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GSS - 3. Resultados e Rendibilidade

O documento aborda a análise da demonstração dos resultados e rendibilidade em empresas de saúde, destacando a importância de entender os diferentes níveis de resultados gerados. São apresentados conceitos como EBITDA, EBIT, RAI e NOPAT, além de indicadores de rendibilidade como ROA e ROE. A análise financeira é crucial para a criação de valor e a avaliação do desempenho econômico das organizações.

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Pedro Figueiredo
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GSS - 3. Resultados e Rendibilidade

O documento aborda a análise da demonstração dos resultados e rendibilidade em empresas de saúde, destacando a importância de entender os diferentes níveis de resultados gerados. São apresentados conceitos como EBITDA, EBIT, RAI e NOPAT, além de indicadores de rendibilidade como ROA e ROE. A análise financeira é crucial para a criação de valor e a avaliação do desempenho econômico das organizações.

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Mestrado Executivo em Gestão de Serviços de Saúde

Finanças Empresariais
- Análise dos Resultados e
Rendibilidade

Paulo Viegas de Carvalho


Análise dos 1 Análise da Demonstração dos

Resultados e
Resultados

Rendibilidade 2 Análise da Rendibilidade e da


Criação de Valor
Análise da Demonstração
dos Resultados
A Demonstração dos Resultados

Rendimentos

Demonstração
Gastos
dos Resultados

Resultados

4
Resultado Líquido 2022: Quem é quem?
72,738,000
mil USD

13,425,000
mil USD

99,803,000
mil USD

-62,012
mil USD
5
Os Resultados (1/3)

As empresas podem ser encaradas como entidades a quem são confiados recursos
(capitais próprios e alheios) para financiar ativos que lhes possibilita concretizar
determinada atividade.

O grau de sucesso dessa atividade pode ser medido pelos resultados que as mesmas
geram.

Neste âmbito, importa diferenciar e interpretar os vários níveis de resultados que uma
empresa cria.

6
Os Resultados (2/3)

+ Vendas
- Custo das Vendas
= Margem Bruta
+ Outros Rendimentos de Exploração
- Fornecimentos e Serviços Externos
- Gastos com o Pessoal
- Outros Gastos de Exploração
= EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes and Depreciation and Amortization)
- Depreciações e Amortizações
= EBIT (Earnings Before Interest and Taxes)
+ Rendimentos Financeiros
- Gastos Financeiros
= RAI (Resultado Antes de Impostos)
- Imposto Sobre o Rendimento (ISR)
= RL (Resultado Líquido)

7
Os Resultados (3/3)

Margem Bruta
Traduz a margem comercial da atividade, ou seja, a diferença entre as vendas e os custos diretos dos
produtos vendidos
EBITDA (Earnings Before Interest, Taxes and Depreciation and Amortization)
Traduz o resultado gerado pelo negócio e que irá ser transformado em meio monetários, já que não
inclui o único custo (amortizações) que não irá representar qualquer pagamento
EBIT (Earnings Before Interest and Taxes)
Traduz o resultado gerado pelo negócio já considerando o custo anual dos ativos imobilizados
utilizados
RAI (Resultado Antes de Impostos)
Traduz o resultado já tendo em conta a forma como a empresa é financiada, mas ainda antes do efeito
da fiscalidade
RL (Resultado Líquido)

8
NOPAT
O EBIT representa o resultado operacional do negócio, ignorando o modo como ele é
financiado. No entanto, ignora também o efeito da fiscalidade.

O NOPAT – Net Operating Profit After Taxes, representa o resultado líquido que a empresa
teria, ignorando o modo como a mesma é financiada ou, de modo equivalente, se fosse
toda financiada por capital próprio não tendo assim gastos financeiros.

NOPAT = EBIT x (1-t).


* O imposto sendo agora calculado sobre o EBIT e não sobre o RAI.

