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Contestação Reinan Santana de Oliveira Rev02

A Vinil Gestão e Facilities Ltda apresenta contestação em resposta à reclamação trabalhista de Reinan Santana de Oliveira, alegando a incompetência territorial do juízo e impugnando o pedido de assistência judiciária gratuita. O autor reivindica adicional de insalubridade e danos morais devido à utilização de sua imagem em publicidade, totalizando R$ 34.978,40, valor considerado excessivo pela Reclamada. A defesa argumenta que a ação é improcedente e deve ser extinta, além de contestar a validade do valor da causa e a prescrição das verbas trabalhistas.

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Janine Mendes
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Contestação Reinan Santana de Oliveira Rev02

A Vinil Gestão e Facilities Ltda apresenta contestação em resposta à reclamação trabalhista de Reinan Santana de Oliveira, alegando a incompetência territorial do juízo e impugnando o pedido de assistência judiciária gratuita. O autor reivindica adicional de insalubridade e danos morais devido à utilização de sua imagem em publicidade, totalizando R$ 34.978,40, valor considerado excessivo pela Reclamada. A defesa argumenta que a ação é improcedente e deve ser extinta, além de contestar a validade do valor da causa e a prescrição das verbas trabalhistas.

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AO JUIZO DA 12ª VARA DO TRABALHO DO RIO DE JANEIRO/RJ

Processo n.º: 0101199-40.2024.5.01.0012


ATOrd

VINIL GESTÃO E FACILITIES LTDA, pessoa jurídica inscrita no CNPJ N.º


33.412.883/0001-04, com sede na Rua Professor Henrique Costa,n.º 675 - Pechincha – Rio de Janeiro/RJ
– CEP: 22.770-232, vem tempestivamente à presença de V.Ex.ª, por seu advogado que esta subscreve,
com mandado já incluso, apresentar sua CONTESTAÇÃO, com fundamento no art. 847, da CLT, c/c art.
336 do CPC e art. 5º, inciso LV da CF/88, em face da reclamatória trabalhista, ajuizada por REINAN
SANTANA DE OLIVEIRA, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados.

SINTESE DA DEMANDA

O autor move a presente reclamatória, alegando que foi admitido pela 1ª


Reclamada Vinil em 03/07/2023, na função de Ajudante de Obras, cumprindo um jornada de trabalho de
segunda a sexta-feira, com 44h semanais, com remuneração inicial mensal de R$: 1.525,76 (um mil,
quinhentos e vinte e cinco reais e setenta e seis centavos), sendo dispensado sem justa causa em
10/01/2024.
Aduz que laborou em função insalubre, não tendo recebido o respectivo
adicional.
Relata que após sua dispensa teve uma experiência desagradável ao se
deparar com outdoor com sua imagem em publicidade feita pela Prefeitura de Duque de Caxias, 2ª
Reclamada. Segue relatando que foram várias publicidades com sua imagem, em mídias sociais e
banners.

Em linhas gerais, almeja a condenação das Reclamadas Vinil e MDC, ao


pagamento de adicional de insalubridade, dano moral em face das publicidades, justiça gratuita, honorários
advocatícios, custas processuais e demais consectários, tudo em desfavor da ora contestante, purgando
pela procedência in totum dos pedidos da lide, cuja causa remonta ao valor absurdo de R$: 34.978,40
(trinta e quatro mil, novecentos e setenta e oito reais e quarenta centavos), valor este que fica desde logo
impugnado, tendo em vista estar totalmente fora da realidade dos fatos, devendo o Reclamante justificar a
origem deste valor, bem como atribuir um novo valor à causa compatível com seus pedidos.

Notório que ao final desta peça de bloqueio, ficará comprovada a completa


improcedência dos pedidos do obreiro, pois estes não correspondem à realidade dos fatos, nem se
alinham com os documentos carreados nos autos, que possam sustentar a pretensão do Reclamante, cuja
verdade real será demonstrada no transcurso da presente defesa e das provas que serão produzidas, bem
como através da oitiva das partes e de suas testemunhas, que ocorrerá durante a instrução processual.

1
PRELIMINARMENTE

1 – Da Incompetência Territorial

O autor foi contratado e prestava serviços na Cidade de Duque de Caxias/RJ,


desde 03/07/2023, na função de Ajudante de Obras, conforme documentos anexos nesta peça de defesa.

Residia à época da contratação na Cidade de Belford Roxo/RJ, conforme


registro de admissão, tendo posteriormente declarado residência na própria Cidade de Duque de
Caxias/RJ, como aponta o comprovante de residência anexo.

Acontece que, conforme se depreenderá, este juízo é incompetente para


julgar a matéria, em razão do que se irá expor a seguir.

A competência reflete a distribuição constitucional de poderes, relativos ao


desempenho de sua jurisdição. Portanto, os seus limites legalmente estabelecidos buscam conferir ao
processo a intenção legal da efetividade jurisdicional.

No caso em apreço, a competência territorial, deve ser observada de forma a


garantir o princípio do contraditório, uma vez que busca viabilizar a ampla defesa da Reclamada. Assim,
considerando a competência das Varas do Trabalho esta é determinada pela localidade onde o empregado
prestou serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado noutro lugar ou no estrangeiro.

De se notar que a própria inicial não deixa dúvidas quanto ao local onde o
Reclamante prestou serviços, ao apontar que foi contratado para trabalhar para Prefeitura de Duque de
Caxias/RJ.
Com efeito, considerando que tanto a contratação quanto o local da prestação
dos serviços se deram na Cidade de Duque de Caxias/RJ tem-se por competente a comarca daquela
cidade, local onde o Reclamante de fato foi contratado e prestou os serviços, nos termos do caput do Art.
651 CLT.

Art. 651 - A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento é determinada pela


localidade onde o empregado, Reclamante ou reclamado, prestar serviços ao
empregador, ainda que tenha sido contratado noutro local ou no estrangeiro.

