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Resumos Sobre Contos e - Sempre É Uma Companhia - 2

O documento analisa as características do conto neorrealista e contemporâneo, destacando a crítica social e a representação das condições de vida dos oprimidos. O conto é estruturado em uma narrativa breve, com foco em uma única ação e um número reduzido de personagens, enquanto a linguagem é simples e direta. A obra 'Sempre é uma companhia' exemplifica essas características, mostrando a transformação de uma aldeia alentejana através da chegada da telefonia.
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Resumos Sobre Contos e - Sempre É Uma Companhia - 2

O documento analisa as características do conto neorrealista e contemporâneo, destacando a crítica social e a representação das condições de vida dos oprimidos. O conto é estruturado em uma narrativa breve, com foco em uma única ação e um número reduzido de personagens, enquanto a linguagem é simples e direta. A obra 'Sempre é uma companhia' exemplifica essas características, mostrando a transformação de uma aldeia alentejana através da chegada da telefonia.
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Resumos sobre Contos

Características do conto neorrealista


O Neorrealismo é uma corrente artística que se manifesta na literatura e as artes plásticas
portuguesas entre as décadas de 1930 e 1950.
As obras neorrealistas analisam criticamente, sob o olhar ideológico do marxismo, as relações
que se estabelecem entre os indivíduos e as forças sociais, económicas e políticas do seu tempo:
opressão, exploração…
No que respeita aos traços que o caracterizam, o enredo dos contos neorrealistas:

 Representa as condições de vida dos desfavorecidos e dos oprimidos;


 Privilegia, no que respeita ao tempo histórico, a realidade contemporânea (no caso
português, no Estado Novo), a fim de denunciar a opressão, as injustiças…;
 Desenrola-se em localidades pobres do mundo rural português ou em meios urbanos
marcados pela pobreza;
 Põe em cena personagens de meios sociais populares, frequentemente conotados com
a pobreza e que contrastam, por vezes, com figuras conotadas com a «burguesia» ou
com o capitalismo;
 Tira partido dos diálogos, em linguagem corrente, como modo de confrontar deferentes
pontos de vista sobre a realidade social;
 É relatado por um narrador na terceira pessoa, que expõe a realidade social em que as
personagens se movimentam;
 Aposta num fio narrativo simples, linear e cronologicamente organizado.

Tendências co conto contemporâneo (Pós-Modernista)


A partir dos anos 1950, emergem diferentes linhas artísticas que não se unificam num mesmo
movimentos, mas que partilham traços e ideias. Este conjunto de estética contemporâneas
recebeu o nome de Pós-Modernismo.
As tendências contemporâneas do conto revelam as seguintes características:

 A análise psicológica das personagens;


 O relativismo do valor da verdade, que depende da interpretação que dela se faz;
 A representação (objetiva e subjetiva) da convulsão do mundo contemporâneo;
 O olhar amargo e irónica sobre a realidade contemporâneo;
 O interesse pelo experimentalismo do género: narrador, tempo, personagens;
 A desconstrução da linha cronológica dos acontecimentos;
 A reavaliação da História por uma perspetiva deferentes, que não a oficial (perspetiva
dos derrotados, das minorias…);
 A (auto)reflexão sobre a própria literatura.
O conto – características principais
Quais são as características principais do conto?

 Brevidade da ação, que, geralmente, é linear, isto é, os eventos


são dispostos por ordem cronológica.
Ação  Concentração dos acontecimentos numa linha de ação principais,
que, regra geral, não abre espaço para ações secundarias.
 Unidade de ação.
Personagens  Número reduzido de personagens.
 Centralidade de um personagem, que impulsiona a ação principal.
 Caracterização das personagens nos seus traços essenciais.
Tempo  Tempo da história frequentemente reduzido.
 Recurso ao sumário e á elipse para organizar o tempo do discurso.
 Subalternização, num número limitado de locais próximos.
Espaço  Relação estreita entre espaço e ação.
 Predomínio da concentração espacial: a ação do conto decorre,
geralmente, num número limitado de locais próximos.
Modos de  Predomínio da narração e do diálogo em detrimento dos restantes
expressão modos de expressão (descrição ou divagações do narrador).

