02 Apostila Grifada
02 Apostila Grifada
PIB
O Produto Interno Bruto (PIB) mede o tamanho de uma economia, seja a de um país, de uma região, de um
mercado comum ou município. Ele representa a soma de todas as riquezas produzidas, e um crescimento
zero no ano significa que elas se mantiveram no mesmo nível do período anterior. Entre os principais pontos
que fazem uma economia crescer estão seu poder de produzir e de vender, que precisa manter-se em
expansão; a renda e o consumo da população; e a capacidade de gerar ou atrair recursos.
O setor com maior participação na composição da riqueza nacional é o de serviços (terciário), que representa
aproximadamente 72,5% do PIB. Em seguida, vem o setor industrial (secundário), com cerca de 20,8%, e a
agropecuária (primário), com aproximadamente 6,7% (DataSebrae – 1º trimestre/2018).
O desempenho do PIB é medido trimestralmente e anualmente e pode ser positivo, zero ou negativo.
Quando o PIB cresce negativamente por três ou mais trimestres, a economia entra em recessão. Se for por
dois trimestres, há uma recessão técnica.
Após o crescimento negativo do PIB dos anos de 2015 e 2016, a economia brasileira registrou crescimento
positivo nos três anos seguintes, mas em patamares muito baixos. Em 2017 e 2018, o PIB cresceu 1,3%, em
2019, registrou um crescimento menor, de 1,1%.
A expectativa para 2020 era de um crescimento maior da economia brasileira, em relação aos anos
anteriores. Mas isso não ocorreu, devido à pandemia de Covid-19. O coronavírus provocou abalos nos
mercados globais, afetando atividades econômicas no mundo todo, com impactos nas cadeias globais de
suprimentos e no comércio global. No ano de 2020, o PIB brasileiro registrou queda de 3,9%, tendo o seu
pior desempenho desde o ano de 1996 e a economia entrou em recessão.
A retração causada pelo confinamento social e a redução da atividade econômica foi atenuada pelas 9
parcelas de auxílio emergencial entre R$ 300 e R$ 600 em 2020, mas o país não fugiu das consequências
vividas no mundo inteiro com a pandemia de Covid-19.
Contudo, após desabar em 2020, o PIB do Brasil fechou 2021 em alta de 4,6%, totalizando R$ 8,7 trilhões.
Esse foi o melhor resultado desde 2010, quando a economia havia crescido 7,5%. Analistas dizem que o bom
desempenho ocorre porque a comparação é com 2020, ano de forte queda por causa da pandemia de Covid-
19. Dessa forma, o avanço reflete em grande parte a retomada da economia após o recuo de 2020.
De acordo com o IBGE, o crescimento da economia foi puxado pelas altas nos serviços (4,7%) e na indústria
(4,5%), que juntos representam em torno de 90% do PIB do país. Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2%
em 2021, impactado por quebras de safras devido a questões climáticas e problemas na cadeia de produção
pecuária.
No 4º trimestre, o avanço foi de 0,5% em relação aos 3 meses anteriores, após ter registrado quedas de 0,3%
no 2º trimestre e de 0,1% no 3º trimestre. Ao voltar a crescer na reta final do ano, a economia saiu da
recessão técnica, caracterizada por dois trimestres seguidos de retração.
A posição brasileira entre entre as maiores economias do mundo
O mau desempenho dos anos recentes fez com que a economia brasileira tivesse uma das piores décadas
(2011-2020) da sua história. Com isso, no ano de 2020, o Brasil caiu para a 12ª colocação no ranking das
maiores economias, e em 2021 para a 13º colocação, conforme levantamento da agência de classificação
de risco Austin Rating e o ranking do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2019, o Brasil estava na 9ª
posição.
A recuperação econômica no primeiro trimestre de 2022, entretanto, recolocou o país de volta entre os dez.
Segundo ranking da Austin Rating, o país saiu da 13ª posição no 4º trimestre de 2021 para a 10ª em março
de 2022, superando Rússia, Coreia do Sul, e Austrália.
A maior economia do mundo segue sendo a dos EUA, com PIB nominal de US$ 25,45 trilhões. Compõem o
top 3 a China (US$ 19,91 trilhões) e o Japão (US$ 4,912 trilhões). O gráfico abaixo mostra o ranking das 13
maiores economias do mundo:
Inflação
Inflação é a elevação dos preços de produtos e serviços que resulta na diminuição do valor de compra do
dinheiro. A inflação sempre existiu, mesmo com índices muito pequenos. Quando o indicador é negativo,
chama-se deflação.
Uma inflação elevada e contínua desorganiza a economia ao alterar o valor do dinheiro, elemento central do
sistema econômico. A inflação atinge mais duramente quem não possui formas fáceis para corrigir seus
ganhos, como os assalariados.
A principal causa para a inflação é a chamada demanda, que significa a procura por bens e serviços. Por
exemplo, se muita gente quer comprar um artigo e não tem para todos, o preço aumenta. É a lei da oferta e
da procura. É o que ocorre com frutas e legumes fora da estação (na entressafra).
O tormento da inflação incomodou durante muito tempo a vida nacional. O Brasil viveu uma situação de
inflação em alta no decorrer da década de 1980, até desaguar numa hiperinflação acima de 900% ao ano a
partir de 1988. Isso significa que os preços estavam se multiplicando mais de dez vezes a cada período de 12
meses.
Cinco planos econômicos foram implementados no decurso de oito anos, com o objetivo de domar a inflação,
sem obter um sucesso duradouro. No mesmo período, o Brasil trocou cinco vezes de moeda, já que as
cédulas perdiam o valor muito rapidamente. A inflação chegou a 2.477% em 1993, o que significa que os
preços se multiplicaram por 25 durante aquele ano. O Plano Real, implementado em julho de 1994, no
governo de Itamar Franco, derrubou a taxa de inflação. Desde então, sua variação acontece em patamares
reduzidos.
