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Duração Do Trabalho e Repousos

O documento aborda a legislação brasileira sobre a duração do trabalho e os repousos, destacando a jornada de trabalho, horas extras, e regras específicas como sobreaviso e prontidão. Também menciona a importância da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e da Constituição Federal na proteção dos direitos dos trabalhadores. Além disso, discute exceções para menores e condições especiais de trabalho, como o regime de teletrabalho.

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Duração Do Trabalho e Repousos

O documento aborda a legislação brasileira sobre a duração do trabalho e os repousos, destacando a jornada de trabalho, horas extras, e regras específicas como sobreaviso e prontidão. Também menciona a importância da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e da Constituição Federal na proteção dos direitos dos trabalhadores. Além disso, discute exceções para menores e condições especiais de trabalho, como o regime de teletrabalho.

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DURAÇÃO DO

TRABALHO E
REPOUSOS
ÍNDICE
1. DEFINIÇÃO E REGRAS.......................................................................................................3
Introdução................................................................................................................................................................................ 3
Jornada de trabalho............................................................................................................................................................ 3

2. HORAS EXTRAS E BANCO DE HORAS........................................................................... 7

3. SOBREAVISO E PRONTIDÃO...........................................................................................8

4. FORÇA MAIOR E SERVIÇO INADIÁVEL.........................................................................9

5. JORNADA DO MENOR, EXCEÇÕES E BANCÁRIO......................................................10

6. TRABALHO NOTURNO....................................................................................................13

7. REGIME DE TEMPO PARCIAL.........................................................................................16

8. JORNADA 12 X 36........................................................................................................... 17
Turnos ininterruptos de revezamento.........................................................................................................................17

9. DESCANSO.......................................................................................................................18

10. DESCANSO SEMANAL REMUNERADO..................................................................... 20

11. DESCANSO INTRA JORNADA......................................................................................21

12. INTERVALOS ESPECIAIS............................................................................................ 23

13. REGIME DE TELETRABALHO...................................................................................... 24

14. NEGOCIADO SOBRE LEGISLADO - EFEITOS SOBRE A DURAÇÃO DO TRABALHO


27
1. Definição e Regras
Introdução
O Direito do Trabalho é um ramo jurídico especializado e, de acordo com Octavio Bueno
Magano, é:

conjunto de princípios, normas e instituições, aplicáveis à relação de trabalho e situações equiparáveis, tendo
em vista a melhoria da condição social do trabalhador, através de medidas protetoras e da modificação das
estruturas sociais.

Com o desenvolvimento urbano acelerado e a consequente industrialização, as relações


entre empregados e empregadores começaram a intensificar-se. Necessitaram, dessa
forma, de uma maior observância legal e preocupação legislativa a fim de garantir, à parte
hipossuficiente desta relação - trabalhadores - a satisfação de suas necessidades básicas e
a possibilidade de alcançar condições dignas para sua subsistência e de sua família, garantias
fundamentadas na dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF/88 e diversos tratados
internacionais).

No Brasil, no contexto hodierno, após diversas lutas, os direitos trabalhistas foram assegurados
constitucionalmente. Além disso, as disposições da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT) dispõem acerca dos direitos e garantias fundamentais da classe em questão, com o
intuito de efetivar a inclusão e a equidade entre os trabalhadores. Passemos, portanto, à
análise individual dos principais pontos sobre a jornada de trabalho e os repousos previstos
na legislação brasileira.

Jornada de trabalho
Inicialmente, é importante destacar que a jornada diária significa o tempo, em horas, que os
indivíduos trabalham em um dia e, por conseguinte, a jornada de trabalho mensal é o período
estabelecido no contrato da empresa que deve ser cumprido pelo empregado mensalmente.

Cumpre ressaltar o disposto no art. 7º da Constituição Federal, o qual dispõe acerca dos
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua
condição social, tratando da quantidade de horas em seu inciso XIII da seguinte forma:

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição
social: (….)

XIII- duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

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O Capítulo II do Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, regulamenta a duração do
trabalho e, em seu art. 57, dispõe:

Art. 57. Os preceitos deste Capítulo aplicam-se a todas as atividades, salvo as expressamente excluídas,
constituindo exceções as disposições especiais, concernentes estritamente a peculiaridades profissionais,
constantes do Capítulo I do Título III.

Observa-se, então, diante do enunciado do art. 5 da CLT, que há normas gerais e normas
específicas aplicáveis a relações de trabalho. A norma geral está disposta no caput do art.
58 da CLT.:

Art. 58. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8
(oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.

Como a Constituição Federal emana seus pressupostos para todo o ordenamento jurídico, o
limite de jornada previsto no art. 58 da Consolidação das Leis do Trabalho deve ser entendido
em consonância com o art. 7º, XIII, da CF/88, supracitado.

Com relação ao §1º do art. 58, tomemos como exemplo uma empresa que tenha 70 funcionários
e apenas 2 registradores eletrônicos de ponto. Neste caso, como possivelmente quase todos
os trabalhadores chegarão no mesmo horário e não é possível o registro simultâneo, foi
inserida na CLT regra que permite desconsiderar pequenas variações no registro de ponto.

Art. 58.

§1o Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de
ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários.

A regra, de acordo com o art. 74, §2º, da CLT é a obrigatoriedade de anotação da hora de
entrada e de saída em estabelecimentos de mais de vinte trabalhadores, ou seja, que haja
o controle da jornada, não necessariamente por ponto eletrônico, mas por qualquer meio
confiável.

