NT Hiv Aps V1.2
NT Hiv Aps V1.2
Assunto: Prevenção, Diagnóstico e Cuidado às Pessoas Vivendo com HIV na Atenção Primária à Saúde: Guia Prático para os Profissionais de Saúde da SES-DF
- Versão 1.2.
1. OBJETIVO
Esta Nota Técnica tem por objetivo apresentar um guia prático que sumariza as recomendações da Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-
DF) para a prevenção, o diagnóstico e o manejo clínico da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) na Atenção Primária à Saúde (APS).
Além de adequar ao contexto da APS os documentos técnicos vigentes do Ministério da Saúde (MS), este guia orienta os profissionais e gestores quanto aos
fluxos organizacionais para a abordagem do HIV na APS do Distrito Federal (DF), no âmbito da SES-DF.
A Central de Conteúdos do Departamento de HIV/aids do MS reúne os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) para a Profilaxia Pré-Exposição
ao HIV (PrEP), para a Profilaxia Pós-Exposição (PEP) ao HIV e para o Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos (atualizado em 2023), além de outros
materiais como o Manual Técnico para o Diagnóstico.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1. A INFECÇÃO PELO HIV E A AIDS
A epidemia mundial de infecção pelo HIV e síndrome da imunodeficiência adquiria (aids) demanda discussão e planejamento para o seu enfrentamento,
com a inclusão de todas as esferas da atenção à saúde e com a participação da comunidade. Ainda que tenham ocorrido avanços importantes nos últimos
anos, é necessário ampliar ações direcionadas para alcançar as metas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/aids (Unaids), que propõe que a
aids pode ser eliminada como problema de saúde pública até 2030.
Sendo uma enfermidade de grande multiplicidade biológica e causal, com desdobramentos sociais, culturais e psicológicos evidentes, perfaz um desafio
importante para a comunidade científica e os governos globalmente.
Para o enfrentamento adequado do HIV/aids e a elaboração de uma resposta governamental bem-sucedida, espera-se a integração de diferentes ações
como:
Neste sentido, há que se reconhecer que as desigualdades de gênero, de classe social, de raça e de orientação sexual, juntamente com a violência, o
estigma, a discriminação e leis e práticas abusivas prejudicam a capacidade das pessoas de se proteger do HIV. Essas desigualdades precisam ser
consideradas na formulação de políticas de saúde que almejam efetividade.
O acesso à terapia antirretroviral (TARV) reduz morbidade e mortalidade associadas à aids, tem impacto na qualidade de vida das pessoas vivendo com
HIV/aids (PVHA) e estabelece seu status de condição crônica. Entretanto, o acesso à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento ainda são muito desiguais no
Brasil, o que se reflete no diagnóstico tardio, na cobertura de tratamento, na retenção ao cuidado, na perda de seguimento, na supressão viral e na
sobrevida (Ministério da Saúde, 2023).
Neste contexto, faz-se necessário repensar a organização da rede de atenção à saúde das PVHA. Felizmente, as opções terapêuticas para a prevenção e o
tratamento do HIV estão cada vez mais acessíveis, simples, protocoladas e baseadas em evidências científicas, criando um ambiente propício para uma
maior integração das equipes de APS no manejo dessa infecção.
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aos serviços de saúde e a adesão à TARV nesta faixa etária (Ministério da Saúde, 2023).
Já no Distrito Federal foram notificados, de 2018 a 2022, 3.684 casos de infecção pelo HIV e 1.333 casos de aids. Nesse período observou-se uma tendência
de redução do coeficiente de detecção de aids por 100 mil habitantes, de 9,8 no ano de 2018 para 7,3 no ano de 2022. Já a infecção pelo HIV manteve-se
estável no período, apesar de apresentar queda em 2022.
A erradicação da aids como problema de saúde pública até 2030 representa um importante desafio, para o qual o Unaids propõe as metas 95/95/95, isto é:
diagnosticar no mínimo 95% das PVHA, garantir que ao menos 95% das PVHA diagnosticadas estejam em TARV, e manter pelo menos 95% das PVHA em
TARV em supressão viral.
Apesar do perfil epidemiológico do HIV/aids no Brasil mostrar uma epidemia concentrada principalmente entre os homens (com uma razão de 25 casos
masculinos para cada 10 casos femininos em 2022), é importante considerar as várias sub-epidemias relacionadas a diferentes realidades, decorrentes de
perfis econômicos, grau de escolaridade da população e capacidade de investimentos na saúde e, em especial, associados ao grau de preconceito que
determinados segmentos populacionais estão sujeitos, principalmente gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH), travestis, transsexuais,
profissionais do sexo e usuários de drogas. Esta condição acrescenta camadas de vulnerabilidade nestes segmentos, com taxa de prevalência para o HIV em
gays e outros HSH em torno de 9,4% (2016), até 36,7% em mulheres trans e travestis (2016) e de 5,3% em mulheres trabalhadoras do sexo (2016), muito
superiores à taxa da população em geral, que é de 0,4%.
A transição demográfica e epidemiológica brasileira apresenta o desafio de superar o estereótipo de que idosos não são sexualmente ativos, de lidar com os
adultos jovens que nasceram numa época em que o HIV já não é uma sentença de morte e acabam por se distanciar dos discursos preventivos e não
racionalizar suas práticas sexuais; e, principalmente, das imensas barreiras de acesso à saúde, geradas pelo estigma e a discriminação relacionadas à
sexualidade humana.
3. PREVENÇÃO
A promoção da saúde e a prevenção da infecção pelo HIV são imprescindíveis para o controle da epidemia. Para isso, é necessário estabelecer um marco
conceitual teórico adequado às necessidades e condizentes com as atribuições e responsabilidades da saúde pública.
A Prevenção Combinada é uma estratégia que faz uso simultâneo de diferentes abordagens de prevenção (biomédica, comportamental e estrutural),
aplicadas em múltiplos níveis (individual, nas parcerias/relacionamentos, comunitário, social) para responder a necessidades específicas de determinados
segmentos populacionais e de determinadas formas de transmissão do HIV.
A epidemia de HIV/aids no Brasil é concentrada em alguns segmentos populacionais mais vulneráveis à infecção pelo HIV e à aids e que apresentam
prevalência superior à média nacional, que é de 0,4%. São consideradas populações-chave para o HIV: gays e outros homens que fazem sexo com homens
(HSH); pessoas trans; pessoas que usam álcool e outras drogas; pessoas privadas de liberdade e trabalhadoras(es) do sexo. Outros segmentos populacionais
também apresentam fragilidades que os tornam mais vulneráveis ao HIV/aids, e por isso são considerados como populações prioritárias: população jovem,
população negra, população indígena e população em situação de rua. A concentração de esforços de prevenção nesses segmentos mais afetados pela
epidemia é fundamental para as estratégias de prevenção combinada do HIV.
As diferentes abordagens da Prevenção Combinada, ilustrada pela figura abaixo (Figura 1), permitem um elenco variado de medidas, de acordo com as
necessidades e possibilidades dos indivíduos afetados.
