Plano de Operação Energético (PEN) 2024
Plano de Operação Energético (PEN) 2024
2028
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) elabora anualmente o provida pela geração hidrelétrica por meio da análise de dados verificados
Plano da Operação Energética (PEN) com as avaliações das condições de no horizonte de 2018 a 2023 e da prospecção para o horizonte de 2025 a
atendimento energético para o setor elétrico brasileiro num horizonte de 2028. Buscamos não apenas conceituar a flexibilidade operativa mas também
cinco anos à frente. Ressalto aqui mais uma vez que assegurar a adequada propor métricas que auxiliem no planejamento da operação do SIN.
representação do Sistema Interligado Nacional é fundamental para que as
condições de atendimento avaliadas sejam as mais assertivas possíveis. Isso Todos os resultados do PEN 2024 estão disponíveis por meio do portal do
exige uma revisão constante das nossas metodologias. ONS na forma de painéis dinâmicos, possibilitando ao leitor explorar com
maior flexibilidade os insumos e resultados de seu interesse. Já adianto que
Nas edições anteriores do PEN aprimoramos a metodologia de representação os índices associados ao critério de suprimento de energia, definidos pela
da disponibilidade de potência das usinas hidrelétricas (PEN 2021), a Resolução CNPE nº 29/2019, continuaram plenamente atendidos, porém não
representação das restrições hidráulicas que não são enxergadas na estão atendidos os critérios de suprimentos de potência, com violação do
modelagem a reservatório equivalente (PEN 2022) e adotamos o conceito de CVaR5% da Potência Não Suprida do SIN a partir de outubro de 2025 e da LOLP
Carga Global e uma nova análise conjuntural (PEN 2023). a partir de 2026.
Para este ciclo, apresentamos novos aprimoramentos metodológicos: Com base nos resultados da análise estrutural, observa-se que o SIN, que
• Os resultados das avaliações energéticas estruturais foram obtidos já foi caracterizado como um sistema elétrico restrito em energia mas com
utilizando na etapa de simulação final a nova funcionalidade de folga em potência, está em situação diametralmente oposta: está restrito em
representação a usinas individualizadas no modelo NEWAVE. potência mas com folga em energia. Recomenda-se ao Poder Concedente a
• Atualizamos a metodologia de representação da disponibilidade de organização de leilões anuais para contratação de recursos para aumento da
potência das usinas hidrelétricas para representar explicitamente tanto oferta do atributo potência.
as características de modulação da defluência na ponta de carga quanto
a produtibilidade no ponto de interesse por meio das curvas colinas. Boa leitura!
Características da Oferta e da
07
Demanda do SIN
14 Flexibilidade Operativa
28 Conclusões e Recomendações
Apresentação
O Plano da Operação Energética – PEN tem como objetivo apresentar de geração térmica complementar. Nos anos restantes a expansão da geração e
as avaliações das condições de atendimento ao mercado previsto de energia da transmissão é preponderante para aumentar a segurança do atendimento ao
elétrica do Sistema Interligado Nacional – SIN para o horizonte do planejamento mercado de forma estrutural.
da operação energética, cinco anos à frente, subsidiando assim o Ministério de
Minas e Energia – MME, por meio do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico Assim sendo, a avaliação das condições de atendimento no Plano da Operação
– CMSE, e a Empresa de Pesquisa Energética – EPE quanto a eventual necessidade Energética 2024/2028 – PEN 2024 abrange:
de estudos de planejamento da expansão para adequação da oferta de energia
e potência aos critérios de garantia de suprimento preconizados pelo Conselho • Avaliação conjuntural prospectiva (2024/2025), considerando cenários
Nacional de Política Energética – CNPE. O PEN é elaborado com periodicidade pré-definidos de vazões, construídos a partir de cenários sintéticos de
anual e está sujeito a revisões sempre que ocorram fatos relevantes que alterem precipitação. Esta avaliação é feita até o final do período seco do segundo
as avaliações nele apresentadas. ano do estudo. Para cada cenário avaliado, são apresentados resultados tais
como evolução dos armazenamentos dos subsistemas, da geração térmica e
As principais diretrizes para a execução das avaliações energéticas estão em uso dos recursos para atendimento ao requisito de potência;
consonância com os Procedimentos de Rede, Submódulo 3.3 – Planejamento
da operação energética de médio prazo e Submódulo 2.4 – Critérios para • Avaliação com caráter estrutural (2025/2028), observando os critérios
estudos energéticos e hidrológicos, aprovados pela Resolução Normativa ANEEL de garantia de suprimento de energia e potência vigentes, definidos
nº 903/2020. Adicionalmente, a análise de desempenho do SIN considera os na Resolução CNPE nº 29, de 12 de dezembro de 2019, além de outros
critérios gerais de garantia de suprimento, definidos pelo CNPE através da indicadores pertinentes.
