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Centenário da Morte de Karl Marx

O artigo de João Amazonas celebra o centenário da morte de Karl Marx, destacando sua contribuição fundamental para a ciência social e a luta do proletariado. Embora suas ideias tenham demorado a chegar ao Brasil e enfrentado repressão, o marxismo se firmou como base teórica para a emancipação dos oprimidos. O texto também critica as tentativas da burguesia de deturpar o marxismo, enfatizando a atualidade das teorias de Marx frente às contradições do capitalismo contemporâneo.
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Centenário da Morte de Karl Marx

O artigo de João Amazonas celebra o centenário da morte de Karl Marx, destacando sua contribuição fundamental para a ciência social e a luta do proletariado. Embora suas ideias tenham demorado a chegar ao Brasil e enfrentado repressão, o marxismo se firmou como base teórica para a emancipação dos oprimidos. O texto também critica as tentativas da burguesia de deturpar o marxismo, enfatizando a atualidade das teorias de Marx frente às contradições do capitalismo contemporâneo.
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Há Cem Anos da

Morte de Karl Marx


(1883-1983)
5 de maio de 2023

Artigo de João Amazonas publicado na Revista Princípios, edição 6, Jun,


1983, Pág. 23-28.

Artigo de João Amazonas publicado na Revista Princípios, edição 6, Jun,


1983, Pág. 23-28.

A História registra nomes ilustres de homens que ganharam notoriedade


por suas contribuições valiosas ao conhecimento humano, por seus
empreendimentos arrojados, por suas ações revolucionárias. Entre esses
nomes sobressai o de Karl Marx, cuja morte ocorreu há cem anos, em março
de 1883. Sua obra profunda e renovadora que vai do materialismo dialético
às leis do desenvolvimento histórico abrangendo vasto campo da ciência
significou enorme progresso. Suas descobertas no terreno social deram
fundamento científico à compreensão dos diferentes estágios pelos quais
passou a humanidade, demonstraram a inevitabilidade do fim do capitalismo
e projetaram luz sobre os aspectos essenciais da sociedade do futuro.

Como todos os sábios que contrariaram as conveniências dos poderosos de


sua época, Marx trabalhou num ambiente que chegava às raias da miséria.
Pesquisou e elaborou suas teorias perseguido por governos reacionários,
privado dos mínimos recursos. Não obstante, foi de uma tenacidade
incomparável. Empenhou-se de corpo e alma na grandiosa tarefa a que se
propusera. Trabalhava e lutava. A luta era fonte de saber e, ao mesmo
tempo, o seu laboratório de provas. Participou das comoções que sacudiram
a Europa na segunda metade do século passado, comprovando a justeza de
suas idéias, e recolheu experiências que ajudaram a enriquecê-las. Inspirou e
fundou a I Internacional, agrupando os movimentos socialistas daquele
tempo.

Marx legou à posteridade, em especial à classe operária, eficaz instrumento


de libertação. Sua doutrina, um sistema de concepções coerentes e
harmoniosas, base do socialismo científico, desempenha o papel de estrela-
guia da luta de classe do proletariado pela construção de um novo mundo.

Na ocasião em que se comemora o centenário do seu passamento,


oportuno é destacar a importância da defesa e do estudo dessa invencível
doutrina que a burguesia e os oportunistas procuram a todo transe deturpar
ou castrar-lhe o conteúdo revolucionário.

A Influência de Marx no Brasil

As idéias de Marx, que revolucionaram a ciência, em particular a ciência


social, somente começaram a chegar ao Brasil mais de meio século após sua
elaboração, o que bem demonstra o caráter atrasado e obscurantista da
sociedade brasileira. Alcançaram o nosso país como eco distante da
Revolução Proletária de 1917, na Rússia. Aqui, seus livros apareceram
primeiro em espanhol. Na década de 1920, editou-se em português
o Manifesto do Partido Comunista, de 1848. E até hoje, cem anos depois da
morte de Marx, a maior parte da sua obra é desconhecida entre nós, quase
sempre proibida no Brasil. Periodicamente, a polícia destruía tudo que
encontrava desse autor. Ainda hoje, um livro de Marx numa estante, serve
de referência aos inimigos da cultura e do progresso para indiciar e perseguir
quem o agasalha.

