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Estudo de Cobrança Pelo Uso de Recursos Hídricos: Bacia Hidrográfica Do Rio Grande

O estudo propõe um mecanismo de cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, visando a gestão eficiente e a solução de problemas identificados no PIRH-Grande. A pesquisa incluiu questionários e entrevistas com usuários e entidades, resultando em seis cenários de implementação da cobrança. O objetivo é promover o uso racional da água e garantir a arrecadação necessária para a gestão dos recursos hídricos na região.
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Estudo de Cobrança Pelo Uso de Recursos Hídricos: Bacia Hidrográfica Do Rio Grande

O estudo propõe um mecanismo de cobrança pelo uso de recursos hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, visando a gestão eficiente e a solução de problemas identificados no PIRH-Grande. A pesquisa incluiu questionários e entrevistas com usuários e entidades, resultando em seis cenários de implementação da cobrança. O objetivo é promover o uso racional da água e garantir a arrecadação necessária para a gestão dos recursos hídricos na região.
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ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE


ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Apresentação 03
Bacia hidrográfica do rio Grande 04
Desafios identificados e endereçados pelo PIRH-Grande 08
Demandas financeiras e o papel da cobrança 11
Cenários de implementação da cobrança 14

Benefícios do fomento à agenda setorial pela implementação da cobrança 16


Benefícios potenciais da universalização do esgotamento sanitário 16
Benefícios potenciais do controle de perdas na distribuição de água 18
Benefícios potenciais do reúso de água na agricultura irrigada 20
Benefícios potenciais dos serviços ecossistêmicos de retenção de sedimentos 22

Desenvolvimento de mecanismo de cobrança para os rios federais na bacia do rio Grande 25


Resultados do mecanismo de cobrança 28
Simulações do mecanismo de cobrança 32
Comparações entre mecanismos de cobrança 36
Conclusões e recomendações finais 38
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Este material de divulgação apresenta a síntese do Estudo de Subsídio à Implementação da Cobrança pelo uso
de Recursos Hídricos na Bacia Hidrográfica do Rio Grande, contratado pela Agência Nacional de Águas e
Apresentação Saneamento Básico (ANA) e elaborado pelo Consórcio EnvEx-Ferma entre junho de 2021 e março de 2022¹. O
estudo é previsto no Programa 07 do Componente Estratégico de Instrumentos de Gestão dos Recursos
Hídricos do Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Grande (PIRH-Grande), elaborado em 2017 e
aprovado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Grande (CBH-Grande, https://www.cbhgrande.org.br).

O objetivo do estudo é a proposição de mecanismo de cobrança pelo uso de recursos hídricos nos rios de
domínio da União, mediante a definição de objetivos a serem perseguidos e vinculação com a solução de
problemas identificados pelo PIRH-Grande. Os mecanismos de cobrança propostos estabelecem o nexo entre
os objetivos do PIRH-Grande e os objetivos da cobrança, explicitando o propósito deste importante
instrumento de gestão dos recursos hídricos² e permitindo o acompanhamento tanto dos montantes
arrecadados quando da aplicação de seus proventos.

Como insumo para o estudo, aplicou-se questionário online junto a usuários dos recursos hídricos (com 53
participações), bem como realizaram-se entrevistas com 29 representantes de 15 usuários, entidades
representativas e órgãos gestores de recursos hídricos da bacia. Além da estimação do custeio da Entidade
Delegatária e dos recursos necessários para a gestão do PIRH-Grande, foi realizado o custeio de quatro
orçamentos associados ao PIRH-Grande (coleta e do tratamento de esgoto, reúso de água para agricultura
irrigada, controle de perdas na distribuição de água e prestação de serviços ecossistêmicos hídricos de
retenção de sedimentos). Adicionalmente, estudos econômicos foram realizados para as 16 principais
atividades econômicas usuárias das águas de domínio da União na bacia, desvendando os preços sombra e os
valores de indução econômica. O desenvolvimento e a aplicação de um modelo econômico específico para a
alocação e otimização de preços unitários permitiram a proposição de mecanismo de cobrança eficiente no
cumprimento de suas funções de incitar o uso racional e promover a arrecadação necessária para que o
Comitê de Bacia desempenhe suas funções e implemente o PIRH-Grande.

Importante destacar que a cobrança pelo uso de recursos hídricos é de responsabilidade dos Comitês de
Bacias Hidrográficas (CBHs), sendo que o estudo subsidia o CBH-Grande em sua deliberação qualificada sobre
a temática. Para tal, são propostos e simulados seis cenários alternativos de implementação da cobrança. Os
cenários, graduais em sua ambição e correspondente nível de cobrança e arrecadação, consideram um ciclo
de 10 anos que endereça as áreas quali-quantitativamente críticas da bacia e a situação diagnosticada e
prognosticada no PIRH-Grande.

¹Contrato ANA nº 008/2021, em conformidade com o Projeto Básico do Edital de Concorrência nº 02/ANA/2019, Processo nº 02501.002454/2019-18.
²Mais informações podem ser obtidas em: https://www.gov.br/ana/pt-br/assuntos/gestao-das-aguas/politica-nacional-de-recursos-hidricos/cobranca 03
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE


Com um território de 143.255 km², a Bacia Hidrográfica do Rio Grande Não obstante, 69% do volume captado ocorre em rios federais (ANA, 2018).
(BH-Grande) ocupa áreas dos estados de São Paulo (40% do total, Da totalidade de municípios, 189 deles mantém captações em rios federais
abrangendo 179 municípios) e de Minas Gerais (60% do total, (48%), sendo que 98 destes são em Minas Gerais e os demais 91 em São
abrangendo 214), apresentando um PIB de R$ 349 bilhões em 2018). Paulo.
A bacia é subdividida em 14 Unidades de Gestão Hídrica (UGHs), A BH-Grande se destaca por abrigar importantes centros urbanos paulistas
correspondentes às bacias hidrográficas afluentes ao rio Grande, sob e mineiros, como, no primeiro caso, os municípios de Ribeirão Preto, São
a atuação dos comitês estaduais. O aproveitamento dos recursos José do Rio Preto, Campos do Jordão, Franca, Mogi Guaçu, Araras,
hídricos culmina em demanda hídrica média de 83 m³/s. Dos corpos Catanduvas e, no segundo, Uberaba, Poços de Caldas, Pouso Alegre,
hídricos superficiais, 36,2% estão sob domínio do estado de São Barbacena, Varginha, Passos, Lavras, Itajubá, São João Del Rei e Alfenas.
Paulo, 51,4% sob o domínio do estado de Minas Gerais e apenas
12,4% são de domínio da União.

UBERABA
FRUTAL G8

U8
U15 U12
BARRETOS FRANCA FORMIGA
PASSOS

S. J. DO RIO PRETO G7
G2
UNIDADES DE GESTÃO HÍDRICA (UGHS) CATANDUVA RIB. PRETO
M.S. MINAS
S.J. DEL
REI
DA BACIA DO RIO GRANDE G6
U4 G3 ALFENAS LAVRAS BARBACENA

VARGINHA
U9
Rios Federais ARARAQUARA
POÇOS DE CALDAS
3 CORAÇÕES
G1
Reservatórios e Lagos SÃO CARLOS G6 POUSO
G4 AIURUOCA
ALEGRE
Manchas Urbanas MOGI GUAÇU G5 ITAJUBÁ
UGHs Minas Gerais ARARAS

UGHs São Paulo C. DO JORDÃO

BH do Rio Grande UI
04
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Segundo a base do Cadastro Nacional de Usuários de Recursos CAPTAÇÕES FEDERAIS NA BACIA DO RIO GRANDE
Hídricos³, a Bacia Hidrográfica do Rio Grande registra quase 19 mil
intervenções de captação de recursos hídricos superficiais e
TOTAL GERAL 1.802.583.771 2.593
subterrâneos, bem como de lançamento de efluentes, sendo que POR FINALIDADES VOLUME M²/A PONTOS OUTORGADOS
aproximadamente 3,5 mil são de domínio federal.
Irrigação 1.072.186.661 59% 1.532 59%
Selecionando-se do montante de domínio da União as outorgas em Indústria 361.845.662 20% 164 6%
operação e com direito de uso, tem-se o universo de análise de 2.593
Abast. Humano 274.148.441 15% 269 10%
interferências de captação superficial e 274 de lançamento,
correspondendo, respectivamente, a 1,8 bilhões m³/ano e 0,4 bilhão Mineração 35.243.776 2% 419 16%
de m³/ano. Criação Animal 27.38.587 2% 65 3%

