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Conceitos Básicos: Afeto Vs Afetividade

O documento aborda a psicologia da motivação e das emoções, definindo conceitos fundamentais como afeto, afetividade, emoções e sentimentos. Destaca a importância das emoções na adaptação ao ambiente e na comunicação social, além de discutir as bases neurofisiológicas e teorias que explicam a experiência emocional. Também diferencia emoções básicas e secundárias, enfatizando a expressão emocional e o contágio emocional entre indivíduos.

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Conceitos Básicos: Afeto Vs Afetividade

O documento aborda a psicologia da motivação e das emoções, definindo conceitos fundamentais como afeto, afetividade, emoções e sentimentos. Destaca a importância das emoções na adaptação ao ambiente e na comunicação social, além de discutir as bases neurofisiológicas e teorias que explicam a experiência emocional. Também diferencia emoções básicas e secundárias, enfatizando a expressão emocional e o contágio emocional entre indivíduos.

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Conceitos Básicos
Afeto vs Afetividade

• Grau de resposta ou suscetibilidade de uma pessoa ao prazer, à dor ou a outros estímulos


emocionais
o Valorações subjetivas constantes, de cariz emocional, que o ser humano atribui aos
objetos, pessoas, situações e experiências de vida
o Perceção da tonalidade agradável/ desagradável dos fenómenos psíquicos.

Afetividade
• Elementos da afetividade
o Emoções, sentimentos e estado de humor
• Implicações para a prática
o A avaliação da afetividade é uma componente importante do processo de avaliação
psicológica;
o O psicólogo deve explorar evidências de reações de embotamento afetivo, afeto
inapropriado, perda de afeto, ambivalência, despersonalização, euforia, depressão ou
ansiedade.

Emoção
• “A emoção resulta da combinação de um processo avaliatório mental, na sua maioria dirigidas ao
corpo propriamente dito, resultando num estado emocional do corpo, mas também dirigidas ao
próprio cérebro resultando em alterações mentais adicionais”
• Múltiplas definições
o Deriva do latim emovere = abalar, sacudir, deslocar
o A emoção move o organismo para a ação e representa uma rutura do equilíbrio afetivo
do indivíduo
o Expressão (relativamente) idiossincrática impulsionada por um estímulo externo ou
interno

Características da “Emoção”

• Estado psicofisiológico
o alterações corporais e fisiológicas
• Emoções são (geralmente) públicas e dirigidas para o exterior
• Carácter episódico (curta duração)

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Alterações Psicofisiológicas

Componentes da Emoção

• Componente fisiológica:
o contração muscular, dilatação das pupilas, frequência cardíaca e respiratória, transpiração.
• Comportamental:
o Manifestação/ expressão comportamental da emoção = Expressividade emocional (verbal e
não verbal).
o Exemplo: gritar, paralisar, expressão emocional, fugir, chorar.
• Cognitiva:
o Interpretação da emoção/experiência vivenciada - afeta memória, juízo, perceção.
o Exemplo: lembrar -se de alguma estratégia de fuga que observou anteriormente.
• Subjetiva:
o Sensação que cada individuo, enquanto ser idiossincrático, vivencia.
o Valência positiva/negativa
o Exemplo: “Eu estou envergonhado”, “Eu estou apavorado”, etc.

Processo Emocional

• O resultado imediato destas respostas é uma alteração temporária do estado do corpo e do estado
das estruturas cerebrais que mapeiam o corpo e suportam o pensamento.
• O resultado final das respostas é a colocação do organismo diretamente ou indiretamente em
circunstâncias que levam à sobrevida e ao bem-estar.
• Uma emoção propriamente dita é uma coleção de respostas químicas e neurais que formam um
padrão distinto.
• As respostas são produzidas quando o cérebro deteta um estímulo emocional competente (EEC),
o objeto ou acontecimento cuja presença real ou relembrada desencadeia a emoção. As respostas
são automáticas.
• O cérebro está preparado pela evolução para responder a certos EEC com repertórios de ação
específicos. Mas a lista dos EEC não se limita aqueles que foram prescritos pela evolução. Inclui
muitos outros adquiridos pela experiência individual.