Torna-se importante mencionar, ainda, as Súmulas 366 e 449 do Tribunal Superior do Trabalho
(TST),as quais se relacionam com o tema aqui tratado:

Súmula 366, TST. Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de
horário do registro de ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos
diários. Se ultrapassado esse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada
normal, pois configurado tempo à disposição do empregador, não importando as atividades desenvolvidas pelo
empregado ao longo do tempo residual (troca de uniforme, lanche, higiene pessoal, etc.).

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Súmula 449,TST. A partir da vigência da Lei nº 10.243, de 19.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT,
não mais prevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que
antecedem e sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras.

Já o §2º do art. 58, da CLT, é de suma importância, pois irá ressaltar o que se leva em conta
no entendimento de jornada. Antes, a jornada englobava tanto o tempo efetivamente
trabalhado quanto o tempo à disposição do empregador. Só era remunerável, então, o
período em que o empregado estivesse efetivamente prestando a sua atividade, ou em
que estivesse à disposição do empregador, aguardando ou executando suas ordens.

Com a nova redação dada pela reforma trabalhista, Lei n. 13.467/2017, não mais se computa
a totalidade de horas que o funcionário passa dentro da empresa: trocas de roupa, cafés da
tarde, momentos de higiene, etc. Ele não serão contados como jornada e não darão, portanto,
direito a recebimento de salário.

Vejamos o art. 4º, da Consolidação das Leis do Trabalho, dispondo acerca do serviço efetivo:

Art. 4º. Considera-se como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador,
aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.

§1º Computar-se-ão, na contagem de tempo de serviço, para efeito de indenização e estabilidade, os períodos
em que o empregado estiver afastado do trabalho prestando serviço militar e por motivo de acidente do trabalho.

§2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, não será computado como período extraordinário
o que exceder a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco minutos previsto no § 1o do art. 58 desta
Consolidação, quando o empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso de insegurança nas
vias públicas ou más condições climáticas, bem como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa
para exercer atividades particulares, entre outras:

I – práticas religiosas;

II – descanso;

III – lazer;

IV – estudo;

V – alimentação;

VI – atividades de relacionamento social;

VII – higiene pessoal;

VIII – troca de roupa ou uniforme, quando não houver obrigatoriedade de realizar a troca na empresa.

Outrossim,com a Lei n. 13.467/2017, foi extinta a hora in itinere, em qualquer situação, ou


seja, não se computa mais o tempo de deslocamento do trabalhador ao local de trabalho.
Segue a redação do art. 58, §2º da CLT:

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Art. 58

§2º O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e
para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não
será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador.

Atenção: a Súmula 429 do TST afirma que:

Súmula 429, TST. Considera-se à disposição do empregador, na forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao
deslocamento do trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10
(dez) minutos diários:

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2. Horas Extras e Banco de Horas
Conforme disposto no art. 59 da CLT, a duração diária do trabalho poderá ser acrescida
de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção
coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

A jornada extraordinária é, portanto, o lapso temporal em que o empregado permanece


trabalhando após a sua jornada normal, sendo o limite estabelecido de duas horas. Em
adição, o §1º do referido art. diz que a remuneração da hora extra será, pelo menos, 50%
(cinquenta por cento) superior à da hora normal, estando em consonância com o art. 7º, XVI,
da Constituição Federal, o qual dispõe:

Art. 7º

XVI – remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.

Nota-se, ainda, que o art. 59, em seu §2º, traz a estipulação do banco de horas, possuindo
como características:
1. Compensam-se as horas trabalhadas a mais em uns dias trabalhando-se essas ho-
ras a menos em outros;
2. Não dá direito a pagamento de horas extras;
3. Há período máximo de um ano para que as horas trabalhadas em excesso sejam
compensadas;
4. Respeito à soma da jornada semanal (quarenta e quatro horas semanais);
5. Respeito ao limite de dez horas diárias.
Atente-se, também, ao §3º do art. 59, segundo o qual o trabalhador terá direito ao pagamento
das horas extras não compensadas na hipótese de rescisão do contrato de trabalho,
calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão. Segue, abaixo, um quadro
explicativo sobre os tipos de compensação que podem ocorrer:

1 ano 6 meses Mesmo mês

Acordo coletivo
Acordo individual escrito Acordo individual escrito
Convenção coletiva

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3. Sobreaviso e Prontidão
Chama-se sobreaviso o período em que o empregado fica em casa esperando a possibilidade
de, a qualquer momento, ser chamado para serviço. Cada turno ou escala de sobreaviso
deve ter período máximo de 24 horas, que serão remuneradas em 1/3 do salário normal.

Já a prontidão configura-se no período em que o empregado fica esperando, nas


dependências da empresa, por possíveis ordens. Cada turno ou escala de prontidão deve
ter período máximo de 12 horas, que serão remuneradas em 2/3 do salário normal.

Prontidão Sobreaviso

Na empresa Em casa

Máximo de 12 horas Máximo de 24 horas

Remuneração em 2/3 do salário normal. Remuneração em 1/3 do salário normal.

A própria CLT traz, em seu art. 244, a previsão do sobreaviso e da prontidão para os
empregadores nas estradas de ferro. Com a edição da Súmula 229 do TST, estenderam-se
tais institutos para os eletricitários.

Atualmente, o entendimento doutrinário e jurisprudencial é no sentido de se aplicá-los a


todos os empregados cuja atividade exercida demandar estes tipos de instituto, ou seja,
passou a ser aplicado o sobreaviso e a prontidão a outras categorias por analogia.

Desta forma, torna-se relevante destacar a Súmula 428, do Tribunal Superior do Trabalho,
pela qual:

Súmula 428, TST. O uso de instrumentos telemáticos ou informatizados fornecidos pela empresa ao empregado,
por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso.

