Apostila EQ481 - 1S2018
Apostila EQ481 - 1S2018
EQ 481
Introdução à Engenharia Química
Feveiro/2018
Campinas – SP
EQ 481 – Introdução à Engenharia Química – Apostila de Notas de Aula e Listas de Exercícios 1
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO AOS CÁLCULOS DE ENGENHARIA QUÍMICA ___________________________________________________ 3
Sistema: entende-se por sistema uma determinada quantidade de matéria ou uma região no
espaço, escolhida para um estudo, sendo essa escolha, arbitrária. O sistema pode ser um volume; uma
substância ou grupo de substâncias, um corpo, um equipamento (ou equipamentos), etc. O sistema
pode ser até mesmo uma indústria inteira. Devido à natureza ampla envolvida no conceito de sistema,
toda vez que se estuda um problema, o primeiro passo é definir claramente o sistema, delimitando-o.
Este procedimento leva a um novo conceito, o de vizinhança.
Vizinhança: é tudo o mais que não seja o sistema. É tudo aquilo exterior ao sistema.
Limite ou fronteira: é, como o próprio nome diz, a região que separa o sistema de sua
vizinhança.
Limite ou Fronteira
Vizinhança Sistema
A definição do tipo de sistema depende da forma como é definida sua fronteira! Um sistema
também pode ser denominado um VOLUME DE CONTROLE. A fronteira é a superfície de contato entre o
sistema e a vizinhança. Matematicamente tem espessura ZERO, não contém massa e nem ocupa
volume no espaço, sendo apenas uma divisão imaginária, útil para realizar os balanços de massa e
energia.
Tipos de sistemas
Aberto: é aquele no qual ocorre transferência de material através da fronteira do sistema, quer
dizer, há fluxo de massa entrando no sistema, saindo do sistema ou ambos os casos. Como energia
está associada ao fluxo de massa, em sistemas abertos também ocorre transferência de energia.
Sistemas abertos também são denominados sistemas com escoamento.
Fechado: não ocorre fluxo de material do sistema para a vizinhança e nem da vizinhança para o
sistema. Neste caso, diz-se que o sistema é de massa constante. Este tipo de sistema permite
transferência de energia através de suas fronteiras, sob a forma de calor e/ou trabalho. Portanto,
em um sistema fechado, podem ocorrer transformações no seu interior, mas nunca troca de massa
com suas vizinhanças.
Adiabático: é aquele no qual não há fluxo de calor pela fronteira do sistema. Este tipo de sistema é
dito ser termicamente isolado, entretanto pode acontecer de um sistema ser isolado termicamente,
porém ser um sistema aberto e nesse caso poderá haver transferência de energia junto com o
material que entra e sai através de sua fronteira. Em sistemas adiabáticos pode ocorrer
transferência de energia sob a forma de trabalho, mas nunca na forma de calor.
Isolado: não ocorre transferência de material, nem de energia (sob quaisquer formas) pelas
fronteiras do sistema. Alterações que ocorrem na vizinhança não afetam o sistema.
As Tabelas 1.1 e 1.2 apresentam as características dos diversos tipos de sistemas e fronteiras que
estão presentes em processos de engenharia.
O que é um processo?
Processo é o que ocorre sempre que houver uma mudança no estado inicial de um sistema, ou
seja, é uma transformação que altera o estado do sistema. Para que um processo seja definido, os
estados inicial e final do sistema devem ser especificados, bem como a trajetória do processo e as
interações com as vizinhanças.
A indústria química é uma indústria de transformação. Transformações implicam em mudanças
de estado do sistema, ou seja, a ocorrência de processos, por isso também são denominadas indústrias
de processos.
Essa mudança de estado do sistema, ou seja, o processo, pode ser resultado de qualquer
operação ou sequência de operações, químicas e/ou físicas, que ocorrem dentro do sistema e
transformam uma matéria bruta (uma substância ou mistura de substâncias) em um ou vários produtos.
Em um processo, uma ou até mesmo todas as variáveis do sistema (temperatura, pressão, composição,
estado físico, etc) podem se alterar. Mas se nenhuma variável se alterar, não houve um processo.
Alimentação Efluente
Reagente PROCESSO Produto
Input Output
Variáveis de processo
Unidades: as unidades são os meios de se expressar as dimensões, tais como metro para
comprimento, horas para tempo, mol para quantidade de matéria, etc. As unidades podem ser
escritas sob a forma de múltiplos ou submúltiplos para facilitar a utilização de dados.
Unidades derivadas: podem ser obtidas de duas formas diferentes; multiplicando ou dividindo
unidades básicas ou múltiplas, ou então, definindo unidades equivalentes para unidades compostas
(ex: 1 N = 1 kg.m/s2).
Sistemas de unidades
Existem basicamente três sistemas distintos de unidades: o S.I. que é o sistema internacional de
unidades; o sistema CGS e o sistema americano de engenharia (SAE), com unidades inglesas.
Atualmente e cada vez mais, o SI vem sendo adotado como o sistema oficial de periódicos e livros de
engenharia, em detrimento do sistema inglês. A maneira correta de utilizar o Sistema Internacional de
Unidades; uma breve história de sua criação; suas unidades (com múltiplos e submúltiplos desse
sistema) e também outras unidades fora do SI e convenções de estilos para escrita de textos técnicos;
estão descritos na apostila sobre a utilização correta do SI (disponibilizada separadamente).
Além da apostila sobre utilização do SI, outro material complementar desta disciplina é a tabela
de conversão de unidades, a qual deverá ser impressa separadamente e deverá fazer parte do material
didático das aulas de EQ481, de modo a permitir sua utilização sempre que necessário. É um material
que também será útil em outras disciplinas do seu curso e mesmo na vida profissional.
A Tabela 1.3 apresenta as dimensões que compõem as principais grandezas derivadas utilizadas
em cálculos de engenharia.
• massa = kilograma (kg) Atenção: o “k” do múltiplo “kilo” é minúsculo! Não existe Kg!
• comprimento = metro (m)
• temperatura = kelvin (K)
• tempo = segundo (s)
• quantidade de substância = mol (mol) ou grama-mol (gmol)
Sistema CGS.
Peso Força pela qual um corpo é atraído pela gravidade da Terra (M.L)/t2
Grandezas fundamentais
Tempo: a unidade fundamental de tempo (t) é o segundo, cujo símbolo é s. Sua definição
moderna é baseada numa propriedade invariante do césio 133, empregada como padrão atômico de
tempo.
As escalas de temperatura podem ser definidas em termos das propriedades físicas das
substâncias ou em termos de fenômenos físicos, como congelamento, fusão e ebulição que ocorrem à
pressão e temperatura fixas, para substâncias puras.
As escalas de temperatura se dividem em duas classes: relativas e absolutas. As escalas relativas
mais utilizadas são a Celsius (ou escala centígrada) e a Fahrenheit. A escala Celsius foi definida utilizando
o ponto de congelamento da água (atribuído o valor 0 oC) e o ponto de ebulição (100 oC) a 1 atm de
pressão. Na escala Fahrenheit, o zero foi escolhido como a temperatura produzida no bulbo do
termômetro pela mistura de neve ou gelo com sal amoniacal e a temperatura mais alta como o ponto
de ebulição do mercúrio. Esta faixa de temperatura foi dividida em 600 partes. As escalas absolutas são
aquelas cujo zero de escala corresponde à temperatura mais baixa que se acredita existir. Estas escalas
são: kelvin e grau rankine. A escala kelvin é a correspondente à escala Celsius relativa e a Rankine à
Fahrenheit. Os zeros absolutos têm a seguinte correspondência aos valores das escalas relativas:
25 oC = 77 oF = 298,15 K = 536,67 oR
OBS: quando escritos por extenso, os nomes de unidades, com ou sem prefixos, são considerados
substantivos comuns, ou seja, começam por letras minúsculas, mesmo quando têm o nome de um
cientista. A única exceção é o grau Celsius, onde Celsius corresponde a um adjetivo que qualifica o
substantivo grau.
Grandezas derivadas
Força (F): a força exercida sobre um corpo é proporcional ao produto de sua massa (m) pela sua
aceleração (a):
F m.a (1.1)
As unidades de força são:
Sistema Unidade (símbolo) Definição
SI newton (N) 1 N = 1 kg.m/s2
CGS dina (dyn) 1 dyn = 1 g.cm/s2
SAE libra-força (lbf) 1 lbf = 32,1740 lbm.ft/s2
IMPORTANTE:
Atentar para o fato de que 1 lbf não é igual a 1 lbm.ft/s2. Isso porque o valor da aceleração
considerado na definição de lbf não é 1 ft/s2 e sim a aceleração da gravidade, 32,174 ft/s2
(equivalente a 9,80665 m/s2), enquanto que o N é definido como o produto da massa de 1 kg
pela aceleração de 1 m/s2.
A unidade de força que considera o produto de 1 lb m pela aceleração de 1 ft/s2 é denominada "poundal"
(pdl), sendo então 1 pdl = 1 lbm.ft/s2.
Peso (P): o peso de um determinado objeto é a força exercida neste objeto pela atração
gravitacional. Ou seja, é o produto de sua massa (m) pela aceleração da gravidade (g):
A aceleração da gravidade varia de lugar para lugar, sendo função da latitude e altitude. Porém, para
fins de cálculo em engenharia, ela pode ser considerada constante e de valor igual a:
g = 9,80665 m/s2 = 980,665 cm/s2 = 32,1740 ft/s2
Pressão (P): a pressão de um fluido sobre uma superfície é definida como a força normal F
(perpendicular) exercida pelo fluido por unidade de área (A) de superfície:
F
Pressão (1.3)
A
As unidades de pressão são:
SI pascal (Pa) sendo 1 Pa = 1 N/m2
CGS dyn/cm2
SAE psi (pound force per square inch ou pound-force per square inch) sendo 1 psi = 1 lbf /in2 (in =
inch = polegada).
As letras “a” e “g” são muitas vezes utilizadas junto à unidade de pressão para indicar se a pressão
é absoluta (a) ou manométrica (g, do inglês gauge). Existe hoje uma recomendação de se utilizar
essas letras no símbolo da variável (ex: Pa ou Pg) e não na unidade, para evitar confusões!
Exemplo: psia (absoluta) = psi (atmosférica ou barométrica) + psig (manométrica) ou Pa = P + Pg.
Existem três escalas de pressão: relativa (ou manométrica), absoluta e vácuo. A pressão absoluta
é obtida pela soma da pressão manométrica com a barométrica (atmosférica):
1 4 5
2
6
Vácuo total (referência)
1 - Atmosfera Padrão: 1 atm ou 760 mm Hg a 0oC (g = 9,80665 m/s2 = 32,174 ft/s2)
2 - Pressão atmosférica local (barométrica)
3 - Pressão relativa (manométrica)
4 - Pressão absoluta = 2 + 3 (com relação ao vácuo total)
5 - Pressão relativa de vácuo
6 - Pressão absoluta de vácuo = 2 - 5
Massa específica (): é a razão entre a massa (m) de uma substância ou um corpo qualquer e o
volume (V) que ele ocupa. As unidades mais usuais são: kg/m3, g/cm3 e lbm/ft3. A massa específica é
obtida pela seguinte equação:
m
(1.5)
V
A massa específica não deve ser confundida com concentração. Embora a concentração tenha a mesma
unidade (M/L3), ela se refere à quantidade de massa de um determinado soluto por unidade de volume
da solução ou por unidade de volume de um determinado solvente. Também não deve ser confundida
com densidade, cuja definição é apresentada a seguir. No caso de gases, como o volume varia com a
temperatura e a pressão, é preciso especificar estas duas condições. Caso estas condições não sejam
especificadas, consideram-se as condições normais de temperatura e pressão, CNTP (vide adiante).
Densidade (d): a densidade de uma substância A qualquer é a razão entre a massa específica
desta substância (A) a uma temperatura T1 e a massa específica de um fluido de referência (ref) a uma
temperatura T2 (que pode ou não ser igual a T1), por isso o termo mais correto seria densidade relativa.
A equação que permite calcular a densidade é:
A (T1 )
d (1.6)
ref (T2 )
Normalmente o símbolo d vem acompanhado do valor das duas temperaturas (T1 e T2), como
por exemplo: d 420 0,8 ou d 20/ 4 0,8 . A leitura deste valor é feita da seguinte maneira: a massa
específica de um fluido qualquer a 20 oC em relação à massa específica de um fluido de referência a 4oC
é igual a 0,8.
Outro fator que leva à confusão desses conceitos é que em inglês o termo para massa específica
é density, muitas vezes traduzido erradamente para densidade. O termo em inglês para densidade
relativa é specific gravity, cuja tradução literal em português (gravidade específica) não tem um
significado físico muito claro.
Entretanto, é fácil perceber a diferença entre estes dois conceitos, pois a densidade é uma
grandeza adimensional, enquanto que a massa específica possui as dimensões de M/L3. Para simplificar
estes conceitos, podemos então interpretar a massa específica como uma densidade absoluta e a
densidade como densidade relativa (que utiliza um fluido de referência).
A (T , P) ou A (CNTP)
d (1.7)
ref (T , P) ou ref (CNTP)
As CNTP – Condições Normais de Temperatura e Pressão são definidas para os diversos tipos de
sistemas de acordo com os valores apresentados na Tabela 1.4.
Tabela 1.4 – Valores das grandezas nas CNTP para diferentes sistemas de unidades.
Sistema Temperatura Pressão Volume No de mols
S.I.* 273,15 K 105 Pa 22,710 m3 1 kmol
C.G.S. 273,15 K 1 atm 22,415 litros 1 mol
3
S.A.E. 491,67 R 1 atm 359,05 ft 1 lbmol
* A IUPAC recomenda que os antigos valores das CNTP, de 1 atm para a pressão (101325 Pa) e volume
de 22,4 L/mol sejam substituídos respectivamente por 100000 Pa e 22,71 m 3/kmol ( = 22,71 L/mol), para
ficar em acordo com as unidades básicas do S.I.
ATENÇÃO: não confundir condições normais com condições padrão, que são 25 oC e 1 atm
Existem algumas unidades especiais de densidade, que são utilizadas em algumas indústrias em
particular. São elas: graus Baumé (oBe) e graus API - American Petroleum Institute - (oAPI), utilizados
principalmente na indústria do petróleo; graus Twadell (oTw), utilizado para ácido sulfúrico, clorídrico e
soda cáustica e graus Brix (oBr) para indústrias de açúcar, sucos e fermentativas.
Peso específico ou gravidade específica (w): é a grandeza obtida pelo produto entre massa
específica () e a aceleração da gravidade (g). A unidade de peso específico é então: M/(L2.t2). Assim:
w g (1.8)
Volume específico (v): o volume específico de qualquer composto ou substância é definido como
o volume por unidade de massa. O volume específico é, portanto, o inverso da massa específica. Suas
unidades mais comuns são: m3/kg, ft3/lbm, cm3/g. A fórmula é:
V 1
v (1.9)
m
Quantidade de matéria ou número de mol (n): o número de mol de uma substância é dado pela
razão entre a massa desta substância (m) e a sua massa molar (M), anteriormente denominada peso
molecular, termo que ficou obsoleto. As unidades mais comuns do número de mol são: mol, gmol, kmol,
kgmol e lbmol; obtidas da relação entre a massa (m) dada por g, kg e lbm e a massa molar (M), dada por
g/mol, kg/kmol e lbm/lbmol:
m
n (1.10)
M
Conforme definido pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), 0,012 kg de 12C contêm
6,02214.1023 moléculas, ou seja, 0,012 kg (= 12 g) de carbono contêm 1 mol de moléculas. Então a
massa molar de 12C, sendo a massa em gramas de um mol de 12C será:
12 g g
M 12
1 mol mol
12 kg 1000 g
n= . =1000 mol
12 kg de carbono g 1 kg
12
mol
12 lb m 453,6 g
n . 453, 6 mol
12 lbm de carbono g 1 lb
12 m
mol
12 g
12 g de carbono 1 mol PM = 12 g/mol que, como foi calculado a partir de uma massa
M
12 g
em gramas, podemos denominar gmol, portanto: 1 gmol M = 12 g/gmol
M
12 kg 1000 g
n= . =1000 gmol
12 kg de carbono g 1 kg = 1 kgmol ou 1 kmol
12
gmol
12 lb m 453,6 g
n= . =453,6 gmol
12 lb de carbono 12
g 1 lb m = 1 lbmol
gmol
g kg lb m
Conclusão: 12 12 12
gmol kgmol lbmol
Ou seja, independentemente da unidade, o valor da massa molar de uma substância será sempre
o mesmo. Daí, escolhe-se a unidade mais conveniente, de forma a reduzir cálculos de conversão de
unidades (a unidade oficial do S.I. para quantidade de matéria é o mol, porém o uso de gmol e kgmol
ajuda quando for preciso realizar procedimentos de conversão de unidades).
Volume específico molar (v): o volume específico molar, de forma similar ao volume específico,
considera a razão entre o volume de um sistema e a quantidade de matéria (em mol) presente neste
sistema. As unidades mais comuns do volume específico molar são: m3/kmol, ft3/lbmol, cm3/mol. A
fórmula é:
V V .M
vm (1.11)
n m
Fração molar (x) e fração mássica (w): a fração molar é simplesmente o número de mol de um
determinado componente i do sistema, dividido pelo número total de mol presentes no sistema. Esta
definição é válida para gases, líquidos e sólidos. Raciocínio análogo é feito para a fração mássica, que é a
divisão da massa de um componente i pela massa total presente no sistema.
ni mi
xi wi (1.12)
ntotal mtotal
ATENÇÃO
Para líquidos e sólidos, salvo menção em contrário, as porcentagens são expressas em
%massa. Para gases, utiliza-se mais frequentemente a porcentagem volumétrica ou molar,
sendo que para gases ideais, essas duas se equivalem.
Processos em batelada: são aqueles nos quais o sistema é carregado com uma determinada
alimentação no início do processo e os produtos são removidos, todos de uma só vez, algum tempo
depois. Nenhuma massa cruza as fronteiras do sistema entre o tempo de carga da alimentação e o
tempo em que o produto é removido. No reator utilizado como exemplo (Figura 1.1), A e B são
alimentados de uma só vez e após algum tempo de reação, o material contido no reator é removido
todo de uma vez só.
A A, B, C
B
Em geral, processos bateladas são encontrados em indústrias de menor porte ou que processam
pequenas quantidades de material de alto valor agregado (conhecidas como indústrias de química fina),
como por exemplo: indústrias farmacêuticas (fármacos e vacinas) e indústrias de cosméticos. Nessas
indústrias, alguns equipamentos podem ser usados várias vezes para obter diferentes produtos (plantas
multipropósito).
A, B, C A, B, C A, B, C A, B, C
A A A A
B B B B
Processo semi-batelada ou semi-contínuo: qualquer processo que não se encaixe nas descrições
anteriores. As alimentações podem ser instantâneas e as retiradas são contínuas ou vice-versa ou então
realizar adições lentas de alimentação sem nenhuma retirada. Em outras palavras, qualquer combinação
de processos contínuos com processos bateladas, se encaixa nesse tipo de processo.
A A, B, C
B B
No esquema da Figura 1.3 o reagente A é alimentado todo de uma só vez no reator (batelada
para A) e o reagente B é alimentado em seguida, continuamente, ao longo de um intervalo de tempo.
Ao final toda matéria contida no reator é retirada de uma só vez.
Além do modo de operação, os processos também são caracterizados com base em sua
dependência com o tempo.
Ocorre quando qualquer uma das variáveis de processo, parte delas ou até mesmo todas variam
com o tempo, diferenciando-se do regime em estado estacionário. Desse modo, os processos batelada e
semi-batelada, por sua natureza, serão sempre classificados como processos que operam em estado
não-estacionário ou transiente.
Um sistema está em um estado transiente se qualquer uma de suas variáveis mudar com o tempo.
Corrente A Corrente A
1 2
Corrente B Corrente B
Figura 1.4 – Tipos de escoamento: paralelo ou cocorrente (1) e contra-corrente (2).
2 – Balanços de Massa
Realizar o balanço material global de um processo ou de parte desse processo é uma tarefa vital.
Afinal, nos processos industriais e mesmo em escalas menores, ocorre a transformação de matérias-
primas de baixo valor em produtos de maior valor agregado, que são muitas vezes acompanhados de
produtos indesejados. Além disso, muitos desses produtos e subprodutos podem ser nocivos. O balanço
material é uma ferramenta que permite acompanhar o que entra e sai do processo e o que acontece em
seu interior e, sem ele, é impossível projetar e operar uma planta industrial de modo eficiente, seguro e
econômico. Na resolução dos balanços de massa, faz-se uso do Princípio de Conservação da Massa, que
afirma que “na ausência de reações nucleares, a massa é conservada”.
Na segunda metade do Século XVIII, Lavoisier demonstrou que a matéria poderia ser
transformada, mas nunca criada e nem destruída. Seus experimentos deram origem à conhecida “Lei da
Conservação da Massa”, que na indústria química foi abreviada para “balanço de massa” ou “balanço
material” e consiste na quantificação exata de todos os materiais que entram, saem, acumulam ou são
transformados no decorrer de um dado intervalo de tempo de operação de um determinado processo.
1) Balanço por componente: quando a equação é escrita para um material específico ou uma substância
isolada qualquer (exemplo: água, ar, metano, etc), que entra, sai, é gerada ou consumida no sistema.
2) Balanço atômico: quando a equação é escrita para uma espécie atômica específica. Exemplo: H 2, O2,
N2, C, que entra e sai do sistema. No balanço atômico não são considerados os termos de geração e
consumo pois os átomos são preservados, mesmo que ocorra alteração de componentes (geração ou
consumo), no caso da presença de reações químicas.
2) Balanço total: quando é escrita para a massa total presente em cada uma das correntes que entram
ou saem do sistema.
Podem ser escritos também balanços diferenciais, que são aqueles que indicam o que está
acontecendo em um sistema em um instante determinado do tempo; ou balanços integrais, que
descrevem o que acontece entre dois instantes de tempo. Nos balanços diferenciais, cada termo da
equação geral de balanço é uma taxa e são usualmente utilizados em processos contínuos. Nos balanços
integrais cada termo da equação é uma porção da grandeza balanceada com suas unidades
correspondentes e são normalmente aplicados a processos em batelada, nos quais os dois instantes de
tempo são o momento depois da entrada dos reagentes e o momento antes da retirada dos produtos.
m A1 mA,sist mA2
m B1 mB,sist mB 2
Generalizando a equação do balanço diferencial para um sistema com múltiplas entradas ("e") e
múltiplas saídas ("s"), tem-se:
n m
dmsistema
Balanço total = me ms (2.2)
dt e 1 s 1
dmi , sistema n m
Balanço por componente (i) = me,i ms ,i (2.3)
dt e 1 s 1
As equações (2.2) e (2.3) também podem ser escritas em termos do número de moles totais ou
por componentes, substituindo "m" por "n", para os casos em que não ocorrem reações químicas.
definir msist,o como a massa do sistema no valor de tempo inicial e msist,f como a massa do sistema no
valor de tempo final, então: msist msist , f msist ,o
Considerando que tanto m1 como m2 variem com o tempo, a massa total que entra no sistema
seria igual à área sob a curva de m1 versus tempo, ou seja, a integral de m1 de to a tf. O mesmo vale para
a massa total que sai do sistema. Portanto, podemos escrever que a variação da massa de um sistema
com uma corrente de entrada (1) e uma corrente de saída (2) pode ser dada pela seguinte equação:
tf tf
Generalizando a equação do balanço integral para um sistema com múltiplas entradas ("e") e
múltiplas saídas ("s"), tem-se:
n tf m tf
Balanço total = msist , f msist ,o me dt ms dt (2.5)
e 1 to s 1 to
n tf m tf
Balanço por componente (i) = mi ,sist , f mi ,sist ,o me,i dt ms ,i dt (2.6)
e 1 to s 1 to
As equações (2.5) e (2.6) também podem ser escritas em termos do número de moles totais ou
por componentes, substituindo "m" por "n", para os casos em que não ocorrem reações químicas.
Exemplo: numa fábrica de geleia de morango, 100 kg de morangos são prensados e misturados
com 200 kg de açúcar em um tanque que possui uma camisa de vapor, que fornece aquecimento ao
sistema (aquecimento indireto, uma espécie de banho-maria). O vapor aquece a mistura e vaporiza a
água contida nos morangos, engrossando a mistura até a consistência desejada para a geleia. A taxa de
evaporação da água é dada pela seguinte expressão m´agua,evap 2 0,03t com t em minutos e a vazão
mássica de água evaporada em kg/min. Qual o tempo necessário para se produzir 240 kg de geleia?
Nos processos em que não ocorrem reações químicas dentro do sistema não há substâncias
sendo consumidas (reagentes) e nem geradas (produtos). Nestes casos, ao se considerar o balanço por
componente, os termos GERADO e CONSUMIDO são iguais a zero. O mesmo ocorre para casos em que o
balanço é feito em relação à massa total, independentemente se ocorrer reação química ou não, uma
vez que massa não pode ser criada e nem destruída. A Tabela 2.1 apresenta alguns casos particulares da
equação geral do balanço de massa.
Quando GL = 0, o problema provavelmente tem uma solução única. Se GL < 0, o problema está
superestimado, algumas equações podem ser redundantes ou inconsistentes. Se GL > 0 o problema está
subestimado e neste caso novas equações podem ser incluídas na análise, avaliando o processo com
relação a outros aspectos (como custos, por exemplo).
Em geral, a etapa mais difícil da análise dos graus de liberdade é estabelecer quantas e quais são
as reações independentes, que são aquelas que fornecem informações únicas que não podem ser obtids
combinando-se duas ou mais equações e/ou especificações.
1- o número máximo de equações independentes que podem ser escritas através do balanço de massa é
igual ao número de espécies químicas presentes nas correntes de entrada e saída.
Exemplo: um processo deverá produzir 200 kg/dia de ácido de bateria que é uma solução 18,6 %
em massa de H2SO4, em uma operação contínua feita em um misturador, no qual são alimentadas três
correntes: (1) solução 77% em massa de H2SO4; (2) solução 4,5% em massa de H2SO4 e (3) água pura. Por
meio da análise dos graus de liberdade, determine se este problema está completamente especificado.
Basicamente existem apenas quatro tipos de unidades de processamento que são utilizadas em
um fluxograma de bloco: misturadores, reatores, divisores e separadores.