Praticamente 21% do volume de captação está situado em trechos de Geração de Energia 19.612.855 1% 5 0%
rios federais da UGH Mogi - Guaçu (UGRHI-9), enquanto as UGHs Outros 12.207.798 1% 139 5%
Entorno do Lago de Furnas (GD-3), Afluentes Mineiros do Baixo Rio
Grande (GD-8), Sapucai - Mirim e Grande (UGRHI-8) e Rio Pardo/SP
(UGRHI-4), concentram aproximadamente 52% do volume outorgado.
LANÇAMENTOS FEDERAIS NA BACIA DO RIO GRANDE
Quanto ao lançamento, verifica-se que a UGH Mogi - Guaçu (UGRHI-9)
concentra mais de 50% do volume, enquanto a UGH Rio Pardo/SP TOTAL GERAL 392.844.667 274
(UGRHI-4) concentra quase 19%; as demais UGHs possuem
POR FINALIDADES VOLUME M²/A PONTOS OUTORGADOS
participação inferior a 6,5% cada, e somam juntas um percentual de
27%. Indústria 185.523.278 47% 73 27%

Abast. Humano 126.667.275 32% 79 29%

Mineração 64.735.545 16% 71 26%

Criação Animal 14.487.533 4% 33 12%

Geração de Energia 931.490 0% 7 3%

Outros 499.547 0% 11 4%

³Cadastro Nacional de Usuários de Recursos Hídricos (CNARH), instituído pela Resolução ANA
nº 317/2003 e componente do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos
(SNIRH), é destinado ao cadastramento de interferências nos corpos hídricos.
05
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Espacialização dos volumes outorgados de captação em


rios de domínio da União.
Rios Federais
Reservatórios e Lagos
Unidades de Gerenciamento Hídrico
Arquétipos Críticos Qualitativo
Arquétipos Críticos Quantitativo
Bacia do Rio Grande
G8

U8
U15 U12

G7
G2

U4
G6 G3

VOLUME TOTAL M³/ANO U9


G1
0 - 705.815
G6 G4
705.816 - 2.809.780
G5
2.809.781 - 7.776.000

7.776.001 - 21.324.672
UI

21.324.673 - 48.384.000

06
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Espacialização dos volumes outorgados de lançamento de Rios Federais


efluentes em rios de domínio da União. Reservatórios e Lagos
Unidades de Gerenciamento Hídrico
Arquétipos Críticos Qualitativo
Arquétipos Críticos Quantitativo
Bacia do Rio Grande

G8

U8
U15 U12

G7
G2

U4 G6 G3

U9
VOLUME TOTAL M³/ANO G1
0 - 450.000 G6 G4
450.001 - 1.500.000
G5
1.500.001 - 3.500.000

3.500.001 - 6.000.000 UI

6.000.001 - 43.200.000

07
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

DESAFIOS IDENTIFICADOS E ENDEREÇADOS PELO PIRH-GRANDE


Segundo o Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia (PIRH- O Plano de Bacia realizou uma abordagem dos problemas por meio
Grande), a gestão das águas do Rio Grande enfrenta diversos de arquétipos qualitativos e quantitativos (casos-tipo onde os
desafios, dentre eles a ocorrência de extensas áreas críticas, resultados de balanço hídrico quali e quantitativos são críticos, serão
identificadas como tendo demandas hídricas de retirada no limite ou críticos ou mesmo tendem a deixar de sê-lo) que permitem a leitura
acima do limite da disponibilidade e/ou trechos de corpos d'água que clara, direta e temporal sobre a localização dos conflitos e
apresentam concentração alta ou excessivamente alta de poluentes. consequente necessidade de gestão.

Foram identificadas 6 classes de arquétipos para cada aspecto


(qualitativo e quantitativo) por meio de cruzamentos entre a
intensidade e a direção dos resultados dos balanços hídricos
ASPECTO QUALITATIVO
respectivos, considerando também os resultados dos 4 cenários
CRÍTICO para 2030 (Tendencial, Moderado, Acelerado e Contingência).

ÁREA QUALI E QUANTI No presente estudo, foram consideradas áreas críticas aquelas com
CRÍTICOS arquétipos quali e/ou quantitativos de classe 5 e 6, sob as quais
localizam-se a fração de 13% do volume captado e 33% do volume
lançado (universo de outorgas de domínio da União).
ASPECTO QUANTITATIVO
CRÍTICO

ÁREA NÃO - CRÍTICA

13% DO
VOLUME
CAPTADO
33% DO
VOLUME 08
LANÇADO
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Conforme o PIRH-Grande (2018), é possível identificar as UGHs mais críticas: no componente


quantitativo, são a GD: 03 e 08 na porção mineira e a UGRHI: 04, 08, 09, 12 e 15 na porção paulista.

Já para o componente qualitativo, destacam-se as UGHs GD: 02, 03 e 08 e as UGRHI: 04, 09 e 15.

Algumas demandas quantitativas se sobressaem na composição das áreas críticas, tais como as
retiradas para a irrigação (todas as UGHs à exceção da UGRHI 01) e para o abastecimento
industrial (GD 01, 03, 04, 05 e 06). Da mesma forma, para o lançamento de poluentes sobressaem-
se o esgotamento sanitário inadequado da área urbana (todas as UGHs, sem exceção) e o
lançamento de efluentes industriais (UGRHI 04, 09 e 12).

De forma a promover a sustentabilidade hídrica da Bacia Hidrográfica do Rio Grande e a


sustentabilidade operacional de seu PIRH, foram delineados três componentes estratégicos
(Conservação dos Recursos Hídricos; Governança; e Instrumentos de Gestão) que aninham 17
programas alocados em horizontes de curto (2018-2020), médio (2021-2025) e longo prazos
(2026-2030) (PIRH-Grande, 2018).

Parte do rol de programas que endereça as situações-problema identificadas na bacia inclui: a


gestão da demanda e da oferta quantitativa de recursos hídricos, a implementação do
enquadramento/reenquadramento dos corpos d'água, o fortalecimento da outorga e da
fiscalização dos usos de recursos hídricos, a regularização dos usos dos recursos hídricos, a
adequação da rede de monitoramento quanti-qualitativo, o controle das cargas poluidoras, a
conservação hidroambiental, a educação para conservação e gestão dos recursos hídricos, a
implantação da Agência de Bacia e a gestão do Banco de Dados da Bacia do Rio Grande (SNIRH).

Para a consecução de seus objetivos, o PIRH-Grande trabalha com uma previsão orçamentária de
R$ 274,62 milhões, valor que contempla plenamente a sua gestão e a elaboração de estudos e
projetos, bem como a execução de alguns serviços e obras.

O enfoque do orçamento é propositalmente dado às ações com vistas à implementação dos


instrumentos de gestão e ao fortalecimento institucional do Sistema Nacional de Gerenciamento
de Recursos Hídricos (SINGREH).
CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

09
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Diversas obras e serviços, no entanto, não puderam ter seus custos As atividades ao lado listadas exemplificam os potenciais desdobramentos
estimados pelo Plano, pois dependem do resultado de estudos e de que podem derivar dos estudos previstos pelo PIRH-Grande.
ações a serem desenvolvidos no âmbito de sua própria execução. Adicionalmente, o Plano apresenta a denominada “Agenda Setorial”, que
contempla programas de execução finalística de elevada dependência de
Dentre estes, podem-se vislumbrar: articulação com um ou vários setores usuários.

