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Providências Cautelares no Processo Civil

O documento aborda as providências cautelares no processo civil, definindo-as como medidas provisórias decretadas pelo tribunal para proteger direitos em risco durante a tramitação de ações judiciais. Ele detalha as características, condições, tipos e prazos relacionados a esses procedimentos, enfatizando a importância de garantir a eficácia e utilidade das decisões judiciais. Exemplos práticos ilustram a aplicação das providências cautelares em situações como contratos e despedimentos.

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Providências Cautelares no Processo Civil

O documento aborda as providências cautelares no processo civil, definindo-as como medidas provisórias decretadas pelo tribunal para proteger direitos em risco durante a tramitação de ações judiciais. Ele detalha as características, condições, tipos e prazos relacionados a esses procedimentos, enfatizando a importância de garantir a eficácia e utilidade das decisões judiciais. Exemplos práticos ilustram a aplicação das providências cautelares em situações como contratos e despedimentos.

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PROGRAMA: Kursu bá Jurista

PARTE PROGRAMA: Processo Civil CARGA 1h30


ORÁRIA:
AULA: 6 – Providências Cautelares

Os materiais das aulas são redigidos em Português como esforço para reforçar a
compreensão e domínio da língua Portuguesa.

© JU,S Jurídico Social

Providências Cautelares em Processo Civil


Sumário da aula:
• O que são procedimentos cautelares?
• Características gerais dos procedimentos cautelares
• Prazos
o Decisão
o Caducidade
• Garantia penal das providências cautelares – responsabilização criminal
• Tipos de procedimentos cautelares
o Procedimento cautelar comum
o Procedimentos cautelares especificados
• Tribunal competente
• Recurso

1
I – Caracteríticas gerais dos procedimentos cautelares

1. O que são Providências cautelares?


São as medidas provisórias decretadas pelo tribunal nos procedimentos cautelares.

1.1. E porque é necessário existirem providência cautelares, qual a razão da sua


existência?
O Código de Processo Civil, logo no início, nomeadamente no seu artigo 5º1, contempla o
direito de acesso aos tribunais, onde a proteção jurídica deve acontecer em prazo razoavel e
acautelar o efeito útil da ação. Portanto “atribui ao titular de um direito a possibilidade de
propor a ação adequada a fazê-lo reconhecer em juízo e a prevenir a sua violação”2.
Retira-se, portanto, que o reconhecimento de um direito pode demorar demasiado tempo e
que quando a decisão final é proferida já não produz qualquer efeito útil, ou seja,
comprometer a utilidade e a eficácia da sentença. E é no sentido de evitar esta situação que
surgem os procedimentos cautelares.
Exemplos:
Contrato-promessa de compra e venda: Ricardo sabendo que Zé quer vender a casa,
celebra com ele um contrato-promessa de compra e venda de uma casa. Ricardo com a
realização do contrato-promessa entrega de imediato a Zé metade do valor da casa.
Ricardo dica à espera que Zé regresse de viagem para celebrarem a escritura de venda

1
Artigo 5º CPC: 1.A protecção jurídica através dos tribunais implica o direito de obter, em prazo razoável, uma
decisão judicial que aprecie, com força de caso julgado, a pretensão regularmente deduzida em juízo, bem como
a possibilidade de a fazer executar.
2.A todo o direito, excepto quando a lei determine o contrário, corresponde a acção adequada a fazê-lo
reconhecer em juízo, a prevenir ou reparar a violação dele e a realizá-lo coercivamente, bem como os
procedimentos necessários para acautelar o efeito útil da acção.
2
PAIS DE AMARAL, Jorge Augusto, Direito Processual Civil, p.37, 15ªEdição, Edições Almedina, S. A, setembro
2019.

2
do imóvel. Zé nunca mais contacta Ricardo. Ricardo ao passar pela casa repara que esta
tem um novo sinal a informar que está à venda, e quando finalmente fala com Zé este
diz-lhe que quer rescindir o contrato-promessa. Ricardo fica a saber pelos vizinhos que
Zé quer vender a casa a Alberto que ofereceu mais dinheiro.
Ricardo intenta uma providência cautelar comum de forma a evitar que a casa seja
vendida antes da decisão da ação principal de execução do contrato-promessa.
A não utilização deste procedimento impediria a execução imediata do contrato, sendo
necessário intentar outra ação para declara a nulidade do negócio posterior (venda do
imóvel a Alberto). A providência cautelar seria o método mais eficiente, eficaz (princípio
de economia processual3) e rápido para garantir o seu direito de execução.

Lei do trabalho – Despedimento sem justa causa: Luana, trabalhadora há 9 anos na


empresa Sol, recebeu a carta de despedimento, onde fica dispensada de se apresentar
ao serviço dali a 30 dias.
Luana, intenta uma providência cautelar comum para suspender o despedimento
enquanto se decide a nulidade do despedimento na ação principal, uma vez que Luana
considera que não existe qualquer motivo para despedimento por justa causa.
Com o procedimento cautelar comum, Luana evita os efeitos do despedimento quando
o tribunal considera se há razões para o seu despedimento ser efetivo ou não, visto a
decisão final demorar bem mais do que os 30 dias da carta de despedimento, além de
correr o risco de a sua vaga ser, entretanto, ocupada por outra trabalhadora enquanto
espera. Também aqui a providência cautelar evita a lesão séria ou violação de um direito
que decorreria da espera da decisão da ação principal da qual está dependente.

O procedimento cautelar é o processo instaurado antes de uma ação judicial principal, ou na


pendência desta (durante a ação principal), com o objetivo de prevenir ou a afastar um perigo
que resulte da demora a que o processo principal está sujeito. Todos sabemos que as ações
judiciais demoram sempre muito tempo, e para se evitar que ocorra algum dano ou perigo
pela demora da decisão da ação judicial principal utilizam-se então as providências
cautelares.
Nas Providências cautelares, o juiz faz uma apreciação rápida e sumária, o juiz assegura-se da
probabilidade da existência do direito do requerente (da pessoa que pede esta providência
cautelar) e emite uma decisão de carácter provisório, que produzirá efeitos até à decisão final
da causa principal. Ou seja, o juiz considera que quem faz o pedido (o requerente) tem um
direito legítimo que corre risco de sofrer algum dano, por parte da do requerente (contra
quem é solicitada a providência cautelar) e que é necessário assegurar até se conhecer o
resultado do caso principal, decreta por isso a providência cautelar.

3
“Princípio segundo o qual, na tramitação dos processos, devems er evitadas dilações de qualquer ordem (…)a
forma dos actos processuais deve ser a mais simples e a mais adequada ao objectivo que pretendam atingir.”,
in Dicionário Jurídico – Volume I, p. 566, PRATA, Ana (Coord.), 5ª Edicção, Edições Almedina, S. A, março 2020.

3
Parece-nos importante, desde já clarificar a figura do requerente e a figura do
requerido. Então:

Requerente: é aquele que, em processo cível, solicita uma providência judicial. A


solicitação de uma providência judicial é feita, normalmente, através de uma petição
(art.308.º, n.º 1). É quem vem solicitar a providência cautelar.

Requerido: É o sujeito contra quem é requerida, em processo cível, uma certa


providência

As providências cautelares são, portanto, dotadas de carácter urgente (art. 306º4 CPC) e de
dependência da ação principal (art. 307º5 CPC). Ou seja, o procedimento cautelar existe
sempre na dependência de uma ação principal.
Devemos distinguir, aqui, duas possibilidades:
O procedimento cautelar pode ser instaurado como preliminar (antes) ou como incidente de
ação declarativa ou executiva.
a) Preliminar: No primeiro caso, o procedimento cautelar pode ser requerido antes da
proposta da ação principal, sendo necessário, portanto, que o requerente proponha,
depois, a ação principal no prazo de 30 dias a contar da data em que o requerente foi
notificado da decisão do juiz que ordena a providência cautelar. Caso contrário, a
providência cautelar fica sem efeito. Nestes casos, o procedimento cautelar será
apenso, depois, à ação principal.

