A Religião Afro Nação, Umbanda, Quimbanda
A Religião Afro Nação, Umbanda, Quimbanda
Afro
Nação - Umbanda - Kimbanda
Volume -1-
Pae Marcelo de Bará
© Publicação da Torre Negra
2017
Primeira Edição
Site: www.blacktowerpublishing.com
Contato: [email protected]
Portfólio: http://daemon-barzai.artworkfolio.com/
ISBN-13: 978-1543207859
ISBN-10: 1543207855
Bem-vindo
Sempre procurei manter a ordem em minhas doutrinas, sempre procurei ser
equitativo e equilibrado com cada filho da religião. É por isso que esta
sucessão de volumes nasce das minhas notas e manuscritos. Mas, resolvi
tornar público, para que qualquer pessoa que queira conhecer a religião afro-
brasileira possa fazê-lo. Tentarei orientá-los da mesma forma que fiz com
meus filhos de religião, aos poucos, aos poucos. Espero que você possa
encontrar nesses escritos as respostas que o trouxeram até aqui. Existem
muitas maneiras de fazer as coisas e respeito todas elas. Esta é a minha
verdade e espero ser respeitada.
As origens
-13-
Como funcionam os empregos?
-15-
Locais de expedição
-16-
O dinheiro
-18-
As obrigações
-20-
Os Orixás
-22-
Caridade e Humildade
-23-
Tipos de Incorporação
-23-
Tipos de mediunidade
-24-
Para que as coisas se cruzem
-25-
Conserte o Orixá
-25-
Os Eixos e sua Importância
-26-
Como incorporar
-26-
Orixás
-27-
Os guias imperiais
-
28-
A roupa
-28-
O Trabalho
-29-
Para levar em conta
-29-
Velhos e Jovens Santos
-30-
Chão, Andar, Batuque
-30-
Umbanda Branca e Cruz
-32-
O Chefe
-33-
Os Caboclos
-33-
Cerimônia de Umbanda
-35-
Eco, Oferta e Trabalho
-39-
Exú, Mensageiro dos Orixás
-41-
Mae Yurema
-42-
O baterista
-42-
Linhas Religiosas
-43-
Falanges, cidades, reinos, comandantes
-44-
Primeiro para Exú, primeiro para Bará
-45-
As primeiras chegadas
-45-
Exú, o Demônio Cristão
-46-
A Adivinhação de Exú
-47-
O primeiro na Umbanda
-
47-
Destaques dos livros-47-
Algumas datas
-55-
Ogúm-56-
Alguns relacionamentos
-57-
Alguns dados anedóticos
-58-
Alguns Exús
-59-
Como o Terreiro se move
-60-
Os dados
-61-
Dados Pae Xapana
-62-
O Carnaval
-
63-
Como são preparadas as refeições de
Exú-65
Ilustrações
Mae Yurema
-38-
As origens
As religiões afro, como o próprio nome indica, nasceram na África, é a
religião dos escravos NEGROS que foram parar nos Estados Unidos. Durante
a viagem, visitaram diversos portos, onde foram deixados pelo caminho
aqueles escravos que não se encontravam em ótimas condições. Não só
sobraram os escravos, mas também levaram consigo seus costumes e crenças,
dando nomes a diferentes religiões mescladas aos costumes de cada um dos
lugares.
Guerreiro Bará Orixa, dono das sete chaves do céu e do inferno, dono da
masculinidade, aquele que abre e fecha todos os caminhos, aquele que dá
trabalho a quem pede. E seus correspondentes católicos São Pedro e São
Cayetano.
Locais de expedição
Cada grupo de entidades tem o seu próprio local de expedição (seu local para
deixar oferendas, trabalhos, etc.). Além disso, cada entidade pode ter seu
próprio local de envio ou solicitar que algo seja enviado para um determinado
local. Em termos gerais, podemos dizer que o local de exercício mais comum
poderá ser a residência (local onde reside cada um destes grupos de
entidades).
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Vamos dividir a questão em 3: La Nación, La Umbanda (Los Caboclos) e La
Quimbanda. Em linhas gerais, podemos dizer que para os Orixás podemos
despachar na praia. Para os caboclos, no mato. E para os Exús, na Rua. Mas
também podemos ser mais refinados.
A mesma coisa acontece com os caboclos, alguns deles possuem casas e sítios
próprios. E será lá, onde ficarão seus escritórios. Ou como dissemos antes, de
forma genérica, pode ficar no mato.
Para os Orixás, a casa genérica poderia ser a praia ou, na sua falta, o mar.
Embora o mar seja normalmente a casa genérica de cada entidade. Para
caboclo, Orixá ou Exú. Também pode ser enviado por mar. Embora como
sabemos, cada professor com seu livrinho.
Vou dar o que, para nós, são alguns dos locais de expedição dos diferentes
Orixás:
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Bará: Numa encruzilhada, perto de um lixão.
Xangó: Nas pedreiras: por exemplo, locais nas praias, onde há pedras com
pontas arredondadas.
Iemanjá: No mar.
Oxalá: Na praia.
Junção em T
O dinheiro
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O dinheiro é um tema controverso na religião. Já ouvi muitas vezes meus
filhos dizerem: “No dia em que for solto, não serei pago por cumprir uma
obrigação”.
Bom, vamos falar de dinheiro, no meu caso costumo cobrar uma mensalidade
pelo aluguel do Terreiro (templo) e de um mercadinho. É de conhecimento
público que na maioria dos templos é cobrada uma taxa ou taxa mensal.
Também é verdade que muitas vezes esse dinheiro fica com o Pae de santo e
nada se compra nem se paga nada. O que gera discussão e o desconforto
lógico das pessoas que compõem o Terreiro. Sabe-se também que as
obrigações, as mãos da faca, são cobradas. E em alguns casos, não o meu,
também é cobrado a Jogada de Búzios, o lançamento de cartas ou o trabalho
feito para as crianças. Não julgo nem justifico, cada um faz o que acredita ser
mais correto. É verdade que há muitas pessoas (não o meu caso) que só vivem
da religião, dependendo dela cem por cento financeiramente, o que torna
muito compreensível que tenham que cobrar por tudo o que fazem. O que
vejo de errado é que a coleção dessas coisas é encoberta, com alguma
justificativa mística. Por exemplo: “se eu não cobrar, então o Machado da
miséria vem e nos come a todos”. Se essa pessoa realmente acreditasse nisso.