Resolução nº 29, de 12 de dezembro de 2019.
Vale destacar que o segundo ano do horizonte de estudo (2025) será explorado em
A avaliação das condições de atendimento pode ser dividida em dois períodos. prospecção detalhada e através de uma avaliação de atendimento aos critérios de
Nos dois primeiros anos do horizonte de estudo, a oferta está definida e, em geral, suprimento.
pode não ser possível a incorporação/antecipação de novos empreendimentos.
Neste período, o atendimento ao mercado depende basicamente dos níveis de Neste ciclo, as análises tomaram como ponto de partida a configuração do Programa
armazenamento dos reservatórios, das afluências às usinas hidrelétricas, da efetiva Mensal de Operação – PMO de agosto de 2024. Foi excluída a disponibilidade
contribuição das fontes não despachadas centralizadamente e da disponibilidade de geração da UTE Norte Fluminense em função do término de seu contrato de
comercialização de energia elétrica celebrado no contexto do Programa Prioritário Sob o ponto de vista metodológico, esta edição do PEN 2024 apresenta três
de Termeletricidade, previsto para ocorrer em 07/12/2024. Adicionalmente, a novidades:
UHE Itaipu foi representada em subsistema separado, de forma a permitir melhor
avaliação da transferência de energia através do elo CC que interliga o conjunto de • Os resultados das avaliações energéticas estruturais foram obtidos a partir
50 Hz da usina ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste. de uma simulação da operação a usinas individualizadas utilizando o modelo
NEWAVE;
Com relação a carga de energia e aos limites de intercâmbios entre os subsistemas,
foram utilizadas as informações da 1ª Revisão Quadrimestral. • As disponibilidades de potência das usinas hidrelétricas foram obtidas
através de uma metodologia desenvolvida internamente no ONS que, a partir
O PEN 2024 é composto por: da operação definida pela análise energética, calcula a defluência de ponta
da UHE em função de restrições operativas e da característica de modulação
• Este Sumário Executivo Digital que apresenta uma visão global das da usina. A disponibilidade de potência de cada UHE é então definida a partir
características do SIN, como a carga de energia e potência; a matriz de da aplicação nas Curvas Colinas desta defluência de ponta, do volume de
energia elétrica atual e a sua evolução; os custos de operação das usinas montante definido pela análise energética e do nível de jusante;
térmicas, bem como uma síntese dos principais resultados, conclusões e
recomendações. • Uma avaliação da evolução da flexibilidade operativa provida pela geração
hidrelétrica, em função da mudança do perfil de nossa matriz elétrica, através
• Relatório das Condições de Atendimento que aborda, além do conteúdo da análise de dados verificados no horizonte de 2018 a 2023, assim como da
do Sumário Executivo, análises mais detalhadas dos principais resultados das prospecção para o horizonte de 2025 a 2028. Nesta análise, buscou-se não só
avaliações energéticas e de potência para o horizonte 2024/2028. conceituar a flexibilidade operativa, mas estabelecer métricas que auxiliem
na sua caracterização no acompanhamento e planejamento da operação do
• Painéis dinâmicos, acessíveis através do portal do ONS, que permitem SIN.
maior flexibilidade na visualização e utilização de insumos e resultados mais
relevantes.
Características da
Oferta e da Demanda
do SIN
CARGA DE
ENERGIA E DE
POTÊNCIA
As previsões de carga de energia adotadas no PEN 2024 foram elaboradas em
conjunto por ONS, CCEE e EPE/MME, consubstanciadas na Nota Técnica ONS
DPL 0078/2024 – 1ª Revisão Quadrimestral das projeções de demanda de energia
elétrica do Sistema Interligado Nacional - 2024-2028, publicada em junho de 2024.
As projeções apresentadas na referida Nota Técnica tomam como base a avaliação
da conjuntura econômica e o monitoramento do consumo e da carga, ao longo do
ano de 2023 e nos primeiros meses de 2024, através das Resenhas Mensais de
Energia Elétrica da EPE, dos Boletins de Carga Mensais do ONS e dos InfoMercados
Mensais da CCEE, bem como dos desvios entre os valores observados da carga e
suas respectivas projeções elaboradas para o Planejamento Anual da Operação
Energética 2024-2028.