O esforço principal no sentido de introduzir Marx no Brasil deve-se ao


Partido Comunista, fundado em 1922, que, com parcos recursos, organizou a
difusão de alguns de seus livros, numa escala, porém, reduzida.
Ultimamente, outras iniciativas com fins comerciais surgiram. Publicou-se O
Capital e vários resumos de seus trabalhos. Em certas escolas de economia já
se fala em Marx. Contudo, da filosofia marxista pouco ou quase nada é
veiculado. Desconhece-se simplesmente a dialética materialista que é “a
alma do marxismo”, no dizer de Lênin. Entrementes, propaga-se o idealismo
filosófico, embrutecedor, anticientífico.

Embora reprimido, o marxismo tem exercido influência generalizada no


Brasil. Expressa-se antes de tudo, na atuação do partido do proletariado,
fruto ele próprio das idéias marxistas. Graças ao marxismo vai-se definindo
com maior clareza a solução de problemas fundamentais, ganham corpo
idéias corretas acerca de questões relacionadas com o progresso do país,
com a emancipação dos explorados e oprimidos, com o socialismo. O
marxismo se afirma, cada vez mais, como a base teórica da organização de
vanguarda da classe operária.

O ataque permanente e a repressão sistemática das classes dominantes às


concepções de Karl Marx constituem obstáculos ao avanço do povo
brasileiro em busca de um futuro melhor. Criam entraves ao conhecimento
de grandes conquistas da ciência, sobretudo no campo do materialismo-
histórico. Os métodos de coerção, engodo e desvirtuamento do marxismo
são variados.

Refutação e Deturpação do Marxismo

A burguesia sempre hostilizou o marxismo e seus partidários. É ainda


recente o exemplo do nazismo que transpôs as fronteiras da insanidade no
combate aos marxistas. Os imperialistas norte-americanos, mal saíam da
Segunda Grande Guerra, iniciavam outras guerras que denominavam
ideológicas pretextando o perigo do comunismo. Há pouco, o presidente dos
Estados Unidos proclamou, da tribuna do Congresso desse país, a cruzada
intervencionista na América Central para rechaçar o que qualificou de
ameaça comunista no Continente. Mas não só pela violência a burguesia luta
contra Marx. Ao lado da força, emprega igualmente as armas da contestação
supostamente teórica das concepções do genial criador da ciência social.
Mobiliza permanentemente grupos numerosos, em geral bem pagos, de
analistas, pesquisadores, economistas, Marxólogos, sociólogos para
“refutar” o marxismo ou tentar provar a sua inconsistência. Dispondo do
monopólio dos meios de comunicação, difunde largamente as elucubrações
desses pseudo-cientistas políticos.

Um dos argumentos mais em voga refere-se à hipotética falta de atualidade


do marxismo. Como já não podem negar de plano o valor das teorias
de Marx, seus opositores dizem que elas serviram para outras épocas.
Presentemente não teriam cabimento dado que se criara uma nova situação
no mundo dentro da qual fenômenos como a violência revolucionária, a luta
de classes, a ditadura do proletariado etc., haviam perdido sua razão de ser.
Esse argumento foi também invocado por Nikita Kruschev, em 1956, na
União Soviética, a fim de revisar o marxismo. Indubitavelmente, a situação
de hoje não é exatamente a mesma do tempo em que viveu Karl Marx.
Ocorreram mudanças consideráveis. Mas o capitalismo não deixou de ser
capitalismo e a lei fundamental em que se baseia – a lei da mais-valia –
continua em vigor. As mudanças verificadas só fizeram confirmar as
conclusões marxistas. O capitalismo, em sua última fase, a fase imperialista,
agravou em extremo as contradições oriundas desse sistema. A livre
concorrência cedeu lugar ao monopólio, a busca do lucro máximo
intensificou a exploração da classe operária, a centralização dos meios de
produção e a socialização do trabalho chegaram a tal nível que se tornaram
incompatíveis com a envoltura capitalista. A sociedade dividiu-se de modo
irreversível em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e
o proletariado. Colocou-se objetivamente na ordem do dia a questão da
substituição do arcaico sistema burguês pelo socialismo. A obra de Marx não
tem caráter conjuntural, não se apóia em fatores acidentais ou
momentâneos. Faz um exame completo da vida econômica e política da
sociedade burguesa, como um todo. Define as leis, as contradições, as
tendências do seu desenvolvimento e conclui ser fatal o seu
desaparecimento. Ao contrário do que asseveram os contestadores, as teses
e conclusões fundamentais de Marx são da maior atualidade, adquirem a
cada dia força de verdades objetivas, incontestáveis. Exatamente no
momento que vivemos, ocupam lugar proeminente na solução de questões
que envolvem o movimento da classe operária e das massas oprimidas. As
alegações de carência de oportunidade do marxismo por haver outra
realidade são inteiramente falsas. Se se pretende falar de nova situação, esta
só poderá ser a da proximidade dos grandes confrontos sociais, da
acumulação de gigantesca carga de descontentamento popular que
explodirá, sem dúvida, destruindo o velho edifício do capitalismo – tal como
indicou e fundamentou Karl Marx.

