Lição 7
A SEQUÊNCIA DA
HISTÓRIA BÍBLICA
Parte 1
Temos, nesta Lição, um resumo da marcha da história bíblica, de
conformidade com o Antigo e o Novo Testamentos, tendo em vista
apenas o povo de Deus. A história dos demais povos bíblicos e outros
afins pertence a outro estudo. Por povo de Deus queremos dizer: os fiéis
de Deus em todos os tempos, compreendendo judeus e gentios.
A necessidade de estudo como este é que os 66 livros do cânon
sagrado não aparecem na Bíblia em ordem cronológica, mas agrupados
por assuntos. O conhecimento da sequência histórica da Bíblia é como
um fio atravessando um todo, situando em seus lugares as coisas, pessoas
e fatos registrados; em nosso caso, nas Escrituras.
O fim principal em vista não é suprir o aluno de dados cronoló-
gicos. A cronologia apresentada nesta Lição é apenas o indispensável. É
oportuno afirmar aqui que toda cronologia antiga é terreno movediço.
Pesquisas e descobertas arqueológicas levadas a efeito nos últimos anos
demonstram que é preciso uma revisão total nas datas até agora aceitas,
especialmente as dos primeiros milênios da história humana, abarcando as
principais e primitivas civilizações, como a babilônica, acadiana, egípcia, etc.
As evidências arqueológicas recentes conduzem a uma redução nas
datas atuais. As mais credenciadas autoridades nesse campo declaram,
por exemplo, que a primitiva civilização babilônica deve recuar para 2500
a.C. em vez de 3500 a.C., como vem sendo divulgado até agora. Uma
tão importante revisão de datas não pode, nem deve, ser feita às pressas!
144
Esboço da Lição
1. A Época Pré-Abraâmica
2. A Época de Israel
3. Da Conquista de Canaã à Monarquia
4. O Reino Dividido
5. Profetas do Reino Dividido
6. O Cativeiro do Reino de Judá
7. Restauração Pós-Cativeiro
Objetivos da Lição
Ao concluir o estudo desta Lição, você deverá ser capaz de:
1. Mencionar os dois períodos da história pré-abraâmica;
2. Destacar os eventos relevantes da história na época relativa
a Israel, mais precisamente o período patriarcal;
3. Descrever o processo de conquista de Canaã, os períodos
dos juízes e da monarquia em Israel;
4. Citar a causa principal da divisão de Israel em dois reinos;
5. Reconhecer a importância do ministério profético, tanto
dos não literários, como dos literários;
6. Dizer a razão porque Deus permitiu que Israel fosse levado
cativo para a Babilônia;
7. Citar os nomes de dois expoentes, judeus ilustres, usados por
Deus na restauração de Israel após o cativeiro babilônico.
145
146 TEXTO 1
A ÉPOCA PRÉ-ABRAÂMICA
A época pré-abraâmica abrange dois períodos da História:
1. Período Antediluviano;
Bibliologia I
2. Do Dilúvio a Abraão.
O Período Antediluviano
O período em destaque compreende de Adão ao Dilúvio; de
4004-2348 a.C., isto é, 1.656 anos. Encontra-se descrito no Livro de
Gênesis até ao capítulo 6 e contém o relato da origem de todas as coisas.
O Período Antediluviano ocorreu no Éden e em suas proximidades,
no Oriente. Trata-se da região primitivamente chamada Sinar, depois
Suméria e Babilônia. Essa região situa-se exatamente na confluência
de três grandes continentes: Europa, Ásia e África. (Veja isto num
mapa-múndi ou planisfério).
O vale do Eufrates é, pois, o berço da raça humana. Nessa região, Deus
pôs o homem na terra. Daí surgiram e partiram as primitivas civilizações. O
jardim do Éden, de acordo com eminentes autoridades e inferências arqueo-
lógicas, ficava em Eridu, 19 km ao sul de Ur, na antiga Sinar.
A ORGANIZAÇÃO DA BÍBLIA uma volta no tempo. E, em o Novo Testamento,
apesar de cada um dos evangelhos de Marcos,
Os livros da Bíblia nem sempre seguem uma Lucas e João, que vêm depois do evangelho de
ordem cronológica. Salmos e Provérbios, por Mateus, recomeçar a narrativa a partir do iní-
exemplo, acham-se depois de Neemias e Es- cio da vida e ministério de Jesus, isso também
ter, mesmo que grande parte de seu conteúdo não gera confusão.
haja sido escrito antes destes últimos. Quanto
A nossa Bíblia está organizada com base na
ao Novo Testamento, vemos que 1 Tessaloni-
Septuaginta (LXX), a tradução grega das Escri-
censes foi um dos primeiros livros escritos,
turas Hebraicas. Essa tradução divide os livros
mas aparece depois do evangelho de João, um
em seções com base no seu estilo literário. Em
dos últimos a ser escrito.
primeiro lugar aparecem os livros narrativos,
Os desvios da sequência cronológica muitas de Gênesis a Ester, seguidos dos livros de sa-
vezes são óbvios até para leitores iniciantes bedoria, que vão de Jó a Cantares, e os livros
da Bíblia. O livro de II Reis, por exemplo, termi- dos profetas, de Isaías até Malaquias. O Novo
na com uma descrição da deportação do povo Testamento segue a mesma lógica de organi-
judeu para Babilônia, e a parte narrativa do li- zação por estilos literários, começando com
vro seguinte, I Crônicas, começa com a história as narrativas de Mateus a Atos; logo após vêm
do rei Saul (o primeiro rei de Israel). A maioria as epístolas e, por fim, o Apocalipse que per-
dos leitores facilmente reconhecerá isto como tence ao gênero apocalíptico.
O Éden foi o cenário do começo da história bíblica. Lá perto 147
viveram também Noé e Abraão. As primeiras civilizações da região
sumeriana, como as de Cis, Lagás, Ereque, Ur, Acade (o mesmo que
Sipar), Calné (o mesmo que Nipur), Larsa e Fara, ficavam todas em
torno de Eridu (veja isso num mapa das terras bíblicas primitivas). Eram
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
cidades-reino, habitadas por povos altamente adiantados. Algumas
constam de Gênesis 10.10-12. Todo o capítulo 10 de Gênesis é deveras
importante para o estudo dessas civilizações primitivas.