1) Misturadores: combinam duas ou mais entradas em uma única corrente de saída. Misturadores
podem representar uma fábrica inteira, um único equipamento ou ainda apenas uma junção de
correntes de processo e neste caso, é denominado ponto de mistura (P.M.), o qual pode ser
considerado um sistema no qual pode ser feito um balanço, do mesmo modo que qualquer
equipamento ou processo. Cálculos envolvendo ponto de mistura ocorrem principalmente quando um
problema grande é dividido em partes menores. A Figura 2.2 ilustra o esquema de um ponto de mistura.
Entrada 1 Corrente A
2) Reatores: as correntes de entrada contêm reagentes. Uma ou mais reações químicas ocorrem dentro
do reator. As correntes de saída contêm os produtos das reações que ocorrem no reator, bem como
reagentes não consumidos. A Figura 2.3 representa um reator de produção de amônia.
3) Divisores: divisores separam uma única corrente de alimentação (entrada) em duas ou mais
correntes de saída. Um divisor de corrente pode ser simplesmente um “T” em uma tubulação,
representando um ponto em que há uma divisão (bifurcação) da vazão de uma corrente (à montante do
divisor) em duas ou mais correntes (à jusante do divisor). Como se trata apenas de uma divisão da
corrente de alimentação em outras, se esta corrente for uma mistura de dois ou mais componentes,
então as correntes de saída do divisor têm a mesma composição da corrente de alimentação (não
ocorrem reações químicas e nem separações seletivas em um divisor de corrente).
Corrente B
Região à jusante
Corrente A
do divisor
Região à montante
do divisor Corrente C
4) Separadores: são equipamentos que separam uma corrente de entrada em duas ou mais correntes
de saída, as quais possuem composições diferentes entre si e também em relação à corrente de
entrada. A alteração na composição se deve a operações físicas (e não a reações químicas), portanto,
todos os componentes da corrente de entrada, estarão distribuídos entre as correntes de saída e não
haverá consumo e nem geração de novos componentes. No caso mais simples estarão presentes uma
corrente de entrada e pelo menos duas correntes de saída. A Figura 2.5 ilustra um exemplo de
separador.
Corrente [2]
75% Etanol
25% Água
Corrente [1] Separador 589 kg/h
45% Etanol
55% Água
1000 kg/h Corrente [3]
2% Etanol
98% Água
411 kg/h
Figura 2.5 – Esquema de um separador de uma solução etanol/água.
Além dessas quatro unidades básicas de processamento, existem determinadas correntes que
são muito frequentes em processos industriais e são utilizadas na construção desses diagramas:
5) Reciclo: a corrente de reciclo é uma corrente que retorna parte ou a totalidade da massa de um
ponto avançado do processo para um outro em uma posição pela qual esta massa já tenha passado.
Note que a corrente de reciclo nasce em um ponto de divisão que não necessariamente é um divisor de
corrente. Muitas vezes a sua origem é em um separador, o que neste caso faz com que sua composição
seja diferente da composição das outras correntes que saem de tal equipamento. Uma corrente de
reciclo de uma determinada substância (ou mistura de substâncias) é incluída no processo com os
seguintes objetivos:
recuperação de reagente(s) não consumido(s), presente(s) no produto final, para reutilização no
processo;
recircular destilado em colunas de fracionamento;
recuperação de catalisadores;
diluição de uma corrente do processo;
controle de uma variável do processo;
circulação de um fluido de trabalho;
enriquecer um produto;
aumentar rendimentos;
conservar energia;
reduzir custos operacionais.
São vários os exemplos industriais onde correntes de reciclo podem estar presentes. Em
processos físicos de separação, citam-se: colunas de destilação e operações com secagem de ar. Nos
processos químicos envolvendo diversas reações químicas, a maioria das correntes é constituída de
misturas muito complexas, exigindo muitas etapas de separação, que envolvem reciclo de algumas
correntes. Em reatores químicos que operam com baixa conversão dos reagentes também é preciso
separar os produtos dos reagentes não consumidos e então reciclá-los para tornar o processo mais
econômico.
Reciclo
OBS: as linhas tracejadas da Figura 2.5 são algumas possíveis escolhas de sistemas (volumes de controle)
a serem estudados, para os quais se desenvolvem as equações de balanço material (no caso são
indicados quatro possíveis sistemas). O sistema definido pela linha tracejada que envolve todos os
componentes do processo é chamado de SISTEMA GLOBAL. Combinações de sistemas também
constituem alternativas de novos sistemas.
6) Desvio (“bypass”): a corrente de desvio é um tipo de corrente que “pula” um ou mais estágios do
processo e vai diretamente para outro estágio. As correntes de bypass, via de regra, são originadas em
um divisor de correntes e terminam em um misturador (ver esquema da Figura 2.7). A corrente de
bypass tem a sua utilização ligada principalmente ao controle operacional da planta, ou
especificamente, de alguns equipamentos. Assim, é comum ocorrer no processo o bypass em somente
um equipamento, manipulando-se o valor da vazão dessa corrente de bypass, com o objetivo de manter
as condições de saída dentro de uma faixa desejada.
Desvio (“bypass”)
7) Make-up: a corrente de make-up (ou corrente de reposição) é uma corrente que repõe perdas de
material em um circuito fechado. Por exemplo, um circuito de água de resfriamento de um processo
industrial, disponibiliza água a uma determinada temperatura, suficiente para retirar energia de pontos
(equipamentos) diferentes no processo. Esse circuito é formado, principalmente, por uma bomba, que
envia a água de refrigeração para o processo e por uma torre de resfriamento, que recebe a água
aquecida que volta do processo e torna a resfriá-la até a temperatura inicial, disponibilizando-a para ser
novamente bombeada, fechando assim o circuito. Neste circuito, vazamentos e evaporação na torre de
resfriamento são as principais causas da diminuição da quantidade de água que circula. Para manter
essa quantidade constante, há a necessidade de repor esta água que foi perdida, o que é feito através
de uma corrente de make-up.
perdas por
água evaporação
PROCESSO quente
bomba
água fria
corrente de
make-up
Figura 2.8 – Esquema de uma corrente de make-up em um processo com torre de resfriamento.
Outro exemplo de processos que operam com circuitos fechados são processos de extração por
solvente. Neste caso o solvente está presente para servir de agente extrator, não podendo sair junto
com o produto. Assim, após fazer a extração (retirar de uma matriz sólida a substância desejada) o
solvente é separado da substância de interesse e reciclado. As perdas de solvente que ocorrem nas
correntes do efluente e do produto purificado, são repostas através de uma corrente de make-up
(Figura 2.9).
Solvente Efluente
Make-up
Solvente recuperado
Figura 2.9 – Esquema de um processo de extração por solvente com uma corrente de make-up.
A essência dos problemas que envolvem balanços de massa é: dado os valores de algumas
variáveis das correntes de entrada e algumas das correntes de saída, calcular os valores das variáveis
não fornecidas. Resolver problemas seguindo uma metodologia adequada e bem organizada é a melhor
maneira de evitar erros. Sugere-se a seguinte sequência de etapas na resolução de problemas:
1) ler o problema e em seguida, reler o problema;
2) esquematizar o problema (processo) através de um fluxograma de blocos ou diagrama entrada-
saída;
3) identificar (e numerar) todas as correntes de entrada e saída, para cada bloco que compõe o
processo, escrevendo os valores e unidades de todas as variáveis conhecidas (taxas, composições,
temperaturas, pressões, etc);
4) delimitar o sistema a ser estudado;
5) estabelecer símbolos algébricos para as variáveis desconhecidas em cada corrente, escrevendo seus
nomes e unidades;
6) estabelecer uma base de cálculo (B.C.);
7) definir as variáveis do sistema para geração, consumo e acúmulo. Se houver reações químicas
presentes, com estequiometria conhecida, escreva as equações utilizando variáveis do sistema que
estejam relacionadas com a geração de produtos e o consumo de reagentes. Se o sistema não
estiver operando em regime permanente (estado estacionário), estabelecer uma variável para o
acúmulo.
8) aplicar a equação da conservação da massa, listando as equações dos balanços independentes (para
cada sistema é possível ter 1 equação para o balanço global e n equações de balanço por
componente, onde n é o número de componentes). Deve-se procurar escrever estas equações
numa ordem tal que as que envolvem as variáveis menos conhecidas sejam escritas primeiro;
9) se alguma informação dada no problema não foi usada ao se rotular as correntes de fluxo, traduzir
estas informações em forma de equações que envolvam as variáveis do processo;
10) verificar se é possível resolver as equações, obtendo uma solução única (análise dos graus de
liberdade do sistema);
11) resolver as equações (converta as unidades se for necessário) e calcular as variáveis desconhecidas;
12) conferir as respostas, substituindo-as nas equações de balanços e verificando se elas estão
satisfeitas.
Uma planta química industrial genérica pode ser representada de forma simplificada pelo
diagrama da Figura 3.1. As atividades do Engenheiro Químico estão intimamente ligadas aos processos
de separação existentes nas indústrias (especialmente as químicas). Estas atividades se distribuem em
diversas áreas: controle das variáveis do processo, controle da qualidade das matérias-primas e/ou
produtos, pesquisa de novos processos ou otimização dos já existentes; etc. De um modo geral, as
etapas essenciais de uma planta química são mostradas na Figura 3.1.
Figura 3.1 – Esquema de uma planta química típica (Prausnitz et al., 1986).
Nessa planta da Figura 3.1 a parte central (Estágio II) representa o reator químico, no qual
ocorrem as reações de interesse para o processo. As reações podem se processar em um simples tanque
de mistura, caso sejam reações rápidas, de fácil controle e que não requeiram condições especiais de
operação (como por exemplo, altas temperaturas e altas pressões). Porém, normalmente reatores são
equipamentos bastante complexos e esta etapa se caracteriza como sendo o coração do processo,
podendo vir a ser responsável pelo fracasso ou sucesso econômico do mesmo.
Mas, além do estágio de reação, uma planta química necessita de etapas de tratamento físico
(operações unitárias de separação/concentração) das matérias-primas (Estágio I), no qual os reagentes
são preparados para a reação, já que muitas vezes as matérias-primas provenientes da natureza não são
100% puras, sendo constituídas de materiais contaminados, misturas ou soluções.
Estas operações unitárias, nas quais não ocorrem reações, podem ser divididas em dois grandes
grupos:
Operações de mistura: envolvendo reagentes ou produtos, cuja principal finalidade é alterar a
composição.
Operações de separação física: que se subdividem em separações por simples fracionamento de
correntes de processo (por exemplo uma corrente de bypass ou qualquer outro meio que apenas
seja uma bifurcação na linha do produto) e separações de fases (que consistem de separações
obtidas em um equipamento projetado para este fim, obtendo fases de diferentes composições e
características).
Essas operações que envolvem separação entre fases constituem uma grande área de atuação
do engenheiro químico, chamada de processos de separação, a partir da qual, muitas outras atividades
deste profissional são derivadas.
As tecnologias de separação podem ser divididas em três grandes categorias, baseadas no seu
mecanismo de operação:
1) mecânicas: a alimentação contém duas fases (ex: sólidos suspensos em um líquido, partículas sólidas
em um gás, etc) e as diferenças no tamanho ou densidade são exploradas para separar as fases uma da
outra;
2) baseadas na taxa: baseiam-se na diferença na taxa de transporte ao longo de um determinado meio
dos componentes a serem separados. Em geral os meios são sólidos porosos e as correntes de
alimentação e de produtos estão numa mesma fase. Ex: cromatografia de camada fina, osmose reversa
para dessalinização de água, etc.
3) baseadas no equilíbrio: a alimentação é uma corrente com vários componentes, porém em uma fase
homogênea. Dentro do processo uma segunda fase é gerada e os componentes se distribuem entre
estas duas fases, que possuem composições diferentes. A geração da segunda fase não é espontânea e
requer um agente de separação, que pode ser o fornecimento/remoção de energia (por exemplo, para
gerar uma fase vapor a partir de um líquido) ou a adição de algum material (como em processos de
extração líquido-líquido no qual é adicionado um agente extratante).
A Tabela 3.1 apresenta um resumo das principais características de cada tecnologia de
separação.
As Tabelas 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 apresentam, respectivamente, informações detalhadas sobre as
seguintes tecnologias de separação: mecânica, baseadas na taxa, baseadas no equilíbrio que usam
energia como agente de separação e baseadas no equilíbrio que usam a adição de algum material como
agente de separação.
Na maior parte dos casos, os processos de separação irão envolver a presença, de, no mínimo,
duas fases, sendo que por fase entendemos uma porção de matéria homogênea, fisicamente distinta e
mecanicamente separável. Os processos mais frequentes no ambiente industrial utilizam duas fases
imiscíveis, obtendo as seguintes combinações de sistemas:
OBS: os sistemas sólido/sólido são pouco usados industrialmente e os gás/gás formam uma única fase.
A separação entre as fases é fácil, principalmente devido à diferença de densidade entre elas, o
difícil é separar os constituintes de cada fase, de modo a concentrá-los. O princípio dos processos de
separação é gerar fases diferentes, de modo que elas contenham diferentes concentrações dos
componentes, e então, através de um tempo adequado de contato entre elas, permitir que haja a
transferência de componentes entre as fases, até que esta distribuição seja interrompida, devido ao
sistema ter atingido um estado de equilíbrio. Separam-se então as fases, concentrando assim os
componentes.
O mecanismo que impera nos processos de separação é a transferência de massa, cuja força
motriz é a diferença de concentração (rigorosamente falando, é na verdade a diferença de potencial
químico) de um componente entre as fases envolvidas. A tendência natural é o componente se difundir
(se transportar) de uma fase em que está em maior concentração para aquela em que está em menor
concentração, até que seja atingido o equilíbrio. No equilíbrio, não ocorrem modificações
macroscópicas das variáveis do sistema em relação ao tempo. Os critérios de equilíbrio entre fases são a
igualdade de pressão, temperatura e potencial químico de cada componente em cada fase. O equilíbrio
é essencialmente um estado de saturação.
Tabela 3.4 – Tecnologias de separação baseadas no equilíbrio que utilizam energia para separação.
Fase alimentada/ Propriedade
Tecnologia Como funciona Exemplos
Fases dos produtos física
Mistura líquida é Separação de
Pressão de
Líquido/ aquecida até que butano do asfalto
Evaporação vapor (ponto de
Líquido e vapor uma parte do
ebulição)
material vaporize Purificação de água
Recuperação de
Mistura de vapor é
Pressão de compostos
Vapor/ resfriada até que
Condensação vapor (ponto de orgânicos voláteis
Líquido e vapor parte do material
ebulição) presentes numa
condense
corrente gasosa
Mistura é alimenta- Separação de
da em uma coluna petróleo cru em
Pressão de de múltiplos está- frações
Líquido ou vapor/
Destilação vapor (ponto de gios onde ocorrem
Líquido e vapor
ebulição) evaporações e Separação de
condensações soluções
repetidas álcool/água
Tabela 3.4 – Tecnologias de separação baseadas no equilíbrio que utilizam energia para separação (cont)
Fase alimentada/ Propriedade
Tecnologia Como funciona Exemplos
Fases dos produtos física
Solução é resfriada
Solubilidade a até que o limite de
Líquido/ baixas solubilidade seja Purificação da
Cristalização
Sólido e líquido temperaturas excedido fazem com aspirina
(ponto de fusão) que cristais de
soluto precipitem
Alimentação é
Solução ou aquecida para Secagem de grãos,
Pressão de
Secagem suspensão/ volatilizar o solvente de papel, e de
vapor
Sólido e vapor presente, restando cristais de minérios
sólidos não voláteis
Tabela 3.5 – Tecnologias de separação baseadas no equilíbrio que utilizam adição de material.
Propriedade
Tecnologia Fase alimentada Como funciona Exemplos
física
Mistura gasosa é colo-
cada em contato com Separação de
Solubilidade de
um solvente, o qual CO2 do H2
Absorção Gás um gás em um
absorve preferencial- adicionando
solvente
mente um dos etanolamina
componentes
Fluido é contatado com
Adsorção em
um material sólido que
Afinidade pela carvão ativado
Adsorção Fluido (gás ou líquido) adsorve na sua super-
superfície sólida para purificação
fície um dos compo-
de água
nentes da mistura
Recuperação de
Uma matriz sólida
cafeína de grãos
contém componentes
Solubilidade de de café
solúveis e insolúveis,
componentes
adicionando um
Lixiviação Sólido sólidos em um Recuperação de
determinado solvente,
solvente solutos de
os componentes
adicionado minérios
solúveis são removidos
utilizando
da matriz
solventes ácidos
Um solvente possui Purificação de
maior afinidade por um antibióticos de
dos componentes da caldos de
Distribuição
alimentação e não se fermentação
entre dois
Extração Líquido mistura com os demais,
líquidos
gerando assim duas Extração líquido-
imiscíveis
fases líquidas, com um líquido em
soluto distribuído dife- sistemas água-
rentemente entre elas ácido acético
Para entender melhor o papel do engenheiro químico dentro dos processos de separação e a
importância dos balanços de massa e energia, aplicados a estes processos, faz-se necessário um estudo,
mesmo que superficial nesse momento do curso, sobre os diferentes processos existentes e seus
princípios. A seguir são apresentadas as diferentes combinações dos sistemas de duas fases com ênfase
nos principais processos de separação dentre os citados nas tabelas apresentadas anteriormente.
A – Destilação
Uma fase líquida constituída de n componentes é aquecida, gerando-se uma fase vapor. Esta
fase vapor é mais rica nos componentes mais voláteis (menor ponto de ebulição). Os constituintes
podem estar presentes em ambas as fases, o que varia é sua concentração. O equipamento no qual se
realiza este processo é denominado coluna (ou torre) de destilação, cujo esquema é apresentado na
Figura 3.2.
Figura 3.2 – Coluna de destilação: esquema de uma coluna tradicional, com uma corrente de
alimentação e duas correntes de produtos (fundo/bottom e topo/distillate) e visão de uma coluna em
escala industrial.
purificando assim a corrente de vapor. Outra parte desse destilado é retirada da coluna e denominada
produto de topo, que é sempre mais rico nos componentes mais voláteis. A fase líquida que se forma no
topo da coluna, fruto da condensação de parte do vapor após o contato com a corrente de refluxo,
desce pela coluna, sempre em contato com a fase vapor, havendo assim a transferência de massa entre
essas fases. A fase líquida forma uma piscina no fundo da coluna, sendo que uma parte é retirada como
produto de fundo e outra é parcialmente vaporizada, assegurando assim a operação contínua da
coluna.
Um importante parâmetro utilizado nos cálculos de destilação é a volatilidade relativa, que é
uma medida da extensão da separação que se pode alcançar em um determinado sistema. A
volatilidade relativa é definida como:
yi
xi
i, j (3.1)
yj
xj
em que:
i,j é a volatilidade relativa do componente i em relação ao componente j,
xi = fração molar do componente i na fase líquida,
yi = fração molar do componente i na fase vapor.
Quanto maior o valor da volatilidade relativa, tanto melhor será a separação dos componentes.
O equipamento utilizado no processo de destilação também pode ser denominado coluna de
fracionamento e em seu interior, com o objetivo de permitir o contato das fases líquida e vapor, são
utilizados pratos perfurados, pratos de campânulas (com ou sem vertedor) e também podem ser usados
diversos tipos de recheio. A operação inversa da destilação é a condensação.
B – Absorção
No processo de absorção, uma mistura gasosa é colocada em contato com um líquido, com o
propósito de absorver preferencialmente um ou mais componentes da fase gasosa, que sejam solúveis
no líquido, formando uma solução saturada. Os objetivos do processo de absorção podem ser:
recuperação de um produto gasoso (ex: benzeno obtido de gás de coqueria, que é absorvido em
óleo);
purificação de correntes gasosas: retirada de gases tóxicos (ex: NOx, SOx) de efluentes gasosos ou
retirada de CO2 de uma corrente com metano, usado como combustível, para melhorar o poder de
combustão deste gás;
formação de produtos: absorção de SO3 gasoso em água para formar H2SO4 (na prática a absorção
ocorre em soluções concentradas de ácido sulfúrico e não em água diretamente).
A característica deste processo, que o difere de outros similares, é que o componente que
difunde (se transfere de fase) está na fase vapor e passa à fase líquida. O equipamento onde ocorre a
absorção é denominado coluna de absorção (sendo as mais comuns as de recheio e as de paredes
molhadas). A operação inversa da absorção é a dessorção ou esgotamento (stripping).
A Figura 3.3 apresenta um esquema e uma ilustração de uma coluna de absorção de leito fixo
(recheada) utilizada para desidratação de álcool. A Figura 3.4 apresenta um esquema de uma coluna de
leito empacotado ("packed bed") utilizada para a purificação de uma corrente gasosa e a Figura 3.5
apresenta diferentes tipos de recheios utilizados em colunas de absorção.
C – Umidificação
A – Evaporação e secagem
Nestes processos, só uma substância pode passar da fase líquida para a fase vapor, nas suas
condições de operação (diferentemente da destilação em que a fase vapor pode conter uma ou mais
substâncias). A evaporação se caracteriza pelo aquecimento de uma solução, ocasionando sua ebulição,
o vapor gerado é separado, obtendo-se uma solução mais concentrada e uma substância pura que é
obtida ao se condensar o vapor que foi separado. Seus objetivos são:
- concentrar uma solução. Ex: suco de laranja;
- obter uma substância pura. Ex: água pura a partir da água do mar.
A secagem difere-se da evaporação por caracterizar-se pela passagem de uma corrente gasosa
(normalmente ar) quente sobre uma substância, que faz com que um determinado componente volátil
se vaporiza, mudando de fase. A secagem pode ser entendida como retirada de umidade (água ou
solvente). Os equipamentos em que ocorrem são os evaporadores (diversos tipos) e os secadores
(principalmente os de bandejas e rotativos). A operação inversa de ambos os processos citados é a
condensação. A Figura 3.8 apresenta uma bateria de evaporadores (múltiplo efeito) utilizados para
concentração licor negro de eucalipto, utilizados no processo de produção de celulose e papel e
também um diagrama de um sistema de evaporação duplo efeito (no qual cada vaso de processo opera
a uma pressão diferente).
Figura 3.8 – Bateria de evaporadores múltiplo efeito utilizados para concentrar licor negro e esquema de
evaporador duplo efeito.
B – Adsorção
O que ocorre neste processo é a difusão do vapor ou de um gás em um sólido. Ex: sílica-gel ou
CaCl2 adsorvendo água de uma corrente gasosa contendo N2, H2 e H2O, a fim de purificar esta corrente
para utilizá-la em um processo de produção de amônia. Os equipamentos em que ocorre são
denominados colunas de percolação. A operação inversa é a dessorção.
C – Sublimação
A sublimação é um processo de vaporização de um sólido sem passar pela fase líquida. Ex:
naftalina, iodo. Uma variação deste processo é a liofilização, que é um processo de desidratação muito
usado para preservar alimentos perecíveis, princípios ativos, bactérias, etc, onde estes são congelados e
a água é retirada, por sublimação, sem que passe pelo estado líquido. O alimento, após congelado segue
para uma câmara de vácuo, na qual ocorre um aumento gradativo da temperatura, reduzindo-se deste
modo a pressão circunvizinha, o que permite à água congelada no material passar diretamente da fase
sólida ao gás, desidratando assim o alimento (ex: produção de café solúvel).
A – Extração líquido-líquido
Também denominada extração por solvente. Consiste na extração dos constituintes de uma
solução líquida por contato com outro líquido insolúvel. Se as substâncias que constituem a solução
original se distribuem em ambos os líquidos diferentemente, haverá uma separação, que pode ser
alcançada por contatos múltiplos (estágios). Os objetivos deste processo são recuperar um soluto ou
recuperar um solvente de uma determinada solução.
Exemplos de processos que envolvem operações de extração líquido-líquido são: rocha fosfática
com alto teor de urânio - produção de U (na forma de yellow cake) e H3PO4; produção de ácido acético:
o ácido acético pode ser obtido pela oxidação bacteriana aeróbica (Acetobacter) do álcool etílico a ácido
acético diluído. As reações envolvidas nesse processo são:
A mistura (ácido + água) é agitada com acetato de etila (éster). Uma parte do ácido se dissolve no
éster, mas apenas uma pequena quantidade de água é solúvel neste solvente. Deixando em repouso
após a agitação, a fase orgânica (menos densa) se separa da aquosa que decanta. A fase aquosa é mais
rica em água que nos demais componentes. Este processo de separação pode ser feito de modo
contínuo ou em batelada. Um dos principais equipamentos que realizam esta operação são chamados
misturadores-decantadores (mixer-settler), mas também são utilizadas colunas de extração. A Figura 3.9
apresenta um esquema desse equipamento e também uma foto de uma bateria de misturadores-
decantadores em escala piloto.
A – Lixiviação
extração de cobre com ácido sulfúrico: forma CuSO4 , recuperando-se o metal posteriormente;
café extração com água secagem café solúvel;
açúcar (cana, beterraba) extração com água;
soja compressão dos grãos extração do óleo com n-Hexano destilação separação do óleo
e n-Hexano (que é reciclado);
rocha fosfática ataque com mistura de ácidos (HNO3, H2SO4, HCl) produção de H3PO4 e gesso.
De uma maneira geral, essas extrações podem ainda ser classificadas em três categorias:
* lixiviação: ocorre com reação química e está relacionada com minérios,
* lavagem: ocorre quando o soluto é constituído por açúcares ou óleos vegetais,
* química: ocorre com reação química, porém relativa a outros materiais que não minérios.
B – Cristalização
4 – Balanços de Energia
4.1 – Energia
Energia não pode ser sentida, nem vista e também não pode ser medida diretamente. Pode ser
calculada a partir de grandezas conhecidas do sistema. Thomas Young (1773-1829) definiu, em 1807,
energia da seguinte forma: “é uma medida da capacidade do sistema realizar trabalho”.
Portanto, energia tem unidades do produto da força pela distância. Para os sistemas de medidas
abordados nesta disciplina as unidades de energia são:
As unidades de energia são definidas em termos da quantidade de calor que deve ser fornecida a
uma determinada massa de água, para aumentar sua temperatura em uma unidade, à pressão
constante de 1 atm. Assim:
A energia está disponível em diferentes formas e existem diversos processos pelos quais a
energia pode ser transformada.
a) Usina termoelétrica: através do calor de combustão gerado pela queima de combustíveis tais
como: carvão, madeira, óleo e licor negro (indústrias de celulose - caldeira de recuperação), produz-se
vapor d’água, que é utilizado em um dispositivo motriz (turbina), transformando a energia térmica em
mecânica (trabalho). A turbina é ligada a um gerador produzindo um campo magnético variável, através
da movimentação de um ímã, que por sua vez, provoca uma diferença de potencial elétrico (DDP) que
induz corrente elétrica. A Figura 4.1 apresenta o esquema geral de uma usina termoelétrica e a Figura
4.2 mostra uma vista geral de uma usina termoelétrica para produção de energia elétrica, onde se
observam as torres de refrigeração de água do processo e chaminés dos efluentes gasosos do processo
de combustão.