Nessa linha de raciocínio, importa destacar que o afastamento de


determinada previsão legal exige provas contundentes, no caso, de que seria inviável ao autor da
reclamação trabalhista o seu exercício de defesa, o que não ocorre na presente demanda, sendo devida a
redistribuição do feito em foro competente.
Ademais, se faz necessário apresentar ainda os julgados do TRT da 1ª e 3ª
Regiões, os quais reconheceram que as reclamações devem ser propostas no foro do local de prestação
de serviços, ou ao menos no domicílio do Reclamante, o que não foi observado pelo Reclamante.
Vejamos:

RECURSO ORDINÁRIO DO RECLAMANTE. EXCEÇÃO DE INCOMPETÊNCIA EM


RAZÃO DE LUGAR. AÇÃO PROPOSTA EM LOCAL DISTINTO AO DA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS E DA CONTRATAÇÃO. A fixação do foro para
ajuizamento de ação trabalhista é expressa de forma inequívoca no art. 651 da CLT,
sendo aquele no qual houve a prestação de serviços ou, na hipótese disposta no § 3º
do mencionado artigo, no foro da celebração do contrato. Recurso conhecido e não

2
provido. (TRT-1 - RO: 01006575920215010551 RJ, Relator: MARISE COSTA
RODRIGUES, Data de Julgamento: 06/04/2022, Segunda Turma, Data de
Publicação: 28/04/2022)

COMPETÊNCIA TERRITORIAL. ARTIGO 651 DA CLT. O artigo 651 da CLT,


dispondo sobre a competência territorial trabalhista, determina que as reclamações
devem ser propostas no foro do local de prestação de serviços ou, quando a empresa
desenvolva suas atividades em diferentes localidades, no foro do lugar da
contratação. Para que se aplique critério diverso, é necessário que, antes, seja
declarada a inconstitucionalidade do referido artigo 651 da Consolidação, com
observância do procedimento legal e regimental para tal declaração. (TRT da 3.ª
Região; PJe: 0011475-13.2017.5.03.0142 (RO); Disponibilização: 05/02/2018; Órgão
Julgador: Quinta Turma; Relator: Convocado Joao Bosco de Barcelos Coura) (grifou-
se)

Ante ao exposto, pede-se vênia para declarar que este juízo é


incompetente para julgar a demanda em razão do local da prestação do serviço, o qual deve ser
encaminhando à livre distribuição para uma das varas do trabalho da Comarca de Duque de
Caxias/RJ.

2 - Da Impugnação ao Pedido de Assistência Judiciária Gratuita.

Pelo que se depreende da documentação juntada à inicial, o autor apenas


declarou ser pobre nos termos da lei para auferir os benefícios da Assistência Judiciária Gratuita de
Justiça,
expressamente previsto o art. 790, § 3º da CLT.

§ 3º É facultado aos juízes, órgãos julgadores e presidentes dos tribunais do trabalho


de qualquer instância conceder, a requerimento ou de ofício, o benefício da justiça
gratuita, inclusive quanto a traslados e instrumentos, àqueles que perceberem
salário igual ou inferior a 40% (quarenta por cento) do limite máximo dos
benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (g.n.)

A lei determina, como pressuposto para o deferimento do benefício, a


obrigação de que a requerente comprove que seus rendimentos estão limitados a 40% do teto dos
benefícios previdenciários, não bastando apenas a declaração pessoal.

GRATUIDADE DE JUSTIÇA - A Lei 13.467/17 que instituiu a Reforma Trabalhista,


ao alterar o art. 790 da CLT, trouxe critérios mais objetivos à concessão da
gratuidade de justiça. Desta forma, não basta mais a mera declaração de pobreza
para que seja concedido o benefício, e a justiça gratuita somente será concedida
quando evidenciado que o salário é igual ou inferior a 40% do limite máximo dos
benefícios do RGPS, ou diante da demonstração de insuficiência de recursos para
pagamento das custas do processo. Agravo conhecido e provido. (TRT-1 - AIRO:
01012855720195010021 RJ, Relator: MARIA APARECIDA COUTINHO
MAGALHAES, Data de Julgamento: 16/09/2020, Oitava Turma, Data de Publicação:
25/09/2020) grifamos

Vale esclarecer que a justiça gratuita é um benefício de natureza


personalíssima. Desta forma, deve ser comprovada a qualidade de hipossuficiente da Reclamante. É o que
preconiza a sumula 463 do C. TST:

3
Súmula. 463 ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. COMPROVAÇÃO. I - A partir
de 26.06.2017, para a concessão da assistência judiciária gratuita à pessoa natural,
basta a declaração de hipossuficiência econômica firmada pela parte ou por seu
advogado, desde que munido de procuração com poderes específicos para esse fim
(art. 105 do CPC de 2015); II - No caso de pessoa jurídica, não basta a mera
declaração: é necessária a demonstração cabal de impossibilidade de a parte arcar
com as despesas do processo. (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 304 da
SBDI-1, com alterações decorrentes do CPC de 2015)- Res. 219/2017, DEJT
divulgado em 28, 29 e 30.06.2017 - Republicada, DEJT divulgado em 12, 13 e
14.07.2017.

Na espécie, o Reclamante, contrariando dispositivo constitucional, não


comprovou a condição alegada.

Portanto, tendo em vista que não há nos autos prova de que o Reclamante
atenda ao critério legal estabelecido, deve ser julgado improcedente o pedido de deferimento da justiça
gratuita.

3 - Da Incorreção ao Valor da Causa

Primeiramente, é necessário impugnar a petição inicial quanto ao valor da


causa, eis que o Reclamante chega ao montante surreal de R$: 34.978,40 (trinta e quatro mil novecentos
e setenta e oito reais e quarenta centavos), o qual atribui ao somatório dos pedidos.

Ocorre, que os valores atribuídos pelo Reclamante são temerários e com


certeza foram incluídos na petição inicial aleatoriamente.

Como prova disto, sem prejuízo da defesa de mérito a ser tecida a seguir,
podemos verificar que a autora um total de dano moral sem qualquer base de cálculo ou referência
salarial, limitando-se a indicar um valor que não se sabe de onde tirou, não consta absolutamente nada
na exordial sobre a forma de cálculos para se chegar a tal montante, tendo sido aleatoriamente indicado
o valor de R$: 20.000,00 (vinte mil reais).