Salientam-se nesse período histórico como homens de Deus: Abel,
Sete, Noé e Enoque. A longevidade extraordinária registrada nesse tempo
encontra explicação em diversos fatores, a saber:
a) as consequências físicas e espirituais do pecado, que
redundam em enfermidade e morte para a raça humana,
tinham apenas começado o seu curso;
b) a maldição lançada sobre a terra devido à queda do homem
também tinha apenas iniciado seus efeitos;
c) as condições climáticas eram outras;
d) a capacidade da terra de produzir alimentos era superior;
e) a longevidade também se fazia necessária para o povoamento
da terra;
Na Bíblia Hebraica, por exemplo, a organi- – Livros Históricos: Daniel, Esdras
zação é diferente da de nossas Bíblia, mas os - Neemias, Crônicas.
livros que ali estão são rigorosamente os mes-
A diferença numérica dos livros da Bíblia
mos que os nossos.
hebraica deve-se ao modo como eles dis-
A LEI (Torá) põem os textos. Por exemplo, Os Profetas
– Genesis, Êxodo, Levítico, Núme- Menores, que em nossa Bíblia somam 12 li-
ros e Deuteronômio. vros, na Bíblia hebraica formam um único vo-
lume chamado “Os Doze”. 1 e 2 Samuel, 1 e 2
OS PROFETAS (Nevi'im)
Reis, 1 e 2 Crônicas são unificados, formando
– Profetas Anteriores: Josué, Juí- os livros de Samuel, Reis e Crônicas. Esdras e
zes, Samuel, Reis. Neemias também formam um único volume.
– Profetas Posteriores: Isaías, Je- Em nossas Bíblias, os livros estão assim dis-
remias, Ezequiel, Os Doze. postos e classificados:
OS ESCRITOS (Ketuvim) – Pentateuco: Gênesis, Êxodo, Le-
vítico, Números e Deuteronômio.
– Livros Poéticos: Salmos, Provér-
bios, Jó. – Livros Históricos: Josué, Juízes,
– Cinco Rolos: Cântico dos cânticos, Rute, I e II Samuel, I e II Reis, I e II
Rute, Lamentações, Ester, Eclesiastes. Crônicas, Esdras, Neemias, Ester.
148 f) a misericórdia de Deus para com a raça humana incipiente.
No Milênio, quando as condições de vida e meio ambiente serão
maravilhosas devido à influência pessoal de Cristo, a vida humana será
outra vez prolongada.
Bibliologia I
Do Dilúvio a Abraão (Gn 6-11)
De 2348-1921 a.C., 427
anos. O dilúvio ocorreu, prova-
velmente, em 2348 a.C. Após
este fato, muitas cidades antedi-
luvianas foram reconstruídas
como a arqueologia tem provado.
A arca de Noé repousou num
dos montes da Cordilheira de
Ararate, perto das cabeceiras do
Eufrates (veja isso num mapa), mas Noé, após o dilúvio, retornou à sua
primitiva terra – Sinar, mais tarde chamada Babilônia (Gn 11.2).
Cerca de 100 anos após o dilúvio, deu-se a dispersão das raças,
mediante o juízo divino da confusão das línguas (Gn 11), para obrigar
os povos a cumprirem o que Deus determinara sobre o povoamento
– Livros Poéticos: Jó, Salmos, Pro- Tiago, I e II Pedro, I, II e III João e
vérbios, Eclesiastes e Cantares. Judas (diversos autores).
– Profetas Maiores: Isaias, Jere- – Revelação: Apocalipse
mias, Lamentações, Ezequiel e
Daniel. Recomendações de Leitura
– Profetas Menores: Oséias, Joel, Conde, Emílio. Tesouro de Conhecimentos Bí-
Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, blicos: história, geografia e usos e costumes
Naum, Habacuque, Sofonias, do povo de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 1987
Ageu, Zacarias e Malaquias. (15ª Reimpressão 2021).
– Evangelhos: Mateus, Marcos, Lu- Halley, Henry Hampton, 1874-1965. Manual Bí-
blico de Halley; tradução Gordon Chown. São
cas e João.
Paulo: Editora Vida, 2001.
– Históricos: Atos dos Apóstolos.
– Epístolas: Romanos, I e II Corín-
tios, Gálatas, Efésios, Filipenses,
Colossenses, I e II Tessalonicen-
ses, I e II Timóteo, Tito e Filemom
(escritas por Paulo), Hebreus,
da terra (Gn 9.1-7). Ninrode, contrariando o plano divino, consti- 149
tuiu uma federação de cidades-reino, tornando-se assim o fundador
do imperialismo. Isso era um plano de Satanás para neutralizar a
ordem divina. Coisa idêntica acontecerá durante a Grande Tribu-
lação, quando o mesmo Inimigo unificará as nações contra o Senhor
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
Jesus Cristo (Ap 16.14; 19.19).
O capítulo 10 de Gênesis apresenta uma distribuição pormenorizada das
raças após o dilúvio. Ninrode, camita, encabeçou a primeira civilização pós-dilu-
viana. Fundou a cidade-reino de Babel, e em seguida outras mais, mencionadas
em Gênesis 10.9-12. Uma dessas cidades, Acade, tornou-se importantíssima, pois
dela procedeu o famoso guerreiro Sargão I, de admiração universal.
Os sumérios e os acádios foram os povos mais importantes
logo após o dilúvio. Depois os acádios suplantaram os sumérios e
imperaram em Ur.
A família de Abraão, apesar de semita, vivia em Ur que, nesse tempo,
conquistara a liderança do mundo como capital da Suméria. Abraão
deve ter nascido em Ur em 1996 a.C. Esse
reino dominava do Golfo Pérsico ao Mar
Mediterrâneo. Era rei nessa época o famoso
Hamurabi, da dinastia acadiana, identificado
como o Anrafel de Gênesis 14.1. Seu célebre
código de leis, gravado numa estela (placa
de pedra – foto), foi encontrado em 1902,
em Susã.
Ur foi grande centro literário e, depois
que Abraão partiu dali, Babilônia assumiu
a dianteira.
Como Abraão veio conhecer a Deus em
meio a tanta idolatria (Js 24.2)? Está confirmado
pela História e pela Arqueologia que a religião
dos povos primitivos era monoteísta (Rm 1.20).
Além disso, Sem foi contemporâneo de Abraão
durante 150 anos, conforme os capítulos 5 e 11
de Gênesis, e pode ter transmitido diretamente a
revelação divina. Deus também podia revelar-Se
diretamente a ele, pois é soberano, inclusive na
chamada (Mc 3.13).
