Sumário
AULA 01 - PARTE GERAL...............................................................................3
AULA 02 - CRIMES CONTRA PESSOA........................................................35
AULA 03 – CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO............................................70
AULA 04 – CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA..............................................93
AULA 05 – CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...................106
AULA 02 - CRIMES CONTRA PESSOA
Os crimes contra a pessoa se dividem da seguinte forma
1. Crimes contra vida: Homicídio, infanticídio, aborto e induzimento,
instigação ou auxílio ao suicídio
2. Das lesões corporais: Lesão leve, grave, gravíssima e seguida de morte
3. Da periclitação da vida e da saúde: Perigo de contágio venéreo, perigo de
moléstia grave, perigo para a vida ou saúde de outrem, abandono de
incapaz, exposição ou abandono de recém-nascido, omissão de socorro,
condicionamento de atendimento médico-hospitalar de emergência e maus-
tratos
4. Da rixa
5. Crimes contra a honra: Calúnia, difamação e injúria
6. Dos crimes contra a liberdade individual: Constrangimento ilegal,
ameaça, perseguição, sequestro e cárcere privado, redução a condição
análoga à de escravo e tráfico de pessoas
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio simples: Art. 121. Matar alguém:
Pena: reclusão, de seis a vinte anos.
Caso de diminuição de pena: Se o agente comete o crime impelido por
motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta
emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode
reduzir a pena de um sexto (1/6) a um terço (1/3).
Conhecido como homicídio privilegiado
Por causa de tais circunstancias, entende-se que a
reprovabilidade da conduta é menor e, por isso, o agente faz
jus a uma diminuição de pena
É possível que exista um crime qualificado privilegiado!
Porém, isso só poderá ocorrer quando a qualificadora for de
ordem objetiva (meios empregados), pois a circunstância
privilegiadora sempre será subjetiva (relativa aos motivos do
crime)
O crime qualificado privilegiado não é
hediondo, pois a circunstância privilegiadora
prepondera sobre a qualificadora
Relevante valor social: motivo relevante para a sociedade
(matar o estuprador do bairro, por exemplo)
Relevante valor moral: relacionado aos interesses próprios do
agente, mas que sejam interesses nobres (eutanásia em
alguém que está sofrendo muito)
Domínio de emoção após injusta agressão: é o caso de um
pai que chega em casa e vê sua filha sendo estuprada pelo
próprio tio e, no domínio da emoção, o mata. Existem alguns
requisitos:
• O agente deve estar completamente dominado pela
emoção, fora de si.
• Deve existir a injusta agressão
• A conduta deve ser logo em seguida a essa injusta
agressão
Se cometido em concurso de pessoas, a circunstância pessoal
inerente ao privilégio não se estende aos demais
Homicídio por omissão: acontece no caso, por exemplo, da mãe que,
sabendo que o padastro matará seu filho, nada faz para impedi-lo, ainda que
pudesse. Nesse caso, a mãe responderá por homicídio doloso, na
modalidade crime omissivo impróprio
Hediondo: o homicídio simples será hediondo quando em atividade típica de
grupo de extermínio
O artigo 121 diz respeito à vida extrauterina, que se inicia com o início do
parto, de acordo com a maioria da Doutrina.
O crime se consuma quando a vítima vem a falecer, portanto, trata-se de um
crime material.
Existe a possibilidade de tentativa (iter criminis pode ser fracionado em
vários atos)
Homicídio qualificado: possui uma pena maior: reclusão, de doze a trinta anos. Caso houver duas
ou mais qualificadoras, uma delas irá qualificar o crime, e as demais serão consideradas na
aplicação da pena. O homicídio qualificado ocorre quando cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
Motivo torpe seria um motivo repugnante
É necessário pelo menos duas pessoas (concurso necessário):
a que paga ou promete e a que executa
A 5° turma do STJ firmou entendimento de que a qualificadora
de paga ou promessa de recompensa não é elementar do
crime de homicídio e, portanto, possui caráter pessoal e não
se comunica aos mandantes
O homicídio por vingança pode ou não ser considerado
motivo torpe, a depender do caso concreto
II - por motivo fútil;
Trata-se de motivo banal, ridículo, desproporcional. Um
exemplo é matar alguém que sem querer pisou no seu pé e
sujou seu tênis.
Não confundir com motivo injusto. Todo homicídio é injusto,
pois se justo fosse, não haveria ilicitude
Atenção!! Matar por motivo “besta” é qualificado (motivo
fútil). Porém, matar sem motivo (o que seria até pior, se for
analisar) é homicídio simples.
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
Trata-se de uma qualificadora de ordem objetiva, pois decorre
dos meios usados para a prática do crime
Perigo comum: aquele em que se coloca em risco um número
indeterminado de pessoas. É o caso de alguém que, querendo
matar uma pessoa, dispara contra ela em uma via pública,
onde existem várias outras pessoas
Veneno: essa qualificadora só incide quando a vítima não sabe
que está ingerindo o veneno! Se ela souber (por exemplo, no
caso de o agente obrigar ela a tomar o veneno), trata-se da
qualificadora por motivo cruel
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
Amarrar, agir pelas costas, com a vítima dormindo, de
surpresa
Premeditar o crime não o qualifica por si só
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de
outro crime:
Chamado de conexão objetiva. O agente pratica um homicídio
para assegurar algum benefício em relação a outro crime
A conexão pode ter teleológica, que é pra assegurar a
execução de um futuro crime; ou consequencial, que é para
assegurar a ocultação, a impunidade ou alguma outra
vantagem de um crime que já ocorreu
O outro crime não precisa ter sido praticado pelo mesmo
agente.
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino (feminicídio)
Considera-se que há razões de condição de sexo feminino
quando o crime envolve:
Violência doméstica e familiar;
Menosprezo ou discriminação à condição de
mulher.
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a
metade se o crime for praticado:
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses
posteriores ao parto;
II - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos,
com deficiência ou com doenças degenerativas
que acarretem condição limitante ou de
vulnerabilidade física ou mental;
III - na presença física ou virtual de
descendente ou de ascendente da vítima;
IV - em descumprimento das medidas
protetivas de urgência previstas nos incisos I, II
e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7
de agosto de 2006.