Muito embora o Comitê de Bacias não seja exclusivamente responsável


pelo andamento dessa agenda, certamente é um de seus essenciais
fomentadores, podendo vir a articular os atores envolvidos e a financiar as
IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS DE BARRAMENTO PARA
análises socioeconômicas de custo-benefício para priorizar investimentos
REGULARIZAÇÃO DE VAZÕES PARA USO EM IRRIGAÇÃO;
e alternativas estratégicas, projetos básicos e executivos, estudos
ambientais (exceto custos ambientais e licenciamentos) e outros serviços
IMPLANTAÇÃO DE ESTRUTURAS COMPARTILHADAS DE
técnicos especializados de engenharia e de planejamento.
TRATAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS, PROMOVENDO
GANHOS DE ESCALA PARA OS ENVOLVIDOS; Da agenda setorial, destacam-se os investimentos para universalização do
esgotamento sanitário, o controle de perdas na distribuição de água, o
reúso de água e a promoção da conservação hidroambiental. Estas quatro
PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIA E APOIO TÉCNICO AOS IRRIGANTES atividades refletem parte significativa do que é prescrito pelo componente
VISANDO MAIOR EFICIÊNCIA NO MANEJO DA IRRIGAÇÃO; estratégico de conservação dos recursos hídricos do PIRH-Grande.

De fundamental importância para que o Comitê de Bacias tenha capacidade


IMPLANTAÇÃO DE BANHADOS CONSTRUÍDOS (WETLANDS) PARA
de execução de suas funções de gestão e de fomento à agenda setorial,
REDUÇÃO DE CARGAS POLUIDORAS EM ÁREAS COM CORPOS
está a criação da Agência da Bacia ou Entidade Delegatária.
RECEPTORES COM PEQUENA CAPACIDADE DE ASSIMILAÇÃO DAS
CARGAS REMANESCENTES; E
O processo de criação de tal instituição deve ser iniciado por solicitação do
CBH com posterior aprovação pelos conselhos de recursos hídricos (CNRH
RECUPERAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE NASCENTES EM ÁREAS DE ou CERHs), estando condicionado à comprovação da viabilidade financeira
RECARGA DE AQUÍFEROS. assegurada pela cobrança pelo uso de recursos hídricos, até o limite de 7,5%
do valor arrecadado.

10
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

DEMANDAS FINANCEIRAS E O PAPEL DA COBRANÇA

O PIRH-Grande deixa clara a necessidade de se estabelecer a


cobrança pelo uso de recursos hídricos, bem como a criação da
Agência de Bacia.

Importante lembrar que não compete somente à cobrança


assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade
de água, em padrões adequados aos respectivos usos, sendo esse o
objetivo da Política Nacional de Recursos Hídricos (Art. 19 da Lei nº
9.433/1997).

No âmbito da Política, a cobrança é um dos instrumentos de gestão,


ao lado dos planos de recursos hídricos, enquadramento dos corpos
de água, outorga dos direitos de uso e sistema de informações.

Nesse contexto, busca-se estabelecer o elo entre os objetivos do


PIRH-Grande e os objetivos de aplicação do instrumento da cobrança
por meio da sistematização da demanda total de recursos para a
plena implantação do PIRH-Grande e do papel que a cobrança pode
assumir.

Cada um dos componentes das necessidades financeiras pode ser


ao menos fomentado pela cobrança, como se apresenta na figura a
seguir, que assume a participação potencial dos recursos da
cobrança para cada caso.
CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

11
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

DEMANDA TOTAL DE RECURSOS PARA


A IMPLANTAÇÃO DO PIRH - GRANDE E SEUS PARTICIPAÇÃO POTENCIAL DOS
ORÇAMENTOS ASSOCIADOS (AGENDA SETORIAL) RECURSOS DA COBRANÇA NAS DEMANDAS
FINANCEIRAS TOTAIS NO CICLO DE 10 ANOS

INSTRUMENTOS DE
GESTÃO (SINGREH) COBERTURA DE 72% DO ORÇAMENTO
R$22,10 Orçamento do PIRH Grande, IDENTIFICADO PELO PIRH - GRANDE COMO R$159,2
milhões/ano com foco no fortalecimento do
ADVINDO DE RECURSOS DO GOV. FEDERAL E DA
APOIO E MANUTENÇÃO
SINGREH
PRÓPRIA COBRANÇA milhões
DO COMITÊ DE BACIA

4
COMPONENTES
MANUTENÇÃO DA
ENTIDADE DELEGATÁRIA
~R$1,5
milhão/ano
Estimativas p/ manutenção da
Entidade Delegatária do CBH-Grande,
varia de acordo com a quantidade e
complexidade de projetos a executar
COBERTURA TOTAL (100%) DA DEMANDA DE
RECURSOS DA ENTIDADE DELEGATÁRIA
~R$15
milhões

PRINCIPAIS AÇÕES DERIVADAS DO ~R$106 Aproximado pelo custo COBERTURA TOTAL (100%) DAS AÇÕES ~R$106
COM NECESSIDADES DERIVADAS DE ESTUDOS DO PIRH - GRANDE
PIRH - GRANDE de elaboração de PMSB do PIRH
milhões milhões
FINANCEIRAS
UNIVERSALIZAÇÃO DO ~R$1.726 Custo de implantação de rede ~R$138
ESGOTAMENTO coletora e estações de tratamento COBERTURA DE 8% (FRAÇÃO TÍPICA DO CAPEX
milhões
QUE É DESTINADA A ESTUDOS DE ENGENHARIA,
milhões
JURÍDICOS E AMBIENTAIS) PARA FOMENTAR DE
CONTROLE DE PERDAS ~R$844 Custos estimados para cada ~R$68
AGENDA SETORIAL FORMA PROATIVA A AGENDA SETORIAL
NA DISTRIBUIÇÃO milhões
nível de perda em cada município
milhões
~R$9,18 bilhões Construção de emissários COBERTURA DE 12% (FRAÇÃO DO CAPEX
(estimativas próprias
REÚSO DE ÁGUA NA ~R$3.143 e elevatórias entre ETEs e TIPICAMENTE DESTINADA A ESTUDOS E ~R$377
de investimento para o AGRICULTURA IRRIGADA milhões pontos de captação para irrigação MODELAGENS) PARA FOMENTAR A AGENDA milhões
total de recursos
necessários na bacia)
COBERTURA DE 25% PARA CUSTEAR PARTE DA
SERVIÇOS ~R$3.364 Restauração da vegetação RESTAURAÇÃO, ESTUDOS DE BASE E PARA ~R$841
nativa em áreas prioritárias
ECOSSISTÊMICOS milhões FOMENTAR APARTICIPAÇÃO DE OUTROS milhões
para recursos hídricos
ATORES E PROPRIETÁRIOS RURAIS

TOTAL ESTIMADO PARA OS DEZ ANOS (MILHÕES) ~R$1.705


TOTAL ESTIMADO POR ANO (MILHÕES) ~R$170,5

12
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

O conjunto total de demanda de recursos é amplo e bastante intenso


em investimentos, claramente não se concebendo sua execução em
um único momento.

As inversões, afinal, deverão se desdobrar em metas de execução de


atividades do programa correlato do plano de bacia, o que faz com
que, em termos ideais, o tempo deva estar contido no ciclo pré- COBRANÇA PELO USO DE
definido pelo próprio Comitê de Bacia para a atualização ou revisão
do plano. RECURSOS HÍDRICOS

Dado o horizonte de 15 anos do PIRH-Grande e o tempo transcorrido


desde seu estabelecimento formal (2017), prevê-se o prazo de 10
anos como ideal para a execução das atividades, coerente tanto com
a amplitude de recursos estimada como em relação à expectativa de EFEITO INCITATIVO EFEITO ARRECADATÓRIO
se rever o Plano. : :
Sinalizar o valor econômico Viabilizar a gestão da bacia
do recurso natural, hidrógráfica (instrumentos
promovendo assim do SINGREH e
Consequentemente, a somatória da participação potencial dos seu uso racional Agência/Entidade Delegatária)
recursos da cobrança pelo uso de recursos hídricos nas demandas e o fomento à agenda setorial
financeiras totais do PIRH-Grande e da Agenda Setorial é de R$
170,54 milhões por ano, na média, ao longo de dez anos.

