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Roteiro Marrocos

O roteiro no Marrocos abrange visitas a Casablanca, Rabat, Chefchaouen, Volubilis, Mèknes, Fes e o Deserto do Saara, com foco em experiências culturais e gastronômicas. As cidades oferecem atrações históricas, como a mesquita Hassan II e a medina de Fes, além de dicas sobre negociação de preços e transporte. A viagem inclui paisagens deslumbrantes e uma imersão na rica cultura marroquina.
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Roteiro Marrocos

O roteiro no Marrocos abrange visitas a Casablanca, Rabat, Chefchaouen, Volubilis, Mèknes, Fes e o Deserto do Saara, com foco em experiências culturais e gastronômicas. As cidades oferecem atrações históricas, como a mesquita Hassan II e a medina de Fes, além de dicas sobre negociação de preços e transporte. A viagem inclui paisagens deslumbrantes e uma imersão na rica cultura marroquina.
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ROTEIRO MARROCOS

CASABLANCA E RABAT

(2 DIAS)

Utilizamos apenas um dia para conhecer as duas cidades, uma vez que nosso roteiro privilegiou as
cidades mais interessantes no interior do Marrocos, além do Deserto do Saara. Casablanca e Rabat
são cidades que, em nosso entendimento, não possuem uma quantidade de atrações que justifique
mais do que um dia, uma vez que estão a apenas 90 km de distância por autoestrada de ótima
qualidade.
Casablanca é a capital econômica do Marrocos, e lá visitamos pela manhã a mesquita Hassan II,
maior do país e a única que os não muçulmanos podem visitar. A estrutura impressiona – nela
20 mil homens e 5 mil mulheres podem rezar ao mesmo tempo.

Os homens ficam no salão principal e as mulheres separadas, em um mezanino que circunda todo o
salão principal. É um programa recomendado. Custa aproximados 120 Dirhams (12 Euros) por
pessoa e esse valor inclui um guia da própria mesquita em vários idiomas (escolhemos espanhol –
não tem português).

Saindo da mesquita seguimos direto para Rabat, a capital política do Marrocos. Lá conhecemos o
mausoléu onde estão enterrados o avô e o pai do atual rei, Mohammed VI, e as infinitas bases de
colunas do que deveria um dia ser a maior mesquita do país, mas que não chegou a ser concluída. O
local fica próximo a um mirante à beira do Atlântico de onde se tem uma visão panorâmica
interessante.
O mirante fica dentro de um Kasbah (espécie de fortaleza) e os dois pontos podem ser visitados sem
custo. Descarte os “guias” que se oferecerão para acompanhar você dentro do Kasbah, e que vão
tentar te cobrar 100 Dirhams e valorizar ao máximo uma caminhada quase reta de 300 metros, se
tanto!

Almoçamos em Rabat no excelente restaurante Dar Naji, onde tivemos nosso primeiro contato com
a culinária típica marroquina e com o chá de menta, e voltamos para Casablanca para mais tarde
jantar no Rick’s Café (não deixe de fazer uma reserva antecipada, ainda que no mesmo dia). O
restaurante retrata o famoso café onde se passa a maior parte do filme Casablanca, de 1942.

Não vou aqui polemizar se o tal café existiu mesmo ou não, mas vale uma visita, sem dúvida. O
local é agradável e a comida boa, ainda que um pouco mais cara do que a média local, mas dentro
de uma faixa aceitável. No segundo andar há um reservado onde o filme é passado de forma
permanente e no piso abaixo um pianista toca clássicos do cinema e, é claro, As time goes by.
Dica #4: em determinadas situações é melhor negociar antes o valor da corrida, ou então tenha
certeza que o taxímetro vai ser utilizado. Uma tática que usamos e acho interessante era de sempre
perguntar no hotel quanto deveria custar em média a corrida para determinado local.
Funcionou bem ao longo de toda a viagem. Não se assuste com os preços iniciais da negociação, se
você persistir vai viajar por ¼ ou menos do valor inicial…
Isso também vale para as compras, pois lá praticamente tudo que é posto à venda não tem o preço
marcado. Ou seja, o valor que você vai pagar depende da negociação do momento. Mais uma vez,
vale aqui a tática de buscar referências de preços de outros locais que você conheça – pelo menos
você não vai pagar um valor absurdo, mesmo que no Marrocos o item possa custar ainda menos.
Em resumo, informação prévia e negociação.

