0% acharam este documento útil (0 voto)
51 visualizações44 páginas

Geografia Biblica SEM.

O documento aborda a Geografia Bíblica, explorando a definição de geografia e a importância de regiões como o Jardim do Éden e o Fértil Crescente. Ele detalha os rios do Éden, como o Tigre e o Eufrates, e discute a geografia e civilizações antigas da Mesopotâmia. Além disso, fornece informações sobre a hidrografia, clima e a migração de Abraão, contextualizando a geografia no cenário bíblico.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
0% acharam este documento útil (0 voto)
51 visualizações44 páginas

Geografia Biblica SEM.

O documento aborda a Geografia Bíblica, explorando a definição de geografia e a importância de regiões como o Jardim do Éden e o Fértil Crescente. Ele detalha os rios do Éden, como o Tigre e o Eufrates, e discute a geografia e civilizações antigas da Mesopotâmia. Além disso, fornece informações sobre a hidrografia, clima e a migração de Abraão, contextualizando a geografia no cenário bíblico.
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
Formatos disponíveis
Baixe no formato PDF, TXT ou leia on-line no Scribd
Você está na página 1/ 44

GEOGRAFIA BÍBLICA

PROF. HERALDO AIRES


SUMARIO

1) Introdução...........................................................................................................................................04
2) Os rios do Jardim do Éden .................................................................................................................05
3) O Fértil Crescente ..............................................................................................................................08
4) Fértil Crescente – países atuais ..........................................................................................................11
5) As famílias das nações .......................................................................................................................13
6) Clima (estações e ventos) ...................................................................................................................18
7) Os desertos que cercam Israel ............................................................................................................19
8) Montanhas e rios de Israel .................................................................................................................21
9) Hidrografia..........................................................................................................................................24
10) A estatigrafia de um Tel .....................................................................................................................26
11) Antigas civilizações: os sumérios ......................................................................................................27
12) Antigas civilizações: os hicsos ...........................................................................................................37
13) A migração de Abraão .......................................................................................................................39
14) Império egípcio ..................................................................................................................................40
15) Bibliografia ........................................................................................................................................45
3

INTRODUÇÃO

DEFINIÇÃO DE GEOGRAFIA:

Segundo a etimologia da palavra, "geo" terra; "graphein" descrever, a


Geografia limitou-se, de fato, durante séculos, a apenas descrever a Terra.
Entretanto, a partir do Século XIX, com as incursões de Napoleão Bonaparte
(1769-,1821), inúmeros caminhos foram abertos, proporcionando um olhar mais
próximo e objetivo, dessa forma, a geografia assumiu um caráter científico. Não
mais limitou-se à descrição; passou, também, a explicar os fatos. No entanto, as
definições variam de autor para autor como vemos nos exemplos abaixo:
Para o alemão Alfred Hettner, Geografia é o ramo de estudos da diferenciação.
regional da superfície da Terra e das causas dessa diferenciação.

Richard Hartshorne declara ser o objetivo da Geografia "proporcionar a


descrição e a interpretação, de maneira precisa, ordenada e racional, do caráter
variável da superfície da Terra".¹
Embora as definições acima sejam pertinentes, estas porém, "carecem de
consenso sobre o que se entende por “superfície da Terra". De acordo com a
Enciclopédia Mirador Internacional pondera: "Tomar como tal apenas a face
exterior da camada sólida e líquida, iluminada pela luz do Sol, equivale a
suprimir do campo de interesse geográfico as minas e a atmosfera. Nesta ocorrem
os fenômenos meteorológicos e se configuram os tipos climáticos de profunda
influência na vida de todos os seres e, particularmente, na atividade humana”².
4

Os rios do Jardim do Éden


Onde se acham os antigos centros da civilização segundo a Bíblia? A resposta para
isto é sugerida na descrição dos quatro rios que saem do Jardim do Éden. É natural que
os antigos cressem que os rios do Éden fossem os que atravessavam as terras onde a
água era mais abundante, os principais sendo o Tigre e o Eufrates na Mesopotâmia. Os
rios Pisom e Giom não foram identificados e podem ter sido simplesmente simbólicos.
Mas, desde que Havilá é uma das regiões de Cuxe (Gn 10.7), parece que a referência
aponta os dois principais afluentes do Nilo.
5

 Éden
Significa delícias. O Éden é o jardim ou paraíso, que Deus preparou para receber o
homem (Gn 2.8). A localidade do Jardim do Éden não pode ser exatamente
determinada, embora dois dos seus quatro rios sejam indubitavelmente o Tigre e o
Eufrates. Não tem dado resultado a identificação de Pisom e de Giom. Talvez o “rio”
que se tornou em quatro cabeças seja o golfo Pérsico, para o qual o Tigre e o Eufrates
com dois outros rios corriam primitivamente. Provavelmente se pensou que o golfo era
como um rio, explicando os fenômenos das marés a sua divisão em quatro partes. Desta
maneira estaria o Éden nas férteis planícies de Babilônia.

 Rio Giom: Significa Regato. Um dos rios do Éden (Gn 2.13).


