Tradução para o português
do texto inglês autorizado
Translated into Portuguese from
the authorized English text
Ciência
e Saúde
com
a Chave das
Escrituras
Science and Health
with Key to the Scriptures
Ciência
e Saúde
com
a Chave das
Escrituras
MARY BAK ER EDDY
Presidente da Faculdade de Metafísica de Massachusetts
e Pastora Emérita dA Primeira Igreja de Cristo, Cientista,
TM
Boston, Massachusetts TM
Publicado pelO Conselho de Diretores da Ciência Cristã
Distribuído pelA Sociedade Editora da Ciência Cristã
Boston, Massachusetts, Estados Unidos da América
Conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertará.
João 8:32
Não há nada de bom ou de mau,
a não ser que o pensamento o torne assim.
Shakespeare
Oh! Tu ouviste minha oração;
E sou abençoada!
Esta é a Tua magna promessa:
Estares aqui, e em toda parte.
Mary Baker G. Eddy
Ye shall know the truth,
and the truth shall make you free.
John viii. 32
There is nothing either good or bad,
but thinking makes it so.
Shakespeare
Oh! Thou hast heard my prayer;
And I am blest!
This is Thy high behest: —
Thou here, and everywhere.
Mary Baker G. Eddy
Nota
O texto inglês aparece nas páginas que confrontam a
tradução, a fim de proporcionar ao leitor acesso à exposição
original, definitiva, da Ciência Cristã conforme revelada a
Mary Baker Eddy.
Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras foi publicado
pela primeira vez em português no ano de 1963. Durante
cinquenta anos, essa tradução trouxe cura e compreensão
espiritual ao campo de nossa língua. Todavia, pelo estudo
contínuo do livro, vieram naturalmente à luz pontos impor-
tantes em que a tradução precisava ser melhorada. A presente
revisão procurou levar em consideração essa necessidade, com
a finalidade de dar uma visão mais clara da metafísica da
Ciência Cristã, conforme a intenção original da Autora.
No texto português, as citações da Bíblia são geralmente
extraídas da versão de João Ferreira de Almeida, Revista
e Atualizada, 2ª Edição, publicada pela Sociedade Bíblica
do Brasil. Entretanto, nos casos em que o significado da
Bíblia em português diverge dos versículos da Bíblia citados
por Mary Baker Eddy, essas citações foram traduzidas
diretamente do texto inglês.
Índice
Prefácio vii
1. A oração 1
2. Reconciliação e Eucaristia 18
3. O matrimônio 56
4. A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 70
5. Desmascarado o magnetismo animal 100
6. A ciência, a teologia e a medicina 107
7. A fisiologia 165
8. Os passos da Verdade 201
9. A criação 255
10. A Ciência do existir 268
11. Respostas a algumas objeções 341
12. A prática da Ciência Cristã 362
13. O ensino da Ciência Cristã 443
14. Recapitulação 465
A Chave das Escrituras
15. Gênesis 501
16. Apocalipse 558
17. Glossário 579
18. Frutos da Ciência Cristã 600
Índice alfabético dos termos do Glossário 696
Prefácio
1
3
P ara os que se apoiam no infinito sustentador, o dia de
hoje está repleto de bênçãos. O pastor vigilante avista
os primeiros tênues raios da aurora, antes de surgir o pleno
resplendor do novo dia. Assim brilhou a pálida estrela aos
pastores-profetas; apesar de pálida, essa estrela atravessou a
6 noite e chegou ao recanto protegido e retirado onde estava
o menino de Belém, o arauto humano do Cristo, a Verdade,
que iria esclarecer à compreensão obscurecida o caminho da
9 salvação por Cristo Jesus, até que, vencida a noite do erro,
despontasse a aurora e brilhasse a estrela-guia do existir. Os
Magos foram levados a ver e a seguir essa estrela-d’alva da
12 Ciência divina, que ilumina o caminho da harmonia eterna.
É chegada a hora dos pensadores. A Verdade, indepen-
dente de doutrinas e sistemas consagrados pelo tempo, bate
15 ao portal da humanidade. O contentamento com o passado
e as frias convenções do materialismo estão desmoronando.
A ignorância a respeito de Deus já não é o degrau pelo qual
18 se chega à fé. A obediência é garantida somente pela com-
preensão correta a respeito dEle, e conhecê-Lo corretamente
é a Vida eterna. Ainda que caiam impérios, “o Senhor reina
21 para sempre”.
Um livro apresenta pensamentos novos, mas não pode
fazer com que sejam rapidamente compreendidos. É tarefa
24 do vigoroso pioneiro abater o alto carvalho e talhar o granito
bruto. Os tempos vindouros terão de contar o que o pioneiro
realizou.
27 Desde que a autora descobriu o poder da Verdade, tanto
vii
Ciência e Saúde Prefácio viii
1 no tratamento da doença quanto no do pecado, seu sistema
foi testado a fundo, não lhe tendo sido encontrada nenhuma
3 insuficiência; mas para alcançar as alturas da Ciência Cristã,
o homem tem de viver em obediência ao Princípio divino
dessa Ciência. Para desenvolver o pleno poder dessa Ciência,
6 as desarmonias do senso corpóreo têm de ceder à harmonia
do senso espiritual, assim como a ciência da música corrige
os tons errados e dá suave harmonia ao som.
9 A teologia e a física ensinam que o Espírito e a matéria
são ambos reais e bons, quando de fato é o Espírito que é
bom e real, e a matéria é o oposto do Espírito. A pergunta:
12 Que é a Verdade? se responde pela demonstração — tanto
na cura da doença como na do pecado; e essa demonstração
prova que a cura cristã propicia o máximo de saúde e faz os
15 melhores homens. Nessa base, será dada à Ciência Cristã
a oportunidade de uma luta justa. A doença vem sendo
combatida há séculos por médicos que utilizam remédios
18 materiais; surge, porém, a pergunta: Porventura há menos
doenças graças a esses profissionais? Um “Não” vigoroso é a
resposta que se pode deduzir de dois fatos correlacionados —
21 a longevidade atribuída aos personagens bíblicos anteriores
ao dilúvio, e a rápida multiplicação e maior violência das
doenças depois do dilúvio.
24 Na obra Retrospecção e Introspecção, desta autora,
encontra-se um esboço biográfico que narra as experiências
que a levaram, no ano de 1866, à descoberta do sistema que
27 denominou Ciência Cristã. Já em 1862, ela começara a escre-
ver e dar a amigos os resultados do seu estudo das Escrituras,
pois a Bíblia foi sua única professora; mas esses escritos eram
30 imaturos — os primeiros passos de uma criança no mundo
recém-descoberto do Espírito.
Ciência e Saúde Prefácio ix
1 Ela começou também a anotar seus pensamentos sobre
o tema principal, mas essas anotações não passavam de
3 balbucios infantis sobre a Verdade. Uma criança sorve o
mundo exterior pelos olhos e se deleita com o sorvo. Ela está
tão certa da existência do mundo, quanto da sua própria;
6 contudo, não consegue descrever o mundo. Acha algumas
palavras e com elas tenta, gaguejando, transmitir o que sente.
Mais tarde, a língua dá voz ao pensamento mais definido,
9 embora ainda imperfeitamente.
Foi o que se deu com a autora. Assim como certo poeta
diz de si mesmo, também ela “balbuciava em versos, porque
12 os versos lhe vinham”. Certos ensaios escritos naquela época
inicial ainda circulam entre seus primeiros alunos; mas são
fracas tentativas de expor o Princípio e a prática da cura
15 cristã, e não são exposições completas nem satisfatórias a
respeito da Verdade. Hoje, embora se alegre com algum
progresso, ela ainda se encontra como discípula solícita à
18 porta celestial, esperando a Mente de Cristo.
Seu primeiro folheto sobre a Ciência Cristã teve os
direitos autorais registrados em 1870; porém só foi ao prelo
21 em 1876, porque a autora compreendeu que essa Ciência
precisava ser demonstrada pela cura, antes que uma obra
sobre esse tema pudesse ser estudada com proveito. Entre
24 1867 e 1875 havia, porém, alguns exemplares em circulação
entre amigos.
Antes de escrever esta obra, Ciência e Saúde, a autora fez
27 numerosas anotações de estudo bíblico, que nunca foram
publicadas. Isso foi durante os anos de 1867 e 1868. Esses
esforços mostram como, até aquela época, ela estava em
30 relativa ignorância quanto à estupenda questão da Vida,
e mostram as etapas pelas quais chegou, finalmente, à sua
solução; mas ela preza essas anotações, tal como os pais têm
Ciência e Saúde Prefácio x
1 estima pelas recordações do desenvolvimento de um filho, e
ela não gostaria que fossem modificadas.
3 A primeira edição de Ciência e Saúde foi publicada em
1875. Depois disso, publicaram-se vários livros sobre a cura
mental, a maioria deles incorretos na teoria e cheios de plá-
6 gios de Ciência e Saúde. Consideram a mente humana um
agente ativo na cura, ao passo que essa mente não faz parte
do Princípio da Ciência Cristã. Contudo, alguns escritos
9 baseados neste livro são úteis.
A autora não fez concessões para se acomodar à tendên-
cia geral do pensamento, mas deu direta e honestamente o
12 texto da Verdade. Não fez nenhum esforço para embelezar,
elaborar ou tratar, em todos os pormenores, um tema tão
infinito. Com milhares de curas bem autenticadas, ela e seus
15 alunos comprovaram o valor dos seus ensinamentos. Esses
casos, na maior parte, eram abandonados como incuráveis
pelos profissionais da medicina que os atendiam. Poucos
18 são os doentes dispostos a recorrer a Deus até que todos os
recursos materiais tenham falhado, pois é muito pequena a
fé que se deposita na boa vontade e no poder de Deus para
21 curar a doença.
O Princípio divino da cura fica comprovado pela
experiência pessoal de todos aqueles que sinceramente
24 procuram a Verdade. O propósito desse Princípio é bom
e sua prática é mais segura e mais potente do que a de
qualquer outro método de cura. O pensamento cristão sem
27 preconceitos é mais rapidamente tocado e convencido pela
Verdade. Só combatem o método da autora aqueles que não
compreendem o que ela quer dizer, ou que, discernindo a
30 verdade, não se expõem à luz, por receio de que seus atos
sejam reprovados. Não é necessário que o estudante tenha
capacidade intelectual avançada, mas é sumamente desejável
33 que seu padrão moral seja sadio.
Ciência e Saúde Prefácio xi
1 Muitos imaginam que os fenômenos da cura física na
Ciência Cristã apresentam apenas uma fase da ação da
3 mente humana, ação da qual, de algum modo não explicado,
resulta a cura da doença. Pelo contrário, a Ciência Cristã
explica de modo racional que todos os outros métodos de
6 tratamento são fruto da fé humana na matéria — fé na ação,
não do Espírito, mas da mente carnal que tem de ceder lugar
à Ciência.
9 A cura física pela Ciência Cristã resulta hoje, como no
tempo de Jesus, da operação do Princípio divino, ante a qual
o pecado e a doença deixam de ter realidade na consciência
12 humana e desaparecem tão natural e tão necessariamente
como a escuridão dá lugar à luz, e o pecado cede à reforma.
Hoje, como outrora, essas obras poderosas não são sobrena-
15 turais, mas supremamente naturais. São o sinal de Emanuel,
ou seja, “Deus conosco” — uma influência divina sempre
presente na consciência humana, e que se repete, vindo agora
18 como fora prometido antigamente:
Para proclamar libertação aos cativos [dos sentidos]
E restauração da vista aos cegos,
21 Para pôr em liberdade os oprimidos.
Quando Deus chamou a autora para proclamar Seu
divino Evangelho para esta época, incumbiu-a também de
24 plantar e regar o vinhedo divino.
A primeira escola de cura pela Mente mediante a Ciência
Cristã foi iniciada pela autora com apenas um aluno, em
27 Lynn, Massachusetts, por volta do ano de 1867. Em 1881, a
autora abriu a Faculdade de Metafísica de Massachusetts, em
Boston, com autorização do Estado, por ter sido aprovada
30 uma lei relativa a escolas superiores, permitindo-lhe registrar
Ciência e Saúde Prefácio xii
1 essa instituição com finalidades médicas. Depois de 1883,
já não se concederam alvarás a Cientistas Cristãos para tais
3 instituições, e até aquela data a sua Faculdade fora a única
desse gênero que havia sido estabelecida nos Estados Unidos
da América, onde se introduziu pela primeira vez a Ciência
6 Cristã.
Durante sete anos, mais de quatro mil alunos estudaram
com a autora nessa Faculdade. Nesse mesmo período ela
9 foi pastora da Igreja de Cristo, Cientista, a primeira a ser
estabelecida; Presidente da primeira Associação de Cientistas
Cristãos, que se reunia mensalmente; editora de suas próprias
12 obras; e (durante parte desse tempo) única redatora e editora
do Christian Science Journal, o primeiro periódico publicado
por Cientistas Cristãos. Ela fechou a Faculdade em 29 de
15 outubro de 1889, no auge da prosperidade, profundamente
convencida de que os dois anos seguintes de sua vida deve-
riam ser dedicados ao preparo da revisão de Ciência e Saúde,
18 que foi publicada em 1891. Ela conservou o alvará e, na
qualidade de Presidente da Faculdade, reabriu-a em 1899
como departamento auxiliar de sua igreja. Até 10 de junho
21 de 1907 ela nunca lera esse livro inteira e consecutivamente
a fim de elucidar seu sistema de ideias.
No espírito do amor de Cristo — como alguém que “tudo
24 espera, tudo suporta”, e se alegra em levar consolo aos aflitos
e cura aos doentes — ela entrega estas páginas aos que hones-
tamente procuram a Verdade.
MARY BAKER EDDY
Ciência e Saúde
Capítulo 1
A oração
Em verdade vos afirmo que,
se alguém disser a este monte:
Ergue-te e lança-te no mar,
e não duvidar no seu coração,
mas crer que se fará o que diz,
assim será com ele.
Por isso, vos digo que tudo quanto em oração pedirdes,
crede que recebestes, e será assim convosco.
Deus, o vosso Pai, sabe o de que tendes necessidade,
antes que Lho peçais. — Cristo Jesus.
3
A oração que reforma o pecador e cura o doente é uma fé
absoluta em que tudo é possível a Deus — uma compre-
ensão espiritual acerca dEle, um amor isento de ego. Inde-
pendentemente do que outros possam dizer ou pensar a esse
respeito, eu falo por experiência. A oração, a vigilância e o
6 trabalho, somados à imolação do ego, são os misericor-
diosos meios divinos pelos quais se realizou tudo o que
foi feito com êxito para a cristianização e a saúde do
9 gênero humano.
Os pensamentos não proferidos não são desconhecidos
para a Mente divina. O desejo é oração; e nenhuma perda
12 pode ocorrer por confiarmos nossos desejos a Deus, para
que sejam moldados e elevados antes de tomarem forma
em palavras e ações.
1
Ciência e Saúde A oração 2
1 Quais são os motivos para a oração? Oramos para nos
tornar melhores e para beneficiar aqueles que nos ouvem,
3 para dar informações ao infinito e para ser Motivos
ouvidos pelos homens? Somos beneficiados corretos
por orar? Sim, o desejo que tem fome de justiça e de retidão
6 é abençoado por nosso Pai e não nos volta vazio.
Deus não é movido por expressões de louvor a fazer mais
do que já fez, nem pode o infinito fazer menos do que propi-
9 ciar todo o bem, porque Ele é sabedoria e Amor A Deidade
imutáveis. Podemos fazer mais por nós mes- é imutável
mos mediante súplicas humildes e fervorosas, mas o Todo-
12 amoroso não atende aos nossos pedidos simplesmente com
base em meras palavras, pois Ele já sabe tudo.
A oração não pode modificar a Ciência do existir, mas
15 tende a nos pôr em harmonia com essa Ciência. O bem
alcança a demonstração da Verdade. O pedido de que Deus
nos salve não é tudo o que se requer. O mero hábito de supli-
18 car à Mente divina, assim como se suplica a um ser humano,
perpetua a crença de que Deus seja circunscrito às condições
humanas — erro esse que impede o crescimento espiritual.
21 Deus é o Amor. Podemos pedir-Lhe que seja mais? Deus
é a inteligência. Podemos informar a Mente infinita de algo
que já não compreenda? Pretendemos modifi- O padrão
24 car a perfeição? Iremos nós implorar por algo divino
mais, junto à fonte aberta da qual jorra mais do que aceita-
mos? O desejo não proferido nos aproxima, com certeza, da
27 fonte de toda a existência e felicidade abençoada.
Pedir a Deus que seja Deus, é vã repetição. Deus “ontem
e hoje, é o mesmo e o será para sempre”; e Aquele que é
Ciência e Saúde A oração 3
1 imutavelmente certo fará o que é certo, sem que seja neces-
sário lembrá-Lo de Seu dever. A sabedoria do homem não é
3 suficiente para autorizá-lo a dar conselhos a Deus.
Quem se colocaria diante de um quadro negro, rogando
ao princípio da matemática que resolva o problema? A regra
6 já está estabelecida e é nossa tarefa trabalhar A matemática
para achar a solução. Iremos nós pedir ao espiritual
Princípio divino de todo o bem que faça Seu próprio traba-
9 lho? Seu trabalho está feito e só precisamos utilizar a regra
de Deus a fim de receber a Sua bênção, o que nos permite
trabalhar pela nossa própria salvação.
12 O Ser Divino tem de ser refletido pelo homem — senão
o homem não é a imagem e semelhança dAquele que é
paciente, terno e verdadeiro, Aquele Um e Uno totalmente
15 digno de ser amado; mas compreender a Deus é obra da
eternidade e exige consagração absoluta de pensamento,
energia e desejo.
18 Como são vazios nossos conceitos sobre a Deidade!
Admitimos teoricamente que Deus é bom, onipotente, oni-
presente, infinito, e depois tentamos dar infor- Ingratidão
21 mações a essa Mente infinita. Imploramos um na prece
perdão imerecido e um derramamento liberal de benefícios.
Somos realmente gratos pelo bem já recebido? Então fare-
24 mos uso das bênçãos que temos e assim estaremos prepara-
dos para receber mais. A gratidão é muito mais do que a
expressão verbal de agradecimento. Os atos expressam mais
27 gratidão do que as palavras.
Se somos ingratos pela Vida, pela Verdade e pelo Amor,
e apesar disso rendemos graças a Deus por todas as bênçãos,
30 então não somos sinceros e incorremos na censura severa
que nosso Mestre profere contra os hipócritas. Em tal caso,
a única oração aceitável é ficarmos calados e recordar nossas
33 bênçãos. Enquanto o coração está longe da Verdade e do
Ciência e Saúde A oração 4
1 Amor divinos, não podemos ocultar a ingratidão de uma
vida estéril.
3 O que mais necessitamos é orar com o desejo fervoroso
de crescer em graça, oração que se expressa em paciência,
mansidão, amor e boas obras. Guardar os man- Súplicas
6 damentos de nosso Mestre e seguir seu exemplo eficazes
é nossa verdadeira dívida para com ele e a única prova válida
que podemos oferecer de nossa gratidão por tudo o que ele
9 fez. A forma exteriorizada de adoração não é, por si só, sufi-
ciente para expressar gratidão leal e sincera, pois ele disse:
“Se me amais, guardareis os meus mandamentos”.
12 O esforço habitual para sermos sempre bons é oração
incessante. Seus motivos se tornam manifestos nas bênçãos
que trazem — bênçãos que, ainda quando não sejam reco-
15 nhecidas com palavras audíveis, dão provas de sermos dignos
de participar do Amor.
Simplesmente pedir que possamos amar a Deus nunca
18 nos fará amá-Lo; mas o anseio por sermos melhores e mais
santos, expresso na vigilância diária e no esforço A vigilância é
de assimilar mais do caráter divino, há de nos um requisito
21 moldar e formar de novo, até que despertemos na Sua seme-
lhança. Alcançamos a Ciência do Cristianismo pela demons-
tração da natureza divina; mas neste mundo maldoso o bem
24 será difamado e a paciência tem de trazer experiência.
A oração audível jamais poderá fazer as obras da com-
preensão espiritual, que regenera; mas a oração silenciosa, a
27 vigilância e a obediência devota nos habilitam a Devoção
seguir o exemplo de Jesus. As orações longas, verdadeira
a superstição e os dogmas cortam as vigorosas asas do amor
30 e revestem de formas humanas a religião. Tudo o que
Ciência e Saúde A oração 5
1 materializa a adoração estorva o desenvolvimento espiritual
do homem e o impede de demonstrar seu poder sobre o erro.
3 O remorso por haver feito o mal é apenas um passo rumo
à regeneração, e é o mais fácil de todos. O passo seguinte, o
grande passo que a sabedoria exige, é a prova Remorso e
6 de nossa sinceridade — a saber, a regeneração regeneração
em si. Para esse fim, somos postos sob a pressão das circuns-
tâncias. A tentação nos incita a repetir a falta, e o sofrimento
9 vem como resultado do que fizermos. Sempre há de ser assim,
até aprendermos que não há descontos na lei da justiça e que
temos de pagar “o último centavo”. Com a medida com que
12 medirdes “vos medirão também”, e será cheia e “transbordante”.
Santos e pecadores recebem a plena recompensa, mas
nem sempre neste mundo. Os seguidores de Cristo beberam
15 do cálice dele. A ingratidão e a perseguição o encheram
até a borda; mas Deus derrama as riquezas do Seu amor na
compreensão e nos afetos, dando-nos forças de acordo com
18 a necessidade de cada dia. Os pecadores florescem “qual
cedro do Líbano”; contudo, olhando mais adiante, o Salmista
pôde ver o fim deles — a destruição do pecado por meio do
21 sofrimento.
A oração não deve ser utilizada como confessionário para
cancelar o pecado. Tal erro seria um empecilho para a verda-
24 deira religião. O pecado só é perdoado quando Cancelamento do
pecado humano
destruído pelo Cristo — a Verdade e a Vida.
Se a oração nutre a crença de que o pecado é cancelado e de
27 que o homem se torna melhor só porque ora, então a oração
é um mal. Aquele que continua pecando, porque se imagina
perdoado, torna-se pior.
30 Diz um apóstolo que o Filho de Deus [Cristo] veio
para “destruir as obras do diabo”. Deveríamos Destruídas as
seguir nosso Modelo divino e procurar destruir obras do diabo
33 todas as obras malignas, inclusive o erro e a doença.
Ciência e Saúde A oração 6
1 Não podemos escapar à penalidade que é consequência do
pecado. As Escrituras dizem que, se negarmos a Cristo, “ele,
3 por sua vez, nos negará”.
O Amor divino corrige e governa o homem. Os homens
podem perdoar, mas somente esse Princípio divino reforma o
6 pecador. Deus não está separado da sabedoria Perdão e
que Ele outorga. Os talentos que Ele dá, nós correção
devemos tornar mais frutíferos. Implorar-Lhe que nos per-
9 doe a obra mal feita, ou que deixamos de fazer, implica a vã
suposição de que nada temos a fazer senão pedir perdão, e
que depois estaremos livres para repetir a falta.
12 Causar sofrimento como resultado do pecado é o meio de
destruir o pecado. Todo suposto prazer no pecado causará
mais do que seu equivalente em dor, até que a crença na vida
15 material e no pecado seja destruída. Para alcançar o céu,
a harmonia do existir, temos de compreender o Princípio
divino do existir.
18 “Deus é Amor.” Mais do que isso não podemos pedir,
mais alto não podemos olhar, mais longe não podemos ir.
Supor que Deus perdoe ou castigue o pecado, Misericórdia
segundo seja ou não procurada a Sua miseri- sem parcialidade
21
córdia, é interpretar mal o Amor e fazer da oração a válvula
de escape para as más ações.
24 Jesus punha o pecado a descoberto e o repreendia antes
de expulsá-lo. De uma mulher doente, disse que Satanás a
trazia presa, e a Pedro disse: “Tu és para mim Severidade
pedra de tropeço”. Ele veio ensinar e mostrar divina
27
aos homens como destruir o pecado, a doença e a morte.
Ele disse da árvore que não produz fruto: “É cortada”.
30 Muitos acreditam que certo magistrado, que vivia no
tempo de Jesus, tenha deixado o seguinte depoimento:
“Sua repreensão é terrível”. A linguagem enérgica de
33 nosso Mestre confirma essa descrição.
Ciência e Saúde A oração 7
1 A única frase cortês que ele teve para com o erro foi:
“Arreda, Satanás!” Prova ainda mais forte de que a repre-
3 ensão de Jesus era incisiva e pungente se encontra em suas
próprias palavras — que mostravam a necessidade de tal
expressão enérgica, quando ele expulsava os demônios e
6 curava os doentes e os pecadores. Abandonar o erro despoja
o senso material de suas falsas alegações.
A oração audível impressiona; dá solenidade e elevação
9 momentâneas ao pensamento. Mas será que produz algum
benefício duradouro? Examinando profunda- Oração
mente essas coisas, constatamos que o “zelo... audível
12 não com entendimento” dá margem a uma reação que não
favorece o crescimento espiritual, a determinação sensata e a
percepção saudável daquilo que Deus requer. Os motivos
15 para a oração verbal talvez contenham demasiado amor ao
aplauso, para que possam suscitar ou incentivar o sentimento
cristão.
18 É a sensação física, e não a Alma, que produz êxtase e
emoção materiais. Se o senso espiritual sempre guiasse os
homens, resultariam dos momentos de êxtase Expressões
21 uma experiência mais elevada e uma vida melhor, emotivas
com mais devota renúncia ao ego e maior pureza. Expressar
vaidosamente sentimentos fervorosos nunca faz um cristão.
24 Deus não é influenciado pelo homem. O “ouvido divino”
não é um nervo auditivo. É a Mente que tudo ouve e tudo
sabe, e que sempre conhece todas as necessidades do homem
27 e as satisfaz.
O perigo da oração é que ela pode nos levar à tentação.
Por meio dela podemos nos tornar hipócritas involuntários,
30 expressando desejos que não são reais, e conso- O perigo
lando-nos em meio ao pecado com a lembrança da oração
audível
de que já oramos a esse respeito, ou de que algum
33 dia tencionamos pedir perdão. A hipocrisia é destrutiva para
a religião.
Ciência e Saúde A oração 8
1 A oração cheia de palavras pode proporcionar um senso
tácito de justificação do ego, embora faça do pecador um
3 hipócrita. Nunca devemos perder a esperança a respeito de
um coração honesto, mas há pouca esperança para aqueles
que só de vez em quando enfrentam face a face sua maldade
6 e então procuram ocultá-la. Suas orações são índices que não
correspondem ao seu caráter. Eles mantêm cumplicidade
secreta com o pecado, e de tais aparências exteriores Jesus diz
9 que são “semelhantes aos sepulcros caiados... cheios... de toda
imundícia”.
Se um homem, embora exteriormente fervoroso e dado à
12 oração, for impuro e, portanto, falso — o que podemos dizer
dele? Se alcançasse a sublimidade de sua oração, Aspiração
não haveria razão para comentário. Se senti- e amor
15 mos a aspiração, a humildade, a gratidão e o amor que nossas
palavras expressam — isso Deus aceita; e é sensato não ten-
tarmos enganar a nós mesmos ou aos outros, porque “nada
18 há encoberto, que não venha a ser revelado”. As profissões de fé
e as orações audíveis são em certo sentido como a caridade —
pois encobrem uma “multidão de pecados”. Orar para que
21 nos seja dada humildade, por maior que seja o fervor com
que nos expressemos, nem sempre significa que desejamos
a humildade. Se nos desviamos dos pobres, não estamos pre-
24 parados para receber a recompensa dAquele que abençoa
os pobres. Confessamos ter um coração muito maldoso e
pedimos que nos seja posto a descoberto, mas será que já não
27 sabemos mais sobre esse coração, do que estamos dispostos
a deixar que nosso próximo veja?
Devemos nos examinar para saber quais são os afetos e
30 os propósitos do coração, pois só assim chegaremos a saber
o que honestamente somos. Se um amigo nos Sondar
apontar uma falta, ouviremos pacientemente a sua o coração
33 repreensão e daremos crédito ao que nos diz? Não daremos,
Ciência e Saúde A oração 9
1 ao contrário, graças por não sermos “como os demais
homens”? Há muitos anos a autora sente-se imensamente
3 grata por censura merecida. O que está errado é a censura
imerecida — a mentira que a ninguém beneficia.
O teste de toda oração se encontra na resposta a estas
6 perguntas: Sentimos mais amor por nosso próximo graças
a essa oração? Seguimos o velho amor ao ego, O auge da
satisfeitos de termos orado por algo melhor, aspiração
9 embora não demos nenhuma prova da sinceridade de nossos
pedidos, e não vivamos de acordo com nossa oração? Se o
amor ao ego tiver cedido lugar à bondade, seremos mais des-
12 prendidos para com nosso próximo, e abençoaremos os que
nos maldizem; contudo, jamais cumpriremos esse grande
dever, simplesmente pedindo que ele se cumpra. Há uma
15 cruz a carregar antes de podermos desfrutar dos resultados
de nossa esperança e de nossa fé.
Amas “o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de
18 toda a tua alma e de todo o teu entendimento”? Esse manda-
mento encerra muito, até mesmo a renúncia Religião
a toda sensação, afeto e adoração meramente prática
21 materiais. Esse é o Eldorado do Cristianismo. Abrange a
Ciência da Vida, e reconhece somente o controle divino do
Espírito, no qual a Alma nos governa e onde o senso material
24 e a vontade humana não têm lugar.
Estás disposto a deixar tudo por Cristo, pela Verdade,
e com isso seres considerado pecador? Não! Desejas real-
27 mente alcançar esse ponto? Não! Então, por O cálice
que fazes longas orações com essa intenção e do sacrifício
pedes para seres cristão, visto que não estás disposto a seguir
30 os passos de nosso querido Mestre? Se não queres seguir-lhe
o exemplo, por que pedes, com os lábios, que possas partici-
par de sua natureza? A oração coerente é o desejo de agir
Ciência e Saúde A oração 10
1 corretamente. Orar significa que desejamos andar na luz e
que nela andaremos, na medida em que a recebermos, ainda que
3 com os pés sangrando, e que, esperando pacientemente no
Senhor, deixaremos que nossos verdadeiros desejos sejam
recompensados por Ele.
6 O mundo tem de progredir rumo à compreensão espiritual
da oração. Se formos suficientemente bons para nos beneficiar
do cálice das aflições terrenas de Jesus, Deus nos sustentará
9 nessas aflições. Até chegarmos, assim, a estar divinamente
qualificados e dispostos a beber do seu cálice, milhões de vãs
repetições jamais verterão na prece a unção do Espírito em
12 demonstração de poder, e com “sinais” que se seguem. A
Ciência Cristã revela que é indispensável vencer o mundo,
a carne e o mal, para assim destruir todo o erro.
15 Procurar não é suficiente. O esforço é o que nos habilita a
entrar. Os ganhos espirituais abrem a porta a uma compreen-
são mais elevada da Vida divina.
18 Uma das formas de adoração no Tibete é levar pelas ruas
uma máquina de rezar, e parar às portas para ganhar um
centavo, fazendo-a girar com uma oração nela Orações
21 inscrita. Mas o preço que a vanguarda do pro- pro forma
gresso pagou pelo privilégio de orar, foi a perseguição.
A experiência nos ensina que nem sempre recebemos as
24 bênçãos que pedimos na prece. Existe algo mal compreendido
quanto à fonte e às manifestações de todo o Pedir
bem e de toda a felicidade abençoada, do con- mal
27 trário certamente receberíamos o que pedimos. As Escrituras
dizem: “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjar-
des em vossos prazeres”. Aquilo que desejamos e pedimos
30 nem sempre é o melhor para nós. Nesse caso, o Amor
infinito não atenderá ao pedido. Pedis à sabedoria que seja
misericordiosa e não castigue o pecado? Então “pedis mal”.
Ciência e Saúde A oração 11
1 Sem castigo, o pecado se multiplicaria. A oração de Jesus:
“Perdoa-nos as nossas dívidas” especificou também as con-
3 dições do perdão. Quando perdoou à mulher adúltera,
ele disse: “Vai e não peques mais”.
Um magistrado às vezes remite a pena, mas isso pode
6 não ser um benefício moral para o criminoso e, quando
muito, apenas o livra de uma das formas de Remissão
da pena
castigo. A lei moral, que tem o direito de absol-
9 ver ou condenar, sempre exige a reparação antes que os mor-
tais possam ir “mais para cima”. A transgressão da lei
acarreta penalidade, a fim de obrigar a esse progresso.
12 O mero perdão legal (e não há outro, porque o Princípio
divino nunca nos perdoa os pecados ou as faltas, antes de cor-
rigidos) deixa o transgressor livre para repetir a A Verdade
15 transgressão, se de fato a má conduta ainda não aniquila o erro
o tiver feito sofrer suficientemente a ponto de repudiá-la. A
Verdade não concede perdão ao erro, e sim o elimina da
18 maneira mais eficaz. Jesus sofreu por nossos pecados, não
para anular a sentença divina aplicada ao pecado de alguém,
mas porque o pecado acarreta inevitável sofrimento.
21 As súplicas trazem aos mortais somente os resultados da
fé dos próprios mortais. Sabemos que o desejo de santidade é
requisito para obter santidade; mas se deseja- Desejo de
santidade
24 mos a santidade acima de tudo, sacrificamos
tudo por ela. Temos de estar dispostos a fazer isso, para
podermos andar com segurança no único caminho prático
27 que leva à santidade. A oração não pode modificar a Verdade
inalterável, nem pode a oração, por si só, dar-nos a compre-
ensão da Verdade; mas a oração, acompanhada do desejo fer-
30 voroso e habitual de conhecer e fazer a vontade de Deus, nos
conduzirá a toda a Verdade. Tal desejo tem pouca necessi-
dade de expressão audível. Exprime-se melhor no modo de
33 pensar e de viver.
Ciência e Saúde A oração 12
1 “A oração da fé salvará o enfermo”, dizem as Escrituras.
Em que consiste essa oração que cura? O mero pedido de
3 que Deus cure os doentes não tem poder para Oração pelos
tornar a presença divina, que está sempre ao doentes
nosso alcance, mais acessível do que ela já é. O efeito bené-
6 fico de tal oração em favor dos doentes ocorre na mente
humana, fazendo-a agir mais poderosamente sobre o corpo
por meio da fé cega em Deus. Isso, todavia, é apenas uma
9 crença a expulsar outra — uma crença no desconhecido a
expulsar uma crença na doença. Nem a Ciência nem a
Verdade agem pela crença cega, como também não age pela
12 crença cega a compreensão humana do divino Princípio
sanador, tal como este se manifestou em Jesus, cujas orações
humildes eram profundos e conscienciosos protestos a favor
15 da Verdade — da semelhança do homem com Deus e da uni-
dade do homem com a Verdade e o Amor.
A oração a um Deus corpóreo age sobre os doentes como
18 uma droga, que não tem eficácia própria, mas toma seu
poder emprestado da fé e crença humanas. A droga nada
faz, porque não tem inteligência. É a crença mortal, e não o
21 Princípio divino, o Amor divino, que faz com que uma droga
seja aparentemente venenosa ou curativa.
O costume geral de orar pelo restabelecimento dos doen-
24 tes é ajudado pela crença cega, enquanto que a ajuda deveria
vir da compreensão esclarecida. As mudanças nas crenças
podem ocorrer indefinidamente, porém são mercadorias do
27 pensamento humano, e não o resultado da Ciência divina.
Acaso a Deidade intervém a favor de um devoto, dei-
xando de atender a outro que ora tanto quanto aquele? Se
30 os doentes se restabelecessem por orar audivel- Amor imparcial
mente ou porque por eles se ora audivelmente, e universal
então só os que ficassem pedindo (por si ou por procuração)
33 é que sarariam. Na Ciência divina, em que as orações são
mentais, todos podem valer-se de Deus como “socorro bem
Ciência e Saúde A oração 13
1 presente nas tribulações”. O Amor é imparcial e universal na
sua adaptação e nas suas dádivas. É a fonte aberta que clama:
3 “Ah! Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas”.
Na oração feita em público, frequentemente vamos além
das nossas convicções, vamos além do desejo fervoroso e
6 honesto. Se não almejamos secretamente e não Exageros
nos esforçamos abertamente pela realização de em público
tudo o que pedimos, então nossas orações são “vãs repetições”,
9 como as dos pagãos. Se nossas súplicas forem sinceras, nos
empenharemos pelo que pedimos; e nosso Pai, que vê em
secreto, nos recompensará abertamente. Pode a mera expres-
12 são pública de nossos desejos torná-los mais intensos? Acaso
alcançamos o ouvido onipotente mais depressa com palavras
do que com pensamentos? Mesmo que a oração seja sincera,
15 Deus conhece nossas necessidades antes de as contarmos a
Ele ou aos nossos semelhantes. Se acalentarmos o desejo com
honestidade, em silêncio e humildemente, Deus o abençoará,
18 e correremos menos risco de submergir nossos desejos verda-
deiros em uma torrente de palavras.
Se oramos a Deus como se Ele fosse uma pessoa corpó-
21 rea, ficamos impedidos de deixar atrás as dúvidas e os medos
humanos que acompanham tal crença, e assim Ignorância
não podemos captar as maravilhas operadas corpórea
24 pelo Amor infinito, incorpóreo, ao qual tudo é possível.
Devido à ignorância humana a respeito do Princípio divino,
isto é, do Amor, o Pai de todos é representado como se fosse
27 um criador corpóreo; por isso os homens se consideram
meramente físicos e são ignorantes a respeito do homem
como imagem ou reflexo de Deus e desconhecem a existência
30 eterna e incorpórea do homem. O mundo do erro é igno-
rante quanto ao mundo da Verdade — cego para a realidade
da existência do homem — pois o mundo da sensação não
33 tem conhecimento da vida que está na Alma, e não no corpo.
Ciência e Saúde A oração 14
1 Se sentimos que vivemos no corpo e consideramos a
onipotência como pessoa material e corpórea, cujo ouvido
3 queremos alcançar, não estamos “ausentes” do A presença
corpo e presentes “com o Senhor” na demons- no corpo
tração do Espírito. Não podemos “servir a dois senhores”.
6 Estar presente “com o Senhor” não é ter mero êxtase ou fé
emocional, mas é a verdadeira demonstração e compreensão
da Vida como é revelada na Ciência Cristã. Estar “com o
9 Senhor” é obedecer à lei de Deus, é ser inteiramente gover-
nado pelo Amor divino — pelo Espírito, não pela matéria.
Toma consciência, por um só momento, de que a Vida e
12 a inteligência são puramente espirituais — que não estão na
matéria nem são constituídas de matéria — e o A consciência
corpo já não se queixará de coisa alguma. Se espiritualizada
15 estiveres sofrendo de uma crença na enfermidade, repentina-
mente constatarás que estás bem. A tristeza se converte em
alegria quando o corpo é controlado pela Vida, pela Verdade
18 e pelo Amor espirituais. Daí a esperança contida na pro-
messa de Jesus: “Aquele que crê em mim fará também as
obras que eu faço... porque eu vou para junto do Pai” — [por-
21 que o Ego está ausente do corpo, e presente com a Verdade
e o Amor]. A Oração do Senhor é a oração da Alma, não do
senso material.
24 Inteiramente separada da crença e sonho no viver mate-
rial, está a Vida divina, que revela a compreensão espiritual
e a consciência do domínio que o homem tem sobre toda a
27 terra. Essa compreensão expulsa o erro e cura o doente, e
com ela podes falar “como quem tem autoridade”.
“Quando orares, entra no teu quarto e, fechada a porta,
30 orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em
Ciência e Saúde A oração 15
1 secreto, te recompensará abertamente.”*
Assim falou Jesus. O quarto simboliza o santuário do
3 Espírito, cuja porta se fecha ao senso pecaminoso, mas deixa
entrar a Verdade, a Vida e o Amor. Fechada ao Santuário
erro, está aberta à Verdade e vice-versa. O Pai espiritual
6 que está em secreto é invisível aos sentidos físicos, mas sabe
tudo e recompensa segundo os motivos, não segundo as
palavras. Para entrar no coração da prece, é preciso que a
9 porta dos sentidos errôneos esteja fechada. Os lábios têm de
estar mudos e o materialismo calado, para que o homem
possa ter audiência com o Espírito, o Princípio divino, o
12 Amor, que destrói todo o erro.
Para orar corretamente, temos de entrar no quarto
e fechar a porta. Temos de cerrar os lábios e silenciar os
15 sentidos materiais. No silencioso santuário dos Invocação
desejos fervorosos, temos de negar o pecado e eficaz
declarar a totalidade de Deus. Temos de nos resolver a
18 tomar a cruz, e prosseguir de coração honesto para traba-
lhar e vigiar a fim de discernir a sabedoria, a Verdade e o
Amor. Temos de orar “sem cessar”. Tal oração é atendida
21 na proporção em que agimos de acordo com nossos desejos.
A recomendação do Mestre é que oremos em secreto e dei-
xemos que nossa vida ateste nossa sinceridade.
24 Os cristãos se regozijam na beleza e generosidade secretas,
ocultas ao mundo, mas conhecidas de Deus. O desprendi-
mento do ego, a pureza e o afeto são orações Generosidade
constantes. O ato de pôr em prática a religião digna de confiança
27
em vez de meramente professá-la, compreender em vez de
crer, alcançam o ouvido e a destra da onipotência e, segura-
30 mente, fazem descer bênçãos infinitas. Ser digno de confiança
constitui o alicerce da fé esclarecida. Sem estar preparados
para a santidade, não podemos receber a santidade.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A oração 16
1 Um grande sacrifício de coisas materiais tem de preceder
essa compreensão espiritual adiantada. A oração mais elevada
3 não é meramente uma oração de fé; é demons- A adoração
tração. Essa oração cura a doença, e tem de mais elevada
destruir o pecado e a morte. Distingue entre a Verdade, que
6 é isenta de pecado, e a falsidade do senso pecaminoso.
Nosso Mestre ensinou a seus discípulos uma única breve
oração que, em sua homenagem, denominamos Oração do
9 Senhor. Nosso Mestre disse: “Portanto, vós A oração de
orareis assim”, e a seguir deu aquela oração que Jesus Cristo
abrange todas as necessidades humanas. Há de fato, entre os
12 eruditos da Bíblia, alguma dúvida sobre se a última linha não
foi acrescentada à oração por um copista posterior; mas isso
não afeta o significado da própria oração.
15 Na frase: “Livra-nos do mal”, o original diz mais exa-
tamente: “Livra-nos do maligno”. Esse esclarecimento fortalece
nosso entendimento científico dessa petição, pois a Ciência
18 Cristã ensina que “o maligno”, ou seja, o mal único, é apenas
outro nome para a primeira mentira e para todos os mentirosos.
Só à medida que nos elevamos acima de tudo aquilo
21 que se fundamenta nos sentidos materiais e acima de todo
pecado, podemos alcançar a aspiração celestial e a consciência
espiritual que é indicada na Oração do Senhor e que instanta-
24 neamente cura os doentes.
Seja-me permitido dar aqui o que entendo ser o signifi-
cado espiritual da Oração do Senhor:
27 Pai nosso, que estás nos céus,
Nosso Pai-Mãe Deus, todo-harmonioso,
Santificado seja o Teu nome;
30 Adorável Um e Uno.
Venha o Teu reino,
O Teu reino já veio; Tu estás sempre presente.
Ciência e Saúde A oração 17
1 Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu;
Faz-nos saber que — como no céu, assim também
3 na terra — Deus é onipotente, supremo.
O pão nosso de cada dia dá-nos hoje;
Dá-nos graça para hoje; alimenta os afetos famintos;
6 E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos
perdoado aos nossos devedores;
E o Amor se reflete em amor;
9 E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal;
E Deus não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos
do pecado, da doença e da morte.
12 Pois Teu é o reino, o poder e a glória para sempre.
Pois Deus é infinito, todo o poder, toda a Vida, toda a
Verdade, todo o Amor; está acima de tudo, e é Tudo.
Capítulo 2
Reconciliação
e Eucaristia
E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne,
com as suas paixões e concupiscências. — Paulo.
Não me enviou Cristo para batizar,
mas para pregar o evangelho. — Paulo.
Pois vos digo que,
de agora em diante, não mais beberei do fruto da videira,
até que venha o reino de Deus. — Jesus.
3
A reconciliação exemplifica a unidade do homem com
Deus, segundo a qual o homem reflete a Verdade, a
Vida e o Amor divinos. Jesus de Nazaré ensinou e demons-
trou o fato de que o homem e o Pai são um, e por essa razão
lhe devemos perene homenagem. Sua missão O divino Um
6 foi tanto individual como coletiva. Ele reali-
zou corretamente a obra da vida, não só para ser justo con-
sigo mesmo, mas também por misericórdia para com os
9 mortais — para mostrar-lhes como realizar a deles, mas não
para realizá-la por eles, nem para desobrigá-los de uma
responsabilidade sequer. Jesus agia ousadamente, em opo-
12 sição à geralmente aceita evidência dos sentidos, em oposição
aos dogmas e às práticas farisaicas, e desmentia todos os
opositores por meio de seu poder de cura.
15 A mediação de Cristo reconcilia o homem com Deus, não
Deus com o homem; pois o Princípio divino do Cristo é Deus, e
como pode Deus Se reconciliar consigo mesmo? Reconciliação
18 O Cristo é a Verdade cujo alcance não vai acima humana
dela mesma. A água da fonte não pode fluir a um nível acima
da nascente. O Cristo, a Verdade, não poderia conciliar uma
18
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 19
1 natureza acima da sua própria, que é derivada do Amor eterno.
Portanto, o propósito de Cristo foi reconciliar o homem com
3 Deus, não Deus com o homem. O Amor e a Verdade não
estão em guerra com a imagem e semelhança de Deus. O
homem não pode se elevar acima do Amor divino e assim
6 realizar a expiação em favor de si mesmo. Nem mesmo Cristo
pode reconciliar a Verdade com o erro, pois a Verdade e o
erro são irreconciliáveis. Jesus ajudou a reconciliar o homem
9 com Deus, dando ao homem um senso mais verdadeiro do
Amor, o Princípio divino dos ensinamentos de Jesus, e esse
senso mais verdadeiro do Amor faz com que o homem seja
12 redimido da lei da matéria, do pecado e da morte, pela lei do
Espírito — a lei do Amor divino.
O Mestre não se absteve de dizer toda a verdade,
15 declarando com precisão aquilo que destruiria a doença, o
pecado e a morte, embora seu ensinamento causasse divisão
nos lares e trouxesse às crenças materiais não a paz, mas a
18 espada.
Toda angústia de arrependimento e sofrimento, todo
esforço de reforma, todo pensamento bom e toda ação boa
21 nos ajudarão a compreender a expiação de Arrependimento
Jesus pelo pecado, tornando-a mais eficaz; eficaz
porém, se o pecador continua a orar e a se arrepender, a
24 pecar e a sentir remorso, pouco participa da reconciliação —
da unificação com Deus — pois falta-lhe o arrependimento
prático que reforma o coração e habilita o homem a fazer a
27 vontade da sabedoria. Aqueles que não chegam a demons-
trar, ao menos parcialmente, o Princípio divino daquilo que
nosso Mestre ensinou e praticou, não têm parte com Deus.
30 Se vivemos em desobediência a Ele, não podemos nos sentir
em segurança, embora Deus seja bom.
Jesus insistiu no mandamento “Não terás outros deuses
33 diante de mim”, que pode ser interpretado A carreira de Jesus
como: Não terás crença alguma de que a Vida foi sem pecado
seja mortal; não conhecerás o mal, porque só existe uma
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 20
1 única Vida — a saber, Deus, o bem. Jesus deu “a César o que
é de César e a Deus o que é de Deus”. Por fim, não rendeu
3 homenagem às formas de doutrina nem às teorias dos
homens, mas agiu e falou segundo era motivado, não por
espíritos, mas pelo Espírito.
6 Ao sacerdote ritualista e ao fariseu hipócrita, Jesus
disse: “Publicanos e meretrizes vos precedem no reino de
Deus”. A história de Jesus deu início a um novo calendário,
9 que denominamos a era cristã; mas ele não estabeleceu
nenhum culto ritualista. Ele sabia que os homens podem ser
batizados, tomar parte na Eucaristia, apoiar o clero, guardar
12 o sábado, fazer longas orações e, apesar disso, ser sensuais e
pecaminosos.
Jesus arcou com nossas enfermidades; conhecia o erro da
15 crença mortal, e “pelas suas pisaduras [a rejeição do erro] fomos
sarados”. “Desprezado e o mais rejeitado entre Exemplo
os homens”, bendizendo os que o maldiziam, perfeito
18 ele ensinou aos mortais o oposto deles mesmos, a própria
natureza de Deus; e quando o erro sentiu o poder da Verdade,
o açoite e a cruz estavam à espera do grande Mestre. Ainda
21 assim, ele não se desviou, pois bem sabia que obedecer à
ordem divina e confiar em Deus nos poupa o trabalho de
retroceder e percorrer de novo a vereda que vai do pecado
24 à santidade.
A crença material é lenta em reconhecer o que o fato
espiritual acarreta. A verdade é o âmago da religião em si.
27 Proporciona entrada segura no reino do Amor. O preceito
S. Paulo escreveu: “Desembaraçando-nos de da cruz
todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corra-
30 mos, com perseverança, a carreira que nos está proposta”;
isto é, ponhamos de lado o ego material e o senso material,
e procuremos o Princípio divino e a Ciência divina da cura.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 21
1 Se a Verdade está vencendo o erro na tua conduta e
conversa diárias, podes finalmente dizer: “Combati o bom
3 combate... guardei a fé”, porque és um homem Vitória
melhor. Isso é participar da unificação com a moral
Verdade e o Amor. Os cristãos continuam a trabalhar e orar,
6 mas não na expectativa de, graças à bondade, ao sofrimento
e ao triunfo de outrem, obter a harmonia e a recompensa que
ele alcançou.
9 Se o discípulo está se adiantando espiritualmente, é
porque está se esforçando por entrar no reino espiritual. Ele
se desvia constantemente do senso material e olha para as
12 coisas imperecíveis do Espírito. Se for honesto, fará esforços
sinceros desde o começo e se adiantará cada dia um pouco
na direção certa, até que finalmente complete seu percurso
15 com alegria.
Se meus amigos vão à Europa, enquanto estou a caminho
da Califórnia, não viajamos juntos. Temos de consultar
18 horários diferentes e seguir rotas distintas. Viajantes
Nossos caminhos divergem desde o começo e divergentes
temos pouca oportunidade de ajudar-nos mutuamente. Ao
21 contrário, se meus amigos seguem o mesmo trajeto que eu,
temos os mesmos guias ferroviários e nossos interesses
mútuos são idênticos; ou, se adoto o itinerário deles, eles me
24 ajudam e nossa camaradagem pode continuar.
Por estar em concordância com a matéria, o homem do
mundo fica sujeito aos caprichos do erro e será atraído para
27 ele. Assemelha-se a um viajante que vai para o Curso em
oeste em viagem de lazer. A companhia é atra- zigue-zague
ente e as diversões são animadas. Depois de seguir o sol
30 durante seis dias, regressa para o leste no sétimo, satisfeito se
puder apenas imaginar que está sendo levado na direção
certa. Pouco a pouco, envergonhado de seu curso em zigue-
33 zague, quer pedir emprestado o passaporte de algum
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 22
1 peregrino mais sensato, pensando poder, com tal ajuda,
encontrar e seguir o caminho certo.
3 Oscilando como um pêndulo entre o pecado e a espe-
rança de perdão — visto que a sensualidade e o amor ao ego
causam constantes retrocessos — nosso pro- Retrocesso
gresso moral será lento. Despertando para a moral
6
exigência do Cristo, os mortais passam por sofrimento. Isso
os obriga, como homens que estão se afogando, a fazer esforços
9 vigorosos para salvar-se; e, pelo amor precioso do Cristo, esses
esforços são coroados de êxito.
“Desenvolvei a vossa salvação”, é a exigência da Vida e do
12 Amor, pois para esse fim Deus opera convosco. “Permanecei
ativos até que eu volte!”* Esperai a vossa Espera a
recompensa e “não vos canseis de fazer o bem”. recompensa
15 Se teus esforços forem cerceados por obstáculos amedronta-
dores e não receberes recompensa imediata, não voltes ao
erro, nem fiques indolente na carreira.
18 Quando a fumaça da batalha se dissipar, discernirás o bem
que tiveres feito e receberás segundo o teu mérito. O Amor
não tem pressa de nos livrar da tentação, pois a intenção do
21 Amor é que sejamos postos à prova e purificados.
Nossa libertação final do erro, graças à qual nos regozija-
mos na imortalidade, na liberdade sem limites e em um
24 senso isento de pecado, não se alcança por A libertação
veredas floridas, nem atrelando nossa fé sem não é vicária
obras ao esforço vicário de outrem. Quem quer que creia que
27 a ira seja justa, ou que Deus seja apaziguado pelo sofrimento
humano, não compreende a Deus.
A justiça requer a reforma do pecador. A misericórdia
30 cancela a dívida somente quando a justiça concede aprovação.
A vingança é inadmissível. A ira que é apenas apaziguada
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 23
1 não fica destruída, mas é em parte tolerada. A sabedoria e o
Amor talvez requeiram muitos sacrifícios do ego para nos
3 salvar do pecado. Um só sacrifício, por maior Justiça e
que seja, é insuficiente para pagar a dívida do substituição
pecado. A expiação exige a constante imolação do ego por
6 parte do pecador. Que a ira de Deus tenha se descarregado
sobre Seu Filho bem-amado, não é divinamente natural. Tal
teoria foi formulada pelos homens. A expiação é uma questão
9 difícil na teologia, mas sua explicação científica está em que
o sofrimento é um erro do senso pecaminoso que a Verdade
destrói, e que tanto o pecado como o sofrimento finalmente
12 cairão aos pés do Amor eterno.
A doutrina rabínica dizia: “Aquele que aceita uma só
doutrina, firme na fé, nesse habita o Espírito Santo”. Essa
15 pregação é severamente censurada neste trecho Doutrinas e fé
bíblico: “A fé sem obras é morta”. A fé, se for
mera crença, é como um pêndulo que oscila entre o nada e
18 alguma coisa, sem ter fixidez. A fé que progrediu até se tor-
nar compreensão espiritual é a evidência obtida do Espírito, a
qual reprova toda espécie de pecado e estabelece a autoridade
21 de Deus.
Em hebraico, em grego, em latim e em inglês, a palavra fé
e os termos que lhe correspondem têm estas duas definições:
24 estar cheio de confiança e ser digno de con- Fé e confiança
fiança. Um tipo de fé confia nosso bem-estar em si mesmo
aos outros. Outro tipo de fé compreende o Amor divino e
27 sabe como trabalhar pela nossa salvação “com temor e tre-
mor”. “Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé!” expressa a
impotência de uma fé cega; ao passo que a injunção: “Crê... e
30 serás salvo!” exige que confiemos em nós mesmos e no fato
de que somos dignos de confiança, o que inclui compreensão
espiritual, e confia tudo a Deus.
33 O verbo hebraico crer significa também ser firme ou ser
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 24
1 constante. Isso certamente se aplica à Verdade e ao Amor,
compreendidos e postos em prática. Ser firme no erro nunca
3 salvará do pecado, da doença e da morte.
A familiaridade com os textos originais e a disposição de
abandonar as crenças humanas (estabelecidas por hierarquias
6 e instigadas às vezes pelas piores paixões dos Correntezas
homens) abrem o caminho para que a Ciência curativas da Vida
Cristã seja compreendida, e fazem da Bíblia o mapa náutico
9 da vida, no qual estão assinaladas as boias e as correntezas
curativas da Verdade.
Aquele a quem “o braço do Senhor” é revelado crerá na
12 nossa mensagem e, regenerado, se elevará a uma vida nova.
Isso é participar da expiação; essa é a compre- Mudanças
ensão na qual Jesus sofreu e triunfou. Não está radicais
15 longe a época em que os conceitos teológicos tradicionais
relativos à expiação passarão por grande mudança —
mudança tão radical como aquela que se efetuou na opinião
18 popular sobre a predestinação e o castigo futuro.
Perguntamos: a teologia erudita considera a crucificação
de Jesus principalmente como um meio de conceder perdão
21 rápido a todos os pecadores que o peçam e Objetivo da
estejam dispostos a ser perdoados? Pergunta- crucificação
mos: o espiritualismo considera que a morte de Jesus foi
24 necessária apenas para que, após a morte, o Jesus material se
apresentasse como prova de que os espíritos podem voltar à
terra? Então temos de discordar de ambos.
27 A eficácia da crucificação consistiu no afeto e no bem que
foram demonstrados de forma prática para a humanidade.
A verdade havia sido vivida entre os homens; mas enquanto
30 não viram a verdade habilitar seu Mestre a triunfar sobre o
túmulo, os próprios discípulos não puderam admitir que tal
acontecimento fosse possível. Depois da ressurreição, até o
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 25
1 incrédulo Tomé se viu forçado a reconhecer quão completa
havia sido a sublime prova da Verdade e do Amor.
3 A essência espiritual do sangue é o sacrifício. A eficácia
da oferenda espiritual de Jesus é infinitamente maior do que
se pode expressar pela noção que temos de Carne e sangue
sangue humano. Para purificar do pecado, verdadeiros
6
o sangue material de Jesus não foi mais eficaz quando derra-
mado no “madeiro maldito”, do que quando lhe corria nas
9 veias e Jesus tratava diariamente dos negócios de seu Pai.
Sua carne e seu sangue verdadeiros eram sua Vida; e os que
verdadeiramente comem sua carne e bebem seu sangue são
12 aqueles que participam dessa Vida divina.
Jesus ensinou o caminho da Vida pela demonstração,
para que possamos compreender como esse Princípio divino
15 cura os doentes, expulsa o erro e triunfa sobre Triunfo
a morte. Jesus apresentou o ideal de Deus efetivo
melhor do que o poderia apresentar qualquer homem cuja
18 origem fosse menos espiritual. Por sua obediência a Deus ele
demonstrou, mais espiritualmente do que todos os outros, o
Princípio do existir. Daí a força de sua recomendação: “Se
21 me amais, guardareis os meus mandamentos”.
Embora demonstrasse domínio sobre o pecado e sobre
a doença, o grande Mestre de modo algum dispensou os
24 outros de, por si mesmos, darem suas próprias e indispen-
sáveis provas de devoção. Ele trabalhou para guiá-los a
fim de que pudessem demonstrar esse poder como ele o
27 demonstrou, e pudessem compreender o Princípio divino
desse poder. Uma fé implícita no Mestre e todo o amor
emotivo que lhe pudermos dedicar jamais por si só nos farão
30 imitadores dele. Temos de fazer como ele fez, do contrário
não nos estaremos valendo das grandes bênçãos que nosso
Mestre trabalhou e sofreu para nos proporcionar. A natureza
33 divina do Cristo se manifestou na natureza humana de Jesus.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 26
1 Embora tenhamos reverência por Jesus, e nosso coração
transborde de gratidão pelo que ele fez pelos mortais — tri-
3 lhando sozinho a vereda de amor rumo ao trono Experiência
da glória, explorando em muda agonia o cami- individual
nho para nós — ainda assim Jesus não nos poupa nem sequer
6 uma única experiência individual, se lhe seguimos fielmente
os mandamentos; e todos têm de beber o cálice de penoso
esforço, na proporção em que demonstrarem amor como o
9 dele, até que todos sejam redimidos pelo Amor divino.
O Cristo era o Espírito ao qual Jesus se referiu nas suas
próprias declarações: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a
12 vida”; “Eu e o Pai somos um”. Esse Cristo, o A demonstração
caráter divino do homem Jesus, era sua natu- do Cristo
reza divina, a santidade que o animava. A Verdade, a Vida e
15 o Amor divinos deram a Jesus autoridade sobre o pecado, a
doença e a morte. Sua missão foi revelar a Ciência do existir
celestial, provar o que Deus é, e o que Ele faz pelo homem.
18 O músico demonstra a beleza da música que ensina, para
que o aluno a aprenda tanto pela prática como pelo preceito.
A forma como Jesus ensinou e praticou a Prova
Verdade implicou tamanho sacrifício, que nos na prática
21
leva a admitir que o Princípio de tal ensino e prática foi o
Amor. Esse foi o significado precioso da carreira sem pecado
24 de nosso Mestre e de sua demonstração do poder sobre a
morte. Ele provou, por suas obras, que a Ciência Cristã des-
trói a doença, o pecado e a morte.
27 Nosso Mestre não ensinou mera teoria, doutrina ou
crença. Foi o Princípio divino de todo o verdadeiro existir,
que ele ensinou e pôs em prática. A prova que ele deu do
30 Cristianismo não foi uma forma ou um sistema de religião
e de adoração, mas sim a Ciência Cristã, por meio da qual a
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 27
1 harmonia da Vida e do Amor é trazida à luz. Jesus enviou
uma mensagem a João Batista, a qual devia provar, sem
3 sombra de dúvida, que o Cristo tinha vindo: “Ide e anunciai
a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam,
os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são
6 ressuscitados, e aos pobres, anuncia-se-lhes o evangelho”.
Em outras palavras: Dizei a João no que consiste a demons-
tração do poder divino, e de imediato ele perceberá que Deus
9 é o poder na obra messiânica.
O fato de que a Vida é Deus foi comprovado por Jesus com
seu reaparecimento depois da crucificação, em estrita confor-
12 midade com sua declaração científica: “Des- Templo
truí este santuário [corpo], e em três dias [Eu, vivente
o Espírito,] o reconstruirei”. É como se tivesse dito: O Eu —
15 a Vida, a substância e a inteligência do universo — não está
na matéria e por isso não pode ser destruído.
As parábolas de Jesus explicam que a Vida nunca se mis-
18 tura com o pecado e a morte. Ele pôs o machado da Ciência
junto à raiz do conhecimento material, pronto para derrubar
a falsa doutrina do panteísmo — segundo a qual Deus, a
21 Vida, estaria na matéria ou seria constituída de matéria.
Uma vez Jesus designou setenta alunos, mas apenas onze
deixaram relato histórico aproveitável. A tradição lhe atribui
24 duzentos ou trezentos outros discípulos que Discípulos
não deixaram nome. “Muitos são chamados, desleais
mas poucos, escolhidos.” Eles se desviaram da graça porque
27 nunca compreenderam verdadeiramente o que o Mestre lhes
ensinara.
Por que aqueles que professam seguir a Cristo rejeitam
30 a pura religião que ele veio estabelecer? Os perseguidores
de Jesus dirigiram seu ataque mais forte justamente nesse
ponto. Esforçaram-se para colocar Jesus à mercê da matéria,
33 e matá-lo de acordo com determinadas leis materiais geral-
mente aceitas.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 28
1 Os fariseus tinham a pretensão de conhecer e ensinar a
vontade divina, porém só estorvavam o êxito da missão de
3 Jesus. Muitos dos próprios alunos de Jesus lhe Auxílio
obstruíam o caminho. Se o Mestre não tivesse e estorvo
tido alunos, nem tivesse ensinado a realidade a respeito de
6 Deus, a qual não se via, ele não teria sido crucificado. A
determinação de manter o Espírito nas garras da matéria
é o que persegue a Verdade e o Amor.
9 Ainda que respeitemos tudo o que há de bom na Igreja
ou fora dela, nossa consagração ao Cristo baseia-se mais em
demonstrar do que em professar a fé. Em sã consciência, não
12 podemos nos apegar a crenças ultrapassadas; e por compre-
ender algo mais do Princípio divino do Cristo imorredouro,
ficamos habilitados a curar os doentes e triunfar sobre o
15 pecado.
Nem a origem, nem o caráter, nem a obra de Jesus foram
de modo geral compreendidos. O mundo material não soube
18 apreciar com acerto nem um só aspecto que Conceitos
compunha sua natureza. Nem mesmo sua reti- enganosos
dão e pureza impediram os homens de dizer: Ele é glutão
21 e amigo dos impuros, e Belzebu é seu protetor.
Lembra-te, ó mártir cristão, que é suficiente seres julgado
digno de desatar as sandálias do teu Mestre! Supor que a
24 perseguição contra a retidão pertença ao pas- A perseguição
sado, e que hoje o Cristianismo esteja em paz continua
com o mundo, por ser venerado por seitas e sociedades, é
27 enganar-se sobre a própria natureza da religião. O erro se
repete. As provações pelas quais passaram profetas, discípu-
los e apóstolos, “dos quais o mundo não era digno”, esperam
30 sob alguma forma todo pioneiro da verdade.
Há demasiada coragem animal na sociedade e não há
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 29
1 suficiente coragem moral. Os cristãos têm de pegar em
armas contra o erro em casa e fora de casa. Luta
3 Têm de lutar contra o pecado em si mesmos e cristã
nos outros, e continuar essa luta até terminar esse percurso.
Se guardarem a fé, terão a coroa do regozijo.
6 A experiência cristã ensina a fé naquilo que é certo e a
descrença naquilo que é errado. Exige que trabalhemos com
maior afinco em tempos de perseguição, porque então nosso
9 trabalho é mais necessário. Grande é a recompensa pelo
sacrifício do ego, ainda que nem sempre a recebamos neste
mundo.
12 Existe a tradição de que Públio Lêntulo escreveu às auto-
ridades de Roma: “Os discípulos de Jesus creem que ele é o
Filho de Deus”. Aqueles que estão instruídos A Paternidade
de Deus
15 na Ciência Cristã alcançaram a gloriosa per-
cepção de que Deus é o único autor do homem. A Virgem-
mãe concebeu essa ideia de Deus, e deu a seu ideal o nome
18 Jesus — isto é, Josué, ou Salvador.
A iluminação do senso espiritual de Maria reduziu a silên-
cio a lei material e sua ordem de geração, e fez nascer seu filho
21 pela revelação da Verdade, demonstrando que A concepção
espiritual
Deus é o Pai dos homens. O Espírito Santo, o
Espírito divino, envolveu o senso puro da Virgem-mãe com
24 o pleno reconhecimento de que o existir é o Espírito. O Cristo
esteve perpetuamente como ideia no seio de Deus, o Princípio
divino do homem Jesus, e a mulher percebeu essa ideia espi-
27 ritual, se bem que de começo tenuemente desenvolvida.
O homem, gerado por Deus, como ideia do Espírito,
é a evidência imortal de que o Espírito é harmonioso e o
30 homem, eterno. Jesus foi o progênito da própria consciência
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 30
1 que Maria tinha de sua comunhão com Deus. Por isso ele
pôde dar uma ideia mais espiritual da vida do que os outros
3 homens, e pôde demonstrar a Ciência do Amor — seu Pai, o
Princípio divino.
Por ter Jesus nascido de uma mulher, seu advento na
6 carne participou até certo ponto das condições terrenas de
Maria, embora ele estivesse imbuído, de maneira Jesus mostrou
ilimitada, do Cristo, o Espírito divino. Isso o caminho
9 explica suas lutas no Getsêmani e no Calvário, e foi o que o
habilitou a ser o mediador, a mostrar o caminho, entre Deus
e os homens. Se sua origem e seu nascimento tivessem diver-
12 gido totalmente do que é usual entre os mortais, Jesus não
teria sido perceptível para a mente mortal como “o caminho”.
Os rabinos e os sacerdotes ensinavam a lei mosaica que
15 dizia: “Olho por olho”, e “Se alguém derramar o sangue do
homem, pelo homem se derramará o seu”. Não foi assim que
Jesus, ao cumprir de forma nova a lei de Deus, apresentou
18 a lei divina do Amor, a qual abençoa mesmo aqueles que a
amaldiçoam.
Como ideal individual da Verdade, Cristo Jesus veio para
21 repreender o erro rabínico e todo o pecado, a doença e a
morte — para indicar o caminho da Verdade e Repreensões
da Vida. Esse ideal foi demonstrado durante proveitosas
24 toda a carreira terrena de Jesus, e mostra a diferença entre o
progênito da Alma e o do senso material, entre o progênito da
Verdade e o do erro.
27 Se tivermos triunfado suficientemente sobre os erros
do senso material, para permitir que a Alma mantenha o
controle, sentiremos repugnância pelo pecado e o reprovare-
30 mos, seja qual for seu disfarce. Só desse modo poderemos
abençoar nossos inimigos, embora estes talvez não inter-
pretem assim nossas palavras. Não podemos escolher como
33 trabalhar pela nossa salvação, mas temos de trabalhar da
maneira que Jesus ensinou. Com mansidão e poder, ele pregava
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 31
1 o evangelho aos pobres. O orgulho e o medo não estão
capacitados para carregar o estandarte da Verdade, e Deus
3 jamais o colocará em tais mãos.
Jesus não reconhecia nenhum vínculo da carne. Ele disse:
“A ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque só um é
6 vosso Pai, aquele que está nos céus”. Além disso, Os vínculos
perguntou: “Quem é minha mãe e quem são da carne são
temporários
meus irmãos?” dando a entender que são aque-
9 les que fazem a vontade do Pai. Não nos consta que ele
tenha chamado homem algum de pai. Reconhecia o Espírito,
Deus, como o único Criador, e portanto como o Pai de todos.
12 Como primeiro ponto na lista dos deveres cristãos, ele
ensinou a seus seguidores o poder sanador da Verdade e do
Amor. Ele não deu nenhum valor às cerimô- A cura é
primordial
15 nias mortas. É o Cristo vivo, a Verdade posta
em prática, que faz de Jesus “a ressurreição e a vida” para
todos os que o seguem em seus atos. Obedecendo a seus
18 preciosos preceitos — seguindo sua demonstração até onde
podemos apreendê-la — bebemos de seu cálice, participamos
de seu pão, somos batizados com sua pureza; e por fim des-
21 cansaremos, nos assentaremos com ele na plena compreensão
do Princípio divino que triunfa sobre a morte. Pois, que diz
Paulo? “Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o
24 cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha.”
Referindo-se à materialidade da época, Jesus disse: “Vem
a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adora-
27 rão o Pai em espírito e em verdade”. E mais, Perspectiva
dolorosa
prevendo a perseguição que acompanharia a
Ciência do Espírito, Jesus disse: “Eles vos expulsarão das
30 sinagogas; mas vem a hora em que todo o que vos matar
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 32
1 julgará com isso tributar culto a Deus. Isto farão porque não
conhecem o Pai, nem a mim”.
3 Na Roma antiga exigia-se que o soldado prestasse jura-
mento de fidelidade a seu general. A palavra latina para esse
juramento era sacramentum, e a nossa palavra Sagrado
sacramento dela deriva. Entre os judeus era sacramento
6
costume antigo que o mestre de cerimônias passasse a cada
convidado um cálice de vinho. Mas a Eucaristia não come-
9 mora o juramento de um soldado romano, e o vinho servido
nas ocasiões festivas e nos ritos judaicos também não era o
cálice de nosso Senhor. O cálice representa sua amarga expe-
12 riência — cálice que Jesus pediu que passasse dele, embora se
inclinasse em santa submissão ao decreto divino.
“Enquanto comiam, tomou Jesus um pão, e, abençoando-o,
15 o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto
é o meu corpo. A seguir, tomou um cálice e, tendo dado
graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos.”
18 Perde-se espiritualmente o verdadeiro significado do
sacramento, se este se restringe ao uso de pão e vinho. Os
discípulos tinham comido, e apesar disso Jesus Refrigério
21 orou e lhes deu pão. Isso teria sido tolo no sen- espiritual
tido literal; mas na sua significação espiritual, foi natural e
belo. Jesus orou; retirou-se dos sentidos materiais para revi-
24 gorar o coração com panoramas mais luminosos, mais
espirituais.
A Páscoa que Jesus celebrou com seus discípulos no mês
27 de Nisã, na noite anterior à crucificação, foi um momento
penoso, uma ceia triste tomada ao declinar do A triste ceia
dia, no crepúsculo de uma gloriosa carreira, de Jesus
30 enquanto as sombras desciam rápidas ao redor; e essa ceia pôs
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 33
1 fim, para sempre, ao ritualismo de Jesus e suas concessões à
matéria.
3 Seus seguidores, tristes e silenciosos, pressentindo a hora
em que o Mestre seria traído, compartilharam do maná
celeste que outrora havia alimentado no deserto Provisões
os perseguidos seguidores da Verdade. O pão celestiais
6
que eles receberam realmente descera do céu. Era a gran-
diosa verdade do existir espiritual, curando os doentes e
9 expulsando o erro. O Mestre lhes havia explicado isso tudo
antes, e agora esse pão os alimentava e sustentava. Eles
haviam levado esse pão de casa em casa, partindo-o (expli-
12 cando-o) aos outros, e agora esse pão confortava a eles
mesmos.
Por essa verdade a respeito do existir espiritual, o Mestre
15 estava prestes a sofrer violência e a sorver até a última gota
seu cálice de amargura. Ele tinha de deixá-los. Com a
grande glória de uma vitória eterna a ampará-lo, deu graças e
18 disse: “Bebei dele todos”.
Quando o elemento humano nele lutou com o divino,
nosso grande Professor disse: “Não se faça a minha vontade,
21 e sim a Tua!” — isto é: Não a carne, mas o A luta santa
Espírito, seja representado em mim. Essa é a
nova compreensão do Amor espiritual. Dá tudo pelo Cristo,
24 a Verdade. Abençoa seus inimigos, cura os doentes, expulsa
o erro, levanta os que estão mortos nas transgressões e peca-
dos, e prega o evangelho aos pobres, os mansos de coração.
27 Cristãos, estais bebendo o cálice dele? Participastes do
sangue da Nova Aliança, das perseguições que acompanham
uma compreensão nova e mais elevada de Perguntas
Deus? Do contrário, podeis então dizer que incisivas
30
comemorastes o cálice de Jesus? Estarão todos os que comem
pão e bebem vinho em memória de Jesus realmente dispostos
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 34
1 a beber seu cálice, a tomar sua cruz e a deixar tudo pelo
princípio-Cristo? Por que então atribuir essa inspiração a
3 um rito morto, em vez de mostrar, com expulsar o erro e tor-
nar o corpo “santo e agradável a Deus”, que a Verdade veio à
compreensão? Se Cristo, a Verdade, veio a nós em demons-
6 tração, nenhuma outra comemoração é necessária, pois a
demonstração é Emanuel, ou seja, Deus conosco; e se um
amigo está conosco, por que precisamos de celebrações em
9 memória desse amigo?
Se todos aqueles que alguma vez tenham participado do
sacramento tivessem realmente comemorado os sofrimentos
12 de Jesus e bebido de seu cálice, teriam revolu- A glória do reino
cionado o mundo. Se todos os que procuram dos mil anos
comemorá-lo com símbolos materiais tomarem a cruz, cura-
15 rem os doentes, expulsarem os males e anunciarem o Cristo,
a Verdade, aos pobres — ao pensamento receptivo — trarão
o reino dos mil anos.
18 Por tudo o que os discípulos vivenciaram, tornaram-se
mais espirituais e compreenderam melhor o que o Mestre
havia ensinado. A ressurreição dele foi também Comunhão
21 a ressurreição deles. Ajudou-os a elevarem-se a com o Cristo
si mesmos e aos outros da lerdeza espiritual e da crença cega
em Deus, até a percepção de possibilidades infinitas. Eles
24 precisavam dessa vivificação, pois em breve seu Mestre que-
rido se elevaria novamente no reino espiritual da realidade,
e ascenderia muito acima da percepção deles. Como recom-
27 pensa por sua fidelidade ele ia desaparecer para o senso
material, naquela transformação que, a partir daí, foi cha-
mada de ascensão.
30 Que contraste entre a última ceia de nosso Senhor e seu
último desjejum espiritual com os discípulos, O último
nas horas luminosas da manhã, na alegre reu- desjejum
33 nião às margens do mar da Galileia! A tristeza de Jesus se
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 35
1 transformara em glória, e o pesar dos discípulos em arrepen-
dimento — o coração havia sido purificado, e o orgulho,
3 repreendido. Convencidos da infrutuosidade de seu trabalho
nas trevas e despertados pela voz do Mestre, eles mudaram
de método, deixaram para trás as coisas materiais, e lança-
6 ram a rede para o lado direito. Com um novo discernimento
do Cristo, a Verdade, nas margens do tempo, eles puderam
elevar-se em certo grau acima daquilo que assenta nos senti-
9 dos mortais, ou seja, o enterro da mente na matéria, para
alcançar um novo conceito de vida como sendo o Espírito.
Essa reunião espiritual com nosso Senhor, na aurora de
12 uma nova luz, é a refeição matinal que os Cientistas Cristãos
comemoram. Inclinam-se perante o Cristo, a Verdade, para
receber mais da sua reaparição e comungar silenciosamente
15 com o Princípio divino, o Amor. Eles celebram a vitória do
Senhor sobre a morte, seu período de experiência na carne
depois da morte, o qual exemplifica um período de expe-
18 riência para os homens, e celebram a ascensão espiritual e
definitiva de Jesus acima da matéria, acima da carne, quando
ele se elevou para além da vista material.
21 Nosso batismo é a purificação de todo erro. Nossa igreja
está construída sobre o Princípio divino, o Amor. Só podemos
nos unir a essa igreja à medida que nascemos Eucaristia
24 de novo do Espírito e alcançamos a Vida que é espiritual
a Verdade e a Verdade que é a Vida, ao produzir os frutos do
Amor — expulsando o erro e curando os doentes. Nossa
27 Eucaristia é a comunhão espiritual com o único Deus. Nosso
pão, “que desce do céu”, é a Verdade. Nosso cálice é a cruz.
Nosso vinho é a inspiração do Amor, o trago que nosso Mestre
30 bebeu e recomendou a seus seguidores.
O desígnio do Amor é reformar o pecador. Se aqui o
castigo do pecador tiver sido insuficiente para reformá-lo,
33 o céu do homem bom será um inferno para o pecador.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 36
1 Aqueles que não conhecem a pureza e o afeto por experiência
própria, jamais poderão achar a felicidade suprema na compa-
3 nhia abençoada da Verdade e do Amor, sim- Propósito
plesmente pela trasladação a outra esfera. A supremo
Ciência divina revela que é preciso haver suficiente sofri-
6 mento, ou antes ou depois da morte, para extinguir o amor
ao pecado. Perdoar a penalidade devida ao pecado seria
como se a Verdade perdoasse o erro. Escapar ao castigo não
9 está de acordo com o governo de Deus, pois a justiça está a
serviço da misericórdia.
Jesus suportou a afronta para poder derramar em vidas
12 estéreis seus tesouros tão caramente adquiridos. Qual foi
sua recompensa terrena? Ele foi abandonado por todos,
menos por João, o discípulo amado, e algumas mulheres que
15 se curvaram em silenciosa angústia à sombra da cruz. O
preço terreno da espiritualidade em uma era material, e a
grande distância moral entre o Cristianismo e o sensualismo,
18 impedem que a Ciência Cristã seja aceita pelos que têm
mentalidade mundana.
Uma mente limitada e apegada ao ego pode ser injusta,
21 mas a Mente ilimitada e divina é a lei imortal da justiça bem
como da misericórdia. É tão impossível os Recompensa
pecadores receberem pleno castigo deste lado justa
24 do túmulo, como este mundo proporcionar aos retos plena
recompensa. É inútil supor que os maus possam se deleitar
com suas maldades até o último momento, e depois serem
27 repentinamente perdoados e empurrados para o céu, ou
supor que a mão do Amor se contente em dar-nos apenas
labuta, sacrifício, uma cruz a carregar, provações multiplica-
30 das, e a ridicularização de nossos motivos, em troca de nos-
sos esforços por fazer o bem.
A história da religião se repete no sofrimento Sofrimento
33 dos justos pelos injustos. Pode Deus, portanto, vicário
descuidar-Se da lei da retidão que destrói a crença chamada
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 37
1 pecado? Acaso a Ciência não mostra que o pecado traz sofri-
mento, tanto hoje como ontem? Os que pecam têm de sofrer.
3 “Com a medida com que tiverdes medido, vos medirão
também.”
A história está cheia de relatos de sofrimento. “O sangue
6 dos mártires é a semente da Igreja.” Os mortais procuram
em vão matar a Verdade pela espada ou pela É inevitável
fogueira, mas o erro cai apenas pela espada do haver mártires
9 Espírito. Os mártires são os elos humanos que unem uma
fase a outra na história da religião. São os luminares da terra,
que servem para limpar e purificar a atmosfera do senso
12 material e para infundir na humanidade ideais mais puros.
A consciência de fazer o que é certo traz sua própria recom-
pensa; mas não é em meio à fumaça da batalha que o mérito
15 é visto e reconhecido pelos espectadores.
Quando é que aqueles que professam ser seguidores de
Jesus aprenderão a seguir todos os seus exemplos e a imitar
18 as suas obras poderosas? Os que causaram o Emulação
martírio desse homem reto lhe teriam, com completa
prazer, transformado a carreira sagrada em uma plataforma
21 doutrinária mutilada. Que os cristãos de hoje possam dar
continuidade ao aspecto mais prático daquela carreira! É
possível — é até mesmo dever e privilégio de cada criança,
24 homem e mulher — seguir em certo grau o exemplo do
Mestre, pela demonstração da Verdade e da Vida, da saúde
e da santidade. Os cristãos alegam ser seus seguidores, mas
27 seguem-no como ele lhes ordenou? Dai ouvidos a estes man-
dados imperiosos: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso
Pai celeste!” “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a
30 toda criatura!” “Curai enfermos!”
Por que motivo essa exigência cristã infunde tão pouca
inspiração para suscitar na humanidade um esforço cristão?
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 38
1 Porque aos homens foi assegurado que esse mandamento
dizia respeito apenas a um período especial e a um número
3 seleto de seguidores. Esse ensinamento é ainda Os ensinamentos
mais pernicioso do que a antiga doutrina da de Jesus são
menosprezados
predestinação — a escolha de uns para serem
6 salvos, e os demais, condenados; e tal ensinamento será con-
siderado pernicioso quando a letargia dos mortais, produzida
pelas doutrinas feitas pelo homem, for sacudida pelas exigên-
9 cias da Ciência divina.
Jesus disse: “Estes sinais hão de acompanhar aqueles que
creem: ... se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão
12 curados”. Quem acredita nele? Ele estava se dirigindo aos
discípulos, no entanto não disse: “Estes sinais hão de vos
acompanhar”, mas hão de acompanhar aqueles — “aqueles
15 que creem”, em todos os tempos vindouros. Aqui a palavra
mãos é usada metaforicamente, como a palavra destra é
usada no texto “A destra do Senhor se eleva”. Expressa poder
18 espiritual; do contrário a cura não poderia ter sido efetuada
espiritualmente. Em outra ocasião Jesus orou, não só pelos
doze, mas por todos aqueles que viessem a crer por intermé-
21 dio da palavra deles.
Jesus experimentou poucos dos prazeres dos sentidos físi-
cos, mas seus sofrimentos foram o fruto dos pecados cometi-
24 dos por outros, não por ele. O Cristo eterno, Prazeres
sua identidade espiritual, jamais sofreu. Jesus materiais
traçou o caminho para os outros. Ele revelou o Cristo, a
27 ideia espiritual do Amor divino. Aos que estavam sepultados
na crença de pecado e de um ego pessoal, vivendo só para o
prazer ou para a satisfação dos sentidos, Jesus disse em
30 essência: Tendo olhos não vedes, e tendo ouvidos não ouvis;
senão compreenderíeis e vos converteríeis, e eu vos poderia
curar. Ele ensinou que os sentidos materiais excluem a
33 Verdade e seu poder de cura.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 39
1 Com mansidão nosso Mestre enfrentou o escárnio à sua
grandeza não reconhecida. Ultrajes como os que ele recebeu,
3 seus seguidores terão de suportar até o triunfo Escárnio
final do Cristianismo. Ele recebeu honras eter- à verdade
nas. Venceu o mundo, a carne e todo o erro, cuja nulidade
6 ficou assim provada. Ele realizou a salvação completa, o
pleno livramento do pecado, da doença e da morte.
Precisamos do “Cristo e este crucificado”. Temos de ter pro-
9 vações e momentos de renúncia ao ego, como também ale-
grias e vitórias, até que todo o erro seja destruído.
A crença incutida pelo ensino de que a Alma esteja no
12 corpo faz com que os mortais considerem a morte uma
amiga, um degrau para passar da mortalidade Crença
para a imortalidade e para a felicidade suprema. suicida
15 A Bíblia chama a morte de inimiga, e Jesus venceu a morte
e a sepultura, em vez de ceder a elas. Ele era “o caminho”.
Para ele, portanto, a morte não era o limiar que lhe era pre-
18 ciso atravessar para entrar na glória viva.
“Eis, agora”, exclamou o Apóstolo, “o tempo... oportuno,
eis, agora, o dia da salvação” — querendo dizer, não que
21 agora os homens tenham de se preparar para a Salvação
salvação, a segurança, em um mundo futuro, atual
mas que agora é o momento de vivenciar essa salvação em
24 espírito e em vida. Agora é a hora de desaparecer aquilo a
que se chamam dores e prazeres materiais, pois ambos são
irreais, porque impossíveis na Ciência. Para romper esse fas-
27 cínio terreno, os mortais precisam entender a verdadeira
ideia e o Princípio divino de tudo o que realmente existe e
governa o universo harmoniosamente. Esse pensamento se
30 assimila devagar, e o período necessário para se conseguir
essa compreensão é acompanhado de dúvidas e derrotas,
assim como de triunfos.
33 Quem cessará de cometer pecado enquanto acreditar nos
prazeres do pecado? Uma vez que os mortais admitam que o
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 40
1 mal não proporciona prazer, o deixarão para trás. Expulsa tu
o erro do pensamento, e seu efeito não aparecerá. O pensa-
3 dor adiantado que é cristão devoto, ao perceber Pecado e
o alcance e a tendência da cura cristã e da Ciência penalidade
dessa cura, lhes dará apoio. Outro dirá: “Por agora, podes
6 retirar-te, e, quando me for conveniente, chamar-te-ei”*.
A Ciência divina ajusta a balança como Jesus a ajustava.
A Ciência cancela a penalidade só depois de eliminar o
9 pecado que acarreta a penalidade. Esse é meu senso de
perdão divino, que considero ser o método de Deus para
destruir o pecado. Se é certo o ditado: “Enquanto há vida, há
12 esperança”, certo também é seu oposto: Enquanto há pecado,
há condenação. O sofrimento de outra pessoa não pode
diminuir nossa própria responsabilidade. Acaso o martírio
15 de Savonarola tornou menos graves os crimes de seus impla-
cáveis inimigos?
Foi justo que Jesus sofresse? Não; mas foi inevitável, pois
18 de outro modo ele não poderia nos mostrar o caminho e o
poder da Verdade. Se uma carreira tão gran- O sofrimento
diosa e tão sublime como a de Jesus não pôde é inevitável
21 evitar que ele tivesse destino igual ao de um malfeitor, então
apóstolos menores da Verdade deveriam poder suportar a
brutalidade humana sem se queixar, felizes por participar da
24 experiência dele, passando pelo arco triunfal da Verdade e do
Amor.
Nosso Pai celestial, o Amor divino, exige que todos os
27 homens sigam o exemplo de nosso Mestre e seus apóstolos,
em vez de meramente adorarem sua pessoa. Serviço divino
É triste que a expressão serviço divino tenha e adoração
30 vindo, de maneira tão generalizada, a significar adoração
pública, em vez de obras diárias.
A natureza do Cristianismo é pacífica e abençoada, mas
33 para entrar no reino, a âncora da esperança tem de ser
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 41
1 lançada para além do véu da matéria, no lugar sagrado, o
Santo dos Santos, no qual Jesus entrou antes de nós; e esse
3 avanço para além da matéria tem de vir pelas Para além
alegrias e pelos triunfos dos que são retos, assim do véu
como pelas suas tristezas e aflições. Tal como nosso Mestre,
6 precisamos abandonar o senso material, para entrar no senso
espiritual do existir.
Os que são inspirados por Deus avançam serenos, ainda
9 que deixem pegadas ensanguentadas, e no além ceifarão o que
agora semeiam. O hipócrita acostumado ao Espinhos
caminho mais fácil talvez tenha uma senda flo- e flores
12 rida aqui, mas não poderá violar para sempre a Regra Áurea
e escapar à penalidade merecida.
As provas da Verdade, da Vida e do Amor, que Jesus deu
15 ao expulsar o erro e curar os doentes, completaram sua mis-
são terrena; mas na Igreja Cristã essa demons- A cura cedo
tração de cura cedo se perdeu, por volta de três se perdeu
18 séculos depois da crucificação. Nenhuma escola antiga de
filosofia, de medicina ou de teologia escolástica jamais ensi-
nou ou demonstrou a cura divina da Ciência absoluta.
21 Jesus previu como a Ciência Cristã seria recebida antes
de ser compreendida, mas essa presciência não o deteve. Ele
cumpriu a missão que lhe fora dada por Deus, Obra
24 e depois assentou-se à destra do Pai. Apesar de imortal
perseguidos de cidade em cidade, os apóstolos continuaram
fazendo boas obras, pelas quais foram caluniados e apedreja-
27 dos. A verdade ensinada por Jesus foi ridicularizada pelos
anciãos. Por quê? Porque exigia mais do que eles estavam
dispostos a pôr em prática. Bastava-lhes crer em uma
30 Deidade nacional; mas essa crença, desde o tempo deles até o
nosso, nunca fez um discípulo que pudesse expulsar os males
e curar os doentes.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 42
1 A vida de Jesus provou divina e cientificamente que Deus
é o Amor, ao passo que os sacerdotes e os rabinos afirmavam
3 que Deus era um poderoso potentado, que ama e odeia. A
teologia judaica não fazia nenhuma alusão ao amor imutável
de Deus.
6 A crença universal na morte não traz proveito algum. Não
pode tornar evidentes nem a Vida nem a Verdade. Crença
Será finalmente constatado que a morte é um na morte
9 sonho mortal que vem nas trevas e desaparece com a luz.
Não havia perigo de o “homem de dores” ser tentado por
honorários ou popularidade. Embora com direito à homena-
12 gem do mundo, e com o endosso eminente da Abandono
aprovação de Deus, sua breve entrada triunfal cruel
em Jerusalém foi seguida pelo abandono de todos, exceto de
15 alguns amigos que, entristecidos, o seguiram até o pé da cruz.
A ressurreição do grande demonstrador do poder de Deus
comprovou seu triunfo final sobre o corpo e a matéria, e pro-
18 porcionou a evidência completa da Ciência Superada
divina — evidência tão importante para os a morte
mortais. A crença de que o homem tenha existência ou mente
21 separadas de Deus é um erro que vai se extinguindo. Esse
erro Jesus enfrentou com a Ciência divina e provou sua nuli-
dade. Devido à glória maravilhosa que Deus outorgou a Seu
24 ungido, a tentação, o pecado, a doença e a morte não causa-
vam nenhum terror a Jesus. Não importava que os homens
pensassem que lhe haviam matado o corpo! Mais tarde ele
27 lhes mostraria seu corpo inalterado. Isso demonstra que na
Ciência Cristã o homem verdadeiro é governado por Deus —
pelo bem, não pelo mal — e portanto não é mortal, mas é
30 imortal. Jesus ensinara a seus discípulos a Ciência dessa
prova. Ele estava ali para habilitá-los a comprovar esta sua
declaração ainda não compreendida: “Aquele que crê em mim
33 fará também as obras que eu faço”. Era expulsando o erro,
curando os doentes e ressuscitando os mortos, que eles
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 43
1 tinham de compreender mais plenamente o Princípio que
era a Vida de Jesus, como de fato o compreenderam depois
3 da partida corporal dele.
A grandiosidade da obra de Jesus, sua desaparição mate-
rial aos olhos deles e sua reaparição, tudo isso habilitou os
6 discípulos a compreender o que Jesus havia dito. Pentecostes
Até aquele momento eles tinham apenas acre- se repete
ditado; a partir daí, compreenderam. O advento dessa com-
9 preensão é o que se chama a descida do Espírito Santo
— aquele influxo de Ciência divina que iluminou intensa-
mente o dia de Pentecostes e que está hoje repetindo a histó-
12 ria de outrora.
A última prova dada por Jesus foi a mais elevada, a mais
convincente, a mais proveitosa para seus alunos. A maldade
15 de perseguidores brutais, a traição e o suicídio de Prova
seu traidor foram suplantados pelo Amor divino convincente
para a glorificação do homem e da verdadeira ideia de Deus,
18 da qual os perseguidores de Jesus haviam zombado e a qual
haviam tentado matar. A demonstração final da verdade que
Jesus ensinou, e devido à qual foi crucificado, abriu uma nova
21 era para o mundo. Aqueles que o mataram para lhe deter a
influência, a perpetuaram e propagaram.
Jesus se elevou ainda mais na sua demonstração, em vir-
24 tude do cálice de amargura que bebeu. A lei humana o havia
condenado, mas ele estava demonstrando a Vitória
Ciência divina. Fora do alcance da barbárie de divina
27 seus inimigos, ele estava agindo sob a lei espiritual, em desa-
fio à matéria e à mortalidade, e essa lei espiritual o sustentou.
A natureza divina tem de vencer a natureza humana em
30 todos os pontos. A Ciência que Jesus ensinou e viveu tem
de triunfar sobre todas as crenças materiais quanto à vida,
à substância e à inteligência e sobre a multidão de erros que
33 decorrem de tais crenças.
O Amor tem de triunfar sobre o ódio. A Verdade e a
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 44
1 Vida têm de confirmar a vitória sobre o erro e a morte, antes
que os espinhos possam ser substituídos por uma coroa,
3 antes que venha a bênção: “Muito bem, servo bom e fiel”,
e a supremacia do Espírito seja demonstrada.
O recinto solitário do túmulo ofereceu a Jesus um refúgio
6 contra seus inimigos, um lugar para resolver a grande ques-
tão do existir. Seu trabalho de três dias no Jesus
sepulcro imprimiu o selo da eternidade ao tempo. no túmulo
9 Ele provou que a Vida é imorredoura e que o Amor domina
o ódio. Com base na Ciência Cristã, o poder da Mente sobre
a matéria, ele enfrentou e dominou todas as alegações da
12 medicina, da cirurgia e das teorias materiais sobre a saúde.
Ele não tomou drogas para aliviar a inflamação. Não
dependeu de alimento nem de ar puro para recuperar as
15 energias gastas. Não necessitou da perícia de um cirurgião
para curar as mãos feridas, enfaixar o lado transpassado e os
pés dilacerados, a fim de poder utilizar essas mãos para tirar
18 o lenço e a mortalha, e poder usar os pés como antes.
Acaso poderia ser considerado sobrenatural que o Deus
da natureza tenha sustentado Jesus na sua comprovação do
21 poder verdadeiramente outorgado ao homem? A naturalidade
Foi um método de cirurgia que estava além da deífica
arte material, mas não um ato sobrenatural. Ao contrário,
24 foi um ato divinamente natural, pelo qual a natureza divina
proporcionou à humanidade a compreensão da cura pelo
Cristo e revelou um método infinitamente superior ao da
27 invenção humana.
Seus discípulos acreditavam que Jesus estivesse morto
quando ele estava oculto no sepulcro, ao passo que estava
30 vivo, demonstrando dentro do túmulo estreito Obstáculos
o poder do Espírito para superar o senso mate- vencidos
rial, mortal. Paredes de rocha obstruíam o caminho e era
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 45
1 preciso remover uma grande pedra da entrada da gruta; mas
Jesus venceu todo obstáculo material, superou todas as leis da
3 matéria, e saiu de seu sombrio lugar de repouso, coroado com
a glória de um êxito sublime, uma vitória perpétua.
Nosso Mestre demonstrou plena e definitivamente a
6 Ciência divina em sua vitória sobre a morte e o túmulo. A
obra de Jesus foi para o esclarecimento dos Vitória sobre
homens e para que o mundo inteiro fosse salvo o túmulo
9 do pecado, da doença e da morte. Paulo escreve: “Se nós,
quando inimigos, fomos reconciliados com Deus mediante a
morte [aparente] do Seu Filho, muito mais, estando já reconci-
12 liados, seremos salvos pela sua vida”. Três dias depois do
sepultamento de seu corpo, Jesus falou com os discípulos. Os
perseguidores haviam fracassado em sua tentativa de ocultar
15 em um sepulcro a Verdade e o Amor imortais.
Glória a Deus e paz aos corações em luta! Cristo removeu
a pedra que obstruía a entrada da esperança e fé humanas
18 e, pela revelação e demonstração da vida em Removida
Deus, elevou-as à unificação possível com a a pedra
ideia espiritual de homem e seu Princípio divino, o Amor.
21 Os primeiros a ver Jesus depois da ressurreição, e a tomar
conhecimento da prova final de tudo o que ele havia ensinado,
interpretaram mal esse evento. Até seus discí- Depois da
pulos, no começo, disseram que ele era um ressurreição
24
espírito, fantasma ou espectro, pois acreditavam que seu corpo
estava morto. A resposta dele foi: “Um espírito não tem carne
27 nem ossos, como vedes que eu tenho”. O reaparecimento de
Jesus não foi o regresso de um espírito. Ele apresentou o
mesmo corpo que tinha antes da crucificação, e glorificou
30 assim a supremacia da Mente sobre a matéria.
Os alunos de Jesus ainda não estavam suficientemente
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 46
1 adiantados para compreender plenamente o triunfo do
Mestre, por isso não realizaram muitas obras maravilhosas,
3 até que o viram depois da crucificação e se deram conta de
que ele não havia morrido. Isso os convenceu da veracidade
de tudo o que ele havia ensinado.
6 No caminho de Emaús, os amigos de Jesus o reconhece-
ram pelas palavras que lhes fizeram arder o coração e pelo
modo como ele partiu o pão. O Espírito divino, Interpretação
9 que assim identificou Jesus, séculos atrás, falou espiritual
pela Palavra inspirada, e por ela falará em todos os tempos
e em toda parte. Revela-se ao coração receptivo e é visto de
12 novo expulsando o mal e curando os doentes.
O Mestre disse claramente que o físico não era o Espírito,
e depois de sua ressurreição provou aos sentidos físicos que
15 seu corpo não havia mudado até o momento da A corporalidade
sua própria ascensão — ou, em outras palavras, e o Espírito
até o momento em que ele se elevou ainda mais alto na com-
18 preensão do Espírito, Deus. Para convencer Tomé, Jesus o
fez examinar o sinal dos pregos e a ferida aberta pela lança.
O estado físico inalterado de Jesus, depois do que pare-
21 cera a morte, foi seguido pela sua elevação acima de todas
as condições materiais; e essa elevação explicou Ascensão
sua ascensão, e revelou incontestavelmente um espiritual
24 período de experiência e de progresso para além do túmulo.
Jesus foi “o caminho”, isto é, ele traçou o caminho para todos
os homens. Na demonstração final, chamada ascensão, que
27 encerrou sua história terrena, Jesus se elevou acima da per-
cepção física dos discípulos, e os sentidos materiais não mais
o viram.
30 Seus alunos então receberam o Espírito Santo. Isso quer
dizer que, por tudo o que haviam presenciado e sofrido,
foram despertados para uma compreensão mais ampla da
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 47
1 Ciência divina, isto é, para a interpretação e discernimento
espirituais dos ensinamentos e das demonstrações de Jesus,
3 o que lhes deu uma tênue percepção da Vida que O poder de
é Deus. Eles já não mediam o homem segundo Pentecostes
o senso material. Depois de captarem a verdadeira ideia a
6 respeito do Mestre glorificado, tornaram-se melhores sana-
dores, que já não se apoiavam na matéria, e sim no Princípio
divino do seu trabalho. O influxo de luz era repentino. Era
9 às vezes um poder irresistível, como no Dia de Pentecostes.
Judas conspirou contra Jesus. Foram a ingratidão e o
ódio do mundo para com Jesus, esse homem reto, que consu-
12 maram sua traição. O traidor se vendeu em A conspiração
troca de trinta moedas de prata e os sorrisos do traidor
dos fariseus. Ele escolheu o momento oportuno, quando o
15 povo estava em dúvida sobre os ensinamentos de Jesus.
Aproximava-se o período em que seria revelada a distân-
cia infinita entre Judas e seu Mestre. Judas Iscariotes sabia
18 disso. Ele sabia que a grandiosidade do bem representado
por aquele Mestre abria um abismo entre Jesus e seu traidor,
e essa distância espiritual inflamou a inveja de Judas. A
21 ganância pelo dinheiro reforçou sua ingratidão e por algum
tempo aquietou seu remorso. Ele sabia que o mundo geral-
mente gosta mais da mentira do que da Verdade; por isso
24 tramou a traição de Jesus para se elevar na estima popular.
Sua tenebrosa conspiração caiu por terra, e com ela caiu o
traidor.
27 O fato de os discípulos terem desertado o Mestre em sua
última luta terrena foi punido; cada um deles teve morte
violenta, exceto S. João, de cuja morte não temos relato.
30 Durante sua noite de tristeza e de glória no horto, Jesus
compreendeu que é totalmente errada a crença na possibilidade
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 48
1 de haver inteligência material. As angústias do abandono
e as bordoadas da ignorância fanática o feriram dolorosa-
3 mente. Seus alunos dormiam. Ele lhes disse: Getsêmani
“Nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” glorificado
Não podiam eles vigiar com aquele que, esperando e lutando
6 em muda agonia, montava guarda em favor de todo um
mundo, sem se queixar? Esse anseio humano não foi corres-
pondido, e por isso Jesus se volveu para sempre da terra para
9 o céu, dos sentidos para a Alma.
Ao recordar o suor da agonia que em santa bênção caiu
sobre a relva do Getsêmani, acaso o discípulo mais humilde,
12 ou o mais poderoso, murmurará quando beber do mesmo
cálice, e pensará ou mesmo desejará escapar ao sofrimento
exaltador com o qual o pecado se vinga do seu destruidor?
15 A Verdade e o Amor propiciam poucos louvores até que a
obra de toda uma vida seja concluída.
Judas tinha as armas do mundo. Jesus não tinha
18 nenhuma delas, e não escolheu os meios do mundo para
se defender. Ele “não abriu a boca”. O grande Armas
demonstrador da Verdade e do Amor se man- de defesa
21 teve em silêncio ante a inveja e o ódio. Pedro quis agredir os
inimigos do Mestre, mas Jesus lho proibiu, repreendendo
assim a ira e a coragem animal. Ele disse: “Mete a espada na
24 bainha”.
Pálido em presença de sua própria solene pergunta: “Que
é a Verdade?” Pilatos foi levado a ceder às exigências dos ini-
27 migos de Jesus. Pilatos ignorava quais seriam A pergunta
as consequências de sua horrível decisão contra de Pilatos
os direitos humanos e o Amor divino, sem saber que estava
30 apressando a demonstração final daquilo que a vida é e
daquilo que o verdadeiro conhecimento a respeito de Deus
pode fazer pelo homem.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 49
1 As mulheres ao pé da cruz poderiam ter respondido à
pergunta de Pilatos. Elas sabiam o que lhes havia inspirado
3 a devoção, dado asas à sua fé, aberto os olhos de sua com-
preensão, curado os doentes, expulsado o mal, e levado os
discípulos a dizer ao Mestre: “Os próprios demônios se nos
6 submetem pelo teu nome!”
Onde estavam os setenta que Jesus havia enviado? Teriam
sido todos eles conspiradores, exceto onze? Teriam esquecido
9 o grande expoente de Deus? Teriam tão depressa A ingratidão
perdido de vista as obras poderosas de Jesus, dos alunos
seus esforços, suas privações, seus sacrifícios, sua paciência
12 divina, sua coragem sublime e seu afeto não correspondido?
Oh! por que não lhe satisfizeram o último anseio humano
com um só sinal de fidelidade?
15 O manso demonstrador do bem, o mais elevado instrutor
e amigo do homem, enfrentou sua sentença terrena a sós com
Deus. Não havia nenhum olhar humano para A sentinela
18 dele se compadecer, nenhum braço para salvá-lo. do céu
Abandonado por todos os que ele havia abençoado, essa fiel
sentinela de Deus, no mais alto posto do poder, investido da
21 maior missão celeste, estava pronto para ser transformado
pela ação renovadora do Espírito infinito. Ele haveria de
provar que o Cristo não está sujeito às condições materiais,
24 mas está acima do alcance da ira humana, e é capaz, graças
à Verdade, à Vida e ao Amor, de triunfar sobre o pecado, a
doença, a morte e o túmulo.
27 Os sacerdotes e os rabinos ante os quais ele andara com
mansidão, e aqueles a quem dera as mais altas provas do
poder divino, zombaram dele na cruz, dizendo Ultraje
com ironia: “Salvou os outros, a si mesmo não cruel
30
pode salvar-se”. Esses escarnecedores, que perverteram “o
direito do homem perante o Altíssimo”, consideraram Jesus
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 50
1 como “ferido de Deus e oprimido”. “Como cordeiro foi
levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus
3 tosquiadores, ele não abriu a boca.” “De sua linhagem, quem
dela cogitou?” Quem decidirá o que são a verdade e o amor?
O último momento supremo de zombaria, de abandono,
6 de tortura, somado ao senso esmagador quanto à magnitude de
sua obra, arrancou dos lábios de Jesus o hor- Um grito
rível grito: “Deus meu, por que me desampa- de desespero
9 raste?” Esse apelo desesperado, se fosse dirigido a um pai
humano, poria em dúvida a justiça e o amor do pai que
recusasse um claro sinal de sua presença para amparar e
12 abençoar filho tão fiel. O apelo de Jesus foi dirigido tanto a
seu Princípio divino, o Deus que é Amor, como a si mesmo,
a ideia pura do Amor. Acaso a Vida, a Verdade e o Amor o
15 haviam abandonado em sua mais alta demonstração? Essa
pergunta causa espanto. Não! A Vida, a Verdade e o Amor
tinham de permanecer nele e ele neles, do contrário, aquela
18 hora ficaria despojada de sua poderosa bênção para o gênero
humano.
Se seu pleno reconhecimento da Vida eterna tivesse
21 cedido por um só momento diante da evidência dos sentidos
corpóreos, que teriam dito seus acusadores? A Ciência divina é
Justamente o que disseram — que os ensina- mal compreendida
24 mentos de Jesus eram falsos, e que toda evidência de que
esses ensinamentos eram corretos fora destruída pela morte
dele. Mas essa afirmação não teve poder para que isso fosse
27 verdade.
O fardo daquela hora foi mais terrível do que se pode
conceber humanamente. A desconfiança das mentes mor-
30 tais, que não acreditavam no objetivo da mis- A verdadeira
são de Jesus, foi um milhão de vezes mais cruz
pontiaguda do que os espinhos que lhe perfuravam a carne.
33 A verdadeira cruz que Jesus carregou ao subir a ladeira do
sofrimento foi o ódio do mundo contra a Verdade e o Amor.
Não foi nem a lança nem a cruz material que lhe arrancaram
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 51
1 dos lábios fiéis o lamento: “Eloí, Eloí, lamá sabactâni?” O que
o angustiava era a possível perda de algo mais importante do
3 que a vida humana — a possível má interpretação da influên-
cia mais sublime de sua carreira. Esse pavor acrescentou a
gota de fel ao seu cálice.
6 Jesus poderia ter se subtraído a seus inimigos. Ele tinha
poder para deixar de lado o senso humano de vida e se refu-
giar em sua identidade espiritual à semelhança O poder da Vida
de Deus; mas permitiu que os homens tentas- é indestrutível
9
sem destruir-lhe o corpo mortal para que ele pudesse dar a
prova da vida imortal. Nada poderia matar essa Vida do
12 homem. Jesus pôde entregar sua vida temporal às mãos de
seus inimigos; mas, quando sua missão terrena foi cumprida,
ficou constatado que sua vida espiritual, indestrutível e
15 eterna, permanecera para sempre a mesma. Ele sabia que a
matéria não tinha vida, e que a Vida real é Deus; por isso era
tão impossível que ele fosse separado de sua Vida espiritual,
18 quanto era impossível que Deus fosse extinto.
Seu exemplo consumado foi para a salvação de todos nós,
mas somente se fizermos as obras que ele fez e ensinou os
21 outros a fazer. O propósito de Jesus, ao curar, Exemplo para
não foi só restaurar a saúde, mas demonstrar nossa salvação
seu Princípio divino. Ele foi inspirado por Deus, pela
24 Verdade e pelo Amor, em tudo o que disse e fez. Os motivos
de seus perseguidores eram o orgulho, a inveja, a crueldade
e a vingança, infligidos ao Jesus físico, porém dirigidos
27 contra o Princípio divino, o Amor, que lhes reprovava
a sensualidade.
Jesus era desprendido do ego. Sua espiritualidade o sepa-
30 rava do sensualismo e fazia com que o materialista apegado
ao ego o odiasse; mas era essa espiritualidade que habilitava
Jesus a curar os doentes, a expulsar o mal e a ressuscitar os
33 mortos.
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 52
1 Desde a meninice, ele “tratava dos negócios de seu Pai”*.
Os objetivos dele eram muito diferentes dos objetivos dos seus
3 perseguidores. Seu senhor era o Espírito; o Os objetivos
senhor deles, a matéria. Ele servia a Deus; eles do Mestre
serviam às riquezas. Seus afetos eram puros; os deles eram
6 carnais. Seus sentidos se embebiam da evidência espiritual da
saúde, da santidade e da vida; os sentidos de seus perseguido-
res davam testemunho oposto e absorviam a evidência mate-
9 rial do pecado, da doença e da morte.
As imperfeições e a impureza deles sentiam a repreensão
sempre presente da perfeição e pureza de Jesus. Daí o ódio do
12 mundo contra o reto e perfeito Jesus, e a previ- A pureza
são do profeta de como o erro o receberia. repreende
“Desprezado e o mais rejeitado entre os homens”, foram as
15 palavras descritivas de Isaías sobre o Príncipe da Paz que
havia de vir. Herodes e Pilatos puseram de lado suas velhas
rixas a fim de, unidos, ultrajarem e matarem o melhor
18 homem que jamais pisou a terra. Hoje, como outrora, o erro
e o mal se unem contra os expoentes da verdade.
O “homem de dores” foi quem melhor compreendeu que
21 a vida e a inteligência materiais são o nada, e que Deus, o
bem, o qual inclui tudo, é a poderosa realidade. A predição
Eram esses os dois pontos cardeais da cura pela do Salvador
24 Mente, isto é, da Ciência Cristã, que o armavam de Amor.
O mais alto representante terreno de Deus, ao falar da capaci-
dade humana de refletir o poder divino, disse profeticamente
27 a seus discípulos, referindo-se não apenas à época deles, mas
a todos os tempos: “Aquele que crê em mim fará também as
obras que eu faço”; e “Estes sinais hão de acompanhar aqueles
30 que creem”.
As acusações dos fariseus eram tão contraditórias quanto
sua religião. O fanático, o libertino e o hipó- Acusações
33 crita chamaram Jesus de glutão e de bebedor de difamatórias
vinho. Disseram: “Ele expele os demônios pelo poder de
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 53
1 Belzebu”, e é “amigo de publicanos e pecadores”. Esta última
acusação tinha sua razão de ser, mas não segundo o modo de
3 ver deles. Jesus não era asceta. Não jejuava, como faziam os
discípulos de João Batista; no entanto, nunca viveu um
homem tão afastado de vícios e paixões, como o Nazareno.
6 Ele repreendia os pecadores severamente e com firmeza, por-
que era amigo deles; daí o cálice que bebeu.
A reputação de Jesus era exatamente o oposto de seu
9 caráter. Por quê? Porque o Princípio divino e a atuação de
Jesus eram mal compreendidos. Ele estava em Reputação
ação na Ciência divina. Suas palavras e suas e caráter
12 obras não foram reconhecidas pelo mundo, porque eram
superiores e contrárias ao senso religioso do mundo. Os
mortais acreditavam que Deus fosse humanamente pode-
15 roso, em vez de ser o Amor divino, infinito.
O mundo não soube interpretar com acerto a inquietação
que Jesus causava e as bênçãos espirituais que podiam resul-
18 tar dessa inquietação. A Ciência expõe a causa Causa de
do choque tão frequentemente produzido pela inquietação
verdade — a saber, que esse choque provém da grande dis-
21 tância que há entre o indivíduo e a Verdade. Como Pedro,
deveríamos chorar em face da advertência, em vez de negar a
verdade ou zombar do sacrifício contínuo que o bem faz para
24 destruir o mal.
Jesus arcou com nossos pecados no seu corpo. Conhecia
os erros mortais que constituem o corpo material e podia
27 destruir esses erros; mas na época em que Jesus Jesus arcou com
sentiu nossas fraquezas, ele ainda não havia nossos pecados
superado todas as crenças da carne, ou seja, seu senso de vida
30 material, nem se havia elevado à sua demonstração final do
poder espiritual.
Se ele tivesse participado das crenças pecaminosas dos
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 54
1 outros, teria sido menos sensível a essas crenças. Pela gran-
diosidade de sua vida humana, ele demonstrou a Vida divina.
3 Graças à amplitude de seu puro afeto, ele definiu o Amor.
Com a afluência da Verdade, ele venceu o erro. O mundo não
lhe reconheceu a retidão, por não vê-la; mas a terra recebeu a
6 harmonia que seu exemplo glorificado introduziu.
Quem está disposto a seguir-lhe o ensinamento e o exem-
plo? Mais cedo ou mais tarde todos têm de ancorar-se em
9 Cristo, a verdadeira ideia de Deus. Poder der- A inspiração que
ramar liberalmente em celeiros humanos, vazios sustentou Jesus
ou cheios de pecado, seus tesouros caramente adquiridos, foi
12 a inspiração que sustentou Jesus em seu intenso sacrifício
humano. Como testemunho de sua missão divina, ele apre-
sentou a prova de que a Vida, a Verdade e o Amor curam os
15 doentes e os pecadores e triunfam sobre a morte, e o fazem
por meio da Mente, não da matéria. Essa foi a mais alta
prova que ele podia ter oferecido do Amor divino. Seus
18 ouvintes não compreenderam nem suas palavras, nem suas
obras. Não quiseram aceitar sua serena interpretação da
vida, nem lhe seguir o exemplo.
21 Ele tomou o cálice terreno de amargura até a última gota.
Permaneceram com ele apenas poucos amigos despretensio-
sos, cuja religião era algo mais do que um nome. Amizade
Essa religião era tão vital que os habilitou a espiritual
24
compreender o Nazareno e a compartilhar da glória da vida
eterna. Ele disse que aqueles que o seguissem teriam de
27 beber de seu cálice, e a história confirmou essa predição.
Se esse homem glorificado e semelhante a Deus estivesse
hoje fisicamente na terra, não o rejeitariam Injustiça
ao Salvador
30 alguns dos que agora professam amá-lo? Não
negariam a Jesus até mesmo os direitos humanos, se ele
Ciência e Saúde Reconciliação e Eucaristia 55
1 abrigasse algum outro senso do existir e da religião, a não ser
o deles? O século que avança, partindo de um senso amorte-
3 cido do Deus invisível, submete hoje à crítica e ao trato não
cristãos a ideia da cura cristã prescrita por Jesus; mas isso
não afeta os fatos invencíveis.
6 A injustiça que os primeiros tempos da era cristã fizeram
a Jesus talvez não tenha sido maior do que a injustiça que os
séculos posteriores infligiram ao Cristo que cura, à ideia
9 espiritual do existir. Agora que o evangelho da cura é nova-
mente pregado à beira do caminho, não o despreza às vezes o
púlpito? Mas essa missão curativa, que apresenta o Salvador
12 em uma luz mais clara do que meras palavras permitem, não
pode ser omitida do Cristianismo, embora seja novamente
expulsa da sinagoga.
15 A ideia imortal da Verdade vem varrendo os séculos,
recolhendo sob suas asas os doentes e os pecadores. Minha
esperança persistente procura ver aquele dia feliz, em que o
18 homem reconhecerá a Ciência do Cristo e amará o próximo
como a si mesmo — em que compreenderá a onipotência de
Deus e o poder de cura do Amor divino, naquilo que fez e
21 está fazendo pelo gênero humano. O que foi prometido será
cumprido. A hora para o reaparecimento da cura divina se
estende por todos os tempos; e todo aquele que deposita tudo
24 o que tem de terrenal no altar da Ciência divina, bebe nesse
momento do cálice de Cristo, e fica dotado do espírito e do
poder da cura cristã.
27 Nas palavras de S. João: “Ele vos dará outro Consolador, a
fim de que esteja para sempre convosco”. Minha compreensão
é de que esse Consolador, esse Confortador, é a Ciência Divina.
Capítulo 3
O matrimônio
Portanto, o que Deus ajuntou
não o separe o homem.
Na ressurreição, nem casam,
nem se dão em casamento;
são, porém, como os anjos no céu. — Jesus.
3
Q uando nosso grande Mestre foi a João para ser batizado,
este ficou perplexo. Lendo-lhe os pensamentos, Jesus
disse: “Deixa por enquanto, porque assim nos convém cum-
prir tudo o que é certo”*. As concessões de Jesus (em certos
casos) aos métodos materiais eram para promover o bem
6 espiritual.
O matrimônio é o dispositivo moral bem como legal para
a geração entre a espécie humana. Até discernirmos que a
9 criação espiritual está intacta, até que ela seja O matrimônio
percebida e compreendida, e até que o reino de pertence ao
senso de tempo
Deus tenha vindo como na visão do Apocalipse
12 — em que o senso corpóreo da criação foi expulso e seu senso
espiritual foi visto como uma revelação vinda do céu — o
matrimônio continuará a existir, sujeito a regulamentos
15 morais que assegurem virtude cada vez maior.
A infidelidade ao pacto matrimonial é o flagelo social
de todos os povos, a “peste que se propaga nas A fidelidade
18 trevas”, a destruição “que assola ao meio-dia”. é necessária
O mandamento: “Não adulterarás”, não é menos imperativo
que este: “Não matarás”.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
56
Ciência e Saúde O matrimônio 57
1 A castidade é o cimento da civilização e do progresso.
Sem ela não há estabilidade na sociedade, e sem ela não se
3 pode alcançar a Ciência da Vida.
A união das qualidades masculinas e femininas constitui
o homem completo. A mente masculina alcança um tom
6 mais elevado por meio de certos elementos Elementos
da feminina, enquanto que a mente feminina mentais
ganha mais coragem e força por meio de qualidades masculi-
9 nas. Esses elementos diferentes se unem com naturalidade
uns aos outros, e sua verdadeira harmonia está no fato de
que espiritualmente são um. Ambos os sexos deveriam ser
12 afetuosos, puros, ternos e fortes. A atração entre qualidades
inatas será perpétua somente na medida em que for pura e
verdadeira, trazendo doces temporadas de renovação, como a
15 volta da primavera.
A beleza, a riqueza e a fama são incapazes de satisfazer às
exigências dos afetos, e nunca deveriam ter preponderância
18 sobre o potencial melhor oferecido pelo inte- As exigências
lecto, pela bondade e pela virtude. A felicidade do afeto
é espiritual, nascida da Verdade e do Amor. É desprendida do
21 ego; por isso, não pode existir sozinha, mas requer que toda a
humanidade dela compartilhe.
O afeto humano não é derramado em vão, ainda que não
24 seja correspondido. O amor enriquece o caráter, engrande-
cendo-o, purificando-o e elevando-o. As raja- Ajuda e
das gélidas da terra talvez desarraiguem as disciplina
27 flores dos afetos e as espalhem aos ventos; mas essa ruptura
dos laços carnais serve para unir o pensamento mais estreita-
mente a Deus, pois o Amor sustenta o coração em luta, até
30 que este cesse de suspirar pelo mundo e comece a estender as
asas rumo ao céu.
O casamento é feliz, ou não, segundo as decepções
33 que trouxer ou as esperanças que realizar. Tornar feliz a
Ciência e Saúde O matrimônio 58
1 existência pela convivência constante com os que são aptos
a elevá-la, deveria ser o propósito da sociedade. A unidade
3 de espírito dá novas asas à felicidade, do contrário as asas
extenuadas da alegria se arrastam no pó.
Notas mal combinadas produzem dissonância. Os tons
6 da mente humana podem ser diferentes, mas deveriam ser
harmoniosos para se entrosarem adequada- Acordes e
mente. A ambição isenta de ego, os nobres dissonância
9 motivos de vida e a pureza — esses elementos do pensamento,
unidos, constituem, individual e coletivamente, a verdadeira
felicidade, força e permanência.
12 Existe liberdade moral na Alma. Nunca restrinjas o hori-
zonte de uma perspectiva digna exigindo, com base no ego,
todo o tempo e o pensamento de outra pessoa. Liberdade
Ao ampliar-se a alegria, a boa vontade deveria mútua
15
expandir-se ainda mais. A mesquinhez e o ciúme, que pre-
tendem encerrar uma esposa ou um esposo para sempre entre
18 quatro paredes, não promoverão o doce intercâmbio da con-
fiança e do amor; por outro lado, o desejo errante de diverti-
mentos contínuos fora do círculo do lar é mau augúrio para
21 a felicidade conjugal. O lar é o lugar mais querido da terra,
e deveria ser o centro, mas não o limite, dos afetos.
Disse a noiva camponesa ao noivo: “Dois juntos não
24 comem mais do que separados”. Isso dá a entender que a
esposa não deveria se entregar à extravagância Sugestão
pretensiosa ou à ociosidade fútil, só porque outra útil
27 pessoa satisfaz as suas necessidades. A riqueza pode tornar
desnecessário o trabalho árduo ou evitar o mau humor nas
relações matrimoniais, porém nada pode abolir os compro-
30 missos do casamento.
“A que se casou... se preocupa... de como agradar ao
marido”, diz a Bíblia; e essa é a coisa mais agradável de se
Ciência e Saúde O matrimônio 59
1 fazer. Nunca se deveria contrair matrimônio sem o pleno
reconhecimento das obrigações permanentes que cabem a
3 ambas as partes. Cada um dos cônjuges deve- Deveres
ria ter a mais terna solicitude pela felicidade do diferentes
outro, e a atenção e a aprovação mútuas deveriam se estender
6 por todos os anos da vida conjugal.
A capacidade de ceder um ao outro preservará frequente-
mente um pacto que, de outro modo, poderia se tornar insu-
9 portável. Não se deveria exigir que o homem participasse de
todos os aborrecimentos e cuidados da economia doméstica,
nem se deveria esperar que a mulher entendesse de economia
12 política. Ao cumprir os diferentes deveres de suas esferas
unidas, suas afinidades deveriam fundir-se em doce confiança
e alegria, um cônjuge amparando o outro — santificando
15 assim a união de interesses e de afetos, na qual o coração acha
a paz e o lar.
As palavras carinhosas e a desprendida solicitude por
18 aquilo que promove o bem-estar e a felicidade de tua esposa
serão mais salutares para prolongar-lhe a saúde Renovados
e os sorrisos, do que a indiferença impassível os tempos de
namoro
21 ou o ciúme. Maridos, ouvi isso e lembrai-vos
de que basta uma palavra ou um gesto para renovar os velhos
tempos de namoro.
24 Depois do casamento é tarde demais para queixas sobre
incompatibilidade de gênios. A compreensão mútua deve
existir antes dessa união e continuar para sempre, pois a
27 desonestidade é destrutiva para a felicidade.
O juramento nupcial nunca deveria ser anulado, enquanto
suas obrigações morais são mantidas intactas; mas a frequên-
30 cia do divórcio mostra que a santidade desse Obrigações
relacionamento vem tendo menos influência, e permanentes
que erros destrutivos estão abalando seus fundamentos. A
33 separação nunca deveria ocorrer, e nunca ocorreria, se ambos,
Ciência e Saúde O matrimônio 60
1 marido e mulher, fossem genuínos Cientistas Cristãos. A
Ciência inevitavelmente eleva o nosso existir mais ao alto na
3 escala da harmonia e da felicidade.
São necessárias afinidades de gostos, motivos e aspirações
para a formação de um companheirismo feliz e permanente.
6 O belo no caráter é também o bom, que une Afeto
indissoluvelmente os elos dos afetos. O afeto permanente
que a mãe sente pelo filho não pode ser desarraigado, porque
9 o amor materno inclui pureza e constância, ambas imortais.
Por isso, o afeto materno perdura, sejam quais forem as
dificuldades.
12 Pela lógica dos acontecimentos vemos que só a impureza
e o amor ao ego é que são efêmeros, e que a sabedoria acabará
por separar o que não uniu.
15 O casamento deveria melhorar a espécie humana, tornan-
do-se uma barreira contra o vício, uma proteção para a mulher,
uma força para o homem e um centro para os Centro para
18 afetos. No entanto, na maioria dos casos, essa os afetos
não é a tendência atual, e por quê? Porque a educação da
natureza mais elevada é negligenciada, e outras considerações
21 — a vontade descontrolada, os divertimentos fúteis, o adorno
pessoal, a ostentação e o orgulho — ocupam o pensamento.
Um ouvido desafinado toma a dissonância por harmonia,
24 porque não aprecia a consonância. Assim, o senso físico, por
não discernir a verdadeira felicidade do existir, Harmonia
coloca-a sobre uma base errônea. A Ciência espiritual
27 corrigirá a desarmonia e nos ensinará as harmonias mais
doces da vida.
A Alma tem recursos infinitos para abençoar a huma-
30 nidade, e seria mais fácil alcançar a felicidade e conservá-la
em nosso poder, se a buscássemos na Alma. Só as alegrias
mais elevadas podem satisfazer os anseios do homem imortal.
Ciência e Saúde O matrimônio 61
1 Não podemos circunscrever a felicidade dentro dos limites
do senso pessoal. Os sentidos não proporcionam alegria
3 verdadeira.
O bem nos afetos humanos tem de predominar sobre o
mal, e a natureza espiritual, sobre aquilo que é animal, senão
6 a felicidade jamais será alcançada. A obtenção A predominância
dessa condição celestial melhoraria nossa prole, do bem
diminuiria o crime e faria com que a ambição fosse dirigida a
9 objetivos mais elevados. Todo vale do pecado tem de ser ater-
rado, e toda altivez do ego tem de ser nivelada, para que a
estrada de nosso Deus seja preparada na Ciência. Os filhos
12 de pais que têm a mente voltada para o que é divino herdam
mais intelecto, uma mente mais equilibrada e uma consti-
tuição mais sadia.
15 Se alguma circunstância fortuita coloca crianças com
bom potencial nos braços de pais grosseiros, frequentemente
essas lindas crianças definham e morrem cedo, Propensões
como flores tropicais nascidas onde há neves herdadas
18
alpinas. Se por acaso sobrevivem, e por sua vez se tornam
pais, talvez reproduzam em seus próprios filhinhos indefesos
21 os traços mais grosseiros de seus ascendentes. Que espe-
rança de felicidade, que nobre ambição pode inspirar a
criança que herda propensões tais que, se não forem venci-
24 das, a reduzirão a um destroço deplorável?
Acaso a propagação da espécie humana não é uma
responsabilidade maior, um encargo mais solene, do que o
27 cultivo de teu jardim ou a criação de gado para aumentar
teus rebanhos e manadas? Nada indigno de ser perpetuado
deve ser transmitido às crianças.
30 A formação dos mortais tem de melhorar, e muito, para
fazer progredir a humanidade. O que mantém cientifica-
mente a disposição de ânimo no casamento é a unidade espi-
33 ritual. Se a propagação de uma espécie humana mais elevada
é requisito para se alcançar essa meta, então suas condições
Ciência e Saúde O matrimônio 62
1 materiais só podem ser permitidas tendo por objetivo a
procriação. O feto tem de ser mantido mentalmente puro, e
3 o período de gestação deve ter a santidade da virgindade.
Toda a educação das crianças deve visar à formação de
hábitos de obediência à lei moral e espiritual, com a qual a
6 criança possa enfrentar e vencer a crença nas chamadas leis
físicas, crença essa que engendra a doença.
Se os pais criam em seus filhinhos o desejo de diverti-
9 mento incessante, de serem a toda hora alimentados, embala-
dos, erguidos ao ar ou de se tornarem o centro O que se transmite
das atenções, esses pais não devem se queixar, às crianças
12 anos mais tarde, da falta de tranquilidade ou da frivolidade
que eles mesmos ocasionaram nos filhos. O andardes menos
“ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou
15 beber”; o terdes menos cuidados “pelo vosso corpo, quanto
ao que haveis de vestir”, fará pela saúde da nova geração
muito mais do que sonhais. Deve-se permitir que as crianças
18 permaneçam como tais nos seus conhecimentos e que se tor-
nem homens e mulheres só pelo crescimento de sua compre-
ensão da natureza mais elevada do homem.
21 Não devemos atribuir cada vez mais inteligência à maté-
ria, e sim cada vez menos, se queremos ter sabedoria e saúde.
A Mente divina, que forma o botão e a flor, cui- A Mente
dará do corpo humano, assim como veste os criadora
24
lírios; mas não interfira nenhum mortal no governo de Deus,
introduzindo as leis dos falíveis conceitos humanos.
27 A natureza mais elevada do homem não é governada pela
inferior; se o fosse, a ordem da sabedoria ficaria invertida.
Nossos pontos de vista errados sobre a vida A lei superior
ocultam a harmonia eterna e produzem os da Alma
30
males de que nos queixamos. O fato de os mortais crerem
em leis materiais e rejeitarem a Ciência da Mente não faz
Ciência e Saúde O matrimônio 63
1 com que a materialidade ocupe o primeiro lugar e a lei supe-
rior da Alma, o último. Nunca pensarias que os emplastros
3 sejam melhores do que a Mente governante para prevenir
doenças pulmonares, se compreendesses a Ciência do existir.
Na Ciência o homem é gerado pelo Espírito. O belo, o
6 bom e o puro constituem sua ascendência. Sua origem não
está no instinto bruto, como a origem dos mor- Origem
tais, e o homem não passa por condições mate- espiritual
9 riais antes de alcançar a inteligência. O Espírito é a fonte
primordial e suprema do seu existir; Deus é seu Pai, e a Vida
é a lei do seu existir.
12 A legislação estabelece diferenças muito injustas entre os
direitos dos dois sexos. A Ciência Cristã não oferece nenhum
precedente para tal injustiça, e a civilização a Os direitos
suaviza em certo grau. Contudo, é surpreen- da mulher
15
dente que por costume se conceda à mulher menos direitos
do que lhe concede a Ciência Cristã ou a civilização.
18 Nossas leis não são imparciais, e isso é o melhor que se
pode dizer da discriminação que elas fazem entre os sexos,
quanto à pessoa, à propriedade e aos direitos Discriminação
21 dos pais. Se o direito ao voto para as mulheres injusta
puder remediar o mal sem causar dificuldades maiores, espe-
remos que seja concedido. Um meio realizável bem como
24 racional de melhorar a situação é, no momento, elevar a
sociedade em geral, e disso resultará uma geração mais nobre
de legisladores — uma geração que tenha intuitos e motivos
27 mais elevados.
Se um marido devasso abandona a mulher, certamente
deve se permitir à mulher ultrajada, e talvez empobrecida,
30 receber seu próprio salário, participar de transações comer-
ciais, possuir imóveis, depositar fundos e ter autoridade
sobre os filhos, livre de interferência.
Ciência e Saúde O matrimônio 64
1 A falta de justiça uniforme é um mal gritante causado
pelo amor ao ego e pela desumanidade do homem. Nossos
3 antepassados praticavam a fé da maneira ensinada pelo
Apóstolo Tiago, quando este disse: “A religião pura e sem
mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos
6 e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se
incontaminado do mundo”.
Parece que o orgulho, a inveja e o ciúme dominam a
9 situação na maioria dos casos e excluem o Cristianismo puro.
Quando um homem estende a mão generosa a Benevolência
alguma nobre mulher que esteja lutando sozi- impedida
12 nha contra a adversidade, sua esposa não deveria dizer:
“Nunca é bom interferir na vida dos outros”. Às vezes, uma
esposa se vê impedida, por um mesquinho tirano doméstico,
15 de dar a ajuda espontânea que sua compaixão e caridade gos-
tariam de oferecer.
O casamento deveria significar uma união de corações.
18 Além disso, está chegando o tempo do qual Jesus falou,
quando declarou que na ressurreição não mais Desenvolvimento
se casariam nem se dariam em casamento, mas progressivo
21 que o homem seria como os anjos. Então a Alma se regozi-
jará naquilo que lhe pertence, naquilo em que a paixão não
tem parte. Então a pureza vestida de branco unirá em uma
24 só pessoa a sabedoria masculina e o amor feminino, a com-
preensão espiritual e a paz perpétua.
Até que se aprenda que Deus é o Pai de todos, haverá
27 casamento. Não permitam os mortais desrespeito à lei, pois
isso poderia levar a um estado social pior do que o existente.
A honestidade e a virtude asseguram a estabilidade do pacto
30 matrimonial. O Espírito acabará por tomar posse daquilo
que lhe pertence — tudo o que em realidade existe — e as
vozes do senso físico serão para sempre reduzidas a silêncio.
Ciência e Saúde O matrimônio 65
1 A experiência deveria ser a escola da virtude, e a felicidade
humana deveria proceder da natureza mais elevada do
3 homem. Que o Cristo, a Verdade, esteja pre- A bênção
sente junto a todo altar nupcial, para transfor- do Cristo
mar a água em vinho e para dar à vida humana a inspiração,
6 pela qual a existência espiritual e eterna do homem possa ser
discernida.
Se os fundamentos do afeto humano forem compatíveis
9 com o progresso, serão sólidos e duráveis. Os divórcios deve-
riam alertar nossa época para a existência de Fundamentos
um erro fundamental no estado conjugal. A corretos
12 união dos sexos está passando por terrível desarmonia. Para
alcançar a Ciência Cristã e sua harmonia, a vida deve ser con-
siderada mais metafisicamente.
15 Os poderes do mal, tão disseminados e evidentes hoje em
dia, são vistos no materialismo e no sensualismo desta época,
que lutam contra a era espiritual que avança. Votos
Ao ver a falta de Cristianismo no mundo e a inúteis
18
impotência dos votos matrimoniais para fazer feliz o lar, a
mente humana acabará por exigir um afeto mais elevado.
21 Haverá fermentação devido a esta reforma assim como
devido a muitas outras, até que afinal obtenhamos a verdade
coada e clarificada, e deixemos a impureza e o Transição
erro na borra. A fermentação, até mesmo de e reforma
24
líquidos, é desagradável. Um estado instável de transição, por
si só, nunca é desejável. O casamento, que já foi um fato
27 estável entre nós, tem de deixar sua atual base escorregadia,
e o homem tem de encontrar a permanência e a paz,
apegando-se mais ao espiritual.
30 A quimicalização mental, que trouxe à tona a infidelidade
conjugal, certamente eliminará esse mal, e o casamento se
tornará mais puro, quando a escória tiver sido descartada.
Ciência e Saúde O matrimônio 66
1 Tens razão, Shakespeare imortal, grande poeta da
humanidade:
3 Doce é o fruto da adversidade;
Que, como o sapo, feio e venenoso,
Traz na fronte joia preciosa.
6 As provações ensinam os mortais a não se apoiarem em
um cajado material, em uma cana quebrada que traspassa o
coração. Mal nos lembramos disso ao sol bri- Aflições
9 lhante da alegria e da prosperidade. As aflições salutares
são salutares. É através de grandes tribulações que entramos
no reino. As experiências difíceis comprovam que Deus
12 cuida de nós. O desenvolvimento espiritual não germina da
semente lançada no terreno das esperanças materiais, porém,
quando estas se dissolvem, o Amor propaga de novo as ale-
15 grias mais elevadas do Espírito, as quais não têm mácula ter-
rena. Cada fase sucessiva de experiência desdobra novas
perspectivas do bem e do amor divino.
18 Em meio à gratidão pela felicidade conjugal, é bom
lembrar como são fugazes as alegrias humanas. Em meio à
infelicidade conjugal, é bom ter esperança, orar e aguardar
21 pacientemente que a sabedoria divina indique o caminho.
Marido e mulher nunca deveriam se separar, a menos que
haja exigência cristã para isso. É melhor aguardarem a lógica
24 dos acontecimentos, do que a mulher deixar A paciência
precipitadamente o marido, ou o marido deixar é sabedoria
a mulher. Se um dos cônjuges é melhor do que o outro, como
27 sempre tem de ser o caso, o outro necessita acima de tudo de
boa companhia. Sócrates considerava salutar a paciência sob
tais circunstâncias, e fez da convivência com sua esposa
30 Xantipa uma maneira de desenvolver sua filosofia.
As aflições têm sua recompensa. Nunca Ouro e
nos deixam onde nos encontraram. A fornalha escória
33 separa o ouro da escória, para que o metal precioso possa ser
Ciência e Saúde O matrimônio 67
1 gravado com a imagem de Deus. Não deveríamos nós beber o
cálice que nosso Pai nos deu, e aprender as lições que Ele
3 ensina?
Quando o oceano se agita com a tempestade, vemos que
as nuvens ameaçam, o vento uiva por entre os cabos retesados
6 e as ondas se levantam como montanhas. Resistir à
Perguntamos ao timoneiro: “Conheces o teu tempestade
curso? Podes conduzir o navio a salvo através da tempes-
9 tade?” Ele responde corajosamente, mas nem mesmo o mari-
nheiro destemido tem certeza da sua segurança; a ciência
náutica não se iguala à Ciência da Mente. Contudo, agindo
12 da melhor forma possível de acordo com sua compreensão,
firme no posto do dever, o marinheiro continua a manobrar e
aguarda o desfecho. É assim que devemos proceder no mar
15 agitado das aflições. Mantendo a esperança e trabalhando,
deveríamos nos agarrar aos destroços, até que uma propulsão
irresistível precipite o naufrágio, ou que a luz do sol torne
18 tranquilo o mar revolto.
A noção de que a natureza animal possa dar força ao
caráter é absurda demais para ser tomada em consideração,
21 quando nos lembramos de que, pelo poder espi- Poder
ritual, nosso Senhor e Mestre curou os doentes, espiritual
ressuscitou os mortos e ordenou que até os ventos e as ondas
24 lhe obedecessem. A graça e a Verdade são mais potentes do
que todos os outros meios e métodos.
A falta de poder espiritual na demonstração limitada do
27 Cristianismo popular não reduz a silêncio o labor dos séculos.
É a consciência espiritual, não a corporal, que se faz neces-
sária. O homem libertado do pecado, da doença e da morte
30 apresenta a verdadeira semelhança, ou seja, o ideal espiritual.
Os sistemas de religião e de medicina lidam com as dores
e os prazeres físicos, mas Jesus repreendeu o sofrimento pro-
33 veniente deles, sejam eles causa ou efeito. Aproxima-se
Ciência e Saúde O matrimônio 68
1 a época em que a compreensão da verdade a respeito do exis-
tir será a base da religião verdadeira. Na atualidade, os mor-
3 tais progridem lentamente, por medo de serem A base da religião
julgados ridículos. São escravos da moda, do verdadeira
orgulho e dos sentidos. Algum dia compreenderemos como
6 o Espírito, o grande arquiteto, criou homens e mulheres na
Ciência. Devemos perder o gosto por aquilo que é fugaz e
falso, e não alimentar nada que sirva de empecilho ao senso
9 mais elevado de nossa identidade.
O ciúme é o túmulo do afeto. A presença da descon-
fiança, onde deveria haver confiança, faz murchar as flores
12 do Éden e espalha as pétalas do amor, lançando-as à decom-
posição. Não te precipites em fazer a promessa matrimonial
“até que a morte nos separe”. Considera as suas obrigações e
15 responsabilidades, e como ela vai afetar teu crescimento e tua
influência sobre a vida dos outros.
Conheci só uma pessoa que acreditava em agamogênese;
18 era solteira, de caráter amável, sofria de demência incipiente, e
foi curada por um Cientista Cristão. Mencionei Demência e
esse caso a algumas pessoas, ao lançar meu pão agamogênese
21 sobre as águas, e isso talvez tenha levado os bons a meditar,
e os maus a forjar suas tolas insinuações e mentiras, visto que
as causas salutares às vezes acarretam tais efeitos. A perpe-
24 tuação das espécies da flora por meio de brotos ou pela divi-
são de células é evidente, porém refuto a crença de que a
agamogênese se aplique à espécie humana.
27 A Ciência Cristã apresenta desdobramento, não acréscimo;
não manifesta nenhuma forma de crescimento material da
molécula à mente, e sim um emanar da Mente A criação de Deus
divina ao homem e ao universo. Na pro- permanece intacta
30
porção em que cessar a procriação humana, os elos intactos
do eterno e harmonioso existir serão espiritualmente dis-
33 cernidos; e o homem, não o da terra e terreno, mas o que
Ciência e Saúde O matrimônio 69
1 coexiste com Deus, aparecerá. O fato científico de que o
homem e o universo procedem do Espírito, e portanto são espi-
3 rituais, está tão estabelecido na Ciência divina como está
estabelecida a prova de que os mortais só alcançam o senso
de saúde à medida que perdem o senso de pecado e de doença.
6 Os mortais nunca poderão compreender a criação de Deus
enquanto crerem que o homem seja criador. Os filhos de
Deus já existem e só serão percebidos à medida que o homem
9 descobrir a verdade a respeito do existir. Assim é que o
homem real e ideal aparece, na proporção em que o falso e
material desaparece. “Não mais casar nem ser dado em casa-
12 mento” não põe termo à continuidade do homem, nem põe
termo a seu senso de aumento numérico no plano infinito
de Deus. Compreender espiritualmente que há um só Criador,
15 Deus, desdobra toda a criação, confirma as Escrituras, traz a
doce segurança de que não há separação nem dor, e de que o
homem é imorredouro, perfeito e eterno.
18 Se os Cientistas Cristãos educam seus próprios filhos
espiritualmente, podem educar outros espiritualmente,
sem entrar em conflito com o senso científico da criação
21 de Deus. Algum dia, o filho perguntará ao pai: “Guardas o
Primeiro Mandamento? Reconheces um só Deus e Criador,
ou é o homem um criador?” Se o pai responder: “Deus cria o
24 homem por intermédio do homem”, o filho poderá pergun-
tar: “Ensinas que o Espírito cria materialmente, ou declaras
que o Espírito é infinito, e que portanto a matéria não tem
27 nada a ver com isso?” Jesus disse: “Os filhos deste mundo
casam-se e dão-se em casamento; mas os que são havidos por
dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os
30 mortos não casam, nem se dão em casamento”.
Capítulo 4
A Ciência Cristã frente
ao espiritualismo
Quando vos disserem:
Consultai os necromantes e os adivinhos,
que chilreiam e murmuram,
acaso não consultará o povo ao seu Deus? — Isaías.
Em verdade, em verdade vos digo:
Se alguém guardar a minha palavra,
não verá a morte, eternamente.
Disseram-lhe os judeus:
Agora, estamos certos de que tens demônio. — João.
3
A existência mortal é um enigma. Cada dia é um mistério.
O testemunho dos sentidos corpóreos não pode nos
informar o que é real e o que é ilusório, mas as revelações
da Ciência Cristã são a chave que dá acesso aos tesouros da
Verdade. Tudo o que é falso ou pecaminoso O Espírito é
6 nunca pode entrar na atmosfera do Espírito. único e infinito
Só existe um Espírito. O homem nunca é Deus, mas o
homem espiritual, feito à semelhança de Deus, reflete a Deus.
9 Nesse reflexo científico, o Ego e o Pai são inseparáveis. A
suposição de que seres corpóreos sejam espíritos, ou de que
haja espíritos bons e maus, é errônea.
12 A Mente divina mantém distintas entre si e eternas todas
as identidades, desde a de uma folha de relva A identidade
até a de uma estrela. As questões são: No que real e a irreal
15 consistem as identidades de Deus? O que é a Alma? Existe
vida ou alma nas coisas formadas?
70
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 71
1 Nada é real e eterno — nada é o Espírito — a não ser
Deus e Sua ideia. O mal não tem realidade. Não é pessoa,
3 nem lugar, nem coisa, mas é simplesmente uma crença, uma
ilusão do senso material.
A identidade, a ideia, de toda a realidade continua para
6 sempre; mas o Espírito, o Princípio divino de tudo, não está
dentro das formações do Espírito. A Alma é sinônimo do
Espírito, Deus, o Princípio infinito, criador e governante, fora
9 da forma finita, e que as formas só refletem.
Fecha os olhos, e podes sonhar que vês uma flor — que a
tocas e sentes seu perfume. Dessa maneira, percebes que a
12 flor é um produto da mente, assim chamada, Lições
uma formação do pensamento e não da maté- dos sonhos
ria. Fecha de novo os olhos, e podes ver paisagens, homens e
15 mulheres. Disso depreendes que essas também são imagens
que estão na mente mortal e dela derivam, e que simulam a
mente, a vida e a inteligência. Dos sonhos depreendes tam-
18 bém que nem a mente mortal, nem a matéria, são a imagem
e semelhança de Deus, e que a Mente imortal não está na
matéria.
21 Quando a Ciência da Mente for compreendida, veremos
que o espiritualismo é essencialmente errôneo, não tendo
base nem origem científicas, não tendo prova Base
nem poder a não ser o testemunho humano. insuficiente
24
Ele é o produto dos sentidos físicos. Não há sensualidade no
Espírito. Jamais pude acreditar no espiritualismo.
27 A base e a estrutura do espiritualismo são materiais e
físicas. Seus espíritos são inúmeras corporalidades, limitadas
e finitas em caráter e qualidade. O espiritualismo, portanto,
30 pressupõe que o Espírito, que é invariavelmente infinito, seja
um ser corpóreo, uma forma finita — teoria essa contrária à
Ciência Cristã.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 72
1 Há uma só existência espiritual — a Vida da qual
o senso corpóreo não pode tomar conhecimento. O
3 Princípio divino do homem fala por meio do senso imortal.
Se o Espírito entrasse no corpo material — que, em outras
palavras, é o senso mortal e material — esse corpo desapa-
6 receria para o senso mortal; seria imorredouro. Para ter
comunhão com o Espírito é preciso antes ter alcançado a
vida espiritual.
9 Os espíritos, assim denominados, são apenas comunica-
dores corpóreos. Da mesma maneira como a luz destrói as
trevas e em lugar das trevas tudo é luz, assim O conceito de
12 (na Ciência absoluta) é unicamente a Alma, espíritos
é obsoleto
Deus, que transmite a verdade ao homem. A
Verdade destrói a mortalidade e traz à luz a imortalidade. A
15 crença mortal (o senso material de vida) e a Verdade imortal
(o senso espiritual) são o joio e o trigo, que o progresso não
une, e sim, separa.
18 A perfeição não se expressa por intermédio da imper-
feição. O Espírito não se manifesta pela matéria, o antípoda
do Espírito. O erro não é um filtro adequado pelo qual se
21 possa discernir a verdade.
Deus, o bem, está sempre presente e, na lógica divina,
segue-se que o mal, o suposto contrário do bem, nunca está
24 presente. Na Ciência, o bem individual, que Fenômenos
deriva de Deus, o infinito Tudo-em-tudo, pode científicos
fluir dos falecidos para os mortais; mas o mal não é nem
27 comunicável nem científico. Um mortal terreno, pecador,
não é a realidade da Vida, nem o meio pelo qual a verdade
passa para a terra. A alegria proporcionada pela intercomu-
30 nicação se torna o joguete do pecado, quando o mal e o
sofrimento são considerados comunicáveis. Não é a interco-
munhão pessoal, e sim a lei divina, que é a comunicadora da
33 verdade, da saúde e da harmonia à terra e à humanidade. É
tão impossível misturar o Espírito com a matéria, como é
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 73
1 impossível misturar o fogo com a geada. Em ambos os casos,
um não sustenta o outro.
3 O espiritualismo chama de material uma pessoa que
vive neste mundo, mas chama de espírito outra que tenha
morrido hoje como pecadora e que supostamente voltará
6 à terra amanhã. O fato é que nem uma nem outra são o
Espírito infinito, pois o Espírito é Deus, e o homem é Sua
semelhança.
9 A crença de que alguém, como espírito, possa controlar
outra pessoa, como matéria, contraria tanto a individuali-
dade como a Ciência do homem, pois o homem Um só
12 é imagem. Deus controla o homem, e Deus é o governo
único Espírito. Qualquer outro controle ou atração, por
parte daquilo que é chamado espírito, é uma crença mortal
15 que deve ser conhecida por seu fruto — a repetição do mal.
Se o Espírito, Deus, estivesse em comunhão com os mor-
tais ou os controlasse pela eletricidade ou por qualquer outra
18 forma de matéria, a ordem divina e a Ciência do Espírito
onipotente, onipresente, seriam destruídas.
A crença de que corpos materiais voltem ao pó, para se
21 levantarem no além como corpos espirituais com sensações
e desejos materiais, é incorreta. Igualmente Teorias
incorreta é a crença de que o espírito esteja incorretas
24 confinado a um corpo material, finito, do qual é libertado
pela morte e que, quando liberto do corpo material, o espí-
rito conserve as sensações que pertenciam àquele corpo.
27 É grave engano supor que de algum modo a matéria faça
parte da realidade da existência inteligente, ou que o Espírito
e a matéria, a inteligência e a não-inteligência, Não há
possam estar em comunhão um com o outro. mediunidade
30
Esse erro, a Ciência destruirá. O sensual não pode se tornar
o porta-voz do espiritual, nem pode o finito se tornar o canal
33 do infinito. Não há comunicação entre a chamada existência
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 74
1 material e a vida espiritual, que não está sujeita à morte.
Para estarem em condições de se comunicar com o
3 Espírito, é preciso que as pessoas estejam livres dos corpos
orgânicos; e sua volta a um estado material, Condições
depois de havê-lo deixado, seria tão impossível opostas
6 como o retorno ao estado original de uma semente já trans-
formada em broto acima do solo. A semente que germinou
tem nova forma e novo estado de existência. Quando, aqui
9 ou no além, a crença de que exista vida na matéria se extin-
guir, o erro que se prendia a tal crença se dissolverá com a
crença e nunca voltará ao estado anterior. Nenhuma relação
12 nem comunhão podem existir entre pessoas que tenham
sonhos tão opostos como a crença de terem morrido e dei-
xado o corpo material e a crença de ainda estarem vivendo
15 em um corpo material e orgânico.
A lagarta, transformada em belo inseto, já não é uma
larva, nem pode o inseto voltar para visitar ou controlar
18 a larva. Tal transformação em sentido contrá- Abismo
rio é impossível na Ciência. As trevas e a luz, a intransponível
infância e a idade adulta, a doença e a saúde são opostos —
21 crenças diferentes que nunca se fundem. Quem vai dizer que
a infância pode articular as ideias da idade adulta, que as tre-
vas podem representar a luz, que estamos na Europa, quando
24 nos achamos no hemisfério oposto? Não há ponte sobre o
abismo existente entre dois estados tão opostos como o espi-
ritual, ou incorpóreo, e o físico, ou corpóreo.
27 Na Ciência Cristã jamais há retrocesso; jamais há retorno
a posições superadas. Os assim chamados mortos e os assim
chamados vivos não podem estar em comunhão entre si, pois
30 estão em estados diferentes de existência ou de consciência.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 75
1 Essa simples verdade põe a descoberto o pressuposto
errôneo de que o homem morra como matéria, mas volte
3 à vida como espírito. Os assim chamados mor- Revestimento
tos teriam de ser materiais e tangíveis para que não científico
pudessem reaparecer aos que ainda estão na existência
6 conhecida pelos sentidos físicos — precisariam de um reves-
timento material — sem o que os sentidos materiais não
poderiam tomar conhecimento deles.
9 Segundo o espiritualismo os homens poderiam regressar
do senso espiritual de existência para o senso material. Esse
materialismo crasso é cientificamente impossível, visto que
12 para o Espírito infinito não pode haver matéria.
Jesus disse de Lázaro: “Nosso amigo Lázaro adormeceu,
mas vou para despertá-lo”. Jesus restabeleceu Lázaro pela
15 compreensão de que Lázaro nunca havia mor- Ressuscitar
rido, e não por admitir que seu corpo havia os mortos
morrido e depois voltara a viver. Se Jesus tivesse acreditado
18 que Lázaro havia vivido ou morrido no corpo, o Mestre teria
se colocado no mesmo plano de crença em que estavam
aqueles que haviam sepultado o corpo, e não o poderia ter
21 ressuscitado.
Quando puderes despertar a ti mesmo ou a outros da
crença de que todos têm de morrer, então poderás exercer
24 o poder espiritual de Jesus para tornar visível a presença
daqueles que pensam ter morrido — mas não antes disso.
