração fornece o resultado das


medições de verificação, ou a curva de calibração, anterior(es) à afinação do instrumento. No ca-
so dos inclinómetros, normalmente calibrados pelo respetivo fabricante ou por um representante
autorizado, a experiência revela que não é esta a prática. Pois, os certificados de calibração incli-
nométrica apenas incluem as medições de verificação pós-afinação.

O método c)1 pode aplicar-se com ou sem resultados de medições pré-afinação. No entanto, não é
recomendável para instrumentos propensos a deriva do desvio durante o armazenamento, como
é o caso dos inclinómetros. Apesar desta restrição, admite-se que pode ser uma boa opção para
inclinómetros fixos (2.2.4) que não tenham utilização intermitente2.

O método d) corresponde à verificação periódica do desvio na origem, segundo os métodos c) e d)


apresentados em 4.7.2 (Figura 42, 4.7.2.1). Contudo, importa referir que a própria definição deste
método implica uma frequência de verificação muito elevada (in ex.: diária ou após cada serviço).
No contexto de instrumentos inclinométricos, essa frequência de verificação é desnecessária por-
que há necessariamente uma grande quantidade de dados intrinsecamente verificáveis3 (6).

O método e) inclui-se nos procedimentos de verificação a) e b) referidos na secção 4.7.2 e discuti-


dos mais detalhadamente em 6. Na ausência de equipamentos capazes de providenciar verifica-
ções inclinométricas dentro dos intervalos de confiança admissíveis (4.7.3.1), este é o método que

1
Note-se que em inclinómetros de sonda (2.4.3) este método deve basear-se em metros de tubo medido e não no tempo de uso.
2
Por utilização intermitente entende-se a aplicação temporária destes dispositivos e a sua relocalização sem entretanto se proceder à
sua calibração (in ex.: na observação de escavações temporárias).
3
Ou seja, qualquer desvio comportamental é facilmente detetado se houverem rotinas de análise de qualidade incluídas nos procedi-
mentos de tratamento de dados.

88
melhor se adequa ao ajuste dos períodos de serviço entre calibrações de inclinómetros de sonda
(2.4.3). Caso contrário pode aplicar-se o método d), com uma frequência de verificação mais mo-
derada (4.7.2.2) e complementarmente à inclusão de procedimentos de avaliação da qualidade
das medições inclinométricas nas rotinas de trabalho (6). Pois, para além de garantirem a fiabili-
dade dos resultados, aqueles procedimentos fornecem um histórico comportamental dos instru-
mentos em ambiente de obra e permitem avaliar parâmetros de dispersão de causa não sensorial
(in ex.: relacionados com as rodas e/ou com características específicas de cada instalação).

Apesar do método e) parecer o mais adequado, não é normalmente aplicado por falta de pessoal
especializado e/ou de ferramentas de análise. A prática mais comum é definir um período de ser-
viço fixo em função das recomendações do fabricante e independentemente do padrão de utiliza-
ção do instrumento. Em certos casos (in ex.: em situações de insuficiência financeira) pode até
ocorrer que os instrumentos sejam continuamente utilizados mediante a obtenção de resultados
coerentes com o comportamento de obra esperado. Coimbra (2016) resume as práticas mais utili-
zadas para definir a periodicidade de calibração inclinométrica, juntamente com a metodologia e),
e tece algumas observações que se apresentam no Quadro 13. Note-se que apenas o método e)
permite otimizar os períodos de serviço dos equipamentos sem perda de confiança no respetivo
desempenho instrumental.

Quadro 13 – Metodologias normalmente utilizadas para a definição da periodicidade de calibração de ins-


trumentos inclinométricos (adaptado de Coimbra, 2016).

Método Observações

• É definido um período de tempo fixo entre calibrações;


• o período pode definir-se em função do tempo de vida útil, do tempo de operação, da
Calibração em função de um período frequência de utilização ou das recomendações do fabricante;
de serviço fixo: • quando não é combinado com a análise de parâmetros de qualidade, pode resultar
em períodos demasiadamente curtos, aumentando os custos de manutenção, ou de-
masiadamente longos, reduzindo a confiança nos resultados inclinométricos.

• Resulta sempre em períodos de serviço demasiadamente longos;


• coloca em causa a qualidade/fiabilidade dos resultados inclinométricos e pode condi-
Calibração devido à obtenção de valo- cionar a continuidade das observações inclinométricas;
res sistematicamente duvidosos: • pode contribuir para a redução do tempo de vida útil dos instrumentos;
• o custo associado à repetição de campanhas inclinométricas é potencialmente superi-
or à poupança gerada pelo alargamento do período de serviço.

• Obriga a uma rotina de controlo da qualidade dos dados inclinométricos;


• resulta sempre num período de operação otimizado para cada instrumento, conside-
Calibração devido à obtenção de indi- rando as condições em que o mesmo opera;
cadores de qualidade no limiar ou fora
dos respetivos limites de confiança: • quando instrumentos do mesmo tipo (in ex.: com o mesmo sensor) operam sistemati-
camente em condições semelhantes, é possível definir um período de serviço ade-
quado com base no padrão de evolução dos parâmetros de qualidade.

89
5. PROCESSAMENTO DE DADOS INCLINOMÉTRICOS

5.1. Conceitos fundamentais

Os dados inclinométricos consistem em medições de inclinação ao longo de um eixo, tendo por


objetivo o cálculo dos respetivos segmentos de reta perpendiculares ao plano de referência do
instrumento (Figura 1, 1; Figura 36, 4.1). Para a grande maioria dos inclinómetros, cada medição
envolve duas leituras simétricas (in ex.: uma campanha requer duas sequências de leitura com a
sonda orientada em sentidos opostos1). Neste contexto, o termo leitura refere-se a uma leitura
isolada ((11), (12)) e o termo medição refere-se à diferença média entre duas leituras simétricas
obtidas na mesma secção da instalação e na mesma campanha de observação ((13), (14)).

Na Figura 16 (3.2.1) apresenta-se um esquema representativo da relação entre os planos e e


as calhas inclinométricas. Na Figura 24 (3.4.5) apresenta-se um esquema de alinhamento e de
identificação das calhas em obra, sendo a direção , ou , coincidente com aquela em
que se espera o desenvolvimento de deslocamentos. Na Figura 38 (4.3.1) apresenta-se a relação
entre as rodas inclinométricas e os sentidos de inclinação positivo e negativo. Na Figura 45a apre-
senta-se um esquema dum tubo inclinométrico visto em planta, onde se inclui a identificação 2 das
quatro calhas de rodagem , , e , situando-se sempre a de no sentido
horário. Na Figura 45b ilustra-se a relação entre cada sentido de medição, a orientação azimutal
dos deslocamentos ( , 5.4) e os sinais dos ângulos medidos nos planos ( )e ( ).

a) Relação entre os sentidos de medição e o sinal da b) Relação entre os sentidos de medição e os si-
orientação azimutal dos deslocamentos (5.4). nais dos ângulos medidos nos planos e .
Figura 45 – Sentidos de medição inclinométrica e respetiva relação com a orientação azimutal dos desloca-
mentos e com os sinais dos ângulos medidos nos planos e (adaptado de Coimbra, 2016; SINCO, 2006a).

1
São necessárias quatro sequências para inclinómetros unidirecionais não oblíquos e apenas uma para inclinómetros oblíquos (2.3).
2
Outras designações utilizadas para os sentidos , , e são, respetivamente, , , e , ou , , e .

91
Os sensores inclinométricos debitam um sinal em função do seno do ângulo de inclinação (Dunni-
cliff, 1988; Mikkelsen, 2003). Na Figura 46 apresenta-se a resposta sensorial típica de um acele-
rómetro inercial, em função da inclinação da sonda inclinométrica. A resposta ideal seria nula em
condição de alinhamento perfeito da sonda com o plano de referência instrumental (in ex.: ),
mas observa-se um ligeiro desfasamento entre o valor ideal e a resposta obtida naquelas condi-
ções. Esse desfasamento denomina-se desvio na origem (bias) e corresponde a um erro sistemáti-
co que se traduz na translação integral da curva de resposta. O desvio na origem está sempre pre-
sente em qualquer instrumento, independentemente da respetiva condição metrológica. No caso
dos inclinómetros este valor não pode ser corrigido através de uma constante; pois varia ao longo
do tempo e mediante as condições de operação (6.3; 6.4.2; Figura 91, 6.4.5). Esta é a razão para a
necessidade de se proceder a duas sequências de leituras por cada sequência de medições. Pois,
por muio pequeno que seja o desvio na origem, os procedimentos de cálculo para produção de
resultados multiplicam a sua influência a cada iteração (5.2; 5.3; 6).

Figura 46 – Resposta de um sensor inclinométrico em função da inclinação da sonda na respetiva direção.

A relação entre os valores de leitura e o seno do ângulo obtém-se através das equações (11) e
(12), para os planos e , respetivamente, onde , , e são as leituras obtidas nos
sentidos , , e , respetivamente, às quais correspondem os ângulos , , e
, respetivamente, sendo o desvio na origem de cada sensor e uma constante de propor-
cionalidade específica de cada modelo de inclinómetro (Quadro 14).

{ { (11)

92
{ { (12)

Sabendo-se que os ângulos e , tal como os ângulos e , são simétricos, as medições


em cada plano ( ) correspondem à diferença média das respetivas leituras, de acordo com as
equações (13) e (14), para os planos e , respetivamente, onde se verifica a eliminação efetiva
do desvio na origem.

( )
(13)

( )
(14)

Quadro 14 – Constantes de proporcionalidade ( ) dos principais fabricantes de inclinómetros (GEOKON,


2009b, adaptado de 2014a, 2014b; RST, 2010; SINCO, 2006a, 2014; SISGEO, 2013a; SOIL, 2014d, 2014e).

Fabricante Modelo Sensores

i
25000
Digitilt Classic (50302599) Servoacelerómetro clássico (2.2.4)
Slope Indicator ii
20000
Company (SINCO)
iii
Digitilt AT System (50330999) MEMS capacitivo (2.2.5.4) 100000

iv
Vert. Digital Inclinom. Sys. (C17) 50000
Soil Instruments
MEMS capacitivo (2.2.5.4)
(SOIL) iv
Digital Inclinometer Pro (C17 Pro) 100000

v
RST Instruments MEMS Digital Inclinometer System MEMS capacitivo (2.2.5.4) 25000

Vertical Inclinometer Probe Servoacelerómetro clássico (2.2.4)


SISGEO 20000
Digital MEMS Inclinometer System MEMS capacitivo (2.2.5.4)

i, vi
25000
Inclinometer Probe (6000) Servoacelerómetro clássico (2.2.4)
ii, vi
20000
GEOKON
i, vii
25000
MEMS Inclinometer Probe (6100) MEMS capacitivo (2.2.5.4)
ii, vii
20000

NOTA: todos os instrumentos são portáteis com plano de referência vertical. As constantes para instrumentos portáteis de referência
horizontal deverão ser idênticas, uma vez que os sensores são normalmente do mesmo tipo e as unidades de leitura são permutáv eis.
i
Aplicável ao sistema métrico.
ii
Aplicável ao sistema imperial.
iii
Esta é a constante de armazenamento interno. Durante a obtenção de dados, os valores de leitura são apresentados com constante
ou , conforme o sistema seja métrico ou imperial, respetivamente.
iv
Esta é a constante de armazenamento interno. Durante a obtenção de dados, os valores de leitura são apresentados em unidades de
medida (in ex.: milímetros ou polegadas de desvio relativamente ao plano de referência do instrumento; 5.2).
v
Este equipamento apresenta e armazena as leituras em unidades métricas ou imperiais, mas permite a exportação de dados com
constante para compatibilização com sistemas da SINCO.
vi
As constantes obtiveram-se da unidade de leitura GK-603 (GEOKON, 2009b). O manual do produto apenas refere a necessidade de
uma unidade de alimentação/aquisição capaz de medir em com uma resolução de .
vii
As constantes obtiveram-se da unidade de leitura GK-603 (GEOKON, 2009b). O manual do produto apenas refere a necessidade de
uma unidade de alimentação/aquisição capaz de medir em com uma resolução de .

93
As medições utilizam-se para produção de resultados de observação de movimentos transver-
sais (5.3; 5.4; 5.6; 5.9). Estes resultados são normalmente processados de forma automática e
formam a base necessária para proceder à análise crítica. Contudo, a qualidade da informação ge-
rada depende sempre da qualidade dos dados obtidos, cuja análise requer a observação direta
das leituras e (6).

5.2. Desvios incrementais e acumulados

O ponto de partida para a produção de resultados inclinométricos é o cálculo dos segmentos


transversais ao plano de referência do instrumento (Figura 1, 1). Estes segmentos denominam-se
desvios incrementais ( ) e obtêm-se em função do passo de leitura ( ) e dos senos dos ângulos
medidos em cada secção do eixo instrumentado ((13), (14), 5.1):

{ (15)

Em instrumentos portáteis, o passo de leitura é normalmente no sistema métrico e no


sistema imperial. Instrumentos fixos têm passos de leitura variáveis e ajustáveis (2.4.2)1.

A integração dos desvios incrementais ( ) desde um ponto de referência da instalação ( )2 até


uma determinada secção ( ) denomina-se desvio acumulado ( ):

∑ ∑
{ (16)
∑ ∑

com em instalações cujo ponto de referência é considerado fixo3.

O perfil do eixo instrumentado corresponde à totalidade dos desvios acumulados e denomina-se


geometria da instalação inclinométrica (Figura 1, 1). Nas figuras 47 e 48 apresenta-se um exemplo
dos desvios incrementais e da geometria de uma instalação inclinométrica, respetivamente.

A geometria das instalações é importante porque permite identificar:

• a inclinação máxima, tendo esta influência na performance dos instrumentos (5.10; 6.2;
6.4.3; 6.4.5);
• alterações significativas de inclinação, podendo estas diminuir o tempo de vida útil respeti-
vo (5.8.3) ou potenciar a ocorrência futura de erros pontuais (6.4.7);
• a ocorrência de erros sistemáticos generalizados (6.4.3; 6.4.4; 6.4.5).

1
Note-se que os instrumentos fixos também implicam métodos de cálculo distintos devido ao tipo de sensor que incorporam.
2
Por exemplo, a base do tubo em instalações verticais destinadas à observação da estabilidade de taludes.
3
Nestas condições a apresentação gráfica de resultados parte normalmente de um passo de leitura anterior à primeira secção medida,
atribuindo-se valor nulo aos desvios respetivos.

94
Figura 47 – Desvios incrementais de uma instalação inclinométrica nas direções e .

Figura 48 – Geometria de uma instalação inclinométrica nas direções e (adaptado de Coimbra, 2016).

5.3. Deslocamentos incrementais e acumulados

A observação dos movimentos internos consegue-se por comparação de desvios obtidos em duas
campanhas distintas, estabelecendo-se uma campanha de referência relativamente à qual todas
as campanhas seguintes são comparadas (4.2).

95
As diferenças entre os desvios incrementais ( ) de uma campanha ordinária e da respetiva
campanha de referência denominam-se deslocamentos incrementais ( ):

{ (17)

Da mesma forma, as diferenças entre os desvios acumulados ( ) de uma campanha ordinária e


da respetiva campanha de referência denominam-se deslocamentos acumulados ( ):

{ (18)

Os deslocamentos incrementais são úteis para análise isolada de superfícies com movimento ati-
vo, principalmente quando a espessura de distorção (5.8) é pequena e/ou em situações em que a
qualidade dos dados influencia os deslocamentos acumulados de forma significativa (6).

Os deslocamentos acumulados permitem avaliar a totalidade do deslocamento ocorrido e, conse-


quentemente, a espessura de terreno em movimento.

Nas próximas figuras apresenta-se um exemplo de deslocamentos incrementais (Figura 49) e de


deslocamentos acumulados (Figura 50) nas direções e . Nestas figuras observa-se a relação
entre a movimentação do terreno e a transição litológica, evidenciando-se também o tipo de in-
formação que estes resultados fornecem.

Figura 49 – Deslocamentos incrementais nas direções e (adaptado de Coimbra, 2016).

96
Figura 50 – Deslocamentos acumulados nas direções e (adaptado de Coimbra, 2016).

5.4. Resultante dos deslocamentos e respetiva orientação

As equações (17) e (18) (5.3) exprimem o cálculo de deslocamentos nos planos e . No entanto,
raramente os movimentos observados se direcionam exclusivamente no plano . Por este moti-
vo, a análise de resultados de uma campanha ordinária baseia-se normalmente na resultante
dos deslocamentos ocorridos nas direções e ( ), e na respetiva orientação ( ), de acordo

com as equações (19) e (20), onde , e representam valores de deslocamento incre-


mental ( ) ou acumulado ( ), assim como se refere à orientação de ou de .

√( ) ( ) (19)

( ⁄ ) (20)

Note-se que a expressão (20) é indiferente ao quadrante em que a resultante dos deslocamentos
se situa, sendo necessário proceder a correções condicionais:



(21)
( ⁄ )
( ⁄ )
{ ( ⁄ )

A representação da orientação da resultante varia em função do programa de cálculo utilizado (in


ex.: DELLC, 2018; RST, 2018; SISGEO, 2018, 2017b). Embora a tendência atual seja no sentido da

97
representação tridimensional de , representa-se tradicionalmente num círculo trigonomé-
trico, o que equivale à projeção da curva da resultante dos deslocamentos no plano transversal ao
de referência do instrumento. Este tipo de representação é de leitura difícil, sobretudo em situa-
ções em que o deslocamento máximo não é superficial, na deteção de alterações de orientação
em profundidade e na presença de um número apreciável de campanhas. A representação tridi-
mensional de também não é de leitura fácil em suporte não digital e dificilmente apresenta
uma visão global de em profundidade. O Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes
(NGUT) do Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)
utiliza um formato próprio para representar em profundidade, de forma a respeitar a con-
venção de sinais associados à identificação das calhas inclinométricas (Figura 45, 4) e a proporcio-
nar boa legibilidade em profundidade para um número de campanhas apreciável, conforme de-
senvolvido por Salgado (1995). Na figura seguinte apresenta-se um exemplo da resultante dos
deslocamentos acumulados ( ) e da respetiva orientação ( ).

Figura 51 – Resultante dos deslocamentos acumulados e respetiva orientação (adaptado de Coimbra, 2016).

5.5. Evolução dos deslocamentos ao longo do tempo

A evolução dos deslocamentos ao longo do tempo é a principal ferramenta de análise dos resul-
tados inclinométricos e permite acompanhar a progressão dos deslocamentos calculados em sec-
ções onde sejam mais expressivos. Esta ferramenta também facilita a correlação entre a verifica-
ção de alterações comportamentais (in ex.: a (des)aceleração dos movimentos) e a ocorrência de
outros fatores, tais como diferentes fases de obra e alterações climatéricas.

98
Partindo-se destes gráficos de evolução, é comum proceder-se à estimativa da velocidade e acele-
ração dos deslocamentos para efeitos de análise crítica (Salgado & Carvalho, 1998). Este procedi-
mento pode fazer-se entre duas campanhas ou por regressão dos valores de deslocamento ao
longo de um determinado período, considerando-se também o padrão comportamental.

Na Figura 52 retrata-se a evolução dos deslocamentos em três secções de um talude com uma
superfície de deslizamento ativa na transição entre dois estratos com diferentes características de
rigidez (Figura 49, Figura 50, 5.3; Figura 51; 5.4). Na Figura 53 apresenta-se a velocidade diária de
progressão desses deslocamentos.

Figura 52 – Evolução da resultante dos deslocamentos e da respetiva orientação. Períodos de aceleração in-
termitentes com taxas de progressão variáveis (adaptado de Coimbra, 2016).

Figura 53 – Evolução da velocidade de progressão da resultante dos deslocamentos. Taxas de progressão


diárias.

Na Figura 54 retrata-se a evolução dos deslocamentos de um talude instável, cuja taxa de pro-
gressão se agravou devido a intervenções realizadas na zona do pé. Neste caso as taxas de pro-

99
gressão são praticamente constantes e estimam-se considerando a totalidade das campanhas em
duas fases distintas, antes e após a alteração do padrão comportamental.

Figura 54 – Evolução da resultante dos deslocamentos e da respetiva orientação. Taxa de progressão cons-
tante com aceleração de movimento (adaptado de Coimbra, 2016).

5.6. Uso de múltiplas referências na mesma instalação inclinométrica

A utilização de várias referências interligadas é amplamente utilizada noutras áreas da metrolo-


gia1, mas não se conhecem aplicações no âmbito da observação inclinométrica. Este conceito foi
introduzido no programa de cálculo InclinoReport (5.11; Coimbra, 2007).

O uso de múltiplas referências permite a manutenção de um histórico de referências de uma de-


terminada instalação, tornando possível:

a) o processamento de dados relativamente a uma determinada data;


b) o processamento de dados provenientes de equipamentos inclinométricos distintos sem
perda de continuidade dos resultados respetivos.

O ponto a) é útil quando há necessidade de proceder ao reinício do histórico de observação, devi-


do, por exemplo, à ocorrência de intervenções no local ou à transição entre fases de obra distin-
tas. Nestes casos o procedimento mais comum consiste na criação de um novo ficheiro de dados
ou na alteração da campanha de referência. Contudo, a manutenção de um ficheiro único com
várias campanhas de referência facilita a gestão de dados, permite a visualização geral do históri-
co de campanhas sem perda do registo de referência e oferece maior flexibilidade mediante a ne-

1
Por exemplo, em topografia e no rastreamento de padrões de calibração.

100
cessidade de rever a progressão global dos deslocamentos.

O ponto b) constitui a principal razão pela qual este procedimento foi implementado no programa
InclinoReport (5.11; Coimbra, 2007). Não é raro coexistirem dados provenientes de equipamentos
distintos e referentes à mesma instalação inclinométrica, seja por avaria de equipamentos, por
motivos de manutenção ou por haver mais de uma entidade responsável pela aquisição de dados.
Note-se que “equipamentos distintos” não se refere necessariamente a modelos ou marcas dife-
rentes de sistemas inclinométricos, mas engloba qualquer instrumento diferente do utilizado para
constituição da campanha de referência de um determinado conjunto de campanhas ordinárias.
Cada instrumento tem uma afinação específica e, embora possa não haver divergência significati-
va entre as medições obtidas por dois instrumentos numa secção isolada, o erro é ampliado por
integração no processo de cálculo (6.4.3), transformando pequenas diferenças em erros notáveis
(Dunnicliff, 1988; Mikkelsen, 2003).

Ainda relativamente ao processamento conjunto de dados provenientes de instrumentos distin-


tos, é necessário atender às seguintes particularidades:

• os instrumentos devem incorporar o mesmo dispositivo de referência para controlo da pro-


fundidade (4.4);
• as sondas inclinométricas devem incorporar o mesmo ponto de referência 1 (Figura 57, 5.7);
• o passo de leitura deve ser o mesmo em ambos os instrumentos.

Caso não se verifiquem as condições acima descritas, pode adotar-se um dos seguintes procedi-
mentos para contornar as discrepâncias entre profundidades de leitura:

• os dados são processados tendo em consideração as particularidades de cada instrumento,


havendo a opção de normalização posterior de resultados por interpolação (6.4.4);
• a profundidade da medição de topo (5.7) é corrigida de forma a igualar as profundidades de
leitura de ambos os instrumentos2.

Na Figura 55 ilustra-se a aplicação de múltiplas referências no processamento de dados inclino-


métricos. Sendo e duas campanhas de referência datadas de tal forma que
, e sendo e duas campanhas ordinárias datadas de tal forma que
, o deslocamento de relativamente a ( ) e o deslocamento de
relativamente a ( ) correspondem ao resultado da equação (17) ou (18) (5.3),
conforme se pretenda o cálculo de deslocamentos incrementais ou acumulados, respetivamente:

1
Ou seja, a distância entre a primeira marca do cabo de medição e as rodas superiores da sonda inclinométrica deve ser a mesma em
ambos os instrumentos.
2
Por exemplo, através do uso de uma alonga com comprimento adequado (4.1). Note-se que este procedimento não contorna a exis-
tência de passos de leitura diferentes, mas é pouco provável que essa condição se verifique.

101
{ { (22)

Então, o deslocamento de relativamente a ( ) corresponde a (Figura 55):

{ (23)

desde que:

• o período de tempo decorrido entre as campanhas e não seja significativo; caso


contrário poderá haver deslocamento não contabilizado;
• o período de tempo decorrido entre as campanhas e não divirja significativamente
da frequência de observação estabelecida para a obra em causa; caso contrário poderá ha-
ver deslocamento não contabilizado.

Estas precauções espelham a importância das operações de manutenção indicadas nas secções
4.3, 4.5, 4.6 e 4.7, assim como os procedimentos de validação referidos em 6. Pois, se houverem
procedimentos regulares de inspeção dos equipamentos e dos dados inclinométricos, rapidamen-
te se deteta a necessidade de constituição de uma nova referência.

a) Deslocamento acumulado da b) Deslocamento acumulado da c) Deslocamento acumulado das


campanha relativamente à campanha relativa- campanhas e relativa-
referência . mente à referência . mente à referência .
Figura 55 – Aplicação do conceito de multi-referência ao processamento de dados inclinométricos (adapta-
do de Coimbra, 2011).

Na Figura 56 comparam-se resultados provenientes de dois instrumentos distintos, processados


com e sem a inclusão de múltiplas referências. A separação entre grupos de campanhas é bem vi-
sível nos deslocamentos da direção e na orientação da resultante. Esta diferença deve-se a um
erro de rotação (6.4.3) que não está corrigido. A segunda referência elimina o erro porque garan-
te o cálculo de deslocamentos relativamente à referência do mesmo instrumento.

102
Figura 56 – Comparação de resultados provenientes de dois instrumentos distintos, processados com e sem
a inclusão de múltiplas referências.

5.7. Profundidade da medição de topo, uso de alonga e diferença tubo-terreno

Um dos parâmetros a considerar no processamento de dados inclinométricos é a profundidade da


medição de topo1. Este valor é normalmente entendido como a distância entre a marca do cabo
de ligação correspondente à última leitura executada e o ponto de referência da sonda (Figura
57). O ponto de referência de uma sonda inclinométrica situa-se um passo de leitura abaixo da
primeira marca do cabo de ligação (in ex.: ; Figura 57). Em instrumentos clássicos este ponto
coincide com o centro da sonda inclinométrica (in ex.: 2.2.4; DGSI, 2013c). Em instrumentos mais
modernos este ponto de referência foi corrigido para as rodas superiores da sonda (in ex.: 2.2.5.4;
DGSI, 2014b), uma vez que as medições inclinométricas são adquiridas em segmentos rígidos
coincidentes com o espaçamento entre rodas. Esta particularidade deve ser considerada sempre
que se procede à substituição de equipamentos, ou ao processamento conjunto de dados, cuja
origem se reporta a mais de um sistema inclinométrico (5.6).

Figura 57 – Ponto de referência de sondas inclinométricas clássicas e modernas (adaptado de SINCO, 2018).

1
Vulgarmente designada por profundidade da primeira leitura no Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT) do Departa-
mento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

103
O controlo da profundidade por intermédio de roldana e mordentes (4.4) tem as seguintes impli-
cações na profundidade de medição de topo:

• Quando se faz uso de alonga (4.1) deve corrigir-se a profundidade da medição de topo, de
forma eliminar as leituras coincidentes com a mesma. Pois, a união incorporada na alonga
introduz folga que se traduz frequentemente em deslocamentos acentuados no topo do
tubo, podendo estes induzir erro na avaliação geotécnica de resultados.
• Por falta de extensão de cabo (Figura 57), a presença duma roldana inviabiliza a leitura da
primeira marca em sistemas clássicos (Figura 40, 4.4). Portanto, independentemente da
presença de uma alonga, a profundidade mínima da medição de topo em sistemas clássicos
que operem com roldanas e mordentes é duas vezes o passo de leitura (in ex.: ).

A prática generalizada consiste em definir a profundidade da medição de topo em função da mar-


ca do cabo coincidente com a última medição de campo. Esta prática introduz um ligeiro desfa-
samento entre as profundidades onde se verifica o desenvolvimento de deslocamentos e aquelas
onde os mesmos ocorrem. Este desfasamento deve-se à diferença entre as cotas do topo do tubo
e do terreno e à altura do dispositivo de referência para controlo da profundidade do tipo roldana
e mordentes (4.4). O desfasamento referido é facilmente identificável em situações onde a ocor-
rência de deslocamentos coincida com a transição de estratos litológicos (in ex.: figuras 49 e 50,
5.3), mas o mesmo não se verifica noutras situações onde as causas da instabilidade sejam menos
claras. Por esta razão, é vantajoso referir a profundidade da medição de topo à cota do terreno,
até porque a análise da estabilidade geotécnica é consequente da localização duma superfície de
rotura (in ex.: 5.8.2).

Há programas informáticos que incluem um parâmetro adicional para correção do desfasamento


acima referido (in ex.: DGSI, 2014c). O InclinoReport (5.11; Coimbra, 2007) produz resultados en-
quadrados com a cota do terreno através de um parâmetro que corresponde à diferença de cotas
entre o topo do tubo e a superfície do terreno (Figura 58). Este parâmetro é denominado diferen-
ça tubo-terreno ( ) e define-se de acordo com a expressão (24), podendo obter-se por medição
direta ou através do levantamento de cotas. O programa inquere1 a marca da última medição ( ),
a dimensão da alonga utilizada ( ) e a existência de roldana e mordentes ( ), tratando a última
como constante2. Conhecidas estas variáveis, a profundidade da medição de topo ( ) determina-
se através da equação (25), onde é o passo de leitura. A profundidade corrigida para produção
de resultados ( ) relativamente à cota do terreno corresponde ao valor da equação (26).

1
O InclinoReport (5.11; Coimbra, 2007) também permite a introdução manual de uma distância personalizada entre o topo do tubo e
o ponto de referência da sonda inclinométrica.
2
Em dispositivos de referência para controlo da profundidade da Slope Indicator Company (SINCO), assim como na maioria dos fabri-
cantes de inclinómetros, a distância adicional que deriva do uso de roldana e mordentes é cerca de , podendo este valor variar
ligeiramente em função do diâmetro da roldana.

104
(24)

(25)

(26)

a) Cota do tubo superior à cota do terreno. b) Cota do tubo inferior à cota do terreno.
Figura 58 – Diferença tubo-terreno e profundidade da medição de topo (adaptado de Coimbra, 2007).

Observando-se a Figura 58 e a equação (25), compreende-se que o InlinoReport (5.11; Coimbra,


2007) define a profundidade da medição de topo relativamente ao topo do tubo inclinométrico
com exclusão da alonga e do dispositivo de referência para controlo da profundidade. Comparati-
vamente à prática globalmente estabelecida, esta metodologia facilita a correção daquela pro-
fundidade para fins de enquadramento litológico e permite aos operadores definirem a marca
coincidente com a última medição de uma forma mais clara, assegurando-se sempre a condição
(in ex.: última leitura executada abaixo do terreno).

5.8. Cálculo de distorções a partir de resultados inclinométricos

5.8.1. Estimativa das distorções ocorridas no terreno

A estimativa de distorções em solos a partir de resultados inclinométricos foi desenvolvida no La-


boratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) por Salgado (1995). O método estabelece uma ana-
logia entre um ensaio laboratorial de corte simples e o deslocamento inclinométrico obtido em
cada secção de tubo (Figura 59), desde que a orientação dos movimentos se mantenha constante
em profundidade (Figura 51; Salgado, 1995; Salgado & Carvalho, 1998).

A expressão (27) corresponde ao cálculo da distorção horizontal ( ) ocorrida num ensaio de cor-
te simples, traduzindo-se pela razão entre o deslocamento medido no topo da amostra ( ) e a es-
pessura da mesma ( ). Aplicando a mesma formulação em valores da resultante dos deslocamen-
tos inclinométricos de uma campanha ordinária ((19), 5.4), obtém-se a expressão (28), onde
, calculado através da equação (29), é o ângulo entre o plano de referência do instrumento e

105
o vetor coincidente com a secção de tubo (Figura 59c).

⁄ (27)

[ ] (28)

(29)

a) Distorção de provete de solo b) Distorção de secção de solo observa- c) Esquema 3D da resultan-


em ensaio de corte simples. da por meios inclinométricos. te dos deslocamentos.
Figura 59 – Conceito associado à estimativa de distorções em solos a partir de resultados inclinométricos
(adaptado de Salgado & Carvalho, 1999).

Na figura seguinte apresenta-se o perfil das resultantes dos deslocamentos da Figura 51 (5.4), jun-
tamente com o perfil das respetivas distorções em profundidade.

Figura 60 – Resultante dos deslocamentos acumulados e respetiva distorção no solo.

106
Tal como referido na secção 5.5 (Figura 52) relativamente aos valores de deslocamento, o acom-
panhamento da evolução das distorções ao longo do tempo também constitui uma ferramenta de
análise de grande utilidade; pois permite basear a avaliação da evolução da estabilidade em pa-
râmetros geotécnicos (5.8.2).

5.8.2. Estimativa de um fator de segurança local a partir das distorções estimadas e dos parâ-
metros geotécnicos dos solos respetivos

Partindo-se dos valores de ((28), 5.8.1), Salgado (1995) sugere a estimativa de um fator de se-
gurança local ( ) com base na curva tensão/deformação de ensaios laboratoriais (Figura 61):

⁄ ( ) (30)

sendo a tensão de corte correspondente a , na secção à data da campanha , e ( )

a tensão máxima de resistência ao corte não drenada.

Figura 61 – Esquema representativo de uma curva tensão/deformação obtida a partir de ensaios laboratori-
ais de corte simples (adaptado de Salgado, 1995).

Carvalho (1997) expande este conceito para condições de tensão de confinamento in situ por re-
curso ao modelo hiperbólico de Duncan & Chang (1970), conforme adaptado por Salgado (1990)
de tensões deviatóricas para tensões de corte:

⁄ ⁄
(31)

onde ( )⁄ é a tensão de corte do solo, sendo e as tensões principais, a distor-


ção total, o módulo de corte inicial1 e ⁄ o coeficiente de rotura1, onde e
são as tensões de rotura e última, respetivamente.

A equação (32) exprime a porção de tensão mobilizada relativamente à capacidade de resistência


1
, e podem estimar-se através de ensaios laboratoriais ou de campo (Carvalho, 1997; Clayton et al., 1995; Duncan & Chang,
1970; Hunt, 2007; Salgado, 1990). Duncan et al. (1980) e Byrne et al. (1987) apresentam parâmetros característicos para uma grande
variedade de solos. Estes valores podem utilizar-se em avaliações preliminares de ((33), (34); Salgado & Carvalho, 1998).

107
do solo, designada por nível de tensão (stress level, ; Duncan & Chang, 1970). Neste contexto,
corresponde ao inverso de , de acordo com a equação (33) (Carvalho, 1997), e a distorção
correspondente a ( ) pode obter-se para , conforme a expressão (34) (Salgado &
Carvalho, 1998).

(32)

(33)

( )
(34)

Este procedimento é válido para deslocamentos que têm a mesma orientação em duas secções
contíguas (in ex.: e ), desde que a superfície de deslizamento seja normal à instalação incli-
nométrica (in ex.: ). Salgado & Carvalho (1998) propõem a seguinte metodologia para infe-
rir a partir de em situações de corte distintas (Figura 62):

1. localização da superfície de deslizamento em cada instalação inclinométrica;


2. execução de uma série de análises de modelação analítica de tal forma que a superfície de
deslizamento resultante do modelo coincida com as localizações obtidas no ponto 1;
3. registo do ângulo entre a tangente à superfície de deslizamento modelada e o plano
coincidente com em cada localização definida no ponto 1;
4. estimativa de em função de e de , conforme a equação (35).

⁄ (35)

a) Superfície de deslizamento rotacional. b) Superfície de deslizamento planar.


Figura 62 – Estimativa da distorção total ( ) em função da distorção horizontal ( ) e da geometria da su-
perfície de deslizamento provável (adaptado de Salgado & Carvalho, 1999).

Com base no trabalho de Samarasekera (1982)1, Salgado et al. (2010) introduzem uma correção

1
Samarasekera (1982) apresenta uma adaptação do modelo hiperbólico a situações de anisotropia, onde refere que a existência de
uma tensão anisotrópica inicial afeta a resistência e a rigidez da curva tensão/deformação de uma amostra ensaiada em condiçõ es não
drenadas. O mesmo modelo pode aplicar-se para descrever a deformação de uma amostra em função do sistema de tensões em que
se encontra (in ex.: dependendo da rotação do referencial das tensões principais).

108
adicional no sentido de considerarem o efeito duma tensão de corte inicial1 ( ) no valor de dis-
torção correspondente a ( ).

Para a equação (31) pode reescrever-se da seguinte forma (Smarasekera, 1982):

( ) ⁄ ⁄( )
(36)

Seguindo o mesmo procedimento aplicado na obtenção de ((34)), para tem-se


e , pelo que (Salgado et al., 2010):
( )
( )
(37)

5.8.3. Aplicação dos valores de distorção para efeitos de estimativa do tempo de vida útil das
instalações inclinométricas

5.8.3.1. Estimativa da distorção do tubo e do valor máximo respetivo

A capacidade de estimar e acompanhar as distorções ocorridas no solo (5.8.1) constitui um avan-


ço das ferramentas de análise de resultados inclinométricos, uma vez que se torna possível esti-
mar um fator de segurança local (5.8.2) e assim obter uma avaliação mais objetiva do ponto de
vista da estabilidade. Contudo, a utilização daquelas metodologias, especificamente a estimativa
de um fator de segurança local, exige o conhecimento de parâmetros geotécnicos locais ((34),
(37), 5.8.2). Portanto, é importante que a instalação de tubos inclinométricos seja acompanhada
da recolha de amostras, ou de ensaios de campo, sempre que se justifique e que seja possível.
Neste sentido convém prever o tempo de vida útil das instalações inclinométricas, com base na
máxima deformação mensurável e nas taxas de evolução dos deslocamentos, já que a sua substi-
tuição2 torna oportuna a recolha de amostras nas zonas de maior distorção e só o planeamento
atempado destas tarefas garante a continuidade das observações.

Carvalho (1997) estima a máxima distorção horizontal passível de registo com base no desloca-
mento máximo mesurável, função dos diâmetros do tubo e da sonda, e com base no comprimen-
to da sonda inclinométrica. Carvalho (1997) refere também que a máxima distorção horizontal
depende adicionalmente da geometria inicial do tubo inclinométrico, da evolução dos desloca-
mentos ao longo do tempo e da distribuição das deformações ao longo do tubo, podendo estas
ter caráter mais ou menos localizado.

Carvalho et al. (2016) apresentam uma nova metodologia para estimativa do tempo de vida útil
de instalações inclinométricas, com base na distorção dos respetivos tubos, podendo esta calcu-

1
Por exemplo, em superfícies de deslizamento planares com plano inclinado.
2
Por exemplo, devido a deformação excessiva.

109
lar-se a partir dos desvios incrementais (5.2) de qualquer campanha. A mesma publicação apre-
senta uma nova abordagem relativamente à deformação máxima acomodável pelo tubo, em fun-
ção da distribuição das deformações, tal como se apresenta na Figura 63.

a) Deformação completamente localizada. b) Deformação perfeitamente distribuída.


Figura 63 – Deformação máxima acomodável por um tubo inclinométrico sem que a circulação de uma son-
da seja comprometida (adaptado de Carvalho et al., 2016).

No caso de uma deformação limite localizada (Figura 63a), o ângulo de inclinação correspondente
( ) pode obter-se através da expressão (38), onde é o diâmetro interno do tubo (Figura 18,
1
3.2.3), é o diâmetro externo da sonda e é o comprimento da sonda inclinométrica2. No en-
tanto, a Figura 63a demonstra claramente que, neste caso, o máximo ângulo mensurável também
depende da posição da sonda relativamente ao ponto de inflexão da deformação do tubo. Pois, a
inclinação medida só corresponde à real quando as leituras se obtêm antes e depois daquele pon-
to, havendo mesmo a possibilidade de se medir o dobro do diferencial de inclinações quando a
sonda se encontra centrada relativamente ao mesmo (Quadro 15).


(38)

Quando a deformação limite é perfeitamente distribuída (Figura 63b) considera-se que a curvatu-
ra do tubo é aproximadamente constante, pelo que interessa determinar o raio de curvatura mí-
nimo que permita a circulação da sonda. Este raio pode calcular-se com recurso à expressão (39),

1
O diâmetro externo das sondas portáteis verticais é normalmente . Sondas horizontais e oblíquas têm diâmetros superi-
ores (in ex.: - ; GEOKON, 2014c; SOIL, 2014b).
2
O comprimento total de sondas inclinométricas portáteis é normalmente

110
onde e são os raios mínimos correspondentes às faces côncava e convexa do tubo, respeti-
vamente. Assim, o ângulo de inclinação máximo numa situação de deformação perfeitamente dis-
tribuída ( ) pode obter-se em função da equação (40), sendo o passo de leitura do sistema e
dando-se preferência a em detrimento de , já que o primeiro resulta em menor valor de .

( ⁄ )
( ) ( ⁄ )
{ { ( ) (39)

⁄ (40)

Conhecido o valor do ângulo de inclinação máximo, o desvio incremental correspondente obtém-


se pela expressão (15) (5.2), ao qual corresponde o valor máximo de distorção do tubo:

[ ] (41)

onde e são os desvios incrementais em duas secções contíguas.

Considerando uma sonda do sistema clássico da Slope Indicator Company (DGSI, 2013c), com
, e , os valores máximos do ângulo de inclinação entre
dois troços contíguos, dos desvios incrementais e da distorção correspondentes, para os diâme-
tros de tubo mais utilizados (Figura 18, 3.2.3), encontram-se nos quadros 15 e 16, conforme as de-
formações sejam do tipo localizado ou perfeitamente distribuído, respetivamente.

Quadro 15 – Condição de deformação localizada. Estimativa da distorção máxima para os diâmetros de tu-
bo mais utilizados (adaptado de Carvalho et al., 2016).

Tubo Âng. máx. Desvio incremental máximo Distorção máxima

(Figura 18, 2.1.2) i ii i ii


( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )

Estreito

Médio

Largo

i
Máxima distorção localizada com medições recolhidas a meio do ponto de maior distorção.
ii
Máxima distorção localizada com medições recolhidas abaixo e acima do ponto de maior distorção.

Quadro 16 – Condição de deformação perfeitamente distribuída. Estimativa da distorção máxima para os


diâmetros de tubo mais utilizados (adaptado de Carvalho et al., 2016).

Tubo Raios de curvatura Âng. máx. Desvio incremental máximo Dist. máx.

(Figura 18, 2.1.2)


[ ] [ ] [ ] [ ] [ ] [ ]

Estreito

Médio

Largo

111
Dos quadros 15 e 16 conclui-se que, dependendo da distribuição das deformações ao longo do
tubo e da posição da sonda relativamente às mesmas, a gama de distorções limite é bastante
abrangente, podendo variar entre , ou para
tubos do tipo estreito, médio ou largo, respetivamente. Assim, Carvalho et al. (2016) recomen-
dam os limites mínimos do Quadro 15 para efeitos de previsão da vida útil das instalações, uma
vez que é difícil conhecer exatamente o perfil de deformação do tubo e é impossível deduzir a po-
sição da sonda relativamente aos pontos de inflexão das deformações localizadas.

De forma semelhante à estimativa de distorções do terreno por intermédio da resultante dos des-
locamentos ((28), (29), 5.8.1), a distorção do tubo entre cada par de secções contíguas pode esti-
mar-se através dos desvios incrementais de qualquer campanha (Figura 64).

a) Vista tridimensional de duas secções de tubo b) Vista tridimensional do ângulo de rotação do tu-
contíguas e dos desvios incrementais respetivos. bo entre duas secções contíguas.
Figura 64 – Conceito associado ao cálculo da distorção de tubos inclinométricos (adaptado de Carvalho et
al., 2016).

Na Figura 64a representam-se duas secções de tubo contíguas, ⃑ e ⃑ , juntamente com os veto-

res correspondentes aos desvios incrementais nas direções e , ⃑ e ⃑ , respetivamente, e

com os vetores de desvio resultante ⃑ e ⃑ . Cada secção ⃑ pode definir-se como:

⃑ ̂ ̂ ̂ ‖ ⃑‖ (42)

sendo o passo de leitura e:

‖⃑ ‖
{ ‖⃑ ‖ (43)

112
Na Figura 64b observam-se as mesmas secções de tubo representadas no ponto , correspon-

dente à interseção entre ⃑ e ⃑ . O ângulo obtém-se através do produto escalar daqueles ve-
tores ((44)) e a distorção do tubo ( ) exprime-se pela tangente deste ângulo ((45)).

⃑ ⃑
⃑ ⃑ ‖ ⃑ ‖‖ ⃑ ‖ (44)
‖ ⃑ ‖‖ ⃑ ‖

[ ] (45)

Na Figura 65 apresenta-se a geometria de um tubo inclinométrico juntamente com a respetiva


distorção. Note-se que os picos de distorção dependem apenas de variações de inclinação e são
independentes dos valores de desvio.

Figura 65 – Geometria e distorção de um tubo inclinométrico (adaptado de Carvalho et al., 2016).

Na Figura 66 apresenta-se a comparação entre a distorção horizontal ocorrida no solo ( , (28),

(29), 5.8.1) e a distorção do tubo ( , (44), (45)) para a mesma instalação constante nas figuras 49
e 50 (5.3), 51 (5.4), 52 e 53 (5.5), e 60 (5.8.1). Note-se que apresenta valores superiores a ,

verificando-se também menor número de picos de distorção em relativamente a . Estas di-


ferenças devem-se ao facto de considerar o diferencial de rotação entre duas secções contí-
guas, enquanto considera apenas os deslocamentos ocorridos numa secção.

