Doencas Da Soja
Doencas Da Soja
SOJA
manejo de doenças
Autores:
Ademir Assis Henning
Álvaro Manuel Rodrigues Almeida
Cláudia Vieira Godoy
Claudine Dinali Santos Seixas
Leila Maria Costamilan
Maurício Conrado Meyer
Rafael Moreira Soares
Waldir Pereira Dias
CURITIBA
SENAR-PR
2010
Depósito legal na CENAGRI, conforme Portaria Interministerial n. 164, datada de 22
de julho de 1994, e junto a Fundação Biblioteca Nacional.
ISBN 978-85-7565-051-6
CDD633.34
CDU630
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio,
sem a autorização do autor.
APRESENTAÇÃO
6 PRODUTOS RECOMENDADOS 70
REFERÊNCiAS 75
1 DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
1.1 ANTRACNOSE
Nome científico: Colletotrichum truncatum
Sintomas
Pode causar morte de plântulas, necrose dos pecíolos
e manchas nas folhas, hastes e vagens (Figuras 1a, 1b e
1c).
Pode causar queda total das vagens ou deterioração
das sementes em colheita retardada. As vagens infectadas
nos estádios R3-R4 adquirem coloração castanho-escura
a negra e ficam retorcidas; nas vagens em granação, as
lesões iniciam-se por estrias de encharcamento de tecido
(anasarca) e evoluem para manchas negras .
. Em períodos de alta umidade, as partes infectadas
ficam cobertas por pontuações negras que são as
frutificações do fungo. Sementes infectadas podem
apresentar manchas deprimidas de coloração castanho-
escuras.
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Figura 1: Sintomas da antraenose nas vagens (a e b) e lesões na haste (e).
Condições de desenvolvimento
A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial
de formação das vagens e é um dos principais problemas
dos Cerrados, em decorrência da elevada precipitação e
das altas temperaturas. Em anos chuvosos, pode causar
perda total da produção mas, com maior frequência, causa
alta redução do número de vagens, induzindo a planta à
retenção foliar e à haste verde.
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o uso de sementes infectadas e deficiências nutricionais,
principalmente de potássio, também contribuem para maior
ocorrência da doença. Sementes oriundas de lavouras
que sofreram atraso de colheita, devido às chuvas, podem
apresentar índices mais elevados de infecção.
Controle
Recomenda-se o uso de sementes sadias, tratamento
de sementes (Quadro 1, p.70), aplicação de fungicidas
para o controle de doenças de final de ciclo (Quadro 2,
p.71), rotação de cultura, estande adequado (200 a 250 mil
plantas ha') e manejo adequado do solo, principalmente
com relação à adubação potássica.
Sintomas
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adquirem coloração castanho-clara, com bordas castanho-
avermelhadas, geralmente de um lado da haste (Figura 2b).
Infecções severas causam quebra da haste e
acamamento. As lesões são profundas e a coloração da
medula necrosada varia de castanho-avermelhada, em
planta ainda verde, a castanho-clara a arroxeada, em haste
já seca. Uma das indicações de planta em fase adiantada
de infecção é a presença de folhas amareladas e com
necrose entre as nervuras (folha "carijó") (Figura 2a).
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Por sua vez, os sintomas causados por Diaporthe
phaseolorum varo caulivora, cuja ocorrência no Brasil foi
descrita pela primeira vez na safra 2006/07, no Rio Grande do
Sul, são semelhantes aos sintomas causados por Diaporlhe
phaseolorum varo meridionalis. Porém as lesões costumam
ser menos profundas e as folhas secam rapidamente,
permanecendo presas às plantas, sem apresentar o sintoma
de folha "carijó". Os sintomas tornam-se visíveis em plantas
adultas, da metade até o fim da estação de cultivo (Figuras
3a e 3b).
Condições de desenvolvimento
Dependendo das condições climáticas da reqrao,
os restos culturais podem manter o fungo viável. Sob
condições prolongadas de alta umidade, peritécios podem
ser produzidos nos cancros de plantas ainda verdes (Figura
2c). É uma doença de evolução lenta e as infecções
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ocorridas logo após a emergência formam os cancros entre
a floração e o enchimento das vagens.
As plantas adultas adquirem resistência à doença.
Normalmente, o nível de infecção nas sementes é baixo.
Controle
A forma mais econômica e eficiente de controle da
doença é pelo uso de cultivares resistentes. As seguintes
medidas de controle também podem ser utilizadas: rotação
da cultura com algodão, arroz, girassol, milho, pastagem ou
sorgo e sucessão com aveia branca, aveia preta, milheto;
semeadura com maior espaçamento entre as ruas e entre
plantas, de modo a evitar o estiolamento (alongamento
do caule e a restrição da expansão folhar em ambientes
sombreados ou escuros) e o acamamento; adubação e
calagem equilibradas.
O tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos
(benzimidazóis) + fungicida de contato (Quadro 1, p.70) é a
maneira mais segura de prevenir a reintrodução do fungo
(ou a introdução de novas raças) por meio de sementes
contrabandeadas de países vizinhos (grãos piratas).
Sintomas
O fungo ataca todas as partes da planta. Nas folhas
os sintomas são caracterizados por pontuações escuras,
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castanho-avermelhadas, que se juntam e formam grandes
manchas escuras que resultam em severo crestamento e
desfolha prematura (Figura 4a).
Nas vagens aparecem pontuações vermelhas que
evoluem para manchas castanho-avermelhadas. Por meio
da vagem, o fungo atinge a semente e causa a mancha
púrpura no tegumento (Figura 4b).
Nas hastes o fungo causa manchas vermelhas,
geralmente superficiais, limitadas ao córtex. Quando a
infecção ocorre nos nós, o fungo pode penetrar na haste e
causar necrose de coloração avermelhada na medula.
Condições de desenvolvimento
O fungo está disseminado por todas as reqioes
produtoras de soja do Brasil porém, é mais severo nas
regiões mais quentes e chuvosas e regiões altas dos
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Cerrados. O seu ataque é favorecido por temperaturas na
faixa de 23°C a 2rC e alta umidade.
É o fungo mais frequentemente encontrado em lotes
de sementes, o que não afeta sua germinação. Pode ser
introduzido na lavoura por meio de sementes infectadas
se não forem tratadas com fungicidas, porém o mesmo
sobrevive nos restos culturais.
Controle
O controle deve ser feito utilizando-se sementes livres
do patógeno, tratamento de sementes com fungicidas de
ação sistêmica e de contato (Quadro 1, p.70) e aplicações
na parte aérea, utilizando fungicidas dos grupos dos
benzimidazóis, triazóis e estrobilurinas (Quadros 2 (p.71), 3
(p.72) e 4 (p.73)) a partir da fase de formação das vagens.
1.4 FERRUGEM
Nome científico: Phakopsora pachyrhizi e
Phakopsora meibomiae
Sintomas
Podem aparecer em qualquer estádio de
desenvolvimento em cotilédones, folhas e hastes.