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4. Força maior e Serviço Inadiável
O direito à limitação da jornada de trabalho e às horas extraordinárias é assegurado pela CF,
art. 7º, incisos XIII e XVI. Agora veremos algumas situações que oferecem variáveis à jornada
padrão.

No contexto das relações de trabalho, a força maior consiste, em linhas gerais, em algum
acontecimento indesejado que, porém, não se poderia evitar, não foi causado por culpa de
ninguém e gera a necessidade de mudanças na rotina de trabalho.

Os serviços inadiáveis, por sua vez, são aqueles que devem ser concluídos rapidamente, na
mesma jornada de trabalho em que foram iniciados, por motivos de urgência ou calamidade.
Nestes casos, é imprescindível a leitura da literalidade da lei (CLT) a fim de compreender
melhor. Logo em seguida, observe também o quadro-resumo para uma melhor fixação..

Art. 61. Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou
convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de
serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.

§1º O excesso, nos casos deste artigo, pode ser exigido independentemente de convenção coletiva ou acordo
coletivo de trabalho.

§2º Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração da hora excedente não será
inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a remuneração será, pelo menos,
25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas,
desde que a lei não fixe expressamente outro limite.

§3º Sempre que ocorrer interrupção do trabalho, resultante de causas acidentais, ou de força maior, que
determinem a impossibilidade de sua realização, a duração do trabalho poderá ser prorrogada pelo tempo
necessário até o máximo de 2 (duas) horas, durante o número de dias indispensáveis à recuperação do tempo
perdido, desde que não exceda de 10 (dez) horas diárias, em período não superior a 45 (quarenta e cinco) dias
por ano, sujeita essa recuperação à prévia autorização da autoridade competente.

Força maior Causas acidentais ou força maior

+ +

Continuar trabalhando Interrupção do trabalho


Máximo 2h extras/dia

Máximo 12h/dia Máximo 10h/dia

Máximo 45 dias/ano
Não precisa de autorização Necessita de autorização prévia

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5. Jornada do Menor, Exceções e Bancário
Com o intuito de proteger o menor, de acordo com o art. 413 do Decreto-lei n. 5.452/43, é
vedado prorrogar a duração normal diária do trabalho deste, salvo nos seguintes casos:
1. Compensação semanal:

• 2h extras por dia, no máximo, por acordo ou convenção coletiva.


• Limite de 44 horas semanais.

2. Motivo de força maior:

• Máximo 12h por dia.


• Desde que o trabalho do menor seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento.

Observe que a MP nº 1116/22 alterou dispositivo relativo à jornada do trabalho do menor de


idade.

• O art. 432, §3 e §4º foram alterados para definir a duração do trabalho do aprendiz. Tornou possível
o aumento da jornada para até 8 horas diárias daquele que já completou o Ensino Médio e esclareceu
que não existe horas in itinere.

Art.432. [...]

§3º O limite previsto neste artigo poderá ser de até oito horas diárias para os aprendizes que já tiverem completado
o ensino médio. (Incluído pela Medida Provisória nº 1.116, de 2022)

§4º O tempo de deslocamento do aprendiz entre as entidades a que se refere o art. 430 e o estabelecimento
onde se realizará a aprendizagem profissional não será computado na jornada diária. (Incluído pela Medida
Provisória nº 1.116, de 2022).

As exceções, por seu turno, estão dispostas no art. 62 da referida CLT. Tal art. elenca os
casos de jornada não controlada: quanto a empregados ocupantes de cargo de confiança
e outros casos particulares, por serem dotados de maior autonomia, presume-se (presunção
iuris tantum) que não têm sua jornada controlada pelo empregador e, por isso, seu trabalho
extraordinário e sua consequente remuneração não poderiam ser avaliadas corretamente.

Sendo assim, os empregados dos incisos I ao III não estão abrangidos pelas regras de
duração do trabalho.

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Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

I - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo
tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;

II - os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do
disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial;

III - os empregados em regime de teletrabalho.

Parágrafo único - O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II
deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for
inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento).

Ademais, a carga horária dos bancários também não respeita a normativa de 8 horas diárias
e está regulamentada em um capítulo sobre normas especiais (art. 224, CLT). Neste
sentido, a duração normal de seu trabalho é de 6h por dia e de 30h semanais. Todavia, se
o bancário exercer função de direção, gerência, fiscalização, chefia ou equivalente, que
recebe gratificação não inferior a 1/3 do salário de cargo efetivo, poderá ter jornada de 8 horas
diárias. Destaca-se, acerca do assunto, a Súmula 102 do TST.

Art. 224, CLT. A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica
Federal será de 6 (seis) horas continuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30
(trinta) horas de trabalho por semana.

Súmula 102, TST. BANCÁRIO. CARGO DE CONFIANÇA (mantida) - Res. 174/2011, DEJT divulgado em 27, 30 e
31.05.2011.