 Rio Pisom: Água transbordante.
 Rio Tigre: Também chamado de Hidequel, significa “rápido”. Nas montanhas da
Armênia estão as suas duas principais nascentes. O seu curso é, em grande parte, na
direção sudeste; e, a 96 km. do Golfo Pérsico, se junta com o Rio Eufrates, depois de ter
percorrido 1.835 km. mais ou menos. Estava antigamente ligado com o Eufrates por um
sistema de canais de irrigação, tornando muito fértil a região entre os rios. O seu
moderno nome de Digleh deriva-se do antigo Hidequel.
 Rio Eufrates
O Eufrates é o mais largo, o mais extenso, e o mais importante rio da Ásia ocidental.
Tem duas origens nas montanhas da Armênia, sendo o ramo norte, o Frat, o verdadeiro
Eufrates. Este ramo por si só tem 640 km de comprimento ao passo que o Murad Chai,
o ramo do sul, corre na extensão de 435 km antes de juntar-se ao Frat em Keblan-
Maden. A corrente unida vai através do Tauro e do anti-Tauro na direção sul-sudeste.
Defronte de Selêucia o Eufrates aproxima-se do Tigre, e então corre pelas planícies da
Babilônia, alargando-se sobre a terra, e formando charcos e lagos. Depois de correr
quase paralelo com o Tigre numa considerável distância, junta-se, finalmente, a este rio,
a 96 km do golfo Pérsico, no qual deságuam os dois rios unidos.

Desde a sua origem até à foz a extensão do Eufrates é de 2.850 km. o Eufrates foi
um dos quatro rios do Éden, e formava o limite oriental da terra que fora prometida à
descendência de Abraão. Os rubenitas ocuparam o país até ao Eufrates (1 Cr 5.9) - foi
também possuído por Davi (2 Sm 8.3), tendo então o Eufrates o nome de “o Rio”, e por
seu filho Salomão (1 Rs 4.21 - 2 Cr 9.26). O rio foi visitado por Jeremias (Jr 13.4-7 ). A
última menção que se faz do Eufrates, na Bíblia, é no Apocalipse, onde o termo é usado
simbolicamente (9.14-16.12). Como acontece à maior parte dos grandes rios que têm a
sua origem em terras altas, o Eufrates estava sujeito a cheias anuais, quando a neve se
derretia.

Desde tempos antigos era a água das inundações cuidadosamente utilizada, pela
irrigação, numa grande porção de terras. Este rio era navegável, e durante séculos foi,
com o auxilio dos caminhos de caravanas, a via comercial entre o mar Mediterrâneo e o
golfo Pérsico. Barcos feitos de vime, e alcatroados, bem como jangadas, eram
empregados na condução de mercadorias. Nas margens do rio Eufrates havia, além da
cidade da Babilônia, numerosas povoações de grande população: os caldeus habitavam
6

aquele território que ficava nos dois lados da sua foz. Devido a encherem-se de lodo as
águas, há muita terra pantanosa ao longo do seu curso, e especialmente na sua foz. Diz-
se que a antiga cidade de Eridu foi primitivamente um porto do mar.

Curiosidades :

o Bdélio
(Gn 2.12). Goma aromática, comum no oriente, e é produção da terra de Havilá.
Supõem escritores autorizados que a palavra significa pérola, ou qualquer outra
pedra preciosa. Diz-se em Nm 11.7 que o maná tem a aparência do bdélio. Ora,
sendo em Êx 16.14 assemelhado o maná à geada branca, deve o bdélio ter tido o
mesmo brilho que tem a pérola e algumas espécies de goma, na ocasião em que esta
transuda da árvore.

o Ônix
Uma pedra preciosa, assim chamadado grego onuz, a unha, em razão da sua cor
e semelhança com o mármore. É mencionada pela primeira vez na Bíblia com o
ouro e o bdélio do rio Pisom do Éden (Gn 2.12). Pedras ônix foram preparadas por
Davi para o templo (1 Cr 29.2). Eram provavelmente pedras do mármore ônix ou
onyckus. Devia ser difícil o emprego das pedras preciosas no exterior do templo,
embora estivesse ali bem o variegado mármore. A pedra do peitoral do sumo
sacerdote era, sem dúvida, a preciosa pedra de ônix, especialmente própria para a
gravura.
7

O Fértil Crescente
O Fértil Crescente da Ásia Ocidental: Este retângulo, limitado pelos paralelos de
latitude 38º e 28º Noroeste e os meridianos 30º Leste e 50º Leste de Greenwich, encerra
uma área de 2.184.000 km2 aproximadamente, dentro da qual se acha uma região de
terra fértil, que foi o verdadeiro cenário do drama bíblico.

Esta região se estende em forma semicircular entre o Golfo Pérsico e o sul da


Palestina, estando limitada ao Nordeste e Leste por uma série de cordilheiras e
encerrando em seu interior o grande deserto da Arábia. Sua história pode ser resumida
numa série de lutas entre os habitantes das serranias e as tribos nômades do deserto para
a possessão da cobiçada Terra Fértil.