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Fonte: DATHI/SVSA/MS.
A escuta ativa e a promoção de um ambiente favorável ao diálogo sobre as práticas sexuais devem estar presentes na rotina dos serviços de saúde. Essa
abordagem possibilita vínculos e facilita a adesão às tecnologias ofertadas pelos profissionais de saúde nos atendimentos. A escuta qualificada deve ser
realizada com atenção e respeito, livre de preconceitos e de discriminações, possibilitando que a pessoa encontre soluções para suas questões.
Considerando essa percepção e preceito, faz-se necessária a abordagem do cuidado sexual, em que a oferta exclusiva de preservativos não é a única
alternativa para garantir segurança e proteção nos diversos aspectos da saúde sexual. Assim, torna-se fundamental a ampliação da perspectiva para
avaliação e gestão de risco, para além das possibilidades que compõem a Prevenção Combinada.
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Os preservativos, quando usados consistente e corretamente, são altamente efetivos na prevenção da transmissão sexual do HIV. Pesquisas entre casais
sorodiscordantes demonstram que o uso consistente de preservativo reduz significativamente o risco de transmissão sexual do HIV. O uso consistente e
correto do preservativo também reduz o risco de contrair outras IST e condições associadas, incluindo verrugas genitais e câncer cervical. Com um índice de
Pearl de cerca de 2% quando usados de forma consistente e correta, os preservativos são muito efetivos na prevenção da gravidez indesejada.
Atenção: Os preservativos, assim como o gel lubrificante, devem estar facilmente disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), não podendo haver
barreiras de acesso para sua distribuição.
INDETECTÁVEL = INTRANSMISSÍVEL (I = I)
INDETECTÁVEL = ZERO RISCO DE TRANSMISSÃO (I = 0)
A TARV representa uma potente intervenção para a prevenção da transmissão do HIV. As evidências científicas disponíveis demonstram que o risco de
transmissão sexual quando a carga viral é inferior a 200 cópias/mL é zero, e quando a carga viral é inferior a 1.000 cópias/ml esse risco é “quase” zero. Por
isso, a OMS enfatiza que as PVHA que mantêm carga viral indetectável têm risco zero de transmitir o HIV pela via sexual. A Nota Técnica Nº 376/2023-
CGAHV/DATHI/SVSA/MS publicada em 26/12/2023 pelo Ministério da Saúde estimula as equipes de saúde a incorporar o conceito “I=I” e de “risco zero” de
transmissão sexual, e apresenta as evidências científicas utilizadas.
O “I = I” e o “I = 0” reforçam a importância de se diagnosticar as PVHA, de as PVHA diagnosticadas realizarem TARV e de as PVHA em TARV alcançarem e
manterem supressão viral, conforme as metas 95/95/95 citadas no item 2.2.
HIV/aids
Critérios de Exclusão
Insuficiência Renal com ClCr < 60 mL/min (calcule o ClCr aqui)
Prescrição Apresentação:
Posologia:
Uso diário: Iniciar com “dose de ataque” de 2 comprimidos no 1º dia, seguidos de 1 comprimido 1x/dia em uso contínuo.
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Uso sob demanda***: 2 + 1 + 1 (2 comprimidos de 24h a 2h antes da relação sexual + 1 comprimido 24h e 48h depois
dos 2 primeiros comprimidos).
Como/onde prescrever:
SICLOM
Validade:
No atendimento inicial a prescrição deve ser realizada para apenas 30 dias. No retorno em até 30 dias avaliam-se a
ocorrência de efeitos adversos, a adesão e o ClCr e repetem-se os testes rápidos. A partir de então recomenda-se o
acompanhamento trimestral, podendo a prescrição ser emitida para até 120 dias.
*Embora o Tenofovir seja conhecido por diminuir a massa óssea quando usado para o tratamento ou prevenção da infecção pelo HIV, tal significado clínico é incerto. Não está indicada a
realização rotineira de densitometria óssea ou outra avaliação de massa óssea antes do início de PrEP ou seu monitoramento. Entretanto, recomenda-se que os candidatos à PrEP com
histórico de fratura óssea por fragilidade patológica ou fatores de risco significativos para osteoporose sejam encaminhados para avaliação e acompanhamento médico e laboratorial
específico, não sendo este um motivo para atrasar o início da PrEP.
**A Nota Técnica Nº 3/2023 SES/SULOG/DIASF/GCBAF (129771262) e o Ofício Circular Nº 11/2022/CGAHV/DCCI/SVS/MS normatizam o atendimento para avaliação, prescrição e seguimento
de PrEP e PEP por profissionais farmacêuticos.
**A modalidade sob demanda é contraindicada para mulheres cisgênero, bem como para homens transgênero ou pessoas não binárias em uso de terapia hormonal contendo estradiol,
devido à interação desse hormônio com a PrEP, que retarda o início da efetividade da PrEP. Por esse mesmo motivo, a proteção da PrEP de uso diário nessas pessoas só começa 7 dias após
seu início.
Avaliação de eventos
NÃO SIM SIM NÃO
adversos
SIM
Sorologia e vacinação Teste rápido (HBsAg) e Caso o usuário receba vacina na primeira
SIM NÃO NÃO
hepatite B AntiHBs consulta, avaliar anti-HBs 1 mês após a
última dose
SIM
A cada 12 meses, ou a cada 6 meses em caso
Monitoramento da Dosagem de creatinina de usuário > 50 anos, OU que apresente
SIM NÃO NÃO
função renal sérica e cálculo do ClCr fatores de risco para doença renal, como HAS
ou DM, OU que tenha estimativa inicial do
ClCr < 90 mL/min.
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Documento de identificação;
Formulário (editável) de cadastramento de usuário de PrEP (apenas para a primeira retirada);
Prescrição na Ficha (editável) de atendimento para PrEP (em toda retirada);
Laudo de teste rápido* de HIV realizado no mesmo dia, com resultado não reagente, ou laudo de sorologia para o HIV realizado nos últimos 7 dias,
com resultado não reagente.
*O laudo de teste rápido de HIV pode ser emitido e impresso no e-SUS, preenchido em formulário pré-pronto (vide modelo 127930700, da GEVIST) ou confeccionado à mão, com data,
assinatura e carimbo do profissional que laudou o exame.
Observação: A Nota Técnica Nº 26/2024-CGAHV/DATHI/SVSA/MS, de 08/02/2024, autoriza o uso do autoteste de fluido oral de HIV para início e
seguimento de PrEP em situações de teleatendimento.
Para mais informações, consultar o PCDT para a Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais (PCDT TV), que também aborda HTLV e
Zika.
A Figura 2 abaixo orienta quais são os tipos de material biológico e de exposição de risco para transmissão do HIV. É preciso que ambos sejam de risco para
transmissão do HIV para que se indique a PEP ao HIV, caso a exposição tenha ocorrido há menos de 72h e a pessoa exposta apresente teste rápido de HIV
não reagente no momento do atendimento.