150 EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
7.01 O período antediluviano estende-se de
___a) Noé ao dilúvio.
Bibliologia I
___b) Abraão ao dilúvio.
___c) Adão ao dilúvio.
___d) Enoque ao dilúvio.
7.02 O berço da raça humana é o vale
___a) de Efraim.
___b) do Eufrates.
___c) de Sicar.
___d) do Éden.
7.03 Homens de Deus destacados no período antediluviano:
___a) Abel, Sete, Noé e Enoque.
___b) Adão, Abraão e Jacó.
___c) Arão, Sem e José.
___d) Moisés e Isaías.
7.04 Tendo a arca de Noé repousado num dos montes da Cordilheira
de Ararate, Noé
___a) permaneceu nesse lugar.
___b) voltou a Sinar.
___c) seguiu para Belém.
___d) seguiu para Jericó.
7.05 Homem que, contrariando o plano divino, cerca de 100 anos
após o Dilúvio constituiu uma federação de cidades-reino
___a) Ninrode.
___b) Arioque.
___c) Anrafel.
___d) Moisés.
7.06 A família de Abraão, apesar de semita, vivia em Ur, capital da
___a) Somália.
___b) Babilônia.
___c) Suméria.
___d) Judeia.
TEXTO 2 151
A ÉPOCA DE ISRAEL
Período Patriarcal
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
Este período estende-se de Abraão a José. De Canaã ao Egito.
Tempo: 1921-1635 a.C., ano da morte de José. É descrito em Gênesis,
capítulos 12 a 50.
É com Abraão que começa a história de Israel como povo eleito. É
ele o pai da raça hebreia (Sl 105.6; Jo 8.56). Em Ur, Deus o chama para
fundar uma nação escolhida para, por meio desta, executar Seu plano
de redenção para a raça humana. Abraão segue para Canaã, parando em
Harã. Ali encontra os mitânios, povo influente na época, identificado
com os arameus.
Abraão era homem de grandes recursos, um estadista bem relacio-
nado com reis e demais pessoas de grande projeção e influência. Devemos
conhecer mais de perto este grande herói da fé.
Quando Abraão chegou a Canaã, a terra estava ocupada por nações
excessivamente ímpias, corrompidas e idólatras. Teria de ser conquistada.
Em Gênesis capítulo 15, Deus revela o plano de tudo a Abraão e, depois,
por meio de José enviado ao Egito, fá-lo cumprir. O faraó que elevou
José deve ser Apepi II, da 16ª dinastia. José chega a ser primeiro-ministro
e chama todos os descendentes de Abraão ao Egito, onde iniciam uma
fase de grande desenvolvimento à custa desse país. Os caminhos de Deus
são maravilhosos!
Israel no Egito
Este período compreende da morte de José ao advento do Êxodo,
isto é, de 1635-1491 a.C. Abrange o tempo da escravidão do povo hebreu
no Egito. Estritamente falando, a estada de Israel no Egito se inicia com a
ida dos irmãos de José para comprarem mantimento (Gn 42). O período
encontra-se descrito nos primeiros 12 capítulos do Livro de Êxodo.
Após a morte de José, os israelitas ainda tiveram aproximadamente
60 anos de bonança antes de começar a escravidão. Este tempo jaz entre
os versículos 7 e 8 do capítulo 1 do Livro de Êxodo. O rei que não
conhecia José (Êx 1.8) é apontado por todos os orientalistas como sendo
Amosis I, da 18ª dinastia, príncipe tebano. Daí ao Êxodo (1491 a.C.)
152 são decorridos quase 100 anos, tempo que durou a escravidão, o tempo
de aflição para o povo hebreu.
No momento preciso, Deus tirou Seu povo do Egito por meio
de Moisés, homem que Ele mesmo preparara no deserto, nos 40 anos
Bibliologia I
que antecederam o êxodo. Dos seus 120 anos, 40 foram vividos no
palácio de faraó (exceto os anos que viveu com seus pais antes de ser
entregue à filha de faraó). Durante estes primeiros 40 anos, Moisés
recebeu instrução universitária (At 7.22). Os outros 40 anos foram
passados no deserto, onde Deus se revelou e preparou-o para os 40
anos finais, nos quais conduziria o Seu povo. Foi um dos maiores
homens da História. Um israelita preparado na corte mais adian-
tada do mundo de então. Ele tanto soube viver no palácio, como no
deserto, o que muito nos ensina.
Israel no deserto
Este período se estende do êxodo ao último acampamento de
Israel em Sitim, nas planícies de Moabe (Nm 22.1; 33.48,49; Js 2.1).
Tempo: 1491-1451 a.C., 40 anos. É descrito nos Livros de Êxodo a
Deuteronômio.
Este terceiro período da história de Israel tem lugar no deserto, entre
a terra de Gósen, no Baixo Egito, e a terra de Canaã. A rota foi através
do sul e leste da península do Sinai e os reinos de Edom, Moabe e Seom,
situados ao sul e a leste de Canaã.
Neste período, a nação de Israel foi fundada e, a Lei, promulgada,
expressando o caráter santo de Deus, regulamentando o culto religioso
e o governo da nação. Os sacrifícios de animais, já observados desde
o princípio da História, são cerimonialmente instituídos, apontando
sempre para Cristo como a perfeita expiação do pecado.
O tabernáculo é levantado
e consagrado, assim como seus
oficiais – os sacerdotes.
O tabernáculo gravitava em
torno da arca santa que representava
a presença de Jeová (Êx 25.22). A
Lei veio 430 anos após Abraão, em
1921 a.C. (Gl 3.17).
A Lei como pacto com Israel foi abolida (2Co 3.14). Dela permanecem os 153
princípios morais que são eternos; estes são repetidos em o Novo Testamento.
Não fazia parte do plano de Deus que Israel peregrinasse quarenta
anos no deserto. Todo esse tempo decorrido foi para que morressem
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
os murmuradores que tentaram o SENHOR (Nm 13; 14; 26.63-65).
Por ocasião das passagens acima, Deus declarou que todos os judeus de
20 anos para cima morreriam no deserto; não entrariam na Terra da
Promessa (Nm 32.8-15). Trinta e oito anos estiveram dando voltas; em
vez de caminhar para Canaã, o povo de Israel estava caminhando para
a morte (Nm 14.26-35; 32.11-15).
Os grandes líderes espirituais nacionais desse período são, no âmbito
civil, Moisés e Josué; no âmbito religioso, Arão e Eleazar. O período
terminou com a morte de Moisés e com Israel acampado nas campinas
de Moabe, a leste do Jordão e ao norte do Mar Morto (Nm 33.49).
Moisés, pouco antes de morrer, conquistou a região a leste do
Jordão, do Mar Morto ao Monte Hermom (Dt 3.8), distribuindo-a da
seguinte maneira: o reino amonita governado por Seom, região chamada
Gileade, com capital em Hesbom, foi dado por Moisés a Rúben e Gade,
ficando o primeiro com a parte sul e o segundo com a parte norte. O
reino de Basã, ao norte, governado por Ogue, com a capital em Astarote,
foi dado à metade da tribo de Manassés, bem perto de Gileade.
EXERCÍCIOS
Marque “C” para certo e “E” para errado.