Carvalho et al. (2016) procedem a um estudo comparativo da estimativa da vida útil de tubos in-
clinométricos com base nos valores de distorção horizontal ( ) e de distorção do tubo ( ). O
estudo abrange um conjunto de tubos interrompidos por deformação excessiva: dois largos, um
médio e outro estreito, caracterizando-se os três primeiros por uma progressão sazonal dos des-
locamentos (in ex.: figuras 52 e 53, 5.5) e o último por um comportamento linear cuja progressão
dos deslocamentos se agravou devido a intervenções no pé daquele talude (in ex.: Figura 54, 5.5).

113
O processo de previsão contempla o cálculo incremental de taxas de progressão ao longo do tem-
po de vida de cada instalação, no sentido de comparar as previsões de vida útil iguais ou inferio-
res a 60 dias (in ex.: anteceder a data em que se atinge). Os autores concluem:

• o desfasamento entre e é tão maior quanto maior for o diâmetro do tubo inclinomé-
trico. Pois, baseia-se apenas nos deslocamentos de cada secção relativamente ao perfil
de referência e não contempla o diferencial de deformação do tubo entre duas secções
contíguas. Logo, quanto maior for a magnitude dos deslocamentos maior será o desfasa-
mento entre e ;
• de um modo geral, tanto como se encontram dentro dos intervalos previstos
aquando da interrupção dos tubos inclinométricos (Quadro 15);
• situa-se na margem superior do intervalo de valores limite do Quadro 15, enquanto
se situa na margem inferior. Consequentemente, tende a produzir previsões por exces-
so e tende a produzir previsões por defeito;
• há maior risco de interrupção precoce quando a previsão se baseia em valores de , mas
as previsões baseadas nesta variável são mais próximas da data de interrupção dos tubos.
Ou seja, prevê o final da vida útil muito precocemente, sendo o desfasamento entre as
datas prevista e verificada tanto maior quanto maior for o diâmetro do tubo inclinométrico;
• apesar de produzir previsões precoces, as progressões das respetivas distorções são
mais previsíveis (in ex.: há menor erro entre as datas prevista e verificada para a ocorrência
de relativamente ao erro homólogo para a ocorrência de ).

Figura 66 – Perfis de distorção horizontal do solo e de distorção total do tubo numa instalação inclinométri-
ca (adaptado de Carvalho et al., 2016).

114
Pode concluir-se que é uma boa ferramenta para prever a vida útil de instalações inclinomé-

tricas. Contudo, atinge valores limite precocemente, tornando a previsão da distorção máxi-
ma mais difícil e dependente do diâmetro do tubo. Embora o uso de seja recente, será conve-
niente basear a previsão em valores de quando atinge os limites inferiores do Quadro 15;

pois é mais consistente com aqueles limites, independentemente do diâmetro do tubo.

5.8.3.2. Estimativa da distorção máxima de tubos inclinométricos em condições de “corte pleno”

Por condição de “corte pleno” entenda-se o corte transversal do tubo com alteração mínima da
inclinação (Figura 67). Esta situação pode ocorrer mediante uma superfície de deslizamento entre
dois elementos com elevada rigidez, o esmagamento do tubo ou a combinação de ambas as situa-
ções. Este fenómeno observa-se normalmente em perfis de deslocamento com progressão bem
demarcada e isolada entre duas secções contíguas (in ex.: Anexo V). Nestas condições verifica-se
que a deformação limite é muito inferior aos valores referidos por Carvalho (1997) e Carvalho et
al. (2016), havendo o risco1 de interrupção da observação com distorções horizontais inferiores a
( , (27), 5.8.1). Nesta secção apresenta-se uma análise deste tipo de anomalia, sugerindo-se
que, nestes casos, a capacidade de circulação da sonda é governada pela distribuição de forças no
ponto de encontro entre os elementos rolantes e um determinado obstáculo a ultrapassar.

a) Decomposição de forças na haste b) Decomposição de forças c) Momentos atuantes durante a


de suporte das rodas. nos encontros laterais. retração das molas de torção.
Figura 67 – Concetualização geral da deformação de um tubo em condição de “corte pleno” e da mecânica
associada à transposição de um obstáculo lateral pelas rodas inclinométricas.
1
Este tipo de obstrução é claramente sentido pelo operador durante a execução de campanhas inclinométricas. Frequentemente, a
tendência é forçar a passagem do instrumento, mas esta prática pode afetar os sensores inclinométricos (2.2.4; 2.2.5.4) e representa
um sério risco de prisão da sonda no interior da instalação (4.3.2), mesmo após a circulação bem sucedida da sonda placebo (Figura
15, 2.4.3). Portanto, sugere-se a manutenção de um registo deste tipo de situações e a substituição atempada dos respetivos tubos, ou
a adoção doutro sistema de observação que seja mais adequado (in ex.: Quadro 2, 1.3).

115
Na Figura 67a ilustra-se a distribuição das forças que derivam da aceleração gravítica quando uma
sonda alcança um obstáculo à sua circulação numa das calhas de rodagem dum tubo perfeita-
mente vertical. A haste que suporta as rodas é oblíqua ao eixo longitudinal do tubo e forma um
ângulo com o plano normal àquele eixo. Consequentemente, a distância total entre as paredes
internas do tubo, no plano da haste, corresponde ao comprimento da haste ( ) adicionado do di-
âmetro da roda ( ) e de um comprimento suplementar .

As variáveis e podem determinar-se resolvendo o sistema de equações (46), onde é o raio


da roda, é a distância entre as paredes internas das calhas de rodagem no plano normal ao ei-
xo do tubo, e é o comprimento entre rodas no plano da haste que as suporta. Os valores de ,
1
e podem obter-se por medição direta ou, se possível, através de catálogos comerciais .

( )
{ { (46)
( )

Conhecendo-se , as componentes e podem obter-se pela expressão (47), onde é o ân-


gulo de inclinação do tubo inclinométrico relativamente ao plano de referência do instrumento
((29), 5.8.1). A subsequente decomposição destas variáveis nas zonas de encontro com as paredes
do tubo (Figura 67b) determina-se pelas expressões (48) e (49), respetivamente, sendo a di-
mensão do obstáculo, e as componentes de tangencial e normal no ponto de encontro
com , respetivamente, e as componentes de no extremo oposto de , e as
componentes de tangencial e normal no ponto de encontro com , respetivamente.

( )⁄
{ (47)
( )

( )
( )
( ⁄ ) (48)
{

( )
{ ( ⁄ ) (49)
( )

Como se depreende, é impossível que a roda da sonda transponha quando este atinge a dimen-
são do raio . No entanto, a interrupção do tubo pode ser anterior, dependendo da magnitude e
da orientação das componentes , e . Neste sentido, e representam uma força
tangencial favorável à transposição do obstáculo ( ) e representa uma força normal a que
se opõe a essa transposição.

1
Considerando um sistema clássico DGSI (2013c), e foram estimados por medição direta em e , respetiva-
mente. A distância entre calhas em tubos de alumínio consta na Figura 18 (3.2.3).

116
Na Figura 67d observa-se a presença de 3 momentos que atuam no ponto de ligação da haste ao
corpo da sonda:

• ( ) em sentido favorável, correspondendo à componente de que atua no plano


normal ao de ;
• ( ) em sentido desfavorável, correspondendo à componente de que atua no
plano normal ao de ;
• , correspondente ao torque exercido pelas molas centralizadoras.

O torque das molas inferiores é compensado pelo torque das molas superiores, uma vez que a re-
tração das primeiras conduz à expansão das segundas. Se for excluído, o sucesso na transposi-
ção do obstáculo depende unicamente de (50) e de (51). No entanto, há um diferencial de
torque a vencer porque aumenta proporcionalmente à retração das molas (Anexo V). Portan-
to, as molas são incapazes de recolher quando a condição (52) se verifica (Figura 67d), sendo
o diferencial de torque resultante da retração e expansão do binómio de molas.

( ) (50)

(51)

( ) ( ) ( ) ⁄ (52)

Assim, dependendo do momento linear da sonda aquando do encontro com o obstáculo, conside-
ra-se que o valor máximo de distorção em situação de “corte pleno” ( ) se situa no intervalo:

( ) ⁄ (53)

sendo o passo de leitura e o ângulo de inclinação do tubo em:

(54)

O cálculo de deve basear-se em ((28), 5.8.1) e não em ((45), 5.8.3.1). Pois, o segundo ex-
prime a deformação do tubo nos pontos de transição entre secções contíguas, enquanto aqui in-
teressa o desenvolvimento de deslocamentos em cada secção. Pela mesma razão, o cálculo de
deve considerar a resultante dos deslocamentos incrementais em detrimento da resultante dos
deslocamentos acumulados ((19), 5.4):

(55)

Desta forma, o ângulo pode estimar-se em função da resultante dos deslocamentos incre-
mentais da respetiva secção (56), uma vez que o deslocamento máximo em situação de “corte
pleno” é muito pequeno e, por isso, tem pouca influência no resultado. Outra opção seria consi-
derar uma média dos ângulos de inclinação obtidos nas secções e .

117
(56)

A expressão (57) permite estimar o torque exercido por uma mola de torção, sendo o módulo
de elasticidade do material que constitui a mola, o diâmetro do fio, a rotação relativa dos
braços, o número de voltas da bobina de torção e o diâmetro médio da mesma (S&T, 2018).

(57)

Com base nesta formulação, apresenta-se no Anexo V uma estimativa da variação de torque útil
([( ) ⁄ ]⁄ ) em função de para tubos verticais. No mesmo anexo apresen-
tam-se também curvas de momento útil ( ⁄ , ⁄ ) para tubos verticais.

Conhecendo-se o peso da sonda inclinométrica e partindo da informação acima referida, torna-se


possível estimar um intervalo de valores máximos de distorção e de deslocamento, em função do
diâmetro e da inclinação dum tubo inclinométrico. Na Figura 68 apresenta-se o resultado dessa
estimativa para uma sonda do sistema clássico DGSI (2013c)1 em tubos com inclinações compre-
endidas entre . Sabendo-se que as instalações inclinométricas têm normalmente inclinações
dentro daquele intervalo, sugerem-se os valores limite apresentados no Quadro 17.

Desta análise conclui-se:

• Nestas condições, tubos largos podem inviabilizar as observações anteriormente a tubos


estreitos, uma vez que a componente é maior para menores valores de .
• A inclinação do tubo afeta o valor de , uma vez que altera a distribuição de forças. Pela
Figura 67b compreende-se que diminui à medida que aumenta, tomando valores ne-
gativos para . Por esta razão, inclinações no sentido contrário ao da progressão dos
deslocamentos são favoráveis porque reduzem a componente e aumentam .
• A transposição de um obstáculo será sempre mais fácil durante a subida do instrumento
devido à tração adicional exercida no cabo. No entanto, a condição (53) mantém-se.
• A validação experimental do conceito confirma o princípio de distribuição de forças ilustra-
do na Figura 67 (Anexo V)2, mas demonstra que os valores limite indicados no Quadro 17
são provavelmente excessivos. Ou seja, a altura de queda necessária para ultrapassar um
obstáculo aumenta abruptamente e torna inviável a execução de campanhas inclinométri-
cas. É pouco provável que o limite de deformação ultrapasse ( ), indepen-
3
dentemente do diâmetro do tubo .
• Os inclinómetros podem não ser os instrumentos mais adequados a este tipo de situação,
designadamente quando a gama de valores admissíveis ultrapassa os limites estimados.

1
Massa de .
2
Confirma-se maior dificuldade em ultrapassar um obstáculo com determinada dimensão em tubos mais largos, como também se veri-
fica a relação entre o sentido de inclinação e a maior ou menor dificuldade de circulação da sonda face ao mesmo obstáculo.
3
Note-se que apesar do limite máximo teórico ser superior em tubos estreitos (Quadro 17), quanto mais estreito é o tubo maior é o di-
ferencial de torque ( ) a vencer (Anexo V).

118
Figura 68 – Valores máximos de distorção e de deslocamento para uma instalação inclinométrica vertical
em condição de “corte pleno” e com inclinação compreendida entre .

Quadro 17 – Valores máximos de deformação de um tubo inclinométrico em condição de “corte pleno”.

Limites inferiores Limites superiores


Tubo
[ ] [ ] [ ] [ ]

Estreito

Médio

Largo

5.9. Estimativa de momentos de flexão em elementos estruturais

Os momentos de flexão em elementos estruturais1 são frequentemente estimados a partir de


deslocamentos medidos através de meios extensométricos ou topográficos. Estes podem-se tam-
bém estimar a partir dos deslocamentos inclinométricos (Boeckmann et al., 2014; Dunnicliff,
1988; Ooi & Ramsey, 2003).

O momento de flexão ( ) de um elemento estrutural relaciona-se com a curvatura resultante do


esforço que lhe é imposto através da equação (58), onde é a curvatura do elemento fletido, é
o módulo de eslasticidade do material e é o respetivo momento de inércia.

(58)

Quando resulta da medição de deslocamentos laterais, em detrimento de medições extenso-


métricas, pode calcular-se de acordo com equação (59), sendo o deslocamento na secção

1
Por exemplo, em fundações profundas, estacas cravadas ou muros de contenção.

119
considerada e a extensão do eixo neutro do elemento fletido nessa secção. Como ⁄ é fre-
quentemente próximo de zero, é comum aplicar-se a formulação aproximada (60) (Boeckmann et
al., 2014; Ooi & Ramsey, 2003).


(59)
[ ( ) ]

(60)

A curvatura pode também exprimir-se pelo inverso do raio ( ) duma circunferência que contenha
o arco , conforme a expressão (61). Boeckmann et al. (2014) consideram (in ex.: o passo
de leitura) e estimam a curvatura em cada secção de tubo de acordo com a equação (62), onde
e são os ângulos da resultante dos deslocamentos acumulados da campanha ordinária
nas secções e , respetivamente ((29), 5.8.1).

⁄ (61)

⁄ (62)

No entanto, sabe-se que o raio ( ) de uma circunferência se relaciona com uma corda nela inscrita
( ) através da expressão (63), pelo que se pode determinar a curvatura em cada secção inclino-
métrica através da equação (64). Esta metodologia equivale ao ajuste de um arco de circunferên-
cia com intervalo móvel de duas medições (Figura 69a; Ooi & Ramsey, 2003). Uma variante deste
método utiliza um intervalo móvel de três medições ((65), Figura 69b).

( ⁄ ) (63)

( )⁄ (64)

√( ) ( )

√( ) ( )
⁄ (65)
√( ) ( )
( ) ( ) ( )
{

O ajuste de funções polinomiais a um conjunto de medições, com posterior aplicação da equação


(60) para obtenção de é muito frequente. Ooi & Ramsey (2003) analisam 12 metodologias dis-
tintas aplicadas a um conjunto de 60 casos de estudo. As metodologias estudadas são:

• ajuste de curvas quadráticas com intervalo móvel de 3, 5 e 7 medições;


• ajuste de curvas cúbicas com intervalo móvel de 4 a 8 medições;

120
• ajuste de curvas cúbicas do tipo spline;
• ajuste de arcos de circunferência com intervalo móvel de 2 e de 3 medições;
• ajuste de curva polinomial do 6º grau à totalidade das medições.

Os autores apresentam resultados bastante divergentes, concluindo:

• o ajuste cúbico do tipo spline produz valores máximos de curvatura na maioria dos casos;
• o ajuste cúbico com intervalo móvel de 8 medições produz valores mínimos de curvatura na
maioria dos casos;
• o ajuste de curvas polinomiais de grau elevado a um conjunto alargado de dados revela boa
modelação de valores excêntricos, mas comportamento errático em pontos de medição ad-
jacentes;
• o ajuste de arcos de circunferência produz resultados idênticos ao ajuste de curvas quadrá-
ticas com intervalo móvel de três medições. Estes três métodos exibem resultados satisfa-
tórios, mas o ajuste de curvas cúbicas modela valores excêntricos de forma mais adequada;
• o ajuste de curvas cúbicas produz os resultados mais consistentes. Os ajustes cúbicos com
intervalos móveis de 5 e de 6 medições revelaram maior congruência relativamente aos va-
lores de curvatura obtidos a partir de medições extensométricas.

Por fim, Ooi & Ramsey (2003) recomendam a estimativa da curvatura com base num ajuste cúbico
com intervalo móvel de cinco medições. Conhecida a função (66), a curvatura corresponde à se-
gunda derivada dessa função de ajuste ((67)).

( ) (66)

(67)

a) Intervalo móvel de duas medições. b) Intervalo móvel de três medições.


Figura 69 – Estimativa de curvatura a partir de deslocamentos inclinométricos pelo método de ajuste de ar-
co de circunferência (adaptado de Ooi & Ramsey, 2003).

121
5.10. Método alternativo de processamento de dados inclinométricos

Tal como apresentado em 5.2, os dados inclinométricos são processados independentemente nas
direções e . Esta metodologia de cálculo contém um erro intrínseco1 pelo facto de se conside-
rar o valor em cada direção independetemente da orientação da resultante dessas componen-
tes (Figura 70). Lei et al. (2006) analisam esta questão e demonstram que os desvios nas direções
e são interdependentes e correlacionáveis. Os autores apresentam também uma formulação
alternativa que incorpora as medições de ambas as direções no cálculo de cada uma, de forma a
eliminar o erro referido. Nesta secção apresenta-se a dedução daquele método de cálculo.

a) Comparação entre o segmento de tubo verda- b) Relação entre ângulos e arestas do troço de tubo
deiro ( ) e aquele considerado no cálculo ( ). lido ( ) e das componentes nas direções e .
Figura 70 – Interdependência entre o cálculo de desvios nas direções e (adaptado de Lei et al., 2006).

Na Figura 70a observa-se um esquema representativo de um troço de tubo ( ) medido por meios
inclinométricos. Utilizando a mesma simbologia da Figura 59c (5.8.1), representa o ângulo entre
aquele troço e o plano de referência do instrumento ( ) e corresponde ao ângulo medido na
direção ( ). O método convencional de cálculo ((15), 5.2) considera para obtenção de a
partir de , mas na verdade o troço a considerar deveria ser . Consequentemente, o desvio cal-
culado é , sendo o erro intrínseco ao método de cálculo normalmente utilizado. Este
erro é pequeno para pequenas inclinações, mas cresce em função de e da orientação azimutal
da resultante ( , Figura 70b).

Na Figura 70b observa-se que as tangentes dos ângulos e se podem exprimir através da equa-

1
Este será um dos motivos para que os fabricantes de inclinómetros condicionem as especificações técnicas a instalações com inclina-
ção máxima (in ex.: Green, in: BGS, 1974; DGSI, 2013c; GEOKON, 2009a, 2014c, 2016b; SISGEO, 2011; SOIL, 2014c).

122
ção (68), cuja soma de quadrados resulta na equação (69).
̅̅̅̅ ̅̅̅̅
̅̅̅̅ ̅̅̅̅
{ ̅̅̅̅ ̅̅̅̅
(68)
̅̅̅̅

(69)

Sabendo-se que ⁄√ , a equação (69) pode reescrever-se em função de


((70)), tornando possível a expressão da resultante dos desvios ( ) em função do ângulo
de inclinação do troço de tubo medido ((71)).

√ (70)

√ (71)

A orientação azimutal de ( ) obtém-se a partir da equação (68):

⁄ ⁄ ( ⁄ ) (72)

Na Figura 70b constata-se também que as componentes e se podem obter em função da


respetiva resultante ( ) e do ângulo :

{ (73)

Substituindo as equações (68) e (71) na equação (73), é possível exprimir o desvio em cada dire-
ção considerando os ângulos medidos em ambas:


√ √
(74)

{ √ √

Conclui-se que o método de cálculo convencional (5.2) produz resultados corretos apenas quando
se verificam desvios ou deslocamentos numa única direção (in ex.:
). Lei et al. (2006) procedem à validação experimental da nova metodologia e concluem
que o erro de cálculo afeto ao método convencional é negligenciável na maioria das situações.

Na Figura 71 apresentam-se os valores de erro do método de cálculo convencional para desvios


( ) ou deslocamentos incrementais ( ) nas direções (Figura 71a) e (Figura 71b), para a re-
sultante daquelas componentes ( ou , respetivamente, Figura 71c) e para a respetiva orien-
tação ( , Figura 71d). Esta análise baseia-se na diferença entre os valores obtidos pelos dois mé-
todos de cálculo em função da inclinação atribuída às direções e .

123
a) Erro no cálculo de ou de ( ). b) Erro no cálculo de ou de ( ).

c) Erro no cálculo de ou de ( ). d) Erro no cálculo de ( ).


Figura 71 – Erro de cálculo do método convencional de processamento de dados. Determinação das com-
ponentes de desvio ( ) ou de deslocamento incremental ( ) nas direções e , da resultante dos desvios
( ) ou dos deslocamentos incrementais ( ), e da respetiva orientação ( ).

Na Figura 71 demonstra-se que o erro do método de cálculo convencional cresce proporcional-


mente à inclinação do tubo e é máximo quando ambas as componentes têm a mesma magnitude
(in ex.: ), sendo o erro no cálculo da orientação da resultante mínimo para
e máximo para . Contudo, a magnitude do erro é de facto desprezável na vizi-
nhança do plano de referência instrumental (in ex.: { } ). Portanto, com exceção
de aplicações inclinométricas específicas, o método de cálculo convencional é adequado, mesmo
não se justificando a sua manutenção do ponto de vista operacional.

124
5.11. InclinoReport: programa de processamento de dados inclinométricos

5.11.1. Considerações iniciais

O processamento de dados inclinométricos faz-se normalmente com recurso a programas infor-


máticos. De um modo geral, os programas comerciais implementam rotinas de análise e de corre-
ção de dados (5.11.2). No entanto, estas ferramentas raramente são utilizadas e os fluxos de tra-
balho não incluem a revisão sistemática da qualidade dos dados, seja por desconhecimento ou
pela morosidade que o processo implica.

O InclinoReport (Coimbra, 2007) é um programa de processamento de dados inclinométricos de-


senvolvido e sistematicamente utilizado no Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT)
do Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). No en-
tanto, a implementação de rotinas de análise e de correção de dados neste programa encontra-se
ainda muito subdesenvolvida (5.11.4).

Nesta secção resumem-se as principais funcionalidades dos programas informáticos dedicados à


gestão e ao processamento de dados inclinométricos, tendo como objetivo a avaliação compara-
tiva do InclinoReport (Coimbra, 2007). Com base nesta informação, discutem-se aqui as vantagens
e os inconvenientes da versão atual do programa e na secção 7.9 apresenta-se um plano de de-
senvolvimento futuro deste programa com a finalidade de otimizar as ferramentas e as metodo-
logias de trabalho existentes, e de incluir no programa novas funcionalidades. Acredita-se que a
implementação das alterações propostas em 7.9 contribuirá para o aumento da produtividade e
para redução dos custos associados às operações relacionadas com a observação geotécnica por
meios inclinométricos.

5.11.2. Características comuns à generalidade dos programas de processamento de dados incli-


nométricos

Os fabricantes de inclinómetros fornecem normalmente programas desenvolvidos pelos próprios,


sem custos adicionais, que permitem executar as tarefas mais comuns, como sejam (DGSI, 2014c;
RST, 2018; SISGEO, 2018; SOIL, 2014f, 2019):

• gestão das bases de dados inclinométricas, normalmente em formatos não padronizados;


• comunicação com as unidades de aquisição para envio de configuração e recolha de dados;
• edição de leituras inclinométricas, da informação da obra e das respetivas instalações;
• criação dos gráficos mais básicos (in ex.: desvios e deslocamentos acumulados);
• importação/exportação de dados para um ou mais formatos padronizados (in ex.: CSV 1,

1
CSV (comma-separated values) é um formato de ficheiro amplamente utilizado para suporte temporário de dados durante a transf e-
rência entre duas plataformas incompatíveis. O formato baseia-se simplesmente numa tabela de valores separados por vírgulas ou por
pontos e vírgulas, podendo a primeira linha conter, ou não, os títulos das colunas.

125
PCSLIN1, RPP2 ou GTL2).

De um modo geral, estes fabricantes também disponibilizam versões mais avançadas de software
que permitem outro tipo de operações, como sejam (DELLC, 2018; DGSI, 2014c; RST, 2018;
SISGEO, 2017b; SOIL, 2014f, 2019):

• análise estatística das somas das leituras;


• correção de erros sistemáticos generalizados (in ex.: bias-shift – 6.4.2, rotação – 6.4.3, pro-
fundidade – 6.4.4, sensibilidade – através de parâmetros de calibração – Anexo IV, e torção
das calhas de rodagem – 6.4.6);
• criação de outro tipo de gráficos (in ex.: evolução e orientação da resultante dos desloca-
mentos – 5.4; 5.5);
• definição do perfil litológico;
• importação/exportação de dados noutros formatos, gráficos ou de texto;
• rotação axial das direções e (in ex.: correção da orientação azimutal das calhas de ro-
dagem através da equação (102) – 6.4.3 – atribuindo as direções e às coordenadas e
, respetivamente).

Existem outras soluções destinadas à observação integrada de múltiplos dispositivos. Estas desti-
nam-se normalmente à observação de instrumentação fixa, pelo que não serão aqui abordadas.

Apesar da disponibilização de software grátis por parte dos fabricantes, não é incomum as enti-
dades que processam os dados inclinométricos optarem por fazê-lo por outro meios (in ex.: folhas
de cálculo ou programas desenvolvidos internamente), seja por desconhecimento das ferramen-
tas disponíveis, por incapacidade do software comercial em responder a necessidades específicas,
ou pela transmissão de práticas internas que remontam a décadas passadas.

5.11.3. Histórico e caracterização técnica do InclinoReport

O programa atualmente utilizado no NGUT intitula-se InclinoReport (Coimbra, 2007) e foi desen-
volvido entre abril e dezembro de 2006. Este programa encontra-se atualmente na versão 0.1.4.8,
a qual exprime o estado de desenvolvimento relativamente ao plano inicial (in ex.: versão 1.0).
Embora o desenvolvimento não tenha atingido o plano inicial, o InclinoReport é um programa in-
teiramente funcional desde a sua conceção e tem sido continuamente utilizado em ambiente pro-
fissional desde 2007.

O InclinoReport foi inteiramente desenvolvido em Visual Basic (VB) e opera estritamente em am-

1
PCSLIN e RPP são dois formatos de ficheiro muito utilizados para armazenar dados inclinométricos e para os transferir entre plata-
formas distintas. Os formatos provêm dos primeiros programas de processamento de dados inclinométricos e têm estruturas muito
semelhantes, caracterizando-se por um cabeçalho com a identificação da obra, informações sobre a instalação e o instrumento utiliza-
do, seguido dos dados inclinométricos em ordem ascendente ou descendente.
2
GTL é um formato de ficheiro que provém de versões descontinuadas do programa GTILT, desenvolvido pela empresa Mitre Software
Corporation e muito utilizado para processamento de dados inclinométricos.

126
biente gráfico de sistemas Microsoft Windows XP ou superior (MSW). Os ficheiros de dados têm
um formato próprio, anteriormente utilizado pelo DG. Estes ficheiros são complementados por
um ficheiro de dados adicionais1 que contém outras informações complementares, tais como a
constante instrumental (5.1), o histórico de referências (5.6), a diferença tubo-terreno (5.7), entre
outras. Para além destes, há ainda dois tipos de ficheiro opcional:

• Opções (OPT): contém as opções de saída gráfica de cada instalação, incluindo as profundi-
dades a processar para os resultados de evolução de deslocamentos ao longo do tempo.
• Estratigrafia (STR): contém o perfil litológico de cada instalação.

O suporte de saída do InclinoReport é Microsoft Office Excel (MSOE). Inicialmente estavam previs-
tos outros suportes adicionais, sendo o MSOE apenas uma opção. No entanto, este foi o primeiro
suporte a ser implementado, não tendo havido oportunidade para implementar outros até à data.

Relativamente ao suporte de saída importa referir o seguinte:

• o MSOE é um bom suporte, porque é utilizado pela maioria da população e permite a pro-
dução de ficheiros pequenos que incluem a informação de todas as campanhas de uma de-
terminada instalação, juntamente com a respetiva representação gráfica de resultados;
• o MSOE não deveria ser o único suporte de saída porque é um formato detido por uma en-
tidade terceira que pode sofrer alterações imprevistas.

O desenvolvimento inicial do InclinoReport deu-se aquando da utilização do MSOE 2003, cujo


formato de ficheiro correspondente é proprietário (XLS). O MSOE 2003 disponibilizava módulos
de acesso aos quais o InclinoReport acedia para executar as tarefas necessárias. Aquando do lan-
çamento da versão do Microsoft Office (MSO) 2007, a Microsoft padronizou os formatos de fi-
cheiro do pacote de software MSO, passando os ficheiros do MSOE (in ex.: tipo XLSX) a ter um
formato aberto, designado Office Open XML (OOXML; Ngo, 2006). Esta alteração impediu o aces-
so direto aos módulos de novas versões do MSO, passando a comunicação a fazer-se através do
.NET Framework SDK2 (.NET).

Consequentemente, o InclinoReport foi parcialmente reescrito em 2014, aquando da introdução


do MSO 2010 nas estações de trabalho do NGUT, de forma a compatibilizá-lo com novas versões
do MSOE e com os padrões atuais de desenvolvimento integrado em ambiente MSW (.NET).

5.11.4. Funcionalidades do InclinoReport

Desde a sua conceção, o InclinoReport contém as seguintes funcionalidades:

1
O ideal seria que a informação constante neste ficheiro estivesse incorporada no ficheiro de dados, mas esta solução não foi possível
durante o período de desenvolvimento inicial do programa.
2
SDK (software development kit) é um conjunto de bibliotecas que definem um padrão comum de desenvolvimento computacional e
de acesso a determinadas ferramentas de programação. O .NET Framework é um ambiente de execução produzido pela Microsoft.

127
• identificação da equipa de trabalho;
• definição da diferença tubo-terreno (5.7);
• definição do histórico de referências (5.6);
• seleção da campanha de referência para efeitos de cálculo, a partir do histórico de referên-
cias definido;
1
• definição de um “ponto fixo” ;
• definição da cota no topo do tubo;
• definição da profundidade da medição de topo com auxílio de cálculo automático (5.7);
• importação/exportação, criação e edição do perfil litológico;
• validação/anulação manual de campanhas inclinométricas;
• visualização de leituras inclinométricas e dos indicadores estatísticos respetivos (6.3);
• importação/exportação e definição de várias opções de processamento:
o 4 tipos distintos de resultados: fichas de campo, geometrias de referência, perfis de des-
locamento e evoluções no tempo;
o seleção individual das campanhas a incluir em cada tipo de resultado;
o seleção dos tipos de gráfico a produzir em cada tipo de resultado;
o seleção do tipo de dimensionamento automático da escala gráfica para cada tipo de re-
sultado (in ex.: escala comum a todas as instalações ou adaptada à instalação em causa);
o definição das profundidades a incluir no processamento das evoluções no tempo;
o definição do número máximo de profundidades a incluir em cada gráfico de evolução.
• outras opções finais de processamento (in ex.: localização e nome dos ficheiros, unidades
de medida, inclusão de estratigrafia, legendagem automática de figuras, etc.);
• produção de resultados nas formas gráfica e numérica:
o dados inclinométricos e somas de leituras, média (6.3.2) e desvio padrão (6.3.3);
o geometrias de referência (in ex.: desvios acumulados das campanhas de referência; 5.2);
o perfis de deslocamento acumulado nas direções e (5.3), da resultante dos desloca-
mentos e respetiva orientação (5.4), e da distorção horizontal (5.6);
o evolução no tempo da resultante dos deslocamentos acumulados, ou da distorção hori-
zontal, e da respetiva orientação, em profundidades pré-definidas (5.5).

1
O “ponto fixo” equivale à correção do bias-shift pelo método dos deslocamentos acumulados (6.4.2). Note-se que, tal como está im-
plementada, de acordo com a metodologia existente no software anteriormente utilizado, esta função afeta sempre todas as campa-
nhas em ambas as direções.

128
6. ANÁLISE QUALITATIVA, VALIDAÇÃO E CORREÇÃO DE DADOS INCLINOMÉTRICOS

6.1. Considerações iniciais

Toda e qualquer medição incorpora erros de natureza aleatória e sistemática (JCGM, 2008b). Os
erros aleatórios traduzem-se por um intervalo de oscilação de valores (in ex.: repetibilidade ou
dispersão) e os erros sistemáticos exprimem-se pela diferença entre o valor obtido e o valor da
grandeza a medir (in ex.: exatidão ou desvio). Os primeiros podem ser conhecidos, mas não são
passíveis de correção. Os segundos podem ser corrigidos, mas nem sempre é possível proceder à
identificação e quantificação dos mesmos.

A análise qualitativa de dados inclinométricos faz-se com recurso a indicadores estatísticos que se
obtêm a partir da redundância de leituras (5.1). Estes indicadores são balizados em função do erro
típico de cada sistema inclinométrico1 (6.2). Os procedimentos de validação que se apresentam
neste capítulo devem integrar-se nas rotinas de processamento de dados com o objetivo de:

• estimar a fiabilidade dos resultados e verificar o desempenho dos instrumentos;


• detetar a presença de erros sistemáticos e quantificar a sua magnitude;
• proceder à correção dos erros sistemáticos identificados, conforme viável e necessário.

Em sistemas inclinométricos, os erros aleatórios derivam essencialmente da repetibilidade dos


sensores e os erros sistemáticos resultam de diversos fatores, tais como (Coimbra, 2011):

• qualidade e estado de conservação da instalação inclinométrica (3);


• operação e manutenção do equipamento inclinométrico (4);
• fatores externos;
• histerese, desvio na origem e deriva dos acelerómetros (2.2).

No Quadro 18 apresenta-se uma listagem das principais fontes de erro inclinométrico. No Quadro
19 apresenta-se um resumo das ações de operação e de manutenção recomendadas para mitigar
a ocorrência de erros sistemáticos.

Quadro 18-1 – Principais fontes de erro em medições inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2011; SINCO,
2001, 2000) – continua na próxima página.

Componente Condicionante

Acelerómetros
• Desvio na origem e respetiva deriva • Histerese
• Alinhamentos mecânicos • Erro aleatório

Sonda e Rodas
• Conetores • Limpeza
• Alinhamentos mecânicos • Elasticidade das molas

Cabo
• Marcações • Controlo da profundidade
• Alterações dimensionais • Conectores

1
Neste contexto, entenda-se por sistema inclinométrico o conjunto .

129
Quadro 18-2 – Principais fontes de erro em medições inclinométricas (adaptado de Coimbra, 2011; SINCO,
2001, 2000) – continuação.

Componente Condicionante

Unidade de • Calibração • Conectores


aquisição • Alterações devidas à temperatura • Nível de energia

• Inclinação
• Deformação
• Falta de paralelismo das calhas interiores
• Folga lateral das calhas interiores
Tubo inclino- • Curvatura
métrico • Dispositivo de referência para controlo da profundidade
• Preenchimento do espaço anelar
• Fixação da base
• Juntas entre troços
• Profundidade (in ex.: propagação de erros, etc.)
• Existência de detritos

Fatores exter- • Vibrações • Campos magnéticos


nos • Oscilações térmicas • Descargas elétricas

Quadro 19 – Ações de operação e de manutenção que minimizam a ocorrência de erros sistemáticos (adap-
tado de Coimbra, 2011; SINCO, 2006a).

Componente Prevenção Ação

• Movimento lateral • Limpeza


Rodas • Elasticidade das molas • Lubrificação
• Suavidade da rotação • Aperto adequado
• Folgas (in ex.: alinhamento)
Parafusos • Verificação regular do aperto
• Selagem
• Limpeza
Conectores e • Desgaste
• Lubrificação isenta de solventes clorados
anéis de sela- • Corrosão
gem • Ligação correta
• Deformação
• Arejamento após utilização
• Deriva do desvio na origem • Humidade reduzida
Armazenamento • Histerese • Arejamento dos conectores
• Corrosão • Posição paralela ao plano de referência
• Transporte adequado
• Protecção contra choques • Controlo adequado da profundidade (in ex.: tole-
Transporte e
operação
• Controlo da profundidade rância de ±3 mm)
• Período de aquecimento • Introdução da sonda no tubo depois de ligada
• Permitir pelo menos de aquecimento

6.2. Erro típico de um sistema inclinométrico

6.2.1. Conceito de erro típico, valores de erro especificados e propagação em deslocamentos

O erro de medição em sistemas inclinométricos tem sido repetidamente avaliado (in ex.: Burland
& Moore, Cooke & Price, Cornforth, Green, McKenna & Roy, in: BGS, 1974; Dunnicliff, 1972; Gould
& Dunnicliff, 1972; Green & Mikkelsen, 1988; Marte & Semprich, 1998; Mikkelsen, 2003; Moor-
mann, 2003). Essa avaliação faz-se normalmente por análise da dispersão de uma série de curvas
de desvio (5.2), obtidas numa instalação considerada estável (4.7.2). O desempenho metrológico
especificado pelos fabricantes reflete o valor típico dessa dispersão, incluindo o equipamento de
medição e respetivos acessórios, a instalação e a permutação de operadores. Estes valores são
normalmente expressos em por metros de tubo, ou por medição, com ou sem discrimina-
ção das componentes aleatória e sistemática. Normalmente as especificações técnicas designam

130
por repetibilidade do sensor a componente aleatória e por repetibilidade do sistema a agregação
de ambas as componentes. Contudo, encontram-se variações de designação entre fabricantes.

Introduzindo a ocorrência de erros aleatórios ( ) e sistemáticos ( ) nas medições inclinométri-


cas, a equação (15) (5.2) pode reescrever-se na forma1:

(75)

Sabendo-se que as progressões de e de se fazem à razão de √ e de , respetivamente,


sendo o número de medições (JCGM, 2008b; Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000), a equação (16)
(5.2) pode reescrever-se na forma1,2:

∑ ∑ √ (76)

A equação (76) demonstra claramente a importância que o erro sistemático assume nas medições
inclinométricas, visto que tem propagação linear em função do número de medições e, portanto,
pode tomar proporções muito importantes em resultados acumulados (5.3; 5.4).

Conhecida a lei de propagação do erro ao longo do eixo medido, é possível proceder à estimativa
das componentes aleatória e sistemática, mesmo quando estas não se encontram discriminadas
nas especificações técnicas (Coimbra, 2011). Em 6.3.3 e no Anexo II exemplifica-se a dedução das
componentes de erro típico a partir de especificações técnicas.

No Quadro 20 apresentam-se os valores típicos de erro especificados pelos principais fabricantes


de inclinómetros. Convém salientar que aquelas especificações só se aplicam numa amplitude de
medição reduzida3, visto que ambas as componentes de erro aumentam significativamente com a
inclinação do tubo (Marte & Semprich, 1998; Mikkelsen, 2003; Moormann, 2003; SINCO, 2000).

Quadro 20-1 – Desempenho metrológico especificado pelos principais fabricantes de inclinómetros (DGSI,
2013c, adaptado de 2014b; GEOKON, 2014c; RST, 2010; SISGEO, 2011; SOIL, 2014c, 2014g) – continua na
próxima página.

Fabricante Modelo Sensores Especificações

Amplitude: calibrada ( mensurável)


Inclinometer Probe Servoacelerómetro
i
Resolução: ⁄
(6000) clássico (2.2.4) Repetibilidade (sensor): ⁄
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄
GEOKON
Amplitude:
MEMS Inclinometer MEMS capacitivo
i
Resolução: ⁄
Probe (6100) (2.2.5.4) Repetibilidade (sensor): ⁄
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄

1
Note-se que nas equações (75) e (76) e exprimem-se em unidades métricas ou imperiais, não sendo, portanto, afetadas por .
2
Note-se que a expressão (76) é genérica e pressupõe a ocorrência de em todas as medições (Anexo XII).
3
Normalmente relativamente ao plano de referência do instrumento.

131
Quadro 20-2 – Desempenho metrológico especificado pelos principais fabricantes de inclinómetros (DGSI,
2013c, adaptado de 2014b; GEOKON, 2014c; RST, 2010; SISGEO, 2011; SOIL, 2014c, 2014g) – continuação.

Fabricante Modelo Sensores Especificações

Amplitude: ( opcional)
Vertical Inclinometer Resolução: ⁄
Servoacelerómetro
Probe
(0S242SV3000)
clássico (2.2.4) Repetibilidade (sensor): ⁄
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄
SISGEO
Amplitude: ( opcional)
Digital MEMS Incli- Resolução: ⁄
MEMS capacitivo
nometer System
(2.2.5.4) Repetibilidade (sensor): ⁄
(0S242HV3000)
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄

Amplitude: calibrada ( mensurável)

Digitilt Classic Servoacelerómetro


iii
Resolução: ⁄
(50302599) clássico (2.2.4) iv
Repetibilidade (sensor):
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄
Slope Indicator Com-
pany (SINCO) Amplitude:
Resolução: ⁄
Digitilt AT System MEMS capacitivo
(50330999) (2.2.5.4) Repetibilidade (sensor):
vi
Repetibilidade (sistema): até quatro vezes a repetibilidade
do sensor.

Amplitude: , ou

Vertical Digital Incli-


v
Resolução: ⁄
nometer System iv
Repetibilidade (sensor):
(C17) ii
Repetibilidade (sistema): ⁄ ( ),
Soil Instruments MEMS capacitivo ⁄ ( )e ⁄ ( )
(SOIL) (2.2.5.4)
Amplitude:
Digital Inclinometer Resolução: ⁄
Pro (C17 Pro) iv
Repetibilidade (sensor):
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄

Amplitude: calibrada ( mensurável, opci-


onal)
MEMS Digital Incli- MEMS capacitivo Resolução: ⁄
RST Instruments
nometer System (2.2.5.4)
Repetibilidade (sensor):
ii
Repetibilidade (sistema): ⁄

NOTA: todos os instrumentos referidos são portáteis (2.4.3) com plano de referência vertical (2.3) e passo de leitura de .
NOTA: os valores de repetibilidade referem-se sempre a cada medição (in ex.: média de duas leituras, 5.1).
NOTA: a resolução refere-se normalmente ao menor valor mensurável por leitura, mas há variações na forma como este valor é espe-
cificado (ver nota iii).
i
Válido para amplitude e dependente a unidade de aquisição.
ii
Válido para inclinação compreendida no intervalo .
iii
A resolução especificada refere-se a cada medição e não a cada leitura. Logo, a resolução por leitura será de ⁄ .
iv
Full-scale (ver Anexo II).
v
Refere-se provavelmente à resolução da medição e não da leitura (ver nota iii).
vi
A SINCO é omissa relativamente à repetibilidade do sistema nas especificações técnicas deste modelo. No entanto, o respetivo manu-
al refere que o critério de estabilização de leitura deve ser ajustado até quatro vezes o valor de origem em caso de dificuldade.

Importa entender que o erro aleatório típico (in ex.: repetibilidade do sensor) refere-se apenas à
direção , uma vez que a direção incorpora um erro adicional devido à folga lateral entre as ro-

132
das da sonda e as calhas de rodagem do tubo inclinométrico. Apesar desta componente constituir
um erro sistemático em cada medição, o comportamento global pode descrever-se através duma
variável aleatória. De um modo geral considera-se que a dispersão característica na direção ( )
tem o dobro do valor homólogo na direção ( ) (Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000). Contudo, é
possível estimar se o valor da folga lateral ( ) for conhecido1,2,3 (Coimbra, 2011):

√( ⁄√ ) ( ⁄√ ) (77)

sendo o coeficiente de expansão da dispersão de valores que caracterizam .

Para sondas clássicas da Slope Indicator Company (DGSI, 2013c), Mikkelsen (2003) refere uma to-
lerância lateral de (in ex.: ), independentemente do tipo de tubo. Contudo,
Marte & Semprich (1998) demonstram que a componente aleatória daí resultante depende dire-
tamente do tipo de tubo (in ex.: formato das calhas), do modelo de sonda (in ex.: formato das ro-
das) e da inclinação do tubo (in ex.: paralelismo das calhas e orientação da inclinação relativa-
mente às direções e ), concluindo que o erro aleatório na direção tem magnitude 2 a 3 ve-
zes superior ao valor homólogo da direção . Na mesma publicação observa-se também que a in-
fluência da combinação geométrica é desprezável em instalações aproximadamen-
te verticais (in ex.: ). Portanto, considera-se adequada a prática comum (in ex.: )
ou a estimativa de através da equação (77).

6.2.2. Erro típico do sistema no cálculo de deslocamentos com múltiplas referências

É comum considerar-se o erro típico do sistema publicado pelo fabricante nas curvas de desloca-
mento e desprezarem-se oscilações dentro daquele intervalo. Esta prática despreza o erro conti-
do na campanha de referência, uma vez que esta constitui o padrão de comparação. No entanto,
a presença de várias campanhas de referência (5.6) obriga a consideração dos erros afetos às cur-
vas de deslocamento anteriores a cada referência extraordinária.

Considerando-se a introdução do erro no cálculo dos desvios ((75), (76), 6.2.1), o erro típico das
curvas de deslocamentos incrementais e acumulados duma campanha ordinária com campa-
4
nhas de referência corresponde às equações (78) e (79), respetivamente .

√ (78)

∑ √ (79)

1
corresponde a uma cobertura de da gama de valores de uma distribuição estatística gaussiana (JCGM, 2008b).
2
Coimbra (2011) atribui uma distribuição em (in ex.: arco-seno) à probabilidade de ocorrência de .
3
⁄√ considera uma distribuição normal dos valores de com um coeficiente de expansão ((81), (82), 6.3.1).
4
Note-se que a expressão (79) é genérica e pressupõe a ocorrência de em todas as medições (Anexo XII).

133
Na Figura 72 apresentam-se exemplos dos limites de confiança correspondentes ao erro típico de
deslocamentos que integrem uma ou duas campanhas de referência.

a) Deslocamentos incrementais.

b) Deslocamentos acumulados.
Figura 72 – Erro típico de um sistema inclinométrico no cálculo de deslocamentos nas direções e com
contribuição de uma ou de duas campanhas de referência.