Seu lado oriental foi o berço da raça humana e de sua primeira civilização: em suas
grandes curvas levantaram-se um após outro os grandes impérios dos amorreus, dos
assírios, dos caldeus e dos persas; e finalmente foi em seu extremo ocidental que nasceu
o Salvador do mundo.

 Limites do Fértil Crescente


O Fértil Crescente limita-se a Leste e Nordeste por uma linda contínua montanhas,
formada pelas cordilheiras de Zagros e Armênia, e no Oeste pelo Mar Mediterrâneo. Em
seu interior se encontra o deserto da Arábia, cuja beira limítrofe com a primeira recebe
durante o inverno escassas chuvas, apenas para fazer brotar uma grama rala e que
desaparece tão-logo se aproxima o estio.

 Países do Fértil Crescente


A fim de facilitar nosso estudo dos países componentes do Fértil Crescente conviria
classificá-los nos três grupos seguintes:

o Países da Curva Oriental


Os países situados na Curva Oriental se dividem por sua vez em dois grupos:

 Os que se encontram entre as cordilheiras Zagros e o rio Tigre;


Assíria: Originalmente era formada pelo distrito dominado pela cidade
de Assur, sobre a margem ocidental do Tigre a 96 km ao Sul de Nínive. Porém a Assíria
propriamente dita se encontrava entre os montes da Armênia ao Norte e as cordilheiras
de Média a Leste e o riacho de Zab, ao Sul, entendendo-se ao Oeste a Mesopotâmia.
Posteriormente o nome se aplicava a todo o Império dominado pelos Assírios.
Elão:
Chamado Susiana pelos gregos, tinha a Assíria e Média por limite
setentrional, o Golfo pérsico por limite Sul e Pérsia por limite Sul e Sudeste. O rio Tigre
formava sua fronteira ocidental.
 Os da planície entre os rios Tigre e Eufrates.
Mesopotâmia
(Meso: entre; potamos: rio), como indica seu nome, compreende toda a região
entre os rios, porém se limita a designar aquela parte desta região ao Norte de Babilônia.
8

Antigamente toda esta planície era de uma fertilidade exuberante e sustentava uma vasta
população;

Caldéia: Chamada também Sinar e Babilônia, no princípio se limitava à região ao Sul


da Babilônia que se estendia até ao Golfo Pérsico, mas posteriormente veio a designar
toda aquela parte da Mesopotâmia ao sul de Bagdá.
o Países da Curva Ocidental
 Síria ou Arã
Semelhante aos povos da antiguidade, refletia em suas fronteiras as
vicissitudes da guerra. A Síria propriamente dita limitava-se ao território compreendido
entre a cordilheira do Tauro pelo Norte, o rio Eufrates e o deserto da Arábia pelo Leste e
a Palestina e o Mediterrâneo pelo Oeste.

Fenícia: Compreendia uma faixa estreita de terra entre o Mediterrâneo e o


Monte Líbano, que se estendia ao Norte da Palestina entre a “Escada de Tiro”, a 24 km
ao Sul de Tiro e a cidade insular de Arvade ou Aruade mais ao Norte.

 Palestina
Constituía o extremo Sudoeste do Fértil Crescente, compreendido entre o Líbano ao
Norte e a fronteira do Egito ao Sul, o Mediterrâneo a Oeste e o deserto da Arábia ao
Leste.

o Países limítrofes com o Crescente Fértil


 Armênia:
Compreende o planalto e a região montanhosa entre os mares Cáspio e
Negro ao Norte da Mesopotâmia e assíria, tendo como limites os montes Cáucaso ao
Norte, Média e o Mar Cáspio a Leste e o rio Araxes ao Sul, que a separa da Média, e o
Alto Eufrates que a separa da Ásia Menor. A arca encalhou em uma de suas
montanhas no fim do dilúvio.
 Média
Limitava-se ao Norte com o rio Araxes e pelo Leste com o deserto de Irã.
Pérsia a limitava pelo Sul e Assíria pelo Oeste.

 Pérsia
Que se estendia desde o Golfo Pérsico até a Média, entre Carmânia pelo Leste e
Elão pelo Oeste.

 Cordilheiras do Fértil Crescente


As Cordilheiras de Ararate na Armênia constituem uma espécie de nó do qual se
desprendem quatro ramais, a saber:

o Cordilheira do Cáspio
Que vai em direção ao mar do mesmo nome e depois estendendo-se pelo Leste ao
Sul ao aludido mar, forma o limite setentrional da Média. Nele encontra-se o Monte
Ararate, onde acredita-se ter pousado a Arca de Noé.

o Cordilheira de Zagros
Que segue rumo à curva oriental do Fértil Crescente para o Golfo Pérsico.
9

o Cordilheira do Líbano
Desprende-se do lado ocidental da cordilheira do Ararate. Consta de duas cadeias
que correm de Norte a Sul, separadas uma da outra no Ocidente (Líbano) e Oriente
(Ante-Líbano) pelos vales de Orontes e Leonte, respectivamente. Dita depressão
constitui a Baixa Síria.

o Cordilheira do Tauro
Estende-se para o Oeste para formar o litoral meridional da Ásia Menor.

