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Desinformação e Jornalismo

O documento discute a relação entre o ecossistema desinformativo e o jornalismo, destacando como a desinformação afeta a credibilidade jornalística. Utilizando exemplos históricos e contemporâneos, como o caso da atriz Cláudia Raia e a cobertura da pandemia de Covid-19, a autora analisa os desafios enfrentados pelo jornalismo na busca pela verdade e na construção de uma informação confiável. A pesquisa é embasada em uma revisão bibliográfica que abrange diversas perspectivas sobre a qualidade da informação e a confiança do público no jornalismo.

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Desinformação e Jornalismo

O documento discute a relação entre o ecossistema desinformativo e o jornalismo, destacando como a desinformação afeta a credibilidade jornalística. Utilizando exemplos históricos e contemporâneos, como o caso da atriz Cláudia Raia e a cobertura da pandemia de Covid-19, a autora analisa os desafios enfrentados pelo jornalismo na busca pela verdade e na construção de uma informação confiável. A pesquisa é embasada em uma revisão bibliográfica que abrange diversas perspectivas sobre a qualidade da informação e a confiança do público no jornalismo.

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PISTAS PARA PROBLEMATIZAR

A RELAÇÃO ENTRE O ECOSSISTEMA


DESINFORMATIVO
E O JORNALISMO

Ana Prado1

“News is a window on the world.”2


Gaye Tuchman

E m 1992, a atriz brasileira Cláudia Raia foi alvo de rumores


noticiados na imprensa sobre estar infectada com o HIV.
No início daquela década,havia um enorme preconceito con-
tra pessoas vivendo com Aids e os pacientes eram vítimas não
só da doença – que era considerada uma sentença de morte –,
mas também de um estigma de natureza não só do campo da
saúde, sobretudo do simbólico.
Essa segunda natureza – a simbólica – tinha premissas
nas questões étnicas e morais (Fausto Neto, 1999). A mídia, como
parte constituinte da construção da realidade, cumpria o papel
de mover o tema da Aids dentro do debate público e a conse-
quente produção de sentidos acionados pelos discursos, prin-
cipalmente os discursos circulantes no ambiente jornalístico.
“Constata-se que a Aids ‘invade’ o corpo social, desdobrando-
se em várias problemáticas, envolvendo diferentes realidades,
atores, desafios institucionais, estratégias, dramas e, possivel-
mente, tentativas de inteligibilidades” (Fausto Neto, 1991, p. 29).

1 Professora do Magistério superior da Faculdade de Comunicação da Universidade


Federal do Pará (UFPA).
2 “As notícias são uma janela para o mundo”, em tradução livre.

96
É provável que, por mover os estigmas morais, na oca-
sião, Claudia Raia3 tenha ido a público, por meio de veículos
de imprensa, apresentar os resultados negativos dos exames
médicos, como forma de esclarecer o rumor sobre estar infec-
tada pelo HIV.
A esse caso somam-se inúmeros outros similares envol-
vendo famosos, pessoas comuns, entidades etc., com danos
e repercussões muitas vezes irreparáveis e que demonstram
a fragilidade de um dos aspectos mais importantes do bom
jornalismo, a acurada apuração da informação, empobre-
cendo um dos atributos mais caros à prática profissional, a
credibilidade.
Como confiar num sistema de informação jornalístico se,
frente ao sensacionalismo ou à busca pelo furo, não se cumpre
o básico, pressuposto pela deontologia da prática? Quando se
trata do necessário, o jornalismo serve

[...] para informar o público sobre incidentes, tendências


e o desenvolvimento das sociedades e do governo. Os jor-
nalistas são obrigados a reunir informações da melhor
forma possível e a falar a verdade conforme a encontram.
Eles devem ser destemidos em sua busca pela verdade
e desimpedidos por interesses conflitantes (Smith, 2008,
p. 10, tradução nossa).