Só há um momento em que é possível aos que vivem
27 na terra e àqueles a quem denominamos mortos estarem
em comunhão entre si, e esse é o momento que Visão dos que
precede a transição — o momento em que o elo estão prestes
a morrer
30 entre suas crenças opostas está se rompendo.
No vestíbulo pelo qual passamos de um sonho a outro, ou
quando despertamos do sono terrenal para a grandiosa reali-
33 dade da Vida, os que partem podem ouvir as alegres
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 76
1 boas-vindas daqueles que partiram antes. Os que estão par-
tindo podem sussurrar essa visão, pronunciar o nome daquele
3 cuja face lhes sorri e que os convida a segui-lo, como alguém
que, diante do Niágara, só tendo olhos para essa maravilha,
esquece tudo o mais e expressa em alta voz seu arrebatamento.
6 Quando o existir for compreendido, será possível reconhe-
cer que a Vida não é nem material nem finita, mas infinita —
que a Vida é Deus, o bem universal; e a crença A Vida real
9 de que a vida, a mente, alguma vez tenha estado é Deus
em uma forma finita, ou de que o bem tenha estado no mal,
será destruída. Então se compreenderá que o Espírito nunca
12 entrou na matéria e por isso nunca ressurgiu da matéria.
Quando tiver avançado ao existir espiritual e à compreensão
de Deus, o homem já não poderá se comunicar com a matéria;
15 nem poderá voltar a ela, assim como uma árvore não pode
voltar à semente. Da mesma maneira o homem já não pare-
cerá corpóreo, mas será uma consciência individual, caracteri-
18 zada pelo Espírito divino como ideia, não como matéria.
Sofrer, pecar e morrer são crenças irreais. Quando a
Ciência divina for compreendida universalmente, essas crenças
21 não terão poder sobre o homem, pois o homem é imortal e
vive por autoridade divina.
A alegria isenta de pecado — a perfeita harmonia e imor-
24 talidade da Vida, possuindo a beleza e o bem ilimitados e
divinos, sem nenhum prazer ou dor corpóreos Prazer
— constitui o único homem verdadeiro, indes- não material
27 trutível, cujo existir é espiritual. Esse estado de existência é
científico e está intacto — perfeição discernível somente por
aqueles que têm a compreensão total do Cristo na Ciência
30 divina. A morte nunca pode apressar esse estado de existên-
cia, pois é preciso vencer a morte, e não se render a ela, antes
que a imortalidade apareça.
33 O Espírito e a infinidade não são reconhecidos
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 77
1 repentinamente, nem aqui, nem no além. O devoto Policarpo
disse: “Não posso passar, de repente, do bem para o mal”. Os
3 outros mortais também não efetuam a mudança do erro para
a verdade com um simples salto.
A existência continua sendo uma crença do senso corpó-
6 reo, até que a Ciência do existir seja alcançada. O erro traz
a sua própria autodestruição, tanto aqui, como A segunda
no além, pois a mente mortal cria suas próprias morte
9 condições físicas. A morte ocorrerá no próximo plano de
existência, assim como neste, até que a compreensão espiri-
tual da Vida seja alcançada. Então, e só então, ficará
12 demonstrado que “a segunda morte não tem autoridade”.
O período necessário para que esse sonho de vida mate-
rial, que inclui os chamados prazeres e dores, se desvaneça
15 da consciência, “ninguém sabe... nem o Filho, Sonho que
senão o Pai”. Esse período será de maior ou se desvanece
menor duração, de acordo com a tenacidade do erro. Não
18 seria de nenhum proveito, então, para nós ou para os faleci-
dos, prolongar o estado material, e assim prolongar a ilusão,
seja de uma alma inerte ou de um senso pecador e sofredor
21 — uma mente, assim chamada, acorrentada à matéria.
Mesmo que as comunicações vindas de espíritos para
a consciência mortal fossem possíveis, tais comunicações
24 diminuiriam mais e mais em cada estágio pro- Progresso e
gressivo da existência. Os falecidos se eleva- purgatório
riam gradativamente acima da ignorância e da materialidade,
27 e os espiritualistas superariam suas crenças no espiritualismo
material. O espiritismo relega os assim chamados mortos a
um estado parecido com o de botões de flores que não se
30 abriram — a um horrível purgatório, onde as oportunidades
de progresso para os falecidos se reduzem a nada, e eles vol-
tam a seus antigos pontos de vista materiais.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 78
1 A flor que murcha, o botão que não desabrocha, o carva-
lho sulcado pelo tempo, o animal feroz — do mesmo modo
3 que as desarmonias da doença, do pecado e da Deflexões não
morte — não são naturais. São as falsidades naturais
dos sentidos, as deflexões cambiantes da mente mortal; não
6 são as realidades eternas da Mente.
Como é absurda a crença de que estejamos esgotando a
vida e nos precipitando para a morte, e que ao mesmo tempo
9 estejamos em comunhão com a imortalidade! Oráculos
Se os falecidos estivessem em comunicação absurdos
com a mortalidade, ou a matéria, eles não seriam espirituais,
12 mas teriam de ser ainda mortais, continuando a pecar, a
sofrer e a morrer. Então — mesmo que a comunicação fosse
possível — por que esperar deles provas da imortalidade, e
15 aceitá-los como oráculos? As comunicações colhidas da
ignorância são de tendência perniciosa.
O espiritualismo, com seus acompanhamentos materiais,
18 tenderia a destruir a supremacia do Espírito. Se o Espírito
enche todo o espaço, não necessita de método material para
a transmissão de mensagens. O Espírito não precisa de fios
21 nem de eletricidade para ser onipresente.
O Espírito não é materialmente tangível. Como pode,
então, comunicar-se com o homem por meio de efeitos elétri-
24 cos materiais? Como podem a majestade e a O Espírito
onipotência do Espírito serem perdidas? Deus é intangível
não está na confusão, onde a matéria cuida da matéria, onde o
27 espiritismo cria muitos deuses, e onde o hipnotismo e a eletri-
cidade são considerados os agentes do governo de Deus.
O Espírito abençoa o homem, mas o homem não sabe
30 “donde vem” o Espírito. Pelo Espírito os doentes são cura-
dos, os aflitos são confortados e os pecadores são reformados.
Esses são os efeitos de um só Deus universal, o bem invisível,
33 imanente na Ciência eterna.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 79
1 O ato de descrever a doença — seus sintomas, sua locali-
zação e a probabilidade de ser fatal — não é científico. Adver-
3 tir as pessoas sobre a possibilidade de morrer é Pensamentos
um erro que contribui para matar de pavor sobre a morte
aqueles que não sabem que a Vida é Deus. Poderiam ser cita-
6 dos milhares de casos em que a saúde foi restabelecida graças
à mudança da forma de pensar do paciente quanto à morte.
O método mental científico é melhor para a saúde do que
9 o uso de drogas, e tal método mental produz saúde perma-
nente. A Ciência tem de examinar todo o ter- Hipóteses
reno e desenterrar toda semente lançada pelo ilusórias
12 erro. O espiritualismo se apoia em crenças e hipóteses
humanas. A Ciência Cristã elimina essas crenças e hipó-
teses pela compreensão mais elevada a respeito de Deus,
15 pois a Ciência Cristã, que revela a imortalidade com base
no Princípio divino e não em várias pessoalidades mate-
riais, dá a conhecer a harmonia do existir.
18 Jesus expulsava os espíritos maus, ou seja, as crenças errô-
neas. O Apóstolo Paulo recomendou que os homens tivessem
a mesma Mente que havia também em Cristo. Jesus fazia seu
21 próprio trabalho por meio do único Espírito. Ele disse:
“Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. Ele nunca
descrevia a doença, conforme se verifica pelos Evangelhos,
24 mas curava a doença.
O sanador não científico diz: “Estás doente. Teu cérebro
está sobrecarregado e precisas descansar. Teu corpo está fraco
27 e precisa ser fortalecido. Estás com os nervos Métodos
abalados e precisas de tratamento”. A Ciência errados
põe objeção a tudo isso, defendendo os direitos da inteligência
30 e insistindo em que a Mente governa o corpo e o cérebro.
A Ciência da Mente ensina que os mortais não precisam
se cansar ao “fazer o bem”. Pela Ciência da Força
Mente, fazer o bem dissipa a fadiga. Dar não divina
33
nos empobrece no serviço de nosso Criador, e reter tampouco
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 80
1 nos enriquece. Temos força na medida de nossa compreen-
são da verdade, e nossa força não diminui quando afirmamos
3 a verdade. Uma xícara de café ou de chá não é tão eficaz
como a verdade, seja para inspirar um sermão, seja para sus-
tentar a resistência física.
6 Um comunicado, supostamente vindo do falecido
Theodore Parker, diz o seguinte: “Nunca houve e nunca
haverá um espírito imortal”. Contudo, o mesmo Uma negação
periódico que contém essa frase repete sema- da imortalidade
9
nalmente a afirmação de que a comunicação com os espíritos
é nossa única prova da imortalidade.
12 Não ponho em dúvida os sentimentos humanitários e
filantrópicos de muitos espiritualistas, mas não posso concor-
dar com seus pontos de vista. É o misticismo O misticismo
que dá força ao espiritualismo. A Ciência dis- não é científico
15
sipa os mistérios e explica os fenômenos extraordinários; mas
a Ciência nunca transfere para o reino do misticismo os fenô-
18 menos que pertencem ao domínio da razão.
Não deveria parecer misterioso que, sem a ajuda das
mãos, a mente possa mover uma mesa, quando já sabemos
21 que é o poder da mente que move tanto a mesa Falsidades
como a mão. Até mesmo a “planchette” — o físicas
passatempo francês que anos atrás divertia tanta gente —
24 comprova o controle da mente mortal sobre o seu substrato,
chamado matéria.
É a mente mortal que convulsiona seu substrato, a matéria.
27 Esses movimentos provêm da vontade da crença humana, mas
não são nem científicos nem racionais. Assim como a mente
mortal põe a mesa para a refeição, ela faz com que uma mesa
30 se levante do chão e acredita que esse prodígio emane dos
espíritos e da eletricidade. Essa crença assenta na convicção
geral de que a mente e a matéria cooperem tanto visível como
33 invisivelmente e que, por isso, a matéria seja inteligente.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 81
1 Existem menos evidências que provam a intercomuni-
cação entre os assim chamados mortos e os vivos, do que as
3 que mostram aos doentes que a matéria sofre e Fraca
tem sensação; no entanto, neste último caso, a evidência
póstuma
evidência é destruída pela Ciência da Mente.
6 Se os espiritualistas compreendessem a Ciência do existir,
sua crença na mediunidade se desvaneceria.
Na melhor das hipóteses, e segundo suas próprias teo-
9 rias, o espiritualismo só consegue provar que determinados
indivíduos continuam a existir depois da Sem prova da
morte, mantendo sua ligação com a carne mor- imortalidade
12 tal; mas esse fato não propicia nenhuma certeza da vida
eterna. A afirmação de um homem, de que ele é imortal, não
prova que ele o seja, assim como a afirmação contrária, de
15 que ele é mortal, não provaria que a imortalidade é uma
mentira. A questão também não melhora quando supostos
espíritos ensinam sobre a imortalidade. A Vida, o Amor,
18 a Verdade é a única prova da imortalidade.
O homem à semelhança de Deus, como é revelado na
Ciência, não pode deixar de ser imortal. Muito embora a
21 grama pareça secar e a flor murchar, elas reapa- As manifestações
recem. Se apagas os algarismos que expressam da Mente são
imortais
os números, se calas os tons da música, e se
24 entregas aos vermes o corpo chamado homem, ainda assim o
Princípio divino, criador e governante continua vivo — no
caso do homem, tão certamente como no dos números e no da
27 música — apesar das chamadas leis da matéria, que definem o
homem como mortal. Embora a desarmonia resultante do
senso material oculte a harmonia da Ciência, a desarmonia
30 não pode destruir o Princípio divino da Ciência. Na Ciência,
a imortalidade do homem depende da de Deus, o bem, e é uma
consequência inevitável da imortalidade do bem.
33 É evidente que alguém, em algum lugar, deve ter conhe-
cido a pessoa falecida, que se supõe ser a comunicadora, e
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 82
1 ler os pensamentos distantes é tão fácil quanto ler os próxi-
mos. Pensamos em um amigo ausente com tanta facilidade
3 como em um que esteja presente. Não é mais A leitura dos
difícil ler a mente que está ausente do que ler a pensamentos
que está presente. Chaucer escreveu há séculos, mas ainda
6 lemos seus pensamentos em seus versos. O que é o estudo
dos clássicos, senão o discernimento das mentes de Homero
e de Virgílio, de cuja existência pessoal podemos duvidar?
9 Se a vida espiritual foi alcançada pelos que faleceram,
estes não podem voltar à existência material, por se tratar de
diferentes estados de consciência, e uma pessoa Intercomunhão
não pode existir em dois diferentes estados de impossível
12
consciência ao mesmo tempo. Durante o sono não nos
comunicamos com aquele que sonha ao nosso lado, apesar de
15 sua proximidade física, porque, ou estamos ambos incons-
cientes ou, em nossos sonhos, vagueamos por diferentes labi-
rintos da consciência.
18 Da mesma maneira, se seguiria que, ainda que nossos
amigos falecidos estivessem perto de nós, e em um estado
de existência tão consciente como antes da mudança a
21 que chamamos morte, seu estado de consciência teria de
ser diferente do nosso. Não estamos no estado deles, nem
estão eles na esfera mental em que nós nos encontramos. A
24 comunhão entre eles e nós seria impedida por essa diferença.
Os estados mentais são de tal modo dessemelhantes, que
a intercomunhão é tão impossível como o seria entre uma
27 toupeira e um ser humano. Sonhos diferentes e diferenças
no despertar denotam estados de consciência diferentes. Ao
andar pela Austrália, procuraríamos a ajuda dos esquimós
30 em seus iglus?
Em um mundo de pecado e de sensualidade, que se
apressa em conseguir maior poder, é bom pensar seriamente
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 83
1 se é a mente humana ou a Mente divina que nos está influen-
ciando. Aquilo que os profetas de Jeová fizeram, os ado-
3 radores de Baal não conseguiram; no entanto, o artifício
e a delusão tinham a pretensão de poder igualar a obra
da sabedoria.
6 Só a Ciência pode explicar os incríveis elementos bons e
maus que agora estão vindo à tona. Os mortais têm de encon-
trar refúgio na Verdade para escapar ao erro destes últimos
9 tempos. Nada é mais antagônico à Ciência Cristã do que
uma crença cega sem compreensão, pois tal crença esconde a
Verdade e constrói sobre o erro.
12 Os milagres são impossíveis na Ciência, e nesse ponto a
Ciência não está de acordo com as religiões populares. A
manifestação científica de poder provém da Maravilhas
15 natureza divina, e não é sobrenatural, porque a naturais
Ciência é uma explicação da natureza. A crença de que o uni-
verso, que inclui o homem, seja governado em geral por leis
18 materiais, mas que de vez em quando o Espírito ponha de
lado essas leis — essa crença deprecia a sabedoria onipotente e
dá à matéria a preponderância sobre o Espírito.
21 É contrário à Ciência Cristã supor que a vida seja material
ou organicamente espiritual. Entre a Ciência Cristã e todas as
formas de superstição está posto um grande Pontos de vista
abismo, tão intransponível como o que havia incompatíveis
24
entre o rico e Lázaro. Existe leitura da mente mortal e leitura
da Mente imortal. Esta última é a revelação do propósito
27 divino por meio da compreensão espiritual, pela qual o
homem alcança o Princípio divino e a explicação de todas as
coisas. A leitura da mente mortal e a leitura da Mente imortal
30 são pontos de vista diametralmente opostos, a partir dos quais
causa e efeito são interpretados. O ato de ler a mente mortal
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 84
1 examina e alcança somente as crenças humanas. A Ciência
é imortal e não está concatenada nem com as premissas nem
3 com as conclusões das crenças mortais.
Os antigos profetas obtinham sua antevisão a partir de
um ponto de vista incorpóreo, espiritual, e não por pressa-
6 giarem o mal e confundirem o fato com a Antevisão
ficção — o que seria predizer o futuro com científica
base na corporalidade e na crença humana. Quando suficien-
9 temente adiantados na Ciência para estarem em harmonia
com a verdade a respeito do existir, os homens se tornam
involuntariamente videntes e profetas, controlados não por
12 demônios, espíritos ou semideuses, mas pelo Espírito único.
É prerrogativa da Mente divina, sempre presente, e do pensa-
mento que está em comunicação com essa Mente, conhecer
15 o passado, o presente e o futuro.
Familiarizar-nos com a Ciência do existir nos habilita a
estar em comunhão mais completa com a Mente divina, a
18 prever e predizer acontecimentos concernentes ao bem-estar
universal, a ser divinamente inspirados — isto é, a alcançar
a amplitude da Mente sem limites.
21 Compreender que a Mente é infinita, não limitada pela cor-
poralidade, não dependente do ouvido para ouvir, dos olhos
para ver, nem dos músculos e dos ossos para se A Mente
24 locomover, é um passo rumo à Ciência da Mente, sem limites
pela qual discernimos a natureza e a existência do homem.
Esse conceito verdadeiro do existir destrói a crença no
27 espiritualismo logo no momento incipiente dessa crença,
pois não havendo a admissão de que existam pessoalidades
materiais chamadas espíritos, o espiritualismo não tem
30 base sobre a qual construir.
Tudo o que sabemos corretamente sobre o Espírito
vem de Deus, o Princípio divino, e é aprendido por meio
33 do Cristo e da Ciência Cristã. Se essa Ciência Presciência
tiver sido aprendida a fundo e bem assimilada, científica
podemos conhecer a verdade mais precisamente do que o
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 85
1 astrônomo pode ler as estrelas ou calcular um eclipse. Essa
leitura pela Mente é o oposto da clarividência mediúnica. Ela
3 é a iluminação da compreensão espiritual, que demonstra a
capacidade da Alma, não do senso material. Esse senso da
Alma vem à mente humana quando esta cede à Mente
6 divina.
Tais intuições revelam tudo o que constitui e perpetua
a harmonia, habilitando-nos a fazer o bem, mas não o mal.
9 Alcançarás a Ciência perfeita da cura, quando O valor
fores capaz de ler a mente humana dessa maneira da intuição
e de discernir o erro que queres destruir. A samaritana disse:
12 “Vinde comigo e vede um homem que me disse tudo o que
tenho feito. Será este, porventura, o Cristo?!”
Está escrito que Jesus, quando viajava certa vez com
15 seus alunos, “conheceu-lhes os pensamentos” — leu-os
cientificamente. Do mesmo modo, discernia a doença e
curava os doentes. Pelo mesmo método, os profetas hebreus
18 predisseram acontecimentos de grande significação. Nosso
Mestre repreendeu a ausência desse poder, quando disse:
“Hipócritas!* Sabeis... discernir o aspecto do céu e não podeis
21 discernir os sinais dos tempos?”
É possível que tanto os judeus como os gentios tenham
tido sentidos corpóreos aguçados, mas os mortais precisam
24 do senso espiritual. Jesus sabia que aquela A hipocrisia
geração era má e adúltera, e que buscava mais é condenada
o material do que o espiritual. Suas repreensões ao materia-
27 lismo eram incisivas, porém necessárias. Jamais se absteve
de tratar a hipocrisia com a mais severa condenação. Ele
disse: “Devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aque-
30 las”. O grande Professor conhecia tanto a causa como o
efeito, sabia que a verdade comunica a verdade, mas nunca
transmite o erro.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 86
1 Jesus certa vez perguntou: “Quem me tocou?” Os discípu-
los, supondo que apenas o contato físico dera causa a essa per-
3 gunta, responderam: “As multidões te apertam”. Contato
Jesus sabia, mas os outros não, que fora a mente mental
mortal, não a matéria, que o tocara em busca de auxílio.
6 Quando repetiu a pergunta, respondeu-lhe a fé sincera de
uma mulher doente. A percepção imediata que ele teve desse
apelo mental foi um exemplo de sua espiritualidade. A inter-
9 pretação errada que os discípulos deram à pergunta de Jesus
pôs a descoberto a materialidade deles. Jesus possuía mais
sensibilidade espiritual do que os discípulos. Os opostos pro-
12 vêm de direções contrárias e produzem resultados diferentes.
Os mortais desenvolvem imagens de pensamento. Aos
menos instruídos, estas podem se afigurar como aparições;
15 mas são misteriosas só porque é incomum ver Imagens do
pensamentos, embora sempre possamos sentir pensamento
sua influência. As casas mal-assombradas, as vozes fantas-
18 magóricas, os ruídos estranhos e as aparições produzidas em
sessões às escuras, ou são truques de impostores, ou são ima-
gens e sons produzidos de modo involuntário pela mente
21 mortal. Ver é uma qualidade do sentido físico, tanto quanto
sentir. Por que então seria mais difícil ver do que sentir um
pensamento? A educação é o único fator que determina a
24 diferença. Na realidade não há nenhuma diferença.
Retratos, pinturas de paisagens, fac-símiles de caligrafia,
peculiaridades de expressão, frases relembradas, tudo isso pode
27 ser captado do pensamento pictórico e da memó- Os fenômenos
ria, tão facilmente como podem ser captados de são explicados
objetos perceptíveis aos sentidos. A mente mortal vê o que crê,
30 tão certamente como crê no que vê. Ela sente, ouve e vê seus
próprios pensamentos. As imagens são formadas mentalmente
antes que o artista possa reproduzi-las sobre a tela. Isso se dá
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 87
1 com todas as concepções materiais. Os que leem a mente per-
cebem essas imagens do pensamento. Eles as copiam ou as
3 reproduzem, mesmo quando tais imagens tenham se perdido
para a memória da mente na qual é possível descobri-las.
Não é necessário que o pensamento ou a pessoa que
6 abriga a imagem transmitida esteja individual e consciente-
mente presente. Embora os indivíduos tenham Ambiente
falecido, seu ambiente mental permanece e pode mental
9 ser discernido, descrito e transmitido. Apesar de os corpos
estarem a léguas de distância, e apesar de estarem esquecidos
seus relacionamentos, estes permanecem na atmosfera geral
12 da mente humana.
Os escoceses chamam de “segunda vista” a essa capaci-
dade de ver, quando, na realidade, essa vista é a primeira e
15 não a segunda, pois apresenta fatos primordiais Segunda
à mente mortal. A Ciência nos habilita a ler a vista
mente humana, mas não à maneira de um clarividente.
18 Habilita-nos a curar pela Mente, mas não à maneira de um
mesmerista.
A mina nada sabe das esmeraldas contidas nas suas rochas;
21 o mar ignora as pedras preciosas que estão nas suas cavernas,
ignora os corais, os aguçados recifes, os gran- Segredos
des navios que nele flutuam e os corpos que enterrados
24 jazem sepultos nas areias; não obstante, tudo isso lá está.
Não suponhas que um conceito mental se tenha perdido por-
que não pensas nele. O verdadeiro conceito nunca se perde.
27 As fortes impressões produzidas na mente mortal pela ami-
zade ou por qualquer sentimento intenso, são duradouras,
e os que leem a mente podem perceber essas impressões e
30 reproduzi-las.
A memória pode reproduzir vozes que há muito estão em
silêncio. Basta fecharmos os olhos, e diante de Amigos
nós surgem figuras que estão distantes milha- recordados
33
res de milhas ou que desapareceram completamente da vista
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 88
1 e do senso físico, e isto não em sonhos, quando dormimos.
Em nossos devaneios podemos recordar aquilo que o poeta
3 Tennyson expressou como desejo do coração:
o toque de uma mão que desapareceu,
E o som de uma voz que está silente.
6 A mente pode até mesmo sentir a presença de um sabor e de
um odor, quando nenhuma iguaria toca o palato e nenhuma
fragrância delicia as narinas.
9 Como é que se pode fazer distinção entre ideias verdadei-
ras e ilusões? Verificando a origem de cada uma. As ideias
são emanações da Mente divina. Os pensamen- As ilusões
12 tos que procedem do cérebro ou da matéria são não são ideias
brotos da mente mortal; são crenças mortais, materiais. As
ideias são espirituais, harmoniosas e eternas. As crenças pro-
15 cedem dos chamados sentidos materiais, que ora são conside-
rados matéria substancial, ora são chamados espíritos.
Amar o próximo como a si mesmo é uma ideia divina;
18 mas essa ideia jamais pode ser vista, sentida, ou compreen-
dida pelos sentidos físicos. Estimule-se o órgão da veneração
ou fé religiosa, e o indivíduo manifesta adoração pro-
21 funda. Estimule-se nele o desenvolvimento contrário, e
ele blasfema. Esses efeitos, no entanto, não procedem do
Cristianismo, nem são fenômenos espirituais, pois ambos
24 provêm da crença mortal.
A eloquência repete o eco das modulações da Verdade e
do Amor. Provém da inspiração, e não da erudição. Mostra
27 as possibilidades que derivam da Mente divina, A fala em estado
embora se diga que é um dom adquirido dos de transe é ilusão
livros ou recebido graças ao impulso dado por espíritos de
30 falecidos. Quando a eloquência procede da crença de que o
espírito de um falecido está falando, quem pode dizer o que a
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 89
1 médium, sem ajuda, não seria capaz de saber ou de expres-
sar? Esse fenômeno mostra apenas que as crenças da mente
3 mortal foram soltas. Esquecendo que é ignorante, acredi-
tando que outra mente está falando por intermédio dela, a
médium pode se tornar de uma eloquência incomum. Tendo
6 mais fé nos outros do que em si mesma, e acreditando que
outra pessoa lhe possui a língua e a mente, ela fala com
desembaraço.
9 Destrua-se a crença da médium em ajuda alheia e sua
eloquência desaparece. Os antigos limites de sua crença
retornam. Ela diz: “Sou incapaz de usar palavras brilhantes,
12 porque não tenho instrução”. Esse exemplo bem conhecido
reforça a palavra bíblica no tocante ao homem: “Como ima-
gina em sua alma, assim ele é”. Se alguém acredita que não
15 pode ser orador sem estudo ou sem ser induzido por alguma
influência, o corpo responde a essa crença, e a língua, que
antes era eloquente, emudece.
18 A Mente não depende necessariamente de processos
educativos. Possui por si mesma toda a beleza e poesia,
e o poder de expressá-las. O Espírito, Deus, Improvisação
é ouvido quando os sentidos estão calados. científica
21
Todos somos capazes de fazer mais do que fazemos. A influên-
cia ou ação da Alma outorga uma liberdade que explica os
24 fenômenos da improvisação e o fervor de lábios incultos.
A matéria não é nem inteligente nem criadora. A árvore
não é a autora de si mesma. O som não é o criador da música,
27 e o homem não é o pai do homem. Caim muito Origem
naturalmente concluiu que se a vida estava no divina
corpo e o homem a havia dado, o homem tinha o direito de
30 tirá-la. Esse incidente mostra que a crença de que exista vida
na matéria foi “homicida desde o princípio”.
Se a semente é necessária para produzir trigo, e o trigo
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 90
1 para produzir farinha, ou se um animal pode dar origem
a outro, como podemos então explicar sua origem inicial?
3 Como é que foram multiplicados os pães e os peixes nas mar-
gens do mar da Galileia — e nesse caso também, sem farinha
nem células de onde pudessem vir o pão e o peixe?
6 A órbita da terra e a linha imaginária chamada equador
não são substância. O movimento e a posição da terra
são sustentados só pela Mente. Liberta-te do A Mente é
pensamento de que possa haver substância na substância
9
matéria, e os movimentos e as transições que agora são possí-
veis para a mente mortal serão igualmente possíveis para o
12 corpo. Então se reconhecerá que o existir é espiritual, e a
morte será obsoleta, embora atualmente algumas pessoas
insistam em que a morte seja o prelúdio necessário para a
15 imortalidade.
Em sonho, voamos à Europa e encontramos um amigo
distante. O observador vê o corpo na cama, mas o suposto
18 habitante desse corpo o leva pelo ar e por sobre Delusões
o oceano. Isso mostra as possibilidades do pen- mortais
samento. Os que consomem ópio e haxixe, embora seu
21 corpo não saia do lugar, mentalmente viajam para longe e
realizam prodígios. Isso mostra o que são a mentalidade
e o conhecimento mortais.
24 Admitir para si mesmo que o homem é a própria seme-
lhança de Deus, dá ao homem liberdade para compreender
plenamente a ideia infinita. Essa convicção Conclusões
27 fecha a porta à morte, e abre-a inteiramente científicas
irrevogáveis
para a imortalidade. A compreensão e o reco-
nhecimento do Espírito têm finalmente de vir, e é melhor
30 aproveitar nosso tempo em resolver, por meio da compreen-
são do Princípio divino, os mistérios do existir. Na atuali-
dade, não sabemos o que o homem é, mas certamente o
33 havemos de saber quando o homem refletir a Deus.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 91
1 O autor do Apocalipse nos fala de um “novo céu” e uma
“nova terra”. Já pensaste alguma vez nesse céu e nessa terra,
3 habitados por seres sob o controle da sabedoria suprema?
Livremo-nos da crença de que o homem esteja separado
de Deus, e obedeçamos unicamente ao Princípio divino, à
6 Vida e ao Amor. Esse é o grande ponto de partida para todo
verdadeiro crescimento espiritual.
É difícil para o pecador aceitar a Ciência divina, porque a
9 Ciência põe a descoberto a nulidade dele; porém, quanto mais
cedo o erro for reduzido ao seu nada original, O existir genuíno
tanto mais cedo a grandiosa realidade do homem do homem
12 aparecerá, e seu existir genuíno será compreendido. A des-
truição do erro não é de modo algum a destruição da Verdade
ou da Vida, mas é o reconhecimento de ambas.
15 Absorvidos no ego material, discernimos e refletimos só
tenuemente a substância da Vida e da Mente. A renúncia ao
ego material ajuda a discernir a individualidade espiritual e
18 eterna do homem, e destrói o conhecimento errôneo obtido
da matéria ou daquilo que chamamos sentidos materiais.
Certos postulados errôneos devem ser aqui examinados,
21 para que os fatos espirituais possam ser mais Postulados
bem compreendidos. errôneos
O primeiro postulado errôneo da crença é que a substân-
24 cia, a vida e a inteligência sejam algo separado de Deus.
O segundo postulado errôneo é que o homem seja ao
mesmo tempo mental e material.
27 O terceiro postulado errôneo é que a mente seja ao mesmo
tempo o mal e o bem; ao passo que a Mente real não pode ser
o mal, nem ser o instrumento do mal, pois a Mente é Deus.
30 O quarto postulado errôneo é que a matéria seja
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 92
1 inteligente, e que o homem tenha um corpo material que faz
parte dele mesmo.
3 O quinto postulado errôneo é que a matéria contenha em
si mesma o poder de decidir sobre a vida e a morte — que a
matéria seja capaz não só de sentir prazer e dor, mas também
6 de transmitir essas sensações. Da ilusão que este último pos-
tulado implica, resulta a decomposição dos corpos mortais
naquilo que se chama morte.
9 A Mente não é uma entidade contida no crânio, com
o poder de pecar agora e para sempre.
Nas antigas ilustrações da Bíblia vemos uma serpente
12 enroscada na árvore do conhecimento, falando com Adão
e Eva. Isso representa a serpente no ato de reco- O conhecimento
mendar a nossos primeiros antepassados o do bem e do mal
15 conhecimento do bem e do mal, conhecimento obtido da
matéria, ou seja, do mal, não do Espírito. Essa ilustração
ainda é graficamente exata, porque o conceito geral sobre o
18 homem mortal — paródia do homem de Deus — é o resul-
tado do conhecimento humano, ou seja, da sensualidade,
uma mera ramificação do senso material.
21 Põe o erro a descoberto, e ele vira a mentira contra ti.
Até que o fato a respeito do erro — a saber, sua nulidade —
apareça, a exigência moral não estará cumprida, Poder
24 e não haverá suficiente capacidade para reduzir oposto
o erro a nada. Deveríamos nos envergonhar de chamar real
àquilo que não passa de engano. Os fundamentos do mal
27 assentam na crença em algo além de Deus. Essa crença tende
a sustentar dois poderes opostos, em vez de insistir unica-
mente na autoridade da Verdade. O engano de pensar que o
30 erro possa ser real, quando é meramente a ausência da ver-
dade, conduz à crença na superioridade do erro.
Acaso dizes que ainda não é chegada a hora de reconhecer
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 93
1 a Alma como substancial e capaz de controlar o corpo?
Lembra-te de Jesus, que há quase dezenove séculos demons-
3 trou o poder do Espírito e disse: “Aquele que O privilégio
crê em mim fará também as obras que eu faço”, desta época
e ainda disse: “Mas vem a hora e já chegou, em que os verda-
6 deiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade”.
“Eis, agora, o tempo sobremodo oportuno, eis, agora, o dia
da salvação”, disse Paulo.
9 A lógica divina e a revelação coincidem. Se cremos o
contrário, podemos estar certos de que, ou a A lógica
nossa lógica está errada, ou interpretamos e a revelação
12 mal a revelação. O bem jamais causa o mal, nem cria coisa
alguma que possa causar o mal.
O bem não cria uma mente susceptível de causar o mal,
15 pois o mal é o erro que se opõe ao bem, não é a verdade
da criação. A eletricidade destrutiva não procede do bem
infinito. Tudo o que contradiga a verdadeira natureza do
18 Ser divino não tem fundamento, embora a fé humana possa
vesti-lo com roupagens angelicais.
A crença de que o Espírito seja finito e ao mesmo tempo
21 infinito obscureceu toda a história. Na Ciência Cristã, a
palavra Espírito, como nome próprio, é o nome Derivados da
do Ser Supremo. Significa quantidade e quali- palavra espírito
24 dade, e se aplica exclusivamente a Deus. Os derivados quali-
ficativos da palavra espírito se referem só à qualidade, não
a Deus. O homem é espiritual. Ele não é Deus, o Espírito.
27 Se o homem fosse o Espírito, então os homens seriam espíri-
tos, seriam deuses. Um espírito finito seria mortal, e esse é
o erro corporificado na crença de que o infinito possa estar
30 contido no finito. Essa crença tende a nublar nossa percepção
do reino dos céus e do reinado da harmonia na Ciência do
existir.
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 94
1 Jesus ensinou que há um só Deus, um só Espírito, que faz o
homem à imagem e semelhança de Deus — isto é, do Espírito,
3 não da matéria. O homem reflete a Verdade O homem
infinita, a Vida infinita, o Amor infinito. A científico
natureza do homem, assim compreendida, inclui tudo o que
6 significam os termos “imagem” e “semelhança”, tais como são
empregados nas Escrituras. A declaração verdadeiramente
cristã e científica sobre o conceito de pessoa e sobre a relação
9 do homem com Deus, juntamente com a demonstração que
acompanhava tal declaração, enfureceu os rabinos, e estes dis-
seram: “Crucifica-o! Crucifica-o! ... De conformidade com a
12 lei, ele deve morrer, porque a si mesmo se fez Filho de Deus”.
Os impérios e as nações orientais devem seu governo
injusto aos conceitos errôneos a respeito da Deidade que ali
15 prevalecem. A tirania, a intolerância e o derramamento de
sangue, onde quer que se encontrem, surgem da crença
de que o infinito seja formado segundo o modelo mortal de
18 pessoalidade, sentimentos descontrolados e impulsos.
O progresso da verdade confirma suas reivindicações, e
nosso Mestre confirmou suas palavras pelas suas obras. Seu
21 poder de curar provocou negação, ingratidão e Ingratidão
traição, que surgiam da sensualidade. Dos dez e negação
leprosos que Jesus curou, um só voltou para dar graças a
24 Deus — isto é, para reconhecer o Princípio divino que o
havia curado.
Nosso Mestre lia com facilidade os pensamentos da
27 humanidade, e essa perspicácia lhe aumentava a capacidade
de orientar acertadamente aqueles pensamentos; mas nesta
época, o que se diria de um blasfemador descrente que insi-
30 nuasse que Jesus usava seu poder incisivo para causar dano?
Nosso Mestre lia a mente mortal com base científica, a da
onipresença da Mente. Alcançar esse discernimento indica
33 crescimento espiritual e união com as capacidades infinitas
da Mente única. Jesus não podia prejudicar a ninguém com
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 95
1 sua leitura pela Mente. O efeito de sua Mente era sempre curar
e salvar, e esta é a única Ciência genuína da leitura da mente
3 mortal. Os motivos e objetivos sagrados de Jesus Discernimento
foram difamados pelos pecadores daquela época, espiritual
como o seriam hoje em dia, se ele estivesse pessoalmente pre-
6 sente. Paulo disse: “O pendor... do Espírito [dá] para a vida”.
Chegamos mais perto de Deus, da Vida, na proporção de
nossa espiritualidade, de nossa fidelidade à Verdade e ao Amor;
9 e é nessa proporção que podemos conhecer todas as neces-
sidades humanas e somos capazes de discernir o pensamento
dos doentes e dos pecadores com o propósito de curá-los.
12 Nenhuma espécie de erro pode se esconder da lei de Deus.
Quem quer que alcance esse ponto de desenvolvimento
moral e de consciência do bem não pode prejudicar a outros,
15 e tem de fazer-lhes o bem. A maior ou menor capacidade
de um Cientista Cristão para discernir cientificamente o
pensamento depende de sua espiritualidade genuína. Essa
18 espécie de leitura da mente não é clarividência mediúnica,
mas é importante para o êxito na cura, e é uma de suas
características marcantes.
21 Acolhemos de bom grado o aumento do saber e o fim
do erro, porque até a inventiva humana tem seu momento,
e queremos que esse momento seja sucedido A reaparição
pela Ciência Cristã, pela realidade divina. A do Cristo
24
meia-noite prenuncia o alvorecer. Guiados por uma estrela
solitária em meio à escuridão, os Magos de outrora predisse-
27 ram o messiado da Verdade. Acredita-se no sábio de hoje,
quando ele avista a luz que anuncia o eterno alvorecer do
Cristo e lhe descreve o fulgor?
30 Embalado por ilusões entorpecentes, o mundo está adorme-
cido no berço da infância e passa as horas sonhando. O senso
material não revela os fatos da existência; mas Despertar
o senso espiritual eleva a consciência humana espiritual
33
à Verdade eterna. A humanidade avança lentamente do
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 96
1 senso pecaminoso para a compreensão espiritual; a falta de
disposição para aprender todas as coisas do modo certo
3 mantém a cristandade acorrentada.
O Amor há de finalmente assinalar a hora do apareci-
mento da harmonia, e a espiritualização virá a seguir, porque
6 o Amor é o Espírito. Antes da destruição total As horas mais
do erro, haverá interrupções na rotina geral e escuras de todas
material. A terra se tornará sombria e desolada, porém o verão
9 e o inverno, a semeadura e a colheita (embora sob formas alte-
radas) continuarão até o fim — até a espiritualização final de
todas as coisas. “A hora mais escura precede a aurora.”
12 Mesmo agora este mundo material está se tornando uma
arena de forças em conflito. De um lado haverá desarmonia
e consternação; do outro lado haverá Ciência e Arena de
15 paz. A desagregação das crenças materiais pode combate
parecer fome e peste, carência e aflição, pecado, doença e
morte, que assumem novas fases até que sua nulidade apareça.
18 Essas perturbações continuarão até o fim do erro, quando
toda a desarmonia será tragada pela Verdade espiritual.
O erro mortal se dissipará em uma quimicalização
21 moral. Essa fermentação mental já começou, e continuará
até que todos os erros da crença cedam à compreensão. A
crença é mutável, mas a compreensão espiritual é imutável.
24 À medida que essa ultimação se aproximar, aquele que
tiver pautado seu curso de acordo com a Ciência divina resis-
tirá até o fim. À medida que o conhecimento A glória do reino
material diminuir e a compreensão espiritual dos mil anos
27
aumentar, os objetos reais serão percebidos mentalmente, em
vez de materialmente.
30 Durante esse conflito final, mentes maldosas se empe-
nharão em encontrar meios de causar males piores; mas
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 97
1 aqueles que discernem a Ciência Cristã porão freio ao crime.
Eles ajudarão a expulsar o erro. Manterão a lei e a ordem,
3 e aguardarão com alegria a certeza da perfeição suprema.
Em realidade, quanto maior for o esmero com que o erro
simular a verdade, e quanto mais a chamada matéria se asse-
6 melhar à sua essência, ou seja, a mente mortal, Semelhanças
tanto mais impotente se tornará o erro como perigosas
crença. Segundo a crença humana, o raio é violento e a cor-
9 rente elétrica é veloz; mas na Ciência Cristã, o deslocamento
de um e o choque da outra se tornarão inofensivos. Quanto
mais destrutiva se tornar a matéria, tanto mais evidente se
12 tornará a sua nulidade, até que a matéria atinja seu zênite
mortal na ilusão e desapareça para sempre. Quanto mais
uma crença errônea se aproxima da verdade, sem transpor o
15 limite em que, tendo sido destruída pelo Amor divino, deixe
de ser até mesmo uma ilusão, tanto mais madura fica para a
destruição. Quanto mais material a crença, tanto mais óbvio
18 seu erro, até que o Espírito divino, supremo na sua esfera de
ação, prevaleça sobre toda a matéria, e o homem seja visto
em seu existir original, a semelhança do Espírito.
21 Os fatos de maior alcance alinham contra si o maior
número de falsidades, porque fazem o erro sair de seu escon-
derijo. É preciso coragem para declarar a verdade; porque
24 quanto mais alto a Verdade levanta a voz, tanto mais alto o
erro grita, até que seus sons inarticulados sejam silenciados
para sempre no esquecimento.
27 “Ele faz ouvir a Sua voz, e a terra se dissolve.” Esse trecho
das Escrituras indica que toda a matéria desaparecerá ante
a supremacia do Espírito.
30 O Cristianismo está novamente demonstrando a Vida
que é a Verdade, e a Verdade que é a Vida, pela O Cristianismo
obra apostólica de expulsar o erro e de curar os ainda é rejeitado
33 doentes. A terra não tem compensações para as perseguições
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 98
1 que acompanham um novo passo no Cristianismo; mas a
recompensa espiritual dos perseguidos está assegurada pela
3 elevação da existência acima da desarmonia mortal e
pela dádiva do Amor divino.
O profeta de hoje avista no horizonte mental os sinais
6 destes tempos, o reaparecimento do Cristianismo que cura
os doentes e destrói o erro, e nenhum outro Presságios
sinal será dado. O corpo não pode ser salvo espirituais
9 a não ser pela Mente. A Ciência do Cristianismo é mal inter-
pretada em uma era material, pois é a influência curativa do
Espírito (não de espíritos) — influência que os sentidos mate-
12 riais não podem compreender e que só pode ser discernida
espiritualmente. Dogmas, doutrinas e hipóteses humanas
não expressam a Ciência Cristã; muito menos podem
15 demonstrá-la.
Muito além das frágeis premissas das crenças humanas,
acima da dominação cada vez mais fraca dos dogmas, a
18 demonstração da cura cristã pela Mente está A revelação
firme como Ciência revelada e prática. Ela é da Ciência
imperiosa através de todas as épocas, como a revelação que
21 Cristo fez da Verdade, da Vida e do Amor, revelação que per-
manece inviolada para que todos os homens a compreendam
e a ponham em prática.
24 Durante séculos — ou melhor, desde sempre — as ciên-
cias naturais não foram consideradas como parte de nenhuma
religião, nem sequer do Cristianismo. Mesmo A ciência,
27 hoje, há multidões que pensam que aquilo a que considerada alheia
a toda religião
chamam ciência não tem nenhuma conexão
apropriada com a fé e a devoção. Os ensinamentos de Cristo
30 não estão envoltos em mistério, nem são teóricos e fragmen-
tários, mas práticos e completos; e por serem práticos e com-
pletos, não estão privados de sua vitalidade essencial.
33 O modo de se chegar a conhecer a imortalidade e a vida
não é eclesiástico, mas cristão, não é humano, mas divino,
Ciência e Saúde A Ciência Cristã frente ao espiritualismo 99
1 não é físico, mas metafísico, não é material, mas cientifica-
mente espiritual. A filosofia humana, a ética e a superstição
3 não oferecem um Princípio divino demonstrá- A chave
vel, pelo qual os mortais possam se libertar do do reino
pecado; contudo, libertar-se do pecado é o que a Bíblia exige.
6 “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor”, diz o
Apóstolo, e imediatamente acrescenta: “Porque Deus é quem
efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a
9 Sua boa vontade” (Filipenses 2:12, 13). A Verdade proporcio-
nou a chave do reino, e com essa chave a Ciência Cristã abriu
a porta da compreensão humana. Ninguém pode forçar a
12 fechadura nem entrar por outra porta. Os ensinamentos
comuns são materiais, e não espirituais. A Ciência Cristã
ensina somente o que é espiritual e divino, e não o que é
15 humano. A Ciência Cristã é infalível e Divina; o senso humano
das coisas erra, porque é humano.
As pessoas que adotam a teosofia, o espiritualismo, ou o
18 hipnotismo talvez possuam um caráter mais elevado do que
o de algumas outras que lhes rejeitam as crenças errôneas.
Por isso não questiono o indivíduo, mas o sistema errôneo.
21 Amo a humanidade e continuarei a trabalhar e a perseverar.
As correntezas calmas e fortes da verdadeira espirituali-
dade, cujas manifestações são a saúde, a pureza e a imolação
24 do ego, têm de aprofundar a experiência humana, até que
se veja que as crenças da existência material não passam de
insolente imposição, e até que o pecado, a doença e a morte
27 cedam lugar, para sempre, à demonstração científica do
Espírito divino e ao homem de Deus, homem este espiritual
e perfeito.
Capítulo 5
Desmascarado o
magnetismo animal
Porque do coração procedem maus desígnios,
homicídios, adultérios, prostituição,
furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.
São estas as coisas que contaminam o homem. — Jesus.
3
O mesmerismo ou magnetismo animal foi pela primeira
vez dado a conhecer por Mesmer, na Alemanha, em
1775. De acordo com a Enciclopédia Americana, ele conside-
rava essa suposta força, que, na opinião dele, Primeiras
podia ser exercida por um organismo vivo sobre investigações
6 outro, como um meio de aliviar a doença. Suas proposições
eram as seguintes:
“Existe uma influência mútua entre os corpos celestes,
9 a terra e as coisas animadas. Os corpos animados são
susceptíveis à influência desse agente, influência essa que se
dissemina por meio da substância dos nervos”.
12 Em 1784, o governo francês deu ordens aos professores
de medicina de Paris que investigassem a teoria de Mesmer
e apresentassem um relatório. De acordo com essa ordem,
15 foi nomeada uma comissão, e Benjamin Franklin foi um dos
membros. Essa comissão submeteu ao governo o seguinte
parecer:
18 “No tocante à existência e à utilidade do magnetismo
animal, chegamos à conclusão unânime de que não há prova
da existência do fluido magnético animal; que os efeitos vio-
21 lentos, que se observam na exibição pública do magnetismo,
100
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 101
1 são devidos a manipulações, ou à excitação da imaginação e
às impressões produzidas sobre os sentidos; e que há mais um
3 fato a registrar na história dos erros da mente humana, e
um importante experimento sobre o poder da imaginação”.
Em 1837, foi nomeada uma comissão de nove pessoas,
6 entre as quais estavam Roux, Bouillaud e Cloquet que,
durante várias sessões, examinaram os fenô- Clarividência,
menos exibidos por um conceituado clarivi- magnetismo
9 dente. O parecer deles apresentou os seguintes resultados:
“Os fatos que haviam sido prometidos pelo Sr. Berna [o
magnetizador], como conclusivos e adequados para projetar
12 luz sobre questões fisiológicas e terapêuticas, certamente
não são conclusivos a favor da doutrina do magnetismo
animal, e nada têm em comum com a fisiologia nem com a
15 terapêutica”.
Esse parecer foi adotado pela Academia Real de Medicina
de Paris.
18 As observações pessoais da autora quanto à ação do magne-
tismo animal a convencem de que esse não é um agente de
cura, e que seus efeitos sobre aqueles que o pra- Conclusões
ticam, assim como sobre os que se sujeitam a pessoais
21
essa prática sem lhe oferecer resistência, levam à morte moral
e física.
24 Se o magnetismo animal parece aliviar ou curar a
doença, essa aparência é enganosa, visto que o erro não pode
eliminar os efeitos do erro. O mal-estar devido ao erro é
27 preferível ao bem-estar. Em nenhum caso pode o efeito do
magnetismo animal, recentemente chamado hipnotismo,
ser outra coisa senão o efeito da ilusão. Qualquer benefício
30 aparente que derive dele é proporcional à fé que se tenha na
magia esotérica.
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 102
1 O magnetismo animal não tem fundamento científico,
porque Deus governa tudo o que é real, harmonioso e eterno,
3 e Seu poder não é nem animal nem humano. Mera
Sendo a base do magnetismo animal uma nulidade
crença, e sendo essa crença de natureza animal, na Ciência
6 o magnetismo animal, mesmerismo ou hipnotismo é mera
nulidade, que não possui nem inteligência, nem poder, nem
realidade, e significa um conceito irreal da chamada mente
9 mortal.
Há uma só atração real, a do Espírito. O apontar da agu-
lha magnética para o polo simboliza esse poder que abrange
12 tudo, ou seja, a atração de Deus, a Mente divina.
Os planetas não têm poder sobre o homem, assim como
não têm poder sobre o Criador deste, pois Deus governa o
15 universo; mas o homem, refletindo o poder de Deus, tem
domínio sobre toda a terra e suas hostes.
As formas brandas do magnetismo animal estão desapa-
18 recendo e seus aspectos agressivos estão vindo à tona. Os
teares do crime, ocultos nos recantos escuros Agentes
do pensamento mortal, estão tecendo a toda ocultos
21 hora tramas mais complicadas e sutis. Tão secretos são os
métodos atuais do magnetismo animal, que fazem cair esta
época na armadilha da indolência, e produzem, sobre o
24 assunto, exatamente aquela apatia que o criminoso deseja.
O que se segue é um extrato do jornal “Boston Herald”:
“O mesmerismo é uma questão que não se presta a fácil
27 explicação e esclarecimento. Implica o exercício de um con-
trole despótico, e é muito mais provável que quem exerce esse
controle o empregue de modo abusivo para com o indivíduo
30 ou a sociedade, e não de outro modo”.
A humanidade tem de aprender que o mal não é poder.
Seu pretenso despotismo é apenas uma fase do nada. A
33 Ciência Cristã despoja o reino do mal e promove, no mais
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 103
1 alto grau, o afeto e a virtude nas famílias e, portanto, na
comunidade. O Apóstolo Paulo se refere à personificação
3 do mal como “o deus deste século”, e além Despotismo
disso o define como desonestidade e astúcia. mental
“Sin” [palavra que em inglês significa “pecado”] era o deus
6 da lua para os assírios.
A destruição das alegações da mente mortal por meio da
Ciência, graças à qual o homem pode se libertar do pecado e
9 da mortalidade, abençoa toda a família humana. Libertação
Mas, como no começo, essa libertação não se dos poderes
mentais
manifesta cientificamente em um conheci-
12 mento tanto do bem como do mal, pois este último é irreal.
Por outro lado, a Ciência da Mente é de todo separada de
qualquer conhecimento incompleto e inoportuno, porque a
15 Ciência da Mente é de Deus e demonstra o Princípio divino,
realizando os propósitos apenas do bem. O máximo do bem
é Deus infinito e Sua ideia, o Tudo-em-tudo. O mal é uma
18 mentira que se apoia em uma suposição.
Como é usada na Ciência Cristã, a expressão magnetismo
animal ou hipnotismo é o termo específico para o erro, ou
21 seja, a mente mortal. É a crença errônea de que A classificação
a mente esteja na matéria e que seja tanto má do erro
quanto boa; que o mal seja tão real como o bem, e mais
24 poderoso. Essa crença não tem uma única qualidade da
Verdade. Ou é ignorante ou é intencionalmente maldosa.
A forma intencionalmente maldosa do hipnotismo acaba
27 em idiotia moral. As verdades da Mente imortal sustentam
o homem e aniquilam as fábulas da mente mortal, cujas pre-
tensões vãs e espalhafatosas, como tolas mariposas, chamus-
30 cam suas próprias asas e se reduzem a pó.
Em realidade não há mente mortal e, por conseguinte,
não há nenhuma transmissão do pensamento A transmissão
mortal, nem da força de vontade. A vida e o de pensamentos
33
existir são de Deus. Na Ciência Cristã o homem não pode
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 104
1 fazer mal algum, porque os pensamentos científicos são pen-
samentos verdadeiros, que passam de Deus ao homem.
3 Quando a Ciência Cristã e o magnetismo animal
forem ambos compreendidos, como o serão em data não
distante, ficará evidente por que a autora deste livro foi tão
6 injustamente perseguida e caluniada por lobos disfarçados de
ovelhas.
Agassiz, o célebre naturalista e escritor, disse com
9 acerto: “Toda grande verdade científica passa por três fases.
Primeiro, as pessoas dizem que ela está em conflito com
a Bíblia. Depois, que fora descoberta anteriormente. Por
12 último, dizem que sempre acreditaram nela”.
A Ciência Cristã vai ao fundo da ação mental e revela
a teodiceia segundo a qual toda a ação divina é correta,
15 por ser a emanação da Mente divina, e por A perfeição
conseguinte revela que é errada a chamada do governo
divino
ação contrária — o mal, o ocultismo, a necro-
18 mancia, o mesmerismo, o magnetismo animal, o hipnotismo.
O remédio na Ciência é a Mente divina; e a desonesti-
dade, a sensualidade, a falsidade, a vingança, a maldade são
21 propensões animais e não são, de maneira A adulteração
alguma, as qualidades mentais que curam os da Verdade
doentes. O hipnotizador emprega um erro para destruir
24 outro. Se ele cura a enfermidade por meio de uma crença,
uma vez que inicialmente foi uma crença que causou a enfer-
midade, trata-se de um caso em que o erro maior vence o
27 menor. Esse erro maior passa a ocupar o pensamento, dei-
xando o caso pior do que antes que o erro mais forte tivesse
se apoderado dele.
30 Nossos tribunais tomam em consideração as evidências,
para com elas provar tanto o motivo como a Motivos tomados
execução de um crime. Não está claro que é em consideração
33 a mente humana que tem de levar o corpo a cometer uma
ação má? Acaso não é a mente mortal a assassina?
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 105
1 As mãos, sem a mente mortal para dirigi-las, não poderiam
cometer um assassinato.
3 Os tribunais e os jurados julgam e sentenciam os mortais
para refrear o crime, evitar atos de violência ou puni-los.
Dizer que esses tribunais não têm jurisdição Crimes
6 sobre a mente carnal ou mortal, seria contradi- mentais
zer precedentes e admitir que o poder da lei humana está res-
trito à matéria, enquanto que o mal, a mente mortal, que é a
9 verdadeira delinquente, desafia a justiça e é recomendada à cle-
mência. Pode a matéria cometer um crime? Pode a matéria
ser punida? Podes tomar a mentalidade e separá-la do corpo
12 sobre o qual os tribunais exercem jurisdição? A mente mortal,
não a matéria, é a criminosa em todos os casos; e a lei humana
julga o crime com acerto, e os tribunais racionalmente pro-
15 nunciam a sentença, de acordo com o motivo do crime.
Quando nossas leis chegarem a tomar em consideração o
crime mental, e não mais aplicarem decisões legais exclusiva-
18 mente a delitos físicos, estas palavras do juiz Decisão
Parmenter, de Boston, se tornarão históricas: importante
“Não vejo razão para que a metafísica não seja tão impor-
21 tante na medicina como na mecânica ou na matemática”.
Todo aquele que, tal qual um criminoso foragido, usa
seus poderes mentais desenvolvidos para cometer novas
24 atrocidades, quando a oportunidade aparece, O mal
nunca está em segurança. Deus o deterá. à solta
A justiça divina o algemará. Seus pecados lhe serão como
27 pedras de moinho penduradas ao pescoço, que o arrastarão
às profundezas da desonra e da morte. A agravação do erro
prediz sua própria destruição e confirma o velho axioma: “A
30 quem os deuses querem destruir, primeiro o enlouquecem”.
A distância que existe entre a prática médica O mau uso do
comum e a Ciência Cristã é de muitas léguas no poder mental
33 rumo da luz; mas no curar, passar do emprego de drogas
Ciência e Saúde Desmascarado o magnetismo animal 106
1 inanimadas ao abuso criminoso da força de vontade humana,
equivale a cair do nível da humanidade comum ao próprio
3 lodo da iniquidade, é trabalhar contra o livre curso da hones-
tidade e da justiça, e resistir em vão contra a correnteza que
se dirige para o céu.
6 Assim como nosso país, a Ciência Cristã tem sua Declaração
de Independência. Deus dotou o homem com direitos inaliená-
veis, entre os quais estão o governo de si mesmo, O verdadeiro
9 a razão e a consciência. O homem só é correta- governo
de si mesmo
mente governado por si mesmo, quando bem
guiado e governado por seu Criador, a Verdade divina e o
12 Amor divino.
Os direitos do homem são violados quando se interfere
na ordem divina, e o transgressor mental incorre no castigo
15 divino que esse crime merece.
Que esta época, que está julgando a Ciência Cristã, possa
sancionar tão somente aqueles métodos que sejam demonstrá-
18 veis na Verdade e conhecidos por seus frutos, Métodos
classificando todos os outros como o fez S. Paulo certos
em sua grande epístola aos Gálatas, quando escreveu o seguinte:
21 “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: Adultério,*
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias,
inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões,
24 heresias,* invejas, homicídios,* bebedices, glutonarias, e coi-
sas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro,
como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de
27 Deus os que tais coisas praticam. Mas o fruto do Espírito é:
amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas
30 não há lei”.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Capítulo 6
A ciência, a teologia
e a medicina
Faço-vos, porém, saber, irmãos,
que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem,
porque eu não o recebi, nem o aprendi de homem algum,
mas mediante revelação de Jesus Cristo. — Paulo.
O reino dos céus é semelhante ao fermento
que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha,
até ficar tudo levedado. — Jesus.
3
N o ano de 1866, descobri a Ciência do Cristo, ou seja,
as leis divinas da Vida, da Verdade e do A descoberta
Amor, e dei à minha descoberta o nome Ciência da Ciência
Cristã
Cristã. Deus vinha ternamente me preparando
durante muitos anos para receber essa revelação final
6 do Princípio divino absoluto da cura mental científica.
Esse Princípio incontestável indica a revelação de
Emanuel, “Deus conosco” — a constante presença soberana
9 que livra os filhos dos homens de todos os males A missão
“de que a carne é herdeira”. Por meio da Ciência da Ciência
Cristã
Cristã, a religião e a medicina ficam imbuídas de
12 uma natureza e essência mais divinas; novas asas são dadas
à fé e à compreensão, e os pensamentos se familiarizam inteli-
gentemente com Deus.
15 Por termos tão constantemente a sensação errônea de que
a vida esteja no corpo, mesmo lembrando que Inquietação
em realidade Deus é nossa Vida, possivelmente pela vida
18 tremamos ante a perspectiva daqueles dias em que teremos
de dizer: “Não tenho neles prazer”.
107
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 108
1 De onde me veio essa convicção celestial — convicção
antagônica ao testemunho dos sentidos físicos? Como diria
3 S. Paulo, foi “o dom da graça de Deus a mim concedida
segundo a força operante do Seu poder”. Foi a lei divina da
Vida e do Amor, que desdobrou para mim o fato demonstrá-
6 vel de que a matéria não possui nem sensação nem vida; de
que as experiências humanas mostram a natureza ilusória
de todas as coisas materiais; e de que as aspirações imortais,
9 “o preço para se conhecer o amor”, introduzem o truísmo de
acordo com o qual o único sofredor é a mente mortal, pois
a Mente divina não pode sofrer.
12 Cheguei às minhas conclusões por deixar que as evidências
dessa revelação se multiplicassem com certeza matemática,
e que a demonstração menor fosse uma prova Evidências
da maior, assim como o produto de três multi- demonstráveis
15
plicado por três, sendo igual a nove, confirma conclusivamente
que três vezes três duodecilhões tem de ser nove duodecilhões
18 — nem uma fração a mais, nem uma unidade a menos.
Quando eu estava aparentemente nos confins da existên-
cia mortal e já me achava na sombra do vale da morte, com-
21 preendi estas verdades na Ciência divina: que Luz que
todo o verdadeiro existir está em Deus, a Mente resplandece
nas trevas
divina, e que a Vida, a Verdade e o Amor são
24 todo-poderosos e sempre presentes; que o oposto da Verdade
— denominado erro, pecado, doença, enfermidade, morte —
é o testemunho errôneo do errôneo senso material de que haja
27 mente na matéria; que esse senso errôneo gera, como crença,
um estado subjetivo da mente mortal, o qual essa mesma
mente, assim chamada, denomina matéria, excluindo assim
30 o verdadeiro senso do Espírito.
Minha descoberta de que a falível, mortal Novas linhas
e por erro denominada mente produz toda a de pensamento
33 estrutura orgânica e toda ação do corpo mortal, pôs meus
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 109
1 pensamentos a trabalhar em novos caminhos, e guiou-me
à demonstração de que o fator principal na Ciência da Mente
3 é a proposição de que a Mente é Tudo, e a matéria nada é.
A Ciência Cristã revela de modo incontestável que a
Mente é Tudo-em-tudo e que as únicas realidades são
6 a Mente divina e a ideia divina. Mas esse gran- Evidência
dioso fato não é apoiado visivelmente por evidên- científica
cias perceptíveis, até que seu Princípio divino seja demonstrado
9 mediante a cura dos doentes, e assim provado absoluto e
divino. Uma vez vista essa prova, não se pode chegar a
nenhuma outra conclusão.
12 Durante três anos após minha descoberta, procurei
a solução dessa questão da cura pela Mente, examinei as
Escrituras e quase não li outra coisa, conservei-me Pesquisa
15 afastada da sociedade, e dediquei meu tempo e solitária
minhas energias a descobrir uma regra confiável. A pesquisa
foi doce, calma e animada pela esperança, não apegada ao
18 ego, nem deprimente. Eu sabia que o Princípio de toda a
ação harmoniosa da Mente é Deus e que, nos primeiros tem-
pos do Cristianismo, as curas se efetuavam por uma fé que
21 santificava e elevava; mas eu precisava conhecer a Ciência
dessa maneira de curar e cheguei a conclusões absolutas
graças à revelação divina, ao raciocínio e à demonstração.
24 A revelação da Verdade me veio à compreensão aos poucos,
e evidentemente pelo poder divino. Quando uma nova ideia
espiritual nasce para o mundo, cumpre-se novamente a pro-
27 fecia bíblica de Isaías: “Um menino nos nasceu ... e o seu nome
será: Maravilhoso”.
Jesus disse certa vez a respeito de seus ensinamentos:
30 “O meu ensino não é meu, e, sim dAquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dEle, conhecerá a respeito
da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo”
33 (João 7:16, 17).
As três grandes propriedades do Espírito: a onipotência,
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 110
1 a onipresença e a onisciência — o Espírito a possuir todo o
poder, a encher todo o espaço, a constituir toda a Ciência —
3 contradizem para sempre a crença de que a Aprendizado
matéria possa ser real. Essas propriedades eter- da totalidade
de Deus
nas revelam a existência primeva como a reali-
6 dade radiante da criação de Deus, na qual Sua sabedoria
declara que tudo o que Ele fez é bom.
Foi assim que percebi, como nunca havia percebido antes,
9 a terrível irrealidade chamada o mal. A equipolência de Deus
trouxe à luz outra gloriosa proposição — a perfectibilidade
do homem e o estabelecimento do reino dos céus na terra.
12 Ao obedecer a essas diretrizes da revelação científica, a
Bíblia foi meu único livro-texto. As Escrituras foram ilumi-
nadas; a razão e a revelação foram reconcilia- Fundamentos
das, e a seguir a verdade da Ciência Cristã foi bíblicos
15
demonstrada. Nenhuma obra literária nem oratória humana
me ensinaram a Ciência contida neste livro, Ciência e Saúde;
18 portanto, nem oratória nem obra literária podem derrotá-la.
Este livro pode vir a ser deturpado pela crítica superficial ou
por estudantes descuidados ou mal intencionados, e as ideias
21 nele apresentadas podem vir a ser temporariamente mal
empregadas e desvirtuadas; mas a Ciência e a verdade nele
contidas permanecerão para sempre, para que sejam discer-
24 nidas e demonstradas.
Jesus demonstrou o poder da Ciência Cristã para curar
a mente e o corpo mortal. Todavia, perdeu-se de vista esse
27 poder, e ele tem de ser de novo espiritualmente A demonstração
discernido, ensinado e demonstrado de acordo perdida e
encontrada
com o mandamento de Cristo, “por meio de
30 sinais” que se seguem. Sua Ciência tem de ser captada por
todos os que creem em Cristo e compreendem espiritual-
mente a Verdade.
33 Não existe nenhuma analogia entre as vagas hipóteses do
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 111
1 agnosticismo, do panteísmo, da teosofia, do espiritualismo ou
do milenarismo, e as verdades demonstráveis da Ciência
3 Cristã; e eu constato que a vontade, ou seja, o Antagonistas
raciocínio da mente humana, baseado no teste- místicos
munho dos sentidos materiais, opõe-se à Mente divina, tal
6 como esta se expressa por meio da Ciência divina.
A Ciência Cristã é natural, mas não física. A Ciência
de Deus e do homem não é sobrenatural, assim como não
9 é sobrenatural a ciência da matemática, mas Analogia
tendo em vista que a Ciência de Deus, do entre a Ciência
e a óptica
Espírito, se aparta do reino físico, como tem de
12 se apartar, talvez alguns lhe neguem o direito ao nome de
Ciência. O Princípio da metafísica divina é Deus; a prática da
metafísica divina é a utilização do poder da Verdade sobre o
15 erro; suas regras demonstram sua Ciência. A metafísica
divina inverte as hipóteses deturpadas e físicas quanto à
Deidade, do mesmo modo que a explicação da óptica rejeita a
18 imagem que incide e se inverte, e mostra o que essa imagem
invertida de fato representa.
Um prêmio de cem libras oferecido pela Universidade de
21 Oxford, na Inglaterra, pelo melhor ensaio sobre Ciência
Natural — ensaio destinado a contrabalançar a Proposta
tendência da época, de atribuir os efeitos físicos pertinente
24 a causas físicas em vez de a uma causa espiritual definitiva —
é um dos muitos exemplos que mostram que a Ciência Cristã
satisfaz o anseio do gênero humano por espiritualidade.
27 Depois de um longo exame de minha descoberta e de sua
demonstração na cura dos doentes, este fato ficou evidente para
mim — que a Mente governa o corpo, não par- Sistema
cial, mas inteiramente. Submeti meu sistema comprovado
30
metafísico de tratar a doença às mais amplas provas práticas.
Desde essa época, esse sistema gradativamente ganhou terreno
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 112
1 e, sempre que cientificamente empregado, provou ser o agente
de cura mais eficaz na prática médica.
3 Existe mais de uma escola de Ciência Cristã? A Ciência
Cristã é demonstrável. Só pode haver, portanto, um método
no seu ensino. Aqueles que se afastam desse Uma só escola
método perdem o direito de pertencer a essa da Verdade
6
escola, e tornam-se adeptos da escola socrática, platônica,
spenceriana ou de alguma outra. Isso quer dizer que adotam
9 algum sistema determinado de opiniões humanas e a ele ade-
rem. Embora nessas opiniões possa haver, de vez em quando,
lampejos da natureza divina, tomados por empréstimo
12 daquela verdadeira Ciência divina que se abstém dos sistemas
feitos pelo homem, mesmo assim, essas opiniões permanecem
inteiramente humanas em sua origem e tendência, e não são
15 cientificamente cristãs.
Do infinito Um na Ciência Cristã provém um só Princípio
e sua ideia infinita, e com essa infinitude vêm regras e leis
18 espirituais e sua demonstração, as quais, como Princípio
Aquele que tudo concede, são as mesmas “ontem imutável
e hoje... e... para sempre”; pois assim foram caracterizados
21 o Princípio divino da cura e a ideia-Cristo na epístola aos
Hebreus.
Qualquer teoria da Ciência Cristã que se afaste daquilo
24 que já foi exposto e provado verdadeiro, não oferece funda-
mentos sobre os quais se possa estabelecer uma Fundamentos
escola genuína dessa Ciência. Além disso, se sobre a areia
27 qualquer chamada nova escola alegar ser da Ciência Cristã,
e não obstante usar as descobertas de outro autor sem citá-lo
como fonte, tal escola será errônea, pois inculca a transgres-
30 são do mandamento divino do Decálogo hebreu: “Não
furtarás”.
Deus é o Princípio da metafísica divina. Visto que há um
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 113
1 só Deus, só pode haver um Princípio divino de toda a
Ciência; e tem de haver regras fixas para a demonstração
3 desse Princípio divino. Hoje, a letra da Ciência Princípio
alcança abundantemente a humanidade, mas e prática
seu espírito só vem pouco a pouco. A parte vital, o coração e
6 a alma da Ciência Cristã, é o Amor. Sem o Amor, a letra nada
mais é do que o corpo morto da Ciência — sem pulso, frio,
inanimado.
9 As proposições fundamentais da metafísica divina se
resumem nas quatro proposições seguintes, que para mim são
evidentes por si mesmas. Ainda quando inver- Proposições
tidas, veremos que essas proposições concor- reversíveis
12
dam no enunciado e na prova, mostrando matematicamente
sua relação exata com a Verdade. De Quincey diz que a mate-
15 mática não tem uma única base que não seja puramente
metafísica.
1. Deus é Tudo-em-tudo.
18 2. Deus é o bem. O bem é a Mente.
3. Deus, o Espírito, sendo tudo, nada é matéria.
4. A Vida, Deus, o bem onipotente, negam a morte, o
21 mal, o pecado, a doença. — A doença, o pecado, o mal, a
morte, negam o bem, o onipotente Deus, a Vida.
Qual das negações na proposição quatro é verdadeira?
24 Das duas, só uma pode ser verdadeira. Segundo as
Escrituras, constato que Deus é verdadeiro, “e mentiroso,
todo homem [mortal]”.
27 A metafísica divina da Ciência Cristã, tal como o método
da matemática, prova a regra por inversão. Por exemplo:
não há dor na Verdade, e não há verdade na Inversões
30 dor; não há nervo na Mente, e não há mente no metafísicas
nervo; não há matéria na Mente, e não há mente na maté-
ria; não há matéria na Vida, e não há vida na matéria; não
33 existe matéria no bem, e não existe o bem na matéria.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 114
1 O costume classifica ambos, o mal e o bem juntos, como
se fossem mente; por isso, para ser compreendida, a autora
3 utiliza o termo mente mortal para denominar o Definição da
gênero humano doente e pecador — querendo mente mortal
dizer com esse termo a carne oposta ao Espírito, a mente
6 humana e o mal em contraste com a Mente divina, ou seja,
com a Verdade e o bem. A definição espiritualmente não
científica da mente está baseada no testemunho dos sentidos
9 físicos, que cria muitas mentes e diz que a mente é tanto
humana como divina.
Na Ciência a Mente é una e inclui númeno e fenômenos,
12 Deus e Seus pensamentos.
A locução mente mortal é um solecismo e implica o uso
impróprio da palavra mente. Visto que a Mente é imortal,
15 a locução mente mortal implica algo inverídico Terminologia
e, portanto, irreal; e tal como é empregada no imperfeita
ensino da Ciência Cristã, essa locução dá nome àquilo que
18 não tem existência real. Aliás, se fosse possível sugerir uma
palavra ou expressão melhor, ela seria usada; mas ao dar
expressão à nova língua, temos de recorrer às vezes à antiga
21 e imperfeita, e verter o vinho novo do Espírito nos odres
velhos da letra.
A Ciência Cristã explica que toda causa e todo efeito são
24 mentais, não físicos. Ela levanta o véu do mistério que
envolve a Alma e o corpo. Mostra a relação A causalidade
científica do homem com Deus, desembaraça é mental
27 as ambiguidades entrelaçadas do existir e liberta o pensa-
mento aprisionado. Na Ciência divina, o universo, que inclui
o homem, é espiritual, harmonioso e eterno. A Ciência mos-
30 tra que o que se chama matéria é apenas o estado subjetivo
daquilo que a autora denomina mente mortal.
Além da oposição habitual a tudo o que é novo, o grande
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 115
1 obstáculo para que seja bem recebida aquela espiritualidade
por meio da qual vem a compreensão da Ciência da Mente,
3 é o fato de que os termos materiais não são Dificuldade
adequados para as proposições metafísicas, filológica
e por conseguinte é difícil articular ideias metafísicas de
6 maneira a torná-las compreensíveis a qualquer leitor que não
tenha pessoalmente demonstrado a Ciência Cristã, como ela
veio à luz na minha descoberta. Jó diz: “O ouvido prova as
9 palavras, como o paladar, a comida”. A grande dificuldade
é dar a impressão certa, ao transferir termos materiais de
volta à língua espiritual original.
12 Translação científica da Mente imortal
Deus: O divino Princípio, Vida, Verdade, Os sinônimos
divinos
Amor, Alma, Espírito, Mente.
15 Homem: A ideia espiritual de Deus, individual, A imagem
divina
perfeita, eterna.
Ideia: Uma imagem na Mente; o objeto imediato A reflexão
18 da compreensão. — Webster. divina
Translação científica da mente mortal
Primeiro Grau: Depravação.
21 Físico. Crenças más, emoções descontroladas e vícios, medo,
vontade depravada, justificação do ego, orgulho,
A irrealidade
inveja, fraude, ódio, vingança, pecado, doença,
24 enfermidade, morte.
Segundo Grau: Crenças más desaparecendo.
Moral. Senso humanitário, honestidade, afeto, Qualidades de
transição
27 compaixão, esperança, fé, mansidão, temperança.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 116
1 Terceiro Grau: Compreensão.
Espiritual. Sabedoria, pureza, compreensão espiritual,
3 poder espiritual, amor, saúde, santidade. A realidade
No terceiro grau a mente mortal desaparece, e o homem,
como imagem de Deus, aparece. A Ciência inverte de tal
6 maneira a evidência que está diante dos senti- O universo
dos humanos corpóreos, que em nosso coração espiritual
se torna verdadeira esta declaração das Escrituras: “Os últi-
9 mos serão primeiros, e os primeiros serão últimos”, a fim de
que Deus e Sua ideia sejam para nós o que a natureza divina
realmente é e inevitavelmente tem de ser — aquilo que tudo
12 inclui.
Uma visão correta da Ciência Cristã e de sua adaptação
à cura abrange muito mais do que se percebe à primeira
15 vista. Os escritos sobre metafísica não tocam O alvo
no ponto mais importante. Jamais coroam o da Ciência
poder da Mente como sendo o Messias, nem são vitoriosos
18 contra os inimigos físicos — de modo a extinguir toda a
crença na matéria, no mal, na doença e na morte — nem
insistem no fato de que Deus é tudo, e que, portanto, a maté-
21 ria não passa de uma imagem na mente mortal.
A Ciência Cristã dá grande ênfase ao pensamento de que
Deus não é corpóreo, mas incorpóreo — isto é, A pessoalidade
24 sem corpo. Os mortais são corpóreos, mas divina
Deus é incorpóreo.
Quando aplicadas à Deidade, as palavras pessoa e
27 pessoal, como são empregadas em geral e por ignorância,
levam muitas vezes a concepções confusas e errôneas sobre
a natureza divina e a distinção que existe entre esta e a
30 natureza humana. Se o termo pessoalidade, quando aplicado
a Deus, significa pessoalidade infinita, então Deus é Pessoa
infinita — no sentido de pessoalidade infinita, mas não no
33 sentido inferior. A Mente infinita em uma forma finita é uma
absoluta impossibilidade.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 117
1 O termo individualidade também está sujeito a objeções,
porque um indivíduo pode ser um de uma série, um entre
3 muitos, como um homem individual, um cavalo individual;
ao passo que Deus é Uno — não um de uma série, mas um só
e não há outro igual.
6 Deus é o Espírito; portanto, a linguagem do Espírito tem
de ser, e é, espiritual. A Ciência Cristã não associa nenhuma
natureza física nem significância física ao Ser A linguagem
Supremo ou à Sua manifestação; só os mortais espiritual
9
fazem isso. A linguagem pura de Deus é mencionada no
último capítulo do Evangelho de Marcos como sendo a nova
12 língua, cujo significado espiritual se adquire “por meio de
sinais” que se seguem.
Nem ouvidos ouviram, nem lábios falaram, a linguagem
15 pura do Espírito. Nosso Mestre ensinou a espiritualidade por
meio de analogias e parábolas. Como estudante Os milagres
do que é divino, ele desdobrou a natureza de de Jesus
18 Deus para o homem, dando o exemplo e demonstrando a
Vida e a Verdade em si próprio, e por meio de seu poder sobre
os doentes e pecadores. As teorias humanas não são adequa-
21 das para interpretar o Princípio divino presente nos milagres
(maravilhas) operados por Jesus e especialmente no que se
refere à sua poderosa, incomparável e triunfante saída da
24 existência carnal, que coroou sua obra.
A evidência obtida dos cinco sentidos físicos se relaciona
unicamente com a razão humana; e por ser A opacidade
dos sentidos
27 opaca à verdadeira luz, a razão humana reflete
sem clareza e transmite fracamente as obras e as palavras de
Jesus. A Verdade é revelação.
30 Jesus advertiu seus discípulos que se acautelassem do fer-
mento dos fariseus e dos saduceus, fermento O fermento
que ele definiu como doutrinas humanas. Sua da Verdade
33 parábola do “fermento que uma mulher tomou e escondeu
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 118
1 em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado”, leva à
dedução de que o fermento espiritual representa a Ciência do
3 Cristo e sua interpretação espiritual — dedução muito mais
elevada do que a utilização meramente eclesiástica e conven-
cional dessa analogia.
6 Não será a moral dessa parábola uma profecia que prediz
a segunda manifestação do Cristo, a Verdade, na carne,
manifestação essa encoberta em santo sigilo ao mundo
9 visível?
Os séculos passam, mas esse fermento da Verdade está
sempre em atividade. Tem de destruir a inteira massa do
12 erro, e ser assim eternamente glorificado na liberdade espiri-
tual do homem.
Na acepção espiritual, a Ciência, a Teologia e a Medicina
15 são instrumentos do pensamento divino, os quais incluem
leis espirituais que emanam da graça e do poder Contraste entre
invisíveis e infinitos. A parábola pode significar o divino
e o humano
18 que essas leis espirituais, deturpadas por um
perverso senso material de lei, são metafisicamente represen-
tadas por três medidas de farinha — isto é, três modalidades
21 do pensamento mortal. Em todas as formas mortais de pen-
samento, o pó é dignificado como sendo o status natural dos
homens e das coisas, e as modalidades da ação material são hon-
24 radas com o nome de leis. Isso continua até que a levedura do
Espírito modifique a totalidade do pensamento mortal, assim
como o fermento modifica as propriedades químicas da farinha.
27 As definições da lei material, dadas pelas ciências naturais,
representam um reino necessariamente dividido contra si
mesmo, porque essas definições apresentam a lei Algumas
como sendo física, não espiritual. Por isso, con- contradições
30
tradizem os decretos divinos e violam a lei do Amor, na qual a
natureza e Deus são um, e a ordem natural do céu desce à terra.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 119
1 Quando dotamos a matéria de vago poder espiritual — isto
é, quando fazemos isso em nossas teorias, pois é claro que não
3 podemos realmente dotar a matéria daquilo que Dilema do qual não
ela não possui nem pode possuir — renegamos há escapatória
o Todo-Poderoso, porque tais teorias conduzem a uma de duas
6 coisas. Pressupõem a autoevolução e a autonomia da matéria,
ou então supõem que a matéria seja o produto do Espírito.
Decidir-se pela primeira alternativa desse dilema, e conside-
9 rar a matéria como um poder em si mesmo e de si mesmo,
é deixar o Criador fora de Seu próprio universo; ao passo
que decidir-se pela segunda alternativa do dilema e conside-
12 rar a Deus como criador da matéria é, não só torná-Lo res-
ponsável por todos os desastres físicos e morais, mas também
declarar que Ele seja a fonte desses desastres, culpando-O
15 assim de manter perpétuo desgoverno na forma e sob o nome
de lei natural.
Em um determinado sentido, Deus e a natureza são idên-
18 ticos, mas essa natureza é espiritual e não se expressa na
matéria. Um legislador, cujo raio paralise ou Deus e
leve à morte uma criança que esteja em oração, a natureza
21 não é o ideal divino do Amor onipresente. Deus é o bem
natural, e só é representado pela ideia do bem; ao passo que
o mal deve ser considerado desnatural, porque é contrário
24 à natureza do Espírito, Deus.
Ao observar o nascer do sol, constatamos que é uma con-
tradição ao testemunho dos sentidos acreditar que a terra está
27 em movimento e que o sol está parado. Assim O sol e
como a astronomia inverte a percepção humana a Alma
do movimento do sistema solar, assim também a Ciência
30 Cristã inverte a aparente relação entre a Alma e o corpo e
subordina o corpo à Mente. Da mesma forma o homem é
apenas o humilde servo da Mente que descansa e propicia
33 descanso, embora isso pareça diferente ao senso finito.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 120
1 Contudo, nunca compreenderemos isso, enquanto admitir-
mos que a alma esteja no corpo ou que a mente esteja na
3 matéria, e que o homem esteja incluído na não-inteligência.
A Alma imutável e eterna é o Espírito, é Deus; e o homem
coexiste com a Alma, Deus, e a reflete, pois o homem é a
6 imagem de Deus.
A Ciência inverte o falso testemunho dos sentidos físicos,
e por essa inversão os mortais chegam aos fatos fundamen-
9 tais a respeito do existir. Surge então inevita- A inversão do
velmente a pergunta: Estará doente um homem, testemunho
se os sentidos materiais indicarem que ele está em plena
12 saúde? Não, pois a matéria não pode impor condições ao
homem! E estará ele bem, se os sentidos disserem que está
doente? Sim, ele está bem na Ciência, na qual a saúde é nor-
15 mal, e a doença é anormal.
A saúde não é um estado da matéria, mas da Mente; e os
sentidos materiais não podem dar testemunho confiável no
18 tocante à saúde. A Ciência da cura pela Mente A saúde e
mostra que é impossível a qualquer outra coisa, os sentidos
a não ser à Mente, dar testemunho verídico ou apresentar
21 o status real do homem. Por isso, o Princípio divino da
Ciência, ao inverter o testemunho dos sentidos físicos, revela
que o homem existe harmoniosamente na Verdade, a qual é
24 a única base da saúde; e assim a Ciência nega toda doença,
cura os doentes, derruba a falsa aparência e desmente a lógica
materialista.
27 Qualquer conclusão a favor ou contra, deduzida da
suposta sensação na matéria, ou da consciência que supos-
tamente a matéria tenha da saúde ou da doença, em vez de
30 inverter o testemunho dos sentidos físicos, confirma esse
testemunho como legítimo e assim conduz à doença.
Quando Colombo abriu novos horizontes ao Exemplos
33 mundo, a ignorância e a superstição acorrenta- históricos
ram o velho e destemido navegador, e ele teve de encarar a
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 121
1 desonra e a fome; porém ainda mais duro teria sido seu des-
tino, se sua descoberta tivesse abalado as tendências favoritas
3 de uma filosofia baseada nos sentidos.
Copérnico traçou o mapa do sistema estelar e, antes que
ele se pronunciasse, a astrografia era caótica e os espaços
6 celestes não haviam sido corretamente estudados.
Os magos caldeus liam nas estrelas o destino dos impérios
e a sorte dos homens. Embora nenhuma revelação mais ele-
9 vada do que o horóscopo se lhes apresentasse no Beleza
empíreo, a terra e o céu estavam banhados de perene
luz, e o pássaro e a flor estavam contentes ao sol perene e ben-
12 dito de Deus, sol dourado pela Verdade. Assim temos o bem e
a beleza para alegrar o coração; mas o homem, abandonado às
hipóteses do senso material, sem as explicações da Ciência, é
15 como o cometa errante ou a estrela solitária — “um viandante
cansado, sem perspectiva de encontrar o lar”.
A rotação diurna da terra é invisível aos olhos físicos, e o
18 sol parece se mover do leste para o oeste, quando é a terra que
se move do oeste para o leste. Antes de ser cor- As descobertas
rigido por conhecimentos mais claros dos fatos da astronomia
21 eternos, esse falso testemunho dos olhos confundia o raciocí-
nio e induzia a conclusões erradas. As ciências mostram que
as aparências muitas vezes são errôneas, e corrigem esses
24 erros pela simples regra de que o maior controla o menor. O
sol é a estabilidade central, no tocante ao nosso sistema solar,
e a terra gira em torno do sol uma vez por ano, além de girar
27 diariamente sobre seu próprio eixo.
Tal como foi indicado, a ordem da astronomia imita a ação
do Princípio divino; e o universo, a reflexão de Deus, é assim
30 trazido para mais perto do fato espiritual, e fica aliado à Ciência
divina tal como se manifesta no eterno governo do universo.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 122
1 A evidência dos sentidos físicos muitas vezes inverte a
verdadeira Ciência do existir e assim cria um reino de desar-
3 monia — dando aparente poder ao pecado, à Testemunho
doença e à morte; mas os grandiosos fatos da contrário
Vida, corretamente compreendidos, derrotam esse trio de
6 erros, contradizem suas falsas testemunhas e revelam o reino
dos céus — o verdadeiro reinado da harmonia na terra. O
quadro invertido da Ciência da Alma, apresentado pelos sen-
9 tidos materiais, foi desmascarado de maneira prática há mil
e novecentos anos pelas demonstrações de Jesus; apesar disso,
esses chamados sentidos ainda subordinam a mente mortal
12 ao corpo mortal, e designam certas partes da matéria, tais
como o cérebro e os nervos, como sedes da dor e do prazer,
de onde a matéria comunica a essa mente, assim chamada,
15 seu estado de felicidade ou sofrimento.
O foco óptico é outra prova da ilusão do sentido material.
Na retina, o céu e as copas das árvores parecem dar-se as
18 mãos, as nuvens e o oceano se encontram e se O testemunho
misturam. O barômetro — aquele pequeno dos sentidos
profeta de tempestades e dias ensolarados, o qual nega o teste-
21 munho dos sentidos — indica bom tempo em meio a nuvens
sombrias e chuvas torrenciais. A experiência está cheia de
exemplos de ilusões similares, dos quais todo pensador pode
24 se lembrar.
Para o senso material, seccionar a veia jugular tira a vida;
mas para o senso espiritual e na Ciência, Senso espiritual
a Vida continua inalterada e o existir é de vida
27
eterno. A vida temporal é um senso errôneo de existência.
Nossas teorias cometem, em relação à Alma e ao corpo,
30 o mesmo erro de Ptolomeu em relação ao sistema solar.
Insistem em que a alma está no corpo e que, portanto, a
mente está subordinada à matéria. A ciência da astronomia
33 destruiu a teoria errônea sobre as relações entre os corpos
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 123
1 celestes, e a Ciência Cristã certamente destruirá o erro ainda
maior a respeito do nosso corpo terreno. Então, a verdadeira
3 ideia do que o homem é e o verdadeiro Princípio O erro
desse homem aparecerão. O erro crasso de ptolomaico e
o psíquico
Ptolomeu não pôde afetar a harmonia do exis-
6 tir, como acontece com o erro em relação à alma e ao corpo,
erro que inverte a ordem da Ciência e atribui à matéria o
poder e a prerrogativa do Espírito, de modo que o homem
9 se torna a criatura absolutamente mais fraca e desarmoniosa
do universo.
O fato de que a Mente é real mostra de modo concludente
12 que a matéria parece ser real, mas não é. A Ciência divina, que
está acima das teorias físicas, exclui a matéria, Parecer
explica que as coisas são pensamentos, e subs- e ser
15 titui os objetos do senso material por ideias espirituais.
A expressão Ciência Cristã foi introduzida pela autora
para designar o sistema científico de cura divina.
18 A revelação consiste de duas partes:
1. A descoberta desta Ciência divina da cura pela Mente,
por meio do senso espiritual das Escrituras e por meio dos
21 ensinamentos do Consolador, do Confortador, como foi
prometido pelo Mestre.
2. A prova, pela demonstração atual, de que os chamados
24 milagres de Jesus não pertenciam de forma especial a uma
dispensação que já não vigora, mas que exemplificavam um
Princípio divino sempre atuante. A operação desse Princípio
27 indica o caráter eterno da ordem científica e da continuidade
do existir.
A Ciência Cristã difere da ciência material, Base
30 mas nem por isso é menos científica. Ao contrá- científica
rio, a Ciência Cristã é preeminentemente científica, por ser
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 124
1 baseada na Verdade, o Princípio de toda ciência.
A ciência física (assim chamada) é conhecimento
3 humano — uma lei da mente mortal, uma crença cega,
um Sansão despojado de sua força. Quando A ciência física é
essa crença humana não tem organizações para uma crença cega
6 apoiá-la, seus fundamentos desaparecem. Não tendo força
moral, nem base espiritual, nem Princípio sagrado que lhe
seja próprio, essa crença confunde o efeito com a causa, e
9 procura encontrar vida e inteligência na matéria, limitando
assim a Vida, e apegando-se à desarmonia e à morte. Em
poucas palavras, a crença humana é uma conclusão cega
12 tirada do raciocínio material. Esse é um senso finito e mor-
tal das coisas, que o Espírito imortal silencia para sempre.
O universo, assim como o homem, tem de ser interpre-
15 tado pela Ciência a partir de seu Princípio divino, Deus,
e então pode ser compreendido; mas, quando Interpretação
explicado com base no senso físico e represen- correta
18 tado como sujeito a crescimento, amadurecimento e deterio-
ração, o universo, assim como o homem, é, e tem de
continuar a ser, um enigma.
21 A adesão, a coesão e a atração são propriedades da
Mente. Pertencem ao Princípio divino e sustentam o equilí-
brio daquela força-pensamento que lançou a Toda a força
terra em sua órbita e disse à onda orgulhosa: é mental
24
“Até aqui virás, e não mais”.
O Espírito é a vida, a substância e a continuidade de
27 todas as coisas. Andamos sobre forças. Se elas fossem retira-
das, a criação teria de desmoronar. O conhecimento humano
as denomina forças da matéria; mas a Ciência divina declara
30 que elas pertencem por inteiro à Mente divina, são inerentes
a essa Mente, e assim as reintegra na origem e classificação
que de direito lhes pertencem.
33 Os elementos e as funções do corpo físico e do mundo
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 125
1 físico se modificarão à medida que a mente mortal mudar
suas próprias crenças. Aquela que agora é considerada a
3 melhor condição para a saúde orgânica e fun- Mudanças
cional do corpo humano poderá não mais ser corpóreas
tida como indispensável à saúde. Será constatado que as con-
6 dições morais são sempre harmoniosas e salutares. Nem a
inação nem o excesso de ação orgânica estão fora do controle
de Deus; e se verá que o homem é normal e natural para o
9 pensamento mortal modificado e, portanto, mais harmonioso
em suas manifestações do que era nos estados anteriores que
a crença humana havia criado e sancionado.
12 À medida que o pensamento humano muda de um
estágio para outro, de dor consciente e consciente ausência de
dor, de tristeza e alegria — e passa do medo para a esperança,
15 e da fé para a compreensão — então a manifestação visível
será por fim o homem governado pela Alma, não pelo senso
material. Ao refletir o governo de Deus, o homem se governa
18 a si mesmo. Quando subordinado ao Espírito divino, o
homem não pode ser controlado pelo pecado nem pela morte,
provando assim que nossas teorias materiais sobre as leis da
21 saúde não têm valor.
As estações do ano se sucederão com mudanças de época
e marés, de frio e calor, latitude e longitude. O agricultor verá
24 que essas mudanças não podem afetar suas O tempo
colheitas. “Como roupa [Tu, ó Deus] os muda- e as marés
rás, e serão mudados.” O marinheiro terá domínio sobre a
27 atmosfera e as grandes profundezas, sobre os peixes do mar e
as aves do céu. O astrônomo já não olhará para as estrelas —
delas olhará para o universo; e o floricultor obterá a flor antes
30 da semente.
Assim se provará, finalmente, que a matéria nada mais
é do que uma crença mortal, de todo incapaz de afetar o
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 126
1 homem por meio de sua suposta ação orgânica ou suposta
existência. Já não se fará uso do erro para enunciar a ver-
3 dade. A questão do nada, ou seja, do “pó que O nada
volta ao pó”, será resolvida, e a mente mortal mortal
será sem forma e vazia, pois a mortalidade cessará quando
6 o homem vir a si mesmo como sendo o reflexo de Deus,
assim como vê seu próprio reflexo no espelho.
Toda a Ciência é divina. O pensamento humano nunca
9 projetou a mínima parcela do verdadeiro existir. A crença
humana busca e interpreta à sua própria maneira Sem realidade
o eco do Espírito, e assim parece invertê-lo e original
12 repeti-lo de maneira material; mas a mente humana jamais
produziu um tom real nem emitiu um som verídico.
O ponto em questão entre a Ciência Cristã, de um lado,
15 e a teologia popular, do outro, é este: deverá a Ciência expli-
car causa e efeito como sendo ao mesmo tempo Questões
naturais e espirituais? Ou deverá tudo o que antagônicas
18 está além da percepção dos sentidos materiais ser chamado
de sobrenatural, e deixado nas mãos das hipóteses
especulativas?
21 Apresentei a Ciência Cristã e sua aplicação ao tratamento
da doença exatamente como as descobri. Demonstrei, por
meio da Mente, os efeitos da Verdade sobre a Base
saúde, a longevidade e a moral dos homens; e bíblica
24
nada achei nos sistemas antigos, nem nos modernos, em que
eu pudesse estabelecer o meu próprio, a não ser nos ensina-
27 mentos e demonstrações do nosso grande Mestre, e na vida
dos profetas e dos apóstolos. A Bíblia foi a minha única
autoridade. Não tive nenhum outro guia no “caminho reto
30 e estreito” da Verdade.
Se a cristandade resiste a que a autora aplique a palavra
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 127
1 Ciência ao Cristianismo, ou questiona o uso que ela faz da pala-
vra Ciência, a autora não perde, por isso, a fé no Cristianismo,
3 nem o Cristianismo perde a influência sobre Ciência e
ela. Se Deus, o Tudo-em-tudo, é o Criador do Cristianismo
universo espiritual, que inclui o homem, então tudo o que
6 tem direito a ser classificado como verdade, ou Ciência, tem
de estar contido no conhecimento ou compreensão de Deus,
pois não pode existir nada fora da ilimitável natureza divina.
9 Os termos Ciência Divina, Ciência Espiritual, Ciência
do Cristo ou Ciência Cristã, ou apenas Ciência, a autora
emprega de forma intercambiável, segundo as Termos
exigências do contexto. Esses termos sinôni- científicos
12
mos representam tudo que se refere a Deus, a Mente infinita,
suprema, eterna. Pode-se dizer, contudo, que o termo Ciência
15 Cristã se refere especialmente à Ciência como esta é aplicada
à humanidade. A Ciência Cristã revela a Deus, não como se
fosse o autor do pecado, da doença e da morte, mas como sendo
18 o Princípio divino, o Ser Supremo, a Mente, isento de todo o
mal. Ela ensina que a matéria é a falsidade, não o fato, da
existência; que os nervos, o cérebro, o estômago, os pulmões,
21 e assim por diante, não têm — como matéria — nem inteli-
gência, nem vida, nem sensação.
Não existe ciência física, visto que toda a verdade procede
24 da Mente divina. Por isso, a verdade não é humana, nem é uma
lei da matéria, pois a matéria não é legisladora. Não existe
A Ciência é uma emanação da Mente divina e só ciência física
27 ela é capaz de interpretar a Deus de forma certa. Sua origem
é espiritual, não material. Ela é uma declaração divina —
o Consolador, o Confortador, que guia a toda a verdade.
30 A Ciência Cristã se aparta das que são chamadas ciências
naturais, pois estas se baseiam nas falsas hipóteses de que a
matéria seja sua própria legisladora, de que a lei seja funda-
33 mentada sobre condições materiais, e de que essas condições
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 128
1 sejam definitivas e suplantem o poder da Mente divina. O
bem é natural e primordial. Em si mesmo, não é milagroso.
3 O termo Ciência, bem compreendido, refere-se unica-
mente às leis de Deus e ao Seu governo do universo, que
inclui o homem. Segue-se daí que homens de Ciência
negócios e homens de grande cultura consta- praticável
6
tam que a Ciência Cristã lhes aumenta a resistência e os pode-
res mentais, lhes amplia a percepção do caráter, lhes dá argúcia
9 e compreensão mais abrangente e a habilidade de exceder suas
capacidades normais. A mente humana, imbuída dessa com-
preensão espiritual, torna-se mais elástica, é capaz de maior
12 resistência, desprende-se um tanto de si mesma e requer
menos repouso. Um conhecimento da Ciência do existir
desenvolve as faculdades e possibilidades latentes do homem.
15 Estende a atmosfera do pensamento, dando aos mortais
acesso a níveis mais amplos e mais elevados. Esse conhe-
cimento eleva o pensador a seu ambiente natural de discerni-
18 mento e perspicácia.
Um perfume só se torna benéfico e agradável na proporção
em que se espalha pelo ambiente. O mesmo se dá com o
21 nosso conhecimento da Verdade. Assim como uma pessoa
não se zangaria com alguém que a despertasse de um pesadelo
cataléptico, assim também ela não deveria resistir à Verdade
24 que bane — ou melhor, destrói para sempre, pelo testemunho
superior do Espírito — a chamada evidência da matéria.
A Ciência está relacionada com a Mente, não com a maté-
27 ria. Ela assenta sobre um Princípio fixo e não sobre o julga-
mento da sensação errônea. A adição dos A matemática
mesmos dois números, na matemática, tem de e a lógica
científica
30 produzir sempre o mesmo resultado. Dá-se o
mesmo na lógica. Se ambas as proposições de um silogismo,
tanto a maior como a menor, são corretas, a conclusão, se
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 129
1 tiver sido adequadamente elaborada, não pode estar errada.
Assim, na Ciência Cristã, não existem discordâncias nem
3 contradições, porque sua lógica é tão harmoniosa quanto o
raciocínio de um silogismo formulado com precisão, ou de
uma soma bem computada em aritmética. A Verdade é sem-
6 pre veraz, e não pode tolerar nenhum erro na premissa ou na
conclusão.
Se queres conhecer o fato espiritual, podes descobri-lo,
9 invertendo a fábula material, quer a fábula seja a A verdade
favor ou contra — quer esteja de acordo com as por inversão
tuas ideias preconcebidas, ou seja inteiramente contrária a elas.
12 O panteísmo pode ser definido como uma crença na inte-
ligência da matéria — crença que a Ciência derruba.
Naqueles dias haverá “grande tribulação, como Teorias
15 desde o princípio do mundo até agora não tem antagônicas
havido”; e a terra repetirá o grito: “Vieste aqui [tu, a Verdade]
atormentar-nos antes do tempo?” O magnetismo animal, o
18 hipnotismo, o espiritualismo, a teosofia, o agnosticismo, o
panteísmo e a descrença são antagônicos ao verdadeiro exis-
tir e impossibilitam que este seja demonstrado; e assim são
21 também alguns outros sistemas.
Temos de abandonar a farmacologia e adotar a ontologia —
“a ciência do que realmente existe”. Temos de examinar pro-
24 fundamente o que é real, em vez de aceitar ape- A ontologia
nas o senso exterior das coisas. Acaso podemos é necessária
colher pêssegos de um pinheiro, ou da desarmonia depreen-
27 der a harmonia do existir? No entanto, tão irracionais como
essas são algumas das principais ilusões que se encontram ao
longo da senda que a Ciência tem de percorrer, na sua missão
30 reformadora entre os mortais. O próprio nome ilusão indica
o nada.
O gastrônomo talvez faça objeção à pouca importância
33 que a autora dá aos prazeres da mesa. O pecador vê, no sis-
tema ensinado neste livro, que as exigências de Deus têm de ser
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 130
1 atendidas. O intelecto medíocre se alarma com os contínuos
apelos à Mente. A índole licenciosa se desanima devido às
3 próprias insignificantes prospectivas espirituais. Convidados
Quando todos os homens são convidados ao relutantes
banquete, vêm os pretextos. Um tem seu campo, outro, seus
6 negócios, e por isso não podem aceitar o convite.
É fútil dizer falsidades sobre a Ciência divina, a qual
destrói toda a desarmonia, quando o fato é que Pretextos para
9 podes demonstrar a veracidade da Ciência. Não a ignorância
é coerente pôr em dúvida se a realidade está em perfeita har-
monia com Deus, o Princípio divino — em outras palavras,
12 se a Ciência, quando compreendida e demonstrada, pode des-
truir toda a desarmonia — visto que admites que Deus é oni-
potente; pois dessa premissa se conclui que o bem e suas doces
15 harmonias têm todo o poder.
A Ciência Cristã, devidamente compreendida, libertaria
a mente humana das crenças materiais, que fazem guerra con-
18 tra os fatos espirituais; e essas crenças materiais Crianças
têm de ser negadas e expulsas para dar lugar à e adultos
verdade. Nada podes acrescentar ao conteúdo de um vaso já
21 cheio. Ao labutar longamente para abalar a fé que os adultos
têm na matéria e para lhes inculcar um grão de fé em Deus —
uma pequena ideia da capacidade do Espírito para tornar
24 harmonioso o corpo — a autora muitas vezes se lembra do
amor de nosso Mestre pelas crianças, e compreende como
realmente pertencem ao reino dos céus os que são como elas.
27 Se o pensamento se sobressalta ante a vigorosa afirmação da
Ciência a respeito da supremacia de Deus, a Verdade, e põe em
dúvida a supremacia do bem, não deveríamos, Todo o mal
pelo contrário, espantar-nos ante as vigorosas é desnatural
30
alegações do mal e duvidar delas, em vez de continuar a pen-
sar que seja natural amar o pecado e desnatural abandoná-lo
33 — em vez de continuar a imaginar que o mal esteja sempre
presente, e o bem, ausente? A verdade não deveria parecer tão
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 131
1 surpreendente e desnatural quanto o erro, e o erro não deve-
ria parecer tão real quanto a verdade. A doença não deveria
3 parecer tão real quanto a saúde. Não há erro na Ciência, e
nossa vida tem de ser governada pela realidade a fim de estar
em harmonia com Deus, o Princípio divino de todo o existir.
6 Uma vez destruída pela Ciência divina, a falsa aparência
que se apresenta aos sentidos corpóreos desaparece. Daí a
oposição do homem sensual à Ciência da Alma O erro da
9 e o significado do trecho bíblico: “O pendor da carnalidade
carne é inimizade contra Deus”. O fato central na Bíblia
é a superioridade do poder espiritual sobre o poder físico.
12 A teologia
Será que a Ciência Cristã tem de vir por meio das igrejas
cristãs, como insistem algumas pessoas? Essa Ciência já veio, da
15 maneira designada por Deus, mas parece que A omissão
as igrejas não estão preparadas para recebê-la, das igrejas
segundo as palavras bíblicas: “Veio para o que era seu, e os
18 seus não o receberam”. Jesus disse certa vez: “Graças Te dou,
ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas
aos sábios e instruídos, e as revelaste aos pequeninos. Sim, ó
21 Pai, porque assim foi do Teu agrado”. Como outrora, o espí-
rito do Cristo, que elimina as cerimônias e as doutrinas dos
homens, não é aceito, até que o coração dos homens tenha
24 sido preparado para recebê-lo.
A missão de Jesus confirmou a profecia e explicou os
chamados milagres dos tempos antigos como demonstrações
27 naturais do poder divino, demonstrações João Batista
que não foram compreendidas. As obras de e o Messias
Jesus estabeleceram seu direito ao messiado. Em res-
30 posta à pergunta de João: “És tu aquele que estava para vir”,
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 132
1 Jesus respondeu afirmativamente, relatando suas obras em
vez de se referir à sua doutrina, confiando em que essa mani-
3 festação do poder divino para curar responderia plenamente
à pergunta. Daí a sua resposta: “Ide e anunciai a João o que
estais ouvindo e vendo: Os cegos veem, os coxos andam, os
6 leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são res-
suscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho. E
bem-aventurado é aquele que não achar em mim motivo de
9 tropeço”. Em outras palavras, ele deu sua bênção a quem quer
que não negasse que tais efeitos, vindos da Mente divina, pro-
vam o fato de que Deus é uno — o Princípio divino que traz
12 à luz toda a harmonia.
Os fariseus de outrora expulsaram das sinagogas a ideia
espiritual e o homem que a vivia, e conservaram suas pró-
15 prias crenças materialistas a respeito de Deus. Cristo
O sistema de curar de Jesus não recebeu ajuda rejeitado
nem aprovação de outros sistemas religiosos ou de saúde,
18 de doutrinas da teologia ou da física; e ainda não encontrou
aceitação geral. Hoje, como outrora, inconsciente do reapa-
recimento da ideia espiritual, a crença cega fecha-lhe a porta e
21 condena a cura dos doentes e dos pecadores, quando essa cura
é realizada por algum meio que não seja uma teoria mate-
rial e doutrinária. Jesus previa essa rejeição do idealismo,
24 da verdadeira ideia de Deus — a rejeição dessa salvação que
livra de todo o erro, físico e mental — por isso ele perguntou:
“Quando vier o Filho do homem, achará, porventura, fé
27 na terra?”
Acaso as doutrinas de João Batista lhe davam o poder de
curar, acaso lhe transmitiam o mais claro conceito do Cristo?
30 Esse pregador íntegro certa vez indicou Jesus As dúvidas
a seus discípulos como “o Cordeiro de Deus”; de João
não obstante, depois questionou seriamente os sinais do
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 133
1 aparecimento messiânico e mandou perguntar a Jesus: “És tu
aquele que estava para vir?”
3 Seria a fé da mulher samaritana maior do que a de
João, quando ela disse: “Não é este o Cristo?”* Fé segundo
Também houve certo centurião, de cuja fé o as obras
6 próprio Jesus declarou: “Nem mesmo em Israel achei fé
como esta”.
No Egito, foi a Mente que salvou os israelitas da crença
9 nas pragas. No deserto, jorrou água da rocha, e caiu maná
do céu. Os israelitas olharam para a serpente de bronze e
imediatamente acreditaram estar curados das picadas vene-
12 nosas das víboras. Em períodos de prosperidade nacional,
os milagres acompanharam os êxitos dos hebreus; mas
quando eles se afastaram da ideia verdadeira, começou sua
15 desmoralização. Mesmo no cativeiro em nações estrangeiras,
o Princípio divino fez maravilhas para o povo de Deus, na
fornalha ardente e nos palácios dos reis.
18 O judaísmo era a antítese do Cristianismo, porque o
judaísmo engendrou uma forma limitada de religião nacional
ou tribal. Era um sistema finito, material, pra- Judaísmo, antítese
ticado segundo teorias especiais a respeito de do Cristianismo
21
Deus, do homem, de regras sanitárias e de adoração religiosa.
A acusação de se fazer “igual a Deus” foi uma das censuras
24 dos judeus contra aquele que implantou o Cristianismo sobre
o fundamento do Espírito, aquele que ensinava como o Pai o
inspirava, e que não reconhecia vida, inteligência nem subs-
27 tância fora de Deus.
A concepção judaica de Deus como Iavé, Jeová, ou apenas
como poderoso herói e rei, não cedeu inteira- Erudição
mente lugar ao verdadeiro conhecimento de sacerdotal
30
Deus. Os dogmas e os ritos estão impregnados das tradições
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 134
1 rabínicas. Hoje em dia, repete-se o grito de tempos idos:
“Crucifica-o!” A cada passo adiante, a verdade ainda é com-
3 batida com a espada e a lança.
A palavra mártir, do grego, significa testemunha; mas os
que deram testemunho a favor da Verdade foram tantas vezes
6 perseguidos até a morte, que por fim o signifi- O testemunho
cado da palavra mártir se restringiu, vindo dos mártires
assim a significar sempre alguém que sofre por suas con-
9 vicções. A nova fé no Cristo, a Verdade, de tal maneira sus-
citou o ódio dos adversários do Cristianismo, que os seguidores
de Cristo foram queimados, crucificados, ou passaram por
12 outras perseguições; e assim é que os direitos humanos foram
santificados pelo patíbulo e pela cruz.
As doutrinas feitas pelos homens estão em declínio. Não
15 se fortaleceram em tempos de tribulação. Desprovidas do
poder-Cristo, como podem elas dar o exemplo A ausência do
das doutrinas de Cristo ou dos milagres da poder-Cristo
18 graça? O negar a possibilidade da cura cristã rouba ao
Cristianismo justamente aquele elemento que lhe deu força
divina e êxito surpreendente e sem igual no primeiro século.
21 O verdadeiro Logos é demonstravelmente a Ciência
Cristã, a lei natural da harmonia que vence a desarmonia —
não porque essa Ciência seja sobrenatural ou A base
preternatural, nem porque seja uma infração dos milagres
24
da lei divina, mas porque é a imutável lei de Deus, o bem.
Jesus disse: “Pai... eu sabia que sempre me ouves”; e ele res-
27 suscitou Lázaro, acalmou a tempestade, curou os doentes,
andou sobre as águas. Há autoridade divina para crer na
superioridade do poder espiritual sobre a resistência
30 material.
Um milagre cumpre a lei de Deus, não viola essa lei. Esse
fato parece atualmente mais misterioso do que o próprio
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 135
1 milagre. O Salmista cantou: “Que tens, ó mar, que assim
foges? E tu, Jordão, para tornares atrás? Montes, por que
3 saltais como carneiros? E vós, colinas, como Maravilhas de
cordeiros do rebanho? Estremece, ó terra, na acordo com a lei
presença do Senhor, na presença do Deus de Jacó”. O milagre
6 não introduz nenhuma desordem, mas desdobra a ordem ori-
ginal, estabelecendo a Ciência da lei imutável de Deus. Só
a evolução espiritual é digna da aplicação do poder divino.
9 O mesmo poder que cura o pecado, cura também a
doença. Esta é a “beleza da santidade”: quando a Verdade
cura os doentes, ela expulsa os males, e quando O medo e a
12 a Verdade expulsa o mal chamado doença, ela doença são
idênticos
cura os doentes. Quando Cristo expulsou o
demônio da mudez, “aconteceu que, ao sair o demônio, o
15 mudo passou a falar”. Existe hoje o perigo de se repetir a
ofensa dos judeus, limitando o Santo de Israel e perguntando:
“Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” Existe
18 alguma coisa que Deus não possa fazer?
Já foi dito, e com razão, que o Cristianismo tem de ser
Ciência, e que a Ciência tem de ser Cristianismo, senão
21 um ou outro é falso e inútil; mas nenhum dos A Ciência e o
dois é insignificante ou inverídico e ambos são Cristianismo,
uma unidade
iguais na demonstração. Isso prova que um é
24 idêntico ao outro. O Cristianismo, como Jesus o ensinava,
não era um dogma, nem um sistema de cerimônias, nem um
dom especial concedido por um Jeová ritualista; mas era a
27 demonstração do Amor divino, que expulsava o erro e curava
os doentes, não meramente em nome do Cristo, a Verdade,
mas em demonstração da Verdade, como tem de ser o caso
30 nos ciclos da luz divina.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 136
1 Jesus estabeleceu sua igreja e alicerçou sua missão sobre o
fundamento espiritual da cura pelo Cristo. Ele ensinou a seus
3 seguidores que sua religião tinha um Princípio A missão
divino, que expulsava o erro e curava tanto o do Cristo
doente como o pecador. Ele não atribuía a si mesmo inteli-
6 gência, ação, nem vida separadas de Deus. Apesar da perse-
guição que isso lhe causou, usava seu poder divino para
salvar os homens tanto corporal como espiritualmente.
9 A pergunta, naqueles dias como hoje, era: Como é
que Jesus curava os doentes? O mundo rejeitou a resposta
dele a essa pergunta. Ele apelou para os alunos: Espiritualismo
12 “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” Isto antigo
é: Quem ou o que fica assim identificado com a expulsão dos
males e a cura dos doentes? Responderam-lhe: “Uns dizem:
15 João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos
profetas”. Aceitava-se que esses profetas tivessem morrido, e
tal resposta pode indicar que alguns entre o povo acreditavam
18 que Jesus fosse um médium, controlado pelo espírito de João
ou de Elias.
Essa história imaginária sobre fantasmas foi repetida pelo
21 próprio Herodes. Que um rei perverso e marido libertino não
tivesse grande apreço pela Ciência divina e pela grandiosa
obra do Mestre, não era de surpreender; pois como poderia
24 tal pecador entender aquilo que nem os discípulos compre-
endiam inteiramente? Até mesmo Herodes se perguntou se
Jesus não estaria sob o controle do devoto pregador. Daí a
27 observação desse rei: “Eu mandei decapitar a João; quem é,
pois, este?” Não é de admirar que Herodes desejasse ver o
novo Mestre.
30 Os discípulos tinham uma melhor percepção do Mestre,
do que os outros; mas não compreendiam tudo Discípulos
o que ele dizia e fazia, do contrário não o teriam em dúvida
33 interrogado tantas vezes. Jesus pacientemente persistiu em
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 137
1 ensinar e demonstrar a verdade a respeito do existir. Seus
alunos viram esse poder da Verdade curar os doentes, expul-
3 sar os males, ressuscitar os mortos; mas o apogeu dessa obra
maravilhosa não foi discernido espiritualmente nem mesmo
por eles, até depois da crucificação, quando o Mestre imaculado
6 lhes apareceu, vitorioso sobre a doença, o pecado, a enfermi-
dade, a morte e o túmulo.
No anseio de ser compreendido, o Mestre repetiu: “Mas
9 vós... quem dizeis que eu sou?” A repetição dessa pergunta
significava: Quem ou o que é capaz de fazer a obra, tão miste-
riosa para a mente popular? Pela rejeição da resposta que já
12 lhe fora dada e pela repetição da pergunta, ficou claro que
Jesus recusou por completo a opinião estreita implícita no
relato do que se dizia sobre ele.
15 Com sua habitual impetuosidade, Simão respondeu
por seus irmãos, e sua resposta declarou um grande fato:
“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo!” Isto é, Resposta
o Messias é aquilo que deste a conhecer — o divina
18
Cristo, o espírito de Deus, da Verdade, da Vida e do Amor,
que cura mentalmente. Essa afirmação suscitou a bênção de
21 Jesus: “Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi
carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos
céus”; isto é, o Amor te mostrou o caminho da Vida!
24 Antes disso, o impetuoso discípulo tinha sido chamado
só por seus nomes comuns, Simão Barjonas, ou seja, filho
de Jonas; mas nesse momento o Mestre lhe deu A pedra viva
27 um nome espiritual nestas palavras: “Também e verdadeira
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra [o significado
da palavra grega petros] edificarei a minha igreja, e as portas
30 do inferno [o hades, o mundo dos mortos, ou o túmulo] não
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 138
1 prevalecerão contra ela”. Em outras palavras, o propósito de
Jesus foi fundar sua sociedade, não no Pedro pessoal que era
3 mortal, mas no poder de Deus, que sustentava a confissão de
Pedro a respeito do Messias verdadeiro.
Tornou-se então evidente a Pedro que era a divina Vida,
6 Verdade e Amor, e não uma pessoa, o que curava os doentes e
constituía uma rocha, um fundamento firme no Resumo
reino da harmonia. Apoiado nessa base espiri- sublime
9 tualmente científica Jesus explicou as suas curas, que pare-
ciam milagrosas aos estranhos. Ele mostrou que as doenças
eram expulsas, não pela corporalidade, nem pela medicina,
12 nem pelas teorias materiais sobre a saúde, mas pelo Espírito
divino, que expulsa os erros da mente mortal. A supremacia
do Espírito foi o fundamento sobre o qual Jesus edificou. Esse
15 seu resumo sublime indica a religião do Amor.
Jesus estabeleceu na era cristã o precedente para todo
o Cristianismo, toda a teologia e toda a cura. Os cristãos
18 estão sob ordens tão diretas hoje como estavam Nova era
então, de ser semelhantes a Cristo, de possuir introduzida
por Jesus
o espírito-Cristo, de seguir o exemplo de Cristo
21 e de curar tanto os doentes como os pecadores. É mais fácil
ao Cristianismo expulsar a doença do que o pecado, pois
os doentes estão mais dispostos a se livrar da dor, do que os
24 pecadores a abandonar o pecado oriundo dos chamados pra-
zeres dos sentidos. O cristão pode provar isso hoje, tão facil-
mente como foi provado séculos atrás.
27 Nosso Mestre disse a todos os seus seguidores: “Ide por
todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura! ... Curai
enfermos! ... Amarás o teu próximo como a ti Teologia
30 mesmo!” Era essa teologia de Jesus que curava salutar
os doentes e os pecadores. É sua teologia neste livro e o signi-
ficado espiritual dessa teologia o que cura os doentes e faz
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 139
1 com que o perverso “deixe... o seu caminho”, e “o iníquo,
os seus pensamentos”. Foi a teologia de nosso Mestre que os
3 ímpios procuraram destruir.
Do começo ao fim, as Escrituras estão cheias de relatos
do triunfo do Espírito, a Mente, sobre a matéria. Moisés
6 provou o poder da Mente por meio daquilo que Prodígios
os homens chamavam milagres; provaram-no e reformas
também Josué, Elias e Eliseu. A era cristã foi introduzida
9 com sinais e prodígios. As reformas geralmente vêm acom-
panhadas por derramamento de sangue e perseguições,
mesmo quando terminam em luz e paz; mas hoje, a nova,
12 embora antiga, reforma na fé religiosa, ensinará os homens
a conter paciente e sabiamente a maré do rancor sectário,
sempre que essa maré subir.
15 As decisões por voto nos Concílios da Igreja sobre o
que deveria ou não ser considerado Escritura Sagrada; os
erros evidentes das antigas versões; as trinta A Ciência
mil variantes do Antigo Testamento e as tre- obscurecida
18
zentas mil do Novo — esses fatos mostram como o senso
mortal e material penetrou no relato divino, obscurecendo
21 até certo ponto, com seu próprio matiz, as páginas inspira-
das. Mas os equívocos não puderam obscurecer inteiramente
a Ciência divina das Escrituras, que se vê do Gênesis ao
24 Apocalipse, nem deturpar a demonstração de Jesus, nem
anular a cura operada pelos profetas, os quais predisseram
que “a pedra que os construtores rejeitaram” se tornaria “a
27 principal pedra”, a “angular”.
O ateísmo, o panteísmo, a teosofia e o agnosticismo se
opõem tanto à Ciência Cristã como à religião Os opositores
30 comum; mas isso não significa que o doente podem ser
beneficiados
profano ou ateu não possa ser curado pela
Ciência Cristã. O estado moral de tal homem requer o
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 140
1 remédio da Verdade, mais do que é preciso na maioria dos
casos; e a Ciência é especialmente eficaz no tratamento de
3 males morais.
Ninguém pode verdadeiramente afirmar que Deus seja
um ser corpóreo. Na Bíblia, Deus é representado dizendo:
6 “Não Me poderás ver a face, porquanto homem Deus é invisível
nenhum verá a Minha face e viverá”. Não é aos sentidos
materialmente, mas espiritualmente, que nós O conhecemos
9 como a Mente divina, como a Vida, a Verdade e o Amor.
Obedeceremos e adoraremos na proporção em que entender-
mos a natureza divina e O amarmos com compreensão, sem
12 mais contender quanto à corporalidade de nosso Deus, e sim
regozijando-nos na Sua abundância. A religião será então do
coração, e não da cabeça. A humanidade já não praticará a
15 tirania e a condenação causadas pela falta de amor — coando
mosquitos e engolindo camelos.
Adoramos espiritualmente só quando cessamos de
18 adorar materialmente. A devoção espiritual é a alma do
Cristianismo. Adorar por meio da matéria é A verdadeira
paganismo. Os rituais judaicos e outros são adoração
21 apenas símbolos e sombras da verdadeira adoração. “Os
verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade.”
24 O Jeová das tribos judaicas era um Deus concebido na
imaginação dos homens, sujeito à ira, ao arrependimento
e à mutabilidade humana. O Deus da Ciência Antropo-
Cristã é o Amor divino, universal, eterno, que morfismo
27
não muda, nem causa o mal, a doença ou a morte. É deveras
lamentável que a parte mais antiga das Escrituras tenha sido
30 invertida. No princípio Deus criou o homem à Sua imagem,
à imagem de Deus; mas os mortais pretenderiam procriar o
homem e fazer Deus à própria imagem humana. O que é o
33 deus de um mortal, senão um mortal engrandecido?
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 141
1 Isso indica a distância existente entre a religião teológica
e ritualista de todos os tempos e a verdade pregada por Jesus.
3 Para a demonstração cristã, é preciso fazer É preciso
mais do que professar a fé. Poucos compreen- mais do que
profissão de fé
dem os preceitos divinos de Jesus para viver e
6 para curar, ou a eles aderem. Por quê? Porque esses preceitos
exigem que o discípulo corte fora a mão direita e arranque o
olho direito — isto é, que ponha de lado até mesmo as crenças
9 e hábitos mais arraigados, que deixe tudo por Cristo.
Toda revelação (tal é a opinião popular!) tem de vir das
escolas do saber e ser de linhagem erudita e eclesiástica,
12 assim como os reis, para serem coroados, devem Não há monopólio
pertencer a uma dinastia real. Ao curar os doen- eclesiástico
tes e os pecadores, Jesus deixou claro o fato de que o efeito sana-
15 dor era o resultado de se compreender o Princípio divino e o
espírito-Cristo, que governavam o Jesus corpóreo. Para esse
Princípio não há dinastia, não há monopólio eclesiástico.
18 Seu único rei é o poder imortal e supremo. Seu único sacer-
dote é o homem espiritualizado. A Bíblia declara que todos
os que creem são feitos “reis e sacerdotes para Deus”*. As
21 pessoas do mundo não compreenderam naquele tempo,
nem compreendem agora, esse governar do Cristo; por isso
não podem demonstrar o poder de Deus para curar. Nem
24 é possível ter uma ideia completa sobre essa manifestação
do Cristo, enquanto seu Princípio divino não for cientifica-
mente compreendido.
27 A adoção da religião científica e da cura divina fará com
que haja menos pecado, doença e morte. Que nossos púlpitos
façam justiça à Ciência Cristã! Que a imprensa Exigida uma
a represente com imparcialidade! Dai-lhe, em modificação
30
nossas instituições de ensino, o lugar agora ocupado pela
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 142
1 teologia escolástica e pela fisiologia, e a Ciência Cristã
erradicará a doença e o pecado em menos tempo do que
3 os velhos sistemas, criados para vencê-los, precisaram para
estabelecer-se e propagar-se.
Na antiguidade, os seguidores do Cristo, a Verdade,
6 mediam o Cristianismo pelo poder deste sobre a doença, o
pecado e a morte; mas as religiões modernas Omitidas duas
geralmente omitem todos esses poderes, menos reivindicações
9 um — o poder sobre o pecado. Temos de procurar a túnica
não dividida, o Cristo inteiro, como nossa primeira prova de
Cristianismo, pois só o Cristo, a Verdade, pode nos dar a evi-
12 dência absoluta.
Se a delicada mão, estendida para receber um régio salário,
e a arte arquitetônica, que faz a cúpula e a torre cintilarem de
15 beleza, fecham as portas ao pobre e ao forasteiro, Amor ao ego
fecham ao mesmo tempo a porta ao progresso. e perda
Em vão a manjedoura e a cruz contam sua história ao orgulho
18 e à pompa. A sensualidade paralisa a mão direita e faz com
que a esquerda deixe escapar o que é divino.
Como no tempo de Jesus, assim também hoje é preciso
21 expulsar do templo, a chicotadas, a tirania e o orgulho, e dar
boa acolhida à humildade e à Ciência divina. Templo
As fortes cordas da demonstração científica, purificado
24 como Jesus as trançou e brandiu, ainda são necessárias para
expurgar os templos do seu vão tráfico no culto mundano, e
fazer deles moradas dignas do Altíssimo.
27 A medicina
O que é que existiu primeiro, a Mente ou o medicamento?
Se a Mente foi a primeira e é autoexistente, então a Mente, não
30 a matéria, deve ter sido o primeiro medica- Questão de
mento. Visto que Deus é Tudo-em-tudo, Ele precedência
fez o medicamento; mas esse medicamento era a Mente. Não
33 poderia ter sido a matéria, que se aparta da natureza e do
caráter da Mente, Deus. A Verdade é o remédio de Deus para
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 143
1 o erro de toda espécie, e a Verdade só destrói o que não é ver-
dadeiro. Daí o fato de que hoje, como outrora, o Cristo expulsa
3 os males e cura os doentes.
É evidente que Deus não utiliza drogas ou teorias mate-
riais sobre a saúde, nem as provê para uso humano; do con-
6 trário Jesus as teria recomendado e utilizado Métodos
em suas curas. Os doentes estariam mais deplo- rejeitados
ravelmente perdidos do que os pecadores, se os doentes não
9 pudessem se apoiar na ajuda de Deus, como os pecadores
podem. A Mente divina jamais chamou a matéria de medi-
camento, e a matéria precisou de uma crença material e
12 humana, antes de poder ser considerada medicamento.
Às vezes, a mente humana emprega um erro para medi-
car outro. Forçada a escolher entre duas dificuldades, a
15 mente humana usa a menor para aliviar a maior. O erro
Com base nisso, rouba para não morrer de fome não cura
e aplaca a dor com calmantes. Admites que a mente exerce
18 certa influência sobre o corpo, porém concluis que o estômago,
o sangue, os nervos, os ossos etc. têm poder preponderante.
Controlado por essa crença, continuas na velha rotina. Tu
21 te apoias no que é inerte e não inteligente, e nunca discernes
que isso te priva da superioridade da Mente divina sempre ao
teu alcance. O corpo não é cientificamente controlado por
24 uma mente negativa.
A Mente é a grande criadora, e não pode existir nenhum
poder a não ser aquele que é derivado da Mente. Se a Mente
27 foi a primeira na cronologia, se é a primeira Fusão
pelo seu potencial e tem de ser a primeira na impossível
eternidade, então dá à Mente a glória, a honra, o domínio e o
30 poder para sempre devidos ao seu santo nome. Métodos de
cura inferiores e não espirituais talvez tentem fazer a fusão
entre a Mente e as drogas, mas os dois não se misturam
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 144
1 cientificamente. Por que desejar que se misturem, quando
nada de bom pode vir disso?
3 Se a Mente vem antes de tudo e é superior, confiemos
só na Mente, que não necessita da cooperação de poderes
inferiores, mesmo se esses chamados poderes fossem reais.
6 O escudeiro não é nada quando o rei está perto;
A estrela se apaga ante a luz do sol desperto.
As diversas crenças mortais formuladas humanamente na
9 filosofia, na fisiologia e nas teorias materiais sobre a saúde são
principalmente afirmações a respeito da maté- A Alma e
ria e proporcionam fracos vislumbres de Deus, os sentidos
12 a Verdade. Quanto mais material a crença, mais obstinada-
mente tenaz é seu erro; quanto mais fortes são as manifes-
tações dos sentidos corpóreos, mais fracos os indícios da Alma.
15 A força de vontade humana não é Ciência. A vontade
humana pertence aos chamados sentidos materiais, e sua
utilização deve ser condenada. Exercer a força A força de vontade
de vontade para que os doentes se recuperem é prejudicial
18
não é a maneira metafísica de praticar a Ciência Cristã, mas
é evidente magnetismo animal. A força de vontade humana
21 pode chegar a infringir os direitos do homem. Produz o mal
continuamente e não faz parte do realismo do existir. A
Verdade, e não a vontade do corpo, é o poder divino que diz
24 à doença: “Acalma-te, emudece!”
Tendo em vista que a Ciência divina faz guerra contra a
chamada ciência física, da mesma forma que a Verdade faz
27 guerra contra o erro, as antigas escolas ainda se Antagonismo
opõem a ela. A ignorância, o orgulho e o pre- conservador
conceito fecham a porta a tudo o que não seja estereotipado.
30 Quando a Ciência do existir for universalmente compreen-
dida, cada um será seu próprio médico, e a Verdade será a
panaceia universal.
33 Pergunta-se hoje se os antigos sanadores inspirados
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 145
1 entendiam a Ciência da cura cristã, ou se lhe captavam os
doces tons como a pessoa que tem o dom inato para a música
3 capta os tons da harmonia, sem poder explicá-los. Sanadores
Eles estavam tão divinamente imbuídos do espí- antigos
rito da Ciência, que a falta da letra não podia impedir-lhes
6 o trabalho; e essa letra, sem o espírito, lhes teria invalidado
a obra.
A luta pelo restabelecimento dos doentes continua, não
9 entre métodos materiais, mas entre mentes mortais e a Mente
imortal. A vitória estará do lado do paciente só Luta
quando a Mente imortal, por meio do Cristo, a e vitória
12 Verdade, subjugar a crença humana na doença. Não importa
o método material que se adote, quer seja a fé em drogas,
quer seja a confiança nas teorias materiais sobre a saúde ou
15 em outro meio de cura menos reconhecido.
A cura científica tem esta vantagem sobre outros métodos
— nela a Verdade domina o erro. Desse fato resultam seus efei-
18 tos tanto éticos como físicos. Aliás, seus efeitos O divino
éticos e físicos estão indissoluvelmente ligados não é mistério
uns aos outros. Se há algum mistério na cura cristã, é o mis-
21 tério que aquilo que é divino sempre apresenta aos profanos —
o mistério que sempre surge da ignorância sobre as leis da
Mente eterna e infalível.
24 Outros métodos tentam combater o erro com o erro e
assim aumentam o antagonismo de uma forma de matéria
contra outras formas de matéria ou erro, e a Matéria versus
guerra entre o Espírito e a carne se prolonga. matéria
27
Por meio desse antagonismo, a mente mortal tem de conti-
nuamente debilitar seu próprio pretenso poder.
30 A teologia da Ciência Cristã inclui a cura dos doentes. O
primeiro artigo de fé que nosso Mestre apresentou aos alunos
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 146
1 foi a cura, e ele provou sua fé com obras. Os antigos cristãos
eram sanadores. Por que se terá perdido esse elemento do
3 Cristianismo? Perdeu-se porque nossos siste- Como se
mas de religião são governados, em maior ou perdeu a cura
menor grau, por nossos sistemas de medicina. A primeira
6 idolatria foi a fé na matéria. As escolas do saber puseram em
moda a fé em drogas em vez de a fé na Deidade. Devido à
confiança na matéria para destruir sua própria desarmonia, a
9 saúde e a harmonia foram sacrificadas. Tais sistemas são esté-
reis e não têm a vitalidade do poder espiritual, por meio do
qual o senso material se torna servo da Ciência, e a religião
12 fica imbuída do espírito do Cristo.
Para curar o corpo, a medicina material substitui o poder
de Deus — isto é, o poder da Mente — pelas drogas. O esco-
15 lasticismo se prende à pessoa de Jesus para a As drogas e a
salvação, em vez de se prender ao Princípio natureza divina
divino do homem Jesus; e sua Ciência, o agente sanador de
18 Deus, é silenciada. Por quê? Porque a verdade despoja as dro-
gas materiais do seu poder imaginário e reveste o Espírito
de supremacia. A Ciência é o “forasteiro” que está dentro
21 “das tuas portas”, e dela ninguém se lembra, mesmo quando
seus efeitos enaltecedores provam na prática sua origem e
eficácia divinas.
24 A autoridade da Ciência divina provém da Bíblia, e a ori-
gem divina da Ciência é demonstrada pela influência sagrada
da Verdade na cura da doença e do pecado. Esse A Ciência Cristã,
27 poder sanador da Verdade tem de ter existido tão antiga
como Deus
muito antes do período em que Jesus viveu. É
tão antigo quanto o “Ancião de dias”. Vive por toda a Vida
30 e se estende por todo o espaço.
A metafísica divina está agora sistematizada em forma
compreensível e adaptada ao pensamento da época em que
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 147
1 vivemos. Esse sistema habilita o aluno a demonstrar tanto o
Princípio divino, no qual estavam baseadas as A metafísica, agora
curas de Jesus, como as regras sagradas para a sistematizada
3
aplicação atual desse Princípio à cura da doença.
Pelo fim do século dezenove demonstrei as regras divinas
6 da Ciência Cristã. Elas foram submetidas à mais ampla prova
prática e, em toda parte, quando honestamente aplicada em
circunstâncias em que a demonstração era humanamente
9 possível, essa Ciência mostrou que a Verdade não perdera
nada de sua eficácia divina e curativa, embora houvessem
decorrido séculos desde que Jesus pusera em prática essas
12 regras nas colinas da Judeia e nos vales da Galileia.
Embora este volume contenha a Ciência completa da cura
pela Mente, jamais acredites que seja possível absorver todo o
15 significado da Ciência pela simples leitura deste Leitura e
livro. O livro precisa ser estudado, e a demons- prática
tração das regras da cura científica te firmará solidamente
18 nos alicerces espirituais da Ciência Cristã. Essa prova te eleva
muito acima de teorias já antiquadas, fósseis que estão se des-
fazendo, e te habilita a compreender os fatos espirituais do
21 existir, que até agora não haviam sido entendidos e pareciam
indistintos.
Nosso Mestre curou os doentes, praticou a cura cristã
24 e ensinou aos seus alunos as generalidades do Princípio
divino dessa cura; mas não deixou regra defi- Descoberta a
nida para demonstrar esse Princípio de cura regra definitiva
27 e prevenção da doença. Essa regra ficou para ser descoberta
na Ciência Cristã. O afeto puro se manifesta no bem, mas
só a Ciência revela o Princípio divino do bem e demonstra
30 suas regras.
Jesus nunca falou da doença como se fosse perigosa ou
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 148
1 difícil de curar. Quando seus alunos lhe trouxeram um caso
que não haviam conseguido curar, ele lhes disse: “Ó geração
3 incrédula!”, o que implica que o poder necessá- Como Jesus
rio para curar estava na Mente. Ele não recei- curava
tava drogas, nem exigia obediência às leis materiais, mas agia
6 em franca desobediência a elas.
Nem a anatomia nem a teologia jamais descreveram o
homem como tendo sido criado pelo Espírito — como o homem
9 de Deus. A primeira explica que os homens dos O homem da
homens, ou seja, “os filhos dos homens”, são anatomia e
da teologia
criados corporalmente, em vez de espiritual-
12 mente, e que emergem da mais baixa em vez de vir da mais
alta concepção do existir. Tanto a anatomia como a teologia
definem o homem como físico e mental ao mesmo tempo, e
15 colocam a mente na dependência da matéria para toda função,
formação e manifestação. A anatomia trata do homem material-
mente, sob todos os aspectos. Ela perde o Espírito, renuncia
18 ao verdadeiro tom e aceita a desarmonia. A anatomia e a
teologia rejeitam o Princípio divino que produz o homem har-
monioso, e se ocupam da matéria — uma por inteiro, a outra
21 principalmente — chamando de homem aquilo que não cor-
responde ao homem de Deus, mas é a falsificação desse homem.
A partir daí, a teologia procura explicar como fazer desse
24 homem um cristão — como, a partir dessa base de divisão
e desarmonia, produzir a harmonia e a unidade do Espírito e
Sua semelhança.
27 A fisiologia enaltece a matéria, destrona a Mente e alega
governar o homem pela lei material, em vez de pela lei espiri-
tual. Quando a fisiologia não consegue propor- A fisiologia é
cionar a saúde ou a vida por esse processo, ela insuficiente
30
ignora o Espírito divino, como se Ele fosse incapaz ou não
quisesse prestar ajuda em caso de necessidade física. Quando
33 os mortais pecam, esse sistema das escolas os deixa a cargo de
uma teologia que admite que Deus cura o pecado, mas não a
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 149
1 doença, embora nosso grande Mestre tenha demonstrado
que a Verdade tinha o poder de salvar da doença, e também
3 do pecado.
A Mente supera de longe as drogas, tanto na cura da
doença como na do pecado. O meio sobremodo excelente
6 é a Ciência divina em todos os casos. É a medi- Enganos e
cina uma ciência, ou um pacote de teorias enganados
humanas especulativas? A receita médica que é eficaz em um
9 caso falha em outro, e isso se deve aos diferentes estados men-
tais do paciente. Esses estados não são compreendidos e ficam
sem explicação, exceto na Ciência Cristã. A regra e a perfeição
12 com que essa regra opera nunca variam na Ciência. Se falhas
em algum caso, é porque não demonstraste a vida de Cristo,
a Verdade, em maior grau em tua própria vida — porque
15 não obedeceste à regra e não comprovaste o Princípio da
Ciência divina.
Um médico da velha escola observou com grande serie-
18 dade: “Sabemos que a mente afeta o corpo em certa medida,
e aconselhamos nossos pacientes a terem espe- Médico da
rança e bom ânimo, a tomarem o mínimo pos- velha escola
21 sível de remédios; mas a mente nunca pode curar dificuldades
orgânicas”. Essa lógica é infundada e os fatos a contradizem.
A autora já curou o que se chama doença orgânica com tanta
24 presteza quanto curou doenças puramente funcionais, sem
outro poder a não ser o da Mente divina.
Visto que Deus, a Mente divina, governa tudo, não par-
27 cial, mas supremamente, o predizer a doença não dignifica
a terapêutica. Tudo o que guia o pensamento Provas
espiritualmente, beneficia a mente e o corpo. atuais
30 Precisamos compreender as afirmações da Ciência divina,
rejeitar a superstição e demonstrar a verdade de acordo com
o Cristo. Na atualidade não há praticamente nenhuma cidade,
33 aldeia ou povoado, onde não se encontrem testemunhas vivas
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 150
1 e monumentos ao mérito e ao poder da Verdade, tal como
são aplicados neste sistema cristão de curar a doença.
3 Hoje o poder sanador da Verdade é extensamente
demonstrado como Ciência imanente, eterna, e não como
exibição fenomenal. Seu aparecimento é a O propósito
nova vinda do evangelho de “paz na terra principal
6
entre os homens” e de boa vontade para com eles. Essa
vinda, como foi prometida pelo Mestre, é para seu estabele-
9 cimento como dispensação permanente entre os homens;
mas a missão da Ciência Cristã, hoje, como na época de sua
demonstração anterior, não tem na cura física seu aspecto
12 mais importante. Agora, como então, operam-se sinais e
prodígios na cura metafísica da doença física; mas esses sinais
servem apenas para demonstrar a origem divina dessa cura —
15 para atestar a realidade da missão mais elevada do poder-Cristo,
a missão de tirar os pecados do mundo.
A ciência (assim chamada) da física nos faria crer que
18 tanto a matéria como a mente estejam sujeitas à doença, e
isto, apesar do protesto do indivíduo, e em Doutrina
oposição à lei da Mente divina. Essa visão destruída
21 humana infringe a liberdade moral de ação que o homem
tem; e ela é tão evidentemente errônea para a autora, como o
será para todos algum dia no futuro, da mesma maneira que
24 a doutrina, quase inteiramente rejeitada, de que as almas
estejam predestinadas à condenação ou à salvação. A dou-
trina de que a harmonia do homem seja governada por con-
27 dições físicas durante todos os seus dias terrenos, e que
então ele seja expulso de seu próprio corpo pela ação da
matéria — isto é, a doutrina da superioridade da matéria
30 sobre a Mente — está se desvanecendo.
As hostes de Esculápio estão inundando o mundo com
doenças, por serem ignorantes a respeito do fato de que a
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 151
1 mente humana e o corpo humano são mitos. Com efeito, às
vezes tratam dos doentes como se houvesse um único fator no
3 caso; mas esse fator único, elas apresentam como sendo
corpo, não mente. A Mente infinita não pode- A doença é de
ria de modo algum criar um remédio fora de si natureza mental
6 mesma, enquanto que a mente humana, falível e finita, tem
necessidade absoluta de alguma coisa além de si mesma para
sua redenção e cura.
9 Grande respeito se deve aos motivos e à filantropia da
classe mais elevada de médicos. Sabemos que se eles com-
preendessem a Ciência da cura pela Mente e se Intenções
12 estivessem na posse do poder mais amplo que ela respeitadas
outorga para beneficiar física e espiritualmente o gênero
humano, eles se alegrariam conosco. Essa reforma na medi-
15 cina, por si só, já libertaria a humanidade da terrível e opres-
siva escravidão, hoje imposta por teorias errôneas, das quais
multidões gostariam de se libertar.
18 A crença mortal diz que já houve morte ocasionada por
susto. O medo nunca fez parar o existir e sua ação. O san-
gue, o coração, os pulmões, o cérebro etc. nada O homem
21 têm a ver com a Vida, Deus. Toda função do governado
pela Mente
homem real é governada pela Mente divina.
A mente humana não tem poder para matar nem para curar
24 e não exerce nenhum controle sobre o homem de Deus.
A Mente divina, que fez o homem, mantém Sua própria ima-
gem e semelhança. A mente humana se opõe a Deus, e é pre-
27 ciso despir-se dela, como S. Paulo declara. Tudo o que
realmente existe é a Mente divina e sua ideia, e se constata
que, nessa Mente, o inteiro existir é harmonioso e eterno.
30 O caminho reto e estreito consiste em ver e reconhecer esse
fato, em ceder a esse poder, e seguir as diretrizes da verdade.
A mente mortal alega governar cada órgão do corpo mor-
33 tal, e disso temos uma impressionante quantidade de provas.
Mas essa mente, assim chamada, é um mito, e por seu próprio
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 152
1 consentimento tem de ceder à Verdade. Ela procura brandir
o cetro de um monarca, mas não tem poder. A Mente divina
3 imortal lhe arrebata toda a suposta soberania, A mente mortal
e livra a mente mortal de si mesma. A autora é destronada
se esforçou por fazer deste livro o Esculápio da mente, bem
6 como do corpo, para que o livro possa dar esperança aos
doentes e curá-los, embora estes não saibam como a cura se
efetua. A Verdade tem efeito de cura, mesmo que não seja de
9 todo compreendida.
A anatomia descreve a ação muscular como se fosse pro-
duzida pela mente em um caso e não em outro. Tais erros
12 perseguem todas as teorias materiais, nas quais Toda atividade
uma declaração contradiz a outra repetidas provém do
pensamento
vezes. Conta-se que Sir Humphry Davy certa
15 vez aparentemente curou um caso de paralisia, só por intro-
duzir um termômetro na boca do paciente. Fizera isso apenas
para verificar a temperatura do paciente; mas o doente supôs
18 que essa cerimônia fosse para curá-lo, e como consequência,
se restabeleceu. Tal ocorrência elucida nossas teorias.
As pesquisas e experimentos médicos da autora haviam-lhe
21 preparado o pensamento para a metafísica da Ciência Cristã.
O ato de depender da matéria lhe havia falhado Experimentos
por completo na procura da verdade; e agora médicos da autora
24 ela compreende por quê, e reconhece os meios pelos quais os
mortais são divinamente impelidos para a fonte espiritual em
busca de saúde e felicidade.
27 Seus experimentos na homeopatia a haviam tornado
cética quanto aos métodos materiais de cura. O manual
de Jahr enumera, desde o aconitum até o zin- Atenuações
cum oxydatum, os sintomas gerais, os sinais homeopáticas
30
característicos que exigem remédios diferentes; mas a droga
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 153
1 frequentemente é atenuada a tal grau que dela não resta vestí-
gio algum. Assim, aprendemos que não é a droga que expulsa
3 a enfermidade ou modifica algum sintoma da doença.
A autora atenuou o natrum muriaticum (sal comum
de cozinha) até que não restou uma só propriedade salina.
6 O sal tinha perdido “o sabor”; e, no entanto, com Apenas sal
uma gota dessa atenuação em um copo de água e água
e uma colherinha dessa água, administrada a intervalos de
9 três horas, curou um paciente que estava no último estágio
de febre tifoide. A atenuação mais alta e mais potente da
homeopatia se eleva acima da matéria para a mente. Essa
12 descoberta conduz a uma maior clareza. Dela se pode depre-
ender que aquilo que cura é ou a fé humana, ou a Mente
divina, e que não há eficácia na droga.
15 Dizes que um furúnculo é doloroso; mas isso é impossí-
vel, pois a matéria sem a mente não sente dor. O furúnculo
simplesmente manifesta, pela inflamação e A origem
inchaço, uma crença na dor, e essa crença é da dor
18
chamada furúnculo. Agora, administra mentalmente a teu
paciente uma alta atenuação da verdade, e esta logo curará
21 o furúnculo. O fato de que a dor não pode existir onde não
existe mente mortal para senti-la é prova de que essa mente,
assim chamada, produz sua própria dor — isto é, sua própria
24 crença na dor.
Choramos porque outros choram, bocejamos porque
outros bocejam, e contraímos varíola porque outros a contraí-
27 ram; mas é a mente mortal, não a matéria, que A origem
contém e transmite a infecção. Quando esse con- do contágio
tágio mental é compreendido, tomamos mais cuidado com
30 nossas condições mentais e evitamos tagarelar sobre doenças,
assim como evitaríamos falar em favor do crime. Nem a comi-
seração nem as convenções sociais deveriam nos tentar a
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 154
1 cultivar alguma forma de erro, e certamente não deveríamos
ser o advogado do erro.
3 A doença aparece, tal como outras condições mentais,
por associação de ideias. Visto que é uma lei da mente
mortal que certas doenças devam ser consideradas conta-
6 giosas, essa lei ganha influência por associação de ideias
— despertando o medo que cria a imagem da doença e sua
consequente manifestação no corpo.
9 O seguinte incidente é um exemplo desse fato da metafí-
sica: fizeram crer a um homem que ele estava ocupando a
cama em que um doente de cólera havia mor- Doença
rido. Imediatamente lhe apareceram os sinto- imaginária
12
mas dessa doença, e o homem morreu. O fato é que ele não
tinha contraído cólera por contato material, porque nenhum
15 paciente de cólera havia ocupado aquela cama.
Se uma criança fica exposta ao contágio ou à infecção,
a mãe se assusta e diz: “Meu filho vai ficar doente”. A lei da
18 mente mortal e os próprios temores da mãe Doenças
governam o filho, mais do que a mente da de crianças
criança se governa a si mesma, e produzem exatamente os
21 resultados que poderiam ter sido evitados mediante uma
compreensão contrária. Acredita-se, então, que o contágio
tenha produzido o mal.
24 Não é Cientista Cristã a mãe que diz ao filho: “Parece
que estás doente”, “Parece que estás cansado”, “Precisas de
descanso”, ou “Precisas tomar remédio”, e o seu afeto precisa
27 ser mais bem orientado.
Tal mãe corre para sua filhinha, que pensa ter machu-
cado o rosto ao cair no tapete, e diz, lastimando-se com
30 mais infantilidade do que a criança: “Mamãe sabe que te
machucaste”. O método melhor e mais eficaz que as mães
devem adotar é dizer: “Não foi nada! Não te machucaste,
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 155
1 e não penses que estás machucada”. Logo a criança esquece a
queda e continua a brincar.
3 Quando o doente se restabelece com o uso de drogas, o
que cura é a lei de uma crença generalizada, que culmina em
fé individual; e conforme essa fé será o efeito. O poder das
Mesmo que elimines a confiança que o indiví- drogas é mental
6
duo tem na droga, ainda assim a fé generalizada não estará
desvinculada da droga. O químico, o botânico, o farmacêu-
9 tico, o médico e a enfermeira revestem, com sua fé, o medica-
mento e, dessa forma, as crenças que estão em maioria
governam. Quando a crença generalizada endossa a droga
12 inanimada como capaz de causar este ou aquele efeito, a fé que
um indivíduo tem ou o fato de ele discordar, a menos que isso
se fundamente na Ciência, não passa de uma crença susten-
15 tada por uma minoria, e essa crença é governada pela maioria.
A crença universal na física pesa contra as elevadas
e poderosas verdades da metafísica cristã. Essa crença
18 geral errônea, que sustenta a medicina e produz Crença
todos os resultados médicos, age contra a Ciência na física
Cristã; e a percentagem de poder do lado dessa Ciência tem
21 de sobrepujar fortemente o poder da crença popular, a fim de
curar um único caso de doença. A mente humana age mais
poderosamente para corrigir as desarmonias da matéria e
24 os males da carne, na proporção em que põe menos peso no
prato material ou carnal da balança e mais peso no prato espiri-
tual. A homeopatia diminui a quantidade de droga, mas a
27 potência do remédio aumenta à medida que a droga desaparece.
O vegetarianismo, a homeopatia e a hidropatia reduzi-
ram a prescrição de drogas; mas se as drogas fossem
30 um antídoto para as doenças, por que reduzir A natureza
o antídoto? Se as drogas fossem uma coisa boa, das drogas
seria então válido dizer que quanto menos drogas usares,
33 tanto melhor? Se as drogas tivessem méritos intrínsecos ou
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 156
1 qualidades curativas inteligentes, essas qualidades teriam de
ser mentais. Quem deu nomes às drogas, e o que foi que as
3 tornou boas ou más, benéficas ou nocivas, para os mortais?
Um caso de hidropisia, abandonado pelos médicos, veio
às minhas mãos. Era um caso terrível. Haviam sido feitas
6 punções e, apesar disso, a paciente, deitada na Hidropisia
cama, parecia um barril. Receitei a quarta ate- curada
sem drogas
nuação de argentum nitratum e de vez em
9 quando doses altamente atenuadas de sulphuris. Ela melho-
rou perceptivelmente. Considerando que naquela época eu
acreditava um pouco nas teorias comuns do exercício da
12 medicina, e sabia que seu médico anterior lhe havia recei-
tado esses remédios, comecei a recear um agravamento dos
sintomas, devido ao uso prolongado desses medicamentos,
15 e mencionei isso à paciente; mas ela não estava disposta a
abandoná-los, pois estava se restabelecendo. Ocorreu-me,
então, dar-lhe pílulas não medicamentosas e observar o
18 resultado. Assim fiz, e ela continuou a melhorar. Finalmente,
ela disse que iria suspender os remédios por um dia e assu-
mir o risco. Depois de experimentar isso, informou-me que
21 podia passar dois dias sem as pílulas; mas no terceiro dia
voltou a sofrer, e sentiu alívio depois de tomá-las. Continuou
assim tomando as pílulas não medicamentosas — e recebendo
24 de vez em quando minhas visitas — mas sem empregar outros
meios, e ficou curada.
A metafísica, como ensinada na Ciência Cristã, é o
27 grande passo seguinte para além da homeopatia. Na meta-
física, a matéria desaparece inteiramente do Progresso
remédio e a Mente toma seu próprio lugar, legí- grandioso
30 timo e supremo. A homeopatia leva bastante em conside-
ração os sintomas mentais no diagnóstico da doença.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 157
1 A Ciência Cristã lida inteiramente com a causa mental ao jul-
gar e destruir a doença. Triunfa onde a homeopatia falha,
3 exclusivamente porque seu único Princípio de cura reconhe-
cido é a Mente, e toda a força do elemento mental é empre-
gada por meio da Ciência da Mente, que nunca compartilha
6 seus direitos com a matéria inanimada.
A Ciência Cristã extermina a droga e repousa só na Mente
como Princípio sanador, reconhecendo que a Mente divina
9 tem todo o poder. A homeopatia mentaliza O processo
uma droga com tanta repetição de atenuações da homeopatia
mentais, que a droga se torna mais parecida com a mente
12 humana do que com o substrato dessa mente, assim chamada,
o qual denominamos matéria; e o poder de ação da droga
aumenta na mesma proporção.
15 Se as drogas fizessem parte da criação de Deus, a qual (de
acordo com a narrativa do Gênesis) Ele declarou boa, então as
drogas não poderiam ser venenosas. Se Deus A droga não
18 pudesse criar drogas intrinsecamente nocivas, faz parte do
Cristianismo
então elas nunca deveriam ser usadas. Se Ele
de fato tivesse criado drogas e as tivesse destinado a uso
21 médico, por que é que Jesus não as empregou nem as reco-
mendou para o tratamento da doença? A matéria não é auto-
criadora, pois não é inteligente. A mente mortal, que erra,
24 reveste a droga do poder que ela parece possuir.
Os narcóticos acalmam a mente mortal e assim dão
alívio ao corpo; mas deixam tanto a mente como o corpo
27 piores, devido a essa submissão. A Ciência Cristã influi na
corporalidade inteira — ou seja, na mente e no corpo — e traz à
tona a prova de que a Vida é contínua e harmoniosa. A Ciência
30 neutraliza e ao mesmo tempo destrói o erro. A humanidade se
torna melhor graças a esse sistema de cura espiritual e profundo.