O STJ firmou entendimento de que a qualificadora do
feminicídio possui natureza objetiva
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da
Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de
Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em
razão dessa condição
Também terá essa qualificadora quando for praticado contra
os integrantes:
• Das forças armadas (Marinha, Exército, Aeronáutica)
• Da PF, PRF, PFF, PC, PM, BM e PP
• Da Força Nacional de Segurança
Há entendimento de que os guardas municipais
também estariam abarcados por esse inciso
Para incidir essa qualificadora é necessário que o crime
aconteça no exercício da função ou em razão dela
VIII - com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido.
IX - contra menor de 14 (quatorze) anos
A pena do homicídio contra menor de 14 (quatorze) anos é
aumentada de:
I - 1/3 (um terço) até a metade: se a vítima é pessoa
com deficiência ou com doença que implique o
aumento de sua vulnerabilidade;
II - 2/3 (dois terços): se o autor é ascendente, padrasto
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor,
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por
qualquer outro título tiver autoridade sobre ela.
III - 2/3 (dois terços): se o crime for praticado em
instituição de educação básica pública ou privada.
Educação básica: educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio
Se a data do crime coincidir com o aniversário de 14 anos da
vítima, não incidirá a qualificadora (somente incide aos
menores de 14)
Atenção!! O crime doloso acontece quando o agente deseja o
resultado, certo? Porém, no homicídio doloso em geral,
existem majorantes, quais sejam:
• Se for cometido contra menor de 14 anos ou maior de
60 anos, a pena será aumentada em 1/3
• Se for praticado por milícia privada, sob o pretexto de
prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio, terá aumento de 1/3 até a metade
O problema está no fato de que o crime cometido contra
menor de 14 é, ao mesmo tempo, majorante e qualificadora e,
como sabemos, por conta do princípio do ne bis in idem, uma
mesma condição ou circunstância não pode ser considerada
duplamente na dosimetria da pena.
Porém, o que acontece, na prática, é que o homicídio pode ser
qualificado ou majorado por uma série de fatores, então o juiz
qualifica o delito por um motivo e considera as majorantes
para aumento da pena. Veja os exemplos:
• Matar uma criança de 10 anos numa escola: qualifica
por ser menor de 14 anos e majora em 2/3 por ter sido
praticado em instituição de ensino básico
• Matar uma criança de 12 anos por motivo fútil:
qualifica por motivo fútil e majora por ser menor de 14
anos
Homicídio culposo: Se o homicídio é culposo, a pena é de detenção de um a três anos.
Culposo: quando não há intenção de matar. Ou seja, o agente não quer o
resultado, mas por inobservância de um dever de cuidado (negligência,
imprudência ou imperícia), acaba por causar a morte.
Imprudência: é a falta de cautela, falta de precaução. Ex.:
ultrapassagem proibida
Negligência: ocorre por falta de uma ação. O agente deixa de
tomar determinado cuidado antes da ação. Ex.: não fazer
manutenção no carro antes de viajar e, por isso, causar um
acidente
Imperícia: falta de aptidão técnica para realização da conduta.
Ex.: médico que faz uma cirurgia sem ter os conhecimentos
para tanto
Aumento de pena: no homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço), se:
• O crime resulta de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício
• O agente deixa de prestar imediato socorro à vítima
• O agente não procura diminuir as consequências do seu ato
• O agente foge para evitar prisão em flagrante.
Atenção!! Majorantes específicas para o homicídio
CULPOSO
Perdão judicial: na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a
pena se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária.
Ocorre, por exemplo, quando o pai mata o próprio filho por achar
que este era um ladrão invadindo sua casa durante a noite (era só o
filho voltando da festa).
Nesse caso, as consequências da infração atinge o
agente de forma tão grave que a sanção penal se torna
desnecessária
A sentença que concede o perdão judicial é declaratória de extinção
de punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.
Desse modo, não será considerado para fins de
reincidência
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por
milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo
de extermínio.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação: art. 122 do CP: Induzir ou
instigar alguém a se suicidar ou a praticar automutilação ou lhe prestar auxílio material para que o
faça:
Pena: reclusão de 6 meses a 2 anos
O induzimento, instigação ou auxílio deve ter como vítima pessoa(s) certa(s)
e determinada(s). Se forem abstratos, sem alvo definido, não configura
crime.
Induzimento: o agente faz nascer na vítima a ideia de se
matar ou se automutilar
Instigação: o agente reforça a ideia já existente na cabeça da
vítima
Auxílio: O agente presta algum tipo de auxílio material à
vítima
É um crime formal, que se dá com o mero ato de induzir, instigar ou auxiliar a
vítima, não sendo necessário que a vítima realmente faça tais coisas.
Caso ocorra resultado danoso à vítima, será uma qualificadora
Esse crime somente ocorre se a pessoa induzida possui capacidade de
resistir ao induzimento/instigação! Se a vítima não possuir tal capacidade,
estaremos diante de um homicídio ou lesão corporal
• Pessoa menor de 14 anos
• Pessoa que não tem discernimento por qualquer que seja o
motivo
Qualificadoras: temos duas qualificadora para esse crime:
Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão
corporal de natureza grave ou gravíssima
Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta
morte:
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Existem também algumas majorantes aplicáveis:
Pena é duplicada:
• Se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou
fútil;
• Se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
causa, a capacidade de resistência.
Pena é aumentada até o dobro
• Se a conduta é realizada por meio da rede de
computadores, de rede social ou transmitida em
tempo real.
Atenção!! Temos aqui um crime hediondo! Logo, o
agente responderá perante o tribunal do juri!
Pena em dobro
• Se o autor é líder, coordenador ou administrador de
grupo, de comunidade ou de rede virtual, ou por estes
é responsável.
Observação: por conta da redação do artigo, ele nem sempre será
considerado um crime contra vida (apesar de estar incluso aqui).