9
Demonstração dos resultados
Demonstração dos Resultados
VENDAS E SERVIÇOS PRESTADOS

( + ) Subsídios à exploração
( +/- ) Ganhos/perdas relativos a subsidiárias, associadas e empreendimentos conjuntos
( +/- ) Variação nos inventários da produção
( + ) Trabalhos para a própria entidade
( - ) Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (CMVMC)
( - ) Fornecimentos e serviços externos (FSE)
( - ) Gastos com pessoal
( - ) Ajustamentos de inventários, provisões e imparidades
( - ) Outros gastos e perdas

= RESULTADOS ANTES DE DEPRECIAÇÃO, GASTOS DE FINANCIAMENTO E IMPOSTOS (EBITDA) Custos


fixos
(-) Amortizações e depreciações
= RESULTADOS OPERACIONAIS (EBIT)
( + ) Juros e rendimentos similares obtidos
(-) Juros e rendimentos similares suportados
= RESULTADOS ANTES DE IMPOSTOS (EBT)
(-) Impostos sobre o rendimento do período
= RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO (RL) 10
DR: Exemplo– CHLN 2022
Demonstração dos resultados por naturezas

Rendim entos e gastos 2022 2021 Var. 2022/ 2021


Vendas e serviços prestados 443,044,025 372,869,351 19.0%
“Ao nível de desempenho Trabalhos para a própria entidade 1,781,109 1,809,064 -2.0%
económico os resultados Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas 239,803,608 231,071,707 4.0%
operacionais apresentados Fornecimentos e serviços externos 77,732,278 68,639,512 13.0%
resultam negativos em 57 M€, Gastos com o pessoal 239,602,332 225,034,469 6.0%
no entanto a estrutura de Imparidade de dívidas a receber (perdas / reversões) -9,634 138,134 -107.0%
custos alterou-se pelo aumento Provisões (aumentos / reduções) 512,684 2,191,023 -77.0%

generalizado das três grandes Outros rendimentos e ganhos 68,246,523 121,072,883 -44.0%

linhas, por ordem decrescente Outros gastos e perdas 2,030,358 1,146,394 77.0%

(Gastos com Pessoal; CMVC e Resultado antes de depreciações, gastos de financiam ento e im postos -46,599,969 -32,469,941 -44.0%
FSE)” Gastos / reversões de depreciação e de amortização 11,179,753 11,221,050 -0.0%
Resultado operacional (antes de gastos de financiam ento e im postos) -57,779,722 -43,690,991 -32.0%
Juros e rendimentos similares obtidos 2,941 27,326 -89.0%
Juros e gastos similares suportados 35,239 43,985 -20.0%
Resultado antes de im postos -57,812,020 -43,707,649 -32.0%
Imposto sobre o rendimento do período 35,000 38,000 -8.0%
Resultado líquido do período -57,847,020 -43,745,649 -32.0%
Fonte: Informa D&B 11
Desafios
Demonstração dos resultados
VERDADEIRO OU FALSO?

Constam os recebimentos de clientes

O valor das vendas do ano constam dos gastos operacionais

Os juros bancários respeitantes ao exercício influenciam o RAI

As amortizações são gastos operacionais

Um resultado operacional positivo conduz a um resultado líquido


positivo

A aquisição de um veículo comercial é um gasto financeiro

13
Análise da
Rendibilidade e Criação
de Valor
Margens e rendibilidade

Margens
• Margem Bruta percentual.
• Margem de Lucro Operacional.
• Margem de Lucro Global.
Rendibilidade
• Rendibilidade do Ativo [Gross ROA: Return-on-Assets].
• Rendibilidade do Capital Próprio [ROE: Return-on-Equity].
15
Margem de lucro percentual
As margens de lucro em termos percentuais relacionam os indicadores de resultados com o valor das vendas.

𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎
Margem Bruta percentual: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝐵𝑟𝑢𝑡𝑎 (%) = × 100
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

Quanto maior este rácio, menos pesam os Gastos Operacionais variáveis em relação às Vendas, libertando um valor
superior para a cobertura dos Gastos Operacionais fixos.

𝐸𝐵𝐼𝑇
Margem de Lucro Operacional: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝑂𝑝𝑒𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑙 (%) = 𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠 × 100

Quanto maior o rácio, maior é a margem para a cobertura dos Gastos Financeiros, Imposto Sobre o Rendimento e
geração de Resultado Líquido (autofinanciamento) positivo.

𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜 𝐿í𝑞𝑢𝑖𝑑𝑜
Margem de Lucro Global: 𝑀𝑎𝑟𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝐿𝑢𝑐𝑟𝑜 𝐺𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 (%) = × 100
𝑉𝑒𝑛𝑑𝑎𝑠

Quanto maior o rácio, mais valor a empresa consegue gerar para os acionistas por cada unidade monetária de
Vendas, melhorando o seu autofinanciamento.
16
Rendibilidade
“Living in America for
the great opportunities,
having good genes so I
MEIOS EMPRESA
lived aRESULTADOS
long time, and
compound interest.”,
Warren Buffett

17

17
Indicador de Rendibilidade

RENDIBILIDADE

18
A Rendibilidade do Ativo (1/2)

A rendibilidade de um negócio pode ser analisada através da rendibilidade do seu ativo.

Ao analisar-se a rendibilidade do negócio, procura-se relacionar os ativos que a empresa dispõe (e


que concretizam o modo como esta afetou os recursos que foram colocados à sua disposição) com
os resultados obtidos.

Os resultados utilizados são o EBIT, porque não se quer influenciar a análise pelo modo como a
empresa decidiu financiar a sua atividade, decisão que se reflete nos gastos financeiros.

19
A Rendibilidade do Ativo (2/2)

O ROA (Return On Assets), ou rendibilidade do ativo ou das aplicações é dado por

EBIT
ROA =
Ativo

Um valor de 0.2, por exemplo, indica que o negócio está a gerar uma rendibilidade de 20%. Por cada euro
investido no ativo da empresa, neste ano, o retorno ao nível operacional foi de 20 cêntimos.

O ROA pode ser desagregado:

Margem Bruta EBIT Vendas


ROA = × ×
Vendas Margem Bruta Ativo
20
Rendibilidade do capital próprio (1/2)

Os detentores do capital (acionistas ou sócios), são aqueles que têm direito ao resultado líquido da
empresa, podendo optar por recebê-lo (dividendos) ou mantê-lo na empresa para ser reinvestido.

Assim, os capitais próprios representam, no essencial, os valores investidos pelos acionistas/sócios


na empresa, seja diretamente (capital), seja indiretamente (resultados não distribuídos, que ficam
na empresa).

21
Rendibilidade do capital próprio (2/2)

ROE (Return On Equity) ou rendibilidade do capital próprio

Resultado Líquido
ROE =
Capital Próprio

Um valor de 0.1, por exemplo, indica que os capitais investidos na empresa pelos seus proprietários geraram
uma rendibilidade de 10%. Por cada euro que os acionistas possuem investido na empresa, neste ano, a
rendibilidade potencial máxima foi de 10 cêntimos.

22
A Rendibilidade e Estrutura Financeira (1/3)

Cada empresa, ao obter recursos para a sua atividade, pode optar por capitais próprios ou alheios
(Passivo).

A opção por uma maior utilização de uma ou outra fonte pode influenciar positiva ou
negativamente a rendibilidade dos capitais próprios (ROE).

Esta ligação assenta na comparação entre a rendibilidade do negócio (ROA) e o custo médio do
passivo (r).

23
A Rendibilidade e Estrutura Financeira (2/3)

Para se perceber melhor os determinantes do ROE, nomeadamente o efeito da maior ou menor


utilização de dívida na estrutura de financiamento da empresa, é usual desagregar o ROE da
seguinte forma (Modelo Aditivo da Rendibilidade):

Passivo
ROE = ROA + × ROA − r × 1−t
Capital Próprio

Financial Leverage
(Efeito Financeiro de Alavanca)
em que:

EBIT−RAI
▪ r: custo médio do passivo, calculado como ;
Passivo

ISR
▪ t: taxa de imposto sobre o rendimento, calculada como RAI.

24
A Rendibilidade e Estrutura Financeira (3/3)

O Financial Leverage, ou Efeito Financeiro de Alavanca, é assim dado pela seguinte componente do
ROE:
Passivo
× ROA − r
Capital Próprio

Esta fórmula ilustra bem o efeito do financial leverage, ou seja o efeito do endividamento sobre o ROE. Repare-
se que a partir da base ROA há uma adição ou diminuição da rendibilidade, consoante a diferença (ROA – r) seja
positiva ou negativa, e que o efeito dessa adição ou subtração é tanto maior consoante maior for o valor do
Passivo (capitais alheios) face ao valor do Capital Próprio (mantendo-se tudo o resto constante).

