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Martin Heidegger

Martin Heidegger foi um filósofo alemão influente do século XX, conhecido por sua obra 'Ser e Tempo', onde introduziu o conceito de Dasein, referindo-se à experiência do ser humano. Sua filosofia criticou a metafísica ocidental e explorou a relação entre tecnologia e a visão de mundo contemporânea, além de ter um envolvimento controverso com o nacional-socialismo. Apesar de sua influência, sua obra gerou debates sobre a relação entre suas ideias filosóficas e suas posições políticas.
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Martin Heidegger

Martin Heidegger foi um filósofo alemão influente do século XX, conhecido por sua obra 'Ser e Tempo', onde introduziu o conceito de Dasein, referindo-se à experiência do ser humano. Sua filosofia criticou a metafísica ocidental e explorou a relação entre tecnologia e a visão de mundo contemporânea, além de ter um envolvimento controverso com o nacional-socialismo. Apesar de sua influência, sua obra gerou debates sobre a relação entre suas ideias filosóficas e suas posições políticas.
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Martin Heidegger (Meßkirch, 26 de setembro de 1889 – Friburgo em Brisgóvia, 26

de maio de 1976) foi um filósofo, escritor, professor e reitor universitário alemão. É

amplamente reconhecido como um dos filósofos mais originais e importantes

do século XX.

Pertenceu à fenomenologia iniciada pelo seu professor Edmund Husserl, e

ampliou seus horizontes a partir de pensamentos diversos, como a filosofia da

vida de Wilhelm Dilthey e a interpretação da existência de Søren Kierkegaard, a

qual Heidegger buscou superar com a ideia de uma nova ideia de ontologia. Os

principais objetivos de Heidegger foram criticar a metafísica característica

da filosofia ocidental e fornecer uma base intelectual para uma nova

compreensão do mundo.

Em 1926 finalizou sua primeira obra principal Ser e Tempo, publicada em 1927.

Neste livro, Heidegger tentou se afastar das questões ônticas sobre os entes e

desenvolver o que seriam as questões propriamente ontológicas sobre o Ser.

Nesse contexto, Heidegger usa a expressão Dasein ("Ser Aí") para se referir à

experiência de ser que é peculiar ao ser humano.

A partir de meados da década de 1930, Heidegger iniciou uma interpretação geral

da história da filosofia ocidental. Para tanto, ele examinou as obras de

importantes filósofos do ponto de vista

fenomenológico, hermenêutico e ontológico e, assim, tentou desvendar e revelar

seus pressupostos e preconceitos "até então impensados" que residiam no

pensamento ocidental. De acordo com Heidegger, todos os filósofos

apresentaram uma visão unilateral do mundo - uma unilateralidade que ele

considerava característica da metafísica.

Para Heidegger, esta visão metafísica do mundo culminou numa sociedade que

privilegia a tecnologia contemporânea. Ele não apenas associou a tecnologia a um

meio neutro para atingir determinados fins, mas, em vez disso, tentou demostrar

que a primazia da tecnologia foi responsável por alterar uma concepção do


mundo. Segundo Heidegger, a tecnologia faz com que as pessoas tenham uma

visão de mundo focada na utilização. Por causa da disseminação global dessa

concepção de mundo e da "exploração" implacável dos recursos naturais,

Heidegger via a primazia da tecnologia como um perigo inevitável. Ele contrastou

tecnologia com a arte e, a partir do final da década de 1930, desenvolveu, por

exemplo, baseado nos poemas de Hölderlin, alternativas a uma concepção de

mundo baseada na técnica. Em textos posteriores a 1950 ele passou a se dedicar

cada vez mais às questões relacionadas à linguagem.

