Resumos de geografia
Os recursos marítimos
Linha de costa: Portugal tem uma linha costeira de 2601 km, distribuída entre o
Continente (1240 km), os Açores (943 km) e a Madeira (418 km). O litoral concentra
população e atividades económicas, como a pesca, aquicultura, turismo, desportos e
indústria.
Definição de litoral: Parte do território junto à costa que pode abranger até 50 km
para o interior, onde a terra e o mar interagem, dependendo da legislação de cada
país.
Fatores que influenciam a linha de costa
Linha de costa: Faixa da superfície terrestre que se encontra no contacto entre as
terras emersas e o mar ou oceano.
Fatores de influência: A ação erosiva do mar, o grau de resistência das rochas, as
alterações climáticas, a tectónica de placas, a ação dos rios e a intervenção humana
(construção de barragens, obras costeiras, ocupação de arribas e extração de areias).
Tipos de Costa
Costa alta de arriba: Escarpada, formada por rochas duras, com altitudes acima do
nível do mar, frequentemente com pequenas praias visíveis apenas na maré baixa.
Costa baixa e arenosa: Próxima do nível do mar, associada a dunas, composta por
rochas sedimentares pouco resistentes à erosão.
Costa baixa e rochosa: Menor altitude, talhada em afloramentos rochosos, próxima ao
nível do mar.
Evolução das arribas
As falésias costeiras são sujeitas a erosão e desgaste contínuo devido à ação do mar.
Formas de relevo litoral
As principais formações são: praias, dunas, restingas, lagunas, baías, estuários, ilhas-
barreira, tômbolos, arribas, cabos, deltas, farilhões, arcos, grutas e penínsulas.
Acidentes naturais no litoral português
Haff-delta de Aveiro: Formação lagunar resultante da regressão marinha e deposição
de sedimentos.
Concha de São Martinho do Porto: Baía pequena formada pela acumulação de
sedimentos.
Tômbolo de Peniche: Ilha ligada ao continente por sedimentos.
Estuários do Tejo e Sado: Áreas importantes ecologicamente e economicamente,
formadas pela acumulação de sedimentos na foz dos rios.
Lido de Faro: Área lagunar composta por ilhotas arenosas.
Relação entre acidentes naturais e portos
A linha de costa portuguesa tem poucos locais favoráveis para portos devido ao
traçado retilíneo e exposição aos ventos e correntes. Os portos localizam-se a sul dos
acidentes naturais para ficarem abrigados.
Fatores que influenciam os recursos piscatórios
Principais fatores: Temperatura, salinidade, luz, oxigénio, profundidade da água,
presença de alimento e migração das espécies.
Morfologia submarina:
o Plataforma continental: Submarina e ligeiramente inclinada, com
profundidades até 200 metros.
o Talude continental: Zona de declive que liga a plataforma às planícies abissais.
o Planície abissal: Áreas profundas entre 4600 e 5500 metros.
o Fossas submarinas: Depressões que podem atingir até 10.000 metros.
o Crista médio-oceânica: Cadeias montanhosas submarinas de origem vulcânica.
Plataforma continental e a riqueza piscícola
Produtividade: A plataforma continental é a área mais rica em termos de recursos
marinhos:
o Agitação das águas: Melhora a oxigenação.
o Pouca profundidade: Permite a penetração de luz solar.
o Abundância de plâncton: Devido às condições favoráveis.
o Resíduos orgânicos: Transportados pelos rios, enriquecem a área.
o Baixa salinidade: Resultante da mistura com as águas fluviais.
Contudo, a plataforma continental de Portugal é estreita (30 a 60 km), limitando os recursos
marinhos comparativamente a outras regiões da Europa.
Correntes marítimas
Corrente de Portugal: Ramificação da Corrente do Golfo que se estende desde a
Escandinávia até Cabo Verde, favorecendo a pesca ao misturar águas quentes e frias.
Upwelling: Fenómeno que traz águas frias ricas em nutrientes à superfície,
especialmente no verão, o que favorece a pesca de sardinha, carapau e anchova. Este
fenómeno deve-se aos ventos do quadrante norte que desviam as águas quentes para
o largo.