25
Efeito Financeiro de Alavanca (Financial Leverage)
Pressupostos:
Pressupostos:
• Por cada
cada 1,000
1,000investidos
investidosnanaatividade
atividadeobtemos
obtemos100100
dede
resultado
resultado
operacional
operacional
• Toda aa atividade
atividadeééfinanciada
financiadaporporCapital
Capital
Próprio
Próprio

EBIT = 100
CAPITAL Gastos Financeiros = 0
ATIVO
PRÓPRIO RAI = 100
ISR (25%) = 25
1,000
1,000 RL = 75

100
𝑅𝑂𝐴 = = 0.1 = 10%
1,000

75
𝑅𝑂𝐸 = = 0.075 = 7.50%
1,000

26
Efeito Financeiro de Alavanca
Pressupostos:
• Por cada 1,000 investidos na atividade obtemos 100 de resultado operacional
• A atividade é financiada em 50% por Capital Próprio e 50% por Passivo
• Pelo Passivo a empresa paga 8% ao ano

CAPITAL EBIT = 100


PRÓPRIO Gastos Financeiros = 40
ATIVO
500 RAI = 60
ISR (25%) = 15
1,000
PASSIVO RL = 45
500

100
𝑅𝑂𝐴 = = 0.1 = 10%
1,000

45
𝑅𝑂𝐸 = = 0.09 = 9.00%
500
Vou-me endividar mais!
27
Efeito Financeiro de Alavanca
Pressupostos:
• Por cada 1,000 investidos na atividade obtemos 100 de resultado operacional
• A atividade é financiada em 20% por Capital Próprio e 80% por Passivo
• Pelo Passivo a empresa paga 8% ao ano

CAPITAL EBIT = 100


PRÓPRIO Gastos Financeiros = 64
ATIVO 200 RAI = 36
ISR (25%) = 9
1,000 PASSIVO RL = 27
800

100
𝑅𝑂𝐴 = = 0.1 = 10%
1,000
Vou-me endividar ao
27 máximo!!!
𝑅𝑂𝐸 = = 0.135 = 13.50%
200
ESPERA, O QUÊ?
28
Efeito Financeiro de Alavanca
Utilizando o modelo aditivo
𝑃𝑎𝑠𝑠𝑖𝑣𝑜
𝑅𝑂𝐸 = 𝑅𝑂𝐴 + × 𝑅𝑂𝐴 − 𝑟 × 1−𝑡
𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝑃𝑟ó𝑝𝑟𝑖𝑜
 0 
ROE = 0.1 + (0.1 − 0)    (1 − 0.25) = 0.075 = 7.5%
 1, 000 

= 0 = 0%

 500 
ROE = 0.1 + (0.1 − 0.08)   (1 − 0.25) = 0.09 = 9%
 500 

= 0.02 = 2%

 800 
ROE = 0.1 + (0.1− 0.08)   (1 − 0.25) = 0.135 = 13.5%
 200 

= 0.08 = 8% 29
Efeito Financeiro de Alavanca
O melhor mix entre capital próprio e dívida por forma a maximizar a rendibilidade para o acionista (ROE) depende da
relação entre a rendibilidade do negócio (ROA) e o custo do passivo (r).

Aumentar peso da Dívida em relação


ROA r
ao Capital Próprio

ROA r A estrutura financeira não é relevante

ROA Aumentar peso do Capital Próprio


r
em relação à Dívida

30
Efeito Financeiro de Alavanca
Mas, atenção:

A decisão de aumentar o nível de endividamento conduz ao aumento do


custo médio do passivo, ou seja, aumento do “r”. Quanto mais endividada a
empresa já está, mais risco assumem os novos credores e por isso maior
retorno vão exigir

O aumento do endividamento por forma a aumentar o ROE pode ser


contraproducente, uma vez que os acionistas, face ao aumento do risco, vão
aumentar o retorno exigido

Sempre que a solução seja aumentar a dívida, é necessário verificar se o


aumento do ROE compensa a perda de autonomia financeira e o aumento
do risco financeiro

31
O modelo multiplicativo da Rendibilidade do
Capital Próprio
Em termos de análise, o ROE pode ser desagregado:
Margem Bruta EBIT Vendas Ativo RAI RL
ROE = × × × × ×
Vendas Margem Bruta Ativo Capital Próprio EBIT RAI

O produto dos 3 primeiros rácios constitui o ROA.

