Erviço Doméstico e Equiparação Legal
Erviço Doméstico e Equiparação Legal
https://doi.org/10.1590/1980531410798
Resumo
O objetivo do artigo é analisar a tramitação e os argumentos favoráveis e contrários à aprovação
da Convenção n. 189 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em 2011, e da “PEC das
Domésticas”, no Congresso Nacional brasileiro, em 2013, regulamentada em 2015. Também busca
examinar os possíveis fatores associados para essa quase equiparação legal dos trabalhadores
domésticos ter se dado apenas naquele momento, e não anteriormente. Para isso, a metodologia
utilizada é a análise de documentos produzidos durante os debates na OIT e no Congresso Nacional.
Os resultados demonstram a disputa entre argumentos centrados em justificações, de um lado,
econômicas e, de outro, social e ética. Indicam, ainda, um conjunto de seis fatores associados para
a equiparação tardia.
TRABALHO DOMÉSTICO • DIREITOS TRABALHISTAS • LEGISLAÇÃO
Recebido em: 17 DEZEMBRO 2023 | Aprovado para publicação em: 16 ABRIL 2024
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Cad. Pesqui. (Fund. Carlos Chagas), São Paulo, v. 54, e10798, 2024, e-ISSN 1980-5314
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SERVIÇO DOMÉSTICO E EQUIPARAÇÃO LEGAL: DISPUTA ARGUMENTATIVA E FATORES ASSOCIADOS
Alexandre Barbosa Fraga
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A
NATURALIZAÇÃO DO TRABALHO DOMÉSTICO COMO RESPONSABILIDADE FEMININA
(Melo, 2000), a desvalorização das atividades reprodutivas em relação às produtivas
(Sorj, 2004), as marcas de um passado escravista quando da passagem para o trabalho
livre (Souza, 2019) e a interseccionalidade entre gênero, classe e raça (Porfírio, 2021), entre outras
razões, ajudam a explicar por que até 2013 os trabalhadores domésticos não tinham delimitado
em lei sequer o limite da carga horária a ser cumprida na jornada de trabalho. Nesse sentido, a
trajetória da legislação direcionada a essa ocupação é marcada pela exclusão e pela diferenciação.
Os trabalhadores domésticos foram deixados de fora do Decreto-Lei n. 5.452, de 1943, que aprovou
a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), sendo regulados, ainda com pouca proteção, apenas em
1972, pela Lei n. 5.859. Nem mesmo a Constituição de 1988 reverteu esse cenário, já que, embora
tenha expandido os direitos desses profissionais, manteve a não equiparação com os demais traba-
lhadores (Fraga, 2013).
Como passo importante nesse longo percurso, houve, nos anos 2010, duas mudanças le-
gais significativas. A primeira delas está associada à Organização Internacional do Trabalho (OIT),
a qual, em 2011, em sua 100ª Conferência, decidiu adotar uma convenção sobre a temática. Na
ocasião, representantes de governos e organizações de empregadores e de trabalhadores de todos
os Estados-membros votaram e aprovaram a Convenção e recomendação sobre o trabalho de-
cente para trabalhadoras e trabalhadores domésticos (Convenção n. 189) (International Labour
Organization [ILO], 2011f) e a sua Recomendação de acompanhamento n. 201 (ILO, 2011e). A
segunda mudança está ligada ao Congresso Nacional brasileiro, que, em 2013, aprovou a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) que ficou conhecida como a “PEC das Domésticas”, regulamen-
tada em 2015. Tanto a Convenção quanto a PEC estenderam aos trabalhadores domésticos prati-
camente o mesmo conjunto de direitos já assegurado aos demais trabalhadores.
O primeiro objetivo deste artigo é analisar, na OIT e no Congresso Nacional, a tramitação
dessas duas importantes mudanças no serviço doméstico, de forma a compreender como cada
uma dessas instituições propôs e aprovou tais alterações. Interessa observar, sobretudo, os argu-
mentos favoráveis e contrários defendidos pelos atores envolvidos nos debates a fim de sustentarem
suas posições e fundarem uma justificação (Boltanski & Thévenot, 1991). O segundo objetivo é in-
vestigar os possíveis fatores associados para que a quase equiparação de direitos dos trabalhadores
domésticos tenha sido aprovada apenas em 2013, sendo que desde 1989 já havia um projeto de lei
tramitando com esse objetivo no Congresso Nacional. Ou seja, quais elementos propiciaram essa
aceitação naquele momento específico.