Os primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos
pontos (com no máximo 1mm de diâmetro) mais escuros do
que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-
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esverdeada, com correspondente protuberância (urédia) na
página inferior da folha (Figura 5c).
As urédias adquirem cor castanho-clara a castanho-
escura, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os
esporos de coloração cristalina (hialina), que se tornam beges
e acumulam-se ao redor dos poros ou são carregados pelo
vento. O tecido da folha ao redor das urédias adquire coloração
castanho-clara a castanho-avermelhada (Figuras 5a e 5b).
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Condições de desenvolvimento
O processo de infecção depende da disponibilidade
de água livre na superfície da folha, sendo necessário no
mínimo seis horas, com um máximo de infecção ocorrendo
com 10-12 horas de molhamento foliar.
Temperaturas entre 15°C e 28°C são favoráveis para
infecção.
Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será
o tamanho dos grãos e maior a perda do rendimento e
da qualidade (grãos verdes). A ferrugem americana (P
meibomiae) é reconhecida como de pouco impacto sobre
o rendimento, a ferrugem asiática (P pachyrhizi) é mais
severa e pode causar grandes perdas de rendimento.
Controle
Até o momento não há cultivares resistentes e o
controle químico é a ferramenta mais viável atualmente.
Os fungicidas dos grupos dos triazóis e estrobilurinas
(Quadro 3, p.72), sozinhos ou em misturas prontas, têm-se
mostrado eficientes para o controle da doença e devem
ser aplicados no início do aparecimento dos sintomas ou
preventivamente.
A decisão sobre o momento de aplicação deve ser técnica,
levando em conta os fatores necessários ao aparecimento
da ferrugem (presença do fungo na região, idade da planta
e condição climática favorável), a logística de aplicação
(disponibilidade de equipamentos e tamanho da propriedade),
a presença de outras doenças e o custo do controle.
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É importante também considerar o manejo da cultura,
devendo-se eliminar plantas de soja voluntárias e não
cultivar soja na entressafra (vazio sanitário), com o objetivo
de diminuir o inóculo (o patógeno ou parte do patógeno
capaz de causar infecção) para a safra seguinte.
Semear cultivares precoce de soja, concentrando a
semeadura no início da época indicada para cada região,
com o objetivo de escapar do período de maior risco para
ocorrência da doença e evitar que a cultura fique exposta
por mais tempo no campo. Evitar semeaduras em várias
épocas e cultivares tardias.
Semear a soja com densidade de plantas que permita
bom arejamento foliar e a maior eficiência de penetração
do(s) fungicida(s); monitorar a lavoura desde o início do
crescimento até próximo da floração.
1.5 MANCHAALVO
Nome científico: Corynespora cassiicola
Sintomas
As lesões se iniciam por pontuações pardas, com halo
amarelado, evoluindo para grandes manchas circulares, de
coloração castanho-clara a castanho-escura, atingindo até
2cm de diâmetro. Geralmente, as manchas apresentam uma
pontuação no centro semelhante a um alvo (Figuras 6a e 6b).
Diversas cultivares recomendadas apresentam boa
resistência à infecção foliar e a presença da doença só é notada
nas folhas inferiores. Cultivares suscetíveis podem sofrer severa
desfolha, com manchas na haste e nas vagens.
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Figura 6: Sintomas de mancha alvo (a e b).
Condições de desenvolvimento
O fungo causador da doença é encontrado em
praticamente todas as regiões de cultivo de soja do Brasil.
Infecta grande número de plantas nativas e cultivadas.
O fungo sobrevive em restos de cultura e sementes.
Condições de alta umidade relativa e temperaturas amenas
são favoráveis à infecção.
Controle
Recomenda-se o uso de cultivares resistentes, o
tratamento de sementes, a rotação/sucessão de culturas
com milho e espécies de gramíneas e fazer o controle com
fungicidas benzimidazóis.
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1.6 MANCHA OLHO DE RÃ
Nome científico: Cercospora sojina
Sintomas
A doença pode ocorrer em qualquer estádio da planta,
mas é mais comum a partir do florescimento.
Atinge folhas, hastes, vagens e sementes, iniciando-
se como pequenos pontos de encharcamento, que evoluem
para manchas castanho-claras no centro, com bordas
castanho-avermelhadas, na face superior da folha, e cinzas
na face inferior (Figuras 7a, 7b e 7c).
Em hastes e vagens as lesões apresentam aspecto
de encharcamento (anasarca) na fase inicial, evoluindo
para manchas circulares, castanho-escuras nas vagens, e
manchas elípticas ou alongadas, com centro cinza e bordas
castanho-avermelhadas na haste.
Na semente causa rachaduras e manchas de
coloração parda a cinza.
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Condições de desenvolvimento
O fungo pode ser introduzido na lavoura e disseminado
por meio de sementes infectadas e esporos levados pelo
vento e também sobrevive em restos de cultura.
Possui a capacidade de desenvolver novas raças e
já foram notificadas várias no Brasil. A doença é facilmente
controlada por meio do uso de cultivares resistentes.
Por essa razão, para ser lançada, toda a cultivar deve
apresentar resistência ao fungo.
A ocorrência da doença é esporádica em lavouras de
soja, sendo encontrada somente em materiais introduzidos
clandestinamente de países vizinhos, o que representa
grande risco de se introduzir novas raças.
Controle
Usar cultivares resistentes e o tratamento de sementes
com fungicidas benzimidazóis em mistura com fungicidas
de contato (Quadro 1, p.70), de forma sistemática.
Essas medidas são fundamentais para o controle do
patógeno evitando a introdução do fungo ou de uma nova
raça, em áreas onde não está presente.
Sintomas
Os primeiros sintomas aparecem cerca de duas
semanas após a emergência, como pequenas pontuações ou
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manchas de contornos angulares, castanho-avermelhadas,
nas folhas unifolioladas (Figura 8a).
Em situações favoráveis a doença pode atingir as
primeiras folhas trifoliadas e causar severa desfolha.
Nas folhas surgem pontuações pardas, menores que
1mm de diâmetro, que evoluem e formam manchas com
halos amarelados e centros de contornos angulares, de
coloração parda na face superior da folha e rosada na face
inferior, medindo de 1 a 3mm de diâmetro (Figuras 8b e 8c).
Em infecções severas, causa desfolha e maturação precoce.
Figura 8: Sintomas de mancha parda, lesões iniciais (a), folíolo (b) e detalhe
das lesões (c).
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Condições de desenvolvimento
A sobrevivência ocorre na forma de micélio em
sementes infectadas e em restos de cultura.
A infecção e o desenvolvimento da doença são
favorecidos por condições quentes e úmidas. O fungo
necessita de um período de molhamento mínimo de oito
horas e a temperatura entre 15°C a 30°C para desenvolver
sintomas, com um pico de 25°C.