O quarto rácio é o inverso do rácio de autonomia financeira. Permite aferir sobre a estrutura financeira da empresa.
Quanto maior for o valor do rácio, menor será a autonomia financeira.

O quinto rácio é o grau financeiro de alavanca e permite aferir sobre o peso dos encargos financeiros (líquidos de
rendimentos financeiros) nos resultados operacionais da empresa. Com resultados positivos, quanto maior o valor do
rácio, menor é o peso dos encargos financeiros nos resultados operacionais.

O sexto rácio indica o peso da função fiscal. Assumindo resultados positivos, quanto maior é o valor do rácio menor é
o peso dos imposto sobre o rendimento nos resultados da empresa.

32
ROIC – Return on Invested Capital (1/3)

O ROIC desenvolve um conceito de rendibilidade da atividade de uma empresa que, tal como a
Rendibilidade do Ativo (ROA) pretende ignorar a dimensão de financiamento, mas acrescentando-lhe
dois elementos adicionais:

Opera com os resultados antes dos gastos financeiros (líquidos de rendimentos financeiros), mas tem em conta a
dimensão fiscal; assim, em vez de utilizar o EBIT utiliza o NOPAT (i.e., o resultado líquido que a empresa teria, caso
se ignorassem os gastos financeiros);

Em vez de utilizar o ativo, introduz o conceito de Invested Capital de exploração.

33
ROIC – Return on Invested Capital (2/3)

O Conceito de Invested Capital de Exploração

Considera apenas o ativo de exploração, i.e., exclui todos os elementos do ativo que não são de exploração,
aqueles que não são necessários à realização da atividade da empresa (e.g., um armazém que é propriedade
da empresa, mas que tem alugado, um stock especulativo, aplicações financeiras, etc.);

A este ativo de exploração devem-se subtrair todos os recursos de exploração que a atividade gera;

Assim, o Invested Capital de Exploração representa o capital que é necessário investir (em termos líquidos,
pois subtraem-se os recursos gerados pela exploração) para a empresa desenvolver a sua atividade.

34
ROIC – Return on Invested Capital (3/3)

O ROIC calcula-se então através de uma das seguintes formas alternativas:

NOPAT
ROIC =
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑒𝑑 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙

NOPAT EBIT × 1 − t
ROIC = =
Ativo de Exploração − Passivo de Exploração ANC de Exploração + NFM

O ROIC representa a rendibilidade líquida da atividade da empresa, considerando o investimento realizado para
ela desenvolver essa atividade, mas não tendo em conta a forma como esse investimento foi financiado.

35
Return on Invested Capital (ROIC): exemplo
Exemplo: A empresa XYZ apresentou os dados do quadro seguinte (em milhares de euros) no último relatório e contas que
divulgou. Sabendo que a empresa está sujeita a uma taxa de imposto sobre o rendimento de 20%, calcule o ROA e o ROE.
Considerando ainda que as necessidades de exploração e os recursos de exploração da empresa são respetivamente de 180
mil euros e 140 mil euros e que há 300 mil euros de ativos extra exploração, calcule o ROIC.
EBITDA 500
Amortizações 100
Gastos com Financiamento 200
Ativo 4,000
Passivo 2,000

500 − 100
ROA = = 0.1
4,000
(500 − 100 − 200) × (1 − 0.2)
ROE = = 0.08
4,000 − 2,000

(500 − 100) × (1 − 0.2)


ROIC = = 0.089
4,000 − 300 − 140

36
Criação de valor
O ROIC é fundamental para muitas empresas perceberem se as diferentes atividades que exercem criam ou destroem,
através do cálculo do Valor Económico acrescentado, ou Economic Value Added (EVA)

𝐸𝑉𝐴 = 𝐶𝑎𝑝𝑖𝑡𝑎𝑙 𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑥𝑝𝑙𝑜𝑟𝑎çã𝑜 × (𝑅𝑂𝐼𝐶 – 𝑊𝐴𝐶𝐶)

