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O lugar dos pais na Terapia
Infantil
Kelli Cardoso
Psicóloga (CRP 03/7001), psicoterapeuta infantil.
Esp. Em psicopedagogia.
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1. Introdução
◦ Contato inicial com o terapeuta é realizado pelos pais ou responsáveis;
◦ As resistência dos pais: Principais causadoras dos tratamentos que se interrompem de
forma drástica ou que nem se quer podem chegar a começar;
◦ O lugar ocupado pela família é extremamente relevante para consolidação,
manutenção e término do processo terapêutico;
◦ A percepção de que um filho precisa de tratamento, o que gera nos pais?
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◦ Desejo de entender x temor e a resistência em sair do estado atual;
◦ Algumas particularidades podem intervir na relação pais / terapeuta, como a patologia
da criança ou da família;
◦ Como será a entrada e qual a participação dos pais na terapia da criança? Que espaço
terão para colocar suas preocupações, dúvidas e ansiedades? Como diferenciar suas
demandas das trazidas pelo paciente em questão?
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2. Abordagem Histórica
◦ Primeiro tratamento psicanalítico realizado com uma criança : “O pequeno Hans”
(Freud)
◦ Klein : Os pais que eram importantes para ela eram os pais “fantasiados”,
pertencentes à realidade psíquica do paciente;
◦ Relação de confiança com os pais, no entanto, confessava que preferia limitar os
encontros com os pais, a fim de “evitar atritos” com a mãe;
◦ Klein se abstinha de interferir na educação das crianças, a menos que observasse
grandes erros.
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◦ Ana Freud: Caráter pedagógico ao tratamento;
◦ Pais: Foco de orientação e acompanhamento no decorrer do tratamento da criança.
◦ Acreditava que a criança não estabelecia transferência, o que seria um empecilho à análise
infantil;
◦ Somente no tratamento dos próprios pais, se torna possível afrouxar o vínculo patológico para
agir como medida terapêutica no filho.
◦ A criança é representada como mero reflexo dos pais;
◦ Deixa de fora o sujeito.
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◦ Aberastury propõe entrevistas iniciais “dirigidas” com os pais para coletar informações;
◦ Deixa os pais fora do tratamento, sustentando que as mudanças operadas na criança ao
longo da análise deverão produzir as transformações necessárias na estrutura familiar;
◦ Envia os pais para um tratamento pessoal ou a um grupo de orientação para pais;
◦ As palavras dos pais só tem importância pata ela se estão referidas à criança;
◦ Escola Francesa (Dolto e Manonni), a neurose dos pais possui um papel fundamental no
sintoma da criança.
◦ A dimensão simbólica do sintoma infantil como ocultando questões parentais;
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◦ Trazem para o primeiro plano a posição que a criança ocupa fantasmas, desejos e discurso
dos pais, ficando ela fixada em um determinado lugar em virtude dos desejos e das fantasias
deles.
◦ A criança procura se identificar com o que suspeita ser o desejo materno, sujeitando-se a
preencher o que falta na mãe; assim, pode acabar se alienando no desejo do outro e
estabelecendo relações narcísicas e simbióticas;
◦ A criança tem a singularidade e não é apenas um reflexo ou espelho dos pais;
◦ O sintoma não fica reduzido às demandas parentais.
◦ As intervenções clínicas podem tomar duas direções: a questão familiar sendo o sintoma da
criança entendido como um deslocamento do sintoma dos pais ou intervenção que se
interessa pelo desejo do sujeito (escuta para criança ser ouvida com seus desejos e discurso
próprio).
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◦ Freud afirma que a criança é um objeto favorável para a terapia analítica; os êxitos são
radicais e duradouros.
◦ No entanto, é preciso modificar muito a técnica de tratamento elaborada para adultos; as
resistências internas que combatemos no adulto estão substituídas na criança, por
dificuldades externas;
◦ Os pais se constituem em portadores da resistência;
◦ Atualmente, percebemos que é imprescindível a participação dos genitores ou responsáveis
em todo o processo psicoterápico;
◦ Deixar os pais à parte do tratamento apenas suscitará fantasias e resistências que poderão
criar impasses terapêuticos a respeito da terapia.
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◦ Os encontros periódicos tem a função de diminuir a fantasia e se aproximar da história
familiar, entendendo a sua dinâmica; faz com que venham à tona segredos ou aspectos
ocultos, que vão se evidenciando na medida que é construída uma relação de confiança;
◦ Estar atendo às manifestações resistencias dos pais ajudará a prevenir abandonos e
fortalecerá a relação com o terapeuta.
◦ Ter um olhar para a criança em separado dos pais é imprescindível: a criança tem uma vida
mental própria, mesmo que “atravessada” pelas projeções e pela subjetividade dos seus pais.
◦ Qual função do terapeuta com os pais? Conter ansiedades, desamarrar questões e
fantasmas da história de cada família que possam estar impedindo o desenvolvimento sadio
da criança.
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3. Manejo Técnico e Postura
Terapêutica
◦ Multiplicidade transferencial : Postura de contínua atenção;
◦ Ouvir as queixas e preocupações dos pais: Possibilidade de identificar qual a
demanda da criança e qual demanda dos pais, quais são fantasias e expectativas, o
que esperam da psicoterapia e se possuem condições para efetivá-la.
◦ Outras questões que merecem atenção: Qual a posição que o filho ocupa no
equilíbrio psíquico dos pais, da sua família como um todo? Possuem capacidade para
suportar e manter o processo psicoterápico do filho?