CHEFCHAOUEN

( 2 DIAS)

Deixamos Casablanca para trás logo cedo, após o bom café da manhã do Kenzi Basmaa, e pegamos
a estrada rumo ao norte do país para nossa segunda base: Chefchaouen, a cidade azul. A viagem é
relativamente longa e toma boa parte do dia. Chegamos no meio da tarde. Agora a parte mais
interessante da viagem estava de fato começando.
Chefchaouen fica localizada na área do Rif, cadeia de montanhas próxima ao Mediterrâneo e
Argélia. A viagem é marcada por estradas com trechos sinuosos e com a constante presença de
plantações de oliveiras sem fim nas colinas. O Marrocos é um grande produtor de azeite de oliva
(você sabia? Eu não…) e de boa qualidade. O azeite está presente em todas as refeições, até mesmo
no café da manhã!

A área das montanhas Rif também é a principal produtora de haxixe no Marrocos, mas não tivemos
nenhum problema em relação a esse ponto durante todo nosso roteiro. A primeira característica
marcante de Chaouen (forma reduzida como também é chamada) é a predominância da cor azul em
suas habitações modernas e também nas ruas e casas da medina (centro histórico formado pela parte
antiga da cidade, quase sempre cercada por muralhas). Associa-se o uso da cor a costumes antigos
dos reis e também a aspectos religiosos
Ficamos hospedados no Riad Assilah, simples mas muito aconchegante e bem próximo à praça Uta
el Hammam, centro nervoso da medina de Chaouen, onde estão localizados os principais
restaurantes e lojinhas. Aqui destaco o restaurante Casa Aladin, de fácil acesso através de rua
adjacente à praça. Decoração típica e comida de boa qualidade (experimente a Harira – sopa à base
de tomates, típica do Marrocos). Se não estiver frio, vale a pena comer no terraço, com vista para os
principais pontos turísticos da cidade. Também recomendo a Pizzaria Mandala, se quiser variar
um pouco da culinária típica. Fica localizada fora da medina, mas bem perto. É pequena mas muito
bem organizada e tem pizzas e massas de excelente qualidade.

Os principais programas para serem feitos em Chefchaouen são:


- o passeio pelas ruas da medina, onde você poderá encontrar ruas abobadadas e vielas com
decoração bem alegre e tirar excelentes fotos. Fizemos um caminho sempre próximo à muralha
e chegamos ao ponto mais alto da medina. Existem também trilhas que podem ser feitas nas
montanhas, vai depender do tempo que você tiver e de sua disposição, mas não se esqueça de levar
seus calçados “outdoor”. Além disso, na pracinha principal há também:
- um Kasbah que é um museu e vale a pena ser visitado (a entrada custa 30 Dirhams).

Do alto da torre você terá uma vista legal de toda a cidade e das montanhas que a cercam. Se puder
vá próximo ao horário do pôr do sol, mas prepare-se para a subida de um bom número de escadas
estreitas, porém de baixo risco.
Uma coisa que chama atenção, e não posso deixar de citar aqui, é o conjunto formado pelas
características do local e pelos costumes e vestes das pessoas. Parece que você está em um filme
épico, com magos e outras criaturas ao seu redor. Isso fica mais evidente porque quase todo mundo
usa a jelaba, uma túnica com capuz que cobre todo o corpo, até abaixo dos joelhos. É o traje típico
da região e protege contra o frio que pode ser intenso na montanha.
As temperaturas no Marrocos, mesmo no inverno, não costumam ser extremas. Com base no
histórico, preparamos nossas malas, mas fomos surpreendidos pela forte massa que estava
intensificando o frio em toda a Europa, e que acabou “atravessando” o Mediterrâneo e atingindo
também o norte da África. Não teve jeito, minha esposa comprou uma jelaba que a acompanhou por
boa parte da viagem a partir dali.