MATRIZ DE
elétrica celebrado no contexto do Programa Prioritário de Termeletricidade - PPT,
previsto para ocorrer em 07/12/2024.
ENERGIA ELÉTRICA
A capacidade instalada no SIN em dezembro de 2023 totaliza cerca de 215 GW,
dos quais 101,2 GW (47,1%) são de usinas hidrelétricas1; 24,7 GW (11,5%) são
de usinas termelétricas convencionais e nucleares; 62,6 GW (29,1%) são de PCHs,
usinas a biomassa, eólicas e solares; e 26,5 GW (12,3%) de MMGD. Ao final de
2028, a capacidade instalada no SIN totaliza 245 GW, com um decréscimo de
Desde o PMO de maio de 2023 o montante existente da MMGD vem sendo aproximadamente 4 GW na capacidade instalada das termelétricas, passando a
representado explicitamente na configuração da oferta e, a partir do PMO de 20,8 GW; incremento de cerca de 19 GW nas PCHs, usinas a biomassa, eólicas
janeiro de 2024, foi incorporada também a representação da expansão da MMGD, e solares, perfazendo um total de 81,9 GW; e incremento de cerca de 15,8 GW
atingindo-se assim a completa representação da MMGD. em MMGD, totalizando 42,2 GW de capacidade instalada. Com relação às usinas
hidrelétricas, houve um decréscimo de 0,6 GW.
Com relação a representação da expansão do ACL, a partir do PMO de janeiro de
2024 passou a ser considerado um novo critério, incluindo na configuração aquelas A participação conjunta das fontes solar fotovoltaica e MMGD (composta quase
usinas que estejam em obras e as usinas do ACL que não estejam em obras, mas que na sua totalidade por painéis solares) em dezembro de 2023 é de cerca de
que possuam contratos de compra e venda de energia de longo prazo e contrato de 17,5%, evoluindo para cerca de 26,3% ao final de 2028. A fonte solar, incluindo
uso da rede assinados. a MMGD, já é atualmente a segunda maior em termos de capacidade instalada
do SIN.
Com relação às usinas térmicas com Contratos de Comercialização de Energia
Elétrica no Ambiente Regulado (CCEAR) finalizados e que não possuem CVU É importante destacar que a MMGD segue elevando sua participação no
válido, também desde o PMO de janeiro de 2024 passaram a não mais compor atendimento à carga do SIN, notadamente em seu horário de geração máxima, e
a configuração no período descontratado. Adicionalmente, não é a considerada a calcula-se que esta geração tende a ser cada vez maior, com impacto não somente
disponibilidade das usinas com operação comercial suspensa. na carga, mas também na mudança de hábito dos consumidores que optam por
esse tipo de geração.
Desta forma a matriz de energia elétrica do PMO já considera a MMGD existente
e sua expansão, a expansão do ACL segundo critério vigente, e a finalização dos A expansão da oferta de geração é definida nas reuniões ordinárias do Grupo de
CCEAR. monitoramento da Expansão da Geração, com participação do MME, ANEEL, ONS,
EPE e CCEE. Constam desta definição as datas de tendência das usinas a serem
A matriz de energia elétrica do PEN 2024 toma como base a configuração do PMO consideradas dentro do horizonte de planejamento de médio prazo (2024-2028),
de agosto de 2024, excluindo apenas a disponibilidade de geração da UTE Norte tanto para as usinas do Ambiente de Contratação Regulado (ACR), vencedoras dos
Fluminense, em função do término de seu contrato de comercialização de energia leilões, como para aquelas participantes do Ambiente de Contratação Livre (ACL).
EXPANSÃO DA
OFERTA DA MATRIZ
Os gráficos a seguir ilustram o incremento anual da oferta de geração no SIN, por tipo de fonte e por subsistema, e a evolução da capacidade total instalada no horizonte
2024-2028. É importante ressaltar que as projeções se referem a capacidade instalada ao final de cada ano.
Os incrementos anuais apresentados podem ser alterados em função de mudanças nos cronogramas de obras, ocorrência de leilões de energia nova e/ou de
capacidade no mercado regulado, com produtos a serem entregues até 2028, e da expansão do Ambiente de Contratação Livre.
A disponibilidade térmica para CVUs até 400,00 R$/MWh é aproximadamente 12.900 MW. Para CVUs acima dos 400,00 R$/MWh a disponibilidade térmica é
de cerca de 5.200 MW. Para CVUs acima dos 750,00 R$/MWh, não há incremento de potência significativo.