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Tipos de Emoção

Emoções básicas/ primárias


• Emoções inatas ou pré-organizadas. Rapidamente identificadas em seres humanos de diversas
culturas e também em não humanos.
• Exemplo: Plutchik (1980):
o , cada uma com o seu oposto e tendo por critério a relação com processos biológicos
adaptativos:
§ Alegria -Tristeza
§ Ódio –Medo
§ Surpresa –Antecipação
§ Aversão -Aceitação

Postulados de Plutchik
• Elementos comuns ou prototípicos podem ser identificados nas
expressões emocionais das diferentes espécies.
• Um pequeno número de emoções básicas e todas as restantes são
combinações desse núcleo básico.
• Cada emoção revela-se em graus de intensidade e níveis de excitação
variados.
• As emoções têm um papel adaptativo, ajudando os organismos a
enfrentar questões vitais no seu ambiente.

Emoções Secundárias/ sociais


• Emoções adquiridas, não inatas. Utilizam a maquinaria das emoções primárias
• Exemplos:
o Simpatia, Compaixão, Embaraço, Vergonha, Culpa, Orgulho, Ciúme, Inveja, Gratidão,
Admiração E Espanto, Indignação E Desprezo

• Emoção real – Existe congruência entre a expressão da emoção (expressão facial) e o estado
psicológico (Vivencia da emoção). Há harmonia no processamento da informação.
• Emoção irreal – Não existe congruência entre a expressão emocional e o estado psicológico. A
ativação fisiológica é semelhante, o processamento cognitivo é diferente (Freitas Magalhães, 2009),
na tentativa de disfarçar o estado psicológico.

Expressão Emocional

• Qualquer comportamento verbal ou não verbal através do qual as emoções são reveladas, exibidas
ou comunicadas a outros. à Gestos, postura corporal, expressões faciais, vocalizações
• São expressas de maneira diferente em diferentes culturas
• Variam consoante o gênero homens e mulheres parecem vivenciar emoções de modo idêntico,
porém as mulheres parecem expressá-las e identificá-las mais prontamente que os homens.

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Micro e Macro Expressões

• MACRO
o Expressões faciais óbvias ou “normais”
o Duram entre 1/2 segundo a 4 segundos
o Congruentes ao nível do conteúdo e o tom de voz
• MICRO
o Duram menos de 1/2 segundo
o Exibe inconscientemente uma emoção oculta

Emoções de Fundo

• Envolvem bem-estar, mal-estar, calma ou tensão, energia ou fadiga e podem ser definidas como
estados afetivos impercetíveis que constituem o pano de fundo tácito da experiência e organizam
sutilmente o pensamento e o comportamento.
o Associadas a processos físicos ou mentais contínuos que se relacionam com estados de
bem-estar, mal-estar, ansiedade, calma ou apreensão;
§ Influenciam, por sua vez, o aparecimento de emoções primárias e secundárias.
• Além disso, as emoções de fundo não só estruturam o conjunto de
possibilidades significativas para moldar os comportamentos humanos, mas
também permitem o funcionamento adequado de diferentes competências
cognitivas e deliberativas.

Sentimento
• “Experiência mental privada de uma emoção”
• Constitui a interpretação da emoção
• É sempre consciente
• É a emoção filtrada através dos centros cognitivos do cérebro
• Implica a existência de processamento cognitivo

Características dos Sentimentos

• Estado psicológico de média/ longa duração


• São privados, dirigidos para o interior, não são diretamente observáveis em outra pessoa, embora
se possa observar um sentimento em si próprio.
• Influenciam o comportamento consciente
• O indivíduo está sempre consciente dos seus sentimentos

Sentimentos de Emoção

• Quando se remove a essência corporal do pensamento a noção de sentimento desaparece…


• Deixa de ser possível dizer “sinto-me feliz” -> “penso-me feliz”

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Diferença entre Emoções e Sentimentos

• Duração vs intensidade
• A emoção configura-se como uma reação afetiva imediata a determinado estímulo.
• Os elementos cognitivos não estão sempre presentes na vivência de uma determinada
emoção. A reação perante um estímulo imprevisto é consequência de um processo psicológico.
Neste caso, não há interferência de elementos cognitivos na formação e expressão da emoção.
• O sentimento está intrinsecamente ligado a aspetos cognitivos.

