Rota Extrema 25 08
Rota Extrema 25 08
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Escola de Formação de Executivos em Logística
Ficha Catalográfica
P814r
Pontes, Francisco
Rota extrema: o guia definitivo como construir uma transportadora
realmente rentável, escalável e alavancar sua lucratividade
usando métricas de gestão [livro eletrônico] / Francisco
Pontes. - Fortaleza: Premius Gráfica e Editora, 2020.
120 p.;
ISBN 978-85-538-0129-9
CDD 658.9
COMO USAR ESTE LIVRO
INTRODUÇÃO 9
CONCEITOS TRABALHADOS
Gestão contingencial 11
Cultura organizacional 13
Planejamento estratégico 16
Comunicação 25
Visão sistêmica 31
Estrutura organizacional 32
Padronização de procedimentos 36
Liderança como instrumento de gestão 39
Organização que aprende 42
Trabalho em equipe 42
Diferenciação como argumento de vendas 44
Qualidade do serviço 45
ESTUDO DE CASO
Expresso Guanabara S/A Divisão de Cargas 50
Primeira etapa: Diagnóstico dos cenários 51
Segunda etapa: Programa estratégico emergencial 53
Terceira etapa: Criando a base para a autogestão 54
Quarta etapa: Consolidando os conceitos e ampliando a visão
de gestão da empresa 58
CONCLUSÃO 59
BIBLIOGRAFIA 60
OUTROS TEXTOS
A logística e o transporte de cargas 63
Para não dizer que não falei das flores: As saídas 65
As dores do setor de transporte de cargas 67
O novo mercado, a dinâmica necessária e as transportadoras 69
A extinção dos profissionais executivos de vendas 70
Ubuntu da logística nacional 71
2018: Um ano para aprender a negociar para sobreviver 72
O marco regulatório do TRC 73
O setor de transporte de cargas no Brasil 75
A inovação como geradora de instabilidade e oportunidades 77
Resultado dos ajustes e acomodação do TRC brasileiro
perante a crise 79
A confiança como fator de sucesso na gestão do TRC 81
Os Correios e os paradigmas da boa gestão no TRC 83
O TRC e a necessária atualização do modelo de negócio 84
O TRC e a necessidade de saber perder clientes para sobreviver 86
A perda do ponto de equilíbrio das transportadoras de cargas 88
A vida de Jó: Paralelos entre crenças e competências 89
Transportadora União e os kamikazes do transporte de cargas 91
Receita de bolo para transporte rodoviário de cargas 93
Consequências da crise e a espera da doação de órgãos 98
Transporte rodoviário de cargas: Uma possibilidade 99
Microgestão e cubagem 101
Oportunidades que surgem com a crise 104
Pontos de mutação 106
A retomada do transporte rodoviário de cargas pós-Covid-19 108
Agradecimentos 110
INTRODUÇÃO
9
transportes de cargas, o que nos levou a um conjunto de empresas despreparadas
para essa nova realidade de exigências fiscais mais rígidas e maior
acompanhamento no recolhimento dos tributos do setor, assim como
desorganizadas administrativa e operacionalmente.
Este livro surge a partir das necessidades identificadas sob esse olhar
técnico para o cenário. Ele sugere um modelo de gestão que utilize conceitos
contemporâneos e uma nova visão sistêmica do segmento de transporte rodoviário
de cargas na região Nordeste.
Estabelecido o cenário, elaboramos este trabalho com pesquisas
bibliográficas teóricas e coleta de informações do próprio setor. Como pesquisa de
campo, a empresa Expresso Guanabara S/A., que realizou uma reforma
organizacional na sua divisão de cargas, contemplando conceitos modernos de
gestão e criando o ambiente propício à execução de práticas empresariais que se
ajustam a esse novo mercado, que exige cada vez mais de seus fornecedores de
transporte. Considera esse setor um dos principais braços do seu negócio,
determinado pelo bom fechamento de suas vendas, cumprimento de prazos e
políticas de qualidades na prestação do serviço como parte do contrato.
Este estudo objetiva discutir a construção de um modelo de gestão
profissionalizada que aborde conceitos organizacionais, utilize ferramentas de
medição na prestação de serviços e que acompanhe as mudanças do mercado
consumidor. Em especial para o setor de serviço de transporte rodoviário de cargas,
que apresenta uma realidade organizacional distante das necessidades do seu
mercado. Terá grande valia este livro se provocar discussões que implementem
mudanças no modelo atual, que apenas reage aos problemas apresentados e não
trabalha, na sua maioria, com a formação de conceitos voltados para cultura
organizacional e sua importância na preparação e atualização das empresas.
10
CONCEITOS TRABALHADOS
Gestão contingencial
Dos tempos de Taylor até os dias de hoje, inúmeras foram as formas criadas
e adaptadas de teorias e gestão. Algumas se apresentavam como uma evolução
conservadora por conterem em sua base princípios do arquétipo antigo, outras
determinavam uma proposta de mudança total nas formas de gerenciamento que
sempre estiveram no cerne das empresas.
A teoria da contingência, uma das chamadas modernas teorias de gestão,
está entre as que propõem mudanças decerto conservadoras. No mundo
corporativo sempre observou-se que certos modelos de gestão, ditos eficazes, não
davam certo em todas as oportunidades em que eram empregados. Por isso, e
interessados em obter respostas para a pergunta - "quais as características que
uma empresa deve ter para enfrentar com eficiência as diferentes condições
externas, tecnológicas e de mercado?" (Lawrence, 1973) - pesquisadores
americanos se propuseram a investigar aquilo que batizaram de gestão contingen-
cial. É nesse ponto que ocorre o deslocamento da visualização de dentro para fora
da organização. Tudo depende de suas características ambientais. Os sistemas
culturais as afetam. Essa teoria é um passo além da teoria de sistemas em
administração. Ela procura compreender como operam outras organizações. Logo,
vemos que cada empresa tem suas particularidade de tempo e espaço. A forma de
gestão não pode ser engessada de tal maneira que não permita adaptações às
diversas variáveis que independem e que estão além do poder administrativo das
organizações. Ou seja, a abordagem contingencial salienta que não se atinge a
eficácia organizacional seguindo um único e exclusivo modelo organizacional, não
existe uma forma única que seja melhor para organizar no sentido de alcançar os
objetivos altamente variados das organizações dentro de um ambiente também
altamente variado. A teoria da contingência enfatiza que não há nada absoluto nas
organizações ou na teoria administrativa; tudo é relativo tudo, depende. (Ferreira,
1997, p. 101)
11
abordar os vários aspectos que compunham o êxito - ou a falha - de várias
organizações, procurando compreender e explicar o modo como as empresas
funcionavam em diferentes condições.
Baseados nesses estudos, puderam confrontar como (aspecto das
organizações) interagem com as variáveis ambientais, as técnicas administrativas e
a relação funcional dentro das organizações.
A abordagem contingencial conclui que os fatores ambientais e tecnológico
são fundamentais para o equilíbrio e ponderação dentro das organizações, podendo
tais aspectos atuarem como oportunidade ou restrições que influenciam sua
estrutura e seus processos internos, e que tais fatores devem ser constantemente
identificados, especificados e reformulados para uma administração equilibrada e de
acordo com o objetivo a ser alcançado.
Pesquisa de Chandler
Em 1962, Alfred Chandler Jr. efetuou uma das mais sérias e abrangentes
investigações históricas acerca de estratégia de negócios. Estudou quatro grandes
empresas americanas: a General Motors, a DuPont, a Standard Oil Co. (New
Jersey) e a Sears Roebuck & Co.; Em sua pesquisa, demonstrou que as estruturas
dessas empresas foram necessariamente adaptadas e ajustadas às suas
estratégias durante todo um processo histórico envolvendo quatro fases distintas.
1. Acumulação de recursos: A expansão da rede ferroviária, iniciada após a
Guerra da Secessão Americana, ocasionou o fortalecimento do mercado de ferro e
aço e o moderno mercado de capitais. Com isso houve um rápido crescimento
urbano, gerado pela facilidade da estrada - somando-se aí a migração rural e o
início da imigração européia. As empresas tiveram que ampliar suas instalações de
produção e organizar uma rede de distribuição, passaram então a deter o mercado
de matérias-primas por meio da compra de empresas fornecedoras. Daí o controle
por integração vertical, que possibilitou o aparecimento da economia em escala.
2. Racionalização do uso de recursos: As novas empresas integradas
tornaram-se grande e passaram a ter a necessidade de serem organizadas, pois
tinham muito recursos desnecessários - de instalações e pessoal. Haveria então a
criação de uma estrutura funcional para a redução de custos, pois essa
racionalização e a nova estrutura deveriam estar adequadas às oscilações de
12
mercado. Para isso fazia-se fundamental preocupar-se com planejamento,
organização e coordenação.
3. Continuação do crescimento: A reorganização geral ocasionou um
aumento de eficiência nas vendas, compras, produção e distribuição. Em
contrapartida, os lucros baixaram, o mercado saturou-se, diminuindo a oportunidade
de se reduzir os custos. As empresas partiram então para a diversificação - próxima
de novos mercados e novos produtos. A antiga estrutura funcional não estava
preparada para essa diversificação. A nova estratégia gerou o surgimento de
departamentos de pesquisa e desenvolvimento, engenharia do produto e desenho
industrial.
4. Racionalização do uso de recursos em expansão: O suporte de autoridade
e comunicação da estrutura funcional, sem ter como atender à cumplicidade
crescente de produtos e operários, levou à nova estrutura divisional
departamentalizada. De um lado, a descentralização de operações e, de outro, a
centralização de controles administrativos.
Em resumo, diferentes ambientes levam as organizações a adotar novas
estratégias que exigem diferente estruturas organizacionais.
Cultura organizacional
Embora a idéia de cultura organizacional tenha sido inserida no início do
século XX nas corporações norte-americanas, somente na década de 1980 as
academias começaram a trabalhar esse assunto como objetivo de investigação
científica. Para entendermos uma determinada organização é primordial que
observemos sua cultura, seus valores. Para que o administrador cumpra bem o seu
papel, deve considerar e respeitar a cultura da empresa, pois a mesma certamente
afeta seu trabalho. E isso pode ser detectado no comportamento das pessoas, no
modo de falar e ouvir, no vestir-se ou escrever, nas feições ou formas de atender,
nos produtos, na forma de venda etc. (Simcsik, 1992, p. 275)
Segundo Freitas (1990), para falarmos de cultura organizacional é importante
nos localizarmos quanto ao seu conceito, que pode ser visto como sendo um
conjunto de valores que são desenvolvidos e reforçados com o decorrer do tempo,
fazendo com que se sedimentem como sendo válidos para se lidar com algum tipo
de conflito que possa vir a ameaçar a ordem vigente da organização. A cultura or-
ganizacional é a formação de um emaranhado de valores, crenças, mitos, heróis,
13
tabus e personagens que interagem entre si e que se expressam por meio do
comportamento dos membros de uma organização, tornando-se perceptível a outras
pessoas dentro e fora da empresa.
Toda e qualquer organização tem a sua própria cultura e esta é composta de
elementos formadores e de fortalecimento. Os elementos formadores de uma
cultura organizacional dão as diretrizes para a mesma, bem como moldam o
comportamento de seus membros, como por exemplo o tempo de convivência de
seus membros, que vem a reforçar hábitos e costumes. Entretanto, devemos
questionar esse ponto, pois as pessoas não são eternas, ao passo que a cultura
pode perpetuar-se. Podemos dessa forma observar que a cultura emerge da
interação dos membros de uma organização, fazendo de certa forma um
aprendizado coletivo que é então formador cultural.
Conforme Da Matta (1984), com relação ao fortalecimento existem ritos e
cerimônias, que são atividades planejadas para fortalecer a cultura. Por exemplo,
temos rituais de integração como almoços, passeios e confraternizações de fim de
ano que tentam promover uma maior coesão entre os membros de uma
organização, dando-lhes a sensação de que estão todos no mesmo barco. Temos
ainda rituais de reconhecimento como condecorações e eleição de funcionários
padrões da empresa, que visam enaltecer os valores organizacionais considerados
ideais pelos dirigentes. A cultura também é fortalecida com a questão do orgulho
que as pessoas tem de pertencer a uma determinada organização, sentimento que
é reforçado quando os dirigentes enaltecem o papel que a empresa exerce na
sociedade.