Essa relação de confiança, fundamento para se compre-


ender algo credível, é um contrato de consentimento mútuo:
crê-se que é verdade o que jornalismo publica porque, em tese,
ele é o mediador entre os fatos, o acontecimento e o público.
Adiante, falar-se-á mais sobre a credibilidade jornalística

3 Esse caso ganhou notoriedade pela forma como a atriz ainda hoje se queixa de como
o boato quase destruiu sua carreira.‑

97
e a relação com as desordens da informação ou, como optamos
por usar neste capítulo, o ecossistema da desinformação4.
A relação entre qualidade da informação, credibilidade
jornalística e desinformação, cuja interseção também se
entrelaça aos temas confiança e noção de verdade tem sido
objeto principal, recortes e assuntos tangenciais de pesquisa
de autores5 como Christofoletti e Laux (2008); Kiousis (2009);
Christofoletti (2010; 2018; 2023); Carr et al. (2014); Guerra (2010;
2014; 2023a; 2023b); Wardle (2017); Bhaskaran, Mishra e Nair
(2017); Lisboa e Benetti (2017); Bennet e Livingston (2018);
Waisbord (2018); Ognynova et al. (2018); Varão (2019); Unesco
(2019); Baptista (2019); Valente (2019); Rothberg et al. (2022);
Dias (2022); Palomo; Tandoc; Cunha (2023); Yang; Davis; Hin-
dman (2023); Aïmeur; Amri; Brassar (2023); Prado e Varão
(2024); Farkas (2023a; 2023b).
Este capítulo busca problematizar essa relação entre a
credibilidade do jornalismo profissional6 e a desinformação,
tendo como metodologia um percurso bibliográfico a partir
do final da primeira década dos anos 2000 até 2024, percor-
rendo autores distribuídos geograficamente nas Américas do
Norte e Latina, Europa, África e Ásia.
Não é propósito aqui apontar categoricamente para o jor-
nalismo como protagonista no ecossistema desinformativo,
longe disso. Basta relembrar o passado recente da epidemia
4 Optou-se por usar aqui os termos desinformação ou ecossistema desinformativo, em
detrimento da expressão mais popular fake news, por entender-se que este último não
atende à complexidade do fenômeno desinformativo e carrega em si uma contradi-
ção, já que news (notícias) tem a premissa de verdade como estatuto.
5 A primeira tese de doutorado sobre o tema foi apresentada em 1690, na Alemanha, na
Universidade de Leipzig, e não foi fruto de um investigador do jornalismo, mas sim
de um estudioso da Medicina e da Teologia Tobias Peucer (Sousa, 2008).
6 Neste trabalho, entende-se por jornalismo profissional o exercício frequente que se
desenvolve dentro de empresas tradicionais ou não de mídia presentes na contigui-
dade e/ou na internet, de assessorias e demais atividades que envolvam a produção,
seleção e difusão de gêneros jornalísticos de forma periódica.

98
de Covid-19 e o papel fundamental dos meios jornalísticos
na tarefa de informar, desmitificar e desmentir toda ordem de
desinformação em torno do vírus e na cobertura sistemática
dos desdobramentos políticos resultantes dos atos do poder
público ao longo dos anos mais críticos do surto da doença.
Desde o início da pandemia, por exemplo, a maior auto-
ridade no Brasil à tratou com a questão de forma negacionista
e negligente diante da gravidade da disseminação do vírus. O
governo de Jair Bolsonaro lidou com a emergência sanitária de
forma política, tendo como estratégia principal uma rede de
desinformação que atua disputando espaço de narrativas com
o jornalismo.

A “CPI da Covid-19”, do Senado Federal, representou


um esforço de apurar e responsabilizar os agentes pú-
blicos que não agiram adequadamente diante da emer-
gência sanitária. O jornalismo teve papel importante
no acompanhamento do andamento da Comissão Par-
lamentar de Inquérito, num movimento que envol-
veu ativamente os debates paralelos nas mídias sociais
(Rodrigues; Prado; Lobato, 2022, p. 63).