Ela poderia pedir um pagamento simbólico, como 7 moedas, e nesse caso
estaria coberta pelo “monstro peludo que a come”. No meu caso, acredito que
os Machados deveriam ser pagos, para demonstrar o interesse e o sacrifício da
pessoa. Ao longo de todos esses anos que tenho filhos de religião, dei
inúmeras facas, e a outros não cobrei nada diretamente, e me ofereci para não
cobrar. Mesmo assim, vejo que talvez não cumpram a obrigação que a meu
ver deveriam cumprir. Então, pelo que eu disse, já há algum tempo, decidi que
quem realmente quiser fazer alguma coisa terá que pagar como eu paguei na
época. O leitor também não vai pensar que o que cobro é muito (embora
quanto ou pouco dependa do bolso de cada um). O que eu cobro é metade do
que me cobraram na época. E as obrigações dos meus filhos, costumo gastar
metade desse dinheiro com eles mesmos. Mas bom, como eu disse antes, essa
é uma questão particular de cada Pae ou Mãe de santo.
E cada um saberá, não venho julgar nem justificar. O que é verdade é que um
templo não é mantido por ar e você deve comprar algumas coisas mínimas,
como velas ou coisas para fazer oferendas, carvões e coisas para defumar. Ou
você contribui com uma mensalidade ou deve contribuir com um desses itens.
Mas ei, o que detalho são coisas comuns.
Tenha cuidado quando for ameaçado de colocar dinheiro, pois também ouvi
isto em muitos casos: que em alguns territórios as crianças são controladas
pelo medo e a única coisa que fazem é pegar dinheiro. Quando for esse o
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caso, desconfie. Ninguém pode forçar ninguém a fazer algo que os faça sentir-
se mal, e ninguém pode forçar ninguém a acreditar em algo que não queira
acreditar. Isto é fé, e a fé é individual para cada um de nós. Ninguém pode nos
forçar a acreditar, fazer ou pagar por algo com o qual não podemos ou não
concordamos.
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As obrigações
Gosto de comparar obrigações com uma bateria, digo que somos ou melhor,
temos uma quantidade x de energia, como uma bateria (==___). Quando
fazemos um piso carregamos essa energia (=====). Cada vez que fazemos
um trabalho, fazemos um pedido ou acendemos uma vela, essa energia
diminui (====_). Por isso, se alguém trabalha muito com religião, deve
cumprir obrigações a cada x tempo, já que essa pilha está gasta...
Por fim, a libertação, nesse momento o filho tem todas as suas facas,
machados e santos, e passa a ser religiosamente responsável por si mesmo.
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Da mesma forma que numa nação, na Quimbanda também temos obrigações.
A primeira será a Fala del Exú ou Pomba Gira que chega pela frente. Podendo
também atravessar nesta obrigação, uma imagem, um filme, um guia,
olhinhos. Então, a partir desta primeira refeição, a entidade deverá comer uma
ave a cada 3 meses. Como segunda obrigação, são entregues os primeiros
quatro pés, e recebida a planilha e a guia imperial. Sendo o filho logo na
Quimbanda. No terceiro quatro pés é recebida a faca liberada dos pássaros, e
no sétimo quatro pés é recebida a faca liberada da Quimbanda.
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Os Orixás
Embora na África existam mais de 500 Orixás, para a nossa linha são 16.
Cada Orixá representa uma força da natureza, como Iemanjá representa a
força do mar ou Oxúm que representa a força dos rios, ou Ele ouviu as
tempestades com seus relâmpagos. Isso significa que a água do mar vibra com
a mesma energia da Mãe Iemanjá.
Continuando com nosso tema, falei que essa mesma energia vibracional se
encontra em tudo que está relacionado a cada Orixa. Sua cor, sua vela, seu dia
da semana, sua data. Então, por exemplo, dizemos que no dia 2 de fevereiro
vibra na mesma energia vibracional da Mae Yemanjá ou força do mar,
também temos que diferenciar a Energia pura do Orixa, para as entidades que
vêm aos batuques no nação nas sessões, já que estes não são os Orixás
primordiais. Imagine que uma pessoa que fosse incorporada à força do mar,
não teria corpo que aguentasse. Pois bem, em vez disso, vêm para o corpo
Egunes, e quando falo em Egunes, não tenha medo, estou me referindo a
espíritos de pessoas que já estiveram vivas, e não a quiumbas ou espíritos do
astral inferior. Como falei, o que chega são Egunes que vibram na mesma
energia vibracional da força do mar.
Caridade e
Humildade
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Caridade e humildade, dois preceitos muito importantes em nossas crenças.
Embora em muitas ocasiões seja muito difícil mostrar caridade e ser humilde,
é nossa obrigação como religiosos tentar ajudar as pessoas sem pedir nada em
troca. Acredito que se pode fazer a diferença com aqueles pedidos que só
atingem o egoísmo pessoal do indivíduo, como ser um trabalho de amor. Mas
se, pelo contrário, uma pessoa chega à nossa terra com, por exemplo, um
problema espiritual, é aí que colocamos em prática a nossa caridade,
procurando ajudar essa pessoa, sem esperar nada material em troca.
Tipos de
Incorporação
Irradiação, custo, incorporação, ocupação. Estes mencionados são os nomes
que normalmente se dão às diferentes sensações, sobre as energias das
entidades. Vamos começar falando sobre irradiação. Ocorre quando sentimos
a energia de alguma entidade, como um Exú que está próximo de nós.
Geralmente é vivenciado no início da turnê, antes da turnê, em uma sessão ou
mesmo na turnê de outra pessoa, pois o que sentimos é uma entidade próxima
a nós. Mas a irradiação não é apenas a percepção dessa entidade, mas estamos
nos referindo a uma percepção mais forte. Costuma-se dizer que uma pessoa é
irradiada quando em um passeio os médiuns conseguem perceber que a
pessoa foi abordada por uma entidade com a intenção de atacá-la.
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tipo de meio ou do seu desenvolvimento. É assim, da irradiação à ocupação.