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A Nota Técnica N.º 12/2022 - SES/SAIS/COASIS/DASIS, “Organização da rede de saúde do DF para a PEP ao HIV, hepatites virais e outras IST” (94286410) e
o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais, atualizado em 2021 pelo
Ministério da Saúde orientam técnica e organizacionalmente a PEP nas unidades de saúde do Distrito Federal. Há ainda uma versão resumida do PCDT de
PEP, também disponível no site do MS e no Anexo 4 deste guia.
A Nota Técnica N.º 12/2022 - SES/SAIS/COASIS/DASIS aborda todos os aspectos envolvidos nas diferentes situações nas quais pode haver indicação de PEP,
como acidente de trabalho com exposição a material biológico e violência sexual.
É importante ressaltar que “Todos os usuários vítimas de violência sexual deverão ser acompanhados pelos CEPAV (Centros de Especialidades para a Atenção
às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica). O CEPAV oferta atendimento e acompanhamento biopsicossocial de saúde às pessoas em
situação de violência e suas famílias enquanto assistência integral, a fim de contribuir para o tratamento de agravos relacionados à situação de violência
sexual, familiar ou doméstica crônica ou aguda, bem como para o rompimento da cadeia de violência”.
Atenção:
Na APS e na Atenção Ambulatorial Especializada (AAE) da SES-DF a PEP pode ser prescrita por médicos, enfermeiros e farmacêuticos.
O Formulário de Dispensação de ARV - PROFILAXIA - PEP - DIGITÁVEL está disponível no SICLOM.
A PEP é dispensada nas unidades de pronto-socorro hospitalares, Unidades de Pronto Atendimento (UPA), policlínicas e Unidades Básicas de Saúde
(UBS) de referência, todas listadas neste link, em consonância com a Nota Técnica de PEP da SES-DF.
Considerando que a PEP é uma situação de urgência, a ausência de documento de identificação não pode ser utilizada como barreira de acesso para
a prescrição ou dispensação dos medicamentos nas unidades.
É importante destacar que o início da PEP deve ocorrer preferencialmente em até 2 horas e no máximo até 72 horas após a exposição de risco e,
por isso, a organização do sistema contempla a disponibilidade de atendimentos para prescrição e dispensação dos medicamentos 24 horas por dia.
O Fluxograma de Atendimento para PEP na APS (Figura 3 abaixo) esquematiza o atendimento, a dispensação e o acompanhamento da PEP nas UBS,
complementado pelo link que lista as unidades dispensadoras:
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4. DIAGNÓSTICO
4.1. RASTREAMENTO
O rastreamento é a realização de testes diagnósticos em pessoas assintomáticas para estabelecer o diagnóstico precoce, com o objetivo de reduzir a
morbimortalidade do agravo rastreado (prevenção secundária). Diferentemente de outros rastreamentos, o rastreamento das IST não identifica apenas uma
pessoa; ao contrário, estará sempre ligado a uma rede de transmissão.
Recomenda-se a oferta de testagem para HIV e demais IST a todas as pessoas sexualmente ativas, independentemente de sintomas ou queixas
(Ministério da Saúde, 2018), conforme o Quadro 3 abaixo.
Se o teste for realizado em adolescentes (idade ≥ 12 anos), não é obrigatória a autorização ou presença dos pais. Nesses casos a realização do teste “fica
restrita à vontade desse adolescente, e uma avaliação de suas condições de discernimento deve ser realizada pelo profissional ou trabalhador da saúde que
o atender nesse momento” (Ministério da Saúde).
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Gays e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) Semestral
*A 1ª consulta de Pré-Natal deve ser realizada o mais brevemente possível após a identificação da gravidez, preferencialmente até a 12ª semana de idade gestacional.
**Suspeita clínica de HIV: Vide item 6.2 abaixo.
Atenção: A realização do teste de HIV deve ser acompanhada de uma comunicação adequada com o usuário, que precisa autorizar verbalmente sua
realização. Para informações sobre Aconselhamento Pré-Teste, Diagnóstico e Aconselhamento Pós-Teste, consulte os itens 6.3, 6.4 e 6.5 deste guia.
Febre (38-40ºC)
Linfadenopatias (cervical anterior e posterior, submandibular, occipital e axilar) indolores, simétricas e móveis
Náusea
Diarreia
Perda de peso
Dor de garganta
Síndrome Mononucleose-símile (mono-like)
Rash cutâneo
Ulcerações mucocutâneas
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Mialgia/artralgia
Cefaleia
Meningite asséptica
Nos pacientes sintomáticos, é fundamental estar atento para a possibilidade de infecção aguda pelo HIV, para que não se perca uma oportunidade de
diagnosticar precocemente a doença. Deve-se avaliar cuidadosamente possíveis exposições de risco e considerar a janela imunológica.
4.2.2. OUTRAS SITUAÇÕES CLÍNICAS SUSPEITAS DE HIV, INCLUINDO AS DOENÇAS DEFINIDORAS DE AIDS
Passada a infecção aguda pelo HIV, advém um período assintomático, de duração variável. Os sintomas voltam a aparecer quando ocorre queda importante
da imunidade, medida pela contagem LT-CD4+. Assim, é importante testar para HIV na presença das condições clínicas listadas no Quadro 5 abaixo.
CONDIÇÕES DEFINIDORAS DE
TIPO DE CONDIÇÃO OUTRAS CONDIÇÕES EM QUE SE DEVE OFERECER TESTAGEM PARA HIV
AIDS*
Meningite/encefalite asséptica
Toxoplasmose cerebral Abscesso cerebral
Linfoma primário do SNC Lesão com efeito de massa de causa desconhecida
Neurológicas Meningite criptocócica Síndrome de Guillain-Barré
Leucoencefalopatia multifocal Mielite transversa
progressiva Neuropatia periférica
Demência
Candidíase oral
Leucoplasia pilosa oral
Criptosporidiase persistente
Gastrintestinais Diarreia crônica de causa desconhecida
Candidíase esofágica
Perda de peso de causa desconhecida
Salmonella, shigella ou campylobacter
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O diagnóstico de HIV é feito a partir da realização de testagem específica, sendo que os testes rápidos estão amplamente distribuídos em toda a APS - não
sendo necessário, para sua realização, uma sala específica para coleta de exames laboratoriais.
Considerando as indicações para o rastreamento do HIV dispostas no item 6.1, que incluem a pessoa solicitar realizar o teste, as UBS devem estar
preparadas para o atendimento para a testagem do HIV, inclusive em demanda espontânea, sem necessidade de encaminhamento ou agendamento prévio.
Além disso, a realização da testagem para o HIV precisa ser acompanhada de informações precisas sobre os possíveis resultados e sua implicação nos
cuidados de saúde do usuário, sendo o resultado reagente ou não reagente.
Desta forma, o profissional de saúde deve oferecer acolhimento adequado, independente das características e necessidades dos usuários, devendo estar
familiarizado com a diversidade relacionada à orientação sexual, à identidade/expressão de gênero e outros fatores que contribuem para o aumento da
vulnerabilidade e de risco à infecção (práticas sexuais, uso abusivo de drogas, situações de violência, desigualdade de gênero, racismo, homofobia, entre
outros).