A hierarquia formal nem sempre é obedecida na prática, devido a uma série
de interesses, inclusive políticos. Um bom exemplo seria a formação de círculos
sociais que são denotados por meio de sindicatos e entidades de classe.
Nesse contexto surgem dentro das organizações alguns personagens:
Os contadores de estórias. Aqueles que interpretam a realidade de acordo
com sua percepção e normalmente se encontram em posição onde há grande
quantidade de informações.
Os padres. Aqueles que mantém o bando unido e estão sempre dispostos a
ouvir uma confissão. Eles têm sempre uma solução para os dilemas morais.
14
Os confidentes. Aqueles que detém o poder por trás do trono. Sabem ler
rapidamente o que se passa na mente do chefe, mantendo um vasto sistema de
contatos que são sempre utilizados.
Os fofoqueiros. Enquanto os padres falam por analogias, os fofoqueiros falam
de nomes, datas, eventos, salários. Seu papel é por vezes o de promover o
divertimento, o que os torna pessoas toleráveis.
Os espiões. São pessoas leais ao chefe, mantendo-o sempre bem informado
sobre como andam as coisas. Se precisar, podem dedurar os companheiros com o
intuito de se promover. (Freitas, 1990)
Todos podemos identificar os personagens citados nas nossas organizações.
Talvez existam pessoas que se encaixem em um ou mais personagens, mas há
sempre um predominante, basta observar o comportamento delas e os
identificaremos. Nós também nos identificamos com algum deles. É papel do
profissional de administração essa identificação - para que possa alocar no setor
adequado cada pessoa, gerando assim um melhor funcionamento da empresa.
Laplatine (1987) utiliza as culturas nacionais do Japão, da Grã-Bretanha e
dos Estados Unidos para explicar as diferenças entre as filosofias de gestão
encontradas nas empresas desses países. Também chama atenção para o fato de
a cultura interna, como determinante das características da empresa, ter de estar
alinhada com a cultura externa. Seria esse um dos determinados ligados às
exigências dos consumidores.
A cultura da organização conterá os traços que congregam os princípios
gerais da realidade da empresa, o que não quer dizer que todos se revejam nela.
Será feita de tendências fortes e representativas, o que significa que a avaliação de
determinada característica cultural deve ter em conta tanto o impacto dessa
característica sobre o funcionamento da organização como a taxa de acordo entre
os seus membros (Thévenet, 1986).
As empresas e administradores encontram-se numa busca cada vez mais
frenética por produtividade, o que é explicado pela competitividade acirrada entre
elas e as mudanças cada vez mais rápidas - frutos da globalização e
desenvolvimento do período em que vivemos. Neste afã pela produção, por vezes
esquecemos o fator mais importante ligado a ela: o ser humano.
Existem vários métodos e estudos com o objetivo primordial de aumentar a
produtividade. Dentre eles podemos citar: reengenharia, círculos de qualidade total,
15
gerenciamento da qualidade total, just in time, controle da qualidade total e tantos
outros. Todos visam não só o aumento da produção mas também a manutenção
dela para poder sobreviver a um mercado cada vez mais competitivo. Por outro
lado, o que se observa atualmente, sobretudo no Brasil e nos Estados Unidos, por
exemplo, é uma maior demanda por uma consultoria que recaia sobre empresas
que adotaram a reengenharia e não foram bem sucedidas.
A saída é perceber que a diferenciação competitiva será dada por intermédio
dos seres humanos que pertencem às organizações. Para mudar essas
organizações, usamos alguns métodos que visam o aumento da produção e da
qualidade, o que influencia diretamente na empregabilidade. Além desses métodos,
temos que ter em mente que para mudar as organizações temos que mudar as
cabeças das pessoas, nossas próprias cabeças. E essa mudança só será efetiva se
as pessoas tiverem informações em todos os níveis. Faz-se mister abrir,
descongestionar.
Numa hierarquia rígida, sobem informações e descem decisões - se as
informações sobem truncadas, as decisões serão confusas. É necessário e urgente
abrir o processo de comunicação, fazer com que todos nas organizações sintam-se
responsáveis pelos seus próprios trabalhos, mas isso só será viável se as
organizações forem voltadas para a aprendizagem. E em empresas que possuem o
diferencial do aprendizado em todos os níveis, torna-se possível o início do
equilíbrio: produtividade x gente. Na busca desse equilíbrio precisamos aprender
novos conceitos, novas tecnologias, ter uma visão sistêmica e global, influenciar na
qualificação profissional e na empregabilidade. Aprender novos conceitos exige
quebra de paradigmas, mas vale a pena o esforço.
Planejamento estratégico
O futuro não é apenas inevitável, mas também contingencial. Quando uma
organização não dispõe de informações suficientes sobre o comportamento da
concorrência, dos consumidores, fornecedores etc., esse futuro torna-se
impreterivelmente incerto. Nesse contexto, o planejamento se apresenta como uma
atividade que envolve a intenção de estabelecer condições favoráveis para alcançar
objetivos propostos. Ele tem por objetivo o aprovisionamento de facilidades e
serviços para que uma comunidade atenda seus desejos e necessidades ou, então,
o "desenvolvimento de estratégias que permitam a uma organização comercial
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visualizar oportunidades de lucro em determinados segmentos de mercado" (Harry
e Spink, 1990, p. 33).
Nem todo o futuro deve ser composto de incertezas. É possível premeditar
com razoável grau de precisão alguns eventos, porque estão sob controle, são
consequências previsíveis de atos e decisões passadas, ou estão dentro de
calendário de acontecimentos regulares. E, claro, o planejamento não deve ser
confundido com previsão, projeção, resolução de problemas ou planos, visto que o
mesmo é estabelecido por um conjunto de providências a serem tomadas pelos
dirigentes da organização.
Com base nesse conceito básico, o processo de planejamento pode ser
definido de várias maneiras.
Planejar é definir objetivos ou resultados a serem alcançados.
É definir meios para possibilitar a realização de resultados
É interferir na realidade para passar de uma situação conhecida a outra
situação desejada, dentro de um intervalo definido de tempo.
É tomar no presente decisões que afetem o futuro, para reduzir sua
incerteza.
O processo de tomar decisões de planejamento tem presença marcante nas
atividades dos administradores de organizações. É sempre bom lembrar que a
criação de qualquer organização começa com interdependentes de planejamento
interno e externo.
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considerar que, de maneira geral, o planejamento "do que e como vai ser feito"
aparece na ponta do processo. Como consequência, o planejamento assume uma
situação de maior importância no processo administrativo.
c) O princípio de maior penetração e abrangência, visto que o planejamento
pode provocar uma série de modificações nas características e atividades da
empresa. As modificações provocadas nas pessoas podem corresponder à
necessidade de treinamento, substituição, transferências, funções, avaliação etc.;
Na tecnologia pode ser apresentada pela evolução dos conhecimentos, pelas novas
maneiras de fazer os trabalhos etc.; E nos sistemas podem ocorrer alterações nas
responsabilidades estabelecidas, nos níveis de autoridade, descentralização,
comunicações, procedimentos, instruções etc.
d) O princípio de maior eficiência, eficácia e efetividade. O planejamento deve
procurar maximizar os resultados e minimizar as deficiências. Levando em conta
tais aspectos, o planejamento procura proporcionar à empresa uma situação de
eficiência, eficácia e efetividade.
Eficiência é:
Fazer as coisas de maneira adequada;
Resolver problemas;
Salvaguardar os recursos aplicados;
Cumprir o seu dever;
Reduzir os custos.
Eficácia é:
Fazer as coisas certas;
Produzir alternativas criativas;
Maximizar a utilização de recursos;
Obter resultados;
Aumentar o lucro.
Efetividade é:
Manter-se no ambiente;
Apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo
(permanentemente).
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A efetividade representa a capacidade de a empresa coordenar
constantemente, no tempo, esforços e energias, tendo em vista o alcance dos
resultados globais e sua manutenção no ambiente. Portanto, para que a empresa
seja efetiva, é necessário que ela também seja eficiente e eficaz. É importante
salientar que eficiência, eficácia e efetividade são algumas das principais medidas
para avaliar uma boa administração, pois normalmente os recursos com os quais o
administrador trabalha são escassos e limitados.
A eficácia de uma empresa depende basicamente de dois aspectos: de sua
capacidade de identificar as oportunidades e necessidades do ambiente; e de sua
flexibilidade e adaptabilidade, visando usufruir dessas oportunidades e atender às
necessidades identificadas no ambiente.
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O planejamento estratégico é um conjunto de tomadas de decisões para
atingir objetivos a curto, médio e longo prazo, sendo desenvolvido pelo alto nível
gerencial da organização. O planejamento estratégico não se preocupa em
antecipar decisões futuras, mas sim as implicações futuras das decisões tomadas
no presente.
Como no processo de solução de problemas, podemos pensar no
planejamento como uma série de etapas que podem ser adotadas
sistematicamente.
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Há uma hierarquia de objetivos, e cada objetivo é frequentemente fixado,
considerando uma maior orientação. Cada setor de uma organização apresenta
uma forte inclinação para aumentar seus objetivos e conquistas, de forma que os
esforços possam cancelar ou comprometer os outros setores, por meio de um
esforço de sub-objetivação. O correto é o efeito não somente de uma soma de
esforços, mas sim uma multiplicação, ou seja, a sinergia que significa o efeito
multiplicador. Na administração, ocorre quando, utilizando os mesmos recursos,
consegue-se produzir um resultado maior do que se conseguiria com a utilização
destes recursos isolados. Assim cria-se a necessidade de um sistema de objetivos e
de resultados globais - por meio dos planos táticos, nenhum objetivo trabalha junto
aos outros.
Com a administração por objetivos, as organizações definem as metas de
várias áreas. Os superiores e subordinados estabelecem juntos os planos de
comum acordo, assim como controlam também os resultados.
21
b) Força de trabalho habilidosa;
c) Boa participação do mercado;
d) Solidez financeira;
e) Reputação superior.
22
O nível operacional pode ser explicado como a formalização de documentos
escritos e métodos de desenvolvimento, ligado diretamente com a realização de
tarefas. Seu caráter é de curto prazo e relaciona-se diretamente à execução de
rotinas. O nível operacional corresponde a um conjunto de partes homogêneas do
nível tático.
23
estratégico ser de responsabilidade principal da gerência de topo, todos devem
participar do processo e apoiá-lo.
24
Comunicação: Imagem empresarial e organizacional
A comunicação como essência de uma organização
A comunicação, definida como troca de informações ou transmissão de
significados, é o processo básico de uma organização. "O que a comunicação faz
para uma empresa parece-se com o que a corrente sanguínea faz para o
organismo". Se houver uma diminuição ou extinção dela - a corrente sanguínea ou a
comunicação - no organismo vivo, esse tende a desaparecer. A empresa é um
sistema de informação, e a mesma precisa absorvê-la e utilizá-la por meio de um
conjunto de modelos para falar e se fazer ouvir. A comunicação interna e a
comunicação externa são, de acordo com Juarez Bahia (1995, p. 16), os tipos de
ações mais importantes na estratégia de uma organização.
Comunicação interna é a que se verifica entre a organização e seus
membros. Comunicação externa é a que ocorre entre a organização e outros
setores da sociedade, tais como clientes e o público afetado por jornais, revistas,
televisão, etc. Ambos os tipos de comunicação são importantes para fortalecer
decisões, reciclar, aprimorar produtos e vitalizar objetivos.
Uma organização possui um importante papel social e, dessa forma, quanto
mais esclarecida for essa organização de seu papel, mais apta ela estará a informar
e terá mais probabilidade de se desenvolver e se adaptar às novas exigências
sociais. Por outro lado, a sociedade também precisa conhecer o exato papel da
organização, pois a "quantidade de apoio que uma organização recebe de seu
ambiente social é afetada pela informação que grupos de elite e público cada vez
mais amplo adquiriram sobre suas metas, atividades e realizações" (Katz & Kahn,
1987). Desse modo, a empresa deve estar apta a informar cidadãos e diversos
setores políticos sobre suas atividades e suas idéias, utilizando canais de acesso
adequados à população a qual pretende falar. Como um sistema aberto, uma
organização desenvolve uma série de transações com a sociedade.