Então vou quebrar o mito de que um Orixa deve obrigatoriamente retirar a
consciência do médium, já que não é o caso. O que geralmente acontece é que
o Axero, ao colocar a pessoa para dormir, tende a fazê-la esquecer as
lembranças. Mas isto não acontece em todos os casos e, como disse, isso
depende do meio e/ou do seu nível de desenvolvimento.
Tipos de
mediunidade
Existem diferentes tipos de mediunidade e, embora não vá detalhá-los, vou
mencionar alguns. O que a nossa religião afro faz é desenvolver a
mediunidade da incorporação expressa. E ao mesmo tempo, e quase sem
querer, desenvolvem-se em algumas pessoas a clarividência, a visão e a
mediunidade auditiva. Existem alguns centros espíritas ou práticas religiosas,
como as missas palo, onde algumas dessas mediunidades são desenvolvidas
especificamente.
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objeto é consagrá-lo, pela e para a entidade com a qual está sendo cruzado.
Suponha que você cruze uma kineta (sino) com o seu Exú na frente, então
essa kineta vai virar daquele Exú, e costumava chamar aquele Exú. É por isso
que quando cruzamos um objeto pessoal, digamos um anel, ele deixa de ser
nosso e passa a ser a entidade com a qual o cruzamos. Portanto, se for o caso,
não queremos mais ter o referido anel, então ele deverá ser enviado (no local
correspondente) pois não é nosso, mas pertence à referida entidade.
Conserte o Orixá
O primeiro trabalho que costumo ensinar aos meus filhos é estabelecer o
Orixa. Para que é usado? Pois bem, nosso Orixa, nos acompanha em todos os
lugares que vamos e cuida de nós. Suponhamos que certa vez tenhamos que
fazer uma viagem e devemos deixar nossa esposa e filhos sozinhos em casa,
pois para nós nossa família às vezes pode ser mais importante do que nossa
própria vida. Assim, podemos optar por deixar nosso guardião Orixa cuidando
da nossa casa.
Desta forma o Orixá estará cuidando do local onde fica esse copo d'água.
Os Eixos e sua
Importância
Os Eixos e a importância de não contar a ninguém o que aprendeu é o que
diferencia um Pae de Santo de uma pessoa que não o é. Bem, acho que
qualquer um pode pegar pedras, colocá-las em potes, comprar facas, etc.
Então, o que diferencia um cara que diz ter todos os seus segredos, daquele
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que realmente os tem? Bem, uma das diferenças mais importantes é o
conhecimento. Uma vez, minha Mãe de Santo, quando procurava um Pae de
Santo para libertá-la, topou com um cara que dizia ser um. Na sua palestra, e
ingenuamente, ela perguntou a este “PAE DE SANTO” onde ele guardava os
seus segredos. Na esperança de ouvir alguma resposta, como na minha casa
ou no templo ou no quarto do santo ou algo semelhante. Em vez disso, ele
respondeu: “Eu os carrego no coração.” Bem, a metáfora é linda. Mas uma
pessoa não pode manter 16 pedras ou mais dentro do peito.
Como Incorporar
A incorporação geralmente não ocorre na primeira viagem. Embora isso possa
acontecer. Geralmente é alcançado após meses. Começando com um custo
pequeno, e pode levar anos, até que a entidade esteja verdadeiramente
estabelecida. O importante, tanto na turnê quanto na incorporação, é tentar
influenciar o mínimo possível. O que quero dizer? Você deve tentar não usar
o mínimo possível seu corpo e pensamentos para permitir que a entidade
assuma o controle dele.
Uma das formas de começar a girar poderia ser concentrar-se nos cantos, no
barulho do tambor e nas sinnetas, deixando o corpo se mover para o local que
a entidade deseja, e tentando não resistir. Embora existam pessoas que se
incorporam em curtos períodos de tempo, também é verdade que há pessoas
que demoraram anos a incorporar. Aqui nesta religião costuma-se dizer
muitas vezes que é preciso conseguir uma dedicação de corpo e alma para ser
bem recebido pela entidade. E muitas vezes, a frase é usada com frequência,
entregando o coração à religião. É mais fácil falar do que conseguir, e é
possível que, nesse meio tempo, as entidades nos testem. Alguns desses testes
são realmente muito difíceis. Só depois de superado é que se acaba por
compreender o verdadeiro significado de entregar o coração à religião.
Os Orixás
Na África são cultuados mais de 500 Orixás, embora com o passar do tempo
tenham sido filtrados e simplificados, até hoje, onde entre 12 e 18 Orixás são
cultuados nos templos. Como dados anedóticos, podemos contar o que
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aconteceu com Mae Nana. E isso não é uma lenda. Há muito tempo, uma tribo
venerava Mãe Nana como uma figura masculina, que cumpria um papel
semelhante ao de Oxalá. Quando ocorreu a união dos povoados com outra
tribo, eles começaram a misturar seus Orixás, e descobriram que havia alguns
Orixás que foram acrescentados, como o Xapaná. Mas, houve outras, como
Nana, que, tendo forte presença de Pae Oxalá, decidiram converter Mãe Nana
em irmã mais velha de Mãe Iemanjá. No caso particular da linha que
cultivamos, a figura do embalo é a de uma faceta “maligna” de Mãe Iemanjá.
Os Guias Imperiais
Tanto em La Nación, como na Umbanda e na Quimbanda, é muito comum
encontrar o uso de guias (colares feitos de miçangas, miçangas, ou algum
outro tipo de decoração). Esses colares, que também costumam incluir
caracóis, búzios ou ferramentos, o que costumam indicar é a posição religiosa
de quem os possui. Geralmente, a guia finita é entregue com a primeira
obrigação e as guias mais grossas com as obrigações sucessivas. Obtendo o
guia mais grosso de todos, com a última obrigação ou liberação. Em nossos
terreiros, junto com a primeira refeição das entidades, seja Bori, refeição Pae
Exú ou refeição Caboclo, é entregue a guia finita. Já as guias grossas, com 7
tiras de Caboclo, são entregues junto com o cacicado. A espessura da
Quimbanda, com os primeiros quatro pés da Quimbanda. Ou seja, quando
você ganha liderança (não confundir com ser Mestre ou ser liberto na
Quimbanda). E na nação, com os primeiros quatro pés, ganha-se também a
guia grossa da Nação, obtendo a imperial com a libertação.