𝐸 𝐷
WACC – weighted average cost of capital: 𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑟𝐸 × 𝐷+𝐸
+ 𝑟𝐷 × 1 − 𝑡 × 𝐷+𝐸
(custo médio ponderado do capital)

Custo dos Autonomia Custo dos capitais (1 - AUF)


capitais próprios Financeira alheios líquido do
(AUF) imposto

Haverá criação de valor sempre que EVA > 0, ou ROIC > WACC

Aspetos adicionais sobre o EVA:


− torna o custo do capital visível para os gestores (impacto das decisões dos gestores sobre o futuro da empresa)
− racionaliza a utilização de ativos empregues
37
Criação de valor: exemplos
Exemplo: Uma empresa está a gerar um EBIT de 625,000€. O capital investido de exploração é de 2 milhões de euros e a
empresa suporta uma taxa de imposto sobre o rendimento de 20%, sendo o seu WACC igual a 10%. Calcule o EVA.

Custo do capital = 2,000,000×0.1=200,000€


EVA = 625,000× 1−0.2 −200,000 = 300,000€

A empresa está a usar o capital investido de forma eficiente e a criar valor com a sua atividade de exploração.

Exemplo: A empresa A apresenta os seguintes indicadores: NOPAT = 600,000€; Dívida = 4,000,000€, com uma taxa de juro de
8%; Capital Próprio = 6,000,000€, com um custo de capital de 15%; taxa de imposto sobre o rendimento = 30%. Verifique se a
empresa cria valor.
𝐸 𝐷
𝑊𝐴𝐶𝐶 = 𝑟𝐸 × + 𝑟𝐷 × 1 − 𝑡 × ⇔ 𝑊𝐴𝐶𝐶 = 0.15 × 0.6 + 0.08 × 1 − 0.3 × 0.4 = 11.24%
𝐷+𝐸 𝐷+𝐸
Custo do capital = 10,000,000 × 0.1124 = 1,124,000€
EVA = 600,000 − 1,124,000 = −524,000€

A empresa não está a gerar lucro suficiente para cobrir o custo de capital. Está a destruir valor com a sua atividade de exploração.

38
Desafios
Rendibilidade
VERDADEIRO OU FALSO?

Para melhorar a rendibilidade do ativo (ROA) devo ter em consideração:

O nível de atividade e volume de negócios

Os Gastos Operacionais

O custo médio do passivo

A taxa de ISR

O montante total investido no Ativo

A estrutura financeira, ou seja, a forma de financiamento do Ativo

40
Rendibilidade
VERDADEIRO OU FALSO?

Para melhorar a rendibilidade do capital próprio (ROE) devo ter em consideração

O nível de atividade e volume de negócios

Os Gastos Operacionais

O custo médio do passivo

A taxa de ISR

O montante total investido no Ativo

A estrutura financeira, ou seja, a forma de financiamento do Ativo


41

41
Rendibilidade
VERDADEIRO OU FALSO?

Para melhorar a rendibilidade do capital investido (ROIC) devo ter em consideração

