INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAPÁ

CURSO TÉCNICO SUBSEQUENTE EM GEOPROCESSAMENTO

DISCIPLINA DE CARTOGRAFIA E GEODÉSIA

CAROLINA DA SILVA GONCALVES¹; GABRIELLE HELOISA SOUZA DE

OLIVEIRA²

¹Docente do Instituto Federal do Amapá – IFAP

²Discente do curso Técnico Subsequente em Geoprocessamento

CARTOGRAFIA:

APLICAÇÕES, EXEMPLOS E METODOLOGIAS

MACAPÁ
2024
INTRODUÇÃO

A cartografia é a ciência que se dedica à criação de mapas e representações gráficas de

dados espaciais, tem desempenhado um papel fundamental ao longo da história. Com o
avanço das tecnologias e a crescente demanda por informações geográficas precisas, suas
aplicações se expandiram significativamente, tornando-se indispensáveis em diversos
setores. A seguir será abordado algumas das principais áreas de aplicação da cartografia,
exemplificando metodologias utilizadas em cada uma delas.

1. PLANEJAMENTO URBANO E GESTÃO TERRITORIAL

Uma das principais áreas de aplicação da cartografia é o planejamento urbano e a gestão

territorial. Através de mapas detalhados e dados georreferenciados, gestores públicos e
urbanistas conseguem analisar a distribuição espacial de serviços públicos, infraestrutura
e densidade populacional. Mapas temáticos que mostram áreas de vulnerabilidade, como
carência de saneamento básico ou transporte público, ajudam no planejamento de ações
governamentais.

1.1. Exemplo:

Cidades como São Paulo utilizam Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para
mapear e gerenciar suas redes de transporte, zonas de risco de deslizamento e enchentes,
e para monitorar o crescimento urbano.

1.2. Metodologia:

Para esses fins, é comum a utilização de metodologias como a georreferenciação, que

permite integrar dados espaciais e informações alfanuméricas (como dados demográficos,
infraestrutura etc.), possibilitando análises complexas. Utiliza-se também a cartografia
digital, onde as imagens de satélite e os sistemas de SIG são as principais ferramentas. A
integração de dados de sensoriamento remoto, capturados por satélites ou drones, também
tem sido amplamente utilizada para monitoramento e atualização dos mapas (Câmara et
al., 1996).

2. MEIO AMBIENTE E CONSERVAÇÃO

A cartografia também é amplamente aplicada na área de conservação ambiental e gestão

de recursos naturais. Através de mapas ambientais, é possível identificar áreas críticas
para a preservação da biodiversidade, monitorar o desmatamento e projetar unidades de
conservação. Além disso, mapas de uso e ocupação do solo são ferramentas essenciais
para estudos de impacto ambiental e para o desenvolvimento de políticas de preservação.

2.1.Exemplo:

No Brasil, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) utiliza dados cartográficos

para monitorar o desmatamento da Amazônia, através do programa PRODES
(Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite), que gera mapas anuais
sobre a devastação da floresta (INPE, 2023).

2.2.Metodologia:

A cartografia aplicada ao meio ambiente frequentemente emprega o sensoriamento

remoto, que utiliza dados coletados por satélites ou aeronaves para produzir mapas e
relatórios detalhados sobre a cobertura vegetal, o uso do solo, e as mudanças na paisagem.
Além disso, técnicas de modelagem espacial permitem simular cenários futuros com base
nas tendências atuais, ajudando na tomada de decisões estratégicas para a preservação
ambiental (Gil, 2007; Novo, 2010).

3. AGRICULTURA DE PRECISÃO

A cartografia é essencial na agricultura de precisão, uma área que utiliza tecnologias

avançadas para otimizar o uso de recursos e aumentar a eficiência da produção agrícola.
Através de mapas de produtividade, relevo, solo e clima, agricultores conseguem
gerenciar suas terras de forma mais eficiente, aplicando fertilizantes e pesticidas de
maneira otimizada e localizada.

3.1.Exemplo:

Agricultores no cerrado brasileiro utilizam tecnologias de georreferenciação e mapas

gerados por drones para monitorar a saúde das plantações, identificar áreas de stress
hídrico e planejar o plantio e colheita.

3.2. Metodologia:

A agricultura de precisão faz uso de metodologias como a georreferenciação e o

sensoriamento remoto para gerar mapas detalhados da área cultivada. Drones equipados
com sensores multiespectrais capturam imagens das plantações, que são integradas a um
SIG. Com isso, são gerados mapas temáticos que indicam a variabilidade de umidade do
solo, nutrientes e saúde das plantas, permitindo o manejo localizado da produção. Outra
técnica importante é a criação de modelos digitais de elevação (MDE), que ajudam a
analisar o relevo e o escoamento hídrico da área, fundamentais para o manejo de irrigação
e prevenção de erosão (Bernardi et al., 2014).