Por isso, o atendimento a quaisquer demandas de testagem (pelo usuário ou pelo profissional) deve ser acompanhado de aconselhamento pré-testagem. As
unidades e os profissionais de saúde devem considerar os recursos disponíveis (materiais instrucionais, cartazes, intervenções em sala de espera, escuta
ativa no momento da consulta individual, entre outros) para repassar as informações básicas, necessárias para que a população usuária do serviço tenha
percepção do risco de exposição ao HIV e decida realizar a testagem.
Conteúdos mínimos devem estar contidos em uma abordagem pré-teste para o HIV:
A Figura 4 abaixo auxilia no entendimento dos termos sexo, identidade de gênero e orientação sexual.
Atenção:
Médicos, enfermeiros e farmacêuticos* podem realizar o aconselhamento pré-teste, solicitar o teste rápido, executar o teste rápido, interpretar o
resultado do teste rápido, laudar o teste rápido, informar o resultado do teste rápido e realizar o aconselhamento pós-teste. Técnicos de
enfermagem podem executar o teste, conforme orienta a Decisão COFEN Nº 244/2016, que aprova o Parecer de Conselheiros COFEN Nº 259/2016 e
revoga o Parecer Normativo COFEN Nº 001/2013.
Usuários que buscam as unidades de saúde com teste sorológico realizado em laboratório sem a confirmação em nova amostra devem realizar um
único teste rápido confirmatório.
Usuários que buscam as unidades de saúde com resultado reagente de autoteste** de fluido oral devem ser acolhidos e testados conforme o
Fluxograma 2 abaixo.
*Qualquer profissional de saúde devidamente capacitado pode realizar testes rápidos de HIV, sífilis e hepatites B e C. A exceção é o
assistente social que teve a realização de TR não autorizada pelo seu conselho profissional. São os conselhos profissionais regionais
que habilitam os profissionais para a realização dos testes e assinatura do laudo. Apenas profissionais de saúde de nível superior,
conforme RDC nº 302, laudar de testes rápidos.
**A Nota Técnica N.º 5/2023 - SES/SVS/DIVEP/GEVIST (128936699) orienta a utilização de autoteste (de fluido oral) HIV na rede de
serviços da SES-DF.
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22/02/2024, 22:00 SEI/GDF - 130568915 - Nota Técnica
*Orientações sobre imunizações em pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA) estão dispostas no item 13 deste guia.
Seguem abaixo exemplos de frases que podem ajudar na comunicação clínica para este momento:
"O resultado do teste de HIV foi positivo. Isso significa que provavelmente em algum momento você foi exposto ao HIV.". Faça uma pausa para
permitir a resposta do paciente. Após assimilada a informação, continua-se da seguinte forma: "Para confirmar que você realmente tem a infecção,
precisamos realizar um novo exame, que podemos fazer agora mesmo."
"O que está passando pela sua cabeça agora?", "Quem poderia dar apoio enquanto você lida com essa situação?", "É muito importante cuidar da sua
parte emocional ao lidar com essa situação.", abordando as preocupações do paciente e identificando as fontes de apoio emocional de que ele
dispõe.
"O que você pretende fazer ao sair desta UBS? Com quem pretende conversar a respeito?*, elaborando um plano a curto prazo.
Se confirmado o resultado positivo, a(s) parceria(s) poderá se beneficiar com o acesso ao tratamento;
Se o resultado da(s) parceria(s) for negativo, podem ser tomadas medidas para reduzir o risco de transmissão do HIV.
O resultado deve ser informado pelo próprio paciente, estando o profissional de saúde à disposição para discutir a melhor forma de fazer isso e inclusive
para ajudar a informar o resultado durante a consulta.
5. NOTIFICAÇÃO
A notificação compulsória é obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de saúde,
públicos ou privados, que prestam assistência ao paciente, em conformidade com o artigo 8º da Lei 6.259 de 30 de outubro de 1975.
Estão na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos em de saúde pública os casos de infecção pelo HIV, de aids e de
gestantes/parturientes/puérperas com HIV e de crianças expostas ao HIV. A Portaria Nº 508 de 26 de dezembro de 2023 atualiza a Lista de Notificação
Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública para fins de vigilância epidemiológica no Distrito Federal.
A notificação do HIV/Aids deverá ser feita nos seguintes eventos:
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1. Infecção pelo HIV: quando a pessoa é diagnosticada com HIV e não preenche os critérios de caso de aids;
2. Aids: quando a pessoa porta HIV e preenche pelo menos 1 (um) dos critérios de caso de aids;
3. Gestante HIV+: quando a pessoa já portava HIV/aids e engravida ou quando a gestante é diagnosticada com HIV/aids.
4. Criança exposta ao HIV: toda criança nascida de gestante infectada pelo HIV e/ou que tenha sido amamentada por puérpera infectada pelo HIV (inclui
aleitamento cruzado).
A notificação é registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) mediante o preenchimento das seguintes fichas, que também
encontram-se disponíveis na Intranet da SES-DF:
Ficha de Notificação/Investigação de aids adulto, utilizada para notificar casos de HIV/aids em pessoas com idade ≥ 13 anos.
Ficha de Notificação/Investigação de aids criança, utilizada para notificar casos de HIV/aids em pessoas com idade < 13 anos.
Ficha de Investigação de gestante HIV+, utilizada para notificar casos de HIV/aids em gestantes, parturientes e puérperas.
Ficha de Notificação Individual, utilizada para notificar casos de crianças expostas ao HIV, como recém-nascidos de puérperas vivendo com HIV e/ou
lactentes amamentados por lactantes vivendo com o HIV. A investigação de infecção pelo HIV em crianças até 18 meses de idade deve ser realizada
por meio de testes moleculares (TM), como a quantificação do RNA viral (CV-HIV) e a detecção de DNA pró-viral. A passagem transplacentária de
anticorpos maternos do tipo IgG anti-HIV, principalmente no terceiro trimestre de gestação, interfere no diagnóstico imunológico da infecção por
transmissão vertical. Os anticorpos maternos podem persistir até os 18 meses de idade e, em raros casos, até 24 meses.
Atenção:
A pessoa vivendo com HIV que venha a apresentar critérios de definição de caso de aids no futuro deverá ser novamente notificada, a fim de registrar
essa mudança de status;
Como se trata de um evento na vida da mulher, cada nova gestação deverá ser notificada (como gestante HIV+).
Orientações detalhadas sobre a notificação da exposição ao HIV por gestantes, parturientes, puérperas e crianças estão disponíveis na Nota Informativa N.º
4/2023 - SES/SVS/DIVEP/GEVIST (114016446).
Os instrutivos de preenchimento das fichas de notificação de HIV/aids em adultos (≥ 13 anos), crianças (< 13 anos) e gestantes/parturientes/puérperas
encontram-se disponíveis no Sinan.