A roupa
Da mesma forma que os guias são usados, geralmente são usadas roupas. No
caso da Quimbanda, a vestimenta costuma ser vermelha e preta, toda
vermelha ou toda preta, preta e branca ou alguma outra cor dependendo da
cidade, do reino e do tipo de entidade em questão. Suas decorações ou
vestimentas, em alguns terreiros, também tendem a depender da categoria da
entidade. Existem algumas peças de vestuário que representam liderança,
como um cajado ou uma capa. Em nossos terreiros não damos muita atenção a
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esses acessórios, pois cada entidade é quem os solicita, sabemos que existem
outros terreiros que devem ser conquistados até o uso de chapéu.
Com relação à Nação ela também tem suas cores, e essas são as cores do
Orixa da cabeça do filho da religião.
Os empregos
As obras não funcionam para você se suas entidades não permitirem. Este
conceito que vou expor não se aplica a outros tipos de magia ou feitiçaria,
mas aplica-se às leis das religiões africanas, onde nada pode acontecer aos
indivíduos que as suas entidades não permitam. É por isso que, sob este
conceito, devemos pensar que quanto mais felizes mantivermos as nossas
entidades, menos coisas ruins elas deixarão acontecer conosco.
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Velhos e Jovens
Santos
Quando falamos de santos velhos, não estamos nos referindo aos Orixás que
chegam já velhos, e da mesma forma digo o mesmo dos jovens. Quando
falamos sobre o antigo, estamos nos referindo aos antigos, aos primordiais.
Especificamente a Oxalá, Iemanjá e Oxúm, em todas as suas passagens,
independentemente de tal passagem ter ou não o comportamento de um jovem
ou de um velho. Feito esse esclarecimento, passaremos a dizer como são
despachados os diferentes tipos de Orixás.
Chão, Andar,
Batuque
Para todos os solos ou Bori da Nação, sempre após o acabamento costuma-se
fazer uma caminhada e um Batuque. Há quem diga que a obrigação só
termina depois de terminado o referido Batuque. Vamos dar o exemplo do
Bori, neste estão dispostas todas as coisas a serem atravessadas e todos os
recipientes derretidos das entidades que receberão os alimentos. Geralmente
são a cabeça, os braços, o corpo e as pernas, mas o ano do Orixa e um animal
para o Orixa chefe da casa, não esqueçamos do Pae Bará que é sempre aquele
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que abre e aquele que deve ser oferecido primeiro . lugar.
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Umbanda Branca e
Cruz
La Umbanda é um culto sincrético mesclado com espiritismo. Há cem anos,
em 1908, um menino de 18 anos, Zélio de Moraes, teve alguns problemas,
então sua mãe o levou para uma sessão espírita. Nessa sessão, estava presente
um Caboclo, o “Caboclo das Sete”. em seu corpo. Encruzilhada", naquela
mesma noite o Caboclo chamou um Preto que fez curas, limpou o local e deu
uma pontada no caboclo, nessa mesma noite o Caboclo anunciou a criação. de
uma nova religião chamada AUMBANDA (que vem do sânscrito, mas
quando foi escrita se escrevia como Umbanda) e seus preceitos.
Vale esclarecer que a Umbanda é um culto à parte assim como o são a Nação
e a Quimbanda, três cultos diferentes, que por terem temáticas comuns
costumam ser cultuados juntos.
O Chefe
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O chefe da Umbanda é o escalão mais alto da Umbanda, assim como o Pae de
santo é da Nação. Da mesma forma que na Nação existem obrigações a
cumprir, na Umbanda normalmente existem apenas três. Essas obrigações são
feitas em folhas, e geralmente existem as entidades com as quais a obrigação
é feita durante a mesma, por exemplo se a obrigação for feita com o caboclo
de Ogúm, isso será incorporado durante a obrigação.
Os Caboclos
Quando falamos em Caboclos estamos nos referindo às entidades de
Umbanda, pela sua denominação genérica. Alguns dos Orixas possuem um
Caboclo que os representa, como Ogúm Orixa, que tem seu representante
Ogúm de Caboclo na Umbanda, vale esclarecer que enquanto Ogúm Orixa
possui passagens como Ogúm Onira, no Cabloclo de Ogúm falamos de Ogúm
Sete Espadas, Veja o mar, etc. Então é muito importante que fique claro que
os caboclos dos orixás NÃO são Orixás e até possuem passagens diferentes,
em alguns casos é mais perceptível como nas Ondinas e nas Sereias, já que as
Sereias são os Caboclos de Iemanjá e as Ondinas são as de Oxúm, portanto
talvez ter um nome diferente do Orixá não cause tanta confusão.
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mesa branca, costumam fazê-lo. Orientais, que meu conhecimento só vem
saber que trabalham com saúde.
Cada uma dessas entidades tem seus pontos cantados, pontos riscados e passa
na prova da fala, exceto o Preto que chega com a fala vencida, diferentes tipos
de entidades podem conviver na mesma sessão, como os caboclos de Ogúm e
continuar. com a sessão e ser ao mesmo tempo (claro que em corpo diferente)
um caboclo de Ogúm e um véu Preto.
Para nós vale um esclarecimento, aqueles filhos que são chefes de Ogúm, não
é aconselhável que se voltem para Xangó de Umbanda, e para aqueles que são
chefes de Xangó não é aconselhável fazê-los para Ogúm de Umbanda. Aquele
que é chefe de Ogúm na Nação certamente não receberá um Caboclo de
Xangó e talvez possa cair no chão no passeio. Da mesma forma que quem
recebe em seu corpo um Caboclo de Ogúm não deve receber o Caboclo de
Xangó e vice-versa.
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Cerimônia de
Umbanda
A Cerimônia de Umbanda, assim como a Quimbanda e a Nação, tem sua
organização particular, no nosso caso tem um começo, onde é lançado algum
ponto de abertura, depois as entidades começam a chegar, e para finalizar a
cerimônia a cerimônia encerra com algum fechamento do ponto. O que resta é
o ato de balançar a cabeça (prestar homenagem) aos Orixas, seja aos Orixas
da Umbanda ou aos Orixas da Nação, no nosso caso só batemos na cabeça
dos Orixas da Nação. Este ato pode ser realizado antes ou depois da
cerimônia, normalmente fazemos após o encerramento da Umbanda.
