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Sub Op 021ot 22 Iases Agt Socioeduc

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CÓD: OP-021OT-22

7908403528189

IASES
INSTITUTO DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
ESPÍRITO SANTO

Agente Socioeducativo
EDITAL DE ABERTURA Nº 001/2022
• A Opção não está vinculada às organizadoras de Concurso Público. A aquisição do material não garante sua inscrição ou ingresso na
carreira pública,

• Sua apostila aborda os tópicos do Edital de forma prática e esquematizada,

• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,

• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.

Apostilas Opção, a Opção certa para a sua realização.


ÍNDICE

Língua Portuguesa
1. Compreensão e Interpretação de texto. Tipos textuais (texto narrativo, dissertativo, expositivo, descritivo e injuntivo). 5
Gêneros textuais..................................................................................................................................................................
2. Coerência e coesão textual................................................................................................................................................... 13
3. Linguagem Verbal e não verbal............................................................................................................................................. 14
4. Variação linguística............................................................................................................................................................... 16
5. Discurso direto e indireto...................................................................................................................................................... 17
6. Funções da Linguagem.......................................................................................................................................................... 20
7. Figuras da Linguagem............................................................................................................................................................ 21
8. Ortografia (Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa).................................................................................................. 23
9. Acentuação gráfica................................................................................................................................................................ 24
10. Sinais de Pontuação.............................................................................................................................................................. 24
11. Classes de Palavras: Adjetivo, Advérbio, Artigo, Preposição, Conjunção, Interjeição, Numeral, Pronomes, Substantivos e 25
Verbos..................................................................................................................................................................................
12. Crase.................................................................................................................................................................................... 32
13. Estrutura e Formação de Palavras......................................................................................................................................... 25
14. Significado de Palavras. Concordância nominal e verbal......................................................................................................... 33
15. Regência nominal e verbal..................................................................................................................................................... 35
16. Análise sintática: frase, oração e período.............................................................................................................................. 36
17. Semântica: Sinônimos. Antônimos. Homônimos. Parônimos. Denotação e conotação........................................................... 33

Matemática
1. Conjuntos numéricos: Naturais (N), Inteiros (Z), Racionais (Q), Reais (R): representação, ordenação, operações, problemas. 47
Operações numéricas (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e raiz). Números fracionários: operações
com números fracionários. Números decimais: operações com números decimais. Teoria dos números: pares / ímpares /
múltiplos / divisores / primos / compostos / fatoração / divisibilidade / MMC / MDC............................................................
2. Equações do 1º e do 2º grau................................................................................................................................................. 56
3. Razão e proporção: propriedades das proporções e divisão proporcional.............................................................................. 59
4. Regra de três simples............................................................................................................................................................ 60
5. Porcentagem. Resolução de situações problemas................................................................................................................ 61
6. Tratamento da informação: gráficos e tabelas....................................................................................................................... 63
7. Áreas de figuras planas (triângulos, quadriláteros, círculos e polígonos regulares)................................................................. 68
8. Função quadrática. Função exponencial. Função logarítmica................................................................................................. 79
9. Análise Combinatória Simples. Noções de estatísticas e probabilidade.................................................................................. 93
10. Progressão aritmética e geométrica...................................................................................................................................... 98
11. Juros simples e compostos.................................................................................................................................................... 102
ÍNDICE

Informática
1. Sistema Operacional e software. ........................................................................................................................................... 105
2. Internet: Navegação na Internet, conceitos de URL, links, sites, busca e impressão de páginas. ............................................ 112
3. Editor de texto (Microsoft Office): Formatação de Fonte e Parágrafo; Bordas e Sombreamento; Marcadores, Numeração e
Tabulação; Cabeçalho, Rodapé e Número de Páginas; Manipulação de Imagens e Formas; Configuração de página; Tabelas
Planilha eletrônica - Excel (Microsoft Office): Formatação da Planilha e de Células; criar cálculos utilizando as quatro
operações; formatar dados através da Formatação Condicional; representar dados através de Gráficos. Configuração de
Impressoras. ........................................................................................................................................................................ 124
4. Programa Antivírus e Firewall............................................................................................................................................... 129
5. Teclas de Atalho. ................................................................................................................................................................. 131
6. Sistema E-Docs..................................................................................................................................................................... 132

Conhecimentos Específicos
Agente Socioeducativo
1. Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo – SINASE. .......................................................................................... 147
2. Estatuto da Criança e do Adolescente – ECRIAD e atualizações. ................................................................................................ 157
3. Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997, a qual define os crimes de tortura e dá outras providências.............................................. 194
4. Regime Disciplinar e Processo Administrativo Disciplinar previsto na Lei Complementar 46 de 31 de janeiro de 1994. ........... 194
5. Ética no Serviço Público............................................................................................................................................................... 195
6. Sistema Único de Segurança Pública........................................................................................................................................... 199
7. Declaração Universal Dos Direitos Humanos............................................................................................................................... 207
8. Regras Mínimas para o tratamento de pessoas presas – Organização das Nações Unidas- ONU............................................... 209
9. Justiça Restaurativa e Comunicação Não Violenta....................................................................................................................... 221
10. Primeiros Socorros....................................................................................................................................................................... 222
11. Constituição Federal: Dos Direitos e Garantias Fundamentais, Dos Direitos Sociais, Da Organização do Estado, Da Adminis-
tração Pública, Do Processo Legislativo, Da Segurança Pública, Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso. 228
12. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente - CONANDA................................................................................. 263
13. Socioeducação............................................................................................................................................................................. 263
14. Atribuições teórica e prática do cargo de Agente Socioeducativo, estabelecidas na Lei nº 706/2013........................................ 264
LÍNGUA PORTUGUESA

Tipos textuais
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTO. TIPOS A tipologia textual se classifica a partir da estrutura e da finali-
TEXTUAIS (TEXTO NARRATIVO, DISSERTATIVO, EXPO- dade do texto, ou seja, está relacionada ao modo como o texto se
SITIVO, DESCRITIVO E INJUNTIVO). GÊNEROS TEXTUAIS apresenta. A partir de sua função, é possível estabelecer um padrão
específico para se fazer a enunciação.
Veja, no quadro abaixo, os principais tipos e suas característi-
Compreender e interpretar textos é essencial para que o obje- cas:
tivo de comunicação seja alcançado satisfatoriamente. Com isso, é
importante saber diferenciar os dois conceitos. Vale lembrar que o
Apresenta um enredo, com ações e
texto pode ser verbal ou não-verbal, desde que tenha um sentido
relações entre personagens, que ocorre
completo.
em determinados espaço e tempo. É
A compreensão se relaciona ao entendimento de um texto e TEXTO NARRATIVO
contado por um narrador, e se estrutura
de sua proposta comunicativa, decodificando a mensagem explíci-
da seguinte maneira: apresentação >
ta. Só depois de compreender o texto que é possível fazer a sua
desenvolvimento > clímax > desfecho
interpretação.
A interpretação são as conclusões que chegamos a partir do Tem o objetivo de defender determinado
conteúdo do texto, isto é, ela se encontra para além daquilo que TEXTO ponto de vista, persuadindo o leitor a
está escrito ou mostrado. Assim, podemos dizer que a interpreta- DISSERTATIVO partir do uso de argumentos sólidos.
ção é subjetiva, contando com o conhecimento prévio e do reper- ARGUMENTATIVO Sua estrutura comum é: introdução >
tório do leitor. desenvolvimento > conclusão.
Dessa maneira, para compreender e interpretar bem um texto, Procura expor ideias, sem a necessidade
é necessário fazer a decodificação de códigos linguísticos e/ou vi- de defender algum ponto de vista. Para
suais, isto é, identificar figuras de linguagem, reconhecer o sentido isso, usa-se comparações, informações,
de conjunções e preposições, por exemplo, bem como identificar TEXTO EXPOSITIVO
definições, conceitualizações etc. A
expressões, gestos e cores quando se trata de imagens. estrutura segue a do texto dissertativo-
argumentativo.
Dicas práticas
Expõe acontecimentos, lugares, pessoas,
1. Faça um resumo (pode ser uma palavra, uma frase, um con-
de modo que sua finalidade é descrever,
ceito) sobre o assunto e os argumentos apresentados em cada pa-
TEXTO DESCRITIVO ou seja, caracterizar algo ou alguém. Com
rágrafo, tentando traçar a linha de raciocínio do texto. Se possível,
isso, é um texto rico em adjetivos e em
adicione também pensamentos e inferências próprias às anotações.
verbos de ligação.
2. Tenha sempre um dicionário ou uma ferramenta de busca
por perto, para poder procurar o significado de palavras desconhe- Oferece instruções, com o objetivo de
cidas. TEXTO INJUNTIVO orientar o leitor. Sua maior característica
3. Fique atento aos detalhes oferecidos pelo texto: dados, fon- são os verbos no modo imperativo.
te de referências e datas.
4. Sublinhe as informações importantes, separando fatos de
opiniões. Gêneros textuais
5. Perceba o enunciado das questões. De um modo geral, ques- A classificação dos gêneros textuais se dá a partir do reconhe-
tões que esperam compreensão do texto aparecem com as seguin- cimento de certos padrões estruturais que se constituem a partir
tes expressões: o autor afirma/sugere que...; segundo o texto...; de da função social do texto. No entanto, sua estrutura e seu estilo
acordo com o autor... Já as questões que esperam interpretação do não são tão limitados e definidos como ocorre na tipologia textual,
texto aparecem com as seguintes expressões: conclui-se do texto podendo se apresentar com uma grande diversidade. Além disso, o
que...; o texto permite deduzir que...; qual é a intenção do autor padrão também pode sofrer modificações ao longo do tempo, as-
quando afirma que... sim como a própria língua e a comunicação, no geral.
Alguns exemplos de gêneros textuais:
Tipologia Textual • Artigo
A partir da estrutura linguística, da função social e da finali- • Bilhete
dade de um texto, é possível identificar a qual tipo e gênero ele • Bula
pertence. Antes, é preciso entender a diferença entre essas duas • Carta
classificações. • Conto
• Crônica
• E-mail
• Lista
• Manual

5
LÍNGUA PORTUGUESA
• Notícia Admitidos os dois postulados, a conclusão é, obrigatoriamente,
• Poema que C é igual a A.
• Propaganda Outro exemplo:
• Receita culinária Todo ruminante é um mamífero.
• Resenha A vaca é um ruminante.
• Seminário Logo, a vaca é um mamífero.

Vale lembrar que é comum enquadrar os gêneros textuais em Admitidas como verdadeiras as duas premissas, a conclusão
determinados tipos textuais. No entanto, nada impede que um tex- também será verdadeira.
to literário seja feito com a estruturação de uma receita culinária, No domínio da argumentação, as coisas são diferentes. Nele,
por exemplo. Então, fique atento quanto às características, à finali- a conclusão não é necessária, não é obrigatória. Por isso, deve-
dade e à função social de cada texto analisado. se mostrar que ela é a mais desejável, a mais provável, a mais
plausível. Se o Banco do Brasil fizer uma propaganda dizendo-
ARGUMENTAÇÃO se mais confiável do que os concorrentes porque existe desde a
O ato de comunicação não visa apenas transmitir uma chegada da família real portuguesa ao Brasil, ele estará dizendo-
informação a alguém. Quem comunica pretende criar uma imagem nos que um banco com quase dois séculos de existência é sólido
positiva de si mesmo (por exemplo, a de um sujeito educado, e, por isso, confiável. Embora não haja relação necessária entre
ou inteligente, ou culto), quer ser aceito, deseja que o que diz a solidez de uma instituição bancária e sua antiguidade, esta tem
seja admitido como verdadeiro. Em síntese, tem a intenção de peso argumentativo na afirmação da confiabilidade de um banco.
convencer, ou seja, tem o desejo de que o ouvinte creia no que o Portanto é provável que se creia que um banco mais antigo seja
texto diz e faça o que ele propõe. mais confiável do que outro fundado há dois ou três anos.
Se essa é a finalidade última de todo ato de comunicação, todo Enumerar todos os tipos de argumentos é uma tarefa quase
texto contém um componente argumentativo. A argumentação é o impossível, tantas são as formas de que nos valemos para fazer
conjunto de recursos de natureza linguística destinados a persuadir as pessoas preferirem uma coisa a outra. Por isso, é importante
a pessoa a quem a comunicação se destina. Está presente em todo entender bem como eles funcionam.
tipo de texto e visa a promover adesão às teses e aos pontos de Já vimos diversas características dos argumentos. É preciso
vista defendidos. acrescentar mais uma: o convencimento do interlocutor, o
As pessoas costumam pensar que o argumento seja apenas auditório, que pode ser individual ou coletivo, será tanto mais
uma prova de verdade ou uma razão indiscutível para comprovar a fácil quanto mais os argumentos estiverem de acordo com suas
veracidade de um fato. O argumento é mais que isso: como se disse crenças, suas expectativas, seus valores. Não se pode convencer
acima, é um recurso de linguagem utilizado para levar o interlocutor um auditório pertencente a uma dada cultura enfatizando coisas
a crer naquilo que está sendo dito, a aceitar como verdadeiro o que que ele abomina. Será mais fácil convencê-lo valorizando coisas
está sendo transmitido. A argumentação pertence ao domínio da que ele considera positivas. No Brasil, a publicidade da cerveja vem
retórica, arte de persuadir as pessoas mediante o uso de recursos com frequência associada ao futebol, ao gol, à paixão nacional. Nos
de linguagem. Estados Unidos, essa associação certamente não surtiria efeito,
Para compreender claramente o que é um argumento, é bom porque lá o futebol não é valorizado da mesma forma que no Brasil.
voltar ao que diz Aristóteles, filósofo grego do século IV a.C., numa O poder persuasivo de um argumento está vinculado ao que é
obra intitulada “Tópicos: os argumentos são úteis quando se tem de valorizado ou desvalorizado numa dada cultura.
escolher entre duas ou mais coisas”.
Se tivermos de escolher entre uma coisa vantajosa e Tipos de Argumento
uma desvantajosa, como a saúde e a doença, não precisamos Já verificamos que qualquer recurso linguístico destinado
argumentar. Suponhamos, no entanto, que tenhamos de escolher a fazer o interlocutor dar preferência à tese do enunciador é um
entre duas coisas igualmente vantajosas, a riqueza e a saúde. Nesse argumento.
caso, precisamos argumentar sobre qual das duas é mais desejável.
O argumento pode então ser definido como qualquer recurso que Argumento de Autoridade
torna uma coisa mais desejável que outra. Isso significa que ele atua É a citação, no texto, de afirmações de pessoas reconhecidas
no domínio do preferível. Ele é utilizado para fazer o interlocutor pelo auditório como autoridades em certo domínio do saber,
crer que, entre duas teses, uma é mais provável que a outra, mais para servir de apoio àquilo que o enunciador está propondo. Esse
possível que a outra, mais desejável que a outra, é preferível à outra. recurso produz dois efeitos distintos: revela o conhecimento do
O objetivo da argumentação não é demonstrar a verdade de produtor do texto a respeito do assunto de que está tratando; dá ao
um fato, mas levar o ouvinte a admitir como verdadeiro o que o texto a garantia do autor citado. É preciso, no entanto, não fazer do
enunciador está propondo. texto um amontoado de citações. A citação precisa ser pertinente
Há uma diferença entre o raciocínio lógico e a argumentação. e verdadeira.
O primeiro opera no domínio do necessário, ou seja, pretende Exemplo:
demonstrar que uma conclusão deriva necessariamente das “A imaginação é mais importante do que o conhecimento.”
premissas propostas, que se deduz obrigatoriamente dos
postulados admitidos. No raciocínio lógico, as conclusões não Quem disse a frase aí de cima não fui eu... Foi Einstein. Para
dependem de crenças, de uma maneira de ver o mundo, mas ele, uma coisa vem antes da outra: sem imaginação, não há
apenas do encadeamento de premissas e conclusões. conhecimento. Nunca o inverso.
Por exemplo, um raciocínio lógico é o seguinte encadeamento: Alex José Periscinoto.
A é igual a B. In: Folha de S. Paulo, 30/8/1993, p. 5-2
A é igual a C.
Então: C é igual a B.

6
LÍNGUA PORTUGUESA
A tese defendida nesse texto é que a imaginação é mais Argumento do Atributo
importante do que o conhecimento. Para levar o auditório a aderir É aquele que considera melhor o que tem propriedades típicas
a ela, o enunciador cita um dos mais célebres cientistas do mundo. daquilo que é mais valorizado socialmente, por exemplo, o mais
Se um físico de renome mundial disse isso, então as pessoas devem raro é melhor que o comum, o que é mais refinado é melhor que o
acreditar que é verdade. que é mais grosseiro, etc.
Por esse motivo, a publicidade usa, com muita frequência,
Argumento de Quantidade celebridades recomendando prédios residenciais, produtos de
É aquele que valoriza mais o que é apreciado pelo maior beleza, alimentos estéticos, etc., com base no fato de que o
número de pessoas, o que existe em maior número, o que tem maior consumidor tende a associar o produto anunciado com atributos
duração, o que tem maior número de adeptos, etc. O fundamento da celebridade.
desse tipo de argumento é que mais = melhor. A publicidade faz Uma variante do argumento de atributo é o argumento da
largo uso do argumento de quantidade. competência linguística. A utilização da variante culta e formal
da língua que o produtor do texto conhece a norma linguística
Argumento do Consenso socialmente mais valorizada e, por conseguinte, deve produzir um
É uma variante do argumento de quantidade. Fundamenta-se texto em que se pode confiar. Nesse sentido é que se diz que o
em afirmações que, numa determinada época, são aceitas como modo de dizer dá confiabilidade ao que se diz.
verdadeiras e, portanto, dispensam comprovações, a menos que Imagine-se que um médico deva falar sobre o estado de
o objetivo do texto seja comprovar alguma delas. Parte da ideia saúde de uma personalidade pública. Ele poderia fazê-lo das duas
de que o consenso, mesmo que equivocado, corresponde ao maneiras indicadas abaixo, mas a primeira seria infinitamente mais
indiscutível, ao verdadeiro e, portanto, é melhor do que aquilo que adequada para a persuasão do que a segunda, pois esta produziria
não desfruta dele. Em nossa época, são consensuais, por exemplo, certa estranheza e não criaria uma imagem de competência do
as afirmações de que o meio ambiente precisa ser protegido e de médico:
que as condições de vida são piores nos países subdesenvolvidos. - Para aumentar a confiabilidade do diagnóstico e levando em
Ao confiar no consenso, porém, corre-se o risco de passar dos conta o caráter invasivo de alguns exames, a equipe médica houve
argumentos válidos para os lugares comuns, os preconceitos e as por bem determinar o internamento do governador pelo período
frases carentes de qualquer base científica. de três dias, a partir de hoje, 4 de fevereiro de 2001.
- Para conseguir fazer exames com mais cuidado e porque
Argumento de Existência alguns deles são barrapesada, a gente botou o governador no
É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil aceitar hospital por três dias.
aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas
provável, que é apenas possível. A sabedoria popular enuncia o Como dissemos antes, todo texto tem uma função
argumento de existência no provérbio “Mais vale um pássaro na argumentativa, porque ninguém fala para não ser levado a sério,
mão do que dois voando”. para ser ridicularizado, para ser desmentido: em todo ato de
Nesse tipo de argumento, incluem-se as provas documentais comunicação deseja-se influenciar alguém. Por mais neutro que
(fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou provas pretenda ser, um texto tem sempre uma orientação argumentativa.
concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica. A orientação argumentativa é uma certa direção que o falante
Durante a invasão do Iraque, por exemplo, os jornais diziam que o traça para seu texto. Por exemplo, um jornalista, ao falar de um
exército americano era muito mais poderoso do que o iraquiano. homem público, pode ter a intenção de criticá-lo, de ridicularizá-lo
Essa afirmação, sem ser acompanhada de provas concretas, poderia ou, ao contrário, de mostrar sua grandeza.
ser vista como propagandística. No entanto, quando documentada O enunciador cria a orientação argumentativa de seu texto
pela comparação do número de canhões, de carros de combate, de dando destaque a uns fatos e não a outros, omitindo certos
navios, etc., ganhava credibilidade. episódios e revelando outros, escolhendo determinadas palavras e
não outras, etc. Veja:
Argumento quase lógico “O clima da festa era tão pacífico que até sogras e noras
É aquele que opera com base nas relações lógicas, como causa trocavam abraços afetuosos.”
e efeito, analogia, implicação, identidade, etc. Esses raciocínios
são chamados quase lógicos porque, diversamente dos raciocínios
lógicos, eles não pretendem estabelecer relações necessárias O enunciador aí pretende ressaltar a ideia geral de que noras
entre os elementos, mas sim instituir relações prováveis, possíveis, e sogras não se toleram. Não fosse assim, não teria escolhido esse
plausíveis. Por exemplo, quando se diz “A é igual a B”, “B é igual a fato para ilustrar o clima da festa nem teria utilizado o termo até,
C”, “então A é igual a C”, estabelece-se uma relação de identidade que serve para incluir no argumento alguma coisa inesperada.
lógica. Entretanto, quando se afirma “Amigo de amigo meu é meu Além dos defeitos de argumentação mencionados quando
amigo” não se institui uma identidade lógica, mas uma identidade tratamos de alguns tipos de argumentação, vamos citar outros:
provável. - Uso sem delimitação adequada de palavra de sentido tão
Um texto coerente do ponto de vista lógico é mais facilmente amplo, que serve de argumento para um ponto de vista e seu
aceito do que um texto incoerente. Vários são os defeitos que contrário. São noções confusas, como paz, que, paradoxalmente,
concorrem para desqualificar o texto do ponto de vista lógico: fugir pode ser usada pelo agressor e pelo agredido. Essas palavras
do tema proposto, cair em contradição, tirar conclusões que não se podem ter valor positivo (paz, justiça, honestidade, democracia)
fundamentam nos dados apresentados, ilustrar afirmações gerais ou vir carregadas de valor negativo (autoritarismo, degradação do
com fatos inadequados, narrar um fato e dele extrair generalizações meio ambiente, injustiça, corrupção).
indevidas. - Uso de afirmações tão amplas, que podem ser derrubadas por
um único contra exemplo. Quando se diz “Todos os políticos são
ladrões”, basta um único exemplo de político honesto para destruir
o argumento.

7
LÍNGUA PORTUGUESA
- Emprego de noções científicas sem nenhum rigor, fora do - contra-argumentação: imaginar um diálogo-debate e quais os
contexto adequado, sem o significado apropriado, vulgarizando-as e argumentos que essa pessoa imaginária possivelmente apresentaria
atribuindo-lhes uma significação subjetiva e grosseira. É o caso, por contra a argumentação proposta;
exemplo, da frase “O imperialismo de certas indústrias não permite - refutação: argumentos e razões contra a argumentação
que outras crescam”, em que o termo imperialismo é descabido, oposta.
uma vez que, a rigor, significa “ação de um Estado visando a reduzir
outros à sua dependência política e econômica”. A argumentação tem a finalidade de persuadir, portanto,
argumentar consiste em estabelecer relações para tirar conclusões
A boa argumentação é aquela que está de acordo com a situação válidas, como se procede no método dialético. O método dialético
concreta do texto, que leva em conta os componentes envolvidos não envolve apenas questões ideológicas, geradoras de polêmicas.
na discussão (o tipo de pessoa a quem se dirige a comunicação, o Trata-se de um método de investigação da realidade pelo estudo
assunto, etc). de sua ação recíproca, da contradição inerente ao fenômeno
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com em questão e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
manifestações de sinceridade do autor (como eu, que não costumo sociedade.
mentir...) ou com declarações de certeza expressas em fórmulas Descartes (1596-1650), filósofo e pensador francês, criou
feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é o método de raciocínio silogístico, baseado na dedução, que
evidente, afirmo com toda a certeza, etc). Em vez de prometer, parte do simples para o complexo. Para ele, verdade e evidência
em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade e verdade, o são a mesma coisa, e pelo raciocínio torna-se possível chegar a
enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros conclusões verdadeiras, desde que o assunto seja pesquisado em
termos, essas qualidades não se prometem, manifestam-se na ação. partes, começando-se pelas proposições mais simples até alcançar,
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer por meio de deduções, a conclusão final. Para a linha de raciocínio
verdadeiro aquilo que se diz num texto e, com isso, levar a pessoa a cartesiana, é fundamental determinar o problema, dividi-lo em
que texto é endereçado a crer naquilo que ele diz. partes, ordenar os conceitos, simplificando-os, enumerar todos os
Um texto dissertativo tem um assunto ou tema e expressa um seus elementos e determinar o lugar de cada um no conjunto da
ponto de vista, acompanhado de certa fundamentação, que inclui dedução.
a argumentação, questionamento, com o objetivo de persuadir. A lógica cartesiana, até os nossos dias, é fundamental para a
Argumentar é o processo pelo qual se estabelecem relações argumentação dos trabalhos acadêmicos. Descartes propôs quatro
para chegar à conclusão, com base em premissas. Persuadir é regras básicas que constituem um conjunto de reflexos vitais, uma
um processo de convencimento, por meio da argumentação, no série de movimentos sucessivos e contínuos do espírito em busca
qual procura-se convencer os outros, de modo a influenciar seu da verdade:
pensamento e seu comportamento. - evidência;
A persuasão pode ser válida e não válida. Na persuasão - divisão ou análise;
válida, expõem-se com clareza os fundamentos de uma ideia - ordem ou dedução;
ou proposição, e o interlocutor pode questionar cada passo - enumeração.
do raciocínio empregado na argumentação. A persuasão não
válida apoia-se em argumentos subjetivos, apelos subliminares, A enumeração pode apresentar dois tipos de falhas: a omissão
chantagens sentimentais, com o emprego de “apelações”, como a e a incompreensão. Qualquer erro na enumeração pode quebrar o
inflexão de voz, a mímica e até o choro. encadeamento das ideias, indispensável para o processo dedutivo.
Alguns autores classificam a dissertação em duas modalidades, A forma de argumentação mais empregada na redação
expositiva e argumentativa. Esta, exige argumentação, razões a favor acadêmica é o silogismo, raciocínio baseado nas regras cartesianas,
e contra uma ideia, ao passo que a outra é informativa, apresenta que contém três proposições: duas premissas, maior e menor,
dados sem a intenção de convencer. Na verdade, a escolha dos e a conclusão. As três proposições são encadeadas de tal forma,
dados levantados, a maneira de expô-los no texto já revelam uma que a conclusão é deduzida da maior por intermédio da menor. A
“tomada de posição”, a adoção de um ponto de vista na dissertação, premissa maior deve ser universal, emprega todo, nenhum, pois
ainda que sem a apresentação explícita de argumentos. Desse alguns não caracteriza a universalidade.
ponto de vista, a dissertação pode ser definida como discussão, Há dois métodos fundamentais de raciocínio: a dedução
debate, questionamento, o que implica a liberdade de pensamento, (silogística), que parte do geral para o particular, e a indução, que vai
a possibilidade de discordar ou concordar parcialmente. A liberdade
do particular para o geral. A expressão formal do método dedutivo
de questionar é fundamental, mas não é suficiente para organizar
é o silogismo. A dedução é o caminho das consequências, baseia-se
um texto dissertativo. É necessária também a exposição dos
em uma conexão descendente (do geral para o particular) que leva
fundamentos, os motivos, os porquês da defesa de um ponto de
à conclusão. Segundo esse método, partindo-se de teorias gerais,
vista.
de verdades universais, pode-se chegar à previsão ou determinação
Pode-se dizer que o homem vive em permanente atitude
de fenômenos particulares. O percurso do raciocínio vai da causa
argumentativa. A argumentação está presente em qualquer tipo de
para o efeito. Exemplo:
discurso, porém, é no texto dissertativo que ela melhor se evidencia.
Para discutir um tema, para confrontar argumentos e posições,
é necessária a capacidade de conhecer outros pontos de vista e Todo homem é mortal (premissa maior = geral, universal)
seus respectivos argumentos. Uma discussão impõe, muitas vezes, Fulano é homem (premissa menor = particular)
a análise de argumentos opostos, antagônicos. Como sempre, Logo, Fulano é mortal (conclusão)
essa capacidade aprende-se com a prática. Um bom exercício
para aprender a argumentar e contra-argumentar consiste em A indução percorre o caminho inverso ao da dedução, baseiase
desenvolver as seguintes habilidades: em uma conexão ascendente, do particular para o geral. Nesse caso,
- argumentação: anotar todos os argumentos a favor de as constatações particulares levam às leis gerais, ou seja, parte de
uma ideia ou fato; imaginar um interlocutor que adote a posição fatos particulares conhecidos para os fatos gerais, desconhecidos. O
totalmente contrária; percurso do raciocínio se faz do efeito para a causa. Exemplo:

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LÍNGUA PORTUGUESA
O calor dilata o ferro (particular) todo se as partes estivessem organizadas, devidamente combinadas,
O calor dilata o bronze (particular) seguida uma ordem de relações necessárias, funcionais, então, o
O calor dilata o cobre (particular) relógio estaria reconstruído.
O ferro, o bronze, o cobre são metais Síntese, portanto, é o processo de reconstrução do todo
Logo, o calor dilata metais (geral, universal) por meio da integração das partes, reunidas e relacionadas num
conjunto. Toda síntese, por ser uma reconstrução, pressupõe a
Quanto a seus aspectos formais, o silogismo pode ser válido análise, que é a decomposição. A análise, no entanto, exige uma
e verdadeiro; a conclusão será verdadeira se as duas premissas decomposição organizada, é preciso saber como dividir o todo em
também o forem. Se há erro ou equívoco na apreciação dos partes. As operações que se realizam na análise e na síntese podem
fatos, pode-se partir de premissas verdadeiras para chegar a uma ser assim relacionadas:
conclusão falsa. Tem-se, desse modo, o sofisma. Uma definição Análise: penetrar, decompor, separar, dividir.
inexata, uma divisão incompleta, a ignorância da causa, a falsa Síntese: integrar, recompor, juntar, reunir.
analogia são algumas causas do sofisma. O sofisma pressupõe
má fé, intenção deliberada de enganar ou levar ao erro; quando o A análise tem importância vital no processo de coleta de ideias
sofisma não tem essas intenções propositais, costuma-se chamar a respeito do tema proposto, de seu desdobramento e da criação de
esse processo de argumentação de paralogismo. Encontra-se um abordagens possíveis. A síntese também é importante na escolha
exemplo simples de sofisma no seguinte diálogo: dos elementos que farão parte do texto.
- Você concorda que possui uma coisa que não perdeu? Segundo Garcia (1973, p.300), a análise pode ser formal ou
- Lógico, concordo. informal. A análise formal pode ser científica ou experimental;
- Você perdeu um brilhante de 40 quilates? é característica das ciências matemáticas, físico-naturais e
- Claro que não! experimentais. A análise informal é racional ou total, consiste
- Então você possui um brilhante de 40 quilates... em “discernir” por vários atos distintos da atenção os elementos
constitutivos de um todo, os diferentes caracteres de um objeto ou
Exemplos de sofismas: fenômeno.
A análise decompõe o todo em partes, a classificação estabelece
Dedução as necessárias relações de dependência e hierarquia entre as
Todo professor tem um diploma (geral, universal) partes. Análise e classificação ligam-se intimamente, a ponto de se
Fulano tem um diploma (particular) confundir uma com a outra, contudo são procedimentos diversos:
Logo, fulano é professor (geral – conclusão falsa) análise é decomposição e classificação é hierarquisação.
Nas ciências naturais, classificam-se os seres, fatos e fenômenos
Indução por suas diferenças e semelhanças; fora das ciências naturais, a
O Rio de Janeiro tem uma estátua do Cristo Redentor. classificação pode-se efetuar por meio de um processo mais ou
(particular) menos arbitrário, em que os caracteres comuns e diferenciadores
Taubaté (SP) tem uma estátua do Cristo Redentor. (particular) são empregados de modo mais ou menos convencional. A
Rio de Janeiro e Taubaté são cidades. classificação, no reino animal, em ramos, classes, ordens, subordens,
Logo, toda cidade tem uma estátua do Cristo Redentor. (geral gêneros e espécies, é um exemplo de classificação natural, pelas
– conclusão falsa) características comuns e diferenciadoras. A classificação dos
variados itens integrantes de uma lista mais ou menos caótica é
Nota-se que as premissas são verdadeiras, mas a conclusão pode artificial.
ser falsa. Nem todas as pessoas que têm diploma são professores;
nem todas as cidades têm uma estátua do Cristo Redentor. Comete- Exemplo: aquecedor, automóvel, barbeador, batata, caminhão,
se erro quando se faz generalizações apressadas ou infundadas. A canário, jipe, leite, ônibus, pão, pardal, pintassilgo, queijo, relógio,
“simples inspeção” é a ausência de análise ou análise superficial sabiá, torradeira.
dos fatos, que leva a pronunciamentos subjetivos, baseados nos Aves: Canário, Pardal, Pintassilgo, Sabiá.
sentimentos não ditados pela razão. Alimentos: Batata, Leite, Pão, Queijo.
Tem-se, ainda, outros métodos, subsidiários ou não Mecanismos: Aquecedor, Barbeador, Relógio, Torradeira.
fundamentais, que contribuem para a descoberta ou comprovação Veículos: Automóvel, Caminhão, Jipe, Ônibus.
da verdade: análise, síntese, classificação e definição. Além desses,
existem outros métodos particulares de algumas ciências, que Os elementos desta lista foram classificados por ordem
adaptam os processos de dedução e indução à natureza de uma alfabética e pelas afinidades comuns entre eles. Estabelecer
realidade particular. Pode-se afirmar que cada ciência tem seu critérios de classificação das ideias e argumentos, pela ordem
método próprio demonstrativo, comparativo, histórico etc. A de importância, é uma habilidade indispensável para elaborar
análise, a síntese, a classificação a definição são chamadas métodos o desenvolvimento de uma redação. Tanto faz que a ordem seja
sistemáticos, porque pela organização e ordenação das ideias visam crescente, do fato mais importante para o menos importante, ou
sistematizar a pesquisa. decrescente, primeiro o menos importante e, no final, o impacto
Análise e síntese são dois processos opostos, mas interligados; do mais importante; é indispensável que haja uma lógica na
a análise parte do todo para as partes, a síntese, das partes para classificação. A elaboração do plano compreende a classificação
o todo. A análise precede a síntese, porém, de certo modo, uma das partes e subdivisões, ou seja, os elementos do plano devem
depende da outra. A análise decompõe o todo em partes, enquanto obedecer a uma hierarquização. (Garcia, 1973, p. 302304.)
a síntese recompõe o todo pela reunião das partes. Sabe-se, porém, Para a clareza da dissertação, é indispensável que, logo na
que o todo não é uma simples justaposição das partes. Se alguém introdução, os termos e conceitos sejam definidos, pois, para
reunisse todas as peças de um relógio, não significa que reconstruiu expressar um questionamento, deve-se, de antemão, expor clara
o relógio, pois fez apenas um amontoado de partes. Só reconstruiria e racionalmente as posições assumidas e os argumentos que as

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LÍNGUA PORTUGUESA
justificam. É muito importante deixar claro o campo da discussão e com argumentos válidos. O ponto de vista mais lógico e racional
a posição adotada, isto é, esclarecer não só o assunto, mas também do mundo não tem valor, se não estiver acompanhado de uma
os pontos de vista sobre ele. fundamentação coerente e adequada.
A definição tem por objetivo a exatidão no emprego da Os métodos fundamentais de raciocínio segundo a lógica
linguagem e consiste na enumeração das qualidades próprias clássica, que foram abordados anteriormente, auxiliam o
de uma ideia, palavra ou objeto. Definir é classificar o elemento julgamento da validade dos fatos. Às vezes, a argumentação é
conforme a espécie a que pertence, demonstra: a característica que clara e pode reconhecer-se facilmente seus elementos e suas
o diferencia dos outros elementos dessa mesma espécie. relações; outras vezes, as premissas e as conclusões organizam-se
Entre os vários processos de exposição de ideias, a definição de modo livre, misturando-se na estrutura do argumento. Por isso,
é um dos mais importantes, sobretudo no âmbito das ciências. é preciso aprender a reconhecer os elementos que constituem um
A definição científica ou didática é denotativa, ou seja, atribui às argumento: premissas/conclusões. Depois de reconhecer, verificar
palavras seu sentido usual ou consensual, enquanto a conotativa ou se tais elementos são verdadeiros ou falsos; em seguida, avaliar
metafórica emprega palavras de sentido figurado. Segundo a lógica se o argumento está expresso corretamente; se há coerência e
tradicional aristotélica, a definição consta de três elementos: adequação entre seus elementos, ou se há contradição. Para isso
- o termo a ser definido; é que se aprende os processos de raciocínio por dedução e por
- o gênero ou espécie; indução. Admitindo-se que raciocinar é relacionar, conclui-se que
- a diferença específica. o argumento é um tipo específico de relação entre as premissas e
a conclusão.
O que distingue o termo definido de outros elementos da Procedimentos Argumentativos: Constituem os procedimentos
mesma espécie. Exemplo: argumentativos mais empregados para comprovar uma afirmação:
exemplificação, explicitação, enumeração, comparação.
Na frase: O homem é um animal racional classifica-se: Exemplificação: Procura justificar os pontos de vista por meio
de exemplos, hierarquizar afirmações. São expressões comuns
nesse tipo de procedimento: mais importante que, superior a, de
maior relevância que. Empregam-se também dados estatísticos,
Elemento especiediferença acompanhados de expressões: considerando os dados; conforme
a ser definidoespecífica os dados apresentados. Faz-se a exemplificação, ainda, pela
apresentação de causas e consequências, usando-se comumente as
É muito comum formular definições de maneira defeituosa, expressões: porque, porquanto, pois que, uma vez que, visto que,
por exemplo: Análise é quando a gente decompõe o todo em por causa de, em virtude de, em vista de, por motivo de.
partes. Esse tipo de definição é gramaticalmente incorreto; quando Explicitação: O objetivo desse recurso argumentativo é explicar
é advérbio de tempo, não representa o gênero, a espécie, a gente é ou esclarecer os pontos de vista apresentados. Pode-se alcançar
forma coloquial não adequada à redação acadêmica. Tão importante esse objetivo pela definição, pelo testemunho e pela interpretação.
é saber formular uma definição, que se recorre a Garcia (1973, Na explicitação por definição, empregamse expressões como: quer
p.306), para determinar os “requisitos da definição denotativa”. dizer, denomina-se, chama-se, na verdade, isto é, haja vista, ou
Para ser exata, a definição deve apresentar os seguintes requisitos: melhor; nos testemunhos são comuns as expressões: conforme,
- o termo deve realmente pertencer ao gênero ou classe em segundo, na opinião de, no parecer de, consoante as ideias de, no
que está incluído: “mesa é um móvel” (classe em que ‘mesa’ está entender de, no pensamento de. A explicitação se faz também pela
realmente incluída) e não “mesa é um instrumento ou ferramenta interpretação, em que são comuns as seguintes expressões: parece,
ou instalação”; assim, desse ponto de vista.
- o gênero deve ser suficientemente amplo para incluir todos os Enumeração: Faz-se pela apresentação de uma sequência de
exemplos específicos da coisa definida, e suficientemente restrito elementos que comprovam uma opinião, tais como a enumeração
para que a diferença possa ser percebida sem dificuldade; de pormenores, de fatos, em uma sequência de tempo, em que são
- deve ser obrigatoriamente afirmativa: não há, em verdade, frequentes as expressões: primeiro, segundo, por último, antes,
definição, quando se diz que o “triângulo não é um prisma”; depois, ainda, em seguida, então, presentemente, antigamente,
- deve ser recíproca: “O homem é um ser vivo” não constitui depois de, antes de, atualmente, hoje, no passado, sucessivamente,
definição exata, porque a recíproca, “Todo ser vivo é um homem” respectivamente. Na enumeração de fatos em uma sequência de
não é verdadeira (o gato é ser vivo e não é homem); espaço, empregam-se as seguintes expressões: cá, lá, acolá, ali, aí,
- deve ser breve (contida num só período). Quando a definição, além, adiante, perto de, ao redor de, no Estado tal, na capital, no
ou o que se pretenda como tal, é muito longa (séries de períodos interior, nas grandes cidades, no sul, no leste...
ou de parágrafos), chama-se explicação, e também definição Comparação: Analogia e contraste são as duas maneiras
expandida;d de se estabelecer a comparação, com a finalidade de comprovar
- deve ter uma estrutura gramatical rígida: sujeito (o termo) + uma ideia ou opinião. Na analogia, são comuns as expressões: da
cópula (verbo de ligação ser) + predicativo (o gênero) + adjuntos (as mesma forma, tal como, tanto quanto, assim como, igualmente.
diferenças). Para estabelecer contraste, empregam-se as expressões: mais que,
menos que, melhor que, pior que.
Entre outros tipos de argumentos empregados para aumentar
As definições dos dicionários de língua são feitas por meio
o poder de persuasão de um texto dissertativo encontram-se:
de paráfrases definitórias, ou seja, uma operação metalinguística
Argumento de autoridade: O saber notório de uma autoridade
que consiste em estabelecer uma relação de equivalência entre a
reconhecida em certa área do conhecimento dá apoio a uma
palavra e seus significados.
afirmação. Dessa maneira, procura-se trazer para o enunciado a
A força do texto dissertativo está em sua fundamentação.
credibilidade da autoridade citada. Lembre-se que as citações literais
Sempre é fundamental procurar um porquê, uma razão verdadeira
no corpo de um texto constituem argumentos de autoridade. Ao
e necessária. A verdade de um ponto de vista deve ser demonstrada
fazer uma citação, o enunciador situa os enunciados nela contidos

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LÍNGUA PORTUGUESA
na linha de raciocínio que ele considera mais adequada para - Imaginar um ponto de vista oposto ao argumento básico e
explicar ou justificar um fato ou fenômeno. Esse tipo de argumento construir uma contra-argumentação; pensar a forma de refutação
tem mais caráter confirmatório que comprobatório. que poderia ser feita ao argumento básico e tentar desqualificá-la
Apoio na consensualidade: Certas afirmações dispensam (rever tipos de argumentação);
explicação ou comprovação, pois seu conteúdo é aceito como válido - Refletir sobre o contexto, ou seja, fazer uma coleta de ideias
por consenso, pelo menos em determinado espaço sociocultural. que estejam direta ou indiretamente ligadas ao tema (as ideias
Nesse caso, incluem-se podem ser listadas livremente ou organizadas como causa e
- A declaração que expressa uma verdade universal (o homem, consequência);
mortal, aspira à imortalidade); - Analisar as ideias anotadas, sua relação com o tema e com o
- A declaração que é evidente por si mesma (caso dos argumento básico;
postulados e axiomas); - Fazer uma seleção das ideias pertinentes, escolhendo as que
- Quando escapam ao domínio intelectual, ou seja, é de poderão ser aproveitadas no texto; essas ideias transformam-se
natureza subjetiva ou sentimental (o amor tem razões que a própria em argumentos auxiliares, que explicam e corroboram a ideia do
razão desconhece); implica apreciação de ordem estética (gosto argumento básico;
não se discute); diz respeito a fé religiosa, aos dogmas (creio, ainda - Fazer um esboço do Plano de Redação, organizando uma
que parece absurdo). sequência na apresentação das ideias selecionadas, obedecendo
às partes principais da estrutura do texto, que poderia ser mais ou
Comprovação pela experiência ou observação: A verdade de menos a seguinte:
um fato ou afirmação pode ser comprovada por meio de dados
concretos, estatísticos ou documentais. Introdução
Comprovação pela fundamentação lógica: A comprovação - função social da ciência e da tecnologia;
se realiza por meio de argumentos racionais, baseados na lógica: - definições de ciência e tecnologia;
causa/efeito; consequência/causa; condição/ocorrência. - indivíduo e sociedade perante o avanço tecnológico.
Fatos não se discutem; discutem-se opiniões. As declarações,
julgamento, pronunciamentos, apreciações que expressam opiniões Desenvolvimento
pessoais (não subjetivas) devem ter sua validade comprovada, - apresentação de aspectos positivos e negativos do
e só os fatos provam. Em resumo toda afirmação ou juízo que desenvolvimento tecnológico;
expresse uma opinião pessoal só terá validade se fundamentada na - como o desenvolvimento científico-tecnológico modificou as
evidência dos fatos, ou seja, se acompanhada de provas, validade condições de vida no mundo atual;
dos argumentos, porém, pode ser contestada por meio da contra- - a tecnocracia: oposição entre uma sociedade
argumentação ou refutação. São vários os processos de contra- tecnologicamente desenvolvida e a dependência tecnológica dos
argumentação: países subdesenvolvidos;
Refutação pelo absurdo: refuta-se uma afirmação - enumerar e discutir os fatores de desenvolvimento social;
demonstrando o absurdo da consequência. Exemplo clássico é a - comparar a vida de hoje com os diversos tipos de vida do
contraargumentação do cordeiro, na conhecida fábula “O lobo e o passado; apontar semelhanças e diferenças;
cordeiro”; - analisar as condições atuais de vida nos grandes centros
Refutação por exclusão: consiste em propor várias hipóteses urbanos;
para eliminá-las, apresentando-se, então, aquela que se julga - como se poderia usar a ciência e a tecnologia para humanizar
verdadeira; mais a sociedade.
Desqualificação do argumento: atribui-se o argumento
à opinião pessoal subjetiva do enunciador, restringindo-se a Conclusão
universalidade da afirmação; - a tecnologia pode libertar ou escravizar: benefícios/
Ataque ao argumento pelo testemunho de autoridade: consequências maléficas;
consiste em refutar um argumento empregando os testemunhos de - síntese interpretativa dos argumentos e contra-argumentos
autoridade que contrariam a afirmação apresentada; apresentados.
Desqualificar dados concretos apresentados: consiste em
desautorizar dados reais, demonstrando que o enunciador Naturalmente esse não é o único, nem o melhor plano de
baseou-se em dados corretos, mas tirou conclusões falsas ou redação: é um dos possíveis.
inconsequentes. Por exemplo, se na argumentação afirmou-se, por Intertextualidade é o nome dado à relação que se estabelece
meio de dados estatísticos, que “o controle demográfico produz o entre dois textos, quando um texto já criado exerce influência na
desenvolvimento”, afirma-se que a conclusão é inconsequente, pois criação de um novo texto. Pode-se definir, então, a intertextualidade
baseia-se em uma relação de causa-feito difícil de ser comprovada. como sendo a criação de um texto a partir de outro texto já
Para contraargumentar, propõese uma relação inversa: “o existente. Dependendo da situação, a intertextualidade tem
desenvolvimento é que gera o controle demográfico”. funções diferentes que dependem muito dos textos/contextos em
Apresentam-se aqui sugestões, um dos roteiros possíveis para que ela é inserida.
desenvolver um tema, que podem ser analisadas e adaptadas O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,
ao desenvolvimento de outros temas. Elege-se um tema, e, em não se restringindo única e exclusivamente a textos literários.
seguida, sugerem-se os procedimentos que devem ser adotados Em alguns casos pode-se dizer que a intertextualidade assume
para a elaboração de um Plano de Redação. a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a
cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura,
Tema: O homem e a máquina: necessidade e riscos da evolução escultura, literatura etc). Intertextualidade é a relação entre dois
tecnológica textos caracterizada por um citar o outro.
- Questionar o tema, transformá-lo em interrogação, responder A intertextualidade é o diálogo entre textos. Ocorre quando
a interrogação (assumir um ponto de vista); dar o porquê da um texto (oral, escrito, verbal ou não verbal), de alguma maneira,
resposta, justificar, criando um argumento básico; se utiliza de outro na elaboração de sua mensagem. Os dois textos

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LÍNGUA PORTUGUESA
– a fonte e o que dialoga com ela – podem ser do mesmo gênero A Alusão faz referência aos elementos presentes em outros
ou de gêneros distintos, terem a mesma finalidade ou propósitos textos. Do Latim, o vocábulo “alusão” (alludere) é formado por dois
diferentes. Assim, como você constatou, uma história em termos: “ad” (a, para) e “ludere” (brincar).
quadrinhos pode utilizar algo de um texto científico, assim como
um poema pode valer-se de uma letra de música ou um artigo de Pastiche é uma recorrência a um gênero.
opinião pode mencionar um provérbio conhecido.
Há várias maneiras de um texto manter intertextualidade com A Tradução está no campo da intertextualidade porque implica
outro, entre elas, ao citá-lo, ao resumi-lo, ao reproduzi-lo com a recriação de um texto.
outras palavras, ao traduzi-lo para outro idioma, ao ampliá-lo, ao
tomá-lo como ponto de partida, ao defendê-lo, ao criticá-lo, ao Evidentemente, a intertextualidade está ligada ao
ironizá-lo ou ao compará-lo com outros. “conhecimento de mundo”, que deve ser compartilhado, ou seja,
Os estudiosos afirmam que em todos os textos ocorre algum comum ao produtor e ao receptor de textos.
grau de intertextualidade, pois quando falamos, escrevemos, A intertextualidade pressupõe um universo cultural muito
desenhamos, pintamos, moldamos, ou seja, sempre que nos amplo e complexo, pois implica a identificação / o reconhecimento de
expressamos, estamos nos valendo de ideias e conceitos que remissões a obras ou a textos / trechos mais, ou menos conhecidos,
já foram formulados por outros para reafirmá-los, ampliá-los além de exigir do interlocutor a capacidade de interpretar a função
ou mesmo contradizê-los. Em outras palavras, não há textos daquela citação ou alusão em questão.
absolutamente originais, pois eles sempre – de maneira explícita ou
implícita – mantêm alguma relação com algo que foi visto, ouvido Intertextualidade explícita e intertextualidade implícita
ou lido. A intertextualidade pode ser caracterizada como explícita ou
implícita, de acordo com a relação estabelecida com o texto fonte,
Tipos de Intertextualidade ou seja, se mais direta ou se mais subentendida.
A intertextualidade acontece quando há uma referência
explícita ou implícita de um texto em outro. Também pode A intertextualidade explícita:
ocorrer com outras formas além do texto, música, pintura, filme, – é facilmente identificada pelos leitores;
novela etc. Toda vez que uma obra fizer alusão à outra ocorre a – estabelece uma relação direta com o texto fonte;
intertextualidade. – apresenta elementos que identificam o texto fonte;
Por isso é importante para o leitor o conhecimento de mundo, – não exige que haja dedução por parte do leitor;
um saber prévio, para reconhecer e identificar quando há um – apenas apela à compreensão do conteúdos.
diálogo entre os textos. A intertextualidade pode ocorrer afirmando
as mesmas ideias da obra citada ou contestando-as. A intertextualidade implícita:
– não é facilmente identificada pelos leitores;
Na paráfrase as palavras são mudadas, porém a ideia do – não estabelece uma relação direta com o texto fonte;
texto é confirmada pelo novo texto, a alusão ocorre para atualizar, – não apresenta elementos que identificam o texto fonte;
reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer – exige que haja dedução, inferência, atenção e análise por
com outras palavras o que já foi dito. parte dos leitores;
A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros – exige que os leitores recorram a conhecimentos prévios para
textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso a compreensão do conteúdo.
é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes.
Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original
é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma PONTO DE VISTA
reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente, com O modo como o autor narra suas histórias provoca diferentes
esse processo há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos sentidos ao leitor em relação à uma obra. Existem três pontos
e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e de vista diferentes. É considerado o elemento da narração que
da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo dessa compreende a perspectiva através da qual se conta a história.
arte, frequentemente os discursos de políticos são abordados Trata-se da posição da qual o narrador articula a narrativa. Apesar
de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também de existir diferentes possibilidades de Ponto de Vista em uma
reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. narrativa, considera-se dois pontos de vista como fundamentais: O
A Epígrafe é um recurso bastante utilizado em obras, textos narrador-observador e o narrador-personagem.
científicos, desde artigos, resenhas, monografias, uma vez que
consiste no acréscimo de uma frase ou parágrafo que tenha alguma Primeira pessoa
relação com o que será discutido no texto. Do grego, o termo Um personagem narra a história a partir de seu próprio ponto
“epígrafhe” é formado pelos vocábulos “epi” (posição superior) e de vista, ou seja, o escritor usa a primeira pessoa. Nesse caso, lemos
“graphé” (escrita). Como exemplo podemos citar um artigo sobre o livro com a sensação de termos a visão do personagem podendo
Patrimônio Cultural e a epígrafe do filósofo Aristóteles (384 a.C.-322 também saber quais são seus pensamentos, o que causa uma
a.C.): “A cultura é o melhor conforto para a velhice”. leitura mais íntima. Da mesma maneira que acontece nas nossas
vidas, existem algumas coisas das quais não temos conhecimento e
A Citação é o Acréscimo de partes de outras obras numa só descobrimos ao decorrer da história.
produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem
expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro Segunda pessoa
autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação O autor costuma falar diretamente com o leitor, como um
sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”. Do Latim, o diálogo. Trata-se de um caso mais raro e faz com que o leitor se
termo “citação” (citare) significa convocar. sinta quase como outro personagem que participa da história.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Terceira pessoa
Coloca o leitor numa posição externa, como se apenas observasse a ação acontecer. Os diálogos não são como na narrativa em
primeira pessoa, já que nesse caso o autor relata as frases como alguém que estivesse apenas contando o que cada personagem disse.

Sendo assim, o autor deve definir se sua narrativa será transmitida ao leitor por um ou vários personagens. Se a história é contada
por mais de um ser fictício, a transição do ponto de vista de um para outro deve ser bem clara, para que quem estiver acompanhando a
leitura não fique confuso.

Estrutura e organização do texto e dos parágrafos


São três os elementos essenciais para a composição de um texto: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Vamos estudar cada
uma de forma isolada a seguir:

Introdução
É a apresentação direta e objetiva da ideia central do texto. A introdução é caracterizada por ser o parágrafo inicial.

Desenvolvimento
Quando tratamos de estrutura, é a maior parte do texto. O desenvolvimento estabelece uma conexão entre a introdução e a conclu-
são, pois é nesta parte que as ideias, argumentos e posicionamento do autor vão sendo formados e desenvolvidos com a finalidade de
dirigir a atenção do leitor para a conclusão.
Em um bom desenvolvimento as ideias devem ser claras e aptas a fazer com que o leitor anteceda qual será a conclusão.

São três principais erros que podem ser cometidos na elaboração do desenvolvimento:
- Distanciar-se do texto em relação ao tema inicial.
- Focar em apenas um tópico do tema e esquecer dos outros.
- Falar sobre muitas informações e não conseguir organizá-las, dificultando a linha de compreensão do leitor.

Conclusão
Ponto final de todas as argumentações discorridas no desenvolvimento, ou seja, o encerramento do texto e dos questionamentos
levantados pelo autor.
Ao fazermos a conclusão devemos evitar expressões como: “Concluindo...”, “Em conclusão, ...”, “Como já dissemos antes...”.

Parágrafo
Se caracteriza como um pequeno recuo em relação à margem esquerda da folha. Conceitualmente, o parágrafo completo deve conter
introdução, desenvolvimento e conclusão.
- Introdução – apresentação da ideia principal, feita de maneira sintética de acordo com os objetivos do autor.
- Desenvolvimento – ampliação do tópico frasal (introdução), atribuído pelas ideias secundárias, a fim de reforçar e dar credibilidade
na discussão.
- Conclusão – retomada da ideia central ligada aos pressupostos citados no desenvolvimento, procurando arrematá-los.

Exemplo de um parágrafo bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão):

“Nesse contexto, é um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá
o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura
suficiente para atender à demanda. Enfim, viveremos o caos. ”
(Alberto Corazza, Isto É, com adaptações)

Elemento relacionador: Nesse contexto.


Tópico frasal: é um grave erro a liberação da maconha.
Desenvolvimento: Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre
as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
Conclusão: Enfim, viveremos o caos.

COERÊNCIA E COESÃO TEXTUAL

A coerência e a coesão são essenciais na escrita e na interpretação de textos. Ambos se referem à relação adequada entre os compo-
nentes do texto, de modo que são independentes entre si. Isso quer dizer que um texto pode estar coeso, porém incoerente, e vice-versa.
Enquanto a coesão tem foco nas questões gramaticais, ou seja, ligação entre palavras, frases e parágrafos, a coerência diz respeito ao
conteúdo, isto é, uma sequência lógica entre as ideias.

Coesão
A coesão textual ocorre, normalmente, por meio do uso de conectivos (preposições, conjunções, advérbios). Ela pode ser obtida a
partir da anáfora (retoma um componente) e da catáfora (antecipa um componente).

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LÍNGUA PORTUGUESA
Confira, então, as principais regras que garantem a coesão textual:

REGRA CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Pessoal (uso de pronomes pessoais ou possessivos) –
João e Maria são crianças. Eles são irmãos.
anafórica
Fiz todas as tarefas, exceto esta: colonização
REFERÊNCIA Demonstrativa (uso de pronomes demonstrativos e
africana.
advérbios) – catafórica
Mais um ano igual aos outros...
Comparativa (uso de comparações por semelhanças)
Substituição de um termo por outro, para evitar Maria está triste. A menina está cansada de ficar
SUBSTITUIÇÃO
repetição em casa.
No quarto, apenas quatro ou cinco convidados.
ELIPSE Omissão de um termo
(omissão do verbo “haver”)
Conexão entre duas orações, estabelecendo relação Eu queria ir ao cinema, mas estamos de
CONJUNÇÃO
entre elas quarentena.
Utilização de sinônimos, hiperônimos, nomes genéricos
A minha casa é clara. Os quartos, a sala e a
COESÃO LEXICAL ou palavras que possuem sentido aproximado e
cozinha têm janelas grandes.
pertencente a um mesmo grupo lexical.

Coerência
Nesse caso, é importante conferir se a mensagem e a conexão de ideias fazem sentido, e seguem uma linha clara de raciocínio.
Existem alguns conceitos básicos que ajudam a garantir a coerência. Veja quais são os principais princípios para um texto coerente:
• Princípio da não contradição: não deve haver ideias contraditórias em diferentes partes do texto.
• Princípio da não tautologia: a ideia não deve estar redundante, ainda que seja expressa com palavras diferentes.
• Princípio da relevância: as ideias devem se relacionar entre si, não sendo fragmentadas nem sem propósito para a argumentação.
• Princípio da continuidade temática: é preciso que o assunto tenha um seguimento em relação ao assunto tratado.
• Princípio da progressão semântica: inserir informações novas, que sejam ordenadas de maneira adequada em relação à progressão
de ideias.

Para atender a todos os princípios, alguns fatores são recomendáveis para garantir a coerência textual, como amplo conhecimento
de mundo, isto é, a bagagem de informações que adquirimos ao longo da vida; inferências acerca do conhecimento de mundo do leitor;
e informatividade, ou seja, conhecimentos ricos, interessantes e pouco previsíveis.

LINGUAGEM VERBAL E NÃO VERBAL

Existem muitas linguagens e cada uma delas é composta de diversos elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos
da linguagem escrita; cores e formas são elementos da linguagem visual; timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.
A linguagem expressa, cria, produz ou comunica algo. Há linguagens verbais e não verbais. Cada uma delas é composta por diversos
elementos. Alguns exemplos: letras e palavras são elementos da linguagem verbal; cores e formas são elementos da linguagem visual;
timbre e ritmo são alguns dos elementos da linguagem sonora.

Linguagem verbal
A linguagem verbal é caracterizada pela comunicação através do uso de palavras. Essas palavras podem ser faladas ou escritas. O
conjunto das palavras utilizadas em uma língua é chamado de léxico.

Linguagem não verbal


A comunicação não verbal é compreendida como toda a comunicação realizada através de elementos não verbais. Ou seja, que não
usem palavras.

Linguagem verbal Linguagem não verbal


•Imagens
•Palavras •Gestos
Elementos presentes •Sons
•Expressões corporais e faciais
•Conversas •Língua de sinais
•Discursos •Placas de aviso e de trânsito
Exemplos •Textos •Obras de arte
•Rádio •Dança

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LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de linguagem não verbal (tabelas, fotos, quadrinhos, etc.)
A simbologia é uma forma de comunicação não verbal que consegue, por meio de símbolos gráficos populares, transmitir mensagens
e exprimir ideias e conceitos em uma linguagem figurativa ou abstrata. A capacidade de reconhecimento e interpretação das imagens/
símbolos é determinada pelo conhecimento de cada pessoa.

Exemplos:
PLACAS CHARGES

TIRINHAS

GRÁFICOS

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LÍNGUA PORTUGUESA
Variação Social - É aquela pertencente a um grupo específico
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA de pessoas. Neste caso, podemos destacar as gírias, as quais per-
tencem a grupos de surfistas, tatuadores, entre outros; a linguagem
Variações linguísticas reúnem as variantes da língua que foram coloquial, usada no dia a dia das pessoas; e a linguagem formal, que
criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. é aquela utilizada pelas pessoas de maior prestígio social.
Dessas reinvenções surgem as variações que envolvem diver- Fazendo parte deste grupo estão os jargões, que pertencem a
sos aspectos históricos, sociais, culturais e geográficos. uma classe profissional mais específica, como é o caso dos médicos,
No Brasil, é possível encontrar muitas variações linguísticas, profissionais da informática, dentre outros.
por exemplo, na linguagem regional. Todas as pessoas que falam Variação Situacional: ocorre de acordo com o contexto o qual
uma determinada língua conhecem as estruturas gerais, básicas, está inserido, por exemplo, as situações formais e informais.
de funcionamento podem sofrer variações devido à influência de Preconceito Linguístico
inúmeros fatores. Está intimamente relacionado com as variações linguísticas,
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os uma vez que ele surge para julgar as manifestações linguísticas di-
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se tas “superiores”.
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- Para pensarmos nele não precisamos ir muito longe, pois em
mo significado dentro de um mesmo contexto. nosso país, embora o mesmo idioma seja falado em todas as regi-
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- ões, cada uma possui suas peculiaridades que envolvem diversos
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, aspectos históricos e culturais.
sintático e lexical. A maneira de falar do norte é muito diferente da falada no sul
do país. Isso ocorre porque nos atos comunicativos, os falantes da
Variações Fônicas língua vão determinando expressões, sotaques e entonações de
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pa- acordo com as necessidades linguísticas.
lavra. Os exemplos de variação fônica são abundantes e, ao lado do O preconceito linguístico surge no tom de deboche, sendo a
vocabulário, constituem os domínios em que se percebe com mais variação apontada de maneira pejorativa e estigmatizada.
nitidez a diferença entre uma variante e outra. É importante ressaltar que todas variações são aceitas e ne-
nhuma delas é superior, ou considerada a mais correta.
Variações Morfológicas
São as que ocorrem nas formas constituintes da palavra. Nesse NORMA CULTA
domínio, as diferenças entre as variantes não são tão numerosas A norma culta é um conjunto de padrões que definem quando
quanto as de natureza fônica, mas não são desprezíveis. um idioma está sendo empregado corretamente pelos seus falan-
tes. Trata-se de uma expressão empregada pelos linguistas brasilei-
Variações Sintáticas ros para designar o conjunto de variedades linguísticas produzidas
Dizem respeito às correlações entre as palavras da frase. No pelos falantes classificado como cidadãos nascidos e criados em
domínio da sintaxe, como no da morfologia, não são tantas as dife- zona urbana e com nível de escolaridade elevado. Assim, a norma
renças entre uma variante e outra. culta define o uso correto da Língua Portuguesa com base no que
está escrito nos livros de gramática.
Variações Léxicas A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa-
É o conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança
do léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e carac- imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis
terizam com nitidez uma variante em confronto com outra. combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou-
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
Tipos de Variação e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma.
Não tem sido fácil para os estudiosos encontrar para as varian- Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras
tes linguísticas um sistema de classificação que seja simples e, ao cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo
mesmo tempo, capaz de dar conta de todas as diferenças que ca- ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as
racterizam os múltiplos modos de falar dentro de uma comunidade variedades linguísticas.
linguística. O principal problema é que os critérios adotados, muitas Certas palavras e construções que empregamos acabam de-
vezes, se superpõem, em vez de atuarem isoladamente. nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do
As variações mais importantes, para o interesse do concurso país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e,
público, são os seguintes: às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies.
Existem diferentes variações ocorridas na língua, entre elas es- O uso da língua também pode informar nossa timidez, sobre
tão: nossa capacidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa
Variação Histórica - Aquela que sofre transformações ao longo insegurança.
do tempo. Como por exemplo, a palavra “Você”, que antes era vos- A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas,
mecê e que agora, diante da linguagem reduzida no meio eletrôni- contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te-
co, é apenas VC. O mesmo acontece com as palavras escritas com levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem:
PH, como era o caso de pharmácia, agora, farmácia. a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou
Variação Regional (os chamados dialetos) - São as variações profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade
ocorridas de acordo com a cultura de uma determinada região, to- de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
mamos como exemplo a palavra mandioca, que em certas regiões é em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do-
tratada por macaxeira; e abóbora, que é conhecida como jerimum. mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados
Destaca-se também o caso do dialeto caipira, o qual pertence para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que
àquelas pessoas que não tiveram a oportunidade de ter uma educa- a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes-
ção formal, e em função disso, não conhecem a linguagem “culta”. ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre- Exemplo: “Ele mal sabe como lidar com essa situação”.
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos. Além disso, a palavra ‘mal’ também pode ser utilizada – neste
caso, como substantivo – para significar uma angústia, doença ou
Norma culta, norma padrão e norma popular desgosto, retratando algo que aparentemente é nocivo ou perigo-
Norma Culta: é uma expressão empregada pelos linguistas so. Neste sentido.
brasileiros para designar o conjunto de variantes linguísticas efeti- Exemplo: “Você precisa colocar o seu sono em dia, pois está
vamente faladas, na vida cotidiana pelos falantes cultos, sendo as- dormindo muito mal”.
sim classificando os cidadãos nascidos e criados em zonas urbanas
e com grau de instrução superior completo. É a variante de maior - Mas ou mais
prestígio social na comunidade, sendo realizada com certa unifor- ‘Mas’ é uma palavra que pode ser utilizada como sinônimo de
midade pelos membros do grupo social de padrão cultural mais todavia ou porém, transmitindo a ideia de oposto.
elevado Exemplo: “Queria comprar roupas, mas não tenho dinheiro”.
De modo geral, um falante culto, em situação comunicativa
formal, buscará seguir as regras da norma explícita de sua língua e A palavra ‘mais’ é um advérbio que tem como principal objeti-
ainda procurará seguir, no que diz respeito ao léxico, um repertório vo o de transmitir noções de acréscimo ou intensidade, sendo tam-
que, se não for erudito, também não será vulgar. bém um oposto a palavra ‘menos’.
Norma Padrão: está vinculada a uma língua modelo. Segue
prescrições representadas na gramática, mas é marcada pela língua Exemplo: Ela é a mais chata do curso.
produzida em certo momento da história e em uma determinada
sociedade. Como a língua está em constante mudança, diferentes
formas de linguagem que hoje não são consideradas pela Norma
Padrão, com o tempo podem vir a se legitimar. DISCURSO DIRETO E INDIRETO
Norma Popular:teria menos prestígio opondo-se à Norma Cul-
ta mais prestigiada, e a Norma Padrão se eleva sobre as duas ante- Num texto, as personagens falam, conversam entre si, expõem
riores. A Norma Popular é aquela linguagem que não é formal, ou ideias. Quando o narrador conta o que elas disseram, insere na nar-
seja, não segue padrões rígidos, é a linguagem popular, falada no rativa uma fala que não é de sua autoria, cita o discurso alheio. Há
cotidiano. três maneiras principais de reproduzir a fala das personagens: o dis-
O nível popular está associado à simplicidade da utilização lin- curso direto, o discurso indireto e o discurso indireto livre.
guística em termos lexicais, fonéticos, sintáticos e semânticos. É uti-
lizado em contextos informais. Discurso Direto
“Longe do olhos...”
Dúvidas mais comuns da norma culta
- Obrigada ou Obrigado? - Meu pai! Disse João Aguiar com um tom de ressentimento que
O indivíduo do sexo masculino, ao agradecer por algo, deve di- fez pasmar o comendador.
zer obrigado; - Que é? Perguntou este.
O indivíduo do sexo feminino, ao agradecer por algo, deve dizer João Aguiar não respondeu. O comendador arrugou a testa e
obrigada. interrogou o rosto mudo do filho. Não leu, mais adivinhou alguma
coisa desastrosa; desastrosa, entenda-se, para os cálculos conjun-
- Encima ou em cima? to-políticos ou políticos-conjugais, como melhor nome haja.
A palavra em questão pode ser utilizada em ambos os for- - Dar-se-á caso que... começou a dizer comendador.
matos, porém, “encima”, escrita de modo junto, é um formato de - Que eu namore? Interrompeu galhofeiramente o filho.
verbo unicamente utilizado na linguagem formal, na 3ª pessoa do Machado de Assis. Contos. 26ª Ed. São Paulo, Ática, 2002, p.
singular do indicativo ou na segunda pessoa do imperativo, com o 43.
significado de coroar ou colocar alguma coisa no alto.
Exemplo: “Uma coroa amarela encima ao cabelo daquele ho- O narrador introduz a fala das personagens, um pai e um filho,
mem”. e, em seguida, como quem passa a palavra a elas e as deixa falar.
Vemos que as partes introdutórias pertencem ao narrador (por ex-
Já a palavra ‘em cima’, em seu formato separado, é muito mais emplo, disse João Aguiar com um tom de ressentimento que faz
comum – tanto na linguagem coloquial como formal. O objetivo pasmar o comendador) e as falas, às personagens, (por exemplo,
dela é dizer que algo está em uma posição mais alta e/ou elevada Meu pai!).
do que outra. O discurso direto é o expediente de citação do discurso alheio
Exemplo: “Coloquei suas chaves de casa em cima da escriva- pela qual o narrador introduz o discurso do outro e, depois, repro-
ninha”. duz literalmente a fala dele.
As marcas do discurso são:
- Mau ou mal?
“Mau” é um adjetivo que significa algo contrário ao que é bom. - A fala das personagens é, de princípio, anunciada por um ver-
Sendo assim, ele é comumente utilizado em frases que indicam bo (disse e interrompeu no caso do filho e perguntou e começou a
uma pessoa com atitudes ruins ou como um sinônimo de palavras dizer no caso do pai) denominado “verbo de dizer” (como recrutar,
como: difícil, indelicado, indecente, incapaz. retorquir, afirmar, obtem-perar declarar e outros do mesmo tipo),
Exemplo: “Eu acho ele um mau aluno”. que pode vir antes, no meio ou depois da fala das personagens (no
A palavra ‘mal’ é caracterizada como um advérbio utilizado nosso caso, veio depois);
como um antônimo do que é de bem. Sendo assim, ele indica algo - A fala das personagens aparece nitidamente separada da fala
sendo feito errônea ou incorretamente. do narrador, por aspas, dois pontos, travessão ou vírgula;

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LÍNGUA PORTUGUESA
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que O papagaio disse admirado (explicitação do valor semântico
indicam espaço e tempo (por exemplo, pronomes demonstrativos da interjeição oh!) que ao longe vinha a raposa.
e advérbios de lugar e de tempo) são usados em relação à pessoa
da personagem, ao momento em que ela fala diz “eu”, o espaço em Se o discurso citado (fala da personagem) comporta um “eu”
que ela se encontra é o aqui e o tempo em que fala é o agora. ou um “tu” que não se encontram entre as pessoas do discurso cit-
ante (fala do narrador), eles são convertidos num “ele”, se o discur-
Discurso Indireto so citado contém um “aqui” não corresponde ao lugar em que foi
Observemos um fragmento do mesmo conto de Machado de proferido o discurso citante, ele é convertido num “lá”.
Assis:
“Um dia, Serafina recebeu uma carta de Tavares dizendo-lhe Pedro disse lá em Paris: - Aqui eu me sinto bem.
que não voltaria mais à casa de seu pai, por este lhe haver mostrado
má cara nas últimas vezes que ele lá estivera.” Eu (pessoa do discurso citado que não se encontra no discurso
Idem. Ibidem, p. 48. citante) converte-se em ele; aqui (espaço do discurso citado que é
diferente do lugar em que foi proferido o discurso citante) transfor-
Nesse caso o narrador para citar que Tavares disse a Serafina, ma-se em lá:
usa o outro procedimento: não reproduz literalmente as palavras
de Tavares, mas comunica, com suas palavras, o que a personagem - Pedro disse que lá ele se sentia bem.
diz. A fala de Tavares não chega ao leitor diretamente, mas por via
indireta, isto é, por meio das palavras do narrador. Por essa razão, Se a pessoa do discurso citado, isto é, da fala da personagem
esse expediente é chamado discurso indireto. (eu, tu, ele) tem um correspondente no discurso citante, ela ocupa
As principais marcas do discurso indireto são: o estatuto que tem nesse último.

- As falas das personagens também vem introduzidas por um Maria declarou-me: - Eu te amo.
verbo de dizer;
- As falas das personagens constituem oração subordinada sub- O “te” do discurso citado corresponde ao “me” do citante. Por
stantiva objetiva direta do verbo de dizer e, portanto, são separadas isso, “te” passa a “me”:
da fala do narrador por uma partícula introdutória normalmente
- Maria declarou-me que me amava.
“que” ou “se”;
- Os pronomes pessoais, os tempos verbais e as palavras que
No que se refere aos tempos, o mais comum é o que o verbo de
indicam espaço e tempo (como pronomes demonstrativos e advér-
dizer esteja no presente ou no pretérito perfeito. Quando o verbo
bios de lugar e de tempo) são usados e relação a narrador, ao mo-
de dizer estiver no presente e o da fala da personagem estiver no
mento em que ele fala e ao espaço em que está.
presente, pretérito ou futuro do presente, os tempos mantêm-se
na passagem do discurso direto para o indireto. Se o verbo de dizer
Passagem do Discurso Direto para o Discurso Indireto estiver no pretérito perfeito, as alterações que ocorrerão na fala da
Pedro disse: personagem são as seguintes:
- Eu estarei aqui amanhã.
Discurso Direto – Discurso Indireto
No discurso direto, o personagem Pedro diz “eu”; o “aqui” é Presente – Pretérito Imperfeito
o lugar em que a personagem está; “amanhã” é o dia seguinte ao Pretérito Perfeito – Pretérito mais-que-perfeito
que ele fala. Se passarmos essa frase para o discurso indireto ficará Futuro do Presente – Futuro do Pretérito
assim:
Joaquim disse: - Compro tudo isso.
Pedro disse que estaria lá no dia seguinte. - Joaquim disse que comprava tudo isso.

No discurso indireto, o “eu” passa a ele porque á alguém de Joaquim disse: - Comprei tudo isso.
quem o narrador fala; estaria é futuro do pretérito: é um tempo - Joaquim disse que comprara tudo isso.
relacionado ao pretérito da fala do narrador (disse), e não ao pre-
sente da fala do personagem, como estarei; lá é o espaço em que Joaquim disse: - Comprarei tudo isso.
a personagem (e não o narrador) havia de estar; no dia seguinte é - Joaquim disse que compraria tudo isso.
o dia que vem após o momento da fala da personagem designada
por ele. Discurso Indireto Livre
Na passagem do discurso direto para o indireto, deve-se ob- “(...) No dia seguinte Fabiano voltou à cidade, mas ao fechar o
servar as frases que no discurso direto tem as formas interrogativas, negócio notou que as operações de Sinhá Vitória, como de costume,
exclamativa ou imperativa convertem-se, no discurso indireto, em diferiam das do patrão. Reclamou e obteve a explicação habitual: a
orações declarativas. diferença era proveniente de juros.
Não se conformou: devia haver engano. Ele era bruto, sim sen-
Ela me perguntou: quem está ai? hor, via-se perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo.
Ela me perguntou quem estava lá. Com certeza havia um erro no papel do branco. Não se descobriu o
erro, e Fabiano perdeu os estribos. Passar a vida inteira assim no
As interjeições e os vocativos do discurso direto desaparecem toco, entregando o que era dele de mão beijada! Estava direito aq-
no discurso indireto ou tem seu valor semântico explicitado, isto é, uilo? Trabalhar como negro e nunca arranjar carta de alforria!
traduz-se o significado que elas expressam. Graciliano Ramos. Vidas secas.
28ª Ed. São Paulo, Martins, 1971, p. 136.
O papagaio disse: Oh! Lá vem a raposa.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Nesse texto, duas vozes estão misturadas: a do narrador e a Um velho brônzeo apontou, em farrapos, à janela aberta o azul.
de Fabiano. Não há indicadores que delimitem muito bem onde - Como vai, Elesbão?
começa a fala do narrador e onde se inicia a da personagem. Não se - Sua bênção...
tem dúvida de que o período inicial está traduzido a fala do narra- - Cheio de doenças?
dor. A bem verdade, até não se conformou (início do segundo pará- - Sim sinhô.
grafo), é a voz do narrador que está comandando a narrativa. Na - De dores, de dificuldades?
oração devia haver engano, já começa haver uma mistura de vozes: - Sim sinhô.
sob o ponto de vista das marcas gramaticais, não há nenhuma pista - De desgraças...
para se concluir, que a voz de Fabiano é que esteja sendo citada; O farmacêutico riu com um tímpano desmesurado. Você é o
sob o ponto de vista do significado, porém, pode-se pensar numa Brasil. Depois Indagou:
reclamação atribuída a ele. - O que você eu Elesbão?
Tomemos agora esse trecho: “Ele era bruto, sim senhor, via-se - To precisando de uns dinheirinho e duns gênor. Meu arroiz-
perfeitamente que era bruto, mas a mulher tinha miolo. Com certeza inho tá bão, tá encanando bem. Preciso de uns mantimento pra
havia um erro no papel do branco.” Pelo conteúdo de verdade é coiêta. O sinhô pode me arranjá com Nhô Salim. Depois eu vendo o
pelo modo de dizer, tudo nos induz a vislumbrar aí a voz de Fabiano arroiz pra ele mermo.
ecoando por meio do discurso do narrador. É como se o narrador, - Você é sério, Elesbão?
sem abandonar as marcas linguísticas próprias de sua fala, estivesse - Sô sim sinhô!
incorporando as reclamações e suspeitas da personagem, a cuja lin- - Quanto é que você deve pro Nhô Salim?
guagem pertencem expressões do tipo bruto, sim senhor e a mul- - Um tiquinho.
her tinha miolo. Até a repetição de palavras e uma certa entonação Oswaldo de Andrade. Marco Zero.
presumivelmente exclamativa confirmam essa inferência. 2ª Ed. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1974, p. 7-8.
Para perceber melhor o que é o discurso indireto livre, con-
frontemos uma frase do texto com a correspondente em discurso Quanto ao discurso indireto, pode ser de dois tipos, e cada um
direito e indireto: deles cria um efeito de sentido diverso.
- Discurso Indireto que analisa o conteúdo: elimina os ele-
- Discurso Indireto Livre mentos emocionais ou afetivos presentes no discurso direto, assim
Estava direito aquilo? como as interrogações, exclamações ou formas imperativas, por
isso produz um efeito de sentido de objetividade analítica. Com
- Discurso Direto efeito, nele o narrador revela somente o conteúdo do discurso da
Fabiano perguntou: - Esta direito isto? personagem, e não o modo como ela diz. Com isso estabelece uma
distância entre sua posição e a da personagem, abrindo caminho
- Discurso Indireto para a réplica e o comentário. Esse tipo de discurso indireto des-
Fabiano perguntou se aquilo estava direito personaliza discurso citado em nome de uma objetividade analítica.
Cria, assim, a impressão de que o narrador analisa o discurso citado
Essa forma de citação do discurso alheio tem características de maneira racional e isenta de envolvimento emocional. O discur-
próprias que são tanto do discurso direto quanto do indireto. As so indireto, nesse caso, não se interessa pela individualidade do fa-
características do discurso indireto livre são: lante no modo como ele diz as coisas. Por isso é a forma preferida
nos textos de natureza filosófica, científica, política, etc., quando
- Não há verbos de dizer anunciando as falas das personagens; se expõe as opiniões dos outros com finalidade de criticá-las, re-
- Estas não são introduzidas por partículas como “que” e “se” jeitá-las ou acolhê-las.
nem separadas por sinais de pontuação; - Discurso Indireto que analisa a expressão: serve para dest-
- O discurso indireto livre contém, como o discurso direto, acar mais o modo de dizer do que o que se diz; por exemplo, as
orações interrogativas, imperativas e exclamativas, bem como in- palavras típicas do vocabulário da personagem citada, a sua ma-
terjeições e outros elementos expressivos; neira de pronunciá-las, etc. Nesse caso, as palavras ou expressões
- Os pronomes pessoais e demonstrativos, as palavras indica- ressaltadas aparecem entre aspas. Veja-se este exemplo. De Eça de
doras de espaço e de tempo são usados da mesma forma que no Queirós:
discurso indireto. Por isso, o verbo estar, do exemplo acima, ocorre
no pretérito imperfeito, e não no presente (está), como no discurso ...descobrira de repente, uma manhã, eu não devia trair Amaro,
direto. Da mesma forma o pronome demonstrativo ocorre na forma “porque era papá do seu Carlinhos”. E disse-o ao abade; fez corar os
aquilo, como no discurso indireto. sessenta e quatro anos do bom velho (...).
O crime do Padre Amaro.
Funções dos diferentes modos de citar o discurso do outro Porto, Lello e Irmão, s.d., vol. I, p. 314.
O discurso direto cria um efeito de sentido de verdade. Isso
porque o leitor ou ouvinte tem a impressão de que quem cita Imagine-se ainda que uma pessoa, querendo denunciar a for-
preservou a integridade do discurso citado, ou seja, o que ele re- ma deselegante com que fora atendida por um representante de
produziu é autêntico. É como se ouvisse a pessoa citada com suas uma empresa, tenha dito o seguinte:
próprias palavras e, portanto, com a mesma carga de subjetividade.
Essa modalidade de citação permite, por exemplo, que se use A certa altura, ele me respondeu que, se eu não estivesse sat-
variante linguística da personagem como forma de fornecer pistas isfeito, que fosse reclamar “para o bispo” e que ele já não estava
para caracterizá-la. Sirva de exemplo o trecho que segue, um diálo- “nem aí” com “tipinhos” como eu.
go entre personagens do meio rural, um farmacêutico e um agricul-
tor, cuja fala é transcrita em discurso direto pelo narrador: Em ambos os casos, as aspas são utilizadas para dar destaque
a certas formas de dizer típicas das personagens citadas e para
mostrar o modo como o narrador as interpreta. No exemplo de

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LÍNGUA PORTUGUESA
Eça de Queirós, “porque era o papá de seu Carlinhos” contem uma objetivo de aferir o quanto crianças e adolescentes estão fazendo
expressão da personagem Amélia e mostra certa dose de ironia exercícios físicos, o estudo mostrou que elas estão muito sedentá-
e malícia do narrador. No segundo exemplo, as aspas destacam a rias. Em 75% das nações participantes, o nível de atividade física
insatisfação do narrador com a deselegância e o desprezo do fun- praticado por essa faixa etária está muito abaixo do recomendado
cionário para com os clientes. para garantir um crescimento saudável e um envelhecimento de
O discurso indireto livre fica a meio caminho da subjetividade qualidade — com bom condicionamento físico, músculos e esquele-
e da objetividade. Tem muitas funções. Por exemplo, dá verossimil- tos fortes e funções cognitivas preservadas. De “A” a “F”, a maioria
hança a um texto que pretende manifestar pensamentos, desejos, dos países tirou nota “D”.
enfim, a vida interior de uma personagem.
Em síntese, demonstra um envolvimento tal do narrador com a Função Emotiva
personagem, que as vozes de ambos se misturam como se eles fos- Caracterizada pela subjetividade com o objetivo de emocionar.
sem um só ou, falando de outro modo, como se o narrador tivesse É centrada no emissor, ou seja, quem envia a mensagem. A mensa-
vestido completamente a máscara da personagem, aproximando-a gem não precisa ser clara ou de fácil entendimento.
do leitor sem a marca da sua intermediação. Por meio do tipo de linguagem que usamos, do tom de voz que
Veja-se como, neste trecho: “O tímido José”, de Antônio de Al- empregamos, etc., transmitimos uma imagem nossa, não raro in-
cântara Machado, o narrador, valendo-se do discurso indireto livre, conscientemente.
leva o leitor a partilhar do constrangimento da personagem, simu- Emprega-se a expressão função emotiva para designar a utili-
lando estar contaminado por ele: zação da linguagem para a manifestação do enunciador, isto é, da-
(...) Mais depressa não podia andar. Garoar, garoava sempre. quele que fala.
Mas ali o nevoeiro já não era tanto felizmente. Decidiu. Iria indo no
caminho da Lapa. Se encontrasse a mulher bem. Se não encontrasse Exemplo: Nós te amamos!
paciência. Não iria procurar. Iria é para casa. Afinal de contas era
mesmo um trouxa. Quando podia não quis. Agora que era difícil Função Conativa
queria. A função conativa ou apelativa é caracterizada por uma lingua-
Laranja-da-china. In: Novelas Paulistanas. gem persuasiva com a finalidade de convencer o leitor. Por isso, o
1ª Ed. Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, Edusp, 1998, p. grande foco é no receptor da mensagem.
Trata-se de uma função muito utilizada nas propagandas, pu-
blicidades e discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por
meio da mensagem transmitida.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na ter-
ceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do
Funções da linguagem são recursos da comunicação que, de vocativo.
acordo com o objetivo do emissor, dão ênfase à mensagem trans- Não se interfere no comportamento das pessoas apenas com
mitida, em função do contexto em que o ato comunicativo ocorre. a ordem, o pedido, a súplica. Há textos que nos influenciam de ma-
São seis as funções da linguagem, que se encontram direta- neira bastante sutil, com tentações e seduções, como os anúncios
mente relacionadas com os elementos da comunicação. publicitários que nos dizem como seremos bem-sucedidos, atraen-
tes e charmosos se usarmos determinadas marcas, se consumirmos
Funções da Linguagem Elementos da certos produtos.
Comunicação Com essa função, a linguagem modela tanto bons cidadãos,
que colocam o respeito ao outro acima de tudo, quanto esperta-
Função referencial ou denotativa contexto lhões, que só pensam em levar vantagem, e indivíduos atemoriza-
Função emotiva ou expressiva emissor dos, que se deixam conduzir sem questionar.
Exemplos: Só amanhã, não perca!
Função apelativa ou conativa receptor
Vote em mim!
Função poética mensagem
Função fática canal Função Poética
Esta função é característica das obras literárias que possui
Função metalinguística código como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
Função Referencial transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
A função referencial tem como objetivo principal informar, re- figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da tivo é a mensagem.
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural, A função poética não pertence somente aos textos literários.
o que enfatiza sua impessoalidade. Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem. Exemplo:
“Basta-me um pequeno gesto,
Exemplo de uma notícia: feito de longe e de leve,
O resultado do terceiro levantamento feito pela Aliança Global para que venhas comigo
para Atividade Física de Crianças — entidade internacional dedica- e eu para sempre te leve...”
da ao estímulo da adoção de hábitos saudáveis pelos jovens — foi (Cecília Meireles)
decepcionante. Realizado em 49 países de seis continentes com o

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LÍNGUA PORTUGUESA
Função Fática Metonímia: consiste em empregar um termo no lugar de ou-
A função fática tem como principal objetivo estabelecer um ca- tro, havendo entre ambos estreita afinidade ou relação de sentido.
nal de comunicação entre o emissor e o receptor, quer para iniciar a Observe os exemplos abaixo:
transmissão da mensagem, quer para assegurar a sua continuação. -autor ou criador pela obra. Exemplo: Gosto de ler Machado
A ênfase dada ao canal comunicativo. de Assis. (Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)
Esse tipo de função é muito utilizado nos diálogos, por exem- -efeito pela causa e vice-versa. Exemplo: Vivo do meu trabalho.
plo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao tele- (o trabalho é causa e está no lugar do efeito ou resultado).
fone, etc. - continente pelo conteúdo. Exemplo: Ela comeu uma caixa de
bombons. (a palavra caixa, que designa o continente ou aquilo que
Exemplo: contém, está sendo usada no lugar da palavra bombons).
-- Calor, não é!? -abstrato pelo concreto e vice-versa. Exemplos: A gravidez deve
-- Sim! Li na previsão que iria chover. ser tranquila. (o abstrato gravidez está no lugar do concreto, ou
-- Pois é... seja, mulheres grávidas).
- instrumento pela pessoa que o utiliza. Exemplo: Os micro-
Função Metalinguística fones foram atrás dos jogadores. (Os repórteres foram atrás dos
É caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a lingua- jogadores.)
gem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um - lugar pelo produto. Exemplo: Fumei um saboroso havana.
código utilizando o próprio código. (Fumei um saboroso charuto.).
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem des- - símbolo ou sinal pela coisa significada. Exemplo: Não te afas-
taque são as gramáticas e os dicionários. tes da cruz. (Não te afastes da religião.).
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um do- - a parte pelo todo. Exemplo: Não há teto para os desabrigados.
cumentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema (a parte teto está no lugar do todo, “o lar”).
são alguns exemplos. - indivíduo pela classe ou espécie. Exemplo: O homem foi à Lua.
Exemplo: (Alguns astronautas foram à Lua.).
Amizade s.f.: 1. sentimento de grande afeição, simpatia, apreço - singular pelo plural. Exemplo: A mulher foi chamada para ir às
entre pessoas ou entidades. “sentia-se feliz com a amizade do seu ruas. (Todas as mulheres foram chamadas, não apenas uma)
mestre” - gênero ou a qualidade pela espécie. Exemplo: Os mortais so-
2. POR METONÍMIA: quem é amigo, companheiro, camarada. frem nesse mundo. (Os homens sofrem nesse mundo.)
“é uma de suas amizades fiéis” - matéria pelo objeto. Exemplo: Ela não tem um níquel. (a ma-
téria níquel é usada no lugar da coisa fabricada, que é “moeda”).

Atenção: Os últimos 5 exemplos podem receber também o


FIGURAS DA LINGUAGEM nome de Sinédoque.

As figuras de linguagem são recursos especiais usados por Perífrase: substituição de um nome por uma expressão para
quem fala ou escreve, para dar à expressão mais força, intensidade facilitar a identificação. Exemplo: A Cidade Maravilhosa (= Rio de
e beleza. Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
São três tipos:
Figuras de Palavras (tropos); Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de
Figuras de Construção (de sintaxe); antonomásia.
Figuras de Pensamento. Exemplos:
O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida praticando o
Figuras de Palavra bem.
É a substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contigui-
dade), seja por uma associação, uma comparação, uma similarida- Sinestesia: Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as
de. São as seguintes as figuras de palavras: sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido. Exemplo:
No silêncio negro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (si-
Metáfora: consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão lêncio = auditivo; negro = visual)
em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude
da circunstância de que o nosso espírito as associa e depreende Catacrese: A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de
entre elas certas semelhanças. Observe o exemplo: um termo específico para designar um conceito, toma-se outro
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) “emprestado”. Passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “maçã do rosto”, “braço
Nesse caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta da cadeira” .
estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu
pensamento. Figuras de Construção
Ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao
Comparação: é a comparação entre dois elementos comuns; significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expres-
semelhantes. Normalmente se emprega uma conjunção comparati- sividade que se dá ao sentido. São as mais importantes figuras de
va: como, tal qual, assim como. construção:
“Sejamos simples e calmos
Como os regatos e as árvores”
Fernando Pessoa

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LÍNGUA PORTUGUESA
Elipse: consiste na omissão de um termo da frase, o qual, no Repetição: repetir palavras ou orações para enfatizar a afirma-
entanto, pode ser facilmente identificado. Exemplo: No fim da co- ção ou sugerir insistência, progressão:
memoração, sobre as mesas, copos e garrafas vazias. (Omissão do “E o ronco das águas crescia, crescia, vinha pra dentro da ca-
verbo haver: No fim da festa comemoração, sobre as mesas, copos sona.” (Bernardo Élis)
e garrafas vazias). “O mar foi ficando escuro, escuro, até que a última lâmpada se
apagou.” (Inácio de Loyola Brandão)
Pleonasmo: consiste no emprego de palavras redundantes
para reforçar uma ideia. Exemplo: Ele vive uma vida feliz. Zeugma: omissão de um ou mais termos anteriormente enun-
Deve-se evitar os pleonasmos viciosos, que não têm valor de ciados. Exemplo: Ele gosta de geografia; eu, de português. (na se-
reforço, sendo antes fruto do desconhecimento do sentido das pa- gunda oração, faltou o verbo “gostar” = Ele gosta de geografia; eu
lavras, como por exemplo, as construções “subir para cima”, “entrar gosto de português.).
para dentro”, etc.
Assíndeto: quando certas orações ou palavras, que poderiam
Polissíndeto: repetição enfática do conectivo, geralmente o “e”. se ligar por um conectivo, vêm apenas justapostas. Exemplo: Vim,
Exemplo: Felizes, eles riam, e cantavam, e pulavam, e dançavam. vi, venci.
Inversão ou Hipérbato: alterar a ordem normal dos termos ou
orações com o fim de lhes dar destaque: Anáfora: repetição de uma palavra ou de um segmento do
“Justo ela diz que é, mas eu não acho não.” (Carlos Drummond texto com o objetivo de enfatizar uma ideia. É uma figura de cons-
de Andrade) trução muito usada em poesia. Exemplo: Este amor que tudo nos
“Por que brigavam no meu interior esses entes de sonho não toma, este amor que tudo nos dá, este amor que Deus nos inspira,
sei.” (Graciliano Ramos) e que um dia nos há de salvar
Observação: o termo deseja realçar é colocado, em geral, no
início da frase. Paranomásia: palavras com sons semelhantes, mas de signi-
ficados diferentes, vulgarmente chamada de trocadilho. Exemplo:
Anacoluto: quebra da estrutura sintática da oração. O tipo mais Comemos fora todos os dias! A gente até dispensa a despensa.
comum é aquele em que um termo parece que vai ser o sujeito da
Neologismo: criação de novas palavras. Exemplo: Estou a fim do
oração, mas a construção se modifica e ele acaba sem função sintá-
João. (estou interessado). Vou fazer um bico. (trabalho temporário).
tica. Essa figura é usada geralmente para pôr em relevo a ideia que
consideramos mais importante, destacando-a do resto. Exemplo:
Figuras de Pensamento
O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.
Utilizadas para produzir maior expressividade à comunicação,
A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo
as figuras de pensamento trabalham com a combinação de ideias,
Castelo Branco)
pensamentos.
Silepse: concordância de gênero, número ou pessoa é feita Antítese: Corresponde à aproximação de palavras contrárias,
com ideias ou termos subentendidos na frase e não claramente ex- que têm sentidos opostos. Exemplo: O ódio e o amor andam de
pressos. A silepse pode ser: mãos dadas.
- de gênero. Exemplo: Vossa Majestade parece desanimado. (o
adjetivo desanimado concorda não com o pronome de tratamento Apóstrofe: interrupção do texto para se chamar a atenção de
Vossa Majestade, de forma feminina, mas com a pessoa a quem alguém ou de coisas personificadas. Sintaticamente, a apóstrofe
esse pronome se refere – pessoa do sexo masculino). corresponde ao vocativo. Exemplo: Tende piedade, Senhor, de to-
- de número. Exemplo: O pessoal ficou apavorado e saíram cor- das as mulheres.
rendo. (o verbo sair concordou com a ideia de plural que a palavra
pessoal sugere). Eufemismo: Atenua o sentido das palavras, suavizando as ex-
- de pessoa. Exemplo: Os brasileiros amamos futebol. (o sujeito pressões do discurso Exemplo: Ele foi para o céu. (Neste caso, a ex-
os brasileiros levaria o verbo na 3ª pessoa do plural, mas a concor- pressão “para a céu”, ameniza o discurso real: ele morreu.)
dância foi feita com a 1ª pessoa do plural, indicando que a pessoa
que fala está incluída em os brasileiros). Gradação: os termos da frase são fruto de hierarquia (ordem
crescente ou decrescente). Exemplo: As pessoas chegaram à festa,
Onomatopeia: Ocorre quando se tentam reproduzir na forma sentaram, comeram e dançaram.
de palavras os sons da realidade.
Exemplos: Os sinos faziam blem, blem, blem, blem. Hipérbole: baseada no exagero intencional do locutor, isto é,
Miau, miau. (Som emitido pelo gato) expressa uma ideia de forma exagerada.
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar. Exemplo: Liguei para ele milhões de vezes essa tarde. (Ligou
várias vezes, mas não literalmente 1 milhão de vezes ou mais).
As onomatopeias, como no exemplo abaixo, podem resultar da
Aliteração (repetição de fonemas nas palavras de uma frase ou de Ironia: é o emprego de palavras que, na frase, têm o sentido
um verso). oposto ao que querem dizer. É usada geralmente com sentido sar-
“Vozes veladas, veludosas vozes, cástico. Exemplo: Quem foi o inteligente que usou o computador e
volúpias dos violões, vozes veladas, apagou o que estava gravado?
vagam nos velhos vórtices velozes
dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” Paradoxo: Diferente da antítese, que opõem palavras, o pa-
radoxo corresponde ao uso de ideias contrárias, aparentemente
(Cruz e Sousa) absurdas. Exemplo: Esse amor me mata e dá vida. (Neste caso, o
mesmo amor traz alegrias (vida) e tristeza (mata) para a pessoa.)

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LÍNGUA PORTUGUESA
Personificação ou Prosopopéia ou Animismo: atribuição de ações, sentimentos ou qualidades humanas a objetos, seres irracionais
ou outras coisas inanimadas. Exemplo: O vento suspirou essa manhã. (Nesta frase sabemos que o vento é algo inanimado que não suspira,
sendo esta uma “qualidade humana”.)

Reticência: suspender o pensamento, deixando-o meio velado. Exemplo:


“De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se digo.” (Machado de Assis)

Retificação: consiste em retificar uma afirmação anterior. Exemplos: O médico, aliás, uma médica muito gentil não sabia qual seria o
procedimento.

ORTOGRAFIA (NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA)

A ortografia oficial diz respeito às regras gramaticais referentes à escrita correta das palavras. Para melhor entendê-las, é preciso ana-
lisar caso a caso. Lembre-se de que a melhor maneira de memorizar a ortografia correta de uma língua é por meio da leitura, que também
faz aumentar o vocabulário do leitor.
Neste capítulo serão abordadas regras para dúvidas frequentes entre os falantes do português. No entanto, é importante ressaltar que
existem inúmeras exceções para essas regras, portanto, fique atento!

Alfabeto
O primeiro passo para compreender a ortografia oficial é conhecer o alfabeto (os sinais gráficos e seus sons). No português, o alfabeto
se constitui 26 letras, divididas entre vogais (a, e, i, o, u) e consoantes (restante das letras).
Com o Novo Acordo Ortográfico, as consoantes K, W e Y foram reintroduzidas ao alfabeto oficial da língua portuguesa, de modo que
elas são usadas apenas em duas ocorrências: transcrição de nomes próprios e abreviaturas e símbolos de uso internacional.

Uso do “X”
Algumas dicas são relevantes para saber o momento de usar o X no lugar do CH:
• Depois das sílabas iniciais “me” e “en” (ex: mexerica; enxergar)
• Depois de ditongos (ex: caixa)
• Palavras de origem indígena ou africana (ex: abacaxi; orixá)

Uso do “S” ou “Z”


Algumas regras do uso do “S” com som de “Z” podem ser observadas:
• Depois de ditongos (ex: coisa)
• Em palavras derivadas cuja palavra primitiva já se usa o “S” (ex: casa > casinha)
• Nos sufixos “ês” e “esa”, ao indicarem nacionalidade, título ou origem. (ex: portuguesa)
• Nos sufixos formadores de adjetivos “ense”, “oso” e “osa” (ex: populoso)

Uso do “S”, “SS”, “Ç”


• “S” costuma aparecer entre uma vogal e uma consoante (ex: diversão)
• “SS” costuma aparecer entre duas vogais (ex: processo)
• “Ç” costuma aparecer em palavras estrangeiras que passaram pelo processo de aportuguesamento (ex: muçarela)

Os diferentes porquês

POR QUE Usado para fazer perguntas. Pode ser substituído por “por qual motivo”
PORQUE Usado em respostas e explicações. Pode ser substituído por “pois”
O “que” é acentuado quando aparece como a última palavra da frase, antes da pontuação final (interrogação,
POR QUÊ
exclamação, ponto final)
PORQUÊ É um substantivo, portanto costuma vir acompanhado de um artigo, numeral, adjetivo ou pronome

Parônimos e homônimos
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pronúncia semelhantes, porém com significados distintos.
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfego (trânsito) X tráfico (comércio ilegal).
Já as palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta).

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LÍNGUA PORTUGUESA

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

A acentuação é uma das principais questões relacionadas à Ortografia Oficial, que merece um capítulo a parte. Os acentos utilizados
no português são: acento agudo (´); acento grave (`); acento circunflexo (^); cedilha (¸) e til (~).
Depois da reforma do Acordo Ortográfico, a trema foi excluída, de modo que ela só é utilizada na grafia de nomes e suas derivações
(ex: Müller, mülleriano).
Esses são sinais gráficos que servem para modificar o som de alguma letra, sendo importantes para marcar a sonoridade e a intensi-
dade das sílabas, e para diferenciar palavras que possuem a escrita semelhante.
A sílaba mais intensa da palavra é denominada sílaba tônica. A palavra pode ser classificada a partir da localização da sílaba tônica,
como mostrado abaixo:
• OXÍTONA: a última sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: café)
• PAROXÍTONA: a penúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: automóvel)
• PROPAROXÍTONA: a antepenúltima sílaba da palavra é a mais intensa. (Ex: lâmpada)
As demais sílabas, pronunciadas de maneira mais sutil, são denominadas sílabas átonas.

Regras fundamentais

CLASSIFICAÇÃO REGRAS EXEMPLOS


• terminadas em A, E, O, EM, seguidas ou não do
cipó(s), pé(s), armazém
OXÍTONAS plural
respeitá-la, compô-lo, comprometê-los
• seguidas de -LO, -LA, -LOS, -LAS
• terminadas em I, IS, US, UM, UNS, L, N, X, PS, Ã,
ÃS, ÃO, ÃOS
táxi, lápis, vírus, fórum, cadáver, tórax, bíceps, ímã,
• ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido
PAROXÍTONAS órfão, órgãos, água, mágoa, pônei, ideia, geleia,
ou não do plural
paranoico, heroico
(OBS: Os ditongos “EI” e “OI” perderam o acento
com o Novo Acordo Ortográfico)
PROPAROXÍTONAS • todas são acentuadas cólica, analítico, jurídico, hipérbole, último, álibi

Regras especiais

REGRA EXEMPLOS
Acentua-se quando “I” e “U” tônicos formarem hiato com a vogal anterior, acompanhados ou não de “S”,
saída, faísca, baú, país
desde que não sejam seguidos por “NH”
feiura, Bocaiuva, Sauipe
OBS: Não serão mais acentuados “I” e “U” tônicos formando hiato quando vierem depois de ditongo
Acentua-se a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos “TER” e “VIR” e seus compostos têm, obtêm, contêm, vêm
Não são acentuados hiatos “OO” e “EE” leem, voo, enjoo
Não são acentuadas palavras homógrafas
pelo, pera, para
OBS: A forma verbal “PÔDE” é uma exceção

SINAIS DE PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos que se encontram na linguagem escrita, e suas funções são demarcar unidades e sinalizar
limites de estruturas sintáticas. É também usado como um recurso estilístico, contribuindo para a coerência e a coesão dos textos.
São eles: o ponto (.), a vírgula (,), o ponto e vírgula (;), os dois pontos (:), o ponto de exclamação (!), o ponto de interrogação (?), as
reticências (...), as aspas (“”), os parênteses ( ( ) ), o travessão (—), a meia-risca (–), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o hífen (-), o colchetes
([]) e a barra (/).
Confira, no quadro a seguir, os principais sinais de pontuação e suas regras de uso.

SINAL NOME USO EXEMPLOS


Indicar final da frase declarativa Meu nome é Pedro.
. Ponto Separar períodos Fica mais. Ainda está cedo
Abreviar palavras Sra.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A princesa disse:
Iniciar fala de personagem
- Eu consigo sozinha.
Antes de aposto ou orações apositivas, enumerações
Esse é o problema da pandemia: as
: Dois-pontos ou sequência de palavras para resumir / explicar ideias
pessoas não respeitam a quarentena.
apresentadas anteriormente
Como diz o ditado: “olho por olho,
Antes de citação direta
dente por dente”.
Indicar hesitação
Sabe... não está sendo fácil...
... Reticências Interromper uma frase
Quem sabe depois...
Concluir com a intenção de estender a reflexão
Isolar palavras e datas A Semana de Arte Moderna (1922)
() Parênteses Frases intercaladas na função explicativa (podem substituir Eu estava cansada (trabalhar e estudar
vírgula e travessão) é puxado).
Indicar expressão de emoção Que absurdo!
Ponto de
! Final de frase imperativa Estude para a prova!
Exclamação
Após interjeição Ufa!
Ponto de
? Em perguntas diretas Que horas ela volta?
Interrogação
A professora disse:
Iniciar fala do personagem do discurso direto e indicar — Boas férias!
— Travessão mudança de interloculor no diálogo — Obrigado, professora.
Substituir vírgula em expressões ou frases explicativas O corona vírus — Covid-19 — ainda
está sendo estudado.

Vírgula
A vírgula é um sinal de pontuação com muitas funções, usada para marcar uma pausa no enunciado. Veja, a seguir, as principais regras
de uso obrigatório da vírgula.
• Separar termos coordenados: Fui à feira e comprei abacate, mamão, manga, morango e abacaxi.
• Separar aposto (termo explicativo): Belo Horizonte, capital mineira, só tem uma linha de metrô.
• Isolar vocativo: Boa tarde, Maria.
• Isolar expressões que indicam circunstâncias adverbiais (modo, lugar, tempo etc): Todos os moradores, calmamente, deixaram o
prédio.
• Isolar termos explicativos: A educação, a meu ver, é a solução de vários problemas sociais.
• Separar conjunções intercaladas, e antes dos conectivos “mas”, “porém”, “pois”, “contudo”, “logo”: A menina acordou cedo, mas não
conseguiu chegar a tempo na escola. Não explicou, porém, o motivo para a professora.
• Separar o conteúdo pleonástico: A ela, nada mais abala.

No caso da vírgula, é importante saber que, em alguns casos, ela não deve ser usada. Assim, não há vírgula para separar:
• Sujeito de predicado.
• Objeto de verbo.
• Adjunto adnominal de nome.
• Complemento nominal de nome.
• Predicativo do objeto do objeto.
• Oração principal da subordinada substantiva.
• Termos coordenados ligados por “e”, “ou”, “nem”.

CLASSES DE PALAVRAS: ADJETIVO, ADVÉRBIO, ARTIGO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO, INTERJEIÇÃO, NUMERAL, PRO-
NOMES, SUBSTANTIVOS E VERBOS. ESTRUTURA E FORMAÇÃO DE PALAVRAS

Classes de Palavras
Para entender sobre a estrutura das funções sintáticas, é preciso conhecer as classes de palavras, também conhecidas por classes
morfológicas. A gramática tradicional pressupõe 10 classes gramaticais de palavras, sendo elas: adjetivo, advérbio, artigo, conjunção, in-
terjeição, numeral, pronome, preposição, substantivo e verbo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Veja, a seguir, as características principais de cada uma delas.

CLASSE CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS


Menina inteligente...
Expressar características, qualidades ou estado dos seres Roupa azul-marinho...
ADJETIVO
Sofre variação em número, gênero e grau Brincadeira de criança...
Povo brasileiro...
A ajuda chegou tarde.
Indica circunstância em que ocorre o fato verbal
ADVÉRBIO A mulher trabalha muito.
Não sofre variação
Ele dirigia mal.
Determina os substantivos (de modo definido ou indefinido) A galinha botou um ovo.
ARTIGO
Varia em gênero e número Uma menina deixou a mochila no ônibus.
Liga ideias e sentenças (conhecida também como conectivos) Não gosto de refrigerante nem de pizza.
CONJUNÇÃO
Não sofre variação Eu vou para a praia ou para a cachoeira?
Exprime reações emotivas e sentimentos Ah! Que calor...
INTERJEIÇÃO
Não sofre variação Escapei por pouco, ufa!
Atribui quantidade e indica posição em alguma sequência Gostei muito do primeiro dia de aula.
NUMERAL
Varia em gênero e número Três é a metade de seis.
Posso ajudar, senhora?
Acompanha, substitui ou faz referência ao substantivo Ela me ajudou muito com o meu trabalho.
PRONOME
Varia em gênero e número Esta é a casa onde eu moro.
Que dia é hoje?
Relaciona dois termos de uma mesma oração Espero por você essa noite.
PREPOSIÇÃO
Não sofre variação Lucas gosta de tocar violão.
Nomeia objetos, pessoas, animais, alimentos, lugares etc. A menina jogou sua boneca no rio.
SUBSTANTIVO
Flexionam em gênero, número e grau. A matilha tinha muita coragem.
Ana se exercita pela manhã.
Indica ação, estado ou fenômenos da natureza
Todos parecem meio bobos.
Sofre variação de acordo com suas flexões de modo, tempo,
VERBO Chove muito em Manaus.
número, pessoa e voz.
A cidade é muito bonita quando vista do
Verbos não significativos são chamados verbos de ligação
alto.

Substantivo

Tipos de substantivos
Os substantivos podem ter diferentes classificações, de acordo com os conceitos apresentados abaixo:
• Comum: usado para nomear seres e objetos generalizados. Ex: mulher; gato; cidade...
• Próprio: geralmente escrito com letra maiúscula, serve para especificar e particularizar. Ex: Maria; Garfield; Belo Horizonte...
• Coletivo: é um nome no singular que expressa ideia de plural, para designar grupos e conjuntos de seres ou objetos de uma mesma
espécie. Ex: matilha; enxame; cardume...
• Concreto: nomeia algo que existe de modo independente de outro ser (objetos, pessoas, animais, lugares etc.). Ex: menina; cachor-
ro; praça...
• Abstrato: depende de um ser concreto para existir, designando sentimentos, estados, qualidades, ações etc. Ex: saudade; sede;
imaginação...
• Primitivo: substantivo que dá origem a outras palavras. Ex: livro; água; noite...
• Derivado: formado a partir de outra(s) palavra(s). Ex: pedreiro; livraria; noturno...
• Simples: nomes formados por apenas uma palavra (um radical). Ex: casa; pessoa; cheiro...
• Composto: nomes formados por mais de uma palavra (mais de um radical). Ex: passatempo; guarda-roupa; girassol...

Flexão de gênero
Na língua portuguesa, todo substantivo é flexionado em um dos dois gêneros possíveis: feminino e masculino.
O substantivo biforme é aquele que flexiona entre masculino e feminino, mudando a desinência de gênero, isto é, geralmente o final
da palavra sendo -o ou -a, respectivamente (Ex: menino / menina). Há, ainda, os que se diferenciam por meio da pronúncia / acentuação
(Ex: avô / avó), e aqueles em que há ausência ou presença de desinência (Ex: irmão / irmã; cantor / cantora).
O substantivo uniforme é aquele que possui apenas uma forma, independente do gênero, podendo ser diferenciados quanto ao gêne-
ro a partir da flexão de gênero no artigo ou adjetivo que o acompanha (Ex: a cadeira / o poste). Pode ser classificado em epiceno (refere-se
aos animais), sobrecomum (refere-se a pessoas) e comum de dois gêneros (identificado por meio do artigo).
É preciso ficar atento à mudança semântica que ocorre com alguns substantivos quando usados no masculino ou no feminino, trazen-
do alguma especificidade em relação a ele. No exemplo o fruto X a fruta temos significados diferentes: o primeiro diz respeito ao órgão
que protege a semente dos alimentos, enquanto o segundo é o termo popular para um tipo específico de fruto.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Flexão de número
No português, é possível que o substantivo esteja no singular, usado para designar apenas uma única coisa, pessoa, lugar (Ex: bola;
escada; casa) ou no plural, usado para designar maiores quantidades (Ex: bolas; escadas; casas) — sendo este último representado, geral-
mente, com o acréscimo da letra S ao final da palavra.
Há, também, casos em que o substantivo não se altera, de modo que o plural ou singular devem estar marcados a partir do contexto,
pelo uso do artigo adequado (Ex: o lápis / os lápis).

Variação de grau
Usada para marcar diferença na grandeza de um determinado substantivo, a variação de grau pode ser classificada em aumentativo
e diminutivo.
Quando acompanhados de um substantivo que indica grandeza ou pequenez, é considerado analítico (Ex: menino grande / menino
pequeno).
Quando acrescentados sufixos indicadores de aumento ou diminuição, é considerado sintético (Ex: meninão / menininho).

Novo Acordo Ortográfico


De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras maiúsculas devem ser usadas em nomes próprios de
pessoas, lugares (cidades, estados, países, rios), animais, acidentes geográficos, instituições, entidades, nomes astronômicos, de festas e
festividades, em títulos de periódicos e em siglas, símbolos ou abreviaturas.
Já as letras minúsculas podem ser usadas em dias de semana, meses, estações do ano e em pontos cardeais.
Existem, ainda, casos em que o uso de maiúscula ou minúscula é facultativo, como em título de livros, nomes de áreas do saber,
disciplinas e matérias, palavras ligadas a alguma religião e em palavras de categorização.

Adjetivo
Os adjetivos podem ser simples (vermelho) ou compostos (mal-educado); primitivos (alegre) ou derivados (tristonho). Eles podem
flexionar entre o feminino (estudiosa) e o masculino (engraçado), e o singular (bonito) e o plural (bonitos).
Há, também, os adjetivos pátrios ou gentílicos, sendo aqueles que indicam o local de origem de uma pessoa, ou seja, sua nacionali-
dade (brasileiro; mineiro).
É possível, ainda, que existam locuções adjetivas, isto é, conjunto de duas ou mais palavras usadas para caracterizar o substantivo. São
formadas, em sua maioria, pela preposição DE + substantivo:
• de criança = infantil
• de mãe = maternal
• de cabelo = capilar

Variação de grau
Os adjetivos podem se encontrar em grau normal (sem ênfases), ou com intensidade, classificando-se entre comparativo e superlativo.
• Normal: A Bruna é inteligente.
• Comparativo de superioridade: A Bruna é mais inteligente que o Lucas.
• Comparativo de inferioridade: O Gustavo é menos inteligente que a Bruna.
• Comparativo de igualdade: A Bruna é tão inteligente quanto a Maria.
• Superlativo relativo de superioridade: A Bruna é a mais inteligente da turma.
• Superlativo relativo de inferioridade: O Gustavo é o menos inteligente da turma.
• Superlativo absoluto analítico: A Bruna é muito inteligente.
• Superlativo absoluto sintético: A Bruna é inteligentíssima.

Adjetivos de relação
São chamados adjetivos de relação aqueles que não podem sofrer variação de grau, uma vez que possui valor semântico objetivo, isto
é, não depende de uma impressão pessoal (subjetiva). Além disso, eles aparecem após o substantivo, sendo formados por sufixação de um
substantivo (Ex: vinho do Chile = vinho chileno).

Advérbio
Os advérbios são palavras que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Eles se classificam de acordo com a tabela abaixo:

CLASSIFICAÇÃO ADVÉRBIOS LOCUÇÕES ADVERBIAIS


DE MODO bem; mal; assim; melhor; depressa ao contrário; em detalhes
ontem; sempre; afinal; já; agora; doravante; primei- logo mais; em breve; mais tarde, nunca mais, de
DE TEMPO
ramente noite
DE LUGAR aqui; acima; embaixo; longe; fora; embaixo; ali Ao redor de; em frente a; à esquerda; por perto
DE INTENSIDADE muito; tão; demasiado; imenso; tanto; nada em excesso; de todos; muito menos
DE AFIRMAÇÃO sim, indubitavelmente; certo; decerto; deveras com certeza; de fato; sem dúvidas
DE NEGAÇÃO não; nunca; jamais; tampouco; nem nunca mais; de modo algum; de jeito nenhum
DE DÚVIDA Possivelmente; acaso; será; talvez; quiçá Quem sabe

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LÍNGUA PORTUGUESA
Advérbios interrogativos Inscreveu-se no concurso para tentar realizar um sonho.
São os advérbios ou locuções adverbiais utilizadas para intro-
duzir perguntas, podendo expressar circunstâncias de: • Mesóclise: verbo no futuro iniciando uma oração.
• Lugar: onde, aonde, de onde Orgulhar-me-ei de meus alunos.
• Tempo: quando
• Modo: como DICA: o pronome não deve aparecer no início de frases ou ora-
• Causa: por que, por quê ções, nem após ponto-e-vírgula.

Grau do advérbio Verbos


Os advérbios podem ser comparativos ou superlativos. Os verbos podem ser flexionados em três tempos: pretérito
• Comparativo de igualdade: tão/tanto + advérbio + quanto (passado), presente e futuro, de maneira que o pretérito e o futuro
• Comparativo de superioridade: mais + advérbio + (do) que possuem subdivisões.
• Comparativo de inferioridade: menos + advérbio + (do) que Eles também se dividem em três flexões de modo: indicativo
• Superlativo analítico: muito cedo (certeza sobre o que é passado), subjuntivo (incerteza sobre o que é
• Superlativo sintético: cedíssimo passado) e imperativo (expressar ordem, pedido, comando).
• Tempos simples do modo indicativo: presente, pretérito per-
Curiosidades feito, pretérito imperfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do
Na linguagem coloquial, algumas variações do superlativo são presente, futuro do pretérito.
aceitas, como o diminutivo (cedinho), o aumentativo (cedão) e o • Tempos simples do modo subjuntivo: presente, pretérito im-
uso de alguns prefixos (supercedo). perfeito, futuro.
Existem advérbios que exprimem ideia de exclusão (somente;
salvo; exclusivamente; apenas), inclusão (também; ainda; mesmo) Os tempos verbais compostos são formados por um verbo
e ordem (ultimamente; depois; primeiramente). auxiliar e um verbo principal, de modo que o verbo auxiliar sofre
Alguns advérbios, além de algumas preposições, aparecem flexão em tempo e pessoa, e o verbo principal permanece no parti-
sendo usados como uma palavra denotativa, acrescentando um cípio. Os verbos auxiliares mais utilizados são “ter” e “haver”.
sentido próprio ao enunciado, podendo ser elas de inclusão (até, • Tempos compostos do modo indicativo: pretérito perfeito,
mesmo, inclusive); de exclusão (apenas, senão, salvo); de designa- pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente, futuro do preté-
ção (eis); de realce (cá, lá, só, é que); de retificação (aliás, ou me- rito.
lhor, isto é) e de situação (afinal, agora, então, e aí). • Tempos compostos do modo subjuntivo: pretérito perfeito,
pretérito mais-que-perfeito, futuro.
Pronomes As formas nominais do verbo são o infinitivo (dar, fazerem,
Os pronomes são palavras que fazem referência aos nomes, aprender), o particípio (dado, feito, aprendido) e o gerúndio (dando,
isto é, aos substantivos. Assim, dependendo de sua função no fazendo, aprendendo). Eles podem ter função de verbo ou função
enunciado, ele pode ser classificado da seguinte maneira: de nome, atuando como substantivo (infinitivo), adjetivo (particí-
• Pronomes pessoais: indicam as 3 pessoas do discurso, e po- pio) ou advérbio (gerúndio).
dem ser retos (eu, tu, ele...) ou oblíquos (mim, me, te, nos, si...).
• Pronomes possessivos: indicam posse (meu, minha, sua, teu, Tipos de verbos
nossos...) Os verbos se classificam de acordo com a sua flexão verbal.
• Pronomes demonstrativos: indicam localização de seres no Desse modo, os verbos se dividem em:
tempo ou no espaço. (este, isso, essa, aquela, aquilo...) Regulares: possuem regras fixas para a flexão (cantar, amar,
• Pronomes interrogativos: auxiliam na formação de questio- vender, abrir...)
namentos (qual, quem, onde, quando, que, quantas...) • Irregulares: possuem alterações nos radicais e nas termina-
• Pronomes relativos: retomam o substantivo, substituindo-o ções quando conjugados (medir, fazer, poder, haver...)
na oração seguinte (que, quem, onde, cujo, o qual...) • Anômalos: possuem diferentes radicais quando conjugados
• Pronomes indefinidos: substituem o substantivo de maneira (ser, ir...)
imprecisa (alguma, nenhum, certa, vários, qualquer...) • Defectivos: não são conjugados em todas as pessoas verbais
• Pronomes de tratamento: empregados, geralmente, em situ- (falir, banir, colorir, adequar...)
ações formais (senhor, Vossa Majestade, Vossa Excelência, você...) • Impessoais: não apresentam sujeitos, sendo conjugados sem-
pre na 3ª pessoa do singular (chover, nevar, escurecer, anoitecer...)
Colocação pronominal • Unipessoais: apesar de apresentarem sujeitos, são sempre
Diz respeito ao conjunto de regras que indicam a posição do conjugados na 3ª pessoa do singular ou do plural (latir, miar, custar,
pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as, lo, acontecer...)
la, no, na...) em relação ao verbo, podendo haver próclise (antes do • Abundantes: possuem duas formas no particípio, uma regular
verbo), ênclise (depois do verbo) ou mesóclise (no meio do verbo). e outra irregular (aceitar = aceito, aceitado)
Veja, então, quais as principais situações para cada um deles: • Pronominais: verbos conjugados com pronomes oblíquos
• Próclise: expressões negativas; conjunções subordinativas; átonos, indicando ação reflexiva (suicidar-se, queixar-se, sentar-se,
advérbios sem vírgula; pronomes indefinidos, relativos ou demons- pentear-se...)
trativos; frases exclamativas ou que exprimem desejo; verbos no • Auxiliares: usados em tempos compostos ou em locuções
gerúndio antecedidos por “em”. verbais (ser, estar, ter, haver, ir...)
Nada me faria mais feliz. • Principais: transmitem totalidade da ação verbal por si pró-
prios (comer, dançar, nascer, morrer, sorrir...)
• Ênclise: verbo no imperativo afirmativo; verbo no início da • De ligação: indicam um estado, ligando uma característica ao
frase (não estando no futuro e nem no pretérito); verbo no gerún- sujeito (ser, estar, parecer, ficar, continuar...)
dio não acompanhado por “em”; verbo no infinitivo pessoal.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Vozes verbais
As vozes verbais indicam se o sujeito pratica ou recebe a ação, podendo ser três tipos diferentes:
• Voz ativa: sujeito é o agente da ação (Vi o pássaro)
• Voz passiva: sujeito sofre a ação (O pássaro foi visto)
• Voz reflexiva: sujeito pratica e sofre a ação (Vi-me no reflexo do lago)

Ao passar um discurso para a voz passiva, é comum utilizar a partícula apassivadora “se”, fazendo com o que o pronome seja equiva-
lente ao verbo “ser”.

Conjugação de verbos
Os tempos verbais são primitivos quando não derivam de outros tempos da língua portuguesa. Já os tempos verbais derivados são
aqueles que se originam a partir de verbos primitivos, de modo que suas conjugações seguem o mesmo padrão do verbo de origem.
• 1ª conjugação: verbos terminados em “-ar” (aproveitar, imaginar, jogar...)
• 2ª conjugação: verbos terminados em “-er” (beber, correr, erguer...)
• 3ª conjugação: verbos terminados em “-ir” (dormir, agir, ouvir...)

Confira os exemplos de conjugação apresentados abaixo:

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-lutar

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LÍNGUA PORTUGUESA

Fonte: www.conjugação.com.br/verbo-impor

Preposições
As preposições são palavras invariáveis que servem para ligar dois termos da oração numa relação subordinada, e são divididas entre
essenciais (só funcionam como preposição) e acidentais (palavras de outras classes gramaticais que passam a funcionar como preposição
em determinadas sentenças).

Preposições essenciais: a, ante, após, de, com, em, contra, para, per, perante, por, até, desde, sobre, sobre, trás, sob, sem, entre.
Preposições acidentais: afora, como, conforme, consoante, durante, exceto, mediante, menos, salvo, segundo, visto etc.
Locuções prepositivas: abaixo de, afim de, além de, à custa de, defronte a, a par de, perto de, por causa de, em que pese a etc.

Ao conectar os termos das orações, as preposições estabelecem uma relação semântica entre eles, podendo passar ideia de:
• Causa: Morreu de câncer.
• Distância: Retorno a 3 quilômetros.
• Finalidade: A filha retornou para o enterro.
• Instrumento: Ele cortou a foto com uma tesoura.
• Modo: Os rebeldes eram colocados em fila.
• Lugar: O vírus veio de Portugal.
• Companhia: Ela saiu com a amiga.
• Posse: O carro de Maria é novo.
• Meio: Viajou de trem.

Combinações e contrações
Algumas preposições podem aparecer combinadas a outras palavras de duas maneiras: sem haver perda fonética (combinação) e
havendo perda fonética (contração).
• Combinação: ao, aos, aonde
• Contração: de, dum, desta, neste, nisso

Conjunção
As conjunções se subdividem de acordo com a relação estabelecida entre as ideias e as orações. Por ter esse papel importante de
conexão, é uma classe de palavras que merece destaque, pois reconhecer o sentido de cada conjunção ajuda na compreensão e interpre-
tação de textos, além de ser um grande diferencial no momento de redigir um texto.
Elas se dividem em duas opções: conjunções coordenativas e conjunções subordinativas.

Conjunções coordenativas
As orações coordenadas não apresentam dependência sintática entre si, servindo também para ligar termos que têm a mesma função
gramatical. As conjunções coordenativas se subdividem em cinco grupos:
• Aditivas: e, nem, bem como.
• Adversativas: mas, porém, contudo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Alternativas: ou, ora…ora, quer…quer. • Justaposição: fusão de duas ou mais palavras simples, man-
• Conclusivas: logo, portanto, assim. tendo a ortografia e a acentuação presente nos elementos forma-
• Explicativas: que, porque, porquanto. dores. Em sua maioria, aparecem conectadas com hífen. Ex: beija-
-flor / passatempo.
Conjunções subordinativas
As orações subordinadas são aquelas em que há uma relação Abreviação
de dependência entre a oração principal e a oração subordinada. Quando a palavra é reduzida para apenas uma parte de sua
Desse modo, a conexão entre elas (bem como o efeito de sentido) totalidade, passando a existir como uma palavra autônoma. Ex: foto
se dá pelo uso da conjunção subordinada adequada. (fotografia) / PUC (Pontifícia Universidade Católica).
Elas podem se classificar de dez maneiras diferentes:
• Integrantes: usadas para introduzir as orações subordinadas Hibridismo
substantivas, definidas pelas palavras que e se. Quando há junção de palavras simples ou radicais advindos de
• Causais: porque, que, como. línguas distintas. Ex: sociologia (socio – latim + logia – grego) / binó-
• Concessivas: embora, ainda que, se bem que. culo (bi – grego + oculus – latim).
• Condicionais: e, caso, desde que.
• Conformativas: conforme, segundo, consoante. Combinação
• Comparativas: como, tal como, assim como. Quando ocorre junção de partes de outras palavras simples ou
• Consecutivas: de forma que, de modo que, de sorte que. radicais. Ex: portunhol (português + espanhol) / aborrecente (abor-
• Finais: a fim de que, para que. recer + adolescente).
• Proporcionais: à medida que, ao passo que, à proporção que.
• Temporais: quando, enquanto, agora. Intensificação
Quando há a criação de uma nova palavra a partir do alarga-
Formação de Palavras mento do sufixo de uma palavra existente. Normalmente é feita
A formação de palavras se dá a partir de processos morfológi- adicionando o sufixo -izar. Ex: inicializar (em vez de iniciar) / proto-
cos, de modo que as palavras se dividem entre: colizar (em vez de protocolar).
• Palavras primitivas: são aquelas que não provêm de outra
palavra. Ex: flor; pedra Neologismo
• Palavras derivadas: são originadas a partir de outras pala- Quando novas palavras surgem devido à necessidade do falan-
vras. Ex: floricultura; pedrada te em contextos específicos, podendo ser temporárias ou perma-
• Palavra simples: são aquelas que possuem apenas um radi- nentes. Existem três tipos principais de neologismos:
cal (morfema que contém significado básico da palavra). Ex: cabelo; • Neologismo semântico: atribui-se novo significado a uma pa-
azeite lavra já existente. Ex: amarelar (desistir) / mico (vergonha)
• Palavra composta: são aquelas que possuem dois ou mais • Neologismo sintático: ocorre a combinação de elementos já
radicais. Ex: guarda-roupa; couve-flor existentes no léxico da língua. Ex: dar um bolo (não comparecer ao
compromisso) / dar a volta por cima (superar).
Entenda como ocorrem os principais processos de formação de • Neologismo lexical: criação de uma nova palavra, que tem
palavras: um novo conceito. Ex: deletar (apagar) / escanear (digitalizar)

Derivação Onomatopeia
A formação se dá por derivação quando ocorre a partir de uma Quando uma palavra é formada a partir da reprodução aproxi-
palavra simples ou de um único radical, juntando-se afixos. mada do seu som. Ex: atchim; zum-zum; tique-taque.
• Derivação prefixal: adiciona-se um afixo anteriormente à pa-
lavra ou radical. Ex: antebraço (ante + braço) / infeliz (in + feliz)
• Derivação sufixal: adiciona-se um afixo ao final da palavra ou CRASE
radical. Ex: friorento (frio + ento) / guloso (gula + oso)
• Derivação parassintética: adiciona-se um afixo antes e outro Crase é o nome dado à contração de duas letras “A” em uma
depois da palavra ou radical. Ex: esfriar (es + frio + ar) / desgoverna- só: preposição “a” + artigo “a” em palavras femininas. Ela é de-
do (des + governar + ado) marcada com o uso do acento grave (à), de modo que crase não
• Derivação regressiva (formação deverbal): reduz-se a pala- é considerada um acento em si, mas sim o fenômeno dessa fusão.
vra primitiva. Ex: boteco (botequim) / ataque (verbo “atacar”) Veja, abaixo, as principais situações em que será correto o em-
• Derivação imprópria (conversão): ocorre mudança na classe prego da crase:
gramatical, logo, de sentido, da palavra primitiva. Ex: jantar (verbo • Palavras femininas: Peça o material emprestado àquela alu-
para substantivo) / Oliveira (substantivo comum para substantivo na.
próprio – sobrenomes). • Indicação de horas, em casos de horas definidas e especifica-
das: Chegaremos em Belo Horizonte às 7 horas.
• Locuções prepositivas: A aluna foi aprovada à custa de muito
Composição
estresse.
A formação por composição ocorre quando uma nova palavra
• Locuções conjuntivas: À medida que crescemos vamos dei-
se origina da junção de duas ou mais palavras simples ou radicais.
xando de lado a capacidade de imaginar.
• Aglutinação: fusão de duas ou mais palavras simples, de
• Locuções adverbiais de tempo, modo e lugar: Vire na próxima
modo que ocorre supressão de fonemas, de modo que os elemen-
à esquerda.
tos formadores perdem sua identidade ortográfica e fonológica. Ex:
aguardente (água + ardente) / planalto (plano + alto)

32
LÍNGUA PORTUGUESA
Veja, agora, as principais situações em que não se aplica a cra- Já as palavras monossêmicas são aquelas apresentam apenas
se: um significado. Ex: eneágono (polígono de nove ângulos).
• Palavras masculinas: Ela prefere passear a pé.
• Palavras repetidas (mesmo quando no feminino): Melhor ter- Denotação e conotação
mos uma reunião frente a frente. Palavras com sentido denotativo são aquelas que apresentam
• Antes de verbo: Gostaria de aprender a pintar. um sentido objetivo e literal. Ex:Está fazendo frio. / Pé da mulher.
• Expressões que sugerem distância ou futuro: A médica vai te Palavras com sentido conotativo são aquelas que apresentam
atender daqui a pouco. um sentido simbólico, figurado. Ex: Você me olha com frieza. / Pé
• Dia de semana (a menos que seja um dia definido): De terça da cadeira.
a sexta. / Fecharemos às segundas-feiras.
• Antes de numeral (exceto horas definidas): A casa da vizinha Hiperonímia e hiponímia
fica a 50 metros da esquina. Esta classificação diz respeito às relações hierárquicas de signi-
ficado entre as palavras.
Há, ainda, situações em que o uso da crase é facultativo Desse modo, um hiperônimo é a palavra superior, isto é, que
• Pronomes possessivos femininos: Dei um picolé a minha filha. tem um sentido mais abrangente. Ex: Fruta é hiperônimo de limão.
/ Dei um picolé à minha filha. Já o hipônimo é a palavra que tem o sentido mais restrito, por-
• Depois da palavra “até”: Levei minha avó até a feira. / Levei tanto, inferior, de modo que o hiperônimo engloba o hipônimo. Ex:
minha avó até à feira. Limão é hipônimo de fruta.
• Nomes próprios femininos (desde que não seja especificado):
Enviei o convite a Ana. / Enviei o convite à Ana. / Enviei o convite à Formas variantes
Ana da faculdade. São as palavras que permitem mais de uma grafia correta, sem
que ocorra mudança no significado. Ex: loiro – louro / enfarte – in-
DICA: Como a crase só ocorre em palavras no feminino, em farto / gatinhar – engatinhar.
caso de dúvida, basta substituir por uma palavra equivalente no
masculino. Se aparecer “ao”, deve-se usar a crase: Amanhã iremos Arcaísmo
à escola / Amanhã iremos ao colégio. São palavras antigas, que perderam o uso frequente ao longo
do tempo, sendo substituídas por outras mais modernas, mas que
ainda podem ser utilizadas. No entanto, ainda podem ser bastante
SIGNIFICADO DE PALAVRAS. SEMÂNTICA: SINÔNIMOS. encontradas em livros antigos, principalmente. Ex: botica <—> far-
ANTÔNIMOS. HOMÔNIMOS. PARÔNIMOS. DENOTA- mácia / franquia <—> sinceridade.
ÇÃO E CONOTAÇÃO

Este é um estudo da semântica, que pretende classificar os


sentidos das palavras, as suas relações de sentido entre si. Conheça CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL
as principais relações e suas características:
Concordância é o efeito gramatical causado por uma relação
Sinonímia e antonímia harmônica entre dois ou mais termos. Desse modo, ela pode ser
As palavras sinônimas são aquelas que apresentam significado verbal — refere-se ao verbo em relação ao sujeito — ou nominal —
semelhante, estabelecendo relação de proximidade. Ex: inteligente refere-se ao substantivo e suas formas relacionadas.
<—> esperto • Concordância em gênero: flexão em masculino e feminino
Já as palavras antônimas são aquelas que apresentam signifi- • Concordância em número: flexão em singular e plural
cados opostos, estabelecendo uma relação de contrariedade. Ex: • Concordância em pessoa: 1ª, 2ª e 3ª pessoa
forte <—> fraco
Concordância nominal
Parônimos e homônimos Para que a concordância nominal esteja adequada, adjetivos,
As palavras parônimas são aquelas que possuem grafia e pro- artigos, pronomes e numerais devem flexionar em número e gêne-
núncia semelhantes, porém com significados distintos. ro, de acordo com o substantivo. Há algumas regras principais que
Ex: cumprimento (saudação) X comprimento (extensão); tráfe- ajudam na hora de empregar a concordância, mas é preciso estar
go (trânsito) X tráfico (comércio ilegal). atento, também, aos casos específicos.
As palavras homônimas são aquelas que possuem a mesma Quando há dois ou mais adjetivos para apenas um substantivo,
grafia e pronúncia, porém têm significados diferentes. Ex: rio (verbo o substantivo permanece no singular se houver um artigo entre os
“rir”) X rio (curso d’água); manga (blusa) X manga (fruta). adjetivos. Caso contrário, o substantivo deve estar no plural:
As palavras homófonas são aquelas que possuem a mesma • A comida mexicana e a japonesa. / As comidas mexicana e
pronúncia, mas com escrita e significado diferentes. Ex: cem (nu- japonesa.
meral) X sem (falta); conserto (arrumar) X concerto (musical).
As palavras homógrafas são aquelas que possuem escrita igual, Quando há dois ou mais substantivos para apenas um adjetivo,
porém som e significado diferentes. Ex: colher (talher) X colher (ver- a concordância depende da posição de cada um deles. Se o adjetivo
bo); acerto (substantivo) X acerto (verbo). vem antes dos substantivos, o adjetivo deve concordar com o subs-
tantivo mais próximo:
Polissemia e monossemia • Linda casa e bairro.
As palavras polissêmicas são aquelas que podem apresentar
mais de um significado, a depender do contexto em que ocorre a Se o adjetivo vem depois dos substantivos, ele pode concordar
frase. Ex: cabeça (parte do corpo humano; líder de um grupo). tanto com o substantivo mais próximo, ou com todos os substanti-
vos (sendo usado no plural):

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LÍNGUA PORTUGUESA
• Casa e apartamento arrumado. / Apartamento e casa arrumada.
• Casa e apartamento arrumados. / Apartamento e casa arrumados.

Quando há a modificação de dois ou mais nomes próprios ou de parentesco, os adjetivos devem ser flexionados no plural:
• As talentosas Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles estão entre os melhores escritores brasileiros.

Quando o adjetivo assume função de predicativo de um sujeito ou objeto, ele deve ser flexionado no plural caso o sujeito ou objeto
seja ocupado por dois substantivos ou mais:
• O operário e sua família estavam preocupados com as consequências do acidente.