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 158
1 Consta que a profissão médica se originou na idolatria
entre os sacerdotes pagãos, os quais imploravam aos deuses
3 que curassem os doentes, e designaram Apolo Mitologia
como “o deus da medicina”. Supõe-se que ele e medicina
tenha ditado a primeira receita, de acordo com a “História
6 de Quatro Mil Anos de Medicina”. Convém mencionar aqui
que Apolo também era considerado aquele que envia a
doença, “o deus da pestilência”. Hipócrates se volveu dos
9 ídolos para as drogas de origem vegetal e mineral como
meios de cura. Isso foi considerado um progresso na medi-
cina; mas o que necessitamos é a verdade que cura tanto a
12 mente como o corpo. A história futura da medicina material
talvez venha a corresponder à de seu deus material, Apolo,
que foi banido do céu e passou por grandes sofrimentos na
15 terra.
As drogas, os cataplasmas e o uísque são tolos substitutos
da dignidade e da potência da Mente divina e de sua eficácia
18 curativa. É lamentável induzir os homens à Passos para
tentação pelos atalhos deste mundo de deso- o vício
lação — vitimando o gênero humano com receitas intoxi-
21 cantes para os doentes, a ponto de a mente mortal aprender
a precisar de bebidas fortes, e de homens e mulheres se
tornarem repugnantes beberrões.
24 Nós nos deparamos com provas de progresso e de espiri-
tualização em toda parte. Os sistemas que se baseiam nas
drogas estão abrindo mão da matéria, e assim Graus de
deixam entrar o estrato mais elevado da maté- progresso
27
ria, a mente mortal. A homeopatia, que está um passo à
frente da alopatia, vem fazendo isso. A matéria vai desapare-
30 cendo do medicamento; e a mente mortal, de atenuação mais
alta do que a droga, passa a governar a pílula.
Uma mulher na cidade de Lynn, estado de Massachusetts,
33 foi anestesiada com éter e morreu em consequência disso,
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 159
1 muito embora seus médicos tivessem insistido que seria peri-
goso fazer a necessária operação cirúrgica sem o éter. Depois
3 da autópsia, a irmã da falecida declarou que Os efeitos
esta havia protestado contra a inalação do éter, do medo
dizendo que o éter a mataria, mas que havia sido coagida
6 pelos médicos a aceitá-lo. Haviam-lhe segurado as mãos e
ela fora forçada a se submeter. O caso foi levado aos tribu-
nais. Tendo sido considerada concludente a prova, foi dado o
9 parecer de que a morte fora ocasionada, não pelo éter, mas
pelo medo da inalação.
Acaso é cirurgia eficiente e científica não levar em consi-
12 deração as condições mentais, e tratar a paciente como se ela
não fosse outra coisa senão matéria sem mente, As condições
e como se a matéria fosse o único fator a ser mentais têm de
ser observadas
15 consultado? Se esses cirurgiões não científicos
tivessem entendido a metafísica, teriam levado em conside-
ração o estado mental da mulher e não teriam arriscado tal
18 tratamento. Eles teriam acalmado seu medo, ou teriam feito
a operação sem éter.
O desenrolar do processo provou que essa mulher de
21 Lynn morrera dos efeitos produzidos pela mente mortal e
não como resultado da doença ou da operação.
As escolas de medicina procuram conhecer o estado do
24 homem, estudando a matéria em vez de a Mente. Examinam
os pulmões, a língua e o pulso para averiguar A fonte errônea
quanta harmonia, ou saúde, a matéria está con- do conhecimento
27 cedendo à matéria — quanta dor ou quanto prazer, ação ou
estagnação, uma forma de matéria está concedendo a outra
forma de matéria.
30 Por não saber que a crença de um homem produz a doença
e todos os seus sintomas, o médico comum corre o risco de
agravar a doença com sua própria mente, ao passo que deveria
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 160
1 se dedicar ao trabalho de destruir a enfermidade pelo poder
da Mente divina.
3 Os sistemas da física agem contra a metafísica, e vice-
versa. Quando os mortais abandonam a base material de
ação em favor da base espiritual, as drogas perdem a força
6 curativa porque não têm poder intrínseco. Sem o apoio da
fé que nele se deposita, o medicamento inanimado se torna
ineficaz.
9 A ação orgânica e a secreção das vísceras obedecem
à direção da mente mortal, tão diretamente como o braço
obedece a essa direção. Quando essa mente, Músculos
assim chamada, deixa o corpo, o coração fica obedientes
12
tão inerte como a mão.
De acordo com a anatomia, os nervos são necessários
15 para transmitir aos músculos a ordem da mente e assim pro-
duzir a ação; mas o que diz a anatomia, quando Anatomia
os tendões se contraem e se imobilizam? Terá a e mente
18 mente mortal deixado de lhes falar, ou lhes terá ordenado
que sejam impotentes? Podem os músculos, os ossos, o san-
gue e os nervos rebelar-se contra a mente em um caso, e não
21 em outro, e enrijecer-se apesar do protesto mental?
A não ser que os músculos possam agir independentemente
o tempo todo, eles jamais podem — jamais são capazes de
24 agir contra a direção mental. Se os músculos podem cessar
de funcionar, e ficar rígidos de acordo com sua própria von-
tade — se podem tornar-se disformes ou simétricos, segundo
27 lhes agrade ou como a doença ordene — é porque agem por si
mesmos. Por que então consultar a anatomia para saber como
é que a mente mortal governa o músculo, se a anatomia só
30 ensina que o músculo não é governado dessa maneira?
É o homem um fungo material sem Mente A Mente é
que o ajude? Porventura uma junta rígida, ou superior à matéria
33 um músculo contraído, é o resultado de uma lei, tanto quanto o
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 161
1 estado flexível e elástico do membro sadio, e seria Deus
o autor dessa lei?
3 Tu dizes: “Eu queimei o dedo”. Essa é uma declaração
exata, mais exata do que supões; porque é a mente mortal,
e não a matéria, que o queima. A inspiração sagrada criou
6 o estado mental que foi capaz de anular a ação das chamas,
como no caso bíblico dos três jovens hebreus cativos lança-
dos na fornalha babilônica; enquanto que um estado mental
9 oposto poderia produzir combustão espontânea.
Em 1880, o estado de Massachusetts refutou um projeto
de lei tirânica, que visava a restringir a prática da cura. Se
12 seus estados irmãos seguirem esse exemplo, em Regulamentos
harmonia com a nossa Constituição e com a restritivos
Declaração dos Direitos, exercerão menos violência contra
15 aquele sentimento imortal da Declaração de Independência
que diz: “O homem é dotado por seu Criador de certos direi-
tos inalienáveis, entre os quais estão a vida, a liberdade e a
18 busca da felicidade”.
As leis opressivas dos estados, concernentes à medicina,
lembram-nos as palavras que a famosa Sra. Roland proferiu
21 ao ajoelhar-se diante de uma estátua da Liberdade, erigida
perto da guilhotina: “Ó Liberdade, quantos crimes se come-
tem em teu nome!”
24 O médico comum, que examina os sintomas corpóreos
e diz ao paciente que ele está doente, e que trata do caso
segundo seu diagnóstico físico, naturalmente A metafísica
27 induzirá aquela mesma doença que ele está ten- desafia a física
tando curar, mesmo que ela ainda não esteja determinada
pela mente mortal. Tais erros inconscientes não ocorreriam,
30 se essa velha classe de filantropos procurasse a causa e o
efeito tão a fundo na mente como os procura na matéria.
O médico “entra em acordo sem demora” com o seu “adver-
33 sário”, mas em termos diferentes dos termos do metafísico;
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 162
1 pois o médico da matéria entra em acordo com a doença, ao
passo que o metafísico concorda só com a saúde e desafia a
3 doença.
A Ciência Cristã traz ao corpo a luz solar da Verdade, que
revigora e purifica. A Ciência Cristã age como alterante,
6 neutralizando o erro com a Verdade. Modifica A Verdade
secreções, elimina fluidos nocivos, dissolve é alterante
tumores, relaxa músculos enrijecidos e restaura a saúde dos
9 ossos. O efeito dessa Ciência consiste em sacudir a mente
humana, levando-a a uma mudança de base, sobre a qual
possa ceder à harmonia da Mente divina.
12 Os experimentos apoiam o fato de que a Mente governa o
corpo, não só em um caso, mas em todos os casos. As facul-
dades indestrutíveis do Espírito existem sem as Êxito
15 condições da matéria e também sem as crenças prático
errôneas de uma chamada existência material. Ao aplicar as
regras da Ciência, na prática, a autora restabeleceu a saúde
18 nos casos mais graves de doenças, tanto agudas como crôni-
cas. Secreções foram mudadas, a estrutura foi renovada,
membros curtos foram alongados, juntas ancilosadas se tor-
21 naram flexíveis, e ossos doentes foram restaurados ao estado
sadio. Restaurei o que se chama substância deteriorada dos
pulmões, e estabeleceram-se organismos sadios onde a
24 doença era orgânica. A Ciência Cristã cura a doença orgâ-
nica com tanta segurança como cura a que se chama funcio-
nal, pois se requer apenas uma compreensão mais completa
27 do Princípio divino da Ciência Cristã, para demonstrar a
regra mais elevada.
Com o devido respeito à classe médica, tomo Testemunho
30 a liberdade de citar o Dr. Benjamin Rush, famoso de professores
de medicina
professor de medicina de Filadélfia. Ele decla-
rou que “é impossível calcular o mal que Hipócrates causou,
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 163
1 marcando primeiro a Natureza com seu nome e soltando-a
depois sobre os doentes”.
3 O Dr. Benjamin Waterhouse, professor da Universidade
Harvard, declarou estar “cansado de charlatanismo erudito”.
O Dr. James Johnson, cirurgião de Guilherme IV, rei da
6 Inglaterra, disse:
“Declaro minha opinião conscienciosa, fundamentada em
longa observação e reflexão, de que, se não houvesse nenhum
9 médico, cirurgião, boticário, obstetra, farmacêutico, dro-
guista, ou droga sobre a face da terra, haveria menos doenças
e menos mortalidade”.
12 O Dr. Mason Good, catedrático erudito de Londres, disse:
“O efeito da medicina no organismo humano é altamente
incerto; mas o que é certo é que destruiu mais vidas do que
15 a guerra, a peste e a fome juntas”.
O Dr. Chapman, professor de Princípios e Prática da
Medicina na Universidade de Pennsylvania, disse em um
18 ensaio publicado:
“Quando consultamos os registros da nossa ciência, não
podemos deixar de sentir repugnância diante da multidão de
21 hipóteses que em ocasiões diferentes nos foram impostas. Em
parte alguma a imaginação se mostra em maior amplitude;
e tão extensa exibição de invenções humanas poderia talvez
24 lisonjear nossa vaidade, se não fosse mais do que compensada
pela visão humilhante de tanto absurdo, contradição e
falsidade. Harmonizar as contradições das doutrinas médicas
27 é, de fato, tarefa tão impraticável como a de organizar os
vapores fugazes ao nosso redor, ou de reconciliar as incom-
patibilidades imutáveis e repulsivas da natureza. Sombria e
Ciência e Saúde A ciência, a teologia e a medicina 164
1 desorientada, nossa carreira errante se parece com o tatear
do Ciclope de Homero na caverna”.
3 Sir John Forbes, M.D., F.R.S., Membro da Faculdade Real
de Medicina, de Londres, disse:
“Nenhuma classificação sistemática ou teórica de doenças
6 ou de agentes terapêuticos já publicada é verdadeira ou se
aproxima da verdade, e nenhuma pode ser adotada como
guia seguro no desempenho da profissão”.
9 É justo dizer que em geral a classe médica é culta, se
compõe de homens e mulheres de alto nível, e, portanto,
mais científicos do que as pessoas que falsamente se apresen-
12 tam como seguidoras da Ciência Cristã. Contudo, a todos os
sistemas humanos baseados em premissas materiais falta a
unção da Ciência divina. Resta ainda muito a dizer e a fazer
15 antes que toda a humanidade seja salva e todos os micróbios
mentais do pecado e todos os germes do pensamento doentio
sejam exterminados.
18 Se tu ou eu parecêssemos morrer, não estaríamos mortos.
O falecimento aparente, causado pela maioria das crenças
humanas de que o homem tenha de morrer, ou que seja
21 produzido por assassinos mentais, não desmente em absoluto
a Ciência Cristã; pelo contrário, põe em evidência a verdade
de sua proposição básica de que os pensamentos mortais, na
24 crença, governam a materialidade erroneamente denominada
vida no corpo ou na matéria. Mas o fato eterno permanece
supremo, de que a Vida, a Verdade e o Amor salvam do
27 pecado, da doença e da morte. “Quando este corpo corrup-
tível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se
revestir de imortalidade [ou seja, da Ciência divina], então, se
30 cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela
vitória” (S. Paulo).
Capítulo 7
A fisiologia
Por isso, vos digo:
Não andeis ansiosos pela vossa vida,
quanto ao que haveis de comer ou beber;
nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir.
Não é a vida mais do que o alimento,
e o corpo, mais do que as vestes? — Jesus.
Enviou-lhes a Sua palavra, e os sarou,
e os livrou do que lhes era mortal. — Salmos.
3
A fisiologia é uma das maçãs da “árvore do conhecimento”.
O mal declarou que comer essa fruta abriria os olhos
do homem e este se tornaria como um deus. Em vez disso,
fechou os olhos dos mortais ao fato de que Deus dera ao
homem domínio sobre a terra.
6 Medir a capacidade intelectual pelo tamanho do cérebro
e medir a força pelo uso dos músculos é subju- O homem
gar a inteligência, tornar mortal a mente, e sub- não é estrutural
9 meter essa mente, assim chamada, à organização material
e à matéria não inteligente.
A obediência às chamadas leis físicas de saúde não pôs
12 freio à doença. As enfermidades se multiplicaram desde que
as teorias materiais, feitas pelos homens, tomaram o lugar da
verdade espiritual.
15 Dizes que indigestão, cansaço e falta de sono causam per-
turbação de estômago e dores de cabeça. Em As causas
seguida, consultas o cérebro para lembrar o que das doenças
18 te fez mal, quando o remédio consiste em esquecer tudo isso;
165
Ciência e Saúde A fisiologia 166
1 pois a matéria não tem sensação própria, e apenas a mente
humana é que pode produzir a dor.
3 Da maneira como o homem pensa, assim ele é. Apenas
a mente é que sente, age ou impede a ação. Por ignorância
quanto a esse fato, ou para evitar a responsabilidade que ele
6 implica, o esforço para curar é feito do lado errado, e assim
o domínio consciente sobre o corpo se perde.
O maometano crê que uma peregrinação a Meca salva
9 sua alma. O médico comum crê na sua receita, e o farmacêu-
tico crê no poder de suas drogas para salvar a Equívocos
vida de um homem. A crença do maometano é pagãos e
médicos
12 uma delusão de natureza religiosa; a do médico
e a do farmacêutico são um equívoco de natureza médica.
A mente humana, que erra, é desarmoniosa por sua pró-
15 pria natureza. Dela resulta o corpo desarmonioso. Ignorar
a Deus, como se Ele fosse de pouca ajuda na Saúde por se
doença, é um engano. Em vez de deixá-Lo de confiar na
espiritualidade
18 lado em momentos de dificuldades físicas e de
esperar a hora do bem-estar para reconhecer Seu poder,
deveríamos entender que Ele tem o poder de fazer tudo por
21 nós, tanto na doença como na saúde.
Por não conseguir recuperar a saúde seguindo a fisiologia
e as teorias materiais, muitas vezes o doente desesperado as
24 abandona e, na sua necessidade extrema e só como último
recurso, volve-se a Deus. O doente tem menos fé na Mente
divina do que nas drogas, na mudança de ar e no exercício,
27 senão teria recorrido primeiro à Mente. A preponderância
de poder é atribuída à matéria pela maioria dos sistemas de
medicina; mas quando a Mente por fim faz valer sua supre-
30 macia sobre o pecado, a doença e a morte, então se constata
que o homem é harmonioso e é imortal.
Ciência e Saúde A fisiologia 167
1 Deveríamos implorar a um Deus corpóreo que cure os
doentes por Sua vontade pessoal, ou devemos compreender
3 o infinito Princípio divino que cura? Se não nos elevamos
acima da fé cega, não chegamos à Ciência da cura, nem
compreendemos que a existência está na Alma, e não está nos
6 sentidos. Entendemos a Vida na Ciência divina somente à
medida que vivemos acima do senso corpóreo e o corrigimos.
A proporção com que aceitamos as manifestações do bem ou
9 do mal determina a harmonia de nossa existência — nossa
saúde, nossa longevidade e nosso Cristianismo.
Não podemos servir a dois senhores, nem podemos tomar
12 conhecimento da Ciência divina por meio dos sentidos mate-
riais. As drogas e as teorias materiais sobre Os dois
a saúde não conseguem usurpar o lugar e o senhores
15 poder da fonte divina de toda a saúde e perfeição. Se Deus
tivesse feito o homem tanto bom como mau, o homem teria
de permanecer assim. O que é que pode melhorar a obra de
18 Deus? Afirmo novamente, um erro na premissa tem de apa-
recer na conclusão. Para teres um só Deus e te valeres do
poder do Espírito, tens de amar a Deus supremamente.
21 “A carne milita contra o Espírito.” A carne e o Espírito
não podem se unir em ação, assim como o bem não pode
coincidir com o mal. Não é sensato assumir Resultado
24 uma atitude vacilante e ficar no meio-termo, na parcial
expectativa de agir ao mesmo tempo por meio do Espírito
e da matéria, por meio da Verdade e do erro. Há um só cami-
27 nho — a saber, Deus e Sua ideia — que conduz ao existir espi-
ritual. O governo científico do corpo tem de ser obtido por
meio da Mente divina. É impossível obter o controle sobre o
30 corpo por qualquer outro meio. Nesse ponto fundamental,
o conservantismo tímido é absolutamente inadmissível. Só
mediante a confiança radical na Verdade é que o científico
33 poder sanador pode dar resultado.
Substituir uma vida dedicada ao bem por algumas
Ciência e Saúde A fisiologia 168
1 palavras bonitas e trocar um caráter íntegro pela aparência
de integridade é o pobre subterfúgio daqueles que são fracos
3 e voltados para o mundo, que consideram alto demais o
padrão da Ciência Cristã.
Se os pratos da balança estão bem ajustados, quando tiras
6 um só peso de qualquer dos pratos dás preponderância ao
outro. Qualquer influência que ponhas do Crença do
lado da matéria, estás tirando da Mente que, de lado errado
9 outro modo, teria preponderância sobre tudo mais. Tua
crença milita contra tua saúde, quando deveria se alistar a
favor da saúde. Quando estás doente (segundo a crença), cor-
12 res logo para as drogas, consultas as chamadas leis materiais
de saúde e contas com ambas para te curar, apesar de que já
te enfiaste no pântano da doença, justamente devido a essa
15 crença errônea.
Só porque os sistemas feitos pelos homens insistem em
que o homem adoece e se torna inútil, sofre e morre, tudo
18 em consonância com as leis de Deus, devemos A autoridade
acreditar nisso? Acaso devemos acreditar em divina
uma autoridade que nega o mandamento espiritual de Deus a
21 respeito da perfeição — autoridade que Jesus provou ser falsa?
Ele fazia a vontade do Pai. Curava a doença em desafio ao
que se chama lei material, mas de acordo com a lei de Deus,
24 a lei da Mente.
Eu discerni a doença na mente humana e reconheci o
medo que o paciente lhe tinha, meses antes que a chamada
27 doença aparecesse no corpo. Sendo a enfermi- A doença discernida
dade uma crença, uma ilusão latente da mente com antecedência
mortal, a sensação não se manifestaria se o erro da crença
30 fosse enfrentado e destruído pela verdade.
Consideremos aqui uma palavra que se Mentalidade
compreenderá melhor mais adiante — quimi- modificada
33 calização. Por quimicalização quero dizer o processo pelo
Ciência e Saúde A fisiologia 169
1 qual passam a mente mortal e o corpo mortal na mudança
da crença de uma base material para uma base espiritual.
3 Sempre que sobrevinha uma agravação de sintomas por
quimicalização mental, eu notava os sinais mentais que me
davam a certeza de que o perigo havia passado, Antevisão
antes que o paciente sentisse a modificação; e científica
6
eu dizia ao paciente: “Estás curado” — o que às vezes o dei-
xava confuso, se era incrédulo. Mas sempre acontecia como
9 eu tinha predito.
Menciono esses fatos para mostrar que a doença tem
origem mortal e mental — que a fé nas regras de saúde ou nas
12 drogas engendra e fomenta a doença, por atrair a mente para
o tema da enfermidade, por suscitar o medo à doença, e por
medicar o corpo para evitá-la. A fé que se deposita nessas
15 coisas deveria encontrar apoios mais sólidos e permanecer
em uma base mais elevada. Se compreendêssemos o controle
da Mente sobre o corpo, não depositaríamos fé em meios
18 materiais.
A Ciência não só revela que a origem de toda doença é
mental, mas também declara que toda doença é curada pela
21 Mente divina. Não pode haver cura a não ser A Mente é a
por essa Mente, por mais que confiemos em única sanadora
uma droga ou em qualquer outro meio para o qual estejam
24 dirigidos a fé ou o empenho humano. É a mente mortal, não
a matéria, que traz aos doentes todo benefício que eles pareçam
receber da materialidade. Mas os doentes nunca são real-
27 mente curados, a não ser por intermédio do poder divino.
Só a ação da Verdade, da Vida e do Amor pode proporcionar
harmonia.
30 Tudo o que ensina o homem a ter outras leis e a reconhe-
cer outros poderes a não ser a Mente divina, é Modalidades
anticristão. O bem que uma droga intoxicante de matéria
33 parece fazer é um mal, pois despoja o homem da confiança
Ciência e Saúde A fisiologia 170
1 em Deus, a Mente onipotente e, segundo a crença, envenena o
organismo humano. A Verdade não é a base da teogonia. As
3 modalidades da matéria não formam nem um sistema moral,
nem um sistema espiritual. A desarmonia que requer méto-
dos materiais é o resultado da fé em modalidades materiais —
6 fé na matéria em vez de fé no Espírito.
Compreendia Jesus a estrutura do homem, menos do que
Graham ou Cutter? As ideias cristãs, sem dúvida, apresentam
9 aquilo que as teorias humanas excluem — o A fisiologia
Princípio da harmonia do homem. O texto: não é científica
“Todo o que vive e crê em mim, não morrerá”, não só contra-
12 diz os sistemas humanos, mas indica a Verdade eterna que se
sustenta por si mesma.
As exigências da Verdade são espirituais e alcançam o
15 corpo pela Mente. O melhor intérprete das necessidades do
homem disse: “Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto
ao que haveis de comer ou beber”.
18 Se há leis materiais que previnem a doença, o que é então
que causa a doença? Não é a lei divina, pois Jesus curava os
doentes e expulsava o erro sempre em oposição à física, nunca
21 em obediência a ela.
A causalidade espiritual é a única questão a considerar,
pois mais do que todas as outras, a causalidade espiritual
24 tem relação com o progresso humano. Esta Ponderar a
época parece estar preparada para abordar esse causalidade
assunto, para ponderar em certo grau a supremacia do
27 Espírito e ao menos tocar a orla da veste da Verdade.
A descrição do homem como puramente físico, ou ao
mesmo tempo material e espiritual — mas em ambos os casos
30 dependente do seu organismo físico — é a caixa de Pandora,
da qual saíram todos os males, especialmente o desespero.
A matéria, que toma o poder divino em suas próprias mãos
Ciência e Saúde A fisiologia 171
1 e alega ser criadora, é uma ficção, na qual o paganismo e a
luxúria são de tal modo sancionados pela sociedade, que
3 a humanidade contraiu seu contágio moral.
Pelo discernimento do oposto espiritual da materialidade,
ou seja, o caminho pelo Cristo, a Verdade, o homem reabrirá,
6 com a chave da Ciência divina, as portas do O paraíso
Paraíso, que as crenças humanas fecharam, e recuperado
constatará que não caiu em pecado, mas é reto, puro e livre,
9 sem precisar consultar almanaques para conhecer as probabi-
lidades de sua vida ou do clima, sem precisar estudar cerebro-
logia para chegar a compreender seu status de homem.
12 O controle da Mente sobre o universo, que inclui o
homem, já não é uma questão a discutir e sim uma Ciência
demonstrável. Jesus exemplificou o Princípio Questão
divino e o poder da Mente imortal, curando resolvida
15
a doença e o pecado, e destruindo os fundamentos da morte.
Por se enganar sobre sua origem e sua natureza, o homem
18 acredita que é formado da união da matéria com o Espírito. Crê
que o Espírito seja introduzido na matéria, con- Matéria
duzido por um nervo, e esteja sujeito a ser expulso versus Espírito
21 pela ação da matéria. O intelectual, o moral, o espiritual — sim,
a imagem da Mente infinita — sujeita à não-inteligência!
Não existe afinidade entre a carne e o Espírito, assim
24 como não existe afinidade entre o Maligno e Cristo.
As chamadas leis da matéria não passam de crenças errô-
neas de que a inteligência e a vida estejam presentes onde a
27 Mente não está. Essas crenças errôneas são a causa promotora
de todo pecado e de toda doença. A verdade oposta, de que a
inteligência e a vida são espirituais, nunca materiais, destrói
30 o pecado, a doença e a morte.
O erro fundamental reside na suposição de que o homem
seja um produto material e de que o conhecimento do bem
33 ou do mal, que ele possui mediante os sentidos corpóreos,
Ciência e Saúde A fisiologia 172
1 constitua sua felicidade ou sofrimento.
Elaborar teorias sobre a evolução do homem, partindo do
3 cogumelo ao macaco e dos macacos aos homens, Evolução
não nos leva nem um pouco na direção certa sem Deus
mas, muitíssimo, na errada.
6 O materialismo classifica a espécie humana como se esta
evoluísse a partir da matéria. Como é, então, que se manteria
a espécie material, se o homem passasse por aquilo que cha-
9 mamos morte e a morte fosse o Rubicão, o limiar sem retorno,
para se chegar à espiritualidade? O Espírito não pode formar
nenhum elo verdadeiro nessa suposta corrente do existir mate-
12 rial. Mas a Ciência divina revela que a corrente eterna da
existência é ininterrupta e inteiramente espiritual; no entanto,
isso só pode ser compreendido à medida que desaparece o
15 senso errôneo a respeito do existir.
Se o homem tivesse sido primeiro um ser material, deveria
ter passado por todas as formas da matéria a fim de tornar-se
18 homem. Se o corpo material fosse o homem, Graus de
então este seria um punhado de matéria, ou pó. desenvolvimento
Ao contrário, o homem é a imagem e semelhança do Espírito;
21 e a crença de que exista Alma nos sentidos ou Vida na matéria
é encontrada nos mortais, em outras palavras, na mente mor-
tal, à qual o Apóstolo se refere quando diz que precisamos nos
24 despir “do velho homem”.
O que é o homem? Cérebro, coração, sangue, ossos etc.,
a estrutura material? Se o homem verdadeiro estivesse no
27 corpo material, então suprimirias uma parte do A identidade
homem ao lhe amputares um membro; o cirur- não se perde
gião destruiria sua condição de homem e os vermes a aniqui-
30 lariam. Mas a perda de um membro ou a lesão de um tecido
é o que às vezes reaviva o brio do homem; e o infeliz aleijado
talvez revele mais nobreza de caráter do que o atleta escultural
33 — ensinando-nos exatamente por meio de suas deficiências
que “um homem é um homem apesar de tudo”.
Quando admitimos que a matéria (o coração, o sangue,
Ciência e Saúde A fisiologia 173
1 o cérebro, que agem por meio dos cinco sentidos físicos)
constitua o homem, é impossível entender como Quando o
3 a anatomia possa distinguir entre a humanidade homem é homem
e o animal, ou determinar quando o homem é realmente
homem e já progrediu para além de seus progenitores
6 animais.
Quando se aplica a um indivíduo a suposição de que o
Espírito esteja dentro daquilo que o Espírito Individualização
9 cria e de que o oleiro esteja sujeito ao barro, a
Verdade fica rebaixada ao nível do erro e espera-se que a inte-
ligência se manifeste por meio daquilo que não é inteligente.
12 O que é denominado matéria não manifesta outra coisa a
não ser uma mentalidade material. Nem a substância nem
a manifestação do Espírito podem ser obtidas por meio da
15 matéria. O Espírito é positivo. A matéria é o contrário do
Espírito, é a ausência do Espírito. Se o Espírito, que é posi-
tivo, passasse por um estado negativo, isso seria a destruição
18 do Espírito.
A anatomia declara que o homem é estrutural. A fisiolo-
gia continua essa explicação, medindo a força O homem não
21 humana pelos ossos e tendões, e a vida humana é estrutural
pela lei material. O homem é espiritual, individual e eterno;
a estrutura material é mortal.
24 A frenologia classifica o homem como trapaceiro ou
honesto, de acordo com o desenvolvimento do crânio; mas a
anatomia, a fisiologia e a frenologia não definem a imagem
27 de Deus, o homem real, o homem imortal.
A razão humana e a religião chegam lentamente ao
reconhecimento dos fatos espirituais e, por isso, continuam a
30 apelar para a matéria a fim de remover o erro que só a mente
humana criou.
Os ídolos da civilização são muito mais destrutivos para
33 a saúde e para a longevidade do que os ídolos do barbarismo.
Os ídolos da civilização despertam menos fé em uma
Ciência e Saúde A fisiologia 174
1 inteligência suprema e governante do que o budismo. Os
esquimós, com seus encantamentos, restabelecem a saúde tão
3 conscientemente como os médicos civilizados a restabelecem
com seus métodos mais estudados.
Será a civilização apenas uma forma mais elevada de
6 idolatria, para que o homem se incline ante a escova de mas-
sagem, os emplastros, os banhos, a dieta, o exercício e o ar?
Nada, a não ser o poder divino, é capaz de fazer pelo homem
9 tanto quanto este pode fazer por si mesmo.
Os passos com que o pensamento se eleva acima dos pon-
tos de vista materiais são lentos, e pressagiam uma longa noite
12 ao viajante; mas os anjos de Sua presença — as A elevação
intuições espirituais que nos avisam quando do pensamento
“vai alta a noite, e vem chegando o dia” — são nossos guar-
15 diões nas trevas. Quem quer que abra o caminho na Ciência
Cristã é peregrino e forasteiro, que traça a senda para gerações
ainda por nascer.
18 O trovão do Sinai e o Sermão do Monte estão no encalço
dos tempos e hão de ultrapassá-los, repreendendo no seu
percurso todo o erro e proclamando o reino dos céus na terra.
21 A Verdade está revelada. Só precisa ser praticada.
A crença mortal é a única coisa que torna a droga capaz
de curar os males dos mortais. A anatomia admite que a mente
24 esteja em alguma parte do homem, embora não Erros
médicos
seja visível. Então, se uma pessoa está doente,
por que tratar só do corpo e administrar uma dose de deses-
27 pero à mente? Por que declarar que o corpo está doente e des-
crever essa doença à mente, como quem está saboreando uma
guloseima, mantendo-a sempre diante do pensamento tanto
30 do médico como do paciente? Devemos compreender que a
causa da doença se encontra na mente humana mortal, e que
a cura vem da Mente divina imortal. Deveríamos impedir
Ciência e Saúde A fisiologia 175
1 que as imagens da doença tomassem forma no pensamento,
e deveríamos apagar os contornos da enfermidade já delinea-
3 dos na mente dos mortais.
Quando houver menos receitas médicas e se pensar
menos em questões sanitárias, haverá melhores Doenças
6 constituições e menos doenças. Quem é que novas
na antiguidade ouvia falar em dispepsia, em meningite
cérebro-espinhal, em febre do feno ou em alergia às rosas?
9 Que ultraje à formosura da natureza dizer que uma rosa,
o sorriso de Deus, possa produzir sofrimento! A alegria de
sua presença, sua beleza e sua fragrância deveriam elevar o
12 pensamento e dissipar todo senso de medo ou de febre. É
profanação imaginar que o aroma do trevo e a exalação do
feno recém-cortado possam causar inflamações glandulares,
15 espirros e irritação no nariz.
Se um pensamento aleatório, intitulado dispepsia, hou-
vesse tentado tiranizar nossos antepassados, teria sido repe-
18 lido pela independência e laboriosidade deles. Os antepassados
Naquela época as pessoas tinham menos tempo não tinham
dispepsia
para o ego, para os mimos e para conversas
21 nocivas após as refeições. Não se discutia a quantidade exata
de alimento que, segundo Cutter, o estômago podia digerir,
nem se relacionava o tema às leis de saúde. A crença do
24 homem daqueles dias não dava tanta atenção ao suco gástrico.
Os “Experimentos Médicos” de Beaumont não governavam a
digestão.
27 A atmosfera úmida, a neve e o gelo enrubesciam as faces
rechonchudas de nossos antepassados, mas eles nunca se deram
ao luxo de ter brônquios inflamados. Eram tão Crenças errôneas
30 inocentes a respeito da existência de tubérculos e sobre os pulmões
comprimidos, de pulmões e pastilhas, como era Adão, antes
que ele comesse o fruto do conhecimento errôneo.
33 “Onde a ignorância é contentamento, loucura é ser sábio”,
Ciência e Saúde A fisiologia 176
1 diz o poeta inglês, e há verdade nesse seu modo de pensar. A
ação da mente mortal sobre o corpo não era tão prejudicial,
3 antes que as curiosas Evas modernas empreen- Nossas Evas
dessem o estudo de obras de medicina, e que os modernas
Adãos pouco varonis atribuíssem sua própria queda e a sorte
6 de sua prole à fraqueza de suas mulheres.
O antigo costume de não andar ansioso quanto ao ali-
mento deixava o estômago e o intestino livres para funcionar
9 em obediência à natureza, e dava ao evangelho a oportuni-
dade de ser visto em seu excelente efeito sobre o corpo. Não
se fazia desfilar perante a imaginação um horrendo cortejo
12 de doenças. Havia menos livros sobre digestão e mais
“sermões em pedras, e o bem em todas as coisas”. Quando
o mecanismo da mente humana cede lugar à Mente divina,
15 então o amor ao ego e o pecado, assim como a doença e a
morte, perdem seu ponto de apoio.
O medo humano aos miasmas, ou seja, às exalações
18 nocivas e infecciosas, sobrecarregaria de doenças o ar do
Éden e oprimiria a humanidade com males sobrepostos
e conjeturais. A mente mortal é o pior inimigo do corpo,
21 enquanto que a Mente divina é seu melhor amigo.
Deveriam todos os casos de doença orgânica ser tratados
por um médico comum, e deveria o Cientista Cristão tentar
24 aplicar a verdade só nos casos de histeria, hipo- As doenças
condria e alucinações? Uma doença não é mais não devem ser
classificadas
real do que outra. Toda doença é o resultado
27 da educação, e a doença não pode levar seus efeitos nocivos
para além do caminho traçado pela mente mortal. É a mente
humana, não a matéria, que diz que sente, sofre e se deleita.
30 É por isso que os tipos definidos de doenças agudas cedem à
Verdade, tão facilmente como os tipos menos definidos e as
formas crônicas de doença. A Verdade vence o mais maligno
33 dos contágios com perfeita segurança.
Ciência e Saúde A fisiologia 177
1 A mente humana produz o que se chama doença orgânica
tão certamente como produz a histeria, e tem de abandonar
3 todos os seus erros, doenças e pecados. Isso Uma única base
eu demonstrei de maneira incontestável. A evi- para toda doença
dência do poder sanador da Mente divina e do seu controle
6 absoluto é para mim tão certa como a evidência de minha
própria existência.
A mente mortal e o corpo são um. Nenhum dos dois
9 existe sem o outro, e ambos têm de ser destruídos pela Mente
imortal. A matéria, ou seja, o corpo, é apenas O mental
um conceito errôneo da mente mortal. Essa e o físico
são um
12 mente, assim chamada, constrói sua própria
superestrutura da qual o corpo material é a parte mais densa;
mas em todos os aspectos o corpo é um conceito humano,
15 sensório.
Na alegoria bíblica da criação material, Adão, ou seja,
o erro, que representa a teoria errônea de haver vida e inteli-
18 gência na matéria, foi incumbido de dar nomes O efeito
a tudo o que era material. Esses nomes indica- dos nomes
vam as propriedades, as qualidades e as formas da matéria.
21 Mas uma mentira, o oposto da Verdade, não pode dar nomes
às qualidades e aos efeitos daquilo que é chamado matéria e
criar as chamadas leis da carne, nem pode uma mentira, de
24 maneira alguma, manter a preponderância de poder contra
Deus, o Espírito e a Verdade.
Se uma dose de veneno é ingerida por engano e o
27 paciente morre, embora o médico e o paciente estejam espe-
rando resultados favoráveis, surge a pergunta: Veneno
foi a crença humana que causou essa morte? definido
mentalmente
30 Sim, certamente, e isso de modo tão direto
como se o veneno tivesse sido tomado intencionalmente.
Em tais casos, algumas pessoas acreditam que a poção
33 ingerida pelo paciente seja inofensiva, mas a grande maioria
Ciência e Saúde A fisiologia 178
1 da humanidade, embora nada saiba desse caso particular
nem dessa pessoa em especial, acredita que o arsênico, a
3 estricnina, ou qualquer droga empregada, sejam venenosos
porque a mente mortal os classificou como venenos. Por
conseguinte, o resultado é determinado pela opinião da
6 maioria, não pela opinião da minoria infinitésima que está
no quarto do doente.
A hereditariedade não é lei. A causa remota ou crença
9 remota de doença não é perigosa por ter se apresentado
anteriormente, nem por haver conexão entre os pensamentos
mortais do passado e os do presente. A causa que predispõe
12 à doença e a causa que a provoca são mentais.
Talvez um adulto tenha uma deformidade produzida
antes do nascimento, devido ao fato de sua mãe ter levado
15 um susto. Esse caso crônico não é difícil de curar, quando
arrancado da crença humana e fundamentado na Ciência,
na Mente divina, para a qual tudo é possível.
18 A mente mortal, que atua partindo da base de que haja
sensação na matéria, é magnetismo animal; mas essa mente,
assim chamada, da qual procede todo o mal, Destruído o
21 contradiz a si mesma e por fim tem de ceder à magnetismo
animal
Verdade eterna, à Mente divina, expressada na
Ciência. Em proporção à nossa compreensão da Ciência
24 Cristã, ficamos livres da crença de hereditariedade, de haver
mente na matéria, ou seja, de magnetismo animal; e desar-
mamos o pecado de seu poder imaginário na proporção em
27 que compreendemos espiritualmente o status do existir
imortal.
Por desconhecer os métodos e a base da cura metafísica,
30 talvez tentes associar a ela o hipnotismo, o espiritualismo, a
eletricidade; mas nenhum desses métodos pode ser mistu-
rado com a cura metafísica.
33 Quem quer que alcance a compreensão da Ciência Cristã
Ciência e Saúde A fisiologia 179
1 em seu verdadeiro significado, realizará as curas instantâneas
de que ela é capaz; mas isso só pode ser feito assumindo a
3 cruz e seguindo o Cristo na vida diária.
A Ciência pode curar os doentes que não estão na pre-
sença dos seus sanadores, assim como os que estão presentes,
6 pois o espaço não é obstáculo para a Mente. A Pacientes
Mente imortal cura o que os olhos não viram; ausentes
mas a capacidade espiritual de captar o pensamento e de
9 curar pelo poder da Verdade só se adquire quando o homem
não está imbuído da presunção de uma retidão pessoal, mas
reflete a natureza divina.
12 Todo método de medicina tem seus defensores. A prefe-
rência da mente mortal por certo método cria a procura por
esse método, e o corpo então parece precisar de Cavalos mal-
15 tal tratamento. Com os conceitos da fisiologia, acostumados
podes até acostumar um cavalo sadio a ponto de ele se res-
friar por falta de um cobertor, ao passo que o animal selva-
18 gem, entregue a seus instintos, aspira o vento com prazer.
A epizootia é uma doença concebida humanamente, que um
cavalo selvagem talvez nunca tenha.
21 Os tratados sobre anatomia, fisiologia e saúde, sustenta-
dos pelo que se chama lei material, são os pro- Objeção aos tratados
motores da doença e da enfermidade. Não sobre medicina
24 deveria ser proverbial que enquanto leres obras sobre medi-
cina, ficarás doente.
A diligente mãe de família — ao estudar o livro de Jahr,
27 com pílulas e pós homeopáticos na mão, pronta a te fazer
suar, a fazer funcionar teu intestino ou a te fazer dormir —
semeia, sem saber, as sementes da confiança na matéria, e sua
30 família poderá em breve colher os efeitos desse engano.
As descrições que os médicos fazem de doenças e os
Ciência e Saúde A fisiologia 180
1 anúncios dos charlatães são fontes prolíficas de enfermida-
des. Visto que é a mente mortal que cultiva o erro, ela deve
3 ser instruída a não causar dano ao corpo e a arrancar aquilo
que semeou erroneamente.
O sofredor tenta pacientemente dar-se por satisfeito,
6 quando vê atarefados os que desejam curá-lo, e sua fé nos
esforços deles é até certo ponto útil tanto para A atitude
eles quanto para si mesmo; mas na Ciência é do enfermo
9 preciso compreender a lei ressuscitadora da Vida. Essa é a
semente que está em si mesma, produzindo fruto segundo
a sua espécie e da qual fala o Gênesis.
12 Os médicos não deveriam proceder como se a Mente não
existisse, nem sustentar que toda a causalidade seja matéria,
em vez de ser a Mente. Sem saber que a mente humana
15 governa o corpo, que é seu fenômeno, o enfermo pode, por
inadvertência, acrescentar mais medo ao reservatório mental,
que já transborda dessa emoção.
18 Os médicos não deveriam implantar a doença no pensa-
mento de seus pacientes, como tão frequentemente o fazem,
declarando que a doença é um fato concreto, O modo certo
mesmo antes de se disporem a erradicá-la pela e o errado
21
fé material que inspiram. Em vez de incutir medo no pensa-
mento, deveriam tentar corrigir esse elemento turbulento
24 da mente mortal, pela influência do Amor divino, que lança
fora o medo.
Quando o homem é governado por Deus, a Mente sempre
27 presente que compreende todas as coisas, o homem sabe
que para Deus tudo é possível. O único caminho que conduz
a essa Verdade vivente, que cura os doentes, se encontra na
30 Ciência da Mente divina, como foi ensinada e demonstrada
por Cristo Jesus.
Para reduzir a inflamação, dissolver um tumor ou curar
33 uma doença orgânica, constatei que a Verdade divina é mais
Ciência e Saúde A fisiologia 181
1 potente do que todos os remédios inferiores. E por que não,
uma vez que a Mente, Deus, é a origem e a condição de toda
3 a existência? Antes de decidir que o corpo, a A importante
matéria, sofre de um distúrbio, deve-se pergun- decisão
tar: “Quem és tu que contestas o Espírito? Pode a matéria
6 falar por si mesma, ou encontram-se nela as fontes da vida?”
A matéria, que não pode sofrer nem sentir satisfação, não
tem parceria com a dor e o prazer, mas a que tem tal parceria
9 é a crença mortal.
Quando manipulas fisicamente os pacientes, estás con-
fiando mais na eletricidade e no magnetismo A manipulação
12 do que na Verdade; e por essa razão empregas a não é científica
matéria, em vez de a Mente. Enfraqueces ou destróis teu
poder, quando recorres a qualquer meio que não seja
15 espiritual.
É tolice declarar que manipulas fisicamente os pacientes,
mas que não dás importância à manipulação. Se assim
18 é, por que manipular? Em realidade manipulas porque
desconheces os efeitos nocivos do magnetismo, ou porque
não és suficientemente espiritual para confiar no Espírito.
21 Em ambos os casos tens de melhorar teu estado mental até
finalmente alcançares a compreensão da Ciência Cristã.
Se és demasiadamente materialista para amar a Ciência
24 da Mente, e se estás satisfeito com boas palavras em vez de
bons resultados, se aderes ao erro e tens medo Não palavras,
de confiar na Verdade, então se repete a per- mas obras
27 gunta: “Adão, onde estás?” É desnecessário recorrer a qual-
quer outra coisa, a não ser à Mente, para convencer os
doentes de que estás fazendo algo por eles, porque, se estão
30 curados, geralmente o sabem e ficam satisfeitos.
“Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
Se tiveres mais fé nas drogas do que na Verdade, essa fé te
33 fará pender para o lado da matéria e do erro. Qualquer força
hipnótica que possas exercer diminuirá tua habilidade de te
Ciência e Saúde A fisiologia 182
1 tornares Cientista, e vice-versa. O ato de curar os doentes só
por meio da Mente divina, ou seja, de expulsar o erro pela
3 Verdade, mostra tua posição como Cientista Cristão.
As exigências de Deus fazem apelo só ao pensamento;
mas as alegações da mortalidade, e daquilo que denominamos
6 leis da natureza, pertencem à matéria. Quais Ou a fisiologia,
delas, então, devemos aceitar como legítimas e ou o Espírito
capazes de produzir o sumo bem humano? Não podemos
9 obedecer ao mesmo tempo à fisiologia e ao Espírito, pois
um absolutamente destrói o outro, e só um deles tem de ser
supremo nos afetos. É impossível trabalhar partindo de dois
12 pontos de vista diferentes. Se alguém tentar isso, logo “se
devotará a um e desprezará ao outro”.
As hipóteses dos mortais são antagônicas à Ciência e não
15 podem se misturar com ela. Isso é claro para aqueles que
curam os doentes com base na Ciência.
O governo da Mente sobre o corpo tem de suplantar as
18 chamadas leis da matéria. A obediência à lei material impede
a plena obediência à lei espiritual — a lei que Não há lei
vence as condições materiais e põe a matéria material
21 sob os pés da Mente. Os mortais rogam à Mente divina que
cure os doentes e em seguida excluem a ajuda da Mente por
usarem meios materiais, trabalhando assim contra si mesmos
24 e contra suas orações, e negando a habilidade que Deus deu
ao homem para demonstrar o poder sagrado da Mente. Os
argumentos a favor das drogas e das leis de saúde provêm de
27 algum triste incidente, ou então da ignorância a respeito da
Ciência Cristã e de seu poder transcendente.
Admitir que a doença seja um estado sobre o qual Deus
30 não tenha controle é pressupor que o poder onipotente não
tenha poder em algumas ocasiões. A lei do Cristo, ou seja,
Ciência e Saúde A fisiologia 183
1 da Verdade, faz com que tudo seja possível ao Espírito; mas
as chamadas leis da matéria tornariam ineficaz o Espírito e
3 exigiriam obediência aos códigos materialistas, afastando-se
assim da base de um único Deus, um único legislador. Supor
que Deus estabeleça leis de desarmonia é um erro; as desar-
6 monias não têm apoio na natureza nem na lei divina, por
muito que se diga em contrário.
Pode o agricultor, segundo a crença, obter uma colheita
9 sem semear a semente e esperar a germinação de acordo
com as leis da natureza? A resposta é não, no entanto as
Escrituras nos informam que foi o pecado, o erro, que ini-
12 cialmente causou a condenação do homem a lavrar a terra,
e indicam que a obediência a Deus eliminará essa exigência.
A Verdade nunca fez com que o erro fosse uma exigência,
15 nem inventou uma lei para perpetuar o erro.
As supostas leis que resultam em cansaço e doença não
são leis de Deus, pois a ação legítima da Verdade, a única
18 ação possível, consiste em produzir a harmo- As leis da natureza
nia. As leis da natureza são leis do Espírito; são espirituais
mas os mortais geralmente reconhecem como lei aquilo que
21 oculta o poder do Espírito. A Mente divina exige do homem,
a justo título, toda obediência, afeto e força. Não admite
reservas para nenhuma lealdade menor. A obediência à
24 Verdade dá ao homem poder e força. A submissão ao erro
resulta em perda de poder.
A Verdade expulsa todos os males e métodos materialis-
27 tas com a verdadeira lei espiritual — a lei que dá visão ao
cego, audição ao surdo, voz ao mudo e o uso Crença e
dos pés ao coxo. Se por um lado a Ciência compreensão
30 Cristã denuncia a crença humana, ela honra a compreensão
espiritual; e só a Mente única merece a honra.
Ciência e Saúde A fisiologia 184
1 As chamadas leis de saúde são simplesmente leis da crença
mortal. As premissas são errôneas, por isso as conclusões
3 são erradas. A Verdade não faz leis para regular a doença,
o pecado e a morte, pois esses são desconhecidos para a
Verdade e não deveriam ser reconhecidos como realidade.
6 A crença produz os resultados da crença, e as penalida-
des que ela impõe duram tanto quanto a crença e dela não
podem ser separadas. O remédio consiste em sondar a fundo
9 o problema, em descobrir e expulsar pela negação o erro da
crença que produz uma desordem mortal, nunca honrando
a crença errônea com o título de lei, nem prestando-lhe
12 obediência. A Verdade, a Vida e o Amor são as únicas exi-
gências legítimas e eternas feitas ao homem, e são legisladores
espirituais, que compelem à obediência por intermédio de esta-
15 tutos divinos.
Controlado pela inteligência divina, o homem é harmo-
nioso e eterno. Tudo o que é governado por uma crença errô-
18 nea é mortal e desarmonioso. Dizemos que o Leis da
homem sofre os efeitos do frio, do calor, da crença humana
fadiga. Essa é uma crença humana, não a verdade a respeito
21 do existir, pois a matéria não pode sofrer. Só a mente mortal
sofre — não porque uma lei da matéria tenha sido transgredida,
mas porque uma lei dessa mente, assim chamada, foi deso-
24 bedecida. Eu demonstrei que essa é uma regra da Ciência
divina, quando destruí a delusão de sofrimento resultante
daquilo que se chama transgressão fatal de uma lei física.
27 Uma mulher que eu curei de tuberculose respirava
sempre com grande dificuldade, quando soprava o vento
de leste. Sentei-me silenciosamente a seu lado por alguns
30 momentos. Sua respiração se tornou suave. As inspirações
eram profundas e naturais. Então eu lhe pedi que olhasse
para o cata-vento. Ela olhou e viu que indicava vento de leste.
33 O vento não havia mudado, mas sim o pensamento dela a
Ciência e Saúde A fisiologia 185
1 respeito do vento, e assim a dificuldade de respirar desapare-
cera. Não havia sido o vento a produzir a dificuldade. Meu
3 tratamento metafísico mudou a ação de sua crença sobre os
pulmões, e ela nunca mais sofreu com os ventos de leste, mas
sim recuperou a saúde.
6 Nenhum sistema de saúde, a não ser a Ciência Cristã, é
puramente mental. Antes de ser publicado este livro, esta-
vam em circulação outras publicações que tra- Pretensa cura
9 tavam de “medicina mental” e “cura pela mente”, pela mente
atuando pelo poder das correntes magnéticas da terra para
regular a vida e a saúde. Tais teorias e tais sistemas que têm
12 surgido sobre a pretensa cura pela mente são tão materiais
como os sistemas de medicina em vigor. Originam-se na
mente mortal, que promove um conceito humano em nome
15 da Ciência para se equiparar à Ciência divina da Mente
imortal, do mesmo modo como os necromantes do Egito
se esforçaram por imitar os prodígios realizados por Moisés.
18 Tais teorias não têm nenhuma relação com a Ciência Cristã,
que assenta no conceito de que Deus é a única Vida, substân-
cia e inteligência, e exclui a mente humana como fator espiri-
21 tual na obra curativa.
Jesus expulsava o mal e curava os doentes, Jesus e o
não só sem drogas, como também sem hipno- hipnotismo
24 tismo, que é o inverso do poder ético e terapêutico da Verdade.
A prática mental errônea talvez pareça por algum
tempo beneficiar o doente, mas o restabelecimento não é
27 permanente. Isso se dá porque os métodos errôneos atuam
sobre e por meio do estrato material da mente humana,
chamado cérebro, que é apenas uma consolidação mortal da
30 mentalidade material e suas supostas atividades.
Um paciente sob a influência da mente mortal só é curado
Ciência e Saúde A fisiologia 186
1 quando se suprime a influência dessa mente sobre ele, elimi-
nando de seu pensamento o estímulo errôneo e Estímulo
3 a reação errônea da força de vontade, e preen- errôneo
chendo seu pensamento com as energias divinas da Verdade.
A Ciência Cristã destrói as crenças materiais por meio da
6 compreensão do Espírito, e a meticulosidade com que se faz
esse trabalho determina a saúde. As forças da mente humana
erram e só podem produzir o mal, seja qual for o nome ou o
9 pretexto com que forem empregadas; pois o Espírito e a maté-
ria, o bem e o mal, a luz e as trevas, não se podem misturar.
O mal é uma nulidade porque é a ausência da verdade.
12 Ele nada é, por ser a ausência de algo. É irreal, O mal é
porque pressupõe a ausência de Deus, o onipo- negativo e
autodestrutivo
tente e onipresente. Todo mortal tem de apren-
15 der que não há nem poder nem realidade no mal.
O mal é arrogante. Diz: “Sou uma entidade real, que sub-
juga o bem”. Essa falsidade deveria despojar o mal de todas as
18 pretensões. O único poder do mal é se destruir por si mesmo.
Ele nunca pode destruir nem sequer uma partícula do bem.
Toda tentativa do mal para destruir o bem é um fracasso e
21 só contribui para castigar decisivamente o malfeitor. Se con-
cedermos à desarmonia a mesma realidade que à harmonia,
então a desarmonia terá sobre nós influência tão duradoura
24 como a harmonia. Se o mal fosse tão real quanto o bem, então
o mal seria igualmente imortal. Se a morte fosse tão real
como a Vida, a imortalidade seria um mito. Se a dor fosse tão
27 real como a ausência de dor, ambas deveriam ser imortais; e
se assim fosse, a harmonia não poderia ser a lei do existir.
A mente mortal é ignorante a respeito de si mesma, senão
30 jamais poderia enganar-se a si própria. Se a mente mortal
soubesse ser melhor, seria melhor. Ela precisa Idolatria
crer em alguma coisa além de si mesma, por ignorante
33 isso entroniza a matéria como deidade. A mente humana foi
Ciência e Saúde A fisiologia 187
1 idólatra desde o começo, tendo outros deuses e acreditando
que exista mais do que uma Mente única.
3 Visto que os mortais não compreendem nem ao menos
a existência mortal, quão ignorantes devem ser a respeito da
Mente que tudo sabe e das Suas criações!
6 Aqui podes ver como o chamado senso material cria suas
próprias formas de pensamento, dá-lhes nomes materiais,
e depois as adora e as teme. Com cegueira pagã, esse senso
9 atribui a algum deus material, ou seja, ao medicamento, uma
capacidade que ele mesmo não tem. As crenças da mente
humana despojam e escravizam essa mente e depois atri-
12 buem esse resultado a outra personificação ilusória, chamada
Satanás.
As válvulas do coração, ao se abrirem e fecharem para
15 dar passagem ao sangue, obedecem ao comando da mente
mortal, tão diretamente quanto a mão que, Ação da
segundo se admite, se move pela vontade. A mente mortal
18 anatomia aceita a causa mental desta última ação, mas não
a da primeira.
Dizemos: “Minha mão fez isso”. O que vem a ser esse
21 minha, senão a mente mortal, a causa de toda a ação mate-
rial? Toda a ação voluntária, assim como a erradamente
chamada ação involuntária do corpo mortal, é governada
24 por essa mente, assim chamada, e não pela matéria. Não
existe ação involuntária. A Mente divina inclui toda a ação
e volição, e o homem na Ciência é governado por essa Mente.
27 A mente humana tenta classificar a ação como voluntária e
involuntária, e sofre devido a essa tentativa.
Se suprimes essa mente que erra, o corpo material, mortal,
30 perde toda a aparência de vida ou de ação, e essa mente, assim
chamada, se considera morta; mas a mente A morte e
humana ainda mantém, na crença, um corpo o corpo
33 por meio do qual age e que para a mente humana parece viver
— um corpo como o que tinha antes da morte. Esse corpo é
Ciência e Saúde A fisiologia 188
1 abandonado somente quando a mente mortal, que erra, cede
lugar a Deus, a Mente imortal, e o homem é visto à Sua
3 imagem.
O que se chama doença não existe. Não é nem mente,
nem matéria. A crença de pecado, que se tornou terrível em
6 força e em influência, é um erro inicialmente Pensamentos
inconsciente — um pensamento embrionário pecaminosos
embrionários
sem motivo; porém, mais tarde governa o
9 homem, assim chamado. As paixões, as vontades depravadas,
a desonestidade, a inveja, o ódio, a vingança, se convertem em
ação, tão só para passar da vergonha e do sofrimento ao seu
12 castigo final.
A existência mortal é um sonho de dor e prazer na maté-
ria, um sonho de pecado, doença e morte; e é como o sonho
15 que temos quando dormimos, no qual todos A doença é
reconhecem que sua condição é totalmente um um sonho
estado mental. Tanto no sonho em que o sonhador está acor-
18 dado, como no sonho em que ele está dormindo, quem sonha
pensa que seu corpo é material e que o sofrimento está nesse
corpo.
21 O sorriso da pessoa que dorme indica a sensação produ-
zida fisicamente pelo prazer de um sonho. Do mesmo modo,
a dor e o prazer, a doença e a preocupação, imprimem nos
24 mortais seus sinais inconfundíveis.
A doença surge do erro e brota da ignorância mortal ou do
medo. O erro repete o erro. Aquilo que causa a doença não
27 pode curá-la. O solo da enfermidade é a mente mortal, e terás
uma colheita de doenças, abundante ou escassa, de acordo
com as sementes do medo. O pecado e o medo à doença
30 precisam ser desarraigados e expulsos.
Quando a noite desce sobre a terra, os sentidos físicos não
têm prova imediata da existência do sol. Os Os sentidos
33 olhos humanos não sabem onde está o astro do cedem à
compreensão
dia, nem se ele existe. A astronomia dá a infor-
mação desejada sobre o sol. Os sentidos humanos, materiais,
Ciência e Saúde A fisiologia 189
1 cedem à autoridade dessa ciência e estão dispostos a deixar
que a astronomia explique a influência do sol sobre a terra.
3 Mesmo que os olhos não vejam o sol durante uma semana,
ainda assim acreditamos que a luz e o calor solares existem.
A ciência (nesse caso chamada natural) eleva o pensamento
6 humano acima das teorias mais rudimentares da mente
humana e expulsa o medo.
Da mesma maneira, os mortais não deveriam negar o
9 poder que a Ciência Cristã tem para estabelecer a harmonia
e explicar o efeito da mente mortal sobre o corpo, embora
não se veja a causa, assim como eles não deveriam negar a
12 existência da luz do sol quando este desaparece, nem duvidar
de que o sol vai reaparecer. Os pecados dos outros não deve-
riam fazer sofrer os homens bons.
15 Dizemos que o corpo é material; mas, efetivamente,
ele é mente mortal, de acordo com o grau desta, tanto
quanto é mente mortal o cérebro material, que Escala
supostamente produz a evidência de todos os ascendente
18
pensamentos ou coisas mortais. A mente humana mortal,
que inevitavelmente deturpa todas as coisas, faz com que elas
21 comecem do pensamento mortal mais baixo, ao invés do
mais elevado. O inverso é o que se dá com todas as formações
da Mente divina imortal. Elas procedem da fonte divina; e
24 assim, seguindo-lhes a trilha, ascendemos constantemente na
infinitude do existir.
Da mente mortal provém a reprodução da espécie — pri-
27 meiro a crença na matéria inanimada, e depois na matéria
animada. De acordo com o pensamento mor- Reprodução
tal, o desenvolvimento da mente mortal embrio- humana
30 nária começa na parte inferior, básica, do cérebro e, por
evolução, continua em escala ascendente, mantendo-se
sempre em linha direta com a matéria, pois a matéria é o
33 estado subjetivo da mente mortal.
Ciência e Saúde A fisiologia 190
1 A seguir, temos a formação da chamada mente mortal
embrionária, da qual surgem os homens mortais, ou seja, os
3 mortais — tudo isso enquanto a matéria é uma crença que
não se conhece a si mesma, que ignora aquilo que ela supos-
tamente produz. O mortal diz que o sêmen inconsciente e
6 inanimado produz os mortais, tanto o corpo como a mente
destes; no entanto nenhuma mente mortal nem a Mente imortal
são encontradas no cérebro ou em alguma outra parte da matéria
9 ou dos mortais.
Essa crença humana embrionária e materialista, chamada
homem mortal, por sua vez se enche de pensa- Estatura
mentos de dor e prazer, de vida e morte, e se humana
12
organiza em cinco pretensos sentidos, que logo medem a
mente pelo tamanho do cérebro e pelo volume do corpo, cha-
15 mado homem.
O nascimento, o crescimento, a maturidade e a deterio-
ração humana são como a relva que brota da terra com lindas
18 folhas verdes, para depois fenecer e voltar ao Fragilidade
seu nada inicial. Essa aparência mortal é tem- humana
poral; nunca é absorvida no existir imortal, mas por fim desa-
21 parece, e constata-se que o homem imortal, espiritual e eterno,
é o homem real.
O poeta hebreu, movido por pensamentos mortais, fez vibrar
24 as cordas de sua lira com notas tristes sobre a existência humana:
Quanto ao homem, os seus dias são como a relva;
Como a flor do campo, assim ele floresce;
27 Pois, soprando nela o vento, desaparece;
E não conhecerá, daí em diante, o seu lugar.
Quando a esperança se elevou mais alto no coração humano,
30 ele cantou:
Eu, porém, na justiça contemplarei a Tua face;
Quando acordar, eu me satisfarei com a Tua semelhança.
· · · · · · · ·
33 Pois em Ti está o manancial da vida;
Na Tua luz, vemos a luz.
Ciência e Saúde A fisiologia 191
1 O cérebro não pode dar nenhuma ideia do homem de
Deus. Não pode tomar conhecimento da Mente. A matéria
3 não é o órgão da Mente infinita.
À medida que os mortais abandonarem a delusão de
que exista mais de uma Mente, mais de um Deus, o homem
6 à semelhança de Deus aparecerá, e esse homem eterno não
incluirá, nessa semelhança, nenhum elemento material.
Na medida em que se constata que uma base de vida
9 material e teórica é um conceito errôneo sobre a existência,
o Princípio espiritual e divino do homem des- O nascimento
ponta no pensamento humano, e guia-o ao lugar imortal
12 “onde estava o menino” — isto é, ao nascimento de uma ideia
nova, se bem que antiga, guia-o ao senso espiritual do existir
e daquilo que a Vida inclui. Assim, a terra inteira será trans-
15 formada pela Verdade alada de luz, que dispersa as trevas do
erro.
O pensamento humano tem de se libertar da materiali-
18 dade e da escravidão que ele mesmo se impôs. Já não deveria
perguntar à cabeça, ao coração ou aos pulmões: Liberdade
Que probabilidades de vida tem o homem? A espiritual
21 Mente não está sem defesas. A inteligência não emudece
diante da não-inteligência.
Por vontade própria, nenhuma folha de relva brota,
24 nenhuma planta floresce no vale, nenhuma folha desdobra
seus belos contornos, nenhuma flor sai da clausura de seu
botão.
27 A Ciência do existir revela que o homem e a imortalidade
têm como base o Espírito. O senso físico define o homem
mortal como tendo base na matéria e, partindo dessa pre-
30 missa, pressupõe a mortalidade do corpo.
Os sentidos ilusórios talvez imaginem ter afinidades com
seus opostos; porém na Ciência Cristã a Verdade jamais se mis-
33 tura com o erro. A Mente não tem afinidade Não há
com a matéria e, por isso, a Verdade é capaz de afinidade física
expulsar os males da carne. A Mente, Deus, exala o aroma do
Ciência e Saúde A fisiologia 192
1 Espírito, a atmosfera da inteligência. A crença de que uma
substância polposa dentro do crânio seja mente é uma zom-
3 baria da inteligência, uma imitação ridícula que se faz
da Mente.
Somos Cientistas Cristãos apenas quando abandonamos
6 a confiança no que é falso e apreendemos o que é verdadeiro.
Não somos Cientistas Cristãos enquanto não deixamos tudo
por Cristo. As opiniões humanas não são espirituais. Elas pro-
9 cedem do ouvir dos ouvidos, da corporalidade e não do
Princípio, do mortal e não do imortal. O Espírito não está
separado de Deus. O Espírito é Deus.
12 O poder que erra é uma crença material, uma força cega,
por engano chamada força; é o produto da vontade e não
da sabedoria, isto é, da mente mortal e não da O poder humano
15 imortal. É a catarata impetuosa, a chama devo- é força cega
radora, o rugir da tempestade. É raio e furacão, tudo o que
é mau, desonesto, impuro e apegado ao ego.
18 A força moral e a espiritual pertencem ao Espírito, que
encerra “os ventos nos Seus punhos”; e esse ensinamento
concorda com a Ciência e com a harmonia. Na O único poder
Ciência não podes ter nenhum poder oposto a verdadeiro
21
Deus, e os sentidos físicos precisam abandonar seu falso tes-
temunho. Tua influência para o bem depende do peso que
24 colocas no prato certo da balança. O bem que fazes e incor-
poras te dá o único poder que se pode conseguir. O mal não
é poder. É uma imitação da força, que não tarda em trair sua
27 fraqueza e cair, para nunca mais se levantar.
Caminhamos nos passos da Verdade e do Amor quando
seguimos o exemplo de nosso Mestre na compreensão da
30 metafísica divina. O Cristianismo é a base da verdadeira
cura. Tudo o que mantém o pensamento humano em
linha com o amor despojado de ego recebe diretamente
33 o poder divino.
Fui chamada à cidade de Lynn para visitar o Sr. Clark que,
Ciência e Saúde A fisiologia 193
1 havia seis meses, estava acamado devido a um problema no
quadril, resultante da queda sobre uma estaca pontiaguda,
3 quando ainda menino. Ao entrar na casa, A Mente cura
encontrei o médico, que disse que o paciente doença do quadril
estava agonizante. O médico acabava de sondar a úlcera do
6 quadril e disse que o osso tinha uma cárie de várias polegadas.
Até me mostrou a sonda, que apresentava evidências do
estado do osso. O médico se retirou. O Sr. Clark estava dei-
9 tado, com o olhar fixo no vazio. O suor da morte lhe brotava
na testa. Eu me aproximei da cama. Em poucos momentos
seu semblante mudou; a palidez da morte cedeu a uma cor
12 natural. As pálpebras se fecharam suavemente e a respiração
se tornou natural; ele estava dormindo. Cerca de dez minutos
depois, abriu os olhos e disse: “Sinto-me um novo homem.
15 Meu sofrimento desapareceu por completo”. Isso se passou
entre as três e as quatro horas da tarde.
Eu lhe disse que se levantasse, se vestisse e fosse jantar
18 com a família. Assim fez. No dia seguinte, eu o vi no jardim.
Depois disso, não o tornei a ver, mas sei que em duas semanas
já estava trabalhando. A ferida tinha deixado de supurar e
21 sarara. Ele estivera com esse problema desde que na meninice
sofrera aquela lesão.
Depois do seu restabelecimento, informaram-me de
24 que o médico alega havê-lo curado, e que a mãe do paciente
foi ameaçada de ser internada em um manicômio por dizer:
“Quem o curou foi Deus e aquela mulher, e ninguém mais”.
27 Não posso atestar a veracidade dessa informação, mas o que
vi e fiz por aquele homem, e o que o médico dissera antes
sobre o caso, ocorreu exatamente como narrei.
30 Foi-me demonstrado que a Vida é Deus, e que o poderio
Ciência e Saúde A fisiologia 194
1 do Espírito onipotente não compartilha sua força com a
matéria nem com a vontade humana. Quando rememoro
3 essa breve experiência, não posso deixar de discernir como
a ideia espiritual de homem coincide com a Mente divina.
Uma mudança na crença humana altera todos os sinto-
6 mas físicos e determina que um caso melhore Mudança
ou piore. Quando a crença errônea é corrigida, da crença
a Verdade envia uma mensagem de saúde ao corpo inteiro.
9 Não é necessária a destruição do nervo auditivo ou a
paralisia do nervo óptico para que se produza a surdez ou a
cegueira; pois se a mente mortal disser: “Estou surda e cega”,
12 assim será, sem a lesão de nenhum nervo. Toda teoria oposta
a esse fato (como aprendi na metafísica) supõe que o homem,
que é imortal de acordo com a compreensão espiritual, seja
15 mortal de acordo com a crença material.
A história autêntica de Kaspar Hauser dá um indício per-
tinente quanto à fragilidade e deficiência da mente mortal.
18 Ela prova, sem deixar dúvida, que essa mente, O poder
assim chamada, é produto da educação e que, do hábito
por sua vez, a mente mortal se manifesta no corpo pelo senso
21 errôneo que ela transmite. Encarcerado em uma masmorra,
onde não recebia nem luz nem som, aos dezessete anos Kaspar
ainda era mentalmente como uma criancinha que chorava e
24 balbuciava, sem mais inteligência do que um bebê, exemplo
vivo da descrição de Tennyson:
Uma criança que chora no escuro,
27 Uma criança que chora por luz,
Sem outra linguagem senão o choro.
Seu caso prova que o senso material não passa de uma
30 crença formada unicamente pela educação. A luz que a
Ciência e Saúde A fisiologia 195
1 nós proporciona alegria, a ele causava a crença de forte dor.
Seus olhos se inflamavam com a luz. Depois que o menino
3 balbuciante aprendeu a dizer algumas palavras, pediu que o
levassem de volta para a masmorra, e disse que nunca seria
feliz em outro lugar. Fora da escuridão desoladora e do frio
6 silêncio, ele não encontrava paz. Todo som lhe causava con-
vulsões de angústia. Tudo o que comia, exceto sua crosta de
pão, produzia-lhe violentas náuseas. Tudo o que dá prazer aos
9 nossos sentidos educados, causava-lhe dor, por meio desses
mesmos sentidos treinados em direção oposta.
Este é o ponto que cada um tem de discernir: se é a mente
12 mortal, ou a Mente imortal, que é causativa. Conhecimento
Deveríamos abandonar a base da matéria e útil
aceitar a Ciência metafísica e seu Princípio divino.
15 Tudo o que se assemelha a uma ideia governada por seu
Princípio nos faz pensar. Na astronomia, na história natural,
na química, na música, na matemática, o pensamento vai com
18 naturalidade do efeito à causa.
A instrução acadêmica adequada é indispensável. A
observação, a invenção, o estudo e a originalidade de pensa-
21 mento tendem a se expandir e deveriam levar a mente mortal
a sair de si mesma, para fora de tudo o que é mortal.
O que deploramos são os emaranhados barbarismos
24 do ensino — o mero dogma, a teoria especulativa, a ficção
nauseante. As novelas, que são notáveis apenas por suas
imagens exageradas, por suas aspirações impossíveis e por
27 seus exemplos de depravação, transmitem aos nossos jovens
leitores gostos e sentimentos deturpados. O mercantilismo lite-
rário está rebaixando o padrão intelectual em troca de lucro
30 e para satisfazer a frívola exigência de divertimento, em vez
de promover o aprimoramento. Pontos de vista incorretos
rebaixam o padrão da verdade.
Ciência e Saúde A fisiologia 196
1 Se o conhecimento baseado na matéria é poder, não é
sabedoria. É apenas uma força cega. O homem “se meteu
3 em muitas astúcias”, mas até agora não conseguiu provar que
o conhecimento seja capaz de salvá-lo dos terríveis efeitos
do conhecimento. Pouco se compreende do poder da mente
6 mortal sobre seu próprio corpo.
Mais vale o sofrimento que desperta a mente mortal de
seu sonho carnal, do que os prazeres ilusórios O pecado
9 que tendem a perpetuar esse sonho. Somente destruído pelo
sofrimento
o pecado traz a morte, pois o pecado é o único
elemento de destruição.
12 “Temei... aquele que pode fazer perecer no inferno tanto
a alma como o corpo”, disse Jesus. O estudo cuidadoso desse
texto mostra que nele a palavra alma significa senso errôneo
15 ou consciência material. Esse mandamento foi uma adver-
tência para estar em guarda, não contra Roma, não contra
Satanás, nem contra Deus, mas contra o pecado. A doença,
18 o pecado e a morte não existem concomitantemente com a
Vida ou a Verdade. Não existe nenhuma lei que os sustente.
Eles não têm nenhuma relação com Deus pela qual possam
21 estabelecer seu poder. O pecado faz seu próprio inferno, e a
bondade, seu próprio céu.
Os livros que removem da mente mortal a doença —
24 e assim apagam as imagens e os pensamentos Baixios
de doença, em vez de gravá-los na mente com perigosos
evitados
descrições impressionantes e com detalhes
27 médicos — ajudarão a diminuir a doença e a destruí-la.
Muito caso desesperador de doença é induzido por uma
simples autópsia — não por infecção, nem por contato com
30 um vírus material, mas pelo medo à doença e pela imagem
apresentada à mente; é um estado mental que mais tarde se
exterioriza no corpo.
33 A imprensa propaga inadvertidamente muita tristeza e
doença na família humana. Isso ela faz divulgando o nome
Ciência e Saúde A fisiologia 197
1 das doenças e publicando longas descrições que retratam
nitidamente no pensamento imagens das enfermidades. Um
3 nome novo para um distúrbio físico afeta o Angústia
público como um nome parisiense para um causada pela
imprensa
traje de última moda. Todos se apressam em
6 obtê-lo. Uma doença descrita minuciosamente custa a muita
gente o bem-estar de seus dias terrenos. Que preço pelo
conhecimento humano! Mas o preço não excede o custo ori-
9 ginal. Deus disse da árvore do conhecimento, que produz o
fruto do pecado, da doença e da morte: “No dia em que dela
comeres, certamente morrerás”.
12 Quanto menos se falar da estrutura corpórea e das leis
físicas, e quanto mais se pensar e falar da lei Norma
moral e espiritual, tanto mais elevada será de conduta
mais elevada
15 a norma de conduta, e tanto mais os mortais
se distanciarão da debilidade e da doença.
Deveríamos dominar o medo, em vez de cultivá-lo. Era a
18 ignorância de nossos antepassados, nos ramos do saber agora
difundidos por toda a terra, que os tornava mais resistentes
do que nossos doutos fisiólogos, mais honestos do que nossos
21 astutos políticos.
Dizem que a alimentação simples de nossos antepassados
os tornava sadios, mas isso é um engano. A dieta deles não
24 curaria a dispepsia nesta época. Com regras de Dieta e
saúde no pensamento e os mais digeríveis ali- dispepsia
mentos no estômago, ainda assim haveria dispépticos.
27 Muitas das constituições frágeis da nossa época jamais fica-
rão robustas, até que as opiniões individuais melhorem e a
crença mortal perca uma parcela do seu erro.
30 A mente do médico tem efeito sobre a de seu paciente.
O médico deveria reprimir seu medo à doença, senão sua
crença de que a enfermidade seja real e fatal prejudicará os
33 pacientes ainda mais do que o calomelano e a morfina que
Ciência e Saúde A fisiologia 198
1 lhes receita, porque o estrato mais elevado da mente mortal
tem, na crença, mais poder para fazer mal ao homem do que
3 o substrato, a matéria. O paciente ouve o vere- O dano causado
dicto do médico como um criminoso ouve sua pelos médicos
sentença de morte. O paciente pode parecer calmo nessa
6 ocasião, mas não está. Sua coragem pode ampará-lo, porém
seu medo, que já desenvolveu a doença que está ganhando
terreno, aumenta com as palavras do médico.
9 O médico da matéria, embora humanitário, é um artista
que delineia a doença em seu pensamento e depois completa
seu esboço com informações tiradas de com- A doença delineada
pêndios. É melhor impedir que a doença se no pensamento
12
forme na mente mortal para que não apareça depois no
corpo; mas para tanto é preciso atenção. O pensamento de
15 doença se forma antes de se consultar o médico e antes que
este tente eliminá-la com um contrairritante — talvez com
uma ventosa, com a aplicação de um cáustico ou de óleo de
18 cróton, ou por uma operação cirúrgica. Depois, levando a fé
para outra direção, o médico receita drogas, até que o pensa-
mento mortal, por sua elasticidade, de alguma forma produz
21 uma forte reação sobre si mesmo, e reconstitui um quadro de
formações sadias e harmoniosas.
A crença do paciente é, em maior ou menor grau, mode-
24 lada e formada pela crença do médico sobre o caso, ainda
que o médico não diga nada para sustentar sua teoria. Seus
pensamentos e os do paciente se misturam, e os pensamentos
27 mais fortes governam os mais fracos. Daí a importância de
que os médicos sejam Cientistas Cristãos.
O fato de o braço do ferreiro ser fortemente desenvolvido
30 não significa que o exercício tenha produzido A mente é superior
esse resultado ou que um braço menos exerci- à matéria
tado tenha de ser fraco. Se a matéria fosse a causa da ação,
Ciência e Saúde A fisiologia 199
1 e se os músculos, sem a vontade da mente mortal, pudessem
erguer o malho e bater na bigorna, poderíamos pensar que,
3 de fato, malhar desenvolve os músculos. O malho não
aumenta de tamanho pelo uso. E por que não, visto que os
músculos são tão materiais como a madeira e o ferro?
6 Porque ninguém acredita que a mente produza tais resulta-
dos no malho.
Os músculos não agem independentemente. Se a mente
9 não os move, eles não têm movimento. Daí o grandioso fato
de que, por meio de sua lei, só a Mente engrandece o homem
e lhe outorga poder — porque é a Mente que exige e supre
12 poder. Não é devido ao exercício muscular, mas é devido à
fé do ferreiro no exercício, que seu braço se torna mais forte.
Os mortais desenvolvem seu próprio corpo ou o tornam
15 doente, segundo o influenciam por meio da mente mortal.
Saber se esse desenvolvimento é produzido cons- O temor latente
ciente ou inconscientemente é menos importante é dominado
18 do que o conhecimento do fato. As proezas do ginasta provam
que ele dominou seus temores mentais latentes. A devoção
do pensamento a uma realização honesta torna possível essa
21 realização. As exceções só confirmam essa regra, provando
que o fracasso é ocasionado por uma fé demasiadamente fraca.
Se Blondin tivesse considerado impossível caminhar
24 sobre uma corda esticada acima da catarata do Niágara,
nunca o poderia ter feito. A crença de que podia fazê-lo
deu a suas forças-pensamento, chamadas músculos, a
27 flexibilidade e o poder que o pensamento não científico
poderia atribuir a um óleo lubrificante. Seu temor deve ter
desaparecido antes que o poder de executar sua resolução
30 pudesse aparecer.
Quando Homero celebrava os deuses gregos, o Olimpo
Ciência e Saúde A fisiologia 200
1 estava envolto em trevas mas, graças a seus versos, os deuses
adquiriram vida na crença de uma nação. A adoração pagã
3 começou pelo culto aos músculos, mas a lei do Homero
Sinai elevou o pensamento ao cântico de Davi. e Moisés
Moisés fez progredir uma nação até a adoração de Deus
6 em Espírito, em vez de na matéria, e mostrou as grandio-
sas capacidades humanas do existir, outorgadas pela
Mente imortal.
9 Quem não for capaz de explicar a Alma, sensato será em
não tentar explicar o corpo. A Vida é, sempre foi, e sempre
será independente da matéria; pois a Vida é O mortal não
Deus, e o homem é a ideia de Deus, formado é o homem
12
de maneira espiritual, não material, e não sujeito à decom-
posição e ao pó. O Salmista disse: “Deste-lhe domínio sobre
15 as obras da Tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste”.
A grandiosa verdade na Ciência do existir, de que o
homem real era, é, e sempre será perfeito, é incontrovertível;
18 pois se o homem é a imagem, o reflexo, de Deus, não é nem
invertido nem subvertido, mas é reto e semelhante a Deus.
O suposto antípoda do divino Espírito infinito é a cha-
21 mada alma humana ou espírito humano, em outras palavras,
os cinco sentidos — a carne que faz guerra ao Espírito.
Esses chamados sentidos materiais têm de ceder ao Espírito
24 infinito, denominado Deus.
S. Paulo disse: “Decidi nada saber entre vós, senão a
Jesus Cristo e este crucificado” (1 Cor. 2:2). A Ciência Cristã
27 diz: Decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este
glorificado.
Capítulo 8
Os passos da Verdade
Lembra-te, Senhor, da injúria dos Teus servos;
de como trago no peito
a injúria de todos os poderosos,
com que, Senhor, os Teus inimigos têm injuriado,
sim, têm injuriado
os passos do Teu ungido.* — Salmos.
3
O melhor sermão que já foi pregado é a Verdade praticada
e demonstrada mediante a destruição do pecado, da
doença e da morte. Sabendo isso e sabendo Pregação
também que um só afeto seria supremo em nós prática
e dirigiria nossa vida, Jesus disse: “Ninguém pode servir a
6 dois senhores”.
Não podemos edificar com segurança sobre fundamentos
falsos. A Verdade faz uma nova criatura, na qual as coisas
9 antigas passam; “eis que se fizeram novas”. As emoções des-
controladas, o amor ao ego, os vícios, o ódio, o medo, toda a
sensualidade cedem à espiritualidade, e a superabundância
12 do existir está do lado de Deus, o bem.
Não podemos encher vasilhas que já estão cheias. É pre-
ciso primeiro esvaziá-las. Tiremos as roupa- A aplicação
gens do erro. Então, quando soprarem os da verdade
15
ventos de Deus, não nos apegaremos aos nossos farrapos.
O meio de se extrair o erro da mente mortal consiste em
18 inundá-la com a verdade mediante torrentes de Amor. A
perfeição cristã não se alcança sobre nenhuma outra base.
Enxertar santidade onde não há santidade, supondo que o
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
201
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 202
1 pecado possa ser perdoado enquanto não tiver sido aban-
donado, é tão insensato quanto coar mosquitos e engolir
3 camelos.
A unidade científica que existe entre Deus e o homem
tem de ser posta em prática na vida, e a vontade de Deus tem
6 de ser universalmente feita.
Se os homens aplicassem ao estudo da Ciência da Mente
a metade da fé que depositam nos chamados prazeres e dores
9 do senso material, não iriam de mal a pior, até Estudar o
serem punidos com a prisão e o patíbulo; mas que é divino
toda a família humana seria redimida graças aos méritos do
12 Cristo — por meio da percepção e aceitação da Verdade. Em
prol desse glorioso resultado a Ciência Cristã acende a tocha
da compreensão espiritual.
15 Fora desta Ciência tudo é mutável; mas o homem imortal,
em consonância com Deus, o Princípio divino daquilo que o
homem é, não peca, nem sofre, nem morre. Os A harmoniosa
18 dias de nossa peregrinação se multiplicarão, em obra da vida
vez de diminuir, quando o reino de Deus vier à terra; pois o
verdadeiro caminho conduz à Vida, em vez de à morte, e a
21 experiência terrena põe em evidência a natureza finita do
erro e as capacidades infinitas da Verdade, na qual Deus dá
ao homem domínio sobre toda a terra.
24 Nossas crenças a respeito do Ser Supremo contradizem as
ações a que dão origem. O erro existe em abundância onde a
Verdade deveria “superabundar”. Admitimos Crença
27 que Deus é todo-poderoso, que é “socorro bem e prática
presente nas tribulações” e, apesar disso, confiamos em dro-
gas ou no hipnotismo para curar a doença, como se a matéria
30 não inteligente ou a mente mortal, que erra, tivessem mais
poder do que o Espírito onipotente.
A opinião geral admite que o homem possa contrair um
33 resfriado ao fazer uma boa ação, e que esse resfriado possa
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 203
1 produzir uma doença fatal dos pulmões; como se o mal
pudesse subjugar a lei do Amor e impedir a Recompensa
3 recompensa por fazer o bem. Na Ciência do certa para
a retidão
Cristianismo, a Mente — a onipotência — tem
todo o poder, propicia seguramente recompensas à retidão e
6 mostra que a matéria não pode nem curar nem fazer adoecer,
não pode nem criar nem destruir.
Se compreendêssemos a Deus, em vez de meramente
9 crermos nEle, essa compreensão estabeleceria a saúde.
A acusação dos rabinos: “Ele... se fez Filho de Nossa
Deus”, na realidade era a justificação de Jesus, crença e
compreensão
12 visto que para o cristão, o único espírito verda-
deiro é semelhante a Deus. Esse pensamento incita a uma
forma mais elevada de adoração e renúncia ao ego. A per-
15 cepção espiritual traz à luz as possibilidades do existir, faz
com que não nos apoiemos em nada exceto em Deus, e assim
faz com que o homem seja a imagem de seu Criador, em atos
18 e em verdade.
Somos propensos a crer em mais de um Governante
Supremo ou em algum poder inferior a Deus. Imaginamos
21 que a Mente possa estar aprisionada em um corpo sensório.
Quando o corpo material perece, quando o mal sobrecarrega
a crença de que haja vida na matéria e destrói essa crença,
24 então os mortais acreditam que o Princípio imorredouro, a
Alma, escape da matéria e continue vivendo; mas isso não é
verdade. A morte não é um degrau pelo qual se chega à Vida,
27 à imortalidade e à felicidade suprema. O cha- Suicídio
mado pecador é um suicida. O pecado mata o e pecado
pecador, e continuará a matá-lo enquanto ele pecar. A escuma
30 e a fúria do viver desregrado e da morte apavorante e dolorosa
deveriam desaparecer nas praias do tempo; então, as ondas do
pecado, do sofrimento e da morte baterão em vão.
33 Deus, o bem divino, não mata o homem a fim de lhe dar a
Vida eterna, pois somente Deus é a vida do homem. Deus é ao
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 204
1 mesmo tempo o centro e a circunferência do existir. O mal
é que morre; o bem não morre.
3 Todas as formas de erro sustentam as falsas conclusões
de que haja mais de uma Vida; de que a história material seja
tão real e tão viva como a história espiritual; de O Espírito é a
6 que o erro mortal seja decididamente tão men- única inteligência
e substância
tal como a Verdade imortal; e de que haja duas
entidades, dois seres separados e antagônicos, dois poderes
9 — a saber, o Espírito e a matéria — que resultam em uma
terceira pessoa (o homem mortal) no qual aparecem as delu-
sões de pecado, doença e morte.
12 Admite-se que o primeiro poder seja o bem, a inteli-
gência, isto é, a Mente chamada Deus. O pretenso segundo
poder, o mal, é a dessemelhança do bem. Portanto, não pode
15 ser mente, embora assim seja chamado. Supõe-se que o ter-
ceiro poder, o homem mortal, seja uma mistura do primeiro
e do segundo desses poderes antagônicos, a inteligência e a
18 não-inteligência, o Espírito e a matéria.
Tais teorias são evidentemente errôneas. Nunca podem
resistir ao teste da Ciência. A julgar por seus Teorias não
21 frutos, são corruptas. Quando é que as gerações científicas
vão entender o Ego e compreender que existe um só Deus,
a Mente única, a inteligência?
24 As teorias falsas e presunçosas dão aos pecadores a noção
de que podem criar aquilo que Deus não pode — a saber,
mortais pecaminosos à imagem de Deus, usurpando assim
27 o nome, sem ter a natureza, da imagem ou reflexo da Mente
divina; mas na Ciência nunca se pode dizer que o homem
tenha uma mente própria, separada de Deus, a Mente que
30 é tudo.
A crença de que Deus viva na matéria é panteísta. O
erro que diz que a Alma está no corpo, que a Mente está na
33 matéria, e que o bem está no mal, tem de desdizer isso e deixar
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 205
1 de fazer tais afirmações; do contrário, a humanidade con-
tinuará a crer que Deus esteja oculto, e os mortais pecarão
3 sem saber que estão pecando, se apoiarão na matéria em
vez de no Espírito, tropeçarão por serem mancos, cairão de
embriaguez, se consumirão com doenças — tudo isso devido
6 à sua cegueira, ao senso errôneo que eles têm a respeito de
Deus e do homem.
Quando é que será desmascarado o erro de se crer que
9 haja vida na matéria e que o pecado, a doença e a morte
sejam criações de Deus? Quando é que se com- A criação
preenderá que a matéria não tem inteligência, é perfeita
12 nem vida, nem sensação, e que a crença oposta é a fonte pro-
lífica de todo o sofrimento? Deus criou tudo por meio da
Mente e fez tudo perfeito e eterno. Onde está, pois, a necessi-
15 dade de uma nova criação, ou de procriação?
Envoltos nas brumas do erro (o erro de se crer que a maté-
ria possa ser inteligente para o bem ou para o mal), só pode-
18 mos captar claros vislumbres de Deus quando a Perceber
neblina se dissipa, ou se torna tão tênue que a imagem
divina
percebemos a imagem divina em alguma pala-
21 vra ou ato que indica a verdadeira ideia — a supremacia
e a realidade do bem, a nulidade e a irrealidade do mal.
Quando compreendemos que há uma única Mente, a lei
24 divina de amar o próximo como a nós mesmos Redimidos
se desdobra; ao passo que a crença em muitas do amor
ao ego
mentes governantes impede a gravitação normal
27 do homem para a Mente única, o Deus único, e conduz o
pensamento humano para caminhos opostos, onde reina
o amor ao ego.
30 O amor ao ego faz pender o fiel da balança da existência
humana para o lado do erro, não para o lado da Verdade.
Ao negar o fato de que a Mente é uma e única, pomos o peso
33 na balança, não no prato do Espírito, Deus, o bem, mas no
prato da matéria.
Quando compreendemos plenamente nossa relação com
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 206
1 Deus, não podemos ter nenhuma outra Mente senão a dEle
— nenhum outro Amor, sabedoria ou Verdade, nenhum
3 outro senso de Vida e nenhuma consciência da existência
da matéria, ou seja, do erro.
O poder da vontade humana só deveria ser exercido em
6 subordinação à Verdade; senão, ele desorientará o discerni-
mento e dará rédeas soltas às propensões mais A força de
baixas. É prerrogativa do senso espiritual vontade é
perversa
9 governar o homem. O pensamento humano,
material, falível, causa dano tanto ao corpo como por
meio dele.
12 A força de vontade é capaz de todo tipo de mal. Nunca
pode curar os doentes, pois é a oração do injusto; enquanto
que, manter as atitudes mentais de esperança, fé e amor é a
15 oração do justo, daquele que age com retidão. Essa oração,
governada pela Ciência, em vez de pelos sentidos, cura os
doentes.
18 Na relação científica entre Deus e o homem, constatamos
que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus
mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não
21 a matéria, a fonte do suprimento.
Será que Deus envia a doença, dando à mãe um filho por
curto espaço de tempo, levando-o embora depois por meio
24 da morte? Estará Deus criando de novo aquilo O nascimento e a
que Ele já criou? As Escrituras são claras nesse morte são irreais
ponto, pois afirmam que Sua obra estava terminada — para
27 Deus nada é novo — e que essa obra era boa.
Acaso pode haver nascimento ou morte para o homem,
a imagem e semelhança espiritual de Deus? Em vez de
30 mandar a doença e a morte, Deus as destrói e traz à luz a
imortalidade. A Mente onipotente e infinita fez tudo e inclui
tudo. Essa Mente não comete enganos para depois corrigi-los.
33 Deus não faz o homem pecar, adoecer nem morrer.
Existem crenças no mal, muitas vezes chamadas espíritos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 207
1 maus; mas esses males não são o Espírito, pois no Espírito
não existe o mal. Deus é o Espírito, por isso, na proporção
3 em que avançamos espiritualmente o mal fica No Espírito não
mais óbvio e repugnante até desaparecer de existe o mal
nossa vida. Esse fato prova nossa posição, visto que toda decla-
6 ração científica no Cristianismo é comprovada. Uma
declaração errada conduz a uma ação errada.
Deus não é o criador de uma mente maligna. De fato, o
9 mal não é a Mente. Temos de aprender que o mal é a terrível
impostura e irrealidade da existência. O mal A subordinação
não é supremo; o bem não está desamparado; do mal
12 nem são primárias as chamadas leis da matéria, e não é
secundária a lei do Espírito. Sem essa lição, perdemos de
vista o Pai perfeito, ou seja, o Princípio divino do homem.
15 O corpo não está em primeiro lugar e a Alma em último,
nem é o mal mais poderoso do que o bem. A Ciência do
existir repudia as impossibilidades evidentes Impossibilidades
por si mesmas, tais como a fusão da Verdade evidentes
18
com o erro na causa ou no efeito. A Ciência separa o joio do
trigo na época da colheita.
21 Só há uma causa primordial. Portanto, não pode haver
efeito de nenhuma outra causa, e não pode haver realidade
naquilo que não proceda dessa única e grande Uma só causa
causa. O pecado, a doença, a enfermidade e a primordial
24
morte não pertencem à Ciência do existir. Eles são os erros
que pressupõem a ausência da Verdade, da Vida e do Amor.
27 A realidade espiritual é o fato científico em todas as coi-
sas. O fato espiritual, repetido na ação do homem e de todo
o universo, é harmonioso e é o ideal da Verdade. Os fatos
30 espirituais não são invertidos; a desarmonia oposta, que não
se parece em nada com a espiritualidade, não é real. A única
evidência dessa inversão provém do erro hipotético que não
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 208
1 dá prova alguma de Deus, o Espírito, nem da criação espiri-
tual. O senso material define todas as coisas materialmente
3 e tem um senso finito do infinito.
As Escrituras dizem: “nEle vivemos, e nos movemos, e
existimos”. O que é, então, esse aparente poder, independente
6 de Deus, que causa e cura a doença? O que é, Autoridade
senão um erro de crença — uma lei da mente que parece
independente
mortal, errada em todos os sentidos, que
9 abrange o pecado, a doença e a morte? É o antípoda exato
da Mente imortal, da Verdade e da lei espiritual. Não está de
acordo com o bem, que caracteriza a Deus, que Ele faça
12 o homem adoecer e depois o abandone para que se cure a
si mesmo; é absurdo supor que a matéria possa tanto causar
como curar a doença, ou que o Espírito, Deus, produza a
15 doença e deixe o remédio a cargo da matéria.
John Young, de Edimburgo, escreve: “Deus é o pai da mente,
e de nada mais”. Tal declaração é a “voz do que clama no
18 deserto” das crenças humanas e prepara o caminho da Ciência.
Aprendamos sobre o que é real e eterno, e preparemo-nos para
o reino do Espírito, o reino dos céus — o reino e o governo
21 da harmonia universal, que não pode estar perdido nem pode
permanecer para sempre sem ser visto.
A Mente, não a matéria, é a causalidade. Um corpo mate-
24 rial expressa apenas uma mente mortal e material. O homem
mortal possui esse corpo e o torna harmonioso A doença é apenas
ou desarmonioso, segundo as imagens de pen- pensamento
27 samento que nele são gravadas. Envolves teu corpo no pensa-
mento e deverias delinear nele pensamentos de saúde, não de
doença. Deverias banir todos os pensamentos de doença, de
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 209
1 pecado e de outras crenças incluídas na matéria. Por ser imor-
tal, o homem tem vida perfeita, indestrutível. É a crença
3 mortal que torna o corpo desarmonioso e enfermo, na pro-
porção em que a ignorância, o medo ou a vontade humana
governe os mortais.
6 A Mente, suprema sobre todas as suas formações e
governando-as todas, é o sol central de seus próprios sistemas
de ideias, é a vida e a luz de toda a sua própria A totalidade
9 vasta criação; e o homem é subordinado à Mente da Verdade
divina. O corpo mortal e material, ou seja, a mente mortal e
material, não é o homem.
12 O mundo desmoronaria sem a Mente, sem a inteligência
que encerra os ventos nos seus punhos. Nem a filosofia nem
o ceticismo podem impedir a marcha da Ciência que revela a
15 supremacia da Mente. O senso imanente do poder da Mente
realça a glória da Mente. É a proximidade, e não a distância,
que empresta encanto a esse panorama.
18 Os minerais compostos ou substâncias agregadas que
compõem a terra, as relações que as massas constituintes têm
entre si, as magnitudes, distâncias e revoluções Translação
dos corpos celestes não têm importância real, espiritual
21
quando nos lembramos de que tudo isso tem de dar lugar ao
fato espiritual, pela translação do homem e do universo de
24 volta ao Espírito. Na proporção em que isso ocorre, se cons-
tata que o homem e o universo são harmoniosos e eternos.
As substâncias materiais ou formações terrestres, os
27 cálculos da astronomia e toda a parafernália de teorias
especulativas baseadas na hipótese de que haja uma lei mate-
rial, ou de que haja vida e inteligência residentes na matéria,
30 acabarão por se desvanecer, tragados no cálculo infinito do
Espírito.
O senso espiritual é a capacidade consciente e constante
33 de compreender a Deus. Esse senso mostra a superioridade
da fé manifestada em obras, sobre a fé expressa por palavras.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 210
1 Suas ideias se exprimem somente em “novas línguas”; e essas
são interpretadas pela tradução do original espiritual para a
3 linguagem que o pensamento humano pode compreender.
O Princípio e a prova do Cristianismo são discernidos
pelo senso espiritual. Ficam evidentes nas demonstrações de
6 Jesus, as quais mostram que ele, curando os Jesus não
doentes, expulsando os males e destruindo a levava em
conta a matéria
morte, “o último inimigo a ser destruído” —
9 não levava em conta a matéria e suas chamadas leis.
Por saber que a Alma e seus atributos são eternamente
manifestados por meio do homem, o Mestre curava os
12 doentes, restabelecia a vista aos cegos, a audição aos surdos,
o uso dos pés aos coxos, trazendo assim à luz a ação científica
da Mente divina sobre mentes e corpos humanos, e pro-
15 porcionando melhor compreensão a respeito da Alma e da
salvação. Jesus curava a doença e o pecado pelo mesmo e
único sistema metafísico.
18 A expressão mente mortal é realmente um solecismo, pois
a Mente é imortal, e a Verdade transpassa o erro da mortali-
dade, assim como um raio de sol atravessa a A Mente não
21 nuvem. Visto que, em obediência à lei imutável é mortal
do Espírito, essa mente, assim chamada, é autodestrutiva, eu
a denomino mortal. O erro semeia vento e colhe tempestade.
24 Por não ser inteligente, aquilo que se chama matéria não
pode dizer: “Eu sofro, morro, estou doente ou estou bem”.
É a chamada mente mortal que diz isso, e para A matéria não
si mesma ela parece estar comprovando suas tem mente
27
alegações. Para o senso mortal, o pecado e o sofrimento são
reais, mas o senso imortal não inclui nenhum mal nem praga
30 nenhuma. Visto que o senso imortal não tem o erro dos sen-
tidos, não tem senso de erro; por isso nele não há elemento
destrutivo.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 211
1 Se o cérebro, os nervos, o estômago fossem inteligentes
— se eles falassem conosco, dissessem como estão e como se
3 sentem — então o Espírito e a matéria, a Verdade e o erro,
estariam mesclados e produziriam a doença e a saúde, o
bem e o mal, a vida e a morte; e quem poderia dizer qual
6 é o maior, a Verdade ou o erro?
As sensações do corpo têm de ser as sensações de uma
chamada mente mortal, ou então da matéria. Os nervos não
9 são mente. Porventura não é possível provar A matéria não
que a Mente não é mortal e que a matéria não tem sensação
tem sensação? Não é igualmente verdade que a matéria não
12 aparece na compreensão espiritual a respeito do existir?
A sensação de doença e o impulso de pecar parecem
existir na mente mortal. Quando brota uma lágrima, não
15 é essa mente, assim chamada, que produz o efeito visível
na glândula lacrimal? Sem a mente mortal, a lágrima não
poderia aparecer; e essa ação mostra a natureza de tudo o
18 que é chamado causa e efeito na matéria.
Já não se deve dizer em Israel que “os pais comeram uvas
verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram”. A postura
21 de estar em sintonia com o erro deveria desaparecer. A Ciência
torna impossível a transmissão dos pensamentos de uma mente
que erra, para outra.
24 Se fosse verdade que os nervos têm sensação, que a maté-
ria tem inteligência, que o organismo material faz com que os
olhos vejam e os ouvidos ouçam, então, quando Os nervos são
o corpo se desmaterializasse, essas faculdades insensíveis à dor
27
se perderiam, pois sua imortalidade não estaria no Espírito;
pelo contrário, somente pela desmaterialização e espirituali-
30 zação do pensamento é que essas faculdades podem ser con-
cebidas como imortais.
Os nervos não são a fonte da dor ou do prazer. Sofremos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 212
1 ou sentimos prazer em nossos sonhos, mas essa dor ou esse
prazer não nos são comunicados por meio de um nervo. Um
3 dente extraído volta às vezes a doer, segundo a crença, e a dor
parece estar no seu antigo lugar. Um membro que havia sido
amputado continuou, segundo a crença, a causar dor. Se a sen-
6 sação de dor em um membro pode voltar, se pode prolongar-se,
por que então não pode esse membro reaparecer?
Por que tem de ser a dor, em vez de o prazer, que se
9 apresenta a esse senso mortal? Porque a lembrança da dor
é mais vívida do que a lembrança do prazer. Vi alguém
tentar, inconscientemente, coçar a ponta de um dedo que
12 fora amputado havia meses. Quando já não existe o nervo
que, segundo dizemos, ocasionava a dor, e a dor ainda
persiste, isso prova que a sensação está na mente mortal,
15 não na matéria. Então, inverte o processo; elimina essa
mente, assim chamada, em vez de remover um pedaço da
carne, e os nervos não terão sensação.
18 Os mortais têm um modo de agir próprio, não dirigido
nem sustentado por Deus. Produzem uma rosa com semente
e terra, e a põem em contato com os nervos Os enganos da
21 olfativos para poder cheirá-la. Por meio de tru- mente humana
ques e no frenesi crédulo, os mortais acreditam que espíritos
invisíveis produzam as flores. Só Deus cria e veste os lírios
24 do campo, e isso Ele faz por meio da Mente, não da matéria.
Por não serem compreendidos todos os métodos da
Mente, dizemos que os lábios ou as mãos têm de se mover
27 para transmitir o pensamento, que as ondas do Não há milagres
ar transmitem o som, e que possivelmente nos métodos
da Mente
outros métodos produzam os chamados mila-
30 gres. As realidades do existir, sua ação normal e a origem
de todas as coisas são invisíveis para o senso mortal; ao passo
que os movimentos irreais e imitativos da crença mortal, que
33 são tentativas de inverter o método e a ação imortais, são
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 213
1 qualificados como reais. Todo aquele que contradiz essa
suposição da mente mortal quanto à realidade é chamado de
3 impostor ou dele se diz que está enganado. Foi dito sobre um
homem: “Como imagina em sua alma, assim ele é”; portanto,
como o homem compreende espiritualmente, assim é em
6 verdade.
A mente mortal concebe alguma coisa como líquida ou
sólida, e depois a classifica materialmente. Os fatos imortais
9 e espirituais existem à parte dessa concepção O bem é
mortal e material. Deus, o bem, existe por indefinível
Si mesmo e Se expressa por Si mesmo, embora seja indefi-
12 nível como um todo. Cada passo em direção ao bem é um
afastar-se da materialidade e é uma tendência em direção a
Deus, o Espírito. As teorias materiais paralisam em parte
15 essa atração rumo ao bem infinito e eterno, mediante uma
atração oposta, rumo ao finito, temporário e desarmonioso.
O som é uma impressão mental produzida na crença mor-
18 tal. O ouvido em realidade não ouve. A Ciência divina revela
que o som se comunica por meio dos sentidos da Alma — por
meio da compreensão espiritual.
21 Mozart vivenciava mais do que expressava. O enlevo de
suas mais grandiosas sinfonias nunca foi ouvido. Ele foi um
músico superior àquele que o mundo conheceu. Música,
24 Esse era um fato ainda mais notável no caso de odaritmo
cabeça
Beethoven, que durante tanto tempo foi irre- e do coração
mediavelmente surdo. As mais doces melodias e toadas men-
27 tais da música superam o som que se ouve conscientemente.
A música é o ritmo da cabeça e do coração. A mente mortal
é uma harpa de muitas cordas, que fala de desarmonia ou de
30 harmonia, segundo seja humana ou divina a mão que a tange.
Antes que o conhecimento humano mergulhasse
profundamente no falso senso das coisas — na crença em
33 origens materiais que rejeitam a Mente única, a fonte única
e verdadeira do existir — é possível que as impressões
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 214
1 procedentes da Verdade fossem tão distintas quanto o som,
e que chegassem como som aos profetas da antiguidade. Se
3 o meio utilizado para ouvir é inteiramente espiritual, então
é normal e indestrutível.
Se a percepção de Enoque se tivesse limitado à evidência
6 que se apresentava aos seus sentidos materiais, ele nunca
poderia ter “andado com Deus”, nem ter sido guiado à
demonstração da vida eterna.
9 Adão, representado nas Escrituras como formado do pó, é
um objeto de estudo para a mente humana. Os sentidos mate-
riais, assim como Adão, têm origem na matéria Adão e
12 e voltam ao pó — o que prova não serem inte- os sentidos
ligentes. Eles se vão como vieram, pois continuam sendo o
erro, e não a verdade, do existir. Quando se aprender que é
15 o senso espiritual, e não o material, que transmite ao homem
as impressões da Mente, então o existir será compreendido e se
constatará que é harmonioso.
18 Prostramo-nos diante da matéria e nutrimos pensamentos
finitos a respeito de Deus, tal qual o idólatra pagão. Os mor-
tais são propensos a temer e a obedecer mais Ilusões
àquilo que consideram um corpo material, do idólatras
21
que a um Deus espiritual. Todo o conhecimento material, tal
como a primitiva “árvore do conhecimento”, multiplica as
24 dores dos mortais, pois as ilusões mortais despojariam a
Deus, matariam o homem, e nesse meio tempo serviriam
uma mesa de petiscos canibalescos e dariam graças.
27 Quão transitório é o sentido mortal da visão, quando se
considera que um ferimento na retina pode pôr fim ao poder
da luz e do cristalino! Mas a verdadeira visão, Os sentidos
30 o verdadeiro sentido, não se perde. Nem idade da Alma
nem acidente podem interferir nos sentidos da Alma, e não
há outros sentidos reais. É evidente que o corpo, como maté-
33 ria, não tem sensação própria, e não há esquecimento para a
Alma e suas faculdades. Os sentidos do Espírito são isentos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 215
1 de dor e estão para sempre em paz. Nada pode ocultar deles
a harmonia de todas as coisas ou o poder e a permanência da
3 Verdade.
Se o Espírito, a Alma, pudesse pecar ou perder-se, então o
existir e a imortalidade seriam perdidos, assim como todas as
6 faculdades da Mente; mas o existir não pode se O verdadeiro existir
perder, visto que Deus existe. A Alma e a maté- nunca se perde
ria estão em discrepância, por força de sua natureza oposta.
9 Os mortais desconhecem a realidade da existência, porque
a matéria e a mortalidade não refletem os fatos do Espírito.
A visão espiritual não está subordinada a altitudes
12 geométricas. Tudo o que é governado por Deus nunca está
privado, nem por um instante, da luz e do poder da inteligên-
cia e da Vida.
15 Às vezes somos levados a crer que as trevas sejam tão
reais como a luz; mas a Ciência afirma que as trevas são ape-
nas um senso mortal de ausência da luz, à che- Luz e
gada da qual as trevas perdem a aparência de trevas
18
realidade. Assim, o pecado e a tristeza, a doença e a morte,
são a ausência hipotética da Vida, Deus, e fogem como fantas-
21 mas do erro ante a verdade e o amor.
Com sua prova divina, a Ciência inverte a evidência do
senso material. Toda qualidade e condição da mortalidade
24 se perdem, tragadas na imortalidade. O homem mortal é o
antípoda do homem imortal, na origem, na existência e em
sua relação com Deus.
27 Por compreender a superioridade e a imortalidade do bem,
Sócrates não temeu o veneno da cicuta. Pela própria fé que lhe
inspirava sua filosofia, ele tratou com desdém a A convicção
30 falta de coragem física. Por ter buscado o estado de Sócrates
espiritual do homem, ele reconheceu a imortalidade do
homem. A ignorância e a maldade da época quiseram matar
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 216
1 o venerável filósofo devido à sua fé na Alma e indiferença
pelo corpo.
3 Quem vai dizer que o homem está vivo hoje, mas pode
estar morto amanhã? O que é que levaria a Vida, Deus,
a desfechos tão estranhos? Aqui cessam as teo- A serpente
6 rias, e a Ciência desvenda o mistério e resolve a do erro
questão sobre o homem. O erro fere o calcanhar da verdade,
mas não pode matar a verdade. A Verdade esmaga a cabeça
9 do erro — destrói o erro. A espiritualidade abertamente faz
um cerco ao materialismo. De que lado estamos combatendo?
A compreensão de que o Ego é a Mente, e de que existe só
12 uma Mente ou inteligência, começa de imediato a destruir os
erros do senso mortal e a proporcionar a ver- Servos e
dade do senso imortal. Essa compreensão senhores
15 torna o corpo harmonioso; faz com que os nervos, os ossos,
o cérebro etc., sejam servos, em vez de senhores. Se o homem
é governado pela lei da Mente divina, seu corpo está em sub-
18 missão à Vida, à Verdade e ao Amor eterno. O grande erro
dos mortais é supor que o homem, a imagem e semelhança
de Deus, seja ao mesmo tempo a matéria e o Espírito, ao
21 mesmo tempo bom e mau.
Se a decisão fosse deixada aos sentidos corpóreos, o mal
pareceria ter autoridade sobre o bem, e a doença aparentaria
24 ser a regra da existência, enquanto que a saúde pareceria a
exceção, a morte o inevitável, e a vida um paradoxo. Paulo
perguntou: “Que harmonia [pode haver] entre Cristo e o
27 Maligno?” (2 Coríntios 6:15).
Quando dizes: “O corpo do homem é material”, digo
como Paulo: Dispõe-te a preferir “deixar o corpo e habitar com
30 o Senhor”. Abandona tua crença material de Identidade
que haja mente na matéria e aceita uma Mente pessoal
única, a saber, Deus; pois essa Mente forma sua própria
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 217
1 semelhança. É impossível que, por meio da compreensão que
a Ciência proporciona, se perca a identidade do homem; e a
3 noção de tal possibilidade é mais absurda do que concluir
que os tons individuais da música se percam na fonte da
harmonia.
6 As escolas de medicina podem dizer que a obra de cura
na Ciência Cristã e a extraordinária experiência e conversão
de Paulo ao Cristianismo — fatos esses que A experiência
provam que a Mente é cientificamente distinta de Paulo
9
da matéria — são indícios de estados mentais e corpóreos
anormais, como a catalepsia e a histeria; no entanto, se pro-
12 curamos nas Escrituras, o que lemos? Lemos o seguinte:
“Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte!”
e “Daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo
15 a carne!”
Que os métodos científicos são superiores a outros, vê-se
por seus efeitos. Uma vez que pela Mente tenhas vencido
18 um estado doentio do corpo, tal estado jamais A fadiga
voltará, e terás ganho um ponto na Ciência. é mental
Quando o pensamento dá descanso ao corpo, a tarefa
21 seguinte te fatiga menos, porque estás resolvendo na metafí-
sica divina a questão do existir; e na proporção em que com-
preenderes o controle que a Mente tem sobre a chamada
24 matéria, serás capaz de demonstrar esse controle. O remédio
científico e permanente contra a fadiga é tomar conheci-
mento do poder da Mente sobre o corpo ou sobre qualquer
27 ilusão de cansaço físico, e destruir assim essa ilusão, pois a
matéria não pode ficar cansada e sobrecarregada.
Dizes: “O trabalho me cansa”. Mas, o que vem a ser este
30 me? É músculo ou mente? Qual dos dois está cansado e assim
fala? Sem a mente, poderiam os músculos estar cansados? São
os músculos que falam, ou és tu que falas por eles? A matéria
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 218
1 não é inteligente. É a mente mortal que diz falsidades, e
aquilo que afirma o cansaço é o que produziu esse cansaço.
3 Não se diz que uma roda está cansada; no entanto, o
corpo é tão material como a roda. Se não fosse pelo que
a mente humana diz do corpo, este, tal como a A Mente jamais
6 roda inanimada, nunca estaria cansado. A cons- se cansa
ciência da Verdade nos descansa mais do que horas de repouso
na inconsciência.
9 Supõe-se que o corpo diga: “Estou doente”. As afirmações
da doença podem formar uma coligação com as afirmações do
pecado, e dizer: “Sou a maldade, a luxúria, a A coligação
12 cobiça, a inveja, o ódio”. O que faz com que do pecado
com a doença
tanto o pecado como a doença sejam difíceis
de curar é que a mente humana é a pecadora, a qual está
15 pouco disposta a se autocorrigir, e acredita que o corpo possa
estar doente independentemente da mente mortal, e que a
Mente divina não tenha jurisdição sobre o corpo.
18 Por que orar pelo restabelecimento dos doentes, se não
tens fé na disposição e capacidade de Deus para curá-los?
Se de fato crês em Deus, por que substituis o A doença é
poder do Todo-Poderoso por drogas, e empre- aliada do pecado
21
gas recursos que conduzem somente a métodos materiais para
obter ajuda, em vez de recorreres, na hora da necessidade, a
24 Deus, o Amor divino, que é socorro sempre presente?
Tens de tratar a crença na enfermidade como tratarias o
pecado, isto é, com rejeição instantânea. Resiste à tentação
27 de crer que a matéria seja inteligente e que tenha sensação ou
poder.
As Escrituras dizem: “Os que esperam no Senhor...
30 correm e não se cansam, caminham e não se fatigam”. O
significado desse trecho não se desvirtua, quando aplicado
literalmente nos momentos de fadiga, pois o moral e o físico
33 são uma só coisa em seus resultados. Quando despertarmos
para a verdade a respeito do existir, toda a doença, a dor,
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 219
1 a fraqueza, o cansaço, o pesar, o pecado e a morte serão
desconhecidos, e o sonho mortal cessará para sempre.
3 Meu método de tratar a fadiga se aplica a todos os males
corpóreos, pois a Mente tem de ser, e é, suprema, absoluta
e definitiva.
6 Na matemática não multiplicamos quando deveríamos
subtrair, e depois dizemos que o produto está certo. Tam-
pouco podemos dizer na Ciência que os Afirmação
músculos deem força, que os nervos causem e resultado
9
dor ou prazer, ou que a matéria governe, e em seguida esperar
que o resultado seja a harmonia. Não são os músculos, nem
12 os nervos, nem os ossos, mas sim a mente mortal, que faz com
que o corpo inteiro esteja “doente, e todo o coração, enfermo”;
ao passo que a Mente divina cura.
15 Quando isso for compreendido, nunca afirmaremos sobre
o corpo o que não desejamos que nele se manifeste. Não
diremos que o corpo está fraco, se o quisermos forte; pois
18 a crença na fraqueza deve estar presente na mente humana
antes de poder se manifestar no corpo, e a destruição da
crença fará desaparecer seus efeitos. A Ciência não inclui
21 nenhuma regra de desarmonia, mas governa harmonio-
samente. “O desejo”, diz o poeta, “é sempre a origem do
pensamento”.
24 Podemos ouvir uma doce melodia, e no entanto compre-
ender mal a ciência que a governa. Os que são curados
pela Ciência metafísica, sem compreender o Começo
Princípio da cura, talvez a interpretem mal, científico
27
atribuindo seu restabelecimento a uma mudança de ar ou
de dieta, sem prestar a Deus a honra que só a Ele é devida.
30 A imunidade completa contra a crença no pecado, no sofri-
mento e na morte talvez não seja alcançada nesta época, mas
podemos ter a expectativa de que esses males diminuam; e
33 esse começo científico está na direção certa.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 220
1 Ouve-se dizer: “Faço exercícios ao ar livre diariamente.
Tomo banhos frios a fim de vencer a predisposição para me
3 resfriar; no entanto, sempre me resfrio e tenho As teorias sanitárias
catarro e tosse”. Tais admissões deveriam abrir são ineficazes
os olhos das pessoas para a ineficácia das teorias materiais
6 sobre a saúde e levar os sofredores a procurar a causa e a cura
em outras direções.
O instinto é melhor do que a razão mal orientada, como
9 mostra a própria natureza. A violeta ergue os olhos azuis
para saudar o começo da primavera. Na natureza as folhas
batem palmas como infatigáveis adoradoras. O pássaro das
12 neves canta e voa em meio às rajadas de vento; ele não fica
com catarro por ter molhado os pés, e arranja uma residência
de verão com mais facilidade do que um nababo. A atmos-
15 fera da terra, mais benigna do que a atmosfera da mente
mortal, deixa o catarro para esta última. Os resfriados, a
tosse e o contágio são engendrados unicamente por teorias
18 humanas.
A mente mortal produz seus próprios fenômenos,
e depois os atribui a alguma outra causa — Fenômenos
21 como um gatinho que se vê no espelho e pensa refletidos
ver outro gatinho.
Certa vez, um clérigo adotou uma dieta de pão e água
24 para aumentar sua espiritualidade. Percebendo que sua saúde
declinava, abandonou o jejum e aconselhou outros a que
nunca tentassem a dietética para crescer em graça.
27 A crença de que jejuar ou comer bem faça com que os
homens sejam melhores moral ou fisicamente é um dos frutos
“da árvore do conhecimento do bem e do mal”, O longo alcance
da qual disse Deus: “[Dela] não comerás”. A da volição
30
mente mortal forma todas as condições do corpo mortal e
controla o estômago, os ossos, os pulmões, o coração, o sangue
33 etc., tão diretamente como a volição ou a vontade move a mão.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 221
1 Conheci alguém que, ainda criança, adotou o sistema de
Graham para se curar de dispepsia. Durante muitos anos,
3 ele só comeu pão e legumes e não bebeu nada a Inanição
não ser água. Agravando-se a dispepsia, deci- e dispepsia
diu que sua dieta devia ser mais rigorosa, e daí por diante
6 não fez mais do que uma só refeição em vinte e quatro horas,
refeição essa que consistia apenas de uma fatia fina de pão,
sem água. Seu médico lhe recomendou também que não
9 molhasse a ressequida garganta senão três horas depois de
comer. Passou muitos anos penosos com fome e fraqueza,
quase sucumbindo de inanição, e finalmente se resignou a
12 morrer, tendo esgotado a perícia dos médicos, os quais deli-
cadamente o informaram de que a morte era, de fato, sua
única alternativa. Foi aí que a Ciência Cristã o salvou, e agora
15 ele goza de perfeita saúde, sem ter o menor vestígio do antigo
padecimento.
Ele aprendeu que o sofrimento e a doença são crenças
18 que os mortais impõem a si mesmos, e não são os fatos a
respeito do existir; que Deus nunca decretou a doença —
nunca promulgou uma lei pela qual o jejum seria um meio
21 de adquirir a saúde. Portanto, a semi-inanição não é aceitá-
vel para a sabedoria, e está igualmente longe da Ciência, na
qual o existir é sustentado por Deus, a Mente. Essas verdades
24 lhe abriram os olhos, lhe aliviaram o estômago, e ele passou
a comer sem sofrer, “dando graças a Deus”; porém, jamais
comeu com o prazer que havia imaginado quando, ainda
27 escravo da matéria, pensava nas panelas de carne do Egito,
com a mesma fome que sentia na infância, antes de estar
disciplinado pela renúncia ao ego e pela Ciência divina.
30 Essa nova compreensão, de que nem o alimento, nem
o estômago, sem o consentimento da mente A mente e
o estômago
mortal, podem fazer alguém sofrer, traz con-
33 sigo outra lição — a de que a gula é uma ilusão sensual, e que
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 222
1 esse fantasma apresentado pela mente mortal desaparece à
medida que compreendemos melhor nossa existência espiri-
3 tual e nos elevamos na escala da vida.
Essa pessoa aprendeu que o alimento afeta o corpo só
porque a mente mortal atua segundo seus próprios métodos
6 materiais, um dos quais é crer que um alimento apropriado
proporcione nutrição e força ao organismo humano. Apren-
deu também que a mente mortal produz o corpo mortal, ao
9 passo que a Verdade reforma essa mente carnal e alimenta
o pensamento com o pão da Vida.
O alimento passou a ter menos poder para ajudá-lo ou
12 prejudicá-lo, depois que ele entendeu o fato de que a Mente
governa o homem, e também passou a ter menos fé nos
chamados prazeres e dores da matéria. Preocupando-se
15 menos com o que havia de comer ou beber, consultando menos
o estômago e mais a Deus sobre a estrutura da vida, ele recupe-
rou rapidamente as forças e o peso. Segundo se acreditava,
18 só obedecendo estritamente às teorias materiais sobre a saúde
e tomando os medicamentos, ele se mantivera vivo durante
muitos anos, e apesar disso continuara doente todo esse tempo.
21 Posteriormente abandonou as drogas e as teorias materiais
sobre a saúde, e ficou bem.
Ele aprendeu que um dispéptico estava muito longe de
24 ser a imagem e semelhança de Deus — longe de ter “domínio
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, [e] sobre os
animais domésticos”, se o comer um pedaço de carne tinha
27 poder para afetá-lo. Finalmente, chegou à conclusão de que
Deus jamais criara alguém com má digestão, ao passo que o
medo, as teorias materiais sobre a saúde, a fisiologia e a física
30 o haviam convertido em um dispéptico, contrariando os
mandamentos de Deus.
Ao buscar a cura da dispepsia, não consultes de maneira
33 alguma a matéria, e come o que puserem diante Vida
de ti, sem fazer perguntas “por motivo de cons- só no Espírito
ciência”. Temos de destruir a crença errônea de que a vida e a
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 223
1 inteligência estejam na matéria e firmar-nos no que é puro e
perfeito. Paulo disse: “Andai no Espírito e jamais satisfareis
3 à concupiscência da carne”. Mais cedo ou mais tarde apren-
deremos que os grilhões da capacidade finita do homem são
forjados pela ilusão de que ele viva no corpo em vez de na
6 Alma, na matéria em vez de no Espírito.
A matéria não expressa o Espírito. Deus é o Espírito oni-
presente, infinito. Se o Espírito é tudo e está em toda parte, o
9 que é e onde está a matéria? Lembra-te de que a A Alma é
verdade é superior ao erro, e que não podemos pôr superior ao corpo
o superior no inferior. A Alma é o Espírito, e o Espírito é superior
12 ao corpo. Se o Espírito tivesse estado alguma vez no corpo, o
Espírito seria finito e, portanto, não poderia ser o Espírito.
A pergunta: “Que é a Verdade?” convulsiona o mundo.
15 Muitos estão dispostos a responder a essa indagação com
a segurança que vem da compreensão; são mais A pergunta
numerosos, porém, os que estão cegos devido a dos séculos
18 suas velhas ilusões e tentam postergar essa pergunta. “Se um
cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco.”
Os esforços do erro para responder a essa pergunta
21 mediante alguma “ologia”, são vãos. A racionalidade espi-
ritual e a liberdade de pensamento acompanham a Ciência
que se aproxima, e não podem ser reprimidos. Emanciparão
24 a humanidade, e suplantarão os meios não científicos e as
chamadas leis.
O repicar dos sinos, que deveria despertar do sonho errô-
27 neo o pensamento adormecido, passa em parte despercebido;
mas a última trombeta ainda não soou, pois do Os arautos
contrário isso não seria assim. Prodígios, cala- da Ciência
30 midades e pecados serão muito mais abundantes, à medida que
a verdade impuser aos mortais suas exigências, às quais eles
resistem; mas a horrível ousadia do pecado destrói o pecado,
33 e pressagia o triunfo da verdade. Deus porá tudo ao revés até
que “venha Aquele de quem é o direito”*. A longevidade
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 224
1 está aumentando e o poder do pecado diminuindo, pois
o mundo sente, por todos os poros, o efeito alterante da
3 verdade.
À medida que as pegadas toscas do passado desaparecem
das veredas que no presente se vão desfazendo, compre-
6 endemos melhor a Ciência que governa essas mudanças, e
assentamos os pés em solo mais firme. Todo prazer ou dor
dos sentidos se autodestrói pelo sofrimento. Deveria haver
9 progresso sem dor, acompanhado de vida e paz em vez de
desarmonia e morte.
Nos registros históricos de dezenove séculos encontra-
12 mos muitas seitas, mas não suficiente Cristianismo. Séculos
atrás, os devotos estavam dispostos a aclamar Sectarismo
um Deus antropomorfo e envolver Seu manda- e oposição
15 tário em pompa e esplendor; mas não foi dessa maneira que
a verdade apareceu. Na antiguidade, a cruz era o símbolo
central da verdade, e assim é até hoje. O açoite moderno é
18 menos material do que a chibata romana, mas é igualmente
cortante. O frio desdém, a resistência obstinada, a oposição
das igrejas, das leis do estado e da imprensa, ainda são os
21 precursores do aparecimento da verdade em pleno fulgor.
Um Cristianismo mais elevado e mais prático, que
demonstra justiça e atende às necessidades dos mortais,
24 tanto na doença como na saúde, está batendo à porta desta
época, pedindo entrada. Abrirás ou fecharás a porta a esse
anjo visitante, que vem na quietude da mansidão, como veio
27 outrora ao patriarca, ao meio-dia?
A Verdade traz os elementos da liberdade. No seu estan-
darte está o lema inspirado pela Alma: “A escravidão está
30 abolida”. O poder de Deus traz libertação ao Emancipação
cativo. Nenhum poder pode resistir ao Amor mental
divino. O que é esse suposto poder que se opõe a Deus?
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 225
1 De onde vem? O que é que prende o homem com grilhões de
ferro ao pecado, à doença e à morte? Tudo o que escraviza o
3 homem se opõe ao governo divino. A Verdade liberta o homem.
Podes saber que é a Verdade que começa a liderar,
quando vês o pequeno número e a fidelidade de seus segui-
6 dores. É assim que a marcha do tempo conduz O ordálio
para a frente a bandeira da liberdade. Os pode- da verdade
res deste mundo combaterão e darão ordem às suas sentine-
9 las para não deixarem a verdade passar, enquanto esta não
adotar seus sistemas; mas a Ciência, sem fazer caso da baio-
neta em riste, continua sua marcha. Sempre há algum
12 tumulto, mas também há um cerrar fileiras em favor da
norma da verdade.
A história do nosso país, como toda a história, mostra o
15 poder da Mente, e indica que a força humana é proporcional
ao que ela incorpora de pensamentos corretos. Frases
Algumas frases imortais, dando voz à onipo- imortais
18 tência da justiça divina, foram poderosas para romper gri-
lhões despóticos e abolir o pelourinho e o mercado de
escravos; mas a opressão não desapareceu com o derramar
21 de sangue, assim como o alento da liberdade não veio da
boca do canhão. O Amor é o libertador.
Abolir legalmente a servidão não remunerada nos
24 Estados Unidos foi difícil; mas a abolição da escravidão men-
tal é uma tarefa mais difícil. As tendências des- A abolição
póticas, que são inerentes à mente mortal e que da escravidão
27 sempre germinam em novas formas de tirania, têm de ser
desarraigadas pela ação da Mente divina.
Homens e mulheres de todos os lugares e de todas as raças
30 ainda estão no cativeiro do senso material, sem saber como
obter a liberdade. Os direitos do homem foram reconhecidos
em um só setor e no mais baixo plano da vida humana, quando
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 226
1 a escravidão africana foi abolida no nosso país. Isso foi apenas
o prenúncio de passos ulteriores para a erradicação de uma
3 escravidão mundial, que se acha em planos mais altos da
existência e sob formas mais sutis e aviltantes.
A voz de Deus em favor do escravo africano ainda ecoava
6 em nosso país, quando a voz do arauto desta nova cruzada fez
soar a nota tônica da liberdade universal, cla- Cruzada pela
mando por um reconhecimento mais completo liberdade
9 dos direitos do homem como Filho de Deus, exigindo que os
grilhões do pecado, da doença e da morte fossem arrancados
da mente humana e que a liberdade dessa mente fosse con-
12 quistada, não pela guerra entre os homens, não pela baioneta
e pelo sangue, mas pela Ciência divina do Cristo.
Deus construiu uma plataforma mais elevada de direitos
15 humanos, e a construiu sobre declarações mais divinas. Essas
declarações não são feitas por meio de códigos Sistemas
ou dogmas, mas em demonstração de “paz na que oprimem
18 terra entre os homens” e de boa vontade para com eles. Os
códigos humanos, a teologia escolástica, a medicina material
e as teorias materiais sobre a saúde acorrentam a fé e a com-
21 preensão espiritual. A Ciência divina despedaça essas corren-
tes e assim fica estabelecido o direito inato do homem, de ser
fiel somente a seu Criador.
24 Vi diante de mim os doentes, que se consumiam durante
anos de servidão a um senhor irreal, na crença de que o
corpo, em vez de a Mente, os governava.
27 Os aleijados, os surdos, os mudos, os cegos, os doentes, os
sensuais e os pecadores, a todos eu quis salvar da escravidão
de suas próprias crenças e dos sistemas educa- A casa
cionais dos faraós, que hoje, como outrora, da servidão
30
retêm os filhos de Israel em servidão. Vi diante de mim o ter-
rível conflito, o Mar Vermelho e o deserto; mas continuei a
33 avançar, com fé em Deus, confiante de que a Verdade, a forte
libertadora, me guiaria para a terra da Ciência Cristã, onde os
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 227
1 grilhões caem e os direitos do homem são plenamente
conhecidos e reconhecidos.
3 Vi que a lei da crença mortal inclui todo o erro e que,
assim como as leis opressoras são contestadas, e aos mortais
se ensina o direito à liberdade, assim as ale- A lei superior dá
gações dos sentidos escravizadores têm de ser fim à servidão
6
negadas e suplantadas. A lei da Mente divina tem de dar fim
à servidão humana, senão os mortais continuarão sem ter
9 consciência dos direitos inalienáveis do homem, submetidos
a uma escravidão sem esperança, porque alguns educadores
públicos permitem que haja ignorância a respeito do poder
12 divino — ignorância que é o fundamento da servidão contí-
nua e do sofrimento humano.
Ao discernir os direitos do homem, não podemos dei-
15 xar de prever o fim de toda a opressão. A escravidão não é
a condição legítima do homem. Deus fez livre o Liberdade
homem. Paulo disse: “Nasci livre”*. Todos inata
18 os homens deveriam ser livres. “Onde está o Espírito do
Senhor, aí há liberdade.” O Amor e a Verdade libertam,
mas o mal e o erro conduzem ao cativeiro.
21 A Ciência Cristã ergue o estandarte da liberdade e grita:
“Segue-me! Foge da escravidão da doença, do pecado e da
morte!” Jesus traçou o caminho. Cidadãos do O estandarte
mundo, aceitai a “gloriosa liberdade dos filhos da liberdade
24
de Deus”*, e sede livres! Esse é vosso direito divino. Foi a
ilusão do senso material, não a lei divina, que vos atou, que
27 amarrou vossos membros livres, mutilou vossas capacidades,
debilitou vosso corpo e desfigurou o quadro da vossa
existência.
30 Se Deus tivesse instituído leis materiais para governar
o homem, e se a desobediência a essas leis tornasse doente o
homem, Jesus não as teria posto de lado, curando em direta
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 228
1 oposição a elas e em desafio a todas as condições materiais.
A transmissão da doença ou de certas idiossincrasias da
3 mente mortal seria impossível se este grandioso fato a res-
peito do existir fosse compreendido — isto é, Não há
que nada de desarmonioso pode invadir o exis- hereditariedade
carnal
6 tir, pois a Vida é Deus. A hereditariedade é um
tema fértil ao qual a crença mortal pode atrelar suas teorias;
mas, se aprendermos que nada é real senão aquilo que é
9 certo, não teremos heranças perigosas, e os males carnais
desaparecerão.
A escravização do homem não é legítima. Cessará
12 quando o homem entrar na posse de sua herança de liber-
dade, ou seja, o domínio que Deus lhe deu Domínio
sobre os sentidos materiais. Algum dia os dado por Deus
15 mortais farão valer sua liberdade em nome de Deus
Todo-Poderoso. Então, cada um governará seu próprio corpo
mediante a compreensão da Ciência divina. Abandonando
18 suas crenças atuais, reconhecerão que a harmonia é a reali-
dade espiritual e a desarmonia é a irrealidade material.
Se seguirmos a ordem de nosso Mestre: “Não andeis
21 ansiosos pela vossa vida”, nunca dependeremos do estado
do corpo, de sua estrutura, ou de suas funções, mas seremos
senhores do corpo, ditaremos suas condições, e o formare-
24 mos e controlaremos com a Verdade.
Não existe poder a não ser o de Deus. A onipotência
tem todo o poder, e reconhecer qualquer outro poder é
27 desonrar a Deus. O humilde Nazareno der- Orgulho
rubou a suposição de que o pecado, a doença sacerdotal
esmorecido
e a morte tenham poder. Ele provou que não
30 tinham poder. O orgulho dos sacerdotes deveria ter esmore-
cido, quando eles viram a demonstração do Cristianismo
superar a influência de sua fé e cerimônias mortas.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 229
1 Se a Mente não tivesse domínio sobre o pecado, a doença
e a morte, estes seriam imortais, pois já está provado que a
3 matéria não os destrói, mas é sua base e ponto de apoio.
Deveríamos pensar melhor antes de dizer que Jeová peca
ou sofre; mas, se o pecado e o sofrimento fossem realidades
6 a respeito do existir, de onde teriam emanado? Não há união
Deus fez tudo o que foi feito, e a Mente signi- de opostos
fica Deus — a infinitude, não a finitude. Não está muito longe
9 de ser heresia a crença que une opostos tais como a doença
e a saúde, a santidade e o pecado, crença essa que considera
todos eles produtos do espírito, e que ao mesmo tempo admite
12 que o Espírito é Deus — praticamente declarando que Ele é
bom em um caso e mau no outro.
Por consenso universal, a crença mortal se autoinstituiu
15 como lei, para atar os mortais à doença, ao pecado e à morte.
Essa crença habitual é erradamente chamada Lei
lei material, e o indivíduo que a defende está autoinstituída
18 errado na teoria e na prática. A chamada lei da mente mor-
tal, conjetural e especulativa, é anulada pela lei da Mente
imortal, e a falsa lei deveria ser calcada com os pés.
21 Se Deus fizesse o homem ficar doente, a doença deveria
ser boa, e seu oposto, a saúde, deveria ser ruim, pois tudo
o que Ele faz é bom e continua firme para sem- A doença provém
pre. Se a transgressão da lei de Deus produ- da mente mortal
24
zisse a doença, seria certo adoecer; e não poderíamos, se
quiséssemos, nem deveríamos, se pudéssemos, anular os
27 decretos da sabedoria. É a transgressão de uma crença da
mente mortal, não de uma lei da matéria nem de uma lei da
Mente divina, o que produz a crença de enfermidade. O
30 remédio é a Verdade, não a matéria — a verdade de que a
doença é irreal.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 230
1 Se a doença fosse real, pertenceria à imortalidade; se fosse
verdadeira, faria parte da Verdade. Tentarias tu, com drogas
3 ou sem elas, destruir uma qualidade ou uma condição da
Verdade? Mas, se a doença e o pecado são ilusões, o desper-
tar desse sonho mortal, dessa ilusão, nos traz para a saúde,
6 a santidade e a imortalidade. Esse despertar é a perpétua
vinda do Cristo, o aparecimento mais adiantado da Verdade,
que expulsa o erro e cura os doentes. Essa é a salvação que
9 vem por meio de Deus, o Princípio divino, o Amor, como
Jesus demonstrou.
Seria contrário às nossas mais elevadas ideias a respeito
12 de Deus supô-Lo capaz de primeiramente instituir a lei e a
causalidade, de modo a produzir certos resulta- Deus nunca
dos maus, e depois punir as vítimas indefesas da é incoerente
15 vontade divina por fazerem o que não podiam deixar de
fazer. O bem não é, nem pode ser, o autor de pecados experi-
mentais. Deus, o bem, é incapaz de produzir a doença, assim
18 como o bem é incapaz de causar o mal, e a saúde de ocasio-
nar a enfermidade.
Acaso a sabedoria comete disparates que mais tarde
21 tenham de ser retificados pelo homem? Acaso uma lei de
Deus produz a doença, e poderia o homem cal- Narcóticos
car com os pés essa lei, curando a doença? De mentais
24 acordo com as Sagradas Escrituras, os doentes nunca são
realmente curados pelas drogas, pelas teorias materiais sobre
a saúde, ou por algum método material. Esses meios sim-
27 plesmente se esquivam à questão. São xaropes calmantes
para adormecer crianças, satisfazer à crença mortal e acal-
mar o medo.
30 Achamos que estamos curados quando uma doença desa-
parece, embora possa reaparecer; mas nunca estamos inteira-
mente curados enquanto a propensão à doença A verdadeira
não for eliminada. Visto que a chamada mente cura
33
mortal, ou seja, a mente dos mortais, é a causa remota, predis-
ponente e estimulante de todo o sofrimento, a causa da doença
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 231
1 tem de ser apagada pelo Cristo na Ciência divina, senão os
chamados sentidos físicos obterão a vitória.
3 A não ser que um mal seja enfrentado de maneira acertada
e devidamente superado pela Verdade, esse mal nunca é ven-
cido. Se não é Deus que destrói o pecado, a A destruição
doença e a morte, estes não são destruídos na de todo o mal
6
mente dos mortais, mas parecem imortais a essa mente, assim
chamada. O que Deus não pode fazer, o homem não precisa
9 tentar. Se não é Deus que cura os doentes, estes não são cura-
dos, pois nenhum poder inferior está à altura do Todo-poder
infinito; mas Deus, a Verdade, a Vida e o Amor, de fato cura
12 os doentes por meio da oração do justo.
Se Deus criasse o pecado, se o bem produzisse o mal, se a
verdade resultasse em erro, então a Ciência e o Cristianismo
15 seriam impotentes; mas não existem leis nem poderes
antagônicos, espirituais ou materiais, criando e governando o
homem por meio de um perpétuo conflito. Deus não é o autor
18 de desarmonias mortais. Por isso, aceitamos a conclusão de
que as desarmonias só têm existência imaginária, são crenças
mortais que a Verdade divina e o Amor divino destroem.
21 O ato de te manteres superior ao pecado, porque Deus te
fez superior ao pecado e governa o homem, é verdadeira sabe-
doria. Temer o pecado significa compreender Superioridade
24 mal o poder do Amor e a Ciência divina do sobre a doença
e o pecado
existir, na relação do homem com Deus —
significa duvidar de Seu governo e não confiar no Seu cuidado
27 onipotente. O ato de te manteres superior à doença e à morte
indica igual sabedoria, e está de acordo com a Ciência divina.
Temê-las é impossível, quando compreendes plenamente a
30 Deus e sabes que não fazem parte de Sua criação.
O homem, governado por seu Criador, não tendo outra
Mente — firmado na declaração do Evangelista de que “todas
33 as coisas foram feitas por intermédio dEle [o Verbo, a palavra
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 232
1 de Deus], e, sem Ele, nada do que foi feito se fez” — pode
triunfar sobre o pecado, a doença e a morte.
3 Muitas teorias relacionadas a Deus e ao homem não apre-
sentam o homem como harmonioso, nem a Deus como
digno de ser amado. As crenças que geralmente As negações do
abrigamos sobre a felicidade e a vida não nos poder divino
6
proporcionam nenhuma evidência de que uma ou outra este-
jam ilesas e sejam permanentes. O direito ao harmonioso
9 e eterno existir só se encontra seguro na Ciência divina.
As Escrituras nos informam que “para Deus tudo é pos-
sível” — todo o bem é possível ao Espírito; mas nossas teorias
12 prevalecentes negam isso quase completamente, e só possi-
bilitam a cura por meio da matéria. Essas teorias têm de ser
inverídicas, pois as Escrituras são verídicas. O Cristianismo
15 não é errôneo, mas as religiões que contradizem o Princípio
do Cristianismo são errôneas.
Em nossa época, o Cristianismo está demonstrando de
18 novo o poder do Princípio divino, tal como o demonstrou há
mais de dezenove séculos, curando os doentes e triunfando
sobre a morte. Jesus nunca ensinou que as drogas, o ali-
21 mento, o ar e o exercício podiam dar saúde ao homem, ou
que podiam destruir a vida humana; nem há nos seus atos
exemplos de tais erros. Ele atribuía a harmonia do homem
24 à Mente, não à matéria, e nunca tentou invalidar a sentença
com a qual Deus selou a condenação do pecado, da doença
e da morte.
27 No sagrado santuário da Verdade há vozes de significado
solene, mas não lhes prestamos atenção. Somente quando os
chamados prazeres e dores dos sentidos desa- Os sinais que
30 parecem de nossa vida é que encontramos sinais se seguem
incontestáveis do sepultamento do erro, e provas da ressur-
reição para a vida espiritual.
33 Na Ciência não há lugar nem oportunidade para nenhuma
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 233
1 espécie de erro. Cada dia exige de nós provas mais elevadas,
em vez de declarações do poder cristão. Essas provas consis-
3 tem unicamente na destruição do pecado, da Declaração
doença e da morte, pelo poder do Espírito, como e prova
Jesus os destruiu. Esse é um elemento do progresso, e o pro-
6 gresso é a lei de Deus, lei que exige de nós apenas aquilo que
com certeza podemos cumprir.
Em meio à imperfeição, a perfeição é vista e reconhecida
9 só gradativamente. Os séculos têm de, pouco a pouco, traba-
lhar rumo à perfeição. Quanto tempo levará Perfeição
para chegarmos a demonstrar o existir cientí- alcançada
pouco a pouco
12 fico ninguém sabe — nem mesmo “o Filho,
senão o Pai”; mas a alegação enganosa do erro continua com
suas delusões, até que, com perseverança, se faça jus à meta
15 do bem e esta seja alcançada.
A sombra de Sua destra já repousa sobre esta hora. Tu,
que sabes discernir o aspecto do céu — o sinal material —
18 quanto mais deverias discernir o sinal mental, e A missão
empreender a destruição do pecado e da doença, de Cristo
vencendo os pensamentos que os produzem e compreen-
21 dendo a ideia espiritual que os corrige e destrói. Revelar essa
verdade foi a missão de nosso Mestre para com toda a huma-
nidade, inclusive para com os corações que o rejeitaram.
24 Quando se faz uma divisão aritmética de acordo com
uma regra fixa, o quociente é tão incontestável quanto as
experiências científicas que realizei com relação A eficácia
aos efeitos da verdade sobre os doentes. Para da verdade
27
curar uma doença, qualquer que seja, é necessário o fato
espiritual que a ela se opõe. O declarar a verdade tem como
30 objetivo repreender e destruir o erro. Por que não deveria a
verdade ser eficaz contra a doença, a qual é unicamente o
resultado da falta de harmonia?
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 234
1 As poções espirituais curam, ao passo que as loções
materiais interferem na verdade, assim como o ritualismo
3 e o dogma são empecilhos para a espiritualidade. Se confia-
mos na matéria, não confiamos no Espírito.
Tudo o que inspira com a sabedoria, a Verdade ou o
6 Amor — seja um cântico, um sermão, ou a Ciência —
abençoa a família humana com migalhas de Migalhas
conforto que caem da mesa de Cristo, alimen- de conforto
9 tando os famintos e dando água viva aos sedentos.
Deveríamos nos familiarizar mais com o bem do que
com o mal e estar alerta contra as crenças errôneas, com
12 o mesmo cuidado com que trancamos nossas Acolher
portas para impedir a entrada de ladrões e a saúde
e o bem
assassinos. Deveríamos amar nossos inimigos
15 e ajudá-los, com base na Regra Áurea; porém, evitemos lançar
pérolas ante quem as pisa com os pés, prejudicando assim a
eles mesmos e aos outros.
18 Se os mortais vigiassem a mente mortal de maneira apro-
priada, a ninhada de males que a infesta seria eliminada.
Temos de começar por essa assim chamada Purificar
mente e esvaziá-la do pecado e da doença, a mente
21
senão o pecado e a doença nunca cessarão. Os atuais códigos
dos sistemas humanos decepcionam aquele que penosamente
24 busca uma teologia divina que sirva para educar correta-
mente o pensamento humano.
O pecado e a doença têm de ser pensados antes que pos-
27 sam se manifestar. Tens de controlar os maus pensamentos
logo que surgem, do contrário serão eles que, em seguida, te
controlarão. Jesus declarou que olhar com desejo para coisas
30 proibidas era violar um preceito moral. Ele dava grande
importância à ação da mente humana, ação essa que não
é vista pelos sentidos.
33 Os pensamentos e propósitos maus não têm maior
alcance, nem fazem maior dano, do que nossa crença
permite. Os maus pensamentos, a cobiça e os propósitos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 235
1 malévolos não podem ir, como o pólen errante, de uma
mente humana para outra e ali encontrar alojamento sem
3 serem percebidos, se a virtude e a verdade formam forte
defesa. É melhor aceitar o tratamento de um médico infe-
tado de varíola do que ser tratado mentalmente por alguém
6 que não obedeça aos requisitos da Ciência divina.
Os professores das escolas e os leitores das igrejas devem
ser escolhidos levando-se em conta sua moral, tanto quanto
9 sua cultura e leitura correta. Os viveiros onde se A função dos
cultiva o caráter devem ser fortemente defen- professores
didos pela virtude. Os exames escolares só consideram um
12 lado da questão; não é tanto a instrução acadêmica, mas sim
a cultura moral e espiritual, que nos leva mais ao alto. Os
pensamentos puros e edificantes do professor, constante-
15 mente transmitidos aos alunos, alcançarão altura maior do
que a dos céus da astronomia; ao passo que a mente corrupta
e sem escrúpulos, embora adornada com joias de erudição,
18 degradará o caráter daqueles que deveria instruir e elevar.
Os médicos, a quem os doentes recorrem em seu desam-
paro, deveriam ser modelos de virtude. Deveriam ser sábios
21 guias espirituais rumo à saúde e à esperança. O privilégio
Aos que tremem à beira da morte e não com- dos médicos
preendem a Verdade divina que é a Vida e que perpetua o
24 existir, os médicos deveriam saber ensinar-lhes essa Verdade.
Então, quando a alma está disposta e o corpo está fraco, os
pés do paciente podem se firmar na rocha, Cristo Jesus, a
27 verdadeira ideia do poder espiritual.
Os sacerdotes, por ocuparem as torres de vigia do mundo,
deveriam levantar o padrão da Verdade. Deveriam elevar seus
30 ouvintes espiritualmente, a ponto de que estes O dever do
sintam prazer em lidar com uma ideia nova e ministério
correta, e ampliem seus conceitos. O amor ao Cristianismo, e
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 236
1 não o amor à popularidade, é o que deveria incentivar o tra-
balho e o progresso dos religiosos. A verdade deveria ema-
3 nar do púlpito, mas nunca ser ali sufocada. O ministério
espiritual está investido de um privilégio especial. Como
deve ser usado? Reconhecendo-se que é sagrado, para o inte-
6 resse da humanidade, não das seitas.
Não são a reputação profissional e os honorários, em
vez da dignidade das leis de Deus, o que muitos líderes pro-
9 curam? Acaso não são motivos inferiores os que suscitam os
furiosos ataques aos indivíduos que reiteram os ensinamen-
tos de Cristo, em apoio à prova que ele deu, pelo exemplo, de
12 que a Mente divina cura tanto a doença como o pecado?
A mãe é a educadora mais poderosa, seja a favor ou con-
tra o crime. Seus pensamentos formam o embrião de outra
15 mente mortal, e inconscientemente a modelam, A responsabilidade
quer segundo um modelo que lhe é odioso, quer da mãe
pela influência divina, “de acordo com o modelo que te foi
18 mostrado no monte”. Daí a importância da Ciência Cristã,
na qual aprendemos que há uma Mente só e que o bem está
sempre ao nosso alcance como remédio para todos os males.
21 As crianças deveriam obedecer aos pais; a insubordinação
é um mal que impede o florescer do autogoverno. Os pais
deveriam ensinar aos filhos, o mais cedo possí- A docilidade
24 vel, as verdades sobre a saúde e a santidade. As das crianças
crianças são mais dóceis do que os adultos e aprendem mais
depressa a amar as simples verdades que as farão felizes e boas.
27 Jesus amava os pequeninos por serem livres do que
é errado e receptivos ao que é certo. Enquanto os adultos
vacilam entre duas opiniões ou lutam com crenças errôneas,
30 a juventude avança fácil e rapidamente em direção à Verdade.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 237
1 Uma menina, que ocasionalmente ouvira minhas
explicações, machucou muito um dedo. Ela pareceu não dar
3 importância a isso. Ao lhe perguntarem por que, respondeu
com simplicidade: “Não há sensação na matéria”. Saiu
saltitante, com olhos risonhos, e em seguida acrescentou:
6 “Mamãe, o dedo não dói nada”.
Poderia ter levado meses ou anos para que os pais puses-
sem de lado os medicamentos, ou alcançassem a altura
9 mental que a filhinha alcançara com tanta O solo e
naturalidade. As crenças e as teorias mais obs- a semente
tinadas dos pais muitas vezes sufocam a boa semente no pen-
12 samento deles próprios e no de seus filhos. A superstição, tal
como “as aves do céu”, arrebata a boa semente antes que
tenha brotado.
15 Deve-se ensinar às crianças a cura pela Verdade, a
Ciência Cristã, entre suas primeiras lições, e evitar que falem
ou tenham em mente teorias ou pensamentos Ensinar
18 sobre doenças. Para que teus filhos não passem às crianças
pela experiência do erro e seus sofrimentos, mantém fora da
mente deles os pensamentos pecaminosos ou doentios. Os
21 pensamentos doentios devem ser excluídos de acordo com o
mesmo princípio que exclui os pensamentos pecaminosos.
Assim se pode aplicar a Ciência Cristã desde cedo.
24 Alguns doentes não estão dispostos a conhecer os fatos
ou não querem saber a respeito da natureza enganosa da
matéria e de suas supostas leis. Dedicam-se um Doentes
27 pouco mais a seus deuses materiais, apegam-se ludibriados
à crença de haver vida e inteligência na matéria, na expecta-
tiva de que esse erro os ajude mais do que estão dispostos
30 a admitir que o único Deus vivo e verdadeiro possa fazer.
Impacientes com tua explicação, e não dispostos a estudar
a Ciência da Mente que os livraria de seus padecimentos,
33 aferram-se a crenças errôneas e sofrem as consequentes
delusões.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 238
1 Os motivos e os atos não são corretamente apreciados
enquanto não forem compreendidos. É bom esperar até que
3 aqueles a quem queres beneficiar estejam pre- Esperar
parados para essa bênção, pois a Ciência está com paciência
operando mudanças no caráter pessoal, como também no
6 universo material.
Obedecer ao mandamento das Escrituras: “Retirai-vos
do meio deles, separai-vos”, é incorrer no desagrado da socie-
9 dade; mas esse desagrado, mais do que as lisonjas, habilita-nos
a ser cristãos. Ao perder seu crucifixo, uma jovem católica
disse: “Nada mais me resta, senão Cristo”. “Se Deus é por nós,
12 quem será contra nós?”
Abandonar a Verdade em tempos de perseguição mostra
que nunca entendemos a Verdade. Da câmara nupcial da sabe-
15 doria virá a advertência: “Não vos conheço”. As Oportunidades
oportunidades não aproveitadas serão para nós não aproveitadas
como uma repreensão, quando tentarmos exigir os benefícios
18 de uma experiência que não tenhamos vivenciado, quando ten-
tarmos colher o que não semeamos e quisermos invadir sem
direito a seara alheia. Muitas vezes deixamos de recorrer à
21 Verdade, até procurarmos esse remédio para as aflições huma-
nas porque sofremos duramente com o erro.
As tentativas de agradar a sociedade, e conseguir assim ter
24 poder sobre a humanidade, provêm da fraqueza que é própria
do mundo. Aquele que deixa tudo por Cristo, renuncia à
popularidade e alcança o Cristianismo.
27 A sociedade é um jurado tolo que escuta somente uma das
partes do caso. A justiça muitas vezes não chega a tempo para
intervir no veredicto. As pessoas que têm A sociedade e
trabalho mental para fazer não têm tempo a intolerância
30
para bisbilhotar sobre falsas leis ou falsos testemunhos. Res-
tabelecer a justiça, quando ela está temerosa, e colocar os fatos
33 acima das falsidades, é obra do tempo.
A cruz é o emblema central da história. É a estrela-guia na
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 239
1 demonstração da cura cristã — a demonstração pela qual o
pecado e a doença são destruídos. As seitas, que sofreram
3 os açoites de seus antecessores, açoitam, por sua vez, aqueles
que estão mais adiantados do que os dogmas.