O Brasil adota o regime de metas anuais de inflação, estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN). Esse sistema prevê que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve
ficar dentro de um limite de tolerância; ou seja, dentro de uma faixa estabelecida.
O governo estabelece, para cada ano, uma meta central de inflação, que é uma taxa fixa que deve ser
buscada. A partir desse número, é estabelecida uma faixa de tolerância, ou seja, quanto a inflação real pode
variar acima ou abaixo dessa meta.
O sistema de metas foi adotado como segurança para evitar o risco da hiperinflação, que atingiu o país nas
décadas de 1980 e 1990 e só foi freada com o Plano Real em 1994.
Quem deve cumprir a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional é o Banco Central (BC), que, para
isso, adota várias políticas, entre as quais o controle da taxa básica de juros. Com a reforma ministerial do
presidente Jair Bolsonaro, a composição do Conselho mudou, mas as áreas que o integram continuam as
mesmas. Anteriormente o colegiado era formado pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo
presidente do Banco Central. Com a criação do Ministério da Economia, o CMN passou a ser formado pelo
Ministro da Economia, Secretário Especial de Fazenda do Ministério da Economia e pelo Presidente do Banco
Central.
O principal mecanismo para manter a inflação sob controle no Brasil é a taxa de juros. Toda vez que os preços
sobem acima do nível esperado, o Banco Central intervém com a elevação da taxa Selic. Isso faz o crédito
ficar mais caro, e incentiva as pessoas e as empresas a gastarem menos. Se todos gastam menos, a tendência
é que os preços também subam menos.
A meta central para 2019 foi de 4,25%, que poderia variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, de
5,75% a 2,75%. A meta central de inflação de 2020 é de 4,00%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto
percentual para cima ou para baixo, de 5,50% a 2,50%. Para 2021, foi de 3,75% e para 2022 é de 3,50%, as
duas com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Ao longo dos anos recentes, a inflação tem sido crescente no país. No ano de 2020, a inflação foi maior do
que em anos anteriores: 4,52%. O resultado ficou acima do centro da meta para o ano, que era de 4%, mas
dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo (2,5%) ou para cima (5,5%).
Em 2021, a inflação bateu a casa dos 10,06%, resultado bem acima do teto da meta estabelecida pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5,25%, e a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando foi
de 10,67%.
A elevada inflação em 2021 foi puxada principalmente pelo grupo "Transportes", que apresentou a maior
variação (21,03%) no IPCA do ano. Na sequência vieram "Habitação" (13,05%), e "Alimentação e bebidas"
(7,94%).
O grupo dos Transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis, que sofreu com os sucessivos
reajustes no preço, relacionado à alta do dólar. A gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021, já o etanol
subiu 62,23%.
No grupo Habitação, a principal alta veio da energia elétrica, que subiu 21,21%, e do botijão de gás, com alta
de 36,99%. A conta de luz pesou mais por conta da crise hídrica, que elevou o preço da energia elétrica
devido às bandeiras tarifárias adicionadas ao seu custo, para compensar a utilização de termelétricas (mais
caras).
Já o grupo Alimentação e bebidas teve variação de 7,94%. Os destaques dessa categoria foram café moído,
que subiu 50,24%, e o açúcar refinado, que teve alta de 47,87%. Segundo o IPCA, a alta do café ocorreu
principalmente no segundo semestre, pois a produção foi prejudicada pelas geadas no inverno. Já o preço
do açúcar foi influenciado por uma oferta menor e pela competição pela matéria-prima para a produção do
etanol.
Juros
Os juros são o dinheiro a mais que uma pessoa ou empresa paga ao sistema bancário ao devolver um
empréstimo, além do valor original corrigido pela inflação. Eles podem ser considerados uma remuneração
pelo fato de que quem empresta corre o risco de o dinheiro não ser devolvido.
O governo tem uma relação estreita com os juros, pois é o maior agente econômico do país. Ele empresta
dinheiro aos bancos para as suas necessidades diárias e cobra por isso: essa taxa de juros básica se chama
taxa Selic. Como esse empréstimo por 24 horas é seguro, serve de referência para a economia. Os juros que
os bancos cobram dos clientes para empréstimos, cheque especial e cartão de crédito são muito mais
elevados que a taxa Selic.
Como a taxa de juros define o custo do dinheiro, os governos a utilizam para controlar a inflação: quanto
mais alta a taxa de juros, mais caros ficam os empréstimos, o que funciona como um freio nas atividades
produtivas (pois o crediário fica caro para o consumidor, e o financiamento, fica caro para o produtor). Se há
menos compras (“demanda”, na linguagem econômica), os preços não sobem e a inflação fica baixa.
Quando a prioridade do governo é estimular a atividade econômica, uma das medidas é baixar os juros.
Quem define a taxa Selic é o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Em 03/08/2022, o Copom subiu a taxa de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano. Essa foi o décimo segundo
aumento consecutivo da Selic, após ter chegado ao menor patamar da história, de 2%, em agosto de 2020.
A elevada taxa de juros posiciona o Brasil entre os países com maior taxa de juros real do mundo.
Conforme já dissemos, o aumento nos juros básicos da economia faz com que o crédito fique mais caro para
empresas e famílias, desacelerando o consumo e, consequentemente, a inflação. A sequência de altas na
Selic, portanto, é uma tentativa do Copom de conter o movimento de alta de preços registrado nos últimos
meses. A inflação fechou 2021 em 10,06%, o maior índice desde 2015.
Taxa de Câmbio
A taxa de câmbio é o valor pelo qual a nossa moeda é trocada por moedas estrangeiras, principalmente pelo
dólar, que é a referência no mercado mundial. O comércio exterior é diretamente afetado pela taxa de
câmbio.
Se o real vale pouco, nossas mercadorias são exportadas por valor menor (o que as torna atraentes). Isso
ajuda o setor exportador, mas o importar fica mais caro. Quando o real se valoriza, nossos produtos ficam
caros lá fora, mas é mais barato importar. Facilitar as importações ajuda a derrubar a inflação, pois amplia a
oferta de mercadorias externas a preço baixo.