A dispersão dos esporos ocorre por meio da ação da
chuva, que os suspende em gotículas que são levadas pelo
vento e depositadas nas superfícies a serem infectadas.
Controle
Devido à sobrevivência do fungo nos restos de cultura,
o controle mais eficiente pode ser obtido pela rotação de
culturas, acompanhado da melhoria das condições físico-
químicas do solo, com ênfase na adubação potássica.
Como a maior parte da soja é produzida sob
monocultivo, em anos chuvosos, o controle é feito com
aplicações de fungicidas na parte aérea, com os mesmos
produtos utilizados para o controle do crestamento foliar
de cercóspora (Quadro 2, p.71).
Sintomas
Os sintomas ocorrem em toda a parte aérea da planta,
principalmente nas folhas do terço médio. No início com
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lesões encharcadas, de coloração pardo-avermelhadas a
roxas, bordas mais escuras, evoluindo para marrom-escuro
(Figuras 9a e 9b).
As lesões podem ocorrer em pequenas manchas ou tomar
todo o limbo foliar em forma de podridão. Folhas infectadas
ficam presas a outras folhas ou hastes por meio do micélio do
fungo. Quando o fungo alcança as folhas do terço superior das
plantas pelo desenvolvimento micelial ao longo dos pecíolos,
as lesões se apresentam na base dos folíolos.
Nas hastes, pecíolos e vagens, normalmente
aparecem manchas castanho-avermelhadas (Figura 9c).
Em vagens, flores e rácemos florais, pode ocorrer
completa podridão de coloração preta. É comum haver
abundante produção de microesclerócios de coloração bege a
castanho-escura, apresentando forma arredondada e diâmetro
variando de 0,1 mm a 1,Omm. O desenvolvimento ostensivo de
micélio e a formação de esclerócios (2mm a 7mm) dependem
muito de condições ambientais favoráveis.
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Condições de desenvolvimento
As condições ideais para o desenvolvimento da
meia são temperaturas médias de 28°C e a presença de
água livre nas folhas por períodos prolongados (acima de
12 horas). Pancadas de chuva frequentes e calor úmido
(mormaço) são fatores determinantes para o rápido
desenvolvimento da doença.
O fungo sobrevive no solo por meio de esclerócios,
em restos de cultura e em hospedeiros alternativos. A
disseminação ocorre por meio de respingos de chuva e
pelo crescimento micelial e formação de microesclerócios,
com disseminação por contato de folha para folha ou planta
para planta.
O patógeno apresenta ampla gama de hospedeiros
como: feijão, arroz, caupi, algodão, sorgo, tomate e
cucurbitáceas. Várias plantas invasoras também são
relatadas como hospedeiras.
Controle
Deve-se adotar medidas integradas, envolvendo
práticas como semeadura direta, nutrição equilibrada das
plantas (principalmente K, S, Zn, Cu e Mn), rotação/sucessão
com culturas não hospedeiras, adequação de população
de plantas, tratamento de sementes (Quadro 1, p.70) para
proteger do fungo presente no solo, uso de sementes
com boa qualidade sanitária e fisiológica, eliminação de
plantas daninhas, restevas de soja e controle químico com
fungicidas foliares (Quadro 5, p.74).
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A maior eficiência do controle químico se dá quando
adotado antes da severidade atingir o nível de 10% de área
foliar infectada nos pontos de maior incidência da lavoura,
ou se houver presença de micélio do fungo (teia micélica)
nas hastes da soja entre os estádios R1 (início de floração)
e R5.1 (início de formação de grãos).
1.9 MíLDIO
Nome científico: Peronospora manshurica
Sintomas
A doença tem início nas folhas unifolioladas e
progride para a parte superior, podendo atingir toda a
parte aérea.
Os sintomas iniciais são pontuações amarelas na parte
superior das folhas, que aumentam de tamanho, podendo
atingir 3 a 5mm de diâmetro (Figura 1Oa).As lesões podem
se juntar (coalescência) e ocorrer queima (crestamento)
foliar. No verso da mancha amarelada, aparecem estruturas
de frutificação do fungo, de aspecto cotonoso e de coloração
levemente rosada a cinza (Figura 1Ob).
As infecções na vagem podem resultar em deterioração
da semente ou infecção parcial, com formação de uma
crosta pulverulenta, constituída de micélio e esporas
dando, ao tegumento, uma coloração bege a castanho-
clara. A transmissão por semente, na forma de oósporos
aderidos ao tegumento, embora possa ocorrer, (Figura 10c)
é bastante rara.
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Figura 10: Sintomas de míldio em folhas (a), esporulação do fungo na parte
inferior da folha (b) e crosta de oósporos aderidos à semente (c).
Condições de desenvolvimento
O fungo pode ser introduzido na lavoura por meio de
sementes infectadas (pouco comum) e, principalmente,
por esporos disseminados pelo vento, porém o mesmo
sobrevive em restos de cultura (folhas infectadas) por meio
de oósporos.
Ocorre em praticamente todas as regiões produtoras
de soja do Brasil. As condições climáticas de temperaturas
amenas (até 25°C) e umidade elevada, principalmente na
fase vegetativa, são favoráveis à doença.
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Controle
Não há medidas de controle recomendadas devido à
pouca importância da doença até o momento. Os fungicidas
comumente utilizados na cultura da soja para o controle de
oídio, doenças de final de ciclo, mancha alvo, antracnose
e ferrugem, não possuem efeito contra míldio. Além disso,
não há fungicida registrado no MAPA para o controle do
míldio em soja.
Sintomas
O sintoma do tombamento inicia-se por estrias
castanho-avermelhadas na raiz, nos primeiros centímetros
abaixo do nível do solo (Figura 11). As estrias aumentam,
se juntam (coalescem) e resultam em podridão seca, de
coloração castanha a castanho-avermelhada.
Ocorre o estrangulamento abaixo do nível do solo,
resultando em murcha, tombamento ou sobrevivência
temporária, com emissão de raízes adventícias acima
da região afetada. Essas plantas tombam antes da
floração.
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Figura 11: Sintomas de estrangulamento em hipocótilos
de plântulas causado por Rhizoctonia solani.
Condições de desenvolvimento
O tombamento ocorre entre a pré-emergência e 30 a
35 dias após a emergência, sob condições de temperatura e
umidade elevadas; a morte em reboleira ocorre em plantas
adultas, em anos chuvosos e temperaturas amenas.
A taxa de transmissão do fungo por semente é baixa e sua
importância é questionável, pois ocorre naturalmente nos solos.
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Controle
A ocorrência do tombamento por R. solani pode ser
reduzida por tratamento das sementes com fungicidas
(Quadro 1, p.70) para proteger contra o fungo presente
no solo, rotação da cultura com gramíneas e eliminação
da compactação do solo, para evitar o encharcamento. A
morte em reboleira pode ser reduzida com a melhoria das
condições físico-químicas do solo, rotação de culturas e
cultivo em solos não encharcados.