Nesse contexto, boa parte da imprensa no Brasil se mobili-


zou para não só para reportar os fatos, mas também ocupando
algumas funções que tecnicamente deveriam ser do governo
como, por exemplo, a sistematização de dados enviados pelas
secretarias estaduais, uma vez que o Ministério da Saúde não
realizou essa tarefa de forma a manter uma regularidade de
informação diária e confiável.
Assim, a partir da compreensão da complexidade que
é trilhar um caminho que consiga problematizar a relação
entre o jornalismo profissional e a desinformação, tenta-se

99
aqui um exercício cauteloso para não sucumbir ao fatalismo
crepuscular de que o jornalismo está numa crise sem retorno.
Ou mesmo que o bom jornalismo é o sacro espaço redentor
de todos os males e escolhas que os seres humanos fazem
socialmente. O jornalismo é uma forma de discurso e, como
tal, vale-se de um sistema de linguagem para se constituir
(Hartley, 2005). A seção seguinte atém-se a discutir de modo
breve o espaço que o jornalismo ocupa no contemporâneo e
a questão da credibilidade.

O lugar da credibilidade no jornalismo


do tempo recente
A epígrafe deste capítulo traz uma citação de Gaye Tuch-
man – “News is a window on the world” – do clássico livro
Making News – e grosso modo diz que as notícias são uma
“janela para o mundo” (Tuchman, 1978, p. 5, tradução nossa). A per-
cepção da autora dá conta de que é por meio de uma moldura
que se enxerga o mundo. Essa noção também é compartilhada
por autores como Traquina (2002; 2004) e Beltrão (2006). Já para
Sousa, o jornalismo é uma atividade profissional “de divulga-
ção mediada, periódica, organizada e hierarquizada de infor-
mações com interesse e para o público” (2006, p. 107); “atividade
organizada e histórica e socialmente determinada de produção
e difusão de informação” (2008, p. 155).
Ao se localizar como uma atividade sócio-técnica, o jor-
nalismo profissional se desenvolve a reboque das transforma-
ções culturais, econômicas e tecnológicas, frutos do movi-
mento Iluminista e da Revolução Industrial. “O jornalismo
moderno, que resulta em parte desse processo, tem suas bases
construídas no século XIX. No entanto, suas origens podem

100
ser identificadas em algumas práticas comuns existentes já a
partir do século XVI” (Guerra, 2003, n.p.)7.
Então, pode-se pensar o mundo contemporâneo sem
o jornalismo profissional? Pelo menos nas sociedades com
alguma forma de sistema democrático, se observa a existência
de algum tipo de atividade profissional de produção e circula-
ção de notícias. O bom jornalismo é fundamental para o fun-
cionamento do Estado de Direito, e é fonte para que os cida-
dãos façam escolhas (Koch, 1991).
Desde os desastres naturais, a vida das celebridades, a
passar pelas discussões em torno das crises políticas e finan-
ceiras que afetam o mundo globalizado, até as consequências
dos atos humanos no meio ambiente – só para citar alguns
temas que estão presentes na agenda atual dos meios de comu-
nicação –, não há, pelo menos por enquanto, como se pensar
adequadamente na hipótese de avançar em termos de inde-
pendência, de cidadania e de formação de opinião sem a pre-
sença de um jornalismo independente, robusto, diversificado e
de qualidade, ou, pelo menos, em um sistema similar de distri-
buição de informação que siga as técnicas e os moldes do que
em tese estão na premissa do jornalismo.
Entretanto, ao se colocar dessa forma, parece que o jor-
nalismo é detentor apenas de um caráter técnico/reducionista,
o que confronta a complexidade dos processos aos quais está
submetido neste caso a produção, difusão, apropriação e res-
significação. Um conceito mais preciso do que seja jornalismo
talvez seja a junção das visões daqueles que mais se debru-
çaram em olhar para essa atividade de forma crítica, mas ao
mesmo tempo com a certeza de que ela não está descolada da
sociedade na qual se desenvolve. Pelo contrário, alimenta-a

7 A história do surgimento do jornalismo está bem documentada por diversos autores,


como Romancini e Lago (2007), no caso brasileiro.