134
Estas figuras demonstram, novamente (6.2.1), a importância que os erros sistemáticos assumem
no cálculo de deslocamentos. Em geral, pode-se considerar que deslocamentos dentro do interva-
lo correspondente ao erro aleatório não são significativos. No que respeita a este intervalo, a in-
trodução de novas referências tem pouco significado, mas, na presença de erros sistemáticos em
ambas as campanhas, o aumento da incerteza é muito significativo.

6.3. Indicadores qualitativos das medições inclinométricas

6.3.1. Somas das leituras inclinométricas

As somas das leituras são os elementos-base da análise qualitativa dos dados inclinométricos.
Apesar da tendência crescente para a aquisição e apresentação de dados em unidades métricas
ou imperiais, a análise de dados1 inclinométricos faz-se preferencialmente em unidades de medi-
ção ( ) e será assim considerada e apresentada neste documento. A conversão pode fazer-se
através da resolução especificada pelo respetivo fabricante (Quadro 20, 6.2.1; 6.3.3; Anexo II).

Introduzindo-se a ocorrência de erros aleatórios ( ) e sistemáticos ( ) em cada leitura inclino-


métrica, as equações (11) e (12) (5.1) podem reescrever-se na forma (Coimbra, 2011):

{ (80)

Considerando-se as especificações técnicas dos inclinómetros como uma contribuição do tipo B


(4.7.3.1) para a estimativa do erro, ou incerteza, de uma medição (Dobbert, 2010; JCGM, 2008b),
as equações (13) e (14) (5.1) podem reescrever-se na forma (Coimbra, 2011):

(81)
√ √

sendo o coeficiente de expansão de uma distribuição gaussiana com dispersão característica .

Sabendo-se que o coeficiente de expansão comumente utilizado corresponde a cerca de da


probabilidade de ocorrência dos valores caracterizados pela dispersão ( ; Dobbert, 2010;
JCGM, 2008b), , , e relacionam-se da seguinte forma (Coimbra, 2011):

⁄√ ⁄√
{ { (82)

As somas das leituras inclinométricas ( ) correspondem à soma dos valores simétricos obtidos
para cada direção em determinada profundidade:


{ { (83)

1
O termo “dados” refere-se aos valores diretamente obtidos do equipamento (in ex.: ) e o termo “resultados” refere-se à pro-
dução de perfis ou de evoluções de deslocamentos ao longo do tempo, destinados à interpretação geotécnica.

135
Considerando a relação entre os erros de leitura e de medição exposta na equação (82), a expres-
são (83) pode reescrever-se na seguinte forma:

{ (84)

Ou seja, as somas das leituras inclinométricas exprimem o erro típico do sistema em torno do do-
bro do desvio na origem. Como se depreende, somas que se situem fora do intervalo in-
corporam erros sistemáticos. Portanto, a análise estatística destes valores permite a deteção de
erros sistemáticos e a sua potencial correção.

6.3.2. Média das somas das leituras inclinométricas

A média das somas das leituras inclinométricas ( ) exprime-se pela expressão (85) e corresponde
aproximadamente ao dobro do desvio na origem ( ). Este valor pode sofrer alterações em fun-
ção das condições específicas de cada instalação, ou da ocorrência de erros, mas em condições
normais de operação exibe tendência constante ao longo do tempo. Por esta razão, é um bom
indicador da condição metrológica dos instrumentos e deve utilizar-se para rastrear a evolução do
desvio na origem de cada inclinómetro.

∑ (85)

Na Figura 73 apresenta-se a evolução do valor de ao longo do tempo para os dois sensores de


um inclinómetro clássico da Slope Indicator Company (DGSI, 2013c). A alteração gradual da média
que se verifica é normal e denomina-se por deriva do desvio na origem.

Na mesma figura observam-se limites de confiança de e (in ex.: no intervalo


a , respetivamente; SINCO, 1993; SISGEO, 2013a). Estes limites não são fáceis de
definir e a maioria dos fabricantes não indica qualquer valor de referência. Contudo, é boa prática
acompanhar a evolução de , uma vez que permite estimar a deriva do desvio na origem dos sen-
sores e detetar alterações mecânicas (in ex.: devido à ocorrência de acidentes e/ou avarias). Na
ausência de valores limite de referência, deve proceder-se ao rastreamento de ao longo do
tempo concorrentemente com a execução de verificações periódicas do desempenho metrológico
dos dispositivos (4.7.2).

Na Figura 74 apresenta-se outro exemplo de evolução do valor de ao longo do tempo. Neste ca-
so observa-se uma deriva normal na direção , mas, em determinado momento, verifica-se uma
alteração brusca do desvio na origem do sensor da direção . Constata-se que o respetivo incli-
nómetro se manteve em funcionamento, nestas condições, durante um período superior a 10
anos. Normalmente, a direção não produz deslocamentos significativos, o que dificulta a dete-

136
ção deste tipo de ocorrências. No entanto, se tivessem sido aplicados procedimentos de validação
qualitativa das campanhas inclinométricas durante aquele período, esta situação poderia ter sido
imediatamente detetada e as respetivas consequências devidamente avaliadas.

Figura 73 – Evolução da média das somas das leituras com deriva normal do desvio na origem.

Figura 74 – Evolução da média das somas das leituras com deriva anormal do desvio na origem do sensor .

O efeito da deriva do desvio na origem em medições inclinométricas não é claro. Coimbra (2011)
refere que valores muito elevados de desvio podem resultar na correção deficiente do mesmo,
pelo processo de cálculo ((13), (14), 5.1), devido ao facto do sinal de resposta dos sensores não
ser linear (Figura 75). No entanto, o autor não quantifica valores limite de desvio na origem a par-
tir dos quais se verifique aquele fenómeno. GEOKON (2009b) também refere a não linearidade do

137
sinal de resposta como uma fonte de erro quando o desvio na origem é elevado. A empresa refere
que o erro introduzido na leitura de uma inclinação é proporcional a ⁄ , desprezando va-
lores de | | ⁄ 1
. No entanto, há fatores que não são, ou são erroneamente, considerados:

• O acompanhamento inclinométrico baseia-se essencialmente na precisão das medições,


não na exatidão. Neste contexto, importa considerar a deriva do desvio ocorrida entre uma
campanha de referência e outra ordinária e não o valor absoluto desse desvio em determi-
nado momento.
• Visto que uma medição inclinométrica resulta da média da diferença entre duas leituras
simétricas, o erro de exatidão introduzido, neste contexto, também resulta da diferença
média dos erros de cada leitura. Desta forma, aquele limite (in ex.: | | ) poderia ser
superior, uma vez que o erro de leitura no sentido contrário ao do desvio será menor.
• A admissão de valores de desvio daquela magnitude ignora a inclinação do tubo. Note-se
que equivalem a para um instrumento com resolução ⁄ e
. Se for considerado que a maioria dos tubos verticais são instalados com in-
clinações de , o erro introduzido por um desvio daquela magnitude será seguramen-
te superior e ultrapassará o erro típico do sistema.
• O erro típico de medição é essencialmente de natureza aleatória (in ex.: oscila entre os si-
nais positivo e negativo), uma vez que a ocorrência de erros sistemáticos pode evitar-se
com procedimentos adequados de operação e de manutenção (4; quadros 18 e 19, 6.1). O
erro que advém da deriva de | | ao longo do tempo é de natureza puramente sistemática
(in ex.: tem progressão linear em função do número de medições). Portanto, não é boa prá-
tica descurar esta influência, uma vez que, apesar de parecer pequeno, pode tornar-se in-
comportável em instalações profundas e/ou com inclinações apreciáveis.

O erro produzido pela deriva do desvio pode ser avaliado mediante a observação dos desloca-
mentos incrementais ocorridos na porção inferior das respetivas instalações inclinométricas (in
ex.: zona sem movimentação expectável, 4.7.2). A experiência demonstra que aquele valor influ-
encia os deslocamentos, mas, tratando-se de uma deriva efetiva e não de uma alteração do des-
vio na origem2 (6.4.2), o erro associado mantém-se normalmente dentro do intervalo de valores
admissíveis.

Coimbra (2011) sugere a aplicação de múltiplas referências para minimizar o efeito da deriva do
desvio nos deslocamentos3. No entanto, esta prática tem certas particularidades a considerar:

A empresa refere | | , o que equivale a | | ou | | ⁄


1
para um instrumento com para .
Na verdade, o erro que resultará daquele tipo de sistema, naquelas condições, é de (in ex.: ( ⁄ )
⁄ ), sendo este o valor de erro típico publicado pelo fabricante (in ex.: ).
2
Neste contexto, a deriva do desvio não afeta a sensibilidade do instrumento em dois sentidos opostos (in ex.: o cálculo de uma de-
terminada variação angular com base em valores de leitura produzirá aproximadamente o mesmo valor absoluto, independentemente
do sentido a que pertençam essas leituras). A alteração de desvio (6.4.2) é um erro sistemático documentado que tem origem numa
alteração de sensibilidade entre cada par de leituras simétricas.
3
A primeira campanha correspondente ao desvio na origem anómalo constitui uma referência para as campanhas seguintes.

138
• os deslocamentos calculados em campanhas posteriores à nova referência são afetados pe-
la qualidade desta, pelo que é necessário verificar a sua fiabilidade;
• a evolução dos deslocamentos ocorridos entre as campanhas anterior e posterior à nova re-
ferência é perdida1.

As limitações acima descritas podem ser contornadas mediante a execução de campanhas de re-
ferência extraordinárias, logo que este fenómeno seja detetado, sendo para tal necessário que
existam rotinas de verificação qualitativa dos dados inclinométricos. Contudo, há casos em que a
realização de campanhas extraordinárias não é exequível (in ex.: por motivos de agenda ou de or-
çamentação). Nestas situações, sugere-se a análise dos deslocamentos incrementais em zonas do
tubo consideradas geotecnicamente estáveis, juntamente com a execução de medições de verifi-
cação inclinométrica (4.7.2), a fim de determinar a necessidade de proceder à execução de cam-
panhas de referência extraordinárias. Os procedimentos de análise de leituras apresentados em
6.4.2 e em 6.4.7 podem também aplicar-se.

No Anexo III apresenta-se o resultado de alguns ensaios executados na tentativa de clarificar a in-
fluência da magnitude do desvio na origem no cálculo de deslocamentos/desvios. Verifica-se que,
em termos de exatidão, as inclinações medidas não são significativamente afetadas para valores
de | | até cerca de . Contudo, fica demonstrado2 que a deriva do desvio pode introduzir
alterações ao nível da sensibilidade.

a) Sinal de resposta de um sensor com desvio na b) Sinal de resposta de um sensor com desvio na
origem dentro dos parâmetros normais: o desvio origem excessivo: caso os erros de leitura nos
na origem é eliminado de forma eficaz. sentidos positivo e negativo difiram, o desvio na
origem não é completamente eliminado.
Figura 75 – Esquematização da influência da deriva do desvio na origem na medição de inclinações (adapta-
do de Coimbra, 2011).

1
Ou seja, a conversão duma campanha ordinária numa referência implica que os deslocamentos entre esta e a referência anterior se-
jam eliminados do histórico. Nesta medida, esta metodologia pode não ser aceitável quando se verifica uma evolução significativa na
campanha converter. Uma forma de contornar esta situação é constituir uma versão corrigida da campanha a converter para fazer a
transição entre referências.
2
Note-se que as condições em que essas alterações poderão ocorrer permanecem indefinidas, uma vez que o estudo não contempla a
influência da deriva do desvio em determinado instrumento, concentrando-se apenas na comparação de medições obtidas a partir de
instrumentos diferentes com valores distintos de desvio na origem.

139
6.3.3. Dispersão das somas das leituras inclinométricas

A dispersão das somas das leituras inclinométricas exprime-se pelo respetivo desvio padrão ( ),
de acordo com a expressão (86). Este valor reflete a variabilidade das discrepâncias angulares de
cada par de leituras em torno do dobro do desvio na origem ((83), (84), 6.3.1; (85), 6.3.2).

∑ ( )
√ (86)

A dispersão constitui o principal indicador de qualidade dos dados inclinométricos, visto que
desvios importantes das , relativamente a , têm tradução direta no cálculo de deslocamentos.

A análise deste indicador faz-se de forma semelhante à análise de (6.3.2). Os limites de confian-
ça atribuídos correspondem ao erro aleatório típico do sistema (Quadro 20, 6.2.1). Na Figura 76
apresenta-se a evolução de para a mesma instalação e durante o mesmo período do exemplo
exposto na Figura 74 (6.3.2). Neste caso, tratando-se de uma sonda clássica DGSI (2013c), os limi-
tes de confiança fixam-se em e para as direções e , respetivamente (Mikkel-
sen, 2003; SINCO, 2000, 1993). Perante a eventual falta de informação por parte do fabricante,
estes limites de confiança podem estimar-se da seguinte forma (Coimbra, 2011; Anexo II):

1. Especificações técnicas (DGSI, 2013c):


• Passo de leitura: ;
• Resolução :
1
⁄ ;
• Repetibilidade do sistema: | | | | ⁄ ;
• Erro aleatório do sistema: ⁄ .
2. Cálculo do erro típico do sistema ((76); 6.2.1):

• { {

3. Conversão de unidades:

• {

• ; ou

• √ [( ⁄√ ) ( ⁄√ ) ] ((77); 4.10.1)

Na Figura 76 encontram-se assinaladas algumas campanhas inclinométricas com valores de ele-


vados e/ou excessivos. Nestas situações deve proceder-se à análise das somas das leituras em
profundidade, a fim de detetar a presença de erros sistemáticos (6.4.1).

Na Figura 77 apresentam-se os deslocamentos acumulados das campanhas assinaladas na Figura


76. O sufixo “R” determina uma campanha repetida devido a resultados questionáveis.

1
Ver nota iii do Quadro 20 (6.1).

140
Na Figura 78 apresentam-se os perfis das somas das leituras correspondentes às campanhas 45,
45R e 51, expostas na Figura 77. As campanhas 49 e 49R são analisadas na secção 6.4.2.

Nas figuras 77 e 78 verifica-se correspondência entre a ocorrência de desvios excessivos das so-
mas e de deslocamentos acumulados. De facto, a análise das somas das leituras em profundi-
dade permite detetar a presença de erros sistemáticos, fornecendo elementos de apoio à decisão
sobre a ocorrência de curvas de deslocamento duvidosas e respetiva correção. Este processo eli-
mina a subjetividade da análise qualitativa das medições inclinométricas e permite evitar a execu-
ção desnecessária de campanhas extraordinárias. Por esta razão, a deteção e correção de erros
sistemáticos deve fazer-se com base na análise das somas das leituras (6.4).

Figura 76 – Evolução do desvio padrão das somas das leituras ao longo do tempo.

Figura 77 – Deslocamentos acumulados de algumas campanhas com valores elevados de desvio padrão.

141
a) Somas da campanha 45 na direção B. b) Somas da campanha 45R na direção B.

c) Somas da campanha 51 na direção A. d) Somas da campanha 51 na direção B.


Figura 78 – Análise das somas das leituras em profundidade.

Nem sempre é possível cumprir os limites de confiança desejáveis, seja devido a deformações lo-
calizadas que afetem o correto posicionamento das rodas da sonda em determinadas secções

142
(Figura 92, 6.4.7), seja por deficiências da instalação1. Por esta razão, é comum considerar-se o
desvio padrão das somas da campanha de referência como um valor característico da instalação,
procedendo-se à análise qualitativa das campanhas ordinárias com base num diferencial de dis-
persão (Coimbra, 2011; DGSI, 2007; SINCO, 1993). Este diferencial de dispersão ( ) corresponde
à diferença entre os desvios padrão das somas das leituras de determinada campanha ordinária
( ) e da respetiva campanha de referência ( ):

(87)

A recomendação generalizada é a validação de campanhas ordinárias que exibam valores de


dentro do intervalo (DGSI, 2007; SINCO, 1993). No entanto, Coimbra (2011) observa
que a variabilidade de depende do número de medições (in ex.: profundidade da instalação),
podendo haver maior flexibilidade em instalações mais curtas, de forma a evitar, nestas situações,
a ocorrência de um número elevado de invalidações não justificadas. O mesmo autor sugere a
aplicação do teste de Fisher2 para avaliação da homogeneidade de duas variâncias (F-test). O F-
test baseia-se no cálculo de um parâmetro estatístico que resulta da proporção positiva entre
duas variâncias:

⁄ (88)

Este parâmetro é depois comparado com o valor homólogo da distribuição com os graus de li-
berdade correspondentes (in ex.: ) e ao nível probabilístico requerido (in ex.: para
de cobertura). A hipótese colocada é a similitude/homogeneidade das variâncias/dispersões das
somas de ambas as campanhas (JCGM, 2008b; Snedecor, 1946; van Reeuwijk & Houba, 1998). Se
a hipótese é validada e a campanha é considerada conforme.

O F-test pode-se aplicar de duas formas distintas (Snedecor, 1946; van Reeuwijk & Houba, 1998):

a) Variante bicaudal: ambas as caudas da distribuição são testadas. Esta variante utiliza-se
para determinar se duas dispersões de uma distribuição normal podem ser consideradas
semelhantes (in ex.: pertencentes à mesma população).
b) Variante unicaudal: apenas uma cauda da distribuição é testada. Esta variante utiliza-se
para determinar se a dispersão de uma distribuição normal é significativamente superior ou
inferior a outra.

Neste caso importa saber se , uma vez que a ocorrência de uma dispersão inferior à da re-
ferência não introduzirá erros sistemáticos adicionais. Por esta razão, Coimbra (2011) aplica a va-

1
Por exemplo, uniões fixas mal instaladas, estacionamento da sonda em zonas de transição de uniões telescópicas, existência de detri-
tos, corrosão ou constrição por pressão excessiva ou por acomodamento do tubo durante a cura do bolbo de selagem.
2
Sir Ronald Aylmer Fisher (1890-1962): formado em astronomia (1912). Conhecido como um dos fundadores da estatística moderna,
foi pioneiro na aplicação de métodos estatísticos para concetualização experimental. Desenvolveu metodologias de amostragem e de
análise (in ex.: análise multivariada) que são hoje aplicadas em praticamente todas as áreas científicas (EBO, 2018).

143
riante b), referindo também que a análise de , e, por consequência, a aplicação deste teste, só
tem significado quando . Pois, na pior das hipóteses, campanhas com
terão erro equivalente ao especificado pelo fabricante e campanhas com terão erro equi-
valente ao da respetiva referência1.

Sabendo-se que as campanhas inclinométricas em determinada instalação têm sempre o mesmo


número de medições2, é possível definir limites de confiança para em função de e de
( ) (Coimbra, 2011):

√ ( )
( ) ⁄
{ (89)
| | [√ ( ) ]
{

com .

Coimbra (2011) nota que, para os valores especificados em DGSI (2007) e SINCO (1993) (in ex.:
profundidade de , e ), a aplicação da expressão (89) resulta em | |
e| | para direções e , respetivamente. Estes valores estão de acordo
com as recomendações do fabricante.

Considerando-se uma sonda clássica DGSI (2013c), na figura seguinte apresenta-se um ábaco que
permite estimar o valor de | | em função da profundidade da instalação e do valor de .

Figura 79 – Ábaco para determinação do valor máximo do diferencial de dispersão ( ) para uma sonda
com resolução ⁄ e (adaptado de Coimbra, 2011).

1
Há instalações onde não é possível atingir os parâmetros de qualidade desejáveis. No entanto, interessa sempre manter os padr ões
de qualidade caracterizados pela campanha de referência.
2
Com exceção de alguns casos particulares, como a instalação faseada de tubos inclinométricos durante a construção de um aterro.

144
6.4. Deteção e correção de erros sistemáticos

6.4.1. Generalidades

Existem dois tipos de erro sistemático passíveis de ocorrer nos dados inclinométricos:

a) Generalizado: ocorre num conjunto ou na totalidade das leituras/medições. Introduz alte-


rações de caráter incremental no processo de cálculo.
b) Pontual: ocorre em leituras isoladas. Introduz alterações de caráter constante no processo
de cálculo.

Encontram-se documentados vários erros do tipo a), os quais se apresentam nas secções 6.4.2 a
6.4.6 (in ex.: Coimbra, 2011; Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000). Alterações deste tipo caracterizam-se
pela introdução de um deslocamento, constante ou não, que é integrado em cada profundidade
(in ex.: propaga-se linearmente em função do número de medições). Por um lado, este tipo de er-
ro é especialmente gravoso porque adquire valores elevados com muita frequência. Por outro la-
do e pela mesma razão, é fácil de detetar.

Alterações do tipo b) caracterizam-se pela introdução de um deslocamento que é integrado entre


duas secções (in ex.: uma constante replicada ao longo da instalação, sem progressão). Este tipo
de erro é facilmente detetado através da análise das somas das leituras em profundidade, mas só
se justifica a sua correção quando se traduz num desvio padrão exagerado e/ou em deslocamen-
tos questionáveis. Não se conhecem métodos de análise e correção para este tipo de erro. Na
secção 6.4.7 apresentam-se algumas técnicas de mitigação desenvolvidas pelo autor deste docu-
mento no Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).

6.4.2. Erro de alteração do desvio na origem (bias-shift error)

Este tipo de erro deve-se a uma alteração do desvio na origem durante a execução de uma cam-
panha inclinométrica e traduz-se na introdução de um deslocamento incremental constante ao
longo do tubo (Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000). A causa desta ocorrência pode relacionar-se com o
funcionamento erróneo do(s) sensor(es) ou com uma avaria. O bias-shift error é normalmente
identificado pela análise dos perfis de deslocamentos incrementais e acumulados (5.3; Quadro
21). No entanto, será demonstrado que também é possível identificá-lo através da análise das
somas das leituras em profundidade (Figura 78, 6.3.3).

É importante não confundir este tipo de erro (bias-shift) com a deriva do desvio na origem (bias-
drift). Embora ambas as situações possam produzir padrões de deslocamento semelhantes, a pri-
meira caracteriza-se por um acontecimento brusco e isolado, associado a uma campanha, numa
ou em ambas as direções, enquanto a segunda compreende uma evolução lenta, contínua e gra-

145
dual ao longo do tempo, que afeta sempre ambas as direções. Ademais, o bias-shift circunscreve-
se a um período muito limitado (in ex.: uma campanha), enquanto o bias-drift não tem retorno.

No Quadro 21 ilustram-se os padrões de deslocamento tipicamente produzidos pela ocorrência


de erros de alteração do desvio na origem.

Quadro 21 – Padrões de deslocamento típicos do erro de alteração do desvio na origem (adaptado de Co-
imbra, 2011; SINCO, 2000).

Deslocamentos incrementais Deslocamentos acumulados Ocorrências e observações

• Alteração de desvio entre as sequências de leituras corres-


pondentes aos sentidos e .
• Situação mais comum.
• Único padrão passível de ser confundido com um erro provo-
cado pela deriva do desvio (bias-drift).

• Alteração de desvio durante uma sequência de leituras cor-


respondente a determinado sentido (in ex.: ou ).
• Facilmente identificável através do aumento do desvio pa-
drão das somas das leituras.

• Verificam-se duas alterações do desvio na origem.


• Facilmente identificável através do aumento do desvio pa-
drão das somas das leituras.

Na Figura 77 (6.3.3) verifica-se que as campanhas 49R e 49 apresentam os padrões de desloca-


mento acumulado de acordo com a primeira e segunda linhas do Quadro 21, respetivamente. Nas
figuras 80 e 81 apresentam-se, respetivamente, os perfis dos deslocamentos incrementais e das
somas das leituras daquelas campanhas. Excluindo a zona superior da instalação, onde se desen-
volvem deslocamentos efetivos, na Figura 80 observam-se os padrões de deslocamento incre-
mental das duas primeiras linhas do Quadro 21. Na Figura 81 verifica-se que a alteração do desvio
é bem visível apenas na campanha 49.

Por comparação das figuras 80 e 81 conclui-se:

a) a não ser que se verifique uma alteração de desvio muito abrupta, a análise da evolução da
média (6.3.2) e do desvio padrão (6.3.3) das somas das leituras só permite detetar este tipo
de erro quando o mesmo ocorre durante uma série de leituras (in ex.: campanha 49);
b) mesmo com deslocamentos incrementais moderados e na presença de perfis de somas de
leituras aparentemente normais, a alteração do desvio na origem pode introduzir erros im-
portantes nos deslocamentos acumulados (in ex.: campanha 49R).

146
O ponto a) demonstra que a análise estatística destes indicadores nunca deve ser entendida como
definitiva e não substitui os procedimentos de verificação metrológica descritos em 4.7.2.

O ponto b) demonstra a importância do acompanhamento dos deslocamentos incrementais e do


controlo de qualidade como complemento ao julgamento técnico. Pois, a análise geotécnica con-
centra-se frequente e maioritariamente sobre os deslocamentos acumulados e raramente dá a
importância devida à análise dos deslocamentos incrementais.

A correção do bias-shift error através dos deslocamentos consiste em quantificar e subtrair a


constante de erro introduzida. Existem duas metodologias possíveis1:

i. Correção com base nos deslocamentos incrementais:


1. definir uma zona de tubo geotecnicamente estável;
2. calcular o deslocamento incremental médio ao longo da zona previamente definida;
3. subtrair o valor médio calculado ao deslocamento incremental de cada secção afetada.
ii. Correção com base nos deslocamentos acumulados (Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000):
1. definir uma zona de tubo geotecnicamente estável ( profundidades);
2. calcular o valor do bias-shift error ( ) a partir do deslocamento acumulado máximo
( ) da zona previamente definida: ⁄ ;
3. subtrair ao deslocamento incremental ou ao deslocamento acumulado de cada
secção afetada.

Figura 80 – Deslocamentos incrementais das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77, 6.3.3).

1
Na verdade os dois métodos são equivalentes, uma vez que, sendo constante, corresponde ao deslocamento incremental médio.

147
Figura 81 – Somas das leituras das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77, 6.3.3).

A correção do bias-shift error com base nas somas das leituras pode tomar diferentes formas de
aplicação, dependendo da ocorrência do mesmo durante uma sequência de leituras (in ex.: cam-
panha 49), em zona estável ou instável, ou entre sequências de leituras (in ex.: campanha 49R).
Estes métodos foram desenvolvidos pelo autor deste trabalho no Departamento de Geotecnia
(DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) com o objetivo de proceder à correção
de erros sistemáticos pontuais (6.4.7). Mais recentemente o autor adaptou estas metodologias à
análise e correção deste tipo de fenómeno. Apresenta-se de seguida a fundamentação respetiva.

Sendo e as componentes de medição em sentidos opostos da secção ((80), 6.3.1), a sub-


tração entre componentes homólogas de uma campanha ordinária e da respetiva referência
traduz-se pela expressão (90), onde é o deslocamento calculado em cada sentido, é o dife-
rencial entre os desvios na origem à data de cada campanha, e , uma vez que se assume
a boa qualidade da campanha de referência.

( )
{
( )


{ (90)

Numa zona de tubo considerada estável, onde não se espera o desenvolvimento de deslocamen-
tos, . Logo, a subtração das componentes de deslocamento obtidas na equação
anterior pode escrever-se na forma:

148
(91)

Conhecendo-se a relação ⁄√ ((82), 6.3.1), é possível exprimir a equação (91) em função


do erro típico do sistema:

(92)

Ou seja, quando | | ⁄√ numa zona do tubo considerada estável, verifica-se a


existência de erros sistemáticos num ou em ambos os sentidos de medição. Portanto, a equação
(92) permite aferir e quantificar o erro sistemático em ambas as situações retratadas na Figura 81.

Considere-se agora a inversão1 dos perfis de somas da campanha 49 (Figura 81). Neste caso a
equação (92) não é aplicável, dado que { } ao longo da zona afetada pelo erro. No
entanto, sabe-se que e que ((85), 6.3.2). Logo, o erro pode ser aferido e
quantificado pela soma das componentes obtidas na equação (90), uma vez que é possível esti-
mar os valores das médias das somas das campanhas ( , ao longo da zona da instalação não
afetada pelo erro) e ( ):

(93)

Recordando-se a equação (90) em condição de estabilidade geotécnica, com e


⁄√ , o sentido a corrigir pode identificar-se em função do erro típico do sistema:

(94)

Considerando-se a equação (94):

• quando o bias-shift ocorre durante uma sequência de leituras, pode ser calculado a par-
tir do conjunto de somas não afetadas pelo erro (in ex.: campanha 49);
• quando o bias-shift ocorre entre sequências de leituras, pode utilizar-se a média das somas
das leituras da campanha anterior2, correspondendo o sentido a corrigir ao que apresentar
maior disparidade entre os valores de | | e de , sendo ( )⁄ ;
• quando o bias-shift afeta apenas uma zona instável, o sentido a corrigir só pode ser identifi-
cado por tentativa e erro juntamente com a contextualização geotécnica adequada (in ex.:
corrigindo um sentido ou outro e observando os resultados). Portanto, esta equação não é
aplicável a estes casos (in ex.: perfis invertidos1 das somas das leituras da campanha 49).

Por fim, a correção do bias-shift error através das somas das leituras pode fazer-se:

1
Ou seja, a ocorrência do bias-shift na zona superior do tubo (in ex.: em zona instável).
2
Efetivamente, desconhece-se o desvio na origem dos sensores afetados à data da campanha . No entanto, caracterizando-se o bias-
shift por um acontecimento isolado e sabendo-se que o desvio na origem não sofre alterações significativas a curto prazo, a recorrên-
cia à média das somas das leituras da campanha anterior é aceitável na grande maioria dos casos, tal como a experiência o dem onstra.
Contudo, este procedimento é sempre mais fiável quando acompanhado de registos periódicos de verificação inclinométrica (4.7.2).

149
a) em função da diferença entre a média das somas de leituras a corrigir e ;
b) por subtração do erro sistemático resultante das equações (92) ou (93).

O método a) é de aplicação mais simples e é exequível sempre que seja possível calcular a média
das somas da campanha (in ex.: campanha 49, a partir do conjunto de somas não afetadas pelo
erro, independentemente da zona do tubo afetada). Depois de identificado o sentido a corrigir
através da equação (94)1, as leituras respetivas são corrigidas por aplicação da equação (95), onde
é a leitura corrigida da campanha na secção e ̅ ∑ ⁄ é a média de somas de leituras
do conjunto de secções afetadas pelo erro.

( ̅ ) (95)

O método b) aplica-se a qualquer situação e constitui a única solução perante a impossibilidade de


cálculo de (in ex.: campanha 49R). O primeiro passo é o cálculo do deslocamento médio em
cada sentido de uma zona considerada estável2 ( profundidades):

̅ ∑ ( )⁄ (96)

Então, o valor do erro sistemático obtém-se substituindo por ̅ na equação (92)3 ou (93)2:

̅ ̅ (97)

̅ ̅ (98)

Depois de identificado o sentido a corrigir, substituindo por ̅ na equação (94)1, as leituras


afetadas são corrigidas por subtração do erro sistemático anteriormente obtido:

(̅ ̅ )
{ (99)
(̅ ̅ )

(̅ ̅ )
{ (100)
(̅ ̅ )

Na Figura 82 apresentam-se as curvas de deslocamentos acumulados das campanhas 48, 49, 49R
e 50. Na mesma figura incluem-se os perfis das campanhas 49 e 49R corrigidos pelos métodos das
somas das leituras (49-Si e 49R-Si) e dos deslocamentos (49-D e 49R-D). Verifica-se que ambas as
metodologias de correção produzem resultados idênticos e satisfatórios. Os procedimentos de
correção aplicados encontram-se descritos com maior detalhe no Anexo VI.

Na Figura 83 apresentam-se dois ábacos que permitem estimar o erro sistemático introduzido pe-

1
Recorde-se que o sentido a corrigir só é identificável quando o erro afeta uma zona do tubo geotecnicamente estável.
2
No caso do bias-shift afetar apenas uma zona instável, as componentes de deslocamento médio devem englobar toda essa zona.
3
No caso do bias-shift afetar apenas uma zona instável, a substituição tem que ser feita na equação (93).

150
lo bias-shift ( ) em resultados acumulados. A correção pelo método dos deslocamentos é de
aplicação mais fácil e é a prática recomendada. No entanto, a metodologia baseada na análise de
somas de leituras permite:

• identificar e quantificar a presença do erro de forma objetiva;


• identificar o sentido onde o erro ocorre;
• corrigir as leituras quando só são afetadas zonas instáveis da instalação.

Figura 82 – Deslocamentos acumulados das campanhas 49 e 49R nas direções e (Figura 77, 6.3.3). Cur-
vas obtidas (49 e 49R) e corrigidas pelos métodos das somas das leituras (49-Si e 49R-Si) e dos deslocamen-
tos (49-D e 49R-D).

a) Resolução: ⁄ . b) Resolução: ⁄ .
Figura 83 – Erro sistemático introduzido em resultados acumulados pela ocorrência dum bias-shift ( ) ao
longo de profundidades em instrumentos com resolução (adaptado de Coimbra,
2011; SINCO, 2000).

151
6.4.3. Erro de rotação (rotation error)

O erro de rotação deve-se à alteração do alinhamento axial da sonda ou dos sensores inclinomé-
tricos. Este fenómeno provoca alterações ao nível da influência interaxial (cross-axis), que se ca-
racteriza pelo erro que a inclinação do tubo numa determinada direção induz na inclinação medi-
da em direção ortogonal. Como consequência, a magnitude do erro é diretamente proporcional à
inclinação do tubo inclinométrico (Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000).

A ocorrência deste fenómeno pode dever-se a (Coimbra, 2011; SINCO, 2000):

• desgaste do instrumento (in ex.: desalinhamento gradual dos acelerómetros);


• fadiga e desgaste das rodas do instrumento e das respetivas molas (in ex.: alterações incon-
sistentes e variáveis, muito difíceis de diagnosticar e de corrigir).
• choque sofrido pela sonda (in ex.: alteração repentina, podendo afetar as direções e
separadamente);
• reparação/afinação da sonda (in ex.: realinhamento axial dos acelerómetros);
• substituição da sonda (in ex.: alteração do alinhamento dos sensores);

É importante não confundir o erro de rotação com a espiral das calhas inclinométricas, já que a
segunda não é um erro de medição. O erro de rotação caracteriza-se por uma constante de rota-
ção do referencial de medição, podendo afetar uma ou ambas as direções, conjunta ou separa-
damente. A espiral das calhas inclinométricas caracteriza-se por uma rotação contínua da orienta-
ção azimutal da sonda ao longo de uma zona limitada ou da totalidade do tubo, afetando sempre
as duas direções de igual forma. Este fenómeno é brevemente abordado na secção 6.4.6.

A identificação do erro de rotação faz-se por comparação do perfil de deslocamentos acumulados


em determinada direção com o perfil de desvios acumulados em direção ortogonal. Devem verifi-
car-se três condições para que se trate de um erro de rotação (SINCO, 2000):

• o deslocamento acumulado apresenta um perfil curvo, quando deveria ser retilíneo;


• o desvio acumulado na direção ortogonal apresenta uma inclinação considerável1;
• os dois gráficos apresentam um padrão de forma idêntico.

O ângulo de rotação ( ) numa determinada direção obtém-se pela relação entre os deslocamen-
tos nessa direção e os desvios na direção que lhe é ortogonal ((101)). Na Figura 84 ilustra-se esta
relação.

{ (101)

1
Não se procedeu a qualquer estudo sobre o que significa “uma inclinação considerável”. Subentende-se que o erro será visível e
mensurável para inclinações superiores às recomendadas (in ex.: | | ).

152
O ângulo pode determinar-se em função dos valores incrementais ou acumulados. Contudo, os
valores acumulados são preferíveis porque garantem que a expressão (101) é sempre válida (in
ex.: ). Mikkelsen (2003) exemplifica a obtenção de com base na totalidade dos deslo-
camentos acumulados. Esta prática resulta em valores satisfatórios desde que o erro introduzido
seja muito superior aos deslocamentos ocorridos, o que geralmente se confirma. No entanto, a
estimativa de pode ser afetada em instalações onde se verifiquem deslocamentos importantes
(Anexo VII). Portanto, será preferível proceder à estimativa de da seguinte forma:

1. definir uma zona da instalação assumidamente estável;


2. calcular em cada secção da zona previamente definida, de acordo com a expressão (101);
3. utilizar o valor médio dos ângulos previamente calculados para efeitos de correção.

Figura 84 – Relação entre o ângulo de rotação do referencial de medição e o erro induzido nos deslocamen-
tos calculados (adaptado de Mikkelsen, 2003).

A correção do erro de rotação baseia-se nas equações matemáticas que descrevem a rotação de
um ponto no espaço euclidiano bidimentional (Mikkelsen, 2003):

{ (102)

sendo o ângulo de rotação no sentido anti-horário, ( )e ( ) as coordenadas pós e pré ro-


tação, respetivamente.

Considerando que a rotação é pequena (in ex.: ), . Logo, a equação (102) pode
reescrever-se na forma (Mikkelsen, 2003):

{ (103)

Mikkelsen (2003) atribui a coordenada à direção e a coordenada à direção , uma vez que,
de acordo com a convenção matemática, a última se orienta no sentido anti-horário relativamen-

153
te à primeira. Contudo, será demonstrado que esta condição não é válida1.

Considerando uma curva de desvios e as expressões (102) e (103), o ângulo exprime a rotação
daquele conjunto de pontos no plano coordenado, da posição pré correção ( ) para a posição
pós correção ( ). Portanto, procura-se que na equação (101) o valor de ⁄ :

• seja simétrico ao ângulo de rotação do conjunto de pontos no sentido ( ) ( );


• seja igual ao ângulo de rotação do referencial no sentido ( ) ( ), uma vez que, de
acordo com a convenção matemática, o ângulo de rotação de um eixo cartesiano é simétri-
co ao ângulo de rotação equivalente de um ponto no espaço euclidiano.

Analisando a relação do ângulo de rotação do referencial ( ) no sentido ( ) ( ) com o


valor de que resulta de ⁄ em cada direção, verifica-se (Figura 85):

{ (104)

Logo, a coordenada nas equações (102) e (103), representativa da direção , deverá sofrer uma
mudança de sinal. Assim, os desvios corrigidos nas direções e obtêm-se de acordo com:

{ { (105)

onde e são os desvios incrementais e acumulados corrigidos, respetivamente.

Figura 85 – Relação entre os sinais dos ângulos de rotação estimado ( ) e pretendido ( ) em cada direção.

1
Mikkelsen (2003) e SINCO (2000) recomendam o programa comercial DigiPro para efetuar a correção de erros de rotação. Verifica-se
que o DigiPro2 (DGSI, 2014c) aplica a expressão (103), atribuindo a coordenada à direção e a coordenada à direção , o que
também não é válido.

154
Alternativamente, a expressão (105) pode aplicar-se diretamente às leituras por substituição de
e por e , respetivamente. Neste caso, cada par de leituras deverá corrigir-se em fun-
ção dos valores homólogos da direção ortogonal, havendo sempre necessidade de corrigir ambos
os sentidos (in ex.: ;
).

Partindo-se da equação (105) é também possível estimar a magnitude do erro em cada secção:


{ { (106)

Na Figura 86 apresentam-se os deslocamentos acumulados referentes a um caso de obra que en-


volveu a substituição do sistema inclinométrico habitualmente utilizado. Observa-se que as cam-
panhas 23-1DG e 23R-1DG, executadas com o novo equipamento, se destacam das campanhas
anteriores. Não houve possibilidade de executar estas campanhas em data próxima à última cam-
panha executada com o sistema habitual. Dado o tempo decorrido entre campanhas e as especifi-
cidades da obra, o uso de múltiplas referências não foi considerado (5.6). Por esta razão, os resul-
tados de ambos os sistemas inclinométricos foram conciliados por correção de um erro de rota-
ção nas campanhas pertencentes ao novo equipamento. Na Figura 86 apresentam-se também as
curvas das campanhas corrigidas, 23-1DG_C e 23R-1DG_C. Verifica-se um bom enquadramento
entre as novas campanhas relativamente às anteriores. Neste caso, os ângulos de rotação estima-
dos são e . Os procedimentos de correção aplicados encontram-se des-
critos com maior detalhe no Anexo VII.

Figura 86 – Correção de um erro de rotação devido a diferenças de alinhamento axial entre os sensores de
dois sistemas inclinométricos.

155
Na figura seguinte apresenta-se um ábaco que permite estimar o erro induzido nos deslocamen-
tos de determinada direção, em função do desvio na direção ortogonal e do ângulo de rotação es-
timado.

Figura 87 – Magnitude do erro de rotação em função do angulo respetivo e do desvio da vertical na direção
ortogonal (adaptado de Coimbra, 2011).

6.4.4. Erro de profundidade (depth error)

O erro de profundidade deve-se ao posicionamento erróneo da sonda durante a execução de uma


campanha inclinométrica e caracteriza-se por deslocamentos incongruentes, principalmente em
tubos que apresentem curvaturas apreciáveis. A ocorrência deste tipo de erro pode dever-se a
múltiplos fatores, tais como (Mikkelsen, 2003; SINCO, 2000):

• estacionamento da marca do cabo fora da tolerância recomendada de (4.4);


1
• alterações dimensionais do cabo ;
• alterações dimensionais do tubo inclinométrico2;
• alteração do ponto de referência no topo do tubo inclinométrico3;
4
• início da medição na profundidade errada .

A deteção deste tipo de erro faz-se por comparação das curvas de deslocamentos acumulados da
campanha a corrigir com as de desvios incrementais da respetiva referência, tendo as duas curvas
padrões de forma semelhantes. A semelhança entre aqueles padrões de forma depende da geo-
metria do tubo e do sentido em que o erro ocorre (in ex.: abaixo ou acima da posição de referên-

1
Por exemplo, devido a fadiga, reparação ou substituição.
2
Por exemplo, devido à ocorrência de assentamentos, ao prolongamento/encurtamento do tubo durante a execução de um ater-
ro/escavação, ou devido ao corte do tubo após danificação do mesmo.
3
Por exemplo, por substituição do dispositivo de referência para controlo da profundidade (4.4) ou do próprio sistema inclinométrico.
4
Este fenómeno ocorre com alguma frequência devido ao assoreamento ou à lavagem do fundo da instalação. Neste caso basta retir ar
as leituras em excesso, em caso de lavagem, ou copiar as leituras homólogas da campanha anterior, em caso de assoreamento.

156
cia). Na Figura 88 ilustra-se o efeito produzido pelo erro de profundidade em duas geometrias de
tubo muito frequentes e conforme o posicionamento se faça abaixo ou acima do habitual.

a) Geometria em “S”.

b) Geometria em “J”.
Figura 88 – Padrões de forma tipicamente produzidos pelo erro de profundidade em tubos com perfil em
“S” e em “J” (adaptado de Coimbra, 2011; SINCO, 2000).

Este erro é de fácil correção, desde que se conheça o valor do desfasamento entre as profundida-
des de leitura da campanha referência e da campanha a corrigir. Caso contrário, aquele valor terá
de ser estimado por tentativa e erro, podendo este processo tornar-se bastante moroso e poten-
cialmente infrutífero. Naturalmente, este erro é também difícil de diagnosticar e de corrigir quan-
do o desfasamento entre profundidades é variável.

A correção do erro de profundidade requer a estimativa da curvatura do tubo em cada secção

157
( ), podendo esta calcular-se por interpolação entre medições consecutivas1:

(107)

onde é o desvio incremental da secção superior à secção e é o passo de leitura.

Conhecendo-se os valores do desfasamento entre profundidades ( ) e da curvatura ( ), a corre-


ção ( ) faz-se por adição ou por subtração do produto entre estas variáveis, conforme o posici-
onamento seja mais profundo ou mais superficial do habitual, respetivamente2:

(108)

Na verdade, este processo adiciona/subtrai ao desvio da secção uma porção equivalente a uma
medição com passo de leitura , o que equivale à interpolação entre leituras consecutivas:

( )
(109)

A fim de garantir que a correção se faz por interpolação, o método deve ser aplicado no sentido
ascendente ou descendente, conforme o posicionamento seja mais profundo ou mais superficial,
respetivamente. Desta forma, será necessário estimar o desvio no topo ou na base do tubo, res-
petivamente. Quando o posicionamento é mais superficial e é necessário estimar a medição na
base do tubo, os valores obtidos podem manter-se, já que não serão expectáveis movimentações
significativas naquela zona. Caso contrário pode assumir-se a mesma curvatura (in ex.: ) ou ba-
sear a estimativa na taxa de deslocamento verificada àquela profundidade.

Alternativamente, as equações apresentadas podem aplicar-se às próprias leituras inclinométricas


(in ex.: ( )⁄ ; ( )⁄ ).

No Anexo VIII apresenta-se um caso de obra que envolve dois sistemas inclinométricos distintos
cujos cabos apresentam diferenças de comprimento.

6.4.5. Erro de sensibilidade (sensitivity error)

A deriva de sensibilidade3 caracteriza-se por uma alteração da resposta sensorial face a determi-
nada variação da grandeza a medir, sendo o erro proporcional à inclinação do tubo. A causa para
a ocorrência deste fenómeno pode dever-se a (Coimbra, 2011):

a) deriva excessiva do desvio na origem dos sensores (5.1; 6.3.2);

1
A formulação apresentada diverge da exposição de Mikkelsen (2003) e de SINCO (2000), no sentido de respeitar a definição de curva-
tura exposta nas equações (61) e (62) da secção 5.9.
2
A formulação apresentada diverge da exposição de Mikkelsen (2003) e de SINCO (2000) pelo referido na nota 1 e por se considerar o
formato apresentado mais intuitivo.
3
Na verdade, este tipo de erro é mais corretamente designado por “erro de ganho”. Contudo, opta-se pela manutenção da designação
utilizada por Mikkelsen (2003). No Anexo IX esclarece-se esta questão.