1
Exclui UTEs com CCEAR finalizados e que não possuem CVU válido, e UTEs inflexíveis com CVU nulo.
ALOCAÇÃO DA GERAÇÃO
COMPULSÓRIA NA CURVA DE CARGA
Nos modelos de otimização, toda geração representada de forma inflexível é abatida da carga global projetada, resultando em uma carga liquida a ser atendida pelas demais
fontes flexíveis no processo de otimização.
A figura a seguir apresenta uma estimativa das parcelas inflexíveis (térmica, não simuladas e hidráulica), em percentual da carga global, para os anos de 2025 e 2028.
Em 2025 a parcela de geração inflexível corresponde a aproximadamente O crescimento percentual da carga e o crescimento percentual conjunto da
77% da carga global do SIN e a previsão é de que em 2028 essa geração sofra uma inflexibilidade térmica e das usinas não simuladas entre os anos de 2025 e 2028
pequena redução, para 73% de participação no atendimento a carga. Dessa forma, apresentam a mesma ordem de grandeza. Por outro lado, não há crescimento da
apenas cerca de 27% da projeção de carga do SIN, designada como carga liquida, inflexibilidade hidráulica, dado que não há expansão significativa desta fonte no
será atendida pelo despacho hidrotérmico por ordem de mérito em 2028. Esta alta horizonte de planejamento.
parcela de inflexibilidade é um dos motivos para a obtenção de baixos riscos de
déficits estruturais, conforme detalhado no PEN 2024.
GRAU DE REGULARIZAÇÃO
O Grau de Regularização pode ser entendido como sendo a quantidade de meses de estoque de energia, calculado como a relação entre a energia armazenável máxima e a
carga a ser atendida, abatida da geração térmica inflexível e da geração das PCHs, térmicas a biomassa, eólicas e solares, com resultados mostrando um decaimento deste
indicador ao longo do horizonte de estudo.
Flexibilidade
Operativa
A inserção de fontes intermitentes, como a energia eólica e fotovoltaica, no Sistema Interligado Nacional (SIN) vem exigindo maior flexibilidade operativa das fontes
despacháveis, especialmente das hidrelétricas, que são controláveis e capazes de regular rapidamente a potência disponível. A expansão da Mini e Micro Geração Distribuída
(MMGD) também tem contribuído para essa dinâmica, com quase que a totalidade da geração proveniente de fontes fotovoltaicas.
Os dados de geração verificada, entre 2000 e 2023, mostram que, desde 2016, a geração conjunta das fontes hidrelétrica e termelétrica vem se mantendo estável, enquanto
as fontes renováveis aumentaram sua participação no atendimento à carga, passando de menos de 7% em 2016 para 21% em 2023.
Essa transição para fontes intermitentes vem exigindo variação crescente de • variação horária, obtida pela diferença entre o valor médio em uma
geração das hidrelétricas e termelétricas em intervalos cada vez mais curtos, que determinada hora do dia e o valor médio da hora imediatamente anterior.
precisam garantir a flexibilidade operativa para equilibrar a geração e a demanda Neste contexto, as rampas analisadas neste documento serão obtidas a
em tempo real. A flexibilidade operativa se refere à capacidade de um recurso de partir da agregação de variações horárias adjacentes que apresentarem o
ajustar sua entrega de potência rapidamente, respondendo a variações na carga e mesmo sentido, negativo ou positivo.
na disponibilidade das demais fontes de geração.
Analisando a evolução das amplitudes diárias de geração hidrelétrica para
Visando um melhor entendimento do serviço de flexibilidade operativa que vem o período de 2018 a 2023, observa-se que, a partir de 2022, vem ocorrendo um
sendo prestado pela geração hidrelétrica frente a essas variações, algumas aumento significativo nas amplitudes diárias de geração hidrelétrica, coincidente
medidas podem ser definidas, de forma a acompanhar sua evolução nos últimos com o crescimento da participação de recursos fotovoltaicos, tanto centralizados
anos: quanto distribuídos, e com a melhora nas condições hidroenergéticas do SIN.
• amplitude diária, que pode ser entendida como a diferença entre os valores
máximo e mínimo atingidos por um determinado parâmetro ao longo de um
dia;
Em 2023, 75% das amplitudes diárias de geração hidrelétrica estavam acima de 20,7 GW, com máximas superiores a 26,7 GW. Até julho de 2024, as amplitudes já alcançaram
38,3 GW, superando, em 11 dias, o máximo de 2023. Nota-se que, a partir da maior penetração de fontes lastreadas em energia solar, vem se verificando aumento das faixas
operativas pelas quais a geração hidrelétrica excursiona ao longo do dia, evidenciando o crescente serviço prestado de regularizar o desequilíbrio entre a demanda e a geração
das demais fontes.