Existem entradas na forma de pessoas, materiais, forças políticas e
econômicas vindas do sistema maior. Por sua vez, existem saídas vindas na forma
de produtos e serviços. A organização afeta o funcionamento da sociedade e é
afetada pela política do ambiente no qual está inserida. Para que uma organização
tenha um bom desenvolvimento, é necessário que tenha um bom fluxo de
comunicação externa. É preciso saber o que os consumidores pensam de seu
produto e quais são suas expectativas. As demandas da população se modificam de
25
acordo com as mudanças sociais. A organização precisa conhecer bem as novas
exigências para atendê-las da melhor forma. Ao mesmo tempo, é necessário
informar a população sobre suas práticas e serviços para que haja maior aceitação
e procura. Um sistema de comunicação eficaz precisa ter compatibilidade de
pensamento, consistência profissional, adequada apresentação e bidirecionamento.
Um fluxo de informação livre é importante para as relações fora dos limites internos.
Entretanto, o sistema de comunicação que se estrutura no interior de uma
organização também exerce grande influência no seu funcionamento. Para o
alcance dos objetivos e metas organizacionais, bem como para uma boa relação
com seu meio, é importante que a comunicação entre os membros seja saudável.
Por creditar grande importância ao papel do psicólogo na forma como se organizam
os canais de comunicação dentro de uma organização, este livro vai se ater aos
estudos sobre esse tipo de comunicação.
Para uma análise de como se organizam os canais de comunicação no
interior de uma organização é necessário pensá-la como uma rede restrita de
comunicação. Um sistema social organizado implica em redução da comunicação
aleatória e difusa, restringindo-a a canais apropriados para o alcance dos objetivos
organizacionais. Se tomarmos como exemplo um grupo de 40 pessoas não
organizadas, o número de canais potenciais de informação seria 780 (n.(n-1)/2). No
entanto, se essas pessoas forem organizadas em subgrupos, de modo que cada
equipe tenha um papel definido, o número de canais de comunicação diminui, assim
como os mesmos também poderão ser usados de forma apropriada. O mesmo
acontece em uma organização que é estruturada como uma rede de subsistemas
que desempenham papéis claramente definidos. Para tornar os circuitos de
comunicação mais eficientes, assim como detectar eventuais problemas, é
fundamental a compreensão dessa rede.
Rede de comunicação
Uma rede é constituída por canais e meios de comunicação estruturados e
organizados de modo a tornar os que estão agrupados no interior de um
determinado meio acessíveis uns aos outros (Mailhiot, 1973). De acordo com o grau
de organização de uma rede, seus membros terão consciência mais ou menos
explícita dos caminhos que devem seguir para se comunicar com o outro.
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As principais características das redes de comunicação são: a dimensão do
laço, a natureza do circuito, seu caráter aberto ou fechado, a configuração da rede e
o ajustamento entre o circuito e função sistêmica.
Dimensão do laço é a quantidade de subsistemas alcançados por certo tipo
de informação. Os circuitos podem abranger um sistema inteiro ou cobrir apenas um
subsistema principal, ou ainda apenas uma de suas unidades.
Natureza do circuito diz respeito ao modo como uma informação é
transmitida. Pode ser de forma repetitiva ou por meio de modificações em cadeia. O
primeiro modo pode se dá através do escoamento linha abaixo de uma informação,
onde a mesma é passada de cada nível para o que está abaixo sem que haja
qualquer modificação. No segundo modo, o comando passa mensagens com
translação apropriada para cada subsistema. A primeira forma tem a vantagem de
ser uniforme, mas serve apenas para problemas simples. O segundo padrão é mais
eficiente para fatos complexos, onde pode ser necessária tradução para as
diferentes unidades.
Caráter aberto ou fechado tem a ver com a resposta ou reação. Todos os
atos comunicativos possuem caráter circular, pois há sempre uma reação à
transmissão que pode fornecer feedback ao transmissor. Entretanto, alguns circuitos
são mais fechados ou abertos do que outros. Em alguns, a resposta pode ser
imediata e de aceitação da mensagem original, e em outros pode vir em forma de
relatórios e indicar tentativas de modificação do que foi transmitido. Um laço
fechado seria o que não permitiria a modificação do conteúdo da transmissão.
Quanto mais aberto for um laço, maior será a possibilidade de desenvolvimento,
devido às alterações no sistema que ele vai permitir.
27
conduzir a um espírito de equipe e melhor desempenho nas tarefas. Os
subordinados devem receber dos superiores esclarecimentos sobre as orientações
tomadas e, por outro lado, os superiores devem ser informados do que está
acontecendo.
Comunicação descendente é o fluxo de comunicação que segue de superior
para subordinado. As comunicações que têm esse movimento são, segundo Katz &
Kahn (1987, pp. 262), de cinco tipos.
a) Instrução do cargo. Geralmente tem prioridade nas organizações militares
e hospitais, onde as instruções são feitas com grande especificidade, com o objetivo
de assegurar ao incumbido o desempenho criterioso no papel que lhe foi destinado.
b) Lógica do cargo. São informações justificadas pela preocupação de
produzir compreensão da tarefa e sua relação com outras tarefas organizacionais.
Essa é menos utilizada por organizações com processo de comunicação mais
fechado, onde os líderes não toleram a variabilidade de comportamentos que a
compreensão plena do cargo proporcionará ao trabalhador. Se este julga saber a
razão de sua tarefa, pode tentar fazê-la de maneira diferenciada. Entretanto, é esta
compreensão que dará ao indivíduo, na maioria dos grupos, maior autonomia,
habilidade e vontade de trabalhar, podendo contribuir de modo mais criativo com o
desenvolvimento da organização.
c) Informação sobre procedimentos e práticas organizacionais. Além de
instruções sobre seu cargo, o indivíduo também é informado sobre suas obrigações
e benefícios, como férias, vale transporte, recompensas e sanções.
d) Feedback para o subordinado sobre seu desempenho. Saber como está
indo e se seus méritos são reconhecidos faz com que o subordinado desenvolva
mais plenamente seus talentos.
e) Doutrinação sobre metas. Tem como objetivo fazer com que o indivíduo
assimile as metas organizacionais. Uma função importante para o líder da
organização ou psicólogo que trabalha em recursos humanos é conceituar a missão
da organização de maneira atrativa e que constitua novidade. Para o envolvimento
do membro com os objetivos da organização, é também importante que ele
compreenda seu papel e como ele se relaciona com outros papéis. Se uma pessoa
percebe como sua função está relacionada com o objetivo organizacional, é mais
fácil que se identifique com a missão da organização.
28
Para que sejam eficazes, as informações sobre a política da organização
precisam ser traduzidas para significações específicas de cada setor, sendo assim
registradas pelos funcionários e causando impacto.
Comunicação horizontal
É a comunicação entre pessoas do mesmo nível hierárquico. Pode ser nociva
se assumir normas irrelevantes ou houver problemas de coordenação entre os
indivíduos. Caso contrário, pode suprir apoio emocional e social do indivíduo por
meio da compreensão mútua dos pares. Esse fluxo de informação também
possibilita a organização das pessoas em esforços cooperativos, além de satisfazer
as necessidades de inclusão, controle e afeição que, segundo Shutz, levam à
criatividade duradoura. Regimes totalitários desvalorizam esses canais de
informação, visto que geram o fortalecimento do setor, pois levam os indivíduos a se
organizarem e a contestarem fatos que desagradam o grupo.
A informação ascendente ocorre quando a informação parte do subordinado
para o superior. O subordinado pode relatar a seu chefe algo sobre si mesmo e o
que tem feito, o que fazem seus pares e os que estão abaixo, pedir esclarecimentos
sobre metas e procedimentos da organização e sugerir práticas a partir de sua
observação sobre os fatos a sua volta. Para que uma informação siga este fluxo, o
indivíduo pode se dirigir diretamente a um nível mais elevado ou utilizar o sistema
de sugestões da empresa.
29
Sobrecarga de informação
A sobrecarga de informação ocorre quando os inputs de comunicação (a
informação que chega) são maiores do que os limites que a organização ou alguma
de suas estruturas podem absorver.
Essas limitações existentes na estrutura são definidas como capacidade de
canal. Uma vez que os sistemas sociais estão em um certo tempo e espaço múlti-
plos, eles estarão sujeitos a limitações em sua capacidade de comunicação.
Uma determinada atividade dentro de uma organização não está somente re-
lacionada às outras atividades feitas no mesmo espaço, mas também a sua duração
e precedência, e à simultaneidade a outras atividades. A recepção, a verificação e
transformação feitas a partir de uma informação estão interligadas no processo de
produção e seguem uma escala de tempo correspondente.
A coordenação de atividade em um intervalo de tempo encontra um
obstáculo, já que as organizações sociais não existem em um espaço social
constante. As fontes de suprimento podem diminuir ou mudar, o mercado pode
crescer ou diminuir etc. Essas flutuações sobrecarregam o sistema em algum ponto.
A atividade de uma organização precisa estar relacionada a outros aspectos
constantes em um espaço de tempo. Assim sendo, os inputs, com suas
modificações, geram sobrecarga em um ou em vários subsistemas de uma
determinada organização.
Outro fato é que as inconstâncias que ocorrem no ambiente são criadas pelo
homem na busca organizada de maior conhecimento e de exploração tecnológica
desse conhecimento novo. Assim, novos inputs são criados e permitem um
ambiente em constante mudança e que afeta os sistemas sociais.
Uma proposta para reduzir o problema da sobrecarga é a diminuição desses
inputs. Obviamente essa tarefa não é fácil quando se diz respeito ao ambiente
externo, pois a maioria das organizações não pode controlar as exigências
ambientais, a não ser que elimine uma função que lhe é própria.
No entanto, dentro das organizações, a redução planeja de inputs é possível.
Basta levar em conta que boa parte da sobrecarga é criada pelos próprios
subsistemas de uma certa organização. Para reduzir esse fluxo interno de
informação faz-se necessária a criação de dispositivos que possibilitem essa
30
redução. Um exemplo é a decisão de algumas empresas reduzirem seus
memorandos a uma só página.
Visão sistêmica
Para definirmos a visão sistêmica, precisamos primeiramente entender o que
ela é e qual é o motivo de sua existência. Segundo Simcsik (1992, p. 288) sistema é
o conjunto de elementos atuando de forma integrada e inter-relacionada, com
funções definidas para que os objetivos, metas e projetos estabelecidos sejam
alcançados. A visão sistêmica tem a ver com contextualizar as partes para entender
o funcionamento do todo.
Do ponto de vista histórico, a humanidade sempre tentou entender
subsistemas isoladamente, não levando em conta sua interação com o todo. A visão
sistêmica veio como uma evolução natural de tal forma de pensamento,
possibilitando uma maior aproximação com realidade da ciência que estuda os
sistemas. A humanidade, em determinado momento histórico, precisou resolver
problemas que não podiam ser entendidos isoladamente, devido a sua
complexidade. Esses problemas, na maioria relacionados à questões ecológicas,
levou à percepção do paradigma no pensamento da época estava ancorado. A partir
de então, aconteceu uma evolução na forma de pensamento.
A capacidade de analisar uma situação sob vários pontos de vista é
extremamente importante para uma organização em um mundo permeado pela
velocidade e com enorme quantidade de transformações e informações. O
desenvolvimento da habilidade da observação por meio de profundas apreciações
requer a capacidade de permanecer aberto e flexível: não se atendo de imediato às
primeiras impressões, procurando não fazer pré-julgamentos e reanalisando o
contexto.
As nossas verdades podem não ser absolutas. Interpretar sob um único
ponto de vista, em detrimento das interações multifatoriais, afeta diretamente os
nossos resultados, criando barreiras intransponíveis e novos obstáculos. A visão
através de vários prismas cria uma gama de possibilidades de soluções e ações.
Explorar e desenvolver o sentido da visão sistêmica propiciando a compreensão da
contínua evolução dos cenários.
A visão sistêmica, portanto, tem maior extensão para o entendimento de
organizações complexas - o que seria praticamente impossível se levássemos em
31
conta o paradigma anterior. Também procura entender a influência das partes entre
si, deixando de analisá-las isoladamente.