A providência cautelar pode ser requerida antes da ação da principal, porém depois
de decretada a providência cautelar há um prazo de 30 dias para entrar a ação
principal no tribunal.

Se o prazo não for cumprido, a providência cautelar caduca, deixa de fazer efeito.

4
Artigo 306º CPC: 1.Os procedimentos cautelares revestem sempre carácter urgente, precedendo os respectivos
actos qualquer outro serviço judicial não urgente.
2.Os procedimentos instaurados perante o tribunal competente devem ser decididos, em primeira instância, no
prazo máximo de dois meses ou, se o requerido não tiver sido citado, de quinze dias.
5
Artigo 7º CPC: 1.O procedimento cautelar é sempre dependência da causa que tenha por fundamento o direito
acautelado e pode ser instaurado como preliminar ou como incidente de acção declarativa ou executiva.
2.Requerido antes de proposta a acção, é o procedimento apensado aos autos desta, logo que a acção seja
instaurada; e se a acção vier a correr noutro tribunal, para aí é remetido o apenso, ficando o juiz da acção com
exclusiva competência para os termos subsequentes à remessa.
3.Requerido no decurso da acção, deve o procedimento ser instaurado no tribunal onde esta corre e processado
por apenso, a não ser que a acção esteja pendente de recurso; neste caso a apensação só se faz quando o
procedimento estiver findo ou quando os autos da acção principal baixem à primeira instância.
4.Nem o julgamento da matéria de facto, nem a decisão final proferida no procedimento cautelar, têm qualquer
influência no julgamento da acção principal.
5.Nos casos em que, nos termos de convenções internacionais em que seja parte o Estado Timorense, o
procedimento cautelar seja dependência de uma causa que já foi ou haja de ser intentada em tribunal
estrangeiro, o requerente deverá fazer prova nos autos do procedimento cautelar da pendência da causa.

4
b) Incidente da Ação Principal: No segundo caso, o procedimento cautelar é requerido
no decurso da acão, deve o procedimento ser instaurado no tribunal onde corre a
ação principal e ser processado por apenso, em conjunto.

Importante ter em atenção que o resultado do julgamento relativo à ação principal


não é influenciado pela decisão final proferida no procedimento cautelar. Ou seja, o
juiz decretar a providência cautelar, mas na decisão final da ação principal decidir
contra o requerente da providência cautelar.

“A circunstância de a decisão proferida no procedimento cautelar não se impor à


decisão a proferir na ação respetiva justifica-se pela diferente dignidade e finalidade
das duas decisões: enquanto a decisão de proferir na ação visa definir o direito só
depois de uma averiguação com respeito pelos princípios e garantias devidos, a
decisão proferida no procedimento cautelar, visando acautelar o efeito útil da ação,
pode basear-se apenas em meros juízos de probabilidade. O requerente pode limitar-
se a indicar prova sumária do direito ameaçado”6.

Os procedimentos cautelares encontram-se previstos no Código de Processo Civil (art. 305.º


e ss.), e estão divididos em procedimento cautelar comum e procedimentos cautelares
especificados (art. 317.º e ss.).

2. Condições gerais do procedimento cautelar

CONDIÇÕES GERAIS DOS PROCEDIMENTOS


CAUTELARES

¡ Para poderem ser decretadas é necessário que


cumulativamente:
q fundado receio de que outrem cause lesão grave e dificilmente
reparável ao seu direito (art. 305º, n.1) – Periculum in mora
q probabilidade séria da existência do direito que se pretende efetivar
(art. 311º, n.1) – Fumus boni iuris
q apreciação de prova sumária (art. 308º, n.1) – Summaria cognito
3

6
PAIS DE AMARAL, Jorge Augusto, Direito Processual Civil, p.42, 15ªEdição, Edições Almedina, S. A, setembro
2019.

5
Para as providências cautelares poderem ser decretadas é necessário que se verifiquem
cumulativamente os seguintes requisitos/pressupostos, ou seja, têm de acontecer todos os
seguintes requisitos para poderem ser decretadas:
§ Periculum in mora: fundado receio de que outrem cause lesão grave e dificilmente
reparável ao seu direito (art. 305º, n.17 CPC). O requerente tem de demostrar que não
pode aguardar pela decisão da ação principal sem sofrer um prejuízo grave e
irreparável, tendo, portanto, um risco direto e imediato.
§ Fumus boni iuris: probabilidade séria da existência do direito que se pretende efetivar
(art. 311º, n.18 CPC). Assim, a providência só é decretada se for confirmada a
titularidade do direito do requerente, bastando para tal uma manifestação da
aparência da titularidade do direito (devido ao carácter de urgência)
§ Summaria cognitio: o juiz faz uma apreciação de prova sumária para formar convicção
da necessidade do procedimento cautelar (art. 308º, n.19 CPC);

3. Prazos gerais:

PRAZOS GERAIS

§ 10 dias para deduzir oposição (art. 255º, n.2) – regra geral

§ Prazo Decisão:
q2 meses (a contar desde propositura da petição)
q15 dias, se o requerido não tiver sido citado
4

§ Contraditório – 10 dias
Por regra, é citado para exercer contraditório10. Tem prazo de 10 dias para deduzir a oposição
(art. 255º, n.2 CPC), findo o qual há a audiência final para apreciação das provas e ordenar a

7
Artigo 305º, n.1 CPC: Sempre que alguém mostre fundado receio de que outrem cause lesão grave
dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer a providência conservatória ou antecipatória
concretamente adequada a assegurar a efectividade do direito ameaçado.
8
Artigo 311º, n.1 CPC: A providência é decretada desde que haja probabilidade séria da existência do direito e
se mostre suficientemente fundado o receio da sua lesão.
9
Artigo 308º, n.1 CPC: Com a petição, oferecerá o requerente prova sumária do direito ameaçado e justificará o
receio da lesão.
10
O princípio do contraditório permite que o “conflito de interesses que a ação pressupõe não pode ser resolvido
sem que o réu ou o requerido seja devidamente chamado ao juízo para deduzir oposição. Este princípio, que é
considerado a trave mestra de todo o sistema, não pode ser perdido de vista no desenvolvimento de qualquer
atividade processual.

6
providência cautelar se o juiz assim considerar (art. 310º11); O contraditório pode não
acontecer se o decurso do prazo para o requerido o exercer puser em risco sério a eficácia da
providência (art. 309º, n.112 CPC). Se o juiz achar que que esta espera de 10 dias é suficiente
para haver dano não concede o prazo para o exercício do contraditório.
Nos casos excecionais do arresto e da restituição provisória da posse, as providências
cautelares são mesmo decretadas sem ouvido previamente o requerente.
Deve-se, contudo, salientar que este não contraditório prévio não significa que a parte
(requerido) não seja ouvida. O que acontece é que é ouvida em momento posterior, num
eventual recurso da decisão de decretar a providência cautelar.

§ Prazo decisão – dois meses, desde propositura da petição. Se o requerido não


tiver sido citado (não existir contraditório) o prazo é somente 15 dias (art. 306º,
n.213 CPC).
Mais uma vez, temos aqui a existência de dois prazos consoante o contraditório tenha sido
exercido agora ou só vá ser possível em fase posterior. Assim, por regra o juiz tem dois meses
(desde a entrada da petição) para decidir se decreta o procedimento cautelar.
Por sua vez, se não houver lugar ao contraditório (o requerido não for ouvido) por se
considerar que põe em risco a eficácia da ação, o juiz tem apenas 15 dias para emanar decisão
sobre o decretamento ou não do procedimento cautelar.