Como se estrutura um conto?

Situação inicial  Momento inicial de apresentação das personagens e de


ou introdução conhecimento do espaço e do período histórico em que a ação se
desenrola.
Desenvolvimento  Surgimento de obstáculos e de contrariedades no percurso da
personagem central, que procura superá-los.
Clímax da intriga  Momento de maior intensidade da ação, anterior ao final do
conto.
Desenlace  Conclusão da ação do conto, em eu podemos conhecer ou não a
resolução do problema inicialmente criado ao protagonismo
(ação aberta ou fechada).
“Sempre é uma companhia”

Importância das peripécias inicial e final


Estrutura temporal que se articula á volta de um antes e de um depois: transformação de uma
pequena aldeia alentejana, que, de um tempo de estagnação, de marasmo e de solidão, passa
para um novo tempo, potenciado pela chegada e experiencia de um mês com telefonia.

Peripécia inicial Peripécia final


Um «extraordinário acontecimento» Um inesperado acontecimento vai
vai ser o responsável pela rutura: a alterar para sempre a vida em
chegada a Alcaria de um vendedor de Alcaria: contra todas expectativas, a
telefonias. pedido da mulher de Batola, a
telefonia mantém-se na venda.

Solidão e convivialidade

Da solidão inicial … á convivialidade


O sentimento de solidão inicial, potenciado A venda de Batola, espaço de tristeza e
pela imensidão do espaço, pelo isolamento e solidão, transforma-se num espaço
pelo silêncio de uma pequena aldeia privilegiado de convivialidade: a telefonia
alentejana, acompanha e intensifica os revoluciona os hábitos e os comportamentos
sentimento de vazio, de miséria e de inércia, de um comunidade isolada social e
vividos pelas personagens. geograficamente.

Daí que os dias tenham «o tamanho de Daí que os dias passem «agora rápidos» e
anos» e «o mundo pare[ça] que vai ficar que custem «tão pouco a passar».
para sempre naquela magoada penumbra»

Caracterização do espaço

Espaço físico Espaço psicológico Espaço sociopolítico


Alentejo – as planícies Antes da telefonia Alentejo rural dos anos 1940
solitárias, a clausura A negatividade do espaço – o isolamento, a miséria, a
irremediável, a imensidão físico – opressor – entranha- opressão, a ignorância.
que aprisiona. se nas personagens. Segunda Guerra Mundial –
Alcaria – a pequena aldeia as noticias chegam a
perdida no Alentejo, com Depois da telefonia Portugal através da rádio; o
«quinze casinhas Todos se tronam mais acesso á informação
desgarradas e nuas». próximos; a comunicação possibilitava uma tomada de
A venda de Batola – um leva a uma mudança de posição e um compromisso
espaço de desleixo, de perspetiva sobre o espaço – com a tuta contra o nazi-
decrepitude e de sujidade. torna-se libertador. fascismo.
Estado Novo – a ditadura
civil em Portugal.
Caracterização das personagens

António Barrasquinho: o Batola A mulher de Batola: a patroa


Fisicamente Fisicamente
 Baixo, «atarracado», com «pernas arqueadas».  Muito alta, «grave»
 «Cara redonda», «mãos grossas».  Rosto «ossudo», «olhos negros»
Antes da telefonia Antes da telefonia
 Passivo indolente, vive conformado com uma  Serena, na forma de ser e de estar.
vida vazia de sentido, entregando-se á bebida.  Expedita, é uma trabalhadora incansável,
 Nostálgico, infeliz e solitário, refugia-se nas assumindo a gestão da casa e do negócio.
recordações do seu passado com Rata.  Dominadora e autoritária, impõe a sua vontade,
 Agressivo, bate na mulher quando bebe. humilhando o marido.