Exemplos de Sentimentos
• Felicidade
o Alterações cognitivas: Compreensão e avaliação que fazemos do significado do que nos
está a acontecer, desencadeia os nossos sentimentos de felicidade
• Apesar da natureza variável dos sentimentos, todos eles representam emoções!

Experiência Emocional

Etapas
• Perante uma situação indutora de emoção
• Existe um EEC (estímulo emocionalmente competente) interno ou externo
• Processamento da informação através dos recetores sensoriais (ex: estímulo visual -
processamento da imagem)
• Informação é enviada às regiões cerebrais indutoras de emoção (imagem - córtex visual)
• É gerada uma resposta em direção ao corpo e a outras regiões cerebrais
• Desencadeiam-se alterações psicofisiológicas (respostas corporais e cerebrais)
• Provocam alterações no estado do corpo - Gera-se um estado de emoção

Sentimentos
• Perante um estado de emoção, quando se atribui significado às alterações corporais – Estado de
Sentimento
• “Ter um sentimento não é o mesmo que conhecer um sentimento, que a reflexão sobre o sentir se
situa num plano funcional mais elevado” (Damásio)
• Quando se reflete sobre o sentir, ou se relata o que se sentiu face a determinada situação ou objeto,
implicando para tal a consciência cria-se um estado de sentimento tornado consciente à Conhecer
o sentimento

Consciência
• Para pensar uma emoção, ou seja, ter um sentimento,
necessitamos da consciência!
• A consciência irá permitir a avaliação cognitiva que permite
discernir o que se passa com o corpo, para que seja possível atribuir
um rótulo de acordo com a experiência e aprendizagem pessoal.
• É a consciência que nos permite conhecer as emoções.

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Estado de Humor

• É a ativação repetida da mesma emoção, sem estímulo desencadeador identificado


• Fenómeno afetivo quotidiano de intensidade média, penetrante, global e generalizado
• Estado mais ou menos estável de emocionalidade
• Refere-se a emoções mantidas durante longos períodos Ex: O João está deprimido

• Disposição para reagir emocionalmente de uma forma particular que pode durar horas, dias ou
mesmo semanas, talvez a um nível baixo de reatividade e sem que a pessoa saiba o que provocou
esse estado.
• O estado de humor difere das emoções por não ter um objeto, EEC; por exemplo, a emoção da raiva
pode ser despertada por um insulto, mas um estado de espírito de raiva pode surgir quando não se
sabe por que se está zangado ou o que provocou a raiva.
• Alterações de humor são características das perturbações do humor.

Níveis Funcionais das Emoções

• Individual – preparar para a ação no sentido do individuo se ajustar às exigências do ambiente.


• Diádico – necessidades de comunicação
• Grupal – necessidades de coordenação social

Funções de Nível Individual


• As mudanças fisiológicas ocorridas durante os acontecimentos elicitadores de emoções têm a
função de preparar para a ação mais adequada perante cada situação (e.g. lutar\fugir quando se
sente medo; atacar quando se sente raiva).
• A emoção tem um efeito regulador sobre os processos cognitivos – como a perceção, a atenção, o
raciocínio, a tomada de decisão… no sentido do ajustamento.

Funções de Nível Diádico


• Adaptar-se ao ambiente (social), relevância de: reconhecer o que os outros sentem para
compreender porque estão a agir de determinado modo e comunicar aos outros aquilo que
estamos a sentir.
• Importância da comunicação emocional: permite gerar emoções semelhantes ou
complementares no outro de acordo com os objetivos individuais.

Contágio Emocional
• Pessoas tendem a "imitar" inconscientemente as expressões emocionais do outro, o que produz
uma experiência emocional simultânea e congruente com a original.
• Pessoas especialmente suscetíveis são aquelas:
o que prestam muita atenção e são capazes de ler as expressões emocionais dos outros;
o que se percebem como interdependentes e interrelacionadas, muito mais do que
independentes e únicas;
o que tendem a imitar expressões faciais, vocais e posturais;
o cuja experiência emocional consciente é muito influenciada por feedbacks periféricos, (e.g.
comentários e observações realizadas a seu respeito por outros, ainda que de forma
indireta).