Segundo este princípio cada uma das partes é chamada a deduzir as suas razões (de facto e de direito), a oferecer
as suas provas, a controlar as provas do adversário e a discretar sobre o vlaor e resultado de umas e outras.”, in
Direito Processual Civil, p.50-51, PAIS DE AMARAL, Jorge Augusto, 15ªEdição, Edições Almedina, S. A, setembro
2019.
11
Artigo 310º CPC: 1.Findo o prazo da oposição, quando o requerido haja sido ouvido, procede-se quando
necessário, à produção das provas requeridas ou oficiosamente determinadas pelo juiz.
2.A audiência final só pode ser adiada, por uma única vez, no caso de falta de mandatário de alguma das partes,
devendo realizar-se num dos cinco dias subsequentes.
3.A falta de alguma pessoa convocada e de cujo depoimento se não prescinda, bem como a necessidade de
realizar qualquer diligência probatória no decurso da audiência, apenas determinam a suspensão desta na altura
conveniente, designando-se logo data para a sua continuação.
4.São sempre gravados ou registados os depoimentos prestados quando o requerido não haja sido ouvido antes
de ordenada a providência cautelar.
12
Artigo 309º, n.1 CPC: O tribunal ouvirá o requerido, excepto quando a audiência puser em risco sério o fim ou
a eficácia da providência.
13
Artigo 306º, n.2 CPC: Os procedimentos instaurados perante o tribunal competente devem ser decididos, em
primeira instância, no prazo máximo de dois meses ou, se o requerido não tiver sido citado, de quinze dias.

7
PRAZOS GERAIS

§ Prazo caducidade:
q 30 dias para o requerente propor a ação principal sob pena de caducidade da
providência cautelar
q 30 dias - se proposta a ação principal, o processo estiver parado por negligência do
requerente por mais de 30 dias
q 10 dias para o requerente propor a ação principal sob pena de caducidade da
providência cautelar se o requerido não tiver sido citado

§ Prazo caducidade – as providências cautelares ficam sem efeito quando após o


procedimento for decretado, no prazo de:
Ø 30 dias: se o requerente não propuser a ação judicial principal da qual a
providência depende, no prazo de 30 dias contados da data em que lhe tiver
sido notificada a decisão que tenha ordenado a providência cautelar, ou seja,
antes de estar a decorrer em tribunal a ação principal
Ø 30 dias: se proposta a ação principal, o processo estiver parado por negligência
do requerente por mais de 30 dias; (art. 313º, n.1, al. a e b) CPC);
Ø 10 dias: se o requerente não propuser a ação principal da qual a providência
cautelar depende, caso o requerido não tenha sido ouvido (art.313º, n.2 CPC);
ou seja, nos casos muito urgentes em que nem sequer há contraditório devido
ao risco muito elevado de perigo, a ação principal também tem de entrar em
tribunal ainda mais rápido (logo 10 dias em vez de 30).

4. Outras causas de caducidade das providências cautelares:

OUTRAS CAUSAS DE CADUCIDADE DAS PROVIDÊNCIAS


CAUTELARES

qSe a ação principal vier a ser julgada improcedente (art. 313º, n.1, al. c));
qSe o Réu for absolvido no âmbito da ação principal e o requerente não
propuser nova acção em tempo de aproveitar os efeitos da proposição
da anterior (art. 313º, n.1, al. d));
qSe se extinguir o dever a acautelar (art. 313º, n.1, al. e));

8
Para além dos prazos, a caducidade da providência cautelar pode acontecer pelos seguintes
motivos:
o Se a ação principal vier a ser julgada improcedente (art. 313º, n.1, al. c) CPC); se o juiz não
der razão na ação principal ao requerente da providência cautelar. Juiz na ação principal
ao pronunciar-se sobre o mérito da questão julga improcedente o pedido do autor, ou
seja, os factos constitutivos do pedido não ficaram demonstrados.
o Se o Réu (requerido) for absolvido no âmbito da ação principal (ou seja, for considerado
que não procedeu a qualquer violação do direito do requerente ou porque não foram
produzidas provas suficientes para condenar). E o requerente não propuser nova Acão em
tempo de aproveitar os efeitos da proposição da anterior (art. 313º, n.1, al. d) CPC);
o Se se extinguir o dever/direito a acautelar (art. 313º, n.1, al. e) CPC); se, entretanto, o
perigo de dano de violação do direito que deu origem à providência cautelar.
Ressalva-se aqui que se o procedimento cautelar caducar por a sua proveniência for
considerada injustificada ou resultar da inércia do requerente, este responde culposamente
pelos danos causados ao requerido, desde que não tenha agido com prudência normal (art.
314º, n.1 CPC).

5. Possíveis decisões relativamente a um procedimento cautelar:

POSSÍVEIS DECISÕES RELATIVAMENTE A UM


PROCEDIMENTO CAUTELAR
q Decretar a providência cautelar: desde que haja probabilidade séria da existência do direito
e se mostre suficientemente fundado o receio da sua lesão (art. 311º, n1);
q Não decretar a providência cautelar por considerar que não exista justificação para receio
da lesão ou não exista qualquer direito ameaçado (art. 311º, n.1 a contrario)
q Recusar a providência cautelar quando o prejuízo para o requerido exceda
consideravelmente o dano que pretende evitar com a providência cautelar (art. 311º, n.2)
q Substituir providência cautelar por caução, a pedido do requerido e depois de ouvido o
requerente, se se mostrar que a caução é suficiente para prevenir a lesão ou repará-la na
íntegra (art. 311º, n.3)
7

Uma vez analisada a causa e examinadas os meios de prova produzidos, a decisão proferida
pelo juiz vai revestir uma das seguintes formas:
§ Decretar a providência cautelar (Requerente ganha a causa): desde que haja
probabilidade séria da existência do direito e se mostre suficientemente fundado o
receio da sua lesão (art. 311º, n.1 CPC); os requisitos gerais forem cumpridos, que vimos
logo no início, o juiz vai decretar a providência cautelar.
§ Não decretar a providencia cautelar por considerar que não exista justificação para
receio da lesão ou não exista qualquer direito ameaçado (Requerente perde a causa)
(art. 311º, n.1 CPC a contrário)

9
§ Recusar a providência cautelar quando o prejuízo para o requerido exceda
consideravelmente o dano que pretende evitar com a providência cautelar (Há Prejuízo
do Requerido Superior ao do Requerente). o juiz faz uma ponderação dos prejuízos em
causa e qual a maior necessidade de os acautelar. (art. 311º, n.2 CPC)
§ Substituir providência cautelar por caução. A caução é pedida pelo requerido e depois
de ouvido o requerente. A caução tem de se se mostrar que a caução é suficiente para
prevenir a lesão ou repará-la na totalidade (art. 311º, n.3 CPC)

6. Garantia Penal da Providência cautelar

RESPONSABILIZAÇÃO PENAL

Quem infringir a providência cautelar decretada incorre em


um crime de desobediência (art. 315º)

Quem infringir a providência cautelar decretada incorre em um crime de desobediência (art.


315º CPC), tal como previsto e punido no Código Penal art. 244.º CP. Ou seja, assim que o juiz
decreta uma providência cautelar o requerente tem de cumprir, e se não cumprir a
providência cautelar pode incorrer em um crime de desobediência.
“Considera-se que o juiz, ao decretar a providência cautelar, deu uma ordem ao requerido no
sentido de que este deve adotar um determinado comportamento, que se traduzirá em ação
ou omissão”14. Por exemplo, restituição provisória da posse, pois tem de restituir a posse da
coisa ao seu provável legítimo possuidor (ação); enquanto no embargo de obra nova, deve
suspender qualquer inovação que fosse fazer (omissão).

14
PAIS DE AMARAL, Jorge Augusto, Direito Processual Civil, p.54, 15ªEdição, Edições Almedina, S. A, setembro
2019.

10
II – Tipos de procedimentos cautelares

TIPOS DE PROCEDIMENTO CAUTELAR

¡ Procedimento cautelar comum – art. 305º


¡ Procedimentos cautelares especificados – art. 317º a 346º

Iremos agora averiguar os vários procedimentos cautelares existentes no Código de Processo


Civil e que dividem em duas categorias principais: o procedimento cautelar comum e os
procedimentos cautelares específicos.