Outrossim, na eventualidade de a Reclamada vir a sucumbir quanto a tais


pedidos, merece, de pronto, serem as verbas sucumbenciais calculadas levando-se em consideração o
real valor do proveito econômico pretendido ou deferido, e não o absurdo montante inserido pela
Requerente.
Assim, merece ser acolhida a presente preliminar de incorreção quanto ao
valor da causa, devendo o mesmo ser alterado para valor compatível com os pedidos em si e com o
proveito econômico pretendido através de cada pleito, devendo ser observado, no caso de sucumbência
da Reclamada, os aspectos ora suscitados.

Veja Ex.ª que a petição inicial é inepta, é genérica, eis que, da maneira
como foi feita, além de impedir a ampla defesa, o contraditório (art. 5º, LV CRFB/88) e a impugnação
específica por parte da ré, impede a entrega da prestação jurisdicional, eis que uma manifestação do
Juízo quanto ao meritum da causa e acabaria por ferir um dos mais basilares e importantes princípios do
Direito Processual do Brasil que é o da imparcialidade do órgão jurisdicional.

4
Por este turno, resta claro, a toda evidência, que o pedido deduzido na
exordial não é certo. Assim, diante da evidente inépcia da inicial, impõe-se a extinção do feito sem
julgamento do mérito, como preconiza o art. 485, I, c/c art. 330, inciso I e parágrafo único, inciso I,
ambos do CPC, todos c/c art. 769 da CLT.

PREJUDICIAL DE MÉRITO

4 - Da Prescrição
Tendo em vista a prescrição trabalhista prevista no art. 7, XXIX, da CF/88, por
cautela, a 1ª Reclamada suscita a prescrição para rechaçar todas as verbas que porventura ultrapasse
mais de 5 (cinco) anos, contados da data do ajuizamento da presente ação, conforme disposto na súmula
3081, do C.TST.

DO MÉRITO

Caso as preliminares não sejam acolhidas por este D. Juízo, o que não se
espera e admite-se apenas em atenção ao princípio da eventualidade, no mérito, a presente ação não
merece outra sorte senão a total improcedência!

A reclamação ora contestada não reúne condições mínimas que possam


direcioná-la ao sucesso, estando fadada a total rejeição por esse D. Juízo, com a condenação do
Reclamante ao pagamento das custas processuais e demais cominações a que der causa.

Entretanto, por oportuno o momento processual, a Reclamada junta a estas


razões de defesa os documentos referentes à relação de emprego mantida com o Reclamante,
relacionados ao objeto da lide, incumbindo ao Reclamante o ônus da prova do alegado, a teor do disposto
no art. 818 da CLT e art. 333, I, do Código de Processo Civil.

5 - Do Contrato de Trabalho

Impugna-se todos os pleitos contidos na exordial, pois a ação é


improcedente, isto porque, ao contrário do alegado na inicial, o Reclamante foi contratado pela 1ª
Reclamada Vinil em 03/07/2023, para atuar na função de Ajudante de Obras, cuja jornada de trabalho era
de segunda-feira a sexta-feira das 07h às 17h, com intervalo de 01 hora para descanso e refeição,
conforme se verifica nos documentos anexos nesta defesa.

1
I. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação trabalhista concerne às pretensões
imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamação e, não, às anteriores ao qüinqüênio da
data da extinção do contrato. (ex-OJ 204/TST-SDI-I - Inserida em 08/11/2000)
II. A norma constitucional que ampliou o prazo de prescrição da ação trabalhista para 5 (cinco) anos é de aplicação imediata e não
atinge pretensões já alcançadas pela prescrição bienal quando da promulgação da CF/1988. (ex-Súmula 308/TST - Res 6/1992,
DJ 05/11/92).
5
O contrato de trabalho do obreiro foi rescindido por dispensa sem justa causa
em 10/01/2024, tendo sido cumprida todas as formalidades legais e realizado o pagamento das verbas
rescisórias na forma prevista, de acordo com a documentação carreada nesta contestação, comprovando
o regular processamento de quitação.

6 - Da Não Ocorrência do Uso de Indevido de Imagem

Improcedente o pedido quanto ao uso de imagem aduzido pelo Reclamante,


isto porque, ao contrário do alegado, a publicidade realizada pela 2ª Reclamada (MDC), se deu com o
consentimento do obreiro, sendo certo que o registro das fotos se deu sob a responsabilidade da Prefeitura
de Duque de Caxias, tendo o Reclamante se prontificado de maneira voluntária a ser fotografado.

A imagem do obreiro só foi possível após o seu consentimento, tanto é


verdade que ao se voluntariar, o Reclamante se arrumou para e fez pose para o registro fotográfico. Ora,
ninguém se arrumaria para fazer uma foto se não tivesse interesse em ser voluntário para isso, pois ao
analisar o registro da publicidade, nota-se claramente que o obreiro se prontificou de forma livre, conciente,
sem dolo ou vicio de consentimento, haja vista que não há nada nos autos que coloque em dúvida sua
intenção de ser fotografado, como tenta querer fazer crer que sua imagem tenha sido usada de maneira
indevida.

Quanto a esse tema, a jurispudência tem se posicionado conforme os


arrestos a seguir:
RECURSO ORDINÁRIO. DANO MORAL. USO DE IMAGEM PARA FINS
ECONÔMICOS. AUTORIZAÇÃO. INDENIZAÇÃO INDEVIDA. Na hipótese dos
autos, a demandada acostou documento em que o Reclamante autoriza o uso de sua
imagem em campanhas promocionais da empresa a título gratuito, não tendo o autor
logrado comprovar que foi coagido a assiná-lo, sob pena de demissão. Recurso
improvido. (Processo: ROT - 0000185-93.2015.5.06.0010, Redator: Gisane Barbosa
de Araujo, Data de julgamento: 10/04/2017, Segunda Turma, Data da assinatura:
10/04/2017) (TRT-6 - RO: 00001859320155060010, Data de Julgamento: 10/04/2017,
Segunda Turma, Data de Publicação: 10/04/2017)

DANO MORAL. USO DA IMAGEM. Prevê o art. 20 do Código Civil que "a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento
e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a
respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais". De acordo com o dispositivo
legal citado, e dependendo das circunstâncias concretas, o trabalhador não pode ter
a sua própria imagem (o seu rosto, seus traços físicos, seu corpo ou parte dele)
identificados com fins comerciais do empregador. No entanto, se não ficou provado
que o uso da imagem se destinou a fim comercial; não havendo provas de que a
Reclamante fez um requerimento proibindo o uso e nem evidências de que a
utilização da imagem atingiu a honra, boa fama ou respeitabilidade do empregado,
não há falar em dano moral. (TRT18, RO - 0010055-79.2017.5.18.0004, Rel. KATHIA
MARIA BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE, 2ª TURMA, 14/08/2017) (TRT-18 - RO:
00100557920175180004 GO 0010055-79.2017.5.18.0004, Relator: KATHIA MARIA
BOMTEMPO DE ALBUQUERQUE, Data de Julgamento: 14/08/2017, 2ª TURMA)
grifamos.

