CENTRO UNIVERSITÁRIO ATENAS
BIANCA ANDRADE OLIVEIRA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA
CONSTRUÇÃO CIVIL
Paracatu
2019
BIANCA ANDRADE OLIVEIRA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada ao Curso de
Engenharia Civil do Centro Universitário
Atenas, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Área de Concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Almeida
Oliveira.
Paracatu
2019
BIANCA ANDRADE OLIVEIRA
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL
Monografia apresentada ao Curso de
Engenharia Civil do Centro Universitário
Atenas, como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Área de Concentração: Construção Civil
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Almeida
Oliveira.
Banca Examinadora:
Paracatu - MG, 29 de novembro de 2019.
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Prof. Dr. Alexandre Almeida Oliveira
Centro Universitário Atenas
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Profª. Msc. Raranna Alves da Costa
Centro Universitário Atenas
___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Prof. Msc. Romério Ribeiro da Silva
Centro Universitário Atenas
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiro a Deus por ter me mantido na trilha certa durante este
projeto de pesquisa com saúde e forças para chegar até o final.
Ao meus queridos pais, Celcimar e Walter, pelo apoio que sempre me
deram durante toda a minha vida.
Agradeço a meus amigos por estarem ao meu lado em todos os momentos.
Deixo um agradecimento especial ao meu orientador Prof. Dr. Alexandre
Almeida Oliveira pelo incentivo e pela dedicação ao meu projeto de pesquisa.
Também quero agradecer a todos os professores do meu curso pela
elevada qualidade do ensino oferecido.
RESUMO
Grande parte dos resíduos sólidos vem do setor da construção civil que,
em sua maioria, acaba não recebendo o descarte adequado. Isso acaba gerando
impactos ambientais e socioeconômicos, além de comprometer a saúde da
população. Nesse sentido, é importante se atentar para a maneira correta de tratar
esses resíduos. É necessário saber quanto e qual tipo de resíduo sólido da construção
e demolição será gerado na obra. A partir daí determinar o transporte adequado para
aquele tipo e o local de descarte dos resíduos. Este trabalhou buscou descrever
métodos de gerenciamento de resíduos sólidos de diferentes regiões, como o Brasil,
a Eslovênia e a Alemanha, além da União Europeia como um todo.
Palavras-chave: Resíduo Sólido de Construção e Demolição. Impacto
Ambiental.
ABSTRACT
Most of the solid waste comes from the construction sector, which, in the majority,
ends up not receiving proper disposal. This ends up generating environmental and
socioeconomic impacts, as well as compromising the health of the population. In this sense, it
is important to pay attention to the correct way to treat these wastes. It is necessary to know
how much and what kind of solid waste from construction and demolition will be generated on
site. From there determine the appropriate transport for that type and the place of waste disposal.
This paper sought to describe solid waste management methods from different regions such as
Brazil, Slovenia and Germany, as well as the European Union as a whole.
Keywords: Construction and Demolition Waste. Environmental Impact.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACV Avaliação de ciclo de vida
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CTR Controle de transporte de resíduos
PCV Pensamento do ciclo de vida
PGRCC Plano de gerenciamento de resíduos da construção civil
RCD Resíduos da construção e demolição
RSCD Resíduos sólidos da construção e demolição
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 9
1.2 HIPÓTESE DE PESQUISA 9
1.3 OBJETIVOS 9
1.3.1 OBJETIVO GERAL 9
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 9
1.4 JUSTIFICATIVA 10
1.5 METODOLOGIA DE ESTUDO 10
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 11
2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SEUS IMPACTOS 12
2.1 CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 12
2.2 IMPACTOS AMBIENTAIS 13
3. GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS 15
3.1 NO BRASIL 15
3.2 NA UNIÃO EUROPEIA 16
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 19
REFERÊNCIAS 20
8
1 INTRODUÇÃO
A preservação ambiental é uma preocupação mundial e tem estado
presente nas conversas cotidianas. Com o aumento da população e a melhora da
expectativa de vida, há um consequente aumento do consumo de matérias primas e
da geração de resíduos, os quais podem comprometer a qualidade de vida atual e
futura.
Na construção civil, a gestão de resíduos gerados nos canteiros de obras
ganhou espaço, já que grande parte dos resíduos gerados no mundo é proveniente
da construção civil, eles podem representar de 50% a 70% dos resíduos sólidos
urbanos (BRASIL, 2005b). Essa gestão passa por todo ciclo da obra, desde a
montagem dos canteiros até a obra em si.