I - A configuração, ou não, do exercício da função de confiança a que se refere o art. 224, § 2º, da CLT, dependente
da prova das reais atribuições do empregado, é insuscetível de exame mediante recurso de revista ou de
embargos. (ex-Súmula nº 204 - alterada pela Res. 121/2003, DJ 21.11.2003)

II - O bancário que exerce a função a que se refere o § 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a
um terço de seu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias excedentes de seis. (ex-Súmula nº
166 - RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ 15.10.1982)

III - Ao bancário exercente de cargo de confiança previsto no artigo 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e 8ª
horas, como extras, no período em que se verificar o pagamento a menor da gratificação de 1/3. (ex-OJ nº 288
da SBDI-1 - DJ 11.08.2003)

IV - O bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 (oito) horas, sendo
extraordinárias as trabalhadas além da oitava. (ex-Súmula nº 232- RA 14/1985, DJ 19.09.1985)

V - O advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança,
não se enquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT. (ex-OJ nº 222 da SBDI-1 - inserida em
20.06.2001)

VI - O caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual
ou superior a um terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsabilidade do cargo e
não as duas horas extraordinárias além da sexta. (ex-Súmula nº 102 - RA 66/1980, DJ 18.06.1980 e republicada
DJ 14.07.1980)

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VII - O bancário exercente de função de confiança, que percebe a gratificação não inferior ao terço legal, ainda
que norma coletiva contemple percentual superior, não tem direito às sétima e oitava horas como extras, mas
tão somente às diferenças de gratificação de função, se postuladas. (ex-OJ nº 15 da SBDI-1 - inserida em
14.03.1994)

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6. Trabalho Noturno
O art. 7º da Constituição, que trata dos direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, em seu inc.
IX, enuncia que a remuneração do trabalho noturno será superior à do diurno.

Art. 7º. CF/88:

(...)

IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno.

A Consolidação das Leis do Trabalho, por sua vez, trata do trabalho urbano noturno mas não
menciona acerca do trabalho noturno rural. Sendo assim, há a necessidade de recorrer à
Lei nº 5.889/73, a qual estatui normas reguladoras do trabalho rural incluindo o trabalho no
período noturno.

Na primeira situação, a urbana, o entendimento encontra-se sedimentado no art. 73 e demais


parágrafos do referido artigo da CLT. Com relação à segunda, a compreensão poderá ser
depreendida do art. 7º, caput e parágrafo único da Lei n. 5.889/73.

Art. 73. Salvo nos casos de revezamento semanal ou quinzenal, o trabalho noturno terá remuneração superior a
do diurno e, para esse efeito, sua remuneração terá um acréscimo de 20 % (vinte por cento), pelo menos, sobre
a hora diurna.

§1º A hora do trabalho noturno será computada como de 52 minutos e 30 segundos.

§2º Considera-se noturno, para os efeitos deste artigo, o trabalho executado entre as 22 horas de um dia e as
5 horas do dia seguinte.

Art. 7º. Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho noturno o executado entre as vinte e uma horas de
um dia e as cinco horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e as quatro horas do dia
seguinte, na atividade pecuária.

Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% (vinte e cinco por cento) sobre a remuneração
normal.

Vejamos, então, um quadro elucidativo:

URBANO RURAL
Art. 73, CLT Art. 7º, Lei nº 5.889/73
21h às 5h (agricultura)
22h às 5h
20h às 4h (pecuária)
52 min e 30’’ (hora reduzida) 60 min (hora cheia)

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Adicional de remuneração em 20% (art. 73, Adicional de remuneração em 25% (parágrafo
CLT, caput) único, do art. 7º)

DICA: Lembre-se de que, no âmbito urbano, o lapso temporal, a hora e o adicional são
sempre menores se comparados ao rural.

Quando se fala em horas mistas, nas quais se englobam tanto a jornada diurna quanto a
noturna, temos que ter em mente que se aplica o adicional nas horas noturnas. Por força
da Orientação Jurisprudencial 97 do TST, a jornada diurna para a noturna gera direito ao
adicional. Em adição, a Súmula 60, II, do TST diz que a jornada noturna prorrogada para a
diurna gera também tal direito ao adicional.

OJ 97, SDI TST. Horas extras. Adicional noturno. Base de cálculo. O adicional noturno integra a base de
cálculo das horas extras prestadas no período noturno.

Súmula 60, II, TST. Adicional noturno. Integração no salário e prorrogação em horário diurno.

II – Cumprida integralmente a jornada no período noturno e prorrogada esta, devido é também o adicional
quanto às horas prorrogadas.

Há, ainda, situações especiais:

Empregado doméstico Hora noturna igual ao empregado urbano.


Advogado Lei especial estipula hora 60 min e adicional de 25% das 20h às 5h.
Não se aplica a hora reduzida, ou seja, a hora de 60 min (Súmula 112
Petroleiro
TST).
Vigia noturno Tem direito ao adicional, de acordo com a Súmula 140 do TST.

Portuário Adicional de 25% das 19h às 7h com horas de 60 min (OJ 60 SDI TST)

O salário noturno é salário condição, isto é, está condicionado à prestação de trabalho que
for ajustada no contrato, dependendo somente das condições que tiverem sido livremente
dispostas pelas partes.

Isso significa que o salário está sujeito a possíveis alterações do estabelecido em contrato, o que
implica dizer que a jornada noturna não resulta em direito adquirido, independentemente
do tempo pelo qual se recebe o adicional. Desta forma, se um empregado exercia trabalho
noturno durante certa quantidade de anos, recebendo um adicional por isso, e passa a exercer
um trabalho diurno após tal período, não terá mais direito ao adicional. Tal entendimento é
sedimentado pela Súmula 265 do TST:

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Súmula 265, TST.

Adicional noturno. Alteração de turno de trabalho. Possibilidade de supressão. A transferência para o período
diurno de trabalho implica a perda do direito ao adicional noturno.

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7. Regime deTempo Parcial

Art. 58-A, CLT. Considera-se trabalho em regime de tempo parcial aquele cuja duração não exceda a trinta horas
semanais, sem a possibilidade de horas suplementares semanais, ou, ainda, aquele cuja duração não exceda a
vinte e seis horas semanais, com a possibilidade de acréscimo de até seis horas suplementares semanais.

§1o O salário a ser pago aos empregados sob o regime de tempo parcial será proporcional à sua jornada, em
relação aos empregados que cumprem, nas mesmas funções, tempo integral.