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calças sejam mais esfarrapadas que as de outras entidades.
Então com o exposto fica clara a ideia de que a Umbanda é o culto dos
Caboclos dos Orixás Africanos, e na cerimônia de Umbanda não são
incorporados orixás.
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Eco, ofertas e
empregos
Quando falamos em fazer um trabalho ou trabalhar para alguém, em nossa
religião, não estamos nos referindo exclusivamente a fazer algo mau.
Os trabalhos podem ser tanto para o bem como para o mal, geralmente as
entidades, e mais ainda os Exús têm uma espécie de amoralidade que lhes
permite trabalhar com todo o tipo de pedidos que lhes fazemos, em qualquer
caso e se acreditássemos nisso , gerando uma espécie de carma para quem
administrou o pedido ou o trabalho.
Vale esclarecer que qualquer tipo de pedido pode ser um trabalho, desde o
mais simples, que é acender uma vela, até o sacrifício ritual de animais.
Claro que cada entidade tem seus próprios trabalhos e estes são ministrados
pelos Pae de Santos, Mestres ou Caciques, mas em outras ocasiões também
são ministrados pelas mesmas entidades ou espíritos guias, vale esclarecer
que estes trabalhos ministrados pelas mesmas entidades geralmente são muito
mais fortes que outros.
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uma vela de cada vez e continuarmos trabalhando na mesma coisa, existe a
opção de aumentar o aposta, podemos acabar oferecendo um animal de 4 pés.
Mas então o que mais vamos dar? Portanto, recomendo ser cauteloso ao
oferecer uma recompensa em troca de trabalho.
Outro tipo derivado de obras são as ofertas. São semelhantes aos empregos,
mas são oferecidos às entidades como forma de pagamento ou de
agradecimento ou simplesmente para agradar a essas entidades. As oferendas
podem ser secas, como uma vela ou uma bandeja com frutas ou alimentos, e
também podem ser oferendas que requerem corte de animal.
Outro tipo de trabalho é o Eco, é como uma oferenda que dura vários dias,
geralmente sete, geralmente começa no dia da entidade e termina no dia da
entidade, sendo despachada em local próximo ao Terriero no formato de um
círculo. Como exemplo podemos dar um ECO de Bará, este seria preparado
às segundas-feiras para ser enviado na segunda-feira seguinte, existem
basicamente dois tipos de ecos, um líquido, por exemplo: Água, mel, pétalas
de flores, etc. (dependendo da entidade) o outro Seco, por exemplo polenta,
com mel, laranja, etc. (também dependendo da entidade).
Esses ecos têm a função de absorver energias ruins do ambiente, por exemplo
se fizermos um eco de Ogúm poderíamos gerar uma espécie de seguro contra
as demandas que poderiam ser feitas de nós, ou um eco de Bará poderia
ajudar o trabalho, ou um eco de egun poderia nos ajudar e nos proteger contra
espíritos malignos antes de uma sessão.
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Exu:
Mensageiro dos
Orixás
Embora a figura de Exú tenha até mesmo sido sincretizada com o próprio
diabo (católico), para a nossa doutrina religiosa e apesar de considerarmos a
Quimbanda um culto separado da Nação e da Umbanda, acreditamos que Exú
representa o papel do mensageiro do Orixá.
Pois bem, feito esse esclarecimento dizemos que os Exú são os primeiros a
serem atendidos e trabalham sob o comando direto do Orixá, disponibilizando
servos para o mesmo, claro e por ser uma figura polêmica, nem sempre dá
total atenção ao que Orixa ordena, mas eles tentam fazer isso na maioria das
vezes. CUIDADO, não confunda os servos diretos dos Orixás, como a Pomba
Gira Agelu, servo direto de Iemanjá.
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Mae Yurema
Queria aproveitar alguns momentos para falar sobre uma entidade da
Umbanda que merece destaque, Mae Yurema. Ela é Cabocla, Chefe dos
caboclos, reza a lenda que Mae Yurema era filha do cacique, que por algum
transtorno (não vamos entrar em fofoca hahaha) foi banida (a lenda pode ser
encontrada na Internet) , com a morte de seu pai ela assume novamente o
controle da tribo, tornando-se a chefe-chefe. E é justamente esse o papel que
ele desempenha dentro da Umbanda.
O baterista
O tocador de tambor deve ser batizado na religião e ser tocador de tambor de
cada um dos cultos, ou seja, se alguém é tocador de tambor na Nação isso não
o torna baterista de Quimbanda, mas pelo contrário também deve cumprir as
obrigações pertinentes para o Quimbanda para virar baterista.
Ser baterista ou tabaquero não significa apenas saber tocar tambor, ou tabaque
(o que claro é essencial, em certo sentido), mas também é preciso cumprir as
obrigações pertinentes, por exemplo na Nação o baterista cumpre uma
obrigação, um terreno específico (ou aproveitar alguma obrigação que você
esteja fazendo) onde você vai cruzar o tambor (colocando certas coisas
dentro) e fará uma obrigação de sete dias junto ao tambor, vale esclarecer que
o tambor deve ser cruzado com sangue.
Não é obrigação ser filho de Xangó, nem ter Xangó nos braços, nem ter
Xangó em algum lugar do caminho para poder ser baterista, embora haja
quem aplique dessa forma.
Por outro lado, ser baterista acarreta uma grande responsabilidade, pois de
certa forma e em conjunto com as principais entidades e chefes da casa, são
eles que gerem as sessões e as digressões, podendo até processar, cortar um
processo judicial ou interromper a chegada de uma entidade.
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Todos esses segredinhos de manuseio do tambor, aliados ao fato de ter uma
obrigação de tambor, é o que se conhece como Machado de Tambor, ou
Machado do Baterista, e é por isso que o verdadeiro baterista deve recolher
seu Machado quando toca, em. da mesma forma que faz um Pae de Santo
quando levanta uma faca. Claro que o pagamento poderia ser simbólico e ser
de sete moedas, dependendo de quem toca o tambor ou combinado com o
chefe da casa.