Figura 4.1 - Esquema geral de uma usina termoelétrica que utiliza carvão mineral como combustível.
Figura 4.2 - Vista geral de uma usina termoelétrica para produção de energia elétrica (observam-se as
torres de resfriamento de água do processo e chaminés).
b) Usina hidrelétrica: energia potencial da água represada faz girar uma turbina, produzindo
trabalho mecânico (trabalho de eixo), campo magnético (em um gerador) e corrente elétrica. A Figura
4.3 apresenta o esquema geral de uma usina hidrelétrica e uma foto da usina de Itaipu (PR).
c) Usina nuclear: o processo de fissão nuclear no reator libera uma grande carga de energia do
núcleo do átomo na forma de calor. Este calor é utilizado para evaporar água, gerando vapor, que ao
passar por uma turbina, gera trabalho de eixo movimentando um gerador, que produz um campo
magnético, que gera corrente elétrica. A Figura 4.4 apresenta um esquema geral de uma usina nuclear e
uma foto da usina nuclear de Angra dos Reis (RJ).
Figura 4.4 - Esquema de uma usina nuclear e vista da usina de Angra dos Reis.
a) Usina maremotriz: utiliza a diferença da maré alta e maré baixa, provocando fluxo e refluxo da
água do mar por passagens estreitas, movendo turbinas que movimentam geradores elétricos. Exige
maré de grande desnível, mas o impacto ambiental é mínimo.
b) Usina termosolar: utilização de coletores solares concentradores, que evaporam um fluido de
processo, cujo vapor é utilizado para mover uma turbina acoplada a um gerador. Existem também
usinas que utilizam células fotovoltaicas para converter diretamente a energia solar em energia elétrica.
c) Usina eólica: utilização da energia dos ventos para mover hélices acopladas a eixos que
movimentam um gerador, realizando trabalho, produzindo um campo magnético e corrente elétrica.
d) Centrais térmicas marinhas: diferença de temperatura entre as águas aquecidas da superfície
e as mais frias da profundidade do oceano, movimenta um sistema fechado no qual a amônia ou água,
num ambiente de vácuo parcial, se evapora, movendo uma turbina. Testes indicaram que 97% da
energia gerada eram utilizados na própria central, para o bombeamento das águas do oceano para a
terra.
e) Aproveitamento energético do movimento das ondas: as ondas pressionam um corpo oco, fixo
na beira da praia ou flutuante, comprimindo o ar dentro deste corpo. Este ar tende a se expandir,
movendo uma turbina ligada a um gerador. Uma onda de 3 metros de altura contém pelo menos 25 kW
de energia por metro de frente.
Para fins de balanço de energia em processos industriais, considera-se na prática, que a energia
total de um sistema possui, basicamente, três componentes:
A energia interna é a energia associada com o movimento (rotação, vibração e translação) das
partículas microscópicas (átomos, moléculas, elétrons, etc) que compõem um sistema macroscópico.
Representa o somatório das formas microscópicas de energia relacionada à estrutura molecular e ao
grau de atividade molecular. Os principais componentes da energia interna são:
• Energia sensível: associada à energia cinética das moléculas e, portanto, deve-se ao deslocamento
(translação) das moléculas em relação ao centro de massa do sistema; aos movimentos de rotação e
vibração;
• Energia latente: relacionada às forças intermoleculares que mantêm as moléculas juntas. Essas
forças são maiores nos líquidos e menores nos gases. Uma adição de energia ao sistema capaz de se
sobrepor a essas forças intermoleculares possibilita a separação das moléculas, levando a uma
mudança de fase.
• Energia química ou de ligação: associada às ligações químicas (ligações entre os átomos). Por
exemplo, numa reação de combustão a destruição e formação de novas ligações levam a uma
alteração no valor da energia interna.
• Energia nuclear: associada às ligações dentro do núcleo dos átomos (constituintes subatômicos).
A energia interna pode estar contida ou ser armazenada em um sistema e por isso pode ser vista
como uma forma estática de energia. Não existem instrumentos para a medição direta da energia
interna em escala macroscópica. Ela pode ser calculada a partir de outras variáveis mensuráveis como
pressão, volume, temperatura e composição.
Em um sistema fechado, embora não haja fluxo de massa entre o sistema e sua vizinhança, pode
haver transferência de energia através de suas fronteiras, de duas formas distintas: calor e trabalho.
É a forma de energia transferida entre dois sistemas (ou entre um sistema e sua vizinhança)
devido à presença de um gradiente de temperatura (T) entre os sistemas, portanto, calor pode ser
definido como energia térmica "em trânsito".
Q calor ou calor transferido (J)
Q taxa de calor transferido (J/s ou W)
Q" fluxo de calor (W/m 2 )
Em um sistema fechado, se a energia que passa através da fronteira do sistema não está na
forma calor, então estará na forma de trabalho. Qualquer interação de energia entre o sistema fechado
e sua vizinhança que não se deve a um gradiente de temperatura, será então na forma de trabalho.
Trabalho é a transferência de energia associada com uma força aplicada sobre um corpo, que
causa seu movimento por uma determinada distância, é a energia que flui entre o sistema e sua
vizinhança em resposta a uma força motriz qualquer (que não a diferença de temperatura), tal como
torque ou voltagem (DDP).
W F dl
Trajetória
A ideia de que trabalho é o produto de uma força por um deslocamento, mostra que ambos
(força e deslocamento) devem estar presentes para que haja um efeito de trabalho. Assim, de uma
forma geral, podemos escrever:
2
W Força (generalizada) .d (deslocamento generalizado)
1
1-2 = trajetória
A Tabela 4.1 apresenta seis formas mais comuns de trabalho, apresentando para cada caso a
força generalizada e o deslocamento, bem como as unidades mais comuns de cada forma.
W F dx PAdx PdV
2
dV
W PdV W P
1
dt
3) Trabalho de fluxo: ocorre somente em sistemas abertos e está associado ao movimento de um fluido
para dentro e para fora de um volume de controle (sistema), conforme ilustrado na Figura 4.10.
Pistão
imaginário
F PA
W fluxo F L P A L
2
V W fluxo PV
W F dl W mPvdt v
1
m 2
W fluxo PdV
1
W mPv
4) Trabalho elétrico
Ocorre quando existe fluxo de uma corrente elétrica através da fronteira de um sistema. A força
presente no sistema é uma força eletromotiva em um campo elétrico (onde existe uma diferença de
potencial) e a distancia envolvida é a que é percorrida pelos elétrons em movimento (carga elétrica).
Uma resistência elétrica, por onde circula a corrente elétrica, é responsável por elevar a temperatura do
sistema, assim a transferência de energia não ocorre devido a uma diferença de temperatura, portanto
a transferência não se dá na forma de calor e sim, trabalho. A Figura 4.10 ilustra a diferença entre
trabalho elétrico e calor, mostrando a influência da fronteira delimitada para o sistema.
W Q
5) Trabalho elástico
Presente em sistemas que envolvem uma força elástica, geralmente associadas a molas que
interagem sobre o sistema. É preciso conhecer a relação entre a força (F) e o deslocamento (x). Para
molas elásticas lineares, o deslocamento é proporcional à força: F = k.x
2 2
W F dl W Fdx kxdx
k 2
2
x2 x12
1 1
6) Trabalho viscoso
Fluido em movimento pode exercer uma força de cisalhamento sobre uma superfície sólida ou
contra elementos vizinhos do próprio fluido. Em sistemas abertos com escoamento de fluido,
dependendo da velocidade do fluido na fronteira do sistema, forças viscosas podem ser significativas e
trabalho viscoso deverá ser considerado.
7) Trabalho de campo
Calor e trabalho podem ser considerados “formas de energia dinâmicas”, pois não
podem ser armazenadas no sistema, sendo observadas apenas na sua fronteira com a
. vizinhança. Como por definição Q e W são formas de se transferir (transportar) energia,
classifica-se qualitativamente o trabalho como a energia transferida para ou de um
estado mecânico do sistema, enquanto que calor é a energia transferida para estados
atômicos ou moleculares, que não são observados macroscopicamente.
A Primeira Lei da Termodinâmica surgiu das observações experimentais de James Prescott Joule,
a partir de estudos desenvolvidos durante o período de 1840 a 1870, nos quais ele procurava entender a
natureza do calor e do trabalho. Em seus elementos essenciais, os experimentos foram muito simples,
porém foram tomadas as devidas precauções para assegurar a sua precisão.
A Figura 4.12 apresenta um esquema da aparelhagem utilizada na mais famosa série de medidas
que ele realizou. Joule colocou quantidades conhecidas de água em um recipiente isolado e agitou essa
água com um agitador rotativo de pás, acoplado a massas que pendiam em uma corda que passava por
uma roldana. As quantidades de trabalho realizadas pelo agitador sobre a água foram medidas com
precisão e as variações na temperatura da água foram cuidadosamente anotadas. Ele descobriu que,
mediante agitação, uma quantidade fixa de trabalho era necessária para elevar de um grau a
temperatura de uma unidade de massa de água. Observou também que a temperatura original da água
poderia ser restabelecida pela transferência de calor através do simples contato com um corpo mais
frio. Dessa forma, Joule pôde demonstrar a existência de uma relação quantitativa entre o trabalho e o
calor e, portanto, que calor é uma forma de energia.
Figura 4.12 – Esquema da montagem experimental utilizada por Joule nos seus
experimentos sobre equivalência entre calor e trabalho.
A Primeira Lei da Termodinâmica é fruto das observações experimentais feitas por Joule, ao
estabelecer a equivalência entre trabalho e calor, pode ser enunciada da seguinte forma: “embora a
energia assuma várias formas, a quantidade total de energia é constante e, quando a energia
desaparece em uma forma, ela reaparece simultaneamente em outras formas”. Assim, a Primeira Lei da
Termodinâmica pode ser resumida como “lei da conservação da energia”. Ela consiste em um modelo
que buscou generalizar as observações experimentais realizadas.
Para utilizar a energia é preciso entender os princípios básicos envolvidos na: geração, uso e
transformação desta energia em suas diferentes formas. Para entender o que acontece com a energia,
de onde vem e para onde vai, o engenheiro faz uso de cálculos, que são denominados balanços de
energia, que nada mais são do que a aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica, que trata da
conservação da energia.
EE - ES + E G – EC = E A
na qual E representa todas as componentes de energia presentes e os índices se referem à energia que
entra (E), sai (S), é gerada (G), consumida (C) e acumulada (A). A lei da conservação da energia rege
todos os cálculos envolvendo balanços de energia e nos diz que a energia não pode ser criada nem
destruída, apenas transformada. Esta lei é também conhecida como Primeira Lei da Termodinâmica. Os
termos “gerado” e “consumido” se aplicam somente aos casos em que estão presentes reações
químicas no sistema. A seguir são apresentados alguns casos especiais da Equação 4.3.
A aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica em um sistema, ou seja, a realização do balanço
de energia em um sistema consiste em avaliar variações da energia no sistema e variações na energia
das vizinhanças. Como a energia deve se conservar, pode-se escrever que:
• INTERNA • CALOR
• CINÉTICA • TRABALHO
• POTENCIAL • FLUXO DE MASSA
que é a expressão da Primeira Lei da Termodinâmica para sistemas fechados. Esta expressão é
equivalente à Equação (4.3), apenas com uma diferença importante: é preciso ter atenção à convenção
dos sinais dos termos calor e trabalho.
Tabela 4.2 - Convenções de sinais adotadas para a equação da Primeira Lei da Termodinâmica.
Convenção atual (Esistema = Q + W) Convenção antiga (Esistema = Q – W)
Calor é > 0 quando VIZ SIST Calor é > 0 quando VIZ SIST
Trabalho é > 0 quando VIZ SIST Trabalho é < 0 quando VIZ SIST
Ambas as equações (4.3) e (4.4) podem ser utilizadas para resolver balanços de energia,
bastando para isso considerar a seguinte equivalência: entradas são considerados estados iniciais e
saídas, estados finais e os sinais das convenções dados na Tabela 4.1. Portanto:
Uentra - Usai + Ecentra - Ecsai + Epentra - Epsai + Qentra - Qsai + Wentra - Wsai = 0 (4.3.a)
Na Equação (4.3.a) não se aplica nenhuma convenção de sinal, bastando apenas quantificar
corretamente todas as entradas e todas as saídas. Na Equação (4.4.a) aplica-se a convenção de sinal
para calor e trabalho, conforme a Tabela 4.1, sendo que o índice "final" refere-se às condições na saída
do processo e "inicial" à entrada do processo.
Importante: cabe ressaltar que nos termos Q e W nas Equações (4.3) e (4.4) devem-se
considerar todos os fluxos de calor e todos os tipos de trabalho que ocorrem
na fronteira do sistema em estudo, ou seja, são um somatório de todos os componentes.
Em geral, as componentes de variação das energias cinética e potencial são muito pequenas,
principalmente quando comparadas com os termos de variação da energia interna, calor e trabalho
trocados e por isso podem ser desprezadas. Neste caso, a Equação (4.3) pode ser reescrita da seguinte
forma, considerando a convenção mais atual dos sinais de Q e W:
2) Se não há troca de calor entre o sistema e a vizinhança, caso de sistemas perfeitamente isolados
termicamente ou que se encontram em equilíbrio térmico, o sistema é dito ser adiabático e Q = 0.
3) Se não há partes móveis no sistema e não ocorre geração de correntes elétricas ou radiação no
sistema, o termo referente ao trabalho é nulo. W = 0.
O trabalho de eixo é aquele feito sobre o fluido de processo por uma parte móvel dentro do
sistema (rotor, pistão, etc), normalmente associado a equipamentos como bombas, turbinas,
compressores, etc.
Considerando a convenção moderna do sinal (trabalho que sai do sistema é negativo), pode-se escrever
a seguinte equação para o trabalho de fluxo (equivalente a trabalho de compressão):
2
W fluxo PdV (4.8)
1
Se o processo ocorrer à pressão constante ou se a variação de pressão não for muito grande, pode-se
integrar a Equação (4.8) obtendo:
W fluxo PV1 PV2 (4.9)
que rearranjando
(U 2 PV2 ) (U1 PV1 ) EC EP Q Woutros (4.11)
h u Pv ou H U PV (4.12)
Por convenção, adotam-se nesta disciplina letras minúsculas para representar grandezas
específicas e letras maiúsculas para grandezas totais. Ex: h em kJ/kg e H em kJ
h T , P u T , P Pv T , P
para gás ideal, pressões baixas
h T u T Pv T , P
então a equação do balanço de energia (Primeira Lei da Termodinâmica) para sistemas abertos pode ser
escrita como:
Calor e trabalho são duas grandezas termodinâmicas muito importantes que estão presentes em
praticamente todos os processos industriais, em uma maior ou menor extensão e que por isso são
essenciais nos balanços de energia. As principais características dessas grandezas são:
• são observados na fronteira do sistema, portanto são “fenômenos de fronteira”;
• sistemas possuem energia, mas não possuem calor ou trabalho;
• ambos estão associados com um processo, não com um estado. Não têm significado em um estado
termodinâmico;
• ambos são grandezas de caminho, ou seja, sua magnitude depende do caminho seguido durante um
processo, bem como dos estados inicial e final do sistema.
W W (e não W )
1
2
dV V2 V1 V
1
A integral de uma função de estado gera uma diferença, um , entre os valores final e inicial
dessa grandeza no sistema. Já a integral de uma função de caminho gera um valor que representa o
total da grandeza no processo, não é uma diferença entre um estado final e inicial, ou seja, não existe,
por exemplo, Q ou W, apenas Q ou W.
Massa
Energia (interna, entalpia, Gibbs e Helmholtz)
Entropia
Pressão
Calor
Temperatura
Trabalho
Volume
Distância
Composição química
Volume específico
Massa específica (densidade)
Fugacidade
Não se pode conhecer, calcular ou medir diretamente o valor absoluto da energia interna
específica (u), que é a energia interna por unidade de massa, ou da entalpia específica (h), para um dado
material do processo. Porém, pode-se determinar a mudança ou variação da energia interna e/ou da
entalpia, correspondente a uma mudança de estado específica, ou seja, a um processo qualquer (que
pode ser uma variação na temperatura, pressão, composição, mudança de fase, uma combinação
desses, etc). Isto pode ser feito, por exemplo, para uma determinada massa m de uma substância,
através de uma mudança específica de estado (processo), de tal modo que todos os termos do balanço
de energia (Q, W, Ec, Ep) sejam conhecidos, exceto U. Uma vez determinado u = (U/m), pode-se
calcular h para a mesma mudança de estado do sistema, através de u Pv .
Os dados de energia interna específica e entalpia específica são tabelados de modo a fornecer
variações de valores em relação a um estado arbitrário escolhido como referência. A este estado de
referência normalmente atribui-se o valor zero para as referidas grandezas. Para caracterizar o estado
de referência são fixadas: a pressão, a temperatura e o estado de agregação da matéria.
Normalmente, o estado adotado nas tabelas de vapor para referência é água líquida no ponto
triplo, cujo par P-T é 0,0098 oC e 0,611 kPa (4,58 mmHg), que é a pressão de vapor da água nessa
temperatura, ao qual é atribuído o valor zero para a entalpia. Isto não quer dizer que a entalpia seja
zero nestas condições, mas simplesmente que foi atribuído, arbitrariamente, um valor zero à entalpia
nestas condições. No cálculo das variações de entalpia, as condições de referência cancelam-se, como
pode ser visto a seguir:
Este tipo de solução encontrada para resolver o problema do cálculo dos valores de energia
interna e entalpia só foi possível devido ao fato delas serem uma função ou grandeza de estado
(conforme abordado no item anterior).
1) Estado de referência pré-definido em tabelas e diagramas. Quando são utilizados tabelas e diagramas
para se obter valores de energia interna e entalpia, o estado de referência será, obrigatoriamente, o
estado que consta nessas tabelas e diagramas e que devem ser identificados inicialmente. Uma vez
que se opte por usar esses recursos para obter os valores dessas grandezas, deve-se tomar cuidado
para não utilizar diagramas que misturem estados de referência diferentes para uma mesma
substância.
2) A definição do estado de referência é feita por quem está resolvendo o problema. Nesse caso, existe
a liberdade de se escolher o estado de referência, o que pode ser útil em termos de atribuir o valor
zero para a entalpia em diversas correntes do processo, desde que elas se encontrem no estado de
referência definido. Porém existe a desvantagem de que as demais entalpias deverão ser calculadas
para cada corrente que não esteja no estado de referência escolhido, o que, em alguns casos, pode
ser muito trabalhoso.
Para auxiliar essa tarefa, torna-se necessário acompanhar também todo o material que entra e
sai do processo e as transformações ocorridas nesses materiais. Para isso, toma-se mão de um balanço
de massa do processo, antes de proceder ao balanço de energia ou então ambos podem ser feitos de
forma combinada. A seguir são apresentados os conceitos envolvidos nos balanços de energia
relacionados aos efeitos térmicos.
Os dados de variação de entalpia, relacionados aos efeitos térmicos, normalmente recaem nos
seguintes processos mais comuns:
Como a entalpia é uma função de estado, qualquer processo real pode ser desmembrado em
processos hipotéticos que podem envolver algum dos cinco casos anteriores de efeitos térmicos, sobre
os quais estão disponíveis dados sobre as variações de entalpia. Assim, pode-se chegar ao valor da
variação da entalpia do processo real, somando-se os valores de cada processo hipotético adotado e,
conforme mencionado, isso só é possível pelo fato da entalpia ser uma função de estado.
A – Calor sensível
O calor sensível tem por efeito alterar a temperatura de um sistema (substância ou mistura de
substâncias), elevando-a ou diminuindo-a, através da transferência de calor. A quantidade de calor
requerida para produzir uma mudança específica na temperatura do sistema pode ser determinada a
partir das formas simplificadas da Primeira Lei da Termodinâmica. Quando os termos da variação das
energias cinética e potencial não existem ou podem ser desprezados e quando também não está
presente nenhuma outra forma de trabalho (exceto o trabalho de fluxo em sistemas abertos):
As grandezas que são funções de estado possuem uma propriedade intrínseca que é a de ser
uma diferencial exata. Para um componente puro, pode-se expressar a energia interna apenas em
termos da temperatura (T) e do volume específico ( v ). Assim u u(T , v) e tomando-se a derivada total,
chega-se a:
u u
du dT dv (4.14)
T v v T
Da Equação 4.14 surgem algumas definições de outras grandezas, tais como:
u
= CV = capacidade calorífica a volume constante,
T v
u
= este termo pode ser desprezado pois a energia interna varia muito pouco com o volume.
v T
Assim, integrando o termo que define capacidade calorífica a volume constante, entre os estados
1 (inicial) e 2 (final), assumidos por um sistema durante um processo, tem-se:
2 2
du u
1
2
u1 u CV dT
1
(4.15)
Do mesmo modo, tem-se que a entalpia específica também é uma diferencial exata e para uma
substância pura, ela pode ser expressa em termos da temperatura e pressão: h = h(T,P). Então:
h h
dh dT dP (4.16)
T P P T
h = CP = capacidade calorífica a pressão constante,
T P
dh h h h C dT
1
2 1
1
P (4.17)
Sistema fechado: dU = Q + W
dU = Q (se não existirem outros tipos de trabalho)
U = Q (forma integrada)
U
CV
T V
dU CV dT
T2
Q U C dT
T1
V
V2
W PdV 0
V1
H
CP
T P
dH CP dT
T2
Q H C dT
T1
P
W R T2 T1
Capacidade calorífica ou capacidade térmica é uma medida física quantitativa que especifica a
quantidade de calor que deve ser fornecido a uma determinada massa de um material qualquer para
elevar a sua temperatura em 1 grau (Unidade = J/K). É uma grandeza extensiva da matéria, ou seja,
proporcional ao tamanho do sistema.
O conceito capacidade calorífica pode ser aplicado a qualquer quantidade do material, mas
comumente é baseado em 1 mol ou em uma unidade de massa da substância. Nesses casos, tem-se
uma capacidade calorífica específica, também denominada calor específico, que é a capacidade
calorífica dividida pela massa da substância ou calor específico molar, se for por unidade de mol. Então
calor específico é definido como a energia requerida para elevar a temperatura de uma unidade de
massa de uma substância de um grau.
OBS: em alguns livros, o calor específico é descrito como a razão da capacidade calorífica de uma
substância em relação à capacidade calorífica de uma substância referência (normalmente água, por
apresentar capacidade calorífica igual a 1 a cerca de 17 oC), onde a temperatura desta substância deve
ser especificada.
Considerações importantes:
CP é sempre maior que CV (Figura 4.16)
Calor específico é função: da substância; da temperatura; do estado físico (Figura 4.17)
Figura 4.16 – Diferença entre CV e CP. Figura 4.17 – Calor específico como função da
temperatura.
Para gases ideais, U e H dependem somente de T. Então, nesse caso, as derivadas parciais podem
ser substituídas por derivadas ordinárias.
du cV T dT
2
u u2 u`1 cV T dT
1
dh cP T dT
2
h h2 h`1 cP T dT
1
Para sólidos e líquidos, a expressão de H deve ser reescrita, assumindo a seguinte forma:
T2
h vP
CP (T )dT (4.18)
T1
• Relação entre cP e cV
cP
cV
Razão entre calores específicos: = f(T)
- para gases monoatômicos, é praticamente constante e igual a 1,67
- para gases diatômicos = 1,40 à temperatura ambiente.
- para gases poliatômicos simples (CO2, SO2, NH3 e CH4) = 1,30
Sólidos e líquidos podem ser considerados substâncias incompressíveis (volume específico ou massa
específica são constantes);
CP = CV = C
Regra de Dulong-Petit: C = 3R/M (M é a massa molar em kg/mol)
Para pequenos intervalos de temperatura, pode ser utilizado um calor específico médio.
u cmédio T2 T1
h u Pv
dh du Pdv vdP
se volume é constante
dh du vdP
h cmédio T vP
para sólidos
h u cmédio T
Considerando 1 mol de gás ideal, tem-se PV = RT e nessa equação estão presentes as variáveis
(P, V, T), das quais apenas duas são independentes. A escolha dessas duas variáveis independentes gera
conjuntos de equações diferentes.
Tabela 4.4 - Equações para cálculo do calor e trabalho em processos envolvendo gases ideais.
Variável
Equação para cálculo do Q Equação para cálculo do W
dependente
dV dV
P = RT/V Q CV dT RT W RT
V V
dP dP
V = RT/P Q CP dT RT W RdT RT
P P
CV C
T = PV/R Q VdP P PdV W PdV
R R
Essas equações podem ser usadas para gases ideais em diversos tipos de processos, como por exemplo:
U = H = 0
0 Q W (atenção à convenção)
2 2
RT
Q W Pdv dv
1 1
v
v P
Q W RT ln 2 RT ln 2
v1 P1
dT R dV
Então
T CV V
R
T2 V1 CV
que integrando fornece
T1 V2
R CP
T2 P2 CP
P2 V1 CV
ou também:
T1 P1 P1 V2
CP
e da definição da razão entre os calores específicos dada por:
CV
1
TV 1 const. TP
const. PV const.
cuja aplicação é restrita aos gases ideais com capacidades caloríficas constantes em expansões ou
compressões adiabáticas e mecanicamente reversíveis.
A capacidade calorífica a pressão constante pode ser obtida principalmente das seguintes
formas:
I) Tabelas: existem tabelas que fornecem constantes de uma equação da forma polinomial, que
relaciona Cp como uma função da temperatura. Ao utilizar estas tabelas deve-se observar:
as unidades de Cp e T;
a faixa válida de T para a qual as constantes de Cp estão disponíveis;
a forma da equação que deve ser utilizada. Normalmente existem duas formas:
Estas formas polinomiais são aplicáveis para gases apenas a pressões onde podem ser
considerados ideais e para a faixa de temperatura para a qual os coeficientes foram ajustados. É
preciso estar atento às referências utilizadas para obter as expressões dos Cp’s, pois existem muitas
formas diferentes de expressá-los.
II) Dados de Cp médio: a capacidade calorífica média a pressão constante de uma substância que vai de
uma temperatura T1, usada como referência para construir uma tabela, até uma temperatura T2 pode
ser escrita como:
T2
h h
Cp(T )dT
CP 2 1 ou CP T 1 (4.19)
T2 T1 T2 T1
A Eq. 4.20 se aplica quando T1 é igual à própria temperatura de referência utilizada para
construir a tabela de Cp médio. Quando T1 for diferente dessa temperatura de referência, tomam-se os
valores de Cp médio da tabela nas duas temperaturas em questão e utiliza-se a Eq. 4.21. Ao utilizar
tabelas de Cp médio, deve-se observar atentamente a temperatura de referência adotada.