De se notar que no caso dos autos, não restou configurado o uso da imagem
do obreiro para fins comerciais, muito menos danos ou lesão à imagem, a honra ou a privacidade do

6
Reclamante, haja vista que os elementos trazido nesta defesa, indicam que houve um autorização tácita
do obreiro quando se voluntariou a ser fotografado.

Quanto a isto, o art. 18 do CC não prevê necessidade de autorização formal


para uso da imagem, sendo que o artigo 5º , incisos V , X e XXVIII da CF/88 estabelecem, como premissa
para o cabimento da indenização, a existência de dano, o que sem dúvidas não ocorreu com o reclamente.

A justiça especializada tem se pautado pela cautela ao decidir casos


análogos como na presente ação, não furtando em afastar indenizações cujo o dano não tenha ocorrido,
ou ausência de nexo causal com o fato concreto. Não se pode fomentar indenizações baseadas em
pedidos sem fundamento, ou mesmo sem o minimo de comprovação de ato lesivo cometido pela
Reclamada em face do obreiro, os quais devem ser rechaçados, sob pena de enriquecimento sem causa.
Vejamos o arresto:

REVERSÃO DA MODALIDADE RESCISÓRIA. DANO MORAL NÃO


CONFIGURADO. O dano moral nada mais é que o dano provocado à esfera
subjetiva de um indivíduo, a valores personalíssimos inerentes a sua qualidade de
pessoa humana, tal qual a honra, a imagem, a autoestima, etc. A reversão da
modalidade rescisória, de rescisão por acordo para rescisão sem justa causa por
iniciativa patronal, não gera, automaticamente, direito a pagamento de indenização
por dano moral. Para que a condenação englobe indenização por dano moral, este
deve ser cabalmente comprovado pelo trabalhador, porque fato constitutivo do seu
direito, o que não ocorreu no caso. Logo, é indevida a indenização postulada. (TRT-9
- ROT: 00003091220205090659, Relator: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA
MENDONCA, Data de Julgamento: 14/02/2023, 2ª Turma, Data de Publicação:
15/02/2023) grifamos.

Dissonante os argumentos do obreiro, os quais devem ser julgado


improcendentes, em face do exposto e da falta de elementos caracterizadores do uso indevido da imagem
do autor, o que aponta para o insucesso desta ação.

7 - Do Indevido Adicional de Insalubridade

A condição pessoal do Reclamante como ajudante de obras, pressupõe


executar atividades inerentes à sua função, não tendo sido submetido ou exposto a cimentos, massas ou
outros agentes que possam incidir a insalubridade, como parece fazer crer em sua peça inaugural, se
agarrando a tese despida de fundamento fático.

As atividades executadas pelo obreiro sempre foram de apoio em serviços de


reparo na área da construção civil, a saber: preparo de massa, carregamento de materiais e serviços
inerente à sua condição pessoal como ajudante de obras.

É mister esclarecer que não é devido adicional de insalubridade ao


Reclamante, tendo em vista que suas funções não estão enquadradas como insalubre, pois o Reclamante
não ficava exposto a agentes químicos ou biológicos capazes de atrair o adicional de inslubridade.

Ressalta-se que o eventual deferimento do pedido de adicional de


insalubridade não tem correspondência com a realidade dos fatos e contraria às disposições contidas no
anexo 13 da NR-15, não podendo ser comparado com as atividades desenvolvidas por Ajudante de Obras,
haja vista que o contato cimentos, massas ou outros agentes, se tivesse ocorrido como relatado, estaria no

7
campo aventualidade, já que a atividade de ajudante de obras não se restringe a trablho continuo com os
agentes supostamente insalubres.

Nesse sentido, vejamos o que elucida a Súmula 460 do STF:

“Para efeito do adicional de insalubridade, a perícia judicial, em reclamação


trabalhista, não dispensa o enquadramento da atividade entre as insalubres,
que é ato da competência do Ministro do Trabalho e Previdência Social”

Vejamos a jurisprudência nesse sentido:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. REPARO NA REDE DE ESGOTO.


EVENTUALIDADE. Apenas será considerado insalubre o trabalho em contato com o
agente nocivo que ocorrer em concentração, intensidade e tempo capazes de causar
dano à saúde do trabalhador. O contato eventual do empregado com o agente nocivo
não impõe o deferimento do adicional de insalubridade porquanto não causa prejuízo
à sua saúde. Nesse sentido, nos termos da NR 15, anexo 14, do MTE somente é
caracterizada a insalubridade em grau máximo nos trabalhos ou operações em
contato permanente com esgotos (galerias e tanques). (TRT-12 - ROT: 0001350-
14.2018.5.12.0008, Relator: GISELE PEREIRA ALEXANDRINO, 5ª Câmara)
Grifamos

Noutro giro, dispõe ainda a CLT em seus artigos 189 e 190:

"Art. 189 - Serão consideradas atividades insalubres aquelas que, por sua natureza,
condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade
do agente e do tempo de exposições aos seus efeitos"

"Art. 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações


insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da insalubridade, os
limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de proteção e o tempo máximo
de exposição do empregado a esses agentes".

Estabelecem os artigos 191 e 194 da CLT:

"Art. 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:


I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho dentro dos
limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao trabalhador, que
diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de tolerância".

"Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de periculosidade


cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física, nos termo desta
seção e das normas expedidas pelo Ministério do Trabalho".