VOLUBILIS, MÈKNES E FES

(2 DIAS)

Seguimos para nossa terceira base no roteiro que foi a cidade de Fes (ou Fez, as duas formas são
aceitas). A viagem a partir de Chaouen não é muito longa, mas no caminho passamos e paramos em
Volubilis e Mèknes e chegamos a Fes quase no final da tarde.
Volubilis hoje é um sítio arqueológico de uma antiga cidade romana, patrimônio da Unesco desde
1997. O local é bem organizado e gerido. Algumas peças que são recuperadas e restauradas ficam
expostas na entrada do sítio, próximo à área de recepção dos visitantes, antes do início da
caminhada pelo sítio propriamente dito. Vale a visita (a entrada custa 20 Dirhams).
Mèknes faz parte das chamadas cidades imperiais do Marrocos (que já foram capitais, ou são),
juntamente com Rabat (capital atual), Fes e Marrakech. Lá paramos para almoçar. O ponto
interessante de Mèknes é que a muralha que cerca sua medina é a mais extensa do Marrocos, com
cerca de 48 Km. Também é uma cidade forte em agricultura e fica em uma região produtora de
vinhos. Provamos um vinho produzido em Mèknes durante nosso jantar no Riad em Fes e
avaliamos como de média qualidade. O azeite marroquino é muito bom, mas no vinho eles ainda
tem um caminho a trilhar.
Em Fes ficamos hospedados no Riad Al Makan, bem próximo à medina. A acomodação é excelente.
Quartos grandes, muito bem decorado no melhor estilo marroquino, com entalhes e mosaicos
fantásticos, como os das fotos a seguir:
No dia seguinte saímos cedo em companhia de nosso motorista Ismail e de um guia local que
também falava português, chamado Said. Dica #5: não se aventure dentro da medina de Fes sem um
guia local. A medina possui 9.200 ruas e vielas e não é difícil se perder e não achar a saída.
Iniciamos o passeio indo a um mirante de onde se tem uma vista panorâmica fantástica de Fes e
depois fomos conhecer o Palácio Real, com suas 7 portas. A partir dali nos embrenhamos na
medina, onde ficamos por todo o restante do dia.
Iniciamos nossa expedição pela medina entrando pela famosa Porta Azul. Foi nosso primeiro
contato com as raízes da cultura marroquina. A sensação foi de termos voltado mais de 10 séculos
no tempo. A medina de Fes foi fundada no século IX, mas parece que o modo de vida não evoluiu.
Seria uma imersão total, não fosse por algumas lojas da medina que vendem equipamentos e
acessórios da era digital.
A medina é uma mistura complexa de ruas residenciais, comerciais, de mercados (souks) e
mesquitas. Suas ruas e vielas são bem estreitas (passamos por algumas de apenas 60 cm de largura –
isso serve para evitar que o sol incida diretamente nas paredes, e também facilitava estratégias de
defesa, não permitindo que invasores formassem várias fileiras. Outra característica marcante é a
importância dos burricos que, justamente pelas características das ruas, são o meio de transporte
usado para levar material para dentro da medina e para retirar o lixo.

Fes é considerada a capital cultural do Marrocos e possui a universidade mais antiga do mundo, que
fica dentro da medina. A arquitetura típica das casas nas medinas mais tradicionais não utiliza
janelas. A circulação do ar dentro da habitação é feito por um pátio central aberto no seu interior,
para onde as janelas dos quartos ficam viradas. Ou seja, de fora, a única coisa que se vê é a porta de
entrada. Na cultura marroquina, quanto maior a riqueza da família no interior da casa, mais bonita e
elaborada é a porta. Isso está ligado diretamente aos valores daquela sociedade, onde a riqueza
deve ficar da porta para dentro. Da porta para fora todos são iguais.
Fizemos visitas a uma cooperativa de produção de peças de cerâmica (onde compramos algumas
peças, muito bem embaladas por sinal) e dos famosos mosaicos – sensacional a forma como são
produzidos e montados. Também visitamos uma loja que produz artefatos em prata e ouro (nessa
não compramos nada…), como bandejas e jogos de chá, além de lustres magníficos.
Fomos também a um curtume, bem famoso, que até já apareceu em novela aqui do Brasil. O
material que eles produzem e vendem é de altíssima qualidade, mas achamos caros. O cheiro de
várias peças de couro juntas pode ser desagradável, mas o cheiro que você sente na área onde
o material é processado e tingido é muito, muito ruim. Durante a visita você ganha um ramo de
hortelã, para manter próximo ao nariz… por aí você já pode ter uma ideia do que vai enfrentar, e
olha que estivemos lá em janeiro, no inverno. Almoçamos em um restaurante dentro da própria
medina chamado Riad Nejjarine. Boa comida e decoração impecável, no estilo palacete
marroquino.
Por fim conhecemos um forno comunitário, onde são assados os pães preparados pelas famílias que
moram na medina. Dica #6: antes de fotografar qualquer pessoa ou local mais reservado,
peça permissão e ofereça dinheiro – tenha cuidado especial ao fotografar mulheres. Os marroquinos
não gostam de ser fotografados e escondem o rosto quando notam uma câmera na mão de alguém,
mesmo que você esteja tentando retratar apenas a paisagem ou o ambiente.