7. O procedimento cautelar comum – art. 305º e ss.

PROCEDIMENTO CAUTELAR COMUM

¡ Estão sujeitas a procedimento cautelar comum todas as situações


que necessitem de tutela cautelar e que não se encontrem
previstas nos procedimentos especificados (art. 305º, n.2).

10

Estão sujeitas a procedimento cautelar comum todas as situações que necessitem de tutela
cautelar e que não se encontrem previstas nos procedimentos cautelares especificados (art.
305º, n.315 CPC).

15
Artigo 305º, n.3: Não são aplicáveis as providências referidas no n.º 1 quando se pretenda acautelar o risco
de lesão especialmente prevenido por alguma das providências tipificadas na secção seguinte.

11
Quando se solicita uma providência cautelar e se verifique que as necessidades (a sua
situação em concreto) não preenchem nenhum dos requisitos específicos previstos opta-se
então pela providência cautelar comum.
E a lógica aqui é a seguinte: Uma vez que a lei não consegue prever todas as situações que
possam precisar de tutela cautelar, são admitidas providências cautelares comuns quando
não se encontrem preenchidos os requisitos próprios dos procedimentos cautelares
especificados.

Exemplo:
Ofensa ao bom nome – direitos de personalidade: Carlos, é empregado na mesma loja
que Tiago. Tiago é promovido em vez de Carlos, pois Carlos chega sempre ao atrasado e
trata mal os clientes. Zangado por Tiago ficar com a promoção, Carlos, utiliza o Facebook
para publicar mensagens onde insulta Tiago e família, afirmando que são uns
aproveitadores, mentirosos e ladrões, que estão a roubar os trabalhos dos nacionais. E que
por serem estrangeiros não deveriam ter os meus direitos, e se não estão contentes que
deveriam voltar para o país de onde vieram. Incentiva ainda que as pessoas apresentem
queixas contra Tiago e a esposa para que estes sejam despedidos.

Tiago começa a ser incomodado na rua e no trabalho, onde é insultado e incentivado a


deixar o país. O mesmo acontece com a sua espessa.

Assim, Tiago pretende que as publicações do Carlos sejam retiradas da internet por
violarem o seu direito ao bom nome. Mas de forma a impedir que haja mais confrontos e
mais pessoas a insultá-lo e à esposa, Tiago solicita, através do procedimento cautelar
comum, que seja decretada a retirada provisória das publicações de Carlos que o os
ofendem e incitem à violência e discriminação.

São também exemplos de procedimentos cautelares comuns, os exemplos referidos no


início da aula (páginas 2 e 3), sobre o despedimento e o contrato-promessa.

Como se verifica, as providências cautelares podem ser decretadas quando esteja em perigo
ou séria ameaça de um direito protegido em qualquer ramo do direito. Não necessita de estar
regulada apenas no código civil.

12
8. Procedimentos cautelares especificados – art. 317º a 346º
Quanto aos procedimentos cautelares especificados, por uma questão de sistematização de
matéria, optamos por dividir os procedimentos em razão de matéria /área do direito em vez
de seguir a ordem dos artigos do CPC.

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

¡ Procedimentos especificados relativos ao Direito da Terra:


q Arresto – art. 329º a 333º
q Embargo de obra nova – art. 334º a 339º
q Restituição provisória da posse – art. 317º a 319º
¡ Procedimentos especificados relativos ao Direito da Família:
q Arbitramento de reparação provisória – art. 326º a 328º
q Alimentos Provisórios – art. 322º a 325º
¡ Procedimentos especificados relativos às Coisas:
q Arrolamento – art. 340º a 346º
¡ Outros Procedimentos especificados: 11

q Suspensão de deliberações sociais – art. 320 a 321º

8.1. Procedimentos especificados relativos ao Direito da Terra (Direitos de


propriedade):

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

¡ Procedimentos especificados relativos ao Direito da Terra:


q Arresto – art. 329º a 333º
q Embargo de obra nova – art. 334º a 339º
q Restituição provisória da posse – art. 317º a 319º

12

13
v Arresto – art. 329º a 333º

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arresto – art. 329º a 333º


§ Quando um credor tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, pode solicitar a
apreensão judicial de bens em valor suficiente para assegurar o cumprimento da obrigação (art. 329º).
§ Não há lugar ao contraditório, desde que: (art. 330º, n.1 e 331º, n.1)
q Requerente comprove a existência do crédito
q Justifique o receio do não cumprimento
q Indique os bens que devem ser apreendidos

§ Limite ao aresto: rendimentos estritamente indispensáveis para o alimento do arrestado e da sua família (art.
331º, n.3);
13

O Arresto é um meio de conservar uma garantia patrimonial. Quando um credor tenha


justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito, em consequência da
excessiva diminuição do património do devedor.
Existe então uma dívida onde o requerente é o credor e o requerido é o devedor. O devedor
apresenta (dá) uma garantia patrimonial, porém o credor verifica que o devedor está a vender
o seu património e para evitar que este, venda o património que foi dado como garantia ser
desfeito, pode pedir esta providência cautelar ao juiz, pedir o arresto dos bens do devedor.
Por isso, o credor solicita ao juiz a apreensão judicial de bens em valor suficiente para
assegurar o cumprimento da obrigação. Esta faculdade existe mesmo que os bens se
encontrem na posse de terceiro, a quem o devedor os tivesse transmitido, devendo para tal
ser impugnada judicialmente essa transmissão relativa a esse bem16 (art. 329º17 CPC).
Na petição onde faz o requerimento da providência cautelar de arresto, o requerente deve
apresentar os factos que comprovam a existência de crédito (dívida) e que justificam o receio
de não cumprimento, indicando ainda os bens do devedor que devem ser apreendidos (bens
móveis, imóveis e direitos – os mesmos bens que podem ser sujeitos a penhora) (art. 330º,
n.1 CPC).
Após análise, o arresto é declarado sem audiência da parte contrária, desde que se tenham
cumprido os requisitos legais (art. 331º, n.1 CPC);
Porém existe uma limitação ao arresto, neste caso aos bens a ser arrestados: o arrestado não
deve ser privado dos rendimentos estritamente indispensáveis para o alimento do arrestado
e da sua família (art. 331º, n.3 CPC); não podem estar sujeitos a arresto todos os bens do

16
PRATA, Ana, Dicionário Jurídico – Volume I, p. 165, 3ª Edição, Edições Almedina, S.A., março 2020.
17
Artigo 329º CPC: 1.O credor que tenha justificado receio de perder a garantia patrimonial do seu crédito pode
requerer o arresto de bens do devedor.
2.O arresto consiste numa apreensão judicial de bens, à qual são aplicáveis as disposições relativas à penhora,
em tudo quanto não contrariar o preceituado nesta subsecção.

14
devedor, tem de ter acesso a rendimentos que permitam o alimento do arrestado e da sua
família.
Existe ainda a possibilidade de arresto de navios e sua carga, segundo o disposto no artigo
332º18 CPC.

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arresto – art. 329º a 333º


Exemplo: Joaquim deve dinheiro a Berto. Berto, sabe que Joaquim quer
vender o único terreno que tem para poder comprar uma mota. Deste
modo pode aplicar-se o arresto: apreensão judicial de bens pois o arresto
tem como finalidade a garantia patrimonial do crédito.

14

Arresto é previsto nos artigos 329.º a 333.º do Código de Processo Civil.

Exemplo: Joaquim deve dinheiro a Berto. Berto, sabe que Joaquim quer vender o único terreno
que tem para poder comprar uma mota. Deste modo pode aplicar-se o arresto: apreensão
judicial de bens pois o arresto tem como finalidade a garantia patrimonial do crédito.