Ao analisarmos as variações horárias, agrega-se à discussão a variável de tempo e, dessa forma, pode-se compreender, de forma mais completa, a necessidade crescente
de flexibilidade operativa que vem sendo exigida dos recursos despacháveis pelo ONS, em resposta à maior participação dos recursos intermitentes, principalmente aqueles
lastreados em energia solar.
Neste contexto, e analisando as variações horárias verificadas de geração hidrelétrica e termelétrica, conjuntamente, nos anos de 2018 a 2023, agregadas pela hora do dia
em que tais variações ocorreram, observa-se que, no período de 2018 a 2020, anos ainda com menor participação dos recursos lastreados na energia solar, não há evidências
de uma mudança de comportamento nas variações horárias ao longo do dia.
Geração Despachável - Variações Horárias - SIN/2021 Geração Despachável - Variações Horárias - SIN/2023
Porém, para o período de 2021 a 2023, é possível observar, entre as horas 6 e 10, um Esse comportamento distinto nos diferentes períodos do dia se deve à variação
deslocamento da concentração das variações horárias em torno de -1 GW por ano. dos dois principais parâmetros que tem influenciado no desequilíbrio atendido pela
Ou seja, as variações horárias nessa faixa horária estão ficando menores ao longo geração despachável: a própria demanda e a disponibilidade de geração solar.
do tempo ou mesmo se tornando negativas com amplitudes maiores.
A projeção do atendimento horário, a partir dos dados considerados no PEN 2024,
Por sua vez, entre as horas 13 e 17, as variações horárias vêm apresentando um mostra que a amplitude diária da geração hidrelétrica deve continuar crescendo
deslocamento positivo em torno de 1 a 1,5 GW no período de dois anos. Ou seja, nos próximos anos, em função da crescente participação das fontes fotovoltaicas,
as variações horárias que, em geral são positivas neste período, estão se tornando centralizadas e distribuídas.
maiores ao longo do tempo.
Além disso, percebe-se que a amplitude diária da geração hidrelétrica nos dias úteis apresenta um crescimento projetado maior em comparação aos domingos. Esse
comportamento deve-se aos limites mínimos de geração hidrelétrica serem atingidos mais frequentemente nos dias de demanda mais reduzida, representada pelos domingos,
exigindo cortes na geração eólica e fotovoltaica.
De forma a entender melhor o exposto acima, analisa-se a média anual da geração hidrelétrica projetada para os anos de 2025 a 2028, agregada pelos horários do dia, fazendo
distinção entre dias úteis e domingos. Complementarmente, pode-se analisar o perfil típico de geração esperado para as gerações eólica e fotovoltaica, assim como para a
MMGD para esse mesmo período.
As projeções indicam que a necessidade de cortes na geração eólica e fotovoltaica crescerá devido à sobreoferta no meio do dia, no pico de geração das fontes lastreadas
em energia solar.
Neste contexto, poderá ocorrer situações em que, já estando com os demais recursos de geração minimizados, o corte pleno nas gerações eólica e fotovoltaica centralizadas
poderá não ser suficiente para eliminar a sobreoferta. Desta forma, ações devem ser discutidas de forma a manter a estabilidade e segurança elétrica nessas condições, por
exemplo, o investimento para que as distribuidoras consigam controlar o despacho dos recursos de geração distribuída conectados às suas redes, de forma coordenada com
o ONS.
Análise de
Desempenho
do SIN
ANÁLISE CONJUNTURAL
(2024/2025)
Estudos conjunturais estão associados aos primeiros dois anos das análises das condições de atendimento, horizonte no qual o desempenho do sistema depende basicamente
das condições hidroenergéticas de curto prazo. Neste horizonte, como qualquer alteração da oferta depende essencialmente da viabilidade da antecipação de obras já em
andamento, seja de geração ou transmissão, ações sistêmicas para a segurança do atendimento à carga se limitam a ações operativas de curto prazo.
A avaliação das condições de atendimento, no horizonte de maio de 2024 a novembro de 2025, contempla o Estudo Prospectivo de maio a outubro de 2024 apresentado na
reunião nº291 do CMSE, de 08/05/2024, estendendo a análise até novembro de 2025. Neste estudo foram considerados oito cenários sintéticos representativos de possíveis
condições de afluência aos principais aproveitamentos com maior capacidade de armazenamento do SIN, com foco na maior incerteza para o período úmido 2024/2025.