A principal característica da visão sistêmica é tentar estudar as partes
levando em conta o seu papel na estrutura do todo. Isso tem efeito no conceito de
que o todo, resultante da junção das partes, é muito maior do que simplesmente a
soma destas. Há características que só aparecem para o todo, e que não podem ser
encontradas nas partes.
Os atomistas, portanto, defendiam a tese de que se uma parte fosse
completamente estudada, o seu todo poderia ser deduzido. Verificamos que tal
concepção não é completamente verdadeira. Se entendermos completamente o
funcionamento de uma mão, por exemplo, ainda assim não teremos noção de todas
as funcionalidades do corpo, do qual ela faz parte.
A visão sistêmica possui aplicação nas mais variadas áreas, tais como nos
diversos ramos da ciência, mercados financeiros e até mesmo no nível do
relacionamento interpessoal. Tal influência é extremamente produtiva, notadamente
nas ciências exatas, que são as que possuem a maior herança histórica de
pensamentos e pensadores atomistas.
O grande desafio destes novos tempos para as empresas é ser capaz de
mudar, de criar e inovar em situações adversas, exercitando continuamente a
capacidade de compreender a dinâmica do mercado e do mundo - como um
ambiente extremamente mutável e competitivo - e estando atentas para detectar as
oportunidades, as necessidades de gerenciar mudanças e, principalmente, a
implementação de ações.
Estrutura organizacional
Estrutura de organização
Por estrutura de organização deve-se entender a urdidura, devidamente
arquitetada, sobre a qual hão de tecer-se as relações administrativas. Em outras
palavras, pode-se dizer que administração pratica-se à base de um esquema
denominado organização, como é óbvio. Os defeitos e as qualidades de estrutura
da organização escolhida vão se refletir sobre os resultados do processo
administrativo.
As estruturas adotadas pelas empresas de hoje são resultado de
experiências e erros de centenas de anos, de avanços e recuos em busca do
32
melhor modo de se realizar o trabalho. E nem haveria processo mais seguro para
buscar a excelência tão desejada - pois as organizações, sejam quais forem os seus
propósitos, só conseguem ser eficientes quanto nascem e evoluem protegidas pela
experiência e pela tradição.
33
forma pela qual a organização é montada. As tecnologias de produção em massa
de indústrias como a automobilística, por exemplo, envolvem altos graus de
padronização e de especialização das atividades. Também influencia os
mecanismos de coordenação, o nível em que as decisões são tomadas e o tamanho
das unidades organizacionais.
c) O pessoal como determinante da estrutura. O pessoal envolvido nas
atividades da organização afeta sua estrutura. Os administradores tomam decisões
relativas às linhas de comunicação e de autoridade e às relações entre as unidades
de trabalho. Na ocasião da criação das unidades de trabalho e distribuição de
tarefas, é preciso levar em consideração as capacidades e atitude dos subordinados
e sua necessidade de trabalhar uns com os outros de maneiras específicas. Além
disso, as pessoas de fora da organização influenciam em sua estrutura, que deve
possibilitar um relacionamento habitual com clientes ou fregueses, fornecedores e
outras partes do ambiente externo.
d) Tamanho e estrutura. Tanto o tamanho total de uma organização quanto o
tamanho de suas subunidades influenciam suas estruturas. As organizações
maiores tendem a ter uma maior especialização das atividades e procedimentos
mais formalizados (maior padronização). Chandler afirmou que, à medida que o
tamanho das organizações vai aumentando, chega-se a um ponto em que elas são
obrigadas a se descentralizar para criar uma maior variedade de mecanismos
formais que coordenem suas atividades.
Empowerment
Para distribuir níveis adequados de autoridades e responsabilidade por toda
a organização, torna-se necessário fortalecer todos os seus membros isso
proporciona melhor controle, e o elemento essencial do controle é a autoestima das
pessoas. O grau de controle manifestado pelas pessoas com elevada autoestima é
muito grande, enquanto o manifestado pelas pessoas com baixa autoestima é
mínimo. O empowerment (empoderamento) aumenta o controle, incrementa a
autoestima e impulsiona a qualidade dentro da organização.
Empowerment é um conceito muito falado, mas pouco praticado. Seu objetivo
é simples: transmitir responsabilidades e recursos para todas as pessoas com o
propósito de obter sua energia criativa e intelectual, de modo que tais pessoas
mostrar a verdadeira liderança dentro de suas próprias esferas individuais de
34
competência. Ao mesmo tempo, procura ajudar e incentivar funcionários a enfrentar
os desafios globais de toda a empresa. O empowerment busca a energia, o esforço
e a dedicação de todos - lamentavelmente, características difíceis de encontrar em
nossas empresas. Também busca tirar do gerente o antigo monopólio do poder, das
informações e do desenvolvimento. Empoderar é dar poder aos funcionários para
aproveitar ao máximo o talento coletivo.
Existem alguns princípios para promover o empowerment entre os
funcionários.
a) Dar às pessoas um trabalho que elas considerem importante;
b) Dar às pessoas plena autoridade e responsabilidade, independência e
autonomia em suas tarefas em recursos;
c) Permitir que as pessoas tomem decisões a respeito de seu trabalho;
d) Dar visibilidade às pessoas e proporcionar reconhecimento por seus esforços
e resultados;
e) Construir relacionamentos entre as pessoas, ligando-as com funcionários
mais importantes e apoiando-as por meio da ação de lideres e
impulsionadores;
f) Mover a informação em todos os níveis. Informação é poder e habilita as
pessoas a pensar e agir melhor;
g) Pedir opinião das pessoas a respeito dos assuntos do trabalho. Fazer com
que elas se sintam as donas dos processos de trabalho e que tenham
orgulho de pertencer a organização;
h) Acentuar a colaboração e o espírito de equipe. Empoderar pessoas e
empoderar equipes;
i) Ajudar pessoas empoderadas a empoderar as demais. Estender o empo-
werment a todos os meios e áreas da organização. Transformar velhas
regras e regulamentos em meios para divulgar a informação, opiniões e
idéias, por toda a organização.
O segredo é utilizar todo seu pessoal, todas as habilidades, a todo tempo, dando
autoridade e recursos às pessoas e deixando-as agir.
35
Departamentalização
As funções executadas pelos empregados precisam ser divididas entre eles e
combinadas de modo lógico. Os empregados com funções relacionadas geralmente
têm uma área de trabalho comum e constituem uma unidade de trabalho. A
eficiência do fluxo de trabalho depende da boa integração de várias unidades dentro
da organização. A divisão do trabalho e combinações lógicas de tarefas devem levar
a estruturas departamentais e de subunidades lógicas.
O organograma
À medida que uma empresa vai crescendo, o número de unidades e
subunidades de trabalho vai aumentando e vão sendo acrescentados novos níveis
de chefia. Tanto administradores como subordinados ficam mais afastados dos
resultados finais de seus atos e precisam de um entendimento claro de como suas
atividades entram no quadro mais amplo sobre o que é a organização e o que ela
faz.
A maioria das estruturas organizacionais é muito complexa para ser
transmitida verbalmente. Para mostrar a estrutura da organização, os
administradores normalmente fazem um organograma, que diagrama as funções, os
departamentos ou cargos da organização e mostra como eles se relacionam. As
unidades separadas da organização em geral aparecem em retângulos, ligados
entre si por linhas cheias que indicam a cadeia de comando e os canais oficiais de
comunicação.
A tecnologia muda, como muda a estrutura social; Mudam as pessoas, assim
como mudam as necessidades. Cada dia mais, a mudança passa a ser valorizada e
a estabilidade, malvista. A estabilidade passa ser uma condição de mudança, na
procura de um equilíbrio dinâmico a um nível sempre mais alto. Toda mudança é um
desafio e, ao mesmo tempo, um desenvolvimento (Simcsik, 1992, p. 259).
Padronização de procedimentos
Basicamente, uma organização é o conjunto de três elementos:
equipamentos e materiais, procedimentos e seres humanos. Sem a presença de
pelo menos um desses itens a organização deixa de existir. A padronização de
procedimentos é a normatização das inter-relações existentes entre esses
elementos dentro e fora das empresas.
36
Essa busca pela padronização de procedimentos começou a tomar fôlego a
partir do momento em que se verificou o quanto e importante a estruturação dos
trabalhos desenvolvidos. Numa economia altamente competitiva como a de hoje,
padronizar significa melhorar, e melhorar significa no mínimo manter-se em um
mercado cada vez mais exigente. O fim é o mesmo, mas os meios podem ser
diferentes.
Existem várias maneiras de uma empresa pôr em prática um sistema de
normatização e padronização de seus processos, isso graça aos estudos científicos
da administração que possibilitaram o desenvolvimento de diferentes ferramentas
para esse trabalho. E o que se busca nas entrelinhas desse processo é, nada mais,
nada menos, que um ganho na produtividade. Podemos dizer, grosso modo, que
bastam dois tipos de alterações (implantações) para que uma determinada
organização possa se autodeclarar padronizada: a criação de normas e manuais.
Normas são o conjunto de regras ou procedimentos escritos para a avaliação
e realização das atividades necessárias para o alcance de objetivos específicos e
gerais propostos pela empresa e o por seus dirigentes. As normas são arquivadas
em manuais.
Manuais são o conjunto sistemático de normas que indicam as atividades a
serem cumpridas pelos indivíduos que mantêm relações de trabalho com a
empresa, e a forma pela qual as mesmas deverão ser realizadas (Simcsik. 1992, p.
311).
37
Brasil, principalmente como decorrência da abertura brasileira à concorrência
externa.
Assim, para que pudéssemos nos sentar às mesas de negociações
internacionais, nosso país precisou aperfeiçoar seus processos de fabricação e de
prestação de serviços, incorporando a eles as devidas exigências de normatização
técnica que no Brasil está a cargo da Associação Brasileira de Normas Técnicas,
conhecida pela sigla ABNT. Provavelmente você já ouviu falar na ABNT. Mas sabe
para que ela foi fundada e quais são os seus objetivos?
A ABNT é uma sociedade privada, sem fins lucrativos, fundada em 1940, que
foi reconhecida pelo governo como o Foro Nacional de Normalização. Isso significa
dizer que, no caso específico da prestação de serviços, compete a ela cuidar de
todos os documentos normativos referentes às atividades aí envolvidas, ou seja, os
instrumentos que determinam as diretrizes, normas, leis e os códigos que
regulamentam a prestação de serviços.
Dentre os objetivos da ABNT, destacam-se o de elaborar normas técnicas e
fomentar seu uso nos campos científico, técnico, industrial, comercial, agrícola e
outros correlatos, mantendo-as atualizadas; e o de intermediar, junto aos poderes
públicos, os interesses da sociedade civil, no tocante aos assuntos de normalização
técnica
As normas determinadas pela ABNT são elaboradas por diferentes comitês,
os quais mantêm comissões de estudo nas mais diversas áreas de atividade.
38
variados países. O Brasil se faz presente às reuniões internacionais por meio da
ABNT que, junto aos demais representantes, busca estabelecer normas a serem
aplicadas em caráter mundial.
A norma que se aplica a serviços é a NBR ISO 9004-2, que procura fornecer
diretrizes mais amplas que servem de orientação para as empresas na prestação de
serviços. Ela trata de todo o ciclo da qualidade do serviço, desde a identificação das
necessidades do cliente até a entrega e a verificação da satisfação deste com o
serviço prestado. Internamente, passa por atividades como a especificação e o
projeto do serviço e, ao final, volta-se para a prestação do serviço propriamente dita.
39
liderança), uma organização será apenas uma confusão de pessoas e máquinas, do
mesmo modo que uma orquestra sem maestro será somente músicos e
instrumentos. A orquestra, como a organização, requer liderança para desenvolver
ao máximo seus preciosos ativos."
40
deixá-lo mais livre para trabalhar; Caso contrário, o controle sobre a tarefa e sua
realização deve ser maior. Na gerência, liderar é fundamental
Três palavras-chaves compõem a base da sustentação e eficácia de um
gerente - chefe, supervisor, diretor - na empresa. São as seguintes:
a) Autoridade. Refere-se a capacidade de ocupar um papel formalmente
estabelecido (cargo), com determinadas atribuições, inclusive a atribuição de mando
sobre outras pessoas. Quando a autoridade está mal definida, o gerente tem
problemas para realizar as metas da empresa.
b) Poder. Capacidade de delegar a alguém a tarefa de fazer alguma coisa,
usando para isso qualquer recurso ou instrumento, inclusive a força. Na gerência, o
poder advém da autoridade; Ele é delegado ao cargo. Quando o gerente não tem
poder, o grupo se desagrega, tem baixa autoestima, mantém-se desinteressado e
confuso.
c) Liderança. É a capacidade de levar alguém a cooperar espontaneamente.