◦ Modificações efetuadas pelo tratamento trazem reflexos na subjetividade dos pais, na
dinâmica familiar e na determinação de lugares já instituídos.
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◦ Sessões que reúnam a família inteira (conforme especificidade de cada caso): Oportunidade
de observar como cada membro interage, quais papéis existentes...
◦ O terapeuta poderá reconhecer tais situações, a fim de, ao longo do tratamento, manejá-las
e trabalhá-las com o paciente e os familiares envolvidos;
◦ Há alguns anos, rapidamente encaminhava os pais para sua própria psicoterapia ou
tratamento de casal;
◦ “Fazer uma apressada transposição entre o encontro com os pais de carne e osso e a
sintomatologia da criança é estabelecer uma visão simplista do caso;
◦ O terapeuta deve considerar trabalhar em dois níveis: o primeiro seria o trabalho com a
criança, levando em conta que a criança tem um mundo interno próprio, passível de conflitos
e sofrimentos.
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◦ O segundo plano seria dar lugar para participação dos pais, considerando o papel que a
criança ocupa naquela família e todo o contexto envolvido, estando disponível para que os
pais tragam suas ansiedades e que possa respaldá-los na delicada tarefa de manter um filho
em tratamento;
◦ É parte da competência terapêutica auxiliá-los na delicada tarefa de manter um filho em
tratamento (fantasias a respeito da criança e das mudanças que o tratamento poderá
ocasionar, para que as suportem e aceitem);
◦ É impossível excluir os pais da psicoterapia!
◦ É preciso reconhecer a importância fundamental que os pais têm na estruturação psíquica,
nos cuidados e na educação da criança.
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4. Família:Do que se trata?
◦ De qual família nós tratamos quando falamos no trabalho com a família?
◦ Novas organizações familiares;
◦ “Marido da mãe”, “Mulher do pai”, “Meio irmão”, “tio”: Que espécie de lugar poderia ser
dado a eles na lógica do parentesco.
◦ Dificuldades da “mulher do pai” fazer a função maternante, ou “marido da mãe”, em fazer a
função materna ou paterna;
◦ Criança fica a deriva na trama de suas fantasias, o que traz efeitos devastadores para ela.
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◦ Crianças “irresidentes” : Não sentem a casa como sua; objetos são dispersos, seus “valores de
intimidades” vão se perdendo.
◦ Falaremos do lugar dos “cuidadores”: São aqueles que tomam para si os cuidados da criança;
◦ Porque tratamos a família? Para que ela possa sustentar as possibilidades de que haja infância,
para que a infância da criança não desapareça, para que exista criança e, mais
especialmente, para que, a despeito da sua organização, possa sustentar sua função.
◦ Entrevistas periódicas: Instaurar uma transferência positiva;
◦ Quando não se oferece um lugar de escuta e da elaboração aos ecos dos passados dos pais,
os tratamentos são interrompidos.
◦ A interrupção de um tratamento se deve também ao terapeuta,,que resiste em ver os pais nas
entrevistas.
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5. Conselhos ou receitas?
◦ Busca de conselho: Herança direta do discurso médico;
◦ Fórmula mágica que solucione todos os conflitos;
◦ Satisfazer essa demanda de forma absoluta: Obstruir espaço de reflexão;
◦ Não responder em absoluto essa demanda: Prejudicial e pais se sentem abandonados;
◦ Conselhos são seguidos pelos pais?
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◦ Pais se sentem no lugar de inferioridade x Terapeuta no lugar de competidor;
◦ Propor que falem sobre isso: Permite que ele mesmos, mudem certas condutas.
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◦ Pedir uma mudança de atitude diante de um determinado problema, sem elaboração é a
receita mais próxima de um discurso médico;
◦ Atuação pouco terapêutica;
◦ A transferência que os pais fazem sobre o terapeuta: É fundamental para se chegar a “cura”;
◦ Só sustentam o tratamento se tiver alguma incidência também nos pais.
◦ Precisamos de um certo aval de cada um dos pais para intervir no sintoma da criança; para
implicá-los no sintoma e no tratamento da criança; para escutar o lugar que ela ocupa na
estrutura familiar, a forma como se apresentou no desejo (ou no não-desejo) do pai e da mãe –
a transmissão de uma subjetividade.
◦ Trata-se de acolher os pais ou cuidadores, não para proceder uma anamnese – que sustenta
mais no saber que na escuta;
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◦ Ouvir para diferenciar a criança como sintoma dos pais x sintoma da criança (queixa dos pais e
aquilo que verdadeiramente incomoda a criança);
◦ Pais precisam ser escutados como também em relação à função que exercem sobre a
criança;
◦ Qual lugar que a criança ocupa na estrutura familiar,a forma como se apresentou no desejo
do pai e da mãe a transmissão de uma subjetividade;
◦ Implicação no sintoma e no tratamento da criança;
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Referências
◦ Ferreira, Tânia. A escrita da clínica: psicanálise com crianças. 3ª ed. rev. e ampl. – Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2017.
◦ Castro, M. da Graça; Sturmer A. [et. al]. Crianças e adolescentes em psicoterapia: a
abordagem psicanalítica. Porto Alegre: Artmed, 2009.
◦ Blinder, C.; Knobel J.; Siquier , M. L.; Clínica psicanalítica co criança. Aparecdida, SP.
Ideias e Letras, 2011.