101
e cria uma realidade social, agendada e submetida à ideologia
da atividade.
Nesse sentido, Deuze (2005) advoga que o jornalismo é
uma ocupação ideológica e, portanto, prescinde de um sistema
que caracteriza o grupo de profissionais que exercem a prática
jornalística. Deuze discute a questão a partir da compreensão
de que uma ideologia jornalística é um processo intelectual,
fruto de um somatório de ideias e pontos de vistas, e que sugere
que os jornalistas em “países com eleições democráticas par-
tilham características e falas de valores similares no contexto
do trabalho diário [...], jornalistas em todos tipos de mídia,
gêneros e formatos carregam a ideologia do jornalismo” (Deuze,
2005, p. 445 e 447, tradução nossa).
Mark Deuze (2005) aponta o elemento “serviço público”
como um poderoso componente na ideologia do jornalismo.
Por fim, o estudioso entende que modelos binários de jor-
nalismo não se tornam sustentáveis em tempos de notícias
modernas e líquidas, propondo uma visão mais holística a
partir dos aparatos multimídia e multiculturais presentes na
atualidade do fazer jornalístico.
Já numa perspectiva mais crítica, Callison e Young (2020)
propõem um tipo de acerto de contas entre limites e possibi-
lidades do jornalismo. Para os autores, há que se observar que
a tecnologia trouxe um enorme impacto não só para o jorna-
lismo, mas ao conjunto do funcionamento das democracias.
Assim, o jornalismo sofre o impacto do avanço das grandes
plataformas digitais e das mídias sociais (2020, p. 201).
Os autores defendem que um tema central emergente
na defesa ou desprezo do jornalismo é a “durabilidade do
fator objetividade como elemento central em métodos, códi-
gos éticos e abordagens. Objetividade que deve estar junta-
mente com as questões relacionadas à ordem social, ao poder,

102
à autoridade e accountability do jornalismo” (Callinson; Young,
2020, p. 201, tradução nossa).
Tanto Deuze (2005) quanto Callison e Young (2020) rejeitam
fórmulas que sejam definitivas para as questões que emergem na
superfície do terreno arenoso do jornalismo diante da complexi-
dade dos tempos turvos. Contudo, o que interessa neste trabalho
é o ponto no qual se tangenciam credibilidade e desinformação
no jornalismo, no cenário de disputas de atenção e concorrência
das big techs, objeto de discussão no tópico seguinte.

Em torno do conceito de credibilidade

Boatos, rumores, informação incorreta, erros de checa-


gem, apuração tendenciosa, ausência de pluralidade de fontes
e falta de precisão... Enfim, pode-se dizer que esses são alguns
dos “deslizes” aos quais o jornalismo profissional está sujeito e
que afetam a qualidade do principal produto do jornalismo, a
informação. Isso sem mencionar as questões éticas, os interes-
ses comerciais e as rotinas produtivas massacrantes nas reda-
ções, problemas que impactam o valor do que é oferecido ao
público, cada dia mais submetido a outras formas de conteú-
dos, alvos fáceis da indústria da desinformação.
A estrutura tecnológica contemporânea ampliou as
possibilidades de participação do público no ecossistema de
produção e de distribuição de informações. Entretanto, esse
alargamento da capacidade de inclusão de vozes, a partir do
ambiente digital, não significa necessariamente que o debate
na esfera pública cresça em qualidade e polifonia. Para Bap-
tista (2019), a desinformação que abunda nos diversos espa-
ços computacionais é um sintoma claro do esfacelamento da
comunicação enquanto atividade em sociedade, produzindo