Utiliza-se a expressão “quase equiparação”, em vez de equiparação, para sinalizar que, por
um lado, foi, sem dúvida, ao longo de toda a trajetória legislativa brasileira, a maior aproximação
legal da categoria em relação aos direitos trabalhistas válidos para os demais trabalhadores. Além
disso, atendeu-se a reivindicações históricas e muito aguardadas pelos trabalhadores domésticos,
como obrigatoriedade de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), pa-
gamento de horas extras e direito ao seguro-desemprego, por exemplo. Por outro lado, e já con-
siderando algumas inaplicações decorrentes de especificidades dessa atividade profissional, como
participação nos lucros da empresa, alguns direitos constitucionais foram excluídos da nova regula-
mentação ou aplicados de forma mais restrita. É o caso, por exemplo, do adicional de remuneração
para as atividades penosas, insalubres ou perigosas e do seguro-desemprego. Neste último, o bene-
fício dos empregados domésticos ficou limitado a, no máximo, três meses, enquanto para os outros
trabalhadores formais é proporcional ao tempo de contribuição, podendo chegar a cinco meses.
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dos Trabalhadores (CUT), pelas centrais sindicais União Geral dos Trabalhadores (UGT) e Força
Sindical (FS). Além disso, como o país não tem uma organização nacional de empregadores domés-
ticos, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) respondeu por esse grupo. Essa mesma situação
fez com que a representação patronal desse segmento nas conferências da OIT ficasse a cargo da
CNI, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Confederação
Nacional da Agricultura (CNA).
A resposta brasileira indicou uma divergência de entendimento, de forma que o governo,
a Fenatrad, a UGT e a FS foram favoráveis a uma convenção acompanhada de recomendação, o
que significa corroborar a necessidade de adotar a força de um tratado internacional. Por sua vez,
a CNI sustentou somente a recomendação, isto é, assumir a natureza de sugestão. Esse resultado
foi na mesma direção do conjunto de países, uma vez que, em geral, os governos e as organizações
de trabalhadores indicaram a concordância com uma convenção complementada por uma reco-
mendação. Enquanto isso, os empregadores dividiram-se entre a aceitação ou não de uma norma,
qualquer que fosse o formato, e, no caso de ser realmente necessário, deveria originar, no máximo,
uma recomendação.
Para as delegações chegarem preparadas às conferências, a OIT produziu estudos e eventos
sobre o tema. Contando com o apoio do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a
Mulher (Unifem), da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) e da Secretaria de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial (Seppir), o escritório brasileiro realizou iniciativas nesse sentido.
Entre elas, oficinas e seminários para que as líderes sindicais preenchessem o questionário enviado
aos países-membros e organizassem estratégias para as reuniões da OIT (ILO, 2011g). Com a apro-
ximação das Conferências Internacionais do Trabalho de 2010 e de 2011, o Brasil definiu sua dele-
gação, formada por membros governamentais, dos empregadores e dos trabalhadores, ministros e
conselheiros técnicos. Entre outros integrantes, estiveram presentes, na qualidade de observadoras,
trabalhadoras domésticas sindicalistas (ILO, 2011h).
A 99ª Conferência Internacional do Trabalho foi realizada na sede da OIT, em Genebra, de
2 a 18 de junho de 2010. As Atas da Comissão dos Trabalhadores Domésticos (ILO, 2010a) indicam
que as atividades tiveram início pelo exame do Relatório Branco e do Relatório Amarelo. O grupo
dos empregadores, tendo como porta-voz Kamran Tanvirur Rahman, engenheiro e presidente da
Federação de Empregadores de Bangladesh, argumentou pela necessidade de evitar uma regulação
excessiva, apresentando como justificativa o fato de a contratação do trabalho doméstico ser feita
por famílias, e não por empresas, o que levaria a um aumento do desemprego dos trabalhadores
prestadores desse serviço. Chamando também atenção para a impossibilidade de inspeção às resi-
dências, concluiu que seria melhor apoiar a recomendação em detrimento da convenção.