Após a aprovação da Resolução 307 do CONAMA de 5 de julho de 2002
(CONAMA, 2002) que dispõe sobre o gerenciamento de Resíduos Sólidos da
Construção e Demolição (RSCD), percebeu-se aos poucos a melhora da minimização
dos impactos causados pelos RSDC. Essa resolução também afirma que os
responsáveis pelos resíduos são os seus geradores, os quais precisam se certificar
que os resíduos sejam quantificados, armazenados, transportados e encaminhados
para locais onde possam ser reaproveitados ou depositados corretamente.
Com a lei 12.305 de 2 de agosto de 2010 (Brasil, 2010), que estabeleceu a
Política Nacional dos Resíduos Sólidos, o setor da construção civil passou a ter
definições e parâmetros para gerir seus resíduos, como redução, reciclagem e
diretrizes gerais que facilitam a implantação de um processo eficiente de gestão.
A Resolução 307 / 2002 também estabelece que os municípios devem criar
e implementar um Programa Municipal de Gerenciamento de Resíduos de Construção
e Demolição, os PMGRCD, que devem estabelecer diretrizes técnicas e
procedimentos para o exercício das responsabilidades dos pequenos geradores. Já
os grandes geradores devem elaborar um projeto para o gerenciamento de resíduos.
Esse projeto deve ser apresentado a um órgão competente juntamente do projeto do
empreendimento.
O gerenciamento dos RSCD quando feito de maneira adequada reduz
custos financeiros, ambientais e sociais. Em vista disso, o presente trabalho se propõe
a descrever alguns métodos de gerenciamento de RCD’s.
9
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
O aumento da população nos centros urbanos e o avanço tecnológico das
indústrias têm resultado em uma geração crescente de resíduos que podem atuar
como poluentes ambientais. Em especial, o setor da construção civil é um gerador
relevante de resíduos sólidos. Como diminuir os impactos ambientais causados por
esses resíduos?
1.2 HIPÓTESE DE PESQUISA
Para minimizar os impactos ambientais causados por resíduos sólidos na
construção civil são necessárias algumas práticas, realizadas isoladamente ou em
conjunto, tais como:
a) atribuição de métodos de separação de misturas, a fim de permitir a
triagem dos resíduos entre as suas diferentes classes;
b) identificação da quantidade média de resíduos que são gerados na
construção;
c) determinação do local adequado para o descarte dos rejeitos que serão
gerados na obra;
d) reutilização e reciclagem dos resíduos.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a forma adequada da gestão de resíduos sólidos na construção
civil.
1.3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) detalhar quais são os principais resíduos sólidos gerados na construção
civil;
b) analisar os impactos ambientais causados por resíduos sólidos;
10
c) comparar os métodos de gestão de resíduos sólidos no Brasil e em
outros países
1.4 JUSTIFICATIVA
A gestão adequada de resíduos sólidos é de extrema importância. Além de
estar relacionada com à preservação ambiental, permite uma melhor qualidade de
vida da população. A Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da
Construção Civil e Demolição – a ABRECON – estima que, por ano, cerca de 33000
(trinta e três mil) toneladas de resíduos da construção civil são recolhidas no Brasil.
Essa grande quantidade de resíduos é causada principalmente pela falta de serviços
de coleta e ao caso precário das áreas de disposição final, o que tornam urgente a
implantação de políticas que diminuam o volume dos resíduos sólidos da construção
e demolição (BLUEMENSCHEIN, 2004).
Considerando esse argumento, foi criada a lei 12.305 (BRASIL, 2010). Esta
Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dispõe os princípios, objetivos,
instrumentos, diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos
sólidos. A lei também considera as responsabilidades dos geradores de resíduos e do
poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis.
Segundo SILVA e FERNANDES (2012), a construção civil consome uma
grande quantidade de recurso naturais, além de gerar um volume elevado de
resíduos. De fato, cerca de 40 a 60% dos resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos
diariamente nas cidades são originados no setor da construção civil.
Diante do exposto, este trabalho é relevante ao abordar estratégias de
como é possível atenuar os impactos ambientais causados por resíduos sólidos na
construção civil. Para tanto, serão abordadas alternativas utilizadas no Brasil e em
outros países.
1.5 METODOLOGIA DE ESTUDO
O procedimento técnico desenvolvido nesse trabalho é uma pesquisa
bibliográfica sobre os tipos de resíduos sólidos e os impactos causados por eles (GIL,
2008). O levantamento de dados e informações será realizado através de pesquisas
bibliográficas em artigos científicos de livre acesso disponíveis no Google Acadêmico
11
e também em livros relacionados ao tema, do acervo da biblioteca do Centro
Universitário Atenas.