Os itens a seguir apresentam os principais resultados das avaliações conjunturais, sob os aspectos de atendimento energético e de potência.
ANÁLISE
ENERGÉTICA
As avaliações para o período seco de 2024 mostram que o subsistema Sudeste/Centro-Oeste – SE/CO chega ao final de novembro de 2024 em torno de 44% de armazenamento,
no pior cenário analisado e em torno de 69% de armazenamento, no melhor cenário. Para todos os cenários analisados o volume armazenado ao final do período seco é inferior
ao verificado no ano de 2023, e superior aquele verificado em 2021.
Em relação ao período úmido 2024/2025, somente os cenários sequenciais ao pior cenário até out/2024 e com cenário úmido predominantemente abaixo da média (cenários
7 e 8) não conduziram o subsistema SE/CO ao replecionamento dos reservatórios ao longo do período, atingindo 56% ao final de abril de 2025 no melhor destes cenários e
50% no pior. Os demais cenários, representativos de um período úmido próximo da média, em pelo menos três meses, conduzem o subsistema SE/CO a valores superiores a
84% de armazenamento, ao final de abril de 2025, com predomínio da operação de controle de cheias ao longo do período.
Em relação ao período seco de 2025, somente o cenário 8, representativo de um cenário úmido predominantemente abaixo da média, conduz à redução significativa de
armazenamento, atingindo, ao final de novembro de 2025, em torno de 19%. Os demais cenários conduzem a valores superiores a 40% de armazenamento, recuperando o
armazenamento em relação ao ano anterior.
Para o subsistema Nordeste - NE, percebe-se que a efetiva recuperação do armazenamento ao longo do ano guarda maior dependência em relação à ocorrência das chuvas
nos primeiros meses do período úmido, de novembro a janeiro. Apenas o melhor cenário (cenário 1) conduz o subsistema NE, ao final de 2025, a armazenamentos superiores
àqueles verificados em 2023 e aos projetados para 2024. Nos demais cenários, o nível da UHE Sobradinho ao final do estudo está na região de Atenção da Curva de Operação,
provendo disponibilidade para atendimento de ponta mas garantindo a defluência média mensal necessária.
No primeiro ano do estudo, os cenários inferiores (5 a 8), apresentam CMO não-nulo. Em relação ao horizonte que compreende o segundo ano de estudo (2025), apenas os
dois piores cenários apresentam despacho térmico muito acima da inflexibilidade. Ressalta-se que este despacho por ordem de mérito é inferior a disponibilidade térmica do
SIN, restando um montante considerável de recurso térmico disponível para geração.
ANÁLISE DE
POTÊNCIA
A análise de potência tem por objetivo avaliar o atendimento à demanda do SIN,
incluindo a reserva operativa. Nas análises são confrontados os requisitos de
demanda com as disponibilidades de potência das diversas fontes de energia que
compõem o SIN.
Balanço de Potência para o Cenário 8: cenário inferior para o período seco 2024
seguido por estiagem no período úmido 2024/2025
Balanço de Potência para o Cenário 7: cenário inferior para o período seco 2024
seguido por atraso no período úmido 2024/2025
ANÁLISE ESTRUTURAL
(2025/2028)
A Análise Estrutural (análise não condicionada) considera a geração dos cenários sintéticos de ENA não condicionados ao passado recente. Ainda, considera-se nas simulações
um período de pré-estudo de 10 anos, de modo a eliminar a influência dos níveis iniciais de armazenamentos. O objetivo dessa análise é avaliar as condições estruturais de
atendimento à carga do SIN, com foco no horizonte 2025/2028, respeitando-se as diretrizes da Resolução CNPE nº 29/2019 e da Portaria MME nº 59/2020.
A Resolução CNPE nº 29/2019, que estabeleceu o critério geral de garantia de suprimento vigente, define que a aferição da adequabilidade do atendimento
à energia se baseia no valor esperado condicionado a determinado nível de confiança de insuficiência da oferta de energia (CVaR da Energia Não Suprida)
e do custo marginal de operação (CVaR do CMO). A aferição da adequabilidade do atendimento à potência tem como base as métricas de risco explícito de
insuficiência da oferta de potência (Probabilidade de Perda de Carga - LOLP) e no valor esperado condicionado a determinado nível de confiança de insuficiência
da oferta de potência (CVaR da Potência Não Suprida).