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

• O grau de ocorrência de um contágio emocional será mediado por processos de atenção, ocorrendo
maior suscetibilidade ao contágio quanto mais atenção for direcionada ao objeto;
• Contágio emocional vs empatia/simpatia
o contágio emocional = estado emocional no observador como resultado direto da perceção
do estado emocional de uma outra pessoa (objeto de observação) - intensidade dessa
emoção considerada elevada e autodirigida.
o emoção não é autodirigida, mas dirigida ao outro (Preston & Waal, 2002).
• Contágio emocional vs contágio cognitivo
o contágio emocional depende muito mais de expressões corporais e não verbais.

Funções de Nível Grupal


• Relevantes para a coordenação social facilitando a manutenção da estrutura social e governação
de grupo (e.g. manutenção do status/reconhecimento de líderes sociais)
• Permitem a criação e manifestação de laços que definem fronteiras de um grupo social e que
asseguram a identificação e a coesão grupal (e.g. alegria pela chegada do novo ano letivo dos
estudantes de psicologia).
• Coerção social – provocar medo ou sentimento de vergonha para ajustar as ações de alguém ao
comportamento esperado (e.g. multa por excesso de velocidade).

Bases Neurofisiológicas da Emoção


Teorias Psicoevolucionistas

• Estados emocionais existem hoje como reflexo da evolução das espécies, ou seja, como respostas
adaptativas a situações que ocorrem no meio.
• Certas formas de manifestação das emoções podem ser aprendidas, contudo existem expressões,
especialmente as faciais, que são inatas, tanto para os seres humanos quanto para chimpanzés e
outros primatas.
o E.g. crianças que nascem cegas e, ainda assim, expressam sorrisos de felicidade ou choro
na tristeza, da mesma maneira que pessoas sem problemas de visão.

Teoria de James-Langue
• “A emoção surge por via da ativação fisiológica à Sem ativação fisiológica, não existe emoção
à Emoção apenas surge depois de interpretação.
o “não choramos porque estamos tristes. Mas, ficamos tristes porque choramos.”
• (modelo teórico informou outros modelos, mas já não é aceite como um modelo teórico atual)

Teoria de Cannon-Bard
• Experiência emocional e ativação fisiológica ocorrem em simultâneo.
o Contudo a emoção é independente da ativação fisiológica, mesmo que ocorram em
simultâneo.
o Exemplo: eu vejo uma cobra -> estou com medo e começo a tremer.
• Surge como crítica à teoria de James-Lange – muitas emoções apresentam respostas viscerais
semelhantes, logo mente e corpo são independentes e podem operar ao mesmo tempo
• Estímulo Emocionalmente Competente à Ativação Fisiológica + Emoção

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

Teorias Cognitivas da Emoção

• Papel da perceção, memória, interpretação e cognição no processo emocional;


• Não discordam totalmente da origem evolutiva nem negam a influência das alterações viscerais,
destacam a avaliação da situação como sendo a principal característica da emoção.
• A avaliação seria uma atividade cognitiva da qual o indivíduo pode ter consciência ou não

Teoria de Schachter-Singer
• Emoções são compostas por fatores fisiológicos (excitação fisiológica) e cognitivos (rótulo
cognitivo).
o Ou seja, uma mesma tipologia de ativação fisiológica pode ser interpretada de forma
consciente e distinta, dependendo dos fatores cognitivos associados ao contexto de
manifestação desta ativação fisiológica.
• Estímulo Emocionalmente Competente à Ativação Fisiológica à Interpretação Cognitiva à
Emoção

Teoria da Emoção de Lazarus


• Adaptação da teoria de Schachter-Singer focada na primazia da cognição em relação à emoção.
• A perceção avaliativa antecede o rótulo cognitivo, estimulando em simultâneo quer a ativação
fisiológica, quer a experiência emocional em si.
o Defende que as emoções são determinadas pela interpretação cognitiva do estímulo.
o Interpretação cognitiva antecede o rótulo cognitivo, estimulando em simultâneo quer a
ativação fisiológica, quer a experiência emocional em si.
o No caso do predador, significa que a interpretação do sujeito em relação ao predador, pode
levar à emoção de medo, experienciando essa ativação fisiológica.
• Estímulo Emocionalmente Competente à Interpretação Cognitiva à Emoção + Ativação
Fisiológica

