Faculdade de Saúde Santa Casa Belo Horizonte - Psicologia em Saúde
Henrique de Paiva Bicalho
Atividade Avaliativa da disciplina: Atuação do psicólogo na clínica: clínica oncológica
e ambulatório oncológico
Atividade avaliativa da disciplina
Atuação do psicólogo na clínica:
clínica oncológica e ambulatório
oncológico ministrada pelas
professoras Liam Kelly Rojas Mota e
Luciana Filgueiras Houri da
Faculdade de Saúde Santa Casa de
Belo Horizonte.
Belo Horizonte 2024
1)
Um paciente oncológico, com diagnóstico de Ca de Próstata neuroendócrino (invade assoalho
vesical, reto, ossos e medula óssea), demonstra compreensão de seu adoecimento, expressa
aceitação e aderência aos tratamentos já em andamento. Aos poucos percebe o aumento de sua
fragilidade, em atendimento psicológico reflete sobre a percepção da proximidade da limitação
terapêutica, enfrenta incertezas e busca maior elaboração sobre seu prognóstico. Nesse sentido,
expressa o desejo de receber mais informações sobre sua condição atual e possibilidades reais
de cuidados para que possa organizar questões pessoais, familiares, sociais e financeiras. No
entanto, sua família, temendo que a verdade possa desmotivá-lo e fazê-lo desistir da luta contra
a doença, opta por poupá-lo dessas informações, mas demonstra angústia importante diante
disso.
Considerando essa dinâmica, como a psicologia poderia intervir para equilibrar as necessidades
emocionais do paciente, as preocupações da família e o suporte da equipe de saúde, promovendo
uma comunicação aberta que respeite os desejos de todos os envolvidos e favoreça o bem-estar
do paciente? Quais estratégias poderiam ser implementadas para facilitar a comunicação e
garantir que o paciente se sinta apoiado e informado em sua jornada de cuidado?
R:
Realizar primeiramente uma escuta ativa dessa família analisando como a família comunica
sobre o estado da doença ao paciente e as angústias desse paciente sobre o que mais ele gostaria
de saber e o que o saber significa para ele. A partir dessa primeira compreensão trabalhar com a
família a comunicação e como elaborar comunicações difíceis, principalmente sobre o que o
paciente sabe e a família sabe e explicar. Sobre como a informação é importante para ambos
conseguirem darem continuidade ao tratamento. Normalmente esse medo da família é
compreensível pois conhecem o paciente há mais tempo, porém não podemos esquecer que o
paciente em sua consciência tem o direito de saber como está e o profissional da psicologia está
lá exatamente para dar suporte e intervenções caso a informação passada para o paciente não
resulte em uma boa consequência. O que é descrito na etapa 5 do protocolo SPIKES, que é
esperado reações emocionais e estamos lá para darmos esse suporte. Dando continuidade a
comunicação conseguiremos ser mais claros nas próximas etapas do cuidado com o paciente.
Juntamente analisar as questões do poder dentro dessa dinâmica familiar, compreender que ele
está lúcido sobre seu adoecimento e percebendo cada dia mais a fragilidade aumentando,
compreender as fantasias da família e suas expectativas em relação a doença. Explicar a família
sobre o pedido dele e o direito dele saber suas condições médicas. Facilitar reuniões familiares
onde todos os membros possam expressar suas preocupações e sentimentos e o psicólogo como
mediador dessa conversa para poder conduzir os diálogos. Isso pode ajudar a aliviar a angústia
da família e permitir que eles entendam melhor as necessidades do paciente. Oferecer
informações educacionais sobre a doença e os cuidados paliativos disponíveis no suporte
intermediário de vida, ajudando tanto o paciente quanto a família a compreender as opções de
tratamento e suporte. Isso pode reduzir a ansiedade relacionada à incerteza. Passar orientações
a equipe multidisciplinar sobre como se comunicar, focando na empatia, escuta ativa e no uso
de perguntas abertas para promover um diálogo mais eficaz entre pacientes, familiares e
profissionais.