CASOS ESPECÍFICOS REGRA EXEMPLO


É PROIBIDO Deve concordar com o substantivo quando há presença
É proibida a entrada.
É PERMITIDO de um artigo. Se não houver essa determinação, deve
É proibido entrada.
É NECESSÁRIO permanecer no singular e no masculino.
Mulheres dizem “obrigada” Homens dizem
OBRIGADO / OBRIGADA Deve concordar com a pessoa que fala.
“obrigado”.
As bastantes crianças ficaram doentes com a
volta às aulas.
Quando tem função de adjetivo para um substantivo,
Bastante criança ficou doente com a volta às
BASTANTE concorda em número com o substantivo.
aulas.
Quando tem função de advérbio, permanece invariável.
O prefeito considerou bastante a respeito da
suspensão das aulas.
É sempre invariável, ou seja, a palavra “menas” não Havia menos mulheres que homens na fila
MENOS
existe na língua portuguesa. para a festa.
As crianças mesmas limparam a sala depois
MESMO Devem concordar em gênero e número com a pessoa a
da aula.
PRÓPRIO que fazem referência.
Eles próprios sugeriram o tema da formatura.
Quando tem função de numeral adjetivo, deve
Adicione meia xícara de leite.
concordar com o substantivo.
MEIO / MEIA Manuela é meio artista, além de ser
Quando tem função de advérbio, modificando um
engenheira.
adjetivo, o termo é invariável.
Segue anexo o orçamento.
Seguem anexas as informações adicionais
ANEXO INCLUSO Devem concordar com o substantivo a que se referem. As professoras estão inclusas na greve.
O material está incluso no valor da
mensalidade.

Concordância verbal
Para que a concordância verbal esteja adequada, é preciso haver flexão do verbo em número e pessoa, a depender do sujeito com o
qual ele se relaciona.

Quando o sujeito composto é colocado anterior ao verbo, o verbo ficará no plural:


• A menina e seu irmão viajaram para a praia nas férias escolares.

Mas, se o sujeito composto aparece depois do verbo, o verbo pode tanto ficar no plural quanto concordar com o sujeito mais próximo:
• Discutiram marido e mulher. / Discutiu marido e mulher.

Se o sujeito composto for formado por pessoas gramaticais diferentes, o verbo deve ficar no plural e concordando com a pessoa que
tem prioridade, a nível gramatical — 1ª pessoa (eu, nós) tem prioridade em relação à 2ª (tu, vós); a 2ª tem prioridade em relação à 3ª (ele,
eles):
• Eu e vós vamos à festa.

Quando o sujeito apresenta uma expressão partitiva (sugere “parte de algo”), seguida de substantivo ou pronome no plural, o verbo
pode ficar tanto no singular quanto no plural:
• A maioria dos alunos não se preparou para o simulado. / A maioria dos alunos não se prepararam para o simulado.

Quando o sujeito apresenta uma porcentagem, deve concordar com o valor da expressão. No entanto, quanto seguida de um subs-
tantivo (expressão partitiva), o verbo poderá concordar tanto com o numeral quanto com o substantivo:
• 27% deixaram de ir às urnas ano passado. / 1% dos eleitores votou nulo / 1% dos eleitores votaram nulo.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Quando o sujeito apresenta alguma expressão que indique PREPOSIÇÃO NOMES
quantidade aproximada, o verbo concorda com o substantivo que
segue a expressão: acessível; acostumado; adaptado; adequado;
• Cerca de duzentas mil pessoas compareceram à manifesta- agradável; alusão; análogo; anterior; atento;
ção. / Mais de um aluno ficou abaixo da média na prova. benefício; comum; contrário; desfavorável;
devoto; equivalente; fiel; grato; horror;
A
Quando o sujeito é indeterminado, o verbo deve estar sempre idêntico; imune; indiferente; inferior; leal;
na terceira pessoa do singular: necessário; nocivo; obediente; paralelo;
• Precisa-se de balconistas. / Precisa-se de balconista. posterior; preferência; propenso; próximo;
semelhante; sensível; útil; visível...
Quando o sujeito é coletivo, o verbo permanece no singular, amante; amigo; capaz; certo; contemporâneo;
concordando com o coletivo partitivo: convicto; cúmplice; descendente; destituído;
• A multidão delirou com a entrada triunfal dos artistas. / A devoto; diferente; dotado; escasso; fácil;
matilha cansou depois de tanto puxar o trenó. DE feliz; imbuído; impossível; incapaz; indigno;
inimigo; inseparável; isento; junto; longe;
Quando não existe sujeito na oração, o verbo fica na terceira medo; natural; orgulhoso; passível; possível;
pessoa do singular (impessoal): seguro; suspeito; temeroso...
• Faz chuva hoje
opinião; discurso; discussão; dúvida;
SOBRE insistência; influência; informação;
Quando o pronome relativo “que” atua como sujeito, o verbo
preponderante; proeminência; triunfo...
deverá concordar em número e pessoa com o termo da oração prin-
cipal ao qual o pronome faz referência: acostumado; amoroso; analogia;
• Foi Maria que arrumou a casa. compatível; cuidadoso; descontente;
generoso; impaciente; ingrato; intolerante;
COM
Quando o sujeito da oração é o pronome relativo “quem”, o mal; misericordioso; ocupado; parecido;
verbo pode concordar tanto com o antecedente do pronome quan- relacionado; satisfeito; severo; solícito;
to com o próprio nome, na 3ª pessoa do singular: triste...
• Fui eu quem arrumei a casa. / Fui eu quem arrumou a casa. abundante; bacharel; constante; doutor;
erudito; firme; hábil; incansável; inconstante;
Quando o pronome indefinido ou interrogativo, atuando EM
indeciso; morador; negligente; perito;
como sujeito, estiver no singular, o verbo deve ficar na 3ª pessoa prático; residente; versado...
do singular:
• Nenhum de nós merece adoecer. atentado; blasfêmia; combate; conspiração;
CONTRA declaração; fúria; impotência; litígio; luta;
Quando houver um substantivo que apresenta forma plural, protesto; reclamação; representação...
porém com sentido singular, o verbo deve permanecer no singular. PARA bom; mau; odioso; próprio; útil...
Exceto caso o substantivo vier precedido por determinante:
• Férias é indispensável para qualquer pessoa. / Meus óculos Regência verbal
sumiram. Na regência verbal, o termo regente é o verbo, e o termo regi-
do poderá ser tanto um objeto direto (não preposicionado) quanto
um objeto indireto (preposicionado), podendo ser caracterizado
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL também por adjuntos adverbiais.
Com isso, temos que os verbos podem se classificar entre tran-
A regência estuda as relações de concordâncias entre os ter- sitivos e intransitivos. É importante ressaltar que a transitividade do
mos que completam o sentido tanto dos verbos quanto dos nomes. verbo vai depender do seu contexto.
Dessa maneira, há uma relação entre o termo regente (principal) e
o termo regido (complemento). Verbos intransitivos: não exigem complemento, de modo que
A regência está relacionada à transitividade do verbo ou do fazem sentido por si só. Em alguns casos, pode estar acompanhado
nome, isto é, sua complementação necessária, de modo que essa de um adjunto adverbial (modifica o verbo, indicando tempo, lugar,
relação é sempre intermediada com o uso adequado de alguma modo, intensidade etc.), que, por ser um termo acessório, pode ser
preposição. retirado da frase sem alterar sua estrutura sintática:
• Viajou para São Paulo. / Choveu forte ontem.
Regência nominal
Na regência nominal, o termo regente é o nome, podendo ser Verbos transitivos diretos: exigem complemento (objeto dire-
um substantivo, um adjetivo ou um advérbio, e o termo regido é o to), sem preposição, para que o sentido do verbo esteja completo:
complemento nominal, que pode ser um substantivo, um pronome • A aluna entregou o trabalho. / A criança quer bolo.
ou um numeral.
Vale lembrar que alguns nomes permitem mais de uma prepo- Verbos transitivos indiretos: exigem complemento (objeto in-
sição. Veja no quadro abaixo as principais preposições e as palavras direto), de modo que uma preposição é necessária para estabelecer
que pedem seu complemento: o sentido completo:
• Gostamos da viagem de férias. / O cidadão duvidou da cam-
panha eleitoral.

35
LÍNGUA PORTUGUESA
Verbos transitivos diretos e indiretos: em algumas situações, o verbo precisa ser acompanhado de um objeto direto (sem preposição)
e de um objeto indireto (com preposição):
• Apresentou a dissertação à banca. / O menino ofereceu ajuda à senhora.

ANÁLISE SINTÁTICA: FRASE, ORAÇÃO E PERÍODO

A sintaxe estuda o conjunto das relações que as palavras estabelecem entre si. Dessa maneira, é preciso ficar atento aos enunciados
e suas unidades: frase, oração e período.
Frase é qualquer palavra ou conjunto de palavras ordenadas que apresenta sentido completo em um contexto de comunicação e inte-
ração verbal. A frase nominal é aquela que não contém verbo. Já a frase verbal apresenta um ou mais verbos (locução verbal).
Oração é um enunciado organizado em torno de um único verbo ou locução verbal, de modo que estes passam a ser o núcleo da
oração. Assim, o predicativo é obrigatório, enquanto o sujeito é opcional.
Período é uma unidade sintática, de modo que seu enunciado é organizado por uma oração (período simples) ou mais orações (perí-
odo composto). Eles são iniciados com letras maiúsculas e finalizados com a pontuação adequada.

Análise sintática
A análise sintática serve para estudar a estrutura de um período e de suas orações. Os termos da oração se dividem entre:
• Essenciais (ou fundamentais): sujeito e predicado
• Integrantes: completam o sentido (complementos verbais e nominais, agentes da passiva)
• Acessórios: função secundária (adjuntos adnominais e adverbiais, apostos)

Termos essenciais da oração


Os termos essenciais da oração são o sujeito e o predicado. O sujeito é aquele sobre quem diz o resto da oração, enquanto o predicado
é a parte que dá alguma informação sobre o sujeito, logo, onde o verbo está presente.

O sujeito é classificado em determinado (facilmente identificável, podendo ser simples, composto ou implícito) e indeterminado,
podendo, ainda, haver a oração sem sujeito (a mensagem se concentra no verbo impessoal):
Lúcio dormiu cedo.
Aluga-se casa para réveillon.
Choveu bastante em janeiro.

Quando o sujeito aparece no início da oração, dá-se o nome de sujeito direto. Se aparecer depois do predicado, é o caso de sujeito
inverso. Há, ainda, a possibilidade de o sujeito aparecer no meio da oração:
Lívia se esqueceu da reunião pela manhã.
Esqueceu-se da reunião pela manhã, Lívia.
Da reunião pela manhã, Lívia se esqueceu.

Os predicados se classificam em: predicado verbal (núcleo do predicado é um verbo que indica ação, podendo ser transitivo, intran-
sitivo ou de ligação); predicado nominal (núcleo da oração é um nome, isto é, substantivo ou adjetivo); predicado verbo-nominal (apre-
senta um predicativo do sujeito, além de uma ação mais uma qualidade sua)
As crianças brincaram no salão de festas.
Mariana é inteligente.
Os jogadores venceram a partida. Por isso, estavam felizes.

Termos integrantes da oração


Os complementos verbais são classificados em objetos diretos (não preposicionados) e objetos indiretos (preposicionado).
A menina que possui bolsa vermelha me cumprimentou.
O cão precisa de carinho.

Os complementos nominais podem ser substantivos, adjetivos ou advérbios.


A mãe estava orgulhosa de seus filhos.
Carlos tem inveja de Eduardo.
Bárbara caminhou vagarosamente pelo bosque.

Os agentes da passiva são os termos que tem a função de praticar a ação expressa pelo verbo, quando este se encontra na voz passiva.
Costumam estar acompanhados pelas preposições “por” e “de”.
Os filhos foram motivo de orgulho da mãe.
Eduardo foi alvo de inveja de Carlos.
O bosque foi caminhado vagarosamente por Bárbara.

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LÍNGUA PORTUGUESA
Termos acessórios da oração
Os termos acessórios não são necessários para dar sentido à oração, funcionando como complementação da informação. Desse
modo, eles têm a função de caracterizar o sujeito, de determinar o substantivo ou de exprimir circunstância, podendo ser adjunto adver-
bial (modificam o verbo, adjetivo ou advérbio), adjunto adnominal (especifica o substantivo, com função de adjetivo) e aposto (caracteriza
o sujeito, especificando-o).
Os irmãos brigam muito.
A brilhante aluna apresentou uma bela pesquisa à banca.
Pelé, o rei do futebol, começou sua carreira no Santos.

Tipos de Orações
Levando em consideração o que foi aprendido anteriormente sobre oração, vamos aprender sobre os dois tipos de oração que existem
na língua portuguesa: oração coordenada e oração subordinada.

Orações coordenadas
São aquelas que não dependem sintaticamente uma da outra, ligando-se apenas pelo sentido. Elas aparecem quando há um período
composto, sendo conectadas por meio do uso de conjunções (sindéticas), ou por meio da vírgula (assindéticas).
No caso das orações coordenadas sindéticas, a classificação depende do sentido entre as orações, representado por um grupo de
conjunções adequadas:

CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS CONJUNÇÕES


ADITIVAS Adição da ideia apresentada na oração anterior e, nem, também, bem como, não só, tanto...
ADVERSATIVAS Oposição à ideia apresentada na oração anterior (inicia com vírgula) mas, porém, todavia, entretanto, contudo...
ALTERNATIVAS Opção / alternância em relação à ideia apresentada na oração anterior ou, já, ora, quer, seja...
CONCLUSIVAS Conclusão da ideia apresentada na oração anterior logo, pois, portanto, assim, por isso, com isso...
EXPLICATIVAS Explicação da ideia apresentada na oração anterior que, porque, porquanto, pois, ou seja...

Orações subordinadas
São aquelas que dependem sintaticamente em relação à oração principal. Elas aparecem quando o período é composto por duas ou
mais orações.
A classificação das orações subordinadas se dá por meio de sua função: orações subordinadas substantivas, quando fazem o papel
de substantivo da oração; orações subordinadas adjetivas, quando modificam o substantivo, exercendo a função do adjetivo; orações
subordinadas adverbiais, quando modificam o advérbio.
Cada uma dessas sofre uma segunda classificação, como pode ser observado nos quadros abaixo.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS FUNÇÃO EXEMPLOS


APOSITIVA aposto Esse era meu receio: que ela não discursasse outra vez.
COMPLETIVA NOMINAL complemento nominal Tenho medo de que ela não discurse novamente.
OBJETIVA DIRETA objeto direto Ele me perguntou se ela discursaria outra vez.
OBJETIVA INDIRETA objeto indireto Necessito de que você discurse de novo.
PREDICATIVA predicativo Meu medo é que ela não discurse novamente.
SUBJETIVA sujeito É possível que ela discurse outra vez.

SUBORDINADAS
CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
ADJETIVAS
Esclarece algum detalhe, adicionando uma informação. O candidato, que é do partido socialista, está sen-
EXPLICATIVAS
Aparece sempre separado por vírgulas. do atacado.
Restringe e define o sujeito a que se refere.
As pessoas que são racistas precisam rever seus
RESTRITIVAS Não deve ser retirado sem alterar o sentido.
valores.
Não pode ser separado por vírgula.
Introduzidas por conjunções, pronomes e locuções con-
Ele foi o primeiro presidente que se preocupou com
DESENVOLVIDAS juntivas.
a fome no país.
Apresentam verbo nos modos indicativo ou subjuntivo.
Não são introduzidas por pronomes, conjunções sou lo-
cuções conjuntivas.
REDUZIDAS Assisti ao documentário denunciando a corrupção.
Apresentam o verbo nos modos particípio, gerúndio ou
infinitivo

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LÍNGUA PORTUGUESA

SUBORDINADAS ADVERBIAIS FUNÇÃO PRINCIPAIS CONJUNÇÕES


CAUSAIS Ideia de causa, motivo, razão de efeito porque, visto que, já que, como...
COMPARATIVAS Ideia de comparação como, tanto quanto, (mais / menos) que, do que...
CONCESSIVAS Ideia de contradição embora, ainda que, se bem que, mesmo...
CONDICIONAIS Ideia de condição caso, se, desde que, contanto que, a menos que...
CONFORMATIVAS Ideia de conformidade como, conforme, segundo...
CONSECUTIVAS Ideia de consequência De modo que, (tal / tão / tanto) que...
FINAIS Ideia de finalidade que, para que, a fim de que...
quanto mais / menos... mais /menos, à medida
PROPORCIONAIS Ideia de proporção
que, na medida em que, à proporção que...
TEMPORAIS Ideia de momento quando, depois que, logo que, antes que...

EXERCÍCIOS

1. (FMPA – MG)
Assinale o item em que a palavra destacada está incorretamente aplicada:
(A) Trouxeram-me um ramalhete de flores fragrantes.
(B) A justiça infligiu pena merecida aos desordeiros.
(C) Promoveram uma festa beneficiente para a creche.
(D) Devemos ser fieis aos cumprimentos do dever.
(E) A cessão de terras compete ao Estado.

2. (UEPB – 2010)
Um debate sobre a diversidade na escola reuniu alguns, dos maiores nomes da educação mundial na atualidade.

Carlos Alberto Torres


1
O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade. Portanto, 2quando você discute diversidade, um tema que cabe muito no
3
pensamento pós-modernista, está discutindo o tema da 4diversidade não só em ideias contrapostas, mas também em 5identidades que
se mexem, que se juntam em uma só pessoa. E 6este é um processo de aprendizagem. Uma segunda afirmação é 7que a diversidade está
relacionada com a questão da educação 8e do poder. Se a diversidade fosse a simples descrição 9demográfica da realidade e a realidade
fosse uma boa articulação 10dessa descrição demográfica em termos de constante articulação 11democrática, você não sentiria muito a
presença do tema 12diversidade neste instante. Há o termo diversidade porque há 13uma diversidade que implica o uso e o abuso de poder,
de uma 14perspectiva ética, religiosa, de raça, de classe.
[…]

Rosa Maria Torres


15
O tema da diversidade, como tantos outros, hoje em dia, abre 16muitas versões possíveis de projeto educativo e de projeto 17político
e social. É uma bandeira pela qual temos que reivindicar, 18e pela qual temos reivindicado há muitos anos, a necessidade 19de reconhecer
que há distinções, grupos, valores distintos, e 20que a escola deve adequar-se às necessidades de cada grupo. 21Porém, o tema da diversi-
dade também pode dar lugar a uma 22série de coisas indesejadas.
[…]
Adaptado da Revista Pátio, Diversidade na educação: limites e possibilidades. Ano V, nº 20, fev./abr. 2002, p. 29.

Do enunciado “O tema da diversidade tem a ver com o tema identidade.” (ref. 1), pode-se inferir que
I – “Diversidade e identidade” fazem parte do mesmo campo semântico, sendo a palavra “identidade” considerada um hiperônimo,
em relação à “diversidade”.
II – há uma relação de intercomplementariedade entre “diversidade e identidade”, em função do efeito de sentido que se instaura no
paradigma argumentativo do enunciado.
III – a expressão “tem a ver” pode ser considerada de uso coloquial e indica nesse contexto um vínculo temático entre “diversidade e
identidade”.

Marque a alternativa abaixo que apresenta a(s) proposição(ões) verdadeira(s).


(A) I, apenas
(B) II e III
(C) III, apenas
(D) II, apenas
(E) I e II

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LÍNGUA PORTUGUESA
3. (UNIFOR CE – 2006) Um desses problemas terríveis, uma namorada, ouvindo minha
Dia desses, por alguns momentos, a cidade parou. As televisões evocação, quis saber o que era esse tal de Qüeqüi Güegüi.
hipnotizaram os espectadores que assistiram, sem piscar, ao resgate – Você nunca ouviu falar nele? – perguntei.
de uma mãe e de uma filha. Seu automóvel caíra em um rio. Assisti – Ainda não fomos apresentados – ela disse.
ao evento em um local público. Ao acabar o noticiário, o silêncio – É o abominável monstro ortográfico – fiz uma falsa voz de
em volta do aparelho se desfez e as pessoas retomaram as suas ocu- terror.
pações habituais. Os celulares recomeçaram a tocar. Perguntei-me: – E ele faz o quê?
indiferença? Se tomarmos a definição ao pé da letra, indiferença é – Atrapalha a gente na hora de escrever.
sinônimo de desdém, de insensibilidade, de apatia e de negligência. Ela riu e se desinteressou do assunto. Provavelmente não sabia
Mas podemos considerá-la também uma forma de ceticismo e de- usar trema nem se lembrava da regrinha.
sinteresse, um “estado físico que não apresenta nada de particular”; Aos poucos, eu me habituei a colocar as letras e os sinais no
enfim, explica o Aurélio, uma atitude de neutralidade. lugar certo. Como essa aprendizagem foi demorada, não sei se con-
Conclusão? Impassíveis diante da emoção, imperturbáveis seguirei escrever de outra forma – agora que teremos novas regras.
diante da paixão, imunes à angústia, vamos hoje burilando nossa Por isso, peço desde já que perdoem meus futuros erros, que servi-
indiferença. Não nos indignamos mais! À distância de tudo, segui- rão ao menos para determinar minha idade.
mos surdos ao barulho do mundo lá fora. Dos movimentos de mas- – Esse aí é do tempo do trema.”
sa “quentes” (lembram-se do “Diretas Já”?) onde nos fundíamos na
igualdade, passamos aos gestos frios, nos quais indiferença e dis- Assinale a alternativa correta.
tância são fenômenos inseparáveis. Neles, apesar de iguais, somos (A) As expressões “monstro ortográfico” e “abominável mons-
estrangeiros ao destino de nossos semelhantes. […] tro ortográfico” mantêm uma relação hiperonímica entre si.
(Mary Del Priore. Histórias do cotidiano. São Paulo: Contexto, 2001. (B) Em “– Atrapalha a gente na hora de escrever”, conforme a
p.68) norma culta do português, a palavra “gente” pode ser substi-
tuída por “nós”.
Dentre todos os sinônimos apresentados no texto para o vo- (C) A frase “Fui-me obrigando a escrever minimamente do jeito
cábulo indiferença, o que melhor se aplica a ele, considerando-se correto”, o emprego do pronome oblíquo átono está correto de
o contexto, é acordo com a norma culta da língua portuguesa.
(A) ceticismo. (D) De acordo com as explicações do autor, as palavras pregüiça
(B) desdém. e tranqüilo não serão mais grafadas com o trema.
(C) apatia. (E) A palavra “evocação” (3° parágrafo) pode ser substituída no
(D) desinteresse. texto por “recordação”, mas haverá alteração de sentido.
(E) negligência.
6. (FMU) Leia as expressões destacadas na seguinte passagem:
4. (CASAN – 2015) Observe as sentenças. “E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero
I. Com medo do escuro, a criança ascendeu a luz. na salada – o meu jeito de querer bem.”
II. É melhor deixares a vida fluir num ritmo tranquilo. Tais expressões exercem, respectivamente, a função sintática
III. O tráfico nas grandes cidades torna-se cada dia mais difícil de:
para os carros e os pedestres. (A) objeto indireto e aposto
(B) objeto indireto e predicativo do sujeito
Assinale a alternativa correta quanto ao uso adequado de ho- (C) complemento nominal e adjunto adverbial de modo
mônimos e parônimos. (D) complemento nominal e aposto
(A) I e III. (E) adjunto adnominal e adjunto adverbial de modo
(B) II e III.
7. (PUC-SP) Dê a função sintática do termo destacado em: “De-
(C) II apenas.
pressa esqueci o Quincas Borba”.
(D) Todas incorretas.
(A) objeto direto
(B) sujeito
5. (UFMS – 2009)
(C) agente da passiva
Leia o artigo abaixo, intitulado “Uma questão de tempo”, de
(D) adjunto adverbial
Miguel Sanches Neto, extraído da Revista Nova Escola Online, em
(E) aposto
30/09/08. Em seguida, responda.
“Demorei para aprender ortografia. E essa aprendizagem con-
8. (MACK-SP) Aponte a alternativa que expressa a função sintá-
tou com a ajuda dos editores de texto, no computador. Quando eu
tica do termo destacado: “Parece enfermo, seu irmão”.
cometia uma infração, pequena ou grande, o programa grifava em
(A) Sujeito
vermelho meu deslize. Fui assim me obrigando a escrever minima-
(B) Objeto direto
mente do jeito correto.
(C) Predicativo do sujeito
Mas de meu tempo de escola trago uma grande descoberta, a do
(D) Adjunto adverbial
monstro ortográfico. O nome dele era Qüeqüi Güegüi. Sim, esse animal
(E) Adjunto adnominal
existiu de fato. A professora de Português nos disse que devíamos usar
trema nas sílabas qüe, qüi, güe e güi quando o u é pronunciado. Fiquei
9. (OSEC-SP) “Ninguém parecia disposto ao trabalho naquela
com essa expressão tão sonora quanto enigmática na cabeça.
manhã de segunda-feira”.
Quando meditava sobre algum problema terrível – pois na pré-
(A) Predicativo
-adolescência sempre temos problemas terríveis –, eu tentava me
(B) Complemento nominal
libertar da coisa repetindo em voz alta: “Qüeqüi Güegüi”. Se numa
(C) Objeto indireto
prova de Matemática eu não conseguia me lembrar de uma fórmu-
(D) Adjunto adverbial
la, lá vinham as palavras mágicas.
(E) Adjunto adnominal

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LÍNGUA PORTUGUESA
10. (MACK-SP) “Não se fazem motocicletas como antigamen- 15. (UEMG) “De repente chegou o dia dos meus setenta anos.
te”. O termo destacado funciona como: Fiquei entre surpresa e divertida, setenta, eu? Mas tudo parece
(A) Objeto indireto ter sido ontem! No século em que a maioria quer ter vinte anos
(B) Objeto direto (trinta a gente ainda aguenta), eu estava fazendo setenta. Pior: du-
(C) Adjunto adnominal vidando disso, pois ainda escutava em mim as risadas da menina
(D) Vocativo que queria correr nas lajes do pátio quando chovia, que pescava
(E) Sujeito lambaris com o pai no laguinho, que chorava em filme do Gordo e
Magro, quando a mãe a levava à matinê. (Eu chorava alto com pena
11. (UFRJ) Esparadrapo dos dois, a mãe ficava furiosa.)
Há palavras que parecem exatamente o que querem dizer. “Es- A menina que levava castigo na escola porque ria fora de hora,
paradrapo”, por exemplo. Quem quebrou a cara fica mesmo com porque se distraía olhando o céu e nuvens pela janela em lugar de
cara de esparadrapo. No entanto, há outras, aliás de nobre sentido, prestar atenção, porque devagarinho empurrava o estojo de lápis
que parecem estar insinuando outra coisa. Por exemplo, “incuná- até a beira da mesa, e deixava cair com estrondo sabendo que os
bulo*”. meninos, mais que as meninas, se botariam de quatro catando lá-
QUINTANA, Mário. Da preguiça como método de trabalho. Rio de pis, canetas, borracha – as tediosas regras de ordem e quietude se-
Janeiro, Globo. 1987. p. 83. riam rompidas mais uma vez.
*Incunábulo: [do lat. Incunabulu; berço]. Adj. 1- Diz-se do livro Fazendo a toda hora perguntas loucas, ela aborrecia os professo-
impresso até o ano de 1500./ S.m. 2 – Começo, origem. res e divertia a turma: apenas porque não queria ser diferente, queria
ser amada, queria ser natural, não queria que soubessem que ela,
A locução “No entanto” tem importante papel na estrutura do doze anos, além de histórias em quadrinhos e novelinhas açucaradas,
texto. Sua função resume-se em: lia teatro grego – sem entender – e achava emocionante.
(A) ligar duas orações que querem dizer exatamente a mesma (E até do futuro namorado, aos quinze anos, esconderia isso.)
coisa. O meu aniversário: primeiro pensei numa grande celebração,
(B) separar acontecimentos que se sucedem cronologicamen- eu que sou avessa a badalações e gosto de grupos bem pequenos.
te. Mas pensei, setenta vale a pena! Afinal já é bastante tempo! Logo
(C) ligar duas observações contrárias acerca do mesmo assun- me dei conta de que hoje setenta é quase banal, muita gente com
to. oitenta ainda está ativo e presente.
(D) apresentar uma alternativa para a primeira ideia expressa. Decidi apenas reunir filhos e amigos mais chegados (tarefa difí-
(E) introduzir uma conclusão após os argumentos apresenta- cil, escolher), e deixar aquela festona para outra década.”
dos. LUFT, 2014, p.104-105

12. (IBFC – 2013) Leia as sentenças: Leia atentamente a oração destacada no período a seguir:
É preciso que ela se encante por mim! “(...) pois ainda escutava em mim as risadas da menina que
Chegou à conclusão de que saiu no prejuízo. queria correr nas lajes do pátio (...)”

Assinale abaixo a alternativa que classifica, correta e respecti- Assinale a alternativa em que a oração em negrito e sublinhada
vamente, as orações subordinadas substantivas (O.S.S.) destacadas: apresenta a mesma classificação sintática da destacada acima.
(A) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. objetiva indireta. (A) “A menina que levava castigo na escola porque ria fora de
(B) O.S.S. subjetiva e O.S.S. completiva nominal hora (...)”
(C) O.S.S. subjetiva e O.S.S. objetiva indireta. (B) “(...) e deixava cair com estrondo sabendo que os meninos,
(D) O.S.S. objetiva direta e O.S.S. completiva nominal. mais que as meninas, se botariam de quatro catando lápis, ca-
netas, borracha (...)”
13. (ADVISE-2013) Todos os enunciados abaixo correspondem (C) “(...) não queria que soubessem que ela (...)”
a orações subordinadas substantivas, exceto: (D) “Logo me dei conta de que hoje setenta é quase banal (...)”
(A) Espero sinceramente isto: que vocês não faltem mais.
(B) Desejo que ela volte. 16. (FUNRIO – 2012) “Todos querem que nós
(C) Gostaria de que todos me apoiassem. ____________________.”
(D) Tenho medo de que esses assessores me traiam. Apenas uma das alternativas completa coerente e adequada-
(E) Os jogadores que foram convocados apresentaram-se on- mente a frase acima. Assinale-a.
tem. (A) desfilando pelas passarelas internacionais.
(B) desista da ação contra aquele salafrário.
14. (PUC-SP) “Pode-se dizer que a tarefa é puramente formal.” (C) estejamos prontos em breve para o trabalho.
No texto acima temos uma oração destacada que é ________e (D) recuperássemos a vaga de motorista da firma.
um “se” que é . ________. (E) tentamos aquele emprego novamente.
(A) substantiva objetiva direta, partícula apassivadora
(B) substantiva predicativa, índice de indeterminação do sujeito 17. (ITA - 1997) Assinale a opção que completa corretamente
(C) relativa, pronome reflexivo as lacunas do texto a seguir:
(D) substantiva subjetiva, partícula apassivadora “Todas as amigas estavam _______________ ansiosas
(E) adverbial consecutiva, índice de indeterminação do sujeito _______________ ler os jornais, pois foram informadas de que as
críticas foram ______________ indulgentes ______________ rapaz,
o qual, embora tivesse mais aptidão _______________ ciências exa-
tas, demonstrava uma certa propensão _______________ arte.”
(A) meio - para - bastante - para com o - para - para a
(B) muito - em - bastante - com o - nas - em

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) bastante - por - meias - ao - a - à 23. (FESP) Observe a regência verbal e assinale a opção falsa:
(D) meias - para - muito - pelo - em - por (A) Avisaram-no que chegaríamos logo.
(E) bem - por - meio - para o - pelas – na (B) Informei-lhe a nota obtida.
(C) Os motoristas irresponsáveis, em geral, não obedecem aos
18. (Mackenzie) Há uma concordância inaceitável de acordo sinais de trânsito.
com a gramática: (D) Há bastante tempo que assistimos em São Paulo.
I - Os brasileiros somos todos eternos sonhadores. (E) Muita gordura não implica saúde.
II - Muito obrigadas! – disseram as moças.
III - Sr. Deputado, V. Exa. Está enganada. 24. (IBGE) Assinale a opção em que todos os adjetivos devem
IV - A pobre senhora ficou meio confusa. ser seguidos pela mesma preposição:
V - São muito estudiosos os alunos e as alunas deste curso. (A) ávido / bom / inconsequente
(B) indigno / odioso / perito
(A) em I e II (C) leal / limpo / oneroso
(B) apenas em IV (D) orgulhoso / rico / sedento
(C) apenas em III (E) oposto / pálido / sábio
(D) em II, III e IV
(E) apenas em II 25. (TRE-MG) Observe a regência dos verbos das frases reescri-
tas nos itens a seguir:
19. (CESCEM–SP) Já ___ anos, ___ neste local árvores e flores. I - Chamaremos os inimigos de hipócritas. Chamaremos aos ini-
Hoje, só ___ ervas daninhas. migos de hipócritas;
(A) fazem, havia, existe II - Informei-lhe o meu desprezo por tudo. Informei-lhe do meu
(B) fazem, havia, existe desprezo por tudo;
(C) fazem, haviam, existem III - O funcionário esqueceu o importante acontecimento. O
(D) faz, havia, existem funcionário esqueceu-se do importante acontecimento.
(E) faz, havia, existe
A frase reescrita está com a regência correta em:
20. (IBGE) Indique a opção correta, no que se refere à concor- (A) I apenas
dância verbal, de acordo com a norma culta: (B) II apenas
(A) Haviam muitos candidatos esperando a hora da prova. (C) III apenas
(B) Choveu pedaços de granizo na serra gaúcha. (D) I e III apenas
(C) Faz muitos anos que a equipe do IBGE não vem aqui. (E) I, II e III
(D) Bateu três horas quando o entrevistador chegou.
(E) Fui eu que abriu a porta para o agente do censo. 26. (INSTITUTO AOCP/2017 – EBSERH) Assinale a alternativa
em que todas as palavras estão adequadamente grafadas.
21. (FUVEST – 2001) A única frase que NÃO apresenta desvio (A) Silhueta, entretenimento, autoestima.
em relação à regência (nominal e verbal) recomendada pela norma (B) Rítimo, silueta, cérebro, entretenimento.
culta é: (C) Altoestima, entreterimento, memorização, silhueta.
(A) O governador insistia em afirmar que o assunto principal (D) Célebro, ansiedade, auto-estima, ritmo.
seria “as grandes questões nacionais”, com o que discordavam
(E) Memorização, anciedade, cérebro, ritmo.
líderes pefelistas.
(B) Enquanto Cuba monopolizava as atenções de um clube, do
27. (ALTERNATIVE CONCURSOS/2016 – CÂMARA DE BANDEI-
qual nem sequer pediu para integrar, a situação dos outros pa-
RANTES-SC) Algumas palavras são usadas no nosso cotidiano de
íses passou despercebida.
forma incorreta, ou seja, estão em desacordo com a norma culta
(C) Em busca da realização pessoal, profissionais escolhem a
padrão. Todas as alternativas abaixo apresentam palavras escritas
dedo aonde trabalhar, priorizando à empresas com atuação
erroneamente, exceto em:
social.
(D) Uma família de sem-teto descobriu um sofá deixado por um (A) Na bandeija estavam as xícaras antigas da vovó.
morador não muito consciente com a limpeza da cidade. (B) É um privilégio estar aqui hoje.
(E) O roteiro do filme oferece uma versão de como consegui- (C) Fiz a sombrancelha no salão novo da cidade.
mos um dia preferir a estrada à casa, a paixão e o sonho à regra, (D) A criança estava com desinteria.
a aventura à repetição. (E) O bebedoro da escola estava estragado.

22. (FUVEST) Assinale a alternativa que preenche corretamen- 28. (SEDUC/SP – 2018) Preencha as lacunas das frases abaixo
te as lacunas correspondentes. com “por que”, “porque”, “por quê” ou “porquê”. Depois, assinale a
A arma ___ se feriu desapareceu. alternativa que apresenta a ordem correta, de cima para baixo, de
Estas são as pessoas ___ lhe falei. classificação.
Aqui está a foto ___ me referi. “____________ o céu é azul?”
Encontrei um amigo de infância ___ nome não me lembrava. “Meus pais chegaram atrasados, ____________ pegaram trân-
Passamos por uma fazenda ___ se criam búfalos. sito pelo caminho.”
“Gostaria muito de saber o ____________ de você ter faltado
(A) que, de que, à que, cujo, que. ao nosso encontro.”
(B) com que, que, a que, cujo qual, onde. “A Alemanha é considerada uma das grandes potências mun-
(C) com que, das quais, a que, de cujo, onde. diais. ____________?”
(D) com a qual, de que, que, do qual, onde. (A) Porque – porquê – por que – Por quê
(E) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. (B) Porque – porquê – por que – Por quê

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LÍNGUA PORTUGUESA
(C) Por que – porque – porquê – Por quê 34. (IFAL – 2016 ADAPTADA) Quanto à acentuação das palavras,
(D) Porquê – porque – por quê – Por que assinale a afirmação verdadeira.
(E) Por que – porque – por quê – Porquê (A) A palavra “tendem” deveria ser acentuada graficamente,
como “também” e “porém”.
29. (CEITEC – 2012) Os vocábulos Emergir e Imergir são parô- (B) As palavras “saíra”, “destruída” e “aí” acentuam-se pela
nimos: empregar um pelo outro acarreta grave confusão no que mesma razão.
se quer expressar. Nas alternativas abaixo, só uma apresenta uma (C) O nome “Luiz” deveria ser acentuado graficamente, pela
frase em que se respeita o devido sentido dos vocábulos, selecio- mesma razão que a palavra “país”.
nando convenientemente o parônimo adequado à frase elaborada. (D) Os vocábulos “é”, “já” e “só” recebem acento por constituí-
Assinale-a. rem monossílabos tônicos fechados.
(A) A descoberta do plano de conquista era eminente. (E) Acentuam-se “simpática”, “centímetros”, “simbólica” por-
(B) O infrator foi preso em flagrante. que todas as paroxítonas são acentuadas.
(C) O candidato recebeu despensa das duas últimas provas.
(D) O metal delatou ao ser submetido à alta temperatura. 35. (MACKENZIE) Indique a alternativa em que nenhuma pala-
(E) Os culpados espiam suas culpas na prisão. vra é acentuada graficamente:
(A) lapis, canoa, abacaxi, jovens
30. (FMU) Assinale a alternativa em que todas as palavras estão (B) ruim, sozinho, aquele, traiu
grafadas corretamente. (C) saudade, onix, grau, orquídea
(A) paralisar, pesquisar, ironizar, deslizar (D) voo, legua, assim, tênis
(B) alteza, empreza, francesa, miudeza (E) flores, açucar, album, virus
(C) cuscus, chimpazé, encharcar, encher
(D) incenso, abcesso, obsessão, luxação 36. (IFAL - 2011)
(E) chineza, marquês, garrucha, meretriz
Parágrafo do Editorial “Nossas crianças, hoje”.
31. (VUNESP/2017 – TJ-SP) Assinale a alternativa em que todas “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão impor-
as palavras estão corretamente grafadas, considerando-se as regras tante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos sentimos
de acentuação da língua padrão. na pele e na alma a dor dos mais altos índices de sofrimento da
(A) Remígio era homem de carater, o que surpreendeu D. Firmi- infância mais pobre. Nosso Estado e nossa região padece de índices
na, que aceitou o matrimônio de sua filha. vergonhosos no tocante à mortalidade infantil, à educação básica e
(B) O consôlo de Fadinha foi ver que Remígio queria desposa-la tantos outros indicadores terríveis.”
apesar de sua beleza ter ido embora depois da doença. (Gazeta de Alagoas, seção Opinião, 12.10.2010)
(C) Com a saúde de Fadinha comprometida, Remígio não con-
seguia se recompôr e viver tranquilo. O primeiro período desse parágrafo está corretamente pontua-
(D) Com o triúnfo do bem sobre o mal, Fadinha se recuperou, do na alternativa:
Remígio resolveu pedí-la em casamento. (A) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(E) Fadinha não tinha mágoa por não ser mais tão bela; agora, importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
interessava-lhe viver no paraíso com Remígio. sentimos na pele e na alma a dor dos mais altos índices de so-
frimento da infância mais pobre.”
32. (PUC-RJ) Aponte a opção em que as duas palavras são acen- (B) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
tuadas devido à mesma regra: importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos
(A) saí – dói sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
(B) relógio – própria sofrimento da infância mais pobre.”
(C) só – sóis (C) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
(D) dá – custará importante encontro, mas enquanto nordestinos e alagoanos,
(E) até – pé sentimos na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
sofrimento da infância mais pobre.”
33. (UEPG ADAPTADA) Sobre a acentuação gráfica das palavras (D) “Oportunamente serão divulgados os resultados de tão
agradável, automóvel e possível, assinale o que for correto. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos
(A) Em razão de a letra L no final das palavras transferir a toni- sentimos, na pele e na alma a dor dos mais altos índices de
cidade para a última sílaba, é necessário que se marque grafi- sofrimento, da infância mais pobre.”
camente a sílaba tônica das paroxítonas terminadas em L, se (E) “Oportunamente, serão divulgados os resultados de tão
isso não fosse feito, poderiam ser lidas como palavras oxítonas. importante encontro, mas, enquanto nordestinos e alagoanos,
(B) São acentuadas porque são proparoxítonas terminadas em sentimos, na pele e na alma, a dor dos mais altos índices de
L. sofrimento da infância mais pobre.”
(C) São acentuadas porque são oxítonas terminadas em L.
(D) São acentuadas porque terminam em ditongo fonético – 37. (F.E. BAURU) Assinale a alternativa em que há erro de pon-
eu. tuação:
(E) São acentuadas porque são paroxítonas terminadas em L. (A) Era do conhecimento de todos a hora da prova, mas, alguns
se atrasaram.
(B) A hora da prova era do conhecimento de todos; alguns se
atrasaram, porém.
(C) Todos conhecem a hora da prova; não se atrasem, pois.
(D) Todos conhecem a hora da prova, portanto não se atrasem.
(E) N.D.A

42
LÍNGUA PORTUGUESA
38. (VUNESP – 2020) Assinale a alternativa correta quanto à pontuação.
(A) Colaboradores da Universidade Federal do Paraná afirmaram: “Os cristais de urato podem provocar graves danos nas articulações.”.
(B) A prescrição de remédios e a adesão, ao tratamento, por parte dos pacientes são baixas.
(C) É uma inflamação, que desencadeia a crise de gota; diagnosticada a partir do reconhecimento de intensa dor, no local.
(D) A ausência de dor não pode ser motivo para a interrupção do tratamento conforme o editorial diz: – (é preciso que o doente confie
em seu médico).
(E) A qualidade de vida, do paciente, diminui pois a dor no local da inflamação é bastante intensa!

39. (ENEM – 2018)

Física com a boca


Por que nossa voz fica tremida ao falar na frente do ventilador?
Além de ventinho, o ventilador gera ondas sonoras. Quando você não tem mais o que fazer e fica falando na frente dele, as ondas da
voz se propagam na direção contrária às do ventilador. Davi Akkerman – presidente da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica – diz
que isso causa o mismatch, nome bacana para o desencontro entre as ondas. “O vento também contribui para a distorção da voz, pelo fato
de ser uma vibração que influencia no som”, diz. Assim, o ruído do ventilador e a influência do vento na propagação das ondas contribuem
para distorcer sua bela voz.
Disponível em: http://super.abril.com.br. Acesso em: 30 jul. 2012 (adaptado).

Sinais de pontuação são símbolos gráficos usados para organizar a escrita e ajudar na compreensão da mensagem. No texto, o sentido
não é alterado em caso de substituição dos travessões por
(A) aspas, para colocar em destaque a informação seguinte
(B) vírgulas, para acrescentar uma caracterização de Davi Akkerman.
(C) reticências, para deixar subetendida a formação do especialista.
(D) dois-pontos, para acrescentar uma informação introduzida anteriormente.
(E) ponto e vírgula, para enumerar informações fundamentais para o desenvolvimento temático.

40. (FUNDATEC – 2016)

Sobre fonética e fonologia e conceitos relacionados a essas áreas, considere as seguintes afirmações, segundo Bechara:
I. A fonologia estuda o número de oposições utilizadas e suas relações mútuas, enquanto a fonética experimental determina a natu-
reza física e fisiológica das distinções observadas.
II. Fonema é uma realidade acústica, opositiva, que nosso ouvido registra; já letra, também chamada de grafema, é o sinal empregado
para representar na escrita o sistema sonoro de uma língua.
III. Denominam-se fonema os sons elementares e produtores da significação de cada um dos vocábulos produzidos pelos falantes da
língua portuguesa.

43
LÍNGUA PORTUGUESA
Quais estão INCORRETAS? 46. (UNIFESP - 2015) Leia o seguinte texto:
(A) Apenas I. Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
(B) Apenas II. Uma organização não governamental holandesa está propondo
(C) Apenas III. um desafio que muitos poderão considerar impossível: ficar 99 dias
(D) Apenas I e II sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o
(E) Apenas II e III. grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológi-
41. (CEPERJ) Na palavra “fazer”, notam-se 5 fonemas. O mesmo cos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste caso é que
número de fonemas ocorre na palavra da seguinte alternativa: o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder par-
(A) tatuar ticipar, o usuário deve trocar a foto do perfil no Facebook e postar
(B) quando um contador na rede social.
(C) doutor Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade
(D) ainda dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da abstinência.
(E) além Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam
em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias sem acesso,
42. (OSEC) Em que conjunto de signos só há consoantes sono- a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, 2que poderiam
ras? ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais realizadoras”.
(A) rosa, deve, navegador; (http://codigofonte.uol.com.br. Adaptado.)
(B) barcos, grande, colado;
(C) luta, após, triste; Após ler o texto acima, examine as passagens do primeiro pa-
(D) ringue, tão, pinga; rágrafo: “Uma organização não governamental holandesa está pro-
(E) que, ser, tão. pondo um desafio” “O objetivo é medir o grau de felicidade dos
usuários longe da rede social.”
43. (UFRGS – 2010) No terceiro e no quarto parágrafos do tex- A utilização dos artigos destacados justifica-se em razão:
to, o autor faz referência a uma oposição entre dois níveis de análi- (A) da retomada de informações que podem ser facilmente de-
se de uma língua: o fonético e o gramatical. preendidas pelo contexto, sendo ambas equivalentes seman-
Verifique a que nível se referem as características do português ticamente.
falado em Portugal a seguir descritas, identificando-as com o núme- (B) de informações conhecidas, nas duas ocorrências, sendo
ro 1 (fonético) ou com o número 2 (gramatical). possível a troca dos artigos nos enunciados, pois isso não alte-
( ) Construções com infinitivo, como estou a fazer, em lugar de raria o sentido do texto.
formas com gerúndio, como estou fazendo. (C) da generalização, no primeiro caso, com a introdução de
( ) Emprego frequente da vogal tônica com timbre aberto em informação conhecida, e da especificação, no segundo, com
palavras como académico e antónimo, informação nova.
( ) Uso frequente de consoante com som de k final da sílaba, (D) da introdução de uma informação nova, no primeiro caso,
como em contacto e facto. e da retomada de uma informação já conhecida, no segundo.
( ) Certos empregos do pretérito imperfeito para designar fu- (E) de informações novas, nas duas ocorrências, motivo pelo
turo do pretérito, como em Eu gostava de ir até lá por Eu gostaria qual são introduzidas de forma mais generalizada
de ir até lá.
47. (UFMG-ADAPTADA) As expressões em negrito correspon-
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de dem a um adjetivo, exceto em:
cima para baixo, é: (A) João Fanhoso anda amanhecendo sem entusiasmo.
(A) 2 – 1 – 1 – 2. (B) Demorava-se de propósito naquele complicado banho.
(B) 2 – 1 – 2 – 1. (C) Os bichos da terra fugiam em desabalada carreira.
(C) 1 – 2 – 1 – 2. (D) Noite fechada sobre aqueles ermos perdidos da caatinga
(D) 1 – 1 – 2 – 2. sem fim.
(E) 1 – 2 – 2 – 1. (E) E ainda me vem com essa conversa de homem da roça.

44. (FUVEST-SP) Foram formadas pelo mesmo processo as se- 48. (UMESP) Na frase “As negociações estariam meio abertas
guintes palavras: só depois de meio período de trabalho”, as palavras destacadas são,
(A) vendavais, naufrágios, polêmicas respectivamente:
(B) descompõem, desempregados, desejava (A) adjetivo, adjetivo
(C) estendendo, escritório, espírito (B) advérbio, advérbio
(D) quietação, sabonete, nadador (C) advérbio, adjetivo
(E) religião, irmão, solidão (D) numeral, adjetivo
(E) numeral, advérbio
45. (FUVEST) Assinale a alternativa em que uma das palavras
não é formada por prefixação: 49. (ITA-SP)
(A) readquirir, predestinado, propor Beber é mal, mas é muito bom.
(B) irregular, amoral, demover (FERNANDES, Millôr. Mais! Folha de S. Paulo, 5 ago. 2001, p. 28.)
(C) remeter, conter, antegozar
(D) irrestrito, antípoda, prever A palavra “mal”, no caso específico da frase de Millôr, é:
(E) dever, deter, antever (A) adjetivo
(B) substantivo
(C) pronome

44
LÍNGUA PORTUGUESA
(D) advérbio 33 E
(E) preposição
34 B
50. (PUC-SP) “É uma espécie... nova... completamente nova! 35 B
(Mas já) tem nome... Batizei-(a) logo... Vou-(lhe) mostrar...”. Sob o
ponto de vista morfológico, as palavras destacadas correspondem 36 E
pela ordem, a: 37 A
(A) conjunção, preposição, artigo, pronome
38 A
(B) advérbio, advérbio, pronome, pronome
(C) conjunção, interjeição, artigo, advérbio 39 B
(D) advérbio, advérbio, substantivo, pronome 40 C
(E) conjunção, advérbio, pronome, pronome
41 B
42 D
43 A
GABARITO
44 D
45 E
1 C
46 D
2 B
47 B
3 D
48 B
4 C
49 B
5 C
50 E
6 A
7 D
8 C
9 B
ANOTAÇÕES
10 E
______________________________________________________
11 C
12 B ______________________________________________________
13 E ______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 A
______________________________________________________
16 C
17 A ______________________________________________________
18 C ______________________________________________________
19 D
______________________________________________________
20 C
21 E ______________________________________________________

22 C ______________________________________________________
23 A ______________________________________________________
24 D
______________________________________________________
25 E
26 A ______________________________________________________
27 B ______________________________________________________
28 C
______________________________________________________
29 B
30 A ______________________________________________________

31 E ______________________________________________________
32 B ______________________________________________________

45
LÍNGUA PORTUGUESA

ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES

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46
MATEMÁTICA

CONJUNTOS NUMÉRICOS: NATURAIS (N), INTEIROS (Z), RACIONAIS (Q), REAIS (R): REPRESENTAÇÃO, ORDENAÇÃO,
OPERAÇÕES, PROBLEMAS. OPERAÇÕES NUMÉRICAS (ADIÇÃO, SUBTRAÇÃO, MULTIPLICAÇÃO, DIVISÃO, POTENCIA-
ÇÃO E RAIZ). NÚMEROS FRACIONÁRIOS: OPERAÇÕES COM NÚMEROS FRACIONÁRIOS. NÚMEROS DECIMAIS: OPE-
RAÇÕES COM NÚMEROS DECIMAIS. TEORIA DOS NÚMEROS: PARES / ÍMPARES / MÚLTIPLOS / DIVISORES / PRIMOS /
COMPOSTOS / FATORAÇÃO / DIVISIBILIDADE / MMC / MDC

Conjunto dos números inteiros - z


O conjunto dos números inteiros é a reunião do conjunto dos números naturais N = {0, 1, 2, 3, 4,..., n,...},(N C Z); o conjunto dos opos-
tos dos números naturais e o zero. Representamos pela letra Z.

N C Z (N está contido em Z)

Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Z* Conjunto dos números inteiros não nulos
+ Z+ Conjunto dos números inteiros não negativos
*e+ Z*+ Conjunto dos números inteiros positivos
- Z_ Conjunto dos números inteiros não positivos
*e- Z*_ Conjunto dos números inteiros negativos

Observamos nos números inteiros algumas características:


• Módulo: distância ou afastamento desse número até o zero, na reta numérica inteira. Representa-se o módulo por | |. O módulo de
qualquer número inteiro, diferente de zero, é sempre positivo.
• Números Opostos: dois números são opostos quando sua soma é zero. Isto significa que eles estão a mesma distância da origem
(zero).

Somando-se temos: (+4) + (-4) = (-4) + (+4) = 0

47
MATEMÁTICA
Operações Sinais iguais (+) (+); (-) (-) = resultado sempre positivo.
• Soma ou Adição: Associamos aos números inteiros positivos
a ideia de ganhar e aos números inteiros negativos a ideia de perder. Sinais diferentes (+) (-); (-) (+) = resultado sempre
negativo.
ATENÇÃO: O sinal (+) antes do número positivo pode ser dis-
pensado, mas o sinal (–) antes do número negativo nunca pode Exemplo:
ser dispensado. (PREF.DE NITERÓI) Um estudante empilhou seus livros, obten-
do uma única pilha 52cm de altura. Sabendo que 8 desses livros
• Subtração: empregamos quando precisamos tirar uma quan- possui uma espessura de 2cm, e que os livros restantes possuem
tidade de outra quantidade; temos duas quantidades e queremos espessura de 3cm, o número de livros na pilha é:
saber quanto uma delas tem a mais que a outra; temos duas quan- (A) 10
tidades e queremos saber quanto falta a uma delas para atingir a (B) 15
outra. A subtração é a operação inversa da adição. O sinal sempre (C) 18
será do maior número. (D) 20
(E) 22
ATENÇÃO: todos parênteses, colchetes, chaves, números, ...,
entre outros, precedidos de sinal negativo, tem o seu sinal inverti- Resolução:
do, ou seja, é dado o seu oposto. São 8 livros de 2 cm: 8.2 = 16 cm
Como eu tenho 52 cm ao todo e os demais livros tem 3 cm,
Exemplo: temos:
(FUNDAÇÃO CASA – AGENTE EDUCACIONAL – VUNESP) Para 52 - 16 = 36 cm de altura de livros de 3 cm
zelar pelos jovens internados e orientá-los a respeito do uso ade- 36 : 3 = 12 livros de 3 cm
quado dos materiais em geral e dos recursos utilizados em ativida- O total de livros da pilha: 8 + 12 = 20 livros ao todo.
des educativas, bem como da preservação predial, realizou-se uma Resposta: D
dinâmica elencando “atitudes positivas” e “atitudes negativas”, no
entendimento dos elementos do grupo. Solicitou-se que cada um • Potenciação: A potência an do número inteiro a, é definida
classificasse suas atitudes como positiva ou negativa, atribuindo como um produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
(+4) pontos a cada atitude positiva e (-1) a cada atitude negativa. base e o número n é o expoente.an = a x a x a x a x ... x a , a é multi-
Se um jovem classificou como positiva apenas 20 das 50 atitudes plicado por a n vezes. Tenha em mente que:
anotadas, o total de pontos atribuídos foi – Toda potência de base positiva é um número inteiro positivo.
(A) 50. – Toda potência de base negativa e expoente par é um número
(B) 45. inteiro positivo.
(C) 42. – Toda potência de base negativa e expoente ímpar é um nú-
(D) 36. mero inteiro negativo.
(E) 32.
Propriedades da Potenciação
Resolução: 1) Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se a base
50-20=30 atitudes negativas e somam-se os expoentes. (–a)3 . (–a)6 = (–a)3+6 = (–a)9
20.4=80 2) Quocientes de Potências com bases iguais: Conserva-se a
30.(-1)=-30 base e subtraem-se os expoentes. (-a)8 : (-a)6 = (-a)8 – 6 = (-a)2
80-30=50 3) Potência de Potência: Conserva-se a base e multiplicam-se
Resposta: A os expoentes. [(-a)5]2 = (-a)5 . 2 = (-a)10
4) Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (-a)1 = -a e
• Multiplicação: é uma adição de números/ fatores repetidos. (+a)1 = +a
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode ser indicado 5) Potência de expoente zero e base diferente de zero: É igual
por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal entre as letras. a 1. (+a)0 = 1 e (–b)0 = 1

• Divisão: a divisão exata de um número inteiro por outro nú- Conjunto dos números racionais – Q m
mero inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo do dividendo Um número racional é o que pode ser escrito na forma n ,
pelo módulo do divisor. onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser diferente
de zero. Frequentemente usamos m/n para significar a divisão de
ATENÇÃO: m por n.
1) No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é associativa
e não tem a propriedade da existência do elemento neutro.
2) Não existe divisão por zero.
3) Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente de zero,
é zero, pois o produto de qualquer número inteiro por zero é igual
a zero.

Na multiplicação e divisão de números inteiros é muito impor-


tante a REGRA DE SINAIS:

N C Z C Q (N está contido em Z que está contido em Q)

48
MATEMÁTICA
Subconjuntos:

SÍMBOLO REPRESENTAÇÃO DESCRIÇÃO


* Q* Conjunto dos números racionais não nulos
+ Q+ Conjunto dos números racionais não negativos
*e+ Q*+ Conjunto dos números racionais positivos
- Q_ Conjunto dos números racionais não positivos
*e- Q*_ Conjunto dos números racionais negativos

Representação decimal
Podemos representar um número racional, escrito na forma de fração, em número decimal. Para isso temos duas maneiras possíveis:
1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamente Decimais
Periódicos ou Dízimas Periódicas:

1
= 0,333...
3

Representação Fracionária
É a operação inversa da anterior. Aqui temos duas maneiras possíveis:

1) Transformando o número decimal em uma fração numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é composto pelo
numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado.
Ex.:
0,035 = 35/1000

2) Através da fração geratriz. Aí temos o caso das dízimas periódicas que podem ser simples ou compostas.
– Simples: o seu período é composto por um mesmo número ou conjunto de números que se repeti infinitamente.
Exemplos:

Procedimento: para transformarmos uma dízima periódica simples em fração basta utilizarmos o dígito 9 no denominador para cada
quantos dígitos tiver o período da dízima.

49
MATEMÁTICA
– Composta: quando a mesma apresenta um ante período que não se repete.
a)

Procedimento: para cada algarismo do período ainda se coloca um algarismo 9 no denominador. Mas, agora, para cada algarismo do
antiperíodo se coloca um algarismo zero, também no denominador.

b)

Procedimento: é o mesmo aplicado ao item “a”, acrescido na frente da parte inteira (fração mista), ao qual transformamos e obtemos
a fração geratriz.

Exemplo:
(PREF. NITERÓI) Simplificando a expressão abaixo

Obtém-se :

(A) ½
(B) 1
(C) 3/2
(D) 2
(E) 3

Resolução:

Resposta: B

50
MATEMÁTICA
Caraterísticas dos números racionais
O módulo e o número oposto são as mesmas dos números in-
teiros.

Inverso: dado um número racional a/b o inverso desse número O que resta gosta de ciências:
(a/b)–n, é a fração onde o numerador vira denominador e o denomi-
nador numerador (b/a)n.

Resposta: B

• Multiplicação: como todo número racional é uma fração ou


pode ser escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
dois números racionais a e c , da mesma forma que o produto de
b d
Representação geométrica frações, através de:

• Divisão: a divisão de dois números racionais p e q é a própria


Observa-se que entre dois inteiros consecutivos existem infini- operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, isto é: p
tos números racionais. ÷ q = p × q-1

Operações
• Soma ou adição: como todo número racional é uma fração
ou pode ser escrito na forma de uma fração, definimos a adição
entre os números racionais a e c , da mesma forma que a soma
de frações, através de: b d
Exemplo:
(PM/SE – SOLDADO 3ªCLASSE – FUNCAB) Numa operação
policial de rotina, que abordou 800 pessoas, verificou-se que 3/4
dessas pessoas eram homens e 1/5 deles foram detidos. Já entre as
mulheres abordadas, 1/8 foram detidas.
Qual o total de pessoas detidas nessa operação policial?
• Subtração: a subtração de dois números racionais p e q é a (A) 145
própria operação de adição do número p com o oposto de q, isto é: (B) 185
p – q = p + (–q) (C) 220
(D) 260
(E) 120

Resolução:

ATENÇÃO: Na adição/subtração se o denominador for igual,


conserva-se os denominadores e efetua-se a operação apresen-
tada.

Exemplo:
(PREF. JUNDIAI/SP – AGENTE DE SERVIÇOS OPERACIONAIS
– MAKIYAMA) Na escola onde estudo, ¼ dos alunos tem a língua
portuguesa como disciplina favorita, 9/20 têm a matemática como
favorita e os demais têm ciências como favorita. Sendo assim, qual
fração representa os alunos que têm ciências como disciplina favo-
rita?
(A) 1/4
(B) 3/10
(C) 2/9 Resposta: A
(D) 4/5
(E) 3/2 • Potenciação: é válido as propriedades aplicadas aos núme-
ros inteiros. Aqui destacaremos apenas as que se aplicam aos nú-
Resolução: meros racionais.
Somando português e matemática:

51
MATEMÁTICA
A) Toda potência com expoente negativo de um número ra- O valor, aproximado, da soma entre A e B é
cional diferente de zero é igual a outra potência que tem a base (A) 2
igual ao inverso da base anterior e o expoente igual ao oposto do (B) 3
expoente anterior. (C) 1
(D) 2,5
(E) 1,5

Resolução:
Vamos resolver cada expressão separadamente:

B) Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo sinal da


base.

C) Toda potência com expoente par é um número positivo.

Resposta: E

Múltiplos
Expressões numéricas Dizemos que um número é múltiplo de outro quando o primei-
São todas sentenças matemáticas formadas por números, suas ro é resultado da multiplicação entre o segundo e algum número
operações (adições, subtrações, multiplicações, divisões, potencia- natural e o segundo, nesse caso, é divisor do primeiro. O que sig-
ções e radiciações) e também por símbolos chamados de sinais de nifica que existem dois números, x e y, tal que x é múltiplo de y se
associação, que podem aparecer em uma única expressão. existir algum número natural n tal que:
x = y·n
Procedimentos
1) Operações: Se esse número existir, podemos dizer que y é um divisor de x e
- Resolvermos primeiros as potenciações e/ou radiciações na podemos escrever: x = n/y
ordem que aparecem;
- Depois as multiplicações e/ou divisões; Observações:
- Por último as adições e/ou subtrações na ordem que apare- 1) Todo número natural é múltiplo de si mesmo.
cem. 2) Todo número natural é múltiplo de 1.
3) Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos múl-
2) Símbolos: tiplos.
- Primeiro, resolvemos os parênteses ( ), até acabarem os cál- 4) O zero é múltiplo de qualquer número natural.
culos dentro dos parênteses, 5) Os múltiplos do número 2 são chamados de números pares,
-Depois os colchetes [ ]; e a fórmula geral desses números é 2k (k ∈ N). Os demais são cha-
- E por último as chaves { }. mados de números ímpares, e a fórmula geral desses números é 2k
+ 1 (k ∈ N).
ATENÇÃO: 6) O mesmo se aplica para os números inteiros, tendo k ∈ Z.
– Quando o sinal de adição (+) anteceder um parêntese, col-
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou Critérios de divisibilidade
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos São regras práticas que nos possibilitam dizer se um número
com os seus sinais originais. é ou não divisível por outro, sem que seja necessário efetuarmos
– Quando o sinal de subtração (-) anteceder um parêntese, col- a divisão.
chetes ou chaves, deveremos eliminar o parêntese, o colchete ou
chaves, na ordem de resolução, reescrevendo os números internos
com os seus sinais invertidos.

Exemplo:
(MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO – ADMINISTRATI-
VA – FCC) Considere as expressões numéricas, abaixo.
A = 1/2 + 1/4+ 1/8 + 1/16 + 1/32 e
B = 1/3 + 1/9 + 1/27 + 1/81 + 1/243

52
MATEMÁTICA
No quadro abaixo temos um resumo de alguns dos critérios:

(Fonte: https://www.guiadamatematica.com.br/criterios-de-divisibilidade/ - reeditado)

Vale ressaltar a divisibilidade por 7: Um número é divisível por 7 quando o último algarismo do número, multiplicado por 2, subtraí-
do do número sem o algarismo, resulta em um número múltiplo de 7. Neste, o processo será repetido a fim de diminuir a quantidade de
algarismos a serem analisados quanto à divisibilidade por 7.

Outros critérios
Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12 quando é divisível por 3 e por 4 ao mesmo tempo.
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 quando é divisível por 3 e por 5 ao mesmo tempo.

Fatoração numérica
Trata-se de decompor o número em fatores primos. Para decompormos este número natural em fatores primos, dividimos o mesmo
pelo seu menor divisor primo, após pegamos o quociente e dividimos o pelo seu menor divisor, e assim sucessivamente até obtermos o
quociente 1. O produto de todos os fatores primos representa o número fatorado. Exemplo:

Divisores
Os divisores de um número n, é o conjunto formado por todos os números que o dividem exatamente. Tomemos como exemplo o
número 12.

53
MATEMÁTICA
Um método para descobrimos os divisores é através da fatoração numérica. O número de divisores naturais é igual ao produto dos
expoentes dos fatores primos acrescidos de 1.
Logo o número de divisores de 12 são:

Para sabermos quais são esses 6 divisores basta pegarmos cada fator da decomposição e seu respectivo expoente natural que varia
de zero até o expoente com o qual o fator se apresenta na decomposição do número natural.
12 = 22 . 31 =
22 = 20,21 e 22 ; 31 = 30 e 31, teremos:
20 . 30=1
20 . 31=3
21 . 30=2
21 . 31=2.3=6
22 . 31=4.3=12
22 . 30=4

O conjunto de divisores de 12 são: D (12)={1, 2, 3, 4, 6, 12}


A soma dos divisores é dada por: 1 + 2 + 3 + 4 + 6 + 12 = 28

Máximo divisor comum (MDC)


É o maior número que é divisor comum de todos os números dados. Para o cálculo do MDC usamos a decomposição em fatores pri-
mos. Procedemos da seguinte maneira:
Após decompor em fatores primos, o MDC é o produto dos FATORES COMUNS obtidos, cada um deles elevado ao seu MENOR EX-
POENTE.

Exemplo:
MDC (18,24,42) =

Observe que os fatores comuns entre eles são: 2 e 3, então pegamos os de menores expoentes: 2x3 = 6. Logo o Máximo Divisor Co-
mum entre 18,24 e 42 é 6.

Mínimo múltiplo comum (MMC)


É o menor número positivo que é múltiplo comum de todos os números dados. A técnica para acharmos é a mesma do MDC, apenas
com a seguinte ressalva:
O MMC é o produto dos FATORES COMUNS E NÃO-COMUNS, cada um deles elevado ao SEU MAIOR EXPOENTE.
Pegando o exemplo anterior, teríamos:
MMC (18,24,42) =
Fatores comuns e não-comuns= 2,3 e 7
Com maiores expoentes: 2³x3²x7 = 8x9x7 = 504. Logo o Mínimo Múltiplo Comum entre 18,24 e 42 é 504.

Temos ainda que o produto do MDC e MMC é dado por: MDC (A,B). MMC (A,B)= A.B

Os cálculos desse tipo de problemas, envolvem adições e subtrações, posteriormente as multiplicações e divisões. Depois os pro-
blemas são resolvidos com a utilização dos fundamentos algébricos, isto é, criamos equações matemáticas com valores desconhecidos
(letras). Observe algumas situações que podem ser descritas com utilização da álgebra.
É bom ter mente algumas situações que podemos encontrar:

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MATEMÁTICA
(PREFEITURA MUNICIPAL DE RIBEIRÃO PRETO/SP – AGENTE
DE ADMINISTRAÇÃO – VUNESP) Uma loja de materiais elétricos
testou um lote com 360 lâmpadas e constatou que a razão entre o
número de lâmpadas queimadas e o número de lâmpadas boas era
2 / 7. Sabendo-se que, acidentalmente, 10 lâmpadas boas quebra-
ram e que lâmpadas queimadas ou quebradas não podem ser ven-
didas, então a razão entre o número de lâmpadas que não podem
ser vendidas e o número de lâmpadas boas passou a ser de
(A) 1 / 4.
(B) 1 / 3.
Exemplos: (C) 2 / 5.
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – (D) 1 / 2.
CAIPIMES) Sobre 4 amigos, sabe-se que Clodoaldo é 5 centímetros (E) 2 / 3.
mais alto que Mônica e 10 centímetros mais baixo que Andreia. Sa-
be-se também que Andreia é 3 centímetros mais alta que Doralice e Resolução:
que Doralice não é mais baixa que Clodoaldo. Se Doralice tem 1,70 Chamemos o número de lâmpadas queimadas de ( Q ) e o nú-
metros, então é verdade que Mônica tem, de altura: mero de lâmpadas boas de ( B ). Assim:
(A) 1,52 metros. B + Q = 360 , ou seja, B = 360 – Q ( I )
(B) 1,58 metros.
(C) 1,54 metros.
(D) 1,56 metros. , ou seja, 7.Q = 2.B ( II )

Resolução: Substituindo a equação ( I ) na equação ( II ), temos:


Escrevendo em forma de equações, temos: 7.Q = 2. (360 – Q)
C = M + 0,05 ( I ) 7.Q = 720 – 2.Q
C = A – 0,10 ( II ) 7.Q + 2.Q = 720
A = D + 0,03 ( III ) 9.Q = 720
D não é mais baixa que C Q = 720 / 9
Se D = 1,70 , então: Q = 80 (queimadas)
( III ) A = 1,70 + 0,03 = 1,73 Como 10 lâmpadas boas quebraram, temos:
( II ) C = 1,73 – 0,10 = 1,63 Q’ = 80 + 10 = 90 e B’ = 360 – 90 = 270
( I ) 1,63 = M + 0,05
M = 1,63 – 0,05 = 1,58 m
Resposta: B
Resposta: B
(CEFET – AUXILIAR EM ADMINISTRAÇÃO – CESGRANRIO) Em
três meses, Fernando depositou, ao todo, R$ 1.176,00 em sua ca- Fração é todo número que pode ser escrito da seguinte forma
derneta de poupança. Se, no segundo mês, ele depositou R$ 126,00 a/b, com b≠0. Sendo a o numerador e b o denominador. Uma fra-
a mais do que no primeiro e, no terceiro mês, R$ 48,00 a menos do ção é uma divisão em partes iguais. Observe a figura:
que no segundo, qual foi o valor depositado no segundo mês?
(A) R$ 498,00
(B) R$ 450,00
(C) R$ 402,00
(D) R$ 334,00
(E) R$ 324,00

Resolução: O numerador indica quantas partes tomamos do total que foi


Primeiro mês = x dividida a unidade.
Segundo mês = x + 126 O denominador indica quantas partes iguais foi dividida a uni-
Terceiro mês = x + 126 – 48 = x + 78 dade.
Total = x + x + 126 + x + 78 = 1176 Lê-se: um quarto.
3.x = 1176 – 204
x = 972 / 3 Atenção:
x = R$ 324,00 (1º mês) • Frações com denominadores de 1 a 10: meios, terços, quar-
* No 2º mês: 324 + 126 = R$ 450,00 tos, quintos, sextos, sétimos, oitavos, nonos e décimos.
Resposta: B • Frações com denominadores potências de 10: décimos, cen-
tésimos, milésimos, décimos de milésimos, centésimos de milési-
mos etc.
• Denominadores diferentes dos citados anteriormente:
Enuncia-se o numerador e, em seguida, o denominador seguido da
palavra “avos”.

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MATEMÁTICA
Tipos de frações Exemplo:
– Frações Próprias: Numerador é menor que o denominador. (EBSERH/HUPES – UFBA – TÉCNICO EM INFORMÁTICA – IA-
Ex.: 7/15 DES) O suco de três garrafas iguais foi dividido igualmente entre 5
– Frações Impróprias: Numerador é maior ou igual ao denomi- pessoas. Cada uma recebeu
nador. Ex.: 6/7
– Frações aparentes: Numerador é múltiplo do denominador. (A)
As mesmas pertencem também ao grupo das frações impróprias.
Ex.: 6/3
– Frações mistas: Números compostos de uma parte inteira e (B)
outra fracionária. Podemos transformar uma fração imprópria na
forma mista e vice e versa. Ex.: 1 1/12 (um inteiro e um doze avos)
– Frações equivalentes: Duas ou mais frações que apresentam (C)
a mesma parte da unidade. Ex.: 2/4 = 1/2
– Frações irredutíveis: Frações onde o numerador e o denomi-
nador são primos entre si. Ex.: 5/11 ; (D)

Operações com frações


(E)
• Adição e Subtração
Com mesmo denominador: Conserva-se o denominador e so-
ma-se ou subtrai-se os numeradores. Resolução:
Se cada garrafa contém X litros de suco, e eu tenho 3 garrafas,
então o total será de 3X litros de suco. Precisamos dividir essa quan-
tidade de suco (em litros) para 5 pessoas, logo teremos:

Com denominadores diferentes: é necessário reduzir ao mes-


mo denominador através do MMC entre os denominadores. Usa- Onde x é litros de suco, assim a fração que cada um recebeu de
mos tanto na adição quanto na subtração. suco é de 3/5 de suco da garrafa.
Resposta: B

EQUAÇÕES DO 1º E DO 2º GRAU

Equação é toda sentença matemática aberta que exprime uma


relação de igualdade e uma incógnita ou variável (x, y, z,...).
O MMC entre os denominadores (3,2) = 6
Equação do 1º grau
• Multiplicação e Divisão As equações do primeiro grau são aquelas que podem ser re-
Multiplicação: É produto dos numerados pelos denominadores presentadas sob a forma ax + b = 0, em que a e b são constantes
dados. Ex.: reais, com a diferente de 0, e x é a variável. A resolução desse tipo
de equação é fundamentada nas propriedades da igualdade descri-
tas a seguir.
Adicionando um mesmo número a ambos os membros de uma
equação, ou subtraindo um mesmo número de ambos os membros,
a igualdade se mantém.
Dividindo ou multiplicando ambos os membros de uma equa-
ção por um mesmo número não-nulo, a igualdade se mantém.

• Membros de uma equação


Numa equação a expressão situada à esquerda da igualdade é
– Divisão: É igual a primeira fração multiplicada pelo inverso da chamada de 1º membro da equação, e a expressão situada à direita
segunda fração. Ex.: da igualdade, de 2º membro da equação.

• Resolução de uma equação


Colocamos no primeiro membro os termos que apresentam
Obs.: Sempre que possível podemos simplificar o resultado da variável, e no segundo membro os termos que não apresentam va-
fração resultante de forma a torna-la irredutível. riável. Os termos que mudam de membro têm os sinais trocados.
5x – 8 = 12 + x
5x – x = 12 + 8

56
MATEMÁTICA
4x = 20 x – 16 = 0
X = 20/4 x = 16
X=5 Logo, S = {0, 16} e os números 0 e 16 são as raízes da equação.

Ao substituirmos o valor encontrado de x na equação obtemos 2º) A equação é da forma ax2 + c = 0 (incompleta)
o seguinte: x2 – 49= 0 Fatoramos o primeiro membro, que é uma diferença
5x – 8 = 12 + x de dois quadrados.
5.5 – 8 = 12 + 5 (x + 7) . (x – 7) = 0,
25 – 8 = 17
17 = 17 ( V) x+7=0 x–7=0

Quando se passa de um membro para o outro se usa a ope- x=–7 x=7


ração inversa, ou seja, o que está multiplicando passa dividindo e
ou
o que está dividindo passa multiplicando. O que está adicionando
passa subtraindo e o que está subtraindo passa adicionando.
x2 – 49 = 0
x2 = 49
Exemplo:
x2 = 49
(PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Um gru-
x = 7, (aplicando a segunda propriedade).
po formado por 16 motoristas organizou um churrasco para suas
Logo, S = {–7, 7}.
famílias. Na semana do evento, seis deles desistiram de participar.
Para manter o churrasco, cada um dos motoristas restantes pagou 3º) A equação é da forma ax² + bx + c = 0 (completa)
R$ 57,00 a mais. Para resolvê-la usaremos a formula de Bháskara.
O valor total pago por eles, pelo churrasco, foi:
(A) R$ 570,00
(B) R$ 980,50
(C) R$ 1.350,00
(D) R$ 1.480,00
(E) R$ 1.520,00 Conforme o valor do discriminante Δ existem três possibilida-
des quanto á natureza da equação dada.
Resolução:
Vamos chamar de ( x ) o valor para cada motorista. Assim:
16 . x = Total
Total = 10 . (x + 57) (pois 6 desistiram)
Combinando as duas equações, temos:
16.x = 10.x + 570
16.x – 10.x = 570
6.x = 570 Quando ocorre a última possibilidade é costume dizer-se que
x = 570 / 6 não existem raízes reais, pois, de fato, elas não são reais já que não
x = 95 existe, no conjunto dos números reais, √a quando a < 0.
O valor total é: 16 . 95 = R$ 1520,00.
Resposta: E • Relações entre raízes e coeficientes

Equação do 2º grau
As equações do segundo grau são aquelas que podem ser re-
presentadas sob a forma ax² + bx +c = 0, em que a, b e c são cons-
tantes reais, com a diferente de 0, e x é a variável.

• Equação completa e incompleta


1) Quando b ≠ 0 e c ≠ 0, a equação do 2º grau se diz completa.
Ex.: x2 - 7x + 11 = 0= 0 é uma equação completa (a = 1, b = – 7,
c = 11).
Exemplo:
2) Quando b = 0 ou c = 0 ou b = c = 0, a equação do 2º grau se (CÂMARA DE CANITAR/SP – RECEPCIONISTA – INDEC) Qual a
diz incompleta. equação do 2º grau cujas raízes são 1 e 3/2?
Exs.: (A) x²-3x+4=0
x² - 81 = 0 é uma equação incompleta (b=0). (B) -3x²-5x+1=0
x² +6x = 0 é uma equação incompleta (c = 0). (C) 3x²+5x+2=0
2x² = 0 é uma equação incompleta (b = c = 0). (D) 2x²-5x+3=0

• Resolução da equação Resolução:


1º) A equação é da forma ax2 + bx = 0 (incompleta) Como as raízes foram dadas, para saber qual a equação:
x2 – 16x = 0 colocamos x em evidência x² - Sx +P=0, usando o método da soma e produto; S= duas
x . (x – 16) = 0, raízes somadas resultam no valor numérico de b; e P= duas raízes
x=0 multiplicadas resultam no valor de c.

57
MATEMÁTICA
Exemplo:
(SEE/AC – PROFESSOR DE CIÊNCIAS DA NATUREZA MATEMÁ-
TICA E SUAS TECNOLOGIAS – FUNCAB) Determine os valores de
que satisfazem a seguinte inequação:

(A) x > 2
(B) x - 5
(C) x > - 5
(D) x < 2
(E) x 2
Resposta: D
Resolução:
Inequação do 1º grau
Uma inequação do 1° grau na incógnita x é qualquer expressão
do 1° grau que pode ser escrita numa das seguintes formas:
ax + b > 0
ax + b < 0
ax + b ≥ 0
ax + b ≤ 0
Onde a, b são números reais com a ≠ 0

• Resolvendo uma inequação de 1° grau


Uma maneira simples de resolver uma equação do 1° grau é
isolarmos a incógnita x em um dos membros da igualdade. O méto-
do é bem parecido com o das equações. Ex.: Resposta: B
Resolva a inequação -2x + 7 > 0.
Solução: Inequação do 2º grau
-2x > -7 Chamamos de inequação da 2º toda desigualdade pode ser re-
Multiplicando por (-1) presentada da seguinte forma:
2x < 7 ax2 + bx + c > 0
x < 7/2 ax2 + bx + c < 0
Portanto a solução da inequação é x < 7/2. ax2 + bx + c ≥ 0
ax2 + bx + c ≤ 0
Atenção: Onde a, b e c são números reais com a ≠ 0
Toda vez que “x” tiver valor negativo, devemos multiplicar por
(-1), isso faz com que o símbolo da desigualdade tenha o seu sen- Resolução da inequação
tido invertido. Para resolvermos uma inequação do 2o grau, utilizamos o estu-
Pode-se resolver qualquer inequação do 1° grau por meio do do do sinal. As inequações são representadas pelas desigualdades:
estudo do sinal de uma função do 1° grau, com o seguinte proce- > , ≥ , < , ≤.
dimento: Ex.: x2 -3x + 2 > 0
1. Iguala-se a expressão ax + b a zero;
2. Localiza-se a raiz no eixo x; Resolução:
3. Estuda-se o sinal conforme o caso. x2 -3x + 2 > 0
x ‘ =1, x ‘’ = 2
Pegando o exemplo anterior temos: Como desejamos os valores para os quais a função é maior que
-2x + 7 > 0 zero devemos fazer um esboço do gráfico e ver para quais valores
-2x + 7 = 0 de x isso ocorre.
x = 7/2

Vemos, que as regiões que tornam positivas a função são: x<1


e x>2. Resposta: { x|R| x<1 ou x>2}

58
MATEMÁTICA
Exemplo: (A) 50 kg de Cannabis sativa e 100 kg de outras ervas.
(VUNESP) O conjunto solução da inequação 9x2 – 6x + 1 ≤ 0, no (B) 55 kg de Cannabis sativa e 95 kg de outras ervas.
universo dos números reais é: (C) 60 kg de Cannabis sativa e 90 kg de outras ervas.
(A) ∅ (D) 65 kg de Cannabis sativa e 85 kg de outras ervas.
(B) R (E) 70 kg de Cannabis sativa e 80 kg de outras ervas.

(C) Resolução:
O enunciado fornece que a cada 5kg do produto temos que 2kg
da Cannabis sativa e os demais outras ervas. Podemos escrever em
(D) forma de razão , logo :

(E)

Resolução:
Resolvendo por Bháskara:

Resposta: C

Razões Especiais
São aquelas que recebem um nome especial. Vejamos algu-
mas:
Velocidade: é razão entre a distância percorrida e o tempo gas-
to para percorrê-la.

Fazendo o gráfico, a > 0 parábola voltada para cima:

Densidade: é a razão entre a massa de um corpo e o seu volu-


me ocupado por esse corpo.

Proporção
É uma igualdade entre duas frações ou duas razões.

Resposta: C

RAZÃO E PROPORÇÃO: PROPRIEDADES DAS PROPOR-


ÇÕES E DIVISÃO PROPORCIONAL
Lemos: a esta para b, assim como c está para d.
Razão Ainda temos:
É uma fração, sendo a e b dois números a sua razão, chama-se
razão de a para b: a/b ou a:b , assim representados, sendo b ≠ 0.
Temos que:

Exemplo:
(SEPLAN/GO – PERITO CRIMINAL – FUNIVERSA) Em uma ação
policial, foram apreendidos 1 traficante e 150 kg de um produto
parecido com maconha. Na análise laboratorial, o perito constatou • Propriedades da Proporção
que o produto apreendido não era maconha pura, isto é, era uma – Propriedade Fundamental: o produto dos meios é igual ao
mistura da Cannabis sativa com outras ervas. Interrogado, o trafi- produto dos extremos:
cante revelou que, na produção de 5 kg desse produto, ele usava a.d=b.c
apenas 2 kg da Cannabis sativa; o restante era composto por várias
“outras ervas”. Nesse caso, é correto afirmar que, para fabricar todo
o produto apreendido, o traficante usou

59
MATEMÁTICA
– A soma/diferença dos dois primeiros termos está para o pri- Exemplos:
meiro (ou para o segundo termo), assim como a soma/diferença (PM/SP – OFICIAL ADMINISTRATIVO – VUNESP) Em 3 de maio
dos dois últimos está para o terceiro (ou para o quarto termo). de 2014, o jornal Folha de S. Paulo publicou a seguinte informação
sobre o número de casos de dengue na cidade de Campinas.

– A soma/diferença dos antecedentes está para a soma/dife-


rença dos consequentes, assim como cada antecedente está para
o seu consequente.

Exemplo:
(MP/SP – AUXILIAR DE PROMOTORIA I – ADMINISTRATIVO –
VUNESP) A medida do comprimento de um salão retangular está De acordo com essas informações, o número de casos regis-
para a medida de sua largura assim como 4 está para 3. No piso trados na cidade de Campinas, até 28 de abril de 2014, teve um
desse salão, foram colocados somente ladrilhos quadrados inteiros, aumento em relação ao número de casos registrados em 2007,
revestindo-o totalmente. Se cada fileira de ladrilhos, no sentido do aproximadamente, de
comprimento do piso, recebeu 28 ladrilhos, então o número míni- (A) 70%.
mo de ladrilhos necessários para revestir totalmente esse piso foi (B) 65%.
igual a (C) 60%.
(A) 588. (D) 55%.
(B) 350. (E) 50%.
(C) 454.
(D) 476. Resolução:
(E) 382. Utilizaremos uma regra de três simples:

Resolução: ano %
11442 100
17136 x
Fazendo C = 28 e substituindo na proporção, temos:
11442.x = 17136 . 100
x = 1713600 / 11442 = 149,8% (aproximado)
149,8% – 100% = 49,8%
4L = 28 . 3 Aproximando o valor, teremos 50%
L = 84 / 4 Resposta: E
L = 21 ladrilhos
Assim, o total de ladrilhos foi de 28 . 21 = 588 (PRODAM/AM – AUXILIAR DE MOTORISTA – FUNCAB) Numa
Resposta: A transportadora, 15 caminhões de mesma capacidade transportam
toda a carga de um galpão em quatro horas. Se três deles quebras-
sem, em quanto tempo os outros caminhões fariam o mesmo tra-
REGRA DE TRÊS SIMPLES balho?
(A) 3 h 12 min
Regra de três simples (B) 5 h
Os problemas que envolvem duas grandezas diretamente ou (C) 5 h 30 min
inversamente proporcionais podem ser resolvidos através de um (D) 6 h
processo prático, chamado REGRA DE TRÊS SIMPLES. (E) 6 h 15 min
• Duas grandezas são DIRETAMENTE PROPORCIONAIS quando
ao aumentarmos/diminuirmos uma a outra também aumenta/di- Resolução:
minui. Vamos utilizar uma Regra de Três Simples Inversa, pois, quanto
• Duas grandezas são INVERSAMENTE PROPORCIONAIS quan- menos caminhões tivermos, mais horas demorará para transportar
do ao aumentarmos uma a outra diminui e vice-versa. a carga:

60
MATEMÁTICA

caminhões horas Resolução:

15 4
Operários ↑ horas ↑ dias ↑ área ↑
(15 – 3) x
20 8 60 4800
12.x = 4 . 15 15 10 80 x
x = 60 / 12
x=5h Todas as grandezas são diretamente proporcionais, logo:
Resposta: B

Regra de três composta


Chamamos de REGRA DE TRÊS COMPOSTA, problemas que
envolvem mais de duas grandezas, diretamente ou inversamente
proporcionais.

Exemplos: Resposta: D
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO
– FCC) O trabalho de varrição de 6.000 m² de calçada é feita em
um dia de trabalho por 18 varredores trabalhando 5 horas por dia. PORCENTAGEM. RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES PROBLE-
Mantendo-se as mesmas proporções, 15 varredores varrerão 7.500 MAS
m² de calçadas, em um dia, trabalhando por dia, o tempo de
(A) 8 horas e 15 minutos. PORCENTAGEM
(B) 9 horas. São chamadas de razões centesimais ou taxas percentuais ou
(C) 7 horas e 45 minutos. simplesmente de porcentagem, as razões de denominador 100, ou
(D) 7 horas e 30 minutos. seja, que representam a centésima parte de uma grandeza. Costu-
(E) 5 horas e 30 minutos. mam ser indicadas pelo numerador seguido do símbolo %. (Lê-se:
“por cento”).
Resolução:
Comparando- se cada grandeza com aquela onde está o x.

M² ↑ varredores ↓ horas ↑
6000 18 5 Exemplo:
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANA-
7500 15 x LISTA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) O
departamento de Contabilidade de uma empresa tem 20 funcio-
Quanto mais a área, mais horas (diretamente proporcionais) nários, sendo que 15% deles são estagiários. O departamento de
Quanto menos trabalhadores, mais horas (inversamente pro- Recursos Humanos tem 10 funcionários, sendo 20% estagiários. Em
porcionais) relação ao total de funcionários desses dois departamentos, a fra-
ção de estagiários é igual a
(A) 1/5.
(B) 1/6.
(C) 2/5.
(D) 2/9.
(E) 3/5.

Resolução:

Como 0,5 h equivale a 30 minutos, logo o tempo será de 7 ho-


ras e 30 minutos.
Resposta: D

(PREF. CORBÉLIA/PR – CONTADOR – FAUEL) Uma equipe cons-


tituída por 20 operários, trabalhando 8 horas por dia durante 60
dias, realiza o calçamento de uma área igual a 4800 m². Se essa
equipe fosse constituída por 15 operários, trabalhando 10 horas Resposta: B
por dia, durante 80 dias, faria o calçamento de uma área igual a:
(A) 4500 m² Lucro e Prejuízo em porcentagem
(B) 5000 m² É a diferença entre o preço de venda e o preço de custo. Se
(C) 5200 m² a diferença for POSITIVA, temos o LUCRO (L), caso seja NEGATIVA,
(D) 6000 m² temos PREJUÍZO (P).
(E) 6200 m² Logo: Lucro (L) = Preço de Venda (V) – Preço de Custo (C).

61
MATEMÁTICA

Exemplo:
(CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FCC) O preço de venda de um produto, descontado um imposto de 16%
que incide sobre esse mesmo preço, supera o preço de compra em 40%, os quais constituem o lucro líquido do vendedor. Em quantos por
cento, aproximadamente, o preço de venda é superior ao de compra?
(A) 67%.
(B) 61%.
(C) 65%.
(D) 63%.
(E) 69%.

Resolução:
Preço de venda: V
Preço de compra: C
V – 0,16V = 1,4C
0,84V = 1,4C

O preço de venda é 67% superior ao preço de compra.


Resposta: A

Aumento e Desconto em porcentagem


– Aumentar um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

- Diminuir um valor V em p%, equivale a multiplicá-lo por

Logo:

62
MATEMÁTICA
Fator de multiplicação

É o valor final de , é o que chamamos de fator de multiplicação, muito útil para resolução de cálculos de
porcentagem. O mesmo pode ser um acréscimo ou decréscimo no valor do produto.

Aumentos e Descontos sucessivos em porcentagem


São valores que aumentam ou diminuem sucessivamente. Para efetuar os respectivos descontos ou aumentos, fazemos uso dos fato-
res de multiplicação. Basta multiplicarmos o Valor pelo fator de multiplicação (acréscimo e/ou decréscimo).

Exemplo: Certo produto industrial que custava R$ 5.000,00 sofreu um acréscimo de 30% e, em seguida, um desconto de 20%. Qual o
preço desse produto após esse acréscimo e desconto?

Resolução:
VA = 5000 .(1,3) = 6500 e
VD = 6500 .(0,80) = 5200, podemos, para agilizar os cálculos, juntar tudo em uma única equação:
5000 . 1,3 . 0,8 = 5200
Logo o preço do produto após o acréscimo e desconto é de R$ 5.200,00

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO: GRÁFICOS E TABELAS

Tabelas
A tabela é a forma não discursiva de apresentar informações, das quais o dado numérico se destaca como informação central. Sua
finalidade é apresentar os dados de modo ordenado, simples e de fácil interpretação, fornecendo o máximo de informação num mínimo
de espaço.

Elementos da tabela
Uma tabela estatística é composta de elementos essenciais e elementos complementares. Os elementos essenciais são:
− Título: é a indicação que precede a tabela contendo a designação do fato observado, o local e a época em que foi estudado.
− Corpo: é o conjunto de linhas e colunas onde estão inseridos os dados.
− Cabeçalho: é a parte superior da tabela que indica o conteúdo das colunas.
− Coluna indicadora: é a parte da tabela que indica o conteúdo das linhas.

Os elementos complementares são:


− Fonte: entidade que fornece os dados ou elabora a tabela.
− Notas: informações de natureza geral, destinadas a esclarecer o conteúdo das tabelas.
− Chamadas: informações específicas destinadas a esclarecer ou conceituar dados numa parte da tabela. Deverão estar indicadas no
corpo da tabela, em números arábicos entre parênteses, à esquerda nas casas e à direita na coluna indicadora. Os elementos complemen-
tares devem situar-se no rodapé da tabela, na mesma ordem em que foram descritos.

63
MATEMÁTICA
Gráficos
Outro modo de apresentar dados estatísticos é sob uma forma
ilustrada, comumente chamada de gráfico. Os gráficos constituem-
-se numa das mais eficientes formas de apresentação de dados.
Um gráfico é, essencialmente, uma figura construída a partir de
uma tabela; mas, enquanto a tabela fornece uma ideia mais precisa
e possibilita uma inspeção mais rigorosa aos dados, o gráfico é mais
indicado para situações que visem proporcionar uma impressão
mais rápida e maior facilidade de compreensão do comportamento
do fenômeno em estudo.
Os gráficos e as tabelas se prestam, portanto, a objetivos distin-
tos, de modo que a utilização de uma forma de apresentação não
exclui a outra.
Para a confecção de um gráfico, algumas regras gerais devem
ser observadas:
Os gráficos, geralmente, são construídos num sistema de eixos
chamado sistema cartesiano ortogonal. A variável independente é
localizada no eixo horizontal (abscissas), enquanto a variável de-
pendente é colocada no eixo vertical (ordenadas). No eixo vertical,
o início da escala deverá ser sempre zero, ponto de encontro dos
eixos.
− Iguais intervalos para as medidas deverão corresponder a
iguais intervalos para as escalas. Exemplo: Se ao intervalo 10-15 kg • Pictogramas ou gráficos pictóricos: são gráficos puramente
corresponde 2 cm na escala, ao intervalo 40-45 kg também deverá ilustrativos, construídos de modo a ter grande apelo visual, dirigi-
corresponder 2 cm, enquanto ao intervalo 40-50 kg corresponderá dos a um público muito grande e heterogêneo. Não devem ser uti-
4 cm. lizados em situações que exijam maior precisão.
− O gráfico deverá possuir título, fonte, notas e legenda, ou
seja, toda a informação necessária à sua compreensão, sem auxílio
do texto.
− O gráfico deverá possuir formato aproximadamente quadra-
do para evitar que problemas de escala interfiram na sua correta
interpretação.

Tipos de Gráficos

• Estereogramas: são gráficos onde as grandezas são repre-


sentadas por volumes. Geralmente são construídos num sistema
de eixos bidimensional, mas podem ser construídos num sistema
tridimensional para ilustrar a relação entre três variáveis.
• Diagramas: são gráficos geométricos de duas dimensões, de
fácil elaboração e grande utilização. Podem ser ainda subdivididos
em: gráficos de colunas, de barras, de linhas ou curvas e de setores.
a) Gráfico de colunas: neste gráfico as grandezas são compa-
radas através de retângulos de mesma largura, dispostos vertical-
mente e com alturas proporcionais às grandezas. A distância entre
os retângulos deve ser, no mínimo, igual a 1/2 e, no máximo, 2/3 da
largura da base dos mesmos.

• Cartogramas: são representações em cartas geográficas (ma-


pas).

64
MATEMÁTICA
b) Gráfico de barras: segue as mesmas instruções que o gráfico Exemplo:
de colunas, tendo a única diferença que os retângulos são dispostos (PREF. FORTALEZA/CE – PEDAGOGIA – PREF. FORTALEZA) “Es-
horizontalmente. É usado quando as inscrições dos retângulos fo- tar alfabetizado, neste final de século, supõe saber ler e interpretar
rem maiores que a base dos mesmos. dados apresentados de maneira organizada e construir represen-
tações, para formular e resolver problemas que impliquem o reco-
lhimento de dados e a análise de informações. Essa característica
da vida contemporânea traz ao currículo de Matemática uma de-
manda em abordar elementos da estatística, da combinatória e da
probabilidade, desde os ciclos iniciais” (BRASIL, 1997).
Observe os gráficos e analise as informações.

c) Gráfico de linhas ou curvas: neste gráfico os pontos são dis-


postos no plano de acordo com suas coordenadas, e a seguir são li-
gados por segmentos de reta. É muito utilizado em séries históricas
e em séries mistas quando um dos fatores de variação é o tempo,
como instrumento de comparação.

d) Gráfico em setores: é recomendado para situações em que


se deseja evidenciar o quanto cada informação representa do total. A partir das informações contidas nos gráficos, é correto afir-
A figura consiste num círculo onde o total (100%) representa 360°, mar que:
subdividido em tantas partes quanto for necessário à representa- (A) nos dias 03 e 14 choveu a mesma quantidade em Fortaleza
ção. Essa divisão se faz por meio de uma regra de três simples. Com e Florianópolis.
o auxílio de um transferidor efetuasse a marcação dos ângulos cor- (B) a quantidade de chuva acumulada no mês de março foi
respondentes a cada divisão. maior em Fortaleza.
(C) Fortaleza teve mais dias em que choveu do que Florianó-
polis.
(D) choveu a mesma quantidade em Fortaleza e Florianópolis.

Resolução:
A única alternativa que contém a informação correta com os
gráficos é a C.
Resposta: C

65
MATEMÁTICA
Média Aritmética Exemplo:
Ela se divide em: (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO/SP – PRO-
GRAMADOR DE COMPUTADOR – FIP) A média semestral de um cur-
• Simples: é a soma de todos os seus elementos, dividida pelo so é dada pela média ponderada de três provas com peso igual a 1
número de elementos n. na primeira prova, peso 2 na segunda prova e peso 3 na terceira.
Para o cálculo: Qual a média de um aluno que tirou 8,0 na primeira, 6,5 na segunda
Se x for a média aritmética dos elementos do conjunto numéri- e 9,0 na terceira?
co A = {x1; x2; x3; ...; xn}, então, por definição: (A) 7,0
(B) 8,0
(C) 7,8
(D) 8,4
(E) 7,2

Resolução:
Exemplo: Na média ponderada multiplicamos o peso da prova pela sua
(CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS/SP – ANALIS- nota e dividimos pela soma de todos os pesos, assim temos:
TA TÉCNICO LEGISLATIVO – DESIGNER GRÁFICO – VUNESP) Na festa
de seu aniversário em 2014, todos os sete filhos de João estavam
presentes. A idade de João nessa ocasião representava 2 vezes a
média aritmética da idade de seus filhos, e a razão entre a soma das
idades deles e a idade de João valia Resposta: B
(A) 1,5.
(B) 2,0. Média geométrica
(C) 2,5. É definida, para números positivos, como a raiz n-ésima do pro-
(D) 3,0. duto de n elementos de um conjunto de dados.
(E) 3,5.

Resolução:
Foi dado que: J = 2.M

(I) • Aplicações
Como o próprio nome indica, a média geométrica sugere inter-
pretações geométricas. Podemos calcular, por exemplo, o lado de
Foi pedido: um quadrado que possui a mesma área de um retângulo, usando a
definição de média geométrica.

Na equação ( I ), temos que: Exemplo:


A média geométrica entre os números 12, 64, 126 e 345, é
dada por:
G = R4[12 ×64×126×345] = 76,013

Média harmônica
Corresponde a quantidade de números de um conjunto dividi-
dos pela soma do inverso de seus termos. Embora pareça compli-
cado, sua formulação mostra que também é muito simples de ser
calculada:

Resposta: E
• Ponderada: é a soma dos produtos de cada elemento multi-
plicado pelo respectivo peso, dividida pela soma dos pesos.
Para o cálculo

Exemplo:
Na figura abaixo os segmentos AB e DA são tangentes à cir-
cunferência determinada pelos pontos B, C e D. Sabendo-se que os
segmentos AB e CD são paralelos, pode-se afirmar que o lado BC é:
ATENÇÃO: A palavra média, sem especificações (aritmética ou
ponderada), deve ser entendida como média aritmética.

66
MATEMÁTICA

(A) a média aritmética entre AB e CD.


(B) a média geométrica entre AB e CD.
(C) a média harmônica entre AB e CD.
(D) o inverso da média aritmética entre AB e CD.
(E) o inverso da média harmônica entre AB e CD.

Resolução:
Sendo AB paralela a CD, se traçarmos uma reta perpendicular a AB, esta será perpendicular a CD também.
Traçamos então uma reta perpendicular a AB, passando por B e outra perpendicular a AB passando por D:

Sendo BE perpendicular a AB temos que BE irá passar pelo centro da circunferência, ou seja, podemos concluir que o ponto E é ponto
médio de CD.
Agora que ED é metade de CD, podemos dizer que o comprimento AF vale AB-CD/2.
Aplicamos Pitágoras no triângulo ADF:

(1)

Aplicamos agora no triângulo ECB:

(2)

Agora diminuímos a equação (1) da equação (2):

Note, no desenho, que os segmentos AD e AB possuem o mesmo comprimento, pois são tangentes à circunferência. Vamos então
substituir na expressão acima AD = AB:

Ou seja, BC é a média geométrica entre AB e CD.


Resposta: B

67
MATEMÁTICA

ÁREAS DE FIGURAS PLANAS (TRIÂNGULOS, QUADRILÁTEROS, CÍRCULOS E POLÍGONOS REGULARES)

Geometria plana
Aqui nos deteremos a conceitos mais cobrados como perímetro e área das principais figuras planas. O que caracteriza a geometria
plana é o estudo em duas dimensões.

Perímetro
É a soma dos lados de uma figura plana e pode ser representado por P ou 2p, inclusive existem umas fórmulas de geometria que
aparece p que é o semiperímetro (metade do perímetro). Basta observamos a imagem:

Observe que a planta baixa tem a forma de um retângulo.

Exemplo:
(CPTM - Médico do trabalho – MAKIYAMA) Um terreno retangular de perímetro 200m está à venda em uma imobiliária. Sabe-se que
sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento. Se o metro quadrado cobrado nesta região é de R$ 50,00, qual será o valor pago
por este terreno?
(A) R$ 10.000,00.
(B) R$ 100.000,00.
(C) R$ 125.000,00.
(D) R$ 115.200,00.
(E) R$ 100.500,00.

Resolução:
O perímetro do retângulo é dado por = 2(b+h);
Pelo enunciado temos que: sua largura tem 28m a menos que o seu comprimento, logo 2 (x + (x-28)) = 2 (2x -28) = 4x – 56. Como ele
já dá o perímetro que é 200, então
200 = 4x -56  4x = 200+56  4x = 256  x = 64
Comprimento = 64, largura = 64 – 28 = 36
Área do retângulo = b.h = 64.36 = 2304 m2
Logo o valor da área é: 2304.50 = 115200
Resposta: D

• Área
É a medida de uma superfície. Usualmente a unidade básica de área é o m2 (metro quadrado). Que equivale à área de um quadrado
de 1 m de lado.

Quando calculamos que a área de uma determinada figura é, por exemplo, 12 m2; isso quer dizer que na superfície desta figura cabem
12 quadrados iguais ao que está acima.

68
MATEMÁTICA

Planta baixa de uma casa com a área total

Para efetuar o cálculo de áreas é necessário sabermos qual a figura plana e sua respectiva fórmula. Vejamos:

(Fonte: https://static.todamateria.com.br/upload/57/97/5797a651dfb37-areas-de-figuras-planas.jpg)

Geometria espacial
Aqui trataremos tanto das figuras tridimensionais e dos sólidos geométricos. O importante é termos em mente todas as figuras planas,
pois a construção espacial se dá através da junção dessas figuras. Vejamos:

Diedros
Sendo dois planos secantes (planos que se cruzam) π e π’, o espaço entre eles é chamado de diedro. A medida de um diedro é feita
em graus, dependendo do ângulo formado entre os planos.

Poliedros
São sólidos geométricos ou figuras geométricas espaciais formadas por três elementos básicos: faces, arestas e vértices. Chamamos
de poliedro o sólido limitado por quatro ou mais polígonos planos, pertencentes a planos diferentes e que têm dois a dois somente uma
aresta em comum. Veja alguns exemplos:

69
MATEMÁTICA

Os polígonos são as faces do poliedro; os lados e os vértices dos polígonos são as arestas e os vértices do poliedro.
Um poliedro é convexo se qualquer reta (não paralela a nenhuma de suas faces) o corta em, no máximo, dois pontos. Ele não possuí
“reentrâncias”. E caso contrário é dito não convexo.

Relação de Euler
Em todo poliedro convexo sendo V o número de vértices, A o número de arestas e F o número de faces, valem as seguintes relações
de Euler:
Poliedro Fechado: V – A + F = 2
Poliedro Aberto: V – A + F = 1

Para calcular o número de arestas de um poliedro temos que multiplicar o número de faces F pelo número de lados de cada face n e
dividir por dois. Quando temos mais de um tipo de face, basta somar os resultados.
A = n.F/2

Poliedros de Platão
Eles satisfazem as seguintes condições:
- todas as faces têm o mesmo número n de arestas;
- todos os ângulos poliédricos têm o mesmo número m de arestas;
- for válida a relação de Euler (V – A + F = 2).

Poliedros Regulares
Um poliedro e dito regular quando:
- suas faces são polígonos regulares congruentes;
- seus ângulos poliédricos são congruentes;

Por essas condições e observações podemos afirmar que todos os poliedros de Platão são ditos Poliedros Regulares.

Exemplo:
(PUC/RS) Um poliedro convexo tem cinco faces triangulares e três pentagonais. O número de arestas e o número de vértices deste
poliedro são, respectivamente:
(A) 30 e 40
(B) 30 e 24
(C) 30 e 8
(D) 15 e 25
(E) 15 e 9

Resolução:
O poliedro tem 5 faces triangulares e 3 faces pentagonais, logo, tem um total de 8 faces (F = 8). Como cada triângulo tem 3 lados e o
pentágono 5 lados. Temos:

70
MATEMÁTICA

Resposta: E

Não Poliedros

Os sólidos acima são. São considerados não planos pois possuem suas superfícies curvas.
Cilindro: tem duas bases geometricamente iguais definidas por curvas fechadas em superfície lateral curva.
Cone: tem uma só base definida por uma linha curva fechada e uma superfície lateral curva.
Esfera: é formada por uma única superfície curva.

Planificações de alguns Sólidos Geométricos

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-WWDbQ-Gh5zU/Wb7iCjR42BI/AAAAAAAAIR0/kfRXIcIYLu4Iqf7ueIYKl39DU-9Zw24lgCLcBGAs/s1600/revis%-
25C3%25A3o%2Bfiguras%2Bgeom%25C3%25A9tricas-page-001.jpg

71
MATEMÁTICA
Sólidos geométricos PIRÂMIDE: é um sólido geométrico que tem uma base e um
O cálculo do volume de figuras geométricas, podemos pedir vértice superior.
que visualizem a seguinte figura:

a) A figura representa a planificação de um prisma reto;


b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da área da
base pela altura do sólido, isto é:
V = Ab. a
Onde a é igual a h (altura do sólido)

c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas;


d) O volume do cilindro também se pode calcular da mesma
forma que o volume de um prisma reto.

Área e Volume dos sólidos geométricos


PRISMA: é um sólido geométrico que possui duas bases iguais Exemplo:
e paralelas. Uma pirâmide triangular regular tem aresta da base igual a 8
cm e altura 15 cm. O volume dessa pirâmide, em cm3, é igual a:
(A) 60
(B) 60
(C) 80
(D) 80
(E) 90

Resolução:
Do enunciado a base é um triângulo equilátero. E a fórmula
da área do triângulo equilátero é . A aresta da base é a = 8 cm e h
= 15 cm.
Cálculo da área da base:

Exemplo:
(PREF. JUCÁS/CE – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – INSTITUTO
NEO EXITUS) O número de faces de um prisma, em que a base é um
polígono de n lados é: Cálculo do volume:
(A) n + 1.
(B) n + 2.
(C) n.
(D) n – 1.
(E) 2n + 1.

Resolução:
Se a base tem n lados, significa que de cada lado sairá uma face.
Assim, teremos n faces, mais a base inferior, e mais a base su-
perior.
Portanto, n + 2
Resposta: B
Resposta: D

72
MATEMÁTICA
CILINDRO: é um sólido geométrico que tem duas bases iguais, Resolução:
paralelas e circulares. Em um cone equilátero temos que g = 2r. Do enunciado o raio
é 8 cm, então a geratriz é g = 2.8 = 16 cm.
g2 = h2 + r2
162 = h2 + 82
256 = h2 + 64
256 – 64 = h2
h2 = 192

Resposta: D

ESFERA: superfície curva, possui formato de uma bola.

CONE: é um sólido geométrico que tem uma base circular e


vértice superior.

TRONCOS: são cortes feitos nas superfícies de alguns dos sóli-


dos geométricos. São eles:

Exemplo:
Um cone equilátero tem raio igual a 8 cm. A altura desse cone,
em cm, é:

(A)

(B)

(C)

(D)

(E) 8

73
MATEMÁTICA
Exemplo:
(ESCOLA DE SARGENTO DAS ARMAS – COMBATENTE/LOGÍSTICA – TÉCNICA/AVIAÇÃO – EXÉRCITO BRASILEIRO) O volume de um
tronco de pirâmide de 4 dm de altura e cujas áreas das bases são iguais a 36 dm² e 144 dm² vale:
(A) 330 cm³
(B) 720 dm³
(C) 330 m³
(D) 360 dm³
(E) 336 dm³

Resolução:

AB=144 dm²
Ab=36 dm²

Resposta: E

Geometria analítica
Um dos objetivos da Geometria Analítica é determinar a reta que representa uma certa equação ou obter a equação de uma reta dada,
estabelecendo uma relação entre a geometria e a álgebra.

Sistema cartesiano ortogonal (PONTO)


Para representar graficamente um par ordenado de números reais, fixamos um referencial cartesiano ortogonal no plano. A reta x é o
eixo das abscissas e a reta y é o eixo das ordenadas. Como se pode verificar na imagem é o Sistema cartesiano e suas propriedades.

Para determinarmos as coordenadas de um ponto P, traçamos linhas perpendiculares aos eixos x e y.


• xp é a abscissa do ponto P;
• yp é a ordenada do ponto P;
• xp e yp constituem as coordenadas do ponto P.

Mediante a esse conhecimento podemos destacar as formulas que serão uteis ao cálculo.

74
MATEMÁTICA
Distância entre dois pontos de um plano Condição de alinhamento de três pontos
Por meio das coordenadas de dois pontos A e B, podemos lo- Consideremos três pontos de uma mesma reta (colineares),
calizar esses pontos em um sistema cartesiano ortogonal e, com A(x1, y1), B(x2, y2) e C(x3, y3).
isso, determinar a distância d(A, B) entre eles. O triângulo formado
é retângulo, então aplicamos o Teorema de Pitágoras.

Estes pontos estarão alinhados se, e somente se:

Ponto médio de um segmento

Por outro lado, se D ≠ 0, então os pontos A, B e C serão vértices


de um triângulo cuja área é:

onde o valor do determinante é sempre dado em módulo, pois


a área não pode ser um número negativo.

Inclinação de uma reta e Coeficiente angular de uma reta (ou


declividade)
À medida do ângulo α, onde α é o menor ângulo que uma reta
forma com o eixo x, tomado no sentido anti-horário, chamamos de
inclinação da reta r do plano cartesiano.

Baricentro
O baricentro (G) de um triângulo é o ponto de intersecção das
medianas do triângulo. O baricentro divide as medianas na razão
de 2:1.

Já a declividade é dada por: m = tgα

Cálculo do coeficiente angular


Se a inclinação α nos for desconhecida, podemos calcular o
coeficiente angular m por meio das coordenadas de dois pontos da
reta, como podemos verificar na imagem.

75
MATEMÁTICA
Equação reduzida da reta
A equação reduzida é obtida quando isolamos y na equação da
reta y - b = mx

Reta

Equação da reta
A equação da reta é determinada pela relação entre as abscis-
sas e as ordenadas. Todos os pontos desta reta obedecem a uma
mesma lei. Temos duas maneiras de determinar esta equação: – Equação segmentária da reta
É a equação da reta determinada pelos pontos da reta que in-
1) Um ponto e o coeficiente angular terceptam os eixos x e y nos pontos A (a, 0) e B (0,b).

Exemplo:
Consideremos um ponto P(1, 3) e o coeficiente angular m = 2.
Dados P(x1, y1) e Q(x, y), com P ∈ r, Q ∈ r e m a declividade da
reta r, a equação da reta r será:

Equação geral da reta


Toda equação de uma reta pode ser escrita na forma:
ax + by + c = 0

2) Dois pontos: A(x1, y1) e B(x2, y2) onde a, b e c são números reais constantes com a e b não si-
Consideremos os pontos A(1, 4) e B(2, 1). Com essas informa- multaneamente nulos.
ções, podemos determinar o coeficiente angular da reta:
Posições relativas de duas retas
Em relação a sua posição elas podem ser:

A) Retas concorrentes: Se r1 e r2 são concorrentes, então seus


ângulos formados com o eixo x são diferentes e, como consequên-
cia, seus coeficientes angulares são diferentes.
Com o coeficiente angular, podemos utilizar qualquer um dos
dois pontos para determinamos a equação da reta. Temos A(1, 4),
m = -3 e Q(x, y)
y - y1 = m.(x - x1) ⇒ y - 4 = -3. (x - 1) ⇒ y - 4 = -3x + 3 ⇒ 3x +
y - 4 - 3 = 0 ⇒ 3x + y - 7 = 0

76
MATEMÁTICA

Intersecção de retas
Duas retas concorrentes, apresentam um ponto de intersecção
B) Retas paralelas: Se r1 e r2 são paralelas, seus ângulos com o P(a, b), em que as coordenadas (a, b) devem satisfazer as equações
eixo x são iguais e, em consequência, seus coeficientes angulares de ambas as retas. Para determinarmos as coordenadas de P, basta
são iguais (m1 = m2). Entretanto, para que sejam paralelas, é neces- resolvermos o sistema constituído pelas equações dessas retas.
sário que seus coeficientes lineares n1 e n2 sejam diferentes
Condição de perpendicularismo
Se duas retas, r1 e r2, são perpendiculares entre si, a seguinte
relação deverá ser verdadeira.

onde m1 e m2 são os coeficientes angulares das retas r1 e r2,


respectivamente.

Distância entre um ponto e uma reta


A distância de um ponto a uma reta é a medida do segmento
perpendicular que liga o ponto à reta. Utilizamos a fórmula a seguir
para obtermos esta distância.

C) Retas coincidentes: Se r1 e r2 são coincidentes, as retas cor-


tam o eixo y no mesmo ponto; portanto, além de terem seus coe-
ficientes angulares iguais, seus coeficientes lineares também serão
iguais.

77
MATEMÁTICA

onde d(P, r) é a distância entre o ponto P(xP, yP) e a reta r .

Exemplo: Equação Geral da circunferência


(UEPA) O comandante de um barco resolveu acompanhar a A equação geral de uma circunferência é obtida através do de-
procissão fluvial do Círio-2002, fazendo o percurso em linha reta. senvolvimento da equação reduzida.
Para tanto, fez uso do sistema de eixos cartesianos para melhor
orientação. O barco seguiu a direção que forma 45° com o sentido
positivo do eixo x, passando pelo ponto de coordenadas (3, 5). Este
trajeto ficou bem definido através da equação:
(A) y = 2x – 1
(B) y = - 3x + 14 Exemplo:
(C) y = x + 2 (VUNESP) A equação da circunferência, com centro no ponto
(D) y = - x + 8 C(2, 1) e que passa pelo ponto P(0, 3), é:
(E) y = 3x – 4 (A) x2 + (y – 3)2 = 0
(B) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 4
Resolução: (C) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
xo = 3, yo = 5 e = 1. As alternativas estão na forma de equação (D) (x – 2)2 + (y – 1)2 = 16
reduzida, então: (E) x2 + (y – 3)2 = 8
y – yo = m(x – xo)
y – 5 = 1.(x – 3) Resolução:
y–5=x–3 Temos que C(2, 1), então a = 2 e b = 1. O raio não foi dado no
y=x–3+5 enunciado.
y=x+2 (x – a)2 + (y – b)2 = r2
Resposta: C (x – 2)2 + (y – 1)2 = r2 (como a circunferência passa pelo ponto P,
basta substituir o x por 0 e o y por 3 para achar a raio.
Circunferência (0 – 2)2 + (3 – 1)2 = r2
É o conjunto dos pontos do plano equidistantes de um ponto (- 2)2 + 22 = r2
fixo O, denominado centro da circunferência. 4 + 4 = r2
A medida da distância de qualquer ponto da circunferência ao r2 = 8
centro O é sempre constante e é denominada raio. (x – 2)2 + (y – 1)2 = 8
Resposta: C
Equação reduzida da circunferência
Dados um ponto P(x, y) qualquer, pertencente a uma circunfe- Elipse
rência de centro O(a,b) e raio r, sabemos que: d(O,P) = r. É o conjunto dos pontos de um plano cuja soma das distâncias
a dois pontos fixos do plano é constante. Onde F1 e F2 são focos:

78
MATEMÁTICA

“Em todo triângulo retângulo o quadrado da hipotenusa é igual


à soma dos quadrados dos catetos”.
a2 = b2 + c2

Exemplo:
Um barco partiu de um ponto A e navegou 10 milhas para o
Mesmo que mudemos o eixo maior da elipse do eixo x para oeste chegando a um ponto B, depois 5 milhas para o sul chegando
o eixo y, a relação de Pitágoras (a2 =b2 + c2) continua sendo válida. a um ponto C, depois 13 milhas para o leste chagando a um ponto D
e finalmente 9 milhas para o norte chegando a um ponto E. Onde o
barco parou relativamente ao ponto de partida?
(A) 3 milhas a sudoeste.
(B) 3 milhas a sudeste.
(C) 4 milhas ao sul.
(D) 5 milhas ao norte.
(E) 5 milhas a nordeste.

Resolução:

Equações da elipse
a) Centrada na origem e com o eixo maior na horizontal.

x 2 = 32 + 42
x2 = 9 + 16
b) Centrada na origem e com o eixo maior na vertical. x2 = 25
Resposta: E

FUNÇÃO QUADRÁTICA. FUNÇÃO EXPONENCIAL. FUN-


ÇÃO LOGARÍTMICA

Funções lineares
Chama-se função do 1º grau ou afim a função f: R  R definida
por y = ax + b, com a e b números reais e a 0. a é o coeficiente an-
gular da reta e determina sua inclinação, b é o coeficiente linear da
reta e determina a intersecção da reta com o eixo y.
TEOREMA DE PITÁGORAS
Em todo triângulo retângulo, o maior lado é chamado de hipo-
tenusa e os outros dois lados são os catetos. Deste triângulo tira-
mos a seguinte relação:

79
MATEMÁTICA
• Função linear
É a função do 1º grau quando b = 0, a ≠ 0 e a ≠ 1, a e b ∈ R.

• Função afim
É a função do 1º grau quando a ≠ 0, b ≠ 0, a e b ∈ R.

• Função Injetora
É a função cujo domínio apresenta elementos distintos e tam-
Com a ϵ R* e b ϵ R. bém imagens distintas.

Atenção
Usualmente chamamos as funções polinomiais de: 1º grau, 2º
etc, mas o correto seria Função de grau 1,2 etc. Pois o classifica a
função é o seu grau do seu polinômio.

A função do 1º grau pode ser classificada de acordo com seus


gráficos. Considere sempre a forma genérica y = ax + b.

• Função constante
Se a = 0, então y = b, b ∈ R. Desta maneira, por exemplo, se y
= 4 é função constante, pois, para qualquer valor de x, o valor de y
ou f(x) será sempre 4. • Função Sobrejetora
É quando todos os elementos do domínio forem imagens de
PELO MENOS UM elemento do domínio.

• Função identidade
Se a = 1 e b = 0, então y = x. Nesta função, x e y têm sempre
os mesmos valores. Graficamente temos: A reta y = x ou f(x) = x é
denominada bissetriz dos quadrantes ímpares.

• Função Bijetora
É uma função que é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.

Mas, se a = -1 e b = 0, temos então y = -x. A reta determinada


por esta função é a bissetriz dos quadrantes pares, conforme mos-
tra o gráfico ao lado. x e y têm valores iguais em módulo, porém
com sinais contrários.

• Função Par
Quando para todo elemento x pertencente ao domínio temos
f(x)=f(-x), ∀ x ∈ D(f). Ou seja, os valores simétricos devem possuir
a mesma imagem.

80
MATEMÁTICA

• Função ímpar Raiz ou zero da função do 1º grau


Quando para todo elemento x pertencente ao domínio, temos A raiz ou zero da função do 1º grau é o valor de x para o qual y =
f(-x) = -f(x) ∀ x є D(f). Ou seja, os elementos simétricos do domínio f(x) = 0. Graficamente, é o ponto em que a reta “corta” o eixo x. Por-
terão imagens simétricas. tanto, para determinar a raiz da função, basta a igualarmos a zero:

Estudo de sinal da função do 1º grau


Estudar o sinal de uma função do 1º grau é determinar os valo-
res de x para que y seja positivo, negativo ou zero.
1º) Determinamos a raiz da função, igualando-a a zero: (raiz:
x =- b/a)
2º) Verificamos se a função é crescente (a>0) ou decrescente (a
< 0); temos duas possibilidades:

Gráfico da função do 1º grau


A representação geométrica da função do 1º grau é uma reta,
portanto, para determinar o gráfico, é necessário obter dois pontos.
Em particular, procuraremos os pontos em que a reta corta os eixos
x e y.
De modo geral, dada a função f(x) = ax + b, para determinarmos
a intersecção da reta com os eixos, procedemos do seguinte modo:

Exemplos:
(PM/SP – CABO – CETRO) O gráfico abaixo representa o salário
bruto (S) de um policial militar em função das horas (h) trabalhadas
em certa cidade. Portanto, o valor que este policial receberá por
186 horas é

1º) Igualamos y a zero, então ax + b = 0 ⇒ x = - b/a, no eixo x


encontramos o ponto (-b/a, 0).
2º) Igualamos x a zero, então f(x) = a. 0 + b ⇒ f(x) = b, no eixo y
encontramos o ponto (0, b).
• f(x) é crescente se a é um número positivo (a > 0);
• f(x) é decrescente se a é um número negativo (a < 0).

(A) R$ 3.487,50.
(B) R$ 3.506,25.
(C) R$ 3.534,00.
(D) R$ 3.553,00.

81
MATEMÁTICA
Resolução: Atenção:
Chama-se função completa aquela em que a, b e c não são nu-
los, e função incompleta aquela em que b ou c são nulos.

Raízes da função do 2ºgrau


Analogamente à função do 1º grau, para encontrar as raízes
da função quadrática, devemos igualar f(x) a zero. Teremos então:
ax2 + bx + c = 0

A expressão assim obtida denomina-se equação do 2º grau.


Resposta: A As raízes da equação são determinadas utilizando-se a fórmula de
Bhaskara:
(CBTU/RJ - ASSISTENTE OPERACIONAL - CONDUÇÃO DE VEÍ-
CULOS METROFERROVIÁRIOS – CONSULPLAN) Qual dos pares de
pontos a seguir pertencem a uma função do 1º grau decrescente?
(A) Q(3, 3) e R(5, 5).
(B) N(0, –2) e P(2, 0).
(C) S(–1, 1) e T(1, –1). Δ (letra grega: delta) é chamado de discriminante da equação.
(D) L(–2, –3) e M(2, 3). Observe que o discriminante terá um valor numérico, do qual te-
mos de extrair a raiz quadrada. Neste caso, temos três casos a con-
Resolução: siderar:
Para pertencer a uma função polinomial do 1º grau decrescen- Δ > 0 ⇒ duas raízes reais e distintas;
te, o primeiro ponto deve estar em uma posição “mais alta” do que Δ = 0 ⇒ duas raízes reais e iguais;
o 2º ponto. Δ < 0 ⇒ não existem raízes reais (∄ x ∈ R).
Vamos analisar as alternativas:
( A ) os pontos Q e R estão no 1º quadrante, mas Q está em uma Gráfico da função do 2º grau
posição mais baixa que o ponto R, e, assim, a função é crescente.
( B ) o ponto N está no eixo y abaixo do zero, e o ponto P está no • Concavidade da parábola
eixo x à direita do zero, mas N está em uma posição mais baixa que Graficamente, a função do 2º grau, de domínio r, é representa-
o ponto P, e, assim, a função é crescente. da por uma curva denominada parábola. Dada a função y = ax2 + bx
( D ) o ponto L está no 3º quadrante e o ponto M está no 1º + c, cujo gráfico é uma parábola, se:
quadrante, e L está em uma posição mais baixa do que o ponto M,
sendo, assim, crescente.
( C ) o ponto S está no 2º quadrante e o ponto T está no 4º qua-
drante, e S está em uma posição mais alta do que o ponto T, sendo,
assim, decrescente.
Resposta: C

Equações lineares
As equações do tipo a1x1 + a2x2 + a3x3 + .....+ anxn = b, são equa-
ções lineares, onde a1, a2, a3, ... são os coeficientes; x1, x2, x3,... as
incógnitas e b o termo independente. • O termo independente
Por exemplo, a equação 4x – 3y + 5z = 31 é uma equação linear. Na função y = ax2 + bx + c, se x = 0 temos y = c. Os pontos em
Os coeficientes são 4, –3 e 5; x, y e z as incógnitas e 31 o termo que x = 0 estão no eixo y, isto significa que o ponto (0, c) é onde a
independente. parábola “corta” o eixo y.
Para x = 2, y = 4 e z = 7, temos 4.2 – 3.4 + 5.7 = 31, concluímos
que o terno ordenado (2,4,7) é solução da equação linear
4x – 3y + 5z = 31.

Funções quadráticas
Chama-se função do 2º grau ou função quadrática, de domínio
R e contradomínio R, a função:

• Raízes da função
Considerando os sinais do discriminante (Δ) e do coeficiente de
Com a, b e c reais e a ≠ 0. x2, teremos os gráficos que seguem para a função y = ax2 + bx + c.

Onde:
a é o coeficiente de x2
b é o coeficiente de x
c é o termo independente

82
MATEMÁTICA

Vértice da parábola – Máximos e mínimos da função


Observe os vértices nos gráficos:

O vértice da parábola será:


• o ponto mínimo se a concavidade estiver voltada para cima (a > 0);
• o ponto máximo se a concavidade estiver voltada para baixo (a < 0).
A reta paralela ao eixo y que passa pelo vértice da parábola é chamada de eixo de simetria.

Coordenadas do vértice
As coordenadas do vértice da parábola são dadas por:

Estudo do sinal da função do 2º grau


Estudar o sinal da função quadrática é determinar os valores de x para que y seja: positivo, negativo ou zero. Dada a função f(x) = y =
ax2 + bx + c, para saber os sinais de y, determinamos as raízes (se existirem) e analisamos o valor do discriminante.

83
MATEMÁTICA
Exemplos:
(CBM/MG – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – FUMARC) Duas cidades A e B estão separadas por uma distância d. Considere um ciclista
que parte da cidade A em direção à cidade B. A distância d, em quilômetros, que o ciclista ainda precisa percorrer para chegar ao seu des-
tino em função do tempo t, em horas, é dada pela função . Sendo assim, a velocidade média desenvolvida pelo ciclista
em todo o percurso da cidade A até a cidade B é igual a
(A) 10 Km/h
(B) 20 Km/h
(C) 90 Km/h
(D) 100 Km/h

Resolução:
Vamos calcular a distância total, fazendo t = 0:

Agora, vamos substituir na função:

100 – t² = 0
– t² = – 100 . (– 1)
t² = 100
t= √100=10km/h
Resposta: A

(IPEM – TÉCNICO EM METROLOGIA E QUALIDADE – VUNESP) A figura ilustra um arco decorativo de parábola AB sobre a porta da
entrada de um salão:

Considere um sistema de coordenadas cartesianas com centro em O, de modo que o eixo vertical (y) passe pelo ponto mais alto do
arco (V), e o horizontal (x) passe pelos dois pontos de apoio desse arco sobre a porta (A e B).
Sabendo-se que a função quadrática que descreve esse arco é f(x) = – x²+ c, e que V = (0; 0,81), pode-se afirmar que a distância , em
metros, é igual a
(A) 2,1.
(B) 1,8.
(C) 1,6.
(D) 1,9.
(E) 1,4.

Resolução:
C=0,81, pois é exatamente a distância de V
F(x)=-x²+0,81
0=-x²+0,81
X²=0,81
X=±0,9
A distância AB é 0,9+0,9=1,8
Resposta: B

(TRANSPETRO – TÉCNICO DE ADMINISTRAÇÃO E CONTROLE JÚNIOR – CESGRANRIO) A raiz da função f(x) = 2x − 8 é também raiz da
função quadrática g(x) = ax²+ bx + c. Se o vértice da parábola, gráfico da função g(x), é o ponto V(−1, −25), a soma a + b + c é igual a:
(A) − 25
(B) − 24
(C) − 23
(D) − 22
(E) – 21

84
MATEMÁTICA
Resolução:
2x-8=0
2x=8
X=4

Lembrando que para encontrar a equação, temos:


(x - 4)(x + 6) = x² + 6x - 4x - 24 = x² + 2x - 24
a=1
b=2
c=-24
a + b + c = 1 + 2 – 24 = -21
Resposta: E

Função exponencial
Antes seria bom revisarmos algumas noções de potencialização e radiciação.
Sejam a e b bases reais e diferentes de zero e m e n expoentes inteiros, temos:

Equação exponencial
A equação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente. Exemplos:

Para resolver estas equações, além das propriedades de potências, utilizamos a seguinte propriedade:
Se duas potências são iguais, tendo as bases iguais, então os expoentes são iguais: am = an ⇔ m = n, sendo a > 0 e a ≠ 1.

Gráficos da função exponencial


A função exponencial f, de domínio R e contradomínio R, é definida por y = ax, onde a > 0 e a ≠1.

85
MATEMÁTICA
Exemplos:
01. Considere a função y = 3x.
Vamos atribuir valores a x, calcular y e a seguir construir o gráfico:

02. Considerando a função, encontre a função: y = (1/3)x

Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = ax:


• se a > 1, a função exponencial é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Graficamente temos:

Inequação exponencial
A inequação exponencial caracteriza-se pela presença da incógnita no expoente e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Analisando seus gráficos, temos:

86
MATEMÁTICA
Observando o gráfico, temos que:
• na função crescente, conservamos o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

• na função decrescente, “invertemos” o sinal da desigualdade para comparar os expoentes:

Desde que as bases sejam iguais.

Exemplos:
(CORPO DE BOMBEIROS MILITAR/MT – OFICIAL BOMBEIRO MILITAR – COVEST – UNEMAT) As funções exponenciais são muito usa-
das para modelar o crescimento ou o decaimento populacional de uma determinada região em um determinado período de tempo. A fun-
ção P(t) = 234(1,023)t modela o comportamento de uma determinada cidade quanto ao seu crescimento populacional em um determinado
período de tempo, em que P é a população em milhares de habitantes e t é o número de anos desde 1980.
Qual a taxa média de crescimento populacional anual dessa cidade?
(A) 1,023%
(B) 1,23%
(C) 2,3%
(D) 0,023%
(E) 0,23%

Resolução:

Primeiramente, vamos calcular a população inicial, fazendo t = 0:

Agora, vamos calcular a população após 1 ano, fazendo t = 1:

Por fim, vamos utilizar a Regra de Três Simples:


População----------%
234 --------------- 100
239,382 ------------ x

234.x = 239,382 . 100


x = 23938,2 / 234
x = 102,3%
102,3% = 100% (população já existente) + 2,3% (crescimento)
Resposta: C

(POLÍCIA CIVIL/SP – DESENHISTA TÉCNICO-PERICIAL – VUNESP) Uma população P cresce em função do tempo t (em anos), segundo a
sentença P = 2000.50,1t. Hoje, no instante t = 0, a população é de 2 000 indivíduos. A população será de 50 000 indivíduos daqui a
(A) 20 anos.
(B) 25 anos.
(C) 50 anos.
(D) 15 anos.
(E) 10 anos.

87
MATEMÁTICA
Resolução:

Vamos simplificar as bases (5), sobrando somente os expoentes. Assim:


0,1 . t = 2
t = 2 / 0,1
t = 20 anos
Resposta: A

Função logarítmica
• Logaritmo
O logaritmo de um número b, na base a, onde a e b são positivos e a é diferente de um, é um número x, tal que x é o expoente de a
para se obter b, então:

Onde:
b é chamado de logaritmando
a é chamado de base
x é o logaritmo

OBSERVAÇÕES
– loga a = 1, sendo a > 0 e a ≠ 1
– Nos logaritmos decimais, ou seja, aqueles em que a base é 10, está frequentemente é omitida. Por exemplo: logaritmo de 2 na base
10; notação: log 2

Propriedades decorrentes da definição

• Domínio (condição de existência)


Segundo a definição, o logaritmando e a base devem ser positivos, e a base deve ser diferente de 1. Portanto, sempre que encontra-
mos incógnitas no logaritmando ou na base devemos garantir a existência do logaritmo.

– Propriedades

Logaritmo decimal - característica e mantissa


Normalmente eles são calculados fazendo-se o uso da calculadora e da tabela de logaritmos. Mas fique tranquilo em sua prova as
bancas fornecem os valores dos logaritmos.

Exemplo: Determine log 341.

Resolução:
Sabemos que 341 está entre 100 e 1.000:
102 < 341 < 103
Como a característica é o expoente de menor potência de 10, temos que c = 2.
Consultando a tabela para 341, encontramos m = 0,53275. Logo: log 341 = 2 + 0,53275  log 341 = 2,53275.

88
MATEMÁTICA
Propriedades operatórias dos logaritmos

Cologaritmo
cologa b = - loga b, sendo b> 0, a > 0 e a ≠ 1

Mudança de base
Para resolver questões que envolvam logaritmo com bases diferentes, utilizamos a seguinte expressão:

Função logarítmica
Função logarítmica é a função f, de domínio R*+ e contradomínio R, que associa cada número real e positivo x ao logaritmo de x na
base a, onde a é um número real, positivo e diferente de 1.

Gráfico da função logarítmica


Vamos construir o gráfico de duas funções logarítmicas como exemplo:
A) y = log3 x
Atribuímos valores convenientes a x, calculamos y, conforme mostra a tabela. Localizamos os pontos no plano cartesiano obtendo a
curva que representa a função.

B) y = log1/3 x
Vamos tabelar valores convenientes de x, calculando y. Localizamos os pontos no plano cartesiano, determinando a curva correspon-
dente à função.

89
MATEMÁTICA
Observando as funções anteriores, podemos concluir que para y = logax:
• se a > 1, a função é crescente;
• se 0 < a < 1, a função é decrescente.

Equações logarítmicas
A equação logarítmica caracteriza-se pela presença do sinal de igualdade e da incógnita no logaritmando.
Para resolver uma equação, antes de mais nada devemos estabelecer a condição de existência do logaritmo, determinando os valores
da incógnita para que o logaritmando e a base sejam positivos, e a base diferente de 1.
Inequações logarítmicas
Identificamos as inequações logarítmicas pela presença da incógnita no logaritmando e de um dos sinais de desigualdade: >, <, ≥ ou ≤.
Assim como nas equações, devemos garantir a existência do logaritmo impondo as seguintes condições: o logaritmando e a base
devem ser positivos e a base deve ser diferente de 1.
Na resolução de inequações logarítmicas, procuramos obter logaritmos de bases iguais nos dois membros da inequação, para poder
comparar os logaritmandos. Porém, para que não ocorram distorções, devemos verificar se as funções envolvidas são crescentes ou de-
crescentes. A justificativa será feita por meio da análise gráfica de duas funções:

Na função crescente, os sinais coincidem na comparação dos logaritmandos e, posteriormente, dos respectivos logaritmos; porém,
o mesmo não ocorre na função decrescente. De modo geral, quando resolvemos uma inequação logarítmica, temos de observar o valor
numérico da base pois, sendo os dois membros da inequação compostos por logaritmos de mesma base, para comparar os respectivos
logaritmandos temos dois casos a considerar:
• se a base é um número maior que 1 (função crescente), utilizamos o mesmo sinal da inequação;
• se a base é um número entre zero e 1 (função decrescente), utilizamos o “sinal inverso” da inequação.

Concluindo, dada a função y = loga x e dois números reais x1 e x2:

Exemplos:
(PETROBRAS-GEOFISICO JUNIOR – CESGRANRIO) Se log x representa o logaritmo na base 10 de x, então o valor de n tal que log n =
3 - log 2 é:
(A) 2000
(B) 1000
(C) 500
(D) 100
(E) 10

90
MATEMÁTICA
Resolução:
log n = 3 - log 2
log n + log 2 = 3 * 1
onde 1 = log 10 então:
log (n * 2) = 3 * log 10
log(n*2) = log 10 ^3
2n = 10^3
2n = 1000
n = 1000 / 2
n = 500
Resposta: C

(MF – ASSISTENTE TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF) Sabendo-se que log x representa o logaritmo de x na base 10, calcule o valor
da expressão log 20 + log 5.
(A) 5
(B) 4
(C) 1
(D) 2
(E) 3

Resolução:
E = log20 + log5
E = log(2 x 10) + log5
E = log2 + log10 + log5
E = log10 + log (2 x 5)
E = log10 + log10
E = 2 log10
E=2
Resposta: D

Funções trigonométricas
Podemos generalizar e escrever todos os arcos com essa característica na seguinte forma: π/2 + 2kπ, onde k Є Z. E de uma forma geral
abrangendo todos os arcos com mais de uma volta, x + 2kπ.
Estes arcos são representados no plano cartesiano através de funções circulares como: função seno, função cosseno e função tangen-
te.