O mesmo acontece com a importação. Uma empresa brasileira importa canetas para vender no mercado
interno. Cada caneta custa 1 dólar. A moeda americana está valendo dois reais no Brasil. O importador
brasileiro pegará os seus reais e comprará dólares para pagar a empresa estrangeira que lhe vendeu as
canetas. Por cada dólar, pagará R$ 2,00. Assim, a caneta teve um custo unitário de importação de R$ 2,00.
Porém, o dólar ficou apreciado perante o real. Cada dólar está valendo R$ 4,00. A caneta continua custando
1 dólar, mas por cada dólar que o importador brasileiro tem que comprar para pagar as canetas importadas
lhe custará R$ 4,00. O custo final da caneta vendida no mercado brasileiro vai aumentar. Como o produto
ficou mais caro, ele terá um preço menos competitivo em relação a similares produzidos no Brasil e ele vai
impactar na inflação que poderá aumentar.
Muitos produtos vendidos no mercado brasileiro, principalmente de maior tecnologia, não são produzidos
no nosso país, são importados. E a variação da taxa de câmbio impacta no preço final desses produtos e na
taxa de inflação.
Balança Comercial
A balança comercial é o conjunto de tudo o que o país exporta e importa em um ano. A soma desses valores
é o total do comércio exterior nacional. Já o saldo da balança comercial é o resultado do valor exportado,
retirando-se o valor importado. Quando o país vende mais do que compra no exterior, consegue um saldo
positivo: é o superávit da balança comercial. Quando o resultado é negativo, dá-se o nome de déficit.
O Brasil é um grande exportador de commodities, tais como o minério de ferro, a soja em grão, o café em
grão, o milho em grão, a carne in natura, o açúcar, o aço e a celulose. Como exportamos muito e as
importações dessa categoria de produtos são bem menores, as commodities têm uma contribuição decisiva
para o superávit da nossa balança comercial.
Porém, num contexto em que o mundo é globalizado, ficam vulneráveis os países que mantêm o foco da
economia na produção de commodities. Em primeiro lugar, porque os preços desses produtos estão sujeitos
a fortes oscilações. Em segundo lugar, porque as commodities são produtos baratos quando comparados
aos manufaturados. Ou seja, é preciso exportar muita commodity para pagar importações de produtos de
alta tecnologia, como equipamentos de computação ou máquinas industriais, por exemplo.
Em 2021, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 61 bilhões, valor superior ao ano de 2020,
que havia sido de US$ 50,995 bilhões, o que representa um crescimento de 21,1%. Esse foi o maior superávit
da sua série histórica. Tanto as exportações quanto as importações aumentaram no ano passado.
Exportações
Em 2021, as exportações cresceram em preços e quantidades exportadas na comparação com o ano anterior.
Mas o aumento foi liderado pela variação dos preços (29,3%), pois a variação no volume foi 3,2%. Essa
significativa variação nos preços se explica pelo crescimento do preço das commodities em 2021, com
destaque para o minério de ferro, petróleo bruto e soja, todos encarecidos, além da alta do dólar.
Os produtos mais exportados pelo Brasil foram, respectivamente, minério de ferro, soja e petróleo bruto,
que juntos compuseram 42% do total das exportações brasileiras em 2021. Os demais produtos na lista das
dez principais exportações também são commodities, como açúcar, carnes, celulose, farelo de soja, café em
grão, óleo combustível e semimanufaturas de ferro e aço.
Em 2021, a China foi a maior compradora de produtos brasileiros, seguida dos Estados Unidos, Argentina,
Holanda e Canadá. Do valor total exportado, 31,3% teve a China como destino.
Importações
Já em relação às importações, houve alta também de preços (14,2%) e quantidades importadas (21,8%). Os
três principais produtos importados pelo Brasil são, respectivamente, os adubos ou fertilizantes, óleos
combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos, e demais produtos da indústria de transformação.
A China também é o maior vendedor para o Brasil, seguida dos Estados Unidos, Argentina, Alemanha e Coréia
do Sul. Do valor total importado, 21% vieram da China.
Esses dados mostram o quanto o comércio com a China é importante para o Brasil. Além de ser nosso
principal parceiro comercial, o Brasil obteve, em 2021, um superávit comercial de US$ 32,4 bilhões com o
gigante asiático, que corresponde a mais da metade de todo o superávit comercial do ano. Em 2021, o Brasil
exportou US$ 67,7 bilhões para a China e importou US$ 35,3 bilhões.
b.2) manufaturados: produtos normalmente de maior tecnologia, com maior ou alto valor
agregado. Exemplos: automóveis, aviões e calçados.
Classificação de Risco de Crédito
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores
internacionais na economia de um determinado país. As notas servem como referência para os juros dos títulos
públicos, que representam o custo para o governo pegar dinheiro emprestado dos investidores. As agências
também atribuem notas aos títulos que empresas emitem no mercado financeiro, avaliando a capacidade de as
companhias honrarem os compromissos.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na dívida
pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a dívida
pública sobe à medida que a nota diminui. Quando um país dá calote, os títulos passam a ser considerados
como lixo. O mesmo vale para as empresas.
As agências mais conceituadas pelo mercado são a Fitch, a Moody's e a Standard & Poor's (S&P), que,
periodicamente, enviam técnicos aos países avaliados para analisarem as condições da economia. Uma
avaliação positiva faz um país e suas empresas levantarem recursos no mercado internacional com custos
menores e melhores condições de pagamento.
Da mesma forma, uma boa classificação atrai investimentos estrangeiros ao país. Fundos de pensão
estrangeiros investem apenas em países com grau de investimento concedido por, pelo menos, duas
agências de classificação de risco. Caso contrário, o país passa a ser considerado de grau especulativo.