§2o Para os atuais empregados, a adoção do regime de tempo parcial será feita mediante opção manifestada
perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação coletiva.

§3º As horas suplementares à duração do trabalho semanal normal serão pagas com o acréscimo de 50%
(cinquenta por cento) sobre o salário-hora normal.

§4o Na hipótese de o contrato de trabalho em regime de tempo parcial ser estabelecido em número inferior a
vinte e seis horas semanais, as horas suplementares a este quantitativo serão consideradas horas extras para
fins do pagamento estipulado no § 3o, estando também limitadas a seis horas suplementares semanais.

§5o As horas suplementares da jornada de trabalho normal poderão ser compensadas diretamente até a semana
imediatamente posterior à da sua execução, devendo ser feita a sua quitação na folha de pagamento do mês
subsequente, caso não sejam compensadas.

§6º É facultado ao empregado contratado sob regime de tempo parcial converter um terço do período de férias
a que tiver direito em abono pecuniário.

§7o As férias do regime de tempo parcial são regidas pelo disposto no art. 130 desta Consolidação.

Este art.prevê o regime de trabalho de tempo parcial, aquele que tem duração de regime laboral
reduzida. A mudança de regime normal para o parcial será feita mediante manifestação do
trabalhador perante a empresa, na forma prevista em instrumento decorrente de negociação
coletiva. Se não houver tal instrumento prevendo a possibilidade de mudança de regime, não
poderá o trabalhador de tempo integral alterar seu contrato para regime de tempo parcial.

De acordo com o §5º do art. citado, a compensação poderá ocorrer até a semana imediatamente
posterior à da sua execução ou ocorrerá quitação na folha de pagamento do mês subsequente.

Conforme a OJ 358 da SDI-1 do TST, em tal modalidade de contratação, pelo fato de o


empregado ter jornada de trabalho inferior ao padrão de 8 horas diárias e 44 horas semanais,
ele deve ter seu salário reduzido proporcionalmente. A reforma trabalhista trouxe duas
possibilidades de regime parcial, quais sejam:

• Sem possibilidade de horas extras: limite de 30 horas semanais;


• Com a possibilidade de prestar horas extras: 26 horas na semana, com a possibilidade de acres-
centar 6 horas, totalizando, no máximo, 32h semanais.

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8. Jornada 12 X 36
Turnos ininterruptos de revezamento
Segundo o art. 7º, XIV, da CF/88, a jornada para o trabalho realizado em turnos
ininterruptos de revezamento é de 6 horas, salvo negociação coletiva.

A Lei 13.467/2017, por sua vez, regulamentou a jornada de 12 horas de trabalho seguidas
por 36 de descanso, jornada 12x36. Tal situação está prevista no art. 59-A, da CLT.
Passou-se a permitir o estabelecimento de tal jornada por acordo individual escrito.

Art. 59-A. Em exceção ao disposto no art. 59 desta Consolidação, é facultado às partes, mediante acordo
individual escrito, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, estabelecer horário de trabalho de doze
horas seguidas por trinta e seis horas ininterruptas de descanso, observados ou indenizados os intervalos para
repouso e alimentação.

Parágrafo único. A remuneração mensal pactuada pelo horário previsto no caput deste artigo abrange os
pagamentos devidos pelo descanso semanal remunerado e pelo descanso em feriados, e serão considerados
compensados os feriados e as prorrogações de trabalho noturno, quando houver, de que tratam o art. 70 e o §
5º do art. 73 desta Consolidação.

ATIVIDADE INSALUBRE

Art. 60, CLT. Nas atividades insalubres, assim consideradas as constantes dos quadros mencionados no
capítulo “Da Segurança e da Medicina do Trabalho”, ou que neles venham a ser incluídas por ato do Ministro
do Trabalho, Indústria e Comércio, quaisquer prorrogações só poderão ser acordadas mediante licença prévia
das autoridades competentes em matéria de higiene do trabalho, as quais, para esse efeito, procederão aos
necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, quer por
intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento
para tal fim.

Parágrafo único. Excetuam-se da exigência de licença prévia as jornadas de doze horas de trabalho por trinta
e seis horas ininterruptas de descanso.

Atividades insalubres são definidas, pelo art. 189 da CLT, como aquelas que expõem os
empregados a agentes nocivos à saúde acima dos limites normais de salubridade. O art.
60 afirma que, para haver a prorrogação a jornada de trabalho em atividades insalubres, há
a necessidade de autorização do órgão competente, ou seja, qualquer prorrogação de
jornada em atividade insalubre só poderá dar-se mediante licença prévia do Ministério do
Trabalho.

O parágrafo único do art. mencionado traz uma exceção à regra trazida no caput sendo,
assim, possível o estabelecimento da jornada 12x36 em atividade insalubre sem a licença
prévia do Ministério do Trabalho.

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9. Descanso
O descanso corresponde ao período de repouso dos trabalhadores, ou seja, é o tempo em
que o empregado está distante do trabalho para garantir sua integridade física e mental. Os
descansos podem ser de dois tipos:

• Descanso INTRAjornada: refere-se ao período designado à alimentação ou ao repouso no


decorrer da jornada de trabalho. A regra é o intervalo intrajornada de, ao menos, uma hora, e, no
máximo, 2 horas, para todo emprego cuja duração seja maior que 6 horas. Os intervalos intrajornadas
podem ser comuns – aqueles destinados à alimentação e repouso (regra geral), – e especiais – apli-
cáveis por força de lei a algumas atividades específicas. Atualmente, como já vimos, esses intervalos
não são computados como tempo de trabalho;
• Descanso INTERjornada: refere-se ao período no qual o trabalhador tem de repousar entre duas
jornadas de trabalho seguidas, isto é, ocorre fora da jornada de trabalho; de um dia para o outro, nor-
malmente.