DESERTO DO SAARA

(2 DIAS)

Saímos bem cedo de Fes, em busca de nossa quarta base na aventura, o Deserto do Saara. Esse já
seria naturalmente o trecho mais longo de estrada, com mais de 460 Km a serem percorridos, mas
ficou um pouco mais dramático, em função do Atlas, personagem importante que gostaria de
introduzir nesse ponto.
O Atlas é uma cadeia de montanhas que se estende por 2.400 km através do Marrocos, Argélia e
Tunísia. As montanhas do Atlas separam a parte do país que fica na costa do mar Mediterrâneo e do
oceano Atlântico do Saara. No Marrocos temos o médio Atlas (com 3.356 m, e que tivemos que
cruzar nesse trecho do roteiro) e o Alto Atlas (com 4.167 m, que ainda cruzaremos, na viagem para
Marrakech). (Fonte: Wikipédia)
Pois bem, para irmos de Fes até o Saara devemos cruzar o Médio Atlas, onde fica localizada a
cidade de Ifrane, considerada a Suíça marroquina, tanto pelo clima quanto pelos hotéis e residências
de luxo. Chegamos à Ifrane debaixo de muita neve, situação que foi agravada pela tal massa fria
que desceu da Europa, conforme já citei antes. Paramos para fazer fotos na escultura de leão que é o
símbolo do Atlas quando então descobrimos que a estrada que deveríamos seguir estava fechada,
por questões de segurança.

E aí vai o primeiro ponto de atenção para os que quiserem alugar um carro e dirigir por conta
própria: tivemos que buscar um caminho alternativo contornando o Atlas. A pista era bem perigosa
e de má qualidade (bem diferente das que tínhamos usado até então), e isso depois de muitas
mensagens e conversas telefônicas de nosso motorista com outros colegas para saber se era possível
avançar ou não.
O outro ponto que aproveito para também comentar aqui se refere à polícia marroquina
(Gendarmerie Royale), que monta inúmeras barreiras com radares nas estradas e nos
perímetros urbanos. Apesar de estarmos em um veículo de empresa de turismo e com
motorista local fomos parados várias vezes para verificação de documentos, equipamentos
e também tivemos que responder a alguns questionamentos. Conseguimos superar o obstáculo da
nevasca, paramos para comer em uma típica churrascaria (marroquina) de beira de estrada e
chegamos ao nosso destino já quase 8 da noite.
Durante o caminho entre Fes e o deserto vimos paisagens surreais, quase pinturas. Após a neve em
Ifrane, a transição para o cenário típico do deserto e a beleza do Vale do Ziz (parte da estrada que
fica em um cânion, ao lado de um rio com plantações de tamareiras) foram imagens que ficaram
marcadas.
Na noite em que chegamos ficamos hospedados no Alberge du Sud, em Merzouga. Existem vários
hotéis desse tipo naquela área, que ficam bem junto às dunas no que podemos chamar de entrada do
deserto. O fundo dos hotéis fica já nas areias do deserto, mais ou menos como os resorts de praia…
No dia seguinte saímos para passear de 4×4 nas dunas e planícies do deserto e também para
conhecer algumas atrações próximas, entre elas um oásis (que na realidade é uma área irrigada por
técnica própria onde os povos do deserto fazem o cultivo) e a duna que tem o mesmo nome da
cidade (Merzouga), considerada a maior daquela parte do deserto.