Em 2008 e 2009, as três agências elevaram a nota do Brasil para o patamar de grau de investimento. Porém,
2015 e em 2016, o Brasil teve a sua nota rebaixada, para o grau especulativo, situação que permanece até a
presente data. As agências justificaram o rebaixamento do Brasil devido a piora da situação das contas públicas, com
déficits fiscais e pela demora na aprovação de medidas fiscais que contribuíssem para o reequilíbrio das contas públicas,
como a reforma da Previdência Social.
PIB
O setor com maior participação na composição do PIB brasileiro é o de serviços (terciário), seguido da
indústria (secundário) e da agropecuária (primário).
Devido a pandemia de Covid-19, no ano de 2020, o PIB brasileiro registrou queda de 3,1%, tendo o seu
pior desempenho desde o ano de 1996.
Contudo, após desabar em 2020, o PIB do Brasil fechou 2021 em alta de 4,6%, o melhor resultado desde
2010, quando a economia havia crescido 7,5%. Analistas dizem que o bom desempenho ocorreu porque a
comparação é com 2020, ano de forte queda por causa da pandemia de covid-19.
A retração dos anos de 2015 e 2016, os anos de baixo crescimento econômico de 2017 a 2019 e o tombo
histórico de 2020 fizeram com que a economia brasileira tivesse uma das piores décadas da sua história.
Com isso, o Brasil saiu do ranking das 10 maiores economias do mundo e caiu para a 13ª colocação,
segundo levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating e o ranking do Fundo Monetário
Internacional (FMI). A recuperação econômica no primeiro trimestre de 2022, entretanto, recolocou o
país de volta entre os dez. Segundo ranking da Austin Rating, o país saiu da 13ª posição no 4º trimestre de
2021 para a 10ª em março de 2022, superando Rússia, Coreia do Sul, e Austrália.
Inflação
O Brasil adota o regime de metas anuais de inflação, estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional
(CMN). Esse sistema prevê que a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deve
ficar dentro de um limite de tolerância; ou seja, dentro de uma faixa estabelecida.
A meta é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e deve ser cumprida pelo Banco Central
(BC), que, para isso, adota várias políticas, entre as quais o controle da taxa básica de juros.
Em 2021, a inflação bateu a casa dos 10,06%, resultado bem acima do teto da meta estabelecida pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN), de 5,25%, e a maior taxa acumulada no ano desde 2015, quando foi
de 10,67%.
A elevada inflação em 2021 foi puxada principalmente pelo grupo "Transportes", que apresentou a maior
variação (21,03%) no IPCA do ano.
O principal mecanismo para manter a inflação sob controle no Brasil é a taxa de juros. Toda vez que os
preços sobem acima do nível esperado, o Banco Central intervém com a elevação da taxa Selic. Isso faz o
crédito ficar mais caro, e incentiva as pessoas e as empresas a gastarem menos. Se todos gastam menos,
a tendência é que os preços também subam menos.
Juros
A taxa Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira, definida pelo Comitê de Política Monetária
(Copom) do Banco Central.
Os governos a utilizam para controlar a inflação: quanto mais alta a taxa de juros, mais caros ficam os
empréstimos, o que funciona como um freio nas atividades produtivas e o financiamento. Se há menos
compras, os preços não sobem e a inflação fica baixa. Quando a prioridade do governo é estimular a
atividade econômica, uma das medidas é baixar os juros.
Taxa de Câmbio
A taxa de câmbio é o valor pelo qual a nossa moeda é trocada por moedas estrangeiras, principalmente
pelo dólar, que é a referência no mercado mundial.
O comércio exterior é diretamente afetado pela taxa de câmbio. Se o real vale pouco, nossas mercadorias
são exportadas por valor menor (o que as torna atraentes). Isso ajuda o setor exportador, mas o importar
fica mais caro. Quando o real se valoriza, nossos produtos ficam caros lá fora, mas é mais barato importar.
Facilitar as importações ajuda a derrubar a inflação, pois amplia a oferta de mercadorias externas a preço
baixo.
Balança Comercial
A balança comercial é o conjunto de tudo o que o país exporta e importa em um ano. A soma desses
valores é o total do comércio exterior nacional. Já o saldo da balança comercial é o resultado do valor
exportado, retirando-se o valor importado. Quando o país vende mais do que compra no exterior,
consegue um saldo positivo: é o superávit da balança comercial. Quando o resultado é negativo, dá-se o
nome de déficit.
Em 2021, a balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 61 bilhões, valor superior ao ano de
2020.
O Brasil é um grande exportador de commodities, tais como o minério de ferro, a soja em grão, o café em
grão, o milho em grão, a carne in natura, o açúcar, o aço e a celulose.
A China é o principal destino das exportações brasileiras e o país que mais exporta para o Brasil.
A classificação de risco por agências estrangeiras representa uma medida de confiança dos investidores
internacionais na economia de um determinado país.
O grau de investimento funciona como um atestado de que os países não correm risco de dar calote na
dívida pública. Abaixo dessa categoria, está o grau especulativo, cuja probabilidade de deixar de pagar a
dívida pública sobe à medida que a nota diminui.
A classificação do Brasil se encontra no grau especulativo.
AGROPECUÁRIA E AGRONEGÓCIO
Pessoal, agropecuária e agronegócio não são a mesma coisa. Falamos de conceitos diferentes.
O setor agropecuário é um dos motores da economia brasileira. Impulsiona parte importante da indústria
e dos serviços, numa cadeia produtiva chamada de agronegócio, além de ter papel fundamental no conjunto
das exportações.
Nas últimas três décadas, a produção agrícola do Brasil mais do que dobrou em volume, e a pecuária
praticamente triplicou, principalmente com base nas melhorias da produtividade.
O Brasil é um dos gigantes da agropecuária no mundo. De acordo com a Organização Mundial do Comércio
(OMC), o país é o segundo maior produtor agrícola do planeta, atrás dos Estados Unidos. Mas a previsão da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) é de que o país alcance a liderança do
ranking até 2026.