O Berto com a venda da mota vai alinear, vai desfazer-se, do terreno que deu como garantia
patrimonial. O Joaquim vai pedir o arresto do terreno para que Berto possa cumprir o
pagamento da divida. (ficar salvaguardada a garantia patrimonial da dívida).

18
Artigo 332º CPC: 1.Tratando-se de arresto em navio ou na sua carga, incumbe ao requerente demonstrar, para
além do preenchimento dos requisitos gerais, que a penhora é admissível, atenta a natureza do crédito.
2.No caso previsto no número anterior, a apreensão não se realizará se o devedor oferecer logo caução que o
credor aceite ou o juiz, dentro de dois dias, julgue idónea, ficando sustada a saída do navio até à prestação da
caução.

15
v Embargo de obra nova – art. 334º a 339º do CPC

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Embargo de obra nova – art. 334º a 339º


§ Quando o requerente se sente ofendido no seu direito de propriedade ou em qualquer
outro direito real ou pessoal de gozo ou na sua posse, devido à realização de obra,
trabalho ou serviço novo que lhe cause ou ameace causar prejuízo (art. 334º, n.1).
Pode ser feito de duas formas:
q Embargo judicial – requerimento ao tribunal para decretar o embargo;

q Embargo extrajudicial – interessado pode notificar verbalmente, perante duas testemunhas, o dono
ou encarregado da obra para não continuar a obra. Tem depois 5 dias requerer a ratificação judicial
do embargo (art. 334º, n. 2 e 3);
15

No Embargo de obra nova, pode o requerente solicitar a imediata suspensão dos trabalhos
quando o se sentir ofendido no seu direito de propriedade (ou de compropriedade) ou em
qualquer outro direito real ou pessoal de gozo ou na sua posse, devido à realização de obra,
trabalho ou serviço novo que lhe cause ou ameace causar prejuízo (art. 334º, n.119 CPC).
Este embargo pode ser feito de duas formas:
o Embargo judicial – requerimento ao tribunal para decretar o embargo; o requerente
faz um pedido ao tribunal para decretar o embargo da obra nova (art. 334º, n.1 CPC,
última parte).
o Embargo extrajudicial – o interessado pode notificar, ele próprio, de forma oral e
perante duas testemunhas, o dono ou encarregado da obra para não continuar a obra.
O interessado diz diretamente para não continuar a obra. Tem depois o interessado o
prazo de 5 dias para requerer a ratificação judicial do embargo (art. 334º, n. 2 e 320
CPC); ou seja, 5 dias para requerer junto do tribunal a confirmação de existência desta
providência cautelar.

19
Artigo 334º, n.1 CPC: Aquele que se julgue ofendido no seu direito de propriedade, singular ou comum, em
qualquer outro direito real ou pessoal de gozo ou na sua posse, em consequência de obra, trabalho ou serviço
novo que lhe cause ou ameace causar prejuízo, pode requerer, dentro de trinta dias, a contar do conhecimento
do facto, que a obra, trabalho ou serviço seja mandado suspender imediatamente.
20
Artigo 334º, n.2 e 3 CPC: 2.O interessado pode também fazer directamente o embargo por via extrajudicial,
notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o dono da obra, ou, na sua falta, o encarregado ou quem
o substituir para a não continuar.
3.O embargo previsto no número anterior fica, porém, sem efeito se, dentro de cinco dias, não for requerida a
ratificação judicial.

16
PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Embargo de obra nova – art. 334º a 339º


§ Prazo 30 dias desde conhecimento do facto para requerer a providência;
¡ Pode ser autorizada a continuação de uma obra embargada se se reconhecer que, ainda
que se ordene a demolição, o embargante continuará com o seu direito ofendido ou
não acautelado; OU, quando se demonstre que a paralisação da obra produz um
prejuízo consideravelmente superior ao que possa resultar da continuação da obra (art.
338º);
§ Se após decretado o embargo a obra continuar sem autorização será o embargado
16
condenado a destruí-la (art. 339º)

Após o conhecimento dos factos tem o interessado 30 dias para requerer a providência
cautelar. Assim que o requerente verifique que existe uma ameaça ao seu direito de
propriedade tem 30 dias para requerer o embargo junto do tribunal (30 dias desde o
conhecimento e a apresentação do pedido em tribunal). A ofensa tem de ser consequência
da obra, trabalho ou serviço novo, logo só podem ser requerida a suspensão as obras que já
estejam a recorrer.
Não podem, contudo, ser embargadas obras do Estado, devendo a proteção dos direitos ser
feita através do procedimento administrativo contencioso e não através do processo civil (art.
336º21 do CPC).
De acordo com o artigo 338º CPC22, depois de decretado o embargo, só é legalmente possível
continuar a obra, enquanto a decisão da ação principal não for proferida, a pedido do
embargado em apenas duas situações:
o no caso de se reconhecer que a futura demolição do que vier a ser construído restitui
o embargante ao estado anterior à continuação”23;

OU

o quando se demonstre que a paralisação da obra produz um prejuízo


consideravelmente superior ao que possa resultar da continuação da obra.

21
Artigo 336º CPC: Não podem ser embargadas, nos termos desta subsecção, as obras do Estado, das demais
pessoas colectivas públicas e das entidades concessionárias de obras ou serviços públicos quando, por o litígio
se reportar a uma relação jurídico-administrativa, a defesa dos direitos ou interesses lesados se deva efectivar
através dos meios previstos na lei de processo administrativo contencioso.
22
Artigo 338º CPC: Embargada a obra, pode ser autorizada a sua continuação, a requerimento do embargado,
quando se reconheça que a demolição restituirá o embargante ao estado anterior à continuação ou quando se
apure que o prejuízo resultante da paralisação da obra é consideravelmente superior ao que pode advir da sua
continuação e em ambos os casos mediante caução prévia às despesas de demolição total.
23
PAIS DE AMARAL, Jorge Augusto, Direito Processual Civil, p.76, 15ªEdição, Edições Almedina, S. A, setembro
2019.

17
Se após decretado o embargo a obra continuar sem autorização será o embargado condenado
a destruir a parte inovada (art. 339º24 CPC), ou seja, a reposição no estado em que se
encontrava ao destruir a parte que continuou ilicitamente.

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Embargo de obra nova – art. 334º a 339º


§ Exemplo: Xico e Samuel são vizinhos. Xico decidiu fazer um muro a toda a volta do seu
terreno fechando o caminho de acesso de Samuel (servidão de passagem) ao seu
terreno. Uma vez que a obra de Xico impede o direito de Samuel de ter acesso ao seu
próprio terreno, Samuel pode requere uma providência cautelar sob a forma de
Embargo de Obra Nova.

17

Exemplo: Xico e Samuel são vizinhos. Xico decidiu fazer um muro a toda a volta do seu
terreno fechando o caminho de acesso de Samuel (servidão de passagem) ao seu terreno.
Uma vez que a obra de Xico impede o direito de Samuel de ter acesso ao seu próprio
terreno, Samuel pode requere uma providência cautelar sob a forma de Embargo de Obra
Nova.

Esta providência cautelar tem um efeito preventivo, o seu objetivo é impedir a continuação
da obra e mantê-la no estado em que se encontra até que seja proferida a sentença da ação
principal (na qual se pede a demolição da obra).

24
Artigo 339º CPC: 1.Se o embargado continuar a obra, sem autorização, depois da notificação e enquanto o
embargo subsistir, pode o embargante requerer que seja destruída a parte inovada.
2.Averiguada a existência de inovação, é o embargado condenado a destruí-la; se não o fizer dentro do prazo
fixado, promover-se-á, nos próprios autos, a execução para a prestação de facto devida.