158
b) período de aquecimento dos componentes elétricos (4.1);
c) avaria dos acelerómetros ou do respetivo circuito integrado de tratamento de sinal;
d) ingresso de água na sonda inclinométrica.

A causa a) ocorre naturalmente e só representa um problema quando a manutenção dos equipa-


mentos é desadequada (4.7) ou em caso de choque acidental que afete o desvio na origem (in ex.:
Figura 74, 6.3.2). Quando a causa da deriva é esta, verifica-se o desenvolvimento de deslocamen-
tos incrementais desde a base da instalação e a semelhança entre os perfis de desvios e de deslo-
camentos da campanha afetada1. Este caso particular de deriva da sensibilidade corresponde a
uma perda de linearidade sensorial (Figura 75, 6.3.2) e não é, de um modo geral, visível nos perfis
de somas de leituras.

Coimbra (2011) apresenta um método de correção para o tipo de ocorrência a) com base num co-
eficiente de deriva médio ( ̅ ), estimado a partir da relação entre os deslocamentos verificados
numa zona da instalação considerada estável (in ex.: profundidades) e os desvios respetivos2,3:

∑ ( ⁄ )
̅ (110)

A correção dos deslocamentos ( ) pode fazer-se por subtração do produto entre os desvios
respetivos ( ) e o coeficiente ̅ (Coimbra, 2011):

̅ (111)

Alternativamente a correção pode aplicar-se aos deslocamentos incrementais, bastando para tal
substituir as variáveis , e pelas variáveis a corrigir (in ex.: , e ).

No caso das leituras inclinométricas a correção aplica-se em ambos os sentidos de acordo com:

( ̅ ) (112)

Alternativamente a correção pode aplicar-se aos desvios incrementais ou acumulados, bastando


para tal substituir as variáveis e pelas variáveis a corrigir (in ex.: ou ,e ou ).

Na Figura 89 apresenta-se um caso de obra que se reporta a uma avaria e subsequente reparação
da unidade de aquisição utilizada. Nesta figura observam-se as curvas de deslocamento da cam-
panha anterior à ocorrência (40), da campanha que incorpora o erro (41) e das correções aplica-
das (41_C, 41_Cm). O coeficiente de deriva estimado nesta instalação, aplicado à campanha 41_C,

1
Este fenómeno poderá assemelhar-se a um erro de alteração do desvio na origem (6.4.2). No entanto, a alteração do desvio na ori-
gem produz um deslocamento constante ao longo do tubo, enquanto a alteração de sensibilidade produz deslocamentos correlacioná-
veis com a inclinação do tubo e, portanto, variáveis ao longo da profundidade.
Coimbra (2011) opta por apresentar ̅ em percentagem.
2

A estimativa de ̅ pode fazer-se a partir de valores incrementais ou acumulados. Contudo, é preferível o uso de valores acumulados
3

pelos motivos referidos em 6.4.3.

159
é ̅ . Contudo, sabendo-se que os erros de sensibilidade se mantêm e são repetíveis,
será preferível determinar um coeficiente médio baseado em resultados de várias instalações. A
campanha 41_Cm corresponde à correção baseada no coeficiente ̅ , decorrente da
média ponderada dos coeficientes obtidos em quatro instalações da mesma obra. Considerando-
se o erro típico do sistema, a profundidade do tubo e o comportamento expectável da obra1, veri-
fica-se que as curvas corrigidas (41_C e 41_Cm) se enquadram bem com a curva da campanha an-
terior (40). A aplicação dos procedimentos de correção apresenta-se com maior detalhe nos ane-
xos IV e IX.

Figura 89 – Exemplo de correção de um erro de sensibilidade devido a alterações ocorridas na unidade de


aquisição do sistema inclinométrico.

Na verdade, a deriva/alteração da sensibilidade corresponde a uma alteração da constante ins-


trumental (Quadro 14, 5.1), podendo esta ( ) determinar-se em função da constante de fábrica
( ) e do coeficiente ̅ :

( ̅ ) (113)
( ̅ )

No caso retratado na Figura 89, a constante de fábrica é , para


̅ e para ̅ . A diferença entre as duas constantes determi-
nadas é inferior a . No Anexo IX demonstra-se a relação entre os parâmetros de calibração,
̅ e .

1
Não são esperados movimentos significativos.

160
Mikkelsen (2003) faz uma breve referência a este tipo de erro e declara a observação de derivas
de sensibilidade de . Contudo, o autor não refere qualquer deriva do desvio na origem as-
sociada à ocorrência do fenómeno, nem sugere qualquer método de correção. Na figura seguinte
apresenta-se um ábaco que permite estimar o erro induzido nos deslocamentos em função do
desvio da vertical e da percentagem de deriva da sensibilidade.

Figura 90 – Magnitude do erro de sensibilidade em função do coeficiente de deriva respetivo e do desvio da


vertical do tubo inclinométrico (adaptado de Coimbra, 2011).

As causas b), c) e d) resultam normalmente em perfis de somas de leituras tendenciosos, com con-
sequências evidentes nos valores da média (6.3.2) e do desvio padrão (6.3.3). Este tipo de ocor-
rência incorpora duas dificuldades evidentes:

• um perfil de somas tendencioso equivale à ocorrência de uma deriva do desvio na origem


durante uma campanha inclinométrica;
• o coeficiente de deriva ( ̅ ) poderá não ser constante e difícil de determinar.

O primeiro ponto dificulta a análise qualitativa das leituras, enquanto o segundo dificulta o diag-
nóstico e a correção do erro. Portanto, convém primeiro avaliar o desenvolvimento de desloca-
mentos incrementais numa zona da instalação considerada estável. Caso se verifiquem, o sentido
em que ocorrem poderá determinar-se através dos procedimentos de análise das leituras expos-
tos em 6.4.2; caso contrário pode não ser necessário aplicar qualquer correção1. Contudo, é van-
tajoso proceder à correção do perfil de somas para possibilitar a análise qualitativa das mesmas,
mesmo sem a presença de um erro de sensibilidade.

Coimbra (2011) apresenta um método de correção do perfil de somas sem que os valores das

1
Isto é, a deriva pode ser idêntica em ambos os sentidos e não afetar os valores dos desvios calculados.

161
medições respetivas sejam afetados. A metodologia foi desenvolvida com o objetivo de possibili-
tar a validação de desvios padrão elevados pela presença de erros pontuais que não impactam os
perfis de deslocamentos de forma significativa (Figura 92, 6.4.7). Contudo, na presença de um er-
ro de sensibilidade, a correção das somas não se resume a secções de tubo isoladas, mas incorpo-
ra um conjunto significativo ou a totalidade das medições inclinométricas.

Na Figura 91 apresenta-se um exemplo de aplicação referente a uma sonda inclinométrica afeta-


da pelo ingresso de água. Este facto é conhecido porque o nível de água dos tubos inclinométricos
é medido com uma sonda piezométrica e a deriva do desvio incia-se sistematicamente àquela
profundidade, sendo esta ocorrência consistente em todos os tubos medidos com aquele equi-
pamento. Ademais, a deriva acentua-se com o aumento da pressão hidráulica e verifica-se um
agravamento progressivo deste fenómeno ao longo do tempo (Anexo X).

a) Somas de leituras obtidas e função de ajuste pa- b) Somas de leituras corrigidas com indicação dos
ra estimativa da taxa de deriva. erros sistemáticos detetados.
Figura 91 – Exemplo de correção de um perfil de somas tendencioso sem afetação dos valores de medição.

Na Figura 91a observa-se:

• o quadrado do coeficiente de correlação ( ) e a taxa de variação ( ) de uma função linear


que exprime a variação das somas afetadas pela deriva (in ex.: abaixo do nível de água),
em função das profundidades de medição respetivas;
• as médias das somas total e parcial (in ex.: calculada a partir das leituras acima do nível de
água), incluindo os respetivos limites de confiança relativos ao erro aleatório típico.

162
Partindo da profundidade do nível de água, a expressão que traduz estimativa das somas ( ) em
função das profundidades de medição ( ) é:

(114)

onde a deriva equivale à taxa de variação e é o ponto de origem da função de ajuste.

Conhecendo-se a taxa de variação do desvio na origem (in ex.: por cada incremento ), a correção
das somas ( ) pode fazer-se de acordo com a expressão (115), onde é a profundidade imedi-
atamente anterior à primeira profundidade afetada pela deriva ( ) e é o passo de leitura. Asso-
ciando a equação (115) ao princípio de correção das somas apresentado na secção 6.4.7 (Figura
92), obtém-se a equação (116), permitindo esta a correção das leituras ( ) com o objetivo de
eliminar a deriva da média sem afetar os valores de medição.

( ) (115)

( )⁄
{ (116)
( )⁄

Na Figura 91b apresenta-se o perfil de somas corrigido em função das equações acima apresenta-
das. Verifica-se que a deriva da média das somas é efetivamente eliminada, mantendo-se o pa-
drão de variação relativo das somas (in ex.: entre valores consecutivos) e tornando-se possível
proceder a uma análise qualitativa dos dados inclinométricos (in ex.: a identificação de erros sis-
temáticos). As pequenas diferenças entre as somas que derivam das equações (115) e (116) de-
vem-se a remanescentes de arredondamento à unidade. Os procedimentos de correção, incluindo
o erro de sensibilidade diagnosticado, apresentam-se com maior detalhe no Anexo X.

6.4.6. Outras causas para a ocorrência de erros sistemáticos generalizados

Outras causas passíveis de incorrer em erros sistemáticos generalizados incluem (Coimbra, 2011):

• inclinação excessiva do tubo inclinométrico;


• curvatura do tubo inclinométrico;
• preenchimento deficiente do espaço anelar entre o tubo e o furo de sondagem (3.4.7),
principalmente na presença de vibrações 1;
• torção das calhas inclinométricas.

A inclinação excessiva dos tubos inclinométricos potencia o erro intrínseco do método de cálculo
tradicional (5.10), o aumento da dispersão das medições (Marte & Semprich, 1998; Moormann,
2003; Anexo III) e o erro que possa advir da deriva do desvio na origem dos sensores (Figura 75,
6.3.2; 6.4.2; 6.4.5; Anexo III), incluindo o respetivo desalinhamento axial que ocorre gradualmente

1
Por exemplo, devido à operação de maquinaria pesada.

163
(6.4.3). As ações de mitigação resumem-se à aplicação de procedimentos corretos de instalação
dos tubos (3), como também de operação e de manutenção dos equipamentos (4).

Curvaturas muito pronunciadas em tubos inclinométricos podem originar erros sistemáticos devi-
do ao desalinhamento axial dos sensores, designadamente em instalações observadas ao longo
de vários anos por equipamentos sem manutenção adequada (in ex.: períodos entre calibrações
desadequadamente longos). O erro introduzido pode assemelhar-se a um erro de rotação (6.4.3)
muito difícil de detetar e de corrigir, uma vez que é provável que não ocorra ao longo de toda a
extensão do tubo e que seja afetado por influências inter-axiais. Este tipo de ocorrência evita-se
com a correta manutenção e operação dos equipamentos (4) juntamente com procedimentos
adequados de armazenamento (3.2.1) e de encastramento do tubo (3.4.6).

O preenchimento desadequado do espaço anelar em torno do tubo inclinométrico pode permitir


uma certa oscilação do mesmo durante a execução de campanhas inclinométricas, sendo este fe-
nómeno ampliado pela existência de vibrações. Neste caso verifica-se dificuldade na estabilização
de leituras, o que resulta em maior período de operação para realização das campanhas e em
maior dispersão nos resultados. Estes acontecimentos devem ser registados e, se possível, inves-
tigados. Na secção 6.5.1 ((125)) sugere-se uma forma específica de análise da dispersão neste tipo
de instalações.

O desenvolvimento de deslocamentos em sentido incoerente com o que seria expectável deve-se


frequentemente à torção das calhas inclinométricas (Figura 23, 3.4.4). Existem equipamentos es-
pecializados na identificação deste problema (in ex.: DGSI, 2013d; GEOKON, 2009a). Os sensores
de torção, ou de espiral (spiral sensors), caracterizam-se por uma sonda semelhante a um incli-
nómetro com uma junta rotativa entre os dois pares de rodas superior e inferior. A junta contém
um sensor, normalmente potenciométrico (Figura 3, 1.2), cujo sinal de resposta é proporcional ao
desalinhamento axial entre as duas partes da sonda (SINCO, 2002). Após recolha de uma série de
medições sequenciais ao longo do tubo, os dados são corrigidos por aplicação direta da equação
(102) (6.4.3) em profundidades interpoladas ou coincidentes com as profundidades de medição
inclinométrica. Apesar do custo elevado destes equipamentos, a informação que fornecem permi-
te identificar e corrigir problemas de torção de forma inequívoca. Sendo possível, é boa prática
executar uma “campanha de espiral” após a execução duma nova instalação inclinométrica.

A torção das calhas inclinométricas não é um erro de medição, devendo-se normalmente a pro-
cedimentos errados de execução da instalação inclinométrica (in ex.: reorientação forçada do tu-
bo – 3.4.5 – ou compressão do mesmo durante a execução do bolbo de selagem – 3.4.6) ou de
acondicionamento dos tubos inclinométricos (3.2.1).

164
6.4.7. Erros sistemáticos pontuais

Os erros sistemáticos pontuais caracterizam-se por pares de leituras em secções de tubo isoladas,
ou numa porção de tubo limitada, cujas somas ultrapassam os limites de confiança definidos (in
ex.: Figura 78, 6.3.3). As causas para este tipo de ocorrência incluem:

• diferenças no posicionamento da sonda entre os dois sentidos de leitura;


• existência de detritos nas calhas de rodagem do tubo ou nas rodas do instrumento;
• manutenção deficiente das rodas do instrumento;
• uniões de troços de tubo mal executadas, danificadas ou deformadas;
• uniões telescópicas que sofrem assentamentos;
• deformações localizadas que influenciam o posicionamento das rodas da sonda.

Os erros sistemáticos pontuais podem ter, ou não, impacto significativo nos resultados inclinomé-
tricos. Essa influência dependerá sempre da magnitude, da repetibilidade e da profundidade da
ocorrência1. Por isso, não se considera sensato proceder à correção de todo e qualquer erro pon-
tual existente. Anteriormente à aplicação de qualquer tipo de correção, a relevância do erro deve
ser avaliada ao nível dos resultados e no contexto da exigência requerida.

Coimbra (2011) apresenta uma metodologia de correção de somas ( ) sem que os valores de
medição respetivos sejam afetados. Este método de correção, designado por compensação equi-
tativa, baseia-se na adição de um determinado valor ( ) a ambas as leituras da secção afetada
( ), de forma a mover a soma para dentro dos limites de confiança:

( ) ( ) ( )⁄ (117)

Este conceito é útil mediante certos erros pontuais que têm um grande impacto no desvio padrão
das somas, mas não são significativos para os deslocamentos inclinométricos. Na Figura 92 apre-
senta-se um exemplo que ocorre com alguma frequência. Os picos de somas apresentados coinci-
dem com uma união entre secções de tubo que contêm algum espaçamento entre si. Devido à
disposição oblíqua dos pares de rodas da sonda (Figura 38, 4.3.1), uma fica posicionada entre sec-
ções (in ex.: na união) e outra numa das secções de tubo, sendo este processo invertido no senti-
do oposto. No caso da Figura 92, os erros não têm impacto porque ocorrem em ambos os pares
de rodas e assumem dois valores aproximadamente simétricos em duas profundidades contíguas.
Este tipo de fenómeno é normalmente repetível e, por isso, raramente tem significado, mesmo
quando se verifica apenas um pico num sentido. Contudo, há também situações que ocorrem es-
poradicamente e que assumem maior relevância nas curvas de deslocamento, mediante as quais
há vantagem em proceder à correção efetiva das medições afetadas por aqueles erros.

1
Obviamente, erros maiores, com menor repetibilidade e a profundidades superiores serão mais gravosos.

165
Figura 92 – Correção de somas desviantes por compensação equitativa (adaptado de Coimbra, 2011).

A avaliação do impacto que os erros sistemáticos pontuais têm em deslocamentos nem sempre é
fácil, nem direta, sendo preferível estimar a perturbação através das somas das leituras. Embora
não se conheçam procedimentos de quantificação e correção deste tipo de erro, o autor deste
documento desenvolveu algumas metodologias no Departamento de Geotecnia (DG) do Labora-
tório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Apresentam-se de seguida alguns destes métodos.

Sabendo-se que os perfis de somas de leituras refletem o erro de medição em torno do dobro do
desvio na origem ((84), 6.3.1) e conhecendo-se o erro típico do sistema (6.2), permitindo este es-
tabelecer limites de confiança para aqueles perfis (6.3.3), o erro de medição é proporcional ao
desvio da soma relativamente à média , desde que esse desvio seja superior ao intervalo de con-
fiança estabelecido (in ex.: erro aleatório típico; Quadro 20, 6.2.1).

Observando a equação (81) (6.3.1), verifica-se que o erro sistemático transferido para a medição
corresponde à média dos erros sistemáticos ocorridos nas leituras e . Portanto, a magnitu-
de do erro sistemático produzido ( ) corresponde aproximadamente1,2 a metade da diferença
entre a soma respetiva ( ) e a média da somas ( ):

| | | |⁄ (118)

No entanto, os perfis de somas não permitem a identificação do sentido a corrigir. Por um lado,
qualquer leitura pode afetar a respetiva soma no sentido positivo ou negativo; por outro lado,
uma soma desviante em determinado sentido pode produzir um deslocamento positivo ou nega-
tivo. Mesmo sendo possível determinar o sentido do erro através dos deslocamentos incremen-
tais, esse procedimento só é válido em zonas da instalação estáveis ou de comportamento conhe-
cido, havendo ainda a necessidade de determinar a leitura a corrigir por tentativa e erro. Por esta
razão desenvolveram-se os procedimentos de análise e correção descritos na secção 6.4.2.

Os procedimentos descritos em 6.4.2 são diretamente aplicáveis nestas situações. Contudo, nes-
1
Note-se que há sempre a variabilidade aleatória associada a esta definição. Outra forma, mais conservativa, de estimar será pela
diferença entre e o limite de confiança mais próximo.
2
Note-se que a equação (118) pressupõe a existência de erro apenas num sentido (in ex.: ou ). A ocorrência de erro em ambos
os sentidos só poderá ser avaliada pelas equações (94) ou (99) (6.4.2).

166
tes casos, por uma questão de simplicidade, será preferível aplicar os mesmos princípios entre
secções de tubo contíguas. Reescrevendo-se a equação (90) (6.4.2) neste sentido:


{ (119)

sendo o diferencial entre leituras, inclinações ou desvios da vertical, em cada sentido.

Sabendo-se que e que ⁄√ ((82), 6.3.1), a identificação e quantificação do


erro podem fazer-se reescrevendo a equação (93) (6.4.2):

( ) (120)

Uma evidência muito clara de que existe um erro significativo é a ocorrência de duas secções con-

tíguas com | | | | (in ex.: acima e abaixo da secção afetada).


A correção do sentido afetado pode fazer-se através da equação (121), onde é a leitura cor-
rigida da campanha na secção :

{ (121)

O sentido a corrigir corresponde frequentemente ao maior valor absoluto de , havendo uma


indicação clara desta regra quando este se verifica no mesmo sentido em ambas as somas de dife-
renciais que envolvem aquela secção. Não obstante, a correção deverá ser validada por julgamen-
to técnico. Quando o erro ocorre em zonas geotecnicamente estáveis, a validação pode fazer-se
por observação do efeito produzido nos deslocamentos incrementais. Caso a ocorrência se dê
numa zona de instabilidade, será necessário avaliar a correção de forma contextual, considerando
o comportamento de obra expectável e os resultados de outros dispositivos de observação.

Nas figuras 77 e 78 (6.3.3) demonstra-se a relação direta entre desvios de somas de leituras rela-
tivamente a e a ocorrência de deslocamentos. Na secção 6.4.2 apresentam-se os casos das
campanhas 49 e 49R, demostrando-se que incorporam erros de alteração do desvio na origem. Na
Figura 93 apresentam-se os casos das campanhas 45 e 51, onde se verifica a ocorrência de erros
pontuais. Na mesma figura apresentam-se os perfis de somas corrigidos, identificados pelo sufixo
“corr”. De acordo com a equação (118), a estimativa do erro pontual na campanha 45 é de
, sendo o deslocamento incremental à mesma profundidade de . Para a cam-
panha 51, os erros estimados nas três profundidades assinaladas, no sentido descendente, são de
, e , sendo os deslocamentos incrementais correspondentes de , e
. Com base no maior valor de | | ((119), (120)), os sentidos corrigidos são na
campanha 45 e na campanha 51. No Anexo XI descrevem-se os procedimentos aplicados.

167
Na Figura 94 apresentam-se as curvas corrigidas e não corrigidas de deslocamento acumulado das
campanhas 45 e 51, juntamente com as curvas homólogas das campanhas 45R e 50. Observando-
se esta figura e considerando-se a semelhança entre os valores dos erros estimados e dos deslo-
camentos incrementais respetivos, conclui-se que este método é adequado para a correção deste
tipo de ocorrências e que potencia tanto o aproveitamento de resultados dúbios como a redução
da execução de campanhas complementares de verificação.

Figura 93 – Somas de leituras das campanhas 45 e 51 na direção (figuras 77 e 78, 6.3.3), pré e pós corre-
ção de erros pontuais através da média das somas.

Figura 94 – Deslocamentos acumulados das campanhas 45, 45R, 50 e 51 nas direções e (figuras 77 e 78,
6.3.3), pré e pós correção de erros pontuais nas campanhas 45 e 50 através da média das somas.

168
Perante a existência de vários erros pontuais e sequenciais na mesma campanha, este método de
correção (in ex.: entre secções contíguas) tem duas dificuldades evidentes:

a) a identificação do sentido a corrigir pelo maior valor absoluto de torna-se inviável na


presença de 3 ou mais erros sequenciais;
b) a presença de vários erros pontuais expressivos pode afetar o valor da média das somas das
leituras e consequentemente a estimativa do erro.

O ponto a) pode contornar-se por aplicação dos métodos de análise descritos em 6.4.2 (in ex.: en-
tre campanhas). Outra opção será aplicar a metodologia aqui apresentada iterativamente1,2.

O ponto b) requer que a média das somas seja recalculada com exclusão de extremos, designa-
damente os percentis caudais correspondentes a da distribuição de somas (6.5.1).

Na Figura 95 apresenta-se um caso de estudo que envolve dois instrumentos e uma instalação cu-
jas calhas da direção terão, provavelmente, detritos ligados ao tubo ou deformações localiza-
das3. Todas as campanhas foram executadas na mesma data, pelo que se dispõe de um bom perfil
de referência (campanhas 23 e 23R). Devido à quantidade e à magnitude dos erros, a média das
somas foi recalculada com exclusão do percentil da distribuição respetiva (Anexo XI). Proce-
deu-se à análise dos dados através dos procedimentos descritos nesta secção e em 6.4.2, tendo-
se corrigido 6 leituras pertencentes ao percentil excluído. Os procedimentos de análise e correção
foram (Figura 95b):

• A curva 23-I foi analisada entre secções com identificação iterativa do sentido a corrigir4. A
correção fez-se através da média das somas, de acordo com a equação (121).
• A curva 23-C1 foi analisada entre campanhas com identificação do sentido a corrigir pela
equação (94)5. A correção fez-se por subtração dos resultados da equação (93) exteriores
ao intervalo de confiança estabelecido6.
• A curva 23-C2 foi analisada da mesma forma que a curva 23-C1. A correção fez-se através
da equação (99)5 substituindo ̅ por .
• A curva 23-C3 foi analisada da mesma forma que as curvas 23-C1 e 23-C2. A correção fez-se
em ambos os sentidos por subtração dos resultados da equação (94)5 exteriores ao interva-
lo de confiança estabelecido.

1
Na primeira iteração o sentido a corrigir identifica-se pelo diferencial entre uma secção afetada e outra não afetada. Nas iterações
seguintes a identificação faz-se pelo diferencial entre a secção corrigida na iteração anterior e a secção seguinte.
2
Note-se que o método iterativo aplica-se apenas à identificação do sentido a corrigir. A correção faz-se através da média das somas
((121)), pelo que não há empolamento do erro entre as secções corrigidas (6.5.2).
3
Perante a necessidade de execução duma campanha diretamente nas calhas da direção verificou-se a ocorrência de erros muito
expressivos nessa direção. A experiência foi repetida com outro inclinómetro e a incoerência dos resultados manteve-se (Anexo XI).
Aplicação das equações (118) e (119) com correção do sentido com maior valor de | |.
4

5
Esta prática só é aceitável em zonas assumidamente estáveis.
Aplicação da equação (100) substituindo ̅ por
6
.

169
Na Figura 95a apresenta-se a curva de deslocamento obtida juntamente com o progresso da cor-
reção da curva 23-I. Apesar da magnitude dos erros na porção inferior do tubo, constata-se que a
correção das leituras através da média das somas melhora substancialmente o resultado (Figura
95b). Verifica-se também que o maior valor absoluto de corresponde ao sentido a corrigir.

a) Progresso da correção por iteração. b) Curvas corrigidas e pretendidas.


Figura 95 – Correção de leituras pertencentes ao percentil da distribuição de somas. Comparação de re-
sultados obtidos com diferentes métodos de análise e de correção.

Na Figura 95b observam-se as curvas de deslocamento pretendidas juntamente com as curvas


homólogas corrigidas pelos quatro métodos acima descritos. São evidentes algumas observações:

i. a correção com base na média das somas ((121); 23-I) equivale à da equação (100) (23-C1);
ii. a correção com base na equação (99) (23-C2) corresponde aproximadamente à correção de
ambos os sentidos ((94); 23-C3);
iii. as curvas 23-C2 e 23-C3 apresentam resultados mais próximos aos das curvas de referência.

Relativamente ao ponto i, se for considerada a substituição de ̅ por na equação (100), esta


toma o valor da expressão (121):

{ { {

{ (122)

sendo e os valores das leituras obtidas com erro incluso. Tal como expresso na equação

170
(100), a eliminação desse erro impõe a subtração de ao valor da leitura.

Relativamente ao ponto ii, a similitude das curvas 23-C2 e 23-C3 advém do facto de ambas consi-
derarem os erros dos sentidos e . Na verdade, os métodos são idênticos:

• Na equação (99) pretende-se corrigir o sentido que apresente o erro de maior magnitude
(in ex.: curva 23-C2). Considere-se que o sentido a corrigir é :

( ) (123)

• Na correção da curva 23-C3 subtrai-se o resultado da equação (94) a ambos os sentidos:

( )
{ (124)
( )

Relativamente ao ponto iii, importa considerar o seguinte:

• os métodos de correção aplicados às curvas 23-C2 e 23-C3 só são válidos em zonas geotec-
nicamente estáveis, uma vez que se parte do princípio que (6.4.2);
• neste caso particular os erros verificam-se em ambos os sentidos de medição, principal-
mente na leitura 31. De facto, os quatro métodos de correção teriam resultados muito pró-
ximos se os erros verificados afetassem apenas um sentido;
• a ocorrência de erros de medição em ambos os sentidos não é comum. Neste caso, suspei-
ta-se que a sonda terá desencalhado, circulado desencalhada durante a zona afetada, e vol-
tado a encalhar durante o percurso restante (Anexo XI). Portanto, os métodos de correção
aplicados às curvas 23-I e 23-C1 consideram-se adequados à generalidade das situações;

6.5. Estimativa do erro em curvas de perfil

6.5.1. Procedimentos gerais de cálculo

Na secção 6.2 introduz-se o cálculo do erro típico do sistema e a sua repercussão em profundida-
de e entre campanhas. O erro nos deslocamentos incrementais e acumulados é normalmente es-
timado pelas equações (75) e (76), respetivamente, havendo necessidade de recorrer às equações
(78) e (79) no caso de existir mais de uma referência. A componente aleatória do erro na direção
pode considerar-se o dobro do valor homólogo na direção ou estimar-se pela equação (77).

De uma forma simplista, a componente aleatória do erro associado a uma curva de perfil corres-
ponde ao valor do desvio padrão das somas ((86), 6.3.3) multiplicado por √ , sendo o número
de medições. Esta prática é válida para curvas de desvio e de deslocamento2, mas não considera a
existência de erros sistemáticos.

1
Quarto ponto no sentido ascendente da Figura 95.
2
A prática é válida para curvas de deslocamento porque a campanha de referência constitui um padrão. Havendo várias campanhas de
referência envolvidas no cálculo, a componente aleatória de cada campanha transitória deve ser considerada ((78), (79), 6.2.2).

171
A estimativa do erro em curvas de perfil com reconhecimento de erros sistemáticos requer o cál-
culo de e de com exclusão das somas de leituras desviantes. Os procedimentos de aplicação
podem resumir-se da seguinte forma:

1. identificação das somas de leituras exteriores ao intervalo de confiança correspondente à


componente aleatória do erro típico do sistema inclinométrico;
2. cálculo de e de com exclusão das somas identificadas no ponto 1;
3. estimativa dos erros sistemáticos com base na equação (118) (6.4.7), considerando o valor
de calculado no ponto 2;
4. estimativa do erro com base na equação (75), (76), (79) ou (80), considerando o valor de
determinado no ponto 2 ( ) e os erros sistemáticos determinados do ponto 3 ( ).

Alternativamente pode considerar-se a componente aleatória do erro típico em vez de no ponto


4. Desta forma, considera-se sempre a mesma componente aleatória, o que facilita a comparação

entre estimativas de campanhas com dispersões distintas.

Há situações que exigem abordagens ligeiramente diferentes, como sejam:

a) instalações com dispersões atipicamente elevadas (in ex.: superiores ao erro típico);
b) erros sistemáticos muito expressivos que afetam o valor da média das somas das leituras.

De um modo geral, a ocorrência a) deve-se a deficiências da instalação inclinométrica. A aplicação


dos procedimentos descritos resulta na identificação de um número elevado de erros sistemáticos
e em estimativas de erro incomportáveis. Assim, a distinção entre a variabilidade natural destas
instalações e a ocorrência de erros sistemáticos deve fazer-se por análise da dispersão das medi-
ções de cada secção. Ou seja, no sentido de eliminar as incertezas associadas aos movimentos do
terreno, executam-se várias campanhas em cada serviço e utiliza-se a média das medições obti-
das para efeitos de análise geotécnica. Desta forma, a componente aleatória do erro típico da ins-
talação corresponde à dispersão média das campanhas executadas em determinada data1:


̅ √ (125)

onde é o número de campanhas e é a dispersão das somas das leituras de cada campanha.

A ocorrência b) equivale ao caso de estudo apresentado na Figura 95 (6.4.7), onde a estimativa de


e de requereu a eliminação do percentil da distribuição de somas. Nestes casos é difícil de-
finir o conjunto de somas a excluir para efeitos do cálculo de , de e das estimativas de erro que

1
Note-se que ̅ é um indicador enviesado. Há outras formas de cálculo que não são abordadas neste documento. Neste caso, a equa-
ção (125) deriva da equação √∑[ ( ( ̅ ) )]⁄∑ , onde é o número de leituras de cada campanha, e são a dis-
persão e a média das somas de cada campanha, respetivamente, e ̅ é a média dos valores . Partindo-se do princípio que todas as
campanhas têm o mesmo número de leituras (in ex.: { } ∑ ) e que não há alterações significativas do valor de (in ex.:
̅ ), esta expressão toma a forma da equação (125).

172
daí decorrem. Embora seja preferível repetir este tipo de campanhas, a decisão sobre o conjunto
de somas a excluir para efeitos de análise qualitativa pode fazer-se da seguinte forma:

1. cálculo dos percentis e da distribuição de somas de leituras1;


2. cálculo das diferenças | |, onde é o percentil da distribuição de somas de leituras
determinado no ponto 1;
3. exclusão das leituras pertencentes ao percentil mediante a condição | | .

No Quadro 22 apresentam-se as estimativas de erro para as curvas de perfil das campanhas 45 e


51 (figuras 77 e 78acd, 6.3.3). No mesmo quadro apresentam-se os valores homólogos do erro tí-
pico daquele sistema inclinométrico, com e sem contribuição do erro sistemático. Os procedimen-
tos de cálculo encontram-se descritos com maior pormenor no Anexo XII.

A observação dos Quadro 22 permite concluir:

• Em termos percentuais, a componente aleatória utilizada para efeitos de estimativa do erro


tem um impacto significativo nos valores obtidos2. Embora a magnitude dos valores seja
pequena para ambas as componentes aleatórias, esta conclusão demonstra que a utilização
de pode tornar-se vantajosa em instalações com profundidade elevada.
• Ambas as campanhas exibem erros sistemáticos nas duas direções, mas, se o erro aleatório
típico for comparado com o estimado, apenas os erros da direção têm relevância.
• Apesar da magnitude dos erros verificados na direção , as estimativas obtidas são inferio-
res ao erro típico do sistema quando este inclui a componente sistemática. Sob esta pers-
petiva, a necessidade de correção depende do nível de exigência necessário.

Quadro 22 – Erro típico e erro estimado para as curvas de perfis acumulados das campanhas 45 e 51 (figu-
ras 77 e 78acd, 6.3.3), cuja instalação tem cerca de de profundidade (39 secções).

Desvios/deslocamentos acumulados da Desvios/deslocamentos acumulados da


campanha 45 campanha 51
Tipo de cálculo

Direção A Direção B Direção A Direção B

Estimativa com típico

Estimativa com baseado em

Valores típicos para 39 secções Direção A Direção B

Erro típico (apenas )

Erro típico ( e )

1
Eventualmente podem-se também analisar os percentis e para verificação da condição do ponto 3. Não se recomenda a análi-
se de percentis mais abrangentes, devendo optar-se pela eliminação do menor número de somas necessário à tomada de decisão.
2
Obtêm-se intervalos de confiança inferiores para .

173
6.5.2. Influência dos procedimentos de correção na estimativa do erro em curvas de perfil

Tratando-se da correção de leituras, uma forma simples de avaliar a influência que os procedi-
mentos corretivos têm na estimativa do erro em curvas de perfil seria comparar estimativas pré e
pós correção, seguindo os procedimentos indicados na secção anterior. No entanto, as somas de
leituras corrigidas nem sempre exprimem corretamente o erro de medição, designadamente
quando a correção se faz em função do valor do desvio na origem. Portanto, convém avaliar nu-
mericamente essa influência para se compreender a diferença entre diferentes metodologias de
correção. Neste sentido, procede-se à estimativa do erro introduzido nos desvios incrementais
por correção de erros sistemáticos pontuais (6.4.7). As estimativas de erro decorrentes dos pro-
cedimentos apresentados nas secções 6.4.2 a 6.4.5 não serão abordadas, uma vez que aquelas
correções beneficiam sempre a qualidade dos resultados1 e podem introduzir alguma complexi-
dade na estimativa do erro.

Conforme apresentado em 6.3.1, o erro duma medição pode exprimir-se através do erro da soma
de leituras respetiva. Assim, a estimativa do erro duma medição corrigida pode fazer-se em fun-
ção da estimativa do erro duma soma corrigida:

( ) √ ( ) ( ) (126)

onde é a soma de leituras corrigida, é uma leitura corrigida e é uma leitura não corrigida,

sendo ( ) ⁄√ .

Na secção 6.4.7 exemplifica-se a correção de erros sistemáticos pontuais através das equações:

a) (94): aplicada a ambas as leituras da secção a corrigir para eliminar o erro presente em am-
bos os sentidos. Baseia-se na análise das componentes de deslocamento e produz resulta-
dos equivalentes aos da equação (99).
b) (121): aplicada apenas à leitura correspondente ao sentido onde o erro é identificado. Ba-
seia-se na análise das componentes de diferencial entre desvios de secções contíguas e
produz resultados equivalentes aos da equação (100).
c) (99): aplicada apenas à leitura correspondente ao sentido onde o erro é identificado, mas
com efeitos corretivos em ambos os sentidos. Baseia-se na análise das componentes de
deslocamento e produz resultados equivalentes aos da equação (94).
d) (100): aplicada apenas à leitura correspondente ao sentido onde o erro é identificado. Ba-
seia-se na análise das componentes de deslocamento e produz resultados equivalentes aos
da equação (121).

1
Devido à magnitude que aqueles tipos de erro normalmente assumem, as curvas de perfil respetivas só têm significado depois de
corrigidas. Logo, os erros introduzidos pelos processos de correção serão sempre inferiores aos erros presentes nos dados inclinomé-
tricos.

174
Os casos a) e c) são matematicamente equivalentes ((123), (124), 6.4.7) e resultam na mesma ex-
pressão de cálculo duma medição. Considere-se o caso c), cujo erro afeto a uma leitura corrigida
tem as seguintes componentes:

( ) ( ) √ ( ) ( ) √ (127)

com ( ) ⁄√ e ( ) √ ( ) .

Assim, de acordo com a expressão (126), o erro de medição corresponde a:

( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ (128)

No caso b) identificam-se as seguintes componentes no erro afeto a uma leitura corrigida:

( ) √ ( ) ( ) √ (129)

com ( ) e ( ) ⁄√ .

Então, o erro de medição corresponde a ((126)):

( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ √ (130)

No caso d) identificam-se as componentes seguintes no erro de uma leitura corrigida:

( ) ( ) √ ( ) ( ) ( )

( ) √ (131)

com ( ) ⁄√ , ( ) e ( ) ( ) √ [ ( ) ( )] √ ⁄√ .

Desta forma, o erro de medição corresponde a ((126)):

( ) √(√ ) ( ⁄√ ) √ √ { } (132)

A observação das estimativas apresentadas permite concluir:

• A equação (121) não configura apenas o método de aplicação mais simples, como também
representa a menor influência potencialmente introduzida na estimativa do erro. Este mé-
todo será o mais indicado para grande maioria das situações, excluindo aquelas em que o
erro se verifique nos dois sentidos da direção afetada.
• As equações (94) e (99) introduzem um erro potencial ligeiramente superior ao da equação

175
(121). Esta deve ser a metodologia preferencial para a identificação e a correção de erros
de medição que afetem ambos os sentidos. Contudo, importa reter que este método se ba-
seia na presunção de deslocamento nulo, sendo por isso de aplicação restrita a zonas geo-
tecnicamente estáveis.
• A aplicação da equação (100) implica a introdução duma incerteza adicional que advém do
termo que exprime a magnitude do erro a eliminar (in ex.: diferenciais entre leituras e en-
tre desvios na origem). Não obstante, este método pode constituir a única forma de análise
perante a alteração do desvio na origem em zonas instáveis (6.4.2).

No Quadro 23 apresentam-se as estimativas de erro pré (Quadro 22, 6.5.1) e pós (figuras 93 e 94,
6.4.7) correção dos erros verificados na direção das campanhas 45 e 51, considerando-se o va-
lor típico de (Anexo XII). Verifica-se que as correções resultam em menor estimativa de erro,
pelo que neste caso é vantajoso aplicar os procedimentos descritos em 6.4.7.

Quadro 23 – Estimativas de erro pré e pós correção de erros sistemáticos pontuais na campanha 45 e 51 (fi-
guras 93 e 94, 6.4.7), cuja instalação tem cerca de de profundidade (39 secções).

Campanha 45: Desvios/deslocamentos na dire- Campanha 51: Desvios/deslocamentos na dire-


ção B ção B

Profundidade Profundidade
Incrementais Acumulados Incrementais Acumulados
[m] [m]

Antes Após Antes Após Antes Após Antes Após


[mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm] [mm]

Total - - Total - -

176
7. TRABALHO FUTURO

7.1. Constituição de base dados geral das campanhas de observação inclinométrica detidas pelo
Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC)

Propõe-se a constituição de uma base de dados com todas as medições inclinométricas do


DG/LNEC. A existência de um repositório geral permitirá o acesso fácil e discriminado a todos os
dados para efeitos de análise operacional e de investigação. Referem-se alguns exemplos do be-
nefício que este tipo de estrutura poderá proporcionar:

• rastreamento do comportamento metrológico de cada instrumento com base na análise


agrupada da totalidade dos dados respetivos;
• análise discriminada de cada obra com a identificação de eventuais alterações instrumen-
tais que tenham ocorrido sem a devida documentação;
• verificação dos limites de confiança aplicados à análise qualitativa de dados e/ou à estima-
tiva do erro de medição, fundamentada com um volume de dados muito substancial e ba-
seada nos procedimentos operacionais próprios da instituição;
• cruzamento de determinados padrões comportamentais com características específicas dos
terrenos interessados e/ou das próprias instalações.

Atualmente encontra-se constituída uma base dados experimental com mais de 800.000 registos
inclinométricos distribuídos por 43 obras e 511 instalações. A base de dados foi concebida para
ser manipulada em R1, onde também se desenvolveram alguns algoritmos de categorização da in-
formação. Numa segunda fase, esta base de dados poderia ser complementada com dados obser-
vacionais de outros dispositivos instrumentais, ou com outro tipo de informação, e proporcionar a
análise integrada de toda a informação disponível.

7.2. Otimização do aparato de verificação inclinométrica do Núcleo de Geotecnia Urbana e de


Transportes (NGUT) do Departamento de Geotecnia (DG) do Laboratório Nacional de Engenha-
ria Civil (LNEC)

Tal como referido nos anexos III e IV, o aparato de verificação inclinométrica do NGUT foi subs-
tancialmente melhorado. No entanto, a amplitude de medição foi muito reduzida e o sistema de
fixação ainda carece de estabilidade. Portanto, propõe-se a otimização do aparato no sentido de
lhe conferir maior estabilidade e maior amplitude de medição (in ex.: até ).

Este aparato é da maior importância para a verificação periódica dos instrumentos inclinométri-
cos e para a clarificação de questões relacionadas com a sensibilidade dos mesmos ou com dife-
renciais de alinhamento axial dos acelerómetros de instrumentos distintos. Por esta razão, consi-

1
Linguagem de programação dedicada à computação estatística (in: https://www.r-project.org/about.html, visitado em 2019-04-24).

177
dera-se que seria vantajosa a remodelação integral do aparato, incluindo o design funcional e a
qualidade dos materiais utilizados.

7.3. Otimização da estimativa do tempo de vida útil das instalações inclinométricas com base
nos valores de distorção do tubo inclinométrico

Propõe-se um estudo mais alargado sobre a aplicabilidade dos procedimentos apresentados na


secção 5.8.3, mais concretamente no sentido de:

• demonstrar mais claramente a viabilidade e a eficácia daqueles métodos;


• clarificar a diferença entre o uso de valores de distorção do terreno e do tubo para efeitos
de previsão da vida útil das instalações;
• otimizar a definição dos limites máximos de distorção, quiçá o próprio método de cálculo,
mediante a introdução de estimativas de curvaturas baseadas nos métodos apresentados
na secção 5.9;
• verificação das conclusões tecidas na secção 5.8.3.2, seja pela agregação de casos de obra
demonstrativos, seja pela realização dum ensaio laboratorial mais rigoroso.

7.4. Avaliação do impacto do erro intrínseco ao método convencional de cálculo na determina-


ção de valores de deslocamento e da respetiva orientação em diversos casos de obra

Embora se tenha demonstrado que o erro de cálculo intrínseco é inconsequente na gama de incli-
nações recomendadas, considera-se importante conduzir um estudo que avalie o seu impacto em
diversos casos de obra. Por exemplo, o método de cálculo apresentado em 5.10 pode tornar-se
vantajoso dependendo:

• da gama de inclinações verdadeiramente praticadas, podendo-se também analisar este pa-


râmetro relativamente a outros, tais como o comprimento, o tipo de terreno e o método de
perfuração;
• da inclinação máxima atingida em secções de tubo deformadas, podendo-se também con-
siderar outros parâmetros, tais como o tipo de terreno e a espessura da zona de distorção.

7.5. Estudo do impacto da deriva do desvio na origem nas medições inclinométricas a longo
prazo

Em que medida uma deriva do desvio na origem muito elevada pode afetar o erro de medição?
Esta é uma questão que ainda não se encontra devidamente esclarecida e que se coloca em insta-
lações com observação de longo prazo cujos instrumentos sejam deficientemente mantidos (in
ex.: com períodos de serviço entre calibrações desajustados). Propõe-se um estudo em duas ver-
tentes distintas:

• análise de deslocamentos incrementais e das somas das leituras em zonas assumidamente


estáveis, num grupo de instalações previamente selecionado em função da longevidade dos
instrumentos utilizados e da magnitude da inclinação nessas zonas;

178
• análise aprofundada das medições laboratoriais apresentadas no Anexo III (in ex.: tentativa
de correção da rotação e comparação de leituras provenientes de instrumentos distintos
em cada sentido).

7.6. Estudo aprofundado da ocorrência de erros de rotação e dos métodos de correção corren-
temente aplicados

Não é claro que a função seno seja a mais apropriada para descrever o deslocamento introduzido
numa direção em função do desvio correspondente na direção ortogonal. Com base na Figura 85
(6.4.3), a função tangente poderá ser mais adequada para descrever aquela relação. Embora os
valores obtidos pelas duas funções sejam, em princípio, semelhantes (in ex.: considerando-se a
magnitude dos ângulos envolvidos), propõe-se que esta questão seja devidamente estudada atra-
vés da correlação entre os deslocamentos verificados na direção de menor inclinação e os desvios
medidos na direção de maior inclinação. No mesmo estudo pode também considerar-se o dife-
rencial entre as inclinações das duas direções em vez dos valores de desvio.

A origem dos dados poderá constituir-se de três formas distintas:

• seleção de um grupo substancial de instalações onde se reconheça a presença deste tipo de


erro, procedendo-se à análise das zonas consideradas estáveis;
• seleção de um grupo de instalações com características de inclinação apropriadas e execu-
ção de campanhas de observação com vários instrumentos no mesmo dia, procedendo-se à
análise da totalidade das medições;
• conjunto de medições laboratoriais (in ex.: anexos III e IV).