Critério de Suprimento
ANÁLISE ENERGÉTICA
Para todo o horizonte da análise estrutural (2025/2028) observa-se que o CVaR1% da energia não suprida (ENS) é inferior ao critério de garantia postulado pelo CNPE (CVaR1%
(ENS) ≤ 5%), para todos os subsistemas e o SIN, conforme indica a tabela a seguir.
Os valores do CVaR10% (CMO), em todos os meses do horizonte e em todos os subsistemas, são inferiores a 800,00 R$/MWh, conforme critério de garantia de suprimento
definido na Resolução CNPE nº 29/2019.
Nesta edição do PEN, os Custos Marginais Operação foram obtidos através de uma simulação da operação, com o modelo NEWAVE, a usinas individualizadas
em todo horizonte.
ANÁLISE DE
POTÊNCIA
A análise de potência tem por objetivo avaliar o atendimento à demanda do SIN,
incluindo a reserva operativa. Nas análises são confrontados os requisitos de
demanda com as disponibilidades de potência das diversas fontes de energia que
compõem o SIN.
Conclusões e
Recomendações
As principais constatações de ordem geral, que estão detalhadas no Relatório das anos, aumentando tanto a dependência de períodos chuvosos para o
Condições de Atendimento, são as seguintes: replecionamento dos reservatórios a cada ciclo hidrológico anual, quanto a
importância das condições de armazenamentos iniciais no final da estação
• A carga de energia cresce em média 3,2% ao ano, no horizonte do PEN chuvosa (abril) para assegurar o pleno atendimento da carga.
2024, atingindo cerca de 89,3 GW médios em 2028, já contemplando a
representação da MMGD na parcela de carga. • O monitoramento contínuo das condições meteorológicas e hidroenergéticas,
somado às avaliações de curto prazo dos primeiros dois anos do horizonte de
• Na oferta do PEN 2024, tomando como referência dezembro/2023, há um análise de desempenho do SIN, são ferramentas imprescindíveis para indicar
acréscimo de 30 GW de capacidade instalada, totalizando 245 GW ao final eventual necessidade de medidas operativas a serem deliberadas pelo CMSE
do período de planejamento. Neste contexto, está considerada a MMGD para a garantia da segurança energética do SIN, inclusive avaliando possíveis
existente e sua expansão, a representação da expansão do ACL segundo o articulações com agentes do setor, MME, MMA, ANA, Ibama e órgãos
critério vigente e a redução da oferta térmica em função das descontratações. ambientais estaduais para flexibilização de restrições operativas de diversas
naturezas, tais como uso múltiplo da água e/ou ambientais.
• A participação conjunta das fontes solar fotovoltaica e MMGD (composta por
quase que na sua totalidade por painéis solares) em dezembro/2023 é de • A eficácia dessas medidas operativas que permitem o pleno atendimento da
cerca de 17,5%, evoluindo para cerca de 26,3% ao final de 2028, fazendo com carga depende fundamentalmente do nível de reserva energética do SIN, na
que a fonte solar seja a segunda maior em termos de capacidade instalada qual se inclui a reserva operativa do sistema para atendimento à demanda
do SIN, correspondendo a cerca de 64% da capacidade instalada de UHE. máxima e para mitigação dos impactos da variabilidade e intermitência da
geração eólica e solar, inclusive MMGD. O dimensionamento adequado
• Usinas térmicas com CVU acima dos 400,00 R$/MWh representam 28% da dessa reserva energética constitui uma importante avaliação dos estudos de
disponibilidade térmica total. Para CVUs acima dos 750,00 R$/MWh, não há planejamento da operação e subsídio ao planejamento da expansão.
incremento de potência significativo.
• Em função do alto grau de geração inflexível da matriz de energia elétrica
• Outra característica marcante da matriz de energia elétrica do SIN é o alto do SIN, e da crescente necessidade de contar com recursos de resposta
grau de geração inflexível que em 2025 é da ordem de 77% da carga global rápida para o atendimento da carga em tempo real, o ONS não recomenda
do SIN, e em 2028 é de 73%. a inclusão de geração térmica com alto nível de inflexibilidade ou com longo
tempo de acionamento nos próximos cinco anos.
• A capacidade de armazenamento do SIN é da ordem de 292 GW/mês.