 Rios do Fértil Crescente


Mencionaremos somente os de maior importância:

o Rios que regam a Curva Oriental


 Tigre ou Hidéquel, e Eufrates
De 1760 e 2880 km de extensão, respectivamente, têm seus mananciais nas
montanhas da Armênia. Depois de inclinar-se o primeiro em direção Sudeste e o
segundo para a Síria e o Mediterrâneo, aproximam-se formando entre si a grande
planície da mesopotâmia. Suas águas confundem-se e vão desembocar no Golfo
Pérsico, com o nome de Chate-Alárabe. Antigamente os dois rios desaguavam
separadamente, porém os aluviões e sedimentos acumulados através dos anos secaram a
região pantanosa que separavam suas desembocaduras (Gn 2.14). Durante séculos o
Eufrates tem constituído o mais importante meio de transporte entre a Ásia Ocidental e
Oriental.

o Rios que regam a Curva Ociental


 Orontes
Rio da Síria que tem sua cabeceira perto do nascimento do Leonte. Corre em
direção norte até chegar próximo da Ásia Menor, ponto onde vira subitamente para
oeste, abrindo passagem através das montanhas até ao Mediterrâneo. Lança suas águas
no referido mar um pouco ao sul da Antioquia.

 Jordão
Rio que desce do monte Hermom por uma fenda que atravessa o país de norte a sul
e deságua no mar Morto.

o Nilo
O grande rio do Egito nasce em Uganda, corre em direção norte e desemboca no
mar Mediterrâneo próximo da extremidade ocidental do Fértil Crescente.

o Araxes
Corre do lado noroeste de sua curva oriental para depois lançar suas águas no mar
Cáspio.
10

Fértil Crescente - Países atuais


Atualmente o espaço correspondente ao Fértil Crescente abrange as seguintes
nações:

 Iraque
Corresponde uma faixa de terra que abrange desde o sudeste (na fronteira com o
Kuwait e o Golfo Pérsico), passando pelo meio-oeste até alcançar o noroeste iraquiano.

 Síria
Abrange todo o norte e nordeste sírio, ocupando ainda uma pequena porção ao sul
do território.

 Turquia
Abrange uma parte ao sul na fronteira com a Síria.

 Líbano
Compreende toda a nação libanesa.

 Israel
Abrange parte do centro e todo o norte israelita.

 Jordânia
Uma pequena porção a noroeste na fronteira com Israel.

 Egito
Corresponde todo o território do percurso do rio Nilo e seus afluentes.
11
12

As famílias das nações


A bíblia preserva uma lista ímpar das nações do mundo dentro do escopo do povo
de Israel – a lista da família humana (“as gerações dos filhos de Noé”). As terras do
mundo e os povos são divididos em três linhagens principais: os filhos de Sem, na
Mesopotâmia e Arábia; os filhos de Cão ou Cam, no Egito e no âmbito de sua esfera de
influência; e os filhos de Jafé, nas terras ao Norte e Oeste. Inclusos na lista estão cidades
reais e centros importantes do crescente fértil, na terra de Sinear (sul da Mesopotâmia) e
na terra de Canaã. Mesmo que nem todas as identificações sejam exatas – e alguns dos
nomes não foram absolutamente identificados – a divisão geral é bastante clara: três
esferas de povos e terras que convergem na região da Terra Santa. (Gn 10.2).

Foi o filho mais novo de Noé, e o antepassado dos povos ao Norte do Mediterrâneo
procedendo dele também as raças indiana e mongólica. Jafé significa engrandecimento;
alargando-se. Os descendentes de Jafé formam os povos indo-europeus ou arianos. Não
se distinguiram na história antiga, embora constituam em nossos dias as raças
dominantes do mundo. Apresentamos, a seguir, suas divisões principais:

QUADRO DAS NAÇÕES

NOÉ

JAFÉ CAM SEM

Gômer – Celtas e Cimbros Cuxe – Etíopes Elão – Elamitas

Magogue – Russos e Citas Mizraim – Egípcios Assur - Assírios

Madai – Medos e Persas Pute – Líbios Arfaxade - Caldeus

Javã – Gregos Canaã – Cananeus Lude - Lídios

Tubal – Russos Arã – Sírios ou Arameus

Meseque – Russos

Tiras – Trácios
13

Gômer
Provavelmente sinônimo do povo que os sírios chamavam Gimirai. Seu nome
está perpetuado na Criméia. Uma divisão desta família emigrou para o Ocidente,
conhecida como os Cimbros, enquanto que outro ramo se estabeleceu nas Ilhas
britânicas, sendo seus descendentes os gauleses, os irlandeses e as raças célticas das
quais surgiram em parte os franceses, pertencentes à mesma família;

o Magogue
Crê-se que os descendentes de Magogue sejam os Citas, que tiveram sua
residência na parte nordeste da Europa e da Ásia Central e Setentrional;

o Madai
Equivale à Média. Os medos habitavam no início a região ao sul do Mar Cáspio,
estendendo-se mais tarde até o Mediterrâneo;

o Javã
É a palavra hebraica para grego. É a mesma palavra que Jônia. A Grécia e as
ilhas que a circundam são as terras de Javã. Os descendentes de Javã ocuparam
também a Síria e a Macedônia;

o Tubal e Meseque
São mencionados juntos nas escrituras. Radicaram-se nas proximidades dos
mares Negro e Cáspio; são considerados ancestrais dos russos. Os seus descendentes
aparecem nas inscrições da Assíria com a denominação de Muska e Tubla. Dos
clássicos geográficos eram conhecidos pelos nomes de Mosqui e Tibareni. Os
modernos georgianos pertencem à raça de Meseque e Tubal.

o Tiras
Seus descendentes provavelmente representam os trácios da região ao sudoeste
do Mar Negro. Um povo que outrora habitou na costa setentrional e ilhas do Mar
Egeu, sendo muito temidos dos gregos pela sua pirataria.