É o maior produtor e exportador mundial de açúcar, café e suco de laranja. É o segundo maior produtor e o
maior exportador de soja do mundo. O Brasil está ainda entre os maiores produtores e exportadores de
carne bovina, frango e milho. Além de garantir o abastecimento do mercado interno, o Brasil tornou-se o
segundo maior exportador mundial de alimentos, atrás dos EUA.
Como vimos, a agropecuária responde por cerca de 6,7% do PIB brasileiro. Porém, quando calculamos a
participação do agronegócio no PIB brasileiro, esse percentual fica em torno de 23%, uma grande diferença.
O agronegócio responde por cerca de 40% das exportações do país. Exportamos muito e importamos pouco,
o que faz com que a balança comercial setorial do agronegócio seja altamente superavitária. O que também
torna o agronegócio determinante para a obtenção dos superávits comerciais da balança comercial
brasileira.
A soja foi responsável por 37,1% do valor da produção agrícola (VBP), mantendo-se no topo do ranking desde
1994, com exceção ao ano de 1996, quando a cana-de-açúcar alcançou a primeira posição. Na sequência, os
principais produtos foram a cana (15,2%), o milho (11,0%), o café total (6,6%) e o algodão herbáceo (em
caroço) (3,7%). Essas cinco lavouras representaram 73,6% da produção total em 2018, sendo que 24%
referem-se a soja.
Considerando somente a produção agrícola, São Paulo é o estado com maior valor da produção, com 15,5%
de participação nacional, seguido de Mato Grosso (14,6%), Bahia (5,7%) e Mato Grosso do Sul (5,6%).
Na pecuária, os cinco principais produtos, por VBP, foram bovinos, frango, leite, ovos e suínos.
Ao analisarmos por regiões, a região com o maior VBP agropecuária é o Centro-Oeste, seguido do Sul,
Sudeste, Nordeste e Norte. O Mato Grosso é o principal estado produtor da agropecuária, seguido do Paraná,
São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.
A vocação agrícola do Brasil se explica em grande medida pelas características naturais do território. O
clima tropical, que prevalece na maior parte do país com boa distribuição de chuvas sazonais, permite uma
produção bastante diversificada. Há grandes volumes de solos férteis, como o massapé, predominante na
região litorânea do Nordeste, e a terra roxa, no Sudeste e Centro-Oeste.
O enorme avanço da fronteira agrícola também contribui para a alta produtividade. De acordo com os dados
preliminares do Censo Agropecuário de 2017 (IBGE), apenas nos últimos onze anos, a área ocupada pela
agropecuária cresceu 16,5 milhões de hectares (alta de 5%). O total da área ocupada pela agropecuária no
Brasil é de 350,25 milhões de hectares.
O Pará e o Mato Grosso foram os estados com as maiores altas. No Pará, o crescimento ocorreu
principalmente por áreas de pastagens, enquanto no Mato Grosso, pela lavoura.
Outro fator relevante foi o investimento em pesquisa. Ao longo das últimas décadas, o Brasil construiu uma
das maiores redes de pesquisa agropecuária do mundo. Um marco importante para o progresso no setor foi
a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973.
A Embrapa realiza estudos abrangentes, que vão desde recomendações de como corrigir solos ácidos e de
baixa fertilidade até o desenvolvimento de variedades agrícolas adaptadas às baixas latitudes e às altas
temperaturas tropicais. Além disso, é importante nas pesquisas de controle de pragas e doenças e também
nas melhorias dos sistemas de produção.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o trabalho da
Embrapa foi tão transformador para a agropecuária brasileira que ela hoje colabora ativamente na
transferência de tecnologia e pesquisas adaptativas para economias emergentes, especialmente na América
Latina, Caribe e África. Universidades e institutos também foram cruciais em pesquisas de alto nível,
complementares às atividades da Embrapa, como nos campos da nutrição, saúde e meio ambiente.
A mecanização na agricultura é outro elemento importante. Nos anos 1960, o Brasil tinha apenas 61 mil
tratores em atividade, contra 1,22 milhões atualmente (Censo Agro 2017/IBGE). Além disso, o
desenvolvimento de novas tecnologias propiciou o aumento da eficiência de sistemas de irrigação, bem
como o uso de softwares diversos para gerenciar a produção.
Todos esses fatores levaram o país a um grande salto nas últimas quatro décadas. No caso dos grãos, a área
plantada passou de 27 milhões para 57 milhões de hectares, e o volume total produzido saltou de 29 milhões
para cerca de 240 milhões de toneladas, um aumento de mais de oito vezes.
Por outro lado, o aumento da mecanização levou a uma diminuição do número de trabalhadores rurais. Entre
2006 e 2017 o número caiu de 16,56 milhões para 15,03 milhões.
Principais desafios da agropecuária e do agronegócio
As questões ambientais, sociais e as precárias infraestruturas e logística estão entre os principais desafios
do setor agropecuário e do agronegócio no Brasil.
Questões Ambientais
O desenvolvimento de novas tecnologias proporcionou uma grande ampliação das áreas agrícolas. Antes
concentradas no Sul e Sudeste, elas avançaram para solos menos férteis, especialmente o Cerrado. A partir
da década 1990, a agricultura e a agropecuária tornaram- se os motores do avanço econômico do Centro-
Oeste, que hoje é a região mais produtiva do país, responsável por cerca de 34% da produção agrícola
brasileira, sendo a soja e o milho os dois principais produtos.
A fronteira agrícola hoje avança para as regiões Norte e Nordeste, entrando na área chamada de Matopiba,
que abrange 337 municípios nos estados do Maranhão, Piauí, Bahia e Tocantins. A Floresta Amazônica
também é alvo desse avanço, o que causa enorme impacto ambiental. Estudos indicam que quase metade
do desmatamento da Amazônia é provocada para abrir pastos e lavouras de soja.
O uso de agrotóxicos e sementes transgênicas na agricultura brasileira tem sido motivo de polêmica em
virtude dos eventuais riscos que podem oferecer para a saúde humana e para o meio ambiente. O uso dessas
substâncias, segundo grandes produtores, seria indispensável para a produção em larga escala.
