IFF - campus Maricá
Literatura Brasileira
Exercícios de revisão sobre o Modernismo
Estudante:
1- A Semana de arte moderna, ocorrida em 1922, inaugurou o movimento modernista
no Brasil. A primeira fase do modernismo literário brasileiro, que durou de 1922 a
1930, teve como principal característica:
a) uso de poemas de forma fixa, como o soneto.
b) linguagem rebuscada e acadêmica.
c) valorização das raízes culturais brasileiras.
d) pessimismo e oposição ao romantismo.
e) foco em temas relacionados com a colonização
2- Leia o texto:
— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeça na calçada.
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 94)
Sobre a linguagem modernista é incorreto afirmar:
a) busca de uma linguagem mais coloquial.
b) valorização de temas ligados ao cotidiano.
c) uso dos versos livres, sem métrica definida.
d) arte pela arte ou arte sobre a arte.
e) irreverência e subjetivismo dos textos.
3- Leia o texto e responda ao que se pede:
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel
o burguês-burguês!
A digestão bem-feita de São Paulo!
O homem-curva! O homem-nádegas!
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!
Eu insulto as aristocracias cautelosas!
Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!
Que vivem dentro de muros sem pulos,
e gemem sangue de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
Fora os que algarismam os amanhãs!
Olha a vida dos nossos setembros!
Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
Mas à chuva dos rosais
o êxtase fará sempre Sol!
Morte à gordura!
Morte às adiposidades cerebrais!
Morte ao burguês-mensal!
Ao burguês-cinema! Ao burguês-tiburi!
Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!
"— Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
— Um colar... — Conto e quinhentos!!!
Más nós morremos de fome!"
Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
Oh! purée de batatas morais!
Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!
Ódio aos temperamentos regulares!
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados
Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
sempiternamente as mesmices convencionais!
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante!
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
(Ode ao burguês, Mario de Andrade)
No poema de Mario de Andrade, Ode ao Burguês, o escritor tem como intuito:
a) valorizar a cultura europeia e brasileira.
b) fazer uma crítica a sociedade paulista dos anos 20.
c) incentivar a produção de pratos tradicionais.
d) vangloriar as atitudes do bom burguês.
e) desprezar os estrangeirismos presentes na língua.
4- Sobre a segunda geração do modernismo brasileiro é correto afirmar:
a) a cultura indígena e africana foram os principais temas explorados pelos escritores desse
período.
b) chamada de fase de construção, a produção literária desse momento esteve voltada para a
denúncia da realidade brasileira.
c) o índio foi eleito como o herói nacional, reforçando ainda mais a identidade brasileira.
d) desprovida de engajamento político, nesse momento a preocupação era acerca do
aprimoramento da linguagem.
e) com forte teor indianista, a poesia dessa fase esteve voltada para temas cotidianos.
5- A prosa de 30 foi um dos momentos de grande destaque da segunda geração modernista.
Nesse momento, a literatura teve um papel importante na divulgação de temas relacionados
com a realidade brasileira. Muitos escritores de destacaram nessa fase, exceto:
a) Rachel de Queiroz
b) Graciliano Ramos
c) José Lins do Rego
d) Clarice Lispector
e) Jorge Amado
6- Leia o texto a seguir:
Chegou a desolação da primeira fome. Vinha seca e trágica, surgindo no fundo sujo dos sacos
vazios, na descarnada nudez das latas raspadas.
– Mãezinha, cadê a janta?
– Cala a boca, menino! Já vem!
– Vem lá o quê!…
Angustiado, Chico Bento apalpava os bolsos… nem um triste vintém azinhavrado…
Lembrou-se da rede nova, grande e de listras que comprara em Quixadá por conta do vale de
Vicente.
Tinha sido para a viagem. Mas antes dormir no chão do que ver os meninos chorando, com a
barriga roncando de fome.
Estavam já na estrada do Castro. E se arrancharam debaixo dum velho pau-branco seco, nu e
retorcido, a bem dizer ao tempo, porque aqueles cepos apontados para o céu não tinham nada
de abrigo.
O vaqueiro saiu com a rede, resoluto:
– Vou ali naquela bodega, ver se dou um jeito…
Voltou mais tarde, sem a rede, trazendo uma rapadura e um litro de farinha:
– Tá aqui. O homem disse que a rede estava velha, só deu isso, e ainda por cima se fazendo
de compadecido…
Faminta, a meninada avançou; e até Mocinha, sempre mais ou menos calada e indiferente,
estendeu a mão com avidez.
(QUEIROZ, Rachel de. O Quinze. Rio de Janeiro: José Olímpio, 1979, p. 33.)