Sabemos que a regra geral é que os intervalos não sejam computados na jornada de trabalho.
Porém, há exceções que devem estar expressamente previstas em lei ou em alguma
normativa, a exemplo da mecanografia (art. 72, CLT), dos digitadores (Súmula 346 TST),
trabalhadores em minas e subsolos (art. 298, CLT) e os trabalhadores em câmara frigorífica
(art. 253 CLT e Súmula 438 TST).

Como visto, os intervalos intrajornada e interjornada diferenciam-se, estando este previsto


no art. 66 e aquele no art. 71 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Art. 66. Entre 2 (duas) jornadas de trabalho haverá um período mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para
descanso.

Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de
um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou
contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.

§1º Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos
quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.

§2º Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.

§3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho,
Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o
estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os
respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

Há, entretanto, exceções para a regra geral prevista no art. 66:

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Art. 308, CLT. Em seguida a cada período diário de trabalho,
Jornalista: 10 horas haverá um intervalo mínimo de 10 (dez) horas destinado ao
repouso.
Art. 235, CLT
Operador cinematográfico: 12
horas §2º Em seguida a cada período de trabalho, haverá um
intervalo de repouso no mínimo de 12 (doze) horas.
Art. 245, CLT. O horário normal de trabalho dos cabineiros
nas estações de tráfego intenso não excederá 8 (oito) horas
e deverá ser dividido em 2 (dois) turnos com intervalo não
Ferroviário: 14 horas inferior a 1 (uma) hora de repouso, não podendo nenhum turno
ter duração superior a 5 (cinco) horas, com um período de
descanso entre 2 (duas) jornadas de trabalho de 14 (quatorze)
horas consecutivas.

Jornada 12x36 36 horas (art. 259-A, CLT)

Art. 229, CLT. Para os empregados sujeitos a horários


Serviço de telefonia com
variáveis, fica estabelecida a duração máxima de 7 (sete) horas
horário variado: 17 horas
diárias de trabalho e 17 (dezessete) horas de folga.

De acordo com a OJ 355 SDI-1 (TST), o desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas gera
pagamento com adicional horas extras:

OJ 355 SDI-1 (TST). INTERVALO INTERJORNADAS. INOBSERVÂNCIA. HORAS EXTRAS. PERÍODO PAGO
COMO SOBREJORNADA. ART. 66 DA CLT. APLICAÇÃO ANALÓGICA DO § 4º DO ART. 71 DA CLT (DJ
14.03.2008). O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia,
os mesmos efeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade
das horas que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional.

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10. Descanso Semanal Remunerado
Segundo o art. 7º, XV, da CF/88, é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o repouso semanal
remunerado, preferencialmente aos domingos. Além disso, tal prerrogativa também está
inserida na legislação trabalhista, conforme o disposto no art. 67 da CLT.

O trabalhador, dessa forma, terá um dia na semana para gozar de descanso, preferencialmente
aos domingos, o que não significa que todas as profissões terão seu descanso obrigatoriamente
nesse dia. Com relação aos serviços que exijam trabalho aos domingos, será estabelecida
escala de revezamento a fim de garantir para todos a possibilidade de gozar do domingo. Tal
revezamento necessita de permissão da autoridade competente, sendo permanente nas
atividades que, por sua natureza, sejam exercidas aos domingos e transitória por período não
excedente a 60 dias.

Art. 67. Será assegurado a todo empregado um descanso semanal de 24 (vinte e quatro) horas consecutivas,
o qual, salvo motivo de conveniência pública ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o
domingo, no todo ou em parte.

Parágrafo único - Nos serviços que exijam trabalho aos domingos, com exceção quanto aos elencos teatrais,
será estabelecida escala de revezamento, mensalmente organizada e constando de quadro sujeito à fiscalização.

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11. Descanso Intra Jornada
O descanso intrajornada ocorre, como o nome sugere, dentro do período de trabalho. Para
esses casos, são estabelecidas as seguintes regras:

• Mais de 6 horas de trabalho: mínimo de 1h e máximo de 2h de descanso;


• Mais de 4 horas e menos de 6 horas de trabalho: 15 minutos;
• Até 4 horas: sem descanso intrajornada

Esse último descanso não está previsto na CLT, mas configura uma consequência lógica
dentro das normativas estabelecidas para o descanso. Nada impede, contudo, que convenção
ou negociação coletiva venha a estabelecer a possibilidade de descanso intrajornada para
jornadas de até 4h. Vale ressaltar o teor da Súmula 437, IV, do TST:

Súmula 437, IV, do TST. Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do
intervalo intrajornada mínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e
alimentação não usufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, caput e
§4º da CLT..

Esta súmula se aplica aos casos em que a jornada habitual do trabalhador ultrapassa as
6 horas diárias. Na hipótese de uma jornada que se estende, na verdade, em 7 horas, e o
descanso gozado é de apenas 15 minutos, é direito do trabalhador que os 45 minutos de
descanso não gozados lhe sejam remunerados.

Ainda, é importante ressaltar o teor do art. 71, §3º da CLT. Trata-se da possibilidade de redução
do limite mínimo de descanso previsto na lei por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e
Comércio e as consequências da inobservância do descanso intrajornada.

Quanto a este último item, vale informar que sua inserção na CLT promoveu uma alteração
em relação ao entedimento anterior: agora, apenas o período suprimido é passível de
pagamento de cunho indenizatório, enquanto, anteriormente, todo o período de descanso
a que o trabalhador tinha direito era objeto de pagamento. Se, por exemplo, o trabalhador
tinha direito a 1 hora de descanso e gozava de apenas 15 minutos, a totalidade (1 hora) era
paga. Atualmente, apenas os 45 minutos não gozados são pagos. Vejamos:

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Art. 71. Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de
um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou
contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.