___7.07 O período patriarcal compreende de Abraão a José.
___7.08 A história do povo de Israel como povo eleito começa com Jacó.
___7.09 Abraão estava em Ur quando Deus o chamou para fundar
uma nação escolhida e, por meio desta, executar Seu plano
de redenção para a raça humana.
___7.10 José, conduzido ao Egito, veio a ser ali o primeiro-ministro.
___7.11 Após a morte de José, os israelitas ainda tiveram cerca de 60
anos de bonança.
___7.12 Deus havia planejado 40 anos de peregrinação do povo de
Israel no deserto, para que melhor O servissem.
154 TEXTO 3
DA CONQUISTA DE CANAÃ À MONARQUIA
A conquista de Canaã
Bibliologia I
Tempo: 1451-1444 a.C., isto é, 7 anos, descritos no Livro de Josué.
Este foi o primeiro período de Israel em sua terra.
Agora, já sob o comando de Josué, Israel cruzou o Jordão e acampou
em Gilgal, junto ao referido rio. Gilgal ficou sendo a base de operações de
Israel durante toda a conquista. Esta teve três fases: Sul, Centro e Norte.
Mais ou menos na metade da conquista, o Tabernáculo foi armado
em Siló (Js 18.1), onde ficou a arca até o tempo de Juízes. A conquista
não foi bem sucedida porque os israelitas não destruíram totalmente
os povos vizinhos, como se lhes tinha sido ordenado. Por causa desta
fraqueza e complacência, os israelitas tornaram-se impotentes para
conquistar toda a terra prometida.
A terra tinha sido prometida, mas era preciso conquistá-la palmo a
palmo. O mesmo acontece hoje. A “terra prometida” é a obra a ser feita,
bem como as bênçãos prometidas. Temos conquistado toda a “terra
prometida”? (Dt 3.18; 1Co 3.22).
Deus, reiteradas vezes avisara os israelitas acerca de povos pagãos, que
deveriam ser destruídos. Ao lermos Deuteronômio 7.1-5; 18.9-14; Números
33.50-55; Levítico 18; 20.1-23, descobrimos o porquê da ordem divina,
tão aparentemente estranha e tão criticada pelos inimigos da verdade. A
prostituição, a idolatria e o espiritismo eram pecados nacionais.
Enquanto Israel obedeceu a Deus, conquistou; mas quando lhe
virou as costas, tornou-se impotente.
Ora, por meio de Israel, Deus estava estabelecendo uma nação Sua,
preparando assim o caminho para a vinda de Cristo, o qual, milênios
depois, procedeu dessa nação. A destruição dos cananeus visava preservar
Israel da idolatria e de práticas vergonhosas que lhe trariam a ruína.
Também Deus queria implantar o princípio bíblico de que há um só Deus,
santo, justo e poderoso. O politeísmo predominava entre os cananeus.
A tragédia é que a conquista não foi total, o que resultou em severos
castigos e sofrimentos para Israel (Jz 1.27-36; 2Sm 1-5). Uma síntese do
resultado desta falha de Israel está em Juízes 3.1-6. Muita terra ficou para
ser conquistada (Js 13.1). Muitos crentes sabem que há “território” em si 155
que não está em poder do Senhor e isto lhes acarreta sérios embaraços,
empecilhos e problemas (capítulo 23 de Josué).
O Livro de Josué se estende até o ano de sua morte, em 1425 a.C.,
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
cobrindo assim o período de 23 anos. Os profetas deste período eram:
um anônimo (Jz 6.8-10; 1Sm 2.27-36); e Débora (Jz 4.4).
Os juízes
Tempo: 1425-1095 a.C., ou seja, mais de 300 anos (Jz 11.26). Este
período compreende da morte de Josué ao fim do governo de Samuel.
Livros do período: Juízes, Rute e 1 Samuel 1-9. A biografia divina do
povo está em Juízes 2.10. Tempo de apostasia de Israel que não resistiu
aos influxos do culto e dos costumes cananeus. Por toda a parte havia
um novo deus e um novo culto.
Os hebreus precisavam manter estreito contato com Deus para se
manterem acima das influências nocivas ao seu redor. Isto deve preocupar
nossa atenção hoje, pois o mesmo fato procura ter lugar na Igreja em nossos
dias. Enquanto andava com Deus, Israel sujeitava seus inimigos. Quando
se misturava com eles, perdia a força; ficava estacionário e impotente.
O centro religioso nacional ficava nesse tempo em Siló. Tinha-se
então o governo dos juízes. Na verdade, o que Israel tinha era a forma de
governo dita teocrática, isto é, Deus era o governante direto da nação. O
povo, porém, não levava Deus a sério; era obstinado e ingrato (Salmo 106).
O período dos Juízes foi marcado por anarquia, guerra civil, idolatria,
invasões estrangeiras e opressão. O Livro de Juízes termina afirmando
laconicamente que “cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz
21.25). O maior líder espiritual do período foi Samuel, como juiz, sacerdote
e profeta (1Sm 3.20; 7.9,15; At 3.24). Samuel foi o último juiz.
Monarquia
Tempo: 1095-975 a.C., totalizando 120 anos. Este período abrange
os reinados de Saul, Davi e Salomão; os livros do período são: 1 Samuel
9 a 1 Reis 12; 1 Crônicas 10 a 2 Crônicas 10.
Este foi o período áureo e esplendoroso da nação. Saul teve como capital
a cidade de Gibeá (1Sm 10.26). Davi, em seu reinado, conquistou Jerusalém
das mãos dos jebuseus e fê-la sua capital (2Sm 5.6-10). Sua primeira capital
156 fora Hebrom (2Sm 5.4,5). Deus fez aliança com Davi, declarando-lhe que
jamais lhe faltaria descendente sobre o trono da nação (2Sm 7.16), o que se
cumpriu em Jesus Cristo, descendente de Davi (Mt 1.1).
O templo de Deus foi construído no reinado de Salomão. Edifício
Bibliologia I
imponente e magnificente. Sua planta foi revelada a Davi pelo próprio
Deus (1Cr 28.19), tal qual acontecera com o tabernáculo no tempo de
Moisés (Êx 25.9). Conforme a descrição bíblica, o valor do templo foi
calculado atualmente pelos estudiosos da Bíblia em mais de 20 milhões
de dólares. Era voltado para o oriente e foi construído por 30 mil israelitas
e 150 mil cananeus – estrangeiros que habitavam em Israel (1Rs 5.13;
2Cr 2.17,18; 8.7,8). Sua construção levou sete anos (1Rs 6.38). O material
era preparado distante do local da construção e colocado na obra sem se
ouvir qualquer barulho de ferramenta (1Rs 6.7). Tudo isso tem profunda
aplicação espiritual. A inauguração do templo ocorreu em 1044 a.C.