103
“esferas públicas disruptivas” (Baptista, 2019, p. 51), apoiadas num
cenário de intensa desordem da informação.
Nesse sentido, o jornalismo – enquanto instituição
importante para o bom funcionamento dos sistemas demo-
cráticos – tem padecido com a perda da primazia no relato
dos fatos, o que tem colaborado para corroer o seu principal
capital simbólico, a credibilidade.
Ainda nessa linha, Aguiar e Roxo (2019) apontam que
o crescimento das mídias sociais afeta de modo importante
a atividade. Sem a mediação do jornalismo, a informação
segue fluxos sem controle e reverbera de acordo com o con-
junto de crenças e subjetividades dos indivíduos, relegando-
o a um papel secundário, ou até mesmo, de adversário dos
fatos, já que para quem não empresta fiel crença no produto
jornalístico, os fatos pouco importam. É a era da pós-verdade
prevalecendo sobre a noção de verdade e confiança outrora
precedência da imprensa.
Assim, como já mencionado anteriormente, a questão da
credibilidade está relacionada à confiança. Spiro Kiousis (2009)
trata dessa temática a partir do olhar do público tendo como
foco as notícias na internet. O autor divide em duas a percep-
ção de credibilidade: da fonte e dos meios. A primeira está
relacionada à qualidade da fonte, se por acaso, a fonte é quem
comunica a mensagem, há expertise e confiabilidade daquele
que transmite a informação. Isso traz um peso importante
como, por exemplo, um apresentador de telejornal ampla-
mente reconhecido como confiável. A credibilidade dos meios
sofre efeitos de fatores como localização geográfica, forma-
ção educacional, gênero, faixa etária etc. Nesse sentido, Haw-
ley (2012) refere que a confiança é advinda do conhecimento.
Ainda na mesma linha, mas partindo da Teoria do Conheci-
mento, Lisboa e Benetti (2017) apontam que:

104
A credibilidade é um predicado que está amparado em
valores éticos e morais. Isso porque a avaliação sobre a
fonte de informação dirá se ela é um bom ou um mau
informante de acordo com o que se esperava dela e de
acordo com o contexto da comunicação, que tornou pos-
sível essa percepção (Lisboa; Benetti, 2017, p. 3).

A partir de uma abordagem filosófica e da teoria do dis-


curso, Lisboa e Benetti constroem dois tipos de credibilidade: a
constituída e a percebida. Na primeira, o domínio está em quem
enuncia o discurso, potencialmente claro e objetivando garantir
a verdade daquilo que é dito e está em sintonia com a qualidade
de quem profere a fala. Essa modalidade de credibilidade está
em consonância com o que Spiro Kiousis (2009) propõe.
Já a credibilidade percebida é um atributo do campo do
reconhecimento. O público precisa legitimar a credibilidade
constituída para que essa tenha valor. Nessa mesma linha de
raciocínio que Carr et al. (2014) tratam do tema a partir de estu-
dos que examinam as influências que predispõem indivíduos a
dar credibilidade ao jornalismo convencional (como os autores
se referem ao jornalismo profissional) e o jornalismo cidadão,
ambos no campo político. Para os autores, fatores como justiça,
precisão e parcialidade são elementos condicionantes para a
credibilidade da mídia jornalística.
Carr et al. (2014) defendem que credibilidade e confiabili-
dade percebidas estão atreladas a fatores como a fonte da men-
sagem, o conteúdo e o meio pelo qual é difundido (Carr et al.,
2014, p. 4). Os autores realizaram um longo estudo comparando
os dois tipos de jornalismo e, ao fim, mostram que:

Nossos resultados se encaixam perfeitamente com um


corpo de literatura sugerindo que os céticos da mídia são

105
menos propensos a confiar na mídia tradicional porque
suspeitam de práticas jornalísticas comuns. (...). Não é sim-
plesmente que os incrédulos da mídia sejam mais críticos
em todas as mídias; em vez disso, eles são mais críticos em
relação às notícias convencionais de que dos meios de co-
municação alternativos (Carr et al., 2014, p. 14, tradução nossa).