Na sequência, o grupo dos trabalhadores, cuja porta-voz foi Halimah Yacob, advogada e sin-
dicalista em Singapura, discordou. Ela disse que os trabalhadores domésticos têm em comum pouca
proteção jurídica, ainda que cumpram funções importantes para a sociedade, cuidando de casas,
crianças, idosos e doentes, liberando outras pessoas para atividades sociais, econômicas e educativas.
Defendeu também a necessidade de equiparar os trabalhadores domésticos aos demais, reconhe-
cendo-os, e considerou equivocado falar em “excessos de regulação”. Para ela, seriam, na verdade,
direitos fundamentais a quaisquer trabalhadores, domésticos ou não. Era favorável, então, a uma
convenção complementada por uma recomendação, de forma a reparar uma omissão histórica.
Por fim, foi a vez de os membros governamentais opinarem. Aparentemente, eles estavam
divididos entre uma recomendação, como queria o porta-voz dos empregadores, e uma convenção,
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como defendia a porta-voz dos trabalhadores. Na intervenção a que teve direito, o governo brasilei-
ro declarou-se categoricamente a favor de adotar uma convenção seguida por uma recomendação.
Nesse momento, o governo da Índia se opôs, propondo apenas uma recomendação, e teve apoio do
grupo de empregadores. Dado o impasse na comissão, Kamran Rahman solicitou a realização de
uma votação nominal. O resultado indicou que 42% dos delegados, incluindo todos os empregado-
res e alguns governos, optaram por uma recomendação apenas, enquanto os outros 58% preferi-
ram uma convenção acompanhada de recomendação, sendo compostos de todos os trabalhadores
e da maior parte dos governos.
Essa posição foi registrada no relatório produzido pela Comissão. Resolvida essa questão
principal, prosseguiram com a análise do texto. Alguns tópicos menos consensuais precisariam ser
retomados na conferência seguinte. O documento consolidado após as discussões na Comissão e na
plenária da Conferência foi o Relatório Marrom (ILO, 2010b), submetido, em agosto de 2010, aos
países-membros, para que enviassem comentários até novembro (ILO, 2011d). Baseando-se nas res-
postas de 93 países, a OIT elaborou e publicou, em março de 2011, em dois documentos, o Relatório
Azul (ILO, 2011i, 2011j), com as considerações deles e os textos da convenção e da recomendação.
Luc Boltanski e Laurent Thévenot (1991) propõem que as contendas sociais também podem
ser analisadas pela tentativa de as partes em conflito construírem uma justificação, isto é, uma
forma de sustentarem suas ideias, condutas e práticas. Torna-se possível, assim, reconhecer os lu-
gares dos atores em disputa, considerar a diversidade de critérios valorativos em jogo e identificar
os princípios que definem as posições nos litígios. No momento em que esses indivíduos defendem
pontos de vista específicos e explicitam com argumentos as controvérsias de seus modos de ver o
mundo, abre-se a possibilidade de se chegar a algum acordo sobre temas não consensuais. Nesse
sentido, podem-se observar os modos de justificação ou de crítica adotados por empregadores e
trabalhadores nas conferências da OIT para defenderem suas posições e interesses divergentes em
relação à proteção do trabalho doméstico remunerado, bem como examinar as tentativas de cria-
ção de consensos para que algum resultado fosse produzido.
A 100ª Conferência Internacional do Trabalho foi realizada de 1º a 17 de junho de 2011. A
análise das Atas da Comissão dos Trabalhadores Domésticos (ILO, 2011b) permite constatar que
os debates partiram da proposta de texto elaborada pela OIT com base na conferência anterior, o
Relatório Marrom e o Relatório Azul. Paul Mackay, especialista em relações de trabalho e gerente
de uma prestigiada organização promotora de políticas favoráveis às empresas na Nova Zelândia,
era o novo porta-voz do grupo dos empregadores. Ele lembrou a predileção de 2010 por uma reco-
mendação, e não convenção, e afirmou que continuava achando esse o melhor caminho. Em con-
traponto, o grupo de trabalhadores, tendo novamente Halimah Yacob como porta-voz, e alguns
governos recordaram que, na conferência anterior, essa questão já havia sido resolvida e acordada
a favor da adoção de uma convenção e de uma recomendação.
