0% acharam este documento útil (0 voto)
283 visualizações21 páginas

Manual UFCD 11026

O manual de apoio sobre Agricultura Sustentável da UFCD 11026 tem como objetivo capacitar os formandos em práticas agrícolas que respeitem os princípios da sustentabilidade. O curso abrange tópicos como solo, clima, botânica agrícola e produção sustentável, enfatizando a importância da gestão de resíduos e efluentes. Além disso, o documento destaca a relevância do conhecimento climático e das boas práticas para a conservação dos recursos naturais.

Enviado por

lacosemensagens
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
283 visualizações21 páginas

Manual UFCD 11026

O manual de apoio sobre Agricultura Sustentável da UFCD 11026 tem como objetivo capacitar os formandos em práticas agrícolas que respeitem os princípios da sustentabilidade. O curso abrange tópicos como solo, clima, botânica agrícola e produção sustentável, enfatizando a importância da gestão de resíduos e efluentes. Além disso, o documento destaca a relevância do conhecimento climático e das boas práticas para a conservação dos recursos naturais.

Enviado por

lacosemensagens
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato DOC, PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 21

Manual de Apoio:

Agricultura Sustentável – UFCD


11026

Área: 621

Carga Horária: 50 horas

Edição: Pascoal Oliveira

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
INDICE

Sumário
INDICE................................................................................................................................................2
INTRODUÇÃO..................................................................................................................................3
Objetivos Gerais...........................................................................................................................4
Objetivos Específicos................................................................................................................4
Conteúdos........................................................................................................................................4
DESENVOLVIMENTO...................................................................................................................9
Módulo 1 - Solo.............................................................................................................................9
- Conceitos gerais de agricultura.......................................................................................9
Módulo 2 - Clima........................................................................................................................11
Módulo 3 - Botânica Agrícola Relação solo-planta-clima- ambiente
Resíduos e efluentes das explorações..........................................................................13
Módulo 4 - Produção agrícola sustentável.................................................................17
BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................................20

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
INTRODUÇÃO
Na atualidade existe uma crescente preocupação com a
sustentabilidade, nomeadamente na área agrícola, com a produção de
alimentos de uma forma mais saudável para os humanos, o ambiente e
animais. Deste modo, surge o curso Agricultura Sustentável,
capacitando o formando a adquirir competências e conhecimentos
adequados de acordo com os princípios da produção sustentável, com
base na legislação atual.

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Objetivos Gerais
O curso tem como objetivos gerais:

• Compreender os principais conceitos sobre agricultura sustentável;

• Reconhecer as técnicas aplicadas na agricultura sustentável.

• Desenvolver as operações de eliminação de resíduos e efluentes da


exploração agrícola.

Objetivos Específicos
O curso tem como objetivos específicos:

• Identificar os elementos constituintes de um solo, as características


dos principais tipos de solo e os fatores que influenciam a sua
produtividade e conservação.

• Identificar os fatores do clima e a sua influência na agricultura.

• Reconhecer a constituição das plantas e as suas principais funções


fisiológicas, tendo em vista o seu cultivo para aproveitamento
económico.

• Identificar os princípios da produção agrícola sustentável.

Conteúdos
Módulo 1 - Solo
- Conceitos gerais de agricultura

Solo

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
- Definição, tipos e sistema de classificação do solo

- Composição do solo

- Caraterização do solo

- Classificação do solo

- Capacidade de uso do solo

- Gestão da fertilidade do solo

- Fatores que influenciam a fertilidade do solo – principais ameaças

- Gestão sustentável do solo – boas práticas

- Nutrição das plantas

- Fertilização das culturas agrícolas

- Matérias fertilizantes

- Desertificação

Módulo 2 - Clima
- Clima

- Elementos meteorológicos

- O clima de Portugal (continente e regiões autónomas)

- As alterações climáticas, efeitos, adaptação e mitigação na atividade

agrícola

Planta

- Noções de botânica agrícola

- Fisiologia vegetal – principais processos fisiológicos

- Estados fenológicos e duração do ciclo das culturas

- Principais famílias de plantas cultivadas

- Relação solo-clima-planta e o ciclo do carbono

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
- A agroecologia na conservação do solo e dos recursos naturais