Se a credibilidade é um atributo estreitamente relacio-


nado à noção de confiança, como recuperar o espaço que
eventualmente o jornalismo profissional parece perder para
outras formas de difusão de caráter informativo? Talvez não
haja uma fórmula definitiva, até porque, como já mencionado
anteriormente, atuam fatores complexos como distribuição
geográfica, educação formal ou não, subjetividades indivi-
duais, entre outros. Contudo, é possível afirmar que o avanço
da desinformação tem colocado em xeque não só a função
social do jornalismo, como se impõe como outra forma de
desafio, pois cabe também à prática superar esse avanço. Save-
nhago, Pedigone e Duarte (2017) partem da noção filosófica de
“absurdo” para falar sobre como o jornalismo pode servir para
a propagação de desinformação e promover falsas verdades
a partir de boatos. A seção seguinte coloca em pauta essa e
outras questões.

Ecossistema da desinformação

Há quase um consenso na literatura que dois aconteci-


mentos demarcaram uma curva ascendente de preocupação
entre acadêmicos, entidades, governos e sociedade civil em
relação à expansão do ecossistema da desinformação: a eleição
de Donald Trump nos Estados Unidos da América em 2016

106
e o referendo no Reino Unido que o retirou da União Euro-
peia, o Brexit. Só para citar alguns autores que apresentam em
seus trabalhos claramente uma demarcação desses dois even-
tos como pontos de partida para uma profusão de estudos na
área: Gelfert (2018), Bennett e Livingston (2018), Ognyanova
et al. (2020), Yang, Davis e Hindman (2023).
Além disso, quando se estabelece uma busca por trabalhos
científicos indexados pelos temas no Google Scholar, refinado
pela ferramenta “Publish or Perish”8, utilizando as palavras-
chave “desinformation”, “fake news”, “Trump” e “Brexit”, tem-
se mais de 46 mil citações, sendo 980 produções entre artigos,
relatórios e livros de 2016 a 2024. O Quadro 1 apresenta os
cinco trabalhos mais citados envolvendo essas palavras-chave.

Quadro 1: Os cinco trabalhos mais citados sobre


desinformação, fake news, Trump e Brexit
Ano/
Título Autor Citações
publicação
Information disorder: toward and
C. Wardle;
interdisciplinary framework for 3.468 2017
H. Derakhshan
research and policymaking
Network propaganda:
Y. Benkler; R. Faris;
manipulation, disinformation and 2.254 2018
H. Roberts
radicalization in America Politics
Beyond misinformation:
S. Lewandowsky;
understanding and coping 1.935 2017
UKH Ecker; J. Cook
with the “post-truth” era.
Media manipulation and A. Marwick;
1.720 2017
disinformation online R. Lewis
The disinformation order:
W. Bennett;
disruptive and the decline 1.607 2018
S. Livingston
of democratic institutions
Fonte: elaboração própria.

8 Para este trabalho, aplicou-se o uso dessa ferramenta que compila a partir de pala-
vras-chave um conjunto de produções científicas em diversas bases de dados. Nesse
caso, foi usado o Google Scholar por oferecer ferramentas de monitoramento de cita-
ções, dentre outras. A rotina foi aplicada na primeira quinzena de setembro de 2024.