Após essa tensão inicial, decidiu-se manter todos os resultados acumulados do ano pregres-
so e focar os esforços para atingir consenso em relação aos pontos ainda em aberto e que geravam
discordâncias. Entre eles, um primeiro elemento em disputa era a definição do limite das horas de
trabalho. Os empregadores queriam deixar a extensão da jornada sem definição, e os trabalhadores
buscavam estabelecê-la no texto. A solução acordada foi a não determinação explícita, mas a garan-
tia da igualdade dos trabalhadores domésticos e demais trabalhadores em relação às horas normais
e extras de trabalho, conforme cada país. Um segundo elemento dizia respeito à possibilidade de o
pagamento pelos serviços ser feito não somente em dinheiro, mas in natura, isto é, em alimentação
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significa que eles adotaram princípios de referência distintos para apoiar seus posicionamentos e
ações, o que Boltanski e Thévenot (1991) chamam de ordens de grandeza. Para um dos grupos, a
diferenciação seria considerada justa, por colocar em primeiro plano determinadas características
distintivas da ocupação, como sua realização no âmbito doméstico, o fato de não gerar lucro, a
dificuldade de fiscalização do trabalho e o fato de o empregador não ser uma empresa. A ideia de
que a equiparação geraria um grande aumento do desemprego faz parte dos argumentos centra-
dos em uma dimensão econômica. Valendo-se da classificação de Boltanski e Thévenot (1991), esse
grupo construiu sua justificação baseando-se na ordem de mundo mercantil, na qual se defende
a existência de especificidades do trabalho realizado no espaço doméstico, o que legitimaria sua
perpetuação com um custo mais baixo aos contratantes.
Por sua vez, para o outro grupo – preocupado principalmente em refletir sobre as discrimi-
nações de gênero, de classe e de raça e a respeito de uma desvalorização do trabalho reprodutivo –,
a diferenciação seria injusta. Isso quer dizer que ele também constrói sua argumentação com base
em aspectos específicos da ocupação, porém enfatiza o aspecto social em detrimento do econômi-
co, construindo argumentos centrados em uma dimensão ética. Defende, por exemplo, que essa
separação revelaria marcas da escravidão ainda presentes na sociedade, sendo necessária uma re-
paração histórica do Estado. Baseando-se nas ordens de grandeza de Boltanski e Thévenot (1991), a
justificação elaborada por esse grupo durante os embates no Congresso Nacional em torno da “PEC
das Domésticas” foi fundamentada em uma ordem de mundo cívico, marcada pela mobilização de
causas coletivas, pela noção de equidade e pelos princípios da cidadania.
Com o fim das audiências públicas e dos debates na Comissão Especial, a relatora Benedita
da Silva entregou seu parecer sobre a PEC n. 478 em junho de 2012. Chegou-se à conclusão, de acor-
do com a posição do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que não bastaria revogar o parágrafo
único do artigo 7º, pois isso, além de não estender os direitos à categoria, retiraria os existentes.
Foi necessário, então, apresentar um substitutivo à PEC que mantivesse o parágrafo único, mas
que propusesse um novo texto para ele, no qual se indicariam todos os incisos que poderiam valer
também para os trabalhadores domésticos. Na primeira versão do parecer, a relatora propôs 17 no-
vos direitos, sendo um deles para igualar, em termos de proteção, o trabalhador doméstico avulso
ao com vínculo, de forma a proteger as diaristas, conforme demanda da Fenatrad. No entanto, não
conseguiu apoio, já que a posição majoritária era a de que essa legislação não deveria valer para as
diaristas (Câmara dos Deputados, 2012b).
Na proposta formulada pela relatora e aprovada na Comissão em novembro, aos 9 direitos
já garantidos pela Constituição aos trabalhadores domésticos haveria o acréscimo de mais 16 (ten-
do sido retirado o que incluía as diaristas), como FGTS, seguro-desemprego, jornada de trabalho de
8 horas diárias e 44 semanais e pagamento do trabalho noturno superior ao diurno (Câmara dos
Deputados, 2012c). Entre esses direitos, alguns teriam aplicação imediata e outros precisariam de
regulamentação. Ao chegar ao Plenário da Câmara ainda em novembro, todos os partidos orienta-
ram seus integrantes a votarem “sim”. Nos debates, o que se viu foram as mesmas justificações já
mencionadas, com base na lógica distinta de dois grupos. Dos 361 deputados presentes, 359 foram
favoráveis e apenas 2 contrários. Em dezembro de 2012, foi pela segunda vez ao Plenário, quan-
do, dos 351 deputados presentes, 347 votaram a favor, dois votaram contra e dois se abstiveram
(Câmara dos Deputados, 2012a).