7.7. Estudo alargado da aplicabilidade e da eficiência dos métodos de análise e de correção de


dados inclinométricos apresentados nas secções 6.4.2 e 6.4.7

A fim de confirmar a eficácia e de divulgar as metodologias de análise e de correção de leituras


apresentadas nas secções 6.4.2 e 6.4.7, propõe-se a pesquisa de um conjunto substancial de casos
de obra onde as mesmas sejam aplicáveis.

7.8. Desenvolvimento de algoritmos de auxílio à comparação topológica de curvas de perfil para


efeitos de identificação de erros de rotação e de profundidade

Nas secções 6.4.3 e 6.4.4 refere-se que os erros de rotação e de profundidade são diagnosticados
por comparação topológica (in ex.: padrões de forma) entre curvas de desvio e de deslocamento.
No entanto, a interpretação da semelhança entre curvas é completamente subjetiva.

Propõe-se o desenvolvimento de algoritmos capazes produzir indicadores de auxílio ao diagnósti-


co, de forma a introduzir maior objetividade no processo. Pois, compreendendo-se o mecanismo
que produz determinadas transformações topológicas, não será difícil reproduzi-las e produzir um
indicador paramétrico.

179
7.9. Desenvolvimento futuro do InclinoReport

Tal como referido em 5.11.3, o InclinoReport foi parcialmente escrito em .NET a fim de interagir
com versões modernas do Microsoft Office Excel (MSOE). No entanto, a interação entre o Inclino-
Report e o MSOE através do .NET tem uma produtividade muito baixa. É importante referir este
aspeto pelas seguintes razões:

• a dependência atual do InclinoReport relativamente ao MSOE representa uma perda de


produtividade injustificável, pelo que se sugere que esta dissociação seja uma prioridade
nos objetivos do Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT) (7.9);
• sendo o formato XLSX aberto, existem todas as ferramentas necessárias para proceder à
dissociação entre o InclinoReport e o MSOE, mantendo o suporte de saída de uma forma
transparente (ECMA, 2016a, 2016b, 2015, 2012) 1;
• embora o processo de implementação direta da normalização acima referida seja de algu-
ma complexidade e exija morosidade, existem ferramentas informáticas de auxílio, tais co-
mo o Open XML SDK2 e o Open XML SDK Tool 3, entre outras.

Embora a discussão da estrutura do código saia do âmbito deste documento, convém também
mencionar certos aspetos que se consideram importantes para efeitos de planeamento futuro:

• embora seja compilado de forma monolítica, o código encontra-se estruturado de forma


modular e procedimental com invocações maioritariamente do tipo funcional;
• a separação entre o “código de produção” 4 e a interface gráfica não é muito clara, sendo
desejável uma separação mais clara entre as duas partes;
• as variáveis são armazenadas em formato vetorial sem estrutura própria. Embora esta téc-
nica consuma menos memória e resulte em tempos de execução inferiores, a gestão do có-
digo torna-se mais difícil à medida que o programa cresce. Seria preferível integrar as variá-
veis em objetos abstratos com funções de execução predefinidas, até porque a natureza do
programa não exige padrões de eficiência especialmente elevados.

Para além da urgência em dissociar o InclinoReport do MSOE (5.11.3), importa também automati-
zar todas as tarefas manuais que o processamento de dados inclinométricos envolve.

Na Figura 96 ilustra-se o fluxo de trabalho típico do NGUT. Identificam-se algumas ineficiências:

• A recolha de dados, a preparação dos ficheiros respetivos e o seu processamento são pro-
cessos distintos, quando poderiam fazer parte do mesmo procedimento. Ademais:

1
Note-se que estes documentos têm correspondência com a norma ISO/IEC 29500. Contudo, considera-se preferível uso da norma
ECMA-376, uma vez que está livremente disponível e tem um estado de desenvolvimento mais avançado.
2
Conjunto de bibliotecas que disponibilizam um conjunto de ferramentas de programação direcionadas à criação e manipulação de fi-
cheiros do Microsoft Office (MSO) no formato OOXML, sem necessidade de implementação direta das normas respetivas.
3
Ferramenta de análise da estrutura interna de ficheiros do MSO no formato OOXML que permite gerar modelos genéricos de código
adaptados a cada ficheiro.
4
Por “código de produção” entenda-se todo aquele que não integra o interface gráfico nem a definição do ambiente de execução em
determinada plataforma.

180
o Os programas utilizados para recolha de dados e o respetivo formato de armazenamen-
to variam em função do fabricante do instrumento. Seria preferível que este processo
fosse uniforme, de forma a padronizar os procedimentos, melhorar a organização da in-
formação e facilitar operações de pesquisa.
o O processo de criação/atualização dos ficheiros de dados é manual. Dependendo do fa-
bricante do instrumento, pode ainda ser necessário exportar previamente os dados dum
formato proprietário para um formato de texto que posteriormente é incluído no fichei-
ro de dados. Entende-se que estes procedimentos deveriam ser automatizados; pois são
desnecessários, pouco produtivos e propensos a erro.
• Embora a equipa técnica esteja a atenta a valores díspares de média e de desvio padrão das
somas das leituras (6.3), a avaliação qualitativa nem sempre se faz de forma sistemática e
objetiva. Ademais:
o Quando é objetivo, este processo executa-se sempre após o processamento, exigindo
depois novo processamento. Face à baixa eficiência atual do InclinoReport, este segun-
do passo representa uma perda de tempo muito significativa.
o Devido à ausência de ferramentas de análise qualitativa automatizada, este processo
tem uma forte componente manual1, sendo moroso e de difícil execução.

Figura 96 – Fluxo de trabalho mais comum para o processamento de dados inclinométricos no NGUT.

Na Figura 97 apresenta-se o fluxo de trabalho sugerido para eliminar as deficiências acima referi-
das. As alterações ao InclinoReport requeridas para atingir este objetivo são:

• comunicação direta com as unidades de aquisição;


• capacidade de importação/exportação de dados noutros formatos;
• nova estrutura de dados;
• avaliação dos indicadores de qualidade;

1
Desenvolveram-se alguns algoritmos em Visual Basic for Applications (VBA) para auxiliar a análise qualitativa de dados. No entanto,
estas ferramentas encontram-se num estado de desenvolvimento precoce e não estão incorporadas no InclinoReport.

181
• identificação e correção de erros de medição 1;
• pré-visualização de resultados nas formas numérica e gráfica2;
• gestão de alterações de profundidade 3.

Figura 97 – Fluxo de trabalho sugerido para o processamento de dados inclinométricos no NGUT.

Ao longo dos anos de serviço, as equipas técnicas de campo e de análise de resultados têm referi-
do algumas funcionalidades que ainda não estão implementadas:

• definição personalizada de escalas e de legendas;


• opções de dimensionamento automático de escalas verticais equivalentes às existentes pa-
ra escalas horizontais4;
• avaliação dos indicadores de qualidade (6.3);
• identificação e correção de erros de medição (6.4);
• correção da orientação azimutal das direções e (in ex.: aplicação da equação (102) –
6.4.3 – atribuindo as direções e às coordenadas e , respetivamente);
• possibilidade de produção de gráficos de desvio acumulado de qualquer campanha, inclusi-
vamente a perfilagem de várias campanhas no mesmo gráfico5;

1
Na sequência da implementação da capacidade de correção de erros de rotação (6.4.3), esta funcionalidade permitirá também a cor-
reção da orientação azimutal das direções e .
2
Numa fase inicial, a previsualização de resultados na forma gráfica não é essencial, mas a forma numérica é importante para a valiar a
existência de erros e a eficácia das correções aplicadas (6.4).
3
Esta funcionalidade pode ser incorporada parcialmente, direcionada apenas para situações de lavagem ou assoreamento da base d o
tubo (in ex.: numa fase inicial, não é essencial gerir situações de construção faseada ou de encurtamento do tubo).
4
O InclinoReport dimensiona sempre a escala das ordenadas de acordo com as dimensões de cada instalação.
5
Atualmente o InclinoReport só permite a produção de gráficos de desvio acumulado de campanhas de referência.

182
• inclusão de dados de precipitação e de níveis de água nos perfis de deslocamento1;
• execução de análises conjuntas entre os resultados inclinométricos e outros dados externos
(in ex.: níveis de água e precipitação)1;
• abertura incremental de instalações inclinométricas2;
3
• inexistência de um aviso mediante a ausência do ficheiro de dados adicionais (DAT) ;

Para além destas, considera-se igualmente importante a inclusão das seguintes:

• produção de resultados incrementais (in ex.: desvios, deslocamentos e evoluções);


• produção de resultados de evolução no tempo dos deslocamentos4 nas direções e ;
• estimativa do erro (6.5) com representação gráfica dos limites respetivos nos resultados;
• gestão de alterações de profundidade 5;
• comunicação direta com as unidades de aquisição6;
• importação/exportação de dados noutros formatos;
• pré-visualização de resultados nas formas numérica e gráfica;
• nova estrutura de dados que permita:
o a identificação do instrumento utilizado em cada campanha7;
o a identificação das profundidades de medição em cada campanha8;
o a inclusão da hora de execução da campanha 9;
o a inclusão das informações do ficheiro de dados adicionais (5.6; 5.7; 5.11.3);
10
o a dissociação entre a seleção de campanhas e a sua validez ;
o a inclusão de outras funcionalidades fora do âmbito deste documento 11.

1
A implementação desta funcionalidade deverá permitir também a inclusão de outros tipos de dados externos (in ex.: células de carga,
observações topográficas, etc.). Portanto, esta implementação deve ser pensada de forma permitir a sua expansão futura.
2
O InclinoReport não dispõe de um conceito de obra, no sentido de existir uma entidade detentora de um conjunto de elementos (in
ex.: instalações). Assim, as instalações de determinada obra são importadas em conjunto, não havendo a opção de alterar o conjunto
(in ex.: a importação de novos elementos elimina da memória as instalações previamente abertas).
3
O ficheiro de dados adicionais inclui informação importante, de entre a qual se destaca o histórico de referências. Por esta razão, es-
tes ficheiros devem sempre acompanhar os ficheiros de dados. Mediante a sua ausência, o InclinoReport cria este ficheiro automati-
camente; o problema coloca-se quando o operador copia ficheiros de dados para outro local e não inclui os ficheiros DAT.
4
O InclinoReport só permite o processamento de evoluções no tempo da resultante dos deslocamentos (5.4) e da distorção horizontal
(5.8.1). O processamento de evoluções no tempo dos deslocamentos nas direções e encontra-se parcialmente programado.
5
Em casos de assoreamento ou de lavagem da base do tubo, atualmente as leituras são copiadas de campanhas anteriores ou el imi-
nadas. Há formas mais adequadas para lidar com estas situações, inclusivamente em casos de corte do tubo ou de montagem fasea da
durante a construção de aterros.
6
O NGUT já dispõe de um programa para recolha de dados de uma unidade de aquisição, designado GetSoilData e desenvolvido em
2015. Considera-se que esta funcionalidade deveria ser incorporada no InclinoReport, possivelmente na forma de extensão, uma vez
que, de um modo geral, é fácil extrair a informação das unidades de aquisição em formato de texto.
7
Esta funcionalidade permitirá o processamento de campanhas com dados provenientes de vários instrumentos sem necessidade de
recorrer ao uso de múltiplas referências (5.9) ou à correção da orientação axial dos sensores (6.4.3). Note-se que será também neces-
sário acomodar diferenças de profundidade de medição eventualmente existentes.
8
Esta funcionalidade é necessária para acomodar alterações de profundidade do tubo.
9
Embora o InclinoReport aceite a redundância de datas de execução, a inclusão da hora é importante, por exemplo, em casos de
acompanhamento de obra com frequências de observação muito elevadas (in ex.: escavações e aterros com risco elevado).
10
Atualmente, a invalidação de campanhas depende da seleção das mesmas para processamento de perfis e/ou de evoluções de des-
locamentos. Esta regra deriva do formato de ficheiro que o InclinoReport herdou do software anteriormente utilizado, mas considera-
se que as funções de validação e de seleção devem ser completamente dissociadas.
11
Por exemplo, a capacidade de registar o histórico de alterações, identificar os utilizadores, introdução de notas/relatórios, referência
às correções aplicadas, entre outras.

183
Face ao exposto, no quadro seguinte apresenta-se uma lista de objetivos a implementar no Incli-
noReport, organizados em três graus de prioridade, complexidade e morosidade.

Quadro 24 – Lista de objetivos a implementar no InclinoReport.


1 2
Prioridade Complexidade Morosidade Objetivo

3
Elevada Elevada Dissociação do MSOE (implementação do OOXML)

Média Média Nova estrutura de dados

Baixa Média Importação/exportação de dados noutros formatos

Baixa Baixa Comunicação direta com as unidades de aquisição


Elevada
Média Elevada Avaliação de indicadores de qualidade

Elevada Elevada Identificação/correção de erros de medição

Baixa Baixa Pré-visualização de resultados na forma numérica

Baixa Baixa Gestão de assoreamentos/lavagens da base dos tubos

Baixa Baixa Evolução no tempo dos deslocamentos das direções e

Baixa Média Produção de resultados incrementais

Média Média Inclusão de dados de precipitação e níveis de água nos resultados

Média Baixa Baixa Resultados de desvio acumulado de qualquer campanha

Baixa Baixa Escalas verticais automáticas do tipo comum ou diferenciado

Baixa Média Definição personalizada de escalas e legendas

3 4
Elevada Incremental Reorganização do código

Baixa Média Gestão de alterações de profundidade (in ex.: construção faseada)

Elevada Elevada Pré-visualização de resultados na forma gráfica

Baixa Média Média Estimativa do erro

Elevada Elevada Análises conjuntas entre os resultados inclinométricos e outros

5
Média Elevada Reorganização da interface
1
A complexidade inclui a dificuldade de conceção e de execução, incluindo as alterações de código que o objetivo implica.
2
A morosidade corresponde aproximadamente à estimativa: Baixa – até 1 mês; Média – 1 a 3 meses; Elevada – mais de 3 meses.
3
As representações gráficas produzidas pelo InclinoReport são fortemente personalizadas (in ex.: não são gráficos típicos do MSOE),
tornando o processo de construção moroso e complexo, dificultando também a edição gráfica posterior. Por esta razão, considera-se
que será vantajoso simplificar a representação gráfica de resultados anteriormente à dissociação do MSOE, reduzindo também o tem-
po de processamento enquanto o desenvolvimento decorre.
4
A reorganização do código será executada faseadamente, conforme as necessidades impostas e as oportunidades apresentadas
aquando da implementação de outras funcionalidades, como é o caso de uma nova estrutura de dados.
5
A implementação de novas funcionalidades implicará obrigatoriamente alterações à interface. Contudo, o objetivo de reorganizar a
interface refere-se à substituição integral da interface atual. Este processo será necessário no sentido melhorar a intuição do interface
de utilização e de comportar devidamente as funcionalidades implementadas, como sejam a implementação de uma nova estrutura de
dados, a pré-visualização de resultados e a avaliação qualitativa das leituras inclinométricas.

184
7.10. Outras propostas de trabalho futuro

Sugerem-se alguns aspetos adicionais que poderão beneficiar de estudos específicos:

• Tubos inclinométricos: os tubos plásticos são atualmente a norma no que respeita a insta-
lações inclinométricas. Este tipo material (in ex.: ABS, 3.2.2) é sistematicamente apresenta-
do como sendo superior ao alumínio, principalmente pela comunidade do norte da améri-
ca. A argumentação utilizada remonta a décadas anteriores e resume-se à possibilidade de
corrosão em ambientes alcalinos. A experiência do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC) demonstra que os tubos de alumínio têm grande fiabilidade e oferecem uma longa
longevidade. Por esta razão, poderá ser interessante conduzir um estudo sério sobre a qua-
lidade construtiva e o comportamento de tubos de alumínio e em ABS. Note-se que os tu-
bos plásticos são fornecidos pelos fabricantes de inclinómetros, enquanto os tubos de alu-
mínio beneficiam a economia local. Mais, a qualidade e a geometria (in ex.: espessura, diâ-
metro, calhas, uniões) dos tubos plásticos varia em função do fornecedor, enquanto a dos
tubos de alumínio é especificada pelo cliente.
• Caldas de enchimento: existe um défice de informação sobre a composição de caldas de
enchimento, o comportamento mecânico respetivo e a adequação das mesmas a tipos de
solo específicos. Os parâmetros de resistência e de deformabilidade que têm maior impor-
tância relativamente às características mecânicas de cada cenário geotécnico também não
estão bem definidos. A comunidade poderia beneficiar de um estudo sobre a relação entre
a composição material de caldas de enchimento, o comportamento mecânico respetivo e
determinadas condições geotécnicas.
• Estimativa de parâmetros geotécnicos: a modelação do comportamento mecânico de es-
truturas geotécnicas é uma das áreas de investigação mais intensamente desenvolvidas em
geotecnia. Normalmente, o modelo parte de parâmetros geotécnicos bem definidos, da
geometria da estrutura a modelar e de uma série de condicionantes externas impostas ao
modelo (in ex.: solicitações mecânicas, pressões hidráulicas, etc.). Conhecendo-se o com-
portamento mecânico da estrutura (in ex.: através de medições inclinométricas), a geome-
tria, as principais condicionantes (in ex.: solicitações mecânicas e regime hidráulico) e uma
classificação aproximada do solo (in ex.: através de registos de perfuração), talvez seja pos-
sível obterem-se estimativas dos parâmetros geotécnicos correspondentes por modelação
numérica.

185
8. CONCLUSÕES

8.1. Considerações iniciais

A aplicação de inclinómetros em trabalhos geotécnicos tem uma utilidade fulcral numa grande di-
versidade de operações. No entanto, a utilização destes dispositivos é muitas vezes mal sucedida,
seja devido a insuficiências das práticas utilizadas, seja por dificuldade de interpretação dos resul-
tados obtidos.

A bibliografia que trata esta matéria concentra-se muitas vezes na interpretação de resultados e
omite certos aspetos operacionais que são determinantes para a obtenção de dados confiáveis.
No caso dos inclinómetros, estes aspetos operacionais têm uma relevância acrescida, já que os
resultados se obtêm por integração de séries de medições, potenciando a acumulação de peque-
nos erros que isoladamente parecem desprezáveis. Neste trabalho apresenta-se uma perspetiva
operacional sobre a aplicação de inclinómetros no âmbito da geotecnia, já que a bibliografia e o
conhecimento experimental neste domínio se encontram muito dispersos, incompletos e fre-
quentemente desatualizados.

Para além da apresentação detalhada do estado da arte e do estado da prática, apresenta-se


também um estudo profundo relativo à análise qualitativa e correção de dados inclinométricos,
incluindo-se uma revisão dos procedimentos de verificação e de calibração de equipamentos in-
clinométricos. Com base neste estudo propõem-se diversas metodologias para a aferição e corre-
ção de dados inclinométricos, apresentando-se também um levantamento exaustivo do trabalho
futuro a realizar nesta importante área da geotecnia. Os aspetos principais do trabalho são resu-
midos a seguir.

8.2. Resumo conclusivo

Os inclinómetros são instrumentos que possuem uma haste rígida com dimensão determinada e
que permitem a medição de inclinações relativamente a um plano de referência. O conhecimento
do ângulo de inclinação e da dimensão da haste permite o cálculo do cateto oposto, designado
por desvio incremental (in ex.: segmento de reta transversal ao plano de referência). A integração
de uma sequência de medições com espaçamento equivalente à dimensão da haste permite o
cálculo do perfil do eixo observado (in ex.: um furo de sondagem). Esta técnica designa-se por in-
clinometria (inclinometry) e remonta à segunda metade do século XIX, no âmbito do acompa-
nhamento das operações de perfuração associadas à exploração mineira e petrolífera (1.1; 1.2).

A diferença entre dois perfis obtidos em datas distintas permite quantificar o perfil dos movimen-
tos ocorridos naquele intervalo de tempo e identificar as secções afetadas pelos mesmos. Este

187
princípio foi primeiramente aplicado em 1948 com grande sucesso. Alguns anos mais tarde surgiu
o primeiro inclinómetro propositadamente desenvolvido para aplicações geotécnicas. Este novo
instrumento distingue-se dos seus antecessores por incluir rodas que circulam no interior de ca-
lhas de rodagem dum tubo específico (in ex.: tubo inclinométrico), dispensando assim um sensor
azimutal. O tubo inclinométrico é previamente instalado de forma a constituir um ponto de refe-
rência estável numa das extremidades e a assegurar boa conformidade com o meio circundante.
Estas características, juntamente com o tipo de sensor que estes instrumentos incorporam, torna-
ram o inclinómetro numa ferramenta de trabalho imprescindível para uma grande variedade de
aplicações geotécnicas relacionadas com a segurança e com o desempenho de obra (1.1; 1.2).

No âmbito da instrumentação geotécnica, os inclinómetros classificam-se como um padrão de de-


formação transversal e são utilizados principalmente no acompanhamento da estabilidade de ta-
ludes (in ex.: escavações e aterros), do desempenho de estruturas de suporte, de fundações pro-
fundas, de escavações subterrâneas e de assentamentos em obras de aterro (1.3).

Existem várias tipologias de inclinómetro disponíveis no mercado, podendo estas distinguir-se em


função do tipo de sensor, do plano de referência e da portabilidade. Os inclinómetros podem ter
um plano de referência vertical, horizontal ou oblíquo, podem ser de carácter fixo ou portátil e
podem, potencialmente, incluir sensores bastante distintos (2).

Os instrumentos fixos têm aplicação em grandes superfícies, em áreas de acesso difícil e/ou onde
haja a necessidade de execução de medições com frequência muito elevada. Esta tipologia de in-
clinómetro é mais dispendiosa, mas permite a automatização remota do processo de medição e a
definição de secções isoladas a observar (2.4.1; 2.4.2). O tipo de sensor preferencialmente incor-
porado neste tipo de sistema caracteriza-se pelo baixo consumo energético e pela deriva do des-
vio na origem reduzida, havendo menor preocupação com a sensibilidade térmica, com a lineari-
dade e com a velocidade de resposta (in ex.: 2.2.2.2; 2.2.5.6).

Os instrumentos portáteis são mais flexíveis e menos dispendiosos, pelo que são mais amplamen-
te utilizados (2.4.1; 2.4.3). Esta tipologia de inclinómetro incorpora preferencialmente sensores de
resposta mais rápida, com maior linearidade, menor sensibilidade térmica e maior amplitude de
medição, havendo menor preocupação relativamente à deriva do desvio na origem, uma vez que
as medições são obtidas por redundância (in ex.: 2.2.4; 2.2.5.4).

Os sistemas inclinométricos são relativamente fáceis de utilizar e as instalações respetivas são


normalmente pouco complexas. No entanto, os objetivos da observação inclinométrica só se con-
seguem atingir mediante a correta aplicação, por pessoal técnico especializado, de uma série de
procedimentos de instalação, de operação e de manutenção (3; 4).

188
Os tubos inclinométricos podem classificar-se em função do material de construção e do tipo de
união com que são assemblados. Estes devem ser apropriados ao tipo de aplicação e devem ser
devidamente acondicionados, de forma a garantir a manutenção do alinhamento axial e da limpe-
za das calhas interiores (3.2).

As instalações inclinométricas podem classificar-se em função do tipo de aplicação, designada-


mente por acoplamento exterior/incorporação estrutural (in ex.: para observação de elementos
estruturais, 3.3), em furo de sondagem (in ex.: vertical, horizontal ou oblíquo, 3.4, 3.5, 3.6) ou em
vala/trincheira (in ex.: para observação de assentamentos, 3.7). Estas instalações utilizam-se para
traduzir os movimentos do terreno/estrutura em deformações equivalentes nos tubos inclinomé-
tricos, pelo que fazem parte integrante do aparato de medição. Compõem-se por um tubo incli-
nométrico e por um meio de transmissão das deformações do terreno ao tubo, devendo o último
ter comportamento tão próximo ao do terreno/estrutura quanto possível. Os principais cuidados
a ter durante a execução de uma instalação inclinométrica podem resumir-se em (3):

• perfuração/preparação do leito limpa, com dimensão e inclinação adequadas, sendo a úl-


tima tanto mais próxima do plano de referência do instrumento quanto possível;
• isolamento eficaz da base e das uniões do tubo inclinométrico;
• alinhamento correto do tubo inclinométrico sem resistência à rotação do mesmo;
• preenchimento adequado do espaço entre o tubo e o meio circundante, com ausência de
carga axial sobre o tubo.

Os inclinómetros são instrumentos sensíveis e devem ser armazenados, transportados e utilizados


de forma adequada. O armazenamento deve fazer-se em ambiente seco e, em alguns casos, pre-
ferencialmente com inclinação próxima à do plano de referência. A operação de inclinómetros
portáteis deve fazer-se com ausência de choques e integrar rotinas de limpeza e de lubrificação
das rodas, de proteção, arejamento e limpeza dos terminais, e de verificação do cabo de ligação
(4.3; 4.5).

As unidades de alimentação e de aquisição são também parte integrante do sistema, mas são fre-
quentemente esquecidas. Estas unidades devem incluir baterias em boas condições de carga, uma
vez que o nível de energia afeta a estabilidade das leituras inclinométricas (4.6).

A execução de campanhas de observação inclinométrica exige o controlo rigoroso das profundi-


dades de medição, a manutenção do ponto de referência no topo do tubo e a estabilização ade-
quada dos valores de leitura. Para que estes objetivos sejam atingidos é importante manter o
mesmo sistema de medição durante o decurso do programa observacional (4.1; 4.2). No entanto,
a ocorrência de avarias ou de outros constrangimentos, a interrupção e posterior retoma do pla-
no de acompanhamento, ou a observação concorrente da mesma instalação por entidades distin-

189
tas obrigam muitas vezes à substituição dos equipamentos inclinométricos. Nestes casos, a conti-
nuidade da observação pode fazer-se pelo uso de múltiplas referências (5.6) ou por correção dos
dados inclinométricos (in ex.: alinhamento axial dos acelerómetros – 6.4.3, profundidades de me-
dição – 6.4.4 ou sensibilidade do instrumento – 6.4.5).

Os sistemas inclinométricos devem ser objeto de verificação metrológica com a frequência ade-
quada, a fim de aferir o correto funcionamento dos mesmos e de ajustar o calendário de calibra-
ção (4.7.1).

A verificação metrológica pode realizar-se de diversas formas, designadamente em aparatos sim-


plificados com rotação lateral, em troços de tubo ou em instalações propositadamente concebi-
das para o efeito. Em último recurso, a verificação pode fazer-se através da análise conjunta de
um número significativo de dados de obra provenientes de zonas consideradas estáveis (4.7.2).

A calibração de inclinómetros faz-se em dispositivos específicos, comumente designados por me-


sas rotativas. A aquisição de uma mesa rotativa pode ser vantajosa dependendo dos custos ex-
pectáveis de calibração, da quantidade de dispositivos a manter e do nível de precisão exigido. Os
critérios de seleção dum equipamento de calibração devem basear-se fundamentalmente nos re-
quisitos metrológicos dos inclinómetros e incluir margem de erro para inclusão de incertezas por
determinar (4.7.3).

Na secção 5.10 demonstra-se que o método de cálculo comumente utilizado para obtenção de re-
sultados inclinométricos contém um erro intrínseco. Este erro é negligenciável para inclinações
até , mas assume valores crescentemente significativos em inclinações mais acentuadas e
em função da diferença entre as inclinações dos pares de calhas nos dois planos ortogonais. Este
é um argumento importante no que respeita às recomendações de inclinação máxima das instala-
ções inclinométricas.

A informação que os inclinómetros fornecem permite essencialmente o cálculo dos desvios in-
crementais e acumulados em duas direções ortogonais (in ex.: geometria do tubo), dos desloca-
mentos homónimos, da resultante dessas componentes e da orientação respetiva. Os resultados
incrementais permitem identificar em que zonas decorrem movimentações e quantificar a magni-
tude respetiva. Os resultados acumulados permitem identificar a massa que se encontra em mo-
vimento e quantificar a magnitude total dos deslocamentos (5.1; 5.2; 5.3; 5.4).

Identificada a massa em movimento, pode proceder-se à análise seletiva de secções afetadas. Es-
ta análise faz-se normalmente em função do tempo decorrido, de forma a permitir a estimativa
de taxas de progressão dos deslocamentos. A análise de taxas de progressão ao longo do tempo e
da sua variação são determinantes para a avaliação da estabilidade geotécnica, uma vez que ex-

190
primem o comportamento do terreno/estrutura face às condições/solicitações presentes (5.5).

As medições inclinométricas também permitem outros tipos de análise, como é o caso da estima-
tiva da distorção ocorrida em cada secção e da estimativa de momentos em elementos estrutu-
rais (5.8; 5.9).

A estimativa de momentos por meios inclinométricos é atualmente pouco utilizada em favor de


outras tecnologias mais expeditas e/ou mais fiáveis. Contudo, é importante reter estas técnicas,
uma vez que poderão ser úteis no futuro. Ademais, encontram-se publicações relativamente re-
centes sobre a matéria que demonstram a sua aplicação corrente (5.9).

A estimativa das distorções ocorridas no terreno, ao longo do perfil observado, é um desenvolvi-


mento recente da maior importância. Conhecendo-se o estado de tensão do terreno aquando do
início do programa de observação inclinométrica, o acompanhamento da distorção permite a es-
timativa de um coeficiente de segurança local em função de parâmetros geotécnicos (5.8.2). Este
método de análise altera as metodologias de diagnóstico dum paradigma estritamente baseado
em taxas de progressão para outro com definição clara de limites máximos de deformação. No
entanto, é absolutamente necessário que o comportamento mecânico do terreno seja bem co-
nhecido, particularmente nas zonas de distorção identificadas.

O cálculo de distorções através de meios inclinométricos também permite a estimativa do tempo


de vida útil das instalações inclinométricas (5.8.3). Este fator tem particular importância em obras
de risco elevado, principalmente onde sejam definidos coeficientes de segurança em função das
distorções estimadas (5.8.2). Pois, nestes casos convém planear atempadamente a substituição
dos tubos inclinométricos que venham a ficar inoperacionais e a recolha de amostras de solo para
confirmação da capacidade de deformação retida nas zonas de distorção e resistência ao corte
correspondente. Esta técnica de previsão encontra-se ainda em estudo, tendo-se já desenvolvido
a capacidade de estimar a distorção efetiva de tubos inclinométricos, identificando-se também si-
tuações particulares com limites máximos de deformação muito inferiores aos expectáveis
(5.8.3.2).

Como base de trabalho no âmbito da segurança e do desempenho de obras geotécnicas, os resul-


tados observacionais da instrumentação devem basear-se em dados de boa qualidade (in ex.:
credíveis e consistentes). Este fator assume especial relevância no caso dos inclinómetros, uma
vez que os resultados são produzidos por integração de dezenas de medições, nas quais se inclu-
em e se podem acumular diversos tipos de erro. A redundância de informação que estes disposi-
tivos fornecem (in ex.: duas leituras simétricas por medição) permite a avaliação qualitativa e a
correção desses dados quando necessário (6).

191
Os inclinómetros acompanham-se de especificações técnicas que permitem definir valores de er-
ro típico. O erro típico de medição pode ser analisado nas suas componentes aleatória e sistemá-
tica, a partir das quais se definem limites de confiança a aplicar na avaliação qualitativa dos respe-
tivos dados (6.2). A avaliação qualitativa de dados inclinométricos baseia-se em indicadores esta-
tísticos que derivam da redundância das leituras obtidas em cada secção de tubo. Da soma entre
leituras simétricas obtêm-se parâmetros de expressão qualitativa, tais como a média, o desvio
padrão e o diferencial de dispersão do conjunto de somas obtido em cada campanha de observa-
ção (6.3). Estes parâmetros, devidamente balizados por limites de confiança, definidos em função
do erro típico do instrumento ou recomendados pelo fabricante, permitem (6.3; 6.4; 6.5):

• verificar a resposta metrológica e a necessidade de calibração dos instrumentos;


• identificar e quantificar a ocorrência de erros sistemáticos;
• estimar o erro de medição das curvas de deslocamento obtidas.

Existem diversos tipos de erro sistemático que afetam significativamente os resultados inclinomé-
tricos por serem de caráter generalizado e cumulativo, designadamente:

• erro de alteração do desvio na origem (6.4.2);


• erro de rotação (6.4.3);
• erro de profundidade (6.4.4);
• erro de deriva da sensibilidade (6.4.5).

Encontram-se documentadas metodologias de identificação, de quantificação e de correção des-


tes erros. Estas técnicas baseiam-se essencialmente na análise conjunta dos diversos tipos de re-
sultado. Especificamente:

• padrões específicos de deslocamento incremental e acumulado podem indiciar a presença


dum erro de alteração do desvio na origem (6.4.2). Em certos casos, esta alteração pode
identificar-se também através dos perfis de somas de leituras;
• a razão entre valores de deslocamento e de desvio pode fornecer parâmetros de correção
do alinhamento axial (6.4.3) ou da sensibilidade metrológica (6.4.5) dos sensores;
• a comparação entre curvas de deslocamento e de desvio permite identificar a presença de
erros de profundidade (6.4.4).

Neste documento introduzem-se ainda novas técnicas de análise e de correção de dados inclino-
métricos. Sublinham-se de seguida os principais elementos de inovação.

Na secção 6.4.3 identifica-se um erro concetual no método de correção de erros de rotação que
se encontra documentado e que se aplica em programas comerciais de processamento automáti-
co. A alteração proposta permite a correção efetiva do erro de rotação em ambas as direções de
medição. Este facto é importante mediante a permuta de instrumentos em instalações com incli-

192
nações e/ou profundidades consideráveis.

Na secção 6.4.5 apresenta-se um caso de estudo que demonstra aplicação dum método de corre-
ção de erros de sensibilidade a partir de dados de obra. Embora a ocorrência deste tipo de erro
não seja comum, a capacidade de identificar e de corrigir erros de sensibilidade sem recurso a
procedimentos de calibração laboratoriais constitui um avanço nas técnicas de análise de dados
inclinométricos.

A análise de perfis de somas entre leituras simétricas permite identificar a presença de erros sis-
temáticos que ocorrem de forma esporádica e pontual. Foram desenvolvidos procedimentos de
quantificação e de correção deste tipo de erro (6.4.7). Estas metodologias encontram-se funda-
mentadas na secção 6.4.2, onde se demonstra a sua aplicação a erros de alteração do desvio na
origem. Os métodos apresentados introduzem maior objetividade na análise daquelas anomalias,
mesmo quando ocorrem em zonas geotecnicamente instáveis. Permitem a correção efetiva dos
dados, evitando ambiguidades interpretativas e a eventual repetição de campanhas de observa-
ção para confirmação das medições inclinométricas. Em última análise, estes métodos também
permitem identificar e corrigir erros de natureza mais ou menos repetível que dificilmente se re-
solvem com a redundância de serviços (6.4.5; 6.4.7; anexos IX, X e XI).

Na secção 6.5 introduz-se a estimativa do erro de medição em curvas de perfil com base nos per-
fis de somas de leituras balizados pelo erro típico do sistema respetivo. Esta estimativa serve o
propósito de avaliar a significância, não só dos deslocamentos obtidos (in ex.: do ponto de vista
metrológico), como também dos erros de medição identificados e do benefício obtido pela sua
correção.

193
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215
ANEXOS
ÍNDICE DE ANEXOS

ANEXO I: OUTROS PARÂMETROS A CONSIDERAR NA SELEÇÃO DE UMA MESA ROTATIVA PARA


EFEITOS DE CALIBRAÇÃO INCLINOMÉTRICA (Coimbra, 2011)...................................................... 221
ANEXO II: EXTRAÇÃO DE VALORES DE ERRO TÍPICO A PARTIR DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS ..... 225
ANEXO III: ENSAIOS INCLINOMÉTRICOS LABORATORIAIS: DIVERGÊNCIAS ENTRE INSTRUMENTOS E
ESTABILIDADE DAS LEITURAS EM FUNÇÃO DA MAGNITUDE DA INCLINAÇÃO ............................. 229
ANEXO IV: DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE INSTRUMENTAL DE SISTEMAS INCLINOMÉTRICOS
ATRAVÉS DE ENSAIOS LABORATORIAIS COMPARATIVOS ............................................................ 247
ANEXO V: DISTORÇÃO MÁXIMA DE TUBOS INCLINOMÉTRICOS EM CONDIÇÕES DE “CORTE
PLENO”. CASO DE OBRA DEMONSTRATIVO, VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DO CONCEITO E
ELEMENTOS DE CÁLCULO ADICIONAIS ....................................................................................... 257
ANEXO VI: CORREÇÃO DE ERROS DE ALTERAÇÃO DO DESVIO NA ORIGEM. DEMONSTRAÇÃO
APLICADA EM CASO DE OBRA .................................................................................................... 265
ANEXO VII: CORREÇÃO DE ERROS DE ROTAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE OBRA
.................................................................................................................................................. 283
ANEXO VIII: CORREÇÃO DE ERROS DE PROFUNDIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE
OBRA ......................................................................................................................................... 291
ANEXO IX: CORREÇÃO DE ERROS DE SENSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE
OBRA ......................................................................................................................................... 299
ANEXO X: DERIVA SISTEMÁTICA DO DESVIO NA ORIGEM EM PROFUNDIDADE DEVIDO AO
INGRESSO DE ÁGUA NA SONDA INCLINOMÉTRICA ..................................................................... 305
ANEXO XI: CORREÇÃO DE ERROS SISTEMÁTICOS PONTUAIS. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM
CASOS DE OBRA ......................................................................................................................... 319
ANEXO XII: ESTIMATIVA DO ERRO EM CURVAS DE PERFIL .......................................................... 331

219
ANEXO I: OUTROS PARÂMETROS A CONSIDERAR NA SELEÇÃO DE UMA MESA ROTATIVA PARA
EFEITOS DE CALIBRAÇÃO INCLINOMÉTRICA (Coimbra, 2011)

Estimativa da carga de referência para seleção da mesa rotativa

• Carga da sonda inclinométrica1:


2
• Carga adicional da porção de cabo suspenso :
3
• Carga adicional do sistema de fixação do cabo :
• Material de construção dos acessórios de fixação: alumínio ( ⁄ )
• Comprimento de tubo inclinométrico para ensaio/calibração:
• Carga dos tubos inclinométricos para ensaio/calibração:

(ensaio)

(ensaio)

(calibração)

• Apoios e suportes:

• Apenas sugestivo. Pormenores a dimen-


sionar em função da mesa selecionada.
• Em vez de dois blocos em “V”, pode uti-
lizar-se apenas um com outra solução de
fixação do instrumento ou do tubo.
• Em vez de um anel, pode encontrar-se
outra solução de fixação à mesa.
• (um bloco em “V” terá cerca
de ).

1
Valor máximo dos pesos de sonda recolhidos de vários catálogos de produto.
2
Sobredimensionado a partir dum metro de cabo suspenso.
3
Sobredimensionado com base no peso do sistema de .

221
• Carga total1:

Estimativa dos momentos de referência para seleção da mesa rotativa

• Momento de inércia ( ) e raio de giração ( ):

• O sistema pode ser simplificado considerando-se o


conjunto como um cilindro com massa .
• (qualquer corpo).
• ( ⁄ ⁄ ) (cilindro maciço).
• √ ⁄ ⁄

• A carga encontra-se mais concentrada no centro du-
rante o processo de calibração e ligeiramente des-
centralizada num ensaio em que se utilize o sistema
de para fixação do cabo.

O momento de inércia nem sempre é especificado. Neste caso a aceleração admissível deve
ser verificada em função da capacidade de torque que a mesa possui (in ex.: ⁄ , sen-
do a aceleração angular e o torque necessário). No entanto, as velocidades e as acele-
rações envolvidas neste tipo específico de aplicação são muito baixas, pelo que qualquer
mesa com a capacidade de carga radial necessária deverá ter tração suficiente, a não ser
que especifique um momento de inércia impeditivo.

1
Sobredimensionado por segurança.

222
• Momento fletor ( ):

• O sistema pode ser simplificado considerando-se toda


a carga uniformemente distribuída no cilindro.
• Considera-se que o sistema de fixação não distancia
mais de o centro de massa do conjunto do
prato da mesa.

• O sistema de fixação da carga deslocará ligeiramente
o centro de massa do conjunto para junto do prato.

O momento fletor nem sempre se encontra especificado. Neste caso, a distância máxima da carga
ao prato pode determinar-se através do momento de inércia admissível ou através de ábacos de
desempenho.

223
ANEXO II: EXTRAÇÃO DE VALORES DE ERRO TÍPICO A PARTIR DE ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS

Observações gerais

• As especificações técnicas são frequentemente omissas quanto ao objeto dos valores espe-
cificados, podendo-se referir a uma leitura ou a uma medição (in ex.: diferença média de
duas leituras simétricas). Este facto só pode ser determinado através da análise de dados.
Nesta secção extraem-se os valores de erro típico partindo-se do princípio que as especifi-
cações se referem a uma medição.
• Mediante o uso dum sistema de fixação do tipo , a repetibilidade
especificada para o sensor pode ser muito inferior ao erro aleatório típico do sistema. Este
facto deriva do erro de posicionamento. Sabendo-se que o erro de posicionamento admis-
sível é de e que a inclinação máxima recomendada se situa no intervalo ,a
componente aleatória adicional será √ ( )a√ ( ) , ou seja :

• Independente dos valores de erro especificados, a maioria dos inclinómetros apresenta va-
lores de erro aleatório típico no intervalo , uma vez que valores inferiores in-
correm normalmente na sinalização frequente de pequenos erros sistemáticos. Este facto
pode ser aferido através dos perfis de somas obtidos de dados de obra ou de verificação
metrológica em instalações concebidas para o efeito.

Resolução e repetibilidade do sensor e do sistema em unidades métricas

• Especificações técnicas (SISGEO, 2011):


o Constante instrumental:
o Passo de leitura:
o Resolução: ⁄ ⁄
o Repetibilidade do sensor: ⁄
o Repetibilidade do sistema: | | | | ⁄
1
• Erro típico do sistema :


o { {

1
É mais comum aplicar-se a precisão centesimal a unidades milimétricas. Contudo, neste caso opta-se por exprimir o resultado com
precisão milimétrica porque é desta forma que o fabricante especifica as características metrológicas do produto.

225
• Conversão de unidades:

o {

o

Repetibilidade do sensor em percentagem da amplitude de medição (full-scale)

• Especificações técnicas (DGSI, 2013c):


o Amplitude de medição: (calibrada); (mensurável)
o Constante instrumental:
o Passo de leitura:
o Resolução :
1
⁄ ⁄
o Repetibilidade do sensor: ( ⁄ )

o Repetibilidade do sistema: | | | | ⁄
• Erro típico do sistema:


o { {

• Conversão de unidades:

o {

o

Visto que este modelo de instrumento é normalmente utilizado com , será

mais prudente estimar os valores de erro considerando √


, sendo o valor intermédio da incerteza associada ao erro de posicionamento (in ex.:
). Desta forma, obtêm-se os valores e .

Note-se que os valores obtidos acima são ligeiramente inferiores aos recomendados pelo fabri-
cante (6.3.3). Este facto advém da consideração do valor intermédio da componente aleatória
adicional (in ex.: ), tendo-se optado por ignorar outras fontes de informação conheci-
das acerca do erro aleatório típico deste sistema. Valores de erro idênticos aos recomendados pe-
lo fabricante obtêm-se considerando a componente adicional máxima com arredondamento2 de-

cimal da componente aleatória do erro típico (in ex.: √


).

1
Embora as especificações técnicas refiram uma resolução de , sabe-se que, neste caso, este valor pressupõe uma medição
obtida a partir de duas leituras de . Considera-se que este pressuposto é incorreto, uma vez que exclui a possibilidade de medir
um valor nulo. Por esta razão atribui-se o valor métrico associado a uma unidade de leitura, o qual se obtém pela razão ⁄ .
2
As políticas de arredondamento dos valores apresentados pelos fabricantes são muito frequentemente inconsistentes. Por esta r a-
zão, sabe-se que pequenas diferenças de magnitude se devem muito provavelmente a diferenças de arredondamento. A título de
exemplo, Mikkelsen (2003) refere que a componente aleatória do sistema DGSI (2013c) é e as especificações técnicas do
mesmo sistema apresentam o mesmo valor arredondado à décima (in ex.: ).

226
Repetibilidade do sensor em unidades angulares

• Especificações técnicas (DGSI, 2014b):


o Constante instrumental:
o Passo de leitura:
o Resolução: ⁄ ⁄
o Repetibilidade do sensor: ( )
1
o Repetibilidade do sistema : até 4 vezes a repetibilidade do sensor
• Erro típico do sistema2:
| | | | [ ]
o { {

• Conversão de unidades:

o {
| | [ ]
o

Note-se que, neste caso, o fabricante opta por definir um intervalo de valores aceitáveis para o
erro típico em detrimento dum valor específico. Esta opção justifica-se, por exemplo, pela influ-
ência que a qualidade das instalações pode ter na estabilização das leituras. Caberá à equipa de
trabalho estabelecer intervalos de confiança adequados ao desempenho instrumental verificado e
às exigências impostas pelo plano de observação geotécnica.

1
Para efeitos de demonstração e com base nos valores tipicamente obtidos de outros sistemas inclinométricos, considera-se que a re-
petibilidade do sistema é 2 a 4 vezes superior à repetibilidade do sensor.
2
É mais comum aplicar-se a precisão centesimal a unidades milimétricas. Contudo, neste caso opta-se por exprimir o resultado com
precisão milimétrica porque é desta forma que o fabricante especifica as características metrológicas do produto.