Os economistas e sociólogos burgueses apresentam ainda, para


negar Marx, o argumento falacioso da desaparição ou controle das crises.
Partindo de que, após o conflito mundial da década de 1940, passaram
muitos anos sem se ter manifestado esse evento cíclico, induziram daí,
empiricamente, o término de sua repetição periódica. Afirmam que o
capitalismo criou instrumentos de controle capazes de contorná-
las. Marx demonstrou, no entanto, que o capitalismo não tem
absolutamente meios para impedir as crises que lhe são inerentes,
originadas da contradição básica da produção capitalista: o caráter social da
produção e a forma privada, capitalista, de apropriação do produto. As crises
tomam novos aspectos, ganham maiores ou menores dimensões, produzem
tais ou quais efeitos danosos, mas não deixarão de existir enquanto perdurar
o capitalismo. Se não se revelaram imediata e mediatamente no pós-guerra,
isto se deve a fatos acidentais, circunstanciais, como a destruição maciça das
forças produtivas durante o conflito bélico que exigiam certo tempo para se
recompor e porque somente os Estados Unidos saíram incólumes da
hecatombe guerreira. Há muito, porém, esses fatores desapareceram, o
capitalismo seguiu sua marcha desordenada e a crise voltou a evidenciar-se
com intensidade invulgar. Difere em vários aspectos da de 1929-32: sua
duração tem sido bem maior; não ocorreu a destruição em massa de bens
estocados, embora a produção continue caindo ou se mantenha estagnada;
tampouco se verificou a queda geral dos preços devido ao grau elevado de
monopolização da economia, particularidades que dificultam a saída da
crise. Os estragos produzidos são descomunais e não se pode vislumbrar
ainda o fim da denominada recessão mundial. Até a corrida armamentista,
que permite certo incremento da produção e assegura grandes lucros aos
capitalistas, dando origem porém à militarização da economia, não propicia
condições, mesmo passageiras, para o crescimento econômico porque
quando surgiu a crise, o armamentismo já estava em marcha acelerada.
Contrapõem-se também os economistas da burguesia à tese de Marx sobre
a pauperização relativa e absoluta do proletariado. Aceitam a pauperização
relativa, isto é, a diminuição continuada da participação dos operários no
rendimento nacional produzido nas empresas capitalistas enquanto aumenta
a parte dos burgueses. Os dados estatísticos nesse sentido são demasiado
eloquentes para serem desconsiderados. Tais economistas contestam,
entretanto, o empobrecimento absoluto da classe operária.

“À medida que se acumula o capital – disse Marx – necessariamente tem de


piorar a situação do operário qualquer que seja a sua retribuição, seja alta
ou baixa” (O Capital, K. Marx).

Esta é a lei geral da acumulação capitalista por ele descoberta e que tem a
ver com a exploração da classe operária, com a ânsia de maior lucro tirado
do aumento da mais-valia, o que exacerba as desigualdades sociais.
Aliás, Engels observa que:

“O produto do trabalho depois de deduzidos os gastos, divide-se em duas


frações: o salário do operário e o lucro do capitalista. A fração lucro não
pode aumentar sem que se diminua a fração salário. Negar que o capitalista
tem interesse em diminuir o salário equivale a afirmar que não tem interesse
em aumentar os lucros”.

Baseando suas afirmações em cálculos referentes a países desenvolvidos,


imperialistas, e em casos e períodos isolados, esses economistas tentam
“provar” que, ao invés da queda contínua do nível de vida dos proletários,
dar-se-ia uma melhoria razoável no seu padrão de existência. Entretanto, as
condições de vida e trabalho da classe operária precisam ser vistas num
plano mais amplo, considerando-se tanto os países desenvolvidos como os
atrasados. Nem se pode deixar de focalizar a situação dos empregados e a
dos desempregados, as épocas de expansão e as de crise, o maior desgaste
físico dos produtores determinado pela intensidade do trabalho, bem como
as necessidades dos operários, historicamente criadas, que se expressam no
valor da força de trabalho. A classe operária dos Estados Unidos, por
exemplo, compõe-se de algumas dezenas de milhões de operários em
atividades produtivas e de dez a doze milhões de desempregados
permanentes que constituem o exército de reserva industrial. Se se tomam
na devida conta todos esses elementos para julgar a situação geral dos
trabalhadores, verifica-se não uma melhora ou mesmo um estancamento,
mas a queda persistente do seu standard de vida, o empobrecimento do
proletariado em termos absolutos, como assinalou Marx. Recentemente, o
diretor-geral da ONU para a Agricultura e a Alimentação, Edouard Saouma,
afirmava naquela instituição que

“40 milhões de pessoas morrem todos os anos de fome e de desnutrição e


que cerca de 450 milhões de seres humanos padecem de fome em todo o
mundo”.