Deixemos de dar importância à riqueza, à fama e às organi-
6 zações sociais, que não pesam nem sequer um til na balança de
Deus, e obteremos uma percepção mais clara do A percepção
Princípio. Dissolvamos os grupos exclusivistas, certa sobre
a humanidade
9 nivelemos a riqueza com a honestidade, faça-
mos com que o mérito seja julgado de acordo com a sabedo-
ria, e obteremos uma percepção melhor da humanidade.
12 O perverso não domina seu próximo que se comporta
com retidão. Fique bem compreendido que o êxito no erro é
derrota na Verdade. A palavra de ordem da Ciência Cristã
15 é bíblica: “Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo, os seus
pensamentos”.
Para nos certificarmos de nosso progresso, precisamos
18 saber onde estão nossos afetos e a quem reconhecemos e obe-
decemos como Deus. Se o Amor divino está se Ponto de vista
tornando mais próximo, mais querido e mais revelado
21 real para nós, então a matéria está se submetendo ao Espírito.
Os objetivos que procuramos alcançar e o espírito que mani-
festamos revelam nosso ponto de vista e mostram o que esta-
24 mos conquistando.
Admite-se que é na mente mortal que residem os motivos
humanos. Ela forma conceitos materiais e produz toda ação
27 desarmoniosa do corpo. Se a ação procede da Fontes
Mente divina, a ação é harmoniosa. Se provém antagônicas
da mente mortal, que erra, a ação é desarmoniosa e acaba em
30 pecado, doença e morte. Essas duas fontes opostas nunca se
misturam, nem no manancial, nem na torrente. A Mente
perfeita emite perfeição, pois Deus é a Mente. A mente mortal
33 imperfeita emite sua própria similaridade, da qual o sábio
disse: “Tudo é vaidade”.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 240
1 A natureza proclama a lei espiritual natural e o Amor
divino, mas a crença humana interpreta mal a natureza.
3 As regiões árticas, os trópicos ensolarados, as Algumas lições
montanhas gigantescas, os ventos alados, os da natureza
vagalhões poderosos, os vales verdejantes, as flores festivas
6 e os céus gloriosos — todos indicam a Mente, a inteligência
espiritual que eles refletem. Os apóstolos florais são hierógli-
fos da Deidade. Os sóis e os planetas ensinam lições gran-
9 diosas. As estrelas embelezam a noite, e a pequena folha se
volta naturalmente para a luz.
Na ordem da Ciência, na qual o Princípio está acima
12 daquilo que ele reflete, tudo é harmonia, grandiosa e una.
Se mudares essa afirmação, se supuseres que Movimento
a Mente seja governada pela matéria, ou que a perpétuo
15 Alma esteja no corpo, então perderás a nota tônica do existir
e haverá desarmonia contínua. A Mente é movimento per-
pétuo. Seu símbolo é a esfera. As rotações e as revoluções
18 do universo da Mente continuam para sempre.
Os mortais avançam rumo ao bem ou ao mal, à medida
que o tempo passa. Se os mortais não progridem, os malogros
21 do passado se repetem até que toda ação errada O progresso é
seja apagada ou retificada. Se no presente esta- uma exigência
mos satisfeitos em fazer o mal, temos de aprender a ter-lhe
24 repugnância. Se no presente estamos satisfeitos com a ociosi-
dade, temos de ficar insatisfeitos com ela. Lembra-te de que,
mais cedo ou mais tarde, seja pelo sofrimento, seja pela Ciência,
27 a humanidade tem de se convencer do erro a ser superado.
Ao tentar desfazer os erros dos sentidos, é necessário
pagar inteira e devidamente até o último centavo, até que
30 todo o erro seja, finalmente, sujeitado à Verdade. O método
divino de pagar o salário do pecado implica desenredar nos-
sos emaranhados e aprender, pela experiência, a distinguir
33 entre os sentidos e a Alma.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 241
1 “O Senhor corrige a quem [Ele] ama.” Aquele que
conhece a vontade de Deus, as exigências da Ciência divina,
3 e a elas obedece, incorre na hostilidade da inveja; e aquele
que se recusa a obedecer a Deus é corrigido pelo Amor.
Os tesouros sensuais se acumulam “onde a traça e a fer-
6 rugem corroem”. A mortalidade é sua ruína. O pecado os
invade e leva embora suas alegrias fugazes. Os A ruína
afetos do sensualista são tão imaginários, volú- do pecado
9 veis e irreais quanto seus prazeres. A falsidade, a inveja, a
hipocrisia, a maldade, o ódio, a vingança, e assim por diante,
levam embora os tesouros da Verdade. Despojado daquilo
12 que o encobre, que espetáculo grotesco é o pecado!
A Bíblia ensina a transformação do corpo pela renovação
que vem do Espírito. Se suprimires o significado espiritual
15 das Escrituras, essa compilação não poderá aju- O Espírito
dar os mortais, assim como os raios da lua não transforma
podem derreter um rio de gelo. O erro dos séculos é pregar
18 sem praticar.
A substância de toda a devoção é o reflexo e a demons-
tração do Amor divino, curando a doença e destruindo o
21 pecado. Nosso Mestre disse: “Se me amais, guardareis os
meus mandamentos”.
Nosso objetivo deveria ir além da fé, deveria ser o de
24 encontrar os passos da Verdade, o caminho rumo à saúde e à
santidade. Deveríamos nos esforçar para alcançar as alturas
de Horebe, onde Deus é revelado; e a pedra angular de toda
27 a edificação espiritual é a pureza. O batismo do Espírito,
lavando o corpo de todas as impurezas da carne, indica que
os limpos de coração veem a Deus e se aproximam da Vida
30 espiritual e sua demonstração.
É “mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agu-
lha”, do que entrarem crenças pecaminosas no reino dos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 242
1 céus, a harmonia eterna. Pelo arrependimento, pelo batismo
espiritual e pela regeneração, os mortais se despem de suas
3 crenças materiais e de sua falsa individuali- Batismo
dade. É apenas questão de tempo, quando espiritual
“todos Me conhecerão” a Mim, [Deus], “desde o menor até
6 ao maior deles”. Negar as alegações da matéria é um grande
passo rumo às alegrias do Espírito, rumo à liberdade humana
e ao triunfo final sobre o corpo.
9 Há um único caminho para o céu, para a harmonia —
e o Cristo, na Ciência divina, nos mostra esse caminho.
Consiste em não reconhecer nenhuma outra Um e único
realidade — em não ter nenhuma outra cons- caminho
12
ciência de vida — a não ser o bem, Deus e Sua reflexão, Seu
reflexo, e em elevar-nos acima das chamadas dores e prazeres
15 dos sentidos.
O amor ao ego é mais opaco do que um corpo sólido.
Em paciente obediência a um Deus paciente, devemos labutar
18 para dissolver, com o solvente universal do Amor, a dureza
adamantina do erro — a vontade do ego, a justificação do ego
e o amor ao ego — que faz guerra contra a espiritualidade e é
21 a lei do pecado e da morte.
A túnica da Vida é a Verdade. Segundo a Bíblia, os fatos
a respeito do existir são comumente mal interpretados, pois
24 está escrito: “Repartiram entre si as minhas Vestes
vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes”. repartidas
A Ciência divina do homem é tecida em uma só peça consis-
27 tente, sem costura nem rasgão. A mera especulação ou
superstição não se apropria de nenhuma parte da túnica
divina, ao passo que a inspiração restaura todas as partes
30 da vestimenta de retidão do Cristo.
Os postes sinalizadores da Ciência divina mostram o cami-
nho que nosso Mestre trilhou e exigem dos cristãos a prova que
33 ele deu, em vez de meras profissões de fé. Podemos ocultar
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 243
1 do mundo a ignorância espiritual, mas nunca poderemos ter
êxito na Ciência e na demonstração do bem espiritual, por
3 meio da ignorância ou da hipocrisia.
O mesmo Amor divino que tornou inofensiva a víbora
venenosa, que livrou os homens do óleo fervente, da fornalha
6 ardente, das garras do leão, pode curar os doen- Os milagres da
tes em todas as épocas e triunfar sobre o pecado antiguidade e os
contemporâneos
e a morte. Esse Amor coroou as demonstrações
9 de Jesus com poder e amor que não foram superados. Mas a
mesma “Mente que houve também em Cristo Jesus”* sempre
tem de acompanhar a letra da Ciência, a fim de confirmar
12 e repetir as demonstrações realizadas na antiguidade pelos
profetas e apóstolos. Se aquelas maravilhas não se repetem
com mais frequência hoje, não é tanto pela falta de desejo,
15 mas pela falta de crescimento espiritual.
O barro não pode responder ao oleiro. A cabeça, o coração,
os pulmões e os membros não nos informam que estão com
18 tontura, doentes, tuberculosos ou paralíticos. Telegrafia
Se essa informação é transmitida, é a mente mental
mortal que a transmite. Nem a Mente imortal e infalível,
21 nem a matéria, o substrato inanimado da mente mortal, podem
fazer essa transmissão telegráfica, pois Deus é “tão puro de
olhos” que não pode “ver o mal”, e a matéria não tem nem
24 inteligência nem sensação.
A Verdade não tem consciência do erro. O Amor não
tem senso de ódio. A Vida não tem parceria O aniquilamento
27 com a morte. A Verdade, a Vida e o Amor são do erro
a lei de aniquilamento para tudo o que lhes é dessemelhante,
porque declaram que só existe Deus, e nada mais.
30 A doença, o pecado e a morte não são os frutos da Vida.
São desarmonias que a Verdade destrói. A perfeição não vivi-
fica a imperfeição. Visto que Deus é o bem, e é a fonte de
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 244
1 todo o existir, Ele não produz deformidade moral nem
física; portanto, tal deformidade não é real, mas é ilusão,
3 uma miragem do erro. A Ciência divina revela Deformidade
esses fatos grandiosos. Com base neles, Jesus e perfeição
demonstrou a Vida, sem nunca temer nem obedecer ao
6 erro sob nenhuma forma.
Se tivéssemos de deduzir todos os nossos conceitos sobre
o homem daquilo que se vê entre o berço e o túmulo, a
9 felicidade e o bem não teriam permanência no homem, e os
vermes o despojariam da carne; mas Paulo escreve: “A lei do
Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e
12 da morte”.
O homem que passa pelo nascimento, pela maturidade
e pela deterioração está sujeito, como os animais e os
15 vegetais, às leis da deterioração. Se o homem O homem nunca
tivesse sido pó na fase inicial de sua existência, é menos do que
o homem
poderíamos admitir a hipótese de que voltasse
18 finalmente ao seu estado original; mas o homem nunca foi
mais, nem será menos, do que o homem.
Se o homem se extinguisse na morte, ou surgisse da
21 matéria e passasse a existir, deveria haver um instante em
que Deus estaria sem Sua manifestação completa — em que
não haveria pleno reflexo da Mente infinita.
24 O homem, na Ciência, não é nem jovem nem velho. Ele
não tem nem nascimento nem morte. Não é animal, nem
vegetal, nem mente migratória. Ele não passa O homem não
da matéria para a Mente, do mortal para o passa por fases
27
imortal, do mal para o bem, ou do bem para o mal. Tais
admissões nos lançam inteiramente nas trevas e no dogma.
30 Até mesmo a poesia de Shakespeare descreve a velhice como
infantilidade, desamparo e decadência, em vez de atribuir ao
homem a perene grandeza e imortalidade do desenvolvi-
33 mento, do poder e do prestígio.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 245
1 O erro de pensar que estamos envelhecendo, e as vanta-
gens de se destruir essa ilusão, ficam evidentes em um artigo
3 sobre a história de uma inglesa, publicado na revista médica
de Londres, chamada “The Lancet”.
Desiludida do amor, na juventude, ela perdeu a razão
6 e toda a noção de tempo. Por acreditar que estava ainda
vivendo na mesma hora que a separara do seu Juventude
amado, sem notar o passar dos anos, ficava perpétua
9 todos os dias à janela, esperando que ele chegasse. Nesse
estado mental, ela permaneceu jovem. Por não ter consciência
do tempo, ela literalmente não envelheceu. Alguns viajantes
12 americanos a viram, quando tinha setenta e quatro anos, e
pensaram que fosse uma jovem. Não tinha o rosto marcado
pelas preocupações, nem rugas, nem cabelo grisalho, mas a
15 juventude irradiava suavemente de sua face e de sua fronte.
Quando alguém que não conhecia o caso tinha de imaginar
a idade dela, achava que tivesse menos de vinte anos.
18 Esse exemplo de juventude conservada dá um indício útil
sobre o qual um pioneiro das ciências poderia ter trabalhado
com mais convicção do que quando Benjamin Franklin cati-
21 vou o raio e este desceu das nuvens. Os anos não a haviam
envelhecido, porque ela não tinha tomado conhecimento
do tempo que passara, nem tinha pensado que estivesse
24 envelhecendo. Os resultados físicos de sua crença de que
era jovem manifestaram a influência de tal crença. Ela não
podia envelhecer, acreditando ser jovem, porque o estado
27 mental governava o físico.
As impossibilidades jamais acontecem. Um só caso como
o mencionado prova que é possível ser jovem aos setenta e
30 quatro anos; e o ponto principal desse exemplo mostra cla-
ramente que a decrepitude não é resultado de uma lei, nem
é consequência inevitável da natureza, e sim uma ilusão.
33 O infinito nunca começou e jamais acabará. A Mente
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 246
1 e suas formações jamais podem ser aniquiladas. O homem
não é um pêndulo, oscilando entre o mal e o bem, entre a
3 alegria e a tristeza, entre a doença e a saúde, O homem
entre a vida e a morte. A Vida e suas faculda- reflete a Deus
des não se medem por calendários. O perfeito e o imortal
6 são a semelhança eterna de seu Criador. O homem não
é, de maneira alguma, um ser material que germina do
imperfeito e se esforça por alcançar o Espírito, como se este
9 estivesse acima de sua origem. O córrego não flui para um
nível acima da nascente.
Medir a vida pelos anos solares despoja a juventude e
12 reveste a velhice de características feias. O sol radiante da vir-
tude e da verdade é simultâneo com o existir. A plenitude
do homem é o eterno meio-dia desse sol, e essa plenitude nunca
15 é diminuída por um sol em declínio. À medida que se desva-
nece o que é físico e material, isto é, o senso transitório de
beleza, a radiância do Espírito deveria despontar sobre o
18 senso extasiado, com glória resplandecente e imperecível.
Nunca leves em consideração a idade. As datas cronoló-
gicas não fazem parte da vasta eternidade. Os registros de
21 nascimento e de óbito são todos conspirações Registros
contra a plenitude do homem e da mulher. Se indesejáveis
não fosse o erro de medir e limitar tudo o que é bom e belo,
24 o homem desfrutaria mais de setenta anos de vida e conser-
varia ainda o vigor, o frescor e o potencial. O homem, gover-
nado pela Mente imortal, é sempre belo e sublime. Cada ano
27 que passa desdobra sabedoria, beleza e santidade.
A Vida é eterna. Devemos constatar esse fato e começar
a demonstrá-lo. A Vida e o bem são imortais. Modelemos,
30 então, nossa perspectiva da existência em beleza, A verdadeira
frescor e continuidade, em vez de em velhice vida é eterna
e decrepitude.
33 As crenças agudas e crônicas reproduzem suas próprias
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 247
1 características. A crença aguda de vida física aparece em um
momento indefinido, e não é tão desastrosa como a crença
3 crônica.
Vi a velhice recuperar dois dos elementos que se haviam
perdido, a visão e os dentes. Uma mulher de oitenta e cinco
6 anos, que eu conheci, recuperou a vista. Conheci Vista e dentes
outra, à qual, aos noventa anos, nasceram novos recuperados
dentes incisivos, caninos, pré-molares e um molar. Um
9 homem de sessenta anos tinha conservado todos os dentes
superiores e inferiores, sem nenhuma cárie.
A beleza, assim como a verdade, é eterna; mas a beleza
12 das coisas materiais passa, se desvanece e é efêmera como
a crença mortal. Os costumes, a educação e a Beleza
moda formam os padrões transitórios dos mor- eterna
15 tais. A imortalidade, isenta de velhice e decrepitude, tem
uma glória que lhe é própria — a radiância da Alma. Homens
e mulheres imortais são modelos do senso espiritual, traça-
18 dos pela Mente perfeita, refletindo aquelas concepções mais
elevadas de beleza que transcendem todo o senso material.
A formosura e a fineza são independentes da matéria.
21 A existência possui suas qualidades antes que estas sejam
percebidas humanamente. A beleza faz parte A beleza
da vida, habita para sempre na Mente eterna e divina
24 reflete os encantos do bem divino em expressão, forma, con-
torno e cor. É o Amor que pinta as pétalas com miríades de
matizes, cintila no cálido raio de sol, traça na nuvem o arco
27 de beleza, adorna a noite com joias estelares e cobre de
encanto a terra.
Os adornos usados por uma pessoa são pobres substitutos
30 para os encantos da existência, que brilham, resplendentes
e eternos, acima da velhice e da decrepitude.
A receita para a beleza é ter menos ilusão e mais Alma,
33 afastar-se da crença de que haja dor ou prazer no corpo e
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 248
1 refugiar-se na calma imutável e na gloriosa liberdade da
harmonia espiritual.
3 O Amor jamais perde de vista a beleza. O brilho de sua
glória pousa sobre seu objeto. Seria estranho que um amigo
pudesse parecer menos do que belo. Homens e A dádiva
mulheres de idade mais madura e de maior do Amor
6
experiência devem, pelo amadurecimento, adquirir saúde
e imortalidade, em vez de resvalar para as trevas ou para a
9 tristeza. A Mente imortal alimenta o corpo com frescor e
beleza supernos, suprindo-o de belas imagens de pensamento
e destruindo as aflições do senso material, as quais o passar
12 de cada dia leva para mais perto do túmulo.
O escultor se volve do mármore para seu modelo, a fim de
aperfeiçoar sua concepção. Todos nós somos escultores, que
15 trabalhamos em formas variadas, modelando e Escultura
cinzelando o pensamento. Qual é o modelo que mental
está diante da mente mortal? Será a imperfeição, a alegria, a
18 tristeza, o pecado, o sofrimento? Aceitaste o modelo mortal?
Acaso o estás reproduzindo? Então ficas assombrado em teu
trabalho por escultores maus e formas hediondas. Não ouves
21 a humanidade toda falar do modelo imperfeito? O mundo o
coloca continuamente diante de teus olhos. O resultado é que
ficas sujeito a seguir esses padrões inferiores, a limitar a obra
24 de tua vida e a adotar na tua experiência o contorno anguloso
e a deformidade dos modelos da matéria.
Para remediar isso, temos primeiro de volver o olhar para
27 a direção certa, e então seguir esse caminho. Precisamos
formar modelos perfeitos no pensamento e Modelos
contemplá-los continuamente, senão nunca perfeitos
30 os esculpiremos em uma vida sublime e nobre. Que o des-
prendimento do ego, o bem, a misericórdia, a justiça, a saúde,
a santidade, o amor — o reino dos céus — reinem em nós, e
33 o pecado, a doença e a morte diminuirão até finalmente
desaparecerem.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 249
1 Aceitemos a Ciência, renunciemos a todas as teorias basea-
das no testemunho dos sentidos, abandonemos os modelos
3 imperfeitos e os ideais ilusórios; e tenhamos assim um Deus
único — uma Mente única — e esse Deus único, perfeito —
produzindo Seus próprios modelos de excelência.
6 Que apareçam o “homem e mulher” da criação de Deus.
Sintamos a energia divina do Espírito, que nos traz a uma
vida nova e que não reconhece nenhum poder, Identidade
mortal ou material, capaz de praticar des- renovada
9
truição. Regozijemo-nos por estarmos sujeitos às divinas
“autoridades que existem”. Essa é a verdadeira Ciência do
12 existir. Qualquer outra teoria sobre a Vida, Deus, é delu-
sória e mitológica.
A Mente não é a autora da matéria, e o criador de ideias
15 não é o criador de ilusões. Ou não há onipotência, ou a
onipotência é o único poder. Deus é o infinito, e a infinidade
nunca começou, nunca acabará, e nada inclui que seja desse-
18 melhante de Deus. De onde vem, então, a matéria sem alma?
Como o Cristo, “ontem e hoje, é o mesmo e o será para
sempre”, assim é a Vida. A organização e o tempo nada têm
21 a ver com a Vida. Dizes: “Eu sonhei a noite pas- Sonhos
sada”. Que engano! O Eu é o Espírito. Deus ilusórios
nunca dorme, e Sua semelhança jamais sonha. Os mortais
24 são os sonhadores, como Adão.
O sono e a apatia são fases do sonho de que a vida, a subs-
tância e a inteligência sejam materiais. O sonho noturno dos
27 mortais às vezes está mais perto da realidade a respeito do exis-
tir do que os pensamentos dos mortais quando estes estão
acordados. O sonho noturno tem menos matéria como acom-
30 panhamento. Ele descarta alguns entraves materiais. Não
chega ao céu, mas torna seus voos terrenais bem etéreos.
O homem é o reflexo da Alma. Ele é o oposto exato da
33 sensação material, e há somente um único Ego. Incorremos
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 250
1 em erro quando dividimos a Alma em almas, multiplicamos
a Mente em mentes, e supomos que o erro seja mente, para
3 depois supor que a mente esteja na matéria, que Disparates
a matéria seja legisladora, que a não-inteligência filosóficos
possa agir como inteligência e que a mortalidade seja a matriz
6 da imortalidade.
A existência mortal é um sonho; a existência mortal não
tem entidade real, mas alega: “sou eu”. O Espírito é o Ego que
9 nunca sonha, mas compreende todas as coisas; O Espírito é
que nunca erra, e está sempre consciente; que o único Ego
nunca crê, mas sabe; que nunca nasce e nunca morre. O
12 homem espiritual é a semelhança desse Ego. O homem não é
Deus, mas como um raio de luz que procede do sol, o homem,
a emanação de Deus, reflete a Deus.
15 O corpo mortal e a mente mortal são um, e esse um
é denominado homem; mas o mortal não é o homem, pois
o homem é imortal. Um mortal pode estar can- A existência
18 sado ou sentir dor, pode sentir prazer ou sofrer, mortal é um sonho
segundo o sonho que tem enquanto dorme. Quando esse
sonho se desvanece, o mortal constata que já não sente
21 nenhuma dessas sensações do sonho. Para o observador,
o corpo jaz inerte, imperturbado e isento de sensações,
e a mente parece estar ausente.
24 Agora, pergunto eu: Haverá mais realidade no sonho da
existência mortal, quando se está acordado, do que no sonho
quando se está dormindo? Não pode haver, pois tudo o que
27 parece ser o homem mortal é o sonho mortal. Se suprimires
a mente mortal, a matéria não terá consciência como homem,
assim como não a tem como árvore. Mas o homem espiritual
30 e real é imortal.
Sobre esse palco da existência prossegue a dança da mente
mortal. Os pensamentos mortais se perseguem uns aos outros
33 como flocos de neve e acabam caindo no chão. A Ciência
revela que a Vida não está à mercê da morte, e a Ciência nunca
admitirá que a felicidade esteja sujeita às circunstâncias.
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 251
1 O erro não é real, portanto não se torna mais imperativo
quando se precipita rumo à autodestruição. A chamada
3 crença da mente mortal, que aparece sob a O erro se destrói
forma de abscesso, não deveria ficar mais dolo- a si mesmo
rosa antes de supurar, nem deveria a febre aumentar antes
6 de cessar.
Em certos estágios da crença mortal, o medo é tão grande
que força a crença a tomar novos rumos. Na ilusão da morte,
9 os mortais despertam para tomar conheci- A ilusão
mento de dois fatos: (1) que não estão mortos; da morte
(2) que apenas transpuseram os portais de uma nova crença.
12 A Verdade demonstra a nulidade do erro justamente por
esses meios. A doença, assim como o pecado, é um erro que
somente o Cristo, a Verdade, pode destruir.
15 Precisamos nos dar conta de como o gênero humano
governa o corpo — se é pela fé nas teorias materiais sobre
a saúde, nas drogas ou na força de vontade. O desaparecimento
Deveríamos levar em consideração se ele da mente mortal
18
governa o corpo acreditando que é inevitável haver doença
e morte, pecado e perdão, ou se o governa pela compreensão
21 mais elevada de que a Mente divina cria a perfeição, de que ela
atua sobre a chamada mente humana por meio da verdade, e
leva essa mente a abandonar todo o erro e a constatar que a
24 Mente divina é a Mente única, a qual cura o pecado, a doença e
a morte. Esse processo de compreensão espiritual mais elevada
melhora o gênero humano até o erro desaparecer, sem nada
27 sobrar que mereça perecer ou ser punido.
A ignorância, assim como o mal praticado intencional-
mente, não é Ciência. A ignorância tem de ser detectada
30 e corrigida antes que possamos alcançar a har- Ignorância
monia. As crenças desarmoniosas, que rebai- espiritual
xam a Mente ao chamá-la de matéria, e que deificam suas
33 próprias noções, ficam aprisionadas dentro daquilo que elas
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 252
1 mesmas criam. Estão em guerra com a Ciência e, como disse
nosso Mestre: “Se um reino estiver dividido contra si mesmo,
3 tal reino não pode subsistir”.
A ignorância humana a respeito da Mente e das energias
restauradoras da Verdade ocasiona todo o ceticismo em
6 relação à terapêutica e à teologia da Ciência Cristã.
Quando as errôneas crenças humanas percebem, ainda
que só um pouco, sua própria falsidade, começam a desapa-
9 recer. Um conhecimento do erro e de suas ati- O homem eterno
vidades tem de preceder aquela compreensão é compreendido
da Verdade que destrói o erro, até que o erro mortal, mate-
12 rial, finalmente desaparece por inteiro, e a realidade eterna,
o homem, criado pelo Espírito e proveniente do Espírito, é
compreendido e reconhecido como a verdadeira semelhança
15 do seu Criador.
A evidência errônea do senso material está em flagrante
contraste com o testemunho do Espírito. O senso material
18 ergue a voz com arrogância, como se fosse realidade, e diz:
Sou inteiramente desonesto, e ninguém sabe. Posso
enganar, mentir, cometer adultério, roubar, matar, e evito ser
21 descoberto, graças à infâmia de minha lingua- O testemunho
gem melíflua. Com propensões animais, senti- dos sentidos
mentos falsos, intenções fraudulentas, pretendo fazer do
24 curto espaço de minha vida um dia de gala. Que agradável
é o pecado! Como é bem sucedido o pecado, onde o bom
propósito é deixado para depois! O mundo é meu reino.
27 Estou entronizado na ostentação da matéria. Mas um toque,
um incidente, a lei de Deus, podem a qualquer momento ani-
quilar minha paz, pois todas as minhas alegrias imaginárias
30 são destrutivas. Como lava que irrompe, expando-me, ape-
nas para meu próprio desespero, e brilho com o resplendor
do fogo consumidor.
33 O Espírito, dando testemunho em contrário, diz:
Eu sou o Espírito. O homem, cujos sentidos são espirituais,
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 253
1 é minha semelhança. Ele reflete a compreensão infinita,
pois Eu sou a Infinidade. A beleza da santidade, a perfeição
3 do existir, a glória imperecível — tudo isso é O testemunho
Meu, pois Eu sou Deus. Eu dou imortalidade da Alma
ao homem, pois Eu sou a Verdade. Incluo e proporciono
6 a felicidade suprema, pois Eu sou o Amor. Dou vida sem
começo e sem fim, pois Eu sou a Vida. Sou supremo e dou
tudo, pois Eu sou a Mente. Sou a substância de tudo, porque
9 Eu Sou o Que Sou.
Espero, caro leitor, estar te guiando para a compreensão
de teus direitos divinos, para a tua harmonia que vem do céu
12 — e que, à medida que continuares lendo, com- Prerrogativa
preendas que não há causa (exceto o senso mor- outorgada
pelo céu
tal e material, que erra e não é poder) capaz de
15 te tornar doente ou pecaminoso; e espero que estejas ven-
cendo esse falso senso. Conhecendo a falsidade do chamado
senso material, podes fazer valer tua prerrogativa de vencer
18 a crença no pecado, na doença e na morte.
Se acreditas no que é errado e o praticas conscientemente,
podes, de imediato, mudar teu proceder e fazer o que é certo.
21 A matéria não pode fazer oposição aos esforços O esforço
corretos contra o pecado ou a doença, pois a honesto
é viável
matéria é inerte, não tem mente. Além disso,
24 se crês que estás doente, podes mudar essa crença e ação
erradas, sem empecilho por parte do corpo.
Não acredites de nenhuma maneira que o pecado, a
27 doença e a morte sejam inevitáveis, sabendo (como deves
saber) que Deus nunca exige obediência a uma chamada lei
material, pois tal lei não existe. A crença no pecado e na
30 morte é destruída pela lei de Deus, a qual é a lei da Vida e
não da morte, da harmonia e não da desarmonia, do Espírito
e não da carne.
33 A ordem divina: “Sede vós perfeitos”, é científica, e os
Ciência e Saúde Os passos da Verdade 254
1 passos humanos que levam à perfeição são indispensáveis.
São coerentes as pessoas que, vigiando e orando, “correm
3 e não se cansam, caminham e não se fatigam”, A paciência
que alcançam rapidamente o bem e mantêm e a perfeição
suprema
sua posição, ou que o alcançam lentamente e
6 não cedem ao desânimo. Deus exige perfeição, mas não antes
que a batalha entre o Espírito e a carne tenha sido travada e
a vitória ganha. Não é legítimo deixar de comer, de beber ou de
9 vestir-se materialmente, antes de haver alcançado, passo a passo,
os fatos espirituais da existência. Quando esperamos pacien-
temente em Deus e procuramos a Verdade com retidão, Ele
12 direciona nosso caminho. Os mortais imperfeitos compre-
endem lentamente o objetivo supremo da perfeição espiritual;
mas começar corretamente, e continuar a luta para demonstrar
15 a grande questão do existir, é fazer muito.
Durante as eras sensuais a Ciência Cristã absoluta talvez não
seja alcançada antes da mudança chamada morte, porque
18 não temos o poder de demonstrar o que não compreende-
mos. Mas o ego humano tem de ser evangelizado. Deus
exige que aceitemos com amor essa tarefa, hoje mesmo, e
21 abandonemos tão depressa quanto possível o que é material,
e coloquemos em prática o que é espiritual, o qual determina
aquilo que é visível e é real.
24 Se te aventuras sobre a superfície tranquila do erro e estás
em sintonia com o erro, o que é que vai perturbar as águas?
O que é que vai arrancar a máscara do erro?
27 Se lançares teu barco sobre as águas da verdade, sempre
agitadas, porém salutares, encontrarás tempestades. O bem
que fazes será difamado. Essa é a cruz. Toma-a A cruz e
e carrega-a, pois graças a ela ganhas e cinges a a coroa
30
coroa. Peregrino na terra, teu lar é o céu; forasteiro, tu és
o hóspede de Deus.
Capítulo 9
A criação
Desde a antiguidade, está firme o Teu trono;
Tu és desde a eternidade. — Salmos.
Sabemos que toda a criação, a um só tempo,
geme e suporta angústias até agora.
E não somente ela, mas também nós,
que temos as primícias do Espírito,
igualmente gememos em nosso íntimo,
aguardando a adoção de filhos,
a redenção do nosso corpo. — Paulo.
3
A Verdade eterna está modificando o universo. À medida
que os mortais se desfazem das fraldas mentais,
o pensamento se expande e ganha expressão. Teorias
“Haja luz” é a exigência perpétua da Verdade impróprias
sobre a criação
e do Amor, que converte o caos em ordem e a
6 desarmonia, em música das esferas. As teorias humanas
sobre a criação, baseadas em mitos, outrora classificadas como
alta crítica, vieram de eruditos ilustres de Roma e da Grécia,
9 mas não deixaram nenhum fundamento que proporcionasse
uma visão exata da criação realizada pela Mente divina.
O homem mortal fez um pacto com seus olhos para rebai-
12 xar a Deidade com conceitos humanos. Em Visão finita sobre
cumplicidade com o senso material, os mortais a Deidade
têm uma visão limitada de todas as coisas. Ninguém deveria
15 afirmar que Deus seja corpóreo ou material.
A forma humana, ou finidade física, não pode servir de
base para nenhuma ideia verdadeira sobre a Deidade infinita.
18 Nem olhos viram o Espírito, nem ouvidos Lhe ouviram a voz.
255
Ciência e Saúde A criação 256
1 O progresso rompe os grilhões humanos. O finito tem
de ceder ao infinito. Ao avançar para uma plataforma mais
3 alta de ação, o pensamento se eleva do senso Não há criação
material para o espiritual, do escolástico para o material
inspirativo e do mortal para o imortal. Todas as coisas são
6 criadas espiritualmente. A Mente, não a matéria, é a cria-
dora. O Amor, o Princípio divino, é o Pai e a Mãe do uni-
verso, que inclui o homem.
9 A teoria de três pessoas em um Deus (isto é, uma Trindade
ou tri-unidade de pessoas) sugere politeísmo O triteísmo é
em vez de o único e sempre presente Eu Sou. impossível
12 “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor.”
O eterno Eu Sou não está circunscrito nem restrito dentro
dos limites estreitos da humanidade física, nem pode ser com-
15 preendido corretamente por meio de conceitos Não há
mortais. A forma exata de Deus tem de ser de corporalidade
divina
pouca importância em comparação com a per-
18 gunta sublime: O que é a Mente infinita ou o Amor divino?
Quem é que exige nossa obediência? É Aquele que, na
linguagem das Escrituras, opera “segundo a Sua vontade...
21 com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem
Lhe possa deter a mão, nem Lhe dizer: Que fazes?”
Nenhuma forma ou composição física é adequada para
24 representar o Amor infinito. O senso finito e material a
respeito de Deus conduz ao formalismo e à estreiteza de
pensamento; enregela o espírito do Cristianismo.
27 A Mente ilimitada não pode proceder de limitações físi-
cas. Aquilo que é finito não consegue apresentar a ideia nem
a vastidão da infinidade. A mente que se origi- A Mente
nasse de uma fonte finita ou material teria de ilimitada
30
ser limitada e finita. A Mente infinita é a criadora, e a
Ciência e Saúde A criação 257
1 criação é a imagem infinita, a ideia infinita que emana dessa
Mente. Se a Mente está por dentro e por fora de todas as
3 coisas, então tudo é a Mente; e essa definição é científica.
Se a matéria, assim chamada, fosse substância, então
o Espírito, a dessemelhança da matéria, teria de ser sombra;
6 e a sombra não pode produzir substância. A A matéria não
teoria de que o Espírito não seja a única subs- é substância
tância e o único criador é heterodoxia panteísta, que termina
9 em doença, pecado e morte; é a crença em uma alma corpó-
rea e em uma mente material, a crença de que a alma seja
governada pelo corpo e de que a mente esteja na matéria.
12 Essa crença é mero panteísmo.
A Mente cria a própria semelhança de Deus em ideias,
e a substância de uma ideia está muito longe de ser a suposta
15 substância da matéria não inteligente. Portanto, o Pai, a
Mente, não é o pai da matéria. Os sentidos materiais e as
concepções humanas transladariam as ideias espirituais para
18 as crenças materiais e diriam que um Deus antropomorfo,
em vez de o Princípio infinito — em outras palavras, o
Amor divino — seja o pai da chuva, o qual “gera as gotas do
21 orvalho”, faz aparecer as constelações dos céus e guia “a Ursa
com seus filhos”.
A mente finita manifesta erros de toda espécie, e assim
24 prova que a teoria material de haver mente na matéria é o
antípoda da Mente. Quem é que alguma vez O Amor divino
constatou que a vida finita ou o amor finito é inesgotável
27 sejam suficientes para atender às carências e aflições huma-
nas — para fazer calar os desejos e satisfazer as aspirações?
A Mente infinita não pode ser limitada a uma forma finita,
30 senão a Mente perderia seu caráter infinito como o Amor
inesgotável, como a Vida eterna, como a Verdade onipotente.
Seria necessária uma forma infinita para conter a Mente
33 infinita. De fato, a locução forma infinita implica uma con-
tradição de termos. O homem finito não pode ser a imagem
Ciência e Saúde A criação 258
1 e semelhança do infinito Deus. Uma concepção mortal, cor-
pórea ou finita a respeito de Deus não pode abranger as gló-
3 rias da Vida e do Amor incorpóreo e ilimitado. O físico
Daí o insatisfeito anseio humano por algo infinito é
impossível
melhor, mais elevado, mais sagrado do que o
6 propiciado pela crença material em um Deus físico e em um
homem físico. O fato de que essa crença é insuficiente para
proporcionar a ideia verdadeira prova que a crença material
9 é errônea.
O homem é mais do que uma forma material com uma
mente por dentro, que tem de escapar do seu O reflexo
12 ambiente para ser imortal. O homem reflete a do infinito
infinidade, e esse reflexo é a verdadeira ideia de Deus.
Deus expressa no homem a ideia infinita que perpe-
15 tuamente se revela, se expande e se eleva cada vez mais,
procedendo de uma base sem limites. A Mente manifesta
tudo o que existe na infinitude da Verdade. Sendo o homem
18 a verdadeira imagem e semelhança divina, só sabemos a
respeito dele o que sabemos a respeito de Deus.
O Princípio infinito é refletido pela ideia infinita e pela
21 individualidade espiritual, mas os chamados sentidos mate-
riais não têm conhecimento nem do Princípio, nem de sua
ideia. As capacidades humanas se ampliam e se aperfeiçoam
24 na proporção em que a humanidade alcança o verdadeiro
conceito a respeito do homem e de Deus.
Os mortais têm um senso muito imperfeito do homem
27 espiritual e do alcance infinito do pensamento desse homem.
A ele pertence a Vida eterna. O homem nunca A individualidade
nasceu e jamais morre, por isso seria impossí- é permanente
30 vel, sob o governo de Deus na Ciência eterna, ele cair de seu
estado elevado.
Pelo senso espiritual podes discernir o coração da natu-
33 reza divina, e começar assim a compreender na Ciência o
Ciência e Saúde A criação 259
1 termo genérico homem. O homem não é absorvido na
Deidade, e o homem não pode perder sua indi- O homem de
vidualidade, porque ele reflete a Vida eterna; Deus é discernido
3
nem é ele uma ideia isolada, solitária, pois representa a Mente
infinita, a totalidade da substância.
6 Na Ciência divina, o homem é a imagem fiel de Deus. A
natureza divina teve sua melhor expressão em Cristo Jesus, o
qual lançou sobre os mortais um reflexo mais nítido de Deus
9 e elevou a vida deles a um nível mais alto do que lhes permi-
tiam seus pobres modelos de pensamentos — pensamentos
que apresentavam um homem expulso da graça divina,
12 doente, pecador e moribundo. A compreensão como a de
Cristo a respeito do existir científico e da cura divina inclui o
Princípio perfeito e a ideia perfeita — Deus perfeito e homem
15 perfeito — como base do pensamento e da demonstração.
Se o homem foi perfeito em algum momento, mas depois
perdeu a perfeição, então os mortais nunca enxergaram no
18 homem a imagem refletida de Deus. Uma ima- A imagem
gem perdida não é imagem. A verdadeira divina não
está perdida
semelhança não pode ser perdida no reflexo
21 divino. Compreendendo isso, Jesus disse: “Sede vós perfeitos
como perfeito é o vosso Pai celeste”.
O pensamento mortal transmite suas próprias imagens,
24 e aquilo que ele produz é formado de acordo com as ilusões
humanas. Deus, o Espírito, age espiritual- Modelos
mente, não de forma material. O cérebro, a imortais
27 matéria, jamais formou um conceito humano. A vibração
não é inteligência; portanto não é criadora. As ideias imor-
tais, puras, perfeitas e duradouras, são transmitidas pela
30 Mente divina por meio da Ciência divina, que corrige o erro
com a verdade e exige pensamentos espirituais, conceitos
divinos, a fim de que estes possam produzir resultados
33 harmoniosos.
Se deduzimos nossas conclusões sobre o homem a partir
Ciência e Saúde A criação 260
1 da imperfeição, em vez da perfeição, não podemos chegar
à verdadeira concepção ou compreensão do homem, nem
3 podemos chegar a ser semelhantes a essa concepção, assim
como o escultor não pode aperfeiçoar seu trabalho, partindo
de um modelo imperfeito, e o pintor não pode retratar a
6 figura e o semblante de Jesus, tendo em mente o caráter
de Judas.
As concepções do pensamento mortal, que erra, têm de
9 ceder lugar ao ideal de tudo o que é perfeito e eterno. Ao
longo de muitas gerações as crenças humanas Descoberta
vão ganhando concepções mais divinas, e o espiritual
12 modelo imortal e perfeito da criação de Deus será finalmente
visto como a única concepção verdadeira do existir.
A Ciência revela a possibilidade de se alcançar todo o bem,
15 e põe os mortais a trabalhar para descobrir o que Deus já fez;
mas a falta de confiança em nossa capacidade de alcançar o
bem desejado e produzir resultados melhores e mais elevados,
18 muitas vezes impede que experimentemos nossas asas e, desde
o início, torna inevitável o fracasso.
Os mortais têm de mudar de ideais a fim de poder
21 melhorar seus modelos. Um corpo doente é o É necessário
resultado de pensamentos doentios. A doença, mudar
nossos ideais
a enfermidade e a morte provêm do medo. O
24 sensualismo gera más condições físicas e morais.
O sensualismo e o amor ao ego são cultivados na mente
mortal pelos pensamentos que sempre se volvem ao próprio
27 ego, pelas conversas sobre o corpo, e pela expectativa de encon-
trar prazer ou dor perpétuos provenientes do corpo; e esse
cultivo se faz à custa do crescimento espiritual. Se envolve-
30 mos o pensamento com vestes mortais, ele tem de perder sua
natureza imortal.
Se procuramos no corpo o prazer, achamos a dor; se a
33 Vida, achamos a morte; se a Verdade, achamos o erro; se o
Ciência e Saúde A criação 261
1 Espírito, achamos seu oposto, a matéria. Agora inverte esse
processo. Não olhes para o corpo, olha para a O pensamento
se concretiza
3 Verdade e o Amor, o Princípio de toda a felici-
dade, a harmonia e a imortalidade. Mantém o pensamento
firme no que é duradouro, no que é bom e no que é verda-
6 deiro e os terás na tua experiência, na proporção em que
ocuparem teus pensamentos.
O efeito da mente mortal sobre a saúde e a felicidade se vê
9 nisto: se desviamos do corpo nossa atenção com interesse tão
absorvente a ponto de esquecer o corpo, este A irrealidade
não sente dor. Impelido pelo forte desejo de da dor
12 desempenhar seu papel, um notável ator costumava, noite
após noite, subir ao palco e representar a parte que lhe cabia,
andando de um lado para outro com tanta agilidade quanto
15 o ator mais jovem da companhia. Esse idoso era tão trôpego
que, todos os dias, ia mancando até o teatro, e lá ficava sen-
tado, dolorido, até ouvir sua deixa — sinal que o fazia esque-
18 cer o sofrimento físico, como se tivesse inalado clorofórmio,
embora estivesse em plena posse de seus chamados sentidos.
Faz com que o senso que tens a respeito de tudo fique des-
21 prendido do corpo, da matéria, a qual é apenas uma forma da
crença humana, e então poderás entender o A identidade
significado de Deus, o bem, e entender a natu- imutável
do homem
24 reza do imutável e imortal. Quando te libertas
das mutações do tempo e dos sentidos, não perdes nem os
sólidos objetivos e finalidades da vida, nem a tua própria
27 identidade. Quando fixas o olhar nas realidades supernas, te
elevas à consciência espiritual do existir, tal como o pássaro
que saiu do ovo e alisa as asas para voar rumo ao céu.
30 Deveríamos esquecer nosso corpo, ao lembrar o bem
e o gênero humano. O bem exige que o homem utilize cada
Ciência e Saúde A criação 262
1 minuto para solucionar a questão do existir. A consagração
ao bem não diminui, mas sim aumenta a dependência do
3 homem em relação a Deus. A consagração tam- Renúncia
bém não diminui as obrigações do homem para ao ego
com Deus, mas mostra a suprema necessidade de cumpri-las.
6 A Ciência Cristã em nada despoja a Deus de Sua perfeição, mas
reconhece que toda a glória pertence a Ele. Ao despirem-se
“do velho homem com os seus feitos”, os mortais se revestem “de
9 imortalidade”.
Não podemos sondar a natureza e a qualidade da criação
de Deus, mergulhando nas águas rasas das crenças mortais.
12 Temos de inverter o rumo do nosso débil esvoaçar — dos
nossos esforços para encontrar vida e verdade na matéria —
e elevar-nos acima do testemunho dos sentidos materiais,
15 acima do mortal, para a ideia imortal de Deus. Essa pers-
pectiva mais clara, mais elevada, inspira o homem, que é a
semelhança de Deus, a alcançar o centro e a circunferência
18 absolutos do seu existir.
Jó disse: “Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus
olhos Te veem”. Os mortais farão eco ao pensamento de Jó,
21 quando os supostos prazeres e dores da matéria O senso
deixarem de predominar. Então, abandonarão verdadeiro
o modo errado de avaliar a vida e a felicidade, a alegria e a
24 tristeza, e alcançarão a suprema felicidade de amar sem se
prender ao ego, de trabalhar com paciência e de vencer tudo
o que for dessemelhante de Deus. Partindo de um ponto de
27 vista mais alto, nos elevamos espontaneamente, assim como
a luz emite luz sem esforço; pois “onde está o teu tesouro, aí
estará também o teu coração”.
30 O fundamento da desarmonia mortal é o senso errô-
neo da origem do homem. Começar certo é acabar certo.
Todo conceito que parece começar no cére- A Mente, a
bro, começa errado. A Mente divina é a causa causa única
33
única, o Princípio único, da existência. A causa não existe
na matéria, na mente mortal nem em formas físicas.
Ciência e Saúde A criação 263
1 Os mortais são egotistas. Eles acreditam ser trabalhado-
res independentes, creem que eles mesmos sejam autores
3 e até criadores privilegiados de algo que a Egotismo
Deidade não quis ou não pôde criar. As humano
criações da mente mortal são materiais. Somente o homem
6 espiritual, que é imortal, representa a verdade da criação.
Quando o homem mortal unir seus pensamentos sobre a
existência com o que é espiritual e agir apenas como Deus age,
9 já não andará tateando no escuro, nem se ape- O homem mortal é
gará à terra por não ter provado o céu. As um falso criador
crenças carnais nos defraudam. Fazem do homem um
12 hipócrita involuntário que produz o mal quando desejaria
criar o bem, que causa a deformidade quando desejaria deli-
near a graça e a beleza e que prejudica aqueles a quem quer
15 abençoar. Torna-se em tudo um falso criador, que se consi-
dera um semideus. Seu “toque converte a esperança em pó, o
pó que todos temos pisado”. Ele poderia dizer em linguagem
18 bíblica: “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero,
esse faço”.
Só pode haver um Criador, que tudo criou. Tudo o que
21 parece ser uma criação nova é apenas a descoberta de alguma
ideia longínqua da Verdade; se não, é uma nova Nenhuma
multiplicação ou autodivisão do pensamento criação é nova
24 mortal, como quando um senso finito espia, admirado, de
sua prisão, e tenta imitar o infinito.
A multiplicação do senso mortal e humano de pessoas
27 e coisas não é criação. Um pensamento sensual, como um
átomo de pó atirado diante da imensidade espiritual, é densa
cegueira em vez de ser a eterna consciência científica da
30 criação.
As formas da matéria, que se desvanecem, o corpo
Ciência e Saúde A criação 264
1 mortal e a terra material são os conceitos efêmeros da mente
humana. Eles têm seu momento, antes que os fatos perma-
3 nentes e sua perfeição no Espírito apareçam. A verdadeira
As criações toscas do pensamento mortal têm câmera da Mente
de finalmente ceder lugar às formas gloriosas que às vezes
6 enxergamos na câmera da Mente divina, quando o quadro
mental é espiritual e eterno. Os mortais precisam olhar para
além das formas finitas que se desvanecem, se quiserem obter
9 o verdadeiro senso das coisas. Onde é que o olhar repousará,
senão no reino insondável da Mente? Temos de olhar para
onde queremos caminhar, e temos de agir como possuidores
12 de todo o poder dAquele em quem existimos.
À medida que os mortais alcançam perspectivas mais
corretas a respeito de Deus e do homem, inumeráveis objetos
15 da criação, que antes eram invisíveis, se tornam Compreensão
visíveis. Quando compreendemos que a Vida é completa em
si mesma
o Espírito e nunca está na matéria nem é cons-
18 tituída de matéria, essa compreensão se expande até ser com-
pleta em si mesma, achando tudo em Deus, o bem, sem
necessitar de nenhuma outra consciência.
21 O Espírito e suas formações são as únicas realidades do
existir. A matéria desaparece sob o microscópio do Espírito.
O pecado não é sustentado pela Verdade, e a Provas
24 doença e a morte foram vencidas por Jesus, que espirituais
da existência
provou que elas eram formas do erro. O viver e
a felicidade espirituais são as únicas evidências pelas quais
27 podemos reconhecer a verdadeira existência e sentir a paz
inefável que provém de um amor espiritual que preenche
todo o pensamento.
30 Quando aprendemos o caminho na Ciência Cristã e
reconhecemos o existir espiritual do homem, vemos e com-
preendemos a criação de Deus — todas as glórias da terra e
33 do céu e do homem.
O universo do Espírito está povoado de seres espirituais,
Ciência e Saúde A criação 265
1 e seu governo é a Ciência divina. O homem procede, não das
menos importantes, e sim das mais elevadas qualidades da
3 Mente. O homem compreende a existência Gravitar
espiritual na proporção em que seus tesouros para Deus
da Verdade e do Amor se ampliam. Os mortais têm de gravi-
6 tar para Deus, seus afetos e objetivos têm de se tornar mais
espirituais — eles têm de se aproximar das interpretações
mais amplas do existir, e obter algum senso correto do infi-
9 nito — para que o pecado e a mortalidade possam ser
descartados.
Esse senso científico do existir, que abandona a matéria
12 pelo Espírito, não sugere de modo algum a absorção do
homem na Deidade nem a perda de sua identidade, mas
proporciona ao homem uma individualidade mais ampla,
15 uma esfera mais extensa de pensamento e de ação, um amor
de maior alcance, uma paz mais elevada e mais permanente.
Os sentidos dizem que o nascimento é extemporâneo e a
18 morte é inevitável, como se o homem fosse uma erva que
cresce rapidamente ou uma flor crestada pelo Nascimento e
sol e queimada por geadas fora de época; mas morte dos mortais
21 isso só é verdade quanto ao mortal, não quanto ao homem
à imagem e semelhança de Deus. A verdade do existir é
perene, e o erro a respeito do existir é irreal e obsoleto.
24 Quem é que, tendo sofrido a perda da paz humana, não
sentiu o desejo mais acentuado de ter a alegria espiritual?
A aspiração pelo bem celestial vem mesmo Bênçãos
27 antes de descobrirmos o que pertence à sabedo- provenientes da dor
ria e ao Amor. A perda das esperanças e dos prazeres terre-
nos ilumina, para muitos corações, o caminho ascendente.
30 As dores dos sentidos não tardam a nos informar que os pra-
zeres dos sentidos são mortais e que a alegria é espiritual.
As dores dos sentidos são salutares, se elas desarraigam
33 as crenças errôneas nos prazeres e transplantam os afetos,
Ciência e Saúde A criação 266
1 levando-os dos sentidos para a Alma, onde as criações de
Deus são boas e “alegram o coração”. Tal é a A decapitação
3 espada da Ciência, com a qual a Verdade deca- do erro
pita o erro, de modo que a materialidade cede lugar à indivi-
dualidade mais elevada e ao destino mais alto do homem.
6 Será que a existência sem amigos pessoais te pareceria
um vazio? Virá então o momento em que estarás solitário
e privado de afetos; mas o que parece ser um O fruto da
vácuo já está preenchido pelo Amor divino. adversidade
9
Quando chegar essa hora de desenvolvimento, ainda que te
apegues a um senso de alegrias pessoais, o Amor espiritual
12 te forçará a aceitar o que melhor promover o teu crescimento.
Os amigos te trairão e os inimigos te caluniarão, até que a lição
seja suficiente para te elevar; pois “a extrema necessidade do
15 homem é a oportunidade de Deus”. Esta autora passou pela
experiência dessa profecia e suas bênçãos. É assim que Deus
ensina os mortais a se desfazerem da carnalidade e ganhar
18 a espiritualidade. Isso se faz por meio da renúncia ao ego.
O Amor universal é o caminho divino na Ciência Cristã.
O pecador cria o seu próprio inferno fazendo o mal, e o
21 santo cria o seu próprio céu fazendo o bem. As perseguições
adversas provenientes do senso material, ajudando o mal
com o mal, enganariam os próprios eleitos.
24 Os mortais têm de seguir as palavras de Jesus e suas
demonstrações, que subjugam a carne. A Mente perfeita
e infinita, entronizada, é o céu. As crenças más, Presença
que se originam nos mortais, são o inferno. O beatífica
27
homem é a ideia do Espírito; ele reflete a presença beatífica,
a inundar de luz o universo. O homem é imorredouro, espi-
30 ritual. Está acima do pecado e da fraqueza. Ele não atravessa
as barreiras do tempo para entrar na vasta eternidade da
Vida, mas coexiste com Deus e o universo.
Ciência e Saúde A criação 267
1 Todo objeto no pensamento material será destruído, mas
a ideia espiritual, cuja substância está na Mente, é eterna. Os
3 filhos de Deus não se originam da matéria, A infinitude
nem do pó efêmero. Eles estão no Espírito e de Deus
são do Espírito, a Mente divina, e continuam assim para
6 sempre. Deus é uno. Ele é uno porque é Tudo. Generica-
mente, o homem é uno, e especificamente, homem significa
todos os homens.
9 Admite-se em geral que Deus é Pai, eterno, criado por
Si mesmo, infinito. Assim sendo, o Pai eterno deve ter tido
filhos anteriores a Adão. O grandioso Eu Sou fez tudo o
12 “que foi feito”. Portanto, o homem e o universo espiritual
coexistem com Deus.
Os Cientistas Cristãos compreendem que, em um sentido
15 religioso, é tão correto serem chamados de mãe, quanto de
irmão e irmã. Jesus disse: “Qualquer que fizer a vontade de
meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã, e mãe”.
18 Examinados à luz da Ciência divina, os mortais apresen-
tam mais do que se detecta na superfície, pois os pensa-
mentos invertidos e as crenças errôneas são Marcos indicadores
21 forçosamente falsificações da Verdade. O pen- para a Verdade
eterna
samento é tomado por empréstimo de uma
fonte mais elevada do que a matéria e, por inversão, os erros
24 servem para marcar o caminho que vai à Mente única, onde
todo o erro desaparece na Verdade celestial. A vestidura do
Espírito resplandece “de brancura” como as vestes de Cristo.
27 Portanto, até mesmo neste mundo, “em todo tempo sejam
alvas as tuas vestes”. “Bem-aventurado o homem que
suporta, com perseverança, [que vence] a provação; porque,
30 depois de ter sido aprovado [considerado fiel], receberá a
coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam”
(Tiago 1:12).
Capítulo 10
A Ciência do existir
O que era desde o princípio, o que temos ouvido,
o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos,
e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida...
o que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros,
para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco.
Ora, a nossa comunhão é com o Pai
e com seu Filho, Jesus Cristo. — João, Primeira Epístola.
Aqui estou. Não posso agir de outra maneira;
Que Deus me ajude! Amém! — Martinho Lutero.
3
N o mundo material, o pensamento tem trazido à luz, com
grande rapidez, muitas maravilhas úteis. Com o
mesmo vigor, as asas céleres do pensamento vêm se elevando
ao reino do real, até a causa espiritual daquelas Desafio
pequenas coisas que dão impulso à pesquisa. A materialista
6 crença em uma base material, da qual se possa deduzir toda
a racionalidade, está lentamente cedendo à ideia de uma base
metafísica, está desviando sua atenção da matéria como
9 causa, e vendo que a Mente é a causa de todo efeito. As
hipóteses materialistas desafiam a metafísica para um com-
bate decisivo. Neste período revolucionário, tal como o jovem
12 pastor com sua funda, a mulher avança para lutar com Golias.
Nessa luta final pela supremacia, os sistemas semimetafí-
sicos não prestam ajuda substancial à metafísica científica,
15 pois seus argumentos têm como base tanto o Confusão
testemunho errôneo dos sentidos materiais, mais confusa
como os fatos da Mente. Esses sistemas semimetafísicos
268
Ciência e Saúde A Ciência do existir 269
1 são todos, sem exceção, panteístas e fazem lembrar o
Pandemônio, uma casa dividida contra si mesma.
3 Do começo ao fim, a suposta coexistência da Mente com
a matéria, e a mistura do bem com o mal, foram o resultado
da filosofia da serpente. As demonstrações de Jesus separam
6 a palha do trigo e evidenciam a unidade e a realidade do
bem, assim como a irrealidade, a nulidade, do mal.
A filosofia humana apresenta a Deus como se fosse
9 semelhante ao homem. A Ciência Cristã mostra que
o homem é semelhante a Deus. A primeira Metafísica
é erro; a última é verdade. A metafísica está divina
12 acima da física, e a matéria não entra nas premissas nem nas
conclusões metafísicas. As categorias da metafísica assentam
sobre uma única base, a Mente divina. A metafísica explica
15 que as coisas são pensamentos e substitui os objetos dos
sentidos pelas ideias da Alma.
Essas ideias são perfeitamente reais e tangíveis para a
18 consciência espiritual e têm esta vantagem sobre os objetos e
os pensamentos do senso material — elas são boas e eternas.
O testemunho dos sentidos materiais não é nem absoluto
21 nem divino. Por isso, eu me firmo, sem reservas, nos ensina-
mentos de Jesus, de seus apóstolos, dos profetas Fundamentos
e no testemunho da Ciência da Mente. Outros bíblicos
24 fundamentos não há. Todos os outros sistemas — sistemas
que têm como base, inteira ou parcialmente, o conhecimento
obtido por meio dos sentidos materiais — são caniços agita-
27 dos pelo vento, não casas edificadas sobre a rocha.
Eis as teorias que combato: (1) a de que tudo seja matéria;
(2) a de que a matéria se origine na Mente e seja Teorias
30 tão real como a Mente, possuindo inteligência e rejeitadas
vida. A primeira teoria, a de que a matéria seja tudo, é tão
Ciência e Saúde A Ciência do existir 270
1 pouco racional como a segunda, isto é, a de que a Mente
e a matéria coexistam e cooperem. Só uma das declarações
3 seguintes pode ser verdadeira: (1) que tudo é matéria; (2) que
tudo é a Mente. Qual delas é a verdadeira?
A matéria e a Mente são dois opostos. Uma é contrária
6 à outra na sua própria natureza e essência; portanto, não
é possível que as duas sejam reais. Se uma é real, a outra
tem de ser irreal. Só quando se compreende que existe um
9 único poder — não dois poderes, a matéria e a Mente — é
que se chega a conclusões lógicas e científicas. Poucos negam
a hipótese de que a inteligência, independentemente do
12 homem e da matéria, governa o universo; e geralmente se
admite que essa inteligência é a Mente eterna, ou seja, o
Princípio divino, o Amor.
15 Os profetas de outrora procuravam algo mais elevado do
que os sistemas de sua época; daí suas previsões O que os profetas
da nova dispensação da Verdade. Mas eles não não sabiam
18 sabiam qual seria a natureza exata do ensinamento e da
demonstração de Deus, da Mente divina, com Seus desígnios
mais infinitos — não sabiam como seria a demonstração que
21 viria a destruir o pecado, a doença e a morte, estabelecer a
definição de onipotência e servir de fundamento à Ciência
do Espírito.
24 O orgulho do sacerdócio é o príncipe deste mundo.
Nada tem em Cristo. A mansidão e a caridade têm auto-
ridade divina. Os mortais têm pensamentos maus; por
27 conseguinte, são maus. Eles têm pensamentos doentios e
por isso ficam doentes. Se o pecado faz pecadores, somente
a Verdade e o Amor podem desfazê-los. Se um senso
30 de doença produz sofrimento e um senso de bem-estar
é o antídoto contra o sofrimento, então a doença é mental,
não material. Daí o fato de que só a mente humana sofre,
33 está doente, e de que só a Mente divina cura.
A vida de Cristo Jesus não foi milagrosa, mas foi inerente
à sua espiritualidade — a boa terra na qual a semente da
Ciência e Saúde A Ciência do existir 271
1 Verdade germina e dá muito fruto. O Cristianismo do Cristo
é o encadeamento do existir científico que reaparece em
3 todas as épocas, mantendo sua óbvia concordância com as
Escrituras e unindo todos os períodos no desígnio de Deus.
Não há emasculação, nem ilusão, nem insubordinação na
6 Ciência divina.
Jesus instruiu seus discípulos a curar os doentes por
meio da Mente em vez de por meio da matéria. Ele sabia que
9 a filosofia, a Ciência e a prova do Cristianismo estavam na
Verdade, que expulsa toda a desarmonia.
Em latim, a palavra traduzida como discípulo significa
12 aluno; e esse termo indica que o poder de curar não era um
dom sobrenatural outorgado a esses estudantes, Discípulos
e sim o resultado da cultivada compreensão estudiosos
15 espiritual que eles tinham da Ciência divina, que seu Mestre
demonstrava ao curar os doentes e os pecadores. Daí a
aplicação universal de suas palavras: “Não rogo somente por
18 estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim
[compreender-me], por intermédio da sua palavra”.
Nosso Mestre disse: “Mas o Consolador... vos ensinará todas
21 as coisas”. Quando a Ciência do Cristianismo O Novo Testamento
aparecer, vos guiará a toda a verdade. O Sermão é a base
do Monte é a essência dessa Ciência, cujo resultado é a vida
24 eterna, não a morte, de Jesus.
Aqueles que estão dispostos a deixar suas redes ou
a lançá-las para o lado certo, em busca da Verdade, têm a
27 oportunidade agora, como outrora, de apren- A mensagem para
der e praticar a cura cristã. Esta é apresentada os dias de hoje
nas Escrituras. A significação espiritual da Palavra trans-
30 mite esse poder. Mas, como Paulo diz: “Como ouvirão, se não
há quem pregue? e como pregarão, se não forem enviados?”
Ciência e Saúde A Ciência do existir 272
1 E se forem enviados, como hão de pregar, converter, e curar
as multidões, a não ser que as pessoas ouçam?
3 O senso espiritual da verdade tem de ser alcançado antes
que a Verdade possa ser compreendida. Esse senso só se
assimila quando somos honestos, desprendidos A espiritualidade
6 do ego, amorosos e mansos. A semente tem de das Escrituras
ser semeada na terra de um “bom e reto coração”; do contrá-
rio não dá muito fruto, pois o elemento animalesco na
9 natureza humana a desarraiga. Jesus disse: “Errais, não
conhecendo as Escrituras”. O significado espiritual das
Escrituras traz à luz o senso científico e é a nova língua
12 mencionada no último capítulo do Evangelho de Marcos.
A parábola de Jesus a respeito do semeador mostra
o cuidado que nosso Mestre tinha em não transmitir a
15 ouvidos insensíveis e corações endurecidos os ensinamentos
espirituais, que a insensibilidade e a dureza não podiam
aceitar. Lendo os pensamentos das pessoas, ele disse: “Não
18 deis aos cães o que é santo, nem lanceis ante os porcos as
vossas pérolas”.
É a espiritualização do pensamento e a cristianização da
21 vida diária, em contraste com os resultados da horrível farsa
da existência material; é a castidade e a pureza, Contrastes com
em contraste com as tendências degradantes do o não-espiritual
24 sensualismo e da impureza, as quais gravitam para o terrenal
— é isso o que realmente atesta a divina origem e atuação da
Ciência Cristã. Os triunfos da Ciência Cristã estão assinala-
27 dos na destruição do erro e do mal, a partir dos quais se
propagam as sombrias crenças do pecado, da doença e
da morte.
30 O Princípio divino do universo tem de interpretar o uni-
verso. Deus é o Princípio divino de tudo o que O representa e
de tudo o que realmente existe. A Ciência Cristã, Deus, o Princípio
tal como foi demonstrada por Jesus, é a única de tudo
33
que revela o Princípio divino e natural da Ciência.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 273
1 A matéria e suas alegações de pecado, doença e morte são
contrárias a Deus e não podem emanar dEle. Não existe ver-
3 dade material. Os sentidos físicos não têm capacidade para
conhecer a Deus e a Verdade espiritual. A crença humana se
meteu em muitas astúcias, mas nenhuma delas pode resolver,
6 sem o Princípio divino da Ciência divina, a questão do
existir. As deduções tiradas de hipóteses materiais não são
científicas. Elas diferem da Ciência verdadeira, porque não
9 se baseiam na lei divina.
A Ciência divina inverte o falso testemunho dos sentidos
materiais, e assim derruba os fundamentos do A Ciência
12 erro. Daí a inimizade entre a Ciência e os versus os
sentidos
sentidos, e a impossibilidade de se conseguir
uma compreensão perfeita, até que os erros dos sentidos
15 tenham sido eliminados.
As chamadas leis da matéria e da ciência médica nunca
fizeram com que os mortais fossem sadios, harmoniosos e
18 imortais. O homem é harmonioso quando governado pela
Alma. Daí a importância de se compreender a verdade do
existir, a qual revela as leis da existência espiritual.
21 Deus nunca decretou uma lei material para anular a lei
espiritual. Se tal lei material existisse, ela se oporia à supre-
macia do Espírito, Deus, e contestaria a sabe- A lei espiritual
é a única lei
24 doria do Criador. Jesus andou sobre as ondas,
alimentou a multidão, curou os doentes e ressuscitou os
mortos em oposição direta às leis materiais. Seus atos foram
27 a demonstração da Ciência, que vence as falsas alegações do
senso material ou lei material.
A Ciência mostra que as conflitantes opiniões e crenças
30 mortais e materiais emitem a todo momento os efeitos do erro,
mas essa atmosfera da mente mortal não pode ser destrutiva
para a moral e a saúde, quando se lhe faz oposição pronta e
Ciência e Saúde A Ciência do existir 274
1 persistente com a Ciência Cristã. A Verdade e o Amor são
antídotos contra esse miasma mental, e assim fortalecem e
3 sustentam a existência. O conhecimento desne- O conhecimento
cessário, obtido por meio dos cinco sentidos, é material é
ilusório
apenas temporal — é a concepção da mente
6 mortal, o produto dos sentidos, não da Alma, do Espírito — e
simboliza tudo o que é ruim e perecível. A ciência natural, tal
como é geralmente chamada, não é realmente natural nem
9 científica, porque é deduzida da evidência dos sentidos mate-
riais. As ideias, pelo contrário, nascem do Espírito, e não são
meras conclusões tiradas de premissas materiais.
12 Os sentidos do Espírito permanecem no Amor e demons-
tram a Verdade e a Vida. Logo, o Cristianismo e a Ciência
que o explica têm como base a compreensão Os cinco sentidos
espiritual e suplantam as chamadas leis da são enganadores
15
matéria. Jesus demonstrou essa grandiosa verdade. Quando
aqueles que erroneamente chamamos os cinco sentidos
18 físicos são mal direcionados, eles são simplesmente manifes-
tações das crenças da mente mortal, as quais afirmam que a
vida, a substância e a inteligência são materiais, em vez de
21 espirituais. Essas crenças errôneas e seus produtos consti-
tuem a carne, e a carne milita contra o Espírito.
A Ciência divina é absoluta, e não permite meio termo no
24 aprendizado de seu Princípio e de sua regra — pois os estabe-
lece pela demonstração. A firma convencional Parceria
chamada matéria e mente jamais foi formada impossível
27 por Deus. A Ciência e a compreensão, governadas pela
Mente infalível e eterna, destroem a parceria imaginária,
matéria e mente, formada apenas para ser destruída de uma
30 maneira e em uma época ainda desconhecidas. Essa hipoté-
tica parceria já é obsoleta, pois a matéria, examinada à luz da
metafísica divina, desaparece.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 275
1 A matéria não pode perder a vida, porque não a tem, e o
Espírito nunca morre. A parceria da mente com a matéria
3 descartaria a Mente onipresente e onipotente. O Espírito é o
Isso mostra que a matéria não se originou em ponto de partida
Deus, o Espírito, e não é eterna. Por isso, a matéria não é nem
6 substancial, nem viva, nem inteligente. O ponto de partida da
Ciência divina é que Deus, o Espírito, é Tudo-em-tudo, e que
não existe outro poder nem outra Mente — que Deus é o
9 Amor e, por isso, Ele é o Princípio divino.
Para captar a realidade e a ordem do existir, na sua Ciência,
tens de começar por reconhecer que Deus é o Princípio divino
12 de tudo o que realmente existe. O Espírito, a Sinônimos
Vida, a Verdade, o Amor são um só — e são os divinos
nomes bíblicos para Deus. Toda a substância, a inteligência, a
15 sabedoria, a existência, a imortalidade, a causa e o efeito perten-
cem a Deus. Esses são Seus atributos, as manifestações eternas
do infinito Princípio divino, o Amor. Nenhuma sabedoria é
18 sábia, senão a sabedoria dEle; nenhuma verdade é verdadeira, a
não ser a divina; nenhum amor é amoroso, a não ser o divino;
nenhuma vida é Vida, a não ser a divina; nenhum bem existe,
21 a não ser o bem que Deus outorga.
A metafísica divina, como é revelada à compreensão espiri-
tual, mostra com clareza que tudo é a Mente, e que a Mente é
24 Deus, a onipotência, a onipresença, a onisciência Completude
— isto é, todo o poder, toda a presença, toda a divina
Ciência. Por isso, em realidade, tudo é a manifestação da Mente.
27 Nossas teorias humanas materiais são destituídas de
Ciência. A verdadeira compreensão a respeito de Deus é
espiritual. Essa compreensão arrebata a vitória ao túmulo.
30 Ela destrói a falsa aparência que engana o pensamento e que
sugere a existência de outros deuses, ou outros chamados
poderes superiores ou contrários ao único Espírito, tais como
33 a matéria, a doença, o pecado e a morte.
A Verdade, espiritualmente discernida, é cientificamente
compreendida. Ela expulsa o erro e cura os doentes.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 276
1 Ter um só Deus, uma Mente única, desdobra o poder que
cura os doentes e cumpre estas palavras das Escrituras: “Eu
3 sou o Senhor, que te sara”, e “Achei resgate”. A fraternidade
Quando os preceitos divinos são compreendi- universal
dos, desdobram o fundamento da fraternidade na qual uma
6 mente não está em guerra com outra, mas todos têm um só
Espírito, Deus, uma só fonte inteligente, de acordo com o
mandamento bíblico: “Que haja em vós a mesma Mente que
9 houve também em Cristo Jesus”*. O homem e seu Criador
estão correlacionados na Ciência divina, e a consciência real
só tem conhecimento das coisas de Deus.
12 A compreensão de que toda a desarmonia é irreal expõe os
objetos e os pensamentos à vista humana em sua verdadeira
luz e os apresenta belos e imortais. A harmonia no homem é
15 tão real e imortal como na música. A desarmonia é irreal e
é mortal.
Quando se admite que Deus é a única Mente e a única
18 Vida, já não há abertura para o pecado e a morte. Quando
aprendemos na Ciência a ser perfeitos, assim A perfeição é
como nosso Pai no céu é perfeito, o pensa- um requisito
21 mento envereda por vias novas e salutares — volta-se para a
contemplação das coisas imortais e já não olha para a mate-
rialidade, mas sim para o Princípio do universo, que inclui o
24 homem harmonioso.
As crenças materiais nunca se misturam com a compreen-
são espiritual. Esta última destrói aquelas. A desarmonia é o
27 nada chamado erro. A harmonia é o algo chamado Verdade.
A natureza e a revelação nos informam que o semelhante
produz o semelhante. A Ciência divina não O semelhante
produz o semelhante
30 colhe uvas dos espinheiros, nem figos dos
abrolhos. A inteligência nunca produz a não-inteligência;
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 277
1 a matéria nunca é inteligente, por isso não pode proceder da
inteligência. A tudo o que é dessemelhante da Mente infalí-
3 vel e eterna, essa Mente diz: “Certamente morrerás”; e, em
outra parte das Escrituras, lemos que o pó torna ao pó. O
não-inteligente volta à sua própria irrealidade. A matéria
6 nunca produz a mente. O imortal nunca produz o mortal.
O bem não pode resultar no mal. Visto que o próprio Deus
é o bem e é o Espírito, o bem e a espiritualidade têm de ser
9 imortais. Seus opostos, o mal e a matéria, são o erro mortal,
e o erro não tem criador. Se o bem e a espiritualidade são
reais, então o mal e a materialidade são irreais e não podem
12 ser o resultado de um Deus infinito, o bem.
A história natural mostra que os vegetais e os animais
preservam suas espécies originais — o semelhante reproduz
15 o semelhante. O mineral não é produzido pelo vegetal,
nem o homem pelo animal. Na reprodução, a ordem das
categorias e das espécies é mantida em todo o ciclo da natu-
18 reza. Isso indica a verdade espiritual, a Ciência espiritual
do existir. O erro se apoia na inversão dessa ordem; afirma
que o Espírito produz a matéria, que a matéria produz todos
21 os males da carne e que, por isso, o bem é a origem do
mal. Essas suposições contradizem até mesmo a ordem da
chamada ciência material.
24 O reino do real é o Espírito. A dessemelhança do Espírito
é a matéria, e o oposto do real não é divino — é um conceito
humano. A matéria é uma afirmação errônea. Erro
27 Esse erro na premissa leva a erros na conclusão material
em toda proposição em que entra. Nada do que possamos
dizer ou crer sobre a matéria é imortal, pois a matéria é
30 temporal e, portanto, é um fenômeno mortal, um conceito
humano, às vezes belo, sempre errôneo.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 278
1 É o Espírito a origem ou o criador da matéria? A Ciência
revela que não há nada no Espírito com que se possa criar a
3 matéria. A metafísica divina explica a nulidade Substância
da matéria. O Espírito é a única substância e versus
suposição
consciência reconhecida pela Ciência divina.
6 Os sentidos materiais fazem oposição a isso, mas não existem
sentidos materiais, pois a matéria não tem mente. No Espírito
não existe a matéria, assim como na Verdade não existe o erro
9 e no bem não existe o mal. A noção de que exista matéria
verdadeiramente substancial, o oposto do Espírito, é uma
suposição errônea. O Espírito, Deus, é infinito, é tudo. O
12 Espírito não pode ter oposto.
Que a matéria seja substancial, ou que tenha vida e
sensação, é uma das crenças errôneas dos mortais, e essa
15 crença só existe em uma hipotética consciência Uma só causa
mortal. Por isso, ao nos aproximarmos da suprema
compreensão do Espírito e da Verdade, perdemos a cons-
18 ciência de que exista matéria. Admitir que possa existir
substância material exige que se admita também que o
Espírito não seja infinito e que a matéria seja autocriadora,
21 autoexistente e eterna. Disso resultaria a existência de duas
causas eternas, perpetuamente em guerra uma com a outra;
e apesar disso dizemos que o Espírito é supremo e é a pre-
24 sença total e única.
A crença na eternidade da matéria contradiz a demons-
tração de que a vida é o Espírito, e levaria à conclusão de que,
27 se o homem é material, ele se originou na matéria, e tem de
tornar ao pó — lógica essa que significaria o aniquilamento
do homem.
30 Tudo o que denominamos pecado, doença e morte é uma
crença mortal. Definimos a matéria como erro, porque ela é o
oposto da vida, da substância e da inteligência. A substância
A matéria, com sua mortalidade, não pode ser é o Espírito
33
substancial, pois o Espírito é substancial e eterno. O que é que
Ciência e Saúde A Ciência do existir 279
1 deveríamos considerar como substância — aquilo que erra,
muda e morre, que é mutável, e é mortal, ou aquilo que é
3 infalível, imutável e imortal? Um dos autores do Novo
Testamento descreve claramente a fé, uma qualidade da
mente, como “a substância das coisas que se esperam”*.
6 A deterioração da matéria determina a conclusão de que
a matéria, sob a forma de barro ou de proto- Mortalidade
plasma, nunca se originou na Mente imortal e material
9 portanto não é eterna. A matéria não foi criada pela Mente,
nem tampouco para manifestar ou sustentar a Mente.
As ideias são tangíveis e reais para a consciência imortal,
12 e têm a vantagem de ser eternas. O Espírito e a Tangibilidade
matéria não podem nem coexistir nem coope- espiritual
rar, e um não pode criar o outro, assim como a Verdade não
15 pode criar o erro ou vice-versa.
À proporção que desaparece a crença de que a vida
e a inteligência estejam na matéria ou sejam constituídas
18 de matéria, os fatos imortais do existir são percebidos,
e a única ideia ou inteligência a respeito deles está em Deus.
O Espírito é alcançado unicamente pela compreensão e
21 demonstração da eterna Vida, Verdade e Amor.
Todo sistema de filosofia, doutrina e medicina humanas
está, em maior ou menor grau, contaminado pela crença
24 panteísta de que exista mente na matéria; mas Tendências
essa crença contradiz tanto a revelação como o panteístas
raciocínio correto. Só se chega a uma conclusão lógica e
27 científica pelo conhecimento de que a existência não tem
duas bases, isto é, a matéria e a mente, e sim uma só —
a Mente.
30 O panteísmo, que parte de um senso material de Deus,
procura a causa no efeito, o Princípio na sua ideia, e a vida
e a inteligência na matéria.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 280
1 Na infinitude da Mente, a matéria tem de ser desconhe-
cida. Os símbolos e os elementos da desarmonia e da deterio-
3 ração não são produtos do Tudo, que é infinito, O que é
perfeito e eterno. Do Amor, bem como da luz de Deus
é belo
e da harmonia, as quais são a morada do Espírito,
6 só podem vir reflexos do bem. Todas as coisas belas e inofen-
sivas são ideias da Mente. A Mente as cria e as multiplica, e o
produto tem de ser mental.
9 A crença finita jamais pode fazer justiça à Verdade, em
nenhum sentido. A crença finita limita todas as coisas e tenta
comprimir a Mente, que é infinita, dentro do crânio. Essa
12 crença não pode nem captar nem adorar o infinito; e para
satisfazer seu senso finito da divisibilidade da Alma e da
substância, procura dividir o Espírito uno e único em pessoas
15 e almas.
Por meio desse erro, a crença humana vem a ter “muitos
deuses e muitos senhores”. Moisés proclamou como sendo
18 o primeiro dos Dez Mandamentos de Jeová: Crença em
“Não terás outros deuses diante de mim!” Mas muitos deuses
observemos com que zelo a crença estabelece o erro oposto, o
21 de haver muitas mentes. O argumento da serpente na alegoria
bíblica, “sereis como deuses”*, incute por todos os meios a
crença de que a Alma esteja no corpo, e que o Espírito infinito,
24 a Vida, esteja em formas finitas.
Corretamente compreendido, o homem, em vez de possuir
uma forma material dotada de sensação, tem um corpo isento
27 de sensação; e Deus, a Alma do homem e de O corpo é isento
toda a existência, sendo perpétuo em Sua de sensação
própria individualidade, harmonia e imortalidade, propicia ao
30 homem essas qualidades e nele as perpetua — por meio da
Mente, não da matéria. A única desculpa para manter opiniões
humanas e rejeitar a Ciência do existir é a nossa ignorância
33 mortal a respeito do Espírito — ignorância que cede lugar
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 281
1 somente à compreensão da Ciência divina, compreensão pela
qual entramos no reino da Verdade na terra e aprendemos
3 que o Espírito é infinito e supremo. O Espírito e a matéria
não se misturam, assim como a luz e as trevas não se mistu-
ram. Diante do Espírito e da luz, a matéria e as trevas
6 desaparecem.
O erro pressupõe que o homem seja ao mesmo tempo
mente e matéria. A Ciência divina contradiz os sentidos
9 corpóreos, repreende a crença mortal e per- Deus e
gunta: O que é o Ego, de onde se origina e qual Sua imagem
é sua destinação? O Ego-homem é o reflexo do Ego-Deus; o
12 Ego-homem é a imagem e semelhança da Mente perfeita, do
Espírito, do Princípio divino.
O Ego único, a Mente única, o Espírito único chamado
15 Deus, é a individualidade infinita que provê toda forma e
beleza e que reflete a realidade e a natureza divina no homem
espiritual individual e nas coisas espirituais e individuais.
18 A mente que nós supomos existir na matéria ou dentro do
crânio é um mito, um senso errôneo e uma concepção errô-
nea sobre o homem e a Mente. Quando nos desfazemos do
21 senso errôneo em favor do verdadeiro e vemos que o pecado
e a mortalidade não têm nem Princípio nem permanência,
então aprendemos que o pecado e a mortalidade não têm
24 origem verdadeira nem existência legítima. Eles são nulidade
inata, e dessa nulidade o erro simularia a criação, por meio de
um homem formado do pó.
27 A Ciência divina não põe vinho novo em odres velhos,
não põe a Alma na matéria, nem o infinito dentro do finito.
Nossas falsas impressões sobre a matéria pere- A verdadeira
30 cem à medida que captamos os fatos do Espírito. ideia nova
A crença antiga tem de ser expulsa, senão a ideia nova se
derramará, e a inspiração, que deve mudar nosso ponto de
Ciência e Saúde A Ciência do existir 282
1 vista, se perderá. Hoje, como outrora, a Verdade expulsa os
males e cura os doentes.
3 A Vida real, ou seja, a Mente, e seu oposto, a chamada
vida material e mente material, são representadas por duas
figuras geométricas, um círculo, ou uma esfera, Símbolos
6 e uma linha reta. O círculo representa o infinito da existência
sem começo nem fim; a linha reta representa o finito, que
tem começo e tem fim. A esfera representa o bem, a indivi-
9 dualidade autoexistente e eterna, ou seja, a Mente; a linha
reta representa o mal, uma crença na existência material e
temporária, criada por si mesma. A Mente eterna e a exis-
12 tência material temporária nunca se unem, nem como
símbolo nem como fato.
Uma linha reta não encontra ponto de apoio em uma
15 curva, e uma curva não se ajusta a uma linha reta. Do mesmo
modo, a matéria não tem lugar no Espírito, e o Símbolos
Espírito não tem lugar na matéria. A Verdade opostos
18 não tem morada no erro, e o erro não tem ponto de apoio
na Verdade. A Mente não pode passar a ser não-inteligência
e se tornar matéria, assim como a não-inteligência não pode
21 se tornar a Alma. Em nenhum ponto podem esses opostos
misturar-se ou unir-se. Ainda que pareçam tocar-se, um
é sempre uma curva e o outro uma linha reta.
24 Não há poder inerente à matéria; pois tudo o que é
material é um pensamento mortal, humano e material, que
sempre se governa erradamente.
27 A Verdade é a inteligência da Mente imortal. O erro é a
chamada inteligência da mente mortal.
Tudo o que indica a queda do homem, ou o oposto de
30 Deus, ou a ausência de Deus, é o sonho de Adão, que não é
nem a Mente nem o homem, pois não foi A Verdade não
concebido pelo Pai. A regra da inversão deduz é invertida
33 do erro o seu oposto, a Verdade; mas a Verdade é a luz que
Ciência e Saúde A Ciência do existir 283
1 dissipa o erro. À medida que os mortais começam a compre-
ender o Espírito, abandonam a crença de que haja alguma
3 existência verdadeira separada de Deus.
A Mente é a fonte de todo o movimento, e não existe
inércia que lhe retarde ou impeça a ação perpétua e harmo-
6 niosa. A Mente é a mesma Vida, o mesmo A fonte
Amor, e a mesma sabedoria “ontem e hoje... e... de toda a vida
e de toda a ação
para sempre”. A matéria e seus efeitos — o
9 pecado, a doença e a morte — são estados da mente mortal
que agem, reagem e por fim param. Não são fatos da Mente.
Não são ideias, e sim ilusões. O Princípio é absoluto. Não
12 admite nenhum erro, mas assenta na compreensão.
Mas o que dizem as teorias predominantes? Insistem em
que a Vida, Deus, seja uma e a mesma coisa que a chamada
15 vida material. Falam tanto na Verdade como no erro como
se fossem mente, e tanto no bem como no mal como se
fossem espírito. Alegam que seja vida aquilo que não passa
18 de um estado objetivo do senso material — como, por exem-
plo, a vida estrutural da árvore e do homem material —
e consideram isso a manifestação da Vida única, Deus.
21 Essa crença errônea sobre o que realmente constitui a vida
desvirtua de tal modo o caráter e a natureza de Deus, que o
verdadeiro significado do poder de Deus se perde A estrutura
24 para todos os que se prendem a essa falsidade. O espiritual
Princípio divino, ou seja, a Vida, não pode ser demonstrado
de forma prática em longevidade, como o demonstraram os
27 patriarcas, a menos que a Ciência desse Princípio seja exposta
com exatidão. Temos de acolher o Princípio divino na com-
preensão, e vivê-lo na vida diária; sem isso, não podemos
30 demonstrar a Ciência, assim como não podemos ensinar e
exemplificar geometria, se a uma curva chamamos linha
reta e a uma linha reta chamamos esfera.
33 Será que a mentalidade, a imortalidade e a consciência
Ciência e Saúde A Ciência do existir 284
1 residem na matéria? Não é racional dizer que a Mente seja
infinita, mas que resida no finito — na matéria — ou que a
3 matéria seja infinita e seja o instrumento da Mente.
Se Deus fosse limitado ao homem ou à matéria, ou se
o infinito pudesse estar circunscrito dentro do finito, Deus
6 seria corpóreo, e a Mente ilimitada pareceria A Mente nunca
surgir de um corpo limitado; mas isso é uma é limitada
impossibilidade. A Mente infinita não pode ter ponto de
9 partida, nem pode voltar a limite algum. Nunca pode estar
presa, nem ser plenamente manifestada pela corporalidade.
Acaso a imagem e semelhança de Deus é matéria, é um
12 mortal, é pecado, doença e morte? Pode a matéria reconhe-
cer a Mente? Pode a Mente infinita reconhecer O reconhecimento
a matéria? Pode o infinito residir no finito ou material é
impossível
15 conhecer alguma coisa dessemelhante do
infinito? Pode a Deidade ser conhecida por meio dos senti-
dos materiais? Podem os sentidos materiais, que não rece-
18 bem nenhuma evidência direta do Espírito, dar testemunho
correto sobre a vida, a verdade e o amor espirituais?
A resposta a todas essas perguntas tem de ser para
21 sempre negativa.
Os sentidos físicos não podem obter nenhuma prova a
respeito de Deus. Não podem ver o Espírito com os olhos,
24 nem ouvi-lo com os ouvidos, nem podem tocar, Nossa
saborear ou sentir a fragrância do Espírito. insensibilidade
física ao Espírito
Mesmo os elementos mais sutis, por erro cha-
27 mados materiais, estão fora do alcance do conhecimento
desses sentidos e são conhecidos apenas pelos efeitos que
comumente lhes são atribuídos.
30 De acordo com a Ciência Cristã, os únicos sentidos reais do
homem são espirituais e emanam da Mente divina. O pensa-
mento passa de Deus para o homem, mas nem a sensação nem a
33 informação passam do corpo material para a Mente. A interco-
municação se faz sempre de Deus para Sua ideia, o homem.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 285
1 A matéria não tem sensação e não pode ter conhecimento
nem do bem nem do mal, nem do prazer nem da dor. A
3 individualidade do homem não é material. Esta Ciência do
existir está presente não somente no além, naquilo que os
homens chamam Paraíso, mas aqui e agora; essa Ciência é o
6 grandioso fato do existir, para o tempo e para a eternidade.
O que é, então, a pessoa material que sofre, peca e morre?
Não é o homem, a imagem e semelhança de Deus, mas a
9 falsificação do homem, o inverso da seme- O humano é
lhança, a dessemelhança chamada pecado, uma falsificação
doença e morte. A irrealidade da alegação de que um mortal
12 seja a verdadeira imagem de Deus é explicada pelo fato de
que a natureza do Espírito, da Mente, é o oposto da natureza
da matéria, do corpo, pois uma é a inteligência, enquanto que
15 a outra é a não-inteligência.
Será que Deus tem uma pessoalidade física? O Espírito
não é físico. A crença de que um corpo material seja o
18 homem é uma concepção errada sobre o homem. Concepções
Chegou a hora em que a concepção finita quanto materiais
erradas
ao infinito, e quanto ao corpo material como
21 sede da Mente, tem de dar lugar a um senso mais divino da
inteligência e de suas manifestações — dar lugar à melhor
compreensão que a Ciência proporciona a respeito do Ser
24 Supremo, o Princípio divino, e de Sua ideia.
Por interpretarmos a Deus como Salvador corpóreo
em vez de O interpretarmos como o Princípio salvador, ou
27 seja, o Amor divino, continuaremos a buscar a A salvação
salvação por meio do perdão e não por meio da vem pela
reforma
reforma, e recorreremos à matéria em vez de ao
30 Espírito, para obter a cura dos doentes. À medida que, pelo
conhecimento da Ciência Cristã, os mortais alcançam um
senso mais elevado, procurarão aprender, não da matéria,
33 mas do Princípio divino, Deus, a maneira de demonstrar
o Cristo, a Verdade, como o poder de cura e de salvação.
É essencial compreender, em vez de meramente crer,
Ciência e Saúde A Ciência do existir 286
1 naquilo que mais diz respeito à felicidade do existir. Procurar
a Verdade por meio da crença em uma doutrina humana é não
3 compreender o infinito. Não devemos procurar o imutável e o
imortal por intermédio do finito, do mutável, do mortal, e
depender assim da crença em vez de depender da demons-
6 tração, pois isso é prejudicial para o conhecimento da Ciência. A
compreensão da Verdade proporciona plena fé na Verdade,
e a compreensão espiritual é melhor do que todos os sacrifí-
9 cios de ofertas queimadas.
O Mestre disse: “Ninguém vem ao Pai [o Princípio divino
do existir] senão por mim”, o Cristo, a Vida, a Verdade, o
12 Amor; pois Cristo diz: “Eu sou o caminho”. Do começo ao
fim, a causalidade física foi posta de lado por Jesus, que era
a manifestação da ideia original de homem. Ele sabia que o
15 Princípio divino, o Amor, cria e governa tudo o que é real.
Em saxão e em vinte outros idiomas o bem é o termo
utilizado para Deus. As Escrituras declaram O bem faz
18 que tudo o que Ele fez é bom, como Ele mesmo parte
de Deus
— bom em Princípio e em ideia. Portanto, o
universo espiritual é bom e reflete a Deus tal como Ele é.
21 Os pensamentos de Deus são perfeitos e eternos; são a
substância e a Vida. Os pensamentos materiais e temporais
são humanos e implicam erro e, visto que Pensamentos
Deus, o Espírito, é a causa única, falta a esses espirituais
24
pensamentos uma causa divina. O temporal e o material não
são, pois, criações do Espírito. São apenas falsificações do
27 espiritual e eterno. Os pensamentos transitórios são os
antípodas da Verdade eterna, embora (devido à suposição de
qualidades opostas) o erro também tenha de dizer: “Eu sou
30 verdadeiro”. Mas assim dizendo, o erro, isto é, a mentira, se
destrói a si mesmo.
O pecado, a doença e a morte estão incluídos na crença
33 material humana e não pertencem à Mente divina. Não têm
Ciência e Saúde A Ciência do existir 287
1 origem nem existência reais. Eles não têm nem Princípio
nem permanência, mas pertencem, com tudo o que é
3 material e temporal, ao nada do erro, que simula as criações
da Verdade. Todas as criações do Espírito são eternas; mas as
criações da matéria têm de tornar ao pó. O erro supõe que o
6 homem seja tanto mental quanto material. A Ciência divina
contradiz esse postulado e afirma a identidade espiritual
do homem.
9 Nós chamamos de erro a ausência da Verdade. A Verdade
e o erro são dessemelhantes. Na Ciência, a Verdade é divina, e
um Deus infinito não pode ter nenhuma des- A totalidade
semelhança. Teria Deus, a Verdade, criado o divina
12
erro? Não! “Acaso, pode a fonte jorrar do mesmo lugar o que
é doce e o que é amargoso?” Visto que Deus está em toda
15 parte e inclui tudo, como pode Ele estar ausente ou sugerir a
ausência da onipresença e da onipotência? Como pode haver
mais do que tudo?
18 Nem a compreensão nem a verdade vêm junto com o
erro, nem é o erro o produto da Mente. O mal chama a si
mesmo de algo, quando ele não é nada. Ele diz: “Eu sou o
21 homem, mas não sou a imagem e semelhança de Deus”; ao
passo que as Escrituras declaram que o homem foi criado à
semelhança de Deus.
24 O erro é uma crença mortal, errônea; é ilusão sem identi-
dade espiritual e sem fundamento espiritual, e não tem
existência real. A suposição de que a vida, a O erro é
27 substância e a inteligência estejam na matéria, desvendado
ou sejam da matéria, é um erro. A matéria não é nem coisa
nem pessoa, mas é meramente a suposição objetiva do oposto
30 do Espírito. Os cinco sentidos materiais testificam que a
verdade e o erro estão unidos em uma mente que é tanto boa
quanto má. Seu testemunho falso cederá finalmente à
33 Verdade — ao reconhecimento do Espírito e da criação
espiritual.
A Verdade não pode ser contaminada pelo erro. A
Ciência e Saúde A Ciência do existir 288
1 declaração de que a Verdade é real inclui, necessariamente,
a declaração correlata de que o erro, a dessemelhança da
3 Verdade, é irreal.
A luta hipotética entre a verdade e o erro é apenas o
conflito mental entre a evidência dos sentidos espirituais
6 e o testemunho dos sentidos materiais, e essa O grande
luta entre o Espírito e a carne resolverá todas as conflito
questões por meio da fé no Amor divino e da compreensão
9 desse Amor.
A superstição e a compreensão jamais podem se unir.
Quando os efeitos definitivos da Ciência Cristã, tanto físicos
12 como morais, forem plenamente compreendidos, cessará o con-
flito entre a verdade e o erro, entre a compreensão e a crença,
entre a Ciência e o senso material, conflito esse pressagiado
15 pelos profetas e assumido por Jesus, e então a harmonia espi-
ritual reinará. Os relâmpagos e os trovões do erro podem
estrondear e fulgurar até que a nuvem se dissipe e o tumulto
18 vá morrendo ao longe. Então, as gotas de chuva da realidade
divina revigoram a terra. Como S. Paulo diz: “Portanto, resta
um repouso para o povo de Deus” (do Espírito).
21 As pedras angulares do templo da Ciência Cristã se
encontram nos seguintes postulados: que a Vida é Deus,
o bem, e não o mal; que a Alma é sem pecado As pedras
24 e não se acha no corpo; que o Espírito não é angulares
do templo
nem pode ser materializado; que a Vida não
está sujeita à morte; que o homem real e espiritual não tem
27 nascimento, nem vida material, nem morte.
A Ciência revela as gloriosas possibilidades do homem
imortal, que jamais é limitado pelos sentidos O elemento-
30 mortais. O elemento-Cristo no Messias fez Cristo
deste o Caminho, a Verdade e a Vida.
A Verdade eterna destrói o que os mortais parecem ter
33 aprendido do erro, e a existência real do homem, como filho
Ciência e Saúde A Ciência do existir 289
1 de Deus, vem à luz. A Verdade demonstrada é vida eterna.
O homem mortal nunca poderá se levantar dos escombros
3 temporais do erro, da crença no pecado, na doença e na
morte, até aprender que Deus é a única Vida. A crença de
que a vida e a sensação estejam no corpo deve ser vencida
6 pela compreensão daquilo que constitui o homem como
imagem de Deus. Então, o Espírito terá vencido a carne.
Um mortal malvado não é a ideia de Deus. Ele nada mais
9 é do que a expressão do erro. Supor que haja vida no pecado,
na luxúria, no ódio, na inveja, na hipocrisia, na A maldade não
vingança é um engano terrível. A Vida e a é o homem
12 ideia da Vida, a Verdade e a ideia da Verdade, nunca fazem
com que os homens fiquem doentes, sejam pecaminosos
ou mortais.
15 O fato de que o Cristo, a Verdade, venceu e ainda vence
a morte prova que o “rei dos terrores” é apenas uma crença
mortal, o erro, que a Verdade destrói com as A morte é apenas
evidências espirituais da Vida; e isso mostra uma ilusão
18
que aquilo que aos sentidos parece ser a morte é apenas uma
ilusão mortal, pois para o homem real e para o universo real
21 não há processo de morte.
A crença de que a matéria tenha vida resulta, pela lei
universal da mente mortal, na crença na morte. Supõe-se
24 assim que o homem, a árvore e a flor devam morrer; mas
permanece o fato de que o universo de Deus é espiritual
e imortal.
27 O fato espiritual e a crença material com relação às coisas
são contradições; mas o espiritual é verdadeiro e, portanto, o
material tem de ser falso. A Vida não está na Origem
matéria. Por isso não se pode dizer que ela se espiritual
30
retira da matéria e a abandona. A matéria e a morte são
ilusões mortais. O Espírito e todas as coisas espirituais são
33 o real e eterno.
O homem não se origina da carne, mas do Espírito —
da Vida, não da matéria. A Vida é Deus, por isso a Vida tem de
Ciência e Saúde A Ciência do existir 290
1 ser eterna e autoexistente. A Vida é o eterno Eu Sou, o Ser que
era, e é, e há de ser, e nada pode fazer com que Ele desapareça.
3 Se o Princípio, a regra e a demonstração do existir do
homem não forem compreendidos, por pouco que seja, antes
que aquilo que se chama morte sobrevenha aos Não há vantagem
mortais, estes não se elevarão espiritualmente na morte
6
mais alto na escala da existência apenas por essa única
experiência, mas permanecerão tão materiais como antes da
9 transição, continuando a buscar a felicidade por meio de um
senso material, em vez de um senso espiritual de vida, e
movidos por motivos inferiores e apegados ao ego. Pensar
12 que a Vida, a Mente, seja finita e física ou se manifeste por
intermédio do cérebro e dos nervos, é erro. É por isso que a
Verdade vem destruir esse erro e seus efeitos — a doença,
15 o pecado e a morte. É à classe espiritual que se referem estas
palavras das Escrituras: “Sobre esses a segunda morte não
tem autoridade”.
18 Se a mudança chamada morte destruísse a crença no
pecado, na doença e na morte, a felicidade seria conseguida
no momento da dissolução e duraria para Purificação
sempre; mas isso não acontece. A perfeição só futura
21
se consegue pela perfeição. Os que não são retos continuarão
assim, até que na Ciência divina o Cristo, a Verdade, elimine
24 toda a ignorância e todo o pecado.
O pecado e o erro de que estamos imbuídos no instante
da morte não cessam naquele momento, mas perduram até
27 a morte desses erros. Para ser inteiramente O pecado é
espiritual, o homem tem de ser isento de castigado
pecado, e só o será quando alcançar a perfeição. O assassino,
30 ainda que seja morto no próprio ato, nem por isso renuncia
ao pecado. Ele não é mais espiritual por crer que seu corpo
morreu, nem por vir a saber que sua mente cruel não mor-
33 reu. Seus pensamentos não se tornam mais puros até que
o mal seja desarmado pelo bem. Seu corpo é tão material
quanto sua mente, e vice-versa.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 291
1 As suposições de que o pecado seja perdoado enquanto
não tenha sido abandonado, que a felicidade possa ser genuína
3 em meio ao pecado, que a denominada morte do corpo liberte
do pecado, e que o perdão de Deus seja qualquer outra coisa
a não ser a destruição do pecado — essas suposições são erros
6 graves. Sabemos que tudo será mudado “num abrir e fechar
de olhos”, quando soar a última trombeta; mas esse último
chamado da sabedoria não poderá vir, enquanto os mortais
9 não tiverem atendido a cada um dos apelos menores no
crescimento do caráter cristão. Os mortais não deveriam
imaginar que a crença na experiência da morte os despertará
12 para um existir glorificado.
A salvação universal assenta no progresso e no aprendi-
zado, e sem eles não pode ser conseguida. O céu não é uma
15 localidade, mas um estado divino da Mente, no Salvação e
qual todas as manifestações da Mente são har- aprendizado
moniosas e imortais, porque ali não existe o pecado, e
18 constata-se que o homem é reto, não por virtude própria,
mas porque possui a “mente do Senhor”, como dizem
as Escrituras.
21 “Caindo a árvore... no lugar em que cair, aí ficará.”
Assim lemos em Eclesiastes. Esse texto foi transformado no
provérbio popular: “Como a árvore cai, assim tem de ficar”.
24 Tal como o homem adormece, assim acordará. Assim como
o homem mortal estiver na hora da morte, assim estará ele
depois da morte, até que o aprendizado e o crescimento
27 efetuem a mudança necessária. A Mente jamais se torna
pó. Nenhuma ressurreição aguarda a Mente, a Vida, pois o
túmulo não tem poder nem sobre a Mente, nem sobre a Vida.
30 Nenhum juízo final aguarda os mortais, pois o dia em
que a sabedoria profere o julgamento vem a Dia do
toda hora e continuamente, isto é, o julgamento julgamento
33 pelo qual o homem mortal é despojado de todo o erro mate-
rial. Quanto a erro espiritual, esse não existe.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 292
1 Quando a última falta mortal tiver sido destruída,
então soará a trombeta final, anunciando o fim da batalha
3 da Verdade contra o erro e a mortalidade; “mas a respeito
daquele dia e hora ninguém sabe”. Aqui a profecia se detém.
Só a Ciência divina pode abranger as alturas e as profundida-
6 des do existir, e revelar o infinito.
A Verdade será para nós “a ressurreição e a vida” apenas
à medida em que ela for destruindo todo o erro, for des-
9 truindo a crença de que a Mente, a única imor- O erro
talidade do homem, possa estar acorrentada básico
pelo corpo, e de que a Vida possa ser controlada pela morte.
12 Um mortal pecaminoso, doente e moribundo não é a seme-
lhança de Deus, o perfeito e eterno.
A matéria é a crença básica da mente mortal, porque essa
15 mente, assim chamada, não tem conhecimento do Espírito.
Para a mente mortal, a matéria é substancial e o mal é real.
Os denominados sentidos dos mortais são materiais. Logo,
18 a chamada vida dos mortais depende da matéria.
Ao explicar a origem do homem material e da mente
mortal, Jesus disse: “Qual a razão por que não compreendeis
21 a minha linguagem? É porque sois incapazes de ouvir a
minha palavra. Vós sois do diabo [o mal], que é vosso pai,
e quereis satisfazer-lhe os desejos. Ele foi homicida desde
24 o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não
há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é
próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.
27 Essa mentalidade material carnal, por erro denominada
mente, é mortal. Portanto, o homem seria aniquilado, se não
fosse pelo vínculo indissolúvel do homem real O homem
e espiritual com seu Deus, vínculo que Jesus imortal
30
trouxe à luz. Na sua ressurreição e ascensão, Jesus mostrou
que um homem mortal não é a essência real da plenitude do
Ciência e Saúde A Ciência do existir 293
1 homem e que essa mortalidade material e irreal desaparece
em presença da realidade.
3 A eletricidade não é um fluido vital, mas sim a forma
menos material da consciência ilusória — o estado material
sem mente, que não forma elo algum entre a Eletricidade
matéria e a Mente, e que se autodestrói. A maté- elementar
6
ria e a mente mortal são apenas estratos diferentes de crença
humana. O substrato mais tosco é chamado matéria ou corpo;
9 o mais etéreo é denominado mente. Esses assim chamados
mente e corpo constituem a ilusão denominada um mortal,
ou seja, uma mente na matéria. Na realidade e na Ciência,
12 ambos os estratos, a mente mortal e o corpo mortal, são falsos
representantes do homem.
Os chamados gases e forças materiais são falsificações das
15 forças espirituais da Mente divina, cuja potência é a Verdade,
cuja atração é o Amor, cuja adesão e coesão são a Vida, per-
petuando os fatos eternos a respeito do existir. A eletricidade
18 é o excesso violento da materialidade, a manifestação falsa
da verdadeira essência da espiritualidade ou verdade — com
a grande diferença de que a eletricidade não é inteligente, ao
21 passo que a verdade espiritual é a Mente.
Não existe a fúria vã da mente mortal — expressa por
terremoto, vento, onda, raio, fogo, ferocidade bestial — e essa
24 mente, assim chamada, se destrói por si mesma. Forças
As manifestações do mal, que falsamente se falsas
apresentam como justiça divina, são denominadas nas
27 Escrituras “a ira do Senhor”. Na realidade, demonstram a
autodestruição do erro, ou seja, da matéria, e apontam para
o oposto da matéria, a força e a permanência do Espírito.
30 A Ciência Cristã traz à luz a Verdade e sua supremacia, a
harmonia universal, a totalidade de Deus, o bem, e a nuli-
dade do mal.
33 Os cinco sentidos físicos são as vias e os instrumentos do
Ciência e Saúde A Ciência do existir 294
1 erro humano e correspondem ao erro. Esses sentidos indicam
a crença humana geral de que a vida, a subs- Instrumentos
3 tância e a inteligência sejam uma consonância do erro
da matéria com o Espírito. Isso é panteísmo e traz dentro de
si as sementes de todo o erro.
6 Se o homem fosse ao mesmo tempo mente e matéria,
a perda de um dedo despojaria esse homem de alguma
qualidade e quantidade, porque a matéria e o homem seriam
9 uma e a mesma coisa.
A crença de que a matéria pense, veja ou sinta não é mais
real do que a crença de que a matéria tenha prazer e sofra. Essa
12 crença mortal, erradamente chamada homem, é Veredicto
o erro, que diz: “A matéria tem inteligência e mortal
sensação. Os nervos sentem. O cérebro pensa e peca. O
15 estômago pode deixar o homem mal-humorado. Uma lesão
pode aleijar o homem, e a matéria pode matá-lo”. Esse vere-
dicto dos chamados sentidos materiais converte em vítimas
18 os mortais, os quais aprendem da fisiologia e da patologia a
reverenciar o falso testemunho, ou seja, os erros que são des-
truídos pela Verdade mediante o senso espiritual e a Ciência.
21 As linhas de demarcação entre o homem imortal, que
representa o Espírito, e o homem mortal, que representa
o erro de que a vida e a inteligência estejam na Prazer
matéria, mostram que os prazeres e as dores mítico
24
da matéria são mitos e que a crença humana neles é o
pai da mitologia, na qual a matéria está representada como
27 que dividida em deuses inteligentes. A genuína identidade
do homem só pode ser reconhecida naquilo que é bom e
verdadeiro. O homem não foi criado nem por si mesmo,
30 nem pelos mortais. Foi Deus quem criou o homem.
O ébrio acredita que haja prazer na embriaguez. O
ladrão acredita ganhar algo roubando, e o hipócrita acredita
33 estar se escondendo. A Ciência da Mente corrige tais enga-
nos, pois a Verdade demonstra a falsidade do erro.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 295
1 A crença de que um membro amputado continue a doer,
parecendo a sensação estar em nervos que já não Membros
3 existem, é mais uma prova de que não podemos amputados
confiar no testemunho físico.
Deus cria e governa o universo, que inclui o homem. O
6 universo está repleto de ideias espirituais, as quais emanam
de Deus, e elas obedecem à Mente que as cria. Os mortais
A mente mortal transformaria o espiritual em não são como
os imortais
9 material, e depois recuperaria o eu original do
homem a fim de escapar da mortalidade desse erro. Os
mortais não são como os imortais, criados segundo a própria
12 imagem de Deus; mas visto que o Espírito infinito é tudo, a
consciência mortal por fim cederá ao fato científico e desapa-
recerá, e aparecerá o verdadeiro senso do existir, perfeito e
15 para sempre intacto.
A manifestação de Deus através dos mortais é como a luz
que passa através da vidraça. A luz e o vidro nunca se mistu-
18 ram, mas, como matéria, o vidro é menos opaco O bem é
do que as paredes. A mente mortal através da transparente
qual a Verdade aparece mais vívida é aquela que perdeu muita
21 materialidade — muito erro — a fim de se tornar mais trans-
parente para a Verdade. Então, como nuvem que se dissipa
em tênue vapor, ela não mais esconde o sol.
24 Tudo o que se chama pensamento mortal é constituído
de erro. A mente teórica é matéria, chamada cérebro ou
consciência material, o oposto exato da Mente O mito da
real, o Espírito. A cerebrologia ensina que os cerebrologia
27
mortais são criados para sofrer e morrer. Além disso, ensina
que depois da morte sua alma imortal ressuscita da morte e
30 da mortalidade. Assim, o erro teoriza que o espírito nasce da
matéria e volta para a matéria e que o homem ressuscita do
Ciência e Saúde A Ciência do existir 296
1 pó; ao passo que a Ciência desdobra a eterna realidade de que
o homem é a reflexão, o reflexo espiritual e eterno de Deus.
3 O progresso nasce da experiência. É o amadurecimento
do homem mortal, pelo qual aquilo que é mortal é deixado
para trás, em troca daquilo que é imortal. Quer Purificação
6 aqui, quer no além, ou o sofrimento ou a Ciência científica
tem de destruir todas as ilusões referentes à vida e à mente,
e reformar o senso material e o ego material. É preciso que
9 o velho homem com seus feitos seja deixado para trás. Nada
de sensual ou de pecaminoso é imortal. A morte do senso
material errôneo e do pecado, não a morte da matéria orgâ-
12 nica, é o que revela o homem e a Vida, harmoniosos, reais
e eternos.
Os chamados prazeres e dores da matéria perecem e têm
15 de desaparecer sob o fulgor da Verdade, do senso espiritual e
da realidade do existir. A crença mortal tem de perder toda
satisfação no erro e no pecado para poder se desfazer deles.
18 Se é mais cedo ou mais tarde que os mortais vão aprender
isso, e por quanto tempo sofrerão as angústias da destruição,
depende da tenacidade do erro.
21 O conhecimento obtido dos sentidos corpóreos con-
duz ao pecado e à morte. Quando a evidência do Espírito
parece se misturar com a da matéria, a evi- Testemunhos
dência da Verdade com a do erro, essa mis- misturados
24
tura assenta sobre fundamentos que o tempo vai desgastando.
A mente mortal julga segundo o testemunho dos sentidos
27 materiais, até que a Ciência faça desaparecer esse falso tes-
temunho. Uma crença melhorada é apenas um passo para
fora do erro, e ajuda a dar o passo seguinte e a compreender
30 a situação na Ciência Cristã.
A crença mortal é mentirosa desde o começo e não
merece nenhum poder. Diz aos mortais: “Vocês são uns
33 pobres coitados!” e eles acreditam que são coitados; e nada
Ciência e Saúde A Ciência do existir 297
1 pode mudar esse estado, até que a crença mude. A crença
mortal diz: “Vocês são felizes!” e os mortais ficam felizes;
3 e nenhuma circunstância pode alterar a A crença
situação, até que mude a crença sobre esse é tirana
assunto. A crença humana diz aos mortais: “Vocês estão
6 doentes!” e esse testemunho se manifesta no corpo sob a
forma de doença. É necessário que, tanto a ilusão de saúde,
quanto a ilusão de doença, sejam instruídas a sair de si mes-
9 mas, rumo à compreensão daquilo que constitui a saúde; pois
uma mudança na crença de saúde, ou na crença de doença,
afeta as condições físicas.
12 A crença errônea é destruída pela verdade. Se mudas a
evidência, aquilo que antes parecia real a essa crença errônea
desaparece, e a consciência humana se eleva Autoaper-
mais alto. Assim se alcança a realidade do feiçoamento
15
existir e se constata que o homem é imortal. O único fato
concernente a todo conceito material é que este não é nem
18 científico nem eterno, mas está sujeito à mudança e à
dissolução.
A fé é mais elevada e mais espiritual do que a crença.
21 É o pensamento humano em estado de crisálida, no qual
a evidência espiritual, que contradiz o testemu- A fé é mais
nho do senso material, começa a aparecer, e a elevada do
que a crença
24 Verdade, sempre presente, vai sendo compreen-
dida. Os pensamentos humanos têm graus de comparação.
Alguns pensamentos são melhores do que outros. A crença
27 na Verdade é melhor do que a crença no erro, mas nenhum
testemunho mortal está fundado na rocha divina. O testemu-
nho mortal pode ser abalado. Até que a crença se torne fé, e
30 a fé se torne compreensão espiritual, o pensamento humano
tem pouca relação com o real ou divino.
A crença mortal satisfaz suas próprias condições. A doença,
Ciência e Saúde A Ciência do existir 298
1 o pecado e a morte são as vagas realidades das conclusões
humanas. A Vida, a Verdade e o Amor são as realidades da
3 Ciência divina. Despontam na fé e resplandecem em pleno
fulgor na compreensão espiritual. Assim como a nuvem
esconde o sol, sem poder extingui-lo, assim a crença errônea
6 silencia por algum tempo a voz da harmonia imutável, mas
a crença errônea não pode destruir a Ciência armada de fé,
esperança e fruição.
9 O que é denominado senso material só pode relatar um
senso mortal temporário das coisas, ao passo O testemunho
que o senso espiritual só pode dar testemunho da Verdade
12 da Verdade. Para o senso material, o irreal é a realidade, até
que esse senso seja corrigido pela Ciência Cristã.
O senso espiritual, que contradiz os sentidos materiais,
15 inclui intuição, esperança, fé, compreensão, fruição,
realidade. O senso material expressa a crença de que a
mente esteja na matéria. Essa crença humana, oscilando
18 entre o senso de prazer e de dor, de esperança e de medo, de
vida e de morte, nunca passa além dos limites do mortal ou
do irreal. Quando se alcança o real, que é anunciado pela
21 Ciência, já não há insegurança na alegria e a esperança já não
é uma fraude. As ideias espirituais, como os números e as
notas, partem do Princípio e não admitem crenças materia-
24 listas. As ideias espirituais conduzem à sua origem divina,
Deus, e ao senso espiritual do existir.
Os anjos não são seres humanos etéreos, com asas que
27 indicam qualidades animais; eles são visitantes celestiais, que
voam com asas espirituais, não materiais. Os Os anjos são
anjos são pensamentos puros que emanam de pensamentos
30 Deus, alados com a Verdade e o Amor, seja qual for sua
individualidade. A conjetura humana atribui aos anjos suas
próprias formas de pensamento, marcadas com contornos
33 supersticiosos, e faz deles criaturas pseudo-humanas, dotadas
Ciência e Saúde A Ciência do existir 299
1 de sugestiva plumagem; mas isso não passa de fantasia. Por
trás dessa conjetura não existe algo de real, assim como não
3 há nada de real por trás do pensamento do escultor, quando
este cinzela a “Estátua da Liberdade”, dando corpo a sua
concepção de uma qualidade ou condição que não se vê e que
6 não existe como entidade física, a não ser na imaginação e
nas “câmaras pintadas de imagens” do próprio artista.
Meus anjos são pensamentos elevados, que aparecem à
9 porta de algum sepulcro no qual a crença humana enterrou
suas mais caras esperanças terrenas. Com Nossos
alvos dedos apontam para cima, para uma mensageiros
angelicais
12 confiança nova e glorificada, para ideais mais
elevados da vida e de suas alegrias. Os anjos são represen-
tantes de Deus. Esses seres que se erguem para o alto jamais
15 conduzem ao ego, ao pecado ou à materialidade, mas guiam
ao Princípio divino de todo o bem, para onde aflui toda
individualidade real, toda verdadeira imagem ou semelhança
18 de Deus. Quando sinceramente prestamos atenção a esses
guias espirituais, eles permanecem conosco, e acolhemos
anjos “sem o saber”.
21 O conhecimento adquirido do senso material é represen-
tado simbolicamente nas Escrituras por uma árvore que
produz os frutos do pecado, da doença e da O conhecimento
morte. Não deveríamos, então, considerar e a Verdade
24
falso e perigoso o conhecimento assim obtido, visto que “pelo
fruto se conhece a árvore”?
27 A Verdade nunca destrói a ideia de Deus. A Verdade é a
substância eterna, espiritual, que não pode destruir o verda-
deiro reflexo. O senso corpóreo, o erro, talvez pareça ocultar
30 a Verdade, a saúde, a harmonia e a Ciência, assim como a
neblina encobre o sol ou a montanha; mas a Ciência, o sol da
Verdade, dissipará a sombra e revelará os píncaros celestiais.
33 Se o homem fosse apenas um produto dos sentidos
materiais, não teria Princípio eterno e seria mutável, mortal.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 300
1 A lógica humana toma a direção errada quando tenta tirar da
matéria conclusões espirituais corretas a respeito da vida. O
3 senso finito não alcança o significado correto O velho e o
do Princípio infinito, Deus, nem de Sua ima- novo homem
gem infinita ou reflexo, o homem. A miragem, que faz com
6 que árvores e cidades pareçam estar onde não estão, exempli-
fica a ilusão do homem material, que não pode ser a imagem
de Deus.
9 Na medida em que se compreende a declaração científica
a respeito do homem, ela pode ser comprovada e traz à luz
o verdadeiro reflexo de Deus — o homem real, ou o homem
12 novo (como diz S. Paulo).
O temporal e o irreal nunca tocam o eterno e o real. O
mutável e o imperfeito nunca tocam o imutável e o perfeito.
15 O desarmonioso e o autodestrutivo nunca O joio
e o trigo
tocam o harmonioso e o autoexistente. Essas
qualidades opostas são o joio e o trigo que em realidade
18 nunca se misturam, embora (à vista mortal) cresçam juntos
até a colheita; então a Ciência separa o trigo do joio, pela
compreensão de que Deus está sempre presente e de que o
21 homem reflete a semelhança divina.
O Espírito é Deus, a Alma; portanto, a Alma não está na
matéria. Se o Espírito estivesse na matéria, Deus não teria
24 representante, e a matéria seria idêntica a Deus. O reflexo
A teoria de que a alma — o espírito, a inteligên- divino
cia — habita na matéria é ensinada pelas escolas. Essa teoria
27 não é científica. O universo reflete e expressa a substância
divina, ou seja, a Mente; por isso, Deus é visto só no universo
espiritual e no homem espiritual, assim como o sol é visto no
30 raio de luz que dele emana. Deus é revelado somente naquilo
que reflete a Vida, a Verdade, o Amor — sim, naquilo que
Ciência e Saúde A Ciência do existir 301
1 manifesta os atributos e o poder de Deus, assim como a
semelhança humana, projetada no espelho, reproduz a cor, a
3 forma e a ação da pessoa que está diante do espelho.
Poucas pessoas compreendem o que a Ciência Cristã quer
dizer com a palavra reflexo. Para si mesmo, o homem mortal
6 e material parece ser substância, mas seu senso de substância
inclui o erro e, portanto, é material e temporal.
Por outro lado, o homem imortal e espiritual é realmente
9 substancial e reflete a substância eterna, o Espírito, à qual os
mortais aspiram. Ele reflete o que é divino, que constitui a
única entidade real e eterna. Esse reflexo parece transcen-
12 dental ao senso mortal, porque a substancialidade do homem
espiritual transcende a visão mortal e só é revelada por meio
da Ciência divina.
15 Visto que Deus é substância e o homem é a imagem e
semelhança divina, o homem deveria desejar, e em realidade
possui, somente a substância do bem, a subs- Imagens e
18 tância do Espírito, não da matéria. A crença de ideias
invertidas
que o homem tenha qualquer outra substância,
ou mente, não é espiritual e transgride o Primeiro Manda-
21 mento: Terás um só Deus, uma Mente só. O homem mortal
parece, para si mesmo, ser substância material, enquanto que
o homem é “imagem” (ideia). A delusão, o pecado, a doença
24 e a morte resultam do falso testemunho do senso material, o
qual, de um ponto de vista hipotético fora da distância focal
do Espírito infinito, apresenta uma imagem invertida da
27 Mente e da substância, e nessa imagem tudo está de cabeça
para baixo.
Esse falso testemunho pressupõe que a alma seja uma
30 entidade insubstancial que reside em formas materiais, e que
o homem seja material em vez de espiritual. A imortalidade
Ciência e Saúde A Ciência do existir 302
1 não está delimitada pela mortalidade. A Alma não está
circunscrita por aquilo que é finito. O Princípio não pode ser
3 encontrado em ideias fragmentárias.
O corpo e a mente materiais são temporais, mas o
homem real é espiritual e eterno. O homem real não perde
6 sua identidade, mas sim a encontra graças a A identidade
essa explicação; pois por meio dessa explicação não se perde
a consciente infinitude da existência e de toda a identidade é
9 discernida e permanece inalterada. É impossível ao homem
perder algo que seja real, pois Deus é tudo e é do homem
eternamente. A noção de que a mente esteja na matéria, e de
12 que os supostos prazeres e dores, o nascimento, o pecado, a
doença e a morte da matéria sejam reais é uma crença mor-
tal; e o que vai se perder é apenas essa crença.
15 Ao continuar nossa definição de homem, lembremo-nos
de que o homem harmonioso e imortal sempre existiu, e
sempre está além e acima da ilusão mortal de A definição
18 que exista vida, substância e inteligência na de homem
matéria. Essa declaração está baseada em fatos, não em
fábulas. A Ciência do existir revela que o homem é perfeito,
21 assim como o Pai é perfeito, porque a Alma, a Mente do
homem espiritual, é Deus, o Princípio divino da totalidade
do existir, e porque esse homem real é governado pela Alma,
24 não pelos sentidos, pela lei do Espírito, não pelas chamadas
leis da matéria.
Deus é o Amor. Portanto, Ele é o Princípio infinito e
27 divino, chamado Pessoa ou Deus. A verdadeira consciência
do homem está na semelhança mental com o Espírito e não
em uma semelhança corpórea ou pessoal. De fato, o corpo
30 não apresenta nenhuma semelhança adequada da natureza
divina, contrariamente ao que o senso mortal, de bom grado,
nos faria acreditar.
33 Por certo, na Ciência Cristã a reprodução das ideias
individuais do Espírito é somente o reflexo do poder criador
Ciência e Saúde A Ciência do existir 303
1 do Princípio divino daquelas ideias. O reflexo, mediante
manifestação mental das inumeráveis formas da Mente que
3 povoam o reino do real, é controlado pela Mente, A propagação
é mental
o Princípio que governa o reflexo. A multipli-
cação dos filhos de Deus não provém de nenhum poder de
6 propagação na matéria; é o reflexo do Espírito.
Até as ínfimas características das individualidades
inferiores refletem a única e divina individualidade, estão
9 compreendidas no Espírito e são formadas pelo Espírito, não
pela sensação material. Tudo o que reflete a Mente, a Vida, a
Verdade e o Amor é concebido e dado à luz espiritualmente;
12 mas a declaração de que o homem seja concebido e desen-
volvido ao mesmo tempo espiritual e materialmente, tanto
por Deus quanto pelo homem, contradiz essa verdade eterna.
15 Toda a presunção dos séculos jamais poderá fazer com que
essas afirmações contrárias sejam ambas verdadeiras. A
Ciência divina deixa o machado preparado junto à raiz da
18 ilusão de que a vida, ou a mente, seja formada pelo corpo
material ou nele esteja, e a Ciência há de, finalmente, destruir
essa ilusão pela autodestruição de todo o erro e pela compreen-
21 são abençoada da Ciência da Vida.
A crença de que a dor e o prazer, a vida e a morte, o santo
e o profano, se misturem no homem — que o Definido
homem mortal, material, seja a semelhança de o erro
24
Deus e que ele mesmo seja um criador — é um erro fatal.
Deus, sem a imagem e semelhança de Si mesmo, seria
27 uma não-entidade, a Mente sem expressão. Ficaria sem uma
testemunha ou prova da Sua própria natureza. A entidade
O homem espiritual é a imagem, a ideia de Deus, do homem
é espiritual
30 ideia que não pode se perder nem se separar de
seu Princípio divino. Quando a evidência que estava diante
dos sentidos materiais cedeu ao senso espiritual, o Apóstolo
Ciência e Saúde A Ciência do existir 304
1 declarou que nada podia separá-lo de Deus, do doce senso e
da doce presença da Vida e da Verdade.
3 A ignorância e a crença errônea, baseadas em um senso
material das coisas, é o que oculta a beleza e o bem espiri-
tuais. Compreendendo isso, Paulo disse: “Nem O homem
6 a morte, nem a vida... nem as coisas do presente, é inseparável
do Amor
nem do porvir... nem a altura, nem a profundi-
dade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do
9 amor de Deus”. Esta é a doutrina da Ciência Cristã: que o
Amor divino não pode ser privado de sua manifestação, ou
objeto; que a alegria não pode ser convertida em tristeza,
12 porque a tristeza não tem domínio sobre a alegria; que o bem
jamais pode produzir o mal; que a matéria jamais pode pro-
duzir a mente, nem a vida resultar na morte. O homem per-
15 feito — governado por Deus, seu Princípio perfeito — é
isento de pecado e é eterno.
A harmonia é produzida por seu Princípio, é controlada
18 por ele, e com ele permanece. O Princípio divino é a Vida
do homem. A felicidade do homem não está, A harmonia
portanto, à mercê do senso físico. A Verdade é natural
21 não é contaminada pelo erro. A harmonia no homem é tão
bela como na música, e a desarmonia é desnatural, irreal.
A ciência da música governa os tons. Se os mortais
24 captassem a harmonia por meio dos sentidos materiais, eles
a perderiam se o passar do tempo ou um acidente os privasse
dos sentidos materiais. Para ter domínio sobre os acordes e
27 as dissonâncias é preciso compreender a ciência da música.
Abandonada às decisões do senso material, a música está
sujeita a ser mal compreendida e a perder-se na confusão.
30 Controlada pela crença, em vez de pela compreensão, a
música é, e não pode deixar de ser, interpretada com imper-
feição. Da mesma forma o homem, ao não compreender a
33 Ciência do existir — ao deixar de lado o Princípio divino
por considerá-lo incompreensível — fica abandonado às
Ciência e Saúde A Ciência do existir 305
1 conjeturas, deixado nas mãos da ignorância, à mercê das
ilusões, sujeito ao senso material, que é desarmonia. Um
3 mortal descontente e desarmonioso não é um homem, assim
como a dissonância não é música.
Uma imagem na câmera ou um rosto refletido no espelho
6 não é o original, embora lhe seja parecido. O homem, à
semelhança de seu Criador, reflete o invisível Reflexo
Deus, a luz central do existir. Assim como não humano
9 há corporalidade na forma refletida no espelho, a qual é
somente um reflexo, assim o homem, como tudo o que é
real, reflete a Deus, seu Princípio divino, mas não em um
12 corpo mortal.
O gênero também é uma qualidade, mas não de Deus,
e sim é uma característica da mente mortal. O fato de que
15 a imagem de Deus não é criadora, embora reflita a criação
da Mente, Deus, constitui a realidade subjacente do reflexo.
“Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo
18 que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente
aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o
Filho também semelhantemente o faz.”
21 As imagens invertidas apresentadas pelos sentidos, as
deflexões da matéria, que são o oposto da Ciência do reflexo
espiritual, são todas dessemelhantes do Espírito, Imagens
24 Deus. Na ilusão pela qual a vida está aqui hoje invertidas
e desaparecerá amanhã, o homem seria inteiramente mortal,
se não fosse pelo fato de que o Amor, o Princípio divino
27 encontrado na Ciência divina, destrói todo o erro e traz a
imortalidade à luz. O homem, por ser a reflexão, o reflexo,
de seu Criador, não está sujeito a nascimento, crescimento,
30 maturidade e deterioração. Esses sonhos mortais são de
origem humana, não divina.
Os saduceus raciocinavam erradamente sobre a ressur-
33 reição, mas não com tanta cegueira quanto os fariseus, que
Ciência e Saúde A Ciência do existir 306
1 acreditavam ser o erro tão imortal quanto a Verdade. Os
fariseus pensavam que podiam ressuscitar o espiritual a partir
3 daquilo que é material. Primeiro, supunham Tradições
que a vida resultasse na morte e que depois judaicas
poderiam, por meio da morte, reproduzir a vida espiritual.
6 Jesus lhes ensinou como a morte devia ser vencida pela Vida
espiritual, e o demonstrou de maneira incontestável.
A Vida demonstra a Vida. A imortalidade da Alma faz
9 com que o homem seja imortal. Se Deus, que é a Vida,
ficasse por um só momento separado do Seu A Deidade não
reflexo, o homem — durante esse momento existe sem filhos
12 não haveria natureza divina sendo refletida. O Ego divino
ficaria sem expressão, um Pai sem filhos — que não seria Pai.
Se a Vida, a Alma, e seu representante, o homem, se unis-
15 sem por certo período e depois se separassem como que por
uma lei de divórcio, para se unirem de novo em uma época
futura e incerta, e de modo desconhecido — e essa é em geral
18 a opinião religiosa da humanidade — ficaríamos sem prova
racional da imortalidade. Mas o homem não pode, nem
por um instante, ser separado de Deus, se o homem reflete
21 a Deus. Assim, a Ciência prova que a existência do homem
permanece intacta.
As inumeráveis formas do pensamento mortal, que se
24 manifestam como matéria, não são mais perceptíveis nem
mais reais para os sentidos materiais, do que as As formas do
formas criadas pela Alma o são para o senso pensamento
27 espiritual, que reconhece que a Vida é permanente. Imper-
turbada em meio ao testemunho gritante dos sentidos mate-
riais, a Ciência, que permanece soberana, está desdobrando
30 para os mortais o imutável, harmonioso, divino Princípio
— está desdobrando a Vida e o universo, sempre presentes
e eternos.
33 O homem de Deus, criado espiritualmente, não é mate-
rial, não é mortal.
A origem de toda desarmonia humana foi o sonho de
Ciência e Saúde A Ciência do existir 307
1 Adão, o sono profundo no qual se originou a delusão de que
a vida e a inteligência procederam da matéria e nela foram
3 introduzidas. Esse erro panteísta, essa cha- O sussurro
mada serpente, continua a insistir no contrário da serpente
da Verdade, dizendo: “Sereis como deuses”*; isto é, eu farei
6 com que o erro seja tão real e eterno como a Verdade.
O mal continua a se afirmar como se fosse mente, e declara
que existe mais de uma inteligência, mais de um Deus. O mal
9 diz: “Haverá muitos senhores e muitos deuses. Declaro que
Deus faz mentes más e espíritos maus, e que eu O ajudo. A
Verdade mudará de lado e será dessemelhante do Espírito.
12 Porei o espírito naquilo que chamo matéria, e a matéria pare-
cerá ter vida, tanto quanto Deus, o Espírito, que é a única Vida”.
Esse erro provou por si próprio que é erro. Constata-se
15 que sua vida não é a Vida, mas apenas um senso errôneo,
transitório, de uma existência que acaba na Os maus
morte. O erro atribui sua mentira à Verdade e resultados do erro
18 diz: “O Senhor a conhece. Ele fez mortal e material o
homem, Ele o fez de matéria, em vez de Espírito”. Desse
modo, o erro age de acordo com sua própria natureza e
21 profere suas próprias mentiras. Se acharmos que a matéria
seja inteligente e que a Mente seja a um só tempo boa e má,
então todo pecado, toda suposta dor e prazer material pare-
24 cerão normais, parecerão parte da criação de Deus, e isso
pesará contra nosso percurso rumo ao Espírito.
A Verdade não tem começo. A Mente divina é a Alma
27 do homem e dá ao homem domínio sobre todas as coisas.
O homem não foi criado a partir de uma base Estatutos
material, nem obrigado a obedecer a leis mate- superiores
30 riais que o Espírito nunca fez; sua esfera de ação está nos
estatutos espirituais, na lei superior da Mente.
Acima do terrível fragor do erro, de sua escuridão e de
33 seu caos, a voz da Verdade continua a chamar: “Adão, onde
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 308
1 estás? Consciência, onde estás? Permaneces na crença de que
a mente esteja na matéria, e de que o mal seja mente, ou estás
3 na fé viva de que só existe, e só pode existir, um A grande
único Deus, e guardas o Seu mandamento?” questão
Até que se aprenda a lição de que Deus é a Mente única e que
6 só ela governa o homem, a crença mortal terá medo, como
teve no começo, e se esconderá ante a pergunta: “Onde estás?”
Esta terrível questão: “Adão, onde estás?” encontra a anuência
9 da cabeça, do coração, do estômago, do sangue, dos nervos
etc.: “Eis-me aqui, procurando a felicidade e a vida no corpo,
mas achando somente ilusão, somente um conjunto de falsas
12 alegações, de falsos prazeres, de dor, de pecado, de doença e
de morte”.
Os patriarcas inspirados pela Alma ouviam a voz da
15 Verdade e falavam com Deus tão conscientemente como o
homem fala com o homem.
Jacó estava sozinho, lutando contra o erro — debatendo-se
18 com o senso mortal de que a vida, a substância e a inteligência
existam na matéria com seus falsos prazeres e A luta
dores — quando um anjo, uma mensagem da de Jacó
21 Verdade e do Amor, lhe apareceu e lhe tocou a articulação, ou
seja, a força do seu erro, até que Jacó reconheceu a irrealidade
do erro; e a Verdade, que desse modo foi compreendida,
24 deu-lhe força espiritual nesse Peniel da Ciência divina. Então
o mensageiro espiritual lhe disse: “Deixa-me ir, pois já rom-
peu o dia”; isto é, a luz da Verdade e do Amor desponta sobre
27 ti. Mas o patriarca, percebendo que estava equivocado e que
precisava de ajuda, não se desprendeu dessa luz gloriosa até
sua natureza ser transformada. Ante a pergunta: “Como te
30 chamas?” Jacó respondeu imediatamente; e então seu nome
foi mudado para Israel, pois “como príncipe” havia prevale-
cido e tivera poder “com Deus e com os homens”. Então Jacó
33 perguntou ao seu libertador: “Dize, rogo-te,” qual é o teu
Ciência e Saúde A Ciência do existir 309
1 nome? mas esse nome não foi revelado, pois o mensageiro não
era um ser corpóreo, e sim uma comunicação incorpórea, sem
3 nome, vinda do Amor divino ao homem, a qual, para usar a
palavra do Salmista, refrigerou-lhe a Alma — restaurou-lhe o
senso espiritual do existir e repreendeu-lhe o senso material.
6 Assim apareceu o resultado da luta de Jacó. Ele havia
vencido o erro material pela compreensão do Espírito e do
poder espiritual. Isso o transformou. Seu nome Israel, o
deixou de ser Jacó e passou a ser Israel — um novo nome
9
príncipe de Deus, um soldado de Deus, que havia travado
um bom combate. Ele viria a ser o pai daqueles que, por meio
12 de grande esforço, iriam demonstrar, como ele, o poder do
Espírito sobre os sentidos materiais; e os filhos terrenos que lhe
seguiram o exemplo viriam a ser chamados filhos de Israel, até
15 que o Messias lhes desse um novo nome. Se esses filhos se
desviassem e esquecessem que a Vida é Deus, o bem, e que o
bem não está nos elementos que não são espirituais — per-
18 dendo assim o poder divino que cura os doentes e os pecado-
res — teriam de ser trazidos de volta através de grande
tribulação, para receber um novo nome na Ciência Cristã e
21 serem levados a negar o senso material, a mente na matéria,
como o ensina o evangelho.
A Ciência do existir mostra que é impossível o Espírito
24 infinito, ou seja, a Alma infinita, estar em um corpo finito,
ou o homem ter inteligência separada de seu A Vida nunca
Criador. É erro evidente por si mesmo supor é estrutural
27 que possa haver uma realidade como a vida orgânica animal
ou vegetal, quando essa chamada vida sempre acaba na morte.
A Vida jamais se extingue, nem sequer por um momento.
30 Portanto, nunca é estrutural nem orgânica e nunca é absor-
vida nem limitada por suas próprias formações.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 310
1 O artista não está naquilo que ele pinta. O quadro é o
pensamento objetivado do pintor. A crença humana imagina
3 que delineia o pensamento na matéria, mas O pensamento visto
o que vem a ser a matéria? Acaso ela existiu como substância
antes do pensamento? A matéria é feita de uma suposta força
6 mental, que é mortal; mas todo o poder é a Mente divina. O
pensamento há de ser finalmente compreendido e visto com
toda forma, substância e cor, mas sem acompanhamentos
9 materiais. O oleiro não está na argila; do contrário, a argila
teria poder sobre o oleiro. Deus é a Sua própria Mente
infinita e expressa tudo.
12 O dia pode declinar e as sombras podem descer, mas a
escuridão foge quando a terra completa de novo o giro sobre
seu eixo. O sol não é afetado pela rotação da A inteligência
15 terra. Da mesma forma, a Ciência revela que a central
Alma é Deus, jamais tocada pelo pecado e pela morte —
revela que a Alma é a Vida e a inteligência central em torno
18 da qual giram de modo harmonioso todas as coisas nos
sistemas da Mente.
A Alma não muda. Em geral, ensinam-nos que existe
21 uma alma humana que peca e se perde espiritualmente — que
a alma pode perder-se e apesar disso ser imor- A Alma é
tal. Se a Alma pudesse pecar, o Espírito, a imperecível
24 Alma, seria carne em vez de ser o Espírito. É a crença da
carne e do senso material que peca. Se a Alma pecasse, a
Alma morreria. O pecado é o elemento da autodestruição,
27 e a morte espiritual é o esquecimento. Se houvesse pecado
na Alma, a aniquilação do Espírito seria inevitável. A única
Vida é o Espírito, e se o Espírito perdesse a Vida que é Deus,
30 o bem, então o Espírito, que não tem outra existência, seria
aniquilado.
A Mente é Deus, e Deus não é visto pelo senso material,
33 porque a Mente é o Espírito, que o senso material não pode
discernir. Não há crescimento, maturidade, nem deterio-
ração na Alma. Essas mudanças são as mutações do senso
Ciência e Saúde A Ciência do existir 311
1 material, as nuvens variáveis da crença mortal, que ocultam
a verdade do existir.
3 Aquilo que denominamos mente mortal ou mente carnal,
e que depende da matéria para se manifestar, não é a Mente.
Deus é a Mente: tudo o que a Mente, Deus, é, ou fez, é bom,
6 e Ele fez tudo. Logo, o mal não foi feito e não é real.
A Alma é imortal por ser o Espírito, que não tem ele-
mento algum de autodestruição. Pode o homem perder-se
9 espiritualmente? Não, ele só pode perder o O pecado só
senso material. Todo pecado é da carne. Não é da carne
pode ser espiritual. O pecado existe, aqui ou no além, apenas
12 enquanto dura a ilusão de que haja mente na matéria. É o
senso de pecado, e não uma alma pecadora, o que se perde.
O mal é destruído pelo senso do bem.
15 Devido ao pensamento errôneo de que a alma resida nos
sentidos e de que a mente resida na matéria, a crença se
extravia em um senso de perda temporária ou A Alma é isenta
18 de ausência da alma, ou seja, da verdade espiri- de pecado
tual. Esse estado de erro é o sonho mortal de que haja vida
e substância na matéria e é diretamente oposto à realidade
21 imortal do existir. Enquanto acreditarmos que a alma possa
pecar ou que a Alma imortal esteja no corpo mortal, jamais
poderemos compreender a Ciência do existir. Quando a
24 humanidade de fato compreender essa Ciência, esta se
tornará a lei da Vida para o homem — isto é, a lei superior da
Alma, que prevalece sobre o senso material pela harmonia e
27 pela imortalidade.
Os objetos percebidos pelos sentidos físicos não têm a
realidade da substância. Eles são apenas aquilo que a crença
30 mortal os denomina. A matéria, o pecado e a mortalidade
perdem toda a suposta consciência ou pretensão à vida e
à existência, à medida que os mortais se desfazem de um
33 senso errôneo de vida, substância e inteligência. Mas o
homem espiritual, que é eterno, não é afetado por essas
fases da mortalidade.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 312
1 Quão verdadeiro é que tudo o que se aprende pelo senso
material tem de ser deixado para trás, porque esse chamado
3 conhecimento é invertido na Ciência pelos Os sonhos
fatos espirituais do existir. Constata-se que dos sentidos
aquilo que o senso material chama intangível é, de fato,
6 substância. O que ao senso material parece substância, se
reduz a nada, à medida que o sonho dos sentidos se desva-
nece e a realidade aparece.
9 Para os sentidos, um cadáver não é um homem, mas sim-
plesmente matéria. As pessoas dizem: “O homem está morto”;
mas essa morte é o passamento da mente de um mortal, não
12 da matéria. A matéria continua ali. A crença daquele mortal, de
que ele tinha de morrer, ocasionou seu falecimento; contudo,
dizes que foi a matéria que causou sua morte.
15 As pessoas se extasiam ao pensar em um Jeová corpóreo,
embora mal tenham uma centelha de amor no coração;
contudo Deus é o Amor, e sem o Amor, isto é, Êxtases
18 sem Deus, a imortalidade não pode aparecer. vãos
Os mortais tentam crer na Verdade, sem compreendê-la; no
entanto, Deus é a Verdade. Os mortais alegam que a morte é
21 inevitável; mas o Princípio eterno do homem é a Vida sempre
presente. Os mortais creem em um Deus pessoal finito; ao
passo que Deus é o Amor infinito, que só pode ser ilimitado.
24 Nossas teorias estão baseadas em premissas finitas, que
não podem penetrar além da matéria. Um senso pessoal de
Deus e das capacidades do homem forçosamente Teorias criadas
27 limita a fé e impede a compreensão espiritual. pelos homens
Esse senso pessoal divide a fé e a compreensão entre a maté-
ria e o Espírito, entre o finito e o infinito, e desse modo dá as
30 costas ao divino Princípio sanador e inteligente, e se volta
para a droga inanimada.
A origem espiritual de Jesus e sua demonstração do
33 Princípio divino fizeram dele um rico herdeiro e outorgaram-lhe
Ciência e Saúde A Ciência do existir 313
1 o título de filho, na Ciência. Ele era filho de uma virgem.
O termo Cristo Jesus, ou Jesus, o Cristo (para dar a tra-
3 dução completa e correta do grego), pode ser Aquele que
traduzido como “Jesus, o ungido”, Jesus, o foi ungido
coroado de Deus, ou o homem divinamente régio, como
6 dele está dito no primeiro capítulo de Hebreus:
Por isso, Deus, o teu Deus, te ungiu
Com o óleo de alegria como a nenhum dos teus companheiros.
9 Concorda com isso outro trecho do mesmo capítulo, que
se refere ao Filho como “o resplendor da glória [a de Deus] e
a expressão exata do Seu Ser [o da Mente infinita]”. É digno
12 de nota que a locução “expressão exata” da versão corrente
significa, no texto grego, caráter. Ao usar esse termo em
seu significado mais elevado, podemos presumir que o autor
15 dessa notável epístola considerava Cristo como o Filho de Deus,
o reflexo régio do infinito; e a causa do enaltecimento de
Jesus, o filho de Maria, foi ele ter amado a retidão e odiado a
18 iniquidade. Esse trecho se torna ainda mais claro na tradução
do falecido George R. Noyes, D.D.: “Sendo ele o resplendor
proveniente da Sua glória, e a imagem do Seu Ser”.
21 Jesus de Nazaré foi o homem mais científico que já andou
neste mundo. Ele penetrava por baixo da superfície material
das coisas e encontrava a causa espiritual. Como Jesus,
concessão às ideias imaturas quanto ao poder o Cientista
24
espiritual — pois mesmo seus discípulos tinham espirituali-
dade só em grau limitado — Jesus chamou de “carne” e “ossos”
27 o corpo que, pelo poder espiritual, ele fizera ressuscitar do
túmulo. Para mostrar que sua própria substância era o
Espírito e que o corpo não se havia tornado mais perfeito
30 com a morte, nem menos material até a ascensão (sua elevação
Ciência e Saúde A Ciência do existir 314
1 espiritual mais adiantada), Jesus esperou até que o senso
mortal ou carnal tivesse renunciado à crença de que a maté-
3 ria fosse substância e que o senso espiritual tivesse extin-
guido todos os anseios terrenos. Desse modo, Jesus encontrou
o Ego eterno e provou que ele e o Pai, Deus com Seu reflexo, o
6 homem espiritual, não podiam ser separados. Nosso Mestre
alcançou a solução a respeito do existir, ao demonstrar a
existência de uma Mente única, pois não existe outra que lhe
9 seja igual.
Os judeus, que procuraram matar esse homem de Deus,
mostraram claramente que suas opiniões materialistas eram
12 a origem de seus atos perversos. Quando Jesus A ressurreição
falou em se apresentar de novo com seu corpo do corpo
— sabendo, como sabia, que a Mente era a construtora — e
15 disse: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei”,
os judeus pensaram que Jesus se referia ao templo material,
e não ao corpo. Para tais materialistas, o homem real era
18 como um ente sobrenatural, que eles não viam e não conhe-
ciam, e o corpo, que haviam posto no sepulcro, parecia
substância. Esse materialismo não conseguia ver o verda-
21 deiro Jesus; mas a fiel Maria o viu, e Jesus lhe apresentou,
mais do que nunca, a verdadeira ideia da Vida e da
substância.
24 Devido à crença material e pecaminosa dos mortais,
o Jesus espiritual lhes era imperceptível. Quanto mais sua
demonstração da Ciência divina colocava em A oposição
nível superior a solução da questão do existir, e dos materialistas
27
quanto mais categoricamente ele declarava as exigências do
Princípio divino, da Verdade e do Amor inerentes a essa Ciência,
30 tanto mais odioso ele se tornava para os pecadores e para
aqueles que, confiando em doutrinas e em leis materiais para se
salvar do pecado e da doença, aceitavam a morte como se esta
33 estivesse de acordo com a inevitável lei da vida. Jesus provou,
Ciência e Saúde A Ciência do existir 315
1 pela ressurreição, que eles estavam errados, e disse: “Todo
o que vive e crê em mim não morrerá”.
3 As palavras de nosso Mestre: “Eu e o Pai somos um”, o
separavam da teologia escolástica dos rabinos. A compreen-
são que Jesus tinha de Deus, por ser mais clara A teologia
6 do que a deles, era uma repreensão para os hebraica
rabinos. Ele reconhecia uma Mente única e não aceitava
nenhuma outra. Ele sabia que o Ego é a Mente em vez de ser
9 o corpo, e que a matéria, o pecado e o mal não são a Mente; e
sua compreensão dessa Ciência divina fez recair sobre ele as
condenações da época.
12 As opiniões opostas e errôneas das pessoas impediam
que elas percebessem a filiação de Cristo com Deus. Elas não
conseguiam discernir a existência espiritual do A verdadeira
15 Cristo. A mente carnal das pessoas era inimiga filiação
dessa existência espiritual. Seus pensamentos estavam
repletos do erro mortal, em vez de estar repletos da ideia
18 espiritual de Deus, como era apresentada por Cristo Jesus.
Devido ao pecado, o qual obscurece o senso espiritual da
Verdade, não conseguimos ver a semelhança de Deus; e só
21 percebemos a realidade dessa semelhança quando subjuga-
mos o pecado e damos provas da herança do homem, a
liberdade dos filhos de Deus.
24 A origem e a compreensão espirituais de Jesus o habilita-
ram a demonstrar os fatos do existir — a provar de modo
irrefutável como a Verdade espiritual destrói o A concepção
27 erro material, cura a doença e vence a morte. A imaculada
concepção divina de Jesus salientou essa verdade e foi uma
exemplificação da criação. A história de Jesus mostra que ele
30 foi mais espiritual do que todas as outras pessoas terrenas.
Revestido em parte de uma forma humana (isto é, como
parecia à vista mortal), concebido por mãe humana, Jesus foi
33 o mediador entre o Espírito e a carne, entre a Verdade e o
erro. Explicando e demonstrando o caminho da Ciência
Ciência e Saúde A Ciência do existir 316
1 divina, ele se tornou o caminho da salvação para todos os
que aceitaram sua palavra. Dele os mortais podem aprender
3 como se livrar do mal. Visto que, na Ciência, o Jesus como
homem real está ligado ao seu Criador, os o mediador
mortais só precisam voltar-se em direção oposta ao pecado
6 e desprender-se do ego mortal para encontrar o Cristo, o
homem real e sua relação com Deus, e para reconhecer a
filiação divina. O Cristo, a Verdade, foi demonstrado por
9 meio de Jesus, para dar provas do poder do Espírito sobre a
carne — para mostrar que a Verdade se manifesta por seus
efeitos sobre a mente humana e o corpo humano, curando
12 a doença e destruindo o pecado.
Jesus representou o Cristo, a verdadeira ideia de Deus.
Daí a luta entre essa ideia espiritual e a religião pro forma,
15 entre a clara visão espiritual e a cegueira da O governo
crença popular, cegueira essa que levou à con- espiritual
clusão de que a ideia espiritual podia ser morta ao se cruci-
18 ficar a carne. A ideia-Cristo, isto é, o homem-Cristo, se
elevou mais alto para a percepção humana devido à crucifi-
cação e provou com isso que a Verdade tem domínio sobre a
21 morte. O Cristo apresenta o homem indestrutível, a quem o
Espírito cria, constitui e governa. O Cristo exemplifica aquela
fusão com Deus, seu Princípio divino, que dá ao homem
24 domínio sobre toda a terra.
A ideia espiritual de Deus, tal como foi apresentada por
Jesus, foi açoitada na sua pessoa, e o Princípio dessa ideia foi
27 rejeitado. Foi considerado criminoso exata- Mortalidade
no pecado
mente o homem que podia dar provas do
divino poder de Deus, curando os doentes, expulsando os
30 males, espiritualizando as crenças materialistas e ressusci-
tando os mortos — aqueles que estavam mortos em delitos e
pecados, satisfeitos na carne, apoiados em uma base material,
33 cegos às possibilidades do Espírito e de sua verdade correlativa.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 317
1 Jesus declarou coisas que estavam “ocultas desde a
criação do mundo” — desde que o conhecimento material
3 usurpou o trono do divino Princípio criador, insistiu no
poder da matéria, na força da falsidade, na insignificância
do espírito, e proclamou um Deus antropomorfo.
6 Todo aquele que, nesta época, melhor pautar sua vida
pela de Jesus e melhor declarar o poder da Ciência Cristã,
beberá do cálice do Mestre. A resistência à O cálice
9 Verdade perseguirá seus passos, e ele incorrerá de Jesus
no ódio dos pecadores, até que “a sabedoria” seja “justificada
por suas obras”. Estas bênçãos sagradas pousam sobre os
12 seguidores de Jesus: “Se o mundo vos odeia, sabei que,
primeiro do que a vós outros, me odiou a mim”; “Eis que
estou convosco todos os dias” — querendo dizer, não só em
15 todos os tempos, mas de todas as maneiras e em todas as
circunstâncias.
A individualidade do homem não é menos tangível por
18 ser espiritual e por sua vida não estar à mercê da matéria.
A compreensão de sua individualidade espiritual torna o
homem mais real, mais capaz de se valer da verdade, e
21 o habilita a vencer o pecado, a doença e a morte. Nosso
Senhor e Mestre se apresentou aos discípulos, depois de sua
ressurreição do sepulcro, como aquele mesmo Jesus que eles
24 haviam amado antes da tragédia do Calvário.
Ao materialista Tomé, que procurava o Salvador ideal na
matéria, em vez de no Espírito, e que esperava encontrar no
27 testemunho dos sentidos materiais e no corpo, Ceticismo
mais do que na Alma, uma garantia da imorta- material
lidade — a ele Jesus forneceu a prova de que continuava
30 inalterado, apesar da crucificação. Para esse discípulo lerdo
em aprender e cheio de dúvidas, Jesus continuaria a ser uma
realidade carnal, enquanto o Mestre permanecesse na terra.
33 Para Tomé, nada, a não ser uma evidência material, poderia
Ciência e Saúde A Ciência do existir 318
1 tornar real a existência. Acreditar na matéria não era difícil
para ele, mas conceber a substancialidade do Espírito —
3 saber que nada pode fazer desaparecer a Mente e a imortali-
dade, nas quais reina o Espírito — era mais difícil.
Os sentidos corpóreos definem as doenças como realida-
6 des; mas as Escrituras declaram que Deus fez tudo, embora
os sentidos corpóreos digam que a matéria causa O que se
a doença e que a Mente divina não pode ou não origina
dos sentidos
9 quer curá-la. Os sentidos materiais originam e
sustentam tudo o que é material, inverídico, degradante ou
apegado ao ego. Eles colocariam a alma no pó, a vida no
12 limbo, e condenariam todas as coisas à decomposição. Preci-
samos fazer calar essa mentira do senso material com a
verdade do senso espiritual. Precisamos fazer cessar o erro
15 que trouxe a crença de pecado e morte e que faria desaparecer
o senso puro da onipotência.