107
O Quadro 1 é uma ilustração do volume de produção
que as temáticas relacionadas ao ecossistema da desin-
formação têm acionado nos últimos oito anos. O assunto
é central não só por servir a interesses escusos de grupos
políticos – maioritariamente da extrema direita, mas não só
– aumentando a crise de credibilidade nas instituições, den-
tre elas o jornalismo, criando momentos de intensa deso-
rientação, ruídos e toda sorte de histórias dúbias (Benetti;
Livinstone, 2018).
Embora o fenômeno da desinformação não seja recente,
o que se apresenta é o potencial de produção e disseminação
que o fenômeno alcança a partir das tecnologias de informa-
ção e comunicação. As fronteiras geográficas são rapidamente
vencidas e as mídias sociais encenam os sentidos ao gosto do
freguês. Não à toa, a Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) tenha lançado em
2019 o manual de educação e treinamento Jornalismo, fake
news & desinformação: manual para educação e treinamento
em jornalismo. No documento, a Unesco apresenta uma série
de recomendações que visam não só fortalecer o ensino de
jornalismo, mas indica os caminhos para que a atividade atue
também na frente de batalha de combater a desinformação.
Porém, não é só a Unesco que está preocupada com o
avanço da desinformação. Recentemente, em fevereiro de
2024, a Associação Americana de Psicologia (APA)9 lançou
uma resolução para combater a desinformação (misinforma-
tion) e para promover a literacia em ciência psicológica. A pre-
ocupação da APA se alinha a um esforço envolvendo educa-
dores, pesquisadores e profissionais do campo com a crescente
onda de descrédito na ciência.

9 A resolução da APA pode ser encontrada on-line: https://www.apa.org/about/policy/


resolution-psychology-human-rights.pdf. Acesso em: 13 set. 2024.

108
Mas, afinal, o que compreende o ecossistema desinforma-
tivo? Um ecossistema pode ser entendido como um ambiente10
no qual os elementos estão em estado de interdependência.
Essa metáfora, oriunda da Biologia, se adequa ao fenômeno
da desinformação, pois as ações do sistema envolvem os entes
que o compõem. Entende-se que é necessário contextualizar
os termos usados para descrever o fenômeno.
A desinformação pode ser compreendida como a infor-
mação falsa, boato, distorcida intencionalmente, forjada em
modelos do jornalismo profissional e com intentos políticos.
Gomes e Dourado (2019) associam esse conceito a fake news,
“que se popularizou como elemento da retórica de Donald
Trump e passou a designar narrativas falsas” (idem, p. 35.) Angel
Ágreda (2018) afirma que as fake news não são necessariamente
mentiras, mas não são notícias, e se comportam como relatos
interessados em influir na opinião do público.
Informações incorretas estão presentes no jornalismo de
baixa qualidade, fruto de verificação não acurada, em geral,
agindo fortemente no segmento sensacionalista. Misinformation,
em tradução literal, significa desinformação, contudo, pode-se
compreender também com uma informação equivocada.
A miscelânea de termos é vasta11, e a tentativa de enqua-
drar todas as nuances que conforma o ecossistema da desin-
formação é complexa, acionando variáveis que se movem na
paisagem das disputas políticas. Ognynova et al. (2020), ao
pesquisar como age o mecanismo desinformante nos Estados
Unidos, perceberam que a exposição de informações falsas está
relacionada a uma menor confiança na mídia e uma confiança

10 O termo provém da Biologia. Dicionário Michaelis. Disponível em: https://michaelis.


uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=ecossistema. Acesso em: 10 set. 2024.
11 Varão (2019) apresentou uma tipologia das fake news detalhando uma série de ele-
mentos nos quais constam a sátira, a paródia, fabricação, manipulação de fotos, pu-
blicidade e propaganda, e relações públicas.

109
maior no governo quando o lado do indivíduo se encontrava
no poder. O estudo dos autores lança algumas luzes para com-
preender porque o vínculo político motiva ideologicamente
os indivíduos: “Democratas fortes seriam mais motivados a
avaliar criticamente o conteúdo de direita, desconfiar da fonte
e contra-argumentar mensagens que desafiam suas crenças”
(Ognyonova et al., 2020, p. 5, tradução nossa).
São subjetividades, escolhas, ideologias e movimentos
que movem paixões e crenças. Os desafios são da ordem dos
contextos nos quais o ecossistema desinformativo se alimenta,
e não há fórmula única para a doença que ameaça retroceder
anos de civilização e racionalidade da experiência humana.