A ampla recepção fez de Heidegger um dos pensadores mais influentes do século

XX. No entanto, parte do conteúdo de sua obra é controverso. Acima de tudo, seu

compromisso com o nacional-socialismo tem sido objeto de debates e

controvérsias nas últimas décadas. Heidegger foi membro do partido nazista de

1933 a 1945 e em 1934 foi um dos membros fundadores do Comitê de Filosofia

Jurídica da Academia Nacional Socialista de Direito Alemão, dirigido por Hans

Frank. A partir da publicação dos Cadernos Negros (2014/2015) como parte de

sua obra, vieram à tona declarações potencialmente antissemitas anteriormente

desconhecidas do grande público.Especialistas e scholars desde então não

chegaram perto de um consenso a respeito da filosofia de Martin Heidegger estar

ou não relacionada ou mesmo em sintonia com suas posições políticas.

Biografia

Nascido na pequena cidade de Meßkirch, distrito de Kaden, no interior da

Alemanha. Inicialmente quis ser padre e chegou mesmo a estudar teologia

na Universidade de Freiburg. Em 1913, doutorou-se em Filosofia. Ao estudar os

clássicos protestantes de Martinho Lutero, João Calvino, entre outros, enfrentou

uma crise espiritual e rompeu com o catolicismo. Em 1917 se casa com a

Luterana Elfrid Petri.

Em 1916, como tese de habilitação ao ensino universitário, publicou A Doutrina

das Categorias e do Significado em Duns Escoto. Mais tarde descobrir-se-ia que a


obra de João Duns Escoto considerada por Heidegger, isto é, a Gramática

Especulativa não era de Duns Escoto. Mas isso não tinha muita relevância no

pensamento de Heidegger, já que o seu trabalho, com os interesses metafísicos e

teológicos que dominam, é mais teórico do que histórico.

Nesse meio tempo Husserl foi chamado a ensinar em Friburgo e Heidegger se

tornou seu assistente. Professor por alguns anos na Universidade de Marburgo,

em 1929 Heidegger sucedeu a Husserl na cátedra de filosofia em Friburgo, dando

sua aula inaugural sobre O que é a Metafísica?. Desse mesmo ano é o

ensaio Sobre a Essência do Fundamento, bem como o livro Kant e o Problema da

Metafísica. Por volta de 1924, Heidegger teve como aluna a filósofa judia Hannah

Arendt, que se tornaria também sua amante.

Em 1927 foi lançado o trabalho mais famoso de Heidegger, Ser e Tempo. A obra

seria seguida de uma segunda parte, que, no entanto, não foi concluída, já que os

resultados alcançados na primeira parte impediam o seu desenvolvimento. Ser e

Tempo é dedicado a Husserl, que posteriormente não aprovou a obra, o que

ocasionou o rompimento entre ambos. Heidegger, no entanto, afirmava trabalhar

e desenvolver o método fenomenológico.

Heidegger inscreveu-se no Partido Nazista (NSDAP) em 1 de maio de 1933 (ano da

chegada ao poder de Adolf Hitler), tendo posteriormente sido

nomeado reitor da Universidade de Friburgo, pronunciando o discurso A

Autoafirmação da Universidade Alemã. Porém, pouco depois se demitiu do cargo

de reitor, sendo pressionado por outros professores da universidade, que

tentavam boicotar o Partido Nazista para o qual Heidegger emprestou sua

credibilidade.

Filosofia

Heidegger considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os

conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz

daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é
precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho

hermenêutico visa a interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se

manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.

O método vai diretamente ao fenómeno, procedendo à sua análise, pondo a claro

o modo como da sua manifestação. Heidegger afirma que esta metodologia

corresponde a um modelo kantiano, ou copernicano da colocação ou projeção da

perspectiva. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de

vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein para o ser. Esta

inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão

da ontologia tradicional.

Conceitos fundamentais

A Universidade de Friburgo, da qual Heidegger foi reitor, entre 1933 e 1934

É habitual dividir a produção filosófica de Heidegger em duas partes, uma até ao

final da década de 1920, outra a partir daí. Por vezes considera-se também uma

terceira anterior à produção de O Conceito de Tempo (conferência proferida em

1924, mas publicada apenas em 1983, em francês). Assim é comum falar-se

do primeiro ou do segundo Heidegger, conforme se faz referência às suas

produções anteriores ou posteriores ao seu livro Da essência da Verdade, escrito

em 1930, embora a publicação seja de 1943. Gianni Vattimo fala de três

momentos da filosofia de Heidegger.