Será crime contra vida quando o a conduta for a induzir,
instigar ou auxiliar alguém a se suicidar
Será crime contra a integridade corporal quando a conduta for
induzir, instigar ou auxiliar alguém a se automutilar
Nos dois casos a ação penal será pública
incondicionada!
Infanticídio: Art. 123. Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Pena: detenção, de dois a seis anos.
É como se fosse um homicídio, porém, a pena é mais branda em razão de
comprovação científica acerca dos transtornos que o estado puerperal pode
causar na mãe
Não há certeza quanto ao tempo de duração do estado
puerperal, mas sabe-se que pode durar meses após o parto
O sujeito ativo desse crime somente pode ser a mãe, assim como o passivo
somente pode ser o recém-nascido
Porém, admite-se o concurso de agentes, ou seja, é possível
que outra pessoa também responda pelo infanticídio no caso
de, sabendo a condição da mãe, a auxilia a cometer o delito.
Seria o caso de uma mãe que conta ao marido o
desejo de matar o recém-nascido e esse
colabora lhe entregando uma faca
A ação penal é pública incondicional
Aborto: Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena: detenção, de um a três anos.
Tutela-se a vida intrauterina, que é a vida daquele que ainda não nasceu
O sujeito ativo só pode ser a mãe.
Mesmo na segunda hipótese (consentir que outrem lho
provoque), o sujeito ativo será a mãe! Porém, nesse caso, o
terceiro que ajudou responde pelo crime do art. 126 (provocar
aborto com o consentimento da gestante)
Aborto praticado por terceiro sem o consentimento da gestante: Art. 125. Provocar aborto, sem o
consentimento da gestante:
Pena: reclusão, de três a dez anos.
Trata-se de um crime comum, ou seja, pode ser praticado por qualquer
pessoa (normalmente é um médico)
Aqui termos dois agentes passivos: o produto da concepção (embrião ou
feto) e a gestante
Tal crime também ocorre quando a gestante é menor de 14 anos, alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave
ameaça ou violência
No caso da menor de 14 anos, mesmo se essa consentir por
livre e espontânea vontade, estará configurado o crime, pois
se trata de pessoa que não possui condições para prestar tal
consentimento
• O mesmo ocorre caso a pessoa seja alienada ou
débil mental
Se o agente, sabendo da gravidez, mata a mãe (e, por consequência o
embrião/feto), responderá por dois crimes: aborto e homicídio
Aborto com o consentimento da gestante: Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da
gestante:
Pena: reclusão, de um a quatro anos.
Nesse caso, a gestante responderá pelo crime do art. 124 (aborto), e a
pessoa que realizou o procedimento (normalmente um médico) responderá
pelo crime desse artigo
Majorante: se a gestante sofre lesão corporal grave, as penas são
aumentadas de 1/3 e, caso a gestante morra, as penas são duplicadas
Trata-se de um crime preterdoloso, pois o resultado agravador
decorre de culpa do agente!
Se existir dolo em lesionar e provocar o aborto, o agente
responde pelos dois crimes. O mesmo acontece se haver dolo
em matar e em provocar o aborto: responderá por homicídio
e aborto
Agora, se houver dolo em lesionar a mãe e, por culpa,
provocar aborto, responde por lesão corporal gravíssima
Aborto permitido: Art. 128. Não se pune o aborto praticado por médico:
Se não há outro meio de salvar a vida da gestante
Trata-se do Aborto Necessário, que acontece quando não há
outra forma de salvar a vida da gestante a não ser pelo
aborto.
Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Não se exige que haja sentença reconhecendo o estupro.
Basta que o médico possua elementos seguros a respeito da
existência do crime:
Depoimento da mulher, depoimento de
testemunhas, registro de ocorrência policial,
etc.
De acordo com o STF, há mais um caso em que o aborto não é crime: no
caso de fetos anencéfalos (feto sem cérebro ou com má formação cerebral)
DAS LESÕES CORPORAIS
Lesão corporal simples: Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena: detenção, de três meses a um ano.
Tanto o sujeito passivo quanto o ativo podem ser qualquer pessoa.
O crime pode ser praticado de diversas maneiras: socos, chutes, pancadas,
perfurações, cortes etc.
Não se pune a autolesão!
A Lei 13.142/15 incluiu o §12 no art. 129 do CP, trazendo uma nova
majorante: A pena será aumentada de 1/3 a 2/3 se o crime de lesões
corporais for praticado contra integrantes das Forças Armadas (Marinha,
Exército e Aeronáutica), das forças de segurança pública (Polícia Federal,
Rodoviária Federal, Ferroviária Federal, Civil, Militar e Corpo de Bombeiros
militar), dos agentes do sistema prisional (agentes penitenciários) e
integrantes da Força Nacional de Segurança
É necessário que o crime seja praticado no exercício da função
ou em razão dela
Lesões corporais qualificadas: temos três tipos de qualificadoras, sejam elas: lesão corporal de
natureza grave, gravíssima e seguida de morte!
Lesão corporal de natureza grave: ocorre quando a lesão ocasiona:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de
trinta dias
Se for 30 dias não configura a agravante. Tem
que ser mais de 30, ou seja, 31 pra frente.
Ocupações habituais: trabalho, estudo, hobby
etc
II - perigo de vida
Não pode haver dolo de matar! Caso tenha,
estará configurado o homicídio tentado
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função
A vítima não pode perder seu membro, sentido
ou função, mas sim ficar debilitado. Se perder,
haverá lesão gravíssima
IV - aceleração de parto
Também não pode haver dolo no aborto, pois,
se houver, o agente responde pelo crime de
aborto provocado por terceiro, sem o
consentimento da gestante, na forma tentada
Pena: reclusão, de um a cinco anos.
Por a pena mínima ser de um ano, caberá a
suspensão condicional do processo!
Lesão corporal de natureza gravíssima: ocorre quando a lesão ocasiona:
I - Incapacidade permanente para o trabalho
Diferente do primeiro ponto do tópico anterior,
aqui, além de a incapacidade ser permanente, é
preciso que seja para o trabalho, não para as
demais ocupações
II - enfermidade incurável
Doença que não possui cura de acordo com os
conhecimentos da medicina até então
disponíveis à época do crime.