1.11 oíOIO
Sintomas
o fungo Erysiphe diffusa é um parasita obrigatório que
se desenvolve em toda parte aérea da soja, como folhas,
hastes, pecíolos e, mais raramente, vagens.
Apresenta uma fina cobertura de micélio e esporos
pulverulentos esbranquiçados (Figuras 13a, 13b e 13c).
Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do
fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições
de infecção severa, pode causar seca e queda prematura
das folhas.
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.ultivares altamente suscetíveis podem sofrer um
engrossamento do lenho, com rachadura da haste e
formação de cicatrizes superficiais.
Condições de desenvolvimento
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de
desenvolvimento da planta, sendo mais comum por ocasião
do início da floração. Condições de baixa umidade relativa
e temperaturas amenas são altamente favoráveis ao
desenvolvimento do fungo. Semeaduras tardias ou safrinha
podem aumentar a ocorrência da doença.
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Controle
o método mais eficiente de controle é o uso de
cultivares resistentes. O controle químico pode ser utilizado
mediante a aplicação de fungicidas foliares do grupo dos
triazóis e/ou dos benzimidazóis (Quadro 4, p.73). Para
controle nos estádios iniciais, indica-se usar o enxofre (2kg
i.a. ha').
Sintomas
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Figura 14: Sintomas de mofo branco: lavoura (a), em plantas (b), produção
de esclerócios nas hastes e medula (c) e esclerócios misturados às sementes
(d).
d
Fonte: Henning, 2007.
Condições de desenvolvimento
A fase mais vulnerável da planta vai do estádio da
floração plena (R2) ao início da formação das vagens (R3/
R4).
Alta umidade relativa e temperaturas amenas
favorecem o desenvolvimento da doença. Esclerócios
caídos ao solo germinam e desenvolvem apotécios
SENAR-PR
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(estrutura de frutificação em forma de taça, na qual são
formados os esporos) na superfície do solo, sob condições
de alta umidade e temperaturas entre 10°C a 21°C. Estes
produzem ascósporos (esporos que se formam no interior
de ascos) que são liberados ao ar e são responsáveis pela
infecção das plantas.
A transmissão por semente pode ocorrer tanto por
meio de micélio dormente (interno) quanto de esclerócios
misturados às sementes (Figura 14d). Uma vez introduzido
em uma área, o patógeno é de difícil erradicação.
Controle
Evitar a introdução do patógeno na área utilizando
sempre sementes certificadas (C1, C2, S1 ou S2),
produzidas sob rigorosa inspeção e beneficiadas
adequadamente, utilizando-se máquinas de ar e peneiras
(pré-limpeza), separador espiral (obrigatório para remover
os esclerócios) e, por último, a mesa densimétrica (mesa
de gravidade).
Efetuar sempre o tratamento de sementes com fungicidas
adequados (Quadro 1, p.70), principalmente com a mistura de
fungicidas sistêmicos (benzimidazóis) com um de contato.
Para diminuir o problema em áreas com ocorrência
da doença, fazer a rotação/sucessão de soja com espécies
resistentes como o milho, a aveia branca ou o trigo;
eliminar as plantas hospedeiras do fungo; fazer adubação
adequada; aumentar o espaçamento entre linhas, reduzindo
a população ao mínimo recomendado.
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1.13 PODRIDÃO DE CARVÃO DA RAIZ
Sintomas
A infecção das raízes pode ocorrer desde o início da
germinação, visto que o fungo pode ser transmitido por
sementes (sujas de terra) e é um habitante natural dos
solos.
Lesões no colo da planta são superficiais e de
coloração marrom-avermelhadas. Radículas infectadas
apresentam tecidos com escurecimento. Após o
florescimento e ocorrendo déficit hídrico, as folhas tornam-
se inicialmente cloróticas, secam e adquirem coloração
marrom, permanecendo aderidas aos pecíolos. Nessa fase,
as plantas apresentam raízes de cor cinza, cuja epiderme é
facilmente destacada, mostrando microesclerócios negros
nos tecidos imediatamente abaixo (Figuras 15a e 15b).
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Condições de desenvolvimento
Áreas onde o preparo do solo não é adequado
(compactação), permitindo a formação de "pé de grade"
resultam em plantas com sistemas radiculares superficiais,
com pouca tolerância à seca. Essas plantas são mais
vulneráveis ao ataque de Macrophomina se ocorrerem
veranicos, mesmo de poucos dias.
Em áreas de renovação de pastagens, o problema tem
sido sério devido à compactação do solo, especialmente em
solos de textura arenosa, com baixa retenção de água.
Controle
Adequada cobertura do solo com restos de cultura,
acompanhada de bons manejos físico e químico do
solo mostrou-se eficaz, por reduzir o estresse hídrico,
diminuindo a predisposição ao ataque de M. phaseolina.
Em solos compactados fazer escarificação ou subsolagem
para facilitar a penetração das raízes.
Sintomas
A partir do estádio de enchimento de grãos, pode ser
observado escurecimento (marrom-escuro) do sistema
vascular e da medula da haste (Figuras 17b e 17c) e da
raiz (sintomas internos).
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Esses sintomas podem ser acompanhados de súbita
clorose e necrose internerval de folhas (folha "carijó"),
seguidos de queda precoce (Figura 17a).
A doença não apresenta sintoma externo na haste.
Em casos severos e quando a morte de plantas ocorre
antes do completo enchimento das vagens, ocorre intensa
queda de vagens e as plantas podem apresentar rápido
murchamento das folhas que ficam pendentes ao longo
das hastes, assemelhando-se à murcha por deficiência
hídrica.
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Condições de desenvolvimento
O fungo sobrevive em restos culturais de soja e no
solo e não é disseminado por sementes. A infecção ocorre
no sistema radicular, aproximadamente 30 dias após a
germinação de sementes.
O aumento da intensidade de sintomas, tanto foliares
quanto internos na haste, é favorecido por temperatura
do ar entre 15°C a 27°C e alta umidade do solo após o
florescimento.
Controle
É obtido mediante substituição de cultivares suscetíveis
por resistentes. Rotação de culturas durante três anos
(mínimo) também é eficiente. Para evitar a introdução da
doença em novas áreas, deve-se realizar tratamento de
sementes com fungicidas (Quadro 1, p.70) e a limpeza
de máquinas e implementos. A semeadura direta tende a
aumentar a incidência da doença.
Sintomas
Pode ocorrer em reboleiras ou de forma generalizada
na lavoura (Figura 17a). A infecção na raiz inicia-se com
uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal,
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geralmente localizada a 1 - 2cm abaixo do nível do solo
(Figura 17c). Essa mancha expande-se, circunda a raiz e
passa da coloração vermelho-arroxeada para castanho-
avermelhada a quase negra.