A divisão da filosofia de Heidegger em momentos não é pacífica. Há quem recuse

a divisão, defendendo a continuidade do seu pensamento.

O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão

da filosofia existencial, é o problema do sentido do ser. Heidegger aborda a

questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente

por se interrogar a esse respeito. O homem está especialmente mediado por seu

passado: o ser do homem é um "ser que caminha para a morte" e sua relação com

o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia,


conhecimento e complexo de culpa. O homem deve tentar "saltar", fugindo de sua

condição cotidiana para atingir seu verdadeiro "eu".

As bases de sua filosofia existencial foram expostas em 1928, na obra inacabada

Ser e Tempo, 1927, publicada em Marburgo, que o tornou célebre fora dos meios

universitários. Oriundo de uma família humilde, Heidegger pôde completar sua

formação primária graças a uma bolsa eclesiástica, que lhe permitiu também

iniciar estudos de teologia e de filosofia. Profundamente influenciado pelo

estudioso de fenomenologia Edmund Husserl, de quem foi assistente após

a Primeira Guerra Mundial (até 1923), começou então seus estudos no seio da

corrente existencialista.

Embora sempre tenha vivido em Friburgo, exceto nos cinco anos em que foi

professor em Marburgo (recusou uma proposta para Berlim), cedo se tornou um

dos filósofos mais conhecidos e influentes, influência essa que se estendeu

mesmo à moderna teologia de Karl Rahner ou Rudolf K. Bultman. Sua

disponibilidade para colaborar com o regime nazista, após a tomada de poder por

Hitler, em 1933, aceitando o lugar de reitor em substituição a outro vetado pelos

nazistas, abalou seu prestígio. Também contribuiu para isso o fato de equiparar o

"serviço do saber" na escola superior ao serviço militar e funcional. Em 1946, as

autoridades francesas de ocupação retiraram-lhe a docência, que lhe foi

restituída em 1951. Outras importantes obras suas são "Introdução à Metafísica",

1953, "Que Significa Pensar?", 1964, e "Fenomenologia e Teologia", 1970. A obra

completa de Heidegger foi editada na Alemanha em 70 volumes.

Dasein

Ainda assim, até ao final da década de 30, a leitura da filosofia de Heidegger

estrutura-se sobre conceitos como Dasein (o ser-aí ou o ser-no-mundo),

morte, angústia ou decisão. Como entroncamento central de toda a sua

fenomenologia encontra-se o conceito de Jeweiligkeit: ser-a-cada-momento ou

de-cada-vez (respetividade). Esta noção é fundamental para se compreender a


de Dasein, que não deve ser sem mais vertida para Ser humano, homem, nem

mesmo para Realidade Humana (ver, a este respeito, A Carta sobre o


Humanismopara mais pormenores sobre a difícil tarefa da tradução do termo
veja-se o artigo

correspondente, Dasein).

O horizonte de fundo de toda a sua investigação é o do sentido de Ser, os modos e

as maneiras de enunciação e expressão de ser. Nesta medida o importante está

em alcançar a colocação correta da questão pelo sentido de ser. Assim, ele põe a

claro a desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se

prendeu a uma compreensão ôntica, dominada pelo ente, em vez de se dedicar

adequadamente ao estudo do ser. Dessa forma, crítica os gregos por

fundamentarem-se em uma metafísica cosmológica, os medievais por se

fundamentarem em uma metafísica teológica, e o humanismo moderno por um

discursos positivo-epistemológico do sujeito (que também qualifica como

metafísico).[8] Esta notificação deve indicar-nos que não apenas o ente é, mas
que

o ser tem modos: há modos de ser. E cada ente deve ser abordado a partir do

modo adequado de o abordar, o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser

próprio do ente que em cada caso está em estudo.

O Dasein, pela sua especificidade, inicia qualquer interrogação. O Dasein é o ente

que em cada caso propriamente questiona e investiga. É também o Dasein que

detém a possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder

da proposição em geral. Daí que na questão acerca do sentido de ser seja

fundamental começar por abordar o ser deste ente particular. E tem que ser o

próprio Dasein a fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma

análise fenomenológica esclarecida (hermenêutica).