2)
Leia o caso abaixo, em seguida discorra sobre os principais conflitos psíquicos, riscos e
proponha estratégias de intervenção para o acompanhamento do caso.
Dona Maria possui 76 anos e comparece para a sua primeira consulta ambulatorial com
psicologia acompanhada da filha. Assim que é chamada para atendimento, a filha sinaliza
discretamente para a psicóloga que a paciente desconhece o diagnóstico. Paciente se mostra
consciente, orientada, com humor hipotímico, ansiosa e angustiada. Refere dor intensa em região
pélvica, com presença de sangramento vaginal, o que tem lhe causado estranheza, visto ter
entrado na menopausa há anos. Queixa-se de perda de autonomia após a piora da dor, com
grande dificuldade de locomoção. Relata ter tido uma vida bastante ativa, trabalhando desde a
adolescência para ajudar a família de origem. Criou 4 filhos, ajuda a cuidar dos netos, porém
desde o surgimento da dor tem tido dificuldade para se manter ativa. Histórico de CA na família,
sendo que dois irmãos faleceram da doença. Mostra-se intrigada com os sintomas e questiona o
adoecimento. Após o atendimento, a filha aproveita um momento de distração da mãe para
explicar à psicóloga o medo de ela deprimir após descobrir a doença. Relata diagnóstico de CA
de ovário com progressão uterina e pélvica, EC III, com proposta de tratamento quimioterápico.
R:
No caso acima citado D. Maria apresenta-se ansiosa, angustiada, hipotimica. Está consciente e
orientada. A filha sinalizou que ela não sabe do diagnóstico de CA de ovário, tendo isso como
perspectiva podemos chamar a filha para conversar com o objetivo de escutar sobre seu
desconforto e entender um pouco mais os motivos de não compartilhar o diagnóstico com sua
mãe. Fazer a psicoeducação da filha sobre a conscientização do paciente conhecer seu
diagnóstico e explicar que a ansiedade, a angústia e o humor hipotimico pode ser consequência
do desconhecimento de seu diagnóstico, pois já que ela não sabe esses sintomas não podem ser
correlacionados com a doença e nem podemos cuidar melhor de D. Maria, trazendo mais
qualidade de vida e com isso ela voltar a fazer suas atividades cotidianas na medida do possível,
pois se sentir com a autonomia perdida gera sentimentos de menos valia. Com a conscientização
a própria paciente pode ajudar nos cuidados com a doença. E sempre nos colocar a disposição
da paciente, com atendimentos domiciliares. Os riscos serão a negação da doença, não aderir ao
tratamento e outros substratos emocionais derivados do conhecimento do diagnóstico, mas
sempre comunicando que o psicólogo está ali para essas demandas e dependendo de como D.
Maria se comportar criar estratégias de enfrentamento, de copyng, de cuidados com a doença.
Levando em conta também que o sangramento em excesso pode causar consequências no humor,
como hipotimia, irritabilidade, cansaço, anemia e é de suma importância cuidar também dos
colaterais da doença. Sempre na perspectiva de diminuir os danos e as dores que ela sente, assim
ajudando na qualidade de vida de D. Maria.
Referências
AGUIAR, Marília A. de F. Psico-oncologia: caminhos de cuidado. Editora SUMMUS. 2019.
MOTA, Liam Kelly Rojas; HOURI, Luciana F. Ênfase em Psicologia Hospitalar: Atuação do
Psicólogo na Clínica: Clínica Oncológica e Ambulatório de Oncologia. [Diapositivos].
Disponível em: https://ppl-ai-file-upload.s3.amazonaws.com/web/direct-
files/35434110/64e19e1e-c0f4-473f-ad26-54c40a8ab309/slides.pdf . Acesso em: 30 out. 2024.