• Função Seno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu seno, então f(x) = sem x. O sinal da função f(x) = sem x é positivo no 1º
e 2º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 3º e 4º quadrantes.

91
MATEMÁTICA

• Função Cosseno
É uma função f : R → R que associa a cada número real x o seu cosseno, então f(x) = cos x. O sinal da função f(x) = cos x é positivo no
1º e 4º quadrantes, e é negativo quando x pertence ao 2º e 3º quadrantes.

• Função Tangente
É uma função f : R → R que associa a cada número real x a sua tangente, então f(x) = tg x.
Sinais da função tangente:
- Valores positivos nos quadrantes ímpares.
- Valores negativos nos quadrantes pares.
- Crescente em cada valor.

92
MATEMÁTICA

ANÁLISE COMBINATÓRIA SIMPLES. NOÇÕES DE ESTATÍSTICAS E PROBABILIDADE

A Análise Combinatória é a parte da Matemática que desenvolve meios para trabalharmos com problemas de contagem. Vejamos
eles:

Princípio fundamental de contagem (PFC)


É o total de possibilidades de o evento ocorrer.
• Princípio multiplicativo: P1. P2. P3. ... .Pn.(regra do “e”). É um princípio utilizado em sucessão de escolha, como ordem.
• Princípio aditivo: P1 + P2 + P3 + ... + Pn. (regra do “ou”). É o princípio utilizado quando podemos escolher uma coisa ou outra.

Exemplos:
(BNB) Apesar de todos os caminhos levarem a Roma, eles passam por diversos lugares antes. Considerando-se que existem três cami-
nhos a seguir quando se deseja ir da cidade A para a cidade B, e que existem mais cinco opções da cidade B para Roma, qual a quantidade
de caminhos que se pode tomar para ir de A até Roma, passando necessariamente por B?
(A) Oito.
(B) Dez.
(C) Quinze.
(D) Dezesseis.
(E) Vinte.

Resolução:
Observe que temos uma sucessão de escolhas:
Primeiro, de A para B e depois de B para Roma.
1ª possibilidade: 3 (A para B).
Obs.: o número 3 representa a quantidade de escolhas para a primeira opção.

2ª possibilidade: 5 (B para Roma).


Temos duas possibilidades: A para B depois B para Roma, logo, uma sucessão de escolhas.
Resultado: 3 . 5 = 15 possibilidades.
Resposta: C.

93
MATEMÁTICA
(PREF. CHAPECÓ/SC – ENGENHEIRO DE TRÂNSITO – IOBV) Em
um restaurante os clientes têm a sua disposição, 6 tipos de carnes,
4 tipos de cereais, 4 tipos de sobremesas e 5 tipos de sucos. Se o
cliente quiser pedir 1 tipo carne, 1 tipo de cereal, 1 tipo de sobre-
mesa e 1 tipo de suco, então o número de opções diferentes com • Com repetição
que ele poderia fazer o seu pedido, é: Os elementos que compõem o conjunto podem aparecer re-
(A) 19 petidos em um agrupamento, ou seja, ocorre a repetição de um
(B) 480 mesmo elemento em um agrupamento.
(C) 420 A fórmula geral para o arranjo com repetição é representada
(D) 90 por:

Resolução:
A questão trata-se de princípio fundamental da contagem, logo
vamos enumerar todas as possibilidades de fazermos o pedido:
6 x 4 x 4 x 5 = 480 maneiras.
Resposta: B. Exemplo: Seja P um conjunto com elementos: P = {A,B,C,D},
tomando os agrupamentos de dois em dois, considerando o arranjo
Fatorial com repetição quantos agrupamentos podemos obter em relação
Sendo n um número natural, chama-se de n! (lê-se: n fatorial) ao conjunto P.
a expressão: Resolução:
n! = n (n - 1) (n - 2) (n - 3). ... .2 . 1, como n ≥ 2. P = {A, B, C, D}
n=4
Exemplos: p=2
5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120. A(n,p)=np
7! = 7 . 6 . 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 5.040. A(4,2)=42=16

ATENÇÃO Permutação
É a TROCA DE POSIÇÃO de elementos de uma sequência. Utili-
0! = 1 zamos todos os elementos.
1! = 1
• Sem repetição
Tenha cuidado 2! = 2, pois 2 . 1 = 2. E 3!
Não é igual a 3, pois 3 . 2 . 1 = 6.

Arranjo simples
Arranjo simples de n elementos tomados p a p, onde n>=1 e p Atenção: Todas as questões de permutação simples podem ser
é um número natural, é qualquer ordenação de p elementos dentre resolvidas pelo princípio fundamental de contagem (PFC).
os n elementos, em que cada maneira de tomar os elementos se
diferenciam pela ordem e natureza dos elementos. Exemplo:
(PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTADOR SOCIAL –
Atenção: Observe que no grupo dos elementos: {1,2,3} um dos IDECAN) Renato é mais velho que Jorge de forma que a razão entre
arranjos formados, com três elementos, 123 é DIFERENTE de 321, e o número de anagramas de seus nomes representa a diferença en-
assim sucessivamente. tre suas idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
(A) 24.
• Sem repetição (B) 25.
A fórmula para cálculo de arranjo simples é dada por: (C) 26.
(D) 27.
(E) 28.

Resolução:
Anagramas de RENATO
______
Onde: 6.5.4.3.2.1=720
n = Quantidade total de elementos no conjunto.
P =Quantidade de elementos por arranjo Anagramas de JORGE
_____
Exemplo: Uma escola possui 18 professores. Entre eles, serão 5.4.3.2.1=120
escolhidos: um diretor, um vice-diretor e um coordenador pedagó-
gico. Quantas as possibilidades de escolha? Razão dos anagramas: 720/120=6
n = 18 (professores) Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos.
p = 3 (cargos de diretor, vice-diretor e coordenador pedagógi- Resposta: C.
co)

94
MATEMÁTICA
• Com repetição
Na permutação com elementos repetidos ocorrem permutações que não mudam o elemento, pois existe troca de elementos iguais.
Por isso, o uso da fórmula é fundamental.

Exemplo:
(CESPE) Considere que um decorador deva usar 7 faixas coloridas de dimensões iguais, pendurando-as verticalmente na vitrine de
uma loja para produzir diversas formas. Nessa situação, se 3 faixas são verdes e indistinguíveis, 3 faixas são amarelas e indistinguíveis e 1
faixa é branca, esse decorador conseguirá produzir, no máximo, 140 formas diferentes com essas faixas.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
Total: 7 faixas, sendo 3 verdes e 3 amarelas.

Resposta: Certo.

• Circular
A permutação circular é formada por pessoas em um formato circular. A fórmula é necessária, pois existem algumas permutações
realizadas que são iguais. Usamos sempre quando:
a) Pessoas estão em um formato circular.
b) Pessoas estão sentadas em uma mesa quadrada (retangular) de 4 lugares.

Exemplo:
(CESPE) Uma mesa circular tem seus 6 lugares, que serão ocupados pelos 6 participantes de uma reunião. Nessa situação, o número
de formas diferentes para se ocupar esses lugares com os participantes da reunião é superior a 102.
( ) Certo
( ) Errado

Resolução:
É um caso clássico de permutação circular.
Pc = (6 - 1) ! = 5! = 5 . 4 . 3 . 2 . 1 = 120 possibilidades.
Resposta: CERTO.

Combinação
Combinação é uma escolha de um grupo, SEM LEVAR EM CONSIDERAÇÃO a ordem dos elementos envolvidos.

• Sem repetição
Dados n elementos distintos, chama-se de combinação simples desses n elementos, tomados p a p, a qualquer agrupamento de p
elementos distintos, escolhidos entre os n elementos dados e que diferem entre si pela natureza de seus elementos.

Fórmula:

Exemplo:
(CRQ 2ª REGIÃO/MG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – FUNDEP) Com 12 fiscais, deve-se fazer um grupo de trabalho com 3 deles. Como
esse grupo deverá ter um coordenador, que pode ser qualquer um deles, o número de maneiras distintas possíveis de se fazer esse grupo é:
(A) 4
(B) 660
(C) 1 320
(D) 3 960

95
MATEMÁTICA
Resolução:
Como trata-se de Combinação, usamos a fórmula:

Onde n = 12 e p = 3

Como cada um deles pode ser o coordenado, e no grupo tem 3 pessoas, logo temos 220 x 3 = 660.
Resposta: B.

As questões que envolvem combinação estão relacionadas a duas coisas:


– Escolha de um grupo ou comissões.
– Escolha de grupo de elementos, sem ordem, ou seja, escolha de grupo de pessoas, coisas, objetos ou frutas.

• Com repetição
É uma escolha de grupos, sem ordem, porém, podemos repetir elementos na hora de escolher.

Exemplo:
Em uma combinação com repetição classe 2 do conjunto {a, b, c}, quantas combinações obtemos?
Utilizando a fórmula da combinação com repetição, verificamos o mesmo resultado sem necessidade de enumerar todas as possibi-
lidades:
n=3ep=2

PROBABILIDADES
A teoria da probabilidade permite que se calcule a chance de ocorrência de um número em um experimento aleatório.

Elementos da teoria das probabilidades


• Experimentos aleatórios: fenômenos que apresentam resultados imprevisíveis quando repetidos, mesmo que as condições sejam
semelhantes.
• Espaço amostral: é o conjunto U, de todos os resultados possíveis de um experimento aleatório.
• Evento: qualquer subconjunto de um espaço amostral, ou seja, qualquer que seja E Ì U, onde E é o evento e U, o espaço amostral.

Experimento composto
Quando temos dois ou mais experimentos realizados simultaneamente, dizemos que o experimento é composto. Nesse caso, o núme-
ro de elementos do espaço amostral é dado pelo produto dos números de elementos dos espaços amostrais de cada experimento.
n(U) = n(U1).n(U2)

96
MATEMÁTICA
Probabilidade de um evento
Em um espaço amostral U, equiprobabilístico (com elementos
que têm chances iguais de ocorrer), com n(U) elementos, o evento
E, com n(E) elementos, onde E Ì U, a probabilidade de ocorrer o
evento E, denotado por p(E), é o número real, tal que:

Onde,
n(E) = número de elementos do evento E.
n(S) = número de elementos do espaço amostral S. Quando os eventos forem mutuamente exclusivos, tendo A ∩ B
= Ø, utilizamos a seguinte equação:
Sendo 0 ≤ P(E) ≤ 1 e S um conjunto equiprovável, ou seja, to-
dos os elementos têm a mesma “chance de acontecer.

ATENÇÃO:
As probabilidades podem ser escritas na forma decimal ou re-
presentadas em porcentagem.
Assim: 0 ≤ p(E) ≤ 1, onde:
p(∅) = 0 ou p(∅) = 0%
p(U) = 1 ou p(U) = 100%

Exemplo:
(PREF. NITERÓI – AGENTE FAZENDÁRIO – FGV) O quadro a
seguir mostra a distribuição das idades dos funcionários de certa
repartição pública: Probabilidade de um evento complementar
É quando a soma das probabilidades de ocorrer o evento E, e
FAIXA DE IDADES (ANOS) NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS de não ocorrer o evento E (seu complementar, Ē) é 1.

20 ou menos 2
De 21 a 30 8
De 31 a 40 12
De 41 a 50 14 Probabilidade condicional
Mais de 50 4 Quando se impõe uma condição que reduz o espaço amostral,
dizemos que se trata de uma probabilidade condicional.
Escolhendo ao acaso um desses funcionários, a probabilidade Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral U, com p(B) ≠
de que ele tenha mais de 40 anos é: 0. Chama-se probabilidade de A condicionada a B a probabilidade
(A) 30%; de ocorrência do evento A, sabendo-se que já ocorreu ou que vai
(B) 35%; ocorrer o evento B, ou seja:
(C) 40%;
(D) 45%;
(E) 55%.

Resolução:
O espaço amostral é a soma de todos os funcionário:
2 + 8 + 12 + 14 + 4 = 40 Podemos também ler como: a probabilidade de A “dado que”
O número de funcionário que tem mais de 40 anos é: 14 + 4 = ou “sabendo que” a probabilidade de B.
18
Logo a probabilidade é: – Caso forem dois eventos simultâneos (ou sucessivos): para
se avaliar a probabilidade de ocorrem dois eventos simultâneos (ou
sucessivos), que é P (A ∩ B), é preciso multiplicar a probabilidade
de ocorrer um deles P(B) pela probabilidade de ocorrer o outro,
sabendo que o primeiro já ocorreu P (A | B). Sendo:
Resposta: D

Probabilidade da união de eventos


Para obtermos a probabilidade da união de eventos utilizamos
a seguinte expressão:

97
MATEMÁTICA
– Se dois eventos forem independentes: dois eventos A e B de um espaço amostral S são independentes quando P(A|B) = P(A) ou
P(B|A) = P(B). Sendo os eventos A e B independentes, temos:

P (A ∩ B) = P(A). P(B)

Lei Binomial de probabilidade


A lei binominal das probabilidades é dada pela fórmula:

Sendo:
n: número de tentativas independentes;
p: probabilidade de ocorrer o evento em cada experimento (sucesso);
q: probabilidade de não ocorrer o evento (fracasso); q = 1 - p
k: número de sucessos.

ATENÇÃO:
A lei binomial deve ser aplicada nas seguintes condições:
– O experimento deve ser repetido nas mesmas condições as n vezes.
– Em cada experimento devem ocorrer os eventos E e .
– A probabilidade do E deve ser constante em todas as n vezes.
– Cada experimento é independente dos demais.

Exemplo:
Lançando-se um dado 5 vezes, qual a probabilidade de ocorrerem três faces 6?

Resolução:
n: número de tentativas ⇒ n = 5
k: número de sucessos ⇒ k = 3
p: probabilidade de ocorrer face 6 ⇒ p = 1/6
q: probabilidade de não ocorrer face 6 ⇒ q = 1- p ⇒ q = 5/6

PROGRESSÃO ARITMÉTICA E GEOMÉTRICA

Progressão aritmética (P.A.)


É toda sequência numérica em que cada um de seus termos, a partir do segundo, é igual ao anterior somado a uma constante r, de-
nominada razão da progressão aritmética. Como em qualquer sequência os termos são chamados de a1, a2, a3, a4,.......,an,....

• Cálculo da razão
A razão de uma P.A. é dada pela diferença de um termo qualquer pelo termo imediatamente anterior a ele.
r = a2 – a1 = a3 – a2 = a4 – a3 = a5 – a4 = .......... = an – an – 1

Exemplos:
- (5, 9, 13, 17, 21, 25,......) é uma P.A. onde a1 = 5 e razão r = 4
- (2, 9, 16, 23, 30,.....) é uma P.A. onde a1 = 2 e razão r = 7
- (23, 21, 19, 17, 15,....) é uma P.A. onde a1 = 23 e razão r = - 2.

• Classificação
Uma P.A. é classificada de acordo com a razão.

Se r > 0 ⇒ CRESCENTE. Se r < 0 ⇒ DECRESCENTE. Se r = 0 ⇒ CONSTANTE.

98
MATEMÁTICA
• Fórmula do Termo Geral
Em toda P.A., cada termo é o anterior somado com a razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1 + r
3° termo: a3 = a2 + r = a1 + r + r = a1 + 2r
4° termo: a4 = a3 + r = a1 + 2r + r = a1 + 3r
5° termo: a5 = a4 + r = a1 + 3r + r = a1 + 4r
6° termo: a6 = a5 + r = a1 + 4r + r = a1 + 5r
. . . . . .
. . . . . .
. . . . . .
n° termo é:

Exemplo:
(PREF. AMPARO/SP – AGENTE ESCOLAR – CONRIO) Descubra o 99º termo da P.A. (45, 48, 51,...)
(A) 339
(B) 337
(C) 333
(D) 331

Resolução:

Resposta: A

Propriedades
1) Numa P.A. a soma dos termos equidistantes dos extremos é igual à soma dos extremos.
2) Numa P.A. com número ímpar de termos, o termo médio é igual à média aritmética entre os extremos.

Exemplo:

3) A sequência (a, b, c) é P.A. se, e somente se, o termo médio é igual à média aritmética entre a e c, isto é:

99
MATEMÁTICA
Soma dos n primeiros termos

Progressão geométrica (P.G.)


É uma sequência onde cada termo é obtido multiplicando o anterior por uma constante. Essa constante é chamada de razão da P.G.
e simbolizada pela letra q.

Cálculo da razão
A razão da P.G. é obtida dividindo um termo por seu antecessor. Assim: (a1, a2, a3, ..., an - 1, an, ...) é P.G. ⇔ an = (an - 1) q, n ≥ 2

Exemplos:

Classificação
Uma P.G. é classificada de acordo com o primeiro termo e a razão.

CRESCENTE DECRESCENTE ALTERNANTE CONSTANTE SINGULAR


a1 > 0 e q > 1 a1 > 0 e 0 < q < 1 Cada termo apresenta sinal contrário q = 1. a1 = 0
ou quando ou quando ao do anterior. Isto ocorre quando. (também é chamada de Esta- ou
a1 < 0 e 0 < q < 1. a1 < 0 e q > 1. q<0 cionária) q = 0.

Fórmula do termo geral


Em toda P.G. cada termo é o anterior multiplicado pela razão, então temos:
1° termo: a1
2° termo: a2 = a1.q
3° termo: a3 = a2.q = a1.q.q = a1q2
4° termo: a4 = a3.q = a1.q2.q = a1.q3
5° termo: a5 = a4.q = a1.q3.q = a1.q4
. . . . .
. . . . .
. . . . .

n° termo é:

100
MATEMÁTICA

Exemplo:
(TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO - INFORMÁTICA – FCC) Um tabuleiro de xadrez possui 64 casas. Se fosse possível colocar 1 grão de
arroz na primeira casa, 4 grãos na segunda, 16 grãos na terceira, 64 grãos na quarta, 256 na quinta, e assim sucessivamente, o total de
grãos de arroz que deveria ser colocado na 64ª casa desse tabuleiro seria igual a
(A) 264.
(B) 2126.
(C) 266.
(D) 2128.
(E) 2256.

Resolução:
Pelos valores apresentados, é uma PG de razão 4
a64 = ?
a1 = 1
q=4
n = 64

Resposta: B

Propriedades
1) Em qualquer P.G., cada termo, exceto os extremos, é a média geométrica entre o precedente e o consequente.
2) Em toda P.G. finita, o produto dos termos equidistantes dos extremos é igual ao produto dos extremos.

3) Em uma P.G. de número ímpar de termos, o termo médio é a média geométrica entre os extremos.
Em síntese temos:

4) Em uma PG, tomando-se três termos consecutivos, o termo central é a média geométrica dos seus vizinhos.

Soma dos n primeiros termos


A fórmula para calcular a soma de todos os seus termos é dada por:

101
MATEMÁTICA
Produto dos n termos Usamos a seguinte fórmula:

Temos as seguintes regras para o produto:


1) O produto de n números positivos é sempre positivo.
2) No produto de n números negativos:
a) se n é par: o produto é positivo.
b) se n é ímpar: o produto é negativo. Em juros simples:
– O capital cresce linearmente com o tempo;
Soma dos infinitos termos – O capital cresce a uma progressão aritmética de razão: J=C.i
A soma dos infinitos termos de uma P.G de razão q, com -1 < q – A taxa i e o tempo t devem ser expressos na mesma unidade.
< 1, é dada por: – Devemos expressar a taxa i na forma decimal.
– Montante (M) ou FV (valor futuro) é a soma do capital com
os juros, ou seja:
M=C+J
M = C.(1+i.t)

Exemplo:
Exemplo: (PRODAM/AM – Assistente – FUNCAB) Qual é o capital que,
A soma dos elementos da sequência numérica infinita (3; 0,9; investido no sistema de juros simples e à taxa mensal de 2,5 %, pro-
0,09; 0,009; …) é duzirá um montante de R$ 3.900,00 em oito meses?
(A) 3,1 (A) R$ 1.650,00
(B) 3,9 (B) R$ 2.225,00
(C) 3,99 (C) R$ 3.250,00
(D) 3, 999 (D) R$ 3.460,00
(E) 4 (E) R$ 3.500,00
Resolução:
Resolução: Montante = Capital + juros, ou seja: j = M – C , que fica: j =
Sejam S as somas dos elementos da sequência e S1 a soma da 3900 – C ( I )
PG infinita (0,9; 0,09; 0,009;…) de razão q = 0,09/0,9 = 0,1. Assim: Agora, é só substituir ( I ) na fórmula do juros simples:
S = 3 + S1
Como -1 < q < 1 podemos aplicar a fórmula da soma de uma PG
infinita para obter S1:
S1 = 0,9/(1 - 0,1) = 0,9/0,9 = 1 → S = 3 + 1 = 4
Resposta: E

JUROS SIMPLES E COMPOSTOS 390000 – 100.C = 2,5 . 8 . C


– 100.C – 20.C = – 390000 . (– 1)
Juros simples (ou capitalização simples) 120.C = 390000
Os juros são determinados tomando como base de cálculo o C = 390000 / 120
capital da operação, e o total do juro é devido ao credor (aquele que C = R$ 3250,00
empresta) no final da operação. Devemos ter em mente: Resposta: C
– Os juros são representados pela letra J*.
– O dinheiro que se deposita ou se empresta chamamos de ca- Juros compostos (capitalização composta)
pital e é representado pela letra C (capital) ou P(principal) ou VP ou A taxa de juros incide sobre o capital de cada período. Também
PV (valor presente) *. conhecido como “juros sobre juros”.
– O tempo de depósito ou de empréstimo é representado pela
letra t ou n.* Usamos a seguinte fórmula:
– A taxa de juros é a razão centesimal que incide sobre um ca-
pital durante certo tempo. É representado pela letra i e utilizada
para calcular juros.
*Varia de acordo com a bibliografia estudada.

ATENÇÃO: Devemos sempre relacionar a taxa e o tempo na


mesma unidade para efetuarmos os cálculos.

102
MATEMÁTICA
O (1+i)t ou (1+i)n é chamado de fator de acumulação de capital.

ATENÇÃO: as unidades de tempo referentes à taxa de juros (i) e do período (t), tem de ser necessariamente iguais.

O crescimento do principal (capital) em:


– juros simples é LINEAR, CONSTANTE;
– juros compostos é EXPONENCIAL, GEOMÉTRICO e, portanto tem um crescimento muito mais “rápido”;

Observe no gráfico que:


– O montante após 1º tempo é igual tanto para o regime de juros simples como para juros compostos;
– Antes do 1º tempo o montante seria maior no regime de juros simples;
– Depois do 1º tempo o montante seria maior no regime de juros compostos.

Exemplo:
(PREF. GUARUJÁ/SP – SEDUC – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CAIPIMES) Um capital foi aplicado por um período de 3 anos, com taxa
de juros compostos de 10% ao ano. É correto afirmar que essa aplicação rendeu juros que corresponderam a, exatamente:
(A) 30% do capital aplicado.
(B) 31,20% do capital aplicado.
(C) 32% do capital aplicado.
(D) 33,10% do capital aplicado.

Resolução:

Como, M = C + j , ou seja , j = M – C , temos:


j = 1,331.C – C = 0,331 . C
0,331 = 33,10 / 100 = 33,10%
Resposta: D

Juros Compostos utilizando Logaritmos


Algumas questões que envolvem juros compostos, precisam de conceitos de logaritmos, principalmente aquelas as quais precisamos
achar o tempo/prazo. Normalmente as questões informam os valores do logaritmo, então não é necessário decorar os valores da tabela.

Exemplo:
(FGV-SP) Uma aplicação financeira rende juros de 10% ao ano, compostos anualmente. Utilizando para cálculos a aproximação de ,
pode-se estimar que uma aplicação de R$ 1.000,00 seria resgatada no montante de R$ 1.000.000,00 após:
(A) Mais de um século.
(B) 1 século
(C) 4/5 de século
(D) 2/3 de século
(E) ¾ de século

103
MATEMÁTICA
Resolução:
A fórmula de juros compostos é M = C(1 + i)t e do enunciado temos que M = 1.000.000, C = 1.000, i = 10% = 0,1:
1.000.000 = 1.000(1 + 0,1)t

(agora para calcular t temos que usar logaritmo nos dois lados da equação para pode utilizar a propriedade
, o expoente m passa multiplicando)

t.0,04 = 3

Resposta: E

ANOTAÇÕES

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104
INFORMÁTICA

No caso da figura acima, temos quatro pastas e quatro arqui-


SISTEMA OPERACIONAL E SOFTWARE vos.

WINDOWS 7 Arquivos e atalhos


Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

105
INFORMÁTICA
Área de trabalho do Windows 7 Uso dos menus

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc. Programas e aplicativos
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”, • Media Player
estamos copiando dados para esta área intermediária. • Media Center
• Limpeza de disco
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, • Desfragmentador de disco
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na • Os jogos do Windows.
área de transferência. • Ferramenta de captura
• Backup e Restore
Manipulação de arquivos e pastas Interação com o conjunto de aplicativos
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos tendermos melhor as funções categorizadas.
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc. Facilidades

O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-


turador de Tela , simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
parte desejada e colar em outro lugar.

106
INFORMÁTICA
Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

107
INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im- No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes-
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có- Arquivos e atalhos
pia de segurança. Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

WINDOWS 8

Área de trabalho do Windows 8

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.

108
INFORMÁTICA
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”, Facilidades
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.
Manipulação de arquivos e pastas
A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos O Windows possui um recurso muito interessante que é o Cap-
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas- turador de Tela, simplesmente podemos, com o mouse, recortar a
tas, criar atalhos etc. parte desejada e colar em outro lugar.

Música e Vídeo
Temos o Media Player como player nativo para ouvir músicas
e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma excelente expe-
riência de entretenimento, nele pode-se administrar bibliotecas
de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar CDs, criar
playlists e etc., isso também é válido para o media center.

Uso dos menus

Jogos
Temos também jogos anexados ao Windows 8.
Programas e aplicativos

Interação com o conjunto de aplicativos


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.

109
INFORMÁTICA
Transferência No caso da figura acima temos quatro pastas e quatro arquivos.
O recurso de transferência fácil do Windows 8 é muito impor-
tante, pois pode ajudar na escolha de seus arquivos para serem sal- Arquivos e atalhos
vos, tendo assim uma cópia de segurança. Como vimos anteriormente: pastas servem para organização,
vimos que uma pasta pode conter outras pastas, arquivos e atalhos.
• Arquivo é um item único que contém um determinado dado.
Estes arquivos podem ser documentos de forma geral (textos, fotos,
vídeos e etc..), aplicativos diversos, etc.
• Atalho é um item que permite fácil acesso a uma determina-
da pasta ou arquivo propriamente dito.

A lista de aplicativos é bem intuitiva, talvez somente o Skydrive


mereça uma definição:
• Skydrive é o armazenamento em nuvem da Microsoft, hoje
portanto a Microsoft usa o termo OneDrive para referenciar o ar-
mazenamento na nuvem (As informações podem ficar gravadas na Área de trabalho
internet).

WINDOWS 10

Conceito de pastas e diretórios


Pasta algumas vezes é chamada de diretório, mas o nome “pas-
ta” ilustra melhor o conceito. Pastas servem para organizar, armaze-
nar e organizar os arquivos. Estes arquivos podem ser documentos
de forma geral (textos, fotos, vídeos, aplicativos diversos).
Lembrando sempre que o Windows possui uma pasta com o
nome do usuário onde são armazenados dados pessoais.
Dentro deste contexto temos uma hierarquia de pastas.

Área de transferência
A área de transferência é muito importante e funciona em se-
gundo plano. Ela funciona de forma temporária guardando vários
tipos de itens, tais como arquivos, informações etc.
– Quando executamos comandos como “Copiar” ou “Ctrl + C”,
estamos copiando dados para esta área intermediária.
– Quando executamos comandos como “Colar” ou “Ctrl + V”,
estamos colando, isto é, estamos pegando o que está gravado na
área de transferência.

Manipulação de arquivos e pastas


A caminho mais rápido para acessar e manipular arquivos e
pastas e outros objetos é através do “Meu Computador”. Podemos
executar tarefas tais como: copiar, colar, mover arquivos, criar pas-
tas, criar atalhos etc.

110
INFORMÁTICA

– Ferramentas do sistema
• A limpeza de disco é uma ferramenta importante, pois o pró-
prio Windows sugere arquivos inúteis e podemos simplesmente
confirmar sua exclusão.

Uso dos menus

• O desfragmentador de disco é uma ferramenta muito impor-


tante, pois conforme vamos utilizando o computador os arquivos
ficam internamente desorganizados, isto faz que o computador fi-
que lento. Utilizando o desfragmentador o Windows se reorganiza
internamente tornando o computador mais rápido e fazendo com
que o Windows acesse os arquivos com maior rapidez.

Programas e aplicativos e interação com o usuário


Vamos separar esta interação do usuário por categoria para en-
tendermos melhor as funções categorizadas.
– Música e Vídeo: Temos o Media Player como player nativo
para ouvir músicas e assistir vídeos. O Windows Media Player é uma
excelente experiência de entretenimento, nele pode-se administrar
bibliotecas de música, fotografia, vídeos no seu computador, copiar
CDs, criar playlists e etc., isso também é válido para o media center.

111
INFORMÁTICA
• O recurso de backup e restauração do Windows é muito im- • MAN: Rede Metropolitana, abrange uma cidade, por exem-
portante pois pode ajudar na recuperação do sistema, ou até mes- plo.
mo escolher seus arquivos para serem salvos, tendo assim uma có-
pia de segurança.

Inicialização e finalização

• WAN: É uma rede com grande abrangência física, maior que


a MAN, Estado, País; podemos citar até a INTERNET para entender-
mos o conceito.

Quando fizermos login no sistema, entraremos direto no Win-


dows, porém para desligá-lo devemos recorrer ao e:

Navegação e navegadores da Internet


INTERNET: NAVEGAÇÃO NA INTERNET, CONCEITOS DE
URL, LINKS, SITES, BUSCA E IMPRESSÃO DE PÁGINAS • Internet
É conhecida como a rede das redes. A internet é uma coleção
Tipos de rede de computadores global de computadores, celulares e outros dispositivos que se co-
• LAN: Rele Local, abrange somente um perímetro definido. municam.
Exemplos: casa, escritório, etc.
• Procedimentos de Internet e intranet
Através desta conexão, usuários podem ter acesso a diversas
informações, para trabalho, laser, bem como para trocar mensa-
gens, compartilhar dados, programas, baixar documentos (down-
load), etc.

112
INFORMÁTICA
• Sites
Uma coleção de páginas associadas a um endereço www. é chamada web site. Através de navegadores, conseguimos acessar web sites
para operações diversas.

• Links
O link nada mais é que uma referência a um documento, onde o usuário pode clicar. No caso da internet, o Link geralmente aponta
para uma determinada página, pode apontar para um documento qualquer para se fazer o download ou simplesmente abrir.

Dentro deste contexto vamos relatar funcionalidades de alguns dos principais navegadores de internet: Microsoft Internet Explorer,
Mozilla Firefox e Google Chrome.

Internet Explorer 11

• Identificar o ambiente

O Internet Explorer é um navegador desenvolvido pela Microsoft, no qual podemos acessar sites variados. É um navegador simplifica-
do com muitos recursos novos.
Dentro deste ambiente temos:
– Funções de controle de privacidade: Trata-se de funções que protegem e controlam seus dados pessoais coletados por sites;
– Barra de pesquisas: Esta barra permite que digitemos um endereço do site desejado. Na figura temos como exemplo: https://www.
gov.br/pt-br/
– Guias de navegação: São guias separadas por sites aberto. No exemplo temos duas guias sendo que a do site https://www.gov.br/
pt-br/ está aberta.
– Favoritos: São pastas onde guardamos nossos sites favoritos
– Ferramentas: Permitem realizar diversas funções tais como: imprimir, acessar o histórico de navegação, configurações, dentre outras.

Desta forma o Internet Explorer 11, torna a navegação da internet muito mais agradável, com textos, elementos gráficos e vídeos que
possibilitam ricas experiências para os usuários.

• Características e componentes da janela principal do Internet Explorer

113
INFORMÁTICA

À primeira vista notamos uma grande área disponível para visualização, além de percebemos que a barra de ferramentas fica automa-
ticamente desativada, possibilitando uma maior área de exibição.

Vamos destacar alguns pontos segundo as indicações da figura:


1. Voltar/Avançar página
Como o próprio nome diz, clicando neste botão voltamos página visitada anteriormente;

2. Barra de Endereços
Esta é a área principal, onde digitamos o endereço da página procurada;

3. Ícones para manipulação do endereço da URL


Estes ícones são pesquisar, atualizar ou fechar, dependendo da situação pode aparecer fechar ou atualizar.

4. Abas de Conteúdo
São mostradas as abas das páginas carregadas.

5. Página Inicial, favoritos, ferramentas, comentários

6. Adicionar à barra de favoritos

Mozila Firefox

Vamos falar agora do funcionamento geral do Firefox, objeto de nosso estudo:

Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

4 Voltar para a página inicial do Firefox

5 Barra de Endereços

114
INFORMÁTICA
Vejamos de acordo com os símbolos da imagem:
6 Ver históricos e favoritos

Mostra um painel sobre os favoritos (Barra,


7 1 Botão Voltar uma página
Menu e outros)
Sincronização com a conta FireFox (Vamos
8 2 Botão avançar uma página
detalhar adiante)

9 Mostra menu de contexto com várias opções 3 Botão atualizar a página

4 Barra de Endereço.
– Sincronização Firefox: Ato de guardar seus dados pessoais na
internet, ficando assim disponíveis em qualquer lugar. Seus dados 5 Adicionar Favoritos
como: Favoritos, históricos, Endereços, senhas armazenadas, etc.,
sempre estarão disponíveis em qualquer lugar, basta estar logado 6 Usuário Atual
com o seu e-mail de cadastro. E lembre-se: ao utilizar um computa-
dor público sempre desative a sincronização para manter seus da- Exibe um menu de contexto que iremos relatar
7
dos seguros após o uso. seguir.

Google Chrome O que vimos até aqui, são opções que já estamos acostuma-
dos ao navegar na Internet, mesmo estando no Ubuntu, percebe-
mos que o Chrome é o mesmo navegador, apenas está instalado
em outro sistema operacional. Como o Chrome é o mais comum
atualmente, a seguir conferimos um pouco mais sobre suas funcio-
nalidades.

• Favoritos
No Chrome é possível adicionar sites aos favoritos. Para adi-
cionar uma página aos favoritos, clique na estrela que fica à direita
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido, e
O Chrome é o navegador mais popular atualmente e disponi- pronto.
biliza inúmeras funções que, por serem ótimas, foram implementa- Por padrão, o Chrome salva seus sites favoritos na Barra de Fa-
das por concorrentes. voritos, mas você pode criar pastas para organizar melhor sua lista.
Vejamos: Para removê-lo, basta clicar em excluir.

• Sobre as abas
No Chrome temos o conceito de abas que são conhecidas tam-
bém como guias. No exemplo abaixo temos uma aba aberta, se qui-
sermos abrir outra para digitar ou localizar outro site, temos o sinal
(+).
A barra de endereços é o local em que se digita o link da página
visitada. Uma outra função desta barra é a de busca, sendo que ao
digitar palavras-chave na barra, o mecanismo de busca do Google é
acionado e exibe os resultados.

• Histórico
O Histórico no Chrome funciona de maneira semelhante ao
Firefox. Ele armazena os endereços dos sites visitados e, para aces-
sá-lo, podemos clicar em Histórico no menu, ou utilizar atalho do
teclado Ctrl + H. Neste caso o histórico irá abrir em uma nova aba,
onde podemos pesquisá-lo por parte do nome do site ou mesmo
dia a dia se preferir.

115
INFORMÁTICA

• Pesquisar palavras
Muitas vezes ao acessar um determinado site, estamos em busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso, utilizamos o atalho
do teclado Ctrl + F para abrir uma caixa de texto na qual podemos digitar parte do que procuramos, e será localizado.

• Salvando Textos e Imagens da Internet


Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de algum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.). Neste caso,
o Chrome possui um item no menu, onde podemos ver o progresso e os downloads concluídos.

• Sincronização
Uma nota importante sobre este tema: A sincronização é importante para manter atualizadas nossas operações, desta forma, se por
algum motivo trocarmos de computador, nossos dados estarão disponíveis na sua conta Google.
Por exemplo:
– Favoritos, histórico, senhas e outras configurações estarão disponíveis.
– Informações do seu perfil são salvas na sua Conta do Google.

116
INFORMÁTICA
No canto superior direito, onde está a imagem com a foto do usuário, podemos clicar no 1º item abaixo para ativar e desativar.

Safari

O Safari é o navegador da Apple, e disponibiliza inúmeras funções implementadas.


Vejamos:

• Guias

– Para abrirmos outras guias podemos simplesmente teclar CTRL + T ou

Vejamos os comandos principais de acordo com os símbolos da imagem:

1 Botão Voltar uma página

2 Botão avançar uma página

3 Botão atualizar a página

117
INFORMÁTICA
• Histórico e Favoritos
4 Barra de Endereço.

5 Adicionar Favoritos

6 Ajustes Gerais

7 Menus para a página atual.

8 Lista de Leitura

Perceba que o Safari, como os outros, oferece ferramentas bas-


tante comuns.
Vejamos algumas de suas funcionalidades:

• Lista de Leitura e Favoritos


No Safari é possível adicionar sites à lista de leitura para pos-
terior consulta, ou aos favoritos, caso deseje salvar seus endere-
ços. Para adicionar uma página, clique no “+” a que fica à esquerda • Pesquisar palavras
da barra de endereços, digite um nome ou mantenha o sugerido e Muitas vezes, ao acessar um determinado site, estamos em
pronto. busca de uma palavra ou frase específica. Neste caso utilizamos o
Por padrão, o Safari salva seus sites na lista de leitura, mas você atalho do teclado Ctrl + F, para abrir uma caixa de texto na qual po-
pode criar pastas para organizar melhor seus favoritos. Para remo- demos digitar parte do que procuramos, e será localizado.
vê-lo, basta clicar em excluir.
• Salvando Textos e Imagens da Internet
Vamos navegar até a imagem desejada e clicar com o botão
direito do mouse, em seguida salvá-la em uma pasta.

• Downloads
Fazer um download é quando se copia um arquivo de um al-
gum site direto para o seu computador (texto, músicas, filmes etc.).
Neste caso, o Safari possui um item no menu onde podemos ver o
progresso e os downloads concluídos.

118
INFORMÁTICA
Correio Eletrônico • Preparo e envio de mensagens
O correio eletrônico, também conhecido como e-mail, é um
serviço utilizado para envio e recebimento de mensagens de texto
e outras funções adicionais como anexos junto com a mensagem.

Para envio de mensagens externas o usuário deverá estar co-


nectado a internet, caso contrário ele ficará limitado a sua rede lo-
cal.
Abaixo vamos relatar algumas características básicas sobre o
e-mail
– Nome do Usuário: é o nome de login escolhido pelo usuário
na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é
nome do usuário;
– @ : Símbolo padronizado para uso em correios eletrônicos;
– Nome do domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria • Boas práticas para criação de mensagens
das vezes, a empresa; – Uma mensagem deverá ter um assunto. É possível enviar
mensagem sem o Assunto, porém não é o adequado;
Vejamos um exemplo: [email protected] / @hotmail. – A mensagem deverá ser clara, evite mensagens grandes ao
com.br / @editora.com.br extremo dando muitas voltas;
– Caixa de Entrada: Onde ficam armazenadas as mensagens – Verificar com cuidado os destinatários para o envio correto
recebidas; de e-mails, evitando assim problemas de envios equivocados.
– Caixa de Saída: Onde ficam armazenadas as mensagens ainda
não enviadas; • Anexação de arquivos
– E-mails Enviados: Como o próprio nome diz, é onde ficam os
e-mails que foram enviados;
– Rascunho: Guarda as mensagens que você ainda não termi-
nou de redigir;
– Lixeira: Armazena as mensagens excluídas.

Ao escrever mensagens, temos os seguintes campos:


– Para: é o campo onde será inserido o endereço do destinatá-
rio do e-mail;
– CC: este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar esse campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos;
– CCO: sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior, no
entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos da Uma função adicional quando criamos mensagens é de ane-
mensagem; xar um documento à mensagem, enviando assim juntamente com
– Assunto: campo destinado ao assunto da mensagem; o texto.
– Anexos: são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros); • Boas práticas para anexar arquivos à mensagem
– Corpo da Mensagem: espaço onde será escrita a mensagem. – E-mails tem limites de tamanho, não podemos enviar coisas
que excedem o tamanho, estas mensagens irão retornar;
• Uso do correio eletrônico – Deveremos evitar arquivos grandes pois além do limite do
– Inicialmente o usuário deverá ter uma conta de e-mail; e-mail, estes demoram em excesso para serem carregados.
– Esta conta poderá ser fornecida pela empresa ou criada atra- Computação de nuvem (Cloud Computing)
vés de sites que fornecem o serviço. As diretrizes gerais sobre a cria-
ção de contas estão no tópico acima; • Conceito de Nuvem (Cloud)
– Uma vez criada a conta, o usuário poderá utilizar um cliente
de e-mail na internet ou um gerenciador de e-mail disponível;
– Atualmente existem vários gerenciadores disponíveis no
mercado, tais como: Microsoft Outlook, Mozila Thunderbird, Opera
Mail, Gmail, etc.;
– O Microsoft outlook é talvez o mais conhecido gerenciador
de e-mail, dentro deste contexto vamos usá-lo como exemplo nos
tópicos adiante, lembrando que todos funcionam de formas bas-
tante parecidas.

A “Nuvem”, também referenciada como “Cloud”, são os servi-


ços distribuídos pela INTERNET que atendem as mais variadas de-
mandas de usuários e empresas.

119
INFORMÁTICA

A internet é a base da computação em nuvem, os servidores remotos detêm os aplicativos e serviços para distribuí-los aos usuários
e às empresas.
A computação em nuvem permite que os consumidores aluguem uma infraestrutura física de um data center (provedor de serviços
em nuvem). Com acesso à Internet, os usuários e as empresas usam aplicativos e a infraestrutura alugada para acessarem seus arquivos,
aplicações, etc., a partir de qualquer computador conectado no mundo.
Desta forma todos os dados e aplicações estão localizadas em um local chamado Data Center dentro do provedor.
A computação em nuvem tem inúmeros produtos, e esses produtos são subdivididos de acordo com todos os serviços em nuvem,
mas os principais aplicativos da computação em nuvem estão nas áreas de: Negócios, Indústria, Saúde, Educação, Bancos, Empresas de
TI, Telecomunicações.

• Armazenamento de dados da nuvem (Cloud Storage)

A ideia de armazenamento na nuvem ( Cloud Storage ) é simples. É, basicamente, a gravação de dados na Internet.
Este envio de dados pode ser manual ou automático, e uma vez que os dados estão armazenados na nuvem, eles podem ser acessados
em qualquer lugar do mundo por você ou por outras pessoas que tiverem acesso.
São exemplos de Cloud Storage: DropBox, Google Drive, OneDrive.
As informações são mantidas em grandes Data Centers das empresas que hospedam e são supervisionadas por técnicos responsáveis
por seu funcionamento. Estes Data Centers oferecem relatórios, gráficos e outras formas para seus clientes gerenciarem seus dados e
recursos, podendo modificar conforme a necessidade.
O armazenamento em nuvem tem as mesmas características que a computação em nuvem que vimos anteriormente, em termos de
praticidade, agilidade, escalabilidade e flexibilidade.
Além dos exemplos citados acima, grandes empresas, tais como a IBM, Amazon, Microsoft e Google possuem serviços de nuvem que
podem ser contratados.

120
INFORMÁTICA
OUTLOOK
O Microsoft Outlook é um gerenciador de e-mail usado principalmente para enviar e receber e-mails. O Microsoft Outlook também
pode ser usado para administrar vários tipos de dados pessoais, incluindo compromissos de calendário e entradas, tarefas, contatos e
anotações.

Funcionalidades mais comuns:

PARA FAZER ISTO ATALHO CAMINHOS PARA EXECUÇÃO


1 Entrar na mensagem Enter na mensagem fechada ou click Verificar coluna atalho
2 Fechar Esc na mensagem aberta Verificar coluna atalho
3 Ir para a guia Página Inicial Alt+H Menu página inicial
4 Nova mensagem Ctrl+Shift+M Menu página inicial => Novo e-mail
5 Enviar Alt+S Botão enviar
6 Delete Excluir (quando na mensagem fechada) Verificar coluna atalho
7 Pesquisar Ctrl+E Barra de pesquisa
8 Responder Ctrl+R Barra superior do painel da mensagem
9 Encaminhar Ctrl+F Barra superior do painel da mensagem
10 Responder a todos Ctrl+Shift+R Barra superior do painel da mensagem
11 Copiar Ctrl+C Click direito copiar
12 Colar Ctrl+V Click direito colar
13 Recortar Ctrl+X Click direito recortar
14 Enviar/Receber Ctrl+M Enviar/Receber (Reatualiza tudo)
15 Acessar o calendário Ctrl+2 Canto inferior direito ícone calendário
16 Anexar arquivo ALT+T AX Menu inserir ou painel superior
17 Mostrar campo cco (cópia oculta) ALT +S + B Menu opções CCO

Endereços de e-mail
• Nome do Usuário – é o nome de login escolhido pelo usuário na hora de fazer seu e-mail. Exemplo: joaodasilva, no caso este é nome
do usuário;
• @ – Símbolo padronizado para uso;
• Nome do domínio – domínio a que o e-mail pertence, isto é, na maioria das vezes, a empresa. Vejamos um exemplo real: joaodasil-
[email protected];
• Caixa de Entrada – Onde ficam armazenadas as mensagens recebidas;
• Caixa de Saída – Onde ficam armazenadas as mensagens ainda não enviadas;
• E-mails Enviados – Como próprio nome diz, e aonde ficam os e-mails que foram enviados;
• Rascunho – Guarda as mensagens que ainda não terminadas;
• Lixeira – Armazena as mensagens excluídas;

121
INFORMÁTICA
Escrevendo e-mails Criar nova mensagem de e-mail
Ao escrever uma mensagem, temos os seguintes campos:
• Para – é o campo onde será inserido o endereço do destina-
tário do e-mail;
• CC – este campo é usado para mandar cópias da mesma men-
sagem. Ao usar este campo os endereços aparecerão para todos os
destinatários envolvidos.
• CCO – sua funcionalidade é semelhante ao campo anterior,
no entanto os endereços só aparecerão para os respectivos donos;
• Assunto – campo destinado ao assunto da mensagem.
• Anexos – são dados que são anexados à mensagem (imagens,
programas, música, textos e outros.)
• Corpo da Mensagem – espaço onde será escrita a mensagem.

Contas de e-mail Ao clicar em novo e-mail é aberto uma outra janela para digita-
É um endereço de e-mail vinculado a um domínio, que está ção do texto e colocar o destinatário, podemos preencher também
apto a receber e enviar mensagens, ou até mesmo guarda-las con- os campos CC (cópia), e o campo CCO (cópia oculta), porém esta
forme a necessidade. outra pessoa não estará visível aos outros destinatários.

Adicionar conta de e-mail


Siga os passos de acordo com as imagens:

Enviar
De acordo com a imagem a seguir, o botão Enviar fica em evi-
dência para o envio de e-mails.

A partir daí devemos seguir as diretrizes sobre nomes de e-mail,


referida no item “Endereços de e-mail”.

122
INFORMÁTICA
Encaminhar e responder e-mails Adicionar assinatura de e-mail à mensagem
Funcionalidades importantes no uso diário, você responde a Um recurso interessante, é a possibilidade de adicionarmos
e-mail e os encaminha para outros endereços, utilizando os botões assinaturas personalizadas aos e-mails, deixando assim definida a
indicados. Quando clicados, tais botões ativam o quadros de texto, nossa marca ou de nossa empresa, de forma automática em cada
para a indicação de endereços e digitação do corpo do e-mail de mensagem.
resposta ou encaminhamento.

Adicionar, abrir ou salvar anexos


A melhor maneira de anexar e colar o objeto desejado no corpo
do e-mail, para salvar ou abrir, basta clicar no botão corresponden-
te, segundo a figura abaixo:

123
INFORMÁTICA
Imprimir uma mensagem de e-mail • Área de trabalho do Word
Por fim, um recurso importante de ressaltar, é o que nos pos- Nesta área podemos digitar nosso texto e formata-lo de acordo
sibilita imprimir e-mails, integrando-os com a impressora ligada ao com a necessidade.
computador. Um recurso que se assemelha aos apresentados pelo
pacote Office e seus aplicativos.

EDITOR DE TEXTO (MICROSOFT OFFICE): FORMATA- • Iniciando um novo documento


ÇÃO DE FONTE E PARÁGRAFO; BORDAS E SOMBREA-
MENTO; MARCADORES, NUMERAÇÃO E TABULAÇÃO;
CABEÇALHO, RODAPÉ E NÚMERO DE PÁGINAS; MANI-
PULAÇÃO DE IMAGENS E FORMAS; CONFIGURAÇÃO
DE PÁGINA; TABELAS. PLANILHA ELETRÔNICA - EXCEL
(MICROSOFT OFFICE): FORMATAÇÃO DA PLANILHA E
DE CÉLULAS; CRIAR CÁLCULOS UTILIZANDO AS QUA-
TRO OPERAÇÕES; FORMATAR DADOS ATRAVÉS DA
FORMATAÇÃO CONDICIONAL; REPRESENTAR DADOS
ATRAVÉS DE GRÁFICOS. CONFIGURAÇÃO DE IMPRES-
SORAS

Microsoft Office

A partir deste botão retornamos para a área de trabalho do


Word, onde podemos digitar nossos textos e aplicar as formatações
desejadas.

• Alinhamentos
Ao digitar um texto, frequentemente temos que alinhá-lo para
atender às necessidades. Na tabela a seguir, verificamos os alinha-
mentos automáticos disponíveis na plataforma do Word.

GUIA PÁGINA TECLA DE


ALINHAMENTO
INICIAL ATALHO
Justificar (arruma a direito
e a esquerda de acordo Ctrl + J
com a margem

Alinhamento à direita Ctrl + G


O Microsoft Office é um conjunto de aplicativos essenciais para
uso pessoal e comercial, ele conta com diversas ferramentas, mas Centralizar o texto Ctrl + E
em geral são utilizadas e cobradas em provas o Editor de Textos –
Word, o Editor de Planilhas – Excel, e o Editor de Apresentações – Alinhamento à esquerda Ctrl + Q
PowerPoint. A seguir verificamos sua utilização mais comum:
• Formatação de letras (Tipos e Tamanho)
Word Presente em Fonte, na área de ferramentas no topo da área de
O Word é um editor de textos amplamente utilizado. Com ele trabalho, é neste menu que podemos formatar os aspectos básicos
podemos redigir cartas, comunicações, livros, apostilas, etc. Vamos de nosso texto. Bem como: tipo de fonte, tamanho (ou pontuação),
então apresentar suas principais funcionalidades. se será maiúscula ou minúscula e outros itens nos recursos auto-
máticos.

124
INFORMÁTICA
Excel
O Excel é um editor que permite a criação de tabelas para cál-
culos automáticos, análise de dados, gráficos, totais automáticos,
dentre outras funcionalidades importantes, que fazem parte do dia
GUIA PÁGINA INICIAL FUNÇÃO a dia do uso pessoal e empresarial.
São exemplos de planilhas:
Tipo de letra – Planilha de vendas;
– Planilha de custos.

Tamanho Desta forma ao inserirmos dados, os valores são calculados au-


tomaticamente.

Aumenta / diminui tamanho • Mas como é uma planilha de cálculo?


– Quando inseridos em alguma célula da planilha, os dados são
Recursos automáticos de caixa-altas calculados automaticamente mediante a aplicação de fórmulas es-
e baixas pecíficas do aplicativo.
– A unidade central do Excel nada mais é que o cruzamento
Limpa a formatação entre a linha e a coluna. No exemplo coluna A, linha 2 ( A2 )

• Marcadores
Muitas vezes queremos organizar um texto em tópicos da se-
guinte forma:

Podemos então utilizar na página inicial os botões para operar


diferentes tipos de marcadores automáticos:

– Podemos também ter o intervalo A1..B3

• Outros Recursos interessantes:

GUIA ÍCONE FUNÇÃO


- Mudar
Forma
Página - Mudar cor
inicial de Fundo
- Mudar cor
do texto

- Inserir
Tabelas – Para inserirmos dados, basta posicionarmos o cursor na cé-
Inserir
- Inserir lula, selecionarmos e digitarmos. Assim se dá a iniciação básica de
Imagens uma planilha.

Verificação e
Revisão correção ortográ-
fica

Arquivo Salvar

125
INFORMÁTICA
• Formatação células Nesta tela já podemos aproveitar a área interna para escre-
ver conteúdos, redimensionar, mover as áreas delimitadas ou até
mesmo excluí-las. No exemplo a seguir, perceba que já movemos as
caixas, colocando um título na superior e um texto na caixa inferior,
também alinhamos cada caixa para ajustá-las melhor.

• Fórmulas básicas

ADIÇÃO =SOMA(célulaX;célulaY) Perceba que a formatação dos textos é padronizada. O mesmo


tipo de padrão é encontrado para utilizarmos entre o PowerPoint,
SUBTRAÇÃO =(célulaX-célulaY) o Word e o Excel, o que faz deles programas bastante parecidos,
MULTIPLICAÇÃO =(célulaX*célulaY) no que diz respeito à formatação básica de textos. Confira no tópi-
co referente ao Word, itens de formatação básica de texto como:
DIVISÃO =(célulaX/célulaY)
alinhamentos, tipos e tamanhos de letras, guias de marcadores e
recursos gerais.
• Fórmulas de comum interesse Especificamente sobre o PowerPoint, um recurso amplamente
utilizado a guia Design. Nela podemos escolher temas que mudam
MÉDIA (em um intervalo de a aparência básica de nossos slides, melhorando a experiência no
=MEDIA(célula X:célulaY)
células) trabalho com o programa.
MÁXIMA (em um intervalo
=MAX(célula X:célulaY)
de células)
MÍNIMA (em um intervalo
=MIN(célula X:célulaY)
de células)

PowerPoint
O PowerPoint é um editor que permite a criação de apresenta-
ções personalizadas para os mais diversos fins. Existem uma série
de recursos avançados para a formatação das apresentações, aqui
veremos os princípios para a utilização do aplicativo.

• Área de Trabalho do PowerPoint

Com o primeiro slide pronto basta duplicá-lo, obtendo vários


no mesmo formato. Assim liberamos uma série de miniaturas, pe-
las quais podemos navegador, alternando entre áreas de trabalho.
A edição em cada uma delas, é feita da mesma maneira, como já
apresentado anteriormente.

126
INFORMÁTICA
O Office 2013 conta com uma grande integração com a nuvem,
desta forma documentos, configurações pessoais e aplicativos po-
dem ser gravados no Skydrive, permitindo acesso através de smar-
tfones diversos.

• Atualizações no Word
– O visual foi totalmente aprimorado para permitir usuários
trabalhar com o toque na tela (TouchScreen);
– As imagens podem ser editadas dentro do documento;
– O modo leitura foi aprimorado de modo que textos extensos
agora ficam disponíveis em colunas, em caso de pausa na leitura;
– Pode-se iniciar do mesmo ponto parado anteriormente;
– Podemos visualizar vídeos dentro do documento, bem como
editar PDF(s).

• Atualizações no Excel
– Além de ter uma navegação simplificada, um novo conjunto
de gráficos e tabelas dinâmicas estão disponíveis, dando ao usuário
melhores formas de apresentar dados.
– Também está totalmente integrado à nuvem Microsoft.

Percebemos agora que temos uma apresentação com quatro • Atualizações no PowerPoint
slides padronizados, bastando agora editá-lo com os textos que se – O visual teve melhorias significativas, o PowerPoint do Offi-
fizerem necessários. Além de copiar podemos mover cada slide de ce2013 tem um grande número de templates para uso de criação
uma posição para outra utilizando o mouse. de apresentações profissionais;
As Transições são recursos de apresentação bastante utilizados – O recurso de uso de múltiplos monitores foi aprimorado;
no PowerPoint. Servem para criar breves animações automáticas – Um recurso de zoom de slide foi incorporado, permitindo o
para passagem entre elementos das apresentações. destaque de uma determinada área durante a apresentação;
– No modo apresentador é possível visualizar o próximo slide
antecipadamente;
– Estão disponíveis também o recurso de edição colaborativa
de apresentações.

Office 2016
O Office 2016 foi um sistema concebido para trabalhar junta-
mente com o Windows 10. A grande novidade foi o recurso que
permite que várias pessoas trabalhem simultaneamente em um
mesmo projeto. Além disso, tivemos a integração com outras fer-
ramentas, tais como Skype. O pacote Office 2016 também roda em
Tendo passado pelos aspectos básicos da criação de uma apre- smartfones de forma geral.
sentação, e tendo a nossa pronta, podemos apresentá-la bastando
clicar no ícone correspondente no canto inferior direito. • Atualizações no Word
– No Word 2016 vários usuários podem trabalhar ao mesmo
tempo, a edição colaborativa já está presente em outros produtos,
mas no Word agora é real, de modo que é possível até acompanhar
quando outro usuário está digitando;
– Integração à nuvem da Microsoft, onde se pode acessar os
documentos em tablets e smartfones;
– É possível interagir diretamente com o Bing (mecanismo de
pesquisa da Microsoft, semelhante ao Google), para utilizar a pes-
quisa inteligente;
– É possível escrever equações como o mouse, caneta de to-
Um último recurso para chamarmos atenção é a possibilidade que, ou com o dedo em dispositivos touchscreen, facilitando assim
de acrescentar efeitos sonoros e interativos às apresentações, le- a digitação de equações.
vando a experiência dos usuários a outro nível.
• Atualizações no Excel
Office 2013 – O Excel do Office 2016 manteve as funcionalidades dos ante-
A grande novidade do Office 2013 foi o recurso para explorar riores, mas agora com uma maior integração com dispositivos mó-
a navegação sensível ao toque (TouchScreen), que está disponível veis, além de ter aumentado o número de gráficos e melhorado a
nas versões 32 e 64. Em equipamentos com telas sensíveis ao toque questão do compartilhamento dos arquivos.
(TouchScreen) pode-se explorar este recurso, mas em equipamen-
tos com telas simples funciona normalmente.

127
INFORMÁTICA
• Atualizações no PowerPoint • Atualizações no Excel
– O PowerPoint 2016 manteve as funcionalidades dos ante- – Foram adicionadas novas fórmulas e gráficos. Tendo como
riores, agora com uma maior integração com dispositivos moveis, destaque o gráfico de mapas que permite criar uma visualização de
além de ter aumentado o número de templates melhorado a ques- algum mapa que deseja construir.
tão do compartilhamento dos arquivos;
– O PowerPoint 2016 também permite a inserção de objetos
3D na apresentação.

Office 2019
O OFFICE 2019 manteve a mesma linha da Microsoft, não hou-
ve uma mudança tão significativa. Agora temos mais modelos em
3D, todos os aplicativos estão integrados como dispositivos sensí-
veis ao toque, o que permite que se faça destaque em documentos.

• Atualizações no Word
– Houve o acréscimo de ícones, permitindo assim um melhor
desenvolvimento de documentos;

• Atualizações no PowerPoint
– Foram adicionadas a ferramenta transformar e a ferramenta
de zoom facilitando assim o desenvolvimento de apresentações;
– Inclusão de imagens 3D na apresentação.

– Outro recurso que foi implementado foi o “Ler em voz alta”.


Ao clicar no botão o Word vai ler o texto para você.

128
INFORMÁTICA
Office 365 – Risco: estabelece a relação entre probabilidade e impacto,
O Office 365 é uma versão que funciona como uma assinatura ajudando a determinar onde concentrar investimentos em seguran-
semelhante ao Netflix e Spotif. Desta forma não se faz necessário ça da informação.
sua instalação, basta ter uma conexão com a internet e utilizar o
Word, Excel e PowerPoint. Tipos de ataques
Cada tipo de ataque tem um objetivo específico, que são eles3:
Observações importantes: – Passivo: envolve ouvir as trocas de comunicações ou gravar
– Ele é o mais atualizado dos OFFICE(s), portanto todas as me- de forma passiva as atividades do computador. Por si só, o ataque
lhorias citadas constam nele; passivo não é prejudicial, mas a informação coletada durante a ses-
– Sua atualização é frequente, pois a própria Microsoft é res- são pode ser extremamente prejudicial quando utilizada (adultera-
ponsável por isso; ção, fraude, reprodução, bloqueio).
– No nosso caso o Word, Excel e PowerPoint estão sempre atu- – Ativos: neste momento, faz-se a utilização dos dados cole-
alizados. tados no ataque passivo para, por exemplo, derrubar um sistema,
infectar o sistema com malwares, realizar novos ataques a partir da
máquina-alvo ou até mesmo destruir o equipamento (Ex.: intercep-
PROGRAMA ANTIVÍRUS E FIREWALL tação, monitoramento, análise de pacotes).

Política de Segurança da Informação


SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO Este documento irá auxiliar no gerenciamento da segurança
Segurança da informação é o conjunto de ações para proteção da organização através de regras de alto nível que representam os
de um grupo de dados, protegendo o valor que ele possui, seja para princípios básicos que a entidade resolveu adotar de acordo com
um indivíduo específico no âmbito pessoal, seja para uma organi- a visão estratégica da mesma, assim como normas (no nível táti-
zação1. co) e procedimentos (nível operacional). Seu objetivo será manter
É essencial para a proteção do conjunto de dados de uma cor- a segurança da informação. Todos os detalhes definidos nelas serão
poração, sendo também fundamentais para as atividades do negó- para informar sobre o que pode e o que é proibido, incluindo:
cio. • Política de senhas: define as regras sobre o uso de senhas nos
Quando bem aplicada, é capaz de blindar a empresa de ata- recursos computacionais, como tamanho mínimo e máximo, regra
ques digitais, desastres tecnológicos ou falhas humanas. Porém, de formação e periodicidade de troca.
qualquer tipo de falha, por menor que seja, abre brecha para pro- • Política de backup: define as regras sobre a realização de có-
blemas. pias de segurança, como tipo de mídia utilizada, período de reten-
A segurança da informação se baseia nos seguintes pilares2: ção e frequência de execução.
– Confidencialidade: o conteúdo protegido deve estar disponí- • Política de privacidade: define como são tratadas as infor-
vel somente a pessoas autorizadas. mações pessoais, sejam elas de clientes, usuários ou funcionários.
– Disponibilidade: é preciso garantir que os dados estejam • Política de confidencialidade: define como são tratadas as
acessíveis para uso por tais pessoas quando for necessário, ou seja, informações institucionais, ou seja, se elas podem ser repassadas
de modo permanente a elas. a terceiros.
– Integridade: a informação protegida deve ser íntegra, ou seja,
sem sofrer qualquer alteração indevida, não importa por quem e Mecanismos de segurança
nem em qual etapa, se no processamento ou no envio. Um mecanismo de segurança da informação é uma ação, técni-
– Autenticidade: a ideia aqui é assegurar que a origem e auto- ca, método ou ferramenta estabelecida com o objetivo de preservar
ria do conteúdo seja mesmo a anunciada. o conteúdo sigiloso e crítico para uma empresa.
Ele pode ser aplicado de duas formas:
Existem outros termos importantes com os quais um profissio- – Controle físico: é a tradicional fechadura, tranca, porta e
nal da área trabalha no dia a dia. qualquer outro meio que impeça o contato ou acesso direto à infor-
Podemos citar a legalidade, que diz respeito à adequação do mação ou infraestrutura que dá suporte a ela
conteúdo protegido à legislação vigente; a privacidade, que se re- – Controle lógico: nesse caso, estamos falando de barreiras
fere ao controle sobre quem acessa as informações; e a auditoria, eletrônicas, nos mais variados formatos existentes, desde um anti-
que permite examinar o histórico de um evento de segurança da vírus, firewall ou filtro anti-spam, o que é de grande valia para evitar
informação, rastreando as suas etapas e os responsáveis por cada infecções por e-mail ou ao navegar na internet, passa por métodos
uma delas. de encriptação, que transformam as informações em códigos que
terceiros sem autorização não conseguem decifrar e, há ainda, a
Alguns conceitos relacionados à aplicação dos pilares certificação e assinatura digital, sobre as quais falamos rapidamente
– Vulnerabilidade: pontos fracos existentes no conteúdo pro- no exemplo antes apresentado da emissão da nota fiscal eletrônica.
tegido, com potencial de prejudicar alguns dos pilares de segurança
da informação, ainda que sem intenção Todos são tipos de mecanismos de segurança, escolhidos por
– Ameaça: elemento externo que pode se aproveitar da vulne- profissional habilitado conforme o plano de segurança da informa-
rabilidade existente para atacar a informação sensível ao negócio. ção da empresa e de acordo com a natureza do conteúdo sigiloso.
– Probabilidade: se refere à chance de uma vulnerabilidade ser
explorada por uma ameaça.
– Impacto: diz respeito às consequências esperadas caso o con-
teúdo protegido seja exposto de forma não autorizada.

1 https://ecoit.com.br/seguranca-da-informacao/ 3 https://www.diegomacedo.com.br/modelos-e-mecanismos-de-seguranca-da-
2 https://bit.ly/2E5beRr -informacao/

129
INFORMÁTICA
Criptografia
É uma maneira de codificar uma informação para que somente o emissor e receptor da informação possa decifrá-la através de uma
chave que é usada tanto para criptografar e descriptografar a informação4.
Tem duas maneiras de criptografar informações:
• Criptografia simétrica (chave secreta): utiliza-se uma chave secreta, que pode ser um número, uma palavra ou apenas uma sequ-
ência de letras aleatórias, é aplicada ao texto de uma mensagem para alterar o conteúdo de uma determinada maneira. Tanto o emissor
quanto o receptor da mensagem devem saber qual é a chave secreta para poder ler a mensagem.
• Criptografia assimétrica (chave pública):tem duas chaves relacionadas. Uma chave pública é disponibilizada para qualquer pessoa
que queira enviar uma mensagem. Uma segunda chave privada é mantida em segredo, para que somente você saiba.

Qualquer mensagem que foi usada a chave púbica só poderá ser descriptografada pela chave privada.
Se a mensagem foi criptografada com a chave privada, ela só poderá ser descriptografada pela chave pública correspondente.
A criptografia assimétrica é mais lenta o processamento para criptografar e descriptografar o conteúdo da mensagem.
Um exemplo de criptografia assimétrica é a assinatura digital.
• Assinatura Digital: é muito usado com chaves públicas e permitem ao destinatário verificar a autenticidade e a integridade da infor-
mação recebida. Além disso, uma assinatura digital não permite o repúdio, isto é, o emitente não pode alegar que não realizou a ação. A
chave é integrada ao documento, com isso se houver alguma alteração de informação invalida o documento.
• Sistemas biométricos: utilizam características físicas da pessoa como os olhos, retina, dedos, digitais, palma da mão ou voz.

Firewall
Firewall ou “parede de fogo” é uma solução de segurança baseada em hardware ou software (mais comum) que, a partir de um con-
junto de regras ou instruções, analisa o tráfego de rede para determinar quais operações de transmissão ou recepção de dados podem
ser executadas. O firewall se enquadra em uma espécie de barreira de defesa. A sua missão, por assim dizer, consiste basicamente em
bloquear tráfego de dados indesejado e liberar acessos bem-vindos.

Representação de um firewall.5

Formas de segurança e proteção


– Controles de acesso através de senhas para quem acessa, com autenticação, ou seja, é a comprovação de que uma pessoa que está
acessando o sistema é quem ela diz ser6.
– Se for empresa e os dados a serem protegidos são extremamente importantes, pode-se colocar uma identificação biométrica como
os olhos ou digital.
– Evitar colocar senhas com dados conhecidos como data de nascimento ou placa do seu carro.
– As senhas ideais devem conter letras minúsculas e maiúsculas, números e caracteres especiais como @ # $ % & *.
– Instalação de antivírus com atualizações constantes.
– Todos os softwares do computador devem sempre estar atualizados, principalmente os softwares de segurança e sistema operacio-
nal. No Windows, a opção recomendada é instalar atualizações automaticamente.
– Dentre as opções disponíveis de configuração qual opção é a recomendada.
– Sempre estar com o firewall ativo.
– Anti-spam instalados.
– Manter um backup para caso de pane ou ataque.
– Evite sites duvidosos.
– Não abrir e-mails de desconhecidos e principalmente se tiver anexos (link).
– Evite ofertas tentadoras por e-mail ou em publicidades.
– Tenha cuidado quando solicitado dados pessoais. Caso seja necessário, fornecer somente em sites seguros.
– Cuidado com informações em redes sociais.
– Instalar um anti-spyware.
4 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-2/
5 Fonte: https://helpdigitalti.com.br/o-que-e-firewall-conceito-tipos-e-arquiteturas/#:~:text=Firewall%20%C3%A9%20uma%20solu%C3%A7%C3%A3o%20
de,de%20dados%20podem%20ser%20executadas.
6 https://centraldefavoritos.com.br/2016/11/19/conceitos-de-protecao-e-seguranca-da-informacao-parte-3/

130
INFORMÁTICA
– Para se manter bem protegido, além dos procedimentos an- — Win + H – Inicia a função de ditado do sistema
teriores, deve-se ter um antivírus instalado e sempre atualizado. — Win + I – Abre a tela de “Configurações” do Windows 10
— Win + L – Bloqueia o computador
NOÇÕES DE VÍRUS, ANTIVÍRUS — Win + M – Minimiza o programa aberto
— Win + R – Abre a janela do “Executar”
Noções de vírus, worms e pragas virtuais (Malwares) — Win + S – Abre o sistema de buscas do Windows
– Malwares (Pragas): São programas mal intencionados, isto é, — Win + U – Abre a central de acessibilidade do Windows
programas maliciosos que servem pra danificar seu sistema e dimi- — Win + X – Abre um menu que facilita o acesso a ferramentas
nuir o desempenho do computador; do sistema
– Vírus: São programas maliciosos que, para serem iniciados, é — Win + PrtScr – Faz uma captura da tela e a salva a imagem
necessária uma ação (por exemplo um click por parte do usuário); automaticamente
– Worms: São programas que diminuem o desempenho do — Alt + PrtScr – Captura de tela da janela atual, deixando-a na
sistema, isto é, eles exploram a vulnerabilidade do computador se área de transferência
instalam e se replicam, não precisam de clique do mouse por parte — PrtScr – Faz uma captura de toda a tela do notebook
do usuário ou ação automática do sistema. — Win + Tab – Abre a tela do “Visão de Tarefas”
— Win + setas ↑/↓/ →/← posiciona a janela ao lado ou redi-
Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, antispyware mensiona / maximiza
etc.) — Win + vírgula – Mostra temporariamente a área de trabalho
— Win + Alt + D – Abre ou fecha o calendário e data/hora do
• Antivírus Windows
O antivírus é um software que encontra arquivos e programas — Win + Ctrl + D – Adiciona uma nova área de trabalho virtual
maléficos no computador. Nesse sentido o antivírus exerce um pa- — Tecla Win + Ctrl + F4 – Fecha a área de trabalho virtual atual
pel fundamental protegendo o computador. O antivírus evita que — Tecla Win + Ctrl + setas → / ← – Alterna entre as áreas de
o vírus explore alguma vulnerabilidade do sistema ou até mesmo trabalho virtuais
de uma ação inesperada em que o usuário aciona um executável — Alt + Tab – Alterna entre os programas aberto
que contém um vírus. Ele pode executar algumas medidas como — Ctrl + Shift + Esc – Abre a barra “Gerenciador de tarefas”
quarentena, remoção definitiva e reparos. — Ctrl + seta da direita ou esquerda – Move o cursor de digita-
O antivírus também realiza varreduras procurando arquivos po- ção entre palavras
tencialmente nocivos advindos da Internet ou de e-mails e toma as — Ctrl + seta para cima ou para baixo – Move o cursor de digi-
medidas de segurança. tação entre os parágrafos
— Tecla F1 – Abre o menu de ajuda do programa aberto
• Firewall — Tecla Win + F1 – Abre o menu de ajuda do Windows
Firewall, no caso, funciona como um filtro na rede. Ele deter- — Shift esquerdo + alt esquerdo + Print Screen – Ativa ou desa-
mina o que deve passar em uma rede, seja ela local ou corporativa, bilita o alto contraste
bloqueando entradas indesejáveis e protegendo assim o compu- — Shift esquerdo + tecla Win + M – Restaura as janelas minimi-
tador. Pode ter regras simples ou complexas, dependendo da im- zadas anteriormente
plementação, isso pode ser limitado a combinações simples de IP / — Windows + Tecla Pause/Break – Abre a aba de propriedades
porta ou fazer verificações completas. do sistema
— Tecla Windows + sinal de mais ou menos – Usa a lupa dispo-
• Antispyware nível no Windows.
Spyware é um software espião, que rouba as informações, em
contrário, o antispyware protege o computador funcionando como Outros atalhos gerais:
o antivírus em todos os sentidos, conforme relatado acima. Muitos — Ctrl + A – Seleciona todos o arquivo ou texto, exceto na suíte
antivírus inclusive já englobam tais funções em sua especificação. Microsoft Office
— Ctrl + C Copia a seleção
— Ctrl + D – Apaga um item enviando-o para a lixeira;
TECLAS DE ATALHO — Ctrl + R – Recarrega uma janela ou página sendo vista
— Ctrl + X – Recorta a seleção
Os atalhos são combinações de teclas que permitem a execu- — Ctrl + V – Cola o item da área de transferência
ção de determinadas ações. Dentro deste conceito os atalhos são — Ctrl + Y – Refaz uma ação
muito apreciados pelos usuários, visto que economizam tempo, — Ctrl + Z – Desfaz uma ação.
pois ao invés de acessar um item com o mouse o mesmo pode ser
acessado por uma combinação de teclas simples. Outros Atalhos importantes:
Vamos exemplificar abaixo alguns atalhos juntamente com sua — Tecla + (sinal de mais) – Mostra todo o conteúdo de uma
combinação de teclas. pasta selecionada
— Tecla – (sinal de menos) – Fecha o conteúdo aberto de uma
Atalhos para o Sistema Operacional Windows pasta selecionada
— Win ou “Ctrl + Esc” – Abre o Menu Iniciar — Tecla End – Exibe o final da pasta atual
— Win + número – Abre o programa correspondente da “Barra — Tecla F11 – Maximiza ou minimiza a janela ativa
de Tarefas” — Shift + Delete – Exclui o item previamente selecionado, sem
— Win + D – Abre ou esconde a “Área de trabalho” enviá-lo a lixeira
— Win + E – Abre o “Explorador de arquivos” — F3 – realiza pesquisas de arquivos em uma pasta que estiver
— Win + G (Windows 10) – Abre a barra de jogos quando um aberta.
jogo está aberto

131
INFORMÁTICA
— F5 – atualiza a janela atual, seja uma pasta, aplicativo ou página na web.
— F6 – seleciona o texto que estiver na barra de endereços do Explorer ou do navegador.

SISTEMA E-DOCS.

GOOGLE DRIVE
Textos no Google Docs
Um dos destaques da ferramenta de edição de textos do Google Docs é que enquanto você edita ou escreve no Google Docs você não
precisa salvar o trabalho, pois tudo o que é produzido nele, é salvo automaticamente. Ou seja, caso seu celular descarregue, não é preciso
se preocupar, pois o conteúdo é guardado à medida que está sendo produzido.
O Google garante ainda que esse é o fim da preocupação com os formatos dos arquivos, uma vez que todo o material produzido den-
tro do Docs é totalmente compatível com outros programas de edição como o Microsoft Word ou Excel, por exemplo.
Por se tratar de uma ferramenta do Google, a empresa também disponibiliza um espaço para o buscador que permite que você “ex-
plore e deixe-se inspirar pelas imagens, citações e textos das pesquisas no Google sem sair do aplicativo para Android”, explica o desen-
volvedor.

Etapa 1: Criar um documento


Para criar um novo documento:
Abra a tela inicial do Documentos em docs.google.com.
No canto superior esquerdo, em “Iniciar um novo documento”, clique em Novo Adicionar. O novo documento será criado e aberto.
Também é possível criar novos documentos neste URL: docs.google.com/create.
Etapa 2: Editar e formatar
Você pode adicionar e editar o texto, os parágrafos, o espaçamento e muito mais em um documento.
Etapa 3: Compartilhar e colaborar com outras pessoas
Você pode compartilhar arquivos e pastas com as pessoas e determinar se elas podem ver, editar ou comentar esses itens.
Excel 2010, 2013 e detalhes gerais

Figura 23: Tela Principal do Excel 2013

Barra de Títulos:
A linha superior da tela é a barra de títulos, que mostra o nome da pasta de trabalho na janela. Ao iniciar o programa aparece Pasta 1
porque você ainda não atribuiu um nome ao seu arquivo.

Faixa de Opções:
Desde a versão 2007 do Office, os menus e barras de ferramentas foram substituídos pela Faixa de Opções. Os comandos são organi-
zados em uma única caixa, reunidos em guias. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade e, para melhorar a organização, algumas
são exibidas somente quando necessário.

132
INFORMÁTICA

Figura 24: Faixa de Opções

Barra de Ferramentas de Acesso Rápido:


A Barra de Ferramentas de Acesso Rápido fica posicionada no topo da tela e pode ser configurada com os botões de sua preferência,
tornando o trabalho mais ágil.

Figura 25: Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Adicionando e Removendo Componentes:


Para ocultar ou exibir um botão de comando na barra de ferramentas de acesso rápido podemos clicar com o botão direito no com-
ponente que desejamos adicionar, em qualquer guia. Será exibida uma janela com a opção de Adicionar à Barra de Ferramentas de Acesso
Rápido.Temos ainda outra opção de adicionar ou remover componentes nesta barra, clicando na seta lateral. Na janela apresentada temos
várias opções para personalizar a barra, além da opção Mais Comandos..., onde temos acesso a todos os comandos do Excel.

Figura 26: Adicionando componentes à Barra de Ferramentas de Acesso Rápido

Para remoção do componente, selecione-o, clique com o botão direito do mouse e escolha Remover da Barra de Ferramentas de
Acesso Rápido.

Barra de Status:
Localizada na parte inferior da tela, a barra de status exibe mensagens, fornece estatísticas e o status de algumas teclas. Nela encon-
tramos o recurso de Zoom e os botões de “Modos de Exibição”.

Figura 27: Barra de Status

Clicando com o botão direito sobre a barra de status, será exibida a caixa Personalizar barra de status. Nela podemos ativar ou desati-
var vários componentes de visualização.

133
INFORMÁTICA

Figura 28: Personalizar Barra de Status

Barras de Rolagem: Nos lados direito e inferior da região de texto estão as barras de rolagem. Clique nas setas para cima ou para baixo
para mover a tela verticalmente, ou para a direita e para a esquerda para mover a tela horizontalmente, e assim poder visualizar toda a
sua planilha.

Planilha de Cálculo: A área quadriculada representa uma planilha de cálculos, na qual você fará a inserção de dados e fórmulas para
colher os resultados desejados.
Uma planilha é formada por linhas, colunas e células. As linhas são numeradas (1, 2, 3, etc.) e as colunas nomeadas com letras (A, B,
C, etc.).

Figura 29: Planilha de Cálculo

134
INFORMÁTICA
Cabeçalho de Coluna: Cada coluna tem um cabeçalho, que contém a letra que a identifica. Ao clicar na letra, toda a coluna é selecio-
nada.

Figura 30: Seleção de Coluna

Ao dar um clique com o botão direito do mouse sobre o cabeçalho de uma coluna, aparecerá o menu pop-up, onde as opções deste
menu são as seguintes:
-Formatação rápida: a caixa de formatação rápida permite escolher a formatação de fonte e formato de dados, bem como mesclagem
das células (será abordado mais detalhadamente adiante).
-Recortar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado e, após colada, essa
coluna é excluída do local de origem.
-Copiar: copia toda a coluna para a área de transferência, para que possa ser colada em outro local determinado.
-Opções de Colagem: mostra as diversas opções de itens que estão na área de transferência e que tenham sido recortadas ou copiadas.
-Colar especial: permite definir formatos específicos na colagem de dados, sobretudo copiados de outros aplicativos.
-Inserir: insere uma coluna em branco, exatamente antes da coluna selecionada.
-Excluir: exclui toda a coluna selecionada, inclusive os dados nela contidos e sua formatação.
-Limpar conteúdo: apenas limpa os dados de toda a coluna, mantendo a formatação das células.
-Formatar células: permite escolher entre diversas opções para fazer a formatação das células (tal procedimento será visto detalha-
damente adiante).
-Largura da coluna: permite definir o tamanho da coluna selecionada.
-Ocultar: oculta a coluna selecionada. Muitas vezes uma coluna é utilizada para fazer determinados cálculos, necessários para a tota-
lização geral, mas desnecessários na visualização. Neste caso, utiliza-se esse recurso.
-Re-exibir: reexibe colunas ocultas.

Cabeçalho de Linha: Cada linha tem também um cabeçalho, que contém o número que a identifica. Clicando no cabeçalho de uma
linha, esta ficará selecionada.

Figura 31: Cabeçalho de linha

135
INFORMÁTICA
Sendo assim, as células são representadas como mostra a tabela:

Figura 32: Representação das Células

Caixa de Nome: Você pode visualizar a célula na qual o cursor está posicionado através da Caixa de Nome, ou, ao contrário, pode clicar
com o mouse nesta caixa e digitar o endereço da célula em que deseja posicionar o cursor. Após dar um “Enter”, o cursor será automatica-
mente posicionado na célula desejada.

Guias de Planilhas: Em versões anteriores do Excel, ao abrir uma nova pasta de trabalho no Excel, três planilhas já eram criadas: Plan1,
Plan2 e Plan3. Nesta versão, somente uma planilha é criada, e você poderá criar outras, se necessitar. Para criar nova planilha dentro da
pasta de trabalho, clique no sinal + ( ). Para alternar entre as planilhas, basta clicar sobre a guia, na planilha que deseja tra-
balhar.
Você verá, no decorrer desta lição, como podemos cruzar dados entre planilhas e até mesmo entre pastas de trabalho diferentes,
utilizando as guias de planilhas.
Ao posicionar o mouse sobre qualquer uma das planilhas existentes e clicar com o botão direito aparecerá um menu pop up.

Figura 33: Menu Planilhas

As funções deste menu são as seguintes:


-Inserir: insere uma nova planilha exatamente antes da planilha selecionada.
-Excluir: exclui a planilha selecionada e os dados que ela contém.
-Renomear: renomeia a planilha selecionada.
-Mover ou copiar: você pode mover a planilha para outra posição, ou mesmo criar uma cópia da planilha com todos os dados nela
contidos.
-Proteger Planilha: para impedir que, por acidente ou deliberadamente, um usuário altere, mova ou exclua dados importantes de
planilhas ou pastas de trabalho, você pode proteger determinados elementos da planilha (planilha: o principal documento usado no Excel
para armazenar e trabalhar com dados, também chamado planilha eletrônica. Uma planilha consiste em células organizadas em colunas e
linhas; ela é sempre armazenada em uma pasta de trabalho.) ou da pasta de trabalho, com ou sem senha (senha: uma forma de restringir
o acesso a uma pasta de trabalho, planilha ou parte de uma planilha. As senhas do Excel podem ter até 255 letras, números, espaços e
símbolos.

É necessário digitar as letras maiúsculas e minúsculas corretamente ao definir e digitar senhas.). É possível remover a proteção da
planilha, quando necessário.
-Exibir código: pode-se criar códigos de programação em VBA (Visual Basic for Aplications) e vincular às guias de planilhas (trata-se de
tópico de programação avançada, que não é o objetivo desta lição, portanto, não será abordado).

136
INFORMÁTICA
-Cor da guia: muda a cor das guias de planilhas.
-Ocultar/Re-exibir: oculta/reexibe uma planilha.
-Selecionar todas as planilhas: cria uma seleção em todas as planilhas para que possam ser configuradas e impressas juntamente.

Selecionar Tudo: Clicando-se na caixa Selecionar tudo, todas as células da planilha ativa serão selecionadas.

Figura 34: Caixa Selecionar Tudo

Barra de Fórmulas: Na barra de fórmulas são digitadas as fórmulas que efetuarão os cálculos.
A principal função do Excel é facilitar os cálculos com o uso de suas fórmulas. A partir de agora, estudaremos várias de suas fórmulas.
Para iniciar, vamos ter em mente que, para qualquer fórmula que será inserida em uma célula, temos que ter sinal de “=” no seu início.
Esse sinal, oferece uma entrada no Excel que o faz diferenciar textos ou números comuns de uma fórmula.

Somar: Se tivermos uma sequência de dados numéricos e quisermos realizar a sua soma, temos as seguintes formas de fazê-lo:

Figura 35: Soma simples

Usamos, nesse exemplo, a fórmula =B2+B3+B4.


Após o sinal de “=” (igual), clicar em uma das células, digitar o sinal de “+” (mais) e continuar essa sequência até o último valor.
Após a sequência de células a serem somadas, clicar no ícone soma, ou usar as teclas de atalho Alt+=.
A última forma que veremos é a função soma digitada. Vale ressaltar que, para toda função, um início é fundamental:
= nome da função (

1 -Sinal de igual.
2 – Nome da função.
3 – Abrir parênteses.

Após essa sequência, o Excel mostrará um pequeno lembrete sobre a função que iremos usar, e nele é possível clicar e obter ajuda,
também. Usaremos, no exemplo a seguir, a função = soma(B2:B4).
Lembre-se, basta colocar a célula que contém o primeiro valor, em seguida os dois pontos (:) e por último a célula que contém o último
valor.

Subtrair: A subtração será feita sempre entre dois valores, por isso não precisamos de uma função específica.
Tendo dois valores em células diferentes, podemos apenas clicar na primeira, digitar o sinal de “-” (menos) e depois clicar na segunda
célula. Usamos na figura a seguir a fórmula = B2-B3.

Multiplicar: Para realizarmos a multiplicação, procedemos de forma semelhante à subtração. Clicamos no primeiro número, digitamos
o sinal de multiplicação que, para o Excel é o “*” asterisco, e depois, clicamos no último valor. No próximo exemplo, usaremos a fórmula
=B2*B3.
Outra forma de realizar a multiplicação é através da seguinte função:
=mult(B2;c2) multiplica o valor da célula B2 pelo valor da célula C2.

137
INFORMÁTICA
Dividir: Para realizarmos a divisão, procedemos de forma se- Veja na figura, que quando digitamos a parte inicial da função,
melhante à subtração e multiplicação. Clicamos no primeiro núme- o Excel nos mostra que temos que selecionar o num, ou seja, a cé-
ro, digitamos o sinal de divisão que, para o Excel é a “/” barra, e lula que desejamos arredondar e, depois do “;” (ponto e vírgula),
depois, clicamos no último valor. No próximo exemplo, usaremos a digitar a quantidade de dígitos para a qual queremos arredondar.
fórmula =B3/B2. Na próxima figura, para efeito de entendimento, deixaremos as
funções aparentes, e os resultados dispostos na coluna C:
Máximo: Mostra o maior valor em um intervalo de células sele-
cionadas. Na figura a seguir, iremos calcular a maior idade digitada A função Arredondar.para.Baixo segue exatamente o mesmo
no intervalo de células de A2 até A5. A função digitada será = má- conceito.
ximo(A2:A5). Resto: Com essa função podemos obter o resto de uma divisão.
Onde: “= máximo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se ao Sua sintaxe é a seguinte:
endereço dos valores onde você deseja ver qual é o maior valor. No = mod (núm;divisor)
caso a resposta seria 10. Onde:
Núm: é o número para o qual desejamos encontrar o resto.
Mínimo: Mostra o menor valor existente em um intervalo de divisor: é o número pelo qual desejamos dividir o número.
células selecionadas.
Na figura a seguir, calcularemos o menor salário digitado no
intervalo de A2 até A5. A função digitada será = mínimo (A2:A5).
Onde: “= mínimo” – é o início da função; (A2:A5) – refere-se ao
endereço dos valores onde você deseja ver qual é o maior valor. No
caso a resposta seria R$ 622,00.

Média: A função da média soma os valores de uma sequência Figura 38: Exemplo de digitação da função MOD
selecionada e divide pela quantidade de valores dessa sequência.
Na figura a seguir, foi calculada a média das alturas de quatro Os valores do exemplo a cima serão, respectivamente: 1,5 e 1.
pessoas, usando a função = média (A2:A4) Valor Absoluto: Com essa função podemos obter o valor ab-
Foi digitado “= média )”, depois, foram selecionados os valores soluto de um número. O valor absoluto, é o número sem o sinal. A
das células de A2 até A5. Quando a tecla Enter for pressionada, o sintaxe da função é a seguinte:
resultado será automaticamente colocado na célula A6. =abs(núm)
Todas as funções, quando um de seus itens for alterado, recal- Onde: aBs(núm)
culam o valor final.
Núm: é o número real cujo valor absoluto você deseja obter.
Data: Esta fórmula insere a data automática em uma planilha.

Figura 36: Exemplo função hoje Figura 39: Exemplo função abs

Na célula C1 está sendo mostrado o resultado da função Dias 360: Retorna o número de dias entre duas datas com base
=hoje(), que aparece na barra de fórmulas. em um ano de 360 dias (doze meses de 30 dias). Sua sintaxe é:
Inteiro: Com essa função podemos obter o valor inteiro de uma = DIAS360(data_inicial;data_final)
fração. A função a ser digitada é =int(A2). Lembramos que A2 é a Onde:
célula escolhida e varia de acordo com a célula a ser selecionada na data_inicial = a data de início de contagem.
planilha trabalhada. Data_final = a data a qual quer se chegar.

Arredondar para cima: Com essa função, é possível arredondar No exemplo a seguir, vamos ver quantos dias faltam para
um número com casas decimais para o número mais distante de chegar até a data de 14/06/2018, tendo como data inicial o dia
zero. 05/03/2018. A função utilizada será =dias360(A2;B2)
Sua sintaxe é:= ARREDONDAR.PARA.CIMA(núm;núm_dígitos)
Onde:
Núm: é qualquer número real que se deseja arredondar.
Núm_dígitos: é o número de dígitos para o qual se deseja ar-
redondar núm.

Figura 40: Exemplo função dias360


Figura 37: Início da função arredondar para cima

138
INFORMÁTICA
Vamos usar a Figura abaixo para explicar as próximas funções (Se, SomaSe, Cont.Se)

Figura 41: Exemplo (Se, SomaSe, Cont.se)

Função SE: O SE é uma função condicional, ou seja, verifica SE uma condição é verdadeira ou falsa.
A sintaxe dessa função é a seguinte:
=SE(teste_lógico;“valor_se_verdadeiro”;“valor_se_falso”)
=: Significa a chamada para uma fórmula/função
SE: função SE
teste_lógico: a pergunta a qual se deseja ter resposta
“valor_se_verdadeiro”: se a resposta da pergunta for verdadeira, define o resultado “valor_se_falso” se a resposta da pergunta for
falsa, define o resultado.
Usando a planilha acima como exemplo, na coluna ‘E’ queremos colocar uma mensagem se o funcionário recebe um salário igual ou
acima do valor mínimo R$ 724,00 ou abaixo do valor mínimo determinado em R$ 724,00.
Assim, temos a condição:
SE VALOR DE C3 FOR MAIOR OU IGUAL a 724, então ESCREVA “ACIMA”, senão ESCREVA “ABAIXO” MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA
E3
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula C3, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Teste lógico: C3>=724
Valor_se_verdadeiro: “Acima”
Valor_se_falso: “Abaixo”
Assim, com o cursor na célula E3, digitamos:
=SE(C3>=724;”Acima”;”Abaixo”)

Para cada uma das linhas, podemos copiar e colar as fórmulas, e o Excel, inteligentemente, acertará as linhas e colunas nas células.
Nossas fórmulas ficarão assim:
E4 ↑ =SE(C4>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E5 ↑ =SE(C5>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E6 ↑ =SE(C6>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E7 ↑ =SE(C7>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E8 ↑ =SE(C8>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E9 ↑ =SE(C9>=724;”Acima”;”Abaixo”)
E10 ↑ =SE(C10>=724;”Acima”;”Abaixo”)

Função SomaSE: A SomaSE é uma função de soma condicionada, ou seja, SOMA os valores, SE determinada condição for verdadeira.
A sintaxe desta função é a seguinte:
=SomaSe(intervalo;“critérios”;intervalo_soma)
=Significa a chamada para uma fórmula/função
SomaSe: função SOMASE
intervalo: Intervalo de células onde será feita a análise dos dados
“critérios”: critérios (sempre entre aspas) a serem avaliados a fim de chegar à condição verdadeira
intervalo_soma: Intervalo de células onde será verificada a condição para soma dos valores

139
INFORMÁTICA
Exemplo: usando a planilha acima, queremos somar os salários de todos os funcionários HOMENS e mostrar o resultado na célula
D16. E também queremos somar os salários das funcionárias mulheres e mostrar o resultado na célula D17. Para isso precisamos criar a
seguinte condição:
HOMENS:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MASCULINO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO INTERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D16

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula D16, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “MASCULINO”
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D16, digitamos:
=SOMASE(D3:D10;”masculino”;C3:C10)
MULHERES:
SE SEXO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR FEMININO, ENTÃO
SOMA O VALOR DO SALÁRIO MOSTRADO NO INTERVALO D3 ATÉ D10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D17
Traduzindo a condição em variáveis teremos:
Resultado: será mostrado na célula D17, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: “FEMININO”
Intervalo para soma: D3:D10
Assim, com o cursor na célula D17, digitamos:
=SomaSE(D3:D10;”feminino”;C3:C10)

Função CONT.SE: O CONT.SE é uma função de contagem condicionada, ou seja, CONTA a quantidade de registros, SE determinada
condição for verdadeira. A sintaxe desta função é a seguinte:
=CONT.SE(intervalo;“critérios”)
= : significa a chamada para uma fórmula/função
CONT.SE: chamada para a função CONT.SE
intervalo: intervalo de células onde será feita a análise dos dados
“critérios”: critérios a serem avaliados nas células do “intervalo”
Usando a planilha acima como exemplo, queremos saber quantas pessoas ganham R$ 1.200,00 ou mais, e mostrar o resultado na
célula D14, e quantas ganham abaixo de R$1.200,00 e mostrar o resultado na célula D15. Para isso precisamos criar a seguinte condição:

R$ 1.200,00 ou MAIS:
SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MAIOR OU IGUAL A 1.200,00, ENTÃO
CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D14

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula D14, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: >=1200
Assim, com o cursor na célula D14, digitamos:
=CONT.SE(C3:C10;”>=1200”)
MENOS DE R$ 1.200,00:
SE SALÁRIO NO INTERVALO C3 ATÉ C10 FOR MENOR QUE 1200, ENTÃO
CONTA REGISTROS NO INTERVALO C3 ATÉ C10
MOSTRA O RESULTADO NA CÉLULA D15

Traduzindo a condição em variáveis teremos:


Resultado: será mostrado na célula D15, portanto é onde devemos digitar a fórmula
Intervalo para análise: C3:C10
Critério: <1200
Assim, com o cursor na célula D15, digitamos:
=CONT.SE(C3:C10;”<1200”)
Observações: fique atento com o > (maior) e < (menor), >= (maior ou igual) e <=(menor ou igual). Se tivéssemos determinado a conta-
gem de valores >1200 (maior que 1200) e <1200 (menor que 1200), o valor =1200 (igual a 1200) não entraria na contagem.

Formatação de Células: Ao observar a planilha abaixo, fica claro que não é uma planilha bem formatada, vamos deixar ela de uma
maneira mais agradável.

140
INFORMÁTICA

Figura 42: Planilha sem Formatação

Vamos utilizar os 3(três) passos apontados na Figura abaixo:

Figura 43: Formatando a planilha

O primeiro passo é mesclar e centralizar o título, para isso utilizamos o botão Mesclar e Centralizar, entre outras opções de alinhamen-
to, como centralizar, direção do texto, entre outras.

Figura 44: Formatando a planilha (Passo 1)

Em seguida, vamos colocar uma borda no texto digitado, vamos escolher a opção “Todas as bordas”, podemos mudar o título para
negrito, mudar a cor do fundo e/ou de uma fonte, basta selecionar a(s) célula(s) e escolher as formatações.

Figura 45: Formatando a planilha (Passo 2)

141
INFORMÁTICA
Para finalizar essa etapa vamos formatar a coluna C para moeda, que é o caso desse exemplo, porém pode ser realizado vários outros
tipos de formatação, como, porcentagem, data, hora, científico, basta clicar no dropbox onde está escrito geral e escolher.

Figura 46: Formatando a planilha (Passo 3)


O resultado final nos traz uma planilha muito mais agradável e de fácil entendimento:

Figura 47: Planilha Formatada

Ordenando os dados: Você pode digitar os dados em qualquer ordem, pois o Excel possui uma ferramenta muito útil para ordenar os
dados.
Ao clicar neste botão, você tem as opções para classificar de A a Z (ordem crescente), de Z a A (ordem decrescente) ou classificação
personalizada.
Para ordenar seus dados, basta clicar em uma célula da coluna que deseja ordenar, e selecionar a classificação crescente ou decrescen-
te. Mas cuidado! Se você selecionar uma coluna inteira, nas versões mais antigas do Excel, você irá classificar os dados dessa coluna, mas
vai manter os dados das outras colunas onde estão. Ou seja, seus dados ficarão alterados. Nas versões mais novas, ele fará a pergunta, se
deseja expandir a seleção e dessa forma, fazer a classificação dos dados junto com a coluna de origem, ou se deseja manter a seleção e
classificar somente a coluna selecionada.

Filtrando os dados: Ainda no botão temos a opção FILTRO. Ao selecionar esse botão, cada uma das colunas da nossa planilha irá abrir
uma seta para fazer a seleção dos dados que desejamos visualizar. Assim, podemos filtrar e visualizar somente os dados do mês de Janeiro
ou então somente os gastos com contas de consumo, por exemplo.

Grupo ferramentas de dados:


- Texto para colunas: separa o conteúdo de uma célula do Excel em colunas separadas.
- Remover duplicatas: exclui linhas duplicadas de uma planilha - Validação de dados: permite especificar valores inválidos para uma
planilha. Por exemplo, podemos especificar que a planilha não aceitará receber valores menores que 10.
- Consolidar: combina valores de vários intervalos em um novo intervalo.
- Teste de hipóteses: testa diversos valores para a fórmula na planilha.

Gráficos: Outra forma interessante de analisar os dados é utilizando gráficos. O Excel monta os gráficos rapidamente e é muito fácil.
Na Guia Inserir da Faixa de Opções, temos diversas opções de gráficos que podem ser utilizados.

Figura 48: Gráficos

142
INFORMÁTICA
Utilizando a planilha da Concessionária Grupo Nova, teremos o seguinte gráfico escolhido

Figura 49: Gráfico de Colunas – 3D


Redimensione o gráfico clicando com o mouse nas bordas para aumentar de tamanho. Reposicione o gráfico na página, clicando nas
linhas e arrastando até o local desejado.

QUESTÕES

1. (FGV-SEDUC -AM) O dispositivo de hardware que tem como principal função a digitalização de imagens e textos, convertendo as
versões em papel para o formato digital, é denominado
(A) joystick.
(B) plotter.
(C) scanner.
(D) webcam.
(E) pendrive.

2. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) João comprou um novo jogo para seu computador e o instalou sem que ocorressem erros.
No entanto, o jogo executou de forma lenta e apresentou baixa resolução. Considerando esse contexto, selecione a alternativa que contém
a placa de expansão que poderá ser trocada ou adicionada para resolver o problema constatado por João.
(A) Placa de som
(B) Placa de fax modem
(C) Placa usb
(D) Placa de captura
(E) Placa de vídeo

3. (CKM-FUNDAÇÃO LIBERATO SALZANO) Há vários tipos de periféricos utilizados em um computador, como os periféricos de saída e
os de entrada. Dessa forma, assinale a alternativa que apresenta um exemplo de periférico somente de entrada.
(A) Monitor
(B) Impressora
(C) Caixa de som
(D) Headphone
(E) Mouse

143
INFORMÁTICA
4. (VUNESP-2019 – SEDUC-SP) Na rede mundial de computado- 10. (CPCON – PREF, PORTALEGRE) Existem muitas versões do
res, Internet, os serviços de comunicação e informação são disponi- Microsoft Windows disponíveis para os usuários. No entanto, não é
bilizados por meio de endereços e links com formatos padronizados uma versão oficial do Microsoft Windows
URL (Uniform Resource Locator). Um exemplo de formato de ende- (A) Windows 7
reço válido na Internet é: (B) Windows 10
(A) http:@site.com.br (C) Windows 8.1
(B) HTML:site.estado.gov (D) Windows 9
(C) html://www.mundo.com (E) Windows Server 2012
(D) https://meusite.org.br
(E) www.#social.*site.com 11. (MOURA MELO – CAJAMAR) É uma versão inexistente do
Windows:
5. (IBASE PREF. DE LINHARES – ES) Quando locamos servido- (A) Windows Gold.
res e armazenamento compartilhados, com software disponível e (B) Windows 8.
localizados em Data-Centers remotos, aos quais não temos acesso (C) Windows 7.
presencial, chamamos esse serviço de: (D) Windows XP.
(A) Computação On-Line.
(B) Computação na nuvem. 12. (QUADRIX CRN) Nos sistemas operacionais Windows 7 e
(C) Computação em Tempo Real. Windows 8, qual, destas funções, a Ferramenta de Captura não exe-
(D) Computação em Block Time. cuta?
(E) Computação Visual (A) Capturar qualquer item da área de trabalho.
(B) Capturar uma imagem a partir de um scanner.
6. (CESPE – SEDF) Com relação aos conceitos básicos e modos (C) Capturar uma janela inteira
de utilização de tecnologias, ferramentas, aplicativos e procedimen- (D) Capturar uma seção retangular da tela.
tos associados à Internet, julgue o próximo item. (E) Capturar um contorno à mão livre feito com o mouse ou
Embora exista uma série de ferramentas disponíveis na Inter- uma caneta eletrônica
net para diversas finalidades, ainda não é possível extrair apenas o
áudio de um vídeo armazenado na Internet, como, por exemplo, no 13. (IF-PB) Acerca dos sistemas operacionais Windows 7 e 8,
Youtube (http://www.youtube.com). assinale a alternativa INCORRETA:
( ) Certo (A) O Windows 8 é o sucessor do 7, e ambos são desenvolvidos
( ) Errado pela Microsoft.
7. (CESP-MEC WEB DESIGNER) Na utilização de um browser, a (B) O Windows 8 apresentou uma grande revolução na interfa-
execução de JavaScripts ou de programas Java hostis pode provocar ce do Windows. Nessa versão, o botão “iniciar” não está sem-
danos ao computador do usuário. pre visível ao usuário.
( ) Certo (C) É possível executar aplicativos desenvolvidos para Windows
( ) Errado 7 dentro do Windows 8.
(D) O Windows 8 possui um antivírus próprio, denominado
8. (FGV – SEDUC -AM) Um Assistente Técnico recebe um e-mail Kapersky.
com arquivo anexo em seu computador e o antivírus acusa existên- (E) O Windows 7 possui versões direcionadas para computado-
cia de vírus. res x86 e 64 bits.
Assinale a opção que indica o procedimento de segurança a ser
adotado no exemplo acima. 14. (CESPE BANCO DA AMAZÔNIA) O Linux, um sistema multi-
(A) Abrir o e-mail para verificar o conteúdo, antes de enviá-lo tarefa e multiusuário, é disponível em várias distribuições, entre as
ao administrador de rede. quais, Debian, Ubuntu, Mandriva e Fedora.
(B) Executar o arquivo anexo, com o objetivo de verificar o tipo ( ) Certo
de vírus. ( ) Errado
(C) Apagar o e-mail, sem abri-lo.
(D) Armazenar o e-mail na área de backup, para fins de moni- 15. (FCC – DNOCS) - O comando Linux que lista o conteúdo de
toramento. um diretório, arquivos ou subdiretórios é o
(E) Enviar o e-mail suspeito para a pasta de spam, visando a (A) init 0.
analisá-lo posteriormente. (B) init 6.
(C) exit
9. (CESPE – PEFOCE) Entre os sistemas operacionais Windows (D) ls.
7, Windows Vista e Windows XP, apenas este último não possui ver- (E) cd.
são para processadores de 64 bits.
( ) Certo 16. (SOLUÇÃO) O Linux faz distinção de letras maiúsculas ou
( ) Errado minúsculas
( ) Certo
( ) Errado

144
INFORMÁTICA
17. (CESP -UERN) Na suíte Microsoft Office, o aplicativo 11 A
(A) Excel é destinado à elaboração de tabelas e planilhas eletrô-
nicas para cálculos numéricos, além de servir para a produção 12 B
de textos organizados por linhas e colunas identificadas por nú- 13 D
meros e letras.
(B) PowerPoint oferece uma gama de tarefas como elaboração 14 CERTO
e gerenciamento de bancos de dados em formatos .PPT. 15 D
(C) Word, apesar de ter sido criado para a produção de texto, é
16 CERTO
útil na elaboração de planilhas eletrônicas, com mais recursos
que o Excel. 17 A
(D) FrontPage é usado para o envio e recebimento de mensa- 18 D
gens de correio eletrônico.
(E) Outlook é utilizado, por usuários cadastrados, para o envio 19 CERTO
e recebimento de páginas web. 20 CERTO

18. (FUNDEP – UFVJM-MG) Assinale a alternativa que apresen-


ta uma ação que não pode ser realizada pelas opções da aba “Pági-
na Inicial” do Word 2010. ANOTAÇÕES
(A) Definir o tipo de fonte a ser usada no documento.
(B) Recortar um trecho do texto para incluí-lo em outra parte
do documento. ______________________________________________________
(C) Definir o alinhamento do texto.
(D) Inserir uma tabela no texto ______________________________________________________

19. (CESPE – TRE-AL) Considerando a janela do PowerPoint ______________________________________________________


2002 ilustrada abaixo julgue os itens a seguir, relativos a esse apli-
______________________________________________________
cativo.
A apresentação ilustrada na janela contém 22 slides ?. ______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________

______________________________________________________
( ) Certo
( ) Errado ______________________________________________________

20. (CESPE – CAIXA) O PowerPoint permite adicionar efeitos so- ______________________________________________________


noros à apresentação em elaboração.
( ) Certo ______________________________________________________
( ) Errado
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________

1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 E
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 B
6 ERRADO ______________________________________________________
7 CERTO ______________________________________________________
8 C
______________________________________________________
9 CERTO
10 D _____________________________________________________

145
INFORMÁTICA
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146
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Agente Socioeducativo

§ 5º Entendem-se por entidade de atendimento a pessoa jurí-


LEI DO SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SO- dica de direito público ou privado que instala e mantém a unidade
CIOEDUCATIVO – SINASE e os recursos humanos e materiais necessários ao desenvolvimento
de programas de atendimento.
LEI Nº 12.594, DE 18 DE JANEIRO DE 2012. Art. 2º O Sinase será coordenado pela União e integrado pelos
sistemas estaduais, distrital e municipais responsáveis pela imple-
Institui o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo mentação dos seus respectivos programas de atendimento a ado-
(Sinase), regulamenta a execução das medidas socioeducativas lescente ao qual seja aplicada medida socioeducativa, com liberda-
destinadas a adolescente que pratique ato infracional; e altera as de de organização e funcionamento, respeitados os termos desta
Leis nºs 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Lei.
Adolescente); 7.560, de 19 de dezembro de 1986, 7.998, de 11 de
janeiro de 1990, 5.537, de 21 de novembro de 1968, 8.315, de 23 CAPÍTULO II
de dezembro de 1991, 8.706, de 14 de setembro de 1993, os Decre- DAS COMPETÊNCIAS
tos-Leis nºs 4.048, de 22 de janeiro de 1942, 8.621, de 10 de janeiro
de 1946, e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Art. 3º Compete à União:
Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. I - formular e coordenar a execução da política nacional de
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- atendimento socioeducativo;
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: II - elaborar o Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo,
em parceria com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
TÍTULO I III - prestar assistência técnica e suplementação financeira aos
DO SISTEMA NACIONAL DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimen-
(SINASE) to de seus sistemas;
CAPÍTULO I IV - instituir e manter o Sistema Nacional de Informações so-
DISPOSIÇÕES GERAIS bre o Atendimento Socioeducativo, seu funcionamento, entidades,
programas, incluindo dados relativos a financiamento e população
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Nacional de Atendimento So- atendida;
cioeducativo (Sinase) e regulamenta a execução das medidas desti- V - contribuir para a qualificação e ação em rede dos Sistemas
nadas a adolescente que pratique ato infracional. de Atendimento Socioeducativo;
§ 1º Entende-se por Sinase o conjunto ordenado de princípios, VI - estabelecer diretrizes sobre a organização e funcionamento
regras e critérios que envolvem a execução de medidas socioeduca- das unidades e programas de atendimento e as normas de refe-
tivas, incluindo-se nele, por adesão, os sistemas estaduais, distrital rência destinadas ao cumprimento das medidas socioeducativas de
e municipais, bem como todos os planos, políticas e programas es- internação e semiliberdade;
pecíficos de atendimento a adolescente em conflito com a lei. VII - instituir e manter processo de avaliação dos Sistemas de
§ 2º Entendem-se por medidas socioeducativas as previstas Atendimento Socioeducativo, seus planos, entidades e programas;
no art. 112 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da VIII - financiar, com os demais entes federados, a execução de
Criança e do Adolescente), as quais têm por objetivos: programas e serviços do Sinase; e
I - a responsabilização do adolescente quanto às consequências IX - garantir a publicidade de informações sobre repasses de
lesivas do ato infracional, sempre que possível incentivando a sua recursos aos gestores estaduais, distrital e municipais, para finan-
reparação; ciamento de programas de atendimento socioeducativo.
II - a integração social do adolescente e a garantia de seus di- § 1º São vedados à União o desenvolvimento e a oferta de pro-
reitos individuais e sociais, por meio do cumprimento de seu plano gramas próprios de atendimento.
individual de atendimento; e § 2º Ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-
III - a desaprovação da conduta infracional, efetivando as dispo- lescente (Conanda) competem as funções normativa, deliberativa,
sições da sentença como parâmetro máximo de privação de liber- de avaliação e de fiscalização do Sinase, nos termos previstos na Lei
dade ou restrição de direitos, observados os limites previstos em nº 8.242, de 12 de outubro de 1991, que cria o referido Conselho.
lei. § 3º O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo será
§ 3º Entendem-se por programa de atendimento a organização submetido à deliberação do Conanda.
e o funcionamento, por unidade, das condições necessárias para o § 4º À Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da Re-
cumprimento das medidas socioeducativas. pública (SDH/PR) competem as funções executiva e de gestão do
§ 4º Entende-se por unidade a base física necessária para a or- Sinase.
ganização e o funcionamento de programa de atendimento. Art. 4º Compete aos Estados:
I - formular, instituir, coordenar e manter Sistema Estadual de
Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas pela
União;

147
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - elaborar o Plano Estadual de Atendimento Socioeducativo § 2º Ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado-
em conformidade com o Plano Nacional; lescente competem as funções deliberativas e de controle do Sis-
III - criar, desenvolver e manter programas para a execução das tema Municipal de Atendimento Socioeducativo, nos termos pre-
medidas socioeducativas de semiliberdade e internação; vistos no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
IV - editar normas complementares para a organização e fun- (Estatuto da Criança e do Adolescente), bem como outras definidas
cionamento do seu sistema de atendimento e dos sistemas muni- na legislação municipal.
cipais; § 3º O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo será
V - estabelecer com os Municípios formas de colaboração para submetido à deliberação do Conselho Municipal dos Direitos da
o atendimento socioeducativo em meio aberto; Criança e do Adolescente.
VI - prestar assessoria técnica e suplementação financeira aos § 4º Competem ao órgão a ser designado no Plano de que trata
Municípios para a oferta regular de programas de meio aberto; o inciso II do caput deste artigo as funções executiva e de gestão do
VII - garantir o pleno funcionamento do plantão interinstitucio- Sistema Municipal de Atendimento Socioeducativo.
nal, nos termos previstos no inciso V do art. 88 da Lei nº 8.069, de Art. 6º Ao Distrito Federal cabem, cumulativamente, as compe-
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) ; tências dos Estados e dos Municípios.
VIII - garantir defesa técnica do adolescente a quem se atribua
prática de ato infracional; CAPÍTULO III
IX - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o DOS PLANOS DE ATENDIMENTO SOCIOEDUCATIVO
Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados ne-
cessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e Art. 7º O Plano de que trata o inciso II do art. 3º desta Lei de-
X - cofinanciar, com os demais entes federados, a execução de verá incluir um diagnóstico da situação do Sinase, as diretrizes, os
programas e ações destinados ao atendimento inicial de adolescen- objetivos, as metas, as prioridades e as formas de financiamento e
te apreendido para apuração de ato infracional, bem como aqueles gestão das ações de atendimento para os 10 (dez) anos seguintes,
destinados a adolescente a quem foi aplicada medida socioeducati- em sintonia com os princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de
va privativa de liberdade. julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
§ 1º Ao Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Ado- § 1º As normas nacionais de referência para o atendimento so-
lescente competem as funções deliberativas e de controle do Siste- cioeducativo devem constituir anexo ao Plano de que trata o inciso
ma Estadual de Atendimento Socioeducativo, nos termos previstos II do art. 3º desta Lei.
no inciso II do art. 88 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta- § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão,
tuto da Criança e do Adolescente), bem como outras definidas na com base no Plano Nacional de Atendimento Socioeducativo, ela-
legislação estadual ou distrital. borar seus planos decenais correspondentes, em até 360 (trezentos
§ 2º O Plano de que trata o inciso II do caput deste artigo será e sessenta) dias a partir da aprovação do Plano Nacional.
submetido à deliberação do Conselho Estadual dos Direitos da Art. 8º Os Planos de Atendimento Socioeducativo deverão,
Criança e do Adolescente. obrigatoriamente, prever ações articuladas nas áreas de educação,
§ 3º Competem ao órgão a ser designado no Plano de que trata saúde, assistência social, cultura, capacitação para o trabalho e es-
o inciso II do caput deste artigo as funções executiva e de gestão do porte, para os adolescentes atendidos, em conformidade com os
Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo. princípios elencados na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Esta-
Art. 5º Compete aos Municípios: tuto da Criança e do Adolescente).
I - formular, instituir, coordenar e manter o Sistema Municipal Parágrafo único. Os Poderes Legislativos federal, estaduais, dis-
de Atendimento Socioeducativo, respeitadas as diretrizes fixadas trital e municipais, por meio de suas comissões temáticas pertinen-
pela União e pelo respectivo Estado; tes, acompanharão a execução dos Planos de Atendimento Socioe-
II - elaborar o Plano Municipal de Atendimento Socioeducati- ducativo dos respectivos entes federados.
vo, em conformidade com o Plano Nacional e o respectivo Plano
Estadual; CAPÍTULO IV
III - criar e manter programas de atendimento para a execução DOS PROGRAMAS DE ATENDIMENTO
das medidas socioeducativas em meio aberto; SEÇÃO I
IV - editar normas complementares para a organização e fun- DISPOSIÇÕES GERAIS
cionamento dos programas do seu Sistema de Atendimento Socio-
educativo; Art. 9º Os Estados e o Distrito Federal inscreverão seus progra-
V - cadastrar-se no Sistema Nacional de Informações sobre o mas de atendimento e alterações no Conselho Estadual ou Distrital
Atendimento Socioeducativo e fornecer regularmente os dados ne- dos Direitos da Criança e do Adolescente, conforme o caso.
cessários ao povoamento e à atualização do Sistema; e Art. 10. Os Municípios inscreverão seus programas e altera-
VI - cofinanciar, conjuntamente com os demais entes federa- ções, bem como as entidades de atendimento executoras, no Con-
dos, a execução de programas e ações destinados ao atendimento selho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
inicial de adolescente apreendido para apuração de ato infracional, Art. 11. Além da especificação do regime, são requisitos obriga-
bem como aqueles destinados a adolescente a quem foi aplicada tórios para a inscrição de programa de atendimento:
medida socioeducativa em meio aberto. I - a exposição das linhas gerais dos métodos e técnicas peda-
§ 1º Para garantir a oferta de programa de atendimento socio- gógicas, com a especificação das atividades de natureza coletiva;
educativo de meio aberto, os Municípios podem instituir os con- II - a indicação da estrutura material, dos recursos humanos e
sórcios dos quais trata a Lei nº 11.107, de 6 de abril de 2005, que das estratégias de segurança compatíveis com as necessidades da
dispõe sobre normas gerais de contratação de consórcios públicos respectiva unidade;
e dá outras providências, ou qualquer outro instrumento jurídico III - regimento interno que regule o funcionamento da entida-
adequado, como forma de compartilhar responsabilidades. de, no qual deverá constar, no mínimo:

148
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) o detalhamento das atribuições e responsabilidades do di- procedimento de apuração de irregularidade em entidade de aten-
rigente, de seus prepostos, dos membros da equipe técnica e dos dimento regulamentado na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
demais educadores; (Estatuto da Criança e do Adolescente), devendo citar o dirigente
b) a previsão das condições do exercício da disciplina e conces- do programa e a direção da entidade ou órgão credenciado.
são de benefícios e o respectivo procedimento de aplicação; e
c) a previsão da concessão de benefícios extraordinários e SEÇÃO III
enaltecimento, tendo em vista tornar público o reconhecimento ao DOS PROGRAMAS DE PRIVAÇÃO DA LIBERDADE
adolescente pelo esforço realizado na consecução dos objetivos do
plano individual; Art. 15. São requisitos específicos para a inscrição de progra-
IV - a política de formação dos recursos humanos; mas de regime de semiliberdade ou internação:
V - a previsão das ações de acompanhamento do adolescente I - a comprovação da existência de estabelecimento educacio-
após o cumprimento de medida socioeducativa; nal com instalações adequadas e em conformidade com as normas
VI - a indicação da equipe técnica, cuja quantidade e formação de referência;
devem estar em conformidade com as normas de referência do sis- II - a previsão do processo e dos requisitos para a escolha do
tema e dos conselhos profissionais e com o atendimento socioedu- dirigente;
cativo a ser realizado; e III - a apresentação das atividades de natureza coletiva;
VII - a adesão ao Sistema de Informações sobre o Atendimento IV - a definição das estratégias para a gestão de conflitos, veda-
Socioeducativo, bem como sua operação efetiva. da a previsão de isolamento cautelar, exceto nos casos previstos no
Parágrafo único. O não cumprimento do previsto neste artigo § 2º do art. 49 desta Lei; e
sujeita as entidades de atendimento, os órgãos gestores, seus diri- V - a previsão de regime disciplinar nos termos do art. 72 desta
gentes ou prepostos à aplicação das medidas previstas no art. 97 Lei.
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Art. 16. A estrutura física da unidade deverá ser compatível
Adolescente). com as normas de referência do Sinase.
Art. 12. A composição da equipe técnica do programa de aten- § 1º É vedada a edificação de unidades socioeducacionais em
dimento deverá ser interdisciplinar, compreendendo, no mínimo, espaços contíguos, anexos, ou de qualquer outra forma integrados
profissionais das áreas de saúde, educação e assistência social, de a estabelecimentos penais.
acordo com as normas de referência. § 2º A direção da unidade adotará, em caráter excepcional, me-
§ 1º Outros profissionais podem ser acrescentados às equipes didas para proteção do interno em casos de risco à sua integridade
para atender necessidades específicas do programa. física, à sua vida, ou à de outrem, comunicando, de imediato, seu
§ 2º Regimento interno deve discriminar as atribuições de cada defensor e o Ministério Público.
profissional, sendo proibida a sobreposição dessas atribuições na Art. 17. Para o exercício da função de dirigente de programa
entidade de atendimento. de atendimento em regime de semiliberdade ou de internação,
§ 3º O não cumprimento do previsto neste artigo sujeita as en- além dos requisitos específicos previstos no respectivo programa
tidades de atendimento, seus dirigentes ou prepostos à aplicação de atendimento, é necessário:
das medidas previstas no art. 97 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de I - formação de nível superior compatível com a natureza da
1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). função;
II - comprovada experiência no trabalho com adolescentes de,
SEÇÃO II no mínimo, 2 (dois) anos; e
DOS PROGRAMAS DE MEIO ABERTO III - reputação ilibada.

Art. 13. Compete à direção do programa de prestação de servi- CAPÍTULO V


ços à comunidade ou de liberdade assistida: DA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DA GESTÃO DO ATEN-
I - selecionar e credenciar orientadores, designando-os, caso a DIMENTO SOCIOEDUCATIVO
caso, para acompanhar e avaliar o cumprimento da medida;
II - receber o adolescente e seus pais ou responsável e orientá- Art. 18. A União, em articulação com os Estados, o Distrito Fe-
-los sobre a finalidade da medida e a organização e funcionamento deral e os Municípios, realizará avaliações periódicas da implemen-
do programa; tação dos Planos de Atendimento Socioeducativo em intervalos não
III - encaminhar o adolescente para o orientador credenciado; superiores a 3 (três) anos.
IV - supervisionar o desenvolvimento da medida; e § 1º O objetivo da avaliação é verificar o cumprimento das me-
V - avaliar, com o orientador, a evolução do cumprimento da tas estabelecidas e elaborar recomendações aos gestores e opera-
medida e, se necessário, propor à autoridade judiciária sua substi- dores dos Sistemas.
tuição, suspensão ou extinção. § 2º O processo de avaliação deverá contar com a participação
Parágrafo único. O rol de orientadores credenciados deverá ser de representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público, da De-
comunicado, semestralmente, à autoridade judiciária e ao Ministé- fensoria Pública e dos Conselhos Tutelares, na forma a ser definida
rio Público. em regulamento.
Art. 14. Incumbe ainda à direção do programa de medida de § 3º A primeira avaliação do Plano Nacional de Atendimento
prestação de serviços à comunidade selecionar e credenciar enti- Socioeducativo realizar-se-á no terceiro ano de vigência desta Lei,
dades assistenciais, hospitais, escolas ou outros estabelecimentos cabendo ao Poder Legislativo federal acompanhar o trabalho por
congêneres, bem como os programas comunitários ou governa- meio de suas comissões temáticas pertinentes.
mentais, de acordo com o perfil do socioeducando e o ambiente no Art. 19. É instituído o Sistema Nacional de Avaliação e Acom-
qual a medida será cumprida. panhamento do Atendimento Socioeducativo, com os seguintes
Parágrafo único. Se o Ministério Público impugnar o creden- objetivos:
ciamento, ou a autoridade judiciária considerá-lo inadequado, ins- I - contribuir para a organização da rede de atendimento socio-
taurará incidente de impugnação, com a aplicação subsidiária do educativo;

149
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - assegurar conhecimento rigoroso sobre as ações do atendi- Art. 23. A avaliação das entidades terá por objetivo identificar
mento socioeducativo e seus resultados; o perfil e o impacto de sua atuação, por meio de suas atividades,
III - promover a melhora da qualidade da gestão e do atendi- programas e projetos, considerando as diferentes dimensões insti-
mento socioeducativo; e tucionais e, entre elas, obrigatoriamente, as seguintes:
IV - disponibilizar informações sobre o atendimento socioedu- I - o plano de desenvolvimento institucional;
cativo. II - a responsabilidade social, considerada especialmente sua
§ 1º A avaliação abrangerá, no mínimo, a gestão, as entidades contribuição para a inclusão social e o desenvolvimento socioeco-
de atendimento, os programas e os resultados da execução das me- nômico do adolescente e de sua família;
didas socioeducativas. III - a comunicação e o intercâmbio com a sociedade;
§ 2º Ao final da avaliação, será elaborado relatório contendo IV - as políticas de pessoal quanto à qualificação, aperfeiçoa-
histórico e diagnóstico da situação, as recomendações e os prazos mento, desenvolvimento profissional e condições de trabalho;
para que essas sejam cumpridas, além de outros elementos a se- V - a adequação da infraestrutura física às normas de referên-
rem definidos em regulamento. cia;
§ 3º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos res- VI - o planejamento e a autoavaliação quanto aos processos,
pectivos Conselhos de Direitos, Conselhos Tutelares e ao Ministério resultados, eficiência e eficácia do projeto pedagógico e da propos-
Público. ta socioeducativa;
§ 4º Os gestores e entidades têm o dever de colaborar com o VII - as políticas de atendimento para os adolescentes e suas
processo de avaliação, facilitando o acesso às suas instalações, à famílias;
documentação e a todos os elementos necessários ao seu efetivo VIII - a atenção integral à saúde dos adolescentes em conformi-
cumprimento. dade com as diretrizes do art. 60 desta Lei; e
§ 5º O acompanhamento tem por objetivo verificar o cumpri- IX - a sustentabilidade financeira.
mento das metas dos Planos de Atendimento Socioeducativo. Art. 24. A avaliação dos programas terá por objetivo verificar,
Art. 20. O Sistema Nacional de Avaliação e Acompanhamento no mínimo, o atendimento ao que determinam os arts. 94, 100, 1
da Gestão do Atendimento Socioeducativo assegurará, na metodo- 17, 119, 120, 123 e 124 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
logia a ser empregada: (Estatuto da Criança e do Adolescente).
I - a realização da autoavaliação dos gestores e das instituições Art. 25. A avaliação dos resultados da execução de medida so-
de atendimento; cioeducativa terá por objetivo, no mínimo:
II - a avaliação institucional externa, contemplando a análise I - verificar a situação do adolescente após cumprimento da
global e integrada das instalações físicas, relações institucionais, medida socioeducativa, tomando por base suas perspectivas edu-
compromisso social, atividades e finalidades das instituições de cacionais, sociais, profissionais e familiares; e
atendimento e seus programas; II - verificar reincidência de prática de ato infracional.
III - o respeito à identidade e à diversidade de entidades e pro- Art. 26. Os resultados da avaliação serão utilizados para:
gramas; I - planejamento de metas e eleição de prioridades do Sistema
IV - a participação do corpo de funcionários das entidades de de Atendimento Socioeducativo e seu financiamento;
atendimento e dos Conselhos Tutelares da área de atuação da en- II - reestruturação e/ou ampliação da rede de atendimento so-
tidade avaliada; e cioeducativo, de acordo com as necessidades diagnosticadas;
V - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resul- III - adequação dos objetivos e da natureza do atendimento so-
tados dos processos avaliativos. cioeducativo prestado pelas entidades avaliadas;
Art. 21. A avaliação será coordenada por uma comissão perma- IV - celebração de instrumentos de cooperação com vistas à
nente e realizada por comissões temporárias, essas compostas, no correção de problemas diagnosticados na avaliação;
mínimo, por 3 (três) especialistas com reconhecida atuação na área V - reforço de financiamento para fortalecer a rede de atendi-
temática e definidas na forma do regulamento. mento socioeducativo;
Parágrafo único. É vedado à comissão permanente designar VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do Siste-
avaliadores: ma de Atendimento Socioeducativo; e
I - que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores avalia- VII - os efeitos do art. 95 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
dos ou funcionários das entidades avaliadas; (Estatuto da Criança e do Adolescente).
II - que tenham relação de parentesco até o 3º grau com titula- Parágrafo único. As recomendações originadas da avaliação de-
res ou servidores dos órgãos gestores avaliados e/ou funcionários verão indicar prazo para seu cumprimento por parte das entidades
das entidades avaliadas; e de atendimento e dos gestores avaliados, ao fim do qual estarão
III - que estejam respondendo a processos criminais. sujeitos às medidas previstas no art. 28 desta Lei.
Art. 22. A avaliação da gestão terá por objetivo: Art. 27. As informações produzidas a partir do Sistema Nacional
I - verificar se o planejamento orçamentário e sua execução se de Informações sobre Atendimento Socioeducativo serão utilizadas
processam de forma compatível com as necessidades do respectivo para subsidiar a avaliação, o acompanhamento, a gestão e o finan-
Sistema de Atendimento Socioeducativo; ciamento dos Sistemas Nacional, Distrital, Estaduais e Municipais
II - verificar a manutenção do fluxo financeiro, considerando de Atendimento Socioeducativo.
as necessidades operacionais do atendimento socioeducativo, as
normas de referência e as condições previstas nos instrumentos ju- CAPÍTULO VI
rídicos celebrados entre os órgãos gestores e as entidades de aten- DA RESPONSABILIZAÇÃO DOS GESTORES, OPERADORES E
dimento; ENTIDADES DE ATENDIMENTO
III - verificar a implementação de todos os demais compromis-
sos assumidos por ocasião da celebração dos instrumentos jurídicos Art. 28. No caso do desrespeito, mesmo que parcial, ou do não
relativos ao atendimento socioeducativo; e cumprimento integral às diretrizes e determinações desta Lei, em
IV - a articulação interinstitucional e intersetorial das políticas. todas as esferas, são sujeitos:

150
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - gestores, operadores e seus prepostos e entidades governa- III - o projeto apresentado esteja de acordo com os pressupos-
mentais às medidas previstas no inciso I e no § 1º do art. 97 da Lei tos da Política Nacional sobre Drogas e legislação específica.”
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adoles- Art. 33. A Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990, passa a vigo-
cente) ; e rar acrescida do seguinte art. 19-A:
II - entidades não governamentais, seus gestores, operadores “ Art. 19-A. O Codefat poderá priorizar projetos das entidades
e prepostos às medidas previstas no inciso II e no § 1º do art. 97 integrantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do (Sinase) desde que:
Adolescente). I - o ente federado de vinculação da entidade que solicita o
Parágrafo único. A aplicação das medidas previstas neste artigo recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioeducativo
dar-se-á a partir da análise de relatório circunstanciado elaborado aprovado;
após as avaliações, sem prejuízo do que determinam os arts. 191 a II - as entidades governamentais e não governamentais inte-
197, 225 a 227, 230 a 236, 243 e 245 a 247 da Lei nº 8.069, de grantes do Sinase que solicitem recursos tenham se submetido à
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). avaliação nacional do atendimento socioeducativo.”
Art. 29. Àqueles que, mesmo não sendo agentes públicos, in- Art. 34. O art. 2º da Lei nº 5.537, de 21 de novembro de
duzam ou concorram, sob qualquer forma, direta ou indireta, para 1968, passa a vigorar acrescido do seguinte § 3º :
o não cumprimento desta Lei, aplicam-se, no que couber, as pe- “Art. 2º .......................................................................
nalidades dispostas na Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, que .............................................................................................
dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos § 3º O fundo de que trata o art. 1º poderá financiar, na forma
de enriquecimento ilícito no exercício de mandato, cargo, emprego das resoluções de seu conselho deliberativo, programas e projetos
ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional de educação básica relativos ao Sistema Nacional de Atendimento
e dá outras providências (Lei de Improbidade Administrativa). Socioeducativo (Sinase) desde que:
I - o ente federado que solicitar o recurso possua o respectivo
CAPÍTULO VII Plano de Atendimento Socioeducativo aprovado;
DO FINANCIAMENTO E DAS PRIORIDADES II - as entidades de atendimento vinculadas ao ente federado
que solicitar o recurso tenham se submetido à avaliação nacional
Art. 30. O Sinase será cofinanciado com recursos dos orçamen- do atendimento socioeducativo; e
tos fiscal e da seguridade social, além de outras fontes. III - o ente federado tenha assinado o Plano de Metas Compro-
§ 1º (VETADO). misso Todos pela Educação e elaborado o respectivo Plano de Ações
§ 2º Os entes federados que tenham instituído seus sistemas Articuladas (PAR).” (NR)
de atendimento socioeducativo terão acesso aos recursos na forma
de transferência adotada pelos órgãos integrantes do Sinase. TÍTULO II
§ 3º Os entes federados beneficiados com recursos dos orça- DA EXECUÇÃO DAS MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
mentos dos órgãos responsáveis pelas políticas integrantes do Sina- CAPÍTULO I
se, ou de outras fontes, estão sujeitos às normas e procedimentos DISPOSIÇÕES GERAIS
de monitoramento estabelecidos pelas instâncias dos órgãos das
políticas setoriais envolvidas, sem prejuízo do disposto nos incisos Art. 35. A execução das medidas socioeducativas reger-se-á pe-
IX e X do art. 4º , nos incisos V e VI do art. 5º e no art. 6º desta Lei. los seguintes princípios:
Art. 31. Os Conselhos de Direitos, nas 3 (três) esferas de gover- I - legalidade, não podendo o adolescente receber tratamento
no, definirão, anualmente, o percentual de recursos dos Fundos dos mais gravoso do que o conferido ao adulto;
Direitos da Criança e do Adolescente a serem aplicados no financia- II - excepcionalidade da intervenção judicial e da imposição de
mento das ações previstas nesta Lei, em especial para capacitação, medidas, favorecendo-se meios de autocomposição de conflitos;
sistemas de informação e de avaliação. III - prioridade a práticas ou medidas que sejam restaurativas e,
Parágrafo único. Os entes federados beneficiados com recur- sempre que possível, atendam às necessidades das vítimas;
sos do Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente para ações IV - proporcionalidade em relação à ofensa cometida;
de atendimento socioeducativo prestarão informações sobre o de- V - brevidade da medida em resposta ao ato cometido, em es-
sempenho dessas ações por meio do Sistema de Informações sobre pecial o respeito ao que dispõe o art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de
Atendimento Socioeducativo. julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) ;
Art. 32. A Lei nº 7.560, de 19 de dezembro de 1986, passa a VI - individualização, considerando-se a idade, capacidades e
vigorar com as seguintes alterações: circunstâncias pessoais do adolescente;
“ Art. 5º Os recursos do Funad serão destinados: VII - mínima intervenção, restrita ao necessário para a realiza-
............................................................................................. ção dos objetivos da medida;
X - às entidades governamentais e não governamentais inte-
grantes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sina- VIII - não discriminação do adolescente, notadamente em ra-
se). zão de etnia, gênero, nacionalidade, classe social, orientação reli-
...................................................................................” (NR) giosa, política ou sexual, ou associação ou pertencimento a qual-
“ Art. 5º-A. A Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Se- quer minoria ou status ; e
nad), órgão gestor do Fundo Nacional Antidrogas (Funad), poderá IX - fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários no
financiar projetos das entidades do Sinase desde que: processo socioeducativo.
I - o ente federado de vinculação da entidade que solicita o
recurso possua o respectivo Plano de Atendimento Socioeducativo
aprovado;
II - as entidades governamentais e não governamentais inte-
grantes do Sinase que solicitem recursos tenham participado da
avaliação nacional do atendimento socioeducativo;

151
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO II Art. 42. As medidas socioeducativas de liberdade assistida, de
DOS PROCEDIMENTOS semiliberdade e de internação deverão ser reavaliadas no máximo a
cada 6 (seis) meses, podendo a autoridade judiciária, se necessário,
Art. 36. A competência para jurisdicionar a execução das me- designar audiência, no prazo máximo de 10 (dez) dias, cientificando
didas socioeducativas segue o determinado pelo art. 146 da Lei nº o defensor, o Ministério Público, a direção do programa de atendi-
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen- mento, o adolescente e seus pais ou responsável.
te). § 1º A audiência será instruída com o relatório da equipe téc-
Art. 37. A defesa e o Ministério Público intervirão, sob pena de nica do programa de atendimento sobre a evolução do plano de
nulidade, no procedimento judicial de execução de medida socioe- que trata o art. 52 desta Lei e com qualquer outro parecer técnico
ducativa, asseguradas aos seus membros as prerrogativas previstas requerido pelas partes e deferido pela autoridade judiciária.
na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do § 2º A gravidade do ato infracional, os antecedentes e o tempo
Adolescente), podendo requerer as providências necessárias para de duração da medida não são fatores que, por si, justifiquem a não
adequar a execução aos ditames legais e regulamentares. substituição da medida por outra menos grave.
Art. 38. As medidas de proteção, de advertência e de reparação § 3º Considera-se mais grave a internação, em relação a todas
do dano, quando aplicadas de forma isolada, serão executadas nos as demais medidas, e mais grave a semiliberdade, em relação às
próprios autos do processo de conhecimento, respeitado o disposto medidas de meio aberto.
nos arts. 143 e 144 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatu- Art. 43. A reavaliação da manutenção, da substituição ou da
to da Criança e do Adolescente). suspensão das medidas de meio aberto ou de privação da liberdade
Art. 39. Para aplicação das medidas socioeducativas de presta- e do respectivo plano individual pode ser solicitada a qualquer tem-
ção de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade po, a pedido da direção do programa de atendimento, do defensor,
ou internação, será constituído processo de execução para cada do Ministério Público, do adolescente, de seus pais ou responsável.
adolescente, respeitado o disposto nos arts. 143 e 144 da Lei nº § 1º Justifica o pedido de reavaliação, entre outros motivos:
8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen- I - o desempenho adequado do adolescente com base no seu
te), e com autuação das seguintes peças: plano de atendimento individual, antes do prazo da reavaliação
I - documentos de caráter pessoal do adolescente existentes obrigatória;
no processo de conhecimento, especialmente os que comprovem II - a inadaptação do adolescente ao programa e o reiterado
sua idade; e descumprimento das atividades do plano individual; e
II - as indicadas pela autoridade judiciária, sempre que houver III - a necessidade de modificação das atividades do plano in-
necessidade e, obrigatoriamente: dividual que importem em maior restrição da liberdade do adoles-
a) cópia da representação; cente.
b) cópia da certidão de antecedentes; § 2º A autoridade judiciária poderá indeferir o pedido, de pron-
c) cópia da sentença ou acórdão; e to, se entender insuficiente a motivação.
d) cópia de estudos técnicos realizados durante a fase de co- § 3º Admitido o processamento do pedido, a autoridade judici-
nhecimento. ária, se necessário, designará audiência, observando o princípio do
Parágrafo único. Procedimento idêntico será observado na hi- § 1º do art. 42 desta Lei.
pótese de medida aplicada em sede de remissão, como forma de § 4º A substituição por medida mais gravosa somente ocorrerá
suspensão do processo. em situações excepcionais, após o devido processo legal, inclusive
Art. 40. Autuadas as peças, a autoridade judiciária encaminha- na hipótese do inciso III do art. 122 da Lei nº 8.069, de 13 de julho
rá, imediatamente, cópia integral do expediente ao órgão gestor do de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e deve ser:
atendimento socioeducativo, solicitando designação do programa I - fundamentada em parecer técnico;
ou da unidade de cumprimento da medida. II - precedida de prévia audiência, e nos termos do § 1º do art.
Art. 41. A autoridade judiciária dará vistas da proposta de pla- 42 desta Lei.
no individual de que trata o art. 53 desta Lei ao defensor e ao Mi- Art. 44. Na hipótese de substituição da medida ou modificação
nistério Público pelo prazo sucessivo de 3 (três) dias, contados do das atividades do plano individual, a autoridade judiciária remeterá
recebimento da proposta encaminhada pela direção do programa o inteiro teor da decisão à direção do programa de atendimento,
de atendimento. assim como as peças que entender relevantes à nova situação jurí-
§ 1º O defensor e o Ministério Público poderão requerer, e o dica do adolescente.
Juiz da Execução poderá determinar, de ofício, a realização de qual- Parágrafo único. No caso de a substituição da medida importar
quer avaliação ou perícia que entenderem necessárias para com- em vinculação do adolescente a outro programa de atendimento, o
plementação do plano individual. plano individual e o histórico do cumprimento da medida deverão
§ 2º A impugnação ou complementação do plano individual, acompanhar a transferência.
requerida pelo defensor ou pelo Ministério Público, deverá ser fun- Art. 45. Se, no transcurso da execução, sobrevier sentença de
damentada, podendo a autoridade judiciária indeferi-la, se enten- aplicação de nova medida, a autoridade judiciária procederá à uni-
der insuficiente a motivação. ficação, ouvidos, previamente, o Ministério Público e o defensor, no
§ 3º Admitida a impugnação, ou se entender que o plano é prazo de 3 (três) dias sucessivos, decidindo-se em igual prazo.
inadequado, a autoridade judiciária designará, se necessário, au- § 1º É vedado à autoridade judiciária determinar reinício de
diência da qual cientificará o defensor, o Ministério Público, a di- cumprimento de medida socioeducativa, ou deixar de considerar
reção do programa de atendimento, o adolescente e seus pais ou os prazos máximos, e de liberação compulsória previstos na Lei nº
responsável. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen-
§ 4º A impugnação não suspenderá a execução do plano indivi- te), excetuada a hipótese de medida aplicada por ato infracional
dual, salvo determinação judicial em contrário. praticado durante a execução.
§ 5º Findo o prazo sem impugnação, considerar-se-á o plano § 2º É vedado à autoridade judiciária aplicar nova medida de
individual homologado. internação, por atos infracionais praticados anteriormente, a ado-
lescente que já tenha concluído cumprimento de medida socioedu-

152
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cativa dessa natureza, ou que tenha sido transferido para cumpri- VIII - ter atendimento garantido em creche e pré-escola aos fi-
mento de medida menos rigorosa, sendo tais atos absorvidos por lhos de 0 (zero) a 5 (cinco) anos.
aqueles aos quais se impôs a medida socioeducativa extrema. § 1º As garantias processuais destinadas a adolescente autor
Art. 46. A medida socioeducativa será declarada extinta: de ato infracional previstas na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990
I - pela morte do adolescente; (Estatuto da Criança e do Adolescente), aplicam-se integralmente
II - pela realização de sua finalidade; na execução das medidas socioeducativas, inclusive no âmbito ad-
III - pela aplicação de pena privativa de liberdade, a ser cum- ministrativo.
prida em regime fechado ou semiaberto, em execução provisória § 2º A oferta irregular de programas de atendimento socioedu-
ou definitiva; cativo em meio aberto não poderá ser invocada como motivo para
IV - pela condição de doença grave, que torne o adolescente aplicação ou manutenção de medida de privação da liberdade.
incapaz de submeter-se ao cumprimento da medida; e Art. 50. Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 121 da Lei nº
V - nas demais hipóteses previstas em lei. 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen-
§ 1º No caso de o maior de 18 (dezoito) anos, em cumprimento te), a direção do programa de execução de medida de privação da
de medida socioeducativa, responder a processo-crime, caberá à liberdade poderá autorizar a saída, monitorada, do adolescente nos
autoridade judiciária decidir sobre eventual extinção da execução, casos de tratamento médico, doença grave ou falecimento, devida-
cientificando da decisão o juízo criminal competente. mente comprovados, de pai, mãe, filho, cônjuge, companheiro ou
§ 2º Em qualquer caso, o tempo de prisão cautelar não conver- irmão, com imediata comunicação ao juízo competente.
tida em pena privativa de liberdade deve ser descontado do prazo Art. 51. A decisão judicial relativa à execução de medida socio-
de cumprimento da medida socioeducativa. educativa será proferida após manifestação do defensor e do Mi-
Art. 47. O mandado de busca e apreensão do adolescente terá nistério Público.
vigência máxima de 6 (seis) meses, a contar da data da expedição,
podendo, se necessário, ser renovado, fundamentadamente. CAPÍTULO IV
Art. 48. O defensor, o Ministério Público, o adolescente e seus DO PLANO INDIVIDUAL DE ATENDIMENTO (PIA)
pais ou responsável poderão postular revisão judicial de qualquer
sanção disciplinar aplicada, podendo a autoridade judiciária sus- Art. 52. O cumprimento das medidas socioeducativas, em re-
pender a execução da sanção até decisão final do incidente. gime de prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida,
§ 1º Postulada a revisão após ouvida a autoridade colegiada semiliberdade ou internação, dependerá de Plano Individual de
que aplicou a sanção e havendo provas a produzir em audiência, Atendimento (PIA), instrumento de previsão, registro e gestão das
procederá o magistrado na forma do § 1º do art. 42 desta Lei. atividades a serem desenvolvidas com o adolescente.
§ 2º É vedada a aplicação de sanção disciplinar de isolamento a Parágrafo único. O PIA deverá contemplar a participação dos
adolescente interno, exceto seja essa imprescindível para garantia pais ou responsáveis, os quais têm o dever de contribuir com o
da segurança de outros internos ou do próprio adolescente a quem processo ressocializador do adolescente, sendo esses passíveis de
seja imposta a sanção, sendo necessária ainda comunicação ao de- responsabilização administrativa, nos termos do art. 249 da Lei nº
fensor, ao Ministério Público e à autoridade judiciária em até 24 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescen-
(vinte e quatro) horas. te), civil e criminal.
Art. 53. O PIA será elaborado sob a responsabilidade da equipe
CAPÍTULO III técnica do respectivo programa de atendimento, com a participa-
DOS DIREITOS INDIVIDUAIS ção efetiva do adolescente e de sua família, representada por seus
pais ou responsável.
Art. 49. São direitos do adolescente submetido ao cumprimen- Art. 54. Constarão do plano individual, no mínimo:
to de medida socioeducativa, sem prejuízo de outros previstos em I - os resultados da avaliação interdisciplinar;
lei: II - os objetivos declarados pelo adolescente;
I - ser acompanhado por seus pais ou responsável e por seu III - a previsão de suas atividades de integração social e/ou ca-
defensor, em qualquer fase do procedimento administrativo ou ju- pacitação profissional;
dicial; IV - atividades de integração e apoio à família;
II - ser incluído em programa de meio aberto quando inexistir V - formas de participação da família para efetivo cumprimento
vaga para o cumprimento de medida de privação da liberdade, ex- do plano individual; e
ceto nos casos de ato infracional cometido mediante grave ameaça VI - as medidas específicas de atenção à sua saúde.
ou violência à pessoa, quando o adolescente deverá ser internado Art. 55. Para o cumprimento das medidas de semiliberdade ou
em Unidade mais próxima de seu local de residência; de internação, o plano individual conterá, ainda:
III - ser respeitado em sua personalidade, intimidade, liberdade I - a designação do programa de atendimento mais adequado
de pensamento e religião e em todos os direitos não expressamen- para o cumprimento da medida;
te limitados na sentença; II - a definição das atividades internas e externas, individuais ou
IV - peticionar, por escrito ou verbalmente, diretamente a qual- coletivas, das quais o adolescente poderá participar; e
quer autoridade ou órgão público, devendo, obrigatoriamente, ser III - a fixação das metas para o alcance de desenvolvimento de
respondido em até 15 (quinze) dias; atividades externas.
V - ser informado, inclusive por escrito, das normas de orga- Parágrafo único. O PIA será elaborado no prazo de até 45 (qua-
nização e funcionamento do programa de atendimento e também renta e cinco) dias da data do ingresso do adolescente no programa
das previsões de natureza disciplinar; de atendimento.
VI - receber, sempre que solicitar, informações sobre a evolu- Art. 56. Para o cumprimento das medidas de prestação de ser-
ção de seu plano individual, participando, obrigatoriamente, de sua viços à comunidade e de liberdade assistida, o PIA será elaborado
elaboração e, se for o caso, reavaliação; no prazo de até 15 (quinze) dias do ingresso do adolescente no pro-
VII - receber assistência integral à sua saúde, conforme o dis- grama de atendimento.
posto no art. 60 desta Lei; e

153
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 57. Para a elaboração do PIA, a direção do respectivo pro- Art. 61. As entidades que ofereçam programas de atendimento
grama de atendimento, pessoalmente ou por meio de membro da socioeducativo em meio aberto e de semiliberdade deverão prestar
equipe técnica, terá acesso aos autos do procedimento de apuração orientações aos socioeducandos sobre o acesso aos serviços e às
do ato infracional e aos dos procedimentos de apuração de outros unidades do SUS.
atos infracionais atribuídos ao mesmo adolescente. Art. 62. As entidades que ofereçam programas de privação de
§ 1º O acesso aos documentos de que trata o caput deverá ser liberdade deverão contar com uma equipe mínima de profissionais
realizado por funcionário da entidade de atendimento, devidamen- de saúde cuja composição esteja em conformidade com as normas
te credenciado para tal atividade, ou por membro da direção, em de referência do SUS.
conformidade com as normas a serem definidas pelo Poder Judi- Art. 63. (VETADO).
ciário, de forma a preservar o que determinam os arts. 143 e 144 § 1º O filho de adolescente nascido nos estabelecimentos refe-
da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do ridos no caput deste artigo não terá tal informação lançada em seu
Adolescente). registro de nascimento.
§ 2º A direção poderá requisitar, ainda: § 2º Serão asseguradas as condições necessárias para que a
I - ao estabelecimento de ensino, o histórico escolar do adoles- adolescente submetida à execução de medida socioeducativa de
cente e as anotações sobre o seu aproveitamento; privação de liberdade permaneça com o seu filho durante o perío-
II - os dados sobre o resultado de medida anteriormente aplica- do de amamentação.
da e cumprida em outro programa de atendimento; e
III - os resultados de acompanhamento especializado anterior. SEÇÃO II
Art. 58. Por ocasião da reavaliação da medida, é obrigatória a DO ATENDIMENTO A ADOLESCENTE COM TRANSTORNO
apresentação pela direção do programa de atendimento de relató- MENTAL E COM DEPENDÊNCIA DE ÁLCOOL E DE SUBSTÂNCIA
rio da equipe técnica sobre a evolução do adolescente no cumpri- PSICOATIVA
mento do plano individual.
Art. 59. O acesso ao plano individual será restrito aos servido- Art 64. O adolescente em cumprimento de medida socioedu-
res do respectivo programa de atendimento, ao adolescente e a cativa que apresente indícios de transtorno mental, de deficiência
seus pais ou responsável, ao Ministério Público e ao defensor, exce- mental, ou associadas, deverá ser avaliado por equipe técnica mul-
to expressa autorização judicial. tidisciplinar e multissetorial.
§ 1º As competências, a composição e a atuação da equipe téc-
CAPÍTULO V nica de que trata o caput deverão seguir, conjuntamente, as normas
DA ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE ADOLESCENTE EM CUM- de referência do SUS e do Sinase, na forma do regulamento.
PRIMENTO DE MEDIDA SOCIOEDUCATIVA § 2º A avaliação de que trata o caput subsidiará a elaboração
SEÇÃO I e execução da terapêutica a ser adotada, a qual será incluída no
DISPOSIÇÕES GERAIS PIA do adolescente, prevendo, se necessário, ações voltadas para
a família.
Art. 60. A atenção integral à saúde do adolescente no Sistema § 3º As informações produzidas na avaliação de que trata
de Atendimento Socioeducativo seguirá as seguintes diretrizes: o caput são consideradas sigilosas.
I - previsão, nos planos de atendimento socioeducativo, em to- § 4º Excepcionalmente, o juiz poderá suspender a execução da
das as esferas, da implantação de ações de promoção da saúde, medida socioeducativa, ouvidos o defensor e o Ministério Público,
com o objetivo de integrar as ações socioeducativas, estimulando a com vistas a incluir o adolescente em programa de atenção integral
autonomia, a melhoria das relações interpessoais e o fortalecimen- à saúde mental que melhor atenda aos objetivos terapêuticos esta-
to de redes de apoio aos adolescentes e suas famílias; belecidos para o seu caso específico.
II - inclusão de ações e serviços para a promoção, proteção, § 5º Suspensa a execução da medida socioeducativa, o juiz de-
prevenção de agravos e doenças e recuperação da saúde; signará o responsável por acompanhar e informar sobre a evolução
III - cuidados especiais em saúde mental, incluindo os relacio- do atendimento ao adolescente.
nados ao uso de álcool e outras substâncias psicoativas, e atenção § 6º A suspensão da execução da medida socioeducativa será
aos adolescentes com deficiências; avaliada, no mínimo, a cada 6 (seis) meses.
IV - disponibilização de ações de atenção à saúde sexual e re- § 7º O tratamento a que se submeterá o adolescente deverá
produtiva e à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; observar o previsto na Lei nº 10.216, de 6 de abril de 2001, que
V - garantia de acesso a todos os níveis de atenção à saúde, por dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de
meio de referência e contrarreferência, de acordo com as normas transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde
do Sistema Único de Saúde (SUS); mental.
VI - capacitação das equipes de saúde e dos profissionais das § 8º (VETADO).
entidades de atendimento, bem como daqueles que atuam nas uni- Art. 65. Enquanto não cessada a jurisdição da Infância e Juven-
dades de saúde de referência voltadas às especificidades de saúde tude, a autoridade judiciária, nas hipóteses tratadas no art. 64, po-
dessa população e de suas famílias; derá remeter cópia dos autos ao Ministério Público para eventual
VII - inclusão, nos Sistemas de Informação de Saúde do SUS, propositura de interdição e outras providências pertinentes.
bem como no Sistema de Informações sobre Atendimento Socioe- Art. 66. (VETADO).
ducativo, de dados e indicadores de saúde da população de adoles-
centes em atendimento socioeducativo; e
VIII - estruturação das unidades de internação conforme as
normas de referência do SUS e do Sinase, visando ao atendimento
das necessidades de Atenção Básica.