Para ruralistas, áreas protegidas (unidades de conservação da natureza) constituem entraves para a
ampliação das áreas de cultivo e criação. Ruralistas pressionam para a flexibilização de categorias de
proteção, de mais restritivas para mais brandas, e buscam dificultar a criação de novas unidades de
conservação da natureza.
Questões Sociais
Na área social um dos conflitos diz respeito à demarcação de terras indígenas e de quilombolas, pois
representariam, na visão de ruralistas, um obstáculo para o avanço do agronegócio.
Ocorrem também conflitos por terras entre grandes proprietários rurais e agricultores sem terras e/ou
posseiros. A propriedade da terra é muito concentrada no Brasil, com um pequeno número percentual de
proprietários detendo a propriedade de mais da metade das terras rurais e um grande número de
agricultores e/ou trabalhadores rurais com pouca terra ou sem-terra no Brasil. Essa concentração de terras
é a causa da violência no campo. A solução está na realização de uma efetiva reforma agrária em nosso país.
Por fim, há a questão do trabalho escravo. Em outubro de 2017, o então presidente Michel Temer editou
uma portaria modificando as regras relativas ao trabalho escravo, atendendo uma antiga reivindicação da
bancada ruralista no Congresso Nacional. O novo texto dificultava a libertação de pessoas nessa condição e
também o processo de inclusão de nomes na chamada “lista suja” das empresas flagradas em
irregularidades. A portaria, no entanto, foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sob alegação de
inconstitucionalidade. Em dezembro de 2017, o governo voltou atrás e reeditou a portaria, devolvendo seu
texto original.
Infraestrutura e logística
Outro enorme desafio brasileiro são as deficientes infraestrutura e logística, que encarecem a distribuição
para o mercado interno e dificultam a exportação. Há carência de silos para armazenar os grãos e insuficiente
número de portos com condições adequadas para dar vazão à produção. Além disso, como a matriz de
transporte brasileira é rodoviária, o custo para o escoamento e para a distribuição é bem alto. Calcula-se que
a logística ineficiente nos transportes eleva em mais de 25%, em média, o preço dos produtos no mercado
internacional.
Agropecuária e agronegócio
Um grande desafio do setor é a concorrência estrangeira dentro e fora do país. Com a globalização, as
empresas transferem a produção para fábricas em países com menos impostos e mão de obra com salários
mais baixos e colocam no mercado brasileiro produtos mais baratos.
Outro fator que influencia a atividade industrial é o câmbio. Quando nossa moeda se desvaloriza em relação
à norte-americana, os produtos nacionais ficam mais baratos no exterior, o que facilita exportar. Com o real
mais valorizado, é mais fácil importar bens de capital e mais difícil exportar. Os anos em que o real esteve
muito valorizado, prejudicaram as exportações do setor.
Por fim pesa o chamado Custo Brasil, como os juros elevados, excessiva burocracia e gargalos de
infraestrutura, que tornam os produtos manufaturados mais caros e afetam a sua competitividade.
A desindustrialização
Em 1980, o setor industrial correspondia a 40,9% do PIB. Desde então, essa participação vem diminuindo,
com acentuação maior no período mais recente. Para termos uma ideia da retração recente, em 2010, a
indústria representava 27,2% do PIB, percentual que caiu para 22,7% do PIB em 2015. Diante desse cenário
observado nas últimas décadas, alguns analistas econômicos afirmam que o Brasil vive um processo de
desindustrialização.
O termo é dado à situação de perda de relevância da indústria para o conjunto da economia. Isso não quer
dizer, entretanto, que seja algo necessariamente ruim para as finanças de uma nação – os outros setores da
economia (serviços e agropecuária) poderiam compensar as perdas industriais e reequilibrar a atividade
econômica. No Brasil, porém, há sérios impactos negativos por se tratar de uma desindustrialização precoce,
aquela que ocorre antes de o setor industrial alcançar o auge.
Não há um consenso histórico entre os economistas sobre as fases da desindustrialização no Brasil, mas
estima-se que tenha começado em 1986 e se estendido até meados dos anos 1990, com recuperação de
fôlego de 2003 a 2007, e caído novamente após a crise global de 2008, com mais força a partir de 2012. O
processo de desindustrialização e o declínio da produção ou do emprego industrial são, na maioria das vezes,
uma consequência normal de um processo de desenvolvimento econômico bem-sucedido, estando
geralmente associado a melhorias do padrão de vida da população.
Na fase de industrialização, a renda dos países tende a se elevar até atingir um valor entre 17,5 mil dólares
e 22,8 mil dólares anuais per capita, o que permite a ampliação do setor de serviços mais sofisticados e de
maior produtividade, como internet, informação e telecomunicações, TV a cabo, seguros, consultoria,
intermediação financeira, transporte aéreo, restaurantes, viagens, entre outros. Em 2015, a renda per capita
anual do brasileiro foi de 15,7 mil dólares.
Isso ocorre porque boa parte da população passa a destinar uma maior parcela de seus rendimentos a esses
serviços. A indústria continua sendo um importante motor do crescimento, mas é o setor de serviços que
passa a ditar o ritmo do crescimento econômico. Estados Unidos, Alemanha, Japão, Reino Unido, França e
Itália são exemplos de países que se desindustrializaram “naturalmente”, quando o PIB per capita atingiu um
valor médio de 19,5 mil dólares.
TRANSPORTES
A matriz de transporte de um país é o conjunto dos meios de circulação usados para locomover
mercadorias e pessoas. Como o transporte de carga é um dos problemas básicos da economia, é
principalmente dele que tratamos quando se fala do assunto.
Uma matriz de transporte eficiente permite deslocar cargas no menor tempo e com o menor preço. Em um
país de território extenso, seu planejamento e estruturação são complexos, pois a infraestrutura de
transportes exige muito investimento, uma combinação de diversos meios e previsão das necessidades
futuras.