Depois da telefonia Depois da telefonia


 Determinado, enfrenta a mulher e assume a  Confusa e surpreendida com a afronta e
compra da telefonia. tomada de decisão de Batola.
 Responsável e diligente, encarrega-se do  Submissa, quando pede ao marido para ficarem
governo do negócio. com a telefonia.
 Animado e conversador, anseia pelo convívio e  Quase afetuosa, na forma como se dirige
pelas noticias trazidas pela telefonia.

O vendedor: «o sujeito bem vestido» O calcinhas: «o do fato de ganga»


Personagem observadora, simpática, um hábil Personagem que se mostra bastante prestável,
vendedor, com um enorme sentido de obedecendo a todos os pedidos d vendedor sem
oportunidade e capacidade manipuladora hesitar

Rata: o mendigo Habitantes de Alcaria: as «figurinhas»


 Pedinte, vive uma vida de pobreza e  Antes da telefonia: vivem
de mendicância pelo Alentejo. exaustos, presos á rotina, á
 Companheiro de conversas de desesperança, á ignorância, ao
Batola, traz novidades do que se isolamento…
passa fora de Alcaria.  Depois da telefonia: mostram
 Decide acabar com a «prisão» a que entusiasmo e curiosidade;
a doença o condenou, suicidando-se. começam a conviver na venda de
Batola (ouvem as notícias,
discutem, dançam); sentem-se
menos sós e mais conscientes do
mundo.
Relações entre as personagens
Mulher Batola Rata
Relação de contraste e de conflito Relação de amizade e de companheirismo
(que a chegada da telefonia veio atenuar). (interrompida pelo suicídio do mendigo).

Antes Depois
 Tensão  Silêncio  Diálogo
 Solidão  Submissão  Respeito
 Violência  Humilhação  Harmonia

 Partilha  Curiosidade
 Convívio  Entusiasmo

Importância das peripécias inicial e final

Antes Telefonia Depois


 Desalento, apatia, inércia.  Curiosidade e alento.
 Ignorância, miséria, opressão.  Alegria e entusiasmo.
 Ausência de comunicação. Elemento  Comunicação e discussão.
 Isolamento, silêncio, vazio. impulsionador  Partilha e interação.
da mudança

Importância da peripécia final


Importância da peripécia inicial
 Contextualização e  Constitui o acontecimento
desencadeia a ação do conto. imprevisível, potenciador da
mudança, da transformação.

SOLIDÃO CONVIVIALIDADE

Estrutura, linguagem e estilo


Estrutura do conto Linguagem e estilo
Unidade de ação, brevidade narrativa, concentração de espaço  Narrador heterodiegético, por
O conto «Sempre é uma companhia» é uma narrativa de ação breve e vezes, subjetivo, com uma função
singular (unidade de ação), com um número reduzido de acontecimentos, ideológica.
em espaço(s) concentracionário(s).  Simplicidade da linguagem:
 Unidade de ação: a chegada de uma telefonia (e com ela, do predomínio de termos
progresso) a uma pequena aldeia alentejana perdida no tempo e na monossémicos.
vastidão dos campos.  Escassez de expressões
 Espaço físico: Alentejo, venda do Batola, localizada numa pequena dubitativas.
aldeia chamada Alcaria.  Presença de regionalismos e
 Espaço psicológico: de contornos disfóricos, antes da chegada da expressões populares.
telefonia, e eufóricos, depois da chegada da telefonia.
 Espaço sociopolítico: Alentejo rural dos anos 1940; Segunda Guerra  Predomínio da linguagem
Mundial; Estado Novo. denotativa com função
Concentra de tempo informativa ou referencial.
A duração da ação do conto em «tempo real» (cronológico) é breve (cerca
de um mês). Porém, antes do aparecimento da telefonia, a sua passagem
era percecionada como lenta e, depois da sua chegada, os dias custavam
pouco a passar.
Número limitado de personagens
O numero de personagens do conto é muito reduzido.

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