6. CUIDADO
6.1. TERAPIA ANTIRRETROVIRAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
O início precoce da terapia antirretroviral (TARV) está recomendado a todas as pessoas vivendo com HIV/aids (PVHA), independentemente de seu estágio
clínico e/ou epidemiológico, com o objetivo de diminuir a transmissão do vírus e a morbimortalidade das PVHA, melhorando seu prognóstico. Por isso,
esforços devem ser empregados para reduzir o tempo entre o diagnóstico de HIV/aids e o início da TARV (Ministério da Saúde, 2018).
Considerando que a APS é a principal e preferencial porta de entrada do usuário no SUS, ordena a Rede de Atenção à Saúde e realiza o cuidado integral e
longitudinal do usuário, este guia fornece as orientações técnicas para a realização da TARV na APS, descritas nos itens seguintes.
A TARV deve ser iniciada no mesmo dia ou em até 7 dias após o diagnóstico (Ministério da Saúde, 2023). Não é necessário aguardar o resultado da CV-HIV
ou da LT-CD4+ para iniciar a TARV.
6.1.1. QUAIS PESSOAS VIVENDO COM O HIV PODEM REALIZAR A TERAPIA ANTIRRETROVIRAL NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE?
A maior parte das PVHA pode iniciar e manter sua TARV na APS. Em se tratando de uma ação nova na APS do DF, que segue as recomendações do MS e as
experiências exitosas de outros municípios, a SES-DF treinará os médicos da APS para prescrever a TARV, além de promover o diálogo entre a APS e Atenção
Secundária, com a institucionalização de canais de comunicação, matriciamentos e outras formas de capacitação. Não obstante, a iniciativa será incorporada
à Carteira de Serviços da APS do DF como ação estratégica.
As pessoas vivendo com HIV que podem iniciar e manter o tratamento antirretroviral TARV na APS do DF são:
Pessoas adultas, não gestantes, sem coinfecções com tuberculose ou hepatites B ou C, sem condições definidoras de aids* e sem contraindicações ao
esquema básico (TDF+3TC) + DTG**.
★ Em gestantes, o início da prescrição da TARV deve ser realizada o mais rapidamente possível após o diagnóstico, inclusive na APS, com vistas à prevenção
da transmissão vertical. Em seguida, o profissional deve compartilhar o cuidado da gestante com a Infectologia e com o Pré-Natal de Alto Risco pelo SISREG,
com prioridade “Vermelha”.
★ Crianças e adolescentes até 17 anos 11 meses e 29 dias de idade com HIV/aids devem ser encaminhadas à Infectologia Pediátrica - HIV/aids. Até o
momento, este encaminhamento não está regulado no SISREG e deve ser realizado encaminhando-se a criança/adolescente ao Centro Especializado em
Doenças Infecciosas (CEDIN), localizado na EQ 508/509 da Asa Sul, portando encaminhamento impresso ou por escrito relatando o quadro. Caso este
encaminhamento passe a ser regulado via SISREG, a SES-DF o informará via SEI e demais canais oficiais a toda a rede de atenção à saúde do DF. O PCDT para
o Manejo da Infecção pelo HIV em Crianças e Adolescentes também foi atualizado em 2023 e é dividido em 2 módulos: Módulo 1 - Diagnóstico, manejo e
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acompanhamento de crianças expostas ao HIV, e Módulo 2: Diagnóstico, manejo e tratamento de crianças e adolescentes vivendo com HIV, ambos
disponíveis na Central de Conteúdos do DATHI/MS.
6.1.2. QUAIS PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS NECESSITAM SER ENCAMINHADAS À INFECTOLOGIA PARA TRATAMENTO DE HIV/AIDS?
Crianças e adolescentes até 17 anos 11 meses e 29 dias (devem ser encaminhados à Infectologia Pediátrica - HIV/aids, conforme descrito no item 8.1);
Coinfecções por Tuberculose, HBV e/ou HCV;
Presença de condições definidoras de aids (descritas no Quadro 5 no item 6.2.2), independentemente da contagem de LT-CD4+;
Contagem de LT-CD4+ < 350 cópias/ml;
Soroconversão durante o uso de PrEP (vide item 3.5.5);
Falha virológica*;
Intolerância ou presença de eventos adversos ao esquema básico da TARV;
Qualquer outra contraindicação ao esquema básico descrito no item 8.3.
*Falha virológica: Carga viral detectável (> 200 cópias/mL) confirmada após 6 meses do início da TARV ou após um período de supressão viral.
TARV
Esquema básico recomendado:
(TDF 300 mg + 3TC 300 mg) + DTG 50 mg, 1x/dia.
Esse esquema costuma ser muito bem tolerado, não sendo comum sua suspensão por efeitos adversos. O componente que está mais associado a efeitos
adversos é o dolutegravir, que, por sua vez, é muito melhor tolerado do que o efavirenz (EFV), que era o medicamento usado anteriormente no seu lugar no
esquema básico.
Efeitos adversos gastrointestinais como náuseas e/ou diarreia que ocorrem durante as primeiras semanas de TARV muitas vezes melhoram
espontaneamente ou podem ser tratados sintomaticamente. O mesmo se aplica a algumas reações alérgicas e a sintomas neuropsiquiátricos. Comunicar-se
com o paciente, aconselhando-o sobre como tolerar ou diminuir certos sintomas e informando que estes não continuarão indefinidamente, geralmente
ajuda.
Há que se atentar, também, para o risco de toxicidade renal e óssea do tenofovir, especialmente considerando uso de longo prazo, e dos efeitos raros, porém
potencialmente graves, da lamivudina (pancreatite e neuropatia periférica).
Desde o início de 2022, o dolutegravir, no Brasil, deixou de ser contraindicado para gestantes no primeiro trimestre e mulheres que pretendem engravidar,
uma vez que o risco aumentado de defeitos do tubo neural não se confirmou em estudos mais recentes.
O item 6.1.4 a seguir resume os efeitos adversos associados aos antirretrovirais do esquema TDF + 3TC e DTG, bem como o manejo desses efeitos adversos.
Atenção: Em 09/01/2024 foi divulgada pelo Ministério da Saúde a incorporação do medicamento "2 em 1" (dolutegravir 50 mg + lamivudina 300 mg), que
possibilita o tratamento do HIV com um comprimido único. No entanto, não se trata de esquema atualmente indicado para início de terapia
antirretroviral. Devido à atual disponibilidade do medicamento, a migração de uso da terapia com dois comprimidos para apenas um deve acontecer de
forma gradual e contínua, obedecendo aos seguintes critérios:
- Idade ≥ 50 anos;
- Adesão regular;
- Carga viral < 50 cópias no último exame;
- Ter iniciado a terapia dupla até 30/11/2023.
Os critérios para ampliar o público contemplado no novo modelo de tratamento poderão ser revistos em seis meses, observando, por exemplo, a tendência
de crescimento das prescrições e a disponibilidade do medicamento em estoque na rede.
QUADRO 6: RESUMO DOS PRINCIPAIS EFEITOS ADVERSOS ASSOCIADOS AO ESQUEMA (TDF+3TC) + DTG
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Atenção: Conforme abordado ao longo deste guia, nas situações em que houver uma ou mais contraindicações ao uso do esquema básico (TDF+3TC) + DTG
a pessoa deve ser encaminhada à Infectologia para avaliação do caso e prescrição ou troca de TARV.