III.A – Regra de Kopp: a regra de Kopp é aplicada para estimar Cp de sólidos e líquidos a
temperaturas próximas de 20 oC. Ela utiliza o princípio de que o Cp de um composto é dado pelo
somatório dos Cp’s de cada elemento (átomo) do composto.
III.B – Soluções aquosas: como regra geral, na ausência de dados experimentais de Cp’s de
soluções aquosas, utiliza-se apenas o Cp da água.
Btu
Cp
lb . o F
m
0,355 0,128.10
2 o
API 0,503 0,117.102 o API 103.t .(0,05K 0, 41) (4.22)
na qual:
o
API = é uma medida da densidade; t = temperatura em oF e K = fator de caracterização da Universal Oil
Products.
III.D – Líquidos orgânicos: uma relação simples e razoavelmente precisa entre Cp em cal/(g.oC) a
25 oC e a massa molar é: Cp = kMa , onde M é a massa molar e k, a são constantes.
III.E – Vapores derivados de petróleo: pode ser estimada pela Equação 4.23:
III.F – Mistura de gases ou líquidos: para se calcular o calor específico e a entalpia de certas
misturas, algumas regras podem ser adotadas, a saber:
Regra 1: para uma mistura de gases e líquidos, calcula-se a variação total de entalpia como uma soma
das variações de entalpias dos componentes puros da mistura. Desse modo negligenciam-se as
variações de entalpia associadas com a mistura dos componentes (entalpia de solução). Esta
aproximação é muito boa quando se misturam líquidos ou gases similares.
Regra 2: pra soluções altamente diluídas de sólidos ou gases em líquidos, despreza-se a variação de
entalpia do soluto.
Regra 3: o Cp de uma mistura de gases ou líquidos pode ser obtido a partir de uma média ponderada
em termos dos Cp’s de cada constituinte. Assim:
n
CpMIST y1Cp1 y2Cp2 ... ou CpMIST y Cp (T )
i 1
i i
(4.24)
T2
h
CP mist
(T )dT (4.25)
T1
B – Calor latente
O calor latente é o efeito térmico que acompanha as mudanças de fase. Ele é definido como a
variação de entalpia por unidade de massa ou de mol, associada com a mudança de fase de uma
substância, mantidas constantes a pressão e a temperatura, quando se tratar de uma substância pura.
Assim, ao contrário do calor sensível, embora a entalpia do sistema seja alterada, alterando-se seu
potencial energético, a temperatura permanece a mesma. Basicamente são três os calores latentes: de
vaporização, de fusão e de sublimação. Os calores latentes de condensação, solidificação e resublimação
são, respectivamente, o negativo dos três primeiros. O calor latente varia bastante com a temperatura,
porém varia muito pouco com a pressão.
Equação de Riedel
ln Pc 1, 013
hvap 1, 093RTc Tebr (4.26)
0,930 Tebr
Equação de Chen
3,978Tebr 3,958 1,555ln Pc
hvap RTeb (4.27)
1, 07 Tebr
Equação de Vetere
sendo que o erro nas correlações acima situa-se normalmente abaixo dos 2%.
Uma fórmula simples para estimar um calor padrão de vaporização (hvap no ponto de ebulição
normal) é a Regra de Trouton, para a qual:
A entalpia de vaporização também pode ser calculada a partir de um valor conhecido da pressão
de vapor da substância, utilizando-se a equação de Clausius-Clapeyron (ver item 4.10.1):
hvap
ln Pvap B
RT
É definido nos mesmos moldes do calor latente de vaporização, porém refere-se ao calor
necessário para derreter um sólido a P e T constantes. Pode ser estimado pela equação:
Calor necessário para vaporizar um sólido puro a P e T constantes. As referências citadas como
fontes de dados sobre capacidades caloríficas também são muito utilizadas para cálculos de calores
latentes, seja através de dados tabelados ou então de equações empíricas.
Quando duas ou mais substâncias são misturadas a T e P constantes, pode haver liberação ou
absorção de calor como resultado das interações moleculares provenientes da combinação das
substâncias. Em geral, utilizam-se duas definições de calores de mistura, em função do estado das
substâncias que estão sendo misturadas. Assim:
C.1 – Calor integral de solução: é a variação de entalpia para um processo no qual 1 mol de um
soluto (gás ou sólido) é dissolvido em n mols de um líquido a T constante. A nomenclatura utilizada para
indicar este efeito é hsol (T , n)
C.2 – Calor de mistura: possui o mesmo significado do calor integral de solução, porém, refere-se
ao calor liberado ou absorvido quando se misturam dois líquidos. Sua nomenclatura é: hmist . O calor
de separação é o negativo do calor de mistura.
Existem duas formas de se avaliar o calor integral de solução e o calor de mistura. A primeira é
através de tabelas, onde se deve atentar para a temperatura de referência utilizada no levantamento
dos dados. A segunda é através dos diagramas entalpia vs. concentração, que são gráficos de entalpia
específica de uma mistura vs. a porcentagem molar ou mássica de um componente. Estes gráficos
podem representar sistemas de até duas fases. Ao utilizá-los, deve-se observar a escolha de uma base
de cálculo e a temperatura de referência utilizada.
Os termos “calor sensível”; “calor latente”; “calor de reação”; “calor de processo”; “fonte de calor”; etc
não são termos consistentes com o significado termodinâmico de calor! Calor é diferente de energia
térmica e o termo transferência de calor é redundante!
A descrição feita a seguir baseia-se na Figura 4.18 que apresenta um diagrama P-T para uma
substância pura. A forma qualitativa do diagrama da Figura 4.18 aplica-se a qualquer substância pura,
mas na descrição a seguir, feita para os estados indicados no diagrama, serão utilizadas grandezas da
água, pela maior facilidade de associar dados de temperatura e pressão com estados físicos conhecidos.
P
3 Fluido
C
Pc
Sólido Líquido
Gás
1 Vapor
2
Tc T
Figura 4.18 – Regiões do Diagrama P-T de uma substância pura.
A curva 2-C na Figura 4.18 representa a curva de saturação líquido-vapor (curva de vaporização ou
curva de condensação), indicando o par P-T necessário para que possam coexistir duas fases em
equilíbrio para uma substância pura. A temperatura sobre esta curva é a temperatura de ebulição da
substância numa determinada pressão, denominada pressão de vapor ou pressão de saturação (em
Termodinâmica, saturação e equilíbrio são sinônimos).
evacuado e fechado, uma parte desse líquido irá se vaporizar. A pressão no espaço acima do líquido irá
aumentar e eventualmente se estabilizará a um valor constante, que é a pressão de vapor.
A pressão de vapor é função unicamente da temperatura e para uma dada temperatura só existe
uma única pressão na qual as fases líquida e vapor de uma substância pura podem existir em equilíbrio.
Esta pressão também é denominada pressão de saturação (saturação = equilíbrio).
Os pares de temperatura e pressão de saturação são pontos que ficam situados sobre a curva de
saturação (curva de vaporização/condensação) de um diagrama P vs. T (conforme mencionado
anteriormente em relação à Figura 4.18) de uma substância pura, que indica a fronteira entre as fases
líquida e vapor.
Pressão de vapor e ponto de ebulição possuem uma relação íntima. O ponto de ebulição é a
temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se iguala à pressão externa. Quando isso acontece,
as moléculas da fase líquida possuem energia suficiente para vencerem as forças intermoleculares que
as mantêm unidas e então ocorre a mudança de fase. Por exemplo, devido ao fato da pressão
atmosférica ser menor a grandes altitudes, o ponto de ebulição de uma substância também é menor
nessas condições.
A maior parte das substâncias possui pressões de vapor muito baixas. Por exemplo, a água tem
uma pressão de vapor de aproximadamente 3 kPa na temperatura ambiente, mas, uma vez que a
pressão de vapor sempre aumenta com a temperatura, a 100 oC ela é de 101,325 kPa.
Em geral, quanto maior a pressão de vapor de uma substância a uma dada temperatura, menor é
o seu ponto de ebulição. Em outras palavras, compostos com pressão de vapor alta são muito voláteis,
formando uma concentração alta de vapor acima do líquido.
Por tudo que foi exposto, os valores da pressão de vapor de uma substância são extremamente
importantes nos cálculos das condições de equilíbrio líquido-vapor, necessárias ao projeto e
desenvolvimento de equipamentos e processos de engenharia. Os valores da pressão de vapor podem
ser obtidos de gráficos, tabelas ou então podem ser calculados a partir de equações apropriadas,
principalmente quando não existem dados sobre a substância ou sobre a faixa de temperatura desejada.
A seguir apresentam-se algumas equações para estimar a pressão de vapor de componentes puros.
Quando a fase vapor de um fluido puro se encontra em equilíbrio com a fase líquida, a aplicação
dos critérios de equilíbrio de fases, através do formalismo termodinâmico, deduzir a seguinte equação:
d P sat H v
(4.32)
dT T Vv
conhecida como equação de Clapeyron, que relaciona a pressão de vapor (Psat) e a temperatura (T), com
a entalpia de vaporização ( H v ) e a diferença de volume entre o vapor saturado e o líquido saturado
( Vv ).
A menos que a pressão seja extremamente alta, o volume específico do líquido é desprezível em
relação ao volume do vapor, portanto, Vv Vvapor. Neste caso, assumindo-se que o vapor comporta-se
como um gás ideal, substituindo V por RT/P, a Eq. 4.32 pode ser alterada, obtendo-se a seguinte
equação:
d ln P sat H v
(4.33)
d 1 T R
A integração dessa equação permite obter uma relação entre a pressão de vapor e a
temperatura do sistema. Porém, quando se pode admitir que a entalpia de vaporização de uma
substância independe da temperatura, na faixa de temperatura para a qual se dispõe dos valores da
pressão de saturação, podem-se separar as variáveis da Eq. 4.33 e integrar ambos os lados, obtendo-se
então a chamada equação de Clausius-Clapeyron, dada por:
H v
ln P sat B (4.34)
RT
na qual B é uma constante que varia de acordo com cada substância. De acordo com a Eq. 4.34 uma
representação gráfica de lnPsat vs. 1/T geralmente fornece uma linha que é aproximadamente uma reta,
H v
com uma inclinação dada e um intersecção dada por B.
R
Retornando agora à Figura 4.18, o ponto 2 é denominado ponto triplo e o ponto C é chamado
ponto crítico.
Ponto triplo (P.T.): é aquele no qual três fases (sólido + líquido + vapor) coexistem em equilíbrio.
Nesse ponto existem três fases, à mesma temperatura e pressão e uma única substância. No caso da
água esse ponto é 0,01 oC e 0,611 kPa.
Ponto Crítico (P.C.): é aquele acima do qual não existe distinção entre as fases líquida e vapor, sendo
suas coordenadas a temperatura crítica (Tc) e a pressão crítica (Pc), que formam o par P-T cujos
valores são os mais elevados nos quais uma espécie química pura pode ainda existir em equilíbrio
líquido/vapor. Acima e à direita do ponto crítico nunca podem coexistir duas fases separadas. Essa
região é denominada “região de fluido” ou também “região supercrítica”. Cada substância pura tem
seu próprio ponto crítico, no caso da água esse ponto é 374,15 oC e 22,12 MPa.
Traçando uma reta vertical e outra horizontal pelo ponto crítico, determinam-se duas novas
regiões no diagrama de uma substância pura (vide Figura 4.18). A região situada abaixo da pressão
crítica e acima da temperatura crítica é denominada região de gás e a região situada acima da pressão
crítica e também acima da temperatura crítica é denominada região de fluido.
Embora no dia-a-dia os termos gás e vapor sejam usados como sinônimos e o termo fluido se
aplique tanto a gases como vapores e líquidos, em Termodinâmica suas diferenças são muito bem
definidas. Um vapor pode ser liquefeito por meio de um processo de compressão a temperatura
constante, já um gás, se comprimido à temperatura constante, vira um fluido. Para que ele seja
liquefeito em um processo de compressão, é preciso também reduzir sua temperatura. Completando as
curvas representadas na Figura 4.18, a curva 2-3 representa o equilíbrio líquido-sólido e as temperaturas
sobre esta curva são chamadas temperaturas de fusão ou congelamento. A curva 1-2 representa o
equilíbrio sólido-vapor e as temperaturas sobre esta curva são as temperaturas de sublimação.
Uma substância possui muitas temperaturas de ebulição, estes valores dependem da pressão do
sistema. Normalmente nos referimos à pressão atmosférica, quando informamos a alguém sobre o
ponto de ebulição de uma determinada substância. Entretanto, a maneira mais correta de fornecer este
dado é mencionando o par pressão-temperatura. Por isso, devemos nos acostumar a referir à
temperatura normal de ebulição, deixando a entender que nos referimos à temperatura de ebulição a 1
atm de pressão.
Para caracterizar um sistema, faz-se uso da Regra das Fases de Gibbs, que nos diz o número de
variáveis intensivas do sistema (F), composto de fases, e n espécies químicas diferentes. Variáveis
intensivas são aquelas que independem da massa do sistema, sendo que em qualquer ponto do sistema
seu valor é o mesmo (exemplo: pressão, temperatura e fração molar de cada fase presente no sistema).
Portanto o número de variáveis intensivas pode ser entendido como o número de graus de liberdade do
sistema, ou seja, é o número mínimo de variáveis intensivas que são necessárias para se caracterizar o
estado em que o sistema se encontra. Em contraposição a estas variáveis, existem as chamadas
variáveis extensivas, que são aquelas que dependem do tamanho e da massa do sistema, tais como:
volume, entalpia, energia interna. A relação entre duas grandezas extensivas resulta sempre em uma
grandeza intensiva, como por exemplo: volume específico (razão entre o volume do sistema e a sua
massa). A Regra das fases de Gibbs para sistemas sem reações químicas e sem restrições é:
F=2- + n (4.35)
Assim, por exemplo, se um sistema é composto de uma mistura de vapor e água líquida ( = 2;
duas fases e n = 1; pois só existe uma substância que é a água), necessita-se de apenas uma variável
intensiva (P ou T) para caracterizá-lo, pois F = 2 + 1 - 2 = 1. Se por um acaso se escolher um valor de T,
há somente um único valor de P correspondente a este valor, que proporciona a existência de uma
mistura de vapor e água, que é exatamente um ponto sobre a curva de equilíbrio líquido-vapor.
Sólido Líquido
A• • •D
B
1 Vapor
2
T
Figura 4.19 – Processo de aquecimento a pressão constante seguindo a trajetória A-B-D.
Suponha que este processo de aquecimento seja aplicado a um sistema constituído de um
conjunto pistão-cilindro, à prova de vazamentos, no qual calor pode ser adicionado ou retirado
(diminuindo ou aumentando a temperatura interna). O pistão pode se mover livremente e sem atrito,
permitindo alterar o volume do cilindro. Se este cilindro contém inicialmente apenas água líquida a uma
pressão de 1 atm e a 25 oC, este estado pode ser representado por um ponto A na Figura 4.19, que se
situa na região do líquido. Neste estado o líquido é denominado líquido comprimido ou líquido
subresfriado.
Procedendo com novo aquecimento após a vaporização da última gota de líquido, volta-se a
fornecer calor sensível ao sistema. O volume do sistema continua aumentando (expansão do gás devido
ao aquecimento à pressão constante) e também sua temperatura. Neste estado o vapor passa a ser
denominado vapor superaquecido, como o ponto D a 1 atm e 150 oC, por exemplo.
A Figura 4.20 também ilustra essa transição entre os pontos A e D, com destaque para a região
onde as fases líquida e vapor coexistem em equilíbrio (ponto B), desde o aparecimento da primeira
bolha, até o desaparecimento da última gota.
no volume do sistema, é importante definir uma grandeza que auxilie a compreender em que ponto o
sistema se encontra durante o processo de vaporização. Essa grandeza é denominada título ou
qualidade e é definida como a relação entre a massa de vapor do sistema e sua massa total, conforme
demonstra a Equação 4.36:
massa de vapor
Título x (4.36)
massa total
Assim, no estado de líquido saturado tem-se x = 0 e no estado de vapor saturado tem-se x = 1.
Quando 0 < x < 1, tem-se uma mistura de (líquido + vapor) saturados. A Tabela 4.5 apresenta um resumo
do que foi dito até aqui.
Tabela 4.5 - Valores de título em função do estado físico de uma substância pura.
Estado Equivale a Valor do título
Uma grandeza intensiva termodinâmica qualquer, G (que pode ser entalpia, energia interna,
volume específico, etc) para um sistema constituído de uma mistura de (líquido + vapor) saturados,
pode ser calculada por uma média ponderada utilizando-se o título, como na Equação 4.37:
na qual os índices Vsat e Lsat indicam respectivamente os valores das grandezas do vapor saturado e do
líquido saturado. Quando se tratar de um estado de saturação, necessariamente é preciso especificar o
valor de x para que se possam calcular as grandezas termodinâmicas do sistema. Ou ao contrário, o
valor de x pode ser obtido a partir das grandezas termodinâmicas, rearranjando a Eq. (4.37), obtendo a
Eq. (4.38) a seguir:
G GLsat
x (4.38)
GVsat GLsat
Em muitas indústrias químicas, principalmente as de maior porte, são utilizadas caldeiras de alta
pressão (operando acima de 3500 kPa). Para fazer uso mais eficiente dos combustíveis queimados
nessas caldeiras, essas empresas geram vapor a alta temperatura e alta pressão, o qual é utilizado em
conjuntos turbo-geradores para obter energia elétrica que é consumida na própria indústria (ou pode
ser até mesmo um produto vendido para outras empresas). Na turbina do conjunto turbo-gerador são
realizadas retiradas laterais de vapor, em diferentes estágios da turbina (vapores de média e baixa
pressão), sendo essas frações utilizadas nos processos industriais como agente de aquecimento ou
transportador de calor. Dependendo dos interesses e das condições operacionais, o vapor gerado na
caldeira também pode ser exclusivamente utilizado como fonte de calor, não estando presente a etapa
de geração de energia elétrica em conjuntos turbo-geradores.
As caldeiras de alta pressão requerem água de melhor qualidade para a geração de vapor com o
objetivo de preservação dos equipamentos que estão inseridos no setor de utilidades da empresa. Esse
setor envolve: sistema de captação de água, tratamento primário e secundário da água, recuperação e
tratamento de condensado de vapor, torres de resfriamento, caldeiras, turbo-geradores e o sistema de
ar comprimido.
Portanto, um grande número de problemas envolvendo balanços de energia utiliza como fonte
principal de energia o vapor de processo, obtido do setor de utilidades em diferentes condições de
temperatura, pressão e vazão, dependendo das necessidades do processo. Assim para realizar cálculos
de balanço de energia envolvendo vapor d’água é fundamental a utilização correta de uma tabela de
vapor que fornece os valores das grandezas necessárias para resolver estes balanços.
O primeiro passo para se utilizar a Tabela de Vapor é identificar corretamente o estado físico da
água. Para aprender a utilizar a Tabela de Vapor, consulte o material complementar da disciplina,
disponibilizado na forma de arquivo eletrônico. A identificação do estado físico pode partir de três
situações diferentes:
Pode-se começar escolhendo uma das duas grandezas (P ou T). Por exemplo, escolhendo P
procura-se a sua respectiva T de saturação na Tabela de Vapor Saturado. Se a T dada for igual à T de
saturação encontrada, então se tem um estado de saturação, que pode ser líquido saturado, vapor
saturado ou uma mistura (líquido + vapor) saturado. A distinção entre essas três possibilidades será
feita, necessariamente, pelo valor do título (x), que, neste caso, deveria ser uma informação adicional
fornecida (caindo então na Situação 2 a seguir). Se a T for inferior à T de saturação então o estado será
líquido comprimido e no caso em que for superior à T de saturação, será então vapor superaquecido.
que permite uma terceira opção para essa Situação 1, que é tomar o valor da pressão e procurar na
Tabela de Vapor Superaquecido, pois nela os valores de pressão encontram-se em ordem crescente de
números inteiros. Compara-se então a temperatura dada com o valor de Tsat (valor que fica abaixo do
valor da pressão, entre parênteses), realizando a mesma análise descrita anteriormente para T.
Como foi dado um valor para o título (x), então necessariamente, tem-se um estado de
saturação (equilíbrio líquido-vapor). Assim, se foi dado um valor de T a pressão será, necessariamente a
Psat para esta temperatura ou se foi dado um valor de P, a temperatura será Tsat a esta pressão (é
desnecessário fornecer ambas T e P). As demais grandezas termodinâmicas (U, H, S, V ) são calculadas
por uma média ponderada, dada pela Equação 4.39 na qual G representa uma grandeza termodinâmica
qualquer e os índices se referem ao valor dessa grandeza para o vapor saturado (Vsat) e para o líquido
saturado (Lsat).
G = xGVsat + (1 – x)GLsat (4.39)
Nesse último caso, em que se tem uma mistura (L+V)sat é preciso calcular imediatamente o valor
do título, usando-se a Equação (4.40) – obtida da Equação 4.39 – pois ele será necessário para obter os
valores das outras grandezas termodinâmicas utilizando a Equação 4.39.
(4.40)
Para o estado de líquido comprimido, existem tabelas específicas com os valores das grandezas
termodinâmicas para esse estado, mas no caso de não estarem disponíveis, as seguintes aproximações
podem ser realizadas sem grandes erros nos cálculos, considerando-se apenas a temperatura do sistema
e não a pressão:
uLcomp (T) uLsat (T)
vLcomp (T) vLsat (T)
hLcomp (T) hLsat (T)
A aproximação dos valores da entalpia do líquido comprimido como sendo a do líquido saturado,
na mesma temperatura, é aceitável para os casos em que a pressão do líquido não é muito superior à
sua pressão de saturação na temperatura em questão.
Porém, quando a pressão dada é muito superior à pressão de saturação para a temperatura do
líquido em questão, a entalpia do líquido comprimido pode ser obtida da Equação 4.41 na qual as
variáveis entre parênteses são os argumentos dos quais a grandeza termodinâmica depende (há uma
equação termodinamicamente mais precisa, mas será abordada na disciplina de Termodinâmica).
(4.41)
Como exercício desse item 4.10.2 sugere-se o preenchimento da Tabela 4.6 a seguir.
A Figura 4.21 apresenta um esquema qualitativo de um diagrama P-V típico para as regiões de
líquido, equilíbrio líquido-vapor e de vapor, no qual a curva BC representa os pontos de líquido saturado
e a curva CD os de vapor saturado e o ponto C é o ponto crítico. À esquerda da curva BC tem-se a região
de líquido, à direita da curva CD a região de vapor e abaixo da curva BCD a região de equilíbrio líquido-
vapor. Os pontos ao longo das linhas horizontais dessa região (exemplo J e K) representam todas as
possíveis misturas de líquido e vapor em equilíbrio e vão desde 100% de líquido na extremidade
esquerda até 100% de vapor na extremidade direita.
Neste diagrama é possível observar a variação de volume (expansão) que ocorre quando uma
substância pura muda do estado de líquido saturado até vapor saturado, a T e P constantes, o que não
era possível no diagrama P-T. As linhas tracejadas são isotermas, as quais são bastante inclinadas na
região de líquido, porque o volume de um líquido varia pouco com grandes variações de pressão. A
isoterma da temperatura crítica apresenta uma inflexão no ponto crítico, no qual as fases líquida e
vapor não podem ser distinguidas, pois suas grandezas termodinâmicas tornam-se idênticas. Traçando-
se uma reta horizontal paralela ao eixo de V a partir do valor de Pc é possível definir a região de fluido,
que será aquela que está acima dessa reta horizontal e acima da isoterma de Tc.
a) câmaras de mistura – uma câmara de mistura é um sistema onde duas ou mais correntes afluentes
de determinados fluidos se misturam, formando uma única corrente de saída (efluente). Um
exemplo típico é a mistura de uma corrente de água quente, com uma de água fria, por exemplo,
para obter uma corrente de água morna que alimentará um chuveiro.
b) trocadores de calor – são equipamentos projetados para realizar a troca de calor entre dois fluidos
diferentes. Ao contrário da câmara de mistura, esses fluidos não se misturam, pois há uma fronteira
física que os separa. A transferência de calor se dá através dessa fronteira. Um exemplo típico de um
trocador de calor é uma serpentina para gelar chope, na qual a bebida é resfriada por troca térmica
com gelo ou água gelada, que envolve a serpentina; ou então um radiador de automóveis, no qual a
água de refrigeração do motor tem sua temperatura reduzida ao trocar calor com o ar exterior, que
passa através dos tubos por onde a água circula;
c) fluxo em dutos e tubulações – essa é uma aplicação que está sempre presente em qualquer
indústria, pois envolve o transporte de líquidos e gases. O fluxo pode ser considerado estacionário
durante a operação normal da indústria, sendo transiente apenas nas situações de partidas e
paradas. O balanço de energia pode ser aplicado a uma determinada seção da tubulação.
d) turbinas – são dispositivos normalmente utilizados para mover um gerador elétrico em usinas
termoelétricas (a gás ou vapor) e hidrelétricas. Um fluido qualquer realiza trabalho sobre as palhetas
da turbina que estão acopladas a um eixo central. O eixo gira e a turbina produz trabalho de eixo,
que num gerador é transformado em energia elétrica. Também são dispositivos que podem ser
usados para propulsão (ex: aviões) aproveitando a pressão dos gases provenientes de uma câmara
de combustão;
f) válvulas de estrangulamento – são dispositivos que impõem algum tipo de restrição ao escoamento
de um fluido, produzindo uma redução significativa na pressão do fluido (líquido ou gás) numa linha
de processo. Os mais comuns são: válvula parcialmente aberta, placa porosa, ou tampa e tubos
capilares;
g) bocais e difusores – bocais são dispositivos que aumentam a velocidade de um fluido à custa de
uma redução da pressão e difusores fazem o processo inverso, aumentando a pressão de um fluido
ao reduzir sua velocidade.
A Tabela 4.7 apresenta as principais características de cada um dos itens citados anteriormente, com
as simplificações de cada um que podem ser adotadas ao se utilizar a Primeira Lei.