154
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
CAPÍTULO VI “Art. 2º .........................................................................
DAS VISITAS A ADOLESCENTE EM CUMPRIMENTO DE MEDIDA § 1º As escolas do Senai poderão ofertar vagas aos usuários
DE do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas
INTERNAÇÃO condições a serem dispostas em instrumentos de cooperação cele-
brados entre os operadores do Senai e os gestores dos Sistemas de
Art. 67. A visita do cônjuge, companheiro, pais ou responsáveis, Atendimento Socioeducativo locais.
parentes e amigos a adolescente a quem foi aplicada medida socio- § 2º ...................................................................... ” (NR)
educativa de internação observará dias e horários próprios defini- Art. 77. O art. 3º do Decreto-Lei nº 8.621, de 10 de janeiro de
dos pela direção do programa de atendimento. 1946, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1º , renumerando-se
Art. 68. É assegurado ao adolescente casado ou que viva, com- o atual parágrafo único para § 2º :
provadamente, em união estável o direito à visita íntima. “Art. 3º .........................................................................
Parágrafo único. O visitante será identificado e registrado pela § 1º As escolas do Senac poderão ofertar vagas aos usuários
direção do programa de atendimento, que emitirá documento de do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas
identificação, pessoal e intransferível, específico para a realização condições a serem dispostas em instrumentos de cooperação cele-
da visita íntima. brados entre os operadores do Senac e os gestores dos Sistemas de
Art. 69. É garantido aos adolescentes em cumprimento de me- Atendimento Socioeducativo locais.
dida socioeducativa de internação o direito de receber visita dos § 2º . ..................................................................... ” (NR)
filhos, independentemente da idade desses. Art. 78. O art. 1º da Lei nº 8.315, de 23 de dezembro de
Art. 70. O regulamento interno estabelecerá as hipóteses de 1991, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
proibição da entrada de objetos na unidade de internação, vedando “Art. 1º .........................................................................
o acesso aos seus portadores. Parágrafo único. Os programas de formação profissional rural
do Senar poderão ofertar vagas aos usuários do Sistema Nacional
CAPÍTULO VII de Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condições a serem dis-
DOS REGIMES DISCIPLINARES postas em instrumentos de cooperação celebrados entre os opera-
dores do Senar e os gestores dos Sistemas de Atendimento Socioe-
Art. 71. Todas as entidades de atendimento socioeducativo de- ducativo locais.” (NR)
verão, em seus respectivos regimentos, realizar a previsão de regi- Art. 79. O art. 3º da Lei nº 8.706, de 14 de setembro de
me disciplinar que obedeça aos seguintes princípios: 1993, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único:
I - tipificação explícita das infrações como leves, médias e gra- “Art. 3º .........................................................................
ves e determinação das correspondentes sanções; Parágrafo único. Os programas de formação profissional do
II - exigência da instauração formal de processo disciplinar para Senat poderão ofertar vagas aos usuários do Sistema Nacional de
a aplicação de qualquer sanção, garantidos a ampla defesa e o con- Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condições a serem dis-
traditório; postas em instrumentos de cooperação celebrados entre os opera-
III - obrigatoriedade de audiência do socioeducando nos casos dores do Senat e os gestores dos Sistemas de Atendimento Socioe-
em que seja necessária a instauração de processo disciplinar; ducativo locais.” (NR)
IV - sanção de duração determinada; Art. 80. O art. 429 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de
V - enumeração das causas ou circunstâncias que eximam, ate- 1943, passa a vigorar acrescido do seguinte § 2º :
nuem ou agravem a sanção a ser imposta ao socioeducando, bem “Art. 429. .....................................................................
como os requisitos para a extinção dessa; .............................................................................................
VI - enumeração explícita das garantias de defesa; § 2º Os estabelecimentos de que trata o caput ofertarão va-
VII - garantia de solicitação e rito de apreciação dos recursos gas de aprendizes a adolescentes usuários do Sistema Nacional de
cabíveis; e Atendimento Socioeducativo (Sinase) nas condições a serem dis-
VIII - apuração da falta disciplinar por comissão composta por, postas em instrumentos de cooperação celebrados entre os esta-
no mínimo, 3 (três) integrantes, sendo 1 (um), obrigatoriamente, belecimentos e os gestores dos Sistemas de Atendimento Socioe-
oriundo da equipe técnica. ducativo locais.” (NR)
Art. 72. O regime disciplinar é independente da responsabilida-
de civil ou penal que advenha do ato cometido. TÍTULO III
Art. 73. Nenhum socioeducando poderá desempenhar função DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
ou tarefa de apuração disciplinar ou aplicação de sanção nas entida-
des de atendimento socioeducativo. Art. 81. As entidades que mantenham programas de atendi-
Art. 74. Não será aplicada sanção disciplinar sem expressa e mento têm o prazo de até 6 (seis) meses após a publicação desta
anterior previsão legal ou regulamentar e o devido processo admi- Lei para encaminhar ao respectivo Conselho Estadual ou Municipal
nistrativo. dos Direitos da Criança e do Adolescente proposta de adequação da
Art. 75. Não será aplicada sanção disciplinar ao socioeducando sua inscrição, sob pena de interdição.
que tenha praticado a falta: Art. 82. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente,
I - por coação irresistível ou por motivo de força maior; em todos os níveis federados, com os órgãos responsáveis pelo sis-
II - em legítima defesa, própria ou de outrem. tema de educação pública e as entidades de atendimento, deverão,
no prazo de 1 (um) ano a partir da publicação desta Lei, garantir
CAPÍTULO VIII a inserção de adolescentes em cumprimento de medida socioedu-
DA CAPACITAÇÃO PARA O TRABALHO cativa na rede pública de educação, em qualquer fase do período
letivo, contemplando as diversas faixas etárias e níveis de instrução.
Art. 76. O art. 2º do Decreto-Lei nº 4.048, de 22 de janeiro de
1942, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1º , renumerando-se
o atual parágrafo único para § 2º :

155
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 83. Os programas de atendimento socioeducativo sob II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas
a responsabilidade do Poder Judiciário serão, obrigatoriamente, pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto
transferidos ao Poder Executivo no prazo máximo de 1 (um) ano a no art. 22 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997.
partir da publicação desta Lei e de acordo com a política de oferta .............................................................................................
dos programas aqui definidos. § 5º Observado o disposto no § 4º do art. 3º da Lei nº 9.249,
Art. 84. Os programas de internação e semiliberdade sob a res- de 26 de dezembro de 1995, a dedução de que trata o inciso I
ponsabilidade dos Municípios serão, obrigatoriamente, transferidos do caput :
para o Poder Executivo do respectivo Estado no prazo máximo de 1 I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite
(um) ano a partir da publicação desta Lei e de acordo com a política em conjunto com outras deduções do imposto; e
de oferta dos programas aqui definidos. II - não poderá ser computada como despesa operacional na
Art. 85. A não transferência de programas de atendimento para apuração do lucro real.” (NR)
os devidos entes responsáveis, no prazo determinado nesta Lei, im- “ Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de
portará na interdição do programa e caracterizará ato de improbi- 2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso
dade administrativa do agente responsável, vedada, ademais, ao II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste
Poder Judiciário e ao Poder Executivo municipal, ao final do referido Anual.
prazo, a realização de despesas para a sua manutenção. § 1º A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os
Art. 86. Os arts. 90, 97, 121, 122, 198 e 208 da Lei nº 8.069, de seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla-
13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), pas- ração:
sam a vigorar com a seguinte redação: I - (VETADO);
“Art. 90. ...................................................................... II - (VETADO);
............................................................................................. III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012.
V - prestação de serviços à comunidade; § 2º A dedução de que trata o caput :
VI - liberdade assistida; I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre
VII - semiliberdade; e a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do
VIII - internação. art. 260;
. ...................................................................................” (NR) II - não se aplica à pessoa física que:
“Art. 97. (VETADO)” a) utilizar o desconto simplificado;
“Art. 121. ................................. ............ b) apresentar declaração em formulário; ou
............................................................................................. c) entregar a declaração fora do prazo;
§ 7º A determinação judicial mencionada no § 1º poderá ser III - só se aplica às doações em espécie; e
revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária.” (NR) IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi-
“Art. 122. ..................................................................... gor.
............................................................................................. § 3º O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de
§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste arti- vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, observa-
go não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada das instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
judicialmente após o devido processo legal. § 4º O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3º
...................................................................................” (NR) implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a pes-
“ Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e soa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido
da Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socio- apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
educativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei nº 5.869, de 11 de previstos na legislação.
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil), com as seguintes adap- § 5º A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na De-
tações: claração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-ca-
............................................................................................. lendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 concomitantemente com a opção de que trata o caput, respeitado
(dez) dias; o limite previsto no inciso II do art. 260.”
...................................................................................” (NR) “ Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 pode-
“Art. 208. ..................................................................... rá ser deduzida:
............................................................................................. I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
X - de programas de atendimento para a execução das medi- que apuram o imposto trimestralmente; e
das socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
...................................................................................” (NR) pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente.
Art. 87. A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do perí-
Criança e do Adolescente), passa a vigorar com as seguintes alte- odo a que se refere a apuração do imposto.”
rações: “ Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei po-
“ Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fun- dem ser efetuadas em espécie ou em bens.
dos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
estaduais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
integralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os se- vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260.”
guintes limites: “ Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das
I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio-
pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e nal, estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor
do doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do
Conselho correspondente, especificando:

156
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - número de ordem; “ Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Co-
II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende- marca, a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais
reço do emitente; referidos no art. 260 desta Lei.
III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doador; Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-
IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro-
V - ano-calendário a que se refere a doação. posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a reque-
§ 1º O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser rimento ou representação de qualquer cidadão.”
emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês “ Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
a mês. da República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal
§ 2º No caso de doação em bens, o comprovante deve conter do Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico con-
a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou tendo a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
em relação anexa ao comprovante, informando também se houve Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indi-
avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores.” cação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
“ Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá: bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documenta- destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos.”
ção hábil; “ Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, as instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes- 260-K.”
soa jurídica; e Art. 88. O parágrafo único do art. 3º da Lei nº 12.213, de 20 de
III - considerar como valor dos bens doados: janeiro de 2010, passa a vigorar com a seguinte redação:
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara- “Art. 3º ..........................................................................
ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca- Parágrafo único. A dedução a que se refere o caput deste artigo
do; não poderá ultrapassar 1% (um por cento) do imposto devido.” (NR)
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. Art. 89. (VETADO).
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será con- Art. 90. Esta Lei entra em vigor após decorridos 90 (noventa)
siderado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o dias de sua publicação oficial.
leilão for determinado por autoridade judiciária.” Brasília, 18 de janeiro de 2012; 191º da Independência e 124º
“ Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D da República.
e 260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5
(cinco) anos para fins de comprovação da dedução perante a Recei-
ta Federal do Brasil.” ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECRIAD
“ Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das E ATUALIZAÇÕES
contas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacio-
nal, estaduais, distrital e municipais devem: LEI FEDERAL Nº 8.069/90 – DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DA
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente CRIANÇA E DO ADOLESCENTE;
a gerir os recursos do Fundo;
II - manter controle das doações recebidas; e O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do (8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes das crianças e adolescentes em todo o Brasil.
dados por doador: Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par-
a) nome, CNPJ ou CPF; tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica-
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda
em bens.” parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute-
“ Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre- lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais.
vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará A partir do Estatuto, crianças e adolescentes brasileiros, sem
conhecimento do fato ao Ministério Público.” distinção de raça, cor ou classe social, passaram a ser reconhecidos
“ Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles- como sujeitos de direitos e deveres, considerados como pessoas em
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla- desenvolvimento a quem se deve prioridade absoluta do Estado.
mente à comunidade: O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos,
I - o calendário de suas reuniões; proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi- social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e
mento à criança e ao adolescente; da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade.
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be- O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à
neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me-
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten-
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
projeto; outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por à Constituição da República de 1988.
projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados Para o Estatuto, considera-se criança a pessoa de até doze anos
do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e de idade incompletos, e adolescente aquela compreendida entre
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com doze e dezoito anos. Entretanto, aplica-se o estatuto, excepcional-
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- mente, às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade, em
cional, estaduais, distrital e municipais.” situações que serão aqui demonstradas.

157
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Dispõe, ainda, que nenhuma criança ou adolescente será ob- 4. Levar ao conhecimento do Ministério Público fatos que o Es-
jeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, tatuto tenha como infração administrativa ou penal.
violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que seja, de- 5. Encaminhar à Justiça os casos que a ela são pertinentes.
vendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos seus 6. Tomar providências para que sejam cumpridas as medidas
direitos fundamentais. Ainda, no seu artigo 7º, disciplina que a sócio-educativas aplicadas pela Justiça a adolescentes infratores.
criança e o adolescente têm direito à proteção à vida e à saúde, 7. Expedir notificações em casos de sua competência.
mediante a efetivação de políticas sociais públicas que permitam 8. Requisitar certidões de nascimento e de óbito de crianças e
o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condi- adolescentes, quando necessário.
ções dignas de existência. 9. Assessorar o Poder Executivo local na elaboração da propos-
As medidas protetivas adotadas pelo ECA são para salvaguar- ta orçamentaria para planos e programas de atendimento dos direi-
dar a família natural ou a família substituta, sendo está ultima pela tos da criança e do adolescente.
guarda, tutela ou adoção. A guarda obriga a prestação de assistên- 10. Entrar na Justiça, em nome das pessoas e das famílias, para
cia material, moral e educacional, a tutela pressupõe todos os deve- que estas se defendam de programas de rádio e televisão que con-
res da guarda e pode ser conferida a pessoa de até 21 anos incom- trariem princípios constitucionais bem como de propaganda de
pletos, já a adoção atribui condição de filho, com mesmos direito e produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao
deveres, inclusive sucessórios. meio ambiente.
A instituição familiar é a base da sociedade, sendo indispensá- 11. Levar ao Ministério Público casos que demandam ações ju-
vel à organização social, conforme preceitua o art. 226 da CR/88. diciais de perda ou suspensão do pátrio poder.
Não sendo regra, mas os adolescentes correm maior risco quando 12. Fiscalizar as entidades governamentais e não-governamen-
fazem parte de famílias desestruturadas ou violentas. tais que executem programas de proteção e socioeducativos.
Cabe aos pais o dever de sustento, guarda e educação dos fi-
lhos, não constituindo motivo de escusa a falta ou a carência de Considerando que todos têm o dever de zelar pela dignidade
recursos materiais, sob pena da perda ou a suspensão do pátrio da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer trata-
poder. mento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrange-
Caso a família natural, comunidade formada pelos pais ou dor, havendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra algu-
qualquer deles e seus descendentes, descumpra qualquer de suas ma criança ou adolescente, serão obrigatoriamente comunicados
obrigações, a criança ou adolescente serão colocados em família ao Conselho Tutelar para providências cabíveis.
substituta mediante guarda, tutela ou adoção. Ainda com toda proteção às crianças e aos adolescentes, a de-
Toda criança ou adolescente tem direito a ser criado e educado linquência é uma realidade social, principalmente nas grandes cida-
no seio da sua família e, excepcionalmente, em família substituta, des, sem previsão de término, fazendo com que tenha tratamento
assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre diferenciado dos crimes praticados por agentes imputáveis.
da presença de pessoas dependentes de substâncias entorpecen- Os crimes praticados por adolescentes entre 12 e 18 anos
tes. incompletos são denominados atos infracionais passíveis de apli-
Por tal razão que a responsabilidade dos pais é enorme no de- cação de medidas socioeducativas. Os dispositivos do Estatuto da
senvolvimento familiar e dos filhos, cujo objetivo é manter ao máxi- Criança e do Adolescente disciplinam situações nas quais tanto o
mo a estabilidade emocional, econômica e social. responsável, quanto o menor devem ser instados a modificarem
A perda de valores sociais, ao longo do tempo, também são fa- atitudes, definindo sanções para os casos mais graves.
tores que interferem diretamente no desenvolvimento das crianças Nas hipóteses do menor cometer ato infracional, cuja conduta
e adolescentes, visto que não permanecem exclusivamente inseri- sempre estará descrita como crime ou contravenção penal para os
dos na entidade familiar. imputáveis, poderão sofrer sanções específicas aquelas descritas no
Por isso é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou estatuto como medidas socioeducativas.
violação dos direitos das crianças e dos adolescentes. Tanto que Os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis, mas res-
cabe a sociedade, família e ao poder público proibir a venda e co- pondem pela prática de ato infracional cuja sanção será desde a
mercialização à criança e ao adolescente de armas, munições e adoção de medida protetiva de encaminhamento aos pais ou res-
explosivos, bebida alcoólicas, drogas, fotos de artifício, revistas de ponsável, orientação, apoio e acompanhamento, matricula e fre-
conteúdo adulto e bilhetes lotéricos ou equivalentes. quência em estabelecimento de ensino, inclusão em programa de
Cada município deverá haver, no mínimo, um Conselho Tutelar auxílio à família, encaminhamento a tratamento médico, psicológi-
composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, re- co ou psiquiátrico, abrigo, tratamento toxicológico e, até, colocação
gularmente eleitos e empossados, encarregado pela sociedade de em família substituta.
zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. Já o adolescente entre 12 e 18 anos incompletos (inimputáveis)
O Conselho Tutelar é uma das entidades públicas competen- que pratica algum ato infracional, além das medidas protetivas já
tes a salvaguardar os direitos das crianças e dos adolescentes nas descritas, a autoridade competente poderá aplicar medida socioe-
hipóteses em que haja desrespeito, inclusive com relação a seus ducativa de acordo com a capacidade do ofensor, circunstâncias do
pais e responsáveis, bem como aos direitos e deveres previstos na fato e a gravidade da infração, são elas:
legislação do ECA e na Constituição. São deveres dos Conselheiros 1) Advertências – admoestação verbal, reduzida a termo e assi-
Tutelares: nada pelos adolescentes e genitores sob os riscos do envolvimento
1. Atender crianças e adolescentes e aplicar medidas de pro- em atos infracionais e sua reiteração,
teção. 2) Obrigação de reparar o dano – caso o ato infracional seja
2. Atender e aconselhar os pais ou responsável e aplicar medi- passível de reparação patrimonial, compensando o prejuízo da ví-
das pertinentes previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. tima,
3. Promover a execução de suas decisões, podendo requisitar 3) Prestação de serviços à comunidade – tem por objetivo
serviços públicos e entrar na Justiça quando alguém, injustificada- conscientizar o menor infrator sobre valores e solidariedade social,
mente, descumprir suas decisões.

158
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
4) Liberdade assistida – medida de grande eficácia para o en- Consideram, ainda, que o estatuto, que deveria proteger e edu-
fretamento da prática de atos infracionais, na medida em que atua car a criança e o adolescente, na prática, acaba deixando-os sem
juntamente com a família e o controle por profissionais (psicólogos nenhum tipo de punição ou mesmo ressocialização, bem como é
e assistentes sociais) do Juizado da Infância e Juventude, utilizado por grupos criminosos para livrar-se de responsabilidades
5) Semiliberdade – medida de média extremidade, uma vez criminais fazendo com que adolescentes assumam a culpa.
que exigem dos adolescentes infratores o trabalho e estudo duran- Cabe ao Estado zelas para que as crianças e adolescentes se
te o dia, mas restringe sua liberdade no período noturno, mediante desenvolvam em condições sociais que favoreçam a integridade
recolhimento em entidade especializada física, liberdade e dignidade. Contudo, não se pode atribuir tal res-
6) Internação por tempo indeterminado – medida mais extre- ponsabilidade apenas a uma suposta inaplicabilidade do estatuto
ma do Estatuto da Criança e do Adolescente devido à privação total da criança e do adolescente, uma vez que estes nada mais são do
da liberdade. Aplicada em casos mais graves e em caráter excep- que o produto da entidade familiar e da sociedade, as quais têm
cional. importância fundamental no comportamento dos mesmos.1

Antes da sentença, a internação somente pode ser determina- Últimas alterações no ECA
da pelo prazo máximo de 45 dias, mediante decisão fundamentada
baseada em fortes indícios de autoria e materialidade do ato infra- As mais recentes:
cional. São quatro os pontos modificados no ECA durante a atual ad-
Nessa vertente, as entidades que desenvolvem programas de ministração:
internação têm a obrigação de: - A instituição da Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
1) Observar os direitos e garantias de que são titulares os ado- na Adolescência, na lei nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019;
lescentes; - A criação do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas - na
2) Não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de lei nº 13.812, de 16 de março 2019;
restrição na decisão de internação, - A mudança na idade mínima para que uma criança ou adoles-
3) Preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e cente possa viajar sem os pais ou responsáveis e sem autorização
dignidade ao adolescente, judicial, passando de 12 para 16 anos - na mesma lei nº 13.812;
4) Diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação - A mudança na lei sobre a reeleição dos conselheiros tutelares,
dos vínculos familiares, que agora podem ser reeleitos por vários mandatos consecutivos,
5) Oferecer instalações físicas em condições adequadas, e toda em vez de apenas uma vez - lei 13.824, de 9 de maio 2019.
infraestrutura e cuidados médicos e educacionais, inclusive na área
de lazer e atividades culturais e desportivas. Lei nº 13.509/17, publicada em 22 de novembro de 2017 al-
6) Reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo tera o ECA ao estabelecer novos prazos e procedimentos para o
de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade compe- trâmite dos processos de adoção, além de prever novas hipóteses
tente. de destituição do poder familiar, de apadrinhamento afetivo e dis-
ciplinar a entrega voluntária de crianças e adolescentes à adoção.
Uma vez aplicada as medidas socioeducativas podem ser im-
plementadas até que sejam completados 18 anos de idade. Contu- Lei Federal nº 13.431/2017 – Lei da Escuta Protegida
do, o cumprimento pode chegar aos 21 anos de idade nos casos de Esta lei estabelece novas diretrizes para o atendimento de
internação, nos termos do art. 121, §5º do ECA. crianças ou adolescentes vítimas ou testemunhas de violências,
Assim como no sistema penal tradicional, as sanções previstas e que frequentemente são expostos a condutas profissionais não
no Estatuto da Criança e do Adolescente apresentam preocupação qualificadas, sendo obrigados a relatar por várias vezes, ou para
com a reeducação e a ressocialização dos menores infratores. pessoas diferentes, violências sofridas, revivendo desnecessaria-
Antes de iniciado o procedimento de apuração do ato infracio- mente seu drama.
nal, o representante do Ministério Público poderá conceder o per- Denominada “Lei da Escuta Protegida”, essa lei tem como ob-
dão (remissão), como forma de exclusão do processo, se atendido jetivo a proteção de crianças e adolescentes após a revelação da
às circunstâncias e consequências do fato, contexto social, perso- violência sofrida, promovendo uma escuta única nos serviços de
nalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato atendimento e criando um protocolo de atendimento a ser adotado
infracional. por todos os órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.
Por fim, o Estatuto da Criança e do Adolescente institui medi-
das aplicáveis aos pais ou responsáveis de encaminhamento a pro- Lei 13.436, de 12 de abril de 2017 - Garantia do direito a acom-
grama de proteção a família, inclusão em programa de orientação panhamento e orientação à mãe com relação à amamentação
a alcoólatras e toxicômanos, encaminhamento a tratamento psico- Esta lei introduziu no artigo 10 do ECA uma responsabilidade
lógico ou psiquiátrico, encaminhamento a cursos ou programas de adicional para os hospitais e demais estabelecimentos de atenção
orientação, obrigação de matricular e acompanhar o aproveitamen- à saúde de gestantes, públicos e particulares: daqui em diante eles
to escolar do menor, advertência, perda da guarda, destituição da estão obrigados a acompanhar a prática do processo de amamenta-
tutela e até suspensão ou destituição do pátrio poder. ção, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a
O importante é observar que as crianças e os adolescentes não mãe permanecer na unidade hospitalar.
podem ser considerados autênticas propriedades de seus genito-
res, visto que são titulas de direitos humanos como quaisquer pes- Lei 13.438, de 26 de abril de 2017 – Protocolo de Avaliação de
soas, dotados de direitos e deveres como demonstrado. riscos para o desenvolvimento psíquico das crianças
A implantação integral do ECA sofre grande resistência de parte Esta lei determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) será
da sociedade brasileira, que o considera excessivamente paternalis- obrigado a adotar protocolo com padrões para a avaliação de riscos
ta em relação aos atos infracionais cometidos por crianças e ado- ao desenvolvimento psíquico de crianças de até 18 meses de ida-
lescentes, uma vez que os atos infracionais estão ficando cada vez
1 Fonte: www.ambito-juridico.com.br – Texto adaptado de Cláudia Mara de
mais violentos e reiterados.
Almeida Rabelo Viegas / Cesar Leandro de Almeida Rabelo

159
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de. A lei estabelece que crianças de até 18 meses de idade façam Dispõe a Lei 8.069/1990 que nenhuma criança ou adolescente
acompanhamento através de protocolo ou outro instrumento de será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, ex-
detecção de risco. Esse acompanhamento se dará em consulta pe- ploração, violência, crueldade e opressão, por qualquer pessoa que
diátrica. Por meio de exames poderá ser detectado precocemente, seja, devendo ser punido qualquer ação ou omissão que atente aos
por exemplo, o transtorno do espectro autista, o que permitirá um seus direitos fundamentais.
melhor acompanhamento no desenvolvimento futuro da criança.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990.
Lei nº 13.440, de 8 de maio de 2017 – Aumento na penalização
de crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá ou-
Esta lei promoveu a inclusão de mais uma penalidade no artigo tras providências.
244-A do ECA. A pena previa reclusão de quatro a dez anos e multa
nos crimes de exploração sexual de crianças e adolescentes. Agora O PRESIDENTE DA REPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Na-
o texto está acrescido de perda de bens e que os valores advindos cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
dessas práticas serão revertidos em favor do Fundo dos Direitos da
Criança e do Adolescente da unidade da Federação (Estado ou Dis- Título I
trito Federal) em que foi cometido o crime. Das Disposições Preliminares

Lei nº 13.441, de 8 de maio de 2017 - Prevê a infiltração de Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao
agentes de polícia na internet com o fim de investigar crimes con- adolescente.
tra a dignidade sexual de criança e de adolescente Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa
Esta lei prevê a infiltração policial virtual no combate aos crimes até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre
contra a dignidade sexual de vulneráveis. A nova lei acrescentou ao doze e dezoito anos de idade.
ECA os artigos 190-A a 190-E e normatizou a investigação em meio Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excep-
cibernético. cionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um
anos de idade.
Revogação do artigo 248 que versava sobre trabalho domésti- Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos
co de adolescentes fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da prote-
Foi revogado o artigo 248 do ECA que possibilitava a regu- ção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou
larização da guarda de adolescentes para o serviço doméstico. A por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de
Constituição Brasileira proíbe o trabalho infantil, mas este artigo lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
estabelecia prazo de cinco dias para que o responsável, ou novo social, em condições de liberdade e de dignidade.
guardião, apresentasse à Vara de Justiça de sua cidade ou comarca Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a
o adolescente trazido de outra localidade para prestação de serviço todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento,
doméstico, o que, segundo os autores do projeto de lei que resultou situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença,
na revogação do artigo, abria espaço para a regularização do traba- deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem,
lho infantil ilegal. condição econômica, ambiente social, região e local de moradia ou
outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comuni-
Lei 13.306 de 2016 publicada no dia 04 de julho, alterou o Es- dade em que vivem. (incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
tatuto da Criança e do Adolescente fixando em cinco anos a idade Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em
máxima para o atendimento na educação infantil.2 geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efe-
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma lei federal tivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à edu-
(8.069 promulgada em julho de 1990), que trata sobre os direitos cação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignida-
das crianças e adolescentes em todo o Brasil. de, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Trata-se de um ramo do direito especializado, dividido em par- Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:
tes geral e especial, onde a primeira traça, como as demais codifica- a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer cir-
ções existentes, os princípios norteadores do Estatuto. Já a segunda cunstâncias;
parte estrutura a política de atendimento, medidas, conselho tute- b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de re-
lar, acesso jurisdicional e apuração de atos infracionais. levância pública;
Na presente Lei estão dispostos os procedimentos de adoção c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais
(Livro I, capítulo V), a aplicação de medidas socioeducativas (Livro II, públicas;
capítulo II), do Conselho Tutelar (Livro II, capítulo V), e também dos d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas rela-
crimes cometidos contra crianças e adolescentes. cionadas com a proteção à infância e à juventude.
O objetivo estatutário é a proteção dos menores de 18 anos, Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qual-
proporcionando a eles um desenvolvimento físico, mental, moral e quer forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
social condizentes com os princípios constitucionais da liberdade e crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
da dignidade, preparando para a vida adulta em sociedade. por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
O ECA estabelece direitos à vida, à saúde, à alimentação, à Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins
educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos
respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária para me- e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e
ninos e meninas, e também aborda questões de políticas de aten- do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
dimento, medidas protetivas ou medidas socioeducativas, entre
outras providências. Trata-se de direitos diretamente relacionados
à Constituição da República de 1988.
2 Fonte: www.equipeagoraeupasso.com.br/www.g1.globo.com

160
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Título II formações sobre medidas preventivas e educativas que contribuam
Dos Direitos Fundamentais para a redução da incidência da gravidez na adolescência. (Incluído
Capítulo I pela Lei nº 13.798, de 2019)
Do Direito à Vida e à Saúde Parágrafo único. As ações destinadas a efetivar o disposto no
caput deste artigo ficarão a cargo do poder público, em conjunto
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida com organizações da sociedade civil, e serão dirigidas prioritaria-
e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas que mente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de
permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, 2019)
em condições dignas de existência. Art. 9º O poder público, as instituições e os empregadores pro-
Art. 8 o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos progra- piciarão condições adequadas ao aleitamento materno, inclusive
mas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodu- aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade.
tivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gra- § 1 o Os profissionais das unidades primárias de saúde desen-
videz, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e volverão ações sistemáticas, individuais ou coletivas, visando ao
pós-natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. (Redação planejamento, à implementação e à avaliação de ações de pro-
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) moção, proteção e apoio ao aleitamento materno e à alimentação
§ 1 o O atendimento pré-natal será realizado por profissionais complementar saudável, de forma contínua. (Incluído pela Lei nº
da atenção primária. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) 13.257, de 2016)
§ 2 o Os profissionais de saúde de referência da gestante garan- § 2 o Os serviços de unidades de terapia intensiva neonatal de-
tirão sua vinculação, no último trimestre da gestação, ao estabele- verão dispor de banco de leite humano ou unidade de coleta de
cimento em que será realizado o parto, garantido o direito de opção leite humano. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
da mulher. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à
§ 3 o Os serviços de saúde onde o parto for realizado assegu- saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a:
rarão às mulheres e aos seus filhos recém-nascidos alta hospitalar I - manter registro das atividades desenvolvidas, através de
responsável e contrarreferência na atenção primária, bem como o prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos;
acesso a outros serviços e a grupos de apoio à amamentação. (Re- II - identificar o recém-nascido mediante o registro de sua im-
dação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) pressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem preju-
§ 4 o Incumbe ao poder público proporcionar assistência psi- ízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa
cológica à gestante e à mãe, no período pré e pós-natal, inclusive competente;
como forma de prevenir ou minorar as consequências do estado III - proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica
puerperal. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo deverá ser pres- prestar orientação aos pais;
IV - fornecer declaração de nascimento onde constem neces-
tada também a gestantes e mães que manifestem interesse em en-
sariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do
tregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães que
neonato;
se encontrem em situação de privação de liberdade. (Redação dada
V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a
pela Lei nº 13.257, de 2016)
permanência junto à mãe.
§ 6 o A gestante e a parturiente têm direito a 1 (um) acompa-
VI - acompanhar a prática do processo de amamentação, pres-
nhante de sua preferência durante o período do pré-natal, do traba-
tando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe
lho de parto e do pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 13.257,
permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já
de 2016)
existente. (Incluído pela Lei nº 13.436, de 2017) (Vigência)
§ 7 o A gestante deverá receber orientação sobre aleitamento
§ 1º Os testes para o rastreamento de doenças no recém-nas-
materno, alimentação complementar saudável e crescimento e de- cido serão disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde, no âmbito
senvolvimento infantil, bem como sobre formas de favorecer a cria- do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), na forma da
ção de vínculos afetivos e de estimular o desenvolvimento integral regulamentação elaborada pelo Ministério da Saúde, com imple-
da criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) mentação de forma escalonada, de acordo com a seguinte ordem
§ 8 o A gestante tem direito a acompanhamento saudável du- de progressão: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
rante toda a gestação e a parto natural cuidadoso, estabelecendo- I – etapa 1: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
-se a aplicação de cesariana e outras intervenções cirúrgicas por a) fenilcetonúria e outras hiperfenilalaninemias; (Incluída pela
motivos médicos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ativa da gestante b) hipotireoidismo congênito; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
que não iniciar ou que abandonar as consultas de pré-natal, bem 2021) Vigência
como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. (In- c) doença falciforme e outras hemoglobinopatias; (Incluída
cluído pela Lei nº 13.257, de 2016) pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher d) fibrose cística; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
com filho na primeira infância que se encontrem sob custódia em e) hiperplasia adrenal congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154,
unidade de privação de liberdade, ambiência que atenda às normas de 2021) Vigência
sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhi- f) deficiência de biotinidase; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
mento do filho, em articulação com o sistema de ensino competen- 2021) Vigência
te, visando ao desenvolvimento integral da criança. (Incluído pela g) toxoplasmose congênita; (Incluída pela Lei nº 14.154, de
Lei nº 13.257, de 2016) 2021) Vigência
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Prevenção da II – etapa 2: (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência
Gravidez na Adolescência, a ser realizada anualmente na semana a) galactosemias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigên-
que incluir o dia 1º de fevereiro, com o objetivo de disseminar in- cia

161
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
b) aminoacidopatias; (Incluída pela Lei nº 14.154, de 2021) Vi- § 2 o Os serviços de saúde em suas diferentes portas de entra-
gência da, os serviços de assistência social em seu componente especia-
c) distúrbios do ciclo da ureia; (Incluída pela Lei nº 14.154, de lizado, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social
2021) Vigência (Creas) e os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos da
d) distúrbios da betaoxidação dos ácidos graxos; (Incluída pela Criança e do Adolescente deverão conferir máxima prioridade ao
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência atendimento das crianças na faixa etária da primeira infância com
III – etapa 3: doenças lisossômicas; (Incluído pela Lei nº 14.154, suspeita ou confirmação de violência de qualquer natureza, formu-
de 2021) Vigência lando projeto terapêutico singular que inclua intervenção em rede
IV – etapa 4: imunodeficiências primárias; (Incluído pela Lei nº e, se necessário, acompanhamento domiciliar. (Incluído pela Lei nº
14.154, de 2021) Vigência 13.257, de 2016)
V – etapa 5: atrofia muscular espinhal. (Incluído pela Lei nº Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de
14.154, de 2021) Vigência assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermida-
§ 2º A delimitação de doenças a serem rastreadas pelo teste do des que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas
pezinho, no âmbito do PNTN, será revisada periodicamente, com de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
base em evidências científicas, considerados os benefícios do ras- § 1 o É obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomen-
treamento, do diagnóstico e do tratamento precoce, priorizando as dados pelas autoridades sanitárias. (Renumerado do parágrafo úni-
doenças com maior prevalência no País, com protocolo de trata- co pela Lei nº 13.257, de 2016)
mento aprovado e com tratamento incorporado no Sistema Único § 2 o O Sistema Único de Saúde promoverá a atenção à saúde
de Saúde. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência bucal das crianças e das gestantes, de forma transversal, integral e
§ 3º O rol de doenças constante do § 1º deste artigo poderá ser intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à mu-
expandido pelo poder público com base nos critérios estabelecidos lher e à criança. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
no § 2º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 14.154, de 2021) Vigência § 3 o A atenção odontológica à criança terá função educativa
§ 4º Durante os atendimentos de pré-natal e de puerpério protetiva e será prestada, inicialmente, antes de o bebê nascer, por
imediato, os profissionais de saúde devem informar a gestante e os meio de aconselhamento pré-natal, e, posteriormente, no sexto e
acompanhantes sobre a importância do teste do pezinho e sobre as no décimo segundo anos de vida, com orientações sobre saúde bu-
eventuais diferenças existentes entre as modalidades oferecidas no cal. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Sistema Único de Saúde e na rede privada de saúde. (Incluído pela § 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos es-
Lei nº 14.154, de 2021) Vigência peciais será atendida pelo Sistema Único de Saúde. (Incluído pela
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado vol- Lei nº 13.257, de 2016)
tadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Siste- § 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus pri-
ma Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a meiros dezoito meses de vida, de protocolo ou outro instrumen-
ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. to construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consul-
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) ta pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu
§ 1 o A criança e o adolescente com deficiência serão atendi- desenvolvimento psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017)
dos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais (Vigência)
de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. (Redação dada
pela Lei nº 13.257, de 2016) Capítulo II
§ 2 o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àque- Do Direito à Liberdade, ao Respeito e à Dignidade
les que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras
tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou rea- Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao
bilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de de-
cuidado voltadas às suas necessidades específicas. (Redação dada senvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais
pela Lei nº 13.257, de 2016) garantidos na Constituição e nas leis.
§ 3 o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente Art. 16. O direito à liberdade compreende os seguintes aspec-
de crianças na primeira infância receberão formação específica e tos:
permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvi- I - ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitá-
mento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer rios, ressalvadas as restrições legais;
necessário. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) II - opinião e expressão;
Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclu- III - crença e culto religioso;
sive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados in- IV - brincar, praticar esportes e divertir-se;
termediários, deverão proporcionar condições para a permanência V - participar da vida familiar e comunitária, sem discriminação;
em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de VI - participar da vida política, na forma da lei;
internação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº VII - buscar refúgio, auxílio e orientação.
13.257, de 2016) Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da inte-
Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, gridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abran-
de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança gendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos
ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho valores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providên- Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do
cias legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014) adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano,
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entre- violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.
gar seus filhos para adoção serão obrigatoriamente encaminhadas, Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educa-
sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluí- dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
do pela Lei nº 13.257, de 2016) ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou
qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família

162
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de § 3 o A manutenção ou a reintegração de criança ou adolescen-
medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de te à sua família terá preferência em relação a qualquer outra pro-
cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei vidência, caso em que será esta incluída em serviços e programas
nº 13.010, de 2014) de proteção, apoio e promoção, nos termos do § 1 o do art. 23, dos
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído incisos I e IV do caput do art. 101 e dos incisos I a IV do caput do art.
pela Lei nº 13.010, de 2014) 129 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva apli- § 4 o Será garantida a convivência da criança e do adolescente
cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que com a mãe ou o pai privado de liberdade, por meio de visitas perió-
resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) dicas promovidas pelo responsável ou, nas hipóteses de acolhimen-
a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) to institucional, pela entidade responsável, independentemente de
b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014)
II - tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de § 5 o Será garantida a convivência integral da criança com a mãe
tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído adolescente que estiver em acolhimento institucional. (Incluído
pela Lei nº 13.010, de 2014) pela Lei nº 13.509, de 2017)
a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) § 6 o A mãe adolescente será assistida por equipe especializada
b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de multidisciplinar. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
2014) Art. 19-A. A gestante ou mãe que manifeste interesse em en-
c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) tregar seu filho para adoção, antes ou logo após o nascimento, será
Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os res- encaminhada à Justiça da Infância e da Juventude. (Incluído pela Lei
ponsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeduca- nº 13.509, de 2017)
tivas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de § 1 o A gestante ou mãe será ouvida pela equipe interprofissio-
adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem nal da Justiça da Infância e da Juventude, que apresentará relatório
castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de à autoridade judiciária, considerando inclusive os eventuais efeitos
correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão do estado gestacional e puerperal. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes me- 2017)
didas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (In- § 2 o De posse do relatório, a autoridade judiciária poderá de-
terminar o encaminhamento da gestante ou mãe, mediante sua
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
expressa concordância, à rede pública de saúde e assistência so-
I - encaminhamento a programa oficial ou comunitário de pro-
cial para atendimento especializado. (Incluído pela Lei nº 13.509,
teção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
de 2017)
II - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
§ 3 o A busca à família extensa, conforme definida nos termos
(Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
do parágrafo único do art. 25 desta Lei, respeitará o prazo máximo
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (In-
de 90 (noventa) dias, prorrogável por igual período. (Incluído pela
cluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Lei nº 13.509, de 2017)
IV - obrigação de encaminhar a criança a tratamento especiali-
§ 4 o Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não
zado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) existir outro representante da família extensa apto a receber a guar-
V - advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) da, a autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão apli- do poder familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda
cadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências provisória de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que
legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) desenvolva programa de acolhimento familiar ou institucional. (In-
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
Capítulo III § 5 o Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de
Do Direito à Convivência Familiar e Comunitária ambos os genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
Seção I manifestada na audiência a que se refere o § 1 o do art. 166 desta
Disposições Gerais Lei, garantido o sigilo sobre a entrega. (Incluído pela Lei nº 13.509,
de 2017)
Art. 19. É direito da criança e do adolescente ser criado e edu- § 6º Na hipótese de não comparecerem à audiência nem o ge-
cado no seio de sua família e, excepcionalmente, em família substi- nitor nem representante da família extensa para confirmar a inten-
tuta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente ção de exercer o poder familiar ou a guarda, a autoridade judiciária
que garanta seu desenvolvimento integral. (Redação dada pela Lei suspenderá o poder familiar da mãe, e a criança será colocada sob
nº 13.257, de 2016) a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la. (Incluído
§ 1 o Toda criança ou adolescente que estiver inserido em pro- pela Lei nº 13.509, de 2017)
grama de acolhimento familiar ou institucional terá sua situação re- § 7 o Os detentores da guarda possuem o prazo de 15 (quinze)
avaliada, no máximo, a cada 3 (três) meses, devendo a autoridade dias para propor a ação de adoção, contado do dia seguinte à data
judiciária competente, com base em relatório elaborado por equipe do término do estágio de convivência. (Incluído pela Lei nº 13.509,
interprofissional ou multidisciplinar, decidir de forma fundamenta- de 2017)
da pela possibilidade de reintegração familiar ou pela colocação em § 8 o Na hipótese de desistência pelos genitores - manifestada
família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. em audiência ou perante a equipe interprofissional - da entrega da
28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) criança após o nascimento, a criança será mantida com os genito-
§ 2 o A permanência da criança e do adolescente em progra- res, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
ma de acolhimento institucional não se prolongará por mais de 18 acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
(dezoito meses), salvo comprovada necessidade que atenda ao seu (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
superior interesse, devidamente fundamentada pela autoridade ju-
diciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

163
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 9 o É garantido à mãe o direito ao sigilo sobre o nascimen- § 2º A condenação criminal do pai ou da mãe não implicará a
to, respeitado o disposto no art. 48 desta Lei. (Incluído pela Lei nº destituição do poder familiar, exceto na hipótese de condenação
13.509, de 2017) por crime doloso sujeito à pena de reclusão contra outrem igual-
§ 10. Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças mente titular do mesmo poder familiar ou contra filho, filha ou ou-
acolhidas não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) tro descendente. (Redação dada pela Lei nº 13.715, de 2018)
dias, contado a partir do dia do acolhimento. (Incluído pela Lei nº Art. 24. A perda e a suspensão do poder familiar serão decre-
13.509, de 2017) tadas judicialmente, em procedimento contraditório, nos casos
Art. 19-B. A criança e o adolescente em programa de acolhi- previstos na legislação civil, bem como na hipótese de descumpri-
mento institucional ou familiar poderão participar de programa de mento injustificado dos deveres e obrigações a que alude o art. 22.
apadrinhamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o O apadrinhamento consiste em estabelecer e proporcio-
nar à criança e ao adolescente vínculos externos à instituição para Seção II
fins de convivência familiar e comunitária e colaboração com o seu Da Família Natural
desenvolvimento nos aspectos social, moral, físico, cognitivo, edu-
cacional e financeiro. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 25. Entende-se por família natural a comunidade formada
§ 2º Podem ser padrinhos ou madrinhas pessoas maiores de pelos pais ou qualquer deles e seus descendentes.
18 (dezoito) anos não inscritas nos cadastros de adoção, desde que Parágrafo único. Entende-se por família extensa ou ampliada
cumpram os requisitos exigidos pelo programa de apadrinhamento aquela que se estende para além da unidade pais e filhos ou da
de que fazem parte. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) unidade do casal, formada por parentes próximos com os quais a
§ 3 o Pessoas jurídicas podem apadrinhar criança ou adolescen-
criança ou adolescente convive e mantém vínculos de afinidade e
te a fim de colaborar para o seu desenvolvimento. (Incluído pela Lei
afetividade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nº 13.509, de 2017)
Art. 26. Os filhos havidos fora do casamento poderão ser reco-
§ 4 o O perfil da criança ou do adolescente a ser apadrinhado
nhecidos pelos pais, conjunta ou separadamente, no próprio termo
será definido no âmbito de cada programa de apadrinhamento,
com prioridade para crianças ou adolescentes com remota possibi- de nascimento, por testamento, mediante escritura ou outro docu-
lidade de reinserção familiar ou colocação em família adotiva. (In- mento público, qualquer que seja a origem da filiação.
cluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimen-
§ 5 o Os programas ou serviços de apadrinhamento apoiados to do filho ou suceder-lhe ao falecimento, se deixar descendentes.
pela Justiça da Infância e da Juventude poderão ser executados por Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito per-
órgãos públicos ou por organizações da sociedade civil. (Incluído sonalíssimo, indisponível e imprescritível, podendo ser exercitado
pela Lei nº 13.509, de 2017) contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado
§ 6 o Se ocorrer violação das regras de apadrinhamento, os res- o segredo de Justiça.
ponsáveis pelo programa e pelos serviços de acolhimento deverão
imediatamente notificar a autoridade judiciária competente. (Inclu- Seção III
ído pela Lei nº 13.509, de 2017) Da Família Substituta
Art. 20. Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, Subseção I
ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas Disposições Gerais
quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Art. 21. O poder familiar será exercido, em igualdade de con- Art. 28. A colocação em família substituta far-se-á mediante
dições, pelo pai e pela mãe, na forma do que dispuser a legislação guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica
civil, assegurado a qualquer deles o direito de, em caso de discor- da criança ou adolescente, nos termos desta Lei.
dância, recorrer à autoridade judiciária competente para a solução § 1 o Sempre que possível, a criança ou o adolescente será
da divergência. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) previamente ouvido por equipe interprofissional, respeitado seu
Vigência estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as im-
Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e edu- plicações da medida, e terá sua opinião devidamente considerada.
cação dos filhos menores, cabendo-lhes ainda, no interesse destes, (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais. § 2 o Tratando-se de maior de 12 (doze) anos de idade, será ne-
Parágrafo único. A mãe e o pai, ou os responsáveis, têm direi- cessário seu consentimento, colhido em audiência. (Redação dada
tos iguais e deveres e responsabilidades compartilhados no cuida-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do e na educação da criança, devendo ser resguardado o direito
§ 3 o Na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau de pa-
de transmissão familiar de suas crenças e culturas, assegurados
rentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar
os direitos da criança estabelecidos nesta Lei. (Incluído pela Lei nº
ou minorar as consequências decorrentes da medida. (Incluído pela
13.257, de 2016)
Art. 23. A falta ou a carência de recursos materiais não constitui Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
motivo suficiente para a perda ou a suspensão do poder familiar . § 4 o Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ou guarda da mesma família substituta, ressalvada a comprovada
§ 1 o Não existindo outro motivo que por si só autorize a de- existência de risco de abuso ou outra situação que justifique plena-
cretação da medida, a criança ou o adolescente será mantido em mente a excepcionalidade de solução diversa, procurando-se, em
sua família de origem, a qual deverá obrigatoriamente ser incluída qualquer caso, evitar o rompimento definitivo dos vínculos frater-
em serviços e programas oficiais de proteção, apoio e promoção. nais. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016)

164
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 5 o A colocação da criança ou adolescente em família substitu- § 1 o A inclusão da criança ou adolescente em programas de
ta será precedida de sua preparação gradativa e acompanhamento acolhimento familiar terá preferência a seu acolhimento institucio-
posterior, realizados pela equipe interprofissional a serviço da Jus- nal, observado, em qualquer caso, o caráter temporário e excepcio-
tiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com o apoio dos nal da medida, nos termos desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garan- de 2009)
tia do direito à convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de § 2 o Na hipótese do § 1 o deste artigo a pessoa ou casal cadas-
2009) Vigência trado no programa de acolhimento familiar poderá receber a crian-
§ 6 o Em se tratando de criança ou adolescente indígena ou pro- ça ou adolescente mediante guarda, observado o disposto nos arts.
veniente de comunidade remanescente de quilombo, é ainda obri- 28 a 33 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
gatório: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 3 o A União apoiará a implementação de serviços de acolhi-
I - que sejam consideradas e respeitadas sua identidade social e mento em família acolhedora como política pública, os quais de-
cultural, os seus costumes e tradições, bem como suas instituições, verão dispor de equipe que organize o acolhimento temporário de
desde que não sejam incompatíveis com os direitos fundamentais crianças e de adolescentes em residências de famílias selecionadas,
reconhecidos por esta Lei e pela Constituição Federal; (Incluído pela capacitadas e acompanhadas que não estejam no cadastro de ado-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ção. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - que a colocação familiar ocorra prioritariamente no seio de § 4 o Poderão ser utilizados recursos federais, estaduais, distri-
sua comunidade ou junto a membros da mesma etnia; (Incluído tais e municipais para a manutenção dos serviços de acolhimento
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência em família acolhedora, facultando-se o repasse de recursos para a
III - a intervenção e oitiva de representantes do órgão federal própria família acolhedora. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
responsável pela política indigenista, no caso de crianças e adoles- Art. 35. A guarda poderá ser revogada a qualquer tempo, me-
centes indígenas, e de antropólogos, perante a equipe interprofis- diante ato judicial fundamentado, ouvido o Ministério Público.
sional ou multidisciplinar que irá acompanhar o caso. (Incluído pela
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Subseção III
Art. 29. Não se deferirá colocação em família substituta a pes- Da Tutela
soa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a natu-
reza da medida ou não ofereça ambiente familiar adequado. Art. 36. A tutela será deferida, nos termos da lei civil, a pessoa
Art. 30. A colocação em família substituta não admitirá transfe- de até 18 (dezoito) anos incompletos. (Redação dada pela Lei nº
rência da criança ou adolescente a terceiros ou a entidades gover- 12.010, de 2009) Vigência
namentais ou não-governamentais, sem autorização judicial. Parágrafo único. O deferimento da tutela pressupõe a prévia
Art. 31. A colocação em família substituta estrangeira constitui decretação da perda ou suspensão do poder familiar e implica ne-
medida excepcional, somente admissível na modalidade de adoção. cessariamente o dever de guarda. (Expressão substituída pela Lei nº
Art. 32. Ao assumir a guarda ou a tutela, o responsável prestará 12.010, de 2009) Vigência
compromisso de bem e fielmente desempenhar o encargo, median- Art. 37. O tutor nomeado por testamento ou qualquer docu-
te termo nos autos. mento autêntico, conforme previsto no parágrafo único do art.
1.729 da Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil ,
Subseção II deverá, no prazo de 30 (trinta) dias após a abertura da sucessão, in-
Da Guarda gressar com pedido destinado ao controle judicial do ato, observan-
do o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 desta Lei. (Redação
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu de- Parágrafo único. Na apreciação do pedido, serão observados
tentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei os requisitos previstos nos arts. 28 e 29 desta Lei, somente sendo
nº 12.010, de 2009) Vigência deferida a tutela à pessoa indicada na disposição de última vonta-
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo de, se restar comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e
ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tu- que não existe outra pessoa em melhores condições de assumi-la.
tela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º Excepcionalmente, deferir-se-á a guarda, fora dos casos de Art. 38. Aplica-se à destituição da tutela o disposto no art. 24.
tutela e adoção, para atender a situações peculiares ou suprir a fal-
ta eventual dos pais ou responsável, podendo ser deferido o direito Subseção IV
de representação para a prática de atos determinados. Da Adoção
§ 3º A guarda confere à criança ou adolescente a condição de
dependente, para todos os fins e efeitos de direito, inclusive previ- Art. 39. A adoção de criança e de adolescente reger-se-á segun-
denciários. do o disposto nesta Lei.
§ 4 o Salvo expressa e fundamentada determinação em contrá- § 1 o A adoção é medida excepcional e irrevogável, à qual se
rio, da autoridade judiciária competente, ou quando a medida for deve recorrer apenas quando esgotados os recursos de manuten-
aplicada em preparação para adoção, o deferimento da guarda de ção da criança ou adolescente na família natural ou extensa, na
criança ou adolescente a terceiros não impede o exercício do direito forma do parágrafo único do art. 25 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
de visitas pelos pais, assim como o dever de prestar alimentos, que 12.010, de 2009) Vigência
serão objeto de regulamentação específica, a pedido do interessa- § 2 o É vedada a adoção por procuração. (Incluído pela Lei nº
do ou do Ministério Público. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) 12.010, de 2009) Vigência
Vigência § 3 o Em caso de conflito entre direitos e interesses do ado-
Art. 34. O poder público estimulará, por meio de assistência tando e de outras pessoas, inclusive seus pais biológicos, devem
jurídica, incentivos fiscais e subsídios, o acolhimento, sob a forma prevalecer os direitos e os interesses do adotando. (Incluído pela
de guarda, de criança ou adolescente afastado do convívio familiar. Lei nº 13.509, de 2017)
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

165
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 40. O adotando deve contar com, no máximo, dezoito anos § 2 o A simples guarda de fato não autoriza, por si só, a dispensa
à data do pedido, salvo se já estiver sob a guarda ou tutela dos ado- da realização do estágio de convivência. (Redação dada pela Lei nº
tantes. 12.010, de 2009) Vigência
Art. 41. A adoção atribui a condição de filho ao adotado, com § 2 o -A. O prazo máximo estabelecido no caput deste artigo
os mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios, desligando-o pode ser prorrogado por até igual período, mediante decisão fun-
de qualquer vínculo com pais e parentes, salvo os impedimentos damentada da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509,
matrimoniais. de 2017)
§ 1º Se um dos cônjuges ou concubinos adota o filho do outro, § 3 o Em caso de adoção por pessoa ou casal residente ou domi-
mantêm-se os vínculos de filiação entre o adotado e o cônjuge ou ciliado fora do País, o estágio de convivência será de, no mínimo, 30
concubino do adotante e os respectivos parentes. (trinta) dias e, no máximo, 45 (quarenta e cinco) dias, prorrogável
§ 2º É recíproco o direito sucessório entre o adotado, seus des- por até igual período, uma única vez, mediante decisão fundamen-
cendentes, o adotante, seus ascendentes, descendentes e colate- tada da autoridade judiciária. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de
rais até o 4º grau, observada a ordem de vocação hereditária. 2017)
Art. 42. Podem adotar os maiores de 18 (dezoito) anos, inde- § 3 o -A. Ao final do prazo previsto no § 3 o deste artigo, deverá
pendentemente do estado civil. (Redação dada pela Lei nº 12.010, ser apresentado laudo fundamentado pela equipe mencionada no
de 2009) Vigência § 4 o deste artigo, que recomendará ou não o deferimento da ado-
§ 1º Não podem adotar os ascendentes e os irmãos do ado- ção à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
tando. § 4 o O estágio de convivência será acompanhado pela equi-
§ 2 o Para adoção conjunta, é indispensável que os adotantes pe interprofissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude,
sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprova- preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela exe-
da a estabilidade da família. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de cução da política de garantia do direito à convivência familiar, que
2009) Vigência apresentarão relatório minucioso acerca da conveniência do defe-
§ 3º O adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais rimento da medida. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
velho do que o adotando. § 5 o O estágio de convivência será cumprido no território na-
§ 4 o Os divorciados, os judicialmente separados e os ex-com- cional, preferencialmente na comarca de residência da criança ou
panheiros podem adotar conjuntamente, contanto que acordem adolescente, ou, a critério do juiz, em cidade limítrofe, respeitada,
sobre a guarda e o regime de visitas e desde que o estágio de con- em qualquer hipótese, a competência do juízo da comarca de resi-
vivência tenha sido iniciado na constância do período de convivên- dência da criança. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
cia e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e Art. 47. O vínculo da adoção constitui-se por sentença judicial,
afetividade com aquele não detentor da guarda, que justifiquem a que será inscrita no registro civil mediante mandado do qual não se
excepcionalidade da concessão. (Redação dada pela Lei nº 12.010, fornecerá certidão.
de 2009) Vigência § 1º A inscrição consignará o nome dos adotantes como pais,
§ 5 o Nos casos do § 4 o deste artigo, desde que demonstrado bem como o nome de seus ascendentes.
efetivo benefício ao adotando, será assegurada a guarda comparti- § 2º O mandado judicial, que será arquivado, cancelará o regis-
lhada, conforme previsto no art. 1.584 da Lei n o 10.406, de 10 de tro original do adotado.
janeiro de 2002 - Código Civil . (Redação dada pela Lei nº 12.010, de § 3 o A pedido do adotante, o novo registro poderá ser lavrado
2009) Vigência no Cartório do Registro Civil do Município de sua residência. (Reda-
§ 6 o A adoção poderá ser deferida ao adotante que, após ine- ção dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
quívoca manifestação de vontade, vier a falecer no curso do pro- § 4 o Nenhuma observação sobre a origem do ato poderá cons-
cedimento, antes de prolatada a sentença. (Incluído pela Lei nº tar nas certidões do registro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de
12.010, de 2009) Vigência 2009) Vigência
Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vanta- § 5 o A sentença conferirá ao adotado o nome do adotante e,
gens para o adotando e fundar-se em motivos legítimos. a pedido de qualquer deles, poderá determinar a modificação do
Art. 44. Enquanto não der conta de sua administração e saldar prenome. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o seu alcance, não pode o tutor ou o curador adotar o pupilo ou o § 6 o Caso a modificação de prenome seja requerida pelo ado-
curatelado. tante, é obrigatória a oitiva do adotando, observado o disposto nos
Art. 45. A adoção depende do consentimento dos pais ou do §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.010,
representante legal do adotando. de 2009) Vigência
§ 1º. O consentimento será dispensado em relação à criança ou § 7 o A adoção produz seus efeitos a partir do trânsito em julga-
adolescente cujos pais sejam desconhecidos ou tenham sido desti- do da sentença constitutiva, exceto na hipótese prevista no § 6 o do
tuídos do poder familiar . (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, art. 42 desta Lei, caso em que terá força retroativa à data do óbito.
de 2009) Vigência (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 2º. Em se tratando de adotando maior de doze anos de idade, § 8 o O processo relativo à adoção assim como outros a ele rela-
será também necessário o seu consentimento. cionados serão mantidos em arquivo, admitindo-se seu armazena-
Art. 46. A adoção será precedida de estágio de convivência com mento em microfilme ou por outros meios, garantida a sua conser-
a criança ou adolescente, pelo prazo máximo de 90 (noventa) dias, vação para consulta a qualquer tempo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
observadas a idade da criança ou adolescente e as peculiaridades de 2009) Vigência
do caso. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) § 9º Terão prioridade de tramitação os processos de adoção em
§ 1 o O estágio de convivência poderá ser dispensado se o ado- que o adotando for criança ou adolescente com deficiência ou com
tando já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante durante doença crônica. (Incluído pela Lei nº 12.955, de 2014)
tempo suficiente para que seja possível avaliar a conveniência da § 10. O prazo máximo para conclusão da ação de adoção será
constituição do vínculo. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável uma única vez por igual pe-
Vigência ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)

166
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 48. O adotado tem direito de conhecer sua origem bioló- § 11. Enquanto não localizada pessoa ou casal interessado em
gica, bem como de obter acesso irrestrito ao processo no qual a sua adoção, a criança ou o adolescente, sempre que possível e re-
medida foi aplicada e seus eventuais incidentes, após completar 18 comendável, será colocado sob guarda de família cadastrada em
(dezoito) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência programa de acolhimento familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
Parágrafo único. O acesso ao processo de adoção poderá ser 2009) Vigência
também deferido ao adotado menor de 18 (dezoito) anos, a seu § 12. A alimentação do cadastro e a convocação criteriosa dos
pedido, assegurada orientação e assistência jurídica e psicológica. postulantes à adoção serão fiscalizadas pelo Ministério Público. (In-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 49. A morte dos adotantes não restabelece o poder fami- § 13. Somente poderá ser deferida adoção em favor de candi-
liar dos pais naturais. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de dato domiciliado no Brasil não cadastrado previamente nos termos
2009) Vigência desta Lei quando: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 50. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou I - se tratar de pedido de adoção unilateral; (Incluído pela Lei nº
foro regional, um registro de crianças e adolescentes em condições 12.010, de 2009) Vigência
de serem adotados e outro de pessoas interessadas na adoção. II - for formulada por parente com o qual a criança ou adoles-
(Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cente mantenha vínculos de afinidade e afetividade; (Incluído pela
§ 1º O deferimento da inscrição dar-se-á após prévia consulta Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
aos órgãos técnicos do juizado, ouvido o Ministério Público. III - oriundo o pedido de quem detém a tutela ou guarda legal
§ 2º Não será deferida a inscrição se o interessado não satisfi- de criança maior de 3 (três) anos ou adolescente, desde que o lapso
zer os requisitos legais, ou verificada qualquer das hipóteses previs- de tempo de convivência comprove a fixação de laços de afinidade
tas no art. 29. e afetividade, e não seja constatada a ocorrência de má-fé ou qual-
§ 3 o A inscrição de postulantes à adoção será precedida de um quer das situações previstas nos arts. 237 ou 238 desta Lei. (Incluí-
período de preparação psicossocial e jurídica, orientado pela equi- do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
pe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente § 14. Nas hipóteses previstas no § 13 deste artigo, o candidato
com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política mu- deverá comprovar, no curso do procedimento, que preenche os re-
nicipal de garantia do direito à convivência familiar. (Incluído pela quisitos necessários à adoção, conforme previsto nesta Lei. (Incluí-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 4 o Sempre que possível e recomendável, a preparação re- § 15. Será assegurada prioridade no cadastro a pessoas inte-
ferida no § 3 o deste artigo incluirá o contato com crianças e ado- ressadas em adotar criança ou adolescente com deficiência, com
lescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições doença crônica ou com necessidades específicas de saúde, além de
de serem adotados, a ser realizado sob a orientação, supervisão e grupo de irmãos. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
avaliação da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude, Art. 51. Considera-se adoção internacional aquela na qual o
com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimen- pretendente possui residência habitual em país-parte da Conven-
to e pela execução da política municipal de garantia do direito à ção de Haia, de 29 de maio de 1993, Relativa à Proteção das Crian-
convivência familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ças e à Cooperação em Matéria de Adoção Internacional, promul-
§ 5 o Serão criados e implementados cadastros estaduais e na- gada pelo Decreto n o 3.087, de 21 junho de 1999 , e deseja adotar
cional de crianças e adolescentes em condições de serem adotados criança em outro país-parte da Convenção. (Redação dada pela Lei
e de pessoas ou casais habilitados à adoção. (Incluído pela Lei nº nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009) Vigência § 1 o A adoção internacional de criança ou adolescente brasilei-
§ 6 o Haverá cadastros distintos para pessoas ou casais residen- ro ou domiciliado no Brasil somente terá lugar quando restar com-
tes fora do País, que somente serão consultados na inexistência de provado: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
postulantes nacionais habilitados nos cadastros mencionados no § I - que a colocação em família adotiva é a solução adequada ao
5 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência caso concreto; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 7 o As autoridades estaduais e federais em matéria de adoção II - que foram esgotadas todas as possibilidades de colocação
terão acesso integral aos cadastros, incumbindo-lhes a troca de in- da criança ou adolescente em família adotiva brasileira, com a com-
formações e a cooperação mútua, para melhoria do sistema. (Inclu- provação, certificada nos autos, da inexistência de adotantes habi-
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência litados residentes no Brasil com perfil compatível com a criança ou
§ 8 o A autoridade judiciária providenciará, no prazo de 48 (qua- adolescente, após consulta aos cadastros mencionados nesta Lei;
renta e oito) horas, a inscrição das crianças e adolescentes em con- (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
dições de serem adotados que não tiveram colocação familiar na III - que, em se tratando de adoção de adolescente, este foi
comarca de origem, e das pessoas ou casais que tiveram deferida consultado, por meios adequados ao seu estágio de desenvolvi-
sua habilitação à adoção nos cadastros estadual e nacional referi- mento, e que se encontra preparado para a medida, mediante pa-
dos no § 5 o deste artigo, sob pena de responsabilidade. (Incluído recer elaborado por equipe interprofissional, observado o disposto
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluída pela Lei nº 12.010, de
§ 9 o Compete à Autoridade Central Estadual zelar pela manu- 2009) Vigência
tenção e correta alimentação dos cadastros, com posterior comuni- § 2 o Os brasileiros residentes no exterior terão preferência
cação à Autoridade Central Federal Brasileira. (Incluído pela Lei nº aos estrangeiros, nos casos de adoção internacional de criança ou
12.010, de 2009) Vigência adolescente brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)
§ 10. Consultados os cadastros e verificada a ausência de pre- Vigência
tendentes habilitados residentes no País com perfil compatível e § 3 o A adoção internacional pressupõe a intervenção das Auto-
interesse manifesto pela adoção de criança ou adolescente inscri- ridades Centrais Estaduais e Federal em matéria de adoção interna-
to nos cadastros existentes, será realizado o encaminhamento da cional. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
criança ou adolescente à adoção internacional. (Redação dada pela § 4º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 13.509, de 2017)

167
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 52. A adoção internacional observará o procedimento pre- II - satisfizerem as condições de integridade moral, competên-
visto nos arts. 165 a 170 desta Lei, com as seguintes adaptações: cia profissional, experiência e responsabilidade exigidas pelos paí-
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ses respectivos e pela Autoridade Central Federal Brasileira; (Incluí-
I - a pessoa ou casal estrangeiro, interessado em adotar criança da pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ou adolescente brasileiro, deverá formular pedido de habilitação à III - forem qualificados por seus padrões éticos e sua formação
adoção perante a Autoridade Central em matéria de adoção inter- e experiência para atuar na área de adoção internacional; (Incluída
nacional no país de acolhida, assim entendido aquele onde está si- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
tuada sua residência habitual; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) IV - cumprirem os requisitos exigidos pelo ordenamento jurídi-
Vigência co brasileiro e pelas normas estabelecidas pela Autoridade Central
II - se a Autoridade Central do país de acolhida considerar que Federal Brasileira. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
os solicitantes estão habilitados e aptos para adotar, emitirá um re- § 4 o Os organismos credenciados deverão ainda: (Incluído pela
latório que contenha informações sobre a identidade, a capacidade Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
jurídica e adequação dos solicitantes para adotar, sua situação pes- I - perseguir unicamente fins não lucrativos, nas condições e
soal, familiar e médica, seu meio social, os motivos que os animam dentro dos limites fixados pelas autoridades competentes do país
e sua aptidão para assumir uma adoção internacional; (Incluída onde estiverem sediados, do país de acolhida e pela Autoridade
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Central Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
III - a Autoridade Central do país de acolhida enviará o relatório gência
à Autoridade Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central II - ser dirigidos e administrados por pessoas qualificadas e de
Federal Brasileira; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência reconhecida idoneidade moral, com comprovada formação ou ex-
IV - o relatório será instruído com toda a documentação ne- periência para atuar na área de adoção internacional, cadastradas
cessária, incluindo estudo psicossocial elaborado por equipe inter- pelo Departamento de Polícia Federal e aprovadas pela Autorida-
profissional habilitada e cópia autenticada da legislação pertinente, de Central Federal Brasileira, mediante publicação de portaria do
acompanhada da respectiva prova de vigência; (Incluída pela Lei nº órgão federal competente; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009)
12.010, de 2009) Vigência Vigência
V - os documentos em língua estrangeira serão devidamente III - estar submetidos à supervisão das autoridades competen-
autenticados pela autoridade consular, observados os tratados e tes do país onde estiverem sediados e no país de acolhida, inclusive
convenções internacionais, e acompanhados da respectiva tradu- quanto à sua composição, funcionamento e situação financeira; (In-
ção, por tradutor público juramentado; (Incluída pela Lei nº 12.010, cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009) Vigência IV - apresentar à Autoridade Central Federal Brasileira, a cada
VI - a Autoridade Central Estadual poderá fazer exigências e so- ano, relatório geral das atividades desenvolvidas, bem como relató-
licitar complementação sobre o estudo psicossocial do postulante rio de acompanhamento das adoções internacionais efetuadas no
estrangeiro à adoção, já realizado no país de acolhida; (Incluída pela período, cuja cópia será encaminhada ao Departamento de Polícia
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Federal; (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
VII - verificada, após estudo realizado pela Autoridade Central V - enviar relatório pós-adotivo semestral para a Autoridade
Estadual, a compatibilidade da legislação estrangeira com a nacio- Central Estadual, com cópia para a Autoridade Central Federal Bra-
nal, além do preenchimento por parte dos postulantes à medida sileira, pelo período mínimo de 2 (dois) anos. O envio do relatório
dos requisitos objetivos e subjetivos necessários ao seu deferimen- será mantido até a juntada de cópia autenticada do registro civil,
to, tanto à luz do que dispõe esta Lei como da legislação do país de estabelecendo a cidadania do país de acolhida para o adotado; (In-
acolhida, será expedido laudo de habilitação à adoção internacio- cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
nal, que terá validade por, no máximo, 1 (um) ano; (Incluída pela Lei VI - tomar as medidas necessárias para garantir que os adotan-
nº 12.010, de 2009) Vigência tes encaminhem à Autoridade Central Federal Brasileira cópia da
VIII - de posse do laudo de habilitação, o interessado será auto- certidão de registro de nascimento estrangeira e do certificado de
rizado a formalizar pedido de adoção perante o Juízo da Infância e nacionalidade tão logo lhes sejam concedidos. (Incluída pela Lei nº
da Juventude do local em que se encontra a criança ou adolescente, 12.010, de 2009) Vigência
conforme indicação efetuada pela Autoridade Central Estadual. (In- § 5 o A não apresentação dos relatórios referidos no § 4 o deste
cluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência artigo pelo organismo credenciado poderá acarretar a suspensão
§ 1 o Se a legislação do país de acolhida assim o autorizar, ad- de seu credenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
mite-se que os pedidos de habilitação à adoção internacional sejam gência
intermediados por organismos credenciados. (Incluída pela Lei nº § 6 o O credenciamento de organismo nacional ou estrangeiro
12.010, de 2009) Vigência encarregado de intermediar pedidos de adoção internacional terá
§ 2 o Incumbe à Autoridade Central Federal Brasileira o creden- validade de 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
ciamento de organismos nacionais e estrangeiros encarregados de gência
intermediar pedidos de habilitação à adoção internacional, com § 7 o A renovação do credenciamento poderá ser concedida
posterior comunicação às Autoridades Centrais Estaduais e publica- mediante requerimento protocolado na Autoridade Central Federal
ção nos órgãos oficiais de imprensa e em sítio próprio da internet. Brasileira nos 60 (sessenta) dias anteriores ao término do respecti-
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência vo prazo de validade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Somente será admissível o credenciamento de organismos § 8 o Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a
que: (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência adoção internacional, não será permitida a saída do adotando do
I - sejam oriundos de países que ratificaram a Convenção de território nacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Haia e estejam devidamente credenciados pela Autoridade Central § 9 o Transitada em julgado a decisão, a autoridade judiciária
do país onde estiverem sediados e no país de acolhida do adotando determinará a expedição de alvará com autorização de viagem,
para atuar em adoção internacional no Brasil; (Incluída pela Lei nº bem como para obtenção de passaporte, constando, obrigatoria-
12.010, de 2009) Vigência mente, as características da criança ou adolescente adotado, como
idade, cor, sexo, eventuais sinais ou traços peculiares, assim como

168
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
foto recente e a aposição da impressão digital do seu polegar di- § 1 o A Autoridade Central Estadual, ouvido o Ministério Públi-
reito, instruindo o documento com cópia autenticada da decisão co, somente deixará de reconhecer os efeitos daquela decisão se
e certidão de trânsito em julgado. (Incluído pela Lei nº 12.010, de restar demonstrado que a adoção é manifestamente contrária à or-
2009) Vigência dem pública ou não atende ao interesse superior da criança ou do
§ 10. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá, a qual- adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
quer momento, solicitar informações sobre a situação das crianças § 2 o Na hipótese de não reconhecimento da adoção, prevista
e adolescentes adotados (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- no § 1 o deste artigo, o Ministério Público deverá imediatamente re-
gência querer o que for de direito para resguardar os interesses da criança
§ 11. A cobrança de valores por parte dos organismos creden- ou do adolescente, comunicando-se as providências à Autoridade
ciados, que sejam considerados abusivos pela Autoridade Central Central Estadual, que fará a comunicação à Autoridade Central Fe-
Federal Brasileira e que não estejam devidamente comprovados, é deral Brasileira e à Autoridade Central do país de origem. (Incluído
causa de seu descredenciamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência Art. 52-D. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o
§ 12. Uma mesma pessoa ou seu cônjuge não podem ser re- país de acolhida e a adoção não tenha sido deferida no país de ori-
presentados por mais de uma entidade credenciada para atuar na gem porque a sua legislação a delega ao país de acolhida, ou, ainda,
cooperação em adoção internacional. (Incluído pela Lei nº 12.010, na hipótese de, mesmo com decisão, a criança ou o adolescente
de 2009) Vigência ser oriundo de país que não tenha aderido à Convenção referida, o
§ 13. A habilitação de postulante estrangeiro ou domiciliado processo de adoção seguirá as regras da adoção nacional. (Incluído
fora do Brasil terá validade máxima de 1 (um) ano, podendo ser pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
renovada. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 14. É vedado o contato direto de representantes de organis- Capítulo IV
mos de adoção, nacionais ou estrangeiros, com dirigentes de pro- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer
gramas de acolhimento institucional ou familiar, assim como com
crianças e adolescentes em condições de serem adotados, sem a Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, vi-
devida autorização judicial. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) sando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o
Vigência exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
§ 15. A Autoridade Central Federal Brasileira poderá limitar ou -se-lhes:
suspender a concessão de novos credenciamentos sempre que jul- I - igualdade de condições para o acesso e permanência na es-
cola;
gar necessário, mediante ato administrativo fundamentado. (Inclu-
II - direito de ser respeitado por seus educadores;
ído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer
Art. 52-A. É vedado, sob pena de responsabilidade e descre-
às instâncias escolares superiores;
denciamento, o repasse de recursos provenientes de organismos
IV - direito de organização e participação em entidades estu-
estrangeiros encarregados de intermediar pedidos de adoção inter-
dantis;
nacional a organismos nacionais ou a pessoas físicas. (Incluído pela
V - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residên-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
cia, garantindo-se vagas no mesmo estabelecimento a irmãos que
Parágrafo único. Eventuais repasses somente poderão ser efe-
frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação básica.
tuados via Fundo dos Direitos da Criança e do Adolescente e es- (Redação dada pela Lei nº 13.845, de 2019)
tarão sujeitos às deliberações do respectivo Conselho de Direitos Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência
da Criança e do Adolescente (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) do processo pedagógico, bem como participar da definição das pro-
Vigência postas educacionais.
Art. 52-B. A adoção por brasileiro residente no exterior em país Art. 53-A. É dever da instituição de ensino, clubes e agremia-
ratificante da Convenção de Haia, cujo processo de adoção tenha ções recreativas e de estabelecimentos congêneres assegurar me-
sido processado em conformidade com a legislação vigente no país didas de conscientização, prevenção e enfrentamento ao uso ou de-
de residência e atendido o disposto na Alínea “c” do Artigo 17 da pendência de drogas ilícitas. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 2019)
referida Convenção, será automaticamente recepcionada com o Art. 54. É dever do Estado assegurar à criança e ao adolescente:
reingresso no Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os
§ 1 o Caso não tenha sido atendido o disposto na Alínea “c” do que a ele não tiveram acesso na idade própria;
Artigo 17 da Convenção de Haia, deverá a sentença ser homologada II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao
pelo Superior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de ensino médio;
2009) Vigência III - atendimento educacional especializado aos portadores de
§ 2 o O pretendente brasileiro residente no exterior em país não deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
ratificante da Convenção de Haia, uma vez reingressado no Brasil, IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
deverá requerer a homologação da sentença estrangeira pelo Su- a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
perior Tribunal de Justiça. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da
Vigência criação artística, segundo a capacidade de cada um;
Art. 52-C. Nas adoções internacionais, quando o Brasil for o VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições
país de acolhida, a decisão da autoridade competente do país de do adolescente trabalhador;
origem da criança ou do adolescente será conhecida pela Autori- VII - atendimento no ensino fundamental, através de progra-
dade Central Estadual que tiver processado o pedido de habilita- mas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
ção dos pais adotivos, que comunicará o fato à Autoridade Central mentação e assistência à saúde.
Federal e determinará as providências necessárias à expedição do § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público
Certificado de Naturalização Provisório. (Incluído pela Lei nº 12.010, subjetivo.
de 2009) Vigência

169
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder pú- Art. 68. O programa social que tenha por base o trabalho edu-
blico ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autorida- cativo, sob responsabilidade de entidade governamental ou não-
de competente. -governamental sem fins lucrativos, deverá assegurar ao adolescen-
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no en- te que dele participe condições de capacitação para o exercício de
sino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou atividade regular remunerada.
responsável, pela freqüência à escola. § 1º Entende-se por trabalho educativo a atividade laboral em
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular que as exigências pedagógicas relativas ao desenvolvimento pes-
seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino. soal e social do educando prevalecem sobre o aspecto produtivo.
Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino funda- § 2º A remuneração que o adolescente recebe pelo trabalho
mental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: efetuado ou a participação na venda dos produtos de seu trabalho
I - maus-tratos envolvendo seus alunos; não desfigura o caráter educativo.
II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgo- Art. 69. O adolescente tem direito à profissionalização e à pro-
tados os recursos escolares; teção no trabalho, observados os seguintes aspectos, entre outros:
III - elevados níveis de repetência. I - respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento;
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e II - capacitação profissional adequada ao mercado de trabalho.
novas propostas relativas a calendário, seriação, currículo, metodo-
logia, didática e avaliação, com vistas à inserção de crianças e ado- Título III
lescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório. Da Prevenção
Art. 58. No processo educacional respeitar-se-ão os valores cul- Capítulo I
turais, artísticos e históricos próprios do contexto social da criança Disposições Gerais
e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade da criação e o
acesso às fontes de cultura. Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, es- violação dos direitos da criança e do adolescente.
timularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para pro- Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
gramações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância pios deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas
e a juventude. públicas e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo
físico ou de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não
Capítulo V violentas de educação de crianças e de adolescentes, tendo como
Do Direito à Profissionalização e à Proteção no Trabalho principais ações: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
I - a promoção de campanhas educativas permanentes para a
Art. 60. É proibido qualquer trabalho a menores de quatorze divulgação do direito da criança e do adolescente de serem educa-
anos de idade, salvo na condição de aprendiz. (Vide Constituição dos e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel
Federal) ou degradante e dos instrumentos de proteção aos direitos huma-
Art. 61. A proteção ao trabalho dos adolescentes é regulada nos; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
por legislação especial, sem prejuízo do disposto nesta Lei. II - a integração com os órgãos do Poder Judiciário, do Minis-
Art. 62. Considera-se aprendizagem a formação técnico-pro- tério Público e da Defensoria Pública, com o Conselho Tutelar, com
fissional ministrada segundo as diretrizes e bases da legislação de os Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente e com as en-
educação em vigor. tidades não governamentais que atuam na promoção, proteção e
Art. 63. A formação técnico-profissional obedecerá aos seguin- defesa dos direitos da criança e do adolescente; (Incluído pela Lei
tes princípios: nº 13.010, de 2014)
I - garantia de acesso e freqüência obrigatória ao ensino regu- III - a formação continuada e a capacitação dos profissionais
lar; de saúde, educação e assistência social e dos demais agentes que
II - atividade compatível com o desenvolvimento do adolescen- atuam na promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
te; adolescente para o desenvolvimento das competências necessárias
III - horário especial para o exercício das atividades. à prevenção, à identificação de evidências, ao diagnóstico e ao en-
Art. 64. Ao adolescente até quatorze anos de idade é assegura- frentamento de todas as formas de violência contra a criança e o
da bolsa de aprendizagem. adolescente; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 65. Ao adolescente aprendiz, maior de quatorze anos, são IV - o apoio e o incentivo às práticas de resolução pacífica de
assegurados os direitos trabalhistas e previdenciários. conflitos que envolvam violência contra a criança e o adolescente;
Art. 66. Ao adolescente portador de deficiência é assegurado (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)
trabalho protegido. V - a inclusão, nas políticas públicas, de ações que visem a ga-
Art. 67. Ao adolescente empregado, aprendiz, em regime fa- rantir os direitos da criança e do adolescente, desde a atenção pré-
miliar de trabalho, aluno de escola técnica, assistido em entidade -natal, e de atividades junto aos pais e responsáveis com o objetivo
governamental ou não-governamental, é vedado trabalho: de promover a informação, a reflexão, o debate e a orientação so-
I - noturno, realizado entre as vinte e duas horas de um dia e as bre alternativas ao uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou
cinco horas do dia seguinte; degradante no processo educativo; (Incluído pela Lei nº 13.010, de
II - perigoso, insalubre ou penoso; 2014)
III - realizado em locais prejudiciais à sua formação e ao seu VI - a promoção de espaços intersetoriais locais para a articula-
desenvolvimento físico, psíquico, moral e social; ção de ações e a elaboração de planos de atuação conjunta focados
IV - realizado em horários e locais que não permitam a freqüên- nas famílias em situação de violência, com participação de profis-
cia à escola. sionais de saúde, de assistência social e de educação e de órgãos de
promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do adoles-
cente. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014)

170
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. As famílias com crianças e adolescentes com Art. 79. As revistas e publicações destinadas ao público infan-
deficiência terão prioridade de atendimento nas ações e políticas to-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas,
públicas de prevenção e proteção. (Incluído pela Lei nº 13.010, de crônicas ou anúncios de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e muni-
2014) ções, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da
Art. 70-B. As entidades, públicas e privadas, que atuem nas áre- família.
as a que se refere o art. 71, dentre outras, devem contar, em seus Art. 80. Os responsáveis por estabelecimentos que explorem
quadros, com pessoas capacitadas a reconhecer e comunicar ao comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos,
Conselho Tutelar suspeitas ou casos de maus-tratos praticados con- assim entendidas as que realizem apostas, ainda que eventualmen-
tra crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) te, cuidarão para que não seja permitida a entrada e a permanência
Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela comunica- de crianças e adolescentes no local, afixando aviso para orientação
ção de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por razão de do público.
cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do cuidado,
assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, na forma Seção II
deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, culposos Dos Produtos e Serviços
ou dolosos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014)
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e servi- I - armas, munições e explosivos;
ços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvol- II - bebidas alcoólicas;
vimento. III - produtos cujos componentes possam causar dependência
Art. 72. As obrigações previstas nesta Lei não excluem da pre- física ou psíquica ainda que por utilização indevida;
venção especial outras decorrentes dos princípios por ela adotados. IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo
Art. 73. A inobservância das normas de prevenção importará seu reduzido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano
em responsabilidade da pessoa física ou jurídica, nos termos desta físico em caso de utilização indevida;
Lei. V - revistas e publicações a que alude o art. 78;
Capítulo II VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Da Prevenção Especial Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente
Seção I em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetá- autorizado ou acompanhado pelos pais ou responsável.
culos
Seção III
Art. 74. O poder público, através do órgão competente, regula- Da Autorização para Viajar
rá as diversões e espetáculos públicos, informando sobre a natureza
deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários Art. 83. Nenhuma criança ou adolescente menor de 16 (dezes-
em que sua apresentação se mostre inadequada. seis) anos poderá viajar para fora da comarca onde reside desacom-
Parágrafo único. Os responsáveis pelas diversões e espetáculos panhado dos pais ou dos responsáveis sem expressa autorização
públicos deverão afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada judicial. (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
do local de exibição, informação destacada sobre a natureza do es- § 1º A autorização não será exigida quando:
petáculo e a faixa etária especificada no certificado de classificação. a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança ou
Art. 75. Toda criança ou adolescente terá acesso às diversões do adolescente menor de 16 (dezesseis) anos, se na mesma unida-
e espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa de da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; (Re-
etária. dação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
Parágrafo único. As crianças menores de dez anos somente po- b) a criança ou o adolescente menor de 16 (dezesseis) anos
derão ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou exibi- estiver acompanhado: (Redação dada pela Lei nº 13.812, de 2019)
ção quando acompanhadas dos pais ou responsável. 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, com-
Art. 76. As emissoras de rádio e televisão somente exibirão, provado documentalmente o parentesco;
no horário recomendado para o público infanto juvenil, programas 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe
com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. ou responsável.
Parágrafo único. Nenhum espetáculo será apresentado ou § 2º A autoridade judiciária poderá, a pedido dos pais ou res-
anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, ponsável, conceder autorização válida por dois anos.
apresentação ou exibição. Art. 84. Quando se tratar de viagem ao exterior, a autorização é
Art. 77. Os proprietários, diretores, gerentes e funcionários de dispensável, se a criança ou adolescente:
empresas que explorem a venda ou aluguel de fitas de programa- I - estiver acompanhado de ambos os pais ou responsável;
ção em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em de- II - viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressa-
sacordo com a classificação atribuída pelo órgão competente. mente pelo outro através de documento com firma reconhecida.
Parágrafo único. As fitas a que alude este artigo deverão exibir, Art. 85. Sem prévia e expressa autorização judicial, nenhuma
no invólucro, informação sobre a natureza da obra e a faixa etária a criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair
que se destinam. do País em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no
Art. 78. As revistas e publicações contendo material impróprio exterior.
ou inadequado a crianças e adolescentes deverão ser comercializa-
das em embalagem lacrada, com a advertência de seu conteúdo.
Parágrafo único. As editoras cuidarão para que as capas que
contenham mensagens pornográficas ou obscenas sejam protegi-
das com embalagem opaca.

171
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parte Especial VIII - especialização e formação continuada dos profissionais
Título I que trabalham nas diferentes áreas da atenção à primeira infância,
Da Política de Atendimento incluindo os conhecimentos sobre direitos da criança e sobre de-
Capítulo I senvolvimento infantil; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
Disposições Gerais IX - formação profissional com abrangência dos diversos direi-
tos da criança e do adolescente que favoreça a intersetorialidade no
Art. 86. A política de atendimento dos direitos da criança e do atendimento da criança e do adolescente e seu desenvolvimento
adolescente far-se-á através de um conjunto articulado de ações integral; (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016)
governamentais e não-governamentais, da União, dos estados, do X - realização e divulgação de pesquisas sobre desenvolvimento
Distrito Federal e dos municípios. infantil e sobre prevenção da violência. (Incluído pela Lei nº 13.257,
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento: de 2016)
I - políticas sociais básicas; Art. 89. A função de membro do conselho nacional e dos conse-
II - serviços, programas, projetos e benefícios de assistência so- lhos estaduais e municipais dos direitos da criança e do adolescente
cial de garantia de proteção social e de prevenção e redução de vio- é considerada de interesse público relevante e não será remunera-
lações de direitos, seus agravamentos ou reincidências; (Redação da.
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
III - serviços especiais de prevenção e atendimento médico Capítulo II
e psicossocial às vítimas de negligência, maus-tratos, exploração, Das Entidades de Atendimento
abuso, crueldade e opressão; Seção I
IV - serviço de identificação e localização de pais, responsável, Disposições Gerais
crianças e adolescentes desaparecidos;
V - proteção jurídico-social por entidades de defesa dos direitos Art. 90. As entidades de atendimento são responsáveis pela
da criança e do adolescente. manutenção das próprias unidades, assim como pelo planejamento
VI - políticas e programas destinados a prevenir ou abreviar o e execução de programas de proteção e sócio-educativos destina-
período de afastamento do convívio familiar e a garantir o efetivo dos a crianças e adolescentes, em regime de: (Vide)
exercício do direito à convivência familiar de crianças e adolescen- I - orientação e apoio sócio-familiar;
tes; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência II - apoio sócio-educativo em meio aberto;
VII - campanhas de estímulo ao acolhimento sob forma de III - colocação familiar;
guarda de crianças e adolescentes afastados do convívio familiar e IV - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº
à adoção, especificamente inter-racial, de crianças maiores ou de 12.010, de 2009) Vigência
adolescentes, com necessidades específicas de saúde ou com de- V - prestação de serviços à comunidade; (Redação dada pela Lei
ficiências e de grupos de irmãos. (Incluído pela Lei nº 12.010, de nº 12.594, de 2012) (Vide)
2009) Vigência VI - liberdade assistida; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento: 2012) (Vide)
I - municipalização do atendimento; VII - semiliberdade; e (Redação dada pela Lei nº 12.594, de
II - criação de conselhos municipais, estaduais e nacional dos 2012) (Vide)
direitos da criança e do adolescente, órgãos deliberativos e contro- VIII - internação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ladores das ações em todos os níveis, assegurada a participação po- § 1 o As entidades governamentais e não governamentais deve-
pular paritária por meio de organizações representativas, segundo rão proceder à inscrição de seus programas, especificando os regi-
leis federal, estaduais e municipais; mes de atendimento, na forma definida neste artigo, no Conselho
III - criação e manutenção de programas específicos, observada Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, o qual manterá
a descentralização político-administrativa; registro das inscrições e de suas alterações, do que fará comunica-
IV - manutenção de fundos nacional, estaduais e municipais ção ao Conselho Tutelar e à autoridade judiciária. (Incluído pela Lei
vinculados aos respectivos conselhos dos direitos da criança e do nº 12.010, de 2009) Vigência
adolescente; § 2 o Os recursos destinados à implementação e manutenção
V - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério dos programas relacionados neste artigo serão previstos nas dota-
Público, Defensoria, Segurança Pública e Assistência Social, pre- ções orçamentárias dos órgãos públicos encarregados das áreas de
ferencialmente em um mesmo local, para efeito de agilização do Educação, Saúde e Assistência Social, dentre outros, observando-se
atendimento inicial a adolescente a quem se atribua autoria de ato o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente preco-
infracional; nizado pelo caput do art. 227 da Constituição Federal e pelo caput
VI - integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério e parágrafo único do art. 4 o desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução de 2009) Vigência
das políticas sociais básicas e de assistência social, para efeito de § 3 o Os programas em execução serão reavaliados pelo Conse-
agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos lho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máxi-
em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista mo, a cada 2 (dois) anos, constituindo-se critérios para renovação
na sua rápida reintegração à família de origem ou, se tal solução se da autorização de funcionamento: (Incluído pela Lei nº 12.010, de
mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família subs- 2009) Vigência
tituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei; I - o efetivo respeito às regras e princípios desta Lei, bem como
(Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência às resoluções relativas à modalidade de atendimento prestado ex-
VII - mobilização da opinião pública para a indispensável parti- pedidas pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente,
cipação dos diversos segmentos da sociedade. (Incluído pela Lei nº em todos os níveis; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência

172
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - a qualidade e eficiência do trabalho desenvolvido, atesta- § 4 o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciá-
das pelo Conselho Tutelar, pelo Ministério Público e pela Justiça da ria competente, as entidades que desenvolvem programas de aco-
Infância e da Juventude; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- lhimento familiar ou institucional, se necessário com o auxílio do
gência Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o
III - em se tratando de programas de acolhimento institucional contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em
ou familiar, serão considerados os índices de sucesso na reintegra- cumprimento ao disposto nos incisos I e VIII do caput deste artigo.
ção familiar ou de adaptação à família substituta, conforme o caso. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 5 o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento
Art. 91. As entidades não-governamentais somente poderão familiar ou institucional somente poderão receber recursos públi-
funcionar depois de registradas no Conselho Municipal dos Direi- cos se comprovado o atendimento dos princípios, exigências e fi-
tos da Criança e do Adolescente, o qual comunicará o registro ao nalidades desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Conselho Tutelar e à autoridade judiciária da respectiva localidade. § 6 o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigen-
§ 1 o Será negado o registro à entidade que: (Incluído pela Lei nº te de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar
12.010, de 2009) Vigência ou institucional é causa de sua destituição, sem prejuízo da apura-
a) não ofereça instalações físicas em condições adequadas de ção de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal. (Incluí-
habitabilidade, higiene, salubridade e segurança; do pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
b) não apresente plano de trabalho compatível com os princí- § 7 o Quando se tratar de criança de 0 (zero) a 3 (três) anos em
pios desta Lei; acolhimento institucional, dar-se-á especial atenção à atuação de
c) esteja irregularmente constituída; educadores de referência estáveis e qualitativamente significativos,
d) tenha em seus quadros pessoas inidôneas. às rotinas específicas e ao atendimento das necessidades básicas,
e) não se adequar ou deixar de cumprir as resoluções e delibe- incluindo as de afeto como prioritárias. (Incluído pela Lei nº 13.257,
rações relativas à modalidade de atendimento prestado expedidas de 2016)
pelos Conselhos de Direitos da Criança e do Adolescente, em todos Art. 93. As entidades que mantenham programa de acolhi-
os níveis. (Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência mento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência,
§ 2 o O registro terá validade máxima de 4 (quatro) anos, caben- acolher crianças e adolescentes sem prévia determinação da auto-
do ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, ridade competente, fazendo comunicação do fato em até 24 (vinte
periodicamente, reavaliar o cabimento de sua renovação, observa- e quatro) horas ao Juiz da Infância e da Juventude, sob pena de res-
do o disposto no § 1 o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de ponsabilidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
2009) Vigência Parágrafo único. Recebida a comunicação, a autoridade judiciá-
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhi- ria, ouvido o Ministério Público e se necessário com o apoio do Con-
mento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princí- selho Tutelar local, tomará as medidas necessárias para promover a
pios: (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência imediata reintegração familiar da criança ou do adolescente ou, se
I - preservação dos vínculos familiares e promoção da reinte- por qualquer razão não for isso possível ou recomendável, para seu
gração familiar; (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigên- encaminhamento a programa de acolhimento familiar, institucional
cia ou a família substituta, observado o disposto no § 2 o do art. 101
II - integração em família substituta, quando esgotados os desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
recursos de manutenção na família natural ou extensa; (Redação Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de interna-
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ção têm as seguintes obrigações, entre outras:
III - atendimento personalizado e em pequenos grupos; I - observar os direitos e garantias de que são titulares os ado-
IV - desenvolvimento de atividades em regime de co-educação; lescentes;
V - não desmembramento de grupos de irmãos; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de
VI - evitar, sempre que possível, a transferência para outras en- restrição na decisão de internação;
tidades de crianças e adolescentes abrigados; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unida-
VII - participação na vida da comunidade local; des e grupos reduzidos;
VIII - preparação gradativa para o desligamento; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e
IX - participação de pessoas da comunidade no processo edu- dignidade ao adolescente;
cativo. V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação
§ 1 o O dirigente de entidade que desenvolve programa de aco- dos vínculos familiares;
lhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efei- VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os ca-
tos de direito. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vín-
§ 2 o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas culos familiares;
de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade ju- VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de
diciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório circunstanciado habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos ne-
acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua cessários à higiene pessoal;
família, para fins da reavaliação prevista no § 1 o do art. 19 desta Lei. VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados
(Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência à faixa etária dos adolescentes atendidos;
§ 3 o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e
e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação farmacêuticos;
dos profissionais que atuam direta ou indiretamente em programas X - propiciar escolarização e profissionalização;
de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de
Ministério Público e Conselho Tutelar. (Incluído pela Lei nº 12.010, acordo com suas crenças;
de 2009) Vigência XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;

173
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máxi- Título II
mo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade com- Das Medidas de Proteção
petente; Capítulo I
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre Disposições Gerais
sua situação processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente
adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos ameaçados ou violados:
adolescentes; I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanha- II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
mento de egressos; III - em razão de sua conduta.
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da
cidadania àqueles que não os tiverem; Capítulo II
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e cir- Das Medidas Específicas de Proteção
cunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou
responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento Art. 99. As medidas previstas neste Capítulo poderão ser apli-
da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que cadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qual-
possibilitem sua identificação e a individualização do atendimento. quer tempo.
§ 1 o Aplicam-se, no que couber, as obrigações constantes des- Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as ne-
te artigo às entidades que mantêm programas de acolhimento ins- cessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao forta-
titucional e familiar. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) lecimento dos vínculos familiares e comunitários.
Vigência Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação
§ 2º No cumprimento das obrigações a que alude este artigo as das medidas: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
entidades utilizarão preferencialmente os recursos da comunidade. I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direi-
Art. 94-A. As entidades, públicas ou privadas, que abriguem ou tos: crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos
recepcionem crianças e adolescentes, ainda que em caráter tem- nesta e em outras Leis, bem como na Constituição Federal; (Incluído
porário, devem ter, em seus quadros, profissionais capacitados a pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
reconhecer e reportar ao Conselho Tutelar suspeitas ou ocorrências II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação
de maus-tratos. (Incluído pela Lei nº 13.046, de 2014) de toda e qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à pro-
teção integral e prioritária dos direitos de que crianças e adoles-
Seção II centes são titulares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Da Fiscalização das Entidades III - responsabilidade primária e solidária do poder público: a
plena efetivação dos direitos assegurados a crianças e a adolescen-
Art. 95. As entidades governamentais e não-governamentais tes por esta Lei e pela Constituição Federal, salvo nos casos por esta
referidas no art. 90 serão fiscalizadas pelo Judiciário, pelo Ministé- expressamente ressalvados, é de responsabilidade primária e soli-
rio Público e pelos Conselhos Tutelares. dária das 3 (três) esferas de governo, sem prejuízo da municipaliza-
Art. 96. Os planos de aplicação e as prestações de contas serão ção do atendimento e da possibilidade da execução de programas
apresentados ao estado ou ao município, conforme a origem das por entidades não governamentais; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
dotações orçamentárias. 2009) Vigência
Art. 97. São medidas aplicáveis às entidades de atendimento IV - interesse superior da criança e do adolescente: a inter-
que descumprirem obrigação constante do art. 94, sem prejuízo da venção deve atender prioritariamente aos interesses e direitos da
responsabilidade civil e criminal de seus dirigentes ou prepostos: criança e do adolescente, sem prejuízo da consideração que for
I - às entidades governamentais: devida a outros interesses legítimos no âmbito da pluralidade dos
a) advertência; interesses presentes no caso concreto; (Incluído pela Lei nº 12.010,
b) afastamento provisório de seus dirigentes; de 2009) Vigência
c) afastamento definitivo de seus dirigentes; V - privacidade: a promoção dos direitos e proteção da criança
d) fechamento de unidade ou interdição de programa. e do adolescente deve ser efetuada no respeito pela intimidade,
II - às entidades não-governamentais: direito à imagem e reserva da sua vida privada; (Incluído pela Lei nº
a) advertência; 12.010, de 2009) Vigência
b) suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; VI - intervenção precoce: a intervenção das autoridades com-
c) interdição de unidades ou suspensão de programa; petentes deve ser efetuada logo que a situação de perigo seja co-
d) cassação do registro. nhecida; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o Em caso de reiteradas infrações cometidas por entidades VII - intervenção mínima: a intervenção deve ser exercida ex-
de atendimento, que coloquem em risco os direitos assegurados clusivamente pelas autoridades e instituições cuja ação seja indis-
nesta Lei, deverá ser o fato comunicado ao Ministério Público ou re- pensável à efetiva promoção dos direitos e à proteção da criança e
presentado perante autoridade judiciária competente para as pro- do adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
vidências cabíveis, inclusive suspensão das atividades ou dissolução VIII - proporcionalidade e atualidade: a intervenção deve ser a
da entidade. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência necessária e adequada à situação de perigo em que a criança ou o
§ 2 o As pessoas jurídicas de direito público e as organizações adolescente se encontram no momento em que a decisão é toma-
não governamentais responderão pelos danos que seus agentes da; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
causarem às crianças e aos adolescentes, caracterizado o descum- IX - responsabilidade parental: a intervenção deve ser efetuada
primento dos princípios norteadores das atividades de proteção es- de modo que os pais assumam os seus deveres para com a criança e
pecífica. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência o adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência

174
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
X - prevalência da família: na promoção de direitos e na prote- II - o endereço de residência dos pais ou do responsável, com
ção da criança e do adolescente deve ser dada prevalência às me- pontos de referência; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
didas que os mantenham ou reintegrem na sua família natural ou III - os nomes de parentes ou de terceiros interessados em tê-
extensa ou, se isso não for possível, que promovam a sua integração -los sob sua guarda; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
em família adotiva; (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) IV - os motivos da retirada ou da não reintegração ao convívio
XI - obrigatoriedade da informação: a criança e o adolescente, familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
respeitado seu estágio de desenvolvimento e capacidade de com- § 4 o Imediatamente após o acolhimento da criança ou do ado-
preensão, seus pais ou responsável devem ser informados dos seus lescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento
direitos, dos motivos que determinaram a intervenção e da forma institucional ou familiar elaborará um plano individual de atendi-
como esta se processa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- mento, visando à reintegração familiar, ressalvada a existência de
gência ordem escrita e fundamentada em contrário de autoridade judiciá-
XII - oitiva obrigatória e participação: a criança e o adolescen- ria competente, caso em que também deverá contemplar sua colo-
te, em separado ou na companhia dos pais, de responsável ou de cação em família substituta, observadas as regras e princípios desta
pessoa por si indicada, bem como os seus pais ou responsável, têm Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
direito a ser ouvidos e a participar nos atos e na definição da me- § 5 o O plano individual será elaborado sob a responsabilidade
dida de promoção dos direitos e de proteção, sendo sua opinião da equipe técnica do respectivo programa de atendimento e levará
devidamente considerada pela autoridade judiciária competente, em consideração a opinião da criança ou do adolescente e a oitiva
observado o disposto nos §§ 1 o e 2 o do art. 28 desta Lei. (Incluído dos pais ou do responsável. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Vigência
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, § 6 o Constarão do plano individual, dentre outros: (Incluído
a autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as se- pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
guintes medidas: I - os resultados da avaliação interdisciplinar; (Incluído pela Lei
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo nº 12.010, de 2009) Vigência
de responsabilidade; II - os compromissos assumidos pelos pais ou responsável; e
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
III - matrícula e freqüência obrigatórias em estabelecimento III - a previsão das atividades a serem desenvolvidas com a
oficial de ensino fundamental; criança ou com o adolescente acolhido e seus pais ou responsável,
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários com vista na reintegração familiar ou, caso seja esta vedada por
de proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adoles- expressa e fundamentada determinação judicial, as providências a
cente; (Redação dada pela Lei nº 13.257, de 2016) serem tomadas para sua colocação em família substituta, sob direta
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátri- supervisão da autoridade judiciária. (Incluído pela Lei nº 12.010, de
co, em regime hospitalar ou ambulatorial; 2009) Vigência
VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, § 7 o O acolhimento familiar ou institucional ocorrerá no local
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte
VII - acolhimento institucional; (Redação dada pela Lei nº do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a ne-
12.010, de 2009) Vigência cessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; (Redação de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facilitado e
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência estimulado o contato com a criança ou com o adolescente acolhido.
IX - colocação em família substituta. (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
12.010, de 2009) Vigência § 8 o Verificada a possibilidade de reintegração familiar, o res-
§ 1 o O acolhimento institucional e o acolhimento familiar são ponsável pelo programa de acolhimento familiar ou institucional
medidas provisórias e excepcionais, utilizáveis como forma de tran- fará imediata comunicação à autoridade judiciária, que dará vista
sição para reintegração familiar ou, não sendo esta possível, para ao Ministério Público, pelo prazo de 5 (cinco) dias, decidindo em
colocação em família substituta, não implicando privação de liber- igual prazo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dade. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 9 o Em sendo constatada a impossibilidade de reintegração
§ 2 o Sem prejuízo da tomada de medidas emergenciais para da criança ou do adolescente à família de origem, após seu enca-
proteção de vítimas de violência ou abuso sexual e das providên- minhamento a programas oficiais ou comunitários de orientação,
cias a que alude o art. 130 desta Lei, o afastamento da criança ou apoio e promoção social, será enviado relatório fundamentado ao
adolescente do convívio familiar é de competência exclusiva da au- Ministério Público, no qual conste a descrição pormenorizada das
toridade judiciária e importará na deflagração, a pedido do Ministé- providências tomadas e a expressa recomendação, subscrita pelos
rio Público ou de quem tenha legítimo interesse, de procedimento técnicos da entidade ou responsáveis pela execução da política mu-
judicial contencioso, no qual se garanta aos pais ou ao responsável nicipal de garantia do direito à convivência familiar, para a destitui-
legal o exercício do contraditório e da ampla defesa. (Incluído pela ção do poder familiar, ou destituição de tutela ou guarda. (Incluído
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 3 o Crianças e adolescentes somente poderão ser encami- § 10. Recebido o relatório, o Ministério Público terá o prazo
nhados às instituições que executam programas de acolhimento de 15 (quinze) dias para o ingresso com a ação de destituição do
institucional, governamentais ou não, por meio de uma Guia de poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos
Acolhimento, expedida pela autoridade judiciária, na qual obriga- complementares ou de outras providências indispensáveis ao ajui-
toriamente constará, dentre outros: (Incluído pela Lei nº 12.010, de zamento da demanda. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2009) Vigência § 11. A autoridade judiciária manterá, em cada comarca ou foro
I - sua identificação e a qualificação completa de seus pais ou regional, um cadastro contendo informações atualizadas sobre as
de seu responsável, se conhecidos; (Incluído pela Lei nº 12.010, de crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar e insti-
2009) Vigência tucional sob sua responsabilidade, com informações pormenoriza-
das sobre a situação jurídica de cada um, bem como as providências

175
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
tomadas para sua reintegração familiar ou colocação em família Parágrafo único. Examinar-se-á, desde logo e sob pena de res-
substituta, em qualquer das modalidades previstas no art. 28 desta ponsabilidade, a possibilidade de liberação imediata.
Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determina-
§ 12. Terão acesso ao cadastro o Ministério Público, o Con- da pelo prazo máximo de quarenta e cinco dias.
selho Tutelar, o órgão gestor da Assistência Social e os Conselhos Parágrafo único. A decisão deverá ser fundamentada e basear-
Municipais dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Assis- -se em indícios suficientes de autoria e materialidade, demonstrada
tência Social, aos quais incumbe deliberar sobre a implementação a necessidade imperiosa da medida.
de políticas públicas que permitam reduzir o número de crianças Art. 109. O adolescente civilmente identificado não será sub-
e adolescentes afastados do convívio familiar e abreviar o período metido a identificação compulsória pelos órgãos policiais, de prote-
de permanência em programa de acolhimento. (Incluído pela Lei nº ção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, havendo dúvida
12.010, de 2009) Vigência fundada.
Art. 102. As medidas de proteção de que trata este Capítulo Capítulo III
serão acompanhadas da regularização do registro civil. (Vide Lei nº Das Garantias Processuais
12.010, de 2009) Vigência Art. 110. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade
§ 1º Verificada a inexistência de registro anterior, o assento de sem o devido processo legal.
nascimento da criança ou adolescente será feito à vista dos elemen- Art. 111. São asseguradas ao adolescente, entre outras, as se-
tos disponíveis, mediante requisição da autoridade judiciária. guintes garantias:
§ 2º Os registros e certidões necessários à regularização de que I - pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracio-
trata este artigo são isentos de multas, custas e emolumentos, go- nal, mediante citação ou meio equivalente;
zando de absoluta prioridade. II - igualdade na relação processual, podendo confrontar-se
§ 3 o Caso ainda não definida a paternidade, será deflagrado com vítimas e testemunhas e produzir todas as provas necessárias
procedimento específico destinado à sua averiguação, conforme à sua defesa;
previsto pela Lei n o 8.560, de 29 de dezembro de 1992. (Incluído III - defesa técnica por advogado;
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência IV - assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados,
§ 4 o Nas hipóteses previstas no § 3 o deste artigo, é dispen- na forma da lei;
sável o ajuizamento de ação de investigação de paternidade pelo V - direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade com-
Ministério Público se, após o não comparecimento ou a recusa do petente;
VI - direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável
suposto pai em assumir a paternidade a ele atribuída, a criança for
em qualquer fase do procedimento.
encaminhada para adoção. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Vigência
Capítulo IV
§ 5 o Os registros e certidões necessários à inclusão, a qualquer
Das Medidas Sócio-Educativas
tempo, do nome do pai no assento de nascimento são isentos de
Seção I
multas, custas e emolumentos, gozando de absoluta prioridade. (In-
Disposições Gerais
cluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
§ 6 o São gratuitas, a qualquer tempo, a averbação requerida do
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade
reconhecimento de paternidade no assento de nascimento e a cer- competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas:
tidão correspondente. (Incluído dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - advertência;
II - obrigação de reparar o dano;
Título III III - prestação de serviços à comunidade;
Da Prática de Ato Infracional IV - liberdade assistida;
Capítulo I V - inserção em regime de semi-liberdade;
Disposições Gerais VI - internação em estabelecimento educacional;
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como § 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua
crime ou contravenção penal. capacidade de cumpri-la, as circunstâncias e a gravidade da infra-
Art. 104. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito ção.
anos, sujeitos às medidas previstas nesta Lei. § 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, deve ser considerada prestação de trabalho forçado.
a idade do adolescente à data do fato. § 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponde- mental receberão tratamento individual e especializado, em local
rão as medidas previstas no art. 101. adequado às suas condições.
Capítulo II Art. 113. Aplica-se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Dos Direitos Individuais Art. 114. A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI
Art. 106. Nenhum adolescente será privado de sua liberdade do art. 112 pressupõe a existência de provas suficientes da autoria
senão em flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e funda- e da materialidade da infração, ressalvada a hipótese de remissão,
mentada da autoridade judiciária competente. nos termos do art. 127.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos Parágrafo único. A advertência poderá ser aplicada sempre que
responsáveis pela sua apreensão, devendo ser informado acerca de houver prova da materialidade e indícios suficientes da autoria.
seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde
se encontra recolhido serão incontinenti comunicados à autoridade
judiciária competente e à família do apreendido ou à pessoa por
ele indicada.

176
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Seção II § 1º São obrigatórias a escolarização e a profissionalização, de-
Da Advertência vendo, sempre que possível, ser utilizados os recursos existentes na
comunidade.
Art. 115. A advertência consistirá em admoestação verbal, que § 2º A medida não comporta prazo determinado aplicando-se,
será reduzida a termo e assinada. no que couber, as disposições relativas à internação.

Seção III Seção VII


Da Obrigação de Reparar o Dano Da Internação

Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos pa- Art. 121. A internação constitui medida privativa da liberdade,
trimoniais, a autoridade poderá determinar, se for o caso, que o sujeita aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à
adolescente restitua a coisa, promova o ressarcimento do dano, ou, condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
por outra forma, compense o prejuízo da vítima. § 1º Será permitida a realização de atividades externas, a cri-
Parágrafo único. Havendo manifesta impossibilidade, a medida tério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação
poderá ser substituída por outra adequada. judicial em contrário.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, devendo sua
Seção IV manutenção ser reavaliada, mediante decisão fundamentada, no
Da Prestação de Serviços à Comunidade máximo a cada seis meses.
§ 3º Em nenhuma hipótese o período máximo de internação
Art. 117. A prestação de serviços comunitários consiste na re- excederá a três anos.
alização de tarefas gratuitas de interesse geral, por período não § 4º Atingido o limite estabelecido no parágrafo anterior, o ado-
excedente a seis meses, junto a entidades assistenciais, hospitais, lescente deverá ser liberado, colocado em regime de semi-liberda-
escolas e outros estabelecimentos congêneres, bem como em pro- de ou de liberdade assistida.
gramas comunitários ou governamentais. § 5º A liberação será compulsória aos vinte e um anos de idade.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as apti- § 6º Em qualquer hipótese a desinternação será precedida de
dões do adolescente, devendo ser cumpridas durante jornada má- autorização judicial, ouvido o Ministério Público.
xima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados ou § 7 o A determinação judicial mencionada no § 1 o poderá ser
em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária. (Incluído pela
jornada normal de trabalho. Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quan-
Seção V do:
Da Liberdade Assistida I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça
ou violência a pessoa;
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afi- II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves;
gurar a medida mais adequada para o fim de acompanhar, auxiliar III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida
e orientar o adolescente. anteriormente imposta.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompa- § 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo
nhar o caso, a qual poderá ser recomendada por entidade ou pro- não poderá ser superior a 3 (três) meses, devendo ser decretada
grama de atendimento. judicialmente após o devido processo legal. (Redação dada pela Lei
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de nº 12.594, de 2012) (Vide)
seis meses, podendo a qualquer tempo ser prorrogada, revogada § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, haven-
ou substituída por outra medida, ouvido o orientador, o Ministério do outra medida adequada.
Público e o defensor. Art. 123. A internação deverá ser cumprida em entidade ex-
Art. 119. Incumbe ao orientador, com o apoio e a supervisão da clusiva para adolescentes, em local distinto daquele destinado ao
autoridade competente, a realização dos seguintes encargos, entre abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade, com-
outros: pleição física e gravidade da infração.
I - promover socialmente o adolescente e sua família, forne- Parágrafo único. Durante o período de internação, inclusive
cendo-lhes orientação e inserindo-os, se necessário, em programa provisória, serão obrigatórias atividades pedagógicas.
oficial ou comunitário de auxílio e assistência social; Art. 124. São direitos do adolescente privado de liberdade, en-
II - supervisionar a freqüência e o aproveitamento escolar do tre outros, os seguintes:
adolescente, promovendo, inclusive, sua matrícula; I - entrevistar-se pessoalmente com o representante do Minis-
III - diligenciar no sentido da profissionalização do adolescente tério Público;
e de sua inserção no mercado de trabalho; II - peticionar diretamente a qualquer autoridade;
IV - apresentar relatório do caso. III - avistar-se reservadamente com seu defensor;
IV - ser informado de sua situação processual, sempre que so-
Seção VI licitada;
Do Regime de Semi-liberdade V - ser tratado com respeito e dignidade;
VI - permanecer internado na mesma localidade ou naquela
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado mais próxima ao domicílio de seus pais ou responsável;
desde o início, ou como forma de transição para o meio aberto, pos- VII - receber visitas, ao menos, semanalmente;
sibilitada a realização de atividades externas, independentemente VIII - corresponder-se com seus familiares e amigos;
de autorização judicial. IX - ter acesso aos objetos necessários à higiene e asseio pes-
soal;

177
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
X - habitar alojamento em condições adequadas de higiene e Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou
salubridade; abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judi-
XI - receber escolarização e profissionalização; ciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do
XII - realizar atividades culturais, esportivas e de lazer: agressor da moradia comum.
XIII - ter acesso aos meios de comunicação social; Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação
XIV - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e des- provisória dos alimentos de que necessitem a criança ou o adoles-
de que assim o deseje; cente dependentes do agressor. (Incluído pela Lei nº 12.415, de
XV - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local 2011)
seguro para guardá-los, recebendo comprovante daqueles porven-
tura depositados em poder da entidade; Título V
XVI - receber, quando de sua desinternação, os documentos Do Conselho Tutelar
pessoais indispensáveis à vida em sociedade. Capítulo I
§ 1º Em nenhum caso haverá incomunicabilidade. Disposições Gerais
§ 2º A autoridade judiciária poderá suspender temporariamen-
te a visita, inclusive de pais ou responsável, se existirem motivos Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo,
sérios e fundados de sua prejudicialidade aos interesses do ado- não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumpri-
lescente. mento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Art. 125. É dever do Estado zelar pela integridade física e men- Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati-
tal dos internos, cabendo-lhe adotar as medidas adequadas de con- va do Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar
tenção e segurança. como órgão integrante da administração pública local, composto de
Capítulo V 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato
Da Remissão de 4 (quatro) anos, permitida recondução por novos processos de
escolha. (Redação dada pela Lei nº 13.824, de 2019)
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apu- Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar,
ração de ato infracional, o representante do Ministério Público po- serão exigidos os seguintes requisitos:
derá conceder a remissão, como forma de exclusão do processo, I - reconhecida idoneidade moral;
atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto II - idade superior a vinte e um anos;
social, bem como à personalidade do adolescente e sua maior ou III - residir no município.
menor participação no ato infracional. Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e
Parágrafo único. Iniciado o procedimento, a concessão da re- horário de funcionamento do Conselho Tutelar, inclusive quanto à
missão pela autoridade judiciária importará na suspensão ou extin- remuneração dos respectivos membros, aos quais é assegurado o
ção do processo. direito a: (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
Art. 127. A remissão não implica necessariamente o reconhe- I - cobertura previdenciária; (Incluído pela Lei nº 12.696, de
cimento ou comprovação da responsabilidade, nem prevalece para 2012)
efeito de antecedentes, podendo incluir eventualmente a aplicação II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3
de qualquer das medidas previstas em lei, exceto a colocação em (um terço) do valor da remuneração mensal; (Incluído pela Lei nº
regime de semi-liberdade e a internação. 12.696, de 2012)
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser III - licença-maternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
revista judicialmente, a qualquer tempo, mediante pedido expres- IV - licença-paternidade; (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
so do adolescente ou de seu representante legal, ou do Ministério V - gratificação natalina. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012)
Público. Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da
do Distrito Federal previsão dos recursos necessários ao funciona-
Título IV mento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação continu-
Das Medidas Pertinentes aos Pais ou Responsável ada dos conselheiros tutelares. (Redação dada pela Lei nº 12.696,
de 2012)
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: Art. 135. O exercício efetivo da função de conselheiro constitui-
I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comu- rá serviço público relevante e estabelecerá presunção de idoneida-
nitários de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada de moral. (Redação dada pela Lei nº 12.696, de 2012)
dada pela Lei nº 13.257, de 2016)
II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, Capítulo II
orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; Das Atribuições do Conselho
III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas
freqüência e aproveitamento escolar; nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a
VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a trata- VII;
mento especializado; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as
VII - advertência; medidas previstas no art. 129, I a VII;
VIII - perda da guarda; III - promover a execução de suas decisões, podendo para tan-
IX - destituição da tutela; to:
X - suspensão ou destituição do poder familiar . (Expressão a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação,
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência serviço social, previdência, trabalho e segurança;
Parágrafo único. Na aplicação das medidas previstas nos incisos b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de des-
IX e X deste artigo, observar-se-á o disposto nos arts. 23 e 24. cumprimento injustificado de suas deliberações.