 Cam
(Gn 10.6). Cam foi um dos filhos de Noé. É possível que o nome signifique crestado
ou preto, sendo esta qualidade peculiar aos povos tidos como seus descendentes, por
Cuxe, seu filho mais velho; e esses povos são : os assírios, os babilônios, os cananeus,
os sidônios, os egípcios e os líbios (Gn 10.6). Os descendentes de Cam, em geral foram,
muitas vezes, uma raça marítima, e mais depressa podiam ser civilizados do que os seus
irmãos pastores das outras duas famílias.

Os primeiros grandes impérios da Assíria e do Egito foram fundados por ele; e


muito cedo as repúblicas de Tiro, Sidom e Cartago se distinguiram pelo comércio desse
povo. Mas também mais depressa viram a sua decadência. O Egito, que era uma das
primeiras nações, tornou-se a última e “o mais humilde dos reinos” (Ez 29.15), tendo
estado sucessivamente sujeito aos descendentes de Sem e de Jafé e o mesmo
acontecendo com outros ramos da descendência de Cam.
14

o Cuxe
Filho de Cam, neto de Noé, e pai de Ninrode. O nome é mais geralmente
empregado como termo geográfico e étnico, significando o país e povo da Etiópia,
que é a sua usual versão no Antigo Testamento. A Etiópia correspondia, em geral,
ao que hoje se conhece pelo Sudão do Egito, incluindo também a costa ocidental do
sul da Arábia, bem com a costa fronteira da África. Era habitada na sua maior parte
pela raça branca, cujos característicos físicos manifestam a sua conexão com os
egípcios. Mas, no vale meridional do Nilo estava esta raça em contato com duas
raças pretas, a negra e a dos Núbios. Esta última excetuando a cor da pele e do
cabelo, possuía uma estrutura física mais aperfeiçoada e melhor aparência do que os
negros. Um cuxita é mencionado no Antigo Testamento como fundador da
Babilônia;

o Mizraim
O segundo filho de Cam, e o nome hebraico do país (Egito), habitado pelos seus
descendentes. Tem-se suposto que a palavra é uma forma dual hebraica “os dois
Mazors” ou “praças fortes”, havendo referências às defesas das suas regiões: o
Baixo Egito, a parte do sul, em que o país se acha dividido desde os tempos pré-
históricos;

o Pute
É o termo que se traduz por Líbia na História Sagrada;

o Canaã
Quarto filho de Cam, progenitor de vários povos que antes da conquista dos
israelitas, se tinham estabelecido no litoral da Palestina, ocupando, dum modo geral,
todo o país ao ocidente do rio Jordão. Significa baixo, plano. Uma maldição foi
lançada sobre a terra de Canaã, em virtude do procedimento pouco respeitoso de
Cam para com seu pai Noé (Gn 9.20-27).

 Sem
(Gn 10.22). Foi o mais velho dos três filhos de Noé. Significa nome afamado.
Povoaram a Ásia desde as praias do Mediterrâneo até ao Índico, ocupando maior parte
do terreno entre Jafé e Cam. Sem era antecessor de cinco grandes raças e de muitas
tribos subalternas. Foi de Arfaxade, o seu terceiro filho, que surgiu a nação eleita, e
deste povo o Messias, no qual “todas as famílias da terra haviam de ser abençoadas”.

o Elão
Filho mais velho de Sem, cuja família deu seu nome a um território que fica ao
Sul da Assíria, tendo a Pérsia ao oriente. Dele descenderam os elamitas e os persas.
O país estava situado na Baixa Mesopotâmia, no cimo do Golfo Pérsico, ao sul da
Assíria e ao ocidente da Pérsia. Era uma província da Babilônia quando Susã era a
capital. O povo elamita era guerreiro, e distinguia-se no manejo do arco. Muitos
15

judeus viviam neste país, o que se prova pelo número dos que tinham ido a
Jerusalém, e ali se achavam no dia de Pentecoste;

o Assur
É sinônimo de Assíria;

o Arfaxade
O progenitor dos caldeus, as quais pertenceu Abraão, pai do povo escolhido;

o Lude
Possivelmente representava os lídios que se estabeleceram na Ásia Menor
Ocidental. Sob seu rei Creso chegou a ser uma nação poderosa;

o Arã
Foi o quinto filho de Sem. Significa levantada. É o país situado ao norte e
nordeste da Palestina, alta planície que está 600 metros acima do Mediterrâneo.
Estendia-se desde o Líbano, Fenícia e Mediterrâneo até o Eufrates. Até certo ponto,
incluía a Mesopotâmia e o território a que chamam Síria, sem a Palestina. (Devemos
notar que a Síria dos tempos bíblicos e a Síria moderna não são idênticas).

