Poesia de ortónimo- Exercícios
1. Explica o estado de espírito do sujeito poético, tendo em conta o
conteúdo da primeira quadra e a conjunção "Mas" (v. 3).
O estado de espírito do sujeito poético é de confusão e angústia. Ele sente uma "febre"
que afeta a sua mente, deixando-o incapaz de pensar claramente ("Tolde-me a fronte o
de pensar"). A palavra "Mas" no verso 3 mostra uma mudança, uma oposição: apesar de
não conseguir pensar bem, ele ainda sonha. Sonhar é a única coisa que ele consegue
fazer. Isso mostra que ele está preso num mundo de sonhos, sem conseguir enfrentar a
realidade. Ou seja, ele se encontra num estado de dúvida e inquietação.
2. Clarifica o sentido contraditório do verso "Durmo desperto sem razão"
(v. 6), tendo em conta o contexto.
A frase "Durmo desperto sem razão" parece contraditória, porque "dormir" e "estar
desperto" são opostos. No entanto, o poeta quer dizer que, mesmo estando fisicamente
acordado, ele age como se estivesse dormindo. Ou seja, ele está desligado da realidade,
sem usar a razão. Está num estado de confusão, perdido nos seus pensamentos e sonhos,
sem conseguir pensar de forma clara ou lógica. É como se estivesse vivendo num
mundo irreal, onde a razão não funciona.
Vamos melhorar a explicação da pergunta 3 com mais detalhes e uma linguagem mais
simples:
3. Mostra a expressividade da repetição das palavras "não" e "nem"
usadas na última estrofe.
Na última estrofe, o poeta repete as palavras "não" e "nem" várias vezes para destacar o
estado de vazio e indiferença em que se encontra. Ele diz que o que sente "não é nem
mal nem bem" e que isso "não é pensar nem é sentir". Com essa repetição, ele reforça a
ideia de que está num estado onde nada faz diferença, nem coisas boas, nem ruins. Ele
não sente nenhuma emoção e também não pensa de verdade.
A repetição dessas palavras mostra que ele está completamente apático, como se
estivesse desligado de tudo ao seu redor. Isso ajuda o leitor a perceber que ele não está
vivendo plenamente – ele está apenas existindo, sem reagir ao que acontece, sem sentir
ou refletir. É um jeito de mostrar a ausência total de vida interior, quase como se ele
estivesse vazio por dentro.
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1. No poema o assunto estrutura-se de acordo com uma oposição
temporal.
1.1. Explique-a.
A oposição temporal no poema é entre o passado e o presente. O sujeito poético
compara a criança que ele foi no passado com a pessoa que é agora, no presente. Ele
"deixou a criança que chorava na estrada" (v. 2), o que representa o abandono da
inocência e do tempo da infância. Agora, ele busca essa criança que perdeu, como se
quisesse recuperar algo que se foi com o tempo
1.2. Identifique as formas verbais que sustentam essa oposição.
As formas verbais que indicam o passado e o presente são:
Passado: "fui" (v. 1), "deixei-a" (v. 2), "soube" (v. 7).
Presente: "quero" (v. 3), "hei" (v. 4), "sei" (v. 7).
Esses verbos mostram a diferença entre o que aconteceu no passado (quando ele era
criança) e o que acontece agora, no presente (a busca por essa criança perdida).
2. O eu poético manifesta no momento em que escreve um determinado
estado de espírito.
2.1. Descreva-o e justifique-o.
O estado de espírito do eu poético é de saudade e arrependimento. Ele sente falta da
criança que foi, da inocência e simplicidade que perdeu com o tempo. Ao mesmo
tempo, há um sentimento de frustração, porque ele não sabe como encontrar essa parte
de si mesmo que deixou para trás. Isso fica claro quando ele diz que quer "buscar quem
fui onde ficou" (v. 3), mas não sabe como ou onde encontrá-la.
3. Comente o sentido dos versos: "A criança que fui chora na estrada. /
Deixei-a aí quando vim ser quem sou."
Esses versos mostram a transformação que acontece na vida de todas as pessoas. A
criança representa a fase da inocência, que foi abandonada pelo adulto que o sujeito
poético se tornou. Ao dizer "chora na estrada", ele mostra que essa parte da sua vida foi
deixada para trás de maneira triste e solitária. "Quando vim ser quem sou" representa o
momento em que ele se transformou em adulto, perdendo essa conexão com o seu eu
infantil.
4. Divida o poema em partes lógicas, justificando-as.
O poema pode ser dividido em três partes:
1. Primeira parte (versos 1 a 6): O sujeito poético fala sobre a criança que ele era,
lembrando que a deixou para trás, mas agora quer reencontrá-la.
2. Segunda parte (versos 7 a 12): Ele expressa a sua dificuldade em reencontrar
essa criança, não sabendo onde ela está ou como chegar até ela.
3. Terceira parte (versos 13 a 20): O poeta reflete sobre a ausência dessa criança
e a possibilidade de, ao se reencontrar, entender melhor a si mesmo.
5. Indique o tema tratado nesta composição e relacione-o com as
temáticas mais recorrentes da poesia pessoana.