Zonas Marítimas de Portugal
Águas interiores marítimas: Localizam-se entre a linha de base reta e a costa,
incluindo rios e embocaduras.
Mar territorial: Estende-se até 12 milhas náuticas (22 km), onde Portugal exerce
soberania plena.
Zona contígua: Estende-se até 24 milhas (44 km), zona onde o Estado exerce jurisdição
para prevenir crimes.
Zona Económica Exclusiva (ZEE)
ZEE portuguesa: Uma das maiores da Europa, com 200 milhas náuticas (370 km), onde
Portugal detém direitos sobre a exploração, conservação e gestão dos recursos
naturais, vivos e não vivos, do solo e subsolo.
Distinção entre ZEE e Plataforma Continental
A ZEE integra o solo, subsolo e coluna de água até 200 milhas. Já a plataforma
continental pode estender-se além das 200 milhas, mas não inclui a coluna de água
nem o espaço aéreo.
Atividade Piscatória
Tipos de pesca:
o Pesca local: Praticada em águas interiores ou próximas da costa, usando
pequenas embarcações (menos de 9 metros) e técnicas artesanais.
o Pesca costeira: Embarcações de 9 a 33 metros, maior autonomia e tecnologias
modernas como cerco e arrasto.
o Pesca de largo: Realizada em águas internacionais com navios equipados para
longas operações.
o Pesca artesanal: Pequenas embarcações e técnicas tradicionais.
o Pesca industrial: Navios de grande tonelagem e tecnologias avançadas (GPS,
sondas).
Frota Pesqueira Nacional
A frota pesqueira está a diminuir em número de embarcações, mas as que restam são
mais potentes e eficientes, sendo 83,9% das embarcações inferiores a 12 metros.
Modernização: O investimento em novas tecnologias aumentou a eficiência da frota.
Política Comum das Pescas (PCP)
A PCP incentivou a redução de embarcações e pescadores, mas também promoveu a
modernização da frota, com novas tecnologias de navegação e captura.
Principais Espécies Capturadas (2019)
Peixes: Cavala, carapau, biqueirão, atuns.
Moluscos: Polvo, berbigão.
Crustáceos: Gamba.
Características da Mão de Obra
Declínio dos pescadores: O número de pescadores tem vindo a diminuir e a maioria
tem entre 35 e 54 anos. Regiões como o Alentejo e Madeira têm o menor número de
pescadores.
Baixa instrução: Muitos pescadores não têm a escolaridade obrigatória, o que dificulta
a adaptação às novas exigências.
Aquicultura
Definição: Cultivo de organismos aquáticos (peixes, moluscos, crustáceos, algas) em
ambientes controlados, aumentando a produção além do natural.
Regimes de exploração:
o Intensivo: Uso de rações artificiais, com elevada densidade de produção e
maior controlo ambiental.
o Extensivo: Baseia-se na alimentação natural, com menor densidade e menos
intervenção humana.
o Semi-intensivo: Combina alimentação natural com suplementos artificiais.
Problemas do Espaço Marítimo e Litoral
Sobre-exploração dos recursos: Devido à pesca excessiva e captura ilegal de juvenis.
Poluição das águas: Provocada por derrames de petróleo, descargas industriais e
esgotos domésticos.
Alargamento da Plataforma Continental
Portugal pretende estender a plataforma continental além das 200 milhas, o que
aumentará a sua jurisdição sobre recursos como petróleo, gás natural e minerais.
Gestão Integrada e Ordenamento do Espaço Marítimo
Plano de Situação do Ordenamento do Espaço Marítimo Nacional (PSOEM):
Compatibiliza atividades como pesca, energia, turismo e transporte, sem comprometer
os recursos.
Programas da Orla Costeira (POC): Projetos para proteger o litoral da erosão e
degradação.
Plano de Ação Litoral XXI: Promove a gestão sustentável e a proteção dos
ecossistemas costeiros.
Atividades Sustentáveis no Espaço Marítimo
Energias renováveis: Aproveitamento das ondas, marés e vento.
Aquicultura e salicultura: Alternativas sustentáveis à pesca tradicional.
Exploração de hidrocarbonetos e minerais: Potencial exploração de petróleo, gás e
minerais com a expansão da plataforma.