O tipo de metodologia utilizada é a pesquisa descritiva. Segundo GIL
(2008), este tipo de pesquisa é aquela que descreve determinadas características de
uma população ou fenômeno.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
No primeiro capítulo deste trabalho é apresentada a introdução com o
contexto do estudo; formulação do problema de pesquisa; as proposições do estudo;
os objetivos gerais e específicos; as justificativas, relevâncias e contribuições da
proposta de estudo; a metodologia a ser abordada e a definição estrutural da
monografia.
No segundo capítulo, é mostrado o que é, segundo a legislação, o resíduo
sólido da construção civil, sua classificação e como o seu mau tratamento e descarte
afeta o meio ambiente.
No terceiro capítulo, foram apresentados o método de gerenciamento de
resíduos utilizado no Brasil, além de abordar os avanços do gerenciamento na União
Europeia.
Por fim, a conclusão final da monografia enfatiza a importância do
gerenciamento de resíduos sólidos na atualidade, na qual validam a pesquisa e
destaca os seus pontos críticos.
12
2 RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E SEUS IMPACTOS
Apesar da grande contribuição ao PIB brasileiro, a construção civil tem
informações escassas sobre o manejo dos seus RSCD, que chegam a atingir de 51 a
70% da massa dos resíduos sólidos urbanos (BRASIL, 2012).
A resolução CONAMA nº 307 (CONAMA, 2002) estabelece em seu art. 2º
que:
I - Os resíduos da construção civil são os provenientes de construções,
reformas, reparos e demolições de obras, e os resultantes da preparação e
da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em
geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados,
forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos,
tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras,
caliça ou metralha.
Segundo a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA,
2014), os RSCD são gerados durante as atividades de construção, demolição,
manutenção de edifícios, pontes e estradas. Também é originado de processos que
se relacionam diretamente ao planejamento, gerenciamento, projeto, construção e
comercialização. Esses tipos de processos exigem o recebimento, armazenamento e
aplicação dos materiais que respeitem os procedimentos técnicos.
No Brasil, esses tipos de processos são um problema e se evidenciam
principalmente em obras de pequenos portes, como a construção de um pequeno
edifício e reformas. A geração de RSCD é acentuada geralmente nessas obras de
pequenos portes que são executadas por empresas que não possui um sistema de
qualidade de acordo com os requisitos da ISO-9001 – que é a norma de padronização
de um serviço ou produto que tem como objetivo aumentar a qualidade de processos
de gestão.
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Como existem diversos tipos resíduos sólidos da construção civil, afim de
facilitar o seu gerenciamento a Resolução 307/2002 (CONAMA, 2012) classifica a sua
composição como:
Classe A: composta por tijolos, telhas, revestimentos cerâmicos, blocos e
tubos de concreto e argamassa; devem ser reutilizados ou reciclados com agregados,
ou podem também ser conduzidos à aterros, onde serão guardados para uso futuro.
13
Classe B: materiais como vidro, gesso, madeira, plástico, papelão, entro
outros se encaixam nessa classe. Eles podem ser separados na obra e então
transportados a áreas de armazenamento temporário, onde serão poderá utilizar ou
reciclar no futuro.
Classe C: são considerados dessa classe as estopas, lixas, serragem,
isopor, telas, panos e pincéis desde que não tenha entrado em contato com
substâncias que o classifique como Classe D. Exige condições adequadas, definidas
pelas normas técnicas e legislações ambientais específicas, até o momento de
transporte.
Classe D: telhas e materiais de amianto, solventes, tintas, entulhos de
reformas em clínicas e instalações industriais que possam ser contaminados. Deverão
ser armazenados, conduzidos, reutilizados e destinados conforme as condições
adequadas exigidas pelas normas técnicas específicas.
2.2. IMPACTOS AMBIENTAIS
A resolução CONAMA nº 001 (CONAMA, 1986) conceitua como impacto
ambiental qualquer alteração das propriedades – sejam elas físicas, químicas ou
biológicas – causadas por atividades humanas, que cause danos aos recursos
naturais.
Os principais impactos ambientais causados são em sua maioria pela
deposição irregular dos RSDC, ocasionados geralmente pela população mais carente
que não tem recursos suficientes para contratar empresas com o certificado da ISO-
9001 (PINTO e GONZALES, 2005). Essa deposição irregular gera uma área
degradada significativa. Além disso, os impactos urbanos também são grandes, se os
resíduos não são descartados corretamente acabam provocando enchentes e
inundações (PINTO e GONZALES, 2005).