Foi nesse período que Israel teve sua maior área geográfica, devido
às conquistas de Davi e Salomão. Este último chegou a dominar do
Eufrates a Gaza (1Rs 4.24). Mesmo assim, isso não abrangeu a área total
prometida por Deus a Abraão, a qual ainda terá cumprimento pleno
(Gn 15.18). Do êxodo dos israelitas (sua saída do Egito) até Salomão
decorreram 480 anos (1Rs 6.1).
Os profetas nesse período foram todos não-literários, isto é, suas
profecias não foram escritas:
1. Um grupo, inclusive Saul (1Sm 10.10);
2. Gade (1Sm 22.5);
3. Natã (2Sm 7.2), juntamente com Gade, era capelão
da corte;
4. Aías (1Rs 11.29).
EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
7.13 Durante toda a conquista de Canaã, a base da operação de Israel foi
___a) Gilgal.
___b) Jericó.
___c) Betel.
___d) Samaria.
7.14 Mais ou menos na metade da conquista, o Tabernáculo foi 157
armado em Siló, onde permaneceu a Arca até ao tempo
___a) da colheita.
___b) dos juízes.
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
___c) da vitória.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
7.15 Por meio de Israel, Deus estava estabelecendo uma nação Sua,
preparando assim o caminho para
___a) a vinda de Cristo.
___b) o tempo dos juízes.
___c) a conquista de Canaã.
___d) a liberdade.
7.16 No tempo dos Juízes, o centro religioso nacional ficou em
___a) Hebrom.
___b) Gibeá.
___c) Siló.
___d) Siquém.
7.17 Davi, durante seu reinado, conquistou Jerusalém das mãos dos
___a) cananeus.
___b) jebuseus.
___c) fariseus.
___d) amorreus.
TEXTO 4
O REINO DIVIDIDO
O Reino Dividido compreende de 975 a 606 a.C., um período
de mais de 300 anos, que abrange desde a divisão do reino entre Israel
e Judá aos cativeiros dos reinos do Norte e do Sul. Os livros de 1 Reis
12-22, 2 Reis (todo) e 2 Crônicas 10-36 cobrem esse tempo.
No princípio, Salomão governou bem, com humildade e piedade.
Ao envelhecer, porém, tornou-se idólatra e teve inúmeras mulheres
158 provenientes de povos pagãos. Por isso Deus trouxe a divisão do
reino, profetizada por Aías em 1 Reis 11.29-31. Em 935 a.C. morreu
Salomão. O novo rei passou a ser Roboão, seu filho, o qual provocou
a divisão já predita por Aías e retardada por Deus em consideração
a Davi (1Rs 11.11,12).
Bibliologia I
O reino do Norte (Israel)
A divisão do Norte passou a chamar-se Israel e teve 10 tribos. Nas
profecias também é chamado de Efraim e Samaria. Seu primeiro rei foi
Jeroboão I. A religião oficial adotada foi o culto ao bezerro. Jeroboão
importou tal religião do Egito, onde estivera homiziado por razões
políticas. Afundou no Baalismo, um culto indecente e desumano a Baal
e sua consorte, Astarote. Os profetas Elias e Eliseu, auxiliados pelo rei
Jeú, comandaram a batalha contra esse culto idólatra.
A capital do reino foi Samaria, isto a partir do rei Onri. Antes disso,
serviram como capital: Siquém, Penuel e Tirza. Em 734 a. C. o reino
começou a ser levado em cativeiro para a Assíria (2Rs 15.29). Nessa
ocasião, o rei assírio Tiglate-Pileser III (conhecido também como Pul)
levou em cativeiro a parte norte e leste do referido reino. É chamado
cativeiro galileu.
Em 721 a.C., outro imperador assírio, Sargão II, completou o
cativeiro do reino de Israel, levando o restante dos seus habitantes para
a Assíria (2Rs 17.6). Sargão é o rei citado em Isaías 20.1. A Assíria enviou
povos de seus domínios, inclusive de Babilônia, para repovoar as cidades
de Samaria (2Rs 17.24; Ed 4.2,10). Isso deu origem à religião mista dos
samaritanos (2Rs 17.29-41) que se prolonga até aos tempos do Novo
Testamento (Jo 4.9), como vimos no Texto 1 da Lição 6.
O reino de Israel durou cerca de 250 anos. Teve 19 reis, sendo
Oséias o último. Todos adoraram o bezerro. O pior dos monarcas foi
Acabe e o melhor foi Jorão, que quebrou a estátua de Baal, porém adorou
o bezerro levantado por Jeroboão. Nenhum dos 19 reis procurou levar o
povo ao encontro de Deus. Esses foram considerados reis maus.
A partir desta época, a cronologia bíblica é mais precisa. As
Olimpíadas Gregas iniciadas em 776 a.C. e realizadas a cada quatro
anos são um guia razoável para o cálculo de datas. Outra fonte de valor
de que lançam mão os doutos no assunto são os anais de Roma, cidade-
-estado fundada em 753 a.C.
O reino do Sul (Judá) 159
Além de destruir o Reino do Norte, a Assíria invadiu Judá em 713
a.C. (2Rs 18.14-16) e capturou toda a nação, exceto Jerusalém, em 701
(2Rs 19). Nessa ocasião, o anjo do Senhor feriu 185 mil assírios (2Rs
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
19.35). Em ambos os casos, o rei envolvido foi Senaqueribe.
A Assíria foi vencida por Babilônia em 607 a.C.
O Reino do Sul chamou-se Judá e compunha-se de duas tribos: Judá
e Benjamim. Muitos de Efraim, Manassés e Simeão também uniram-se
a Judá (2Cr 15.9; 34.1,3,6). Simeão, que ficava ao sul de Judá, não tinha
meios de comunicação com as tribos do norte. A capital continuou sendo
Jerusalém. Após o cativeiro do Reino do Norte, o reino de Judá ainda
durou cerca de 100 anos. A religião oficial era o culto a Deus, entretanto,
a nação afundou tanto na impiedade, inclusive no Baalismo e práticas
cananeias, que não houve remédio, senão ir parar no cativeiro babilônico.
Procedeu de maneira ainda pior que o Reino do Norte (Ez 16.46-48).
Judá (Reino do Sul) teve 20 reis, sendo o último Zedequias. Os
reis bons foram três: Ezequias, Josias e Joás. A satânica Atalia, filha do
rei Acabe, foi a pior entre todos. A mensagem principal dos profetas era
contra a idolatria, embora tenham bradado em vão.
EXERCÍCIOS
Associe a coluna “A” à coluna “B”.
Coluna “A”
___7.18 Período que compreende da divisão do reino aos cativeiros
do reino do Norte e do Sul.