Câmara de
0 0 0 0
mistura
Depende do
Trocador volume de
de calor controle: 0 0 0
(TC) 0 (se for o TC)
0 (se for um
dos fluidos)
Fluxo em
0 0 0 0
dutos (se
(se tubo não for tubulação
isolado) vertical)
Turbinas 0 0 0 0
Compressores 0 0 0 0
e bombas
Válvula de 0 0 0 0
estrangulamen
to
Bocais 0 0 0 0
Difusores 0 0 0 0
As relações PVT de fluidos reais podem ser obtidas das seguintes formas:
• dados experimentais;
• dados tabelados;
• gráficos e diagramas;
• equações de estado;
• programas computacionais específicos (inclusive simuladores de processos).
Por exemplo, nos cálculos de projeto de uma coluna de destilação, é necessário saber a pressão
de vapor e a volatilidade relativa dos componentes do sistema; para o dimensionamento de um
cristalizador, necessitam-se dados da solubilidade, em função da temperatura e para um extrator, é
necessário conhecer o coeficiente de distribuição do soluto entre as fases, etc. Nos casos de sistemas
que contenham uma fase gasosa, o comportamento do gás pode ser descrito por uma equação de
estado.
A equação de estado de um gás é uma relação matemática (modelo) que envolve as seguintes
variáveis do sistema: pressão absoluta (P), temperatura absoluta (T), volume (V) e quantidade de
matéria (massa - m ou mols - n). São, portanto, formulações analíticas da relação PVT que são
particularmente convenientes para se efetuar as operações matemáticas necessárias ao cálculo da
energia interna, entalpia, entropia e outras grandezas termodinâmicas.
Equação de Estado
Existem várias equações de estado e em EQ481 será abordada apenas a equação dos gases
ideais (uma visão mais detalhada de equações de estado é vista na disciplina de Termodinâmica). Em
geral, as maiores diferenças existentes dentre as diversas equações de estado já propostas, estão
relacionadas com a simplicidade do cálculo computacional e com a qualidade dos resultados, no que se
refere a: dados a altas pressões, dados para a fase líquida e para moléculas polares. Para a fase gasosa
as equações de estado são relativamente simples e em número suficiente. Já para a fase líquida são
necessárias equações de estado mais elaboradas, que porém devem evitar ser muito complexas.
Um gás ideal ou gás perfeito é um gás hipotético, que pode ser representado pela equação dos
gases ideais, a qual deriva da teoria cinética dos gases e que se baseia nas seguintes hipóteses:
moléculas possuem volume desprezável; todas as colisões entre átomos e moléculas e entre estes e a
parede do recipiente que os contém são perfeitamente elásticas e não estão presentes forças
intermoleculares entre estes átomos e moléculas, ou seja, não existem forças de interações moleculares
(atração ou repulsão) entre as espécies do sistema. Em um gás ideal a energia interna depende somente
da temperatura. O modelo matemático, ou seja, a equação de estado, que descreve o comportamento
de um gás ideal é:
PV = nRT ou Pv = RT (4.42)
na qual P = pressão absoluta do sistema; V = volume do sistema; v = V/n o volume molar do sistema, T é
a temperatura absoluta do sistema e R é a constante universal do gases. A Tabela 4.8 apresenta diversos
valores para R, os quais são úteis dependendo do sistema de unidades utilizado nos cálculos.
A equação dos gases ideais é mais adequada para ser aplicada em condições de pressões baixas e
temperaturas altas, nas quais há menos desvios da idealidade, pelo fato dessas condições
desfavorecerem as interações entre as moléculas. O que se entende por baixa ou alta tem a ver com as
grandezas críticas. Esta equação é tanto mais precisa quanto maior for a temperatura do sistema em
relação à temperatura crítica e quanto menor a pressão em relação à pressão crítica da substância que
compõe o sistema (no caso de misturas, dos valores de T e P críticos dessa mistura).
entra = sai quando o balanço for feito para a massa de uma espécie atômica ou mol de uma
espécie atômica;
entra sai quando o balanço se referir aos moles totais, massa de um componente ou mol de um
componente.
Nos balanços em sistemas reativos, algumas definições merecem especial atenção, por serem
amplamente utilizadas. São elas:
2) Reagente limitante: é aquele que está presente no meio reacional na menor quantidade
estequiométrica, o qual desaparece (é consumido) primeiro, caso a reação seja levada até o fim (Obs: a
conversão máxima possível dos reagentes em uma reação química é a conversão de equilíbrio, que por
sua vez depende basicamente da temperatura, pressão e composição da carga de reagentes alimentada
a um reator, e esta conversão pode não ser 100%. O cálculo da conversão de equilíbrio é abordado no
tópico Equilíbrio Químico, na disciplina Termodinâmica II – EQ515). O reagente limitante é aquele que
determina a conversão da reação, pois ao desaparecer, a reação deixa de ocorrer. Todos os demais
reagentes presentes são chamados de reagentes em excesso.
nexc nest
4) Fração em excesso: é definida para um reagente como , onde nexc é o número de
nest
mols do reagente que está presente em excesso e nest é o número de mols correspondente à proporção
estequiométrica (necessários para reagir com o agente limitante). OBS: nexc > nest.
Em processos envolvendo correntes de reciclo existem dois tipos de conversão: conversão global
do processo e conversão por passe no reator. A conversão global é obtida considerando-se como
volume de controle (sistema) o processo inteiro que está sendo analisado, ou seja, interessam apenas as
correntes que alimentam e que saem do processo global. A conversão por passe considera como volume
de controle apenas o reator, ou seja, interessam somente as correntes que entra e saem do reator.
Conceito importante: em processos com reciclo, operando em estado estacionário, onde todos
os reagentes não consumidos no reator são separados dos produtos e então reciclados, a carga
fresca se constitui exatamente da quantidade de reagentes necessária ao processo, ou seja, a
carga fresca é a quantidade de reagentes que é consumida no reator e o reciclo é constituído
apenas dos reagentes não consumidos.
9) Rendimento: uma definição geral de rendimento, aplicável a qualquer campo de estudo, pode
ser escrita pela seguinte equação:
Encontram-se em alguns livros, outras definições para rendimento, que são apresentadas a
seguir a título de informação adicional:
10) Seletividade: é um termo que se aplica quando existem reações paralelas, indesejadas, que
acabam por consumir reagentes para formar produtos que não são de interesse. É definida como:
11) Corrente de purga: nos processos onde estão presentes correntes de reciclo, podem ocorrer
dois problemas sérios. Imagine que a corrente de alimentação contenha algum componente inerte ao
processo ou então, que no processo ocorram reações secundárias (em paralelo com a reação principal)
que são responsáveis pela geração de produtos indesejáveis ao processo. Se na sequência do processo,
ao passar pelo separador, não ocorrer nenhuma remoção dos inertes e/ou dos produtos secundários,
eles estarão presentes na corrente de reciclo e retornarão para o início do processo. Se nada for feito
para impedir isso (uma opção é não utilizar uma corrente de reciclo), essas substâncias (inertes e/ou
Nos casos em que a corrente de purga for utilizada para remover um componente inerte
presente na corrente de alimentação, a quantidade desse elemento presente na corrente de purga, com
o processo operando em estado estacionário, corresponderá exatamente à mesma quantidade de
inertes presentes na corrente de alimentação, caso não existam inertes presentes na corrente de
produto, pois assim o balanço de inertes no sistema global será fechado.
Reciclo
Divisor Purga
O grau de avanço de uma reação (também chamado de: coordenada de reação, grau de reação,
extensão da reação ou variável de progresso) fornece a medida do quanto uma determinada reação
química ocorreu. Através dessa grandeza é possível determinar a composição final da corrente de
produtos que deixa um reator e também a conversão dos reagentes. A forma geral de se escrever uma
reação química é:
1 A1 2 A2 ... 3 A3 4 A4 ...
(5.8)
na qual
i = são os coeficientes estequiométricos das espécies i. Quando tomados sem o módulo, os i são
denominados números estequiométricos; os quais para espécies inertes são considerados zero; Ai =
representa a fórmula química da espécie i.
Por exemplo a reação de reforma do gás metano, reagindo com vapor d’água para obter os gases
combustíveis CO (monóxido de carbono) e H2 (hidrogênio), tem-se que:
da qual, pela estequiometria da reação, sabe-se que 1 mol de metano reage (é consumido) junto com 1
mol de água para formar (produzir) 1 mol de monóxido de carbono e 3 moles de hidrogênio. Esta
proporção da variação do número de moles é sempre mantida, a fim de se respeitar a estequiometria da
reação. Consideremos então alguns exemplos de composição inicial para um sistema que contém as
quatro substâncias que participam da reação descrita acima, conforme a Tabela 5.1.
O importante é observar que em cada uma das situações descritas anteriormente na Tabela 5.1,
as variações do número de moles dos componentes (ni) mantêm sempre a mesma proporção entre si e
que esta proporção está relacionada aos coeficientes estequiométricos da reação. Assim, aplicando um
índice às substâncias, pela ordem em que estão na reação, tem-se que:
Considerando então uma variação infinitesimal do número de moles das substâncias (dni) e os
números estequiométricos (i) com a convenção adotada (negativo para reagentes e positivo para
produtos), pode ser escrita a seguinte relação:
a qual pode ser estendida para uma reação qualquer com n reagentes e m produtos. Como todos os
termos da equação acima são iguais, eles podem ser identificados coletivamente como uma única
grandeza, que irá representar “a quantidade” com que uma reação ocorreu, a qual recebe a
denominação de grau de avanço da reação, caracterizando a extensão ou grau até o qual a equação
ocorreu. Portanto uma definição de coordenada de reação provém da Eq. (5.9) e pode ser dada por:
e a relação geral entre uma variação infinitesimal dn no número de moles de uma espécie da reação
química e d é dada por:
Sendo assim, integrando a Eq. 5.11 de um estado inicial no qual ainda não ocorreu a reação, ou
seja, no qual = 0 e ni = nio (número de moles iniciais de cada componente), até um estado alcançado
após a reação de uma quantidade arbitrária de um reagente, fornece;
ni
dni i d (5.12)
nio 0
e resolvendo as integrais, tem-se que:
ni = nio + i (i = 1,2,...,N) (5.13)
obs: alguns livros utilizam a letra grega ksi minúscula () para indicar o grau de avanço.
A soma sobre todas as espécies fornece:
n ni nio i (5.14)
i i i
sendo que
n ni no nio i
i i i
ou n = no +
Desta forma, as frações molares yi das espécies presentes estão relacionadas à coordenada de
reação pela seguinte equação:
n n
yi i io i (5.15)
n no
e assim a composição do sistema reacional, em qualquer momento depois de iniciada a reação química,
pode ser determinada com base na sua composição inicial, na estequiometria da reação e conhecendo-
se o ponto até o qual a reação ocorreu, ou seja, seu grau de avanço, que por exemplo, pode ser obtido
através da análise quantitativa de um componente qualquer do sistema (reagente ou produto).
Somando sobre todas as espécies para obter o número total de moles do sistema, tem-se:
n no j j
j
a qual combinada com a Eq. 5.17 permite calcular a fração molar do componente i no sistema
nio i , j j
j
yi (i = 1, 2, ..., N) (5.19)
no j j
j
Na realização de balanços de massa em sistemas reativos é muito útil construir uma tabela que
permita visualizar claramente a composição das correntes de entrada e saída do reator, utilizando o
conceito de grau de avanço. Para o exemplo da reação de reforma dado anteriormente:
considere que a corrente de alimentação tem a seguinte composição (em % molar): 45% CH 4, 50% H2O,
2% CO, 3% CO2. Para uma vazão de 100 mol/h dessa corrente, pode-se construir a Tabela 5.2
representativa do balanço de massa no reator.
Obs: o CO2 é um inerte nessa reação, pois não participa da mesma, mas como ele está presente no
sistema, deve, necessariamente, estar envolvido no balanço de massa.
O grau de avanço de uma reação não deve ser confundido com a conversão de um determinado
reagente nesta reação. A conversão é definida como a fração da alimentação ou de algum material da
carga de alimentação (reagente) que é convertida(o) em produtos.
ni reagidos
Conversão (%) = 100 (5.20)
ni alimentados
O número de moles do componente i que reagiram pode ser obtido da variação entre o número
de moles inicial de i (ou seja, número de moles alimentados no reator) e o número de moles ao final da
reação (saída do reator):
ni reagidos = ni nio (5.21)
ou seja
n nio ni
Conversão = i (5.22)
nio nio
para reagentes, ni será sempre negativo (< 0), pois há consumo de moles. Por definição, ni i e
por convenção, o número estequiométrico de um reagente é negativo (i < 0), portanto:
ni i i
Conversão = (5.23)
nio nio nio
Conversão (%) = i 100 (5.24)
nio
de onde se conclui que o grau avanço de uma reação será igual à conversão de um determinado
reagente i somente quando o coeficiente estequiométrico deste reagente for igual ao seu número de
moles inicial.
O valor do (grau de avanço) não deve ser confundido com o número de moles que são gerados
ou consumidos. Com ele é possível calcular os valores de moles de produtos gerados e de reagentes
consumidos, mas eles não são necessariamente iguais. Eventualmente isso poderá acontecer, mas
dependerá da carga inicial da alimentação e também da extensão com que a reação ocorre. Assim, por
meio do conceito do grau de avanço obtém-se quanto de reagente foi consumido, para assim poder se
calcular sua conversão e então efetuar o balanço de massa do sistema, seguindo a estequiometria da
reação.
É importante também não confundir conversão com rendimento. O termo rendimento em geral
se refere ao produto e aplica-se a sistemas nos quais ocorre mais de uma reação, sendo que em função
da existência de reações paralelas, parte do reagente é consumida sem gerar o produto desejado.
Assim, quando não estão presentes reações paralelas, conversão e rendimento terão o mesmo valor.
Por fim, utilizando-se o conceito de grau de avanço, podemos escrever a equação geral do
balanço de massa, tanto na forma diferencial como na forma integral, adicionando tanto às equações
2.2 e 2.3 como às equações 2.5 e 2.6, os termos referentes ao consumo e geração de componentes,
utilizando a convenção adotada para o número estequiométrico (i), as quais serão então descritas da
seguinte forma:
n m
dmsistema
Balanço de massa total = me ms (2.2)
dt e 1 s 1
dmi ,sistema n m r
Balanço de massa por componente (i) = me,i ms ,i i ,k M i k (5.25)
dt e 1 s 1 k 1
sendo "r" o número total de reações químicas independentes e M a massa molar do componente i.
n m r c
dnsistema
Balanço de moles total = ne ns i ,k k (5.26)
dt e 1 s 1 k 1 i 1
dni , sistema n m r
Balanço de moles por componente (i) = ne,i ns ,i i ,k k (5.27)
dt e 1 s 1 k 1
n tf m tf
Balanço de massa total = msist , f msist ,o me dt ms dt (2.5)
e 1 to s 1 to
n tf m tf r tf
ni , sist , f ni , sist ,o ne,i dt ns ,i dt i ,k k dt (5.30)
e 1 to s 1 to k 1 to
A importância das reações de combustão está na enorme quantidade de calor que elas liberam.
Este calor pode ser utilizado por exemplo para gerar vapor a alta pressão, que moverá turbinas e
produzirá energia elétrica, ou então pode ser usado diretamente no processo, aquecendo reagentes
e/ou produtos, para favorecer reações ou ainda em processos de evaporação e secagem. Também
possui grande aplicação em processos de separação, com o objetivo de produzir uma fase vapor, que
permita concentrar componentes de interesse em uma das fases. Gases resultantes de processos de
combustão também podem ser usados diretamente em trocadores de calor como fonte de energia.
Quando na queima de um combustível ocorre uma reação que produz CO, diz-se que essa reação
foi uma reação de combustão parcial ou incompleta. A fonte de oxigênio mais utilizada para combustão
é o ar atmosférico. As definições do item anterior, para sistemas reativos, também se aplicam aos
processos de combustão (reação de combustão), porém existem algumas definições que são típicas
desses processos, as quais são apresentadas a seguir:
A análise de Orsat é um dos métodos mais utilizados para obter a composição dos combustíveis
gasosos, podendo também ser utilizada para análise dos gases gerados no processo de combustão
(fumos). Consiste na absorção seletiva dos diversos gases constituintes do combustível (ou dos fumos)
por intermédio de reagentes específicos. Normalmente, procede-se a análise conforme a seguinte
ordem:
1- absorção de CO2 em solução de hidróxido de potássio;
2- absorção de O2 em ácido pirogálico;
3- absorção de CO em solução de cloreto cuproso amoniacal;
4- havendo outros gases, devem-se empregar outras tantas soluções que absorvam seletivamente cada
um.
A análise de Orsat fornece resultados em base seca, mesmo para uma mistura de gases
contendo água. A água deve ser analisada por outros métodos, tais como: secagem com cloreto de
cálcio, ácido sulfúrico concentrado ou sílica-gel; condensando, medir temperatura de bulbo seco e bulbo
úmido, etc. O poder calorífico dos gases pode ser avaliado a partir das entalpias de combustão dos seus
constituintes. A análise em base úmida se refere ao gás de chaminé, que inclui todos os gases
resultantes do processo de combustão.
Os efeitos térmicos tais como: calor sensível, calor latente e calor de solução, são utilizados nos
cálculos do balanço de energia, a fim de quantificar a variação de entalpia decorrente de uma
transformação física do sistema (aumento de temperatura, mudança de fase ou alteração na
composição). Além destes efeitos térmicos existem outros que estão associados a uma transformação
química do sistema. São os efeitos que resultam de uma reação química e que acabam por alterar a
“energia” do sistema, sendo necessário quantificá-los a fim de realizar o balanço de energia quando
reações químicas estão presentes no sistema.
A transferência de calor que é observada em sistemas nos quais ocorrem reações químicas, seja
ela do sistema para as vizinhanças ou o contrário, é resultado da energia associada ao rearranjo das
ligações entre os átomos, depois de efetivada a reação.
Uma reação é dita exotérmica se a energia dos produtos for menor que a energia dos reagentes
e nesse caso a variação de entalpia desta reação é negativa (H 0), ou seja, a reação ocorre com
liberação de calor. Este calor liberado corresponde ao excesso de energia dos reagentes em relação à
energia dos produtos. Por outro lado, denomina-se reação endotérmica aquela em que a energia dos
produtos é maior que a dos reagentes. Para estas reações tem-se H 0, sendo necessário que haja
absorção de calor para efetivar a reação. A quantidade de calor absorvido corresponde ao excesso de
energia dos produtos com relação aos reagentes.
n n
hr (T , P) h h
i 1
Pi
i 1
Ri (5.32)
em que os índices representam: P = produtos; R = reagentes. A Eq. 5.32 também pode ser escrita de
outra forma, dada por:
n
h T , P h
i 1
i fi T , P (5.33)
Existem algumas definições e propriedades relativas aos calores de reação que são importantes e
que devem ser muito bem determinadas. São as seguintes:
1 – Calor padrão de reação: é o calor de reação medido em condições de P e T tomadas como condições
padrão de referência, ou seja, os reagentes e produtos se encontram nestas condições. Os valores mais
utilizados são T = 25 oC e P = 1 atm. Para indicar que o valor medido está nas condições padrão, utiliza-se
o símbolo “ o ” ao lado do h, assim: hro .
ATENÇÃO: não confundir condições padrão (25 oC e 1 atm) com condições normais (0 oC e 1 atm);
sendo que atualmente a IUPAC recomenda como condições normais 0 oC e 1 bar ou 100 kPa.
2 – Conforme mencionado anteriormente, se hr for negativo, a reação é exotérmica e se for positivo,
será endotérmica.
5 – O valor do calor de reação depende do estado de agregação (sólido, líquido ou gasoso) dos
reagentes e produtos.
Por exemplo, na reação de combustão do metano dando como produtos CO2(g) e H2O (líq), tem-se:
CH4 (g) + 2O2 (g) CO2 (g) + 2H2O (l) hro = -212,8 kcal/mol
Naturalmente surge a seguinte pergunta: na reação são liberados 212,8 kcal por mol de quê?
Reagente? Produto? Se houver mais de um reagente ou produto formado, qual deve ser considerado?
Se a reação química fosse escrita de outra forma, o valor da entalpia de reação deve ser alterado, veja o
exemplo a seguir:
2CH4 (g) + 4O2 (g) 2CO2 (g) + 4H2O (l) hro = - 425,6 kcal/mol
Exemplo: 40 mol de CH4 são totalmente queimados com a quantidade estequiométrica de oxigênio, em
uma reação de combustão total. Calcule o calor total liberado, considerando a seguinte reação de
combustão. Dado: CH4 (g) + 2O2 (g) CO2 (g) + 2H2O (l) hro = -212,8 kcal/gmol
Se são queimados 40 mol de CH4, então 40 - = 0 e portanto = 40 mol, ou seja são consumidos
80 mol de O2 e produzidos 40 mol de CO2 e 80 mol de H2O. O calor total liberado pela reação é:
Q hro
(5.34)
e portanto, a estequiometria da reação amarra a relação entre o calor liberado e a quantidade dos
reagentes e produtos!
212,8 kcal kcal
hro = 106, 4
2 mol de O2 reagido mol de O 2
Para a reação ocorrer são necessários 2 mol de O2 para cada mol de CH4 consumido, portanto, se
reagirem efetivamente 2 mol de oxigênio, o calor total liberado pela reação será de 212,8 kcal.
Ao se calcular a variação de entalpia total, e não a específica, sempre será obtido o mesmo valor,
considerando os coeficientes estequiométricos. Veja um exemplo de como usar entalpia específica e
entalpia específica molar:
A dificuldade quando se fala em hro por massa, para uma dada reação química é que torna-se
necessário especificar por massa de qual substância se refere, enquanto que para hro por mol, vale a
proporção estequiométrica da reação! Porém, o H total da reação, deve apresentar sempre o mesmo
valor, independentemente da referência da entalpia específica (por massa ou por moles).
n n
ur (T )
i 1
uPi u
i 1
Ri (5.35)
De uma maneira geral as medidas experimentais dos calores de reação são realizadas num
equipamento denominado calorímetro. O calorímetro consiste de um reator que é imerso em um fluido
dentro de uma câmara adiabática. De modo resumido, o procedimento experimental consiste em
controlar a temperatura e pressão dos reagentes dentro do reator e monitorar a temperatura do fluido
que o envolve. Processa-se a reação e observa-se uma alteração na temperatura do fluido dentro da
câmara adiabática. Esta alteração se deve à transferência de calor entre o reator e o fluido, em
consequência da liberação ou absorção de calor causada pela reação que ocorreu no interior do reator.
Sabendo-se a quantidade de calor transferida entre o reator e o fluido e as capacidades caloríficas dos
reagentes, produtos e do fluido termostático, pode-se calcular o calor de reação. As demais variações de
energia dentro do sistema são consideradas desprezíveis. A Figura 5.2 apresenta o esquema de um
calorímetro.
O calor padrão de formação, hof , é definido como o calor de formação nas condições padrão e o
calor padrão de formação de uma espécie elementar é zero! Podem-se utilizar dados do calor padrão
de formação de compostos, quando estes estiverem disponíveis, para se calcular o calor padrão de
reação de uma reação qualquer, utilizando-se a Lei de Hess (veja a seguir).
Somente um pequeno número de reações de formação pode ser realizado na prática. Para as
demais reações, os dados da entalpia de formação são determinados indiretamente, utilizando valores
dos calores de combustão, determinados experimentalmente em calorímetros.
Define-se calor de combustão como o calor de reação de 1 mol de uma substância (combustível)
com o oxigênio estequiométrico, para fornecer produtos de combustão específicos (que dependem da
constituição atômica do combustível). Se os reagentes e produtos estiverem a 25 oC e 1 atm, o calor de
combustão é denominado calor padrão de combustão: hco .
Poder calorífico
na qual: m = massa de água produzida (se H for dado em unidades de energia por unidade de massa)
ou moles de água produzida (se H for dado em unidades de energia por unidade molar).
As unidades mais usuais para o P.C. são: kJ/mol, kcal/kg, Btu/lbmol, kJ/kg e kcal/m3 (este último para
combustíveis gasosos).
O valor de Hvap (H2O, 25oC) é = 584 kcal/kg = 2442,5 kJ/kg = 44013 kJ/kgmol = 18934 Btu/lb-mol
OBS: a distinção entre PCS e PCI de um combustível só se aplica a combustíveis hidrogenados. De uma
maneira prática pode-se dizer que o PCS de um combustível é um dado experimental, obtido em
laboratório, mas que na prática, se aproveita o PCI desse combustível, já que em processos de
combustão, a água dos produtos da reação não é condensada até o estado líquido, sendo perdida para a
atmosfera, no estado gasoso, juntamente com os demais gases efluentes do processo. Por isso, este é
um conceito importante para os engenheiros químicos.
O poder calorífico de uma mistura de combustíveis pode ser calculado pela Equação (5.38):
em que xi = fração mássica (se PC for dado em energia/massa) ou molar (se PC for dado em
energia/mol) do componente i da mistura e (PC)i = PC do componente i.
A Lei de Hess baseia-se no fato da entalpia ser uma função de estado, ou seja,
independentemente do caminho que leva a uma alteração do estado do sistema (processo), a variação
de entalpia depende apenas dos valores inicial e final da entalpia do sistema e não dos valores
intermediários. Em outras palavras ela independe da trajetória do processo. Sendo assim, a Lei de Hess
pode ser enunciada da seguinte forma: “a variação de entalpia para qualquer reação depende somente
da natureza dos reagentes e produtos e não depende do número de etapas ou do caminho que
conduz dos reagentes aos produtos”.
Ela é basicamente um procedimento algébrico que permite calcular o calor de reação referente a
uma determinada reação, a partir de valores conhecidos de hr de outras reações, utilizando o princípio
de que a entalpia é uma função de estado, para construir caminhos hipotéticos de reações até chegar
na reação de interesse, calculando assim a sua variação de entalpia.
Esse caminho hipotético das reações pode utilizar, por exemplo, valores das entalpias de
formação dos reagentes e produtos, que combinados adequadamente irão representar a reação real. A
Equação (5.39) ilustra a Lei de Hess para se obter o valor da entalpia de uma determinada reação a
partir dos valores das entalpias de formação dos produtos e reagentes envolvidos na reação.
n n n
hro i hof
i
i hof
i
i hof
i
(5.39)
i 1 produtos 1 reagentes 1
É importante calcular também o grau de avanço das reações envolvidas, pois o balanço de massa
é fundamental para o balanço de energia (em alguns casos, dependendo dos dados fornecidos, poderá
ser necessário fazer primeiro o balanço de energia para então se obter o balanço de massa). Após fixar
as condições de referência, passa-se ao balanço de energia propriamente dito, procurando quantificar
todas as variações de entalpia presentes nas correntes do sistema e os efeitos térmicos que ocorrem, a
fim de obter a variação de entalpia do próprio sistema. Duas situações podem ocorrer:
1) Os reagentes e produtos estão a uma temperatura To (de referência) e também se encontram num
estado de agregação em que o calor padrão de reação é conhecido. Neste caso, o calor de reação
pode ser obtido pela combinação dos calores de formação de cada composto presente na reação, na
mesma temperatura de referência, utilizando-se então a Eq. (5.39) a variação de entalpia do sistema
pode ser calculada por:
H hro n h n h
S
i i
E
i i (5.40)
na qual: = grau de avanço da reação (quando houver mais de uma reação presente, deve-se
multiplicar cada entalpia de reação pelo seu respectivo grau de avanço e somar os valores obtidos
para se ter o calor de reação total); S = saída; E = entrada (do reator).