178
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que cons- Capítulo V
titua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança Dos Impedimentos
ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua compe- Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido
tência; e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, ir-
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judi- mãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou
ciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente madrasta e enteado.
autor de ato infracional; Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na
VII - expedir notificações; forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao repre-
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança sentante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância
ou adolescente quando necessário; e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital.
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da pro-
posta orçamentária para planos e programas de atendimento dos Título VI
direitos da criança e do adolescente; Do Acesso à Justiça
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a viola- Capítulo I
ção dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Disposições Gerais
Federal ;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à
perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibili- Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por
dades de manutenção da criança ou do adolescente junto à família qualquer de seus órgãos.
natural. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profis- necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado.
sionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância
de sintomas de maus-tratos em crianças e adolescentes. (Incluído e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a
pela Lei nº 13.046, de 2014) hipótese de litigância de má-fé.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conse- Art. 142. Os menores de dezesseis anos serão representados
lho Tutelar entender necessário o afastamento do convívio familiar, e os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos assistidos
comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público, prestando-lhe por seus pais, tutores ou curadores, na forma da legislação civil ou
informações sobre os motivos de tal entendimento e as providên- processual.
cias tomadas para a orientação, o apoio e a promoção social da fa- Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à
mília. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de repre-
revistas pela autoridade judiciária a pedido de quem tenha legítimo sentação ou assistência legal ainda que eventual.
interesse. Art. 143. E vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e ad-
ministrativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se
Capítulo III atribua autoria de ato infracional.
Da Competência Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não pode-
rá identificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, refe-
Art. 138. Aplica-se ao Conselho Tutelar a regra de competência rência a nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive,
constante do art. 147. iniciais do nome e sobrenome. (Redação dada pela Lei nº 10.764,
de 12.11.2003)
Capítulo IV Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se
Da Escolha dos Conselheiros refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade ju-
diciária competente, se demonstrado o interesse e justificada a fi-
Art. 139. O processo para a escolha dos membros do Conselho nalidade.
Tutelar será estabelecido em lei municipal e realizado sob a respon-
sabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Ado- Capítulo II
lescente, e a fiscalização do Ministério Público. (Redação dada pela Da Justiça da Infância e da Juventude
Lei nº 8.242, de 12.10.1991) Seção I
§ 1 o O processo de escolha dos membros do Conselho Tutelar Disposições Gerais
ocorrerá em data unificada em todo o território nacional a cada 4
(quatro) anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano sub- Art. 145. Os estados e o Distrito Federal poderão criar varas
sequente ao da eleição presidencial. (Incluído pela Lei nº 12.696, especializadas e exclusivas da infância e da juventude, cabendo ao
de 2012) Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de
§ 2 o A posse dos conselheiros tutelares ocorrerá no dia 10 de habitantes, dotá-las de infra-estrutura e dispor sobre o atendimen-
janeiro do ano subsequente ao processo de escolha. (Incluído pela to, inclusive em plantões.
Lei nº 12.696, de 2012)
§ 3 o No processo de escolha dos membros do Conselho Tute- Seção II
lar, é vedado ao candidato doar, oferecer, prometer ou entregar ao Do Juiz
eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer natureza, inclusive
brindes de pequeno valor. (Incluído pela Lei nº 12.696, de 2012) Art. 146. A autoridade a que se refere esta Lei é o Juiz da Infân-
cia e da Juventude, ou o juiz que exerce essa função, na forma da lei
de organização judiciária local.
Art. 147. A competência será determinada:

179
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - pelo domicílio dos pais ou responsável; § 1º Para os fins do disposto neste artigo, a autoridade judiciá-
II - pelo lugar onde se encontre a criança ou adolescente, à falta ria levará em conta, dentre outros fatores:
dos pais ou responsável. a) os princípios desta Lei;
§ 1º. Nos casos de ato infracional, será competente a autorida- b) as peculiaridades locais;
de do lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, c) a existência de instalações adequadas;
continência e prevenção. d) o tipo de freqüência habitual ao local;
§ 2º A execução das medidas poderá ser delegada à autoridade e) a adequação do ambiente a eventual participação ou fre-
competente da residência dos pais ou responsável, ou do local onde qüência de crianças e adolescentes;
sediar-se a entidade que abrigar a criança ou adolescente. f) a natureza do espetáculo.
§ 3º Em caso de infração cometida através de transmissão si- § 2º As medidas adotadas na conformidade deste artigo deve-
multânea de rádio ou televisão, que atinja mais de uma comarca, rão ser fundamentadas, caso a caso, vedadas as determinações de
será competente, para aplicação da penalidade, a autoridade judi- caráter geral.
ciária do local da sede estadual da emissora ou rede, tendo a sen-
tença eficácia para todas as transmissoras ou retransmissoras do Seção III
respectivo estado. Dos Serviços Auxiliares
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente
para: Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério posta orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe
Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, interprofissional, destinada a assessorar a Justiça da Infância e da
aplicando as medidas cabíveis; Juventude.
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras
do processo; atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiên-
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, cia, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orien-
difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o tação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata
disposto no art. 209; subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifesta-
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em enti- ção do ponto de vista técnico.
dades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; Parágrafo único. Na ausência ou insuficiência de servidores pú-
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações blicos integrantes do Poder Judiciário responsáveis pela realização
contra norma de proteção à criança ou adolescente; dos estudos psicossociais ou de quaisquer outras espécies de ava-
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, liações técnicas exigidas por esta Lei ou por determinação judicial,
aplicando as medidas cabíveis. a autoridade judiciária poderá proceder à nomeação de perito, nos
Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente termos do art. 156 da Lei no 13.105, de 16 de março de 2015 (Códi-
nas hipóteses do art. 98, é também competente a Justiça da Infân- go de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
cia e da Juventude para o fim de:
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; Capítulo III
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar , perda Dos Procedimentos
ou modificação da tutela ou guarda; (Expressão substituída pela Lei Seção I
nº 12.010, de 2009) Vigência Disposições Gerais
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou Art. 152. Aos procedimentos regulados nesta Lei aplicam-se
materna, em relação ao exercício do poder familiar ; (Expressão subsidiariamente as normas gerais previstas na legislação proces-
substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência sual pertinente.
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando fal- § 1º É assegurada, sob pena de responsabilidade, prioridade
tarem os pais; absoluta na tramitação dos processos e procedimentos previstos
f) designar curador especial em casos de apresentação de quei- nesta Lei, assim como na execução dos atos e diligências judiciais
xa ou representação, ou de outros procedimentos judiciais ou extra- a eles referentes. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
judiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; § 2º Os prazos estabelecidos nesta Lei e aplicáveis aos seus
g) conhecer de ações de alimentos; procedimentos são contados em dias corridos, excluído o dia do
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos começo e incluído o dia do vencimento, vedado o prazo em dobro
registros de nascimento e óbito. para a Fazenda Pública e o Ministério Público. (Incluído pela Lei nº
Art. 149. Compete à autoridade judiciária disciplinar, através de 13.509, de 2017)
portaria, ou autorizar, mediante alvará: Art. 153. Se a medida judicial a ser adotada não corresponder
I - a entrada e permanência de criança ou adolescente, desa- a procedimento previsto nesta ou em outra lei, a autoridade judici-
companhado dos pais ou responsável, em: ária poderá investigar os fatos e ordenar de ofício as providências
a) estádio, ginásio e campo desportivo; necessárias, ouvido o Ministério Público.
b) bailes ou promoções dançantes; Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica para o
c) boate ou congêneres; fim de afastamento da criança ou do adolescente de sua família de
d) casa que explore comercialmente diversões eletrônicas; origem e em outros procedimentos necessariamente contenciosos.
e) estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
II - a participação de criança e adolescente em: Art. 154. Aplica-se às multas o disposto no art. 214.
a) espetáculos públicos e seus ensaios;
b) certames de beleza.

180
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Seção II Art. 159. Se o requerido não tiver possibilidade de constituir
Da Perda e da Suspensão do Poder Familiar advogado, sem prejuízo do próprio sustento e de sua família, po-
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência derá requerer, em cartório, que lhe seja nomeado dativo, ao qual
incumbirá a apresentação de resposta, contando-se o prazo a partir
Art. 155. O procedimento para a perda ou a suspensão do po- da intimação do despacho de nomeação.
der familiar terá início por provocação do Ministério Público ou de Parágrafo único. Na hipótese de requerido privado de liberda-
quem tenha legítimo interesse. (Expressão substituída pela Lei nº de, o oficial de justiça deverá perguntar, no momento da citação
12.010, de 2009) Vigência pessoal, se deseja que lhe seja nomeado defensor. (Incluído pela
Art. 156. A petição inicial indicará: Lei nº 12.962, de 2014)
I - a autoridade judiciária a que for dirigida; Art. 160. Sendo necessário, a autoridade judiciária requisitará
II - o nome, o estado civil, a profissão e a residência do reque- de qualquer repartição ou órgão público a apresentação de docu-
rente e do requerido, dispensada a qualificação em se tratando de mento que interesse à causa, de ofício ou a requerimento das par-
pedido formulado por representante do Ministério Público; tes ou do Ministério Público.
III - a exposição sumária do fato e o pedido; Art. 161. Se não for contestado o pedido e tiver sido concluído
IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o o estudo social ou a perícia realizada por equipe interprofissional
rol de testemunhas e documentos. ou multidisciplinar, a autoridade judiciária dará vista dos autos ao
Art. 157. Havendo motivo grave, poderá a autoridade judici- Ministério Público, por 5 (cinco) dias, salvo quando este for o reque-
ária, ouvido o Ministério Público, decretar a suspensão do poder rente, e decidirá em igual prazo. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
familiar , liminar ou incidentalmente, até o julgamento definitivo da de 2017)
causa, ficando a criança ou adolescente confiado a pessoa idônea, § 1º A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das
mediante termo de responsabilidade. (Expressão substituída pela partes ou do Ministério Público, determinará a oitiva de testemu-
Lei nº 12.010, de 2009) Vigência nhas que comprovem a presença de uma das causas de suspensão
§ 1 o Recebida a petição inicial, a autoridade judiciária determi- ou destituição do poder familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da
nará, concomitantemente ao despacho de citação e independen- Lei n o 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil) , ou no art. 24
temente de requerimento do interessado, a realização de estudo desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
social ou perícia por equipe interprofissional ou multidisciplinar § 2 o (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
para comprovar a presença de uma das causas de suspensão ou § 3 o Se o pedido importar em modificação de guarda, será
destituição do poder familiar, ressalvado o disposto no § 10 do art. obrigatória, desde que possível e razoável, a oitiva da criança ou
101 desta Lei, e observada a Lei n o 13.431, de 4 de abril de 2017 . adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) compreensão sobre as implicações da medida. (Incluído pela Lei nº
§ 2 o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é 12.010, de 2009) Vigência
ainda obrigatória a intervenção, junto à equipe interprofissional ou § 4º É obrigatória a oitiva dos pais sempre que eles forem iden-
multidisciplinar referida no § 1 o deste artigo, de representantes do tificados e estiverem em local conhecido, ressalvados os casos de
órgão federal responsável pela política indigenista, observado o dis- não comparecimento perante a Justiça quando devidamente cita-
posto no § 6 o do art. 28 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.509, de dos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
2017) § 5 o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a auto-
§ 3º A concessão da liminar será, preferencialmente, precedida ridade judicial requisitará sua apresentação para a oitiva. (Incluído
de entrevista da criança ou do adolescente perante equipe multidis- pela Lei nº 12.962, de 2014)
ciplinar e de oitiva da outra parte, nos termos da Lei nº 13.431, de 4 Art. 162. Apresentada a resposta, a autoridade judiciária dará
de abril de 2017. (Incluído pela Lei nº 14.340, de 2022) vista dos autos ao Ministério Público, por cinco dias, salvo quando
§ 4º Se houver indícios de ato de violação de direitos de criança este for o requerente, designando, desde logo, audiência de instru-
ou de adolescente, o juiz comunicará o fato ao Ministério Público ção e julgamento.
e encaminhará os documentos pertinentes. (Incluído pela Lei nº § 1º (Revogado) . (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
14.340, de 2022) § 2 o Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público,
Art. 158. O requerido será citado para, no prazo de dez dias, serão ouvidas as testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer
oferecer resposta escrita, indicando as provas a serem produzidas e técnico, salvo quando apresentado por escrito, manifestando-se
oferecendo desde logo o rol de testemunhas e documentos. sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério Público,
§ 1 o A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios pelo tempo de 20 (vinte) minutos cada um, prorrogável por mais 10
para sua realização. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) (dez) minutos. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
§ 2 o O requerido privado de liberdade deverá ser citado pesso- § 3 o A decisão será proferida na audiência, podendo a autori-
almente. (Incluído pela Lei nº 12.962, de 2014) dade judiciária, excepcionalmente, designar data para sua leitura
§ 3 o Quando, por 2 (duas) vezes, o oficial de justiça houver pro- no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 13.509, de
curado o citando em seu domicílio ou residência sem o encontrar, 2017)
deverá, havendo suspeita de ocultação, informar qualquer pessoa § 4 o Quando o procedimento de destituição de poder familiar
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho do dia útil em que vol- for iniciado pelo Ministério Público, não haverá necessidade de no-
tará a fim de efetuar a citação, na hora que designar, nos termos meação de curador especial em favor da criança ou adolescente.
do art. 252 e seguintes da Lei n o 13.105, de 16 de março de 2015 (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
(Código de Processo Civil) . (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 163. O prazo máximo para conclusão do procedimento
§ 4 o Na hipótese de os genitores encontrarem-se em local in- será de 120 (cento e vinte) dias, e caberá ao juiz, no caso de notória
certo ou não sabido, serão citados por edital no prazo de 10 (dez) inviabilidade de manutenção do poder familiar, dirigir esforços para
dias, em publicação única, dispensado o envio de ofícios para a lo- preparar a criança ou o adolescente com vistas à colocação em fa-
calização. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) mília substituta. (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)

181
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. A sentença que decretar a perda ou a suspen- § 6 o O consentimento somente terá valor se for dado após o
são do poder familiar será averbada à margem do registro de nas- nascimento da criança. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
cimento da criança ou do adolescente. (Incluído pela Lei nº 12.010, gência
de 2009) Vigência § 7 o A família natural e a família substituta receberão a devida
orientação por intermédio de equipe técnica interprofissional a ser-
Seção III viço da Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmente com
Da Destituição da Tutela apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal
de garantia do direito à convivência familiar. (Redação dada pela Lei
Art. 164. Na destituição da tutela, observar-se-á o procedimen- nº 13.509, de 2017)
to para a remoção de tutor previsto na lei processual civil e, no que Art. 167. A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento
couber, o disposto na seção anterior. das partes ou do Ministério Público, determinará a realização de
estudo social ou, se possível, perícia por equipe interprofissional,
Seção IV decidindo sobre a concessão de guarda provisória, bem como, no
Da Colocação em Família Substituta caso de adoção, sobre o estágio de convivência.
Parágrafo único. Deferida a concessão da guarda provisória ou
Art. 165. São requisitos para a concessão de pedidos de coloca- do estágio de convivência, a criança ou o adolescente será entregue
ção em família substituta: ao interessado, mediante termo de responsabilidade. (Incluído pela
I - qualificação completa do requerente e de seu eventual côn- Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
juge, ou companheiro, com expressa anuência deste; Art. 168. Apresentado o relatório social ou o laudo pericial, e
II - indicação de eventual parentesco do requerente e de seu ouvida, sempre que possível, a criança ou o adolescente, dar-se-á
cônjuge, ou companheiro, com a criança ou adolescente, especifi- vista dos autos ao Ministério Público, pelo prazo de cinco dias, deci-
cando se tem ou não parente vivo; dindo a autoridade judiciária em igual prazo.
III - qualificação completa da criança ou adolescente e de seus Art. 169. Nas hipóteses em que a destituição da tutela, a per-
pais, se conhecidos; da ou a suspensão do poder familiar constituir pressuposto lógico
IV - indicação do cartório onde foi inscrito nascimento, anexan- da medida principal de colocação em família substituta, será ob-
do, se possível, uma cópia da respectiva certidão; servado o procedimento contraditório previsto nas Seções II e III
V - declaração sobre a existência de bens, direitos ou rendi- deste Capítulo. (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009)
mentos relativos à criança ou ao adolescente. Vigência
Parágrafo único. Em se tratando de adoção, observar-se-ão Parágrafo único. A perda ou a modificação da guarda poderá
também os requisitos específicos. ser decretada nos mesmos autos do procedimento, observado o
Art. 166. Se os pais forem falecidos, tiverem sido destituídos ou disposto no art. 35.
suspensos do poder familiar, ou houverem aderido expressamente Art. 170. Concedida a guarda ou a tutela, observar-se-á o dis-
ao pedido de colocação em família substituta, este poderá ser for- posto no art. 32, e, quanto à adoção, o contido no art. 47.
mulado diretamente em cartório, em petição assinada pelos pró- Parágrafo único. A colocação de criança ou adolescente sob
prios requerentes, dispensada a assistência de advogado. (Redação a guarda de pessoa inscrita em programa de acolhimento familiar
dada pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência será comunicada pela autoridade judiciária à entidade por este res-
§ 1 o Na hipótese de concordância dos pais, o juiz: (Redação ponsável no prazo máximo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº
dada pela Lei nº 13.509, de 2017) 12.010, de 2009) Vigência
I - na presença do Ministério Público, ouvirá as partes, devi-
damente assistidas por advogado ou por defensor público, para Seção V
verificar sua concordância com a adoção, no prazo máximo de 10 Da Apuração de Ato Infracional Atribuído a Adolescente
(dez) dias, contado da data do protocolo da petição ou da entrega
da criança em juízo, tomando por termo as declarações; e (Incluído Art. 171. O adolescente apreendido por força de ordem judicial
pela Lei nº 13.509, de 2017) será, desde logo, encaminhado à autoridade judiciária.
II - declarará a extinção do poder familiar. (Incluído pela Lei nº Art. 172. O adolescente apreendido em flagrante de ato infra-
13.509, de 2017) cional será, desde logo, encaminhado à autoridade policial compe-
§ 2 o O consentimento dos titulares do poder familiar será pre- tente.
cedido de orientações e esclarecimentos prestados pela equipe in- Parágrafo único. Havendo repartição policial especializada para
terprofissional da Justiça da Infância e da Juventude, em especial, atendimento de adolescente e em se tratando de ato infracional
no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida. (Incluído praticado em co-autoria com maior, prevalecerá a atribuição da re-
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência partição especializada, que, após as providências necessárias e con-
§ 3 o São garantidos a livre manifestação de vontade dos deten- forme o caso, encaminhará o adulto à repartição policial própria.
tores do poder familiar e o direito ao sigilo das informações. (Reda- Art. 173. Em caso de flagrante de ato infracional cometido me-
ção dada pela Lei nº 13.509, de 2017) diante violência ou grave ameaça a pessoa, a autoridade policial,
§ 4 o O consentimento prestado por escrito não terá validade se sem prejuízo do disposto nos arts. 106, parágrafo único, e 107, de-
não for ratificado na audiência a que se refere o § 1 o deste artigo. verá:
(Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017) I - lavrar auto de apreensão, ouvidos as testemunhas e o ado-
§ 5 o O consentimento é retratável até a data da realização da lescente;
audiência especificada no § 1 o deste artigo, e os pais podem exercer II - apreender o produto e os instrumentos da infração;
o arrependimento no prazo de 10 (dez) dias, contado da data de III - requisitar os exames ou perícias necessários à comprova-
prolação da sentença de extinção do poder familiar. (Redação dada ção da materialidade e autoria da infração.
pela Lei nº 13.509, de 2017) Parágrafo único. Nas demais hipóteses de flagrante, a lavratura
do auto poderá ser substituída por boletim de ocorrência circuns-
tanciada.

182
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 174. Comparecendo qualquer dos pais ou responsável, o Art. 182. Se, por qualquer razão, o representante do Ministério
adolescente será prontamente liberado pela autoridade policial, Público não promover o arquivamento ou conceder a remissão, ofe-
sob termo de compromisso e responsabilidade de sua apresenta- recerá representação à autoridade judiciária, propondo a instaura-
ção ao representante do Ministério Público, no mesmo dia ou, sen- ção de procedimento para aplicação da medida sócio-educativa que
do impossível, no primeiro dia útil imediato, exceto quando, pela se afigurar a mais adequada.
gravidade do ato infracional e sua repercussão social, deva o ado- § 1º A representação será oferecida por petição, que conterá o
lescente permanecer sob internação para garantia de sua seguran- breve resumo dos fatos e a classificação do ato infracional e, quan-
ça pessoal ou manutenção da ordem pública. do necessário, o rol de testemunhas, podendo ser deduzida oral-
Art. 175. Em caso de não liberação, a autoridade policial enca- mente, em sessão diária instalada pela autoridade judiciária.
minhará, desde logo, o adolescente ao representante do Ministério § 2º A representação independe de prova pré-constituída da
Público, juntamente com cópia do auto de apreensão ou boletim autoria e materialidade.
de ocorrência. Art. 183. O prazo máximo e improrrogável para a conclusão do
§ 1º Sendo impossível a apresentação imediata, a autoridade procedimento, estando o adolescente internado provisoriamente,
policial encaminhará o adolescente à entidade de atendimento, será de quarenta e cinco dias.
que fará a apresentação ao representante do Ministério Público no Art. 184. Oferecida a representação, a autoridade judiciária
prazo de vinte e quatro horas. designará audiência de apresentação do adolescente, decidindo,
§ 2º Nas localidades onde não houver entidade de atendi- desde logo, sobre a decretação ou manutenção da internação, ob-
mento, a apresentação far-se-á pela autoridade policial. À falta de servado o disposto no art. 108 e parágrafo.
repartição policial especializada, o adolescente aguardará a apre- § 1º O adolescente e seus pais ou responsável serão cientifica-
sentação em dependência separada da destinada a maiores, não dos do teor da representação, e notificados a comparecer à audiên-
podendo, em qualquer hipótese, exceder o prazo referido no pará- cia, acompanhados de advogado.
grafo anterior. § 2º Se os pais ou responsável não forem localizados, a autori-
Art. 176. Sendo o adolescente liberado, a autoridade policial dade judiciária dará curador especial ao adolescente.
encaminhará imediatamente ao representante do Ministério Públi- § 3º Não sendo localizado o adolescente, a autoridade judici-
co cópia do auto de apreensão ou boletim de ocorrência. ária expedirá mandado de busca e apreensão, determinando o so-
Art. 177. Se, afastada a hipótese de flagrante, houver indícios brestamento do feito, até a efetiva apresentação.
de participação de adolescente na prática de ato infracional, a auto- § 4º Estando o adolescente internado, será requisitada a sua
ridade policial encaminhará ao representante do Ministério Público apresentação, sem prejuízo da notificação dos pais ou responsável.
relatório das investigações e demais documentos. Art. 185. A internação, decretada ou mantida pela autoridade
Art. 178. O adolescente a quem se atribua autoria de ato in- judiciária, não poderá ser cumprida em estabelecimento prisional.
fracional não poderá ser conduzido ou transportado em compar- § 1º Inexistindo na comarca entidade com as características de-
timento fechado de veículo policial, em condições atentatórias à finidas no art. 123, o adolescente deverá ser imediatamente trans-
sua dignidade, ou que impliquem risco à sua integridade física ou ferido para a localidade mais próxima.
mental, sob pena de responsabilidade. § 2º Sendo impossível a pronta transferência, o adolescente
Art. 179. Apresentado o adolescente, o representante do Mi- aguardará sua remoção em repartição policial, desde que em seção
nistério Público, no mesmo dia e à vista do auto de apreensão, bole- isolada dos adultos e com instalações apropriadas, não podendo
tim de ocorrência ou relatório policial, devidamente autuados pelo ultrapassar o prazo máximo de cinco dias, sob pena de responsa-
cartório judicial e com informação sobre os antecedentes do ado- bilidade.
lescente, procederá imediata e informalmente à sua oitiva e, em Art. 186. Comparecendo o adolescente, seus pais ou responsá-
sendo possível, de seus pais ou responsável, vítima e testemunhas. vel, a autoridade judiciária procederá à oitiva dos mesmos, poden-
Parágrafo único. Em caso de não apresentação, o represen- do solicitar opinião de profissional qualificado.
tante do Ministério Público notificará os pais ou responsável para § 1º Se a autoridade judiciária entender adequada a remissão,
apresentação do adolescente, podendo requisitar o concurso das ouvirá o representante do Ministério Público, proferindo decisão.
polícias civil e militar. § 2º Sendo o fato grave, passível de aplicação de medida de
Art. 180. Adotadas as providências a que alude o artigo ante- internação ou colocação em regime de semi-liberdade, a autorida-
rior, o representante do Ministério Público poderá: de judiciária, verificando que o adolescente não possui advogado
I - promover o arquivamento dos autos; constituído, nomeará defensor, designando, desde logo, audiência
II - conceder a remissão; em continuação, podendo determinar a realização de diligências e
III - representar à autoridade judiciária para aplicação de medi- estudo do caso.
da sócio-educativa. § 3º O advogado constituído ou o defensor nomeado, no prazo
Art. 181. Promovido o arquivamento dos autos ou concedida a de três dias contado da audiência de apresentação, oferecerá defe-
remissão pelo representante do Ministério Público, mediante ter- sa prévia e rol de testemunhas.
mo fundamentado, que conterá o resumo dos fatos, os autos serão § 4º Na audiência em continuação, ouvidas as testemunhas
conclusos à autoridade judiciária para homologação. arroladas na representação e na defesa prévia, cumpridas as dili-
§ 1º Homologado o arquivamento ou a remissão, a autoridade gências e juntado o relatório da equipe interprofissional, será dada
judiciária determinará, conforme o caso, o cumprimento da medi- a palavra ao representante do Ministério Público e ao defensor,
da. sucessivamente, pelo tempo de vinte minutos para cada um, pror-
§ 2º Discordando, a autoridade judiciária fará remessa dos au- rogável por mais dez, a critério da autoridade judiciária, que em
tos ao Procurador-Geral de Justiça, mediante despacho fundamen- seguida proferirá decisão.
tado, e este oferecerá representação, designará outro membro do Art. 187. Se o adolescente, devidamente notificado, não com-
Ministério Público para apresentá-la, ou ratificará o arquivamento parecer, injustificadamente à audiência de apresentação, a autori-
ou a remissão, que só então estará a autoridade judiciária obrigada dade judiciária designará nova data, determinando sua condução
a homologar. coercitiva.

183
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 188. A remissão, como forma de extinção ou suspensão do § 3 º A infiltração de agentes de polícia na internet não será
processo, poderá ser aplicada em qualquer fase do procedimento, admitida se a prova puder ser obtida por outros meios. (Incluído
antes da sentença. pela Lei nº 13.441, de 2017)
Art. 189. A autoridade judiciária não aplicará qualquer medida, Art. 190-B. As informações da operação de infiltração serão
desde que reconheça na sentença: encaminhadas diretamente ao juiz responsável pela autorização da
I - estar provada a inexistência do fato; medida, que zelará por seu sigilo. (Incluído pela Lei nº 13.441, de
II - não haver prova da existência do fato; 2017)
III - não constituir o fato ato infracional; Parágrafo único. Antes da conclusão da operação, o acesso aos
IV - não existir prova de ter o adolescente concorrido para o autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao delegado
ato infracional. de polícia responsável pela operação, com o objetivo de garantir o
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, estando o adoles- sigilo das investigações. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
cente internado, será imediatamente colocado em liberdade. Art. 190-C. Não comete crime o policial que oculta a sua iden-
Art. 190. A intimação da sentença que aplicar medida de inter- tidade para, por meio da internet, colher indícios de autoria e ma-
nação ou regime de semi-liberdade será feita: terialidade dos crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A , 241-B
I - ao adolescente e ao seu defensor; , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , 218-A e
II - quando não for encontrado o adolescente, a seus pais ou 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código
responsável, sem prejuízo do defensor. Penal) . (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
§ 1º Sendo outra a medida aplicada, a intimação far-se-á unica- Parágrafo único. O agente policial infiltrado que deixar de ob-
mente na pessoa do defensor. servar a estrita finalidade da investigação responderá pelos exces-
§ 2º Recaindo a intimação na pessoa do adolescente, deverá sos praticados. (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017)
este manifestar se deseja ou não recorrer da sentença. Art. 190-D. Os órgãos de registro e cadastro público poderão
incluir nos bancos de dados próprios, mediante procedimento si-
Seção V-A giloso e requisição da autoridade judicial, as informações necessá-
(Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) rias à efetividade da identidade fictícia criada. (Incluído pela Lei nº
Da Infiltração de Agentes de Polícia para a Investigação de 13.441, de 2017)
Crimes contra a Dignidade Sexual de Criança e de Adolescente Parágrafo único. O procedimento sigiloso de que trata esta Se-
ção será numerado e tombado em livro específico. (Incluído pela Lei
Art. 190-A. A infiltração de agentes de polícia na internet com nº 13.441, de 2017)
o fim de investigar os crimes previstos nos arts. 240 , 241 , 241-A Art. 190-E. Concluída a investigação, todos os atos eletrônicos
, 241-B , 241-C e 241-D desta Lei e nos arts. 154-A , 217-A , 218 , praticados durante a operação deverão ser registrados, gravados,
218-A e 218-B do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 armazenados e encaminhados ao juiz e ao Ministério Público, jun-
(Código Penal) , obedecerá às seguintes regras: (Incluído pela Lei nº tamente com relatório circunstanciado. (Incluído pela Lei nº 13.441,
13.441, de 2017) de 2017)
I – será precedida de autorização judicial devidamente circuns- Parágrafo único. Os atos eletrônicos registrados citados no
tanciada e fundamentada, que estabelecerá os limites da infiltração caput deste artigo serão reunidos em autos apartados e apensados
para obtenção de prova, ouvido o Ministério Público; (Incluído pela ao processo criminal juntamente com o inquérito policial, assegu-
Lei nº 13.441, de 2017) rando-se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e
II – dar-se-á mediante requerimento do Ministério Público ou a intimidade das crianças e dos adolescentes envolvidos. (Incluído
representação de delegado de polícia e conterá a demonstração de pela Lei nº 13.441, de 2017)
sua necessidade, o alcance das tarefas dos policiais, os nomes ou
apelidos das pessoas investigadas e, quando possível, os dados de Seção VI
conexão ou cadastrais que permitam a identificação dessas pesso- Da Apuração de Irregularidades em Entidade de Atendimen-
as; (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) to
III – não poderá exceder o prazo de 90 (noventa) dias, sem pre-
juízo de eventuais renovações, desde que o total não exceda a 720 Art. 191. O procedimento de apuração de irregularidades em
(setecentos e vinte) dias e seja demonstrada sua efetiva necessida- entidade governamental e não-governamental terá início median-
de, a critério da autoridade judicial. (Incluído pela Lei nº 13.441, de te portaria da autoridade judiciária ou representação do Ministério
2017) Público ou do Conselho Tutelar, onde conste, necessariamente, re-
§ 1 º A autoridade judicial e o Ministério Público poderão requi- sumo dos fatos.
sitar relatórios parciais da operação de infiltração antes do término Parágrafo único. Havendo motivo grave, poderá a autoridade
do prazo de que trata o inciso II do § 1 º deste artigo. (Incluído pela judiciária, ouvido o Ministério Público, decretar liminarmente o
Lei nº 13.441, de 2017) afastamento provisório do dirigente da entidade, mediante decisão
§ 2 º Para efeitos do disposto no inciso I do § 1 º deste artigo, fundamentada.
consideram-se: (Incluído pela Lei nº 13.441, de 2017) Art. 192. O dirigente da entidade será citado para, no prazo de
I – dados de conexão: informações referentes a hora, data, iní- dez dias, oferecer resposta escrita, podendo juntar documentos e
cio, término, duração, endereço de Protocolo de Internet (IP) utili- indicar as provas a produzir.
zado e terminal de origem da conexão; (Incluído pela Lei nº 13.441, Art. 193. Apresentada ou não a resposta, e sendo necessário, a
de 2017) autoridade judiciária designará audiência de instrução e julgamen-
II – dados cadastrais: informações referentes a nome e ende- to, intimando as partes.
reço de assinante ou de usuário registrado ou autenticado para a § 1º Salvo manifestação em audiência, as partes e o Ministério
conexão a quem endereço de IP, identificação de usuário ou código Público terão cinco dias para oferecer alegações finais, decidindo a
de acesso tenha sido atribuído no momento da conexão. autoridade judiciária em igual prazo.

184
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º Em se tratando de afastamento provisório ou definitivo de III - cópias autenticadas de certidão de nascimento ou casa-
dirigente de entidade governamental, a autoridade judiciária oficia- mento, ou declaração relativa ao período de união estável; (Incluído
rá à autoridade administrativa imediatamente superior ao afastado, pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
marcando prazo para a substituição. IV - cópias da cédula de identidade e inscrição no Cadastro de
§ 3º Antes de aplicar qualquer das medidas, a autoridade judi- Pessoas Físicas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
ciária poderá fixar prazo para a remoção das irregularidades verifi- V - comprovante de renda e domicílio; (Incluído pela Lei nº
cadas. Satisfeitas as exigências, o processo será extinto, sem julga- 12.010, de 2009) Vigência
mento de mérito. VI - atestados de sanidade física e mental (Incluído pela Lei nº
§ 4º A multa e a advertência serão impostas ao dirigente da 12.010, de 2009) Vigência
entidade ou programa de atendimento. VII - certidão de antecedentes criminais; (Incluído pela Lei nº
12.010, de 2009) Vigência
Seção VII VIII - certidão negativa de distribuição cível. (Incluído pela Lei
Da Apuração de Infração Administrativa às Normas de Prote- nº 12.010, de 2009) Vigência
ção à Criança e ao Adolescente Art. 197-B. A autoridade judiciária, no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, dará vista dos autos ao Ministério Público, que no pra-
Art. 194. O procedimento para imposição de penalidade admi- zo de 5 (cinco) dias poderá: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
nistrativa por infração às normas de proteção à criança e ao ado- Vigência
lescente terá início por representação do Ministério Público, ou do I - apresentar quesitos a serem respondidos pela equipe in-
Conselho Tutelar, ou auto de infração elaborado por servidor efe- terprofissional encarregada de elaborar o estudo técnico a que se
tivo ou voluntário credenciado, e assinado por duas testemunhas, refere o art. 197-C desta Lei; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
se possível. Vigência
§ 1º No procedimento iniciado com o auto de infração, pode- II - requerer a designação de audiência para oitiva dos pos-
rão ser usadas fórmulas impressas, especificando-se a natureza e as tulantes em juízo e testemunhas; (Incluído pela Lei nº 12.010, de
circunstâncias da infração. 2009) Vigência
§ 2º Sempre que possível, à verificação da infração seguir-se-á III - requerer a juntada de documentos complementares e a re-
a lavratura do auto, certificando-se, em caso contrário, dos motivos alização de outras diligências que entender necessárias. (Incluído
do retardamento. pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Art. 195. O requerido terá prazo de dez dias para apresentação Art. 197-C. Intervirá no feito, obrigatoriamente, equipe inter-
de defesa, contado da data da intimação, que será feita: profissional a serviço da Justiça da Infância e da Juventude, que
I - pelo autuante, no próprio auto, quando este for lavrado na deverá elaborar estudo psicossocial, que conterá subsídios que
presença do requerido; permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o
II - por oficial de justiça ou funcionário legalmente habilitado, exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz
que entregará cópia do auto ou da representação ao requerido, ou dos requisitos e princípios desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.010,
a seu representante legal, lavrando certidão; de 2009) Vigência
III - por via postal, com aviso de recebimento, se não for encon- § 1 o É obrigatória a participação dos postulantes em programa
trado o requerido ou seu representante legal; oferecido pela Justiça da Infância e da Juventude, preferencialmen-
IV - por edital, com prazo de trinta dias, se incerto ou não sabi- te com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política
do o paradeiro do requerido ou de seu representante legal. municipal de garantia do direito à convivência familiar e dos grupos
Art. 196. Não sendo apresentada a defesa no prazo legal, a au- de apoio à adoção devidamente habilitados perante a Justiça da In-
toridade judiciária dará vista dos autos do Ministério Público, por fância e da Juventude, que inclua preparação psicológica, orienta-
cinco dias, decidindo em igual prazo. ção e estímulo à adoção inter-racial, de crianças ou de adolescentes
Art. 197. Apresentada a defesa, a autoridade judiciária proce- com deficiência, com doenças crônicas ou com necessidades espe-
derá na conformidade do artigo anterior, ou, sendo necessário, de- cíficas de saúde, e de grupos de irmãos. (Redação dada pela Lei nº
signará audiência de instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009) Vigência § 2 o Sempre que possível e recomendável, a etapa obrigató-
Parágrafo único. Colhida a prova oral, manifestar-se-ão suces- ria da preparação referida no § 1 o deste artigo incluirá o contato
sivamente o Ministério Público e o procurador do requerido, pelo com crianças e adolescentes em regime de acolhimento familiar ou
tempo de vinte minutos para cada um, prorrogável por mais dez, a institucional, a ser realizado sob orientação, supervisão e avaliação
critério da autoridade judiciária, que em seguida proferirá senten- da equipe técnica da Justiça da Infância e da Juventude e dos gru-
ça. pos de apoio à adoção, com apoio dos técnicos responsáveis pelo
programa de acolhimento familiar e institucional e pela execução
Seção VIII da política municipal de garantia do direito à convivência familiar.
(Incluída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência (Redação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
Da Habilitação de Pretendentes à Adoção § 3 o É recomendável que as crianças e os adolescentes acolhi-
dos institucionalmente ou por família acolhedora sejam preparados
Art. 197-A. Os postulantes à adoção, domiciliados no Brasil, por equipe interprofissional antes da inclusão em família adotiva.
apresentarão petição inicial na qual conste: (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017)
12.010, de 2009) Vigência Art. 197-D. Certificada nos autos a conclusão da participação
I - qualificação completa; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) no programa referido no art. 197-C desta Lei, a autoridade judiciá-
Vigência ria, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, decidirá acerca das dili-
II - dados familiares; (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi- gências requeridas pelo Ministério Público e determinará a juntada
gência do estudo psicossocial, designando, conforme o caso, audiência de
instrução e julgamento. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vi-
gência

185
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único. Caso não sejam requeridas diligências, ou sen- se a reformar, a remessa dos autos dependerá de pedido expresso
do essas indeferidas, a autoridade judiciária determinará a juntada da parte interessada ou do Ministério Público, no prazo de cinco
do estudo psicossocial, abrindo a seguir vista dos autos ao Ministé- dias, contados da intimação.
rio Público, por 5 (cinco) dias, decidindo em igual prazo. (Incluído Art. 199. Contra as decisões proferidas com base no art. 149
pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência caberá recurso de apelação.
Art. 197-E. Deferida a habilitação, o postulante será inscrito nos Art. 199-A. A sentença que deferir a adoção produz efeito des-
cadastros referidos no art. 50 desta Lei, sendo a sua convocação de logo, embora sujeita a apelação, que será recebida exclusiva-
para a adoção feita de acordo com ordem cronológica de habilita- mente no efeito devolutivo, salvo se se tratar de adoção internacio-
ção e conforme a disponibilidade de crianças ou adolescentes ado- nal ou se houver perigo de dano irreparável ou de difícil reparação
táveis. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ao adotando. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1 o A ordem cronológica das habilitações somente poderá Art. 199-B. A sentença que destituir ambos ou qualquer dos
deixar de ser observada pela autoridade judiciária nas hipóteses genitores do poder familiar fica sujeita a apelação, que deverá ser
previstas no § 13 do art. 50 desta Lei, quando comprovado ser essa recebida apenas no efeito devolutivo. (Incluído pela Lei nº 12.010,
a melhor solução no interesse do adotando. (Incluído pela Lei nº de 2009) Vigência
Art. 199-C. Os recursos nos procedimentos de adoção e de des-
12.010, de 2009) Vigência
tituição de poder familiar, em face da relevância das questões, serão
§ 2 o A habilitação à adoção deverá ser renovada no mínimo
processados com prioridade absoluta, devendo ser imediatamente
trienalmente mediante avaliação por equipe interprofissional. (Re-
distribuídos, ficando vedado que aguardem, em qualquer situação,
dação dada pela Lei nº 13.509, de 2017)
oportuna distribuição, e serão colocados em mesa para julgamento
§ 3 o Quando o adotante candidatar-se a uma nova adoção, será sem revisão e com parecer urgente do Ministério Público. (Incluído
dispensável a renovação da habilitação, bastando a avaliação por pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
equipe interprofissional. (Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 199-D. O relator deverá colocar o processo em mesa para
§ 4 o Após 3 (três) recusas injustificadas, pelo habilitado, à ado- julgamento no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, contado da sua
ção de crianças ou adolescentes indicados dentro do perfil escolhi- conclusão. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
do, haverá reavaliação da habilitação concedida. (Incluído pela Lei Parágrafo único. O Ministério Público será intimado da data do
nº 13.509, de 2017) julgamento e poderá na sessão, se entender necessário, apresen-
§ 5 o A desistência do pretendente em relação à guarda para tar oralmente seu parecer. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
fins de adoção ou a devolução da criança ou do adolescente de- Vigência
pois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na Art. 199-E. O Ministério Público poderá requerer a instauração
sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação de procedimento para apuração de responsabilidades se constatar
da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo o descumprimento das providências e do prazo previstos nos arti-
das demais sanções previstas na legislação vigente. (Incluído pela gos anteriores. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
Lei nº 13.509, de 2017)
Art. 197-F. O prazo máximo para conclusão da habilitação à Capítulo V
adoção será de 120 (cento e vinte) dias, prorrogável por igual pe- Do Ministério Público
ríodo, mediante decisão fundamentada da autoridade judiciária.
(Incluído pela Lei nº 13.509, de 2017) Art. 200. As funções do Ministério Público previstas nesta Lei
serão exercidas nos termos da respectiva lei orgânica.
Capítulo IV Art. 201. Compete ao Ministério Público:
Dos Recursos I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às in-
Art. 198. Nos procedimentos afetos à Justiça da Infância e da frações atribuídas a adolescentes;
Juventude, inclusive os relativos à execução das medidas socioe- III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os proce-
dimentos de suspensão e destituição do poder familiar , nomeação
ducativas, adotar-se-á o sistema recursal da Lei n o 5.869, de 11 de
e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em
janeiro de 1973 (Código de Processo Civil) , com as seguintes adap-
todos os demais procedimentos da competência da Justiça da In-
tações: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
fância e da Juventude; (Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de
I - os recursos serão interpostos independentemente de pre-
2009) Vigência
paro; IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a
II - em todos os recursos, salvo nos embargos de declaração, o especialização e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de con-
prazo para o Ministério Público e para a defesa será sempre de 10 tas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de
(dez) dias; (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98;
III - os recursos terão preferência de julgamento e dispensarão V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a prote-
revisor; ção dos interesses individuais, difusos ou coletivos relativos à infân-
IV - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência cia e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II,
V - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência da Constituição Federal ;
VI - (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência VI - instaurar procedimentos administrativos e, para instruí-los:
VII - antes de determinar a remessa dos autos à superior ins- a) expedir notificações para colher depoimentos ou esclareci-
tância, no caso de apelação, ou do instrumento, no caso de agravo, mentos e, em caso de não comparecimento injustificado, requisitar
a autoridade judiciária proferirá despacho fundamentado, manten- condução coercitiva, inclusive pela polícia civil ou militar;
do ou reformando a decisão, no prazo de cinco dias; b) requisitar informações, exames, perícias e documentos de
VIII - mantida a decisão apelada ou agravada, o escrivão reme- autoridades municipais, estaduais e federais, da administração di-
terá os autos ou o instrumento à superior instância dentro de vinte reta ou indireta, bem como promover inspeções e diligências inves-
e quatro horas, independentemente de novo pedido do recorrente; tigatórias;

186
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c) requisitar informações e documentos a particulares e insti- Parágrafo único. Será prestada assistência judiciária integral e
tuições privadas; gratuita àqueles que dela necessitarem.
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de
e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ato infracional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem
ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; defensor.
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado
assegurados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de
judiciais e extrajudiciais cabíveis; sua preferência.
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de
corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda
interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao que provisoriamente, ou para o só efeito do ato.
adolescente; § 3º Será dispensada a outorga de mandato, quando se tratar
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por de defensor nomeado ou, sido constituído, tiver sido indicado por
infrações cometidas contra as normas de proteção à infância e à ocasião de ato formal com a presença da autoridade judiciária.
juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e
penal do infrator, quando cabível; Capítulo VII
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de aten- Da Proteção Judicial dos Interesses Individuais, Difusos e
dimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto Coletivos
as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de
irregularidades porventura verificadas; Art. 208. Regem-se pelas disposições desta Lei as ações de res-
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos ser- ponsabilidade por ofensa aos direitos assegurados à criança e ao
viços médicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, adolescente, referentes ao não oferecimento ou oferta irregular:
públicos ou privados, para o desempenho de suas atribuições. I - do ensino obrigatório;
§ 1º A legitimação do Ministério Público para as ações cíveis II - de atendimento educacional especializado aos portadores
previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipó- de deficiência;
teses, segundo dispuserem a Constituição e esta Lei. III – de atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero
§ 2º As atribuições constantes deste artigo não excluem outras, a cinco anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 13.306, de 2016)
desde que compatíveis com a finalidade do Ministério Público. IV - de ensino noturno regular, adequado às condições do edu-
§ 3º O representante do Ministério Público, no exercício de cando;
suas funções, terá livre acesso a todo local onde se encontre crian- V - de programas suplementares de oferta de material didáti-
ça ou adolescente. co-escolar, transporte e assistência à saúde do educando do ensino
§ 4º O representante do Ministério Público será responsável fundamental;
pelo uso indevido das informações e documentos que requisitar, VI - de serviço de assistência social visando à proteção à família,
nas hipóteses legais de sigilo. à maternidade, à infância e à adolescência, bem como ao amparo às
§ 5º Para o exercício da atribuição de que trata o inciso VIII des- crianças e adolescentes que dele necessitem;
te artigo, poderá o representante do Ministério Público: VII - de acesso às ações e serviços de saúde;
a) reduzir a termo as declarações do reclamante, instaurando o VIII - de escolarização e profissionalização dos adolescentes pri-
competente procedimento, sob sua presidência; vados de liberdade.
b) entender-se diretamente com a pessoa ou autoridade recla- IX - de ações, serviços e programas de orientação, apoio e pro-
mada, em dia, local e horário previamente notificados ou acertados; moção social de famílias e destinados ao pleno exercício do direito
c) efetuar recomendações visando à melhoria dos serviços pú- à convivência familiar por crianças e adolescentes. (Incluído pela Lei
blicos e de relevância pública afetos à criança e ao adolescente, fi- nº 12.010, de 2009) Vigência
xando prazo razoável para sua perfeita adequação. X - de programas de atendimento para a execução das medidas
Art. 202. Nos processos e procedimentos em que não for parte, socioeducativas e aplicação de medidas de proteção. (Incluído pela
atuará obrigatoriamente o Ministério Público na defesa dos direitos Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
e interesses de que cuida esta Lei, hipótese em que terá vista dos XI - de políticas e programas integrados de atendimento à
autos depois das partes, podendo juntar documentos e requerer criança e ao adolescente vítima ou testemunha de violência. (Inclu-
diligências, usando os recursos cabíveis. ído pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência)
Art. 203. A intimação do Ministério Público, em qualquer caso, § 1 o As hipóteses previstas neste artigo não excluem da prote-
será feita pessoalmente. ção judicial outros interesses individuais, difusos ou coletivos, pró-
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a prios da infância e da adolescência, protegidos pela Constituição
nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a reque- e pela Lei. (Renumerado do Parágrafo único pela Lei nº 11.259, de
rimento de qualquer interessado. 2005)
Art. 205. As manifestações processuais do representante do § 2 o A investigação do desaparecimento de crianças ou adoles-
Ministério Público deverão ser fundamentadas. centes será realizada imediatamente após notificação aos órgãos
competentes, que deverão comunicar o fato aos portos, aeropor-
Capítulo VI tos, Polícia Rodoviária e companhias de transporte interestaduais e
Do Advogado internacionais, fornecendo-lhes todos os dados necessários à iden-
tificação do desaparecido. (Incluído pela Lei nº 11.259, de 2005)
Art. 206. A criança ou o adolescente, seus pais ou responsável, Art. 209. As ações previstas neste Capítulo serão propostas no
e qualquer pessoa que tenha legítimo interesse na solução da lide foro do local onde ocorreu ou deva ocorrer a ação ou omissão, cujo
poderão intervir nos procedimentos de que trata esta Lei, através juízo terá competência absoluta para processar a causa, ressalvadas
de advogado, o qual será intimado para todos os atos, pessoalmen- a competência da Justiça Federal e a competência originária dos
te ou por publicação oficial, respeitado o segredo de justiça. tribunais superiores.

187
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 210. Para as ações cíveis fundadas em interesses coletivos Art. 218. O juiz condenará a associação autora a pagar ao réu
ou difusos, consideram-se legitimados concorrentemente: os honorários advocatícios arbitrados na conformidade do § 4º do
I - o Ministério Público; art. 20 da Lei n.º 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Pro-
II - a União, os estados, os municípios, o Distrito Federal e os cesso Civil) , quando reconhecer que a pretensão é manifestamente
territórios; infundada.
III - as associações legalmente constituídas há pelo menos um Parágrafo único. Em caso de litigância de má-fé, a associação
ano e que incluam entre seus fins institucionais a defesa dos inte- autora e os diretores responsáveis pela propositura da ação serão
resses e direitos protegidos por esta Lei, dispensada a autorização solidariamente condenados ao décuplo das custas, sem prejuízo de
da assembléia, se houver prévia autorização estatutária. responsabilidade por perdas e danos.
§ 1º Admitir-se-á litisconsórcio facultativo entre os Ministérios Art. 219. Nas ações de que trata este Capítulo, não have-
Públicos da União e dos estados na defesa dos interesses e direitos rá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e
de que cuida esta Lei. quaisquer outras despesas.
§ 2º Em caso de desistência ou abandono da ação por asso- Art. 220. Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá
ciação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, prestando-lhe informa-
assumir a titularidade ativa. ções sobre fatos que constituam objeto de ação civil, e indicando-
Art. 211. Os órgãos públicos legitimados poderão tomar dos -lhe os elementos de convicção.
interessados compromisso de ajustamento de sua conduta às exi- Art. 221. Se, no exercício de suas funções, os juízos e tribunais
gências legais, o qual terá eficácia de título executivo extrajudicial. tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura
Art. 212. Para defesa dos direitos e interesses protegidos por de ação civil, remeterão peças ao Ministério Público para as provi-
esta Lei, são admissíveis todas as espécies de ações pertinentes. dências cabíveis.
§ 1º Aplicam-se às ações previstas neste Capítulo as normas do Art. 222. Para instruir a petição inicial, o interessado poderá re-
Código de Processo Civil. querer às autoridades competentes as certidões e informações que
§ 2º Contra atos ilegais ou abusivos de autoridade pública ou julgar necessárias, que serão fornecidas no prazo de quinze dias.
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do poder pú- Art. 223. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presi-
blico, que lesem direito líquido e certo previsto nesta Lei, caberá dência, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer pessoa, organismo
ação mandamental, que se regerá pelas normas da lei do mandado público ou particular, certidões, informações, exames ou perícias,
de segurança. no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a dez dias
Art. 213. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obri- úteis.
gação de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da § 1º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as di-
obrigação ou determinará providências que assegurem o resultado ligências, se convencer da inexistência de fundamento para a pro-
prático equivalente ao do adimplemento. positura da ação cível, promoverá o arquivamento dos autos do
§ 1º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamenta-
justificado receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz damente.
conceder a tutela liminarmente ou após justificação prévia, citando § 2º Os autos do inquérito civil ou as peças de informação ar-
o réu. quivados serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave,
§ 2º O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sen- no prazo de três dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.
tença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido § 3º Até que seja homologada ou rejeitada a promoção de ar-
do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando quivamento, em sessão do Conselho Superior do Ministério públi-
prazo razoável para o cumprimento do preceito. co, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas
§ 3º A multa só será exigível do réu após o trânsito em julgado ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou ane-
da sentença favorável ao autor, mas será devida desde o dia em que xados às peças de informação.
se houver configurado o descumprimento. § 4º A promoção de arquivamento será submetida a exame e
Art. 214. Os valores das multas reverterão ao fundo gerido pelo deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme
Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente do respectivo dispuser o seu regimento.
município. § 5º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção
§ 1º As multas não recolhidas até trinta dias após o trânsito em de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério
julgado da decisão serão exigidas através de execução promovida Público para o ajuizamento da ação.
pelo Ministério Público, nos mesmos autos, facultada igual iniciati- Art. 224. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as dis-
va aos demais legitimados. posições da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1985 .
§ 2º Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará
depositado em estabelecimento oficial de crédito, em conta com Título VII
correção monetária. Dos Crimes e Das Infrações Administrativas
Art. 215. O juiz poderá conferir efeito suspensivo aos recursos, Capítulo I
para evitar dano irreparável à parte. Dos Crimes
Art. 216. Transitada em julgado a sentença que impuser con- Seção I
denação ao poder público, o juiz determinará a remessa de peças à Disposições Gerais
autoridade competente, para apuração da responsabilidade civil e
administrativa do agente a que se atribua a ação ou omissão. Art. 225. Este Capítulo dispõe sobre crimes praticados contra
Art. 217. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da a criança e o adolescente, por ação ou omissão, sem prejuízo do
sentença condenatória sem que a associação autora lhe promova a disposto na legislação penal.
execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual inicia- Art. 226. Aplicam-se aos crimes definidos nesta Lei as normas
tiva aos demais legitimados. da Parte Geral do Código Penal e, quanto ao processo, as pertinen-
tes ao Código de Processo Penal.

188
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 227. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pública in- Art. 238. Prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a
condicionada. terceiro, mediante paga ou recompensa:
Art. 227-A Os efeitos da condenação prevista no inciso I do Pena - reclusão de um a quatro anos, e multa.
caput do art. 92 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 Parágrafo único. Incide nas mesmas penas quem oferece ou
(Código Penal), para os crimes previstos nesta Lei, praticados por efetiva a paga ou recompensa.
servidores públicos com abuso de autoridade, são condicionados à Art. 239. Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao
ocorrência de reincidência. (Incluído pela Lei nº 13.869. de 2019) envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância
Parágrafo único. A perda do cargo, do mandato ou da função, das formalidades legais ou com o fito de obter lucro:
nesse caso, independerá da pena aplicada na reincidência. (Incluí- Pena - reclusão de quatro a seis anos, e multa.
do pela Lei nº 13.869. de 2019) Parágrafo único. Se há emprego de violência, grave ameaça ou
fraude: (Incluído pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003)
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 8 (oito) anos, além da pena corres-
Seção II pondente à violência.
Dos Crimes em Espécie Art. 240. Produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou regis-
trar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornográfica, en-
Art. 228. Deixar o encarregado de serviço ou o dirigente de es- volvendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
tabelecimento de atenção à saúde de gestante de manter registro de 2008)
das atividades desenvolvidas, na forma e prazo referidos no art. 10 Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
desta Lei, bem como de fornecer à parturiente ou a seu responsá- ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
vel, por ocasião da alta médica, declaração de nascimento, onde § 1 o Incorre nas mesmas penas quem agencia, facilita, recruta,
constem as intercorrências do parto e do desenvolvimento do ne- coage, ou de qualquer modo intermedeia a participação de criança
onato: ou adolescente nas cenas referidas no caput deste artigo, ou ainda
Pena - detenção de seis meses a dois anos. quem com esses contracena. (Redação dada pela Lei nº 11.829, de
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 2008)
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. § 2 o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se o agente comete
Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabe- o crime: (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
lecimento de atenção à saúde de gestante de identificar correta- I – no exercício de cargo ou função pública ou a pretexto de
mente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como exercê-la; (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: II – prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou
Pena - detenção de seis meses a dois anos. de hospitalidade; ou (Redação dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Se o crime é culposo: III – prevalecendo-se de relações de parentesco consangüíneo
Pena - detenção de dois a seis meses, ou multa. ou afim até o terceiro grau, ou por adoção, de tutor, curador, pre-
Art. 230. Privar a criança ou o adolescente de sua liberdade, ceptor, empregador da vítima ou de quem, a qualquer outro título,
procedendo à sua apreensão sem estar em flagrante de ato infra- tenha autoridade sobre ela, ou com seu consentimento. (Incluído
cional ou inexistindo ordem escrita da autoridade judiciária com- pela Lei nº 11.829, de 2008)
petente: Art. 241. Vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro
Pena - detenção de seis meses a dois anos. registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envol-
Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que procede à vendo criança ou adolescente: (Redação dada pela Lei nº 11.829,
apreensão sem observância das formalidades legais. de 2008)
Art. 231. Deixar a autoridade policial responsável pela apre- Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Reda-
ensão de criança ou adolescente de fazer imediata comunicação à ção dada pela Lei nº 11.829, de 2008)
autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à Art. 241-A. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, distribuir,
pessoa por ele indicada: publicar ou divulgar por qualquer meio, inclusive por meio de siste-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. ma de informática ou telemático, fotografia, vídeo ou outro registro
Art. 232. Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo
guarda ou vigilância a vexame ou a constrangimento: criança ou adolescente: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
Pena - detenção de seis meses a dois anos. Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluído
Art. 233. (Revogado pela Lei nº 9.455, de 7.4.1997 : pela Lei nº 11.829, de 2008)
Art. 234. Deixar a autoridade competente, sem justa causa, de § 1 o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei nº
ordenar a imediata liberação de criança ou adolescente, tão logo 11.829, de 2008)
tenha conhecimento da ilegalidade da apreensão: I – assegura os meios ou serviços para o armazenamento das
Pena - detenção de seis meses a dois anos. fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste artigo; (In-
Art. 235. Descumprir, injustificadamente, prazo fixado nesta Lei cluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
em benefício de adolescente privado de liberdade: II – assegura, por qualquer meio, o acesso por rede de compu-
Pena - detenção de seis meses a dois anos. tadores às fotografias, cenas ou imagens de que trata o caput deste
Art. 236. Impedir ou embaraçar a ação de autoridade judiciária, artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008)
membro do Conselho Tutelar ou representante do Ministério Públi- § 2 o As condutas tipificadas nos incisos I e II do § 1 o deste artigo
co no exercício de função prevista nesta Lei: são puníveis quando o responsável legal pela prestação do serviço,
Pena - detenção de seis meses a dois anos. oficialmente notificado, deixa de desabilitar o acesso ao conteúdo
Art. 237. Subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o ilícito de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829,
tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de 2008)
de colocação em lar substituto:
Pena - reclusão de dois a seis anos, e multa.

189
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 241-B. Adquirir, possuir ou armazenar, por qualquer meio, Art. 243. Vender, fornecer, servir, ministrar ou entregar, ainda
fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de que gratuitamente, de qualquer forma, a criança ou a adolescente,
sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente: bebida alcoólica ou, sem justa causa, outros produtos cujos com-
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) ponentes possam causar dependência física ou psíquica: (Redação
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluído dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - detenção de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, se o fato
§ 1 o A pena é diminuída de 1 (um) a 2/3 (dois terços) se de pe- não constitui crime mais grave. (Redação dada pela Lei nº 13.106,
quena quantidade o material a que se refere o caput deste artigo. de 2015)
(Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Art. 244. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre-
§ 2 o Não há crime se a posse ou o armazenamento tem a fi- gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente fogos de estampi-
nalidade de comunicar às autoridades competentes a ocorrência do ou de artifício, exceto aqueles que, pelo seu reduzido potencial,
das condutas descritas nos arts. 240, 241, 241-A e 241-C desta Lei, sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utili-
quando a comunicação for feita por: (Incluído pela Lei nº 11.829, zação indevida:
de 2008) Pena - detenção de seis meses a dois anos, e multa.
I – agente público no exercício de suas funções; (Incluído pela Art. 244-A. Submeter criança ou adolescente, como tais defi-
Lei nº 11.829, de 2008) nidos no caput do art. 2 o desta Lei, à prostituição ou à exploração
II – membro de entidade, legalmente constituída, que inclua, sexual: (Incluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
entre suas finalidades institucionais, o recebimento, o processa- Pena – reclusão de quatro a dez anos e multa, além da perda
mento e o encaminhamento de notícia dos crimes referidos neste de bens e valores utilizados na prática criminosa em favor do Fundo
parágrafo; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) dos Direitos da Criança e do Adolescente da unidade da Federação
III – representante legal e funcionários responsáveis de prove- (Estado ou Distrito Federal) em que foi cometido o crime, ressalva-
dor de acesso ou serviço prestado por meio de rede de computado- do o direito de terceiro de boa-fé. (Redação dada pela Lei nº 13.440,
res, até o recebimento do material relativo à notícia feita à autori- de 2017)
dade policial, ao Ministério Público ou ao Poder Judiciário. (Incluído § 1 o Incorrem nas mesmas penas o proprietário, o gerente ou o
pela Lei nº 11.829, de 2008) responsável pelo local em que se verifique a submissão de criança
§ 3 o As pessoas referidas no § 2 o deste artigo deverão manter ou adolescente às práticas referidas no caput deste artigo. (Incluído
sob sigilo o material ilícito referido. (Incluído pela Lei nº 11.829, de pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
2008) § 2 o Constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da
Art. 241-C. Simular a participação de criança ou adolescente licença de localização e de funcionamento do estabelecimento. (In-
em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adultera- cluído pela Lei nº 9.975, de 23.6.2000)
ção, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
outra forma de representação visual: (Incluído pela Lei nº 11.829, (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a
de 2008) praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei
pela Lei nº 11.829, de 2008) nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem vende, ex- § 1 o Incorre nas penas previstas no caput deste artigo quem
põe à venda, disponibiliza, distribui, publica ou divulga por qual- pratica as condutas ali tipificadas utilizando-se de quaisquer meios
quer meio, adquire, possui ou armazena o material produzido na eletrônicos, inclusive salas de bate-papo da internet. (Incluído pela
forma do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qual- § 2 o As penas previstas no caput deste artigo são aumenta-
quer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar das de um terço no caso de a infração cometida ou induzida estar
ato libidinoso: (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) incluída no rol do art. 1 o da Lei n o 8.072, de 25 de julho de 1990 .
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Incluído (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 11.829, de 2008)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído Capítulo II
pela Lei nº 11.829, de 2008) Das Infrações Administrativas
I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo
cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela prati- Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por esta-
car ato libidinoso; (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) belecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-es-
II – pratica as condutas descritas no caput deste artigo com o cola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de
fim de induzir criança a se exibir de forma pornográfica ou sexual- que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de
mente explícita. (Incluído pela Lei nº 11.829, de 2008) maus-tratos contra criança ou adolescente:
Art. 241-E. Para efeito dos crimes previstos nesta Lei, a expres- Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
são “cena de sexo explícito ou pornográfica” compreende qualquer o dobro em caso de reincidência.
situação que envolva criança ou adolescente em atividades sexuais Art. 246. Impedir o responsável ou funcionário de entidade de
explícitas, reais ou simuladas, ou exibição dos órgãos genitais de atendimento o exercício dos direitos constantes nos incisos II, III,
uma criança ou adolescente para fins primordialmente sexuais. (In- VII, VIII e XI do art. 124 desta Lei:
cluído pela Lei nº 11.829, de 2008) Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se
Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entre- o dobro em caso de reincidência.
gar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição Art. 247. Divulgar, total ou parcialmente, sem autorização devi-
ou explosivo: da, por qualquer meio de comunicação, nome, ato ou documento
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela de procedimento policial, administrativo ou judicial relativo a crian-
Lei nº 10.764, de 12.11.2003) ça ou adolescente a que se atribua ato infracional:

190
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
o dobro em caso de reincidência. reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
§ 1º Incorre na mesma pena quem exibe, total ou parcialmen- mento do estabelecimento por até quinze dias.
te, fotografia de criança ou adolescente envolvido em ato infracio- Art. 257. Descumprir obrigação constante dos arts. 78 e 79 des-
nal, ou qualquer ilustração que lhe diga respeito ou se refira a atos ta Lei:
que lhe sejam atribuídos, de forma a permitir sua identificação, di- Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicando-
reta ou indiretamente. -se a pena em caso de reincidência, sem prejuízo de apreensão da
§ 2º Se o fato for praticado por órgão de imprensa ou emis- revista ou publicação.
sora de rádio ou televisão, além da pena prevista neste artigo, a Art. 258. Deixar o responsável pelo estabelecimento ou o em-
autoridade judiciária poderá determinar a apreensão da publicação presário de observar o que dispõe esta Lei sobre o acesso de criança
(Expressão declarada inconstitucional pela ADIN 869). ou adolescente aos locais de diversão, ou sobre sua participação no
Art. 248. (Revogado pela Lei nº 13.431, de 2017) (Vigência) espetáculo:
Art. 249. Descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres ine- Pena - multa de três a vinte salários de referência; em caso de
rentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda, bem reincidência, a autoridade judiciária poderá determinar o fecha-
assim determinação da autoridade judiciária ou Conselho Tutelar: mento do estabelecimento por até quinze dias.
(Expressão substituída pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência Art. 258-A. Deixar a autoridade competente de providenciar a
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se instalação e operacionalização dos cadastros previstos no art. 50 e
o dobro em caso de reincidência. no § 11 do art. 101 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009)
Art. 250. Hospedar criança ou adolescente desacompanhado Vigência
dos pais ou responsável, ou sem autorização escrita desses ou da Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
autoridade judiciária, em hotel, pensão, motel ou congênere: (Re- reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
dação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas a autoridade que
Pena – multa. (Redação dada pela Lei nº 12.038, de 2009). deixa de efetuar o cadastramento de crianças e de adolescentes em
§ 1 º Em caso de reincidência, sem prejuízo da pena de multa, condições de serem adotadas, de pessoas ou casais habilitados à
a autoridade judiciária poderá determinar o fechamento do esta- adoção e de crianças e adolescentes em regime de acolhimento ins-
belecimento por até 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.038, titucional ou familiar. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
de 2009). Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de esta-
§ 2 º Se comprovada a reincidência em período inferior a 30 belecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato
(trinta) dias, o estabelecimento será definitivamente fechado e terá encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha co-
sua licença cassada. (Incluído pela Lei nº 12.038, de 2009). nhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho
Art. 251. Transportar criança ou adolescente, por qualquer para adoção: (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
meio, com inobservância do disposto nos arts. 83, 84 e 85 desta Lei: Pena - multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se reais). (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
o dobro em caso de reincidência. Parágrafo único. Incorre na mesma pena o funcionário de pro-
Art. 252. Deixar o responsável por diversão ou espetáculo pú- grama oficial ou comunitário destinado à garantia do direito à con-
blico de afixar, em lugar visível e de fácil acesso, à entrada do local vivência familiar que deixa de efetuar a comunicação referida no
de exibição, informação destacada sobre a natureza da diversão ou caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
espetáculo e a faixa etária especificada no certificado de classifica- Art. 258-C. Descumprir a proibição estabelecida no inciso II do
ção: art. 81: (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se Pena - multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez
o dobro em caso de reincidência. mil reais); (Redação dada pela Lei nº 13.106, de 2015)
Art. 253. Anunciar peças teatrais, filmes ou quaisquer repre- Medida Administrativa - interdição do estabelecimento comer-
sentações ou espetáculos, sem indicar os limites de idade a que não cial até o recolhimento da multa aplicada. (Redação dada pela Lei
se recomendem: nº 13.106, de 2015)
Pena - multa de três a vinte salários de referência, duplicada
em caso de reincidência, aplicável, separadamente, à casa de espe- Disposições Finais e Transitórias
táculo e aos órgãos de divulgação ou publicidade.
Art. 254. Transmitir, através de rádio ou televisão, espetáculo Art. 259. A União, no prazo de noventa dias contados da publi-
ou sem aviso de sua classificação: (Expressão declarada inconstitu- cação deste Estatuto, elaborará projeto de lei dispondo sobre a cria-
cional pela ADI 2.404). ção ou adaptação de seus órgãos às diretrizes da política de atendi-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; duplicada mento fixadas no art. 88 e ao que estabelece o Título V do Livro II.
em caso de reincidência a autoridade judiciária poderá determinar Parágrafo único. Compete aos estados e municípios promove-
a suspensão da programação da emissora por até dois dias. rem a adaptação de seus órgãos e programas às diretrizes e princí-
Art. 255. Exibir filme, trailer, peça, amostra ou congênere clas- pios estabelecidos nesta Lei.
sificado pelo órgão competente como inadequado às crianças ou Art. 260. Os contribuintes poderão efetuar doações aos Fundos
adolescentes admitidos ao espetáculo: dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, distrital, esta-
Pena - multa de vinte a cem salários de referência; na reinci- duais ou municipais, devidamente comprovadas, sendo essas inte-
dência, a autoridade poderá determinar a suspensão do espetáculo gralmente deduzidas do imposto de renda, obedecidos os seguintes
ou o fechamento do estabelecimento por até quinze dias. limites: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 256. Vender ou locar a criança ou adolescente fita de pro- I - 1% (um por cento) do imposto sobre a renda devido apurado
gramação em vídeo, em desacordo com a classificação atribuída pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; e (Reda-
pelo órgão competente: ção dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

191
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - 6% (seis por cento) do imposto sobre a renda apurado pelas IV - não exclui ou reduz outros benefícios ou deduções em vi-
pessoas físicas na Declaração de Ajuste Anual, observado o disposto gor. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
no art. 22 da Lei n o 9.532, de 10 de dezembro de 1997 . (Redação § 3 o O pagamento da doação deve ser efetuado até a data de
dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) vencimento da primeira quota ou quota única do imposto, observa-
§ 1º - (Revogado pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efei- das instruções específicas da Secretaria da Receita Federal do Brasil.
to) (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 1 o -A. Na definição das prioridades a serem atendidas com § 4 o O não pagamento da doação no prazo estabelecido no § 3
os recursos captados pelos fundos nacional, estaduais e municipais o
implica a glosa definitiva desta parcela de dedução, ficando a pes-
dos direitos da criança e do adolescente, serão consideradas as soa física obrigada ao recolhimento da diferença de imposto devido
disposições do Plano Nacional de Promoção, Proteção e Defesa do apurado na Declaração de Ajuste Anual com os acréscimos legais
Direito de Crianças e Adolescentes à Convivência Familiar e Comu- previstos na legislação. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
nitária e as do Plano Nacional pela Primeira Infância. (Redação dada § 5 o A pessoa física poderá deduzir do imposto apurado na De-
dada pela Lei nº 13.257, de 2016) claração de Ajuste Anual as doações feitas, no respectivo ano-ca-
§ 2 o Os conselhos nacional, estaduais e municipais dos direi- lendário, aos fundos controlados pelos Conselhos dos Direitos da
tos da criança e do adolescente fixarão critérios de utilização, por Criança e do Adolescente municipais, distrital, estaduais e nacional
meio de planos de aplicação, das dotações subsidiadas e demais concomitantemente com a opção de que trata o caput , respeitado
receitas, aplicando necessariamente percentual para incentivo ao o limite previsto no inciso II do art. 260. (Incluído pela Lei nº 12.594,
acolhimento, sob a forma de guarda, de crianças e adolescentes e de 2012) (Vide)
para programas de atenção integral à primeira infância em áreas Art. 260-B. A doação de que trata o inciso I do art. 260 poderá
de maior carência socioeconômica e em situações de calamidade. ser deduzida: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
(Redação dada dada pela Lei nº 13.257, de 2016) I - do imposto devido no trimestre, para as pessoas jurídicas
§ 3º O Departamento da Receita Federal, do Ministério da Eco- que apuram o imposto trimestralmente; e (Incluído pela Lei nº
nomia, Fazenda e Planejamento, regulamentará a comprovação das 12.594, de 2012) (Vide)
doações feitas aos fundos, nos termos deste artigo. (Incluído pela II - do imposto devido mensalmente e no ajuste anual, para as
Lei nº 8.242, de 12.10.1991) pessoas jurídicas que apuram o imposto anualmente. (Incluído pela
§ 4º O Ministério Público determinará em cada comarca a for- Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
ma de fiscalização da aplicação, pelo Fundo Municipal dos Direitos Parágrafo único. A doação deverá ser efetuada dentro do pe-
da Criança e do Adolescente, dos incentivos fiscais referidos neste ríodo a que se refere a apuração do imposto. (Incluído pela Lei nº
artigo. (Incluído pela Lei nº 8.242, de 12.10.1991) 12.594, de 2012) (Vide)
§ 5 o Observado o disposto no § 4 o do art. 3 o da Lei n o 9.249, de Art. 260-C. As doações de que trata o art. 260 desta Lei podem
26 de dezembro de 1995 , a dedução de que trata o inciso I do caput ser efetuadas em espécie ou em bens. (Incluído pela Lei nº 12.594,
: (Redação dada pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) de 2012) (Vide)
I - será considerada isoladamente, não se submetendo a limite Parágrafo único. As doações efetuadas em espécie devem ser
em conjunto com outras deduções do imposto; e (Incluído pela Lei depositadas em conta específica, em instituição financeira pública,
nº 12.594, de 2012) (Vide) vinculadas aos respectivos fundos de que trata o art. 260. (Incluído
II - não poderá ser computada como despesa operacional na pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
apuração do lucro real. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-D. Os órgãos responsáveis pela administração das con-
Art. 260-A. A partir do exercício de 2010, ano-calendário de tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional,
2009, a pessoa física poderá optar pela doação de que trata o inciso estaduais, distrital e municipais devem emitir recibo em favor do
II do caput do art. 260 diretamente em sua Declaração de Ajuste doador, assinado por pessoa competente e pelo presidente do Con-
Anual. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) selho correspondente, especificando: (Incluído pela Lei nº 12.594,
§ 1 o A doação de que trata o caput poderá ser deduzida até os de 2012) (Vide)
seguintes percentuais aplicados sobre o imposto apurado na decla- I - número de ordem; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012)
ração: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) (Vide)
I - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) II - nome, Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) e ende-
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) reço do emitente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
III - 3% (três por cento) a partir do exercício de 2012. (Incluído III - nome, CNPJ ou Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) do doa-
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) dor; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
§ 2 o A dedução de que trata o caput : (Incluído pela Lei nº IV - data da doação e valor efetivamente recebido; e (Incluído
12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
I - está sujeita ao limite de 6% (seis por cento) do imposto sobre V - ano-calendário a que se refere a doação. (Incluído pela Lei
a renda apurado na declaração de que trata o inciso II do caput do nº 12.594, de 2012) (Vide)
art. 260; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 1 o O comprovante de que trata o caput deste artigo pode ser
II - não se aplica à pessoa física que: (Incluído pela Lei nº 12.594, emitido anualmente, desde que discrimine os valores doados mês a
de 2012) (Vide) mês. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
a) utilizar o desconto simplificado; (Incluído pela Lei nº 12.594, § 2 o No caso de doação em bens, o comprovante deve conter
de 2012) (Vide) a identificação dos bens, mediante descrição em campo próprio ou
b) apresentar declaração em formulário; ou (Incluído pela Lei em relação anexa ao comprovante, informando também se houve
nº 12.594, de 2012) (Vide) avaliação, o nome, CPF ou CNPJ e endereço dos avaliadores. (Incluí-
c) entregar a declaração fora do prazo; (Incluído pela Lei nº do pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) Art. 260-E. Na hipótese da doação em bens, o doador deverá:
III - só se aplica às doações em espécie; e (Incluído pela Lei nº (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
12.594, de 2012) (Vide) I - comprovar a propriedade dos bens, mediante documenta-
ção hábil; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

192
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - baixar os bens doados na declaração de bens e direitos, Parágrafo único. O descumprimento do disposto nos arts. 260-
quando se tratar de pessoa física, e na escrituração, no caso de pes- G e 260-I sujeitará os infratores a responder por ação judicial pro-
soa jurídica; e (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) posta pelo Ministério Público, que poderá atuar de ofício, a requeri-
III - considerar como valor dos bens doados: (Incluído pela Lei mento ou representação de qualquer cidadão. (Incluído pela Lei nº
nº 12.594, de 2012) (Vide) 12.594, de 2012) (Vide)
a) para as pessoas físicas, o valor constante da última declara- Art. 260-K. A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
ção do imposto de renda, desde que não exceda o valor de merca- República (SDH/PR) encaminhará à Secretaria da Receita Federal do
do; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Brasil, até 31 de outubro de cada ano, arquivo eletrônico conten-
b) para as pessoas jurídicas, o valor contábil dos bens. (Incluído do a relação atualizada dos Fundos dos Direitos da Criança e do
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Adolescente nacional, distrital, estaduais e municipais, com a indi-
Parágrafo único. O preço obtido em caso de leilão não será con- cação dos respectivos números de inscrição no CNPJ e das contas
siderado na determinação do valor dos bens doados, exceto se o bancárias específicas mantidas em instituições financeiras públicas,
leilão for determinado por autoridade judiciária. (Incluído pela Lei destinadas exclusivamente a gerir os recursos dos Fundos. (Incluído
nº 12.594, de 2012) (Vide) pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Art. 260-F. Os documentos a que se referem os arts. 260-D e Art. 260-L. A Secretaria da Receita Federal do Brasil expedirá as
260-E devem ser mantidos pelo contribuinte por um prazo de 5 (cin- instruções necessárias à aplicação do disposto nos arts. 260 a 260-
co) anos para fins de comprovação da dedução perante a Receita K. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)
Federal do Brasil. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Art. 261. A falta dos conselhos municipais dos direitos da crian-
Art. 260-G. Os órgãos responsáveis pela administração das con- ça e do adolescente, os registros, inscrições e alterações a que se
tas dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente nacional, referem os arts. 90, parágrafo único, e 91 desta Lei serão efetuados
estaduais, distrital e municipais devem: (Incluído pela Lei nº 12.594, perante a autoridade judiciária da comarca a que pertencer a enti-
de 2012) (Vide) dade.
I - manter conta bancária específica destinada exclusivamente Parágrafo único. A União fica autorizada a repassar aos estados
a gerir os recursos do Fundo; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) e municípios, e os estados aos municípios, os recursos referentes
(Vide) aos programas e atividades previstos nesta Lei, tão logo estejam
II - manter controle das doações recebidas; e (Incluído pela Lei criados os conselhos dos direitos da criança e do adolescente nos
nº 12.594, de 2012) (Vide) seus respectivos níveis.
III - informar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Art. 262. Enquanto não instalados os Conselhos Tutelares, as
Brasil as doações recebidas mês a mês, identificando os seguintes atribuições a eles conferidas serão exercidas pela autoridade judi-
dados por doador: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) ciária.
a) nome, CNPJ ou CPF; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) Art. 263. O Decreto-Lei n.º 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Vide) (Código Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações:
b) valor doado, especificando se a doação foi em espécie ou em 1) Art. 121 ...............................................................
bens. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de um terço,
Art. 260-H. Em caso de descumprimento das obrigações pre- se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão,
vistas no art. 260-G, a Secretaria da Receita Federal do Brasil dará arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à
conhecimento do fato ao Ministério Público. (Incluído pela Lei nº vítima, não procura diminuir as conseqüências do seu ato, ou foge
12.594, de 2012) (Vide) para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena
Art. 260-I. Os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adoles- é aumentada de um terço, se o crime é praticado contra pessoa
cente nacional, estaduais, distrital e municipais divulgarão ampla- menor de catorze anos.
mente à comunidade: (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 2) Art. 129 ...............................................................
I - o calendário de suas reuniões; (Incluído pela Lei nº 12.594, § 7º Aumenta-se a pena de um terço, se ocorrer qualquer das
de 2012) (Vide) hipóteses do art. 121, § 4º.
II - as ações prioritárias para aplicação das políticas de atendi- § 8º Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121.
mento à criança e ao adolescente; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 3) Art. 136...............................................................
2012) (Vide) § 3º Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado
III - os requisitos para a apresentação de projetos a serem be- contra pessoa menor de catorze anos.
neficiados com recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do 4) Art. 213 ...............................................................
Adolescente nacional, estaduais, distrital ou municipais; (Incluído Parágrafo único. Se a ofendida é menor de catorze anos:
pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Pena - reclusão de quatro a dez anos.
IV - a relação dos projetos aprovados em cada ano-calendário 5) Art. 214...............................................................
e o valor dos recursos previstos para implementação das ações, por Parágrafo único. Se o ofendido é menor de catorze anos:
projeto; (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) Pena - reclusão de três a nove anos.»
V - o total dos recursos recebidos e a respectiva destinação, por Art. 264. O art. 102 da Lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de
projeto atendido, inclusive com cadastramento na base de dados 1973 , fica acrescido do seguinte item:
do Sistema de Informações sobre a Infância e a Adolescência; e (In- “Art. 102 ...............................................................
cluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide) 6º) a perda e a suspensão do pátrio poder. “
VI - a avaliação dos resultados dos projetos beneficiados com Art. 265. A Imprensa Nacional e demais gráficas da União, da
recursos dos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente na- administração direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e
cional, estaduais, distrital e municipais. (Incluído pela Lei nº 12.594, mantidas pelo poder público federal promoverão edição popular
de 2012) (Vide) do texto integral deste Estatuto, que será posto à disposição das
Art. 260-J. O Ministério Público determinará, em cada Comarca, escolas e das entidades de atendimento e de defesa dos direitos da
a forma de fiscalização da aplicação dos incentivos fiscais referidos criança e do adolescente.
no art. 260 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.594, de 2012) (Vide)

193
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 265-A. O poder público fará periodicamente ampla divul- Pena - reclusão, de dois a oito anos.
gação dos direitos da criança e do adolescente nos meios de comu- § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou
nicação social. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
Parágrafo único. A divulgação a que se refere o caput será vei- intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante
culada em linguagem clara, compreensível e adequada a crianças de medida legal.
e adolescentes, especialmente às crianças com idade inferior a 6 § 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
(seis) anos. (Incluído pela Lei nº 13.257, de 2016) tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção
Art. 266. Esta Lei entra em vigor noventa dias após sua publi- de um a quatro anos.
cação. § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,
Parágrafo único. Durante o período de vacância deverão ser a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclu-
promovidas atividades e campanhas de divulgação e esclarecimen- são é de oito a dezesseis anos.
tos acerca do disposto nesta Lei. § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:
Art. 267. Revogam-se as Leis n.º 4.513, de 1964 , e 6.697, de 10 I - se o crime é cometido por agente público;
de outubro de 1979 (Código de Menores), e as demais disposições II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
em contrário. deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; ‘(Redação
Brasília, 13 de julho de 1990; 169º da Independência e 102º da dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
República. III - se o crime é cometido mediante sequestro.
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou em-
prego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997, A QUAL DEFINE da pena aplicada.
OS CRIMES DE TORTURA E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS § 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia.
Desde os primórdios, a tortura é um crime que sempre esteve § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese
vinculado a historia do homem. do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.
Frise-se que apesar de tratar-se de um crime que data de tão Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não
longo tempo, o mesmo continua sendo um assunto demasiada- tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasi-
mente atual polêmico. leira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
A Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por cruel- Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
dade, intimidação, punição, para obtenção de uma confissão, infor- Art. 4º Revoga-se o art. 233 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de
mação ou meramente por prazer da pessoa que tortura. Em pleno 1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente.
século XXI, a prática de tortura e de formas cruéis, desumanas e
degradantes de tratamento permanece difundida e sistemática,
principalmente no Brasil.
A tortura foi proibida pela Terceira Convenção de Genebra REGIME DISCIPLINAR E PROCESSO ADMINISTRATIVO
(1929) e por convenção das Nações Unidas, adotada pela Assem- DISCIPLINAR PREVISTO NA LEI COMPLEMENTAR 46 DE
bleia Geral em 10 de dezembro de 1984 por meio da resolução n.º 31 DE JANEIRO DE 1994
39/46. A tortura constitui uma grave violação dos Direitos Humanos
No Brasil a Constituição Federal de 1988 faz referencias à tortu- LEI COMPLEMENTAR Nº 46, DE 31 DE JANEIRO DE 1994.
ra, encontrando-se presente no Estatuto da Criança e do Adolescen-
te e na Lei da Tortura aqui disposta em abril do ano de 1997, O GOVERNADOR DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO:
Em 1989 entrou em vigor o Decreto 98.386, de 09.11.1989, a
Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura (OEA). Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono
Destarte, ante a esses fato no que concerne ao crime de tor- a seguinte Lei, com exceção do inciso II do art. 8º, art. 46 e parágra-
tura, A Lei n.º 9455/1997, foi editada pelo Brasil, cujo texto segue fo único; inciso III do art. 60; parágrafo único do art. 102; § 1º, do
abaixo: art. 119; art. 298 e §§; art. 299 e parágrafo único; art. 301 e §§; art.
303 e parágrafo único e o art. 310 e parágrafo único:
LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
TÍTULO I
Define os crimes de tortura e dá outras providências. CAPÍTULO ÚNICO
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- Art. 1º - Esta Lei Complementar institui o Regime Jurídico Úni-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: co dos servidores públicos civis da administração direta, das au-
tarquias e das fundações públicas do Estado do Espírito Santo, de
Art. 1º Constitui crime de tortura: qualquer dos seus Poderes.
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave Parágrafo único - O Regime Jurídico Único de que trata este
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: artigo, tem natureza de direito público e regula as condições de
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da provimento dos cargos, os direitos e as vantagens, os deveres e as
vítima ou de terceira pessoa; responsabilidades dos servidores públicos civis.
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; Art. 2º - Servidor público é a pessoa legalmente investida em
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; cargo público.
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade,
com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento
físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida
de caráter preventivo.

194
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 3º - Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa- Art. 11 - Função gratificada é o encargo de chefia ou outro que
bilidades cometidas a um servidor público e que tem como carac- a lei determinar, cometido a servidor público efetivo, mediante de-
terísticas essenciais a criação por Lei, em número certo, com deno- signação.
minação própria, atribuições definidas e pagamento pelos Cofres Parágrafo único - No âmbito do Poder Executivo, são compe-
do Estado. tentes para a expedição dos atos de designação para funções grati-
Parágrafo único - Os cargos de provimento efetivo são organiza- ficadas os Secretários de Estado, autoridades de nível equivalente
dos em carreiras, segundo as diretrizes definidas em Lei. e dirigentes superiores de autarquias e fundações públicas e, nos
demais Poderes, a autoridade definida em seus regimentos.
TÍTULO II
DO PROVIMENTO E DA MOVIMENTAÇÃO DE PESSOAL CAPÍTULO II
CAPÍTULO I DA NOMEAÇÃO
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS SEÇÃO I
SEÇÃO I DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
DO PROVIMENTO Art. 12 - A nomeação far-se-á:
Art. 4º - Os cargos públicos podem ser de provimento efetivo I – em caráter efetivo, quando se tratar de cargo de carreira; e
e em comissão. II – em comissão, para cargo de confiança, de livre nomeação
Art. 5º - A investidura em cargo público de provimento efetivo e exoneração.
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de Parágrafo único - Na nomeação para cargo em comissão, dar-
provas e títulos. -se-á preferência ao servidor público efetivo ocupante de cargo de
Art. 6º - São requisitos básicos para o ingresso no serviço pú- carreira técnica ou profissional, atendidos os requisitos definidos
blico: em Lei.
I – nacionalidade brasileira ou equiparada; Art. 13 - A nomeação para cargo efetivo dar-se-á no início da
II – quitação com as obrigações militares e eleitorais; carreira, atendidos os pré-requisitos e a prévia habilitação em con-
III – idade mínima de dezoito anos; curso público de prova ou de provas e títulos na forma do art. 5º,
IV – sanidade física e mental comprovada em inspeção médica obedecida a ordem de classificação e o prazo de sua validade.
oficial; Parágrafo único - Os demais requisitos para o ingresso e o de-
V – atendimento às condições especiais previstas em lei para senvolvimento do servidor público na carreira serão estabelecidos
determinadas carreiras. pela lei que fixar as diretrizes dos planos de carreiras e de venci-
Art. 7º - À pessoa portadora de deficiência é assegurado o di- mentos na administração pública estadual e por seu regulamento.
reito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo
cujas atribuições sejam compatíveis com sua deficiência. SEÇÃO II
Parágrafo único - Os editais para abertura de concursos públi- DO CONCURSO PÚBLICO
cos de provas ou de provas e títulos reservarão percentual de até Art. 14 - Os concursos públicos serão de provas ou de provas e
5% (cinco por cento) das vagas dos cargos públicos para candidatos títulos, complementados, quando exigido, por freqüência obrigató-
portadores de deficiência. ria em programa específico de formação inicial, observadas as con-
Parágrafo único - Os editais para abertura de concursos públi- dições prescritas em Lei e regulamento.
cos de Provas ou de Provas e Títulos reservarão percentual de até Parágrafo único - O concurso público terá validade de até dois
20% (vinte por cento) das vagas dos cargos públicos para candidatos anos, podendo ser prorrogado uma única vez, por igual período.
portadores de deficiência. (Redação dada pela Lei Complementar Art. 15 - O prazo de validade do concurso, o número de cargos
nº 97, de 12 de maio de 1997). vagos, os requisitos para inscrição dos candidatos, e as condições
Art. 8º - Os cargos públicos são providos por: de sua realização serão fixados em edital.
I – nomeação; § 1º - No âmbito da administração direta do Poder Executivo,
II – ascensão; (promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispositivo os concursos públicos serão realizados pela Secretaria de Estado
com eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitucional responsável pela administração de pessoal, salvo disposição em
em 25.04.2003 pela da ADI nº 1345). contrário prevista em lei específica.
III – aproveitamento; § 2º - Nas autarquias e fundações públicas, os concursos pú-
IV – reintegração; e blicos serão realizados pelas próprias entidades sob a supervisão e
VI – reversão. acompanhamento da Secretaria de Estado responsável pela admi-
Art. 9º - Os atos de provimento dos cargos far-se-ão: nistração de pessoal.
I – na Administração Direta do Poder Executivo o disposto nos § 3º - É assegurada ao sindicato ou, na falta deste, à entidade
incisos I, IV, V e VI do artigo anterior, por competência do Gover- representativa de servidores públicos, a indicação de um membro
nador do Estado e, os demais, do Secretário de Estado responsável para integrar as comissões responsáveis pela realização de concur-
pela administração de pessoal; sos.
II – nos Poderes Legislativo e Judiciário, por competência da § 4º - A inscrição para concurso público destinado ao provi-
autoridade definida em seus respectivos regimentos; e mento de cargos nos órgãos da administração direta, indireta ou
III – nas autarquias e fundações públicas, por competência do fundacional do Estado do Espírito Santo, não terá custo superior
seu dirigente superior. a vinte por cento do salário mínimo e será gratuito para quem es-
Art. 10 - A investidura em cargo público ocorrerá com a posse, teja desempregado ou não possuir renda familiar superior a dois
completando-se com o exercício. salários mínimos, comprovadamente. (Dispositivo incluído pela Lei
Complementar nº 66, de 01 de novembro de 1995) (ADI nº 1568
SEÇÃO I julgada improcedente. Transitado em julgado em 16.10.2020)
DA FUNÇÃO GRATIFICADA
SEÇÃO III
DA POSSE

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 16 - Posse é o ato de aceitação expressa das atribuições, § 1º - É de quinze dias o prazo para o servidor público entrar em
deveres e responsabilidades inerentes ao cargo público, com o exercício, contados da data da posse, quando esta for exigida, ou da
compromisso de bem-servir, formalizado com a assinatura do ter- publicação do ato, nos demais casos.
mo próprio pelo empossando ou por seu representante especial- § 2º - Ao responsável pela unidade administrativa onde o servi-
mente constituído para este fim. dor público tenha sido alocado ou localizado compete dar-lhe exer-
§ 1º - Só haverá posse no caso de provimento de cargo por cício.
nomeação na forma do art. 12. § 3º - Não ocorrendo o exercício no prazo previsto no § 1º, o
§ 2º - No ato da posse, o empossando apresentará, obrigato- servidor público será exonerado.
riamente, declaração dos bens e valores que constituem seu patri- Art. 18 - Ao entrar em exercício, o servidor público apresenta-
mônio. rá ao órgão competente os elementos necessários ao seu assenta-
§ 2º - No ato da posse, o empossado apresentará, obrigato- mento individual, à regularização de sua inscrição no órgão previ-
riamente, os seguintes documentos: (Redação dada pela Lei Com- denciário do Estado e ao cadastramento no PIS/PASEP.
plementar nº 191, de 13 de novembro de 2000). (Dispositivo com Art. 19 - O início, a interrupção e o reinício do exercício serão
eficácia suspensa em 28.06.2002 e declarado inconstitucional em registrados nos assentamentos individuais do servidor público.
08.04.2005, pela ADI nº 2420)
I - Declaração dos bens e valores que constituem seu patrimô- SEÇÃO V
nio; (Dispositivo com eficácia suspensa em 28.06.2002 e declarado DA JORNADA DE TRABALHO E DA FREQÜÊNCIA DO SERVIÇO
inconstitucional em 08.04.2005, pela ADI nº 2420) Art. 20 - A jornada normal de trabalho do servidor público es-
II - Certidão negativa criminal; (Dispositivo com eficácia suspen- tadual será definida nos respectivos planos de carreiras e de venci-
sa em 28.06.2002 e declarado inconstitucional em 08.04.2005, pela mentos, não podendo ultrapassar quarenta e quatro horas sema-
ADI nº 2420) nais, nem oito horas diárias, excetuando-se o regime de turnos,
III - Atestado de bons antecedentes. (Dispositivo com efi- facultada a compensação de horário e a redução da jornada me-
cácia suspensa em 28.06.2002 e declarado inconstitucional em diante acordo coletivo de trabalho.
08.04.2005, pela ADI nº 2420) Parágrafo único - A jornada normal de trabalho será de oito ho-
§ 2º No ato da posse, o empossando apresentará, obrigatoria- ras diárias, para o exercício de cargo em comissão ou de função gra-
mente, declaração de bens e valores que constituem seu patrimô- tificada exigindo-se do seu ocupante dedicação integral ao serviço.
nio, e os demais documentos e informações previstos em lei espe- § 1º A jornada normal de trabalho será de oito horas diárias
cífica, regulamento ou edital do concurso. (Redação dada pela Lei para o exercício de cargo em comissão ou de função gratificada, exi-
Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) gindo-se do seu ocupante dedicação integral ao serviço. (Parágrafo
§ 3º - É requisito para posse a declaração do empossando de único transformado em §1º e redação dada pela Lei Complementar
que exerce ou não outro cargo, emprego ou função pública. nº 874, de 14 de dezembro de 2017)
§ 4º - A posse verificar-se-á no prazo de até trinta dias contados § 2º A jornada dos servidores públicos estaduais do Poder Exe-
da publicação do ato de nomeação. cutivo em regime de teletrabalho equivalerá ao cumprimento das
§ 5º - A requerimento do interessado ou de seu representante metas de desempenho estabelecidas. (Dispositivo incluído pela Lei
legal, o prazo para a posse poderá ser prorrogado pela autoridade Complementar nº 874, de 14 de dezembro de 2017)
competente, até o máximo de trinta dias a contar do término do § 3º Será concedido regime especial de trabalho ao servidor
prazo de que trata o parágrafo anterior. público estável que tenha filho, cônjuge ou dependente com defici-
§ 6º - Só poderá ser empossado aquele que, em inspeção mé- ência, independentemente de compensação de horas, na forma e
dica oficial, for julgado apto física e mentalmente para o exercício condições previstas em legislação específica. (Dispositivo incluído
do cargo. pela Lei Complementar nº 1.019, de 15 de julho de 2022)
§ 7º - O prazo para posse em cargo de carreira, de concursado Art. 21 - Poderá haver prorrogação da duração normal do tra-
investido em mandato eletivo, ou licenciado, será contado a partir balho, por necessidade do serviço ou por motivo de força maior.
do término do impedimento, exceto no caso de licença para tratar § 1º - A prorrogação de que trata este artigo, será remunerada
de interesses particulares ou por motivo de deslocamento do côn- na forma do art. 101 e não poderá exceder o limite de duas horas
juge, quando a posse deverá ocorrer no prazo previsto no § 4º. diárias, salvo nos casos de jornada especial ou regime de turnos.
§ 8º - A posse será formalizada, no âmbito do Poder Executivo: § 2º - Em situações excepcionais e de necessidade imediata as
a) na Secretaria responsável pela administração de pessoal, horas que excederem a jornada normal serão compensadas pela
quando se tratar de cargo de provimento efetivo da administração correspondente diminuição em dias subseqüentes.
direta; Art. 22 - Atendida a conveniência do serviço, ao servidor públi-
b) nos demais órgãos, quando se tratar de cargo de provimento co que seja estudante, será concedido horário especial de trabalho,
em comissão; e sem prejuízo de sua remuneração e demais vantagens, observadas
c) nas autarquias e fundações públicas, quanto aos seus res- as seguintes condições:
pectivos cargos. I – comprovação da incompatibilidade dos horários das aulas e
§ 9º - Nos demais Poderes a posse será formalizada no respec- do serviço, mediante atestado fornecido pela instituição de ensino
tivo setor de pessoal. onde esteja matriculado; e
§ 10 - Será tornada sem efeito a nomeação, quando a posse II – apresentação de atestado de freqüência mensal, fornecido
não se verificar no prazo legal. pela instituição de ensino.
Parágrafo único - O horário especial a que se refere este artigo
SEÇÃO IV importará compensação da jornada normal com a prestação de ser-
DO EXERCÍCIO viço em horário antecipado ou prorrogado, ou no período corres-
Art. 17 - Exercício é o efetivo desempenho, pelo servidor públi- pondente às férias escolares.
co, das atribuições de seu cargo. Art. 23 - Entre duas jornadas de trabalho haverá um período
mínimo de onze horas consecutivas para descanso.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 24 - Nos serviços permanentes de datilografia, digitação, II – por um dia, a cada três meses, para doação de sangue;
operações de telex, escriturações ou cálculo, a cada período de no- III – até oito dias consecutivos, por motivo de casamento;
venta minutos de trabalho consecutivo corresponderá um repouso IV – por cinco dias consecutivos, por motivo de falecimento do
de dez minutos não deduzidos da duração normal do trabalho. cônjuge, companheiro, pais, filhos, irmãos;
Art. 25 - A freqüência do servidor público será apurada através V – pelos dias necessários à:
de registros a serem definidos pela administração, pelos quais se a) realização de provas ou exames finais, quando estudante
verificarão, diariamente, as entradas e saídas. matriculado em estabelecimento de ensino oficial ou reconhecido;
Art. 25. A frequência do servidor público será apurada por meio b) participação de júri e outros serviços obrigatórios por Lei; e
de registros a serem definidos pela administração, pelos quais se c) prestação de concurso público.
verificarão, diariamente, as entradas e saídas, excetuando-se aque- Art. 31 - Em qualquer das hipóteses previstas no artigo anterior
les servidores que atuam em regime de teletrabalho, aplicando-se caberá ao servidor público comprovar, perante a chefia imediata, o
a estes o previsto na Lei Complementar específica que trata desta motivo da ausência.
matéria. (Redação dada pela Lei Complementar nº 874, de 14 de Art. 32 - Pelo não-comparecimento do servidor público ao ser-
dezembro de 2017) viço, para tratar de assuntos de seu interesse pessoal, serão abo-
Art. 26 - O registro de freqüência deverá ser efetuado dentro nadas até seis faltas, em cada ano civil, desde que o mesmo não
do horário determinado para o início do expediente, com uma tole- tenha, no exercício anterior, nenhuma falta injustificada.
rância máxima de quinze minutos, no limite de uma vez por semana § 1º - Os abonos não poderão ser acumulados, devendo sua
e no máximo três ao mês, salvo em relação aos cargos em comissão utilização ocorrer, no máximo, uma vez a cada mês, respeitado o
ou funções gratificadas, cuja freqüência obedecerá ao que dispuser limite anual previsto neste artigo.
o regulamento. § 2º - A comunicação das faltas será feita antecipadamente, sal-
Parágrafo único - O atraso no registro da freqüência, com a uti- vo motivo relevante devidamente comprovado.
lização da tolerância prevista neste artigo, terá que ser obrigatoria-
mente compensado no mesmo dia.
Art. 27 - Compete ao chefe imediato do servidor público o con- SEÇÃO VI
trole e a fiscalização de sua freqüência, sob pena de responsabi- DA LOTAÇÃO E DA LOCALIZAÇÃO
lidade funcional e perda de confiança, passível de exoneração ou Art. 33 - Os servidores públicos dos Poderes Legislativo e Ju-
dispensa. diciário e das autarquias e fundações públicas serão lotados nos
Parágrafo único - A falta de registro de freqüência ou a prática referidos órgãos ou entidades, e a localização caberá à autoridade
de ações que visem à sua burla, pelo servidor público, implicarão competente de cada órgão ou entidade.
adoção obrigatória, pela chefia imediata, das providências necessá- § 1º - O servidor público da administração direta do Poder Exe-
rias à aplicação da pena disciplinar cabível. cutivo será lotado na Secretaria de Estado responsável pela admi-
Art. 28 - A fixação do horário de trabalho do servidor público nistração de pessoal, onde ficarão centralizados todos os cargos,
será feita pela autoridade competente, podendo ser alterada por ressalvados os casos previstos em Lei.
conveniência da administração. § 2º - A Secretaria de Estado referida no parágrafo anterior alo-
Art. 29 - O servidor público perderá: cará às demais secretarias e órgãos de hierarquia equivalente os
I – a remuneração do dia em que faltar injustificadamente ao servidores públicos necessários à execução dos seus serviços, pas-
serviço ou deixar de participar do programa de formação, especiali- sando os mesmos a ter neles o seu exercício.
zação ou aperfeiçoamento em horário de expediente; § 3º - As autarquias e fundações públicas referidas neste artigo
II – um terço do vencimento diário, quando comparecer ao ser- informarão permanentemente à Secretaria de Estado responsável
viço dentro da hora seguinte à marcada para o início dos trabalhos pela administração de pessoal as alterações de seus respectivos
ou quando se retirar dentro da hora anterior à fixada para o término quadros.
do expediente, computando-se nesse horário a compensação a que Art. 34 - A mudança de um para outro setor da mesma Secre-
se refere o art. 26, parágrafo único; taria de Estado, em localidade diversa ou não da anterior, será pro-
III – o vencimento correspondente a um dia, quando o compa- movida pela autoridade competente de cada órgão ou entidade em
recimento ao serviço ultrapassar o horário previsto no inciso ante- que o servidor público tenha sido alocado, mediante ato de locali-
rior; e zação publicado no Diário Oficial do Estado.
IV – um terço da remuneração durante os afastamentos por Art. 35 - A localização do servidor público dar-se-á:
motivo de prisão em flagrante ou decisão judicial provisória, com I – a pedido; e
direito à diferença, se absolvido ao final. II – de ofício.
§ 1º - O servidor público que for afastado em virtude de conde- § 1º - A localização por permuta será processada à vista do pe-
nação por sentença definitiva, a pena que não resulte em demissão dido conjunto dos interessados, desde que ocupantes do mesmo
ou perda do cargo, terá suspensa a sua remuneração e seus depen- cargo.
dentes passarão a perceber auxílio-reclusão, na forma definida no § 2º - Se de ofício e fundada na necessidade de pessoal, a es-
art. 219 colha da localização recairá, preferencialmente, sobre o servidor
§ 2º - No caso de falta injustificada ao serviço os dias imedia- público:
tamente anteriores e posteriores aos sábados, domingos e feria- a) de menor tempo de serviço;
dos ou aqueles entre eles intercalados serão também computados b) residente em localidade mais próxima; e
como falta. c) menos idoso.
§ 3º - Na hipótese de não-comparecimento do servidor público § 3º - É vedada, de ofício, a localização de servidor público:
ao serviço ou escala de plantão, o número total de faltas abrangerá, I – licenciado para atividade política, período entre o registro
para todos os efeitos legais, o período destinado ao descanso. da candidatura perante a Justiça Eleitoral e o dia seguinte ao do
Art. 30 - Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor público au- resultado oficial da eleição;
sentar-se do serviço: II – investido em mandato eletivo, desde a expedição do diplo-
I – por um dia, para apresentação obrigatória em órgão militar; ma até o término do mandato; e

197
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III – à disposição de entidade de classe. I - não atingir o desempenho mínimo estipulado em regula-
Art. 36 - Quando a assunção de exercício implicar mudança de mento;
localidade, o servidor público fará jus a um período de trânsito de II - incorrer em mais de 30 (trinta) faltas, não justificadas e con-
até oito dias exceto se a mudança for para Municípios integrantes secutivas ou a mais de 40 (quarenta) faltas não justificadas, interpo-
da Região Metropolitana da Grande Vitória. ladamente, durante o período de 12 (doze) meses;
Parágrafo único - Na hipótese do servidor público encontrar-se III - sentença penal condenatória irrecorrível
afastado pelos motivos previstos no art. 30 ou licença prevista no § 1º - A avaliação do servidor público em estágio probatório
art. 122, I a IV e X, o prazo a que se refere este artigo será contado será promovida nos prazos estabelecidos em regimento pela chefia
a partir do término do afastamento. imediata, que a submeterá a chefia imediata. (Redação dada pela
Art. 37 - Ao servidor público estudante que for localizado ex Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
offício e a seus dependentes, é assegurada na localidade de nova § 2º - As conclusões das chefias imediata e mediata serão apre-
residência ou na mais próxima, matrícula em instituição de ensino ciadas, em caráter final, por um comitê técnico, especialmente cria-
público em qualquer época, independentemente de vaga. do para esse fim.
Parágrafo único - Não havendo, na nova localidade, instituição § 3º - Caso as conclusões das chefias sejam pela exoneração do
de ensino público ou o curso freqüentado pelo servidor público ou servidor público, ou pela sua recondução ao cargo anteriormente
por seus dependentes, o Estado arcará com o ônus do ensino, em ocupado, a autoridade competente, antes da decisão final, conce-
estabelecimento particular, na mesma localidade. derá ao servidor público um prazo de quinze dias para a apresenta-
ção de sua defesa.
SEÇÃO VII § 4º - Pronunciando-se pela exoneração do servidor público, o
DO ESTÁGIO PROBATÓRIO comitê técnico encaminhará o processo à autoridade competente,
Art. 38 - Estágio probatório é o período de 3 (três) anos em que no máximo, até trinta dias antes de findar o prazo do estágio proba-
o servidor público nomeado para cargo de provimento efetivo ficará tório, para a edição do ato correspondente.
em avaliação, a contar da data do início de seu exercício e, durante § 5º - É assegurada a participação do sindicato e, na falta deste,
o qual, serão apuradas sua aptidão e capacidade para permanecer das entidades de classe representativas dos diversos segmentos de
no exercício do cargo. (Redação dada pela Lei Complementar nº servidores públicos no comitê técnico, conforme dispuser o regu-
500, de 26 de outubro de 2009). lamento.
§ 1º Ficam os Poderes do Estado autorizados a regulamentar a Art. 41. Durante o cumprimento do estágio probatório, o servi-
matéria e a instituir Comissão de Avaliação de Estágio Probatório. dor que se afastar do cargo terá o cômputo do período de avaliação
(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outu- suspenso enquanto perdurar o afastamento, exceto nas seguintes
bro de 2009). hipóteses, nas quais não haverá suspensão: (Redação dada pela Lei
§ 2º O servidor público, ao ser investido em novo cargo de pro- Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009)
vimento efetivo, não estará dispensado do cumprimento integral I - nos casos dos afastamentos previstos no artigo 30, incisos I,
do período de 3 (três) anos de estágio probatório no novo cargo. II, III, IV e V, alíneas “a” e “b”, e artigo 57;
(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de ou- II - por motivo das licenças previstas no artigo 122, incisos I e II,
tubro de 2009). por até 60 (sessenta) dias, e nos incisos III e X; (Redação dada pela
§ 3º Na hipótese de acumulação legal, o estágio probatório de- Lei Complementar nº 854, de 11 de maio de 2017).
verá ser cumprido em relação a cada cargo para o qual o servidor III - nos casos de exercício de cargo de provimento em comissão
público tenha sido nomeado. (Dispositivo incluído pela Lei Comple- ou de função gratificada, no âmbito do Poder Público Estadual.
mentar nº 500, de 26 de outubro de 2009). Parágrafo único. Ao servidor público em estágio probatório não
Art. 39 - Durante o período de estágio probatório será obser- serão concedidas as licenças previstas no artigo 122, V e VIII. (Reda-
vado, pelo servidor público, o cumprimento dos seguintes requisi- ção dada pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009)
tos, a serem disciplinados em regulamento: (Redação dada pela Lei Art. 42. A avaliação final do servidor em estágio probatório
Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009). será homologada, no âmbito do Poder Executivo, pelo Secretário
I - idoneidade moral e ética; de cada Pasta, na Administração Direta, e pelo dirigente máximo
II - disciplina; de cada entidade, na Administração Indireta, dela dando-se ciência
III - dedicação ao serviço; ao servidor interessado. (Redação dada pela Lei Complementar nº
IV - eficiência. 500, de 26 de outubro de 2009)
§ 1º Os requisitos, de que trata o caput deste artigo, serão ava- § 1º Caberá aos Poderes Legislativo e Judiciário estabelecer a
liados semestralmente, conforme procedimento a ser estabelecido autoridade competente para a homologação da avaliação final do
em regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 500, de servidor em estágio probatório pertencente aos seus respectivos
26 de outubro de 2009). quadros. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26
§ 2º A qualquer tempo, e antes do término do período de cum- de outubro de 2009)
primento do estágio probatório, se o servidor público deixar de § 2º Das avaliações funcionais do servidor caberá recurso dirigi-
atender a um dos requisitos estabelecidos neste artigo, as chefias do à Comissão de Avaliação, no prazo de 15 (quinze) dias consecuti-
mediata e imediata, em relatório circunstanciado, informarão o fato vos, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do vencimento,
à Comissão de Avaliação para, em processo sumário, promover a a contar da ciência do servidor em estágio probatório. (Dispositivo
averiguação necessária, assegurando-se em qualquer hipótese, o incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009)
direito de ampla defesa. (Redação dada pela Lei Complementar nº § 3º O recurso deverá ser instruído com as provas em que se
500, de 26 de outubro de 2009). baseia o servidor em estágio probatório interessado em obter a re-
Art. 40 - Será exonerado o servidor em estágio probatório que, forma da avaliação funcional, sendo-lhe assegurado o contraditório
no período de cumprimento do estágio, apresentar qualquer das e a ampla defesa. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
seguintes situações: (Redação dada pela Lei Complementar nº 500, 500, de 26 de outubro de 2009)
de 26 de outubro de 2009).

198
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4º O recurso da avaliação funcional do servidor em estágio § 1º - Na hipótese de o cargo anterior ter sido extinto, o servi-
probatório deverá ser concluído no prazo de 15 (quinze) dias con- dor público ficará em disponibilidade remunerada.
secutivos, excluindo-se o dia do início e incluindo-se o dia do ven- § 2º - Tendo sido transformado o cargo que ocupava, a reinte-
cimento, admitida apenas 1 (uma) prorrogação por igual prazo, em gração se dará no cargo resultante da transformação.
face de circunstâncias excepcionais, devidamente justificadas. (Dis- § 3º - O servidor público reintegrado será submetido a inspeção
positivo incluído pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro médica.
de 2009) § 4º - Se verificada a incapacidade, será o servidor público apo-
sentado no cargo em que houver sido reintegrado.
SEÇÃO VIII § 5º - Se verificada a reintegração do titular do cargo, o eventu-
DA ESTABILIDADE al ocupante da vaga será, pela ordem:
I – reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização;
Art. 43. O servidor habilitado em concurso público e empossa- II – aproveitado em outro cargo; e
do em cargo de provimento efetivo adquire estabilidade no serviço III – colocado em disponibilidade
público ao completar 3 (três) anos de efetivo exercício. (Redação
dada pela Lei Complementar nº 500, de 26 de outubro de 2009) CAPÍTULO VI
Art. 44 - O servidor público estável só perderá o cargo em vir- DA RECONDUÇÃO
tude de sentença judicial transitada em julgado ou de processo ad-
ministrativo-disciplinar em que lhe seja assegurada ampla defesa. Art. 50 - Recondução é o retorno do servidor público estável
ao cargo que ocupava anteriormente, correlato ou transformado,
CAPÍTULO III decorrente de sua inabilitação em estágio probatório relativo a ou-
DO DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL tro cargo.
Art. 45 - É assegurado ao servidor público, após a nomeação
e cumprimento do estágio probatório, o desenvolvimento funcio- CAPÍTULO VII
nal na forma e condições estabelecidas nos planos de carreiras e DA REVERSÃO
de vencimentos através de progressões horizontal e vertical e de Art. 51 - Reversão é o retorno à atividade, do servidor público
ascensão. aposentado por invalidez, quando insubsistentes os motivos de sua
Art. 46 - Ascensão é a passagem do servidor público, da última aposentadoria e julgado apto em inspeção médica oficial.
classe de um cargo para a primeira do cargo imediatamente supe- § 1º - A reversão far-se-á no mesmo cargo ou em cargo resul-
rior dentro da mesma carreira, obedecidos os requisitos e critérios tante de sua transformação
estabelecidos nas leis que instituírem os respectivos planos de car-
reiras e de vencimentos. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispo- § 2º Não poderá reverter o servidor público que contar seten-
sitivo com eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitu- ta e cinco anos de idade ou tempo de serviço para aposentadoria
cional em 25.04.2003 pela ADI nº 1345) voluntária com proventos integrais. (Redação dada pela Lei Comple-
mentar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
CAPÍTULO IV
DO APROVEITAMENTO CAPÍTULO VII-A
Art. 47 - Aproveitamento é a volta ao serviço ativo do servidor DA READAPTAÇÃO
público posto em disponibilidade. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 938, de 9 de
§ 1º - O aproveitamento será realizado no interesse da Admi- janeiro de 2020)
nistração, mediante ato do Chefe de cada Poder, facultada a dele- Art. 51-A. A readaptação ocorre quando o servidor público
gação, e dar-se-á em cargo de natureza, atribuições e vencimentos efetivo é readaptado em cargo de atribuições e responsabilidades
compatíveis com o anteriormente ocupado, respeitadas a escolari- compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade
dade e habilitação exigidas para o respectivo cargo. (Redação dada física ou mental, enquanto permanecer nesta condição, verificada
pela Lei Complementar nº 173, de 04 de janeiro de 1999). em inspeção médica. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar
§ 2º - O aproveitamento do servidor público em disponibilida- nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
de, há mais de doze meses, dependerá de comprovação de sua ca- § 1º Se julgado incapaz para o serviço público, o readaptando
pacidade física e mental, por junta médica oficial. será aposentado. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
§ 3º - Se julgado apto, o servidor público assumirá o exercício 938, de 9 de janeiro de 2020)
do cargo no prazo de quinze dias, contados da publicação do ato de § 2º A readaptação será efetivada em cargo cujas atribuições
aproveitamento. e responsabilidades sejam compatíveis com a limitação que tenha
§ 4º - Verificada a incapacidade definitiva, o servidor público sofrido em sua capacidade física ou mental, respeitada a habilitação
em disponibilidade será aposentado. e o nível de escolaridade exigidos para o cargo de destino, mantida
Art. 48 - Será tornado sem efeito o aproveitamento e cassada a remuneração do cargo de origem. (Dispositivo incluído pela Lei
a disponibilidade se o servidor público não entrar em exercício no Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
prazo legal.
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO V DA SUBSTITUIÇÃO
DA REINTEGRAÇÃO Art. 52 - Haverá substituição nos casos de impedimento legal
Art. 49 - Reintegração é a reinvestidura do servidor público ou afastamento de ocupante de cargo em comissão ou de função
estável no cargo anteriormente ocupado, quando invalidada a sua gratificada.
demissão, por decisão administrativa ou judicial, transitada em jul- § 1º - O substituto perceberá o vencimento do cargo em comis-
gado, com pleno ressarcimento dos vencimentos, direitos e vanta- são ou o valor da função gratificada, podendo optar pela gratifica-
gens permanentes. ção prevista no art. 96.
§ 2º - A substituição será remunerada por qualquer período.

199
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 58 - Ao servidor público em exercício de mandato eletivo,
CAPÍTULO IX aplicam-se as seguintes disposições:
DOS AFASTAMENTOS I – tratando-se de mandato eletivo federal ou estadual, ficará
Art. 53 - O servidor público não poderá servir fora da repartição afastado de seu cargo efetivo;
em que for lotado ou estiver alocado, salvo quando autorizado, para II – investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo
fim determinado e por prazo certo, por autoridade competente. efetivo, sendo-lhe facultado optar pela sua remuneração;
Art. 54. O servidor público poderá ser cedido aos Governos da III – investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
União, de outros Estados, dos Territórios, do Distrito Federal ou dos dade de horário, perceberá as vantagens de seu cargo efetivo, sem
Municípios para exercer cargo de provimento em comissão ou fun- prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e não havendo compati-
ção de confiança, desde que sem ônus para o Estado, pelo prazo de bilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
até 05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situ- IV – em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
ações especificadas em lei. (Redação dada pela Lei Complementar de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
nº 715, de 15 de outubro de 2013) os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; e
§ 1º Findo o prazo da cessão, o servidor público retornará ao V – para efeito de benefício previdenciário, nos casos de afas-
seu lugar de origem, sob pena de incorrer em abandono de cargo. tamento, os valores de contribuição serão determinados como se o
(Parágrafo único transformado em § 1º pela Lei Complementar nº servidor público em exercício estivesse.
715, de 15 de outubro de 2013) Art. 59 - Preso preventivamente, denunciado por crime funcio-
§ 2º O servidor público poderá ser cedido, desde que sem ônus nal, ou condenado por crime inafiançável, em processo no qual não
para o Estado, ainda que esteja em estágio probatório, para acom- haja pronúncia, o servidor público efetivo será afastado do exercício
panhar cônjuge ou companheiro, também servidor público civil de seu cargo, até decisão final transitada em julgado.
ou militar, de qualquer dos Poderes ou órgãos independentes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que te- TÍTULO III
nha sido nomeado para provimento de cargo efetivo, desde que a DA VACÂNCIA
relação conjugal tenha sido estabelecida antes da nomeação. (Dis- CAPÍTULO I
positivo incluído pela Lei Complementar nº 715, de 15 de outubro DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
de 2013) Art. 60. A vacância de cargo público decorrerá de:
§ 3º A cessão prevista no § 2º deste artigo suspenderá o côm- I – exoneração;
puto do período de avaliação do estágio probatório. (Dispositivo II – demissão;
incluído pela Lei Complementar nº 715, de 15 de outubro de 2013) III – ascensão; (promulgado no D.O. de 06/04/94) (Dispositivo
Art. 54-A. A cessão de servidor público de um para outro Poder com eficácia suspensa em 06.04.2001 e declarado inconstitucional
ou órgão independente do próprio Estado somente poderá ocorrer em 25.04.2003 pela ADI nº 1345)
para o exercício de cargo de provimento em comissão ou função de IV – aposentadoria;
confiança, desde que sem ônus para o cedente, pelo prazo de até V – falecimento;
05 (cinco) anos, prorrogável a critério do Governador, salvo situa- VI – declaração de perda de cargo;
ções específicas em lei. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar VII – destituição de cargo em comissão.
nº 715, de 15 de outubro de 2013)
Art. 55 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 222, CAPÍTULO II
de 27 de dezembro de 2001). DA EXONERAÇÃO
Art. 56 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 715, Art. 61 - A exoneração do servidor público dar-se-á:
de 15 de outubro de 2013) a) de ofício; e
Art. 57 - É permitido ao servidor público estadual ausentar-se b) a pedido.
da repartição em que tenha exercício, sem perda de seus venci- § 1º - Se de ofício, a exoneração do servidor público efetivo
mentos e vantagens, mediante autorização expressa da autoridade será aplicada:
competente de cada Poder, para: (Redação dada pela Lei Comple- a) quando não satisfeitas as condições do estágio probatório; e
mentar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). b) quando, tendo tomado posse, o servidor público não assu-
I – participar de congressos e outros certames culturais, técni- mir o exercício do cargo no prazo previsto no art. 17, § 1º.
cos, científicos ou desportivos; § 2º - A exoneração de cargo em comissão dar-se-á:
II – cumprir missão de interesse do serviço; e a) a juízo da autoridade competente; e
III – freqüentar curso de aperfeiçoamento, atualização ou espe- b) a pedido do próprio servidor público.
cialização que se relacione com as atribuições do cargo efetivo de Art. 62 - O servidor público ocupante de cargo em comissão,
que seja titular. se exonerado durante o período de licença médica ou férias, fará
§ 1º - O afastamento para participar de competições desporti- jus ao recebimento da remuneração respectiva, até o prazo final do
vas só se dará quando se tratar de representação do Estado ou do afastamento.
Brasil em competições oficiais. Art. 63 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 880,
§ 2º - O afastamento para cumprimento de missão de interesse de 26 de dezembro de 2017)
do serviço fica condicionado à iniciativa da administração, justifica- Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar
da, em cada caso, a sua necessidade. nº 880, de 26 de dezembro de 2017)
§ 3º - No caso do inciso III, o servidor público fica obrigado a Art. 64 - Não será concedida exoneração ao servidor público
permanecer a serviço do Estado, após a conclusão do curso, pelo efetivo que, tendo se afastado para freqüentar curso especializado,
prazo correspondente ao período de afastamento, sob pena de não houver promovido a reposição das importâncias recebidas, du-
restituir, em valores atualizados ao Tesouro do Estado o que tiver rante o período do afastamento, em valores atualizados, caso em
recebido a qualquer título, se renunciar ao cargo antes desse prazo. que será demitido, após trinta dias, por abandono do cargo, sendo
§ 4º - Não será permitido o afastamento referido no inciso III ao a importância devida inscrita em dívida ativa.
ocupante de cargo em comissão.

200
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único - A reposição de que trata este artigo não será Art. 72 - O servidor público efetivo enquanto em exercício de
procedida quando a exoneração decorrer da nomeação para outro cargo em comissão deixará de perceber o vencimento ou remune-
cargo público estadual. ração do cargo efetivo, ressalvado o direito de opção, na forma do
Art. 65 - Para exonerar, são competentes as autoridades diri- art. 96.
gentes dos órgãos ou entidades referidos no art. 16, §§ 8º e 9º, Art. 73 - O vencimento, a remuneração e os proventos não so-
salvo delegação de competência. frerão descontos além dos previstos em lei, nem serão objeto de
arresto, seqüestro ou penhora, salvo quando se tratar de:
TÍTULO IV I – prestação de alimentos, resultante de decisão judicial; e
DOS DIREITOS E VANTAGENS II – reposição de valores pagos indevidamente pela Fazenda
CAPÍTULO I Pública estadual, hipótese em que o desconto será promovido em
DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO parcelas mensais não excedentes a vinte por cento da remunera-
Art. 66 - Vencimento é a retribuição pecuniária mensal devida ção, ou provento.
ao servidor público civil pelo efetivo exercício do cargo, fixada em § 1º - Caso os valores recebidos a maior sejam superiores à
lei. cinqüenta por cento da remuneração que deveria receber, fica o
Art. 67 - Os vencimentos do servidor público, acrescidos das servidor público obrigado a devolvê-lo de uma só vez no prazo de
vantagens de caráter permanente, e os proventos são irredutíveis, setenta e duas horas.
observarão o princípio da isonomia, e terão reajustes periódicos § 2º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública Es-
que preservem seu poder aquisitivo. tadual em virtude de alcance, desfalque, remissão ou omissão em
§ 1º - O princípio da isonomia objetiva assegurar o mesmo tra- efetuar recolhimentos ou entradas nos prazos legais será feita de
tamento, a equivalência e a igualdade de remuneração entre os car- uma só vez, em valores atualizados.
gos de atribuições iguais ou assemelhadas. § 3º - O servidor público em débito com o erário, que for demi-
§ 2º - Na avaliação da ocorrência da isonomia serão levados tido, exonerado ou que tiver a sua aposentadoria ou disponibilida-
em consideração a escolaridade, as atribuições típicas do cargo, a de cassadas, terá o prazo de até sessenta dias, a partir da publicação
jornada de trabalho e demais requisitos exigidos para o exercício do ato, para quitá-lo.
do cargo. § 4º - A não-quitação do débito no prazo previsto no parágrafo
Art. 68 - Os vencimentos dos servidores públicos dos Poderes anterior implicará sua inscrição em dívida ativa, sendo o mesmo tra-
Executivo, Legislativo e Judiciário são idênticos para cargo de atri- tamento observado nas hipóteses previstas no § 2º.
buições iguais ou assemelhadas, observando-se como parâmetro Art. 74 - Mediante autorização do servidor público, poderá ha-
aqueles atribuídos aos servidores do Poder Executivo. ver consignação em folha de pagamento, a favor de terceiros, custe-
Art. 69. Remuneração é o vencimento do cargo, acrescido das ada pela entidade correspondente, a critério da administração, na
vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. (Redação forma definida em regulamento.
dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) Parágrafo único - A soma das consignações facultativas e com-
Art. 70 - A revisão geral da remuneração dos servidores públi- pulsórias não poderá ultrapassar setenta por cento do vencimento
cos da administração direta, das autarquias e das fundações públi- e vantagens permanentes atribuídos ao servidor público.
cas far-se-á sempre na mesma data e nos mesmos índices. Art. 75 - A remuneração ou provento que o servidor público
§ 1º - Os vencimentos e os proventos dos servidores públicos falecido tenha deixado de receber será pago ao cônjuge ou com-
estaduais deverão ser pagos até o último dia útil do mês de traba- panheiro sobrevivente ou à pessoa a quem o alvará judicial deter-
lho, corrigindo-se os seus valores, se tal preço ultrapassar o décimo minar.
dia do mês subseqüente no vencido, com base nos índices oficiais
de variação da economia do país. (Redação dada pela Lei Comple- CAPÍTULO II
mentar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). DAS VANTAGENS PECUNIÁRIAS
§ 2º - As vantagens pecuniárias devidas ao servidor público SEÇÃO I
serão pagas com base nos valores vigentes no mês de pagamento DA ESPECIFICAÇÃO
inclusive quanto às parcelas em atraso. Art. 76. Juntamente com o vencimento, serão pagas ao servi-
Art. 71 - Nenhum servidor público poderá perceber, mensal- dor público as seguintes vantagens pecuniárias: (Vide Lei Comple-
mente, a título de remuneração ou provento, importância superior mentar nº 50, de 18 de julho de 1994)
à soma dos valores fixados como remuneração, em espécie, a qual- I – indenização;
quer título, por membro da Assembléia Legislativa, Desembarga- II – auxílios financeiros;
dores e Secretários de Estado, respectivamente, de acordo com o III – gratificações e adicionais; e
Poder a cujo quadro de pessoal pertença, observado o disposto no IV – décimo terceiro vencimento.
art. 69. § 1º - As indenizações e os auxílios financeiros não se incorpo-
§ 1º - Excluem-se do teto da remuneração os adicionais e gra- ram ao vencimento ou provento para qualquer efeito.
tificações constantes do art. 93, I, c a I, II, a, b e c, e III, o décimo § 2º - As vantagens pecuniárias não serão computadas nem
terceiro vencimento, as indenizações e os auxílios pecuniários pre- acumuladas para efeito de concessão de quaisquer outros acrés-
vistos nesta Lei. (Dispositivo teve sua aplicação suspensa em rela- cimos pecuniários ulteriores, sob o mesmo título ou idêntico fun-
ção a alínea “i” do inc.I e ao inc. III ambos do art. 93, em 19.04.1996. damento.
ADI nº 1344 – extinto o processo, sem julgamento do mérito, em § 3º - As gratificações e os adicionais incorporam-se ao venci-
25.11.2015) mento ou provento, nos casos e condições indicados em lei.
§ 2º - O menor vencimento atribuído aos cargos de carreira não § 4º - Nenhuma vantagem pecuniária poderá ser concedida
poderá ser inferior a um trinta avos do maior vencimento, na for- sem autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias.
ma deste artigo, incluída a gratificação de representação, quando
houver. SEÇÃO II
DAS INDENIZAÇÕES
Art. 77 - Constituem indenizações ao servidor público:

201
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I – ajuda de custo; § 2º - Quando o deslocamento ocorrer para fora do Estado, o
II – diária; e servidor público fará jus a uma complementação de diária, desti-
III – transporte. nada a cobrir despesas com transporte urbano, a ser definida em
regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29
SUBSEÇÃO I de fevereiro de 1996).
DA AJUDA DE CUSTO § 3º - A diária também será devida ao servidor público desig-
Art. 78 - A ajuda de custo é a retribuição concedida ao servidor nado para participar de órgão colegiado estadual, quando resida
público estadual para compensar as despesas de sua mudança para em localidade diversa daquela em que são realizadas as sessões do
novo local, em caráter permanente, no interesse do serviço, pelo órgão, bem como ao pessoal cedido para prestar serviços ao gover-
afastamento referido no art.83, por prazo superior a 15 (quinze) no estadual.
dias e pelo afastamento previsto nos arts. 57, II e 128, devendo ser § 4º - Não será devida diária quando o deslocamento do servi-
paga adiantadamente. (Redação dada pela Lei Complementar nº dor ocorrer entre os municípios da Região Metropolitana da Grande
80, de 29 de fevereiro de 1996). Vitória (Vitória, Vila Velha, Serra, Cariacica e Viana), entre municí-
§ 1º - Correrão à conta da administração pública as despesas pios limítrofes ou quando a distância entre as suas sedes for inferior
com transporte do servidor público e de sua família, inclusive um a 150 (cento e cinqüenta quilômetros), salvo, neste último caso, se
empregado. ocorrer pernoite. (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de
§ 2º - Nos casos de serviço ou cumprimento de missão em ou- 17 de maio de 1999).
tro Estado ou no estrangeiro, a ajuda de custo será paga para fazer Art. 84. O servidor público que receber diária e não se afastar
face às despesas extraordinárias. da sede, por qualquer motivo, ou o que retornar à sede em prazo
§ 3º - À família do servidor público que falecer na nova sede menor do que o previsto para o seu afastamento, restituirá o valor
são assegurados ajuda de custo e transporte para a localidade de total das diárias recebidas ou o que exceder o que lhe for devido, no
origem. prazo de cinco dias, a contar do recebimento ou retorno, conforme
Art. 79 - A ajuda de custo será fixada pelo Chefe do Poder com- o caso.
petente e será calculada sobre a remuneração mensal do servidor Art. 85 - A diária será fixada com observância dos valores mé-
público, não podendo exceder a importância correspondente a 03 dios de despesas com pousada e alimentação. (Redação dada pela
(três) meses de vencimento, salvo a hipótese de cumprimento de Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
missão no exterior. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de Parágrafo único - Na hipótese de necessidade de afastamento
29 de fevereiro de 1996). por prazo superior a 15 (quinze) dias, o servidor fará jus a ajuda de
Art. 80 - Não será concedida ajuda de custo ao servidor público custo. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de
que se afastar do cargo, ou reassumí-lo, em virtude de mandato ele- fevereiro de 1996).
tivo, por ter sido cedido, na forma dos arts. 54, 55 e 56 ou afastado Art. 86 - Ocorrendo reajuste no valor da diária durante o afas-
na forma do art. 57, I e III. tamento do servidor público, será este reembolsado da diferença.
Art. 81 - O servidor público restituirá a ajuda de custo quando:
I – não se transportar para a nova sede no prazo determinado; SUBSEÇÃO III
II – pedir exoneração ou abandonar o serviço;
III – não comprovar a participação em missão a que se refere DO TRANSPORTE
o art. 57, II; Art. 87 - A indenização de transporte é concedida ao servidor
IV - Ocorrer qualquer das hipóteses prevista no art. 84. (Dispo- público que utilize meio próprio de locomoção para execução de
sitivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de serviços externos, mediante apresentação de relatório.
1996). Parágrafo único - A utilização de meio próprio de locomoção
Parágrafo único - O servidor público não estará obrigado a resti- depende de prévia e expressa autorização, na forma definida em
tuir a ajuda de custo quando seu regresso à sede anterior for deter- regulamento.
minado de ofício ou decorrer de doença comprovada na sua pessoa
ou em pessoa de sua família. SEÇÃO III
Art. 82 - Será concedida a ajuda de custo àquele que, sendo
servidor público do Estado, for nomeado para cargo em comissão, DOS AUXÍLIOS FINANCEIROS
com mudança de domicílio. SUBSEÇÃO I
DA ESPECIFICAÇÃO
SUBSEÇÃO II Art. 88 - Serão concedidos ao servidor público:
DAS DIÁRIAS I – auxílio-transporte;
II – auxílio-alimentação;
Art. 83 - Ao servidor público que a serviço, se afastar do Municí- III – auxílio-creche; e
pio onde tenha exercício regular em caráter eventual ou transitório, IV – bolsa de estudo.
por período de até quinze dias, será concedida, além da passagem,
diária para cobrir as despesas com pousada e alimentação, na for- SUBSEÇÃO II
ma disposta em regulamento. (Redação dada pela Lei Complemen- DO AUXÍLIO-TRANSPORTE
tar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). Art. 89 - O auxílio-transporte será devido ao servidor público
§ 1º - A diária será concedida por dia de afastamento, sendo ativo, na forma da lei, para pagamento das despesas com o seu
também devida em valores a serem definidos em regulamento, deslocamento da residência para o trabalho e do trabalho para a
quando não houver pernoite, e será paga adiantadamente. (Reda- residência, por um ou mais modos de transporte público coletivo,
ção dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). computados somente os dias trabalhados.

202
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Parágrafo único - Também fará jus ao auxílio-transporte o ser- II – nas autarquias e fundações públicas, os respectivos dirigen-
vidor público matriculado e que esteja freqüentando curso de for- tes.
mação ou especialização na Escola de Serviço Público ou em outro § 2º - As gratificações excepcionadas no parágrafo anterior se-
órgão público. rão concedidas pelos secretários das respectivas pastas.
§ 3º - Nos demais Poderes é competente para concessão das
SUBSEÇÃO III gratificações e adicionais a autoridade de igual nível hierárquico ao
DO AUXÍLIO-ALIMENTAÇÃO de Secretário de Estado.

Art. 90 - O auxílio-alimentação será devido ao servidor público SUBSEÇÃO II


ativo na forma e condições estabelecidas em regulamento. DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE FUNÇÃO GRATIFICADA
Art. 94 - Ao servidor público efetivo investido em função grati-
SUBSEÇÃO IV ficada é devida uma gratificação pelo seu exercício.
DO AUXÍLIO-CRECHE Parágrafo único - A gratificação prevista neste artigo será fixada
por lei e recebida concomitantemente com o vencimento ou remu-
Art. 91 - O auxílio-creche será devido ao servidor público ativo neração do cargo efetivo.
que possua filho em idade de zero a seis anos, em creche, na forma Art. 95 - Não perderá a gratificação o servidor público que se
e condições estabelecidas em regulamento. ausentar em virtude de férias, luto, casamento, licenças previstas
no art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por Lei.