Para isso, a avaliação inicial de uma pessoa com diagnóstico de infecção pelo HIV deve incluir história médica atual e pregressa, exame físico completo,
exames complementares e conhecimento de seus contextos de vida. O uso de uma linguagem acessível é fundamental para a compreensão dos aspectos
essenciais da infecção, da avaliação clínico-laboratorial, da adesão, do tratamento e sua retenção. Esse diálogo propõe-se a esclarecer eventuais dúvidas e
abrir caminho para a superação das dificuldades.
O acolhimento à PVHA é atribuição de todos os profissionais da equipe e deve iniciar assim que a pessoa chegar ao serviço de saúde, garantindo uma
escuta respeitosa e profissional, independentemente do motivo que a levou a buscar ajuda.
Lembrete: Deve-se garantir confidencialidade à PVHA. A infecção pelo HIV/aids ainda produz estigma e discriminação. Assim, todos os profissionais de
saúde envolvidos devem destacar seu compromisso com o sigilo profissional-paciente durante o acolhimento.
6.2.1. ANAMNESE
Conhecer e compreender as condições psicossociais, riscos e vulnerabilidades que envolvem o contexto de vida da PVHA representa uma ferramenta
importante para o cuidado integral e o consequente sucesso terapêutico. A investigação não deve se esgotar na primeira consulta, mas precisa ser
complementada e atualizada nos atendimentos subsequentes. Esses aspectos podem ser abordados tanto pelo médico como por outro membro da equipe
de saúde, conforme as particularidades de cada serviço.
O Quadro 8 abaixo fornece um roteiro inicial, que pode ser adaptado conforme a necessidade de cada pessoa.
Observação: Os itens listados abaixo são relevantes para ajudar a definir o plano de cuidado da PVHA. Entretanto, nem todos precisam ser questionados na
primeira avaliação. Muitos já serão de conhecimento da equipe e outros poderão ser questionados posteriormente, nas consultas subsequentes.
Informações específicas sobre a Explicar a doença: transmissão, história natural, significado da contagem de LT-CD4+ e do exame de carga viral,
infecção pelo HIV impacto da terapia antirretroviral (TARV) na morbimortalidade
Revisar e documentar o primeiro exame anti-HIV
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Verificar se há contagens de LT-CD4+ e exames de CV-HIV anteriores
Discutir o uso de ARV e a ocorrência de eventos adversos prévios (ex.: com uso de profilaxia pós-exposição - PEP –
e profilaxia pré-exposição - PrEP)
Avaliar:
Presença de sinais e/ou sintomas
História de alergias, hipersensibilidade ou intolerância a medicamentos
História de tuberculose, prova tuberculínica ou IGRA (interferon gamma release assay), profilaxia e/ou tratamento
História médica atual e passada prévio história de doença mental familiar e/ou pessoal
Infecção oportunista (IO) prévia ou atual e necessidade de profilaxia para IO
Outras infecções ou comorbidades atuais e/ou pregressas, incluindo histórico de internações hospitalares
Histórico de imunizações
Uso de medicamentos, práticas complementares e/ou alternativas
Avaliar:
Parcerias e práticas sexuais
Utilização de preservativos e outros métodos de prevenção
Riscos e vulnerabilidades
História de sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST)
Uso de tabaco, álcool e outras drogas
Interesse em reduzir os danos à saúde
Avaliar:
Reação emocional ao diagnóstico
História psicossocial Rede de apoio social (família, amigos, organizações não governamentais, acesso a Rede de Atenção Psicossocial)
Nível educacional
Condições de trabalho, domicílio e alimentação
Discutir/avaliar:
Desejo de ter filhos
Saúde reprodutiva
Métodos contraceptivos
Estado sorológico da(s) parceria(s) e filho(s)
Pessoas com diagnóstico recente de infecção pelo HIV podem apresentar expectativas e dúvidas que podem dificultar a plena compreensão de todas as
informações disponibilizadas. Compreender tal situação, esclarecer os questionamentos e fornecer informações atualizadas fortalece o vínculo do paciente
com o profissional de saúde e o serviço de saúde, favorece a retenção e consequentemente o sucesso terapêutico. Desse modo, a primeira consulta deverá
ter duração superior às demais consultas de rotina. Sugere-se duração de, ao menos, 45 minutos para a primeira avaliação, e consultas subsequentes com
duração variável, a depender da demanda da PVHA e da abordagem profissional.
FIGURA 6: SINAIS CLÍNICOS QUE PODEM ESTAR RELACIONADO À INFECÇÃO PELO HIV E QUE DEVEM SER INVESTIGADOS NO EXAME FÍSICO INICIAL
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Hemograma completo
Glicemia de jejum
Exames laboratoriais
Dosagem de lipídios (colesterol total, HDL, LDL, VLDL, triglicerídeos)
Avaliação hepática e renal (AST/TGO, ALT/TGP, FAL, BT e frações, Cr, EAS)
INTERVALO DE
SITUAÇÃO OBJETIVOS PRINCIPAIS
RETORNO*
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FREQUÊNCIA DE
EXAME SITUAÇÃO CLÍNICA DA PVHA CONTAGEM DE LT-CD4+
SOLICITAÇÃO
Início de TARV ou modificação de TARV 8 semanas após início de TARV ou de Confirmar resposta virológica adequada à TARV ou ao novo
CV-HIV
por falha virológica novo esquema TARV esquema de TARV e adesão do paciente
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6.4.1.1. CONTRACEPÇÃO
Nas PVHA que se encontram na fase aguda da infecção pelo HIV ou que apresentam infecção assintomática pelo HIV, sem aids, em TARV ou não, a infecção
pelo HIV não representa contraindicação absoluta a nenhum dos métodos contraceptivos (OMS, 2022).
O Quadro 13 abaixo, traduzido e adaptado do Medical eligibility criteria for contraceptive use - 5th edition, atualizado pela OMS em 2022, orienta a
elegibilidade a diferentes métodos contraceptivos para as PVHA, considerando estágio clínico e TARV em uso.
“A dupla proteção é fortemente recomendada para proteção contra o HIV e outras IST. A dupla proteção pode ser conseguida por meio do uso simultâneo
de preservativos com outros métodos, ou apenas do uso consistente e correto de preservativos em todas as relações sexuais.” - OMS, 2022.
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Legenda:
- Categorias de elegibilidade para os métodos contraceptivos:
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Estágio 1: Infecção aguda (vide item 5.2.1 deste guia)
Estágio 2: Infecção assintomática
Estágio 3: Infecção sintomática inicial/precoce
Estágio 4: aids
6.4.1.2. GESTAÇÃO
As PVHA com útero devem ser aconselhadas quanto à possibilidade de gestação futura e à importância de que ela seja planejada, para evitar transmissão
vertical. O profissional de saúde deve acolher o desejo de gestação da PVHA de forma empática, evitando juízo de valor. A PVHA deve estar em TARV, com
CV-HIV indetectável, LT-CD4+ elevado (> 500 céls/mm³), sem outras IST em atividade e sem vaginose bacteriana. Se houver desejo de gestar, a relação sexual
desprotegida deve ocorrer no período fértil da mulher. Para casais sorodiscordantes, pode-se considerar usar a PrEP sob demanda para o planejamento
dessa relação sexual desprotegida.