18
v Restituição provisória da posse – art. 317º a 319º

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Restituição provisória da posse – art. 317º a


319º
§ O possuidor pode, se tiver sido esbulhado violentamente, pedir que seja
restituída provisoriamente à sua posse (art. 317º)
§ Esbulho é o ato através do qual alguém priva outra pessoa, de forma total ou
parcial, da posse de uma coisa.
§ O Esbulho pode ser praticado com ou sem violência, entendendo a doutrina e a
jurisprudência (pelo menos em Portugal) que se entende como violência, para
efeitos de Esbulho, a coação física ou moral.
Não há lugar a contraditório se o juiz considerar que houve esbulho violento
18
§
e decretar a providência

O possuidor pode, se tiver sido esbulhado violentamente, pedir que seja restituída
provisoriamente à sua posse (art. 317º25 CPC e art. 1199º26 CC).
Mas o que o que significa esbulho? O Esbulho é o ato através do qual alguém priva outra
pessoa, de forma total ou parcial, da posse de uma coisa27.
O Esbulho pode ser praticado com ou sem violência, entendendo a doutrina e a jurisprudência
(pelo menos em Portugal) que o esbulho é violento quando existe coação física ou moral.
E o que é coação? É um ato exercido por alguém sobre o declarante que impede ou vícia a
formação da vontade deste. Há coação física quando alguém é fisicamente obrigado ou
impedido de emitir uma declaração de vontade. Há coação moral quando a formação da
vontade do declarante é viciada pelo receio de um mal que o declarante foi ilicitamente
ameaçado com o fim de se obter dele a declaração. A ameaça pode ser relativa à sua pessoa
ou a terceiro (à sua honra ou património).
Então, se o juiz, após produção das provas, acreditar que houve esbulho violento ordena a
restituição da posse sem citação nem audiência do requerido/esbulhador (art. 318º28 CPC).
Neste caso, a justificação do adiamento do contraditório para momento posterior surge força
da violência utilizada no esbulho.

25
Artigo 317º CPC: No caso de esbulho violento, pode o possuidor pedir que seja restituído provisoriamente à
sua posse, alegando os factos que constituem a posse, o esbulho e a violência.
26
Artigo 1199º CC: Sem prejuízo do disposto nos Artigos anteriores, o possuidor que for esbulhado com violência
tem o direito de ser restituído provisoriamente à sua posse, sem audiência do esbulhador.
27
PRATA, Ana, Dicionário Jurídico – Volume I, p. 605, 3ª Edição, Edições Almedina, S.A., março 2020.
28
Artigo 318º CPC: Se o juiz reconhecer, pelo exame das provas, que o requerente tinha a posse e foi esbulhado
dela violentamente, ordenará a restituição, sem citação nem audiência do esbulhador.

19
O processo de restituição provisória da posse só tem lugar se o esbulho acontecer com
violência. Se o esbulho não ocorrer com violência, o requerente tem de optar pelo
procedimento cautelar comum (art. 319º29 CPC);

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Restituição provisória da posse – art. 317º a


319º
§ Exemplo: Rui colocou o carro a reparar na oficina de José. Quando foi
buscar o carro reparado José não o deixou entrar na oficina
ameaçando Rui com uma faca e recusando-se entregar o carro de Rui.
19

Exemplo: Rui colocou o carro a repara na oficina de José. Quando foi buscar o carro
reparado José não o deixou entrar na oficina ameaçando Rui com uma faca e
recusando-se a entregar o carro a Rui.

Enquanto espera pela decisão da ação de restituição definitiva da posse, Rui solicita
que seja decretada a restituição provisoria da posse, para poder reaver o seu
automóvel.

8.2. Procedimentos especificados relativos ao Direito da Família e das Pessoas:

v Arbitramento de reparação provisória – art. 326º30 a 328º

29
Artigo 319º CPC: Ao possuidor que seja esbulhado ou perturbado no exercício do seu direito sem que ocorram
as circunstâncias previstas no artigo 317.º, é facultado, nos termos gerais, o procedimento cautelar comum.
30
Artigo 326º CPC: 1.Como dependência da acção de indemnização fundada em morte ou lesão corporal, podem
os lesados, bem como os titulares do direito de acordo com a lei civil, requerer o arbitramento de quantia certa,
sob a forma de renda mensal, como reparação provisória do dano.
2.O juiz deferirá a providência requerida, desde que se verifique uma situação de necessidade em consequência
dos danos sofridos e esteja indiciada a existência de obrigação de indemnizar a cargo do requerido.
3.A liquidação provisória, a imputar na liquidação definitiva do dano, será fixada equitativamente pelo tribunal.
4.O disposto nos números anteriores é também aplicável aos casos em que a pretensão indemnizatória se funde
em dano susceptível de pôr seriamente em causa o sustento ou habitação do lesado.

20
PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arbitramento de reparação provisória – art. 326º a


328º
§ Dependente da ação principal de indemnização por morte ou lesão
corporal, consiste na ficação de uma renda mensal certa como reparação
provisória do dano (art. 326º, n.1).

§ Requisitos: (art. 326º, n.2)


qSer uma situação de necessidade
20

qHaver obrigação de indemnizar (art. 326º, n.2)

Este procedimento cautelar especificado é dependente da ação principal de indemnização


por morte ou lesão corporal, e consiste no arbitramento de uma renda mensal certa como
reparação provisória do dano (art. 326º, n.1 CPC). Sendo que da demora da decisão da ação
de indemnização por responsabilidade civil pode colocar o lesado em risco o seu sustento ou
habitação, é-lhe permitido solicitar a antecipação de parte da possível indemnização.
Para ser decretada pelo juiz é necessário que cumulativamente se verifique: (art. 326º, n.2
CPC)
o Ser uma situação de necessidade provocada pelos danos sofridos.
+
o Haver obrigação de indemnizar (que existe a probabilidade séria de direito de
indemnização)

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arbitramento de reparação provisória – art. 326º a 328º


§ Tramitação é igual aos alimentos provisórios (art. 327º): Após recebida a petição
é marcado dia para julgamento sendo as partes advertidas para comparecerem
ou ser representadas, uma vez que a contestação é apresentada na própria
audiência e o juiz tentará fixar o valor por acordo e homologar a sentença. Se
não houver acordo, produz-se imediatamente a prova que houver e o juiz decide
imediatamente por sentença oral fundamentadamente
§ Em caso de caducidade ou da decisão da ação indeminização fixar valor menor ou
inexistente, deve o requerente devolver restituir os valores correspondentes (art. 328º, n.2);

21
PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arbitramento de reparação provisória – art. 326º a


328º
§ Exemplo: Xavier vai a caminho de casa quando é atropelado por Rodrigo,
ficando com bastantes lesões e impedido de andar. Xavier tem dois filhos
menores e é o único meio de rendimento da sua família. De forma a
impedir que passe fome, intenta a providência de arbitramento de
reparação provisória enquanto espera a decisão da ação de indemnização.

v Alimentos provisórios – art. 322º a 325º

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Alimentos Provisórios – art. 322º a 325º


§ É um ato dependente da ação principal de prestação de alimentos
definitivos, e tem por objetivo a fixação de uma quantia mensal até
obter o pagamento da primeira prestação definitiva da ação (art. 322º,
n.1).
§ A prestação alimentícia provisória é fixada em função do estritamente
necessário para o sustento, habitação e vestuário e despesas da ação se
o requerente não beneficiar de apoio judiciário (art. 322º, n.2)
23

A providência cautelar de alimentos provisórios é um ato dependente da ação em que se peça


a prestação de alimentos31 e tem por objetivo fixar-se uma quantia mensal até obter o
pagamento da primeira prestação definitiva (art. 322º, n.1) CPC. Ou seja, consiste na
antecipação do pagamento de alimentos definitivos.
Deve-se ter em atenção que a prestação de alimentos não se refere apenas a bens
alimentares, mas também às necessidade relativas a habitação e vestuário, e no caso de filhos
menores, engloba ainda a instrução e a educação. E que o direito a alimentos não é
31
O Código Civil entende que alimentos é tudo aquilo indispensável ao sustento, habitação e vestiário, e
instrução e educação dos filhos menores (art. 1871º CC). Os alimentos são fixados segundo a necessidade de
quem os recebe e os meios de quem os presta (art. 1872º, n.1).

