PREFÁCIO
O termo Procedimento Operacional Padrão (POP) corresponde, em regra geral, a um
conjunto de ações e de etapas sequenciais necessárias para executar determinada função de
maneira eficiente e segura. Pode, ainda, trazer um conteúdo com instruções e descrições de
atividades-meio para completar determinado procedimento. Foi inicialmente desenvolvido
para atividades industriais. No entanto, tem sido aplicado sistematicamente na área de saúde
nas últimas décadas.
Para uma unidade hospitalar, sobretudo para aquela que desenvolve assistência em
alta complexidade, como o Hospital Geral de Fortaleza, torna-se fundamental que seus pro-
cedimentos assistenciais estejam determinados através dos respectivos POPs. Tal condição
permite uma maior sistematização da assistência, com otimização de recursos financeiros,
correspondentes aos insumos e materiais utilizados; um melhor aproveitamento da força de
trabalho e, por último e não menos importante, uma maior segurança para usuários do siste-
ma e para seus trabalhadores.
O Serviço de Enfermagem do HGF, historicamente, posiciona-se na vanguarda quando
se discute condutas em enfermagem hospitalar, propondo alternativas construtivas para
assistência e para a gestão compartilhada dentro do Hospital.
Portanto, é com muito orgulho que prefaciamos este MANUAL DE PROCEDIMENTOS
OPERACIONAIS PADRÃO DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM DO HGF. Trata-se de um marco na
normatização e na organização das ações de Enfermagem, o qual servirá como inspiração
para as gerações atuais e vindouras da descendência de Florence Nathingale após mais de
dois séculos de sua passagem iluminada pela vida.
Daniel de Holanda Araújo
Diretor Geral do HGF
HISTÓRICO
Falarmos de história é resgatar o passado, é preciso ativar nossa memória e pôr em
ordem os acontecimentos. Para falar da construção deste MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPE-
RACIONAIS PADRÃO DE ENFERMAGEM DO HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA, teremos que
reviver os anos de 1990, quando a realidade do setor de saúde no Brasil era de mudanças
estruturais e transformações sociais, principalmente nos hospitais públicos. Fazia-se neces-
sário, porque não dizer urgente, tomar medidas para a melhoria da infraestrutura, precisão
diagnóstica e maior resolutividade dos serviços prestados à população.
A preocupação com a Gestão da Qualidade na área da saúde começou a se desenhar naque-
las instituições, e teve início uma busca incessante para encontrar mecanismos que possibili-
tassem ações de melhorias para qualidade da atenção prestada à saúde das pessoas. Em um
cenário de restrição orçamentária, infraestrutura precária e recursos cada vez mais escassos,
os administradores se viram incumbidos para desenvolver e adotar diferentes estratégias de
trabalho capazes de manter e elevar os níveis dos serviços de saúde a patamares de excelên-
cia com eficiência e eficácia.
Foi nesse contexto que, em 1993, um grupo de diretores do HGF, Júlio César Penafor-
te, Sílvio Paulo da Costa Araújo Rocha Furtado, João José Freitas de Carvalho, Eucléa Gomes
Vale e Regina Célia Gomes, acreditando na possibilidade das mudanças promovidas pela
adoção do método da gestão participativa e controle da Qualidade Total para garantir a so-
brevivência institucional, resolveu apostar no programa (RE)CONSTRUÇÃO: a Melhoria a Par-
tir das Pessoas. O programa objetivou contribuir com a melhoria da assistência prestada à
população, integrando a esta visão a valorização dos profissionais e a melhoria do ambiente
de trabalho, utilizando-se do método de controle da Qualidade Total.
Com a proposta de assessoramento interno à direção do hospital e visando atingir os obje-
tivos propostos, no mesmo ano foi criada a Divisão de Qualidade Total do HGF, composta
pela Assistente Social e Psicóloga Annatália Meneses de Amorim Gomes, Enfermeira Gilvânia
Ferreira Castro Grangeiro e a Engenheira Lúcia de Fátima Barbosa Correia para as ações de
sensibilização, capacitação e implantação da Gestão da Qualidade Total. O assessoramento
externo foi da Consultoria Quallitas Consultores Associados.
Em novembro de 1994, deu-se definitivamente a implantação do Plano de Qualidade
Total, com a escolha de seis unidades-piloto, sendo: Neonatologia, Clínica Médica, Labora-
tório, Nutrição e Manutenção e Compras. Essas unidades foram responsáveis pelo início da
aplicação da metodologia, tendo como uma das etapas a padronização das atividades. A
construção dos Procedimentos Operacionais, POPs nas seis unidades, figurava como uma das
etapas previstas para o gerenciamento da rotina do dia a dia, dando assim início ao processo
de padronização dos processos administrativos e assistenciais no HGF.
A padronização constitui-se um instrumento fundamental para o gerenciamento e ga-
rantia da qualidade da assistência de enfermagem, bem como facilita a avaliação do processo
de cuidar, contribuindo sobremodo com os programas de treinamento e educação contínua.
No âmbito da enfermagem, ainda em 1994, os primeiros POPs foram descritos simul-
taneamente pelas equipes da unidade de Neonatologia com a coordenação da Enfermeira
Marta Maria Carneiro Girão e da unidade de Clínica Médica sob a coordenação da Enfermeira
Célia Maria Alexandre Rolim, com assessoramento da Divisão da Qualidade.