Todavia, o grau de regularização continuará reduzindo nos próximos
As principais conclusões referentes à flexibilidade operativa são sumarizadas a considerados (até 3GWmed). Para o atendimento de potência, considerando
seguir: baixo desempenho de geração eólica e um perfil de carga máxima horária, há
indicação de necessidade de geração térmica adicional em todos os cenários,
• A inserção de fontes intermitentes, como a energia eólica e fotovoltaica, sendo os maiores montantes observados em outubro, novembro e dezembro.
no Sistema Interligado Nacional (SIN), vem exigindo maior flexibilidade Além disso, dois dos cenários considerados indicaram a necessidade de
operativa das fontes convencionais, especialmente das hidrelétricas, que são utilização de recursos de reserva de potência operativa nos meses de
mais controláveis e capazes de regular a potência disponível. A expansão novembro e dezembro.
da Mini e Micro Geração Distribuída (MMGD) também tem contribuído para
essa dinâmica, com quase que a totalidade da geração proveniente de fontes • A análise conjuntural para o ano de 2025 indica, para o Subsistema Sudeste/
fotovoltaicas. Centro-Oeste, que três cenários resultam em armazenamentos ao final de
novembro de 2025 inferiores aos verificados em 2023, sendo dois cenários
• O acompanhamento de métricas como a amplitude diária e variação horária com período úmido predominantemente abaixo da média e outro com atraso
da geração hidrelétrica nos ajudam a entender o serviço de flexibilidade nesse período. Apenas o pior cenário considerado indicou armazenamento,
operativa que vem sendo prestado por esse recurso de geração. Desde em novembro de 2025, próximo ao verificado em 2021 (abaixo de 20%
2022, período coincidente com o crescimento da participação de recursos EARmáx).
fotovoltaicos, vem ocorrendo um aumento significativo nas amplitudes
diárias e nas rampas de geração hidrelétrica. Com a continuidade da • No Subsistema Nordeste, apenas um cenário apresentou armazenamento
expansão se dando predominantemente a partir de fontes intermitentes, esse ao final de novembro de 2025 superior ao verificado em 2023. Três cenários
comportamento tende a continuar se verificando. indicaram armazenamento inferior ao verificado em 2021 (38% EARmáx).
• Neste contexto, ações devem ser discutidas de forma a definir critérios que • Quanto ao despacho térmico, apenas dois cenários apresentam despacho
permitam avaliar a adequação da flexibilidade operativa provida pelo parque térmico muito acima da inflexibilidade em 2025, sendo que a partir de
gerador aos requisitos sistêmicos, assim como incorporar tais critérios maio desse ano, apenas um dos cenários, com geração média da ordem de
nos estudos de expansão da geração. Adicionalmente, seria de grande 10 GWmed.
importância a adequada precificação deste recurso, valorizando assim
atributos necessários para garantir a segurança operativa do SIN. • Ainda na análise conjuntural para o ano de 2025, observa-se a necessidade
de despacho adicional de geração térmica, para atendimento aos requisitos
• É importante avançar nas discussões relacionadas ao controle, por parte das de potência, em todos os cenários considerados, à exceção de alguns meses
distribuidoras, do despacho dos recursos de geração distribuída conectados do período seco, sendo os maiores montantes em outubro e novembro.
às suas redes, de forma coordenada com o ONS, de modo a eliminar
sobreofertas no meio do dia. • As análises energéticas do PEN 2024 indicam um equilíbrio estrutural do SIN
durante todo o horizonte (2025/2028). Os critérios de garantia de suprimento
As principais conclusões referentes à Análise de Desempenho do SIN são de energia preconizados pelo CNPE, através da Resolução CNPE 029/2019,
sumarizadas a seguir: são plenamente atendidos.
• A análise conjuntural para o período seco de 2024 indica que o Subsistema • No horizonte estrutural, os critérios de suprimento de potência preconizados
Sudeste/Centro-Oeste chega ao final de novembro/2024 com armazenamento pelo CNPE não são plenamente atendidos, com violação do CVaR5% da
acima de 43% EARmáx. Em relação ao verificado em novembro/2023 (64% Potência Não Suprida do SIN a partir de outubro de 2025, e da LOLP a partir
EARmáx), seis dos oito cenários indicaram o subsistema atingindo valores de 2026.
inferiores.
• No sentido de busca do equilíbrio estrutural em termos de atendimento aos
• O Subsistema Nordeste chega ao final de novembro/2024 com requisitos de potência, é importante a avaliação da necessidade de realização
armazenamento acima de 43% EARmáx. Em relação ao verificado em de leilões anuais de reserva de capacidade na forma de potência.
novembro/2023 (54% EARmáx), metade dos cenários indicaram o subsistema
atingindo valores inferiores.