Esse montante pode ser visto como a demanda máxima de O instrumento da cobrança, no entanto, não tem como único objetivo a
arrecadação pela cobrança na bacia, incluindo todos os domínios arrecadação: um de seus fundamentais papéis é incitar a mudança de
(União e estaduais). comportamento dos usuários, sinalizando o valor de escassez do recurso
natural e promovendo seu uso racional. Um maior controle de uso por parte
Destaca-se que a disponibilidade de recursos da cobrança poderá se dos usuários pode propiciar a regressão do estado crítico da bacia e, por
tornar um elemento definidor no quesito de viabilidade da Agenda consequência, a conformação dos cenários de criticidade acaba mudando
Setorial - especialmente após a Resolução ANA nº 53/2020 que ao longo do tempo.
regulamenta o acesso dos recursos a tomadores da iniciativa
privada, sobretudo os usuários pagadores. Dessa forma, inclusive, a cobrança deve ser revista periodicamente para
possibilitar o atingimento de metas atualizadas ou revisadas do Plano de
Bacia, refletindo a realidade dinâmica da bacia hidrográfica.

13
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

CENÁRIOS DE IMPLEMENTAÇÃO DA COBRANÇA


Importante destacar que a cobrança pelo uso de recursos hídricos é de
responsabilidade dos Comitês de Bacias Hidrográficas (CBHs), sendo que
o presente estudo busca subsidiar o CBH-Grande para sua deliberação
qualificada sobre a temática.

Para tal, são propostos e simulados seis cenários alternativos de


implementação da cobrança, graduais em sua ambição e correspondente
nível de cobrança e arrecadação. Os cenários consideram um ciclo de 10
anos que endereça as áreas quali-quantitativamente críticas da bacia e a
situação diagnosticada e prognosticada no PIRH-Grande.

Os seis cenários pressupõem a plena cobertura do orçamento de gestão do


PIRH-Grande que é alocado à cobrança, bem como a cobertura de todos os
custos com a Agência de Bacia ou Entidade Delegatária.

Os cenários variam, no entanto, em relação ao grau de ambição quanto ao


fomento da Agenda Setorial, calibrados por meio da priorização de seus
investimentos necessários e da fração potencialmente coberta pela
cobrança.

No total, tem-se que o cenário de maior ambição requer uma arrecadação


de R$ 107 milhões por ano, enquanto o de menor ambição prevê uma
arrecadação de R$ 17 milhões /ano.

Enquanto o primeiro permite grande protagonismo no fomento da Agenda


Setorial na bacia, o último é compreendido como o mínimo necessário para
a implementação do instrumento de cobrança.

14

CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA


ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

CENÁRIOS GRADUAIS EM AMBIÇÃO E CORRESPONDENTE


NÍVEL DE COBRANÇA E ARRECADAÇÃO, CONSIDERANDO CICLO DE 10 ANOS

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

PRIORIZAÇÕES FOCO EM ÁREAS CRÍTICAS FOCO EM ÁREAS CRÍTICAS FOCO EM ÁREAS CRÍTICAS APENAS GESTÃO
FOCO NOS RIOS FEDERAIS ESPECÍFICAS DE CADA AGENDA EM QUALIDADE E QUANTIDADE EM QUANTIDADE EM QUALIDADE

Cobertura de Cobertura de Cobertura de Cobertura de Cobertura de


GESTÃO (SINGREH) 100% do 100% do 100% do
Cobertura de
100% do R$15,92 100% do R$15,92 R$15,92 100% do
R$15,92 R$15,92
orçamento
milhões/ano
orçamento
milhões/ano orçamento milhões/ano orçamento milhões/ano orçamento milhões/ano
orçamento ~
APOIO E MANUTENÇÃO alocado à alocado à alocado à alocado à alocado à
alocado à
DO COMITÊ DE BACIA cobrança cobrança cobrança cobrança cobrança
cobrança

MANUTENÇÃO DA Cobertura de 100% da ~R$1,66 Cobertura de 100% da ~R$1,66 Cobertura de 100% da ~R$1,49 Cobertura de 100% da ~R$1,48 Cobertura de 100% da ~R$1,48 Cobertura de 100% da
ENTIDADE DELEGATÁRIA necessidade da ED milhão/ano necessidade da ED milhão/ano necessidade da ED milhão/ano necessidade da ED milhão/ano necessidade da ED milhão/ano necessidade da ED ~

AÇÕES DERIVADAS DO Cobertura integral ~R$10,60 Cobertura parcial ~R$8,46 Cobertura parcial ~R$6,35 Cobertura parcial ~R$4,23 Cobertura parcial ~R$4,23
PIRH -GRANDE (100%) milhões/ano (80%) milhões/ano (60%) milhões/ano (40%) milhões/ano (40%) milhões/ano ~

UNIVERSALIZAÇÃO DO ~R$2,44 ~R$7,52 Áreas críticas sob ~R$2,45 Não contemplado no Áreas críticas sob ~R$2,45
ESGOTAMENTO milhões/ano
Municípios sem ETE
milhões/ano aspecto qualitativo milhões/ano cenário
R$0 aspecto qualitativo milhões/ano ~

CONTROLE DE PERDAS Cobertura da ~R$2,58 Municípios com ~R$1,81 ~R$0,52 ~R$0,52 Não contemplado no
NA DISTRIBUIÇÃO participação milhões/ano maiores perdas milhões/ano milhões/ano milhões/ano
R$0 cenário ~
potencial dos Áreas críticas sob Não contemplado no
aspecto quantitativo cenário
recursos da
REÚSO DE ÁGUA NA cobrança em ~R$23,50 Capacidade de cobrir ≥50% ~R$13,89 ~R$10,62 Áreas críticas sob ~R$10,62
AGRICULTURA IRRIGADA municípios com milhões/ano das demandas de irrigação milhões/ano milhões/ano aspecto quantitativo milhões/ano
R$0 ~
rios federais
SERVIÇOS ~R$50,56 Áreas críticas sob
~R$24,13
Áreas críticas sob
~R$24,13 ~R$9,92 Áreas críticas sob ~R$7,26
ECOSSISTÊMICOS milhões/ano
aspecto quali -
quantitativo milhões/ano
aspecto quali -
quantitativo milhões/ano milhões/ano aspecto qualitativo milhões/ano ~

TOTAL: R$107,23 MILHÕES/ANO TOTAL: R$73,38 MILHÕES/ANO TOTAL: R$61,47 MILHÕES/ANO TOTAL: R$42,70 MILHÕES/ANO TOTAL: R$31,34 MILHÕES/ANO TOTAL: R$17,37 MILHÕES/ANO

15
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

BENEFÍCIOS DO FOMENTO À AGENDA SETORIAL PELA BENEFÍCIOS POTENCIAIS DA UNIVERSALIZAÇÃO


IMPLEMENTAÇÃO DA COBRANÇA DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Além de promover a plena cobertura do orçamento de gestão do A universalização do esgotamento sanitário nos municípios
PIRH-Grande (que é alocado à cobrança) e de todos os custos com a correspondentes ao cenário 2 de cobrança, por exemplo, potencialmente
Agência de Bacia ou Entidade Delegatária, a arrecadação anual abatem uma significativa fração de 16% de toda a carga de DBO 5,20 gerada
prescrita para cada cenário de cobrança permite o fomento e na bacia, segundo as estimativas do PIRH-Grande.
viabilização de diversos investimentos na Agenda Setorial.
Além disso, no cenário 1 e 2, geram benefícios bastante abrangentes. No
Essa agenda, que objetiva endereçar problemas identificados na cenário 3 e 5, os benefícios são mais localizados, mas não menos
bacia, resulta na promoção de benefícios para todos os seus relevantes.
usuários, haja vista que a hidrogeografia conecta a todos desse vasto
território. Pequenos efeitos difusos, quando somados, podem
resultar em alterações significativas para o conjunto. Os benefícios
potencialmente gerados para a sociedade são expressivos e
abrangentes.

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Carga de DBO abatida (ton/ano) 7.719 22.678 8.149 0 8.149 0

População beneficiada (mil habitantes) 489,54 1.438,25 516,82 0 516,82 0

Benefício socioeconômico pela Disposição a Pagar pelo


91.983 276.961 88.801 0 88.801 0
serviço de coleta e tratamento de esgotos (R$, mil)

16
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

G6 G6
CENÁRIO 2
CENÁRIO 1

G6 CENÁRIO 4 G6
CENÁRIO 3

CENÁRIO 5 G6
CENÁRIO 6
G6

17
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

BENEFÍCIOS POTENCIAIS DO CONTROLE


DE PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA
O orçamento associado de controle de perdas na distribuição
promove a economia de recursos hídricos pelo seu uso mais
eficiente. No cenário de cobrança 2, que perfaz o maior volume de
perdas combatido, pode-se deixar de usar o equivalente a 25% do
total outorgado para o abastecimento humano nos rios de domínio
interestadual, gerando um benefício econômico de R$ 137,93
milhões.

CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Volume de água economizado (m3/ano, mil) 25.309 63.406 6.821 6.821 0 0

Fração do total outorgado para abastecimento humano


10,14% 25,40% 2,73% 2,73% 0 0
(%)

Benefício socioeconômico pela proxy do valor


adicionado bruto gerado pela atividade econômica 55.053 137.927 14.838 14.838 0 0
de saneamento por volume captado (R$, mil)

18
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

G6 G6

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2

G6 G6

CENÁRIO 3 CENÁRIO 4

CENÁRIO 5 G6
CENÁRIO 6
G6

19
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

BENEFÍCIOS POTENCIAIS DO REÚSO


DE ÁGUA NA AGRICULTURA IRRIGADA
O reúso de efluentes de ETEs na agricultura irrigada promove a
eficiência e a segurança hídrica para o importante setor de irrigação,
que passaria a contar com um “manancial” garantido. O reúso pode
atingir 12,3%, e o valor estimado do benefício, com base na indução
da água como geradora de valor adicionado na atividade da
agricultura irrigada, pode chegar a R$ 319,76 milhões/ano.

CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Volume de reúso (m3/ano, mil) 132.742 56.558 44.611 44.611 0 0

Fração do total outorgado para irrigação (%) 12,3% 5,2% 4,1% 4,1% 0 0

Benefício socioeconômico pela proxy do valor


adicionado bruto gerado pela atividade econômica de 319.762 136.242 107.464 107.464 0 0
agricultura irrigada por volume captado (R$, mil)

20
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

G6 G6

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2

G6 G6
CENÁRIO 3 CENÁRIO 4

CENÁRIO 5 G6
CENÁRIO 6
G6

21
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

BENEFÍCIOS POTENCIAIS DOS SERVIÇOS


ECOSSISTÊMICOS DE RETENÇÃO DE SEDIMENTOS
O orçamento associado de infraestrutura natural promove a
restauração florestal de áreas de preservação permanente e áreas
estratégicas para retenção de sedimentos. Além de auxiliar no
cumprimento da legislação ambiental, gera serviços ecossistêmicos
que beneficiam diretamente os usuários dos recursos hídricos,
sejam as companhias de saneamento, sejam os agricultores, as
indústrias ou mesmo as usinas de geração de energia elétrica, que
passam a contar com reservatórios menos assoreados.

CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Variação promovida na exportação de sedimentos aos


-30,28 -14,45 -14,45 -5,94 -4,35 0
corpos d’água (mil t/a)

Variação promovida na exportação de sedimentos na


-5.134 -2.450 -2.450 -1.008 -737 0
paisagem (mil t/a)

Benefício socioeconômico da redução dos custos de


tratamento de água, do custo evitado de dragagem por
130.039 62.047 62.047 25.518 18.673 0
menor assoreamento e do custo evitado de reposição de
nutrientes em solo agrícola (R$, mil)

22
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

G6 G6

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2

G6 G6
CENÁRIO 3 CENÁRIO 4

CENÁRIO 5 G6
CENÁRIO 6
G6

BENEFICIO DE CUSTO EVITADO

23
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

SÍNTESE DOS BENEFÍCIOS POTENCIAIS

CENÁRIO 1 G6 CENÁRIO 2 G6

CENÁRIO 3 G6 CENÁRIO 4 G6

CENÁRIO 5 CENÁRIO 6
G6 G6

Intensidade dos Benéficios


Menor Maior
Carga Abatida de DBO
Volume Economizado pelo Reúso na Agricultura
Volume Economizado da Redução das Perdas
Custos Evitados com os Serviços Ecossistêmicos
24
UGHs
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

DESENVOLVIMENTO DE MECANISMO DE COBRANÇA


PARA OS RIOS FEDERAIS NA BACIA DO RIO GRANDE
Para que o nexo entre os objetivos do PIRH-Grande e os objetivos da
cobrança se mantenha e gere a aplicação eficiente desse
fundamental instrumento de gestão dos recursos hídricos, os
mecanismos de cobrança devem observar alguns fatores críticos de
sucesso, conforme elencaram os estudos da Conjuntura dos
4
Recursos Hídricos no Brasil (ANA, 2019) e da Governança dos
Recursos Hídricos no Brasil (OCDE, 2017) , quais sejam:
CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

i Utilizar de equações simples;

ii Diferenciar preços por finalidade de uso (saneamento, indústria, agropecuária etc.);

iii Diferenciar preços em função do balanço quali-quantitativo por área e/ou sazonalidade;

iv Promover a revisão da cobrança em ciclos previamente definidos, atrelados aos Planos de Recursos Hídricos;

v Estabelecer objetivos claros a serem perseguidas pela cobrança (nexo);

vi Promover a implantação progressiva no tempo; e


Concentrar as atenções no grupo de usuários que mais impacta os recursos hídricos,
vii seja para captação quanto para lançamento de efluentes.

Para atender aos fatores críticos de sucesso, estudos econômicos


foram desenvolvidos no intuito de embasar a forma ideal de
implantação da cobrança federal na bacia do rio Grande.

ANA - Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (Brasil). Cobrança pelo uso de recursos hídricos. 2019. Encarte ao Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos. Brasília.
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Cobranças pelo uso de recursos hídricos no Brasil: Caminhos a seguir. 2017. Disponível em:
<https://read.oecd-ilibrary.org/environment/cobrancas-pelo-uso-de-recursos-hidricos-no-brasil_9789264288423-pt#page1>.

25
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Como ponto de partida, identificaram-se os volumes de recursos


hídricos superficiais captados (m³/ano) e as cargas de DBO lançadas
(kg/ano) para cada uma das 16 principais atividades econômicas
usuárias, segregadas ao nível de “classe” pela CNAE/IBGE . Estas
atividades, que correspondem a 90% dos volumes captados, foram
pormenorizadas com base em sua localização na bacia e a
criticidade da área onde se encontram, conforme os arquétipos
críticos quali e quantitativos 5 e 6 do PIRH-Grande.

Para cada uma destas classes, foi realizada a estimativa de dois


importantes aspectos da relação econômica com os recursos
hídricos:
CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA

A disposição a pagar pela água como insumo de A eficiência hídrica de uso da água, que espelha a razão
produção (calculado pelo excedente operacional bruto entre o valor adicionado bruto de uma atividade e o
da atividade econômica, líquido de custos dos bens ou volume de água usado pela mesma (demonstrando
serviços produzidos), comumente utilizada para inferir o assim a indução econômica da água).
limite superior de valor de recursos ambientais ; e

As seguintes atividades, classificadas de acordo com a CNAE/IBGE, representam 90% do volume captado: Captação, tratamento e distribuição de água; Fabricação de açúcar
em bruto; Fabricação de papel; Extração de pedra, areia e argila; Aquicultura em água doce; Fabricação de produtos alimentícios não especificados anteriormente; Fabricação
de intermediários para fertilizantes; Fabricação de álcool; Cultivo de cana-de-açúcar; Cultivo de cereais; Cultivo de plantas de lavoura temporária não especificados
anteriormente; Cultivo de café; Cultivo de laranja; Horticultura; Cultivo de lavoura permanente (exceto laranja e uva); Cultivo de soja.

Em termos práticos, representa a diferença entre o valor da produção e seus custos totais. Esse excedente inclui, portanto, o retorno econômico a qualquer ativo não
produzido e/ou remunerado, incluindo não apenas a água, mas também outros fatores como a marca, recursos de marketing e retorno a ativos não contabilizados. Representa a
capacidade máxima de pagamento que um determinado setor pode comprometer com a remuneração aos ativos não produzidos, pois em seu limite indica o ponto de
indiferença entre desempenhar ou não a atividade econômica.