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função
Perda: destruição ou privação do membro,
sentido ou função
Inutilização: não perde o membro, mas perde
completamente as funções que ele devia
desempenhar
A perda/inutilização de um só membro, ainda
que duplo (braço, perna), configura lesão
gravíssima. Porém no caso de órgãos duplos
(olhos, rins..), a perda de um só deles configura
lesão grave
IV - deformidade permanente
Ocorre quando há dano estético permanente à
vítima.
Não precisa ser em partes visíveis do
corpo, pode ser em regiões íntimas
também
V - aborto
Pena: reclusão, de dois a oito anos.
Lesão corporal seguida de morte: se resulta morte e as circunstâncias
evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de
produzi-lo
Pena: reclusão, de quatro a doze anos.
É um crime preterdoloso, pois ocorre quando há dolo na
conduta inicial (lesão corporal) e culpa no resultado (morte)
A Lei 13.188/2021 acrescentou uma qualificadora: se a lesão for praticada
contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos
Essa qualificadora só se aplica à lesão corporal dolosa simples.
Apesar de a pena mínima ser 1 ano, o STJ entende não ser
possível a aplicação da suspensão condicional do processo,
por se tratar de crime que envolve violência doméstica e
familiar
Lesão corporal privilegiada: se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor
social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da
vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço (1/6 a 1/3)
Se forem graves as lesões, o juiz pode substituir a pena privativa de liberdade
pela multa. Ocorre nas seguintes situações:
• Qualquer das hipóteses do parágrafo anterior;
• Se as lesões são recíprocas.
Lesão corporal culposa: ocorre quando o agente não quer o resultado, mas acaba por cometê-lo
por motivos de negligência, imprudência ou imperícia
Pena: detenção, de dois meses a um ano.
Quando ocorrem em direção de veículo automotor, é crime especial,
previsto no Código de Trânsito Brasileiro
Majorante: Aumenta-se a pena de um terço, se:
• O crime resultado de inobservância de regra técnica de
profissão, arte ou ofício
• O agente deixa de prestar socorro imediato à vítima
• Não procura diminuir as consequências de seus atos
• Foge para evitar prisão em flagrante
Perdão judicial: se as consequências da infração atingirem o infrator de tal
forma que a pena se torne desnecessária
Violência Doméstica: se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou
companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das
relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Se o crime for qualificado (lesão grave, gravíssima ou morte): o agente
receberá a pena relativa à forma qualificada, com aumento de 1/3.
Se a vítima da violência doméstica é pessoa com deficiência: a pena é
aumentada de 1/3.
Ação penal: em regra, a ação penal é pública incondicionada, porém, na lesão leve culposa, será
condicionada à representação!
No caso de violência doméstica à mulher, a ação será pública incondicionada
em qualquer hipótese.
DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Tratam-se de crimes de “perigo”: são atos que não causam danos a terceiros, mas expõem a perigo
abstrato. Logo, tem-se que são crimes formais, pois a ocorrência ou não do dano é irrelevante para
a consumação do delito!
Perigo de Contágio venéreo: Art. 130. Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
O elemento subjetivo exigido é o dolo!
Dolo de querer manter relações sexuais, pois se a intenção do
agente é transmitir a moléstia, então a pena será de reclusão,
de um a quatro anos e multa (qualificadora)
Somente se procede mediante representação.
O sujeito ativo e o passivo pode ser qualquer pessoa, mas parte da doutrina
entende se tratar de um crime próprio, pois o sujeito ativo deve ter uma
condição especial (estar contaminado com a moléstia)
A doutrina entende que não importa se a vítima concorda ou não com o ato.
A ação penal é pública condicionada à representação
Perigo de contágio de moléstia grave: Art. 131. Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia
grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
O elemento subjetivo é o dolo específico, que consiste na vontade do agente
de transmitir a doença.
Não se admite o dolo eventual e nem a culpa! O agente
precisa querer o resultado
Além disso, o meio usado pode ser qualquer um, não há
necessidade de ser através de relação sexual
O crime se consuma com a mera realização do ato, não se exigindo que a
contaminação ocorra.
Porém, se a contaminação ocorrer, duas situações podem se
mostrar:
1. A doença causou lesão leve: o agente
responde pelo crime de perigo de contágio de
moléstia grave
2. A doença causou lesão grave ou morte: o
agente responde por estes crimes (lesão grave
ou morte)
Perigo para a vida ou saúde de outrem: Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
direto e iminente:
Pena: detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
Majorante: a pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da
vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para
a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais.
Pode acontece na forma comissiva ou omissiva
Na forma comissiva (mediante uma ação), o crime é
plurissubsistente (pode ser fracionado em vários atos),
admitindo, portanto, a tentativa.
A forma omissiva ocorre quando, por exemplo, o patrão deixa
de fornecer equipamentos de segurança aos funcionários
Sujeitos ativos e passivos podem ser quaisquer pessoas.
Elemento subjetivo exigido é o dolo (não de causar dano, mas de expor a
perigo)
É crime formal, que se consuma com a mera exposição ao perigo. Porém,
caso ocorra o resultado, duas hipóteses podem ocorrer
1. Resultado gera um delito mais grave: agente responde pelo
mais grave
2. Resultado é menos grave do que o crime de exposição:
agente responde pela exposição
Abandono de incapaz: Art. 133. Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena: detenção, de seis meses a três anos.
Trata-se de crime próprio, pois o agente precisa ter o dever de guarda e
vigilância da pessoa abandonada
O elemento subjetivo é dolo, consistente da intenção de abandonar o
incapaz, causando-lhe perigo. Não se admite a forma culposa
Incapaz é a pessoa que não tem condições de se proteger
sozinha
Se o agente tem o dolo de produzir algum resultado,
responderá pelo crime na modalidade tentada ou consumada,
caso o resultado ocorra
Qualificadoras: existem duas qualificadoras para o crime de abandono de
incapaz:
1. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena: reclusão, de um a cinco anos.