Com a aprovação, a proposta foi enviada ao Senado em dezembro de 2012 e passou a se cha-
mar PEC n. 66 (Senado Federal, 2012). Na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania dessa casa
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legislativa, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) propôs uma emenda para que a licença de gestantes
passasse a ter aplicação imediata, sem depender de regulamentação, uma vez que esse, já existia an-
teriormente. A relatora Lídice da Mata (PSB-BA) apresentou, em março de 2013, sua avaliação pela
constitucionalidade. Em seu voto pela aprovação, justificou que essa medida colocaria fim a uma
odiosa discriminação dos trabalhadores domésticos em relação aos demais trabalhadores (Senado
Federal, 2013d). A emenda foi aprovada. Cumprida essa etapa, o projeto foi ao Plenário para os
dois turnos de votação em março de 2013. As falas tiveram o mesmo tom dos discursos da Câmara,
incluindo menções à escravidão e debate sobre aumento no desemprego. A proposta foi aprovada
por unanimidade (Senado Federal, 2013a, 2013b).
A PEC n. 66 transformou-se, então, na Emenda Constitucional n. 72, promulgada em
Sessão Conjunta Solene do Congresso Nacional em abril de 2013. A sessão foi realizada no Plenário
do Senado Federal e teve duração de pouco menos de uma hora. O presidente do Senado à épo-
ca, Renan Calheiros (PMDB-AL), abriu a sessão, que contou com a participação de Creuza Maria
Oliveira, presidente da Fenatrad. Em seu discurso de encerramento, Renan Calheiros disse que esse
foi, sem dúvida, um passo decisivo para que o Brasil ingressasse no mundo civilizado e ressaltou a
questão racial, tão enfatizada como argumento durante toda a tramitação:
Uma parte dos direitos aprovados era de imediata implantação, enquanto outros de-
pendiam de regulamentação para que ganhassem efetividade. Assim, a Comissão Mista para a
Consolidação da Legislação Federal e Regulamentação da Constituição elaborou o Projeto de Lei
n. 224, de 2013, também conhecido como nova Lei dos Empregados Domésticos (Senado Federal,
2013c). Ao tramitar pela Câmara e pelo Senado, seja nas comissões ou no Plenário, ficou nítido
que algumas questões ainda estavam em disputa, principalmente a incorporação ou não das dia-
ristas. Um grupo defendia a inclusão delas e, portanto, queria definir “empregado doméstico”
sem a expressão “de forma contínua”. Já o outro grupo, a favor dessa diferenciação e cuja visão
prevaleceu, sustentou tanto a utilização dessa expressão quanto a delimitação de uma frequência
de mais de dois dias por semana para ser considerado mensalista e fazer jus à legislação trabalhista
(Senado Federal, 2013c).
Depois de passar pelas duas casas legislativas, a redação final foi aprovada em maio de 2015,
transformando-se na Lei Complementar n. 150, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em
junho. Desconsiderando algumas especificidades da ocupação, os empregados domésticos foram
quase equiparados aos demais trabalhadores urbanos e rurais, contando, desde abril de 2013, com
a Emenda Constitucional n. 72 e, desde junho de 2015, com a Lei Complementar n. 150. Nessas
novas legislações, passaram a ser definidos como aqueles que prestam serviços de forma contínua à
pessoa ou à família no âmbito residencial por mais de dois dias na semana. Entre os novos direitos
conquistados estão a obrigatoriedade de o empregador recolher o FGTS, a hora extra, o adicional
noturno, o seguro-desemprego, o seguro contra acidente de trabalho, a indenização em demissão
sem justa causa, o salário-família e a jornada de trabalho de 44 horas semanais.
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por Laudelina de Campos Melo na década de 1930 também pôde se estabelecer por sua ligação com
o movimento negro, cujo apoio permitiu, ainda, a retomada das atividades na década de 1950,
com a articulação no eixo Rio-São Paulo. Já a expansão para além desse eixo e em nível nacional,
na década de 1960, tornou-se possível em razão da relação estabelecida com a Igreja, sobretudo por
meio da Juventude Operária Católica (JOC). Como havia igrejas difundidas por todo o território
brasileiro, organizaram-se grupos de trabalhadoras em diversos estados (Bernardino-Costa, 2015).