O nível de atividade e volume de negócios

Os Gastos Operacionais

O custo médio do passivo

A taxa de ISR

O montante total investido no Ativo

O financiamento obtido de exploração


42

42
Casos Práticos Adicionais
Demonstração dos resultados: exemplo
Exemplo A1: Com base na evolução da demonstração dos resultados de uma Ano 1 Ano 2
Vendas + Prestações de Serviços 100,000 110,000
empresa, analise a sua estrutura de custos e a rendibilidade (margem) das
Gastos Variáveis:
vendas.
CMVMC 40,000 44,000
Margem Bruta 60,000 66,000
Fornecimentos e Serviços Externos
10,000 11,000
Variáveis
Custos (excluindo impostos) Ano 1 Ano 2
Margem de Contribuição 50,000 55,000
Variáveis 50,000 (55.6%) 55,000 (57.9%)
Fornecimentos e Serviços Externos Fixos 10,000 10,000
Fixos – operacionais 35,000 (38.9%) 35,000 (36.8%)
Gastos com o Pessoal 15,000 15,000
Fixos - juros 5,000 (5.6%) 5,000 (5.3%)
EBITDA = Meios Libertos Brutos 25,000 30,000
Totais 90,000 95,000
Gastos de Amortização e Depreciação 10,000 10,000
EBIT = Resultado Operacional 15,000 20,000
Indicador Cálculo Ano 1 Ano 2 Gastos Financeiros (Juros Suportados) 5,000 5,000
Rendibilidade líquida das vendas RL / V 7.5% 10.23% Resultados antes de Impostos 10,000 15,000
Rendibilidade operacional das vendas EBIT / V 15% 18.18% Impostos sobre o Rendimento 2,500 3,750
Resultado Líquido 7,500 11,250
Dividendos 2,500 4,500
Resultados retidos 5,000 6,750
44
Rendibilidade: exemplo
Exemplo A2: Considere as seguintes demonstrações financeiras.
BALANÇOS DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS
Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2
ATIVO RENDIMENTOS E GASTOS
Ativos fixos tangíveis 57,000 49,000 Vendas e serviços prestados 148,500 163,350
Inventário 6,419 7,061 Custo das vendas 78,100 85,910
Clientes 45,038 49,542 Margem bruta 70,400 77,440
Títulos de curto prazo 0 3,426 Fornecimentos e serviços externos 8,240 8,487
Caixa e depósitos bancários 0 0 Gastos com o pessoal 40,000 42,000
Total do ativo 108,457 109,029 EBITDA 22,160 26,953
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO Depreciações e amortizações 8,000 8,000
Capital próprio 48,580 61,212 EBIT 14,160 18,953
Financiamentos obtidos MLP 37,500 25,000 Juros e rendimentos similares obtidos 132
Empréstimos bancários de CP 7,923 0 Juros e gastos similares 3,396 2,250
Fornecedores 9,657 19,216 Resultado antes de impostos 10,764 16,835
Estado e outros entes públicos 4,797 3,601 Imposto sobre o rendimento do período 2,684 4,203
Total do capital próprio e do passivo 108,457 109,029 Resultado líquido 8,080 12,631

Relativamente aos 2 anos, explique a evolução da rendibilidade do capital próprio com base na sua decomposição em termos do
modelo aditivo e multiplicativo.

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Rendibilidade: exemplo
Exemplo A2: BALANÇOS DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS
Ano 1 Ano 2 Ano 1 Ano 2
ATIVO RENDIMENTOS E GASTOS
Ativos fixos tangíveis 57,000 49,000 Vendas e serviços prestados 148,500 163,350
Inventário 6,419 7,061 Custo das vendas 78,100 85,910
Clientes 45,038 49,542 Margem bruta 70,400 77,440
Títulos de curto prazo 0 3,426 Fornecimentos e serviços externos 8,240 8,487
Caixa e depósitos bancários 0 0 Gastos com o pessoal 40,000 42,000
Total do ativo 108,457 109,029 EBITDA 22,160 26,953
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO Depreciações e amortizações 8,000 8,000
Capital próprio 48,580 61,212 EBIT 14,160 18,953
Financiamentos obtidos MLP 37,500 25,000 Juros e rendimentos similares obtidos 132
Empréstimos bancários de CP 7,923 0 Juros e gastos similares 3,396 2,250
Fornecedores 9,657 19,216 Resultado antes de impostos 10,764 16,835
Estado e outros entes públicos 4,797 3,601 Imposto sobre o rendimento do período 2,684 4,203
Total do capital próprio e do passivo 108,457 109,029 Resultado Líquido 8,080 12,631

Modelo Fórmula Ano 1 Ano 2


ROE = ROE = ROE =
Aditivo
[ROA + (ROA – r) × (P / CP) ]×(1−t) [0.131+(0.131-0.057)*1.23*(1-0.249)=16.6% [0.174+(0.174-0.044)*0.78*(1-0.25)=20.6%
ROE =(MB/V)×(V/A)×(EBIT/MB)× ROE = ROE =
Multiplicativo
(RAI/EBIT)×(A/CP)×(RL/RAI) 0.474×1.37×0.2×0.76×2.23×0.75=16.6% 0.474×1.50×0.24×0.89×1.78×0.75=20.6%

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