2. Se resulta a morte:
Pena: reclusão, de quatro a doze anos.
Majorantes: As penas desse crime aumentam-se de um terço:
I - se o abandono ocorre em lugar ermo (deserto)
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão,
tutor ou curador da vítima.
III - se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos
Exposição ou abandono de recém-nascido: Art. 134. Expor ou abandonar recém-nascido, para
ocultar desonra própria:
Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
Entende-se que o sujeito ativo só pode ser o pai ou a mãe do recém-nascido
(a doutrina não é unânime)
O elemento subjetivo é o dolo, consistente na vontade de expor o recém-
nascido. Exige-se, também, o especial fim de agir, consistente na intenção de
ocultar a própria desonra.
Se não houver essa intenção, o agente responde pelo crime de
abandono de incapaz.
Pode haver tentativa (imagine que o pai/mãe é surpreendido no ato do
abandono
Qualificadoras: existem duas:
1. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave
Pena: detenção, de um a três anos.
2. Se resulta a morte:
Pena: detenção, de dois a seis anos.
Omissão de socorro: Art. 135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em
grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Trata-se de um crime omissivo puro, ou seja, não existe na forma comissiva
É também um crime formal, pois ou a pessoa se omite em prestar socorro,
ou ela presta o socorro
A doutrina majoritária entende que somente é possível a participação, mas
não a coautoria
Existem duas formas de cometer esse crime
1. Deixar de prestar o socorro (caso possa fazê-lo sem risco)
2. Deixar de chamar a autoridade pública para que essa preste
o socorro (caso a própria pessoa não possa fazê-lo sem risco)
Majorante: a pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Para que se aplique tais majorantes, é necessário que o
socorro não prestado pelo agente tivesse o condão de evitar
que tais resultados acontecessem
Omissão de socorro em acidentes de trânsito: existem duas situações, uma
que é regulada pelo CTB e outra pelo CP, veja o exemplo:
Imagine que a pessoa X e a pessoa Y se envolvam em um
acidente de carro e a pessoa Z presencie a ocorrência. No
acidente, a pessoa X se saiu bem (não aconteceu nada), mas a
pessoa Y fica em situação crítica.
Se X omitir socorro à Y, responderá por crime
regulado pelo CTB!
Se Z omitir socorro, responderá pelo crime de
omissão de socorro (Art. 132 do CP)
Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial: Art. 135-A. Exigir cheque
caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários
administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
É uma modalidade “especial” de omissão de socorro
O sujeito ativo seria o responsável pelo estabelecimento
Só se aplica se o atendimento for emergencial
Majorante: a pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento
resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Maus-tratos: Art. 136. Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou
vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação
ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando
de meios de correção ou disciplina:
Pena: detenção, de dois meses a um ano, ou multa.
É um crime próprio, só podendo ser praticado por quem detém a guarda ou
vigilância da vítima
Elemento subjetivo exigido é dolo, devendo haver a finalidade especial de
agir (dolo específico), consistente na intenção de educar, ensinar, tratar ou
custodiar
Diferença entre tortura e maus-tratos: na tortura a vítima é submetida a
intenso sofrimento (físico ou mental), com a finalidade específica de obter
alguma declaração, ou em razão da raça/religião ou para aplicar castigo
Já nos maus-tratos o objetivo é “educar, ensinar, tratar ou
custodiar” através dos seguintes meios:
• Privar de alimentação
• Privar de cuidados indispensáveis
• Sujeitar a trabalho excessivo ou inadequado
• Abusar dos meios de correção ou disciplina
Qualificadoras: existem duas:
1. Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave a pena é
de reclusão, de um a quatro anos.
2. Se resulta a morte a pena é de reclusão, de quatro a doze
anos.
Majorante: aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra
pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Ação penal: Nos crimes de Periclitação da vida e saúde, somente o crime de perigo de contágio de
doença venérea é crime de ação penal condicionada à representação. Os demais são crimes de
ação penal pública incondicionada.
DA RIXA
Rixa: Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena: detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Rixa é briga entre três ou mais pessoas, em que cada um age por conta
própria (violência recíproca)
A doutrina entende que os participantes da rixa são, ao mesmo tempo,
sujeitos ativos e passivos. Porém, cada um será ativo na sua agressão e
passivo na agressão do outro
Qualificadora: se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-
se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a
dois anos.
A doutrina entende que todos respondem pela forma
qualificada, não somente aqueles que efetivamente causaram
a lesão
Porém, aqueles que causaram a lesão ou morte responderão
por tais crimes (além do crime de rixa)
Caso a pessoa saia da briga antes da lesão grave ou morte,
responderá pela forma qualificada, pois seus atos
contribuíram para o resultado
Já se a pessoa entra na briga após a lesão grave ou morte,
responderá por rixa simples, somente
DOS CRIMES CONTRA HONRA
O bem jurídico aqui tutelado é a honra do ofendido, seja em sua dimensão subjetiva ou objetiva
Honra subjetiva: sentimento de apreço pessoal que a pessoa tem de si
mesma.
Pode estar ligada aos atributos morais (honra-dignidade) ou
aos atributos físicos e intelectuais (honra-decoro)
Honra objetiva: apreço que os outros têm pela pessoa
Calúnia: Art. 138. Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Na calúnia, o bem jurídico tutelado é a honra objetiva (perante a sociedade)
Logo, é necessário que a divulgação da calúnia chegue a
conhecimentos de terceiros, pois se ficar somente entre o
sujeito passivo e o sujeito ativo, teremos um indiferente penal
Pode ocorrer de duas formas: o fato imputado não ocorreu ou o fato
imputado ocorreu mas o caluniado não foi o autor
Além disso, incorre na mesma pena a pessoa que sabe que a
imputação é falsa e mesmo assim a propala ou divulga
É punível a calúnia contra os mortos (porém, nesse caso, os sujeitos passivos
serão seus familiares)
O inimputável também pode ser caluniado
Pessoa jurídica também pode ser sujeito passivo do crime de
calúnia, porém, somente nos casos de a imputação ser de
crime ambiental (pois o ordenamento jurídico diz que pessoa
jurídica só pode praticar esse tipo de crime)
Não existe calúnia contra si mesmo. Caso o agente impute a si fato definido
como crime (de maneira falsa), cometerá o crime do Art. 341 do CP –
autoacusação falsa
Crime permanente: poderá ocorrer no caso da calúnia ser realizada através
da rede mundial de computadores, em vídeo que permaneça disponível para
as pessoas (enquanto o vídeo estiver no ar, o crime estará se consumando)
Apesar de ser um crime formal, admite-se tentativa: imagine que a calúnia
está redigida numa carta e esta é interceptada pelo “caluniado” antes que
chegue a conhecimento de terceiros.