O tecido lenhoso da haste, acima do nível do solo,
adquire coloração castanho-clara. Na parte aérea, observa-
se o amarelecimento prematuro das folhas e necrose entre
as nervuras, resultando no sintoma conhecido como folha
"carijó" (Figura 17b). Em plantas severamente afetadas, pode
ocorrer desfolha prematura e abortamento de vagens.
Figura 17: Sintomas de podridão vermelha causada por Fusarium spp.: lavoura
(a), folha carijó (b) e lesão no colo da planta (c).
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Condições de desenvolvimento
A doença costuma aparecer de duas a três semanas
antes da f1oração e se estende até as fases posteriores
ao florescimento. Cultivares com ciclo precoce tendem a
sofrer menos danos.
A podridão vermelha da raiz é mais severa em anos
chuvosos. A temperatura ideal para o seu desenvolvimento
varia de 22°C a 24°C, e temperaturas superiores a 30°C
limitam a expressão da doença.
Controle
Não há medidas satisfatórias de controle. Deve-
se evitar a semeadura em solos compactados e/ou mal
drenados.
Sintomas
Pode infectar plântulas causando tombamento ou
murcha (Figura 18a). O tombamento resulta de uma
podridão mole e aquosa que inicia-se logo abaixo do nível
do solo. Normalmente, ocorre ao longo das fileiras, dando
aparência de morte em reboleira.
SENAR·PR
39
Plântulas mortas, quando pressionadas com os
dedos, parecem chochas. Em plantas mais velhas, a
infecção causa amarelecimento das folhas que murcham
e caem.
O fungo desenvolve-se ao longo da haste da planta,
desde a região do colo, formando uma cobertura branca
de micélio, podendo produzir esclerócio de cor creme, que
se torna marrom-escuro (Figura 18b).
Figura 18: Sintomas de murcha causada por Sclerotium rolfsii (a), micélio e
esclerócios (estruturas de resistência) (b).
Condições de desenvolvimento
O tombamento de plântulas é comum em todas as
regiões produtoras de soja do Brasil.
Restos culturais em decomposição também favorecem
a ocorrência da doença.
Condições de alta umidade e calor (30°C a 35°C)
favorecem o desenvolvimento do fungo, a partir da
germinação de esclerócios ou, a partir de micélio
desenvolvido em matéria orgânica no solo. As infecções
SENAR-PR
40
l
também são comumente observadas após um período de
seca. Esclerócios desidratados são estimulados a germinar
quando a umidade retorna e exsudatos de plantas estão
presentes no solo.
O fungo pode ser transmitido por sementes, por meio
de esclerócios misturados às mesmas e por solo aderido
a equipamentos.
Controle
O fungo é capaz de infectar mais de 200 espécies
vegetais. O enterramento de restos de cultura contribui para
a decomposição de esclerócios por outros microrganismos
do solo. A ocorrência em uma área pode não se repetir em
outros anos.
Sintomas
Os sintomas podem ser encontrados em plantas de
soja em qualquer fase de desenvolvimento. Sementes
infectadas podem apodrecer ou germinar lentamente,
resultando em morte de plântulas que ficam com os
hipocótilos com aspecto encharcado e de coloração
marrom.
SENAR·PR
41
Os sintomas têm início em plantas adultas com clorose
de folhas e murcha de plantas. As folhas secam e mantêm-se
presas à haste. Esta e os ramos laterais exibem apodrecimento
de coloração marrom-escura, que circunda a haste e progride
de baixo para cima na planta, a partir da linha do solo, atingindo
vários nós. Internamente, o córtex e os tecidos vasculares
tornam-se escuros (Figuras 19a, 19b e 19c).
Condições de desenvolvimento
As condições climáticas ideais para ocorrência de
falhas na emergência e do tombamento em plântulas são
temperatura em torno de 25°C e elevada umidade no solo
SENAR-PR
42
durante a semeadura e a emergência.
Solos compactados e semeadura direta também
aumentam a intensidade da podridão. O fungo desenvolve
estruturas de resistência (oósporos), que permanecem
viáveis em restos de cultura e no solo por muitos anos.
Em estádios mais avançados, os sintomas dependem da
suscetibilidade ou da tolerância da cultivar.
Controle
Recomenda-se o uso de cultivares resistentes,
melhoria das condições de drenagem do solo e a rotação
de culturas.
Sintomas
Em anos chuvosos, durante as fases de maturação e
colheita, as vagens ficam chochas ou apodrecem, adquirem
coloração esbranquiçada a castanho-clara. Sob condição
de alta umidade, o fungo desenvolve frutificações negras
(picnídios), dispostos de forma linear nas hastes e nos
ramos (Figura 20a).
Sementes apresentam enrugamento e rachaduras
no tegumento, ficam sem brilho e cobertas com micélio de
coloração esbranquiçada a bege (Figura 20b). Sementes
SENAR-PR
43
infectadas superficialmente pelo fungo desde que possuam
boa qualidade fisiológica e quando semeadas em solo
com umidade adequada, não apresentam problemas de
emergência devido ao mecanismo de escape. Ao emergir,
a plântula deixa o tegumento infectado no solo.
Condições de desenvolvimento
o fungo sobrevive em restos de cultura ou sementes
infectadas. Somente infecções que se iniciam nas vagens
resultam em deterioração das sementes.
Períodos prolongados de umidade, associados a altas
temperaturas na maturação, favorecem a disseminação
do fungo das vagens para as sementes. Seu maior dano
é observado em anos chuvosos, nos estádios iniciais de
formação das vagens e na maturação, quando ocorre o
atraso da colheita por excesso de umidade.
SENAR-PR
44
Controle
Recomenda-se o uso de sementes sadias, tratamento
de sementes (Quadro 1, p.70); rotação de culturas,
estande adequado (200 a 250 mil plantas ha') e manejo
adequado do solo, principalmente com relação à adubação
potássica.
Durante a armazenagem de sementes em condição
ambiente, Phomopsis spp. perde a viabilidade rapidamente,
ocorrendo um aumento gradual na porcentagem de
germinação (desde que a semente possua boa qualidade
fisiológica).
O tratamento de sementes com fungicidas sistêmicos,
especialmente os benzimidazóis é altamente eficaz para a
erradicação do fungo das sementes.
SENAR·PR
45
2 DOENÇAS CAUSADAS POR
BACTÉRIAS
Sintomas
É comum na folha, mas pode atacar haste, pecíolo
e vagem.
Inicia com manchas aquosas, sem i-transparentes
quando olhadas contra a luz, que necrosam e aglutinam,
formando grandes áreas de tecido morto (Figura 21 a).
Pode haver ou não halo amarelado ao redor da mancha,
largo sob temperatura amena e estreito ou ausente sob
temperatura mais alta (mais de 27°C).