Já a Súmula 80 do Colendo Tribunal Superior do Trabalho diz o seguinte:

"Súmula 80 - A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de


aparelhos protetores aprovados pelo órgão competente do Poder executivo
exclui a percepção do respectivo adicional".

8
Nesse ponto Ex.ª a Reclamada comprova que sempre forneceu os
equipamentos de proteção individual para a obreira, afastando e eliminando a insalubridade.

Assim sendo, somente através de uma perícia técnica poderia ser verificado
se o ambiente de trabalho é realmente perigoso e/ou insalubre, o grau da insalubridade, se existente, o
percentual devido ao Reclamante, considerando-se o tempo de exposição, os limites de tolerância, os
meios de proteção, etc.
É o que estabelece o artigo 195 da CLT:

"§2º - Argüida em juízo a insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja


por sindicato em favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na
forma deste artigo e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do
Ministério do Trabalho"

Assim sendo, sem uma prova pericial convincente e séria, seria absurdo ser
concedido ao Reclamante os adicionais pretendidos. É do Reclamante o ônus da prova quanto às suas
alegações, devendo esta requerer a perícia e suportar o encargo correspondente.

Isto posto, nada é devido ao Reclamante devendo o pedido de pagamento de


insalubridade, assim como todos os seus reflexos e os pedidos acessórios serem julgados totalmente
improcedentes.
Portanto, conclui-se que novamente não assistem razão aos argumentos
aduzidos pelo Reclamante, eis que carecem de embasamento legal ou jurisprudencial, conforme escólios e
fundamentos acima adunados. Desta feita, verifica-se que não há outra forma de solução adequada ao
presente processo, senão a que sejam julgados improcedentes os pedidos da obreira.

8 – Do Dano Moral Não Configurado

Em sua narrativa o Reclamante se agarra a tese de que sofreu dano moral


em razão do uso de sua imagem em mídias da 2ª Reclamada (MDC).

Ainda sobre o tema, o Reclamante alega que a Reclamada utilizou


indevidamente foto sua tirada quando o contrato de trabalho estava em vigor, alegando que não tinha
conhecimento desta, nem consentimento de seu uso em outdoors ou folder, e, portanto, lhe é devida
indenização por danos morais.

No entanto infundadas as alegações do Reclamante, pois este tinha


conhecimento do registro fotográfico, tendo, como dito alhures, de forma espontânea participando da foto,
o que evidencia prévia autorização do Reclamante. Não tendo, ainda, o Reclamante apresentado nenhuma
contrariedade quando a foto foi tirada.

No mais, o dano é circunstância elementar da responsabilidade civil. Ou seja,


caso exista uma obrigação de reparar ou compensar um prejuízo, o dano deve, necessariamente, ter
ocorrido. Importa em dizer, não há que se falar em responsabilidade civil se não comprovado o dano.

Para a condenação da Reclamada em indenização por dano moral, é


necessário o preenchimento dos seguintes requisitos constitutivos de seu direito (CLT, artigo 818 da CLT

9
c/c CPC artigo 333, I): (i) ação ou omissão ilícita da Reclamada; (ii) culpa ou dolo desta; (iii) existência do
dano; (iv) e nexo causal entre a ação ou omissão da Reclamada e o dano.
Nesse passo, se faz necessário que o ato praticado seja grave de forma a
impingir na vítima sofrimento moral, psíquico grave, ou, ao menos, considerável como decorrência de
conduta ou omissão ilícita da Reclamada, o que inexiste no presente caso.

A intimidade, privacidade, honra ou imagem da pessoa são bens


juridicamente tutelados e que devem ser preservados, conforme determinado no artigo 5º da CF/88.
Devendo ser observado, neste contexto, o desrespeito pelo empregador à dignidade do trabalhador, na
prática de ato que cause constrangimento e humilhação aos seus empregados.

Observa-se nos fatos alegados na exordial que, não incorreu a Reclamada


Vinil em qualquer ato que pudesse desabonar a conduta profissional do Reclamante ou que pudesse
denegrir diretamente a sua imagem ou dignidade.

O simples fato de o Reclamante constar em fotos de publicidade utilizadas


pela 2ª Reclamada (MDC) não é capaz, por si só, de caracterizar dano de ordem moral, eis que o
Reclamante está na foto em segundo plano, em pose e trajes discretos, sem presença de qualquer
elemento que pudesse ser considerado indigno ou desrespeitoso à sua imagem. Não há texto desairoso,
maldoso, com gozação ou fotomontagem que pudesse afetar de forma negativa a imagem do Reclamante,
não havendo ainda que se vislumbra que a Reclamada tivesse a intenção de lucrar indevidamente às
custas da imagem do Reclamante.

Tem-se ainda que, o uso da imagem do Reclamante em folder feito pela 2ª


Reclamada para divulgação institucional não lhe causou nenhum constrangimento, humilhação ou
prejuízo, sendo que sequer seu nome foi veiculado.

Desta forma, não tendo a Reclamada Vinil cometido qualquer ato que possa
ter causado constrangimento, dor, sofrimento ou humilhação para o Reclamante quer antes das fotos, quer
durante as fotos ou quer após as fotos, quando houve divulgação em outdoor, folder ou qualquer outro
canal de mídia, não há de se falar em dano à honra ou dignidade moral, ou qualquer reparação pecuniária.