Almoçamos na casa de Hassan, um cara muito louco que tem uma pousada no meio do nada, toda
construída de pedra e com uma arquitetura bem rústica. Muitos aventureiros que atravessam o
deserto de carros ou motos costumam ficar hospedados lá. Minha esposa aproveitou e fez uma
cooking class de tajine (prato típico de Marrocos) com o próprio Hassan. Foi uma das refeições
mais gostosas que experimentamos na viagem, acreditem. A pousada é bem rústica, mas a cozinha é
gourmet.

Retornando da casa de Hassan, os dromedários já nos esperavam para iniciarmos nossa caravana
pelas areias do deserto, rumo ao acampamento onde passaríamos a próxima noite. Os dromedários
são extremamente dóceis e o momento de maior emoção é quando eles sobem e descem para você
montar e desmontar – se não se segurar você cai. A caminhada em si é bem lenta, acompanhada
pelo guia do deserto e, sinceramente, muito desconfortável, mas faz parte da aventura experimentar
para conhecer.

No caminho para o acampamento paramos para ver o pôr do sol nas dunas. No acampamento há
uma tenda-restaurante com umas poucas mesas e cozinha na parte de trás além das tendas para
dormir, no estilo berbere (denominação de uma das etnias do Marrocos e que habita o Saara)
acrescidas de algum conforto adicional – uma cama de verdade, tapetes forrando o chão, uma
pequena pia, vaso sanitário, ducha higiênica e muitas, muitas mantas. Usamos 6 naquela noite de
frio intenso (que saudade dos aquecedores dos hotéis e riads!). O peso das mantas era tanto que
não conseguia me mexer, me senti como se estivesse em um sarcófago…
Antes de dormir ficamos do lado de fora próximos a uma fogueira onde os berberes
tocam instrumentos e cantam. Dica #7: jamais subestime as temperaturas do deserto, seja
no inverno ou no verão e leve protetor solar, água e algo “quente” para beber no frio da noite. Digo
a vocês que jamais vi um céu como o do deserto – é um espetáculo da natureza que valeu todo o
desconforto dos dromedários e da noite mais fria da minha vida.

Na manhã seguinte tomamos um café e retornamos nos dromedários para o ponto de partida.
Passamos no hotel para pegar as malas (você só pode levar uma mochila para o acampamento),
tomar um banho e partirmos rumo à Ouarzazate. Antes da saída ainda conseguimos ver algumas
equipes espanholas que estavam hospedadas no Auberge du Sud se preparando para uma etapa do
rally Marrocos-Mauritânia- Senegal.

TODRA, OUARZAZATE E AIT-BEN-HADDOU

( 2 DIAS)

Deixamos o deserto para trás com a certeza de termos vivido uma experiência ímpar em nossas
vidas, e seguimos para Ouarzazate, terra do cinema no Marrocos. Há uma grande quantidade de
estúdios cinematográficos em Ouarzazate e vários filmes conhecidos foram filmados naquelas
locações, entre eles o antigo Lawrence da Arábia (1962, com Peter O’Toole) e os mais recentes A
Múmia (1999, com Brendan Fraser) e Gladiador (2000, com Russel Crowe). Você pode visitar os
sets de filmagem e há também um museu do cinema, onde ficam expostas peças que foram usadas
nos principais filmes (nada extraordinário, mas há itens interessantes).
E isso é tudo em Ouarzazate, porém o mais interessante está em suas vizinhanças, o que
descreverei mais adiante. Ficamos hospedados no Dar Chamaa, bastante confortável, boa
cozinha (jantamos 2 noites no hotel), uma área externa com piscina que deve ser ótima no verão,
mas a localização não agradou – distante do centro e do comércio. Não o recomendamos apenas por
essa questão, principalmente se você não estiver de carro.
No caminho para Ouarzazate conhecemos as Gargantas de Todra, um desfiladeiro na parte do Alto
Atlas com paredes que chegam a 200 m de altura. Há uma parte do local que tem uma calçada
margeando o rio onde você pode caminhar dentro do cânion.

Também há pontos onde é possível escalar as paredes. Vale a visita, com certeza. Distante cerca de
20 Km de Ouarzazate está Ait-Ben- Haddou, patrimônio da Unesco desde 1987. Ait-Ben- Haddou é
um Ksar (cidade fortificada) que fica localizado em uma colina dentro da rota que era usada pelas
caravanas que vinham do Saara a caminho de Marrakech.