Algumas considerações finais

Chegou-se até aqui percorrendo um caminho conceitual


que aponta para a da complexidade da credibilidade jornalís-
tica no cenário quase irreversível do ecossistema da desinfor-
mação. Os elementos que fragilizam a prática jornalística hoje
são os mesmos de ontem, mas o presente flui na velocidade
de bandas largas e o alcance da (des)informação não conhece
limites geolocalizados e nem fuso horário, tempo e espaço se
subvertem na lógica imaginária do tempo real.
E qual a responsabilidade do jornalismo quando a credibili-
dade está em xeque, justamente porque a confiança é ameaçada,
distorcida e feita em pedaços?, pergunta Silvio Waisbord (2018).
Para tentar responder a Waisbord, pode-se dizer que a res-
ponsabilidade do jornalismo é grande no processo de perda de
confiança e credibilidade. O jornalismo profissional não se prepa-
rou diante da velocidade com a qual o ecossistema desinformativo
se desenvolveu. E há que se indagar: ele tem como enfrentá-lo?

110
O jornalismo viu a chegada da desinformação de forma
impactante e concorrente. Esse jornalismo profissional não
conseguiu prover mecanismos rápidos para lidar com esse
cenário de modo a não estar em certos momentos nivelados
pela opinião pública no mesmo patamar que a indústria de
produção da desinformação. Não se trata de competir com
esse sistema. Alude-se a enfrentá-lo efetivamente – e alguns
caminhos podem indicar movimentos importantes.
A ética da prática jornalística precisa ser retomada
como assunto sério não só nas redações, mas ser parte trans-
versal em todo os componentes curriculares das matrizes de
disciplinas nas escolas de Jornalismo. A deontologia da pro-
fissão precisa ser revista, inclusive no ordenamento que rege
as legislações no funcionamento dos sindicatos e das federa-
ções profissionais. Não se pune nessas instâncias a falsidade
deliberada que está presente no jornalismo profissional. Pelo
contrário, profissionais “arrependidos” pelo mau trabalho
executado, e que eventualmente destroçou vidas no passado,
são premiados.
A oferta de ferramentas e de estratégias que estão postas
para o jornalismo profissional não sucumbir ao conjunto de
práticas do ambiente desinformativo é abundante. O arsenal
promovido pelas inteligências artificiais generativas pode e
deve ser usado – com muita atenção – para melhorar a quali-
dade do que é reportado no cardápio da agenda de fatos e de
acontecimentos diários.
É preciso que a imprensa esteja disposta a ultrapassar o
“erramos” e fazer de fato uma correção de rota. O jornalismo
de baixa qualidade está se sobressaindo em detrimento ao
jornalismo denso e de credibilidade, ainda mais em tem-
pos nos quais influencers começam a substituir profissio-
nais em coberturas relevantes e com forte apelo popular

111
como na transmissão no desfile das escolas de samba do
Carnaval de 202412.
Por fim, há que se implementar uma metodologia perita
para aferir padrões de qualidade do produto do jornalismo, bem
como sobre os sistemas de gestão e de transparência. Para sobre-
viver, o jornalismo profissional deve desenvolver ou se subme-
ter a ferramentas que possam mensurar os graus de qualidade
daquilo que é ofertado ao público, caminhar para – diuturna-
mente – recuperar espaços de credibilidade perdidos não só
pela degeneração dos processos de produção, mas também por
sucumbir ao fácil, ao doce mundo dos fait-divers (Barthes, 2002).
Como afirma Dias (2022), há um jornalismo propenso à
falsidade, e é esse que precisa ser expurgado. “Sem amparo no
real e sem nenhum escrúpulo, deram lugar a miragens, a far-
sas das mentiras deliberadas” (Dias, 2022, p. 69). É sobre isso, e a
coisa não está nada bem.

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12 A Federação Nacional dos Jornalistas criticou a escolha da Rede Globo. Cf: https://
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