Observando a face inferior da folha (face abaxial)
permite definição exata da doença, mancha angular, de
cor negra e, nas horas úmidas da manhã, mostra uma
película brilhante, que é o exsudato da bactéria (Figura
21 b). Ataques severos causam rasgamento dos espaços
internervais e queda de folhas.
SENAR-PR
46
Controle
Não há medidas de controle recomendadas para essa
doença, por que ela não apresenta importância econômica
para a cultura.
Sintomas
Ocorrência típica de folha, mas também infecta haste,
pecíolo e vagem. As manchas são arredondadas, nunca
angulares, e de coloração parda (Figura 22a).
Na face inferior da folha (abaxial), no centro da lesão,
ocorre pequena elevação de cor esbranquiçada, parecendo
um "vulcãozinho", que dá o nome comum da doença,
pústula bacteriana (Figura 22b). Além dessa elevação,
a doença se diferencia do crestamento bacteriano pela
inexistência do brilho na face abaxial.
Em cultivares suscetíveis, o grande número de
pústulas na superfície da folha dá a aparência áspera (à
visão e ao tato). Em estádios mais avançados da cultura,
com base apenas nos sintomas, a pústula pode ser
confundida com o crestamento bacteriano.
SENAR-PR
48
Figura 22: Sintomas de pústula bacteriana causada por Xanthomonas
axonopodis pv. g/ycines parte superior (a) e parte inferior (b) da folha.
Condições de desenvolvimento
O patógeno é transmissível pela semente que não
mostra sintoma típico. Os restos de cultura também são
fontes de inóculo. Infecções secundárias são favorecidas
por chuva e por vento, aliadas às condições de umidade
elevada e temperatura alta (acima de 28°C).
A bactéria pode sobreviver na rizosfera (é a região
onde o solo e as raízes das plantas entram em contato)
da cultura do trigo e, assim, manter inóculo para a lavoura
de soja seguinte. O lab lab (Dolichus lablab) també é
hospedeiro dessa bactéria.
Controle
O principal método é pelo uso de cultivares
resistentes.
SENAR-PR
49
3 DOENÇAS CAUSADAS POR VíRUS
Sintomas
Plantas infectadas apresentam folhas trifolioladas
encarquilhadas, com algumas bolhas e com mosaico
distribuído irregularmente sobre o limbo foliar (Figura
23a).
A maturação é atrasada e é comum encontrar plantas
verdes no meio de plantas já amadurecidas.
Genótipos suscetíveis produzem sementes com
manchas. Essas manchas são marrons ou pretas, de
acordo com a cor do hilo. Há, entretanto, genótipos
suscetíveis que não produzem sementes manchadas.
Sementes sem manchas podem transmitir o vírus e originar
plântulas infectadas (Figura 23b). No entanto, nem todas
as sementes manchadas originam plântulas infectadas.
SENAR-PR
50
Figura 23: Sintomas foliares do vírus do mosaico comum da soja (a) e sementes
manchadas (b).
Condições de desenvolvimento
O vírus do mosaico comum da soja (Soybean moseic
vírus) foi introduzido no Brasil por meio de sementes
infectadas e está distribuído em todas as regiões onde
a soja é cultivada. É transmitido por pulgões, a partir de
plantas hospedeiras. Condições climáticas que favorecem
a população de pulgões contribuem para maior incidência
do vírus no campo.
Controle
À semelhança de outras viroses vegetais, a maneira
mais eficiente de se controlar essa doença por meio de
cultivares resistentes. Inúmeras cultivares de soja são
resistentes a esse vírus.
SENAR-PR
51
3.2 NECROSE DA HASTE
Sintomas
Na floração e início de formação de vagens, os sintomas
tornam-se evidentes com aparecimento da queima do broto e
da necrose das hastes, quando as plantas acabam morrendo
(Figuras 24a e 24b). O corte longitudinal das hastes mostra
escurecimento da medula (Figura 24c).
Plantas que não morrem apresentam nanismo e folhas
deformadas. Plantas infectadas podem produzir vagens,
que são deformadas e com grãos pequenos.
SENAR-PR
52
medula da haste principal, que é o principal sintoma para
diagnose desta doença (Figura 25b).
Após a morte do broto apical, as plantas produzem
excessiva brotação axilar, com folhas afiladas e de tamanho
reduzido. O crescimento é paralisado, conferindo aspecto
de planta anã. As sementes formadas podem apresentar
manchas associadas à ruptura do tegumento, que fica com
menos brilho.
Figura 25: Sintomas da queima do broto da soja causada pelo vírus da necrose
branca do fumo: plantas (a) e escurecimento da medula (b).
Condições de desenvolvimento
O vírus causador da queima do broto da soja (Tobacco
streak vírus) é transmitido por tripes e infecta diversas
espécies vegetais como o girassol e o amendoim. No
campo, a principal planta fonte de inóculo é a cravorana
(Ambrosía po/ystachya).
SENAR·PR
54
Controle
Não há cultivares resistentes. Como a população de
tripes é reduzida pela ação das chuvas, recomenda-se
semeaduras tardias, época em que a incidência da virose
permanece inferior a 15% de plantas infectadas, com
prejuízos desprezíveis.
O uso de inseticidas, por pulverização ou granulados,
aplicados junto com as sementes não forneceram controle,
visto que os tripes virulíferos mantêm a migração durante
longo período, de fora para dentro das lavouras, e
conseguem infectar as plantas antes de morrer pelo efeito
dos inseticidas.
SENAR-PR
55
4 DOENÇAS CAUSADAS POR
NEMATOIDES
Sintomas
Nas lavouras de soja com problemas de nematoides de
galhas, geralmente, observam-se manchas em reboleiras, onde
as plantas ficam pequenas e amareladas (Figura 26a).
As folhas das plantas afetadas às vezes apresentam
manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras,
caracterizando a folha "carijó". Pode não ocorrer redução
SENAR·PR
56
no tamanho das plantas e, por ocasião do florescimento,
nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento
prematuro das plantas.
Em anos em que acontecem "veranicos", na fase de
enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores.
Nas raízes das plantas atacadas, observam-se galhas em
número e tamanho variados (Figura 26b), dependendo da
suscetibilidade da cultivar e da densidade populacional do
nematoide no solo. No interior da galha estão localizadas as
fêmeas do nematoide. Essas possuem coloração branco-
pérola e têm o formato de pêra.
Controle
o primeiro passo é a identificação da espécie de
Me/oidogyne predominante na área, pelo envio de amostras de
solo e raízesde soja com galhas a um laboratóriode nematologia.
A partir do conhecimento da espécie de Me/oidogyne deve-se,
então, organizar um programa de controle.
SENAR·PR
57
Podem ser utilizadas várias estratégias de modo
integrado. Entretanto, as mais eficientes são a rotação/
sucessão com espécies de plantas não hospedeiras e a
utilização de cultivares de soja resistentes.