Neuroanatomia das Emoções


Circuito de Papez

• Primeiro modelo sobre o circuito neural das EMOÇÕES


• Joseph Papez - 1937: propõe que diferentes porções do
“lobo” límbico (sistema límbico) estavam unidas e
coordenadas entre si, formando um circuito.
o Córtex cingulado, hipocampo, hipotálamo,
núcleos anteriores do tálamo;
• Segundo Papez o sistema límbico é o “centro da origem e
manifestação das respostas emocionais e dos impulsos
motivacionais”.
o Questão: Será um sistema único ou múltiplos sistemas complexos?
• Áreas cerebrais diferentes estão envolvidas numa resposta emocional ou experiência afetiva (não
existe uma zona especifica/única)

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

• Algumas áreas cerebrais envolvidas com emoções específicas (e.g., medo, prazer)
• Outras com processos específicos (e.g., expressões faciais, integração cognitiva)

Sistema Límbico

• Grupo de estruturas cerebrais responsáveis pela motivação, emoção, aprendizagem e memória.


• Inclui as seguintes estruturas:
o Bulbo olfactório (cheiro);
o Hipocampo (memória);
o Amígdala (medo e recompensa);
o Hipotálamo (hormonas e sono) /tálamo;
o Gânglios basais (motivação e movimento voluntário);
o Giro cíngulado (entrada para o sistema límbico a partir do córtex cerebral)

Amígdala
• Interação com hipocampo para a criação de memórias a longo prazo (frequentemente de eventos
de carater emocional);
• Associa medo, agressão e ansiedade a determinadas situações/pessoas – permitindo evitar
situações ameaçadoras no futuro.
• Danos nesta estrutura resultam na diminuição dos comportamentos agressivos e aumento de
comportamentos de risco;
• Estas associações criadas pela amígdala são criadas pela
potenciação a longo prazo (LTP), um processo que envolve o
reforço persistente das sinapses e que conduz a um aumento
duradouro da transmissão de sinais entre neurónios específicos
– envolvido em processos de memória/plasticidade cerebral.
• - + neurotransmissores; + recetores;

Funções da Amígdala
• Avaliação da significância emocional dos estímulos
o Especialmente para estímulos aversivos, mas também emoções positivas
§ E.g. reconhecimento de expressões faciais agressivas (Hamm e Weike, 2005)
• Aprendizagem e memória
o Aprendizagem implícita (e.g. condicionamento aversivo)
• Detetar perigo
o Organiza respostas de luta ou fuga (controlo somático, atencional, autonómico e endócrino)
• Facilita interações sociais
o Papel na descodificação da expressão facial e corporal de emoções;
o Processamento de informações sociais salientes ou ambíguas.

Córtex Orbitofrontal
• Está associado à ínsula, às amígdalas e ao tálamo dorsal, assegurando o controlo da motivação e
das emoções.
• As informações provenientes da amígdala e do hipocampo estão integradas nesta parte do cérebro
e são utilizadas para selecionar o comportamento mais adequado a um determinado estímulo.

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

• Tem um papel importante na compreensão das consequência de determinados


comportamentos complexos e permite ajustar o comportamento a atingir um determinado
objetivo (particularmente relevante no contexto da compreensão de comportamentos de índole
social)
• Lesões nesta área parecem estar associadas a sintomatologia depressiva.
• A remoção cirúrgica das ligações de (e para) este córtex foi experimentada nos anos 50 com o
objetivo de tratar pacientes agressivos;
o como consequência, os pacientes tornaram-se apáticos, amnésicos e dependentes do
ambiente.
• O modelo teórico das reações emocionais e do controlo comportamental, definido como a
"hipótese do marcador somático" Damásio (1996), prevê que o processo de tomada de decisão
seja orientado por alterações somáticas relacionadas com o processamento da emoção.
o De acordo com este modelo, as representações mentais de alterações somáticas anteriores
são armazenadas no córtex orbital e medial dos lobos frontais, e podem determinar o
comportamento dos sujeitos mesmo sem serem conscientemente recordadas.
o Assim, o córtex orbital parece ser central na ligação entre as reações emocionais e o
comportamento manifesto.