Quando o gerente não tem liderança, o funcionário adota a estratégia de fingir que
faz ou que obedece, e faz o mínimo necessário para não perder o emprego. A
liderança traz o poder sólido e sustentável.
41
Organização que aprende
“Com a velocidade das mudanças, o mundo empresarial está cada vez mais
relacionado com o aprendizado e o administrador moderno tem a responsabilidade
de manter-se em constante aprendizado, bem como de estimular e criar
mecanismos para que sua organização seja de aprendizagem, qualificando assim
seus colaboradores e influenciando na melhoria de seus níveis de empregabilidade
e competitividade.” (Fleury & Fischer, 1989, p. 76)
É possível aprender em um grupo de trabalho? E se for, como? Para
responder a essas questões, não se pode buscar soluções fixas e definidas.
Devemos ter em mente uma contribuição, de forma crítica e séria, para o conceito
de Organizações de Aprendizagem - organizações nas quais as pessoas são
estimuladas continuamente a expandir sua capacidade criativa e obter resultados
que realmente as satisfaçam, onde há uma promoção na maneira de pensar dos
funcionários, fazendo com que haja um pensamento sistêmico e abrangente e
criando a interligação entre as partes e o todo organizacional de forma comunitária.
Em outras palavras, as pessoas transmitem seus novos conhecimentos ao grupo de
trabalho e também aprendem com ele.
Trabalho em equipe
Um negócio, seja de que ramo for, só vai ser eficiente e duradouro se ele for
bom para você, para seus funcionários, para seus clientes e para a comunidade.
Isto requer deixar claro - por escrito, é melhor - no que a empresa acredita, aonde
quer chegar, como fazer para chegar lá e o que quer ser para seus clientes. Todos
têm que saber e acreditar nisso.
Sem dúvida nenhuma, a mais forte tendência contrária à
departamentalização tem sido o esforço de muitas empresas no sentido de
introduzir e implementar os conceitos de equipe. A cadeia vertical de comando é um
meio poderoso de controle, mas que desloca todas as decisões ao longo da
hierarquia, sobrecarregando a cúpula da organização e retirando das pessoas toda
possibilidade de escolha e decisão. A década de 1990 se caracterizou pelas
tentativas de encontrar meios de delegar autoridade, empurrar a responsabilidade
para os níveis mais baixos e criar equipes participativas e capazes de engajar e
obter o comprometimento das pessoas. Trata-se de uma forma de tornar as
42
organizações mais flexíveis e ágeis para funcionar em um ambiente globalizado e
competitivo.
O trabalho em equipe traz vantagens às organizações e às pessoas. Para as
organizações, as equipes podem romper as tradicionais barreiras
interdepartamentais e facilitar o funcionamento da estrutura funcional, lubrificando
as comunicações, melhorando a coordenação e integração e, sobretudo, impondo
um tempo de reação mais rápido. As equipes constituem um poderoso mecanismo
informal de integração dentro do esquema tradicional de organização. Para as
pessoas, as equipes trazem mais envolvimento social e emocional, mais
participação nas decisões, maior motivação. A seguir estão listadas, para
comparação, algumas vantagens e desvantagens da estrutura de equipes.
Vantagens
a) Barreiras reduzidas entre os departamentos aumentam o compromisso;
b) Menor tempo de reação, decisões mais rápidas;
c) Moral mais elevado, entusiasmo decorrente do envolvimento das pessoas;
d) Menores custos administrativos.
Desvantagens
a) Lealdade dividida e conflitos;
b) Tempo e recursos desperdiçados em reuniões;
c) Descentralização não planejadas;
d) Requer liderança firme e objetiva.
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membros geralmente respondem a seus departamentos funcionais, mas também
reportam à equipe, da qual um membro é o líder.
Já as equipes permanentes funcionam sempre, permanentemente, como um
departamento formal da organização. Apesar de trabalharem juntos, os empregados
são colocados no mesmo local e se reportam ao mesmo supervisor.
Qualquer que seja sua escolha, vale levar em conta a seguinte reflexão:
"Nenhum conhecimento é mais importante que o outro; Cada um deve ser avaliado
por sua contribuição para a tarefa comum e não por sua superioridade ou
inferioridade implícitas. Portanto, a empresa moderna não pode ser uma
organização de chefe e subordinado. Deve ser estruturada como uma equipe"
(Harvard Business Review, Set.1992)
44
compra o seu produto e onde, e também o preço que irá cobrar, a partir das
diretrizes fixadas. No segundo momento, deve analisar os seus clientes. “É
necessário que as empresas calculem quanto custa fazer uma venda, e quanto
cada venda gera em lucro e em rentabilidade”. O terceiro momento é a hora de
projetar cada oportunidade de venda dentro de cada empresa cliente.
Um dos pontos-chave do sucesso da venda é transformar o comprador e os
demais integrantes da negociação em aliados, alerta o instrutor, destacando que o
vendedor nunca está presente no exato momento da decisão da compra
corporativa. “Isto significa que alguém com influência junto ao tomador de decisão
defendeu sua proposta. Portanto, para que a venda seja concluída com sucesso, é
necessário desenvolver uma base de aliados. Isso requer identificar e mostrar, a
cada um dos envolvidos, com muita transparência, os ganhos do relacionamento de
longo prazo.”
Baseado nesse raciocínio estratégico, que só se desenvolve no estágio
prévio de planejamento, o vendedor constrói sua proposição de valor. “É de
fundamental importância planejar vendas. Quem não planeja, trabalha em dobro
para obter o mesmo resultado. Uma questão básica que o vendedor deve conseguir
responder de antemão, antes de partir para a abordagem, é: o que o cliente ganha
ao comprar de mim? O cliente, aquele que toma a decisão de comprar, vai conviver
com a compra durante muito tempo. Portanto, para gerar uma relação duradoura, é
preciso evitar o erro. Cabe também ao profissional de vendas ter a coragem de
aconselhar o cliente, informando quando determinado produto não é adequado para
a situação”.
Qualidade do serviço
Hoje em dia, fala-se muito em qualidade x serviço. Para trabalharmos bem a
questão da qualidade na prestação de serviço precisamos conhecer primeiro o
porquê da qualidade e o conceito de serviço.
Certamente já nos deparamos várias vezes com a palavra qualidade. O fato é
que essa palavra frequenta todos os lugares. Porém, é preciso entender seu exato
sentido, por que todos saem em busca dela e que caminhamos percorrer para
atingi-la.
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Todos sabemos que má qualidade nos remete à idéia de algo malfeito, mal
concebido, mal projetado, elaborado com falhas ou mal organizado ou administrado.
Bom padrão de qualidade, ao contrário, representa a condição ou atributo de
alguma coisa bem elaborada, bem planejada, que atende às especificações,
satisfazendo, assim, produtores, prestadores de serviços e clientes. Hoje, podemos
afirmar que os produtos e serviços se tornaram tão complexos que é praticamente
impossível ocorrerem falhas ou desvios dos objetivos ou padrões desejáveis.
A medida que produtos e serviços se tornam mais complexos e sofisticados o
nível de exigência dos clientes se aprimora. Isso implica, é claro, em novos e
maiores desafios a serem vencidos pelos trabalhadores, em face do maior rigor no
controle da qualidade dos produtos oferecidos e dos serviços prestados.
A qualidade requer um envolvimento direto do trabalhador enquanto
indivíduo, sem, no entanto, poder deixar de contar com o total empenho do
empregador, que terá constantemente que investir em seus trabalhadores,
levantando suas necessidades e garantindo-lhes oportunidades de desenvolvimento
e crescimento, a fim de manter equipes capacitadas, interessadas e competentes
para o trabalho. É indispensável aqui mencionar a ação participativa que devem ter
os gerentes, sobretudo os de desenvolvimento de recursos humanos, sempre
atuando em conjunto com os trabalhadores, a fim de sondar as reais necessidades
das várias equipes de trabalho que integram as diferentes áreas de atividades da
empresa. “Qualidade, então, é a totalidade de características de alguém, ou de
alguma coisa, que lhe confere a capacidade de atender a necessidades explícitas
ou implícitas”. (Carlzon, 1993, p. 23)
As necessidades implícitas, por sua vez, dizem respeito às expectativas ou
aos desejos dos clientes. Portanto, não podem estar formalizadas ou
predeterminadas em nenhum documento. Essas necessidades têm a ver com
questões de ordem subjetiva, mais ligadas ao modo de pensar das pessoas de uma
maneira geral.
As necessidades explícitas se referem ao projeto arquitetônico propriamente
dito: provadores de homens separados dos provadores de mulheres, e bem
ventilados, iluminação adequada, araras para exposição das roupas bem
distribuídas no espaço, caixas registradoras em locais de fácil acesso.
46
Já as necessidades implícitas estariam relacionadas ao subjetivismo do
cliente: a forma como é atendido, o tecido empregado na confecção das roupas e
seu acabamento, a variedade de modelos, cores e tamanhos, o preço das roupas,
as embalagens, a arrumação das vitrines, a decoração da loja, a sua limpeza.
Portanto, para a área de serviço temos uma definição bastante interessante,
ditada por nossa legislação. “Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de
consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de
crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista”.
(Artigo 3 do Código do Consumidor).
A atividade comercial também é um serviço. Percebemos isso porque o
comércio envolve a compra e venda de mercadorias e acontece no mercado de
consumo, mediante uma remuneração. É uma atividade que geralmente ocorre no
contato direto com o cliente, que, nesse caso, é o consumidor final.
Portanto, toda vez que falarmos em serviço, neste livro, estaremos também nos
referindo, por exemplo, às atividades comerciais.
a) Taxas de financiamento ou de juros;
b) Folhetos com instruções para o uso de um certo produto;
c) Condições de pagamento de uma dívida;
d) Aceitação de cheques de clientes.
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b) A forma de conduta de seus trabalhadores durante a prestação do serviço
que está sendo executado.
48
Por essas razões é que os trabalhadores estão se tornando verdadeiros
parceiros de trabalho, levando as empresas a praticar políticas de valorização de
pessoal que reúnem, entre outros aspectos, os seguintes:
a) O estímulo à participação dos empregados na solução dos problemas que
encontram em seu dia-a-dia de trabalho;
b) O tratamento dispensado aos trabalhadores, que não mais são "atirados
aos clientes", mas reconhecidos como pessoas talentosas na prestação dos servi-
ços;
c) O estímulo para os trabalhadores realizarem uma auto-avaliação
permanente, a partir do atendimento das expectativas dos clientes. Dessa forma,
cada trabalhador deve ter uma idéia clara da satisfação que está provocando ou
pode vir a provocar nos consumidores.
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ESTUDO DE CASO
-
EXPRESSO GUANABARA S/A
DIVISÃO DE CARGAS
50
Foram observadas então as condições favoráveis para a execução de um
trabalho organizacional estruturado. Apesar da pouca pressão inicial, foi percebido
que esse segundo negócio da empresa estava obtendo a sua última chance, pois os
resultados organizacionais até então não pareceram satisfatórios nas entrevistas
iniciais com os gestores da empresa. Dessa forma, foi verificado que não havia um
tempo para cada etapa de implantação, mas sim que seria importante tomar as
rédeas da organização e pular algumas etapas de um processo normal de formação
de uma estrutura organizacional.
O ponto de partida foi a elaboração de um plano estratégico emergencial de
trabalho que consistia de quatro etapas.
Primeira etapa
Diagnóstico dos cenários
Cenário operacional interno
51
➔ Quanto ao negócio de cargas
a) Ausência de padrão (equivalência) de preço do serviço x quilômetros de
cada operação;
b) Negociações com clientes sem a cobertura de receita para cada centro de
custos;
c) Receita de coletas e entregas menor que o custo terceirizado dos serviços;
d) Cliente com preço final, com a empresa bancando o imposto que deve ser
acrescentado ao serviço (ICMS)1.
e) Direcionamento de clientes para promotor protegido, sem o devido
trabalho junto ao cliente;
f) Ausência de controle das visitas dos promotores de vendas e avaliações de
cada cliente para saber se estava dando lucro ou prejuízo;
g) Falta de controle de avarias e processos de recuperação de valores;
h) Números do setor diferentes dos números contábeis;
i) Falta do conhecimento de lucro / prejuízo do serviço de cargas;
j) Abertura de créditos para clientes sem avaliação de cadastro, acarretando
índice elevado de inadimplência.