Atualmente poucas pessoas vivem em Ait-Ben- Haddou, que passou a ser apenas atração turística.
Não deixe de visitar (a entrada custa 20 Dirhams, apesar de muitos defenderem que não é
obrigatória, apenas uma espécie de doação) e de subir até o topo do Ksar, de onde a vista é
espetacular, com o Atlas ao fundo. Há placas indicando a direção da visita e não há risco de se
perder. Não é recomendado para pessoas com dificuldade de locomoção.
MARRAKECH

(2 DIAS)

Pé na estrada para nossa última parada neste roteiro: Marrakech, a cidade vermelha. Na quase
totalidade das cidades por onde passamos existe a parte antiga, histórica (medina), e a parte nova,
formada por habitações e estruturas mais próximas do que conhecemos hoje. No entanto Marrakech
se destaca pela quantidade de resorts de luxo, campos de golfe, cassinos, clubs e restaurantes classe
A. É a cidade onde identificamos a maior quantidade de opções de lazer no Marrocos. E a
denominação de cidade vermelha lhe cai bem, pois sem dúvida a cor predomina na cidade, seja
na parte moderna ou na histórica. Na verdade a cor mais se aproxima de um tom terracota ou goiaba
do que propriamente o vermelho.
A pracinha central de Chefchaouen

Na manhã seguinte tomamos um café e retornamos nos dromedários para o ponto de partida.
Passamos no hotel para pegar as malas (você só pode levar uma mochila para o acampamento),
tomar um banho e partirmos rumo à Ouarzazate. Antes da saída ainda conseguimos ver algumas
equipes espanholas que estavam hospedadas no Auberge du Sud se preparando para uma etapa do
rally Marrocos-Mauritânia- Senegal.