26
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Estes elementos compuseram, então, as entradas de um modelo Emerge, também, a categorização de 2 finalidades de uso: industrial,
econômico específico para a alocação e otimização de preços segregada em alto (divisões CNAE 17 e 19), médio (divisões CNAE 10 e 11)
unitários na bacia. Afinal, dada a limitação do recurso natural em uma e baixo (demais divisões); e irrigação, segregada em culturas temporárias e
determinada UGH, qual usuário detém capacidade de realizar a permanentes. As categorias são assim prescritas de forma a primar pela
arrecadação de maior preço unitário, de forma a impactar ao mínimo simplicidade, equidade e replicação do mecanismo para novos usuários. Já
sua própria atividade econômica (captura de uma fração da as finalidades de abastecimento humano, criação animal, mineração e
disposição a pagar) e permitir que outro usuário de menor outros não demandam diferenciação.
capacidade de pagamento mantenha sua produção, mas também
seja instigado a contribuir com a cobrança? Aplica-se, então, a diferenciação da contribuição de cada uma das
categorias de cobrança na arrecadação total por meio da fração do preço
Estas foram as respostas fornecidas pelo modelo, cujos resultados unitário básico (PUB) correspondente ao valor-objetivo de arrecadação de
apontam a combinação ótima entre a capacidade de pagamento da cada cenário. O PUB é a divisão entre o valor-objetivo de cada cenário de
atividade econômica, a intensidade de uso do recurso hídrico, o local cobrança e o volume outorgado em captações federais, que chega a 1,81
desse uso (se é crítico ou não), bem como a eficiência - ponderando bilhão de m³ por ano.
assim o papel da água na geração de valor físico e econômico de
produção. Os resultados do modelo são específicos para as Dessa forma, o mecanismo de cobrança tem base no preço unitário
interferências nos rios federais da bacia do Grande, e variam eficiente para o cumprimento de suas funções de incitar o uso racional e
significativamente de acordo com a localização. promover a arrecadação necessária para que o Comitê de Bacia
desempenhe suas funções e implemente o PIRH-Grande de acordo com o
grau de ambição de sua escolha.

Preços unitários básicos para cada cenário.

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Necessidade de arrecadação (R$, mil/ano) 107.226 73.383 61.471 42.696 31.341 17.372

Preço unitário básico (R$/m3 captado) 0,0592 0,0405 0,0339 0,0236 0,0173 0,0096

27
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

RESULTADOS DO MECANISMO DE COBRANÇA


Os resultados de aplicação do modelo conformaram os referenciais Uma importante distinção é realizada para os usuários outorgados de
técnicos para a proposição do mecanismo de cobrança para a pequeno porte, que são assim classificados caso a cobrança anual (tanto
captação, que permite a distinção por setores usuários e sub-grupos para captação como para lançamento) resulte em valor igual ou menor que
destes setores; bem como o incremento no preço unitário caso a R$ 500,00, passando então a incidir um preço fixo de R$ 250,00/ano.
interferência se localize em área crítica. Para a cobrança de
lançamento, o preço unitário definido para cada kg de DBO lançada é Com o mecanismo proposto, a formulação da cobrança passa a ser a mais
fixo entre os setores usuários, mas também varia em função da simples possível, pois o preço embute a sinalização do valor específico para
localização. cada usuário.

A formulação é:

VALOR COBRANÇA (R$/ano) = ( VOLUME cap * PU cap (usuário) ) + ( CARGA lanç * PU lanç )

Sendo:

Volume captado (Volumecap) = volume derivado, captado e extraído medido ou outorgado, em m³/ano.

Carga lançada (Cargalanç) = Volumelanç * DBO520, expressa em Kg/ano, sendo que o Volumelanç é aquele lançado de esgotos e demais resíduos
líquidos ou gasosos, tratados ou não, medido ou outorgado, em m³/ano.

Preço Unitário (PU) = expresso em R$/m³ ou em R$/Kg, variando conforme a categoria do usuário.

Outra faceta do mecanismo proposto é referente à cobrança diferenciada para locais críticos. Sua inserção não se dá diretamente na fórmula
da cobrança, mas é expressa na identificação, para cada categoria de cobrança, do PU respectivo, sendo +75% para captação e +25% para
lançamentos de efluentes.

Caso o resultado da aplicação da formulação seja igual ou inferior a R$ 500,00, o valor cobrado passa a ser fixo em R$ 250,00/ano.
Caso haja medição, o volume derivado, captado ou extraído é dado pela média aritmética entre o que é medido e o que é outorgado.
Caso não haja medição ou estimação coerente, a cobrança se dá integralmente pelo volume outorgado.

28
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

Síntese do mecanismo de cobrança proposto, cujos preços unitários


variam em decorrência do cenário e seu valor- objetivo.

SETOR USUÁRIO CATEGORIA LOCALIZAÇÃO DA INTERFERÊNCIA CAPTAÇÃO LANÇAMENTO CAPTAÇÃO OU LANÇAMENTO


AGREGADO PARA COBRANÇA
(função da criticidade) (fração do PU Básico)* (PU único) (R$≤500)

Local Não Crítico 80% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Ab. Humano Única R$ 250,00
Local Crítico 80% do PUB * 1,75 PU único * 1,25

Local Não Crítico 65% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Criação Animal Única R$ 250,00
Local Crítico 65% do PUB x 1,75 PU único * 1,25

Local Não Crítico 220% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Alto (divisões 17 e 19) R$ 250,00
Local Crítico 220% do PUB x 1,75 PU único * 1,25
Local Não Crítico 190% do PUB * 1,00 PU único * 1,00
Indústria Médio (divisões 10 e 11) R$ 250,00
Local Crítico 190% do PUB x 1,75 PU único * 1,25
Local Não Crítico 160% do PUB * 1,00 PU único * 1,00
Baixo (demais industriais) R$ 250,00
Local Crítico 160% do PUB x 1,75 PU único * 1,25

Local Não Crítico 50% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Irrig. culturas temporárias R$ 250,00
Local Crítico 50% do PUB x 1,75 PU único * 1,25
Local Não Crítico 55% do PUB * 1,00 PU único * 1,00
Irrigação Irrig. culturas permanentes R$ 250,00
Local Crítico 55% do PUB x 1,75 PU único * 1,25
Local Não Crítico 55% do PUB * 1,00 PU único * 1,00
I. de c. temp. e perm. R$ 250,00
Local Crítico 55% do PUB x 1,75 PU único * 1,25

Local Não Crítico 190% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Mineração Única R$ 250,00
Local Crítico 190% do PUB x 1,75 PU único * 1,25

Local Não Crítico 100% do PUB * 1,00 PU único * 1,00


Outros Única R$ 250,00
Local Crítico 100% do PUB x 1,75 PU único * 1,25

29
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

As figuras abaixo apresentam as interferências (pontos outorgados de


captação e lançamento) de cada uma das categorias para cobrança propostas
pelo mecanismo, bem como os locais críticos em qualidade e quantidade.

G6 G6

ABASTECIMENTO
OUTROS
HUMANO

G6 G6

INDÚSTRIA INDÚSTRIA
ALTO (17 E 19) MÉDIO (10 E 11)

G6 G6

INDÚSTRIA
MINERAÇÃO
BAIXO (OUTRAS)

30
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

As figuras abaixo apresentam as interferências (pontos outorgados de


captação e lançamento) de cada uma das categorias para cobrança propostas
pelo mecanismo, bem como os locais críticos em qualidade e quantidade.