Cenário externo
➔ Quanto à concorrência
a) Concorrentes de âmbito regional, permitindo uma igualdade de forças;
b) Ausência de qualidade quanto ao atendimento e prazos de serviços;
c) Empresas endividadas por ausência de controles;
d) Prática de ações que via o cliente como ameaça e não como objetivo do
negócio;
e) Vendas geradas por amizade, sem o trabalho de parceria empresarial;
f) Ausência de padronização das ações na solução de problemas junto aos
clientes;
g) Visão de resultado baseada apenas no faturamento (venda);
1
A partir de 1988, com a inclusão do ICMS nas prestações de serviços de transporte de cargas, as
empresas não contemplavam esses valores nos serviços. Foi necessário a inclusão na fórmula de
cálculo, mas alguns clientes de maior porte não aceitavam esse aumento de custos, o que fez com
que algumas empresas deixassem de embutir o imposto.
52
h) Força de venda preocupada apenas com sua comissão, deixando
objetivos da empresa em segundo plano.
➔ Quanto ao mercado
a) Mercado assistido por poucas empresas organizadas;
b) Ausência de padrões de procedimentos, gerando uma imagem negativa do
setor de transporte de cargas junto ao mercado;
c) Empresas voltadas somente para entrega de cargas, sem visão logística;
d) Gestão não profissionalizada, percebida pelo mercado;
e) Falta de regularidade quanto ao serviço prestado;
f) Estagnação de crescimento por acomodação de alguns empresários;
g) Mercado vendo o setor como um negócio de segunda categoria por
práticas não muito profissionais de alguns empresários do setor (atraso no
pagamento de avarias, empresas que fecham com caminhão na estrada, desconto
de duplicatas frias, ausência de seguro, etc.).
Segunda etapa
Programa estratégico emergencial
a) Implementação de um sistema de gestão e controles integrados;
b) Criação de indicadores de acompanhamento e avaliação de resultados da
divisão de negócio de cargas;
c) Treinamento de usuários do sistema;
d) Elaboração e aplicação de treinamento; Programa Treinar direcionado
para os objetivos da organização e preparação de uma base para a formação de
autogestores e time de gestores comprometidos com o negócio;
e) Implementação de princípios de qualidade dos serviços prestados pela
empresa como forma de garantir credibilidade junto aos clientes;
f) Análise dos indicadores (gerados pelo sistema de gestão) referentes a
cada cliente;
g) Garantida a postura de qualidade junto aos clientes, iniciar negociações
das distorções encontradas quanto às negociações estabelecidas sem parâmetros
de análise;
53
h) Avaliação do quadro de pessoal, formação, experiências e
comprometimento;
i) Consolidada a segunda etapa, preparar programa de perpetuação e
implementações necessárias para o crescimento.
Terceira etapa
Criando a base para a autogestão
Base conceitual
A partir desse ponto verificou-se que para todo e qualquer ato administrativo
seria essencial a participação da equipe como condição necessária ao engajamento
dos mesmos e para aproveitar os talentos que compunham a equipe de gestão da
divisão de cargas. Então, foi implementado um programa de desenvolvimento de
pessoal, para criar um ambiente propício à formação de uma cultura organizacional
voltada para o aprendizado contínuo. Em seguida, foi conduzido um programa de
informações técnicas, no qual foram abordamos conceitos de administração básica
por meio de textos dirigidos aos seguintes temas:
a) Objetivos da organização;
b) Autogestão;
c) Estrutura organizacional;
d) Normas e procedimentos;
54
e) Sistema de gestão de cargas e internet;
f) Qualidade;
g) Custos;
h) Gestão empresarial.
A este programa foi dado o nome de Time de Gestores com o intuito de gerar
uma corrente de pensamento técnico de gestão voltado para a participação ativa de
todos os membros do grupo e para propiciar o crescimento individual e coletivo. A
partir desse ponto esperávamos ter uma equipe preparada para implementar novos
conceitos de gestão contemporânea.
Implementação da gestão
Ao longo do processo do Time de Gestores, foram implementados os
conceitos e as ferramentas discutidas durante o programa com base na gestão
empresarial - toda a equipe participava da elaboração final de cada conceito,
validando-o e ajudando a implantá-lo. A tais conceitos foi atribuído o termo de
ferramentas de gestão.
O que norteava este processo era a autonomia contínua dos funcionários
para desenvolver suas atividades com responsabilidade e comprometimento
para consigo, com o grupo e com a empresa.
55
Descrição dos cargos, funções e atribuições
Aqui foi definido o perfil para cada função dentro da estrutura e parâmetros
para admissão de novos colaboradores. A partir dessa definição, foi realizada uma
pesquisa do perfil e formação educacional e profissional de todo o quadro, na qual
se verificou que alguns funcionário estavam fora do perfil desejado. Iniciamos então
um trabalho de orientação individual com o estabelecimento de um programa de
incentivos por meio de subsídios para a realização de curso, sempre comunicando
que o objetivo não era a imposição, e sim a preparação para as exigências do
mercado de trabalho, tanto dentro, como fora da empresa, já que era este que
determinava a necessidade de formação de cada função a desempenhar.
Como exemplo de incentivos, podemos citar: completar cursos de formação
regular de primeiro e segundo grau e superior para a formação básica necessária,
informática básica para todos os cargos administrativos e área comercial, entre
outros.
56
trabalhados em relação à análise de relatórios e indicadores, até o preenchimento
do mais simples campo de cada cadastro do sistema.
57
erros, e que as mesmas ocorreriam com data e hora marcada com o gestor de cada
filial. Também decidiu-se que, ao final das auditorias, seria recebida uma cópia do
relatório com recomendações. O setor responderia com ações de correção dos
pontos observados, sem a preocupação de justificar, mas sim com o propósito de
agir para manter o padrão acertado.
O procedimento consistia na observação dos aspectos físicos da filial,
fardamento de funcionários e agregados, arquivos, veículos, atendimento telefônico
e balcão, satisfação de clientes visitados, clima de interno de colaboradores e
procedimentos da unidade, sempre observando as características de cada praça.
Quarta etapa
Consolidando os conceitos e ampliando a visão de gestão da empresa
Nessa etapa, procuramos implementar os conceitos de gestão e dar uma
maior atenção ao atendimento dos clientes, bem como se consolidar como uma
empresa que investe no aprendizado contínuo. Foram ações determinantes nesse
sentido as seguintes.
a) Programa dirigido para o atendimento personalizado;
b) Informações sobre as áreas de apoio (contabilidade e fiscal, financeiro,
pessoal, manutenção, compras e tráfego);
c) Conhecimento sobre procedimentos das fazendas estaduais;
d) Introdução dos conceitos do grupo multiplicador, que norteiam o
pensamento de gestão da empresa, trabalhando e incentivando o aprendizado
continuo, sempre embasados em com metodologia cientifica;
e) Relacionamentos do grupo tendo como base o trabalho em equipe, já que
ao preparar a equipe para trabalhar com formação de conhecimentos e conceitos de
forma linear poderia ocorrer a disputa de interesses e poder por maior destaque
dentro do grupo. Lembrando que uma ferramenta de resultado em grupo eficaz e
dinâmica é aquela que propicia a interação e reconhecimento da equipe como ponto
central do sucesso de qualquer trabalho organizacional que deseja se perpetuar.
58
CONCLUSÃO
59
BIBLIOGRAFIA
FERREIRA, Ademir Antonio. Gestão Empresarial, de Taylor aos nossos dias, São
Paulo, Pioneira, 1997.
MATOS, Francisco Gomes de. Empresa que Pensa, São Paulo, Makron Books,
1996.
SENGE, Peter M. A Quinta Disciplina, 3ª Edição, São Paulo, Best Seller, 1998.
60
SCHUSTER, John P. O Poder do Gerenciamento Transparente, São Paulo, Futura,
1997.
SIMCSIK, Tibor, O.M.I.S. Organização e Métodos, São Paulo, Makron Books, 1992.
61
OUTROS TEXTOS
62
A LOGÍSTICA E O TRANSPORTE DE CARGAS
Conceitos, mudanças e a sucessão familiar
63
adotando novos modelos de capilaridade em suas entregas, o transporte tem a
obrigação de acompanhar e se adaptar ao mercado.
64
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Para não dizer que não falei das flores: As saídas
Tocar na ferida incomoda, não é? A dor sempre fala alto, e não seria
diferente no Transporte Rodoviário de Cargas (TRC). Meu objetivo de falar da dor é,
sim, incomodar. Assim como lutadores e jogadores se acostumam àquela dor no
joelho, no pique ou chute, as empresas não só se acostumam às suas dores e
lesões adquiridas no percurso, como também as relacionam ao consequente não
atingimento de resultados. Mas há solução para essas dores?
Antes de qualquer coisa, que fique claro: ninguém se move quando está em
uma posição cômoda; Só se movimenta quem está incomodado. Por isso quero
provocar seu incômodo. Quero que você se mova. E como cantou Geraldo Vandré
em "Caminhando" - “para não dizer que falei das flores” -, aqui vai um antídoto para
a dor.
Contarei uma estória da minha vida familiar, um episódio que batizamos de
"divisão da pizza". Somos quatro - eu, minha esposa e meus dois filhos, que à
época tinham seis e sete anos de idade. Naquele dia, recebemos uma sobrinha da
minha esposa para morar em nossa casa e frequentar o colégio dos meninos.
Todos gostavam da nova companhia para as brincadeiras. Mas um dos meus filhos
detectou um problema no primeiro fim de semana de convivência. A pizza do fim de
semana, que até então era dividida em quatro fatias para cada um, teria sua divisão
modificada. Quem cederia um pedaço? Cada um cederia um pouco? As crianças
decidiram que minha esposa o faria, já que ela era a tia. Mas, no final, entramos em
um consenso e simplesmente compramos mais pizzas.
É exatamente sobre isso que quero falar: como prospectar novos clientes em
um mercado cada vez mais competitivo e menor? O cenário não é dos melhores:
crise econômica, desemprego e redução de consumo, reformulação da logística de
distribuição - com várias empresas refazendo sua malha de distribuição via centros
regionais -, mudança de modal, etc. O volume de mercadorias a movimentar de
forma fracionada vem diminuindo ano a ano. E assim algumas empresas de TRC
buscam os chamados medalhões, profissionais campeões de vendas do setor. O
insucesso foi a colheita, pois, na sua maioria, a questão envolvia principalmente o
preço baixo como fator de conquista de novos clientes.
65
Nesse contexto, algumas TRC têm recorrido a alguns recursos na busca por
conquistar novos clientes e conseguir recuperar a rentabilidade de suas empresas.
Alguns desses recursos incluem a contratação de vendedores que se dizem donos
de listas de clientes, ou a compra das chamadas listas negras, com profissionais
que até já se aposentaram e que têm em sua posse cadastros muitas vezes
desatualizados.
Mas, quando o assunto são as ferramentas mais adequadas a este novo
mercado, mais tecnológico e que necessita de maior produtividade na captação de
novos clientes, identifiquei as aplicações que conseguem fazer cruzamentos de
dados e disponibilizar listas com segmentadas por nicho, porte, faturamento e
localização geográfica. Algumas têm interligação com redes sociais, como
Facebook e Linkedin, e interligação e/ou disponibilização de CRMs focados na
administração do funil de vendas segmento, porte de faturamento, localização
geográfica e quando com interligação em algumas redes sociais, Facebook,
Alguns endereços
www.neoway.com.br
www.uplexis.com.br
leads2b.com
ramper.com.br
66
AS DORES DO SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS
E as possíveis saídas
São os nãos que você dá para o mercado que definem seu presente e,
necessariamente, seu futuro. Vou te contar um fato real da minha história. Há
noventa dias resolvi "demitir meu patrão" e sair de uma empresa que ajudei a
estruturar e, principalmente, recuperar. O foco era posicioná-la, a empresa, como
referência no setor de transporte de cargas da região em que atua. Trabalho feito. O
brinde de champanhe, apesar de saudável, não era o alvo.