Acaso o homem doente é mais pecador do que todos os
18 outros? Não! Mas, estando em desarmonia, ele não é a
imagem de Deus. Cansados de suas crenças A doença como
materiais, das quais provêm tanto sofrimento, desarmonia
21 os doentes vão se tornando mais espirituais, à medida que
o erro — ou seja, a crença de que a vida esteja na matéria
— cede à realidade da Vida espiritual.
24 A Ciência da Mente nega o erro de que haja sensação na
matéria e efetua a cura por meio da Verdade. A ciência médica
trata a doença como se esta fosse real, portanto, justificada, e
27 tenta curá-la com a matéria. Se a doença fosse justificada, seria
errado curá-la. Os métodos materiais são temporários e não
são adequados para elevar a humanidade.
30 Aquele que governa não está sujeito aos governados. Na
Ciência, o homem é governado por Deus, o Princípio divino,
assim como os números são controlados e provados exatos
33 por Suas leis. A inteligência não se origina nos números,
mas se manifesta por meio deles. A alma não está contida
Ciência e Saúde A Ciência do existir 319
1 no corpo, e o corpo manifesta a mortalidade, um senso
errôneo de alma. A delusão de haver vida na matéria não tem
3 afinidade com a Vida superna.
A Ciência classifica a doença como erro, como matéria em
contraposição à Mente, e indica que o erro, quando invertido,
6 se torna subserviente aos fatos concernentes Introspecção
à saúde. Calcular nossa perspectiva de vida, não científica
baseando-nos na matéria, seria infringir a lei espiritual e
9 guiar erradamente a esperança humana. Ter fé no Princípio
divino da saúde e compreender a Deus espiritualmente é o que
sustenta o homem em todas as circunstâncias; ao passo que o
12 apelo inferior à fé geral em meios materiais (comumente chama-
dos natureza) tem de ceder ao todo-poder do Espírito infinito.
Em todos os ciclos infinitos da existência eterna, o
15 Espírito e a matéria não coincidem nem no homem nem
no universo.
As diversas doutrinas e teorias que pressupõem que a vida
18 e a inteligência existam na matéria são outras tantas mitolo-
gias antigas e modernas. O mistério, o milagre, Deus, a
o pecado e a morte desaparecerão, quando for Mente única
21 claramente compreendido que a Mente divina controla o
homem e o homem não tem outra Mente a não ser Deus.
A Ciência divina, ensinada na linguagem primordial da
24 Bíblia, veio por inspiração e necessita de inspiração para ser
compreendida. Daí a compreensão equivocada A interpretação
quanto ao significado espiritual da Bíblia e, em equivocada das
Escrituras
27 certos casos, a interpretação errada da Palavra,
por parte de escribas não inspirados, os quais só escreveram
o que um mestre inspirado havia dito. Uma palavra mal
30 colocada altera o sentido e declara inexatamente a Ciência das
Escrituras como, por exemplo, citar o Amor como simples
atributo de Deus; mas podemos, pelo uso especial e apropriado
33 de maiúsculas, falar sobre o amor do Amor, isso significando o
que o discípulo amado quis dizer em uma de suas epístolas,
Ciência e Saúde A Ciência do existir 320
1 quando escreveu: “Deus é amor”. Do mesmo modo podemos
falar sobre a verdade da Verdade e sobre a vida da Vida, pois
3 Cristo declarou claramente: “Eu sou o caminho, e a verdade,
e a vida”.
As metáforas são abundantes na Bíblia, e os nomes
6 frequentemente expressam ideias espirituais. Os mais emi-
nentes teólogos da Europa e da América con- Significado
cordam que as Escrituras têm um significado profundo
9 tanto espiritual como literal. No Dicionário da Bíblia, de
Smith, lê-se: “A interpretação espiritual das Escrituras deve
se basear tanto no literal, quanto no moral”; e no artigo
12 erudito sobre Noé, na mesma obra, o bem conhecido texto
de Gênesis 6:3: “Então disse o Senhor: O meu espírito não
contenderá para sempre com o homem, pois este também é
15 carnal”*, tem a seguinte versão tirada do original hebraico:
“E Jeová disse: Meu espírito não governará [ou, não se rebai-
xará] para sempre nos homens, visto serem [ou, em seu erro
18 serem] apenas carne”. Aqui, o texto original declara nitida-
mente o fato espiritual concernente ao existir, isto é, a exis-
tência eterna e harmoniosa do homem como imagem, ideia,
21 em vez de como matéria (por mais transcendental que tal
pensamento pareça), e assegura que esse fato não deve ser
para sempre rebaixado pela crença de que o homem seja
24 carne e matéria, pois, de acordo com esse erro, o homem
seria mortal.
A única interpretação importante das Escrituras é a
27 espiritual. Por exemplo, o texto: “Em minha carne verei a
Deus”, dá uma ideia profunda do poder divino Jó, a respeito
para curar os males da carne, e anima os mor- da ressurreição
30 tais a terem esperança nAquele que sara todas as nossas
enfermidades; ao passo que esse trecho é citado continua-
mente como se Jó tivesse tencionado dizer que, mesmo que a
33 doença e os vermes lhe destruíssem o corpo, ainda assim, nos
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 321
1 últimos dias estaria em perfeição celestial perante Eloim,
ainda envolto na carne material — interpretação que é exa-
3 tamente o oposto da verdadeira, como se pode verificar
estudando o livro de Jó. Como Paulo diz, na sua primeira
epístola aos Coríntios: “A carne e o sangue não podem herdar
6 o reino de Deus”.
O Legislador hebreu, pesado de língua, tinha pouca
esperança de conseguir que as pessoas compreendessem
9 aquilo que a ele seria revelado. Quando, com- Vencido o
pelido pela sabedoria, Moisés lançou o bor- medo à
serpente
dão ao chão e o viu transformar-se em serpente,
12 fugiu dela; mas a sabedoria lhe ordenou que voltasse e
pegasse a serpente, e então o medo de Moisés desapare-
ceu. Nesse incidente viu-se a realidade da Ciência. Ficou
15 demonstrado que a matéria é apenas uma crença. Por
ordem da sabedoria, a serpente, ou seja, o mal, foi des-
truído pela compreensão da Ciência divina, e essa prova
18 se tornou um bordão no qual Moisés podia se apoiar. Sua
ilusão perdeu o poder de alarmá-lo, quando ele descobriu
que aquilo que aparentemente estava vendo era, em reali-
21 dade, apenas uma fase da crença mortal.
Ficou cientificamente demonstrado que a lepra era uma
criação da mente mortal e não um estado da matéria, quando
24 Moisés primeiro meteu a mão no peito e a retirou A cura
branca como a neve, atacada da temida doença, da lepra
e logo fez a mão voltar a seu estado natural pelo mesmo
27 simples procedimento. Deus havia diminuído o medo de
Moisés por meio dessa prova na Ciência divina, e a voz
interior se tornou para ele a voz de Deus, que disse: “Se eles
30 te não crerem, nem atenderem à evidência do primeiro sinal,
talvez crerão na evidência do segundo”. E assim ocorreu nos
séculos seguintes, quando a Ciência do existir foi demons-
33 trada por Jesus, que fez ver a seus alunos o poder da Mente,
transformando a água em vinho, e lhes ensinou a pegar em
Ciência e Saúde A Ciência do existir 322
1 serpentes sem sofrer dano, a curar os doentes e a expulsar os
males, como prova da supremacia da Mente.
3 Quando a compreensão muda os pontos de vista sobre
a vida e a inteligência, de uma base material para uma base
espiritual, alcançamos a realidade da Vida, o Mudança de
6 controle da Alma sobre os sentidos, e percebe- pontos de vista
mos o Cristianismo, ou seja, a Verdade, em seu Princípio
divino. Esse tem de ser o ponto culminante, antes de se
9 alcançar o estado de homem harmonioso e imortal e de
serem reveladas suas capacidades. Em vista do trabalho
imenso a realizar antes que esse reconhecimento da Ciência
12 divina possa vir, é de alta importância volvermos nossos
pensamentos para o Princípio divino, a fim de que a crença
finita possa estar preparada para se desfazer de seu erro.
15 A sabedoria do homem não encontra satisfação no
pecado, pois Deus condenou o pecado a sofrer. A necroman-
cia de outrora prefigurou o mesmerismo e o Salvar
18 hipnotismo de hoje. O beberrão acredita que a o ébrio
bebedeira o faz feliz, e tu não consegues fazer com que ele
abandone esse estado de embrutecimento, até que seu senso
21 físico de prazer ceda a um senso mais elevado. Então, ele
se afasta da bebida como um sonhador sobressaltado que
desperta de um pesadelo causado pelas dores do senso
24 distorcido. O homem que gosta de agir mal — que sente
prazer nisso e que se refreia só por medo das consequências
— não é equilibrado nem é um devoto que mereça confiança.
27 As duras experiências provenientes da crença na suposta
vida da matéria, bem como nossos desenganos e sofrimentos
incessantes, levam-nos, como crianças cansa- A utilidade do
30 das, aos braços do Amor divino. Então começa- sofrimento
mos a compreender a Vida na Ciência divina. Sem esse
processo de vencer o apego à crença, “conseguirás tu encon-
33 trar a Deus, só por procurá-Lo?*” É mais fácil desejarmos
a Verdade do que nos livrar do erro. Os mortais podem
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 323
1 procurar a compreensão da Ciência Cristã, mas não serão
capazes de colher da Ciência Cristã os fatos a respeito do
3 existir, sem se empenhar com afinco. Essa luta consiste no
esforço de deixar o erro de toda espécie e de não ter
nenhuma outra consciência a não ser o bem.
6 As salutares correções por parte do Amor nos ajudam a
prosseguir na marcha rumo à retidão, à paz e à pureza, que
são os pontos de referência na Ciência. Ao tomar Perspectiva
consciência das tarefas infinitas da verdade, nos iluminada
9
detemos — esperamos a direção de Deus. Então avançamos,
até que o pensamento, livre de barreiras, caminhe maravi-
12 lhado e a concepção ilimitada ganhe asas para alcançar a
glória divina.
A fim de assimilar mais, precisamos pôr em prática o
15 que já sabemos. Precisamos nos lembrar de que a Verdade
é demonstrável quando compreendida, e que Necessidade e
o bem não é compreendido enquanto não for suprimento
18 demonstrado. Se formos “fiéis no pouco” seremos colocados
sobre muito; mas aquele talento que não é utilizado se dete-
riora e se perde. Quando os doentes ou os pecadores desper-
21 tam e se dão conta de que necessitam daquilo que não
possuem, tornam-se receptivos à Ciência divina, a qual
gravita para a Alma e se afasta do senso material, faz com
24 que o pensamento não se fixe no corpo, e eleva até mesmo
a mente mortal à contemplação de algo melhor do que a
doença ou o pecado. A verdadeira ideia a respeito de Deus
27 fornece a verdadeira compreensão a respeito da Vida e do
Amor, arrebata a vitória ao túmulo, elimina todo o pecado e
a delusão de que haja outras mentes, e destrói a mortalidade.
30 Os efeitos da Ciência Cristã se fazem sentir, mais do
que ver. É o “cicio tranquilo e suave”, a voz da Receptividade
Verdade a se manifestar. Ou estamos dando as como a das
crianças
33 costas a essa manifestação, ou lhe estamos dando
atenção e nos elevando. A disposição de tornar-se como uma
Ciência e Saúde A Ciência do existir 324
1 criança e de deixar o velho pelo novo faz com que o pensa-
mento seja receptivo à ideia avançada. A satisfação de deixar
3 os falsos pontos de referência e a alegria de vê-los desaparecer
— essa disposição contribui para apressar a harmonia final.
A purificação do senso humano e do ego é uma prova de
6 progresso. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus.”
A não ser que a harmonia e a imortalidade do homem se
9 tornem mais evidentes, não estamos alcançando a verdadeira
ideia de Deus; e o corpo vai refletir aquilo que O caminho
o governa, quer seja a Verdade, quer seja o erro, estreito
12 a compreensão ou a crença, o Espírito ou a matéria. Por-
tanto, “familiariza-te agora com Ele [com Deus], e tem paz”*.
Sê atento, sóbrio e vigilante. É reto e estreito o caminho que
15 conduz à compreensão de que Deus é a única Vida. É uma
luta contra a carne, na qual temos de vencer o pecado, a
doença e a morte, quer aqui, quer no além — certamente
18 antes de podermos alcançar a meta do Espírito, ou seja, a
vida em Deus.
Paulo inicialmente não era discípulo de Jesus, mas sim
21 perseguidor daqueles que seguiam a Jesus. Quando a ver-
dade lhe apareceu pela primeira vez na Ciência, A iluminação
essa verdade o ofuscou e Paulo ficou cego; mas de Paulo
24 a luz espiritual logo o habilitou a seguir o exemplo e os
ensinamentos de Jesus, curando os doentes e pregando o
Cristianismo em toda a Ásia Menor, na Grécia e até na Roma
27 imperial.
Paulo escreve: “Se Cristo [a Verdade] não ressuscitou,
é vã a nossa pregação”. Ou seja, se a ideia da supremacia
30 do Espírito, que é a verdadeira concepção do existir, não é
admitida no teu pensamento, não podes te beneficiar com
aquilo que digo.
33 Jesus disse em essência: “Aquele que crê em mim, não
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 325
1 verá a morte”. Isto é, aquele que percebe a verdadeira ideia
da Vida se desprende de sua crença na morte. Aquele que
3 tem a verdadeira ideia do bem, se desprende de Permanecer
todo o senso do mal e, por essa razão, vai sendo na Vida
conduzido às realidades imperecíveis do Espírito. Tal pessoa
6 permanece na Vida — vida obtida não do corpo, incapaz de
sustentar a vida, mas da Verdade, que desdobra sua própria
ideia imortal. Jesus deu a verdadeira ideia a respeito do
9 existir, da qual resultam bênçãos infinitas para os mortais.
Em Colossenses (3:4), Paulo escreve: “Quando Cristo, que
é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis
12 manifestados com ele, em glória”. Quando o A existência
existir espiritual é compreendido em toda a sua indestrutível
perfeição, continuidade e poder, então o homem é visto na
15 imagem de Deus. O significado absoluto das palavras apos-
tólicas é este: então o homem é visto na semelhança de Deus,
perfeito como o Pai, indestrutível na Vida, oculto “junta-
18 mente com Cristo, em Deus” — com a Verdade no Amor
divino, onde o senso humano não vê o homem.
Paulo tinha um senso claro das exigências que a Verdade
21 impõe física e espiritualmente aos mortais, ao dizer: “Rogo-
vos... que apresenteis o vosso corpo por sacrifí- É necessária a
cio vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso consagração
24 culto racional”. Mas aquele que é concebido pelas crenças
da carne e a elas serve nunca pode alcançar neste mundo as
alturas divinas de nosso Senhor. Vem a hora em que a ori-
27 gem espiritual do homem, isto é, a Ciência divina que fez
com que Jesus viesse à presença humana, será compreen-
dida e demonstrada.
30 Quando enunciada pela primeira vez em qualquer época,
a Verdade, tal como a luz, “resplandece nas trevas, e as trevas
não a compreenderam”*. O senso errôneo de vida, substância
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde A Ciência do existir 326
1 e mente encobre as possibilidades divinas e oculta a demons-
tração científica.
3 Se desejamos seguir o Cristo, a Verdade, precisamos
fazê-lo da maneira designada por Deus. Jesus disse: “Aquele
que crê em mim fará também as obras que eu Amar a Deus
faço”. Aquele que quiser alcançar a fonte e acima de tudo
6
achar o remédio divino para todo mal não deve tentar subir
a colina da Ciência por algum outro caminho. A natureza
9 inteira ensina o amor que Deus tem pelo homem, mas o
homem não pode amar a Deus acima de tudo e dedicar todos
os seus afetos a coisas espirituais, enquanto amar o material
12 ou confiar mais no material do que no espiritual.
Precisamos abandonar os fundamentos dos sistemas
materiais, por mais que o tempo os tenha consagrado, se
15 quisermos ter o Cristo como nosso único Salvador. Não é
parcialmente, mas inteiramente, que o grande sanador da
mente mortal é o sanador do corpo.
18 O propósito e o motivo de viver corretamente podem ser
alcançados agora. Conquistado esse ponto, terás começado
como devias. Terás começado pela tabuada da Ciência
21 Cristã, e nada, a não ser a intenção errônea, poderá impedir
teu progresso. Se trabalhares e orares com motivos puros, teu
Pai abrirá o caminho. “Quem vos impediu de continuardes a
24 obedecer à verdade?”
Saulo de Tarso reconheceu o caminho — o Cristo, a
Verdade — somente quando seu senso inseguro daquilo que
27 é certo cedeu ao senso espiritual, que é sempre A conversão
certo. Então esse homem foi transformado. O de Saulo
pensamento adquiriu perspectivas mais nobres, e sua vida se
30 tornou mais espiritual. Ele se deu conta do mal que fizera ao
perseguir os cristãos, cuja religião não havia compreendido, e
humildemente tomou o novo nome de Paulo. Ele reconheceu
33 pela primeira vez a verdadeira ideia do Amor e aprendeu
uma lição na Ciência divina.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 327
1 A reforma vem quando se compreende que não há prazer
duradouro no mal e quando se aprende a amar o bem de
3 acordo com a Ciência, a qual revela o fato imortal de que
nem o prazer nem a dor, nem o desejo nem a vontade des-
controlada podem existir na matéria ou ser constituídos de
6 matéria, ao passo que a Mente divina pode destruir, e de fato
destrói, as crenças errôneas de prazer, dor ou medo e todos
os desejos pecaminosos da mente humana.
9 Que espetáculo deplorável é a maldade, que acha prazer
na vingança! O mal é às vezes o conceito mais elevado que
alguém tem daquilo que é certo, até que sua A imagem
12 compreensão do bem se torne mais forte. Então da besta
ele perde o prazer na maldade e esta se transforma em seu
tormento. O meio de se libertar do sofrimento causado pelo
15 pecado é deixar de pecar. Não há outro meio. O pecado é a
imagem da besta, que tem de ser apagada pelo suor do sofri-
mento. O pecado é uma loucura moral que irrompe em
18 clamores, com a escuridão da meia-noite e com tempestade.
Para os sentidos físicos, as estritas exigências da Ciência
Cristã parecem autoritárias; mas os mortais estão rapida-
21 mente sendo levados a aprender que a Vida é Exigências
Deus, o bem, e que em realidade o mal não tem autoritárias
nem lugar nem poder, seja na economia humana, seja na
24 divina.
O medo ao castigo nunca fez com que o homem fosse
verdadeiramente honesto. É preciso coragem moral para
27 enfrentar o que é errado e proclamar o que é Coragem
certo. Mas como reformar o homem que tem moral
mais coragem animal do que coragem moral e que não tem a
30 verdadeira ideia do bem? Pela consciência humana, convence
o mortal do engano que ele comete ao procurar meios mate-
riais para conseguir a felicidade. A razão é a mais ativa das
33 faculdades humanas. Deixa que ela oriente a consciência e
desperte no homem o senso de obrigação moral que estava
adormecido, e gradativamente o homem compreenderá a
Ciência e Saúde A Ciência do existir 328
1 nulidade dos prazeres do senso humano, bem como a gran-
diosidade e suprema felicidade do senso espiritual, que faz
3 calar o material ou corpóreo. Então, o homem não somente
será salvo, mas está salvo.
Os mortais supõem que possam viver sem o bem, ao
6 passo que Deus é o bem e é a única Vida verdadeira. Qual
é o resultado disso? Visto que os mortais A destruição
compreendem pouco do Princípio divino que final do erro
9 salva e cura, é só na crença que eles se livram do pecado, da
doença e da morte. Esses erros não são realmente destruídos
dessa maneira e, portanto, ficam presos aos mortais, até estes
12 alcançarem, aqui ou no além, a verdadeira compreensão de
Deus na Ciência que destrói as delusões humanas a respeito
dEle e revela as grandiosas realidades da totalidade de Deus.
15 Essa compreensão do poder do homem, quando ele é
equipado por Deus, infelizmente desapareceu da história
cristã. Durante séculos ficou adormecida, um Promessa
18 elemento perdido do Cristianismo. Nossos perpétua
missionários levam a Bíblia para a Índia, mas acaso se pode
dizer que a explicam de maneira prática, como o fazia Jesus,
21 enquanto centenas de pessoas nesse país morrem todos os
anos de picadas de serpentes? Compreendendo a lei espiri-
tual e sabendo que não existe lei material, Jesus disse: “Estes
24 sinais hão de acompanhar aqueles que creem: ... pegarão em
serpentes; e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes
fará mal; se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão
27 curados”. Teria sido bom se a cristandade tivesse acreditado
nessas palavras sagradas e lhes tivesse obedecido.
A promessa de Jesus é perpétua. Se tivesse sido feita
30 somente a seus discípulos imediatos, o trecho das Escrituras
diria a vós, e não aqueles que creem. O propósito da
grandiosa obra de sua vida se estende através do tempo e
33 inclui a humanidade universal. O Princípio desse propósito
é infinito e ultrapassa os limites de um determinado período
Ciência e Saúde A Ciência do existir 329
1 ou de um exclusivo grupo de seguidores. Com o passar do
tempo, os elementos de cura do Cristianismo puro serão
3 tratados com justiça; eles serão procurados e ensinados,
e brilharão em todo o esplendor do bem universal.
Um pouco de fermento faz levedar toda a massa. Um
6 pouco de compreensão da Ciência Cristã prova a verdade
de tudo o que dela digo. Por não poderes, tu Imitar o
mesmo, andar sobre as águas e ressuscitar os exemplo de Jesus
9 mortos, não tens o direito de pôr em dúvida o grande poder
da Ciência divina nesse sentido. Sê grato pelo fato de que
Jesus, o verdadeiro demonstrador da Ciência, fez essas
12 coisas e nos deixou seu exemplo. Na Ciência só podemos
usar o que compreendemos. Temos de provar nossa fé pela
demonstração.
15 Não devemos ficar expostos à tempestade se o corpo
estiver com muito frio, nem permanecer em meio a chamas
devoradoras. Enquanto não formos capazes de evitar
18 maus resultados, devemos evitar aquilo que os ocasiona.
Desanimar é assemelhar-se a um aluno que, sabendo apenas
somar, tenta resolver um problema de Euclides e nega a regra
21 do problema, por fracassar na primeira tentativa.
Não há hipocrisia na Ciência. O Princípio é impe-
rativo. Não se pode zombar dele pela vontade humana.
24 A Ciência é uma exigência divina, não humana. O erro é
Seu Princípio divino, sempre certo, nunca se destruído, em
vez de perdoado
arrepende, mas sustenta a reivindicação da
27 Verdade, extinguindo o erro. O perdão por parte da miseri-
córdia divina é a destruição do erro. Se os homens compre-
endessem que sua verdadeira origem espiritual é a completa
30 e abençoada felicidade, se esforçariam por recorrer ao espiri-
tual e estariam em paz; porém, quanto mais profundo o erro
em que a mente mortal está mergulhada, tanto mais intensa
33 a oposição à espiritualidade, até que o erro ceda à Verdade.
A resistência humana contra a Ciência divina diminui na
Ciência e Saúde A Ciência do existir 330
1 proporção em que os mortais renunciam ao erro em favor da
Verdade, e à medida que a compreensão a respeito do existir
3 suplanta a mera crença. Enquanto a autora Esperança
deste livro não se deu conta da vastidão da ardente
Ciência Cristã, da obstinação das ilusões mortais e do ódio
6 humano à Verdade, ela alimentou a ardente esperança de que
a Ciência Cristã encontraria aceitação imediata e universal.
Quando a seguinte plataforma for compreendida e a
9 letra e o espírito forem comprovados, a infalibilidade da
metafísica divina será demonstrada.
I. Deus é infinito, a única Vida, a única substância, o
12 único Espírito e a única Alma, a única inteligência do uni-
verso, que inclui o homem. Os olhos nunca A supremacia
viram a Deus nem Sua imagem e semelhança. de Deus
15 Nem Deus nem o homem perfeito podem ser discernidos
pelos sentidos materiais. A individualidade do Espírito, do
infinito, não é conhecida, portanto o conhecimento a res-
18 peito dela é deixado à conjetura humana ou à revelação da
Ciência divina.
II. Deus é o que as Escrituras declaram que Ele é —
21 a Vida, a Verdade, o Amor. O Espírito é o Princípio divino,
e o Princípio divino é o Amor, e o Amor é a Definições
Mente, e a Mente não é tanto boa quanto má, de Deus
24 porque Deus é a Mente; por isso, em realidade, há uma
Mente só, porque só existe um Deus.
III. A noção de que tanto o mal quanto o bem sejam
27 reais é uma delusão do senso material, que a Ciência ani-
quila. O mal é o nada, não é coisa, não é O mal é
mente, nem é poder. Tal como é manifestado obsoleto
30 pelo gênero humano, o mal representa uma mentira, o nada
alegando ser algo — representa luxúria, desonestidade, amor
ao ego, inveja, hipocrisia, calúnia, ódio, roubo, adultério,
33 assassínio, demência, loucura, inanidade, diabo, inferno, com
todos os etcéteras que essa palavra inclui.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 331
1 IV. Deus é a Vida divina, e a Vida não está confinada às
formas que a refletem, assim como a substância não está na
3 sua sombra. Se a vida estivesse no homem A Vida é
mortal ou nas coisas materiais, estaria sujeita às a criadora
limitações de ambos e terminaria na morte. A Vida é a
6 Mente, é o Criador refletido nas Suas criações. Se Deus
estivesse dentro daquilo que Ele cria, Deus não seria refle-
tido, mas absorvido, e a Ciência do existir estaria perdida
9 para sempre devido ao senso mortal, que falsamente testifica
que há um começo e um fim.
V. Está implícito nas Escrituras que Deus é Tudo-em-tudo.
12 Segue-se daí que nada possui realidade ou existência, exceto
a Mente divina e Suas ideias. As Escrituras A totalidade
do Espírito
também declaram que Deus é o Espírito.
15 Portanto, no Espírito tudo é harmonia e não pode haver
desarmonia; tudo é a Vida, e não existe a morte. Tudo no
universo de Deus expressa a Deus.
18 VI. Deus é individual, incorpóreo. Ele é o Princípio
divino, o Amor, a causa universal, o único Criador, e não há
outra autoexistência. Ele inclui tudo e é refle- A causa
universal
21 tido por tudo o que é real e eterno, e por nada
mais. Ele enche todo o espaço, e é impossível conceber tal
onipresença e individualidade, senão como o Espírito infinito
24 ou a Mente infinita. Portanto, tudo é o Espírito e tudo é
espiritual.
VII. A Vida, a Verdade e o Amor constituem a Pessoa
27 trina e una denominada Deus — isto é, o Princípio tripla-
mente divino, o Amor. Eles representam uma A trindade
divina
trindade em unidade, três em um — idênticos
30 em essência, embora multiformes em função: Deus, o
Pai-Mãe; Cristo, a ideia espiritual de filiação; a Ciência
divina, ou seja, o Santo Consolador, o Confortador. Esses
33 três expressam na Ciência divina a natureza essencial e
Ciência e Saúde A Ciência do existir 332
1 tríplice do infinito. Eles também indicam o Princípio divino
do existir científico, a relação inteligente de Deus com o homem
3 e o universo.
VIII. Pai-Mãe é o nome da Deidade, que indica a terna
relação que Ele tem com Sua criação espiritual. Pai-Mãe
6 Como o Apóstolo disse, citando com aprovação
as palavras de um poeta clássico: “Porque dEle também
somos geração”.
9 IX. Jesus nasceu de Maria. O Cristo é a ideia verda-
deira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos
homens, a qual fala à consciência humana. O Filho
O Cristo é incorpóreo, espiritual — sim, é a de Deus
12
imagem e semelhança divina, que dissipa as ilusões dos
sentidos; é o Caminho, a Verdade e a Vida, que cura os
15 doentes e expulsa os demônios, que destrói o pecado, a
doença e a morte. Como diz Paulo: “Há um só Deus e um
só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem”.
18 Jesus, o homem corpóreo, era humano.
X. Jesus demonstrou o Cristo; provou que o Cristo
é a ideia divina de Deus — o Espírito Santo, O Espírito Santo,
o Consolador, o Confortador, que revela o o Confortador
21
Princípio divino, o Amor, e que conduz a toda a verdade.
XI. Jesus era filho de uma virgem. Ele foi designado para
24 proclamar a palavra de Deus e aparecer aos mortais sob uma
forma humana que eles pudessem compreender Cristo
e também perceber. A concepção de Jesus em Jesus
27 Maria foi espiritual, pois só a pureza podia refletir a Verdade
e o Amor claramente encarnados no bom e puro Cristo
Jesus. Ele expressou o mais elevado exemplo da natureza
30 divina que uma forma carnal podia expressar naquela época.
O elemento carnal não pode entrar no homem real e ideal.
É assim que o Cristo exemplifica a coincidência, ou seja, a
Ciência e Saúde A Ciência do existir 333
1 concordância espiritual, entre Deus e o homem feito à Sua
imagem.
3 XII. A palavra Cristo não é propriamente um sinônimo
de Jesus, embora comumente seja usada como tal. Jesus era
o nome humano, que ele tinha em comum com O Messias,
outros meninos e homens hebreus, pois é idên- o Cristo
6
tico ao nome Josué, o famoso líder hebreu. Por outro lado,
Cristo não é bem o nome, mas o título divino de Jesus. Cristo
9 expressa a natureza eterna e espiritual de Deus. Esse nome
é sinônimo de Messias e faz alusão à espiritualidade que é
ensinada, exemplificada e demonstrada na vida da qual
12 Cristo Jesus foi a corporificação. Em grego, o nome exato de
nosso Mestre era Jesus o Cristo; mas a expressão Cristo Jesus
indica de forma mais adequada aquele que é semelhante
15 a Deus.
XIII. O advento de Jesus de Nazaré marcou o primeiro
século da era cristã, mas o Cristo não tem começo de anos
18 nem fim de dias. Em todas as gerações, tanto O Princípio
antes como depois da era cristã, o Cristo, como divino e
sua ideia
a ideia espiritual — o reflexo de Deus — vem
21 com certa medida de poder e de graça a todos os que estejam
preparados para receber o Cristo, a Verdade. Abraão, Jacó,
Moisés e os profetas captaram gloriosos vislumbres do
24 Messias, ou seja, do Cristo, e isso os batizou na natureza
divina, a essência do Amor. A imagem divina, a ideia, o
Cristo, era, é, e sempre será inseparável do Princípio divino,
27 Deus. Jesus se referiu a essa unidade de sua identidade
espiritual, dizendo: “Antes que Abraão existisse, eu sou”;
“Eu e o Pai somos um”; “O Pai é maior do que eu”. O
30 Espírito uno e único inclui todas as identidades.
XIV. Com essas afirmações Jesus quis dizer, não que o
Ciência e Saúde A Ciência do existir 334
1 Jesus humano fosse ou seja eterno, mas que a ideia divina,
isto é, o Cristo, era e é eterna, e portanto antecedeu a Abraão;
3 não que o Jesus corpóreo fosse um com o Pai, A ideia espiritual-
mas que a ideia espiritual, o Cristo, está para mente una
sempre no seio do Pai, Deus, a partir do qual ilumina o céu e
6 a terra; não que o Pai seja maior do que o Espírito, que é
Deus, porém maior, infinitamente maior, do que o Jesus
carnal, cuja carreira terrena foi breve.
9 XV. O Cristo invisível era imperceptível aos chamados
sentidos pessoais, ao passo que Jesus apareceu como existên-
cia corpórea. Essa dualidade que consistia A dualidade
daquilo que não se vê e daquilo que se vê, o do Filho
12
espiritual e o material, o Cristo eterno e o Jesus corpóreo
manifestado na carne, perdurou até a ascensão do Mestre,
15 quando o conceito humano, material, ou seja, Jesus, desapa-
receu, ao passo que o eu espiritual, o Cristo, continua a
existir na ordem eterna da Ciência divina, tirando os pecados
18 do mundo, como o Cristo sempre fez, mesmo antes que o
Jesus humano se fizesse carne aos olhos dos mortais.
XVI. Era esse o “Cordeiro que foi morto desde a fun-
21 dação do mundo” — isto é, que foi morto de acordo com o
testemunho dos sentidos corpóreos, mas que A eternidade
é imorredouro na Mente deífica. O Autor do do Cristo
24 Apocalipse mostra o Filho do homem a dizer (Apocalipse
1:17, 18): “Eu sou o primeiro e o último e aquele que vive;
estive morto [não compreendido], mas eis que estou vivo
27 pelos séculos dos séculos [a Ciência me explicou]”. Essa é
uma declaração mística da eternidade do Cristo, e também
é uma alusão ao senso humano do Jesus crucificado.
30 XVII. Visto que o Espírito é Deus, só há um Espírito,
pois só pode haver um infinito e, portanto, só um Deus.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 335
1 Não existem nem muitos espíritos nem muitos deuses. No
Espírito não existe o mal, porque Deus é o Espírito. A teoria
3 de que o Espírito seja diferente da matéria, mas O Espírito
precise passar por ela, ou nela entrar para ser infinito
individualizado, faria com que Deus ficasse reduzido a depen-
6 der da matéria, e estabeleceria uma base para o panteísmo.
XVIII. O Espírito, Deus, criou tudo em Si mesmo e de Si
mesmo. O Espírito jamais criou a matéria. Não há nada no
9 Espírito de que a matéria pudesse ser feita, pois, A única
como a Bíblia declara, sem o Logos, o Aeon ou substância
Verbo [a Palavra] de Deus, “nada do que foi feito se fez”. O
12 Espírito é a única substância, é o invisível e indivisível Deus
infinito. As coisas espirituais e eternas são substanciais. As
coisas materiais e temporais não têm substância.
15 XIX. Visto que a Alma e o Espírito são um, Deus e a
Alma são um, e esse um nunca está contido em uma mente
limitada ou em um corpo limitado. O Espírito A Alma e o
18 é eterno, divino. Nada, a não ser o Espírito, a Espírito são um
Alma, pode originar a Vida, pois o Espírito é superior a tudo
o mais. Por ser imortal, a Alma não existe na mortalidade.
21 A Alma tem de ser incorpórea para ser o Espírito, pois o
Espírito não é finito. Só quando abandonamos o falso senso
do que a Alma é, podemos alcançar o eterno desdobrar da
24 Vida como a imortalidade trazida à luz.
XX. A Mente é o Princípio divino, o Amor, e não pode
produzir nada dessemelhante do eterno Pai-Mãe, Deus.
27 A realidade é espiritual, harmoniosa, imutável, A Mente
imortal, divina, eterna. Nada que não seja divina é una
espiritual pode ser real, harmonioso ou eterno. O pecado,
30 a doença e a mortalidade são os supostos antípodas do
Espírito, e forçosamente são contradições da realidade.
XXI. O Ego é imorredouro e ilimitado, pois os limites
Ciência e Saúde A Ciência do existir 336
1 implicariam e imporiam ignorância. A Mente é o Eu Sou,
a infinidade. A Mente nunca entra no finito. A inteligência
3 nunca entra na não-inteligência, isto é, na O Ego
matéria. O bem nunca entra no mal, o ilimi- divino
tado não entra no limitado, o eterno não entra no temporal,
6 nem o imortal entra na mortalidade. O Ego divino, ou seja,
a individualidade divina, é refletida em toda individualidade
espiritual, desde o infinitésimo até o infinito.
9 XXII. O homem imortal era e é a imagem ou ideia de
Deus, a própria expressão infinita da Mente infinita, e o
homem imortal é coexistente e coeterno com A verdadeira
12 essa Mente. Ele sempre esteve na Mente eterna, identidade
do homem
Deus; mas a Mente infinita jamais pode estar
no homem, e sim, é refletida pelo homem. A consciência e
15 a individualidade do homem espiritual são reflexos de Deus.
São as emanações dAquele que é a Vida, a Verdade e o Amor.
O homem imortal não é e nunca foi material, mas sempre
18 espiritual e eterno.
XXIII. Deus é indivisível. Uma fração de Deus não
poderia entrar no homem; nem poderia a plenitude de Deus
21 ser refletida apenas por um único homem, do A indivisibilidade
contrário Deus seria manifestado de forma do infinito
finita, perderia o caráter deífico e se tornaria menos do que
24 Deus. O tudo é a medida do infinito, e nada menos pode
expressar a Deus.
XXIV. Deus, o Princípio divino do homem, e o homem
27 à semelhança de Deus, são inseparáveis, harmoniosos e
eternos. A Ciência do existir apresenta a regra Deus, a Mente
da perfeição e traz à luz a imortalidade. Deus progenitora
30 não é o homem e o homem não é Deus mas, na ordem da
Ciência divina, Deus e o homem coexistem e são eternos.
Deus é a Mente progenitora, e o homem é o progênito espiri-
33 tual de Deus.
XXV. Deus é individual e pessoal no sentido científico,
Ciência e Saúde A Ciência do existir 337
1 mas não em um sentido antropomorfo. Portanto, o homem,
refletindo a Deus, não pode perder sua individualidade; mas,
3 como sensação material, ou alma no corpo, os O homem reflete
cegos mortais de fato não veem a individuali- o perfeito
Deus
dade espiritual. A pessoalidade material não é
6 a realidade; não é o reflexo nem a semelhança do Espírito, o
perfeito Deus. O sensualismo não é felicidade suprema, mas
escravidão. Para ser verdadeiramente feliz, é preciso que o
9 homem se harmonize com seu Princípio, o Amor divino; é
preciso que o Filho esteja em concordância com o Pai, em
conformidade com o Cristo. Segundo a Ciência divina, o
12 homem é, em certo grau, tão perfeito quanto a Mente que o
forma. A verdade do existir mostra que o homem é harmo-
nioso e imortal, ao passo que o erro é mortal e desarmonioso.
15 XXVI. A Ciência Cristã demonstra que só os limpos
de coração podem ver a Deus, como ensina o A pureza
Evangelho. O homem é perfeito na proporção de é a vereda da
perfeição
18 sua pureza; e a perfeição é a ordem do existir
celestial, que demonstra a Vida em Cristo, o ideal espiritual
da Vida.
21 XXVII. A verdadeira ideia de homem, como o reflexo do
invisível Deus, é tão incompreensível aos sentidos limitados
como lhes é incompreensível o Princípio A verdadeira
infinito do homem. O universo visível e o ideia do homem
24
homem material são falsificações mal feitas do universo
invisível e do homem espiritual. As coisas eternas (as verda-
27 des) são pensamentos de Deus, da maneira em que existem
no reino espiritual do real. As coisas temporais são pensa-
mentos dos mortais e são o irreal, por serem o oposto do real,
30 ou seja, do espiritual e eterno.
XXVIII. Quando submetes a doença, o pecado e a morte
à regra da saúde e da santidade na Ciência A Verdade
Cristã, verificas que esta Ciência é demonstra- demonstrada
33
velmente verdadeira, pois cura o doente e o pecador como
Ciência e Saúde A Ciência do existir 338
1 nenhum outro sistema pode curar. A Ciência Cristã, correta-
mente compreendida, conduz à harmonia eterna. Ela traz à
3 luz o único Deus vivo e verdadeiro e o homem criado à Sua
semelhança; ao passo que a crença oposta — de que o
homem se origine da matéria e tenha começo e fim, de que
6 ele seja ao mesmo tempo alma e corpo, bom e mau, espiritual e
material — acaba em desarmonia e em mortalidade, no erro
que tem de ser destruído pela Verdade. A mortalidade do
9 homem material prova que o erro foi enxertado nas premis-
sas e nas conclusões da humanidade material, mortal.
XXIX. A palavra Adão vem do hebraico adamah, que
12 indica a cor vermelha da terra, o pó, o nada. Dividindo em
duas sílabas o nome de Adão, [em inglês, Adão não é o
Adam], terás a dam, [que em inglês significa homem ideal
15 um dique] ou obstrução. Isso sugere o pensamento de
alguma coisa fluida, mente mortal em solução. Sugere
também aquelas “trevas sobre a face do abismo”, quando a
18 matéria, ou seja, o pó, foi considerada agente da Deidade na
criação do homem — quando a matéria, como aquilo que é
amaldiçoado, se colocou em oposição ao Espírito. Aqui,
21 a dam [um dique], não é um simples jogo de palavras em
inglês; significa obstrução, erro, até mesmo a suposta sepa-
ração entre o homem e Deus; significa o obstáculo que a
24 serpente, o pecado, colocaria entre o homem e seu Criador.
A decomposição e a análise das palavras, a não ser para
buscar sua derivação metafísica, não é científica. Jeová
27 declarou que a terra era maldita; e dessa terra, ou matéria,
surgiu Adão, no entanto Deus abençoara a terra “por causa
do homem”. Segue-se daí que Adão não era o homem ideal
30 para quem a terra fora abençoada. O homem ideal foi reve-
lado no devido tempo e ficou conhecido como Cristo Jesus.
Ciência e Saúde A Ciência do existir 339
1 XXX. A destruição do pecado é o método divino de
perdoar. A Vida divina destrói a morte, a Verdade destrói
3 o erro, e o Amor destrói o ódio. Uma vez des- Perdão
truído, o pecado não necessita de nenhuma divino
outra forma de perdão. Porventura o perdão divino, ao
6 destruir um determinado pecado, não profetiza e implica
a destruição final de todo o pecado?
XXXI. Visto que Deus é Tudo, não há lugar para Sua
9 dessemelhança. Só Deus, o Espírito, criou tudo, e achou
tudo bom. Portanto, o mal, por ser contrário O mal não
ao bem, é irreal e não pode ser o produto de é produzido
por Deus
12 Deus. O pecador não pode receber nenhum
estímulo do fato de que a Ciência demonstra a irrealidade do
mal, pois o pecador faria do pecado uma realidade — torna-
15 ria real aquilo que é irreal, acumulando, assim, “ira para o
dia da ira”. Ele participa de uma conspiração contra si
mesmo — contra seu próprio despertar para a terrível irreali-
18 dade pela qual foi ludibriado. Só aqueles que se arrependem
do pecado e abandonam o irreal podem compreender plena-
mente a irrealidade do mal.
21 XXXII. Assim como a mitologia da Roma pagã cedeu a
uma ideia mais espiritual da Deidade, assim nossas teorias
materiais cederão a ideias espirituais, até que o A base da
24 finito ceda lugar ao infinito, a doença à saúde, saúde e da
imortalidade
o pecado à santidade, até que o reino de Deus
venha “assim na terra como no céu”. A base de toda a saúde,
27 impecabilidade e imortalidade é o grandioso fato de que
Deus é a Mente única; e é preciso não só crer nessa Mente,
mas também compreendê-la. Livrar-se do pecado mediante
30 a Ciência é despojar o pecado de toda suposição de que ele
tenha mente ou realidade e nunca admitir que o pecado
possa ter inteligência ou poder, dor ou prazer. Tu vences o
33 erro negando-lhe veracidade. Nossas diversas teorias nunca
Ciência e Saúde A Ciência do existir 340
1 perderão seu poder imaginário para o bem ou para o mal, até
que percamos a fé que nelas temos e façamos com que a vida
3 seja a própria evidência da harmonia e de Deus.
O seguinte texto do livro de Eclesiastes transmite o
pensamento da Ciência Cristã, especialmente quando se
6 omitem as palavras dever de, que não estão no original: “De
tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os
Seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem”.
9 Em outras palavras: De tudo o que se tem ouvido, a suma é:
ama a Deus e guarda os Seus mandamentos: porque isso é o
todo do homem à imagem e semelhança de Deus. O Amor
12 divino é infinito. Portanto, tudo o que realmente existe está
em Deus, é de Deus, e manifesta o Seu amor.
“Não terás outros deuses diante de mim” (Êxodo 20:3).
15 O Primeiro Mandamento é meu texto favorito. Ele demons-
tra a Ciência Cristã. Inculca a triunidade de Deus, o Espírito,
a Mente; indica que o homem não terá outro espírito ou
18 outra mente a não ser Deus, o bem eterno, e que todos os
homens terão uma única e a mesma Mente. O Princípio
divino do Primeiro Mandamento é a base da Ciência do
21 existir, pela qual o homem demonstra a saúde, a santidade e
a vida eterna. Um só Deus infinito, o bem, unifica homens
e nações; estabelece a fraternidade dos homens; põe fim às
24 guerras; cumpre o preceito das Escrituras: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”; aniquila a idolatria pagã e a
cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis,
27 criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos
sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada
que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído.
Capítulo 11
Respostas a
algumas objeções
Mas, porque eu digo a verdade, não me credes.
Quem dentre vós me convence de pecado?
Se vos digo a verdade, por que razão não me credes? — Jesus.
Se habita em vós o espírito dAquele que
ressuscitou a Jesus dentre os mortos,
esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos
vivificará também o vosso corpo mortal,
por meio do Seu espírito, que em vós habita. — Paulo.
3
A s críticas severas a este livro condenariam ao esqueci-
mento a verdade que está levantando, da incapacidade
para a força, milhares de pessoas, e que as está elevando
de um Cristianismo teórico para um Cristianismo prático.
Essas críticas se baseiam, geralmente, em sentenças isoladas
6 ou em frases separadas do contexto. Até as Escrituras, que
em beleza e coerência brotam de uma só e grande raiz,
parecem contraditórias, quando tratadas dessa maneira.
9 Jesus disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque
verão a Deus” [a Verdade].
Na Ciência Cristã, a mera opinião não tem valor. A
12 prova é essencial para se avaliar corretamente esse assunto.
O sarcasmo suscitado pela aplicação da palavra Sustentada
Ciência ao Cristianismo não pode impedir que pelos fatos
15 seja científico aquilo que tem base no Princípio divino, que é
demonstrado segundo determinada regra divina e que é sub-
metido a comprovação. São tão absolutos e numerosos os
18 fatos que sustentam a Ciência Cristã, que nenhuma
341
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 342
1 declaração errada ou acusação pode derrubá-la. Paulo alude
a “discutir opiniões”. Soou a hora em que a prova e a
3 demonstração, em vez de opiniões e dogmas, são intimadas
a apoiar o Cristianismo, dando “sabedoria aos símplices”.
Pelo resultado de algumas condenações improcedentes
6 contra a cura científica pela Mente, podemos ver, com pesar,
os tristes efeitos produzidos nos doentes quando Os mandamentos
a Verdade é negada. Quem difama esta Ciência de Jesus
9 faz isso presunçosamente, afrontando a história bíblica e em
desafio ao mandamento direto de Jesus: “Ide por todo o mundo
e pregai o evangelho”, mandamento ao qual foi acrescentada
12 a promessa de que seus alunos expulsariam os males e cura-
riam os doentes. Ele ordenou aos setenta discípulos, assim
como aos doze, que curassem os doentes em qualquer cidade
15 em que fossem acolhidos com hospitalidade.
Se o Cristianismo não fosse científico, e se a Ciência não
fosse de Deus, então não haveria lei invariável e O Cristianismo
é científico
18 a verdade seria acidental. Acaso se pode dizer
que um sistema que atua de acordo com a Bíblia não tem
autoridade bíblica?
21 A Ciência Cristã desperta o pecador, redime o descrente
e levanta do leito de dor o enfermo desamparado. Fala aos
mudos as palavras da Verdade, e eles respon- As boas obras são
24 dem com alegria. Faz com que os surdos ouçam, nosso argumento
os coxos andem e os cegos vejam. Quem seria o primeiro a
negar o caráter cristão das boas obras, quando nosso Mestre
27 diz: “Pelos seus frutos os conhecereis”?
Se os Cientistas Cristãos ensinassem ou praticassem a
farmacêutica ou a obstetrícia de acordo com as teorias cor-
30 rentes, não seriam denunciados, ainda que de seu tratamento
resultasse a morte de um paciente. As pessoas, nesses casos,
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 343
1 são instruídas a dizer amém. Devo eu, então, ser atacada por
curar e por ensinar a Verdade como o Princípio da cura, e
3 por provar minhas palavras com minhas obras? Tiago disse:
“Mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te
mostrarei a minha fé”.
6 Acaso a mente finita não é ignorante a respeito do
método de Deus? Isso faz com que seja duplamente injusto
contestar e desvirtuar os fatos, embora, sem Experiência
carregar essa cruz, não se possa dizer como o pessoal
9
Apóstolo: “Nenhuma dessas coisas me abala”*. Os doentes, os
coxos e os cegos elevam o olhar para a Ciência Cristã e a ben-
12 dizem, e as paródias injustas não poderão impedir perpetua-
mente que o senso inspirado das pessoas reconheça a Verdade.
Jesus arranca ao erro todo disfarce, quando seus ensina-
15 mentos são plenamente compreendidos. Com parábolas e
argumentos ele explica a impossibilidade de o Prova por meio
bem produzir o mal; e também demonstra dos milagres
18 cientificamente esse sublime fato, provando, com aquilo que
erradamente é chamado milagre, que o pecado, a doença e a
morte são crenças — erros ilusórios — que ele podia destruir
21 e de fato destruiu.
Às vezes, parece que a verdade é rejeitada porque, para
aceitá-la, é necessário ter mansidão e espiritualidade, ao
24 passo que geralmente a cristandade exige muito menos do
que isso.
Na antiguidade, aqueles apóstolos que foram alunos de
27 Jesus, bem como Paulo, que não foi um dos seus alunos,
curavam os doentes e reformavam os pecadores O exemplo dos
por meio da religião. Por isso, é errado permi- discípulos
30 tir que tais exemplos sejam sucedidos por palavras em vez de
obras! O primeiro a se adiantar mansa e conscienciosamente
na senda da cura evangélica, muitas vezes é considerado
33 herege.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 344
1 Faz-se objeção à Ciência Cristã por ela afirmar que Deus é
a única e absoluta Vida e Alma, e que o homem é Sua ideia —
3 isto é, Sua imagem. Deve-se acrescentar que a Posição
Ciência Cristã afirma que esse é o estado nor- firme
mal, sadio e sem pecado do homem na Ciência divina, e essa
6 afirmação é feita porque as Escrituras dizem que Deus criou
o homem à Sua própria imagem e conforme a Sua seme-
lhança. Será sacrilégio presumir que a semelhança de Deus
9 não é encontrada na matéria, no pecado, na doença e na
morte?
Se fosse mais plenamente compreendido que a Verdade
12 cura e que o erro causa a doença, aqueles que se opõem a
uma Ciência demonstrável talvez se abstives- A eficácia pode
sem, por misericórdia, de fazer falsas decla- ser comprovada
15 rações que prejudicam os doentes; e, até que os inimigos da
Ciência Cristã ponham à prova a eficácia dessa Ciência, de
acordo com as regras que revelem seus méritos ou deméritos,
18 justo seria observar o preceito bíblico: “Não julgueis”.
Há vários métodos de tratar as doenças, os quais não
estão incluídos nos sistemas geralmente aceitos; mas existe
21 um só que deveria ser apresentado ao mundo O único
inteiro, e esse é a Ciência que é Cristã, e que método divino
Jesus pregava e praticava, a qual ele nos deixou como seu pre-
24 cioso legado.
Por que alguém se recusaria a examinar esse método de
tratar as doenças? Por que dar apoio aos sistemas populares
27 de medicina, quando o médico talvez seja um descrente
e talvez perca noventa e nove pacientes, enquanto que a
Ciência Cristã cura os cem que lhe competem? Será porque
30 a alopatia e a homeopatia estão mais na moda e são menos
espirituais?
Na Bíblia, a palavra Espírito é tão comumente aplicada
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 345
1 à Deidade, que Espírito e Deus são muitas vezes considerados
termos sinônimos; e é assim que são uniformemente empre-
3 gados e compreendidos na Ciência Cristã. Sendo Proclamada a
evidente que a semelhança do Espírito não pode onipotência
ser material, porventura não se segue daí que Deus não
6 pode estar na Sua dessemelhança e não pode atuar por meio de
drogas para curar os doentes? Quando a onipotência de Deus
for pregada e for proclamado o fato de que Ele é absoluto, os
9 sermões cristãos curarão os doentes.
Dizem, às vezes, ao criticar a Ciência Cristã, que aquela
mente que se contradiz não se conhece a si mesma, nem sabe
12 o que está dizendo. De fato, conhecer nosso Não há
próprio eu não é tarefa simples; mas neste meu contradições
livro não há declarações contraditórias — pelo menos não
15 para quem entende suas proposições o suficiente para poder
julgá-las. Quem compreende a Ciência Cristã pode curar os
doentes mediante o Princípio divino da Ciência Cristã, e essa
18 prova prática é a única evidência factível de que realmente se
compreende essa Ciência.
Qualquer pessoa capaz de perceber a incongruência entre
21 a ideia de Deus e a pobre humanidade deve ser capaz de per-
ceber a distinção (feita pela Ciência Cristã) entre o homem
de Deus, criado à Sua imagem, e a descendência pecadora de
24 Adão.
O Apóstolo diz: “Se alguém julga ser alguma coisa, não
sendo nada, a si mesmo se engana”. Esse pensamento sobre
27 a nulidade material humana, que a Ciência inculca, enfurece a
mente carnal e é a causa principal do antagonismo dessa mente.
Não é propósito da Ciência Cristã “educar a ideia de
30 Deus, ou tratá-la na doença”, como alega certo crítico.
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 346
1 Lamento que tal argumento crítico confunda o homem com
Adão. Quando se diz que o homem foi criado à A ideia de Deus é
3 imagem de Deus, não é ao homem mortal, peca- o homem ideal
dor e doentio que se faz referência, mas ao homem ideal, que
reflete a semelhança de Deus.
6 Dizem, às vezes, que a Ciência Cristã ensina a nulidade
do pecado, da doença e da morte, e depois ensina como essa
nulidade deve ser salva e curada. A nulidade A nulidade
9 do nada é óbvia; mas precisamos compreender do erro
que o erro nada é, e que sua nulidade não é salva, mas tem
de ser demonstrada a fim de ficar provado que a Verdade é
12 real — ou seja, que ela é tudo. É evidente por si mesmo que
somos harmoniosos somente quando deixamos de manifes-
tar o mal ou a crença de que sofremos devido aos pecados
15 dos outros. Não acreditar no erro destrói o erro e leva ao
discernimento da Verdade. Não existem vácuos. Como pode
então essa demonstração estar “cheia de falsidades, dolorosas
18 de contemplar”?
Tratamos o erro pela compreensão da Verdade, porque
a Verdade é o antídoto para o erro. Se um sonho cessa, fica
21 destruído por si mesmo e o terror acaba. Quando A Verdade é o
antídoto para o erro
o sofredor se convence de que não há realidade
na sua crença de dor — porque a matéria não tem sensação e,
24 por isso, a dor na matéria é uma crença errônea — como pode
ele continuar a sofrer? Acaso sentes a dor da extração de um
dente, quando crês que o gás óxido nitroso te deixou incons-
27 ciente? No entanto, no teu conceito, o dente, a operação e o
instrumento utilizado continuam inalterados.
As crenças materiais têm de ser expulsas para dar lugar
30 à compreensão espiritual. Não podemos servir, Servir a dois
senhores
ao mesmo tempo, a Deus e às riquezas; mas
não é isso o que os frágeis mortais tentam fazer? Paulo diz:
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 347
1 “A carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne”.
Quem está preparado para admitir isso?
3 Certo crítico disse que, para corroborar essa maravilhosa
filosofia, a Ciência Cristã declara que tudo o que é mortal ou
desarmonioso não tem origem, existência, nem realidade.
6 Nada realmente tem a Vida a não ser Deus, que é a Vida
infinita; por isso, tudo é a Vida, e a morte não tem domínio.
Esse escritor conclui que, se existe algo a ser medicado, tem
9 de ser o único Deus, ou seja, a Mente. Se tivesse formulado
seu silogismo corretamente, a conclusão teria sido que não
sobra nada para ser medicado.
12 Os críticos deveriam levar em consideração que o cha-
mado homem mortal não é a realidade do homem. Aí, eles
veriam os sinais da vinda do Cristo. O Cristo, Elemento
15 como ideia espiritual e verdadeira de Deus, essencial do
Cristianismo
vem agora, como na antiguidade, pregando o
evangelho aos pobres, curando os doentes e expulsando os
18 males. É porventura o erro que está restaurando um ele-
mento essencial do Cristianismo — a saber, a cura divina,
apostólica? Não; é a Ciência do Cristianismo que está restau-
21 rando esse elemento, e é a luz que resplandece nas trevas e as
trevas não compreendem.
Se a Ciência Cristã elimina os deuses populares — o
24 pecado, a doença e a morte — é o Cristo, a Verdade, que
destrói esses males e prova assim a nulidade deles.
O sonho de que a matéria e o erro sejam alguma coisa
27 tem de ceder à razão e à revelação. Então, os mortais se
darão conta da nulidade da doença e do pecado, e o pecado
e a doença desaparecerão da consciência. Ficará claro que o
30 harmonioso é real, e o desarmonioso é irreal. Esses críticos,
que nos censuram por dizermos que o erro é o nada, verão
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 348
1 então que ele é de fato a nulidade que nós não desejamos
honrar nem temer.
3 As teorias médicas praticamente admitem a nulidade das
alucinações, muito embora as tratem como doenças; e quem
se opõe a isso? Não deveríamos, então, aprovar toda cura
6 que se efetue por fazer com que a doença seja vista como
aquilo que ela é — uma ilusão?
A dificuldade é esta: geralmente não se compreende
9 como uma determinada doença pode ser uma delusão, tanto
quanto outra. É pena que a classe médica e o Toda doença é
clero não tenham entendido isso, porque Jesus uma delusão
12 estabeleceu esse fato fundamental quando, ao expulsar os
demônios, ou seja, as delusões, os mudos falaram.
Estaremos sendo irreverentes para com o pecado, ou
15 estaremos atribuindo demasiado poder a Deus, quando
O reconhecemos como a Vida e o Amor todo Eliminar
poderoso? Eu nego que exista cooperação entre a doença
18 Deus e o mal, porque não desejo ter fé no mal nem em algum
poder a não ser em Deus, o bem. Será que não é bom elimi-
nar da chamada mente mortal aquilo que, enquanto perma-
21 necer na mente mortal, se manifestará sob a forma de
pecado, doença e morte? Em vez de defender tenazmente os
supostos direitos da doença, enquanto nos queixamos do
24 sofrimento que a doença traz, não seria melhor abandonar
essa defesa, especialmente se dessa maneira pudermos
melhorar nosso próprio estado de saúde, como também
27 o de outras pessoas?
Nunca supus que o mundo se daria conta imediata e plena-
mente dos frutos da Ciência Cristã, ou que não se continuaria
30 acreditando, por tempo indefinido, no pecado, A plena colheita
na doença e na morte; mas o que realmente está por vir
afirmo é isto: que, como resultado do ensino da Ciência Cristã,
33 a ética e a temperança têm recebido impulso, a saúde tem sido
restabelecida e a longevidade, aumentada. Se os frutos atuais
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 349
1 são esses, qual não será a colheita, quando esta Ciência for
compreendida por um maior número de pessoas?
3 Assim como Paulo outrora perguntou aos descrentes,
assim as autoridades religiosas de hoje perguntam, quanto
ao nosso modo de curar e ensinar: “Desonras a A lei e o
6 Deus pela transgressão da lei?” Mas nós temos evangelho
o evangelho, e nosso Mestre anulava a lei material, ao curar
contrariamente a ela. Nós nos propomos a seguir o exemplo
9 do Mestre. Deveríamos subordinar a lei material à lei espiri-
tual. Dois pontos essenciais da Ciência Cristã são: que nem
a Vida nem o homem morrem, e que Deus não é o autor da
12 doença.
A dificuldade principal em transmitir com exatidão os
ensinamentos da Ciência divina ao pensamento humano é
15 que a língua inglesa, como todos os outros idio- O idioma é
mas, é insuficiente para expressar conceitos e insuficiente
proposições espirituais, porque somos forçados a usar termos
18 materiais ao lidar com ideias espirituais. A elucidação da
Ciência Cristã está no seu senso espiritual, e esse senso pre-
cisa ser alcançado por seus discípulos, a fim de que possam
21 captar o significado dessa Ciência. Daí provém a profecia a
respeito dos apóstolos cristãos: “Falarão novas línguas”.
Ao falar das coisas do Espírito, enquanto continuamos
24 em um plano material, geralmente temos de empregar ter-
mos materiais. O pensamento mortal não capta de imediato
o significado mais elevado e só poderá alcançá-lo na pro-
27 porção em que o pensamento for educado rumo à compreensão
espiritual. Em certa medida, isso é igualmente verdadeiro
quanto a todo aprendizado, mesmo aquele que é inteira-
30 mente material.
Na Ciência Cristã, entende-se que a substância é o Espírito,
enquanto que os opositores da Ciência Cristã acreditam que a
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 350
1 substância seja matéria. Eles pensam que a matéria seja algo,
quase a única coisa que existe, e que as coisas pertencentes ao
3 Espírito sejam praticamente nada, ou muito A substância
afastadas da experiência diária. A Ciência é espiritual
Cristã adota o ponto de vista exatamente oposto.
6 Para compreender todas as palavras de nosso Mestre,
conforme constam do Novo Testamento, palavras essas infi-
nitamente importantes, é preciso que seus segui- Tanto palavras
9 dores cresçam até a plenitude da estatura do como obras
homem de acordo com Cristo Jesus, que os habilita a inter-
pretar o significado espiritual do que ele disse. Então eles
12 entendem como a Verdade expulsa o erro e cura os doentes.
As palavras do Mestre eram o resultado de suas obras, e
tanto as palavras como as obras precisam ser entendidas. A
15 menos que sejam compreendidas as obras que suas palavras
explicavam, as palavras são obscuras.
O Mestre muitas vezes se recusava a explicar suas
18 palavras, porque em uma época material era difícil captar
a Verdade espiritual. Ele disse: “O coração deste povo
está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos
21 e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os
olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração,
se convertam e sejam por mim curados”.
24 “A Palavra se fez carne.”* A Verdade divina tem de
ser conhecida por seus efeitos no corpo, assim como na
mente, antes que a Ciência do existir possa ser O divino
27 demonstrada. Daí sua corporificação no Jesus elo vital
encarnado — aquele elo vital que forma a conexão pela
qual o real atinge o irreal, a Alma repreende os sentidos
30 e a Verdade destrói o erro.
No culto judaico, a Palavra era explicada materialmente,
e o senso espiritual quase não era percebido. A religião que
*Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 351
1 surgiu da história semiobscura, de cunho israelita, era pedante
e desprovida de poder sanador. Quando perdemos a fé no
3 poder de Deus para curar, deixamos de confiar A Verdade é
no Princípio divino que demonstra a Ciência socorro presente
Cristã, e então não podemos curar os doentes. Tampouco
6 podemos curar com a ajuda do Espírito, se nos colocamos
em uma base material.
Quando jovem, a autora se tornou membro da Igreja
9 Congregacional. Mais tarde, constatou que suas próprias
orações, bem como as de seus devotos pais e as da igreja,
não a curavam; mas quando o senso espiritual da religião foi
12 discernido na Ciência do Cristianismo, esse senso espiritual
se tornou socorro presente. Era a presença viva e palpitante
do Cristo, a Verdade, que curava os doentes.
15 Não podemos trazer à luz a prova prática do Cristianismo,
a qual Jesus requeria, enquanto o erro nos parecer tão potente e
real como a Verdade, e enquanto fizermos de um Premissas
18 diabo personificado e de um Deus antropomorfo destrutivas
nossos pontos de partida — especialmente se considerarmos
Satanás como um ser igual em poder à Deidade, se não Lhe
21 for até superior. Tais pontos de partida não são nem espiri-
tuais nem científicos, por isso não podem levar à prática da
regra do Espírito na cura cristã, que prova a nulidade do erro,
24 da desarmonia, demonstrando que a harmoniosa Verdade
inclui tudo.
Os pensamentos dos israelitas focalizavam o material
27 com a intenção de adorar o espiritual. Para eles, a matéria
era substância, e o Espírito era sombra. Pen- Adoração
savam poder adorar o Espírito sob o ponto de infrutífera
30 vista material, mas isso era impossível. Podiam invocar a
Jeová, mas essa oração não trazia nenhuma prova de haver
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 352
1 sido ouvida, porque eles não compreendiam suficientemente
a Deus para conseguir demonstrar o divino poder de curar —
3 de trazer à luz a realidade da harmonia e a irrealidade da
desarmonia.
Nosso Mestre declarou que seu corpo material não era
6 espírito, considerando-o, por certo, uma crença mortal e
material de carne e osso, ao passo que os judeus O Espírito
adotavam um ponto de vista diametralmente é o tangível
9 oposto. Para Jesus, não era a materialidade, mas a espiritua-
lidade, que constituía a realidade da existência do homem,
enquanto que para os rabinos, o espiritual era o intangível
12 e incerto, se não o irreal.
Porventura a mãe diria ao filho assustado com fantasmas
imaginários, e doente como consequência do medo: “Eu sei
15 que os fantasmas são reais. Eles existem e são Os fantasmas não
perigosos; mas tu não deves ter medo deles”? são realidades
As crianças, como os adultos, deveriam temer uma
18 realidade que lhes pudesse causar dano e que elas não com-
preendem, porque a qualquer momento poderiam se tornar
vítimas indefesas dessa realidade; mas em vez de aumentar
21 o medo das crianças, declarando que os fantasmas são reais,
malvados e poderosos, alimentando assim justamente as
raízes do medo infantil, deve-se assegurar às crianças que
24 seus temores são infundados, que os fantasmas não são
realidades, mas crenças tradicionais, errôneas e criadas pelos
homens.
27 Em resumo, deve-se ensinar as crianças a não acreditar
em fantasmas, porque não existem tais coisas. Se a crença em
sua realidade é destruída, o terror aos fantasmas desaparece
30 e a saúde é restabelecida. Então, as causas do medo se desva-
necem no nada, já não parecendo dignas de ser temidas ou
respeitadas. Para obter bons resultados, certamente não é
33 irracional contar a verdade sobre os fantasmas.
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 353
1 Aquilo que é científica e cristãmente real é o irreal
segundo os sentidos. O pecado, a doença, tudo o que parece
3 real ao senso material, é irreal na Ciência divina. O real e
Os sentidos físicos e a Ciência sempre foram o irreal
antagônicos e continuarão assim, até que o testemunho dos
6 sentidos físicos ceda inteiramente à Ciência Cristã.
Como pode o cristão, que tem a mais forte prova da
Verdade, a qual contradiz a evidência do erro, pensar que
9 esta última seja real ou verdadeira, quer sob a forma de
doença, quer sob a forma de pecado? Todos têm de admitir
que o Cristo é “o caminho, e a verdade, e a vida”, e que a
12 Verdade onipotente por certo destrói o erro.
A época atual ainda não superou completamente o senso
das crenças em fantasmas. Está ainda mais ou menos ape-
15 gada a elas. O tempo ainda não chegou à eter- A superstição
é obsoleta
nidade, à imortalidade, à realidade completa.
Tudo o que é real é eterno. A perfeição é a base da realidade.
18 Sem perfeição, nada é inteiramente real. Todas as coisas con-
tinuarão a desaparecer, até que a perfeição apareça e a reali-
dade seja alcançada. Temos de abandonar as crenças
21 ilusórias em todos os seus aspectos. Não devemos continuar
a admitir que a superstição seja alguma coisa, mas precisa-
mos abandonar toda a crença nela e ser sensatos. Quando
24 aprendemos que o erro não é real, ficamos preparados para o
progresso, esquecendo-nos “das coisas que para trás ficam”.
O túmulo não elimina o fantasma da materialidade.
27 Enquanto houver supostos limites para a Mente — e esses
limites são humanos — também parecerá que os fantasmas
continuam sendo reais. A Mente é isenta de limites. Ela
30 nunca foi material. A verdadeira ideia concernente ao existir
é espiritual, é imortal, e daí segue-se que a única coisa que
descartamos é o fantasma, uma crença irreal. As crenças
33 mortais não podem nem demonstrar o Cristianismo nem
alcançar a realidade da Vida.
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 354
1 Será que os protestos da Ciência Cristã, contra a noção
de que possa haver vida, substância ou mente materiais, são
3 “totais falsidades e absurdos”, como dizem Combate
alguns? Então, por que tentam os cristãos obe- cristão
decer às Escrituras e combater “o mundo, a carne e o diabo”?
6 Por que invocam a ajuda divina para deixar tudo por Cristo,
a Verdade? Por que usam essa fraseologia e, apesar disso,
negam a Ciência Cristã, quando ela ensina precisamente esse
9 pensamento? As obras é que atestam a imortalidade das
palavras da Ciência divina, pois o Princípio dessas palavras
cura os doentes e espiritualiza a humanidade.
12 Por outro lado, os opositores cristãos da Ciência Cristã não
dão nem apresentam prova alguma de que a religião de seu
Mestre pode curar os doentes. Por certo, não A cura foi
basta ser fiel a dogmas estéreis e incoerentes, omitida
15
provenientes das tradições dos anciãos que os sancionaram.
A coerência se vê mais no exemplo do que no preceito.
18 A incoerência aparece nas palavras sem obras, que são como
nuvens sem chuva. Se nossas palavras não Coerência
forem suficientes para expressar nossas obras, científica
21 Deus compensará essa fraqueza, e da boca dos pequeninos
Ele aperfeiçoará o louvor. Vai alta a noite da materialidade
e, com a aurora, a Verdade despertará espiritualmente os
24 homens para ouvirem e falarem a nova língua.
O pecado deve se tornar irreal para todos. Ele é incoe-
rente por sua própria natureza, um reino dividido. Sua
27 suposta realidade não tem autoridade divina, e eu me alegro
por compreender essa grandiosa verdade.
Os opositores da Ciência divina têm de ser Significado
tolerantes, se quiserem ser cristãos. Se a letra espiritual
30
da Ciência Cristã lhes parece incoerente, eles precisam
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 355
1 entender o significado espiritual da Ciência Cristã; então a
ambiguidade desaparecerá.
3 A acusação de haver incoerência nos métodos cristãmente
científicos de lidar com o pecado e a doença é enfrentada com
algo prático — a saber, a prova da utilidade Argumentos
desses métodos; e as provas são melhores do práticos
6
que meros argumentos e orações verbais que não evidenciam
nenhum poder espiritual para curar.
9 Quanto ao pecado e à doença, a Ciência Cristã diz,
na linguagem do Mestre: “Segue-me, e deixa aos mortos o
sepultar os seus próprios mortos”. Que não seja mais ouvida
12 a desarmonia, independentemente de seu nome e natureza,
e que o senso harmonioso e verdadeiro da Vida e do existir
tome posse da consciência humana.
15 Comparando as duas teorias conflitantes sobre a cura
cristã, qual é o valor de cada uma? A primeira, de acordo
com os mandamentos de nosso Mestre, cura os doentes. A
18 outra, a religião popular, se recusa a admitir que a religião de
Cristo tenha exercido algum poder sanador sistemático após
o primeiro século.
21 A afirmação de que os ensinamentos da Ciência Cristã
nesta obra sejam “absolutamente falsos” e que sejam “as mais
flagrantes falácias jamais submetidas à acei- Requisitos
24 tação”, é uma opinião devida inteiramente à má para a crítica
compreensão, tanto a respeito do Princípio divino como
a respeito da prática da Ciência Cristã, e é devida à conse-
27 quente incapacidade para demonstrar essa Ciência. Sem essa
compreensão, ninguém é capaz de fazer uma crítica impar-
cial ou correta, porque a demonstração e a compreensão
30 espiritual são as imortais notas tônicas de Deus, comprova-
das como tais por nosso Mestre, e atestadas pelos doentes
que são curados e pelos pecadores que são reformados.
33 É bastante estranho procurarmos teorias materiais em
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 356
1 apoio às verdades espirituais e eternas, quando elas são tão
antagônicas entre si que o pensamento material precisa se
3 espiritualizar antes de ser alcançado o fato espi- A fraqueza
ritual. A chamada existência material não apre- das teorias
materiais
senta prova alguma da existência espiritual e da
6 imortalidade. O pecado, a doença e a morte não dão provas
da entidade ou da imortalidade do homem. A desarmonia
jamais pode estabelecer os fatos da harmonia. A matéria não
9 é o vestíbulo do Espírito.
Jesus raciocinava de maneira prática sobre esse assunto
e subjugava, com base na sua espiritualidade, a doença,
12 o pecado e a morte. Compreendendo a nuli- Diferenças
dade das coisas materiais, ele falava da carne irreconciliáveis
e do Espírito como dois opostos — o erro e a Verdade, que
15 de nenhum modo contribuem para a felicidade e a existência
recíproca. Jesus sabia que “o espírito é o que vivifica; a carne
para nada aproveita”.
18 Não existe associação, nem presente nem eterna, entre o
erro e a Verdade, entre a carne e o Espírito. Deus é tão inca-
paz de produzir o pecado, a doença e a morte, Associação
21 como de vivenciar esses erros. Como, então, impossível
Lhe seria possível criar o homem sujeito a esse trio de erros
— o homem, que é feito à semelhança divina?
24 Acaso Deus cria de Si mesmo, do Espírito, um homem
material? Será que o mal procede do bem? Será que o Amor
divino comete uma fraude contra a humanidade, criando o
27 homem com propensão ao pecado e castigando-o depois por
isso? Poderia alguém achar sensato e bom criar o elemento
primário, e depois castigar o que dele deriva?
30 Segue o subsequente o seu antecedente? Segue.
Houve um pecado original criador de si mesmo? Então
deve ter havido mais de um criador, mais de um Deus.
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 357
1 Por uma questão de lógica, temos de admitir que Deus não
castigaria o homem por fazer aquilo que Ele o Dois criadores
3 criou capaz de fazer, e que Ele desde o início infinitos,
proposição absurda
sabia que o homem faria. Deus é “tão puro de
olhos, que não [pode] ver o mal”. Sustentamos os fatos da
6 Verdade, não por aceitar, mas por rejeitar, a mentira.
Jesus disse do mal personificado que este era “mentiroso
e pai da mentira”. A Verdade não cria nem a mentira, nem
9 a capacidade de mentir, nem o mentiroso. Se a humanidade
abandonasse a crença de que Deus produz a doença, o pecado
e a morte, ou de que Deus faz com que o homem seja capaz
12 de sofrer devido a essa tríade malévola, os fundamentos do
erro desmoronariam, e a destruição do erro estaria assegu-
rada; mas se teoricamente dotarmos os mortais de faculdade
15 criadora e autoridade divina, então como ousaremos tentar
destruir o que Deus fez, ou mesmo negar que Ele tenha feito
com que o homem seja mau e que o mal seja bom?
18 A história ensina que as noções populares e errôneas
a respeito do Ser Divino e de Seu caráter se originaram
na mente humana. Visto que em realidade só Antropo-
21 existe um Deus, uma Mente única, as noções morfismo
errôneas sobre Deus devem ter se originado em uma supo-
sição errada, não na Verdade imortal, e elas estão se desvane-
24 cendo. São alegações erradas que terminarão por desaparecer,
de acordo com a visão de S. João no Apocalipse.
Se aquilo que se opõe a Deus fosse real, forçosamente
27 deveria haver dois poderes, e Deus não seria supremo e infi-
nito. Poderia a Deidade ser todo-poderosa, se Uma só
outra causa poderosa e autocriadora existisse e supremacia
30 influenciasse a humanidade? Tem o Pai “Vida em Si mesmo”
como dizem as Escrituras e, nesse caso, poderia a Vida, ou
seja, Deus, estar no mal e criá-lo? Pode a matéria expulsar
33 a Vida, o Espírito, e assim derrotar a onipotência?
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 358
1 Acaso é superior à onipotência o machado do lenhador,
que destrói a chamada vida de uma árvore? Pode uma bala
3 de chumbo privar o homem de sua Vida — isto A matéria é
é, deixá-lo sem Deus, que é a Vida do homem? impotente
Se Deus estivesse à mercê da matéria, então a matéria seria
6 onipotente. Tais doutrinas são “confusão cada vez mais con-
fusa”. Se duas afirmações se contradizem completamente e
uma delas é verdadeira, a outra tem de ser falsa. Porventura
9 a Ciência é contraditória?
A Ciência Cristã, compreendida, coincide com a Bíblia
e sustenta lógica e demonstravelmente todos os pontos que
12 apresenta. Do contrário, não seria Ciência e não Fatos científicos
poderia apresentar provas. A Ciência Cristã e bíblicos
não é feita nem de aforismos contraditórios nem de afir-
15 mações inventadas por aqueles que escarnecem de Deus. Ela
apresenta o veredicto sereno e claro da Verdade contra o erro,
veredicto proferido e exemplificado pelos profetas, por Jesus,
18 por seus apóstolos, tal como consta na Bíblia inteira.
Por que será que, no nosso aprendizado, as palavras de
Jesus são citadas com mais frequência do que suas notáveis
21 obras? Não será porque poucos chegaram ao verdadeiro
conhecimento da alta significância daquelas obras para o
Cristianismo?
24 Às vezes ouve-se dizer: “Podes estar certo de que todo
efeito que os Cientistas Cristãos possam produzir nos doentes
provém do fato de que eles suscitam nos enfer- Confiança
mos a crença de que, para eliminar a doença, pessoal
27
esses sanadores possuem um poder maravilhoso, derivado
do Espírito Santo”. Será que os membros das igrejas teriam
30 mais fé em algum Cientista Cristão, que eles talvez nunca
tenham visto e contra o qual tenham sido prevenidos, do que
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 359
1 em seus próprios pastores ordenados, que eles já conhecem, e
que aprenderam a amar e a neles confiar?
3 Digamos que algum padre ou pastor experimente curar
seus amigos por meio da fé que esses amigos têm nele. Será
que essa fé os curaria? No entanto, os Cientistas atenderão
6 esses casos, e as curas se realizarão. Será que isso ocorre por-
que os pacientes têm mais fé no Cientista do que no pastor ou
no padre? Curei descrentes cuja única objeção a este método
9 era que eu, como Cientista Cristã, acreditava no Espírito
Santo, ao passo que eles, os pacientes, não acreditavam.
Embora afirmes que os sentidos materiais são indispensá-
12 veis para a existência ou entidade do homem, tens de mudar
o conceito humano sobre a vida e, por fim, conhecer-te a ti
mesmo espiritual e cientificamente. A prova da existência
15 do Espírito, da Alma, só é palpável ao senso espiritual e não
é perceptível aos sentidos materiais, que só tomam conheci-
mento daquilo que é o oposto do Espírito.
18 O verdadeiro Cristianismo é digno de honra onde quer
que se encontre, mas quando é que chegaremos a cumprir
o objetivo que a palavra Cristianismo implica? Os pais
Por ter pais puritanos, a descobridora da da autora
21
Ciência Cristã recebeu desde criança uma educação religiosa.
Na infância, muitas vezes, ouvia com alegria estas palavras,
24 que vinham dos lábios de sua devota mãe: “Deus é capaz de
te restabelecer da doença”; e pensava no significado deste tre-
cho das Escrituras, que ela cita com tanta frequência: “Estes
27 sinais hão de acompanhar aqueles que creem: ... se impuse-
rem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados”.
Um Cientista Cristão e um opositor são como dois artis-
30 tas. Um deles diz: “Tenho ideais espirituais, Dois artistas
indestrutíveis e gloriosos. Quando outros os diferentes
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 360
1 virem como eu os vejo, na sua verdadeira luz e beleza — e
souberem que esses ideais são reais e eternos porque provêm
3 da Verdade — constatarão que nada se perde e tudo se ganha
por avaliar corretamente o que é real”.
O outro artista responde: “Interpretas mal a minha
6 experiência. Não tenho nenhum ideal que se manifeste men-
talmente a não ser aqueles que são expressados ao mesmo
tempo mental e materialmente. É certo que a materialidade
9 faz com que esses ideais sejam imperfeitos e destrutíveis;
contudo, eu não trocaria os meus pelos teus, pois os meus
me proporcionam grande prazer pessoal e não são tão cho-
12 cantemente transcendentais. Exigem menos renúncia ao ego
e mantêm a Alma bem longe da vista. Além disso, não tenho
a intenção de abandonar minhas antigas doutrinas e opiniões
15 humanas”.
Caro leitor, qual quadro mental ou pensamento exteriori-
zado será real para ti — o material, ou o espiritual? Não
18 podes ficar com ambos. Estás manifestando Escolhe,
teu próprio ideal. Esse ideal ou é temporal ou hoje
é eterno. Ou o Espírito ou a matéria é teu modelo. Se tentas
21 adotar dois modelos, então praticamente não tens nenhum.
Como o pêndulo de um relógio, serás atirado de um lado
para outro, indo de encontro à carcaça da matéria e osci-
24 lando entre o real e o irreal.
Presta atenção à sabedoria de Jó, segundo a excelente
tradução do falecido Rev. George R. Noyes, D.D.:
27 Será o homem mortal mais justo do que Deus?
Será o homem mais puro do que seu Criador?
Eis que Ele não confia em Seus espíritos servidores,
30 E aos Seus anjos atribui debilidades.
Outrora os judeus condenaram à morte o profeta da
Galileia, o melhor cristão da terra, por ter falado e demons-
33 trado a verdade, ao passo que hoje, judeus e cristãos podem
se unir em doutrina e denominação, na própria base das
palavras e obras de Jesus. O judeu crê que o Messias, o
Ciência e Saúde Respostas a algumas objeções 361
1 Cristo, ainda não veio; o cristão acredita que Cristo é Deus.
Aqui a Ciência Cristã intervém, explica esses pontos de
3 doutrina, anula a divergência e resolve a questão. O Cristo,
como a verdadeira ideia espiritual, é o ideal de Deus, agora
e para sempre, aqui e em toda parte. O judeu, que crê no
6 Primeiro Mandamento, é monoteísta; ele tem um só Deus
onipresente. Assim, o judeu se une à doutrina do cristão, de
que Deus já está aqui, presente agora e para sempre. O cris-
9 tão, que crê no Primeiro Mandamento, é monoteísta. Assim,
ele praticamente se une à crença do judeu em um só Deus, e
reconhece que Jesus Cristo não é Deus, como Jesus mesmo
12 declarou, mas é o Filho de Deus. Essa declaração de Jesus,
compreendida, não está de maneira alguma em conflito com
esta outra de suas afirmações: “Eu e o Pai somos um” — isto
15 é, um em qualidade, não em quantidade. Assim como uma
gota de água é uma com o oceano, um raio de luz é um com
o sol, do mesmo modo Deus e o homem, Pai e filho, são um
18 no existir. A Bíblia diz: “Pois nEle vivemos, e nos movemos,
e existimos”.
Revisei Ciência e Saúde somente para dar uma expressão
21 mais clara e mais completa de seu significado original. As
ideias espirituais se desdobram à medida que avançamos. A
percepção humana da Ciência divina, por limitada que seja,
24 tem de ser correta para ser Ciência e passível de demons-
tração. Um grão da Verdade infinita, embora o menor no
reino dos céus, é a esperança mais elevada na terra, mas será
27 rejeitado e difamado até que Deus prepare o terreno para a
semente. Aquilo que, quando semeado, dá fruto imortal,
enriquece a humanidade só quando é compreendido — daí
30 as muitas interpretações dadas às Escrituras, e as necessárias
revisões de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
Capítulo 12
A prática da
Ciência Cristã
Por que estás abatida, ó minha alma [senso]?
Por que te perturbas dentro de mim?
Põe tua esperança em Deus, pois ainda O louvarei,
A Ele, que é a saúde do meu semblante e meu Deus.* — Salmos.
Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem:
em meu nome, expelirão demônios;
falarão novas línguas; pegarão em serpentes;
e, se alguma coisa mortífera beberem, não lhes fará mal;
se impuserem as mãos sobre enfermos, eles ficarão curados. — Jesus.
3
O sétimo capítulo do Evangelho de Lucas relata que Jesus
foi uma vez o convidado de honra de certo fariseu
que, embora se chamasse Simão, era bem diferente de Simão,
o discípulo. Enquanto estavam à mesa, ocorreu um incidente
fora do comum, como que para interromper a Uma narrativa
cena de festividade oriental. Uma “estranha” do evangelho
6
entrou. Sem levar em conta o fato de que, especialmente sob
as regras severas da lei rabínica, esse lugar e essa sociedade
9 lhe eram proibidos tão decididamente como se ela fosse um
pária hindu invadindo a casa de um brâmane de alta casta,
essa mulher (Maria Madalena, como passou a ser chamada)
12 se aproximou de Jesus. Segundo o costume daquela época,
ele estava reclinado sobre um divã, com a cabeça voltada para
a mesa e os pés descalços em direção contrária. Por isso foi
15 fácil para a mulher da cidade de Magdala se aproximar por
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
362
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 363
1 trás do divã e alcançar-lhe os pés. Trazia um frasco de alabas-
tro, que continha um óleo aromático de alto preço — talvez
3 óleo de sândalo, de uso tão comum no Oriente. Abrindo o
frasco lacrado, ela perfumou os pés de Jesus com o óleo e os
enxugou com seus compridos cabelos, que lhe caíam soltos
6 sobre os ombros, como era costume entre as mulheres de sua
classe.
Acaso Jesus tratou a mulher com desprezo? Repeliu ele
9 sua adoração? Não! Ele a tratou com compaixão. Mas isso
não foi tudo. Sabendo o que diziam no coração A parábola
aqueles que o rodeavam, especialmente o anfi- do credor
12 trião — todos eles perguntando-se como esse convidado
eminente, sendo profeta, não havia imediatamente detectado
a condição imoral da mulher e não a havia mandado embora
15 — sabendo isso, Jesus os repreendeu com uma curta história
ou parábola. Ele descreveu dois devedores — um, de uma
quantia grande, e o outro, de uma quantia menor, os quais
18 foram dispensados de suas dívidas pelo credor. “Qual deles,
portanto, o amará mais?” foi a pergunta do Mestre a Simão,
o fariseu; e Simão respondeu: “Aquele a quem mais perdoou”.
21 Jesus aprovou a resposta e com isso deu a todos um claro e
instrutivo exemplo, seguido daquela notável declaração diri-
gida à mulher: “Perdoados são os teus pecados”.
24 Por que é que Jesus resumiu assim a dívida dessa mulher
para com o Amor divino? Teria ela se arrependido e se rege-
nerado, e teria o discernimento de Jesus perce- Discernimento
27 bido esse silencioso reerguimento moral? Ela divino
regou-lhe os pés com lágrimas, antes de ungi-los com o óleo.
Na ausência de outras provas, seria o seu pesar evidência
30 suficiente para justificar a esperança de que ela tivesse se
arrependido, se reformado e crescido em sabedoria?
Certamente era animador o simples fato de que ela estava
33 demonstrando afeto por um homem de indubitável bondade
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 364
1 e pureza, o qual desde aquela época foi com razão conside-
rado o melhor homem que já pisou este planeta. A veneração
3 dela foi sincera e se manifestou para com o homem que,
embora os que o rodeavam não o soubessem, em breve iria
entregar sua própria existência mortal em favor de todos os
6 pecadores para que, pelas palavras e obras desse homem,
pudessem ser redimidos da sensualidade e do pecado.
Qual das duas homenagens foi a mais significativa diante
9 de tão inefável afeto: a hospitalidade do fariseu, ou a con-
trição da mulher de Magdala? A essa indagação Ou penitência,
Jesus respondeu, repreendendo a presunção de ou hospitalidade
12 uma retidão pessoal e declarando a absolvição da penitente.
Ele até disse que essa pobre mulher havia feito o que o rico
anfitrião deixara de fazer — lavar e ungir os pés do seu con-
15 vidado, prova especial de cortesia oriental.
Aqui se apresenta uma questão solene, decorrente de
uma das necessidades da época atual. Buscam os Cientistas
18 Cristãos a Verdade, da mesma maneira como Simão buscou
o Salvador, ou seja, por meio do conservantismo material e
como homenagem pessoal? Jesus disse a Simão que aqueles
21 que o buscavam dessa forma davam pouco em retribuição
pela purificação espiritual propiciada pelo Messias. Se os
Cientistas Cristãos agem como Simão, então deles também
24 deve-se dizer que amam pouco.
Por outro lado, mostram eles consideração para com a
Verdade, o Cristo, por meio de arrependimento sincero e
27 coração quebrantado, que se expressam em Arrependimento
mansidão e afeto humano, assim como o fez sincero
essa mulher? Se assim for, então deles se poderá dizer o que
30 Jesus disse daquela visitante indesejada: que de fato amam
muito, porque muito lhes é perdoado.
Se o médico desatento, a enfermeira, a cozinheira e o
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 365
1 brusco visitante interesseiro soubessem, compadecidos, que
estão plantando espinhos no travesseiro dos doentes e daque-
3 les que, ansiando pelo céu, desviam da terra o A compaixão
olhar — oh! se soubessem! — esse conheci- é necessária
mento faria muito mais para curar os doentes e preparar
6 para a “chamada da meia noite” os que lhes prestam assistên-
cia; esse conhecimento faria muito mais do que todos os gri-
tos de “Senhor, Senhor!” O pensamento benévolo de Jesus,
9 que tem expressão em palavras tais como “Não andeis ansio-
sos pela vossa vida”, curaria os doentes e assim lhes daria a
capacidade de se elevarem acima da suposta necessidade de
12 se preocupar com o estado do corpo e de medicá-lo; mas se
faltar o afeto desprendido do ego e forem deixados de lado
o senso comum e a compaixão humana, então que qualidade
15 mental restará para, do braço estendido da retidão, evocar
a cura?
Se o Cientista alcança o paciente por meio do Amor divino,
18 o trabalho de cura se realiza em uma só visita, e a doença desa-
parece, voltando ao seu nada original, como Cura
rápida
desaparece o orvalho sob o sol da manhã. Se
21 o Cientista tem suficiente afeto cristão para obter seu próprio
perdão, e a mesma aprovação que a mulher de Magdala rece-
beu de Jesus, então ele é suficientemente cristão para exercer
24 a prática científica e tratar os pacientes com compaixão; e o
resultado corresponde à intenção espiritual.
Se a hipocrisia, a indiferença, a desumanidade ou a imo-
27 ralidade entrassem no quarto do doente por intermédio do
pretenso sanador, isso transformaria, se fosse A Verdade
profanada
possível, em covil de salteadores o templo do
30 Espírito Santo — isto é, o poder espiritual do paciente para
ressuscitar-se a si mesmo. O profissional que não tem quali-
dades cristãs não está transmitindo à mente ou ao corpo a
33 alegria e a força da Verdade. O pobre coração sofredor
necessita da nutrição apropriada, tal como paz, paciência
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 366
1 na tribulação e o precioso senso do carinho e do amor do
Pai querido.
3 A fim de curar o paciente, é preciso que o metafísico pri-
meiro expulse de si mesmo os males morais e assim chegue à
liberdade espiritual que o habilitará a expulsar É preciso expulsar
6 os males físicos do paciente; mas curar não lhe os males morais
será possível, enquanto sua própria esterilidade espiritual não
lhe permitir dar de beber ao sedento e o impedir de alcançar
9 o pensamento do paciente — sim, enquanto a penúria mental
fizer esfriar sua fé e sua compreensão.
O médico a quem falta compaixão por seu semelhante
12 não tem suficiente afeto humano, e temos autoridade apostó-
lica para declarar: “Aquele que não ama a seu O verdadeiro
médico
irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a
15 quem não vê”. Sem esse afeto espiritual, falta-lhe a fé na
Mente divina e ele não tem aquele reconhecimento do Amor
infinito, o único que outorga o poder de cura. Tais pretensos
18 Cientistas coam mosquitos, enquanto engolem os camelos do
pedantismo intolerante.
Aquele que se propõe a curar tem também de estar atento
21 para não se deixar impressionar pelo senso da odiosidade
do pecado e por ver descoberto o pecado nos A fonte
da calma
seus próprios pensamentos. Os doentes ficam
24 apavorados com suas crenças doentias, e os pecadores deve-
riam ficar aterrorizados por suas crenças pecaminosas; mas
o Cientista Cristão permanece calmo na presença tanto do
27 pecado como da doença, sabendo, como sabe, que a Vida
é Deus, e que Deus é Tudo.
Se queremos abrir aos doentes as portas de sua prisão,
30 primeiro temos de aprender a restaurar os quebrantados de
coração. Se queremos curar pelo Espírito, não podemos
esconder o talento da cura espiritual sob o sudário de sua
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 367
1 forma, nem sepultar a essência da Ciência Cristã nas morta-
lhas de sua letra. Falar ao doente com palavras de ternura e
3 animá-lo de maneira cristã, ter paciência com- Cura
passiva para com seus temores, eliminando-os, genuína
tudo isso vale mais do que hecatombes de borbotantes teo-
6 rias, discursos estereotipados e plagiados, e argumentos que
não passam de outras tantas paródias à Ciência Cristã legí-
tima, ardente de Amor divino.
9 É isso o que significa buscar a Verdade, o Cristo, não para
receber os “pães” e os “peixes” nem, como o fariseu, com a
arrogância de sua posição hierárquica e exi- Gratidão
bição de conhecimentos eruditos, mas como e humildade
12
Maria Madalena, do alto de sua consagração devota, com
o óleo da alegria e o perfume da gratidão, com lágrimas de
15 arrependimento e com aqueles cabelos todos contados
pelo Pai.
O Cientista Cristão ocupa nesta época o lugar de que
18 Jesus falou a seus discípulos, quando disse: “Vós sois o sal da
terra”. “Vós sois a luz do mundo. Não se pode O sal
esconder a cidade edificada sobre um monte”. da terra
21 Vigiemos, trabalhemos e oremos para que esse sal não perca
o sabor e essa luz não fique escondida, mas irradie e resplan-
deça, até alcançar a plenitude de sua glória.
24 A Verdade infinita da cura pelo Cristo veio a esta época
por meio de um “cicio tranquilo e suave”, por meio de
declarações silenciosas e de unção divina, que vivificam e
27 aumentam os efeitos benéficos do Cristianismo. Almejo ver
concretizada minha esperança, a saber, as realizações mais
elevadas do aluno nesse rumo da luz.
30 A Verdade é infinita, por isso é preciso reconhecer que o
erro nada é. A Verdade é onipotente no bem, por isso o erro,
o contrário da Verdade, não tem poder. O mal é apenas o
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 368
1 contrapeso do nada. A maior injustiça é apenas o oposto
hipotético da suma justiça. A confiança inspirada pela
3 Ciência assenta no fato de que a Verdade é O real
real, e o erro é irreal. O erro é covarde ante e o falso
a Verdade. A Ciência divina insiste em que o tempo provará
6 tudo isso. Tanto a verdade como o erro estão mais perto do
que nunca da percepção dos mortais, e a verdade se torna
ainda mais clara à medida que o erro se autodestrói.
9 Considerando as crenças perniciosas de que o erro seja
tão real quanto a Verdade, de que o mal tenha o mesmo
poder que o bem, se não mais, e de que a desar- Os resultados da
monia seja tão normal quanto a harmonia, até fé na Verdade
12
a esperança de se libertar do cativeiro da doença e do pecado
propicia pouca inspiração para dar força ao empenho de ven-
15 cer essas crenças. Quando chegamos a ter mais fé na verdade
do existir do que no erro, mais fé no Espírito do que na maté-
ria, mais fé em viver do que em morrer, mais fé em Deus do
18 que no homem, então nenhuma suposição material pode nos
impedir de curar os doentes e destruir o erro.
Que a Vida não depende de condições corpóreas, fica
21 provado quando nos damos conta de que a vida e o homem
sobrevivem a este corpo. Nem o mal, nem a A Vida é
doença, nem a morte podem ser espirituais, e a independente
da matéria
24 crença material neles desaparece na proporção
de nosso crescimento espiritual. A matéria não tem consciên-
cia nem Ego, por isso ela não pode agir; suas condições são ilu-
27 sões, e essas condições falsas são a fonte de toda aparente
doença. Se admites a existência da matéria, estás admitindo
que a mortalidade (e, portanto, a doença) está fundamentada
30 em fatos. Se negas a existência da matéria, podes destruir a
crença nas condições materiais. Quando o medo desaparece, o
fundamento da doença já não existe. Se o médico mental crer
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 369
1 na realidade da matéria, estará propenso a admitir também a
realidade de todas as condições desarmoniosas e isso o impe-
3 dirá de destruí-las. Desse modo, não estará preparado para
tratar com êxito as doenças.
Na proporção em que, para o senso humano, a matéria
6 deixa completamente de constituir a entidade do homem,
nessa mesma proporção o homem tem domínio A entidade
sobre a matéria. Ele chega a um senso mais do homem
9 divino dos fatos e compreende a teologia de Jesus, como ele
a demonstrou ao curar os doentes, ressuscitar os mortos e
caminhar sobre as ondas. Todas essas obras manifestaram
12 o controle de Jesus sobre a crença de que a matéria seja subs-
tância, de que ela possa ser o árbitro da vida ou a construtora
de qualquer forma de existência.
15 Não nos consta que Lucas ou Paulo tenham feito da
doença uma realidade a fim de descobrir algum meio de
curá-la. Jesus nunca perguntava se a doença Tratamento
era aguda ou crônica e nunca recomendava pelo Cristo
18
obediência às leis de saúde, nunca dava drogas, nunca orava
para saber se era da vontade de Deus que um homem vivesse.
21 Ele compreendia que o homem, cuja Vida é Deus, é imortal,
e sabia que o homem não tem duas vidas, uma para ser des-
truída e a outra para se tornar indestrutível.
24 A arte profilática e a terapêutica (isto é, a de prevenir e a
de curar) pertencem decisivamente à Ciência Cristã, como
facilmente se veria, se a psicologia, ou seja, a A matéria
27 Ciência do Espírito, Deus, fosse compreendida. não é remédio
Os métodos não científicos estão chegando ao seu ponto
morto. Limitados à matéria por sua própria lei, porventura
30 eles proporcionam os benefícios da Mente e da imortalidade?
Ninguém se cura fisicamente no erro intencional ou por
meio desse erro, assim como ninguém se salva moralmente
33 no pecado ou por meio dele. É erro até mesmo resmungar
ou irritar-se diante do pecado. Para ser íntegro e sadio sob
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 370
1 todos os aspectos, é preciso que o homem seja melhor tanto
espiritual como fisicamente. Para sermos imortais, temos de
3 abandonar o senso mortal das coisas, volver-nos Não há cura
da mentira da crença errônea para a Verdade, e no pecado
colher da Mente divina os fatos sobre o existir. O corpo
6 melhora sob o mesmo regime que espiritualiza o pensamento;
e se a saúde não se manifesta sob esse regime, isso prova que
o medo está governando o corpo. Essa é a lei de causa e
9 efeito, ou seja, o semelhante que produz o semelhante.
A homeopatia fornece aos sentidos a prova de que os
sintomas, que poderiam ser produzidos por uma determi-
12 nada droga, desaparecem mediante o uso da O semelhante cura
mesma droga que causa os sintomas. Isso con- o semelhante
firma minha teoria de que a fé na droga é o único fator na
15 cura. O efeito, que a mente mortal produz por meio de uma
determinada crença, é eliminado pela própria mente mortal
por meio de uma crença oposta, porém essa mente emprega o
18 mesmo remédio em ambos os casos.
Os fatos morais e espirituais referentes à saúde, sussurrados
ao pensamento, produzem efeitos muito diretos e marcantes
21 no corpo. Visto que a mente mortal tem de ser a causa da
enfermidade, um diagnóstico físico da doença tende a produzir
a doença.
24 De acordo com o testemunho médico e a experiência
individual, uma droga pode chegar ao ponto de perder seu
suposto poder e já não fazer efeito no paciente. A eficácia
27 O tratamento que segue as teorias materiais passageira
das drogas
sobre a saúde também perde a eficácia. Do
mesmo modo, com o tempo, o charlatanismo deixa de susci-
30 tar a credulidade dos doentes e então eles param de melhorar.
Essas lições são úteis. Elas deveriam, de maneira natural e
autêntica, levar-nos a já não tomar por base a sensação, mas
33 sim a Ciência Cristã, não o erro, mas sim a Verdade, não a
matéria, mas sim o Espírito.
Os médicos examinam o pulso, a língua e os pulmões
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 371
1 para verificar o estado da matéria, quando, de fato, tudo é a
Mente. O corpo é o substrato da mente mortal, e essa mente,
3 assim chamada, tem de ceder por fim às ordens O diagnóstico
da Mente imortal. da matéria
Os tratados sobre doenças têm efeito mental semelhante
6 ao que é produzido nas crianças quando, no escuro, se lhes
contam histórias de fantasmas. Aqueles que As histórias
não estão instruídos na Ciência Cristã nada de fantasmas
causam medo
9 compreendem realmente da existência mate-
rial. Acredita-se que os mortais estejam aqui sem seu
consentimento, e que também sejam tirados daqui involun-
12 tariamente, sem saber por que, nem quando. Assim como as
crianças assustadas procuram por toda parte o fantasma
imaginário, assim também a humanidade doente vê perigo
15 em todas as direções, procurando alívio por todos os meios,
menos o certo. A escuridão provoca medo. O adulto, escra-
vizado às suas crenças, não tem melhor compreensão do
18 seu verdadeiro existir do que a criança; e é preciso primeiro
tirar o adulto de suas trevas, para que ele possa se libertar
dos sofrimentos ilusórios que pululam na penumbra. O
21 caminho na Ciência divina é a única saída desse estado.
Não pretendo que a criança se torne adulta de repente,
nem pretendo que o lactente permaneça toda a vida uma
24 criancinha. Não peço nada de impossível ao A Mente propicia
insistir nas declarações da Ciência Cristã; mas, pureza, saúde
e beleza
por estar esse ensinamento mais adiantado do
27 que a época atual, não deveríamos negar que precisamos de
seu desdobramento espiritual. A humanidade vai melhorar
por meio da Ciência e do Cristianismo. Por ser necessário
30 elevar o gênero humano, é que a Mente pode elevá-lo; pois a
Mente pode propiciar pureza em vez de impureza, força em
vez de fraqueza, e saúde em vez de doença. A Verdade é um
33 alterante para o organismo inteiro, e tem o poder de torná-lo
sadio em todos os aspectos.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 372
1 Lembra-te de que o cérebro não é mente. A matéria não
pode estar doente, e a Mente é imortal. O corpo mortal é
3 apenas uma crença mortal errônea de haver O cérebro não
mente na matéria. O que chamas matéria era é inteligente
originalmente erro em dissolução, mente mortal rudimentar —
6 que Milton comparou com o “caos e a antiga noite”. Uma
das teorias sobre essa mente mortal é que suas sensações
podem reproduzir o homem, podem formar sangue, carne e
9 ossos. A Ciência do existir, na qual tudo é a Mente divina,
ou seja, Deus e Sua ideia, seria mais clara nesta época, se
não fosse a crença de que a matéria seja o meio pelo qual o
12 homem se manifesta, isto é, a crença de que o homem possa
entrar no seu próprio pensamento corporificado, atar-se com
suas próprias crenças e, em seguida, definir como materiais seus
15 grilhões e denominá-los lei divina.
Quando o homem demonstrar a Ciência Cristã de
maneira absoluta, ele será perfeito. Não poderá pecar, sofrer,
18 estar sujeito à matéria, nem desobedecer à lei de Êxito
Deus. Portanto, será como os anjos nos céus. legítimo
A Ciência Cristã e o Cristianismo são uma só e a mesma
21 coisa. Como podemos, então, no Cristianismo e na Ciência
Cristã, crer na realidade e no poder tanto da Verdade como
do erro, tanto do Espírito como da matéria, e esperar obter
24 bons resultados com esses elementos opostos? A matéria não
se sustenta por si mesma. Seus falsos pontos de apoio falham
uns após os outros. A matéria tem êxito por algum tempo só
27 porque se apresenta disfarçada sob a roupagem de lei.
“Aquele que me negar diante dos homens, também eu o
negarei diante de meu Pai, que está nos céus.” Na Ciência
30 Cristã, negar a Verdade é pernicioso, enquanto O reconhecimento
que o justo reconhecimento da Verdade e do que dos benefícios
ela fez por nós é ajuda eficaz. Se o orgulho, a superstição, ou
33 qualquer erro impedir o franco reconhecimento dos benefí-
cios recebidos, isso será um obstáculo ao restabelecimento do
doente e ao bom êxito do aluno.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 373
1 Se somos cristãos em todas as questões morais, mas esta-
mos no escuro quanto à imunidade física que o Cristianismo
3 inclui, então precisamos ter mais fé em Deus a A doença é muito
esse respeito, e estar mais atentos a Suas pro- mais tratável do
que a iniquidade
messas. É mais fácil curar a mais maligna das
6 doenças do que curar o pecado. A autora ressuscitou moribun-
dos, em parte porque estavam dispostos a se restabelecer, ao
passo que lutou longo tempo, e talvez em vão, para elevar
9 um aluno acima de um pecado crônico. Sejam quais forem
as formas de tratamento dado ao caso patológico, os doentes
se restabelecem mais depressa da doença do que o pecador se
12 liberta do pecado. Curar é mais fácil do que ensinar, se o
ensino for ministrado conscienciosamente.
O medo à doença e o amor ao pecado são a origem da
15 escravidão do homem. “O temor do Senhor é o O Amor liberta
princípio da sabedoria”, mas as Escrituras tam- do medo
bém declaram, por meio do pensamento elevado de João, que
18 “o perfeito Amor lança fora o medo”.
O medo ocasionado pela ignorância pode ser curado; mas
para remover os efeitos do medo produzido pelo pecado, tens
21 de te elevar tanto acima do medo, quanto acima do pecado.
A doença se expressa não tanto por palavras, quanto pelas
funções do corpo. Estabelece tu o senso científico de saúde,
24 e alivias o órgão oprimido. A inflamação, a decomposição
ou a acumulação cessarão, e o órgão afetado recuperará as
funções sadias.
27 Quando o sangue se precipita loucamente pelas veias ou
flui com dificuldade pelos seus canais enrijecidos, chamamos
de doença a esses estados. Esse conceito é errado. A mente faz
É a mente mortal que produz a propulsão ou a circular o sangue
30
fraqueza, e disso damos prova quando, por meios mentais, a
circulação é modificada e volta àquele padrão que a mente
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 374
1 mortal decidiu ser essencial para a saúde. Os analgésicos, os
contrairritantes e as sangrias nunca reduzem cientificamente
3 a inflamação, ao passo que a verdade sobre
o existir, sussurrada ao ouvido da mente mortal, trará alívio.
O ódio e seus efeitos sobre o corpo são eliminados pelo
6 Amor. Visto que a mente mortal parece estar consciente,
o doente diz: “Como pode minha mente causar A Mente
uma doença na qual eu nunca pensei e da qual pode destruir
todos os males
9 nada sabia, até que me apareceu no corpo?” A
autora respondeu a essa pergunta, por explicar que a doença
se origina na crença humana antes de ser conscientemente
12 percebida no corpo que, aliás, é o estado objetivo da mente
mortal, embora seja chamado matéria. Essa cegueira mortal
e suas duras consequências mostram a necessidade que
15 temos da metafísica divina. Por meio da Mente imortal, ou
seja, a Verdade, podemos destruir todos os males que provêm
da mente mortal.
18 Não saber a causa da doença ou como ela surge não é
argumento válido para se negar a origem mental da doença.
Admites tua ignorância sobre o futuro e tua incapacidade
21 para preservar tua própria existência, e essa crença favorece
em vez de impedir a doença. Esse estado mental provoca a
doença. É como andar no escuro, à beira de um precipício.
24 Não podes esquecer a crença no perigo, e teus passos são
menos firmes devido ao medo e à tua ignorância sobre a
natureza mental de causa e efeito.
27 O calor e o frio são produtos da mente mortal. O corpo,
quando despojado da mente mortal, primeiramente esfria,
e depois se dissolve em seus primitivos elemen- A temperatura
30 tos mortais. Nada do que vive jamais morre, e é mental
vice-versa. A mente mortal produz calor animal e depois o
expele quando abandona a crença, ou aumenta-o, até o ponto
33 de sua autodestruição. Portanto, é a mente mortal, não a
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 375
1 matéria, que diz: “Eu morro”. O calor seria eliminado do
corpo sem causar dor, assim como o gás se dissipa no ar ao
3 evaporar-se, não fosse a crença de que tem de haver infla-
mação e dor quando o corpo elimina calor.
Calafrios e calor são frequentemente a forma pela qual
6 a febre se manifesta. Se modificares o estado mental, os
calafrios e a febre desaparecerão. O médico A Ciência
da velha escola comprova isso quando seu versus
o hipnotismo
9 paciente diz: “Estou melhor”, mas o paciente
acredita que foi a matéria, não a mente, que o ajudou. O
Cientista Cristão demonstra que a Mente divina cura, ao
12 passo que o hipnotizador despoja o paciente de sua indivi-
dualidade, a fim de ter controle sobre ele. Ninguém é benefi-
ciado por ceder seu pensamento a qualquer tipo de despotismo
15 mental ou prática mental errônea. Toda prática mental não
científica é errônea, não tem poder, e compreender isso a
torna sem efeito. O Cientista Cristão genuíno fortalece o
18 poder mental e moral de seu paciente e lhe aumenta a espiri-
tualidade, enquanto o restabelece fisicamente por meio do
Amor divino.
21 A paralisia é uma crença de que a matéria governe os
mortais e possa paralisar o corpo, imobilizando-lhe certas
partes. Destrói essa crença, mostra à mente mor- A cura
24 tal que os músculos não têm nenhum poder e da paralisia
não podem perder o que eles não têm, pois a Mente é suprema,
e assim curas a paralisia.
27 Os pacientes tuberculosos sempre mostram grande espe-
rança e coragem, mesmo quando se supõe que estejam em
perigo inevitável. Esse estado de ânimo parece O diagnóstico
30 anormal, exceto para os que têm experiência na do medo latente
Ciência Cristã. É um estado mental não compreendido, sim-
plesmente por ser uma fase de medo tão excessivo que equi-
33 vale a fortaleza de ânimo. A crença na tuberculose apresenta
ao pensamento mortal um estado sem esperança, uma
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 376
1 imagem mais aterrorizante do que a maioria das outras
doenças. O paciente se desvia instintivamente da contem-
3 plação dessa imagem mas, embora não reconheça o medo
latente e a falta de esperança de se restabelecer, estes perma-
necem no seu pensamento.
6 O mesmo se dá com o maior dos pecados. Esse é o mais
sutil e atua quase enganado por si mesmo. As doenças consi-
deradas perigosas provêm às vezes das crenças Conceitos
mais ocultas, indefinidas e traiçoeiras. Ao traiçoeiros
9
pálido doente, que afirmas estar definhando com anemia
perniciosa, deve-se dizer que o sangue nunca deu vida e
12 nunca pode tirá-la — que a Vida é o Espírito, e que existe
mais vida e imortalidade em um só motivo bom e em uma
só boa ação, do que em todo o sangue que já tenha corrido
15 por veias mortais e simulado um senso corpóreo de vida.
Se o corpo é material, não pode, por essa mesma razão,
sofrer de febre. Visto que o chamado corpo material é um
18 conceito mental e é governado pela mente mor- Solução
tal, ele só manifesta o que essa mente, assim para a febre
chamada, expressa. Por isso, o remédio eficaz consiste em
21 destruir a crença errônea do paciente, argumentando tanto
silenciosa como audivelmente a favor dos fatos verdadeiros
do existir harmonioso — declarando que o homem é sadio
24 em vez de doente, e mostrando que é impossível que a maté-
ria sofra, sinta dor ou calor, tenha sede ou esteja doente.
Destrói o medo, e acabarás com a febre. Algumas pessoas,
27 mal instruídas sobre a Ciência da Mente, perguntam quando
é que se pode cortar uma febre, sem correr riscos. Deves
saber que, na Ciência, não conseguirás cortar a febre se tive-
30 res admitido que ela tem de seguir seu curso. Temer e admi-
tir o poder da doença significa paralisar a demonstração
mental e científica.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 377
1 Se teu paciente acredita que pode ficar resfriado, convence-o
mentalmente de que a matéria não pode ficar resfriada e de
3 que é o pensamento que governa essa propensão. Se o pesar
causa sofrimento, convence tu o sofredor de que a aflição é
muitas vezes a fonte da alegria, e que ele deve se regozijar
6 constantemente no Amor sempre presente.
Os enfermos fogem para climas tropicais a fim de salvar
a vida, mas não voltam em melhor estado do que quando
9 partiram. Então é o momento de curá-los pela O clima não é
Ciência Cristã e provar que podem ser sadios prejudicial
em todos os climas, quando o medo ao clima for eliminado.
12 Devido a diferentes estados de espírito, o corpo se torna
repentinamente fraco ou anormalmente forte, e isso mostra
que é a mente mortal que produz a força ou a A mente
15 fraqueza. Houve casos em que uma alegria ou governa o corpo
um pesar repentino causou o que se chama morte instantâ-
nea. A crença se origina sem ser vista, por isso o estado
18 mental deve ser vigiado continuamente, para que não pro-
duza, às cegas, seus maus efeitos. A autora jamais soube de
algum paciente que não tenha se restabelecido após ter sido
21 expulsa a crença na enfermidade. Se eliminares o erro domi-
nante ou o medo que governa essa chamada mente inferior,
então abolirás a causa de toda doença, bem como a ação
24 mórbida ou excessiva de qualquer órgão. Desse modo, elimi-
nas também aquilo a que chamam doenças orgânicas, tão
facilmente quanto as dificuldades funcionais.
27 A causa de toda chamada doença é mental, um medo
mortal, uma crença ou convicção errada de que a má saúde
seja inevitável e tenha poder; a causa é também o medo de
30 que a Mente seja incapaz de defender a vida do homem e
incompetente para ter controle sobre ela. Sem essa crença
humana ignorante, nenhuma circunstância tem, por si só,
33 o poder de produzir sofrimento. A crença latente na enfer-
midade, bem como o medo à doença, associam a doença a
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 378
1 certas circunstâncias e fazem com que as duas apareçam
juntas, assim como a poesia e a música são reproduzidas jun-
3 tas pela memória humana. A doença não tem inteligência.
Sem te aperceberes, tu te condenas a sofrer. A compreensão
disso te dará a possibilidade de comutar essa autocondenação
6 e enfrentar toda circunstância com a verdade. A doença é
menos que a mente, e a Mente tem controle sobre ela.
Sem a mente humana, assim chamada, não pode haver
9 ação inflamatória nem entorpecimento do organismo.
Quando suprimes o erro, destróis seus efeitos. Poder
Ao olhar destemidamente um tigre nos olhos, latente
12 Sir Charles Napier fez com que ele retrocedesse amedrontado
para a selva. Um animal pode enfurecer outro, fitando-o nos
olhos, e ambos lutarão à toa. O olhar de um homem, cra-
15 vado sem medo em um animal feroz, muitas vezes faz com
que o animal recue aterrorizado. Esse fato representa o
poder da Verdade sobre o erro — a força da inteligência exer-
18 cida sobre as crenças mortais para destruí-las; ao passo que,
de um lado o hipnotismo, e do outro os exercícios físicos e a
medicação, tudo isso, adotado para curar a matéria, repre-
21 senta dois pontos de partida materiais errôneos.
A doença não é uma inteligência que possa disputar o
império da Mente ou destronar a Mente e tomar o governo
24 nas suas próprias mãos. A doença não é um A doença
poder material mandado por Deus ou auto- não tem poder
constituído que, com astúcia, compete com a Mente, vencendo-a
27 por fim. Deus nunca dotou a matéria com poder para inca-
pacitar a Vida ou para enregelar a harmonia com uma longa
e fria noite de desarmonia. Semelhante poder, sem permis-
30 são divina, é inconcebível; e se fosse possível ele ser divina-
mente dirigido, tal poder manifestaria menos sabedoria do
que em geral vemos nos governos humanos.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 379
1 Se a doença pudesse atacar e dominar o corpo sem o con-
sentimento dos mortais, o pecado poderia fazer o mesmo,
3 pois ambos são erros, apresentados como sócios A jurisdição
desde o começo. O Cientista Cristão só vê efei- da Mente
tos ali onde o médico comum procura causas. A verdadeira
6 jurisdição do mundo está na Mente, que controla todo efeito
e reconhece que toda a causalidade pertence à Mente divina.
Um criminoso, que alguns estudantes ingleses submete-
9 ram a um experimento, acreditou que estava se esvaindo em
sangue e morreu devido a essa crença, quando O poder da
era apenas um filete de água morna que lhe imagem mental
12 escorria pelo braço. Se tivesse sabido que a sensação de estar
sangrando era uma ilusão, teria se elevado acima da crença
errônea. A enferma desesperada, ao examinar a cor de seu
15 sangue em um lenço de cambraia, deveria pensar no experi-
mento feito por aqueles rapazes de Oxford, que causaram a
morte de um homem, quando nem sequer uma gota de seu
18 sangue fora derramada. Ela deveria, então, conhecer a decla-
ração oposta a respeito da Vida, como a Ciência Cristã
ensina, e compreenderia que não está morrendo devido ao
21 estado de seu sangue, mas está sofrendo devido à crença de
que o sangue esteja destruindo sua vida. A chamada cor-
rente vital não afeta a saúde da enferma, mas sua crença pro-
24 duz justamente os resultados de que ela tem medo.
As febres são erros de vários tipos. O pulso acelerado, a
língua saburrosa, o calor febril, a pele seca, a dor de cabeça e
27 os membros doloridos são imagens desenhadas As febres são o
no corpo por uma mente mortal. As imagens efeito do medo
mantidas nessa mente perturbada assustam o pensamento
30 consciente. A não ser que a Ciência destrua a imagem da
febre, desenhada por milhões de mortais e projetada sobre o
corpo pela crença de que a mente esteja na matéria e de que a
33 desarmonia seja tão real quanto a harmonia, tal imagem pode
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 380
1 afinal se alojar em algum pensamento receptivo e tornar-se
um caso de febre, que termina em uma crença chamada morte,
3 crença essa que tem de ser finalmente vencida pela Vida eterna.
A Verdade é sempre a vencedora. A doença e o pecado caem
por seu próprio peso. A Verdade é a rocha eterna, a pedra
6 angular, mas “aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó”.
Apresentar argumentos a favor da evidência do pecado,
da doença e da morte ou ceder às suas exigências, significa
9 praticamente argumentar contra o controle da Argumentação
Mente sobre o corpo e negar o poder da Mente mal dirigida
para curar. Esse método errado é como se o acusado
12 apoiasse o acusador a favor de uma decisão que o acusado
sabe que vai terminar em sua própria condenação.
Os efeitos físicos do medo mostram que o medo é uma
15 ilusão. Ver um leão acorrentado, agachado para o salto, não
deveria aterrorizar ninguém. O corpo é afe- Os benefícios
tado apenas pela crença na enfermidade, crença da metafísica
18 essa produzida por uma mente, assim chamada, a qual não
conhece a verdade que acorrenta a doença. Nada, a não ser o
poder da Verdade, pode impedir o medo ao erro e provar
21 o domínio do homem sobre o erro.
Há muitos anos, a autora fez uma descoberta espiritual,
cuja evidência científica se tem acumulado para provar que
24 a Mente divina produz no homem saúde, har- Descoberta
monia e imortalidade. Gradativamente essa mais elevada
evidência acumulará ímpeto e clareza, até alcançar o ponto
27 culminante da declaração e comprovação científica. Nada
é mais desanimador do que crer que haja um poder oposto
a Deus, o bem, e que Deus outorgue, a esse poder antagônico,
30 força para ser usada contra Ele mesmo, contra a Vida, a
saúde e a harmonia.
Toda lei da matéria ou do corpo, que se supõe governar o
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 381
1 homem, fica nula e sem efeito graças à lei da Vida, Deus. Por
não conhecermos os direitos que Deus nos deu, submetemo-nos
3 a decretos injustos, e os conceitos errados da Ignorância quanto
educação impõem essa escravidão. Não te sub- a nossos direitos
metas a sofrer na ilusão de estares doente ou de que alguma
6 doença esteja se desenvolvendo no organismo, assim como te
recusarias a ceder a uma tentação pecaminosa sob o pretexto
de que o pecado seja necessário.
9 Quando infringes alguma suposta lei, dizes que há
perigo. Esse medo é o próprio perigo e produz efeitos físicos.
Na realidade, não podemos sofrer por nenhum Não há leis
12 motivo, a não ser por ter violado uma lei moral da matéria
ou espiritual. As chamadas leis da crença mortal são destruí-
das pela compreensão de que a Alma é imortal e de que a
15 mente mortal não pode ditar leis sobre a época, a duração
e os tipos de doenças de que os mortais morrem. Deus é
o legislador, mas Ele não é o autor de códigos bárbaros. Na
18 Vida infinita e no Amor infinito não há doença, nem pecado,
nem morte, e as Escrituras declaram que vivemos, nos move-
mos e existimos no infinito Deus.
21 Quanto menos pensares nos decretos da mente mortal,
mais depressa compreenderás o domínio que Deus deu ao
homem. Pela compreensão, tens de encontrar O domínio
a saída do emaranhado das teorias humanas dado por Deus
24
sobre a saúde, pois do contrário jamais acreditarás que estás
inteiramente livre de alguma doença. A harmonia e a imor-
27 talidade do homem nunca serão alcançadas sem a compreen-
são de que a Mente não está na matéria. Expulsemos a
doença por ela ser um fora da lei e obedeçamos à regra da
30 harmonia perpétua — a lei de Deus. O homem tem o direito
moral de anular uma sentença injusta, sentença que jamais
foi imposta pela autoridade divina.
33 Cristo Jesus invalidou o erro que imporia penalidades
devido à transgressão das leis físicas de saúde; ele anulou as
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 382
1 supostas leis da matéria, contrárias às harmonias do Espírito,
leis essas que não têm autoridade divina e que são Começar
3 sancionadas apenas pela aprovação humana. bem
Se a metade da atenção dedicada às leis materiais de
saúde fosse dada ao estudo da Ciência Cristã e à espiritua-
6 lização do pensamento, isso já bastaria para Excessiva
trazer o reino dos mil anos. Banhos e fricções preocupação
com o corpo
constantes para alterar secreções ou eliminar
9 exalações doentias da epiderme recebem uma repreensão
apropriada no preceito de Jesus: “Não andeis ansiosos... pelo
vosso corpo”. Precisamos tomar cuidado para não limpar
12 somente o exterior do prato.
Aquele que não conhece as chamadas leis materiais de
saúde é mais receptivo ao poder espiritual e mais inclinado
15 a ter fé em um só Deus, do que aquele que obe- Contentamento
na ignorância
dece estritamente a essas supostas leis e vem
instruir os que são chamados ignorantes. Acaso não devería-
18 mos, então, considerar a chamada lei da matéria uma norma
à qual “honramos mais infringindo-a do que lhe obede-
cendo”? O paciente muito versado em teorias médicas é mais
21 difícil de curar pela Mente do que aquele que não é. Isso
comprova o dito de nosso Mestre: “Quem não receber o reino
de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele”.
24 Uma pessoa, a quem salvei daquilo que parecia torpor
espiritual em que os sentidos a haviam mergulhado, me
escreveu: “Eu teria morrido, se não fosse o glorioso Princípio
27 que a Senhora ensina — o qual sustenta o poder da Mente
sobre o corpo e me mostra a nulidade dos chamados praze-
res e dores dos sentidos. Os tratados que eu havia lido e os
30 remédios que havia tomado só me haviam abandonado a
sofrimentos ainda mais irremediáveis e ao desespero. A obe-
diência às leis materiais de saúde havia sido inútil. A mente
33 mortal precisava ser corrigida. O mal não era físico, e
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 383
1 sim mental, e fui curado quando achei meu caminho na
Ciência Cristã”.
3 Precisamos de um corpo limpo e de uma mente limpa —
um corpo purificado pela Mente assim como lavado com
água. Há quem diga: “Cuido bem de meu Mente e corpo
6 corpo”. Para fazer isso é necessária a influência limpos
pura e enobrecedora da Mente divina sobre o corpo, e o
Cientista Cristão cuida melhor do corpo quanto mais o deixa
9 fora do pensamento e, como o Apóstolo Paulo, prefere “dei-
xar o corpo e habitar com o Senhor”.
A condição do migrante é uma indicação de que a imun-
12 dície não lhe afeta o bem-estar, porque a mente e o corpo
estão no mesmo nível. Para a mente do mesmo nível gros-
seiro, a sujeira não causa mal-estar. Ela é o elemento natural
15 dessa mente, da qual o ambiente sujo é o símbolo, e não lhe
causa irritação; mas a impureza e a falta de asseio, que não
incomodam gente rude, não poderiam ser suportadas por
18 gente requintada. Isso mostra que a mente tem de ser limpa
para manter o corpo em condições apropriadas.
Aquele que faz uso do tabaco, que masca ou fuma veneno
21 durante meio século, às vezes diz que essa erva lhe preserva a
saúde, mas será de fato assim? Acaso sua afir- As crenças são
mação prova que o uso do tabaco é um hábito ilusórias
24 salutar e que graças a tal hábito o homem é mais sadio? Tais
exemplos provam apenas o ilusório efeito físico de uma
crença errônea e confirmam a conclusão bíblica a respeito do
27 homem: “Como imagina em sua alma, assim ele é”.
O método de cura por meio de massagens — beliscando e
comprimindo o pobre corpo para que se sinta bem, ao passo
30 que seu bem-estar não deveria depender dos sentidos físicos
— constitui outro engano médico, que resulta da noção gene-
ralizada de que a saúde depende da matéria inerte, em vez
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 384
1 de depender da Mente. Pode a matéria, ou o que se chama
matéria, sentir ou agir sem a mente?
3 Deveríamos libertar nossa mente do pensamento depres-
sivo de termos transgredido uma lei material e de que temos,
forçosamente, de sofrer as consequências. Consequências
Tranquilizemo-nos com a lei do Amor. Deus no corpo
6
jamais castiga o homem por agir corretamente, por um
esforço honesto ou por atos de bondade, embora isso o expo-
9 nha à fadiga, ao frio, ao calor, ao contágio. Se o homem
parece ser penalizado na matéria, isso é apenas uma crença
da mente mortal, não um decreto da sabedoria, e basta que o
12 homem proteste contra essa crença, para anulá-la. Mediante
essa ação do pensamento e seus resultados no corpo, o aluno
provará para si mesmo, com pequenos começos, as grandio-
15 sas verdades da Ciência Cristã.
Se te expões a uma corrente de ar enquanto estás trans-
pirando e se depois sentes calafrios, tosse seca, gripe,
18 pulmões congestionados, ou indícios de reuma- Não a matéria,
tismo, a Mente é teu remédio certo e seguro. Se mas a Mente
és Cientista Cristão, não é provável que apareçam tais sinto-
21 mas devido a uma corrente de ar; mas se acreditas nas leis
da matéria e nos seus efeitos nocivos quando elas são trans-
gredidas, não estás em condições de cuidar de teu próprio
24 caso ou de destruir os maus efeitos de tua crença. Quando
se acalmar o medo e tiveres a convicção de que não vio-
laste nenhuma lei, então não terás nem reumatismo, nem
27 tuberculose, nem qualquer outra doença como resultado do
mau tempo. Na Ciência, esse é um fato estabelecido que
jamais poderá ser anulado por nenhuma evidência diante
30 dos sentidos físicos.
A doença, o pecado e a morte terão, finalmente, de recuar
ante os direitos divinos da inteligência, e então o poder
33 da Mente sobre todas as funções e sobre todos os órgãos da
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 385
1 constituição humana será reconhecido. É notório que
Florence Nightingale e outros filantropos empenhados em
3 obras humanitárias tenham podido suportar, Os benefícios
sem sucumbir, a fadiga e os riscos que a maio- da filantropia
ria das pessoas não teria aguentado. A explicação está no
6 sustento que recebiam da lei divina, que está acima da lei
humana. A exigência espiritual, que silencia a material, pro-
porciona energia e resistência que superam todos os outros
9 auxílios e impedem a penalidade que nossas crenças associa-
riam às nossas melhores ações. Lembremo-nos de que a
eterna lei daquilo que é certo, embora jamais possa anular a
12 lei que faz do pecado seu próprio carrasco, isenta o homem
de todas as penalidades, exceto daquelas em que incorreu por
ter feito aquilo que é errado.
15 O constante trabalho pesado, as privações, os riscos e
todas as condições adversas, se não houver pecado, podem
ser suportados sem sofrimento. Seja qual for o O esforço
18 teu dever, podes cumpri-lo sem te prejudicares. honesto não traz
penalidade
Se sofres uma distensão muscular ou te machu-
cas, o remédio está a teu alcance. A mente decide se a carne
21 deverá, ou não, mudar de cor, doer, inchar e inflamar.
Dizes que não dormiste bem ou que comeste em excesso.
És uma lei para ti mesmo. Ao dizeres e creres isso, sofres na
24 proporção de tua crença e de teu medo. Teus Nosso sono e
sofrimentos não são o castigo por haveres vio- nosso alimento
lado uma lei da matéria, porque foi a uma lei da mente mor-
27 tal que desobedeceste. Dizes ou pensas que, por haveres
comido peixe salgado, tens de sentir sede, e por isso sentes
sede, ao passo que a crença contrária produziria o resultado
30 oposto.
Toda suposta informação que venha do corpo ou da
matéria inerte, como se estes fossem inteligentes, é uma
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 386
1 ilusão da mente mortal — um de seus sonhos. Tens de com-
preender que a evidência que se apresenta aos Evidência
sentidos não deve ser aceita, seja no caso da duvidosa
3
doença, seja no caso do pecado.
Expõe o corpo a certas temperaturas, e a crença diz que
6 podes apanhar um resfriado e ter catarro; mas nada disso
ocorre sem que a mente o exija e o produza. Clima e
Enquanto os mortais declararem que certas crença
9 condições atmosféricas produzem catarro, febre, reuma-
tismo, ou tuberculose, esses efeitos sobrevirão — não devido
ao clima, mas devido à crença. Em inúmeros casos, a autora
12 curou a doença pela ação da Verdade sobre a mente dos mor-
tais e pelos correspondentes efeitos da Verdade sobre o corpo,
de modo que ela não pode deixar de saber que isso é um fato.
15 Uma mensagem errada, que por engano anuncia a morte
de um amigo, causa o mesmo pesar que a morte real do
amigo causaria. Pensas que tua angústia é Mensagem
causada por essa perda. Outra mensagem, errônea
18
que corrige o engano, cura teu pesar, e ficas sabendo que a tris-
teza fora apenas o resultado de tua crença. É o que se dá com
21 todo caso de sofrimento, doença e morte. Aprenderás final-
mente que não existe causa para o pesar, e a sabedoria divina
será então compreendida. É o erro, não a Verdade, que pro-
24 duz todo o sofrimento na terra.
Se, enquanto estavas sofrendo sob a influência da crença
em pesar, um Cientista Cristão te tivesse dito: “Tua tristeza
27 não tem razão de ser”, não o terias compreen- Não há motivo
dido, embora o acerto dessa afirmação pudesse para lamentações
ser provado depois. Assim, quando nossos amigos desapare-
30 cem de nossa vista e nós nos lamentamos, essa tristeza é
desnecessária e sem razão de ser. Perceberemos que isso é
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 387
1 verdade, quando crescermos na nossa compreensão da Vida
e soubermos que a morte não existe.
3 Pelo fato de a mente mortal se manter em atividade, terá
ela de pagar uma penalidade tal como a deterioração cere-
bral? Quem ousa dizer que a Mente verdadeira A Mente cura as
6 pode ficar sobrecarregada? Quando chegamos doenças do cérebro
aos limites da resistência mental, concluímos que nosso
esforço intelectual já foi bastante longe; mas quando nos
9 damos conta de que a Mente imortal está sempre ativa, e
vemos que as energias espirituais não podem sofrer desgaste,
nem pode a chamada lei material invadir o âmbito dos pode-
12 res e dos recursos dados por Deus, isso nos permite descan-
sar na Verdade, retemperados pela certeza da imortalidade,
oposta à mortalidade.
15 Não é por desempenharem fielmente as atividades natu-
rais do existir que nossos pensadores morrem cedo. Se os
tipógrafos e escritores têm a mais curta expe- O que é certo
riência terrena, não é por ocuparem os postos nunca é punível
18
mais importantes e desempenharem as atividades mais vitais
na sociedade. Aquele que faz o maior bem, não recebe por isso
21 a penalidade mais severa. Quando acatamos as realidades da
existência eterna — em vez de ler tratados sobre a suposição
incoerente de que a morte ocorra em obediência à lei da vida,
24 e de que Deus castigue o homem por fazer o bem — não
podemos sofrer em consequência de alguma obra feita com
amor, mas sim ficamos mais fortes graças a essa obra. É a lei
27 da chamada mente mortal, por erro denominada matéria,
que causa tudo o que é desarmonioso.
A história do Cristianismo contém provas sublimes da
30 influência sustentadora e do poder protetor outorgados ao
homem por seu Pai celestial, a Mente onipo- A história
tente, que dá ao homem fé e compreensão por cristã
33 meio das quais se defender, não só da tentação, mas também
do sofrimento físico.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 388
1 Os mártires cristãos foram profetas da Ciência Cristã.
Graças ao poder da Verdade divina para elevar e santificar,
3 obtiveram a vitória sobre os sentidos corpóreos, vitória
que só a Ciência pode explicar. A impassibilidade, que é
um estado de resistência da mente mortal, sofre menos, só
6 porque sabe menos sobre a lei material.
O Apóstolo João deu provas da base divina da Ciência
Cristã, quando os suplícios horríveis que lhe foram infligidos
9 não conseguiram destruir-lhe o corpo. Os idólatras, que
acreditavam em mais de uma mente, tinham “muitos deuses”
e pensavam que podiam matar o corpo utilizando a matéria,
12 sem levar em conta a mente.
Se admites a hipótese generalizada de que a comida seja
o sustento da vida, segue-se a necessidade de outra admissão
15 em direção oposta — a de que a comida tenha O sustento
poder para destruir a Vida, Deus, pela insufi- é espiritual
ciência ou pelo excesso, pela qualidade ou pela quantidade.
18 Aí está um exemplo da natureza ambivalente de todas as teo-
rias materiais sobre a saúde. Elas se contradizem e se des-
troem, constituindo um “reino dividido contra si mesmo”,
21 que “ficará deserto”. Se Jesus preparou comida para seus dis-
cípulos, a comida não pode destruir a vida.
O fato é que a comida não afeta a Vida absoluta do
24 homem, e isso fica evidente por si mesmo quando aprende-
mos que Deus é nossa Vida. O pecado e a Deus sustenta
doença não são qualidades da Alma, ou seja, o homem
27 da Vida, por isso nossa esperança está na imortalidade; mas
seria insensato aventurar-nos além da nossa compreensão
atual, seria insensato deixar de comer antes de conseguir
30 a perfeição e uma clara compreensão do Espírito vivente.
Nesse dia perfeito da compreensão, não comeremos para
viver, nem viveremos para comer.
33 Se os mortais pensam que a comida possa perturbar as
funções harmoniosas da mente e do corpo, é preciso ou
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 389
1 abster-se da comida, ou abandonar esse modo de pensar,
visto que a penalidade está associada à crença. Qual é a deci-
3 são certa? Se a decisão for deixada a cargo da Dieta e
Ciência Cristã, será tomada a favor do controle digestão
da Mente sobre essa crença e sobre toda crença errônea ou
6 condição material. Quanto menos soubermos ou pensarmos
sobre as leis materiais de saúde, tanto menos estaremos pre-
dispostos à doença. Lembra-te de que não são os nervos,
9 nem a matéria, mas sim a mente mortal, que comunica que
a comida não foi digerida. A matéria não te informa sobre
os problemas do corpo; apenas se supõe que ela o faça. Esse
12 testemunho pseudomental só pode ser destruído pelos resul-
tados melhores da evidência contrária que a Mente apresenta.
Nossas teorias dietéticas primeiro admitem que a comida
15 sustenta a vida do homem, e depois argumentam, com cer-
teza, que a comida pode matar o homem. Esse Repreensões
raciocínio errado é repreendido na Bíblia pelas bíblicas
18 metáforas sobre a fonte e a água que dela emana, a árvore e
seu fruto, e o reino dividido contra si mesmo. Se Deus, como
as teorias prevalecentes afirmam, instituiu leis para que a
21 comida sustente a vida humana, Ele não pode anular esses
regulamentos por uma lei contrária, que torne a comida ini-
miga da existência.
24 Os materialistas contradizem suas próprias declarações.
A crença deles nas leis materiais e nas penalidades por
infringir-se tais leis é o antigo erro de que haja Antiga
27 fraternidade entre a dor e o prazer, entre o bem confusão
e o mal, entre Deus e Satanás. Essa crença cambaleia até cair
sob o machado de guerra da Ciência.
30 Tive ocasião de observar um caso de espasmos produzi-
dos por indigestão. Uma mulher, segundo acreditava, tinha
uma doença crônica no fígado e nessa ocasião sofria de uma
33 complicação de sintomas relacionados com essa crença. Eu
a curei em poucos minutos. Em um momento falou de si
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 390
1 mesma com desespero. Um minuto depois, disse: “Já digeri
tudo, e gostaria de comer mais alguma coisa”.
3 Não podemos negar que a Vida se sustenta por si mesma,
e nunca deveríamos negar a perpétua harmonia da Alma,
simplesmente porque, para os sentidos mortais, Harmonia
6 parece haver desarmonia. É nossa ignorância a suprema
respeito de Deus, o Princípio divino, que produz aparente
desarmonia, e compreendê-Lo corretamente restaura a har-
9 monia. A Verdade há de finalmente compelir todos nós
a trocar os prazeres e as dores dos sentidos pelas alegrias
da Alma.
12 Quando aparecem os primeiros sintomas da doença,
deves contestar o testemunho dos sentidos materiais com
a Ciência divina. Deixa que o teu mais elevado Prostração
senso de justiça destrua o falso processo das desnecessária
15
opiniões mortais, a que chamas lei, e então não ficarás confi-
nado em um quarto de doente, nem terás de permanecer em
18 um leito de dor para pagar o último centavo, a última penali-
dade exigida pelo erro. “Entra em acordo sem demora com o
teu adversário, enquanto estás com ele a caminho.” Não per-
21 mitas que alegação alguma de pecado ou de doença se desen-
volva no pensamento. Rejeita-a com a firme convicção de
que é ilegítima, porque sabes que Deus não é o autor da
24 doença, assim como não é o autor do pecado. Não tens
nenhuma lei de Deus que sustente a inevitabilidade quer
do pecado, quer da doença, mas tens autoridade divina para
27 negar essa inevitabilidade e para curar os doentes.
“Decide-te a discordar” dos primeiros sintomas de uma
doença crônica ou aguda, seja ela câncer, tuberculose ou
30 varíola. Enfrenta as fases iniciais da doença O tratamento
com oposição mental tão poderosa como a que da doença
um legislador empregaria para impedir a aprovação de uma
33 lei desumana. Eleva-te na força consciente do espírito da
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 391
1 Verdade para derrubar o argumento da mente mortal, isto
é, da matéria, que se alinha contra a supremacia do Espírito.
3 Apaga as imagens do pensamento mortal, bem como suas
crenças na doença e no pecado. Então, quando fores entre-
gue ao tribunal da Verdade, ou seja, do Cristo, o juiz dirá:
6 “Estás curado!”
Em vez de te submeteres calma e cegamente às fases ini-
ciais ou adiantadas da doença, eleva-te em rebeldia contra elas.
9 Expulsa a crença na possibilidade de abrigares Rebeldia
ainda que seja uma só dor intrusa que não possa justificada
ser eliminada pelo poder da Mente, e dessa maneira podes
12 impedir que a dor se desenvolva no corpo. Não há nenhuma
lei de Deus que impeça esse resultado. É um erro sofrer por
qualquer motivo a não ser por teus próprios pecados. Cristo,
15 a Verdade, destruirá todo e qualquer outro suposto sofri-
mento, e o verdadeiro sofrimento, devido a teus próprios
pecados, cessará na proporção em que esses pecados cessarem.
18 A justiça é a manifestação moral da lei. A injustiça
indica ausência de lei. Quando se supõe que o corpo diga:
“Estou doente”, nunca te reconheças culpado. Contradize
Visto que a matéria não pode falar, deve ser a o erro
21
mente mortal que fala; portanto, resiste tu a essa intimação
com um protesto. Se dizes: “Estou doente”, tu te reconheces
24 culpado. Então, teu adversário te entregará ao juiz (a mente
mortal), e o juiz te condenará. A doença não tem inteligência
para declarar que é algo e para anunciar seu nome. É só a
27 mente mortal que se condena a si mesma. Portanto, impõe
tuas próprias condições à doença e sê justo para contigo e
para com os outros.
30 Contradize mentalmente toda queixa do corpo, e eleva-te
à verdadeira consciência de que a Vida é o É preciso vencer
Amor — de que ela é tudo o que é puro e pro- o pecado
33 duz os frutos do Espírito. O medo é a fonte da doença, e tu
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 392
1 dominas o medo e o pecado por meio da Mente divina; logo,
é por meio da Mente divina que vences a doença. Somente
3 enquanto o medo ou o pecado subsistirem é que estes podem
gerar a morte. Para curar um problema corpóreo é preciso
levar em conta toda lei moral que tenha sido violada, e o erro
6 deve ser repreendido. O medo, que é um elemento de toda
doença, tem de ser expulso para corrigir a balança a favor de
Deus. Expulsar o mal e o medo permite que a verdade pre-
9 pondere sobre o erro. O único caminho a seguir é firmar-se
em posição antagônica a tudo o que se opõe à saúde, à santi-
dade e à harmonia do homem, a imagem de Deus.
12 A afirmação física da doença deve sempre ser enfrentada
com a negação mental. Qualquer melhora que se produza no
corpo tem de ser expressa mentalmente, e o Ilusões sobre
pensamento deve se manter firme nesse ideal. os nervos
15
Se crês em nervos inflamados e fracos estás sujeito a um
ataque proveniente dessa crença. Chamarás a isso nevralgia,
18 mas nós o chamamos crença. Se pensas que a tuberculose é
hereditária na tua família, estás sujeito ao desenvolvimento
desse pensamento sob a forma do que se chama doença pul-
21 monar, a não ser que a Ciência te mostre algo diferente. Se
decides que o clima ou a atmosfera não é saudável, assim o
será para ti. Tuas decisões te dominarão, seja qual for o
24 rumo que tomarem.
Inverte o caso. Monta guarda à porta do pensamento.
Admitindo somente aquelas conclusões cujos resultados
27 desejas ver concretizados no corpo, tu te gover- Vigiar à
nas harmoniosamente. Quando se apresenta a porta
condição que, segundo dizes, causa a doença, quer seja ar,
30 exercício, hereditariedade, contágio ou acidente, então
desempenha tua função como porteiro e veda a entrada a
esses pensamentos e temores doentios. Exclui da mente mor-
33 tal os erros nocivos; então eles não poderão fazer com que o
corpo sofra. Tudo que se relaciona com dor ou prazer tem de
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 393
1 vir por meio da mente e, como um guarda que abandona seu
posto, admitimos a crença intrusa, esquecendo que, com o
3 auxílio divino, podemos proibir-lhe a entrada.
O corpo parece agir independentemente só porque a
mente mortal é ignorante a respeito de si mesma, de suas
6 próprias ações e de seus resultados — ela ignora A força do
que a causa predisponente, remota e determi- Espírito
nante de todos os maus efeitos é uma lei dessa chamada
9 mente mortal, não da matéria. A Mente tem domínio sobre
os sentidos corpóreos e tem o poder de vencer a doença, o
pecado e a morte. Exerce tu essa autoridade outorgada por
12 Deus. Toma posse de teu corpo e governa-lhe a sensação e a
ação. Eleva-te na força do Espírito para resistir a tudo o que
é dessemelhante do bem. Deus fez o homem capaz disso, e
15 nada pode invalidar a capacidade e o poder divinamente
outorgados ao homem.
Mantém-te firme na compreensão de que a Mente divina
18 governa e de que na Ciência o homem reflete o governo de
Deus. Não tenhas medo de que a matéria possa Não há dor
doer, inchar e inflamar-se como resultado de na matéria
21 qualquer tipo de lei, quando é evidente por si mesmo que não
pode haver nem dor nem inflamação na matéria. Se não fosse a
mente mortal, teu corpo não sofreria de tensão ou feridas,
24 assim como não sofrem o tronco de árvore que golpeias ou o
fio elétrico que esticas.
Quando Jesus declara que “são os olhos a lâmpada do
27 corpo”, certamente quer dizer que a luz depende da Mente,
não do complexo de fluidos, cristalino, músculos, íris e
pupila, que constituem o órgão da visão.
30 O homem nunca está doente, pois a Mente não é doente,
e a matéria não pode ficar doente. Uma crença errônea é ao
mesmo tempo o tentador e o tentado, o pecado Não há
e o pecador, a doença e sua causa. É bom per- doença real
33
manecer calmo na doença; ter esperança é ainda melhor;
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 394
1 mas compreender que a doença não é real e que a Verdade
lhe pode destruir a aparente realidade, é o melhor de tudo,
3 pois essa compreensão é o remédio universal e perfeito.
Ao admitir que a desarmonia tenha poder, a grande
maioria dos médicos debilita a energia mental, que é o único
6 verdadeiro poder de recuperação. Saber que A recuperação
podemos realizar o bem ao qual aspiramos, é mental
estimula o organismo a agir na direção que a Mente aponta.
9 Admitir que qualquer estado corpóreo esteja fora do controle
da Mente, desarma o homem, o impede de ajudar-se a si
mesmo e entroniza a matéria por meio do erro. Para aqueles
12 que estão lutando com a doença, tais admissões são desani-
madoras — assim como seria aconselhar um homem mal
sucedido a não tentar se elevar acima de suas dificuldades.
15 A experiência provou para a autora a falácia dos siste-
mas materiais em geral — provou que as teorias desses
sistemas são às vezes perniciosas e que é melhor negá-las do
18 que afirmá-las. Pedirias tu a alguém para se deixar vencer
pelo mal, assegurando-lhe que todos os infortúnios vêm de
Deus, com quem os mortais não devem contender? Dirias
21 tu aos doentes que não há esperança para o caso deles, a não
ser que se encontre uma droga ou um clima apropriado?
Porventura são os meios materiais o único refúgio contra
24 as probabilidades fatais? Não haverá permissão divina para
vencer toda espécie de desarmonia por meio da harmonia,
da Verdade e do Amor?
27 Deveríamos nos lembrar de que a Vida é Deus e de que
Deus é onipotente. Ao não compreender a Ciência Cristã, os
doentes geralmente não têm muita fé nessa Argumentar
Ciência, até sentirem sua influência benéfica. erradamente
30
Isso mostra que não é a fé que cura em tais casos. Os doentes
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 395
1 inconscientemente argumentam a favor do sofrimento, em
vez de contra ele. Admitem sua realidade, ao passo que deve-
3 riam negá-la. Deveriam argumentar contra o testemunho
dos sentidos enganadores e afirmar a imortalidade do
homem e sua semelhança eterna com Deus.
6 Tal como o grande Modelo, o sanador deve falar à doença
como quem tem autoridade sobre ela, deixando que a Alma
domine as falsas aparências dos sentidos cor- Autoridade
9 póreos e faça valer suas próprias reivindicações divina
sobre a mortalidade e a doença. O mesmo Princípio cura
tanto o pecado como a doença. Quando a Ciência divina
12 vencer a fé em uma mente carnal, e a fé em Deus destruir
toda a fé no pecado e nos métodos materiais de cura, então o
pecado, a doença e a morte desaparecerão.
15 As orações em que não se pede a Deus que cure o
paciente, mas nas quais se suplica que Ele o leve para junto
de Si, não beneficiam o doente. Uma pessoa Assistência aos
mal-humorada, queixosa ou falsa não deveria doentes
18
ser enfermeira. Os enfermeiros precisam ser alegres, ordei-
ros, pontuais, pacientes, cheios de fé — receptivos à Verdade
21 e ao Amor.
É charlatanismo mental fazer da doença uma realidade —
considerá-la como algo que se vê e se sente — e depois tentar
24 curá-la pela Mente. É errôneo acreditar na Charlatanismo
existência real de um tumor, de um câncer, ou mental
de pulmões deteriorados, enquanto argumentas contra sua
27 realidade, tanto quanto é errôneo teu paciente sentir esses
males segundo a crença física. A prática mental que consi-
dera a doença uma realidade acaba por fixar a doença no
30 paciente, e ela talvez apareça de forma mais alarmante.
O conhecimento de que os lóbulos do cérebro não podem
matar o homem, nem afetar as funções da mente, evitaria
33 que o cérebro ficasse doente, embora a ofensa moral seja de
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 396
1 fato a pior das doenças. Nunca se deveria manter em mente
pensamentos de doença, mas sim, apagar do pen- Apagar as imagens
de doença
3 samento todas as formas e todos os tipos de
doença, tanto para o nosso próprio bem como para o bem do
paciente.
6 Evita falar de doenças ao paciente. Não faças indagações
desnecessárias sobre o que ele sente, ou sobre a doença.
Nunca o assustes com alguma observação Evita falar
9 desanimadora sobre seu restabelecimento, nem de doenças
chames sua atenção para quaisquer sintomas de aspecto des-
favorável; evita dizer em voz alta o nome da doença. Nunca
12 digas de antemão quanto terás de lutar em um caso, nem
fomentes no pensamento do paciente a expectativa de piorar,
antes que a crise passe.
15 Refutar o testemunho dos sentidos materiais não é tarefa
difícil, quando se admite que esse testemunho é falso. A refu-
tação se torna árdua, não porque o testemunho Refutar o falso
18 do pecado ou da doença seja verídico, mas ape- testemunho
nas devido à tenacidade da crença na sua veracidade, crença
decorrente da força da educação e do peso opressivo que as
21 opiniões lançam do lado errado — todas as quais ensinam
que o corpo sofre, como se a matéria pudesse ter sensação.
No momento oportuno, explica aos doentes o poder que
24 suas crenças exercem sobre o corpo. Dá-lhes compreensão
divina e sadia com a qual possam combater seu Explicação
senso errôneo e assim apagar da mente mortal salutar
27 as imagens de doença. Mantém claramente no pensamento
o fato de que o homem é filho de Deus, não do homem; que o
homem é espiritual, não material; que a Alma é o Espírito,
30 fora, nunca dentro, da matéria, e nunca dá vida e sensação ao
corpo. O sonho da doença acaba quando se compreende que
a doença é formada pela mente humana, não pela matéria,
33 nem pela Mente divina.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 397
1 Por não percebermos os conceitos metafísicos vitais, por
não vermos como a mente mortal afeta o corpo — agindo de
3 modo benéfico ou nocivo sobre a saúde, assim Métodos
como sobre a moral e a felicidade dos mortais errados
— erramos em nossas conclusões e métodos. Lançamos a
6 influência mental para o lado errado, e assim acabamos por
prejudicar aqueles a quem tencionamos abençoar.
O sofrimento é um estado mental, tanto quanto o prazer.
9 Tu causas sofrimentos corpóreos e os aumentas ao admitir
que eles tenham realidade e continuidade, tão Solução para
diretamente como realças tuas alegrias ao acei- os acidentes
12 tar que elas são reais e contínuas. Quando acontece um aci-
dente, pensas ou exclamas: “Estou ferido!” Teu pensamento é
mais poderoso do que tuas palavras, mais poderoso do que o
15 próprio acidente, para tornar real o ferimento.
Agora inverte o processo. Declara que não estás ferido
e compreende o porquê; verás que os bons efeitos que daí
18 resultam estarão em exata proporção ao quanto deixas de
crer nas leis físicas e és fiel à metafísica divina, em proporção
à tua confiança em que Deus é Tudo, como as Escrituras
21 declaram que Ele é.
Para curar os doentes, precisamos estar familiarizados
com as grandiosas verdades do existir. Os mortais não são
24 mais materiais nas horas em que estão acorda- Mentalidade
dos, do que quando agem, andam, veem, independente
ouvem, se deleitam, ou sofrem, em sonhos. Nunca podemos
27 tratar a mente mortal e a matéria em separado, porque elas
são uma coisa só. Abandona a crença de que a mente esteja,
até mesmo temporariamente, comprimida dentro do crânio,
30 e logo assumirás tua condição plena de homem ou mulher.