O país foi povoado por Arã, cujos descendentes colonizaram as férteis terras ao
norte da Babilônia, chamadas Arã, entre os dois rios, o Eufrates e o Tigre, sendo-
lhes mais tarde dado o nome de Mesopotâmia pelos gregos e de Padã-Arã pelos
hebreus. Na Escritura, Arã geralmente é traduzido pelo termo Síria. Os terrenos
montanhosos fazem parte da alta e extensa cadeia de serras, conhecidas pelo nome
de Líbano, incluindo os Montes de Hermom e Hor. Orontes, Abana e Farfar são os
seus principais rios.
16

Clima (estações e ventos)


Geograficamente, Palestina situa-se na faixa subtropical, com apenas duas estações:
chuvosa com frio, e seca com calor.

A extensão territorial de Israel é mínima. Apesar do tamanho, três climas distintos


existem em Israel:

 Montanhas
Israel é um país essencialmente montanhoso. O ponto culminante é Hebrom, com
pouco mais de 1.000 m. Jerusalém ergue-se a uma altitude máxima de 800 m. Nas
montanhas, o clima é sempre fresco e ventilado, exceto quando esporadicamente
sopram ventos do sul ou do ocidente, o que ocorre quase sempre no verão. Jerusalém,
por exemplo, no inverno o termômetro desce a 6º e algumas vezes a zero com neve. As
geadas são mais freqüentes. No verão o termômetro oscila entre 14º e 29º.

 Litoral
Israel confina a ocidente com o Mar Mediterrâneo. A brisa marinha é constante,
principalmente à noite. No inverno, em Gaza e em Jafa, a temperatura baixa para 14º,
algumas vezes, um pouco menos. No verão, nessas regiões, sobe para 23º e na maior
intensidade do verão, até 34º. Em Haifa, Naharia e outros lugares mais ao norte, o frio é
rigoroso. Nas cidades fronteiriças com o Líbano, o inverno é insuportável.

 Deserto
Quando o Jordão sai do Mar da Galiléia, corre a 200 m abaixo do nível do Mar
Mediterrâneo; em Jericó a 300 m e, finalmente, quando entra no Mar Morto está a 400
m. O Jordão corre de norte para o sul entre duas muralhas de montes. O vale desse rio,
não recebe ventos de nenhum lado. Os raios de sol se concentram no vale, tornando seu
clima insuportável. No inverno a temperatura chega a 25º e no verão varia entre 43º, 45º
e até 50º.

Jericó é um lugar diferente e com um clima também diferente. Nunca chove. Está a
300 m abaixo do nível do mar. É a cidade mais verde de Israel e seu clima constante
durante o ano é de 32º de dia e 28º à noite.

 Ventos:
o Vento Norte
Safon, Mezarrim. Traz frio e calmaria. Portador de geadas. Jó 37.9; Pv 25.23.

o Vento Sul
Daron, Teman. Traz tempestade e calor. Is 21.1; Zc 9.14; Lc 12.55.

o Vento Oriental
Qadim. Vem do deserto. Traz seca e crestamento. Gn 41.6; Ex 10.13; Os 13.15;
Ez 17.10; 19.12.
17

o Vento Ocidental
Chamado de “O”. Procedente do mar Mediterrâneo. Traz nuvens e chuvas. 1 Rs
18.44; Lc 12:54.

 Estações
Em Israel e em todo o Oriente Médio havia somente duas estações:

o Verão
Ou estação seca, começava em abril e se estendia até setembro. O tempo era
bom e seco; era o tempo das colheitas, dos trabalhos agrícolas. Eram seis meses de
completa seca. Caracterizava-se por seus dias cálidos e noites de copioso orvalho.

o Inverno
Ou estação chuvosa, iniciava em outubro e ia até março. Seis meses de chuva e
frio. Muito vento, principalmente do norte. Nos montes, havia, entre janeiro e
fevereiro, geadas e neve.

 Anos
Os rabinos dividiam o ano em seis estações de dois meses cada uma:

o Colheita: de 16 de abril a 15 de junho;


o Cálida: de 16 de junho a 15 de agosto;
o Estio: de 16 de agosto a 15 de outubro;
o Semeadura: de 16 de outubro a 15 de dezembro;
o Inverno: de 16 de dezembro a 15 de fevereiro;
o Fria: de 16 de fevereiro a 15 de abril.

 Chuvas
Chuvas: Em Israel não é como no Egito, que não chove. São abundantes as chuvas
na estação própria. Dt 11.14; 1 Sm 12:17,18.

As primeiras chuvas caem em outubro; são aguaceiros fortes, geralmente com


trovoadas. No litoral as chuvas são torrenciais e mais freqüentes. Nas montanhas, chuva
fina e continuada. No deserto dificilmente chove.

Depois de outubro, as chuvas prosseguem em novembro, dezembro até março. As


derradeiras, muito esparças, caem em abril.