Uma matriz de transporte ideal consegue equacionar as distâncias a serem cobertas com as exigências
econômicas e sociais da produção e da população.
▪ Transportes rodoviários são os mais indicados para interligar pontos próximos e cargas urgentes, mas
não muito volumosas. Isso porque é caro construir e manter rodovias, e os caminhões e mão de obra
encarecem o frete e o valor da carga.
▪ Transportes ferroviários exigem alto investimento inicial, mas podem transportar uma quantidade muito
maior de carga. São adequados, portanto, a trajetos médios ou longos em que haja a necessidade de
locomover grandes volumes de produção.
▪ Transportes hidroviários são mais lentos do que caminhões ou trens, mas se gasta muito menos para
transportar milhares de toneladas de produtos. São adequados a grandes volumes de carga, com um
tempo maior para a entrega.
▪ Transportes aéreos são os de frete mais caro, tendo em vista que possuem custos elevados tanto das
aeronaves quanto dos combustíveis e do sistema aeroportuário. Por isso, esse tipo de transporte é usado
basicamente para cargas delicadas, como eletroeletrônicos, ou perecíveis, como frutas e flores, ou de
urgência extrema.
▪ Transportes dutoviários são uma opção para um fluxo garantido e contínuo de gás ou petróleo. Exigem
grande investimento, mas eles se pagam a longo prazo.
País de dimensão continental, que movimenta mercadorias internamente e exporta grande volume de grãos
e minérios produzidos em áreas distantes do litoral, o Brasil necessita usar as várias modalidades de
transporte de forma equilibrada. Mas não é isso que ocorre. Em 2015, a maior parte do transporte de carga
do país (65%) foi feita por rodovias, 15% por ferrovias, 16% por hidrovias e cabotagem (transferência entre
portos marítimos), 4% por dutovias e menos de 1% por via aérea.
O governo planeja melhorar a infraestrutura de transportes com metas definidas no Plano Nacional de
Logística de Transportes (PNLT). O plano define os investimentos necessários em vinte anos (2011–2031)
para buscar maior equilíbrio na matriz. Para isso, prevê ampliar o uso das ferrovias e das hidrovias, além das
mudanças em portos e aeroportos.
O principal resultado do desequilíbrio da matriz é o alto custo nacional do transporte de carga. Por exemplo,
para transportar soja por hidrovia, paga-se um terço do que é gasto via ferrovia e um quinto do necessário
para levá-la por estradas. Como as grandes plantações de soja do Brasil estão longe do litoral e há falta de
ferrovias e hidrovias, a maioria dos produtores de soja tem de pagar o transporte por longos trajetos de
caminhões, deixando boa parte dos seus ganhos com a transportadora.
Um estudo do Ministério dos Transportes adverte que nossos dois principais concorrentes nas exportações
agrícolas, Argentina e Estados Unidos, conseguem custos menores de transporte. Os argentinos porque
possuem boa cobertura ferroviária em um território menor, com estradas mais curtas, o que resulta em
custo e preço menor. Os norte-americanos porque usam intensivamente ferrovias e hidrovias.
O impacto do custo elevado do transporte recai sobre o custo dos produtores, das empresas e das
mercadorias. Por isso, encarecem tanto o preço dos produtos vendidos dentro do país quanto aqueles que
exportamos, e a redução desses custos é importante para a melhoria da economia.
Transporte Intermodal
O transporte intermodal é o planejamento de longo prazo para construir e integrar as várias opções de
transporte, por dutos, estradas, ferrovias, rios e pelo ar. Por exemplo: transportar determinada carga por
caminhão até um trem ou barcaça que a levará até um porto de exportação. Sua consolidação viabiliza a
construção de galpões logísticos para estocar produtos.
Rodovias
As rodovias são, hoje, o principal meio de transporte de passageiros e de cargas no Brasil. São cerca de 1,7
milhão de quilômetros de estradas, com apenas 8% com pista dupla e 12% asfaltados. Pior: entre as
pavimentadas, 48,3% se encontram em estado de conservação regular, ruim ou péssimo. Segundo a
Confederação Nacional do Transporte, essa má conservação é responsável por um aumento médio de 30%
no custo operacional para escoamento de soja e milho, dois expoentes da pauta de exportação brasileira.
Ferrovias
A malha ferroviária nacional também é menor do que a necessária e tem trechos precários. Sucateadas
durante décadas, as ferrovias foram quase totalmente privatizadas a partir de 1997. Os cerca de 30 mil
quilômetros de ferrovias praticamente não se alteram há quatro décadas. Atualmente, somente 15% da
produção brasileira é transportada sobre trilhos, índice que é muito maior em países de dimensões
continentais, como o Brasil: Rússia, Estados Unidos, China e Austrália.
Transoceânica – uma ferrovia polêmica
Brasil, Peru e China estão tratando da ambiciosa construção da ferrovia Transoceânica (veja
o mapa a seguir), também chamada de Bioceânica e Transcontinental. A China financiará a
construção da megaobra.
A ferrovia ligará o porto de Açu, no Rio de Janeiro, a um porto no Peru, cortando a América
do Sul no sentido leste–oeste e ligando os oceanos Atlântico e Pacífico. Com o projeto da
ferrovia, a China pretende aumentar sua presença econômica no continente e facilitar o
acesso a matérias-primas, o que também gera interesse do Brasil e do Peru. Os produtores
brasileiros teriam uma alternativa sobre o Atlântico e o Canal do Panamá para enviar
matérias-primas para a China.
Especialistas acreditam que a construção da estrada de ferro marcaria uma nova fase na
relação da China com a região. No entanto, para que o projeto saia do papel, será
necessário superar grandes desafios de engenharia, ambientais e políticos.
Hidrovias
O país conta com uma rede com 63 mil quilômetros de rios, dos quais quase 42 mil são navegáveis. Porém,
somente 22 mil quilômetros são economicamente aproveitados, dos quais 17 mil km são na Amazônia. Em
resumo, há muito a melhorar, mas a expansão da rede depende da compatibilidade entre o destino
geográfico dos rios e a direção dos fluxos de carga para transporte.