Compreenderás melhor a ti mesmo e a teu Criador.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 398
1 Às vezes, Jesus chamava a doença pelo nome, como quando
disse ao menino epiléptico: “Espírito mudo e surdo, eu te
3 ordeno: Sai deste jovem e nunca mais tornes a Dar nome
ele”. A seguir consta que “o espírito [o erro] ... aos males
clamando e agitando-o muito, saiu, deixando-o como se esti-
6 vesse morto” — evidência clara de que a doença não era
material. Esses exemplos mostram as concessões que Jesus
estava disposto a fazer à ignorância do povo a respeito das
9 leis espirituais da Vida. Muitas vezes, não dava nome ao mal
que curava. À filha do chefe da sinagoga, que julgavam
morta, mas da qual Jesus declarou: “Não está morta, mas
12 dorme”, ele disse simplesmente: “Menina, eu te mando,
levanta-te!” Ao homem que tinha a mão ressequida, disse:
“Estende a mão”, e ela “ficou sã como a outra”.
15 Sabe-se que os remédios homeopáticos, que às vezes não
contêm nem sequer uma partícula de medicamento, aliviam
os sintomas da doença. O que é que produz a A ação
mudança? A fé do médico e do paciente é o da fé
18
que reduz os sofrimentos autoinfligidos e essa fé produz um
novo efeito sobre o corpo. Do mesmo modo, se destruíres a
21 ilusão de que haja prazer na embriaguez, o desejo de bebidas
alcoólicas desaparecerá. O vício e a doença residem na mente
mortal, não na matéria.
24 Da mesma forma a fé, cooperando com a crença nos efei-
tos sanadores do passar do tempo e da medicação, acalmará
o medo e mudará a crença de enfermidade em uma crença
27 de saúde. Mesmo uma fé cega faz desaparecer os males
corpóreos por algum tempo, mas o hipnotismo converte tais
males em novas e mais difíceis formas de doença. A Ciência
30 da Mente tem de acudir, para efetuar uma cura radical.
Então, compreendemos como isso acontece. O grandioso
fato permanece: de que o mal não é mente. O mal não tem
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 399
1 poder, nem inteligência, pois Deus é o bem, e portanto o bem
é infinito, é Tudo.
3 Dizes que o conjunto de certas condições materiais produz
a doença, mas se o corpo material causa a doença, pode a maté-
ria curar o que a matéria causou? A mente mor- Condições
tal prescreve a droga e a administra. A mente corpóreas
6
mortal planeja exercícios e submete o corpo a certos movi-
mentos. Os gases gástricos não se acumulam, e secreções ou
9 combinações de nenhum tipo podem produzir efeito, a não
ser pela ação do pensamento mortal, isto é, da mente mortal.
A chamada mente mortal envia suas mensagens ao seu
12 próprio corpo, mas essa mente, assim chamada, é ao mesmo
tempo o mensageiro e a mensagem dessa tele- Mecanismo
grafia. Os nervos são incapazes de falar, e a automático
15 matéria não pode dar nenhuma resposta à Mente imortal.
Se a Mente é a única que age, como pode um mecanismo ser
automático? A mente mortal perpetua seu próprio pensa-
18 mento. Ela constrói uma máquina e a manobra, depois a
chama de material. Um moinho em movimento ou a ação de
uma roda-d’água não é outra coisa senão um derivado e uma
21 continuação da mente mortal que os originou. Sem essa força,
o corpo fica sem ação, e esse estado inerte mostra que aquilo
que se chama vida mortal é a mente mortal, não a matéria.
24 Falando cientificamente, não existe mente mortal da qual
se possam formar crenças materiais, que surgem da ilusão.
Essa mente, por incorreção assim denominada, Força
27 não é uma entidade. É apenas um senso errado mental
quanto à matéria, visto que a matéria não pode nem pensar
nem sentir. A Mente única, Deus, não contém opiniões mor-
30 tais. Tudo o que é real está incluído nessa Mente imortal.
Nosso Mestre perguntou: “Como pode alguém entrar na
casa do valente e roubar-lhe os bens sem pri- Confirmação
meiro amarrá-lo?” Em outras palavras: como na parábola
33
posso curar o corpo, sem começar pela chamada mente
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 400
1 mortal, que controla diretamente o corpo? Uma vez des-
truída a doença nessa mente, assim chamada, o medo à doença
3 desaparece e, portanto, ela fica curada por completo. A mente
mortal é o “valente” que tem de ser subjugado antes que sua
influência sobre a saúde e a moral possa ser eliminada. Ven-
6 cido esse erro, podemos despojar o “valente” de seus bens —
a saber, o pecado e a doença.
Os mortais só alcançam a harmonia da saúde à medida
9 que rejeitam a desarmonia, reconhecem a supremacia da
Mente divina e abandonam suas crenças mate- Erradica o erro
riais. Erradica do pensamento perturbado a do pensamento
12 imagem da doença, antes que esta tome forma tangível no
pensamento consciente, isto é, no corpo, e impedirás o
desenvolvimento da doença. Essa tarefa se torna fácil, se
15 compreendes que toda doença é um erro e não tem nenhuma
característica ou peculiaridade, a não ser aquela que a mente
mortal determina. Elevando o pensamento acima do erro,
18 ou da doença, e argumentando com persistência a favor da
verdade, destróis o erro.
Quando eliminamos a doença, dirigindo-nos à mente
21 perturbada, sem levar em conta o corpo, provamos que é só
o pensamento que cria o sofrimento. A mente A mente mortal
mortal governa tudo o que é mortal. Vemos no sob controle
24 corpo as imagens dessa mente, assim como na óptica vemos
refletida na retina a imagem que se torna visível aos sentidos.
A ação da chamada mente mortal tem de ser destruída pela
27 Mente divina para trazer à luz a harmonia do existir. Sem o
controle divino, ocorre a desarmonia, manifestada como
pecado, doença e morte.
30 As Escrituras afirmam claramente a influência nociva do
pensamento pecaminoso sobre o corpo. Até nosso Mestre
sentiu isso. Está escrito que em certas localidades ele não fez
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 401
1 muitas obras prodigiosas “por causa da incredulidade deles”
quanto à Verdade. Todo erro humano é seu próprio inimigo
3 e opera contra si mesmo; nada faz na direção A mente mortal
certa, e muito faz na direção errada. Se a não cura
mente, assim chamada, nutre paixões más e propósitos malé-
6 volos, então ela não é sanadora, mas sim, engendra a doença
e a morte.
Se a fé na verdade concernente ao existir, a qual transmi-
9 tes mentalmente ao destruíres o erro, causa uma quimicali-
zação (como quando um álcali destrói um O efeito dos
ácido), é porque a verdade do existir tem de opostos
12 transformar o erro a fim de produzir uma manifestação mais
elevada. Essa fermentação não deveria agravar a doença, mas
deveria ser tão indolor para o homem quanto para um
15 líquido, visto que a matéria não tem sensação e só a mente
mortal sente e vê materialmente.
Aquilo que eu denomino quimicalização é a agitação
18 que se produz quando a Verdade imortal está destruindo a
crença mortal errônea. A quimicalização mental traz à tona
o pecado e a doença, forçando a eliminação das impurezas,
21 como no caso de um líquido em fermentação.
O único efeito produzido pelo medicamento depende
da ação mental. Se a mente fosse separada do corpo, poderias
24 acaso produzir algum efeito sobre o cérebro ou Os medicamentos
sobre o corpo, aplicando a droga a um, ou ao e o cérebro
outro? Acaso a droga curaria a paralisia, afetaria o orga-
27 nismo, ou restauraria a vontade e a ação do cérebro e do
cerebelo?
Até que a época que avança admita a eficácia e a supre-
30 macia da Mente, é melhor que os Cientistas Cristãos deixem
a cirurgia, bem como o ajuste de ossos fratura- Perícia na
dos ou luxados, aos cuidados de um cirurgião, cirurgia
33 enquanto que o sanador mental se limitará principalmente
à reconstrução mental e à prevenção de inflamações.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 402
1 A Ciência Cristã é sempre a mais hábil cirurgiã, mas a cirur-
gia é o aspecto da cura nessa Ciência que será reconhecido
3 por último. Todavia, é justo dizer que a autora já tem em seu
poder bem autenticados relatos de curas de ossos fraturados
e de articulações e vértebras deslocadas, curas essas efetuadas
6 por ela e por seus alunos apenas pela cirurgia mental.
Aproxima-se a época em que a mente mortal abandonará
sua base corpórea, estrutural e material, a época em que a
9 Mente imortal e suas formações serão compre- A vida do homem
endidas na Ciência e as crenças materiais não é indestrutível
interferirão nos fatos espirituais. O homem é indestrutível e
12 eterno. Algum dia se saberá que a mente mortal constrói o
corpo mortal com os materiais mortais próprios dessa mente.
Na Ciência, nenhuma fratura ou deslocamento pode, em rea-
15 lidade, ocorrer. Dizes que os acidentes, os ferimentos e as
doenças matam o homem, mas isso não é verdade. A vida do
homem é a Mente. O corpo material manifesta só aquilo em
18 que a mente mortal crê, seja um osso fraturado, doença ou
pecado.
Dizemos que uma mente humana pode influenciar outra
21 e, desse modo, afetar o corpo, mas raramente lembramos que
cada um de nós governa seu próprio corpo. O O mal do
erro, o mesmerismo — ou hipnotismo, para mesmerismo
24 usar o termo atual — exemplifica o fato que acabamos de
expor. O hipnotizador faria crer aos hipnotizados que eles
não podem agir voluntariamente e governar-se como deve-
27 riam. Se eles cedem a essa influência, é porque sua crença
não recebeu a devida instrução da compreensão espiritual.
Daí a prova de que o hipnotismo não é científico; a Ciência
30 não pode produzir tanto a desordem como a ordem. Fica
provado que a dor e o prazer involuntários da pessoa sob o
domínio hipnótico são uma crença sem causa real.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 403
1 É assim que, por suas crenças, os doentes induzem seus
próprios estados doentios. A grande diferença entre o mes-
3 merismo voluntário e o involuntário consiste O malfeitor
em que o mesmerismo voluntário é induzido sofre
conscientemente e deve causar, como de fato causa, sofri-
6 mento a quem o pratica, ao passo que o automesmerismo é
induzido inconscientemente, e o homem muitas vezes aprende
por seu próprio erro. No primeiro caso compreende-se que
9 o problema é uma ilusão mental, ao passo que no segundo,
acredita-se que a desventura seja um efeito material. Em
um caso emprega-se a mente humana para eliminar a ilusão,
12 mas no outro, recorre-se à matéria. Em realidade, ambos
têm origem na mente humana e só podem ser curados pela
Mente divina.
15 Dominas a situação se compreendes que a existência mor-
tal é um estado de autoengano, e não é a verdade a respeito do
existir. A mente mortal está produzindo cons- O poder do erro
tantemente no corpo mortal os resultados de é imaginário
18
opiniões errôneas; e continuará a produzi-los até que o erro
mortal seja privado de seus poderes imaginários pela Verdade,
21 que varre as teias de aranha da ilusão mortal. O estado mais
cristão é o de retidão e compreensão espiritual, e esse é o
mais apropriado para curar os doentes. Nunca faças surgir de
24 sombrios presságios sobre a doença alguma nova descoberta,
para depois dá-la a conhecer a teu paciente.
A chamada mente mortal produz tudo o que é desseme-
27 lhante da Mente imortal. A mente humana determina a
natureza de um caso, e o profissional que dele Como se produzem
se ocupa melhora ou prejudica esse caso na as doenças
30 proporção em que a verdade ou o erro influem em suas con-
clusões. O fato de que a concepção da doença e seu desenvol-
vimento são mentais não é compreendido pelo paciente, mas
33 o médico deveria estar familiarizado com a ação mental e
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 404
1 seus efeitos, a fim de julgar o caso de acordo com a Ciência
Cristã.
3 Se um homem é alcoólatra, escravo do fumo, ou o servo
especial de qualquer uma das miríades de formas do pecado,
deves enfrentar e destruir esses erros com a É preciso
6 verdade sobre o existir — mostrando, a quem abandonar
os vícios
pratica o mal, o sofrimento provocado pela
submissão a tais hábitos, e convencendo-o de que não há pra-
9 zer real em falsos desejos. Uma mente corrupta se manifesta
em um corpo corrupto. A luxúria, a maldade e os males de
todos os tipos são crenças doentias, e só podes destruí-las,
12 destruindo os motivos perversos que as produzem. Se o mal
cessou na mente mortal arrependida, embora seus efeitos
ainda permaneçam no indivíduo, podes eliminar essa desor-
15 dem à medida que a lei de Deus é cumprida e a reforma can-
cela o crime. O pecador sadio é o pecador empedernido.
A reforma produzida pela temperança, que se faz sentir
18 por todo o nosso país, resulta da cura metafísica, a qual corta
toda árvore que não dá bom fruto. Essa con- Reforma pela
vicção, de que não há prazer real no pecado, é temperança
21 um dos pontos mais importantes na teologia da Ciência
Cristã. Deves despertar o pecador para esse novo e verda-
deiro modo de ver o pecado, deves mostrar-lhe que o pecado
24 não proporciona nenhum prazer; e esse conhecimento forta-
lece sua coragem moral e aumenta sua capacidade de vencer
o mal e amar o bem.
27 Curar os doentes e reformar os pecadores são uma só e
a mesma coisa na Ciência Cristã. Ambas as curas requerem o
mesmo método e são inseparáveis na Verdade. O A raiz da doença
30 ódio, a inveja, a desonestidade, o medo e assim é o pecado
ou o medo
por diante, fazem o homem adoecer, e nem a
medicina material nem a Mente podem dar-lhe ajuda perma-
33 nente, mesmo no aspecto físico, a não ser que o melhore
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 405
1 mentalmente, e assim o liberte de seus destruidores. O erro
básico é a mente mortal. O ódio inflama as propensões bru-
3 tais. A complacência com os motivos e propósitos maus faz
de qualquer homem, que não esteja no mais baixo nível da
natureza humana, um sofredor sem esperança.
6 A Ciência Cristã exige que o homem exerça o domínio
sobre as propensões — que ponha freio ao ódio por meio da
bondade, que vença a luxúria por meio da casti- Conspiradores
dade, substitua a vingança pela misericórdia e mentais
9
derrote a mentira mediante a honestidade. Deves sufocar
esses erros logo no início, se não quiseres abrigar um exército
12 de conspiradores contra a saúde, a felicidade e o bom êxito.
Eles te entregarão ao juiz, o árbitro da verdade contra o erro.
O juiz te entregará à justiça, e a sentença da lei moral será
15 executada contra a mente mortal e o corpo. Ambos serão
algemados até que o último centavo seja pago — até que
tenhas saldado tua conta com Deus. “Aquilo que o homem
18 semear, isso também ceifará.” O homem bom pode final-
mente vencer seu medo ao pecado. Eis o que é inevitável ao
pecado: destruir-se a si mesmo. O homem imortal demonstra
21 o governo de Deus, o bem, no qual não há poder para pecar.
É preferível estar exposto a todas as pestilências da terra do
que aguentar os efeitos cumulativos de uma consciência cul-
24 pada. Manter na consciência as más ações tende Arrependimento
a destruir a capacidade de fazer o bem. Se não cumulativo
há remorso pelo pecado e este não está diminuindo, então está
27 se aproximando rapidamente da ruína física e moral. Ficas
dominado pelas penalidades morais em que incorres e pelas
aflições que delas provêm. As dores decorrentes do senso
30 pecaminoso são menos prejudiciais do que seus prazeres. A
crença no sofrimento material faz com que os mortais recuem
de seu erro, faz com que se voltem do corpo para o Espírito e
33 apelem para fontes divinas fora deles mesmos.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 406
1 A Bíblia contém a receita para toda cura. “As folhas da
árvore são para a cura dos povos.” Tanto o pecado como a
3 doença são curados pelo mesmo Princípio. A As folhas para
árvore simboliza o Princípio divino do homem, a cura dos povos
e esse Princípio está à altura de qualquer emergência, ofere-
6 cendo plena salvação do pecado, da doença e da morte. O
pecado se renderá à Ciência Cristã quando, em lugar de cos-
tumes e formalidades, o poder de Deus for compreendido e
9 demonstrado na cura dos mortais, tanto na mente como no
corpo. “O perfeito Amor lança fora o medo.”
A Ciência do existir põe a descoberto os erros dos senti-
12 dos, então a percepção espiritual, com o apoio da Ciência,
alcança a Verdade. Então o erro desaparece. O As doenças serão
pecado e a doença ficam atenuados e parecem atenuadas
15 menos reais, à medida que nos aproximamos do período
científico, no qual o senso mortal é dominado e tudo o que é
dessemelhante da verdadeira semelhança desaparece. O
18 homem que tem valores morais não tem medo de que possa
vir a cometer um homicídio, e deveria igualmente não ter
medo no tocante à doença.
21 Resiste ao mal — ao erro de todo tipo — e ele fugirá de ti.
O erro é oposto à Vida. Podemos nos elevar, e finalmente
nos elevaremos, a ponto de valer-nos em tudo Resiste até
da supremacia da Verdade sobre o erro, da o fim do erro
24
Vida sobre a morte e do bem sobre o mal, e esse crescimento
continuará até chegarmos à plenitude da ideia de Deus e não
27 mais temermos adoecer e morrer. A desarmonia de qualquer
tipo implica fraqueza e sofrimento — perda de domínio
sobre o corpo.
30 O desejo depravado de consumir bebidas alcoólicas,
fumo, chá, café, ópio, só é destruído pelo domínio da Mente
sobre o corpo. Esse controle normal se adquire Desejos
33 pela compreensão e força divinas. Não há pra- mórbidos
zer em ficar bêbado, em comportar-se como um tolo ou ser
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 407
1 visto com repugnância; ao contrário, isso deixa uma recor-
dação pungente, um sofrimento inconcebivelmente horrível
3 para o respeito próprio. Soltar detestáveis baforadas de
fumaça, ou mascar uma folha, que por natureza só atrairia
um verme nojento, é no mínimo repugnante.
6 A escravidão do homem aos mais implacáveis tiranos —
a saber, o sentimento descontrolado, o amor ao ego, a inveja,
o ódio e a vingança — só é vencida por uma A panaceia
9 luta ferrenha. Cada hora de atraso torna a luta universal
mais difícil. Se o homem não triunfa sobre as vontades e
emoções descontroladas, elas arruínam a felicidade, a saúde
12 e a plenitude do homem. Nesse ponto, a Ciência Cristã é a
panaceia soberana, que proporciona força para substituir
a fraqueza da mente mortal — força que provém da Mente
15 imortal e onipotente — e eleva a humanidade acima de si
mesma, a desejos mais puros, ao poder espiritual e à boa
vontade para com os homens.
18 Que o escravo de desejos errôneos aprenda as lições da
Ciência Cristã, e ele assim vencerá esses desejos, subindo um
grau na escala da saúde, da felicidade e da existência.
21 Se o pensamento enganoso diz: “Perdi a memória”,
contradize-o. Nenhuma faculdade da Mente se perde. Na
Ciência, todo o existir é eterno, espiritual, per- Memória
feito, harmonioso em toda ação. Mantém o imortal
24
modelo perfeito em teus pensamentos, em vez de seu oposto
desvirtuado. Essa espiritualização do pensamento deixa
27 entrar a luz e traz à tua consciência a Mente divina, a Vida,
não a morte.
Há muitas espécies de insanidade. Todo pecado é insa-
30 nidade em diferentes graus. O pecado escapa O pecado é uma
a essa classificação só porque seu método forma de insanidade
de loucura está de acordo com a crença mortal comum.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 408
1 Toda espécie de doença é erro — isto é, a doença é perda de
harmonia. Esse critério não se altera com o fato de que o
3 pecado é pior do que a doença e que muitos doentes não
reconhecem nem percebem que a doença é um erro.
Existe uma insanidade universal da chamada saúde, que
6 confunde a fábula com o fato em todo o reino dos sentidos
materiais, mas essa loucura geral não pode, em um diagnós-
tico científico, evitar que o caso individual seja classificado
9 com o nome específico de insanidade. Aquelas pessoas desa-
fortunadas que estão internadas em manicômios são apenas
alguns exemplos claramente definidos dos efeitos prejudiciais
12 que a ilusão causa sobre a mente e o corpo mortal.
A suposição de que possamos corrigir a insanidade pelo
uso de purgantes e narcóticos é, em si mesma, uma forma
15 branda de insanidade. Podem as drogas, por As drogas e os
sua livre vontade, ir ao cérebro e destruir lóbulos cerebrais
aquilo que é chamado inflamação resultante de funções per-
18 turbadas, alcançando assim a mente mortal por meio da
matéria? As drogas não afetam um cadáver, e a Verdade não
faz circular drogas no sangue para obter delas um suposto
21 efeito sobre a inteligência e os sentimentos. Se a mente mor-
tal acreditasse que um osso do pé está mais intimamente
relacionado com a mente do que o cérebro, um deslocamento
24 de um osso do pé produziria insanidade, tão perceptivel-
mente quanto o faria uma congestão cerebral. Inverta-se a
crença, e os resultados serão perceptivelmente diferentes.
27 O pensamento inconsciente no substrato corpóreo do
cérebro não produz nenhum efeito, e aquele estado do corpo
que chamamos sensação na matéria é irreal. A matéria e o erro
A mente mortal se desconhece a si mesma — que parece ter vida
30
desconhece os erros que ela inclui e os efeitos que eles
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 409
1 produzem. Matéria inteligente é uma impossibilidade. Podes
argumentar: “Mas se a doença aparece na matéria, por que a
3 Senhora insiste em que a doença é formada pela mente mor-
tal, e não pela matéria?” A mente mortal e o corpo são uma
coisa só, e quanto mais a matéria se aproxima de sua mani-
6 festação final — o erro que parece ter vida sob o nome de
nervos, cérebro, mente — tanto mais prolífica tende a ser em
pecado e em crenças de enfermidades.
9 A mente mortal inconsciente — ou seja, a matéria, o
cérebro — não pode impor condições à consciência, nem
dizer: “Estou doente”. A crença de que o subs- A imposição
trato inconsciente da mente mortal, denomi- do erro
12
nado corpo, sofra e informe que está doente, sem a inter-
ferência dessa chamada mente consciente, é o erro que
15 impede os mortais de saberem como governar o corpo.
A chamada mente mortal consciente é considerada supe-
rior ao seu substrato inconsciente, a matéria, e o mais forte
18 nunca cede ao mais fraco, a não ser por medo A chamada
ou por escolha. Tudo o que vive deve ser gover- superioridade
nado apenas por Deus. O homem real é imortal e espiritual,
21 mas os chamados “filhos dos homens”, mortais e imperfeitos,
são, desde o começo, falsificações que têm de ser abandona-
das a favor da realidade pura. O mortal é descartado, e o
24 novo homem, o homem real, toma seu lugar, na proporção
em que os mortais compreendem a Ciência do homem e pro-
curam o modelo verdadeiro.
27 Não temos o direito de dizer que a vida depende da maté-
ria agora, mas que dela não dependerá depois da morte. Não
podemos passar nossos dias aqui na ignorância A morte não
da Ciência da Vida, e esperar encontrar no é benfeitora
30
além-túmulo uma recompensa por essa ignorância. A morte
não nos fará harmoniosos e imortais como recompensa pela
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 410
1 ignorância. Se aqui não dermos atenção à Ciência Cristã, que
é espiritual e eterna, não estaremos preparados para a Vida
3 espiritual no além.
“A vida eterna é esta”, diz Jesus — ele diz que é, e não que
será; e em seguida define a vida eterna como o conhecimento
6 presente do Pai e dele mesmo — o conheci- Vida eterna
mento do Amor, da Verdade e da Vida. “A vida e presente
eterna é esta: que Te conheçam a Ti, o único Deus verda-
9 deiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” As Escrituras
dizem: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra
que procede da boca de Deus”, o que mostra que a Verdade é
12 a vida real do homem; mas o gênero humano se opõe a pôr
em prática esse ensinamento.
Cada experiência que prova nossa fé em Deus nos torna
15 mais fortes. Quanto mais difícil parece a situação material
a ser vencida pelo Espírito, tanto mais forte O Amor lança
deve ser a nossa fé e tanto mais puro o nosso fora o medo
18 amor. O Apóstolo João diz: “No Amor não existe medo;
antes, o perfeito Amor lança fora o medo. ... Aquele que teme
não é aperfeiçoado no Amor”. Essa é uma proclamação defi-
21 nitiva e inspirada da Ciência Cristã.
Exemplo de tratamento mental
A Ciência da prática mental não é suscetível de ser mal
24 empregada. O amor ao ego não tem lugar na prática da
Verdade, na prática da Ciência Cristã. Caso se Não
faça mau uso da prática mental, ou se ela for uti- temais
27 lizada para qualquer propósito que não seja o de promover o
modo correto de pensar e de agir, o poder de curar mentalmente
diminuirá, até perder-se por completo a capacidade curativa da
30 pessoa. A prática científica cristã começa com a nota tônica
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 411
1 da harmonia, apresentada por Cristo: “Não temais!” Disse Jó:
“Aquilo que temo me sobrevém”.
3 Minha primeira descoberta na prática da Ciência Cristã
por parte do aluno foi esta: se o aluno silenciosamente chamava
a doença pelo nome, enquanto argumentava Dizer o nome
6 contra ela, como regra geral o corpo respondia das doenças
mais depressa — assim como uma pessoa responde mais
rapidamente quando é chamada pelo nome; mas isso aconte-
9 cia porque o aluno não estava em perfeita sintonia com a
Ciência divina e necessitava dos argumentos da verdade
como lembretes. Se o Espírito, o poder do Amor divino, dá
12 testemunho em favor da verdade, isso é o ultimato, o modo
científico, e a cura é instantânea.
Consta que Jesus, certa vez, perguntou o nome de uma
15 doença — uma doença que os modernos chamariam de
demência. O demônio, o mal, respondeu que Males
seu nome era Legião. Então Jesus expulsou o expulsos
18 mal, e o louco ficou mudado e no mesmo instante ficou são.
As Escrituras parecem frisar que Jesus fez com que o mal se
visse a si mesmo e assim ficasse destruído.
21 A causa que promove toda doença e lhe dá um ponto de
apoio é o medo, a ignorância ou o pecado. A doença é sem-
pre provocada por um falso senso mantido no O medo
pensamento, não destruído. A doença é uma como base
24
imagem exteriorizada do pensamento. O estado mental é
chamado estado material. Tudo o que é acolhido na mente
27 mortal como condição física, aparece como imagem no
corpo.
Sempre começa teu tratamento acalmando o medo dos
30 pacientes. Assegura-lhes, silenciosamente, que não estão
sujeitos a doenças e perigos. Observa o resul- Defesa
tado dessa regra simples da Ciência Cristã e silenciosa
33 verás que ela alivia os sintomas de toda doença. Se con-
segues eliminar inteiramente o medo, teu paciente é curado.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 412
1 O sublime fato de que Deus governa tudo com amor, sem
jamais castigar nada a não ser o pecado, é o ponto de onde
3 deves proceder para destruir o medo humano da doença.
Mentalmente e em silêncio, defende o caso cientificamente a
favor da Verdade. Podes variar os argumentos para enfrentar
6 os sintomas peculiares ou gerais do caso que tratas, mas deves
estar inteiramente persuadido, em tua própria mente, da ver-
dade que pensas ou falas, e serás o vencedor.
9 Podes chamar a doença pelo nome quando a negas men-
talmente; mas, ao dizer seu nome em voz alta, corres o risco,
em certas circunstâncias, de gravá-la no pensa- Silêncio
mento. O poder da Ciência Cristã e do Amor eloquente
12
divino é onipotente. É realmente capaz de romper as amarras
e destruir a doença, o pecado e a morte.
15 Para evitar a doença ou para curá-la, o poder da Verdade,
do Espírito divino, tem de destruir o sonho dos sentidos
materiais. Para curares por meio de argumen- A insistência é
tos, descobre o tipo da doença, encontra seu necessária
18
nome, e alinha tua defesa mental contra o físico. De início,
argumenta mentalmente, não em voz alta, que o paciente não
21 está doente, e adapta teu argumento de maneira a destruir
a evidência da doença. Mentalmente insiste em afirmar que a
harmonia é a realidade e que a doença é um sonho temporal.
24 Dá-te conta da presença da saúde e do fato de que o existir é
harmonioso, até que o corpo corresponda às condições nor-
mais de saúde e harmonia.
27 Quando se trata de uma criança pequena ou de um bebê,
é preciso enfrentar o caso principalmente por meio do pensa-
mento dos pais, seja em silêncio ou audi- A cura
velmente, na base já mencionada da Ciência dos bebês
30
Cristã. O Cientista sabe que não pode haver doença hereditá-
ria, porque a matéria não é inteligente e não pode transmitir
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 413
1 inteligência boa ou má ao homem, e porque Deus, a Mente
única, não produz dor na matéria. O ato de permitir que
3 nossos pensamentos se prendam indevidamente às necessi-
dades ou alterações físicas produz essas mesmas alterações.
Qualquer exigência, que vá além daquilo que é preciso para
6 atender às necessidades mais simples de um bebê, é prejudi-
cial. É a Mente, não a matéria, que regula o estado do estô-
mago, do intestino e do alimento, bem como a temperatura
9 das crianças e dos adultos. As opiniões sensatas ou insensa-
tas dos pais e de outras pessoas, sobre esses assuntos, produ-
zem bons ou maus efeitos sobre a saúde das crianças.
12 Fazer abluções diárias em um bebê é pouco natural e é
desnecessário, assim como seria o processo de tirar um peixe
da água todos os dias e cobri-lo de terra, para Abluções visando
que se desenvolvesse com maior vigor no seu ao asseio
15
próprio elemento. “O asseio é irmão da santidade”, mas o
lavar-se deveria ter por único propósito manter limpo o
18 corpo, e isso pode ser feito sem friccioná-lo todo, diaria-
mente. A água não é o elemento natural da humanidade.
Insisto no asseio corporal completo. Não tolero nenhuma
21 partícula de sujeira; mas, ao cuidar de um bebê, não é preciso
lavar-lhe todo o corpinho diariamente para manter seu fres-
cor como o de uma flor recém-desabrochada.
24 Dar drogas aos bebês, observar todo sintoma de flatulên-
cia e dirigir de contínuo o pensamento para tais indícios —
pensamento esse carregado de ilusões sobre Distúrbios
27 doenças, leis sanitárias e morte — são atos que infantis
transmitem imagens mentais aos pensamentos despontantes
das crianças, e frequentemente as imprimem ali, tornando
30 assim provável que, a qualquer momento, tais males se repro-
duzam sob a forma dessas mesmas doenças temidas. Uma
criança pode ter vermes, se assim afirmas, ou qualquer outra
33 enfermidade mantida com temor naquilo que se acredita
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 414
1 quanto ao seu corpo. Dessa maneira se estabelecem os fun-
damentos da crença na enfermidade e na morte, e assim as
3 crianças são educadas de uma forma que leva à desarmonia.
O tratamento da insanidade é especialmente interessante.
Por mais obstinado que seja o caso, a insanidade, mais
6 depressa do que a maioria das doenças, cede à A cura da
ação salutar da verdade, que derrota o erro. Os insanidade
argumentos a serem usados para curar a insanidade são os
9 mesmos que se usam para curar outras doenças, a saber: a
impossibilidade de a matéria, o cérebro, controlar ou trans-
tornar a mente, sofrer ou causar sofrimento; e também o fato
12 de que a verdade e o amor estabelecerão um estado sadio,
guiarão e governarão a mente mortal, ou seja, o pensamento
do paciente, e destruirão todo erro, quer se chame demência,
15 ódio ou qualquer outra desarmonia.
Para fixar a verdade firmemente no pensamento de
teus pacientes, explica-lhes a Ciência Cristã, mas não cedo
18 demais — não antes de estarem preparados para a explicação
— a fim de não predispores os doentes contra seus próprios
interesses, por lhes perturbar e confundir o pensamento. O
21 argumento do Cientista Cristão assenta na base cristãmente
cientifica do existir. As Escrituras declaram: “O Senhor é
Deus [o bem]; nenhum outro há, senão Ele”. Do mesmo
24 modo, a harmonia é universal e a desarmonia é irreal. A
Ciência Cristã declara que a Mente é substância e também
que a matéria não sente, não sofre, nem tem prazer. Deves
27 manter esses conceitos firmemente em mira. Deves ter pre-
sente a realidade da existência — que o homem é a imagem e
semelhança de Deus, em quem todo o existir é isento de dor
30 e é permanente. Lembra-te de que a perfeição do homem é
real e inquestionável, ao passo que a imperfeição é condená-
vel, irreal, e não é produzida pelo Amor divino.
33 A matéria não pode se inflamar. A inflamação é medo,
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 415
1 um estado excitado dos mortais, que não é normal. A Mente
imortal é a causa única; por isso, a doença não é nem causa
3 nem efeito. Em todos os casos, a Mente é o A matéria
eterno Deus, o bem. O pecado, a doença e a não se inflama
morte não têm fundamentos na Verdade. A inflamação,
6 como crença mortal, acelera ou impede a ação do organismo,
porque o pensamento se move depressa ou devagar, salta ou
se detém, quando contempla coisas desagradáveis ou quando
9 o indivíduo olha para algum objeto do qual tem medo. A
inflamação nunca aparece em uma parte que o pensamento
mortal não alcança. É por isso que os entorpecentes aliviam
12 a inflamação. Acalmam o pensamento, produzindo estupe-
fação e recorrendo à matéria, em vez de à Mente. Os entor-
pecentes não eliminam a dor em nenhum sentido científico.
15 Eles apenas diminuem temporariamente o medo da mente
mortal, até que esta possa dominar a crença errônea.
Nota como o pensamento faz empalidecer o rosto. Ele
18 retarda ou acelera a circulação, tornando pálida ou enrubes-
cida a face. Do mesmo modo, o pensamento A Verdade acalma
aumenta ou diminui as secreções, a ação dos o pensamento
21 pulmões, do intestino e do coração. Os músculos, movendo-se
rápida ou lentamente, e impelidos ou paralisados pelo pensa-
mento, representam a ação de todos os órgãos do organismo
24 humano, inclusive o cérebro e as vísceras. Para eliminar o
erro que produz a perturbação, tens de acalmar e instruir a
mente mortal com a Verdade imortal.
27 Sob a anestesia pelo éter o corpo parece desaparecer. Antes
que os pensamentos estejam em pleno repouso, os membros se
desvanecem da consciência. De fato, o corpo Os efeitos
30 inteiro, com os objetos que o rodeiam, desaparece do éter
da vista, deixando que a dor se destaque tão nitidamente como o
pico de uma montanha, como se fosse um membro separado do
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 416
1 corpo. Por fim a dor também desaparece. Esse processo
mostra que a dor está na mente, pois a inflamação não foi
3 suprimida; e a crença na dor logo voltará, a não ser que a
imagem mental que ocasiona a dor seja eliminada mediante
o reconhecimento da verdade do existir.
6 Uma injeção hipodérmica de morfina é administrada a
um paciente e, em vinte minutos, o sofredor dorme sossega-
damente. Para ele a dor já não existe. Não De nada valem
obstante, qualquer médico — seja alopata, os sedativos
9
homeopata, naturista ou eclético — te dirá que a causa mate-
rial perturbadora não foi eliminada e que, quando a influên-
12 cia soporífica do ópio se tiver dissipado, o paciente voltará a
sentir a mesma dor, a não ser que a crença que ocasiona a dor
tenha sido mudada nesse ínterim. Onde está a dor enquanto
15 o paciente dorme?
O corpo material, a que chamas eu, é mente mortal, e
essa mente é material em sensação, assim como é material o
18 corpo que se originou desse senso material e se O chamado
desenvolveu de acordo com ele. Esse conceito ego físico
materialista quanto a progenitor e prole só existe na mente
21 mortal, como o prova o corpo morto; porque, quando o mor-
tal tiver abandonado o corpo ao pó, o corpo já não é progeni-
tor, nem sequer em aparência.
24 Os doentes nada sabem do processo mental que os debi-
lita, e não sabem quase nada do método metafísico pelo qual
podem ser curados. Se fizerem perguntas sobre O pensamento
a doença, dize-lhes apenas aquilo que melhor mau debilita
27
convém que saibam. Assegura-lhes que pensam demais em
seus males e que já é demais o que ouviram falar sobre o
30 assunto. Faz com que deixem de pensar no corpo e pensem
em objetivos mais elevados. Ensina-lhes que seu existir é
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 417
1 sustentado pelo Espírito, não pela matéria, e que encontram
saúde, paz e harmonia em Deus, o Amor divino.
3 Reconhece tu que os doentes, às vezes, sabem mais do
que seus médicos. Apoia sempre a confiança que eles têm no
poder da Mente para sustentar o corpo. Nunca Apoio
digas aos doentes que apesar de sua coragem animador
6
eles não têm forças. Dize-lhes, em vez disso, que eles têm
força na proporção em que têm coragem. Se conseguires que
9 os doentes se deem conta dessa grande verdade incontestável,
não haverá reação por excesso de esforço ou por excitação.
Afirma tu os fatos da Ciência Cristã — que o Espírito é Deus
12 e, por isso, não pode estar doente; que aquilo que se chama
matéria não pode estar doente; que toda a causalidade é a
Mente, agindo mediante a lei espiritual. Então, mantém tua
15 posição com a compreensão inabalável da Verdade e do
Amor, e vencerás. Quando reduzes a silêncio a testemunha
contrária à tua defesa, destróis a evidência, porque a doença
18 desaparece. A evidência que se apresenta aos sentidos corpó-
reos não é a Ciência do homem imortal.
Para aquele que cura de acordo com a Ciência Cristã, a
21 doença é um sonho do qual o paciente precisa ser despertado.
A doença não deveria parecer real ao médico, Mostrar que a
pois é demonstrável que o modo de curar o doença é irreal
24 paciente consiste em fazer com que ele compreenda que a
doença é irreal. Para tanto, o médico precisa compreender a
irrealidade da doença, na Ciência.
27 Logo que o estado de teus pacientes o permita, explica-lhes
em voz audível o controle completo que a Mente exerce sobre
o corpo. Mostra-lhes como a mente mortal parece produzir
30 a doença por meio de certos temores e falsas conclusões, e
como a Mente divina pode curar por meio de pensamentos
opostos. Dá a teus pacientes uma compreensão fundamental
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 418
1 que os sustente e proteja contra os efeitos nocivos de suas
próprias conclusões. Mostra-lhes que a vitória sobre a doença,
3 assim como sobre o pecado, depende de que se destrua men-
talmente toda a crença em prazer ou dor na matéria.
Agarra-te firmemente à verdade do existir, em contrapo-
6 sição ao erro de que a vida, a substância e a inteligência pos-
sam estar na matéria. Faz tua defesa com uma Defesa
convicção sincera da verdade e uma percepção cristã
9 clara do efeito invariável, infalível e inquestionável da Ciência
divina. Então, se a tua fidelidade equivaler à metade da ver-
dade em que se apoia tua defesa, curarás os doentes.
12 Tem de ficar claro para ti que nem a doença nem o
pecado são a realidade do existir. Esse sonho mortal de
doença, pecado e morte deveria cessar graças à Argumentos
Ciência Cristã. Então, uma doença seria des- verídicos
15
truída tão prontamente como outra. Qualquer que seja a
crença, se são usados argumentos para destruí-la, tal crença
18 tem de ser repudiada, e a negação tem de se estender à
suposta doença e a tudo que determine seu tipo e seus sinto-
mas. A Verdade é afirmativa e proporciona harmonia. Toda
21 a lógica metafísica é inspirada por essa regra simples da
Verdade, que governa toda a realidade. Pelos argumentos verí-
dicos que empregas, e especialmente pelo espírito de Verdade
24 e Amor que abrigas, curarás os doentes.
Nos teus esforços para destruir o erro, inclui as crenças
de ordem moral bem como as crenças físicas. Expulsa toda
27 espécie de mal. “Pregai o evangelho a toda A moralidade
criatura.” Dize a verdade a toda forma de erro. é necessária
Tumores, úlceras, protuberâncias, inflamação, dor, juntas
30 deformadas são apenas sombras de sonho dos que sonham
acordados, imagens sombrias do pensamento mortal, que
fogem diante da luz da Verdade.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 419
1 É possível que uma questão de ordem moral impeça o
restabelecimento dos doentes. O erro não detectado, a luxú-
3 ria, a inveja, a vingança, a maldade, ou o ódio perpetuarão
ou até mesmo criarão a crença em doenças. Erros de todos
os tipos se inclinam nessa direção. Teu verdadeiro caminho
6 é destruir o inimigo e deixar o terreno para Deus, a Vida,
a Verdade e o Amor, lembrando-te de que só Deus e Suas
ideias são reais e harmoniosos.
9 Se teu paciente, por alguma causa, sofrer uma recaída,
enfrenta mental e corajosamente essa causa, sabendo que não
pode haver reação na Verdade. Nem a doença A recaída é
12 em si, nem o pecado, nem o medo, têm o poder desnecessária
de causar a doença ou uma recaída. A doença não tem inteli-
gência que lhe permita mover-se de uma parte do corpo para
15 outra ou para apresentar-se de forma diferente. Se a doença
se move de um ponto a outro, é a mente, não a matéria, que a
move; por isso, lembra-te de movê-la para fora. Enfrenta
18 toda circunstância adversa com autoridade. Vigia a mente,
em vez de o corpo, para não deixar entrar no pensamento
nada que não deva se desenvolver. Pensa menos nas con-
21 dições materiais e mais nas espirituais.
A Mente produz toda ação. Se a ação procede da Verdade,
da Mente imortal, então aparece a harmonia; mas a mente
24 mortal está sujeita a qualquer fase da crença. Vence as crenças
Uma recaída não pode em realidade ocorrer e os temores
nos mortais ou nas chamadas mentes mortais, porque existe
27 só uma Mente, só um Deus. Nunca temas aquele que exerce
a prática mental errônea, o assassino mental, que, na tenta-
tiva de dominar o gênero humano, viola o Princípio divino
30 da metafísica, pois Deus é o único poder. Para teres êxito
na cura, precisas vencer teus próprios temores, bem como
os de teus pacientes, e elevar-te a uma consciência superior
33 e mais sagrada.
Se for necessário um tratamento contra a recaída, lembra-te
de que a doença ou seus sintomas não podem mudar de forma
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 420
1 nem passar de uma parte para outra, pois a Verdade destrói a
doença. Não há metástase, não há obstrução da ação harmo-
3 niosa, não há paralisia. A Verdade e não o O verdadeiro
erro, o Amor e não o ódio, o Espírito e não a governo do homem
matéria, governa o homem. Se os alunos não se curam rapi-
6 damente, devem recorrer logo a um Cientista Cristão expe-
riente para ajudá-los. Se relutam em fazer isso para o próprio
bem, basta que saibam que o erro não pode produzir essa
9 relutância desnatural.
Ensina aos doentes que eles não são vítimas indefesas,
pois, se apenas aceitarem a Verdade, poderão resistir à doença
12 e afastá-la, tão certamente como podem resistir Confiança
à tentação de pecar. Esse fato na Ciência Cristã assegurada
deveria ser explicado aos enfermos, quando eles estiverem
15 com disposição de ânimo apropriada para aceitá-lo — quando
não lhe fizerem oposição, mas sim estiverem preparados para
receber a nova ideia. O fato de que a Verdade vence tanto a
18 doença como o pecado reanima a esperança deprimida. Esse
fato transmite um estímulo salutar ao corpo e regula o orga-
nismo. Aumenta ou diminui a ação, segundo o exija o caso,
21 melhor do que qualquer droga, alterante ou tônico.
A Mente é o estímulo natural do corpo, mas a crença
errônea, mesmo no melhor dos casos, não promove a saúde
24 nem a felicidade. Dize aos doentes que eles Estímulo
podem fazer frente à doença sem medo, se ape- apropriado
nas compreenderem que o Amor divino lhes dá poder total
27 sobre todas as ações e condições físicas.
Se for necessário sacudir a mente mortal para lhe des-
truir o sonho de sofrimento, dize com veemência a teu
30 paciente que ele precisa despertar. Faz com que Desperta o
ele deixe de olhar o falso testemunho dos senti- paciente
dos e assim veja os fatos harmoniosos da Alma e do existir
33 imortal. Dize-lhe que ele sofre apenas como sofrem os
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 421
1 dementes, isto é, devido às crenças errôneas. A única dife-
rença consiste em que a insanidade implica a crença em um
3 cérebro enfermo, enquanto que os males físicos (assim cha-
mados) surgem da crença de que outras partes do corpo este-
jam perturbadas. Perturbação, ou desordem, são palavras
6 que transmitem a verdadeira definição de toda crença
humana em má saúde, ou seja, a perturbação da harmonia.
Se chegas a sacudir desse modo a mente mortal para lhe des-
9 truir as crenças, a seguir informa ao paciente o motivo desse
choque, mostrando-lhe que isso foi para lhe facilitar o
restabelecimento.
12 Se sobrevier uma crise quando tratas um paciente, deves
lhe tratar menos a doença e mais a perturbação ou fermen-
tação mental, e subjugar os sintomas, eliminando Como tratar
a crença de que essa quimicalização produza uma crise
15
dor ou doença. Insiste com veemência no fato grandioso que
se aplica a todas as situações, o de que Deus, o Espírito, é
18 tudo, e que não existe outro além dEle. Não existe doença.
Quando o suposto sofrimento desaparece da mente mortal,
não pode haver dor; e quando o medo for destruído, a infla-
21 mação cederá. Tens de acalmar a excitação causada às vezes
pela quimicalização, que é o efeito alterante que a Verdade pro-
duz sobre o erro, e em certos casos tens de explicar ao paciente
24 os sintomas e suas causas.
Não é cristãmente científico ver a doença, nem dela
sofrer. Se queres destruir o senso de doença, não deves lhe
27 dar força, desejando ver quais formas ela toma, Não há deturpação
ou aplicando ainda que seja um só lenitivo da Ciência da Mente
material para aliviá-la. Deturpar a Ciência da Mente equi-
30 vale a afirmar que os produtos de oito vezes cinco, e sete
vezes dez, sejam ambos quarenta, e que sua soma seja
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 422
1 cinquenta e a seguir chamar de matemática essa operação.
Mais sábio que seus perseguidores, Jesus disse: “Se eu
3 expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vos-
sos filhos?”
Se o leitor deste livro observar uma grande agitação em
6 todo o seu organismo, e certos sintomas morais e físicos
parecerem se agravar, esses indícios são favorá- O efeito
veis. Deves continuar a ler, e o livro se tornará deste livro
9 o sanador, aliviando o estremecimento que a Verdade fre-
quentemente produz no erro, quando o está destruindo.
Os pacientes, por não estarem familiarizados com a causa
12 desse abalo, e na ignorância de que ele é um indício favo-
rável, talvez se alarmem. Se for esse o caso, A doença fica
explica-lhes a lei que rege esse efeito. Assim neutralizada
15 como da combinação de um ácido e um álcali resulta um ter-
ceiro produto, assim a química mental e moral muda a base
material do pensamento, dando mais espiritualidade à cons-
18 ciência e fazendo com que ela dependa menos da evidência
material. Essas mudanças, que ocorrem na mente mortal,
servem para reconstruir o corpo. Desse modo a Ciência
21 Cristã, pela alquimia do Espírito, destrói o pecado e a morte.
Suponhamos dois casos paralelos de doença dos ossos,
ambos produzidos da mesma maneira e acompanhados dos
24 mesmos sintomas. Em um caso recorre-se a A cura de ossos
um cirurgião, no outro, a um Cientista Cristão. pela cirurgia
O cirurgião, pensando que a matéria forma suas próprias
27 condições e as torna fatais em determinados estágios, tem
medo e dúvidas quanto à solução final do caso. Por não ter
em suas próprias mãos as rédeas do governo, acredita que
30 algo mais forte do que a Mente — a saber, a matéria —
governe o caso. Seu tratamento é, portanto, uma tentativa.
Esse estado mental favorece a derrota. Ao acreditar que
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 423
1 encontrou na matéria algo que lhe é superior, e que ele tal-
vez não seja capaz de restaurar o osso, seu medo aumenta;
3 mas esse modo de pensar não deveria ser transmitido ao
paciente, nem verbalmente nem de outro modo, pois esse
medo diminui muitíssimo a tendência a um resultado favo-
6 rável. Lembra-te de que, muitas vezes, a crença que não é
expressa afeta um paciente sensível com mais força do que
o pensamento manifestado.
9 O Cientista Cristão, compreendendo de modo científico
que tudo é a Mente, começa a destruir o erro, tendo como
ponto de partida a causalidade mental, a ver- Corretivo
dade a respeito do existir. Esse corretivo é um científico
12
alterante, que alcança todas as partes do organismo humano.
De acordo com as Escrituras, ele penetra “juntas e medulas”
15 e restaura a harmonia do homem.
O médico que toma a matéria como base lida com a
matéria como se ela fosse ao mesmo tempo a inimiga e o
18 remédio. Ele considera a doença atenuada ou Resolver os
agravada, segundo a evidência que a matéria problemas
apresenta. O metafísico, que faz da Mente sua base de atuação,
21 sem levar em conta a matéria, e que considera a verdade e a
harmonia do existir superiores ao erro e à desarmonia, torna-se
forte, em vez de fraco, para resolver o caso; e na mesma pro-
24 porção fortalece o paciente com o estímulo da coragem e
do poder consciente. Tanto a Ciência como a consciência
estão agora em atividade na economia do existir, de acordo
27 com a lei da Mente, a qual, por fim, faz prevalecer sua supre-
macia absoluta.
A ossificação, ou qualquer estado anormal ou distúrbio
30 do corpo, é diretamente a ação da mente mortal, tanto
quanto a demência ou a insanidade. A única Formação a partir
substância dos ossos é o pensamento que os do pensamento
33 forma. Os ossos são apenas fenômenos da mente dos mor-
tais. A chamada substância do osso é formada de início pela
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 424
1 mente da mãe, por autodivisão. Logo a criança se torna
uma mente mortal individualizada, separada, que toma
3 posse de si mesma e de seus próprios pensamentos a
respeito dos ossos.
Os acidentes são desconhecidos para Deus, a Mente imortal,
6 e temos de deixar a base mortal da crença e unir-nos à Mente
única, a fim de substituir a noção de acaso pelo Os acidentes são
senso apropriado da infalível direção de Deus, desconhecidos
para Deus
9 e assim trazer à luz a harmonia.
Sob a Providência divina não pode haver acidentes, pois
na perfeição não há lugar para a imperfeição.
12 Na prática médica, haveria objeções se um médico admi-
nistrasse uma droga para neutralizar a ação de um remédio
prescrito por outro médico. É igualmente Mentalidade
importante, na prática metafísica, que as antagônica
15
mentes ao redor do paciente não atuem contra tua influência,
expressando de contínuo opiniões que possam alarmá-lo
18 ou desanimá-lo — seja mediante conselhos antagônicos ou
mediante pensamentos não expressos, enfocando teu paciente.
Embora seja indubitável que a Mente divina tem o poder
21 de remover qualquer obstáculo, ainda assim é preciso que
o paciente te ouça. Não fica mais difícil te fazeres ouvir
mentalmente, ainda que outros estejam pensando nos teus
24 pacientes ou conversando com eles, se compreendes a Ciência
Cristã — o fato de que o Amor divino é uno e é tudo; mas é
bom estar a sós com Deus e o doente quando tratas a doença.
27 Para prevenir ou curar a escrófula e outras chamadas
doenças hereditárias, tens de destruir tanto a crença de que
esses males existam, como a fé de que seja pos- A Mente elimina
sível transmiti-los. O paciente talvez te diga a escrófula
30
que tem um fluido nocivo no sangue, uma predisposição
para a escrófula. Seus pais ou alguns de seus antepassados
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 425
1 assim acreditaram. É a mente mortal, não a matéria, que
induz a essa conclusão e seus resultados. Terás fluidos noci-
3 vos apenas enquanto acreditares que sejam válvulas de segu-
rança ou que seja impossível eliminá-los completamente.
Se o caso a ser tratado mentalmente é de tuberculose,
6 trata dos pontos principais que (segundo a crença) estão
incluídos nessa doença. Mostra que não é her- Não há
dada; que a inflamação, os tubérculos, a hemor- deterioração
9 ragia e a decomposição são crenças, imagens do pensamento
mortal impressas no corpo; que elas não são a verdade sobre
o homem; que devem ser tratadas como erro e expulsas do
12 pensamento. Então esses males desaparecerão.
Se o corpo está enfermo, essa é apenas uma das crenças da
mente mortal. O homem mortal será menos mortal, quando
15 se der conta de que a matéria nunca sustentou a Pulmões formados
existência e nunca pode destruir a Deus, que é de novo
a Vida do homem. Quando isso for compreendido, a huma-
18 nidade será mais espiritual e saberá que não há nada que possa
se deteriorar, visto que o Espírito, Deus, é Tudo-em-tudo. E se
a crença for de tuberculose? Para o homem, Deus tem mais
21 importância do que a crença desse homem, e quanto menos
admitimos a matéria e suas leis, tanto mais imortalidade pos-
suímos. A consciência constrói um corpo melhor quando a fé
24 na matéria é vencida. Corrige tu a crença material por meio
da compreensão espiritual, e o Espírito te formará de novo.
Nunca mais voltarás a ter medo, a não ser de ofender a Deus,
27 e nunca mais acreditarás que o coração ou qualquer parte do
corpo possa te destruir.
Se tens pulmões sadios e bem desenvolvidos e queres
30 conservá-los assim, deves estar sempre pronto a A saúde
protestar mentalmente contra a crença oposta é mantida
na hereditariedade. Descarta todas as noções relativas a
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 426
1 pulmões, tubérculos, tuberculose herdada ou doença
proveniente de qualquer circunstância, e constatarás que a
3 mente mortal, quando instruída pela Verdade, cede ao poder
divino, que conduz o corpo para a saúde.
A descobridora da Ciência Cristã acha menos difícil o
6 caminho, quando tem a meta elevada sempre presente em
seus pensamentos, do que quando conta os pas- Nossos passos
sos no esforço de alcançá-la. Quando o objetivo rumo ao céu
9 é desejável, a expectativa acelera nosso progresso. A luta pela
Verdade nos fortalece em vez de nos enfraquecer, nos repousa
em vez de nos cansar. Se a crença na morte fosse eliminada, e
12 se a compreensão de que a morte não existe fosse alcançada,
isso seria uma “árvore da vida”, conhecida pelos seus frutos.
O homem deveria renovar suas energias e seus esforços e ver
15 a insensatez da hipocrisia, enquanto também aprende que é
necessário trabalhar pela própria salvação. Quando se apren-
der que a doença não pode destruir a vida e que não é pela
18 morte que os mortais são salvos do pecado ou da doença, essa
compreensão nos despertará para uma vida sempre nova.
Superará tanto o desejo de morrer, como o pavor ao túmulo,
21 e destruirá assim o grande medo que aflige a existência mortal.
A renúncia a toda a fé na morte e também ao medo do
seu aguilhão elevaria o padrão de saúde e de moral muito
24 acima de seu atual nível, e nos habilitaria a Padrão do
manter erguido o estandarte do Cristianismo Cristianismo
com fé inabalável em Deus, na Vida eterna. O pecado trouxe
27 a morte, e a morte desaparecerá com o desaparecimento do
pecado. O homem é imortal, e o corpo não pode morrer
porque a matéria não tem vida a entregar. Só os conceitos
30 humanos denominados matéria, morte, enfermidade, doença
e pecado é que podem ser destruídos.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 427
1 Se é verdade que o homem vive, esse fato na Ciência
jamais pode mudar para a crença oposta de que o homem
3 possa morrer. A Vida é a lei da Alma, a própria A Vida não é
lei do espírito da Verdade, e a Alma nunca está condicionada
pela matéria
sem seu representante. O existir individual do
6 homem não pode morrer nem desaparecer na inconsciência,
assim como a Alma também não pode, pois ambos são imor-
tais. Se o homem crê agora na morte, nela tem de deixar de
9 crer ao dar-se conta de que não há realidade na morte, visto
que a verdade do existir é imorredoura. A crença de que a
existência seja condicionada pela matéria tem de ser enfren-
12 tada e subjugada pela Ciência, antes que se possa compreen-
der a Vida e alcançar a harmonia.
A morte é apenas outra fase do sonho de que a existência
15 possa ser material. Nada pode interferir na harmonia do
existir, nem fazer cessar a existência do homem A mortalidade
na Ciência. O homem é o mesmo, tanto depois é vencida
18 como antes de ter fraturado um osso ou de seu corpo ter sido
guilhotinado. Se o homem nunca houvesse de vencer a
morte, por que então a Bíblia diz: “O último inimigo a ser
21 destruído é a morte”? O teor da Palavra significa que obtere-
mos a vitória sobre a morte, na proporção em que vencermos
o pecado. A grande dificuldade está na ignorância a respeito
24 do que Deus é. Deus, a Vida, a Verdade e o Amor fazem
imortal o homem. A Mente imortal, que tudo governa, tem
de ser reconhecida como suprema, tanto no reino físico,
27 assim chamado, como no espiritual.
Chamado junto ao leito de um moribundo, que remédio
material tem o homem quando todos esses remédios falharam?
30 O Espírito é seu último recurso, mas deveria Nem morte,
ter sido seu primeiro e único recurso. O sonho nem inação
da morte tem de ser subjugado pela Mente, aqui ou no além.
33 O pensamento despertará de sua própria declaração mate-
rial: “Estou morto”, para ouvir este toque de clarim da Verdade:
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 428
1 “Não existe morte, não existe inação, nem ação doentia, nem
ação excessiva, nem reação”.
3 A Vida é real e a morte é a ilusão. A demonstração
dos fatos da Alma, à maneira de Jesus, transforma as som-
brias visões do senso material em harmonia e Entendimento
imortalidade. O privilégio do homem, neste que se amplia
6
momento supremo, é comprovar estas palavras de nosso
Mestre: “Se alguém guardar a minha palavra, não verá a
9 morte”. Despojar o pensamento daquilo em que erradamente
confia e das evidências materiais, para que os fatos espirituais
do existir possam aparecer — esse é o grande triunfo por
12 meio do qual expulsaremos o falso e daremos lugar ao verda-
deiro. Assim, poderemos alicerçar na verdade o santuário, ou
seja, o corpo, do qual “Deus é o arquiteto e edificador”.
15 Devemos consagrar a existência, não “ao Deus desconhe-
cido” a quem adoramos “sem conhecer”, mas ao arquiteto
perpétuo, o Pai eterno, à Vida que o senso Consagração
18 mortal não pode debilitar e que a crença mortal inteligente
não pode destruir. Temos de compreender a capacidade da
força mental, de remover os conceitos humanos errôneos e
21 substituí-los pela vida que é espiritual, não material.
É preciso trazer à luz o grandioso fato espiritual de que o
homem é, não que será, imortal e perfeito. Temos de nos
24 manter para sempre conscientes da existência A imortalidade
e, mais cedo ou mais tarde, pelo Cristo e pela presente
Ciência Cristã, temos de subjugar o pecado e a morte. A evi-
27 dência da imortalidade do homem se tornará mais perceptí-
vel à medida que as crenças materiais forem abandonadas e
os fatos imortais quanto ao existir forem admitidos.
30 A autora curou doenças orgânicas consideradas incurá-
veis e levantou moribundos para a vida e a saúde pela com-
preensão de que Deus é a única Vida. É pecado crer que algo
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 429
1 possa ser mais poderoso que a Vida onipotente e eterna, e
essa Vida tem de ser trazida à luz pela compreensão de que
3 não existe morte, bem como por outras graças Orientação
do Espírito. No entanto, temos de começar cuidadosa
pelas demonstrações mais simples de controle e, quanto mais
6 cedo começarmos, melhor será. A demonstração final leva
tempo para ser realizada. Quando caminhamos, somos
guiados pela vista. Olhamos adiante e, se temos sabedoria,
9 olhamos para além de cada um de nossos passos, no cami-
nho do progresso espiritual.
O cadáver, abandonado pelo pensamento, é frio e se
12 decompõe, mas nunca sofre. A Ciência declara que o homem
está sujeito à Mente. A mente mortal afirma O barro responde
que a mente está subordinada ao corpo, que o ao oleiro
15 corpo morre, tem de ser sepultado e desfazer-se em pó; mas a
afirmação da mente mortal não é verdade. Os mortais des-
pertam do sonho da morte com corpos que não são vistos
18 por aqueles que pensam estar sepultando o corpo.
Se o homem não tivesse existido antes do início da orga-
nização material, não poderia existir depois da desintegração
21 do corpo. Se vivemos depois da morte e somos A continuidade
imortais, devemos ter vivido antes do nasci- da existência
mento, pois se a Vida alguma vez tivesse tido começo, tam-
24 bém teria de ter fim, mesmo segundo os cálculos das ciências
naturais. Acreditas nisso? Não! Compreendes isso? Não!
Eis por que duvidas dessa afirmação e não demonstras os
27 fatos que ela implica. Temos de ter fé em todas as palavras
do nosso Mestre, embora não estejam todas incluídas naquilo
que as escolas ensinam e não sejam geralmente compreendi-
30 das pelos nossos professores de ética.
Jesus disse (João 8:51): “Se alguém guardar a minha pala-
vra, não verá a morte”. Essa declaração não se limita à vida
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 430
1 espiritual, mas inclui todos os fenômenos da existência.
Jesus demonstrou isso, curando moribundos e ressuscitando
3 mortos. A mente mortal tem de romper com o A Vida
erro, tem de se despojar de si mesma e de seus inclui tudo
feitos, e então a plenitude imortal do homem, o ideal-Cristo,
6 aparecerá. A fé deveria se firmar no Espírito, em vez de na
matéria, a fim de alargar suas fronteiras e reforçar sua base.
Quando o homem abandonar sua crença na morte, progre-
9 dirá mais rapidamente na direção de Deus, a Vida e o Amor.
A crença na enfermidade e na morte, tão certamente como a
crença no pecado, tende a excluir o senso verdadeiro da Vida
12 e da saúde. Quando é que a humanidade despertará para
esse grande fato na Ciência?
Aqui apresento a meus leitores uma alegoria ilustrativa
15 da lei da Mente divina e das supostas leis da matéria e da
saúde, uma alegoria na qual a defesa apresentada pela Ciência
Cristã cura o doente.
18 Suponhamos um processo mental que esteja sendo jul-
gado, como são julgadas as causas em um tribunal. Um
homem é acusado de ter cometido o crime de Processo em
doença hepática. O paciente se sente mal, fica um tribunal mental
21
remoendo o problema, e o processo começa. O Senso Pessoal
é o que apresenta a denúncia. O Homem Mortal é o réu. A
24 Crença Errônea é o advogado do Senso Pessoal. As Mentes
Mortais, a Farmacologia, a Anatomia, a Fisiologia, o
Hipnotismo, a Inveja, a Ganância e a Ingratidão constituem
27 o júri. A sala de audiência está cheia de espectadores interes-
sados, e o Juiz Medicina preside.
Exigida a apresentação das provas para a acusação, uma
30 das testemunhas depõe como segue:
Represento as Leis Materiais de Saúde. Eu estava presente
quando, certas noites, o prisioneiro, o paciente, velava um amigo
33 doente. Embora eu tenha a superintendência dos assuntos huma-
nos, fui pessoalmente negligenciado nessas ocasiões. Disseram-me
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 431
1 que eu tinha de ficar calado até que fosse chamado a este julga-
mento, quando me seria permitido depor como testemunha. Ape-
3 sar de minhas ordens em contrário, o prisioneiro velou o doente
todas as noites, por uma semana inteira. Quando o mortal
doente tinha sede, o prisioneiro lhe dava de beber. Durante todo
6 esse tempo, o prisioneiro atendia a suas tarefas diárias, comia a
intervalos irregulares, e às vezes ia dormir imediatamente depois
de uma refeição pesada. Por fim, tornou-se culpado de doença
9 hepática, o que considerei um crime, ainda mais que essa trans-
gressão é tida como punível de morte. Por isso, prendi o Homem
Mortal em nome do Estado (isto é, do corpo), e o lancei na prisão.
12 No momento da detenção, o prisioneiro mandou chamar a
Fisiologia, a Farmacologia e o Hipnotismo para impedir que fosse
castigado. A luta por parte deles foi longa. A Farmacologia resis-
15 tiu mais tempo, mas finalmente todos esses auxiliares se renderam
a mim, Leis Materiais de Saúde, e consegui que o Homem Mortal
fosse mantido em rigorosa reclusão até que eu o soltasse.
18 É chamada a testemunha seguinte:
Sou a Língua Saburrosa. Estou coberta de uma pele suja que
me puseram na noite do ataque hepático. A Secreção Mórbida
21 hipnotizou o prisioneiro e tomou posse de sua mente, deixando-o
abatido.
Outra testemunha se apresenta e depõe:
24 Sou a Pele Amarelada. Tenho estado alternadamente seca,
quente e com calafrios, desde a noite do ataque hepático. Perdi
minha cor sadia e fiquei com má aparência, embora de minha
27 parte nada tenha feito para produzir essa mudança. Faço minhas
abluções diárias e desempenho minhas funções como de costume,
mas me roubaram o bom aspecto.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 432
1 A testemunha seguinte depõe:
Sou o Nervo, Comissário do Estado, incumbido do Homem
3 Mortal. Conheço intimamente o Senso Pessoal, que apresentou
a denúncia, e sei que é sincero e reto, ao passo que o Homem
Mortal, o prisioneiro que está no banco dos réus, é capaz de
6 mentir. Fui testemunha do crime de doença hepática. Eu sabia
que o prisioneiro o cometeria, pois de minha residência na maté-
ria, o cérebro, transmito mensagens ao corpo.
9 Outra testemunha é chamada pelo Tribunal do Erro e
diz:
Sou a Mortalidade, Governador da Província do Corpo, na
12 qual o Homem Mortal reside. Nessa província há um regula-
mento relativo a doenças — a saber, que aquele em cuja pessoa
for constatada uma doença, será tratado como criminoso e punido
15 com a morte.
O Juiz pergunta se, por fazer o bem ao próximo, o
homem pode adoecer, transgredir as leis e merecer castigo, e
18 o Governador Mortalidade responde afirmativamente.
Outra testemunha se apresenta e depõe:
Sou a Morte. Pouco depois de comunicado o crime, fui
21 chamada pelo funcionário do Ministério da Saúde, o qual afirmou
que o prisioneiro o havia negligenciado e que minha presença era
necessária para confirmar seu depoimento. Um dos amigos do
24 prisioneiro, a Farmacologia, estava presente quando cheguei e se
esforçava por ajudar o prisioneiro a escapar das mãos da justiça,
ou seja, da chamada lei da natureza; mas minha chegada com
27 uma mensagem do Ministério da Saúde mudou o propósito da
Farmacologia, e esta decidiu imediatamente que o prisioneiro
deveria morrer.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 433
1 Concluídos os depoimentos a favor do Senso Pessoal, que
fez a denúncia, o Juiz Medicina se levanta e, com grande
3 solenidade, dirige a palavra ao júri, composto O Juiz Medicina
por Mentes Mortais. Ele analisa o delito, reca- instrui o júri
pitula os depoimentos e explica a lei relativa à doença hepá-
6 tica. Sua conclusão é que as leis da natureza tornam
homicida a doença. Em cumprimento de um grave dever, o
Meritíssimo Juiz Medicina insta o júri a não permitir que seu
9 julgamento seja desvirtuado pelas sugestões irracionais e não
cristãs da Ciência Cristã. Em tais casos, o júri deveria tomar
em consideração somente o depoimento do Senso Pessoal
12 contra o Homem Mortal.
Enquanto o Juiz prossegue, o prisioneiro se torna inquieto.
Seu rosto abatido empalidece de medo, e uma expressão de
15 desespero e de morte nele se estampa. A causa é entregue ao
júri. Segue-se breve deliberação, e o júri profere o veredicto
de “Culpado de doença hepática em primeiro grau”.
18 O Juiz Medicina passa, então, a pronunciar a solene sen-
tença de morte contra o prisioneiro. Por haver amado o pró-
ximo como a si mesmo, o Homem Mortal se O Homem Mortal
tornou culpado de benevolência em primeiro é sentenciado
21
grau, e isso o levou a cometer o segundo crime, o de doença
hepática, que as leis materiais condenam como se fosse
24 homicídio. Por esse crime, o Homem Mortal é sentenciado a
ser torturado até morrer. “Que Deus Se compadeça de tua
alma!” são as solenes palavras finais do Juiz.
27 A seguir, o prisioneiro é levado de volta a sua cela (seu
leito de enfermo) e a Teologia Escolástica é chamada para
preparar para a morte o senso assustado da Vida, Deus —
30 senso esse que tem de ser imortal.
Ah! Mas eis que o Cristo, a Verdade, o espírito da Vida e
amigo do Homem Mortal, pode escancarar essas portas da
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 434
1 prisão e pôr o cativo em liberdade. Rápida, nas asas do
Amor divino, chega a mensagem: “Adiai a execução, o prisio-
3 neiro não é culpado”. O pátio da prisão fica Recurso a um
tomado de espanto. Alguns exclamam: “É con- tribunal superior
trário à lei e à justiça”. Outros dizem: “A lei do Cristo suplanta
6 as nossas leis; sigamos o Cristo”.
Após muito debate e oposição, é obtida permissão para
um julgamento perante o Tribunal do Espírito, onde se con-
9 sente que a Ciência Cristã compareça como O advogado
advogado do infeliz prisioneiro. As testemu- da defesa
nhas, os juízes e os jurados, que anteriormente haviam
12 estado presentes no Tribunal do Erro, são agora intimados a
comparecer à barra da Justiça e da Verdade eterna.
Ao iniciar-se o processo do Homem Mortal contra o
15 Senso Pessoal, o advogado do Homem Mortal contempla
o acusado com extrema ternura. Os olhos graves e solenes
do advogado, cintilantes de esperança e triunfo, olham para
18 o alto. Então, a Ciência Cristã se volta de repente para o
supremo tribunal e inicia a argumentação da defesa:
O prisioneiro que está ante o tribunal foi sentenciado injusta-
21 mente. Seu julgamento foi uma tragédia e é moralmente ilegal. O
Homem Mortal não teve advogado competente para lhe defender
a causa. Todos os testemunhos foram prestados só por parte do
24 Senso Pessoal, e vamos desmascarar essa conspiração infame con-
tra a liberdade e a vida do Homem. O único testemunho válido
no caso demonstra que o crime alegado nunca foi cometido. Não
27 ficou provado que o prisioneiro tenha feito algo “passível de morte
ou de prisão”.
Meritíssimo Juiz, o tribunal inferior sentenciou à morte o
30 Homem Mortal, mas Deus fez imortal o Homem e o fez sujeito
unicamente ao Espírito. Negando justiça ao corpo, aquele tribunal
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 435
1 recomendou o Espírito imortal do homem à misericórdia
celestial — o Espírito que é o próprio Deus e é o único legislador
3 do Homem! Quem ou o quê pecou? Foi o corpo ou foi a Mente
Mortal que cometeu um ato criminoso? O advogado Crença
Errônea argumentou que o corpo deveria morrer, ao passo que
6 sua Reverendíssima, a Teologia, tentou consolar a Mente Mortal
consciente, a qual é a única capaz de pecar e sofrer. O corpo
não cometeu delito algum. O Homem Mortal, em obediência a
9 uma lei mais elevada, ajudou seu próximo, ato este que deveria
resultar em benefício para si mesmo, como também para outros.
A lei de nosso Supremo Tribunal estabelece que todo aquele
12 que pecar morrerá; mas as boas ações são imortais e trazem
alegria em vez de aflição, prazer em vez de dor, e vida em vez
de morte. Se foi cometido o delito de doença hepática por se
15 desobedecer às Leis Materiais de Saúde, esse delito foi uma boa
ação, porque o agente dessas leis é um criminoso, um destruidor
da liberdade e dos direitos do Homem Mortal. As Leis Materiais
18 de Saúde deveriam ser condenadas à morte.
Velar junto ao leito de dor no exercício de um amor que é o
“cumprimento da lei” — fazer “aos outros como quereis que os
21 homens vos façam” — isso não é infringir a lei, pois nenhuma
exigência, quer humana, quer divina, justifica que se castigue um
homem por proceder corretamente. Se os mortais pecam, nosso
24 Juiz Supremo decide com equidade qual a pena que o pecado
merece, e o Homem Mortal só pode sofrer pelo seu pecado. Ele
não pode ser punido por nenhuma outra coisa, segundo a lei do
27 Espírito, Deus.
Que jurisdição tinha então o Meritíssimo Juiz Medicina neste
caso? A ele eu poderia dizer, em linguagem bíblica: “Estás aí sen-
30 tado para julgar... segundo a lei e, contra a lei, mandas agredir... ?”
A única jurisdição à qual o prisioneiro pode se submeter é a da
Verdade, da Vida e do Amor. Se estes não o condenam, tam-
33 pouco deverá o Juiz Medicina condená-lo; e peço que o prisioneiro
seja devolvido à liberdade da qual foi injustamente privado.
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 436
1 A testemunha principal (o funcionário encarregado das Leis
Materiais de Saúde) declarou ter sido testemunha ocular das
3 boas obras pelas quais o Homem Mortal está sendo sentenciado
à morte. Depois de entregá-lo traiçoeiramente às mãos de vossa
lei, o agente de Leis Materiais de Saúde desapareceu, reaparecendo
6 porém no julgamento como testemunha contra o Homem Mortal
e no interesse do Senso Pessoal, um assassino. Este Supremo
Tribunal constatará que, na noite do alegado delito, o prisioneiro
9 estava agindo dentro dos limites da lei divina e em obediência a
ela. Desse estatuto depende toda a lei e o testemunho. Dar um
copo de água fresca em nome de Cristo é uma obra cristã. Ao
12 dar a vida no cumprimento de uma boa ação, o Homem Mortal
deveria recuperá-la. Tais atos se justificam por si mesmos e estão
sob a proteção do Altíssimo.
15 Antes da noite de sua detenção, o prisioneiro mandou chamar
a Farmacologia e a Fisiologia, que se diziam seus amigos, para evi-
tar que cometesse o delito de doença hepática e salvá-lo assim da
18 prisão. Mas eles trouxeram consigo o Medo, o delegado de polícia,
precipitando o resultado que haviam sido chamados a evitar. Foi
o Medo que algemou o Homem Mortal e que agora o castigaria.
21 Não deixastes ao Homem Mortal nenhuma alternativa. Ele tem de
obedecer à vossa lei, temer suas consequências e ser castigado por
seu medo. Seus amigos se empenharam a fundo para salvá-lo da
24 pena que consideravam justa, mas foram obrigados a deixar que
fosse preso, processado e condenado. Em seguida, o Juiz Medicina
abusou de sua autoridade e praticamente incumbiu o júri, doze
27 Mentes Mortais, a declarar culpado o prisioneiro. O Meritíssimo
Juiz sentenciou o Homem Mortal a morrer, justamente por aqueles
mesmos atos que a lei divina compele o homem a praticar. Assim,
30 o Tribunal do Erro classificou a obediência à lei do Amor divino
como desobediência à lei da Vida. Alegando protegê-lo por suas
boas ações, aquele tribunal pronunciou contra o Homem Mortal
33 uma sentença de morte por ele ter agido corretamente.
Uma das testemunhas principais, o Nervo, declarou que era
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 437
1 um dos governantes do Corpo, província em que reside o Homem
Mortal. Declarou também que era amigo íntimo do Senso
3 Pessoal, o qual havia feito a denúncia, e sabia que este era idôneo;
que conhecia o Homem e sabia que ele é feito à imagem de Deus,
mas era criminoso. Esta é uma sórdida calúnia contra o Criador
6 do homem. Mancha o honrado brasão da onipotência. Indica
maldade premeditada, uma determinação de condenar o Homem
para servir aos interesses do Senso Pessoal. Ante o tribunal da
9 Verdade, na presença da Justiça divina, perante o Juiz de nosso
tribunal superior, o Supremo Tribunal do Espírito, e diante
de seus jurados, os Sentidos Espirituais, eu proclamo que essa
12 testemunha, o Nervo, é destituída de inteligência e de verdade e é
uma falsa testemunha.
O homem, autodestruído; o testemunho da matéria,
15 respeitado; a audiência ao Espírito, recusada; a Alma tida como
criminosa, embora recomendada à clemência; o indefeso corpo
inocente, torturado — isso é o que consta dos autos terríveis
18 de vosso Tribunal do Erro, e peço que o Supremo Tribunal do
Espírito revogue essa sentença.
Aqui, o advogado da acusação, a Crença Errônea,
21 chamou a Ciência Cristã à ordem por desacato ao tribunal.
Vários dignitários — a Farmacologia, a Anatomia, a
Fisiologia, a Teologia Escolástica e a Jurisprudência — pro-
24 puseram uma moção para que a Ciência Cristã fosse expulsa
do Tribunal devido a tão arrogante ilegalidade. Declararam
que a Ciência Cristã estava subvertendo os procedimentos
27 judiciais de um tribunal legalmente constituído.
Mas o Juiz Justiça, do Supremo Tribunal do Espírito, rejei-
tou essas moções com o fundamento de que procedimentos
30 injustos não eram permitidos no Tribunal da Verdade, o qual
em hierarquia está acima do inferior Tribunal do Erro.
O advogado, a Ciência Cristã, leu então no código
33 supremo, a Bíblia, certos trechos sobre os Direitos do Homem,
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 438
1 ressaltando que a Bíblia era autoridade mais competente do
que o compêndio jurídico de Blackstone:
3 Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa seme-
lhança; tenha ele domínio.
Eis aí vos dei autoridade... sobre todo o poder do inimigo, e
6 nada absolutamente vos causará dano.
Se alguém guardar a minha palavra, não verá a morte.
Então a Ciência Cristã provou que a testemunha, o
9 Nervo, era um perjuro. Em vez de ser governante na
Província do Corpo, residência alegada do Homem Mortal,
o Nervo era um cidadão insubordinado, que se arrogava o
12 direito a tal cargo e dava falso testemunho contra o Homem.
Voltando-se, de repente, para o Senso Pessoal, que agora se
mantinha em silêncio, a Ciência Cristã continuou:
15 Peço, em nome de Deus Todo-Poderoso, que sejas preso sob
a acusação de três crimes diferentes, a saber: perjúrio, traição e
conspiração contra os direitos e a vida do homem.
18 A seguir, a Ciência Cristã continuou:
Outra testemunha igualmente incompetente disse que, na
noite do crime, a Secreção Mórbida havia estendido sobre ela
21 uma pele suja, enquanto que neste caso os fatos provam que essa
pele é uma substância estranha, importada pela Crença Errônea,
o advogado do Senso Pessoal, que tem sociedade com o Erro e
24 lhe contrabandeia os produtos para o mercado, sem a inspeção
dos funcionários do governo da Alma. Quando o Tribunal da
Verdade intimou a Língua Saburrosa a comparecer para depor, ela
27 desapareceu e dela nunca mais se ouviu falar.
A Secreção Mórbida não é importadora, nem negociante de
peles, mas ouvimos a Farmacologia explicar como essa pele é
30 fabricada, e sabemos que a Secreção Mórbida mantém relações
de amizade com a firma Senso Pessoal, Erro & Companhia, dela
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 439
1 recebendo salário e introduzindo-lhe os produtos no mercado.
Saiba-se também que a Crença Errônea, advogado do Senso
3 Pessoal, é comprador para essa firma. Fabrica mercadoria para
ela, mantém armazém distribuidor e faz vasta publicidade
para seus patrões.
6 A Morte declarou que estava ausente da Província do Corpo,
quando chegou uma mensagem da Crença Errônea, ordenando-lhe
que tomasse parte no homicídio. Obedecendo a essa ordem, a Morte
9 foi ao lugar onde a doença hepática seguia seu curso, e afugentou
a Farmacologia, que estava algemando o prisioneiro na tentativa
de salvá-lo. Com certeza, a Farmacologia foi participante mal
12 orientada no delito pelo qual o funcionário encarregado das Leis
Materiais de Saúde tinha prendido o Homem Mortal, embora este
fosse inocente.
15 A Ciência Cristã deu as costas às testemunhas envergonhadas
e, com palavras que cintilavam como relâmpagos no semblante
perturbado dos ilustres personagens, a Teologia Escolástica, a
18 Farmacologia, a Fisiologia, o cego Hipnotismo e o mascarado
Senso Pessoal, ela disse:
Deus há de ferir-vos, ó paredes branqueadas, por haverdes,
21 em vossa ignorância, prejudicado o infeliz Homem Mortal, que
procurou vosso auxílio em sua luta contra a doença hepática e a
Morte. Viestes para socorrê-lo, mas apenas lhe atribuístes um
24 crime do qual ele era inocente. Ajudastes e instigastes o Medo e
as Leis Materiais de Saúde. Traístes o Homem Mortal enquanto
declaráveis que a Doença era o servo de Deus e executor legal
27 de Suas leis. Nossos códigos superiores declaram que todos
vós, testemunhas, jurados e juízes, sois infratores, e recebereis a
sentença que o Progresso Geral e o Amor Divino pronunciarão.
30 Nossos melhores detetives são enviados a toda localidade
que dizem estar assolada pela Doença mas, ao visitar o lugar, eles
constatam que a Doença nunca existiu ali, mesmo porque lhe seria
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 440
1 impossível escapar a essa investigação. Vosso Tribunal Material
de Erros, quando condenou o Homem Mortal por haver desobe-
3 decido às leis materiais de saúde, foi influenciado pelas lisonjas
e maquinações do advogado Crença Errônea, a quem a Verdade
intima a comparecer ante o supremo tribunal do Espírito para
6 responder por seu crime. A Secreção Mórbida aprendeu a fazer
com que o sono ludibrie a razão antes de sacrificar os mortais aos
seus falsos deuses.
9 As Mentes Mortais foram enganadas por vosso advogado, a
Crença Errônea, e influenciadas a dar um veredicto que entregaria
o Homem Mortal à Morte. As boas obras são transformadas
12 em crimes para os quais estabeleceis penalidades; mas nenhuma
distorção da justiça pode converter a desobediência às chamadas
leis da Matéria em desobediência a Deus, ou em um ato de homicí-
15 dio. Até mesmo a lei penal considera justificável o homicídio, sob
a pressão de circunstâncias. Ora, que melhor justificação pode
haver para qualquer ato, senão a de que é para o bem do próximo?
18 Por que, então, em nome da justiça ultrajada, sentenciais o Homem
Mortal por atender às necessidades de seu semelhante, em obediên-
cia à lei divina? Não podeis violar o decreto do Supremo Tribunal.
21 O Homem Mortal tem o direito de apelar para o Espírito, Deus, que
só condena pelo pecado.
As crenças errôneas e injustas de vossos legisladores mentais
24 humanos os compelem a promulgar leis malvadas de doenças e
de outras desarmonias, e depois tornam a obediência a essas leis
punível como crime. Na presença do Supremo Legislador, ante
27 o tribunal da Verdade, e de acordo com os estatutos divinos, eu
repudio o falso testemunho do Senso Pessoal. Peço que lhe seja
proibido intentar no Tribunal do Erro Material qualquer processo
30 contra o Homem Mortal. Eu apelo às decisões justas e equânimes
do Espírito divino, para que sejam restituídos ao Homem Mortal
os direitos dos quais foi privado.
33 A essa altura o advogado da defesa concluiu sua argumen-
tação e o Presidente do Supremo Tribunal, com ar benigno e
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 441
1 majestoso, compreendendo e definindo toda lei e toda prova,
e citando seu código, a Bíblia, explicou que qual- Instruções do
3 quer suposta lei que pretenda castigar algo que Presidente do
Supremo Tribunal
não seja pecado, é nula e sem efeito.
Ele decidiu também que ao denunciante, o Senso Pessoal,
6 não seja permitido propor nenhum processo no tribunal da
Alma, mas que lhe seja imposto manter silêncio perpétuo e,
em caso de tentação, pagar pesada fiança em garantia de boa
9 conduta. Ele concluiu suas instruções assim:
Consideramos a denúncia da Crença Errônea indigna de
audiência. Que aquilo que a Crença Errônea profere caia agora
12 e para sempre no esquecimento, “sem dobre de sinos, sem esquife, e
sem nome”. Segundo nosso estatuto, a Lei Material é mentirosa
e não pode depor contra o Homem Mortal, nem pode o Medo
15 prender o Homem Mortal, nem pode a Doença lançá-lo na prisão.
Nossa lei se nega a reconhecer o Homem como doente ou
moribundo, mas o considera para sempre como imagem e seme-
18 lhança de seu Criador. Anulando o testemunho do Senso Pessoal
e os decretos do Tribunal do Erro em favor da Matéria, o Espírito
decide a favor do Homem e contra a Matéria. Além disso, reco-
21 mendamos que a Medicina adote a Ciência Cristã e que as Leis
Materiais de Saúde, o Mesmerismo, o Hipnotismo, a Feitiçaria
Oriental e a Magia Esotérica sejam executados publicamente pelas
24 mãos de nosso delegado de polícia, o Progresso.
O Supremo Tribunal decide a favor da inteligência, declarando
que nenhuma lei a não ser a da Mente divina pode punir ou
27 recompensar o Homem Mortal. Vossos jurados no Tribunal do
Erro são mitos. Vosso advogado, a Crença Errônea, é um impostor,
que persuade as Mentes Mortais a proferirem um veredicto contrá-
30 rio à lei e ao Evangelho. O denunciante, o Senso Pessoal, consta,
em nosso Livro dos livros, como mentiroso. Nosso grande Mestre
de jurisprudência mental também fala dele como de um “homicida
33 desde o princípio”. Não há julgamentos por doença, ante o tribunal
Ciência e Saúde A prática da Ciência Cristã 442
1 do Espírito divino. Nele, o Homem é julgado inocente de trans-
gredir leis físicas, porque tais leis não existem. Nosso estatuto é
3 espiritual, nosso Governo é divino. “Não fará justiça o Juiz de
toda a terra?”
O júri composto pelos Sentidos Espirituais concordou
6 imediatamente em proferir um veredicto, e por toda a vasta
sala de audiências do Espírito ressoou o brado: Veredicto
divino
Inocente. Então o prisioneiro se levantou, rege-
9 nerado, forte, livre. Notamos que, ao trocar um aperto de
mãos com seu advogado, a Ciência Cristã, toda a palidez
e debilidade haviam desaparecido. Seu porte era ereto e
12 imponente, seu semblante irradiava saúde e felicidade. O
Amor divino havia expulsado o medo. O Homem Mortal,
que já não estava doente e preso, saiu da sala de audiências,
15 andando com pés “formosos... sobre os montes”, como
alguém “que anuncia as boas-novas”.
Nem o magnetismo animal, nem o hipnotismo entram
18 na prática da Ciência Cristã, na qual a verdade não pode
ser invertida, mas sim o inverso do erro é ver- Cristo,
dade. Uma crença melhorada não pode regre- o grande
médico
21 dir. Quando o Cristo transforma uma crença de
pecado ou de enfermidade em uma crença melhor, então a
crença se dissolve na compreensão espiritual, e o pecado,
24 a doença e a morte desaparecem. O Cristo, a Verdade, dá
aos mortais alimento e roupa temporários, até que o mate-
rial, transformado pelo ideal, desaparece, e o homem é ves-
27 tido e alimentado espiritualmente. S. Paulo diz: “Desenvolvei
a vossa salvação com temor e tremor”. Jesus disse: “Não temais,
ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar-vos
30 o Seu reino”. Essa verdade é a Ciência Cristã.
Cientistas Cristãos, sede uma lei para vós mesmos, a lei
de que a prática mental errônea não pode vos causar dano,
33 quer estejais adormecidos, quer estejais despertos.
Capítulo 13
O ensino
da Ciência Cristã
Dá instrução ao sábio,
e ele se fará mais sábio;
ensina ao justo,
e ele crescerá em entendimento.* — Provérbios.
3
Q uando os seguidores da descobridora da Ciência Cristã
lhe perguntam se é apropriado, vantajoso ou coerente
fazer um estudo médico sistemático, ela procura O estudo
lhes mostrar que, em circunstâncias normais, da medicina
recorrer à fé em meios corpóreos tende a impedir aqueles que
6 fazem essa concessão, de confiar por completo em que a Mente
onipotente tem de fato todo o poder. Embora estudar medi-
cina seja às vezes condenado com severidade por alguns
9 Cientistas, ela acha, como sempre achou, que todos têm o
privilégio de trabalhar pela própria salvação de acordo com o
próprio entendimento e que nosso lema deveria ser o conselho
12 do Mestre: “Não julgueis, para que não sejais julgados”.
Se os pacientes não sentem o poder de cura da Ciência
Cristã e acham que podem ser beneficiados por algum proce-
15 dimento material comum da medicina, então O que se aprende
aquele que trata pela Mente deveria sair do caso dos malogros
e deixar a critério dos enfermos recorrer a quaisquer outros
18 sistemas que, segundo eles, vão lhes proporcionar alívio.
Assim, esses enfermos podem aprender o valor do preceito
apostólico: “Corrige, repreende, exorta com toda a longanimi-
21 dade e doutrina”. Se os doentes constatam que esses recursos
* Conforme a versão João Ferreira de Almeida, Revista e Corrigida
443
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 444
1 materiais não são satisfatórios e que não produzem melho-
ras, esses mesmos malogros talvez lhes abram os olhos. De
3 algum modo, mais cedo ou mais tarde, todos terão de se ele-
var acima da materialidade, e o sofrimento é com frequência o
agente divino nessa elevação. “Todas as coisas cooperam para
6 o bem daqueles que amam a Deus”, é o ditado das Escrituras.
Se alguma vez os Cientistas Cristãos não conseguirem
receber ajuda de outros Cientistas — seus irmãos a quem
9 podem recorrer — ainda assim Deus os guiará Refúgio e
ao uso adequado de meios temporários e de fortaleza
meios eternos. Passo a passo, os que confiam nEle hão de
12 constatar que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro
bem presente nas tribulações”.
A autora aconselha os alunos a tratar com amor e bon-
15 dade, não só as diferentes formas de religião e de medicina,
mas também aqueles que adotam essas opiniões Amor para com
diferentes. Sejamos fiéis em apontar o caminho os opositores
18 por meio do Cristo, tal como o compreendemos, mas tenha-
mos também o cuidado de sempre julgar “pela reta justiça” e
jamais condenar precipitadamente. “A qualquer que te ferir
21 na face direita, volta-lhe também a outra.” Isso quer dizer:
não temas que ele te bata outra vez por tua longanimidade. Se
as seitas eclesiásticas ou as escolas médicas se recusam a ouvir
24 os ensinamentos da Ciência Cristã, então aparta-te desses
opositores, como fez Abraão quando se apartou de Ló, e dize
em teu coração: “Não haja contenda entre mim e ti e entre os
27 meus pastores e os teus pastores, porque somos parentes che-
gados”. Os imortais, os filhos de Deus na Ciência divina, são
uma só família harmoniosa; mas os mortais, os “filhos dos
30 homens” no significado material do termo, são irmãos que
não se entendem e muitas vezes são falsos irmãos.
O professor tem de tornar clara aos alunos a Ciência da
33 cura, especialmente sua ética — que tudo é a Mente, e que
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 445
1 o Cientista tem de se ajustar àquilo que Deus exige. Além
disso, o professor tem de preparar plenamente seus alunos
3 para se defenderem do pecado e montar guarda Ajustar-se a
contra os ataques do potencial assassino mental, normas explícitas
que procura matar moral e fisicamente. Nenhuma hipótese
6 quanto à existência de outro poder deveria interpor alguma
dúvida ou temor e assim estorvar a demonstração da Ciência
Cristã. Traze à tona no teu aluno as latentes energias e capaci-
9 dades para o bem. Ensina as grandiosas possibilidades do
homem dotado do conhecimento da Ciência divina. Explica a
perigosa possibilidade de se atrofiar a compreensão espiritual e
12 a demonstração da Verdade, por pecar ou por recorrer a meios
materiais para curar. Ensina a mansidão e o poder de uma
vida “oculta juntamente com Cristo, em Deus” e não haverá
15 desejo de utilizar outros métodos de cura. Tornas obscura
e inoperante a lei divina da cura, quando pões o humano e
o divino no mesmo prato da balança ou limitas, em qualquer
18 direção do pensamento, a onipresença e a onipotência de Deus.
A Ciência Cristã silencia a vontade humana, acalma o
medo com a Verdade e o Amor, e mostra que a energia
21 divina atua sem esforço na cura dos doentes. A Energia
busca pela satisfação do ego, a inveja, os senti- divina
mentos descontrolados, o orgulho, o ódio e a vingança são
24 expulsos pela Mente divina, que cura a doença. A vontade
humana que cria e pratica a mentira, ocultando o Princípio
divino da harmonia, é destrutiva para a saúde e é a causa da
27 doença, não sua cura.
É um grave perigo ensinar a cura pela Mente de forma
indiscriminada, sem levar em conta o aspecto moral do
30 aluno e com interesse apenas nos honorários. O flagelo da
Recordando as palavras de Jefferson, com refe- ganância
rência à escravidão: “Tremo, quando lembro que Deus é
33 justo”, a autora treme todas as vezes que vê uma pessoa ensi-
nar conhecimentos superficiais do poder da Mente, apenas
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 446
1 com interesse mesquinho por dinheiro — transmitindo tal-
vez sua própria moral corrupta e agindo assim sem piedade
3 para com uma comunidade que não está preparada para a
autodefesa.
A leitura atenta e profunda das obras da autora cura a
6 doença. Se às vezes os pacientes parecem piorar enquanto
leem este livro, pode ser que essa mudança seja devida à
preocupação do médico, ou indique o ápice da doença. A
9 perseverança na leitura do livro geralmente produz a cura
completa de tais casos.
Todo aquele que pratica a Ciência que a autora ensina e
12 por meio da qual a Mente derrama a luz e a cura sobre esta
geração, não pode, com intuitos sinistros ou Exclusão da
maldosos, dar tratamento a alguém, sem com prática maléfica
15 isso destruir seu próprio poder de curar e sua própria saúde.
O bem tem de predominar nos pensamentos de quem cura,
do contrário sua demonstração se protela, é perigosa e, na
18 Ciência, é impossível. Um motivo errado implica derrota.
Na Ciência da cura pela Mente é imperativo ser honesto, pois
a vitória está do lado da retidão imutável. Compreender a
21 Deus revigora a esperança, entroniza a fé na Verdade e corro-
bora as palavras de Jesus: “Eis que estou convosco todos os
dias até à consumação do século”.
24 Resistindo ao mal, tu o vences e provas sua nulidade. Não
são os chavões humanos, mas as beatitudes divinas, que
refletem a luz e o poder espirituais que curam A iniquidade
27 os doentes. O exercício da vontade produz um é vencida
estado hipnótico, prejudicial à saúde e à integridade do pensa-
mento. Portanto, é preciso estar vigilante e em guarda contra
30 isso. Encobrir a iniquidade impedirá a prosperidade e o
triunfo final de qualquer causa. A ignorância quanto ao erro
a ser erradicado frequentemente te expõe a sofrer seus abusos.
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 447
1 A lei celestial é violada quando se infringe o direito indi-
vidual que o homem tem de se governar por si mesmo. Não
3 temos autoridade na Ciência Cristã, nem temos Não violar os
direito moral, para tentar influenciar os pensa- direitos humanos
mentos dos outros, a não ser para beneficiá-los. Na prática men-
6 tal, não deves esquecer que as opiniões humanas falíveis, os
motivos conflitantes fundamentados no ego e as tentativas
ignorantes de fazer o bem podem te tornar incapaz de
9 conhecer ou julgar com acerto as necessidades de teus seme-
lhantes. Portanto, a regra é: cura os doentes quando és
chamado a prestar auxílio, e salva as vítimas dos assassinos
12 mentais.
A ignorância, a sutileza ou a falsa bondade não acobertam
o erro para sempre; com o tempo, o mal se revela e se castiga
15 a si mesmo. A ação recuperadora do organismo, Expõe o pecado
quando sustentada mentalmente pela Verdade, sem nele acreditar
prossegue com naturalidade. Quando o pecado ou a doença
18 — o reverso da harmonia — parece verídico ao senso material,
transmite tu ao paciente, sem assustá-lo ou desanimá-lo, a
verdade e a compreensão espiritual que destroem a doença.
21 Expõe e denuncia as alegações do mal e da doença sob todas
as formas, mas compreende que nelas não há nenhuma reali-
dade. O pecador não é reformado simplesmente por se lhe
24 assegurar que ele não pode ser pecador porque o pecado não
existe. Para derrubar a alegação do pecado é preciso detectá-la,
tirar-lhe a máscara, mostrar que ela é uma ilusão e, desse
27 modo, obter a vitória sobre o pecado e provar sua irrealidade.
Os doentes não são curados simplesmente por se declarar que
não existe doença, mas por se saber que ela não existe.
30 O pecador tem medo de atirar a primeira pedra. Ele talvez
diga, como subterfúgio, que o mal é irreal, mas a fim de saber
isso, tem de demonstrar sua afirmação. Partir do pressuposto
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 448
1 de que as alegações do mal não existem, e no entanto a elas
fazer concessões, é uma transgressão moral. A cegueira e a
3 presunção de uma retidão pessoal se aferram Esquivar-se à
fortemente à iniquidade. Quando a lamentação Verdade é um mal
do publicano se dirigiu ao grande coração do Amor, seu
6 humilde desejo foi atendido. O mal que se encontra nos sen-
tidos corpóreos, mas que o coração condena, não tem funda-
mento; contudo, o mal que não é condenado fica sem ser
9 negado e é nutrido. Nessas circunstâncias, dizer que o mal
não existe é, por si só, um mal. Quando necessário, dize a
verdade a respeito da mentira. O esquivar-se à Verdade debi-
12 lita a integridade e te atira do pináculo abaixo.
A Ciência Cristã se eleva acima do testemunho dos senti-
dos corpóreos; mas se tu mesmo não te tiveres elevado acima
15 do pecado, não te congratules por tua cegueira Os grandiosos
ao mal, ou pelo bem que conheces e não fazes. resultados da
Verdade
Uma atitude desonesta está longe de ser cristã-
18 mente científica. “O que encobre as suas transgressões jamais
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará miseri-
córdia.” Procura tu deixar na mente de cada aluno a poderosa
21 marca da Ciência divina, um senso elevado das qualifi-
cações morais e espirituais que se requerem para curar, bem
sabendo que é impossível ao erro, ao mal e ao ódio obterem os
24 grandiosos resultados da Verdade e do Amor. Aceitar ou
procurar ensinamentos opostos à Ciência Cristã absoluta
forçosamente impede a demonstração científica.
27 Se o aluno adere estritamente aos ensinamentos da Ciência
Cristã e não ousa violar suas regras, não pode deixar de ter
êxito na cura. É Ciência Cristã fazer o que é Obediência ao
certo, e nada menos do que fazer o certo tem que é certo
30
direito a esse nome. Falar o que é certo e viver de forma
errada é tola dissimulação, e aquele que assim age é o maior
33 prejudicado. Se estiveres, tu mesmo, acorrentado pelo pecado,
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 449
1 será difícil libertares a outrem das cadeias da doença. Com os
teus próprios pulsos algemados, é difícil romperes as corren-
3 tes de outrem. Um pouco de fermento faz levedar toda a
massa. A Verdade é tão onipotente que um grão de Ciência
Cristã faz maravilhas para os mortais, mas temos de assimi-
6 lar mais a Ciência Cristã a fim de continuar a fazer o que é
certo.
O mal causado a outrem recai com todo peso sobre quem
9 o pratica. Cedo ou tarde aquilo que é certo ajusta a balança.
Deves considerar que é “mais fácil passar um Aquilo que é certo
camelo pelo fundo de uma agulha” do que te ajusta a balança
12 beneficiares em prejuízo dos outros. O termômetro moral do
homem, ao subir ou baixar, registra sua habilidade para curar
e sua competência para ensinar. Deves pôr em prática de
15 forma correta o que sabes e então progredirás em proporção
à tua honestidade e fidelidade — qualidades que asseguram
o bom êxito nesta Ciência; mas para ensinar esse tema apro-
18 priada e corretamente, é preciso uma compreensão mais
elevada do que a necessária para curar o caso mais difícil.
O efeito nocivo de más companhias se faz sentir, mais do
21 que ver. Devemos compreender a inoculação de maus pensa-
mentos humanos e estar em guarda contra ela. A inoculação do
A primeira impressão causada na mente que é pensamento
24 atraída ou repelida, segundo o mérito ou demérito pessoal, é
um bom detector do caráter individual. Certas mentes se
encontram apenas para se separar por repulsão simultânea.
27 São inimigas sem ofensa preliminar. Os impuros estão em
paz com os impuros. Só a virtude é repreensão para o vício.
O professor genuíno de Ciência Cristã melhora a saúde e o
30 senso moral de seu aluno, se este põe em prática o que lhe é
ensinado, e a não ser que seja obtido esse resultado, o profes-
sor é Cientista só de nome.
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 450
1 Há uma classe numerosa de pensadores que, com sua
intolerância e presunção, torcem todos os fatos segundo
3 sua conveniência. Sua teologia ensina a crença Três classes
em um Deus misterioso, sobrenatural, e em um de neófitos
diabo natural todo-poderoso. Outra classe, ainda mais infe-
6 liz, é de pensadores tão depravados que parecem inocentes.
Proferem falsidades enquanto te olham de frente, impassí-
veis, e sempre apunhalam seu benfeitor pelas costas. Uma
9 terceira classe de pensadores constrói com alvenaria sólida.
Eles são sinceros, generosos, nobres e estão, portanto, dispos-
tos a receber e reconhecer a Verdade. Ensinar a Ciência
12 Cristã a estes últimos não é tarefa difícil. Eles não se incli-
nam ardentemente para o erro, não se queixam das exigên-
cias da Verdade, nem se portam como traidores, visando a
15 conseguir posição e poder.
Algumas pessoas cedem lentamente ao toque da Verdade.
Poucas cedem sem luta, e muitas relutam em reconhecer que
18 cederam; mas, a não ser que se faça essa admis- A pedra de toque
são, o mal vai se vangloriar de ser superior ao da Ciência
bem. O Cientista Cristão se alistou para minorar o mal, a
21 doença e a morte; e os vencerá por compreender que eles são
o nada, e que Deus, o bem, é Tudo. Para o Cientista Cristão,
tanto a doença como o pecado são meras tentações, e ele cura
24 a ambos por compreender o poder que Deus tem sobre eles.
O Cientista Cristão sabe que são erros de crença, que a
Verdade pode destruir e destruirá.
27 Quem é que, tendo vivenciado as perigosas crenças de
vida, substância e inteligência separadas de Deus, pode dizer
que não há erro de crença? Conhecendo a ale- Falsas alegações
gação do magnetismo animal, de que todo o aniquiladas
30
mal se resume na crença de haver vida, substância e inteli-
gência na matéria, na eletricidade, na natureza animal e na
33 vida orgânica, quem negará que esses são os erros que a
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 451
1 Verdade tem de aniquilar e aniquilará? Os Cientistas
Cristãos têm de viver sob a constante pressão do manda-
3 mento apostólico de se retirar do mundo material e se apar-
tar dele. Eles têm de renunciar à agressão, à opressão e ao
orgulho do poder. O Cristianismo, com a coroa do Amor
6 sobre a fronte, tem de reinar na vida deles.
Os estudantes de Ciência Cristã, que começam com a
letra dessa Ciência e pretendem ter êxito sem o espírito, ou
9 farão naufragar sua fé ou, infelizmente, tomarão Tesouro
a direção errada. Eles têm de não só procurar no céu
o caminho estreito da Vida, mas também têm de se esforçar
12 por entrar nele, pois “larga é a porta, e espaçoso, o caminho
que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela”.
O homem caminha na direção para a qual olha, e onde estiver
15 seu tesouro, aí estará também seu coração. Se nossas espe-
ranças e nossos afetos são espirituais, é de cima que eles vêm,
não de baixo, e trazem, como outrora, os frutos do Espírito.
18 Todo Cientista Cristão, todo professor consciencioso da
Ciência da cura pela Mente, sabe que a vontade humana não
é Ciência Cristã e tem de reconhecer isso a fim Obrigações dos
21 de se defender da influência da vontade humana. professores
Ele se sente moralmente obrigado a abrir os olhos de seus
alunos para que estes possam perceber a natureza e os méto-
24 dos do erro de toda espécie, principalmente qualquer grau
sutil do mal, que engana e é enganado. Toda prática mental
errônea provém da ignorância ou da maldade premeditada.
27 É a ação perniciosa de uma mente mortal a controlar outra
por motivos errados e é exercida com propósitos ou equivo-
cados ou malignos.
30 Mostra a teu aluno que a prática mental errônea tende a
destruir o senso moral, a saúde e a vida humana. Ensina-lhe
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 452
1 como trancar a porta de seu pensamento à entrada desse
aparente poder — tarefa que não é difícil, quando se compre-
3 ende que em realidade o mal não tem poder. O Defesa
raciocínio incorreto conduz a erro na prática. indispensável
O pensamento errado deveria ser detido antes que tenha oca-
6 sião de se manifestar.
Andando na luz, acostumamo-nos a ela e dela necessita-
mos; não conseguimos ver na escuridão. Mas os olhos acos-
9 tumados à escuridão sofrem com a luz. Quando A escuridão do
superas o que é velho, não deverias ter medo de egotismo
adotar o que é novo. Teu avanço no percurso talvez provo-
12 que inveja, mas também atrairá respeito. Quando o erro te
confronta, não omitas a repreensão ou a explicação que des-
trói o erro. Nunca respires uma atmosfera imoral, a não ser
15 na tentativa de purificá-la. Mais vale a frugal refeição inte-
lectual acompanhada de satisfação e virtude, do que o luxo
da erudição acompanhado de egotismo e falhas morais.
18 Aquilo que é certo é radical. O próprio professor tem de
conhecer a verdade. Ele tem de vivê-la e amá-la, do contrário
não poderá transmiti-la aos outros. Manchamos Expectativas
nossa roupa com o conservantismo e depois infundadas
21
temos de lavá-la até ficar limpa. Quando o senso espiritual
da Verdade desdobra suas harmonias, tu não corres nenhum
24 dos riscos devidos aos regulamentos do erro. Se esperas
curar simplesmente repetindo as palavras da autora, falando
o que é certo e agindo de maneira errada, ficarás decepcio-
27 nado. Esse procedimento não demonstra a Ciência pela qual
a Mente divina cura os doentes.
Agir por motivos pecaminosos destrói teu poder de curar
30 pelo motivo correto. Por outro lado, se tivesses a Autoridade digna
inclinação ou o poder de agir erradamente e depois de confiança
adotasses a Ciência Cristã, o poder errôneo seria destruído. Não
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 453
1 se nega que o matemático tenha o direito de distinguir o correto
do incorreto, dentre os exemplos que figuram no quadro negro,
3 nem se duvida que o músico saiba distinguir entre a harmonia e
a dissonância. Da mesma maneira, deveria ser admitido que a
autora compreende o que está dizendo.
6 O certo e o errado, a verdade e o erro, estarão em luta na
mente dos alunos, até que a vitória fique do lado da verdade
invencível. A quimicalização mental ocorre Vencer
9 após a explicação da Verdade, e assim se alcança a luta
uma base mais elevada; mas em alguns indivíduos os sinto-
mas mórbidos, quer morais quer físicos, reaparecem constan-
12 temente. Nunca vi os efeitos de remédios materiais serem tão
decisivos quanto os produzidos pelo uso de meios espirituais.
Ensina a teu aluno que ele tem de se conhecer a si mesmo
15 antes de poder conhecer os outros e atender às necessidades
humanas. A honestidade é poder espiritual. A Conhecimento e
desonestidade é fraqueza humana que fica des- honestidade
18 provida da ajuda divina. Pões o pecado a descoberto, não
para prejudicar o homem corpóreo, mas para abençoá-lo; e o
motivo correto tem sua recompensa. O pecado escondido é
21 perversidade espiritual em altos postos. O farsante nesta
Ciência dá graças a Deus por não existir o mal e no entanto
serve ao mal em nome do bem.
24 Deverias tratar a doença mentalmente da mesma forma
como tratarias o pecado, com a diferença de que não deves
dizer ao paciente que ele está doente, nem dar Tratamento
27 nomes às doenças, pois isso aumentaria o medo, metafísico
que é a base da enfermidade, e imprimiria mais profundamente
o quadro mental errôneo. O remédio do Cientista Cristão é a
30 Mente, a Verdade divina que liberta o homem. O Cientista
Cristão nunca recomenda práticas materiais para a saúde,
nunca trata dos pacientes tocando-os ou fazendo massagens e
33 fricções. Ele não viola os direitos da mente nem pode praticar
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 454
1 o magnetismo animal ou o hipnotismo. Não é necessário
acrescentar que o uso do fumo ou de bebidas alcoólicas não
3 está em harmonia com a Ciência Cristã.
Ensina a teus alunos a onipotência da Verdade, que deixa
clara a impotência do erro. A compreensão, mesmo em
6 pequeno grau, de que Deus é todo o poder que A impotência
existe, destrói o medo e firma os pés na verda- do ódio
deira vereda — a vereda que conduz à “casa não feita por
9 mãos, eterna, nos céus”. O ódio humano não tem mandato
legítimo nem reino. O Amor está entronizado. A doutrina
da Ciência Cristã absoluta é que o mal, a matéria, não tem
12 inteligência nem poder, e essa é a grande verdade que arranca
todo disfarce ao erro.
Aquele que compreende em grau suficiente o Princípio da
15 cura pela Mente, aponta a seu aluno tanto o erro como a ver-
dade, tanto a prática errada como a prática O amor é
certa. O amor a Deus e ao homem é o verda- o incentivo
18 deiro incentivo, tanto para curar como para ensinar. O
Amor inspira, ilumina, designa o caminho e nele nos guia.
Os motivos corretos dão asas ao pensamento e força e liber-
21 dade à palavra e à ação. O amor é sacerdote junto ao altar da
Verdade. Espera tu pacientemente que o Amor divino paire
sobre as águas da mente mortal e forme o conceito perfeito.
24 A paciência tem de realizar “sua obra perfeita”*.
Não despeças os alunos, ao encerrar um curso, pensando
que não tens mais nada a fazer por eles. Com tua terna solici-
27 tude e conselho, apoia todos os seus passos inci- Interesse
pientes, até que teus alunos andem com firmeza contínuo
no caminho reto e estreito. A superioridade do poder espiri-
30 tual sobre o sensório é o ponto central da Ciência Cristã.
Lembra-te de que a letra e a argumentação mental são apenas
auxiliares humanos para ajudar a pôr o pensamento em
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 455
1 concordância com o espírito da Verdade e do Amor, que cura
o doente e o pecador.
3 Um estado mental de autocondenação e de culpa, ou uma
confiança vacilante que duvida da Verdade, não são con-
dições adequadas para curar os doentes. Tais Fraqueza
estados mentais indicam fraqueza, em vez de e culpa
6
força. Daí a necessidade de teres tu mesmo a atitude mental
correta para ensinar esta Ciência da cura. Tens de utilizar o
9 poder moral da Mente a fim de andar sobre as ondas do erro
e sustentar tuas reivindicações mediante a demonstração. Se
tu mesmo estiveres desorientado, na crença de que exista
12 doença ou pecado, e lhes tiveres medo e, se conhecendo o
remédio, deixares de usar as energias da Mente em teu pró-
prio favor, poderás exercer pouco ou nenhum poder para aju-
15 dar os outros. “Tira primeiro a trave do teu olho e, então,
verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.”
O aluno que recebe de um professor humano o conheci-
18 mento da Ciência Cristã, ou seja, da cura metafísica, pode
estar errado no discernimento e na demons- Encargo dado
tração, mas Deus não pode errar. Deus escolhe pelo Todo-sábio
21 para o serviço mais elevado aquele que alcançou idoneidade
tal que torne impossível qualquer abuso dessa missão. O
Todo-sábio não outorga Seus mais altos encargos a quem é
24 indigno deles. Quando Ele dá uma incumbência a um men-
sageiro, este é alguém que Lhe está espiritualmente próximo.
Nenhuma pessoa pode abusar desse poder mental, se tiver
27 sido ensinada por Deus a discerni-lo.
Este ponto importante na Ciência Cristã não deve ser
negligenciado — que da mesma fonte não pode jorrar água
30 doce e água amarga. Quanto mais alto chega- Integridade
res no teu entendimento da Ciência da cura men- assegurada
tal e de seu ensino, tanto mais impossível te será influenciar
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 456
1 intencionalmente o gênero humano em direção contrária às
suas mais altas esperanças e realizações.
3 Ensinar ou praticar em nome da Verdade, mas contraria-
mente a seu espírito ou a suas regras, é o mais perigoso char-
latanismo. A estrita adesão ao Princípio divino É impossível
6 e às regras do método científico é a única coisa fazer tramoias
que assegura o êxito dos estudantes de Ciência Cristã. Somente
essa estrita adesão lhes dá o direito à alta consideração de que
9 a maior parte deles goza na comunidade, reputação a que fize-
ram jus pelo resultado de seus esforços. Quem quer que afirme
haver mais de um único Princípio e mais de um método para
12 demonstrar a Ciência Cristã, comete um grande equívoco,
ou por ignorância ou intencionalmente, e separa-se da ver-
dadeira concepção da cura pela Ciência Cristã e da possi-
15 bilidade de demonstrá-la.
Qualquer desonestidade na tua teoria e na tua prática
denota uma ignorância crassa do método da cura pelo Cristo.
18 A Ciência não faz concessões a pessoas ou a Um não às
opiniões. Temos de permanecer no espírito da concessões
desonestas
verdade, do contrário não podemos demons-
21 trar o Princípio divino. Enquanto a matéria for a base da prá-
tica, a doença não poderá ser eficazmente tratada pelo sistema
metafísico. É a Verdade que realiza o trabalho, e tu tens de
24 compreender o Princípio divino de tua demonstração e per-
manecer fiel a ele.
O Cientista Cristão necessita de minha obra Ciência e Saúde
27 como seu livro-texto, e o mesmo se aplica a todos os seus alu-
nos e pacientes. Por quê? Primeiro: Porque é Este livro é
a voz da Verdade para esta época e contém a indispensável
30 declaração completa da Ciência Cristã, ou seja, da Ciência da
cura por meio da Mente. Segundo: Porque foi o primeiro
livro conhecido a conter uma declaração minuciosa da Ciência
33 Cristã. Por conseguinte, este livro foi o primeiro a expor as
regras para se demonstrar esta Ciência, e nele está registrada
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 457
1 a Verdade revelada, incontaminada por hipóteses humanas.
Outras obras que usaram ideias deste livro, sem indicá-lo
3 como fonte, adulteraram a Ciência. Terceiro: Porque este livro
faz pelo professor e pelo aluno, pelo sanador e pelo paciente,
mais do que outros livros conseguiram fazer.
6 Desde o início, quando a luz divina da Ciência Cristã
despontou para a autora, ela jamais utilizou esse poder
recém-descoberto com algum propósito que a A pureza
fizesse temer uma análise completa por parte da ciência
9
de outras pessoas. Seu objetivo principal, desde que entrou
neste campo de atividade, foi o de evitar sofrimento, não o de
12 produzi-lo. É evidente por si mesmo que não podemos cien-
tificamente curar e ao mesmo tempo causar a doença. Na
lenda do escudo, em que houve uma disputa entre dois cava-
15 leiros, porque cada um deles só conseguia ver um lado do
escudo, ambos os lados eram belos, cada qual no seu gênero;
mas na prática mental errônea, tão prolífica em produzir o mal,
18 não existe aspecto bom, nem prateado, nem dourado.
A Ciência Cristã não é exceção à regra geral de que, sem
esforço por um objetivo específico, não há resultados exce-
21 lentes. Não se pode dispersar os tiros e ao Os reincidentes
mesmo tempo acertar o alvo. Não é possível e os equívocos
seguir outras inclinações e ao mesmo tempo progredir rapi-
24 damente na demonstração desta Ciência. Desviando-se da
Ciência Cristã, alguns estudantes desta Ciência recomendam
dietas e práticas materiais para a saúde. Eles até as adotam,
27 pretendendo assim iniciar um tratamento que tencionam
completar com a Mente, como se o não-inteligente pudesse
ajudar a Mente! A demonstração do Cientista assenta sobre
30 um só Princípio, e não deve haver, nem pode haver, regra
oposta. Deixemos que esse Princípio seja aplicado na cura da
doença, sem empregar outros meios.
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 458
1 O charlatanismo mental assenta sobre a mesma plata-
forma que qualquer outro charlatanismo. O ponto principal
3 dessa plataforma é a doutrina de que a Ciência Charlatanismo
tenha dois princípios associados, um bom e mental
outro mau — um espiritual e o outro material — e que esses
6 dois possam atuar simultaneamente sobre os doentes.
Supõe-se que essa teoria favoreça a prática tanto do ponto de
vista mental como do ponto de vista material. Outra supo-
9 sição dessa plataforma é que o erro venha a ter, finalmente,
o mesmo efeito que a verdade.
Nada é menos cientificamente cristão do que pensar em
12 ajudar o Princípio divino da cura ou tentar sustentar o corpo
humano até que a Mente divina esteja prepa- A natureza divina
rada para tomar conta do caso. A natureza está sempre pronta
15 divina está sempre pronta. Semper paratus é o lema da
Verdade. Tendo visto tanto sofrimento causado pelo charla-
tanismo, a autora deseja manter a Ciência Cristã livre dele.
18 A espada de dois gumes da Verdade tem de se revolver em
todas as direções para guardar a “árvore da vida”.
O pecado desfecha golpes mortais contra o Cientista
21 Cristão, à medida que o ritualismo e os dogmas são intima-
dos a ceder lugar à lei superior, mas a Ciência A armadura da
atenuará a maldade mortal. O homem cristã- sabedoria
24 mente científico reflete a lei divina, tornando-se assim uma
lei para si mesmo. Ele não emprega violência contra nin-
guém. Nem é, tampouco, falso acusador. O Cientista Cristão
27 traça seu caminho com sabedoria e é honesto e coerente em
seguir as diretrizes da Mente divina. Ele tem de provar, seja
pelo seu modo de viver, seja curando e ensinando, que o
30 caminho do Cristo é o único pelo qual os mortais são radi-
calmente salvos do pecado e da doença.
O Cristianismo faz com que os homens se volvam com
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 459
1 naturalidade da matéria para o Espírito, tal como a flor se
volve da sombra para a luz. Então, o homem toma posse das
3 coisas que “nem olhos viram, nem ouvidos Progresso
ouviram”. Paulo e João tinham a percepção mediante
sacrifício
clara de que, assim como o homem mortal não
6 alcança as honras do mundo senão pelo sacrifício, assim
também ele tem de conseguir as riquezas celestiais abando-
nando todo o apego às coisas do mundo. Então, nada terá
9 em comum com os afetos, motivos e objetivos daquele que se
apega ao mundo e a seus prazeres. Não julgues o progresso
futuro da Ciência Cristã pelos passos já dados, para não seres
12 tu mesmo condenado por teres deixado de dar o primeiro
passo.
Qualquer tentativa de curar os mortais pela mente mor-
15 tal, que erra, em vez de confiar na onipotência da Mente
divina, terá de malograr-se. Entregar o sistema Conhecimento
nu e cru da cura mental a mortais vulneráveis, perigoso
18 não instruídos na Ciência Cristã nem por ela refreados, é o
mesmo que pôr uma faca afiada nas mãos de um cego ou de
um louco furioso, e soltá-lo nas ruas apinhadas de uma
21 cidade. Quer seja movido pela maldade, quer pela ignorân-
cia, o falso profissional da cura mental causará dano, sendo
que a ignorância é mais nociva do que a maldade deliberada,
24 se esta última for detectada e barrada logo de início.
Ao senso mortal a Ciência Cristã parece abstrata, mas o
sistema é simples e os resultados são seguros quando a
27 Ciência é compreendida. Tem de ser boa a Resultados
árvore que produz bom fruto. Guiado pela seguros
Verdade divina e não por conjeturas, o teólogo (isto é, o estu-
30 dante — o intérprete cristão e científico — da lei divina) trata
a doença com resultados mais seguros do que qualquer outro
sanador sobre a terra. O Cientista Cristão deveria compreen-
33 der as regras da metafísica divina como estão estabelecidas
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 460
1 nesta obra, aderir estritamente a elas e assentar sua demons-
tração sobre essa base segura.
3 A ontologia é definida como “a ciência dos elementos que
constituem intrinsecamente todos os seres e as relações entre
eles”, e encontra-se na base de toda prática Definição de
metafísica. Nosso sistema de cura pela Mente ontologia
6
assenta sobre a compreensão da natureza e da essência de
todo o existir — assenta sobre a Mente divina e as qualidades
9 essenciais do Amor. Sua farmacologia é moral e sua medi-
cina é intelectual e espiritual, embora sejam aplicadas à cura
física. Não obstante, essa é a parte mais fundamental da
12 metafísica e é a mais difícil de compreender e demonstrar,
pois para o pensamento material tudo é material, até que tal
pensamento seja retificado pelo Espírito.
15 A doença não é nem imaginária nem irreal — quer dizer,
para o senso amedrontado e errôneo do paciente. A doença é
mais do que fantasia; é firme convicção. Por Imaginação
isso, é preciso lidar com ela por meio da per- nociva
18
cepção correta da verdade sobre o existir. Se aqueles que
conhecem apenas superficialmente a Ciência fazem mau uso
21 da cura cristã, esta se torna uma enfadonha fonte de dis-
córdia. Em vez de efetuar cientificamente a cura, essa ati-
tude coloca todo aleijado e doente em meio a um mesquinho
24 fogo cruzado, sendo atingido pela superficial e fria afirmação:
“Isso não é nada”.
Quando a Ciência da Mente era ainda uma revelação
27 recente para a autora, ela precisava transmitir, ao ensinar os
grandiosos fatos dessa Ciência, os matizes das Os ensinamentos
ideias espirituais, partindo de seu próprio está- iniciais da autora
30 gio espiritual, e tinha de fazê-lo verbalmente pelo canal insufi-
ciente que a linguagem proporciona e por meio de seu
manuscrito, que ela fazia circular entre os alunos. À medida
33 que as antigas crenças eram gradualmente eliminadas do seu
pensamento, o ensino se tornava mais claro, até que por fim a
sombra de velhos erros deixou de obscurecer a Ciência divina.
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 461
1 Eu não afirmo que alguém possa existir na carne sem ali-
mento nem roupa; mas sim acredito que o homem real é
3 imortal e vive no Espírito, não na matéria. Prova por
Nesta época, é preciso aceitar a Ciência Cristã indução
por indução. Admitimos o todo, porque uma parte está pro-
6 vada e essa parte demonstra e prova o Princípio inteiro. A
Ciência Cristã só pode ser ensinada por aqueles que estão
moralmente adiantados e espiritualmente dotados, pois ela
9 não é superficial, nem pode ser discernida a partir do ponto
de vista dos sentidos humanos. Só pela iluminação do senso
espiritual é que a luz da compreensão pode ser projetada
12 sobre esta Ciência, porque a Ciência inverte a evidência que
está diante dos sentidos materiais e dá a eterna interpretação
de Deus e do homem.
15 Se crês que estás doente, acaso deverias declarar: “Estou
doente”? Não, mas às vezes deverias dizer qual é tua crença,
se isso for necessário para proteger a outros. Se cometes um
18 crime, deverias admitir para ti mesmo que és criminoso?
Sim. Tuas respostas deveriam ser diferentes, devido ao efeito
diferente que produzem. Em geral, se admites que estás
21 doente, teu caso se torna mais difícil de curar, enquanto
que, se reconheces teu pecado, ajudas a destruí-lo. Tanto o
pecado como a doença são um erro, e a Verdade é o remédio.
24 A verdade a respeito do erro é que o erro não é verdadeiro,
portanto é irreal. Para provar cientificamente que o pecado
é erro e é irreal, deves primeiro ver o que o pecado alega e,
27 então, destruir essa alegação. Ao passo que, para provar de
modo científico que a doença é erro e é irreal, tens de apagar
a imagem mental da enfermidade; então não sentirás a
30 doença e ela estará destruída.
O ensino sistemático, o crescimento espiritual do aluno e
sua experiência na prática são necessários para se compreender
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 462
1 profundamente a Ciência Cristã. Algumas pessoas assimi-
lam a verdade mais depressa do que outras, mas qualquer
3 aluno que obedece às regras divinas da Ciência Rapidez de
Cristã e se embebe do espírito do Cristo, pode assimilação
demonstrar a Ciência Cristã, expulsar o erro, curar os doen-
6 tes e aumentar continuamente seu patrimônio de compreen-
são espiritual, força, iluminação e êxito.
Se o aluno começar a praticar os ensinamentos da Verdade
9 apenas em parte, dividindo seus interesses entre Deus e o
mundo material, e substituindo a Verdade pelas Lealdade
próprias opiniões, inevitavelmente colherá o erro dividida
12 que tiver semeado. Quem quiser demonstrar a cura pela
Ciência Cristã tem de obedecer estritamente às suas regras,
estar atento a cada declaração e avançar a partir dos rudi-
15 mentos estabelecidos. Não há nada difícil ou trabalhoso
nessa tarefa, quando o caminho está indicado; mas só a sin-
ceridade, o Cristianismo, a perseverança e a renúncia ao ego
18 obtêm a recompensa, como geralmente acontece em todos os
setores da vida.
A anatomia, quando espiritualmente concebida, é o
21 conhecimento mental do próprio eu e consiste na dissecação
dos pensamentos para descobrir sua qualidade, Definição
quantidade e origem. São divinos ou humanos de anatomia
24 os pensamentos? Essa é a questão importante. Esse ramo do
estudo é indispensável para a extirpação do erro. A anatomia
da Ciência Cristã ensina quando e como sondar as feridas que
27 causamos a nós mesmos devido à maldade, à inveja, ao ódio e
ao amor pelo ego. Ela ensina a controlar a ambição desen-
freada. Desdobra as sagradas influências da filantropia, do
30 amor espiritual, do desprendimento do ego. Compele a
governar o corpo tanto na saúde como na doença. O Cientista
Cristão, por compreender a anatomia mental, discerne e
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 463
1 combate a verdadeira causa da doença. O médico da maté-
ria caminha tateando entre fenômenos que variam a cada
3 instante sob influências não incluídas no seu diagnóstico,
e nessa escuridão pode tropeçar e cair.
O professor e o aluno também deveriam conhecer a obs-
6 tetrícia ensinada por esta Ciência. Para dar assistência ade-
quada ao nascimento de uma nova criatura, ou Obstetrícia
seja, de uma ideia divina, deverias desprender o científica
9 pensamento mortal de suas concepções materiais, de tal
maneira que o parto ocorra com naturalidade e segurança.
Embora reúna novas energias, essa ideia não pode causar
12 dano a seu ambiente útil durante o trabalho do nascimento
espiritual. Uma ideia espiritual não contém nem um só ele-
mento do erro, e essa verdade remove devidamente tudo o
15 que é nocivo. A nova ideia, concebida pela Verdade e pelo
Amor e deles nascida, está envolta em alvas vestes. Seu
começo será manso, seu crescimento, vigoroso e sua maturi-
18 dade será sem declínio. Quando ocorre esse novo nasci-
mento, o bebê que nasce na Ciência Cristã é nascido do
Espírito, nascido de Deus, e já não pode causar sofrimento à
21 mãe. Com isso sabemos que a Verdade está presente e reali-
zou sua obra perfeita.
Decidir-se rapidamente quanto ao tratamento adequado
24 para o erro — quer o erro se manifeste sob a forma de
doença, pecado ou morte — é o primeiro passo Decisão sem
para se destruir o erro. Nosso Mestre tratava o hesitar
27 erro por meio da Mente. Ele nunca exigia obediência às leis
da natureza, se por estas se entendem as leis da matéria, nem
empregava drogas. Há uma lei de Deus aplicável à cura, e
30 essa é uma lei espiritual em vez de material. Os doentes não
são curados pela matéria inanimada nem pelas drogas, como
eles acreditam. Tal aparente efeito ou ação medicinal ocorre
33 devido à chamada mente mortal.
Já foi dito à autora: “O mundo sente sua influência benéfica,
Ciência e Saúde O ensino da Ciência Cristã 464
1 embora não possa vê-la pessoalmente. Por que a Senhora
não se dá a conhecer mais amplamente?” Se os amigos da
3 autora soubessem quão pouco tempo ela tem A vida de reclusão
para se fazer conhecida pelo mundo, a não ser da autora
por meio de suas laboriosas publicações — e quanto tempo e
6 trabalho ainda são necessários para estabelecer as atividades
grandiosas da Ciência Cristã — compreenderiam por que ela
vive tão reclusa. Outros não lhe poderiam ocupar o lugar,
9 ainda que a isso estivessem dispostos. Portanto, ela perma-
nece em seu posto, sem aparecer, não procurando seu pró-
prio engrandecimento, mas orando, vigiando e trabalhando
12 pela redenção do gênero humano.
Se devido a um ferimento, ou a qualquer outra causa, um
Cientista Cristão for acometido de dor tão violenta que não
15 possa se tratar mentalmente a si mesmo — e se os Cientistas
não conseguirem aliviá-lo — o sofredor pode chamar um
médico, para que este aplique uma injeção hipodérmica, e
18 então, acalmada a crença na dor, ele poderá tratar mental-
mente do seu próprio caso. É assim que julgamos todas as
coisas e retemos o que é bom.
21 Ao fundar um sistema de cura no Cristianismo, a autora
se esforçou para explicar o Princípio divino, e não para
enaltecer uma pessoa. As armas da intolerân- O motivo correto e
cia, da ignorância e da inveja tombam ante sua recompensa
24
um coração honesto. Adulterar a Ciência Cristã é torná-la
inoperante. A falsidade não tem nenhum fundamento.
27 “O empregado foge porque é um empregado e não se importa
com as ovelhas.”* Nem a desonestidade nem a ignorância
jamais fundaram, nem podem derrubar, um sistema científico
30 de ética.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Capítulo 14
Recapitulação
Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito;
regra sobre regra, regra e mais regra;
um pouco aqui, um pouco ali. — Isaías.
3
E ste capítulo tem origem na primeira edição do livro que
a autora utilizava em suas aulas, os direitos autorais do
qual foram registrados em 1870. Depois de muito labor e de
alcançar maior compreensão espiritual, a autora, em 1875,
revisou aquele trabalho a fim de inseri-lo neste volume. As
6 declarações neste capítulo estão permeadas da Ciência Cristã
absoluta e elucidam a metafísica científica.
Perguntas e respostas
9 Pergunta. — O que é Deus?
Resposta. — Deus é a Mente, o Espírito, a Alma, o Princípio,
a Vida, a Verdade, o Amor; é incorpóreo, divino, supremo,
12 infinito.
Pergunta. — São sinônimos esses termos?
Resposta. — São. Referem-se a um Deus único e absoluto.
15 Eles têm também o objetivo de expressar a natureza, a
essência, a plenitude e a perfeição indivisível da Deidade. Os
atributos de Deus são a justiça, a misericórdia, a sabedoria, o
18 bem e assim por diante.
Pergunta. — Existe mais de um Deus ou Princípio?
Resposta. — Não, não existe. O Princípio e sua ideia é
465
Ciência e Saúde Recapitulação 466
1 um, e esse um é Deus, o Ser onipotente, onisciente e onipre-
sente, e Sua reflexão, Seu reflexo, é o homem e o universo.
3 O prefixo oni é derivado do adjetivo latino que significa
todo. Portanto, Deus inclui todo o poder ou potência, toda
a ciência ou verdadeiro conhecimento, toda a presença. As
6 várias manifestações da Ciência Cristã apontam para a
Mente, nunca para a matéria, e têm um só Princípio.
Pergunta. — O que são espíritos e almas?
9 Resposta. — Para a crença humana, são entidades constituí-
das de mente e matéria, vida e morte, verdade e erro, bem e
mal; mas esses pares de palavras contrastantes O real versus
12 representam opostos que, como revela a Ciência o irreal
Cristã, não coexistem nem se assimilam. A Verdade é imortal;
o erro é mortal. A Verdade é ilimitada; o erro é limitado.
15 A Verdade é inteligente; o erro é não-inteligente. Além
do mais, a Verdade é real, e o erro é irreal. Esta última
afirmação contém o ponto que mais relutarás em admitir,
18 embora seja, em primeira e última instância, o mais impor-
tante de se compreender.
O termo almas ou espíritos é tão impróprio como o termo
21 deuses. A palavra Alma ou Espírito designa a Deidade e nada
mais. Não existe alma finita nem espírito finito. O gênero humano
A Alma, o Espírito, significa uma Mente só, e é redimido
24 esses termos não podem ser empregados no plural. A mito-
logia pagã e a teologia judaica perpetuaram a falácia de que a
inteligência, a alma e a vida possam estar na matéria; e a ido-
27 latria e o ritualismo são a consequência de todas as crenças
criadas pelos homens. A Ciência do Cristianismo vem de pá
na mão para separar a palha do trigo. A Ciência vem decla-
30 rar corretamente o que é Deus, e o Cristianismo vem
demonstrar essa declaração e seu Princípio divino, melho-
rando o gênero humano física, moral e espiritualmente.
Ciência e Saúde Recapitulação 467
1 Pergunta. — Quais são as exigências da Ciência da Alma?
Resposta. — A primeira exigência desta Ciência é: “Não
3 terás outros deuses diante de mim”. Esse mim é o Espírito.
Por isso, esse mandamento significa: não terás Os dois principais
nenhuma inteligência, nenhuma vida, nenhuma mandamentos
6 substância, nenhuma verdade, nenhum amor, que não sejam
espirituais. A segunda é semelhante à primeira: “Amarás o teu
próximo como a ti mesmo”. Deve-se compreender plenamente
9 que todos os homens têm uma Mente única, um único Deus
e Pai, uma única Vida e Verdade e um único Amor. O gênero
humano se tornará perfeito à proporção que esse fato ficar
12 evidente, as guerras cessarão e a verdadeira fraternidade do
homem será estabelecida. Não tendo outros deuses, não
recorrendo a nenhuma outra mente para o guiar, a não ser à
15 Mente perfeita e única, o homem é a semelhança de Deus, puro
e eterno, e tem aquela Mente que havia também em Cristo.
A Ciência revela o Espírito, a Alma, não como se estivesse
18 no corpo, e revela a Deus não como se estivesse no homem,
mas como sendo refletido pelo homem. O maior A Alma não está
não pode estar no menor. A crença de que o confinada no corpo
21 maior possa estar no menor é um erro que dá maus resultados.
Uma diretriz importante na Ciência da Alma é que o Princípio
não está contido na sua ideia. O Espírito, a Alma, não está
24 confinado no homem e nunca está na matéria. Raciocinamos
imperfeitamente quando partimos do efeito para achar a causa
e concluímos que a matéria seja o efeito do Espírito; mas o
27 raciocínio a priori mostra que a existência material é enigmá-
tica. É o Espírito que dá a ideia mental verdadeira. Não pode-
mos interpretar o Espírito, a Mente, por intermédio da matéria.
30 A matéria não vê, nem ouve, nem sente.
Raciocinando a partir da causa para o efeito, na Ciência da
Mente, começamos com a Mente, a qual tem de A Mente, a Alma,
33 ser compreendida por meio da ideia que a expressa é sem pecado
e não pode ser conhecida a partir de seu oposto, a matéria.
Chegamos assim à Verdade, à inteligência, que dá origem à sua
Ciência e Saúde Recapitulação 468
1 própria ideia infalível e nunca pode se coordenar com as ilu-
sões humanas. Se a Alma pecasse, seria mortal, pois o pecado
3 é o ego da mortalidade, porque se mata a si mesmo. Se a
Verdade é imortal, o erro tem de ser mortal, porque o erro é
o contrário da Verdade. Visto que a Alma é imortal, ela não
6 pode pecar, porque o pecado não é a verdade eterna do existir.
Pergunta. — Qual é a declaração científica sobre o existir?
Resposta. — Não há vida, verdade, inteligência, nem
9 substância na matéria. Tudo é a Mente infinita e sua mani-
festação infinita, porque Deus é Tudo-em-tudo. O Espírito é a
Verdade imortal; a matéria é o erro mortal. O Espírito é o real
12 e eterno; a matéria é o irreal e temporal. O Espírito é Deus, e o
homem é Sua imagem e semelhança. Por isso o homem não
é material; ele é espiritual.
15 Pergunta. — O que é a substância?
Resposta. — A substância é aquilo que é eterno e incapaz
de manifestar desarmonia e sofrer deterioração. A Verdade,
18 a Vida e o Amor são a substância, no sentido em Sinônimos
que as Escrituras empregam essa palavra na espirituais
epístola aos Hebreus: “A substância das coisas que se esperam,
21 a prova das coisas que se não veem”*. O Espírito, sinônimo da
Mente, da Alma, ou seja, Deus, é a única substância verdadeira.
O universo espiritual, que inclui o homem individual, é uma
24 ideia composta que reflete a substância divina do Espírito.
Pergunta. — O que é a Vida?
Resposta. — A Vida é o Princípio divino, a Mente,
27 a Alma, o Espírito. A Vida não tem começo A eternidade
nem fim. A eternidade, não o tempo, é o que da Vida
expressa a ideia da Vida, e o tempo não faz parte da eterni-
30 dade. O tempo cessa na proporção em que a eternidade é
reconhecida. O tempo é finito; a eternidade é para sempre
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Recapitulação 469
1 infinita. A Vida não está na matéria, nem é constituída de
matéria. Aquilo que é denominado matéria é desconhecido
3 para o Espírito, que inclui em si mesmo toda a substância e
é a Vida eterna. A matéria é um conceito humano. A Vida é
a Mente divina. A Vida não é limitada. A morte e a finitude
6 são desconhecidas para a Vida. Se a Vida alguma vez tivesse
tido começo, ela também teria fim.
Pergunta. — O que é a inteligência?
9 Resposta. — A inteligência é a onisciência, a onipresença
e a onipotência. É a qualidade primordial e eterna da Mente
infinita, do Princípio trino e uno — a Vida, a Verdade e o
12 Amor — denominado Deus.
Pergunta. — O que é a Mente?
Resposta. — A Mente é Deus. O exterminador do erro é
15 a grandiosa verdade de que Deus, o bem, é a Mente única e
de que o oposto hipotético da Mente infinita — O verdadeiro senso
chamado diabo, ou o mal — não é a Mente, não de infinitude
18 é a Verdade, mas é um erro, sem inteligência nem realidade.
Só pode existir uma Mente única, porque só existe um único
Deus; e se os mortais não acreditassem na existência de outra
21 Mente, e não aceitassem nenhuma outra, o pecado seria
desconhecido. Só podemos ter uma Mente única, se esta é
infinita. Sepultamos o senso de infinitude quando admitimos
24 que, embora Deus seja infinito, o mal ocupe um lugar nessa
infinidade, pois o mal não pode ocupar lugar nenhum onde
todo o espaço está preenchido por Deus.
27 Perde-se o alto significado da onipotência quando, depois
de admitir que Deus, o bem, é onipresente e tem todo o poder,
ainda acreditamos que haja outro poder, cha- O único
mado o mal. Essa crença de que haja mais de governador
30
uma mente é tão perniciosa para a teologia divina quanto a
mitologia antiga e a idolatria pagã. Com um único Pai, isto
Ciência e Saúde Recapitulação 470
1 é, Deus, toda a família humana consistiria de irmãos; e com
uma Mente única, sendo esta Deus, o bem, a fraternidade dos
3 homens consistiria do Amor e da Verdade, e teria a unidade
do Princípio e o poder espiritual que constituem a Ciência
divina. A suposta existência de mais de uma mente foi o erro
6 básico da idolatria. Esse erro originou a suposição de perda
do poder espiritual, perda da presença espiritual da Vida, que
é a Verdade infinita sem nenhuma dessemelhança, e perda
9 do Amor, que é a presença eterna e universal.
A Ciência divina explica a declaração abstrata de que
existe uma Mente única, pela seguinte proposição evidente
12 por si mesma: se Deus, o bem, é real, então o O padrão divino
mal, a dessemelhança de Deus, é irreal. E o mal da perfeição
só pode parecer real quando se atribui realidade ao irreal.
15 Os filhos de Deus têm uma única e a mesma Mente. Como
pode o bem resvalar para o mal, se Deus, a Mente do homem,
nunca peca? O padrão da perfeição foi originariamente Deus
18 e o homem. Teria Deus rebaixado Seu próprio padrão, e teria
o homem caído na imperfeição?
Deus é o Criador do homem e, visto que o Princípio
21 divino do homem permanece perfeito, a ideia divina ou refle-
xão, o homem, permanece perfeito. O homem Relação
é a expressão daquilo que Deus é. Se alguma indestrutível
24 vez tivesse havido um momento em que o homem não expres-
sasse a perfeição divina, então teria havido um momento em
que o homem não teria expressado a Deus e, por conseguinte,
27 um momento em que a Deidade teria ficado sem expressão —
isto é, teria ficado sem entidade. Se o homem tivesse perdido
a perfeição, então teria perdido o seu Princípio perfeito, a
30 Mente divina. Se o homem alguma vez tivesse existido sem
esse Princípio perfeito, a Mente, então a existência do homem
seria um mito.
33 A relação entre Deus e o homem, o Princípio divino e
Ciência e Saúde Recapitulação 471
1 a ideia divina, é indestrutível na Ciência; e a Ciência não
conhece nenhum desvio da harmonia nem retorno à harmo-
3 nia, mas sustenta que a ordem divina, ou seja, a lei espiritual,
na qual Deus e tudo o que Ele cria são perfeitos e eternos,
permanece inalterada em sua história eterna.
6 A dessemelhança da Verdade — chamada erro — o
oposto da Ciência, e a evidência diante dos cinco sentidos
corpóreos, não dão nenhum indício dos gran- Evidência
diosos fatos do existir, da mesma forma que celestial
9
esses chamados sentidos não recebem nenhuma indicação
dos movimentos da terra nem dos conhecimentos da astro-
12 nomia, mas aceitam essas proposições com base na autori-
dade das ciências naturais.
Os fatos da Ciência divina deveriam ser admitidos — muito
15 embora a evidência desses fatos não seja sustentada pelo mal,
pela matéria nem pelo senso material — porque a evidência de
que Deus e o homem coexistem é plenamente sustentada pelo
18 senso espiritual. O homem é e sempre foi a reflexão, o reflexo,
de Deus. Deus é infinito, portanto sempre presente, e não
existe nenhum outro poder nem outra presença. Por isso a
21 espiritualidade do universo é o único fato da criação. “Seja
Deus verdadeiro, e mentiroso todo homem [material].”
Pergunta. — As doutrinas e os dogmas religiosos benefi-
24 ciam o homem?
Resposta. — Na juventude, a autora adotou uma doutrina
tradicional e tentou ser-lhe fiel, até o momento no qual ela teve o
27 primeiro vislumbre daquilo que explica que Deus O teste da
está acima do senso mortal. Essa maneira de ver experiência
foi uma repreensão às crenças humanas e mostrou o signi-
30 ficado espiritual, expresso pela Ciência, de tudo o que pro-
cede da Mente divina. Desde esse momento, sua convicção
religiosa mais elevada é a Ciência divina, a qual, explicada para
33 a compreensão humana, ela denominou Ciência Cristã. Essa
Ciência e Saúde Recapitulação 472
1 Ciência ensina ao homem que Deus é a única Vida, e que essa
Vida é a Verdade e o Amor; que Deus deve ser compreendido,
3 adorado e demonstrado; que a Verdade divina expulsa o
suposto erro e cura os doentes.
O caminho que conduz à Ciência Cristã é reto e estreito.
6 Deus pôs Seu sinete sobre a Ciência, fazendo-a coordenar-se
com tudo o que é real e unicamente com o que A lei de Deus
é harmonioso e eterno. A doença, o pecado e a destrói o mal
9 morte, sendo desarmoniosos, não se originam em Deus nem
pertencem ao Seu governo. A lei de Deus, bem compreendida,
os destrói. Jesus deu provas dessas declarações.
12 Pergunta. — O que é o erro?
Resposta. — O erro é a suposição de que o prazer e a dor, a
inteligência, a substância e a vida, existam na matéria. O erro
15 não é a Mente nem é uma das faculdades da A materialidade
Mente. O erro é a contradição da Verdade. O se desvanece
erro é uma crença sem compreensão. O erro é irreal porque é
18 inverídico. É aquilo que parece ser, mas não é. Se o erro fosse
verdadeiro, sua verdade seria um erro, e teríamos um absurdo
evidente por si mesmo — a saber, uma verdade errônea. Assim
21 continuaríamos a perder o padrão da Verdade.
Pergunta. — Não existe pecado?
Resposta. — Toda a realidade está em Deus e Sua criação,
24 e é harmoniosa e eterna. Aquilo que Ele cria é bom, e Ele faz
tudo o que é feito. Portanto, a única realidade Irrealidades que
do pecado, da doença ou da morte é o horrível parecem reais
27 fato de que as irrealidades parecem reais à crença humana
errada, até que Deus lhes arranque o disfarce. Elas não são
verdadeiras porque não são de Deus. Aprendemos na Ciência
Ciência e Saúde Recapitulação 473
1 Cristã que toda a desarmonia da mente mortal, ou seja, do
corpo mortal, é ilusão e não possui nem realidade nem iden-
3 tidade, embora pareça ser real e ter identidade.
A Ciência da Mente anula todo o mal. A Verdade, Deus,
não é o pai do erro. O pecado, a doença e a morte devem ser
6 classificados como efeitos do erro. Cristo veio O Cristo é a
para destruir a crença no pecado. O Princípio- Verdade ideal
Deus é onipresente e onipotente. Deus está em toda parte,
9 e nada, a não ser Ele, está presente ou tem poder. O Cristo é a
Verdade ideal que vem curar a doença e o pecado mediante
a Ciência Cristã e atribui todo o poder a Deus. Jesus é o nome
12 do homem que, mais do que todos os outros homens, apre-
sentou o Cristo, a verdadeira ideia de Deus, que cura os doen-
tes e os pecadores e destrói o poder da morte. Jesus é o homem
15 humano, e o Cristo é a ideia divina; daí a dualidade de Jesus,
o Cristo.
Em uma época de despotismo eclesiástico, Jesus apresen-
18 tou o ensino e a prática do Cristianismo, dando a prova da
verdade e do amor do Cristianismo; mas para Jesus não
igualar o exemplo de Jesus e pôr à prova a Ciência é Deus
21 infalível desse exemplo, segundo a regra que ele estabeleceu,
curando a doença, o pecado e a morte, é necessário com-
preender melhor que Deus é o Princípio divino, o Amor, e
24 não é uma pessoalidade nem é o homem Jesus.
Jesus estabeleceu por meio da demonstração aquilo que ele
disse, tornando assim mais importantes seus atos do que suas
27 palavras. Ele deu provas daquilo que ensinou. Jesus não foi
Essa é a Ciência do Cristianismo. Jesus pro- compreendido
vou que o Princípio que cura os doentes e expulsa o erro é
30 divino. Poucos, no entanto, exceto seus alunos, compreende-
ram em grau mínimo seus ensinamentos e as gloriosas
Ciência e Saúde Recapitulação 474
1 provas deles decorrentes — isto é, que a Vida, a Verdade e o
Amor (o Princípio dessa Ciência não reconhecida) destroem
3 todo o erro, o mal, a doença e a morte.
O acolhimento dispensado à Verdade no começo da era
cristã se repete nos dias de hoje. Quem quer que introduza
6 a Ciência do Cristianismo será escarnecido e Milagres
açoitado com cordas piores do que as que dila- rejeitados
ceram a carne. Para a época ignorante em que se apresenta
9 pela primeira vez, a Ciência parece um equívoco — daí a
interpretação errônea e o consequente mau trato que recebe.
As maravilhas cristãs (e maravilha é simplesmente o signifi-
12 cado da palavra grega traduzida no Novo Testamento como
milagre) serão mal interpretadas e mal empregadas por mui-
tos, até que se alcance o glorioso Princípio dessas maravilhas.
15 Se o pecado, a doença e a morte fossem tão reais como a
Vida, a Verdade e o Amor, então todos eles teriam de provir
da mesma fonte; Deus teria de ser seu autor. Ora, Cumprimento da
Jesus veio para destruir o pecado, a doença e a vontade divina
18
morte; mas as Escrituras afirmam: “Não vim para destruir,
vim para cumprir”*. Como então é possível acreditar que os
21 males, para cuja destruição Jesus viveu, sejam reais, ou o
produto da vontade divina?
Apesar da influência santificante da Verdade na des-
24 truição do erro, será que ainda assim o erro é imortal? A
Verdade não destrói nada do que é verdadeiro. A Verdade
Se o mal fosse real, teria de ser real por ação da destrói a falsidade
27 Verdade; mas é o erro, não a Verdade, que inventa o irreal, e
o irreal desaparece, ao passo que tudo o que é real é eterno.
O Apóstolo diz que a missão do Cristo é “destruir as obras
30 do diabo”. A Verdade destrói a falsidade e o erro, pois a luz e
as trevas não podem existir juntas. A luz elimina as trevas,
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Recapitulação 475
1 e as Escrituras declaram que “já não haverá noite”. Para a
Verdade não existe erro — tudo é a Verdade. Para o Espírito
3 infinito não existe matéria — tudo é o Espírito, o Princípio
divino e sua ideia.
Pergunta. — O que é o homem?
6 Resposta. — O homem não é matéria; não é constituído
de cérebro, sangue, ossos nem de outros elementos materiais.
As Escrituras nos informam que o homem é Os fatores carnais
feito à imagem e semelhança de Deus. A maté- são irreais
9
ria não é essa semelhança. A semelhança do Espírito não
pode ser tão dessemelhante do Espírito. O homem é espiri-
12 tual e perfeito; e por ser espiritual e perfeito, tem de ser com-
preendido dessa maneira na Ciência Cristã. O homem é
ideia, a imagem, do Amor; ele não é físico. Ele é a ideia de
15 Deus, ideia composta que inclui todas as ideias corretas; o
termo genérico para tudo o que reflete a imagem e a seme-
lhança de Deus; a consciente identidade do existir, como
18 mostra a Ciência, na qual o homem é a reflexão, o reflexo, de
Deus, ou seja, da Mente, e portanto é eterno; é o que não tem
mente separada de Deus; é o que não tem nenhuma quali-
21 dade que não derive da Deidade; é o que não possui vida,
inteligência, nem poder criador próprios, mas reflete espiri-
tualmente tudo o que pertence a seu Criador.
24 E Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, con-
forme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes
do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos,
27 sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam
pela terra”.
O homem é incapaz de pecar, adoecer e morrer. O homem
30 real não pode se apartar da santidade, nem pode O homem não
Deus, de quem o homem provém, engendrar a caiu em pecado
capacidade ou a liberdade para pecar. Um pecador mortal não
Ciência e Saúde Recapitulação 476
1 é o homem criado por Deus. Os mortais são as falsificações
dos imortais. Eles são os filhos do maligno, o mal único, que
3 declara que o homem começa no pó ou como embrião mate-
rial. Na Ciência divina, Deus e o homem real são insepará-
veis como Princípio divino e ideia divina.
6 O erro, levado até seus limites extremos, se destrói por
si mesmo. O erro cessará de alegar que a alma esteja no
corpo, que a vida e a inteligência estejam na maté- Os mortais não
ria e que essa matéria seja o homem. Deus é o são os imortais
9
Princípio do homem, e o homem é a ideia de Deus. Portanto,
o homem não é mortal nem material. Os mortais desapare-
12 cerão e os imortais, os filhos de Deus, aparecerão como os
únicos e eternos fatos verídicos sobre o homem. Os mortais
não são filhos de Deus que caíram em pecado. Eles nunca
15 tiveram um estado perfeito que subsequentemente pudesse
ser recuperado. Desde o começo da história mortal, foram
“concebidos no pecado e gerados na iniquidade”. A morta-
18 lidade é finalmente tragada pela imortalidade. O pecado, a
doença e a morte têm de desaparecer para dar lugar aos fatos
que dizem respeito ao homem imortal.
21 Aprende isso, ó mortal, e procura sinceramente o status
espiritual do homem, que nada tem a ver com o ego material.
Lembra-te de que as Escrituras dizem do homem A identidade
mortal: “Quanto ao homem, os seus dias são imperecível
24
como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; pois,
soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em
27 diante, o seu lugar”.