227
ANEXO III: ENSAIOS INCLINOMÉTRICOS LABORATORIAIS. DIVERGÊNCIAS ENTRE INSTRUMENTOS
E ESTABILIDADE DAS LEITURAS EM FUNÇÃO DA MAGNITUDE DA INCLINAÇÃO

Objetivos

• Estudar o comportamento da dispersão das medições inclinométricas em função da inclina-


ção imposta;
• estudar o comportamento das medições inclinométricas em função da inclinação imposta;
• comparar os resultados obtidos por instrumentos com estados de calibração diferentes;
• estimar o desvio na origem, a dispersão e a variação respetivas, em função da inclinação
imposta;
• estudar a influência do desvio na origem nas medições inclinométricas;

Equipamentos utilizados

Foram ensaiados 7 inclinómetros do tipo DGSI (2013c), todos com o mesmo cabo e com a mesma
unidade de aquisição. Estes instrumentos foram identificados pelas siglas A3, A4, A7, B1, B2, B3 e
B4. As características metrológicas são as seguintes:

• Amplitude de medição: (calibrada); (mensurável)


• Constante instrumental:
• Passo de leitura:
• Resolução: ⁄
• (com )
• (repetibilidade do sensor, )
• (com )
• (repetibilidade do sensor, )

Os ensaios laboratoriais foram executados num aparato com rotação unidimensional ajustável,
composto por um troço de tubo inclinométrico acoplado numa tábua com oscilação lateral do ti-
po pendular (Figura A1). O aparato não inclui um meio fiável de fixação da inclinação, pelo que fo-
ram utilizadas garras de aperto para garantir a estabilidade. Este aparato foi concebido pelo Eng.
Arlindo de Sousa, Técnico Superior do NGUT/DG/LNEC, e executado pela equipa técnica do NGUT.
Mais recentemente procedeu-se a uma remodelação deste equipamento (Anexo IV).

229
Eixo de rotação

b) Fixação do aparato em inclinações reduzidas.


Tubo inclinométrico

Sistema de fixação

a) Vista integral. c) Fixação do aparato em inclinações acentuadas.


Figura A1 – Aparato laboratorial de verificação inclinométrica.

Metodologias de ensaio

O plano de trabalhos foi concebido pelo Bolseiro Luís Coimbra e a execução coube ao próprio com
assistência da Bolseira Cláudia Henriques. Os procedimentos aplicados foram os seguintes:

• Definição de uma série de inclinações alvo aproximadas e recolha de uma série de medi-

230
ções inclinométricas em cada inclinação alvo:

1. Posicionamento e fixação do aparato na inclinação alvo.


2. Com cada instrumento, recolha de 8 leituras em cada sentido (in ex.: 32 registos) pe-
la seguinte ordem1:
2.1) ( )e ( );
2.2) ( )e ( );
2.3) ( )e ( );
2.4) ( )e ( ).
3. Repetição dos procedimentos na inclinação alvo seguinte.

• As inclinações alvo definidas foram , , , , , e .


2
• O controlo das inclinações alvo fez-se com um clinómetro mecânico unidirecional Wyler
Clinometer 80, apoiado diretamente no tubo inclinométrico. Estas medições executaram-se
em pares, após a fixação de cada inclinação alvo e no final de cada série de medições incli-
nométricas (in ex.: duas medições clinométricas adicionais por cada instrumento inclinomé-
trico).

Medições clinométricas: estabilidade do aparato

No Quadro A1 apresenta-se o resumo das medições clinométricas obtidas durante os ensaios es-
táticos. A medição correspondente a cada inclinação alvo corresponde ao valor médio de 16 me-
dições clinométricas, obtidas ao longo do ensaio, conforme descrito acima. O erro associado a ca-
da valor médio corresponde ao desvio padrão respetivo, majorado pelo valor crítico da distribui-
ção bicaudal t-Student com 15 graus de liberdade.

De acordo com os objetivos pretendidos destes ensaios, considera-se que as inclinações obtidas
são satisfatórias. Relativamente aos valores de dispersão respetivos, considera-se que estes deve-
rão ser compatíveis com o erro de medição especificado pelo fabricante do clinómetro. Sabendo-
se que o erro especificado é de , verifica-se que as dispersões obtidas se en-
quadram com esta estimativa.

O valor corresponde ao quadrado do coeficiente de correlação linear entre o grupo de medi-


ções associado ao valor médio respetivo e o índice das mesmas, pela mesma ordem em que fo-
ram executadas. Não se verificando qualquer valor de significativo, conclui-se que as inclina-
ções impostas se mantiveram estáveis no decorrer dos ensaios de todas as inclinações alvo.

1
: direção de oscilação pendular (in ex.: inclinação imposta); : direção sem oscilação pendular (in ex.: com in-
clinação constante).
2
Note-se que os objetivos das medições clinométricas foram apenas o posicionamento do aparato na vizinhança da inclinação alvo e a
avaliação da estabilidade da inclinação definida no decurso dos ensaios.

231
Quadro A1 – Medições clinométricas obtidas no decorrer dos ensaios laboratoriais.

1
Medição clinométrica
Inclinação alvo [grau] [grau] R2 Desvio na origem [min]

1 0,93 ±0,02 0,13 -8,79 ±1,04


3 2,87 ±0,01 0,00 -8,68 ±0,82
5 5,13 ±0,01 0,29 -8,49 ±0,7
10 10,10 ±0,02 0,02 -8,61 ±1,1
15 15,05 ±0,01 0,03 -8,44 ±0,72
20 20,00 ±0,01 0,03 -8,88 ±0,51
25 24,86 ±0,02 0,05 -8,73 ±0,63
1 o
Foram excluídas 2 medições da inclinação alvo 1 por apresentarem valores muito desenquadrados.

No Quadro A1 apresentam-se também os valores médios do desvio na origem de cada ensaio,


juntamente com o desvio padrão respetivo majorado pelo valor crítico da distribuição bicaudal t-
Student com 15 graus de liberdade. Sabendo-se que o clinómetro utilizado admite até de des-
vio na origem, confirma-se a operação do clinómetro dentro do intervalo de valores recomenda-
dos pelo fabricante. As dispersões dos desvios na origem enquadram-se com os valores homólo-
gos das inclinações, pelo que também se consideram aceitáveis.

Dispersão das medições inclinométricas

Nas figuras A2 e A3 apresentam-se as dispersões das medições inclinométricas nas direções e


, respetivamente. Os valores de dispersão apresentados correspondem ao desvio padrão majo-
rado pelo valor crítico da distribuição bicaudal t-Student com 7 graus de liberdade.

Nas mesmas figuras encontram-se demarcados os valores máximos do erro esperado ( = )


e da componente aleatória respetiva ( ). A componente aleatória utilizada baseia-se nas especi-
ficações do sensor (in ex.: ; Anexo II), uma vez que o troço de tubo é retilíneo
e o sistema de fixação utilizado não é do tipo .

Figura A2 – Dispersão das medições inclinométricas da direção .

232
Figura A3 – Dispersão das medições inclinométricas da direção .

Nas figuras A2 e A3 observa-se o seguinte:

• De um modo geral, a repetibilidade das medições inclinométricas diminui em função do


aumento da inclinação. Ou seja, instalações com maior inclinação poderão apresentar mai-
or variabilidade do que a esperada. Esta observação confirma as conclusões de Marte &
Semprich (1998).
• De facto, as medições da direção apresentam variabilidade superior à das medições da
direção , mas as diferenças esbatem-se para inclinações superiores a . Provavelmente, a
partir de determinada inclinação na direção o peso próprio da sonda promove menor os-
cilação lateral das rodas no interior das calhas. Embora se tratem de ensaios estáticos 1,
considera-se que seja possível a ocorrência do mesmo fenómeno em obra.
• Em inclinações superiores a , a grande maioria das dispersões ultrapassa o limite máximo
da componente aleatória . Os resultados são mistos e inconclusivos em inclinações infe-
riores. Considera-se que a inadequação do valor máximo de em inclinações inferiores a
poderá dever-se a) ao défice de precisão do aparato para o nível de rigor pretendido2 ou
b) à inaptidão da repetibilidade do sensor especificada para definir este tipo de limite3.
• O valor de erro máximo que contempla é adequado até cerca de de inclinação, mas
permanece a incerteza sobre o facto das medições que se encontram entre os dois limites
conterem, ou não, erros sistemáticos.

Face aos resultados obtidos, convém verificar se o aumento das dispersões se deve à existência
de uma deriva das medições em cada inclinação alvo. Nos quadros A2 e A3 apresentam-se, nas di-
reções e , respetivamente, os valores de correspondentes a uma correlação linear entre as
medições de cada ensaio e o índice das mesmas, pela mesma ordem em que foram executadas.
Estes quadros demonstram a ocorrência frequente de valores elevados de , principalmente em
inclinações acima de . Embora as ocorrências não sejam comuns à totalidade dos instru-

1
Ou seja, sem movimento da sonda no interior do tubo.
2
Devido, por exemplo, a oscilações laterais ou deficiências relacionadas com o sistema de fixação do cabo e com tubo inclinométrico.
3
Devido, por exemplo, à ausência de contribuições relacionadas com as rodas e com as molas respetivas.

233
mentos e nem sempre se apresentem persistentes, é possível que o aumento das dispersões se
deva a fenómenos de deriva instrumental.

Quadro A2 – Quadrado dos coeficientes de correla- Quadro A3 – Quadrado dos coeficientes de correla-
ção linear ( ) entre as dispersões das medições in- ção linear ( ) entre as dispersões das medições in-
clinométricas na direção e os índices das mesmas. clinométricas na direção e os índices das mesmas.

Inclin. Instrumento Inclin. Instrumento


alvo B1 B2 B3 B4 A3 A4 A7 alvo B1 B2 B3 B4 A3 A4 A7
1 0,31 0,23 0,00 0,00 0,24 0,00 0,38 1 0,04 0,00 0,01 0,19 0,51 0,22 0,00
3 0,67 0,23 0,71 0,69 0,07 0,74 0,76 3 0,48 0,05 0,03 0,54 0,24 0,41 0,30
5 0,79 0,70 0,50 0,93 0,57 0,80 0,01 5 0,10 0,15 0,23 0,77 0,09 0,08 0,03
10 0,93 0,84 0,42 0,87 0,95 0,03 0,89 10 0,84 0,38 0,59 0,82 0,81 0,39 0,11
15 0,01 0,94 0,63 0,97 0,86 0,76 0,88 15 0,94 0,36 0,73 0,94 0,82 0,98 0,04
20 0,97 0,87 0,52 0,89 0,43 0,69 0,92 20 0,88 0,50 0,87 0,86 0,84 0,91 0,73
25 0,98 0,98 0,13 0,94 0,95 0,57 0,98 25 0,90 0,80 0,79 0,64 0,85 0,80 0,89

Nas figuras A4 e A5 apresentam-se as dispersões das figuras A2 e A3, respetivamente, em função


dos valores de expostos nos quadros A2 e A3.

Figura A4 – Dispersão das medições inclinométricas da direção em função dos valores respetivos de .

Figura A5 – Dispersão das medições inclinométricas da direção em função dos valores respetivos de .

Embora estas figuras demonstrem uma aglomeração de dispersões superiores a para valores
de , é difícil determinar uma relação direta entre as duas variáveis. Assim, conclui-se que

234
o aumento da dispersão das medições inclinométricas não se deve exclusivamente à deriva ins-
trumental, embora este possa ser um fator que afete os resultados obtidos.

Comparação entre medições obtidas com instrumentos distintos

Nas figuras A6 e A7 apresentam-se, para as direções e , respetivamente, os valores médios


das diferenças entre as inclinações obtidas com os inclinómetros e com o clinómetro. Na mesma
figura incluem-se as margens de erro calculadas com base no desvio padrão majorado pelo valor
crítico da distribuição bicaudal t-Student com 7 graus de liberdade.

Considerando as margens de erro apresentadas, verifica-se que as diferenças entre medições in-
clinométricas só têm significado para inclinações superiores a . No entanto, a comparação dire-
ta destes resultados pode ser falaciosa. Pois, existem diversas variáveis não controladas que po-
dem afetar as medições de forma desigual, designadamente:

• a orientação das calhas de rodagem pode não coincidir com a orientação do clinómetro;
• o alinhamento axial dos sensores acelerométricos é diferente em cada inclinómetro; este
fator releva-se com o aumento da inclinação imposta;
• nada garante a manutenção da inclinação do tubo na direção transversal; este fator agrava
a influência do alinhamento axial dos acelerómetros.

Figura A6 – Diferencial entre medições clinométricas e inclinométricas na direção .

235
Figura A7 – Diferencial entre medições clinométricas e inclinométricas na direção .

A comparação direta entre medições inclinométricas exige a correção da rotação axial dos acele-
rómetros (6.4.3). Visto que a variação da inclinação do tubo na direção transversal não é contro-
lada, convém selecionar um inclinómetro de referência e corrigir os dados dos restantes inclinó-
metros relativamente ao ângulo de rotação do primeiro. Desta forma, apenas a diferença entre os
ângulos de rotação é corrigida. Neste sentido, selecionou-se o inclinómetro B1 como referência.

Nos quadros A4 a A10 apresentam-se os dados de inclinação e nas dire-


ções e de cada inclinómetro. Nos mesmos quadros apresenta-se:

• : quadrado do coeficiente de correlação das inclinações de um determi-


nado acelerómetro em função dos valores homólogos do outro acelerómetro1;
• : declive da função linear de correlação a que corresponde o valor ;
• : ângulo de rotação estimado de acordo com ;
• : diferencial entre os ângulos de rotação do instrumento de referência e dos restantes.

Nas figuras A8 e A9 apresentam-se, nas direções e , respetivamente, as diferenças entre me-


dições inclinométricas relativamente ao instrumento B1. Nestas figuras apresenta-se a sobreposi-
ção de colunas preenchidas com colunas sem preenchimento e contornadas a vermelho. As últi-
mas representam as diferenças entre medições não corrigidas e as primeiras exprimem o diferen-
cial entre medições corrigidas em função dos ângulos expostos nos quadros A5 a A10, de tal
forma que , onde é a medição corrigida, é a medição ho-
móloga não corrigida e é a medição correspondente (in ex.:

1
Por exemplo, em função de e em função de .

236
; ).

Nas figuras A8 e A9 apresentam-se ainda barras de erro que correspondem à variabilidade associ-
ada à diferença entre medições não corrigidas (in ex.: a vermelho). Estes valores foram estimados

com base nas dispersões expostas nas figuras A2 e A3, de acordo com √( ) ( ) , on-
de é a dispersão das medições de B1 e é a dispersão respetiva do instrumento sob compa-
ração.

O erro afeto às medições corrigidas não foi estimado, visto que:

• uma estimativa correta requer alguma complexidade;


• obtiveram-se dispersões muito assinaláveis em algumas medições transversais;
• os resultados obtidos com e sem correção não divergem significativamente.

Quadro A4 – Inclinações obtidas com o inclinómetro B1 e respetivos parâmetros de rotação axial.

Quadro A5 – Inclinações obtidas com o inclinómetro Quadro A6 – Inclinações obtidas com o inclinómetro
B2 e respetivos parâmetros de rotação axial. B3 e respetivos parâmetros de rotação axial.

237
Quadro A7 – Inclinações obtidas com o inclinómetro Quadro A8 – Inclinações obtidas com o inclinómetro
B4 e respetivos parâmetros de rotação axial. A3 e respetivos parâmetros de rotação axial.

Quadro A9 – Inclinações obtidas com o inclinómetro Quadro A10 – Inclinações obtidas com o inclinóme-
A4 e respetivos parâmetros de rotação axial. tro A7 e respetivos parâmetros de rotação axial.

Figura A8 – Diferencial entre medições inclinométricas na direção .

238
Figura A9 – Diferencial entre medições inclinométricas na direção .

Nas figuras A8 e A9 observa-se:

• Na grande maioria das situações há um decréscimo dos diferenciais entre medições corrigi-
das relativamente aos valores homólogos entre medições não corrigidas. No entanto, o de-
créscimo verificado não tem qualquer significado quando se considera a variabilidade esti-
mada a partir de medições não corrigidas1. Esta constatação é expectável, uma vez que a
magnitude das medições é muito superior à das medições ,o
que reduz a influência das últimas sobre as primeiras.
• Com exceção dos inclinómetros A4, A7 e B3, pode considerar-se que as medições inclino-
métricas são genericamente semelhantes até à inclinação alvo .
• O inclinómetro A4 deriva no sentido contrário e apresenta um desfasamento muito superi-
or aos restantes instrumentos. Importa salientar que foram detetados problemas com este
instrumento aproximadamente 1 a 2 anos após a execução destes ensaios2.
• O inclinómetro A7 diverge de B1 a partir de na direção .
• O inclinómetro B3 diverge de B1 a partir de na direção .

Desvio na origem

Nas figuras A10 e A11 apresentam-se as dispersões associadas aos valores médios dos desvios ob-
tidos com cada instrumento nas direções e , respetivamente. Os valores de dispersão corres-
pondem ao desvio padrão majorado pelo valor crítico da distribuição bicaudal t-Student com 7
graus de liberdade.

1
Note-se a não significância das correções de rotação nestes ensaios não se aplica a medições executadas em obra, uma vez que nesse
caso os erros são integrados devido ao processo de cálculo.
2
Após alguns resultados duvidosos, detetou-se que este instrumento apresentava sensibilidade à presença de água. Meses após esta
constatação, um dos acelerómetros deixou de funcionar.

239
Nas mesmas figuras encontram-se demarcados os valores máximos do erro esperado ( = )
e da componente aleatória respetiva ( ). A componente aleatória utilizada baseia-se nas especi-
ficações do sensor (in ex.: ; Anexo II), uma vez que o troço de tubo é retilíneo
e o sistema de fixação utilizado não é do tipo .

Figura A10 – Dispersão dos desvios na origem da direção ao longo dos ensaios laboratoriais.

Figura A11 – Dispersão dos desvios na origem da direção ao longo dos ensaios laboratoriais.

Das dispersões obtidas pode concluir-se o seguinte:

• Ao contrário das dispersões associadas às medições (figuras A2 e A3), as dispersões dos


desvios na origem não apresentam tendência relativamente à variação da inclinação.
• De um modo geral, as dispersões da direção são superiores às da direção .
• Tal como se verificou na análise das dispersões das medições (figuras A2 e A3), os valores
máximos de são insuficientes para a variabilidade verificada. Mantém-se a suspeita so-
bre a insuficiência do aparato para o nível de precisão pretendido, ou da inaptidão da repe-
tibilidade do sensor para a definição daqueles limites.

Nos quadros A11 e A12 apresentam-se os valores de das funções de correlação linear dos valo-
res de desvio de cada ensaio em função dos índices respetivos, pela mesma ordem de execução.

240
Quadro A11 – Quadrado dos coeficientes de corre- Quadro A12 – Quadrado dos coeficientes de corre-
lação linear ( ) entre as dispersões dos desvios na lação linear ( ) entre as dispersões dos desvios na
origem da direção e os índices dos mesmos. origem da direção e os índices dos mesmos.

Inclin. Instrumento Inclin. Instrumento


alvo B1 B2 B3 B4 A3 A4 A7 alvo B1 B2 B3 B4 A3 A4 A7
1 0,71 0,01 0,46 0,26 0,46 0,30 0,63 1 0,48 0,18 0,24 0,17 0,18 0,10 0,00
3 0,33 0,14 0,20 0,46 0,37 0,29 0,47 3 0,67 0,94 0,36 0,56 0,39 0,02 0,00
5 0,45 0,40 0,03 0,72 0,01 0,01 0,65 5 0,65 0,50 0,82 0,00 0,36 0,48 0,46
10 0,11 0,22 0,00 0,25 0,35 0,57 0,73 10 0,46 0,67 0,36 0,86 0,33 0,00 0,12
15 0,62 0,73 0,22 0,85 0,12 0,04 0,07 15 0,31 0,58 0,19 0,00 0,80 0,76 0,01
20 0,60 0,40 0,03 0,04 0,39 0,10 0,74 20 0,12 0,05 0,28 0,09 0,80 0,57 0,18
25 0,36 0,60 0,08 0,58 0,23 0,01 0,12 25 0,00 0,37 0,64 0,31 0,82 0,40 0,07

Ao contrário do que se observa nas medições (quadros A2 e A3), não se verifica a persistência de
valores elevados de associados aos desvios na origem. Esta observação leva a concluir que a
deriva instrumental aconteceu em ambos os sentidos de leitura (in ex.: e ). Uma deriva
instrumental em ambos os sentidos, numa inclinação estática, obriga a questionar a eficiência do
controlo sobre os níveis de carga das baterias das unidades de aquisição. De facto, não houve um
controlo rigoroso desta variável. No entanto, esta hipótese parece pouco provável mediante uma
análise dos valores expostos nos quadros A2 e A3 em função dos horários de execução das medi-
ções. Pois, todos os instrumentos foram ensaios sequencialmente, mas não se encontrou qual-
quer relação entre as sequências de ensaio e a persistência de valores elevados de .

Nas figuras A12 e A13 apresentam-se os valores médios do desvio na origem em cada inclinação
alvo, nas direções e , respetivamente. Nestas figuras incluem-se também as barras de erro das
dispersões expostas nas figuras A10 e A11, e os valores limite recomendados pelo fabricante.

Figura A12 – Desvios na origem da direção de cada instrumento em cada inclinação alvo.

241
Figura A13 – Desvios na origem da direção de cada instrumento em cada inclinação alvo.

Embora não se tenha verificado deriva do desvio na origem em cada ensaio (quadros A11 e A12),
nas figuras A12 e A13 observa-se que a maioria dos instrumentos apresenta deriva do desvio na
origem em função da inclinação alvo. Esta constatação é mais evidente na direção , onde vários
instrumentos com desvio aceitável em inclinações pequenas acabam por apresentar valores além
dos limites máximos recomendados em inclinações acentuadas.

Importa ainda salientar que a deriva é mais evidente a partir da inclinação alvo , independen-
temente do instrumento ou da direção a considerar. Esta afirmação é reforçada pelo quadro A13,
onde se apresentam os coeficientes e os declives ( ) das funções de correlação linear entre os
valores médios de desvio na origem em cada direção e as inclinações alvo. Estes resultados apre-
sentam-se divididos nos grupos , e , a fim de evidenciar o agravamento que
se verifica na deriva do desvio a partir da inclinação alvo .

242
Quadro A13 – Coeficientes e declives ( ⁄ ) das funções de correlação linear entre os desvios
na origem de cada direção ( ou ) e as inclinações alvo ensaiadas. Comparação entre os coeficientes cor-
respondentes aos grupos de inclinações , e .

Influência do desvio na origem nas medições inclinométricas

A evidência mais direta da influência do valor do desvio na origem nas medições inclinométricas
seria a obtenção de diferenciais de medição mais acentuados em pares de instrumentos com
maiores discrepâncias nos valores de desvio. No entanto, a comparação das figuras A12 e A13
com as figuras A8 e A9, respetivamente, nega esta hipótese, uma vez que os instrumentos com
valores de desvio mais acentuados não são necessariamente os que apresentam diferenciais su-
periores.

Tendo-se verificado derivas de desvio na maior parte dos instrumentos (figuras A12 e A13; quadro
A13), convém avaliar a influência que desse fenómeno nas medições inclinométricas. Com esta fi-
nalidade, definiram-se como padrões de comparação os instrumentos que apresentam menores
valores de e de nas direções e (quadro A13). Assim, os instrumentos A3 e B2 constitu-
em os padrões de comparação nas direções e , respetivamente.

Calculou-se o diferencial entre as medições de cada inclinómetro e do instrumento padrão da di-


reção respetiva. O mesmo procedimento foi aplicado aos valores de desvio na origem. Seguida-
mente foram estabelecidas funções de correlação linear entre os diferenciais das medições e os
diferenciais de desvio. Valores de elevados estabelecem a forte possibilidade das diferenças
entre medições dependerem da deriva ocorrida no desvio na origem. A mesma sequência de pro-
cedimentos foi aplicada às leituras de cada sentido (in ex.: , , e ).

243
Nos quadros A14 e A15 apresenta-se um resumo dos valores obtidos de e de , respetiva-
mente.

Quadro A14 – Coeficientes das funções de correlação linear entre os diferenciais das medições/leituras e
dos desvios na origem de instrumentos distintos. Valores obtidos nas direções e correspondentes aos
grupos de inclinações , e .

Quadro A15 – Declives ( ⁄ ) das funções de correlação linear entre os diferenciais das medi-
ções/leituras e dos desvios na origem de instrumentos distintos. Valores obtidos nas direções e corres-
pondentes aos grupos de inclinações , e .

Nestes quadros é possível observar o seguinte:

244
• Quando consideradas as medições (in ex.: ( ) ⁄ ), diversos instrumentos que apre-
sentam deriva considerável do desvio em função da inclinação imposta (quadro A13) tam-
bém apresentam boa correlação relativamente aos instrumentos padrão selecionados
(quadros A14 e A15). Bons exemplos desta observação são os inclinómetros B1, B4 (direção
), A3 (direção ) e A4 (direções e ).
• Há situações que contradizem a afirmação anterior. No entanto, algumas destas discrepân-
cias podem ter explicação mediante a análise dos parâmetros obtidos em e em
(quadros A14 e A15). Por exemplo:
o B2 (direção ): o quadro A12 apresenta correlação significativa para e .
Embora o quadro A14 demonstre correlação significativa das medições apenas em
, as leituras têm valores significativos em e .
o B3 (direção ): os valores do quadro A12 são perfeitamente explicados pelos valores do
quadro A14 no sentido .
• Outras ocorrências resultam em correlações aparentemente significativas no quadro A14,
mas com declives insignificantes ou com derivas em sentidos contrários em e . No-
te-se que a ocorrência de derivas em sentidos contrários é um sinal positivo; pois significa a
redução (ou anulação) da deriva do desvio na origem e consequentemente de alterações da
sensibilidade que poderão daí resultar. Por exemplo:
o B4 e A7 (direção , ): a disparidade entre os valores de correlação dos quadros
A12 e A14 pode explicar-se pelos declives correspondentes do quadro A15.
• Verificam-se também situações onde é difícil associar a deriva do desvio às diferenças entre
medições, como é o caso dos instrumentos B3 (direção ) e A7 (direção ).

Conclusões

Deste estudo é possível concluir:

• A variabilidade das medições inclinométricas aumenta em função do aumento da inclinação


imposta, particularmente a partir de inclinações superiores a . Este facto está diretamen-
te relacionado com o erro de medição e reforça a importância da verticalidade das instala-
ções inclinométricas a fim de se obterem resultados de boa qualidade.
• O aumento da variabilidade das medições em função do aumento da inclinação imposta
poderá estar relacionado com fenómeno de deriva das medições (figuras A4 e A5).
• Os valores do erro do sensor podem não ser adequados para a definição de limites de con-
fiança destinados ao controlo da qualidade dos dados inclinométricos. Observando-se as fi-
guras A2 e A3, é possível que os valores publicados exprimam um desvio padrão (in ex.: co-
eficiente de cobertura de da distribuição normal) e que requeiram expansão.
• A diferença de sensibilidade entre instrumentos é exacerbada em função do aumento da
inclinação imposta (figuras A6, A7, A8 e A9). Se for considerada a variabilidade obtida, estas
diferenças ganham maior relevância em inclinações superiores a .
• A avaria detetada no instrumento A4 1 a 2 anos após a execução destes ensaios leva a colo-
car a hipótese de deteção precoce do mau funcionamento de inclinómetros através de en-
saios de verificação deste tipo.

245
• Valores elevados de desvio na origem (in ex.: A3 e B3) não parecem estar associados a alte-
rações significativas dos valores de medição. No entanto, a deriva do desvio na origem po-
de estar a associada a alterações de sensibilidade. Embora esta afirmação permaneça in-
conclusiva1, a sua validação poderá significar a ocorrência de deslocamentos devidos a alte-
rações do desvio na origem, particularmente em instalações com períodos de observação
muito longos cujos instrumentos utilizados tenham manutenção desadequada.

Importa notar que estas conclusões estão necessariamente dependentes de vários fatores que
podem e devem ser questionados. Por exemplo:

• o aparato utilizado oferece condições insuficientes para o tipo de estudo pretendido;


• não houve um controlo rigoroso dos níveis de carga das unidades de aquisição;
• o método de ensaio foi o possível, mas pode não ter sido o mais adequado 2;
• as incertezas relacionadas com a falta de controlo das inclinações e com o
alinhamento do tubo inclinométrico carecem dum estudo geométrico específico;
• só foram ensaiados instrumentos analógicos;
• o tipo de análise aplicada (in ex.: técnicas estatísticas) pode não ser a mais adequada;
• a quantidade de dados é insuficientes para o tipo de análise executada.

Seria uma mais-valia dispor de um aparato/equipamento que garantisse a repetibilidade das incli-
nações impostas numa amplitude considerável (in ex.: até ).

1
Nada garante que a deriva do desvio na origem ao longo do tempo implique alterações de sensibilidade em inclinações próximas do
plano de referência do instrumento.
2
Por exemplo, a rotação constante de cada inclinómetro para obtenção de todas as leituras em cada inclinação pode ter produzido al-
gum efeito histerético.

246
ANEXO IV: DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE INSTRUMENTAL DE SISTEMAS INCLINOMÉTRICOS
ATRAVÉS DE ENSAIOS LABORATORIAIS COMPARATIVOS

Introdução e enquadramento

Neste anexo descreve-se um caso de obra que envolve a determinação da constante instrumental
dum inclinómetro com a finalidade de restituir a sensibilidade de origem. O sistema inclinométri-
co envolvido é um modelo analógico que já não está disponível no mercado.

Mediante a ocorrência de uma avaria na unidade de aquisição do sistema, requisitou-se a repara-


ção da mesma ao Núcleo de Sistemas Eletrotécnicos e Mecânicos (NSEM) do Centro de Instru-
mentação Científica (CIC) do LNEC. A reparação requereu a substituição de alguns componentes,
de entre os quais uma bateria interna.

A unidade retornou ao Núcleo de Geotecnia Urbana e de Transportes (NGUT) do Departamento


de Geotecnia (DG) do LNEC pouco antes dum serviço agendado com aquele sistema. Antes da saí-
da para o serviço fez-se uma verificação rápida dos níveis de carga da bateria e da obtenção de
uma resposta à variação de inclinação da sonda.

Durante o serviço detetaram-se diversas dificuldades, de entre as quais:

• independentemente da instalação inclinométrica observada, os valores de leitura obtidos


eram completamente diferentes dos registos da campanha anterior;
• a unidade de leitura não permitia obter resposta do sensor da direção .

Após o retorno da equipa de trabalho procedeu-se a uma análise detalhada da informação obtida,
através da qual se conseguiu diagnosticar um erro de sensibilidade e definir procedimentos de
correção com sucesso (Anexo IX).

Posteriormente analisou-se a unidade de aquisição e detetou-se que o modo de leitura estava


configurado para um sistema uniaxial. Assim, conclui-se que a substituição da bateria interna terá
resultado na eliminação da configuração da unidade, incluindo os parâmetros de calibração. Me-
diante a impossibilidade em aceder à interface de configuração da unidade de aquisição 1, o NSEM
instalou um switch para permitir a comutação entre os acelerómetros das direções e .

Executaram-se ensaios laboratoriais e medições num inclinométrico do campus do LNEC (tubo-


prova) para confirmar ou refutar a constante instrumental obtida a partir de dados de obra, uma
vez que aquele método de correção (Anexo IX) nunca havia sido testado. Os ensaios confirmaram
aquele método de correção e permitiram afinar o valor daquela constante instrumental.

1
A interface não está exposta e a marca não forneceu apoio para o modelo em causa.

247
Mais tarde foram encontrados1 os procedimentos de acesso à interface de configuração da uni-
dade de aquisição, o que tornou possível a atualização dos parâmetros de calibração. Nas secções
seguintes descrevem-se os procedimentos de calibração executados e os valores determinados.

Aparato de medição e procedimentos de ensaio

O aparato utilizado para a execução dos ensaios laboratoriais corresponde à versão renovada do
que apresenta no Anexo III. A madeira foi protegida do ingresso da humidade, foi acoplado um
sistema de fixação e foram também instaladas duas bases de clinómetro para controlo da inclina-
ção (figura A14). As operações de renovação foram inteiramente planeadas pelo Eng. Arlindo de
Sousa e executadas pelos técnicos António Cruz e José Alvarez.

Amplitude de oscilação Sistema de fixação

Bases clinométricas

Figura A14 – Aparato de medição utilizado para efeitos de calibração.

Os procedimentos de execução dos ensaios foram planeados pelo Eng. Arlindo de Sousa e pelo
Bolseiro Luís Coimbra, sendo semelhantes aos descritos no Anexo III com algumas diferenças:

1
Os procedimentos de acesso ao interface de configuração da unidade de aquisição foram encontrados pelo Técnico Superior António
Coelho num manual doutro equipamento da mesma marca.

248
• são recolhidas séries de 3 medições, em vez de 8;
• cada série de medições é executada de forma sequencial em todas as inclinações pretendi-
das, em vez de consistir em repetições sequenciais em cada inclinação;
• as inclinações são arbitrárias e definem-se pela dimensão de 3 batentes;
• apenas se fez uso das medições da direção , uma vez que não se dispunha de medições na
direção anteriores à avaria da unidade de aquisição1.

As medições clinométricas servem de controlo da inclinação imposta e são executadas sempre


que se procede ao registo de medições inclinométricas.

Importa referir que os procedimentos de calibração que se descrevem nas secções seguintes só
foram possíveis porque existem registos de ensaio com aquele sistema anteriores à avaria da uni-
dade de aquisição. Ou seja, o padrão de calibração utilizado foram os registos dos ensaios anteri-
ores. Este facto reforça a vantagem e a necessidade de implementar um calendário de execução
de medições de verificação inclinométrica.

Descrição dos procedimentos de calibração executados e apresentação dos resultados obtidos

No quadro A16 apresentam-se as medições registadas antes e depois da ocorrência de avaria. No


quadro A17 apresenta-se um resumo estatístico destas medições.

Quadro A16 – Medições clinométricas e inclinométricas registadas antes e após a avaria da unidade de
aquisição inclinométrica.
SÉRIE BASE HORIZONTAL BASE VERTICAL INCLINÓMETRO
DATA NOTA
Nº Rep. 1-3 3-1 [min] 1-3 3-1 [min] A0 A180 [min]
1 -481 491 -66,83 -411 463 -60,09 -270 220 -16,84
Antes da
2018-07-04 2 -481 491 -66,83 -413 463 -60,23 -240 240 -16,50
ocorrência
3 -480 490 -66,69 -413 462 -60,16 -240 230 -16,16
1 -468 501 -66,62 -400 470 -59,82 -247 23 -9,28
A
2018-11-21 2 -467 498 -66,35 -397 466 -59,34 -245 23 -9,21
Após a
3 -466 498 -66,28 -397 466 -59,34 -247 22 -9,25
ocorrência
1 -471 495 -66,42 -405 465 -59,82 -244 23 -9,18
2018-11-23
2 -471 495 -66,42 -402 466 -59,68 - - -
1 -742 752 -102,72 -675 722 -96,05 -760 760 -52,25
Antes da
2018-07-04 2 -743 753 -102,86 -676 723 -96,19 -770 750 -52,25
ocorrência
3 -742 754 -102,86 -675 723 -96,12 -770 760 -52,60
1 -730 762 -102,58 -660 737 -96,05 -548 324 -29,98
B
2018-11-21 2 -731 762 -102,65 -662 730 -95,71 -546 324 -29,91
Após a
3 -731 762 -102,65 -660 730 -95,57 -549 323 -29,98
ocorrência
1 -735 759 -102,72 -664 728 -95,71 -551 320 -29,94
2018-11-23
2 -735 758 -102,65 -666 724 -95,57 - - -
1 -1009 1018 -139,37 -938 990 -132,56 -1310 1270 -88,69
Antes da
2018-07-04 2 -1007 1017 -139,16 -939 990 -132,63 -1310 1270 -88,69
ocorrência
3 -1007 1016 -139,09 -940 990 -132,70 -1310 1270 -88,69
1 -997 1027 -139,16 -927 1000 -132,49 -852 630 -50,95
C
2018-11-21 2 -996 1027 -139,09 -926 997 -132,22 -853 629 -50,95
Após a
3 -997 1029 -139,30 -927 996 -132,22 -855 628 -50,98
ocorrência
1 -1000 1023 -139,09 -928 987 -131,67 -855 625 -50,88
2018-11-23
2 -999 1022 -138,95 -927 997 -132,28 - - -

1
Partiu-se do princípio que as constantes instrumentais dos acelerómetros e seriam iguais. Mais tarde constatou-se a aplicabilida-
de deste princípio.

249
Quadro A17 – Resumo estatístico das medições clinométricas e inclinométricas registadas antes e após a
avaria da unidade de aquisição inclinométrica.
BASE HORIZONTAL BASE VERTICAL INCLINÓMETRO
DATA SÉRIE NOTA
µ [min] σ [min] µ [min] σ [min] µ [min] σ [min]
2018-07-04 -66,78 0,08 -60,16 0,07 -16,50 0,34 Antes
2018-11-21 A
-66,42 0,13 -59,60 0,25 -9,23 0,04 Após
2018-11-23
2018-07-04 -102,81 0,08 -96,12 0,07 -52,37 0,20 Antes
2018-11-21 B
-102,65 0,05 -95,72 0,20 -29,95 0,03 Após
2018-11-23
2018-07-04 -139,21 0,14 -132,63 0,07 -88,69 0,00 Antes
2018-11-21 C
-139,12 0,12 -132,17 0,31 -50,94 0,04 Após
2018-11-23

Durante os ensaios verificou-se que houve uma alteração persistente das inclinações clinométri-
cas medidas antes e depois da avaria. Estas alterações já haviam sido notadas em ensaios anterio-
res com outros instrumentos, sabendo-se que se deviam a uma alteração efetiva do alinhamento
do aparato ou à introdução de batentes para definição das inclinações. Por esta razão, houve ne-
cessidade de corrigir as medições inclinométricas anteriores à avaria em função das alterações de
inclinação clinométrica. Esta correção fez-se da seguinte forma:

1. determinação do declive das funções de correlação linear entre as medições clinométricas


e inclinométricas, antes e depois da avaria;
2. correção das medições inclinométricas anteriores à avaria de acordo com a expressão
( )
, onde e são os valores médios das medições inclinométricas e clinométricas, respe-
tivamente, e é o declive da função de correção linear.

Na figura A15 apresentam-se as funções de correlação linear obtidas e no quadro A18 apresenta-
se o resumo estatístico do quadro A17 com os valores médios das medições inclinométricas ante-
riores à avaria corrigidos.

Figura A15 – Correlação entre medições clinométricas e inclinométricas.

250
Quadro A18 – Resumo estatístico das medições clinométricas e inclinométricas com correção das últimas
em função da variação registada nas medições clinométricas antes e após a avaria da unidade de aquisição.
BASE HORIZONTAL BASE VERTICAL INCLIN. - DIF.ClinH INCLIN. - DIF.ClinV
DATA SÉRIE NOTA
µ [min] σ [min] µ [min] σ [min] µ [min] σ [min] µ [min] σ [min]
2018-07-04 -66,78 0,08 -60,16 0,07 -16,14 0,38 -15,94 0,43 Antes
2018-11-21 A
-66,42 0,13 -59,60 0,25 -9,23 0,04 -9,23 0,04 Após
2018-11-23
2018-07-04 -102,81 0,08 -96,12 0,07 -52,21 0,22 -51,97 0,29 Antes
2018-11-21 B
-102,65 0,05 -95,72 0,20 -29,95 0,03 -29,95 0,03 Após
2018-11-23
2018-07-04 -139,21 0,14 -132,63 0,07 -88,61 0,19 -88,24 0,31 Antes
2018-11-21 C
-139,12 0,12 -132,17 0,31 -50,94 0,04 -50,94 0,04 Após
2018-11-23

Com base nos quadros A17 e A18 definiram-se funções de correlação linear entre as medições in-
clinométricas anteriores e posteriores à avaria (figura A16). A partir dos declives destas funções,
sabendo-se que a constante instrumental do sistema inclinométrico é , é possível defi-
nir a constante instrumental efetiva ( ) através da expressão , onde é o declive ob-
tido a partir da figura A16.

Figura A16 – Correlação entre as medições inclinométricas anteriores e posteriores à ocorrência.

No quadro A19 apresentam-se os valores de e de obtidos sem correção (quadro A17), com
correção (quadro A18) e a partir de dados de obra (Anexo IX). No quadro A19 apresentam-se
também estimativas da variabilidade associada aos valores determinados. Estas estimativas pro-
duziram-se através da expressão

∑( ⁄ )
[ ] √

, onde e são a dispersão e a média das medições inclinométricas anteriores à avaria, sendo
no caso dos ensaios laboratoriais. No caso dos dados de obra esta expressão não se aplica
diretamente porque a constante determinada resulta de uma média ponderada de 4 tubos incli-

251
nométricos (Anexo IX). Contudo, pode considerar-se que e representam os valores de dis-
persão e médio dos coeficientes de deriva (6.4.5) obtidos em cada instalação, sendo .

Quadro A19 – Constantes instrumentais determinadas a partir dos ensaios laboratoriais e de dados de obra.
Variante Declive (m) K=50000*m Erro (%) Erro (un)
Sem correção 0,5777 28885 1,2226 353
Com correção (ClinH) 0,5755 28775 1,3703 394
Com correção (ClinV) 0,5769 28845 1,5933 460
Dados de obra 0,5764 28820 4,8613 1401

Relativamente aos resultados expostos no quadro A19, é curioso constatar que:

• a média dos resultados corrigidos – ( )⁄ – resulta em , valor


muito próximo da constante obtida a partir dos dados de obra;
• o resultado não corrigido apresenta o maior diferencial relativamente ao resultado obtido a
partir de dados de obra.

Nesta fase desconheciam-se os procedimentos para atualização dos parâmetros de calibração,


dependendo o processamento de dados de um programa desenvolvido especificamente para cor-
rigir os dados inclinométricos em função das constantes instrumentais efetiva e pretendida. Por
esta razão, o processo de seleção da constante instrumental iniciou-se pela avaliação do impacto
das constantes disponíveis na resolução do sistema1. No quadro seguinte verifica-se que qualquer
das constantes obtidas satisfaz o critério de resolução da generalidade dos sistemas inclinométri-
cos (in ex.: ).

Quadro A20 – Impacto das constantes instrumentais determinadas na resolução do sistema.

De seguida executou-se uma série de 3 medições integrais no tubo inclinométrico instalado no


campus do LNEC para fins de verificação periódica dos sistemas inclinométricos (tubo-prova). Este
tubo é de alumínio, de secção estreita, com cerca de de profundidade e extremamente es-
tável. Os dados obtidos foram processados com as constantes determinadas e os desvios acumu-
lados (in ex.: geometria) foram comparados com resultados obtidos em datas anteriores à avaria
da unidade de aquisição. Nas figuras A17, A18 e A19 apresentam-se os resultados obtidos para a
direção , a direção e a resultante, respetivamente. Nestas figuras também se incluem barras
de erro que correspondem à variabilidade típica do sistema inclinométrico2, de acordo com

1
Assim que se tornou possível atualizar os parâmetros de calibração, o impacto na resolução passou a ser negligente porque a unidade
de aquisição multiplica o sinal sensorial pelo ganho definido, restituindo a resolução de origem do sistema.
2
Neste caso, a variabilidade baseada no desvio padrão foi superior à variabilidade típica, razão pela qual se optou pela última.

252
√ ⁄ , sendo ( ), e ou , conforme se trate de uma sé-
rie de medições posterior ou anterior à avaria, respetivamente.

Figura A17 – Comparação entre desvios acumulados na direção ao longo de .

Figura A18 – Comparação entre desvios acumulados na direção ao longo de .

Figura A19 – Comparação entre resultantes de desvios acumulados ao longo de .

Das figuras A17 a A19 conclui-se que qualquer das constantes determinadas produz resultados
enquadrados com as medições inclinométricas anteriores à avaria. Desta forma, calculou-se a dis-
persão entre cada grupo de desvios acumulados das figuras A17 a A19 e optou-se pela constante
cujas dispersões fossem inferiores. Com base nas dispersões obtidas (quadro A21) selecionou-se a

253
constante (ClinV) para efeitos de correção dos dados inclinométricos.

Quadro A21 – Dispersões entre médias de desvio acumulado com diferentes constantes instrumentais.

Atualização dos parâmetros de calibração

Após um período breve de operação do sistema com correção de dados baseada na constante
, tornou-se possível atualizar os parâmetros de calibração da unidade de aquisição. Estes
parâmetros consistem em definir o ganho do sinal e o desvio na origem.

O ganho do sinal ( ) corresponde à amplificação sensorial aplicada pela unidade de aquisição,


com vista à obtenção da resolução e da sensibilidade requerida. Este parâmetro corresponde à
razão entre a constante de origem e a constante efetiva:

⁄ ⁄

No entanto, pretende-se que a resposta seja fornecida em , uma vez que este é o modus ope-
randi do sistema, havendo também outro programa de processamento que interpreta os dados
em . Por esta razão, o ganho foi convertido de acordo com a expressão

[ ] ⁄

O desvio na origem foi obtido a partir de dados de obra, correspondendo ao valor médio de me-
tade da soma entre leituras de várias campanhas inclinométricas, executadas em 14 tubos distri-
buídos por 3 obras, totalizando 712 profundidades na direção e 370 profundidades na direção
. Os resultados obtidos foram e .
Os parâmetros inseridos são simétricos a estes valores.

Depois de atualizados os parâmetros, executaram-se novas medições no aparato laboratorial e no


tubo-prova do LNEC. Estas medições demonstraram a adequabilidade dos parâmetros e o sistema
mantém-se atualmente no ativo.