- A água, a rega e a drenagem do solo

- Boas práticas para a sustentabilidade dos ecossistemas e para o

sequestro do carbono

Módulo 3 - Botânica Agrícola Relação solo-planta-


clima- ambiente Resíduos e efluentes das explorações
- Proteção das plantas

- Evolução da proteção das plantas

- Principais inimigos das culturas

- Pragas e doenças das plantas

- Estratégias e meios de proteção

- Estragos e prejuízos

- A fauna e a flora auxiliar e a sua preservação

- Tipologia de auxiliares

- A importância da biodiversidade na proteção das plantas

- Boas práticas de proteção das plantas

Proteção Integrada (PI) e Produção Integrada (PRODI)


- Conceitos de proteção e de produção integrada

- Definição

- Objetivos da proteção integrada

- Princípios da proteção integrada

- Princípios da produção integrada

- Avaliar a necessidade de intervir

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
- Técnicas de amostragem

- Tomada de decisão e seleção dos meios de controlo

- Meios de luta disponíveis

- Medidas indiretas

- Medidas diretas

- Técnicas de PRODI

- Componente vegetal

- Componente animal

- Registos no caderno de campo

- Controlo, certificação e rotulagem

Agricultura Biológica (AB)


- Caraterização da agricultura biológica

- No mundo

- Na União Europeia

- Em Portugal (continente e regiões autónomas)

- Legislação

- Definição, objetivos e princípios gerais

- Estratégia nacional para a agricultura biológica

- Conversão à agricultura biológica

- Técnicas de produção em agricultura biológica

- Parte vegetal

- Parte animal

- Registos em agricultura biológica

- Controlo e certificação

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Módulo 4 - Produção agrícola sustentável
- Economia circular aplicada na agricultura

- Introdução à economia circular

- Conceito

- Estratégia

- Benefícios

- Exemplo de aplicação na agricultura

- Utilização eficiente dos recursos – água e energia

- Resíduos e subprodutos agrícolas

- Conceitos

- Estrutura organizativa do planeamento da gestão de resíduos e

subprodutos agrícolas

- Enquadramento legislativo

- Licenciamento das atividades de gestão de resíduos e de subprodutos

agrícolas

- Registo de informação e acompanhamento da gestão de resíduos e de

subprodutos de origem agrícola

- Gestão integrada de resíduos

- Conceito

- Operações de gestão de resíduos

- Exemplos de sistemas de gestão integrada de resíduos/subprodutos

de origem agrícolA

- Gestão de resíduos agrícolas e de subprodutos de origem vegetal

- Gestão dos resíduos agrícolas

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
- Gestão de subprodutos de origem vegetal

- Gestão de efluentes pecuários e de outros subprodutos animais

- Enquadramento legal

- Armazenamento de efluentes pecuários

- Encaminhamento e processos de tratamento de efluentes pecuários

- Valorização dos efluentes pecuários

- Gestão de outros subprodutos animais

- Boas práticas e simbiose industrial em agricultura

Conceito de simbiose industrial


- Código de boas práticas agrícolas no contexto dos resíduos e

subprodutos agrícolas

- Exemplos de simbioses industriais no setor agroalimentar

- Iniciativas inovadoras de boas práticas e simbiose industrial

- Agricultura de precisão para a sustentabilidade

- Conceito de agricultura de precisão

- Objetivos da agricultura de precisão

- Oportunidades e ameaças da agricultura de precisão

- Ferramentas da agricultura de precisão

- Outras soluções para a agricultura de precisão

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
DESENVOLVIMENTO
Módulo 1 - Solo
- Conceitos gerais de agricultura

A agricultura implica a transformação do meio ambiente para satisfazer as

necessidades do homem. É esta capacidade que distingue o ser humano dos

restantes seres vivos.

Desde o início dos tempos que o homem pratica a agricultura para

sua sobrevivência. Assim, ela contribui para oferecer sustendo no que tange a

alimentação.

Conta-se que antes de existir a agricultura a nível universal, os humanos vivam da

caça e da coleta de frutos e de plantas.

No entanto, a agricultura não é praticada apenas para se obter alimentos, por meio

dela se consegue também matéria-prima para construção de objetos,

medicamentos, ferramentas, fibras, combustível, entre outros.

O surgimento da agricultura foi um passo essencial no desenvolvimento da

humanidade. Os historiadores afirmam que, no período Neolítico, o homem passou

da caça, da pesca e das colheitas para as atividades agrícolas e pecuárias. O trigo e

a cevada terão sido as primeiras plantas a serem cultivadas.