SUBSEÇÃO V SUBSEÇÃO III


DA BOLSA DE ESTUDOS DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE CARGO EM COMISSÃO
Art. 96 - A gratificação por exercício de cargo em comissão será
Art. 92 - Fará jus a bolsa de estudos o servidor público regu- concedida ao servidor público que, investido em cargo de provi-
larmente matriculado em curso específico de formação inicial ou mento em comissão, optar pelo vencimento do seu cargo efetivo.
curso de especialização, em qualquer nível, e em estabelecimento Parágrafo único - A gratificação a que se refere este artigo cor-
oficial de ensino, ou na Escola de Serviço Público do Estado do Es- responderá a 65% (sessenta e cinco por cento) do vencimento do
pírito Santo, quando exigido em cargo da mesma carreira em que cargo em comissão. (Redação dada pela Lei Complementar nº 408,
se encontre. de 26 de julho de 2007).
Parágrafo único - O valor e as condições de concessão da bolsa
de estudos serão fixados em regulamento. SUBSEÇÃO IV
DA GRATIFICAÇÃO POR EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EM CONDI-
SEÇÃO IV ÇÕES INSALUBRES, PERIGOSAS OU PENOSAS
DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS Art. 97 - O servidor público que trabalhe com habitualidade em
SUBSEÇÃO I locais considerados insalubres ou perigosos ou que exerça ativida-
DA ESPECIFICAÇÃO des penosas fará jus a uma gratificação calculada sobre o vencimen-
Art. 93 - Poderão ser concedidos ao servidor público: (Vide Lei to do cargo efetivo ou em comissão que exerça.
Complementar nº 50, de 18 de julho de 1994) § 1º - Considera-se insalubre o trabalho realizado em contato
I – gratificação por: com portadores de moléstias infecto-contagiosas ou com substân-
a) exercício de função gratificada; cias tóxicas, poluentes e radioativas ou em atividades capazes de
b) exercício de cargo em comissão; produzir seqüelas.
c) exercício de atividades em condições insalubres, perigosas § 2º - Considera-se perigoso o trabalho realizado em contato
e penosas; permanente com inflamáveis, explosivos e em setores de energia
d) execução de trabalho com risco de vida; elétrica sob condições de periculosidade.
e) prestação de serviço extraordinário; § 3º - Consideram-se penosas as atividades normalmente can-
f) prestação de serviço noturno; sativas ou excepcionalmente desgastantes exercidas com habituali-
g) participação como membro de banca ou comissão de con- dade pelo servidor público, na forma prevista em regulamento.
curso; (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80, de 29 de § 4º - As gratificações referidas neste artigo serão fixadas em
fevereiro de 1996) percentuais variáveis entre quinze e quarenta por cento do respec-
h) encargo de professor ou auxiliar em curso oficialmente insti- tivo vencimento, de acordo com o grau de insalubridade, periculosi-
tuído, para treinamento e aperfeiçoamento funcional; e dade ou penosidade a que esteja exposto o servidor público, e que
i) produtividade; será definido em regulamento.
II – adicional de: Art. 98 - Será alterado ou suspenso o pagamento da gratifica-
a) tempo de serviço; ção de insalubridade,periculosidade ou penosidade durante o afas-
b) férias; tamento do efetivo exercício do cargo ou função, exceto nos casos
c) assiduidade; de férias, licenças previstas no art. 122, I, II, IV e X, casamento, luto
III – gratificação de representação. e serviço obrigatório por lei, ou quando ocorrer a redução ou eli-
IV - gratificação especial de participação em comissão de lici- minação da insalubridade, periculosidade ou penosidade ou forem
tação e de pregão. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº adotadas medidas de proteção contra os seus efeitos.
291, de 30 de junho de 2004). Art. 99 - É proibida a atribuição de trabalho em atividades ou
§ 1º - Para conceder as gratificações previstas neste artigo, ex- operações consideradas insalubres, perigosas ou penosas à servi-
ceto as referidas no inciso I, alíneas “a”, “d” e “e”, são competentes: dora pública gestante ou lactante.
I – na Administração Direta do Poder Executivo, o Secretário
responsável pela administração de pessoal; e SUBSEÇÃO V

203
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DA GRATIFICAÇÃO POR EXECUÇÃO DE TRABALHO COM RISCO Art. 104 - A gratificação por encargo de professor ou auxiliar
DE VIDA em curso para treinamento e aperfeiçoamento funcional será devi-
Art. 100 - A gratificação por execução de trabalho com risco de da ao servidor público que for designado para participar como pro-
vida será concedida ao servidor público que desempenhe atribui- fessor ou auxiliar em curso da Escola de Serviço Público, devendo
ções ou encargos em circunstâncias potencialmente perigosas à sua ser fixada pelo Secretário de Estado responsável pela administração
integridade física, com possibilidade de dano à vida. de pessoal.
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo variará entre os
limites de vinte e quarenta por cento, calculados sobre o valor do SUBSEÇÃO X
vencimento do cargo exercido e será fixada em regulamento.
§ 2º - A gratificação por execução de trabalho com risco de vida DA GRATIFICAÇÃO POR PRODUTIVIDADE
apenas será devida enquanto o servidor público execute suas ati- Art. 105 - A gratificação de produtividade só será devida ao
vidades nas mesmas condições que deram causa à concessão da ocupante de cargo efetivo, na forma e condições definidas em Lei.
vantagem, mantido o direito à percepção da mesma apenas nas au- (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de
sências por motivo de férias, luto, casamento, licenças previstas no 1996).
art. 122, I a IV e X, e serviço obrigatório por lei.
§ 3º - A gratificação prevista neste artigo não será concedida ao SUBSEÇÃO XI
servidor público que já estiver percebendo a gratificação constante
do art. 97. DO ADICIONAL DE TEMPO DE SERVIÇO

(Vide Lei Complementar nº 128, de 25 de dezembro de 1998)


SUBSEÇÃO VI Art. 106 - O Adicional de Tempo de Serviço, respeitado do dis-
DA GRATIFICAÇÃO POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO EXTRAORDI- posto no artigo 166, será concedido ao servidor público, a cada 05
NÁRIO (cinco) anos de efetivo exercício, no percentual de 5% (cinco por
Art. 101 - O serviço extraordinário será remunerado com acrés- cento), limitado a 35% (trinta e cinco por cento) e calculado sobre
cimo de cinqüenta por cento em relação à hora normal de trabalho. o valor do respectivo vencimento. (Redação dada pela Lei Comple-
§ 1º - Somente será permitido serviço extraordinário para aten- mentar nº 92, de 30 de dezembro de 1996). (Ver art. 4º da Lei Com-
der a situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite má- plementar nº 92, de 30 de dezembro de 1996)
ximo de duas horas diárias, e não excederá 180 (cento e oitenta) Parágrafo único - Em caso de acumulação legal, o adicional de
dias por ano. tempo de serviço será devido em razão do tempo prestado em cada
§ 2º - A gratificação somente será devida ao servidor público cargo.
efetivo que trabalhe além da jornada normal, vedada sua incorpo-
ração à remuneração. SUBSEÇÃO XII

SUBSEÇÃO VII DO ADICIONAL DE FÉRIAS


DA GRATIFICAÇÃO POR PRESTAÇÃO DE SERVIÇO NOTURNO
Art. 107 - Por ocasião das férias do servidor público, ser-lhe-
Art. 102 - O serviço noturno será remunerado com o acréscimo -á devido um adicional de um terço da remuneração percebida no
de 20% (vinte e cinco por cento) ao valor da hora normal, consi- mês em que se iniciar o período de fruição.
derando-se para os efeitos deste artigo, os serviços prestados em Parágrafo único - O adicional de férias será devido apenas uma
horário compreendido entre as vinte e duas horas de um dia e as vez em cada exercício.
cinco horas do dia seguinte.
Parágrafo único - A hora de trabalho do serviço noturno será SUBSEÇÃO XIII
computada como de cinqüenta e dois minutos e trinta segundos.
(Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de DO ADICIONAL DE ASSIDUIDADE
1996). Art. 108. Após cada decênio ininterrupto de efetivo exercício
prestado à administração direta, autarquias e fundações do Estado
SUBSEÇÃO VIII do Espírito Santo, o servidor público em atividade terá direito a um
DA GRATIFICAÇÃO POR PARTICIPAÇÃO COMO MEMBRO DE adicional de assiduidade, em caráter permanente, correspondente
BANCA OU COMISSÃO DE CONCURSO a 2% (dois por cento) do vencimento básico do cargo, respeitando
o limite de 15% (quinze por cento) com integração da mesma van-
Art. 103 - O servidor público que for designado para integrar tagem concedida anteriormente sob regime jurídico diverso. (Reda-
banca ou comissão de concurso fará jus a uma gratificação a ser ção dada pela Lei Complementar nº 141, de 15 de janeiro de 1999).
fixada: (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 80, de 29 § 1º - A gratificação de assiduidade para o decênio em curso
de fevereiro de 1996). na data de promulgação desta Lei Complementar será calculada
I – pelo Secretário de Estado responsável pela administração de proporcionalmente e de forma mista. (Dispositivo incluído pela Lei
pessoal, no âmbito do Poder Executivo; Complementar nº 141, de 15 de janeiro de 1999).
II – pelo Chefe do Poder competente nos demais casos. § 2º - Para aplicação do disposto no § 1º será considerado per-
centual de 5% (cinco por cento) para os anos já trabalhados e de 2%
SUBSEÇÃO IX (dois por cento) para os anos a serem trabalhados até a comple-
mentação do decênio. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar
DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE PROFESSOR OU AUXI- nº 141, de 15 de janeiro de 1999).
LIAR EM CURSO OFICIALMENTE INSTITUÍDO, PARA TREINA-
MENTO E APERFEIÇOAMENTO FUNCIONAL

204
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 109 - Interrompem a contagem do tempo de serviço, para DA GRATIFICAÇÃO ESPECIAL DE PARTICIPAÇÃO EM COMIS-
efeito de cômputo de decênio previsto no “caput” deste artigo, os SÃO DE LICITAÇÃO E DE PREGÃO
seguintes afastamentos: (Redação dada pela Lei Complementar nº
80, de 29 de fevereiro de 1996). (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 291, de 30 de
I - Licença para trato de interesses particulares; junho de 2004).
II - Licença por motivo de deslocamento do cônjuge ou compa-
nheiro, quando superiores a 30 (trinta) dias ininterruptos ou não; Art. 113-A - Aos presidentes e membros das comissões de lici-
III - Licença por motivo de doença em pessoa da família, quan- tação, aos pregoeiros e aos membros das equipes de pregão será
do superiores a 30 (trinta) dias ininterruptos ou não; atribuída uma gratificação especial, a ser paga mensalmente, ob-
IV - Licença para tratamento da própria saúde, quando superio- servada a seguinte especificação por modalidade de licitação:
res a 60 (sessenta) dias, ininterruptos ou não. I - concorrência ou tomada de preços - 60 (sessenta) Valores de
V - Faltas injustificadas; Referência do Tesouro Estadual - VRTEs;
VI - Suspensão disciplinar, decorrente de conclusão de proces- II - carta convite - 40 (quarenta) VRTEs;
so administrativo disciplinar; III - pregão:
VII - Prisão mediante sentença judicial, transitada em julgado. a) 60 (sessenta) VRTEs, quando o valor for equivalente à con-
§ 1º - A interrupção do exercício de que trata o “caput” des- corrência ou tomada de preços, e
te artigo, determinará o reinício da contagem do tempo de serviço b) 40 (quarenta) VRTEs, quando o valor for referente à carta
para efeito de aquisição do benefício, a contar da data do término convite.
do afastamento. § 1º A gratificação prevista no “caput” deste artigo, devida aos
§ 2º - Excetuam-se do disposto no inciso IV deste artigo os afas- presidentes e pregoeiros, será acrescida de 20 % (vinte por cento).
tamentos decorrentes de licença por acidente em serviço ou doen- § 2º Independente da quantidade de licitação ou pregão re-
ça profissional e aqueles superiores a 60 (sessenta) dias ininterrup- alizado por mês, o pagamento da gratificação prevista no “caput”
tos de licença concedidos por junta médica oficial. deste artigo não será inferior a 300 (trezentos) VRTEs e não poderá
§ 3º - A exceção constante do parágrafo anterior aplica-se à ultrapassar a 550 (quinhentos e cinqüenta) VRTEs.
hipótese de afastamento determinado por junta médica oficial para § 3º Para fins de remuneração da gratificação instituída neste
tratamento de doenças graves especificadas no Art.131, indepen- artigo, o número de integrantes das comissões de licitação e do pre-
dente do período de licença concedido. gão não poderá ser superior a 04 (quatro) efetivos.
§ 4º - As licenças concedidas em decorrência de acidente em § 4º O membro suplente somente receberá a gratificação quan-
serviço após o período no § 2º, desde que necessárias ao prosse- do formalmente designado para substituição durante o período de
guimento de tratamento terapêutico, serão consideradas como de férias de membro efetivo da respectiva comissão ou equipe.
efetivo exercício para a concessão do adicional de assiduidade.
§ 5º - As licenças da natureza gravídica da servidora concedidas SEÇÃO V
antes ou após a licença de gestação, serão também consideradas
como de efetivo exercício para a concessão do adicional de assi- DO DÉCIMO TERCEIRO VENCIMENTO
duidade. Art. 114 - O servidor público terá direito anualmente ao déci-
Art. 110 - As faltas injustificadas ao serviço, bem como as de- mo terceiro vencimento, com base no número de meses de efetivo
correntes de penalidades disciplinares e de suspensão, retardarão a exercício no ano, na remuneração integral que estiver percebendo
concessão da assiduidade na proporção de sessenta dias por falta. ou no valor do provento a que o mesmo fizer jus, conforme dispuser
Art. 111 - O servidor público com direito ao adicional de assi- o regulamento. (Redação dada pela Lei Complementar 148, de 17
duidade poderá optar pelo gozo de 3 (três) meses de férias-prêmio, de maio de 1999).
na forma prevista no art.118. (Redação dada pela Lei Complemen- § 1º O 13º vencimento será pago no mês de dezembro, pro-
tar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996). porcionalmente aos meses trabalhados, à razão de 1/12 (um doze
Art. 112 - Em caso de acumulação legal, o servidor público fará avos) por mês de efetivo exercício no ano. (Redação dada pela Lei
jus ao adicional de assiduidade em relação a cada um dos cargos Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017)
isoladamente. § 2º A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias será conside-
rada como mês integral. (Redação dada pela Lei Complementar nº
SUBSEÇÃO XIV 880, de 26 de dezembro de 2017)

DA GRATIFICAÇÃO DE REPRESENTAÇÃO § 3º No mês de aniversário do servidor será efetuado o paga-


mento de adiantamento do 13º vencimento, deduzidos os valores
Art. 113 - A gratificação de representação destina-se a aten- correspondentes ao Imposto de Renda e à contribuição previden-
der às despesas extraordinárias, decorrentes de compromissos de ciária do servidor, os quais serão liquidados no mês de dezembro.
ordem social ou profissional inerentes a representatividade de ocu- (Redação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro
pantes de cargos de proeminência e destaque dentro da adminis- de 2017)
tração pública estadual. § 4º Quando a admissão do servidor ocorrer durante o decurso
§ 1º - A gratificação de que trata este artigo não poderá ser per- do ano civil, o pagamento do 13º vencimento será feito exclusiva-
cebida cumulativamente pelo servidor público que ocupe cargo efe- mente no mês de dezembro, na proporção dos meses de efetivo
tivo e em comissão aos quais a mesma seja atribuída, distintamen- exercício, observada a regra prevista no § 1º. (Dispositivo incluído
te, sendo facultada, nesta hipótese, a opção pela de maior valor. pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017)
§ 2º - A gratificação de representação será fixada por lei até § 5º Quando o servidor se afastar do exercício do cargo, antes
o limite máximo de cinqüenta por cento do vencimento do cargo. do recebimento do adiantamento do 13º vencimento, o pagamento
será efetuado no mês subsequente ao do afastamento, à razão de
SUBSEÇÃO XV 1/12 (um doze avos) por mês de efetivo exercício. (Dispositivo in-
cluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017)

205
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 6º Quando ocorrer o afastamento do exercício do cargo, após § 11 - As férias somente poderão ser interrompidas por moti-
o recebimento do adiantamento do 13º vencimento, o servidor res- vo de calamidade pública, convocação para juri, serviço militar ou
tituirá ao Erário os valores antecipados, à razão de 1/12 (um doze eleitoral, ou por necessidade do serviço declarada pela autoridade
avos) por mês não trabalhado no ano em curso. (Dispositivo inclu- máxima do órgão ou entidade. (Dispositivo incluído pela Lei Com-
ído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de 2017) plementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
§ 7º São hipóteses de afastamento a que se referem os §§ 5º § 12 - O período de férias interrompido será gozado de uma só
e 6º: (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de vez, observando o disposto no artigo 118. (Dispositivo incluído pela
dezembro de 2017) Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999).
I - licenças sem vencimentos; § 13. As férias regulamentares de servidores públicos cônju-
II - afastamento para exercício de mandato eletivo; ges poderão ser usufruídas no mesmo mês, desde que requeridas,
III - exoneração; ainda que os servidores estejam lotados em órgãos distintos da
IV - falecimento; Administração Pública Estadual, e que não tragam prejuízos para
V - aposentadoria. o funcionamento da máquina administrativa. (Dispositivo incluído
pela Lei Complementar nº 792, de 17 de novembro de 2014)
CAPÍTULO III § 14. As férias regulamentares de servidores públicos poderão
ser fracionadas para serem gozadas em dois períodos de 15 (quin-
DAS FÉRIAS ze) dias cada, a pedido do servidor e no interesse da administração
Art. 115 - O servidor público terá direito anualmente ao gozo pública. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 792, de 17
de um período de férias por ano de efetivo exercício, que poderão de novembro de 2014)
ser acumuladas até o máximo de dois períodos, no caso de neces- Art. 116 - Os afastamentos por motivo de licença para o trato
sidade de serviço, ressalvadas as hipóteses em que haja legislação de interesses particulares e para freqüentar cursos com duração su-
específica, na seguinte proporção: (Redação dada pela Lei Comple- perior a doze meses, suspendem o período aquisitivo para efeito
mentar nº 148, de 17 de maio de 1999). de férias, reiniciando-se a contagem a partir do retorno do servidor
I - 30 (trinta) dias corridos, quando não houver faltado ao servi- público.
ço mais de 05 (cinco) vezes; Art. 117 - O servidor público que opere direta e permanente-
II - 24 (vinte e quatro) dias corridos, quando houver tido de 06 mente com Raios X e substâncias radioativas gozará, obrigatoria-
(seis) a 14 (quatorze) faltas; mente, vinte dias consecutivos de férias, por semestre de atividade
III - 18 (dezoito) dias corridos, quando houver tido de 15 (quin- profissional, proibida, em qualquer hipótese, a acumulação.
ze) a 23 (vinte e três) faltas;
IV - 12 (doze) dias corridos, quando houver tido de 24 (vinte e CAPÍTULO IV
quatro) a 32 (trinta e duas) faltas.
§ 1º - Vencidos os dois períodos de férias deverá ser, obriga- DAS FÉRIAS-PRÊMIO
toriamente, concedido um deles antes de completado o terceiro
período. Art. 118 - As férias-prêmio serão concedidas ao servidor públi-
§ 2º - Somente após completado o primeiro ano de efetivo co efetivo que, tendo adquirido direito ao adicional de assiduidade
exercício adquirirá o servidor público, o direito a gozar férias. (Reda- de acordo com o art. 108, optar por esse afastamento.
ção dada pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999). Parágrafo único - O servidor público que optar pelo benefício
§ 3º - É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao serviço. constante deste artigo, deverá requerê-lo no prazo de até sessen-
§ 4º - As férias observarão a escala previamente publicada, não ta dias imediatamente anteriores à data prevista para aquisição do
sendo permitido o afastamento, em um só mês, de mais de um ter- direito.
ço dos servidores públicos de cada setor. Art. 119 - O número de servidores públicos em gozo simultâneo
§ 5º - Nos caso de afastamento para mandatos eletivos, serão de férias-prêmio não poderá ser superior à sexta parte do total da
considerados como de férias os períodos de recesso. lotação da respectiva unidade administrativa.
§ 6º - O servidor público afastado em mandato classista deverá § 1º - Quando o número de servidores públicos existentes na
observar, com relação às férias, o disposto neste artigo. unidade administrativa for menor que seis, somente um deles po-
§ 7º - O período referência, para apurar as faltas previstas no derá ser afastado, a cada mês. (Promulgado no D.O. de 06/04/94)
incisos I a IV deste artigo, será o ano civil anterior ao ano que cor- § 2º - Na hipótese prevista neste artigo, terá preferência para
responde o direito as férias. (Redação dada pela Lei Complementar entrada em gozo de férias-prêmio o servidor público que contar
nº 148, de 17 de maio de 1999). maior tempo de serviço público prestado ao Estado.
§ 8º - A exoneração de servidor com períodos de férias comple- § 3º - As férias-prêmio deverão ser gozadas de uma só vez. (Dis-
tos ou incompletos determinará um cálculo proporcional, à razão positivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro
de 1/12 (um doze avos) por mês: (Dispositivo incluído pela Lei Com- de 1996).
plementar nº 148, de 17 de maio de 1999). Art. 120 - O servidor público terá, a contar da publicação do
a) para indenização do servidor, na hipótese das férias não te- ato respectivo, o prazo de trinta dias para entrar em gozo de férias-
rem sido gozadas; -prêmio.
b) para ressarcimento ao erário público, na hipótese das férias Art. 121 - É vedada a interrupção das férias-prêmio durante o
terem sido gozadas sem ter completado período aquisitivo. período em que for concedida.
§ 9º - O servidor perderá o direito ao gozo ou indenização das
férias, que não atender o limite disposto no § 1º deste artigo. (Dis- CAPÍTULO V
positivo incluído pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de
1999). DAS LICENÇAS
§ 10 - Aplica-se ao servidor, no ano em que se der a sua aposen-
tadoria, o disposto no §§ 8º e 9º deste artigo. (Dispositivo incluído SEÇÃO I
pela Lei Complementar nº 148, de 17 de maio de 1999). DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

206
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Art. 122 - Conceder-se-á licença ao servidor público em decor- Art. 129 - A licença para tratamento da própria saúde será con-
rência de: cedida a pedido ou de ofício, com base em perícia médica, sem pre-
I – tratamento da própria saúde; juízo da remuneração a que o servidor público fizer jus.
II – acidente em serviço ou doença profissional; Art. 130 - As inspeções médicas para concessão de licenças se-
III – gestação, à lactação e adoção; rão feitas:
IV – motivo de doença em pessoa da família; I – pela unidade central de perícias médicas, para as licenças
V – motivo de deslocamento do cônjuge ou companheiro; por qualquer período e em prorrogação;
VI – serviço militar obrigatório; II – pelas unidades regionais de saúde, para:
VII – atividade política; a) licença por prazo de até trinta dias; e
VIII - trato de interesses particulares e licença especial; (Reda- b) licença para gestação.
ção dada pela Lei Complementar nº 137, de 11 de janeiro de 1999). § 1º - Sempre que necessário, a inspeção médica realizar-se-á
IX – desempenho de mandato classista; na residência do servidor público ou no estabelecimento hospitalar
X – paternidade. onde este se encontrar internado.
§ 1º - As licenças previstas nos incisos V, VI, VII, VIII e IX não § 2º - Não sendo possível a realização de inspeção médica na
se aplicam aos ocupantes exclusivamente de cargos em comissão. forma prevista neste artigo e no parágrafo anterior, as licenças po-
(Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de derão ser concedidas com base em laudo de outros médicos oficiais
1996). ou de entidades conveniadas.
§ 2º - As licenças previstas nos incisos I, II, III e IV serão conce- § 3º - Inexistindo, no local, médico de órgão oficial, será aceito
didas pelo setor de perícias médicas. laudo passado por médico particular, o qual só produzirá efeitos de-
§ 3º - As licenças previstas nos incisos V a X serão concedidas, pois de homologado pelo setor competente.
no âmbito de cada Poder e, pela autoridade responsável pela admi- § 4º - O laudo fornecido por cirurgião-dentista, dentro de sua
nistração de pessoal. especialidade, equipara-se a laudo médico, para os efeitos desta
§ 4º A licença prevista no inciso IV deste artigo, somente será Lei.
concedida ao servidor ocupante exclusivamente de cargo de pro- § 5º - A concessão de licença superior a trinta dias dependerá
vimento em comissão pelo prazo máximo de 15 (quinze) dias. (Re- sempre de inspeção por junta médica oficial.
dação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de § 6º - É lícito ao servidor público licenciado para tratamento de
2017) saúde desistir do restante da mesma, caso se julgue em condições
Art. 123 - Finda a licença, o servidor público deverá reassumir de reassumir o exercício do cargo, devendo, para isso, submeter-se
imediatamente o exercício do cargo, salvo prorrogação por deter- previamente a inspeção de saúde procedida pela unidade central
minação constante de laudo médico. de perícias médicas ou pelas unidades regionais.
§ 1º - A prorrogação dar-se-á de ofício ou a pedido. § 7º - O servidor público não poderá permanecer em licença
§ 2º - Caso seja indeferido o pedido de prorrogação da licença, para tratamento da própria saúde por prazo superior a vinte e qua-
o servidor público terá considerados como de licença para trato de tro meses, sendo aposentado a seguir, na forma da lei, se julgado
interesses particulares os dias a descoberto. inválido.
Art. 124 - O servidor público que se encontrar fora do Estado § 8º - O período necessário à inspeção médica será conside-
deverá, para fins de concessão ou prorrogação de licença, dirigir-se rado, excepcionalmente, como de prorrogação de licença, sempre
à autoridade a que estiver subordinado diretamente, juntando lau- que ultrapassar o prazo previsto no parágrafo anterior.
do médico do serviço oficial de saúde do local em que se encontre Art. 131 - Ao servidor público acometido de tuberculose ativa,
e indicando o seu endereço. alienação mental, neoplasia maligna, cegueira ou visão reduzida,
Parágrafo único - A licença concedida na forma deste artigo não hansenismo, psicose epiléptica, paralisia irreversível e incapacitan-
poderá ser superior a trinta dias nem prorrogável por mais de duas te, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose an-
vezes. quilosante, nefropatia grave, estado avançado de Paget, osteíte de-
Art. 125 - O servidor público licenciado na forma do art. 122, I, formante, síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA ou AIDS)
II, III e IV, não poderá dedicar-se a qualquer atividade de que aufi- ou outros que vierem a ser definidos em lei com base na medicina
ra vantagem pecuniária, sob pena de cassação imediata da licença, especializada, será concedido até dois anos de licença, quando a
com perda total da remuneração, até que reassuma o exercício do inspeção não concluir pela necessidade imediata de aposentadoria.
cargo. Art. 132 - O atestado médico ou laudo da junta médica nenhu-
Art. 126 - Em se tratando de licença para tratamento da própria ma referência fará ao nome ou à natureza da doença de que sofre
saúde, de ocupante de dois cargos públicos em regime de acumu- o servidor público, salvo em se tratando de lesões produzidas por
lação legal, a licença poderá ser concedida em apenas um deles, acidente em serviço, doença profissional ou qualquer das moléstias
quando o motivo prender-se, exclusivamente, ao exercício de um referidas no artigo anterior.
dos cargos.
Art. 127 - O servidor público em licença médica, não será obri- SEÇÃO III
gado a interrompê-la em decorrência dos atos de provimento de
que trata o art. 8º. DA LICENÇA POR ACIDENTE EM SERVIÇO OU DOENÇA PRO-
Art. 128 - Ao licenciado para tratamento de saúde que se deslo- FISSIONAL
car do Estado para outro ponto do território nacional, por exigência
de laudo médico oficial, será concedido transporte, por conta do Art. 133 - Considera-se acidente em serviço o dano físico ou
Estado, inclusive para uma pessoa da família. mental sofrido pelo servidor público que se relacione mediata ou
imediatamente com o exercício das atribuições inerentes ao cargo,
SEÇÃO II provocando uma das seguintes situações:
I – lesão corporal;
DA LICENÇA PARA TRATAMENTO DA PRÓPRIA SAÚDE II – perturbação física que possa vir a causar a morte;

207
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III – perda ou redução permanente ou temporária da capacida- Art. 139. Aos servidores públicos que adotarem ou obtiverem
de para o trabalho. a guarda judicial de criança serão concedidos 180 (cento e oitenta)
§ 1º - Equipara-se ao acidente em serviço o dano: dias de licença remunerada, para ajustamento do adotado ao novo
a) decorrente de agressão sofrida e não provocada pelo servi- lar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 855, de 15 de maio
dor público no exercício de suas atribuições, inclusive quando em de 2017).
viagem para o desempenho de missão oficial ou objeto de serviço; Parágrafo único. Quando ocorrer a adoção ou guarda judicial
b) sofrido no percurso da residência para o trabalho e vice-ver- por casal, em que ambos sejam servidores públicos, somente um
sa; servidor terá direito à licença. (Redação dada pela Lei Complemen-
c) sofrido no percurso para o local de refeição ou de volta dele, tar nº 855, de 15 de maio de 2017).
no intervalo do trabalho. Art. 140 - A licença prevista no art. 139 será concedida no âm-
§ 2º - O disposto no parágrafo anterior não se aplica ao aciden- bito de cada Poder, pela autoridade responsável pela administração
te sofrido pelo servidor público que, por interesse pessoal, tenha de pessoal, a requerimento da interessada, mediante prova forne-
interrompido ou alterado o percurso. cida pelo juiz competente.
Art. 134 - A prova do acidente será feita em processo regular, Art. 141 - Fica garantida à servidora pública enquanto gestan-
devidamente instruído, inclusive acompanhado de declaração das te, mudança de atribuições ou funções, nos casos em que houver
testemunhas do fato, cabendo ao órgão médico de pessoal descre- recomendação médica oficial, sem prejuízo de seus vencimentos e
ver circunstanciadamente o estado geral do acidentado, mencio- demais vantagens do cargo.
nando as lesões produzidas e, bem assim, as possíveis conseqüên- Parágrafo único - Após o parto e término da licença à gestante,
cias que poderão advir do acidente. a servidora pública retornará às atribuições do seu cargo, indepen-
dentemente de ato.
Parágrafo único. Cabe à chefia imediata do servidor público
adotar as providências necessárias para dar início ao processo re- SEÇÃO V
gular de que trata este artigo, no primeiro dia útil seguinte ao fato
ocorrido. (Redação dada pela Lei Complementar nº 880, de 26 de DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PESSOA DA FAMÍ-
dezembro de 2017) LIA
Art. 135 - O tratamento do acidentado em serviço correrá por
conta dos Cofres do Estado ou de instituição de assistência social, Art. 142 - O servidor público efetivo poderá obter licença por
mediante acordo com o Estado. motivo de doença do cônjuge ou companheiro, filhos, pais e irmãos,
Art. 136 - Entende-se por doença profissional aquela que possa mediante comprovação médica, desde que prove ser indispensável
ser considerada conseqüente as condições inerentes ao serviço ou a sua assistência pessoal e que esta não possa ser prestada simulta-
a fatos nele ocorridos, devendo o laudo médico estabelecer-lhe a neamente com o exercício do cargo.
rigorosa caracterização. § 1º - A comprovação da necessidade de acompanhamento do
doente pelo servidor público será feita através do serviço social.
SEÇÃO IV § 2º - A licença será concedida:
a) com remuneração integral, até um ano;
DA LICENÇA POR GESTAÇÃO, LACTAÇÃO E ADOÇÃO b) com redução de um terço, após este prazo até o vigésimo
Art. 137. Será concedida licença remunerada à servidora pú- quarto mês; e
blica gestante por 180 (cento e oitenta) dias consecutivos, median- c) a partir do vigésimo quarto mês, sem remuneração.
te apresentação de laudo médico e de certidão de nascimento da § 3º - Não se considera assistência pessoal a representação
criança ao órgão de origem, sem prejuízo da remuneração. (Reda- pelo servidor público dos interesses econômicos ou comerciais do
ção dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) doente.
§ 1º - A licença poderá ser concedida a partir do primeiro dia § 4º - Em qualquer hipótese, a licença prevista neste artigo será
do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. obrigatoriamente renovada de três em três meses.
§ 2º - No caso de nascimento prematuro, a licença terá início a § 5º - Em casos especiais, poderá ser dispensada a ida do doen-
partir do dia do parto. te ao órgão médico de pessoal do Estado, aceitando-se laudo forne-
§ 3º - No caso de natimorto, decorridos trinta dias do evento, cido por outra instituição médica oficial da União, de outro Estado
a servidora pública será submetida a exame médico e, se julgada ou dos Municípios, ou entidades sediadas fora do País.
apta, reassumirá o exercício.
§ 4º - No caso de aborto não criminoso, atestado por médico SEÇÃO VI
oficial ou particular, a servidora pública terá direito a trinta dias de DA LICENÇA POR MOTIVO DE DESLOCAMENTO DO CÔNJUGE
licença. OU COMPANHEIRO
§ 5º No caso de internação hospitalar da criança ou da servido-
ra pública, em decorrência do parto, por mais de 14 (catorze) dias, Art. 143 - Será concedida licença ao servidor público efetivo
a licença será prorrogada por idêntico prazo. (Dispositivo incluído para acompanhar cônjuge ou companheiro, também servidor pú-
pela Lei Complementar nº 1.018, de 15 de julho de 2022) blico efetivo, que for deslocado para servir em outro ponto do ter-
Art. 138. Para amamentar o próprio filho, até a idade de doze ritório estadual, ou fora deste, inclusive para o exterior, ou, ainda,
meses, a servidora pública lactante terá direito, durante a jornada quando eleito para exercício de mandato eletivo ou nomeado para
de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá ser parcelada em cargo público que implique transferência de residência.
dois períodos, de meia hora cada. (Redação dada pela Lei Comple- § 1º - A licença dependerá de requerimento devidamente ins-
mentar nº 938, de 9 de janeiro de 2020) truído e será concedida pelo prazo de até quatro anos e sem remu-
Parágrafo único - A servidora pública lactante deverá submeter- neração.
-se mensalmente a inspeção médica oficial, para fins de obtenção
do competente laudo médico pericial relativo ao aleitamento.

208
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º - Existindo no novo local, repartição do serviço público es- § 5º - Não poderá obter a licença de que trata este artigo o ser-
tadual em que possa exercer o seu cargo, o servidor público efetivo vidor público que esteja obrigado à devolução ou indenização aos
será nela localizado e nela terá exercício enquanto ali durar a per- Cofres do Estado, a qualquer título.
manência de seu cônjuge ou companheiro. § 6º O servidor público estável licenciado na forma deste artigo
§ 3º - Finda a causa da licença, o servidor público efetivo deverá continua como segurado do instituto de previdência e assistência
reassumir o exercício dentro de trinta dias, sob pena de ficar incurso dos servidores do Estado, sendo facultado o recolhimento das con-
em abandono de cargo. tribuições devidas junto à entidade referida como condição para o
§ 4º - Caberá ao dirigente de cada Poder e aos dirigentes dos cômputo do período de licença para fins de aposentadoria. (Reda-
órgãos da administração indireta a concessão da licença de que tra- ção dada pela Lei Complementar nº 938, de 9 de janeiro de 2020)
ta este artigo. § 7º - Na hipótese da licença ser interrompida no interesse do
serviço, o servidor público estável terá o prazo de trinta dias para
SEÇÃO VII assumir o exercício.
§ 8º - Compete ao Secretário de Estado responsável pela admi-
DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO nistração de pessoal, na administração direta, e aos dirigentes de
autarquias e fundações públicas, na administração indireta, a con-
Art. 144 - Ao servidor público efetivo que for convocado para cessão da licença de que trata este artigo.
o serviço militar obrigatório e outros encargos da segurança nacio- § 9º - Nos Poderes Legislativo e Judiciário, a licença de que trata
nal, será concedida licença com remuneração, na forma e condições este artigo será concedida pela autoridade indicada em seus res-
previstas na legislação específica. pectivos regulamentos.
§ 1º - A licença será concedida à vista de documento oficial que § 10 - A inobservância da exigência contida no § 6º implicará
prove a incorporação. interrupção da licença.
§ 2º - Concluído o serviço militar obrigatório, o servidor público
efetivo terá o prazo de quinze dias para reassumir o exercício do SEÇÃO X
cargo.
§ 3º - A licença de que trata este artigo será concedida pelo DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDATO CLASSISTA
dirigente de cada Poder, ou por dirigente de autarquia ou fundação
pública. Art. 147 - É assegurado ao servidor público, na forma do art.
122, IX, o direito à licença para o desempenho de mandato em as-
SEÇÃO VIII sociação de classe, sindicato, federação ou confederação, represen-
tativos da categoria de servidores públicos, com todos os direitos e
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA vantagens inerentes ao cargo. (Vide Lei nº 5.356, de 27 de dezem-
bro de 1996)
Art. 145 - O servidor público terá direito à licença quando can- § 1º - Somente poderão ser licenciados servidores públicos
didato a cargo eletivo, na forma e condições previstas na legislação eleitos para cargos de diretoria nas referidas entidades, em qual-
específica. quer grau, até o máximo de oito, na forma da lei.
Parágrafo único - A licença prevista neste artigo será concedida § 2º - A licença terá duração igual à do mandato, podendo ser
por ato da autoridade competente e comunicada ao setor de pes- prorrogada no caso de reeleição.
soal do órgão ou entidade para fins de assentamentos funcionais. § 3º - Quando for o servidor público ocupante de dois cargos
em regime de acumulação legal e atendido o disposto no caput re-
SEÇÃO IX lativamente a ambos os cargos, poderá a licença de que trata este
DA LICENÇA PARA TRATO DE INTERESSES PARTICULARES E artigo ser concedida em ambos os cargos, quando forem os mes-
LICENÇA ESPECIAL mos integrantes da categoria representada.
§ 4º - Compete ao dirigente de cada Poder e aos das autarquias
(Redação dada pela Lei Complementar nº 137, de 11 de janeiro e fundações públicas a concessão da licença prevista neste artigo.
de 1999). § 5º - Ao ocupante de cargo em comissão ou exercente de fun-
Art. 146 – A critério da administração, poderá ser concedido ao ção gratificada não se concederá a licença de que trata este artigo.
servidor público estável licença para o trato de interesses particula-
res, sem remuneração, pelo prazo máximo de até dez anos. (Reda- SEÇÃO XI
ção dada pela Lei Complementar nº 208, de 23 de agosto de 2001).
§ 1º - Requerida a licença, o servidor público aguardará em DA LICENÇA-PATERNIDADE
exercício a decisão.
§ 2º - A licença poderá ser interrompida a qualquer tempo, a Art. 148. O servidor público terá direito, pelo nascimento ou
pedido do servidor público ou no interesse do serviço. adoção de filhos, à licença-paternidade de 20 (vinte) dias consecu-
§ 3º - Os servidores públicos em licença para trato de interesses tivos. (Redação dada pela Lei Complementar nº 852, de 6 de abril
particulares, sem remuneração, poderão prorrogá-la por mais de de 2017).
um período cuja somatória não ultrapasse a dez anos. (Redação § 1º O nascimento e a adoção deverão ser comprovados de
dada pela Lei Complementar nº 208, de 23 de agosto de 2001). acordo com a legislação civil. (Redação dada pela Lei Complemen-
§ 4º - A licença prevista neste artigo não será concedida a ser- tar nº 852, de 6 de abril de 2017).
vidor público em estágio probatório, nem ao servidor público que § 2º - Compete ao chefe imediato do servidor público a con-
tenha sido colocado à disposição de qualquer órgão estranho ao de cessão da licença de que trata este artigo, comunicando ao setor
sua lotação e que, após o retorno não haja permanecido a serviço de pessoal do órgão ou entidade para fins de assentamentos fun-
do órgão de origem por prazo igual ao do afastamento. cionais.

209
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3º Em caso de óbito da gestante, no parto, o pai servidor Art. 157 - O prazo da prescrição contar-se-á da data da publica-
público, na condição de responsável pela guarda da criança, fará ção oficial do ato impugnado ou, da data da ciência, pelo interessa-
jus à licença de até 180 (cento e oitenta) dias para cuidar do filho. do, quando não publicado.
(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 852, de 6 de abril § 1º - Para a revisão do processo administrativo-disciplinar, a
de 2017). prescrição contar-se-á da data em que forem conhecidos os atos,
fatos ou circunstâncias que deram motivo ao pedido de revisão.
CAPÍTULO VI § 2º - Em se tratando de evento punível, o curso da prescri-
ção começa a fluir da data do referido evento e interrompe-se pela
DO DIREITO DE PETIÇÃO abertura da sindicância ou do processo administrativo-disciplinar.
Art. 158 - A falta também prevista na lei penal como crime ou
SEÇÃO I contravenção prescreverá juntamente com este.
DA FORMALIZAÇÃO DOS EXPEDIENTES Art. 159 - O requerimento, o pedido de reconsideração e o re-
curso, quando cabíveis, interrompem a prescrição.
Art. 149 - É assegurado ao servidor público o direito de reque- Art. 160 - Para o exercício do direito de petição, é assegurada
rer ou representar, pedir reconsideração e recorrer aos poderes ao servidor público ou a procurador por ele constituído, vista, na
públicos. repartição, do processo ou documento.
§ 1º - O requerimento será dirigido à autoridade competente
para decidi-lo e encaminhado por intermédio daquela a que estiver CAPÍTULO VII
imediatamente subordinado o requerente.
§ 2º - O requerimento poderá ser apresentado através de pro- ART. 161. EXTINTO O CARGO OU DECLARADA SUA DESNECES-
curador legalmente constituído. SIDADE, O SERVIDOR PÚBLICO ESTÁVEL FICARÁ EM DISPONI-
Art. 150 - A representação será obrigatoriamente apreciada BILIDADE, COM REMUNERAÇÃO PROPORCIONAL AO TEMPO
pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada. DE SERVIÇO, ATÉ SEU ADEQUADO APROVEITAMENTO EM
Art. 151 - O pedido de reconsideração será dirigido à autorida- OUTRO CARGO. (REDAÇÃO DADA PELA LEI COMPLEMENTAR
de que houver expedido o ato ou proferido a primeira decisão, não Nº 173, DE 04 DE JANEIRO DE 2000).
podendo ser renovado. § 1º Considerar-se-á como remuneração para os efeitos deste
Parágrafo único - O requerimento e o pedido de reconsideração Artigo, o vencimento de cargo efetivo que o servidor público estiver
de que trata os artigos anteriores deverão ser despachados no pra- exercendo, acrescido das vantagens pecuniares de caráter perma-
zo de cinco dias e decididos dentro de trinta dias. nente estabelecidas em Lei. (Dispositivo incluído pela Lei Comple-
Art. 152 - Caberá recurso: mentar nº 173, de 04 de janeiro de 2000).
I – do indeferimento do pedido de reconsideração; § 2º Para o cálculo da proporcionalidade será considerado um
II – das decisões sobre os recursos sucessivamente interpostos. trinta e cinco avos da remuneração a que se refere o parágrafo an-
Parágrafo único - O recurso será dirigido à autoridade imedia- terior, por ano de serviço, se o homem, e um trinta avos, se mulher.
tamente superior à que tiver expedido o ato ou proferido a decisão (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04 de janei-
e, sucessivamente, em escala ascendente, às demais autoridades. ro de 2000).
Art. 153 - A autoridade recorrida poderá, alternativamente, re- § 3º No caso de servidor cujo trabalho lhe assegura o direito
considerar a decisão ou submeter o feito, devidamente instruído, à à aposentadoria especial, definida em Lei, o valor da remuneração
apreciação da autoridade superior. a ele devida durante a disponibilidade, terá por base a proporção
Art. 154 - O prazo para interposição de pedido de reconside- anual correspondente ao respectivo tempo mínimo para a conces-
ração ou de recurso é de trinta dias, a contar da publicação ou da são da aposentadoria especial. (Dispositivo incluído pela Lei Com-
ciência, pelo interessado, da decisão recorrida. plementar nº 173, de 04 de janeiro de 2000).
Art. 155 - O recurso poderá ser recebido com efeito suspensivo, § 4º O servidor em disponibilidade terá direito ao décimo ter-
a juízo da autoridade recorrida. ceiro vencimento, em valor equivalente ao que recebe em disponi-
Parágrafo único - Em caso de provimento do pedido de recon- bilidade. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04
sideração ou do recurso, os efeitos da decisão retroagirão à data do de janeiro de 2000).
ato impugnado. § 5º O servidor em disponibilidade terá direito ao Salário-Fa-
mília. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 173, de 04 de
SEÇÃO II janeiro de 2000).
Art. 162 - Restabelecido o cargo, ainda que modificada a sua
DA PRESCRIÇÃO denominação, nele será obrigatoriamente aproveitado o servidor
público posto em disponibilidade.
Art. 156 - O direito de pleitear na esfera administrativa e o Art. 163 - A declaração da desnecessidade de cargos nas autar-
evento punível prescreverão: quias e fundações públicas poderá ser promovida por ato do diri-
I – em cinco anos: gente do respectivo órgão ao qual o cargo se subordinar.
a) quanto aos atos de demissão e cassação de aposentadoria Art. 164 - O servidor público em disponibilidade que se tornar
ou disponibilidade; inválido será aposentado, independentemente do tempo de serviço
b) quanto aos atos que impliquem pagamento de vantagens constante de seu assentamento funcional.
pecuniárias devidas pela Fazenda Pública estadual, inclusive dife-
renças e restituições;
II – em dois anos, quanto às faltas sujeitas à pena de suspen-
são; e
III – em cento e oitenta dias, nos demais casos, salvo quando
outro prazo for fixado em lei.

210
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÍTULO V I – licença para tratamento da própria saúde e de pessoa da
família;
CAPÍTULO ÚNICO II – serviço prestado sob qualquer forma de admissão, desde
que remunerado pelos Cofres do Estado;
DO TEMPO DE SERVIÇO III – afastamento por aposentadoria ou disponibilidade;
IV – serviço militar obrigatório e outros encargos de segurança
Art. 165 - É computado para todos os efeitos o tempo de servi- nacional;
ço público efetivamente prestado ao Estado do Espírito Santo, des- V – serviço prestado à instituição de caráter privado que tiver
de que remunerado. sido transformada em estabelecimento ou órgão do serviço público
Art. 166 - São considerados como de efetivo exercício, salvo nos estadual;
casos expressamente definidos em norma específica, os afastamen- VI – período de serviço militar ativo prestado durante a paz,
tos e as ausências ao serviço em virtude de: computando-se pelo dobro o tempo em operação de guerra;
I – férias; VII – licença para atividade política nos termos do art. 145;
II – exercício em órgãos de outro Poder ou em autarquias e fun- VIII – o tempo correspondente ao desempenho de mandato
dações públicas, do próprio Estado; eletivo federal, estadual ou municipal anterior ao ingresso no servi-
III – freqüência a curso de formação inicial e participação em ço público estadual.
programa de treinamento regularmente instituído; Art. 170 - É vedada a contagem cumulativa de tempo de serviço
IV – desempenho de mandato eletivo federal, estadual e mu- prestado concomitantemente em mais de um cargo, emprego ou
nicipal; função em órgãos ou entidades dos Poderes da União, Estados, Dis-
V – abonos previstos nos arts. 30 e 32; trito Federal, Territórios, Municípios e suas autarquias, fundações
VI – licenças; públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas.
a) por gestação, adoção, lactação e paternidade;
b) por motivo de acidente em serviço ou doença profissional; Art. 171 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 938,
c) por convocação para o serviço militar obrigatório; de 9 de janeiro de 2020)
d) para atividade política, quando remunerada; Art. 172 - A apuração do tempo de serviço será feita em dias,
e) para desempenho de mandato classista; que serão convertidos em anos, considerado o ano como de trezen-
VII – deslocamento para nova sede, conforme previsto no art. tos e sessenta e cinco dias, salvo quando bissexto.
36; Art. 173 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80,
VIII – participação em competição desportiva oficial ou convo- de 29 de fevereiro de 1996)
cação para integrar representação desportiva, no país ou no exte- Art. 174 - O tempo de serviço público estadual será computado
rior, conforme dispuser o regulamento; a vista de registros próprios que comprovem a freqüência do servi-
IX – participação em congressos e outros certames culturais, dor público.
técnicos e científicos; Art. 175 - O tempo de serviço prestado a outros Poderes do
X – cumprimento de missão de interesse de serviço; próprio Estado, a órgãos da administração indireta, à União, a ou-
XI – freqüência a curso de aperfeiçoamento, atualização ou es- tros Estados, aos Municípios e Territórios, e em atividade privada
pecialização que se relacione com as atribuições do cargo efetivo será computado à vista de certidão passada pela autoridade com-
de que seja titular; petente.
XII – convênio em que o Estado se comprometa a participar § 1º - A averbação de tempo de serviço será requerida em for-
com pessoal; mulário próprio, acompanhado das respectivas certidões, não sen-
XIII – interregno entre a exoneração de um cargo, dispensa ou do admitidas outras formas de comprovação de tempo de serviço.
rescisão de contrato com órgão público estadual e o exercício em § 2º - A certidão de tempo de serviço deverá conter a finalida-
outro cargo público também estadual, quando o interregno se cons- de, os atos de admissão e dispensa, os afastamentos e seus moti-
tituir de dias não úteis; vos, as penalidades porventura aplicadas, a conversão do tempo de
XIV – afastamento preventivo, se inocentado a final; serviço em anos, meses e dias, descontadas as faltas, ausências ou
XV – férias-prêmio; afastamentos não consideradas como de efetivo exercício e qual o
XVI – prisão por ordem judicial, quando vier a ser considerado regime jurídico do servidor público.
inocente. Art. 176 - A ausência de elementos comprobatórios de tempo
XVII - licença para tratamento da própria saúde de até sessenta de serviço poderá ser suprida mediante justificação judicial, quando
dias, ininterruptos ou não, por ano de efetivo exercício. (Dispositi- não houver a possibilidade de apresentação de certidão de tem-
vo incluído pela Lei Complementar nº 880, de 26 de dezembro de po de serviço, desde que fundamentada em um indício razoável de
2017) prova material, não sendo admitida prova exclusivamente testemu-
Art. 167 - O tempo de afastamento do servidor público para o nhal.
exercício de mandato eletivo será computado para todos os efeitos § 1º - A justificação judicial somente poderá ser aceita quando,
legais, exceto para promoção por merecimento. em virtude de roubo, incêndio ou destruição, desaparecerem os do-
Art. 168 - É contado para efeito de aposentadoria e disponibi- cumentos necessários à extração de certidão de tempo de serviço.
lidade, o tempo de serviço público prestado à União, aos demais § 2º - A justificação judicial deverá ser instruída com certidão
Estados, aos Municípios, Territórios e suas Autarquias e Fundações negativa da inexistência de registros funcionais, não sendo suficien-
Públicas. (Redação dada pela Lei Complementar nº 89, de 27 de te a declaração de que nada foi encontrado nos livros de ponto e
dezembro de 1996). folhas de pagamento.
Parágrafo único - O tempo de serviço a que se refere este artigo § 3º - Não será objeto de averbação a justificação judicial que
não poderá ser contado com quaisquer acréscimos ou em dobro. não for processada com a assistência de representante legal do Es-
Art. 169 - Contar-se-á para efeito de aposentadoria e disponi- tado, que deverá ser obrigatoriamente citado.
bilidade:

211
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 4º - Poderá ser também averbado o tempo apurado mediante Art. 182 - Das negociações coletivas, central ou setorial, resul-
justificação judicial, relativo a serviços que não tenham sido pres- tarão acordos coletivos que deverão ser assinados pelas partes e
tados ao próprio Estado, desde que tenha sido o respectivo tempo transformados, em cada Poder, em projeto de lei a ser encaminha-
reconhecido pela unidade federativa competente ou pelo órgão do à apreciação do Poder Legislativo.
previdenciário federal, que deverá fornecer a certidão referente ao Parágrafo único - Os acordos coletivos terão a duração que ne-
mesmo. les for estipulada, quanto às matérias cuja eficácia não dependam
de apreciação pela Assembléia Legislativa.
TÍTULO VI
TÍTULO VII
CAPÍTULO ÚNICO
CAPÍTULO ÚNICO
DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA
DA LIVRE ASSOCIAÇÃO SINDICAL
Art. 177 - Por negociação coletiva, para fins desta Lei, entende-
-se o procedimento pelo qual as entidades representativas dos ser- Art. 183 - Ao servidor público civil é assegurado, nos termos da
vidores públicos civis e a administração pública estadual buscarão Constituição Federal, o direito à livre associação sindical, garantin-
a superação democrática das divergências e conflitos que ocorrem do-se-lhe:
em suas relações coletivas de trabalho. I – o direito à greve, que será exercido nos termos e nos limites
Parágrafo único - A negociação coletiva será permanente, de- definidos em lei complementar;
vendo ser pautada nos princípios da transparência, garantidas as II – a inamovibilidade, desde o registro de sua candidatura à di-
necessidades inadiáveis da população. reção de órgão sindical até um ano após o final do mandato, exceto
Art. 178 - As negociações coletivas serão conduzidas por nego- se a pedido;
ciadores permanentes, indicados pelo chefe de cada Poder, com de- III – licença para desempenho de mandato classista na forma
legação de competência para subscrever acordo escrito de trabalho do art. 147;
com entidades sindicais. IV – a percepção do vencimento, benefícios e vantagens a que
§ 1º - Os dirigentes de cada autarquia ou fundação pública fizer jus, quando afastado para cargo de direção de entidade sindi-
também designarão um negociador permanente que representará cal;
a entidade na negociação. V – a liberação para participar de fóruns e discussões sindicais,
§ 2º - Cada negociador permanente será designado com um quando indicado pela entidade a que pertença; e
suplente que atuará em seus impedimentos legais e afastamentos. VI – o livre acesso, na qualidade de dirigente sindical, aos locais
Art. 179 - As negociações coletivas terão início com expediente de trabalho de seus filiados.
enviado pela entidade sindical ou entidades sindicais ao negociador Art. 184 - Ao sindicato representativo de categoria de servido-
permanente respectivo, contendo a minuta aprovada em assem- res públicos é assegurado:
bléia geral acompanhada de breve justificação. I – a participação obrigatória nas negociações coletivas;
§ 1º - O negociador permanente, recebendo o expediente no II – a obtenção, junto à administração pública, de informações
prazo máximo de quarenta e oito horas, designará dia, hora e lo- de interesse geral da categoria;
cal para o início das negociações, formando, com as reivindicações III – o direito de requerer, pedir reconsideração ou recorrer de
apresentadas, processos em cujos autos serão acostadas atas das decisões, para defesa de direitos e interesses coletivos ou individu-
reuniões da negociação, subscritas pelas partes. ais da categoria de servidores públicos que representa;
§ 2º - O não-cumprimento do disposto no parágrafo anterior IV – representar contra atos de autoridades, lesivos aos interes-
constitui falta grave punível com suspensão. ses dos servidores públicos.
Art. 180 - As negociações coletivas de trabalho serão realizadas V – o desconto em folha de pagamento, quanto aos seus filia-
em dois níveis: dos, do valor das mensalidades e da contribuição para custeio do
I – negociação coletiva central em que serão analisadas as rei- sistema confederativo da representação sindical respectiva.
vindicações de caráter mais abrangente e genérico que beneficiam Art. 185 - A taxa de fortalecimento sindical ou assemelhada em
a todos ou a maioria dos servidores públicos civis, tais como, polí- favor da entidade sindical representativa do servidor público, deli-
tica salarial, reajuste ou aumento real de vencimentos, diretrizes berada em assembléia geral da categoria, será descontada em folha
e planos de carreiras e de vencimentos, sistema de promoções e de pagamento.
outros; e Parágrafo único - A taxa referida neste artigo incidirá sobre o
II – negociação coletiva setorial em que serão analisadas as rei- vencimento ou remuneração dos servidores públicos integrantes da
vindicações de caráter mais específico tais como situação funcional, categoria profissional, independentemente de filiação, desde que o
condições de trabalho e benefícios específicos relativos a cada Se- benefício resultante da atuação da entidade sindical seja extensivo
cretaria de Estado e, nos demais Poderes, autarquias e fundações a estes servidores, na forma definida em assembléia geral.
públicas, em órgão equivalente. Art. 186 - A devolução das contribuições ou taxas previstas nos
§ 1º - A negociação coletiva central é realizada entre os nego- arts. 184 e 185, indevidamente descontadas do servidor público
ciadores permanentes de cada Poder, em conjunto ou separada- será de inteira responsabilidade da entidade sindical respectiva.
mente, e cada uma das entidades sindicais representativas de seus Art. 187. Os descontos previstos nos arts. 184, V, e 185 serão
servidores civis. efetuados sem qualquer custo, e repassados à entidade sindical res-
§ 2º - A negociação coletiva setorial é realizada pelo negocia- pectiva no prazo de até dez dias.
dor permanente de cada Secretaria de Estado e órgãos equivalentes Art. 188 - Compete aos servidores públicos civis decidir sobre
nos demais Poderes, autarquias e as entidades sindicais representa- a oportunidade de exercer o direito de greve e sobre os interesses
tivas de seus servidores. que devam por meio dela defender.
Art. 181 - Ocorrendo impasse nas negociações, podem as par-
tes indicar mediadores.

212
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 199 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
282, de 22 de abril de 2004).
TÍTULO VIII § 1º - São extensivos aos inativos quaisquer benefícios ou van-
tagens posteriormente concedidos ao servidor público em ativida-
DA SEGURIDADE SOCIAL de, inclusive quando decorrentes de transformação ou reclassifica-
ção do cargo ou função em que se deu a aposentadoria, na forma
CAPÍTULO I da lei
§ 2º - O servidor público aposentado por invalidez com proven-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS to proporcional ao tempo de serviço, se acometido de quaisquer
das moléstias especificadas no art. 131, passará a perceber proven-
Art. 189 - O Estado instituirá, mediante contribuição, planos to integral.
e programas únicos de previdência e assistência social para seus § 3º - Na aposentadoria proporcional ao tempo de serviço, o
servidores ativos e inativos e respectivos dependentes, neles in- provento não será inferior a um terço da remuneração da atividade,
cluída, entre outros benefícios, a assistência médica, odontológica, nem ao valor do menor vencimento do quadro de pessoal do res-
psicológica, hospitalar, ambulatorial e jurídica, além de serviços de pectivo Poder.
creche. § 4º (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de
Art. 190 - A previdência, sob a forma de benefícios e serviços, 22 de abril de 2004).
será prestada pelo instituto de previdência e assistência estadual, § 5º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
ao qual será obrigatoriamente filiado o servidor público, mediante 22 de abril de 2004).
contribuição do servidor público e do Estado. § 6º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
Art. 191. A assistência médica, odontológica, psicológica, hos- 22 de abril de 2004).
pitalar e ambulatorial poderá ser prestada mediante convênio ou § 7º - No período de cinco anos referido no § 4º, será computa-
concessão de auxílio financeiro destinado especificamente a este do o exercício de cargo em comissão juntamente com cargo efetivo
fim, quando julgado conveniente. acrescido de função gratificada.
Art. 192 - Nenhum benefício ou serviço de previdência social § 7º -(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente 22 de abril de 2004).
fonte de custeio total. § 8º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
Art. 193 - Os benefícios de que trata o art. 194, I e alíneas e II, 22 de abril de 2004).
alínea “b”, serão concedidos pela autoridade competente, no âmbi- § 9º - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de
to de cada Poder ou entidade. 22 de abril de 2004).
Art. 200 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
CAPÍTULO II 282, de 22 de abril de 2004).
Parágrafo (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS 282, de 22 de abril de 2004).
Art. 201 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
Art. 194 - Os benefícios decorrentes do plano e programa único de 22 de abril de 2004).
de previdência são: Art. 202 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
I – quanto aos servidores: de 22 de abril de 2004).
a) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complemen-
de abril de 2004). tar nº 282, de 22 de abril de 2004).
b) (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 Art. 203 -(Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
de abril de 2004). 282, de 22 de abril de 2004).
c) salário-família; § 1º - (Dispositivo com eficácia suspensa pela ADI nº 1200,
d) auxílio-doença; em 12.05.1995. ADI julgada prejudicada por perda superveniente
II – (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de de objeto, em 27.02.2002)
22 de abril de 2004). § 2º - (Dispositivo com eficácia suspensa pela ADI nº 1200, em
12.05.1995. ADI julgada prejudicada por perda superveniente de
SEÇÃO I objeto, em 27.02.2002)
Art. 204 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
DA APOSENTADORIA 282, de 22 de abril de 2004).
Art. 205. (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
(Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22 de 22 de abril de 2004).
de abril de 2004). Art. 206 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
Art. 195. (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº de 22 de abril de 2004).
282, de 22 de abril de 2004).
Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar SEÇÃO II
nº 282, de 22 de abril de 2004). DO AUXÍLIO-NATALIDADE
Art. 196 -(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22
de 22 de abril de 2004). de abril de 2004).
Art. 197 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
282, de 22 de abril de 2004). Art. 207 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº
Art. 198 - (Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22 de abril de 2004).
282, de 22 de abril de 2004). Art. 208 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
de 22 de abril de 2004).

213
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 217 -.(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
de 22 de abril de 2004).
SEÇÃO III
DO SALÁRIO-FAMÍLIA SEÇÃO VII
DO PECÚLIO
Art. 209 - O salário-família é devido ao servidor público ativo ou (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 de
inativo, por dependente econômico. abril de 2004).
Parágrafo único - Consideram-se dependentes econômicos,
para efeito de percepção do salário-família: Art. 218 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº
I – o cônjuge ou companheiro e os filhos, de qualquer condição, 282, de 22 de abril de 2004).
inclusive os enteados, os adotivos e o menor que viva sob a tute-
la, a guarda e sustento do servidor público mediante autorização SEÇÃO VIII
judicial, até vinte e um anos de idade ou, se estudante, até vinte e DO AUXÍLIO-RECLUSÃO
quatro anos ou, ainda, se inválido com qualquer idade; e
II – a mãe, o pai, a madrasta e o padrasto se inválidos. (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 de
Art. 210 - Não se configura a dependência econômica quando abril de 2004).
o dependente do salário-família perceber rendimento do trabalho
de qualquer fonte, inclusive pensão ou provento de aposentadoria, Art. 219 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
em valor igual ou superior ao salário mínimo. de 22 de abril de 2004).
Art. 211 - O pagamento do salário-família ao servidor público
far-se-á: TÍTULO IX
I – a um dos pais, quando viverem em comum; DO REGIME DISCIPLINAR
II – a pai ou mãe, quando separados, e conforme a guarda dos CAPÍTULO I
dependentes. DOS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO
§ 1º - Equiparam-se ao pai e a mãe, o padrasto e a madrasta e, Art. 220 - São deveres do servidor público:
na falta destes, os representantes legais dos incapazes. I – ser assíduo e pontual ao serviço;
§ 2º - O salário-família será devido a partir do mês em que tiver II – guardar sigilo sobre assuntos da repartição;
ocorrido o fato ou ato que lhe der origem e deixará de ser devido no III – tratar com urbanidade os demais servidores públicos e o
mês seguinte ao ato ou fato que determinar sua supressão. público em geral;
§ 3º - Em caso de falecimento do servidor público, o salário-fa- IV – ser leal às instituições constitucionais e administrativas a
mília continuará a ser pago aos seus beneficiários diretamente ou que servir;
através de seus representantes legais, até as idades-limite. V – exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo ou
Art. 212 - O valor do salário-família corresponderá à metade do função;
valor atribuído à Unidade Padrão Fiscal do Espírito Santo – UPFES. VI – observar as normas legais e regulamentares;
Parágrafo único - O valor do salário-família por dependente VII – obedecer às ordens superiores, exceto quando manifes-
incapaz corresponde ao dobro do valor estabelecido neste artigo. tamente ilegais;
Art. 213 - O salário-família não está sujeito a qualquer tributo, VIII – levar ao conhecimento da autoridade as irregularidades
nem servirá de base para qualquer contribuição, inclusive para a de que tiver ciência em razão do cargo ou função;
previdência social. IX – zelar pela economia do material e conservação do patri-
mônio público;
SEÇÃO IV X – providenciar para que esteja sempre em ordem no assenta-
mento individual, a sua declaração de família;
DO AUXÍLIO-DOENÇA XI – atender com presteza e correção:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas,
Art. 214 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 880, ressalvadas as protegidas por sigilo;
de 26 de dezembro de 2017) b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito
ou esclarecimentos de situações de interesse pessoal;
SEÇÃO V c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública estadual;
XII – manter conduta compatível com a moralidade pública;
DO AUXÍLIO-FUNERAL XIII – representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de po-
(Dispositivos revogados pela Lei Complementar nº 282, de 22 der, de que tenha tomado conhecimento, indicando elementos de
de abril de 2004). prova para efeito de apuração em processo apropriado;
XIV – comunicar no prazo de quarenta e oito horas ao setor
Art. 215 (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, competente, a existência de qualquer valor indevidamente credita-
de 22 de abril de 2004). do em sua conta bancária.
Art. 216 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282,
de 22 de abril de 2004). CAPÍTULO II
DAS PROIBIÇÕES
SEÇÃO VI
DA PENSÃO POR MORTE Art. 221 - Ao servidor público é proibido:
I – ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia au-
(Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 282, de 22 de torização do chefe imediato;
abril de 2004). II – recusar fé a documentos públicos;

214
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
III – referir-se de modo depreciativo ou desrespeitoso a autori-
dades públicas ou a atos do poder público, ou outro, admitindo-se CAPÍTULO III
a crítica em trabalho assinado; DA ACUMULAÇÃO
IV – manter, sob sua chefia imediata, cônjuge, companheira ou
parente até o segundo grau civil; Art. 222 - É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
V – utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em ser- cos, exceto de:
viços ou atividades particulares; I – dois cargos de professor;
VI – opor resistência injustificada ao andamento de documento II – um cargo de professor com outro técnico ou científico;
e processo ou à realização de serviços; III – dois cargos privativos de médico;
VII – retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, IV – um cargo de professor com outro de juiz;
qualquer documento ou objeto do local de trabalho; V – um cargo de professor com outro de promotor público.
VIII – cometer a outro servidor público atribuições estranhas às § 1º - Em quaisquer dos casos, a acumulação somente será per-
do cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitó- mitida quando houver compatibilidade de horários.
rias ou nas hipóteses previstas nesta Lei; § 2º - A proibição de acumular estende-se a empregos e fun-
IX – compelir ou aliciar outro servidor público a filiar-se a asso- ções e abrange autarquias, empresas públicas, sociedades de eco-
ciação profissional ou sindical ou a partido político; nomia mista e fundações públicas mantidas pelo poder público.
X – cometer a pessoa estranha ao serviço, fora dos casos pre- § 3º A apuração da acumulação caberá, no Poder Executivo,
vistos em lei, o desempenho de encargo que lhe competir ou a seu ao órgão central do sistema de controle interno - Secretaria de Es-
subordinado; tado de Controle e Transparência, e nos demais Poderes ao órgão
XI – atuar, como procurador ou intermediário, junto a órgãos estabelecido pela autoridade competente. (Redação dada pela Lei
públicos estaduais, salvo quando se tratar de benefícios previdenci- Complementar nº 754, de 22 de dezembro de 2013).
ários ou assistenciais e percepção de remuneração ou proventos de
cônjuge, companheiro e parentes até terceiro grau civil; Art. 223. O ocupante de dois cargos efetivos em regime de acu-
XII – fazer afirmação falsa, como testemunha ou perito, em pro- mulação, quando investido em cargo de provimento em comissão,
cesso administrativo-disciplinar; ficará afastado de ambos os cargos efetivos, podendo optar pelo
XIII – dar causa a sindicância ou processo administrativo-dis- vencimento básico dos dois cargos, acrescido da gratificação de ses-
ciplinar, imputando a qualquer servidor público infração de que o senta e cinco por cento do valor do vencimento do cargo em comis-
sabe inocente; são, prevista no art. 96. (Redação dada pela Lei Complementar nº
XIV – praticar o comércio de bens ou serviços, no local de traba- 880, de 26 de dezembro de 2017)
lho, ainda que fora do horário normal do expediente; Art. 224 - Verificada em processo administrativo-disciplinar a
XV – representar em contrato de obras, de serviços, de compra, acumulação proibida, e provada a boa-fé, o servidor público optará
de arrendamento e de alienação sem a devida realização do proces- por um dos cargos, sem prejuízo do que houver percebido pelo tra-
so de licitação pública competente; balho prestado no cargo a que renunciar.
XVI – praticar violência no exercício da função ou a pretexto de § 1º - Provada a má-fé, o servidor público perderá ambos os
exercê-la; cargos, empregos ou funções e restituirá o que tiver recebido inde-
XVII – entrar no exercício de função pública antes de satisfei- vidamente.
tas as exigências legais ou continuar a exercê-las sem autorização, § 2º - Na hipótese do parágrafo anterior, sendo um dos cargos,
depois de saber oficialmente que foi exonerado, removido, substi- empregos ou funções exercidos em outro órgão ou entidade, a de-
tuído ou suspenso; missão lhe será comunicada.
XVIII – solicitar ou receber propinas, presentes, empréstimos
pessoais ou vantagens de qualquer espécie, para si ou para outrem, CAPÍTULO IV
em razão do cargo; DAS RESPONSABILIDADES
XIX – participar, na qualidade de proprietário, sócio ou admi-
nistrador, de empresa fornecedora de bens e serviços, executora de Art. 225 - O servidor público responde civil, penal e administra-
obras ou que realize qualquer modalidade de contrato, de ajuste ou tivamente, pelo exercício irregular de suas atribuições.
compromisso com o Estado; Parágrafo único. A exoneração, aposentadoria ou disponibilida-
XX – praticar usura sob qualquer de suas formas; de do servidor público não extingue a responsabilidade civil, penal
XXI – falsificar, extraviar, sonegar ou inutilizar livro oficial ou do- ou administrativa oriunda de atos ou omissões no desempenho de
cumento ou usá-los sabendo-os falsificados; suas atribuições.(Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº
XXII – retardar ou deixar de praticar indevidamente ato de ofí- 173, de 04 de janeiro de 2000).
cio ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer Art. 226 - A responsabilidade civil decorre de ato omissivo ou
interesse ou sentimento pessoal; comissivo, doloso ou culposo, que importe prejuízo à Fazenda Públi-
XXIII – dar causa, mediante ação ou omissão, ao não recolhi- ca estadual ou a terceiros.
mento, no todo ou em parte, de tributos, ou contribuições devidas § 1º - A indenização de prejuízo causado à Fazenda Pública es-
ao Estado; tadual deverá ser liquidada na forma prevista no art. 73, § 2º.
XXIV – facilitar a prática de crime contra a Fazenda Pública Es- § 2º - Tratando-se de dano causado a terceiros, responderá o
tadual; servidor público perante a Fazenda Pública estadual, em ação re-
XXV – valer-se ou permitir dolosamente que terceiros tirem gressiva.
proveito de informação, prestígio ou influência obtidas em função § 3º - A obrigação de reparar o dano estende-se aos sucesso-
do cargo, para lograr, direta ou indiretamente proveito pessoal ou res e contra eles será executada, até o limite do valor da herança
de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; e recebida.
XXVI – exercer quaisquer atividades incompatíveis com o exer- Art. 227 - A responsabilidade penal abrange os crimes e contra-
cício do cargo ou função, ou ainda, com o horário de trabalho. venções imputados ao servidor público, nessa qualidade.

215
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 228 - A responsabilidade administrativa resulta de ato ou Parágrafo único - Em se tratando de servidor público ocupante
omissão, ocorrido no desempenho do cargo ou função. de cargo efetivo, além da pena prevista neste artigo, ficará o mesmo
Art. 229 - As cominações civis, penais e administrativas poderão sujeito à aplicação das penas de suspensão ou demissão.
cumular-se, sendo independentes entre si, bem assim as instâncias. Art. 239 - O ato de imposição da penalidade mencionará sem-
Art. 230 - A absolvição criminal só afasta a responsabilidade pre o fundamento legal e a causa da sanção disciplinar.
civil ou administrativa do servidor público, se concluir pela inexis- Art. 240 - A demissão e a destituição de função de confiança ou
tência do fato ou lhe negar a autoria. de cargo em comissão incompatibilizam o ex-servidor público para
nova investidura em cargo ou função pública estadual, por prazo
CAPÍTULO V não inferior a dois e nem superior a cinco anos.
DAS PENALIDADES Art. 241 - A demissão e destituição de função de confiança ou
de cargo em comissão, nos casos do art. 234, IV, VIII, XI e XII, impli-
Art. 231 - São penas disciplinares: cam indisponibilidade dos bens e no ressarcimento ao erário, sem
I – advertência verbal ou escrita; prejuízo da ação penal cabível.
II – suspensão; Art. 242 - Deverão constar do assentamento individual todas
III – demissão; as penas disciplinares impostas ao servidor público, devendo ser
IV – cassação de aposentadoria ou disponibilidade; e oficialmente publicadas as previstas no art. 231, II a V.
IV – destituição de função de confiança ou de cargo em comis- Art. 243 - Na aplicação das penalidades serão consideradas a
são. natureza e a gravidade da infração cometida, os danos que dela pro-
Art. 232 - A advertência será aplicada verbalmente ou por es- vierem para o serviço público e os antecedentes funcionais.
crito nos casos de violação de proibição constante do art. 221, I a III, Art. 244 - São circunstâncias agravantes:
e de inobservância de dever funcional previsto nesta Lei, que não I – premeditação;
justifique imposição de penalidade mais grave. II – reincidência;
Art. 233 - A suspensão será aplicada em caso de reincidência III – conluio;
das faltas punidas com advertência e nos casos de violação das IV – dissimulação ou outro recurso que dificulte a ação disci-
proibições constantes do art. 221, IV a XVIII, não podendo exceder plinar;
noventa dias. V – prática continuada de ato ilícito;
Parágrafo único - A aplicação da penalidade de suspensão acar- VI – cometimento do ilícito com abuso de poder.
reta o cancelamento automático do pagamento da remuneração do Art. 245. São circunstâncias atenuantes:
servidor público, durante o período de sua vigência. I – haver sido mínima a cooperação do servidor público no co-
Art. 234 - A demissão será aplicada nos seguintes casos: metimento da infração;
I – crime contra a administração pública; II – ter o servidor público:
II – abandono de cargo; a) procurado espontaneamente e com eficiência, logo após o
III – inassiduidade habitual; cometimento da infração, evitar-lhe ou minorar-lhe as conseqüên-
IV – improbidade administrativa; cias, ou ter reparado o dano civil antes do julgamento;
V – incontinência pública; b) cometido a infração sob coação irresistível de superior hie-
VI – insubordinação grave em serviço; rárquico ou sob influência de violenta emoção provocada por ato
VII – ofensa física, em serviço, a servidor público ou a particular, injusto de terceiros;
salvo em legítima defesa, própria ou de outrem; c) confessado espontaneamente a autoria da infração, ignora-
VIII – aplicação irregular de dinheiros públicos; da ou imputada a outro;
IX – procedimento desidioso, entendido como tal a falta ao de- d) ter mais de cinco anos de serviço, com bom comportamento,
ver de diligência no cumprimento de suas funções; antes da infração;
X – revelação de segredo apropriado em razão do cargo; III – quaisquer outras causas que hajam concorrido para a práti-
XI – lesão aos Cofres do Estado e dilapidação do patrimônio ca do ilícito, revestidas do princípio de justiça e de boa-fé.
estadual; Art. 246 - As penas disciplinares serão aplicadas por:
XII – corrupção; I – Chefe do respectivo Poder ou pelo dirigente superior de au-
XIII – acumulação remunerada de cargos, empregos ou funções tarquia ou fundação, nos casos de demissão e cassação de aposen-
públicas, ressalvadas as hipóteses do permissivo constitucional; tadoria ou disponibilidade;
XIV – transgressões previstas no art. 221, XIX a XXVI. II – Secretário de Estado, ou autoridade equivalente, ou diri-
Parágrafo único - Dependendo da gravidade dos fatos apurados gente de autarquia ou fundação no caso de suspensão e de adver-
a pena de demissão poderá também ser aplicada nas transgressões tência; e
tipificadas no art. 221, IV a XVIII, hipótese em que ficará afastada a III – Autoridade que houver feito a nomeação ou designação,
aplicação da pena de suspensão. nos casos de destituição de cargo em comissão ou de função gra-
Art. 235 - Configura abandono de cargo a ausência intencional tificada.
e injustificada ao serviço por mais de trinta dias consecutivos. Parágrafo único - As penas disciplinares de servidores públicos
Art. 236 - Entende-se por inassiduidade habitual a falta ao ser- integrantes dos Poderes Legislativo e Judiciário serão aplicadas pe-
viço sem causa justificada, por quarenta dias interpoladamente, du- las autoridades indicadas em seus respectivos regulamentos.
rante o período de doze meses.
Art. 237 - Será cassada a aposentadoria ou disponibilidade do
servidor público que houver praticado, na atividade, falta punível
com demissão.
Art. 238 - A destituição de função de confiança ou de cargo em
comissão dar-se-á nos casos de violação das proibições constantes
do art. 221, IV a XXVI, pelo não-cumprimento das disposições con-
tidas no art. 220, I a XIV.

216
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
TÍTULO X CAPÍTULO III
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR DO PROCESSO ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR
CAPÍTULO I SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 247 - A autoridade que tiver ciência de irregularidade no Art. 251 - O processo administrativo-disciplinar é o instrumen-
serviço público é obrigada a promover a sua apuração imediata, to destinado a apurar responsabilidade do servidor público pela
mediante sindicância ou processo administrativo-disciplinar, asse- infração praticada no exercício de suas atribuições ou que tenha
gurada ao denunciado ampla defesa. relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido.
Art. 248 - As denúncias sobre irregularidades serão objeto de Art. 252 - No âmbito do Poder Executivo da administração
apuração, mesmo que não contenham a identificação do denun- direta, a sindicância e o processo administrativo-disciplinar serão
ciante, devendo ser formuladas por escrito. conduzidos pelas Corregedorias, compostas por 02 (duas) comis-
Art. 249 - A sindicância se constituirá de averiguação sumária sões processantes, constituídas cada uma, de 01 (um) Presidente e
promovida no intuito de obter informações ou esclarecimentos ne- 02 (dois) membros, ocupantes de cargo efetivo, estáveis no serviço
cessários à determinação do verdadeiro significado dos fatos de- público. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de se-
nunciados. tembro de 2005).
§ 1º O Corregedor e o Presidente de Comissão Processante de-
§ 1º A sindicância de que trata este artigo será procedida por verão possuir reputação ilibada e formação de nível superior, prefe-
Comissão Processante, composta por servidores públicos estaduais rencialmente, serem Bacharel em Direito. (Redação dada pela Lei
efetivos e estáveis, integrantes das Corregedorias, devendo ser con- Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
cluída no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data de sua instau- § 2º Não poderá integrar a Corregedoria parente do denuncia-
ração, podendo esse prazo ser prorrogado, desde que haja funda- do, consangüíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até 3º (ter-
mentadas razões, mediante decisão da autoridade que determinou ceiro) grau. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de
abertura da sindicância. (Redação dada pela Lei Complementar nº setembro de 2005).
328, de 5 de setembro de 2005). § 3º As Corregedorias exercerão suas atividades com indepen-
§ 2º Da sindicância poderá resultar: (Redação dada pela Lei dência e imparcialidade, assegurado o sigilo necessário à elucida-
Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005). ção do fato ou exigido pelo interesse da administração. (Redação
I - arquivamento do processo; dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
II - aplicação de penalidade de advertência, sendo obrigatório § 4º O ato de instauração do processo administrativo-discipli-
ouvir o servidor público denunciado; nar será atribuição do Secretário da Pasta. (Redação dada pela Lei
III - instauração de processo administrativo-disciplinar. Complementar nº 328, de 5 de setembro de 2005).
§ 3º - São competentes para determinar a realização da sindi- § 5º Os Presidentes e membros das Comissões Processantes
cância os chefes de órgãos diretamente subordinados aos dirigen- da Corregedoria da Secretaria de Estado da Fazenda terão substi-
tes de cada Poder, os chefes de órgãos em regime especial, autar- tutos formalmente designados para eventuais impedimentos ou
quias e fundações públicas. afastamentos, os quais deverão ser ocupantes de cargos efetivos
§ 4º - Sempre que o ilícito praticado pelo servidor público ense- e estáveis no serviço público, sem prejuízo do disposto nos § § 1º
jar a imposição de penalidade não prevista no § 2º, será obrigatória e 2º. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 474, de 23 de
a instauração de processo administrativo-disciplinar. dezembro de 2008).
§ 6º Os servidores substitutos, formalmente designados na for-
CAPÍTULO II ma do § 5º, durante o período da substituição, farão jus à percep-
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO ção do valor da função gratificada correspondente à do titular da
Comissão Processante. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar
Art. 250 - Como medida cautelar e a fim de que o servidor nº 474, de 23 de dezembro de 2008).
público não venha a influir na apuração da irregularidade ao mes- § 7º A designação de qualquer um dos substitutos, não cessará
mo atribuída, a autoridade instauradora do processo administra- a percepção da gratificação do titular. (Dispositivo incluído pela Lei
tivo-disciplinar, verificando a existência de veementes indícios de Complementar nº 474, de 23 de dezembro de 2008).
responsabilidades, poderá ordenar o seu afastamento do exercício Art. 253 - No âmbito dos demais Poderes, nas autarquias e
do cargo pelo prazo de 90 (noventa) dias prorrogáveis por mais 60 fundações públicas do Poder Executivo, o processo administrativo-
(sessenta) dias. (Redação dada pela Lei Complementar nº 151, de -disciplinar será conduzido por comissão composta por servidores
31 de maio de 1999). públicos efetivos e estáveis, designados pelos Chefes de Poderes
Parágrafo único - Nos casos de indiciamentos capitulados nos e dirigentes dos órgãos. (Redação dada pela Lei Complementar nº
incisos I, IV, VIII, XI e XII do art. 237 desta Lei Complementar, o ser- 328, de 5 de setembro de 2005).
vidor perceberá durante o afastamento exclusivamente o valor de Parágrafo único - O ato de instauração do processo administra-
seu vencimento básico e as gratificações de assiduidade e tempo de tivo-disciplinar, no âmbito dos Poderes e Órgãos mencionados no
serviço, acaso devidas. (Redação dada pela Lei Complementar nº “caput” deste artigo, será atribuição dos Chefes dos Poderes e dos
151, de 31 de maio de 1999). dirigentes dos órgãos. (Dispositivo incluído pela Lei Complementar
nº 328, de 5 de setembro de 2005).
Art. 254 - O processo administrativo-disciplinar inicia-se com a
publicação do ato que determinar a sua abertura e compreenderá:
I – inquérito administrativo; e
II – julgamento do feito.

217
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 255. A instauração de Processo Administrativo Disciplinar, Art. 263 - Concluída a inquirição das testemunhas, a comissão
decorrente de determinação do Governador do Estado, caberá ao promoverá o interrogatório do denunciado, observados os procedi-
Secretário de Estado de Controle e Transparência e a instrução do mentos previstos nos arts. 261 e 262.
inquérito à Corregedoria Geral do Estado – COGES. (Redação dada § 1º - No caso de mais de um denunciado, cada um deles será
pela Lei Complementar nº 847, de 12 de janeiro de 2017). ouvido separadamente, e sempre que divergirem em suas decla-
rações sobre fatos ou circunstâncias, será promovida a acareação
SEÇÃO II entre eles.
DO INQUÉRITO ADMINISTRATIVO § 2º - O procurador do denunciado poderá assistir ao interro-
gatório, bem como a inquirição das testemunhas, sendo-lhe vedado
Art. 256 - O inquérito administrativo será contraditório, asse- interferir nas perguntas e respostas, facultando-se-lhe, porém, rein-
gurada ao denunciado ampla defesa com a utilização dos meios e quiri-las por intermédio do presidente da comissão.
recursos admitidos em direito, inclusive o fornecimento de cópias Art. 264 - Quando houver dúvida sobre a sanidade mental do
das peças que forem solicitadas. denunciado, a comissão proporá à autoridade competente que ele
Art. 257 - O relatório da sindicância integrará o inquérito admi- seja submetido a exame por junta médica oficial, da qual participe
nistrativo, como peça informativa da instrução do processo. pelo menos um médico psiquiatra.
Parágrafo único - Na hipótese do relatório da sindicância con- Parágrafo único - O incidente de sanidade mental será proces-
cluir pela prática de crime, a autoridade competente oficiará à sado em auto apartado e apenso ao processo principal, após a ex-
autoridade policial, para abertura do inquérito administrativo, in- pedição do laudo pericial.
dependentemente da imediata instauração do processo adminis- Art. 265 - Tipificada a infração disciplinar, será elaborada a peça
trativo-disciplinar. de instrução do processo, com a indiciação do servidor público.
Art. 258 - O prazo para conclusão do processo administrativo- § 1º - O indiciado será citado por mandado expedido pelo pre-
-disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data da sidente da comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de dez
publicação do ato de sua instauração, admitida sua prorrogação, dias, assegurando-se-lhe vista do processo na repartição.
desde que haja fundamentadas razões, mediante decisão da au- § 2º - Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será comum.
toridade que determinou a abertura do processo administrativo- (Redação dada pela Lei Complementar nº 151, de 31 de maio de
-disciplinar. (Redação dada pela Lei Complementar nº 328, de 5 de 1999).
setembro de 2005). § 3º - O prazo de recusa do indiciado em apor o ciente na cópia
§ 1º - Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo inte- da citação, o prazo para defesa contar-se-á da data declarada em
gral aos seus trabalhos. termo próprio, pelo membro da comissão que procedeu a licitação.
§ 2º - As reuniões da comissão serão registradas em atas que Art. 266 - O indiciado que mudar de residência fica obrigado a
deverão detalhar as deliberações adotadas. comunicar à comissão o lugar onde poderá ser encontrado.
§ 3º - O membro da comissão ou autoridade competente que Art. 267 - Achando-se o indiciado em lugar incerto e não sa-
der causa à não-conclusão do inquérito administrativo no prazo bido, será, para apresentar defesa, citado por edital, publicado no
estabelecido neste artigo, ficará sujeito às penalidades inscritas no Diário Oficial do Estado, por três vezes.
art. 231, salvo motivo justificado. Parágrafo único - Na hipótese deste artigo, o prazo para defesa
Art. 259 - Na fase do inquérito administrativo, a comissão pro- será de quinze dias, a partir da última publicação do edital.
moverá a tomada de depoimento, acareações, investigações e dili- Art. 268 - Considerar-se-á revel o indiciado que, regularmente
gências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quan- citado, não apresentar defesa no prazo legal.
do necessário, a técnicos e peritos, de modo a permitir a completa § 1º - A revelia será declarada por termo, nos autos do processo
elucidação dos fatos. e devolverá o prazo para a defesa.
Art. 260 - É assegurado ao servidor público o direito de acom- § 2º - Para defender o indiciado revel, o presidente da comissão
panhar o processo administrativo-disciplinar, pessoalmente ou por designará um defensor dativo, recaindo a escolha em servidor pú-
intermédio de procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produ- blico de igual nível e grau do indiciado, ou superior.
zir provas e contra-provas e formular quesitos quando se tratar de Art. 269 - Apreciada a defesa, a comissão elaborará relatório
prova pericial. minucioso, onde resumirá as peças principais dos autos e mencio-
§ 1º - O presidente da comissão poderá denegar pedidos con- nará as provas em que se baseou para formar a sua convicção.
siderados impertinentes, meramente protelatórios ou de nenhum § 1º - O relatório será sempre conclusivo quanto à inocência ou
interesse para o esclarecimento dos fatos. à responsabilidade do servidor público.
§ 2º - Será indeferido o pedido de prova pericial, quando a com- § 2º - Reconhecida a responsabilidade do servidor público, a
provação do fato independer de conhecimento especial de perito. comissão indicará o dispositivo legal ou regulamentar transgredido,
Art. 261 - As testemunhas serão convidadas para depor me- bem como as circunstâncias agravantes ou atenuantes.
diante mandado ou Aviso de Recepção – AR – expedido pelo presi- Art. 270 - O processo administrativo-disciplinar, com o relatório
dente da comissão, devendo a segunda via ser anexada aos autos. da comissão, será remetido à autoridade que determinou a sua ins-
Parágrafo único - Se a testemunha for servidor público, a ex- tauração, para julgamento.
pedição do mandado será imediatamente comunicada ao chefe da
repartição onde serve, com indicação do dia e hora marcados para SEÇÃO III
a inquirição. DO JULGAMENTO
Art. 262 - O depoimento será prestado oralmente e reduzido a
termo, não sendo lícito à testemunha trazê-lo por escrito. Art. 271 - No prazo de sessenta dias, contados do recebimento
§ 1º - As testemunhas serão inquiridas separadamente. do processo administrativo-disciplinar, a autoridade julgadora pro-
§ 2º - Na hipótese de depoimentos contraditórios ou que se ferirá a sua decisão.
infirmem, proceder-se-á à acareação entre os depoentes.

218
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º - Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada da au- Art. 284 - Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no
toridade instauradora do processo administrativo-disciplinar, este que couber, as normas e procedimentos próprios aplicados ao in-
será encaminhado à autoridade competente, que decidirá em igual quérito administrativo.
prazo. Art. 285 - O julgamento caberá à autoridade que aplicou a pe-
§ 2º - Havendo mais de um indiciado e diversidade de sanções, nalidade, nos termos do art. 246.
o julgamento caberá à autoridade competente para a imposição da Art. 286 - Julgada procedente a revisão, será declarada sem
pena mais grave. efeito a penalidade aplicada, ou reintegrado o servidor público,
Art. 272 - No julgamento, quando o relatório da comissão con- restabelecendo-se todos os direitos atingidos, exceto em relação à
trariar as provas dos autos, a autoridade julgadora poderá, motiva- destituição de cargo em comissão ou função gratificada, hipótese
damente, agravar a penalidade proposta, abrandá-la, ou isentar o em que ocorrerá apenas a conversão da penalidade em exoneração.
servidor público de responsabilidade. Parágrafo único - Da revisão do processo não poderá resultar
Art. 273 - Verificada a existência de vício insanável, a autorida- agravamento de penalidade.
de julgadora declarará a nulidade total ou parcial do processo admi-
nistrativo-disciplinar e ordenará instauração de um novo processo. TÍTULO XI
Art. 274 - Extinta a punibilidade pela prescrição, a autoridade CAPÍTULO ÚNICO
julgadora determinará o registro do fato nos assentamentos indivi- DAS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS DE EXCEPCIONAL IN-
duais do servidor público. TERESSE PÚBLICO
Art. 275 - Quando a infração estiver capitulada como crime,
o processo administrativo-disciplinar será remetido ao Ministério Art. 287 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 193,
Público, para instauração da ação penal, ficando traslado na repar- de 30 de novembro de 2000).
tição. Art. 288 - As contratações a que se refere o artigo anterior so-
Art. 276 - O servidor público que responder a processo admi- mente poderão ocorrer nos seguintes casos:
nistrativo-disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou apo- I – calamidade pública;
sentado voluntariamente, após sua conclusão e o cumprimento da II – combate a surtos epidêmicos;
penalidade, caso aplicada. III – atendimento de serviços essenciais, em casos de vacância
Art. 277 - Serão assegurados transporte e diárias: ou afastamento do titular do cargo, quando não seja possível a re-
I – ao servidor público convocado para prestar depoimento fora distribuição de tarefas.
da sede de sua repartição, na condição de testemunha, denunciado § 1º - As contratações previstas neste artigo terão dotação es-
ou indiciado; pecífica e não poderão ultrapassar o prazo de seis meses que será
II – aos membros da comissão de inquérito administrativo e ao improrrogável.
secretário, quando obrigados a se deslocarem da sede dos traba- § 2º - As contratações serão autorizadas pelo chefe do Poder
lhos para a realização de missão essencial ao esclarecimento dos competente e, na administração indireta pelos dirigentes das autar-
fatos. quias e fundações públicas, após prévia manifestação do Conselho
Estadual de Política de Pessoal – CEPP.
SEÇÃO IV § 3º - O contratado não poderá ser ocupante de cargo públi-
DA REVISÃO DO PROCESSO co, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade da autoridade
solicitante da admissão, exceto as acumulações permitidas consti-
Art. 278 - O processo administrativo-disciplinar poderá ser re- tucionalmente.
visto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem § 4º - O contratado na forma do art. 287 não poderá, findo o
fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do prazo do contrato original, ser novamente contratado, sujeitando-
punido ou a inadequação da penalidade aplicada. -se a penalidades legais a autoridade responsável pela contratação.
Parágrafo único - A revisão de que trata este artigo poderá ser Art. 289 - Os contratados para atender a necessidade tempo-
requerida: rária de excepcional interesse público estão sujeitos aos mesmos
I – em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do deveres e proibições, e ao mesmo regime de responsabilidades vi-
servidor público, por qualquer pessoa da família; gentes para os servidores públicos integrantes do órgão ou entida-
II – em caso de incapacidade mental do servidor público, pelo de a que forem vinculados.
respectivo curador. Art. 290 - A rescisão do contrato administrativo para prestação
Art. 279 - No processo revisional, o ônus da prova cabe ao re- de serviços, antes do prazo previsto para seu término, ocorrerá:
querente. I – a pedido do contratado;
Art. 280 - A simples alegação de injustiça da penalidade não II – por conveniência da administração, a juízo da autoridade
constitui fundamento para revisão, que requer elementos novos, que procede à contratação; e
ainda não apreciados no processo originário. III – quando o contratado incorrer em falta disciplinar.
Art. 281 - O requerimento de revisão do processo será dirigi- Parágrafo único - Ao término do contrato administrativo ou em
do ao chefe do Poder competente, o qual, se autorizar a revisão, caso de rescisão por conveniência da administração, quando o pra-
encaminhará o pedido ao órgão processante da entidade onde se zo de duração do mesmo for superior a trinta dias, o contratado
originou o processo administrativo-disciplinar. fará jus ao décimo terceiro vencimento proporcional ao tempo de
Art. 282 - A revisão correrá em apenso ao processo originário. serviço prestado.
Parágrafo único - Na petição inicial, o requerente pedirá dia e Art. 291 - É assegurado aos contratados o direito ao gozo de
hora para a produção de provas e inquirição das testemunhas que licença para tratamento da própria saúde, por acidente em servi-
arrolar. ço, doença profissional, gestação e paternidade, vedadas quaisquer
Art. 283 - A comissão revisora terá até sessenta dias para a outras espécies de afastamento, não podendo a concessão das li-
conclusão dos trabalhos, prorrogável por igual prazo, quando as cir- cenças ultrapassar o prazo previsto no ato de admissão.
cunstâncias o exigirem. § 1º - O contratado temporariamente terá direito à aposenta-
doria por invalidez decorrente de acidente em serviço.

219
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 2º - Se o contratado vier a falecer, será pago auxílio-funeral Art. 301 - O tempo de serviço dos servidores públicos submeti-
à sua família, observadas as normas previstas nos arts. 215 e 216. dos ao Regime Jurídico Único, na forma determinada pelos arts. 298
Art. 292 - As informações relativas ao exercício do contrata- e 299, será computado integralmente para todos os efeitos legais,
do constarão de seu assentamento funcional, considerando-se tal inclusive férias, férias-prêmio, adicional de assiduidade, décimo -
exercício como tempo de serviço público, caso o mesmo venha a terceiro vencimento, adicional de tempo de serviço, aposentadoria
exercer cargo público. e disponibilidade. (Redação dada pela Lei Complementar nº 80, de
29 de fevereiro de 1996).
TÍTULO XII § 1º - O adicional de tempo de serviço e o adicional de assidui-
CAPÍTULO ÚNICO dade serão concedidos somente a partir da vigência desta Lei, não
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS havendo retroação de efeitos financeiros dela decorrentes. (Pro-
mulgado no D.O. de 06/04/94)
Art. 293 - O dia do servidor público será comemorado a 28 de § 2º - Não será computado, para fins de concessão das vanta-
outubro. gens previstas nesta Lei, o tempo de serviço já utilizado para aqui-
Art. 294 - São isentos de reconhecimento de firma os requeri- sição de benefícios sob idêntico fundamento. (Promulgado no D.O.
mentos formulados por servidor público. de 06/04/94)
Art. 295 - É proibido o desvio de função, salvo as exceções pre- § 3º - Para efeito de concessão do adicional de assiduidade ou
vistas nesta Lei. de férias-prêmio, o tempo de serviço dos servidores de que trata
Art. 296 - O setor de pessoal de cada um dos Poderes fornece- o “caput” deste artigo, prestado anteriormente à vigência da Lei
rá ao servidor público uma carteira funcional na qual constarão os Complementar nº 46, de 31 de janeiro de 1994, será computado de
elementos de sua identificação pessoal. acordo com as seguintes regras: (Dispositivo incluído pela Lei Com-
Parágrafo único - A administração poderá fornecer carteira de plementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
inatividade identificando o servidor público inativo, na forma do re- I - Serão concedidas férias-prêmio de seis meses com todos
gulamento. os direitos e vantagens do cargo, ao servidor, em atividade, que as
Art. 297 - Considera-se sede, para fins desta Lei, o Município requerer, depois de cada decênio de efetivo exercício em serviço
onde a unidade administrativa estiver instalada e onde o servidor público estadual.
público tiver exercício em caráter permanente. II - Considera-se de efetivo exercício, para efeito deste artigo,
Art. 298 - Ficam submetidos ao Regime Jurídico Único institu- o tempo de serviço prestado na qualidade de extra-numerário,
ído por esta Lei, os atuais servidores públicos estaduais, estatutá- professor credenciado, servidor regido pela legislação trabalhista,
rios, da administração pública direta e das autarquias, dos Poderes anteriormente a sua efetivação, serventuário da Justiça e o tempo
Executivo, Legislativo e Judiciário, permitindo-se aos servidores de serviço prestado em cartório mediante admissão por autoridade
públicos celetistas a opção pelo regime jurídico estabelecido por judicial.
esta Lei ou por continuarem regidos pela Consolidação das Leis do III - O tempo de serviço prestado como professor credenciado
Trabalho – C.L.T. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) só será contado, para efeito do que dispõe este parágrafo, quando
§ 1º - O prazo a que se refere este artigo encerrar-se-á em reconduzido no período das férias escolares;
30.06.95. (Redação dada pela Lei Complementar nº 59, de 04 de IV - Não serão concedidas férias-prêmio ao servidor que houver
abril de 1994). sofrido pena de suspensão, dentro do decênio, salvo se a pena for
§ 2º - O direito à opção pelo ingresso no regime jurídico de que convertida em multa;
trata esta Lei é assegurado ao servidor público que tenha adquirido V - Não interrompe o exercício para efeito deste artigo, o afas-
estabilidade no serviço público com a promulgação da Constituição tamento em decorrência de:
Federal. (Redação dada pela Lei Complementar nº 59, de 04 de abril a) Licença à gestante;
de 1994). b) Casamento;
§ 3º - Ao servidor público celetista que optar pelo Regime Ju- c) Luto;
rídico Único e se tornar inválido antes de completado o período d) Convocação para o serviço militar;
de cinco anos a que se refere o parágrafo anterior, fica assegura- e) Júri e outros serviços obrigatórios por lei;
da a aposentadoria na forma desta Lei. (Promulgado no D.O. de f) Férias;
06/04/94) g) Licença decorrente de acidente em serviço ou de trabalho;
§ 4º - No caso de falecimento de servidor público optante antes h) Licença decorrente de doença profissional ou ocupacional;
de decorrido o prazo de cinco anos referido no § 2o., será assegura- i) Licença-prêmio ou férias-prêmio;
do aos seus dependentes a pensão concedida pelo órgão previden- j) Licença para tratamento de saúde própria, de pessoa da fa-
ciário estadual. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) mília ou auxílio-doença até 100 (cem) dias, ininterruptos ou não,
Art. 299 - Os contratos de trabalho dos servidores públicos ce- durante o decênio;
letistas referidos no artigo anterior extinguem-se automaticamen- l) Faltas relevadas, de no máximo três ao mês, motivadas por
te, a partir da data da opção. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) doença, comprovada em inspeção médica oficial, até o número de
Parágrafo único - Os empregos referentes aos contratos de tra- 120 (cento e vinte) dias durante o decênio até 25 de novembro de
balho de que trata este artigo ficam transformados em cargos pú- 1987, após essa data serão relevadas seis faltas por ano e sessenta
blicos e neles enquadrados seus atuais ocupantes. (Promulgado no no decênio; e
D.O. de 06/04/94) m) Ficar à disposição de órgão da administração estadual ou
Art. 300 - Não ficam abrangidos pelo regime jurídico instituído municipal, com ou sem ônus para o órgão de origem;
por esta Lei os servidores públicos contratados por prazo determi- VI - Em caso de acumulação lícita, o servidor fará jus a férias-
nado, cujos contratos não poderão ser prorrogados, bem como os -prêmio ou gratificação-assiduidade em relação a cada um dos car-
bolsistas, os estagiários, os credenciados, os conveniados, os pres- gos acumulados;
tadores de serviço e os ocupantes de outras funções temporárias.

220
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - O servidor com direito a férias-prêmio poderá optar pelo § 2º - No prazo de quinze dias a partir da publicação desta Lei o
vencimento de uma gratificação-assiduidade, concedida em caráter Tribunal de Contas designará comissão para proceder a uma audi-
permanente e correspondente a 25% (vinte e cinco por cento) do toria financeira, contábil e patrimonial no Instituto de Previdência e
valor do vencimento; Assistência “Jerônimo Monteiro” – I. P.A.J.M.
VIII - É competente para conceder férias-prêmio ou gratifica- § 3º - Os resultados da auditoria serão encaminhados à Assem-
ção-assiduidade o Secretário de Estado responsável pela admi- bléia Legislativa e à comissão a que se refere o § 1º.
nistração de pessoal e os dirigentes das autarquias e fundações Art. 312 - No prazo de até cento e vinte dias a contar da publi-
públicas no âmbito do Poder Executivo nos demais poderes, pela cação desta Lei, o Governador do Estado encaminhará à Assembléia
autoridade indicada nos respectivos regimentos. Legislativa projeto de lei dispondo sobre a estruturação dos planos
Art. 302 - Os adicionais de tempo de serviço, até agora conce- de carreiras dos cargos do Poder Executivo, suas autarquias e fun-
didos aos funcionários regidos pela legislação estatutária anterior, dações públicas.
a razão de cinco por cento por qüinqüênio, serão recalculados com § 1º - Fica garantida a participação paritária de representantes
base no disposto no art. 106. dos servidores públicos na comissão encarregada da elaboração do
Art. 303 - O adicional de tempo de serviço já concedido aos ser- projeto de lei a que se refere este artigo.
vidores públicos celetistas em percentuais superiores aos fixados § 2º - Em igual prazo ao referido no caput deste artigo, os Pode-
nesta Lei, fica mantido, até que a contagem do respectivo tempo de res Legislativo e Judiciário elaborarão a estruturação dos planos de
serviço permita sua alteração, dentro dos critérios estabelecidos no carreiras e de vencimentos dos seus servidores.
art. 106. (Promulgado no D.O. de 06/04/94) Art. 313 - As despesas decorrentes da concessão dos benefí-
Parágrafo único - Outras gratificações e benefícios assegurados cios de que trata o art.194, inciso I e alíneas, correrão, em sua in-
aos celetistas, em caráter permanente, que venham sendo pagas, tegralidade, às expensas do Tesouro do Estado, até que seja criado
quando não previstas nesta Lei, serão mantidos como vantagem, o “Fundo para Seguridade e Assistência Social. (Redação dada pela
nominalmente identificável, reajustável em percentuais idênticos Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
aos concedidos nos aumentos gerais de vencimentos. (Promulgado Art. 314 - A partir da vigência desta Lei, a admissão de servi-
no D.O. de 06/04/94) dores públicos civis, na administração direta, nas autarquias e nas
Art. 304 - Os cargos em comissão e as funções de confiança fundações públicas de quaisquer dos três Poderes dar-se-á exclusi-
existentes nos órgãos ou entidades da administração pública direta vamente na forma do regime jurídico instituído pela presente Lei.
e das autarquias, passam a ser regidos por esta Lei. Art. 315 - Fica garantido ao ocupante do emprego público na
Art. 305 - A movimentação dos saldos das contas dos servido- administração estadual, na data da publicação desta Lei, o direito
res públicos optantes pelo Fundo de Garantia por Tempo de Ser- contar esse tempo de serviço para efeito da concessão do adicio-
viço – FGTS – bem assim a das contas dos servidores públicos não nal de assiduidade ou de férias-prêmio, previstas nos art.108 e 118,
optantes, obedecerá ao que dispuser a legislação federal, inclusive se vier ocupar cargo público efetivo. (Dispositivo incluído pela Lei
no tocante ao recolhimento das contribuições pertinentes e demais Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996).
obrigações do Estado. Parágrafo único - Não será contado o tempo de serviço público
Art. 306 - O servidor público da administração direta e autár- em emprego público estadual já utilizado na aquisição de vantagem
quica do Estado, regido pela C.L.T. aposentado antes da vigência idêntico fundamento do adicional de assiduidade de férias-prêmio.
desta Lei, continuará submetido ao regime geral da previdência so- (Dispositivo incluído pela Lei Complementar nº 80, de 29 de feve-
cial a que se vinculava, para todos os efeitos legais. reiro de 1996).
Art. 307 - Até que sejam implantados os planos de carreiras e Art. 316 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 128,
de vencimentos a nomeação em caráter efetivo a que se refere o de 25 de setembro de 1998).
art. 12, dar-se-á também em cargo isolado. Art. 317 - As despesas decorrentes da execução desta Lei Com-
Art. 308 - Até que sejam expedidas as normas regulamenta- plementar correrão à conta das dotações orçamentárias próprias,
doras da presente, continuam em vigor as leis e os regulamentos que serão suplementadas, se necessário.(Dispositivo renumerado
existentes, excluídas as disposições que com esta conflitem. pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de 1996) (Disposi-
Parágrafo único - A composição da Comissão Permanente de tivo renumerado pela Lei Complementar nº 92, de 30 de dezembro
Inquérito Administrativo – COPIA – fica mantida, excepcionalmente, de 1996).
pelo prazo de cento e oitenta dias. (Prorrogação de prazo - ver Lei Art. 318 - Esta Lei Complementar entra em vigor na data de
Complementar nº 69, de 22 de dezembro de 1995). (Prorrogação de sua publicação. (Dispositivo renumerado pela Lei Complementar nº
prazo - ver Lei Complementar nº 106, de 16 de dezembro de 1997). 80, de 29 de fevereiro de 1996). (Dispositivo renumerado pela Lei
Art. 309 - Continuam em vigor as disposições específicas cons- Complementar nº 92, de 30 de dezembro de 1996).
tantes dos Estatutos dos Policiais Civis e do Magistério, que serão Art. 319 - Ficam revogadas as disposições em contrário, espe-
adequadas aos princípios ora estabelecidos, no prazo máximo de cialmente a Lei Complementar nº 3.200, de 30 de janeiro de 1978,
seis meses, a contar da vigência desta Lei. com suas alterações posteriores, como exclusão da Lei Complemen-
Art. 310 - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar nº 80, tar nº 16, de 10 de janeiro de 1992 e suas alterações. (Dispositivo
de 29 de fevereiro de 1996) renumerado pela Lei Complementar nº 80, de 29 de fevereiro de
Parágrafo único - (Dispositivo revogado pela Lei Complementar 1996). (Dispositivo renumerado pela Lei Complementar nº 92, de
nº 80, de 29 de fevereiro de 1996) 30 de dezembro de 1996).
Art. 311 - No prazo de até dezoito meses, o Poder Executivo en-
viará para exame da Assembléia Legislativa projeto de lei dispondo Ordeno, portanto, a todas as autoridades que a cumpram e a
sobre a compatibilização do sistema de seguridade e assistência so- façam cumprir como nela se contém.
cial ao servidor público do Estado, em face dos princípios e normas
constantes desta Lei Complementar. O Secretário de Estado da Justiça e da Cidadania faça publicá-
§ 1º - Fica garantida a participação paritária de representantes -la, imprimir e correr.
de servidores públicos na comissão encarregada de propor ao chefe
do Poder Executivo o projeto de lei a que se refere este artigo. Palácio Anchieta, em Vitória, 31 de janeiro de 1994.

221
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que beneficie o maior número de pessoas. Os códigos discorrem,
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO ainda, sobre as obrigações, regras, cuidados e cautelas que devem
ser observadas para cumprimento do objetivo maior que é o bem
A insatisfação com a conduta ética no serviço público é um fato comum, prestando serviço público de qualidade à população. Afi-
que vem sendo constantemente criticado pela sociedade brasilei- nal, esta última é quem alimenta a máquina governamental dos
ra. De modo geral, o país enfrenta o descrédito da opinião pública recursos financeiros necessários à prestação dos serviços públicos,
a respeito do comportamento dos administradores públicos e da através do pagamento dos tributos previstos na legislação brasilei-
classe política em todas as suas esferas: municipal, estadual e fede- ra – ressalta-se, aqui, a grande carga tributária imposta aos contri-
ral. A partir desse cenário, é natural que a expectativa da sociedade buintes brasileiros. Também, destaca-se nos códigos que a função
seja mais exigente com a conduta daqueles que desempenham ati- do servidor deve ser exercida com transparência, competência, se-
vidades no serviço e na gestão de bens públicos. riedade e compromisso com o bem estar da coletividade.
Para discorrer sobre o tema, é importante conceituar moral, Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envol-
moralidade e ética. A moral pode ser entendida como o conjunto vem interesses particulares, as quais, jamais, devem ser prioriza-
de regras consideradas válidas, de modo absoluto, para qualquer das em detrimento daquelas de interesses públicos, ainda mais se
tempo ou lugar, grupo ou pessoa determinada, ou, ainda, como a forem caracterizadas como situações ilícitas. Dentre as proibições
ciência dos costumes, a qual difere de país para país, sendo que, elencadas, tem-se o uso do cargo para obter favores, receber pre-
em nenhum lugar, permanece a mesma por muito tempo. Portan- sentes, prejudicar alguém através de perseguições por qualquer
to, observa-se que a moral é mutável, variando de acordo com o que seja o motivo, a utilização de informações sigilosas em proveito
desenvolvimento de cada sociedade. Em consequência, deste con- próprio e a rasura e alteração de documentos e processos. Todas
ceito, surgiria outro: o da moralidade, como a qualidade do que é elas evocam os princípios fundamentais da administração pública:
moral. A ética, no entanto, representaria uma abordagem sobre as legalidade, impessoalidade, publicidade e moralidade – este últi-
constantes morais, aquele conjunto de valores e costumes mais ou mo princípio intimamente ligado à ética no serviço público. Além
menos permanente no tempo e uniforme no espaço. A ética é a desses, também se podem destacar os princípios da igualdade e da
ciência da moral ou aquela que estuda o comportamento dos ho- probidade.
mens na sociedade. Criada pelo Presidente da República em maio de 2000, a Co-
A falta de ética, tão criticada pela sociedade, na condução do missão de Ética Pública entende que o aperfeiçoamento da conduta
serviço público por administradores e políticos, generaliza a todos, ética decorreria da explicitação de regras claras de comportamento
colocando-os no mesmo patamar, além de constituir-se em uma e do desenvolvimento de uma estratégia específica para a sua im-
visão imediatista. plementação. Na formulação dessa estratégia, a Comissão conside-
É certo que a crítica que a sociedade tem feito ao serviço pú- ra que é imprescindível levar em conta, como pressuposto, que a
blico, seja ela por causa das longas filas ou da morosidade no an- base do funcionalismo é estruturalmente sólida, pois deriva de va-
damento de processos, muitas vezes tem fundamento. Também, lores tradicionais da classe média, onde ele é recrutado. Portanto,
com referência ao gerenciamento dos recursos financeiros, têm-se qualquer iniciativa que parta do diagnóstico de que se está diante
notícia, em todas as esferas de governo, de denúncias sobre desvio de um problema endêmico de corrupção generalizada será inevita-
de verbas públicas, envolvendo administradores públicos e políti- velmente equivocada, injusta e contraproducente, pois alienaria o
cos em geral. funcionalismo do esforço de aperfeiçoamento que a sociedade está
A questão deveria ser conduzida com muita seriedade, porque a exigir. Afinal, não se poderia responsabilizar nem cobrar algo de
desfazer a imagem negativa do padrão ético do serviço público bra- alguém que sequer teve a oportunidade de conhecê-lo.
sileiro é tarefa das mais difíceis. Do ponto de vista da Comissão de Ética Pública, a repressão,
Refletindo sobre a questão, acredita-se que um alternativa, na prática, é quase sempre ineficaz. O ideal seria a prevenção,
para o governo, poderia ser a oferta à sociedade de ações educati- através de identificação e de tratamento específico, das áreas da
vas de boa qualidade, nas quais os indivíduos pudessem ter, desde administração pública em que ocorressem, com maior freqüência,
o início da sua formação, valores arraigados e trilhados na morali- condutas incompatíveis com o padrão ético almejado para o servi-
dade. Dessa forma, seriam garantidos aos mesmos, comportamen- ço público. Essa é uma tarefa complicada, que deveria ser iniciada
tos mais duradouros e interiorização de princípios éticos. pelo nível mais alto da administração, aqueles que detém poder
Outros caminhos seriam a repreensão e a repressão, e nesse decisório.
ponto há de se levar em consideração as leis punitivas e os diversos A Comissão defende que o administrador público deva ter Có-
códigos de ética de categorias profissionais e de servidores públi- digo de Conduta de linguagem simples e acessível, evitando termos
cos, os quais trazem severas penalidades aos maus administrado- jurídicos excessivamente técnicos, que norteie o seu comporta-
res. mento enquanto permanecer no cargo e o proteja de acusações in-
As leis, além de normatizarem determinado assunto, trazem, fundadas. E vai mais longe ao defender que, na ausência de regras
em seu conteúdo, penalidades de advertência, suspensão e reclu- claras e práticas de conduta, corre-se o risco de inibir o cidadão
são do servidor público que infringir dispositivos previstos na legis- honesto de aceitar cargo público de relevo. Além disso, afirma ser
lação vigente. Uma das mais comentadas na atualidade é a Lei de necessária a criação de mecanismo ágil de formulação dessas re-
Responsabilidade Fiscal, que estabelece normas de finanças públi- gras, assim como de sua difusão e fiscalização. Deveria existir uma
cas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. instância à qual os administradores públicos pudessem recorrer em
Já os códigos de ética trazem, em seu conteúdo, o conjunto de caso de dúvida e de apuração de transgressões, que seria, no caso,
normas a serem seguidas e as penalidades aplicáveis no caso do a Comissão de Ética Pública, como órgão de consulta da Presidência
não cumprimento das mesmas. Normalmente, os códigos lembram da República.
aos funcionários que estes devem agir com dignidade, decoro, zelo Diante dessas reflexões, a ética deveria ser considerada como
e eficácia, para preservar a honra do serviço público. Enfatizam um caminho no qual os indivíduos tivessem condições de escolha
que é dever do servidor ser cortês, atencioso, respeitoso com os livre e, nesse particular, é de grande importância a formação e as
usuários do serviço público. Também, é dever do servidor ser rápi-
informações recebidas por cada cidadão ao longo da vida.
do, assíduo, leal, correto e justo, escolhendo sempre aquela opção
A moralidade administrativa constitui-se, atualmente, num

222
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
pressuposto de validade de todo ato da administração pública. A dade. Ao contrário do que muitos pensam, o funcionalismo público
moral administrativa é imposta ao agente público para sua condu- e seus servidores devem primar pela questão da “impessoalidade”,
ta interna, segundo as exigências da instituição a que serve, e a deixando claro que o termo é sinônimo de “igualdade”, esta sim é a
finalidade de sua ação: o bem comum. O administrador público, questão chave e que eleva o serviço público a níveis tão ineficazes,
ao atuar, não poderia desprezar o elemento ético de sua conduta. não se preza pela igualdade. No ordenamento jurídico está claro e
A ética tem sido um dos mais trabalhados temas da atualidade, expresso, “todos são iguais perante a lei”.
porque se vem exigindo valores morais em todas as instâncias da E também a idéia de impessoalidade, supõe uma distinção
sociedade, sejam elas políticas, científicas ou econômicas. entre aquilo que é público e aquilo que é privada (no sentido do
É a preocupação da sociedade em delimitar legal e ilegal, moral interesse pessoal), que gera portanto o grande conflito entre os in-
e imoral, justo e injusto. Desse conflito é que se ergue a ética, tão teresses privados acima dos interesses públicos. Podemos verificar
discutida pelos filósofos de toda a história mundial. abertamente nos meios de comunicação, seja pelo rádio, televisão,
jornais e revistas, que este é um dos principais problemas que cer-
Mas afinal, o que é ética??? cam o setor público, afetando assim, a ética que deveria estar aci-
Contemporaneamente e de forma bastante usual, a palavra ma de seus interesses.
ética é mais compreendida como disciplina da área de filosofia e Não podemos falar de ética, impessoalidade (sinônimo de
que tem por objetivo a moral ou moralidade, os bons costumes, igualdade), sem falar de moralidade. Esta também é um dos prin-
o bom comportamento e a boa fé, inclusive. Por sua vez, a moral cipais valores que define a conduta ética, não só dos servidores
deveria estar intrinsecamente ligada ao comportamento humano, públicos, mas de qualquer indivíduo. Invocando novamente o or-
na mesma medida, em que está o seu caráter, personalidade, etc; denamento jurídico podemos identificar que a falta de respeito ao
presumindo portanto, que também a ética pode ser avaliada de padrão moral, implica portanto, numa violação dos direitos do ci-
maneira boa ou ruim, justa ou injusta, correta ou incorreta. dadão, comprometendo inclusive, a existência dos valores dos bons
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos enten- costumes em uma sociedade.
der esse conceito analisando certos comportamentos do nosso A falta de ética na Administração Publica encontra terreno fér-
dia a dia, quando nos referimos por exemplo, ao comportamen- til para se reproduzir , pois o comportamento de autoridades públi-
cas estão longe de se basearem em princípios éticos e isto ocorre
to de determinados profissionais podendo ser desde um médico,
devido a falta de preparo dos funcionários, cultura equivocada e
jornalista, advogado, administrador, um político e até mesmo um
especialmente, por falta de mecanismos de controle e responsabi-
professor; expressões como: ética médica, ética jornalística, ética
lização adequada dos atos anti-éticos.
administrativa e ética pública, são muito comuns.
A sociedade por sua vez, tem sua parcela de responsabilidade
Podemos verificar que a ética está diretamente relacionada ao
nesta situação, pois não se mobilizam para exercer os seus direitos
padrão de comportamento do indivíduo, dos profissionais e tam-
e impedir estes casos vergonhosos de abuso de poder por parte do
bém do político, como falamos anteriormente. O ser humano ela-
Pode Público. Um dos motivos para esta falta de mobilização social
borou as leis para orientar seu comportamento frente as nossas
se dá, devido á falta de uma cultura cidadã, ou seja, a sociedade
necessidades (direitos e obrigações) e em relação ao meio social,
não exerce sua cidadania. A cidadania Segundo Milton Santos “ é
entretanto, não é possível para a lei ditar nosso padrão de compor-
como uma lei”, isto é, ela existe mas precisa ser descoberta , apren-
tamento e é aí que entra outro ponto importante que é a cultura,
dida, utilizada e reclamada e só evolui através de processos de luta.
ficando claro que não a cultura no sentido de quantidade de conhe-
Essa evolução surge quando o cidadão adquire esse status, ou seja,
cimento adquirido, mas sim a qualidade na medida em que esta
quando passa a ter direitos sociais. A luta por esses direitos garante
pode ser usada em prol da função social, do bem estar e tudo mais
um padrão de vida mais decente. O Estado, por sua vez, tenta refre-
que diz respeito ao bem maior do ser humano, este sim é o ponto
ar os impulsos sociais e desrespeitar os indivíduos, nessas situações
fundamental, a essência, o ponto mais controverso quando trata-
a cidadania deve se valer contra ele, e imperar através de cada pes-
mos da questão ética na vida pública, á qual iremos nos aprofundar
soa. Porém Milton Santos questiona, se “há cidadão neste pais”?
um pouco mais, por se tratar do tema central dessa pesquisa.
Pois para ele desde o nascimento as pessoas herdam de seus pais
A questão da ética no serviço Público.
e ao longa da vida e também da sociedade, conceitos morais que
Quando falamos sobre ética pública, logo pensamos em cor-
vão sendo contestados posteriormente com a formação de idéias
rupção, extorsão, ineficiência, etc, mas na realidade o que devemos
de cada um, porém a maioria das pessoas não sabem se são ou não
ter como ponto de referência em relação ao serviço público, ou na
cidadãos.
vida pública em geral, é que seja fixado um padrão a partir do qual
A educação seria o mais forte instrumento na formação de ci-
possamos, em seguida julgar a atuação dos servidores públicos ou
dadão consciente para a construção de um futuro melhor.
daqueles que estiverem envolvidos na vida pública, entretanto não
No âmbito Administrativo, funcionários mal capacitados e sem
basta que haja padrão, tão somente, é necessário que esse padrão
princípios éticos que convivem todos os dias com mandos e des-
seja ético, acima de tudo .
mandos, atos desonestos, corrupção e falta de ética tendem a assi-
O fundamento que precisa ser compreendido é que os padrões
milar por este rol “cultural” de aproveitamento em beneficio pró-
éticos dos servidores públicos advêm de sua própria natureza, ou
prio. Se o Estado, que a principio deve impor a ordem e o respeito
seja, de caráter público, e sua relação com o público. A questão
como regra de conduta para uma sociedade civilizada, é o primeiro
da ética pública está diretamente relacionada aos princípios fun-
a evidenciar o ato imoral, vêem esta realidade como uma razão,
damentais, sendo estes comparados ao que chamamos no Direito,
desculpa ou oportunidade para salvar-se, e , assim sendo, através
de “Norma Fundamental”, uma norma hipotética com premissas
dos usos de sua atribuição publica.
ideológicas e que deve reger tudo mais o que estiver relacionado
A consciência ética, como a educação e a cultura são aprendi-
ao comportamento do ser humano em seu meio social, aliás, pode-
das pelo ser humano, assim, a ética na administração publica, pode
mos invocar a Constituição Federal. Esta ampara os valores morais
e deve ser desenvolvida junto aos agentes públicos ocasionando
da boa conduta, a boa fé acima de tudo, como princípios básicos
assim, uma mudança na administração publica que deve ser senti-
e essenciais a uma vida equilibrada do cidadão na sociedade, lem-
da pelo contribuinte que dela se utiliza diariamente, seja por meio
brando inclusive o tão citado, pelos gregos antigos, “bem viver”.
da simplificação de procedimentos, isto é, a rapidez de respostas
Outro ponto bastante controverso é a questão da impessoali-

223
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e qualidade dos serviços prestados, seja pela forma de agir e de particular.
contato entre o cidadão e os funcionários públicos. Esses interesses podem ser os desvios de verbas públicas, po-
A mudança que se deseja na Administração pública implica líticos que se beneficiam de programas e situações para ganhar vo-
numa gradativa, mas necessária “transformação cultura” dentro tos, produção de leis que vão contra os princípios da sociedade,
da estrutura organizacional da Administração Pública, isto é, uma corrupção, etc.
reavaliação e valorização das tradições, valores, hábitos, normas, As próprias leis possuem sanções e mecanismos que penalizam
etc, que nascem e se forma ao longo do tempo e que criam um servidores públicos que agem em desacordo com suas atividades,
determinado estilo de atuação no seio da organização. um exemplo é a Lei de Improbidade Administrativa.
Conclui-se, assim, que a improbidade e a falta de ética que
nascem nas máquinas administrativas devido ao terreno fértil en- Código de Ética dos Servidores Públicos
contrado devido à existência de governos autoritários, governos Os códigos de ética tanto o federal, quanto os municipais, são
regidos por políticos sem ética, sem critérios de justiça social e que, um conjunto de normas que dizem respeito a conduta dos servido-
mesmo após o advento de regimes democrático, continuam conta-
res dentro de seu serviço, além de penalidades a serem aplicadas
minados pelo “vírus” dos interesses escusos geralmente oriundos
pelo não cumprimento dessas normas. Ambos possuem uma Co-
de sociedades dominadas por situações de pobreza e injustiça so-
missão de Ética responsável por julgar os casos referentes à ética
cial, abala a confiança das instituições, prejudica a eficácia das orga-
no serviço público.
nizações, aumenta os custos, compromete o bom uso dos recursos
públicos e os resultados dos contratos firmados pela Administração Os códigos informam os princípios e deveres dos servidores
Pública e ainda castiga cada vez mais a sociedade que sofre com públicos como decoro, zelo, dignidade, eficácia e honra, além de
a pobreza, com a miséria, a falta de sistema de saúde, de esgoto, outras qualidades do servidor, suas obrigações que visam o bem
habitação, ocasionados pela falta de investimentos financeiros do estar da população, bem como as proibições e punições derivadas
Governo, porque os funcionários públicos priorizam seus interesses do serviço irregular de suas funções, que relembram os princípios
pessoais em detrimento dos interesses sociais. fundamentais da administração pública.
Essa situação vergonhosa só terá um fim no dia em que a so-
ciedade resolver lutar para exercer os seus direitos respondendo Código de Ética do Poder Executivo Federal
positivamente o questionamento feito por Milton Santos “HÁ CI- O Código de Ética dos Servidores Públicos Civil do Poder Execu-
DADÃOS NESTE PAÍS?” e poderemos responder em alto e bom som tivo Federal foi aprovado pelo decreto n° 1.171 de 22 de junho de
que “ SIM. Há cidadão neste pais. E somos todos brasileiros.”. 1994, destinado aos servidores públicos federais.
Finalizando, gostaríamos de destacar alguns pontos básicos, A Comissão de Ética Pública é um colegiado, criado em 1999 e
que baseado neste estudo, julgamos essenciais para a boa conduta, vinculado à Presidência da República, responsável por supervisio-
um padrão ético, impessoal e moralístico: nar e revisar as normas referentes a ética na Administração Pública
1. Podemos conceituar ética, também como sendo um padrão do Poder Executivo Federal.
de comportamento orientado pelos valores e princípio morais e da
dignidade humana. Veja os Princípios Gerais do Serviço Público
2. O ser humano possui diferentes valores e princípios e a - Os servidores públicos devem ser leais as suas Constituições,
“quantidade” de valores e princípios atribuídos, determinam a leis e princípios éticos acima dos interesses privados;
“qualidade” de um padrão de comportamento ético: Maior valor - Os servidores não poderão ter interesses financeiros que cau-
atribuído (bem), maior ética; Menor valor atribuído (bem), menor sem conflitos ao desempenho de sua atividade;
ética. - Os servidores deverão usar de sigilo, não utilizando informa-
3. A cultura e a ética estão intrinsecamente ligadas. Não nos ções governamentais para seu próprio interesse. Além disso não
referimos a palavra cultura como sendo a quantidade de conheci- poderão fazer promessas não autorizadas que comprometam o
mento adquirido, mas sim a qualidade na medida em que esta pode governo;
ser usada em prol da função social, do bem estar e tudo mais que - Os servidores deverão ser honestos no cumprimento de suas
diz respeito ao bem maior do ser humano . funções;
4. A falta de ética induz ao descumprimento das leis do orde- - Os servidores não poderão aceitar presente ou item de valor
namento jurídico. de qualquer pessoa ou instituição em busca de benefícios, nem rea-
lizar atividades não reguladas ou permitidas pelo órgão do servidor;
5. Em princípio as leis se baseiam nos princípios da dignidade
- Os servidores não poderão usar seu cargo para ganhos pri-
humana, dos bons costumes e da boa fé.
vados;
6. Maior impessoalidade (igualdade), maior moralidade = me-
- Os servidores devem agir com imparcialidade e não devem
lhor padrão de ética.
dar tratamento diferenciado a nenhuma organização individual ou
privada;
Ética do Servidor Público - Os servidores deverão proteger e conservar o patrimônio do
Os servidores públicos são profissionais que possuem um vín- Estado, não os utilizando para fins não autorizados;
culo de trabalho profissional com órgãos e entidades do governo. - Os servidores deverão confessar fraudes, corrupção, desper-
Dentro do setor público, todas as atividades do governo afe- dícios e abusos as autoridades responsáveis.
tam a vida de um país. Por isso, é necessário que os servidores apli- - Os servidores deverão de boa fé satisfazer suas obrigações de
quem os valores éticos para que os cidadãos possam acreditar na cidadãos, incluindo obrigações financeiras;
eficiência dos serviços públicos. - Os servidores deverão apoiar todos os regulamentos e leis
Existem normas de conduta que norteiam o comportamento que asseguram oportunidades iguais para todos;
do servidor, dentre elas estão os códigos de ética municipais e o - Os servidores deverão evitar toda a ação que crie a aparência
Código de Ética da Administração do Poder Executivo Federal. As- de que estão violando as leis ou normas éticas.3
sim, é missão deles serem leais aos princípios éticos e as leis acima
3 Fonte: www.codigo-de-etica.info/www.direitonet.com.br/www.portal.meto-
das vantagens financeiras do cargo e ou qualquer outro interesse
dista.br

224
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
COMPORTAMENTO PROFISSIONAL Tentar desenvolver esses valores e colocá-los em prática no seu
O modo como você age no dia a dia determina quem você é emprego é uma forma de atingir esse equilíbrio e consequente-
e ainda estabelece o que as pessoas ao seu redor podem pensar mente o sucesso em todas as esferas da vida.
ao seu respeito. Não estou falando apenas de pontos isolados ou
somente do seu lado pessoal. O conjunto formado a partir das Como ter atitudes adequadas
suas características pessoais e das atitudes tomadas no seu am- Uma sequência de comportamentos pode formar a definição
biente de trabalho, por exemplo, determina qual é a sua postura que as outras pessoas do trabalho têm a seu respeito. Selecionei
profissional. algumas das principais atitudes interessantes para fazer e não
fazer em um ambiente profissional. Veja:
Um profissional com ótima formação, diversas habilidades téc- • Estudar e se informar sobre sua área e o mercado de tra-
nicas e boa experiência: esse certamente é o perfil de colaborador balho. Evoluir constantemente faz parte de um ser humano que
que toda empresa procura. No entanto, isso pode não ser o sufi- deseja ser melhor todos os dias.
ciente para conquistar a vaga dos sonhos. Afinal, os empregadores • Ler bastante e seja capaz de desenvolver satisfatoriamen-
também buscam outros valores importantes, como um comporta- te uma conversa com ideias e perguntas construtivas.
mento profissional exemplar. Comprometimento, respeito e cola- • Demonstrar interesse em progredir, pois oportunidades
boração são, por exemplo, alguns fatores que as companhias têm podem surgir e você poderá ser beneficiado caso se esforce.
observado na hora de contratar novos funcionários. • Manter boas relações interpessoais com os colegas. Não
precisa ser melhor amigo, apenas ser educado e solidário com to-
Principais valores analisados pelas organizações dos, sem preconceitos.
Cada vez mais as empresas têm procurado por profissionais • Não falar mal da empresa para colegas ou em redes so-
colaborativos, ou seja, indivíduos capazes de ir além para alcançar ciais dentro ou fora do horário de trabalho. Lembre-se de que mes-
objetivos e metas e para ter um bom relacionamento dentro do mo os perfis públicos podem ser acessados por pessoas especializa-
ambiente de trabalho. Num processo seletivo, essa característica das seja qual forem suas configurações de privacidade.
não elimina deficiências de formação, mas garante pontos positivos • Se a empresa em que você trabalha permite que você na-
para a carreira profissional do candidato. vegue em sites ou redes sociais que não estão relacionadas ao seu
Os valores que os empregadores procuram são simples, veja escopo, faça isso com moderação;
alguns deles: • Não atender telefonemas pessoais com frequência.
• Sempre cumprir com os prazos e os horários. Entregue
Respeito seus documentos nos dias certos e procure chegar alguns minutos
É a principal característica analisada, já que algumas pessoas antes das reuniões começarem. Em caso de atrasos, avise as pes-
tendem a subjugar outros funcionários e a tratá-los de forma des- soas envolvidas para não causar transtornos aos seus colegas de
respeitosa quando assumem um cargo mais elevado, criando um trabalho. E, é claro, tenha uma justificativa honesta.
ambiente de trabalho ruim e desmotivador para os colegas. • Saber esperar as pessoas concluírem as ideias para depois
expor as suas. Não atropele a fala dos outros para não ser atrope-
Cooperação lado também.
O que se espera de qualquer funcionário dentro de uma em- • Escutar com atenção e tranquilidade todas as opiniões
presa é que ele cumpra com suas tarefas. Entretanto, algumas sem levantar polêmicas ou conflitos desnecessários. Isso sim é es-
pessoas podem encontrar maior dificuldade em determinadas ati- cuta ativa!
vidades, por isso, quem demonstra disposição em contribuir com • Ficar atento às regras gramaticais da língua portuguesa
o colega é bem-visto pelas empresas. Afinal, são esses gestos mais em e-mails e documentos. Gafes demonstram falta de atenção ou
humanos que tornam o cotidiano menos pesado e colaboram para de leitura.
o desenvolvimento pessoal e profissional do indivíduo. • Saber identificar quais brincadeiras são saudáveis, o mo-
mento propício de fazê-la e quem é receptível a elas para evitar
Humildade constrangimentos. Ninguém merece aquelas piadas preconceituo-
sas com cor, orientação sexual, classe social ou identidade de gêne-
Ninguém nasce sabendo tudo, mas algumas pessoas simples- ro. Na dúvida, não faça a brincadeira!
mente não conseguem reconhecer isso. Assim, tornam-se arrogan-
tes e passam a acreditar que não precisam de mais nada e de mais Como você pode perceber, essas são dicas básicas de como se
ninguém. Ser humilde é ter a consciência de que nunca se tem todo comportar dentro de um ambiente de trabalho e, é claro, na so-
o conhecimento necessário e que é preciso buscar melhorar sem- ciedade. Não estou falando apenas de uma seção de julgamentos
pre. Esse tipo de colaborador consegue evoluir constantemente e infundados que as pessoas ao seu redor podem fazer a seu respei-
sabe identificar com mais facilidade as habilidades dos outros. to, mas de você dentro de um contexto profissional. O respeito às
outras pessoas, a dedicação aos seu ofício e a sua força de vonta-
Organização de em querer evoluir diariamente são essenciais.
Não adianta ter todas as características citadas e ser uma óti- Ressalta-se ainda que, em se tratando de servidor público, fun-
ma pessoa no trabalho, se você não consegue ser organizado. Isso damental é que este tenha um comportamento adequadamente
impede que as tarefas fluam no dia a dia, e pode prejudicar tanto o inserido no contexto ético, como vimos nos tópicos anteriores, sen-
seu rendimento quanto o dos colegas. do este, um dever colocado para este profissional.4
Especialistas indicam que, para ser uma pessoa bem-sucedida,
o desenvolvimento profissional e pessoal devem caminhar juntos.