São dados – possivelmente aquém da realidade – que patenteiam o


agravamento brutal da maneira de viver dos trabalhadores, e confirmam,
ainda uma vez, os prognósticos marxistas.

Por seu turno, os revisionistas e oportunistas de todos os tipos questionam


de modo artificioso os pontos de vista de Marx. Também eles repetem
distorções como as acima mencionadas. Mas o fazem dizendo-se marxistas,
usando terminologia revolucionária. Deformam o marxismo, interpretam-no
a seu modo, como faziam os chefes da II Internacional. Lênin, fiel discípulo e
continuador genial do grande mestre do proletariado, realizou imenso
esforço para restaurar a verdade da doutrina de Marx, habilmente
desfigurada durante largo período por esses oportunistas, cuja orientação
toldava o sentido revolucionário do marxismo. Exemplo atual é o
de Kruschev e seus seguidores. Ao renegar a ditadura do proletariado,
questão essencial da doutrina de Marx, arguiram que, na União Soviética,
com o progresso do socialismo, o Estado teria então outra natureza, havia-se
transformado no Estado de todo o povo… Contudo ali existiam, e existem,
classes e camadas sociais não-proletárias. Além do mais a ditadura do
proletariado, como sustentou Karl Marx, devia durar todo o período de
transição. Quando não fosse mais necessária, o Estado ter-se-ia extinguido.
Os conceitos de Kruschev encobriam apenas sua traição à classe operária.

A fim de combater com sucesso os deturpadores do marxismo, sejam falsos


cientistas políticos burgueses, sejam revisionistas impenitentes, é
indispensável conhecer bem as teorias de Marx para aplicá-las corretamente
de acordo com a realidade de cada país.

Estudar Marx, Conhecer a Fundo o Marxismo-Leninismo


A ignorância acerca do marxismo tem sido uma das causas do atraso no
advento e consolidação do socialismo. Para dirigir com acerto a luta de
classes e a edificação da nova ordem socialista é imprescindível dominar as
leis que regulam a vida da sociedade – a ciência social criada
por Marx e Engels e desenvolvida por seus continuadores. Sem esse
domínio, é quase impossível triunfar cabalmente, ou evitar retrocessos das
conquistas obtidas. Pode-se, em circunstâncias muito especiais, mesmo sem
conhecer a fundo o marxismo, fazer a revolução. Torna-se difícil, no entanto,
conservar o poder, encontrar o justo caminho do progressivo afiançamento
da obra revolucionária.

Referindo-se aos teóricos da II Internacional, Lênin disse que

“durante meio século nem um só marxista entendeu Marx, porque nenhum


chegou a saber o que era a dialética”.

Isto explica de certo modo a bancarrota dessa organização mundial do


proletariado. Precisamente a dialética mostra o duplo aspecto do
movimento – o da evolução quantitativa e o dos saltos qualitativos,
revolucionários, que provocam as transformações radicais. Aqueles que
vêem somente o aspecto quantitativo acreditam na evolução pacífica para o
socialismo, na derrocada automática da burguesia. Podem, por algum
tempo, obter êxitos na atividade política, mas quando chega o momento do
salto, das ações revolucionárias consequentes, fracassam. Enrolam a
bandeira de combate, sustentam posições que, em última instância, não
passam de traição à causa do comunismo. Os que desconhecem o aspecto
evolutivo do movimento – que prepara o salto – caem no voluntarismo,
no blanquismo. Vêem em tudo, mesmo nos períodos de acentuado
estancamento político, uma situação revolucionária, não desenvolvem
atividades destinadas a acumular forças. Assim, isolam-se, e igualmente
fracassam. A dialética marxista ensina também que a evolução e os saltos se
dão à base da lei objetiva da unidade e luta dos contrários, fonte de todo
desenvolvimento. Em qualquer fenômeno, na natureza, na sociedade, no
pensamento humano há contradições, lutas de contrários. Justamente a
contradição entre a burguesia e o proletariado abre campo à vitória do
socialismo. Os dirigentes de boa fé, porém ignorantes dessa lei, crêem
possível chegar ao poder e passar a um novo regime através da conciliação
com a burguesia, e não da luta de classes intransigente. Admitem o
socialismo sem ditadura do proletariado, sonham com a paz social. Desse
modo, jamais conseguirão os fins visados.