Influências

Neokantismo

Algumas obras de Heidegger revestem-se de inspiração kantiana, quer pelo


método crítico que os rege, quer pelos seus resultados, quer pela escolha dos

temas. Regra geral considera-se que as obras anteriores a Ser e Tempo são de teor

kantiano. Esta fase do seu pensamento constitui para alguns estudiosos o

primeiro momento da sua filosofia, marcado pela influência de Kant e pela

pujança fenomenológica. Apesar das reservas dos seguidores da sua

metodologia, Heidegger tende a ser aproximado ao movimento existencialista.

Esta fase é aquela que mais facilmente se relaciona com este movimento.

A tese de doutoramento sobre A teoria do juízo no psicologismo (1913), a tese de

docência acerca de A doutrina das categorias e do significado em Duns

Escoto (1916) e o tratado A História do Conceito de Tempo, também conhecido

como Conceito de Tempo em Historiografia (1914), são consensualmente aceites

como (neo)kantianas. Estas obras, dentro de uma terminologia e temática

próprias do Neokantismo, abordam problemas que o extravasam e já não podem

ser resolvidas nas estritas fronteiras kantianas.

A facticidade da existência, que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo,

torna impraticável a posição de um sujeito do conhecimento como sujeito puro

que se supõe na reflexão de tipo transcendental. A consciência implica uma

temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico.

Esta temática torna-se o cerne da sua lição inaugural, na Faculdade de Teologia

da Universidade de Marburgo, A História do Conceito de Tempo.

Edmund Husserl

Nos escritos de Husserl, na formulação conhecida até 1920, Heidegger podia

encontrar já uma novidade radical relativamente ao Neokantismo. Este

privilegiava a ciência e aspirava para a Filosofia uma linguagem igualmente rígida e

estrita. Para Husserl, o ato de cognição resolvia-se na intuição eidética

(Anschauung). O ato cognitivo não podia assim ser limitado ao conhecimento

científico, pois trata-se dum encontrar as coisas.

O ir às coisas elas mesmas husserliano ficou conhecido para sempre: trata-se


dum encontro com as coisas em carne e osso. Esta concepção já não entende o

fenómeno em oposição à coisa em si ou ao númeno, mas como "manifestação

positiva" da própria essência da coisa, por assim dizer (veja-se a este respeito H.

G. Gadamer, Die phänomenologische Bewegung em Philosophisce

Rundschau 1963, pp. 19–20). Esta posição saía da matriz neokantiana e dos

limites do transcendentalismo.

Heidegger encontra na fenomenologia, na forma que tinha à época, nas obras de

Husserl até então publicadas, um mundo em pleno desenvolvimento. Husserl

afirmava que "a Fenomenologia somos eu e Heidegger".

A Fenomenologia recebe assim influência de Heidegger que lhe inculca alguns

dos seus problemas e temas centrais, tais como a Lebenswelt. A influência é,

portanto, mútua. Nesta altura Heidegger recebe também vigorosas influências

provenientes da segunda edição de Kierkegaard e de Dostoievski, ao mesmo

tempo que vê surgir o interesse por Hegel e Schelling por todo o meio académico

alemão. As poesias de Rilke e de Trakl são outras fontes de inspiração. Nietzsche,

influência e preocupação maior dos anos que vão de 1935 a 1943, está ainda,

entre 1910 e 1916, longe do seu pensamento.

A esta altura Heidegger encontra-se principalmente ocupado com a interpretação

de Dilthey e Kierkegaard.

Dilthey

Dilthey ocupará um lugar central em Ser e Tempo. Sua importância reside em

mostrar que a historicidade só se pode fundamentar se fundada numa

recolocação do problema do ser. Em permanente diálogo com Duns Escoto

começam-se a delinear em Heidegger as linhas mestras que haveriam de

produzir Ser e Tempo: o problema da historicidade é um problema da filosofia da

vida. São precisamente os fenómenos da historicidade e da vida que instam à

recolocação do problema do ser.