22
penhorável, nem pode ser renunciado ou cedido (pois visa a subsistência da pessoa
necessitada).
Atendendo a estes fatores, a prestação alimentícia provisória é fixada em função do
estritamente necessário para o sustento, habitação e vestuário do requerente e despesas da
ação se o requerente não beneficiar de apoio judiciário (art. 322º, n.2 CPC);

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Alimentos Provisórios – art. 322º a 325º


§ Após recebida a petição é marcado dia para julgamento sendo as partes advertidas para
comparecerem ou ser representadas, uma vez que a contestação é apresentada na própria
audiência e o juiz tentará fixar o valor por acordo e homologar a sentença. Se não houver
acordo, produz-se imediatamente a prova que houver e o juiz decide imediatamente por
sentença oral fundamentadamente (art.323º);
§ O requerente dos alimentos provisórios poderá ser responsabilizado se pelos danos causados
ao requerido caso a providência cautelar seja improcedente ou caduque em razão de o
requerente ter atuado com má fé (art. 325º, n.1). Nestes casos é fixada uma indemnização a
ser paga pelo requerente.
§ Todavia, em caso algum o requerente terá que restituir os alimentos provisórios recebidos
(art. 325º, n.2); 24

O procedimento cautelar de alimentos provisórios tem uma tramitação baste rápida, pois tal
como o arbitramento de reparação provisória, está em causa a necessidade de assegurar o
sustento mínimo do requerente, portanto após receção da petição é marcado dia para
julgamento sendo as partes advertidas para comparecerem ou serem representadas. Uma
vez que a contestação é apresentada na própria audiência e o juiz tentará fixar o valor por
acordo e homologar a sentença. Se não houver acordo, produz-se imediatamente a prova que
houver e o juiz decide imediatamente por sentença oral, fundamentada de forma resumida
(art.323º). Verificamos que há a preocupação de primeiro se chegar a um acordo entre as
partes.
O requerente dos alimentos provisórios poderá ser responsabilizado se pelos danos causados
ao requerido caso a providência cautelar seja improcedente ou caduque em razão de o
requerente ter atuado com má fé (art. 325º, n.1 CPC). Nestes casos é fixada uma
indemnização a ser paga pelo requerente.
Todavia, em caso algum o requerente terá que restituir os alimentos provisórios recebidos
(art. 325º, n.2 CPC).

23
PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Alimentos Provisórios – art. 322º a 325º


§ Exemplo: Ana e Manuel têm um filho menor e estão a divorciar-se. Enquanto o
divórcio não é decretado e é decidido o valor da pensão de alimentos definitiva
relativa ao filho de ambos, Ana requer uma providência cautelar de alimentos
provisória.

25

Exemplo: Ana e Manuel têm um filho menor e estão a divorciar-se. Enquanto o divórcio
não é decretado e é decidido o valor da pensão de alimentos definitiva relativa ao filho
de ambos, Ana requer uma providência cautelar de alimentos provisória.

Visto que os alimentos se destinam a assegurar a sobrevivência da pessoa necessitada


(ação principal), é natural que a lei permita uma ação que de forma urgente permite
ao requerente a possibilidade de solicitar o estritamente necessário à sua subsistência
e fazer face às suas necessidades essenciais.

9. Procedimentos especificados relativos às Coisas (Direitos reais):

v Arrolamento – art. 340º a 346

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Arrolamento – art. 340º a 346º


§ Pode ser requerido em relação a bens, móveis ou imóveis, e a
documentos, desde que havendo justo receio de extravio, ocultação ou
de dissipação. (art. 340º);
§ Ficando juiz convencido do risco sério, ordena a providência e nomeia
um depositário e um avaliador (art. 342, n.2 e 3).
§ Como se faz o arrolamento – como se procede à descrição, avaliação e
depósito dos bens sujeitos a arrolamento (art. 343º).

24
O arrolamento pode ser requerido em relação a bens, móveis ou imóveis, e a documentos,
quando existe um justo receio de extravio, ocultação ou de dissipação. (art. 340º32 CPC). Surge
sempre na dependência de uma ação principal de especificação de bens ou onde se prova a
titularidade dos direititos relativos às coisas arroladas.
O Requerente faz prova sumária dos factos e bens que receia que sejam extraviados ou
dissipados, fundamentando o seu receio (art. 342º, n.133 CPC).
Ficando juiz convencido do risco sério, ordena a providência e nomeia um depositário e um
avaliador (art. 342, n.2 e 3 CPC34). O arrolamento consiste na descrição, avaliação e depósito
dos bens sujeitos a arrolamento (art. 343º CPC35).
Exemplo: Alberto morre e deixa 3 filhos e a sua esposa. Pedro, é filho de Alberto
com outra mulher, e pretende ser reconhecido como filho legítimo de Alberto e
assim ser considerado herdeiro. Pedro intenta uma providência cautelar de
arrolamento, pois se a ação de reconhecimento de paternidade for positiva ele terá
direito aos bens da herança e são esse bens que ele quer acautelar.

Arrolamento: a sua finalidade é evitar o extravio, a ocultação ou dissipação de certos bens.


Pretende-se conservar os próprios bens (defender o seu direito a determinados bens).

Arresto: serve para assegurar a garantia patrimonial do credor, através da conservação de
bens suficientes na titularidade do devedor para assegurar o pagemento do crédito.

32
Artigo 340 CPC: 1. Havendo justo receio de extravio, ocultação ou dissipação de bens, móveis ou imóveis, ou
de documentos, pode requererse o arrolamento deles.
2.O arrolamento é dependência da acção à qual interessa a especificação dos bens ou a prova.
33
Artigo 342º, n.1 CPC: O requerente fará prova sumária do direito relativo aos bens e dos factos em que
fundamenta o receio do seu extravio ou dissipação. Se o direito relativo aos bens depender de acção proposta
ou a propor, tem o requerente de convencer o tribunal da provável procedência do pedido correspondente.
34
Artigo 342, n.2 e 3 CPC: 2.Produzidas as provas que forem julgadas necessárias, o juiz ordena as providências
se adquirir a convicção de que, sem o arrolamento, o interesse do requerente corre risco sério.
3.No respectivo despacho, faz-se logo a nomeação de um depositário e ainda de um avaliador, que é dispensado
do juramento.
35
Artigo 343º CPC: 1.O arrolamento consiste na descrição, avaliação e depósito dos bens.
2.Será lavrado auto em que se descrevam os bens, em verbas numeradas, se declare o valor fixado pelo louvado
e se certifique a entrega ao depositário ou o diverso destino que tiveram. O auto mencionará ainda todas as
ocorrências com interesse e será assinado pelo funcionário que o lavre, pelo depositário e pelo possuidor dos
bens, se assistir, devendo intervir duas testemunhas quando não for assinado por este último
3.Ao acto do arrolamento assiste o possuidor ou detentor dos bens, sempre que esteja no local ou seja possível
chamá-lo e queira assistir. Pode este interessado fazer-se representar por mandatário judicial.
4.O arrolamento de documentos faz-se em termos semelhantes, mas sem necessidade de avaliação.
5.São aplicáveis ao arrolamento as disposições relativas à penhora, em tudo quanto não contrarie o estabelecido
nesta subsecção ou a diversa natureza das providências.