Conclusões

Desta experiência podem-se retirar as conclusões seguintes:

• o método de diagnóstico e de correção de erros de sensibilidade sugerido por Coimbra


(2011) é válido e fornece resultados consideravelmente razoáveis, desde que suportados
por uma quantidade de dados apreciável (Anexo IX);
• as medições de verificação inclinométrica são de extrema importância; pois não só permi-

254
tem verificar o bom funcionamento dos sistemas, como também constituem bons padrões
para efeitos de calibração e de aferição da eficácia dos procedimentos de correção;
• a calibração de instrumentos depende fundamentalmente da qualidade do padrão e dos
procedimentos aplicados; fica demonstrado que é possível obterem-se bons resultados
mesmo com equipamentos que aparentemente não oferecem condições metrológicas para
os requisitos pretendidos.

255
ANEXO V: DISTORÇÃO MÁXIMA DE TUBOS INCLINOMÉTRICOS EM CONDIÇÕES DE “CORTE PLE-
NO”. CASO DE OBRA DEMONSTRATIVO, VALIDAÇÃO EXPERIMENTAL DO CONCEITO E ELEMEN-
TOS DE CÁLCULO ADICIONAIS

Caso de obra com interrupção prematura das observações inclinométricas

O conceito de “corte pleno” é muito recente e as condições em que pode ocorrer não são ainda
completamente conhecidas. No entanto, podem reconhecer-se alguns padrões de deformação
associados a interrupções muito precoces dos programas de observação que envolvem condições
geotécnicas muito específicas. Passa-se a apresentar um caso de obra deste género.

Este caso reporta-se a uma estrutura localizada no topo de uma encosta. Na sequência de um his-
tórico de instabilidade, com registo anterior da ocorrência de deslizamentos, a encosta é objeto
de um programa de observação de longo prazo. Na sequência do progresso recente de indícios de
instabilidade e da degradação gradual dos dispositivos de observação, este local é atualmente
objeto de obras de estabilização.

A composição litológica da encosta é complexa e variada, de origem sedimentar, consistindo em


intercalações de conglomerados, brechas, arenitos e margas, sobrepostas por depósitos argilosos
com siltes e areias que por vezes também ocorrem intercalados com materiais rochosos. De um
modo geral, os materiais rochosos são de fraca de qualidade, moderadamente a muito alterados
(W3 a W4), com fracturação intensa (F4) e valores baixos de RQD. As margas caracterizam-se por
uma matriz essencialmente siltosa com de matéria argilosa, podendo esta atingir valo-
res próximos de em algumas áreas. De um modo geral, estas argilas apresentam potencial
expansivo baixo a moderado e são pouco ativas.

Nas figuras A20 a A23 apresentam-se os perfis de deslocamento acumulado nas direções e ,
da resultante e da distorção, de dois tubos inclinométricos cuja observação foi interrompida pre-
maturamente por impossibilidade de circulação da sonda no seu interior. Todos os tubos inclino-
métricos desta obra são de secção larga.

Nestas figuras observa-se um padrão comum: o desenvolvimento de zonas de progressão de des-


locamentos extremamente estreitas (in ex.: entre duas medições sucessivas). Este padrão surge
noutros tubos da mesma obra, em zonas rochosas ou em margas muito compactas, mas com dis-
torções muito inferiores.

No tubo S1A (figuras A20 e A21) verifica-se que não houve observação inclinométrica entre 2012
e 2016. Quando a observação foi retomada não foi possível medir a totalidade do tubo. A distor-
ção máxima calculada em 2012 (campanha 19) é de à profundidade . Este valor

257
de distorção coincide com o limite inferior do intervalo de valores máximos sugerido em 5.8.3.2
para tubos largos. A inclinação do tubo, calculada a partir da campanha de referência, oscila entre
com um valor médio de .

O tubo S1B (figuras A22 e A23) ficou interrompido em dezembro de 2009 à profundidade
. Em 2012 procedeu-se a uma campanha parcial, não tendo sido possível ultrapassar
aquela profundidade. Em 2016 perdeu-se uma sonda placebo no interior deste tubo à mesma
profundidade, aquando da verificação da integridade do mesmo. A distorção calculada em 2009
(campanha 18) à profundidade da interrupção é de . Este valor de distorção fica aquém do
limite inferior do intervalo de valores máximos sugerido em 5.8.3.2. No entanto, em 5.8.3.2 refe-
re-se que nestas situações o cálculo de deve fazer-se em função dos deslocamentos incremen-
tais. De facto, na figura A23 observa-se que a resultante dos deslocamentos da campanha 18 so-
fre uma redução relativamente à campanha anterior. Esta ocorrência deve-se à rotação registada
na curva de deslocamentos acumulados na direção (figura A22). Se os valores de distorção fo-
rem calculados a partir dos deslocamentos incrementais, obtém-se um máximo absoluto de
à profundidade de interrupção deste tubo. Este valor é coincidente com o limite superior do in-
tervalo de distorções máximas sugerido em 5.8.3.2 para tubos largos. A inclinação do tubo, calcu-
lada a partir da campanha de referência, oscila entre com um valor médio de .

Figura A20 – Tubo S1A. Deslocamentos acumulados nas direções e .

258
Figura A21 – Tubo S1A. Resultante dos deslocamentos acumulados e distorção horizontal.

Figura A22 – Tubo S1B. Deslocamentos acumulados nas direções e .

259
Figura A23 – Tubo S1B. Resultante dos deslocamentos acumulados e distorção horizontal.

Validação experimental do conceito

A conclusão de tubos largos imporem maior dificuldade à circulação da sonda nestas situações
parece contraintuitiva. Por esta razão, procedeu-se a um ensaio simplificado para confirmar ou
refutar a concetualização teórica. O ensaio foi realizado pelo Eng. Arlindo de Sousa, pelo Técnico
Superior António Coelho e pelo Bolseiro Luís Coimbra.

Dispuseram-se dois troços de tubo inclinométrico sequencialmente com um determinado desfa-


samento no plano de corte (in ex.: ortogonal ao eixo longitudinal). O desfasamento foi medido
através de um paquímetro e os troços foram ligados através de talas laterais em madeira aperta-
das com dois grampos.

De seguida foi introduzida uma sonda inclinométrica e avaliou-se a facilidade com que a zona de
desfasamento era transposta. Este procedimento foi repetido nos três diâmetros de tubo de alu-
mínio utilizados pelo LNEC e com várias magnitudes de desfasamento (in ex.: desde até
). Em cada ensaio variou-se também a inclinação do tubo para confirmar a sua influ-
ência na transposição do obstáculo.

Embora o ensaio careça da recolha sistemática de dados1, sendo também pouco provável que
ocorram deformações tão demarcadas em obra 2, permitiu validar a concetualização do problema.
Foi possível constatar o seguinte:

1
Por exemplo, a altura de queda necessária à transposição, as magnitudes dos desfasamentos correspondentes e as inclinações do tu-
bo em cada ensaio.
2
A não ser que uma situação de “corte pleno” ocorra numa zona de união.

260
• a dificuldade em transpor a zona de desfasamento é muito superior em tubos largos;
• confirma-se que a inclinação do tubo influencia a distribuição de forças, de acordo com ex-
posto na secção 5.8.3.2. Ou seja, inclinações que aumentem a componente de ⃑ concor-
dante com a haste de suporte das rodas são favoráveis à transposição;
• é impossível transpor a zona de desfasamento para valores de na vizinhança de .

Elementos de cálculo adicionais: torque das molas centralizadoras e curvas de momento útil em
função da magnitude da deformação

Na secção 5.8.3.2 considera-se que o valor máximo de distorção em situação de “corte pleno” se
situa no intervalo

( ) ⁄

De acordo com o cálculo que descreve a decomposição de forças na secção 5.8.3.2, considerou-se
uma força unitária , podendo entender-se este valor como a proporção de relativamente
ao peso da sonda.

Procedeu-se ao cálculo de e de para dimensões de compreendidas entre e


, com passo de . Partindo-se de e dos valores de determinados,
procedeu-se ao cálculo das várias componentes que derivam de , conforme descrito em 5.8.3.2.
Este procedimento foi executado para os três diâmetros de tubo mais utilizados e considerando
inclinações entre com passo de . Em resultado, obtiveram-se uma série de curvas de ajus-
te1 que descrevem a proporção de momento favorável ( ) em função da magnitude da defor-
mação ( ), juntamente com valores estáticos de momento resistente ( ). Na figura A24 apre-
sentam-se os resultados obtidos para tubos verticais ( ), onde se observa que em tubos lar-
gos mais de do momento produzido é contraproducente nestas condições.

As interseções das curvas de com os valores de (figura A24) correspondem à condição


. Desta forma, os limites superiores dos valores de sugeridos na figura 68 (sec-
ção 5.8.3.2) correspondem aos pontos de interseção obtidos a partir das curvas de diferentes in-
clinações em cada diâmetro de tubo.

1
Uma para cada inclinação, dependendo cada conjunto de curvas do diâmetro do tubo.

261
Figura A24 – Variação dos momentos favorável ( ) e resistente ( ) em função da magnitude da defor-
mação em tubos verticais de secção estreita, média e larga.

De seguida procedeu-se à estimativa dos limites inferiores de para as três secções de tubo
com inclinações compreendidas no intervalo . De acordo com a expressão (57) (secção
5.8.3.2), o torque exercido por uma mola de torção pode ser estimado de acordo com

Considerando os sistemas inclinométricos mais utilizados pelo LNEC (DGSI, 2013c), estabelece-
ram-se as seguintes propriedades das molas:

• Módulo de elasticidade1: ⁄
2
• Diâmetro do fio :
• Número de voltas da bobine de torção2 :
• Diâmetro médio da bobine de torção2:

O valor da rotação ( ) depende do ângulo inicial da mola, do diâmetro do tubo e do valor de .


Sabendo-se que as molas do sistema considerado (DGSI, 2013c) têm uma rotação inicial de ,e
que corresponde ao ângulo entre o eixo longitudinal da sonda e o plano normal à haste de su-

1
Adaptado de https://dpk3n3gg92jwt.cloudfront.net/domains/century/pdf/csc_catalog_web.pdf (visitado em 2019-06-18), Apendix A
– Material Properties, considerando-se um fio de aço inoxidável com secção redonda de .
2
Medição direta.

262
porte das rodas1, a rotação inicial pode calcular-se através da expressão

A rotação final pode calcular-se em função da relação

, onde corresponde à largura interna do tubo quando apenas uma das rodas ultra-
passa o obstáculo , é o diâmetro de roda e é o comprimento da haste de suporte. Em ter-
mos geométricos, o numerador da razão corresponde ao cateto adjacente e o denominador à hi-
potenusa do triângulo-retângulo entre o plano da haste e o plano transversal ao tubo. Logo, a ro-
tação final da mola após a transposição de corresponde a

Conhecidas as rotações inicial e final das molas e sabendo-se que no sistema DGSI (2013c) exis-
tem duas molas por cada par de rodas, o valor de pode calcular-se através da expressão

( )

Os valores de e de foram calculados para cada dimensão de , em cada diâmetro de tu-


bo. Com base nestes valores e nos valores de e determinados anteriormente, procedeu-se
ao cálculo de e de para cada valor de e de nas três secções de tubo, sendo o torque que
resulta da expressão do limite inferior de . Tendo-se utlizado um valor unitário de força nas
operações anteriores ( ), sendo a proporção entre o peso da sonda e a aceleração impos-
ta, o diferencial de torque foi dividido pelo peso da sonda, a fim de se obter um valor de pro-
porcional:

( ) [ ]

Com base nestes resultados produziram-se séries de curvas de ajuste semelhantes às da figura
A242. Naturalmente, um valor nulo de significa a anulação dos momentos. Estes valores corres-

1
Note-se que a rotação inicial seria nula se a haste de suporte fosse normal ao corpo da sonda (in ex.: ). Por isso, constitui
um indicador direto do ângulo de rotação inicial.
2
Uma para cada inclinação, dependendo cada conjunto de curvas do diâmetro de tubo.

263
pondem aos limites inferiores expostos na figura 68 (secção 5.8.3.2). Na figura seguinte apresen-
tam-se as funções determinadas para os três diâmetros de tubo com inclinação .

Figura A25 – Variação do torque útil ( ) em função da magnitude da deformação em tubos verticais de sec-
ção estreita, média e larga. Estimativas baseadas na circulação de uma sonda DGSI (2013c) com aceleração
equivalente ao peso próprio.

264
ANEXO VI: CORREÇÃO DE ERROS DE ALTERAÇÃO DO DESVIO NA ORIGEM. DEMONSTRAÇÃO
APLICADA EM CASO DE OBRA

Introdução

Neste anexo clarifica-se a aplicação dos métodos de diagnóstico e de correção do erro de altera-
ção do desvio na origem através dos dados de leitura inclinométrica (6.4.2).

Na figura 81 (6.4.2) apresentam-se os perfis de somas de leituras das campanhas 49 e 49R. Nestes
perfis verifica-se que a campanha 49 apresenta uma alteração do desvio na origem parcial (in ex.:
na zona inferior do tubo) e que a campanha 49R apresenta o mesmo tipo de alteração na totali-
dade do perfil.

Campanha 49: alteração parcial do desvio na origem

No quadro A22 apresentam-se os dados de leitura da campanha 49, juntamente com as somas
respetivas, com a média e com o desvio padrão. Neste quadro e na figura 81 (6.4.2) observa-se
que a alteração do desvio ocorre desde a base do tubo até à cota .

Quadro A22-1 – Tubo I1. Ficha de campo da campanha de observação 49 – continua na próxima página.
Tubo: I1 Obra: MERCEANA - ESCOLA PREPARATORIA Eixo A Eixo B
Campanha: 49 Data: 2002-05-16 Desvio padrão: 16,41 20,21
Referência: 1 Data: 1996-12-27 Desvio padrão: 3,49 5,90
Cota Profundidade Eixo A Eixo B
(m) (m) 0º 180º Soma 0º 180º Soma
132,74 0,46 34 -125 -91 -142 430 288
132,24 0,96 29 -118 -89 -153 435 282
131,74 1,46 -5 -86 -91 -122 404 282
131,24 1,96 -66 -24 -90 -78 363 285
130,74 2,46 -18 -71 -89 76 225 301
130,24 2,96 -32 -54 -86 99 187 286
129,74 3,46 -23 -63 -86 110 172 282
129,24 3,96 -35 -53 -88 123 161 284
128,74 4,46 -38 -51 -89 135 146 281
128,24 4,96 -49 -39 -88 145 139 284
127,74 5,46 30 -122 -92 116 171 287
127,24 5,96 17 -107 -90 159 133 292
126,74 6,46 18 -108 -90 156 137 293
126,24 6,96 14 -101 -87 163 130 293
125,74 7,46 16 -106 -90 159 131 290
125,24 7,96 -1 -89 -90 175 117 292
124,74 8,46 101 -197 -96 261 41 302
124,24 8,96 95 -185 -90 328 -33 295
123,74 9,46 86 -168 -82 335 -40 295
123,24 9,96 85 -177 -92 334 -42 292
122,74 10,46 61 -155 -94 358 -61 297
122,24 10,96 60 -146 -86 375 -73 302
121,74 11,46 -21 -64 -85 403 -117 286
121,24 11,96 20 -108 -88 438 -144 294 265
120,74 12,46 6 -133 -127 457 -201 256
120,24 12,96 3 -130 -127 450 -197 253
119,74 13,46 -6 -123 -129 461 -210 251
125,74 7,46 16 -106 -90 159 131 290
125,24 7,96 -1 -89 -90 175 117 292
124,74 8,46 101 -197 -96 261 41 302
124,24 8,96 95 -185 -90 328 -33 295
123,74 9,46 86 -168 -82 335 -40 295
123,24 9,96 85 -177 -92 334 -42 292
Quadro A22-2 – Tubo
122,74
I1. Ficha de61
10,46
campo da campanha
-155
de observação
-94
49358
– continuação.
-61 297
122,24 10,96 60 -146 -86 375 -73 302
121,74 11,46 -21 -64 -85 403 -117 286
121,24 11,96 20 -108 -88 438 -144 294
120,74 12,46 6 -133 -127 457 -201 256
120,24 12,96 3 -130 -127 450 -197 253
119,74 13,46 -6 -123 -129 461 -210 251
119,24 13,96 -37 -88 -125 473 -223 250
118,74 14,46 -109 -12 -121 292 -21 271
118,24 14,96 -146 23 -123 376 -120 256
117,74 15,46 -143 17 -126 398 -134 264
117,24 15,96 -157 41 -116 415 -174 241
116,74 16,46 -171 53 -118 442 -196 246
116,24 16,96 -177 63 -114 466 -229 237
115,74 17,46 -207 95 -112 574 -329 245
115,24 17,96 -208 85 -123 615 -352 263
114,74 18,46 -199 81 -118 598 -342 256
114,24 18,96 -241 122 -119 602 -357 245
113,74 19,46 -318 194 -124 588 -340 248
Média: -101,56 Média: 275,56

Na figura A26 apresentam-se os perfis de deslocamento acumulado nas direções e deste tu-
bo, onde se verifica que não ocorrem deslocamentos significativos na zona de alteração do desvio
na origem.

Figura A26 – Tubo I1. Perfil de deslocamentos acumulados nas direções e entre fevereiro de 2007 e no-
vembro de 2012.

Visto não ocorrerem deslocamentos na zona de alteração do desvio, a zona afetada considera-se
estável, podendo o erro verificar-se através da expressão (92) (6.4.2):

266

Tratando-se de um sistema DGSI (2013c), e . Assim, ⁄√

e ⁄√ .

A equação (92) (6.4.2) permite ainda estimar a magnitude do erro:

⁄√ | |
| | | |
√ √
| | | |
| |

, sendo o sentido a corrigir identificado através da equação (94) (6.4.2):

No quadro A23 apresentam-se os valores de , e da subtração de ambos, com indicação


da presença de erro mediante a condição | | | ⁄√ |. Neste quadro apresentam-
se também os valores médios daquelas variáveis, obtidos na secção de tubo onde o erro se verifi-
ca (in ex.: cotas ), e o sentido a corrigir conforme indicado pela equação (94).

No quadro A23 apresentam-se ainda os valores de utilizados na equação (94) (6.4.2). Estes va-
lores correspondem a metade a diferença entre a média das somas de leituras da zona não afeta-
da da campanha 49 (in ex.: cotas , com e )e
a média da totalidade das somas de leituras da campanha de referência (in ex.:
e ).

No quadro A23 observa-se o seguinte:

• a condição | | | ⁄√ | verifica-se tanto na zona instável como na zona de al-


teração do desvio, corroborando a inadequabilidade deste método em situações cuja zona
afetada é instável;
• o erro verifica-se em ambas as direções, ao longo da profundidade em que os perfis de so-
mas indicam a sua ocorrência (in ex.: cotas ; figura 81, 6.4.2);
• o sentido afetado é em ambas as direções (in ex.: apenas a segunda sequência de lei-
turas foi afetada);
• o erro estimado é de na direção e de na direção . Estes valores são
coincidentes com o deslocamento incremental médio, uma vez que o próprio método equi-
vale ao cálculo do deslocamento incremental;
• o erro não se verifica em algumas secções da zona afetada. Contudo, com exceção da cota
(direção ), os valores de | | são muito próximos de | ⁄√ |.

267
Quadro A23 – Tubo I1, campanha 49. Identificação da presença de erro em zona geotecnicamente estável.

268
Na secção 6.4.2 referem-se duas metodologias de correção. A primeira baseia-se na equação (95)
(6.4.2):

̅ ̅ ∑ ⁄

, sendo neste caso a estimativa do erro correspondente a:

| ̅ |
| |

, e a segunda é baseada na equação (99) (6.4.2):

(̅ ̅ )
{ ̅ ∑ ⁄
(̅ ̅ )

, onde ̅ corresponde aos valores médios apresentados no quadro A23.

No quadro A24 apresentam-se as estimativas de erro obtidas pela equação (95) na zona afetada.
Os valores obtidos são muito próximos dos que constam no quadro A23, sendo as diferenças
francamente inferiores às componentes aleatórias de erro típico nas direções e .

Quadro A24 – Tubo I1, campanha 49. Uso do diferencial entre médias de somas de leituras para estimar o
deslocamento incremental médio introduzido pelo erro de alteração do desvio na origem.

Nas figuras A27, A28 e A29 apresentam-se, respetivamente, os perfis corrigidos das somas de lei-

269
turas, dos deslocamentos incrementais e dos deslocamentos acumulados da campanha 49. Nestas
figuras, 49-E95 corresponde à correção da equação (95) e 49-E99 corresponde à correção da
equação (99). A correção de leituras aplicou-se no sentido das direções e entre as cotas
e , inclusive. Nas figuras A27 a A29 incluem-se ainda limites de confiança ba-
seados na componente aleatória do erro típico do sistema.

Figura A27 – Tubo I1, campanha 49. Perfil de somas de leituras corrigidas nas direções e .

Figura A28 – Tubo I1, campanha 49. Perfil de deslocamentos incrementais corrigidos nas direções e .

270
Figura A29 – Tubo I1, campanha 49. Perfil de deslocamentos acumulados corrigidos nas direções e .

Nas figuras A27 a A29 observa-se o seguinte:

• As diferenças entre os resultados obtidos com os dois métodos não são significativas. No
que respeita aos deslocamentos acumulados, as diferenças entre os valores obtidos com as
equações (95) e (99) no topo do tubo são na direção e na direção .
Quando comparadas com a componente aleatória do erro típico nas direções correspon-
dentes, as diferenças entre os dois métodos representam apenas e do valor
admissível nas direções e , respetivamente.
• Ambos os métodos mantêm o padrão de forma do perfil de somas inicial (figura 81, 6.4.2).
Este facto é vantajoso porque permite manter indicadores estatísticos de campanhas corri-
gidas e proceder à deteção de outros erros sistemáticos eventualmente presentes.

Campanha 49R: alteração generalizada do desvio na origem

No quadro A25 apresentam-se os dados de leitura da campanha 49R, juntamente com as somas
respetivas, com a média e com o desvio padrão. Embora os deslocamentos incrementais e acumu-
lados desta campanha demonstrem claramente a presença de um erro (figura 77, 6.3.3; figura 80,
6.4.2), neste quadro e na figura 81 (6.4.2) não se verifica uma alteração demarcada do desvio na
origem ao longo da profundidade (com exceção das três profundidades mais superficiais). Este
facto verifica-se porque, ao contrário do que acontece na campanha 49, a alteração do desvio na
origem é generalizada (in ex.: dá-se entre as sequências de leituras nos sentidos e ).

271
Quadro A25 – Tubo I1. Ficha de campo da campanha de observação 49R.

Na secção 6.4.2 refere-se que a média das somas da campanha anterior1 se pode utilizar quando a

1
Neste caso, a média das somas da campanha 49.

272
alteração do desvio se dá entre sequências de leituras. Esta prática apoia-se no facto de, normal-
mente, não variar significativamente ao longo do tempo. Contudo, é importante reter que po-
dem ocorrer variações subtis da média das somas com implicações gravosas, assim como se po-
dem verificar alterações pronunciadas da mesma sem impacto aparente nas medições inclinomé-
tricas. A figura 74 (6.3.2) é um bom exemplo desta afirmação, já que a média das somas da cam-
panha 49R não tem especial destaque relativamente aos valores doutras campanhas.

A campanha 49R sofre alterações que são notoriamente diferentes nas três secções do topo do
tubo (figura 81, 6.4.2; quadro A25). Por esta razão, será preferível utilizar-se a equação (93)
(6.4.2) para confirmar a presença do erro:

, onde representa a diferença entre médias de somas de leituras, neste caso entre as médias
das somas de leituras da campanha anterior (in ex.: 49) e a da campanha de referência (in ex.:
).

Sabendo-se que , (figura A27), e


, tem-se e .

A magnitude do erro pode estimar-se também através da equação (93) (6.4.2):

| | | |
| |

, sendo a correção executada de acordo com a equação (100) (6.4.2):

(̅ ̅ )

No quadro A26 apresentam-se as estimativas de erro produzidas através da equação (93), junta-
mente com o sentido a corrigir determinado pela equação (94) (6.4.2). No quadro A27 apresen-
tam-se as estimativas de erro com base na equação (95).

Quadro A26-1 – Tubo I1, campanha 49R. Identificação da presença de erro através da equação (93) (6.4.2) –
continua na próxima página.

273
Quadro A26-2 – Tubo I1, campanha 49R. Identificação da presença de erro através da equação (93) (6.4.2) –
continuação.

274
Quadro A27 – Tubo I1, campanha 49R. Identificação da presença de erro através da equação (95) (6.4.2).

Nos quadros A26 e A27 observa-se:

• as estimativas de erro obtidas pelos dois métodos são muito próximas;


• o erro estimado entre as cotas na direção é desprezável quando
comparado com o valor típico de erro aleatório. Contudo, os deslocamentos acumulados
não corrigidos demonstram que este erro é significativo (figura 77, 6.3.3).

Os deslocamentos incrementais médios (figura 80, 6.4.2), obtidos em zona estável (in ex.: cotas
) são de nas direções e . Este valor difere das estimativas produ-
zidas na direção (quadros A26 e A27). Uma diferença de na direção cor-
responde a ( ) e representa um erro sistemático de ao longo da profundidade
total da instalação (figura A30). Este erro é inaceitável, concluindo-se que a média utilizada para a
direção (in ex.: a da campanha 49) não é adequada, tendo ocorrido uma alteração efetiva do
desvio na origem desta direção entre as campanhas 49 e 49R.

Quando uma situação destas ocorre é possível produzir uma estimativa mais correta da média das

275
somas por aplicação da equação (92) em zona estável. No quadro A28 apresentam-se os parâme-
tros de correção obtidos através da equação (92) entre as cotas . No quadro
A29 apresentam-se as leituras corrigidas pela equação (99) entre as cotas , in-
cluindo-se as somas das mesmas, a média e o desvio padrão respetivos. O sentido corrigido foi o
inverso (in ex.: ) em ambas as direções, tal como determinado no quadro A26.

Figura A30 – Correção dos deslocamentos acumulados da campanha 49R com o valor de da campanha 49.

Quadro A28 – Tubo I1, campanha 49R. Estimativas de erro a partir da equação (92) (6.4.2) em zona estável.

276
Quadro A29 – Tubo I1, campanha 49R. Leituras corrigidas entre as cotas através da
equação (99) (6.4.2).

Partindo-se das médias expostas no quadro A29, as estimativas produzidas pelas equações (93) e
(95) podem reproduzir-se com melhores resultados. Nos quadros A30 e A31 apresentam-se estes
resultados, podendo-se observar o seguinte:

277
• os valores de erro obtidos entre as cotas são agora mais próximos do
deslocamento incremental médio;
• verifica-se que agora o sentido a corrigir é em ambas as direções1;
• ao contrário do que seria esperado, verifica-se que não ocorre erro nas três secções superi-
ores do tubo2 ( ), sendo a correção necessária apenas na zona inferior.

Quadro A30-1 – Tubo I1, campanha 49R. Parâmetros de correção obtidos pela equação (93) (6.4.2) com
determinada pela equação (92) (6.4.2) em zona estável – continua na próxima página.

1
Note-se que a determinação do sentido a corrigir é dependente do sentido corrigido pela equação (92) em zona estável para obten-
ção do valor de . Neste caso, a correção do sentido pelas equações (93) e (95) implicaria também a correção das secções supe-
riores (in ex.: em consequência do valor de obtido por aplicação da equação (92) no sentido ). Embora não se apresentem aqui es-
tes resultados, observou-se que a média de somas obtida através da equação (92) aplicada ao sentido em zona estável introduz in-
consistências nas estimativas de erro e na determinação dos sentidos a corrigir. Ainda assim, os resultados finais não divergem signifi-
cativamente dos que aqui se apresentam. Este exercício de hipótese deve fazer-se sempre que o erro de alteração do desvio impede a
determinação da média das somas com algum grau de fiabilidade.
2
Ou seja, o processo de estimativa e de correção poderia ter-se realizado com base na média das somas das três secções superiores,
mas a confirmação deste facto exigiu a análise de leituras numa zona estável do tubo.

278
Quadro A30-2 – Tubo I1, campanha 49R. Parâmetros de correção obtidos pela equação (93) (6.4.2) com
determinada através da equação (92) (6.4.2) em zona estável – continuação.

Quadro A31 – Tubo I1, campanha 49R. Parâmetros de correção obtidos pela equação (95) (6.4.2) com
determinada através da equação (92) (6.4.2) em zona estável.

279
Então, as correções podem aplicar-se através das equações (95) e (100), utilizando-se os parâme-
tros apresentados nos quadros A30 e A31. Nas figuras A31, A32 e A33 apresentam-se, respetiva-
mente, os perfis corrigidos das somas de leituras, dos deslocamentos incrementais e dos deslo-
camentos acumulados da campanha 49R. Nestas figuras, 49R-E95 e 49R-E100 representam as
curvas corrigidas pelas equações (95) e (100), respetivamente.

Figura A31 – Tubo I1, campanha 49R. Perfil de somas de leituras corrigidas nas direções e .

Figura A32 – Tubo I1, campanha 49R. Perfil de deslocamentos incrementais corrigidos nas direções e .

280
Figura A33 – Tubo I1, campanha 49R. Perfil de deslocamentos acumulados corrigidos nas direções e .

Nas figuras A31 a A33 observa-se que a correção é adequada nas direções e . O sucesso da
correção confirma a alteração da média de somas entre as campanhas 49 e 49R (in ex.: cerca de
nas direções – para –e – para ).

A correção desta campanha demonstra que a análise de leituras nem sempre é um processo sim-
ples e direto. No entanto, fica também demonstrado que as técnicas de análise que se apresen-
tam na secção 6.4.2 permitem a identificação de erro de alteração do desvio mesmo quando o
mesmo afeta a totalidade das zonas geotecnicamente estáveis. A utilização destas técnicas repre-
senta duas vantagens relativamente ao método do deslocamento incremental médio:

• os indicadores estatísticos são corrigidos e integrados no histórico de campanhas;


• o perfil de somas de leituras mantém o padrão de variação e permite a deteção de erros
sistemáticos adicionais que possam eventualmente existir (in ex.: erros pontuais).

A correção desta campanha demonstra ainda que:

• o uso de valores de desvio na origem de campanhas anteriores é uma prática especulativa


cujos resultados devem ser sempre verificados;
• desde que a instalação inclua uma zona que possa ser considerada estável, é possível esti-
mar valores de desvio mais fiáveis do aqueles que provenham doutras campanhas.

281
ANEXO VII: CORREÇÃO DE ERROS DE ROTAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE OBRA

Este caso de obra reporta-se à observação da estabilidade de uma encosta rochosa a jusante du-
ma barragem de betão. O sistema inclinométrico habitualmente utilizado nesta obra avariou em
finais de 2017, pelo que foi necessário dar continuidade ao programa de observação com outro
sistema. Nestas situações, o ideal é utilizar o sistema de múltiplas referências para facilitar a tran-
sição. No entanto, o uso de múltiplas referências requer o levantamento da nova referência em
data muito próxima à da última campanha executada com o sistema anterior, preferencialmente
no próprio dia. Neste caso não foi possível compatibilizar as datas de campanha devido à avaria e
a questões de agendamento de outros serviços1. Assim, optou-se por corrigir a rotação dos acele-
rómetros em vez de dar início a um novo período de observação, uma vez que é importante man-
ter a continuidade do histórico de observação.

Na secção 6.4.3 refere-se que a ocorrência de erros de rotação deverá refletir-se da seguinte for-
ma:

• deslocamento acumulado com perfil curvo, quando deveria ser retilíneo2;


• desvio acumulado considerável na direção ortogonal;
• perfil de deslocamento acumulado da direção afetada com padrão de forma idêntico ao do
perfil de desvio acumulado da direção ortogonal.

Na figura 86 (6.4.3) observa-se que ambas as direções apresentam curvas de deslocamento com
curvaturas e magnitudes bastante apreciáveis. Na figura A34 apresentam-se os desvios acumula-
dos das campanhas 23-1DG e 23R-1DG, onde se constata que ambas as direções apresentam des-
vios consideráveis (in ex.: até de inclinação). Comparando-se esta figura com a figura 86
(6.4.3), verifica-se que existe correspondência de curvatura entre direções ortogonais3. Desta
forma, acrescendo-se o facto de ter ocorrido uma mudança do sistema inclinométrico, conclui-se
que o erro observado é um erro de rotação.

Os parâmetros de correção obtêm-se através da equação (101):

Nos quadros A32 e A33 apresentam-se os parâmetros de correção obtidos com base nos valores

1
Também surgiram algumas preocupações relativamente à qualidade das últimas campanhas executadas com o sistema anterior.
2
Na verdade, este ponto é discutível e difícil de avaliar, uma vez que a experiência demonstra que a curvatura do perfil depende for-
temente da geometria do tubo. Esta questão encontra-se ainda em estudo.
3
Por exemplo, compare-se a zona superior do desvio acumulado em com a mesma zona do deslocamento acumulado em .

283
incrementais e acumulados, respetivamente. A estimativa obteve-se a partir dos valores médios
de entre as cotas . Esta zona foi selecionada por ser considerada estável com
base nos deslocamentos obtidos em campanhas anteriores. Verifica-se que os valores obtidos pe-
los dois métodos são praticamente coincidentes. No entanto, a variabilidade é superior no caso
dos valores incrementais. Este facto deve-se à magnitude dos valores interessados (in ex.: o peso
relativo duma determinada variância num resultado é tão maior quanto menores forem os valo-
res que o produzem). Por esta razão, recomenda-se o uso de valores acumulados em detrimento
de valores incrementais para estimar os ângulos médios.

Figura A34 – Tubo R1, campanhas 23-1DG e 23R-1DG. Desvios acumulados nas direções e .

Quadro A32-1 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Estimativas dos ângulos de rotação e a partir de valores
incrementais em zona estável – continua na próxima página.

284
Quadro A32-2 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Estimativas dos ângulos de rotação e a partir de valores
incrementais em zona estável – continuação.

Quadro A33-1 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Estimativas dos ângulos de rotação e a partir de valores
acumulados em zona estável – continua na próxima página.

285
Quadro A33-2 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Estimativas dos ângulos de rotação e a partir de valores
acumulados em zona estável – continuação.

Mikkelsen (2003) demonstra o cálculo de a partir dos valores acumulados no topo do tubo. No
entanto, sabe-se que a ocorrência de deslocamentos pode afetar a estimativa daqueles parâme-
tros, mesmo quando a magnitude é pequena relativamente ao erro1.

Nas figuras A35 e A36 apresentam-se os valores de calculados nos quadros A32 e A33, respeti-
vamente. Nestas figuras confirma-se que os valores acumulados produzem estimativas mais está-
veis (in ex.: com menor variabilidade). No entanto:

• ambos os métodos são afetados pela ocorrência de deslocamentos, embora essa influência
seja bastante mais expressiva nos resultados baseados em valores incrementais;

1
Naturalmente, a influência dos deslocamentos na estimativa de será maior para maiores deslocamentos e em inclinações mais
acentuadas.

286
• embora os resultados acumulados apresentem menor variabilidade, a estabilização só
ocorre após secções de tubo a partir da base1. Por esta razão, resultados incrementais
poderão ser preferíveis quando a zona estável é muito curta.

Figura A35 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Ângulos de rotação nas direções e , obtidos a partir dos valo-
res incrementais de cada secção de tubo.

Figura A36 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Ângulos de rotação nas direções e , obtidos a partir dos valo-
res acumulados de cada secção de tubo.

1
Este facto verifica-se noutras obras com situações semelhantes. Logo, não se deve a uma característica própria desta instalação.

287
Outra forma de estimar o valor de é calculando a tangente da correlação de em função de
. De facto, uma análise mais aprofundada da figura 85 (6.4.3) sugere que a tangente será mate-
maticamente mais correta que o seno para a estimativa de . Esta questão encontra-se ainda em
estudo.

No quadro seguinte apresentam-se os resultados obtidos pelos dois métodos (in ex.: seno e tan-
gente). Neste quadro observa-se que o ângulo estimado pela função tangente só tem significado
quando se baseia em valores acumulados. Pois, não existe correlação significativa entre valores
incrementais de deslocamento e de desvio. Todos os outros ângulos são praticamente idênticos.

Quadro A34 – Tubo R1, campanha 23-1DG. Comparação entre as estimativas produzidas pelas funções seno
e tangente nas direções A e B e a partir de valores incrementais e acumulados.

Note-se que os ângulos de rotação dependem apenas dos sistemas inclinométricos. Logo, estes
valores devem ser fixos entre dois sistemas de medição, independentemente da instalação incli-
nométrica. Por esta razão, é comum proceder-se à estimativa de um valor médio global. Este va-
lor pode determinar-se a partir de medições laboratoriais, desde que o aparato de medição tenha
amplitude suficiente para cobrir a gama de inclinações que ocorrem em obra. Caso contrário de-
vem ser utilizados dados de obra.

Neste caso em particular, para demonstração, os ângulos apresentados em 6.4.3 correspondem à


média entre as campanhas 23-1DG ( ) e 23R-1DG (
). Na prática, existindo várias instalações envolvidas no processo, é frequente haver necessi-
dade de ponderar a média global. No Anexo IX sugere-se um critério de ponderação que tem sido
aplicado com sucesso.

Obtidos os ângulos de rotação, a correção baseia-se na equação (105)1 (6.4.3):

{ {

Mikkelsen (2003) aplica esta expressão somando os termos que produzem a correção da direção
, enquanto o programa comercial DigiPro2 (DGSI, 2014c) aplica esta expressão somando os ter-
mos que produzem a correção da direção . Na figura 85 (6.4.3) demonstra-se que ambas as con-

1
Ou aplicando a função tangente em detrimento do seno na mesma expressão.

288
dições são inválidas e duplicam o erro na direção onde se aplica a soma, uma vez que o desloca-
mento produzido pelo erro de rotação é sempre simétrico entre as direções e . De facto, a
magnitude do erro corresponde a:

, pelo que facilmente se depreende que este valor deve ser subtraído em cada direção a corrigir.

289
ANEXO VIII: CORREÇÃO DE ERROS DE PROFUNDIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO
DE OBRA

Este caso de obra refere-se a uma estrutura que se encontra no topo duma encosta com elevado
grau de erosão. A erosão da encosta tem vindo a provocar alguns danos na estrutura que suporta,
razão pela qual decorrem atualmente operações de estabilização, proteção e reforço da encosta.

A litografia local compreende essencialmente a intercalação de estratos de origem sedimentar


sobrepostos por depósitos de aterro areno-silto-argilosos com fragmentos líticos. Os estratos se-
dimentares são, na sua generalidade, de resistência boa a razoável e compreendem arenitos, cal-
carenitos e composições margosas compactas. Os aterros sobrejacentes encontram-se muito des-
comprimidos e têm espessuras que podem variar entre .

O programa de observação geotécnica compreende 7 tubos inclinométricos que são observados


por duas entidades. Com o objetivo de conciliar as medições de ambas as entidades no mesmo
histórico, tentou-se proceder à correção do diferencial de rotação entre os acelerómetros dos
dois sistemas. Contudo, esta operação não foi possível devido à magnitude das discrepâncias en-
tre as medições das duas entidades. A título de exemplo, nas figuras A37 e A38 apresentam-se os
deslocamentos acumulados da campanha de referência duma entidade relativamente à campa-
nha de referência doutra entidade em duas instalações inclinométricas.

Figura A37 – Tubo I1A. Deslocamentos acumulados entre campanhas de referência de duas entidades.

291
Figura A38 – Tubo I4A. Deslocamentos acumulados entre campanhas de referência de duas entidades.

Os perfis das figuras A37 e A38 encontram-se corrigidos relativamente à rotação dos aceleróme-
tros, cujos ângulos das direções e foram estimados por uma média global ponderada. Nestas
figuras verifica-se que:

• os ângulos de rotação estimados não se adequam a todas as instalações, chegando mesmo


a produzir resultados fora dos limites de confiança estabelecidos;
• verificam-se várias distorções de linearidade nas curvas, o que não é expectável em deslo-
camentos entre campanhas executadas no mesmo dia.

Na secção 6.4.4 refere-se que os erros de profundidade se identificam pela semelhança entre os
padrões de forma dos perfis de deslocamentos acumulados da campanha afetada e de desvios in-
crementais da respetiva referência. Nas figuras A39 e A40 apresentam-se os desvios incrementais
das campanhas de referência das figuras A37 e A38, respetivamente. Da comparação entre os
perfis de deslocamento e de desvio observam-se semelhanças de forma, embora pouco consis-
tentes ao longo da profundidade.

Para confirmar a presença de erros de profundidade analisaram-se também os deslocamentos in-


crementais em profundidade (figuras A41 e A42). Com algumas exceções, nestes perfis constatou-
se o aumento dos deslocamentos incrementais em profundidade. Com base nestas observações,
concluiu-se que os dados inclinométricos incluem erros de profundidade que são variáveis ao lon-
go da profundidade.

292
Figura A39 – Tubo I1A. Desvios incrementais da campanha de referência da figura A37.

Figura A40 – Tubo I4A. Desvios incrementais da campanha de referência da figura A38.

293
Figura A41 – Tubo I1A. Deslocamentos incrementais entre campanhas de referência de duas entidades.

Figura A42 – Tubo I4A. Deslocamentos incrementais entre campanhas de referência de duas entidades.

Mediante a impossibilidade de estimar um erro de profundidade constante, procedeu-se à esti-


mativa dos erros de profundidade da seguinte forma:

1. Ambos os cabos foram estendidos paralelamente ao longo de .


2. As marcas iniciais foram alinhadas.
3. Foi medida a distância entre marcas a cada de comprimento.

294
4. Foi executado um ensaio de extensibilidade em ambos os cabos, a de comprimento,
uma vez que a secção transversal e os materiais de construção dos cabos são diferentes.
5. Foi determinada uma função de ajuste às diferenças entre marcas obtidas, considerando-se
também os resultados do ensaio de extensibilidade.
6. Com base na equação (108) (6.4.4) e na função determinada no ponto 5, corrigiram-se os
erros de profundidade nos dados de leitura.
7. Determinaram-se novos ângulos de rotação partir dos dados corrigidos.

A execução dos procedimentos descritos contou a colaboração dos Bolseiros Luís Coimbra e Cláu-
dia Henriques, dos Técnicos Superiores António Coelho e José Alvarez, e de dois elementos da
equipa de trabalho doutra entidade.

No quadro seguinte apresentam-se as distâncias entre marcas registadas a cada .

Quadro A35 – Distâncias entre as marcas dos dois cabos registadas ao longo de com passo de .

Para a realização do ensaio de extensibilidade procedeu-se à determinação da carga suspensa pe-


lo cabo à profundidade de (quadro A36). Seguidamente fixou-se cada cabo a um dinamóme-
tro, aplicando-se posteriormente tração até à carga respetiva. Sob tensão, a primeira marca de
cada cabo foi alinhada com um ponto de referência e a posição da marca de foi registada. O
diferencial de extensibilidade entre os cabos equivale à diferença entre os registos obtidos sob
tensão e o valor constante no quadro A35 (in ex.: ). Tendo-se obtido uma diferença entre
marcas de no ensaio de tração e tendo-se considerando que o diferencial de extensibili-
dade é linear ao longo do comprimento do cabo, concluiu-se que esse diferencial é de
⁄ . Este valor foi considerado satisfatório porque o manual do sistema
com o cabo mais extensível refere uma extensibilidade de .

Quadro A36 – Carga estimada para o ensaio de extensibilidade.

Obtido o diferencial de extensibilidade, as diferenças entre marcas do quadro A35 foram atualiza-
das (quadro A37) e determinou-se uma função de ajuste adequada. Sabendo-se que o erro admis-
sível de posicionamento se deve situar no intervalo , procurou-se uma função com as se-
guintes características:

• origem em ( );

295
• menor complexidade possível;
• média e mediana dos resíduos próximas de zero;
• valor absoluto de resíduo máximo inferior a .

Quadro A37 – Diferenças entre marcas registadas com acréscimo do diferencial de extensibilidade.

Procedeu-se ao ajuste das diferenças entre marcas através de funções de 2º e de 3º grau. No en-
tanto, o melhor resultado obteve-se com uma função parabólica até à marca de e outra
função linear a partir desse ponto. Esta solução resulta numa média de resíduos de ,
mediana de e valor absoluto máximo de . Na figura seguinte apresentam-se
as diferenças entre marcas juntamente com as funções de ajuste determinadas.

Figura A43 – Diferenças entre marcas e funções de ajuste definidas.

Importa notar que o perfil de diferenças entre marcas obtido indicia que um dos cabos tenha
maior utilização até à marca de , tendo desenvolvido maior fadiga até essa profundidade,
designadamente no intervalo . De facto, uma das entidades confirma que a maioria das
instalações onde o sistema respetivo opera tem profundidades dentro daquele intervalo.

De acordo com a equação (108) (6.4.4) e com as funções determinadas, os dados do sistema cujo
cabo apresenta maior comprimento foram corrigidos da seguinte forma:

( )( )⁄
{
( )( )⁄

, sendo a profundidade de medição. A secção (in ex.: no topo do tubo) foi corrigida por extra-
polação:

296
( ( )) ( )⁄

Seguidamente procedeu-se à definição de novos ângulos de rotação globais por média pondera-
da. Os ângulos de determinados foram e nas direções e .

Nas figuras A44 e A45 apresentam-se os perfis de deslocamento acumulado das figuras A37 e
A38, juntamente com as curvas homólogas após correção dos erros de profundidade e de rota-
ção. Verifica-se que houve uma redução geral da magnitude das perturbações de linearidade das
curvas. Embora se tenham obtido resultados mistos relativamente ao sucesso das correções de
rotação, foi possível manter as curvas de deslocamento dentro dos limites de confiança definidos
na maioria das instalações. Com o aumento dos deslocamentos (in ex.: alargamento da escala), as
divergências remanescentes perderam gradualmente a sua significância.