§3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho,
Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o
estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os
respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

§4º A não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a
empregados urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, apenas do período suprimido,
com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho

A regra geral é que os intervalos de descanso não podem ser fracionados. Contudo,
obviamente, existem exceções a essa regra. Elas constam do art. 71, §5º, da CLT, e referem-
se a atividades específicas:

Art.71, CLT.

§5º O intervalo expresso no caput poderá ser reduzido e/ou fracionado, e aquele estabelecido no § 1º poderá
ser fracionado, quando compreendidos entre o término da primeira hora trabalhada e o início da última hora
trabalhada, desde que previsto em convenção ou acordo coletivo de trabalho, ante a natureza do serviço e em
virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidos estritamente os motoristas, cobradores,
fiscalização de campo e afins nos serviços de operação de veículos rodoviários, empregados no setor de
transporte coletivo de passageiros, mantida a remuneração e concedidos intervalos para descanso menores
ao final de cada viagem.

Tendo em vista que o intervalo poderá ser reduzido e/ou fracionado, cabe a seguinte regra:

• Se o trabalhador tem direito a intervalo intrajornada de 1 a 2 horas: poderá ser reduzido e/ou fracio-
nado;
• Se o trabalhador tem direito a intervalo intrajornada de 15 minutos: poderá ser fracionado

Para tanto, o fracionamento deve ocorrer entre o término da primeira hora e o início da
última hora trabalhada. Ou seja, se um trabalhador exerce jornada de 8 horas diárias, seu
fracionamento pode ocorrer após trabalhada a primeira hora e antes do início da oitava hora.
Além disso, o fracionamento deve constar em convenção ou acordo coletivo de trabalho.

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12. Intervalos Especiais
Alguns intervalos especiais são de grande importância e merecem leitura atenta. Para tanto,
trouxemos um quadro explicativo a fim de facilitar a compreensão:

Intervalo da mulher (art. 384, CLT) REVOGADO

Amamentação (art. 396, CLT) 30 min, 2 vezes ao dia, por 6 meses

Mecanografia e digitador (art. 72, CLT) 10 min a cada 90 min de trabalho

Se jornada variável (máximo 7 horas), 20 min a


Telefonia e telegrafia submarina (art. 229, CLT)
cada 3 horas de trabalho

Câmara frigorífica (art. 253, CLT) 20 min a cada 1hora e 40min de trabalho

Minas e subsolo (art. 298, CLT) 15 min a cada 3 horas de trabalho

O intervalo do rural está previsto no art. 5º, da Lei n. 5.889/73. O intervalo do doméstico,
por seu turno, está disposto no art. 13 da LC 150/2015, e é igual ao comum mas pode ser
reduzido para 30 min por acordo escrito.

Art. 5º, Lei nº 5889/73. Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a seis horas, será obrigatória a
concessão de um intervalo para repouso ou alimentação observados os usos e costumes da região, não se
computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas jornadas de trabalho haverá um período mínimo
de onze horas consecutivas para descanso.

Cabe mencionar, ainda, a Súmula 118 do Tribunal Superior do Trabalho, dispondo sobre a
jornada de trabalho:

Súmula 118. TST. Jornada de trabalho. Horas extras. Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada
de trabalho, não previstos em lei, representam tempo à disposição da empresa, remunerados como serviço
extraordinário, se acrescidos ao final da jornada.

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13. Regime deTeletrabalho
O regime de teletrabalho, também chamado de home-office, foi trazido pela reforma trabalhista,
com a Lei n. 13.467/2017. Apesar de já existir anteriormente, o legislador compreendeu que,
em virtude do crescente uso deste meio, dever-se-ia introduzir o regime de teletrabalho na
Lei. Tal uniformização veio no Capítulo II-A da Consolidação das Leis do Trabalho.

Nesta modalidade, o empregado trabalha à distância durante a maior parte do tempo, quase
sempre na própria residência, por intermédio de recursos tecnológicos (internet, meios de
comunicação, aplicativos...):

Capítulo II-A. Do Teletrabalho, CLT

Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste
Capítulo.

Art. 75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do
empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se
constituam como trabalho externo.

§1º O comparecimento, ainda que de modo habitual, às dependências do empregador para a realização de
atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime
de teletrabalho ou trabalho remoto.

§2º O empregado submetido ao regime de teletrabalho ou trabalho remoto poderá prestar serviços por jornada
ou por produção ou tarefa.

§3º Na hipótese da prestação de serviços em regime de teletrabalho ou trabalho remoto por produção ou tarefa,
não se aplicará o disposto no Capítulo II do Título II desta Consolidação.

§4º O regime de teletrabalho ou trabalho remoto não se confunde nem se equipara à ocupação de operador de
telemarketing ou de teleatendimento.

§5º O tempo de uso de equipamentos tecnológicos e de infraestrutura necessária, bem como de softwares,
de ferramentas digitais ou de aplicações de internet utilizados para o teletrabalho, fora da jornada de trabalho
normal do empregado não constitui tempo à disposição ou regime de prontidão ou de sobreaviso, exceto se
houver previsão em acordo individual ou em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

§6º Fica permitida a adoção do regime de teletrabalho ou trabalho remoto para estagiários e aprendizes.

§7º Aos empregados em regime de teletrabalho aplicam-se as disposições previstas na legislação local e nas
convenções e nos acordos coletivos de trabalho relativas à base territorial do estabelecimento de lotação do
empregados.