Onze anos e meio de trabalho, saindo do ponto de insolvência a um valuation
de milhões de reais, com modelo de negócio e resultados totalmente diferenciados
para o mercado. Isso tem o seu valor. Demiti meu patrão" porque o retorno em
forma de remuneração pela performance atingida não foi correspondente. Agora
estou em uma maratona. Maratona de reuniões. Retornei ao mercado de consultoria
e fui ao encontro de uma dezena de empresários do setor de transporte de cargas.
Ao longo desses dias, nas entrevistas com executivos e empresários, tive
recebido algumas explicações sobre os motivos pelos quais essas empresas estão
atravessando momentos de dificuldade, sobretudo em relação ao ponto de
rentabilidade - que pode estar em declínio ou já totalmente comprometida. Há um
sinal vermelho colocado na perigosa curva da insolvência operacional.
Financiamentos e refinanciamentos de dívidas tributárias federais, estaduais
e municipais - todas essas disponíveis e visíveis para quem quiser no portal da
Receita Federal -, não recolhimento de encargos e informalidade de pessoal são
algumas das operações perigosas que tendem a piorar a saúde financeira dos
negócios e empresas. Mas, qual a dor de cada uma delas e qual a esperança dos
empresários com quem conversei?
Primeiro, precisamos separar dor e necessidade. Dor é o que eles acham
que estão sentindo e precisam resolver. Necessidade trata-se do que
necessariamente precisam atingir para desviar dos buracos das rodovias do
mercado. Parece uma diferença simples, e na prática ela aparece muito mais do
que imaginamos. A maioria dos empresários fala: "tenho caminhões, carretas,
estrutura, organização. O que me falta é mais faturamento". Será mesmo? Ou essa
é uma dor gerada pela necessidade real. O mesmo acontece com um homem acima
do peso que reclama de dor no joelho e que vai em busca de um ortopedista
67
pedindo por uma injeção na articulação. Na verdade, deveria ir a um nutricionista
para reduzir seu peso e atingir a causa, não o sintoma.
Abaixo listo algumas aspirações de dor do mercado. É a voz do paciente
pedindo para eliminar ou diminuir a dor de joelho.
68
O NOVO MERCADO, A DINÂMICA NECESSÁRIA E AS TRANSPORTADORAS
69
A EXTINÇÃO DOS PROFISSIONAIS EXECUTIVOS DE VENDAS
70
UBUNTU DA LOGÍSTICA NACIONAL
Atores
2
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ubuntu_(filosofia)
71
TRANSPORTADORAS RODOVIÁRIAS DE CARGAS
2018: Um ano para aprender a negociar para sobreviver
72
O MARCO REGULATÓRIO DO TRC
Transformações necessárias ao setor de transporte de cargas
73
tiver competência e seriedade na atividade fechará por não cumprir o estabelecido,
como aconteceu com as 40 mil pós-conhecimento eletrônico e, na sequência, a
crise econômica. Tratou-se de uma seleção natural, o que deve ser a norma a ser
seguida por uma ação natural de mercado.
Exemplos de mercado não faltam. Várias empresas têm carga aérea sem ter
avião - Lupo, Nike, Adidas, Uber, CargoX. Todas sem ativos na operação. Vendem
produtos ou prestam serviços sem unidades e/ou equipamentos próprios, e a
recente lei da terceirização permite modelos de negócios sem a necessidade da
propriedade e/ou grandes investimentos.
74
O SETOR DE TRANSPORTE DE CARGAS NO BRASIL
Desencontros estruturais por falta de planejamento
➔ Legislação;
➔ Mobilidade urbana;
➔ Fiscalização;
➔ Regulagem do setor;
➔ Segurança pública;
➔ Financiamentos;
➔ Equipamentos e tecnologias;
➔ Sistemas;
75
➔ Estatísticas do setor;
76
A INOVAÇÃO COMO GERADORA DE INSTABILIDADE E OPORTUNIDADES
Nada está garantido
77
fornecedor de logística e transporte uma fonte de geração de lucro para seus
negócios.
E a base para se manter nesse mercado depende de os empresários
assumirem essa nova competência da inovação, evitando se acomodar, e apoiando
a criação de uma geração de novos colaboradores e executivos com as mentes
abertas para a criatividade e tecnologias, longe da gestão personalizada do eu
quero, eu posso tudo, que é predominante há muito tempo no setor.
78
RESULTADO DOS AJUSTES E ACOMODAÇÃO DO TRC BRASILEIRO PERAN-
TE A CRISE
Outro dia, em um evento Conet em São Paulo na sede da NTC & Logística,
expus as transformações do setor de transporte rodoviário de cargas desde o ano
de 1988 até a situação dos dias atuais. Também mostrei que o setor iria passar por
uma seleção natural de competência de gestão, e disse que, fatalmente, o número
de transportadoras iria diminuir para adequação às novas demandas do mercado
brasileiro. Mais da metade do auditório me olhou com reprovação e disse que eu
não sabia do que estava falando. Apenas um empresário chegou perto e disse: você
tem razão.
Vejam os números do anuário CNT de 2017 em comparação ao de 2016.
Houve redução de 45.022 das empresas regularmente inscritas na CNT. Ou seja,
28,7% de empresas a menos atuando no mercado. 55 cooperativas a menos e
349.778 autônomos cancelaram sua inscrição, o que totaliza uma redução de 44,8%
de operadores de transporte de cargas no Brasil.
79
ajustar seus preços de interligação das regiões, pois os preços praticados são
incompatíveis com a realidade dos custos quando se compara a quilometragem
entre a origem e o destino das cargas. A formação de consórcios e/ou parcerias
operacionais é uma saída possível. Mesmo assim, ainda teremos ajustes na
quantidade de operadores, pois não existe mais a possibilidade de sobrevivência
para quem não trabalha dentro das regras fiscais do Estado brasileiro, se é que me
entendem. Sem esquecer do término do incentivo que incide sobre a folha de
pessoal (desoneração), que tem ajudado na agregação de margem operacional.
80
A CONFIANÇA COMO FATOR DE SUCESSO NA GESTÃO DO TRC
➔ Visitas técnicas a instalações são levadas em conta, mas o que mais pesa é
a análise do corpo gestor, os procedimentos via normas técnicas oficiais e a
resposta rápida a desvios no processo;
81
importante na carteira de empresas regionais focadas em suas operações e
com flexibilidade operacional na solução de problemas;
82
OS CORREIOS
E os paradigmas da boa gestão no TRC
83
O TRC E A NECESSÁRIA ATUALIZAÇÃO DO MODELO DE NEGÓCIO
Práticas de gestão via inovação tecnológica
84
online, o que reduz as atividades-meio e o excesso de planilhas. Os ERPs
disponíveis no mercado estão muito aquém das necessidades do setor. Os três
mais conhecidos não têm modelos focados no setor, são genéricos adaptados e que
requerem excessivo investimento, com pouco retorno efetivo na atividade fim do
setor.
Temos presenciado diversos congressos voltados ao TRC, mas nenhum tem
como foco a inovação, o que poderia despertar uma nova onda de modelo de
negócio. Seria um passo importante para sair da mesmice que presenciamos, ano
após ano, nesses eventos. Na verdade, levantar esses problemas incomoda a velha
guarda do setor. Embora sejam pessoas de sucesso em suas empresas, não estão
atentos à revolução tecnológica em curso e que em algum momento vai deixar
muitos a ver navios, pois a cabotagem já absorveu parte da carga rodoviária.
Com o nível de risco que vivemos no setor - seja de acidentes por estradas
com problemas, insegurança nas cidades e rodovias, assaltos diários a caminhões e
empresas, risco ambiental, risco financeiro pelo volume de recursos desembolsados
antes de receber dos clientes, excesso de impostos, etc. - essa atividade há muito
deixou de ser de commodities, transformando-se em uma operação de alto risco em
todos os seus aspectos. Mas não existe outra maneira de se resolver um problema,
a não ser colocando-o no foco das ações para, dessa forma, discutir alternativas e
soluções.
85
O TRC E A NECESSIDADE DE SABER PERDER CLIENTES PARA
SOBREVIVER
86
empresas nacionais com mais de 50 filiais pelo simples fato de quererem estar o
mais próximo possível do mercado gerador de cargas. Então, escolhem manter
custos fixos estruturais que só servem para consumir as margens, quando há, das
transportadoras. Esse fato vai muito além da vaidade que já ouvi de alguns. A
empresa que tem que estar em todo o Brasil, pode acabar não estando em lugar
nenhum.
A decisão necessária e consciente nesse momento é de quem tem
responsabilidade pelos resultados ou números. "Calibrar" os custos, talvez, envolve
o fechamento de filiais ou até a desistência de alguns clientes que não geram
rentabilidade. É preciso fazer uma análise simples de margem de custo operacional
primário, ou seja, quanto sobra de cada cliente a partir da fórmula:
(+) Faturamento
(-) Custo transferência (terceiro e/ou próprio)
(-) Custo de coleta (terceiro e/ou próprio)
(-) Custo de entrega (terceiro e/ou próprio)
(-) Custo de redespachos (terceiro e/ou próprio)
(-) Custo seguro já com créditos de impostos
(-) Custo dos Impostos (PIS, COFINS, ICMS) já com redução dos créditos
(=) Margem operacional primária (qualquer resultado abaixo de 30% para carga
fracionada é prejuízo)
87
A PERDA DO PONTO DE EQUILÍBRIO DAS TRANSPORTADORAS DE CARGAS
88
A VIDA DE JÓ
Paralelos entre crenças e competências no transporte de cargas
89
9. Não perca o foco no resultado;
10. Nunca abra mão da honestidade e da ética.
90
TRANSPORTADORA UNIÃO
E os kamikazes do transporte de cargas
91
fontes de receitas possíveis, bem como mensurar os custos a cada etapa do
transporte e seus parâmetros e limites de cálculo.
A saída possível é criar redes de integração regionais. Além disso, por que
não pensar na junção de duas ou mais transportadoras na mesma região,
agregando receita e melhorando a rentabilidade das empresas? Mas, para isso, é
preciso deixar de lado a vaidade de quem deve ter o comando e trabalhar em forma
de comitês e/ou conselhos de gestão com base nos percentuais de agregação de
ativos e/ou receitas oriundas dessa possível união.
92
RECEITA DE BOLO
Para transporte rodoviário de cargas e outros negócios
93
devem saber como será o comportamento da empresa via seus gestores e
acionistas nesse modelo;
b) Deve-se pensar um seminário de gestão contemporânea e a nova liderança
do servir com participação de todos os sócios e gestores para alinhar
conceitualmente a nova gestão da empresa.
Modelagem da gestão
➔ Levantamento
a) Processos operacionais administrativos e comerciais;
b) Procedimentos em prática na empresa;
c) Números quantitativos apontados;
d) Indicadores existentes;
e) Estrutura de custos/resultado, se existir (DRE);
➔ Redesenho
a) Elaboração e/ou adequação dos processos de gestão;
b) Elaboração e/ou adequação dos procedimentos via manuais com base em
uma norma ISO;
c) Estabelecimento de indicadores chaves para setores e gestores com o
objetivo de estabelecer o nível de decisão dentro da matriz de custos
estabelecida;
d) Estabelecimento de indicadores de controle/resultado e rotina de
apresentação periódica dos mesmos;
e) Implantar unidade de controle de números e autorizações na matriz para
evitar distorções nos resultados esperados (tabelas, indicadores, custos
operacionais);
f) Elaboração de estrutura de resultado via DRE Geral e por unidade/filial.
Fornecedores
a) Estabelecer regras de relacionamento com fornecedores que estejam
alinhados com os mesmos conceitos de gestão e resultado;
94
b) Preocupar-se em definir quem são os fornecedores de commodity e os que
são vitais no resultado da organização, principalmente se a empresa optar
por não ser proprietária de ativos.
Estabelecimento de indicadores/métricas
a) Estabelecimento de métricas operacionais de produtividade e financeiras no
controle dos custos;
b) Estabelecimento de produtividade operacional, custos de coleta/entrega,
custos de redespachos, custos de caminhoneiros de transferências;
c) Estabelecimento de tabela padrão de contratação de serviços e sua margem
de negociação;
d) Estabelecimento de tabela padrão de comercialização de fretes e serviços e
sua margem de autonomia para cada gestor;
e) A partir dessas definições, definimos os níveis de lucro bruto da operação,
operacional e Lair.