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
A pessoa que realiza a agricultura é chamada de agricultor e é importante não

confundir o agricultor com o fazendeiro, esse último é o proprietário de terras onde

se realiza a agricultura.

Uma outra coisa também é que a agricultura possibilitou que os seres humanos

fizessem trocas: o agricultor que produzia um tipo de alimento poderia trocar por

outro que um outro produtor produzia.

Acredita-se que as pessoas começaram a desenvolver a agricultura a partir do

momento em que certas alterações climáticas tornaram a temperatura mais amena e

na sequência da escassez da caça e dos alimentos cultivados em determinadas

regiões.

Com a agricultura, os alimentos disponíveis passaram a aumentar bem como a

quantidade da população a nível global. Por outro lado, as sociedades tornaram-se

sedentárias e passaram a considerar a propriedade privada sobre bens imóveis.

Diversas técnicas são utilizadas para o cultivo de diferentes tipos de plantas a fim de

se obter recursos dela. E para a agricultura são utilizados elementos como os

adubos para oferecer nutrientes para as plantas, os fertilizantes, etc.

Os alimentos que fossem produzidos em excesso eram armazenados para os caso

de emergência (um estoque no caso de imprevistos). E essa prática contribuiu para

que os humanos não passassem tanto tempo focados na agricultura, mas agora

teriam tempo para dedicar a outras atividades.

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Conforme o tempo foi passando, a agricultura passou por transformações e foram

introduzidas máquinas que agora auxiliariam e tornariam o processo mais otimizado:

produzindo-se mais em menos tempo.

Atualmente, os trabalhadores agrícolas recorrem à tecnologia e à engenharia

genética para melhorar a produtividade do solo e dos cultivos. Da mesma forma, a

ciência tem contribuído para que as sementes sejam mais resistentes às pragas e se

possam adaptar a diferentes climas e solos.

Módulo 2 - Clima
O conhecimento do clima de uma região é fundamental para o
planeamento e gestão das atividades sócio-económicas, e também
essencial para mitigar as consequências dos riscos climáticos.

A palavra clima provém de vocábulo grego que designava uma zona da


Terra limitada por duas latitudes e era associada à inclinação dos raios
solares e, por extensão, às características meteorológicas predominantes.
Na aceção geral o clima é a síntese do tempo e a nossa expectativa sobre
as condições meteorológicas. E este é, em essência, o conceito que
convém preservar. Cientificamente há que definir os atributos da definição
em termos quantitativos, sendo que no clima os fenómenos interessam
pela sua duração ou persistência, pela sua repetição e são caracterizados
por valores médios, variâncias, probabilidades de ocorrência de valores
extremos dos parâmetros climáticos.

Frequentemente ocorre confusão conceptual entre clima e tempo, duas


grandezas que se distinguem, designadamente, pelo espaço temporal de
referência. Numa simplificação de abordagem poderá dizer-se que o
estado de tempo refere-se ao conjunto das condições meteorológicas num
dado local, designadamente a temperatura e a humidade do ar, a
precipitação, a nebulosidade, o vento e à sua evolução no a dia a dia. Por
seu lado o Clima poderá traduzir-se pelo conjunto de todos os estados que

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
a atmosfera pode ter num determinado local, durante um tempo longo,
mas definido. Este intervalo de tempo durante o qual podemos dizer que
existe um determinado tipo de clima é escolhido como “suficientemente
longo”, em geral 30 anos.

O clima de um dado local depende do intervalo de tempo utilizado e não é


o mesmo para um ano, um decénio, ou um século. Na descrição
quantitativa do clima é necessário indicar o período (intervalo de tempo) a
que correspondem os valores numéricos apresentados. Com efeito, o
clima varia com o tempo e por isso não devem comparar-se climas
utilizando valores que correspondam a intervalos de tempo com números
diferentes de anos, ou que correspondam ao mesmo número de anos, mas
em épocas diferentes.

Com o conhecimento do clima em Portugal, matéria de responsabilidade


do IPMA, podem desenhar-se respostas à escala nacional e internacional,
para os desafios da variabilidade e alterações climáticas, tendo em
consideração um novo paradigma para os serviços de clima, baseados na
premissa de que decisões económicas poderão beneficiar de um melhor
conhecimento das condições climáticas.