No 5º Congresso Nacional, no Recife, em 1985, além da interação já consolidada com os
movimentos negro e católico, estabeleceu-se uma relação com os movimentos feminista e sindi-
cal, especialmente a CUT. Nos debates da Assembleia Nacional Constituinte para elaborar, duran-
te os anos de 1987 e 1988, uma nova constituição, as trabalhadoras domésticas buscaram avançar
em seus direitos. Segundo Bernardino-Costa (2015), apesar da interlocução com esses diferentes
atores, quem de fato incorporou as demandas dessa categoria à Constituinte foi o movimento
feminista. Portanto, a luta das domésticas contou com a participação de organizações católicas,
negras, sindicais classistas e feministas, às quais se somaram, a partir dos anos 2000, entidades
internacionais, como a OIT, o Unifem e a ONU Mulheres. Essa cooperação crescente de atores
sociais diversificados, locais, nacionais e mundiais permitiu que a Fenatrad e os sindicatos dessas
trabalhadoras chegassem aos anos 2010 com maior força e visibilidade de suas reivindicações.
À medida que foram se fortalecendo, as organizações das trabalhadoras domésticas bus-
caram pressionar o Poder Executivo federal e os diferentes presidentes que ocuparam o cargo ao
longo do tempo para que apoiassem as suas pautas. Nessa direção, um terceiro fator é o governo
de Lula, em seus dois primeiros mandatos (2003 a 2010), ter não apenas estabelecido um diálogo
mais profícuo com a categoria, tomando decisões com sua participação direta, mas também efe-
tivamente promovido uma institucionalização do tema do trabalho doméstico remunerado. Ou
seja, diferentes instituições do Estado foram mobilizadas em torno dessa questão, como a Seppir, a
SPM, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Ministério da Previdência Social, o Ministério
da Educação e o Ministério das Cidades, colocando-as em articulação com outras, entre as quais a
Fenatrad, a OIT e o Unifem.
Dessa vinculação, surgiram várias medidas para atender às trabalhadoras domésticas, como
políticas públicas, propostas de lei, oficinas, cursos, conferências, seminários, cartilhas, campanhas
e audiências públicas. O programa Trabalho Doméstico Cidadão (TDC) é uma dessas medidas, de-
senhado com base nas demandas indicadas pelas representações da categoria e que incluiu qualifi-
cação e elevação da escolaridade das trabalhadoras, fortalecimento da organização sindical e ações
de incentivo à assinatura da carteira de trabalho. Além disso, houve a Medida Provisória n. 284,
de 2006, a qual, buscando estimular a formalização, possibilitou ao empregador deduzir do impos-
to de renda a contribuição paga à previdência social do empregado doméstico; audiências públicas,
conferências e seminários nacionais para debater a ampliação da proteção legal; e cartilhas com a
divulgação dos direitos dessa ocupação.
Visando à equiparação e ao fim da diferenciação jurídica, houve forte empenho governa-
mental para modificar a legislação e ampliar os diretos dos trabalhadores domésticos, conforme
havia sido solicitado pela Fenatrad desde os primeiros diálogos com o governo, em 2003. Com esse
intuito, a SPM criou, em 2011, um grupo de trabalho (GT) para estudar os impactos socioeconô-
micos acarretados por uma proposta de ampliação dos direitos na Constituição Federal. De acordo
com o relatório do GT (Secretaria de Políticas para as Mulheres [SPM], 2011), buscou-se identificar
impactos, entraves e avanços ao garantir aos trabalhadores domésticos os mesmos direitos assegu-
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rados aos demais trabalhadores, colocando os resultados desses debates à disposição dos poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. Esse esforço culminou com a “PEC das Domésticas”, que trami-
tou no Congresso Nacional de 2010 a 2013 e foi aprovada e transformada em emenda constitucio-
nal regulamentada em 2015.