A fim de evitar o descarte incorreto e os seus consequentes impactos
ambientais, socioeconômicos e na saúde causados, a Lei 12.305/2010 dispõe que
todas as atividades em aterros e lixões devem ser encerradas (BRASIL, 2010).
Segundo CARDOSO (2006) deve-se conhecer os impactos ambientais
afim de saber a prioridade, já que os recursos são limitados tem que saber escolher
onde agir primeiro. O primeiro passo é a identificação dos aspectos ambientais. No
14
caso dos resíduos é necessário atender as exigências da Resolução n° 307/2012 do
CONAMA. Logo, esse tópico se divide entre o manejo, destinação e queima de
resíduos; além do manejo e destinação de resíduos perigosos. (CARDOSO, 2006)
Após isso, é identificado os impactos ambientais causados. Nesse passo
verifica-se o meio físico, que é os estudos relacionados ao clima, hidrologia, solo,
relevo, entre outros; biótico, que inclui alimentos, plantas e animais; e antrópico, que
envolve os aspectos sociais. Como por exemplo, o aumento da quantidade de sólidos
na água ou alterações nas condições de saúde e segurança. É necessário também
que se entenda os motivos da importância de cada impacto (CARDOSO, 2006).
15
3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
3.1 NO BRASIL
Apesar de ser um problema a muito tempo, discussões políticas sobre
resíduos sólidos é bastante recente. Segundo ABRELPE (2012), no Brasil, mais de
35 milhões de toneladas de RCD’s foram coletados, em 2012. Para conseguir reduzir
esses resíduos é necessário fazer o seu gerenciamento e para isso, utilizamos o Plano
de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), como mostrado na
figura 1.
FIGURA 1 – Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil
Fonte: São Paulo, 2010
16
No primeiro passo, inicia o planejamento. Nessa etapa, é feita uma
estimativa dos resíduos, através do projeto arquitetônico e dos materiais
especificados, que será gerada nessa obra. Depois da estimativa feita, é feito um
levantamento que aponte os prováveis locais da destinação final desses resíduos,
sempre considerando a possibilidade de reutilizar o máximo de materiais possíveis.
A logística relacionada a retirada dos resíduos. De acordo com a Lei
12.305/2010, sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos, define a logística reversa
como um instrumento de desenvolvimento econômico e social que se caracteriza por
ações, procedimentos e meios que viabilizam a coleta e restituição de resíduos
(BRASIL, 2010).
A próxima etapa se refere a fase de treinamento para formar profissionais
capacitados, capazes de fazer os procedimentos como triagem e destinação dos
resíduos, além de conseguirem manter os canteiros limpos e organizados. A triagem
e acondicionamento é o processo de separação dos resíduos. É necessário que seja
feita a triagem de matérias que possam ser reutilizados, separando-os daqueles que
serão descartados. Esse processo é feito através de dispositivos de
acondicionamento.
O passo final é a destinação e registro, nessa etapa é necessário que cada
tipo de resíduo que será descartado tenha o Controle de Transporte de Resíduos
(CTR), esse documento informa sobre a expedição, o transporte e a destinação final.
Segundo Ferrante, De Lorenzo e Ribeiro (2007) um dos principais métodos
para minimizar a produção de resíduos é o princípio dos 3R’s:
• Redução: menos desperdício, diminuição da quantidade de lixo gerado, sem
exageros e consumo apenas do necessário;
• Reutilização: criar uma nova utilidade para materiais que seriam descartados;
• Reciclagem: consiste em reutilizar a matéria-prima de materiais que iriam para
descarte, para a fabricação de novos produtos.
3.2 NA UNIÃO EUROPEIA
As principais fontes de resíduos sólidos na Europa são a agricultura, a
construção, a indústria, a exploração mineral e as zonas urbanas. (COMISSÃO
EUROPEIA, 2016). Cerca de um bilhão de RCD’s, são gerados a cada ano a União
Europeia (GEUS e GARCIAS, 2016).
17
O Parlamento Europeu e do Conselho (EUR-LEX, 2008) estabeleceu uma
hierarquia dos resíduos, assim estabelece uma ordem de prioridades:
a) Prevenção e redução;
b) Preparação para reutilização;
c) Reciclagem;
d) Outros tipos de valorização;
e) Eliminação.