O tema do poema é a nostalgia da infância. O sujeito poético sente saudade da criança
que foi, da sua inocência e simplicidade. Fernando Pessoa, em várias de suas obras,
aborda essa sensação de perda e o desejo de voltar ao passado. Aqui, ele reflete sobre a
dificuldade de reencontrar a parte de si que ficou para trás, algo típico na sua poesia,
que explora o tempo, a identidade e a perda.
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“Natal… na província neva”
1. Considera as referências – evocações temporal e espacial contidas no
primeiro verso.
1.1. Interpreta a sua expressividade.
O primeiro verso, "Natal... Na província neva", evoca um cenário natalino em uma
região distante, coberta de neve. Temporalmente, refere-se à época do Natal, que está
ligada a sentimentos de nostalgia e reflexão. Espacialmente, a "província" indica um
lugar afastado, talvez mais simples e tranquilo, o que aumenta a sensação de isolamento
e introspeção. Essa combinação transmite uma atmosfera de calma e memória,
associada ao Natal e ao inverno.
1.2. Esclarece o sentido do verso 4.
O verso "Os sentimentos passados" refere-se às memórias e emoções do passado que o
sujeito poético ainda guarda consigo. Ele evoca uma sensação de nostalgia, pois está
revisitando essas emoções que, embora já tenham ocorrido, continuam a influenciar seu
estado de espírito no presente. Esses sentimentos antigos parecem estar sempre
presentes, como algo que ele não consegue esquecer ou deixar para trás.
3. Identifica a figura de estilo presente no verso 8: "‘Stou só e sonho
saudade".
3.1. Refere o seu valor, tendo em conta os sentimentos que dominam o
sujeito poético.
A figura de estilo no verso "‘Stou só e sonho saudade" é uma aliteração (repetição do
som "s") e também pode ser vista como uma metáfora, onde "sonhar saudade" significa
estar perdido em pensamentos e memórias do passado. O valor dessa expressão é
reforçar a solidão e o desejo de reviver momentos que já passaram. O sujeito poético
sente-se sozinho e entregue à saudade, dominado por lembranças nostálgicas e um
sentimento de isolamento.
4. Relaciona o último verso com a temática pessoana que estrutura o
poema.
O último verso, "do lar que nunca terei", está fortemente ligado à nostalgia da infância.
Esse verso expressa a saudade de um lar ideal, que representa momentos de segurança e
felicidade da infância. O eu poético sente a falta desse lar, que nunca conseguiu alcançar
na vida adulta, refletindo um desejo profundo de voltar a um tempo em que se sentia
protegido e amado. Essa nostalgia revela a dor da perda e o anseio por algo que não
pode ser recuperado.
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Identificar os acontecimentos que motivaram a reflexão poética.
O poema reflete sobre a dor de não conseguir alcançar certos desejos ou ideias,
sentimentos ou sonhos que o poeta gostaria de experimentar, mas que nunca serão
realidade. Este sofrimento é causado pela perceção de que existem coisas belas e
significativas, mas inatingíveis. O que motiva a reflexão poética é, portanto, o contraste
entre o desejo e a impossibilidade, a angústia que nasce da frustração de não viver certas
experiências, como o amor, a felicidade ou a compreensão plena.
Aponta o estado de espírito do poeta ao longo do poema.
O estado de espírito do poeta é marcado por uma profunda tristeza e melancolia. Ele se
sente frustrado e angustiado pela impossibilidade de viver ou alcançar certas coisas.
Esta frustração causa-lhe dor, mas não uma dor física, e sim emocional, derivada do
vazio e da falta de sentido. Ao longo do poema, a sensação de perda e desolação
aumenta, especialmente na última estrofe, onde se compara a tristeza a uma árvore que
perde as folhas
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1. O espaço apresentado é onírico, irreal, fruto da imaginação e, por isso, um lugar “Onde há
paisagens que não pode haver” (v. 2)/ “Sei, sim, é belo, é longe, é impossível” (v. 13) / “E,
ainda que não haja” (v. 15); esse local é belo, suave, acolhedor e proporcionador da ilusão do
amor tal como se percebe pelos versos: “Tão belas que são como que o veludo” (v. 3); “Passa
de leve por meu pensamento / E o pensamento julga que é amor” (vv. 11-12).
2. Os versos 3 e 4 remetem para a irrealidade das ilhas e para as potencialidades que
oferecem, comparando-se a beleza das ilhas ao “veludo”, para sugerir a suavidade/a felicidade
que o mundo harmonioso, existente no domínio dos sonhos, pode proporcionar. Tal permite
enquadrar o poema na temática do sonho e da realidade, dado que as ilhas imaginadas
permitem ao sujeito poético imaginar um mundo um mundo perfeito, ao qual só se pode
aceder através do sonho.
3. As anáforas iniciais permitem reforçar a consciência de que o espaço descrito existe apenas
no sonho; porém, as seguintes, presentes nas duas últimas estrofes, versos 13, 17 e 19,
reforçam a certeza de que o espaço descrito, sendo fruto do sonho, é impossível de alcançar,
porque esse lugar só existe na imaginação. Em suma, as anáforas contribuem para demonstrar
que o sonho é inerente à essência do sujeito poético