Funções do Córtex Orbitofrontal


• Representação de reforçadores primários
o E.g. sabor, olfato, toque
• Associação de reforçadores primários e outros estímulos
o Representação de reforçadores secundários (preditores de reforços primários)
o E.g. estímulos visuais de comida
o Inversão das associações, caso haja alteração do ambiente
o Convergência de informação multi-modal para computação do valor de
recompensa/punição (e.g. escolha da sobremesa de um menu)

Ínsula
• O seu papel na regulação emocional só foi identificado nos últimos anos;
• A ínsula está dividida em duas regiões:
o a parte anterior que se projeta para os núcleos centrais da amígdala e recebe informações
sobre o cheiro, as sensações gustativas e o estado interno do corpo;
o a parte posterior que se projeta para o tálamo e recebe informações das áreas corticais
auditivas, somatossensoriais e prémotoras.
• Estudos que exploraram a estimulação elétrica direta em pacientes submetidos a cirurgia cerebral
demonstraram que a estimulação da ínsula induzia náuseas, vómitos e sensações desagradáveis
na garganta e na boca.
• Damásio propõe que a ínsula tem um papel central na monitorização dos estados viscerais do corpo
associados com experiências emocionais, dando origem ao sentimento;
• Contextualização emocional das informações sensoriais
o Ínsula anterior –funções olfativas, gustatórias, viscero-autonómicas e emocionais
o Ínsula posterior –informação auditiva, somestésica, esqueleto-motora e nocioceptiva
(receção de estímulos aversivos, transmissão, modulação e perceção de estímulos
agressivos/dor)

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Psicologia da Motivação e das Emoções | Ana Luísa Lemos

• Papel importante na componente emocional da dor e nas emoções básicas, especialmente o nojo;

Giro do Cíngulo
• A parte anterior do giro do cíngulo, na superfície medial dos dois hemisférios está fortemente
envolvida no processamento de emoções e, em particular, na avaliação de experiências
emocionalmente relevantes e na consequente elaboração de comportamentos.
• Muitos estudos de fMRI demonstraram que esta estrutura é ativada durante a deteção de erros, a
avaliação do grau dos erros e das recompensas e perdas associadas aos erros.
o Por conseguinte, pensa-se que o cingulado está envolvido na tomada de decisões com
base em recompensas e na determinação do comportamento intencional. Por outro
lado, o giro cingulado está interligado com as amígdalas e com a parte inferior (orbital) dos
lobos frontais.

Hipocampo
• Papel específico na memória episódica/longoprazo/memória espacial (mapa mental do espaço);
• Produz neurónios (mesma na idade adulta);
• Estreitas interconexões com a amígdala, o giro cingulado anterior e o hipotálamo, com impacto:
o gestão das reações emocionais aprendidas;
o avaliação do valor emocional das memórias;
o regulação das emoções em resposta a estímulos relacionados com o contexto.
• (Através dos potenciação a longo prazo (LTP))

Gânglios Basais
• Vários núcleos estão incluídos nos gânglios basais: entre estes, o núcleo caudado que está ligado à
ínsula e está relacionado com o nojo;
• O striatum está ligado ao cingulado anterior e, juntamente com a substância negra (um núcleo
mesencefálico subcortical), está implicado em redes cerebrais relacionadas com estados
motivacionais e na apreciação da recompensa;
• O putamen está ligado à ínsula e contribui para a construção do sentimento de si próprio.

Tálamo
• “Grande central station” do cérebro;
• Processa a informação sensorial antes de se conectar com o córtex cerebral (de quem também
recebe input para filtrar a informação sensorial em “tempo real”).
• Incorpora vários núcleos profundos que estão ligados a regiões corticais e subcorticais implicadas
no processamento e regulação da emoção.
• Em particular, os núcleos talâmicos anteriores (ventral e medial) e dorso-laterais são tão relevantes
para o processamento da emoção que alguns autores os designam por "núcleos talâmicos
límbicos".
• Devido a estas ligações intrincadas foi sugerido que o tálamo é um centro importante para a
empatia.
• Projeções talâmicas para as áreas corticais são essenciais para a funcionalidade do próprio córtex:
o as lesões talâmicas reduzem a atividade metabólica no córtex e determinam síndromes
clínicas semelhantes às induzidas por lesões corticais.

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