Essa disposição governamental para avançar na proteção legal às trabalhadoras domés-
ticas teve um reforço expressivo com a adoção da Convenção n. 189 da OIT na 100ª Conferência
Internacional do Trabalho, em 2011, a qual estabeleceu justamente o que se buscava nessa articu-
lação nacional: igualdade de direitos. Nesse sentido, a elaboração dessa norma internacional é o
quarto possível fator associado para a quase equiparação brasileira apenas nos anos 2010. Apesar
de a “PEC das Domésticas” ter começado a tramitar antes mesmo da aprovação da convenção na
OIT, e de o governo já agir em direção à equidade, essa notícia serviu como um catalisador de tal
processo. Em se tratando de proposta de emenda à Constituição, cuja aprovação exige três quintos
dos votos, essa concordância internacional teve o potencial de influenciar a posição da Câmara e
do Senado, no sentido de votarem a favor do projeto.
O governo Lula organizou, em parceria entre ministérios, Fenatrad e OIT, oficinas e se-
minários de preparação para a participação do país nas conferências internacionais do trabalho,
que decidiriam a respeito do tema. Discutindo as estratégias que seriam adotadas, alguns desses
encontros foram tripartites, e outros foram dedicados apenas às líderes sindicais brasileiras ou ao
diálogo com organizações de trabalhadoras domésticas da América Latina. Como visto, a atuação
expressiva do Brasil fez com que o país fosse indicado como relator da Convenção n. 189, redigindo
tanto o texto definitivo da norma quanto o relatório final. Portanto o que se verificou foi um movi-
mento circular: o governo brasileiro e a delegação enviada à Suíça ajudaram a aprovar a convenção
da OIT, que, por sua vez, ajudou a aprovar a “PEC das Domésticas” no Brasil.
Algum tempo depois da promulgação da PEC, a ocupação seria muito impactada pela
crise econômica iniciada em 2014 e sentida fortemente no segundo governo de Dilma Rousseff
(2015-2016) e pela pandemia de covid-19 (2020-2021). No entanto, no momento de tramitação da
nova legislação no Congresso Nacional (2010 a 2013) o cenário no Brasil era bem diferente. Para
firmar a posição favorável da Câmara e do Senado à equiparação dos direitos, as baixas taxas de
desemprego e o bom momento econômico pelo qual o país estava passando mostraram-se um
trunfo importante, podendo ser considerado o quinto fator relevante. À época, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2015), as taxas de desemprego foram as mais baixas
já registradas na sequência histórica da nova Pesquisa Mensal de Emprego (PME): 2010 (6,7%),
2011 (5,9%), 2012 (5,5%) e 2013 (5,4%).
Presente nas audiências públicas e no discurso de empregadores e de parte dos parlamenta-
res, um dos argumentos mais fortes dos opositores à equiparação sempre foi o de que ela elevaria a
grandes taxas o desemprego dos trabalhadores domésticos. Seus defensores partiam do pressuposto
de que o aumento dos encargos da contratação após a “PEC das Domésticas” faria com que hou-
vesse um processo de demissão generalizado e uma migração em massa da modalidade mensalista
para a diarista. Os dados indicaram posteriormente que essas previsões não se cumpriram (Fraga
& Monticelli, 2021). O que se pode concluir é que no período de tramitação da PEC no Congresso
Nacional, último ano do governo Lula e três primeiros do governo Dilma, no qual se realizaram
os debates sobre o tema, o cenário econômico estava propício para desconstruir as argumentações
contrárias ao projeto.
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Conclusão
O Brasil tem um regime de cuidado e de articulação entre trabalho produtivo e reprodu-
tivo eminentemente familista, isto é, que se dá majoritariamente pela via da família, e não do
Estado ou do mercado, como nos modelos social-democrata e liberal, respectivamente. Assim, a
contribuição estatal para o atendimento desse tipo de necessidade sempre foi pequena. Sem o au-
xílio do poder público, apenas as classes médias e altas conseguiram delegar, no todo ou em parte,
os afazeres de casa ao mercado, na forma das trabalhadoras domésticas, disponíveis, sob diferentes
configurações, ao longo da história do país. O Estado também se preocupou, muito lentamen-
te, em regular esse trabalho, ao mesmo tempo que facilitou a articulação produção-reprodução
das famílias contratantes e tornou, por um longo período, os trabalhadores domésticos menos
detentores de direitos.
Essa trajetória – ora de exclusão, ora de inclusão aquém das outras ocupações – permeou di-
ferentes legislações, como a CLT (Decreto-Lei n. 5.452, 1943), a Lei n. 5.859 (1972), dos empregados
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