Exceção da verdade: admite-se a prova da verdade, ou seja, o sujeito ativo
possui o direito de provar que o fato que ele imputa ao sujeito passivo é
verdade. Entretanto, existem casos em que não se admite a exceção da
verdade:
I – Se o ofendido ainda estiver respondendo a processo
criminal, o caluniador não pode alegar a exceção da verdade
II – Se a calúnia se dirigir ao Presidente da República ou chefe
de governo estrangeiro
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido
foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação: Art. 139. Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena: detenção, de três meses a um ano, e multa.
O bem jurídico tutelado é a honra objetiva (perante a sociedade)
O fato imputado não é crime, apenas algo que ofende sua reputação
A consumação ocorre quando um terceiro toma conhecimento do fato
É irrelevante se o terceiro acredita ou não na informação.
O crime admite tentativo na forma escrita (ex.: carta
interceptada)
Tanto o sujeito passivo quanto o passivo podem ser qualquer pessoa (crime
comum)
Pessoa jurídica pode ser sujeito passivo (pois tem reputação)
Não se pune difamação contra mortos
Exceção da verdade: a exceção da verdade somente se admite se o ofendido
é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria: Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
O bem jurídico tutelado é a honra subjetiva (apreço por si mesmo)
A ofensa nesses casos tem a finalidade de fazer a vítima se
sentir inferior, diminuída, depreciada
Não se exige que terceiro tome conhecimento da ofensa (apenas a vítima
precisa tomar conhecimento)
Trata-se de crime formal, que se consuma com a chegada da ofensa ao
conhecimento da vítima. Além disso, não importa se a vítima se sinta
ofendida ou não
O juiz pode deixar de aplicar a pena em dois casos: provocação e retorsão
Provocação: quando o ofendido, de forma reprovável,
provocou diretamente a injúria;
Retorção: há uma injúria como resposta a outra injúria
Qualificadoras: existem duas:
Injúria real: se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se
considerem aviltantes:
Pena: detenção, de três meses a um ano, e
multa, além da pena correspondente à
violência.
É necessário o especial fim de agir, consistente
na intenção de ofender (ex.: dar um tapa na
cara de alguém com a intenção não de lesionar,
mas sim de ofender)
Injúria racial: se a injúria consiste na utilização de elementos
referentes a religião ou à condição de pessoa idosa ou com
deficiência:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e
multa.
Tem-se o nome “racial” pois antes também se punia a
injúria contra raça/cor. Porém, a Lei 14.532/23 retirou
tal injúria (baseada em preconceito de raça, cor, etnia
ou origem) e transportou para a Lei antirracismo.
A nova redação é a seguinte: Injuriar alguém,
ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de
raça, cor, etnia ou procedência nacional.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e
multa.
A pena é aumentada de metade se o crime for
cometido mediante concurso de 2 (duas) ou
mais pessoas.
Quando for racial: se compara ao racismo, será
imprescritível, inafiançável e a ação penal será pública
incondicionada
Quando for baseada em elementos religiosos,
condição de pessoa idosa ou deficiência: não se
equipara ao racismo e a ação será condicionada à
representação
Disposições comuns aos crimes contra honra
Em relação as penas: As penas cominadas aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é
cometido:
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;
II – contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os
Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
Tribunal Federal;
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da
calúnia, da difamação ou da injúria.
De acordo com a doutrina, deve haver pelo menos 03 pessoas
IV - contra criança, adolescente, pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou
pessoa com
deficiência, exceto na hipótese prevista no § 3º do art. 140 deste Código.
§ 3º do art. 140: Se a injúria consiste na utilização de
elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a
condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência
Pena: reclusão de um a três anos e multa
Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se
a pena em dobro.
Se o crime é cometido ou divulgado em quaisquer modalidades das redes
sociais da rede mundial de computadores, aplica-se em triplo a pena.
Exclusão do crime: Não constituem injúria ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa (para defender seu
direito), pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo
quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação
ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.
Todas essas situações são causas de exclusão de ilicitude do
fato, de acordo com a Doutrina
Nos casos das situações I e III, responde pela injúria ou pela
difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação: o infrator que, antes da sentença (de primeiro grau), se retrata cabalmente da calúnia
ou da difamação, fica isento de pena.
A retratação deve ser total e só se aplica aos crimes de ação penal privada!
Além disso, nos casos em que a calúnia/difamação tenha sido
proferida em meios de comunicação, a retratação deverá se
dar, se o ofendido assim desejar, pelos mesmos meios
Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria,
quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se
recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela
ofensa.
Esse pedido de esclarecimento é considerado mera ação
cautelar preparatória
Ação penal: os crimes contra honra são todos de ação privada, que se procedem mediante queixa,
salvo no caso de injúria racial, na hipótese de haver violência
No caso de ofensa ao Presidente da República ou chefe de governo
estrangeiro, a ação penal será pública condicionada à requisição do Ministro
da Justiça
No caso de ofensa a funcionário público em razão da função, o STF sumulou
entendimento no sentido de que a legitimidade é tanto do ofendido quanto
do MP
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
Constrangimento ilegal: Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou
depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o
que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Sujeito ativo e passivo podem ser qualquer pessoa (crime comum)
Porém, se o sujeito ativo for funcionário público no exercício
da função, podemos estar diante do crime de abuso de
autoridade
O crime se consuma quando a vítima cede ao comando do infrator e pratica
o ato que não desejava
Majorantes: as penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando,
para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego
de armas.