Módulo 3 - Botânica Agrícola Relação solo-planta-


clima- ambiente Resíduos e efluentes das explorações
Solo constitui um reservatório de carbono essencial para diversas funções
do solo, como a produtividade agrícola e a regulação do clima. No entanto,
a atividade humana tem diminuído as reservas de carbono orgânico no
solo. Adotar práticas de gestão que revertam essa perda de carbono
contribui simultaneamente para a adaptação dos sistemas agrícolas e
para a mitigação das alterações climáticas.

Como o solo intervém na regulação do clima

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
O solo armazena cerca de três vezes mais carbono do que a vegetação
terrestre e cerca de 1.8 vezes mais do que a atmosfera, no primeiro metro
de profundidade (FAO, 2017; Olssen, 2019; Lal, 2018). Considerando a
totalidade do solo, e incluindo o permafrost (solo permanentemente
congelado), a quantidade de carbono armazenada é o dobro do valor
presente na camada mais superficial (Figura 1). Atualmente, conhecemos
a importância vital do carbono orgânico do solo na regulação do ciclo de
carbono na Terra e consequentemente no clima.

O carbono orgânico do solo constitui o núcleo da matéria orgânica,


formada por resíduos de plantas e organismos em várias fases de
decomposição, microrganismos vivos e produtos do seu metabolismo (Lal,
2018). Este carbono tem a sua origem na atmosfera: são as plantas que,
através da fotossíntese, captam o CO2 (dióxido de carbono) atmosférico
para construir os seus tecidos. Posteriormente, matéria orgânica é
degradada por microrganismos como bactérias e fungos, devolvendo o
carbono à atmosfera, sob a forma de CO2 ou CH4 (metano), resultantes do
metabolismo de microrganismos aeróbios ou anaeróbios.

Mas nem todo o carbono orgânico do solo é devolvido à atmosfera.


Algumas formas ficam retidas no solo, seja adsorvidas quimicamente à
superfície das argilas, retidas nos agregados formados pelas partículas
minerais, ou integrando compostos de difícil degradação (Lal 2018). Desta
forma parte do carbono capturado pelas plantas pode permanecer no solo
durante décadas, séculos ou mesmo milénios, resultando na formação do
grande reservatório de carbono orgânico do solo (Soong, 2022).

Quando os ecossistemas naturais são cultivados, há uma perda


significativa de parte do carbono acumulado durante longos períodos. As
estimativas indicam que essa perda pode variar entre 20% a 59%,
dependendo da vegetação natural e das práticas de manejo do solo (Olsen
et al., 2019). O aumento da área de solo cultivado corresponde a um
decréscimo da área de ecossistemas naturais como florestas, pradarias,

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
charnecas ou turfeiras. Estima-se que o cultivo dos solos seja responsável
por 13% das emissões antropogénicas de CO2 (IPCC, 2019).

Para além de CO2 e CH4, o solo também pode emitir N2O (óxido nitroso),
um gás com potencial de aquecimento global cerca de trezentas vezes
superior ao CO2. As emissões de N2O do solo são resultam principalmente
do uso de fertilizantes com nitrogénio (denominação oficial atual em
português do elemento anteriormente conhecido como azoto). O
nitrogénio é um elemento essencial para o crescimento das culturas, mas
a aplicação de fertilizantes pode diminuir a eficiência da sua absorção
pelas plantas. Como resultado, aumentam os processos de nitrificação e
desnitrificação, levados a cabo por diferentes géneros de bactérias no
solo, e que têm como produto a emissão de N2O. Contabilizando o CO2,
CH4 e o N2O (óxido nitroso), estima-se que as alterações de uso do solo,
tenham resultado em cerca de 23% das emissões de gases com efeito de
estufa (IPCC, 2019).

Impactos das alterações climáticas no solo

O aumento da temperatura média tem um efeito crescente na atividade


dos microrganismos do solo, resultando numa maior taxa de
decomposição da matéria orgânica e na libertação de CO2 para
atmosfera. As regiões de permafrost, onde as baixas temperaturas do solo
impedem a decomposição da matéria orgânica, estão a aquecer mais
rápido, tornando estes solos especialmente vulneráveis à perda de
carbono orgânico, com impactos drásticos nas emissões de CO2.

Por outro lado, o aumento de eventos de precipitação extrema contribui


para um crescente risco de erosão hídrica, um fator de degradação do solo
muito relevante em Portugal e globalmente. A perda de solo por erosão
hídrica em Portugal é de 2.3 t/ha anualmente, superior à média da União
Europeia, sendo ambas acima da taxa de formação de solo de cerca de
1.4 t/ha anualmente (Panagos, 2015).

