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AS RAÍZES URBANAS DAS CRISES CAPITALISTAS (Salvo Automaticamente)

O documento discute como as grandes cidades enfrentam crises capitalistas, impulsionadas pelo capital financeiro e pela especulação imobiliária. Destaca que a urbanização tem sido utilizada para absorver excedentes de capital, mas resultou em crises habitacionais e desemprego, especialmente entre a classe trabalhadora. O autor questiona a validade do modelo de desenvolvimento atual e sugere a necessidade de uma reconfiguração radical do sistema capitalista para evitar a repetição dessas crises.

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O documento discute como as grandes cidades enfrentam crises capitalistas, impulsionadas pelo capital financeiro e pela especulação imobiliária. Destaca que a urbanização tem sido utilizada para absorver excedentes de capital, mas resultou em crises habitacionais e desemprego, especialmente entre a classe trabalhadora. O autor questiona a validade do modelo de desenvolvimento atual e sugere a necessidade de uma reconfiguração radical do sistema capitalista para evitar a repetição dessas crises.

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AS RAÍZES URBANAS DAS CRISES CAPITALISTAS

JHONY FROTA MACEDO

LUÍS FELIPE SERRA PINHEIRO

SAMUEL RODRIGUES MELO JÚNIOR

Resenha: As grandes cidades como um todo se veem inseridas em um dilema no qual


se faz preciso combater um inimigo em comum: o avanço ditado pelas ações do capital
financeiro. A reivindicação do direito à cidade aparece como um pré-requisito em muito
relevante para que o imperativo pretendente da superação do modelo econômico
capitalista permanentemente acumulador, exploratório e excludente siga
progressivamente o caminho de sua efetivação.
Nos debates sobre a economia na segunda metade do século XX, a incerteza
econômica é o que nós tivemos. As crises são imprevisíveis e severas. O epicentro da
produção se desloca para os países ‘em desenvolvimento’, os países ‘industrializados’
se ‘desindustrializam’ e o capital é exportado para atingir novas esferas de trabalho em
regiões economicamente periféricas e subdesenvolvidas, limpando assim a indústria de
seus territórios. Nos pólos hegemônicos da economia mundial, não resta espaço para a
absorção dos excedentes de capital: simultaneamente ao desaparecimento do setor
industrial, a produção se expandiu para pólos alternativos de ‘desenvolvimento’, como
Brasil, China, México, Indonésia, Índia, e assim por diante. A China, que a partir dos
anos 80 promoveu modificações significativas em sua economia graças a estratégias de
fortalecimento financeiro em ações estratégias como a compra de ativos financeiros
europeus e estadunidenses, a intensificação do volume de capitais (que ampliou
sobremaneira suas reservas financeiras de modo a estabelecer vantagem ao país contra
qualquer tipo de ataque deferido contra sua moeda), a restrição das políticas monetárias
implantadas de modo a impedir o superaquecimento da economia, além de outras
providências bem-sucedidas.
Em tais países, parte significativa dos investimentos nos últimos trinta anos
foi direcionada mais para a valorização de ativos (aluguéis de terra e preço de imóveis)
do que para a produção. No setor financeiro foram criadas várias inovações que
permitiram que se ganhasse dinheiro jogando com o próprio dinheiro. Vivemos em um
sistema muito propenso a crises e os valores dessas crises são fictícios. Grande parte das
maiores crises que ocorreram foram urbanas justamente porque a maior parte dos
investimentos é especulativa. No capítulo em questão, Harvey trata das crises
hipotecárias e habitacionais provocadas por investimentos injetados no mercado de
construções. O texto discorre sobre os aspectos do capital, intrinsecamente ligados ao
tempo e ao espaço (abrangendo a urbanização e a apropriação de terras). A política
neoliberal transforma a terra em mercadoria, maximizando seu valor de mercado e
gerando especulação seguida de uma inflação de preços: em algumas cidades, as leis de
ordenamento territorial foram abrandadas de modo a permitir com que os usuários
abastados pudessem adquirir os terrenos e propriedades mais valiosos e foram adotadas
regulamentações de preços permitindo a adaptação de seus usos. Ao invés do
planejamento urbano ser fundamentado na justiça social e igualdade, essas noções são
tratadas como algo secundário (na instalação de uma empresa, por exemplo, o meio
circundante modifica-se de modo a atender às necessidades da instituição).
Segundo o autor, a urbanização tem sido um meio fundamental para a
absorção dos excedentes de capital e trabalho ao longo de toda a história do capitalismo,
sendo uma grande investida no desenvolvimento econômico, fomentando o crédito e a
construção civil. Os EUA usaram deste método no período pós Segunda Guerra
Mundial, para que os soldados não encontrassem um ambiente com taxas altas de
desemprego e depressão financeira. Entretanto, o discurso governamental centrado na
garantia de moradia digna para cada habitante (‘morador decente em local decente’) no
fim das contas gerou uma especulação que instalou grande crise na rede imobiliária e
deixou dois milhões de cidadãos desempregados. Quem sofreu realmente foi a classe
trabalhadora, desapropriada de suas residências por estelionatários, problema que
aumentou as manifestações e protestos em relação à luta de classes e a não aceitação das
desocupações, desapropriações e altos índices de desemprego, eventos esses notórios
nas cidades de Detroit, Cleveland e Baltimore. No máximo foi fechado algum acordo
financeiro, mas sem a restituição das propriedades ilegalmente expropriadas.
Daí surgem várias interrogações. Será que esse é o rumo econômico a ser
seguido? Será que essa idéia de desenvolvimento é correta? Em caso positivo, nada de
diferente deve ser feito então. Mas em caso negativo, essa lógica não teria que ser
repensada? David Harvey aborda essas questões no seu livro Cidades Rebeldes. Por
outro lado, sabemos que no mundo de hoje as crises viajam pelas fronteiras dos Estados
modernos de forma cada vez mais rápida e profunda, acabando por se tornarem globais.
É um ciclo que sempre se repetirá, a não ser que haja uma reconfiguração radical do
sistema capitalista - ou mesmo a mudança do paradigma então vigente - pois o
capitalismo nunca supera as suas crises.

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