No caminho entre Ouarzazate e Marrakech tivemos que cruzar o Alto Atlas, que apesar de forte
nevoeiro e de um pouco de neve estava bem mais tranquilo do que o Médio Atlas em Ifrane. Dessa
vez não foi preciso buscar uma rota alternativa mas a estrada é bastante sinuosa e metade dela ainda
não está modernizada – é estreita, apresenta buracos e curvas bem fechadas, além de um intenso
tráfego de caminhões. A parte da descida em direção a Marrakech, já é nova e possui pontos onde
você pode ver as curvas serpenteando na montanha. Ao cruzar o Atlas paramos em uma cooperativa
de produção de óleo de argan e descobrimos que ele é usado para muitas outras coisas, inclusive na
fabricação de azeite (de altíssimo valor), mel e de doces. Até então achava que o argan era usado
apenas na indústria cosmética.
Ficamos hospedados no Riad & Spa Bahia Salam, a 300 metros da praça Djemaa El-Fna, célebre
ponto de interesse que faz parte da medina de Marrakech, que também é patrimônio da Unesco. Os
quartos do Riad são bem confortáveis e espaçosos e o Spa é de excelente qualidade – minha esposa
experimentou o Hammam (banho turco) e aprovou.
Saímos para um primeiro contato e fomos direto para a praça onde tudo acontece e é uma
doideira… Tem encantador de serpente, micos, dançarinos, grupos de música tradicional, barracas e
mais barracas de comida, restaurantes, lojinhas… O local é muito doido e barulhento.
Dica #8: evite se embrenhar pelo meio da praça, e se decidir encarar uma foto com dançarinos,
mico ou serpente escolha seu alvo antes de se dirigir a ele. O fato de você simplesmente olhar
fixamente por alguns segundos para o animal ou grupo de dançarinos parece que os atrai de forma
intensa e imediata, e depois não é fácil se livrar deles ou dos donos. Da mesma forma, quando você
passa pelo meio deles, ao menor descuido seu o mico já está no seu ombro, a serpente está enrolada
em seu pescoço e você se vê no meio de uma roda de dançarinos. E depois tem que pagar por
aquilo, é claro. Ou seja, o melhor é circular pela parte mais externa e só ‘mergulhar’ quando, e se,
estiver pronto para encarar o show.
Do outro lado da praça está localizada a mesquita Koutoubia, outro cartão postal de Marrakech. Seu
minarete (torre) é o ponto mais alto da cidade. A visita à área da mesquita e ao seu jardim é bem
interessante. O conjunto Koutoubia e a praça Djemaa El-Fna é o ponto de encontro de locais e
turistas no final das tardes. Os restaurantes ao redor da praça ficam com os seus terraços lotados ao
entardecer, próximo ao pôr do sol, que ocorre bem atrás da mesquita, produzindo um belo quadro.
Os restaurantes cobram uma espécie de consumação mínima (em torno de 20 a 30 Dirhams
por pessoa) se você quiser disputar um lugar no terraço. Um aspecto que chamou a atenção e que
ainda não comentei no post diz respeito aos chamados para a reza.
Cinco vezes ao dia os homens são chamados a rezar nas mesquitas por um sistema de som instalado
no alto dos minaretes. Presenciamos isso em todas as cidades por onde passamos, mas em
Marrakech, ali na praça, o efeito que você percebe é incrível. A praça é extremamente barulhenta,
seja pelo burburinho das pessoas conversando, pela música tocada para os dançarinos, pelos
encantadores de serpente… Mas ao primeiro toque do chamado para a reza o silêncio
imediatamente se faz. Todo o ruído cessa e assim perdura por cerca de 15 minutos.
Antes de retornar ao riad, desprovidos de todo e qualquer pudor, doidos de vontade de
experimentar, nos rendemos e comemos na rua um sanduíche de kebab – se soubesse que era tão
bom…
No dia seguinte visitamos a medina de Marrakech com o auxílio de um guia local, Youssef (que
também falava português). A exemplo do que já alertei em relação à Fes, vale o mesmo aqui – não
se aventure sozinho pela medina, que é muito grande.
Dependendo do tempo que você tenha disponível para a visita ela pode ser customizada para
atender pontos de interesse específicos, roteiros mais culturais, roteiros de compras, e por aí vai –
basta alinhar previamente com o guia. Fizemos um roteiro mais genérico.
Existem duas diferenças bem marcantes entre as duas principais medinas que visitamos: em Fes as
coisas são mais misturadas, mas em Marrakech existem “bairros” separados na medina para
atividades artesanais, comerciais e para moradias. Em Fes apenas identificamos como meio de
transporte dentro da medina as bicicletas e os burricos. Marrakech já introduziu as mobiletes e
vespas, o que faz a caminhada ficar caótica em determinados pontos e principalmente em
cruzamentos mais movimentados.
Dois pontos que destacamos dentro da medina de Marrakech foram as visitas ao Museu de
Marrakech e a uma farmácia natural (herborista). O museu funciona em um palácio e possui
coleções de artigos bem interessantes além da própria planta do museu, com salas de banho,
aposentos reservados para convidados, aposentos para até quatro mulheres (esse é um número
considerado ‘legal’ no Marrocos – um homem ter até quatro esposas) e um pátio interno muito
bonito. Vale a pena visitar (entradas a 30 Dirhams).
Na parte mais nova da cidade, fora da medina há outras atrações, mas recomendo uma visita ao
Jardim Majorelle (a entrada custa 70 Dirhams). O jardim foi adotado pelo estilista Yves Saint
Laurent e seu companheiro Pierre Bergé, que o adquiriram para evitar que um projeto hoteleiro o
destruísse. Duas curiosidades sobre o jardim: ali existem exemplares de plantas de todas as partes
do mundo; o belo tom de azul que é utilizado na parte externa da construção é chamado de “azul
Majorelle”. Na área externa há um memorial de YSL e para o segundo semestre de 2017 está
prevista a inauguração de um museu em homenagem a Saint Laurent, anexo ao jardim.
Por fim, para comemorarmos nossa aventura que estava chegando ao fim fizemos uma reserva e
fomos jantar no restaurante Comptoir Darna, recomendação dada pelo nosso motorista. O Comptoir
é um restaurante de razoável luxo, comida típica marroquina de boa qualidade e que também tem
um show de dançarinas do ventre. O show rola no próprio ambiente do restaurante, com várias
dançarinas atuando nos corredores e próximo às mesas. Ou seja, não se preocupe com a localização
de sua mesa – o show vai até você. Apenas lembre de fazer a reserva, pois o local fica lotado. O
show começa após as 22 horas.

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