Linhas Religiosas
A religião é basicamente dividida em duas grandes linhas religiosas, o Nagô e
o Candomblé. Isso depende de onde vieram os escravos na África e onde
desembarcaram quando chegaram ao Brasil. A partir dessas duas linhas
abrem-se outras linhas filhas ou derivadas como Jeje, Cambida, Keta, Jeja,
etc.
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Falanges, cidades,
reinos,
comandantes
A forma hierárquica como os Exús são divididos na Quimbanda é através de
reinos e vilas. Existem 7 reinos que são:
O Reino das Encruziliadas, Reino dos Cruzeiros, Reino das Almas, Reino das
Matas, Reino da Kalunga, Reino da Lira, Reino da Praia.
Cada reino possui um rei e uma rainha, por exemplo, no Reino da Lira seus
reis são Exu Rey das 7 Liras e Pomba Gira María Padilla. Por sua vez, cada
reino é composto por nove vilas, a exemplo do Reino de Lira, as vilas que o
compõem são:
Da Lira dos Infernos, Da Lira dos Cabares, Da Lida Da Lira, Da Lira dos
Ciganos, Da Lira dos Malandros, Da Lira do Oriente, Da Lira do Lixo, Da
Lira do Luar, Da Lira do Comércio.
Embora seja verdade que cada reino tem nove vilas, as vilas variam consoante
o reino, por exemplo a Vila da Lomba está presente no Reino das Almas e não
no Reino da Lira.
Cada Exú chefe, como Exú Rei das 7 Liras, possui sua própria falange óssea,
um grupo de Exús que ele comanda (daí o nome comenda) e por sua vez cada
Exú comanda sua própria falange composta por 7 ou mais Exús. Por isso se
diz que um Exú pertence a uma determinada falange, por exemplo o Exú
Kaminaloa pertence à falange do Exú Meia Noite e por sua vez o Exú Meia
Noite pertence à falange de Exú Rey das Almas. Mas Kaminaloa também é
líder de sua própria falange, nos dando muitos Exú encarregados de cada uma
delas. Quanto mais avançamos falamos sobre o que é conhecido como Exús
Baixos, que algumas pessoas confundem o termo chamando-os de Exús Baixo
Astral. Gosto de chamá-los de Exú Alto ou Alto Comando e Exú Baixo ou
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Baixo Comando.
As primeiras
chegadas
A princípio, apenas Exús masculinos, entidades ósseas, compareciam às
sessões de Quimbanda e depois de um tempo começaram a chegar os EXUS
FEMININOS, as Pomba Giras. Como o primeiro Exú a chegar foi o Exú rey
das 7 liras ou também conhecido como Exú Lúcifer e depois chegou a Pomba
Tour María Padilla, ela acaba sendo atribuída a ser esposa de Lúcifer.
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Exu,
o demônio cristão
Embora El Pae Armando Ayala explique melhor em seu livro “Exú el
Demonio Cristiano”, não queria perder este esclarecimento para todas aquelas
pessoas que confundem e demonizam os Exús. Reza a história que todos os
Orixás tiveram que ser sincretizados com algum Santo Católico, para que os
brancos que escravizaram os negros os deixassem praticar sua religião de
forma oculta ou disfarçada e desta forma os brancos entenderiam que cada
entidade correspondia ou era o mesmo (para eles) que um santo, o problema
foi quando encontraram a figura de Exú que não tinha correspondência com
nenhum santo, por isso foi catalogado pelos traficantes de escravos como a
figura do diabo, é daí que vem a crença. que Exú é o diabo ou melhor, como
meu bisavô religioso o chamava, “O demônio cristão”. Não quero terminar
estas linhas sem acrescentar que para confundir ainda mais havia uma pessoa
que não vou nomear mas se você pesquisar na internet você encontra ele, um
péssimo pesquisador francês que chegou ao Brasil e que escreveu um livro
muito famoso, esta pessoa acreditou erroneamente encontrar um sincretismo
entre as falanges de Exú e as demonológicas. Quando realmente os cultos
demonológicos nada têm a ver com o culto a Exú ou Quimbanda. Pois bem, o
que essa pessoa fez foi sobrepor a falange demonológica à de Exú, dando
assim nome de demônio a cada um dos Exú. Isto também contribui para a
ideia popular de Exú como um demônio.
A Adivinhação de
Exu
Anteriormente falamos sobre como a figura de Exú e a figura de Bará
compartilhavam coisas em comum, uma das coisas que elas têm em comum é
que compartilham o dom da adivinhação, junto com Oxalá Orumilaia, existem
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várias histórias na internet circulando por aí que falam sobre esse assunto,
mas não queria deixar de mencioná-lo.
O Primeiro na
Umbanda
Em tópico anterior mencionei quem foram as primeiras entidades, tanto
masculinas quanto femininas, a chegar em uma sessão de Quimbanda Bom,
também não quero deixar de lado a primeira entidade a chegar na Umbanda
de Zélio de Moraes, que foi o Caboclo. das Sete Encruzilhadas, incorporada
pela primeira vez por Zélio em uma sessão de espiritismo (criador e fundador
da Umbanda).
Destaques
dos livros
Embora não vá abordar especificamente o tema dos pontos picantes agora,
começarei dizendo que se trata de assinaturas únicas de cada uma das
entidades. As entidades de Umbanda, Quimbanda e da nação possuem. São
privados e só devem ser arriscados diante do Pae ou Mãe de Santo e juntos
devem guardar este ponto como um tesouro, pois quem possui o referido risco
pode trabalhar diretamente com esta entidade.
Bom, então se eles são tão privados, a pergunta seria: por que a internet ou os
livros estão tão cheios de pontos duros que são atribuídos a uma entidade ou
outra? A resposta é simples, esses pontos que encontramos girando são pontos
genéricos. Por exemplo, se encontrarmos um ponto Exú Tiriri, não significa
que se eu tiver um Exú Tiriri, ele arriscará esse ponto. O que significa é que
no dia em que eu precisar fazer um trabalho com Exú Tiriri, posso usar esse
ponto para fazer o trabalho.
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Pemba Vermelha -
Pemba Branca
Embora existam Pembas (giz redondo usado na religião) de cores diferentes e
geralmente são usados dependendo da entidade ou tipo de entidade que risca.