___7.19 Governou bem, no princípio, com humildade e piedade.
___7.20 Foi o sucessor no reino depois da morte de seu pai Salomão.
___7.21 Predissera a divisão do reino, retardada por Deus em consi-
deração a Davi.
___7.22 O último rei de Israel.
___7.23 Com a divisão de Israel em dois reinos, o Reino do Sul passou
a ser chamado por este nome.
160 Coluna “B”
A. Roboão.
B. Reino Dividido.
Bibliologia I
C. Oséias.
D. Salomão.
E. Aías.
F. Judá.
TEXTO 5
PROFETAS DO REINO DIVIDIDO
O ministério dos profetas, no geral, durou cerca de 400 anos: de
800-400 a.C. Havia escolas de profetas em Betel (1Sm 10.5), Ramá (1Sm
19.19,20), Jericó (2Rs 2.5) e Gilgal (2Rs 4.38).
Profetas do Reino do Norte
Pela ordem cronológica, o exercício da profecia durante o reino
dividido ocorreu da seguinte forma:
Profetas não literários:
a) Os dois anônimos mencionados em 1 Reis 13;
b) Elias (1Rs 18.1,22);
c) Um outro anônimo (1Rs 20.13);
d) Micaías (1Rs 22.8);
e) Eliseu (2Rs 2-7);
f) Obede (2Cr 28.9).
Profetas literários:
1. Jonas, com mensagem especial para Nínive, capital
da Assíria;
2. Oséias;
3. Amós, profeta de Judá, mas com mensagem para o
Reino do Norte;
4. Miquéias, caso idêntico ao de Amós.
Profetas do Reino do Sul antes do Exílio 161
Profetas não literários:
1. Semaías (2Cr 12.5);
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
2. Ido (2Cr 12.15);
3. Azarias (2Cr 15.1);
4. Jeú (2Cr 19.2);
5. Eliézer (2Cr 20.37);
6. Um anônimo (2Cr 25.15);
7. Hulda (profetisa – 2Rs 22.14);
8. Urias (Jr 26.20-23);
9. Hanani (2Cr 16.7-10);
10. Jaaziel (2Cr 20.14-18).
Profetas literários:
a) Joel;
b) Amós, com mensagens também para o Reino do Norte;
c) Isaías e Miquéias que foram contemporâneos e minis-
traram logo após o cativeiro do Reino do Norte. Isaías
profetizou também para o Reino do Norte pouco
antes de sua deportação;
d) Sofonias, de família real;
e) Naum que dirigiu mensagens também para Nínive;
f) Habacuque e Obadias. Estes tiveram mensagens para
Edom. Estes quatro últimos foram contemporâneos.
g) Jeremias profetizou antes e durante o cativeiro, em
Jerusalém. Suas mensagens não estão registradas em ordem
cronológica. Foi contemporâneo do grupo de profetas que
o precedem. Habacuque o ajudava em Jerusalém.
EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
7.24 O ministério dos profetas durou cerca de
___a) 200 anos.
___b) 400 anos.
___c) 500 anos.
___d) 1.000 anos.
162 7.25 Alguns dos profetas não literários são:
___a) Semaías, Azarias e Sofonias.
___b) Urias, Hanani e Obadias.
___c) Semaías, Azarias e Eliézer.
Bibliologia I
___d) Azarias, Sofonias e Urias.
7.26 Alguns dos profetas literários são:
___a) Joel, Amós e Isaías.
___b) Urias, Joel e Miquéias.
___c) Azarias, Naum e Jeremias.
___d) Habacuque, Azarias e Eliézer.
TEXTO 6
O CATIVEIRO DO REINO DE JUDÁ
O Reino de Judá foi levado em cativeiro para Babilônia em três
principais levas sucessivas, da seguinte forma:
1. Em 606 a.C., Nabucodonosor, um dos maiores monarcas de
todos os tempos, segundo rei do novo império babilônico,
subjugou e prendeu Jeoaquim, rei de Judá. Levou cativos
os membros da família real, inclusive Daniel (Dn 1.1-3,6).
A contagem dos setenta anos de exílio começou nessa data.
Três anos após, Jeoaquim rebelou-se contra Babilônia (2Rs
24.1).
2. Em 597 a.C. Nabucodonosor voltou e saqueou o templo,
levou em cativeiro o rei Joaquim (filho de Jeoaquim) além
de 10.000 outros judeus, entre príncipes, oficiais e líderes,
constituintes da aristocracia judaica. Pôs Zedequias, tio de
Joaquim, como rei, em lugar deste. Nesta leva de cativos foi
também o profeta Ezequiel, fato descrito em 2 Reis 24.10-
17; 2 Crônicas 36.9,10.
3. Em 587 a.C., as tropas de Nabucodonosor voltaram a atacar
a capital, Jerusalém. Após 18 meses de cerco, romperam
os muros da cidade e a incendiaram, inclusive o Templo e
os edifícios públicos. Massacraram a população, vazaram
os olhos de Zedequias, o rei vassalo que ocupava o trono, e 163
levaram-no algemado com numerosos outros cativos, para
Babilônia, juntamente com os utensílios do Templo. Deixaram
somente a população pobre da terra para cuidar da lavoura (2Rs
25.8-12; 2Cr 36.17-20; Jr 39; 52). Nabucodonosor levou quase
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
20 anos para consumar a destruição de Jerusalém. Cinco anos
depois (582 a.C.), as mesmas tropas voltaram, pela terceira vez,
para novo castigo: levaram mais cativos (Jr 52.30), porque o
povo deixado na terra fugia para o Egito.
Isaías e Miquéias, profetas contemporâneos, do Reino de Judá, predis-
seram este cativeiro 100 anos antes de seu acontecimento (Is 39.6; Mq 4.10).
Jeremias predissera que a sua duração seria de 70 anos (Jr 25.11,12). Assim
findou, aparentemente, o reino de Davi. Como organização centralizada,
o reino deixou de existir temporariamente, mas, como organismo, isto é,
como povo, sobreviveu, tanto no exílio babilônico quanto na sua dispersão
através do mundo nos séculos seguintes. Com o advento de Cristo, este reino
começou a reviver e, no milênio, terá a sua plenitude (Lc 1.32,33).
O cativeiro de Judá, em parte, foi fruto da desobediência dos judeus
quanto às palavras do Senhor em Levítico 25.1-7, referentes ao Ano
Sabático ou Ano de Descanso, quando a terra descansava durante um ano.
O Ano Sabático ocorria a cada sete anos. Ora, durante os quase 500 anos
que vão da monarquia ao cativeiro, os judeus não cumpriram o preceito do
Senhor. Resultado: Deus mesmo fez a terra repousar, mantendo fora seus
maus “inquilinos” por 70 anos. Ora, 70 anos é o total de anos sabáticos
ocorridos no espaço de 490 anos (Lv 26.14,33-36, 43; 2Cr 36.21). Deus
sabe lidar muito bem com as pessoas e nações que quebram suas leis,
mesmo as civis, como esta que acabamos de mencionar.