Valores para o trabalho e para a vida


Especialistas indicam que, para ser uma pessoa bem-sucedida,
o desenvolvimento profissional e pessoal devem caminhar juntos.
4 Fonte: www.sbcoaching.com.br

225
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IX - uso comedido e proporcional da força;
SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA X - proteção da vida, do patrimônio e do meio ambiente;
XI - publicidade das informações não sigilosas;
LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018. XII - promoção da produção de conhecimento sobre segurança
pública;
Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos res- XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e financeiros
ponsáveis pela segurança pública, nos termos do § 7º do art. 144 das instituições;
da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pú- XIV - simplicidade, informalidade, economia procedimental e
blica e Defesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segu- celeridade no serviço prestado à sociedade;
rança Pública (Susp); altera a Lei Complementar nº 79, de 7 de XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes;
janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei XVI - transparência, responsabilização e prestação de contas.
nº 11.530, de 24 de outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei
nº 12.681, de 4 de julho de 2012. SEÇÃO III
DAS DIRETRIZES
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5º São diretrizes da PNSPDS:
I - atendimento imediato ao cidadão;
CAPÍTULO I II - planejamento estratégico e sistêmico;
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES III - fortalecimento das ações de prevenção e resolução pacífica
de conflitos, priorizando políticas de redução da letalidade violenta,
Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública com ênfase para os grupos vulneráveis;
(Susp) e cria a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Distrito
(PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da Federal e os Municípios em ações de segurança pública e políticas
incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação transversais para a preservação da vida, do meio ambiente e da dig-
conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de seguran-
nidade da pessoa humana;
ça pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal
V - coordenação, cooperação e colaboração dos órgãos e insti-
e dos Municípios, em articulação com a sociedade.
tuições de segurança pública nas fases de planejamento, execução,
Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e responsabilida-
monitoramento e avaliação das ações, respeitando-se as respecti-
de de todos, compreendendo a União, os Estados, o Distrito Federal
vas atribuições legais e promovendo-se a racionalização de meios
e os Munícipios, no âmbito das competências e atribuições legais
com base nas melhores práticas;
de cada um.
VI - formação e capacitação continuada e qualificada dos pro-
CAPÍTULO II
fissionais de segurança pública, em consonância com a matriz cur-
DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA
ricular nacional;
SOCIAL (PNSPDS)
VII - fortalecimento das instituições de segurança pública por
SEÇÃO I
meio de investimentos e do desenvolvimento de projetos estrutu-
DA COMPETÊNCIA PARA ESTABELECIMENTO DAS POLÍTICAS
rantes e de inovação tecnológica;
DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
VIII - sistematização e compartilhamento das informações de
segurança pública, prisionais e sobre drogas, em âmbito nacional;
Art. 3º Compete à União estabelecer a Política Nacional de Se-
IX - atuação com base em pesquisas, estudos e diagnósticos
gurança Pública e Defesa Social (PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito
em áreas de interesse da segurança pública;
Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas, ob-
X - atendimento prioritário, qualificado e humanizado às pes-
servadas as diretrizes da política nacional, especialmente para aná-
soas em situação de vulnerabilidade;
lise e enfrentamento dos riscos à harmonia da convivência social,
XI - padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia
com destaque às situações de emergência e aos crimes interesta- e de equipamentos de interesse da segurança pública;
duais e transnacionais. XII - ênfase nas ações de policiamento de proximidade, com
foco na resolução de problemas;
SEÇÃO II XIII - modernização do sistema e da legislação de acordo com
DOS PRINCÍPIOS a evolução social;
XIV - participação social nas questões de segurança pública;
Art. 4º São princípios da PNSPDS: XV - integração entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judici-
I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e garantias ário no aprimoramento e na aplicação da legislação penal;
individuais e coletivos; XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Público
II - proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais e da Defensoria Pública na elaboração de estratégias e metas para
de segurança pública; alcançar os objetivos desta Política;
III - proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos fun- XVII - fomento de políticas públicas voltadas à reinserção social
damentais e promoção da cidadania e da dignidade da pessoa hu- dos egressos do sistema prisional;
mana; XVIII - (VETADO);
IV - eficiência na prevenção e no controle das infrações penais; XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e projetos
V - eficiência na repressão e na apuração das infrações penais; com foco na promoção da cultura de paz, na segurança comunitária
VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em situa- e na integração das políticas de segurança com as políticas sociais
ções de emergência e desastres que afetam a vida, o patrimônio e existentes em outros órgãos e entidades não pertencentes ao siste-
o meio ambiente; ma de segurança pública;
VII - participação e controle social; XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios técnicos;
VIII - resolução pacífica de conflitos;

226
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XXI - deontologia policial e de bombeiro militar comuns, res- gurança pública e os integrantes do sistema judiciário para a cons-
peitados os regimes jurídicos e as peculiaridades de cada institui- trução das estratégias e o desenvolvimento das ações necessárias
ção; ao alcance das metas estabelecidas;
XXII - unidade de registro de ocorrência policial; XX - estimular a concessão de medidas protetivas em favor de
XXIII - uso de sistema integrado de informações e dados ele- pessoas em situação de vulnerabilidade;
trônicos; XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção dos agen-
XXIV – (VETADO); tes públicos que compõem o sistema nacional de segurança pública
XXV - incentivo à designação de servidores da carreira para e de seus familiares;
os cargos de chefia, levando em consideração a graduação, a capa- XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução e o moni-
citação, o mérito e a experiência do servidor na atividade policial toramento de ações nas áreas de valorização profissional, de saúde,
específica; de qualidade de vida e de segurança dos servidores que compõem
XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos com agên- o sistema nacional de segurança pública;
cias de vigilância privada, respeitada a lei de licitações. XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade violenta;
XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de crimes he-
SEÇÃO IV diondos e de homicídios;
DOS OBJETIVOS XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo e
munições, com vistas à redução da violência armada;
Art. 6º São objetivos da PNSPDS: XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos crimes
I - fomentar a integração em ações estratégicas e operacionais, cibernéticos.
em atividades de inteligência de segurança pública e em gerencia- Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos direcionarão a for-
mento de crises e incidentes; mulação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social,
II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública e da inco- documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os indicado-
lumidade das pessoas, do patrimônio, do meio ambiente e de bens res e as ações para o alcance desses objetivos.
e direitos;
III - incentivar medidas para a modernização de equipamentos, SEÇÃO V
da investigação e da perícia e para a padronização de tecnologia dos DAS ESTRATÉGIAS
órgãos e das instituições de segurança pública;
IV - estimular e apoiar a realização de ações de prevenção à Art. 7º A PNSPDS será implementada por estratégias que garan-
violência e à criminalidade, com prioridade para aquelas relacio- tam integração, coordenação e cooperação federativa, interopera-
nadas à letalidade da população jovem negra, das mulheres e de bilidade, liderança situacional, modernização da gestão das institui-
outros grupos vulneráveis; ções de segurança pública, valorização e proteção dos profissionais,
V - promover a participação social nos Conselhos de segurança complementaridade, dotação de recursos humanos, diagnóstico
pública; dos problemas a serem enfrentados, excelência técnica, avaliação
VI - estimular a produção e a publicação de estudos e diagnós- continuada dos resultados e garantia da regularidade orçamentária
ticos para a formulação e a avaliação de políticas públicas; para execução de planos e programas de segurança pública.
VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de segurança
pública; SEÇÃO VI
VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, controle e DOS MEIOS E INSTRUMENTOS
fiscalização para a repressão aos crimes transfronteiriços;
IX - estimular o intercâmbio de informações de inteligência de Art. 8º São meios e instrumentos para a implementação da
segurança pública com instituições estrangeiras congêneres; PNSPDS:
X - integrar e compartilhar as informações de segurança públi- I - os planos de segurança pública e defesa social;
ca, prisionais e sobre drogas; II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Seguran-
XI - estimular a padronização da formação, da capacitação e ça Pública e Defesa Social, que inclui:
da qualificação dos profissionais de segurança pública, respeitadas a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das
as especificidades e as diversidades regionais, em consonância com Políticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped);
esta Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal; b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública,
XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do cumpri- Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material
mento de medidas restritivas de direito e de penas alternativas à Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp); (Redação dada pela Lei
prisão; nº 13.756, de 2018)
XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de cumprimen- c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional
to de pena restritiva de liberdade em relação à gravidade dos cri- (Sievap);
mes cometidos; d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Re-
XIV - (VETADO); naesp);
XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e outros e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissio-
ambientes de encarceramento; nais de Segurança Pública (Pró-Vida);
XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações sobre a políti- III - (VETADO);
ca de enfrentamento às drogas e de redução de danos relacionados IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jo-
aos seus usuários e aos grupos sociais com os quais convivem; vens;
XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao crime V - os mecanismos formados por órgãos de prevenção e con-
organizado e à corrupção; trole de atos ilícitos contra a Administração Pública e referentes a
XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de avalia- ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.
ção das ações implementadas;
XIX - promover uma relação colaborativa entre os órgãos de se- CAPÍTULO III

227
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA a organizações criminosas.
SEÇÃO I § 3º O planejamento e a coordenação das operações referidas
DA COMP OSIÇÃO DO SISTEMA no § 2º deste artigo serão exercidos conjuntamente pelos partici-
pantes.
Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segurança Pública § 4º O compartilhamento de informações será feito preferen-
(Susp), que tem como órgão central o Ministério Extraordinário da cialmente por meio eletrônico, com acesso recíproco aos bancos de
Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de que trata o art. dados, nos termos estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da
144 da Constituição Federal , pelos agentes penitenciários, pelas Segurança Pública.
guardas municipais e pelos demais integrantes estratégicos e ope- § 5º O intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos
racionais, que atuarão nos limites de suas competências, de forma para qualificação dos profissionais de segurança pública e defesa
cooperativa, sistêmica e harmônica. social dar-se-á, entre outras formas, pela reciprocidade na abertura
§ 1º São integrantes estratégicos do Susp: de vagas nos cursos de especialização, aperfeiçoamento e estudos
I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por estratégicos, respeitadas as peculiaridades e o regime jurídico de
intermédio dos respectivos Poderes Executivos; cada instituição, e observada, sempre que possível, a matriz curri-
II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três cular nacional.
entes federados. Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública fi-
§ 2º São integrantes operacionais do Susp: xará, anualmente, metas de excelência no âmbito das respectivas
I - polícia federal; competências, visando à prevenção e à repressão das infrações pe-
II - polícia rodoviária federal; nais e administrativas e à prevenção dos desastres, e utilizará indi-
III – (VETADO); cadores públicos que demonstrem de forma objetiva os resultados
IV - polícias civis; pretendidos.
V - polícias militares; Art. 12 . A aferição anual de metas deverá observar os seguin-
VI - corpos de bombeiros militares; tes parâmetros:
VII - guardas municipais; I - as atividades de polícia judiciária e de apuração das infra-
VIII - órgãos do sistema penitenciário; ções penais serão aferidas, entre outros fatores, pelos índices de
IX - (VETADO); elucidação dos delitos, a partir dos registros de ocorrências poli-
X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identi- ciais, especialmente os de crimes dolosos com resultado em morte
ficação; e de roubo, pela identificação, prisão dos autores e cumprimento
XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); de mandados de prisão de condenados a crimes com penas de re-
XII - secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres; clusão, e pela recuperação do produto de crime em determinada
XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec); circunscrição;
XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad); II - as atividades periciais serão aferidas mediante critérios
XV - agentes de trânsito; técnicos emitidos pelo órgão responsável pela coordenação das
XVI - guarda portuária. perícias oficiais, considerando os laudos periciais e o resultado na
§ 3º (VETADO). produção qualificada das provas relevantes à instrução criminal;
§ 4º Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão res- III - as atividades de polícia ostensiva e de preservação da
ponsáveis pela implementação dos respectivos programas, ações ordem pública serão aferidas, entre outros fatores, pela maior ou
e projetos de segurança pública, com liberdade de organização e menor incidência de infrações penais e administrativas em deter-
funcionamento, respeitado o disposto nesta Lei. minada área, seguindo os parâmetros do Sinesp;
IV - as atividades dos corpos de bombeiros militares serão afe-
SEÇÃO II ridas, entre outros fatores, pelas ações de prevenção, preparação
DO FUNCIONAMENTO para emergências e desastres, índices de tempo de resposta aos
desastres e de recuperação de locais atingidos, considerando-se
Art. 10. A integração e a coordenação dos órgãos integrantes áreas determinadas;
do Susp dar-se-ão nos limites das respectivas competências, por V - a eficiência do sistema prisional será aferida com base nos
meio de: seguintes fatores, entre outros:
I - operações com planejamento e execução integrados; a) o número de vagas ofertadas no sistema;
II - estratégias comuns para atuação na prevenção e no contro- b) a relação existente entre o número de presos e a quantidade
le qualificado de infrações penais; de vagas ofertadas;
III - aceitação mútua de registro de ocorrência policial; c) o índice de reiteração criminal dos egressos;
IV - compartilhamento de informações, inclusive com o Siste- d) a quantidade de presos condenados atendidos de acordo
ma Brasileiro de Inteligência (Sisbin); com os parâmetros estabelecidos pelos incisos do caput deste arti-
V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos; go, com observância de critérios objetivos e transparentes.
VI - integração das informações e dos dados de segurança pú- § 1º A aferição considerará aspectos relativos à estrutura de
blica por meio do Sinesp. trabalho físico e de equipamentos, bem como de efetivo.
§ 1º O Susp será coordenado pelo Ministério Extraordinário da § 2º A aferição de que trata o inciso I do caput deste artigo de-
Segurança Pública. verá distinguir as autorias definidas em razão de prisão em flagrante
§ 2º As operações combinadas, planejadas e desencadeadas das autorias resultantes de diligências investigatórias.
em equipe poderão ser ostensivas, investigativas, de inteligência ou Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública, res-
mistas, e contar com a participação de órgãos integrantes do Susp ponsável pela gestão do Susp, deverá orientar e acompanhar as
e, nos limites de suas competências, com o Sisbin e outros órgãos atividades dos órgãos integrados ao Sistema, além de promover as
dos sistemas federal, estadual, distrital ou municipal, não necessa- seguintes ações:
riamente vinculados diretamente aos órgãos de segurança pública I - apoiar os programas de aparelhamento e modernização dos
e defesa social, especialmente quando se tratar de enfrentamento órgãos de segurança pública e defesa social do País;

228
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - implementar, manter e expandir, observadas as restrições dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
previstas em lei quanto a sigilo, o Sistema Nacional de Informações § 2º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social con-
e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social; gregarão representantes com poder de decisão dentro de suas
III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e opera- estruturas governamentais e terão natureza de colegiado, com
cionais entre os órgãos policiais federais, estaduais, distrital e as competência consultiva, sugestiva e de acompanhamento social
guardas municipais; das atividades de segurança pública e defesa social, respeitadas as
IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcional dos instâncias decisórias e as normas de organização da Administração
institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação, Pública.
garantindo-lhes condições plenas para o exercício de suas funções; § 3º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social exerce-
V - promover a qualificação profissional dos integrantes da se- rão o acompanhamento das instituições referidas no § 2º do art. 9º
gurança pública e defesa social, especialmente nas dimensões ope- desta Lei e poderão recomendar providências legais às autoridades
racional, ética e técnico-científica; competentes.
VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar dados e § 4º O acompanhamento de que trata o § 3º deste artigo con-
informações estatísticas sobre criminalidade e vitimização; siderará, entre outros, os seguintes aspectos:
VII - coordenar as atividades de inteligência da segurança pú- I - as condições de trabalho, a valorização e o respeito pela
blica e defesa social integradas ao Sisbin; integridade física e moral dos seus integrantes;
VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial. II - o atingimento das metas previstas nesta Lei;
Art. 14. É de responsabilidade do Ministério Extraordinário da III - o resultado célere na apuração das denúncias em tramita-
Segurança Pública: ção nas respectivas corregedorias;
I - disponibilizar sistema padronizado, inf­ormatizado e seguro IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do órgão pela
que permita o intercâmbio de informações entre os integrantes do população por ele atendida.
Susp; § 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes para as políticas
II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura tecnológica públicas de segurança pública e defesa social, com vistas à preven-
e a segurança dos processos, das redes e dos sistemas; ção e à repressão da violência e da criminalidade.
§ 6º A organização, o funcionamento e as demais competên-
III - estabelecer cronograma para adequação dos integrantes
cias dos Conselhos serão regulamentados por ato do Poder Executi-
do Susp às normas e aos procedimentos de funcionamento do Sis-
vo, nos limites estabelecidos por esta Lei.
tema.
§ 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais de Segu-
Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o Distrito Federal
rança Pública e Defesa Social, que contarão também com represen-
e os Municípios, quando não dispuserem de condições técnicas e
tantes da sociedade civil organizada e de representantes dos traba-
operacionais necessárias à implementação do Susp.
lhadores, poderão ser descentralizados ou congregados por região
Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp poderão atuar em vias
para melhor atuação e intercâmbio comunitário.
urbanas, rodovias, terminais rodoviários, ferrovias e hidrovias fe-
derais, estaduais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, no
SEÇÃO II
âmbito das respectivas competências, em efetiva integração com o
DOS CONSELHEIROS
órgão cujo local de atuação esteja sob sua circunscrição, ressalvado
o sigilo das investigações policiais.
Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios de aplicação de Art. 21. Os Conselhos serão compostos por:
recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) e do Fun- I - representantes de cada órgão ou entidade integrante do
do Penitenciário Nacional (Funpen), respeitando-se a atribuição Susp;
constitucional dos órgãos que integram o Susp, os aspectos geográ- II - representante do Poder Judiciário;
ficos, populacionais e socioeconômicos dos entes federados, bem III - representante do Ministério Público;
como o estabelecimento de metas e resultados a serem alcançados. IV - representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os órgãos inte- V - representante da Defensoria Pública;
grantes do Susp terão por objetivo a eficácia de suas atividades e VI - representantes de entidades e organizações da sociedade
obedecerão a critérios técnicos de qualidade, modernidade, efici- cuja finalidade esteja relacionada com políticas de segurança públi-
ência e resistência, observadas as normas de licitação e contratos. ca e defesa social;
Parágrafo único. (VETADO). VII - representantes de entidades de profissionais de seguran-
ça pública.
CAPÍTULO IV § 1º Os representantes das entidades e organizações referidas
DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL nos incisos VI e VII do caput deste artigo serão eleitos por meio de
SEÇÃO I processo aberto a todas as entidades e organizações cuja finalidade
DA COMPOSIÇÃO seja relacionada com as políticas de segurança pública, conforme
convocação pública e critérios objetivos previamente definidos pe-
Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á pela formação de los Conselhos.
Conselhos permanentes a serem criados na forma do art. 21 desta § 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que substituirá o
Lei. titular em sua ausência.
Art. 20. Serão criados Conselhos de Segurança Pública e Defesa § 3º Os mandatos eletivos dos membros referidos nos incisos
Social, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos VI e VII do caput deste artigo e a designação dos demais membros
Municípios, mediante proposta dos chefes dos Poderes Executivos,
terão a duração de 2 (dois) anos, permitida apenas uma recondução
encaminhadas aos respectivos Poderes Legislativos.
ou reeleição.
§ 1º O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa So-
§ 4º Na ausência de representantes dos órgãos ou entidades
cial, com atribuições, funcionamento e composição estabelecidos
referidos no caput deste artigo, aplica-se o disposto no § 7º do art.
em regulamento, terá a participação de representantes da União,
20 desta Lei.

229
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
jetos dos órgãos e entidades públicas e privadas nas áreas de saúde,
CAPÍTULO V planejamento familiar, educação, trabalho, assistência social, pre-
DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E vidência social, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção da
DEFESA SOCIAL criminalidade e à prevenção de desastres;
SEÇÃO I III - viabilizar ampla participação social na formulação, na im-
DOS PLANOS plementação e na avaliação das políticas de segurança pública e
defesa social;
Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de Segurança Pública IV - desenvolver programas, ações, atividades e projetos ar-
e Defesa Social, destinado a articular as ações do poder público, ticulados com os estabelecimentos de ensino, com a sociedade e
com a finalidade de: com a família para a prevenção da criminalidade e a prevenção de
I - promover a melhora da qualidade da gestão das políticas desastres;
sobre segurança pública e defesa social; V - incentivar a inclusão das disciplinas de prevenção da vio-
II - contribuir para a organização dos Conselhos de Segurança lência e de prevenção de desastres nos conteúdos curriculares dos
Pública e Defesa Social; diversos níveis de ensino;
III - assegurar a produção de conhecimento no tema, a defini- VI - ampliar as alternativas de inserção econômica e social dos
ção de metas e a avaliação dos resultados das políticas de seguran- egressos do sistema prisional, promovendo programas que priori-
ça pública e defesa social; zem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissional;
IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de segurança VII - garantir a efetividade dos programas, ações, atividades e
interna nas divisas, fronteiras, portos e aeroportos. projetos das políticas de segurança pública e defesa social;
§ 1º As políticas públicas de segurança não se restringem aos VIII - promover o monitoramento e a avaliação das políticas de
integrantes do Susp, pois devem considerar um contexto social segurança pública e defesa social;
amplo, com abrangência de outras áreas do serviço público, como IX - fomentar a criação de grupos de estudos formados por
educação, saúde, lazer e cultura, respeitadas as atribuições e as fi- agentes públicos dos órgãos integrantes do Susp, professores e pes-
nalidades de cada área do serviço público. quisadores, para produção de conhecimento e reflexão sobre o fe-
nômeno da criminalidade, com o apoio e a coordenação dos órgãos
§ 2º O Plano de que trata o caput deste artigo terá duração de
públicos de cada unidade da Federação;
10 (dez) anos a contar de sua publicação.
X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto dos inte-
§ 3º As ações de prevenção à criminalidade devem ser consi-
grantes do Susp;
deradas prioritárias na elaboração do Plano de que trata o caput
XI - garantir o planejamento e a execução de políticas de segu-
deste artigo.
rança pública e defesa social;
§ 4º A União, por intermédio do Ministério Extraordinário da
XII - fomentar estudos de planejamento urbano para que me-
Segurança Pública, deverá elaborar os objetivos, as ações estraté-
didas de prevenção da criminalidade façam parte do plano diretor
gicas, as metas, as prioridades, os indicadores e as formas de fi-
das cidades, de forma a estimular, entre outras ações, o reforço na
nanciamento e gestão das Políticas de Segurança Pública e Defesa
iluminação pública e a verificação de pessoas e de famílias em situ-
Social.
ação de risco social e criminal.
§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão,
com base no Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social,
SEÇÃO III
elaborar e implantar seus planos correspondentes em até 2 (dois)
DAS METAS PARA ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DAS
anos a partir da publicação do documento nacional, sob pena de
POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
não poderem receber recursos da União para a execução de progra-
mas ou ações de segurança pública e defesa social.
Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, metas de
§ 6º O poder público deverá dar ampla divulgação ao conteúdo
excelência no âmbito das respectivas competências, visando à pre-
das Políticas e dos Planos de segurança pública e defesa social.
venção e à repressão de infrações penais e administrativas e à pre-
Art. 23. A União, em articulação com os Estados, o Distrito
venção de desastres, que tenham como finalidade:
Federal e os Municípios, realizará avaliações anuais sobre a imple-
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar
mentação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social,
as atividades de educação gerencial, técnica e operacional, em coo-
com o objetivo de verificar o cumprimento das metas estabelecidas
peração com as unidades da Federação;
e elaborar recomendações aos gestores e operadores das políticas
II - apoiar e promover educação qualificada, continuada e in-
públicas.
tegrada;
Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano Nacional de
III - identificar e propor novas metodologias e técnicas de edu-
Segurança Pública e Defesa Social realizar-se-á no segundo ano de
cação voltadas ao aprimoramento de suas atividades;
vigência desta Lei, cabendo ao Poder Legislativo Federal acompa-
IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissio-
nhá-la.
nal;
V - apoiar e promover o sistema de saúde para os profissionais
SEÇÃO II
de segurança pública e defesa social;
DAS DIRETRIZES GERAIS
VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os profissio-
nais de segurança pública e defesa social.
Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as seguintes di-
retrizes na elaboração e na execução dos planos:
SEÇÃO IV
I - adotar estratégias de articulação entre órgãos públicos, en-
DA COOPERAÇÃO, DA INTEGRAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO
tidades privadas, corporações policiais e organismos internacionais,
HARMÔNICO DOS MEMBROS DO SUSP
a fim de implantar parcerias para a execução de políticas de segu-
rança pública e defesa social;
Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o Sistema Nacional de
II - realizar a integração de programas, ações, atividades e pro-

230
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e global e integrada das instalações físicas, relações institucionais,
Defesa Social (Sinaped), com os seguintes objetivos: compromisso social, atividades e finalidades das corporações;
I - contribuir para organização e integração dos membros do III - a análise global e integrada dos diagnósticos, estruturas,
Susp, dos projetos das políticas de segurança pública e defesa social compromissos, finalidades e resultados das políticas de segurança
e dos respectivos diagnósticos, planos de ação, resultados e avalia- pública e defesa social;
ções; IV - o caráter público de todos os procedimentos, dados e re-
II - assegurar o conhecimento sobre os programas, ações e sultados dos processos de avaliação.
atividades e promover a melhora da qualidade da gestão dos pro- Art. 32. A avaliação dos objetivos e das metas do Plano Na-
gramas, ações, atividades e projetos de segurança pública e defesa cional de Segurança Pública e Defesa Social será coordenada por
social; comissão permanente e realizada por comissões temporárias, essas
III - garantir que as políticas de segurança pública e defesa so- compostas, no mínimo, por 3 (três) membros, na forma do regula-
cial abranjam, no mínimo, o adequado diagnóstico, a gestão e os re- mento próprio.
sultados das políticas e dos programas de prevenção e de controle Parágrafo único. É vedado à comissão permanente designar
da violência, com o objetivo de verificar: avaliadores que sejam titulares ou servidores dos órgãos gestores
a) a compatibilidade da forma de processamento do plane- avaliados, caso:
jamento orçamentário e de sua execução com as necessidades do I - tenham relação de parentesco até terceiro grau com titula-
respectivo sistema de segurança pública e defesa social; res ou servidores dos órgãos gestores avaliados;
b) a eficácia da utilização dos recursos públicos; II - estejam respondendo a processo criminal ou administra-
c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas as neces- tivo.
sidades operacionais dos programas, as normas de referência e as
condições previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre os CAPÍTULO VI
entes federados, os órgãos gestores e os integrantes do Susp; DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA
d) a implementação dos demais compromissos assumidos por SEÇÃO I
ocasião da celebração dos instrumentos jurídicos relativos à efetiva- DO CONTROLE INTERNO
ção das políticas de segurança pública e defesa social;
Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de autonomia no
e) a articulação interinstitucional e intersetorial das políticas.
exercício de suas competências, caberá o gerenciamento e a reali-
Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Nacional de Segurança
zação dos processos e procedimentos de apuração de responsabili-
Pública e Defesa Social, será elaborado relatório com o histórico e a
dade funcional, por meio de sindicância e processo administrativo
caracterização do trabalho, as recomendações e os prazos para que
disciplinar, e a proposição de subsídios para o aperfeiçoamento das
elas sejam cumpridas, além de outros elementos a serem definidos
atividades dos órgãos de segurança pública e defesa social.
em regulamento.
§ 1º Os resultados da avaliação das políticas serão utilizados
SEÇÃO II
para:
DO ACOMPANHAMENTO PÚBLICO DA ATIVIDADE POLICIAL
I - planejar as metas e eleger as prioridades para execução e
financiamento;
Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - reestruturar ou ampliar os programas de prevenção e con-
deverão instituir órgãos de ouvidoria dotados de autonomia e inde-
trole;
pendência no exercício de suas atribuições.
III - adequar os objetivos e a natureza dos programas, ações e
Parágrafo único. À ouvidoria competirá o recebimento e trata-
projetos;
mento de representações, elogios e sugestões de qualquer pessoa
IV - celebrar instrumentos de cooperação com vistas à corre-
sobre as ações e atividades dos profissionais e membros integran-
ção de problemas constatados na avaliação;
tes do Susp, devendo encaminhá-los ao órgão com atribuição para
V - aumentar o financiamento para fortalecer o sistema de se-
as providências legais e a resposta ao requerente.
gurança pública e defesa social;
VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do Susp.
SEÇÃO III
§ 2º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos res-
DA TRANSPARÊNCIA E DA INTEGRAÇÃO DE DADOS E INFOR-
pectivos Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social.
MAÇÕES
Art. 28. As autoridades, os gestores, as entidades e os órgãos
envolvidos com a segurança pública e defesa social têm o dever de
Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de Informações de Se-
colaborar com o processo de avaliação, facilitando o acesso às suas
gurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni-
instalações, à documentação e a todos os elementos necessários ao
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a
seu efetivo cumprimento.
finalidade de armazenar, tratar e integrar dados e informações para
Art. 29. O processo de avaliação das políticas de segurança pú-
auxiliar na formulação, implementação, execução, acompanhamen-
blica e defesa social deverá contar com a participação de represen-
to e avaliação das políticas relacionadas com:
tantes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério
I - segurança pública e defesa social;
Público, da Defensoria Pública e dos Conselhos de Segurança Públi-
II - sistema prisional e execução penal;
ca e Defesa Social, observados os parâmetros estabelecidos nesta
III - rastreabilidade de armas e munições;
Lei.
IV - banco de dados de perfil genético e digitais;
Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as avaliações
V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.
do respectivo ente federado.
Art. 36. O Sinesp tem por objetivos:
Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodologia a ser empre-
I - proceder à coleta, análise, atualização, sistematização, inte-
gada:
gração e interpretação de dados e informações relativos às políticas
I - a realização da autoavaliação dos gestores e das corpora-
de segurança pública e defesa social;
ções;
II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores e outras in-
II - a avaliação institucional externa, contemplando a análise

231
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
formações para auxiliar na formulação, implementação, execução, observada nas atividades formativas de ingresso, aperfeiçoamento,
monitoramento e avaliação de políticas públicas; atualização, capacitação e especialização na área de segurança pú-
III - promover a integração das redes e sistemas de dados e blica e defesa social, nas modalidades presencial e a distância, res-
informações de segurança pública e defesa social, criminais, do sis- peitados o regime jurídico e as peculiaridades de cada instituição.
tema prisional e sobre drogas; § 1º A matriz curricular é pautada nos direitos humanos, nos
IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados e in- princípios da andragogia e nas teorias que enfocam o processo de
formações, conforme os padrões definidos pelo conselho gestor. construção do conhecimento.
Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões de integridade, § 2º Os programas de educação deverão estar em consonância
disponibilidade, confidencialidade, confiabilidade e tempestividade com os princípios da matriz curricular nacional.
dos sistemas informatizados do governo federal. Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições de ensino su-
Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes federados, por inter- perior, observadas as normas de licitação e contratos, tem como
médio de órgãos criados ou designados para esse fim. objetivo:
§ 1º Os dados e as informações de que trata esta Lei deverão I - promover cursos de graduação, extensão e pós-graduação
ser padronizados e categorizados e serão fornecidos e atualizados em segurança pública e defesa social;
pelos integrantes do Sinesp. II - fomentar a integração entre as ações dos profissionais, em
§ 2º O integrante que deixar de fornecer ou atualizar seus conformidade com as políticas nacionais de segurança pública e de-
dados e informações no Sinesp poderá não receber recursos nem fesa social;
celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, III - promover a compreensão do fenômeno da violência;
projetos ou ações de segurança pública e defesa social e do sistema IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a educação
prisional, na forma do regulamento. para a paz;
§ 3º O Ministério Extraordinário da Segurança Pública é au- V - articular o conhecimento prático dos profissionais de segu-
torizado a celebrar convênios com órgãos do Poder Executivo que rança pública e defesa social com os conhecimentos acadêmicos;
não integrem o Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério VI - difundir e reforçar a construção de cultura de segurança
Público, para compatibilização de sistemas de informação e inte- pública e defesa social fundada nos paradigmas da contemporanei-
gração de dados, ressalvadas as vedações constitucionais de sigilo e dade, da inteligência, da informação e do exercício de atribuições
desde que o objeto fundamental dos acordos seja a prevenção e a estratégicas, técnicas e científicas;
repressão da violência. VII - incentivar produção técnico-científica que contribua para
§ 4º A omissão no fornecimento das informações legais implica as atividades desenvolvidas pelo Susp.
responsabilidade administrativa do agente público. Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual destinada aos pro-
fissionais de segurança pública e defesa social e tem como objetivo
CAPÍTULO VII viabilizar o acesso aos processos de aprendizagem, independente-
DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL EM mente das limitações geográficas e sociais existentes, com o pro-
SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL pósito de democratizar a educação em segurança pública e defesa
SEÇÃO I social.
DO SISTEMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E VALORIZAÇÃO
PROFISSIONAL (SIEVAP) SEÇÃO II
DO PROGRAMA NACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA PARA
Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de Educação e Valori- PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PÚBLICA (PRÓ-VIDA)
zação Profissional (Sievap), com a finalidade de:
I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profis-
as atividades de educação gerencial, técnica e operacional, em coo- sionais de Segurança Pública (Pró-Vida) tem por objetivo elaborar,
peração com as unidades da Federação; implementar, apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os projetos
II - identificar e propor novas metodologias e técnicas de edu- de programas de atenção psicossocial e de saúde no trabalho dos
cação voltadas ao aprimoramento de suas atividades; profissionais de segurança pública e defesa social, bem como a inte-
III - apoiar e promover educação qualificada, continuada e in- gração sistêmica das unidades de saúde dos órgãos que compõem
tegrada; o Susp.
IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissio-
nal. CAPÍTULO VIII
§ 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos seguintes pro- DISPOSIÇÕES FINAIS
gramas:
I - matriz curricular nacional; Art. 43. Os documentos de identificação funcional dos profis-
II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Re- sionais da área de segurança pública e defesa social serão padro-
naesp); nizados mediante ato do Ministro de Estado Extraordinário da Se-
III - Rede Nacional de Educação a Distância em Segurança Pú- gurança Pública e terão fé pública e validade em todo o território
blica (Rede EaD-Senasp); nacional.
IV - programa nacional de qualidade de vida para segurança Art. 44. (VETADO).
pública e defesa social. Art. 45. Deverão ser realizadas conferências a cada 5 (cinco)
§ 2º Os órgãos integrantes do Susp terão acesso às ações de anos para debater as diretrizes dos planos nacional, estaduais e mu-
educação do Sievap, conforme política definida pelo Ministério Ex- nicipais de segurança pública e defesa social.
traordinário da Segurança Pública. Art. 46. O art. 3º da Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de
Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-se em referen- 1994 , passa a vigorar com as seguintes alterações:
cial teórico, metodológico e avaliativo para as ações de educação “Art. 3º ........................................................................
aos profissionais de segurança pública e defesa social e deverá ser ......................................................................................
§ 1º (VETADO).

232
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
...................................................................................... melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla,
§ 4º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de Considerando que os Países-Membros se comprometeram a
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a
(Sinesp) que deixarem de fornecer ou atualizar seus dados no Siste- observância desses direitos e liberdades,
ma não poderão receber recursos do Funpen. Considerando que uma compreensão comum desses direitos
............................................................................” (NR) e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento
Art. 47. O inciso II do § 3º e o § 5º do art. 4º da Lei nº 10.201, de desse compromisso,
14 de fevereiro de 2001 , passam a vigorar com a seguinte redação: Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente De-
“Art. 4º .......................................................................... claração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a
........................................................................................ ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo
§ 3º ................................................................................ de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre
........................................................................................ em mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da
II - os integrantes do Sistema Nacional de Informações de Se- educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e,
gurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Muni- pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e inter-
ções, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) que nacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância
cumprirem os prazos estabelecidos pelo órgão competente para o universais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-
fornecimento de dados e informações ao Sistema; -Membros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
....................................................................................... Artigo 1
§ 5º (VETADO) Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e
.............................................................................” (NR) direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela-
Art. 48. O § 2º do art. 9º da Lei nº 11.530, de 24 de outubro de ção uns aos outros com espírito de fraternidade.
2007 , passa a vigorar com a seguinte redação: Artigo 2
“Art. 9º .......................................................................... 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e
........................................................................................ as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de
§ 2º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião
Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza,
Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas nascimento, ou qualquer outra condição.
(Sinesp) que deixarem de fornecer ou de atualizar seus dados e in- 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
formações no Sistema não poderão receber recursos do Pronasci.” dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
(NR) pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
Art. 49. Revogam-se os arts. 1º a 8º da Lei nº 12.681, de 4 de sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
julho de 2012. tação de soberania.
Art. 50. Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias Artigo 3
de sua publicação oficial. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
pessoal.
Artigo 4
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravi-
dão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas for-
Declaração Universal dos Direitos Humanos mas.
Adotada e proclamada pela Assembléia Geral das Nações Artigo 5
Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
go cruel, desumano ou degradante.
Preâmbulo Artigo 6
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares,
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e reconhecido como pessoa perante a lei.
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no Artigo 7
mundo, Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
humanos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciên- contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
cia da humanidade e que o advento de um mundo em que mulhe- contra qualquer incitamento a tal discriminação.
res e homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liber- Artigo 8
dade de viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
como a mais alta aspiração do ser humano comum, competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou
protegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja pela lei.
compelido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a Artigo 9
opressão, Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de Artigo 10
relações amistosas entre as nações, Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma jus-
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, ta e pública audiência por parte de um tribunal independente e
na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na dig- imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de
nidade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do qualquer acusação criminal contra ele.
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e Artigo 11

233
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por
de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te- assegure a liberdade de voto.
nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. Artigo 22
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacio- segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
nal ou internacional. Também não será imposta pena mais forte ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
delituoso. à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 12 Artigo 23
Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da contra o desemprego.
lei contra tais interferências ou ataques. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a
Artigo 13 igual remuneração por igual trabalho.
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
residência dentro das fronteiras de cada Estado. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, in- acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
clusive o próprio e a esse regressar. 4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 14 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de Artigo 24
procurar e de gozar asilo em outros países. Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos periódicas.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. Artigo 25
Artigo 15 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimenta-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, ção, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
nem do direito de mudar de nacionalidade. indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, do-
Artigo 16 ença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri- de subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- 2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
ao casamento, sua duração e sua dissolução. mônio, gozarão da mesma proteção social.
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- Artigo 26
sentimento dos nubentes. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Artigo 17 será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta basea-
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- da no mérito.
dade com outros. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
Artigo 18 pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade en-
consciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de tre todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as
religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou cren- atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
ça pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
Artigo 19 instrução que será ministrada a seus filhos.
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- Artigo 27
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
niões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. progresso científico e de seus benefícios.
Artigo 20 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
ciação pacífica. ria ou artística da qual seja autor.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. Artigo 28
Artigo 21 Todo ser humano tem direito a uma ordem social e interna-
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo cional em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- Declaração possam ser plenamente realizados.
mente escolhidos. Artigo 29
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- 1. Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na
blico do seu país. qual o livre e pleno desenvolvimento de sua personalidade é pos-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; sível.

234
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
2. No exercício de seus direitos e liberdades, todo ser humano fissional e trabalho, bem como outras formas de assistência apro-
estará sujeito apenas às limitações determinadas pela lei, exclusi- priadas e disponíveis, incluindo aquelas de natureza reparadora,
vamente com o fim de assegurar o devido reconhecimento e res- moral, espiritual, social, desportiva e de saúde. Estes programas,
peito dos direitos e liberdades de outrem e de satisfazer as justas atividades e serviços devem ser facultados de acordo com as neces-
exigências da moral, da ordem pública e do bem-estar de uma so- sidades individuais de tratamento dos reclusos.
ciedade democrática.
3. Esses direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, Regra 5
ser exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações 1. O regime prisional deve procurar minimizar as diferenças en-
Unidas. tre a vida durante a detenção e aquela em liberdade que tendem a
Artigo 30 reduzir a responsabilidade dos reclusos ou o respeito à sua dignida-
Nenhuma disposição da presente Declaração poder ser inter- de como seres humanos.
pretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pes- 2. As administrações prisionais devem fazer todos os ajustes
soa, do direito de exercer qualquer atividade ou praticar qualquer possíveis para garantir que os reclusos portadores de deficiências
ato destinado à destruição de quaisquer dos direitos e liberdades físicas, mentais ou qualquer outra incapacidade tenham acesso
aqui estabelecidos. completo e efetivo à vida prisional em base de igualdade.
Registos
REGRAS MÍNIMAS PARA O TRATAMENTO DE PESSOAS Regra 6
PRESAS – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS- ONU Em todos os locais em que haja pessoas detidas, deve existir
um sistema uniformizado de registo dos reclusos. Este sistema pode
Regras de Mandela ser um banco de dados ou um livro de registo, com páginas nume-
I. REGRAS DE APLICAÇÃO GERAL radas e assinadas. Devem existir procedimentos que garantam um
Princípios básicos sistema seguro de auditoria e que impeçam o acesso não autoriza-
Regra 1 do ou a modificação de qualquer informação contida no sistema
Todos os reclusos devem ser tratados com o respeito inerente
ao valor e dignidade do ser humano. Nenhum recluso deverá ser Regra 7
submetido a tortura ou outras penas ou a tratamentos cruéis, de- Nenhuma pessoa deve ser admitida num estabelecimento pri-
sumanos ou degradantes e deverá ser protegido de tais atos, não sional sem uma ordem de detenção válida. As seguintes informa-
sendo estes justificáveis em qualquer circunstância. A segurança ções devem ser adicionadas ao sistema de registo do recluso, logo
dos reclusos, do pessoal do sistema prisional, dos prestadores de após a sua admissão:
serviço e dos visitantes deve ser sempre assegurada. (a) Informações precisas que permitam determinar a sua iden-
tidade, respeitando a auto atribuição de género;
Regra 2 (b) Os motivos da detenção e a autoridade competente que a
1. Estas Regras devem ser aplicadas com imparcialidade. Não ordenou, além da data, horário e local de prisão;
deve haver nenhuma discriminação em razão da raça, cor, sexo, lín- (c) A data e o horário da sua entrada e saída, bem como de
gua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, qualquer transferência;
património, nascimento ou outra condição. É necessário respeitar (d) Quaisquer ferimentos visíveis e reclamações acerca de
as crenças religiosas e os preceitos morais do grupo a que pertença maus-tratos sofridos;
o recluso. (e) Um inventário dos seus bens pessoais;
2. Para que o princípio da não discriminação seja posto em prá- (f) Os nomes dos seus familiares e, quando aplicável, dos seus
tica, as administrações prisionais devem ter em conta as necessida- filhos, incluindo a idade, o local de residência e sua custódia ou tu-
des individuais dos reclusos, particularmente daqueles em situação tela;
de maior vulnerabilidade. As medidas tomadas para proteger e pro- (g) Contato de emergência e informações acerca do parente
mover os direitos dos reclusos portadores de necessidades espe- mais próximo.
ciais não serão consideradas discriminatórias.
Regra 8
Regra 3 As seguintes informações devem ser adicionadas ao sistema de
A detenção e quaisquer outras medidas que excluam uma pes- registo do recluso durante a sua detenção, quando aplicáveis:
soa do contacto com o mundo exterior são penosas pelo facto de, (a) Informação relativa ao processo judicial, incluindo datas de
ao ser privada da sua liberdade, lhe ser retirado o direito à auto- audiências e representação legal;
determinação. Assim, o sistema prisional não deve agravar o sofri- (b) Avaliações iniciais e relatórios de classificação;
mento inerente a esta situação, exceto em casos pontuais em que (c) Informação relativa ao comportamento e à disciplina;
a separação seja justificável ou nos casos em que seja necessário (d) Pedidos e reclamações, inclusive alegações de tortura, san-
manter a disciplina. ções ou outros tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes, a
menos que sejam de natureza confidencial;
Regra 4 (e) Informação sobre a imposição de sanções disciplinares;
1. Os objetivos de uma pena de prisão ou de qualquer outra (f) Informação sobre as circunstâncias e causas de quaisquer
medida restritiva da liberdade são, prioritariamente, proteger a so- ferimentos ou de morte e, em caso de falecimento, o destino do
ciedade contra a criminalidade e reduzir a reincidência. Estes objeti- corpo.
vos só podem ser alcançados se o período de detenção for utilizado
para assegurar, sempre que possível, a reintegração destas pessoas Regra 9
na sociedade após a sua libertação, para que possam levar uma vida Todos os registos mencionados nas Regras 7 e 8 serão mantidos
autossuficiente e de respeito para com as leis confidenciais e só serão acessíveis aos que, por razões profissionais,
2. Para esse fim, as administrações prisionais e demais autori- solicitem o seu acesso. Todos os reclusos devem ter acesso aos seus
dades competentes devem proporcionar educação, formação pro- registos, nos termos previstos em legislação interna, e direito a re-

235
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ceber uma cópia oficial destes registos no momento da sua liber- As instalações de banho e duche devem ser suficientes para
tação. que todos os reclusos possam, quando desejem ou lhes seja exigi-
do, tomar banho ou duche a uma temperatura adequada ao clima,
Regra 10 tão frequentemente quanto necessário à higiene geral, de acordo
O sistema de registo dos reclusos deve também ser utilizado com a estação do ano e a região geográfica, mas pelo menos uma
para gerar dados fiáveis sobre tendências e características da po- vez por semana num clima temperado.
pulação prisional, incluindo taxas de ocupação, a fim de criar uma
base para a tomada de decisões fundamentadas em provas. Regra 17
Todas as zonas de um estabelecimento prisional utilizadas re-
Separação de categorias gularmente pelos reclusos devem ser sempre mantidas e conserva-
Regra 11 das escrupulosamente limpas.
As diferentes categorias de reclusos devem ser mantidas em
estabelecimentos prisionais separados ou em diferentes zonas de Higiene pessoal
um mesmo estabelecimento prisional, tendo em consideração o Regra 18
respetivo sexo e idade, antecedentes criminais, razões da detenção 1. Deve ser exigido a todos os reclusos que se mantenham lim-
e medidas necessárias a aplicar. Assim: pos e, para este fim, ser-lhes-ão fornecidos água e os artigos de
(a) Homens e mulheres devem ficar detidos em estabeleci- higiene necessários à saúde e limpeza.
mentos separados; nos estabelecimentos que recebam homens e 2. A fim de permitir aos reclusos manter um aspeto correto e
mulheres, todos os locais destinados às mulheres devem ser com- preservar o respeito por si próprios, ser-lhes-ão garantidos os meios
pletamente separados; indispensáveis para cuidar do cabelo e da barba; os homens devem
(b) Presos preventivos devem ser mantidos separados dos con- poder barbear-se regularmente.
denados;
(c) Pessoas detidas por dívidas ou outros reclusos do foro civil Vestuário e roupas de cama
devem ser mantidos separados dos reclusos do foro criminal; Regra 19
(d) Os jovens reclusos devem ser mantidos separados dos adul- 1. Deve ser garantido vestuário adaptado às condições clima-
tos. téricas e de saúde a todos os reclusos que não estejam autorizados
a usar o seu próprio vestuário. Este vestuário não deve de forma
Alojamento alguma ser degradante ou humilhante.
Regra 12 2. Todo o vestuário deve estar limpo e ser mantido em bom
1. As celas ou locais destinados ao descanso noturno não de- estado. As roupas interiores devem ser mudadas e lavadas tão fre-
vem ser ocupados por mais de um recluso. Se, por razões especiais, quentemente quanto seja necessário para a manutenção da higie-
tais como excesso temporário de população prisional, for neces- ne.
sário que a administração prisional central adote exceções a esta 3. Em circunstâncias excecionais, sempre que um recluso obte-
regra deve evitar-se que dois reclusos sejam alojados numa mesma nha licença para sair do estabelecimento, deve ser autorizado a ves-
cela ou local. tir as suas próprias roupas ou roupas que não chamem a atenção.
2. Quando se recorra à utilização de dormitórios, estes devem
ser ocupados por reclusos cuidadosamente escolhidos e reconheci- Regra 20
dos como sendo capazes de serem alojados nestas condições. Du- Sempre que os reclusos sejam autorizados a utilizar o seu pró-
rante a noite, deverão estar sujeitos a uma vigilância regular, adap- prio vestuário, devem ser tomadas disposições no momento de ad-
tada ao tipo de estabelecimento prisional em causa missão no estabelecimento para assegurar que este seja limpo e
adequado.
Regra 13 Regra 21
Todos os locais destinados aos reclusos, especialmente os dor- A todos os reclusos, de acordo com padrões locais ou nacio-
mitórios, devem satisfazer todas as exigências de higiene e saúde, nais, deve ser fornecido um leito próprio e roupa de cama suficiente
tomando-se devidamente em consideração as condições climatéri- e própria, que estará limpa quando lhes for entregue, mantida em
cas e, especialmente, a cubicagem de ar disponível, o espaço míni- bom estado de conservação e mudada com a frequência suficiente
mo, a iluminação, o aquecimento e a ventilação para garantir a sua limpeza.

Regra 14 Alimentação
Em todos os locais destinados aos reclusos, para viverem ou Regra 22
trabalharem: 1. A administração deve fornecer a cada recluso, a horas de-
(a) As janelas devem ser suficientemente amplas de modo a terminadas, alimentação de valor nutritivo adequado à saúde e à
que os reclusos possam ler ou trabalhar com luz natural e devem robustez física, de qualidade e bem preparada e servida.
ser construídas de forma a permitir a entrada de ar fresco, haja ou 2. Todos os reclusos devem ter a possibilidade de se prover
não ventilação artificial; com água potável sempre que necessário.
(b) A luz artificial deve ser suficiente para permitir aos reclusos
ler ou trabalhar sem prejudicar a vista. Exercício e desporto
Regra 23
Regra 15 1. Todos os reclusos que não efetuam trabalho no exterior de-
As instalações sanitárias devem ser adequadas, de maneira a vem ter pelo menos uma hora diária de exercício adequado ao ar
que os reclusos possam efetuar as suas necessidades quando preci- livre quando o clima o permita.
sarem, de modo limpo e decente. 2. Os jovens reclusos e outros de idade e condição física com-
patíveis devem receber, durante o período reservado ao exercício,
Regra 16 educação física e recreativa. Para este fim, serão colocados à dispo-

236
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sição dos reclusos o espaço, instalações e equipamento adequados. os filhos de reclusos, devem ser tomadas providências para garan-
tir:
Serviços Médicos (a) Um infantário interno ou externo, dotado de pessoal quali-
Regra 24 ficado, onde as crianças possam permanecer quando não estejam
1. A prestação de serviços médicos aos reclusos é da responsa- ao cuidado dos pais;
bilidade do Estado. Os reclusos devem poder usufruir dos mesmos (b) Serviços de saúde pediátricos, incluindo triagem médica no
padrões de serviços de saúde disponíveis à comunidade e ter aces- ingresso e monitoração constante de seu desenvolvimento por es-
so gratuito aos serviços de saúde necessários, sem discriminação pecialistas.
em razão da sua situação jurídica. 2. As crianças que se encontrem nos estabelecimentos prisio-
2. Os serviços médicos devem ser organizados em estreita liga- nais com os pais nunca devem ser tratadas como prisioneiras.
ção com a administração geral de saúde pública de forma a garantir
a continuidade do tratamento e da assistência, incluindo os casos Regra 30
de VIH, tuberculose e de outras doenças infeciosas e da toxicode- Um médico, ou qualquer outro profissional de saúde qualifica-
pendência. do, seja este subordinado ou não ao médico, deve observar, conver-
sar e examinar todos os reclusos, o mais depressa possível após a
Regra 25 sua admissão no estabelecimento prisional e, em seguida, sempre
1. Todos os estabelecimentos prisionais devem ter um serviço que necessário. Deve dar-se especial atenção a:
de saúde incumbido de avaliar, promover, proteger e melhorar a (a) Identificar as necessidades de cuidados médicos e adotar as
saúde física e mental dos reclusos, prestando particular atenção aos
medidas de tratamento necessárias;
reclusos com necessidades especiais ou problemas de saúde que
(b) Identificar quaisquer maus-tratos a que o recluso recém-
dificultam sua reabilitação.
-admitido tenha sido submetido antes de sua entrada no estabele-
2. Os serviços de saúde devem ser compostos por uma equipa
cimento prisional;
interdisciplinar, com pessoal qualificado e suficiente, capaz de exer-
cer a sua atividade com total independência clínica, devendo ter (c) Identificar qualquer sinal de estresse psicológico ou de qual-
conhecimentos especializados de psicologia e psiquiatria. Todos os quer outro tipo causado pela detenção, incluindo, mas não só, o ris-
reclusos devem poder beneficiar dos serviços de um dentista qua- co de suicídio ou de lesões auto infligidas e sintomas de abstinência
lificado. resultantes do uso de drogas, medicamentos ou álcool; devem ser
tomadas todas as medidas ou tratamentos individualizados apro-
Regra 26 priados;
1. Os serviços de saúde devem elaborar registos médicos indivi- (d) Nos casos em que se suspeita que o recluso é portador de
duais, confidenciais, atualizados e precisos para cada um dos reclu- uma doença infectocontagiosa, deve providenciar-se o isolamento
sos, que a eles devem ter acesso, sempre que solicitado. O recluso clínico e o tratamento adequado durante todo o período de infeção;
pode também ter acesso ao seu registo médico através de uma ter- (e) Determinar a aptidão do recluso para trabalhar, praticar
ceira pessoa por si designada. exercícios e participar das demais atividades, conforme for o caso.
2. O registo médico deve ser encaminhado para o serviço de
saúde do estabelecimento prisional para o qual o recluso é transfe- Regra 31
rido, encontrando-se sujeito à confidencialidade médica. O médico ou, quando aplicável, outros profissionais de saúde
qualificados devem visitar diariamente todos os reclusos que se
Regra 27 encontrem doentes, que se queixem de problemas físicos ou men-
1. Todos os estabelecimentos prisionais devem assegurar o tais ou de ferimentos e todos aqueles para os quais a sua atenção
pronto acesso a tratamentos médicos em casos urgentes. Os reclu- é especialmente necessária. Todos os exames médicos devem ser
sos que necessitem de cuidados especializados ou de cirurgia de- conduzidos em total confidencialidade.
vem ser transferidos para estabelecimentos especializados ou para
hospitais civis. Se os estabelecimentos prisionais possuírem instala- Regra 32
ções hospitalares próprias, estas devem dispor de pessoal e equipa- 1. A relação entre o médico ou outros profissionais de saúde e
mento apropriados que permitam prestar aos reclusos doentes os o recluso deve ser regida pelos mesmos padrões éticos e profissio-
cuidados e o tratamento adequados. nais aplicados aos pacientes da comunidade, em particular:
2. As decisões clínicas só podem ser tomadas por profissionais
(a) O dever de proteger a saúde física e mental do recluso e a
de saúde responsáveis e não podem ser modificadas ou ignoradas
prevenção e tratamento de doenças, baseados apenas em funda-
pela equipa prisional não médica.
mentos clínicos;
(b) A adesão à autonomia do recluso no que concerne à sua
Regra 28
Nos estabelecimentos prisionais para mulheres devem existir própria saúde e ao consentimento informado na relação médico-
instalações especiais para o tratamento das reclusas grávidas, das -paciente;
que tenham acabado de dar à luz e das convalescentes. Desde que (c) A confidencialidade da informação médica, a menos que
seja possível, devem ser tomadas medidas para que o parto tenha manter tal confidencialidade resulte numa ameaça real e iminente
lugar num hospital civil. Se a criança nascer num estabelecimento para o paciente ou para os outros;
prisional, tal facto não deve constar do respetivo registo de nasci- (d) A absoluta proibição de participar, ativa ou passivamente,
mento. em atos que possam consistir em tortura ou sanções ou tratamen-
tos cruéis, desumanos ou degradantes, incluindo experiências mé-
Regra 29 dicas ou científicas que possam ser prejudiciais à saúde do recluso,
1. A decisão que permite à criança ficar com o seu pai ou com a tais como a remoção de células, tecidos ou órgãos.
sua mãe no estabelecimento prisional deve ser baseada no melhor 2. Sem prejuízo do parágrafo 1 (d) desta Regra, deve ser permi-
interesse da criança. Nos estabelecimentos prisionais que acolhem tido ao recluso, com base no seu livre e informado consentimento

237
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
e de acordo com as leis aplicáveis, participar em ensaios clínicos e dimentos que regulamentem o uso e a revisão da imposição e da
outras pesquisas de saúde acessíveis à comunidade, se o resultado saída de qualquer forma de separação involuntária.
de tais pesquisas e experiências forem capazes de produzir um be- Regra 38
nefício direto e significativo à sua saúde; e doar células, tecidos ou 1. As administrações prisionais são encorajadas a fazer uso,
órgãos a parentes. sempre que possível, da prevenção de conflitos, da mediação ou de
qualquer outro meio alternativo de resolução de litígios para preve-
Regra 33 nir infrações disciplinares e resolver conflitos.
O médico deve comunicar ao diretor sempre que julgue que 2. Para os reclusos que estejam, ou estiveram separados, a ad-
a saúde física ou mental do recluso foi ou será desfavoravelmente ministração prisional deve tomar as medidas necessárias para ali-
afetada pelo prolongamento ou pela aplicação de qualquer modali- viar os efeitos prejudiciais do confinamento neles provocados, bem
dade do regime de detenção. como na comunidade que os recebe quando são libertados.

Regra 34 Regra 39
Se, durante o exame de admissão ou na prestação posterior de 1. Nenhum preso pode ser punido, exceto com base nas dispo-
cuidados médicos, o médico ou profissional de saúde detectar qual- sições legais ou regulamentares referidas na Regra 37 e nos prin-
quer sinal de tortura, punição ou tratamentos cruéis, desumanos cípios de equidade e de processo legal; e nunca duas vezes pela
ou degradantes, deve registar e comunicar tais casos à autoridade mesma infração.
médica, administrativa ou judicial competente. Devem ser seguidos 2. As administrações prisionais devem assegurar a proporcio-
os procedimentos de salvaguarda apropriados para garantir que o nalidade entre a sanção disciplinar aplicável e a infração cometida
recluso ou as pessoas a ele associados não sejam expostos a perigos e devem manter registos apropriados de todas as sanções discipli-
previsíveis. nares aplicadas.
3. Antes de aplicar uma sanção disciplinar, as administrações
Regra 35 prisionais devem ter em conta se, e como, uma eventual doença
1. O médico ou o profissional de saúde pública competente mental ou incapacidade de desenvolvimento do recluso contri-
deve proceder a inspeções regulares e aconselhar o diretor sobre: buiu para a sua conduta e para a prática da infração ou ato que
(a) A quantidade, qualidade, preparação e distribuição de ali- fundamentou a sanção disciplinar. As administrações prisionais não
mentos; devem punir qualquer conduta do recluso se esta for considerada
(b) A higiene e asseio do estabelecimento prisional e dos re- como resultado direto da sua doença mental ou incapacidade inte-
clusos; lectual.
(c) As instalações sanitárias, aquecimento, iluminação e venti-
lação do estabelecimento; Regra 40
(d) A qualidade e asseio do vestuário e da roupa de cama dos 1. Nenhum recluso pode ser colocado a trabalhar no estabele-
reclusos; cimento prisional em cumprimento de qualquer medida disciplinar.
(e) A observância das regras respeitantes à educação física e 2. Esta regra, contudo, não impede o funcionamento adequado
desportiva, nos casos em que não haja pessoal especializado encar- de sistemas baseados na autoadministração, sob os quais ativida-
regado destas atividades. des ou responsabilidades sociais, educacionais ou desportivas são
2. O diretor deve tomar em consideração os relatórios e os confiadas, sob supervisão, aos reclusos, organizados em grupos,
conselhos do médico referidos no parágrafo 1 desta Regra e na Re- para fins de tratamento.
gra 33 e tomar imediatamente as medidas sugeridas para que es-
tas recomendações sejam seguidas; em caso de desacordo ou se a Regra 41
matéria não for da sua competência, transmitirá imediatamente à 1. Qualquer alegação de infração disciplinar praticada por um
autoridade superior a sua opinião e o relatório médico. recluso deve ser prontamente transmitida à autoridade competen-
te, que deve investigá-la sem atrasos injustificados.
Restrições, disciplina e sanções 2. O recluso deve ser informado, sem demora e numa língua
Regra 36 que compreenda, da natureza das acusações apresentadas contra
A ordem e a disciplina devem ser mantidas com firmeza, mas si, devendo-lhe ser garantido tempo e os meios adequados para
sem impor mais restrições do que as necessárias para a manuten- preparar a sua defesa.
ção da segurança e da boa organização da vida comunitária. 3. O recluso deve ter direito a defender-se pessoalmente ou
através de advogado, quando os interesses da justiça assim o re-
Regra 37 queiram, em particular nos casos que envolvam infrações discipli-
Os seguintes pontos devem ser determinados por lei ou por nares graves. Se o recluso não entender ou não falar a língua utiliza-
regulamentação emanada pela autoridade administrativa compe- da na audiência disciplinar, devem ser assistidos gratuitamente por
tente: um intérprete competente.
(a) Conduta que constitua infração disciplinar; 4. O recluso deve ter a oportunidade de interpor recurso das
(b) O tipo e a duração das sanções disciplinares que podem ser sanções disciplinares impostas contra a sua pessoa.
aplicadas; 5. No caso da infração disciplinar ser julgada como crime, o re-
(c) Autoridade competente para pronunciar essas sanções; cluso deve ter direito a todas as garantias inerentes ao processo
(d) Qualquer forma de separação involuntária da população legal, aplicáveis aos processos criminais, incluindo total acesso a um
prisional geral, como o confinamento solitário, o isolamento, a se- advogado
gregação, as unidades de cuidado especial ou alojamentos restri-
tos, seja por razão de sanção disciplinar ou para a manutenção da Regra 42
ordem e segurança, incluindo políticas de promulgação e os proce- As condições gerais de vida expressas nestas Regras, incluindo

238
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
as relacionadas com a iluminação, a ventilação, a temperatura, as fim de assegurar que tal separação não agrave as condições médi-
instalações sanitárias, a nutrição, a água potável, a acessibilidade a cas ou a deficiência física ou mental do recluso.
ambientes ao ar livre e ao exercício físico, a higiene pessoal, os cui- Instrumentos de coação
dados médicos e o espaço pessoal adequado, devem ser aplicadas Regra 47
a todos os reclusos, sem exceção. 1. O uso de correntes, de imobilizadores de ferro ou de outros
instrumentos de coação considerados inerentemente degradantes
Regra 43 ou penosos deve ser proibido.
1. Em nenhuma circunstância devem as restrições ou sanções 2. Outros instrumentos de coação só devem ser utilizados
disciplinares implicar tortura, punições ou outra forma de trata- quando previstos em lei e nas seguintes circunstâncias:
mentos cruéis, desumanos ou degradantes. As seguintes práticas, (a) Como medida de precaução contra uma evasão durante
em particular, devem ser proibidas: uma transferência, desde que sejam retirados logo que o recluso
(a) Confinamento solitário indefinido; compareça perante uma autoridade judicial ou administrativa;
(b) Confinamento solitário prolongado; (b) Por ordem do diretor, depois de se terem esgotado todos
(c) Detenção em cela escura ou constantemente iluminada; os outros meios de dominar o recluso, a fim de o impedir de causar
(d) Castigos corporais ou redução da alimentação ou água po- prejuízo a si próprio ou a outros ou de causar danos materiais; nes-
tável do recluso; tes casos o diretor deve consultar o médico com urgência e apre-
(e) Castigos coletivos. sentar um relatório à autoridade administrativa superior.
2. Os instrumentos de imobilização jamais devem ser utilizados
como sanção por infrações disciplinares. Regra 48
3. As sanções disciplinares ou medidas restritivas não devem 1. Quando a utilização de instrumentos de coação for autoriza-
incluir a proibição de contato com a família. O contato familiar só da, de acordo com o parágrafo
pode ser restringido durante um período limitado de tempo e en- 2 da regra 47, os seguintes princípios serão aplicados:
quanto for estritamente necessário para a manutenção da seguran- (a) Os instrumentos de coação só devem ser utilizados quando
outras formas menos severas de controlo não forem efetivas face
ça e da ordem.
aos riscos representados por uma ação não controlada;
(b) O método de restrição será o menos invasivo possível, o
Regra 44
necessário e razoável para controlar a ação do recluso, em função
Para os efeitos tidos por convenientes, o confinamento solitá-
do nível e da natureza do risco apresentado;
rio refere-se ao confinamento do recluso por 22 horas ou mais, por
(c) Os instrumentos de coação só devem ser utilizados durante
dia, sem contato humano significativo. O confinamento solitário
o período estritamente necessário e devem ser retirados logo que
prolongado refere-se ao confinamento solitário por mais de 15 dias
deixe de existir o risco que motivou a restrição.
consecutivos
2. Os instrumentos de coação não devem ser utilizados em
mulheres em trabalho de parto, nem durante nem imediatamente
Regra 45 após o parto.
1. O confinamento solitário deve ser somente utilizado em
casos excecionais, como último recurso e durante o menor tem- Regra 49
po possível, e deve ser sujeito a uma revisão independente, sendo A administração prisional deve procurar obter e promover for-
aplicado unicamente de acordo com a autorização da autoridade mação no uso de técnicas de controlo que evitem a necessidade
competente. Não deve ser imposto em consequência da sentença de utilizar instrumentos de coação ou que reduzam o seu caráter
do recluso. intrusivo.
2. A imposição do confinamento solitário deve ser proibida no
caso de o recluso ser portador de uma deficiência mental ou física Revistas aos reclusos e inspeção de celas
e sempre que essas condições possam ser agravadas por esta me- Regra 50
dida. A proibição do uso do confinamento solitário e de medidas As leis e regulamentos sobre as revistas aos reclusos e inspe-
similares nos casos que envolvem mulheres e crianças, como referi- ções de celas devem estar em conformidade com as obrigações do
do nos padrões e normas da Organização das Nações Unidas sobre Direito Internacional e devem ter em conta os padrões e as normas
prevenção do crime e justiça penal2 , continuam a ser aplicáveis. internacionais, uma vez considerada a necessidade de garantir a se-
gurança dos estabelecimentos prisionais. As revistas aos reclusos e
Regra 46 as inspeções devem ser conduzidas de forma a respeitar a dignida-
1. Os profissionais de saúde não devem ter qualquer papel de humana inerente e a privacidade do recluso sujeito à inspeção,
na imposição de sanções disciplinares ou de outras medidas res- assim como os princípios da proporcionalidade, legalidade e neces-
tritivas. Devem, no entanto, prestar especial atenção à saúde dos sidade.
reclusos mantidos sob qualquer forma de separação involuntária,
visitando-os diariamente e providenciando o pronto atendimento e Regra 51
a assistência médica quando solicitado pelo recluso ou pelos guar- As revistas aos reclusos e as inspeções não serão utilizadas para
das prisionais. assediar, intimidar ou invadir desnecessariamente a privacidade do
2. Os profissionais de saúde devem transmitir ao diretor, sem recluso. Para fins de responsabilização, a administração prisional
demora, qualquer efeito colateral causado pelas sanções disciplina- deve manter registos apropriados das revistas feitas aos reclusos e
res ou outras medidas restritivas à saúde física ou mental do recluso inspeções, em particular as que envolvem o ato de despir e de ins-
submetido a tais sanções ou medidas e devem aconselhar o diretor pecionar partes íntimas do corpo e inspeções nas celas, bem como
se considerarem necessário interrompê-las por razões físicas ou psi- as razões das inspeções, a identidade daqueles que as conduziram e
cológicas. quaisquer outros resultados decorrentes dessas inspeções.
3. Os profissionais de saúde devem ter autoridade para rever
e recomendar alterações na separação involuntária de um preso, a

239
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Regra 52 4. Os direitos previstos nos parágrafos 1 a 3 desta Regra serão
1. Revistas íntimas invasivas, incluindo o ato de despir e de ins- estendidos ao seu advogado. Nos casos em que nem o recluso, nem
pecionar partes íntimas do corpo, devem ser feitas apenas quando o seu advogado tenham a possibilidade de exercer tais direitos, um
forem absolutamente necessárias. As administrações prisionais de- membro da família do recluso ou qualquer outra pessoa que tenha
vem ser encorajadas a desenvolver e a utilizar outras alternativas conhecimento do caso deve poder exercê-los.
apropriadas em vez de revistas íntimas invasivas. As revistas íntimas
invasivas devem ser conduzidas de forma privada e por pessoal trei- Regra 57
nado do mesmo sexo que o recluso inspecionado. 1. Todo o pedido ou reclamação deve ser prontamente apre-
2. As revistas das partes íntimas devem ser conduzidas apenas ciado e respondido sem demora. Se o pedido ou a reclamação for
por profissionais de saúde qualificados, que não sejam os principais rejeitado, ou no caso de atraso indevido, o reclamante deve ter o
responsáveis pelos cuidados de saúde do recluso, ou, no mínimo, direito de apresentá-lo à autoridade judicial ou a outra autoridade.
por pessoal adequadamente treinado por um profissional de saúde 2. Devem ser criados mecanismos de salvaguarda para asse-
em relação aos padrões de higiene, saúde e segurança. gurar que os reclusos possam formular pedidos e reclamações de
forma segura e, se solicitado pelo reclamante, de forma confiden-
Regra 53 cial. O recluso, ou qualquer outra pessoa mencionada no parágrafo
Os reclusos devem ter acesso aos documentos relacionados 4 da Regra 56, não deve ser exposto a qualquer risco de retaliação,
com os seus processos judiciais e ser autorizados a mantê-los consi- intimidação ou outras consequências negativas como resultado de
go, sem que a administração prisional tenha acesso a estes. um pedido ou reclamação.
3. Alegações de tortura ou outras penas ou tratamentos cruéis,
Informações e direito de reclamação dos reclusos desumanos ou degradantes devem ser imediatamente apreciadas e
Regra 54 devem originar uma investigação rápida e imparcial, conduzida por
Todo o recluso, no momento da admissão, deve receber infor- uma autoridade nacional independente, de acordo com os parágra-
mação escrita sobre: fos 1 e 2 da Regra 71.
(a) A legislação e os regulamentos do estabelecimento prisional
e do sistema prisional; Contatos com o mundo exterior
(b) Os seus direitos, inclusive os meios autorizados para obter Regra 58
informações, acesso a assistência jurídica, incluindo o apoio judici- 1. Os reclusos devem ser autorizados, sob a necessária super-
ário, e sobre procedimentos para formular pedidos e reclamações; visão, a comunicar periodicamente com as suas famílias e com ami-
(c) As suas obrigações, incluindo as sanções disciplinares apli- gos: (a) Por correspondência e utilizando, se possível, meios de tele-
cáveis; e comunicação, digitais, eletrônicos e outros; e (b) Através de visitas.
(d) Todos os assuntos que podem ser necessários para se adap- 2. Onde forem permitidas as visitais conjugais, este direito deve
tar à vida no estabelecimento. ser garantido sem discriminação e as mulheres reclusas devem
Regra 55 exercer este direito nas mesmas condições que os homens. Devem
1. As informações mencionadas na regra 54 devem estar dispo- ser instaurados procedimentos e disponibilizados locais, de forma
níveis nas línguas mais utilizadas, de acordo com as necessidades a garantir o justo e igualitário acesso, respeitando-se a segurança
da população prisional. Se um recluso não compreender qualquer e a dignidade.
uma destas línguas, deve ser providenciada a assistência de um in-
térprete. Regra 59
2. Se o recluso for analfabeto, as informações devem ser-lhe Os reclusos devem ser colocados, sempre que possível, em es-
comunicadas oralmente. Os reclusos com deficiências sensoriais tabelecimentos prisionais próximos das suas casas ou do local da
devem receber as informações de forma apropriada às suas neces- sua reabilitação social.
sidades.
3. A administração prisional deve expor, com destaque, a infor- Regra 60
mação nas áreas de trânsito comum do estabelecimento prisional. 1. A entrada de visitantes nos estabelecimentos prisionais de-
pende do consentimento do visitante de submeter-se à revista. O
Regra 56 visitante pode retirar o seu consentimento a qualquer momento;
1. Todo o recluso deve ter a oportunidade de, em qualquer dia, nestes casos, a administração prisional poderá recusar o seu acesso.
formular pedidos ou reclamações ao diretor do estabelecimento 2. Os procedimentos de entrada e revista de visitantes não de-
prisional ou ao membro do pessoal prisional autorizado a repre- vem ser degradantes e devem ser regidos por princípios tão pro-
sentá-lo. tetivos como os delineados nas Regras 50 a 52. As revistas feitas a
2. Deve ser viabilizada a possibilidade de os reclusos formula- partes íntimas do corpo devem ser evitadas e não devem ser apli-
rem pedidos ou reclamações, durante as inspeções do estabeleci- cadas a crianças.
mento prisional, ao inspetor prisional. O recluso deve ter a oportu-
nidade de conversar com o inspetor ou com qualquer outro oficial Regra 61
de inspeção, de forma livre e com total confidencialidade, sem a 1. Os reclusos devem ter a oportunidade, tempo e meios ade-
presença do diretor ou de outros membros da equipa. quados para receberem visitas e de comunicar com um advogado
3. Todo o recluso deve ter o direito de fazer um pedido ou re- escolhido por si ou com um defensor público, sem demora, inter-
clamação sobre seu tratamento, sem censura quanto ao conteúdo, ceptação ou censura, em total confidencialidade, sobre qualquer
à administração prisional central, à autoridade judicial ou a outras assunto jurídico, em conformidade com a legislação nacional apli-
autoridades competentes, incluindo os que têm poderes de revisão cada. Estas consultas podem ocorrer à vista dos agentes prisionais,
e de reparação. mas não podem ser ouvidas por estes.
2. Nos casos em que os reclusos não falam a língua local, a ad-
ministração prisional deve facilitar o acesso aos serviços de um in-
térprete competente e independente.

240
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
3. Os reclusos devem ter acesso a um apoio judiciário efetivo. 3. Os valores e objetos enviados do exterior encontram-se sub-
metidos a estas mesmas regras.
Regra 62 4. Se o recluso for portador de medicamentos ou estupefacien-
1. A reclusos de nacionalidade estrangeira devem ser concedi- tes no momento da admissão, o médico ou outro profissional de
das facilidades razoáveis para comunicarem com os representantes saúde qualificado decidirá sobre a sua utilização.
diplomáticos e consulares do Estado a que pertencem.
2. A reclusos de nacionalidade de Estados sem representação Notificações
diplomática ou consular no país, e a refugiados ou apátridas, devem Regra 68
ser concedidas facilidades semelhantes para comunicarem com re- Todo o recluso deve ter o direito de ter oportunidade e os
presentantes diplomáticos do Estado encarregado de zelar pelos meios de informar imediatamente a sua família ou qualquer outra
seus interesses ou com qualquer autoridade nacional ou interna- pessoa designada por si sobre a sua detenção, transferência para
cional que tenha a seu cargo a proteção dessas pessoas. outro estabelecimento prisional ou sobre qualquer doença ou fe-
rimento graves. A divulgação de informações pessoais dos reclusos
Regra 63 deve ser regida por legislação nacional.
Os reclusos devem ser mantidos regularmente informados das
notícias mais importantes através da leitura de jornais, publicações Regra 69
periódicas ou institucionais especiais, através de transmissões de No caso de morte de um recluso, o diretor do estabelecimento
rádio, conferências ou quaisquer outros meios semelhantes, autori- prisional deve informar imediatamente o parente mais próximo ou a
zados ou controlados pela administração prisional. pessoa previamente designada pelo recluso. As pessoas designadas
pelo recluso para receberem informações sobre a sua saúde devem
Biblioteca ser notificadas pelo diretor em caso de doença grave, ferimento ou
Regra 64 transferência para uma instituição médica. O pedido explícito de
Cada estabelecimento prisional deve ter uma biblioteca para o um recluso, de que seu cônjuge ou parente mais próximo não seja
uso de todas as categorias de reclusos, devidamente provida com informado em caso de doença ou ferimento, deve ser respeitado.
livros recreativos e de instrução e os reclusos devem ser incentiva-
dos a utilizá-la plenamente. Regra 70
Um recluso deve ser informado imediatamente da morte ou
Religião doença grave de qualquer parente próximo, cônjuge ou companhei-
Regra 65 ro. No caso de doença crítica de um parente próximo, cônjuge ou
1. Se o estabelecimento prisional reunir um número suficiente companheiro, o recluso deve ser autorizado, quando as circunstân-
de reclusos da mesma religião, deve ser nomeado ou autorizado um cias o permitirem, a estar junto dele, quer sob escolta quer só, ou a
representante qualificado dessa religião. Se o número de reclusos o participar no seu funeral
justificar e as circunstâncias o permitirem, deve ser encontrada uma
solução permanente. Investigações
2. O representante qualificado, nomeado ou autorizado nos Regra 71
termos do parágrafo 1 desta Regra, deve ser autorizado a organizar 1. Não obstante uma investigação interna, o diretor do esta-
periodicamente serviços religiosos e a fazer, sempre que for acon- belecimento prisional deve comunicar, imediatamente, a morte, o
selhável, visitas pastorais privadas, num horário apropriado, aos re- desaparecimento ou o ferimento grave à autoridade judicial ou a
clusos da sua religião. outra autoridade competente independente da administração pri-
3. O direito de entrar em contato com um representante qua- sional e deve determinar uma investigação imediata, imparcial e
lificado da sua religião nunca deve ser negado a qualquer recluso. efetiva às circunstâncias e às causas destes casos. A administração
Por outro lado, se um recluso se opõe à visita de um representante prisional deve cooperar integralmente com a referida autoridade e
de uma religião, a sua vontade deve ser plenamente respeitada. assegurar que todas as provas são preservadas.
2. A obrigação referida no parágrafo 1 desta Regra deve ser
Regra 66 igualmente aplicada quando houver indícios razoáveis para se su-
Tanto quanto possível, cada recluso deve ser autorizado a satis- por que um ato de tortura ou outras penas ou tratamentos cruéis,
fazer as exigências da sua vida religiosa, assistindo aos serviços mi- desumanos ou degradantes tenham sido praticados no estabeleci-
nistrados no estabelecimento prisional e tendo na sua posse livros mento prisional, mesmo que não tenha sido recebida uma reclama-
de rito e prática de ensino religioso da sua confissão. ção formal.
3. Quando houver indícios razoáveis para se supor que os atos
Depósito de objetos pertencentes aos reclusos referidos no parágrafo 2 desta Regra tenham sido praticados, de-
Regra 67 vem ser tomadas medidas imediatas para garantir que todas as
1. Quando o regulamento não autorizar aos reclusos a posse de pessoas potencialmente implicadas não tenham qualquer envolvi-
dinheiro, objetos de valor, peças de vestuário e outros objetos que mento na investigação ou contato com as testemunhas, vítimas e
lhes pertençam, estes devem, no momento de admissão no estabe- seus familiares.
lecimento, ser guardados em lugar seguro. Deve ser elaborado um
inventário destes objetos, assinado pelo recluso. Devem ser toma- Regra 72
das medidas para conservar estes objetos em bom estado. A administração prisional deve tratar o corpo de um recluso
2. Estes objetos e o dinheiro devem ser restituídos ao recluso falecido com respeito e dignidade. O corpo do recluso falecido deve
no momento da sua libertação, com exceção do dinheiro que te- ser devolvido ao seu parente mais próximo o mais rapidamente
nha sido autorizado a gastar, dos objetos que tenham sido enviados possível e, o mais tardar, quando concluída a investigação. A ad-
pelo recluso para o exterior ou das peças de vestuário que tenham ministração prisional deve providenciar um funeral culturalmente
sido destruídas por razões de higiene. O recluso deve assinar o reci- adequado, se não houver outra parte disposta ou capaz de fazê-lo,
bo dos objetos e do dinheiro que lhe tenham sido restituídos. e deve manter um registo completo do facto.

241
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Transferência de reclusos (d) Técnicas de primeiros socorros, as necessidades psicosso-
Regra 73 ciais dos reclusos e correspondentes dinâmicas do ambiente prisio-
1. Quando os reclusos são transferidos, de ou para outro esta- nal, bem como o apoio e assistência social, incluindo o diagnóstico
belecimento, devem ser vistos o menos possível pelo público e de- prévio de doenças mentais.
vem ser tomadas medidas apropriadas para os proteger de insultos, 2. Os funcionários que estiverem incumbidos de trabalhar com
curiosidade e de qualquer tipo de publicidade. certas categorias de reclusos, ou que estejam designados para ou-
2. Deve ser proibido o transporte de reclusos em veículos com tras funções específicas, devem receber formação adequada às
deficiente ventilação ou iluminação ou que, de qualquer outro suas características.
modo, os possa sujeitar a sacrifícios físicos desnecessários.
3. O transporte de reclusos deve ser efetuado a expensas da Regra 77
administração prisional em condições de igualdade para todos. Todos os membros do pessoal devem, em todas as circunstân-
cias, comportar-se e desempenhar as suas funções de maneira a
Pessoal do estabelecimento prisional que o seu exemplo tenha boa influência sobre os reclusos e mereça
Regra 74 o respeito destes.
1. A administração prisional deve selecionar cuidadosamente
o pessoal de todas as categorias, dado que é da sua integridade, Regra 78
humanidade, aptidões pessoais e capacidades profissionais que de- 1. Na medida do possível, deve incluir-se no pessoal um nú-
pende a boa gestão dos estabelecimentos prisionais. mero suficiente de especialistas, tais como psiquiatras, psicólogos,
2. A administração prisional deve esforçar-se permanentemen- assistentes sociais, professores e instrutores técnicos.
te por suscitar e manter no espírito do pessoal e da opinião públi- 2. Os assistentes sociais, professores e instrutores técnicos de-
ca a convicção de que esta missão representa um serviço social de vem exercer as suas funções de forma permanente, mas poderá
grande importância; para o efeito, devem ser utilizados todos os também recorrer-se a auxiliares a tempo parcial ou a voluntários.
meios adequados para esclarecer o público.
3. Para a realização daqueles fins, os membros do pessoal de-
vem desempenhar funções a tempo inteiro na qualidade de pro- Regra 79
fissionais do sistema prisional, devem ter o estatuto de funcioná- 1. O diretor do estabelecimento prisional deve ser adequada-
rios do Estado e ser-lhes garantida, por conseguinte, segurança no
mente qualificado para a sua função, quer pelo seu carácter, quer
emprego dependente apenas de boa conduta, eficácia no trabalho
pelas suas competências administrativas, formação e experiência.
e aptidão física. A remuneração deve ser suficiente para permitir
2. O diretor do estabelecimento prisional deve exercer a sua
recrutar e manter ao serviço homens e mulheres competentes; as
função oficial a tempo inteiro e não deve ser nomeado a tempo
regalias e as condições de emprego devem ser determinadas tendo
parcial. Deve residir no estabelecimento prisional ou nas imedia-
em conta a natureza penosa do trabalho.
ções deste.
3. Quando dois ou mais estabelecimentos prisionais estejam
Regra 75
sob a autoridade de um único diretor, este deve visitar ambos com
1. Os funcionários devem possuir um nível de educação ade-
quado e deve ser-lhes proporcionadas condições e meios para po- regularidade. Em cada um dos estabelecimentos deve haver um
derem exercer as suas funções de forma profissional. funcionário responsável.
2. Devem frequentar, antes de entrar em funções, um curso de
formação geral e específico, que deve refletir as melhores e mais Regra 80
modernas práticas, baseadas em dados empíricos, das ciências pe- 1. O diretor, o seu adjunto e a maioria dos outros membros do
nais. Apenas os candidatos que ficarem aprovados nas provas teóri- pessoal do estabelecimento prisional devem falar a língua da maior
cas e práticas devem ser admitidos no serviço prisional. parte dos reclusos ou uma língua entendida pela maioria deles.
3. Após a entrada em funções e ao longo da sua carreira, o pes- 2. Deve recorrer-se aos serviços de um intérprete sempre que
soal deve conservar e melhorar os seus conhecimentos e compe- seja necessário.
tências profissionais, seguindo cursos de aperfeiçoamento organi-
zados periodicamente. Regra 81
1. Nos estabelecimentos prisionais destinados a homens e mu-
Regra 76 lheres, a secção das mulheres deve ser colocada sob a direção de
1. A formação a que se refere o parágrafo 2 da Regra 75 deve um funcionário do sexo feminino responsável que terá à sua guarda
incluir, no mínimo, o seguinte: todas as chaves dessa secção.
(a) Legislação, regulamentos e políticas nacionais relevantes, 2. Nenhum funcionário do sexo masculino pode entrar na parte
bem como os instrumentos internacionais e regionais aplicáveis do estabelecimento destinada às mulheres sem ser acompanhado
que devem nortear o trabalho e as interações dos funcionários com por um funcionário do sexo feminino.
os reclusos; 3. A vigilância das reclusas deve ser assegurada exclusivamente
(b) Direitos e deveres dos funcionários no exercício das suas por funcionários do sexo feminino. Não obstante, isso não impe-
funções, incluindo o respeito à dignidade humana de todos os re- de que funcionários do sexo masculino, especialmente médicos e
clusos e a proibição de certas condutas, em particular a prática de professores, desempenhem as suas funções profissionais em esta-
tortura ou outras penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou de- belecimentos prisionais ou secções do estabelecimento prisional
gradantes; destinados a mulheres.
(c) Segurança, incluindo o conceito de segurança dinâmica, o
uso da força e instrumentos de coação e a gestão de pessoas vio- Regra 82
lentas, tendo em consideração técnicas preventivas e alternativas, 1. Os funcionários dos estabelecimentos prisionais não devem,
como a negociação e a mediação; nas suas relações com os reclusos, usar de força, exceto em legítima
defesa ou em casos de tentativa de fuga ou de resistência física ati-

242
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
va ou passiva a uma ordem baseada na lei ou nos regulamentos. Os Regra 87
funcionários que tenham de recorrer à força não devem usar senão Antes do termo da execução de uma pena ou de uma medida
a estritamente necessária e devem comunicar imediatamente o in- é desejável que sejam adotadas as medidas necessárias para asse-
cidente ao diretor do estabelecimento prisional. gurar ao recluso um regresso progressivo à vida na sociedade. Este
2. Os membros do pessoal prisional devem receber formação objetivo poderá ser alcançado, consoante os casos, através de um
técnica especial que lhes permita dominar os reclusos violentos. regime preparatório da libertação, organizado no próprio estabe-
3. Salvo circunstâncias especiais, os agentes que assegurem lecimento ou em outro estabelecimento adequado, ou mediante
serviços que os ponham em contato direto com os reclusos não de- uma libertação condicional sujeita a controlo, que não deve caber à
vem estar armados. Aliás, não deverá ser confiada uma arma a um polícia, mas que deve comportar uma assistência social eficaz.
membro do pessoal sem que este seja treinado para o seu uso.
Regra 88
Inspeções internas e externas 1. O tratamento não deve acentuar a exclusão dos reclusos da
Regra 83 sociedade, mas sim fazê-los compreender que continuam a fazer
1. Deve haver um sistema duplo de inspeções regulares nos es- parte dela. Para este fim, há que recorrer, sempre que possível, à
tabelecimentos e serviços prisionais: cooperação de organismos da comunidade destinados a auxiliar o
(a) Inspeções internas ou administrativas conduzidas pela ad- pessoal do estabelecimento prisional na reabilitação social dos re-
ministração prisional central; clusos.
(b) Inspeções externas conduzidas por um órgão independente 2. Assistentes sociais, colaborando com cada estabelecimento,
da administração prisional, que pode incluir órgãos internacionais devem ter por missão a manutenção e a melhoria das relações do
ou regionais competentes. recluso com a sua família e com os organismos sociais que podem
2. Em ambos os casos, o objetivo das inspeções deve ser o de ser-lhe úteis. Devem adotar-se medidas tendo em vista a salvaguar-
assegurar que os estabelecimentos prisionais sejam administrados da, de acordo com a lei e a pena imposta, dos direitos civis, dos di-
de acordo com as leis, regulamentos, políticas e procedimentos reitos em matéria de segurança social e de outros benefícios sociais
vigentes, para prossecução dos objetivos dos serviços prisionais e dos reclusos.
correcionais e para a proteção dos direitos dos reclusos. Regra 89
Regra 84 1. A realização destes princípios exige a individualização do tra-
1. Os inspetores devem ter a autoridade para: tamento e, para este fim, um sistema flexível de classificação dos
(a) Aceder a todas as informações sobre o número de reclusos reclusos por grupos; é por isso desejável que esses grupos sejam
e dos locais de detenção, bem como a toda a informação relevante colocados em estabelecimentos prisionais separados, adequados
ao tratamento dos reclusos, incluindo os seus registos e as condi- ao tratamento de cada um deles.
ções de detenção; 2. Estes estabelecimentos não devem possuir o mesmo grau de
(b) Escolher livremente qual o estabelecimento prisional que segurança para cada grupo. É desejável prever graus de segurança
querem inspecionar, inclusive fazendo visitas por iniciativa própria consoante as necessidades dos diferentes grupos. Os estabeleci-
sem aviso prévio e quais os reclusos que pretendem entrevistar; mentos abertos, pelo próprio facto de não preverem medidas de
(c) Conduzir entrevistas com os reclusos e com os funcionários segurança física contra as evasões, mas remeterem neste domínio
prisionais, em total privacidade e confidencialidade, durante as à autodisciplina dos reclusos, proporcionam aos reclusos cuidado-
suas visitas; samente escolhidos as condições mais favoráveis à sua reabilitação.
(d) Fazer recomendações à administração prisional e a outras 3. É desejável que nos estabelecimentos prisionais fechados a
autoridades competentes. individualização do tratamento não seja prejudicada por um núme-
2. As equipas de inspeção externa devem ser compostas por ro demasiado elevado de reclusos. Nalguns países entende-se que
inspetores qualificados e experientes, indicados por uma autorida- a população destes estabelecimentos não deve ultrapassar os qui-
de competente, e devem contar com profissionais de saúde. Deve- nhentos. Nos estabelecimentos abertos, a população deve ser tão
-se procurar ter uma representação equilibrada de género. reduzida quanto possível.
4. Por outro lado, não é recomendável manter estabelecimen-
Regra 85 tos demasiado pequenos que possam impedir que instalações ade-
1. Depois de uma inspeção, deve ser submetido à autoridade quadas sejam facultadas
competente um relatório escrito. Esforços devem ser empreendi-
dos para tornar público os relatórios das inspeções externas, ex- Regra 90
cluindo-se qualquer dado pessoal dos reclusos, a menos que estes O dever da sociedade não cessa com a libertação de um reclu-
tenham dado explicitamente o seu acordo. so. Seria por isso necessário dispor de organismos governamentais
2. A administração prisional ou qualquer outra autoridade ou privados capazes de trazer ao recluso colocado em liberdade um
competente, conforme apropriado, deve indicar, num prazo razo- auxílio pós-penitenciário eficaz, tendente a diminuir os preconcei-
ável, se as recomendações provindas das inspeções externas serão tos a seu respeito e a permitir-lhe a sua reinserção na sociedade.
implementadas.
Tratamento
II. REGRAS APLICÁVEIS A CATEGORIAS ESPECIAIS Regra 91
A. Reclusos condenados O tratamento das pessoas condenadas a uma pena ou medida
Princípios gerais privativa de liberdade deve ter por objetivo, na medida em que o
permitir a duração da condenação, criar nelas a vontade e as ap-
Regra 86 tidões que as tornem capazes, após a sua libertação, de viver no
Os princípios gerais a seguir enunciados têm por finalidade a respeito pela lei e de prover às suas necessidades. Este tratamento
definição do espírito dentro do qual os sistemas prisionais devem deve incentivar o respeito por si próprias e desenvolver o seu senti-
ser administrados e os objetivos a que devem tender, de acordo do da responsabilidade.
com a declaração feita na observação preliminar 1 destas Regras.

243
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Regra 92 Regra 97
1. Para este fim, há que recorrer a todos os meios apropria- 1. O trabalho na prisão não deve ser de natureza penosa.
dos, nomeadamente à assistência religiosa nos países em que seja 2. Os reclusos não devem ser mantidos em regime de escravi-
possível, à instrução, à orientação e à formação profissionais, à dão ou de servidão.
assistência social direcionada, ao aconselhamento profissional, ao 3. Nenhum recluso será chamado a trabalhar para beneficiar,
desenvolvimento físico e à educação moral, de acordo com as ne- a título pessoal ou privado, qualquer membro da equipa prisional
cessidades de cada recluso. Há que ter em conta o passado social
e criminal do condenado, as suas capacidades e aptidões físicas e Regra 98
mentais, a sua personalidade, a duração da condenação e as pers- 1. Tanto quanto possível, o trabalho proporcionado deve ser de
pectivas da sua reabilitação. natureza que mantenha ou aumente as capacidades dos reclusos
2. Para cada recluso condenado a uma pena ou a uma medi- para ganharem honestamente a vida depois de libertados.
da de certa duração, o diretor do estabelecimento prisional deve 2. Deve ser proporcionada formação profissional, em profis-
receber, no mais breve trecho após a admissão do recluso, relató- sões úteis, aos reclusos que dela tirem proveito e especialmente a
rios completos sobre os diferentes aspetos referidos no parágrafo 1 jovens reclusos.
desta Regra. Estes relatórios devem sempre compreender um rela- 3. Dentro dos limites compatíveis com uma seleção profissio-
tório de um médico, se possível especializado em psiquiatria, sobre nal apropriada e com as exigências da administração e disciplina
a condição física e mental do recluso. prisional, os reclusos devem poder escolher o tipo de trabalho que
3. Os relatórios e outros elementos pertinentes devem ser co- querem fazer
locados num arquivo individual. Este arquivo deve ser atualizado e
classificado de modo a poder ser consultado pelo pessoal responsá-
Regra 99
vel sempre que necessário.
1. A organização e os métodos do trabalho nos estabelecimen-
tos prisionais devem aproximar-se tanto quanto possível dos que
Classificação e individualização
regem um trabalho semelhante fora do estabelecimento, de modo
Regra 93
1. As finalidades da classificação devem ser: a preparar os reclusos para as condições de uma vida profissional
(a) De separar os reclusos que, pelo seu passado criminal ou normal.
pela sua personalidade, possam vir a exercer uma influência negati- 2. No entanto, o interesse dos reclusos e a sua formação profis-
va sobre os outros reclusos; sional não devem ser subordinados ao desejo de realizar um bene-
(b) De repartir os reclusos por grupos tendo em vista facilitar o fício financeiro por meio do trabalho prisional.
seu tratamento para a sua reinserção social.
2. Há que dispor, na medida do possível, de estabelecimentos Regra 100
separados ou de secções distintas dentro de um estabelecimento 1. As indústrias e as explorações agrícolas devem, de preferên-
para o tratamento das diferentes categorias de reclusos. cia, ser dirigidas pela administração prisional e não por empresários
privados.
Regra 94 2. Quando os reclusos forem empregues para trabalho não
Assim que possível após a admissão e depois de um estudo da controlado pela administração prisional, devem ser sempre colo-
personalidade de cada recluso condenado a uma pena ou a uma cados sob vigilância do pessoal prisional. Salvo nos casos em que
medida de uma certa duração deve ser preparado um programa de o trabalho seja efetuado para outros departamentos do Estado, as
tratamento que lhe seja destinado, à luz dos dados de que se dispõe pessoas às quais esse trabalho seja prestado devem pagar à admi-
sobre as suas necessidades individuais, as suas capacidades e o seu nistração a remuneração normal exigível para esse trabalho, tendo
estado de espírito. todavia em conta a produtividade dos reclusos.

Privilégios Regra 101


Regra 95 1. Os cuidados prescritos destinados a proteger a segurança e
Há que instituir em cada estabelecimento um sistema de pri- a saúde dos trabalhadores em liberdade devem igualmente existir
vilégios adaptado às diferentes categorias de reclusos e aos dife- nos estabelecimentos prisionais.
rentes métodos de tratamento, com o objetivo de encorajar o bom 2. Devem ser adotadas disposições para indemnizar os reclusos
comportamento, de desenvolver o sentido da responsabilidade e por acidentes de trabalho e doenças profissionais, nas mesmas con-
de estimular o interesse e a cooperação dos reclusos no seu próprio
dições que a lei concede aos trabalhadores em liberdade.
tratamento.
Regra 102
Trabalho
1. As horas diárias e semanais máximas de trabalho dos reclu-
Regra 96
1. Todos os reclusos condenados devem ter a oportunidade de sos devem ser fixadas por lei ou por regulamento administrativo,
trabalhar e/ou participar ativamente na sua reabilitação, em con- tendo em consideração regras ou costumes locais respeitantes ao
formidade com as suas aptidões física e mental, de acordo com a trabalho dos trabalhadores em liberdade.
determinação do médico ou de outro profissional de saúde quali- 2. As horas devem ser fixadas de modo a deixar um dia de des-
ficado. canso semanal e tempo suficiente para a educação e para outras
2. Deve ser dado trabalho suficiente de natureza útil aos re- atividades necessárias como parte do tratamento e reinserção dos
clusos, de modo a conservá-los ativos durante um dia normal de reclusos.
trabalho.
Regra 103
1. O trabalho dos reclusos deve ser remunerado de modo equi-
tativo.

244
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
2. O regulamento deve permitir aos reclusos a utilização de Regra 109
pelo menos uma parte da sua remuneração para adquirir objetos 1. As pessoas consideradas inimputáveis, ou a quem, posterior-
autorizados, destinados ao seu uso pessoal, e para enviar outra par- mente, foi diagnosticado uma deficiência mental e/ou um proble-
te à sua família. ma de saúde grave, em relação aos quais a detenção poderia agra-
3. O regulamento deve prever igualmente que uma parte da var a sua condição, não devem ser detidas em prisões. Devem ser
remuneração seja reservada pela administração prisional de modo tomadas medidas para as transferir para um estabelecimento para
a constituir uma poupança que será entregue ao recluso no mo- doentes mentais o mais depressa possível.
mento da sua libertação. 2. Se necessário, os demais reclusos que sofrem de outras do-
enças ou anomalias mentais devem ser examinados e tratados em
Educação e lazer instituições especializadas, sob vigilância médica.
Regra 104 3. O serviço médico ou psiquiátrico dos estabelecimentos pri-
1. Devem ser tomadas medidas no sentido de melhorar a edu- sionais deve proporcionar tratamento psiquiátrico a todos os reclu-
cação de todos os reclusos que daí tirem proveito, incluindo ins- sos que o necessitem.
trução religiosa nos países em que tal for possível. A educação de
analfabetos e jovens reclusos será obrigatória, prestando-lhe a ad- Regra 110
ministração prisional especial atenção É desejável que sejam adotadas medidas, de acordo com os
2. Tanto quanto for possível, a educação dos reclusos deve es- organismos competentes, para que o tratamento psiquiátrico seja
tar integrada no sistema educacional do país, para que depois da mantido, se necessário, depois da colocação em liberdade e que
sua libertação possam continuar, sem dificuldades, os seus estudos uma assistência social pós-prisional de natureza psiquiátrica seja
assegurada.
Regra 105
Devem ser proporcionadas atividades recreativas e culturais C. Reclusos detidos ou a aguardar julgamento
em todos os estabelecimentos prisionais em benefício da saúde Regra 111
mental e física dos reclusos. 1. Os detidos ou presos em virtude de lhes ser imputada a prá-
tica de uma infração penal, quer estejam detidos sob custódia da
Relações sociais e assistência pós-prisional polícia, quer num estabelecimento prisional, mas que ainda não
Regra 106 foram julgados e condenados, são doravante designados nestas Re-
Deve ser prestada atenção especial à manutenção e melhora- gras por “detidos preventivamente”.
mento das relações entre o recluso e a sua família que se mostrem 2. As pessoas detidas preventivamente presumem-se inocen-
de maior vantagem para ambos. tes e como tal devem ser tratadas.
3. Estes detidos devem beneficiar de um regime especial cujos
Regra 107 elementos essenciais se discriminam nestas Regras, sem prejuízo
Desde o início do cumprimento da pena de um recluso, deve das disposições legais sobre a proteção da liberdade individual ou
ter-se em consideração o seu futuro depois de libertado, devendo que estabelecem os trâmites a ser observados em relação a pessoas
este ser estimulado e ajudado a manter ou estabelecer relações detidas preventivamente.
com pessoas ou organizações externas, aptas a promover os me-
lhores interesses da sua família e da sua própria reabilitação social. Regra 112
1. As pessoas detidas preventivamente devem ser mantidas se-
Regra 108 paradas dos reclusos condenados.
1. Os serviços ou organizações governamentais ou outras, que 2. Os jovens detidos preventivamente devem ser mantidos se-
prestam assistência a reclusos colocados em liberdade para se re- parados dos adultos e ser, em princípio, detidos em estabelecimen-
estabelecerem na sociedade, devem assegurar, na medida do pos- tos prisionais separados.
sível e do necessário, que sejam facultados aos reclusos libertados
documentos de identificação apropriados, que lhes sejam garanti- Regra 113
das casas adequadas e trabalho, vestuário apropriado ao clima e à As pessoas detidas preventivamente devem dormir sozinhas
estação do ano e recursos suficientes para chegarem ao seu destino em quartos separados, sob reserva de diferente costume local re-
e para subsistirem no período imediatamente seguinte à sua liber- lativo ao clima.
tação.
2. Os representantes oficiais dessas organizações devem ter o Regra 114
acesso necessário ao estabelecimento prisional e aos reclusos, sen- Dentro dos limites compatíveis com a boa ordem do estabele-
do consultados sobre o futuro do recluso desde o início do cumpri- cimento prisional, as pessoas detidas preventivamente podem, se
mento da pena. o desejarem, mandar vir alimentação do exterior a expensas pró-
3. É recomendável que as atividades destas organizações este- prias, quer através da administração, quer através da sua família
jam centralizadas ou sejam coordenadas, tanto quanto possível, a ou amigos. Caso contrário a administração deve fornecer-lhes a ali-
fim de garantir a melhor utilização dos seus esforços. mentação.
B. Reclusos com transtornos mentais e/ou com problemas de
saúde Regra 115
A pessoa detida preventivamente deve ser autorizada a usar
a sua própria roupa se estiver limpa e for adequada. Se usar roupa
do estabelecimento prisional, esta será diferente da fornecida aos
condenados.

245
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Regra 116
Será sempre dada à pessoa detida preventivamente a oportu- JUSTIÇA RESTAURATIVA E COMUNICAÇÃO NÃO VIO-
nidade de trabalhar, mas esta não será obrigada a fazê-lo. Se optar LENTA
por trabalhar, será remunerada.
O que é Justiça Restaurativa Juvenil
Regra 117
A pessoa detida preventivamente deve ser autorizada a obter, “Consiste no modelo de justiça participativa, com a finalidade
a expensas próprias ou a expensas de terceiros, livros, jornais, ma- de proporcionar maior efetividade em relação às medidas socioe-
terial para escrever e outros meios de ocupação compatíveis com ducativas na Vara da Infância e Juventude e na justiça comum, de
os interesses da administração da justiça e com a segurança e boa contribuir com a garantia dos direitos humanos do autor do ato in-
ordem do estabelecimento prisional. fracional, familiares, vítima e comunidade, bem como promover a
cultura de paz social.” (DMJ-10(2283):2, 24-09-2010).
Regra 118 Há de se considerar os vários conceitos existentes de Justiça
A pessoa detida preventivamente deve ser autorizada a ser vi- Restaurativa, e trazemos o conceito da Organização das Nações Uni-
sitada e a ser tratada pelo seu médico pessoal ou dentista se existir das (ONU-2002), que a define como:
motivo razoável para o seu pedido e puder pagar quaisquer despe- “Um processo através do qual todas as partes envolvidas em
sas em que incorrer. um ato que causou ofensa reúnem-se para decidir coletivamente
como lidar com as circunstâncias decorrentes desse ato e suas im-
Regra 119 plicações para o futuro.”
1. Todo o recluso tem o direito a ser imediatamente informado Para a Justiça Restaurativa Juvenil, o modo de resolução de con-
das razões de sua detenção e sobre quaisquer acusações apresen- flitos tem um enfoque coletivo, com a valorização da autonomia,
tadas contra si. história e necessidades das pessoas, oferecendo oportunidades
2. Se uma pessoa detida preventivamente não tiver um advo- para que os interessados (autor, receptor, familiares e comunidade)
gado da sua escolha, ser-lhe-á designado um defensor oficioso pela possam conversar e identificar suas necessidades não atendidas, a
autoridade judicial, ou outra autoridade, em todos os casos em que fim de restaurar a harmonia e o equilíbrio entre todos.
os interesses da justiça o exigirem e sem custos para a pessoa deti-
da preventivamente, caso esta não possua recursos suficientes para Justiça Restaurativa e sua Contribuição Para a Justiça Restau-
pagar. A possibilidade de se recusar o acesso a um advogado deve rativa Juvenil
ser sujeita a uma revisão independente, sem demora. O modelo restaurativo se afigura como uma alternativa real
para o sistema de justiça, mais acessível e apto a intervir de forma
Regra 120 afetiva na prevenção e solução de conflitos. Não se trata apenas
1. Os direitos e as modalidades que regem o acesso de uma de uma construção teórica, mas de um modelo já incorporado por
pessoa detida preventivamente ao seu advogado ou defensor ofi- diversos países, inclusive nos Estados brasileiros.
cioso, com vista à sua defesa, devem ser regulados pelos mesmos A Justiça Restaurativa emerge como uma esperança em meio
princípios estabelecidos na Regra 61. ao crescimento do clima de insegurança e dos altos índices de vio-
2. A pessoa detida preventivamente deve ter à sua disposição, lência e criminalidade. Por se apresentar como forma de atendi-
se assim o desejar, material de escrita a fim de preparar os docu- mento a adolescentes autores de ato infracional, com o objetivo
mentos relacionados com a sua defesa e entregar instruções confi- de reparar o dano individual, social e nas relações causado pelo ato
denciais ao seu advogado ou defensor oficioso. cometido, as práticas restaurativas vêm se solidificando como efi-
cazes coadjuvantes no sistema de justiça juvenil.
D. Presos civis Na Justiça Restaurativa dá-se a oportunidade à vítima de cres-
Regra 121 cer, aprender e compreender o que se passou na vida do autor do
Nos países cuja legislação prevê a prisão por dívidas ou outras ato infracional, bem como saber ouvir o outro lado e ter a capaci-
formas de prisão proferidas por decisão judicial na sequência de dade de diálogar porque, às vezes, a vítima não a tem. Ajudar na
processos que não tenham natureza penal, os reclusos não devem construção de acordos é pedagógico também para a vítima, carac-
ser submetidos a maiores restrições nem ser tratados com maior terística não existente no processo tradicional. O círculo em si, tem
severidade do que for necessário para manter a segurança e a or- a finalidade de ‘‘tirar’’um pouco a visão hierárquica do processo
dem. O seu tratamento não deve ser menos favorável do que o dos tradicional, em que tudo deve ser feito em nome do Estado e na
detidos preventivamente, sob reserva, porém, da eventual obriga- construção do diálogo não deve haver hierarquia.(Pedreira, 2014)
ção de trabalhar. Reconhecendo a eficácia do viés restaurativo, o SINASE – Siste-
ma Nacional de Atendimento Socioeducativo – recomenda a utiliza-
E. Pessoas presas ou detidas sem acusação ção deste método como importante alternativa à ressocialização de
Regra 122 adolescentes em conflito com a lei.
Sem prejuízo das disposições contidas no artigo 9.º do Pacto Um marco importante para a Justiça Restaurativa foi publicado
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos3 , deve ser concedi- no dia 2 de junho de 2016 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ):
da às pessoas presas ou detidas sem acusação a proteção conferida a Resolução nº 225. Esta Resolução contém as diretrizes para a im-
nos termos da secção C, Partes I e II desta Regra. As disposições re- plantação da Justiça Restaurativa em todo país, estabelecendo que
levantes da secção A da Parte II, desta Regra, serão igualmente apli- os Tribunais de Justiça adotem este programa em seu rol de ações.
cáveis sempre que a sua aplicação possa beneficiar esta categoria
especial de reclusos, desde que não seja tomada nenhuma medida
que implique a reeducação ou a reabilitação de pessoas não conde-
nadas por uma infração penal.

246
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Objetivos da Justiça Restaurativa - Peça e aceite a colaboração de outras pessoas, deixando a
liderança para quem tiver mais experiência, conhecimento, frieza
A Justiça Restaurativa traz como objetivo principal a mudança e calma.
dos paradigmas de convívio entre as pessoas para construir uma
sociedade em que cada qual se sinta igualmente responsável pelas Atenção! Os passos principais de Primeiros Socorros:
mudanças e pela paz. Em resumo, a Justiça Restaurativa resgata o 1) Garanta a segurança – sinalize o local;
justo e o ético nas relações, nas instituições e na sociedade. 2) Peça socorro – acione o socorro especializado;
Aplicada no âmbito do Judiciário, a Justiça Restaurativa tem 3) Controle a situação – mantenha a calma;
como objetivo a resolução de conflitos interpessoais de forma pací- 4) Verifique a situação – localize, proteja e examine as vítimas.
fica, promovendo a corresponsabilidade de todos os envolvidos no
conflito a fim de buscar respostas efetivas para a sua solução. Pro- PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS EM CASO DE ACIDEN-
picia a prevenção, a desjudicialização, a restauração e a reparação TES
dos danos individuais, sociais e relacionais. Enfim, explora a possi-
bilidade de o dialogismo se converter numa plataforma adequada Parada e Estacionamento
para integrar os diferentes contributos disciplinares da educação Estacione seu carro a mais ou menos 30 metros do local do aci-
para a paz. dente, use o triângulo, pisca-alerta, lanternas, entre outros.
Assim, a Justiça Restaurativa traz uma verdadeira mudança de
paradigma, daquele retributivo (punitivo) para o restaurativo pois, Sinalização do local
tomando como foco central os danos e consequentes necessidades, Use também para sinalizar o local do acidente os mesmos ma-
tanto da vítima como também do ofensor e da comunidade, trata teriais descritos acima. Inicie a sinalização em um ponto em que os
das obrigações decorrentes desses prejuízos de ordem material e motoristas ainda não possam ver o acidente.
moral.
Para tanto, vale-se de procedimentos inclusivos e cooperativos
nos quais serão envolvidos todos aqueles direta ou indiretamente
atingidos, tudo de forma a corrigir os caminhos que nasceram er-
rados
(ZEHR, 2008).

PRIMEIROS SOCORROS

PRIMEIROS SOCORROS;
Não adianta ver o acidente quando já não há tempo suficiente
Sinalização do Local do Acidente para parar ou diminuir a velocidade. No caso de vias de fluxo rápido,
Os acidentes acontecem nas ruas e estradas, impedindo ou di- com veículos ou obstáculos na pista, é preciso alertar os motoris-
ficultando a passagem normal dos outros veículos. Por isso, esteja tas antes que eles percebam o acidente. Assim, vai dar tempo para
certo de que situações de perigo vão ocorrer (novos acidentes ou reduzir a velocidade, concentrar a atenção e desviar. Então não se
atropelamentos), se você demorar muito ou não sinalizar o local de esqueça que a sinalização deve começar antes do local do acidente
forma adequada. Algumas regras são fundamentais para você fazer ser visível.
a sinalização do acidente: Nem é preciso dizer que a sinalização deverá ser feita antes
da visualização nos dois sentidos (ida e volta) nos casos em que o
O QUE FAZER PRIMEIRO acidente interferir no tráfego das duas mãos de direção
Normalmente, em um lugar de acidente, há cenas de sofrimen-
to, nervosismo e pânico, além de situações que exigem providên- Demarque todo o desvio do tráfego até o acidente
cias imediatas. Independentemente da gravidade da situação, de- Não é só a sinalização que deve se iniciar bem antes do aci-
vemos agir com calma e frieza: dente. É necessário que todo o trecho, do início da sinalização até
- Sinalize o local a fim de evitar outro acidente; o acidente, seja demarcado, indicando quando houver desvio de di-
- Acione o socorro especializado; reção. Se isso não puder ser feito de forma completa, faça o melhor
- Não movimente a vítima; que puder, aguardando as equipes de socorro, que deverão com-
- Se a vítima estiver consciente, converse calmamente com ela pletar a sinalização e os desvios.
transmitindo alívio e segurança, informando que o socorro já está a
caminho e convencendo-a a não se mover; Mantenha o tráfego fluindo
- Acione novamente o socorro em caso de demora, mas não Outro objetivo importante na sinalização é manter a fluidez do
ofereça nada para vítima engolir. Nem remédios e nem qualquer tráfego, isto é, apesar do afunilamento provocado pelo acidente,
tipo de líquido; deve sempre ser mantida uma via segura para os veículos passa-
- Se a vítima estiver inconsciente, mantenha sua boca aberta e rem. Faça isso por duas razões: se ocorrer uma parada no tráfego, o
seu nariz desobstruído; congestionamento, ao surgir repentinamente, pode provocar novas
- Com a vítima consciente ou inconsciente, procure por sinais colisões.
de sangramento, começando na cabeça e descendo até os pés (sem Além disso, não se esqueça que, com o trânsito parado, as via-
esquecer os braços). Caso encontre algum sangramento, afaste as turas de socorro vão demorar mais a chegar. Para manter o tráfego
roupas da região e comprima o local com um pano de forma mo- fluindo, tome as seguintes providências:
derada e firme; • Mantenha, dentro do possível, as vias livres para o tráfego
fluir;

247
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Coloque pessoas ao longo do trecho sinalizado para cuidarem Chamar por socorro especializado: Assegurar-se que a ajuda
da fluidez; especializada foi providenciada e está a caminho.
• Não permita que curiosos parem na via destinada ao tráfego.
2º Avaliação Inicial: fase de identificação e correção imediata
ACIONAMENTO DE RECURSOS dos problemas que ameaçam a vida a curto prazo, sendo eles:
Quanto mais cedo chegar um socorro profissional, melhor para - Vias aéreas Estão desobstruídas? Existe lesão da cervical?
as vítimas de um acidente. Solicite um, o mais rápido possível. - Respiração Está adequada?
Hoje, em grande parte do Brasil, nós podemos contar com ser- - Circulação Existe pulso palpável? Há hemorragias graves?
viços de atendimento às emergências. - Nível de Consciência AVDI.
O chamado Resgate, ligado aos Corpos de Bombeiros, os SA-
MUs, os atendimentos das próprias rodovias ou outros tipos de so- Pelo histórico do acidente deve-se observar indícios que pos-
corro, recebem chamados por telefone, fazem uma triagem prévia sam ajudar ao prestador de socorro classificar a vítima como clínica
e enviam equipes treinadas em ambulâncias equipadas. No próprio ou traumática.
local, após uma primeira avaliação, os feridos são atendidos emer- Vítima Clínica: apresenta sinais e sintomas de disfunções com
gencialmente para, em seguida, serem transferidos aos hospitais. natureza fisiológica, como doenças, etc.
São serviços gratuitos, que têm, em muitos casos, números de Vítima de Trauma: apresenta sinais e sintomas de natureza
telefone padronizados em todo o Brasil. Use o seu celular, o de ou- traumática, como possíveis fraturas. Devemos nesses casos atentar
tra pessoa, os telefones dos acostamentos das rodovias, os telefo- para a imobilização e estabilização da região suspeita de lesão.
nes públicos ou peça para alguém que esteja passando pelo local
que vá até um telefone ou um posto rodoviário e acione rapida- 3º Avaliação Dirigida: Esta fase visa obter os componentes ne-
mente o Socorro. cessários para que se possa tomar a decisão correta sobre os cuida-
dos que devem ser aplicados na vítima.
VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES GERAIS DA VÍTIMA; CUIDADOS - Entrevista rápida SAMPLE;
COM A VÍTIMA (O QUE NÃO FAZER) - Exame rápido;
Toda pessoa que for realizar o atendimento pré-hospitalar - Aferição dos Sinais vitais TPRPA.
(APH), mais conhecido como primeiros socorros, deve antes de
tudo, atentar para a sua própria segurança. O impulso de ajudar a SAMPLE:
outras pessoas, não justifica a tomada de atitudes inconsequentes, S - sinais e sintomas;
que acabem transformando-o em mais uma vítima. A seriedade e o A - alergias;
respeito são premissas básicas para um bom atendimento de APH M - medicações;
(primeiros socorros). Para tanto, evite que a vítima seja exposta P - passado médico;
desnecessariamente e mantenha o devido sigilo sobre as informa- L - líquidos e alimentos;
ções pessoais que ela lhe revele durante o atendimento. E - eventos relacionados com o trauma ou doença.
Quando se está lidando com vidas, o tempo é um fator que não
deve ser desprezado em hipótese alguma. A demora na prestação O que o prestador de socorro deve observar ao avaliar o pulso
do atendimento pode definir a vida ou a morte da vítima, assim e a respiração.
como procedimentos inadequados. Importante lembrar que um ser
humano pode passar até três semanas sem comida, uma semana Pulso:
sem água, porém, pouco provável, que sobreviva mais que cinco Frequência: É aferida em batimentos por minuto, podendo ser
minutos sem oxigênio. normal, lenta ou rápida.
Ritmo: É verificado através do intervalo entre um batimento e
As fases do socorro: outro. Pode ser regular ou irregular.
1º Avaliação da cena: a primeira atitude a ser tomada no lo- Intensidade: É avaliada através da força da pulsação. Pode ser
cal do acidente é avaliar os riscos que possam colocar em perigo a cheio (quando o pulso é forte) ou fino (quando o pulso é fraco).
pessoa prestadora dos primeiros socorros. Se houver algum perigo Respiração:
em potencial, deve-se aguardar a chegada do socorro especializa- Frequência: É aferida em respirações por minuto, podendo ser:
do. Nesta fase, verifica-se também a provável causa do acidente, o normal, lenta ou rápida.
número de vítimas e a provável gravidade delas e todas as outras
informações que possam ser úteis para a notificação do acidente, Ritmo: É verificado através do intervalo entre uma respiração e
bem como a utilização dos equipamentos de proteção individual outra, podendo ser regular ou irregular.
(EPI luvas, mascaras, óculos, capote, etc) e solicitação de auxílio a Profundidade: Deve-se verificar se a respiração é profunda ou
serviços especializados como: Corpo de Bombeiros (193), SAMU superficial.
(192), Polícia Militar (190), polícia Civil (147), Defesa Civil (363
1350), CEB (0800610196), Cruz Vermelha, etc. Sinais Vitais
Nesta fase o prestador de socorro deve atentar-se para: Avaliar (TPRPA) Pulso Respiração
a situação: Temperatura
- Inteirar-se do ocorrido com tranquilidade e rapidez;
- Verificar os riscos para si próprio, para a vítima e terceiros; Adulto 60 a 100 bpm
Adulto 12 a 20 ipm
- Criar um rápido plano de ação para administrar os recursos Fria Normal Criança 80 a 120
Criança 20 a 30 ipm
materiais e humanos visando garantir a eficiência do atendimento. Quente bpm
Bebê 30 a 60 ipm
Bebê 100 a 160 bpm
Manter a segurança da área:
- Proteger a vítima do perigo mantendo a segurança da cena;
- Não tentar fazer sozinho mais do que o possível.

248
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Pressão Arterial - Fratura, luxações e entorses de pé;
VN <130mmHg sistólica e <80mmHg diastólica - Contusão, distensão muscular e ferimentos dos membros in-
- estenda o braço da vítima com a mão em supinação; feriores;
- enrole o manguito vazio no ponto médio do braço; - Picada de animais peçonhentos: cobra, escorpião e outros.
- feche a válvula perto da pera;
- apalpe a artéria braquial; Importante:
- bombeie o manguito até cessar o pulso; - Evite paradas e freadas bruscas do veículo, durante o trans-
- coloque o estetoscópio encima do local do pulso braquial; porte;
- libere o ar vagarosamente até ouvir o 1º som de “korotkoff”; - Previna-se contra o aparecimento de danos irreparáveis ao
- observe no mostrador os mmHg no momento do 1º som (sís- acidentado, movendo-o o menos possível
tole); - Solicite, sempre que possível, a assistência de um médico na
- continue esvaziando até para o som de “korotkoff”; remoção de acidentado grave;
- observe no mostrador os mmHg no último som (diástole); - Não interrompa, em hipótese alguma, a respiração de socorro
- continue esvaziando totalmente o manguito; e a compressão cardíaca externa ao transportar o acidentado.
- anote os valores da PA e a hora, ex: 130x80 mmHg 10:55 h.
Hemorragias:
4º Avaliação Física Detalhada: nesta fase examina-se da cabeça É a perda de sangue provocada pelo rompimento de um vaso
aos pés da vítima, procurando identificar lesões. sanguíneo, podendo ser arterial, venosa ou capilar.
Durante a inspeção dos membros inferiores e superiores deve- Toda hemorragia deve ser controlada imediatamente. A he-
-se avaliar o Pulso, Perfusão, Sensibilidade e a Motricidade (PPSM) morragia abundante e não controlada pode causar a morte de 3 a
5 minutos.
5º Estabilização e Transporte: nesta fase finaliza-se o exame da
vítima, avalia-se a região dorsal, prevenir-se o estado de choque e Classificação quanto ao volume de sangue perdido:
prepara-se para o transporte. Classe I perda de até 15% do volume sanguíneo (adulto de 70
6º Avaliação Continuada: nesta fase, verificam-se periodica- kg = até 750 ml de sangue), apresenta discreta taquicardia;
mente os sinais vitais e mantém-se uma constante observação do Classe: II perda de 15 a 30% do volume sanguíneo (adulto de 70
aspecto geral da vítima. kg = até 750 a 1.500 ml de sangue), apresenta taquicardia, taquip-
Reavaliar vítimas Críticas e Instáveis a cada 3 minutos; Reavaliar neia, queda da PA e ansiedade;
vítimas Potencialmente Instáveis e Estáveis a cada 10 minutos. Classe III perda de 30 a 40% do volume sanguíneo (adultode 70
Críticas: PCR e parada respiratória. kg = 2 litros, de sangue), apresenta taquicardia, taquipneia, queda
Instáveis: hemorragias III e IV, estado de choque, queimaduras, da PA e ansiedade, insuficiente perfusão;
etc.
Potencialmente Instáveis: hemorragias II, fraturas, luxações,
Classe IV perda de mais de 40% do volume sanguíneo (adulto
queimaduras, etc.
de 70 kg = acima de 2 litros, de sangue), apresenta acentuado au-
Estáveis: hemorragias I, entorses, contusões, cãibras, disten-
mento da FC e respiratória, queda intensa da PA.
sões, etc.
Como proceder (técnicas de hemostasia):
- Mantenha a região que sangra em posição mais elevada que
Remoção do acidentado: A remoção da vítima, do local do aci-
o resto do corpo;
dente para o hospital, é tarefa que requer da pessoa prestadora de
- Use uma compressa ou um pano limpo sobre o ferimento,
primeiros socorros o máximo de cuidado e correto desempenho.
pressionando-o com firmeza, a fim de estancar o sangramento;
Antes da remoção: - Comprima com os dedos ou com a mão os pontos de pressão,
- Tente controlar a hemorragia; onde os vasos são mais superficiais, caso continue o sangramento;
- Inicie a respiração de socorro; - Dobre o joelho se o ferimento for na perna; o cotovelo se no
- Execute a massagem cardíaca externa; antebraço, tendo o cuidado de colocar por dentro da parte dobrada,
- Imobilize as fraturas; bem junto da articulação, um chumaço de pano, algodão ou papel;
- Evite o estado de choque, se necessário. - Evite o estado de choque;
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi-
Para o transporte da vítima, podemos utilizar: maca ou padiola, mo.
ambulância, helicóptero ou recursos improvisados (Meios de For- Desmaio e estado de choque: É o conjunto de manifestações
tuna): que resultam de um desequilíbrio entre o volume de sangue circu-
- Ajuda de pessoas; lante e a capacidade do sistema vascular, causados geralmente por:
- Maca; choque elétrico, hemorragia aguda, queimadura extensa, ferimento
- Cadeira; grave, envenenamento, exposição a extremos de calor e frio, fratu-
- Tábua; ra, emoção violenta, distúrbios circulatórios, dor aguda e infecção
- Cobertor; grave.
- Porta ou outro material disponível. Como proceder
Tipos de estado de choque:
Vítima consciente e podendo andar: Remova a vítima apoian- Choque Cardiogênico: Incapacidade do coração de bombear
do-a em seus ombros. sangue para o resto do corpo. Possui as seguintes causas: infarto
agudo do miocárdio, arritmias, cardiopatias.
Vítima consciente não podendo andar: Choque Neurogênico: Dilatação dos vasos sanguíneos em fun-
- Transporte a vítima utilizando dos recursos aqui demonstra- ção de uma lesão medular. Geralmente é provocado por traumatis-
dos, em casos de: mos que afetam a coluna cervical (TRM e/ou TCE).

249
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Choque Séptico: Ocorre devido a incapacidade do organismo Classificação das Queimaduras
em reagir a uma infecção provocada por bactérias ou vírus que 1º Grau: lesão das camadas superficiais da pele com:
penetram na corrente sanguínea liberando grande quantidade de - Eritema (vermelhidão);
toxinas. - Dor local suportável;
Choque Hipovolêmico: Diminuição do volume sanguíneo. - Inchaço.

Possui as seguintes causas: 2º Grau: Lesão das camadas mais profundas da pele com:
Perdas sanguíneas hemorragias internas e externas; Perdas de - Eritema (vermelhidão);
plasma queimaduras e peritonites; Perdas de fluídos e eletrólitos - Formação de Flictenas (bolhas);
vômitos e diarreias. - Inchaço;
Choque Anafilático: Decorrente de severa reação alérgica. - Dor e ardência locais, de intensidades variadas.

Ocorrem as seguintes reações: 3º Grau: Lesão de todas as camadas da pele, comprometendo


Pele: urticária, edema e cianose dos lábios; os tecidos mais profundos, podendo ainda alcançar músculos e os-
Sistema respiratório: dificuldade de respirar e edema da árvore sos. Estas queimaduras se apresentam:
respiratória; - Secas, esbranquiçadas ou de aspecto carbonizadas,
Sistema circulatório: dilatação dos vasos sanguíneos, queda da - Pouca ou nenhuma dor local;
PA, pulso fino e fraco, palidez. como se manifesta - Pele branca escura ou carbonizada;
- Pele fria e úmida; - Não ocorrem bolhas.
- Sudorese (transpiração abundante) na testa e nas palmas das
mãos; Queimaduras de 1º, 2º e 3º grau podem apresentar-se no mes-
- Palidez; mo acidentado. O risco de morte (gravidade do caso) não está no
- Sensação de frio, chegando às vezes a ter tremores; grau da queimadura, e sim na extensão da superfície atingida e ou
- Náusea e vômitos; da localidade da lesão. Quanto maior a área queimada, maior a gra-
- Respiração curta, rápida e irregular; vidade do caso.
- Perturbação visual com dilatação da pupila, perda do brilho
dos olhos; Avaliação da Área Queimada
- Queda gradual da PA; Use a “regra dos nove” correspondente a superfície corporal:
- Pulso fraco e rápido; Genitália 1%
- Enchimento capilar lento; Cabeça 9%
- Inconsciência total ou parcial. Membros superiores 18%
Membros inferiores 36%
Como proceder Tórax e abdômen (anterior) 18% Tórax e região lombar (poste-
- Realize uma rápida inspeção na vítima; rior) 18% Considere:
- Combata, evite ou contorne a causa do estado de choque, se Pequeno queimado menos de 10% da área corpórea; Grande
possível; queimado Mais de 10% da área corpórea;
- Mantenha a vítima deitada e em repouso;
- Controle toda e qualquer hemorragia externa;
- Verifique se as vias aéreas estão permeáveis, retire da boca, Importante: Área corpórea para crianças:
se necessário, secreção, dentadura ou qualquer outro objeto; Cabeça 18%
- Inicie a respiração de socorro boca-a-boca, em caso de parada Membros superiores 18%
respiratória; Membros inferiores 28%
- Execute a compressão cardíaca externa associada à respiração Tórax e abdômen (anterior) 18% Tórax e região lombar (poste-
de socorro boca-a-boca, se a vítima apresentar ausência de pulso e rior) 13% Nádegas 5%
dilatação das pupilas (midríase);
- Afrouxe a vestimenta da vítima; Como proceder
- Vire a cabeça da vítima para o lado, caso ocorra vômito; Afastar a vítima da origem da queimadura;
- Eleve os membros inferiores cerca de 30 cm, exceto nos casos Retire as vestes, se a peça for de fácil remoção. Caso contrário,
de choque cardiogênicos (infarto agudo do miocárdio, arritmias e abafe o fogo envolvendo-a em cobertor, colcha ou casaco;
cardiopatias) pela dificuldade de trabalho do coração; - Lave a região afetada com água fria e abundante (1ºgrau);
- Procure aquecer a vítima; - Não esfregue a região atingida, evitando o rompimento das
- Avalie o status neurológico (ECG); bolhas;
- Remova imediatamente a vítima para o hospital mais próxi- - Aplique compressas úmidas e frias utilizando panos limpos;
mo. - Faça um curativo protetor com bandagens úmidas;
- Mantenha o curativo e as compressas úmidas com soro fisio-
Queimaduras, Insolação e Intermação lógico;
Queimaduras: São lesões dos tecidos produzidas por substân- - Não aplique unguentos, graxas, óleos, pasta de dente, marga-
cia corrosiva ou irritante, pela ação do calor ou frio e de emanação rina, etc. sobre a área queimada;
radioativa. A gravidade de uma queimadura não se mede somente - Mantenha a vítima em repouso e evite o estado de choque;
pelo grau da lesão (superficial ou profunda), mas também pela ex- - Procure um médico.
tensão ou localização da área atingida.

250
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Importante: Nas queimaduras por soda cáustica, devemos lim- - Caso esteja inconsciente, aplique duas insuflações e observe
par as áreas atingidas com uma toalha ou pano antes da lavagem, sinais da passagem do ar (expansão de tórax); caso não haja, in-
pois o contato destas substâncias com a água cria uma reação quí- tercale 5 Heimlich com a inspeção das vias aéreas para observar a
mica que produz enorme quantidade de calor. expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, percebendo a parada
respiratória e notando sinais da passagem do ar, mantenha 1 insu-
Insolação: É uma perturbação decorrente da exposição direta e flação a cada 5 segundos (12 ipm) até a retomada da respiração ou
prolongada do organismo aos raios solares. chegada do socorro especializado.
Como se manifesta: - Para: lactentes conscientes, aplique 5 compressões do tórax
- Pele seca, quente e avermelhada; intercalado de 5 tapotagens (como no desenho) e inspeção das vias
- Pulso rápido e forte; aéreas;
- Dor de cabeça acentuada; - Para lactentes inconsciente, aplique duas insuflações (somen-
- Sede intensa; te o ar que se encontra nas bochechas) e observe sinais da passa-
- Temperatura do corpo elevada; gem do ar (expansão de tórax). Caso não haja, intercale 5 Heimlich
- Dificuldade respiratória; (como no desenho) com a inspeção das vias aéreas para observar a
- Inconsciência. expulsão do corpo estranho, e 2 insuflações, se perceber a parada
respiratória e notar sinais da passagem do ar, mantenha 1 insufla-
Como proceder ção a cada 3 segundos (20 ipm) até a retomada da respiração ou
- Remova a vítima para um lugar fresco e arejado; chegada do socorro especializado.
- Afrouxe as vestes da vítima; - Em caso de parada cardiorrespiratória (ausência de pulso),
- Mantenha o acidentado em repouso e recostado; executar a reanimação cárdio pulmonar (RCP);
- Aplique compressas geladas ou banho frio, se possível; - Procure o hospital mais próximo.
- Procure o hospital mais próximo.
Afogamento: Asfixia provocada pela imersão em meio líquido.
Intermação: Perturbação do organismo causada por excessivo Geralmente ocorre por câimbra, mau jeito, onda mais forte, inun-
calor em locais úmidos e não arejados, dificultando a regulação tér- dação ou enchente e por quem se lança na água sem saber nadar.
mica do organismo.
Como se manifesta
Como se manifesta - Agitação;
- Dor de cabeça e náuseas; - Dificuldade respiratória;
- Palidez acentuada; - Inconsciência;
- Sudorese (transpiração excessiva); - Parada respiratória;
- Pulso rápido e fraco; - Parada cardíaca.
- Temperatura corporal ligeiramente febril;
- Inconsciência. Como proceder
- Tente retirar a vítima da água utilizando material disponível
Como proceder (corda, boia, remo, etc.)
- Remova a vítima para um lugar fresco e arejado;
- Afrouxe as vestes da vítima; - Em último caso e se souber nadar muito bem, aproxime-se
- Mantenha o acidentado deitado com a cabeça mais baixa que da vítima pelas costas, segure-a e mantenha-a com a cabeça fora
o resto do corpo. d’água (cuidado com o afogamento duplo);
- Coloque a vítima deitada em decúbito dorsal, quando fora
Asfixia e Afogamento d’água;
Asfixia: Dificuldade ou parada respiratória, podendo ser pro- - Insista na respiração de socorro se necessário, o mais rápido
vocada por: choque elétrico, afogamento, deficiência de oxigênio possível;
atmosférico, Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVA-
CE), etc. A falta de oxigênio pode provocar sequelas dentro de 3 a 5 - Execute a compressão cardíaca externa se a vítima apresentar
minutos, caso não haja atendimento conveniente. ausência de pulso e midríase (pupilas dilatadas);
Como se manifesta - Friccione vigorosamente os braços e as pernas da vítima, esti-
- Atitudes que caracterizem dificuldade na respiração; mulando a circulação;
- Ausência de movimentos respiratórios; - Aqueça a vítima;
- Inconsciência; - Remova a vítima para o hospital mais próximo.
- Cianose (lábios, língua e unhas arroxeadas);
- Midríase (pupilas dilatadas); Ressuscitação Cárdio Pulmonar (Rcp):
- Respiração ruidosa; Conjunto de medidas emergenciais que permitem salvar uma
- Fluxo aéreo diminuído ou ausente. vida pela falência ou insuficiência do sistema respiratório ou car-
diovascular. Sem oxigênio as células do cérebro morrem em 10
Como proceder minutos. As lesões começam após 04 minutos a partir da parada
- Encoraje ou estimule a vítima a tossir; respiratória.
- Caso a vítima esteja consciente, aplique 5 manobras de Hei- Causas da parada cardiorrespiratória (pcr):
mlich. - Asfixia;
- Intoxicações;
- Traumatismos;
- Afogamento;
- Eletrocussão (choque elétrico);

251
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
- Estado de choque; - Após 01 ciclo (02 insuflações e 30 compressões 4 vezes) moni-
- Doenças. torar novamente os sinais vitais;
- Não interrompa a rcp, mesmo durante o transporte, até a re-
Como Se Manifesta cuperação da vítima ou a chegada do socorro especializado.
- Perda de consciência;
- Ausência de movimentos respiratórios; Casos Específicos
- Ausência de pulso; Ao executar a compressão cardíaca externa em adolescentes
- Cianose (pele, língua, lóbulo da orelha e bases da unhas ar- ou em crianças, pressione o tórax com uma das mãos, em lactentes
roxeadas); apenas com a ponta dos dedos, sendo que para estes deve se fazer
- Midríase (pupilas dilatadas e sem fotorreatividade). 1 insuflação (somente o ar nas bochechas) para 5 compressões, re-
avaliar a cada ciclo (01 insuflação e 5 compressões 20 vezes)
Como proceder
- Verifique o estado de consciência da vítima, perguntando-lhe Respiração de Socorro Método de Silvester (Modificado)
em voz alta: “Posso lhe ajudar?”; Este método é aplicado nos casos em que não se pode em-
- Trate as hemorragias externas abundantes; pregar o método boca-a-boca (traumatismos graves de face, en-
- Coloque a vítima em decúbito dorsal sobre uma superfície venenamento por cianureto, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, soda
dura; cáustica, fenol e outras substâncias cáusticas). O método silvestre
- Verifique se a vítima está respirando (VOS); permite não só o restabelecimento dos movimentos respiratórios
- Realize a hiperextensão do pescoço. Esta manobra não deverá como os do coração.
ser realizada se houver suspeita de lesão na coluna cervical. Nesse
caso, realize a tração da mandíbula, sem inclinar e girar a cabeça da Como proceder
vítima ou empurre mandibular; Desobstrua a boca e a garganta da vítima, fazendo tração da
- Verifique se as vias aéreas da vítima estão desobstruídas apli- língua e retirando corpos estranhos e secreção;
cando-lhe duas insuflações pelo método boca-a-boca: Coloque a vítima em decúbito dorsal;
Eleve o tórax da vítima com auxílio de um travesseiro, cobertor
dobrado, casaco ou pilha de jornal, inclinando sua cabeça para trás,
provocando a hiperextensão do pescoço;
Ajoelhe-se, coloque a cabeça da vítima entre suas pernas e
com os braços paralelos ao corpo;
- Verifique se a vítima apresenta pulso, caso negativo inicie a Segure os punhos da vítima, trazendo seus braços para trás e
compressão cardíaca externa: para junto de suas pernas (rente ao solo);
- Posicione as mãos sobre o externo, 02 cm acima do processo Volte com os braços da vítima para frente (rente ao solo), cru-
xifoide; zando-os sobre o peito (parte inferior do externo 2 cm do processo
- Mantenha os dedos das mãos entrelaçados e afastados do xifoide);
corpo da vítima; Pressione o tórax da vítima 05 vezes seguidas;
- Mantenha os braços retos e perpendiculares ao corpo da ví-
tima; Volte os braços da vítima para a posição inicial e reinicie o mé-
todo.

Equipamentos para socorros de urgência (sugestão):


Prepare sua caixa de primeiros socorros antes de precisar dela.
Amanhã, uma vida poderá depender de você.

Algodão Esparadrapo Papel e caneta


- Inicie a compressão cardíaca comprimindo o peito da vítima Ataduras Estetoscópio Pinças
em torno de 03 a 05 cm; hemostáticas
Atadura elástica Gaze esterilizada Respirador
“Ambu”
Cobertor térmico Lenço Triangular Sabão
Colar cervical Luva de Soro fisiológico
procedimentos
Compressas limpas Máscaras Talas variadas
- Realize as compressões de forma ritmada procurando atingir Curativos protetores Micropore Telefones úteis
de 80 a 100 compressões por minuto; Cânulas de Guedel Maca rígida ou KED Tesoura
- Deve intercalar 02 insuflações a cada 30 compressões.
Esfigmomanômetro Óculos de proteção Válvula para
RCP

252
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Lesões nos ossos e articulações Lesões na espinha (coluna) Torniquetes: São utilizados somente para controlar hemorra-
Providências: Cuidado no atendimento e no transporte (imobi- gias nos casos em que a vítima teve o braço ou a perna amputada
lização correta) ou esmagadas.

Fraturas: O primeiro socorro consiste apenas em impedir o des-


locamento das partes fraturadas, evitando maiores danos. CONSTITUIÇÃO FEDERAL: DOS DIREITOS E GARAN-
Fechadas TIAS FUNDAMENTAIS, DOS DIREITOS SOCIAIS, DA
Expostas ORGANIZAÇÃO DO ESTADO, DA ADMINISTRAÇÃO PÚ-
Não faça: não desloque ou arraste a vítima até que a região sus- BLICA, DO PROCESSO LEGISLATIVO, DA SEGURANÇA
peita de fratura tenha sido imobilizada, a menos que haja eminente PÚBLICA, DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCEN-
perigo (explosões ou trânsito). TE, DO JOVEM E DO IDOSO
Luxações ou deslocamentos das juntas (braço, ombro)
Tipoia Distinção entre Direitos e Garantias Fundamentais
Entorses e distensões Pode-se dizer que os direitos fundamentais são os bens jurídi-
Trate como se fosse fraturas. cos em si mesmos considerados, de cunho declaratório, narrados
Aplique gelo e compressas frias no local. no texto constitucional. Por sua vez, as garantias fundamentais são
Contusões estabelecidas na mesma Constituição Federal como instrumento de
Providencias: repouso do local (imobilização), compressas frias. proteção dos direitos fundamentais e, como tais, de cunho assecu-
ratório.
Qualquer vitima que estiver inconsciente pode ter sofrido pan-
cada na cabeça (concussão cerebral). Evolução dos Direitos e Garantias Fundamentais

Ferimentos • Direitos Fundamentais de Primeira Geração


Possuem as seguintes características:
A leves ou superficiais a) surgiram no final do século XVIII, no contexto da Revolução
Procedimentos: Faca limpeza do local com soro fisiológico ou Francesa, fase inaugural do constitucionalismo moderno, e domina-
água corrente, curativo com mercúrio cromo ou iodo e cubra o feri- ram todo o século XIX;
mento com gaze ou pano limpo, encaminhando a vitima ao pronto b) ganharam relevo no contexto do Estado Liberal, em oposição
Socorro ou UBS. Não tente retirar farpas, vidros ou partículas de ao Estado Absoluto;
metal do ferimento. c) estão ligados ao ideal de liberdade;
d) são direitos negativos, que exigem uma abstenção do Estado
B ferimentos extensos ou profundos 1 ferimentos abdominais em favor das liberdades públicas;
abertos e) possuíam como destinatários os súditos como forma de pro-
Procedimentos: evite mexer em vísceras expostas, cubra com teção em face da ação opressora do Estado;
compressa úmida e fixe-a com faixa, removendo a vitima com cui- f) são os direitos civis e políticos.
dado a um pronto-socorro mais próximo.
• Direitos Fundamentais de Segunda Geração
ferimentos profundos no tórax Possuem as seguintes características:
Procedimentos cubra o ferimento com gaze ou pano limpo, evi- a) surgiram no início do século XX;
tando entrada de ar para o interior do tórax, durante a inspiração. b) apareceram no contexto do Estado Social, em oposição ao
Aperte moderadamente um cinto ou faixa em torno do tórax Estado Liberal;
para não prejudicar a respiração da vitima. c) estão ligados ao ideal de igualdade;
d) são direitos positivos, que passaram a exigir uma atuação
ferimentos na cabeça positiva do Estado;
Procedimentos: afrouxe suas roupas, mantenha a vitima dei- e) correspondem aos direitos sociais, culturais e econômicos.
tada em decúbito dorsal, agasalhada, faca compressas para conter
hemorragias, removendo-a ao PS mais próximo. • Direitos Fundamentais de Terceira Geração
C Ferimentos Perfurantes: São lesões causadas por acidente Em um próximo momento histórico, foi despertada a preocu-
com vidros metais, etc. pação com os bens jurídicos da coletividade, com os denominados
farpas Prenda-as com uma atadura sobre uma gaze. interesses metaindividuais (difusos, coletivos e individuais homogê-
atadura Nos dedos, mãos, antebraço ou perna, cotovelo ou jo- neos), nascendo os direitos fundamentais de terceira geração.
elho Como fazer.
bandagem Serve para manter um curativo, uma imobilização Direitos Metaindividuais
de fratura ou conter provisoriamente uma parte do corpo lesada.
Natureza Destinatários
Cuidados: Difusos Indivisível Indeterminados
-a região deve estar limpa;
-os músculos relaxados; Determináveis
-começar das extremidades dos membros lesados para o cen- Coletivos Indivisível ligados por uma
tro; relação jurídica
Determinados
Importante: qualquer enfaixamento ou bandagem que provo- Individuais
Divisível ligados por uma
que dor ou arroxeamento na região deve ser afrouxado imediata- Homogêneos
situação fática
mente.