A história do movimento operário é rica de exemplos que mostram


insucessos e êxitos na luta de classes ligados fundamentalmente à ignorância
ou ao domínio das teorias de Marx. A revolução russa de 1917, no seu início,
viveu momentos muito difíceis. Viu-se diante de problemas complexos que
somente poderiam ser enfrentados e corretamente resolvidos apoiados na
dialética marxista. Dois desses momentos confirmam plenamente o que
asseveramos: o da paz de Brest-Litovsky e o da política da NEP (Nova Política
Econômica). Em ambos os casos havia recuo político, aparente renúncia das
conquistas da revolução. A paz de Brest-Litovsky impunha a cessão de
extensos territórios aos imperialistas alemães; a NEP favorecia em parte o
comércio privado no campo. Essas concessões temporárias eram, porém,
indispensáveis para salvar a própria revolução, recém-vitoriosa. O recuo,
dentro de determinadas condições, preparava o avanço revolucionário, o
que se verificou num breve prazo. Brest-Litovsky e a NEP permitiram
acumular forças, possibilitaram a consolidação do regime proletário. Isto
deveu-se a Lênin, profundo conhecedor da dialética e das teorias de Marx.
Quem não domina o marxismo e se mostra ideologicamente inseguro,
resvala facilmente para o revisionismo, como ocorreu em vários países. Na
União Soviética substituiu-se o marxismo revolucionário pelo revisionismo
reformista-burguês. Pretextando desenvolver o marxismo-
leninismo, Kruschev, Brejnev, Suslov e outros introduziram a confusão
ideológica no Partido e nas massas, destruíram as conquistas do socialismo
científico. Na China, o amplo desconhecimento das idéias marxistas, e
sobretudo da dialética, criou uma situação favorável ao oportunismo. O
pensamento de Mao Tsetung, que orientava o processo revolucionário
naquele país, fugia aos princípios marxistas-leninistas. Era eclético e
mistificador.

A ciência social de Marx e Engels é crítica e revolucionária por excelência.


Conhecê-la em profundidade é assimilar sua essência, seu espírito
transformador, seu método de análise dialético. Manejá-la corretamente é
aplicar de maneira viva e criadora os seus princípios. O marxismo não é um
dogma – repetiram muitas vezes os fundadores dessa doutrina –, mas um
guia para a ação.
O dogmatismo causa grande dano ao movimento revolucionário. Porque é
antidialético, está em contradição com a realidade em constante mutação. O
dogmático aceita formalmente o marxismo, mas não o entende. Aprende
fórmulas, a letra do marxismo, e não o seu espírito, o seu conteúdo. Vê tudo
parado no tempo e no espaço, sem levar em conta que aquilo que é certo
num determinado momento ou num determinado país pode tornar-se
errado em circunstâncias diferentes. A verdade é que a revolução nunca se
deu de forma idêntica em distintos países. Não houve até hoje duas
revoluções iguais. Cada uma teve suas características próprias, seu leito
natural criado por processos contraditórios. O dogmatismo separa a teoria
da prática, renega a prática que é, segundo Marx, o critério supremo da
verdade.

Enquanto ciência, o marxismo está em permanente desenvolvimento, se


enriquece com as novas experiências, com os conhecimentos avançados.
Certas teses e conclusões envelhecem, surgem outras teses, inspiradas,
porém nos mesmos princípios. Todavia, é preciso manter-se alerta contra
falsas teorias camufladas de antidogmáticas. Os revisionistas
contemporâneos tentaram fazer passar suas concepções antimarxistas como
marxismo-criador. Jogaram fora os princípios revolucionários e “criaram”:
princípios inteiramente divorciados da luta de classes, da revolução.

No centenário da morte de Marx, a grande homenagem que se lhe pode


prestar é difundir amplamente as suas obras imortais, estudar em
profundidade o marxismo-leninismo, defender a pureza da sua doutrina
revolucionária todo-poderosa. Marx é o mestre genial do proletariado na
luta pela transformação do mundo, pelo advento da era do comunismo
cientifico.

https://grabois.org.br/2023/05/05/ha-cem-anos-da-morte-de-karl-marx-1883-1983/

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