A bíblia menciona as seguintes chuvas:

o Chuva temporã
Constitui a chuva forte e de pouca duração que costuma cair por um ou diversos
dias consecutivos pelo fim de outubro, ou às vezes em começo de novembro.
Inaugura o ano agrícola, pois refresca a terra depois de um verão cálido, abrandando
o solo gretado para a lavra e semeadura. Dt 11.14.

o Chuva tardia
18

É o nome que se aplica às quedas intermitentes de chuva que se apresentam em


fins de março e no mês de abril. Posto que vêm antes da colheita e estiagem do
verão, são de tanta importância para o país como as chuvas grandes. A seca ou fome
mencionadas frequentemente na história sagrada se deve à falta destas chuvas. Tg
5.7.

o Orvalho
À noite a terra esfria mais que o ar, determinando que a evaporação contida na
atmosfera se condense e se deposite na superfície refrigerada. Isto é o que constitui
o orvalho. No Sl 133.3 se faz referência ao orvalho do Monte Hermom, formado
pelo ar úmido e cálido, que sobe do vale do Jordão e que se condensa ao chocar-se
com as geladas encostas do aludido monte, produzindo orvalho. O orvalho na
Palestina favorece grandemente o crescimento da vegetação durante o estio, época
em que é abundante. Gn 27.28; Dt 32.2.

o Granizo
Também conhecida como chuva de pedras de gelo. Js 10.11.

Os desertos que cercam Israel


A Terra Santa situa-se entre o mar e o deserto, e ambos influenciam a sua natureza.
O vento ocidental traz chuvas benéficas, enquanto os orientais só trazem a secura do
deserto. Quanto mais alto o lugar, ou quanto mais próximo do mar, tanto mais úmido o
clima.

O sul de Palestina encontra-se numa faixa de zona árida que rodeia o globo. As
extensas regiões desérticas incluem a Terra Santa ao sul e a leste, com o majestoso
monte Seir projetando-se como um dedo em direção à parte central do deserto.

Não existe uma fronteira natural definitiva separando a área povoada das regiões
desérticas, e os famintos pastores da estepe bateram às portas da Terra Santa desde
tempos imemoriais. A influência da estepe e do deserto na história da Terra Santa é
profunda, e a percepção desse deserto repete-se através das páginas da Bíblia.

A seguir se apresentam os mais notáveis em:

 Desertos da Palestina Ocidental

o Jericó:
Região atravessada pelo caminho que “desce de Jerusalém a Jericó”, semeada
profusamente de enormes calhaus e estreitos e rochosos desfiladeiros, servia
19

antigamente de guarida a salteadores. Corre entre a cidade de Jericó e o Monte das


Oliveiras (Lc 10.30-35);

o Tecoa:
A solitária região de abundantes pastos, contígua ao deserto de Judá, que se
estende desde a população do mesmo nome, até a margem direita do Arroio Cedrom
(Am 1.1; 2 Cr 20.20);

o Judeia
Às vezes chamado “Jesimom”, representa aquela faixa de terra despida,
pedregosa e de aspecto agreste, que percorre quase toda a costa ocidental do Mar
Morto (1 Sm 17.28; Nm 23.28);

o En-Gedi
Situado nas alturas do lado ocidental do Mar Morto a 40 km a sudeste de
Jerusalém. Seu solo árido e gretado contém inúmeras covas e espaçosas cavernas (1
Sm. 24:1-23);

o Berseba
Situado no limite meridional da palestina, adjacente ao território filisteu (Gn
21:14).

 Deserto da Palestina Oriental


o Betsaida
Pastagem solitária, porém de extraordinária fertilidade, localizada no lado
nordeste do Mar da Galiléia (Lc 9:10).
20

Montanhas e rios de Israel


 Montanhas
Em vista da importância que tem adquirido as saliências topográficas na história
sagrada, convirá mencionar as mais importantes delas. Para facilitar o estudo,
dividiremos os montes como segue:

o Montes da Palestina Ocidental


Líbano
(Dt 1.7), que quer dizer “alvo”, denominado assim devido à pedra calcárea de que é
formado e por sua brancura nívea no inverno; encontra-se ao nororeste da Palestina. É
digno de notar-se de passagem que o Líbano é antes uma cordilheira do que somente um
pico, como indica seu nome nas escrituras. Embora os hebreus com freqüência façam
alusão à sua magnificência, nunca o possuíram. (Altura média 1.900 m; do Jabel
Macmal, seu pico mais alto, 3.060 m);

Os cedros milenários que cobriam suas encostas foram utilizados


freqüentemente na construção de templos, palácios e mastros das embarcações fenícias;

Cornos de Hatim
Ou das “Bem-aventuranças” (Mt 5.1). Com este nome se designa comumente
um monte a oeste de Tiberíades, onde o Salvador pronunciou o “Sermão do Monte”
(Altura 365 m);

Tabor
(Js 19.22). Grande e formosa montanha de cujo topo se pode obter uma sublime
vista panorâmica de quase toda a Palestina; ergue-se a nordeste da ubérrima planície de
Esdraelom. Suas ladeiras em tempos passados eram cobertas de verdor e ricos pastos e,
em parte, de formosos bosques de grossos carvalhos e louros, além de milhares de
arbustos e flores perfumadas. Aqui Baraque passou em revista os 10.000 homens com
os quais desbaratou o exército de Sísera.