253
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os Direitos Fundamentais de Terceira Geração possuem as se- Os quatro status de Jellinek
guintes características: a) status passivo ou subjectionis: quando o indivíduo se encon-
a) surgiram no século XX; tra em posição de subordinação aos poderes públicos, caracterizan-
b) estão ligados ao ideal de fraternidade (ou solidariedade), do-se como detentor de deveres para com o Estado;
que deve nortear o convívio dos diferentes povos, em defesa dos b) status negativo: caracterizado por um espaço de liberdade
bens da coletividade; de atuação dos indivíduos sem ingerências dos poderes públicos;
c) são direitos positivos, a exigir do Estado e dos diferentes c) status positivo ou status civitatis: posição que coloca o indi-
povos uma firme atuação no tocante à preservação dos bens de víduo em situação de exigir do Estado que atue positivamente em
interesse coletivo; seu favor;
d) correspondem ao direito de preservação do meio ambiente, d) status ativo: situação em que o indivíduo pode influir na for-
de autodeterminação dos povos, da paz, do progresso da humani- mação da vontade estatal, correspondendo ao exercício dos direi-
dade, do patrimônio histórico e cultural, etc. tos políticos, manifestados principalmente por meio do voto.
Referências Bibliográficas:
• Direitos Fundamentais de Quarta Geração DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
Segundo Paulo Bonavides, a globalização política é o fator his- Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
tórico que deu origem aos direitos fundamentais de quarta gera-
ção. Eles estão ligados à democracia, à informação e ao pluralismo. Os direitos individuais estão elencados no caput do Artigo 5º
Também são transindividuais. da CF. São eles:

Direitos Fundamentais de Quinta Geração Direito à Vida


Paulo Bonavides defende, ainda, que o direito à paz represen- O direito à vida deve ser observado por dois prismas: o direito
taria o direito fundamental de quinta geração. de permanecer vivo e o direito de uma vida digna.
O direito de permanecer vivo pode ser observado, por exem-
Características dos Direitos e Garantias Fundamentais plo, na vedação à pena de morte (salvo em caso de guerra decla-
São características dos Direitos e Garantias Fundamentais: rada).
a) Historicidade: não nasceram de uma só vez, revelando sua Já o direito à uma vida digna, garante as necessidades vitais
índole evolutiva; básicas, proibindo qualquer tratamento desumano como a tortura,
b) Universalidade: destinam-se a todos os indivíduos, indepen- penas de caráter perpétuo, trabalhos forçados, cruéis, etc.
dentemente de características pessoais;
c) Relatividade: não são absolutos, mas sim relativos; Direito à Liberdade
d) Irrenunciabilidade: não podem ser objeto de renúncia; O direito à liberdade consiste na afirmação de que ninguém
e) Inalienabilidade: são indisponíveis e inalienáveis por não será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em vir-
possuírem conteúdo econômico-patrimonial; tude de lei. Tal dispositivo representa a consagração da autonomia
f) Imprescritibilidade: são sempre exercíveis, não desparecen- privada.
do pelo decurso do tempo. Trata-se a liberdade, de direito amplo, já que compreende,
dentre outros, as liberdades: de opinião, de pensamento, de loco-
Destinatários dos Direitos e Garantias Fundamentais moção, de consciência, de crença, de reunião, de associação e de
Todas as pessoas físicas, sem exceção, jurídicas e estatais, são expressão.
destinatárias dos direitos e garantias fundamentais, desde que
compatíveis com a sua natureza. Direito à Igualdade
A igualdade, princípio fundamental proclamado pela Constitui-
Eficácia Horizontal dos Direitos e Garantias Fundamentais ção Federal e base do princípio republicano e da democracia, deve
Muito embora criados para regular as relações verticais, de su- ser encarada sob duas óticas, a igualdade material e a igualdade
bordinação, entre o Estado e seus súditos, passam a ser emprega- formal.
dos nas relações provadas, horizontais, de coordenação, envolven- A igualdade formal é a identidade de direitos e deveres conce-
do pessoas físicas e jurídicas de Direito Privado. didos aos membros da coletividade por meio da norma.
Por sua vez, a igualdade material tem por finalidade a busca
Natureza Relativa dos Direitos e Garantias Fundamentais da equiparação dos cidadãos sob todos os aspectos, inclusive o
Encontram limites nos demais direitos constitucionalmente jurídico. É a consagração da máxima de Aristóteles, para quem o
consagrados, bem como são limitados pela intervenção legislativa princípio da igualdade consistia em tratar igualmente os iguais e
ordinária, nos casos expressamente autorizados pela própria Cons- desigualmente os desiguais na medida em que eles se desigualam.
tituição (princípio da reserva legal). Sob o pálio da igualdade material, caberia ao Estado promover
a igualdade de oportunidades por meio de políticas públicas e leis
Colisão entre os Direitos e Garantias Fundamentais que, atentos às características dos grupos menos favorecidos, com-
O princípio da proporcionalidade sob o seu triplo aspecto (ade- pensassem as desigualdades decorrentes do processo histórico da
quação, necessidade e proporcionalidade em sentido estrito) é a formação social.
ferramenta apta a resolver choques entre os princípios esculpidos
na Carta Política, sopesando a incidência de cada um no caso con- Direito à Privacidade
creto, preservando ao máximo os direitos e garantias fundamentais Para o estudo do Direito Constitucional, a privacidade é gênero,
constitucionalmente consagrados. do qual são espécies a intimidade, a honra, a vida privada e a ima-
gem. De maneira que, os mesmos são invioláveis e a eles assegura-
-se o direito à indenização pelo dano moral ou material decorrente
de sua violação.

254
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Direito à Honra XV- é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz,
O direito à honra almeja tutelar o conjunto de atributos perti- podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permane-
nentes à reputação do cidadão sujeito de direitos, exatamente por cer ou dele sair com seus bens;
tal motivo, são previstos no Código Penal. XVI- todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em lo-
cais abertos ao público, independentemente de autorização, desde
Direito de Propriedade que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o
É assegurado o direito de propriedade, contudo, com restri- mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade com-
ções, como por exemplo, de que se atenda à função social da pro- petente;
priedade. Também se enquadram como espécies de restrição do XVII- é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada
direito de propriedade, a requisição, a desapropriação, o confisco a de caráter paramilitar;
e o usucapião. XVIII- a criação de associações e, na forma da lei, a de coope-
Do mesmo modo, é no direito de propriedade que se assegu- rativas independem de autorização, sendo vedada a interferência
ram a inviolabilidade do domicílio, os direitos autorais (propriedade estatal em seu funcionamento;
intelectual) e os direitos reativos à herança.
Destes direitos, emanam todos os incisos do Art. 5º, da CF/88, XIX- as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvi-
conforme veremos abaixo: das ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-
-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
TÍTULO II XX- ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a perma-
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS necer associado;
XXI- as entidades associativas, quando expressamente autori-
CAPÍTULO I zadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS extrajudicialmente;
XXII- é garantido o direito de propriedade;
Artigo 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de XXIII- a propriedade atenderá a sua função social;
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros XXIV- a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, me-
igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: diante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos
I- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos previstos nesta Constituição;
termos desta Constituição; XXV- no caso de iminente perigo público, a autoridade compe-
II- ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma tente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao pro-
coisa senão em virtude de lei; prietário indenização ulterior, se houver dano;
III- ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desu- XXVI- a pequena propriedade rural, assim definida em lei, des-
mano ou degradante; de que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para
IV- é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o ano- pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dis-
nimato; pondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento;
V- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,
além da indenização por dano material, moral ou à imagem; publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdei-
VI- é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo ros pelo tempo que a lei fixar;
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na for- XXVIII- são assegurados, nos termos da lei:
ma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; desportivas;
VIII- ninguém será privado de direitos por motivo de crença reli- b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das
giosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intér-
eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir pretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
prestação alternativa, fixada em lei; XXIX- a lei assegurará aos autores de inventos industriais privi-
IX - é livre a expressão de atividade intelectual, artística, cientí- légio temporário para sua utilização, bem como às criações indus-
fica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; triais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a ima- signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
gem das pessoas, assegurado o direito à indenização por dano ma- mento tecnológico e econômico do País;
terial ou moral decorrente de sua violação; XXX- é garantido o direito de herança;
XI- a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo XXXI- a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagran- regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos
te delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável à lei pessoal
determinação judicial; do de cujus;
XII- é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações XXXII- o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do con-
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no úl- sumidor;
timo caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei XXXIII- todos têm direito a receber dos órgãos públicos informa-
estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução proces- ções de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral,
sual penal; que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade,
XIII- é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; sociedade e do Estado;
XIV- é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado XXXIV- são a todos assegurados, independentemente do paga-
o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; mento de taxas:

255
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direi- LIV- ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
tos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; devido processo legal;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa LV- aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal; acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa,
XXXV- a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão com os meios e recursos a ela inerentes;
ou ameaça a direito; LVI- são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios
XXXVI- a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico ilícitos;
perfeito e a coisa julgada; LVII- ninguém será considerado culpado até o trânsito em julga-
XXXVII- não haverá juízo ou tribunal de exceção; do da sentença penal condenatória;
XXXVIII- é reconhecida a instituição do júri, com a organização LVIII- o civilmente identificado não será submetido à identifica-
que lhe der a lei, assegurados: ção criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
a) a plenitude da defesa; LIX- será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se
b) o sigilo das votações; esta não for intentada no prazo legal;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra LX- a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais
a vida; quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
XXXIX- não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena LXI- ninguém será preso senão em flagrante delito ou por or-
sem prévia cominação legal; dem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente,
XL- a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente mi-
XLI- a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos litar, definidos em lei;
e liberdades fundamentais; LXII- a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre
XLII- a prática do racismo constitui crime inafiançável e impres- serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família
critível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei; ou à pessoa por ele indicada;
XLIII- a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de LXIII- o preso será informado de seus direitos, entre os quais o
graça ou anistia a prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da famí-
tes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hedion- lia e de advogado;
dos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, LXIV- o preso tem direito a identificação dos responsáveis por
podendo evitá-los, se omitirem; sua prisão ou por seu interrogatório policial;
XLIV- constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de gru- LXV- a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autori-
pos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o dade judiciária;
Estado Democrático; LXVI- ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
XLV- nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de LXVII- não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável
bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimen-
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; tícia e a do depositário infiel;
XLVI- a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre LXVIII- conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer
outras, as seguintes: ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberda-
a) privação ou restrição de liberdade; de de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
b) perda de bens; LXIX- conceder-se-á mandado de segurança para proteger di-
c) multa; reito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas
d) prestação social alternativa; data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for
e) suspensão ou interdição de direitos; autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atri-
XLVII- não haverá penas: buições de Poder Público;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do LXX- o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
artigo 84, XIX; a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) de caráter perpétuo; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legal-
c) de trabalhos forçados; mente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em
d) de banimento; defesa dos interesses de seus membros ou associados;
e) cruéis; LXXI- conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta
XLVIII- a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
XLIX- é assegurado aos presos o respeito à integridade física e lidade, à soberania e à cidadania;
moral; LXXII- conceder-se-á habeas data:
L- às presidiárias serão asseguradas condições para que pos- a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à
sam permanecer com seus filhos durante o período de amamenta- pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados
ção; de entidades governamentais ou de caráter público;
LI- nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo
em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e dro- LXXIII- qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
gas afins, na forma da lei; popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de
LII- não será concedida extradição de estrangeiro por crime po- entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa,
lítico ou de opinião; ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o
LIII- ninguém será processado nem sentenciado senão por au- autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus
toridade competente; da sucumbência;

256
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
LXXIV- o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
aos que comprovarem insuficiência de recursos; outros que visem à melhoria de sua condição social:
LXXV- o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, as- I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
sim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
LXXVI- são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na for- indenização compensatória, dentre outros direitos;
ma da lei: II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
a) o registro civil de nascimento; III - fundo de garantia do tempo de serviço;
b) a certidão de óbito. IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
LXXVII- são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
e, na forma da lei, os atos necessário ao exercício da cidadania; mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
LXXVIII- a todos, no âmbito judicial e administrativo, são asse- higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
gurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
celeridade de sua tramitação. para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
LXXIX - é assegurado, nos termos da lei, o direito à proteção dos trabalho;
dados pessoais, inclusive nos meios digitais. (Incluído pela Emenda VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
Constitucional nº 115, de 2022)
ou acordo coletivo;
§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamen-
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
tais têm aplicação imediata.
percebem remuneração variável;
§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não ex-
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
cluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adota-
ou no valor da aposentadoria;
dos, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
do Brasil seja parte.
X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu-
retenção dolosa;
manos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional,
XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos
§4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Interna- muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
cional a cuja criação tenha manifestado adesão. sa, conforme definido em lei;
XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
O tratado foi equiparado no ordenamento jurídico brasileiro às dor de baixa renda nos termos da lei;
leis ordinárias. Em que pese tenha adquirido este caráter, o men- XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di-
cionado tratado diz respeito a direitos humanos, porém não possui árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de
característica de emenda constitucional, pois entrou em vigor em horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
nosso ordenamento jurídico antes da edição da Emenda Constitu- coletiva de trabalho;
cional nº 45/04. Para que tal tratado seja equiparado às emendas XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos
constitucionais deverá passar pelo mesmo rito de aprovação destas. ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
Referências Bibliográficas: mingos;
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni-
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. mo, em cinquenta por cento à do normal;

XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um


Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas terço a mais do que o salário normal;
pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas cons- XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
titucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais com a duração de cento e vinte dias;
fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações so- XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
ciais desiguais. São, portanto, direitos que se ligam ao direito de XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in-
igualdade. Estão previstos na CF nos artigos 6 a 11. Vejamos: centivos específicos, nos termos da lei;
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no
CAPÍTULO II mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
DOS DIREITOS SOCIAIS XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de nor-
mas de saúde, higiene e segurança;
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas,
o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ- insalubres ou perigosas, na forma da lei;
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência XXIV - aposentadoria;
aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nas-
pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015) cimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas;
Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilida- XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
de social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo trabalho;
poder público em programa permanente de transferência de renda, XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei;
cujas normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, ob- XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre-
servada a legislação fiscal e orçamentária. (Incluído pela Emenda gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
Constitucional nº 114, de 2021) incorrer em dolo ou culpa;

257
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão e
contrato de trabalho; deliberação.
a) (Revogada). Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
b) (Revogada). segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado gadores.
civil;
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo:
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; • Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela impos-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e sibilidade de redução do grau de concretização dos direitos sociais
intelectual ou entre os profissionais respectivos; já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado deter-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a minado grau de concretização de um direito social, fica o legislador
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis proibido de suprimir ou reduzir essa concretização sem que haja
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; a criação de mecanismos equivalentes chamados de medias com-
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo pensatórias.
empregatício permanente e o trabalhador avulso. • Princípio da reserva do possível: a implementação dos di-
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- reitos e garantias fundamentais de segunda geração esbarram no
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, óbice do financeiramente possível.
XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, • Princípio do mínimo existencial: é um conjunto de bens e di-
atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplifi- reitos vitais básicos indispensáveis a uma vida humana digna, intrin-
cação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e aces- secamente ligado ao fundamento da dignidade da pessoa humana
sórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previsto no Artigo 1º, III, CF. A efetivação do mínimo existencial não
previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua se sujeita à reserva do possível, pois tais direitos se encontram na
integração à previdência social. estrutura dos serviços púbicos essenciais.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
o seguinte: Os direitos sociais são divididos em:
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a funda-
ção de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, veda- Direitos relativos aos trabalhadores
das ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização Direitos relativos ao salário, às condições de trabalho, à liber-
sindical; dade de instituição sindical, o direito de greve, entre outros (CF, ar-
II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, tigos 7º a 11).
em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba- Direitos relativos ao homem consumidor
lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à Direito à saúde, à educação, à segurança social, ao desenvolvi-
área de um Município;
mento intelectual, o igual acesso das crianças e adultos à instrução,
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
à cultura e garantia ao desenvolvimento da família, que estariam no
vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
título da ordem social.
administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
Referências Bibliográficas:
do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
dependentemente da contribuição prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
sindicato; Os direitos referentes à nacionalidade estão previstos dos Arti-
VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações gos 12 a 13 da CF. Vejamos:
coletivas de trabalho;
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas CAPÍTULO III
organizações sindicais; DA NACIONALIDADE
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação Art. 12. São brasileiros:
sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do I - natos:
mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga- pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasilei-
as condições que a lei estabelecer. ra, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federa-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos traba- tiva do Brasil;
lhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os inte- c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe bra-
resses que devam por meio dele defender. sileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira com-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá petente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas nacionalidade brasileira;
da lei. II - naturalizados:

258
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, O quadro abaixo auxilia na memorização das diferenças entre
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas resi- as duas:
dência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na Nacionalidade
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterrup-
tos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade Primária Secundária
brasileira. Nascimento + Requisitos Ato de vontade + Requisitos
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se constitucionais constitucionais
houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Cons- Brasileiro Nato Brasileiros Naturalizado
tituição.
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros • Critérios para Adoção de Nacionalidade Primária
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. O Estado pode adotar dois critérios para a concessão da nacio-
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: nalidade originária: o de origem sanguínea (ius sanguinis) e o de
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; origem territorial (ius solis).
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; O critério ius sanguinis tem por base questões de hereditarie-
III - de Presidente do Senado Federal; dade, um vínculo sanguíneo com os ascendentes.
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; O critério ius solis concede a nacionalidade originária aos nas-
V - da carreira diplomática; cidos no território de um determinado Estado, sendo irrelevante a
VI - de oficial das Forças Armadas. nacionalidade dos genitores.
VII - de Ministro de Estado da Defesa. A CF/88 adotou o critério ius solis como regra geral, possibili-
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro tando em alguns casos, a atribuição de nacionalidade primária pau-
que: tada no ius sanguinis.
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em
virtude de atividade nociva ao interesse nacional; Portugueses Residentes no Brasil
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: O §1º do Artigo 12 da CF confere tratamento diferenciado aos
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei es- portugueses residentes no Brasil. Não se trata de hipótese de natu-
trangeira; ralização, mas tão somente forma de atribuição de direitos.
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao
brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para Portugueses Equiparados
permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.
Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Fe- Igual os Direitos Se houver 1) Residência
derativa do Brasil. dos Brasileiros permanente no
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, Naturalizados Brasil;
o hino, as armas e o selo nacionais. 2) Reciprocidade
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter aos brasileiros em
símbolos próprios. Portugal.

A Nacionalidade é o vínculo jurídico-político de Direito Público Distinção entre Brasileiros Natos e Naturalizados
interno, que faz da pessoa um dos elementos componentes da di- A CF/88 em seu Artigo 12, §2º, prevê que a lei não poderá fa-
mensão pessoal do Estado (o seu povo). zer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, com exceção às
seguintes hipóteses:
Considera-se povo o conjunto de nacionais, ou seja, os brasilei- Cargos privativos de brasileiros natos → Artigo 12, §3º, CF;
ros natos e naturalizados. Função no Conselho da República → Artigo 89, VII, CF;
Extradição → Artigo 5º, LI, CF; e
Espécies de Nacionalidade Direito de propriedade → Artigo 222, CF.
São duas as espécies de nacionalidade:
a) Nacionalidade primária, originária, de 1º grau, involuntá-
ria ou nata: é aquela resultante de um fato natural, o nascimento.
Trata-se de aquisição involuntária de nacionalidade, decorrente do Perda da Nacionalidade
simples nascimento ligado a um critério estabelecido pelo Estado O Artigo 12, §4º da CF refere-se à perda da nacionalidade, que
na sua Constituição Federal. Descrita no Artigo 12, I, CF/88. apenas poderá ocorrer nas duas hipóteses taxativamente elencadas
b) Nacionalidade secundária, adquirida, por aquisição, de 2º na CF, sob pena de manifesta inconstitucionalidade.
grau, voluntária ou naturalização: é a que se adquire por ato voliti-
vo, depois do nascimento, somado ao cumprimento dos requisitos Dupla Nacionalidade
constitucionais. Descrita no Artigo 12, II, CF/88. O Artigo 12, §4º, II da CF traz duas hipóteses em que a opção
por outra nacionalidade não ocasiona a perda da brasileira, passan-
do o nacional a possuir dupla nacionalidade (polipátrida).

Polipátrida → aquele que possui mais de uma nacionalidade.

259
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Heimatlos ou Apátrida → aquele que não possui nenhuma na- II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela
cionalidade. autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato
da diplomação, para a inatividade.
Idioma Oficial e Símbolos Nacionais § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibi-
Por fim, o Artigo 13 da CF elenca o Idioma Oficial e os Símbolos lidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade
Nacionais do Brasil. administrativa, a moralidade para exercício de mandato conside-
rada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
Referências Bibliográficas: das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. indireta.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça
Os Direitos Políticos têm previsão legal na CF/88, em seus Arti- Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomação, instruí-
gos 14 a 16. Seguem abaixo: da a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou
fraude.
CAPÍTULO IV § 11. A ação de impugnação de mandato tramitará em segredo
DOS DIREITOS POLÍTICOS de justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de
manifesta má-fé.
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio univer- § 12. Serão realizadas concomitantemente às eleições munici-
sal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos pais as consultas populares sobre questões locais aprovadas pelas
termos da lei, mediante: Câmaras Municipais e encaminhadas à Justiça Eleitoral até 90 (no-
I - plebiscito; venta) dias antes da data das eleições, observados os limites ope-
II - referendo; racionais relativos ao número de quesitos. (Incluído pela Emenda
III - iniciativa popular. Constitucional nº 111, de 2021)
§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: § 13. As manifestações favoráveis e contrárias às questões
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; submetidas às consultas populares nos termos do § 12 ocorrerão
II - facultativos para: durante as campanhas eleitorais, sem a utilização de propaganda
a) os analfabetos; gratuita no rádio e na televisão. (Incluído pela Emenda Constitucio-
b) os maiores de setenta anos; nal nº 111, de 2021)
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, du- suspensão só se dará nos casos de:
rante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei: julgado;
I - a nacionalidade brasileira; II - incapacidade civil absoluta;
II - o pleno exercício dos direitos políticos; III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto du-
III - o alistamento eleitoral; rarem seus efeitos;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação
V - a filiação partidária; alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
VI - a idade mínima de: V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Re- Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor
pública e Senador; na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e até um ano da data de sua vigência.
do Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual De acordo com José Afonso da Silva, os direitos políticos, rela-
ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; cionados à primeira geração dos direitos e garantias fundamentais,
d) dezoito anos para Vereador. consistem no conjunto de normas que asseguram o direito subjetivo
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos. de participação no processo político e nos órgãos governamentais.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do São instrumentos previstos na Constituição e em normas infra-
Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substi- constitucionais que permitem o exercício concreto da participação
tuído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único do povo nos negócios políticos do Estado.
período subsequente.
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repú- Capacidade Eleitoral Ativa
blica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos Segundo o Artigo 14, §1º da CF, a capacidade eleitoral ativa é
devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do o direito de votar nas eleições, nos plebiscitos ou nos referendos,
pleito. cuja aquisição se dá com o alistamento eleitoral, que atribui ao na-
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o côn- cional a condição de cidadão (aptidão para o exercício de direitos
juge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau ou políticos).
por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado
ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja
substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes con-
dições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se
da atividade;

260
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Alistamento Eleitoral e Voto Militares – Exceto os Conscritos


Obrigatório Facultativo Inalistável – Artigo 14, §2º Menos de 10 anos Registro da candidatura →
Maiores de 18 e Maiores de 16 Estrangeiros (com Inatividade
menores de 70 e menores de exceção aos portugueses Mais de 10 anos Registro da candidatura →
anos 18 anos equiparados, constantes no Agregado
Maiores de 70 Artigo 12, §1º da CF) Na diplomação → Inatividade
anos Conscritos (aqueles
Analfabetos convocados para o serviço Privação dos Direitos Políticos
militar obrigatório) De acordo com o Artigo 15 da CF, o cidadão pode ser privado
dos seus direitos políticos por prazo indeterminado (perda), sendo
• Características do Voto que, neste caso, o restabelecimento dos direitos políticos depende-
O voto no Brasil é direito (como regra), secreto, universal, com rá do exercício de ato de vontade do indivíduo, de um novo alista-
valor igual para todos, periódico, personalíssimo, obrigatório e livre. mento eleitoral.
Capacidade Eleitoral Passiva Da mesma forma, a privação dos direitos políticos pode se dar
Também chamada de Elegibilidade, a capacidade eleitoral pas- por prazo determinado (suspensão), em que o restabelecimento se
siva diz respeito ao direito de ser votado, ou seja, de eleger-se para dará automaticamente, ou seja, independentemente de manifesta-
cargos políticos. Tem previsão legal no Artigo 14, §3º da CF. ção do suspenso, desde que ultrapassado as razões da suspensão.
O quadro abaixo facilita a memorização da diferença entre as Vejamos:
duas espécies de capacidade eleitoral. Vejamos:
Privação dos Direitos Políticos
Capacidade Eleitoral Ativa Capacidade Eleitoral Passiva Perda Suspensão
Alistabilidade Elegibilidade Privação por prazo Privação por prazo
Direito de votar Direito de ser votado indeterminado determinado
Restabelecimento dos direitos Restabelecimento dos
Inelegibilidades políticos depende de um novo direitos políticos se dá
A inelegibilidade afasta a capacidade eleitoral passiva (direito alistamento eleitoral automaticamente
de ser votado), constituindo-se impedimento à candidatura a man-
datos eletivos nos Poderes Executivo e Legislativo. Referências Bibliográficas:
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
• Inelegibilidade Absoluta Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
Com previsão legal no Artigo 14, §4º da CF, a inelegibilidade ab-
soluta impede que o cidadão concorra a qualquer mandato eletivo A previsão legal dos Partidos Políticos de dá no Artigo 17 da CF.
e, em virtude de natureza excepcional, somente pode ser estabele- Vejamos:
cida na Constituição Federal.
Refere-se aos Inalistáveis e aos Analfabetos. CAPÍTULO V
DOS PARTIDOS POLÍTICOS
• Inelegibilidade Relativa
Consiste em restrições que recaem à candidatura a determi- Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de
nados cargos eletivos, em virtude de situações próprias em que se partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime de-
encontra o cidadão no momento do pleito eleitoral. São elas: mocrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa
→ Vedação ao terceiro mandato sucessivo para os Chefes do humana e observados os seguintes preceitos:
Poder Executivo (Artigo 14, §5º, CF); I - caráter nacional;
→ Desincompatibilização para concorrer a outros cargos, apli- II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entida-
cada apenas aos Chefes do Poder Executivo (Artigo 14, §6º, CF); de ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
→ Inelegibilidade reflexa, ou seja, inelegibilidade relativa por III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
motivos de casamento, parentesco ou afinidade, uma vez que não IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
incide sobre o mandatário, mas sim perante terceiros (Artigo 14, § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir
§7º, CF). sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação
e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua
Condição de Militar organização e funcionamento e para adotar os critérios de esco-
O militar alistável é elegível, desde que atenda as exigências lha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada
previstas no §8º do Artigo 14, da CF, a saber: a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
da atividade; distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado pela de disciplina e fidelidade partidária. (Redação dada pela Emenda
autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato Constitucional nº 97, de 2017)
da diplomação, para a inatividade. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade ju-
rídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal
Observa-se que a norma restringe a elegibilidade aos militares Superior Eleitoral.
alistáveis, logo, os conscritos, que são inalistáveis, são inelegíveis. O
quadro abaixo serve como exemplo:

261
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e A Constituição confere ampla liberdade aos partidos políticos,
acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos uma vez que são instituições indispensáveis para concretização do
políticos que alternativamente: (Redação dada pela Emenda Consti- Estado democrático de direito, muito embora restrinja a utilização
tucional nº 97, de 2017) de organização paramilitar.
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no
mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo Referências Bibliográficas:
menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons-
(dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou (Incluído titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU.
pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017) Salvador: Editora JusPODIVM.
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais dis- DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
tribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação. (In- Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
cluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organiza- Formas de Estado - Estado Unitário, Confederação e Federa-
ção paramilitar. ção
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos pre- A forma de Estado relaciona-se com o modo de exercício do po-
vistos no § 3º deste artigo é assegurado o mandato e facultada a fi- der político em função do território do Estado. Verifica-se no caso
liação, sem perda do mandato, a outro partido que os tenha atingi- concreto se há, ou não, repartição regional do exercício de poderes
do, não sendo essa filiação considerada para fins de distribuição dos autônomos, podendo ser criados, a partir dessa lógica, um modelo
de Estado unitário ou um Estado Federado.
recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao tempo de rádio
e de televisão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
• Estado Unitário
§ 6º Os Deputados Federais, os Deputados Estaduais, os Depu-
Também chamado de Estado Simples, é aquele dotado de um
tados Distritais e os Vereadores que se desligarem do partido pelo
único centro com capacidade legislativa, administrativa e judiciá-
qual tenham sido eleitos perderão o mandato, salvo nos casos de ria, do qual emanam todos os comandos normativos e no qual se
anuência do partido ou de outras hipóteses de justa causa estabele- concentram todas as competências constitucionais (exemplos: Uru-
cidas em lei, não computada, em qualquer caso, a migração de par- guai, e Brasil Colônia, com a Constituição de 1824, até a Proclama-
tido para fins de distribuição de recursos do fundo partidário ou de ção da República, com a Constituição de 1891).
outros fundos públicos e de acesso gratuito ao rádio e à televisão. O Estado Unitário pode ser classificado em:
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 111, de 2021) a) Estado unitário puro ou centralizado: casos em que haverá
§ 7º Os partidos políticos devem aplicar no mínimo 5% (cinco somente um Poder Executivo, um Poder Legislativo e um Poder Ju-
por cento) dos recursos do fundo partidário na criação e na manu- diciário, exercido de forma central;
tenção de programas de promoção e difusão da participação po- b) Estado unitário descentralizado: casos em que haverá a for-
lítica das mulheres, de acordo com os interesses intrapartidários. mação de entes regionais com autonomia para exercer questões
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) administrativas ou judiciárias fruto de delegação, mas não se con-
§ 8º O montante do Fundo Especial de Financiamento de Cam- cede a autonomia legislativa que continua pertencendo exclusiva-
panha e da parcela do fundo partidário destinada a campanhas mente ao poder central.
eleitorais, bem como o tempo de propaganda gratuita no rádio e na
televisão a ser distribuído pelos partidos às respectivas candidatas, • Estado Federativo – Federação
deverão ser de no mínimo 30% (trinta por cento), proporcional ao Também chamados de federados, complexos ou compostos,
número de candidatas, e a distribuição deverá ser realizada confor- são aqueles em que as capacidades judiciária, legislativa e admi-
me critérios definidos pelos respectivos órgãos de direção e pelas nistrativa são atribuídas constitucionalmente a entes regionais, que
normas estatutárias, considerados a autonomia e o interesse parti- passam a gozar de autonomias próprias (e não soberanias).
dário. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 117, de 2022) Nesse caso, as autonomias regionais não são fruto de delega-
ção voluntária, como ocorre nos Estados unitários descentralizados,
De acordo com os ensinamentos de José Afonso da Silva, o par- mas se originam na própria Constituição, o que impede a retirada
tido político é uma forma de agremiação de um grupo social que de competências por ato voluntário do poder central.
se propõe a organizar, coordenar e instrumentar a vontade popular O quadro abaixo facilita este entendimento. Vejamos:
com o fim de assumir o poder para realizar seu programa de go-
verno. Formas de Estado
Os partidos são a base do sistema político brasileiro, pois a filia- Unitário
ção a partido político é uma das condições de elegibilidade.
Trata-se de um privilégio aos ideais políticos, que devem estar Único centro de onde emana o poder estatal
acima das características pessoais do candidato. Puro Descentralizado
Segundo Dirley da Cunha Júnior, entende-se por partido polí- Não há delegação de Há delegação de competências
tico uma pessoa jurídica de Direito Privado que consiste na união competências
ou agremiação voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e
políticas, organizada segundo princípios de disciplina e fidelidade. Federado
Tal conceito vai ao encontro das disposições acerca dos parti- O exercício do poder estatal é atribuído constitucionalmente a
dos políticos trazidas pelo Artigo 1º da Lei nº 9296/1995, para quem entes regionais autônomos
o partido político, pessoa jurídica de Direito Privado, destina-se a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do
sistema representativo e a defender os direitos fundamentais defi-
nidos na Constituição Federal.

262
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
• Confederação → Auto governo: os Estados membros terão seus Governado-
Se caracteriza por uma reunião dissolúvel de Estados sobera- res e Deputados estaduais, enquanto os Municípios possuirão Pre-
nos, que se unem por meio de um tratado internacional. Aqui, per- feitos e Vereadores, nos termos dos Artigos 27 a 29 da CF;
cebe-se o traço marcante da Confederação, ou seja, a dissolubilida- → Auto administração: os membros da federação podem pres-
de do pacto internacional pelos Estados soberanos que o integram, tar e manter serviços próprios, atendendo às competências admi-
a partir de um juízo interno de conveniência. nistrativas da CF, notadamente de seu Artigo 23.
Observe a ilustração das diferenças entre uma Federação e
uma Confederação: • Vedação aos Entes Federados
Consoante ao Artigo 19 da CF, destaca-se que a autonomia dos
Federação Confederação entes da federação não é limitada, e sofre as seguintes vedações:
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
Formada por uma Constituição Formada por um trato aos Municípios:
internacional I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, em-
Os entes regionais gozam de Os Estados que o integram baraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus repre-
autonomia mantêm sua soberania sentantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma
da lei, a colaboração de interesse público;
Indissolubilidade do pacto Dissolubilidade do pacto II - recusar fé aos documentos públicos;
federativo internacional III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.

O Federalismo Brasileiro Repartição de Competências Constitucionais


Observe a disposição legal do Artigo 18 da CF: A Repartição de competências é a técnica de distribuição de
competências administrativas, legislativas e tributárias aos entes
TÍTULO III federativos para que não haja conflitos de atribuições dentro do
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO território nacional.
Competência é a capacidade para emitir decisões dentro de um
CAPÍTULO I campo específico.
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA A Constituição trabalha com três naturezas de competência, a
administrativa, legislativa e a tributária.
Art. 18. A organização político-administrativa da República Fe- → Competência administrativa ou material: refere-se à execu-
derativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Fede- ção de alguma atividade estatal, ou seja, é a capacidade para atuar
ral e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constitui- concretamente sobre a matéria;
ção. → Competência legislativa: atribui iniciativa para legislar sobre
§ 1º Brasília é a Capital Federal. determinada matéria, ou seja, é a capacidade para estabelecer nor-
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, mas gerais e abstratas sobre determinado campo;
transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem se- → Competência tributária: refere-se ao poder de instituir tri-
rão reguladas em lei complementar. butos.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos • Técnica da Repartição de Competência
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população Trata-se da predominância do interesse, segundo a qual, à
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Na- União caberão as matérias de interesse nacional (Artigos 21 e 22 da
cional, por lei complementar. CF), aos Estados-membros, o interesse regional, e aos municípios,
§ 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento as questões de predominante interesse local (Artigo 30 da CF).
de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período deter- Para tanto, a Constituição enumerou expressamente as com-
minado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta petências da União e dos municípios, resguardando aos Estados-
prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvi- -membros a chamada competência residual, remanescente, não
dos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apre- enumerada ou não expressa (Artigo 25, §1º da CF).
sentados e publicados na forma da lei. Acresça-se que, para o Distrito Federal, a Constituição atribuiu
as competências previstas para os estados e os municípios, denomi-
Nos termos do supracitado Artigo 18, a organização político- nada de competência cumulativa (Artigo 32, § 1º da CF).
-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- Organização do Estado – União
nomos (não soberanos). Trata-se de norma que reflete a forma fe- A União é a pessoa jurídica de Direito Público interno, parte
derativa de Estado. integrante da Federação brasileira dotada de autonomia. Possui ca-
Ser ente autônomo dentro de um federalismo significa a pos- pacidade de auto-organização (Constituição Federal), autogoverno,
sibilidade de implementar uma gestão particularizada, mas sempre auto legislação (Artigo 22 da CF) e autoadministração (Artigo 20 da
respeitando os limites impostos pelos princípios e regras do Estado CF).
federal. Daí, têm-se os seguintes elementos: A União tem previsão legal na CF, dos Artigos 20 a 24. Vejamos:
→ Auto-organização: permite aos Estados-membros criarem
as Constituições Estaduais (Artigo 25 da CF) e aos Municípios firma- CAPÍTULO II
rem suas Leis Orgânicas (Artigo 29 da CF); DA UNIÃO
→ Auto legislação: os entes da federação podem estabelecer
normas gerais e abstratas próprias, a exemplos das leis estaduais e Art. 20. São bens da União:
municipais (Artigos 22 e 24 da CF); I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser
atribuídos;

263
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre por-
das fortificações e construções militares, das vias federais de comu- tos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites
nicação e à preservação ambiental, definidas em lei; de Estado ou Território;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e interna-
seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites cional de passageiros;
com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais; XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Públi-
IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros co do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos
países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluí- Territórios;
das, destas, as que contenham a sede de Municípios, exceto aquelas XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia penal, a polícia
áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal, e militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como
as referidas no art. 26, II; prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de
V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona serviços públicos, por meio de fundo próprio; (Redação dada pela
econômica exclusiva; Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
VI - o mar territorial; XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geo-
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; grafia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
VIII - os potenciais de energia hidráulica; XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo; públicas e de programas de rádio e televisão;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos XVII - conceder anistia;
e pré-históricos; XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as cala-
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios. midades públicas, especialmente as secas e as inundações;
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, à União, aos Estados, ao XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos
Distrito Federal e aos Municípios a participação no resultado da ex- hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
ploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusi-
de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no res- ve habitação, saneamento básico e transportes urbanos;
pectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional
econômica exclusiva, ou compensação financeira por essa explora- de viação;
ção. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 102, de 2019) XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros de largura, ao de fronteiras;
longo das fronteiras terrestres, designada como faixa de fronteira, XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer
é considerada fundamental para defesa do território nacional, e sua natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o
ocupação e utilização serão reguladas em lei. enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio
Art. 21. Compete à União: de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes prin-
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de cípios e condições:
organizações internacionais; a) toda atividade nuclear em território nacional somente será
II - declarar a guerra e celebrar a paz; admitida para fins pacíficos e mediante aprovação do Congresso
III - assegurar a defesa nacional; Nacional;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que for- b) sob regime de permissão, são autorizadas a comercializa-
ças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele perma- ção e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso agrícolas e
neçam temporariamente; industriais; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a interven- 2022)
ção federal; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção, a co-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material mercialização e a utilização de radioisótopos para pesquisa e uso
bélico; médicos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 118, de
VII - emitir moeda; 2022)
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da
operações de natureza financeira, especialmente as de crédito, existência de culpa;
câmbio e capitalização, bem como as de seguros e de previdência XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho;
privada; XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordena- atividade de garimpagem, em forma associativa.
ção do território e de desenvolvimento econômico e social; XXVI - organizar e fiscalizar a proteção e o tratamento de dados
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; pessoais, nos termos da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão nº 115, de 2022)
ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
que disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um ór- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
gão regulador e outros aspectos institucionais; marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão II - desapropriação;
ou permissão: III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; em tempo de guerra;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveita- IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodi-
mento energético dos cursos de água, em articulação com os Esta- fusão;
dos onde se situam os potenciais hidro energéticos; V - serviço postal;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura aeropor- VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos
tuária; metais;

264
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de va- VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abaste-
lores; cimento alimentar;
VIII - comércio exterior e interestadual; IX - promover programas de construção de moradias e a melho-
IX - diretrizes da política nacional de transportes; ria das condições habitacionais e de saneamento básico;
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginali-
aérea e aeroespacial; zação, promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;
XI - trânsito e transporte; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; territórios;
XIV - populações indígenas; XII - estabelecer e implantar política de educação para a segu-
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de rança do trânsito.
estrangeiros; Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os Muni-
para o exercício de profissões; cípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-es-
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Distrito tar em âmbito nacional.
Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública dos Territórios, Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal le-
bem como organização administrativa destes; gislar concorrentemente sobre:
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e ur-
nacionais; banístico; (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança II - orçamento;
popular; III - juntas comerciais;
XX - sistemas de consórcios e sorteios; IV - custas dos serviços forenses;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, V - produção e consumo;
garantias, convocação, mobilização, inatividades e pensões das po- VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, de-
lícias militares e dos corpos de bombeiros militares; (Redação dada fesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) controle da poluição;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turís-
ferroviária federais; tico e paisagístico;
XXIII - seguridade social; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consu-
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; midor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico
XXV - registros públicos; e paisagístico;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecnologia,
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em todas as pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação dada pela Emenda
modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas Constitucional nº 85, de 2015)
e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas
obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas causas;
e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; XI - procedimentos em matéria processual;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa maríti- XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
ma, defesa civil e mobilização nacional; XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
XXIX - propaganda comercial. XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de
XXX - proteção e tratamento de dados pessoais. (Incluído pela deficiência;
Emenda Constitucional nº 115, de 2022) XV - proteção à infância e à juventude;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Esta- XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias ci-
dos a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas vis.
neste artigo. § 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distri- União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. (Vide Lei nº 13.874,
to Federal e dos Municípios: de 2019)
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições § 2º A competência da União para legislar sobre normas ge-
democráticas e conservar o patrimônio público; rais não exclui a competência suplementar dos Estados. (Vide Lei nº
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garan- 13.874, de 2019)
tia das pessoas portadoras de deficiência; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas pe-
histórico, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais culiaridades. (Vide Lei nº 13.874, de 2019)
notáveis e os sítios arqueológicos; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais sus-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de pende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. (Vide Lei
obras de arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cul- nº 13.874, de 2019)
tural;
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, à Organização do Estado – Estados
ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; (Redação dada pela Os Estados-membros são pessoas jurídicas de Direito Público
Emenda Constitucional nº 85, de 2015) interno, dotados de autonomia, em razão da capacidade de auto-
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qual- -organização (Artigo 25 da CF), autoadministração (Artigo 26 da CF),
quer de suas formas; autogoverno (Artigos 27 e 28 da CF) e auto legislação (Artigo 25 e
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; parágrafos da CF).

265
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os dispositivos constitucionais referentes ao tema vão dos Ar- Organização do Estado – Municípios
tigos 25 a 28: Sobre os Municípios, prevalece o entendimento de que são en-
tes federativos, uma vez que os artigos 1º e 18 da CF, são expressos
CAPÍTULO III ao elencar a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
DOS ESTADOS FEDERADOS como integrantes da Federação brasileira.
Como pessoa política também dotada de autonomia, possuem
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constitui- auto-organização (Artigo 29 da CF), auto legislação (Artigo 30 da
ções e leis que adotarem, observados os princípios desta Constitui- CF), autogoverno (Incisos do Artigo 29 da CF) e autoadministração
ção. (Artigo 30 da CF).
§ 1º São reservadas aos Estados as competências que não lhes A previsão legal sobre os Municípios está prevista na CF, dos
sejam vedadas por esta Constituição. Artigos 29 a 31. Vejamos:

§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou mediante con- CAPÍTULO IV


cessão, os serviços locais de gás canalizado, na forma da lei, vedada DOS MUNICÍPIOS
a edição de medida provisória para a sua regulamentação.
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois
constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para inte- terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, aten-
grar a organização, o planejamento e a execução de funções públi- didos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição
cas de interesse comum. do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores, para
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes mandato de quatro anos, mediante pleito direto e simultâneo reali-
e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorren- zado em todo o País;
tes de obras da União; II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem no domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos
seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da União, Municípios que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Mu-
ou terceiros; nicípios com mais de duzentos mil eleitores;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da União. ano subsequente ao da eleição;
Art. 27. O número de Deputados à Assembleia Legislativa cor- IV - para a composição das Câmaras Municipais, será observa-
responderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos do o limite máximo de:
Deputados e, atingido o número de trinta e seis, será acrescido de a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000 (quinze
tantos quantos forem os Deputados Federais acima de doze. mil) habitantes;
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de 15.000
aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleito- (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil) habitantes;
ral, inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda de mandato,
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de 30.000
licença, impedimentos e incorporação às Forças Armadas.
(trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por lei de
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de 50.000
iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão de, no máximo, se-
(cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta mil) habitantes;
tenta e cinco por cento daquele estabelecido, em espécie, para os
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de 80.000
Deputados Federais, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57,
(oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e vinte mil) habi-
§ 7º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
tantes;
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre seu regi-
f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de 120.000
mento interno, polícia e serviços administrativos de sua secretaria,
e prover os respectivos cargos. (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cento sessenta mil)
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo legis- habitantes;
lativo estadual. g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador de Es- 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 (trezen-
tado, para mandato de 4 (quatro) anos, realizar-se-á no primeiro tos mil) habitantes;
domingo de outubro, em primeiro turno, e no último domingo de h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais de
outubro, em segundo turno, se houver, do ano anterior ao do tér- 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (quatrocentos e
mino do mandato de seus antecessores, e a posse ocorrerá em 6 de cinquenta mil) habitantes;
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, o disposto i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de
no art. 77 desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Consti- 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de até 600.000
tucional nº 111, de 2021) (seiscentos mil) habitantes;
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir outro cargo j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de
ou função na administração pública direta ou indireta, ressalvada 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (setecentos
a posse em virtude de concurso público e observado o disposto no cinquenta mil) habitantes;
art. 38, I, IV e V. k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e dos Se- 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até 900.000
cretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa da Assembleia (novecentos mil) habitantes;
Legislativa, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
II, 153, III, e 153, § 2º, I. 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um milhão
e cinquenta mil) habitantes;

266
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras
1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de até 1.200.000 e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município;
(um milhão e duzentos mil) habitantes; IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança,
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os
1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de até 1.350.000 membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes; Estado para os membros da Assembleia Legislativa;
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de 1.350.000 X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça;
(um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitantes e de até XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câ-
1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes; mara Municipal;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais XII - cooperação das associações representativas no planeja-
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de até mento municipal;
1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de,
de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes e de até pelo menos, cinco por cento do eleitorado;
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes; XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, pa-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais de rágrafo único.
2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habitantes e de até Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal,
3.000.000 (três milhões) de habitantes; incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com ina-
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de tivos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao
3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até 4.000.000 (quatro somatório da receita tributária e das transferências previstas no §
milhões) de habitantes; 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exer-
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de cício anterior:
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até 5.000.000 (cinco I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de até
milhões) de habitantes; 100.000 (cem mil) habitantes;
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais II - 6% (seis por cento) para Municípios com população entre
de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até 6.000.000 (seis 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;
milhões) de habitantes; III - 5% (cinco por cento) para Municípios com população entre
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhentos mil) habitantes;
6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até 7.000.000 (sete mi- IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
lhões) de habitantes; Municípios com população entre 500.001 (quinhentos mil e um) e
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de mais 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 8.000.000 (oito V - 4% (quatro por cento) para Municípios com população entre
milhões) de habitantes; e 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito milhões) de habi-
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais de tantes;
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para Muni-
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Mu- cípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões e um) ha-
nicipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal, observado bitantes.
o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; § 1º A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cen-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câ- to de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o
maras Municipais em cada legislatura para a subsequente, obser- subsídio de seus Vereadores.
vado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabe- § 2º Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Municipal:
lecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste artigo;
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos De- III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na Lei Or-
putados Estaduais; çamentária.
b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o § 3º Constitui crime de responsabilidade do Presidente da Câ-
subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento mara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo.
do subsídio dos Deputados Estaduais; Art. 30. Compete aos Municípios:
c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, I - legislar sobre assuntos de interesse local;
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de pres-
o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por tar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habi- estadual;
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de conces-
por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; são ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o
f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o sub- de transporte coletivo, que tem caráter essencial;
sídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da União e
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; do Estado, programas de educação infantil e de ensino fundamen-
VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereadores tal;
não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da União e
do Município; do Estado, serviços de atendimento à saúde da população;

267
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territo- SEÇÃO II
rial, mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e DOS TERRITÓRIOS
da ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judi-
observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual. ciária dos Territórios.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo Poder § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos
Legislativo Municipal, mediante controle externo, e pelos sistemas quais se aplicará, no que couber, o disposto no Capítulo IV deste
de controle interno do Poder Executivo Municipal, na forma da lei. Título.
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será exercido com § 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao
o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados ou do Município ou Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal de Contas da
dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver. União.
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente sobre as § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes,
contas que o Prefeito deve anualmente prestar, só deixará de preva- além do Governador nomeado na forma desta Constituição, haverá
lecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal. órgãos judiciários de primeira e segunda instância, membros do Mi-
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, nistério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
anualmente, à disposição de qualquer contribuinte, para exame e eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
apreciação, o qual poderá questionar-lhes a legitimidade, nos ter- Intervenção Federal e Estadual
mos da lei. É uma excepcional possibilidade de supressão temporária da
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou órgãos de autonomia política de um ente federativo. Suas hipóteses integram
Contas Municipais. um rol taxativo previsto na Constituição Federal.

Organização do Estado - Distrito Federal e Territórios CAPÍTULO VI


DA INTERVENÇÃO
• Distrito Federal
O Distrito Federal é o ente federativo com competências par- Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Fe-
cialmente tuteladas pela União, conforme se extrai dos Artigos 21, deral, exceto para:
XIII e XIV, e 22, VII da CF. I - manter a integridade nacional;
Por ser considerado um ente político dotado de autonomia, II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação
possui capacidade de auto-organização (Artigo 32 da CF), autogo-
em outra;
verno (Artigo 32, §§ 2º e 3º da CF), autoadministração (Artigo 32, §§
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
1º e 4º da CF) e auto legislação (Artigo 32, § 1º da CF).
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas uni-
dades da Federação;
CAPÍTULO V
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois
anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
SEÇÃO I
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas
DO DISTRITO FEDERAL
nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei;
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial;
reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitu-
mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legisla- cionais:
tiva, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta a) forma republicana, sistema representativo e regime demo-
Constituição. crático;
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legisla- b) direitos da pessoa humana;
tivas reservadas aos Estados e Municípios. c) autonomia municipal;
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observa- d) prestação de contas da administração pública, direta e in-
das as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com direta.
a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impos-
duração. tos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços
o disposto no art. 27. públicos de saúde.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Dis- Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União
trito Federal, da polícia civil, da polícia penal, da polícia militar e do nos Municípios localizados em Território Federal, exceto quando:
corpo de bombeiros militar. (Redação dada pela Emenda Constitu- I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos
cional nº 104, de 2019) consecutivos, a dívida fundada;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
• Territórios III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita muni-
Os Territórios possuem natureza jurídica de autarquias territo- cipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e
riais integrantes da Administração indireta da União. Por isso, não serviços públicos de saúde;
são dotados de autonomia política. IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para
assegurar a observância de princípios indicados na Constituição Es-
tadual, ou para prover a execução de lei, de ordem ou de decisão
judicial.
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá:

268
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legislativo ou Passemos ao conceito de cada um deles:
do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supre-
mo Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder Judi- • Princípio da Legalidade
ciário; De acordo com este princípio, o administrador não pode agir
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciária, de ou deixar de agir, senão de acordo com a lei, na forma determinada.
requisição do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de O quadro abaixo demonstra suas divisões.
Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral;
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de represen- Princípio da Legalidade
tação do Procurador-Geral da República, na hipótese do art. 34, VII,
e no caso de recusa à execução de lei federal. A Administração Pública
IV - (Revogado). Em relação à Administração somente pode fazer o que a
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a amplitude, o Pública lei permite → Princípio da
prazo e as condições de execução e que, se couber, nomeará o inter- Estrita Legalidade
ventor, será submetido à apreciação do Congresso Nacional ou da O Particular pode fazer tudo
Assembleia Legislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. Em relação ao Particular
que a lei não proíbe

§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional ou a As- • Princípio da Impessoalidade


sembleia Legislativa, far-se-á convocação extraordinária, no mesmo Em decorrência deste princípio, a Administração Pública deve
prazo de vinte e quatro horas. servir a todos, sem preferências ou aversões pessoais ou partidá-
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dispensada a rias, não podendo atuar com vistas a beneficiar ou prejudicar de-
apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa, terminadas pessoas, uma vez que o fundamento para o exercício de
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se sua função é sempre o interesse público.
essa medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afas- • Princípio da Moralidade
tadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedimento legal. Tal princípio caracteriza-se por exigir do administrador público
um comportamento ético de conduta, ligando-se aos conceitos de
Referências Bibliográficas: probidade, honestidade, lealdade, decoro e boa-fé.
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons- A moralidade se extrai do senso geral da coletividade represen-
titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. tada e não se confunde com a moralidade íntima do administrador
Salvador: Editora JusPODIVM. (moral comum) e sim com a profissional (ética profissional).
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e O Artigo 37, § 4º da CF elenca as consequências possíveis, devi-
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. do a atos de improbidade administrativa:
Disposições gerais e servidores públicos
A expressão Administração Pública em sentido objetivo traduz Sanções ao cometimento de atos de improbidade
a ideia de atividade, tarefa, ação ou função de atendimento ao inte- administrativa
resse coletivo. Já em sentido subjetivo, indica o universo dos órgãos Suspensão dos direitos políticos (responsabilidade política)
e pessoas que desempenham função pública.
Conjugando os dois sentidos, pode-se conceituar a Administra- Perda da função pública (responsabilidade disciplinar)
ção Pública como sendo o conjunto de pessoas e órgãos que de- Indisponibilidade dos bens (responsabilidade patrimonial)
sempenham uma função de atendimento ao interesse público, ou Ressarcimento ao erário (responsabilidade patrimonial)
seja, que estão a serviço da coletividade.
• Princípio da Publicidade
Princípios da Administração Pública
O princípio da publicidade determina que a Administração Pú-
Nos termos do caput do Artigo 37 da CF, a administração públi-
blica tem a obrigação de dar ampla divulgação dos atos que pratica,
ca direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
salvo a hipótese de sigilo necessário.
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
A publicidade é a condição de eficácia do ato administrativo e
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
tem por finalidade propiciar seu conhecimento pelo cidadão e pos-
As provas de Direito Constitucional exigem com frequência a
sibilitar o controle por todos os interessados.
memorização de tais princípios. Assim, para facilitar essa memori-
zação, já é de praxe valer-se da clássica expressão mnemônica “LIM-
• Princípio da Eficiência
PE”. Observe o quadro abaixo:
Segundo o princípio da eficiência, a atividade administrativa
deve ser exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional,
Princípios da Administração Pública evitando atuações amadorísticas.
L Legalidade Este princípio impõe à Administração Pública o dever de agir
com eficiência real e concreta, aplicando, em cada caso concreto, a
I Impessoalidade medida, dentre as previstas e autorizadas em lei, que mais satisfaça
M Moralidade o interesse público com o menor ônus possível (dever jurídico de
boa administração).
P Publicidade Em decorrência disso, a administração pública está obrigada a
E Eficiência desenvolver mecanismos capazes de propiciar os melhores resul-
tados possíveis para os administrados. Portanto, a Administração
LIMPE
Pública será considerada eficiente sempre que o melhor resultado
for atingido.

269
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Disposições Gerais na Administração Pública X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que
O esquema abaixo sintetiza a definição de Administração Pú- trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por
blica: lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse-
gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
de índices;
Administração Pública
XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun-
Direta Indireta ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e
Autarquias (podem ser fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos
qualificadas como agências Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
reguladoras) mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pen-
Federal sões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
Fundações (autarquias
Estadual ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra na-
e fundações podem ser
Distrital tureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
qualificadas como agências
Municipal Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
executivas)
Sociedades de economia mista nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito
Empresas públicas Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Exe-
cutivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do
Entes Cooperados Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de
Não integram a Administração Pública, mas prestam serviços de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
interesse público. Exemplos: SESI, SENAC, SENAI, ONG’s cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo
Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
As disposições gerais sobre a Administração Pública estão elen- aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defen-
cadas nos Artigos 37 e 38 da CF. Vejamos: sores Públicos;
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder
CAPÍTULO VII Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu-
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA tivo;
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es-
SEÇÃO I pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do
DISPOSIÇÕES GERAIS serviço público;
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor público
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer não serão computados nem acumulados para fins de concessão de
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- acréscimos ulteriores;
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e em-
pios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, mora-
pregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI
lidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:
e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos,
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim
exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em
como aos estrangeiros, na forma da lei;
qualquer caso o disposto no inciso XI:
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de apro-
a) a de dois cargos de professor;
vação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos,
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;
de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego,
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em saúde, com profissões regulamentadas;
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração; XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções
III - o prazo de validade do concurso público será de até dois e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de
anos, prorrogável uma vez, por igual período; economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta
IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convo- ou indiretamente, pelo poder público;
cação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de pro- XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais te-
vas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursa- rão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência
dos para assumir cargo ou emprego, na carreira; sobre os demais setores administrativos, na forma da lei;
V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servi- XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e
dores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de econo-
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e per- mia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último
centuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribui- caso, definir as áreas de sua atuação;
ções de direção, chefia e assessoramento; XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria-
VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre asso- ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior,
ciação sindical; assim como a participação de qualquer delas em empresa privada;
VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
definidos em lei específica; serviços, compras e alienações serão contratados mediante pro-
VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos cesso de licitação pública que assegure igualdade de condições a
para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações
sua admissão; de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos ter-
IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo de- mos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
terminado para atender a necessidade temporária de excepcional técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
interesse público; obrigações.

270
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput deste artigo,
Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funciona- fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito,
mento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específicas, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como
terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e limite único, o subsídio mensal dos Desembargadores do respecti-
atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de vo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convênio. centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e cam- Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos
panhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, infor- subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores.
mativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, § 13. O servidor público titular de cargo efetivo poderá ser re-
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de auto- adaptado para exercício de cargo cujas atribuições e responsabili-
ridades ou servidores públicos. dades sejam compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III implicará a capacidade física ou mental, enquanto permanecer nesta condição,
nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos desde que possua a habilitação e o nível de escolaridade exigidos
da lei. para o cargo de destino, mantida a remuneração do cargo de ori-
§ 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na gem. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
administração pública direta e indireta, regulando especialmente: § 14. A aposentadoria concedida com a utilização de tempo
I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos de contribuição decorrente de cargo, emprego ou função pública,
inclusive do Regime Geral de Previdência Social, acarretará o rom-
em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento
pimento do vínculo que gerou o referido tempo de contribuição. (In-
ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade
cluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
dos serviços;
§ 15. É vedada a complementação de aposentadorias de ser-
II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor-
vidores públicos e de pensões por morte a seus dependentes que
mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X não seja decorrente do disposto nos §§ 14 a 16 do art. 40 ou que
e XXXIII; não seja prevista em lei que extinga regime próprio de previdência
III - a disciplina da representação contra o exercício negligente social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública.
§ 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a sus- § 16. Os órgãos e entidades da administração pública, indi-
pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponi- vidual ou conjuntamente, devem realizar avaliação das políticas
bilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação públicas, inclusive com divulgação do objeto a ser avaliado e dos
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. resultados alcançados, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Cons-
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos pra- titucional nº 109, de 2021)
ticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autárquica
ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as se-
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito pri- guintes disposições:
vado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distrital,
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o ficará afastado de seu cargo, emprego ou função;
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo,
§ 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocupante emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remunera-
de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possi- ção;
bilite o acesso a informações privilegiadas. III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibili-
§ 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos dade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego
órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não
ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exercício
desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos
I - o prazo de duração do contrato; os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento;
V - na hipótese de ser segurado de regime próprio de previ-
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direi-
dência social, permanecerá filiado a esse regime, no ente federativo
tos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
de origem. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
III - a remuneração do pessoal.”
2019)
§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às
sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem Servidores Públicos
recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
geral. cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
§ 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- Distrito Federal ou aos Municípios.
muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exo-
neração.
§ 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remunera-
tórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de
caráter indenizatório previstas em lei.

271
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO II I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em
DOS SERVIDORES PÚBLICOS que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces-
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federativo;
planos de carreira para os servidores da administração pública dire- (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ta, das autarquias e das fundações públicas. II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta
instituirão conselho de política de administração e remuneração de e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar;
pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po- III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade,
deres. se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais compo- e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na
nentes do sistema remuneratório observará: idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os
cargos componentes de cada carreira; demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo
II - os requisitos para a investidura; ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103,
III - as peculiaridades dos cargos. de 2019)
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas § 2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores
de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores ao valor mínimo a que se refere o § 2º do art. 201 ou superiores
públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requisi- ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência
tos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração Social, observado o disposto nos §§ 14 a 16. (Redação dada pela
de convênios ou contratos entre os entes federados. Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o dis- § 3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria
posto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação
XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados de ad- dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
missão quando a natureza do cargo o exigir. § 4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os para concessão de benefícios em regime próprio de previdência so-
Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão cial, ressalvado o disposto nos §§ 4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação
remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prê- § 4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
mio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obe- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferencia-
decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. dos para aposentadoria de servidores com deficiência, previamente
§ 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por equipe multi-
nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re- profissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda Constitucional
muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, nº 103, de 2019)
o disposto no art. 37, XI.
§ 4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
§ 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão
pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e
para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente penitenciário,
empregos públicos.
de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos de que tratam
§ 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput do art. 52 e os
pios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários provenien-
incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela Emenda Constitu-
tes da economia com despesas correntes em cada órgão, autarquia
cional nº 103, de 2019)
e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de
§ 4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar do res-
qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, moder-
nização, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclu- pectivo ente federativo idade e tempo de contribuição diferenciados
sive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. para aposentadoria de servidores cujas atividades sejam exercidas
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em com efetiva exposição a agentes químicos, físicos e biológicos preju-
carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. diciais à saúde, ou associação desses agentes, vedada a caracteriza-
§ 9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter tempo- ção por categoria profissional ou ocupação. (Incluído pela Emenda
rário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou de cargo Constitucional nº 103, de 2019)
em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído pela Emen- § 5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima re-
da Constitucional nº 103, de 2019) duzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da apli-
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores cação do disposto no inciso III do § 1º, desde que comprovem tempo
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores no ensino fundamental e médio fixado em lei complementar do res-
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que pectivo ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela nº 103, de 2019)
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
§ 1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de previdên-
nº 103, de 2019) cia social, aplicando-se outras vedações, regras e condições para a
acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no Regime
Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda Constitu-
cional nº 103, de 2019)

272
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 7º Observado o disposto no § 2º do art. 201, quando se tra- opte por permanecer em atividade poderá fazer jus a um abono de
tar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o be- permanência equivalente, no máximo, ao valor da sua contribuição
nefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do previdenciária, até completar a idade para aposentadoria compul-
respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a sória. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
hipótese de morte dos servidores de que trata o § 4º-B decorrente § 20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de
de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora des-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) se regime em cada ente federativo, abrangidos todos os poderes,
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão responsá-
var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios veis pelo seu financiamento, observados os critérios, os parâmetros
estabelecidos em lei. e a natureza jurídica definidos na lei complementar de que trata o
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou § 22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
municipal será contado para fins de aposentadoria, observado o § 21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional
disposto nos §§ 9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço corres- nº 103, de 2019)
pondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação dada § 22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de previ-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) dência social, lei complementar federal estabelecerá, para os que
§ 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de conta- já existam, normas gerais de organização, de funcionamento e de
gem de tempo de contribuição fictício. responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros aspectos,
§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumu- I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
lação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras ativi- Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
dades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência tucional nº 103, de 2019)
social, e ao montante resultante da adição de proventos de inativi- II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
dade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Cons- cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
exoneração, e de cargo eletivo. pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§ 12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em regi- IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
me próprio de previdência social, no que couber, os requisitos e cri- Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
térios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
§ 13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, de
sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
ção, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, ou de
2019)
emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu-
§ 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ins-
ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
tituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, regime
VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
de previdência complementar para servidores públicos ocupantes
de cargo efetivo, observado o limite máximo dos benefícios do Re- servados os princípios relacionados com governança, controle inter-
gime Geral de Previdência Social para o valor das aposentadorias no e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
e das pensões em regime próprio de previdência social, ressalvado de 2019)
o disposto no § 16. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
103, de 2019) que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indiretamen-
§ 15. O regime de previdência complementar de que trata o § te, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucional
14 oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribui- nº 103, de 2019)
ção definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
§ 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dispos- pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
to nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressa- Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
do no serviço público até a data da publicação do ato de instituição vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
do correspondente regime de previdência complementar. concurso público.
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cál- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
culo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualizados, I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
na forma da lei. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentado- rada ampla defesa;
rias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es-
§ 19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do res- tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
pectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo que tenha aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com remu-
completado as exigências para a aposentadoria voluntária e que neração proporcional ao tempo de serviço.

273
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- Desde a promulgação da CF/88, o exercício simultâneo de
vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- cargos era permitido apenas para servidores públicos civis e para
cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em militares das Forças Armadas que atuam na área de saúde. A acu-
outro cargo. mulação passou a ser possível, desde que haja compatibilidade de
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- horários.
tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída Vejamos as disposições do Art. 42 da CF/88:
para essa finalidade.
SEÇÃO III
• Estabilidade DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS
A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de TERRITÓRIOS
permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
vado em estágio probatório. Art. 42 Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bom-
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade beiros Militares, instituições organizadas com base na hierarquia e
poder ser definida como a garantia constitucional de permanência disciplina, são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Ter-
no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de ritórios.
concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
o transcurso de estágio probatório. dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, as disposições
A estabilidade é assegurada ao servidor após três anos de efe- do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art. 142, § 3º,
tivo exercício, em virtude de nomeação em concurso público. Esse
inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferidas pelos respectivos
é o estágio probatório citado pela lei.
governadores.
Passada a fase do estágio, sendo o servidor público efetivado,
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Fe-
ele perderá o cargo somente nas hipóteses elencadas no Artigo 41,
deral e dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
§ 1º da CF. respectivo ente estatal.
Haja vista o tema ser muito cobrado nas provas dos mais varia- § 3º Aplica-se aos militares dos Estados, do Distrito Federal e
dos concursos públicos, segue a tabela explicativa: dos Territórios o disposto no art. 37, inciso XVI, com prevalência
da atividade militar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 101,
Estabilidade do Servidor de 2019)
Requisitos para aquisição de Cargo de provimento efetivo/
Das Regiões
Estabilidade ocupado em razão de concurso
De acordo com a CF/88 as políticas da União podem se dar de
público
forma regionalizada e a disposição legal do Art. 43 visa reduzir as
3 anos de efetivo exercício
desigualdades regionais. Este tema será regulado por Lei Comple-
Avaliação de desempenho por
mentar.
comissão instituída para esta
Diz o Art. 43 da CF/88:
finalidade
Hipóteses em que o servidor Em virtude de sentença judicial SEÇÃO IV
estável pode perder o cargo transitada em julgado DAS REGIÕES
Mediante processo
administrativo em que lhe seja Art. 43. Para efeitos administrativos, a União poderá articular
assegurada ampla defesa sua ação em um mesmo complexo geoeconômico e social, visando a
Mediante procedimento seu desenvolvimento e à redução das desigualdades regionais.
de avaliação periódica de § 1º - Lei complementar disporá sobre:
desempenho, na forma de lei I - as condições para integração de regiões em desenvolvimen-
complementar, assegurada to;
ampla defesa II - a composição dos organismos regionais que executarão, na
Em razão de excesso de forma da lei, os planos regionais, integrantes dos planos nacionais
despesa de desenvolvimento econômico e social, aprovados juntamente com
estes.
Dos Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios § 2º - Os incentivos regionais compreenderão, além de outros,
A CF/88 impôs aos Militares, regime especial e diferenciado do na forma da lei:
servidor civil. Os direitos e deveres dos militares e dos civis não se I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens de custos
misturam a não ser por expressa determinação constitucional. e preços de responsabilidade do Poder Público;
Não pode o legislador infraconstitucional cercear direitos ou II - juros favorecidos para financiamento de atividades priori-
impor deveres que a Constituição Federal não trouxe de forma taxa- tárias;
tiva, tampouco não se pode inserir deveres dos servidores civis aos III - isenções, reduções ou diferimento temporário de tributos
militares de forma reflexa. federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas;
A Emenda Constitucional nº 101/19, promulgada pelo Congres- IV - prioridade para o aproveitamento econômico e social dos
so Nacional, permite acúmulo de cargos públicos nas áreas de saú- rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de
baixa renda, sujeitas a secas periódicas.
de e educação por militares. Através da referida Emenda, os Milita-
§ 3º - Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União incentivará a
res poderão exercer funções de professor ou profissional da saúde
recuperação de terras áridas e cooperará com os pequenos e mé-
desde que haja compatibilidade de horário. Ou seja, aplicou-se a
dios proprietários rurais para o estabelecimento, em suas glebas, de
tais profissionais o disposto no art. 37, inciso XVI, da CF/88.
fontes de água e de pequena irrigação.

274
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Referências Bibliográficas: Cada estado e o Distrito Federal possuem 3 senadores, eleitos,
BORTOLETO, Leandro; e LÉPORE, Paulo. Noções de Direito Cons- cada qual, com dois suplentes, totalizando 81 (Artigo 46, §§ 1º e 3º
titucional e de Direito Administrativo. Coleção Tribunais e MPU. da CF).
Salvador: Editora JusPODIVM. Vejamos nosso quadro sinótico:
NADAL, Fábio; e SANTOS, Vauledir Ribeiro. Administrativo – Série
Resumo. 3ª edição. São Paulo: Editora Método. Congresso Nacional
Funções Típicas e Atípicas Câmara dos Deputados (Artigo Senado Federal (Artigo 46 da
O Poder Legislativo possui as funções típicas de elaborar nor- 45 da CF) CF)
mas gerais e abstratas (leis) e exercer a atividade fiscalizatória. Esta 513 membros 81 membros
fiscalização engloba tanto a econômico-financeira (Artigos 70 a 75
da CF), bem como a político-administrativa, por intermédio de suas Representantes do povo Representantes dos estados/
Comissões, em especial, a Comissão Parlamentar de Inquérito (Ar- DF
tigo 58, § 3º, da CF). Caracteriza o princípio Caracteriza o princípio
Como funções atípicas o Poder Legislativo administra e julga. republicano federativo
Administra quando, por exemplo, nomeia, exonera, ou promove os
Eleição pelo sistema Eleição pelo sistema
seus servidores. Julga quando o Senado Federal decide acerca da
proporcional majoritário
ocorrência ou não de crime de responsabilidade cometido por cer-
tas autoridades previstas na Constituição (Artigo 52, I, II e parágrafo Mandato de 4 anos Mandato de 8 anos (Artigo 46,
único). § 1º, da CF)
O Poder Legislativo no âmbito da Federação está assim confi- Sucessivas reeleições Sucessivas reeleições
gurado:
Mínimo de 8 e máximo de 70 3 senadores por estado/DF
por estado/DF (Artigo 45, § 1º (Artigo 46, § 1º, da CF).
Poder Legislativo da CF) Cada senador será eleito com
União Congresso Nacional (Artigo 44 2 suplentes (Artigo 46, § 3º,
e seguintes da CF) da CF)
Estados-Membros Assembleias Legislativas Idade mínima: 21 anos (Artigo Idade mínima: 35 anos (Artigo
(Artigo 27 da CF) 14, § 3º, VI, c, da CF) 14, § 3º, VI, a, da CF)
Distrito Federal Câmara Legislativa (Artigo 32, Territórios se houver elegem Recomposição alternada de
§ 3º, da CF) 4 deputados (Artigo 45, § 2º, 1/3 e 2/3 dos Senadores a
da CF) cada 4 anos (Artigo 46, § 2º,
Municípios Câmaras Municipais (Artigo 29
da CF)
da CF)
Seguem abaixo os dispositivos constitucionais corresponden-
Congresso Nacional
tes:
O Congresso Nacional é formado pela Câmara dos Deputados
e pelo Senado Federal, ou seja, sistema bicameral (Artigo 44, caput,
TÍTULO IV
da CF).
DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
(REDAÇÃO DADA PELA EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 80, DE
Câmara dos Deputados
2014)
É composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema
proporcional em cada estado, em cada território e no Distrito Fede-
CAPÍTULO I
ral, para um mandato de 4 anos, permitidas sucessivas reeleições
DO PODER LEGISLATIVO
(Artigo 45, caput, da CF).
À luz do § 1º do Artigo 45, da CF, nenhum Estado e o Distrito Fe-
SEÇÃO I
deral terá menos do que 8 nem mais do que 70 deputados federais,
DO CONGRESSO NACIONAL
levando-se em conta a população de cada ente federativo.
Já os territórios federais, caso existentes, terão 4 deputados fe-
Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Congresso Nacional,
derais (Artigo 45, § 2º, da CF).
que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
Conforme dispõe a Lei Complementar nº 78, de 30/12/93, que
Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de quatro
disciplina a fixação do número de deputados, nos termos do Artigo
anos.
45, § 1º, da CF, uma vez estabelecido o número de deputados fe-
Art. 45. A Câmara dos Deputados compõe-se de representan-
derais, será definido o número de deputados estaduais, conforme
tes do povo, eleitos, pelo sistema proporcional, em cada Estado, em
preceitua o Artigo 27 da CF.
cada Território e no Distrito Federal.
§ 1º O número total de Deputados, bem como a representação
Senado Federal
por Estado e pelo Distrito Federal, será estabelecido por lei comple-
Compõe-se de representantes dos estados e do Distrito Fede-
mentar, proporcionalmente à população, procedendo-se aos ajustes
ral, de forma paritária, eleitos segundo o princípio majoritário, para
necessários, no ano anterior às eleições, para que nenhuma daque-
um mandato de 8 anos, sendo que em cada eleição, que ocorre a
las unidades da Federação tenha menos de oito ou mais de setenta
cada 4 anos, serão eleitos, alternadamente, um terço e dois terços
Deputados.
dos membros dessa Casa Legislativa (Artigo 46, caput e seu § 2º).
§ 2º Cada Território elegerá quatro Deputados.

275
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 46. O Senado Federal compõe-se de representantes dos Es- VII - fixar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Se-
tados e do Distrito Federal, eleitos segundo o princípio majoritário. nadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II,
§ 1º Cada Estado e o Distrito Federal elegerão três Senadores, 153, III, e 153, § 2º, I;
com mandato de oito anos. VIII - fixar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da
§ 2º A representação de cada Estado e do Distrito Federal será República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;
terços. IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da
§ 3º Cada Senador será eleito com dois suplentes. República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de
Art. 47. Salvo disposição constitucional em contrário, as delibe- governo;
rações de cada Casa e de suas Comissões serão tomadas por maio- X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas
ria dos votos, presente a maioria absoluta de seus membros. Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta;
SEÇÃO II XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em
DAS ATRIBUIÇÕES DO CONGRESSO NACIONAL face da atribuição normativa dos outros Poderes;
XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presi- emissoras de rádio e televisão;
dente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas
49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da da União;
União, especialmente sobre: XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a ativi-
I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas; dades nucleares;
II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anu- XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;
al, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado; XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aprovei-
III - fixação e modificação do efetivo das Forças Armadas; tamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas mi-
IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de de- nerais;
senvolvimento; XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras
V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.
bens do domínio da União; XVIII - decretar o estado de calamidade pública de âmbito na-
VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de cional previsto nos arts. 167-B, 167-C, 167-D, 167-E, 167-F e 167-G
Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembleias Legisla- desta Constituição. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 109, de
tivas; 2021)
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qual-
VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;
quer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou
VIII - concessão de anistia;
quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidên-
IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Públi-
cia da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre
co e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização
assunto previamente determinado, importando crime de responsa-
judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;
bilidade a ausência sem justificação adequada.
X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer ao Senado Fe-
funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;
deral, à Câmara dos Deputados, ou a qualquer de suas Comissões,
XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administra-
por sua iniciativa e mediante entendimentos com a Mesa respecti-
ção pública;
va, para expor assunto de relevância de seu Ministério.
XII - telecomunicações e radiodifusão; § 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
XIII - matéria financeira, cambial e monetária, instituições fi- poderão encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros
nanceiras e suas operações; de Estado ou a qualquer das pessoas referidas no caput deste ar-
XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mo- tigo, importando em crime de responsabilidade a recusa, ou o não
biliária federal. - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de
XV - fixação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Fe- informações falsas.
deral, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e
153, § 2º, I. SEÇÃO III
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
I - resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos in-
ternacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:
patrimônio nacional; I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de
II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a ce- processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os
lebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo terri- Ministros de Estado;
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados II - proceder à tomada de contas do Presidente da República,
os casos previstos em lei complementar; quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessen-
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a ta dias após a abertura da sessão legislativa;
se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias; III - elaborar seu regimento interno;
IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autori- IV – dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, cria-
zar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas; ção, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remune-
do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa; ração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes
VI - mudar temporariamente sua sede; orçamentárias;

276
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do Vedações, Garantias e Imunidades Parlamentares
art. 89, VII.
• Vedações
SEÇÃO IV Aos parlamentares federais, é vedado o exercício de algumas
DO SENADO FEDERAL atividades, em decorrência das relevantes atribuições constitucio-
nais que possuem, à luz do que dispõe o Artigo 54 da CF.
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:
I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da Re- • Garantias
pública nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Artigo 53, § 6º da CF → Isenção do dever de testemunhar: é o
Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica chamado sigilo da fonte;
nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; Artigo 53, § 7º da CF → Incorporação às Forças Armadas;
II processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, Artigo 53, § 8º da CF → Estado de sítio: limitação de sua sus-
os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacio- pensão pela Constituição.
nal do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Ad-
vogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade; • Imunidades
III - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pú- Imunidades são prerrogativas outorgadas pela Constituição aos
blica, a escolha de: ocupantes de mandatos eletivos com a finalidade de assegurar-lhes
a) Magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição; proteção no exercício de suas atribuições constitucionais.
b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Pre- – Imunidade Material: afasta a possibilidade de responsabili-
sidente da República; zação civil e penal do congressista por suas manifestações, desde
c) Governador de Território; que emanadas no desempenho da atividade congressual (Artigo 53,
d) Presidente e diretores do banco central; caput, da CF).
e) Procurador-Geral da República; – Imunidade Formal: são garantias atribuídas aos parlamenta-
f) titulares de outros cargos que a lei determinar; res com relação ao trâmite dos processos-crimes em que figuram
IV - aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em como réus e prisões contra si decretadas, a partir de sua diploma-
sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de ca- ção (Artigo 53, §§ 1º ao 5º, da CF).
ráter permanente;
V - autorizar operações externas de natureza financeira, de in- Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
teresse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e
dos Municípios; SEÇÃO V
VI - fixar, por proposta do Presidente da República, limites glo- DOS DEPUTADOS E DOS SENADORES
bais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios; Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penal-
VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações mente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Fede- § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma,
ral e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades contro- serão submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Fede-
ladas pelo Poder Público federal; ral.
VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de ga- § 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso
rantia da União em operações de crédito externo e interno; Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime ina-
IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da fiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e
dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada seus membros, resolva sobre a prisão.
inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal; § 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por
XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exone- crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará
ração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela
de seu mandato; representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até
XII - elaborar seu regimento interno; a decisão final, sustar o andamento da ação.
XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, § 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva
criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções no prazo improrrogável de quarenta e cinco dias do seu recebimen-
de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva re- to pela Mesa Diretora.
muneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de dire- § 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto
trizes orçamentárias; durar o mandato.
XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do § 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemu-
art. 89, VII. nhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercí-
XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tribu- cio do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles
tário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desem- receberam informações.
penho das administrações tributárias da União, dos Estados e do § 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Sena-
Distrito Federal e dos Municípios. dores, embora militares e ainda que em tempo de guerra, depende-
Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcio- rá de prévia licença da Casa respectiva.
nará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se § 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão du-
a condenação, que somente será proferida por dois terços dos vo- rante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto
tos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos
anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incom-
sanções judiciais cabíveis. patíveis com a execução da medida.

277
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão: § 3º Na hipótese do inciso I, o Deputado ou Senador poderá
I - desde a expedição do diploma: optar pela remuneração do mandato.
a) firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito pú-
blico, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou Comissões Parlamentares e Comissões Parlamentares de In-
empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato quérito (CPIs)
obedecer a cláusulas uniformes;
b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, • Comissões e Mesas
inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades A Constituição Federal faculta ao Congresso Nacional e suas
constantes da alínea anterior; Casas Legislativas (Câmara e Senado) a criação de Comissões per-
II - desde a posse: manentes e temporárias, que deverão ser constituídas na forma e
com as atribuições previstas no respectivo regimento ou no ato de
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que que resultar sua criação (Artigo 58, caput, da CF).
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito Por seu turno, as Mesas são órgãos de direção superior da Câ-
público, ou nela exercer função remunerada; mara dos Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacional,
b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nu- cuja composição possui mandato de dois anos, sendo vedada a ree-
tum”, nas entidades referidas no inciso I, “a”; leição para o mesmo cargo (Artigo 57, § 4º, da CF).
c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das enti-
dades a que se refere o inciso I, “a”; • Comissão Parlamentar de Inquérito
d) ser titulares de mais de um cargo ou mandato público ele- Tem como fundamento a função típica fiscalizatória do Poder
tivo. Legislativo e é uma consequência direta e imediata da adoção do
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: sistema de freios e contrapesos previsto na Constituição.
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo São criadas com a finalidade de apurar fato determinado rele-
anterior; vante para a sociedade e a sua previsão constitucional encontra-se
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro no Artigo 58, § 3º, da CF.
parlamentar; Vamos aos dispositivos constitucionais correspondentes:
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à
terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo SEÇÃO VI
licença ou missão por esta autorizada; DAS REUNIÕES
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Ca-
nesta Constituição; pital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em de dezembro.
julgado. § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, além dos casos para o primeiro dia útil subsequente, quando recaírem em sábados,
definidos no regimento interno, o abuso das prerrogativas assegu- domingos ou feriados.
radas a membro do Congresso Nacional ou a percepção de vanta- § 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprova-
gens indevidas. ção do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será § 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câ-
decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por mara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão
maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de conjunta para:
partido político representado no Congresso Nacional, assegurada I - inaugurar a sessão legislativa;
ampla defesa. II - elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços
§ 3º - Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será decla- comuns às duas Casas;
rada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provoca- III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-Presidente
ção de qualquer de seus membros, ou de partido político represen- da República;
tado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa. IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
§ 4º A renúncia de parlamentar submetido a processo que vise § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias,
ou possa levar à perda do mandato, nos termos deste artigo, terá a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a
seus efeitos suspensos até as deliberações finais de que tratam os posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para man-
§§ 2º e 3º. dato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na
Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador: eleição imediatamente subsequente.
I - investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Ter- § 5º A Mesa do Congresso Nacional será presidida pelo Presi-
ritório, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de dente do Senado Federal, e os demais cargos serão exercidos, alter-
Prefeitura de Capital ou chefe de missão diplomática temporária; nadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na Câmara dos
II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou Deputados e no Senado Federal.
para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, § 6º A convocação extraordinária do Congresso Nacional far-
neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por ses- -se-á:
são legislativa. I - pelo Presidente do Senado Federal, em caso de decretação
§ 1º O suplente será convocado nos casos de vaga, de investidu- de estado de defesa ou de intervenção federal, de pedido de autori-
ra em funções previstas neste artigo ou de licença superior a cento zação para a decretação de estado de sítio e para o compromisso e
e vinte dias. a posse do Presidente e do Vice-Presidente da República;
§ 2º Ocorrendo vaga e não havendo suplente, far-se-á eleição
para preenchê-la se faltarem mais de quinze meses para o término
do mandato.

278
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - pelo Presidente da República, pelos Presidentes da Câmara Processo Legislativo Ordinário
dos Deputados e do Senado Federal ou a requerimento da maioria É o procedimento exigido para a elaboração das leis ordinárias
dos membros de ambas as Casas, em caso de urgência ou interesse e das leis complementares, que de decompõe em três fases: intro-
público relevante, em todas as hipóteses deste inciso com a apro- dutória, constitutiva e complementar.
vação da maioria absoluta de cada uma das Casas do Congresso
Nacional. Fase Introdutória – Iniciativa de Lei por Parlamentar e Extra-
§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacio- parlamentar
nal somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, A Fase Introdutória tem início quando um dos legitimados pela
ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de CF (Art. 61, caput) toma a iniciativa de apresentar um projeto de lei
parcela indenizatória, em razão da convocação. a uma das Casas do Congresso Nacional.
§ 8º Havendo medidas provisórias em vigor na data de convo- Esta iniciativa, também chamada de proposição, disposição,
cação extraordinária do Congresso Nacional, serão elas automati- competência legiferante ou competência legislativa, pode ser clas-
camente incluídas na pauta da convocação. sificada em parlamentar, extraparlamentar, privativa, concorrente
ou popular.
A Iniciativa Parlamentar, como o próprio nome sugere, é aque-
SEÇÃO VII la realizada pelos membros do Congresso Nacional. Noutro giro, a
DAS COMISSÕES Iniciativa Extraparlamentar ocorre quando a Constituição confere
a legitimidade para proposição legislativa a órgãos dos Poderes Exe-
Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões cutivo e Judiciário.
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atri-
buições previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar Fase Constitutiva
sua criação. O projeto de lei será apresentado a uma das Casas do Congres-
§ 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão, é asse- so Nacional, que atuará como Casa iniciadora, cumprindo a outra
gurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos Casa Legislativa a função de Casa Revisora.
partidos ou dos blocos parlamentares que participam da respectiva Nas Casas do Congresso Nacional funcionará parcela da fase
Casa. constitutiva, formada pela discussão, votação, além de possível
§ 2º Às comissões, em razão da matéria de sua competência, análise de veto. Após a deliberação parlamentar, a fase constitutiva
cabe: encerrar-se-á com a deliberação executiva, por meio da sanção ou
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do re- do veto presidencial.
gimento, a competência do Plenário, salvo se houver recurso de um
décimo dos membros da Casa; Deliberação Parlamentar
II - realizar audiências públicas com entidades da sociedade ci- A deliberação parlamentar refere-se a discussão, votação e,
vil; eventualmente, a análise do veto.
III - convocar Ministros de Estado para prestar informações so-
bre assuntos inerentes a suas atribuições; Regime de Urgência (Processo Legislativo Sumário)
IV - receber petições, reclamações, representações ou queixas O Processo Legislativo Sumário é deflagrado quando o Presi-
de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou en- dente da República solicita urgência na apreciação de projetos de
tidades públicas; lei de sua iniciativa (privativa ou concorrente).
V - solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão; Observe o quadro abaixo:
VI - apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. Processo Legislativo Sumário – Artigo 64, § 1º, da CF
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão pode-
res de investigação próprios das autoridades judiciais, além de ou- Projetos de lei de iniciativa
tros previstos nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas privativa ou concorrente do
pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto Requisitos Presidente da República;
ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus Pedido de urgência pelo
membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, Presidente da República.
sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério
Público, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos Deliberação Executiva
infratores. A deliberação executiva refere-se à sanção ou veto.
§ 4º Durante o recesso, haverá uma Comissão representativa
do Congresso Nacional, eleita por suas Casas na última sessão ordi- Fase Complementar
nária do período legislativo, com atribuições definidas no regimento Refere-se a promulgação e publicação.
comum, cuja composição reproduzirá, quanto possível, a proporcio-
nalidade da representação partidária. A lei nasce com a sanção ou, excepcionalmente, com a rejeição
do veto. Com a promulgação, ocorre a sua inserção no ordenamen-
O Processo Legislativo é o conjunto de atos (iniciativa, dis- to jurídico e a produção de seus efeitos se dá com a publicação.
cussão, votação, emenda, sanção, veto, derrubada do veto, pro-
mulgação, publicação) realizados pelo Congresso Nacional e pela
Presidência da República, visando à elaboração de emendas à Cons-
tituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medi-
das provisórias, decretos legislativos e resoluções.

279
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O quadro abaixo resume as fases do Processo Legislativo Or- SEÇÃO VIII
dinário. DO PROCESSO LEGISLATIVO

Processo Legislativo Ordinário SUBSEÇÃO I


DISPOSIÇÃO GERAL
Fase Introdutória Iniciativa do projeto de lei
Deliberação parlamentar Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de:
→ discussão, votação e, I - emendas à Constituição;
eventualmente, a análise do II - leis complementares;
Fase Constitutiva III - leis ordinárias;
veto.
Deliberação executiva → IV - leis delegadas;
sanção ou veto. V - medidas provisórias;
VI - decretos legislativos;
Promulgação e publicação da VII - resoluções.
Fase Complementar
lei Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração,
redação, alteração e consolidação das leis.
Espécies Normativas: Lei Complementar e Lei Ordinária
Todo o processo legislativo ordinário aplica-se, igualmente, à SUBSEÇÃO II
aprovação de leis ordinárias e leis complementares. A única distin- DA EMENDA À CONSTITUIÇÃO
ção está no quórum de aprovação, que, para as leis complementa-
res, é de maioria absoluta, conforme o Artigo 69, da CF. Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante propos-
Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar, uma ta:
vez que ambas retiram seu fundamento de validade direto da Cons- I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Depu-
tituição Federal. tados ou do Senado Federal;
A diferença entre ambas encontra-se na reserva de matéria, ou II - do Presidente da República;
seja, as matérias que devem ser veiculadas por lei complementar III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das unida-
estão exaustivamente previstas na Constituição, por sua vez, onde des da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
a Carta Política for silente, interpreta-se que a matéria deve ser tra- relativa de seus membros.
tada por lei ordinária. § 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio.
Espécies Normativas § 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Con-
gresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se ob-
• Medida Provisória tiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros.
Em caso de relevância e urgência, o Presidente poderá adotar § 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas
medidas provisórias, com força de lei (possui natureza jurídica de da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo
lei em sentido material, pois é um ato normativo primário sob con- número de ordem.
dição resolutiva), devendo submetê-las de imediato ao Congresso § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda ten-
Nacional por meio de mensagem. dente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;
• Lei Delegada II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da Repúbli- III - a separação dos Poderes;
ca, devendo solicitar a delegação ao Congresso Nacional, que, por IV - os direitos e garantias individuais.
resolução, especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. § 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na
• Decreto Legislativo mesma sessão legislativa.
São atos normativos primários mediante os quais são executa-
das as competências exclusivas do Congresso Nacional. SUBSEÇÃO III
DAS LEIS
• Resolução
As resoluções são atos normativos primários (Artigo 59, VII, da Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a
CF) que materializam as competências privativas da Câmara e do qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Sena-
Senado. do Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República,
ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procura-
Os dispositivos constitucionais referentes ao Processo Legisla- dor-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previs-
tivo encontram-se elencados do Artigos 59 a 69 da CF, conforme tos nesta Constituição.
seguem: § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as
leis que:
I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas;
II - disponham sobre:
a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na adminis-
tração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração;
b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária
e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos
Territórios;

280
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídi- § 9º Caberá à comissão mista de Deputados e Senadores exa-
co, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; minar as medidas provisórias e sobre elas emitir parecer, antes de
d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da serem apreciadas, em sessão separada, pelo plenário de cada uma
União, bem como normas gerais para a organização do Ministério das Casas do Congresso Nacional.
Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e § 10. É vedada a reedição, na mesma sessão legislativa, de me-
dos Territórios; dida provisória que tenha sido rejeitada ou que tenha perdido sua
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração eficácia por decurso de prazo.
pública, observado o disposto no art. 84, VI; § 11. Não editado o decreto legislativo a que se refere o § 3º
f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimen- até sessenta dias após a rejeição ou perda de eficácia de medida
to de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e provisória, as relações jurídicas constituídas e decorrentes de atos
transferência para a reserva. praticados durante sua vigência conservar-se-ão por ela regidas.
§ 2º A iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à § 12. Aprovado projeto de lei de conversão alterando o texto
Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, original da medida provisória, esta manter-se-á integralmente em
um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cin- vigor até que seja sancionado ou vetado o projeto.
co Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores Art. 63. Não será admitido aumento da despesa prevista:
de cada um deles. I - nos projetos de iniciativa exclusiva do Presidente da Repúbli-
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da Re- ca, ressalvado o disposto no art. 166, § 3º e § 4º;
pública poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, deven- II - nos projetos sobre organização dos serviços administrativos
do submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, dos Tribunais Fede-
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: rais e do Ministério Público.
I – relativa a: Art. 64. A discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políti-
do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
cos e direito eleitoral;
bunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados.
b) direito penal, processual penal e processual civil;
§ 1º O Presidente da República poderá solicitar urgência para
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a
apreciação de projetos de sua iniciativa.
carreira e a garantia de seus membros;
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e § 2º Se, no caso do § 1º, a Câmara dos Deputados e o Senado
créditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art. Federal não se manifestarem sobre a proposição, cada qual suces-
167, § 3º; sivamente, em até quarenta e cinco dias, sobrestar-se-ão todas as
II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança demais deliberações legislativas da respectiva Casa, com exceção
popular ou qualquer outro ativo financeiro; das que tenham prazo constitucional determinado, até que se ulti-
III – reservada a lei complementar; me a votação.
IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso § 3º A apreciação das emendas do Senado Federal pela Câmara
Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. dos Deputados far-se-á no prazo de dez dias, observado quanto ao
§ 2º Medida provisória que implique instituição ou majoração mais o disposto no parágrafo anterior.
de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, § 4º Os prazos do § 2º não correm nos períodos de recesso do
só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido Congresso Nacional, nem se aplicam aos projetos de código.
convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. Art. 65. O projeto de lei aprovado por uma Casa será revisto
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o disposto nos §§ 11 e pela outra, em um só turno de discussão e votação, e enviado à
12 perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em sanção ou promulgação, se a Casa revisora o aprovar, ou arquivado,
lei no prazo de sessenta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma se o rejeitar.
vez por igual período, devendo o Congresso Nacional disciplinar, por Parágrafo único. Sendo o projeto emendado, voltará à Casa ini-
decreto legislativo, as relações jurídicas delas decorrentes. ciadora.
§ 4º O prazo a que se refere o § 3º contar-se-á da publicação da Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a votação envia-
medida provisória, suspendendo-se durante os períodos de recesso rá o projeto de lei ao Presidente da República, que, aquiescendo, o
do Congresso Nacional. sancionará.
§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Na- § 1º - Se o Presidente da República considerar o projeto, no todo
cional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, ve-
prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais. tá-lo-á total ou parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, con-
§ 6º Se a medida provisória não for apreciada em até quarenta tados da data do recebimento, e comunicará, dentro de quarenta
e cinco dias contados de sua publicação, entrará em regime de ur-
e oito horas, ao Presidente do Senado Federal os motivos do veto.
gência, subsequentemente, em cada uma das Casas do Congresso
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto integral de artigo,
Nacional, ficando sobrestadas, até que se ultime a votação, todas
de parágrafo, de inciso ou de alínea.
as demais deliberações legislativas da Casa em que estiver trami-
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Presidente
tando.
§ 7º Prorrogar-se-á uma única vez por igual período a vigência da República importará sanção.
de medida provisória que, no prazo de sessenta dias, contado de § 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, dentro de trin-
sua publicação, não tiver a sua votação encerrada nas duas Casas ta dias a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo
do Congresso Nacional. voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores.
§ 8º As medidas provisórias terão sua votação iniciada na Câ- § 5º Se o veto não for mantido, será o projeto enviado, para
mara dos Deputados. promulgação, ao Presidente da República.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido no § 4º, o
veto será colocado na ordem do dia da sessão imediata, sobresta-
das as demais proposições, até sua votação final.

281
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta e oito ho- O Tribunal de Contas decide administrativamente, não produ-
ras pelo Presidente da República, nos casos dos § 3º e § 5º, o Presi- zindo nenhum ato marcado pela definitividade, ou fixação do direi-
dente do Senado a promulgará, e, se este não o fizer em igual prazo, to no caso concreto, no sentido de afastamento da pretensão resis-
caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo. tida. Portanto, o Tribunal de Contas não integra o Poder Judiciário.
Art. 67. A matéria constante de projeto de lei rejeitado somente O Tribunal de Contas, apesar de ser autônomo, não tendo qual-
poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legisla- quer vínculo de subordinação ao Legislativo, é auxiliar deste. A fis-
tiva, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qual- calização em si é realizada pelo Legislativo. O Tribunal de Contas,
quer das Casas do Congresso Nacional. como órgão auxiliar, apenas emite pareces técnicos.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo Presidente da
República, que deverá solicitar a delegação ao Congresso Nacional. Tribunais de Contas dos Estados (TCEs) e Tribunais e Conse-
§ 1º Não serão objeto de delegação os atos de competência lhos de Contas dos Municípios
exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da No que couber, as regras estabelecidas para o Tribunal de
Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada Contas da União (TCU) deverão ser observadas pelos Tribunais de
à lei complementar, nem a legislação sobre: Contas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (Artigo 75,
I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a caput, da CF).
carreira e a garantia de seus membros; Segue abaixo os Artigos pertinentes da CF:
II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e
eleitorais; SEÇÃO IX
III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. DA FISCALIZAÇÃO CONTÁBIL, FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA
§ 2º A delegação ao Presidente da República terá a forma de
resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-
os termos de seu exercício. racional e patrimonial da União e das entidades da administração
§ 3º Se a resolução determinar a apreciação do projeto pelo direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade,
Congresso Nacional, este a fará em votação única, vedada qualquer aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo
emenda. Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de
Art. 69. As leis complementares serão aprovadas por maioria controle interno de cada Poder.
absoluta. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurí-
dica, pública ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou
Referências Bibliográficas: administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. pecuniária.
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
Tribunal de Contas da União (TCU) e Fiscalização Contábil, Fi- será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual
nanceira e Orçamentária da União compete:
Conforme já visto neste, além da função típica de legislar, ao I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da
Poder Legislativo também foi atribuída função fiscalizatória. República, mediante parecer prévio que deverá ser elaborado em
Sabe-se que, de modo geral, todo poder deverá manter, de for- sessenta dias a contar de seu recebimento;
ma integrada, sistema de controle interno fiscalizatório, conforme II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis
estabelece o Artigo 74, caput, da CF. por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e in-
Em relação ao Legislativo, além do controle interno (inerente direta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas
a todo poder), também realiza controle externo, através da fiscali- pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa
zação contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
da União e das entidades da administração direta (pertencentes ao erário público;
Executivo, Legislativo e Judiciário) e indireta, levando-se em consi- III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de
deração a legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e
subvenções e renúncia de receitas (Artigo 70, caput, da CF). indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
A CF/88 consagra, dessa forma, um sistema harmônico, inte- Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em
grado e sistêmico de perfeita convivência entre os controles inter- comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas
nos de cada poder e o controle externo exercido pelo Legislativo, e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o
com o auxílio do Tribunal de Contas (Artigo 74, IV, da CF). fundamento legal do ato concessório;
Esse sistema de atuação conjunta é reforçado pela regra conti- IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados,
da no Artigo 74, § 1º, da CF, na medida em que os responsáveis pelo do Senado Federal, de Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregula- e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
ridade ou ilegalidade, dela deverão dar ciência ao TCU, sob pena de racional e patrimonial, nas unidades administrativas dos Poderes
responsabilidade solidária. Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no
Portanto, o controle externo será realizado pelo Congresso inciso II;
Nacional, auxiliado pelo Tribunal de Contas, cuja competência está V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais
expressa no Artigo 71 da CF. de cujo capital social a União participe, de forma direta ou indireta,
Dentre as várias competências atribuídas ao Tribunal de Con- nos termos do tratado constitutivo;
tas, encontra-se a de auxiliar o Legislativo (Congresso Nacional), no VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela
controle externo das contas do Executivo. União mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou a Município;

282
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacio- § 3° Os Ministros do Tribunal de Contas da União terão as mes-
nal, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer das respectivas mas garantias, prerrogativas, impedimentos, vencimentos e van-
Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, tagens dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça, aplicando-se
operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspe- lhes, quanto à aposentadoria e pensão, as normas constantes do
ções realizadas; art. 40.
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de des- § 4º O auditor, quando em substituição a Ministro, terá as mes-
pesa ou irregularidade de contas, as sanções previstas em lei, que mas garantias e impedimentos do titular e, quando no exercício das
estabelecerá, entre outras cominações, multa proporcional ao dano demais atribuições da judicatura, as de juiz de Tribunal Regional
causado ao erário; Federal.
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as pro- Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão,
vidências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade
ilegalidade; de:
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, co- I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano pluria-
municando a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; nual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou União;
abusos apurados. II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado dire- eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimo-
tamente pelo Congresso Nacional, que solicitará, de imediato, ao nial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como
Poder Executivo as medidas cabíveis. da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garan-
noventa dias, não efetivar as medidas previstas no parágrafo ante- tias, bem como dos direitos e haveres da União;
rior, o Tribunal decidirá a respeito. IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão insti-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito tucional.
ou multa terão eficácia de título executivo. § 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhe-
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral cimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciên-
e anualmente, relatório de suas atividades. cia ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. solidária.
166, §1º, diante de indícios de despesas não autorizadas, ainda que § 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato
sob a forma de investimentos não programados ou de subsídios não é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou
aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsá- ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
vel que, no prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessá- Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no
rios. que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais
§ 1º Não prestados os esclarecimentos, ou considerados estes de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais
insuficientes, a Comissão solicitará ao Tribunal pronunciamento e Conselhos de Contas dos Municípios.
conclusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias. Parágrafo único. As Constituições estaduais disporão sobre os
§ 2º Entendendo o Tribunal irregular a despesa, a Comissão, Tribunais de Contas respectivos, que serão integrados por sete Con-
se julgar que o gasto possa causar dano irreparável ou grave lesão selheiros.
à economia pública, proporá ao Congresso Nacional sua sustação.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Mi- Referências Bibliográficas:
nistros, tem sede no Distrito Federal, quadro próprio de pessoal e DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e
jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no que couber, Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
as atribuições previstas no art. 96. LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 11 edição –
§ 1º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão nomea- São Paulo: Editora Método.
dos dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos:
I - mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de O Título V da Carta Constitucional consagra as normas per-
idade; tinentes à defesa do Estado e das instituições democráticas, pre-
II - idoneidade moral e reputação ilibada; vendo medidas excepcionais para manter ou restabelecer a ordem
III - notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e constitucional em momentos de anormalidade da vida política do
financeiros ou de administração pública; Estado, é o chamado sistema constitucional das crises, composto
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva ati- pelo estado de defesa (Artigo 136, da CF) e pelo estado de sítio (Ar-
vidade profissional que exija os conhecimentos mencionados no in- tigos 137 a 139, da CF).
ciso anterior. Ademais, prevê o Texto Maior o perfil constitucional das insti-
§ 2º Os Ministros do Tribunal de Contas da União serão esco- tuições responsáveis pela defesa do Estado, quais sejam, as Forças
lhidos: Armadas (Artigos 142 e 143, da CF) e os órgãos de segurança públi-
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do ca (Artigo 144, da CF).
Senado Federal, sendo dois alternadamente dentre auditores e Com efeito, os estados de defesa e de sítio são momentos de
membros do Ministério Público junto ao Tribunal, indicados em lista crise constitucional de legalidade extraordinária, em que são per-
tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antiguidade e mere- mitidas a suspensão ou a diminuição do alcance de certos direitos
cimento; fundamentais, mitigando a proteção dos cidadãos em face da ação
II - dois terços pelo Congresso Nacional. opressora do Estado.

283
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Sistema Constitucional das Crises § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado de de-
fesa.
Estado de Defesa Estado de Sítio
Estado de Sítio
Estado de Defesa Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por
Consiste na instauração de uma legalidade extraordinária, por tempo determinado (que poderá ser no território nacional inteiro),
tempo certo, em locais restritos e determinados, mediante decreto objetivando preservar ou restaurar a normalidade constitucional,
do Presidente da República, ouvidos o Conselho da República e o perturbada por motivo de comoção grave de repercussão nacional
Conselho de Defesa Nacional, para preservar a ordem pública ou ou por situação de beligerância com Estado estrangeiro (Artigo 49,
a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institu- II c/c Artigo 84, XIX, da CF).
cional ou atingidas por calamidades de grandes proporções da na- É mais grave que o estado de defesa, no sentido em que as me-
tureza. didas tomadas contra os direitos individuais serão mais restritivas,
Vejamos o dispositivo constitucional que o representa: conforme faz ver o Artigo 139, da CF.
Vejamos os dispositivos constitucionais correspondentes:
TÍTULO V
DA DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS SEÇÃO II
DO ESTADO DE SÍTIO
CAPÍTULO I
DO ESTADO DE DEFESA E DO ESTADO DE SÍTIO Art. 137. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho
da República e o Conselho de Defesa Nacional, solicitar ao Congres-
SEÇÃO I so Nacional autorização para decretar o estado de sítio nos casos
DO ESTADO DE DEFESA de:
I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de
Art. 136. O Presidente da República pode, ouvidos o Conselho fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o es-
da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretar estado de tado de defesa;
defesa para preservar ou prontamente restabelecer, em locais res- II - declaração de estado de guerra ou resposta a agressão ar-
tritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas mada estrangeira.
por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por ca- Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar autori-
lamidades de grandes proporções na natureza. zação para decretar o estado de sítio ou sua prorrogação, relatará
§ 1º O decreto que instituir o estado de defesa determinará o os motivos determinantes do pedido, devendo o Congresso Nacio-
tempo de sua duração, especificará as áreas a serem abrangidas e nal decidir por maioria absoluta
indicará, nos termos e limites da lei, as medidas coercitivas a vigo- Art. 138. O decreto do estado de sítio indicará sua duração,
rarem, dentre as seguintes: as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucio-
I - restrições aos direitos de: nais que ficarão suspensas, e, depois de publicado, o Presidente da
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; República designará o executor das medidas específicas e as áreas
b) sigilo de correspondência; abrangidas.
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica; § 1º - O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ser
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, na decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, de cada vez,
hipótese de calamidade pública, respondendo a União pelos danos por prazo superior; no do inciso II, poderá ser decretado por todo
e custos decorrentes. o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira.
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será superior § 2º - Solicitada autorização para decretar o estado de sítio du-
a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez, por igual período, se rante o recesso parlamentar, o Presidente do Senado Federal, de
persistirem as razões que justificaram a sua decretação. imediato, convocará extraordinariamente o Congresso Nacional
§ 3º Na vigência do estado de defesa: para se reunir dentro de cinco dias, a fim de apreciar o ato.
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo exe- § 3º - O Congresso Nacional permanecerá em funcionamento
cutor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz até o término das medidas coercitivas.
competente, que a relaxará, se não for legal, facultado ao preso re- Art. 139. Na vigência do estado de sítio decretado com funda-
querer exame de corpo de delito à autoridade policial; mento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as pessoas as
II - a comunicação será acompanhada de declaração, pela au- seguintes medidas:
toridade, do estado físico e mental do detido no momento de sua I - obrigação de permanência em localidade determinada;
autuação; II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condena-
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser dos por crimes comuns;
superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário; III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso. sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade
§ 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação, o Presi- de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
dente da República, dentro de vinte e quatro horas, submeterá o ato IV - suspensão da liberdade de reunião;
com a respectiva justificação ao Congresso Nacional, que decidirá V - busca e apreensão em domicílio;
por maioria absoluta. VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
§ 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convoca- VII - requisição de bens.
do, extraordinariamente, no prazo de cinco dias. Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difu-
§ 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de dez são de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Ca-
dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando sas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa.
enquanto vigorar o estado de defesa.

284
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
SEÇÃO III III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar posse em
DISPOSIÇÕES GERAIS cargo, emprego ou função pública civil temporária, não eletiva, ain-
da que da administração indireta, ressalvada a hipótese prevista no
Art. 140. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes par- art. 37, inciso XVI, alínea “c”, ficará agregado ao respectivo quadro
tidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser pro-
para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao movido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço ape-
estado de defesa e ao estado de sítio. nas para aquela promoção e transferência para a reserva, sendo
Art. 141. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, ces- depois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transferido
sarão também seus efeitos, sem prejuízo da responsabilidade pelos para a reserva, nos termos da lei;
ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a greve;
Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou o estado V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado
de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência serão relatadas pelo a partidos políticos;
Presidente da República, em mensagem ao Congresso Nacional, VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado in-
com especificação e justificação das providências adotadas, com digno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal
relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal es-
pecial, em tempo de guerra;
Forças Armadas e Segurança Pública VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada
• Forças Armadas em julgado, será submetido ao julgamento previsto no inciso ante-
Constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, rior;
são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos VIII,
com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, XIV e XV, bem
do Presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à ga- como, na forma da lei e com prevalência da atividade militar, no art.
rantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer des- 37, inciso XVI, alínea “c”;
tes, da lei e da ordem. IX - (Revogado)
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
• Segurança Pública de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do mi-
Dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exer- litar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as
cida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das prerrogativas e outras situações especiais dos militares, considera-
pessoas e do patrimônio. das as peculiaridades de suas atividades, inclusive aquelas cumpri-
Os órgãos de segurança pública são: polícia federal, polícia ro- das por força de compromissos internacionais e de guerra.
doviária federal, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias Art. 143. O serviço militar é obrigatório nos termos da lei.
militares e corpos de bombeiros militares e polícias penais federal, § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei, atribuir servi-
estaduais e distrital. ço alternativo aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem
Segue abaixo os Artigos da CF, correspondentes aos referidos imperativo de consciência, entendendo-se como tal o decorrente de
temas: crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximi-
rem de atividades de caráter essencialmente militar.
CAPÍTULO II § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do serviço mili-
DAS FORÇAS ARMADAS tar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém, a outros encargos
que a lei lhes atribuir.
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes CAPÍTULO III
e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob DA SEGURANÇA PÚBLICA
a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se
à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e res-
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. ponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Ar- seguintes órgãos:
madas. I - polícia federal;
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições discipli- II - polícia rodoviária federal;
nares militares. III - polícia ferroviária federal;
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados milita- IV - polícias civis;
res, aplicando-se lhes, além das que vierem a ser fixadas em lei, as V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
seguintes disposições: VI - polícias penais federal, estaduais e distrital. (Redação dada
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas ine- pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019)
rentes, são conferidas pelo Presidente da República e asseguradas § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão permanen-
em plenitude aos oficiais da ativa, da reserva ou reformados, sen- te, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, des-
do-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os tina-se a:
demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas; I - apurar infrações penais contra a ordem política e social ou
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou em- em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas
prego público civil permanente, ressalvada a hipótese prevista no entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras in-
art. 37, inciso XVI, alínea “c”, será transferido para a reserva, nos frações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
termos da lei; nal e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei;

285
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas Além disso, o tema relativo ao jovem, apesar de não ser muito
afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazen- cobrado, chama-se a atenção apenas ao plano nacional da juventu-
dária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de compe- de e sua duração.
tência;
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de • Idoso
fronteiras; Por fim, o idoso tem repercussões relevantes na jurisprudência
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária e na interpretação de algumas leis, como é o caso do Estatuto do
da União. Idoso.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, organiza-
do e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na CAPÍTULO VII
forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO JOVEM E
§ 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, organi- DO IDOSO
zado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se,
na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car- do Estado.
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as mi- § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
litares. § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união
§ 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preser- estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
vação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além a lei facilitar sua conversão em casamento.
das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunida-
de defesa civil. de formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
§ 5º-A. Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a se- exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
gurança dos estabelecimentos penais. (Redação dada pela Emenda § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
Constitucional nº 104, de 2019) § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e
§ 6º As polícias militares e os corpos de bombeiros militares, da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão
forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
com as polícias civis e as polícias penais estaduais e distrital, aos científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma co-
Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. (Re- ercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
dação dada pela Emenda Constitucional nº 104, de 2019) § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de
§ 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos ór- cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a vio-
lência no âmbito de suas relações.
gãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegu-
eficiência de suas atividades.
rar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade,
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais des-
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à
tinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade
dispuser a lei.
e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo
§ 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes dos
de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência,
órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma do § 4º do
crueldade e opressão.
art. 39.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à
§ 10. A segurança viária, exercida para a preservação da ordem saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participa-
pública e da incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias ção de entidades não governamentais, mediante políticas específi-
públicas: cas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de trân- I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à
sito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao saúde na assistência materno-infantil;
cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente; e II - criação de programas de prevenção e atendimento especia-
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos lizado para as pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou
Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos e seus mental, bem como de integração social do adolescente e do jovem
agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei. portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e
Referências Bibliográficas: a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos,
DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as formas
Concursos. 2ª edição – Rio de Janeiro: Elsevier. de discriminação.
§ 2º A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros
Família, Criança, Adolescente e Idoso e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de trans-
porte coletivo, a fim de garantir acesso adequado às pessoas porta-
• Família doras de deficiência.
É importante nos atentarmos, qual abrangente o conceito do § 3º O direito a proteção especial abrangerá os seguintes as-
termo “família”, já que engloba combinações mais amplas (uniões pectos:
plúrimas, homoafetivas etc.), não previstas no texto constitucional. I - idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho,
observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
• Criança e Adolescente II - garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
Quanto à criança e ao adolescente, deve-se dar atenção espe- III - garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à
cial para a responsabilização por atos infracionais. escola;

286
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
IV - garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios são bens da
ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica União. Eles possuem apenas o direito à posse e ao usufruto (artigo
por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação tutelar 20, inciso XI, Constituição).
específica;
V - obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e CAPÍTULO VIII
respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quan- DOS ÍNDIOS
do da aplicação de qualquer medida privativa da liberdade;
VI - estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, Art. 231. São reconhecidos aos índios sua organização social,
incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários so-
a forma de guarda, de criança ou adolescente órfão ou abandona- bre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União
do; demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.
VII - programas de prevenção e atendimento especializado à § 1º São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por
criança, ao adolescente e ao jovem dependente de entorpecentes eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas ati-
e drogas afins. vidades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos
§ 4º A lei punirá severamente o abuso, a violência e a explora- ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua re-
ção sexual da criança e do adolescente. produção física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.
§ 5º A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da § 2º As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios desti-
nam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo
lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte
das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
de estrangeiros.
§ 3º O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os po-
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por
tenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quais-
terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Con-
quer designações discriminatórias relativas à filiação. gresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes
§ 7º No atendimento dos direitos da criança e do adolescente assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.
levar-se- á em consideração o disposto no art. 204. § 4º As terras de que trata este artigo são inalienáveis e indis-
§ 8º A lei estabelecerá: poníveis, e os direitos sobre elas, imprescritíveis.
I - o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos § 5º É vedada a remoção dos grupos indígenas de suas terras,
jovens; salvo, «ad referendum» do Congresso Nacional, em caso de catás-
II - o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando trofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interes-
à articulação das várias esferas do poder público para a execução se da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional,
de políticas públicas. garantido, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse
Art. 228. São penalmente inimputáveis os menores de dezoito o risco.
anos, sujeitos às normas da legislação especial. § 6º São nulos e extintos, não produzindo efeitos jurídicos, os
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio e a posse das
menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os terras a que se refere este artigo, ou a exploração das riquezas
pais na velhice, carência ou enfermidade. naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes, ressalvado
Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de am- relevante interesse público da União, segundo o que dispuser lei
parar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comuni- complementar, não gerando a nulidade e a extinção direito a inde-
dade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o nização ou a ações contra a União, salvo, na forma da lei, quanto às
direito à vida. benfeitorias derivadas da ocupação de boa-fé.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados pre- § 7º Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §
ferencialmente em seus lares. 3º e § 4º.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratui- Art. 232. Os índios, suas comunidades e organizações são par-
dade dos transportes coletivos urbanos. tes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e
interesses, intervindo o Ministério Público em todos os atos do pro-
Índios cesso.
De acordo com o art. 231, da CF, são reconhecidos aos índios
sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os CONSELHO NACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANÇA E
direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, DO ADOLESCENTE - CONANDA
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos
os seus bens.
Entende-se por terras tradicionalmente ocupadas pelos índios Criado em 1991 pela Lei nº 8.242, o Conselho Nacional dos Di-
aquelas por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas reitos da Criança e do Adolescente - CONANDA é um órgão cole-
para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação giado permanente, de caráter deliberativo e composição paritária,
dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessá- previsto no artigo 88 da lei no 8.069/90 – Estatuto da Criança e do
rias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes Adolescente (ECA). Integrante da estrutura básica do Ministério dos
e tradições. Direitos Humanos, o Conanda é o principal órgão do sistema de ga-
As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se rantia de direitos.
à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das ri-
quezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes.
São inalienáveis e indisponíveis, e os direitos sobre elas, im-
prescritíveis. Em outras palavras, elas não podem ser vendidas e
não podem ser objeto de usucapião (prescrição aquisitiva).

287
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Por meio da gestão compartilhada, governo e sociedade civil Tais relações sofreram mudanças importantes nos últimos cem
definem, no âmbito do Conselho, as diretrizes para a Política Na- anos no país. Do primeiro Código Penal Republicano (1890), pas-
cional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos de Crianças e sando pelos Códigos de Menores (1927 e 1970) até chegarmos ao
Adolescentes. Além de contribuir para a definição das políticas para Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), saímos da completa
a infância e a adolescência, o Conanda também fiscaliza as ações indiferenciação entre idade e condições de desenvolvimento de
executadas pelo poder público no que diz respeito ao atendimento pessoas apenadas (ZANELLA; LARA, 2015) ao reconhecimento de
da população infanto-juvenil. crianças e adolescentes como sujeitos de direitos, em especial, o de
A gestão do Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente ser considerada a especificidade de cada etapa do desenvolvimento
(FNCA) também é uma importante atribuição do Conselho. É ele para a aplicação de penas, conhecidas desde o ECA como medidas
o responsável pela regulamentação sobre a criação e a utilização socioeducativas (ARRAES, 2019). São elas: prestação de serviços à
desses recursos, garantindo que sejam destinados às ações de pro- comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação.
moção, proteção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes,
conforme estabelece o ECA. Em 2012 o Brasil instituiu por força da lei 12.594 o Sistema Na-
Conheça outras atribuições do Conanda cional de Atendimento Socioeducativo (SINASE), uma política pú-
• Fiscalizar as ações de promoção dos direitos da infância e blica que regulamenta a execução das medidas socioeducativas a
adolescência executadas por organismos governamentais e não-go- partir de princípios orientados pela Doutrina da Proteção Integral
vernamentais; que o ECA inaugurou. Com isso, as medidas devem ter um caráter
• Definir as diretrizes para a criação e o funcionamento dos pedagógico que prevaleça sobre o sancionatório, de modo a não
Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais dos Direitos da Criança e submeter adolescentes e jovens à um tratamento mais gravoso do
do Adolescente e dos Conselhos Tutelares; que o destinado aos adultos; assegurar a proporcionalidade da san-
• Estimular, apoiar e promover a manutenção de bancos de da- ção em relação ao ato cometido; garantir a mínima intervenção na
dos com informações sobre a infância e a adolescência; vida privada de socioeducandos e famílias, com a aplicação de me-
• Acompanhar a elaboração e a execução do orçamento da didas pelo tempo mais breve possível; e primar pelo fortalecimento
União, verificando se estão assegurados os recursos necessários dos vínculos familiares e comunitários, entre outros aspectos im-
para a execução das políticas de promoção e defesa dos direitos da portantes (ARRAES, 2019).
população infanto-juvenil;
• Convocar, a cada três anos conforme a Resolução nº 144, a Segundo a Pesquisa Nacional de Medidas Socioeducativas em
Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente; Meio Aberto (fevereiro/março de 2018) feita pelo Ministério do De-
• Gerir o Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente (FNCA). senvolvimento Social, são mais de 117 mil adolescentes e jovens
Composição cumprindo as medidas de liberdade assistida e prestação de servi-
ços à comunidade. E segundo dados publicados em 2018 pelo então
O Conanda é um órgão colegiado de composição paritária in- Ministério dos Direitos Humanos, ainda com base no Levantamento
tegrado por 28 conselheiros titulares e 28 suplentes, sendo 14 re- Anual do SINASE de 2016, são mais de 26 mil adolescentes vincula-
presentantes do Poder Executivo e 14 representantes de entidades dos às medidas de semiliberdade e internação estrita.
não-governamentais que possuem atuação em âmbito nacional e
atuação na promoção e defesa dos direitos de crianças e adoles- Mas apesar das importantes mudanças jurídicas e institucio-
centes. Confira a lista com os nomes das entidades e seus represen- nais realizadas ao longo do século, sabemos que ainda há muito o
tantes que compõem a gestão para o biênio 2017-2018 do Conanda que mudar para que esses milhares de adolescentes e jovens te-
(link para página estática com a lista como hoje é possível visualizar nham assegurado, de fato e de direito, o que o ECA e o SINASE ins-
no Portal dos Direitos da Criança e do Adolescente) tituem. Infelizmente ainda são recorrentes diversas formas de vio-
lações de direitos, herdadas de uma cultura penal punitivista, que
Breve histórico colocam à prova o cotidiano das instituições, as práticas de seus
A CF de 1988 e a promulgação do ECA traz um novo olhar sobre trabalhadores, o poder de mobilização dos movimentos sociais e a
a infância e a adolescência, ao incluir diretrizes da Convenção In- agenda da sociedade civil diante das contradições e desafios que a
ternacional dos Direitos da Criança, aprovada por unanimidade na Socioeducação possui.
Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989,
e assinada pelo Brasil em 26 de janeiro de 1990. Para fazer frente à esse cenário de forma crítica e propositiva,
O Brasil é um dos poucos países que prevê legalmente a cons- acreditamos que é fundamental qualificar e ampliar o debate sobre
tituição de conselhos paritários e deliberativos na área das políticas a Socioeducação no Brasil, com foco na defesa dos direitos huma-
para crianças e adolescentes, assim como a estruturação de conse- nos. É por isso que neste portal você vai encontrar muito do que
lhos tutelares eleitos pelas próprias comunidades. trabalhadores(as), pesquisadores(as), gestores públicos, conselhos
Fonte: https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/ de direitos, terceiro setor e movimentos sociais têm praticado, es-
participacao-social/conselho-nacional-dos-direitos-da-crianca-e- tudado e produzido na área: experiências do fazer socioeducativo
-do-adolescente-conanda/conanda no cotidiano das instituições que executam as medidas; experiên-
cias de planejamento e implementação de políticas nos Estados e
Municípios; experiências de organização, mobilização e ação social
SOCIOEDUCAÇÃO na defesa de direitos; eventos; além de regulamentações, livros, ar-
tigos, pesquisas, audiovisual e demais materiais de referência.
Quando falamos em Socioeducação nos referimos à relação en- Fonte: https://socioeducacao.unb.br/#:~:text=Quando%20
tre formas jurídicas e práticas institucionais historicamente constru- falamos%20em%20Socioeduca%C3%A7%C3%A3o%20nos,aos%20
ídas e acumuladas no Brasil, por força das condições econômicas, quais%20foi%20atribu%C3%ADda%20legalmente
políticas e sociais de cada época, voltadas para a responsabilização
de adolescentes e jovens aos quais foi atribuída legalmente a auto-
ria de atos infracionais.

288
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Zelar pela ordem, disciplina e segurança no interior da unidade;
ATRIBUIÇÕES TEÓRICA E PRÁTICA DO CARGO DE Ler as ocorrências no início do plantão; Vistoriar as dependências
AGENTE SOCIOEDUCATIVO, ESTABELECIDAS NA LEI Nº da unidade, em equipe; Fazer ocorrências exatas sobre os aconte-
706/2013 cimentos do dia; Manter a ordem e a disciplina; Acompanhar os
socioeducandos fora da unidade, quando solicitado, mantendo a
ordem, disciplina e segurança, zelando por sua integridade física e
Nome do Cargo: Agente Socioeducativo a do socioeducando; Comunicar, na troca do plantão, ao monitora-
mento responsável pela sua turma de socioeducandos algum deta-
Requisito de Ingresso: lhe ou fato que mereça ser destacado; Encaminhar e monitorar os
socioeducandos para as atividades terapêuticas e profissionalizan-
Conclusão de Curso de Nível Médio reconhecido pelo Minis- tes; Evitar, por todos os meios legítimos, a evasão de socioeducan-
tério da Educação e carteira nacional de habilitação categoria “B”. dos; Conduzir veículos, desde que habilitado, conforme as normas
das leis de trânsito, para fins de desempenho de suas atividades;
Atribuição: Executar outras atividades correlatas.
Intervir pedagogicamente, de forma direta ou indireta, nos
processos socioeducativos, através do diálogo, orientações técni- QUESTÕES
cas e administrativas, quando convocado; Participar da elaboração,
execução e avaliação do Plano Individual de Atendimento (PIA); Re-
gistrar as irregularidades e fatos importantes para o atendimento
técnico, no livro de ocorrências, ocorridos na admissão e desliga- 1. ( FCC - 2009 - DPE-MA - Defensor Público) Ao introduzir a
mento, nas movimentações internas e externas, durante todo o concepção contemporânea de direitos humanos, a Declaração Uni-
cumprimento da medida socioeducativa; Realizar e controlar a mo- versal de Direitos Humanos de 1948 afirma que
vimentação interna dos socioeducandos, acompanhando os atendi- (A) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên-
mentos técnicos, os horários de lazer, refeições, cultura, esporte, as cia dos direitos humanos, conferindo primazia ao valor da soli-
atividades escolares e os cursos profissionalizantes; Atuar como um dariedade, como condição ao exercício dos direitos civis, políti-
canal de comunicação entre os socioeducandos e os diversos seto- cos, econômicos, sociais e culturais.
res de atendimento técnico da unidade; Acompanhar as atividades (B) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos
diárias, orientar e dar suporte aos socioeducandos de seu grupo direitos humanos, conferindo paridade hierárquica entre direi-
de trabalho; Facilitar as reuniões matinais e elaborar relatórios do tos civis e políticos e direitos econômicos, sociais e culturais.
cotidiano (atas) e do processo de desenvolvimento dos socioedu- (C) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência
candos; Participar das reuniões periódicas para discutir o desenvol- dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos civis e
vimento dos socioeducandos juntamente com as equipes técnicas; políticos, como condição ao exercício dos direitos econômicos,
Acompanhar os socioeducandos em atividades extras; Supervisio- sociais e culturais.
nar o cumprimento das normas dos programas ou atividades que (D) o relativismo cultural, a indivisibilidade e a interdependên-
acompanha; Acompanhar o socioeducando no alojamento; Manter cia dos direitos humanos, conferindo primazia aos direitos eco-
o bom funcionamento no alojamento e demais dependências da nômicos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos
unidade; Resolver conflitos imediatos; Registrar em livro de ata o direitos civis e políticos.
transcorrer do plantão; Conhecer e aplicar o Projeto Pedagógico da (E) a universalidade, a indivisibilidade e a interdependência dos
Instituição, no que lhe compete; Procurar sempre atualizar-se em direitos humanos, conferindo primazia aos direitos econômi-
assuntos referentes à educação de socioeducandos; Participar com cos, sociais e culturais, como condição ao exercício dos direitos
os socioeducandos, das atividades de esporte, cultura e lazer; Estar civis e políticos.
atento ao desenvolvimento dos socioeducandos sob sua responsa-
bilidade; Trabalhar em conjunto com os técnicos responsáveis pelos 2. (CESPE - 2008 - MPE-RO - Promotor de Justiça) Após as con-
socioeducandos; Despertar (acordar) os socioeducandos; Acom-
seqüências devastadoras da Segunda Guerra Mundial, os países re-
panhar a limpeza matinal e a higiene pessoal dos socioeducandos;
solveram criar uma organização multi e supranacional para regular
Subsidiar a equipe técnica com informações que possam ser válidas
as relações entre os povos. Nesse marco, surgiu, em 1945, a Carta
no trabalho dos técnicos; Realizar a identificação e revista no socio-
das Nações, cujos fundamentos visavam, essencialmente, à manu-
educando e vistoria nos seus pertences durante a admissão e desli-
gamento da unidade de internação e nas movimentações internas e tenção da paz internacional, que incluía a proteção da integridade
externas; Vistoriar periodicamente os alojamentos; Realizar a iden- territorial dos Estados frente à agressão e à intervenção externa;
tificação e revista de visitantes, bem como a vistoria em seus per- ao fomento entre as nações de relações de amizade, levando em
tences; Registrar e acompanhar a entrada e saída de visitantes, bem conta os princípios de igualdade, soberania e livre determinação
como as ocorrências de irregularidades durante a visitação; Apli- dos povos; e à realização de cooperação internacional para solução
car procedimento de segurança em funcionário e vistoria em seus de problemas internacionais de caráter econômico, social, cultural
pertences; Vistoriar cargas e veículos que irão ingressar na unidade e humanitário, incluindo o respeito aos direitos humanos e às li-
(alimentação, materiais diversos); Acompanhar as movimentações berdades fundamentais, sem fazer distinção por motivos de raça,
internas e os atendimentos aos socioeducandos em pontos estra- sexo, idioma ou religião. A Carta das Nações deu origem à ONU,
tégicos; Planejar, preparar e executar as movimentações externas que, posteriormente, criou uma carta de direitos - a Declaração Uni-
junto com a equipe técnica; Realizar a conferência diária e verificar versal dos Direitos Humanos (DUDH) - adotada e proclamada pela
a quantidade de socioeducandos na unidade; Intervir direta ou in- Resolução 217-A (III) da Assembléia Geral das Nações Unidas, em
diretamente em situações de emergência na unidade, através de 10 de dezembro de 1948.
contenção, primeiros socorros, quando necessário, utilizando-se de Acerca dos direitos fundamentais previstos no documento
intervenções pedagógicas após controlada a situação; mencionado no texto acima, assinale a opção incorreta.

289
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(A) A DUDH surgiu para atender ao clamor de toda a humani- 5. Considerando que a Política Nacional de Direitos Humanos
dade e buscou realçar alguns princípios básicos fundamentais é responsável pelo desenvolvimento de políticas públicas para a
para a compreensão da dignidade humana, entre eles, a liber- afirmação dos direitos humanos na sociedade brasileira, assinale a
dade e a igualdade. opção correta acerca dos programas nacionais de direitos humanos
B) A DUDH protege o genoma humano como unidade funda- (PNDHs).
mental de todos os membros da espécie humana e também (A) A implementação do Plano Nacional de Educação em Direi-
reconhece como inerentes sua dignidade e sua diversidade. Em tos Humanos visa fortalecer os direitos humanos como instru-
um sentido simbólico, a DUDH reconhece o genoma como a mento transversal das políticas públicas e revisar a legislação
herança da humanidade. sobre abuso de autoridade e desacato à autoridade, conforme
(C) A DUDH afirma que o desrespeito aos direitos humanos é definido no PNDH-1.
causa da barbárie. (B) O PNDH-3 apresenta propostas para o aperfeiçoamento do
(D) A DUDH assegura o direito de resistência. poder público no desenvolvimento de políticas públicas de pre-
(E) A DUDH assegura o direito de resistência. E A DUDH corre- venção ao crime e à violência, reforçando a noção de acesso
laciona o estabelecimento de uma compreensão comum dos universal à justiça como direito fundamental.
direitos humanos com o seu pleno cumprimento. (C) O Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho
Infantil e Proteção do Trabalhador Adolescente tem por finali-
dade coordenar as diversas formas de intervenção estabeleci-
3. A Declaração Universal dos Direitos Humanos reconhece,
das no PNDH-2, de forma a assegurar a eliminação do trabalho
por meio de seus trinta artigos, a dignidade como inerente a todos
infantil.
os membros da família humana e seus direitos iguais e inalienáveis.
(D) O PNDH-2 prevê ações em prol do direito à memória e à
É um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as Na-
verdade, que incluem a promoção da apuração e do esclareci-
ções, sendo que um desses artigos prescreve que mento público das violações de direitos humanos praticadas no
(A) “Os homens têm direitos quase plenos e as mulheres têm contexto da repressão política ocorrida no Brasil, com o propó-
direitos parciais à vida.” sito de promover a reconciliação nacional.
(B) “Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.” (E) O PNDH-1 foi lançado em 1996 com o objetivo de estabe-
(C) “Todo homem suspeito de um ato delituoso é considerado lecer ações específicas para garantir o direito a educação, saú-
culpado.” de, previdência e assistência social, trabalho, moradia, meio
(D) “A tortura somente é permitida se outro castigo cruel não ambiente saudável, alimentação, cultura e lazer, assim como
atingir seu objetivo.” de estabelecer propostas voltadas para a educação e sensibi-
lização de toda a sociedade brasileira, visando à construção e
4. O 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH III), consolidação de uma cultura de respeito aos direitos humanos.
fruto de intenso debate público, especialmente durante a 11ª Con-
ferência Nacional de Direitos Humanos, restou aprovado pelo De- 6. O Programa Nacional de Direitos Humanos
creto nº 7.037, de 21 de dezembro de 2009. Mesmo assim, alguns (A) identifica, desde a sua primeira edição, os órgãos estatais
aspectos causaram grande repercussão, gerando alterações no tex- diretamente responsáveis pela realização das diretrizes ou
to original por parte da Presidência da República, nos termos do ações nele previstas.
Decreto nº 7.177, de 12 de maio de 2010. (B) é atualizado respeitando-se a periodicidade estabelecida na
Qual dos itens abaixo NÃO sofreu alteração? CF.
(A) DIRETRIZ 24 ? Preservação da memória histórica e constru- (C) não foi positivado quando de sua primeira edição, já que ha-
ção pública da verdade. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Incentivar via sido produzido exclusivamente por iniciativa da sociedade
iniciativas de preservação da memória histórica e de constru- civil organizada.
ção pública da verdade sobre períodos autoritários. (D) incorporou ações especificamente relacionadas à DP ape-
(B) DIRETRIZ 25 ? Modernização da legislação relacionada com nas a partir de sua segunda edição.
promoção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a (E) encontra-se em sua terceira edição, que incorporou pro-
democracia. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Suprimir do ordena- posições oriundas da 11.ª Conferência Nacional dos Direitos
Humanos e de outras tantas conferências temáticas nacionais.
mento jurídico brasileiro eventuais normas remanescentes de
períodos de exceção que afrontem os compromissos interna-
7. O Decreto nº 7.037/2009, aprova o Programa Nacional de
cionais e os preceitos constitucionais sobre Direitos Humanos.
Direitos Humanos − PNDH-3 e dá outras providências. No Eixo
(C) DIRETRIZ 9 ? Combate às desigualdades estruturais. OBJETI-
Orientador III − “Universalizar direitos em um contexto de desigual-
VO ESTRATÉGICO III ? Garantia dos direitos das mulheres para dades” − encontra-se na Diretriz 7: “Garantia dos Direitos Humanos
o estabelecimento das condições necessárias para sua plena de forma universal, indivisível e interdependente, assegurando a ci-
cidadania. dadania plena”. Como ações pragmáticas para a ampliação do aces-
(D) DIRETRIZ 22 ? Garantia do direito à comunicação democrá- so universal a sistema de saúde de qualidade (Objetivo estratégico
tica e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura IV) consta: “Expandir e consolidar programas de serviços básicos
em diretos humanos. OBJETIVO ESTRATÉGICO I ? Promover o de saúde e de atendimento domiciliar para a população de baixa
respeito aos Direitos Humanos nos meios de comunicação e o renda, com enfoque na prevenção e diagnóstico prévio de doenças
cumprimento de seu papel na promoção da cultura em Direitos e deficiências, com apoio diferenciado às pessoas idosas, indígenas,
Humanos. negros e comunidades quilombolas, pessoas com deficiência, pes-
(E) DIRETRIZ 13 ? Prevenção da violência e da criminalidade e soas em situação de rua, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transe-
profissionalização da investigação de atos criminosos. OBJETI- xuais, crianças e adolescentes, mulheres” e também
VO ESTRATÉGICO I ? Ampliação do controle de armas de fogo (A) “religiosos e romeiros”.
em circulação no país. (B) “lideranças e seus colaboradores”.
(C) “estrangeiros e imigrantes”.

290
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(D) “expatriados e ex-detentos”.
7 E
(E) “pescadores artesanais e população de baixa renda”.
8 B
8. As regras mínimas das Nações Unidas para o tratamento dos 9 D
presos não incluem
(A) o respeito as crenças religiosas e aos preceitos morais do 10 E
grupo a que pertença o preso.
(B) que todos são dotados de razão e consciência e devem agir
com espírito de fraternidade
(C) as razões da prisão de qualquer pessoa e a autoridade com- ANOTAÇÕES
petente que a ordenou.
(D) a separação entre pessoas presas preventivamente e presos
condenados ______________________________________________________
(E) que os presos jovens deverão ser mantidos´separados dos ______________________________________________________
presos adultos
______________________________________________________
9. Sobre as Regras Mínimas para o Tratamento de Pessoas Pre-
sas, aprovadas pela ONU, analise as assertivas a seguir: ______________________________________________________
I. A utilização do preso em serviços, em consequência de me-
didas disciplinares, deve ser incentivada como medida sócio-edu- ______________________________________________________
cativa.
II. O fim e a justificação de uma pena de prisão ou de qualquer ______________________________________________________
medida privativa de liberdade é, em última instância, punir o preso
______________________________________________________
pelo crime praticado.
III. É obrigatória a educação de analfabetos e de presos jovens. ______________________________________________________
Está correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas. ______________________________________________________
(B) I, II e III.
(C) II, apenas. ______________________________________________________
(D) III, apenas.
(E) I e III, apenas. ______________________________________________________

10. Sobre as Regras Mínimas para o Tratamento de Pessoas ______________________________________________________


Presas, aprovadas pela ONU, analise as assertivas a seguir: ______________________________________________________
I. Em circunstâncias excepcionais, quando o preso necessitar
afastar-se do estabelecimento penitenciário para fins autorizados, ______________________________________________________
ele poderá usar suas próprias roupas, desde que chamem atenção
sobre si, a fim de facilitar eventual identificação por autoridades se ______________________________________________________
houver necessidade.
II. É garantido ao preso ser visto o menos possível pelo público ______________________________________________________
quando estiver sendo transferido para outro estabelecimento pri-
sional. ______________________________________________________
III. Instrumentos como algemas e correntes podem ser utiliza-
______________________________________________________
dos como instrumentos de punição apenas em casos excepcionais
Está correto o que se afirma em ______________________________________________________
(A) I e II, apenas.
(B) II e III, apenas. ______________________________________________________
(C) I, II e III.
(D) I, apenas. ______________________________________________________
(E) II, apenas.
______________________________________________________

______________________________________________________
GABARITO
_____________________________________________________

1 B _____________________________________________________
2 B ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 E
______________________________________________________
5 B
6 E ______________________________________________________

291
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

______________________________________________________ ______________________________________________________

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