Por definição de entalpia de reação, os produtos deverão estar na mesma temperatura e pressão
dos reagentes, os reagentes são alimentados na proporção estequiométrica e ocorre 100% de
conversão dos reagentes. Assim, o processo real, para o qual se deseja saber a entalpia de reação é:
hr ?
A, 2B (100 oC, 1 atm) C, 3D (100 oC, 1 atm)
Para se calcular a entalpia de reação a 100 oC constrói-se o diagrama de entalpias com as três
etapas mencionadas anteriormente:
hr ?
A, 2B (100 oC, 1 atm) C, 3D (100 oC, 1 atm)
(1) (3)
(2)
hr o
A, 2B (25 oC, 1 atm) C, 3D (25 oC, 1 atm)
Etapa (1): abaixamento da temperatura dos reagentes de 100 oC até a temperatura de referência de
25 oC. O efeito térmico dessa etapa é calor sensível, uma vez que a única alteração observada é a
mudança de temperatura.
Etapa (2): reação ocorrendo a 25 oC e 1 atm. O efeito térmico dessa etapa é o calor padrão de reação a
25 oC e 1 atm. Reagentes e produtos encontram-se à mesma temperatura e pressão.
Etapa (3): elevação da temperatura dos produtos de 25 oC até 100 oC. Novamente, o efeito térmico
dessa etapa é calor sensível, uma vez que a única alteração observada é a mudança de temperatura.
25 25
Etapa (1) = nA
C
100
pA dT nB
C
100
pB dT porém, como os reagentes foram alimentados na proporção
estequiométrica com número de moles iguais aos números estequiométricos, aplicando-se a convenção
do sinal negativo para reagentes (nA = -A e nB = -B), pode-se reescrever a expressão que permite
calcular a entalpia da etapa (1) da seguinte forma:
100 100
A
C
25
pA dT B
C
25
pB dT (5.41)
Etapa (2) = é o calor padrão de reação na temperatura de referência = hro (25 oC ,1atm) 150 kJ/mol
100 100
Etapa (3) = nC
C
25
pC dT nD
C
25
pD dT e já que todos os reagentes foram consumidos, os produtos
obtidos estão também na proporção estequiométrica com número de moles iguais aos números
estequiométricos, aplicando-se a convenção do sinal positivo para produtos (nC = C e nD = D). Assim,
pode-se reescrever a expressão que permite calcular a entalpia da etapa (3) da seguinte forma:
100 100
C
C
25
pC dT D
C
25
pD dT (5.42)
Portanto a entalpia de reação a 100 oC, processo real, pode ser obtida da soma das três etapas
hipotéticas sugeridas (obs: outras etapas hipotéticas poderiam ser sugeridas, desde que fossem etapas
que ligassem os estados inicial e final e que pudessem ser calculadas a partir de dados conhecidos),
obtendo-se a seguinte equação:
hr 100 C ,1atm
o
hro 25 C,1atm C
o
A pA dT B
C pB dT C
C pC dT D
C pD dT (5.43)
25 25 25 25
a qual pode ser reescrita de uma forma geral, conforme a equação a seguir:
T2
sendo que C op iCop , lembrando que para reagentes é negativo e para produtos, positivo.
i
i
i
A Equação (5.44) permite obter a dependência do calor de reação com a temperatura, na qual T1
é a temperatura de referência para a qual se conhece o valor da entalpia de reação (em geral esta
temperatura é de 25 oC, mas pode ser qualquer outro valor já tabelado) e T2 é a temperatura para a qual
se deseja conhecer o valor da entalpia da reação, que pode ser obtida a partir da relação entre a
entalpia e o calor específico para um processo à pressão constante.
A Eq.(5.44) não considera efeitos térmicos associados a mudanças de fase. Se alguma substância
mudar de fase no intervalo de temperatura envolvido (entre T1 e T2), é preciso incluir o calor latente
relativo a esta mudança de estado, como uma etapa adicional do processo hipotético.
Exemplo: tomando a mesma reação anterior, suponha que os reagente estejam a 50 oC e os produtos a
150 oC. Deseja-se saber qual é a variação de entalpia desse processo para o caso em que reagentes são
alimentados em qualquer proporção e a conversão do reagente limitante é inferior a 100%.
Considerando a corrente de reagentes contendo nA = 5 mol, nB = 8 mol e conversão de 50% do reagente
limitante.
Nesse caso o primeiro passo é proceder com o balanço de massa. Da estequiometria da reação
vê-se que B é o reagente limitante. Então se utilizando a tabela de balanço de massa, tem-se:
Substância Entrada Saída
A 5 5-
B 8 8 - 2
C 0
D 0 3
Total 13 13 +
para 50% de conversão do reagente limitante, B, conclui-se que 8 - 2 = 0,5 x 8 = 4, ou seja, = 2. Assim,
o diagrama de entalpias pode ser construído da seguinte forma:
A = 3 mol
Processo real: H = Q = H1 + H2 +H3 B = 4 mol 150 oC
C = 2 mol 1 atm
D = 6 mol
A = 5 mol
B = 8 mol
50 oC, 1 atm (3)
(1)
A = 5 mol A = 3 mol
B = 8 mol (2) B = 4 mol 25 oC
25 oC, 1 atm C = 2 mol 1 atm
D = 6 mol
25 25
Etapa (1) = calor sensível = nA C pAdT nB C pB dT (os limites da integral devem sempre representar as
50 50
temperaturas utilizadas no processo hipotético. Nem sempre o limite superior será 25 oC. Dependerá da
temperatura dos dados tabelados para a etapa 2 ).
Etapa (2) = calor padrão de reação = hro (25 oC,1atm) (notar que está multiplicado por para se
obter o valor da entalpia total da reação e poder somar com os demais passos, já que hr é um valor
específico e tem unidade de mol).
lembrando que da expressão da Primeira Lei da Termodinâmica foram desprezadas as variações das
energias cinética e potencial e também todos os outros tipos de trabalho que não o de fluxo.
Esse procedimento também pode ser aplicado quando qualquer outra variável for desconhecida,
mas as demais são conhecidas, de modo a permitir a realização do balanço de energia, obtendo-se uma
equação com uma única incógnita.
Começando pelo balanço de massa do processo e tomando como base de cálculo 1 mol de CH4,
pela estequiometria da reação serão necessários 2 mol de O2 para consumir todo o metano.
Considerando que este oxigênio é alimentado então na proporção estequiométrica e que seja
proveniente do ar atmosférico, ele virá acompanhado de 7,52 mol de N2. Todo o CH4 e o O2 serão
consumidos, não haverá perdas de calor e nem reações paralelas.
O diagrama de entalpias apresentado a seguir ilustra a decomposição do processo real em
caminhos hipotéticos que, quando combinados, irão permitir o cálculo da temperatura adiabática de
chama (temperatura dos produtos da reação).
N2 = 7,52 mol
Processo Real CO2 = 1 mol
H2O(vapor)= 2 mol
T2 = T.A.C. , 1 atm
(3)
A variação de entalpia entre o estado 1 (entrada do reator) e o estado 2 (saída do reator), pode
ser calculada pela soma dos caminhos hipotéticos apresentados no diagrama acima, que neste caso são
os seguintes:
1) Mudança da temperatura dos reagentes, de T1 até 25 oC (calor sensível), considerando que todos os
reagentes estejam na mesma temperatura inicial. Caso eles estiverem a temperaturas diferentes,
deverão ser aplicados limites diferentes na equação de cálculo do calor sensível.
k 25 o C
H1 ni CPi dT
i 1 T1
em que k = número de espécies químicas presentes, ni = moles da espécie i, Cpi = calor específico molar
da espécie i (se forem utilizados calores específicos, a integral deverá ser multiplicada pela massa da
espécie i).
2) Reação de combustão dando como produto água líquida (calor de reação). Neste caso, quando se
considera que a água produzida no processo está no estado líquido, equivale a dizer que o calor da
reação equivale ao poder calorífico superior do combustível (com o sinal invertido).
k
H 2 i hofi mcombustivel ( PCS )combustivel
i 1
na qual mcombustível é a massa do combustível e PCS o poder calorífico superior do combustível (em
energia/massa; se for dado em energia/mol deve-se multiplicar pelo número de mol do combustível, de
forma a obter energia). corresponde ao número de mol de combustível que é queimado na reação de
combustão e o termo entre parênteses representa a entalpia da reação de combustão. Se ao invés de se
utilizar o PCS for considerada a entalpia de formação da água gasosa no somatório do cálculo de H2,
então não é necessário o passo (3) a seguir.
3) Vaporização da água formada na reação de combustão (calor latente). Se na etapa anterior for
considerado o PCS do combustível ou a entalpia de formação da água líquida no termo do somatório,
será preciso considerar uma etapa de vaporização da água líquida formada, já que na prática a água é
perdida na forma gasosa para a atmosfera entre os produtos da reação.
Aqui vale lembrar que deverá ser considerada a entalpia de vaporização à temperatura definida no
diagrama de entalpias, que no caso desse exemplo é 25 oC. Obviamente não é possível existir água
vapor a 25 oC e 1 atm. Neste passo portanto, desconsidera-se o efeito da pressão sobre a entalpia de
vaporização (o que é uma simplificação aceitável neste caso).
k T2
H 4 ni CPi dT
i 1 25 o C1
Somando-se as entalpias das quatro etapas e igualando-se a zero, tem-se uma equação com uma única
incógnita que é a temperatura adiabática de chama (T2), a qual pode ser obtida por um cálculo iterativo
simples utilizando-se uma calculadora científica ou uma planilha eletrônica.
Referências Bibliográficas
1. FELDER, R.M. E ROUSSEAU, R.W. “PRINCÍPIOS ELEMENTARES DOS PROCESSOS QUÍMICOS”, 3A
EDIÇÃO, LTC EDITORA, 2005.
2. HIMMELBLAU, D.M. e RIGGS, J.B. “Engenharia Química – Princípios e Cálculos”, 8a edição, LTC
Editora, 2014.
3. LUYBEN, W.L.; WENZEL, L.A. “Chemical Process Analysis”, Prentice-Hall Int., Englewood Cliffs, NJ,
1988.
4. MURPHY, R. M. "Introduction to Chemical Processes – Principles, Analysis, Synthesis", McGraw-Hill,
Chemical Engineering Series, 2007.
5. PERRY, R.H.; GREEN, D.W. “Perry’s Chemical Engineers’ Handbook”, 8a edição, McGraw-Hill, 2007.
6. REID, R.C.; PRAUSNITZ, J.M.; POLING, B.E. “THE PROPERTIES OF GASES & LIQUIDS”, 4A EDIÇÃO,
MCGRAW-HILL, CINGAPURA, 1988.
7. SHREVE, R.N. E BRINK JR., J.A. “INDÚSTRIAS DE PROCESSOS QUÍMICOS”, 4A EDIÇÃO, GUANABARA
DOIS, RIO DE JANEIRO, 1980.
8. SMITH, J.M.; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. “INTRODUÇÃO À TERMODINÂMICA DA ENGENHARIA
QUÍMICA”, 7A EDIÇÃO, LTC EDITORA, 2007.
2. Nas expressões dos calores específicos de algumas substâncias dadas a seguir, a temperatura está em K
(kelvin) e as unidades do Cp dependem das unidades escolhidas para o valor da constante R. Suponha que seja
adotado o valor de 8,314 J/(mol.K) para R.
3. Na Tabela 4.8, página 83 dessa apostila, existem vários valores para a constante universal dos gases, R. A
partir do valor dessa constante dado em (cm3.atm)/(gmol.K) obtenha os demais valores apresentados na tabela,
realizando as conversões de unidades necessárias e confira suas respostas com os valores apresentados.
4. A energia cinética é expressa pela seguinte fórmula: Ec = 1/2(mv2), na qual m = massa do sistema e v =
velocidade. Considere que 1 tonelada de água é transportada em um vagão a uma velocidade de 60 mi/h. Qual a
energia cinética dessa água: a) em lbf..ft (265314 lbf..ft); b) joules (359717 J); c) L.atm (3550 L.atm) ?
6. Você está interessado em adquirir um automóvel e está na dúvida entre dois modelos. O primeiro custa R$
23.750,00 e como se trata de um carro importado veio com a informação do fabricante que seu consumo médio é
de 28 milhas/galão (mi/ga) de diesel. O segundo carro é de fabricação nacional, custa R$ 31.750,00 (devido aos
seus vários acessórios) e tem um consumo médio de 19 km/L de diesel. Se o custo do diesel é de R$ 5,00/ga
quantos quilômetros os carros deverão percorrer para que o custo total (carro + combustível) de ambos seja
igual? (192854 km)
7. Uma coluna de mercúrio de um manômetro (massa específica = 13,6 g/cm 3) tem um diâmetro de 3 mm e
uma altura de 72 cm. Calcule o peso da coluna em newton (0,68 N) e em lbf (0,153 lbf) e a sua massa em lbm
(0,153 lbm).
8. De acordo com o princípio de Arquimedes, a massa de um objeto flutuante é igual à massa do fluido
deslocado por este objeto. Se um cilindro de madeira de 30 cm de altura flutua verticalmente em um tubo de
água (densidade = 1,0 g/cm3) e o topo do cilindro está a 14,1 cm acima da superfície da água, qual a densidade da
madeira ? (0,53 g/cm3)
9. O número de Prandtl (Pr) é um importante grupo adimensional utilizado nos cálculos de transferência de
calor. Ele é definido como Pr = (Cp.)/k onde Cp é o calor específico do fluido, é a viscosidade do fluido e k é a
condutividade térmica desse fluido. Para o caso particular em que essas variáveis são, respectivamente:
0,583 J/(g.oC); 1936 lbm/(ft.h) e 0,286 W/(m.oC), calcule o valor do número de Prandtl. (1631,4)
10. O número de Reynolds (Re) é um outro grupo adimensional muito importante nos cálculos de engenharia
química, na área de mecânica de fluidos. Supondo que um fluido escoa em uma tubulação de 2,067 in de
diâmetro (D), a uma velocidade 0,048 ft/s (v), com uma viscosidade () de 0,43 cP e que esse fluido possui uma
massa específica () de 0,805 g/cm3. Calcule o número de Reynolds (Re = vD/) desse fluido. (1438)
11. Considere a equação D(ft) = 3t(s) + 4. Se esta equação é válida, quais são as dimensões das constantes 3 e 4 ?
Se a equação é consistente em suas unidades, quais são as unidades de 3 e 4 ? Elabore uma equação para se
obter a distância em metros em função do tempo em minutos. D(m) = 54,864t(min) + 1,2192
12. Após considerável experimentação e análise de dados, a seguinte equação empírica para a queda de pressão
através de um tipo particular de coluna de recheio foi obtida:
10
13. A massa específica de um fluido é dada pela seguinte equação empírica: 1,13e(1,2.10 P ) na qual
= massa específica em g/cm3 e P = pressão em N/m2.
a) Quais são as unidades de 1,13 e de 1,2.10-10 ? (g/cm3 e m2/N)
b) Derive uma fórmula para se obter a massa específica em lbm/ft3 entrando com o valor da pressão em lbf/in2.
7 P )
R: 70,5424e(8,274.10
14. O volume de uma cultura microbiana é observado aumentar com o tempo de acordo com a seguinte
fórmula: V(cm3) =et na qual t = tempo em segundos. Calcule uma expressão para V em in3 em função do tempo t
em horas.
R: V (in ) 0,061e
3 0,0003t
15. A densidade do ar atmosférico diminui com o aumento da altitude. Quando a pressão é de 340 mmHg, qual o
seu valor em polegadas de água e em kPa ? (182,2 inH2O e 45,33 kPa)
16. O manômetro num tanque de CO2, utilizado na produção de bebidas carbonatadas, marca 51 psi. Ao mesmo
tempo, um barômetro indica 28 inHg. Qual a pressão absoluta no tanque em psia? (64,75 psia)
17. Ar está passando por um tubo com 4,0 cm de coluna de H2O de vácuo. O barômetro indica que a pressão
atmosférica é de 730 mmHg. Qual a pressão absoluta do gás em polegada de mercúrio? (28,62 inHg)
18. Pequenos animais, ratos por exemplo, são capazes de viver em pressões reduzidas de até 20 kPa (embora não
confortavelmente). Em um teste, um manômetro de mercúrio ligado a um tanque onde estão alguns ratos, marca
64,5 cmHg (pressão relativa de váculo) e o barômetro marca 100 kPa. Os animais irão sobreviver ?
(Não, pois P será igual a 14 kPa)
19. Ao medir a vazão de fluidos numa tubulação, pode ser usado um manômetro diferencial para a determinação
da diferença de pressão numa placa de orifício. A vazão pode ser calibrada com a queda de pressão observada.
Calcule a queda de pressão P1 – P2 em pascal para o caso em que o fluido manométrico possui massa
específica igual a 1,1.103 kg/m3 e a diferença de altura do fluido manométrico no manômetro é de 22 mm. O
fluido na tubulação é a água. (21,56 Pa)
20. Na etapa de fermentação do mosto do processo de produção de cerveja ocorre a conversão do açúcar a
dióxido de carbono e álcool etílico. O dióxido de carbono (CO2) desprendido na reação é coletado, purificado,
comprimido e armazenado sob pressão, para posteriormente ser utilizado na etapa de carbonatação de cerveja.
a) No tanque de armazenagem do dióxido de carbono o manômetro indica uma pressão de 3 atm. Se a pressão
atmosférica local é de 14,4 psi, qual a pressão absoluta no interior desse tanque em kPa ? (403,3 kPa)
b) Considerando que o CO2 pode ser considerado um gás ideal (PV = nRT) e que ele está armazenado a uma
temperatura de 25 oC, qual a massa de CO2 (em kg) contida nesse tanque se o seu volume é de 17.500 ft3 ?
(3547,1 kg)
21. Em trocadores de calor, equipamentos que são muito utilizados nas indústrias de processos químicos, a
quantidade de calor transmitida por unidade de tempo pode ser dada pela seguinte equação Q U .A.T na
qual Q = quantidade de calor transferida (em Btu/h); U = coeficiente global de troca térmica ; A = área de troca
térmica (em ft2) e T = é a diferença de temperatura entre os fluidos que trocam calor (em oF).
a) Para que a equação apresentada seja dimensionalmente consistente, quais devem ser as unidades de U ?
b) Como ficaria a equação se você fosse entrar com as unidades de U, A eT no Sistema Internacional de
Unidades mas ainda quisesse que a unidade de Q permanecesse em Btu/h ? (Q = 3,412U.A.T)
22. O teor de álcool etílico médio das cervejas é em torno de 4% (em volume). Sabendo-se que a massa específica
do álcool etílico é igual a 49,256 lbm/ft3, se você tomasse 6 garrafas de 600 mL de cerveja isso equivaleria à
ingestão de quantos gramas de álcool ? (113,6 g)
23. Quando se trata de substâncias tóxicas, uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 -
DL50 que é a quantidade de uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral,
expressa em massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50 % dos animais expostos dentro de
um período de observação de 14 dias. Sabendo-se que a DL50 do etanol é de 7000 mg/kg de peso corporal e tendo
por base o resultado da questão anterior, calcule quantas garrafas de cerveja representam a DL50 para um homem
de 75 kg. (28 garrafas)
24. A vazão mássica de água que é processada no setor de utilidades de uma indústria para ser enviada por uma
tubulação para ser usada no processo de produção pode ser dada pela seguinte expressão: m v A , na qual
m vazão mássica massa específica da água
v velocidade da água na tubulação A área da seção transversal do tubo circular
Se um tubo possui um diâmetro interno de 2 in (também pode ser escrito como 2”), se a água escoa a uma
velocidade de 600 ft/min e se nas condições de escoamento a massa específica da água é de 2,1936 lbm/L, qual
será a vazão mássica da água em kg/s ? (6,15 kg/s)
25. Um gás ideal está armazenado em um tanque a uma temperatura de 30 oC. O manômetro desse tanque indica
uma pressão de 50 psig. A pressão atmosférica local é de 0,98 atm. Utilizando a equação dos gases ideais, calcule:
a) o número de moles de gás no interior desse tanque, sabendo que seu volume é de 1.000 L. (176,18 mol)
b) Se esse gás fosse o metano, qual seria o valor da massa, em kg, presente no interior do tanque ? (2,82 kg)
26. Deseja-se queimar 500 gmol/h de metano em uma caldeira de uma indústria para gerar calor para produzir
vapor. Considerando a queima total desse combustível, pergunta-se:
a) qual a vazão molar de oxigênio, necessário para queimar todo esse combustível ? (1000 gmol/h)
b) considerando que tanto o ar como o metano são alimentados na fornalha da caldeira a 1 atm e 100 oC, qual a
vazão volumétrica (em m3/h) de cada um deles, considerando-os como gases ideais ? (ar = 145,81 m3/h e
metano = 15,31 m3/h)
c) sabendo-se que o metano escoa numa tubulação de 0,05 m2 de seção transversal e que sua massa
específica é igual a 2,5 kg/m3, qual a velocidade de escoamento desse gás em m/s ? (0,0178 m/s)
d) qual é a vazão em normal metro cúbico (Nm3) dos gases de combustão efluentes da caldeira, considerando
que todo o metano foi consumido? (119,5 Nm3)
27. Um tanque contém água pressurizada por ar e a pressão é medida por um manômetro de vários fluidos,
conforme mostra a figura a seguir. A pressão atmosférica local é de 85,6 kPa. Determine a pressão do ar no
interior do tanque sabendo que h1 = 10 cm, h2 = 20 cm e h3 = 35 cm. As massas específicas da água, do óleo e do
mercúrio são, respectivamente (em kg/m3): 1000, 850 e 13600. (129,6 kPa)
Óleo
Ar
Água
Mercúrio
[2] g T/min
[4] g/min
0,2 g A/g solução
0,8 g T /g solução
2. Suponha que uma coluna de destilação opera conforme mostrada na figura abaixo. Pergunta-se:
a) quantas equações de balanços materiais independentes podem ser escritas para este sistema? (3 eq.) b)
quantas taxas de fluxo e/ou frações molares devem ser especificadas antes de se calcular as demais? (2
variáveis);
c) suponha que m 1 = 2500 kg/h e x2 = 0,35. Escreva as equações de balanço total e balanço por componente para
o sistema global (coluna de destilação) e calcule as demais incógnitas do processo.
(m 3 = 1015 kg/h, m 5 = 5585 kg/h, y4 = 0,14 e z4 = 0,16).
m 3 (kg A/h)
m 1 (kg/h)
0,03 kg B/kg
0,97 kg C/kg m 4 = 1200 kg/h
0,70 kg A/kg
y4 kg B/kg
2 = 5300 kg/h
m z4 kg C/kg
x2 kg A/kg
y2 kg B/kg 5 (kg/h)
m
0,60 kg B/kg
0,40 kg C/kg
3. Qual o número máximo de balanços materiais independentes que podem ser escritos para o processo da figura
abaixo ? As vazões das correntes são conhecidas. Suponha que você constate que A e B estão sempre combinados
em todas as correntes na mesma proporção. Quantas equações independentes você poderia escrever neste caso?
(9 eq. e 7 eq.)
2 Composição das
correntes:
1 3 1) A e B
2) C puro
7 3) A, B e C
4) D e E
4 5) E puro
6 6) D puro
7) A, B, C e D
5
4. Morangos contêm aproximadamente 15% de sólidos e 85% de água (em massa). Para fazer geléia de morango,
morangos moídos e açúcar são misturados na proporção de 45:55 e a mistura é aquecida para evaporar água, até
que o resíduo contenha um terço de água em massa. Desenhe um fluxograma e rotule as correntes e variáveis
deste processo. Utilize-os para calcular quantos quilogramas de morangos são necessários para produzir 1 kg de
geléia. Como você classificaria este processo ? (0,49 kg de morangos/kg geléia)
5. Um gás contento partes iguais (em base molar) de H2, N2 e H2O passa através de uma coluna de pelotas de
cloreto de cálcio, a qual absorve 97% da água e nada dos demais gases. O recheio da coluna estava inicialmente
seco e sua massa era de 2,0 kg. Após 6 horas de operação contínua, interrompe-se o processo. As pelotas são
repesadas e encontra-se que sua massa é de 2,21 kg. Calcule a taxa de fluxo molar (mol/h) de gás de alimentação
e a fração molar do vapor d’água no produto gasoso. (6,02 gmol/h e 0,0147 ou 1,47% base molar)
6. Disulfeto de carbono deve ser recuperado de um gás contendo 15,0% CS2, 17,8% O2 e 67,2% N2 (base molar).
O gás é alimentado em uma torre de absorção contínua, entra em contato com benzeno líquido e este absorve
CS2 mas não absorve os demais gases. O benzeno é alimentado na coluna numa razão molar de 2:1 para o gás
alimentado. Uma parte do benzeno que entra como líquido evapora e sai na corrente gasosa no topo da torre. O
gás que deixa a coluna contém 2% de CS2 e 2% de benzeno. Calcule:
a) a fração de CS2 alimentado na coluna que é recuperada na corrente líquida de saída; (88,2%)
b) a fração molar de CS2 nesta corrente; (0,063)
c) a fração de benzeno alimentado na coluna que é perdida no produto gasoso (0,9%)
7. Água do mar contendo 3,5 % em massa de sal passa por um processo de evaporação, contendo 10
evaporadores em série. A quantidade de água evaporada em cada um é praticamente a mesma. Esta água
evaporada é condensada para obter uma corrente de produto de água fresca. A salmoura (solução de sal) na
saída do último evaporador contém 5,0 % em massa de sal. Se 30.000 kg/h de água salgada alimentam o
processo, calcule:
a) o rendimento de água fresca em relação ao total de água alimentada no processo; (30%)
b) a porcentagem em massa de sal na solução que deixa o quarto evaporador. (3,98%)
8. Deseja-se concentrar um resíduo de ácido contendo 30% de H3PO4 e 70% de H2O (% molar) , adicionando-se
ácido concentrado (90% H3PO4, 5% H2SO4 e 5% H2O, % em massa). Se um tanque contém 1000 kg do ácido diluído
e se o ácido concentrado é adicionado a uma taxa de 100 kg/min, durante quanto tempo deve-se proceder com
esta adição, para que o ácido passe a ter um teor de 75 % em massa de H3PO4 ? Qual a composição final do ácido
e sua massa? (3,33 min e 75,0% H3PO4, 1,3% H2SO4 e 23,7% H2O e 1333 kg)
9. Água líquida e ar fluem para dentro de uma câmara de umidificação na qual toda a água é evaporada. O ar
afluente contém 1,0% H2O (vapor), 20,8% O2 e o restante N2 (% em base molar). O ar umidificado contém 10% em
moles de H2O. Calcule a taxa de fluxo volumétrica (em ft3/min) de água requerida para umidificar 200 lbmol/min de
ar admitido no processo. (5,77 ft3/min)
10.Numa unidade de destilação, um hidrocarboneto líquido contendo 20% de etano, 40% de propano e 40% de
butano (em base molar), deve ser fracionado em componentes essencialmente puros, como ilustra a figura
abaixo. Estabeleça um fluxo molar para F e determine o fluxo molar em P e a composição da corrente A.