Se o infrator se utilizar de violência, causando lesões na vítima, responderá
cumulativamente pelo constrangimento ilegal e pela violência aplicada
(concurso material)
O constrangimento não será punido quando:
Realizado por médico para salvar a vida do paciente
A coação é exercida para impedir suicídio.
Intimidação sistemática: Art. 146-A. Intimidar sistematicamente, individualmente ou em grupo,
mediante violência física ou psicológica, uma ou mais pessoas, de modo intencional e repetitivo,
sem motivação evidente, por meio de atos de intimidação, de humilhação ou de discriminação ou
de ações verbais, morais, sexuais, sociais, psicológicas, físicas, materiais ou virtuais:
Pena: multa, se a conduta não constituir crime mais grave.
Trata-se do famoso “bullying”
A intimidação precisa se dar de forma sistemática, ou seja, de forma
habitual, levando-se à conclusão de que a prática de um ato isolado não
configura tal delito
O crime se consuma com a prática de qualquer uma das condutas do caput
do artigo, e não se exige que a vítima se sinta abalada com a intimidação
Intimidação sistemática virtual (cyberbullying): Se a conduta é realizada por
meio da rede de computadores, de rede social, de aplicativos, de jogos on-
line ou por qualquer outro meio ou ambiente digital, ou transmitida em
tempo real:
Pena: reclusão, de 2 (dois) anos a 4 (quatro) anos, e multa, se
a conduta não constituir crime mais grave.
Trata-se de uma qualificadora!
Ameaça: Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Pode ser explícita (vou te matar) ou implícita (se eu fosse você eu contrataria
um seguro de vida)
A consumação se dá com a chegada da ameaça ao conhecimento da vítima
Somente se procede mediante representação.
Perseguição: Art. 147-A. Perseguir alguém, reiteradamente e por qualquer meio, ameaçando-lhe a
integridade física ou psicológica, restringindo-lhe a capacidade de locomoção ou, de qualquer
forma, invadindo ou perturbando sua esfera de liberdade ou privacidade.
Pena: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Tal crime também é conhecido como stalking
Um ato isolado não configura o crime. A perseguição deve ser reiterada,
habitual
Majorante: a pena será aumentada da metade se o crime for cometida:
• Contra criança, adolescente ou idoso
• Contra mulher, por razões da condição de sexo feminino
• Mediante concurso de duas ou mais pessoas ou com o
emprego de arma
Não há necessidade da arma ser de fogo!
Armas brancas também estão compreendidas
nesta majorante
Trata-se de crime de ação penal pública condicionada à representação
Violência psicológica contra mulher: Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar ou a controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, limitação do direito de ir e vir ou qualquer
outro meio que cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação:
Pena: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não
constitui crime mais grave.
Trata-se de um crime doloso, não havendo forma culposa.
O crime se divide em duas modalidades:
Na primeira “Causar dano emocional à mulher que a
prejudique e perturbe seu pleno desenvolvimento”, exige-se
dolo na conduta, não no dano em si
Por exemplo, marido priva a mulher de sair de casa por
motivos de ciúmes e esta sofre dano psicológico por
conta disso.
Perceba que o dolo do marido não era o de
causar dano, mas sim de evitar que a mulher
saísse de casa (isolamento – o que caracteriza o
crime)
Já na segunda “causar dano emocional que vise a degradar ou
a controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões”,
a intenção do agente deve ser a de causar dano
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas o ativo somente pode ser uma
mulher
Insere-se no conceito de mulher a mulher transgênero, ainda
que não submetida a procedimento cirúrgico para mudança
de sexo
O crime é de ação penal pública incondicionada
Sequestro e cárcere privado: Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou
cárcere privado:
Pena: reclusão, de um a três anos.
Sequestro: privação de liberdade não implica confinamento da vítima em
recinto fechado
Cárcere privado: aqui se exige que a vítima fique confinada em recinto
fechado
Trata-se de crime permanente, em que a consumação se prolonga no tempo
Atenção!! Por se tratar de crime permanente, caso sobrevier
nova lei mais grave enquanto o crime estava se consumando,
será aplicado a lei mais grave!
Qualificadoras: existem duas qualificadoras para esse crime
Na primeira, a pena será de dois a cinco anos caso o crime
seja praticado:
• Contra ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do infrator ou contra pessoa
maior de 60 anos
• Mediante internação em casa de saúde ou
hospital
• Por mais de 15 dias
• Contra menor de 18 anos
Nesse caso, será considerado
crime hediondo
• Com fins libidinosos (sexuais)
Entende-se que se trata de crime
formal, não importando que o
infrator consiga realizar as
condutas libidinosas (apenas se
exige o dolo específico –
sequestrou para isso)
Na segunda, a pena será de dois a oito anos e ocorre no caso
de resultar à vítima grave sofrimento físico ou moral, em razão
de maus-tratos ou da natureza da privação de liberdade
Redução à condição análoga à de escravo: Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de
escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a
condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em
razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena: reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à
violência.
O STJ firmou entendimento no sentido de que a configuração do crime não
exige, necessariamente, restrição à liberdade de locomoção. Pode ser
restrição à liberdade de autodeterminação etc
Trata-se de crime material e permanente. É possível a tentativa (veículo que
transportava pessoas para uma fazenda, a fim de ser submetidas a condição
análoga a de escravo, é interceptado pela polícia)
Nas mesmas penas incorre quem:
Cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
Mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se
apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador,
com o fim de retê-lo no local de trabalho.
Majorante: a pena é aumentada de metade, se o crime é cometido:
I - contra criança ou adolescente;
II - por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou
origem.
Tráfico de pessoas: Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou
acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de:
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo;
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo;
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão;
IV - adoção ilegal; ou
V - exploração sexual.