A rotação de culturas deve ser bem planejada, uma
vez que a maioria das espécies cultivadas multiplica
os nematoides de galhas. O cultivo prévio de espécies
hospedeiras aumenta os danos na soja semeada na
sequência. Da mesma forma, a presença de plantas
daninhas na área também possibilita a reprodução e a
sobrevivência do parasita.
Para recuperação da matéria orgânica e da atividade
microbiana do solo e para possibilitar o crescimento da
população de inimigos naturais do nematoide, também é
importante incluir, na rotação/sucessão, adubos verdes
resistentes. A adubação verde com Grata/aria spectabilis,
G. grantiana, G. mucranata, G. pau/inea, mucuna preta,
mucuna cinza ou nabo forrageiro contribuem para a redução
populacional de ambas, M. javanica e M. incognita.
Em áreas infestadas por M. javanica, indica-se a
rotação da soja com amendoim, algodão, sorgo resistente,
mamona ou milho resistente. Quando M. incognita for a
espécie predominante, poderão ser semeados amendoim
ou milho resistente.
Atualmente, cerca de 80 cultivares de soja resistentes
ou moderadamente resistentes a M. incognita e/ou a M.
javanica estão disponíveis no Brasil.
SENAR-PR
58
4.2 NEMATOIDE DE CISTO DA SOJA
Sintomas
O principal sintoma do NCS é a presença de reboleiras
com plantas com porte reduzido e clorose na parte aérea,
daí a doença ser conhecida como nanismo amarelo da
soja (Figura 27a).
Em regiões com solos mais férteis e boa distribuição
de chuva, os sintomas na parte aérea podem não se
manifestar. Assim, o diagnóstico definitivo exige sempre a
observação do sistema radicular e o envio de amostras a
um laboratório de nematologia.
Na planta parasitada, o sistema radicular fica reduzido
e apresenta, a partir dos 30-40 dias após a semeadura da
soja, minúsculas fêmeas do nematoide, com formato de
limão ligeiramente alongado e coloração branca (Figura
27b). Com o passar do tempo, a coloração vai mudando
SENAR-PR
59
para amarelo, marrom-claro e, finalmente, a fêmea morre
e seu corpo se transforma em uma estrutura dura de
coloração marrom-escura, denominada cisto, que se
desprende da raiz e vai para o solo. Cada cisto contém
cerca de 200 ovos.
Por ser muito leve e apresentar alta resistência à
deterioração e à dessecação, o cisto constitui-se numa
unidade muito eficiente de disseminação e sobrevivência.
Cada ovo tem no seu interior um juvenil de segundo estádio,
que é a forma infectante do nematoide e para a qual devem
estar voltadas todas as medidas de controle.
A disseminação do NCS se dá pelo transporte de solo
infestado. Isso pode ocorrer por meio dos equipamentos
agrícolas, das sementes mal beneficiadas que contenham
partículas de solo, pelo vento, pela água e até por pássaros
que, ao coletar alimentos do solo, podem ingerir os
cistos.
SENAR·PR
60
Controle
Em áreas onde o NCS já foi identificado, o produtor
terá que conviver com o mesmo, pois sua erradicação
é praticamente impossível. Algumas medidas ajudam a
minimizar as perdas, destacando-se a rotação de culturas
com plantas não hospedeiras e o uso de cultivares
resistentes. O ideal é a combinação dos dois métodos.
O planejamento da rotação é relativamente simples, em
função da limitada gama de hospedeiros do NCS.A substituição
da soja por uma espécie não hospedeira, por uma safra, reduz
a população do nematoide a nível que permite o retorno da
soja na safra seguinte, na maioria das condições.
Com um único cultivo de soja suscetível, a população
do NCS volta a crescer, havendo necessidade de retornar
à rotação com a espécie não hospedeira ou semear uma
cultivar de soja resistente. Na maioria das situações com
dois ou três anos seguidos de milho, a soja suscetível
pode voltar por dois anos seguidos, sem riscos de perda.
Essas indicações são válidas para condições em que o
solo esteja com o pH e a saturação por bases nos níveis
recomendados, conforme a região.
O cultivo de plantas não hospedeiras na entressafra
(maio a agosto) não mostrou ser boa opção para redução da
população do nematoide. Assim, a rotação de culturas não
deve ser substituída pela sucessão de culturas. Por outro
lado, a presença de soja voluntária ("tiguera") ou de espécies
hospedeiras na área durante a entressafra, contribui para
aumentar o inóculo para a safra de verão seguinte.
SENAR·PR
61"
o método de controle do NCS mais econômico e de
melhor aceitação pelo produtor é a utilização da resistência
genética. Contudo, a semeadura de cultivares resistentes
não deve ser a única opção, em razão da possibilidade de
quebra de resistência pela pressão de seleção. Adotar um
esquema de rotação que envolva culturas não hospedeiras,
cultivar suscetível e cultivar resistente.
No Brasil, já foram encontradas 11 raças (1,2,3,4,4+,
5,6,9,10,14 e 14+)do NCS. A quase totalidade das cerca
de 50 cultivares resistentes disponíveis são adequadas
apenas para as raças 1 e 3. Mesmo para essas duas raças,
ainda não existe material adaptado para todas as regiões
de cultivo.
Sintomas
62
plantas subdesenvolvidas (Figura 28b) diferentemente das
1
plantas sadias que apresentam porte normal (Figura 28a).
Não há ocorrência de reboleiras típicas nem formação
de galhas. O sistema radicular definha e em alguns pontos
da raiz é possível observar uma camada de terra aderida
às massas de ovos do nematoide, que são produzidas
externamente.
Fêmeas maduras têm conformação semelhante à de
um rim, daí a denominação nematoide "reniforrne".
Ainda, diferentemente das demais espécies de
nematoides que ocorrem na soja, o nematoide reniforme
não parece ter sua ocorrência limitada pela textura do solo,
ocorrendo tanto em solos arenosos quanto em argilosos.
SENAR·PR
63
Controle
As principais alternativas de controle do nematoide
reniforme são a rotação/sucessão com culturas não
hospedeiras e a utilização de cultivares resistentes.
O milho, o arroz, o amendoim e a braquiária (com
potencial de utilização em sistemas de integração lavoura/
pecuária) são resistentes e podem ser utilizados em
rotação com a soja ou o algodão. Das plantas cultivadas no
outono/inverno e utilizadas como coberturas em sistemas
de semeadura direta, são resistentes a braquiária, o nabo
forrageiro, o sorgo forrageiro, a aveia preta, o milheto e o
capim pé-de-galinha.
Como o nematoide reniforme é muito persistente
no solo, dependendo da densidade populacional, há
necessidade de dois anos de cultivo com a espécie não
hospedeira.