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
A combinação do aumento da temperatura e da diminuição da
precipitação em algumas regiões do globo, como a região mediterrânica,
aumenta o índice de aridez. As condições de aridez reduzem a capacidade
do solo sustentar ecossistemas e, consequentemente de armazenar
carbono. Em última instância, pode levar à desertificação, em que há uma
perda total de fertilidade do solo (e do seu carbono orgânico).

Conservar e aumentar o carbono orgânico do solo

O carbono orgânico do solo está intrinsecamente ligado ao seu coberto


vegetal, que representa outro reservatório de carbono. Os primeiros
acordos globais sobre alterações climáticas destacaram a importância da
vegetação como um reservatório de carbono, aumentando o interesse na
plantação de espécies florestais de crescimento rápido para armazenar
carbono ou para substituir combustíveis fósseis. No entanto, muito de tem
descoberto sobre o carbono armazenado no solo. Hoje compreende-se
melhor a dimensão das emissões decorrentes das alterações de uso do
solo, que podem ter consequências de difícil reversão.

Estudos realizado em povoamentos na Serra da Nogueira, no distrito de


Bragança, que alberga a maior área de carvalho negral da Europa
(Quercus pyrenaica L.), demonstrou que a substituição das áreas de
floresta autóctone por espécies de maior produtividade, como a o
pinheiro-do- Oregon (Pseudotsuga menziesii (Mirb.) Franco) (Figura 2),
resultou num aumento do carbono armazenado na vegetação. No entanto,
após 30 anos, ainda não tinha recuperado a quantidade de carbono
armazenado no solo com a vegetação autóctone e perdida no processo de
reflorestação (Fonseca, 2019). Este exemplo mostra a importância da
preservação dos ecossistemas naturais como uma das estratégias mais
eficazes e eficientes no combate às alterações climáticas (Olssen et al.,
2019).

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Os agricultores conhecem desde há muito a importância da matéria
orgânica na fertilidade do solo e produção de alimentos: melhora a
estrutura do solo, aumenta a capacidade de retenção de água e
nutrientes, promove a infiltração de água e diminui a erosão. Os gestores
agrícolas vêm desde há muito a experimentar e implementar diferentes
práticas com o objetivo de manter e aumentar o carbono orgânico no solo
(Figura 3 e 4). Exemplos destas práticas são a minimização das
mobilizações do solo, o uso de culturas de cobertura, a aplicação de
resíduos das culturas e outros resíduos orgânicos ou o pastoreio
extensivo. Casos de estudo no sul de Portugal mostram que a combinação
da sementeira direta com a manutenção dos restolhos de cereais à
superfície do solo numa rotação de tremoço–trigo–aveia–cevada,
resultaram num aumento significativo do carbono orgânico do solo ao
longo de um período de 11 anos (Carvalho e Lourenço, 2014). Uma
investigação realizada em soutos no nordeste de Portugal, ao longo de 17
anos, mostrou um aumento significativo do carbono orgânico à superfície
do solo não mobilizado, face ao mesmo solo mobilizado (Borges et al.,
2018). Estudos com sementeiras de pastagens permanentes com elevada
diversidade de espécies e ricas em leguminosas têm evidenciado um
aumento de matéria orgânica do solo superior ao registado nas pastagens
naturais (Teixeira et al., 2011). Estes são alguns casos de estudo em que
foi contabilizado o aumento de carbono orgânico do solo por diferentes
práticas de gestão em Portugal, no entanto, a capacidade de aumento de
carbono é muito dependente das condições específicas de cada sistema
agrícola.

Sendo o carbono fundamental para a saúde do solo, a adoção de práticas


de gestão para a sua conservação e aumento contribui para a adaptação
dos sistemas agrícolas ao clima em mudança, tornando os solos e a
vegetação menos vulneráveis a desafios como a diminuição da
precipitação, ao aumento de eventos de chuva extremos e o aumento da
temperatura média. Essas práticas contribuem para mitigar as mudanças
climáticas, revertendo o processo de emissão de carbono orgânico do solo

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
para a atmosfera, mas também promovem a saúde e a sustentabilidade
dos ecossistemas agrícolas.