4. DEFESA E SEGURANÇA NACIONAL

Outra aplicação crucial da cartografia está na área de defesa e segurança nacional. As

forças armadas e agências de segurança utilizam mapas para o planejamento de
operações, logística e estratégias de combate. Além disso, na segurança civil, a cartografia
é utilizada para o monitoramento de fronteiras, controle de tráfego aéreo e na gestão de
crises em situações de emergência, como desastres naturais.

4.1 Exemplo:

Durante grandes eventos como as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro, mapas

detalhados da cidade foram utilizados pelas forças de segurança para planejar e monitorar
o tráfego, a presença de público e ações de segurança em tempo real.

4.2 Metodologia:

A cartografia militar faz uso intensivo de mapas topográficos, que incluem detalhes sobre
relevo, vegetação, cursos d'água e infraestrutura. Esses mapas são combinados com dados
obtidos por drones e satélites de alta resolução, que fornecem imagens em tempo real,
permitindo atualizações constantes do terreno. Técnicas de fotogrametria, que envolvem
a captura de imagens de alta precisão, também são amplamente utilizadas para a criação
de mapas detalhados em operações militares (silva; silva, 2010).

5. TURISMO E EDUCAÇÃO

No setor de turismo, a cartografia tem aplicações importantes, permitindo o

desenvolvimento de mapas turísticos que facilitam o deslocamento e o planejamento de
atividades. Esses mapas não apenas indicam locais de interesse, mas também orientam
sobre os melhores roteiros e acessibilidade, sendo essenciais para a experiência do turista.

Na educação, a cartografia tem sido cada vez mais incorporada em salas de aula, como
uma ferramenta para ensinar geografia, história e ciências. Através de mapas interativos,
estudantes podem explorar diferentes regiões do mundo e compreender fenômenos
geográficos de forma mais intuitiva.

5.1 Exemplo:
Mapas interativos online, como os disponibilizados pelo Google Earth, permitem que
estudantes naveguem por regiões de interesse, analisem mudanças no espaço e no tempo,
e compreendam a geografia de maneira prática e visual.

5.2 Metodologia:

No turismo, utiliza-se a cartografia temática, que foca em destacar informações

específicas sobre atrações turísticas, redes de transporte, locais históricos, entre outros.
Para a educação, a criação de mapas interativos e o uso de plataformas de realidade
aumentada estão se tornando cada vez mais comuns, oferecendo aos alunos uma maneira
imersiva de aprender sobre o espaço geográfico (Almeida; Passini, 2010).

CONCLUSÃO

A cartografia moderna não se limita à simples representação do espaço físico; ela

desempenha um papel fundamental na análise, planejamento e tomada de decisões em
diversas áreas. Seja no planejamento urbano, na agricultura de precisão ou na conservação
ambiental, as metodologias cartográficas, como o uso de SIG, sensoriamento remoto e
georreferenciação, possibilitam uma análise detalhada do território e das dinâmicas
espaciais. Com o avanço das tecnologias, suas aplicações só tendem a crescer, integrando-
se cada vez mais às rotinas e desafios contemporâneos.

REFERENCIAS

ALMEIDA, Rosângela Doin de; PASSINI, Elza Yasuko. O ensino e a aprendizagem

de cartografia na escola. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2010.

BERNARDI, Alvaro Carlos de Carvalho et al. Agricultura de precisão: gestão

espacial da produção agrícola. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.

CÂMARA, Gilberto et al. Análise espacial de dados geográficos. São José dos
Campos: INPE, 1996.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas,
2007.

INPE. PRODES: Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite.

Disponível em: http://www.inpe.br/prodes/. Acesso em: 15 out. 2024.

IPAM AMAZÔNIA. Monitoramento do desmatamento por satélite. Ipan.Org.

Disponível em: https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/desmatamento-em-foco/. Acesso em
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MANFRÉ, Luiz Augusto. Identificação e Mapeamento de áreas de deslizamentos
associadas a rodovias utilizando imagens de sensoriamento remoto. 2015.
Dissertação (Doutorado em Ciências). Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2015.
Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3138/tde-03032016-
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NOVO, Evlyn M. L. M. Sensoriamento remoto: princípios e aplicações. 3. ed. São
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W46AoaPPuaSESPt0g#v=onepage&q=Sensoriamento%20remoto%3A%20princ%C3%
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SILVA, Pedro Jorge da; SILVA, Luciana Fernandes. Geotecnologias na segurança

pública. São Paulo: Oficina de Textos, 2014.