INSTITUTO TEOLÓGICONAZARENO
DISTRITO PAULISTANO
CASSIA CAMILA CORREA FREIRE
Contexto Histórico da Teologia da teologia latino-americana
(Teologia da Libertação)
São Paulo - SP
2025
CASSIA CAMILA CORREA FREIRE
Contexto Histórico da Teologia da teologia latino-americana
(Teologia da Libertação)
Trabalho apresentado a Seminário Teológico
Nazareno no Brasil – STNB, Campus São
Paulo.
Orientador: Prof.. Pastor Emerson Freire
São Paulo - SP
2025
Orientador: Prof.______________________
Co-orientador: Prof.____________________
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 07
2 CONTEXTO HISTÓRICO DA TEOLOGIA LATINO-AMERICANA 08
2.1 COLONIZAÇÃO 08
2.1.1 Resiliência popular 08
2.1.1.1 Impacto cultural 09
3 INFLUÊNCIA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO 10
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 11
REFERÊNCIAS 12
ANEXO A – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS 12
7
1 INTRODUÇÃO
Esse trabalho tem como objetivo, apresentar o contexto histórico da
teologia latino-americana. O principal ponto nesse contexto histórico, é a Teologia da
Libertação que surgiu na América Latina na segunda metade do século XX, em um
contexto marcado por profundas desigualdades sociais, regimes autoritários e uma
população majoritariamente pobre e marginalizada. Diante dessa realidade, teólogos,
religiosos e lideranças comunitárias passaram a refletir sobre o papel da Igreja e da
fé cristã na luta por justiça social. Inspirada nos ensinamentos bíblicos, especialmente
na figura de um Cristo libertador que se preocupa com os oprimidos, essa corrente
teológica propôs uma nova maneira de viver e interpretar o Evangelho, colocando a
dignidade humana e a transformação social no centro da sua mensagem.
O cenário político e econômico da América Latina, com governos ditatoriais
e políticas que favoreciam as elites, gerou um ambiente de repressão e exclusão para
grande parte da população. Nesse contexto, a Teologia da Libertação se destacou
como uma resposta às injustiças, incentivando a organização popular e denunciando
as desigualdades estruturais.
Além da política, essa teologia teve impacto significativo na cultura e na
educação. No campo acadêmico, influenciou o pensamento crítico e dialogou com
correntes, que defendiam uma educação libertadora e transformadora. Na arte e na
literatura, inspirou produções que valorizavam a resistência e a identidade dos povos
latino-americanos, reforçando a ideia de um Deus próximo e solidário com os mais
necessitados.
Apesar das críticas e da repressão por parte de setores conservadores da
Igreja e de governos autoritários, a Teologia da Libertação deixou um legado
duradouro. Seu impacto continua presente nos movimentos sociais, na defesa dos
direitos humanos e na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. Dessa forma,
essa corrente teológica não apenas redefiniu a relação entre fé e justiça, mas também
contribuiu para a construção de uma identidade latino-americana baseada na
solidariedade e na luta pelos direitos dos mais pobres.
8
2 Contexto Histórico da Teologia Latino-Americana
A teologia latino-americana surgiu em um contexto de intensas mudanças
culturais e sociais, com a evangelização do povo europeu durante o período colonial,
impondo o cristianismo às populações indígenas e africanas.
No século XX, diante de crescentes desigualdades, a igreja passou a bus-
car uma teologia mais voltada para a realidade social da América Latina. O Concilio
Vaticano ll (1962 – 1965) e a Conferência de Medellín (1968) impulsionaram essa
renovação, destacando a opção preferencial pelos pobres.
Nesse cenário, a Teologia da Libertação ganhou força e influenciou movi-
mentos populares, mas enfrentou resistência da Igreja e repressão dos regimes mili-
tares.
2.1 COLONIZAÇÃO
A colonização da América Latina, foi caracterizada pela imposição do cris-
tianismo aos povos indígenas e africanos, com a Igreja Católica desempenhando um
papel central nesse processo. Missionários como jesuítas e franciscanos buscaram
converter as populações locais, mas isso gerou tanto resistência quanto o surgimento
de uma mistura religiosa. Enquanto muitos colonizadores usavam a fé como ferra-
menta de defesa e também para defender o território, figuras como Bartolomé de Las
Casas defenderam os direitos dos povos originários, o que mais tarde influenciaria a
crítica à relação entre fé e justiça social, um tema desenvolvido e explanado na Teo-
logia da Libertação.
2.1.1 Resiliência popular
Diante da colonização, o povo latino-americano demonstrou grande
resistência à imposição religiosa e cultural dos colonizadores, de diversas formas.
Embora a evangelização fosse imposta, as populações indígenas e africanas não se
limitaram a aceitar tranquilamente e de forma passiva a nova fé, mas adaptaram o
cristianismo às suas próprias crenças e cultura, criando uma mistura religiosa que
juntava costumes locais com os ensinamentos cristãos. Isso preservou aspectos de
suas culturas e se tornou uma forma de resistência.