Fica demonstrado que a correção de erros de profundidade é de aplicação simples, desde que se
conheçam os valores de desfasamento. Caso contrário o processo é complexo, moroso e apresen-
ta pouca probabilidade de sucesso. Fica ainda demonstrado que pequenos erros de medição po-
dem incorrer em alterações significativas dos perfis de deslocamento, sendo a curvatura do tubo
um fator de agravamento. Neste caso particular as correções não atingiram os objetivos espera-
dos. Por um lado, pensa-se que a medição das diferenças com passo de não terá sido sufici-
ente; por outro lado, a qualidade das instalações inclinométricas não será a melhor, o que tam-
bém não contribuiu para a concretização dos objetivos.

Figura A44 – Tubo I1A. Comparação entre perfis de deslocamentos com e sem correção dos erros de pro-
fundidade.

297
Figura A45 – Tubo I4A. Comparação entre perfis de deslocamentos com e sem correção dos erros de pro-
fundidade.

298
ANEXO IX: CORREÇÃO DE ERROS DE SENSIBILIDADE. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM CASO DE
OBRA

Este caso de obra refere-se à ocorrência descrita no Anexo IV. Neste anexo descreve-se o proces-
so de identificação e de correção do erro de sensibilidade a partir dos dados de obra.

Tal como descrito no Anexo IV, a unidade de aquisição do sistema inclinométrico utilizado nesta
obra sofreu uma avaria. Após reparação da mesma verificou-se a impossibilidade de leitura do
acelerómetro da direção e a incongruência total dos dados recolhidos na direção .

Mikkelsen (2003) refere que este tipo de erro se deve a alterações de sensibilidade no amplifica-
dor operacional da sonda. No entanto, a descrição que faz do problema, e que se constata na prá-
tica, é de um erro de ganho. De facto, os dois termos são frequentemente confundidos no voca-
bulário associado à eletrotecnia. Contudo, em termos metrológicos estes termos têm significados
distintos:

• Sensibilidade: menor variação duma grandeza física mensurável por um sensor.


• Ganho: relação entre as magnitudes de variação duma grandeza física e da resposta senso-
rial respetiva.

Por uma questão de coerência opta-se pela manutenção do termo “sensibilidade instrumental”
para definir este tipo de erro. Contudo, convém entender que este é efetivamente um problema
de ganho do sinal. Ou seja, “erros de sensibilidade” resultam na alteração proporcional dos valo-
res medidos.

De acordo com esta definição, um erro de sensibilidade resulta necessariamente na equivalência


proporcional entre os perfis de desvios e de deslocamentos da campanha afetada, já que os des-
vios são medidos com uma resposta sensorial proporcional à da campanha de referência e essa
proporção traduz-se em deslocamento.

Nas figuras A46 e A47 apresentam-se, respetivamente, os perfis de desvio e de deslocamento ob-
tidos na direção duma instalação inclinométrica. Nestas figuras verifica-se que existe corres-
pondência proporcional entre os dois perfis, sendo esta observação comum a todas as instalações
desta obra. Com base nestes resultados concluiu-se que as incongruências se deveriam a um erro
de sensibilidade.

O método sugerido por Coimbra (2011) assenta no princípio da proporcionalidade entre desvios e
deslocamentos para determinação de um coeficiente de deriva ((110), 6.4.5):

∑ ( ⁄ )
̅

299
Figura A46 – Tubo F1, campanha 41. Desvio e deslocamentos incrementais.

Figura A47 – Tubo F1, campanha 41. Desvios e deslocamentos acumulados.

Para evitar a influência que a ocorrência de deslocamentos poderá ter na estimativa de ̅ , é


aconselhável a definição de uma zona geotecnicamente estável para o efeito. Esta zona foi defini-
da em cada instalação com base nos deslocamentos obtidos em campanhas anteriores.

No quadro A38 apresentam-se os coeficientes obtidos nas 4 instalações desta obra. Excetuando o

300
tubo F21, verifica-se que os valores obtidos são muito consistentes em, e entre, todas as instala-
ções, mesmo comparando-se estimativas obtidas de valores incrementais e acumulados2.

Quadro A38 – Coeficientes de deriva da sensibilidade estimados nas instalações observadas.

Tal como acontece com os erros de rotação (6.4.3; Anexo VII), os erros de sensibilidade são uma
característica instrumental que depende exclusivamente do sistema de medição. Logo, a correção
deve fazer-se ao nível global (in ex.: o mesmo parâmetro de correção deve aplicar-se a todas as
instalações). Neste sentido, o valor médio global deve basear-se na maior quantidade dados pos-
sível. No caso que aqui se apresenta dispõe-se de 4 campanhas executadas na direção .

Uma forma simples de se proceder à definição de um parâmetro global é calculando o valor mé-
dio de todos os parâmetros determinados em cada conjunto de dados (in ex.: cada campanha).
Esta prática produz resultados satisfatórios mediante duas condições:

• a quantidade de dados é muito elevada3;


• a variabilidade dos parâmetros estimados é muito baixa.

Excluindo-se os resultados obtidos no tubo F2, confirma-se a validade da segunda condição (qua-
dro A38). No entanto, é muito frequente ser necessário ponderar a média para se conseguir defi-
nir um valor global mais adequado à maioria das estimativas individualmente produzidas. O crité-
rio seguinte tem sido aplicado com bastante sucesso:

∑ ⁄
∑ ⁄

, onde é o valor médio global a produzir (in ex.: ̅ global), representa cada parâmetro de cor-
reção individualmente determinado (in ex.: ̅ ), é o número de secções de tubo que contribu-
em para a determinação de e é o coeficiente variação do conjunto de dados que contribu-
em para a determinação de .

Este critério tem por objetivo dar maior relevo a parâmetros cuja variabilidade é menor e cujo

Este tubo tem inclinações praticamente verticais na direção , o que dificulta a determinação de ̅ .
1

Convém não esquecer que neste caso de obra o erro é muito elevado, o que facilita a estimativa de ̅ . Erros mais pequenos resulta-
2

rão em maior variabilidade de ̅ , sendo nesse caso preferível beneficiar da estabilidade dos valores acumulados.
3
Ou seja, número de campanhas e número de secções que compõem as zonas consideradas geotecnicamente estáveis.

301
conjunto de dados é maior. O método tem sido aplicado com sucesso na definição de parâmetros
para correção de erros de rotação e de sensibilidade. Outros critérios a considerar consistem na
triagem dos valores de através de outras ferramentas estatísticas. Esta é uma questão que ain-
da se encontra em estudo.

No quadro seguinte resume-se o cálculo do parâmetro ̅ global com e sem ponderação. Deste
quadro conclui-se:

• o critério de ponderação é bem sucedido1;


• confirma-se a estabilidade proporcionada pelos valores acumulados2.

Quadro A39 – Cálculo de parâmetros médios globais ponderados e não ponderados, com base em valores
incrementais e acumulados.

Obtido o valor global de ̅ , a correção de dados faz-se por aplicação da equação (112) (6.4.5):

( ̅ )

No quadro A40 apresentam-se os dados inclinométricos com e sem correção da campanha 41 do


tubo F1 na direção . Na figura A48 apresentam-se os perfis de deslocamento acumulado das
campanhas 40 e 41 na direção dos tubos F1 e F2, incluindo-se as curvas corrigidas com os valo-
res globais de ̅ com e sem ponderação.

Na figura A48 verifica-se que:

• o valor médio ponderado produz resultados muito satisfatórios, mesmo na instalação F2,
onde o parâmetro ̅ obtido diverge dos restantes;
• o valor médio não ponderado produz resultados que divergem significativamente da curva
da campanha 40 nas duas instalações analisadas;
• variações pequenas de ̅ , neste caso cerca de , podem produzir resultados muito dis-
tintos, pelo que é importante que se produza uma estimativa com um elevado grau de fia-
bilidade (in ex.: com a menor variabilidade possível).

1
Ou seja, a discrepância entre médias ponderadas é inferior à discrepância entre médias não ponderadas.
2
Ou seja, a disparidade entre médias de valores acumulados é inferior à disparidade entre médias de valores incrementais.

302
Quadro A40-1 – Tubo F1, campanha 41 (2018-10-24). Dados de leitura com e sem correção de sensibilidade
– continua na próxima página.

303
Quadro A40-2 – Tubo F1, campanha 41 (2018-10-24). Dados de leitura com e sem correção de sensibilidade
– continuação.

Figura A48 – Tubos F1 e F2, campanhas 40 e 41. Correção dos deslocamentos acumulados da campanha 41
com e sem ponderação do valor médio de ̅ .

O parâmetro ̅ permite ainda a determinação da constante instrumental correspondente à sen-


sibilidade verificada ( , (113), 6.4.5):

⁄( ̅ )

, onde é a constante instrumental de origem. Sabendo-se que a contante de origem deste sis-
tema é , as constantes globais com e sem ponderação correspondem a e
, respetivamente.

304
ANEXO X: DERIVA SISTEMÁTICA DO DESVIO NA ORIGEM EM PROFUNDIDADE DEVIDO AO IN-
GRESSO DE ÁGUA NA SONDA INCLINOMÉTRICA

Introdução e enquadramento

Este caso de obra enquadra-se no desenvolvimento de uma patologia num instrumento que pas-
sou despercebida durante algum tempo. Os dados de obra provenientes deste instrumento vêm
revelando valores elevados de desvio padrão com frequência crescente. Contudo, esta ocorrência
não é comum a todos os tubos observados com o mesmo inclinómetro e as curvas de desloca-
mento raramente merecem atenção redobrada.

Com o agravamento deste problema ao longo do tempo, verificou-se o desenvolvimento de perfis


de somas de leituras tendenciosos na direção . Contudo, a inconsistência destes acontecimentos
não permitiram um diagnóstico conclusivo.

Posteriormente à execução dos ensaios apresentados no Anexo III, executaram-se medições de


verificação inclinométrica no tubo-prova1 e procedeu-se a uma análise mais aprofundada das lei-
turas inclinométricas. Verificou-se haver relação entre os níveis de água medidos nos tubos incli-
nométricos e a deriva ocorrida nos perfis de somas, tendo-se concluído que o problema se deve
ao ingresso de água na sonda. Em certo momento o acelerómetro da direção avariou, encon-
trando-se este inclinómetro atualmente fora de serviço.

Este tipo de problema caracteriza-se por um erro de sensibilidade (Anexo IX), mas nunca foi con-
cretamente avaliado. A alteração de sensibilidade é variável em profundidade e dependente do
nível de água no tubo. Logo, esta alteração agrava-se em função de:

• cota do nível de água (in ex.: colunas de água superiores agravam o problema);
• variação do nível de água (in ex.: níveis mais variáveis agravam o problema);
• profundidade do tubo (in ex.: maior profundidade agrava o problema);
• inclinação do tubo (in ex.: inclinação mais acentuada agrava o problema).

A análise do problema concentrar-se-á unicamente sobre a direção , uma vez que as alterações
verificam-se quase exclusivamente nesta direção, por vezes com alterações significativas da mé-
dia das somas respetiva. Alterações na direção só surgiram numa fase tardia, mesmo assim sem
a expressão das verificadas na direção .

Nas figuras A49 a A52 apresentam-se alguns perfis de somas de leituras de algumas campanhas
executadas em duas obras distintas, designadas por A e B. Nestes perfis é claro que as somas de
leituras derivam em função do nível de água, sendo essa deriva tão maior quanto maior for a co-
1
Tubo inclinométrico instalado no campus do LNEC para execução de medições de verificação inclinométrica.

305
luna de água no interior do tubo.

Figura A49 – Obra A, tubo A20. Perfis de somas de leituras e níveis de água das campanhas 64 e 65.

Figura A50 – Obra A, tubo A31. Perfis de somas de leituras e níveis de água das campanhas 4 e 5.

306
Figura A51 – Obra B, tubo B2. Perfis de somas de leituras e níveis de água das campanhas 19 e 20.

Figura A52 – Obra B, tubo B3. Perfis de somas de leituras e níveis de água das campanhas 19 e 20.

Diagnóstico

O erro produzido por este fenómeno é particularmente difícil de avaliar por três razões principais:

• o problema foi-se desenvolvendo lentamente durante um longo período de tempo, dificul-


tando a distinção entre a ocorrência de deslocamentos legítimos e fictícios;
• iniciaram-se novos históricos de observação quando o problema já existia;

307
• dependendo das características geotécnicas na zona de cada instalação, a variação dos ní-
veis de água pode produzir o desenvolvimento (ou a oscilação) de deslocamentos, o que di-
ficulta a distinção entre os fenómenos geotécnicos e instrumentais.

A análise das campanhas afetadas é um processo que decorre unicamente para efeitos de investi-
gação. Até ao momento conclui-se que, na grande maioria dos casos, os erros produzidos man-
têm-se dentro dos valores admissíveis. Também se observa que as variações do nível de água
produzem variações de deslocamento impercetíveis ou dificilmente atribuíveis a um erro. No en-
tanto, em tubos longos com inclinações e colunas de água consideráveis, é possível verificar que a
deriva introduz componentes de deslocamento de origem instrumental.

Nos quadros A41 a A44 apresentam-se as avaliações do erro das campanhas 19 e 20 dos tubos B2
e B3 (figuras A51 e A52). O método utilizado apoia-se na equação (93) (6.4.2). Nos Anexos VI e XI
discute-se a aplicação deste método de forma mais aprofundada.

Quadro A41-1 – Tubo B2, campanha 19. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continua na
próxima página.

[…]

308
Quadro A41-2 – Tubo B2, campanha 19. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continuação.

Quadro A42-1 – Tubo B2, campanha 20. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continua na
próxima página.

[…]

309
Quadro A42-2 – Tubo B2, campanha 20. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continuação.

Quadro A43-1 – Tubo B3, campanha 19. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continua na
próxima página.

[…]

310
Quadro A43-2 – Tubo B3, campanha 19. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continuação.

Quadro A44 – Tubo B3, campanha 20. Avaliação do erro através da equação (93) (6.4.2) – continua na pró-
xima página.

[…]

311
Nos quadros A41 a A44 verifica-se que colunas de água maiores traduzem-se em maior quantida-
de de secções afetadas e em estimativas de erro superiores. Verifica-se também que não só as es-
timativas de erro são superiores, como também tendem a crescer em profundidade (in ex.: esti-
mativas incrementais nos quadros A41 e A43).

O crescimento do erro incremental em profundidade é difícil de suportar do ponto de vista geo-


técnico, principalmente quando a deriva da estimativa é coincide com a deriva das somas das lei-
turas. Na figura A53 apresentam-se as relações entre as estimativas de erro incremental e as so-
mas das leituras. Com base na análise apresentada conclui-se que o ingresso de água na sonda in-
troduz alterações de sensibilidade que variam em função da coluna de água presente.

a) Tubo B2, campanha 19, profundidades b) Tubo B3, campanha 19, profundidades
a . a .
Figura A53 – Relações entre as variações das derivas do erro estimado e das somas entre leituras na cam-
panha 19 dos tubos B2 e B3.

Correção

Os procedimentos de correção serão apresentados em referência à figura 91 (6.4.5). Esta figura


retrata uma campanha executada na obra A, cujo tubo é designado A23. Este é um bom exemplo
porque a coluna de água é bastante elevada, sendo a deriva das somas bastante expressiva e pra-
ticamente linear. Além do mais, este tubo apresenta deslocamentos consideráveis, sendo este
também um fator positivo para efeitos de demonstração.

Sabendo-se que existe um erro de sensibilidade que varia em profundidade, exprimindo-se essa
variação em função da deriva das somas de leituras, a correção das leituras pode fazer-se de duas
formas distintas:

a) Determinação do parâmetro ̅ ((110), 6.4.5; Anexo IX) em cada secção afetada e de uma
função de ajuste que exprima a variação deste parâmetro. A correção é posteriormente
aplicada com base na equação (112) (6.4.5; Anexo IX), integrada na função determinada.
b) Correção da deriva das somas através de uma função de ajuste e posterior determinação
de um parâmetro ̅ médio ((110), 6.4.5; Anexo IX). Neste caso a deriva de ̅ é eliminada à

312
priori e a correção aplica-se diretamente a partir da equação (112) (6.4.5; Anexo IX).

Sabendo-se que a fiabilidade de ̅ está associada ao nível de variabilidade que este parâmetro
apresenta em profundidade (Anexo IX), é preferível optar pela solução b), uma vez que é mais di-
fícil de avaliar a variabilidade de um parâmetro que apresenta tendência.

A solução a) só terá importância para determinar o sentido de leitura em que a deriva ocorre. Esta
questão não será aqui abordada porque ainda se encontra em estudo. No entanto, será demons-
trado que b) elimina efetivamente a deriva do erro de sensibilidade, tornando-o numa constante
mais fácil de determinar, independentemente do sentido de leitura analisado.

Na figura A54 apresentam-se as somas de leituras com e sem correção da deriva, tendo sido a
correção aplicada de acordo com a expressão (116) (6.4.5), com , ,
e .

Na figura A55 apresentam-se os resultados da avaliação do erro com base nas leituras com e sem
correção da deriva das somas. O método utilizado para avaliação do erro baseia-se na equação
(93) (6.4.2), conforme aplicada nos anexos VI e XI. Adicionalmente apresenta-se a avaliação do er-
ro em zona estável com base na equação (92) (6.4.2) (in ex.: pressupondo a inexistência de deslo-
camentos significativos na zona avaliada).

Figura A54 – Tubo A23, campanha 45. Perfis de somas de leituras na direção com e sem correção de ten-
dência.

313
a) Equação (93) aplicada a leitu- b) Equação (93) aplicada a leitu- c) Equação (92) aplicada a leitu-
ras inclinométricas sem corre- ras inclinométricas com corre- ras inclinométricas com e sem
ção de tendência. ção de tendência. correção de tendência.
Figura A55 – Tubo A23, campanha 45. Análise do erro através das equações (93) (6.4.2) e (92) (6.4.2).

Na figura A55 observa-se:

• A correção da deriva das somas resulta na eliminação da tendência no perfil de avaliação


do erro pela equação (93). Este facto é expectável, já que o sucesso do método de avaliação
utilizado depende do uso de um valor de adequado. Por isso é normal que a equação (93)
espelhe as somas entre leituras.
• Apesar da equação (93) (6.4.2) não identificar a presença de erro na grande maioria das
secções, a equação (92) (6.4.2) acusa a presença de erros significativos ao longo da totali-
dade da zona considerada estável. Este facto deve-se à presença do erro de sensibilidade, o
qual ainda não foi corrigido. Esta observação é importante porque revela que a equação
(93) (6.4.2) é insensível à ocorrência de erros de sensibilidade, uma que vez que se baseia
apenas na discrepância entre os deslocamentos medidos nos dois sentidos de cada direção.

Na figura A56 apresentam-se os valores de ̅ determinados em cada secção de tubo ((110),


6.4.5). O significado das siglas que identificam os conjuntos de dados é o seguinte:

• Somas não corrigidas (in ex.: leituras com tendência):


o ds_A: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de deslo-
camentos da direção .
o ds_A0: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de des-
locamentos do sentido da direção .

314
o ds_A180: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de
deslocamentos do sentido da direção .
• Somas corrigidas (in ex.: leituras sem tendência):
o ds_A: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de deslo-
camentos da direção .
o ds_A0: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de des-
locamentos do sentido da direção .
o ds_A180: coeficiente ̅ determinado a partir dos valores acumulados de desvio e de
deslocamentos do sentido da direção .

Figura A56 – Tubo A23, campanha 45. Parâmetros de deriva de sensibilidade obtidos em cada secção.

No quadro A45 apresentam-se os valores médios de ̅ obtidos a partir de cada curva da figura
A56 em zona estável. Da análise deste quadro e da figura A56 conclui-se:

• os parâmetros obtidos a partir dos valores acumulados da direção (in ex.: ds_A) são idên-
ticos, independentemente da correção prévia da deriva das somas;
• a correção da deriva das somas elimina a tendência que se verifica nos parâmetros do sen-
tido (in ex.: ds_A0) e reduz a dispersão em ambos os sentidos e ;
• a tendência que se verifica no sentido sem correção prévia (in ex.: ds_A0 – somas não
corrigidas) permite concluir que a deriva se dá durante a primeira sequência de leituras.

Quadro A45 – Tubo A23, campanha 45. Parâmetros de deriva da sensibilidade médios obtidos em zona con-
siderada estável.

Mediante os resultados do quadro A45, as leituras inclinométricas foram corrigidas por aplicação
da equação (112) (6.4.5):

315
( ̅ )

, com ̅ . A mesma correção foi aplicada às leituras com e sem correção da deriva das
somas, entre as profundidades e (in ex.: abaixo do nível de água; figura 91, 6.4.5).

Na figura A57 apresentam-se os perfis de somas obtidos após a aplicação da correção de sensibi-
lidade sobre leituras com e sem correção prévia de tendência. Na figura A58 apresentam-se as
avaliações do erro após a aplicação da mesma correção. Na figura A59 apresentam-se os perfis de
deslocamento acumulado sem qualquer correção e com correção de sensibilidade sobre leituras
com e sem correção prévia de tendência.

Da análise das figuras A57, A58 e A59 conclui-se:

• Os perfis de somas de leituras mantêm-se praticamente iguais após a correção da sensibili-


dade, apenas com diferenças de médias muito ligeiras.
• Os perfis de análise do erro através da equação (93) mantêm-se inalterados.
• Os perfis de análise do erro através da equação (92) atestam a correção do erro de sensibi-
lidade, sendo estes resultados agora concordantes com os obtidos através da equação (93).
Importa referir que nas profundidades onde a equação (92) acusa a existência de erro veri-
ficam-se deslocamentos em campanhas anteriores e posteriores à campanha 45, sendo na-
tural que se obtenham estes resultados da equação (92).
• Os perfis de deslocamento acumulado atestam a eficácia da correção. Note-se que este fe-
nómeno poderia facilmente confundir-se com um erro de alteração do desvio na origem
(6.4.2, Anexo VI). Contudo, este fenómeno é repetível, o que indicia outro tipo de erro.

Figura A57 – Tubo A23, campanha 45. Perfis de somas de leituras. Correção de sensibilidade sobre leituras
com e sem correção prévia de tendência.

316
a) Equação (93) aplicada a leitu- b) Equação (93) aplicada a leitu- c) Equação (92) aplicada a leitu-
ras inclinométricas sem corre- ras inclinométricas com corre- ras inclinométricas com e sem
ção de tendência. ção de tendência. correção de tendência.
Figura A58 – Tubo A23, campanha 45. Análise do erro através das equações (93) (6.4.2) e (92) (6.4.2). Resul-
tados obtidos após correção de sensibilidade.

Figura A59 – Tubo A23, campanha 45. Perfis de deslocamentos com e sem correção de sensibilidade.

Conclusão

A principal conclusão a retirar deste anexo é que o tipo de erro a tratar nem sempre é evidente.

317
Neste caso, o erro poderia ter-se confundido por um erro de alteração do desvio na origem. Mui-
tas vezes não é suficiente fundamentar-se a identificação do fenómeno com base em padrões co-
nhecidos, sendo também necessário o conhecimento das características próprias do erro, as quais
derivam das causas respetivas. Neste caso, sabe-se que o erro de alteração do desvio é um fenó-
meno esporádico, que pode provocar a alteração definitiva do desvio, mas que nunca produz per-
fis de somas tendenciosos de forma sistemática e repetitiva.

A segunda conclusão é a utilidade da análise conjunta de dados de obra para rastreio e diagnósti-
co do desempenho dos instrumentos. Este problema seria praticamente impossível de compre-
ender sem a agregação de informação de diferentes obras, incluindo a informação de diferentes
dispositivos (in ex.: sondas piezométricas). Estas são tarefas que demoram muito tempo a execu-
tar, mas que deveriam estar incluídas nas rotinas de trabalho. Portanto, considera-se da maior
importância apostar no desenvolvimento de ferramentas informáticas intuitivas que sejam capa-
zes de fornecer este tipo de informação de forma rápida e organizada.

A terceira conclusão é que, neste caso, a correção prévia da tendência das somas de leituras não é
necessária do ponto de vista da correção da sensibilidade, mas é uma mais-valia do ponto de vista
da análise qualitativa dos dados corrigidos.

Finalmente refere-se que erros de sensibilidade muito pequenos podem resultar em erros acumu-
lados muito importantes (figuras A59).

318
ANEXO XI: CORREÇÃO DE ERROS SISTEMÁTICOS PONTUAIS. DEMONSTRAÇÃO APLICADA EM
CASOS DE OBRA

Introdução

Neste anexo descrevem-se os procedimentos de identificação e de correção de erros sistemáticos


pontuais em duas situações distintas (6.4.7):

• erros sistemáticos pontuais em secções isoladas;


• erros sistemáticos pontuais em mais de duas secções de tubo contíguas.

O primeiro caso reporta-se a uma obra que envolve um talude com depósitos de vertente que es-
corregam sobre um maciço rochoso. Os terrenos estão suportados por estruturas ancoradas adja-
centes a uma escola preparatória1. Os erros sistemáticos cuja correção se exemplifica são ocor-
rências relativamente comuns, mas muitas vezes suscitam dúvidas e obrigam à redundância dos
serviços de observação. Pretende-se que os conceitos aqui apresentados contribuam para redu-
ção dessa redundância e para a melhoria dos resultados inclinométricos.

O segundo caso enquadra-se na observação de uma encosta rochosa a jusante duma barragem de
betão (Anexo VII). O sistema inclinométrico habitualmente utilizado nesta obra avariou, tendo si-
do necessário substituí-lo. No entanto, anteriormente à substituição, manteve-se a utilização do
sistema avariado em modo uniaxial2. Esta decisão foi mal sucedida devido ao desencalhamento
sistemático da sonda na calha da direção . Os dados recolhidos constituem uma boa base de es-
tudo para a demonstração das potencialidades e das limitações das metodologias de análise e de
correção introduzidas neste documento (6.4.2, 6.4.7). Pretende-se que a aplicação destas técnicas
seja clarificada, demonstrando-se também o conjunto de condições necessário ao sucesso destas
operações.

Erros sistemáticos pontuais em secções isoladas

Na secção 6.4.7 exemplifica-se a correção das leituras da direção das campanhas 45 e 51 atra-
vés da análise das diferenças entre leituras de secções contíguas (figura 77, 6.3.3; figuras 93 e 94,
6.4.7). De acordo com a equação (120) (6.4.7), a soma entre diferenças obtidas em sentidos opos-
tos de uma determinada secção de tubo deve incluir-se num intervalo de confiança definido em
função do erro típico do sistema:

1
Observação de taludes. Análise de dados. Atas do 7º Congresso Nacional de Geotecnia (7CNG), 10-13 de Abril de 2000. Sociedade
Portuguesa de Geotecnia (SPG), Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), 2:713-726.
2
Utilizando-se apenas um dos acelerómetros, neste caso da direção , e executando-se quatro sequências de leitura em vez de duas
(in ex.: uma sequência em cada sentido, já que apenas uma direção é medida em cada sequência).

319

, onde representa a diferença entre leituras de secções contíguas.

Desta forma, a presença do erro identifica-se mediante a condição | | | |, po-


dendo a sua magnitude estimar-se em função do desvio da soma de leituras relativamente à mé-
dia das somas de todas as leituras ((118), 6.4.7):

| | | |⁄

Na secção 6.4.7 refere-se ainda que o erro se situa normalmente1 no sentido que apresenta maior
variação entre as leituras das secções interessadas.

Identificado o sentido a corrigir, a correção aplica-se de acordo com a equação (121) (6.4.7):

Nos quadros A46 e A47 resumem-se os procedimentos de cálculo para identificação, estimativa e
correção das leituras da direção das campanhas 45 e 51, respetivamente (figura 77, 6.3.3; figu-
ras 93 e 94, 6.4.7). Nestes quadros observa-se que a correção de poucas leituras tem um efeito
muito positivo nos valores de desvio padrão. Observa-se ainda que:

• nem todas as somas fora dos limites de confiança correspondem à identificação de um erro
através da equação (120) (6.4.7) –normalmente, estes erros não requerem correção;
• a secção 17 da campanha 45 produz duas indicações sucessivas de erro – tal como referido
em 6.4.7, estas situações são as que merecem maior atenção;
• devido à ocorrência de erros sequenciais, coincidentemente num extremo do tubo, só a
primeira das três secções corrigidas da campanha 51 acusa a presença de erro – esta situa-
ção demonstra que por vezes uma avaliação qualitativa bem sucedida requer uma perspe-
tiva global da informação disponível (in ex.: somas, deslocamentos, etc.).

1
Note-se que esta prática de identificação do sentido a corrigir constitui apenas a hipótese mais provável. Na verdade, este é sempre
um processo de seleção por tentativa e erro.

320
Quadro A46 – Tubo I1, campanha 45. Análise e de correção de leituras com erros sistemáticos pontuais.

321
Quadro A47 – Tubo I1, campanha 51. Análise e de correção de leituras com erros sistemáticos pontuais.

322
Erros sistemáticos pontuais em mais de duas secções de tubo contíguas

Na figura A60 apresentam-se os deslocamentos acumulados das seguintes 4 campanhas:

• 23-VII: campanha executada com o inclinómetro VII em modo uniaxial, utilizando-se apenas
o acelerómetro da direção . Os dados de cada direção obtiveram-se circulando a sonda
com as rodas no par de calhas respetivo.
• 23-1DG: campanha executada com o inclinómetro 1DG em modo biaxial. Os dados de am-
bas as direções obtiveram-se circulando o instrumento no par de calhas da direção .
• 23-1DG-A: campanha executada com o inclinómetro 1DG em modo uniaxial, utilizando-se
apenas o acelerómetro da direção . Os dados de cada direção obtiveram-se circulando a
sonda com as rodas no par de calhas respetivo.

Importa referir que existe um erro de rotação não corrigido entre a campanha 23-VII e as restan-
tes, claramente visível na figura A60 (direção ). Este erro deve-se à diferença entre o alinhamen-
to axial dos acelerómetros dos dois sistemas e não foi corrigido porque este não é o foco que se
pretende tratar. Neste contexto, refere-se que a correção de erros de rotação envolve a inter-
relação de dados de ambas as direções e , o que introduz distorções nos dados de origem. Es-
te processo dificulta a deteção e a correção posterior de outras anomalias. Por esta razão, os er-
ros de rotação devem ser sempre os últimos a tratar.

Figura A60 – Tubo R0. Deslocamentos acumulados das campanhas 23-VII, 23-1DG e 23-1DG-A.

Na figura A60 observa-se que os resultados obtidos na direção são inconsistentes e apresentam

323
deslocamentos importantes na zona inferior do tubo. Esses deslocamentos não se verificam em
modo biaxial, seja em campanhas anteriores ou atuais (in ex.: 23-1DG). A diferença está clara-
mente no par de calhas onde as rodas inclinométricas circulam. Note-se que quando um tubo so-
fre um deslocamento na direção , a deformação das calhas da direção é transversal ao plano
formado pelas mesmas, o que dificulta a circulação das rodas nesse plano.

Pensa-se que uma deformação particular das calhas da direção provoque o desencalhamento
da sonda, voltando a mesma encalhar mais acima. Os perfis de somas de leituras da campanha
23-1DG parecem suportar esta hipótese, já que têm fraca qualidade na zona inferior do tubo,
principalmente na direção (figura A61). Outras campanhas apresentam perfis de somas com
padrões idênticos, embora com magnitudes variáveis do desvio de somas relativamente à média.

Outro facto que também corrobora a hipótese dum desencalhamento das rodas na direção éa
repetibilidade dos perfis de deslocamento nessa direção em modo uniaxial. Estes perfis são re-
petíveis com os dois sistemas inclinométricos, mas as deformações obtidas são dependentes do
sistema utilizado. Esta diferença explica-se pela observação das rodas das duas sondas, verifican-
do-se que o bisel das mesmas difere de sistema para sistema, o que altera as condições necessá-
rias ao desencalhamento/encalhamento de cada sonda.

Figura A61 – Tubo R0. Perfil de somas de leituras da campanha 23-1DG.

O caso que se apresenta na figura 95 (6.4.7) refere-se à correção da curva 23-1DG-A na direção .
Esta curva constitui um bom exemplar porque se dispõe de uma boa referência (23-1DG).

324
Na figura A62a apresenta-se o perfil de somas de leituras da campanha 23-1DG-A na direção .
Nesta figura observa-se que a magnitude e a quantidade de erros na zona inferior do tubo é tal
que o valor da média se encontra deslocado do conjunto de somas da zona superior do tubo.

Para corrigir esta situação, optou-se1 pela eliminação do percentil inclusivo ( ) da


distribuição de somas de leituras (in ex.: ). Na figura A62b apresenta-se o mesmo perfil
de somas sem o percentil (in ex.: ). Nesta figura observa-se o seguinte:

• a média das somas foi corrigida e passou a representar corretamente o conjunto de somas;
2
• a média corrigida é próxima do valor tipicamente obtido com o acelerómetro utilizado ;
• o desvio padrão foi substancialmente reduzido.

a) Perfil de somas total da campanha 23-1DG-A na b) Perfil de somas da campanha 23-1DG-A na dire-
direção . ção sem o percentil .
Figura A62 – Tubo R0. Perfis de somas de leituras da campanha 23-1DG-A na direção antes e após a re-
moção do conjunto de somas do percentil inclusivo .

Obtido um valor médio de somas mais fiável, pode proceder-se à correção de dados. O objetivo é
obter-se uma curva de deslocamento representativa da curva 23-1DG (figura 95b, 6.4.7).

Na figura 95b (6.4.7) apresentam-se as curvas de deslocamento que resultam de quatro processos

1
Esta decisão é suportada por dois fatores: a) a média encontra-se desviada no sentido negativo relativamente ao conjunto de somas
da zona superior do tubo; b) as somas desviantes com maior magnitude são inferiores à média das somas.
2
Ou seja, o acelerómetro da direção ( na campanha 23-1DG e na campanha 23R-1DG – não apresentada).

325
distintos de correção. Neste anexo importa abordar o processo iterativo ilustrado na figura 95a
(6.4.7): correção baseada na equação (121) (6.4.7), cujo sentido a corrigir em cada iteração cor-
responde ao que apresenta maior diferença absoluta entre leituras de secções contíguas.

No quadro A48 resume-se o processo de cálculo utilizado em 4 iterações para corrigir 6 leituras
do percentil . Excluindo-se a natureza iterativa do processo, este método nada difere do apli-
cado na correção das campanhas 45 e 51 (quadros A46 e A47).

Quadro A48-1 – Tubo R0, campanha 23-1DG-A. Resumo dos procedimentos iterativos de análise e de corre-
ção de leituras com erros sistemáticos pontuais – continua na próxima página.

326
Quadro A48-2 – Tubo R0, campanha 23-1DG-A. Resumo dos procedimentos iterativos de análise e de corre-
ção de leituras com erros sistemáticos pontuais – continuação.

A campanha 23-VII é um caso diferente, cuja correção não é possível devido à forma como se
pensa que o processo de desencalhamento poderá ocorrer.

Na figura A63 apresentam-se os perfis de somas de leituras desta campanha. Ao contrário do que
acontece na campanha 23-1DG-A (figura A62), o desvio do valor médio das somas não se verifica.

327
Figura A63 – Tubo R0, campanha 23-VII. Perfil de somas de leituras nas direções e .

No quadro A49 apresenta-se um resumo dos procedimentos de análise das leituras da campanha
23-VII, entre as cotas e . Os métodos aplicados baseiam-se nas equações (121)
(6.4.7) e (93)1 (6.4.2). Neste quadro observa-se o seguinte:

• As secções em que o erro é identificado diferem entre os dois métodos. Este facto é espe-
rado, visto existirem secções sequenciais afetadas e, por isso, a equação (121) (6.4.7) só
pode ser aplicada iterativamente (in ex.: não produz informação credível porque se baseia
na diferença entre secções contíguas).
• A equação (93) (6.4.2) identifica erros muito significativos em ambos os sentidos, pratica-
mente em todas as secções analisadas. Este facto torna inviável a aplicação da equação
(121) (6.4.7), mesmo de forma iterativa, uma vez que esta equação pressupõe que uma das
leituras esteja isenta de erro.
• A condição | | é inválida mesmo em secções onde o erro não é identificado
pela equação (93) (6.4.2). Este facto explica-se considerando que o desencalhamento da
sonda provoca uma rotação axial da mesma idêntica em ambos os sentidos de leitura. Des-
ta forma, os ângulos medidos em ambos os sentidos são aproximadamente simétricos e a
condição | | é validada, apesar da sonda circular fora das calhas de
rodagem.

1
Note-se que mesmo a campanha 23-VII comporta um erro de rotação na direção . Pois, o acelerómetro utilizado nesta direção foi o
da direção , enquanto os dados homólogos da campanha de referência foram obtidos com o acelerómetro da direção . Por esta ra-
zão, a equação (92) (6.4.2) não é adequada à análise de dados, uma vez que pressupõe a inexistência de deslocamentos.

328
Quadro A49 – Tubo R0, campanha 23-VII. Análise de leituras pelas equações (121) (6.4.7) e (93) (6.4.2), en-
tre as cotas e .

Analisando-se os diferentes métodos de correção apresentados em 6.4.2 e em 6.4.7, percebe-se


porque esta campanha não é passível de ser corrigida de forma credível:

• A equação (121) (6.4.7) apoia-se no valor de e na leitura do sentido oposto ao afetado.


Se ambas as leituras forem de muito má qualidade, este método não se aplica.
• A equação (93) (6.4.2) apoia-se essencialmente na discrepância entre deslocamentos de
sentidos opostos, supostamente simétricos. Se ambas as leituras forem de muito má quali-
dade e produzirem deslocamentos erróneos de magnitude considerável, este método não é
aplicável, principalmente se houver simetria entre leituras de sentidos opostos.
• A equação (92) (6.4.7) apoia-se no pressuposto de não existirem deslocamentos significati-
vos na zona analisada (in ex.: o método equivale à subtração de deslocamentos). Sabendo-
se que existe um erro de rotação que produz deslocamentos, este método não se aplica.

A análise das campanhas 23-1DG-A e 23-VII demonstra que as técnicas introduzidas neste docu-
mento permitem recuperar informação com um elevado grau de corrupção, desde que haja al-
guma fiabilidade dos dados recolhidos num dos sentidos. Demonstra-se ainda que estes métodos
não devem ser aplicados no imediato, por tentativa e erro, sem primeiro se verificarem as condi-
ções necessárias à sua aplicação com algum grau de confiança. Pequenos erros pontuais e isola-
dos podem normalmente corrigir-se sem grande dificuldade. Mas, quando este tipo de erro ocor-
re sequencialmente com magnitudes importantes é preferível repetir a campanha.

329
ANEXO XII: ESTIMATIVA DO ERRO EM CURVAS DE PERFIL

Introdução

Na secção 6.5 abordam-se os procedimentos de cálculo para estimativa do erro em curvas de per-
fil. Na secção 6.2 refere-se que a estimativa do erro afeto a curvas de deslocamento incremental e
acumulado se calcula de acordo com as expressões (78) e (79) (6.2.2):

∑ √

Considerando-se uma única referência (in ex.: ), o erro aleatório dum deslocamento incre-
mental com base no erro típico do sistema corresponde a e a mesma componente dum des-
locamento acumulado corresponde a √ , sendo índice da secção correspondente.

Quando são introduzidos erros sistemáticos, estes têm de ser acumulados linearmente em cada
secção onde ocorrem, podendo a sua magnitude estimar-se pela expressão1 (118) (6.4.7):

| | | |⁄

Por exemplo, considere-se que na secção estima-se um erro sistemático com magnitude
| | . Então, o erro dos deslocamentos incrementais nas secções não afetadas é
[ ] [ ] e na secção é | | ( ) . Note-se que
o método não faz juízo sobre o sentido2 onde o erro ocorre, partindo-se do princípio que o mes-
mo pode ocorrer no sentido positivo ou negativo. Note-se ainda que a componente aleatória é in-
crementada a , uma vez que qualquer medição é passível de variar aleatoriamente, indepen-
dentemente de conter um erro sistemático.

Seguindo-se o mesmo exemplo, o erro dos deslocamentos acumulados nas secções é

[ ] √ e o erro nas secções é [ ] (√ ) . Note-se que a


componente sistemática não é acumulada nas secções porque só ocorre na secção .
É importante reter que o termo das equações (79) (6.2.2) e (76) (6.2.1) pressupõe a existência
de em todas as secções; pois são genéricas e exprimem o valor máximo (ou admissível) do erro
típico do sistema. Uma forma mais prática de escrever a expressão (79) (6.2.2) é:

1
Note-se que esta expressão é a recomendada para a estimativa da magnitude de erros sistemáticos pontuais (6.4.7), mas existem o u-
tras metodologias de estimativa que podem ser utilizadas em situações específicas (6.4.2; 6.4.7).
2
Nas secções 6.4.2 e 6.4.7 apresentam-se algumas metodologias para determinar o sentido em que o erro provavelmente ocorre. No
entanto, estes métodos requerem uma análise mais aprofundada e objetivam a correção efetiva do erro. Aqui, pretende-se um méto-
do expedito que forneça uma aproximação da magnitude do erro.

331
∑ √ ∑∑

Ou seja, o erro sistemático na secção da campanha corresponde ao somatório dos erros sis-
temáticos verificados nas secções , em cada histórico de referências . Convém não esque-
cer que os históricos de referências não incluem apenas as campanhas de referência , ha-
vendo sempre uma campanha de transição entre históricos (5.6). Convém também lembrar que o
erro aleatório da campanha de referência é desprezável, por se tratar de um padrão, mas este
procedimento não é válido para erros sistemáticos, a não ser que estes sejam repetíveis ao longo
do histórico de observação.

Portanto, o sistema de múltiplas referências pode ser muito útil, mas deve utilizar-se com algum
critério e considerando-se sempre as implicações que várias referências podem ter na avaliação
da qualidade das medições inclinométricas.

Estimativas do erro nas curvas de deslocamento das campanhas 45 e 51 (6.5; Anexo XI)

Nos quadros A50 e A51 apresentam-se as medições inclinométricas das campanhas 45 e 51 na di-
reção , respetivamente, juntamente com as estimativas dos erros de medição respetivos. As es-
timativas da componente aleatória apresentam-se:

a) baseadas em , com ( )e ;
b) baseados em , com e , sendo o desvio padrão das so-
mas de leituras com exclusão das somas desviantes (6.5.1).

Os erros sistemáticos são primeiramente identificados pelo método a), sendo a sua magnitude
posteriormente estimada através da expressão (118) (6.4.7) com o valor de recalculado sem as
somas desviantes previamente identificadas.

A componente aleatória do erro total é estimada pelo método a) ou b). Embora o método b) resul-
te frequentemente em estimativas inferiores, o método a) é normalmente preferível porque defi-
ne intervalos de confiança padrão e facilita a comparação qualitativa entre campanhas com dis-
persões de somas distintas entre si.

As estimativas obtidas nos quadros A50 e A51 correspondem à metade superior do quadro 22
(6.5.1). Por uma questão de brevidade, não serão apresentados os procedimentos de cálculo da
direção , já que não diferem dos aplicados na direção . Os valores da metade inferior do qua-
dro 22 (6.5.1) calculam-se da mesma forma, tomando os valores típicos de ,
e em ambas as direções. O coeficiente de conversão entre unidades de
leitura e milímetros é .

332
Quadro A50-1 – Resumo dos procedimentos de cálculo da estimativa do erro da campanha 45 na direção
– continua na próxima página.

333
Quadro A50-2 – Resumo dos procedimentos de cálculo da estimativa do erro da campanha 45 na direção
– continuação.

Quadro A51-1 – Resumo dos procedimentos de cálculo da estimativa do erro da campanha 51 na direção
– continua na próxima página.

334
Quadro A51-2 – Resumo dos procedimentos de cálculo da estimativa do erro da campanha 51 na direção
– continuação.

Nas figuras A64 e A65 apresentam-se, respetivamente, as curvas de deslocamento incremental e


acumulado das campanhas 45 e 51 na direção . Nestas figuras apresentam-se também os limites
de confiança correspondentes ao erro estimado nos quadros A50 e A51.

Figura A64 – Curvas de deslocamentos com estimativas de erro da campanha 45 na direção .

335
Figura A65 – Curvas de deslocamentos com estimativas de erro da campanha 51 na direção .

Após correção dos erros conforme exposto na secção 6.4.7 e no Anexo XI, as secções corrigidas 1

através da equação (121) (6.4.7) têm um erro aleatório estimado de √ ou de √ , con-


forme a estimativa se baseie no valor típico ou no valor do desvio padrão ( ), respetivamente
((130), 6.5.2).

Nos quadros A52 e A53 resumem-se os procedimentos de cálculo das estimativas de erro após a
aplicação das correções do Anexo XI nas campanhas 45 e 51, respetivamente. As representações
gráficas respetivas encontram-se nas figuras A66 e A67.

Quadro A52-1 – Resultados das correções da campanha 45 apresentadas no Anexo XI. Resumo dos proce-
dimentos de cálculo da estimativa do erro na direção – continua na próxima página.

1
Secção 17 na campanha 45 e secções 1 a 3 na campanha 51.

336
Quadro A52-2 – Resultados das correções da campanha 45 apresentadas no Anexo XI. Resumo dos proce-
dimentos de cálculo da estimativa do erro na direção – continuação.

337
Quadro A53-1 – Resultados das correções da campanha 51 apresentadas no Anexo XI. Resumo dos proce-
dimentos de cálculo da estimativa do erro na direção – continua na próxima página.

338
Quadro A53-2 – Resultados das correções da campanha 51 apresentadas no Anexo XI. Resumo dos proce-
dimentos de cálculo da estimativa do erro na direção – continuação.

Figura A66 – Resultados das correções da campanha 45 apresentadas no Anexo XI. Curvas de deslocamen-
tos com estimativas de erro na direção .

339
Figura A67 – Resultados das correções da campanha 51 apresentadas no Anexo XI. Curvas de deslocamen-
tos com estimativas de erro na direção .

340

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