Referindo-se aos filhos de Deus, não aos filhos dos homens,
Jesus disse: “O reino de Deus está dentro de vós”; isto é, a
30 Verdade e o Amor reinam no homem real, O reino dentro
mostrando que o homem à imagem de Deus de vós
jamais caiu em pecado e é eterno. Jesus reconhecia na Ciência
Ciência e Saúde Recapitulação 477
1 o homem perfeito, que lhe era visível ali mesmo onde os
mortais veem o homem mortal e pecador. Nesse homem
3 perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse
modo correto de ver o homem curava os doentes. Assim,
Jesus ensinou que o reino de Deus está intacto e é universal,
6 e que o homem é puro e santo. O homem não é uma habi-
tação material para a Alma; ele mesmo é espiritual. A Alma,
por ser o Espírito, jamais é vista em algo que seja imperfeito
9 ou material.
Tudo o que é material é mortal. Para os cinco sentidos
corpóreos o homem parece matéria e mente unidas; mas a
12 Ciência Cristã revela que o homem é a ideia de O corpo material
Deus, e declara que os sentidos corpóreos são nunca é a ideia
de Deus
ilusões mortais que erram. A Ciência divina
15 mostra que é impossível que um corpo material, embora
entrelaçado com o mais elevado estrato da matéria, por erro
chamado mente, seja o homem — o homem genuíno e per-
18 feito, a ideia imortal do existir, indestrutível e eterna. Se
assim não fosse, o homem seria aniquilado.
Pergunta. — O que são o corpo e a Alma?
21 Resposta. — A identidade é a reflexão do Espírito, o
reflexo em variadíssimas formas do Princípio vivente,
o Amor. A Alma é a substância, a Vida e a A reflexão
inteligência do homem, a qual é individuali- do Espírito
24
zada, mas não na matéria. A Alma nunca pode refletir algo
que seja inferior ao Espírito.
27 O homem é a expressão da Alma. Os índios america-
nos captaram alguns vislumbres da realidade subjacente,
quando a um lago formoso denomina- O homem é
30 ram “o sorriso do Grande Espírito”. Sepa- inseparável
do Espírito
rado do homem, que expressa a Alma, o
Espírito seria uma não-entidade; o homem, divorciado
33 do Espírito, perderia sua entidade. Mas não há, nem pode
Ciência e Saúde Recapitulação 478
1 haver, tal separação, pois o homem é coexistente com Deus.
Que prova tens de que a Alma ou a imortalidade estejam
3 dentro da mortalidade? Mesmo segundo os ensinamentos
das ciências naturais, o homem nunca viu o Domicílio
Espírito ou a Alma sair de um corpo ou nele vazio
6 entrar. Que base há para a teoria de que um espírito habite
o corpo, a não ser a alegação da crença mortal? O que se
pensaria da afirmação de que uma casa esteja habitada, e por
9 certo tipo de pessoas, quando tais pessoas nunca foram vistas
a entrar ou a sair da casa, nem sequer avistadas pela janela?
Quem pode ver uma alma dentro do corpo?
12 Pergunta. — Pensa o cérebro, sentem os nervos, e existe
inteligência na matéria?
Resposta. — Não! Não se Deus é verdadeiro e o homem
15 mortal é mentiroso. A afirmação de que possa haver dor
ou prazer na matéria é errônea. O corpo mais Funções
harmonioso é aquele em que menos se nota o harmoniosas
18 desempenho das funções naturais. Como pode a inteligência
residir na matéria, se a matéria não tem inteligência e os
lóbulos do cérebro não podem pensar? A matéria não pode
21 desempenhar as funções da Mente. O erro diz: “Eu sou o
homem”; mas essa crença é mortal e está longe de ser verda-
deira. Do começo ao fim, tudo o que é mortal se compõe de
24 crenças humanas materiais, e de nada mais. Só é real aquilo
que reflete a Deus. S. Paulo diz: “Mas, quando aprouve a
Deus, que me separou do ventre de minha mãe, e me chamou
27 pela Sua graça... não consultei carne e sangue”*.
Homem mortal é realmente uma locução que se contradiz
a si mesma, pois o homem não é mortal, “nem em verdade o
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Recapitulação 479
1 pode ser”*; o homem é imortal. Se uma criança fosse produto
do senso físico e não da Alma, a criança teria origem material,
3 não espiritual. Nesse caso, como poderia uma mãe declarar
honestamente o regozijo bíblico: “Adquiri um Direito
varão vindo do Senhor”*? Pelo contrário, se imortal inato
6 algo vem de Deus, não pode ser mortal e material; tem de ser
imortal e espiritual.
A matéria não existe por si mesma nem existe como pro-
9 duto do Espírito. A única coisa que os olhos veem é uma ima-
gem do pensamento mortal refletida na retina. O suposto ego
da matéria
A matéria não pode ver, sentir, ouvir, saborear
12 nem cheirar. Ela não tem consciência de si mesma — não
pode sentir, ver, nem compreender a si mesma. Se eliminas a
chamada mente mortal, que constitui o suposto ego da maté-
15 ria, a matéria não pode tomar conhecimento da matéria.
Aquilo que dizemos estar morto pode acaso ver, ouvir, sentir
ou fazer uso de algum dos sentidos físicos?
18 “No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém,
estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo”
(Gênesis 1:1, 2). Na vasta eternidade, na Ciência O caos e
as trevas
21 e na verdade do existir, os únicos fatos são o
Espírito e suas inumeráveis criações. As trevas e o caos são
os opostos imaginários da luz, da compreensão e da harmonia
24 eterna, e são os elementos do nada.
Admitimos que o preto não é cor porque não reflete a luz.
Da mesma forma, deve-se negar identidade ou poder ao mal,
27 porque não tem nenhum dos matizes divinos. Reflexo
espiritual
Paulo diz: “Porque os atributos invisíveis de
Deus ... claramente se reconhecem, desde o princípio do
30 mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Recapitulação 480
1 criadas” (Romanos 1:20). Quando a substância do Espírito
aparece na Ciência Cristã, a nulidade da matéria é reconhecida.
3 Ali onde está o Espírito de Deus, e não há lugar onde Deus
não esteja, o mal se reduz a nada — o oposto daquilo que o
Espírito é. Se não houvesse reflexo espiritual, restariam
6 apenas as trevas do vácuo, sem nenhum vestígio de matizes
celestiais.
Os nervos são um elemento da crença de que haja sen-
9 sação na matéria, ao passo que a matéria é desprovida de
sensação. A consciência, assim como a ação, é A harmonia
governada pela Mente — está em Deus, a ori- vem do Espírito
12 gem e o governador de tudo o que a Ciência revela. O rei-
nado do senso material está fora da Ciência, está no irreal.
A ação harmoniosa procede do Espírito, Deus. A desarmo-
15 nia não tem Princípio; sua ação é errônea e pressupõe que
o homem esteja na matéria. A desarmonia faria da matéria
tanto a causa como o efeito da inteligência, ou seja, da Alma,
18 tentando assim criar uma separação entre a Mente e Deus.
O homem não é Deus, e Deus não é o homem. Afirmo
novamente, Deus, o bem, nunca fez o homem capaz de
21 pecar. O oposto do bem — ou seja, o mal — é O mal é
que parece tornar os homens capazes de fazer o inexistente
mal. Portanto, o mal é apenas uma ilusão e não tem base
24 real. O mal é uma crença errônea. Deus não é seu autor.
O progenitor hipotético do mal é uma mentira.
A Bíblia declara: “Todas as coisas foram feitas por
27 intermédio dEle [o Verbo divino], e, sem Ele, nada do
que foi feito se fez”. Essa é a eterna verdade da A névoa
Ciência divina. Se fosse compreendido que o e o nada
30 pecado, a doença e a morte nada são, eles desapareceriam.
Como a névoa se dissipa ao sol, assim o mal se desvaneceria
diante da realidade do bem. Um tem de ocultar o outro.
Ciência e Saúde Recapitulação 481
1 Quão importante, então, é escolher o bem como realidade!
O homem deve obediência a Deus, o Espírito, e a nada
3 mais. O Ser de Deus é a infinidade, a liberdade, a harmonia
e a felicidade ilimitada. “Onde está o Espírito do Senhor,
aí há liberdade.” Assim como os sumos sacerdotes de
6 outrora, o homem está livre “para entrar no Santo dos
Santos” — o reino de Deus.
O senso material nunca ajuda os mortais a entender o
9 Espírito, Deus. É unicamente pelo senso espiritual que
o homem compreende e ama a Deidade. O fruto
As várias afirmações dos sentidos mate- proibido
12 riais, as quais contradizem a Ciência da Mente, não alteram a
Verdade, que não se vê e que permanece para sempre intacta.
O fruto proibido do conhecimento, contra o qual a sabedoria
15 previne o homem, é o testemunho do erro, que declara que a
existência está à mercê da morte, e que o bem e o mal podem
se misturar. Essa é a significação das Escrituras a respeito da
18 “árvore do conhecimento do bem e do mal” — essa invenção
da crença material, da qual se diz: “No dia em que dela come-
res, certamente morrerás”. As hipóteses humanas primeira-
21 mente presumem que a doença, o pecado e a morte sejam
reais, e depois presumem que esses males sejam inevitáveis,
por terem sido admitidos como reais. Esses veredictos huma-
24 nos são os causadores de toda desarmonia.
Se a Alma pecasse, ela teria de ser mortal. O pecado con-
tém os elementos da autodestruição. Não pode se sustentar
27 a si mesmo. Se o pecado fosse sustentado, então O senso e
seria Deus que teria de sustentá-lo, e isso é impos- a pura Alma
sível, pois a Verdade não pode sustentar o erro. A Alma é o
30 Princípio divino do homem e nunca peca — daí a imortali-
dade da Alma. Na Ciência, aprendemos que é o senso mate-
rial que peca, não a Alma; e se constatará que é o senso de
33 pecado que se perde, e não uma alma pecadora. Ao ler as
Escrituras, substituindo-se a palavra alma pela palavra senso,
Ciência e Saúde Recapitulação 482
1 obtém-se o significado exato na maioria dos casos.
O pensamento humano adulterou o significado da pala-
3 vra alma com a hipótese de que a alma seja uma inteligência
ao mesmo tempo boa e má, residente na matéria. Definição da
Pode-se sempre encontrar o modo apropriado palavra alma
6 de usar a palavra alma, substituindo-a pela palavra Deus,
onde é necessário o significado divino. Em outros casos,
emprega a palavra senso e terás a significância científica.
9 Como é usada na Ciência Cristã, a palavra Alma é propria-
mente um sinônimo do Espírito, Deus; mas fora da Ciência,
alma equivale a senso, sensação material.
12 Pergunta. — É importante compreender essas explicações
para curar os doentes?
Resposta. — Sim, é importante, porque o Cristo é “o
15 caminho” e a verdade a expulsar todo o erro. Jesus se cha-
mou a si mesmo “o Filho do homem”, mas não A filiação
o filho de José. Visto que a mulher é um dos de Jesus
18 dois gêneros, Jesus era, literalmente, o Filho do Homem.
Jesus foi o mais elevado conceito humano de homem per-
feito. Ele era inseparável do Cristo, o Messias — a ideia
21 divina de Deus fora da carne. Isso habilitou Jesus a demons-
trar controle sobre a matéria. Anjos anunciaram aos Magos
de outrora esse aparecimento dual e, pela fé, anjos sussurram
24 esse aparecimento ao coração faminto em todas as épocas.
A doença faz parte do erro que a Verdade expulsa. O
erro não expulsa o erro. A Ciência Cristã é a lei da Verdade,
27 que cura os doentes tendo por base a Mente A doença
única, ou seja, Deus. A Ciência Cristã não é errônea
pode curar de nenhum outro modo, visto que a chamada
30 mente mortal humana não é a sanadora, ao contrário, ela
causa a crença na enfermidade.
Ciência e Saúde Recapitulação 483
1 Surge então a pergunta: como é que as drogas, o magne-
tismo animal e as teorias materiais sobre a saúde curam?
3 Pode-se afirmar que não curam, mas apenas A verdadeira cura
aliviam temporariamente o sofrimento, substi- é transcendente
tuindo uma doença por outra. Classificamos a doença como
6 erro, que só a Verdade, ou seja, a Mente, pode curar, e essa
Mente tem de ser divina, não humana. A Mente transcende
todo e qualquer outro poder e por fim superará todo e qual-
9 quer outro meio de cura. A fim de curar pela Ciência, não
deves desconhecer as exigências morais e espirituais dessa
Ciência nem desobedecer-lhes. A ignorância moral, ou seja,
12 o pecado, afeta tua demonstração e impede que ela alcance o
padrão da Ciência Cristã.
Depois de sua sagrada descoberta, a autora deu o nome
15 “Ciência” ao Cristianismo, o nome “erro” ao senso corpóreo
e o nome “substância” à Mente. A Ciência con- Termos adotados
clama o mundo a batalhar por essa questão e sua pela autora
18 demonstração, que cura os doentes, destrói o erro e revela a
harmonia universal. Aos antigos personagens bíblicos, que
por natureza eram Cientistas Cristãos, e a Cristo Jesus, Deus
21 certamente revelou o espírito da Ciência Cristã, se é que não
lhes revelou a letra absoluta.
Visto que a Ciência da Mente parece não dar crédito às
24 escolas científicas comuns, que se debatem em meio a obser-
vações apenas materiais, essa Ciência encontra A Ciência é
oposição; mas se um sistema honra a Deus, deve o caminho
27 receber apoio, não oposição, de todos os pensadores. E a
Ciência Cristã verdadeiramente honra a Deus como nenhuma
outra teoria O honra, e faz isso como Ele determina, reali-
30 zando muitas obras maravilhosas por meio do nome de Deus
e da natureza divina. Temos de cumprir nossa missão sem
timidez nem dissimulação, pois, para que o trabalho seja
33 bem feito, tem de ser feito sem nenhum senso de ego. O
Cristianismo jamais estará fundamentado no Princípio
Ciência e Saúde Recapitulação 484
1 divino e portanto reconhecido como isento de erro, até se
alcançar sua Ciência absoluta. Quando se chega a esse ponto,
3 nem orgulho, nem preconceito, nem intolerância, nem inveja
podem fazer ruir seus alicerces, pois está edificado sobre a
rocha, Cristo.
6
Pergunta. — Acaso a Ciência Cristã, ou seja, a cura
metafísica, inclui medicação, teorias materiais sobre a saúde,
mesmerismo, hipnotismo, teosofia, ou espiritualismo?
9 Resposta. — Não inclui nenhum desses métodos. Na
Ciência divina, as supostas leis da matéria cedem à lei da
Mente. As denominadas ciências naturais e leis Métodos
12 materiais são os estados objetivos da mente mor- desprovidos
de mente
tal. O universo físico expressa os pensamentos
conscientes e inconscientes dos mortais. A força física e a
15 mente mortal são uma e a mesma coisa. As drogas e as teo-
rias materiais sobre a saúde se opõem à supremacia da Mente
divina. As drogas e a matéria inerte são inconscientes, não
18 têm mente. Alguns resultados que, segundo se supõe, provêm
das drogas, são em realidade causados pela fé que nelas tem a
consciência humana errônea, fé que lhe foi inculcada pela
21 educação.
O mesmerismo é ilusão material, mortal. O magnetismo
animal é a ação voluntária ou involuntária do erro em todas
24 as suas formas; é o antípoda humano da Ciência O magnetismo
divina. A Ciência tem de triunfar sobre o senso animal é erro
material, e a Verdade sobre o erro, dessa maneira pondo fim
27 às hipóteses incluídas em todas as teorias e práticas errôneas.
Pergunta. — Será que a materialidade e a espiritualidade
são concomitantes, e são necessários os sentidos materiais
30 como preliminares para se compreender e expressar o Espírito?
Ciência e Saúde Recapitulação 485
1 Resposta. — Se o erro fosse necessário para definir ou
revelar a Verdade, a resposta seria sim; do contrário, não.
3 Sentido material é uma locução absurda, pois a O erro é
matéria não tem sensação. A Ciência declara apenas
efêmero
que é a Mente, não a matéria, que vê, ouve, sente
6 e fala. Tudo o que contradiz essa declaração é o senso errô-
neo, o qual sempre trai os mortais, entregando-os à doença,
ao pecado e à morte. Se aquilo que não é importante e aquilo
9 que é mau aparecem, tão só para logo desaparecer devido à
sua inutilidade ou iniquidade, então esses quadros efêmeros
do erro devem ser aniquilados pela Verdade. Por que difamar
12 a Ciência Cristã pelo fato de ela ensinar aos mortais como tor-
nar cada vez mais evidente a irrealidade do pecado, da doença
e da morte?
15 Emerge suavemente da matéria para o Espírito. Não pen-
ses em resistir à suprema natureza espiritual de todas as coisas,
mas vem com naturalidade para o Espírito, por Translações
18 meio de melhor saúde e melhor moral, e como científicas
resultado do progresso espiritual. Não é a morte, mas
a compreensão da Vida, que torna imortal o homem. A
21 crença de que a vida possa estar na matéria ou a alma no
corpo, e de que o homem se origine do pó ou de um óvulo,
resulta do erro mortal que o Cristo, a Verdade, destrói pelo
24 cumprimento da lei espiritual do existir, na qual o homem
é perfeito assim como “perfeito é o ... Pai celeste”. Se o pensa-
mento cede seu domínio a outros poderes, não pode delinear
27 no corpo suas próprias belas imagens, mas as apaga, e deli-
neia fatores alheios, chamados doença e pecado.
Os deuses pagãos da mitologia não controlavam a guerra e
30 a agricultura, assim como os nervos não controlam a sensação,
nem os músculos servem de medida para a força. Crenças
Dizer que a força está na matéria, é como dizer materiais
33 que a força motriz está na alavanca. A noção de que haja vida
Ciência e Saúde Recapitulação 486
1 ou inteligência na matéria não está fundamentada em fatos, e
não podes ter fé na falsidade depois de teres conhecido a ver-
3 dadeira natureza da falsidade.
Suponhamos que ocorra um acidente à vista, outro ao
ouvido e assim por diante, até que todos os sentidos corpó-
6 reos estejam destruídos. Qual seria o remédio Os sentidos
para o homem? Morrer, para recuperar esses versus a Alma
sentidos? Mesmo se morresse, ele teria de adquirir a compre-
9 ensão espiritual e o senso espiritual, para entrar na posse da
consciência imortal. É preciso tirar o máximo proveito da
escola preparatória da terra. Em realidade, o homem nunca
12 morre. A crença de que ele morre não estabelece sua harmo-
nia científica. A morte não é o resultado da Verdade, mas do
erro, e um erro não corrige outro.
15 Jesus provou pelas marcas dos pregos que, imediatamente
depois da morte, seu corpo era o mesmo de antes. Se a morte
restituísse ao homem a vista, a audição e a força, A morte é
18 então a morte não seria uma inimiga, mas uma um erro
amiga melhor do que a Vida. É lamentável a cegueira da
crença que faz a harmonia depender da morte e da matéria
21 e, além disso, supõe que a Mente seja incapaz de produzir a
harmonia! Enquanto perdurar essa crença errônea, os mor-
tais continuarão a ser mortais em crença e estarão sujeitos
24 ao acaso e às mudanças.
A visão, a audição, todos os sentidos espirituais do homem
são eternos. É impossível perdê-los. Sua realidade e imorta-
27 lidade estão no Espírito e na compreensão, não Percepção
na matéria — daí sua permanência. Se assim permanente
não fosse, o homem seria rapidamente aniquilado. Se os
30 cinco sentidos corpóreos fossem o meio para se compreender
a Deus, então a paralisia, a cegueira e a surdez colocariam o
homem em uma situação terrível, na qual ele seria como os
33 que vivem “não tendo esperança e sem Deus no mundo”; mas
o fato é que essas calamidades frequentemente impelem os
Ciência e Saúde Recapitulação 487
1 mortais a procurar e encontrar um senso mais elevado de
felicidade e de existência.
3 A Vida é imorredoura. A Vida é a origem e a realidade
suprema do homem, e a ela nunca se pode chegar pela morte,
mas sim andando na vereda da Verdade, tanto O exercício das
6 antes como depois daquilo que se chama morte. faculdades
da Mente
Há mais Cristianismo em ver e ouvir espiritual-
mente, do que materialmente. Há mais Ciência no exercício
9 perpétuo das faculdades da Mente, do que na sua perda. Não
é possível perdê-las, visto que a Mente subsiste. A compreen-
são disso deu vista aos cegos e audição aos surdos séculos atrás
12 e repetirá essa maravilha.
Pergunta. — A Senhora fala de crença. Quem é, ou o que
é esse que acredita?
15 Resposta. — O Espírito sabe tudo; isso exclui a necessi-
dade de acreditar. A matéria não pode crer, e a Mente com-
preende. O corpo não pode crer. A crença e A compreensão
aquele que acredita são uma e a mesma coisa, versus a crença
18
e são mortais. A evidência cristã se fundamenta na Ciência,
ou seja, na Verdade demonstrável que flui da Mente imortal,
21 e em realidade não existe tal coisa como a mente mortal. A
mera crença é cegueira sem o Princípio a partir do qual ela
possa explicar a razão de sua esperança. A crença de que a
24 vida seja matéria sensível e inteligente é errônea.
O Apóstolo Tiago disse: “Mostra-me essa tua fé sem as
obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé”. A com-
27 preensão de que a Vida é Deus, o Espírito, prolonga nossos
dias, fortalecendo nossa confiança na imorredoura realidade
da Vida, na sua onipotência e imortalidade.
30 Essa fé se apoia em um Princípio compreendido. Esse
Princípio restaura a saúde aos doentes e traz à luz os aspectos
Ciência e Saúde Recapitulação 488
1 duradouros e harmoniosos das coisas. Nossos ensinamentos
são suficientemente confirmados por seus resultados. Quando,
3 valendo-te dessas instruções, consegues elimi- Confirmação
nar uma doença grave, a cura mostra que com- pela cura
preendes esse ensinamento e, portanto, recebes a bênção
6 da Verdade.
As palavras em hebraico e em grego, muitas vezes tradu-
zidas pelo verbo crer, têm um significado um pouco diferente
9 daquele que esse verbo transmite; elas têm mais Crer e confiar
o sentido de fé, compreensão, confiança, cons- com firmeza
tância, firmeza. É por isso que nossa versão corrente das
12 Escrituras muitas vezes parece aprovar e sancionar o ato de
crer, quando quer reforçar a necessidade de compreender.
Pergunta. — É o homem constituído dos cinco sentidos
15 corpóreos?
Resposta. — A Ciência Cristã sustenta, com prova imor-
tal, a impossibilidade de haver sentidos materiais e define
18 esses chamados sentidos como crenças mortais, Todas as faculdades
cujo testemunho não pode ser verídico, nem a provêm da Mente
respeito do homem, nem a respeito do seu Criador. Os senti-
21 dos corpóreos não têm capacidade para conhecer a realidade
espiritual e a imortalidade. Os nervos não têm sensação, a
não ser aquela que a crença lhes concede, assim como as
24 fibras de uma planta também não têm sensação. Só a Mente
possui todas as faculdades, toda a percepção e compreensão.
Por isso, as capacidades mentais não estão à mercê da organi-
27 zação nem da decomposição — do contrário, os próprios ver-
mes poderiam aniquilar o homem. Se fosse possível aos
verdadeiros sentidos do homem sofrer lesões, a Alma poderia
30 restaurá-los em toda a sua perfeição; mas eles não podem ser
perturbados nem destruídos, pois existem na Mente imortal,
não na matéria.
Ciência e Saúde Recapitulação 489
1 Quanto menos mente se manifesta na matéria, tanto
melhor. Quando a lagosta, que não pensa, perde uma das
3 pinças, esta cresce de novo. Se a Ciência da As possibilidades
Vida fosse compreendida, ficaria constatado da Vida
que os sentidos da Mente nunca se perdem e que a matéria
6 não tem sensação. Então uma perna ou um braço seria pron-
tamente substituído, como a pinça da lagosta — não por
uma prótese, mas por crescimento natural. Qualquer hipó-
9 tese de que a vida esteja na matéria é uma crença imposta
pela educação. No caso de recém-nascidos, essa crença não
é capaz de guiar a mão à boca; e à medida que a consciência
12 se desenvolve, essa crença desaparece — cede à realidade da
Vida perpétua.
O senso corpóreo defrauda e profere mentiras; viola
15 todos os mandamentos do Decálogo para atender suas pró-
prias exigências. Como pode, então, esse senso Desobediência
ser o canal divino mediante o qual Deus propi- ao Decálogo
18 cia ao homem bênçãos e compreensão? Como pode o homem,
que reflete a Deus, depender de meios materiais para saber,
ouvir e ver? Quem ousa dizer que os sentidos do homem
21 podem, em um dado momento, ser um meio de pecar contra
Deus e, em outro, um meio de obedecer a Deus? Uma res-
posta afirmativa contradiria as Escrituras, pois da mesma
24 fonte não jorra água doce e água amarga.
Os sentidos corpóreos são a única fonte do mal, ou seja, do
erro. A Ciência Cristã mostra que eles são falsos, porque a maté-
27 ria não tem sensação, e nenhuma estrutura orgâ- A estrutura
nica pode lhe dar a capacidade de ouvir e ver, orgânica não
tem valor
nem fazer da matéria o instrumento da Mente.
30 Fora do senso material das coisas, tudo é harmonia. Um senso
errôneo a respeito de Deus, do homem e da criação é uma insen-
satez, uma falta de senso. A crença mortal considera os sentidos
33 materiais às vezes bons e às vezes maus. Ela assegura aos mor-
tais que existe prazer genuíno no pecado; mas as grandiosas
Ciência e Saúde Recapitulação 490
1 verdades da Ciência Cristã contestam esse erro.
A força de vontade é apenas um produto da crença e essa
3 crença comete depredações contra a harmonia. A vontade
humana é uma propensão animal e não uma A força de vontade
faculdade da Alma. Por isso, não pode gover- é propensão animal
6 nar o homem corretamente. A Ciência Cristã revela que a
Verdade e o Amor são as forças motrizes do homem. A von-
tade — cega, obstinada e impetuosa — coopera com os vícios
9 e os sentimentos descontrolados. Dessa cooperação provém
o mal que ela encerra. Daí vem também sua falta de poder,
porque todo o poder pertence a Deus, o bem.
12 A Ciência da Mente precisa ser compreendida. Até que
ela seja compreendida, os mortais estão, em maior ou menor
grau, privados da Verdade. As teorias huma- As teorias são
15 nas são impotentes para tornar harmonioso ou impotentes
imortal o homem, porque ele já é harmonioso e imortal,
de acordo com a Ciência Cristã. Nossa única necessidade
18 é saber isso e, de forma prática, viver o Amor, o Princípio
divino do homem real.
“Não apagueis o Espírito. Não desprezeis as profecias.”
21 Pela lógica da crença humana — o conhecimento obtido dos
chamados sentidos materiais — o homem seria A verdadeira
aniquilado junto com a dissolução dos elemen- natureza e origem
24 tos do barro. As explicações cientificamente cristãs da natu-
reza e da origem do homem destroem todo o senso material
por meio do testemunho imortal. Esse testemunho imortal
27 abre caminho ao senso espiritual do existir, que não pode ser
obtido de nenhuma outra maneira.
O sono e o mesmerismo explicam a natureza mítica do
30 senso material. O sono mostra que o senso material ou é esque-
cimento, nulidade, ou é uma ilusão, um sonho. O sono é
Sob a ilusão mesmérica da crença, um homem uma ilusão
33 pensará que está com muito frio, ao passo que está com calor,
Ciência e Saúde Recapitulação 491
1 e que está nadando, quando está em terra firme. Picadas de
agulha não lhe causarão dor. Um perfume delicioso lhe pare-
3 cerá intolerável. O magnetismo animal põe assim o senso
material a descoberto e mostra que este é uma crença que não
tem fundamento verdadeiro nem validade. Se mudas a crença,
6 a sensação muda. Se destróis a crença, a sensação desaparece.
O homem material é constituído de erro voluntário e
involuntário, de um bem negativo e de um mal positivo,
9 e este último se autodefine como sendo o bem. O homem
A individualidade espiritual do homem nunca é vinculado
ao Espírito
está sujeita a errar. Ela é a semelhança do Criador
12 do homem. A matéria não pode conectar os mortais com a
verdadeira origem e os fatos do existir, nos quais tudo tem
de convergir. Só reconhecendo a supremacia do Espírito,
15 que anula as alegações da matéria, é que os mortais podem
se desfazer da mortalidade e encontrar o vínculo espiritual
indissolúvel, que estabelece o homem para sempre na seme-
18 lhança divina, inseparável de seu Criador.
A crença de que a matéria e a mente sejam uma coisa só —
que a matéria ora esteja acordada, ora adormecida, às vezes
21 não tendo nenhuma semelhança com a mente — O homem material
essa crença culmina em outra crença, a de que o é como um sonho
homem possa morrer. A Ciência revela que o homem mate-
24 rial nunca é a entidade real do homem. O sonho, a crença,
continua, quer nossos olhos estejam fechados, quer abertos.
Durante o sono, o corpo não tem memória nem consciência,
27 e estas vagueiam por onde querem, aparentemente com sua
própria corporificação separada. A pessoalidade não é a
individualidade do homem. Um homem mau pode ser uma
30 pessoa atraente.
Quando estamos acordados, sonhamos com as dores e os
prazeres da matéria. Quem negaria, ainda que A existência
33 não entenda a Ciência Cristã, que esse sonho — espiritual é
o único fato
em vez de o sonhador — possa ser o homem
mortal? Quem pode, racionalmente, dizer o contrário, já que
Ciência e Saúde Recapitulação 492
1 o sonho deixa intacto o homem mortal, no corpo e no pensa-
mento, embora o chamado sonhador esteja inconsciente? Para
3 raciocinar corretamente deve estar presente no pensamento
um só fato, a saber, a existência espiritual. Na realidade, não
há outra existência, porque a Vida não pode ser unida à sua
6 dessemelhança, a mortalidade.
O existir é santidade, harmonia, imortalidade. Já está
provado que um conhecimento disso, ainda que em pequeno
9 grau, elevará o padrão físico e moral dos mor- A Mente é uma
tais, aumentará a longevidade, purificará e ele- e é tudo
vará o caráter. Assim, o progresso destruirá finalmente
12 todo o erro e trará a imortalidade à luz. Sabemos que uma
declaração comprovadamente boa tem de ser correta.
Constantemente novos pensamentos estão conseguindo
15 ganhar a atenção. Estas duas teorias contraditórias — que
a matéria seja algo, ou que tudo é a Mente — disputarão o
terreno, até que uma delas seja reconhecida vencedora.
18 Referindo-se à sua campanha, o General Grant disse:
“Proponho manter esta linha de combate até o fim, ainda
que tome todo o verão”. A Ciência diz: tudo é a Mente e
21 a ideia da Mente. Tens de manter essa linha de combate.
A matéria não pode te oferecer nenhuma ajuda.
A noção de que a mente e a matéria se misturem na ilu-
24 são humana quanto ao pecado, à doença e à morte terá de
se submeter afinal à Ciência da Mente, que nega Ultimato
essa noção. Deus é a Mente e Deus é infinito; científico
27 portanto tudo é a Mente. Nessa declaração assenta a Ciência
do existir, e o Princípio dessa Ciência é divino, demonstrando
harmonia e imortalidade.
30 A teoria conservadora, há muito tempo aceita, é a de que
existam dois fatores, a matéria e a mente, que se unem a partir
de alguma premissa impossível. Essa teoria manteria a verdade
33 e o erro sempre em guerra. Nenhum dos dois sairia vitorioso.
Ciência e Saúde Recapitulação 493
1 Por outro lado, a Ciência Cristã rapidamente mostra que a
Verdade triunfa. Para o senso corpóreo parece que o sol
3 nasce e se põe, e que a terra está parada; mas a Vitória para
ciência da astronomia contradiz isso, e explica a Verdade
que o sistema solar funciona de acordo com um plano dife-
6 rente. Toda a evidência do senso físico e todo o conheci-
mento obtido do senso físico têm de ceder à Ciência, à
verdade imortal de todas as coisas.
9 Pergunta. — A Senhora poderia explicar a doença e
mostrar como curá-la?
Resposta. — O método de cura pela Mente na Ciência
12 Cristã foi apresentado em um capítulo anterior intitulado “A
prática da Ciência Cristã”. A resposta completa Preparação
à pergunta acima implica o ensino, o qual habi- mental
15 lita o sanador a demonstrar e provar por si mesmo o
Princípio e a regra da Ciência Cristã, ou seja, a cura
metafísica.
18 A Mente tem de ser reconhecida como superior a todas as
crenças dos cinco sentidos corpóreos, e capaz de destruir
todos os males. A enfermidade é uma crença A Mente destrói
que tem de ser aniquilada pela Mente divina. todos os males
21
A doença é uma experiência da chamada mente mortal. É
medo manifestado no corpo. A Ciência Cristã elimina esse
24 senso físico de desarmonia, do mesmo modo como elimina
qualquer outro senso de desarmonia moral ou mental. Que
o homem seja material, e que a matéria sofra — são propo-
27 sições que só podem parecer reais e naturais na ilusão.
Qualquer senso de que haja alma na matéria não é a reali-
dade do existir.
30 Se Jesus despertou Lázaro do sonho, da ilusão, da morte,
isso provou que o Cristo é capaz de melhorar um senso errô-
neo. Quem ousará pôr em dúvida essa prova consumada do
33 poder e da disposição da Mente divina, de manter o homem
Ciência e Saúde Recapitulação 494
1 para sempre intacto no seu estado perfeito e de governar
toda a ação do homem? Jesus disse: “Destruí este santuário
3 [corpo], e em três dias [Eu, a Mente] o reconstruirei”; e foi o
que ele fez para renovar a confiança da humanidade cansada.
Não será uma espécie de heresia acreditar que uma obra
6 tão grandiosa como a do Messias tenha sido realizada para
si mesmo ou para Deus, que não precisava da O Amor divino
ajuda do exemplo de Jesus para preservar a har- é inesgotável
9 monia eterna? Mas os mortais sim, necessitavam dessa ajuda,
e Jesus lhes apontou o caminho. O Amor divino sempre
satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana. Não
12 é bom imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino
de curar somente para um número seleto de pessoas ou por
um período de tempo limitado, pois para toda a humanidade
15 e a todo momento o Amor divino propicia todo o bem.
O milagre da graça não é milagre para o Amor. Jesus
demonstrou a incapacidade da corporalidade, bem como
18 a capacidade infinita do Espírito, ajudando assim A razão e
o errôneo senso humano a fugir de suas pró- a Ciência
prias convicções e a procurar segurança na Ciência divina.
21 A razão, bem dirigida, ajuda a corrigir os erros do senso cor-
póreo; mas o pecado, a doença e a morte parecerão reais
(assim como parecem reais as experiências dos sonhos,
24 quando dormimos) até que a Ciência da harmonia eterna
do homem rompa aquelas ilusões com a realidade do existir
científico, realidade essa que jamais se rompeu.
27 Qual destas duas teorias concernentes ao homem estás
disposto a aceitar? Uma delas é o testemunho mortal, mutável,
perecível, irreal. A outra é a evidência eterna, real, que tem o
30 sinete da Verdade, e cujo regaço está repleto de frutos imortais.
Nosso Mestre expulsava os demônios (os males) e curava
os doentes. Deve-se poder dizer também de seus seguidores,
33 que eles expulsam o medo e todo o mal tanto de si mesmos
Ciência e Saúde Recapitulação 495
1 como de outros, e que curam os doentes. Deus cura os
doentes por intermédio do homem, sempre que Os seguidores
o homem é governado por Deus. A Verdade de Jesus
3
expulsa o erro hoje tão certamente como o fazia há dezenove
séculos. A Verdade não é compreendida no seu todo; por
6 isso seu poder de cura não é demonstrado plenamente.
Se a doença fosse verdadeira, ou se fosse a ideia da
Verdade, não poderias destruir a doença e seria absurdo
9 tentá-lo. Classifica então a doença e o erro A destruição
como o fez nosso Mestre, quando se referiu à de todo o mal
mulher doente como aquela “a quem Satanás trazia presa”, e
12 encontra tu o supremo antídoto para o erro no poder vivifi-
cante da Verdade, que atua sobre a crença humana, poder
esse que abre as portas do cárcere aos que estão presos e liberta
15 os cativos física e moralmente.
Quando a ilusão da doença ou do pecado te tentar,
agarra-te firmemente a Deus e Sua ideia. Não permitas que
18 coisa alguma, a não ser Sua semelhança, per- Confiança calma
maneça no teu pensamento. Não deixes que e inabalável
o medo ou a dúvida obscureçam tua clara compreensão e tua
21 calma confiança de que o reconhecer a vida harmoniosa —
como a Vida é, eternamente — pode destruir toda sensação
dolorosa daquilo que a Vida não é ou toda crença naquilo
24 que ela não é. Deixa que a Ciência Cristã, em vez de o senso
corpóreo, sustente tua compreensão do existir, e essa com-
preensão suplantará o erro pela Verdade, substituirá a morta-
27 lidade pela imortalidade e imporá silêncio à desarmonia
mediante a harmonia.
Pergunta. — Como posso progredir o mais rapidamente
30 possível na compreensão da Ciência Cristã?
Resposta. — Estuda a fundo a letra e embebe-te do espí-
rito. Adere ao Princípio divino da Ciência Cristã Rudimentos
33 e segue as ordens de Deus, permanecendo firme- e progresso
mente na sabedoria, na Verdade e no Amor. Na Ciência da
Ciência e Saúde Recapitulação 496
1 Mente, em breve constatarás que o erro não pode destruir o
erro. Aprenderás também que na Ciência não há transmis-
3 são de sugestões malévolas de um mortal a outro, porque
existe só uma Mente, e essa Mente sempre presente e todo-
poderosa é refletida pelo homem e governa o universo inteiro.
6 Aprenderás que na Ciência Cristã o primeiro dever é obede-
cer a Deus, ter uma Mente só, e amar aos outros como a
ti mesmo.
9 Todos temos de aprender que a Vida é Deus. Pergunta-te:
Estou vivendo a vida que mais se aproxima do Condição para
bem supremo? Estou demonstrando o poder o progresso
12 de cura da Verdade e do Amor? Se assim for, então o cami-
nho se tornará cada vez mais claro “até ser dia perfeito”.
Teus frutos darão provas daquilo que o compreender a Deus
15 traz ao homem. Mantém perpetuamente este pensamento —
de que é a ideia espiritual, o Espírito Santo e o Cristo, que te
habilita a demonstrar, com certeza científica, a regra da cura
18 baseada em seu Princípio divino, o Amor, que está por baixo,
por cima e em volta de todo o verdadeiro existir.
“O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é
21 a lei” — a lei da crença mortal, que está em guerra contra os
fatos da Vida imortal, isto é, contra a lei espiri- O triunfo sobre
a morte
tual que diz ao sepulcro: “Onde está... a tua
24 vitória?” Mas, “quando este corpo corruptível se revestir de
incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortali-
dade, então se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada
27 foi a morte pela vitória”.
Pergunta. — Têm os Cientistas Cristãos algum dogma
religioso?
30 Resposta. — Não, se com esse termo se quer dizer crenças
doutrinárias. O que segue é uma breve relação dos pontos
Ciência e Saúde Recapitulação 497
1 teológicos importantes, ou seja, dos fundamentos da Ciência
Cristã:
3 1. Como adeptos da Verdade, tomamos a Palavra inspi-
rada da Bíblia como nosso guia suficiente para a Vida eterna.
2. Reconhecemos e adoramos o Deus único, supremo e
6 infinito. Reconhecemos Seu Filho, o Cristo único; o Espírito
Santo, ou seja, o Consolador, o Confortador divino; e o
homem como imagem e semelhança de Deus.
9 3. Reconhecemos que o perdão do pecado, por parte de
Deus, consiste na destruição do pecado e na compreensão
espiritual que expulsa o mal por discernir que ele é irreal.
12 Mas a crença no pecado é castigada enquanto ela perdura.
4. Reconhecemos a obra de reconciliação realizada por
Jesus como evidência do eficaz Amor divino, que desdobra
15 a unidade do homem com Deus por meio de Cristo Jesus,
aquele que mostrou o Caminho; e reconhecemos que o
homem é salvo por meio do Cristo, por meio da Verdade,
18 da Vida e do Amor, como foi demonstrado pelo Profeta da
Galileia ao curar os doentes e ao vencer o pecado e a morte.
5. Reconhecemos que a crucificação de Jesus e sua
21 ressurreição cumpriram o propósito de elevar a fé até a
compreensão da Vida eterna, ou seja, o fato de que a Alma,
o Espírito, é tudo, e de que a matéria nada é.
24 6. E solenemente prometemos ser vigilantes, e orar para
haver em nós aquela Mente que havia também em Cristo
Jesus; fazer aos outros o que desejamos que eles nos façam;
27 e ser misericordiosos, justos e puros.
A Chave das Escrituras
Estas coisas diz o Santo,
o Verdadeiro,
Aquele que tem a chave de Davi,
que abre, e ninguém fechará,
e que fecha, e ninguém abrirá:
Conheço as tuas obras —
eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta,
a qual ninguém pode fechar. — Apocalipse.
Capítulo 15
Gênesis
Apareci a Abraão, a Isaque e a Jacó
como Deus Todo-Poderoso;
mas pelo Meu nome, O Senhor, não lhes fui conhecido. — Êxodo.
Todas as coisas foram feitas por intermédio dEle,
e, sem Ele, nada do que foi feito se fez.
A vida estava nEle e a vida era a luz dos homens. — João.
3
A interpretação científica das Escrituras começa, correta-
mente, pelo início do Antigo Testamento, principalmente
porque o significado espiritual da Palavra, em Interpretação
seus primeiros relatos, muitas vezes parece de espiritual
tal forma encoberto pelo contexto imediato, que requer expli-
6 cação; ao passo que as narrativas do Novo Testamento são
mais claras e tocam mais de perto o coração. Jesus as ilumina,
mostrando a pobreza da existência mortal, mas compensando
9 ricamente as carências e aflições humanas com o ganho espiri-
tual. A encarnação da Verdade, aquela amplificação de
maravilha e de glória, que os anjos apenas podiam sussurrar
12 e que Deus manifestou em luz e harmonia, está em consonân-
cia com o Amor sempre presente. Os chamados mistérios e
milagres, que cooperam para o objetivo do bem natural,
15 explicam-se por aquele Amor a cujo aconchego aspiram os
que estão cansados, quando necessitam de algo mais de
acordo com seus anseios imortais do que a história do mal
18 perpétuo.
501
Ciência e Saúde Gênesis 502
1 Outra razão pela qual é necessário começar com o Gênesis
é que o prelúdio vivo e real das Escrituras mais antigas é tão
3 curto que, a julgar pela preponderância da irrea- Prelúdio
lidade no relato inteiro, quase pareceria não haver espiritual
predominância da realidade sobre a irrealidade, da luz sobre
6 a escuridão, da linha reta do Espírito sobre os desvios mor-
tais e as imagens invertidas a respeito do Criador e Sua criação.
Considerando espiritualmente sua sequência, o livro do
9 Gênesis é a história da falsa imagem de Deus, denominada
pecador mortal. Essa inversão da imagem refle- A inversão da imagem
tida do existir, focalizada corretamente, tem o refletida do existir
12 propósito de sugerir o verdadeiro reflexo de Deus e a reali-
dade espiritual do homem, como aparecem no primeiro capí-
tulo do Gênesis. Da mesma maneira, as formas toscas do
15 pensamento humano são percebidas como símbolos e assu-
mem significados mais elevados, à medida que aparecem as
perspectivas cientificamente cristãs sobre o universo, ilumi-
18 nando o tempo com a glória da eternidade.
No estudo seguinte, cada texto é seguido de sua interpre-
tação espiritual de acordo com os ensinamentos da Ciência
21 Cristã.
Exegese
Gênesis 1:1. No princípio, criou Deus os céus e a terra.
24 O infinito não principia. A palavra princípio é aqui
empregada para significar o único — isto é, a eterna realidade
e unidade constituída por Deus e o homem, Ideias e
27 incluindo o universo. O Princípio criador — a identidades
Vida, a Verdade e o Amor — é Deus. O universo reflete a
Deus. Há um só Criador e uma só criação. Essa criação
Ciência e Saúde Gênesis 503
1 consiste no desdobramento de ideias espirituais e suas identi-
dades, que estão abrangidas na Mente infinita e são para
3 sempre refletidas. Essas ideias estão ordenadas desde o infi-
nitésimo até o infinito, e as ideias mais elevadas são os filhos
e as filhas de Deus.
6 Gênesis 1:2. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia
trevas sobre a face do abismo, e o espírito de Deus pairava por
sobre as águas.
9 O Princípio divino e a ideia divina constituem a harmonia
espiritual — o céu e a eternidade. No universo da Verdade a
matéria é desconhecida. Nenhuma suposição de Harmonia
erro ali penetra. A Ciência divina, a Palavra espiritual
12
de Deus, diz às trevas que encobrem a face do erro: “Deus é
Tudo-em-tudo”, e a luz do Amor sempre presente ilumina o
15 universo. Daí a maravilha eterna — de que o espaço infinito
é povoado com as ideias de Deus, as quais O refletem em
incontáveis formas espirituais.
18 Gênesis 1:3. Disse Deus: Haja luz; e houve luz.
A Mente divina e imortal apresenta a ideia de Deus: pri-
meiro, como luz; segundo, como reflexão, reflexo; terceiro,
21 como formas espirituais e imortais da beleza e A ideia da Mente
do bem. Mas essa Mente não cria nenhum ele- não tem falhas
mento ou símbolo de desarmonia e deterioração. Deus não
24 cria nem pensamento que erra, nem vida mortal, nem ver-
dade mutável, nem amor variável.
Gênesis 1:4. E viu Deus que a luz era boa; e fez separação entre
27 a luz e as trevas.
Deus, o Espírito, que permanece na infinita luz e harmonia
Ciência e Saúde Gênesis 504
1 de onde emana a ideia verdadeira, nunca é refletido por algo
que não seja o bem.
3 Gênesis 1:5. Chamou Deus à luz Dia e às trevas, Noite. Houve
tarde e manhã, o primeiro dia.
Todas as questões sobre a criação divina ser tanto espiri-
6 tual como material estão respondidas nesse trecho porque,
embora os raios solares ainda não estejam incluí- A luz precede
dos no relato da criação, mesmo assim a luz o sol
9 existe. Essa luz não provém do sol nem de chamas vulcâni-
cas, mas é a revelação da Verdade e das ideias espirituais.
Isso mostra também que não há lugar onde a luz de Deus não
12 seja vista, porque a Verdade, a Vida e o Amor preenchem a
imensidade e estão sempre presentes. Não foi essa uma reve-
lação, em vez de uma criação?
15 O aparecimento sucessivo das ideias de Deus é represen-
tado como algo que ocorre em várias tardes e manhãs —
palavras essas que, na ausência do tempo solar, Tardes e
indicam conceitos espiritualmente mais claros manhãs
18
a respeito de Deus, conceitos que não estão incluídos na
noção material de trevas e alvorecer. Aqui temos a explicação
21 para outro trecho das Escrituras, que diz: “Para o Senhor, um
dia é como mil anos”. Os raios da Verdade infinita, quando
convergem para um foco de ideias, produzem luz instantanea-
24 mente, ao passo que mil anos de doutrinas humanas, hipóteses
e vagas conjeturas não emitem tal fulgor.
Teria a Mente infinita criado a matéria, chamando-a luz?
27 O Espírito é a luz, e a contradição do Espírito é a matéria, é a
escuridão, e a escuridão oculta a luz. O senso O Espírito versus
material nada mais é do que uma suposição de a escuridão
30 que o Espírito esteja ausente. Nem os raios solares nem as
Ciência e Saúde Gênesis 505
1 revoluções planetárias formam o dia do Espírito. A Mente
imortal registra sua própria ação, mas no primeiro capítulo
3 do Gênesis não há registro da mente mortal, do sono, dos
sonhos, do pecado, da doença e da morte.
Gênesis 1:6. E disse Deus: Haja firmamento no meio das águas
6 e separação entre águas e águas.
A compreensão espiritual, que faz a separação entre a
Verdade e a concepção humana, ou seja, o senso material, é o
9 que constitui o firmamento. A Mente divina, O firmamento
não a matéria, cria todas as identidades, e estas espiritual
são formações da Mente, ideias do Espírito, perceptíveis ape-
12 nas como sendo a Mente, jamais como se fossem a matéria
sem mente, nem como os chamados sentidos materiais.
Gênesis 1:7. Fez, pois, Deus o firmamento e separação entre
15 as águas debaixo do firmamento e as águas sobre o firmamento.
E assim se fez.
O Espírito proporciona a compreensão que eleva a cons-
18 ciência e conduz a toda a verdade. O Salmista diz: “O Senhor
nas alturas é mais poderoso do que o bramido A compreensão
das grandes águas, do que os poderosos vaga- vem do Espírito
21 lhões do mar”. O senso espiritual é o discernimento do bem
espiritual. A compreensão é a linha de demarcação entre o
real e o irreal. A compreensão espiritual revela a Mente — a
24 Vida, a Verdade e o Amor — e demonstra o senso divino,
dando a prova espiritual do universo na Ciência Cristã.
Essa compreensão não é intelectual, não é o resultado de
27 conhecimentos eruditos; é a realidade de todas as coisas tra-
zida à luz. As ideias de Deus refletem o imor- Original
tal, o infalível e o infinito. O mortal, o falível e refletido
30 o finito são crenças humanas, que atribuem a si mesmas uma
Ciência e Saúde Gênesis 506
1 tarefa que lhes é impossível cumprir, ou seja, a de distinguir
entre o falso e o verdadeiro. Objetos completamente desse-
3 melhantes do original não refletem esse original. Portanto,
a matéria, por não ser o reflexo do Espírito, não tem entidade
real. A compreensão é uma qualidade de Deus, qualidade
6 que separa a Ciência Cristã da suposição e faz com que a
Verdade seja definitiva.
Gênesis 1:8. E chamou Deus ao firmamento Céus. Houve
9 tarde e manhã, o segundo dia.
Por meio da Ciência divina, o Espírito, Deus, une a com-
preensão à harmonia eterna. O pensamento O pensamento
12 calmo e elevado, isto é, a percepção espiritual, elevado
está em paz. Assim continua o despontar das ideias, formando
cada fase sucessiva de progresso.
15 Gênesis 1:9. Disse também Deus: Ajuntem-se as águas debaixo
dos céus num só lugar, e apareça a porção seca. E assim se fez.
O Espírito, Deus, reúne em canais apropriados os pensa-
18 mentos ainda não formados e desdobra esses O desdobrar
pensamentos, assim como Ele faz abrir as péta- de pensamentos
las de um propósito sagrado, para que esse propósito possa
21 aparecer.
Gênesis 1:10. À porção seca chamou Deus Terra e ao ajunta-
mento das águas, Mares. E viu Deus que isso era bom.
24 Aqui, o conceito humano e a ideia divina parecem ter
sido confundidos pelo tradutor, mas esses conceitos não estão
confundidos no significado cientificamente cris- O Espírito dá
27 tão do texto. A Adão coube a tarefa agradável nomes e abençoa
de achar nomes para todas as coisas materiais, mas Adão
Ciência e Saúde Gênesis 507
1 ainda não apareceu no relato. Metaforicamente, a porção
seca representa as formações absolutas instituídas pela
3 Mente, ao passo que a água simboliza os elementos da Mente.
O Espírito alimenta e veste devidamente cada objeto, à
medida que aparece na ordem da criação espiritual, expres-
6 sando assim ternamente a paternidade e a maternidade de
Deus. O Espírito dá nome a tudo e a tudo abençoa. Sem
uma natureza particularmente definida, os objetos e os seres
9 seriam indistintos, como forasteiros em um mato emara-
nhado, e a criação estaria cheia de uma prole sem nome, des-
garrada da Mente paterna.
12 Gênesis 1:11. E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que deem
semente e árvores frutíferas que deem fruto segundo a sua espécie,
cuja semente está em si mesma, sobre a terra. E assim se fez.*
15 O universo do Espírito reflete o poder criador do Princípio
divino, a Vida, que reproduz as múltiplas formações da Mente
e governa a multiplicação da ideia composta, o Propagação
18 homem. A árvore e a erva dão fruto, não devido divina
a algum poder propagador próprio, mas sim porque refletem a
Mente que inclui tudo. Um mundo material implicaria a
21 existência de uma mente mortal e do homem como criador.
A criação divina e científica proclama a Mente imortal e o
universo criado por Deus.
24 A Mente infinita cria e governa tudo, desde uma molécula
mental até a infinidade. Esse Princípio divino de tudo expressa
a Ciência e a arte em toda a Sua criação, e A criação
27 expressa também a imortalidade do homem aparecendo
continuamente
e do universo. A criação está sempre apare-
cendo e tem de continuar a aparecer perpetuamente, devido à
30 natureza de sua fonte inesgotável. O senso mortal inverte esse
aparecer e diz que as ideias são materiais. Assim mal inter-
pretada, a ideia divina parece cair ao nível da crença humana,
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 508
1 material, chamada homem mortal. Mas a semente está em si
mesma apenas porque a Mente divina é Tudo e reproduz
3 tudo — visto que a Mente é a multiplicadora, e a ideia infi-
nita da Mente, o homem e o universo, é o produto. A única
inteligência ou substância de um pensamento, de uma
6 semente, ou de uma flor, é Deus, seu Criador. A Mente é a
Alma de tudo. A Mente é a Vida, a Verdade e o Amor, que
governa tudo.
9 Gênesis 1:12. A terra, pois, produziu relva, ervas que davam
semente segundo a sua espécie e árvores que davam fruto,
cuja semente estava em si mesma, conforme a sua espécie. E viu
12 Deus que isso era bom.*
Deus determina o gênero de Suas próprias ideias. O gênero
é mental, não material. A semente que está em si mesma é o
15 pensamento puro que emana da Mente divina. O pensamento
O gênero feminino ainda não foi expresso no puro da Mente
texto. Gênero significa simplesmente espécie ou classe, e não
18 se refere necessariamente à natureza masculina ou feminina.
Essa palavra não está limitada à sexualidade, e as gramáti-
cas sempre reconhecem um gênero neutro, que não é nem
21 masculino nem feminino. A Mente, a inteligência produtora,
menciona o gênero feminino por último na ordem ascendente
da criação. A ideia inteligente individual, seja macho ou fêmea,
24 elevando-se do menor ao maior, é um desdobramento da
infinitude do Amor.
Gênesis 1:13. Houve tarde e manhã, o terceiro dia.
27 O terceiro estágio na ordem da Ciência Cristã é impor-
tante para o pensamento humano, deixando entrar a luz da
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 509
1 compreensão espiritual. Esse período corresponde à ressur-
reição, no qual se discerne que o Espírito é a Vida de tudo e
3 que a Vida imperecível, ou seja, a Mente, não Elevação
depende de nenhuma organização material. rumo à luz
Nosso Mestre reapareceu a seus alunos — para a percepção
6 destes ele ressurgiu do túmulo — no terceiro dia de seu pen-
samento ascendente, e assim apresentou-lhes a certeza de que
a Vida é eterna.
9 Gênesis 1:14. Disse também Deus: Haja luzeiros no firma-
mento dos céus, para fazerem separação entre o dia e a noite; e
sejam eles para sinais, para estações, para dias e anos.
12 O Espírito cria somente corpos celestiais, mas o universo
estelar não é mais celestial do que nossa terra. Esse texto dá
a ideia do pensamento que fica mais rarefeito à O pensamento
15 medida que ascende cada vez mais. Deus forma rarefeito
e povoa o universo. A luz da compreensão espiritual dá ape-
nas lampejos do infinito, assim como as nebulosas indicam a
18 imensidade do espaço.
As chamadas substâncias minerais, vegetais e animais
não dependem hoje do tempo nem da estrutura material,
21 assim como não dependiam “quando as estre- A natureza divina
las da alva, juntas, alegremente cantavam”. A aparece
Mente criou a “planta do campo antes que estivesse na terra”*.
24 Os períodos da ascensão espiritual são os dias e as épocas da
criação da Mente, nos quais a beleza, a sublimidade, a pureza
e a santidade — sim, a natureza divina — aparecem no
27 homem e no universo, e nunca desaparecem.
Por conhecer a Ciência da criação, na qual tudo é a Mente
e suas ideias, Jesus repreendeu o pensamento material dos
30 seus conterrâneos: “Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 510
1 céu e não podeis discernir os sinais dos tempos?” Quanto
mais deveríamos procurar captar as ideias espirituais de
3 Deus, em vez de nos deter nos objetos dos senti- Captar as ideias
dos! Para discernir o ritmo do Espírito e para espirituais
ser santo, o pensamento tem de ser puramente espiritual.
6 Gênesis 1:15. E sejam para luzeiros no firmamento dos céus,
para alumiar a terra. E assim se fez.
A Verdade e o Amor iluminam a compreensão, em cuja
9 “luz, vemos a luz”; e essa iluminação é refletida espiritual-
mente por todos os que andam na luz e viram-se em direção
oposta ao senso material e errôneo.
12 Gênesis 1:16. Fez Deus os dois grandes luzeiros: o maior para
governar o dia, e o menor para governar a noite; e fez também as
estrelas.
15 O sol é uma representação metafórica da Alma fora do
corpo, a qual dá existência e inteligência ao universo. Só o
Amor é que pode transmitir a ideia ilimitada a Lacunas da
respeito da Mente infinita. A geologia nunca geologia
18
explicou as formações da terra; ela não pode explicá-las. O
tempo foi dividido em tardes e manhãs antes de a Bíblia
21 mencionar a luz solar; e a alusão a fluidos (Gênesis 1:2) indica
a suposta formação da matéria pela transformação de fluidos
em sólidos, análoga à hipotética transformação dos pensa-
24 mentos em coisas materiais.
A luz é um símbolo da Mente, da Vida, da Verdade e do
Amor, e não uma propriedade vivificante da Subdivisão
espiritual
27 matéria. A Ciência revela que só existe uma
Mente e que essa Mente única brilha por sua própria luz e
governa em perfeita harmonia o universo, que inclui o
Ciência e Saúde Gênesis 511
1 homem. Essa Mente forma ideias, forma suas próprias ima-
gens, subdivide e irradia a luz, isto é, a inteligência que elas
3 têm por empréstimo, e assim explica a frase das Escrituras:
“cuja semente está em si mesma”*. Dessa maneira, as ideias
de Deus se multiplicam e enchem a terra. A Mente divina
6 sustenta a sublimidade, a magnitude e a infinitude da criação
espiritual.
Gênesis 1:17, 18. E [Deus] os colocou no firmamento dos céus
9 para alumiarem a terra, para governarem o dia e a noite e fazerem
separação entre a luz e as trevas. E viu Deus que isso era bom.
Na Ciência divina, que é o selo da Deidade e tem a marca
12 do céu, Deus é revelado como a luz infinita. Na As trevas são
Mente eterna não há noite. dissipadas
Gênesis 1:19. Houve tarde e manhã, o quarto dia.
15 O fulgor gradativo e o pleno esplendor das infinitas ideias
ou imagens de Deus marcam os períodos do progresso.
Gênesis 1:20. Disse também Deus: Povoem-se as águas de
18 enxames de seres viventes; e voem as aves sobre a terra, sob o
firmamento dos céus.
Para a mente mortal, o universo é líquido, sólido e aeri-
21 forme. Interpretados espiritualmente, os rochedos e as mon-
tanhas representam ideias sólidas e grandiosas. Aspirações que
Os animais e os mortais apresentam, metafori- se elevam
24 camente, a gradação do pensamento mortal, que sobe na
escala da inteligência e toma forma nos gêneros masculino,
feminino ou neutro. As aves que voam sobre a terra, sob o
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 512
1 firmamento dos céus, correspondem às aspirações que se ele-
vam para além e acima da corporalidade, rumo à compreen-
3 são do Princípio divino e incorpóreo, o Amor.
Gênesis 1:21. Criou, pois, Deus as grandes baleias e todos os
seres viventes que se movem, os quais povoavam abundantemente
6 as águas, segundo as suas espécies; e todas as aves, segundo as suas
espécies. E viu Deus que isso era bom.*
O Espírito é simbolizado pela força, presença e poder, e
9 também por pensamentos sagrados, alados de Amor. Esses
anjos da Sua presença, que têm o mais sagrado Símbolos
dos encargos, são abundantes na atmosfera seráficos
12 espiritual da Mente, e por conseguinte reproduzem suas pró-
prias características. A forma individual desses anjos nos é
desconhecida, mas o que sabemos é que sua natureza é ligada
15 à natureza de Deus; e as bênçãos espirituais, assim simboli-
zadas, são os estados exteriorizados, se bem que subjetivos,
da fé e da compreensão espiritual.
18 Gênesis 1:22. E Deus os abençoou, dizendo: Sede fecundos,
multiplicai-vos e enchei as águas dos mares; e, na terra, se multi-
pliquem as aves.
21 O Espírito abençoa a multiplicação de suas próprias ideias
puras e perfeitas. Dos elementos infinitos da Mente única
emanam toda forma, cor, qualidade e quanti- Multiplicação
dade, e estas são mentais, tanto primária como de ideias puras
24
secundariamente. A natureza espiritual dessas ideias só é dis-
cernida por meio dos sentidos espirituais. A mente mortal
27 inverte a verdadeira semelhança e dá nomes e natureza ani-
mal a seus próprios conceitos errôneos. Por ser ignorante
sobre a origem e as operações da mente mortal — isto é, por
30 ser ignorante a seu próprio respeito — essa mente, assim cha-
mada, apresenta suas próprias qualidades e alega que Deus é
seu autor; contudo, Deus não conhece a existência nem dessa
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 513
1 chamada mentalidade mortal, nem de sua alegação, pois essa
alegação usurpa as prerrogativas divinas e é uma tentativa de
3 intromissão na infinidade.
Gênesis 1:23. Houve tarde e manhã, o quinto dia.
Os progressivos passos espirituais no fervilhante universo
6 da Mente conduzem a esferas espirituais e a seres sublimes.
Para o senso material esse universo divino é Esferas
indistinto e longínquo, cinzento como as tona- espirituais
9 lidades sombrias do crepúsculo; mas logo o véu se levanta,
e a cena se inunda de luz. No relato, o tempo ainda não é
medido pelas revoluções solares, e os movimentos e os refle-
12 xos do poder de Deus não podem ser percebidos até o momento
em que a Ciência divina passa a ser seu intérprete.
Gênesis 1:24. Disse também Deus: Produza a terra seres
15 viventes, conforme a sua espécie: animais domésticos, répteis e
animais selváticos, segundo a sua espécie. E assim se fez.
O Espírito diversifica, classifica e individualiza todos os
18 pensamentos, os quais são tão eternos como A continuidade
a Mente que os concebe; mas a inteligência, a dos pensamentos
existência e a continuidade de toda individualidade perma-
21 necem em Deus, que é seu Princípio divinamente criador.
Gênesis 1:25. E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua
espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos
24 os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era
bom.
Deus cria todas as formas da realidade. Seus pensamentos
27 são realidades espirituais. A chamada mente mortal — que é
inexistente e por conseguinte não está dentro do âmbito da
Ciência e Saúde Gênesis 514
1 existência imortal — não poderia, simulando o poder de Deus,
inverter a criação divina e depois tornar a criar pessoas ou coisas
3 no nível próprio dessa mente, visto que nada existe Os pensamentos
de Deus são
fora do âmbito da infinidade que tudo inclui, na realidades
qual e da qual Deus é o único Criador. A Mente, espirituais
6 jubilosa na sua força, permanece no reino da Mente. As
ideias infinitas da Mente correm e se alegram. Em humil-
dade, escalam as alturas da santidade.
9 A coragem moral é “o leão da tribo de Judá”, o soberano
do reino mental. Livre e sem medo, ele anda pela floresta.
Imperturbado, deita-se em campo aberto, ou Qualidades
12 repousa em “pastos verdejantes” à margem das do pensamento
“águas de descanso”. Na transposição, de forma figurada, do
pensamento divino para o humano, a diligência, a presteza e
15 a perseverança são apresentadas como o gado “aos milhares
sobre as montanhas”. Carregam a bagagem da resolução
firme, e prosseguem ao ritmo do propósito mais elevado. A
18 ternura acompanha toda a força que se origina do Espírito.
A individualidade criada por Deus não é carnívora, como
atesta a época do milênio descrita por Isaías:
21 O lobo habitará com o cordeiro,
E o leopardo se deitará junto ao cabrito;
O bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos,
24 E um pequenino os guiará.
Por compreender o controle que o Amor exerce sobre
todas as coisas, Daniel se sentiu em segurança na cova dos
27 leões, e Paulo provou que a víbora era inofen- As criaturas de
siva. Todas as criaturas de Deus, movendo-se Deus são úteis
na harmonia da Ciência, são inofensivas, úteis, indestrutíveis.
30 A compreensão dessa grandiosa realidade foi uma fonte de
Ciência e Saúde Gênesis 515
1 força para os antigos personagens bíblicos. Essa compreensão
dá suporte à cura cristã e habilita aquele que a possui a seguir
3 o exemplo de Jesus. “E viu Deus que isso era bom.”
A paciência é simbolizada pela lagarta incansável, que
rasteja sobre altos cumes, perseverando no seu intento. A
6 serpente da criação de Deus não é nem astuta A serpente que
nem venenosa, mas é uma ideia inteligente, é inofensiva
encantadora na sua destreza, porque as ideias do Amor estão
9 sujeitas à Mente que as forma — ao poder que transforma a
cobra em um bordão.
Gênesis 1:26. Também disse Deus: Façamos o homem à nossa
12 imagem, conforme a nossa semelhança; tenham eles domínio
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam
15 pela terra.*
O eterno Eloim inclui o perene universo. O nome
Eloim está no plural, mas essa pluralidade do Espírito não
18 implica mais do que um Deus, nem implica Pluralidade
três pessoas em uma. Refere-se ao uno e único, eloísta
à tri-unidade da Vida, da Verdade e do Amor. “Tenham eles
21 domínio.” Homem é o nome de família para todas as ideias
— os filhos e as filhas de Deus. Tudo o que Deus dá se move
de acordo com Ele, refletindo o bem e o poder.
24 Teu reflexo no espelho é tua própria imagem ou seme-
lhança. Se levantas um peso, teu reflexo faz o mesmo. Se
falas, os lábios dessa semelhança se movem de Semelhança
27 acordo com os teus. Agora, compara o homem refletida
diante do espelho com seu Princípio divino, Deus. Denomina
o espelho Ciência divina e, o homem, denomina reflexo.
30 Depois, nota como, de acordo com a Ciência Cristã, o reflexo
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 516
1 é fiel ao seu original. Assim como teu reflexo aparece no
espelho, assim também tu, sendo espiritual, és o reflexo de
3 Deus. A substância, a Vida, a inteligência, a Verdade e o Amor,
que constituem a Deidade, são refletidos por Sua criação; e
quando subordinamos o falso testemunho dos sentidos cor-
6 póreos aos fatos da Ciência, vemos essa verdadeira semelhança
e reflexo em toda parte.
Deus modela todas as coisas segundo Sua própria seme-
9 lhança. A Vida se reflete na existência, a Verdade, na veraci-
dade, e Deus, no bem, os quais transmitem sua O Amor transmite
própria paz e permanência. O Amor, perfu- a beleza
12 mado pelo desprendimento do ego, inunda tudo de beleza e
de luz. A relva debaixo de nossos pés silenciosamente
exclama: “Os mansos herdarão a terra”. A modesta florzinha
15 rasteira faz subir ao céu seu doce aroma. O grande rochedo
oferece sombra e abrigo. A luz do sol cintila da cúpula da
igreja, lampeja na cela da prisão, penetra no quarto do
18 doente, dá esplendor à flor, embeleza a paisagem, abençoa a
terra. O homem, feito à semelhança de Deus, possui e reflete
o domínio de Deus sobre toda a terra. O homem e a mulher,
21 coexistentes e eternos com Deus, refletem para sempre, em
qualidade glorificada, o infinito Pai-Mãe Deus.
Gênesis 1:27. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
24 imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Para destacar esse pensamento relevante, a narrativa
repete que Deus fez o homem à Sua própria imagem, para refle-
27 tir o Espírito divino. Segue-se daí que homem é O homem e a
um termo genérico. Os gêneros masculino, mulher ideais
feminino e neutro são conceitos humanos. Em um dos
Ciência e Saúde Gênesis 517
1 idiomas antigos a palavra que significa homem também é
usada para significar mente. Essa definição foi enfraquecida
3 pelo antropomorfismo, ou seja, a humanização da Deidade.
A palavra antropomorfo, em uma locução como esta: “um
Deus antropomorfo”, é derivada das duas palavras gregas que
6 significam homem e forma, e pode ser definida como uma
tentativa mortal e mental de reduzir a Deidade à corporali-
dade. A qualidade vivificante da Mente é o Espírito, não a
9 matéria. O homem ideal corresponde à criação, à inteligên-
cia e à Verdade. A mulher ideal corresponde à Vida e ao
Amor. Na Ciência divina, a autoridade que temos para con-
12 siderar a Deus masculino não é tanta quanto a que temos
para considerá-Lo feminino, porque o Amor transmite a
mais clara ideia da Deidade.
15 O mundo crê que existam muitas pessoas; mas se Deus é
pessoa, só existe uma pessoa, porque só existe um único
Deus. Sua pessoalidade só pode ser refletida, A pessoalidade
18 não transmitida. Deus tem ideias incontáveis e divina
todas elas têm um só e o mesmo Princípio, uma só e a mesma
origem. O único símbolo apropriado de Deus como pessoa é
21 o ideal infinito da Mente. O que é esse ideal? Quem poderá
vê-lo? Esse ideal é a própria imagem de Deus, espiritual e
infinita. Nem mesmo a eternidade jamais pode revelar o tudo
24 de Deus, pois não há limite para a infinitude e seus reflexos.
Gênesis 1:28. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos,
multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes
27 do mar, sobre as aves dos céus, e sobre todo animal que rasteja pela
terra.
O Amor divino abençoa suas próprias ideias e faz
30 com que se multipliquem — com que manifestem o
poder de Deus. O homem não é feito para lavrar a
Ciência e Saúde Gênesis 518
1 terra. Seu direito inato é domínio, não servidão. Ele tem
domínio sobre a crença em terra e céu — sendo Direito inato
3 que ele mesmo está subordinado unicamente a do homem
seu Criador. Essa é a Ciência do existir.
Gênesis 1:29, 30. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado
6 todas as ervas que dão semente e se acham na superfície de toda a
terra e todas as árvores em que há fruto que dê semente; isso vos
será para mantimento. E a todos os animais da terra, e a todas as
9 aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de
vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez.
Deus dá uma ideia menor de Si mesmo como elo para
12 uma ideia maior e, em troca, a mais elevada sempre protege a
menos elevada. Os ricos em espírito ajudam os Ajuda
pobres em uma grande fraternidade, na qual fraternal
15 todos têm o mesmo Princípio, o mesmo Pai; e abençoado é
aquele homem que vê a necessidade de seu irmão e a satisfaz,
buscando o seu próprio bem no bem que proporciona a
18 outrem. O Amor dá à menor das ideias espirituais a força, a
imortalidade e o bem, que brilham através de tudo, assim
como no botão se entrevê a flor. Todas as diversas expressões
21 de Deus refletem saúde, santidade, imortalidade — a Vida, a
Verdade, o Amor, infinitos.
Gênesis 1:31. Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito
24 bom. Houve tarde e manhã, o sexto dia.
O Princípio divino, ou seja, o Espírito, abrange e
expressa tudo, portanto tudo tem de ser tão perfeito
27 quão perfeito é o Princípio divino. Nada é novo para
Ciência e Saúde Gênesis 519
1 o Espírito. Nada pode ser inédito para a Mente eterna, a
autora de todas as coisas, a qual desde toda a eternidade
3 conhece Suas próprias ideias. A Deidade ficou A perfeição
satisfeita com Sua obra. Acaso poderia não da criação
ficar satisfeita, já que a criação espiritual foi o resultado, a
6 emanação, de Sua própria plenitude infinita e de Sua sabedo-
ria imortal?
Gênesis 2:1. Assim, pois, foram acabados os céus e a terra e
9 todo o seu exército.
Assim as ideias de Deus no existir universal são comple-
tas e estão expressas para sempre, pois a Ciência revela a infi-
12 nidade e também a paternidade e maternidade A infinidade é
do Amor. A capacidade humana é lenta em dis- incomensurável
cernir e captar a criação de Deus, bem como o poder divino
15 e a presença divina que são inerentes a essa criação e que
demonstram sua origem espiritual. Os mortais jamais podem
conhecer o infinito, até se despojarem do velho homem e
18 alcançarem a imagem e a semelhança espiritual. O que é que
pode sondar o infinito! Como deveremos anunciá-Lo, até
que, na linguagem do Apóstolo, “todos cheguemos à unidade
21 da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao homem
perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo”*?
Gênesis 2:2. E, havendo Deus terminado no dia sétimo a sua
24 obra, que fizera, descansou nesse dia de toda a sua obra que tinha
feito.
Deus descansa em ação. Dar nunca empobreceu e jamais
27 pode empobrecer a Mente divina. Nenhuma Descanso no
exaustão resulta da ação dessa Mente, de acordo trabalho sagrado
com a compreensão da Ciência divina. O descanso mais
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 520
1 sublime e mais suave, até mesmo de um ponto de vista humano,
está no trabalho sagrado.
3 A Mente imensurável está expressa. A profundidade, a
largura, a altura, a força, a majestade e a glória do Amor infi-
nito enchem todo o espaço. Isso é suficiente! A O Amor e o homem
6 linguagem humana pode repetir somente uma são coexistentes
parte infinitésima daquilo que existe. Os mortais não veem
e não compreendem o ideal absoluto, o homem, nem seu
9 Princípio infinito, o Amor. O Princípio e sua ideia, o homem,
são coexistentes e eternos. Os números da infinidade, chama-
dos sete dias, nunca podem ser calculados de acordo com o
12 calendário do tempo. Esses dias aparecerão à medida que a
mortalidade desaparecer, e revelarão a eternidade da Vida e
o fato de que esta é sempre nova, a Vida na qual todo o senso
15 de erro desaparece definitivamente e o pensamento aceita o
divino cálculo infinito.
Gênesis 2:4, 5. Esta é a gênese dos céus e da terra quando
18 foram criados, no dia em que o Senhor Deus [Jeová] criou a terra
e os céus, e toda planta do campo antes que estivesse na terra, e
toda erva do campo antes que germinasse: porque o Senhor Deus
21 [Jeová] não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem
para lavrar o solo.*
Essa é a declaração enfática de que Deus cria tudo por
24 meio da Mente, não por meio da matéria — que a planta
cresce, não devido à semente ou à terra, mas O crescimento
porque o crescimento é o mandato eterno da provém da Mente
27 Mente. O pensamento mortal cai ao solo, mas o pensamento
criador imortal é do alto, não vem de baixo. A Mente faz
tudo, por isso não resta nada para ser feito por um poder
30 inferior. O Espírito age por meio da Ciência da Mente, nunca
fazendo o homem lavrar a terra, mas criando-o superior à
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 521
1 terra. O conhecimento disso eleva o homem acima do solo,
acima da terra e do seu ambiente, eleva-o à harmonia espiri-
3 tual consciente e ao eterno existir.
Aqui o relato inspirado termina a narrativa sobre o exis-
tir, que não tem começo nem fim. Tudo o que está feito é a
6 obra de Deus, e tudo é bom. Deixamos essa Narrativa
breve e magnífica história da criação espiritual espiritual
(como a relata o primeiro capítulo do Gênesis) nas mãos de
9 Deus, não nas do homem, aos cuidados do Espírito, não da
matéria — reconhecendo jubilosamente, agora e para sempre,
a supremacia, a onipotência e a onipresença de Deus.
12 A harmonia e a imortalidade do homem estão intactas.
Devemos desviar nosso olhar da suposição oposta de que o
homem seja criado materialmente, e volver o olhar para
15 o relato espiritual da criação, para aquilo que deveria estar
gravado na compreensão e no coração “com diamante
pontiagudo” e a pena de um anjo.
18 O leitor naturalmente perguntará se no livro do Gênesis
não há mais nada sobre a criação. De fato há, mas o relato
subsequente é mortal e material.
21 Gênesis 2:6. Mas uma neblina subia da terra e regava toda a
superfície do solo.
A Ciência e a verdade da criação divina foram apresenta-
24 das nos versículos já considerados e agora vai ser exposto o
contrário, ou seja, o erro, um conceito materia- A fábula
lista sobre a criação. O segundo capítulo do do erro
27 Gênesis contém uma declaração desse conceito material a
respeito de Deus e do universo, declaração que é o exato
oposto da verdade científica anteriormente relatada. Se a his-
30 tória do erro, ou seja, da matéria, fosse verídica, poria de lado
Ciência e Saúde Gênesis 522
1 a onipotência do Espírito; mas essa é a história falsa, em con-
traposição à verdadeira.
3 A Ciência do primeiro relato prova a falsidade do segundo.
Se um é verídico, o outro é falso, pois são antagônicos. O pri-
meiro relato atribui todo o poder e governo a Os dois
Deus e reveste o homem com a perfeição e o relatos
6
poder provenientes de Deus. O segundo relato descreve
o homem como se fosse mutável, mortal — como se ele se
9 tivesse separado da Deidade e estivesse girando em órbita
própria. A Ciência explica que a existência, separada da
natureza divina, é impossível.
12 Esse segundo relato indubitavelmente conta a história do
erro nas suas formas exteriorizadas, chamadas vida e inte-
ligência na matéria. Esse relato é o registro do panteísmo,
15 oposto à supremacia do Espírito divino; contudo, nele está
declarado que esse estado de coisas é temporário e que esse
homem é mortal — pó que torna ao pó.
18 Nessa teoria errônea a matéria toma o lugar do Espírito.
A matéria é representada como o princípio que dá vida à terra.
O Espírito é representado como se entrasse na Representação
matéria para criar o homem. As veementes errônea
21
repreensões que Deus faz ao homem, quando não o encontra
como Sua imagem, como a semelhança do Espírito, conven-
24 cem a razão e coincidem com a revelação, declarando que
essa criação material é falsa.
Essa parte do segundo capítulo do Gênesis, que retrata o
27 Espírito como se este cooperasse com a matéria na construção
do universo, está baseada em alguma hipótese do Inversão
erro, pois o trecho da Bíblia que precede essa hipotética
30 parte declara que a obra de Deus estava terminada. Acaso a
Vida, a Verdade e o Amor produzem a morte, o erro e o ódio?
Acaso o Criador condena Sua própria criação? Acaso o
33 Princípio infalível da lei divina muda ou se arrepende? Não,
Ciência e Saúde Gênesis 523
1 isso não pode ocorrer. Contudo poderia julgar-se que sim,
por uma leitura não esclarecida do relato bíblico que ora
3 comentamos.
Devido à sua base errônea, a neblina da obscuridade
gerada pelo erro fortalece a alegação falsa e por fim declara
6 que Deus conhece o erro, e que o erro pode Neblina, ou
melhorar a criação de Deus. Embora apresente alegação falsa
o exato oposto da Verdade, a mentira alega ser verdade. As
9 criações da matéria surgem da neblina, uma alegação falsa,
ou seja, de uma mistificação, e não do firmamento, a com-
preensão que Deus erige entre o verdadeiro e o falso. No
12 erro, tudo vem de baixo, não do alto. Tudo é mito material,
em vez de ser a reflexão, o reflexo, do Espírito.
Talvez seja oportuno observar aqui que, de acordo com
15 os mais eminentes estudiosos, há evidências claras de dois
documentos distintos na parte inicial do livro Documentos
do Gênesis. Um é chamado eloísta, porque nele distintos
18 o Ser Supremo é denominado Eloim. O outro documento é
chamado jeovista, porque neste a Deidade sempre é denomi-
nada Jeová — ou Senhor Deus, como o traduz nossa versão
21 corrente.
Em todo o primeiro capítulo do Gênesis e em três ver-
sículos do segundo, isto é, naquilo que compreendemos ser
24 o relato espiritualmente científico da criação, é Jeová
e Eloim
Eloim (Deus) quem cria. Do quarto versículo
do capítulo dois até o capítulo cinco, o Criador é chamado
27 Jeová, ou o Senhor. Esses relatos diferentes ficam cada vez
mais entrelaçados até o fim do capítulo doze, a partir do qual
não se pode detectar uma diferença nítida entre um e outro.
30 Nas partes históricas do Antigo Testamento, geralmente é a
Jeová que se faz referência, o divino soberano exclusivo do
povo hebreu.
Ciência e Saúde Gênesis 524
1 A idolatria que veio depois dessa mitologia material fica
evidente no culto a Baal pelos fenícios, no deus Quemos dos
3 moabitas, no deus Moloque dos amorreus, no Deuses
deus Vixnu dos hindus, na deusa Afrodite dos pagãos
gregos e nos milhares de outras chamadas deidades.
6 Entre os israelitas, que constantemente iam atrás de “deu-
ses estranhos”, também existia a idolatria. Chamavam o Ser
Supremo pelo nome nacional de Jeová. Nesse Jeová, uma
9 nome Jeová, a verdadeira ideia a respeito de deidade tribal
Deus parece quase perdida. Deus se torna “homem de
guerra”, um deus tribal a ser adorado, em vez de ser reconhe-
12 cido como o Amor, o Princípio divino a ser vivido e amado.
Gênesis 2:7. Então, formou o Senhor Deus [Jeová] ao homem
do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem
15 passou a ser alma vivente.
Acaso o Princípio divino e infinito tinha se tornado uma
deidade finita, para então ser chamado Jeová? Com uma
18 única ordem a Mente havia criado o homem — A criação
homem e mulher. Como poderia então um apresentada de
forma invertida
organismo material ser a matéria prima de que o
21 homem é feito? Como poderia o não-inteligente se tornar o
meio utilizado pela Mente, e o erro ser aquilo que declara a
Verdade? A matéria não é o reflexo do Espírito, mas Deus é
24 refletido em toda a Sua criação. Esse acréscimo à criação
divina é real ou irreal? É a verdade ou é uma mentira a
respeito do homem e de Deus?
27 Tem de ser uma mentira, porque Deus logo depois
amaldiçoa a terra. Poderia o Espírito fazer surgir seu oposto,
a matéria, e dar à matéria a capacidade de pecar e sofrer?
30 Porventura o Espírito, Deus, é injetado no pó e, em algum
momento, posto para fora por ordem da matéria? Acaso o
Espírito entra no pó, e perde nele sua natureza divina e sua
Ciência e Saúde Gênesis 525
1 onipotência? Será que a Mente, Deus, entra na matéria para
nela se tornar um pecador mortal, vivificado pelo fôlego de
3 Deus? Nessa narrativa se contesta a validade da matéria,
não a validade do Espírito nem das criações do Espírito. O
homem reflete a Deus; o gênero humano representa a raça de
6 Adão e é uma criação humana, não divina.
Os termos seguintes são alguns dos que, em diferentes
idiomas, equivalem ao termo homem. Em saxão: gênero
9 humano, mulher, qualquer pessoa; em galês: Definições
aquilo que se levanta — sendo seu sentido prin- de homem
cipal imagem, forma; em hebraico: imagem, similitude; em
12 islandês: mente. A tradução seguinte é do islandês:
E disse Deus: Façamos o homem segundo a nossa mente e
nossa semelhança; e Deus deu forma ao homem segundo a Sua
15 mente; Ele lhe deu forma segundo a mente de Deus; e os formou
homem e mulher.
No Evangelho de João, está declarado que todas as coisas
18 foram feitas pelo Verbo de Deus, “e sem Ele [o logos, ou seja, a
palavra] nada do que foi feito se fez”. Tudo o Não há criação
que é bom ou que tem valor, Deus fez. Tudo nociva
21 o que é sem valor ou nocivo, Ele não fez — por isso não é
real. Na Ciência do Gênesis lemos que Ele viu tudo o que
tinha feito “e eis que era muito bom”. Os sentidos corpóreos
24 declaram o contrário; e se déssemos à história do erro o mesmo
crédito que damos ao relato da verdade, a narrativa bíblica
sobre o pecado e a morte apoiaria a conclusão errada dos sen-
27 tidos materiais. É preciso ver que o pecado, a doença e a morte
são tão desprovidos de realidade como são desprovidos do
bem, Deus.
30 Gênesis 2:9. Do solo fez o Senhor Deus [Jeová] brotar toda
sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também
Ciência e Saúde Gênesis 526
1 a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do
bem e do mal.
3 O primeiro e mais científico relato sobre a criação declara
que Deus fizera “toda planta do campo antes que estivesse na
terra”*. Todavia, a declaração oposta, a afir- Aquilo que
6 mação de que a vida surja da matéria, contradiz contradiz a
primeira criação
o ensinamento do primeiro capítulo — a saber,
que a única Vida é Deus. Crer é menos do que compreender.
9 A crença tem a ver com teorias baseadas naquilo que provém
da audição, da vista, do tato, do paladar e do olfato, denomi-
nados os cinco sentidos materiais. Os vícios e os sentimentos
12 descontrolados, o pecado, a doença e a morte são a conse-
quência dessa crença errônea de que haja matéria inteligente.
A primeira menção ao mal consta no mítico texto do
15 segundo capítulo do Gênesis, na Bíblia. Deus declarou que
tudo aquilo que Ele havia criado era bom, e as O relato
Escrituras atestam que Ele criou tudo. A “árvore do erro
18 da vida” representa a ideia da Verdade, e a espada que a
defende é o símbolo da Ciência divina. A “árvore do conhe-
cimento” representa a doutrina errônea de que o conheci-
21 mento do mal é real, portanto outorgado por Deus, tanto
quanto o conhecimento do bem. Porventura foi o mal insti-
tuído por Deus, o Amor? Acaso criou Ele essa árvore que
24 produz os frutos do pecado, contradizendo assim a primeira
criação? Esse segundo relato bíblico é, do começo ao fim, o
panorama do erro.
27 Gênesis 2:15. Tomou, pois, o Senhor Deus [Jeová] ao homem e
o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.
O nome Éden, segundo a Concordância de Cruden, signi-
30 fica prazer, delícia. Nesse texto, Éden representa o corpo
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 527
1 mortal e material. Deus não poderia pôr a Mente na matéria,
nem o Espírito infinito em uma forma finita, para O jardim
3 cultivá-la e guardá-la — para torná-la bonita ou do Éden
para fazê-la viver e crescer. O homem é a reflexão, o reflexo,
de Deus e não necessita de aprimoramento, mas é sempre
6 belo e completo.
Gênesis 2:16, 17. E o Senhor Deus [Jeová] deu esta ordem ao
homem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da
9 árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no
dia em que dela comeres, certamente morrerás.*
Essa metáfora representa a Deus, o Amor, tentando o
12 homem, mas o Apóstolo Tiago diz: “Deus não pode ser ten-
tado pelo mal e Ele mesmo a ninguém tenta”. Nenhuma
É verdade que o conhecimento do mal tornaria tentação vem
de Deus
15 mortal o homem. É igualmente claro que a per-
cepção material, obtida dos sentidos corpóreos, constitui o
mal e o conhecimento mortal. Mas será verdade que Deus,
18 o bem, fez “a árvore da vida” a fim de que esta se tornasse a
árvore da morte para Sua própria criação? Tem o mal a reali-
dade do bem? O mal é irreal por ser mentira — falso em
21 todas as suas afirmações.
Gênesis 2:19. Havendo, pois, o Senhor Deus [Jeová] formado da
terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os
24 ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o
homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles.
Aqui a mentira representa a Deus como se estivesse repe-
27 tindo a criação, mas fazendo-o de maneira mate- A falsificação
rial, não espiritual, e pedindo a um pecador em da criação
potencial que O ajudasse. Porventura estaria o Ser Supremo
30 retrocedendo, e estaria o homem renunciando à sua digni-
dade? Acaso seria necessário para a formação do homem
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 528
1 que o pó adquirisse sensação, quando o inteiro existir é a
reflexão, o reflexo, da Mente eterna, e o relato declara que
3 Deus já havia criado o homem, tanto homem como mulher?
Que Adão tenha dado nome e natureza aos animais, é apenas
mitológico e material. Não pode ser verdade que o homem
6 tenha sido incumbido de criar de novo o homem, em parce-
ria com Deus; essa suposição foi um sonho, um mito.
Gênesis 2:21, 22. Então, o Senhor Deus [Jeová, Iavé] fez cair
9 pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das
suas costelas e fechou o lugar com carne. E a costela que o Senhor
Deus [Jeová] tomara ao homem, transformou-a numa mulher e
12 lha trouxe.
Aqui a falsidade, o erro, atribui à Verdade, Deus, o haver
produzido em Adão um sono ou estado hipnótico para
15 submetê-lo a uma operação cirúrgica e criar Cirurgia
assim a mulher. Essa é a primeira menção ao hipnótica
magnetismo. Começando a criação com trevas em vez de luz
18 — materialmente, em vez de espiritualmente — o erro, a essa
altura, simula a obra da Verdade, zombando do Amor e anun-
ciando quão grandes coisas o erro fez. Contemplando as
21 criações de seu próprio sonho e considerando-as reais e dadas
por Deus, Adão — isto é, o erro — dá-lhes nomes. Depois
disso, supõe-se que ele tenha se tornado a base da criação da
24 mulher e de sua própria espécie, chamando essa criação espé-
cie humana — isto é, uma espécie de homem.
Contudo, de acordo com essa narrativa, a cirurgia foi de
27 início praticada mentalmente e sem instrumen- Obstetrícia
tos; e isso pode ser uma indicação útil para a mental
classe médica. Mais tarde na história humana, quando o
Ciência e Saúde Gênesis 529
1 fruto proibido estava produzindo fruto de sua própria espé-
cie, veio a sugestão de mudança no modus operandi — que o
3 homem deveria nascer da mulher, e não que a mulher fosse
novamente tomada do homem. Aconteceu, também, que
surgiu a necessidade de instrumentos para ajudar o nasci-
6 mento dos mortais. O primeiro sistema de obstetrícia por
influência hipnótica se modificou. Outra modificação virá
quanto à natureza e à origem do homem, e essa revelação
9 destruirá o sonho da existência, restabelecerá a realidade,
introduzirá a Ciência e o glorioso fato da criação, a saber, que
tanto o homem como a mulher procedem de Deus e são Seus
12 filhos eternos, sem pertencer a nenhum progenitor inferior.
Gênesis 3:1–3. Mas a serpente, mais sagaz que todos os
animais selváticos que o Senhor Deus [Jeová] tinha feito, disse à
15 mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do
jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim
podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do
18 jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que
não morrais.
De onde vem uma serpente falante e mentirosa, para ten-
21 tar os filhos do Amor divino? A serpente entra na metáfora
apenas representando o mal. Nada temos no Serpente
reino animal que indique a espécie descrita — mítica
24 uma serpente que fala — e deveríamos nos regozijar de que o
mal, sob qualquer forma que se apresente, se contradiz a si
mesmo e não tem nem origem nem apoio na Verdade e no
27 bem. Ao compreender isso, deveríamos ter fé para combater
todas as alegações do mal, porque sabemos que elas não têm
valor e são irreais.
30 Adão, o sinônimo do erro, representa a crença de que
haja uma mente material. Ele começa seu reinado sobre o
Ciência e Saúde Gênesis 530
1 homem com certa brandura, mas aumenta em falsidade e
seus dias ficam mais curtos. Nesse processo, a O erro, ou seja,
3 lei imortal e espiritual da Verdade se manifesta Adão
em perene oposição ao senso mortal e material.
Na Ciência divina, o homem é sustentado por Deus, o
6 Princípio divino do existir. A terra, por ordem de Deus, pro-
duz o alimento para uso do homem. Sabendo A providência
disso, Jesus certa vez disse: “Não andeis ansiosos divina
9 pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber” — ele
disse isso, não assumindo a prerrogativa de seu Criador, mas
reconhecendo que Deus, Pai e Mãe de todos, é capaz de alimen-
12 tar e vestir o homem, assim como alimenta e veste os lírios.
Gênesis 3:4, 5. Então, a serpente disse à mulher: É certo que
não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comer-
15 des se vos abrirão os olhos e sereis como deuses, conhecedores do
bem e do mal.*
Esse mito representa o erro como se afirmasse continua-
18 mente sua superioridade sobre a verdade, como se dissesse que
a Ciência divina é mentirosa e como se decla- A presunção
rasse por meio dos sentidos materiais: “Posso te do erro
21 abrir os olhos. Posso fazer o que Deus não fez por ti. Prostra-te
diante de mim e aceita mais de um deus. Admite que eu sou
real, que o pecado e os sentidos são mais agradáveis aos olhos
24 do que a Vida espiritual, mais desejáveis do que a Verdade, e
basta que admitas isso para que eu te conheça, e então serás
meu”. É assim que o Espírito e a carne se combatem.
27 A história do erro é uma narrativa de sonhos. O sonho
não tem nenhuma realidade, nenhuma inteligência, nenhuma
mente; portanto, o sonhador e o sonho são uma A alegoria
30 só e a mesma coisa, porque nem um nem outro bíblica
é verdadeiro ou real. Em primeiro lugar, essa narrativa supõe
que algo surja do nada, que a matéria preceda a mente. Em
33 segundo lugar, supõe que a mente entre na matéria, e que a
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 531
1 matéria se torne vivente, substancial e inteligente. A ordem
dessa alegoria — a crença de que tudo surja do pó em vez de
3 surgir da Deidade — foi mantida em todas as formas subse-
quentes da crença. O erro é isto: que o homem mortal
comece materialmente, que a não-inteligência se torne inteli-
6 gência, que a mente e a alma sejam ao mesmo tempo o certo
e o errado.
É bom que as partes superiores do cérebro representem
9 os sentimentos morais mais elevados, como se a esperança
sempre estivesse profetizando o seguinte: algum Esperança
dia, a mente humana há de se elevar acima de mais elevada
12 todo o senso material e físico, substituindo-o pela percepção
espiritual, e substituindo os conceitos humanos pela consciên-
cia divina. Então, o homem reconhecerá o domínio e o exis-
15 tir que Deus lhe deu.
Se no começo o corpo do homem tivesse se originado no
pó não inteligente, e se a mente depois tivesse sido introdu-
18 zida no corpo pelo Criador, por que é que essa Invenções
ordem divina não continua a ser mantida por biológicas
Deus na perpetuação da espécie? Quem vai dizer que os
21 minerais, os vegetais e os animais tenham eles mesmos a
faculdade de propagação? Quem se atreve a dizer que Deus
esteja na matéria, ou que a matéria exista sem Deus? Será
24 que o homem se meteu em outras invenções sobre a criação,
modificando assim o método de seu Criador?
Qual das duas institui a Vida — a matéria ou a Mente?
27 A Vida começa com a Mente, ou com a matéria? É a Vida
sustentada pela matéria, ou pelo Espírito? Certamente não
por ambos, visto que a carne luta contra o Espírito e os senti-
30 dos corpóreos não podem tomar conhecimento do Espírito.
A teoria mitológica de uma vida material não se parece em
nenhum ponto com o relato cientificamente cristão, segundo
33 o qual o homem foi criado pela Mente à imagem e semelhança
de Deus, tendo domínio sobre toda a terra. Será que Deus,
Ciência e Saúde Gênesis 532
1 sem nenhuma ajuda, teria criado primeiramente um homem
— isto é, Adão — para depois precisar da união dos dois
3 sexos a fim de criar o restante da família humana? Não!
Deus faz e governa tudo.
Todo o conhecimento humano e todo o senso material só
6 podem ser obtidos dos cinco sentidos corpóreos. Não será peri-
goso esse conhecimento, se o ter comido seus A descendência
primeiros frutos acarretou a morte? “No dia amaldiçoada
9 em que dela comeres, certamente morrerás” foi a predição,
no relato de que estamos falando. Adão e seus descendentes
foram amaldiçoados, não foram abençoados; e isso indica
12 que o Espírito divino, o Pai, condena o homem material e
o manda de volta ao pó.
Gênesis 3:9, 10. E chamou o Senhor Deus [Jeová] ao homem
15 e lhe perguntou: Onde estás? Ele respondeu: Ouvi a Tua voz no
jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.
O conhecimento e o prazer provenientes do senso mate-
18 rial produziram como frutos imediatos o medo e a vergonha.
Envergonhado diante da Verdade, o erro recuou, A vergonha é
encabulado ao ouvir a voz divina que interpe- efeito do pecado
21 lava os sentidos corpóreos. Essa intimação pode ser parafra-
seada assim: “Onde estás, ó homem? Está a Mente na
matéria? É a Mente capaz de produzir tanto o erro como a
24 verdade, tanto o mal como o bem, quando o fato é que Deus
é Tudo e Ele é a Mente, e existe um só Deus, portanto existe
uma Mente só?”
27 O medo foi a primeira manifestação do erro do senso
material. Foi assim que o erro começou o sonho da matéria e
é assim que o terminará. Na alegoria, o corpo O medo provém
30 já estava nu, e Adão não o sabia; mas a esta altura do erro
o erro exige que a mente veja e sinta por meio da matéria, ou
seja, dos cinco sentidos. A primeira impressão que o homem
Ciência e Saúde Gênesis 533
1 material teve de si mesmo foi de nudez e vergonha. Teria ele
perdido a magnífica herança do homem e o mandato de
3 Deus, isto é, o domínio sobre toda a terra? Não! Isso jamais
havia sido concedido a Adão.
Gênesis 3:11, 12. Perguntou-lhe Deus: Quem te fez saber que
6 estavas nu? Comeste da árvore de que te ordenei que não comes-
ses? Então, disse o homem: A mulher que me deste por esposa, ela
me deu da árvore, e eu comi.
9 Aqui temos uma tentativa de atribuir todos os erros
humanos direta ou indiretamente a Deus, o bem, como se Ele
fosse criador do mal. A alegoria mostra que a O engano da
12 serpente falante profere a primeira mentira per- primeira mentira
suasiva, que engana a mulher e corrompe o homem. Adão,
isto é, o erro mortal, acusa a Deus e a mulher por sua própria
15 falta, dizendo: “A culpa é da mulher que me deste”. Segundo
essa crença, a costela tomada de Adão se tornou uma mente
maligna, chamada mulher, que ajuda o homem a gerar peca-
18 dores mais rapidamente do que ele pode gerar sozinho. Seria
ela uma auxiliadora idônea para o homem?
A materialidade, tão abominável para Deus, já fica
21 evidente na rápida deterioração do osso e da carne tomados
de Adão para formar Eva. A crença na vida e inteligência
materiais piora a cada passo, mas o erro tem seu momento
24 ilusório e se multiplica até seu fim.
A Verdade, interrogando o homem sobre o conhecimento
que ele tem do erro, constata que a mulher é a primeira a con-
27 fessar sua falta. Ela diz: “A serpente me enganou, Falso conceito da
e eu comi”, como se, em humilde penitência, dis- natureza feminina
sesse: “Nem o homem, nem Deus, é responsável por minha
30 falta”. Ela já entendeu que o senso corpóreo é a serpente. Por
Ciência e Saúde Gênesis 534
1 isso ela é a primeira a abandonar a crença na origem material
do homem e a discernir a criação espiritual. Isso posterior-
3 mente capacitou a mulher a ser mãe de Jesus e a ver, junto ao
sepulcro, o Salvador ressuscitado, que em breve iria manifes-
tar o homem imorredouro, criado por Deus. Isso capacitou a
6 mulher a ser a primeira a interpretar as Escrituras no seu ver-
dadeiro significado, que revela a origem espiritual do homem.
Gênesis 3:14, 15. Então, o Senhor Deus [Jeová] disse à serpente:
9 ... Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência
e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o
calcanhar.
12 Essa profecia se cumpriu. O Filho da Virgem-mãe
revelou o remédio contra Adão, o erro; e o Apóstolo Paulo
explica essa luta entre a ideia do poder divino, O Espírito
que Jesus apresentou, e a inteligência material e a carne
15
mitológica, chamada energia, que é oposta ao Espírito.
Paulo diz na sua epístola aos Romanos: “O pendor da
18 carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei
de Deus, nem mesmo pode estar. Portanto, os que estão na
carne não podem agradar a Deus. Vós, porém, não estais
21 na carne, mas no Espírito, se, de fato, o espírito de Deus
habita em vós”.
Haverá maior oposição mental ao significado espiritual e
24 científico das Escrituras do que jamais houve desde que a era
cristã começou. A serpente, o senso material, vai Ferir a cabeça
morder o calcanhar da mulher — vai lutar para do pecado
27 destruir a ideia espiritual do Amor; e a mulher, essa ideia, vai
ferir a cabeça da luxúria. A ideia espiritual deu à compreensão
Ciência e Saúde Gênesis 535
1 um ponto de apoio, que é a Ciência Cristã. A semente da
Verdade e a semente do erro, da crença e da compreensão —
3 sim, a semente do Espírito e a semente da matéria — são o
trigo e o joio que o tempo separará, um para ser queimado,
o outro para ser recolhido em lugares celestiais.
6 Gênesis 3:16. E à mulher disse: Multiplicarei sobremodo os
sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos;
o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.
9 A Ciência divina desfere seu golpe principal nos supostos
fundamentos materiais da vida e da inteligência. Determina
a extinção da idolatria. A crença em outros A sentença
12 deuses, em outros criadores e em outras criações contra o erro
tem de ruir ante a Ciência Cristã. Esta põe a descoberto as
consequências do pecado, que se manifestam como doença e
15 morte. Quando é que o homem passará pela porta aberta da
Ciência Cristã para entrar no céu da Alma, na posse da herança
do primogênito entre os homens? A Verdade é de fato “o
18 caminho”.
Gênesis 3:17–19. E a Adão disse: Visto que atendeste a voz de
tua mulher e comeste da árvore que Eu te ordenara não comesses,
21 maldita é a terra por tua causa; em fadigas obterás dela o sustento
durante os dias de tua vida. Ela produzirá também cardos e
abrolhos, e tu comerás a erva do campo. No suor do rosto comerás
24 o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu
és pó e ao pó tornarás.
No primeiro capítulo do Gênesis lemos: “À porção
27 seca chamou Deus Terra e ao ajuntamento das águas,
Ciência e Saúde Gênesis 536
1 Mares”. No Apocalipse está escrito: “Vi novo céu e nova
terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o
3 mar já não existe”. Na visão de S. João, o céu Nova terra,
e a terra significam ideias espirituais, e o mar, e o mar já
não existe
símbolo dos conceitos humanos que avançam e
6 recuam, agitados pela tempestade, é representado como já
tendo passado. A compreensão divina reina, é tudo, e não
há outra consciência.
9 O caminho do erro é horrível de contemplar. A ilusão
do pecado não tem esperança nem Deus. Se a gravitação e
a atração espirituais do homem para o único A queda
Pai, em quem “vivemos, e nos movemos, e do erro
12
existimos”, viessem a se perder, e se o homem viesse a ser
governado pela corporalidade em vez de pelo Princípio
15 divino, pelo corpo em vez de pela Alma, o homem seria ani-
quilado. Criado pela carne em vez de pelo Espírito, oriundo
da matéria em vez de oriundo de Deus, o homem mortal
18 seria governado por si mesmo. Se um cego guiar outro cego,
ambos cairão.
Os sentimentos descontrolados e os vícios têm de acabar
21 em sofrimento. São de “breve tempo” e estão cheios “de
inquietação”. Suas supostas alegrias são fraudes. Seus
limites estreitos tornam desprezíveis seus prazeres e cercam
24 de espinhos suas obras.
A mente mortal aceita o conceito material e errôneo sobre
a vida e a alegria, mas a verdadeira ideia é obtida a partir do
27 lado imortal. Por meio do trabalho árduo, da Ganho
luta e da tristeza, o que é que os mortais conse- verdadeiro
guem? Abandonam a crença na vida e na felicidade perecíveis;
30 o mortal e o material tornam ao pó, e o imortal é alcançado.
Gênesis 3:22–24. Então, disse o Senhor Deus [Jeová]: Eis que o
homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal;
Ciência e Saúde Gênesis 537
1 assim, que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida,
e coma, e viva eternamente. O Senhor Deus [Jeová], por isso, o
3 lançou fora do jardim do Éden, a fim de lavrar a terra de que fora
tomado. E, expulso o homem, colocou querubins ao oriente do
jardim do Éden e o refulgir de uma espada que se revolvia, para
6 guardar o caminho da árvore da vida.
O conhecimento do mal nunca foi a essência da natureza
divina nem da identidade do homem. No primeiro capítulo
9 do Gênesis, o mal não tem morada nem nome. Justiça e
A criação ali apresentada é espiritual, completa recompensa
e boa. “Aquilo que o homem semear, isso também ceifará.”
12 O erro se exclui por si mesmo da harmonia. O pecado é seu
próprio castigo. A Verdade guarda a entrada que dá para a
harmonia. O erro lavra seu próprio solo árido e se sepulta
15 por si mesmo na terra, pois a terra e o pó simbolizam o nada.
Ninguém pode, pela lógica, duvidar que o propósito
dessa alegoria — desse segundo relato do Gênesis — seja des-
18 crever a falsidade do erro e os efeitos do erro. Interpretação
A revelação bíblica posterior é interligada com inspirada
a Ciência da criação relatada no primeiro capítulo do Gênesis.
21 Os autores inspirados interpretam a Palavra espiritualmente,
ao passo que o historiador comum a interpreta literalmente.
Tomado em sentido literal, o texto parece contraditório em
24 alguns trechos, e o Amor divino, que abençoou a terra e a
deu ao homem para que dela tomasse posse, é representado
como se fosse mutável. O significado literal implicaria que
27 Deus negou ao homem a oportunidade de se reformar, com
receio de que o homem a aproveitasse e assim se tornasse
melhor; mas essa não é a natureza de Deus, que é sempre o
Ciência e Saúde Gênesis 538
1 Amor — o Amor infinitamente sábio e totalmente amável,
que “não procura os seus interesses”.
3 A Verdade deveria fazer, e de fato faz, com que o erro seja
expulso de todo o senso de identidade. A Verdade é uma
espada de dois gumes, que guarda e guia. A Portal
6 Verdade põe o querubim da sabedoria à porta da espiritual
compreensão para identificar os que são realmente convida-
dos. Radiante de misericórdia e de justiça, a espada da
9 Verdade refulge ao longe e indica a distância infinita entre
a Verdade e o erro, entre o material e o espiritual — o irreal
e o real.
12 O sol, que dá luz e calor à terra, é um símbolo da Vida
divina e do Amor divino, iluminando e sustentando o uni-
verso. A “árvore da vida” indica a realidade Testemunhos
15 eterna, o existir eterno. A “árvore do conheci- contrastantes
entre si
mento” simboliza a irrealidade. O testemunho
da serpente indica a ilusão do erro, indica as falsas alegações
18 que apresentam a Deus, o bem, de forma deturpada. O pecado,
a doença e a morte não constam da introdução eloísta do
Gênesis, na qual Deus cria os céus, a terra e o homem. Antes
21 de entrar em cena aquilo que contradiz a verdade do existir,
o mal não tem história e é mostrado somente como o irreal,
em contraposição ao real e eterno.
24 Gênesis 4:1. Coabitou o homem com Eva, sua mulher. Esta
concebeu e deu à luz a Caim; então, disse: Adquiri um varão com
o auxílio do Senhor [Jeová].
27 Esse relato não se refere ao homem imortal, mas sim ao
homem mortal, e se refere ao pecado, que é temporal. Visto
que tanto o homem mortal como o pecado têm Concepção
começo, eles devem, consequentemente, ter fim, errônea
30
ao passo que o homem real, isento de pecado, é eterno. A decla-
ração de Eva: “Adquiri um varão com o auxílio do Senhor”,
Ciência e Saúde Gênesis 539
1 supõe que Deus seja o autor do pecado e da progênie do pecado.
Esse senso errôneo de existência é fratricida. Nas palavras de
3 Jesus, ele (o mal, o diabo) é “homicida desde o princípio”. O
erro começa supondo que a vida seja separada do Espírito,
solapando assim os fundamentos da imortalidade, como se
6 a vida e a imortalidade fossem algo que a matéria tanto pode
dar, como tirar.
Qual poderia ser o padrão do bem, do Espírito, da Vida,
9 da Verdade, se estes produzissem seus opostos, tais como o
mal, a matéria, o erro e a morte? Deus jamais Um único
poderia transmitir um elemento do mal, e o padrão
12 homem nada possui que não lhe provenha de Deus. Como
pode então o homem ter base para fazer o mal? De onde lhe
vem a propensão ou o poder para praticar o mal? Teria o
15 Espírito cedido à matéria o governo do universo?
As Escrituras declaram que Deus condenou essa mentira
sobre a origem e o caráter do homem, ao condenar seu sím-
18 bolo, a serpente, a rastejar abaixo de todos os Símbolo
animais selváticos. É errado dizer que a Verdade da falsidade
e o erro se misturam na criação. Mediante parábolas e argu-
21 mentos, essa falsidade é posta a descoberto por nosso Mestre,
por ser evidentemente errônea. Discutindo esses pontos com
os fariseus e argumentando em favor da Ciência da criação,
24 Jesus disse: “Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros?”
Paulo perguntou: “Que comunhão [pode haver] da luz com
as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno?”
27 A origem divina de Jesus lhe deu mais do que poder
humano para expor os fatos da criação e demonstrar a Mente
única que cria e governa o homem e o universo. Progênito
30 A Ciência da criação, tão evidente no nascimento científico
de Jesus, inspirou suas palavras mais sábias e menos compre-
endidas, e foi a base de suas maravilhosas demonstrações.
Ciência e Saúde Gênesis 540
1 O Cristo é o progênito do Espírito, e a existência espiritual
mostra que o Espírito não cria nem homem mau nem
3 homem mortal, que cai em pecado, doença e morte.
Em Isaías lemos: “Eu... faço a paz e crio o mal; eu, o
Senhor, faço todas estas coisas”; mas o profeta estava se refe-
6 rindo ao fato de que a lei divina revolve ao Agitação
máximo a crença no mal, quando a traz à super- purificadora
fície e a reduz ao seu denominador comum, o nada. É pre-
9 ciso revolver o fundo lamacento do rio, para lhe purificar as
águas. Na quimicalização moral, quando os sintomas do
mal, a ilusão, se agravam, poderemos por ignorância pensar
12 que o Senhor tenha produzido o mal; mas temos de saber que
a lei de Deus põe a descoberto o chamado pecado e seus efei-
tos, apenas para que a Verdade possa aniquilar todo o senso
15 de mal e toda a capacidade de pecar.
A Ciência dá “a César o que é de César e a Deus o que é
de Deus”. Ela diz ao senso humano de pecado, doença e
18 morte: “Deus nunca te fez, e tu és um senso Fidelidade
errôneo que não tem conhecimento de Deus”. ao Espírito
O propósito da alegoria hebraica, que representa o erro como
21 se este assumisse o caráter divino, é ensinar os mortais a
nunca acreditar em uma mentira.
Gênesis 4:3, 4. Trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao
24 Senhor [Jeová]. Abel, por sua vez, trouxe das primícias do seu
rebanho e da gordura deste.
Caim é o símbolo do homem mortal e material, conce-
27 bido em pecado e nascido “na iniquidade”; ele O espiritual
não representa a Verdade e o Amor. Tendo ori- e o material
gem e sentimentos materiais, Caim leva a Deus uma oferenda
30 material. Abel escolhe sua oferenda entre as primícias do
Ciência e Saúde Gênesis 541
1 rebanho. O cordeiro é uma forma mais ativa de existência e
se aproxima mais a uma oferta de natureza espiritual do que
3 o fruto que Caim trouxe. Invejoso da oferta de seu irmão,
Caim trama contra a vida de Abel, em vez de fazer de sua
própria oferta um tributo mais digno do Altíssimo.
6 Gênesis 4:4, 5. Agradou-se o Senhor [Jeová] de Abel e de sua
oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não Se agradou.
Será que Deus teve maior apreço pela homenagem que Lhe
9 era prestada sob a forma de um manso animal, do que pela
adoração expressa pelo fruto que Caim ofereceu? Não; contudo
o cordeiro era um símbolo mais espiritual até mesmo do con-
12 ceito humano de Amor, do que o podiam ser as ervas da terra.
Gênesis 4:8. Sucedeu que se levantou Caim contra Abel, seu
irmão, e o matou.
15 A crença errônea de que a vida, a substância e a inteligên-
cia possam ser materiais produz ruptura, desde o começo, na
vida e na fraternidade do homem.
18 Gênesis 4:9. Disse o Senhor [Jeová] a Caim: Onde está Abel,
teu irmão? Ele respondeu: Não sei; acaso, sou eu tutor de meu
irmão?
21 Nesse texto, a mentira da serpente inventa novas formas. No
começo, ela usurpa o poder divino. Presume-se Fraternidade
repudiada
que tenha dito no primeiro caso: “Sereis como
24 deuses”. Agora repudia até o dever humano do homem para
com seu irmão.
Gênesis 4:10, 11. E disse Deus [Jeová]: ... A voz do sangue de
27 teu irmão clama da terra a Mim. És agora, pois, maldito por sobre
a terra.
Ciência e Saúde Gênesis 542
1 A crença de que haja vida na matéria peca a cada passo.
Incorre no desagrado divino e pretendeu matar Jesus para se
3 desembaraçar da Verdade importuna. As O homicídio traz
crenças materiais matariam a ideia espiritual maldição
sempre e onde quer que esta apareça. Embora o erro se esconda
6 atrás de uma mentira e procure desculpas para as faltas, o
erro não pode ficar escondido para sempre. A Verdade, por
meio de suas leis eternas, põe o erro a descoberto. A Verdade
9 leva o pecado a se trair e estampa no erro a marca da besta.
Até mesmo a disposição de procurar desculpas para as faltas,
ou de ocultá-las, é punida. Fugir à justiça e negar a verdade
12 tendem a perpetuar o pecado, a incentivar o crime, a com-
prometer o autodomínio e a zombar da misericórdia divina.
Gênesis 4:15. O Senhor [Jeová], porém, lhe disse: Assim,
15 qualquer que matar a Caim sofrerá vingança sete vezes. E pôs o
Senhor [Jeová] um sinal em Caim para que o não ferisse de morte
quem quer que o encontrasse.*
18 “Os que lançam mão da espada à espada perecerão.” Dei-
xemos que a Verdade ponha a descoberto o erro e o destrua do
modo como Deus o destrói, e que a justiça Castigo
21 humana se amolde à divina. O pecado receberá e remorso
seu pleno castigo, tanto pelo que é como pelo que faz. A jus-
tiça marca o pecador e ensina os mortais a não retirar os
24 marcos indicadores colocados por Deus. A justiça entrega ao
inferno próprio da inveja a mentira que, para se promover,
viola os mandamentos de Deus.
27 Gênesis 4:16. Retirou-se Caim da presença do Senhor [Jeová]
e habitou na terra de Node.
Por não ter verdade alguma que o sustente, o conceito
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 543
1 errôneo e pecaminoso de que a Vida seja algo menos do que
Deus cai sobre si mesmo. Esse erro, depois de alcançar o
3 auge do sofrimento, cede à Verdade e torna ao pó; O auge
mas é apenas o homem mortal, e não o homem do sofrimento
real, que morre. A imagem do Espírito não pode ser apa-
6 gada, pois ela é a ideia da Verdade e não muda, mas sim fica
mais nítida na sua beleza, devido à morte do erro.
Na Ciência divina, o homem material está excluído da
9 presença de Deus. Os cinco sentidos corpóreos não podem
tomar conhecimento do Espírito. Não podem No país
estar na Sua presença e têm de permanecer no dos sonhos
12 país dos sonhos, até que os mortais cheguem a compreender
que a vida material, com todo seu pecado, doença e morte, é
uma ilusão, contra a qual a Ciência divina está empenhada
15 em uma guerra de extermínio. As grandiosas verdades da
existência jamais são excluídas pela falsidade.
Todo o erro provém da evidência que está perante os sen-
18 tidos materiais. Se o homem fosse material e se originasse
em um óvulo, quem diria que o homem não é O homem
basicamente pó? Não teria razão Darwin, ao provém da
Mente
21 pensar que o símio precedeu o homem mortal?
De acordo com a Ciência divina, os minerais e os vegetais são
criações do pensamento errôneo, não da matéria. Será que o
24 homem, que Deus criou com uma palavra, originou-se de
um óvulo? Quando o Espírito fez tudo, deixou algo a ser
criado pela matéria? Só as ideias da Verdade são refletidas
27 nas miríades de manifestações da Vida, e assim se vê que o
homem provém apenas da Mente. A crença de que a matéria
sustente a vida tornaria mortal a Vida, ou seja, Deus.
30 O texto: “No dia em que o Senhor Deus [Deus Jeová]
criou a terra e os céus”* introduz o relato de uma criação
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 544
1 material que se seguiu à espiritual — uma criação tão com-
pletamente diferente da criação de Deus, que nela o Espírito
3 não teve participação alguma. Na criação de Começo
Deus as ideias se tornaram produtivas, obedien- material
tes à Mente. Não havia chuva e “não havia homem para lavrar
6 o solo”. Visto que a Mente, não a matéria, era a produtora, a
Vida era sustentada por si mesma. O nascimento, a deterio-
ração e a morte provêm do senso material das coisas, não do
9 senso espiritual, pois neste último a Vida não consiste das
coisas que o homem come. A matéria não pode mudar o fato
eterno de que o homem existe porque Deus existe. Nada é
12 novo para a Mente infinita.
Na Ciência, nem a Mente produz a matéria nem a matéria
produz a mente. Nenhuma mente mortal tem o poder, o direito,
15 ou a sabedoria para criar ou para destruir. Tudo A primeira
está sob o controle da Mente única, ou seja, Deus. sugestão do mal
A primeira declaração sobre o mal — a primeira sugestão de
18 que exista mais de uma Mente — acha-se na fábula da ser-
pente. Os fatos sobre a criação, como previamente relatados,
não incluem nada disso.
21 Supõe-se que a serpente tenha dito: “Sereis como deuses”*,
mas esses deuses devem ter se originado na materialidade,
sendo justamente os antípodas do existir espi- Pessoalidade
ritual e imortal. O homem é a semelhança do material
24
Espírito, mas uma pessoalidade material não é essa seme-
lhança. Por isso, o homem, nessa alegoria, não é um deus
27 inferior, nem a imagem e a semelhança do Deus único.
A crença material e errônea inverte a compreensão e a
verdade. Declara que a mente está na matéria e é constituída
30 de matéria, que a chamada vida mortal é a Vida, que a
infinidade entra pelas narinas do homem, de maneira que
a matéria se torna espiritual. O erro começa com a corpora-
33 lidade como produtora, em vez de começar com o Princípio
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 545
1 divino, e explica a Deidade mediante conceitos mortais e
finitos.
3 “Eis que o homem se tornou como um de nós.” Essa
não poderia ser uma afirmação da Verdade nem da Ciência,
porque, segundo o relato, o homem material estava se dege-
6 nerando com rapidez e nunca fora divinamente concebido.
A condenação de lavrar o solo, imposta aos mortais, signi-
fica isto: que, por meio do pensamento tendente a se elevar
9 espiritualmente, os mortais deveriam melhorar Lavoura
a crença material, de modo a destruir a mate- mental
rialidade. Ao homem criado por Deus foi dado o domínio
12 sobre toda a terra. A noção de que exista um universo mate-
rial é inteiramente contrária à tese de que o homem se origi-
nou na Mente. Tais erros fundamentais propagam a falsidade
15 em todas as doutrinas e conclusões humanas, e não reconhe-
cem a infinitude da Deidade. O erro lavra todo o solo nessa
teoria material, que é inteiramente um modo de ver errôneo,
18 destrutivo para a existência e a felicidade. Fora da Ciência
Cristã, tudo é vago e hipotético, o contrário da Verdade; não
obstante, esse contrário, no seu modo errôneo de ver a Deus
21 e o homem, insolentemente exige ser abençoado.
Os tradutores desse relato da criação científica abrigavam
um senso errôneo a respeito do existir. Eles acreditavam na
24 existência da matéria, na sua propagação e no Ponto de
seu poder. Partindo desse ponto de vista do erro, vista errôneo
não conseguiam captar a natureza e a atuação do Espírito.
27 Daí a aparente contradição nesse texto bíblico, que é tão belo
em seu significado espiritual. A Verdade tem uma única res-
posta para todo o erro — para o pecado, a doença e a morte:
30 “És pó [o nada] e ao pó [ao nada] tornarás”.
“Assim como, em Adão [o erro], todos morrem, assim
também todos serão vivificados em Cristo [a Verdade].”
33 A mortalidade do homem é um mito, pois o homem é
Ciência e Saúde Gênesis 546
1 imortal. A crença errônea de que o espírito esteja submerso
na matéria agora, para ser dela emancipado em uma época
3 futura — somente essa crença é que é mortal. O A mortalidade
Espírito, Deus, nunca germina, pois “ontem e é um mito
hoje, é o mesmo e o será para sempre”. Se a Mente, Deus,
6 criasse o erro, esse erro teria de existir na Mente divina, e
essa presunção do erro destronaria a perfeição da Deidade.
É contraditória a Ciência Cristã? Será que o Princípio
9 divino da criação foi exposto de maneira errada? Será que
Deus não tem uma Ciência para declarar a Nenhuma verdade
Mente, ao passo que se aceita que a matéria seja provém de uma
base material
12 governada pela inteligência infalível? “Uma
neblina subia da terra.” Esse trecho representa o erro sur-
gindo de uma ideia do bem, tendo como base a matéria. Isso
15 supõe que Deus e o homem se manifestem unicamente por
meio dos sentidos corpóreos, muito embora os sentidos
materiais não possam tomar conhecimento do Espírito nem
18 da ideia espiritual.
O Gênesis e o Apocalipse parecem mais obscuros do que
outras partes das Escrituras, porque não há possibilidade de
21 interpretá-los de um ponto de vista material. Para a autora
eles são transparentes, pois contêm o aspecto profundamente
divino da Bíblia.
24 A Ciência Cristã está despontando sobre uma era mate-
rial. Os grandiosos fatos espirituais do existir, como raios de
luz, brilham nas trevas, embora as trevas, por O despontar dos
não os compreenderem, talvez lhes neguem a fatos espirituais
27
realidade. A prova de que o sistema exposto neste livro é
cristãmente científico reside no bem que esse sistema realiza,
30 pois cura com base no Princípio divino demonstrável, que
todos podem compreender.
Se a matemática apresentasse mil exemplos diferentes de uma
33 única regra, a comprovação de um só exemplo demonstraria
Ciência e Saúde Gênesis 547
1 a exatidão de todos os outros. Uma simples declaração da
Ciência Cristã, se demonstrada pela cura, contém a prova de
3 tudo o que aqui se diz a respeito da Ciência Cristã. Se uma
única das declarações contidas neste livro é Prova dada
verdadeira, todas elas têm de ser verdadeiras, pela cura
6 porque nenhuma se afasta do sistema e da regra expostos.
Caro leitor, tu mesmo podes pôr à prova a Ciência da cura e
averiguar, assim, se a autora te deu a interpretação correta
9 das Escrituras.
O falecido Luiz Agassiz, pelo exame microscópico de um
óvulo de abutre, reforça as conclusões dos pensadores sobre a
12 teoria científica da criação. Agassiz pôde ver Evolução
no óvulo a atmosfera da terra, as nuvens em embrionária
formação, a lua e as estrelas, ao passo que o núcleo da cha-
15 mada vida embrionária parecia um pequeno sol. Vista como
história da mortalidade, a teoria de Darwin, de que a evo-
lução provém de uma base material, é mais coerente do que
18 a maioria das outras. Em resumo, a teoria de Darwin é esta:
que a Mente produz seu oposto, a matéria, e dota a matéria
de poder para criar de novo o universo, que inclui o homem.
21 A evolução material implica que a grande Causa Primária
tem de se tornar material e depois, ou tem de voltar a ser a
Mente, ou desaparecer no pó e no nada.
24 As Escrituras são muito sagradas. Nosso objetivo deve
ser torná-las compreendidas espiritualmente, pois só com
essa compreensão se pode alcançar a verdade. A verdadeira
27 A verdadeira teoria sobre o universo, que inclui teoria sobre
o universo
o homem, não está na história material, mas no
desdobramento espiritual. O pensamento inspirado renuncia
30 à teoria material, sensual e mortal sobre o universo, e adota a
espiritual e imortal.
É essa percepção espiritual das Escrituras que eleva a
33 humanidade acima da doença e da morte, e inspira a fé.
Ciência e Saúde Gênesis 548
1 “O Espírito e a noiva dizem: Vem! ... e quem quiser receba de
graça a água da vida.” A Ciência Cristã faz a separação entre
3 o erro e a verdade e impregna as páginas sagra- Percepção das
das com o senso espiritual da vida, da substân- Escrituras
cia e da inteligência. Nessa Ciência, descobrimos o homem à
6 imagem e semelhança de Deus. Vemos que o homem nunca
perdeu sua posição espiritual e sua harmonia eterna.
Quão pouca luz ou calor chega à terra, quando as nuvens
9 cobrem a face do sol! Da mesma forma, a Ciência Cristã só
pode ser percebida à medida que se dissipam as As nuvens
nuvens do senso corpóreo. A terra tem pouca se dissipam
12 luz ou alegria para os mortais, até que a Vida seja percebida
espiritualmente. Toda agonia do erro mortal ajuda o erro a
destruir o erro e contribui, assim, para a compreensão da
15 Verdade imortal. Esse é o novo nascimento que se processa
de hora em hora, graças ao qual os homens podem acolher
anjos, as verdadeiras ideias de Deus, o senso espiritual do
18 existir.
Falando na origem dos mortais, um famoso naturalista
diz: “É bem possível que muitas das afirmações gerais agora
21 em voga, sobre o nascimento e a procriação, Predição de
sejam modificadas com o progresso da infor- um naturalista
mação”. Se, em virtude das suas pesquisas incansáveis, o
24 naturalista tivesse alcançado na Ciência Cristã um senso
mais divino — tão diferente de seu senso material de cresci-
mento e de estrutura animal — ele teria abençoado mais
27 amplamente a humanidade.
A história natural é grandemente enriquecida pelos esforços
e genialidade de grandes homens. As descobertas modernas
30 trouxeram à luz fatos importantes relativos Métodos de
à chamada vida embrionária. Agassiz declara reprodução
(“Métodos de Estudo da História Natural”, página 275): “Cer-
33 tos animais, além do processo comum de procriação, tam-
bém aumentam em número, natural e constantemente, pela
Ciência e Saúde Gênesis 549
1 autodivisão”. Essa descoberta corrobora a Ciência da Mente,
porque ensina que a multiplicação de certos animais se pro-
3 cessa independentemente de condições sexuais. A metafísica
divina mostra que é um engano supor que a vida germine em
óvulos e tenha de se deteriorar depois de atingir a maturi-
6 dade, se não antes — mostra que isso é um absurdo que
finalmente cederá lugar a teorias e demonstrações mais
elevadas.
9 Admite-se que criaturas de formas orgânicas inferiores
tenham, de acordo com sua classe, três métodos diferentes de
reprodução e multipliquem a espécie às vezes Os três
12 por meio de óvulos, às vezes por meio de ger- processos
minação e às vezes por autodivisão. De acordo com conhe-
cimentos recentemente adquiridos, sucessivas gerações
15 começam não com o nascimento de novos indivíduos, ou
pessoas, mas com a formação do núcleo, ou óvulo, do qual
surgem subsequentemente uma ou mais individualidades; e
18 por isso temos de considerar o simples óvulo como o germe,
o ponto de partida das mais complicadas estruturas corpó-
reas, inclusive aquelas que chamamos humanas. A essa
21 altura, essas pesquisas materiais culminam naquelas vagas
hipóteses que necessariamente têm de acompanhar os sis-
temas errôneos que se apoiam na física e são desprovidos
24 de metafísica.
Em determinado ponto, o célebre naturalista Agassiz
descobre a senda que conduz à Ciência divina e desafia o leão
27 do materialismo no seu covil. Nessa altura, Deferência para
porém, até mesmo esse grande observador se com a lei material
engana sobre a natureza, abandona a noção de que o Espírito
30 é a origem divina da Verdade criadora, e permite que a maté-
ria e a lei material usurpem as prerrogativas da onipotência.
Ele cai completamente do seu pináculo, descendo à crença na
33 origem material do homem, pois virtualmente afirma que o
Ciência e Saúde Gênesis 550
1 germe da humanidade está em um óvulo circunscrito e não
inteligente.
3 Se assim fosse, de onde é que viria a Vida ou a Mente
para o gênero humano? A matéria por certo não possui a
Mente. Deus é a Vida, a inteligência que forma Interrogações
6 e preserva a individualidade e a identidade de alcance
profundo
tanto dos animais como dos homens. Deus
não pode Se tornar finito e ficar limitado por fronteiras
9 materiais. O Espírito não pode se tornar matéria e também
não pode emergir do seu oposto. Qual é o valor de se pesqui-
sar aquilo que erroneamente se chama vida material, que
12 acaba, tal como começa, no nada sem nome? O senso verda-
deiro do existir e de sua perfeição eterna deve aparecer agora,
assim como aparecerá no além.
15 O erro no pensamento se reflete em erro de ação. Conside-
rar continuamente a existência como se fosse material e
corpórea — como se tivesse começo e fim, e se Fases da
compusesse das fases chamadas nascimento, existência
18
deterioração e dissolução — impede que vejamos a Vida ver-
dadeira e espiritual, e faz com que nosso padrão se arraste no
21 pó. Se a Vida tivesse algum ponto de partida, qualquer que
fosse, então o grandioso Eu Sou não passaria de um mito. Se
a Vida é Deus, como indicam as Escrituras, então a Vida não
24 é embrionária, é infinita. É impossível que um óvulo seja o
invólucro da Deidade.
A embriologia não oferece nenhum exemplo de que
27 uma espécie produza seu oposto. A serpente nunca gera
um pássaro, assim como o leão não gera um cordeiro. O
cruzamento de espécies diferentes é considerado monstruoso
30 e raramente é fecundo, mas não é tão hediondo e absurdo
como a suposição de que o Espírito — o puro e santo, o
imutável e imortal — possa dar origem ao mortal e impuro,
33 e nele morar. Visto que a Ciência Cristã repudia impossibili-
dades evidentes por si mesmas, têm de ser os sentidos mate-
riais que dão origem a esses absurdos, pois tanto os sentidos
Ciência e Saúde Gênesis 551
1 materiais como aquilo que eles informam são desnaturais,
impossíveis e irreais.
3 Ou a Mente produz, ou ela é produzida. Se a Mente vem
primeiro, não pode produzir seu oposto em qualidade e quan-
tidade, chamado matéria. Se a matéria vem pri- Aquele que
6 meiro, não pode produzir a Mente. Cada espécie verdadeiramente
produz
produz sua própria espécie. Na história natural,
o pássaro não é produto de um quadrúpede. Na história espi-
9 ritual, a matéria não é a progenitora da Mente.
Um notável naturalista argumenta que os mortais nas-
cem de óvulos e se dividem em raças. Darwin admite isso,
12 mas acrescenta que a humanidade evoluiu, pas- A evolução das
sando por todos os estágios inferiores da exis- espécies
tência. A evolução descreve as gradações da crença humana,
15 mas não reconhece o método da Mente divina, nem compre-
ende que os métodos materiais são impossíveis na Ciência
divina e que toda a Ciência é de Deus, não do homem.
18 Os naturalistas perguntam: “O que é que pode haver, de
natureza material, transmitido por esses corpos chamados
óvulos — compostos, eles mesmos, dos elemen- Peculiaridades
21 tos materiais mais simples — pelos quais todas transmitidas
as peculiaridades dos ancestrais, pertencentes a qualquer dos
sexos, se perpetuam de geração em geração?” A pergunta do
24 naturalista se resume nisto: Como pode a matéria dar origem
à mente, ou transmiti-la? Respondemos que não pode. O
pensamento permanece envolto em trevas e dúvidas enquanto
27 baseia a criação na materialidade. Do ponto de vista mate-
rial, “Conseguirás tu encontrar a Deus, só por procurá-Lo?”*
Tudo tem de ser a Mente, ou então tudo tem de ser matéria.
30 Uma não pode produzir a outra. A Mente é imortal; mas o
erro declara que a semente material tem de se decompor para
propagar sua espécie, e o germe que daí resulta está conde-
33 nado à mesma rotina.
A antiga pergunta hipotética: o que veio primeiro, o ovo
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Gênesis 552
1 ou a galinha? estaria respondida, se o ovo produzisse o pro-
genitor. Mas não podemos parar aí. Segue-se outra per-
3 gunta: quem, ou o que, produz o progenitor do A causalidade não
ovo? Antigamente, aceitava-se a teoria de que a está na matéria
terra tivesse sido produzida pela incubação do “ovo da noite”.
6 A filosofia pagã, a geologia moderna e todas as outras hipóte-
ses materiais procuram a causalidade como se esta depen-
desse da matéria e fosse necessariamente visível aos sentidos
9 corpóreos, mesmo onde a prova indispensável para sustentar
essa suposição não tenha sido descoberta. As teorias mortais
confraternizam com o pecado, a doença e a morte; ao passo
12 que os fatos científicos e espirituais da existência não incluem
nenhum componente desse trio lúgubre e fatal.
A experiência humana, na vida mortal que começa de um
15 óvulo, corresponde àquela de Jó, quando ele diz: “O homem,
nascido de mulher, vive breve tempo, cheio de O emergir
inquietação”. Os mortais precisam emergir dos mortais
18 dessa noção de que a vida material seja tudo-em-tudo. Preci-
sam romper seu casulo mediante a Ciência Cristã e olhar
para fora e para cima. Contudo, o pensamento libertado da
21 base material, mas ainda não instruído pela Ciência, pode
ficar desatinado com essa liberdade e entrar em contradição
consigo mesmo.
24 De uma fonte material não flui nenhum remédio contra o
pesar, o pecado e a morte, pois o poder que redime dos males
que eles ocasionam não está no óvulo nem no A continuidade
27 pó. As cores das folhas e das flores, cujos mati- das espécies
zes se fundem, mostram que a ordem da matéria é a ordem
da mente mortal. O cruzamento de espécies diferentes,
30 levado aos seus limites extremos, resulta em um retorno às
espécies originais. Assim se aprende que a matéria é uma
manifestação da mente mortal, e que a matéria sempre se
33 rende e renuncia a suas alegações, quando a Mente perfeita
e eterna é compreendida.
Os naturalistas descrevem a origem da existência mortal
Ciência e Saúde Gênesis 553
1 e material nas diversas formas da embriologia, e acrescentam a
seus relatórios observações importantes, que deveriam desper-
3 tar o pensamento para um estudo mais elevado Base melhor
e mais puro da origem do homem. Essa cons- que a
embriologia
ciência mais clara tem de preceder a compreen-
6 são da harmonia do existir. O pensamento mortal tem de
alcançar uma base melhor, e aproximar-se da verdade a respeito
do existir, do contrário a saúde jamais será universal e a har-
9 monia nunca chegará a ser o padrão normal do homem.
Um de nossos naturalistas mais competentes disse: “Não
temos nenhum direito de presumir que os indivíduos tenham
12 surgido ou sido formados em circunstâncias nas quais fossem
essenciais as condições materiais para sua manutenção e
reprodução, ou nas quais essas condições materiais fossem
15 importantes para sua origem e aparecimento”. Então, por
que a base desse estudioso é tão materialista, e por que suas
deduções são geralmente materiais?
18 Adão foi criado antes de Eva. Nesse exemplo, vê-se que o
óvulo materno nunca produziu Adão. Eva foi formada da cos-
tela de Adão, não de um óvulo. Qualquer que Todo nascimento
21 seja a teoria que o pensamento mortal em geral tem origem
no pensamento
adote para explicar a origem humana, essa teo-
ria com toda a certeza virá a ser o sinal para que seu método
24 apareça em formas e maneiras finitas de agir. Se, por con-
senso geral, a crença humana aceita que um óvulo seja o ponto
inicial da raça humana, então essa potente crença passa ime-
27 diatamente a substituir a superstição mais antiga, a de que a
criação proceda do pó ou da costela de nosso pai ancestral.
Talvez digas que os mortais são formados antes de pensar
30 ou saber algo sobre sua origem, e talvez pergun- O existir
tes também como é que a crença pode afetar o é imortal
resultado que precede o desenvolvimento dessa crença. A isso
Ciência e Saúde Gênesis 554
1 só se pode responder que a Ciência Cristã revela coisas que
“nem olhos viram” — isto é, a causa de tudo o que existe —
3 pois o universo, que inclui o homem, é tão eterno como
seu Princípio divino e imortal, que é Deus. A mortalidade
não existe, nem existem propriamente seres mortais, porque o
6 existir é imortal, como a Deidade — ou, melhor dito, o existir
e a Deidade são inseparáveis.
O erro é sempre erro. Não é alguma coisa. Qualquer expli-
9 cação sobre a vida, decorrente de um conceito errado de vida, é
errônea, porque é totalmente destituída de conhe- Nosso
cimento sobre a chamada identidade da vida, desenvolvimento
consciente
12 totalmente destituída de conhecimento sobre
sua origem ou existência. O mortal não tem consciência de sua
existência como feto e como recém-nascido; mas à medida
15 que cresce até outra falsa alegação — a da matéria consciente
de si mesma — ele aprende a dizer: “Sou alguém; mas quem
me fez?” O erro responde: “Deus te fez”. O primeiro esforço
18 do erro foi e é o de atribuir a Deus a criação de tudo o que é
pecaminoso e mortal; mas a Mente infinita reduz a nada uma
crença tão errada.
21 Jesus definiu esse oposto de Deus e de Sua criação de
maneira melhor do que nós podemos fazer, quando disse:
“[Ele] é mentiroso e pai da mentira”. Jesus tam- O erro
bém disse: “Não vos escolhi eu em número de é mentiroso
24
doze? Contudo, um de vós é diabo”. Isso ele disse de Judas,
um indivíduo da raça de Adão. Jesus nunca deu a entender
27 que Deus tivesse criado um diabo, mas o que de fato disse foi:
“Vós sois do diabo, que é vosso pai”. Todos esses ditos visa-
vam a mostrar que a mente na matéria é a autora de si mesma,
30 e simplesmente não passa de falsidade e ilusão.
É crença geral que os animais inferiores são menos doen-
tios do que os que possuem organismos supe- As doenças
33 riores, especialmente os que têm forma humana. dos animais
Isso indicaria que há menos doenças na proporção em que a
Ciência e Saúde Gênesis 555
1 força da mente mortal é menos penetrante ou tem menos
sensibilidade, e que a saúde está presente quando a mente
3 mortal está ausente. Seria razoável concluir, a partir daí, que
é a crença humana, e não o arbítrio divino, que põe o orga-
nismo físico sob o jugo da doença.
6 Certa vez, alguém disse à descobridora da Ciência Cristã:
“Gosto de suas explicações sobre a verdade, mas não compre-
endo o que diz sobre o erro”. Essa é a natureza A ignorância é
do erro. A marca da ignorância está na sua sinal do erro
9
fronte porque não compreende nem pode ser compreendido.
O erro pretenderia ser aceito como se fosse mente, como se
12 fosse tão real e tão criado por Deus como a verdade; mas a
Ciência Cristã não atribui ao erro nem entidade nem poder,
porque ele não é mente, nem o produto da Mente.
15 Procurar a origem do homem, que é o reflexo de Deus, é
o mesmo que indagar sobre a origem de Deus, dAquele que
existe por Si mesmo e é eterno. Só o erro impo- A origem
18 tente procuraria unir o Espírito com a matéria, o da natureza
divina
bem com o mal, a imortalidade com a mortali-
dade, e denominar essa unidade fictícia homem, como se o
21 homem fosse gerado tanto pela Mente como pela matéria,
tanto pela Deidade como pela humanidade. A criação assenta
sobre uma base espiritual. Perdemos o padrão de perfeição e
24 pomos de lado o verdadeiro conceito da Deidade, quando admi-
timos que o perfeito seja o autor de algo que possa se tornar
imperfeito, que Deus dê o poder de pecar, ou que a Verdade
27 proporcione a capacidade de errar. Nosso grande exemplo,
Jesus, podia restabelecer a manifestação individualizada da
existência, que parecia se desvanecer na morte. Sabendo que
30 Deus é a Vida do homem, Jesus conseguiu se apresentar inal-
terado depois da crucificação. A Verdade promove a ideia da
Ciência e Saúde Gênesis 556
1 Verdade, e não a crença na ilusão ou no erro. Aquilo que é
real é sustentado pelo Espírito.
3 Os vertebrados, os articulados, os moluscos e os radiados
são conceitos mortais e materiais divididos em classes, e que
supostamente possuem vida e mente. Essas cren- A classificação
ças errôneas desaparecerão quando a radiância dos gêneros
6
do Espírito destruir para sempre toda a crença em matéria
inteligente. Então aparecerão o novo céu e a nova terra, pois
9 as coisas anteriores já terão passado.
A crença mortal contém em si as condições do pecado. A
crença mortal morre para reviver sob novas formas, apenas
12 para, afinal, extinguir-se para sempre; pois a O privilégio
vida eterna não se alcança morrendo. A Ciência do cristão
Cristã pode absorver a atenção de sábios e filósofos, mas só
15 o cristão pode compreendê-la a fundo. Ela vem a ser conhe-
cida em maior plenitude por aquele que melhor compreende
a Vida divina. Acaso a origem e a iluminação do gênero
18 humano vieram do pesado sono que caiu sobre Adão? O sono
é escuridão, mas a ordem criadora de Deus foi: “Haja luz”. No
sono, a causa e o efeito são meras ilusões. Parecem ser algo,
21 mas não são. Com o sono vêm o esquecimento e os sonhos,
não as realidades. É assim que continua a crença adâmica,
da qual a vida mortal e material é o sonho.
24 A ontologia recebe menos atenção do que a fisiologia.
Por quê? Porque a mente mortal tem de des- A ontologia
pertar para a vida espiritual antes de se dispor versus a
fisiologia
27 a resolver a questão do existir, o que explica a
experiência da autora; mas quando esse despertar vem,
a existência assenta sobre uma nova base.
30 Conta-se que um pai submergia na água, durante vários
minutos, seu filho recém-nascido de poucas horas, e repetia
Ciência e Saúde Gênesis 557
1 essa operação diariamente, até a criança poder ficar vinte
minutos debaixo da água, movendo-se e brincando como
3 um peixe, sem sofrer nenhum dano. Os pais deveriam
se lembrar disso e aprender a educar os filhos de maneira
apropriada em terra firme.
6 A Mente controla o trabalho de parto nos reinos inferio-
res da natureza, onde o nascimento ocorre sem dor. Os vege-
tais, os minerais e muitos animais não sofrem A maldição
nenhuma dor ao se multiplicar; mas a propa- é anulada
9
gação humana é acompanhada de sofrimento porque é uma
crença errônea. A Ciência Cristã revela que a harmonia
12 aumenta na mesma proporção em que a ordem da criação se
eleva rumo ao homem espiritual — rumo à compreensão e à
inteligência mais amplas; mas na ordem dos sentidos corpó-
15 reos, quanto menos o mortal sabe sobre o pecado, a doença e
a mortalidade, tanto melhor para ele — tanto menos dor e
pesar terá. Quando a neblina da mente mortal se dissipa, fica
18 anulada a maldição que diz à mulher: “Em meio de dores
darás à luz filhos”. A Ciência divina dispersa as nuvens do
erro com a luz da Verdade, levanta o véu e mostra que o
21 homem nunca nasce e nunca morre, mas coexiste com
seu Criador.
A teologia popular narra a história do homem como se ele
24 tivesse começado materialmente bem, e logo a seguir tivesse
caído em pecado mental; ao passo que a religião proveniente
da revelação proclama que a Ciência da Mente e suas
27 formações estão de acordo com o primeiro capítulo do Antigo
Testamento, quando Deus, a Mente, falou, e tudo se fez.
Capítulo 16
Apocalipse
Bem-aventurados aqueles que leem
e aqueles que ouvem as palavras da profecia
e guardam as coisas nela escritas,
pois o tempo está próximo. — Apocalipse.
Grande é o Senhor
e mui digno de ser louvado,
na cidade do nosso Deus. — Salmos.
S. João escreve no décimo capítulo do seu livro sobre a
Revelação, o Apocalipse:
3 Vi outro anjo forte descendo do céu, envolto em nuvem, com
o arco-íris por cima de sua cabeça; o rosto era como o sol, e as
pernas, como colunas de fogo; e tinha na mão um livrinho aberto.
6 Pôs o pé direito sobre o mar e o esquerdo, sobre a terra.
Esse anjo ou mensagem que vem de Deus, envolto em
nuvem, prefigura a Ciência divina. Ao senso mortal, a
9 Ciência no começo parece indistinta, abstrata A nova
e obscura; mas uma promessa luminosa lhe mensagem
coroa a fronte. Quando compreendida, é o prisma e o louvor
12 da Verdade. Quando a examinas com atenção, podes curar
por meio dela, e ela tem para ti uma luz mais resplandecente
que o sol, pois Deus “a iluminou”. Suas pernas são colunas
15 de fogo, alicerces da Verdade e do Amor. Ela traz o batismo do
Espírito Santo, cujas chamas da Verdade consomem o erro,
como foi profeticamente descrito por João Batista.
558
Ciência e Saúde Apocalipse 559
1 Esse anjo tinha na mão “um livrinho”, aberto para ser
lido e compreendido por todos. Pergunto: não continha esse
3 mesmo livro a revelação da Ciência divina, cujo O “livrinho”
“pé direito” ou poder dominante estava sobre o da Verdade
mar — sobre o erro básico, latente, a fonte de todas as formas
6 visíveis do erro? O pé esquerdo do anjo estava sobre a terra;
isto é, um poder secundário era exercido sobre o erro visível
e sobre o pecado audível. O “cicio tranquilo e suave”, a voz
9 do pensamento científico, se estende sobre continentes e ocea-
nos, até as extremidades mais remotas do globo. A voz
inaudível da Verdade é para a mente humana como quando
12 “ruge um leão”. É ouvida no deserto e nos lugares escuros do
medo. Ela desperta “os sete trovões” do mal e agita essas forças
latentes para fazer ressoar o diapasão completo dos tons
15 secretos. É então que o poder da Verdade fica demonstrado
— fica manifestado na destruição do erro. É então que uma
voz vinda da harmonia clamará: “Vai e toma o livro ... Toma-o
18 e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago,
mas, na tua boca, doce como mel”. Mortais, obedecei à
mensagem celestial. Tomai a Ciência divina. Lede este livro
21 do começo ao fim. Estudai-o, ponderai-o. Será de fato doce
quando o saboreardes pela primeira vez e ele vos curar; mas
não vos queixeis da Verdade, se achardes amarga sua diges-
24 tão. Quando vos aproximardes cada vez mais desse Princípio
divino, quando comerdes o corpo divino desse Princípio —
participando assim da natureza, ou seja, dos elementos fun-
27 damentais da Verdade e do Amor — não vos surpreendais
nem fiqueis descontentes por terdes de beber do cálice de
cicuta e comer as ervas amargas; pois foi assim que os
30 israelitas de outrora prefiguraram, na ceia pascal, essa
arriscada passagem da escravidão para o Eldorado da fé
e da esperança.
33 O décimo segundo capítulo do Apocalipse, a Revelação
Ciência e Saúde Apocalipse 560
1 de S. João, é especialmente alusivo ao século dezenove. Na
abertura do sexto selo, simbolizando os seis mil anos decor-
3 ridos desde Adão, se distingue uma conexão A lição para
com a época atual. os dias de hoje
Apocalipse 12:1. Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma
6 mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa
de doze estrelas na cabeça.
O céu representa a harmonia, e a Ciência divina interpreta
9 o Princípio da harmonia celestial. O grande milagre, para o
senso humano, é o Amor divino, e a suprema O conceito
necessidade da existência é obter a verdadeira correto sobre
o mensageiro
12 ideia do que é que constitui o reino dos céus no de Deus
homem. Essa meta nunca será alcançada, se odiarmos nosso
próximo ou tivermos um conceito errôneo sobre quem quer
15 que Deus tenha designado para proclamar Sua Palavra. Dito
de outro modo, sem ter um senso correto sobre a mais ele-
vada ideia visível do Princípio divino, nunca podemos com-
18 preender esse Princípio. O botânico tem de conhecer o gênero
e a espécie de uma planta para classificá-la corretamente. O que
se aplica às coisas, se aplica também às pessoas.
21 A difamação dos motivos e da religião de S. Paulo não
permitia que se visse o caráter do Apóstolo, caráter que lhe
dava a capacidade para cumprir sua grandiosa A perseguição
24 missão. A perseguição a todos os que disseram é nociva
algo novo e melhor a respeito de Deus, não só obscureceu
os séculos, como também foi funesta para os perseguidores.
27 Por quê? Porque tal perseguição lhes ocultou a verdadeira
ideia que foi apresentada. Compreender mal a Paulo signifi-
cava ser ignorante sobre a ideia divina que ele ensinava. A
30 ignorância sobre a ideia divina deixa transparecer imediata-
mente uma ignorância maior a respeito do Princípio divino
da ideia — ignorância a respeito da Verdade e do Amor.
Ciência e Saúde Apocalipse 561
1 Compreender a Verdade e o Amor, ou seja, compreender o
Princípio que cumpre os objetivos do bem eterno e destrói
3 tanto a fé no mal como a prática do mal, conduz ao discerni-
mento da ideia divina.
Agassiz, no seu microscópio, viu o sol em um óvulo, em
6 um ponto da chamada vida embrionária. Por ter uma visão
mais espiritual, S. João viu um “anjo posto Núpcias
em pé no sol”. Do monte da visão, o autor do supernas
9 Apocalipse viu a ideia espiritual. A pureza era o símbolo da
Vida e do Amor. O autor do Apocalipse viu também o ideal
espiritual como uma mulher vestida de luz, uma noiva que
12 descia do céu, desposada com o Cordeiro do Amor. Para
João “a noiva” e “o Cordeiro” representavam a correlação
entre o Princípio divino e a ideia espiritual, Deus e Seu
15 Cristo, trazendo harmonia à terra.
João viu que a coincidência humana e divina, evidente
no homem Jesus, era a natureza divina abraçando a natureza
18 humana, na Vida e sua demonstração — tor- A natureza divina e
nando perceptível e compreensível aos homens a natureza humana
a Vida que é Deus. Na revelação divina, o ego material e cor-
21 póreo desaparece, e a ideia espiritual é compreendida.
A mulher no Apocalipse simboliza o homem genérico,
a ideia espiritual de Deus; ela exemplifica a coincidência de
24 Deus com o homem como Princípio divino e Luz
ideia divina. O autor do Apocalipse toma o sol espiritual
como símbolo do Espírito. A ideia espiritual está revestida
27 do resplendor da Verdade espiritual, e a matéria lhe está
posta debaixo dos pés. A luz descrita não é em realidade
nem do sol nem da lua, mas é a Vida espiritual, que é “a luz
30 dos homens”. No primeiro capítulo do Quarto Evangelho
está escrito: “Houve um homem enviado por Deus... para
que testificasse da luz”.
33 João Batista profetizou a vinda do imaculado Jesus,
Ciência e Saúde Apocalipse 562
1 e João viu, em sua época, que a ideia espiritual era o Messias
que batizaria com o Espírito Santo — isto é, com a Ciência
3 divina. Assim como Elias apresentou a ideia da A ideia espiritual
paternidade de Deus, a qual Jesus posterior- revelada
mente manifestou, assim o autor do Apocalipse completou
6 essa alegoria com a mulher, que simboliza a ideia espiritual
da maternidade de Deus. A lua está debaixo de seus pés.
Essa ideia revela que o universo é secundário e subordinado
9 ao Espírito, do qual esse universo toma emprestada a luz, a
substância, a vida e a inteligência que ele reflete.
A ideia espiritual está coroada com doze estrelas. As doze
12 tribos de Israel com todos os mortais — que a crença separa
da origem divina do homem e da verdadeira A ideia espiritual
ideia — cederão, através de muita tribulação, às coroada
15 atividades do Princípio divino do homem, na harmonia da
Ciência. Essas são as estrelas da coroa do regozijo. São os
luminares dos céus espirituais desta época, que mostram a
18 atuação da ideia espiritual, curando os doentes e os pecadores
bem como manifestando a luz que brilha “até ser dia perfeito”,
à medida que se desvanece a noite do materialismo.
21 Apocalipse 12:2. Achando-se grávida, grita com as dores de
parto, sofrendo tormentos para dar à luz.