Neste sentido:

“Dano à imagem. Divulgação de fotografia de pessoas na Internet ou em outros


veículos de divulgação. Exige-se prova do dano à imagem da pessoa. A divulgação
de fotografia de pessoas pelos órgãos de imprensa - Internet, jornais, revistas,
televisão, etc - é ato que se insere no espírito da atividade jornalística de informação.
Não representa por si só dano à imagem da pessoa retratada, salvo se a foto foi
lançada num contexto danoso à imagem da pessoa ou se vier acompanhado texto
maledicente, ou de mau gosto, carregado de pilhéria ou de maldade em razão do que
se vê na foto, com intenção de denegrir a imagem da pessoa, ou ainda com intenção
de tirar lucro ou qualquer resultado da imagem veiculada. A simples veiculação de
foto do trabalhador em seu ambiente de trabalho não é suficiente para gerar dano à
sua imagem.” (TRT/SP - 2ªRegião - ACÓRDÃO Nº: 20050883148 - TURMA: 9ª -
Data: 20/01/2006 - RELATOR: LUIZ EDGAR FERRAZ DE OLIVEIRA)

“USO DA IMAGEM - FOLDER PUBLICITÁRIO - FOTOGRAFIAS DO AMBIENTE DE


TRABALHO COM INSERÇÃO DOS EMPREGADOS EM SEGUNDO PLANO E SEM
FOCALIZAÇÃO DE SEUS ROSTOS - INEXISTÊNCIA DE DIREITO À PERCEPÇÃO
DE INDENIZAÇÃO - Por qualificar-se o direito à imagem como direito de
personalidade, de caráter personalíssimo, necessário, em princípio, para a utilização
10
da imagem, prévio consentimento do fotografado. Não há, no entanto, necessidade
de prévio consentimento, ´a) se a imagem faz parte da história ou da vida do lugar, do
Município, do Estado Federado ou do Estado; b) se a figura é somente parte do
cenário local, ou do panorama fônico; c) se se trata de sessão, ou cena, ou reunião,
em que a pessoa toma parte; d) se, a despeito de não ter havido consentimento, o
interesse público, científico, artístico, ou outro, de semelhante relevância, passa à
frente do interesse individual da pessoa; e) se se trata de identificação compulsória,
ou necessária a algum ato de direito público ou privado´ (Pontes de Miranda, ´in´
Tratado de Direito Privado, Tomo VII, 1a. ed., Bookseller, 2000, p. 87). Tendo o
Reclamante sido retratado num contexto em que o objetivo não é a exploração de
sua imagem, mas sim a apresentação do ambiente da empresa, no qual encontram-
se inseridos os empregados no exercício de suas atividades, sem identificar
especificamente qualquer empregado, ou mesmo focalizar os seus rostos, o uso da
imagem inclui-se nas excludentes mencionadas, inexistindo direito à percepção de
indenização por uso indevido da imagem.(g.n) (TRT/SP - 3ªRegião - ACÓRDÃO Nº
15354 - TURMA: 3ª - DATA: 19-02-2002 - RELATORA: Juíza Maria Lúcia Cardoso
de Magalhães)

“DANO MORAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. NÃO CONFIGURAÇÃO. “É certo que


são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, direitos
estes assegurados por norma de status constitucional (art. 5º, inc. X da Constituição
Federal de 1988). Todavia, somente com a prova inequívoca acerca do prejuízo é
que se impõe a indenização por danos morais. A utilização da imagem do
trabalhador, pelo empregador, em fotografia panorâmica, impessoal, sem nenhum
insurgimento ou oposição deste, somada à inexistência de prejuízo redunda na
rejeição do pedido” (TRT/SP – TURMA: 4ª – ACORDÃO Nº 20080286660 – DATA:
18/04/2008 – RELATOR: Paulo Augusto Câmara).

“Para que haja a caracterização do dano moral, no âmbito do Direito do Trabalho, faz-
se necessária a verificação de abuso de direito por parte do empregador sobre o
empregado, abuso este que se exterioriza por meio de atitudes tendentes a denegrir
a imagem do trabalhador, humilhá-lo ou submetê-lo a condutas discriminatórias por
meio do uso exagerado do poder disciplinar que lhe é conferido. O dano, neste caso,
sequer seria propriamente moral, pois não é passível de mensuração a dor interior,
sofrida no âmbito do sentimento íntimo, sem que esta tenha sido acompanhada de
desprestígio, desonra, exposição à vergonha ou vexame público, na medida em que
o que se busca compensar pela indenização é o abalo do perfil profissional e da
imagem da pessoa. Ainda que a imagem do Reclamante tenha sido usada, de forma
consensual e voluntária pela 2ª Reclamada tem-se que, ainda que as tenha realizado,
tal fato, por si só, não dá ensejo à indenização por danos morais, eis que não
comprovada qualquer humilhação sofrida. O exercício de tal atividade, por si só, não
causa humilhação, tanto que existem empregados que exercem tais funções. Se a
autora entende que não foi adequadamente remunerada, que houve mais valia, cabia
a mesma realizar o pedido adequado, pois por este fato, por si só, não dá ensejo à
pretensão indenizatória. (TRT-1 - RO: 01016029220165010075 RJ, Relator:
LEONARDO DIAS BORGES, Data de Julgamento: 04/07/2018, Décima Turma, Data
de Publicação: 02/08/2018)

Assim, evidenciado está que a utilização de imagem em material publicitário


da 2ª Reclamada para divulgação institucional não é passível de reparação, tendo em vista que a
publicação da imagem do Reclamante não foi indevida, já que corresponde exatamente aos serviços que o
Reclamante executava para 2ª na Reclamada. Não existindo nos autos qualquer indício ou alegação de
que a publicação tivesse ocasionado qualquer dano ao Reclamante.

11
Não obstante as alegações tecidas, em caso de entendimento diverso do
alegado pela empresa ré, o que se admite apenas como argumentação e de acordo com princípio da
eventualidade, não há como ser acolhido o valor apontado pelo Reclamante a título de reparação pelo
suposto dano moral, uma vez que exorbitantes e incompatíveis com os praticados pelos Tribunais
Regionais e Superiores, devendo, de qualquer forma, ser reduzido a patamar condizente com a situação
econômica do Reclamante, com o suposto dano sofrido e com a realidade econômica da sociedade e da
Reclamada. Tendo em vista, ainda, que o valor do dano deve ser fixado por meio de um juízo de equidade,
devendo para tanto, ser respeitado alguns requisitos, tais como: “sensatez (equilíbrio), equanimidade,
isenção e imparcialidade”.

9 - Responsabilidade Subsidiária

Alega o Reclamante ter sido contratado pela 1ª Reclamada Vinil, prestando


serviços para a 2ª Reclamada MDC, não sendo do desconhecimento do Egrégio TRT a ampla utilização
pelo setor de facilities do instrumento da terceirização, razão pela qual, pleiteia a condenação subsidiária
da 2ª Reclamada.
Registre-se que as Reclamadas que compõem o pólo passivo da presente
demanda, firmaram contrato por prazo certo e determinado.
Assim, como se vê ao caso concreto, não se aplica a responsabilidade
subsidiária prevista na Súmula 331, do C. TST, pelo simples fato das obrigações do contrato de trabalho
serem cumpridas corretamente, inclusive com o pagamento das verbas do extinto contrato de trabalho
quando do pedido de demissão da autora.