Por exemplo, a Pemba vermelha pode ser usada para Pomba gira e a preta
para Exú, ou a branca para Oxalá. Aqui vamos realmente falar sobre a falésia
na Quimbanda. Uma entidade que escalou com Pemba Vermelha na
Quimbanda está falando de um penhasco definitivo (embora possa estar
incompleto) diz que o seu penhasco está correto e pronto. Caso a entidade não
arriscasse a falésia correcta e o fizesse com uma pemba vermelha, seria
penalizada durante um ano se arriscasse novamente. O que quero dizer?
Suponha que uma entidade queira vencer o seu fracasso e isso será feito
através de um teste de risco. Se a entidade arriscar com uma pemba vermelha
e o seu ponto não estiver correcto (seja por causa da tesouraria ou porque o
processo foi apressado e essa entidade/criança não está preparada), então esta
entidade não poderá arriscar novamente até depois de uma ano. Porém, o
mesmo não acontece se você risca com uma pemba genérica (branca). Isso
pode estar incorreto e o chefe da Quimbanda pode optar por permitir a nova
rolagem após um curto período.
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Ao Entrar no
Cemitério
Como em qualquer casa que se entra, é uma boa educação cumprimentar
quem está lá dentro. O mesmo acontece com o cemitério (Calunga pequena).
Um lugar cheio de espíritos, pessoas mortas, entidades ou como você quiser
chamar. Aqui estão algumas saudações que acho que não devem ser
esquecidas.
Macumba
A macumba não é nem mais nem menos que uma batida de tambor. Quando
os negros praticaram a fé e os brancos começaram a ouvir esse rufar, disseram
que os negros estavam fazendo macumba. Da mesma forma que o Candoblé
ou Candómble é uma dança escrava. Batuke também é chamado de Batuke,
em vez de dança devido à batida do tambor. Dessa forma, para quem não sabe
quando um religioso faz algum trabalho, considera-se que está fazendo
macumba.
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Os Mensageiros
Nos terreiros muitas vezes, por alguma estranha razão, a existência de
mensageiros é um dos segredos mais bem guardados. Quando digo que não
sei o motivo é porque acredito no contrário. Um filho de religião deve saber
que os antigos Orixás têm um mensageiro. É quase essencial na hora de servi-
los ou fazer uma oferenda ou pedido. Esses mensageiros geralmente são um
determinado Exú ou Pomba gira. Mas antes de mencioná-los quero falar um
pouco sobre o Bará.
Outro Bará que podemos encontrar é o Bará Exú, embora não seja da minha
linha, é um Bará que costuma ir dentro da Aruanda, que atua como
intermediário entre os Exús e o Bará. Não deve ser confundido com Exú Bará,
que é um Exú como qualquer outro mas com a particularidade de levar o
nome de Bará. Na Santería também é conhecido Elegua, um orixá que lembra
Pae Bará em características. Entre os Barás que são cultivados em meu
território, mas que não estabelecemos sua cabeça, está o Bará Ayelú ou Gelú.
Embora possa ser colocado na cabeça, já que na verdade tenho amizade com
esse Orixa. Em nosso terreiro Bará Gelú é cultuado como “mensageiro”. No
caso particular deste Orixá é o mensageiro do Pae Oxalá. Assim como a
Pomba Gira Gelú é a mensageira de Mãe Iemanjá. Como falei antes, os santos
antigos têm mensageiros, vale lembrar que quando falo de santos antigos não
estou me referindo se o santo é velho ou jovem em sua passagem, mas sim
aos santos antigos: Oxalá, Yemanjá, Oxúm.
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Pai Nosso da
Umbanda
Assim como o catolicismo tem um Pai Nosso, a religião umbandista também
tem um. Quando digo Umbanda quero dizer apenas Umbanda, não
Quimbanda ou Nação. Isso se deve à forte influência que o catolicismo teve
sobre ele.
Hino da Umbanda
O hino da Umbanda geralmente é cantado após uma sessão de Umbanda.
Todas as crianças em círculo de mãos dadas e no momento de “Liderar o
mundo inteiro…” todas levantam as mãos juntas.
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bandeira de Oxalá.
Umbanda do Zélio
Talvez eu já tenha dito isso antes, mas já que estamos falando de Umbanda
vale lembrar para entender melhor porque existe diferença entre a Umbanda
Branca e a Umbanda cruzada. La Umbanda Blanca nasceu através de Zélio de
Moraes. Não tinha Pae de santo nem nenhuma doutrina religiosa, nem ganhou
nenhum machado. Como é a mão de uma faca, portanto não tinha faca.
Portanto, nenhuma das entidades que vieram deste lado recebeu sangue como
oferenda. A Umbanda cruzada (cruzada com sangue) é a Umbanda que sai
das mãos de pessoas que já praticavam a religião e que adotam a Umbanda
como parte de suas crenças. Ao possuir o Axe de faca, essas pessoas passaram
a doar sangue ritualmente às suas entidades. Na Umbanda Branca também são
utilizadas galinhas, além das oferendas secas, mas as galinhas utilizadas são
posteriormente soltas sem serem mortas. Não é assim na Umbanda cruzada.
Os padrinhos
Embora no nosso terreiro não costumemos usar padrinhos, no meu caso
particular tenho uma madrinha de religião, e por sua vez sou padrinho da filha
de religião de um Amigo Pae de santo (de outra linhagem) e de um dos meus
filhos de religião Ele é padrinho de outro filho desse Pae que acabei de citar.
Em geral, o padrinho, como nas outras religiões, é quem substitui o pai no
ensino da fé, quando o pai está ausente, ou reforça os ensinamentos aos filhos.
Ou seja, é considerado padrinho aquele que segura o primeiro animal no
momento do corte para sua entidade. Então poderia-se entender que pode
haver um padrinho na Umbanda, outro na Quimbanda e outro na Nação.
Também poderia ser o mesmo para tudo. O padrinho pode ser escolhido,
imposto ou circunstancial. No meu caso foi por uma necessidade, minha Mãe
de Santo passou mal durante um dos meus andares e eu estava cumprindo
minha obrigação há sete dias, mas ela não conseguia me levantar, então ela
me deu a opção de poder nomear uma madrinha ou padrinho, para que ele
pudesse fazer o ritual para ela. E assim foi. Dependendo da linha e do terreiro,
o padrinho/madrinha pode ou não ser batizado na mesma fé. E também
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dependendo do local estão os direitos e obrigações que eles têm.