A ideia espiritual é também simbolizada por uma mulher
24 em trabalho de parto, à espera de dar à luz sua Trabalho de
doce esperança, mas já não se lembrando da dor, parto e alegria
pela alegria de ver que o nascimento prossegue; pois grandiosa
27 é a ideia e portentoso o trabalho.
Apocalipse 12:3. Viu-se, também, outro sinal no céu, e eis um
dragão, grande, vermelho, com sete cabeças, dez chifres e, nas
30 cabeças, sete diademas.
Ciência e Saúde Apocalipse 563
1 O senso humano talvez se admire da desarmonia, ao passo
que, para um senso mais divino, a harmonia é o real e a desar-
3 monia é o irreal. Podemos até ficar atônitos O dragão
perante o pecado, a doença e a morte. Podemos como símbolo
até ficar perplexos ante o medo humano; e ainda mais assom-
6 brados ante o ódio, que levanta sua cabeça de hidra e mostra
seus chifres nas muitas invenções do mal. Mas por que deve-
ríamos ficar apavorados ante o nada? O grande dragão ver-
9 melho simboliza a mentira — a crença de que a substância,
a vida e a inteligência possam ser materiais. Esse dragão
representa a soma total do erro humano. Os dez chifres do
12 dragão simbolizam a crença de que a matéria tenha poder
próprio e que por meio de uma mente maligna existente na
matéria seja possível violar os Dez Mandamentos.
15 O autor do Apocalipse arranca o véu a essa corporificação
de todo o mal, e vê o caráter hediondo do mal; mas também
vê a nulidade do mal e o fato de que Deus é A picada
Tudo. O autor do Apocalipse vê que aquela da serpente
18
antiga serpente, cujo nome é diabo ou o mal, está incansavel-
mente à espreita para ferir o calcanhar da verdade e tentar
21 impedir o desenvolvimento do progênito da ideia espiritual,
o qual é fértil em saúde, santidade e imortalidade.
Apocalipse 12:4. A sua cauda arrastava a terça parte das estre-
24 las do céu, as quais lançou para a terra; e o dragão se deteve em
frente da mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar
o filho quando nascesse.
27 A forma da serpente representa astúcia, que serpeia por
entre todo o mal, mas que o faz em nome do bem. Paulo
se refere à picada da serpente, quando fala das Tendência
30 “forças espirituais do mal, nas regiões celestes”. animal
É o instinto animal nos mortais, que os incitaria a se
Ciência e Saúde Apocalipse 564
1 devorarem uns aos outros e a expulsarem os demônios por
meio de Belzebu.
3 Tal como outrora, o mal ainda acusa a ideia espiritual
de ter a natureza que é própria do erro e de utilizar os mes-
mos métodos. Esse instinto animal maligno, cujo símbolo
6 é o dragão, incita os mortais a matar moral e fisicamente até
mesmo os seus semelhantes e, o que é ainda pior, a atribuir o
crime aos inocentes. Este último ponto fraco do pecado fará
9 o criminoso afundar em uma noite sem estrelas.
A autora está convencida de que as acusações contra
Jesus de Nazaré, e até mesmo sua crucificação, foram insti-
12 gadas pelo instinto criminoso aqui descrito. Barbaridade
cruel
O autor do Apocalipse se refere a Jesus como o
Cordeiro de Deus, e ao dragão como aquilo que faz guerra
15 contra a inocência. Visto que Jesus deve ter sido tentado em
todos os aspectos, ele, o imaculado, enfrentou e venceu o
pecado em todas as suas formas. A barbaridade brutal de seus
18 inimigos não poderia provir de nenhuma outra fonte, senão
do mais alto grau de depravação humana. Jesus “não abriu
a boca”. Antes que a soberania da Verdade fosse demonstrada
21 na Ciência divina, a ideia espiritual foi denunciada no tribunal
da chamada mente mortal, a qual fora liberada a fim de que
a falsa alegação de haver mente na matéria pusesse a desco-
24 berto seu próprio crime de desafiar a Mente imortal.
Do Gênesis ao Apocalipse, o pecado, a doença e a
morte, a inveja, o ódio e a vingança — todo o mal — são
27 simbolizados por uma serpente, ou seja, A ruína
do dragão
a astúcia animal. Jesus disse, referindo-se a
uma afirmação dos Salmos: “Odiaram-me sem motivo”.
30 A serpente está perpetuamente atrás do calcanhar da harmo-
nia. Do começo ao fim, a serpente persegue com ódio a ideia
espiritual. No Gênesis, essa serpente alegórica e falante sim-
33 boliza a mente mortal, “mais sagaz que todos os animais
Ciência e Saúde Apocalipse 565
1 selváticos”. No Apocalipse, quando se aproxima de sua
ruína, esse mal aumenta e se torna o grande dragão verme-
3 lho, inflado de pecado, inflamado para a guerra contra a
espiritualidade e maduro para a destruição. Está cheio de
luxúria e de ódio, com aversão ao esplendor da glória divina.
6 Apocalipse 12:5. Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de
reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arreba-
tado para Deus até ao Seu trono.
9 Levado pelo elemento mais baixo da mente mortal, Herodes
decretou a morte de toda criança do sexo masculino, para que
o homem Jesus, o representante masculino da O conflito
ideia espiritual, jamais pudesse empunhar o com a pureza
12
cetro e privar Herodes de sua coroa. A personificação da
ideia espiritual foi de breve duração na vida terrena de nosso
15 Mestre; mas “o seu reinado não terá fim”, pois o Cristo, a ideia
de Deus, regerá finalmente todas as nações e todos os povos
— de modo imperativo, absoluto e definitivo — com a Ciência
18 divina. Essa ideia imaculada, representada primeiro pelo
homem e, de acordo com o autor do Apocalipse, por último
pela mulher, batizará com fogo; e esse batismo de fogo quei-
21 mará a palha do erro com o calor ardente da Verdade e do
Amor, derretendo e purificando mesmo o ouro do caráter
humano. Depois que as estrelas juntas cantaram e que tudo
24 era harmonia primeva, a mentira material fez guerra contra a
ideia espiritual; mas isso apenas impeliu a ideia a se elevar
ao zênite da demonstração, destruindo o pecado, a doença
27 e a morte, e a ser arrebatada para junto de Deus — isto é, a
ser percebida no seu Princípio divino.
Apocalipse 12:6. A mulher, porém, fugiu para o deserto, onde
30 lhe havia Deus preparado lugar.
Ciência e Saúde Apocalipse 566
1 Assim como os filhos de Israel foram guiados triunfal-
mente através do Mar Vermelho, o sombrio fluxo e refluxo
3 das marés do medo humano — assim como Orientação
foram conduzidos através do ermo terreno, espiritual
caminhando cansados pelo grande deserto das esperanças
6 humanas, antegozando a alegria prometida — da mesma
forma, a ideia espiritual guiará todos os desejos corretos na
sua passagem dos sentidos para a Alma, de um senso mate-
9 rial de existência para o espiritual, elevando-os à glória pre-
parada para aqueles que amam a Deus. A Ciência majestosa
não se detém, mas caminha à frente deles, uma coluna de
12 nuvem durante o dia e de fogo durante a noite, conduzindo
a alturas divinas.
Se nos lembramos da bela descrição que Sir Walter Scott
15 põe na boca de Rebeca, a judia, na história de Ivanhoé:
Quando Israel, amado do Senhor,
A terra da escravidão deixou,
18 O Deus de seus pais adiante caminhou,
Guia imponente em fumaça e em fulgor —
nós podemos também oferecer a oração que termina esse
21 mesmo hino:
Se a noite sobre a senda de Judá descer,
E se em sombra e tempestade a envolver,
24 Sê Tu, longânimo, lento em Te irar,
Uma luz viva e ardente a brilhar!
Apocalipse 12:7, 8. Houve peleja no céu. Miguel e os seus
27 anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e
seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu
o lugar deles.
30 O Antigo Testamento atribui incumbências diferentes aos
anjos, as divinas mensagens de Deus. A caracte- Incumbências
rística de Miguel é a força espiritual. Ele con- angelicais
33 duz o exército dos céus contra o poder do pecado, contra
Ciência e Saúde Apocalipse 567
1 Satanás, e luta nas guerras santas. Gabriel tem a tarefa mais
pacífica de transmitir o senso da presença constante do Amor
3 sempre solícito. Esses anjos nos livram dos abismos. A Verdade
e o Amor ficam mais próximos na hora da aflição, quando a
fé poderosa, a força espiritual, luta e prevalece graças à com-
6 preensão a respeito de Deus. Para o Gabriel da presença de
Deus não há contendas. Para o Amor infinito, sempre pre-
sente, tudo é o Amor, e não há erro, não há pecado, nem doença,
9 nem morte. Contra o Amor, o dragão não luta por muito
tempo, pois é morto pelo Princípio divino. A Verdade e o Amor
prevalecem sobre o dragão, porque o dragão não pode fazer
12 guerra contra eles. Assim termina o conflito entre a carne e
o Espírito.
Apocalipse 12:9. E foi expulso o grande dragão, a antiga ser-
15 pente, que se chama diabo e Satanás, que engana a todo o mundo,
sim, foi atirado para a terra e, com ele, os seus anjos.*
Essa alegação errônea — essa velha crença, essa antiga
18 serpente cujo nome é diabo (o mal) argumentando que haja
inteligência na matéria, seja para beneficiar seja O dragão
para prejudicar os homens — é puro delírio, é o é atirado
à terra
21 dragão vermelho; e ela é expulsa pelo Cristo, a
Verdade, a ideia espiritual, ficando dessa forma provado que
esse argumento não tem poder. As palavras “atirado para a
24 terra” mostram que o dragão é o nada, pó que torna ao pó;
portanto, na sua alegação de ser capaz de falar, ele tem de ser
uma mentira desde o começo. Seus anjos, ou seja, suas men-
27 sagens, são expulsos junto com seu autor. A besta e os falsos
profetas são a luxúria e a hipocrisia. Esses lobos vestidos de
ovelhas são detectados e mortos pela inocência, o Cordeiro
30 do Amor.
A Ciência divina mostra como o Cordeiro mata o lobo.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Apocalipse 568
1 A inocência e a Verdade vencem a culpa e o erro. Desde a
fundação do mundo, quando o erro procurou estabelecer a
3 crença material, o mal tenta matar o Cordeiro; A guerra
mas a Ciência é capaz de destruir essa mentira, contra o erro
chamada o mal. O décimo segundo capítulo do Apocalipse
6 simboliza o método divino de guerrear na Ciência e os
gloriosos resultados dessa guerra. Os capítulos seguintes
descrevem os efeitos funestos da tentativa de combater o
9 erro com o erro. A narrativa segue a ordem usada no Gênesis.
No Gênesis, primeiro é apresentado o verdadeiro método da
criação e depois o falso. Aqui, também, o autor do Apocalipse
12 expõe primeiramente o verdadeiro método de fazer guerra e
depois, o falso.
Apocalipse 12:10–12. Então, ouvi grande voz do céu, procla-
15 mando: Agora, veio a salvação, o poder, o reino do nosso Deus
e a autoridade do Seu Cristo, pois foi expulso o acusador de nos-
sos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do
18 nosso Deus. Eles, pois, o venceram por causa do sangue do Cordeiro
e por causa da palavra do testemunho que deram e, mesmo em face
da morte, não amaram a própria vida. Por isso, festejai, ó céus, e vós,
21 os que neles habitais. Ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até
vós, cheio de grande cólera, sabendo que pouco tempo lhe resta.
Pela vitória sobre um único pecado, damos graças e enalte-
24 cemos o Senhor dos Exércitos. Que diremos da portentosa
vitória sobre todo o pecado? Um cântico mais Cântico
alto, o mais doce que já tenha alcançado o céu, de júbilo
27 agora se eleva mais claro e chega mais perto do grande coração
do Cristo; porque o acusador não está lá, e o Amor faz ressoar
sua melodia primordial e eterna. A renúncia ao ego, pela
30 qual deixamos tudo em favor da Verdade, o Cristo, em nossa
luta contra o erro, é uma regra na Ciência Cristã. Essa regra
Ciência e Saúde Apocalipse 569
1 interpreta claramente a Deus como o Princípio divino —
como a Vida, representada pelo Pai; como a Verdade, repre-
3 sentada pelo Filho; como o Amor, representado pela Mãe.
Algum dia, aqui ou no além, todo mortal terá de lutar contra
a crença mortal em um poder oposto a Deus, e vencê-la.
6 O trecho das Escrituras: “Foste fiel no pouco, sobre o
muito te colocarei”, cumpre-se literalmente, quando estamos
conscientes da supremacia da Verdade, graças à A veste
9 qual se vê que o erro é o nada; e nós sabemos que da Ciência
a nulidade do erro está em proporção à sua perversidade.
Aquele que toca a orla da veste do Cristo e domina suas crenças
12 mortais, a animalidade e o ódio, rejubila-se com a prova da
cura — o senso doce e seguro de que Deus é o Amor. Ai daque-
les que não são fiéis à Ciência divina e deixam de estrangular
15 a serpente do pecado e da doença! Eles continuam habitando
nas trevas profundas da crença. Estão no mar bravio do erro,
sem lutar para levantar a cabeça acima da onda que os arrasta.
18 Qual terá de ser o fim? Eles terão finalmente de expiar
seu pecado por meio do sofrimento. O pecado que aceitamos
como amigo íntimo acaba voltando-se contra Expiação por meio
nós com força redobrada, porque o diabo sabe do sofrimento
21
que lhe resta pouco tempo. Aqui as Escrituras declaram que o
mal é temporal, não eterno. O dragão é afinal ferido de morte
24 por sua própria maldade; mas quantos períodos de tortura
serão necessários até que todo o pecado seja eliminado, tem
de depender da obstinação do pecado.
27 Apocalipse 12:13. Quando, pois, o dragão se viu atirado para
a terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho varão.
Ciência e Saúde Apocalipse 570
1 O progresso do pensamento e da pesquisa genuína fará
chegar a hora em que os homens acorrentarão, com cadeias
3 de alguma espécie, o crescente ocultismo desta Apatia quanto
época. A apatia atual quanto à tendência de ao ocultismo
certas influências mentais ativas, embora não vistas, final-
6 mente será de tal forma abalada, que se transformará em
outro estado de ânimo mortal extremo, isto é, a indignação
humana; pois um extremo sucede a outro.
9 Apocalipse 12:15, 16. Então, a serpente arrojou da sua boca,
atrás da mulher, água como um rio, a fim de fazer com que ela
fosse arrebatada pelo rio. A terra, porém, socorreu a mulher; e a
12 terra abriu a boca e engoliu o rio que o dragão tinha arrojado de
sua boca.
Milhões de mentalidades sem preconceitos — que com
15 simplicidade procuram a Verdade, viandantes fatigados,
sedentos no deserto — aguardam, atentos, o Corações
repouso e o refrigério. Dá-lhes um copo de receptivos
18 água fresca em nome de Cristo, e nunca receies as conse-
quências. E se o antigo dragão lançar um novo dilúvio para
afogar a ideia-Cristo? Ele não pode abafar tua voz com seu
21 rugido, nem afundar novamente o mundo nas águas profun-
das do caos e da antiga noite. Nesta época a terra ajudará a
mulher; a ideia espiritual será compreendida. Aqueles que
24 estão preparados para a bênção que estás dando, agradece-
rão. As águas serão aquietadas, e o Cristo terá autoridade
sobre as ondas.
27 Quando Deus cura os doentes ou os pecadores, estes deve-
riam reconhecer o grande benefício que a Mente operou.
Deveriam reconhecer, também, a grande delusão Métodos ocultos
30 da mente mortal, quando esta os torna doentes da iniquidade
ou pecadores. São muitos os que estão dispostos a abrir os
olhos dos homens para o poder do bem que reside na Mente
Ciência e Saúde Apocalipse 571
1 divina, mas não têm a mesma disposição para chamar a
atenção sobre o mal no pensamento humano e denunciar
3 os métodos mentais ocultos que o mal utiliza para levar a
cabo a iniquidade.
Por que essa relutância, uma vez que é necessário denun-
6 ciar o mal para ter certeza de invalidá-lo? Porque as pessoas
te apreciam mais quando lhes falas de suas vir- Advertência
cristã
tudes, do que quando apontas suas falhas. É
9 preciso ter o espírito de nosso bendito Mestre para falar a
alguém sobre seus defeitos, e assim correr o risco de ser
criticado pelos homens por fazer o que é certo e beneficiar
12 o gênero humano. Quem está advertindo a humanidade
contra o inimigo emboscado? É o informante alguém que
vê o inimigo? Nesse caso, escuta-o e sê sensato. Livra-te do
15 mal, e qualifica de servos infiéis aqueles que viram o perigo
e não avisaram.
A todo momento e em todas as circunstâncias, vence tu o
18 mal com o bem. Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabe-
doria e a ocasião para teres a vitória sobre o mal. A armadura
Revestido com a armadura do Amor, tu não da natureza
divina
21 podes ser atingido pelo ódio humano. O cimento
de uma humanidade mais elevada unirá todos os interesses
na natureza divina, que é una e única.
24 Por meio de sentido figurado e de metáforas, o autor do
Apocalipse, escriba imortal do Espírito e do idealismo verda-
deiro, apresenta um espelho no qual os mortais Entronizada a
27 podem ver sua própria imagem. Com símbolos religião pura
significativos, ele descreve os pensamentos que vê na mente
mortal. Assim, ele repreende a presunção do pecado e pressa-
30 gia sua destruição. O autor do Apocalipse, com sua força
espiritual, abre completamente os portais da glória e ilumina
a noite do paganismo com a sublime grandeza da Ciência
33 divina, que eclipsa o pecado, a feitiçaria, a luxúria e a hipocri-
sia. Ele elimina a mitra e o cetro. Entroniza a religião pura e
Ciência e Saúde Apocalipse 572
1 sem mácula e enaltece apenas aqueles que lavaram e alvejaram
suas vestes na obediência e no sofrimento.
3 Vemos assim, tanto no primeiro como no último livro
da Bíblia — no Gênesis e no Apocalipse — que o pecado será
reduzido cristã e cientificamente ao seu próprio A nulidade
6 nada. “Que... nos amemos uns aos outros” intrínseca
do pecado
(1 João 3:23) é o conselho mais simples e mais
profundo do escritor inspirado. Na Ciência, somos filhos
9 de Deus; mas tudo o que provém do senso material, e que
é mortal, não pertence a Seus filhos, pois a materialidade é
a imagem invertida da espiritualidade.
12 O Amor cumpre a lei da Ciência Cristã, e nada, a não ser
esse Princípio divino, compreendido e demonstrado, poderá
jamais apresentar a visão do Apocalipse, abrir, O cumprimento
com a Verdade, os sete selos do erro, ou pôr a da lei
15
descoberto as miríades de ilusões do pecado, da doença e da
morte. Sob a supremacia do Espírito, será visto e reconhe-
18 cido que a matéria tem de desaparecer.
No capítulo 21, versículo 1, do Apocalipse, lemos:
Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra
21 passaram, e o mar já não existe.
O autor do Apocalipse ainda não havia passado pelo
estado de transição na experiência humana a que se chama
24 morte, porém já via novo céu e nova terra. Por As possibilidades
meio de qual sentido essa visão veio a S. João? atuais do homem
Não foi por meio dos órgãos materiais da vista, pois os
27 olhos não são capazes de assimilar uma cena tão maravi-
lhosa. Eram esse novo céu e essa nova terra terrestres ou
Ciência e Saúde Apocalipse 573
1 celestiais, materiais ou espirituais? Não podiam ser terrestres
nem materiais, pois o senso humano de espaço é incapaz de
3 captar tal visão. O autor do Apocalipse estava no nosso
plano da experiência humana, no entanto via o que os olhos
não podem ver — aquilo que é invisível ao pensamento não
6 inspirado. Esse testemunho das Sagradas Escrituras sustenta
o fato, na Ciência, de que os céus e a terra são espirituais para
uma consciência humana, aquela consciência que Deus
9 outorga, ao passo que para outra, isto é, para a mente humana
não iluminada, a visão é material. Isso mostra, de modo ine-
quívoco, que aquilo que a mente humana chama matéria e
12 espírito indica estados e estágios da consciência.
Acompanhando essa consciência científica veio outra
revelação, a saber, a declaração vinda do céu, ou seja, da har-
15 monia suprema, de que Deus, o Princípio divino A presença
da harmonia, está sempre com os homens, e que da Deidade
estes são Seu povo. Desse modo, para João, o homem já não
18 era um miserável pecador, mas o filho abençoado de Deus.
Por quê? Porque o senso corpóreo de S. João a respeito dos
céus e da terra havia desaparecido, e em lugar desse senso
21 errôneo havia ficado o senso espiritual, o estado subjetivo
pelo qual ele podia ver o novo céu e a nova terra, que abran-
gem a ideia espiritual sobre a realidade e a consciência
24 dessa realidade. Essa é a autoridade bíblica para concluir
que tal reconhecimento do existir é, e sempre foi, possível
aos homens no atual estado da experiência humana — que
27 podemos ficar conscientes, aqui e agora, de que já não exis-
tem a morte, a tristeza e a dor. Esse é de fato um vislumbre
antecipado da Ciência Cristã absoluta. Cria ânimo, querido
30 sofredor, pois essa realidade a respeito do existir, com cer-
teza será visível um dia, e de alguma maneira. Já não haverá
dor, e todas as lágrimas serão enxugadas. Ao leres isso,
33 lembra-te das palavras de Jesus: “O reino de Deus está
Ciência e Saúde Apocalipse 574
1 dentro de vós”. Essa consciência espiritual é, portanto, uma
possibilidade presente.
3 O autor do Apocalipse vê também outra cena, apropriada
para confortar o peregrino cansado, que na sua jornada
caminha “sempre montanha acima”.
6 Ele escreve no Apocalipse 21:9:
Então, veio um dos sete anjos que têm as sete taças cheias dos
últimos sete flagelos e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a
9 noiva, a esposa do Cordeiro.
Essa manifestação da Verdade, essa mensagem do Amor
divino, arrebatou João em espírito. Elevou João até ele ficar
12 consciente dos fatos espirituais do existir e da Taças da
“Nova Jerusalém, que descia do céu, da parte ira e do
consolo
de Deus” — o derramar espiritual de suprema
15 felicidade e de glória, que ele descreve como a cidade “qua-
drangular”. A beleza desse texto está em que a soma total do
sofrimento humano, representada pelas sete taças angelicais
18 cheias dos sete flagelos, tem plena compensação na lei do
Amor. Nota isto — que a mesma mensagem, ou pensamento
de voo rápido, que derramou ódio e tormento, trouxe tam-
21 bém a experiência que por fim elevou o profeta a ver a cidade
grandiosa, cujos quatro lados iguais têm origem no céu e
proporcionam o céu.
24 Pensa nisso, caro leitor, pois há de arrancar o “pano
de saco” dos teus olhos, e verás descer sobre ti a pomba de
voo suave. Aquela mesma circunstância que Matrimônio
teu senso sofredor considera ameaçadora e espiritual
27
aflitiva, o Amor pode converter em um anjo que acolhes
sem o saberes. Então o pensamento sussurra docemente:
Ciência e Saúde Apocalipse 575
1 “Vem! Ergue-te acima de tua consciência errônea e encontra
o verdadeiro senso do Amor, e vê a esposa do Cordeiro — o
3 Amor desposado com a sua própria ideia espiritual”. A seguir,
ocorre a festa das bodas, porque essa revelação destruirá para
sempre os flagelos físicos impostos pelo senso material.
6 Essa cidade santa, descrita no Apocalipse (21:16) como
“quadrangular” e que “descia do céu, da parte de Deus”,
representa a luz e a glória da Ciência divina. O A cidade
9 arquiteto e edificador dessa Nova Jerusalém é quadrangular
Deus, como lemos na epístola aos Hebreus; e é uma “cidade
que tem fundamentos”. A descrição é metafórica. O ensino
12 espiritual sempre tem de ser por meio de símbolos. Acaso
não foi por meio do grão de mostarda e do filho pródigo, que
Jesus ilustrou as verdades que ele ensinava? Considerada em
15 seu sentido alegórico, a descrição da cidade como quadran-
gular tem significado profundo. Os quatro lados da nossa
cidade são: a Palavra, o Cristo, o Cristianismo e a Ciência
18 divina; e “as suas portas nunca jamais se fecharão de dia,
porque, nela, não haverá noite”. Essa cidade é inteiramente
espiritual, como indicam os seus quatro lados.
21 Como diz o Salmista: “Seu santo monte, belo e sobran-
ceiro, é a alegria de toda a terra; o monte Sião, para os lados
do norte, a cidade do grande Rei”. É de fato a Os majestosos
cidade do Espírito, bela, majestosa e simétrica. portais divinos
24
Ao norte, suas portas se abrem à Estrela Polar, ou seja, a
Palavra, o ímã polar da Revelação; a leste, abrem-se à estrela
27 vista pelos Magos do Oriente, que a seguiram até a manje-
doura de Jesus; ao sul, abrem-se aos cálidos trópicos, com
o Cruzeiro do Sul nos céus — a Cruz do Calvário, que liga
30 a sociedade humana em solene união; ao ocidente, abrem-se
Ciência e Saúde Apocalipse 576
1 à grandiosa compreensão da Praia Dourada do Amor e do
Plácido Mar da Harmonia.
3 Essa cidade celestial, iluminada pelo Sol da Retidão —
essa Nova Jerusalém, esse infinito Tudo, que O zênite puro
nos parece oculto na névoa da distância — da revelação
6 tornou-se visível a S. João, enquanto ele ainda habitava com
os mortais.
No Apocalipse 21:22, continuando a descrever essa
9 cidade sagrada, o Discípulo bem-amado escreve:
Nela, não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o
Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.
12 Não havia santuário — isto é, não havia nenhuma estru-
tura material onde adorar a Deus, pois Deus tem de ser ado-
rado em espírito e em amor. A palavra santuário O tabernáculo
15 também significa corpo. O autor do Apocalipse celestial
conhecia o uso que Jesus fazia dessa palavra, como quando
Jesus disse que seu corpo material era o santuário a ser tempo-
18 rariamente reconstruído (João 2:21). De que outra indicação da
incorporalidade do homem real necessitamos nós, senão desta:
que João viu o céu e a terra e aí não viu “santuário [corpo]”?
21 Esse reino de Deus “está dentro de vós” — está ao alcance da
consciência do homem agora, e a ideia espiritual o revela.
Na Ciência divina, o homem possui conscientemente esse
24 conhecimento da harmonia, na medida de sua compreensão
de Deus.
O termo Senhor, como é usado na nossa versão do
27 Antigo Testamento, é muitas vezes sinônimo de Jeová, e
expressa o conceito judaico ainda não elevado, Senso divino
mediante a transfiguração espiritual, até a per- da Deidade
30 cepção do que Deus é. No entanto, essa palavra aos poucos
se aproxima de um significado mais elevado. Esse senso
humano da Deidade cede ao senso divino, do mesmo modo
Ciência e Saúde Apocalipse 577
1 que o senso material de pessoalidade cede ao senso incorpóreo
de Deus e do homem como Princípio infinito e ideia infinita
3 — como um só Pai com Sua família universal, mantidos no
evangelho do Amor. A esposa do Cordeiro apresenta a
unidade de homem e mulher não mais como dois indivíduos
6 desposados, mas como duas naturezas individuais em uma
só; e essa individualidade espiritual composta reflete a Deus
como Pai-Mãe, não como um ser corpóreo. Nessa consciência
9 espiritual, divinamente unida, não há impedimento para a
suprema e eterna felicidade — para a perfectibilidade da
criação de Deus.
12 Essa habitação santa e espiritual não tem fronteiras nem
limites, mas seus quatro pontos cardeais são: primeiro, a
Palavra da Vida, da Verdade e do Amor; segundo, A cidade de
o Cristo, a ideia espiritual de Deus; terceiro, o nosso Deus
15
Cristianismo, que é o resultado do Princípio divino da
ideia-Cristo na história cristã; quarto, a Ciência Cristã que,
18 hoje e para sempre, interpreta esse grande exemplo e o grande
Modelo. Essa cidade de nosso Deus não necessita de sol nem
de satélite, porque o Amor é a sua luz, e a Mente divina é sua
21 própria intérprete. Todos os que são salvos têm de andar
nessa luz. Poderosos potentados e dinastias deporão suas
honrarias na cidade celestial. Seus portais se abrem na direção
24 da luz e da glória, tanto para dentro como para fora, porque
tudo é bom, e nessa cidade não pode entrar “coisa alguma
contaminada, nem o que pratica... mentira”.
27 O tênue senso que a autora no momento tem da Ciência
Cristã se encerra com a Revelação de S. João, como a relata
o grande Apóstolo, pois a visão que ele teve é o auge dessa
30 Ciência, conforme a Bíblia revela.
No Salmo seguinte, há uma palavra que mostra, se bem
Ciência e Saúde Apocalipse 578
1 que tenuemente, a luz que a Ciência Cristã projeta sobre as
Escrituras, substituindo o senso corpóreo pelo senso incor-
3 póreo, espiritual, da Deidade:
Salmo 23
[O amor divino] é o meu pastor: nada me faltará.
6 [O amor] me faz repousar em pastos verdejantes.
[O amor] leva-me para junto das águas de descanso;
[O amor] revigora-me* a alma [o senso espiritual].
9 [O amor] guia-me pelas veredas da retidão* por amor do
Seu nome.
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
12 temerei mal nenhum, porque [o amor] está comigo: o
bordão [do amor] e o cajado [do amor] me confortam*.
[O amor] prepara-me uma mesa na presença dos meus
15 adversários, [o amor] unge-me a cabeça com óleo; o meu
cálice transborda.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos
18 os dias da minha vida; e habitarei na casa [a consciência] do
[amor] para todo o sempre.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Capítulo 17
Glossário*
Estas coisas diz o Santo,
o Verdadeiro,
Aquele que tem a chave de Davi,
que abre, e ninguém fechará,
e que fecha, e ninguém abrirá:
Conheço as tuas obras —
eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta,
a qual ninguém pode fechar. — Apocalipse.
3
N a Ciência Cristã aprendemos que a substituição da defi-
nição material de uma palavra bíblica, pela definição
espiritual, muitas vezes elucida o significado que o escritor
inspirado quer lhe dar. Por essa razão é que foi acrescentado
este capítulo. Contém a interpretação metafísica de termos
6 bíblicos e lhes dá o significado espiritual, que é também seu
sentido original.
Abel. Um estado de atenção; oferta que renuncia ao ego
9 pessoal; entrega dos primeiros frutos da experiência ao Criador.
Abraão. Fidelidade; fé na Vida divina e no eterno
Princípio do existir.
12 Esse patriarca exemplificou o propósito do Amor de criar
confiança no bem e mostrou o poder da compreensão espiri-
tual para preservar a vida.
15 Adão. Erro; uma falsidade; a crença no “pecado ori-
ginal”, na doença e na morte; o mal; o oposto do bem — o
oposto de Deus e de Sua criação; maldição; uma crença
18 de que haja matéria inteligente, uma crença no finito e na
* Veja na página 696 o índice alfabético. 579
Ciência e Saúde Glossário 580
1 mortalidade; “pó que torna ao pó”; arenito vermelho; o nada; o
primeiro deus da mitologia; não o homem de Deus, o qual é
3 o representante do Deus único e é a própria imagem e seme-
lhança de Deus; o oposto do Espírito e de Suas criações; aquilo
que não é a imagem e semelhança do bem, mas é uma crença
6 material, oposta à Mente única, oposta ao Espírito único; uma
chamada mente finita produzindo outras mentes, criando
assim “muitos deuses e muitos senhores” (1 Coríntios 8:5); um
9 produto do nada como simulação de alguma coisa; uma irrea-
lidade em contraste com a grandiosa realidade da existência e
criação espiritual; um homem, assim chamado, cuja origem,
12 substância e mente são, como se constata, o antípoda de Deus,
do Espírito; uma imagem invertida do Espírito; a imagem
e semelhança daquilo que Deus não criou, isto é: matéria,
15 pecado, doença e morte; o opositor da Verdade, denominado
erro; falsificação da Vida, que acaba na morte; o oposto do
Amor, denominado ódio; o usurpador da criação do Espírito,
18 denominado matéria autocriadora; o oposto da imortalidade,
ou seja, a mortalidade; aquilo de que a sabedoria diz: “Certa-
mente morrerás”.
21 O nome Adão representa a suposição errônea de que a Vida
não seja eterna, mas tenha começo e fim; de que o infinito
entre no finito, a inteligência passe para a não-inteligência, e
24 a Alma habite no senso material; de que da Mente imortal
resulte a matéria, e da matéria resulte a mente mortal; de que
o único Deus e Criador tenha entrado naquilo que Ele criou,
27 e depois tenha desaparecido no ateísmo da matéria.
Adversário. Adversário é aquele que se opõe, nega, con-
testa, não aquele que constrói e sustenta a realidade e a Verdade.
30 Jesus disse do diabo: “Ele foi homicida desde o princípio ... é
Ciência e Saúde Glossário 581
1 mentiroso e pai da mentira”. Esse conceito sobre Satanás é
confirmado pelo nome “adversário”, que muitas vezes lhe é dado
3 nas Escrituras.
Todo-Poderoso. Todo o poder; a infinidade; a
onipotência.
6 Anjos. Pensamentos de Deus que vêm ao homem;
intuições espirituais, puras e perfeitas; a inspiração do bem,
da pureza e da imortalidade, atuando contra todo o mal, toda
9 a sensualidade e toda a mortalidade.
Arca. Abrigo seguro; a ideia, a reflexão, da Verdade, que
se comprovou ser tão imortal como seu Princípio; a compreen-
12 são a respeito do Espírito, a qual destrói a crença na matéria.
Deus e o homem, coexistentes e eternos; a Ciência
mostrando que as realidades espirituais de todas as coisas
15 são criadas por Deus e existem para sempre. A arca indica a
tentação que, por ter sido vencida, traz enaltecimento.
Aser (filho de Jacó). Esperança e fé; compensação espiri-
18 tual; os males da carne repreendidos.
Babel. Erro, que se destrói por si mesmo; um reino
dividido contra si mesmo, que não pode subsistir; conheci-
21 mento material.
Quanto mais alto o conhecimento errôneo constrói sobre
a base da evidência obtida dos cinco sentidos corpóreos,
24 maior é a confusão que surge, e mais inevitável é o desaba-
mento de sua estrutura.
Batismo. Purificação pelo Espírito; imersão no
27 Espírito.
Preferimos “deixar o corpo e habitar com o Senhor”
(2 Coríntios 5:8).
Ciência e Saúde Glossário 582
1 Crer. Firmeza e constância; não uma fé vacilante ou
cega, mas a percepção da Verdade espiritual. Pensamentos
3 mortais, ilusão.
Benjamim (filho de Jacó). Uma crença física quanto à
vida, à substância e à mente; conhecimento humano, ou seja, a
6 chamada mente mortal, conhecimento esse dedicado à matéria;
orgulho; inveja; fama; ilusão; uma crença errônea; erro que se
disfarça de possuidor de vida, força, atividade e poder de agir.
9 Renovação dos afetos; oferta que renuncia ao ego pessoal;
um estado melhorado da mente mortal; a introdução de uma
origem mais espiritual; um lampejo da ideia infinita do Princípio
12 infinito; um exemplo espiritual; aquilo que conforta, consola
e sustenta.
Noiva. Pureza e inocência que concebem o homem
15 como ideia de Deus; um senso da Alma, o qual tem a felici-
dade espiritual e suprema, e se regozija nessa felicidade, sem
nenhum sofrimento.
18 Noivo. Compreensão espiritual; a consciência pura de
que Deus, o Princípio divino, cria o homem como Sua pró-
pria ideia espiritual, e de que Deus é o único poder criador.
21 Sepultamento. Corporalidade e senso físico postos
fora do alcance da vista e do ouvido; aniquilamento. Imersão
no Espírito; imortalidade trazida à luz.
24 Canaã (filho de Cam). Uma crença sensual; o testemu-
nho daquilo que é denominado senso material; o erro que
faria do homem um mortal e faria a mente mortal escrava do
27 corpo.
Crianças / Filhos. Os pensamentos e representantes
espirituais da Vida, da Verdade e do Amor.
Ciência e Saúde Glossário 583
1 Crenças sensuais, mortais; falsificações da criação, cujos
originais melhores são pensamentos de Deus, não no estado
3 de embrião, mas no de maturidade; suposições materiais de
vida, substância e inteligência opostas à Ciência do existir.
Filhos de Israel. Os representantes da Alma, não do
6 senso corpóreo; os progênitos do Espírito, os quais, tendo
lutado contra o erro, o pecado e os sentidos, são governados
pela Ciência divina; algumas das ideias de Deus percebidas
9 como homens, que expulsam o erro e curam os doentes;
progênie do Cristo.
Cristo. A divina manifestação de Deus, que vem à
12 carne para destruir o erro encarnado.
Igreja. A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que
assenta no Princípio divino e dele procede.
15 A Igreja é aquela instituição que dá provas de sua utili-
dade e eleva o gênero humano, despertando a compreensão
que está adormecida nas crenças materiais, levando-a ao
18 reconhecimento das ideias espirituais e à demonstração da
Ciência divina, expulsando dessa forma os demônios, ou
seja, o erro, e curando os doentes.
21 Criador. O Espírito; a Mente; a inteligência; o divino
Princípio vivificador de tudo o que é real e bom; a Vida, a
Verdade, o Amor, autoexistentes; o que é perfeito e eterno;
24 o oposto da matéria e do mal, os quais não têm Princípio;
Deus, que fez tudo o que foi feito e não poderia criar um
átomo ou um elemento que fosse o oposto dEle mesmo.
27 Dã (filho de Jacó). Magnetismo animal; a chamada mente
mortal a controlar a mente mortal; o erro, que realiza os
desígnios do erro; uma crença que faz de outra, a sua vítima.
Ciência e Saúde Glossário 584
1 Dia. A irradiação da Vida; a luz, a ideia espiritual da
Verdade e do Amor.
3 “Houve tarde e manhã, o primeiro dia” (Gênesis 1:5). Os
objetos do tempo e dos sentidos desaparecem na iluminação
da compreensão espiritual, e a Mente mede o tempo de acordo
6 com o bem que se desdobra. Esse desdobramento é o dia de
Deus, e “já não haverá noite”.
Morte. Uma ilusão, a mentira de que haja vida na
9 matéria; o irreal e não verdadeiro; o oposto da Vida.
A matéria não tem vida, portanto, não tem existência
real. A Mente é imortal. A carne em guerra com o Espírito;
12 aquilo que se agita para se libertar de uma crença, apenas
para ser acorrentado por outra, até que toda crença de haver
vida, ali onde a Vida não está, ceda à Vida eterna. Toda
15 aparência material de morte é falsa, pois contradiz os fatos
espirituais do existir.
Diabo. O mal; mentira; erro; nem corporalidade, nem
18 mente; o oposto da Verdade; a crença no pecado, na doença e
na morte; o magnetismo animal ou hipnotismo; a luxúria da
carne, que diz: “Eu sou a vida e a inteligência na matéria.
21 Existe mais de uma mente, pois eu sou mente — uma mente
maligna, autocriada ou criada por um deus tribal e colocada
naquilo que é o oposto da mente, denominado matéria, para
24 daí reproduzir um universo mortal que inclui o homem, não
segundo a imagem e semelhança do Espírito, mas segundo sua
própria imagem”.
27 Pomba. Um símbolo da Ciência divina; pureza e paz;
esperança e fé.
Pó. O nada; a ausência de substância, de vida ou de
30 inteligência.
Ciência e Saúde Glossário 585
1 Ouvidos. Não os órgãos dos chamados sentidos corpó-
reos, mas a compreensão espiritual.
3 Jesus disse, referindo-se à percepção espiritual: “Tendo
ouvidos, não ouvis?” (Marcos 8:18).
Terra. Uma esfera; uma indicação da eternidade e da
6 imortalidade que, como a esfera, não têm começo nem fim.
Para o senso material, a terra é matéria; para o senso
espiritual, ela é uma ideia composta.
9 Elias. Profecia; evidência espiritual que se opõe ao senso
material; a Ciência Cristã, pela qual se pode discernir o fato
espiritual em lugar de tudo o que os sentidos materiais veem;
12 a base da imortalidade.
“De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas”
(Mateus 17:11).
15 Erro. Ver o capítulo intitulado Recapitulação, página 472.
Eufrates (rio). A Ciência divina, abrangendo o universo
e o homem; a verdadeira ideia de Deus; uma indicação da
18 glória que há de vir; a metafísica tomando o lugar da física;
o reino da retidão. A atmosfera da crença humana antes de
aceitar o pecado, a doença ou a morte; um estado do pensa-
21 mento mortal, cujo único erro é a limitação; o finito; o oposto
do infinito.
Eva. Um começo; mortalidade; aquilo que não dura para
24 sempre; uma crença finita de vida, substância e inteligência
na matéria; erro; a crença de que o gênero humano tenha
se originado material em vez de espiritualmente — de que
27 o homem tenha surgido primeiro do pó, segundo, de uma
costela e, terceiro, de um óvulo.
Ciência e Saúde Glossário 586
1 A tarde. Nebulosidade do pensamento mortal; cansaço
da mente mortal; perspectivas obscurecidas; paz e descanso.
3 Olhos. Discernimento espiritual — não material, mas
mental.
Jesus disse, pensando na visão corpórea: “Tendo olhos,
6 não vedes?” (Marcos 8:18).
Pá. Aquilo que separa a fábula do fato; aquilo que faz
com que o pensamento entre em ação.
9 Pai. A Vida eterna; a Mente única; o Princípio divino,
comumente chamado Deus.
Medo. Calor; inflamação; ansiedade; ignorância; erro;
12 desejo; cautela.
Fogo. Medo; remorso; luxúria; ódio; destruição; aflição
que purifica e eleva o homem.
15 Firmamento. Compreensão espiritual; a linha cientí-
fica de demarcação entre a Verdade e o erro, entre o Espírito
e a chamada matéria.
18 Carne. Um erro da crença física; uma suposição de que
a vida, a substância e a inteligência estejam na matéria; uma
ilusão; uma crença de que a matéria tenha sensação.
21 Gade (filho de Jacó). A Ciência; o existir espiritual
compreendido; presteza rumo à harmonia.
Getsêmani. Paciência no sofrimento; o humano
24 cedendo ao que é divino; amor que não vê retorno, mas
ainda assim permanece amor.
Ciência e Saúde Glossário 587
1 Fantasma. Uma ilusão; uma crença de que a mente
tenha contorno e seja limitada; uma suposição de que o espí-
3 rito seja finito.
Giom (rio). Os direitos da mulher reconhecidos no âmbito
moral, civil e social.
6 Deus. O grandioso Eu Sou; Aquele que tudo sabe, que
tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, todo-amoroso e
eterno; o Princípio; a Mente; a Alma; o Espírito; a Vida; a
9 Verdade; o Amor; toda a substância; inteligência.
Deuses. Mitologia; uma crença de que a vida, a substância
e a inteligência sejam tanto mentais como materiais; uma
12 suposição de que exista uma natureza física dotada de sensação;
a crença de que a Mente infinita esteja dentro de formas finitas; as
diversas teorias afirmando que a mente seja um senso material,
15 existente no cérebro, no nervo, na matéria; mentes ou almas
hipotéticas, mortais e errôneas, que entram e saem da matéria;
as serpentes do erro que dizem: “Sereis como deuses”*.
18 Deus é o Deus uno e único, infinito e perfeito, e não pode
se tornar finito e imperfeito.
O bem. Deus; o Espírito; a onipotência; a onisciência; a
21 onipresença; a oni-ação.
Cam (filho de Noé). Crença corpórea; sensualidade;
escravidão; tirania.
24 Coração. Os sentimentos, motivos, afetos, alegrias e
tristezas mortais.
Céu. Harmonia; o reino do Espírito; o governo do
27 Princípio divino; espiritualidade; felicidade suprema; a
atmosfera da Alma.
* Conforme a Bíblia em inglês, versão King James
Ciência e Saúde Glossário 588
1 Inferno. Crença mortal; erro; luxúria; remorso; ódio;
vingança; pecado; doença; morte; sofrimento e autodes-
3 truição; angústia autoimposta; os efeitos do pecado; aquilo
que “pratica abominação e mentira”.
Tigre (rio). A Ciência divina compreendida e
6 reconhecida.
Espírito Santo. A Ciência divina; o revelar-se da
Vida, da Verdade e do Amor, que são eternos.
9 Eu ou Ego. O Princípio divino; o Espírito; a Alma; a
Mente eterna, incorpórea, infalível e imortal.
Existe um só Eu, ou Nós, um só Princípio divino, a
12 Mente, que governa toda a existência; o homem e a mulher,
para sempre inalterados em seu caráter individual, tal como
os números, que nunca se fundem uns com os outros,
15 embora sejam governados por um só Princípio. Todos os
objetos da criação de Deus refletem uma Mente única, e tudo
o que não reflita essa Mente única é falso e errôneo, inclusive
18 a crença de que a vida, a substância e a inteligência sejam
tanto mentais como materiais.
Eu Sou. Deus; a Mente eterna e incorpórea; o Princípio
21 divino; o único Ego.
Em / Dentro. Termo obsoleto na Ciência, se empregado
com referência ao Espírito, ou à Deidade.
24 Inteligência. Substância; a Mente eterna e autoexis-
tente; aquilo que nunca está inconsciente nem é limitado.
Ver o capítulo intitulado Recapitulação, página 469.
Ciência e Saúde Glossário 589
1 Issacar (filho de Jacó). Uma crença corpórea; o pro-
gênito do erro; inveja; ódio; amor ao ego; a vontade do ego;
3 luxúria.
Jacó. Um mortal corpóreo que envolve duplicidade,
arrependimento, sensualismo. Inspiração; a revelação da
6 Ciência, na qual os chamados sentidos materiais cedem ao
senso espiritual da Vida e do Amor.
Jafé (filho de Noé). Um exemplo da paz espiritual que
9 emana da compreensão de que Deus é o Princípio divino de
toda a existência, e de que o homem é Sua ideia, o filho do
Seu afeto.
12 Jerusalém. Crença e conhecimento mortais obtidos
dos cinco sentidos corpóreos; o orgulho do poder e o poder do
orgulho; sensualidade; inveja; opressão; tirania. O lar, o céu.
15 Jesus. O mais alto conceito humano e corpóreo da
ideia divina, que repreende e destrói o erro e traz à luz
a imortalidade do homem.
18 José. Um mortal corpóreo; um senso mais elevado da
Verdade, que repreende a crença mortal, o erro, e mostra a
imortalidade e a supremacia da Verdade; afeto puro que
21 abençoa os seus inimigos.
Judá. Uma crença corpórea material que progride e
desaparece; o aparecimento da compreensão espiritual a
24 respeito de Deus e do homem.
Ciência e Saúde Glossário 590
1 Reino dos Céus. O reino da harmonia na Ciência
divina; o âmbito da Mente onipotente, infalível e eterna; a
3 atmosfera do Espírito, onde a Alma é suprema.
Conhecimento. Evidência obtida dos cinco sentidos
corpóreos; mortalidade; crenças e opiniões; teorias, doutrinas
6 e hipóteses humanas; aquilo que não é divino e é a origem
do pecado, da doença e da morte; o contrário da Verdade
espiritual e da compreensão espiritual.
9 Cordeiro de Deus. A ideia espiritual do Amor;
imolação do ego; inocência e pureza; sacrifício.
Levi (filho de Jacó). Uma crença corpórea e sensual;
12 homem mortal; a negação da plenitude da criação de Deus;
despotismo eclesiástico.
Vida. Ver o capítulo intitulado Recapitulação, página 468.
15 Senhor. Em hebraico, esse termo é às vezes empregado
como um título que tem o significado inferior de patrão ou
governante. Em grego, a palavra kurios quase sempre tem
18 esse significado inferior, a não ser quando especialmente
ligada ao termo Deus. Seu significado mais elevado é o de
Governante Supremo.
21 Senhor Deus. Jeová.
Esse termo duplo não é usado no primeiro capítulo do
Gênesis, a narrativa da criação espiritual. Ele é introduzido
24 no segundo capítulo e nos capítulos subsequentes, quando o
senso espiritual a respeito de Deus e da infinidade está desapa-
recendo do pensamento do escriba — quando as verdadeiras
27 declarações científicas das Escrituras vão ficando obscurecidas
Ciência e Saúde Glossário 591
1 devido a um senso físico a respeito de Deus, como se Ele fosse
finito e corpóreo. Disso resultam a idolatria e a mitologia,
3 isto é, a crença em muitos deuses, em inteligências materiais,
em contraposição ao único Espírito, ou inteligência, chamado
Eloim, ou Deus.
6 Homem. A ideia composta que se origina no Espírito
infinito; a imagem e semelhança espiritual de Deus; a plena
manifestação da Mente.
9 Matéria. Mitologia; mortalidade; outro nome para
a mente mortal; ilusão; inteligência, substância e vida na
não-inteligência e na mortalidade; vida que resulta em morte,
12 e morte que resulta em vida; sensação naquilo que não tem
sensação; mente que se origina na matéria; o contrário da
Verdade; o contrário do Espírito; o contrário de Deus; aquilo
15 de que a Mente imortal não tem conhecimento; aquilo que a
mente mortal apenas acredita ver, sentir, ouvir, provar e cheirar.
Mente. O único Eu, ou Nós; o único Espírito, a única
18 Alma, o único Princípio divino, a única substância, a única
Vida, a única Verdade, o único Amor; o uno e único Deus;
não aquilo que está no homem, mas o Princípio divino, Deus,
21 de quem o homem é a plena e perfeita expressão; a Deidade,
que delineia, mas não é delineada.
Milagre. Aquilo que é divinamente natural, mas que
24 tem de ser aprendido humanamente; fenômeno da Ciência.
Manhã. Luz; símbolo da Verdade; revelação e
progresso.
27 Mente Mortal. O nada que alega ser algo, pois a
Mente é imortal; mitologia; erro que cria outros erros; um
suposto senso material, isto é, a crença de que a sensação
30 esteja na matéria, que é isenta de sensação; uma crença de
Ciência e Saúde Glossário 592
1 que a vida, a substância e a inteligência estejam na matéria
e sejam constituídas de matéria; o contrário do Espírito e,
3 portanto, o contrário de Deus, do bem; a crença de que a
vida tenha começo e, portanto, tenha fim; a crença de que
o homem seja gerado pelos mortais; a crença de que possa
6 haver mais de um Criador; idolatria; os estados subjetivos do
erro; os sentidos materiais; aquilo que não existe na Ciência,
nem pode ser reconhecido pelo senso espiritual; pecado;
9 doença; morte.
Moisés. Um mortal corpóreo; coragem moral; um
exemplo da lei moral e sua demonstração; a prova de que,
12 sem o evangelho — a união da justiça e do afeto — falta
espiritualmente alguma coisa, visto que a justiça exige as
penalidades impostas pela lei.
15 Mãe. Deus; o Princípio divino e eterno; a Vida, a
Verdade e o Amor.
Nova Jerusalém. A Ciência divina; os fatos espirituais
18 e a harmonia do universo; o reino dos céus, o reino da
harmonia.
Noite. Escuridão; dúvida; medo.
21 Noé. Um mortal corpóreo; o conhecimento da nulidade
das coisas materiais e o conhecimento da imortalidade de
tudo o que é espiritual.
24 Óleo. Consagração; caridade; benignidade; oração;
inspiração celestial.
Fariseu. Crença corpórea e sensorial; presunção de
27 uma retidão pessoal; vaidade; hipocrisia.
Ciência e Saúde Glossário 593
1 Pisom (rio). O amor ao bom e ao belo, e à imortalidade
destes.
3 Princípio. Ver o capítulo intitulado Recapitulação,
página 465.
Profeta. Aquele que vê espiritualmente; desapareci-
6 mento do senso material ante os fatos conscientes da Verdade
espiritual.
Bolsa. Acumular tesouros na matéria; erro.
9 Dragão Vermelho. Erro; medo; inflamação; sensuali-
dade; astúcia; magnetismo animal; inveja; vingança.
Ressurreição. Espiritualização do pensamento;
12 uma ideia nova e mais elevada da imortalidade, ou seja, da
existência espiritual; a crença material rendendo-se à com-
preensão espiritual.
15 Rúben (filho de Jacó). Corporalidade; sensualidade;
delusão; mortalidade; erro.
Rio. Canal do pensamento.
18 Quando manso e não obstruído, simboliza o curso da
Verdade; mas lamacento, agitado e impetuoso, é uma indi-
cação do erro.
21 Rocha. Fundamento espiritual; a Verdade. Frieza e
obstinação.
Salvação. A compreensão e demonstração de que
24 a Vida, a Verdade e o Amor são supremos sobre todas as
coisas; a destruição do pecado, da doença e da morte.
Selo. O lacre do erro, aberto pela Verdade.
Ciência e Saúde Glossário 594
1 Serpente (ophis, em grego; nachash, em hebraico).
Astúcia; mentira; o contrário da Verdade, denominado erro;
3 a primeira declaração da mitologia e da idolatria; a crença em
mais de um Deus; magnetismo animal; a primeira mentira
da limitação; o finito; a primeira alegação de que exista um
6 oposto do Espírito, ou seja, do bem, oposto esse chamado
matéria, ou o mal; a primeira delusão de que o erro exista
como fato; a primeira alegação de que o pecado, a doença e
9 a morte sejam as realidades da vida. A primeira alegação
audível de que Deus não era onipotente e de que existia outro
poder, denominado o mal, que seria tão real e eterno como
12 Deus, o bem.
Ovelhas. Inocência; natureza inofensiva; aqueles que
seguem seu líder.
15 Sem (filho de Noé). Um mortal corpóreo; terno afeto;
o amor repreendendo o erro; reprovação ao sensualismo.
Filho. O Filho de Deus, o Messias ou o Cristo. O filho
18 do homem, a progênie da carne. “O filho do ano.”
Almas. Ver o capítulo intitulado Recapitulação,
página 466.
21 Espírito. A substância divina; a Mente; o Princípio
divino; tudo o que é bom; Deus; só aquilo que é perfeito,
eterno, onipresente, onipotente, infinito.
24 Espíritos. Crenças mortais; corporalidade; mentes
malévolas; supostas inteligências, ou deuses; os opostos de
Deus; erros, alucinações. (Ver página 466.)
27 Substância. Ver o capítulo intitulado Recapitulação,
página 468.
Ciência e Saúde Glossário 595
1 Sol. O símbolo da Alma governando o homem — o
símbolo da Verdade, da Vida e do Amor.
3 Espada. A ideia da Verdade; justiça. Vingança; cólera.
Joio. Mortalidade; erro; pecado; enfermidade; doença;
morte.
6 Santuário / Templo. O corpo; a ideia da Vida, da
substância e da inteligência; a superestrutura da Verdade; o
tabernáculo do Amor; uma superestrutura material, onde os
9 mortais se congregam para o culto.
Tumim. Perfeição; a exigência eterna da Ciência divina.
O Urim e o Tumim, que deviam estar sobre o peito de Arão
12 quando ele se apresentava diante de Jeová, eram a santidade e a
purificação do pensamento e dos atos, e unicamente isso pode
nos tornar aptos para o desempenho do ensino espiritual.
15 Tempo. Medições mortais; limites, dentro dos quais
se resumem todos os atos, pensamentos, crenças, opiniões e
conhecimentos humanos; matéria; erro; aquilo que começa
18 antes e continua depois da ocorrência que se denomina morte,
até que o mortal desapareça e a perfeição espiritual apareça.
Dízimo. Contribuição; décima parte; homenagem;
21 gratidão. Um sacrifício aos deuses.
Impureza. Pensamentos impuros; erro; pecado; sujeira.
Impiedade. Oposição ao Princípio divino e à sua ideia
24 espiritual.
Ciência e Saúde Glossário 596
1 Desconhecido. Aquilo que só o senso espiritual com-
preende e que é desconhecido para os sentidos materiais.
3 O paganismo e o agnosticismo talvez definam a Deidade
como “o grande incognoscível”; mas a Ciência Cristã traz Deus
para muito mais perto do homem, e faz com que conheçamos
6 melhor a Deus como o Tudo-em-tudo, perpetuamente junto
do homem.
Paulo viu em Atenas um altar dedicado “ao Deus desco-
9 nhecido”. Referindo-se a esse altar, disse aos atenienses: “Pois
esse que adorais sem conhecer é precisamente Aquele que eu
vos anuncio” (Atos 17:23).
12 Urim. Luz.
Os rabinos acreditavam que as pedras do peitoral do
sumo sacerdote tinham uma iluminação sobrenatural, mas
15 a Ciência Cristã revela que é o Espírito, não a matéria, que
ilumina tudo. As iluminações da Ciência nos dão o senso de
que o erro é o nada, e mostram que a inspiração espiritual
18 do Amor e da Verdade constitui o único preparo adequado
para admissão à presença e ao poder do Altíssimo.
Vale. Depressão; mansidão; escuridão.
21 “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não
temerei mal nenhum” (Salmo 23:4).
Ainda que o caminho seja escuro no senso mortal, a Vida
24 e o Amor divinos o iluminam, e destroem o desassossego do
pensamento mortal, o medo da morte e a suposta realidade
do erro. A Ciência Cristã, contradizendo os sentidos, faz
27 com que o vale brote e floresça como a rosa.
Véu. Aquilo que cobre; aquilo que dissimula; aquilo que
oculta; hipocrisia.
30 As mulheres judias usavam um véu sobre o rosto em
Ciência e Saúde Glossário 597
1 sinal de reverência e submissão e de acordo com os costumes
farisaicos.
3 A religião judaica consistia, em grande parte, de ritos e
cerimônias. Os motivos e os afetos de uma pessoa eram de
pouca importância, contanto que os homens vissem que ela
6 jejuava. O grande Nazareno, tão manso quanto enérgico,
repreendeu a hipocrisia, que fazia longas petições para que
os métodos materiais dessem resultado, mas encobria o
9 crime que, latente no pensamento, estava pronto a entrar em
ação e crucificar o ungido de Deus. O martírio de Jesus foi
o pecado culminante do farisaísmo. Esse martírio rasgou o
12 véu do templo. Pôs a descoberto os falsos fundamentos e
superestruturas da religião superficial, arrancou o disfarce do
fanatismo e da superstição, e abriu o sepulcro com a Ciência
15 divina — a imortalidade e o Amor.
Deserto. Solidão; dúvida; escuridão. Espontaneidade
de pensamento e de ideia; o vestíbulo onde um senso mate-
18 rial das coisas desaparece, e onde o senso espiritual desdobra
os grandiosos fatos da existência.
Vontade. A força motriz do erro; crença mortal; poder
21 animal. O poder e a sabedoria de Deus.
“Pois esta é a vontade de Deus” (1 Tessalonicenses 4:3).
A vontade, como qualidade da chamada mente mortal,
24 é um malfeitor; por isso não deve ser confundida com a
mesma palavra aplicada à Mente ou a uma das qualidades
de Deus.
27 Vento. Aquilo que indica a força da onipotência e os
movimentos do governo espiritual de Deus, que abrange
todas as coisas. Destruição; ira; paixões mortais.
Ciência e Saúde Glossário 598
1 A palavra grega para vento (pneuma) é usada também
para espírito, como no trecho do Evangelho de João, no
3 terceiro capítulo, onde lemos: “O vento [pneuma] sopra onde
quer... assim é todo o que é nascido do Espírito [pneuma]”.
Nesse texto a palavra original é a mesma em ambos os
6 casos, mas foi traduzida de modo diferente, como em outros
trechos do mesmo capítulo e em outras partes do Novo
Testamento. Isso mostra como nosso Mestre constantemente
9 tinha de empregar palavras de significação material a fim
de desdobrar pensamentos espirituais. No relato da suposta
morte de Jesus, lemos: “Inclinando a cabeça, rendeu o
12 espírito”; mas essa palavra espírito é pneuma. Poderia ser
traduzida por vento ou ar, e a frase é equivalente à nossa
expressão corrente: “Exalou o último suspiro”. O que Jesus
15 de fato exalou foi ar, uma forma etérea de matéria, pois
nunca entregou o Espírito, a Alma.
Vinho. Inspiração; compreensão. Erro; adultério;
18 tentação; sentimento descontrolado.
Ano. Medida solar de tempo; mortalidade; período de
tempo para arrependimento.
21 “Para o Senhor, um dia é como mil anos” (2 Pedro 3:8).
Um simples momento de consciência divina, de compreen-
são espiritual da Vida e do Amor, é um vislumbre antecipado
24 da eternidade. Esse panorama sublime, que se obtém e retém
quando se compreende a Ciência do existir, estenderia, com a
vida discernida espiritualmente, uma ponte sobre o intervalo
27 da morte, e o homem estaria na plena consciência de sua
imortalidade e eterna harmonia, onde o pecado, a doença e a
morte são desconhecidos. O tempo é um pensamento mortal,
Ciência e Saúde Glossário 599
1 cujo divisor é o ano solar. A eternidade é a maneira como
Deus mede os anos repletos da Alma.
3 Tu. Quando aplicado à corporalidade, indica um mortal;
o finito.
Zelo. A animação refletida da Vida, da Verdade e do
6 Amor. Entusiasmo cego; vontade mortal.
Sião. Fundamento e superestrutura espirituais; inspi-
ração; força espiritual. Um vazio; infidelidade; desolação.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 601
que as juntas estavam começando a se calcificar. Então
consultei um renomado especialista que, após minucioso
exame, disse que meu estado continuaria a piorar e eu ficaria
completamente inválida.
Nessa época, emprestaram-me um exemplar de Ciência
e Saúde com a Chave das Escrituras da Sra. Eddy. Eu o li
mais por curiosidade do que com a expectativa de conseguir
algum benefício físico. À medida que a verdade me era
revelada, dei-me conta de que era o meu estado mental que
precisava ser corrigido e que o Espírito da verdade, que havia
inspirado esse livro, era meu médico. Fiquei completamente
curada, e a libertação do meu pensamento se manifesta em
uma vida de atividade útil, em vez de na escravidão à irre-
mediável invalidez e sofrimento. Devo à nossa amada Líder,
a Sra. Eddy, uma gratidão que as palavras não podem expres-
sar. Sua revelação da aplicação prática, em vez de meramente
teórica, das palavras de Jesus: “Conhecereis a verdade, e a
verdade vos libertará”, foi minha redenção. Nem sequer pre-
cisei recorrer a um praticista, mas sou muitíssimo grata pelas
palavras de alento de amigos dedicados. — E. B. B., Pasadena,
Califórnia, EUA
Cura de astigmatismo e de hérnia
Faz quase cinco anos que comprei meu primeiro exem-
plar de Ciência e Saúde, a leitura do qual me curou, em
menos de quatro meses, de prisão de ventre crônica, dor de
cabeça de origem nervosa, astigmatismo e hérnia.
Onde estaria eu agora, se essa verdade abençoada não me
tivesse sido apresentada com tanta convicção por um amigo
muito querido? Por certo, estaria profundamente atolado
no pântano da depressão, se não já no túmulo. Estarei eu
verdadeiramente agradecido por todo o bem que eu e os meus
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 603
e decidi não mais pensar nisso. Peguei meu livro Ciência e
Saúde e comecei a ler. Não tardou que eu ficasse tão absorta
na leitura, que esqueci completamente o tornozelo; parei de
me preocupar com ele, porque tive um vislumbre de que toda
a criação de Deus é espiritual e, durante esses momentos,
não pensei no ego material. Ao cabo de duas horas, larguei
o livro e me encaminhei para outro quarto. Quando voltei a
pensar no tornozelo, notei que já não doía. O tornozelo havia
desinchado, a roxidão havia quase desaparecido, e eu estava
perfeitamente bem. O tornozelo ficou curado enquanto eu
estava “ausente do corpo” e “presente com o Senhor”. Essa
experiência foi de grande valor para mim, pois me mostrou
como a cura se efetua. — C. H., Portland, Oregon, EUA
Fibroma curado em poucos dias
Minha gratidão pela Ciência Cristã não tem limites. Eu
sofria de um fibroma que pesava mais de vinte quilos, e por
onze anos tive constantes hemorragias. O tumor vinha se
desenvolvendo havia dezoito anos.
Eu morava em Fort Worth, no Texas, e jamais tinha
ouvido falar da Ciência Cristã até ir a Chicago, em 1887.
Sempre havia procurado viver perto de Deus, e estou certa de
que Ele guiou todos os meus passos para esta verdade que cura
e salva. Algumas semanas depois da minha chegada, recebi
cartas de uma senhora do Texas que havia sido curada e que
me escrevia insistindo para que eu tentasse a Ciência Cristã.
Depois de haver mudado de pensão, vim a conhecer
uma senhora que tinha um exemplar de Ciência e Saúde,
e quando lhe contei que já havia visto esse livro, ela me
disse que tinha um e que eu o poderia ler. A revelação foi
maravilhosa e produziu em mim grande despertar espiritual.
Essa sensação de estar desperta nunca mais me abandonou,
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 605
de ser e compreendi, até certo ponto, que Deus é minha Vida
e que toda ação está na Mente divina. Fiquei curada de um
problema na coluna; o nervosismo e a fraqueza se desvanece-
ram e foram substituídos por saúde e vigor. Um maior senso
de alegria e gratidão muito contribuiu para que eu superasse
a indigestão que por muitos anos me causara sofrimento.
Um tornozelo luxado foi curado em poucas horas, quando
apliquei o que eu compreendia da Ciência Cristã e me ape-
guei firmemente à declaração de nossa Líder, na página 384
de Ciência e Saúde, de que “Deus jamais castiga o homem
por agir corretamente, por um esforço honesto ou por atos de
bondade”. No dia seguinte, caminhei aproximadamente três
quilômetros sem a menor dificuldade. Crenças em heredita-
riedade e falta de recursos foram superadas, e a vontade do
ego, o amor ao ego e o orgulho estão desaparecendo.
— Srta. G. W., Brookline, Massachusetts, EUA
Um caso de cirurgia mental
Há algum tempo, venho pensando que devo tornar
conhecida minha experiência de cirurgia mental. Em maio
de 1902, quando ia para casa almoçar, ao descer uma ladeira de
bicicleta, em grande velocidade, fui arremessado ao chão e
caí sobre o lado esquerdo, com o braço debaixo da cabeça;
o osso se partiu entre o ombro e o cotovelo. Embora a dor
fosse intensa, fiquei deitado no chão, sem me mexer, decla-
rando a verdade e negando que no reino do Amor divino
pudesse haver fratura ou acidente, até que um senhor veio
em meu auxílio, pensando que eu estava atordoado. Eu me
achava apenas a dois quarteirões e meio de onde morava,
por isso montei novamente na bicicleta e consegui chegar
em casa. Ao chegar, deitei-me e pedi a meu filhinho que me
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 607
deste maravilhoso livro Ciência e Saúde. Durante muitos
anos, sofri periodicamente de dor nos olhos, e havia consul-
tado muitos médicos, os quais diagnosticaram irite e catarata.
Disseram que os olhos sempre haveriam de me incomodar
e que terminaria perdendo a visão se continuasse em um
escritório, e me aconselharam uma operação. Mais tarde, tive
de usar óculos no trabalho e também ao ar livre, porque não
podia suportar o vento, e meus olhos pioravam gradativa-
mente. Não podia ler durante mais do que alguns minutos de
cada vez, senão os olhos me ardiam muito. Tinha de descan-
sar os olhos à noite, para poder usá-los no dia seguinte; até
a luz a gás estava se tornando insuportável devido à dor que
provocava, e assim meu lar se tornou infeliz. Um irmão que-
rido me falou da Ciência Cristã e disse que, se eu lesse Ciência
e Saúde, esse livro me ajudaria. Arranjou-me um exemplar
emprestado. Na primeira noite que o li fiquei tão interessado,
que esqueci completamente dos olhos, até que minha esposa
me avisou que já eram onze horas da noite. Dei-me conta de
que estivera lendo o livro durante quase quatro horas e ime-
diatamente comentei: “Acho que meus olhos estão curados”,
e era isso mesmo que tinha acontecido. No dia seguinte, ao
olhar-me nos olhos, minha esposa notou que a catarata havia
desaparecido. Deixei de usar óculos ao ar livre, pois nunca
mais precisei deles, e com a compreensão obtida do estudo da
Ciência Cristã também deixei de usar óculos dentro de casa e,
daí para cá, não tive mais dores nos olhos. Faz agora um ano
e meio que isso aconteceu. — G. F. S., Liverpool, Inglaterra
Cura de um problema em uma válvula do coração
Há catorze anos meu coração despertou para a gratidão a
Deus e à nossa querida Líder. Depois de um esforço paciente
e persistente, que durou três meses, para conseguir um
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 609
Achei o verdadeiro médico
É com profundo sentimento de gratidão que envio aqui
os pormenores de minha cura pela Ciência Cristã. Ao visitar
uns amigos na região sudoeste de Ontário, há cerca de três
anos, a Ciência Cristã e as curas maravilhosas que ela estava
operando me chamaram a atenção. Fazia vinte e cinco anos
que eu morava em Nova York, mas pelo que me recordo,
nunca ouvira falar da Ciência Cristã.
Até aquela época, e durante dezessete anos, havia sofrido
de indigestão e gastrite na sua pior forma, sentindo-me
frequentemente acometido pelo que parecia ser uma pressão
no coração. Fazia quatro anos que sofria de asma e usava
óculos. Parecia-me que eu já havia engolido todos os medi-
camentos conhecidos para me curar da indigestão, mas estes
propiciavam apenas alívio temporário. Comprei um exem-
plar de Ciência e Saúde e, pela simples leitura desse magnífico
livro, em duas semanas fiquei completamente curado de todos
os meus males físicos. Desde aquele dia, nunca mais tomei
remédios e, graças à ajuda de Deus e à maravilhosa luz que
me foi revelada pela leitura do livro da Sra. Eddy, espero
nunca mais ter de fazê-lo. Costumava fumar de oito a dez
charutos por dia e também tomava, de vez em quando, bebi-
das alcoólicas, mas meu desejo dessas coisas desapareceu —
e sinto que é para sempre. Sou viajante e constantemente
sou convidado a beber, mas não é nenhum esforço recusar o
convite, e em muitas ocasiões noto que minha recusa ajuda
os outros.
Embora eu sinta grande alegria por ter ficado livre dos
males físicos, tudo isso se reduz a uma insignificância compa-
rado com a elevação espiritual que a Ciência Cristã me trouxe.
Havia mais de dez anos que eu não entrava em uma igreja para
assistir a um culto, até que entrei em uma igreja da Ciência
Cristã. O que vi e senti me pareceu tão genuíno que gostei
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 611
momento do parto, e encontrava-me em perfeito estado de
saúde. Certa manhã, despertei meu marido às cinco horas,
e às cinco e meia a criança havia nascido, sem que ninguém
estivesse presente, a não ser meu marido e eu. Foi uma
grande surpresa para os demais membros da família ver-me
sentada junto à lareira, com um recém-nascido no colo.
Outro filho me trouxe a refeição da manhã, que comi com
bom apetite; ao meio-dia me reuni à família na sala de jantar.
No segundo dia saí para a varanda, no terceiro andei pelo
quintal, e depois disso tenho estado em perfeita saúde, sendo
já decorridos três anos. Para mim, que antes havia passado
por indescritível sofrimento, com médico a me assistir, isso
pareceu maravilhoso. Espero que desperte o interesse de
alguém que ande em busca da verdade, e desejo expressar
meu amor sincero à nossa amada Líder, que nos deu a “Chave
das Escrituras”. — E. C. C., Lewiston, Idaho, EUA
Um caso digno de nota
Há nove anos, meu único filho estava entre a vida e a
morte. Alguns dos melhores médicos de Boston haviam
declarado que esse caso era incurável, dizendo que, se o
menino vivesse, ficaria toda a vida enfermo e aleijado. Um
de seus males era gastrite crônica. Eram poucas as coisas que
ele podia comer e, mesmo depois de haverem sido tomadas
todas as precauções, ele sofria de tal modo que ficava com
espasmos durante a metade do dia. Ele também padecia de
raquitismo; os médicos diziam que não havia um só osso
normal no corpo do menino.
Foi quando meu filho parecia estar no auge do sofri-
mento e eu me achava no mais profundo desespero que,
pela primeira vez, ouvi falar da Ciência Cristã. O portador
das boas novas só soube me dizer que eu deveria ir ouvir
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 613
cresceram normalmente, ele come tudo o que quer e faz anos
que é um menino normal e sadio. Ele esteve exposto a algu-
mas das piores formas de contágio e permaneceu incólume.
Eu vinha lendo Ciência e Saúde havia vários meses, antes
de pensar em mim mesma e em meus numerosos males.
Nunca havia sido muito robusta, e alguns de meus males,
segundo se supunha, eram hereditários e crônicos; com
isso eu vinha me arrastando durante muitos anos penosos,
crente de estar sob as leis da medicina e da hereditariedade.
Pouco antes de começar a ler Ciência e Saúde, havia pas-
sado meio dia fazendo exames da vista com um dos mais
eminentes oculistas de Boston. Seu veredicto foi que meus
olhos estavam em estado lastimável e que eu sempre teria de
usar óculos. Nesse ínterim, comecei a ler Ciência e Saúde
e, quando pensei nos meus olhos, já não tinha necessidade
dos óculos. Durante todos esses anos, desde que comecei a
estudar a Ciência, tenho feito incessantemente toda espécie
de trabalhos que forçam a vista, tanto de noite como de
dia, sem precisar do auxílio dos óculos. Fiquei curada de
todos os meus males enquanto procurava a verdade para
meu filho, e muitos dos males nunca mais voltaram. Os que
apareceram só vieram à tona para serem destruídos. Dentes
foram restaurados e manchas na face desapareceram sem
que eu notasse, simplesmente pela leitura de Ciência e Saúde.
Tudo isso, porém, não é nada, se comparado com a elevação
espiritual que alcancei, e tenho todos os motivos para estar
agradecida. — M. T. W., Los Angeles, Califórnia, EUA
Intenso sofrimento superado
Durante aproximadamente cinco anos, padeci de reu-
matismo ciático de forma tão grave que meu corpo ficou
deformado. Quando eu conseguia andar, era com o auxílio
de uma bengala. Os ataques eram periódicos e ocorriam
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 615
reumatismo ciático, que me havia incomodado durante
alguns anos, tornou-se tão grave que eu não podia fazer
quase nada. Apareceram então algumas complicações tão
sérias, que me impossibilitavam de caminhar muito e me
obrigavam a sentar frequentemente. Parecia-me que sofria
de nefrite — as dores eram tão excruciantes que não se pode-
riam descrever em palavras. Devido a tudo isso, a morte
parecia muito próxima. Nunca me filiara a uma igreja, e
achava que a essa altura seria tarde demais, pois teria de
esperar seis meses até ser aprovado, e até lá já estaria morto.
Mais ou menos nessa época, fiz algumas perguntas à
minha irmã sobre a Ciência Cristã, pois ela já havia abraçado
essa fé, e logo vi que era justamente o que eu andara pro-
curando. Compreendi imediatamente que a Ciência Cristã
declarava a verdade e nada mais do que a verdade. Comecei
a ler Ciência e Saúde e também o Novo Testamento. Queria
saber o que Jesus havia dito, porque eu já não esperava viver
muito tempo. Não era para ser curado que eu ia às reuniões
e lia Ciência e Saúde — nem pensava nisso — mas era só
para ser salvo do inferno depois da morte. Minha irmã
insistia comigo para que eu procurasse um praticista, mas
continuei a ler e a orar a Deus em silêncio, e o que aconteceu?
Que fim levaram minhas doenças? Persisti em ler Ciência
e Saúde junto com a Bíblia, sabendo que Deus, como foi
revelado por Cristo Jesus, pode fazer todas as coisas, que Ele
fez tudo o que foi feito, que Ele pode curar e de fato cura os
aflitos. Ele me curou, graças sejam dadas ao Seu santíssimo
nome. — G. J. H., Charleston, Illinois, EUA
Agradecida por muitas bênçãos
No ano de 1901, quando conheci a Ciência Cristã, eu era
uma enferma sem esperanças. Havia sete anos que vinha
sofrendo de intensas dores nas costas, como resultado de
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 617
sem resultado, embora tivessem receitado quase todas as drogas
conhecidas, além de eu tomar muitos remédios comprados
sem receita médica. Também fui submetido a diversos tipos
de tratamento e utilizei outros recursos que prometiam alívio.
Quando conheci a Ciência, estava tomando, três vezes por
dia, quarenta gotas de óleo de fígado de bacalhau e três de
creosoto, também três gotas de uma solução de arsênico e,
mais ou menos um mês antes, havia gasto dezoito dólares em
remédios comprados sem receita. Eu estava limitado à mais
rigorosa dieta — havia dois anos que não provava nenhum
tipo de guisados, frituras, doces, morangos e tomates.
Comecei a ler Ciência e Saúde e antes de chegar à metade
já estava comendo de tudo, como qualquer pessoa. Li o livro
do começo ao fim, onze vezes, e muitas outras vezes li trechos
aqui e ali. Foi o livro que realizou o trabalho e agora sou um
homem sadio. — C. E. M., Filadélfia, Pennsylvania, EUA
Muitos males superados
Recebi muita ajuda espiritual e física por meio da Ciência
Cristã. Segundo diagnósticos médicos, eu tinha reumatismo
muscular e hidropisia e, havia trinta anos, sofria de prisão
de ventre. Uma amiga querida que eu conhecera quando ela
estava doente, e que havia sido curada pela Ciência Cristã,
me aconselhou a ler Ciência e Saúde. Assim fiz, pois desejava
conhecer a verdade. Um de meus males era que não conse-
guia dormir. Comecei a ler a Bíblia e o livro-texto da Ciência
Cristã e, antes que tivesse terminado a leitura de Ciência e
Saúde, desapareceram todos os tipos de males. Ocorreu-me,
então, o pensamento: que fazer com os remédios que eu
tinha? Mas a verdade prevaleceu, e peguei todos os remédios
materiais que eu possuía e os joguei fora. Isso foi há sete
anos, e a partir daí nunca mais precisei deles. Pela leitura de
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 619
e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes”.
Quase imediatamente o pequenino disse: “Mamãe, canta
‘Mostra Pastor’ ” — o hino de nossa Líder, de que as crianças
grandes e as pequenas tanto gostam. Comecei a cantar e,
a partir da segunda linha, sua vozinha se juntou à minha.
Nunca esquecerei a sensação de alegria e de paz que me
sobreveio quando me dei conta da rapidez com que a palavra
de Deus, por meio de Ciência e Saúde e desse belo hino, havia
realizado a obra de cura. Este é apenas um dos muitos casos em
que o poder sanador da palavra de Deus foi demonstrado
em nosso lar. — A. J. G., Riverside, Califórnia, EUA
Aliviada de muitos males
Paulo disse: “Transformai-vos pela renovação da vossa
mente”. No meu caso, a surdez foi superada mediante uma
compreensão mais ampla da palavra de Deus, como é expli-
cada pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde. Muitas vezes, pude
me volver a Deus, sabendo que é Sua vontade nos ajudar
nas dificuldades, e obtive o benefício de que necessitava. O
catarro desapareceu; a amigdalite, que frequentemente me
impedia o cumprimento de meus deveres na escola e em
casa, não mais se manifestou. Quando me vem uma tentação
(pois a Ciência Cristã é tanto preventiva como curativa),
ponho-me a ler esse maravilhoso livro Ciência e Saúde, e a
minha preciosa Bíblia, que se tornou mais querida para mim
desde que a leio sob a nova luz da compreensão espiritual, até
sentir que meu pensamento está renovado, porque a ação foi
modificada e a inflamação cedeu.
Assim, na minha experiência na Ciência Cristã, vi começar
a transformação, e sei que a Verdade é capaz de aperfeiçoar
aquilo que em mim começou tão gloriosamente.
— Sra. C. A. McL., Brooklyn, Nova Escócia, Canadá
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 621
somente uma Paternidade de Deus e uma só fraternidade do
homem; que “eu era cego e agora vejo”; que não havia mais
dor, nem sofrimento, nem medo, nem indigestão. Naquela
noite dormi como uma criancinha e despertei no dia seguinte
revigorado. Agora não há mais nenhum vestígio de meu
antigo mal, e sinto-me como uma nova criatura. — L. P.,
Nova York, Nova York, EUA
Obtidas a saúde e a paz
Há cerca de nove anos fui atraído à Ciência Cristã por
um parente cujas múltiplas aflições haviam cedido lugar à
saúde e à harmonia e cuja gratidão se refletia em todas as
suas palavras e ações. Ocorreu-me então o pensamento de
que Deus cura de fato todas as nossas doenças.
A primeira vez que li Ciência e Saúde não consegui
compreendê-lo. Eu estava envolto em trevas e em melanco-
lia, e pus o livro de lado por algum tempo. Mas a boa semente
havia sido lançada, e logo depois retomei a leitura com tal
interesse, que minhas aflições desapareceram “como o orvalho
sob o sol da manhã”. A asma (que era considerada heredi-
tária) e a grave nevralgia desapareceram, e também superei
o vício do fumo e das bebidas alcoólicas, ao qual estivera
preso durante muitos anos. Louvado seja o Senhor; Ele
“enviou... a sua palavra” e me sarou, pois a leitura de Ciência
e Saúde trouxe à minha consciência a verdade que liberta.
— S., Shellman, Geórgia, EUA
Tuberculose rapidamente curada
Fiquei interessado na Ciência Cristã há quase cinco anos,
graças à cura de minha esposa que, na opinião dos médicos,
sofria de tuberculose em último grau. Eu havia tentado tudo
o que se podia encontrar no campo da medicina, e todos os
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 623
Estudo proveitoso
Talvez ajude outras pessoas saber de alguém que foi
realmente curado de uma doença grave, por meio da Ciência
Cristã. Faz mais de nove anos desde que viemos a nos
interessar pela Ciência, e seria difícil encontrar agora uma
pessoa mais sadia do que eu. Posso estar ativa o dia inteiro,
de manhã até a noite, sustentada pelo pensamento de que
“os que esperam no Senhor renovam as suas forças”. Posso
de fato dizer que praticamente já não sei o que é cansaço
físico. Antes de eu abraçar a Ciência, os médicos haviam
dito que um de meus pulmões já estava inutilizado, e que
o outro estava atacado de tuberculose; assim, do ponto
de vista deles, pouca esperança me restava. Havíamos
experimentado todos os remédios receitados. Eu tinha ido
para as montanhas, mas lá não pude permanecer devido à
altitude; e quando já não mais sabiam o que fazer, disseram
que o melhor seria viajarmos à Inglaterra — porque o ar do
oceano me seria benéfico. Assim passamos três meses nas
Ilhas Britânicas, e quando voltei parecia muito melhor, mas
isso não durou muito. Em pouco mais de um mês eu estava
pior do que nunca, e disseram à minha mãe que eu só tinha
algumas semanas ou, quando muito, alguns meses de vida.
Nessa ocasião uma senhora, desconhecida para nós, suge-
riu que experimentássemos a Ciência Cristã. Não tínhamos
nenhum preconceito contra essa Ciência, pois nem sabíamos
o que era. Não conhecíamos nenhum Cientista na cidade do
Oeste em que morávamos, e quando nos foi dito que alguém
em Kansas City podia dar tratamento à distância, achamos
que isso era absurdo. Então nos foi dito que muitas pessoas
haviam sido curadas pela leitura do livro-texto da Ciência
Cristã, Ciência e Saúde, o que nos pareceu ainda pior do que
o tratamento à distância, mas como havíamos experimen-
tado tudo o que havia chegado ao nosso conhecimento até
aquela data, minha mãe encomendou esse livro.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 625
médicos de renome. O último deles, que foi honesto demais
para aceitar meu dinheiro, sabendo que não podia me curar,
aconselhou que me mantivesse longe dos médicos e deixasse
de tomar medicamentos, pois nada, a não ser a morte, pode-
ria me curar. Minha doença tinha sido diagnosticada por
alguns médicos como nefrite e, por outros, como cálculos
renais com inflamação aguda da bexiga e da próstata.
Na primavera de 1888, minha mulher e eu certa noite
fomos à casa de um senhor cuja esposa fora curada pela
Ciência Cristã, no Leste. O referido senhor tirou um livro
da estante, dizendo: “Aqui está uma obra sobre a Ciência
Cristã”. Tratava-se de Ciência e Saúde. Logo que li o título
da capa, percebi que esse era justamente o livro que procurá-
vamos. Encomendamos imediatamente um exemplar e,
quando este chegou, obedecemos ao anjo e nos entregamos
à leitura. Eu tinha muitos preconceitos contra a Bíblia, e
minha primeira vitória sobre o ego foi consentir em ler os
quatro evangelhos. Minha esposa me comprou um Novo
Testamento e comecei a lê-lo. Que mudança se operou em
mim! Em um instante todo o meu preconceito se desvane-
ceu! Quando li as palavras do Mestre, captei seu significado
e a lição que ele procurava transmitir. Não me foi difícil
aceitar a Bíblia inteira, não podia mesmo deixar de fazê-lo,
pois estava totalmente cativado. A doença que me havia
atormentado por tantos anos passou a me atormentar ainda
mais durante seis meses, como para me fazer voltar atrás;
mas eu já não tinha medo dela.
Continuei a estudar Ciência e Saúde, e a doença desa-
pareceu. Posso afirmar com toda sinceridade que Ciência e
Saúde foi a única coisa que me curou e que esse livro é meu
único professor. — R. A. C., Los Angeles, Califórnia, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 627
natureza do problema, e alguns deles diagnosticaram um
tumor etc. Fiquei curada pela leitura de Ciência e Saúde com
a Chave das Escrituras, da Sra. Eddy. Foi um nítido caso de
transformação do corpo pela renovação da mente. Agora
estou totalmente bem. — J. M. H., Omaha, Nebraska, EUA
Cura de persistente mal do estômago
Não há dúvida de que a maior parte das pessoas vem à
Ciência Cristã devido à cura física, mas há também aqueles
que não sentem essa necessidade de modo especial. Na espe-
rança de que possa ser de utilidade para algumas dessas pes-
soas, e em gratidão pelo auxílio que recebi, vou narrar minha
própria experiência. Há três anos, eu nada sabia a respeito da
Ciência Cristã, a não ser o conhecimento obtido dos jornais e
de outras fontes de leitura. Se chegava a pensar nesse assunto,
era para classificar a Ciência Cristã entre as várias teorias
humanas com as quais não podia concordar, pois pareciam
basear-se ao mesmo tempo no bem e no mal. Jamais tivera
conhecimento de um caso de cura, jamais lera o livro-texto,
nem ouvira falar do Journal ou do Sentinel, mas via, muitas
vezes, pessoas entrarem na igreja da Ciência Cristã. Eu estava
cansada de procurar alguma coisa satisfatória nas crenças
religiosas, porque me parecia que Deus não queria ou não
conseguia estabelecer a harmonia para as terríveis condições
existentes na sociedade humana. Eu havia deixado de lado
toda forma de oração, menos a Oração do Senhor, e mesmo
assim omitia as palavras “e não nos deixes cair em tentação”.
Quanto eu ansiava por conhecer um pouquinho que fosse do
“por quê?” e do “para quê?” de tudo!
Foi aí que a Ciência Cristã entrou na minha vida. Encon-
trei por acaso uma amiga querida, pessoa muito culta e pen-
sadora, com quem eu não conversava havia algum tempo.
Ela me disse que havia recebido alguns tratamentos pela
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 629
seguidores sentem. O melhor modo de expressar essa grati-
dão é seguindo a Sra. Eddy obedientemente, como ela mesma
segue a Cristo. — H. T., Omaha, Nebraska, EUA
Cura rápida de dispepsia
Ocorreu-me que já tive bastante tempo para meditar
sobre as múltiplas bênçãos que recebi por meio da Ciência
Cristã, pois são agora decorridos mais de seis anos desde que,
pela leitura de Ciência e Saúde, fui completamente curado
de dispepsia bem como da pior forma de prisão de ventre.
Meu estado era tão grave que, durante três anos ou mais, não
podia beber um copo de água fria. Tudo o que bebia tinha de
ser quente. O único alívio para o distúrbio intestinal, havia
mais de três anos, eram clisteres de água quente.
Posso dizer honestamente que fui curado desses dois
males de modo permanente e até mesmo imediato, pela
leitura de Ciência e Saúde, como já citei anteriormente, e
creio mesmo que não havia lido mais de trinta páginas desse
livro, quando deixei completamente de lado uma dieta das
mais rigorosas. A partir daquele momento venho comendo
e bebendo tudo o que desejo, sem nenhum efeito nocivo, e há
mais de seis anos que em nossa casa, uma família composta
de cinco pessoas, não entra uma só gota de medicamento.
Também vi o poder da Verdade manifestado em nosso
lar quando, imediatamente após termos informado um dos
fiéis praticistas desta cidade, nosso filho mais novo foi ali-
viado das mais excruciantes dores e voltou à sua costumeira
alegria. Por tudo isso procuro ser agradecido a Deus e à
nossa fiel Líder, a Sra. Eddy, cuja vida pura e imaculada lhe
permitiu descobrir essa preciosa verdade para o benefício de
toda a humanidade. — M. C. McK., Denver, Colorado, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 631
havia ensinado séculos antes. Depois de haver lido algumas
páginas, estendi a mão, peguei os medicamentos e os atirei
pela janela, que ficava à cabeceira da minha cama. Recomecei
a leitura do livro, e eis que a ideia-Cristo despontou em mim e
fiquei instantaneamente curada.
Primeiro senti como que um frescor no lugar afetado
das costas e logo saí da cama. Continuei a ler avidamente;
senti como se quisesse devorar a verdade curativa e a absorvi
tal como uma planta sedenta absorve a chuva branda. À
hora do jantar deixei o quarto e tomei uma farta refeição com
a família, para a surpresa de todos. Nunca esqueceremos
como foi alegre essa refeição. Quanto agradecemos a Deus
pela Ciência Cristã!
Vi passar ano após ano, já sendo agora decorridos vinte
anos, e a cura permaneceu perfeita. Minha gratidão para
com Deus se torna cada vez mais sincera e mais profunda,
porque uma senhora corajosa teve suficiente pureza para
trazer de novo à luz esta cura pelo Cristo, a fim de que a
cura permaneça para sempre entre os homens, para salvar
a humanidade sofredora de toda doença e de todo pecado.
— Sra. P. L. H., Fairmont, Minnesota, EUA
Do desespero para a esperança e a alegria
Muitas vezes tive o desejo de tornar público o que a
Ciência Cristã fez por mim, mas as bênçãos são tão numero-
sas, que eu nunca poderia contá-las todas. Desde a infância
sempre fui doente, não sabia o que era ter uma hora de alívio,
e a maior parte do tempo estava sob cuidados médicos. Na
época, eu morava no Leste, e quando me aconselharam a
mudar de clima, segui esse conselho. Na primavera, eu
me mudei para o Oeste com minha família, mas em vez de
melhorar continuei a piorar, até que me vi obrigada a ficar de
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 633
Ciência Cristã, compreensão que foi o resultado de seis sema-
nas de estudo. Essa dádiva boa e perfeita me veio por meio
do estudo cuidadoso e devoto da Ciência Cristã, como ela é
revelada hoje ao mundo em Ciência e Saúde. A promessa de
Cristo Jesus, “a verdade vos libertará”, cumpriu-se, e passei os
últimos seis anos com saúde e harmonia, esforçando-me por
seguir o conselho: “Retende o que é bom”.
Embora esteja extremamente agradecido pela cura
física, minha gratidão pela regeneração mental e espiritual é
impossível de expressar em palavras. Quando compreendi
que a missão de Jesus, de curar a doença e o pecado, não
havia terminado com a sua curta estada na terra, mas pode
ser posta em prática em todas as épocas, minha alegria foi
sem limites. Havendo gastado milhares de dólares com
velhos sistemas, pareceu-me maravilhoso ser curado com um
dispêndio tão pequeno como foi o preço do “livrinho” e com
poucas semanas de estudo. Todo preconceito desapareceu
imediatamente ante as provas de que a Ciência Cristã é, de fato,
a elucidação e a aplicação prática dos ensinamentos de Jesus,
que são a verdade demonstrável: a mesma “ontem e hoje... e...
para sempre”. — C. N. C., Memphis, Tennessee, EUA
Cura de surdez
Como mãe de família, meu coração se volta cheio de
amor e de gratidão para aquela boa mulher que temos o
privilégio de chamar nossa Líder, por tudo o que ela fez por
mim e pelos meus, graças a seu livro.
Há dez anos fui curada de surdez e sinusite hereditárias,
simplesmente pela leitura de Ciência e Saúde. Anos antes,
eu havia consultado alguns dos melhores especialistas de
ouvidos e garganta, tanto na Inglaterra como nos Estados
Unidos, e com eles me tratei, mas fiquei cada vez pior. Uma
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 635
ela tentou levantar o braço, mas gritou e ficou muito pálida.
Continuei a ler em voz alta e novamente ela fez um esforço
para pôr um bombom na boca. Notei, com alegria, que
dessa vez ela quase alcançou a boca antes de sentir dor.
Prossegui lendo em voz alta, até que minha irmã entrou no
quarto, acompanhada de meus dois filhos, e nesse momento
a menina saltou da cama, tão contente de ver os irmãos que
nem se lembrou do braço. Começou então a contar à tia
que ela havia quebrado o braço e que a mamãe havia tratado
dele com o livro da verdade. Eram 10h30 da manhã quando
isso aconteceu, e às 15 horas a menina estava brincando
ao ar livre, como se nada tivesse acontecido. — Sra. M. G.,
Winnipeg, Manitoba, Canadá
Salva da loucura e do suicídio
Há alguns anos, quando me sentia envolta em trevas e em
estado de desespero causado por má saúde e por infelicidade
no lar, alguém me emprestou o livro Ciência e Saúde com a
recomendação de que o lesse.
Naquela época, minha filha havia sido desenganada pela
medicina e condenada à morte lenta devido à tuberculose que,
segundo se supunha, era hereditária. O meu próprio estado
parecia ainda mais alarmante, porque eu havia começado a
dar sinais de loucura e, em vez de ser internada em um
manicômio, parecia-me que a única solução seria o suicídio.
Perturbações cardíacas, distúrbios renais e contínuas dores de
cabeça, causadas por problemas femininos, eram alguns
dos muitos males com que eu tinha de lutar. Meu médico
tentou me convencer a aceitar uma operação para encontrar
alívio, mas eu me havia submetido a uma operação difícil,
dez anos antes, e como resultado meu sofrimento havia
aumentado, por isso não consenti.
Quando comecei a ler Ciência e Saúde, li primeiro o capítulo
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 637
do céu. Eu havia recebido muitos benefícios do estudo de
Ciência e Saúde, mas até então, por estar minha consciência
obscurecida, eu ainda não havia me dado conta de quão
maravilhoso é nosso Deus. Compreendi que o ocorrido
naquela família podia acontecer também no meu lar infeliz,
onde não havia descanso nem paz.
Cheia de esperança, tomei minha cruz, e passo a passo meu
fardo foi ficando mais leve, à medida que eu continuava meu
caminho, dando-me conta da presença do Cristo, a Verdade,
que de fato nos liberta. Não foi de repente que se operou
uma mudança visível, mas ao fim de três anos tudo era paz,
todos os membros da família frequentavam juntos a igreja,
conscientes de que há uma Mente só. — E. J. B., Superior,
Wisconsin, EUA
Curado de mal do estômago
Com a leitura de Ciência e Saúde, fui curado de um mal
do estômago que vinha de há muitos anos. Meu estado
tinha chegado a tal ponto que eu sofria ataques periódicos
que sobrevinham com frequência cada vez maior. Eu era
viajante, e era comum eu ter de chamar um médico ao
hotel para me dar morfina contra um ataque agudo desse
mal. Isso acabou por se tornar habitual quando me achava
em certos lugares, e esses ataques sempre me deixavam em
condições piores do que antes. Como resultado do último
ataque, perdi muito peso. Durante esses anos de sofrimento,
havia consultado muitos médicos e experimentado a maior
parte dos remédios comuns, sem ter tido nenhuma melhora.
Finalmente, como último recurso, decidi experimentar a
Ciência Cristã e fiquei curado lendo Ciência e Saúde com a
Chave das Escrituras, de autoria da Sra. Eddy.
Desde que fiquei curado, há seis anos, minha saúde é
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 639
me incomodavam com muita frequência, e para tudo isso eu
havia experimentado todos os remédios de que ouvira falar
ou que pudera adquirir, recorrendo inclusive a especialistas,
mas sem obter alívio.
Graças a um amigo, que me encontrou nesse estado deses-
perador e desanimador, e que me conduziu para a luz que
jamais conhece trevas, adquiri um exemplar de Ciência e Saúde,
escrito pela Sra. Eddy, e em pouco tempo fiquei curado pela
leitura dessa obra. — D. W. L., Anderson, Indiana, EUA
Aliviada de sofrimento intenso
Interessei-me pela Ciência Cristã em 1901. Durante
quatro ou cinco anos havia sofrido de ataques violentos que
pareciam não poder ser aliviados por coisa alguma a não
ser por narcóticos. Depois de um desses ataques, que me
pareceu o pior de todos, consultei nosso médico de família,
o qual diagnosticou uma perigosa doença renal, dizendo
que nenhum medicamento poderia me curar e que eu teria
de me submeter a uma cirurgia. Continuei a piorar e voltei
a procurar o médico que me aconselhou a consultar um
especialista do hospital municipal de Augusta. Esse médico
me examinou e diagnosticou o mal como algo diferente, mas
igualmente grave. Nesse ínterim, uma amiga me ofereceu
um exemplar de Ciência e Saúde. Eu lhe disse que a leitura
desse livro não me interessava, porém ela insistiu tanto que
acabei prometendo que o leria. Recebi o livro em um sábado,
e no domingo de manhã comecei a ler. Quando cheguei ao
ponto em que a Sra. Eddy diz ter encontrado essa verdade na
Bíblia, comecei a comparar os dois livros. Li trechos que me
pareceram muito lógicos e pensei comigo mesma: “Isto está
mais perto da verdade do que qualquer outra coisa que eu
conheço”. Continuei a ler durante o dia, fazendo apenas uma
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 641
Havia muitos anos que eu ansiava por levar uma vida
mais cristã, e muitas vezes me perguntava por que não
conseguia entender a Bíblia completamente. Agora sei que
era por falta de compreensão espiritual.
De início, eu não sabia que as pessoas eram curadas de
doenças e pecados simplesmente pela leitura de Ciência e
Saúde, mas pouco tempo depois constatei que isso era possível.
Naquele tempo, eu sofria de muitos males físicos e, um a um,
eles foram simplesmente desaparecendo, até que descobri que
eu já não estava doente — isto é, estava inteiramente livre.
A elevação espiritual é também maravilhosa e, à medida que
prossigo no estudo desta Ciência abençoada, percebo que estou,
de fato, adquirindo uma compreensão que me ajuda a superar
tanto o pecado como a doença em mim mesma e em outros.
Minha fé no bem aumentou e sinto que estou me desprendendo
da crença de que o mal tenha poder. O caminho não é penoso,
porque cada vitória sobre o ego aumenta a fé e o desejo sincero
de ir adiante. — E. J. R., Toledo, Ohio, EUA
Grato pelo despertar moral e espiritual
Há cerca de quatro anos, depois de eu experimentar
vários meios e modos de me livrar de um sofrimento físico,
um bom amigo chamou minha atenção para os ensinamen-
tos da Ciência Cristã. Depois de alguma resistência, decidi
pesquisar esses ensinamentos, com o pensamento de que
se fosse algo que ajudava, ajudaria a mim como aos outros; se
não fosse, eu poderia pô-lo de lado. Isso era algo que eu mesmo
queria descobrir para me convencer.
Depois de haver lido durante alguns dias a obra da
Sra. Eddy, Ciência e Saúde, descobri que todos os meus males
haviam desaparecido e que eu sentia uma calma que jamais
conhecera anteriormente. Eu fumava quase sem parar e,
embora muitas vezes tivesse resolvido usar a força de vontade
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 643
Curada uma doença hereditária dos pulmões
Há muito que me sinto impelida a dar testemunho do
poder sanador da Verdade. Assim como leio outros testemu-
nhos e me alegro com eles, é possível que alguém se regozije
em ler o meu. Fiquei curada pela leitura de Ciência e Saúde.
Pondo em prática aquilo que li, dei-me conta de que essa é a
verdade que Jesus ensinava — a verdade que liberta.
Desde a infância, nunca havia conhecido um dia de
saúde. Fui curada de uma afecção pulmonar de que padecia
havia muito tempo. A tuberculose era hereditária em nossa
família, e dela já haviam falecido minha mãe e três irmãos.
A lei da medicina dizia que em pouco tempo eu teria de
segui-los. Tinha também um grave mal do estômago, já
havia oito anos, tempo esse durante o qual sempre ia dormir
sem jantar, porque o medo de sofrer depois de haver comido
era tão grande que eu me recusava a comer, mesmo quando
estava com fome. Durante mais de vinte anos sofri de um
mal dos ovários, o qual às vezes era quase insuportável. Eu
tinha esse problema desde o nascimento de meu primeiro
filho, e certa vez foi preciso me submeter a uma operação.
Sofria de quase todos os males de que a carne é herdeira;
desde a infância sofria dos olhos; usei óculos durante catorze
anos, muitos oculistas diziam que eu ficaria cega e um deles
disse que isso aconteceria em menos de um ano, se eu não
me submetesse a uma operação, a qual recusei.
Mas graças sejam dadas a Deus, cuja Verdade me alcançou
por meio do estudo de nosso livro-texto. Faltam-me pala-
vras para expressar o que a Ciência Cristã fez, de várias
maneiras, por mim, por meus filhos, por meu lar e por tudo.
A cura física é apenas uma pequena parte dos benefícios
recebidos; a revelação e a elevação espirituais são a “pérola de
grande valor”. — Sra. J. P. M., Kansas City, Missouri, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 645
está familiarizado com o livro, mas também para aqueles
que acabam de encontrar esta luz abençoada. Toda honra
seja prestada a Mary Baker G. Eddy, que ama e teme a Deus
e cuja obra é unicamente a obra do amor, porque ajuda a
humanidade a ajudar-se a si mesma; uma mulher que apre-
sentou aos seus semelhantes, de forma compreensível, os
direitos divinos do homem e o que Deus realmente é.
— H. W. B., Hartford, Connecticut, EUA
Cura de hérnia e de outras enfermidades graves
Quando iniciei o estudo da Ciência Cristã, há quase três
anos, eu sofria de uma hérnia muito grave, havia já trinta e
dois anos. Às vezes a dor era tão intensa, que me parecia não
poder suportá-la. Esses ataques costumavam durar de qua-
tro a cinco horas e, embora tivessem feito por mim tudo o
que era possível, não tive nenhum alívio permanente até que
comecei a ler Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras.
Depois de haver começado a ler o livro, eu queria ler o tempo
todo. Eu fiquei tão absorta no estudo do “livrinho”, que mal
me dei conta de quando a cura ocorreu, mas fui curada não
só da hérnia como também de outros problemas, tais como
reumatismo infeccioso, catarro, calos e joanetes.
Eu jamais me separaria desse livro, se não pudesse obter
outro. Tenho setenta e sete anos e gozo de ótima saúde.
— Sra. M. E. P., St. Johnsbury, Vermont, EUA
Mãe e filha curadas
Quando conheci a Ciência Cristã, eu tomava medicamen-
tos diariamente havia vinte anos, devido à prisão de ventre.
Eu tinha sido tratada por médicos e especialistas; havia feito
tratamentos magnéticos e osteopáticos; tinha experimentado
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 647
eram manchas hepáticas, mas que não valia a pena receitar
remédios para aquelas poucas manchas, e que eu deveria
esperar até que elas aparecessem no corpo inteiro. Cerca de
três meses depois, com exceção do rosto e das mãos, estava
coberta de manchas. Fiquei então alarmada e procurei outro
médico, que me receitou medicamentos, mas acabou dizendo
que mais do que isso não poderia fazer. Consultei outros médi-
cos, sem melhores resultados. Há seis anos, uns amigos me
aconselharam a consultar o médico deles e, quando este
me examinou, disse ter certeza de que poderia me curar, e
eu pedi que me receitasse o remédio. Ao fim de dois anos,
depois de me haver medicado constantemente, ele disse que
eu estava tão saturada de medicamentos que receava me dar
algo mais, e recomendou uma pausa. Depois de eu haver
desembolsado uma pequena fortuna, não estava melhor e
fiquei muito desanimada.
Há dois anos, tendo fracassado na minha profissão,
pedi a uma de minhas clientes que me cedesse um quarto
mobiliado onde eu pudesse receber as poucas clientes que
ainda me restavam. Essa senhora, que é Cientista Cristã,
me emprestou Ciência e Saúde, e como ela sempre me per-
guntava onde eu estava na leitura, comecei a ler esse livro.
Também comecei a assistir às reuniões de quartas-feiras à
noite, as quais achei muito interessantes. Depois de ouvir
os testemunhos nas reuniões, pensei em falar com uma
praticista a respeito das manchas, mas ia esperar até ter
pelo menos cem dólares, pois achava que precisaria dessa
quantia para os tratamentos, acostumada que estava a pagar
altos honorários. Eu não havia indagado dos honorários,
nem sequer falei a ninguém sobre minhas intenções, pois
dinheiro era uma questão muito sensível para mim. Depois
de haver lido quase a metade de Ciência e Saúde, vi que já
não tinha manchas e não encontrei nenhum vestígio delas.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 649
falou da Ciência Cristã. Repliquei que acreditava que Deus
podia me curar, mas eu não tinha fé na cura pela Ciência
Cristã, contudo, gostaria de conhecer essa teologia, pois
talvez pudesse me dar uma pista do significado da vida.
Durante três anos eu havia lido as obras dos escritores mais
científicos, para encontrar a origem da vida; muitas vezes,
parecia que eu havia encontrado a resposta, mas esta sempre
se desvanecia. Um dia, em conversa com minha amiga, ela
disse que gostaria de me emprestar o livro-texto, Ciência e
Saúde, e eu aceitei de bom grado. Pouco tempo depois, fui
acometida de forte ataque do mal de que eu padecia. Abri o
livro pela primeira vez e, mais ou menos no meio, encontrei
um parágrafo que me chamou a atenção. Li e reli o mesmo
parágrafo por quase duas horas. Quando a campainha soou
para o chá, fechei o livro e nunca esquecerei a percepção
que tive do novo céu e da nova terra — todas as coisas que
eu podia ver na natureza pareciam ter sido lavadas e limpas.
As flores, que eu sempre amara tanto e que desde a infância
me haviam contado tão doces histórias, agora me falavam
do Tudo-em-tudo; o coração de meus amigos parecia mais
amável — eu havia tocado a orla da veste da cura.
Nessa noite, jantei, sem pensar em me preparar para
enfrentar o sofrimento e, ao começar o dia seguinte, eu
estava mais ansiosa do que nunca por fazer o bem. Desde
que fechei o livro Ciência e Saúde, após lê-lo pela primeira
vez, nunca mais consegui encontrar o parágrafo que havia
lido e relido tantas vezes; parecia que as palavras tinham se
apagado de minha memória, mas minha alegria não conhe-
cia limites, porque eu havia encontrado a pérola de grande
valor. Continuando a ler o livro fiquei inteiramente curada
e, há catorze anos, não tenho um só dia de sofrimento físico.
— Srta. L. M., Rome, Nova York, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 651
remédios; e com a nossa compreensão da verdade consegui-
mos enfrentar e superar toda sugestão de doença.
Eu era membro fiel de uma igreja tradicional mas, à
medida que avançava em anos, comecei a pôr em dúvida
minhas crenças e não conseguia encontrar resposta satisfa-
tória para minhas perguntas. Fiquei descontente e por fim
deixei de frequentar a igreja. Não podia aceitar o conceito de
Deus que ali ensinavam, e minhas amigas tristemente acaba-
ram por me considerar ateia. Assim permaneci até que vim
a conhecer a Deus como Ele é revelado em Ciência e Saúde,
e então todas as minhas perguntas foram respondidas. Na
meninice, sempre havia orado ao Deus que eu tinha em
mente, e quando as sombras da doença, da dor e da morte
desceram sobre minha família, orei como só podem orar
aqueles que sabem que, se Ele não ajudar, não há quem ajude;
mas minhas orações ficaram sem resposta. Então fechei a
Bíblia, dizendo: “Há um erro em algum lugar, e talvez um
dia eu entenda”.
Só aqueles que conhecem o estado de espírito em que eu
me encontrava, podem compreender a alegria que me inva-
diu quando, por meio da Ciência Cristã, comecei a conhecer
a Deus e minha relação com Ele.
Meu pensamento está repleto das muitas provas do poder
sanador da Verdade e do divino cuidado protetor. Sete anos
atrás, quando nos achávamos em um país distante onde a
Ciência Cristã ainda era desconhecida, minha filhinha voltou
do internato, certa manhã, dizendo: “Mamãe, estou com
sarampo; vinte meninas estão de cama e tenho medo que eu
também tenha de ficar de cama”. Ela estava com o rosto, as
mãos e o peito cobertos de uma erupção avermelhada e estava
com dor de garganta e os olhos inflamados. Começamos ime-
diatamente a fazer nosso trabalho de acordo com a Ciência
e, à noite, quando deixei a menina à porta do colégio, ela
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 653
Socorro sempre presente
Faz um ano que comecei a ler Ciência e Saúde, e agora
procurarei descrever o que fez por mim o conhecer seus
ensinamentos.
Meu estado era então muito precário; os olhos, que desde
a infância me haviam causado problemas, doíam muito. No
meu país natal eu tinha sido tratado por alguns dos melhores
especialistas de olhos e, depois de vir para os Estados Unidos,
tive muita atenção médica e usei óculos durante quatro
anos. Também sofria de catarro, contra o qual havia tomado
muitos remédios, sem ter alívio. Além disso, eu fumava sem
parar e fazia uso de tabaco em alguma forma, quase constan-
temente. Tinha perturbações cardíacas em consequência do
fumo e bebia muito.
Quem me trouxe aquilo que agora tanto prezo, foi um
vendedor de livros. Eu lhe dissera que, devido ao problema
dos olhos, teria de abandonar meu trabalho. Então ele me
contou que havia sido curado de câncer mediante tratamento
pela Ciência Cristã. Mostrou-me um exemplar de Ciência e
Saúde, que tinha sinais de muito uso, e depois de ele afirmar
que, se eu fizesse a minha parte, seria curado de todos os
meus males, eu encomendei um exemplar.
Meu restabelecimento foi muito rápido pois, após haver
lido o livro apenas durante três semanas, fiquei completamente
curado do vício de fumar. A propósito dessa cura, devo dizer
que ela não exigiu nem sequer uma resolução de minha parte.
Eu estava fumando um charuto, enquanto lia Ciência e Saúde,
e nesse momento o desejo de continuar a fumar desapareceu;
a partir daí, nunca mais tive vontade de usar tabaco, sob
nenhuma forma. Em seguida, foram meus olhos que mani-
festaram a influência do novo conhecimento que eu havia
adquirido, e em breve estavam de tal forma melhor que podia
fazer meu trabalho com facilidade e já não precisava usar
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 655
A perspectiva de ficar cega me perturbava muito, mas
procurava suportá-la com resignação cristã, pois pensava
que Deus havia achado justo causar-me aflição; mas desde que
aprendi que Ele é um Pai amoroso, que dá somente o bem,
lamento havê-Lo alguma vez culpado de minha aflição. Não
recebi tratamento, mas li Ciência e Saúde e meus olhos ficaram
curados; então deixei de usar óculos. Não posso encontrar
palavras para expressar meus agradecimentos à nossa querida
Líder, cujos ensinamentos curaram meu problema da vista.
Posso dizer realmente: eu era cega e agora vejo — graças a
uma compreensão da Verdade, constatei que a minha visão é
perfeita, tal como me foi dada por Deus. — Srta. B. S.,
Wilmington, Carolina do Norte, EUA
Testemunho enviado da Irlanda
É com o coração cheio de amor e gratidão a Deus e a
nossa querida Líder que envio este testemunho. Nunca fui
uma menina forte; sempre fui propensa a resfriados, e durante
toda a vida sofri de sensibilidade na garganta. Há sete anos, fui
acometida de grave ataque de febre reumática seguido de dois
outros, menos graves. Estes me deixaram toda sorte de males,
tais como: fraqueza, prisão de ventre crônica e vários outros,
de modo que, com esse sofrimento, minha vida era muitas
vezes um fardo, e eu pensava que nunca mais encontraria
alívio ou teria saúde. Eu havia também perdido todo amor a
Deus e toda fé nEle. Não podia aceitar um Deus que, como
eu então acreditava, mandava doenças e aflições a Seus filhos,
a fim de os atrair a Ele. Era esse o meu estado mental e físico,
quando a Ciência Cristã me encontrou. Uma amiga querida,
ao ver meu sofrimento, me mostrou a verdade e, embora de
início eu não acreditasse que poderia haver cura para mim,
o Deus dos Cientistas Cristãos parecia ser aquele que eu
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 657
Além de haver-me livrado da cirurgia, fiquei completamente
curada de fortes dores de cabeça e de um mal do estômago.
Os médicos não haviam conseguido curar nenhum desses
males. Há mais de dez anos não uso remédios de espécie
alguma e durante todo esse período nunca faltei por doença a
um culto da Ciência Cristã. Estou perfeitamente bem. Dizer
que estou grata a Deus por tudo isso não é suficiente para
expressar o que sinto. A cura física foi maravilhosa, mas
a compreensão que obtive a respeito de Deus, bem como a
capacidade de ajudar a outros, ultrapassam tudo o mais. Eu
também sinto muito afeto por nossa querida Líder.
— Sra. V. I. B., Concord, New Hampshire, EUA
Cura de doença dos rins e dos olhos
No começo de 1904, eu lecionava em um internato
particular. Era uma mulher muito infeliz e descontente;
sofria dos rins e dos olhos, e minha saúde geral era muito
má. O médico disse que o clima não me fazia bem e que
eu precisava de uma mudança de ares. O melhor, disse
ele, seria voltar para a França (minha pátria); mas eu não
queria deixar o internato, por isso continuei lutando até
julho, quando saímos de viagem, por um mês, mas regressei
pior do que nunca. Tinha muitas preocupações, sofri uma
decepção atrás da outra, e muitas vezes pensava que não
valia a pena viver. Em setembro de 1904, ouvimos falar pela
primeira vez da Ciência Cristã e quem falou foi uma aluna
do internato que havia sido curada mediante tratamento pela
Ciência Cristã. Adquirimos o livro-texto, Ciência e Saúde
com a Chave das Escrituras, de autoria da Sra. Eddy. Que
revelação ele foi, e continua sendo, para nós! É, de fato, a
fonte da Verdade. Fazia pouquíssimo tempo que eu estava
lendo Ciência e Saúde, quando deixei de usar óculos, comecei
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 659
na senda que nossa Líder com tanto carinho nos mostrou
em seu livro Ciência e Saúde. — Sra. J. W. C., Scranton,
Pennsylvania, EUA
Curada pela leitura do livro-texto
Depois de haver tomado medicamentos durante cerca de
um ano, fui obrigada a deixar a escola; fiquei sob cuidados
médicos por dois anos, mas piorei em vez de melhorar. Fui
então levada a especialistas, os quais declararam que meu
caso era incurável, dizendo que eu estava no último grau de
uma doença dos rins e que só me restava muito pouco tempo
de vida. Pouco depois, meu tio me deu um exemplar do
livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, e me pediu
que o estudasse. Depois de pouco tempo de estudo, pude
caminhar vários quilômetros, o que não havia podido fazer
nos últimos três anos. Também deixei de lado os óculos que
vinha usando havia sete anos, porque me haviam dito que eu
ficaria cega se não os usasse. Faz mais de um ano que recebi
a bênção de Deus, e gozo agora de perfeita saúde e felicidade.
Desde que comecei a ler Ciência e Saúde, nunca mais usei
óculos nem tomei medicamentos. — L. R., Spring Valley,
Minnesota, EUA
Testemunho enviado da Escócia
Vim à Ciência Cristã unicamente em busca de cura física.
Eu estava muito doente e infeliz. Encarava com cinismo e
incredulidade tudo o que havia ouvido dizer a respeito de
Deus e de religião. Eu tentava levar a vida à minha maneira
e deixava a religião de lado. Acreditava muito no destino
e na força de vontade, e pensava colocá-los no lugar de
Deus. Como consequência fui levada a fazer muitas coisas
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 661
não havia esperança de eu me restabelecer daquilo que
diagnosticavam como tuberculose hereditária, pois meu pai
também havia padecido dela. Eu estava muito debilitada e
quase não podia me locomover. Meu estado geral havia se
agravado devido àquilo que os médicos diziam ser paralisia
intestinal. Três médicos haviam diagnosticado isso, em
ocasiões diferentes, e assegurado a meu marido que eu só
conseguiria alívio temporário. Até mesmo esse alívio era
difícil de obter, apesar de meus esforços quase desesperados.
Às vezes, quase enlouquecia de sofrimento, e depois de tomar
remédios por oito anos senti que estava piorando cada vez
mais. Havia quatro anos que meu intestino não funcionava
normalmente; só com grande esforço e recorrendo a fortes
remédios e meios mecânicos seguidos de sofrimento, é que o
intestino funcionava.
Jamais tinha ouvido falar do poder sanador da Ciência
Cristã, e foi tão só para agradar a uma amiga que, certa
noite, há aproximadamente três anos, fui assistir em Boulder,
Colorado, a uma das reuniões de testemunhos dessa Ciência,
que se realizam no meio da semana. Muito me impressionou
o que ali ouvi, e imediatamente resolvi conhecer melhor
essa estranha religião, na esperança de que ela tivesse algo
de bom para mim. Comprei o livro-texto, Ciência e Saúde,
e desde que comecei a estudá-lo e à medida que adquiria
uma compreensão melhor e procurava pôr em prática o que
havia aprendido, fui me tornando mais forte e melhor, tanto
física como mentalmente. Em uma semana, sem tomar
remédios, eu me senti melhor do que durante os muitos anos
em que os havia tomado e, antes que houvessem decorrido
três meses, eu estava melhor do que jamais havia estado em
toda a minha vida, pois sempre havia sofrido em certo grau
de perturbação intestinal. Desde aquela época não tenho
tomado remédio de espécie alguma e confio inteiramente na
Ciência Cristã. Meus pulmões estão sadios, meu intestino
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 663
impossível. Eu sofria de paralisia intestinal, tinha frequentes
enxaquecas com indescritível sofrimento e, devido a uma
forma maligna de febre amarela, minha existência mortal
quase havia chegado ao fim. Muitos eram os males que
acompanhavam essa desarmonia física, mas Deus está acima
da sabedoria dos homens pois, há dois anos, com o estudo
de Ciência e Saúde, ergueu-se o véu da ignorância e foi-me
mostrado que a saúde perfeita é meu estado verdadeiro e ela
não conhece recaída. O uso constante de óculos que, havia
muitos anos, parecia ser uma necessidade, revelou-se dis-
pensável e os óculos foram deixados de lado. A Sra. Eddy fez
com que a leitura das Escrituras se tornasse para mim uma
fonte inesgotável de conforto. Sua explicação endireitou “o
caminho do Senhor” para mim e para os meus, e nos ajuda a
superar diariamente a tirania da carne e sua rebelião contra
a bendita direção do Cristo, a Verdade. O estudo diário
da Bíblia e de nosso livro-texto introduz cada vez mais em
nossa consciência o poder de Deus para a salvação.
— J. C., Manatee, Flórida, EUA
Um crítico se convenceu
Com gratidão a Deus, reconheço a dívida eterna que
tenho para com a Ciência Cristã. Em 1895, assisti pela
primeira vez a uma reunião da Ciência Cristã e fiquei pro-
fundamente impressionado com a seriedade das pessoas
e com o amor ali refletido, mas quanto à cura espiritual do
corpo físico, eu não acreditava que tal coisa fosse possível.
Adquiri o livro Ciência e Saúde e o estudei para poder discutir
inteligentemente com os seguidores da Ciência Cristã que, em
minha opinião, estavam deludidos. Dediquei-me a um estudo
cuidadoso e profundo e agora tenho abundantes razões
para me alegrar de tê-lo feito, pois mediante esse estudo e a
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 665
deixou o livro Ciência e Saúde em cima de meu piano, dizendo
que eu ganharia muito se o lesse.
Contente de poder me afastar de meus pensamentos
tristes, abri o “livrinho” e comecei a ler. Havia lido apenas
pouco tempo, quando se operou uma maravilhosa transfor-
mação! Senti-me renovada; nascida de novo. Meras palavras
não podem contar a história da grandiosa elevação que me
conduziu às portas do céu. Quando comecei a ler o livro, a
vida era um fardo para mim, mas antes de terminar a pri-
meira leitura, eu estava fazendo todo meu trabalho doméstico
com total facilidade; desde esse dia glorioso, sou uma mulher
sadia. Minha saúde é esplêndida, e estou me esforçando para
que minha luz brilhe para que outros possam ser guiados
à verdade. Tenho tido algumas grandes lutas com o erro e
aprendi que não podemos alcançar o céu com um só passo
nem deslizar facilmente portas a dentro, mas que o “pedir” e
o “buscar” e o “bater” têm de ser sinceros e persistentes.
Durante muito tempo eu costumava olhar para trás, para
ver se o erro se havia ido, até que um dia me dei conta de
que, para captar um vislumbre daquilo que o senso espiritual
significa, tinha de superar o senso corpóreo. Pus-me então a
trabalhar seriamente para encontrar o verdadeiro caminho.
Abri Ciência e Saúde e me deparei com estas palavras: “Se
compreendêssemos a Deus, em vez de meramente crermos
nEle, essa compreensão estabeleceria a saúde” (p. 203).
Percebi que tinha de obter a compreensão correta a respeito
de Deus! Fechei o livro e, com o pensamento em oração,
esperei ansiosamente alguma resposta. Não sei quanto
tempo esperei mas, de repente, como um maravilhoso facho
de luz depois de uma tempestade, veio-me claramente este
pensamento: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus”. Contive
a respiração e, nas profundezas de meu pensamento faminto,
entendi o significado infinito daquele “Eu”. Toda presunção,
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 667
Curado moral e fisicamente
Não foi em virtude de alguma cura pessoal que aceitei
a Ciência Cristã; mas quando vi que minha mãe, que estava
sendo arrastada rapidamente para a invalidez em consequência
do reumatismo, voltou a gozar de perfeita saúde com apenas
alguns tratamentos pela Ciência Cristã, pensei que certamente
se tratava da verdade que Jesus havia ensinado e praticado e, se
assim fosse, tinha de ser aquilo que eu estivera almejando.
Isso ocorreu há cerca de dez anos e foi a primeira vez que
ouvi falar da Ciência Cristã. Conseguimos logo um exem-
plar de Ciência e Saúde e comecei a verificar se a Ciência
Cristã era a verdade, indo diretamente à fonte. Não pensava
estudar o livro para obter a cura física; aliás, não achava
que necessitava dele para isso, mas minha alma ansiava por
alguma coisa que eu ainda não havia encontrado. Esse livro
foi de fato uma chave das Escrituras.
Pouco tempo depois de haver começado a ler, notei
que meus olhos estavam bons e sãos. Eu podia ler quanto
quisesse, e a qualquer momento, coisa que não havia podido
fazer antes, pois meus olhos sempre haviam sido fracos. Os
médicos haviam dito que meus olhos nunca seriam muito
fortes e que, se eu não usasse óculos, poderia perder com-
pletamente a vista. Nunca me conformei com usar óculos
e agora, graças à Ciência Cristã, não necessito deles e meu
trabalho durante os últimos dois anos, como funcionário
do serviço postal ferroviário, tem sido boa prova disso. Ao
mesmo tempo que meus olhos ficaram curados, notei tam-
bém que eu havia sido completamente curado de outro mal
de que havia padecido toda a minha vida e que se pensava
fosse hereditário. Daí em diante, meu progresso tem me
parecido lento, no entanto, quando olho para trás e vejo
como eu era antes de conhecer a Ciência Cristã e comparo
minha vida anterior com a de agora, só posso fechar os olhos
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 669
exemplo deles. Comprei um exemplar de Ciência e Saúde
e, depois de pouco tempo de estudo em conjunto com a
Bíblia, compreendi que, se a Bíblia era verdadeira, verdadeiro
também teria de ser Ciência e Saúde. Comecei a ter demons-
trações relacionadas com meu estado físico e mental, e logo
que o medo e a dor começaram a ceder, senti-me animado a
prosseguir. Fiquei curado e não tive mais queixas. Continuei
a estudar nosso livro-texto e, quando logrei certa compre-
ensão da Ciência da Mente, meu primeiro pensamento foi
ajudar a outros. Fui guiado para onde podia progredir na
Ciência, e já não era “levado ao redor por todo vento de
doutrina”, mas aferrei-me ao Princípio o mais firmemente
possível. A partir do momento em que me tornei consciente
de ter sido curado, não tive mais desejo de tomar remédios,
porque a Ciência Cristã desde logo me indicou como chegar
à causa da desarmonia e da doença. A única coisa que tive
de abandonar foram as crenças errôneas da mente mortal. A
Ciência Cristã me ensinou, então, a amar a igreja e a apreciar
o que ela já havia feito pela humanidade. Muitas vezes pensei
no velho provérbio: “A caridade começa em casa”, e depois
de me preparar por três anos pude apresentar a Ciência
Cristã na minha casa onde, no devido tempo, encontrou boa
acolhida e discípulos dispostos. Isso me causou alegria ainda
maior do que minha própria cura. Quanto maior o bem
que via realizado, mais amor tinha pela verdade. A Ciência
Cristã mudou meu rumo desde o começo e deu à minha vida
objetivos e propósitos mais nobres. Já não era tão facilmente
influenciado pelas fraquezas de outras pessoas, quando
aprendi que o mal não é pessoa nem lugar. Já não me ofendia
tão facilmente, quando encontrei a maneira de trabalhar
com desprendimento pela construção da Causa. — A. E. J.,
Toledo, Ohio, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 671
no maxilar inferior, no lugar onde o pedaço da viga me havia
atingido, mas depois de minha leitura habitual fui para a cama
e dormi toda a noite até quase amanhecer, quando uma dor no
lado direito me despertou. Ao apalpar com a mão, senti outra
grande protuberância do lado direito, porém, fiz meu trabalho
mental e voltei a dormir. Apesar de eu constatar que havia
fraturado o maxilar, o ferimento não me fez perder nem uma
hora sequer. Não ficou nenhuma cicatriz, apenas uma pequena
marca vermelha na face, e as protuberâncias no osso desapare-
ceram há muito tempo.
Resumindo os benefícios que recebi pela leitura de Ciência
e Saúde, basta referir-me a uma doença da qual eu sofria desde
o tempo da guerra (1862), sequela de uma diarreia crônica e
maligna que quase havia posto termo à minha existência mate-
rial. A audição também ficara seriamente afetada pelo efeito
do troar dos canhões em Shiloh, mas a recuperei. Antes não
me atrevia a comer laranja ou uvas, mas agora posso comer
qualquer coisa, sem que me faça mal. Minha paz de espírito
está me proporcionando uma tranquilidade que jamais havia
experimentado em toda a minha vida, e deixei de procurar
ao longe a presença divina que sempre estivera perto, embora
eu não o soubesse. — L. B., Baldy, Novo México, EUA
Superados muitos problemas físicos e mentais
Há menos de um ano, quando parecia que só dificuldades
me rodeavam, fui guiada à Ciência Cristã. O exemplar de
Ciência e Saúde de minha mãe estava sempre sobre a mesa,
mas eu quase nunca o lia. Um dia, porém, meu conflito mental
era tão grande que comecei a ler na esperança de obter paz.
Depois disso, a Bíblia e Ciência e Saúde têm sido meus com-
panheiros diários. Nessa época, eu sofria de uma grave erupção
no rosto, já fazia dois anos. Havíamos consultado vários
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 673
último recurso, fora encaminhada à Ciência Cristã. A ajuda
que recebeu foi tão maravilhosa que comecei o estudo de
Ciência e Saúde. O primeiro efeito que notei da leitura de
nosso livro-texto foi um grande amor pela Bíblia e o desejo
de lê-la, coisa que havia anos não fazia. Volvi-me a Deus em
oração silenciosa, para que eu pudesse ver a luz e a verdade
que me habilitassem a ser um homem melhor. “Importa-vos
nascer de novo.” Assim, como uma criança, aprendi de novo
a orar “a súplica do justo” que “muito pode, por sua eficácia”.
Depois de algumas semanas de estudo de Ciência e Saúde
em conjunto com a Bíblia, e sem nenhum outro auxílio, fui
curado do desejo de tomar bebidas alcoólicas, que datava de
muitos anos, e do vício de fumar. Já se passaram dez anos e
esses vícios nunca mais voltaram. Daí para cá, nunca mais
tomei bebidas alcoólicas nem fiz uso de fumo sob forma
alguma. Por certo, cumpriu-se em nosso lar este trecho das
Escrituras: “As coisas antigas já passaram; eis que se fizeram
novas”. Como poderemos apreciar o valor de um livro,
cujo estudo traz tal transformação e regeneração? Somente
à medida que nos esforçamos por viver e pôr em prática o
que ele ensina é que podemos começar a pagar nossa dívida
para com Deus e para com aquela que Ele enviou para tornar
claros à compreensão humana a vida e o ensinamento de
Cristo Jesus. — W. H. P., Boston, Massachusetts, EUA
Uma voz da Inglaterra
Durante anos a fio vivi extenuada e, embora não estivesse
doente a ponto de ser considerada inválida, sofria de fadiga e
de fraqueza mais do que se pode dizer em palavras. Achando
que essa era a vontade de Deus, eu não orava para ser curada,
mas tomava remédios constantemente. Sofria de dispepsia,
congestão hepática, fraqueza da vista e muitas outras coisas.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 675
sujeito bastante bom. Não tinha opiniões religiosas. Parecia
que eu vivia tão bem, se não melhor, quanto algumas pes-
soas que professavam o Cristianismo. Andei vagando assim
até que fui guiado a examinar a Ciência Cristã.
À medida que progredia na compreensão obtida do
estudo tanto de Ciência e Saúde como da Bíblia e começava
a conhecer-me a mim mesmo, constatei que uma grande
mudança se havia operado em mim. Durante quinze anos
havia feito uso do fumo, quer mascando, quer fumando;
durante dez anos havia sido vítima do vício de beber, às vezes
em excesso; também era dado ao uso de linguagem de baixo
calão. A Ciência Cristã me libertou desses vícios. Um mal
do estômago e outros males menores, tais como dores de
cabeça, mau gênio, amor exagerado ao dinheiro etc., desapa-
receram sob a mesma influência benigna. As coisas que me
pareciam causar prazer, agora não me agradam. O prazer
que elas proporcionavam não era genuíno. Não perdi nada,
não sacrifiquei nada; mas ganhei muito, conquanto não seja
tudo, pois compreendo que resta muito a fazer.
O estado mental anterior ao meu estudo da Ciência é
tão diferente do atual, como o preto do branco. Como diz
a Sra. Eddy: “Não é a matéria, mas a Mente, que satisfaz”.
— G. B. P., Henry, Dakota do Sul, EUA
Cura de gastrite crônica
Desejo expressar minha gratidão pelos muitos benefícios
que tenho recebido por meio da Ciência Cristã e quero
mencionar a grande alegria que me proporcionou o pensa-
mento de que o homem não é a vítima indefesa do pecado,
da doença e da morte. Mediante os ensinamentos da Ciência
Cristã, consegui superar muitos erros.
Quando conheci a Ciência Cristã, em abril do ano passado,
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 677
Daí em diante, venho comendo tudo o que quero, e
a vontade intensa de fumar, que tivera por muitos anos,
desapareceu inteiramente. A compreensão da Verdade, que
curou por completo o estômago doente, também curou a
vontade mórbida de fumar. Depois de ter voltado para o
Leste, adquiri um exemplar de Ciência e Saúde, que venho
lendo diariamente e que considero uma ajuda contínua em
todos os assuntos da vida.
Em casa e no trabalho, acho que esta Ciência é um
conforto e uma fonte de força. Tive muitas dificuldades no
meu caminho, mas a Ciência me ajudou a sair de todas elas.
— W. E. B., New Britain, Connecticut, EUA
Curada uma doença da coluna vertebral
Há sete anos, quando ouvi falar pela primeira vez da
Ciência Cristã, pensei que se tratasse de alguma moda antiga
com um nome novo. Na pequena cidade do Texas onde
então vivíamos, havia dois ou três Cientistas Cristãos que se
reuniam em casa de um deles para ler a Lição-Sermão. Certo
dia, encontrei-me com uma pessoa desse grupo e perguntei
se os incrédulos poderiam assistir às suas reuniões. Ela
respondeu que sim, se quisessem. Fui, na expectativa de
que fizessem algo ridículo de que eu pudesse rir quando o
contasse às amigas. Foi uma grande surpresa descobrir que
a única coisa que eles faziam era ler a Bíblia e outro livro
que chamavam Ciência e Saúde. Ainda pensei que tudo isso
não passava de tolice, mas resolvi assistir às reuniões até
saber no que acreditavam. Continuei a ir lá até que comecei
a compreender um pouco daquilo que eles sabiam, não que
acreditavam; e, em vez de gastar meu tempo contando aos
outros que tolice era a Ciência Cristã, agora busco palavras
para dizer como ela é sublime e maravilhosa. Pelo estudo da
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 679
Jamais havia pensado que pudesse ser curado pela leitura do
livro, mas meu pensamento mudou tanto que fiquei curado,
não só da doença orgânica, mas também de falta de nitidez
na visão, fadiga e uma série de outras manifestações desar-
moniosas. Só voltei ao médico quatro meses depois, para
pagar minha conta (que, por falar nisso, foi cinco vezes mais
alta do que o preço do livro Ciência e Saúde que eu tinha
comprado). Desde que li o livro, venho lecionando constan-
temente, sem faltar ao trabalho. Também fui ajudado, de
muitas outras maneiras, em minha profissão.
Mediante a leitura do livro-texto aprendi que Deus nos
dá forças para fazer tudo o que temos de fazer. Aprendi tam-
bém que as coisas que não devemos fazer (invejar, contender,
sentir rivalidade, vangloriar-nos etc.) deixam uma esteira de
fadiga e desarmonia.
Minha gratidão à nossa amada Líder, a Sra. Eddy, e aos
seus fiéis alunos, que mais tarde conheci, só pode ser expressa
por meio de esforços diários para pôr em prática aquilo que
nos foi ensinado. — T. H. A., Madison, Wisconsin, EUA
Superados os preconceitos
Interessei-me pela Ciência Cristã há pouco mais de três
anos, quando tinha grande necessidade de ajuda. Jamais
havia sido forte e, à medida que transcorriam os anos, eu me
enfraquecia cada vez mais e, por fim, fiquei tão doente que a
vida acabou se tornando um fardo para mim. Acho que foi
em resposta às minhas orações que o livro Ciência e Saúde,
da Sra. Eddy, me foi enviado. Eu estava um pouco receosa de
todas essas novas modas, pois era assim que eu as conside-
rava, mas depois de ler um pouco percebi que encontrara a
verdade que nos liberta. Fui curada de doença do estômago,
de fraqueza e de ataques da vesícula.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 681
meu fardo aos cuidados de Deus e já não me preocupei. Em
dois dias a criança estava perfeitamente normal e a partir daí
ficou livre desse mal. Agora ela tem seis anos. Alguns meses
depois dessa primeira cura, veio uma segunda prova. A
pequena despertou às nove horas da noite, chorando e pondo
a mão no ouvido. Para o senso mortal, tratava-se de um
abscesso. Eu estava sozinha. Comecei a ler Ciência e Saúde
e a Bíblia, mas quanto mais eu lia e orava, mais a menina
gritava. O erro persistia em sugerir remédios materiais,
mas eu disse firmemente: “Não; não voltarei ao erro. Deus
me ajudará”. Naquele mesmo instante, lembrei-me de meu
próprio medo excessivo, e veio-me à mente uma conversa
que havia tido com a Cientista que me falara sobre a ver-
dade. Ela havia dito que sempre achava necessário se tratar
a si mesma e expulsar o próprio medo, antes de tratar um
paciente. Deitei a criança e novamente peguei Ciência e
Saúde, e li:
“Cada experiência que prova nossa fé em Deus nos torna
mais fortes. Quanto mais difícil parece a situação material
a ser vencida pelo Espírito, tanto mais forte deve ser a nossa
fé e tanto mais puro o nosso amor. O Apóstolo João diz: ‘No
Amor não existe medo; antes, o perfeito Amor lança fora o
medo’ ” (Ciência e Saúde, p. 410). Levantei os olhos, o choro
havia cessado, a criança estava sorrindo, e poucos minutos
depois pediu que a pusesse na cama. Nunca mais houve
ocorrência dessa natureza.
Depois disso, vi o poder da Verdade vencer o erro sob
muitas formas, entre as quais difteria, coqueluche, amigdalite
etc. Estou agradecida por todas essas evidências, porém,
mais agradecida estou pelo ensinamento espiritual com o
qual aprendi a amar, perdoar, refrear a língua e deixar de
criticar. — M. A. H., Brockton, Massachusetts, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 683
meio devido ao astigmatismo. Os oculistas haviam dito que
eu teria de usá-los para sempre. Um mês depois, meu pai me
pediu que o ajudasse, pois sofria muito de prisão de ventre,
dispepsia e nevralgia. Ele vinha se alimentando de farelo,
quase se deixando morrer de fome, tal o estado de fraqueza
a que havia chegado, e tinha as mãos e os pés tão frios que
era preciso mantê-los envoltos em cobertas. Quando ele me
fez esse pedido, eu não me senti muito preparada e disse que
ia chamar um praticista para que o ajudasse, pois eu jamais
havia tratado de alguém; mas ele não queria consentir em
receber ajuda a não ser a minha, e acabei dizendo que eu
tentaria, mas que ele não deveria culpar a Ciência se não
recebesse nenhum benefício, pois a falha seria da minha
compreensão, e não da Ciência Cristã. A meu pedido, leu
Ciência e Saúde, começou a comer tudo que queria e não
tomou nenhum tipo de medicamento. Depois de dois trata-
mentos, mandou me avisar que estava curado daquela escravi-
dão de trinta anos. Em vista de todos esses sinais que se
seguiram à minha aceitação da Ciência Cristã, compreendi que
esta tinha de ser a verdade. — R. L. A., Chicago, Illinois, EUA
Uma voz vinda do sul
Desde a infância, fui muito frágil e meus pais achavam
que eu não viveria mais do que alguns anos. Mas continuei
a viver, embora não houvesse muita melhora na minha
saúde. Viagens e mudanças de clima só me traziam alívio
temporário, e os médicos não me davam nenhuma esperança
de sarar.
Como último recurso, comecei a estudar Ciência e Saúde
e, antes de terminar a leitura do livro, dei-me conta de que
sua autora estava divinamente incumbida da missão de
trazer essa mensagem espiritual a um mundo necessitado.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 685
Journals, comprei um exemplar de Ciência e Saúde. Li esse
livro durante vários dias, em diferentes momentos. Comecei
a melhorar e, em aproximadamente uma semana, fiquei
curado da maioria de meus males, entre os quais a dispepsia
e a debilidade nervosa.
Embora eu tivesse ouvido falar da Ciência Cristã ante-
riormente, nunca ouvira dizer que a leitura do livro-texto da
Ciência Cristã tivesse curado alguém. Comecei a ler para des-
cobrir o que era a Ciência Cristã, mas fiquei surpreso de ver
que eu estava melhorando, e dentro em pouco tive a certeza
de que era a teologia de Ciência e Saúde que me havia curado,
assim como era a teologia de Jesus que curava os doentes.
Tudo isso provou para mim que não pode haver Igreja da
Ciência Cristã que não cure os doentes e os pecadores, pois a
cura é o resultado natural do ensinamento da Ciência Cristã.
A Bíblia se tornou para mim uma nova revelação e posso
lê-la com muito mais compreensão, graças à luz que recebi
mediante a leitura de Ciência e Saúde. — A. F. M., Fairmont,
Minnesota, EUA
Vencidas grandes tribulações
Quando tento explicar o que a Ciência Cristã fez por
mim, me faltam as palavras. Sofri constantemente, durante
vinte anos, devido a uma lesão na coluna vertebral, que ocor-
reu quando eu era ainda muito pequena. Quando criança,
sofria tanto que costumava olhar para as estrelas e pedir
a Deus, pensando que Ele estivesse em algum lugar lá em
cima, que me levasse da terra, pois eu estava muito cansada.
Uma grande muralha de dor parecia me separar dos prazeres
que os outros desfrutavam, e eu não podia explicar como
me sentia, porque ninguém me entenderia. Passaram-se
os anos, e toda felicidade terrena me foi arrancada; estava
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 687
Testemunho valioso
As palavras não podem expressar minha gratidão a
Deus pela Ciência Cristã. Quando li Ciência e Saúde pela
primeira vez, eu havia experimentado todos os remédios de
que já tinha ouvido falar. Não percebi nenhuma mudança
na mente ou no corpo, até que cheguei à página 16 do
capítulo intitulado “A Oração”, no livro Ciência e Saúde. As
primeiras palavras do “significado espiritual da Oração do
Senhor”, que falam de nosso Pai-Mãe Deus, deram-me um
vislumbre da luz celestial. Parei de ler e comecei a pensar, e
vieram-me à lembrança os ensinamentos de Jesus. A verdade
sobre o existir espiritual do homem despontou em minha
consciência. Dei-me conta de que eu não estava sujeita a leis
mortais, como me haviam ensinado toda a minha vida. Não
poderia explicar como é que eu sabia isso, mas o fato é que
sabia. Mediante a Ciência Cristã, a Sra. Eddy me havia dado
aquilo que eu tinha desejado toda a minha vida — uma Mãe,
um “Pai-Mãe Deus” perfeito. Eu já sabia que faltava alguma
coisa e, naquela época, achava que a religião tradicional con-
tinha apenas a metade da verdade que Jesus veio estabelecer.
Quando li: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” e seu
significado espiritual, caíram lágrimas de meus olhos; todos os
anos de amargura, de ódio e de medo se dissiparam. Então
eu me dei conta, e agora sei, que nada satisfaz, a não ser o
Amor. Naquele dia, começou a cura consciente, exterior
e interior — mental e física. Nunca tive nenhuma dúvida!
Sabia de modo absoluto que a Ciência Cristã era e é a verdade.
O dinheiro, as amizades e a materialidade nada são, compa-
rados ao conhecimento consciente de Deus, do homem e do
universo.
Não precisei que ninguém me desse tratamento, o livro
Ciência e Saúde era totalmente claro e belo. Antes eu não
conseguia compreender a Bíblia, mas agora que tenho
alguma compreensão da Ciência Cristã, acho-a iluminada.
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 689
me davam mais conforto do que o meu cachimbo, pelo que
concluí que frequentar uma igreja não podia me satisfazer, e
que eu preferia continuar a beber e fumar. Quando comecei a
ler Ciência e Saúde, compreendi que esse livro oferecia algo de
substancial. Depois de alguns meses de estudo, todo o desejo
de beber e de fumar desapareceu. Eu não o havia abando-
nado; não havia feito nenhum sacrifício, eu simplesmente
havia encontrado algo melhor. Devo dizer que, pelo que me
lembro, sempre fumara. Já fumava anos antes de deixar a
escola e, como a maior parte dos ingleses, gostava de meu
cachimbo e preferia ficar sem uma refeição a ficar sem fumar.
Pensava que isso me tranquilizava.
Durante estes quatro anos desde que estudo a Ciência
Cristã, não gastei um só centavo com médicos ou remédios,
nem faltei um só dia ao trabalho por motivo de doença,
o que é uma maravilha comparado com os quatro anos
anteriores. Tenho grande interesse e prazer em ler a Bíblia
e estudar as lições do Livrete Trimestral. A Bíblia havia sido
um livro misterioso para mim, mas Ciência e Saúde faz dela um
livro muito precioso, tornando seu significado mais compre-
ensível, mais claro e mais simples.
Aproveito esta oportunidade para expressar minha
gratidão à Sra. Eddy e ao amigo que me convidou, anos atrás,
a assistir a um culto no Teatro Auditorium. Desejo também
reconhecer o benefício que recebi do Journal e do Sentinel.
Eles me ajudam maravilhosamente. Se o valor de Ciência
e Saúde e dessas publicações fosse medido da maneira em
que os homens de negócio avaliam as coisas, isto é, pelos
resultados ou pelos benefícios que propiciam, elas certamente
não teriam preço. Seria impossível estimar seu valor, porque
recebi de Ciência e Saúde algo que nem todo o dinheiro do
mundo poderia comprar. — H. P. H., Chicago, Illinois, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 691
dedicado à prática da Ciência Cristã, e tenho visto quase todas
as doenças ditas incuráveis serem curadas por sua influência
benéfica. Deus abençoe nossa cara Líder! Ela pôs diante de
nós uma porta aberta que ninguém pode fechar. É apenas
uma questão de tempo e o mundo conhecerá a Sra. Eddy
melhor e a amará mais. — E. E. N., Washington, DC, EUA
Curado de nefrite
No dia 18 de agosto de 1902, fui atacado por aquilo que
três médicos declararam ser nefrite, dizendo que eu não
teria mais do que um ano de vida e que, se chegasse a viver
mais tempo, ficaria perturbado mentalmente. Em 6 de
dezembro de 1902, minha esposa me deu Ciência e Saúde
como presente de aniversário e esse foi, de fato, o melhor
presente que jamais recebi. A partir daí, venho lendo esse
livro e frequentando Segunda Igreja, nesta cidade. Daí para
cá, ninguém em minha casa toma remédios. Encontro-me
no mais perfeito estado de saúde e fiquei livre de todos os
maus hábitos. Essa verdade trouxe uma grande elevação
espiritual a todos nós, e as palavras não podem expressar
minha gratidão à Sra. Eddy e a todos os que me ajudaram a
conhecer essa verdade. — T. V., Chicago, Illinois, EUA
Cura de fibroma
Quando ainda jovem, chamava-me a atenção o fato de a
Bíblia não ser devidamente interpretada pelos pregadores, pois
eu não podia conceber um Deus de ira, tão injusto que per-
mitia que Seus pequeninos sofressem dor, desgraça e morte.
Contudo, eu tinha a esperança de que algum dia a verdade
viesse a ser revelada a um mundo que estava despertando. Eu
nem sequer sonhava que já existia uma das nobres filhas de
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 693
Luz nas trevas
Tenho recebido tantos benefícios dos testemunhos
publicados no Sentinel e no Journal, que envio o meu, espe-
rando que possa animar algum coração aflito. Fui criada por
bons e amorosos pais cristãos, e por mais de vinte anos fui
membro de uma igreja tradicional, mas nunca me senti satis-
feita. Vivia com medo e oprimida pelos falsos deuses deste
mundo, ou seja, pelo pecado, pela doença e pela pobreza; por
conseguinte, para qualquer lado que me volvesse e em tudo o
que tentasse fazer, encontrava decepção e fracasso; mas Deus
estava me guiando a uma vida diferente. Meu interesse pela
Ciência Cristã foi despertado pela primeira vez há aproxi-
madamente treze anos, e a partir daí tenho sido discípula
obediente. Mediante a leitura de Ciência e Saúde fui curada
de laringite e catarro crônicos, e além disso pude deixar de
usar óculos. A Ciência Cristã não só me ajudou mental,
moral e fisicamente, mas também me proporcionou a maior
de todas as bênçãos, isto é, a elevação espiritual para entender
que Deus é capaz de cuidar de Seus filhos e está disposto a
fazê-lo, desde que estejamos dispostos a fazer a nossa parte
e carregar a cruz que, embora às vezes pareça pesada, sempre
traz recompensa certa. A Ciência Cristã não só me tem
ajudado, mas tem me dado a possibilidade de ajudar a outros.
A Bíblia é um livro novo para mim. Agora compreendo o
que Jesus quis dizer, quando declarou: “Vinde a mim, todos
os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Meu coração transborda de gratidão à Sra. Eddy pelo que
ela fez e continua a fazer pelo mundo, e estou muito grata a
Deus porque Ele me guiou à verdade, para que eu tenha vida, e
a tenha em abundância. — Sra. M. M., Chicago, Illinois, EUA
Ciência e Saúde Frutos da Ciência Cristã 695
mesmo e minha esposa destruímos todos os medicamentos
que tínhamos em casa, e depois disso nunca mais utilizamos
nenhum remédio a não ser a Ciência Cristã. Continuei a
estudar e a pôr em prática o seu ensinamento, da melhor
forma que pude, e em poucos meses recuperei a saúde.
Antes de estudar a Ciência Cristã, e desde minha infân-
cia, havia sido um incrédulo declarado; havia lido muita
literatura sobre o assunto e não queria saber de nada que
fosse de natureza religiosa, pois os ensinamentos tradicionais
jamais me haviam satisfeito como uma maneira racional de
explicar um Deus todo-sábio. Agora já não tenho dúvida
quanto à verdade do ensinamento do grande Mestre que
nos mostrou o caminho, Jesus de Nazaré, do mesmo modo
que não duvido da exatidão da lei básica da matemática ou
da música. Não tenho a menor dúvida de que a Ciência
Cristã me salvou do túmulo, provando, assim, ser um
socorro muito prático e eficiente nos momentos de maior
necessidade. Por maior que tenha sido meu sofrimento
físico, só posso me sentir contente de que por meio dele foi
aberta a porta de minha consciência para deixar entrar a luz
da Verdade. Foi assim que progredi um pouco no conheci-
mento de Deus, o bem, como é revelado na Ciência Cristã.
— C. B., Webb City, Missouri, EUA
Ciência e Saúde Índice alfabético dos termos do Glossário 697
Jacó . . . . . . . . . 589:4 Reino dos Céus . . 590:1
Jafé. . . . . . . . . . 589:8 Ressurreição . . . . 593:11
Jerusalém . . . . . . 589:12 Rio . . . . . . . . . . 593:17
Jesus . . . . . . . . . 589:15 Rocha . . . . . . . . 593:21
Joio. . . . . . . . . . 595:4 Rúben . . . . . . . . 593:15
José . . . . . . . . . 589:18
Judá . . . . . . . . . 589:22 Salvação . . . . . . 593:23
Santuário . . . . . . 595:6
Levi . . . . . . . . . 590:11 Selo . . . . . . . . . 593:26
Sem . . . . . . . . . 594:15
Mãe . . . . . . . . . 592:15 Senhor. . . . . . . . 590:15
Manhã. . . . . . . . 591:25 Senhor Deus . . . . 590:21
Matéria . . . . . . . 591:9 Sepultamento. . . . 582:21
Medo . . . . . . . . 586:11 Serpente . . . . . . . 594:1
Mente . . . . . . . . 591:17 Sião . . . . . . . . . 599:7
Mente Mortal. . . . 591:27 Sol . . . . . . . . . . 595:1
Milagre . . . . . . . 591:23 Substância . . . . . 594:27
Moisés . . . . . . . . 592:10
Morte . . . . . . . . 584:8 Tarde (A) . . . . . . 586:1
Templo . . . . . . . 595:6
Noé . . . . . . . . . 592:21 Tempo . . . . . . . . 595:15
Noite. . . . . . . . . 592:20 Terra. . . . . . . . . 585:5
Noiva . . . . . . . . 582:14 Tigre . . . . . . . . . 588:5
Noivo . . . . . . . . 582:18 Todo-Poderoso . . . 581:4
Nova Jerusalém . . 592:17 Tu . . . . . . . . . . 599:3
Tumim . . . . . . . 595:10
Óleo . . . . . . . . . 592:24
Olhos . . . . . . . . 586:3 Urim . . . . . . . . 596:12
Ouvidos . . . . . . . 585:1
Ovelhas . . . . . . . 594:13 Vale . . . . . . . . . 596:20
Vento . . . . . . . . 597:27
Pá . . . . . . . . . . 586:7 Véu. . . . . . . . . . 596:28
Pai . . . . . . . . . . 586:9 Vida . . . . . . . . . 590:14
Pisom . . . . . . . . 593:1 Vinho . . . . . . . . 598:17
Pó . . . . . . . . . . 584:29 Vontade . . . . . . . 597:20
Pomba . . . . . . . . 584:27
Princípio . . . . . . 593:3 Zelo . . . . . . . . . 599:5
Profeta. . . . . . . . 593:5