§8º Ao contrato de trabalho do empregado admitido no Brasil que optar pela realização de teletrabalho fora do
território nacional aplica-se a legislação brasileira, excetuadas as disposições constantes da Lei nº 7.064, de 6
de dezembro de 1982, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

§9º Acordo individual poderá dispor sobre os horários e os meios de comunicação entre empregado e empregador,
desde que assegurados os repousos legais.

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Art. 75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente do contrato
individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.

§1o Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo
entre as partes, registrado em aditivo contratual.

§2o Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador,
garantido prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual.

§3º O empregador não será responsável pelas despesas resultantes do retorno ao trabalho presencial, na
hipótese de o empregado optar pela realização do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade prevista no
contrato, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

Art. 75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos
equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, bem
como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito.

Parágrafo único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado.

Art. 75-E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções
a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho.

Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as


instruções fornecidas pelo empregador.

Art. 75-F. Os empregadores deverão dar prioridade aos empregados com deficiência e aos empregados com
filhos ou criança sob guarda judicial até 4 (quatro) anos de idade na alocação em vagas para atividades que
possam ser efetuadas por meio do teletrabalho ou trabalho remoto.

LEI Nº 14.442/22
A MP nº 1.108/2022 foi convertida na Lei nº 14.442/22 e trouxe modificações referentes ao
teletrabalho em dispositivos da CLT. Segundo a Lei, os empregados em regime de teletrabalho
que prestam serviço por produção ou tarefa não observam as disposições relativas à duração
do trabalho, constantes da CLT. (art.62, III). Ademais, incluiu o art.75-B, o §3º do art. 75-C e
o art. 75-F.

O caput do art.75-B art. traz a definição de teletrabalho. Ele terá as seguintes características:

• Será fora das dependências do empregador;


• Não importa se de maneira preponderante ou não;
• Uso de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não configurem tra-
balho externo.

Segundo o §1º, se o empregado comparecer, mesmo habitualmente nas dependências da


empresa para realizar atividades específicas, isso não descaracterizará o teletrabalho.

Já o §2º prevê que o empregado em teletrabalho poderá prestar serviços:

• Por jornada;

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• Por produção ou tarefa - neste caso o §3º repete o teor do art. 62, III da CLT (não incidência das
regras de jornada).

O §4º explicita que trabalho remoto não se confunde ou se equipara com a ocupação de
operador de telemarketing.

De acordo com o §5º o uso de equipamentos tecnológicos, infraestrutura,softwares,


ferramentas digitais ou de aplicações de internet fora da jornada de trabalho normal não é
considerado tempo à disposição, regime de prontidão ou de sobreaviso, exceto se houver
previsão em acordo individual ou em acordo ou convenção coletiva de trabalho.

O §6º admite o teletrabalho para estagiários e aprendizes. E, finalmente, o §9º dispõe que é
admissível acordo individual para dispor sobre os horários e meios de comunicação entre
trabalhador e empregador, assegurados os repousos legais.

Em seguida, o art.75-C,aponta que a prestação de serviços na modalidade de trabalho remoto


deve constar de contrato de trabalho individual. E ainda, segundo seu §3º:

Art.75-C, CLT.

§3º O empregador não será responsável pelas despesas resultantes do retorno ao trabalho presencial, na
hipótese do empregado optar pela realização do teletrabalho ou trabalho remoto fora da localidade prevista no
contrato, salvo disposição em contrário estipulada entre as partes.

Finalmente, o art.75-F, entende que os empregadores deverão priorizar empregados com


deficiência e os que tenham filhos ou criança sob guarda judicial até 04 anos nas atividades
que possam ser realizadas por trabalho remoto.

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14. Negociado Sobre Legislado - Efeitos Sobre a
Duração do Trabalho
A reforma trabalhista trouxe grande impacto no funcionamento das relações de trabalho.
Dispôs expressamente que a convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho possuem
prevalência sobre a lei nos casos previstos no art. 611-A, da CLT; isto é, a convenção e o acordo
coletivos ganharam maior preponderância com a lei n. 13.467/2017, advindo tal mudança
do Princípio da Adequação Setorial Negociada, o qual visa à adequação do trabalhador às
melhores condições laborais possíveis. O teletrabalho, visto anteriormente, por exemplo, é
um dos temas em que o negociado irá se sobrepor ao legislado (CLT, art. 611-A, VIII). O rol
abaixo listado não é taxativo.

Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre
outros, dispuserem sobre:

I - pacto quanto à jornada de trabalho, observados os limites constitucionais;

II - banco de horas anual;

III - intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;

IV - adesão ao Programa Seguro-Emprego (PSE), de que trata a Lei no 13.189, de 19 de novembro de 2015;

V - plano de cargos, salários e funções compatíveis com a condição pessoal do empregado, bem como
identificação dos cargos que se enquadram como funções de confiança;

VI - regulamento empresarial;

VII - representante dos trabalhadores no local de trabalho;

VIII - teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho intermitente;

IX - remuneração por produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e remuneração por
desempenho individual;

X - modalidade de registro de jornada de trabalho;

XI - troca do dia de feriado;

XII - enquadramento do grau de insalubridade;

XIII - prorrogação de jornada em ambientes insalubres, sem licença prévia das autoridades competentes do
Ministério do Trabalho;

XIV - prêmios de incentivo em bens ou serviços, eventualmente concedidos em programas de incentivo;

XV - participação nos lucros ou resultados da empresa.

Importante dizer que há um requisito de validade da negociação coletiva: a melhoria da condição


social dos trabalhadores.

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Duração do Trabalho e
Repousos

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