Assim instala-se essa preocupação fundamental com a dinâmica existencial. É


nesta perspectiva que Kierkegaard adquire uma relevância importante.

Kierkegaard

Para Heidegger, para os heideggereanos e, de facto, para a maior parte dos

existencialistas, Kierkegaard é um pensador que enunciou explicitamente o

problema da existência. Contudo, Heidegger considera que a colocação do

problema não remanesceu existencialmente, mas que, pelo contrário,

permaneceu geralmente a um nível existencial ou ôntico.

A formação do pensamento que levaria ao Ser e Tempo encontraria ainda

contributos de Paulo de Tarso, de Lutero e de Calvino. No semestre de Inverno do

ano escolar de 1919-1920, Heidegger profere uma dissertação em jeito de

discurso sobre os Fundamentos da mística medieval e, no ano seguinte, um

de Introdução à fenomenologia da religião.

No semestre de verão de 1921 surge um discurso intitulado S. Agostinho e o

neoplatonismo. Isto numa época em que as suas preocupações estão centradas

na problemática da temporalidade com o estudo de Kierkegaard a fornecer-lhe

novos horizontes, e Heidegger traçava novos planos teóricos rasgando com o

esquema da ontologia clássica que o próprio Kierkegaard havia deixado intacto,

bem como com a estrutura metafísica helénica preservada pelo neoplatonismo e

adaptada por Agostinho de Hipona.

Críticas

Pensadores marxistas influenciados por Hegel, especialmente György Lukács e

a Escola de Frankfurt, associaram o estilo e teor do pensamento de Heidegger

ao irracionalismo alemão, tal como compreendido por eles, e criticaram suas

implicações políticas.

Positivistas lógicos como Rudolf Carnap e A. J. Ayer apontaram a palestra “O Que

é Metafísica” de Heidegger como um exemplo particularmente terrível do que a

metafísica alemã tem de pior. Em seu Philosophy in the Twentieth Century (A

Filosofia no Século XX - 1982), Ayer acusa Heidegger de "ignorância


surpreendente" ou "distorção inescrupulosa" em relação à etimologia grega do

termo "metafísica" e de exibir "o que pode razoavelmente ser descrito como

charlatanismo".

Bertrand Russell considerou Heidegger obscurantista, escrevendo:

Altamente excêntrico em sua terminologia, sua filosofia é extremamente obscura.

Não se pode deixar de suspeitar de que a linguagem aqui está descontrolada. Um

ponto interessante em suas especulações é a insistência de que o nada é algo

positivo. Como com quase todo o resto do existencialismo, trata-se de uma

observação psicológica que se faz passar por lógica.

Esta citação expressa os sentimentos de muitos filósofos analíticos do século XX

em relação a Heidegger.

Roger Scruton afirmou: "Sua obra principal Ser e Tempo é extremamente difícil —

a não ser que seja puro absurdo, e neste caso é risivelmente fácil. Não sei ao certo

como julgá-la, e não li nenhum comentarista que consiga dar sentido a ela".

Heidegger também com frequência foi condenado, tanto como homem quanto

como pensador, por seu breve mas entusiástico apoio aos nazistas. Isso foi

simbolizado por sua aceitação do cargo de reitor da Universidade de Friburgo em

1933, onde se mostrou um defensor apaixonado da subordinação da universidade

ao novo regime nazista. Embora tenha renunciado ao cargo de reitor após apenas

um ano e se tornado cada vez mais crítico ao rumo tomado pelo Partido Nazista,

ele nunca se desculpou por seu apoio ao nacional-socialismo, nem admitiu culpa

por tê-lo dado, durante os trinta e um anos que viveu depois de 1945.

O filósofo grego Panagiotis Kondylis escreveu em seu artigo sobre Ser e Tempo:

“Eu considero Ser e Tempo um dos livros mais superestimados do século. Para ser

preciso, encaro-o como uma coleção de platitudes expressas em linguagem

pretensiosa e obscura.”