25
9.1. Outros Procedimentos cautelares especificados:

v Suspensão de deliberações sociais – art. 320º e 321º CPC

PROCEDIMENTOS CAUTELARES ESPECIFICADOS

§ Suspensão de deliberações sociais – art. 320 a 321º


§ Requerida por qualquer sócio de uma associação ou sociedade onde haja sido
tomada uma deliberação contrária à lei, aos estatutos ou ao contrato
§ Prazo de 10 dias para requerer a suspensão de deliberação, desde que a deliberação
foi tomada ou desde que o sócio tenha tomado conhecimento, caso não tenha sido
convocado para a assembleia (art. 320º, n.1);
§ Mesmo com deliberação contrária à lei, estatutos ou contrato, pode o juiz deixar de
suspender se o prejuízo da suspensão for superior ao que poderia derivar da
execução da providencia (art. 321º, n.2);

A Suspensão de deliberações sociais pode ser requerida por qualquer sócio de uma
associação ou sociedade onde haja sido tomada uma deliberação contrária à lei, aos estatutos
ou ao contrato (deliberação que não tenha obedecido aos pressupostos e fundamentos para
a sua validade).
No prazo de 10 dias pode o sócio requerer a suspensão de deliberação (10 dias desde que a
deliberação foi tomada ou desde que o sócio tenha tomado conhecimento dela, caso não
tenha sido convocado para a assembleia geral), mediante prova da sua qualidade de sócio e
de que a execução da deliberação pode causar dano apreciável (art. 320º, n.136 CPC).
Portanto, no requerimento deve constar a qualidade de sócio do requerente (legitimidade
para açaão), que a deliberação que pretende suspender é contrária à lei, aos estatutos ou ao
contrato. E ainda, que a sua execução resultará em um dano apreciável.
A partir da citação, e até ao julgamento do pedido de suspensão, não é lícito a execução da
deliberação por parte da associação ou sociedade (art. 321, n.337 CPC)
Mesmo com deliberação contrária à lei, estatutos ou contrato, pode o juiz deixar de
suspender se o prejuízo da suspensão for superior ao que poderia derivar da execução da
providencia (art. 321º, n.2 CPC);

36
Artigo 320º, n.1 CPC: Se alguma associação ou sociedade, seja qual for a sua espécie, tomar deliberações
contrárias à lei, aos estatutos ou ao contrato, qualquer sócio pode requerer, no prazo de dez dias, que a execução
dessas deliberações seja suspensa, justificando a qualidade de sócio e mostrando que essa execução pode causar
dano apreciável.
37
Artigo 321º, n.3 CPC: A partir da citação, e enquanto não for julgado em primeira instância o pedido de
suspensão, não é lícito à associação ou sociedade executar a deliberação impugnada.

26
Exemplo: A sociedade Luz foi contratada para construir uma loja, porém decide em
assembleia utilizar materiais mais baratos e de menor durabilidade cobrando ao
cliente o preço de materiais melhores. Luís sócio da empresa não concorda e decide
requerer a suspensão da deliberação antes do início da obra.

Luís solicita a suspensão da deliberação de forma a impedir que esta seja executa
enquanto espera pela sentença de nulidade ou anulabilidade da deliberação (ação
principal).

III – Dos Tribunais


10. Tribunal competente para ação – art. 62º:

TRIBUNAL COMPETENTE PARA AÇÃO (ART. 62º)

§ Arresto e Arrolamento – Tribunal onde deva ser proposta a ação principal


ou no lugar onde se encontrem os bens; (al. a);

§ Embargo obra nova – Tribunal do lugar da obra (al. b);

§ Outros Procedimentos Cautelares – Tribunal onde será proposta a ação


principal (al. c); 30

Uma vez analisado o que são procedimentos cautelares e como se processa o seu
requerimento, vamos agora averiguar onde devem ser propostas as providências cautelares,
ou seja, quais os tribunais devem receber o requerimento para procedimento cautelar? (art.
62º38 CPC)

Artigo 62º CPC: 1. Quanto a procedimentos cautelares e diligências anteriores à proposição


da acção, observar-se-á o seguinte:

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Artigo 62º CPC: 1. Quanto a procedimentos cautelares e diligências anteriores à proposição da acção,
observar-se-á o seguinte:
a) O arresto e o arrolamento tanto podem ser requeridos no tribunal onde deva ser proposta a acção respectiva,
como no do lugar onde os bens se encontrem ou, se houver bens em várias circunscrições, no de qualquer destas;
b) Para o embargo de obra nova é competente o tribunal do lugar da obra;
c)Para os outros procedimentos cautelares é competente o tribunal onde deva ser proposta a acção respectiva;
d)As diligências antecipadas de produção de prova serão requeridas no tribunal do lugar em que hajam de
efectuar-se.
2.O processo dos actos e diligências a que se refere o número anterior é apensado ao da acção respectiva, para
o que deve ser remetido,quando se torne necessário, ao tribunal em que esta for proposta.

27
a) O arresto e o arrolamento tanto podem ser requeridos no tribunal onde deva ser proposta
a acção respectiva, como no do lugar onde os bens se encontrem ou, se houver bens em várias
circunscrições, no de qualquer destas;
b) Para o embargo de obra nova é competente o tribunal do lugar da obra;
c)Para os outros procedimentos cautelares é competente o tribunal onde deva ser proposta a
acção respectiva;
d)As diligências antecipadas de produção de prova serão requeridas no tribunal do lugar em
que hajam de efectuar-se.
2.O processo dos actos e diligências a que se refere o número anterior é apensado ao da
acção respectiva, para o que deve ser remetido,quando se torne necessário, ao tribunal em
que esta for proposta.

o Procedimento cautelar de Arresto ou de Arrolamento – Tribunal onde deva ser


proposta a ação principal ou no lugar onde se encontrem os bens; (al. a);
o Embargo obra nova – Tribunal do lugar da obra (al. b);
o Outros Procedimentos Cautelares – Tribunal onde será proposta a ação principal (al.
c);

Se a ação principal for intentada em outro tribunal (competente em razão do pedido a julgar
na ação principal), o processo de procedimento cautelar deve ser remetido a este, devido
apenso do procedimento cautelar à causa principal. (art. 62º, n. 2 CPC)

11. Recurso – artigo 312º CPC39

39
Artigo 312º CPC: 1. Quando o requerido não tiver sido ouvido antes do decretamento da providência, é-lhe
lícito, em alternativa, na sequência da notificação prevista no n.º 5 do artigo 309.º:
a) Recorrer, nos termos gerais, do despacho que a decretou, quando entenda que, face aos elementos apurados,
ela não devia ter sido deferida;
b) Deduzir oposição, quando pretenda alegar factos ou produzir meios de prova não tidos em conta pelo tribunal
e que possam afastar os fundamentos da providência ou determinar a sua redução, aplicando-se, com as
adaptações necessárias o disposto nos artigos 310.º e 311.º
2.No caso a que se refere a alínea b) do número anterior, o juiz decidirá da manutenção, redução ou revogação
da providência anteriormente decretada, cabendo recurso desta decisão, que constitui complemento e parte
integrante da inicialmente proferida.

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RECURSO

¡ Uma vez decretada a providência cautelar e não tendo sido


ouvido o requerido antes do seu decretamento, pode o
requerido recorrer apresentando razões válidas pelas quais a
providência não deveria ter sido decretada (art. 312, n.1, al. a).
Ou, deduzir oposição, alegando factos ou apresentando provas
não considerados pelo tribunal e que possam afastar a aplicação
da providência ou determinar a sua redução (art. 312, n.1, al. b).
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Uma vez decretada a providência cautelar, e não tendo sido ouvido o requerido antes do seu
decretamento, pode o requerido recorrer apresentando razões válidas pelas quais a
providência não deveria ter sido decretada (art. 312, n.1, al. a) CPC). Ou, deduzir oposição,
alegando factos ou apresentando provas não considerados pelo tribunal e que possam afastar
a aplicação da providência ou determinar a sua redução (art. 312, n.1, al. b) CPC).
É neste momento que se dá o exercício do contraditório, nos casos em que não foi ouvido
previamente o requerido. Permite-se ao requerido, em momento posterior, apresentar a sua
defesa e alegar factos e produzir provas que foram observados pelo tribunal quando decretou
a providência acautelar em questão.

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