Treinamentos
a) A partir dos conceitos de trabalho, implantamos uma grade de treinamentos
que atendam à operação, seus processos e procedimentos/normas
estabelecidos, liderança, custos e principalmente atitude a frente de
problemas, pois em transporte de cargas temos pessoas que não comunicam
os problemas a tempo e que, após os prazos, pedem ajuda.
Acompanhamento/Manutenção:
a) Mais importante do que criar procedimentos/padrões é o processo de
acompanhamento das rotinas estabelecidas. Os gestores do setor de
transporte de cargas não têm o hábito de acompanhar diariamente os
números e deixam margem para os desvios de resultado, daí a importância
dos indicadores intermediários de medição;
b) Criação do Painel (BI) de Acompanhamentos de Faturamento, receita de
serviços adicionais, cubagem, nível de preços por unidade/filial e geral e
receitas por intervalo de pesos para a verificação do nível de fracionamento
da carga;
95
c) Criação do Painel (BI) de Comercialização geral, por unidade e vendedor, e o
ranking da carteira de clientes e suas sazonalidades e prazos de
faturamento;
d) Criação do Painel (BI) de Margem de Lucro Operacional Geral, por
unidade/filial, por vendedor e por cliente visando garantir a rentabilidade
operacional;
e) Estabelecimento de níveis de tolerância de faltas/avarias para permanência
de clientes na carteira;
f) Limite e avaliações periódicas dos fretes capital x interior (redespachos) pois,
de maneira geral, o mercado não remunera com preços adequados os
trechos do interior. Com isso, o cliente com mais concentração no interior tem
sua margem prejudicada e/ou dá prejuízo.
Inovação
a) Um tema não muito trabalhado no setor, mas de vital importância. Para
muitos o transporte de cargas resume-se a coletar/transferir e entregar as
cargas/encomendas. Essas pessoas esquecem das expectativas dos clientes
quanto a prazos, transparências nas informações, solução de problemas a
tempo e os canais de comunicação tão necessários à rotina.
b) Desenvolver um bom serviço de informações via e-mail, site de
acompanhamento de todas as informações aos clientes. Integração
tecnológica é o mínimo que se espera para o estabelecimento de um bom
nível de serviços;
c) A aproximação com os clientes, principalmente quando da ocorrência de
problemas, é vital na aceitação e permanência de uma carteira sadia e com
resultados, pois estabelece um nível de confiança na solução de demandas
do mercado. Muitas empresas não percebem essa necessidade e ficam
distantes, estabelecendo barreiras de comunicação e acesso aos níveis de
decisão.
Olho no mercado
a) Estabelecer seu nicho de mercado é importante para a abordagem comercial.
Padronizar operações e evitar cargas que não sejam compatíveis com as
outras é o trivial para quem quer ser reconhecido nesse mercado;
96
b) Conhecer os seus concorrentes, suas virtudes e fraquezas é de vital
importância no estabelecimento de margens de negociação com os clientes,
que sempre tentam e fazem um jogo de concorrências colocando as
transportadoras em duelo até a morte nas suas margens de lucro, que já são
mínimas;
Comunicação e marketing
a) Padronização visual de estruturas, frota e documentos internos e públicos
estabelece uma imagem que é notada pelo mercado;
b) Site e conteúdo devem ser alinhados com a comunicação visual da empresa,
mas principalmente com os conceitos de gestão, que devem ser amplamente
divulgados e praticados internamente como forma de garantir a confiança do
mercado na manutenção e conquista de novos clientes.
Deveria ser um processo básico para qualquer empresa, mas mesmos entre
as grandes do setor o que predomina é a padronização do trabalho tão somente na
imagem estrutural e organizacional. Há um despreparo quando se fala em boas
práticas de gestão, controles/indicadores e métricas que garantam o resultado da
organização. Ainda temos um bom caminho a realizar, e as necessidades não
cessam em função das tecnologias que estão chegando ao nosso setor.
97
CONSEQUÊNCIAS DA CRISE
E a espera da doação de órgãos
98
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Uma possibilidade
99
E, outra vez, onde entra a psicologia? Infelizmente, nossos empresários, os
chamados baluartes, preferem perder tudo a ter que dividir e/ou transformar sua
empresa em outra. Agem assim por pura vaidade e, muitas vezes, por falta de
humildade em admitir a perda do controle de seu patrimônio. Esquecem o exemplo
de belas empresas, operacionalmente falando, na gestão. O que temos são
conceitos arcaicos do tipo "aqui tem um dono", "a história da minha empresa vai
sumir" e tantos outros argumentos que surgem e que mostram o quanto essa
mudança é difícil para empresários do setor.
100
MICROGESTÃO E CUBAGEM
Cubagem
Não acho que preciso descrever como se faz uma cubagem de cargas, que
dá equivalência de um metro cúbico a 300 quilos do que se transporta. Mas vejamos
os danos causados nas concessões de descontos de cubagem e na não cubagem
do que uma transportadora carrega:
➔ Índice de cubagem
a) É o valor resultante do peso cubado/cobrado dos clientes dividido pelo peso
real da nota fiscal. Dependendo do grau de fracionamento da carga, esse
valor não deve ser menor que 30%, sendo o ideal próximo a 50%;
b) Cabe aqui uma observação sobre a responsabilidade da área comercial, que
em geral é a responsável por esses descontos e/ou ausência de cobrança de
cubagem. Exemplo: quando é concedida uma cubagem de 200 kg/m3,
mesmo em uma tabela de preço adequado ao mercado, o preço terá um
desconto que simplesmente não remunera os custos da movimentação dessa
carga. Explico a seguir.
101
Capacidade do galpão
Quando concedo esses descontos e/ou não cubo as cargas - e meu índice de
cubagem fica próximo de zero -, o custo-aluguel e toda estrutura já deixam de ser
devidamente pagos por essa concessão.
Coleta/Entrega
A capacidade da frota de coleta/entrega também passa a ser comprometida e
apresenta perda de produtividade, mesmo nas frotas terceirizadas, pois temos
também mão de obra. Um carro de 3.000 quilos passa a transportar 2.000 quilos de
carga remunerada no exemplo acima.
Transferência da carga
Tendo como referência um baú de 105 metros cúbicos que tem capacidade
de transportar 31.500 toneladas cúbicas de carga, serão transportados 21.500
cobradas dos clientes e serão pagos 31.500 ao frotista e/ou a frota própria, que
passa a não ser remunerada em sua capacidade contratada.
102
ausência de indicadores como ferramenta de gestão. Nesse item básico de
cubagem, vemos a capacidade de geração de receita de mais 20% (como dizem,
sangue na veia) sem qualquer acréscimo de custo, apenas pela simples medição e
cobrança do que já está definido como regra deste mercado.
103
OPORTUNIDADES QUE SURGEM COM A CRISE
104
um ajuste de conduta no modelo de gestão caso queiram permanecer participando
desse mercado tão importante e essencial em nossa economia.
105
PONTOS DE MUTAÇÃO
106
j) A partir de 2014, a crise política e econômica do Brasil fez com que as
"pedras do rio" ficassem em evidência, exigindo redução dos custos via
enxugamento da estrutura.
Toda essa sequência gera uma regulamentação do setor via processo tec-
nológico e fiscal, dando a oportunidade de aflorar a necessidade de competências
na área de gestão pela “complexidade” de exigências da atividade, que é
importantíssima no Brasil e que sempre ficou à margem das demais por falta de um
modelo de governança corporativa de nível.
107
A RETOMADA DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS PÓS-COVID-19
Mesmo com todas essas ações, quem já vinha com desequilíbrio em sua
geração de caixa entrou em colapso operacional e financeiro, com cargas a
entregar, sem novas receitas e inadimplência em alta.
108
Acredito que a retomada virá com uma mudança nas relações comerciais
entre clientes e transportadoras (as que resistirem). Podem perecer por questões
e/ou problemas gerados na comunicação (falta de diálogo) e no processo de
negociações dos prazos de pagamentos, o que acaba criando um ruído comercial
muitas vezes intransponível. Dessa forma, teremos trocas de operadores via
concorrência com reduções de custos gerados na crise, como combustíveis,
alugueis e outros. Quando mercado percebe, procura por redução de preços de
fretes e operações logísticas em geral.
Outro ponto será a quebra da máxima/paradigma de ter apenas uma
transportadora por região. Por questão de tecnologia, os clientes tendem a buscar a
excelência de cada transportadora por estado e de acordo com os menores preços,
pois os sistemas/aplicativos já permitem o acompanhamento de diversas operações
e a manutenção da qualidade dos níveis de serviços.
Vai também acontecer movimentação das transportadoras que sofreram por
serem especialistas em determinados setores e outras que tenderão a diversificar
sua atuação comercial para evitar as sazonalidades e possíveis novas crises. Em
relação a isso, os setores que prosperaram - medicamentos, alimentos, material de
limpeza e higiene pessoal - passarão a ter mais concorrência, gerando como
consequência o achatamento de preços dos fretes.
Uma boa saída para grande parte das médias e pequenas empresas são as
alianças operacionais: ajustam-se as operações para rateio de custos em suas
plataformas de embarques, entregas e trafego mútuo de cargas, utilizando os
mesmos caminhões para equacionar prazos de entregas. Acredito que levaremos
pelo menos seis meses para recuperar os patamares de receitas de 2019.
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AGRADECIMENTOS
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AGRADECIMENTOS DA NOVA EDIÇÃO
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DEPOIMENTOS SOBRE FRANCISCO PONTES
É com alegria que vejo meu grande amigo e grande profissional Fran-
cisco Pontes dando os primeiros passos na arte da literatura corporativa.
Sim, porque na competência como gestor, consultor, pensador em-
presarial, formador de opinião, aí são anos de experiência comprovada e
fartamente conhecida pelos seus seguidores nas redes sociais, clientes e
amigos de todas as áreas e de todas as horas.
Esta é uma bem acabada coletânea de artigos e postagens do pensa-
mento dessas várias facetas de um grande executivo que agora é transfor-
mada em livro para o deleite de quem quer conhecer o universo do trans-
porte numa visão pragmática extremamente atualizada a esses tempos de
muitas incertezas, ao contraditório que destrói mitos ao apresentar uma
nova abordagem sobre esse segmento extremamente estratégico para um
país de dimensões continentais como Brasil. Está aqui assegurada uma
ótima leitura.
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Francisco pontes é um estudioso da Logistica brasileira, tendo realizado
excelentes trabalhos na área que muito contribuiu para a melhoria de procedi-
mentos de inúmeras cias de transportes e distribuição.
Como executivo e docente é um privilégio desfrutar da amizade deste pro-
fissional.
Abraços,
Ricardo Araujo - Socio da RcSollis Consultoria e da Kangu
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O transporte rodoviário de cargas é
de importância estratégica para o Brasil,
e sua eficácia tem influência direta nos re-
sultados de empresas e empreendimentos
das mais diversas categorias. Os novos
padrões de competitividade aumentaram
sensivelmente as exigências sobre essa
atividade que, principalmente no Nordes-
te, ainda trabalha por meios administrati-
vos informais, comprometendo a atuação
do setor.
Este livro, tomando por base o traba-
lho desenvolvido na divisão de cargas da
Expresso Guanabara, e enriquecido com
amplo material teórico sobre práticas ad-
ministrativas, ajuda a criar uma visão vas-
ta sobre as questões administrativas do
segmento e traz contribuições fundamen-
tais para a atualização do setor.
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Francisco José Ferreira Pontes é administrador de empresas, com
especialização em diversas áreas correlatas e com pós-graduação
em Gestão de Negócios. Atuou com professor universitário nas áreas
de administração, foi executivo de três transportadoras e, desde
1993, atua como consultor de empresas, na função de sócio-diretor
da PONTTS Consultoria hoje EFEX-LOG - Escola de Formação
de Executivos. Também é palestrante e CEO/Diretor executivo da
Redelog - Rede de Serviços Logísticos LTDA.
[email protected]
[email protected]
linkedin.com/in/fpontts
fpontts.blogspot.com
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