Pena: reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
Trata-se de um tipo penal misto alternativo, pois o tipo penal é plurinuclear
(crime de ação múltipla)
É necessário que o meio empregado seja a grave ameaça, violência, coação,
fraude ou abuso
Majorante: a pena é aumentada de um terço até a metade se:
I - o crime for cometido por funcionário público no exercício
de suas funções ou a pretexto de exercê-las;
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou
pessoa idosa ou com deficiência;
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco,
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência
econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica
inerente ao exercício de emprego, cargo ou função; ou
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território
nacional.
O crime será considerado hediondo quando cometido contra criança ou
adolescente
Causa de diminuição de pena: a pena é reduzida de um a dois terços se o
agente for primário e não integrar organização criminosa.
Exige-se que o infrator preencha ambos os requisitos
Violação de domicílio: Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a
vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências:
Pena: detenção, de um a três meses, ou multa.
Perceba que o crime não se consuma apenas quando a pessoa entra sem
permissão, mas também quando ela entra com permissão mas depois se
recusa a sair
Entende-se como “casa” para fins penais:
Qualquer compartimento habitado: casas, apartamentos,
barracas de camping, trailer…
Aposente ocupado de habitação coletiva: hotéis, pousadas,
hospedarias…
Compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce
profissão ou atividade: escritórios, consultórios…
A invasão em imóveis abandonados ou absolutamente desocupados não
configura este crime. Todavia, a depender do caso, pode configurar o crime
de esbulho possessório (art. 161)
Qualificadora: se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo
(deserto), ou com emprego de arma de fogo ou violência, ou por duas ou
mais pessoas:
Pena: detenção, de seis meses a dois anos, além da pena
correspondente à violência
Não constitui crime caso a entrada ou permanência se dê durante o dia, com
observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência
Perceba que mesmo com o mandado de prisão o ingresso na
casa só pode acontecer durante o dia
Também não constitui crime a entrada em qualquer horário, quando algum
crime ali está sendo praticado ou na iminência de o ser (flagrante)
Atenção!! Caso o crime de invasão de domicílio seja um crime-meio para
outro crime, será absorvido pelo crime-fim, pelo princípio da consunção
Violação de correspondência: Art. 151. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência
fechada, dirigida a outrem:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Não comete esse crime o marido que lê as correspondências da mulher (e
vice-versa), nem os pais que leem as correspondências dos filhos menores de
idade
Formas equiparadas: incorre na mesma pena desse crime:
Quem se apossa indevidamente de correspondência alheia,
embora não fechada e, no todo ou em parte, a sonega ou
destrói (revogado pela lei 6.538/78)
Quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza
abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica
dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras
pessoas (revogado pela lei 9.296)
Quem impede a comunicação ou a conversação referidas
acima
Quem instala ou utiliza estação ou aparelho radioelétrico, sem
observância de disposição legal (revogado pela lei 4.117)
Majorante: as penas aumentam-se de metade, se há dano para outrem.
Qualificadora: se o agente comete o crime, com abuso de função em serviço
postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico:
Pena: detenção, de um a três anos.
Ação penal: pública condicionada à representação
Na forma qualificada e no caso de “instala ou utiliza estação
ou aparelho radioelétrico” se trata de ação pública
incondicionada
Violação de correspondência comercial: Art. 152. Abusar da condição de sócio ou empregado de
estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou
suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:
Pena: detenção, de três meses a dois anos.
Atenção na diferença de que nesse caso não basta que o agente tome
conhecimento da correspondência, é necessário que o agente, no todo ou
em parte:
• Desvie
• Sonegue
• Suprima
• Subtraia
• Revele seu conteúdo a estranhos
Trata-se de crime próprio, que somente pode ser cometido pelo empregado
ou sócio do estabelecimento.
Somente se procede mediante representação.
Divulgação de segredo: Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento
particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação
possa produzir dano a outrem:
Pena: detenção, de um a seis meses, ou multa.
Trata-se de crime próprio, pois o agente ativo é aquele que é o destinatário
ou detentor do documento
Não há crime caso o segredo tenha sido contado verbalmente. Para
configuração do crime, o agente precisa tomar conhecimento da informação
via carta ou documento particular
O §1º-A do art. 151 trouxe um tipo específico: divulgar, sem justa causa,
informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não
nos sistemas de informações ou banco de dados da Administração Pública:
Pena: detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Quando resultar prejuízo para a Administração, a ação penal
será incondicionada
Se cometido por funcionário no exercício da função, restará
configurado o crime de violação de sigilo funcional, previsto
no artigo 325, cuja pena é de detenção, de seis meses a dois
anos, ou multa - se não constituir crime mais grave
Violação de segredo profissional: Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem
ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a
outrem:
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Trata-se de crime próprio, pois somente aquele que tem ciência em razão da
função, ministério, ofício ou profissão pode praticar o delito
Médico, advogado, defensor, Padre, etc
Somente se procede mediante representação.
Invasão de dispositivo informático: Art. 154-A. Invadir dispositivo informático de uso alheio,
conectado ou não à rede de computadores, com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou
informações sem autorização expressa ou tácita do usuário do dispositivo ou de instalar
vulnerabilidades para obter vantagem ilícita:
Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Atenção a expressão “uso alheio”, com base nela entende-se que o aparelho
pode pertencer inclusive ao infrator, desde que esteja sendo usado por
terceiro
Forma equiparada: na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui,
vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de
permitir a prática da conduta definida no caput.
Majorante: temos duas majorantes para esse crime:
1. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços) se
da invasão resulta prejuízo econômico.
2. Aumenta-se a pena de um terço à metade se o crime for
praticado contra:
I - Presidente da República, governadores e prefeitos
(chefes do executivo)
II - Presidente do STF
III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da
Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara
Municipal (presidentes do legislativo)
IV - dirigente máximo da administração direta e
indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito
Federal.
Qualificadora: se da invasão resultar a obtenção de conteúdo de
comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais,
informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não
autorizado do dispositivo invadido:
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
Além disso, aumenta-se a pena de um a dois terços se houver
divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a
qualquer título, dos dados ou informações obtidas.
A ação penal é pública condicionada à representação, salvo se o crime é
cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos
Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra
empresas concessionárias de serviços públicos (nesse caso será
incondicionada)
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