“O Quinze”, romance de estreia de Rachel de Queiroz, publicado em 1930, retrata a intensa
seca que marcou o ano de 1915 no sertão cearense. Considerando o fragmento apresentado, é
CORRETO afirmar:
a) A linguagem utilizada pela autora, para construir o romance, aproxima-se da oralidade,
conforme se vê no fragmento. Tal recurso é utilizado para se contrapor à escrita
extremamente rebuscada de alguns modernistas da primeira geração, como Oswald de
Andrade.
b) Na narrativa, estreitamente ligada às propostas de denúncia social dos regionalistas de 30,
destacam-se o drama da seca, a miséria e a degradação humana, marcantes em cenas como a
do fragmento citado.
c) O fragmento apresenta um discurso moralizante, recorrente nos romances da segunda
geração modernista, e destaca o drama vivido pela família de Chico Bento, diante das
dificuldades de sobrevivência.
d) Apesar de se referir à seca que marcou o ano de 1915, o romance coloca em primeiro
plano a violência e o desrespeito que marcam as relações sociais, independente das condições
climáticas; exemplo disso é a relação de espoliação entre Chico Bento e o homem da bodega.
e) Ainda que publicado no início da década de 30, momento de intensas mudanças políticas e
culturais no país, o romance liga-se estética e tematicamente às propostas literárias da
primeira geração modernista.
7- Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da
erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam,
sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas
peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala,
do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em
convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e
se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica
um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro.
Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada.
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a
natureza a partir da ação direta de Deus.
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para
representar a aridez da natureza.
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e
mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região.
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza
como elemento tão reversível quanto a condição humana.
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas
pelo uso da força física e da valentia.
8- Leia os trechos a seguir, extraídos de A hora da estrela, de Clarice Lispector
(Há os que têm. E há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê? É
apenas isso mesmo: não tinha. Se der para me entenderem, está bem. Se não, também está
bem. Mas por que trato dessa moça quando o que mais desejo é trigo puramente maduro e
ouro no estio?)
[...]
(Ela me incomoda tanto que fiquei oco. Estou oco desta moça. E ela tanto mais me incomoda
quanto menos reclama. Estou com raiva. Uma cólera de derrubar copos e pratos e quebrar
vidraças. Como me vingar? Ou melhor, como me compensar? Já sei: amando meu cão que
tem mais comida do que a moça. Por que ela não reage? Cadê um pouco de fibra? Não, ela é
doce e obediente.)
LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. 10. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984. p. 32-33.
Sobre os trechos, assinale a alternativa correta.
a) Os parênteses servem para o leitor se orientar na narrativa: quando esses sinais são
utilizados, o narrador entra em cena para comentar; quando são suprimidos, a
narrativa se restringe à ação da protagonista.
b) A pergunta final no primeiro trecho entre parênteses revela o desprezo que existe na
relação entre o narrador e a personagem, atitude predominante daquele, na maior parte
da narrativa.
c) O incômodo expresso pelo narrador-personagem indica o descompasso entre ele e a
protagonista, tanto no plano dos lugares sociais que cada um ocupa quanto no plano
do temperamento.
d) O ímpeto de “derrubar copos e pratos e quebrar vidraças” é transportado do
narrador-personagem para a protagonista à medida que a narrativa avança e as
adversidades se avolumam na trajetória de Macabéa.
e) A indignação do narrador-personagem com a falta de reação de Macabéa é
equilibrada pela constatação de sua obediência, traço de caráter admirado por ele, que
garante a ela êxitos expressivos no plano afetivo e no profissional, com o
desdobramento da narrativa.
9-
O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao
futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos
constituem
a) direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.
b) forma clássica da construção poética brasileira.
c) rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.
d) intervenções de um leitor estrangeiro no exercício de leitura poética.
e) lembretes de palavras tipicamente brasileiras substitutivas das originais.
10- Assinale a alternativa em que se encontram preocupações estéticas da Primeira
Geração Modernista:
a) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, rompeu com a estrutura discursiva
do verso tradicional, valendo-se de materiais gráficos e visuais que transformaram a estrutura
do poema.
b) Busca pelo sentido da existência humana, confronto entre o homem e a realidade, reflexão
filosófico-existencialista, espiritualismo, preocupação social e política, metalinguagem e
sensualismo.
c) Os escritores de maior destaque da primeira fase do Modernismo defendiam a reconstrução
da cultura brasileira sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso passado histórico e de
nossas tradições culturais, eliminação do complexo de colonizados e uso de uma linguagem
própria da cultura brasileira.
d) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance, enfoque mais direto dos fatos,
influência da estética Realista-Naturalista do século XIX e caráter documental, como no livro
Vidas secas, de Graciliano Ramos.
11- O romance de Clarice Lispector:
a) filia-se à ficção romântica do século XIX, ao criar heroínas idealizadas e mitificar a figura
da mulher.
b) define-se como literatura feminista por excelência, ao propor uma visão da mulher
oprimida num universo masculino.
c) prende-se à crítica de costumes, ao analisar com grande senso de humor uma sociedade
urbana em transformação.
d) explora até as últimas consequências, utilizando embora a temática urbana, a linha do
romance neonaturalista da geração de 30.
e) renova, define e intensifica a tendência introspectiva de determinada corrente de ficção da
segunda geração moderna.
Gabarito:
1-c
2-d
3- b
4-b
5-d
6-b
7-d
8- c
9-a
10-c
11-e