Legado

O impacto de Heidegger em toda história do pensamento foi amplo e profundo.


Dentre os pensadores influenciados pelo alemão, podemos destacar Henry

Corbin, Giorgio Agamben, Simone de Beauvoir, Maurice Blanchot, Hubert

Dreyfus, Michel Foucault, Jürgen Habermas, Karl Jaspers, Hans Jonas, Karl

Löwith, Gabriel Marcel, Herbert Marcuse, Jean-Luc Marion, Quentin

Meillassoux, Maurice Merleau-Ponty, Jean-Luc Nancy, Jan Patočka, Karl

Rahner, Richard Rorty, Jean-Paul Sartre, Peter Sloterdijk, Leo Strauss, Xavier

Zubiri, Lorenz Bruno Puntel e Eugen Fink, dentre outros.

Ainda, mais especificamente:

Hans-Georg Gadamer, aluno de Heidegger, adotou a abordagem hermenêutica de

Heidegger. No entanto, o próprio Heidegger apontou a diferença: "Filosofia

hermenêutica, infelizmente, isso é assunto de Gadamer". (Citado em:


GadamerLesebuch, Tübingen 1997, p. 281) Gadamer fundou a hermenêutica
moderna com

sua obra principal publicada em 1960 “Verdade e Método”, na qual ele enfatizou

principalmente o papel da arte na descoberta da verdade ontológica.[19]

Em seus primeiros escritos (“O conceito de amor em Agostinho”), Hannah

Arendt foi fortemente influenciada por Heidegger. Após romper com Heidegger em

1933, ela se distanciou dele. Em seu ensaio de 1946 O que é filosofia existencial?

(1948), ela criticou a filosofia de Heidegger pela falta de um sujeito que pudesse

assumir responsabilidade moral no nível político. Após essa renúncia, no entanto,

Arendt aproximou-se novamente de Heidegger com sua obra filosófica tardia "Vita

ativa ou Sobre a vida ativa": o livro, segundo Arendt em uma carta particular a

Heidegger, ela devia a ele "em todos os aspectos, praticamente tudo".

Com sua desconstrução, Derrida seguiu o programa de Heidegger de destruir a

metafísica, ao mesmo tempo em que queria usar o termo para se distanciar de

Heidegger. Ele acusou Heidegger de permanecer no pensamento


metafísicocategorizador, dividindo-o “dentro da metafísica” e “fora da
metafísica”.

Emmanuel Levinas veio a Friburgo em 1928/29 para ouvir Husserl, onde também
descobriu Heidegger. Em Heidegger ele encontrou “o filósofo mais importante do

século 20”. No entanto, Levinas começou a ler Heidegger criticamente desde

cedo. Acima de tudo, criticou o modo de pensar ancorado na tradição europeia de

colocar o geral acima do individual, estar acima do que é. Em vez disso, ele tentou

encontrar um "caminho do ser para os seres". Ele não compartilhava da crítica de

Heidegger à tecnologia, mas via a tecnologia como um instrumento de libertação.

O pensamento de Heidegger e a psicoterapia

Em 1947, Heidegger respondeu pessoalmente a uma carta enviada

pelo psiquiatra suíço Medard Boss pedindo esclarecimentos sobre suas ideias

filosóficas. Iniciaram um processo de troca de correspondência e visitas que se

prolongou por doze anos e frutificou na iniciativa de Boss em promover a

realização de uma série de encontros com a participação aberta para alunos e

colegas psiquiatras, os Seminários de Zollikon, realizados entre 1959 e 1969.

Considerados fundamentais para a concepção e conceituação

da Daseinsanalyse, nestes seminários discutiram as possibilidades de integração

da ontologia e da fenomenologia de Heidegger à teoria e

à práxis da medicina, psicologia, psiquiatria e psicoterapia. Os protocolos destes

seminários e as correspondências trocadas por Heidegger e Boss foram

publicados na Alemanha em 1987. Heidegger também contribuiu e participou da

edição da obra de Boss "Existential Foundations of Medicine and Psychology",

publicada em 1979.

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