As leis divinas, quando obedecidas, trazem bênçãos; quando
quebradas, punição. Se esta não vem logo, é pela misericórdia de Deus,
visto que, “... suas misericórdias não têm fim” (Lm 3.22).
Outras causas do desterro já foram mencionadas em parágrafos
precedentes: impiedade, idolatria e desafio atrevido a Deus (2 Cr 7.19,20).
Dentre pequenos e grandes, ninguém buscava a Deus (Jr 5.1,4,5). Até
os sacerdotes e levitas que deviam verberar contra o pecado, afundavam
também na iniquidade (2Cr 36.14; Jr 23.11; Ez 34; Lm 4.13; Jl 1, 2;
Os). O histórico dos pecados de Israel, do ponto de vista divino, está em
Ezequiel 20 e Jeremias 5; 7.30. Reinava em Roma, quando Jerusalém foi
destruída, Tarquínio Prisco.
164 EXERCÍCIOS
Assinale com “x” a alternativa correta.
7.27 Em 587 a.C., o exército de Nabucodonosor atacou a cidade de
___a) Efraim.
Bibliologia I
___b) Jerusalém.
___c) Samaria.
___d) Judá.
7.28 Profetas que predisseram o cativeiro babilônico cem anos antes
do seu acontecimento:
___a) Joel e Isaías.
___b) Isaías e Miquéias.
___c) Miquéias e Ageu.
___d) Isaías e Jeremias.
7.29 O cativeiro de Judá foi devido, em parte, à desobediência dos
judeus quanto às Palavras do Senhor, em Levítico 25.1-7, referente
___a) à feitiçaria.
___c) ao casamento misto.
___c) à idolatria.
___d) ao Ano Sabático.
7.30 Quando Jerusalém foi destruída, reinava em Roma
___a) Tarquínio Pilatos.
___b) Tarquínio Prisco.
___c) César Prisco.
___d) Prisco Viana.
TEXTO 7
RESTAURAÇÃO PÓS-CATIVEIRO
O cativeiro durou 70 anos, de 606-536 a.C. Livros escritos
durante este período: Jeremias (especialmente caps. 39ss), Lamen-
tações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Esdras, Neemias, Ester, Ageu,
Zacarias, Malaquias.
Algumas particularidades caracterizam o ministério dos profetas 165
Daniel, Ezequiel e Jeremias:
1. Daniel permaneceu na corte do Império Babilônico. Era
proveniente de família hebreia real.
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
2. Ezequiel foi mantido no campo entre os cativos. Sua
mensagem era dirigida a todo o Israel. Era sacerdote.
3. Jeremias permaneceu entre o remanescente deixado na Terra
Prometida.
O cativeiro curou Israel da idolatria de uma vez por todas. Desde então,
os judeus podem ser acusados de outros pecados, mas não o de idolatria. O
cativeiro trouxe ainda outras bênçãos, como: as Escrituras começaram a ser
estudadas, copiadas e ensinadas; surgiram nesse tempo as sinagogas.
Os imperadores babilônicos durante o exílio de Israel (isto é,
durante todo o Império Babilônico) foram:
a) Nabopolassar (625-605 a.C.). Sacudiu o jugo assírio
em 625 a.C. e fundou o Novo Império Babilônio.
Em 606 a.C., com o auxílio dos medos, conquistou e
destruiu Nínive, a capital do Império Assírio. Em 605
a.C. venceu o Egito na famosa batalha de Carquêmis;
b) Nabucodonosor (606-561 a.C.) foi o maior gover-
nante babilônico. Levou os judeus para o cativeiro e
destruiu Jerusalém. Levou 20 anos para consumar o
cativeiro, embora pudesse tê-lo feito de uma só vez.
É possível que Daniel, que era seu conselheiro, tenha
contribuído para retardar a destruição do reino de
Judá. É patente que Daniel influiu na personalidade
desse monarca, conforme registrado no livro do
referido profeta;
c) Evil-Merodaque (561-560 a.C.);
d) Neriglissar (559-556 a.C.);
e) Labás-Marduque (555-536 a.C.).
O profeta Daniel conviveu com todos estes imperadores, desta-
cando, é claro, Nabucodonosor (Dn 1.21). Em 536 a.C., a Pérsia
166 subjugou a Babilônia e dominou o mundo até a elevação dos gregos, em
330 a.C. Antes disso, a Pérsia vencera a Média, formando deste então
um só domínio.
Ao terminar os 70 anos de exílio, Ciro, o primeiro governador persa,
Bibliologia I
proclamou o retorno dos judeus, bem como a restauração da nação de
Israel, a qual, durante o domínio persa, chamou-se “Província de Judá”
(Ed 5.8). Nos documentos era também mencionado como uma das terras
de “Além do Rio” (Ne 2.7,9).
A restauração de Judá levou pouco mais de 100 anos, de 536 a 432
a.C. Nesse período, o templo foi reconstruído e o Antigo Testamento
concluído. Esse segundo templo, conforme Josefo, o historiador judeu,
tinha apenas a metade do tamanho do de Salomão, e não era rico em
ouro e prata como aquele.
Nos anos de reconstrução, aumentou também o ódio entre judeus
e samaritanos, iniciado em 2 Reis 17.24ss. Ocorreu, então, o cisma
(separação de um grupo de pessoas de uma coletividade) definitivo entre
judeus e samaritanos (2Rs 17.34-41).
Ester, uma formosa judia dentre os cativos de Israel, veio a ser
rainha da Pérsia em 478 a.C., ou seja, 58 anos após o retorno dos
judeus. O Livro de Ester situa-se entre os capítulos 7 e 8 do Livro
de Esdras. Essa jovem judia, sem saber, cooperou para a vinda do
Salvador à terra. Seu marido, rei Assuero, é o Xerxes da História,
que dispunha de uma Marinha com 4.000 navios, com os quais
atacou os gregos.
Liderança judaica durante a Restauração
Entre os líderes que obtiveram grande notoriedade destacam-se, no
âmbito religioso, Josué e Esdras; no âmbito civil, Zorobabel e Neemias,
sendo que ambos atuaram como governadores nomeados pela Pérsia.