(C3 = 49,6% e C4 = 50,4%)
E P
95% C2 99% C3
4% C3 1% C4
1% C4
F
20% C2
40% C3 1 2
40% C4
B
A 8,4% C3
x C3 = ? 91,6% C4
x C4 = ?
x = fração molar
11. Alunita é um composto que contém alumínio, cuja fórmula é: 3Al2O3.K2O.4SO3.6H2O. Um determinado
minério de alunita foi analisado e verificou-se que seu teor de alumina (Al2O3) é de 23% em massa. O minério é
sujeito a uma série de tratamentos químicos que precipitam a maioria do alumínio sob a forma de Al(OH)3. O
precipitado é separado e aquecido para produzir alumina, a qual é dissolvida em um banho de sal fundido
(criolita) e eletrolisada para formar alumínio puro. Aproximadamente 88% do alumínio contido no minério é
recuperado como metal. Calcule quantas toneladas de minério são requeridas para produzir uma tonelada de
alumínio. (9,35 t)
12. Uma mistura líquida contendo 30% benzeno (B), 25% tolueno (T) e 45% xileno (X), em base molar, é
alimentada a uma taxa de 1275 kmol/h em uma unidade de destilação constituída de duas colunas. O produto de
fundo da primeira coluna contém 99 % em mol de X e nenhum B, sendo que 98 % da quantidade de X que é
alimentado são recuperados nessa corrente. O produto de topo da segunda coluna contém 99% em mol de B e
nenhum X. O benzeno recuperado nesta corrente representa 96% do B presente na corrente de alimentação.
Calcule as taxas de fluxo molares (kgmol/h) e as frações molares dos componentes em cada corrente de produto
de ambas colunas. (Fundo C1 = 567,95 kgmol/h; Topo C1 = 707,05 kgmol/h; Topo C1: 1,6% X, 44,3% T e 54,1% B;
Fundo C2 = 336,15 kgmol/h; Topo C2 = 370,9 kgmol/h e Fundo C2: 3,0% X, 92,0% T e 5,0% B)
13. O fluxograma a seguir representa uma planta industrial operando em estado estacionário, formada por duas
unidades. As linhas pontilhadas são as fronteiras dos subsistemas, sobre as quais é feito o balanço material.
Determine o número máximo de equações de balanço que podem ser escritas para cada subsistema, escrevendo-
as a seguir na ordem que você usaria para determinar as variáveis desconhecidas. Determine finalmente, o valor
de cada uma dessas variáveis.
(m3 = 700 g/s; x3 = 0,0857; m4 = 900 g/s; x4 = 0,0667; y4 = 0,7111; m6 = 425 g/s; x5 = 0,1156; y5 = 0,8213)
7 200 g C/s
475 g/s 5
x5 g A/g
800 g/s y5 g B/g
20% A
3 4 Unidade 2
Unidade 1 z5 g C/g
80% B 1 m3 g/s m4 g/s
x3 g A/g x4 g A/g
1 – x3 g B/g y4 g B/g
1 – x4 – y4 g C/g m6 g/s 6
1,2 % A
2 100 g A/s 58,8 % B
40,0 % C
14. Uma corrente gasosa F de refinaria contendo 30% de etano e o restante de metano (base molar), é admitida
numa unidade de absorção, onde os gases são quase totalmente separados (veja esquema abaixo). A corrente
rica em metano será vendida a um cliente. Calcule os moles de gás comercializável produzidos por mol de carga à
unidade de absorção. (0,7216)
S 3% etano (gás de venda)
W 100% etano
15. A água do mar é dessalinizada por osmose reversa, segundo o esquema abaixo. Utilizando os dados da figura,
determine:
a) a taxa de remoção de salmoura exausta; (586,5 lbm/h)
b) a taxa de produção de água dessalinizada - água potável; (413,5 lbm/h)
c) a fração de salmoura que deixa a câmara de osmose (atuando essencialmente como um separador) que é
reciclada. (55%)
Reciclo de água 6
16. Uma corrente gasosa contendo 25 mol% CO2 e 75 mol% de CH4 é tratada em uma planta de condicionamento
de gases. A corrente é alimentada em um absorvedor a uma taxa de 50 kmol/h e é contactada neste
equipamento com um solvente líquido que contém 0,5 mol% de CO2 dissolvido e o restante constituído de
metanol. O gás que deixa o absorvedor contém 1 mol% de CO2 e essencialmente todo o metano alimentado na
unidade. O solvente rico em CO2 que deixa o absorvedor vai para uma coluna de esgotamento (“stripping”); na
qual uma corrente de nitrogênio contacta o solvente, removendo 90% do CO2 dissolvido. O solvente regenerado é
então recirculado para a coluna de absorção. Metanol pode ser suposto como não volátil, ou seja, não está
presente em nenhuma das fases gasosas do processo. Pede-se:
a) calcular a fração de CO2 removida (moles absorvidos/moles alimentados); (97%)
b) a taxa de fluxo molar e a composição do líquido que alimenta a coluna de esgotamento; (281,4 kmol/h; 4,8%
CO2 e 95,2% metanol)
c) calcular a taxa molar de alimentação requerida para produzir 1000 kg/h de produto na corrente gasosa do
absorvedor.(81 kmol/h)
17. Suco de laranja natural contém 12% de sólidos e o restante é água e o suco concentrado contém 42% de
sólidos. Inicialmente um processo de evaporação simples foi usado para concentrar o suco, porém os
constituintes voláteis do suco escapavam com a água evaporada, deixando o suco concentrado com um sabor
amargo. Um novo processo para evitar este inconveniente consiste em desviar do evaporador uma fração do suco
natural, o suco que entra no evaporador é então concentrado até 58% de sólidos e este produto é misturado com
a corrente desviada para alcançar então a concentração de sólidos desejada. Calcule a quantidade de suco
concentrado produzido por 100 kg de suco natural alimentado ao processo e a fração da alimentação que é
desviada do evaporador. (28,6 kg e 10% )
2. Um tanque rígido é dividido em duas partes iguais por um dispositivo de partição. Inicialmente, um lado do
tanque contém 5 kg de água, a 200 kPa e 25 oC. O outro lado é completamente evacuado. Em um dado instante o
dispositivo de partição é removido e a água se expande pelo tanque inteiro. O sistema não é isolado e portanto,
devido à expansão, ele troca calor com a sua vizinhança, que se encontra também a 25 oC, até que o equilíbrio
térmico entre eles seja atingido. Determine: a) o volume do tanque; b) a pressão final, e c) a quantidade de calor
transferido nesse processo. (10 L; 3,166 kPa; 0,27 kJ)
3. Um processo tradicional das indústrias metalúrgicas é o processo de têmpera, que consiste em um choque
térmico repentino, para resfriar o aço, ligas ou outros metais, que se encontram a temperaturas elevadas, de
modo a obter determinadas características na estrutura do material tratado. Seja um bloco de aço de 50 kg a
80 oC mergulhado em um tanque isolado que contém 0,5 m 3 de água líquida a 25 oC. Determine a temperatura
quando o equilíbrio térmico for atingido. Considere o CP da água = 4,184 kJ/(kg.oC) e do ferro = 0,45 kJ/(kg.oC).
(25,6 oC)
4. Dois tanques rígidos encontram-se conectados por uma válvula. O tanque A contém 0,2 m3 de água a 400 kPa
com um título de 80%. O tanque B contém 0,5 m3 de água a 200 kPa e 250 oC. A válvula que liga esses dois
tanques é aberta e os dois tanques atingem um mesmo estado final. Determine a pressão e a quantidade de calor
transferida quando todo o sistema alcança o equilíbrio térmico com as vizinhanças que está a 25 oC.
(3,166 kPa e – 2177 kJ)
5. Uma massa desconhecida de ferro, a 90 oC é mergulhada em um tanque isolado que contém 80 L de água a
20 oC. Ao mesmo tempo, um agitador com hélices, movido por um motor de 200 W é ativado, para agitar a água,
homogeneizando o sistema. O equilíbrio térmico é atingido após 25 min com uma temperatura final de 27 oC.
Determine a massa de ferro no tanque. Considere desprezível a energia armazenada no agitador e tome a massa
específica da água como sendo igual a 1000 kg/m3. (72,06 kg)
6. Considere que 5 kg de vapor d’água estão contidos em um dispositivo pistão-cilindro. Esse vapor sofre uma
expansão de um estado 1, no qual a energia interna específica é 2709,9 kJ/kg, até um estado 2, no qual ela é
2659,6 kJ/kg. Durante esse processo, há uma transferência de energia para o sistema, da ordem de 80 kJ. Além
disso, um agitado mecânico com hélices também transfere energia ao sistema, na forma de trabalho, da ordem
de 18,5 kJ. Considere que não há variação sensível das energias cinética e potencial do sistema. Determine a
quantidade de energia transferida pelo vapor, para o pistão, na forma de trabalho, durante esse processo.
(350 kJ)
7. Uma casa utiliza um sistema de aquecimento baseado em recipientes contendo água aquecida por coletores
solares. Pretende-se manter a temperatura da casa estável durante as noites de inverno, por um período de 10
horas, a uma temperatura de 22 oC. A média de calor perdido pela casa é da ordem de 50.000 kJ/h. O sistema de
aquecimento é constituído de 50 recipientes, contendo 20 L de água cada, a uma temperatura de 80 oC. A casa
dispõe de um dispositivo de segurança, constituído de um aquecedor elétrico de 15 kW, que é acionado sempre
que a temperatura da casa cai abaixo dos 22 oC. Pergunta-se: a) nessas condições, por quanto tempo durante a
noite o dispositivo de segurança ficará ligado ?, b) quanto tempo esse mesmo dispositivo teria que ficar ligado se
não existisse o sistema de aquecimento solar para aquecer a água ?. (4,77 h e 9,26 h).
1. Calcule a quantidade de calor que deve ser fornecida para 1 gmol de água, para a transição de 25 oC e 1 atm a
650 oC e 1 atm usando: a) tabelas de vapor; b) os dados tabelados da forma polinomial de Cp (T).
(66,8 kJ e 66,6 kJ)
2. 6 m3/h de ar a 100 oC e 120 kPa são soprados através de tubos que passam no interior de um grande forno. O
ar emerge a 300 oC. Calcule a taxa de calor que está sendo cedida pelo forno para aquecer essa quantidade de ar,
utilizando: a) os dados de Cp médio do ar; ( 1388 kJ/h) b) os dados de Cp dos constituintes do ar (1397 kJ/h).
3. Propano está para ser queimado com 20 % em excesso de oxigênio puro (sem nitrogênio). Antes de entrar no
forno, a corrente de alimentação combinada (C3H8 + O2) é pré-aquecida de 77 oF até 575 oF. A qual taxa, em kJ/h,
deve ser fornecido calor para este pré-aquecimento, se a taxa de fluxo da corrente de alimentação é de 2,5.105 ft3
(CNTP)/h ? (3,5.106 kJ/h)
4. Vapor saturado a 300 oC é utilizado para aquecer uma corrente de metanol (vapor), de 65 oC até 260 oC em um
trocador de calor adiabático. A taxa de fluxo de metanol é 50 L (CNTP)/min e todo o vapor utilizado para aquecer
o metanol é condensado e deixa o trocador na forma de líquido a 90 oC. Calcule a taxa requerida de vapor em
g/min. A temperatura de ebulição normal do metanol é 64,7oC. (10,3 g/min)
5. Calcular o calor de diluição de uma solução HCl.5H2O até uma concentração de 1 mol de HCl em 25 moles de
água. A diluição é feita a 25oC. (-8,22 kJ/gmol)
6. 600 lbm de uma solução NaOH 10 % a 200 oF são misturados com 400 lbm de outra solução NaOH a 50 % no
ponto de ebulição. Calcule: a) a concentração final da mistura; b) a temperatura final da mistura; c) a massa de
água evaporada durante o processo de mistura. (26,8% de NaOH; 235 oF, 30,7 lbm)
7. Na produção de ácido nítrico, amônia e ar pré-aquecido são misturados para formar uma corrente gasosa
contendo 10% em mol de NH3 a 600 oC. A amônia não é diretamente pré-aquecida para evitar sua decomposição
em N2 e H2. Esta mistura é então oxidada cataliticamente para formar NO2, o qual é absorvido em água para
formar HNO3. Se a amônia entra na unidade de mistura a 25 oC a uma taxa de 520 kg/h e existe uma perda de
calor nesta unidade para suas vizinhanças a uma taxa de 7 kW, determine a que temperatura o ar deverá ser pré-
aquecido. (690 oC)
8. Em muitas plantas químicas, realiza-se um procedimento bastante comum para reduzir os custos com
combustíveis. Trata-se de passar os gases produzidos pela queima destes combustíveis em trocadores de calor,
onde eles são resfriados, cedendo calor que é usado para produzir vapor d’água a partir da água líquida. Suponha
que um gás contendo 40 % CO2 e 60 % água (base molar) a 1200 oC e 830 mmHg está para ser descarregado para
a atmosfera em uma certa etapa de um processo industrial. Se ao invés de desperdiçar a energia contida neste
gás optar-se por utilizá-lo em um regenerador de calor, a partir do qual ele sairá a 300 oC, onde ele trocará calor
com água que entra no regenerador como líquido a 10 bar de pressão e sai como vapor saturado à mesma
pressão, quantos quilogramas de vapor estão sendo produzidos por metro cúbico de gás alimentado no
regenerador ? Suponha que o regenerador opera adiabaticamente. (0,19 kg/m3)
9. O vapor de água que é usado para aquecer um reator a batelada entra na camisa de vapor, que é segregada
dos reagentes, a 250 oC saturado. A reação absorve 2300 kJ/kg de material no reator. O calor dissipado pela
camisa de vapor para o exterior é de 1,5 kJ/s. Os reagentes são introduzidos no reator a 20 oC e ao final da reação
o meio reacional está a 100 oC. Sabendo-se que a carga consiste de 150 kg de material e que tanto os reagentes
como os produtos têm uma capacidade calorífica média igual a 3,26 J/(g.K), calcule quantos quilogramas de vapor
de água são necessários por quilograma de carga. O tempo de residência no reator é de 1 h. (1,52 kg)
10. Uma corrente gasosa contendo acetona em ar flui através de uma unidade de recuperação do solvente a uma
taxa de 300 ft3/min e 250oF e 5 psig. Um resfriador-compressor está para ser projetado para modificar esta
corrente para o estado de 0 oF e 5 atm (absoluta), condensando assim toda a acetona. Para determinar a
composição da corrente gasosa, uma amostra de 3 litros é colocado num condensador e resfriada até uma
temperatura na qual toda a acetona da amostra é condensada a líquido, sendo que a massa deste condensado foi
medida, obtendo-se 0,956 g. a) Qual a fração molar da acetona na corrente gasosa ? b) Qual a taxa (Btu/min)
que se deve remover calor no resfriador-compressor ? Considere Cp = 0,124 kJ/(gmol.oC) para a acetona líquida.
(13,3%; 3174 Btu/min)
12. Uma solução de ácido clorídrico 8 molar (d = 1,12 e Cp = 0,66 cal/g.oC) é produzida pela absorção de HCl (g)
em água. Água líquida entra no absorvedor a 25 oC e HCl gasoso é alimentado a 130 oC e 820 mmHg (absoluta). O
ácido clorídrico emerge a 40 oC. Estime o volume (em litros) de gás que deve ser alimentado e a quantidade de
calor (kJ) que deve ser removida do absorvedor, por litro de solução produzida. (245,3 L; 498 kJ/L solução)
13. Uma solução de 0,1 % em mol de NaOH deve ser concentrada em um evaporador contínuo. A solução entra
na unidade a 25 oC e a uma taxa de 150 mol/min e é concentrada a 5 % em mol e 50 oC. Ar quente a 200 oC e 1,1
bar (absoluta) é borbulhado através do evaporador e sai saturado com água a 50 oC e 1 atm. Calcule a taxa de
fluxo volumétrica requerida do ar afluente e a taxa com que o calor deve ser transferido da ou para a unidade.
Suponha que o Cp por unidade de massa para todas as soluções líquidas seja igual ao da água pura. (1866 kJ/min)
14. Uma solução de NaOH contém 6 % em massa de soda. Use os dados de calor de solução integral para estimar
a entalpia desta solução (Btu/lbm de solução) a 200 oF em relação à água pura a 32 oF e a uma solução
infinitamente diluída a 68 oF. Suponha que os calores integrais de solução disponíveis na tabela sejam aplicáveis a
68 oF e que Cp de uma solução a 6 % seja 0,94 Btu/(lbm.oF). Compare o resultado obtido como o valor da entalpia
específica dada no diagrama entalpia-concentração. (Calculado: 158 Btu/lbm Diagrama = 155 Btu/lbm)
15. Uma solução de 5% em massa de NaOH a 80 oF deve ser concentrada a 23,1 % por evaporação da água, de
modo a atender uma necessidade de uma corrente de processo. A solução concentrada e o vapor saem do
evaporador a 230 oF e 1 atm. Calcular a taxa de calor que deve ser fornecida a processo, considerando uma
alimentação de 1000 lbm/h de solução diluída. (898609 Btu/h)
16. Sua empresa produz uma solução de soda cáustica (NaOH) 73% em massa, numa temperatura de 350 oF. Um
novo cliente, com grande potencial de consumo, liga para seu gerente e requisita uma solução de NaOH a 10%
em massa, que será fornecida a 80 oF. Seu gerente então lhe encarrega de produzir essa solução mais diluída.
Para realizar esta tarefa você só poderá desviar da linha de produção 100 lbm/h da solução mais concentrada,
porque senão seu estoque de solução concentrada ficará prejudicado. Para realizar a diluição você dispõe na
empresa de uma corrente de água líquida a 80 oF e uma de gelo a 32 oF. Informe ao seu gerente qual a vazão da
solução de soda a 10% que estará disponível para o novo cliente e também quantas libras de gelo e de água serão
necessárias para realizar esta tarefa, sabendo-se que o misturador onde ocorrerá a diluição pode ser considerado
adiabático. Dado: ho fusão (gelo) = 143 Btu/lbm. (730 lbm/h de soda; 243 lbm/h de gelo e 387 lbm/h de água )
17. Uma solução aquosa contendo 45 % em massa de NaOH a 80 oF é diluída com água líquida à mesma
temperatura, num misturador que pode ser considerado adiabático. Utilize o diagrama entalpia-concentração
para estimar a entalpia específica tanto da solução a 45 % como da água pura. Compare o valor achado para a
água pura por este diagrama com o valor indicado na tabela de vapor. Se a razão de diluição é de 1 lbm H2O / 2 lbm
de solução 45 %, calcule a porcentagem de massa de NaOH na corrente de saída do misturador. A partir de um
balanço de energia no processo, calcule a entalpia específica da solução final e determine a temperatura dessa
solução. (125 oF)
18. Uma solução de amônia a uma alta pressão é vaporizada em um processo “flash” a uma taxa de 200 lbm/h. A
solução contém 0,7 lbm NH3/lbm solução e sua entalpia relativa à água (1 atm, 32oF) e NH3 (1 atm, - 40oF) é de -50
Btu/lbm. Correntes de líquido e gás deixam a unidade a 1 atm e 80 oF. Use o diagrama entalpia-concentração para
determinar as taxas de fluxo de massa e as frações mássicas de amônia das correntes de produto (líquido e vapor)
e a taxa em Btu/h com que o calor deve ser transferido ao vaporizador. (85650 Btu/h)
19. Uma fábrica de celulose utiliza vapor de alta pressão (65 bar, 450 oC), produzido na caldeira de recuperação,
para gerar energia elétrica através de uma turbina acoplada a um gerador. Ao longo da turbina há três retiradas
de produtos. Dois destes produtos são utilizados como vapor de processo para a fábrica e o terceiro produto é um
condensado (0,06 bar, 36 oC), que é reciclado para a caldeira. Sabendo-se que o sistema gera 37 MWh de energia
elétrica, que a vazão do vapor de alta é 330 t/h e que as condições das correntes de vapor de processo são: 140
t/h (10 bar, 250 oC) e 164 t/h (3 bar, 200 oC); o restante sendo o condensado, calcule a perda percentual de
energia no gerador. (51,6%)
20. Uma companhia produtora de álcool pretende produzir álcool comercial por um processo que utiliza duas
unidades de destilação. A primeira unidade, representada pelo fluxograma da figura a seguir, destila o mosto de
malte (vide composição no quadro), que é pré-aquecido até 170 oF em um trocador de calor. O produto de topo
da coluna de destilação (vapor) não contém mosto, sendo álcool a 60 % (em peso), o qual é condensado, sendo
uma parte reciclada para a coluna de destilação (constituindo a corrente de refluxo) e o restante (destilado) segue
para a segunda unidade de destilação, onde se obtém o álcool comercial a 95 %. A razão de refluxo nesta primeira
coluna de destilação é igual a 3. O produto de fundo da coluna é constituído apenas de água e material orgânico,
sendo denominado “caudas”. Este material é enviado a um trocador de calor, onde retira-se calor sensível para
pré-aquecer o mosto e em seguida abandona o sistema, seguindo para uma planta de vanilina. Preencha os
espaços em branco do quadro e determine a quantidade de calor que deve ser fornecida pelo refervedor da
coluna. Dados para o problema:
Fronteira do sistema
10
1
9
8 TC2
TC1 3 4
6 5
2
Coluna de
TC1 = trocador de calor
destilação
TC2 = trocador de calor
7
(condensador)
11 12
4 condensado L
5 destilado L
6 refluxo L
7 caudas L 210
8 caudas L
9 água de processo L 80
2. Etano é queimado com oxigênio para formar dióxido de carbono e água. l00 gmol/h de cada reagente são
alimentados no forno. Determine: a) a razão estequiométrica entre C2H6 e O2; b) o reagente limitante; c) a
porcentagem pela qual o outro reagente está presente em excesso. (1:3,5 ; oxigênio e 250%)
3. A reação entre etileno e brometo de hidrogênio para formar brometo de etila ocorre em um reator contínuo. A
corrente de produto é analisada e encontra-se que ela contém 50% C2H5Br e 33% HBr (base molar). A alimentação
do reator contém somente etileno e brometo de hidrogênio. Calcule a conversão do reagente limitante e a
porcentagem em excesso do outro reagente. (74,6% e 23,9% )
4. No processo Deacon para a produção de cloro, HCl e O2 reagem para formar Cl2 e H2O. Ar suficiente é
alimentado de modo a fornecer 25% de oxigênio em excesso. A conversão de HCl é 70%. Calcule as frações
molares dos componentes na corrente gasosa do produto. (13% HCl, 6% O2, 51% N2, 15% H2O e 15% HCl)
5. Etanol pode ser produzido comercialmente pela reação em fase gasosa de hidratação do etileno, dada por:
C2H4(g) + H2O(g) C2H5OH(g)
Uma parte do produto desta reação é convertido em éter dietílico em uma reação paralela:
2C2H5OH(g) C2H5OC2H5(g) + H2O(g)
A alimentação do reator contém etileno e vapor na razão molar de 3:2 e 10% em mol de inertes. A conversão do
etileno é 5% e a seletividade da produção de etanol, relativa à produção de éter, é 18,0 mol/mol. Calcule a
composição molar da corrente de saída do reator. (52,7% C2H4; 34,3% H2O; 2,6% EtOH; 0,1% éter; 10,3% inertes)
6. Um reator catalítico é usado para produzir formaldeído a partir do metanol seguindo a reação:
CH3OH(g) HCHO(g) + H2(g)
Uma conversão de passe simples de 70% ocorre no reator. O metanol na corrente de produto do reator é
separado do formaldeído e do hidrogênio, em um processo de unidades múltiplas. A taxa de produção do
formaldeído é de 600 kg/h. Calcule a taxa de alimentação requerida de metanol (mol/h) para o processo, nos
seguintes casos: a) sem reciclo; b) com reciclo do metanol recuperado do reator. (28,6 kgmol/h e 20 kgmol/h )
7. Metano reage com cloro gasoso para produzir cloreto de metila e cloreto de hidrogênio conforme a seguinte
reação:
CH4(g) + Cl2(g) CH3Cl(g) + HCl(g)
Uma vez formado, o cloreto de metila pode sofrer uma cloração formando cloreto de metileno (CH 2Cl2 ),
clorofórmio (CHCl3) e tetracloreto de carbono (CCl4). Num processo de produção de cloreto de metila, metano e
cloro são alimentados em um reator à razão molar de 5:1. Uma conversão de passe simples no reator de 100%
pode ser suposta. A razão molar de CH3Cl para CH2Cl2 no produto é de 4:1 e quantidades desprezíveis de
clorofórmio e tetracloreto de carbono são produzidas. A corrente de produtos gasosos é resfriada, condensando
o cloreto de metila e cloreto de metileno, os quais são então separados em uma coluna de destilação. O gás que
deixa o condensador vai para um lavador (“scrubber”), no qual HCl é absorvido. O gás que deixa o lavador, o qual
pode ser considerado metano puro, é reciclado de volta ao reator. Para uma taxa de produção de 1000 kg
CH3Cl/h, calcule:
a) a taxa de fluxo e composição molar da alimentação virgem. (54,5 kgmol/h, 45,5% CH4 e 54,5% Cl2)
b) a taxa na qual o ácido clorídrico deve ser removido no lavador. (29,7 kgmol/h)
c) a taxa de fluxo molar da corrente de reciclo. (123,8 kgmol/h)
8. A pressões baixas ou moderadas, o estado de equilíbrio da reação de deslocamento do gás de água dada por
CO + H2O = CO2 + H2
é aproximadamente descrito pela seguinte relação:
yCO2 yH 2
0, 0247 exp 4020 / T (K)
yCO yH 2O
A alimentação do reator que opera em processo estacionário contém 30% CO; 10% CO 2; 40% H2O e o restante de
gás inerte (base molar). A reação ocorre até atingir o equilíbrio. Calcule:
a) a quantidade de H2 produzida por mol de água alimentada no reator, considerando que a reação ocorre a 850
o
C; (0,36)
b) a qual temperatura o reator deverá operar para que se tenha uma conversão de 75% do CO. (742 K)
9.Etano é alimentado em um reator de desidrogenação, a uma taxa de 150 kmol/h. Os produtos da reação são
acetileno e hidrogênio. Alcança-se uma conversão de 80%. Calcule as seguintes propriedades do produto gasoso
final: a) taxa total de fluxo molar; b) razão molar de hidrogênio para o acetileno; c) massa molar média; d) taxa
mássica de fluxo do acetileno. (390 kmol/h; 1:2; 11,55 kg/kgmol e 3120 kg/h)
10. Dióxido de titânio (TiO2) é muito usado como pigmento branco. É produzido a partir de um minério
constituído de ilmenita (FeTiO3) e óxido férrico (Fe2O3). Digere-se o minério com uma solução de ácido sulfúrico. A
reação desse ácido com a ilmenita presente no minério produz sulfato de titanilo [(TiO)SO4] e sulfato ferroso
(FeSO4) e a reação do ácido com o óxido férrico produz sulfato férrico[(Fe2(SO4)3], todas as reações ocorrem em
fase líquida, formando uma solução aquosa desses compostos. Adiciona-se mais água a essa solução digerida para
hidrolizar o sulfato de titanilo a H2TiO3 e H2SO4, sendo que o primeiro precipita. O precipitado de H2TiO3 é
calcinado (aquecimento a alta temperatura), liberando água e deixando como resíduo, dióxido de titânio puro.