Durante o processo inicial de implantação da padronização dos processos no HGF,
constatou-se que o programa sofreu solução de continuidade em várias etapas, pela baixa
adesão por parte de algumas equipes interdisciplinares, porém a visão e a ação dos enfer-
meiros sobre os benefícios dessa prática gerencial foram considerados os pontos impulsio-
nadores do método.
A partir dessas primeiras iniciativas, observou-se que a cultura dos POPs começou
a se disseminar por toda a instituição para a padronização dos diversos processos, onde as
gerentes de enfermagem passaram a intensificar a elaboração dos POPs de seus procedimen-
tos assistenciais nas unidades. Todo esse acervo deu origem à primeira edição do Manual de
Normatização dos Procedimentos de Enfermagem do Hospital Geral de Fortaleza, que foi edi-
tado em 1999.
Nos anos de 2008 a 2013, o Plano de Ação do Serviço de Enfermagem contemplou
formalmente as ações para a continuidade do processo de padronização dos procedimentos
de Enfermagem, também com o objetivo de expandir e revisar os POPs já existentes.
Todos os esforços aqui mencionados foram importantes como marco histórico e ponto de
partida para uma longa e interminável caminhada da boa prática de enfermagem, mas que se
perderia ao longo do tempo se não fossem os esforços contínuos de atualizações dos docu-
mentos diante das inovações científica e tecnológica, pela gestão atual.
Por isso, a grande importância do MANUAL DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS PA-
DRÃO DE ENFERMAGEM DO HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA (HGF), idealizado e elaborado
pela Gerência Geral do Serviço de Enfermagem, Regina Maria Monteiro de Sá Barreto e pela
Comissão de Educação Permanente em Enfermagem, que completou 22 anos desde sua cria-
ção em 2000.
Na perspectiva de consolidar uma assistência permanente com uma assistência mais
humanizada, com qualidade e segurança, acredito que este manual irá contribuir com a pro-
moção de novas habilidades e o incentivo aos profissionais de enfermagem do HGF e todos
os demais que por privilégio venham a acessá-lo.
Gilvânia Ferreira Castro Grangeiro
APRESENTAÇÃO
No primeiro semestre de 2021, o Serviço de Enfermagem do Hospital Geral de Forta-
leza (SEENF/HGF) junto à Comissão de Educação Permanente em Enfermagem (CEPEn), de-
ram início à organização dos Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) em 13 domínios, de
acordo com as Necessidades Humanas Básicas de Wanda Horta e a Taxonomia da Nanda In-
ternacional (HORTA, 1979; NANDA, 2018). Iniciamos pelos POPs categorizados nos domínios
de Regulação Respiratória (RR) e Regulação Cardiovascular (RCV), total de 44 POPs, uma vez
que eles já terem sido analisados e revisados pela CEPEn, e também pelo fato de terem sido
aprovados pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e Núcleo de Segurança
do Paciente e Qualidade Hospitalar (NSPQH).
O ensejo desde manual é consolidar uma assistência de enfermagem pautada em
protocolos de boas práticas atualmente recomendados, vislumbrando a busca incessante e
permanente pela atuação de excelência, garantindo a qualidade e segurança no cuidado ao
paciente, de modo a minimizar erros e evitar danos durante a execução de procedimentos
assistenciais diários realizados pela equipe de enfermagem. Dessa forma, o Procedimento
Operacional Padrão é uma ferramenta indispensável e facilmente acessível a todos os colabo-
radores e que viabiliza alcançar os objetivos propostos no processo de trabalho da enferma-
gem.
A primeira edição do Manual de Normatização de Procedimentos de Enfermagem do
Hospital Geral de Fortaleza foi em 1999, quando a Enfermeira Maria Socorro Lima Giambarba
estava à frente da Gerência Geral do Serviço de Enfermagem. Ressaltamos que a cada dois
anos, é recomendada a atualização de todos os POPs, entretanto foi a partir de 2017 que re-
tomamos revisões e atualizações, em 2019 desenhamos o fluxograma desde elaboração até
validação dos POPs em parceria com o NSPQH.
No ano de 2021, decidimos elaborar o presente manual na nova formatação e layout
padronizado por esta instituição. O processo de construção, análise, revisão, aprovação e
validação envolvem a elaboração pelas unidades assistenciais, análise e revisão pela CEPEn,
aprovação pelo SCIH e validação pelo NSPQH.
Todas as etapas de construção dos POPs deu-se pela parceria e colaboração entre
todos os setores envolvidos, buscando embasamento teórico e científico em publicações de
autoridades no assunto. Consideramos que, nesta segunda edição, atingimos os resultados
esperados e desejamos contemplar em edições futuras os demais POPs categorizados por
domínios aqui não abordados.
Esperamos, assim, que esta publicação possa contribuir para a sistematização da as-
sistência de enfermagem, não apenas no Hospital Geral de Fortaleza (HGF), como, também,
para outras instituições de saúde.
Regina Maria Monteiro de Sá Barreto
Albertisa Rodrigues Alves
Fabiola Alves Barros
Ilvana Lima Verde Gomes