Profetas do período pós-cativeiro e restauração
Durante o restabelecimento de Judá, após o cativeiro, exerceram o
ministério profético:
– Ageu e Zacarias, a partir de 520 a.C. quando foi retomada
a reconstrução do templo, a qual estivera paralisada desde
seu início, em 535 a.C.;
– Malaquias, que ministrou ao findar o tempo de Esdras e 167
Neemias;
Assim como houve três levas de cativos enviados ao exílio, houve
também três levas de repatriados:
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
Primeira: em 536 a.C., sob a liderança de Zorobabel
e Josué; o primeiro como governador e o segundo
como sacerdote. Esta leva deu início à reconstrução
do Templo no ano seguinte, 535 a.C.;
Segunda: em 457 a.C., sob o comando de Esdras, que se
deslocou da Pérsia com a missão principal de embelezar
o Templo, conforme se lê em Esdras 7. Foi o fundador
do grêmio dos escribas, que atuavam desde tempos
imemoriais; a partir de Esdras os escribas se organizaram
como um corpo de copistas da Lei. Mais tarde torna-
ram-se intérpretes (Mt 23.2). O Talmude começou a
se formar nesse tempo. Entre a primeira e segunda leva
situa-se o Livro de Ester (478 a.C.), como dissemos;
Terceira: em 445 a.C., sob a liderança de Neemias,
homem piedoso e patriota, que reconstruiu os muros
de Jerusalém. Era copeiro do rei da Pérsia, que nesse
tempo era Artaxerxes Longímano (Ne 2.1). A função
de copeiro naqueles tempos era de extrema confiança,
equivalente hoje à função de ministro.
Entre os repatriados encontravam-se muitos hebreus do extinto
Reino do Norte. Lembremo-nos de que parte dos exilados desse reino foi
conduzida para as cidades da Média (2Rs 17.6). Ora, a Média e a Pérsia
formavam agora um só reino, tornando praticável a volta de elementos
das tribos do Norte.
A passagem de 1 Crônicas 9.3, alusiva aos repatriados, declara
que filhos de Efraim e Manassés (tribos do Norte) habitaram em
Jerusalém. Em Esdras 10.25, quando da solução do problema de
casamento de judeus com mulheres heteias, o Reino do Norte é
mencionado como “Israel”. Também em Esdras 6.17; 8.35, é mencio-
nado “todo o Israel”, uma referência a povos dos dois reinos. A profe-
tisa Ana, do Novo Testamento, pertencia a tribo de Aser, do antigo
Reino do Norte (Lc 2.36).
168 Nos dias de Paulo e Tiago, existiam núcleos de todas as tribos (At
26.7; Tg 1.1). É importante sabermos que, mesmo antes da deportação de
Judá para a Babilônia, o Reino do Sul já tinha cidadãos de várias tribos
do Norte (2Cr 15.9; 30.11). Certamente os exilados de Judá quando
voltaram à pátria passaram pelo alto Eufrates (sendo esse o caminho
Bibliologia I
habitual), onde estavam seus irmãos do Norte, e conduziram os que
desejavam voltar à Terra Prometida.
O Senhor faz menção das 12 tribos reunidas no futuro, em Lucas
22.30. Profecias do Antigo Testamento sobre a futura reunião das doze
tribos incluem: Jeremias 3.18; 50.4; Isaías 8.14; 49.6; Ezequiel 37.21,22;
Oséias 1.11; Zc 8.3.
Benefícios derivados do cativeiro
O cativeiro babilônico proporcionou grandes benefícios a Israel,
dentre os quais destacam-se:
1. A idolatria foi abolida de vez do meio de Israel, como já dissemos;
2. A Lei de Moisés passou a ser respeitada e levada a sério;
3. O estudo da Lei foi difundido e intensificado mediante as
sinagogas surgidas;
4. Renovação da esperança messiânica pelo estudo da Palavra
de Deus e avivamento espiritual;
5. Projeção do sentimento nacionalista. (Ler o salmo 137).
Concluímos, portanto, que Israel foi formado no Egito, destruído
pela Assíria e Babilônia, e restaurado pela Pérsia.
EXERCÍCIOS
Associe a coluna “A” à coluna “B”.
Coluna “A”
___7.31 Foi neste período que o Livro de Jeremias e o Lamentações
de Jeremias foram escritos.
___7.32 Desde o cativeiro até os dias de hoje os judeus já não são
acusados deste pecado.
___7.33 Em 536 a.C., a Babilônia foi subjugada por esta nação. 169
___7.34 Proclamou o retorno dos judeus do exílio.
___7.35 Veio a ser rainha da Pérsia, em 478 a.C.
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
Coluna “B”
A. A Pérsia.
B. Ester.
C. Idolatria.
D. Ciro.
E. Cativeiro babilônico.
REVISÃO DA LIÇÃO
Assinale com “x” a alternativa correta.
7.36 Encabeçou a primeira civilização pós-diluviana, fundando a
cidade-reino de Babel e, após, outras mais:
___a) Abraão.
___b) Ninrode.
___c) Hamurábi.
___d) Sargão I.
7.37 O período em que Israel esteve no deserto está descrito nos Livros de
___a) Êxodo a Deuteronômio.
___b) Josué a 2 Samuel.
___c) 1 Reis a 2 Crônicas.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
7.38 Mais ou menos na metade da conquista de Canaã, o Tabernáculo
foi armado em Siló, onde permaneceu a Arca até ao tempo
___a) da colheita.
___b) dos juízes.
___c) da vitória.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
170 7.39 Por meio de Israel, Deus estava estabelecendo uma nação Sua,
preparando assim o caminho para
___a) a vinda de Cristo.
___b) o tempo dos juízes.
Bibliologia I
___c) a conquista de Canaã.
___d) a liberdade.
7.40 Foi no período da monarquia que a nação de Israel teve sua maior
área geográfica devido às conquistas de
___a) Josué e Roboão.
___b) Samuel e Saul.
___c) Davi e Salomão.
___d) Todas as alternativas estão corretas.
7.41 Com a divisão de Israel em dois reinos, o Reino do Sul passou a
ser chamado de
___a) Israel.
___b) Reino Unificado.
___c) Judá.
___d) Reino Dividido.
7.42 A partir do rei Onri, a capital do reino de Israel foi
___a) Babilônia.
___b) Samaria.
___c) Siquém.
___d) Peniel.
7.43 Foi profeta literário do Reino do Sul.
___a) Joel.
___b) Semaías.
___c) Urias.
___d) Zaaziel.
7.44 O ministério dos profetas durou cerca de
___a) 200 anos.
___b) 400 anos.
___c) 500 anos. 171
___d) 1.000 anos.
7.45 Conforme a Lição estudada, a contagem dos setenta anos de
Lição 7 - A Sequência da História Bíblica (Parte 1)
exílio começou em
___a) 597 a.C.
___b) 603 a.C.
___c) 587 a.C.
___d) 606 a.C.
7.46 Exerceu seu ministério profético no período pós-cativeiro.
___a) Ezequiel.
___b) Oséias.
___c) Zacarias.
___d) Esdras.