Pensando nos impactos causados, o Projeto ReBirth foi criado e implantado
na Eslovênia em 2011, apoiado pelo programa europeu Life, que incentiva e financia
mais de 4000 projetos relacionados com a proteção do meio ambiente. Ele tem como
objetivo conseguir reciclar 70%, até 2020, dos resíduos produzidos no setor da
construção. O projeto incentiva os criadores de resíduos através de conferências com
empresários mostrando-os como gerenciar os resíduos e qual o custo de centros
coletores, alguns desses centros coletores descarta resíduos em pequenas
quantidades gratuitamente (PRANJIC, s.d.).
Para garantir que essa meta seja atingida foi elaborado um guia prático
seguindo as ideias do Pensamento do Ciclo de Vida (PCV) e da Avaliação do Ciclo de
Vida (ACV). O PCV procura um jeito de melhorar o meio ambiente em todas as fases
do ciclo da vida de um produto, desde sua extração da matéria-prima até sua fase
final de vida. Já o ACV, adapta a ideia do PCV para um método estruturado e
padronizado, nele são os recursos consumidos, as emissões e os impactos
ambientais e na saúde causados (JRC-IES, 2011).
Na Directiva 2008/98/CE, é apresentado outro método para a orientação
dos gerenciamentos dos resíduos sólidos. Nesse método, é apresentado a ordem de
prioridades para o gerenciamento. A prevenção é a fase na qual, sempre que possível,
os produtos não geram resíduos. Caso isso não ocorra e os resíduos forem gerados,
segue-se a ordem de prioridades: reutilizar, reciclar, recuperação de energia e por fim
o descarte de resíduos em aterros. A Figura 2 mostra como essa lista de prioridades
funciona (EUR-LEX, 2008).
FIGURA 2 – Prioridades no Gerenciamento de Resíduos
18
Fonte: adaptado de EUR-LEX – Directiva 2008/98/CE.
O Protocolo de Gestão de Resíduos de Construção e Demolição da EU tem
como alguns dos seus objetivos a melhoria da identificação, da recolha, da logística e
do processamento e tratamento dos resíduos (COMISSÃO EUROPEIA, 2016).
O método de gerenciamento de resíduos sólidos utilizado pela União
Europeia é seguido através do Protocolo de Gestão de Resíduos de Construção e
Demolição. Segundo a Comissão Europeia (2016), a melhoria da identificação requer
uma preparação, com definições claras. Na sequência, é recolhido os resíduos,
dependendo de uma separação de matérias, que se dividirá em o que será reciclado
e os materiais que comprometem essa reciclagem. O protocolo segue uma logística
que visa a melhora na acumulação e na armazenagem adequada. Em seguida a
triagem é realizada em função do valor econômico de cada material, já o tratamento
tem base em critérios ambientais.
A Alemanha é a líder mundial em politicas de resíduos sólidos. O país utiliza
um novo conceito de economia circular, que tem como objetivo a produção e consumo
sustentável. Através dessa política a Alemanha conseguiu reciclar 90% dos resíduos
da construção civil (JURAS, 2001).
19
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo foi realizado através de pesquisas sobre o gerenciamento dos
resíduos sólidos de construção e demolição, e como isso afeta o meio ambiente,
demostrando uma relevância para a atualidade.
No Brasil, a forma com que as questões dos resíduos sólidos são lidadas é
reflexo de um descaso ocorrido no passado, e apenas recentemente estas questões
voltaram a ser importantes no cenário político. Já na União Europeia, existem
legislações, fiscalizações e até mesmos programas de financiamento do governo
voltados ao gerenciamento de resíduos, além de existirem metas e cronogramas que
são monitorados periodicamente.
O gerenciamento de resíduos sólido é uma obrigatoriedade legal, fazendo-
se necessário já que a construção civil é responsável em grande escala nos impactos
ambientais e socioeconômicos. E a melhor forma de diminuir os impactos ambientais
causados é utilizando os métodos de gerenciamento de resíduos sólidos, ou seja,
evitando a geração de resíduos, e quando não puder ser evitado, reutilizar, reciclar e
em último caso, descartar em aterros adequados para cada tipo de resíduo.
20
REFERÊNCIAS
ABRELPE - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA e
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. São Paulo,
2012.
BLUMENSCHEIN, Raquel Naves. A Sustentabilidade na Cadeia Produtiva da
Indústria da Construção. 2004. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Sustentável)
– Centro de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília, DF.
BRASIL. Lei nº 12.305. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Casa Civil. Brasília,
DF. 2 de agosto de 2010.
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de 2012. Altera os artigos 2º, 4º, 5º, 6º, 8º, 9º, 10º, 11º da Resolução nº 307/2002.
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21
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