Monitoramento de Rolamento em
Baixa Rotação
BTM-09
Os rolamentos que trabalham em baixa velocidade
geralmente tendem a ser grandes, pesados, caros e difíceis
de substituir.
Uma máquina lenta geralmente é um ativo grande e crítico
para o processo, portanto, monitorar sua condição é uma
tarefa fundamental.
É um equívoco comum o técnico de monitoramento
acreditar que os rolamentos que operam em baixas
velocidades não podem ser efetivamente monitorados.
Algumas técnicas que trabalham em região ultrassônica
são utilizadas para detecção como emissão acústica e
outras ferramentas presentes em coletores de dados:
Shock Pulse, Spike Energy e HFD.
Nesse artigo vamos nos deter a técnicas que utilizam a
demodulação de sinal, mais especificamente, o envelope.
A grande questão nesse caso não é a rotação em si, mas
qual a energia o rolamento gera no impacto do elemento
rolante com o defeito e por qual meio essa energia terá
que viajar até chegar no acelerômetro.
Se alguns cuidados forem tomados, isso ajudará muito a
captura de sinal de um rolamento com defeito operando
em baixa rotação.
Nesse boletim vamos falar de alguns pontos importantes
que ajudarão nesse quesito.
O que é baixa rotação?
Isso é uma pergunta muito relativa e depende muito da
perspectiva do técnico.
Na indústria de óleo e gás, muitas máquinas críticas,
como turbo máquinas, trabalham em velocidades entre
6000 e 10000 rpm. Assim, uma bomba que trabalha a
1500 rpm pode ser considerada lenta.
Na indústria de papel e celulose, os rolamentos mais
críticos da máquina de papel podem estar funcionando
em torno de 300 rpm.
Portanto, a mesma bomba funcionando a 1.500 rpm
pode ser que seja considerada rápida.
A banda ISO para velocidade está definida entre 10 e
1.000 Hz. Portanto, uma definição geral de “lento” é
qualquer coisa abaixo de 600 rpm. Pode ser uma outra
referência.
De qualquer forma, não dá para definir o que é baixa
rotação. Mais uma vez, tudo depende da energia gerada
no momento do impacto e por qual meio esse sinal tem
que “viajar” até chegar no sensor. Muitas vezes depende
de um estudo sobre os dados coletados na rotina de
inspeção para definirmos qual a melhor ferramenta de
monitoramento dentro da análise de vibrações.
Cuidados ao monitorar rolamentos em baixa
rotação
Alguns pontos devem ser observados ao monitorar
rolamentos trabalhando em baixa rotação. Esses
cuidados ajudam muito na captura do sinal. O que deve
ser ressaltado é que o tempo de coleta é relativamente
elevado, mas isso é inerente à condição. Se o rpm é
baixo, os eventos demoram para acontecer.
Pontos a serem observados para uma boa coleta em
baixa rotação:
Fixação de sensor
Primeiro ponto a ser citado é quanto à fixação do
acelerômetro: como e onde. O mais indicado é fixar o
sensor com parafuso e na zona de carga do rolamento,
pois é a região onde os impactos terão maior intensidade
e com parafuso para uma melhor captura desse sinal.
Um erro comum é usar uma fixação por base magnética.
Esse método é improvável que produza um bom
resultado. É necessário um método rígido.
Outra recomendação quanto à fixação é passar um filme
de graxa entre o sensor e a superfície do mancal. Para
isso pode ser utilizado uma graxa de consistência 2 muito
comum nas oficinas.
A imagem ao lado ilustra a variação de do range de
frequência de um sensor em função do método de
fixação.
Abaixo temos uma comparação entre os dados registrados de dois sensores
idênticos de 100mV/g:
Um montado por parafuso e outro com montagem magnética.
Isso é verdade para a maioria das medições, mas particularmente para máquinas de
baixa velocidade.
A imagem abaixo compara o sinal entre dois sensores: um fixado na zona de carga e
outro fora da zona de carga.
Realizar a coleta em forma de onda (domínio do tempo) e eliminação das
médias
Detecção de defeitos de rolamento em baixa rotação é aconselhável que se faça em
forma de onda pois a análise espectral pode não apresentar o sinal que daria a
evidência do dano. Isso pode ocorrer pois, em baixas rotações, o sinal pode não
estar sempre presente devido ao nível de energia. Pelo mesmo motivo da
possibilidade do sinal não estar sempre presente é recomendável que se elimine as
médias ou que se faça apenas uma única média.
Obs.: o tempo da forma de onda deve ser suficiente para conter de 5 a 10 eventos
do sinal que se deseja observar. No exemplo abaixo de 5P a 10P.
No software o tempo da forma de onda obedece a seguinte expressão
Tempo da forma de onda = No de linhas / Freq. Máx
Realizar as utilizando a técnica de envelope
Numa primeira análise, alguém poderia pensar que as medições em velocidade
ou deslocamento seriam os melhores indicadores de defeitos de rolamentos em
baixas rotações. Mas não é isso que ocorre. Mesmo em baixas rotações o sinal
gerado num defeito de rolamento é de alta frequência. Assim a aceleração, a
priori, seria a melhor medida. Mas ainda temos um problema com o sinal de
aceleração. Muitas vezes o ruído de fundo (carpete) e outros sinais da máquina se
sobressaem em relação ao sinal de defeito do rolamento. Contudo, a técnica de
envelope possui processamento eletrônico de filtragem e demodulação, que extrai
o sinal de baixa energia referente ao defeito de rolamento dos demais sinais
gerados pela máquina.
Configurar o coletor para modo contínuo de medição e esperar que o eixo
descreva ao menos 3 voltas
Como dito anteriomente, em baixas rotações, o sinal pode não estar sempre
presente. Assim é importante que o coletor seja configurado para modo contínuo
de medição. Essa configuração é realizada dentro da opção “Config” quando o
coletor está na função de “Rota”.
Dentro desse modo “Contínuo” deixe a medição aberta pelo tempo de 3 voltas do
eixo, no mínimo. Isso porque a gaiola gira tipicamente a 0,4 vezes a rotação. Assim,
no término de 3 voltas, a gaiola descreveu um giro completo e aí podemos afirmar
que, em algum momento, todos os elementos girantes passaram pelo
acelerômetro, caso o defeito se encontre em um deles.
Início do giro – anel Anel interno 1 volta Anel interno 2 voltas Anel interno 3 voltas
interno alinhado com a completa. Gaiola 40% completas. Gaiola 80% completas. Gaiola 1,2
gaiola. de 1 volta. de 1 volta. voltas.
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