6.4.1.3. AMAMENTAÇÃO
A amamentação é contraindicada por mulheres vivendo com HIV, mesmo naquelas com CV-HIV indetectável e em uso regular de antirretrovirais (Ministério
da Saúde, 2023).
Recomenda-se que toda lactante vivendo com HIV/aids seja orientada a não amamentar. Ao mesmo tempo, ela deve ser informada e orientada sobre o
direito a receber fórmula láctea infantil.
A Nota Técnica N.º 14/2020 - SES/SVS/DIVEP/GEVIST (48118824) orienta a “Dispensação da fórmula infantil para criança exposta ao HIV e HTLV”.
A criança exposta, infectada ou não, terá direito a receber a fórmula láctea infantil, pelo menos, até completar seis meses de idade. Esse prazo pode ser
estendido conforme avaliação de casos específicos.
A prática já demonstrou que uma das intervenções mais efetivas para evitar a amamentação natural é começar a orientação para o aleitamento artificial já
durante o pré-natal. A decisão e a comunicação à puérpera sobre a necessidade de suprimir a lactação apenas após o parto é considerada tardia, com
resultados insatisfatórios.
No pós-parto imediato, na maternidade, a equipe assistencial do Centro-Obstétrico já inicia a inibição da lactação na puérpera vivendo com HIV, que pode
ser realizada com medidas farmacológicas e/ou não farmacológicas. Mais informações sobre isso podem ser consultadas no Quadro 19 da página 105
do PCDT TV, na Biblioteca Virtual em Saúde e no site da FEBRASGO. A cabergolina é contraindicada na presença de HAS não controlada, hipersensibilidade à
droga, doença hipertensiva específica da gestação, insuficiência hepática ou renal grave, úlcera péptica e distúrbios psicóticos.
O aleitamento cruzado (amamentação da criança por outra nutriz), a alimentação mista (leite humano e fórmula infantil) e o uso de leite humano com
pasteurização domiciliar são contraindicados.
Para mais informações, consultar o PCDT para a Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais (PCDT TV), que também aborda HTLV e
Zika.
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Assim como na população em geral, faz parte da avaliação integral da saúde e da avaliação do RCV da PVHA a pesquisa de condições de risco como
obesidade, tabagismo, sedentarismo e dieta inadequada, que guiam as mudanças de estilo de vida (MEV) recomendadas, individualizadas para cada pessoa.
Na APS as ações de promoção da saúde, educação em saúde, prevenção, diagnóstico, tratamento (que inclui medidas não farmacológicas) e reabilitação de
condições associadas ao aumento do RCV devem ser realizadas em equipe multiprofissional - equipes de Saúde da Família (eSF), equipes de Saúde Bucal
(eSB) e equipes multidisciplinares (eMulti) -, por meio de atendimentos individuais, atividades coletivas, intervenções em salas de espera, uso de materiais
educativos e ações na comunidade/território.
Anual;
Relação receptiva anal, antecedente de HPV, histologia
Ânus Toque retal Encaminhar à coloproctologia para anuscopia na presença
vulvar ou cervical anormal
de alterações patológicas
Dosagem de
Fígado Pacientes cirróticos e portadores de HBsAg positivos alfafetoproteína; Semestral
USG
Adaptado de DATHI/SVSA/MS.
“O manejo de condições que podem afetar a adesão ao tratamento, como depressão e uso de álcool ou substâncias psicoativas, é essencial para o sucesso
do tratamento e a redução da transmissão.” - Ministério da Saúde, 2023.
A Nota Técnica Nº 2/2019 SES/SAIS/COASIS/DISSAM, “Critérios para encaminhamento de Adultos para os Serviços de Saúde Mental da Atenção Secundária”
(33503781) orienta quais quadros devem ser manejados pela APS e quais devem ser encaminhados à Atenção Ambulatorial Especializada - e como. Na
página da Diretoria de Serviços de Saúde Mental (DISSAM) no site da SES-DF estão disponíveis também outras notas técnicas, linhas de cuidado e outros
documentos sobre a rede de atenção à saúde mental no SUS-DF.
ENTRE OUTRAS AÇÕES, CABE AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE AO LONGO DO CUIDADO À PVHA:
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Cartão Nacional de Saúde (CNS)
Formulário de Dispensação de ARV - TRATAMENTO (Adolescente, Gestante e Adulto) - DIGITÁVEL.
O Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) - 6ª edição, em suas páginas 60 a 62, orienta a vacinação em PVHA adultas.
VACINA ESQUEMA
Uma dose. Após intervalo de dois meses, aplicar Pneumo 23. No caso de vacinação anterior com Pneumo 23, aplicar uma dose de Pneumo
VPC13
13 com intervalo de 12 meses entre as vacinas.
VPP23 Duas doses com intervalo de cinco anos, independentemente da idade. Observar um ano de intervalo entre a Pneumo 23 e a Pneumo 13.
SCR Aplicar duas doses para qualquer idade, observando a categoria imunológica (Quadro 16 acima).
dTpa Gestantes: aplicar uma dose de dTpa a cada gestação a partir da 20ª semana, independentemente de vacinação anterior.
*A vacina contra a febre amarela não tem eficácia e segurança estabelecidas para PVHA. Pode ser recomendada levando-se em consideração a categoria
imunológica (Quadro 16 acima) do paciente e a situação epidemiológica local. Para fins de vacinação, poderá ser utilizado o último exame de LT-CD4+
(independentemente da data), desde que a CV-HIV atual (de até 6 meses atrás) mantenha-se indetectável. Nos casos em que não seja possível vacinar, deve-
se orientar sobre os métodos alternativos para diminuir os riscos de exposição ao mosquito; a mesma orientação deve ser dada aos responsáveis no caso de
crianças com alteração imunológica grave. Lembrar que, além do risco de evento adverso grave, em pacientes imunodeprimidos a resposta à vacina poderá
não ser satisfatória. Mais detalhes encontram-se disponíveis na Tabela 13 da página 62 do Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais
(CRIE) - 6ª edição.
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Pela Constituição brasileira, as pessoas vivendo com HIV ou aids, assim como todo e qualquer cidadão brasileiro, têm obrigações e direitos garantidos; entre
eles, estão a dignidade humana e o acesso à saúde pública e, por isso, são amparadas pela lei. O Brasil possui legislação específica quanto aos grupos mais
vulneráveis ao preconceito e à discriminação, como homossexuais, mulheres, negros, crianças, idosos, portadores de doenças crônicas infecciosas e de
deficiência.