9
Com isso os povos, como por exemplo os indígenas, sofreram com abusos
e brutalidade, nesse contexto encontramos homens como Bartolomé de Las Casas
como vozes de defesa, lutando pela dignidade humana e pelos direitos dos nativos.
Essa resiliência cultural, religiosa e social acabou sendo uma base para o surgimento
de uma teologia mais voltada para a justiça social, como a Teologia da Libertação,
que continuou a lutar pela transformação das condições de vida dos mais pobre na
América Latina.
2.1.1.1 Impacto Cultural
Esses são alguns dos impactos culturais notados na época e que refletem até os dias
de hoje:
Mudança na Relação Igreja-Povo:
• Fortaleceu a ideia de uma Igreja comprometida com os pobres, incentivando
uma maior participação popular e comunitária na vida religiosa.
• O conceito das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) ajudou a difundir
valores de solidariedade e organização social.
Influência na Política e Movimentos Sociais:
• Inspirou lideranças populares, sindicatos e movimentos sociais (como o Movi-
mento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST no Brasil).
• Teve um papel importante em regimes autoritários, denunciando desigualda-
des e violações de direitos humanos.
Reflexo na Arte e na Literatura
• Surgiram expressões artísticas baseadas na luta social e na espiritualidade li-
bertadora, incluindo músicas, peças teatrais e literatura engajada.
• Escritores e pensadores latino-americanos passaram a abordar temas como
opressão, fé e resistência.
Transformação na Educação e no Pensamento Crítico
• Influenciou a Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, reforçando a importân-
cia da educação libertadora.
• Estimulou um pensamento crítico dentro das universidades e círculos acadê-
micos sobre o papel da religião na sociedade.
10
Impacto na Identidade Cultural Latino-Americana
• Reafirmou a valorização das culturas indígenas e afrodescendentes dentro do
cristianismo.
• Introduziu uma visão de Deus mais próxima das lutas cotidianas do povo, for-
talecendo a ideia de um Cristo libertador.
3 INFLUÊNCIA DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO
A Teologia da Libertação propôs que a fé cristã não deveria ser apenas uma questão
de crença individual, mas também um compromisso com a luta por justiça social.
Alguns teólogos foram vozes para afirmar que a Igreja deveria se colocar ao lado dos
mais pobres e denunciar as injustiças, especialmente em contextos de pobreza e di-
tadura. A Teologia da Libertação incentivava os cristãos a agirem para mudar a reali-
dade social, acreditando que a fé deveria promover a liberdade, a dignidade e os di-
reitos humanos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU CONCLUSÃO
A análise da Teologia da Libertação e seu impacto na América Latina
demonstra que essa corrente teológica foi mais do que uma proposta religiosa; foi um
movimento social e político que influenciou significativamente a cultura, a educação e
os direitos humanos. Sua origem está profundamente conectada ao contexto histórico
da região, marcado pela colonização e pela resiliência popular diante da opressão. Ao
longo do tempo, sua influência se expandiu para além das comunidades eclesiais,
alcançando setores acadêmicos e inspirando práticas pedagógicas libertadoras.
A partir dessa perspectiva, fica evidente que a Teologia da Libertação
representou uma resposta teológica à realidade de exclusão vivida por milhões de
latino-americanos, trazendo à tona debates essenciais sobre justiça social, equidade
e dignidade humana. Sua ênfase na participação ativa dos marginalizados e na
transformação das estruturas opressoras reforça seu caráter revolucionário e sua
relevância contínua na luta por uma sociedade mais justa.
11
Ainda que tenha enfrentado forte oposição, tanto de setores conservadores
da Igreja quanto de regimes autoritários, sua mensagem permanece viva,
influenciando movimentos sociais e reflexões acadêmicas sobre o papel da religião
na promoção da justiça. Dessa forma, a Teologia da Libertação não apenas redefiniu
a relação entre fé e política, mas também deixou um legado duradouro na identidade
e na cultura da América Latina, consolidando-se como um marco na luta pelos direitos
dos mais pobres e excluídos.
12
REFERÊNCIAS
Gustavo Gutiérrez: "Teología de la liberación: Perspectivas" (1971) é um texto
chave para entender a emergência da Teologia da Libertação.
Leonardo Boff: Suas obras, como "Igreja: Carisma e Poder" (1981), foram
fundamentais para a construção dessa teologia.
Jon Sobrino: Obras como "Jesus, a História da Salvação e a Igreja" (1973) são
importantes para a teologia latino-americana.
Bartolomé de Las Casas: Sua obra "A Brevíssima Relação da Destruição das Índias"
(1552).
Pentecostalismo no Brasil de Paul Freston – ajudaram a entender o novo cenário
religioso na América Latina.