Gasodutos
Os dutos são um excelente meio para o transporte de gás e petróleo. O gasoduto Bolívia–Brasil, que opera
desde 1999, diversificou a matriz brasileira de energia e ampliou a participação do gás natural.
Aeroportos
Portos
Os portos estão entre os principais gargalos da matriz de transportes. Na ponta das redes rodoviária,
ferroviária e fluvial, eles constituem a porta de saída de cerca de 97% das exportações e de entrada de
insumos industriais. O Brasil necessita ampliar seus portos e docas.
Concessões
A concessão tem sido a principal forma utilizada pelo governo para conseguir investimentos e resolver
problemas do setor, mas reduziram seu ritmo com a crise econômica e política que se arrasta no Brasil. A
área de transporte é estratégica para a economia do país, pois dela depende o escoamento da produção
tanto para o consumo e uso internos quanto para as exportações.
Concessão é um sistema pelo qual o governo federal, estadual ou municipal transfere à iniciativa privada
uma obra ou serviço público. No setor de transporte, o governo passa às empresas a construção, reforma,
infraestrutura e administração de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Nessa transferência, as
empresas investem esperando ter retorno financeiro. Por exemplo, uma empresa assume as obras de
duplicação de uma rodovia e cobra pedágio dos motoristas.
Para ganhar uma concessão, uma empresa deve oferecer em leilão ou licitação a melhor oferta de serviços
e investimentos futuros, como construir novos ramais ferroviários e terminais portuários – e, no caso das
concessões recentes de rodovias federais, têm sido consideradas também as menores tarifas de pedágio. O
governo define as regras em cada caso, inclusive o valor mínimo a ser pago. Há duas formas legais de
concessão. Na Concessão Comum, a rentabilidade da vencedora virá exclusivamente da cobrança de taxas e
tarifas. Já uma Parceria Público-Privada (PPP) poderá ser custeada pelo poder público ou por uma soma do
dinheiro do poder público mais a cobrança de tarifas e taxas dos usuários.
Infraestrutura e logística
O Brasil enfrenta o chamado “apagão logístico” para exportar seus produtos, principalmente agrícolas e
minérios. A matriz de transportes alicerçada em rodovias e a concentração histórica nos portos do Sudeste
e do Sul apresentam, há anos, mostras de saturação. Formam-se filas de caminhões aguardando para
desembarcar sua carga, e de navios atracados ao largo do Porto de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) para
recebê-las. As condições de asfalto das estradas são ruins, o que provoca desperdício de grãos; há rodovias
com a construção iniciada, mas com a finalização atrasada há décadas, há carência do transporte por
ferrovias e hidrovias, faltam, inclusive, caminhões e motoristas.
A falta de silos e de locais para armazenar grãos, seja nas áreas de produção seja nas docas dos portos,
também afeta a competitividade do país. O “Custo Brasil”, que envolve gastos com estocagem, transporte e
impostos, um dos maiores do mundo, prejudica as exportações.
Com as contas públicas desequilibradas, o governo federal não tem dinheiro em caixa para bancar as obras
necessárias à ampliação da malha de transportes pelo Brasil. Uma das alternativas para desatar esse nó
logístico tem sido a adoção de um modelo conhecido como concessão.
Concessão é um sistema pelo qual o governo transfere à iniciativa privada serviços de construção, reformas,
infraestrutura e administração de rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. Nessa transferência, as
empresas fazem um investimento que, naturalmente, terá algum retorno financeiro. Por exemplo, uma
empresa assume as obras de duplicação de uma rodovia. Em troca, ela recolhe o pedágio cobrado dos
motoristas.
Transportes
Matriz de transporte é o conjunto dos meios de transporte (modais) de produtos e pessoas, pelas vias
terrestre (rodoviário e ferroviário), fluvial, aérea e por dutos. A matriz é medida pelos volumes
transportados e sua distribuição, em porcentagem, entre essas quatro modalidades.
Matrizes eficientes são construídas com a logística de transporte intermodal, concepção planejada de
integrar e aproveitar os diferentes meios. Isso inclui sua adequação ao tipo e volume de produtos
transportados, distâncias que serão percorridas e criação de áreas de carga e de armazenamento. O
objetivo é otimizar recursos e minimizar custos financeiros e ambientais.
A matriz de transporte brasileira é desiquilibrada, com o predomínio do transporte rodoviário
(rodoviarismo). O principal resultado do desequilíbrio da matriz é o alto custo nacional do transporte de
carga.
O impacto do custo elevado do transporte recai sobre o custo dos produtores, das empresas e das
mercadorias. Por isso, encarecem tanto o preço dos produtos vendidos dentro do país quanto aqueles que
exportamos, e a redução desses custos é importante para a melhoria da economia.
Fatores a serem levados em contas para equilibrar a matriz: transportes rodoviários são os mais indicados
para interligar pontos próximos e cargas urgentes, mas não muito volumosas; transportes ferroviários são
adequados para trajetos médios ou longos em que haja a necessidade de locomover grandes volumes de
produção; transportes hidroviários são adequados a grandes volumes de carga, com um tempo maior para
a entrega; transportes aéreos são os de frete mais caro, por isso, esse tipo de transporte é usado
basicamente para cargas delicadas, como eletroeletrônicos, ou perecíveis, como frutas e flores, ou de
urgência extrema e transportes dutoviários são uma opção para um fluxo garantido e contínuo de gás ou
petróleo.
As concessões são a principal forma pela qual os governos federal e dos estados, principalmente,
transferem às empresas da iniciativa privada a construção, reformas ou a administração de rodovias,
aeroportos, ferrovias e portos já construídos. As empresas investem em infraestrutura, por exemplo, em
troca de retorno financeiro, como a cobrança de pedágios em rodovias. O modelo de concessões tem sido
utilizado por vários governos nas últimas décadas devido à falta de recursos públicos suficientes para o
investimento em infraestrutura.