Dogmas
Numa sessão “semi-privada”, conversando com um irmão religioso, Oscar, de
Xapaná, perguntou a um Pae Tiriri se ele acreditava na reencarnação. Ao que
antecipo a resposta e conto a ele. “Oscar, e o que você quer que o Pae
responda, se essa é uma de nossas crenças?”
Bem, essa anedota me inspirou na época a doutrinar meus filhos sobre nossos
dogmas, nossas crenças. Neste caso trata-se de uma mistura entre dogmas da
Quimbanda e da Umbanda:
Acreditamos na reencarnação.
Nota: Vale esclarecer que não concordo com todos esses dogmas, mas sim
com muitos. Mas como eu digo, são uma mistura de Umbanda e Quimbanda e
tem hora que é preciso ensinar a religião como foi ensinada, para depois
colocar um grão de areia e a criança discernir e criar a sua própria verdade .
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Eu sempre incentivo o livre arbítrio e o livre pensamento.
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Algumas datas
Como você verá a ordem dos títulos, talvez algumas coisas pareçam fora de
lugar, outras fora de ordem, mas todos esses textos nascem das doutrinas
ensinadas aos meus filhos e estão na ordem que eu lhes dei. Na ordem que me
pareceu melhor para conseguir um aprendizado progressivo da nossa religião.
Talvez no começo de uma forma mais simples e depois quando a criança
adquirir mais conhecimento, algo mais complicado. Por outro lado, devo
confessar que sempre quis escrever um livro retomando cada uma das
doutrinas, do começo ao fim e discutindo a fundo cada tema, talvez
repensando ou banindo crenças. Talvez um dia eu consiga, espero que o Pae
Bará me ajude e me dê forças para conseguir.
Bem, depois deste tipo de prefácio, deixo-vos com algumas datas religiosas,
embora vocês saibam que mais aparecerão mais tarde.
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ogum
Neste caso vou falar de Ogúm na Umbanda, embora sejam muitos, deixo uma
pequena resenha de alguns dos mais conhecidos:
Lanceiro
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Alguns
relacionamentos
Muitas relações entre eles nascem das lendas dos Orixás. Esta é uma espécie
de resumo deles:
Ogúm apaixonado por Oia, mas ela o trocou por Xangó, mas
nunca deixaram de se amar. Filho de Iemanjá e irmão de Xapaná.
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Alguns dados
anedóticos
A título de informação anedótica posso citar que Zélio de Moraes nasceu na
cidade de Neves, estado do Rio de Janeiro.
Exú Morcego funciona ao mesmo tempo que Exú Meia Noite. (meia-noite,
que é calculada como metade das horas de escuridão, todas as noites). O que
os satanistas chamam de meia-noite satânica.
A cuartinha da nação: é preenchida com vidro (ou seja, coloca-se água num
recipiente de vidro e a cuartinha é preenchida com isso). Não é dispensado e
você pode tomar um gole da água que contém.
As velas são acesas com fósforos tanto quanto possível, com uma você cola,
com outra você acende. Se a vela quebrar, ela será quebrada em três e
mandada embora.
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Alguns Exus
Assim como fiz com o Pae Ogúm, quero fazer o mesmo com alguns Exús.
Basta nomeá-los, talvez pelo fato de não serem tão conhecidos ou vistos
dentro dos terreiros:
Dos VentosDas
Sete Cruces7
SombrasCapa
PretaGarangolaMirimKaminaloaDas
Sete CachoeirasDas
7
PortasPembaGangaQuebra
GaloTronqueiraDo
CementerioTranca
TodoBrasaPaganoDas
7
MontanhasQuiromboDas
Sete PoeirasPedra
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Como o Terreiro se
move
Antes de mudar um terreiro com seus assentamentos, devemos levar em
consideração que o novo terreiro deve ser previamente condicionado, no novo
templo deve ser realizada limpeza, e nova segurança deve ser feita, ou os
existentes devem ser movidos.
O mesmo acontece com os poços das aruandas, se tiverem pedras devem ser
movimentadas e os poços tapados.
O mesmo será feito com a sala dos Santos, os Orixás serão informados por
meio de uma vela que o local foi mudado. Se houver aruanda para o falecido,
ela simplesmente será fechada e fechada, mas as coisas contidas no poço não
serão transferidas, sob pena de o conteúdo do poço poder ser enviado.
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Os dados
6 de janeiro datas Ibejis
2 de fevereiro datas
Para o seu encontro você irá até sua casa onde será confeccionada uma grande
toalha de mesa com 2 papéis crepom, um rosa e outro preto, em cima da qual
será feito um colchão de pipoca onde serão colocadas as oferendas, serão
acesas 9 velas de Orixá como este é o seu número, suas orações serão
entoadas e saúde e bem-estar serão solicitados.
O Carnaval
O carnaval é uma celebração pública que acontece imediatamente antes da
Quaresma Cristã, com data variável (do final de janeiro ao início de março
dependendo do ano). O carnaval está associado principalmente ao
catolicismo.
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dias.
Para a nossa religião afro é uma festa de celebração, assim como a Semana
Santa onde as entidades são liberadas para celebrar e não têm a pressão e a
regência dos Orixás que estão lhes dizendo o que devem fazer.
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homenagem que prestam ao folclore negro e, principalmente, aos escravos
africanos que com a sua música e a dança enriqueceu culturalmente o país.
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Como são preparadas
as
refeições de Exu
As refeições para Exú são preparadas sem nenhum tipo de tempero, nem sal
nem picante nem nada, sim você pode cozinhar essas refeições em um ebo
com um pouco de tempero e sal mas para o público frequentador não para o
Exú.
Se o que ia ser entregue eram bifes, esses serão carnes finas para milanesa, e
você pode até cortá-los ao meio para que haja uma quantidade maior, eles
também serão cozidos girando e girando na panela, com óleo ou azeite de.
Se, por outro lado, o que íamos servir para Exú fosse berinjela, ela seria
lavada, ficaria com a casca e cortada em rodelas, então cada fatia seria frita
em óleo ou óleo de dendê, também girando e girando.
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