Com efeito, pede-se vênia para citar os arestos abaixo que corroboram a
tese ora sustentada, in verbis:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AGRAVO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO EM


RECURSO DE REVISTA. TERCEIRIZAÇÃO - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -
RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA NÃO CONFIGURADA - EXISTÊNCIA DE
FISCALIZAÇÃO - SÚMULA Nº 126 DO TST. VÍCIOS INEXISTENTES. Não
evidenciados quaisquer dos vícios especificados nos artigos 1.022 do CPC e 897-A
da CLT, não se viabiliza a oposição dos embargos de declaração. Embargos de
declaração rejeitados. (TST - EDCiv-Ag-AIRR: 01920008320085120035, Relator:
Liana Chaib, Data de Julgamento: 14/08/2024, 2ª Turma, Data de Publicação:
16/08/2024) grifamos.

I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA


RECLAMADA (SUZANO S.A.) INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº
13.467/2017 - CONTRATO DE TRANSPORTE DE INSUMOS/MERCADORIAS -
NATUREZA COMERCIAL - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA NÃO
CONFIGURADA - TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA Vislumbrada
contrariedade à Súmula nº 331, item IV, do TST, impõe-se o provimento do Agravo
de Instrumento para mandar processar o Recurso de Revista. Fica sobrestado o
julgamento do apelo nos temas remanescentes, para aguardar a análise do
Recurso de Revista. II - RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA
(SUZANO S.A.) INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 -
CONTRATO DE TRANSPORTE DE INSUMOS/MERCADORIAS - NATUREZA
COMERCIAL - RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA NÃO CONFIGURADA -
TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA RECONHECIDA Diante das premissas fáticas
consignadas no acórdão regional, percebe-se que as Reclamadas firmaram
contrato de transporte de mercadorias, e não de terceirização de serviços. A

12
jurisprudência desta Eg. Corte Superior é no sentido de que, em se tratando desse
tipo de contrato, a empresa contratante não pode ser responsabilizada
subsidiariamente pelo inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte da
empresa contratada (transportadora), sendo inaplicável o item IV da Súmula nº 331
do TST. Julgados. Recurso de Revista conhecido e provido. III - AGRAVO DE
INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA SEGUNDA RECLAMADA
(SUZANO S.A.) INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA LEI Nº 13.467/2017 - TEMAS
REMANESCENTESPrejudicada a análise, em razão do provimento dado ao
Recurso de Revista, o que resultou na improcedência do pedido de
responsabilização subsidiária da segunda Reclamada. (TST - RRAg:
00101751920225150041, Relator: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de
Julgamento: 06/08/2024, 4ª Turma, Data de Publicação: 14/08/2024) grifamos.

Ad argumentandum, os beneficiários pelos serviços prestados pelo


empregado de outra empresa podem ser responsabilizados pelo débito trabalhista correspondente, caso
tenham com esta se conjugado para a prática de algum ato ilícito, o que não retrata a hipótese dos
autos.

É clara a licitude da terceirização havida, porquanto sem qualquer fraude, o


que revela dizer que deve haver uma interpretação mais sensível para a culpa “in vigilando” definida pela
jurisprudência para responsabilização subsidiária da tomadora de serviços.
Em verdade, o que temos em tela é que ao contrário do que prevê a Súmula
nº 331, do C. TST ficou demonstrada a solidez da primeira ré, ora contestante, e, ainda a licitude do
contrato de prestação de serviços firmado entre as Reclamadas, não sendo o caso de qualquer
condenação de nenhuma das Reclamadas, muito menos a tomadora de serviços.

Cabe ainda destacar mais uma vez que a reponsabilidade subsidiária do


tomador de serviços (Súmula 331, do C. TST) decorre de sua culpa in elegendo ou in vigilando, sendo
certo que na hipótese em questão, como já salientado, não restou configurada a culpa, muito menos
inadimplemento das verbas rescisórias.

Pelo exposto, por qualquer ângulo que se queira ver a questão, o pedido de
condenação subsidiária da 2ª Reclamada deverá ser rejeitado.

Do exposto, requer seja o pedido do Reclamante julgado improcedente, na


forma dos escólios acima adunados.

10 - Da Impugnação aos Documentos Juntados

Por fim, impugnam-se todos os documentos juntados na inicial, por


manifestamente insuficientes a provar suas alegações, pois não possuem o condão de provar os
argumentos do obreiro.
Não se pode dar créditos a um devaneio jurídico, sem qualquer base
minimente sustentável que possa amparar os pedidos do obreiro, eis que totalmente infundadas e sem
provas.

Portanto requer o recebimento e acolhimento da presente defesa, para que


sejam julgados totalmente improcedentes os pedidos ventilados na Reclamatória Trabalhista, razão pela
qual necessária a conclusão de que o Reclamante não faz jus aos pedidos ora pleiteados.

13
11- Dos Juros e Correção Monetária

Na eventual hipótese de ser deferido o pagamento de qualquer verba


pleiteada pela Reclamante, a correção monetária aplicável deverá respeitar o parágrafo primeiro do artigo
459 da CLT, segundo o qual “o pagamento deverá ser efetuado até o quinto dia útil do mês subsequente
ao vencido”.

Isto porque, consoante o preceito legal indicado acima, o salário só se torna


devido no mês subsequente à sua prestação, conforme já pacificado, por meio da Súmula nº 381, do
Tribunal Superior do Trabalho.

Na absurda hipótese de condenação da Reclamada, requer que seja


declarada por força de sentença, na forma do INFO 1043 STF com o Texto Obreiro, a qual segue abaixo
destacada:

Direito do Trabalho e Processual do Trabalho Diversos Geral.


Não se aplica a Taxa Referencial (TR) como índice de correção monetária de débitos
trabalhistas.