Suponha que um minério que contém 23% em massa de Ti é digerido com uma solução de ácido sulfúrico 80%, a
qual é fornecida ao processo de digestão do minério com 50% em excesso da quantidade necessária para
converter toda a ilmenita a sulfato de titanilo e sulfato ferroso e todo o óxido férrico a sulfato férrico. Suponha
também que 89% da ilmenita alimentada se decompõe. Calcule as massas (em kg) de minério e de solução 80%
de ácido sulfúrico que devem ser alimentadas no processo, de modo a produzir 1000 kg de TiO2 puro.
Dados de massa molar: Fe = 56, Ti = 48, S = 32, O = 16, H = 1
(2931 kg de minério e 7905 kg de ácido)
11. Clorobenzeno (C6H5Cl) é um importante solvente e também um intermediário na obtenção de muitos outros
produtos químicos. Ele é produzido borbulhando-se cloro gasoso através de benzeno líquido na presença de
cloreto férrico, que funciona como catalisador. Em uma reação paralela indesejável, o produto é ainda clorado
dando diclorobenzeno, e em uma terceira reação, o diclorobenzeno é clorado a triclorobenzeno. A alimentação
do reator de cloração consiste essencialmente de benzeno puro e cloro de grau técnico (98% em massa de Cl 2 e
2% de impurezas). A solução líquida que deixa o reator contém 65% C6H6 , 32% C6H5Cl, 2,5% C6H4Cl2 e 0,5%
C6H3Cl3 (base mássica). Os gases que deixam o reator contêm somente ácido clorídrico e as impurezas que
entraram com o cloro. a) Determine a porcentagem em excesso pela qual benzeno é alimentado.; b) a conversão
do benzeno; c) o rendimento de monoclorobenzeno (mol formado por mol que se formaria teoricamente); d) a
razão mássica entre a alimentação gasosa e a alimentação de líquido. (248%; 26,7%; 87,0% e 0,267)
12. Metanol é produzido reagindo-se monóxido de carbono com hidrogênio. Uma corrente de alimentação
virgem contendo CO e H2 junta-se a uma corrente de reciclo, e a corrente combinada é alimentada a um reator.
Uma porção do metanol que deixa o reator é condensada, e o CO e H2 que não são consumidos no processo e
CH3OH que não foi condensado são reciclados. A corrente que deixa o reator em direção ao condensador flui a
uma taxa de 275 mol/min e contém: 10,6% H2, 64,0% CO e 25,4% CH3OH (base mássica). A fração molar do
metanol na corrente de reciclo é 0,004. Calcule as taxas de fluxos molares de CO e H2 na carga virgem, e a
produção de metanol líquido.
(25,2 gmol/min; 50,4 gmol/min e 25,2 gmol/min)
13. A carga virgem a um reator no qual ocorre a síntese de metanol a partir de CO e H2 contém 32,0% CO, 64,0%
H2 e 4,0% N2 (base molar) e flui a uma taxa de 100 mol/h. A carga virgem é misturada a uma corrente de reciclo,
cuja taxa de fluxo é de 400 mol/h. A alimentação do reator, constituída da mistura destes dois fluxos, contém
13,0% em mol de N2. A corrente de produto que deixa o reator passa por um condensador, o qual gera uma
corrente líquida (constituída de todo o metanol que sai do reator) e uma corrente gasosa. Para evitar um acúmulo
de nitrogênio no sistema, uma corrente de purga é drenada desta corrente gasosa. Os gases não purgados
constituem a corrente de reciclo para o reator. Calcule:
a) a taxa de produção de metanol (mol/h); (24,6 mol/h)
b) a taxa de fluxo molar e a composição da corrente de purga; (26,2 mol/h – 28,2% CO, 56,5% H2 e 15,3% N2)
c) a conversão total e por passe no reator. (77% total e 17% por passe)
14. Isooctano é produzido pela reação do butileno e isobutano em uma emulsão com ácido sulfúrico concentrado,
conforme a reação: C4H8 + C4H10 C8H18. A corrente de alimentação virgem ao processo [1] flui a uma taxa de
40.000 kg/h e contém 25,0% isobutano, 25,0% de butileno e 50,0% n-butano (base molar), sendo este último
quimicamente inerte no processo. A corrente virgem é misturada com uma corrente de isobutano puro [2], que é
a corrente de produto de fundo da coluna de destilação, formando a corrente [3]. Essa, por sua vez, é misturada
com uma corrente de reciclo de ácido [4], proveniente do decantador, formando a corrente [5]. E por fim, a
corrente [5] se mistura com a corrente [6], formando a corrente [7] que alimenta o reator do processo. Todo o
butileno alimentado no reator é consumido. A corrente de produtos que saem do reator [8] é dividida em duas
correntes: a corrente [6] que é reciclada para ser misturada com a corrente [5] e a corrente [9] que alimenta o
decantador. No decantador a fase aquosa (solução de ácido sulfúrico) e a fase orgânica (hidrocarbonetos) se
separam, gerando duas correntes de saída: [4] e [10] . A corrente [4], de ácido decantado, não contém
hidrocarbonetos e é reciclada. A corrente [10], que só contém hidrocarbonetos, segue para uma coluna de
destilação. O produto de topo dessa coluna [11] contém isooctano e n-butano, e o produto de fundo [2], o qual é
reciclado ao reator, contém somente isobutano. A corrente [7] que entra no reator contém 200 moles de
isobutano por mol de butileno, e 2 kg de H2SO4 (91% em massa) por kg de hidrocarboneto. A corrente [3] contém
5,0 moles de isobutano por mol de butileno. Determine as taxas de fluxo (kmol/h) de cada componente da
corrente de produto que deixa o reator e das três correntes de reciclo.
1. Um gás contém 5% (em massa) de C3H8 , 5% C4H10 , 16% O2, 38% N2 e o restante é água. Calcular a composição
molar deste gás em base seca e em base úmida. Calcule também a razão (mol água/mol gás seco). (0,9723)
2. 100 mol/h de um gás (gás natural) contendo 94,4% mol de metano, 3,4% de etano, 0,6% propano e 0,5% de
butano são queimados com 17% de ar em excesso. Calcule a taxa de fluxo molar de ar requerido. (1153 gmol/h)
3. Uma mistura de 70 % em mol de butano e 30 % em mol de hidrogênio é queimada com 25% de excesso de ar.
A conversão do butano é de 85% e a do hidrogênio 90%. Do butano que reage, 95% queimam numa reação de
combustão completa e o restante sofre combustão parcial. Calcule a fração molar de água nos produtos gasosos.
(10,9%)
5. Pirita (FeS2) fina é queimada em um ustulador (forno) numa fábrica de ácido sulfúrico. Os gases que deixam o
ustulador têm a seguinte composição (base molar): 7,12% SO2, 10,60% O2 e o restante de N2 em base livre de SO3.
As piritas contêm 42% de S e 58% inertes (Fe e ganga). O rejeito do ustulador apresenta 2,3% de SO 3. Ar seco é
fornecido para ustular a pirita. Os gases que saem do ustulador passam por um conversor catalítico, onde 96% do
SO2 presente são convertidos a SO3. Os gases que saem do conversor passam através de uma coluna de absorção,
onde somente o SO3 é absorvido, formando uma solução de ácido sulfúrico 98% (em massa). A capacidade de
absorção da coluna é de 98%.Calcule:
a) % de enxofre que permanece nas cinzas (sob a forma de SO3), com base na carga original de enxofre. (1,7%)
b) % de enxofre queimado que deixa o ustulador (sob a forma de SO3 gasoso), com base na carga original de
enxofre. (8,3%)
c) composição dos gases efluentes do conversor. (0,3% SO2; 7,4% O2; 84,6% N2 e 7,7% SO3)
d) kg de H2SO4 produzido por kg de pirita alimentada, considerando-se o ácido 98% em massa. (1,2 kg ác./kg pir.)
Reações do processo de combustão:
4FeS2 + 11O2 2Fe2O3 + 8SO2
4FeS2 + 15O2 2Fe2O3 + 8SO3
6. Propano é queimado com ar. Determine a composição molar do produto gasoso, considerando que só ocorre
reação de combustão total, para os seguintes casos: a) ar teórico, 100% de conversão do combustível; b) 20 % em
excesso de ar, 100 % de conversão; c) 20 % em excesso de ar, 90 % conversão. Calcular também a composição do
gás em base seca.
Respostas (em fração molar do componente):
Letra C3H8 O2 N2 CO2 H2O
a 0,000 0,000 0,729 0,116 0,155
b 0,000 0,033 0,739 0,098 0,130
c 0,003 0,049 0,741 0,089 0,118
(c) em base seca 0,004 0,056 0,840 0,100 -
7. N-Hexano é queimado com excesso de ar. Em uma base seca, o produto gasoso contém 0,268 % n-hexano; 7,60
% oxigênio, 9,10 % dióxido de carbono e o restante nitrogênio (base molar). Calcule a porcentagem em excesso
do ar alimentado no reator e a conversão do n-hexano. (30% e 85%)
9. Uma mistura de pirita e um minério sulfetado de zinco é queimada em um ustulador. A mistura contém 75 %
de pirita e 25 % do minério sulfetado, em massa. A pirita contém 92 % de FeS2 e o restante de ganga (inerte). O
minério contém 68 % de sulfeto de zinco (ZnS) e o resto de inertes. Uma amostra das cinzas contém 3,5% de
enxofre, sendo que 70 % deste enxofre está sob a forma de SO3 e os outros 30 % na forma de FeS2 não oxidado.
Considerando 100 kg de carga de mistura, calcule: a) a quantidade de cinzas formadas e sua composição (% em
massa); b) a quantidade de enxofre nas cinzas em relação ao enxofre alimentado. (79,6 kg de cinzas)
As reações do processo de combustão são:
4FeS2 + 11O2 2Fe2O3 + 8SO2
4FeS2 + 15O2 2Fe2O3 + 8SO3
2ZnS + 3O2 2ZnO + 2SO2
10. Um óleo combustível é alimentado em um forno e queimado com 25% em excesso de ar. O óleo contém
87,0% de C, 10,0% de H e 3,0% de S. Uma análise dos gases de exaustão do forno acusou somente a presença de
N2, O2, CO2, SO2 e H2O. A taxa de emissão de dióxido de enxofre deverá ser controlada passando esta corrente de
gases de exaustão por um lavador, no qual a maior parte do SO2 será absorvida em uma solução alcalina. Os gases
que deixam o lavador (todo o N2, O2 e CO2 e um pouco de H2O e SO2) seguem para uma chaminé. O lavador tem
uma capacidade limitada e por isso uma fração da corrente de gases de exaustão segue por um bypass
diretamente para a chaminé. Em um determinado momento durante a operação do processo, o lavador remove
90% do SO2 da corrente gasosa que o alimenta, e a corrente combinada que segue para a chaminé (bypass +
efluente do lavador) contém 612,5 ppm de SO2 em base seca. Calcule a fração da corrente de bypass em relação
à corrente dos gases de exaustão neste momento. (30%)
1. Dada a reação 4NH3(g) + 5O2(g) 4NO(g) + 6H2O(l) e sabendo-se que seu calor de reação a 1 atm e 298 K é
igual a – 279,6 kcal/mol, calcule o calor de reação a 920 oC e 1 atm, tendo como produto H2O na fase vapor.
(-216,7 kcal/mol)
2. N-butano é convertido a isobutano em um reator de isomerização, o qual opera isotermicamente a 149 oC.
Calcule o calor da reação de isomerização a 149 oC, utilizando dados tabelados de calor padrão de formação de n-
butano e isobutano. Suponha que a alimentação do reator contém 93% de n-butano, 5% de isobutano e 2% de
HCl (base molar) a 149 oC e que no reator é alcançada uma conversão de 40% do n-butano. A que taxa (em kJ/m3
CNTP de gás alimentado) o calor deverá ser removido ou fornecido ao reator? (-8701 J/gmol; 142,5 kJ/m3)
3. Tricloroetileno é muito usado na indústria como um solvente desengraxante para máquinas. Ele é produzido
por uma reação em duas etapas. Primeiramente o etileno é clorado formando tetracloroetano, o qual é
dehidroclorado para formar tricloroetileno. As reações são:
C2H4 (g) + 2 Cl2 (g) C2H2Cl4 (l) + H2 (g) Hor = - 385,76 kJ/gmol
C2H2Cl4 (l) C2HCl3 (l) + HCl (g)
O calor padrão de formação do tricloroetileno é - 276,2 kJ/gmol.
a) Utilize os dados tabelados do calor padrão de formação do etileno e cloreto de hidrogênio para calcular o calor
padrão de formação do tetracloroetano a e o calor padrão de reação da segunda reação (1 cal = 4,184 J)
(-35,3 kJ/gmol)
b) Use a Lei de Hess p/ calcular o calor padrão de reação da seguinte reação: (-421 kJ/gmol)
C2H4 (g) + 2Cl2 (g) C2HCl3 (l) + H2 (g) + HCl (g)
c) Se 300 gmol/h de C2HCl3 (l) são produzidos de acordo com a reação da letra b e os reagentes e produtos estão
todos a 25oC, qual a quantidade de calor liberado ou absorvido no processo (Q = H) ? (-126305 kJ)
4. A redução da hematita (Fe2O3) com coque (carbono) nos altos-fornos em siderúrgicas, para a obtenção de
ferro-gusa é a primeira etapa na produção de aço. A reação básica é:
Fe2O3 (s) + 3C (s) 2Fe (s) + 3CO (g) Hor = 2,111.105 Btu/lbmol
apesar de muitas outras reações ocorrerem paralelamente. Estime o calor necessário ao processo, para produzir
1 tonelada de ferro, utilizando os seguintes dados:
a) quantidades estequiométricas de minério e carbono são alimentadas a 77 oF, a reação é completa (100%
conversão), o ferro deixa o forno como líquido a 2800 oF e o CO sai a 570 oF.
b) A capacidade calorífica do Fe (s) na faixa de temperatura de interesse é: Cp (Btu/lbmol.oF) = 5,9 + 1,5.10-3 T(oF).
c) O ferro se funde a 2794 oF e tem um calor de fusão de 6496 Btu/lbmol. A capacidade calorífica do ferro fundido
é igual a 8,15 Btu/lbmol.oF. (5,3.106 Btu/t)
5. Um método para fabricar o “gás de síntese” (mistura de CO e H2) é o da reforma catalítica do CH4 com vapor a
alta temperatura, na pressão atmosférica. A reação principal é:
CH4 (g) + H2O (g) CO (g) + 3H2 (g).
A única outra reação que ocorre apreciavelmente é a reação do deslocamento do gás de água:
CO (g) + H2O (g) CO2 (g) + H2 (g).
Quando o reator é alimentado com um gás contendo a proporção de 2 moles de vapor de água para 1 mol de
metano e recebe calor de forma a elevar a temperatura dos produtos até 1300 K, o metano é completamente
convertido, e o gás efluente tem 17,4 % de CO. Admitindo que os reagentes sejam pré-aquecidos a 600 K antes de
entrar no reator, calcule o calor fornecido ao reator. Dados:
Cp médio (a 600 K, Tref = 298 K): 10,46 cal/mol.K para o metano e 8,32 cal/mol.K para H2O.
Cp médio (a 1300K, Tref = 298 K): 7,60 cal/mol.K para CO; 7,12 cal/mol.K para H2; 11,97 cal/mol.K para CO2 e
9,28 cal/mol.K para H2O. (327,7 kJ)
6. Dióxido de enxofre é oxidado a trióxido de enxofre em um pequeno reator de uma planta piloto. SO 2 e 100 %
de ar em excesso são alimentados no reator a 450 oC. A reação procede com 65 % de conversão de SO2 e os
produtos saem do reator a 550 oC. A taxa de produção de SO3 é 100 kg/h. O reator é rodeado por uma camisa
d’água, na qual água a 25 oC é alimentada. Calcule a taxa mínima de fluxo de água de refrigeração se o aumento
de temperatura da água não pode exceder 15 oC. (1306 kg/h)
7. Uma caldeira é aquecida mediante a combustão de óleo combustível de boa qualidade (constituído apenas por
hidrocarbonetos), cujo poder calorífico superior é igual a 18.700 Btu/lbm. A temperatura do combustível e do ar
que entram na câmara de combustão é 77 oF. O ar está, por hipótese, seco. Os gases de combustão saem a 560
o
F, e a sua análise média (base seca) é 11,2 % de CO2, 0,4 % de CO, 6,2 % de O2 e 82,2 % de N2. Calcule a fração do
poder calorífico do óleo que está disponível para ser transferida como calor à caldeira. (79,4%)
8. Coque pode ser convertido em CO - um combustível gasoso - na reação: CO2 (g) + C (s) 2CO (g). O coque,
contendo 84 % em massa de carbono e o restante cinzas não combustíveis, é alimentado ao reator, com uma
quantidade estequiométrica de CO2. O coque entra a 77 oF e o CO2 a 400 oF. Calor é transferido para o reator
numa quantidade de 5859 Btu/lbm de coque alimentado. Os produtos gasosos e o efluente sólido do reator
(cinzas e carbono não-queimado) saem do reator a 1830 oF. A capacidade calorífica dos sólidos que deixam o
reator é 0,24 Btu/(lbm.oF). Calcule a porcentagem de conversão do carbono no coque. (80,2%)
10. Uma refinaria queima 6,7 Nm3/h de uma mistura gasosa em uma caldeira para gerar vapor de processo. A
mistura contém 95% de etano e 5% de hidrogênio (base molar). O vapor produzido pela caldeira da refinaria está
disponível a 650 oC e 2100 kPa e é utilizado nos refervedores das colunas de destilação da refinaria. Dos gases
efluentes do processo de combustão, uma parte é desviada até um trocador de calor, com a finalidade de pré-
aquecer a mistura gasosa de 25 oC a 60 oC, sendo esta a temperatura de entrada da mistura na caldeira. Após
deixar o trocador, os gases resfriados são enviados para a chaminé. A água é alimentada na caldeira na forma de
líquido saturado a 2100 kPa. O ar para o processo de combustão na caldeira é alimentado a 25 oC, com 20% em
excesso. Sabe-se que parte do etano é queimado numa reação de combustão parcial, produzindo CO (g) e H2O (g).
O hidrogênio é todo oxidado a vapor d’água. A caldeira não opera adiabaticamente, ocorrendo perda de calor a
uma taxa de 5611 kJ/h. Os gases efluentes da caldeira estão a 300 oC e uma análise destes gases indicou que a
concentração de CO é de 0,97% (base molar). Não foram detectados hidrogênio e etano nestes gases. Com base
nos dados fornecidos, pede-se:
a) um fluxograma de blocos do processo descrito;
b) o calor total liberado pelo processo de combustão; (-335166 kJ)
c) a vazão mássica do vapor produzido pela caldeira; (114,4 kg/h)
d) a fração dos gases efluentes que é desviada para o trocador de calor, sabendo que eles saem do trocador a
25 oC. (1,06%)
11. Uma refinaria de petróleo queima gás natural (essencialmente metano) em um forno, à taxa de 2,24 Nm 3/h,
para aquecer uma mistura de hidrocarbonetos (C6-C9). Esta mistura é alimentada no forno a 25 oC e flui dentro
de tubos dispostos no interior deste forno, retirando calor do processo de combustão, saindo do forno a 65 oC.
Deste modo, o forno funciona como um trocador de calor. A mistura de hidrocarbonetos aquecida segue então
para uma coluna de destilação onde é fracionada. Com o passar dos anos, defeitos de construção e má operação
do forno, provocaram a ocorrência da reação paralela de combustão parcial do metano, produzindo CO (g) e H 2O
(g). Uma tentativa de contornar este problema foi alimentar ar com 15 % em excesso. Uma análise dos gases
efluentes do forno continuou indicando a presença de CO na concentração de 1 % (base molar). Não foi detectada
a presença de metano. Com base nos dados fornecidos, pede-se:
a) a vazão da mistura de hidrocarbonetos que pode ser processada (kg/h), sabendo-se que o forno não opera
adiabaticamente, ocorrendo perda de calor a uma taxa de 1540 kcal/h. O ar e o metano são alimentados a 25 oC e
os gases de combustão deixam o forno a 350 oC; (633 kg/h)
b) faça uma análise do que você espera lucrar se os gases efluentes fossem desviados de modo a aproveitar o seu
calor sensível para pré-aquecer a mistura de hidrocarbonetos antes dela entrar no forno, sendo que a
temperatura de saída (65 oC) é um limite que deve ser respeitado.
Dados: Mistura de hidrocarbonetos: Cp (liq.) = 0,54 cal/(g.oC) ; temperatura de ebulição = 66 oC.
12. Calcule a temperatura adiabática de chama para a combustão do C3H6(g) a 1 atm quando queimado com 20 %
de ar em excesso, sendo que os reagentes entram na câmara de combustão a 25 oC. (1934 oC)
13. A sua empresa é uma grande siderúrgica que precisa se modernizar e otimizar seus processos, para se tornar
cada vez mais competitiva no mercado. Atualmente ela vem utilizando gás de alto-forno como combustível em
alguns processos de produção. Seu gerente deseja avaliar a possibilidade de separar o monóxido de carbono, que
é um dos componentes do gás de alto-forno, para utilizá-lo como combustível, como forma de aproveitar melhor
o poder calorífico desse gás. Ele então lhe pede para projetar uma unidade de separação por absorção. Também
faz parte do seu projeto uma análise da viabilidade de queimar o monóxido de carbono em um forno,
alimentando-o a 100 oC, sendo queimado com ar também a 100 oC, com 100% em excesso. Para fins de
especificação do material de construção do forno, calcule a temperatura máxima a qual ele estará submetido.
(1560 oC)
14. Metanol líquido está para ser queimado com ar 100% em excesso em um forno para geração de calor de
processo. Você, como engenheiro químico responsável pelo projeto do forno, deve calcular a temperatura mais
alta a que as paredes deste forno estarão submetidas, de modo a escolher um material de construção apropriado,
que suporte o calor do processo de combustão do metanol. Realize este cálculo, supondo que metanol é
alimentado a 25 oC e que o ar entra no forno a 100 oC. (1256 oC)
Dados: CH3OH (líq.) + 1,5O2 (g) CO2 (g) + 2H2O (líq.) hco - 726600 J/gmol. (F9.6.2)
15. Etilbenzeno (EB) é convertido a estireno (ES) por uma reação catalítica de desidrogenação dada por:
O fluxograma de uma versão simplificada do processo comercial é mostrado a seguir. Correntes de etilbenzeno
“virgem” [1] e reciclado [2] são combinadas, formando uma corrente [3] que é aquecida em um trocador de calor
de 25 oC a 500 oC. O etilbenzeno aquecido [4] é misturado adiabaticamente com vapor d’água a 700 oC [5],
produzindo uma corrente a 600 oC [6] que se constitui na alimentação do reator. O vapor impede a ocorrência de
reações paralelas e remove resíduos de carbono (coque) depositados na superfície do catalisador. A conversão
por passe no reator é de 35 % e os produtos saem a 560 oC [7]. A corrente dos produtos é resfriada até 25 oC,
condensando essencialmente toda a água, o etilbenzeno e o estireno, formando uma corrente de condensado [8]
e permitindo que o hidrogênio passe como um subproduto recuperável do processo [9]. A água e os
hidrocarbonetos líquidos são imiscíveis e são separados em um tanque decantador. A água [10] segue para um
vaporizador onde é transformada em vapor, o qual é reciclado para se misturar à corrente de etilbenzeno. A
corrente de hidrocarbonetos [11] (EB + ES) é alimentada a uma coluna de destilação na qual a mistura é separada
essencialmente em etilbenzeno [2] e estireno [12] puros, a 25 oC, após as etapas de resfriamento e condensação.
O etilbenzeno é reciclado para o pré-aquecedor do reator e o estireno é retirado como produto. Calcule com base
na produção de 100 kg/h de ES: a) Vazão da alimentação virgem de etilbenzeno, taxa de etilbenzeno reciclado,
taxa de água reciclada (todos os valores em mol/h). Todo o sistema opera a 1 bar. b) As taxas de calor (fornecido
ou retirado) em kJ/h no pré-aquecedor de etilbenzeno; no gerador de vapor e no reator.
OBS: para melhor organizar seus cálculos, preencha a tabela da página seguinte, com os dados do processo!
H2 , 25 oC
9
EB, 25 oC
7 (D)
o
560 C QD
2
25 oC C
QC 11
QA Decantador o
8
1 3 Reator EB e ES
l
Trocador o
25 C
EB, 25 oC de calor u
H2O, 25 oC
10 n
0
600 oC a
6 QF ES, 25 oC
4 5
EB, 500 oC H2O,700 oC 12
Vaporizador
10
11
12