9.5. AUXÍLIO-DOENÇA
Esse benefício é concedido a qualquer cidadão brasileiro que seja segurado (pague o seguro em dia) e que não possa trabalhar em razão de doença ou
acidente por mais de 15 dias consecutivos. A pessoa que vive com Aids ou com hepatopatia grave terá direito ao benefício sem a necessidade de cumprir o
prazo mínimo de contribuição e desde que tenha qualidade de segurado, conforme o artigo 26, II, e artigo 151, ambos da Lei nº 8.213, de 24/07/1991, e
Instrução Normativa INSS/PRES nº 45, de 6 de agosto de 2010, revogada pela Instrução Normativa INSS Nº 77 DE 21/01/2015, sendo esta alterada pela
Instrução Normativa INSS nº 117/2021.
Todo o procedimento administrativo relativo ao benefício está regulado pelos artigos 300 a 317 da Instrução Normativa INSS Nº 77 DE 21/01/2015, alterada
pela Instrução Normativa INSS nº 117/2021.
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estado sorológico. Em caso de violação, deve-se registrar o ocorrido na Delegacia do Trabalho mais próxima.
A testagem obrigatória é vedada por meio de dispositivos infraconstitucionais, trabalhistas, administrativos e éticos profissionais, além de instrumentos
internacionais da Organização Mundial de Saúde e da Organização Internacional do Trabalho.
A Portaria nº 1.246/2010 do então Ministério do Trabalho e Emprego, hoje Ministério do Trabalho e Previdência, em seu art. 2º estabelece: “Não será
permitida, de forma direta ou indireta, nos exames médicos por ocasião da admissão, mudança de função, avaliação periódica, retorno, demissão ou outros
ligados à relação de emprego, a testagem do trabalhador quanto ao HIV.
Além disso, a Lei nº 14.289 de 3 de janeiro de 2022, que torna obrigatória a preservação do sigilo sobre a condição de pessoa que vive com infecção pelos
vírus da imunodeficiência humana (HIV) e das hepatites crônicas (HBV e HCV) e de pessoa com hanseníase e com tuberculose, nos casos que estabelece; e
altera a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2022/lei/L14289.htm
9.10. PASSE-LIVRE
As leis do DF asseguram gratuidade no transporte público coletivo para as PVHA, devendo estas solicitarem o Cartão Especial, conforme legislação do Passe
Livre Especial.
Toda violação de direitos ou crimes praticados pode ser denunciada pelos canais de comunicação da SES-DF e GDF (Ouvidoria - canal telefônico 162 ou site
- www.participa.gov.df.br), bem como junto aos órgãos policiais ou judiciários (Ministério Público, Defensoria Pública, registro de ocorrência policial, entre
outros).
10. REFERÊNCIAS
1. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos - Módulo 1: Tratamento, Ministério da Saúde, 2023, disponível em
https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/consultas/relatorios/2023/relatorio-tecnico-pcdt-para-manejo-da-infeccao-pelo-hiv-em-adultos-modulo-1.
2. Atualização do Caderno de Atenção Básica 18: HIV/Aids, Hepatites Virais, Sífilis e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento
de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis, Ministério da Saúde, 2022.
3. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pré-Exposição de Risco a Infecção pelo HIV, Ministério da Saúde, 2022, disponível em https://www.gov.br/aids/pt-
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4. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Profilaxia Pós-Exposição (PEP) de Risco à Infecção pelo HIV, IST e Hepatites Virais, Ministério da Saúde, 2022, disponível em
https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2021/hiv-aids/prot_clinico_diretrizes_terap_pep_-risco_infeccao_hiv_ist_hv_2021.pdf/view. Versão Resumida disponível
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5. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis, Ministério da Saúde, 2022, disponível em
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6. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais, Ministério da Saúde, 2020, disponível em
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7. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos, Ministério da Saúde, 2018. .
8. Nota Técnica Nº 12/2022 SES/SAIS/COASIS/DASIS (94286410), Organização da rede de saúde do Distrito Federal (DF) para a profilaxia pós-exposição (PEP) de risco à infecção pelo HIV,
hepatites virais e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), disponível no processo SEI 00060-00407446/2022-61.
9. Nota Informativa n.º 4/2021 - SES/SVS/DIVEP/GEVIST (67727459), Dispensação da Profilaxia Pré Exposição de risco à infecção pelo HIV (PrEP) prescrita pelos serviços de saúde
privados/suplementar no Distrito Federal, disponível no processo SEI 00060-00361767/2021-21.
10. Guia Rápido Infecção pelo HIV e aids, 3ª edição, SMS-Rio, 2022, disponível em https://subpav.org/aps/uploads/publico/repositorio/Livro_GuiaRapido-
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11. O caminho que põe fim à AIDS: Relatório Global do UNAIDS 2023. Genebra: Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS; 2023.
12. Boletim Epidemiológico - HIV e Aids 2023, Ministério da Saúde, disponível em https://www.gov.br/aids/pt-br/central-de-conteudo/boletins-epidemiologicos/2023/hiv-aids/boletim-
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13. Informativo epidemiológico de HIV/Aids no Distrito Federal de 2018 a 2023, SES-DF, 2023, disponível em
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14. Magnabosco, GT; Lopes, LM; Andrade, RLP; Brunello, MEF; Monroe, AA; Villa, TCS. Assistência ao HIV/aids: análise da integração de ações e serviços de saúde. Esc Anna Nery 22,
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18. Lei Nº 14.289, de 03 de janeiro de 2022 - Torna obrigatória a preservação do sigilo sobre a condição de pessoa que vive com infecção pelos vírus da imunodeficiência humana (HIV) e
das hepatites crônicas (HBV e HCV) e de pessoa com hanseníase e com tuberculose, nos casos que estabelece; e altera a Lei nº 6.259, de 30 de outubro de 1975.
19. Comunicado CGICI/DIDI/SVSA/MS, de 23/10/2023, sobre “Esclarecimento quanto ao esquema vacinal das novas orientações/indicações da MenACWY na 6ª edição do Manual dos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIE”.
20. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais - CRIE, 6ª Edição, acessível em manual-dos-centros-de-referencia-para-imunobiologicos-especiais_6a-
edicao_2023.pdf (www.gov.br).
21. Medical eligibility criteria for contraceptive use - 5th edition, OMS, 2022.
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22/02/2024, 22:00 SEI/GDF - 130568915 - Nota Técnica
22. Guia Instrucional Viva Melhor Sabendo, Ministério da Saúde, 2021.
11. ANEXOS
Colaboração:
Arthur Fernandes da Silva
Beatriz Maciel Luz
José Ramos da Costa Júnior
Revisão:
Referência Técnica Distrital em Infectologia (DASIS/COASIS/SAIS/SES)
Diretoria de Assistência Farmacêutica (DIASF/SULOG/SES)
Diretoria de Áreas Estratégicas da Atenção Primária (DAEAP/COAPS/SAIS/SES)
Gerência de Serviços de Enfermagem na Atenção Primária e Secundária (GENFAPS/DIENF/COASIS/SAIS/SES)
https://sei.df.gov.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=146371039&infra_si… 27/27