I - É inconstitucional a utilização da Taxa Referencial - TR como índice de atualização


dos débitos trabalhistas, devendo ser aplicados, até que sobrevenha solução
legislativa, os mesmos índices de correção monetária e de juros vigentes para as
condenações cíveis em geral, quais sejam a incidência do IPCA-E na fase pré-judicial
e, a partir do ajuizamento da ação, a incidência da taxa SELIC (art. 406 do Código
Civil), à exceção das dívidas da Fazenda Pública, que possuem regramento
específico. A incidência de juros moratórios com base na variação da taxa SELIC não
pode ser cumulada com a aplicação de outros índices de atualização monetária,
cumulação que representaria bis in idem;

II - A fim de garantir segurança jurídica e isonomia na aplicação desta tese, devem


ser observados os marcos para modulação dos efeitos da decisão fixados no
julgamento conjunto da ADI 5.867, ADI 6.021, ADC 58 e ADC 59, como segue:

(i) são reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão, em ação em curso
ou em nova demanda, incluindo ação rescisória, todos os pagamentos realizados
utilizando a TR (IPCA-E ou qualquer outro índice), no tempo e modo oportunos (de
forma extrajudicial ou judicial, inclusive depósitos judiciais) e os juros de mora de 1%
ao mês, assim como devem ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em
julgado que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR
(ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1% ao mês;
(ii) os processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento,
independentemente de estarem com ou sem sentença, inclusive na fase recursal,
devem ter aplicação, de forma retroativa, da taxa Selic (juros e correção monetária),
sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em
interpretação contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535,
§§ 5º e 7º, do CPC e
(iii) os parâmetros fixados neste julgamento aplicam-se aos processos, ainda que
transitados em julgado, em que a sentença não tenha consignado manifestação
expressa quanto aos índices de correção monetária e taxa de juros (omissão
expressa ou simples consideração de seguir os critérios legais).
STF. Plenário. RE 1269353/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 17/12/2021
(Repercussão Geral – Tema 1191) (Info 1043).

14
12- Do Eventual Recolhimento Fiscal e Previdenciário

No que se refere ao imposto de renda, requer seja aplicado o disposto no art.


46, da Lei 8.541/92, em consonância, ainda com o disposto no Provimento 01/96 da Corregedoria Geral da
Justiça do Trabalho.
“O imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos pagos em cumprimento de
decisão judicial será retido na fonte pela pessoa física ou jurídica obrigada ao
pagamento, no momento em que, por qualquer forma, o recebimento se tornar
disponível para o beneficiário.”

Nesta linha, recolhimentos fiscais e previdenciários deverão ser procedidos de


acordo com a Súmula nº 368 do C.TST, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial nº 363 da SBDI-1
do C. TST e art. 276, do Decreto nº 3.048/99.

“DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS. CONDENAÇÃO DO


EMPREGADOR EM RAZÃO DO INADIMPLEMENTO DE VERBAS
REMUNERATÓRIAS. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO PELO
PAGAMENTO.ABRANGÊNCIA. (DJ 20, 21 e 23.05.2008).

A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições social e fiscal, resultante de


condenação judicial referente a verbas remuneratórias, é do empregador e incide
sobre o total da condenação. Contudo, eventual culpa do empregador pelo
inadimplemento das verbas remuneratórias não exime a responsabilidade do
empregado pelos pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição
previdenciária que recaia sobre sua quota-parte.”

Por fim, na hipótese de eventual condenação seja respeitado para cálculo da


época própria o disposto na Súmula nº 381 do TST, bem como seja deferido o desconto da cota
previdenciária que couber ao empregado, nos termos da legislação aplicável:

“CORREÇÃO MONETÁRIA. SALÁRIO. ART. 459 DA CLT (conversão da Orientação


Jurisprudencial nº 124 da SBDI-1).

O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao vencido não está
sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da
correção monetária do mês subsequente ao da prestação dos serviços, a partir do dia
1º.” (ex-OJ nº 124 da SBDI-1 - inserida em 20.04.1998)

13 - Da Compensação/Dedução

Requer, a Reclamada, ad cautelam, a compensação e/ou dedução de


quaisquer verbas deferidas (em seu valor históricos) com aquelas já quitadas sob as mesmas rubricas ou
fato gerador, corrigidas as diferenças eventualmente verificadas em favor do autor, bem como as
deduções legais, no que couber, a luz do art. 767, da CLT.

Deverão ser deduzidas, ainda, em caso de eventual condenação, as cotas


previdenciárias e fiscais a cargo do empregado.

15
CONCLUSÃO

Assim e por todo exposto, requer a V. Exa, em sede preliminar que:

a) Seja acolhida a incompetência territorial em razão do lugar da prestação


do serviço, visto não ter preenchido os requisitos para distribuição nesta
comarca;

b) De igual modo a não concessão dos benefícios da gratuidade de justiça


ao Reclamante, assim como o acolhimento da incorreção do valor da
causa.

No mérito seja:

b) Recebida a presente contestação para decretar a TOTAL


IMPROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS REQUERIDOS NA PEÇA VESTIBULAR
por ser de Direito e de Justiça, frente as provas carreadas, conforme
documentos acostados no caderno processual, não merecendo prosperar
quaisquer dos pedidos feitos feitos pelo Reclamante em sua exordial;

c) Caso V.Ex.ª entenda de modo diverso e sobrevindo evetual


condenção, requer o reconhecimento da prescrição quinquenal estampada no
art. 7º, inciso XXIX, letra “a” da CF/88, para fulminar todos os eventuais
direitos e interesses do Reclamante anteriores a 05 (cinco) anos, contados do
ajuizamento da presente reclamatória;

d) Com a improcedência dos pedidos, requer a condenação da


Reclamante ao pagamento das custas e honorários de sucumbência, na
forma do art. 789, § 1º, da CLT.

Por fim, requer a produção de todas as provas em direito admitidas, em


especial o depoimento pessoal do Reclamante, sob pena de confesso (En. 74, TST) e a oitiva de
testemunhas que serão trazidas na forma do art. 825 da CLT.

Termos em que,
Pede e espera deferimento.

Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 2024

ANDRÉ LUIZ DO NASCIMENTO


OAB/RJ 162.022

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