Módulo 4 - Produção agrícola sustentável

A agricultura sustentável torna-se cada vez mais necessária à medida que


a preocupação sobre o futuro do ambiente aumenta. A sociedade está
mais exigente e as empresas chegaram a um ponto irreversível: ou
repensam suas formas de produção ou correm o risco de serem excluídas
do mercado.

Mas como garantir uma viabilidade financeira na agricultura e, ao mesmo


tempo, seguir as normas de respeito ao ambiente? A resposta é simples:
unir a agricultura às melhores práticas de sustentabilidade. O termo
“agricultura sustentável” surgiu dessa conexão.
Para colocar em prática o modelo sustentável de produção, é preciso
reduzir o uso de substâncias químicas, fertilizantes e pesticidas. Também
é fundamental buscar formas de energia limpa, além de passar a reutilizar
a água na irrigação das plantações.

No entanto, existem inúmeras outras maneiras de promover a agricultura


sustentável. Separamos algumas delas neste artigo para que você comece
a praticá-las, contribua com o ambiente e também passe a ter mais
visibilidade no mercado.

Alternar o cultivo de espécies

Ao plantar somente um tipo de alimento, como milho ou feijão, o solo


passa por um processo de degradação. Isso pode causar sérios problemas
para o produtor, a exemplo da perda de produtividade, já que o solo pode
ficar pobre em nutrientes e vulnerável a pragas e insetos.

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Por isso, de acordo com as boas práticas de agricultura sustentável, é
necessário alternar o plantio das espécies num mesmo solo. Só assim o
produtor pode garantir uma maior qualidade da terra e dos alimentos
colhidos.

Priorizar o uso racional da água

A utilização da água na agricultura equivale a 70% do consumo mundial.


Diante disso, o uso racional da água deve ser prioridade para os
agricultores, já que são eles quem mais utilizam o recurso para
manutenção de suas colheitas.

Uma das formas de priorizar esse consumo sustentável é a


implementação de sistemas de gestão que promovem a elaboração de um
planejamento voltado ao uso adequado da água no campo. Um exemplo
de sistema viável é a captação de água da chuva.

Para implementar este tipo de captação, basta iniciar a instalação de


alguns materiais fáceis de serem encontrados, como canos de PVC, bambu
e calhas. Essa água, depois de filtrada e armazenada, pode ser utilizada
na irrigação e na limpeza em geral.

Utilizar a técnica da compostagem

Essa técnica consiste em aproveitar os resíduos orgânicos, restos de


alimentos que seriam jogados fora, para produzir adubos. Com a
degradação da matéria orgânica, é gerado um composto com o qual é
possível nutrir a terra a partir de diferentes tipos de minerais, tais como
fósforo, potássio, cálcio e magnésio.

A prática é bastante utilizada na maioria das lavouras. Além de ajudar a


aumentar a produtividade, a compostagem reduz custos e contribui para a
sustentabilidade do ambiente.

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
Recuperar as pastagens degradadas

Toda criação de gado depende das pastagens. Por protegerem o solo


contra a erosão, devem ser bem cuidadas e precisam ser recuperadas
quando necessário.

Para recuperar, é necessário repor a fertilidade do solo sem preparo, nem


replantio do pasto e o rebanho pode permanecer na área. Dessa forma, o
agricultor consegue reduzir os gastos e ainda aumentar sua produção.

Produzir alimentos biológicos

Ao adotar boas práticas de agricultura sustentável, o produtor contribui


para melhores condições de vida aos consumidores. Por meio dos
alimentos biológicos, é possível manter uma dieta saudável, diminuindo os
riscos de contrair doenças ou infeções.

Por isso, os consumidores estão cada dia mais exigentes. A busca por
alimentos biológicos e por empresas comprovadamente comprometidas
com a sustentabilidade só tende a crescer.

Dessa forma, promover a agricultura sustentável só traz benefícios, não só


para as empresas, mas também para a melhoria do solo, além de
qualidade dos alimentos e preservação da biodiversidade local.

BIBLIOGRAFIA

MC.31.15.V1 | MC.20.V2
https://www.ecocert.com/pt-PT/artigo/5091796
O que é, conceito e definição. Conceito.de.
https://conceito.de/agricultura
https://www.ipma.pt/pt/enciclopedia/clima/index.html/
https://www.agroportal.pt/solo-e-alteracoes-climaticas-uma-relacao-
reciproca/

MC.31.15.V1 | MC.20.V2

Você também pode gostar