SENAR-PR
64
4.4 NEMATOIDE DAS LESÕES RADICULARES
Sintomas
Além da sintomatologia geral, descrita para outros
nematoides, as raízes das plantas de soja parasitadas
apresentam-se escurecidas, parcial ou totalmente (Figura
29b) ao contrário das plantas sadias que exibem raízes
claras (Figura 29c). Isso se deve ao ataque às células do
parênquima cortical, onde o patógeno injeta toxinas durante
o processo de alimentação. A movimentação do nematoide
na raiz também desorganiza e destrói células.
SENAR-PR
65
Figura 29: Sintomas causados pelo nematoide das lesões radiculares
(Praty/enchus brachyurus): lavoura (a) e raizes sadia (esquerda) e doente
(direita) (b).
SENAR-PR
66
Controle
Praty/enchus brachyurus também pode parasitar a
aveia, o milho, o milheto, o girassol, a cana-de-açúcar, o
algodão, o amendoim, alguns adubos verdes e a maioria
das plantas daninhas, o que dificulta a escolha de espécies
vegetais para inclusão na rotação/sucessão com a soja.
Estudos em casa de vegetação têm mostrado a
existência de diferença, entre e dentro das espécies
vegetais, com relação à capacidade de multiplicar o
nematoide. Espécies como algumas crotalárias, devem
ser preferidas para semeadura nas áreas infestadas, pois
possuem fator de reprodução (FR) < 1,0 (resistentes). Na
ausência de espécies vegetais resistentes, o agricultor
deve optar por semear genótipos que multipliquem menos
o nematoide (FR menores).
Avaliações realizadas em áreas infestadas com várias
cultivares não têm indicado a existência de resistência
ou tolerância. Em casa de vegetação mostraram que as
mesmas diferem bastante com relação à capacidade de
multiplicar o nematoide. Cultivares com menor FR são
as mais indicadas para semeadura em áreas infestadas.
Considerando que na maioria das lavouras afetadas, as
populações do parasita são muito elevadas, o cultivo deve
ser sempre precedido de um ano de rotação (no mínimo)
com uma espécie vegetal não hospedeira.
SENAR·PR
67
5 DOENÇAS DE CAUSA
INDETERMINADA
SENAR-PR
68
5.2 LESÃO DE CAUSA DESCONHECIDA ("LCD")
OS sintomas ocorrem na forma de pequenas lesões
circulares (pontuações) marrom-escuro e/ou na forma de
lesões circulares, em torno de 1,Ommem diâmetro, com borda
marrom e centro claro (cor de palha), bem distribuídas em toda
a folha (Figura 31) e, normalmente, em toda a planta.
Os sintomas da LCD podem ser confundidos com
a ferrugem quando se apresentam como pontuações de
coloração marrom e as lesões com centro cor de palha têm
sido confundidas com a mancha olho de rã.
Essa lesão foi identificada com maior intensidade na
safra 2006-07 no Brasil, mas já era observada, há 15 anos,
naArgentina e na Bolívia, onde não foram constatadas perdas
de produtividade. Tanto no Brasil quanto nos outros países foi
verificada diferença significativa entre as cultivares quanto à
sensibilidade ao problema.
Não foram detectados patógenos associados a essas
lesões (fungo, bactéria, vírus, nematoide). O sintoma parece
estar associado a períodos de alta pluviosidade.
Figura 31: Sintoma da LCD (lesão de causa desconhecida).
SENAR-PR
69
6 PRODUTOS RECOMENDADOS
Quadro 1: Fungicidas e respectivas doses, para o tratamento de sementes
de soja. XXXI Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil.
Brasilia - DF, 2010.
Dose/100 kg de semente'
Nome comum Ingrediente ativo (gramas)
·
Produto comercial 2
I. Fungicidas
• Produto comercial (g ou mil
de contato
captan 90g
·
thiram
Captan 750 TS • 120g
70 9 (SC) ou 144 9 (TS)
· Rhodiauran 500 SC
• Thiram 480 TS
• 140ml
• 300ml
tolylfluanid 50g
· Euparen M 500 PM
11. Fungicidas sistêmicos
• 100g
carbendazin 30g
·Derosal 500 SC
carbendazin + thiram
• 60ml
30g + 70g
· Protreaf
carboxin + thiram
• 200ml
75g + 75g ou 50 + 50g
• Vitavax + Thiram PM4 • 200g
• Vitavax + Thiram 200 SC3.4 • 250ml
difenoconazole 5g
· Spectro
fludioxonil + metalaxyl - M
• 33m I
2,5g + 19
· Maxim XL4
piraclostrobina + tiofanato metílico +
• 100ml
5 9 + 45g + 50g
fipronil"
• Standak Top • 200ml
thiabendazol 17g
• Tecto 100 (PM eSC) ·170gou31ml
thiabendazol + thiram 17g + 70g
• Teqrarrr' • 200ml
tiofanato metílico 70g
SENAR-PR
70
PRECAUÇÃO
CUIDADOS: devem ser tomadas precauções na ma-
nipulação dos fungicidas, seguindo as orientações do
rótulo dos produtos.
A empresa detentora é responsável pelas informações de eficiência para registro dos produtos.
1 g i.a. = gramas de ingrediente ativo.
I ou kg de p.C.= litros ou quilogramas de produto comercial.
Adicionar Nimbus 0,5% v./v. aplicação via pulverizador tratorizado ou 0,5 I ha'
Adicionar 250ml ha' de óleo mineral ou vegetal.
Adicionar 0,25% v/v de óleo metilado de soja (Aureo).
SENAR-PR
71
Quadro 5: Fungicidas registrados para o controle da meia (Rhizoctonia solam).
XXXI Reunião de Pesquisa de Soja da Região Central do Brasil. Brasilia - DF,
2010.
Dose tna
Nome
Nome comum I ou kg
comercial 9 -I.a. 1
de P.c.2
pyraclostrobina + epoxiconazol Opera 66,5 + 25; 0,50 a
79,8+30 0,60
trifloxystrobina + tebuconazol Nativo3 50+100; 0,50 a
60+120 0,60
A empresa detentora e responsavel pelas informações - ..
de eflciência para registro dos
produtos.
ATENÇÃO
SENAR-PR
74
REFERÊNCIAS
75
Pesquisa de Soja, Rondonopólis, n.11, p.173-183, 2007.
SENAR-PR
76
E~
Soja
Rodovia Carlos João Stress, s/n, acesso Orlendo Amaral
CEP 86001-970 Caixa Postal 231 - Distrito de Warta - Londrina PR
Telefone (43) 3371 6000 Fax (43) 3371 6100
[email protected]
www.cnpso.embrapa.br
Ministério da
Agricultura, Pecuária Governo
e Abastecimento Federal
y Sistema de Gestão
da Qualidade Certificado
SENAR ~Ol
PARANÁ
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
Administração Regional do Estado do Paraná
Rua Marechal Deodoro, 450 - 16° andar
Fone: (41) 2106-0401 - Fax: (41) 3323-1779
80010-010 - Curitiba - Paraná
e-mail: [email protected]
www.sistemafaep.org.br