Yasunari Kawabata (Osaka, 11 de junho de 1899 — Kamakura, Kanagawa, 16 de
abril de 1972) foi um escritor japonês, o primeiro de seu país a ser galardoado com
o Prêmio Nobel de Literatura, em 1968.
A vida de Yasunari Kawabata foi marcada desde cedo por acontecimentos trágicos
e pela solidão. Filho de um médico culto, ele se tornou órfão de ambos os pais
com apenas quatro anos de idade, tendo sido então criado no campo por seus
avós paternos. Ele tinha uma irmã mais velha, a qual foi entregue aos cuidados de
uma tia, mas eles se conheceram somente mais tarde, em julho de 1909, quando
Kawabata tinha dez anos de idade, e ela veio a falecer no ano seguinte. Com sete
anos (setembro de 1906) perdeu sua avó e, com catorze anos (maio de 1914), o
avô. Tendo perdido todos os seus parentes mais próximos, Kawabata se mudou
para a família de sua mãe, os Kurodas, porém acabou matriculado em um
internato próximo da escola de ensino secundário a que ele outrora ia de trem.
Durante o tempo em que frequentava o liceu científico, optou por se tornar
escritor após escrever alguns contos; antes disso, quando era criança, desejava
se dedicar à pintura.
Em 1920, Kawabata ingressou na Universidade Imperial de Tóquio.
Em 1921, fundou a revista Xin-Xicho (Pensamento Novo) e, juntamente com
Yokimitsu Riichi, criou um jornal de letras –Bungei Jidai (Anos Literários), visando a
promover um novo movimento literário, o Xinkankakuha (Sensações Literárias),
que tinha como principais preocupações, segundo os autores, a apresentação de
"novas sensações" na literatura, considerando a arte pura como missão primordial
do escritor. Nessa revista publicou, em 1926, Izu no Odoriko ("A Dançarina de
Izu"), uma história que explorava o erotismo do amor juvenil, com imagens líricas
inspiradas em escrituras budistas e poetas medievais japoneses. Iniciara, porém,
sua carreira como escritor com narrativas breves, mais tarde denominadas
Tanagokoro no shôsetsu ("Contos da Palma da Mão"), hoje considerado um gênero
típico de Kawabata.
Idade adulta
Em 1931, já casado, mudou-se para Kamakura, antiga capital dos samurais, ao
norte de Tóquio. O seu primeiro romance foi Yukiguni ("Terra de Neve" em Portugal
e "O país das neves" no Brasil), começado em 1934 e publicado gradualmente de
1935 a 1937. Relata a história de amor entre um homem diletante da cidade de
Tóquio e uma gueixa de uma povoação remota onde este encontra um refúgio do
stress da sua vida citadina. Este romance colocou Kawabata imediatamente na
posição de um dos escritores japoneses mais importantes e promissores,
tornando-se o romance num clássico instantâneo que é, hoje, considerado uma
das suas mais importantes obras-primas.
Apesar de, durante a Segunda Guerra Mundial, ter permanecido neutro, após o
final da guerra, no fim dos anos sessenta, engajou-se em manifestações políticas,
participou de campanhas de candidatos conservadores e condenou a Revolução
Cultural chinesa. Iniciou em 1949 a série "Mil Garças", em que constam o célebre
Senbazuru ("Nuvens de Pássaros Brancos"), e Yama no Oto ("O Som da
Montanha").
Outras obras suas são Nemurero Bijo ("A Casa das Belas Adormecidas"),
Utsukushisa to Kanashimi to ("Beleza e Tristeza") e Koto ("Kyoto" em Portugal). No
entanto o romance que Kawabata considerava ser o seu melhor foi Meijin,
publicado entre 1951 e 1954.
Kawabata foi ainda membro da Academia Imperial e presidente do Pen Club do
Japão, atuando em várias reuniões internacionais de escritores.
Ao receber o Nobel de Literatura de 1968, em seu discurso condenou o suicídio,
lembrando vários amigos escritores que haviam morrido dessa forma. Em 1972,
porém, em meio a um surto depressivo, suicidou-se em Zushi, perto de
Yokohama.
Estilo
Inicialmente Kawabata fez experimentações com técnicas surrealistas, porém aos
poucos se torna impressionista, combinando a estética japonesa com narrativas
psicológicas e erotismo.
O estilo de escrita de Yasunari Kawabata distingue-se por uma linguagem suave,
mais abstracta que descritiva, onde predomina a subjectividade em relação à
objectividade, aproximando-se muitas vezes da prosa poética.
Por seu tratamento de atmosferas e cores, ficou conhecido como alguém que
"pintava as palavras" de branco irradiante, praticamente sem outras cores, como
se vê em "O País das Neves" e em "Nuvens de Pássaros Brancos".
A solidão, a angústia da morte e a atração pela psicologia feminina foram seus
temas constantes.
Algumas obras:
A Dançarina de Izu (Estação Liberdade)
A Gangue Escarlate de Asakusa (Estação Liberdade)
O País das Neves (Estação Liberdade)
O Mestre do Go (Estação Liberdade)
Chá e Amor (Vega)
Mil Tsurus (Estação Liberdade)
O Som da Montanha (Estação Liberdade)
O Lago (Estação Liberdade)
A Casa das Belas Adormecidas (Estação Liberdade)
Kyoto (Estação Liberdade)
Beleza e Tristeza (Estação Liberdade)/Beleza e Tristeza (Globo)
Contos da Palma da Mão (Estação Liberdade)