G6 G6

IRRIGAÇÃO IRRIGAÇÃO
CULTURAS CULTURAS
PEMANENTES TEMPORÁRIAS

G6 G6

IRRIGAÇÃO
CULTURAS
PEMANENTES CRIAÇÃO
E TEMPORÁRIAS ANIMAL

G8
!
(
!!
((!
(
! (
U15
U8 !
( !
(
U12 G7

G2
!(
( G3
G6 ( !
!
(
! U4
G6!
( !
(
!
( !!
! (
( (
G1
PONTOS OUTORGADOS LANÇAMENTOS U9 !
(
EM ARQUÉTIPOS EM ARQUÉTIPOS
!
( G6
!
( G4

CRÍTICOS CRÍTICOS
!
(
!
(!( !
(G5
!
(
U1 31
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

SIMULAÇÕES DO MECANISMO DE COBRANÇA


Cada estudo sobre a cobrança apresenta características intrínsecas Os preços unitários de lançamento, que variam de cenário para cenário,
à respectiva bacia hidrográfica, trazendo particularidades e representam cerca de 5% do total arrecadado e perfazem o complemento
motivações que criam um contexto específico e exclusivo para necessário para que a arrecadação total entre captação e lançamento atinja
apontar a melhor solução de valores e métodos, diretamente os valores-objetivos. Já a cobrança diferenciada por local crítico, apresenta
vinculados aos tipos de uso, balanços quali-quantitativos e demais uma importância relativa de cerca de 6,7%, e assim compõe uma parte
situações de criticidade e de gestão da água encontradas na região significativa da arrecadação que, ademais, contribui de forma direta para a
avaliada. A partir da definição dos cenários e mecanismos de eficiência do mecanismo.
cobrança para os rios federais na Bacia Hidrográfica do rio Grande, é
possível simular a aplicação destes, utilizando-se a base de 2.593
8
outorgas de captação e 154 de lançamento de carga de DBO que
ocorrem nos rios federais (considerou-se os volumes e cargas
outorgados como representativos dos efetivamente praticados).
COMPARAÇÃO DOS PREÇOS UNITÁRIOS DE CAPTAÇÃO E LANÇAMENTO ENTRE OS CENÁRIOS.
PREÇOS UNITÁRIOS PARA LOCAIS NÃO CRÍTICOS

INTERFERÊNCIA SETOR USUÁRIO CATEGORIA PARA COBRANÇA


AGREGADO CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

Ab. Humano Única 0,0474 0,0324 0,0271 0,0189 0,0138 0,0077


Criação Animal Única 0,0385 0,0263 0,0220 0,0153 0,0112 0,0062
Alto (divisões 17 e 19) 0,1302 0,0891 0,0746 0,0519 0,0381 0,0211
Indústria Médio (divisões 10 e 11) 0,1125 0,0770 0,0644 0,0448 0,0329 0,0182

Captação Baixo (demais industriais) 0,0947 0,0648 0,0542 0,0378 0,0277 0,0154
(R$/m3) Irrig. culturas temporárias 0,0296 0,0203 0,0170 0,0118 0,0087 0,0048
Irrigação Irrig. culturas permanentes 0,0326 0,0223 0,0186 0,0130 0,0095 0,0053
I. de c. temp. e perm. 0,0326 0,0223 0,0186 0,0130 0,0095 0,0053
Mineração Única 0,1125 0,0770 0,0644 0,0448 0,0329 0,0182
Outros Única 0,0592 0,0405 0,0339 0,0236 0,0173 0,0096
Lançamento
Todos Única 0,3100 0,2600 0,2200 0,1500 0,1100 0,0600
(Kg/DBO)
Percentual de usuários classificados como de pequeno porte (R$≤500) 29% 20% 16% 12% 11% 8%

⁷ Para a modelagem econômica foram consideradas 154 das 274 outorgas de lançamento. As 154 outorgas consideradas representam mais de 90% do volume de lançamento,
cujas cargas de DBO foram estimadas, dada a ausência dessa informação na base de outorgas. 32
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

A simulação permite auferir a contribuição para a arrecadação total


(captação e lançamento) por setor usuário, além de permitir
comparar os resultados demandados pela cobrança em relação à
disposição a pagar (DAP) das atividades econômicas subjacentes,
apresentados na tabela abaixo pela média ponderada pelo volume
captado.

Mesmo no cenário 1, que simula um valor-objetivo de arrecadação


superior a R$ 100 milhões/ano, a fração máxima de captura da
disposição a pagar varia de 0,5% a 14,5%.
CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA
Na média entre todos os setores, a captura da DAP é de 5,9% no
cenário 1, 4,0% no cenário 2, 3,3% no cenário 3, 2,3% no cenário 4, 1,7%
no cenário 5 e, finalmente, 0,9% no cenário 6.

CONTRIBUIÇÃO DOS SETORES PARA A ARRECADAÇÃO (R$, MILHÕES) E CAPTURA DA DISPOSIÇÃO A PAGAR (DAP) (%).

CENÁRIO 1 CENÁRIO 2 CENÁRIO 3 CENÁRIO 4 CENÁRIO 5 CENÁRIO 6

R$, % da R$, % da R$, % da R$, % da R$, % da R$, % da


milhões DAP milhões DAP milhões DAP milhões DAP milhões DAP milhões DAP
Abastecimento Humano 15,10 14,5% 10,66 9,9% 8,93 8,3% 6,21 5,8% 4,53 4,2% 2,52 2,4%

Indústria 48,21 0,5% 33,33 0,4% 27,90 0,3% 19,40 0,2% 14,24 0,2% 7,88 0,1%

Irrigação 35,97 3,8% 24,65 2,6% 20,61 2,2% 14,34 1,5% 10,55 1,1% 5,86 0,6%

Criação animal 1,08 7,7% 0,74 5,2% 0,62 4,4% 0,43 3,1% 0,32 2,2% 0,18 1,2%

Mineração 3,73 2,8% 2,55 1,9% 2,14 1,6% 1,49 1,1% 1,09 0,8% 0,60 0,5%

Outros 2,37 - 1,63 - 1,37 - 0,96 - 0,72 - 0,42 -

TOTAL 106,45 - 73,56 - 61,57 - 42,83 - 31,45 - 17,47 -

33
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

O estabelecimento das relações econômicas do uso da água para as


principais atividades econômicas permitiu inferir o efeito incitativo
da cobrança com base nos níveis de precificação em cada um dos
seis cenários.

Por meio da disposição a pagar, pôde-se estimar o valor da água


como insumo de produção e aplicar os graus de elasticidade-preço,
que expressam o movimento esperado na demanda pela água dado
uma variação de preço equivalente a 1%.

Embora seja uma simplificação da realidade, as estimativas


permitem inferir as ordens de grandeza na redução dos usos que se
podem esperar pela instituição da cobrança pela captação.

No cenário 1, por exemplo, estima-se uma redução potencial de


3,36% na demanda, o que corresponde a uma vazão de cerca de
1,9 m³/s.

No cenário 2, a redução esperada é de 1,5 m³/s.

Já nos cenários 3, 4 e 5, respectivamente, as reduções são


estimadas em 1,4, 1,1 e 0,9 m³/s.

No cenário 6, que apresenta o menor nível de cobrança, a


redução esperada é equivalente a cerca de 1% do volume CRÉDITO: IMAGENS RETIRADAS DO SITE/BIBLIOTECA DA ANA
demandado atualmente, representando uma vazão de 0,6 m³/s.

As figuras a seguir permitem visualizar a distribuição espacial dos A análise dos dois mapas da linha superior, por exemplo, mostram a
resultados das simulações realizadas em cada um dos cenários de distribuição dos valores das simulações de cobrança, onde verifica-se
cobrança (figuras à esquerda) e para a participação média dos maior participação das UGHs U9, U4 e U8. Tais unidades têm em comum a
grandes grupos de usuários (figuras à direita). São apresentados os maior participação do setor industrial nos valores estimados.
valores das simulações da cobrança para captação, ou seja, quanto
se contribui para os valores finais (figuras na linha superior); os
volumes estimados de redução das captações devido à
implementação da cobrança (figuras na linha intermediária); e os
34
percentuais de captura da disposição a pagar (figuras na linha
inferior).
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

R$ 9.651

G6 G6

R$ 30.643.764
PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS
NAS SIMULAÇÕES DA
VALORES DAS SIMULAÇÕES
COBRANÇA POR UGH
DA COBRANÇA PARA CAPTAÇÃO
POR CENÁRIOS NAS UGHs

4.097 m³/a

G6 G6

12.748.866 m³/a

VALORES DAS SIMULAÇÕES PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS


DE REDUÇÃO PARA CAPTAÇÃO NAS SIMULAÇÕES DE
POR CENÁRIOS NAS UGHs REDUÇÃO POR UGH

0,46% DA DAP G6 G6

14% DA DAP

VALORES DAS SIMULAÇÕES PARTICIPAÇÃO DOS GRUPOS


DE DISPOSIÇÃO A PAGAR NAS SIMULAÇÕES DE
POR CENÁRIOS NAS UGHs DAP POR UGH
35
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

COMPARAÇÕES ENTRE CENÁRIOS E MECANISMOS DE COBRANÇA


As simulações permitem identificar a aplicação do mecanismo Para este estudo foram realizadas sete comparações da cobrança no Rio
proposto especificamente para a bacia hidrográfica do rio Grande e Grande com outros mecanismos praticados em diferentes bacias.
os usuários de suas águas sob dominialidade federal, sendo válido Os abaixo mostram a participação relativa dos setores usuários na
pontuar que não existe uma relação direta destes com os valores arrecadação total das simulações entre os cenários de cobrança do
praticados em outras bacias hidrográficas. Isso indica, na prática, que mecanismo proposto. Na sequência, apresenta-se a comparação da
valores de cobrança utilizados em um contexto não podem ser participação relativa dos setores usuários na arrecadação total das
deliberadamente entendidos como os mais adequados para outro. simulações com outros mecanismos de cobrança.
Nota-se que no mecanismo proposto, a variação de cada setor usuário
Não obstante, uma vez que as práticas existentes de cobrança entre os cenários é muito baixa. Já na comparação entre os diferentes
remontam ao ano de 2003 para os Comitês Interestaduais, criam um mecanismos, a participação dos setores é bastante variada.
registro histórico que enseja comparação.

COMPARAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO RELATIVA DOS SETORES USUÁRIOS NA ARRECADAÇÃO TOTAL DAS SIMULAÇÕES ENTRE OS CENÁRIOS

ENTRE OS CENÁRIOS
SETORES
MÉDIA VARIAÇÃO

Abastecimento Humano 14,48% 0,34%

Indústria 45,30% 0,17%


A participação relativa dos setores
Irrigação 33,49% 0,33% é muito semelhante entre todos os
cenários. O setores de abastecimento
Criação Animal 1,04% 0,03% humano e irrigação são os que registram
as maiores variações (0,34% e 0,33%)
Mineração 3,49% 0,04%

Consumo Humano 1,51% 0,05%

Outros 0,87% 0,12%

36
ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO. GRANDE

Cobrança Cobrança Cobrança


Cobrança Cobrança
estadual mineira estadual paulista distrital (Delib. Cobrança federal Cobrança federal
estadual carioca estadual
Setores Usuários (Delib. (Bacias afluentes Conjunta das (Bacia dos rios (Bacia do rio
(bacia do Médio cearense (Dec.
Norma va do Turvo/Grande e bacias do PCJ)6 Doce)6
Paraíba do Sul)3 Estadual) 4
CERH)1 Mogi-Guaçu)2 Distrito Federal) 5

COMPARAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO RELATIVA DOS SETORES USUÁRIOS NA ARRECADAÇÃO TOTAL DAS SIMULAÇÕES COM OUTROS MECANISMOS DE COBRANÇA.

Ab. Humano 32,30% 38,30% 34,20% 4,30% 20,10% 36,70% 36,90%

Indústria 47,60% 54,40% 52,70% 88,40% 56,80% 54,10% 55,70%

Irrigação 11,90% 0,00% 3,40% 1,10% 16,20% 0,30% 0,00%

Criação Animal 0,30% 0,00% 0,10% 1,40% 0,40% 0,00% 0,00%

Mineração 3,60% 3,10% 4,40% 1,70% 4,50% 4,10% 4,00%

Consumo
Humano 2,90% 2,90% 3,50% 2,30% 1,80% 3,30% 3,40%

Outros 1,40% 1,30% 1,70% 0,60% 0,20% 1,50% 0,00%

CENÁRIO DE COBRANÇA MAIS PRÓXIMO AO MECANISMO PROPOSTO EM TERMOS DE VALOR TOTAL

Média dos seis CENÁRIO 5 CENÁRIO 6 CENÁRIO 4 CENÁRIO 1 CENÁRIO 4 CENÁRIO 8 CENÁRIO 5
cenários

Notas: (1) Deliberação Normativa nº 68/2021 do Conselho Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, considerando-se os valores para a zona D. (2) cobrança
estadual paulista para as bacias afluentes ao rio Grande Turvo/Grande e Mogi-Guaçu, respectivamente Decreto Estadual SP nº 61.346/2015 e Decreto Estadual SP nº
58.791/2012. (3) Cobrança estadual carioca na bacia do Médio Paraíba do Sul, segundo a Resolução INEA nº 243/2021. (4) Resultados para valores de cobrança com
adução própria (não sendo adução COGERH), segundo Decreto Estadual do Ceará nº 33.290/2021 (como o decreto traz uma subdivisão de preços para a captação de
irrigação em função do porte, utilizou-se a média simples entre estas). (5) Deliberação Conjunta nº 02/2019 dos Comitês de Bacia Hidrográfica dos rios Maranhão-DF,
Paranaíba-DF e Preto-DF. (6) Resolução ANA nº 57/2020 para valores de captação (retirada), sendo os valores do Doce atualizados para 2022, conforme Deliberação
Normativa do CBH-Doce nº 93/2021.

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ESTUDO DE COBRANÇA PELO USO DE RECURSOS HÍDRICOS
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS


Dada sua escassez em quantidade e/ou qualidade, a água deve ter seu valor econômico devidamente
reconhecido, sendo a cobrança um dos instrumentos para a gestão do recurso hídrico devidamente prevista na
Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997).

Segundo o diploma legal, a cobrança tem por objetivos: o reconhecimento da água como bem econômico, dando
ao usuário uma indicação de seu real valor; o incentivo a racionalização do uso da água; e a obtenção dos
recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções contemplados nos planos de recursos
hídricos.

A cobrança não é um imposto, e sim uma remuneração pelo uso de um bem público, cujo preço é fixado a partir da
participação dos usuários da água, da sociedade civil e do poder público no âmbito dos Comitês de Bacias
Hidrográficas.

Nesse contexto, o presente estudo subsidia o CBH-Grande em sua deliberação qualificada sobre a temática, por
meio da proposição e simulação de 6 cenários alternativos de implementação. Os cenários, graduais em sua
ambição e correspondente nível de cobrança e arrecadação, consideram um ciclo de 10 anos que endereça as
áreas quali-quantitativamente críticas da bacia e a situação diagnosticada e prognosticada no PIRH-Grande.

Evidencia-se, assim, que o mecanismo proposto atende aos fatores críticos de sucesso (ANA, 2019; OECD, 2017)
trazendo eficiência na função arrecadatória (em função do cenário de cobrança) e respeitando a capacidade de
pagamento dos usuários, que são incitados a reconhecer o valor econômico do recurso natural sem, no entanto,
comprometerem as atividades econômicas subjacentes.

Demonstra-se, conclusivamente, que a cobrança pelo uso de recursos hídricos em rios de domínio da União da
Bacia Hidrográfica do Rio Grande, aplicada de acordo com os pressupostos e orientações do PIRH-Grande,
possibilita o pleno cumprimento dos objetivos do instrumento da cobrança e, por meio do fomento aos
orçamentos associados, possibilita o retorno de valores positivos à sociedade.

38
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS E SANEAMENTO BÁSICO CONSÓRCIO ENVEX-FERMA ENGENHARIA

Coordenação Geral
Superintendente de Apoio ao Sistema Nacional Daniel Thá
de Gerenciamento de Recursos Hídricos
Humberto Cardoso Gonçalves Coordenação Técnica
André Luciano Malheiros
Coordenador de Sustentabilidade Financeira e Cobrança
Thiago Gil Barreto Barros Coordenação Executiva
Helder Rafael Nocko

Gestor do Contrato
Giordano Bruno Bomtempo de Carvalho Equipe Técnica Principal
André Luciano Malheiros
Daniel Thá
Equipe Técnica Principal Helder Rafael Nocko
Carlos Motta Nunes Leonardo Mitre. A. de Castro
Cristiano Cária Guimarães Pereira Marcelo Ling
Giordano Bruno Bomtempo de Carvalho Nilo Aihara
Marcelo Mazzola Mirna Luiza C. Lobo
Marco Antonio Mota Amorim
Wagner Martins da Cunha Vilella Equipe de apoio
Mariana Carolina Kluppel
Paulo Henrique Costa
Tiago A. Perez Vieira
Equipe de apoio Thiago Guimarães
Glaucia Maria Oliveira
Vandelene Ferreira Melo

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Síntese do Estudo de Subsídio à Implementação da Cobrança pelo Uso de Recursos Hídricos na
Bacia Hidrográfica do Rio Grande, contratado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico
(ANA) e elaborado pelo Consórcio EnvEx-Ferma. Abril de 2022.

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