Alguns opinam que foi neste monte que e deu a Transfiguração, porém um forte
argumento para desfazer esta crença é o fato de que na meseta que constitui seu cume,
havia no tempo do Salvador uma fortaleza. (Altura 552 m);

Pequeno Hermom ou More


(Dt 11.30). Entre os montes Tabor e Gilboa. (Altura 544 m);

Gilboa
(1 Sm 28.4). Constitui o ramal nordeste do Monte Efraim, cadeia que se dirige
ao oeste-nordeste e leste-sudeste numa distância de 12,5 km com uma largura de 5 a 8
km, em cujas cercanias do lado oriental teve lugar a trágica morte de Saul e seus filhos.
(Altura 504 m).

Carmelo:
21

(1 Rs 18:17-40). Não deve ser confundido com a cidade de Carmelo sudeste de


Hebrom, lugar da residÇencia de Nabal, indigno descendente de Calebe. Propriamente
dito é uma cadeia de montanhas, cuja encosta ocidental é muito escarpada, abundando
as cavernas, as quais provavelmente serviam de esconderijo aos cem profetas socorridos
por Obadias. À sombra de seus terebintos e árvores frutíferas verificaram-se os grandes
sucessos de Elias;

Ebal e Gerizim
(Dt 11.29). Montes de Samaria, são separados entre si por um pequeno vale, em
cuja entrada se encotrava a antiga Siquém. Nada mais belo na Palestina do que o
panorama que se domina do Ebal, que compreende todo o país, exceção do Neguebe.
(Altura 924 e 853 respectivamente);

Sião e Moriá
(Gn 22.2; 2 Cr 3.1). Montes sobre os quais estava construída Jerusalém. A arca
foi guardada em Sião, até que Salomão a transferisse para o templo que fora construído
sobre o monte Moriá. Mais tarde o nome Sião servia para incluir Moriá também. É por
esta razão que se menciona Sião 154 vezes na Bíblia e Moriá somente 2. (Altura 765
m);

Das Oliveiras
(Zc 14.4; Mt 24.3). Situado a 1,5 km a leste de Jerusalém, da qual está separado
pelo vale do Cedrom. (Altura 799 m);

Hebrom
(Js 14.12,13). Situado a sudoeste de Jerusalém. (Altura 909 m).

Montes da Palestina Oriental


Hermom Maior
(Dt 3:8,9). Formou o limite nordeste das conquistas sob Moisés e Josué. É quase
desprovido de vegetação, porém majestoso. Sua magnificência se acentuam pelas neves
que coroam seu cume perpetuamente e descem por seus íngremes declives em longos e
acentuados sulcos. (Altura 2.750 m);

Gileade
(Gn 31.23). Monte de regular elevação situado a sudeste do Hieromax. (Altura
900 m);

Pisga
(Dt 3.27). Era o nome dado àquela parte da Cordilheira de Abarim perto do
ângulo nordeste do Mar Morto. Do alto de seu cume, Nebo, Moisés pôde avistar a Terra
Prometida desde Dã até Berseba, pouco antes de morrer;

Nebo
(Dt 32.49,50). Um pico dos montes Abarim, “que está defronte de Jericó”. (Altura 801
m).
22
23

 Hidrografia
Os rios da palestina formam duas vertentes:

Vertente do Mediterrâneo
A ela pertencem todos os riachos que nascem na fralda ocidental da Cordilheira
Central que correm para o oeste para lançar suas águas no Mar Mediterrâneo. Quase
todos constituem caudalosas torrentes na estação chuvosa, porém durante o estio
míngua tanto o caudal de suas águas que podem ser vadeados com facilidade. Os
principais são:

Leontes
Forma o limite setentrional de Canaã, deságua na parte sul de Coelesíria. Depois
de correr na direção sudeste até um ponto próximo do monte Hermom, vira subitamente
em direção oeste, seguindo seu curso quase em linha reta até o Mediterrâneo, onde verte
suas águas a 8 km ao norte de Tiro;
Belus: O Sior-Libnate, mencionado em Js 19.26, é um pequeno arroio situado a
sudoeste da tribo de aser, que vai desembocar no Mediterrâneo ao norte da baía de Acre.
A margem desse rio é o lugar tradicional do descobrimento do vidro;
Quisom: Depois do Jordão é, talvez, o rio mais importante da Palestina. Dimana do
oeste de Bete-Sexa e corre de sudeste a noroeste banhando a planície de Esdraelom, e
seguindo seu curso sinuoso atravessa depois a planície de Acre. Finalmente lança suas
águas no Mediterrâneo. (Jz 5:21);
Soreque: Esta torrente sinuosa que tem sua origem a 21 km a oeste e um pouco ao sul
de Jerusalém, segue em direção noroeste até sua desembocadura entre Jope e Ascalom.
(Jz 16.4);
Besor: Acha-se situado ao sudoeste de Canaã. É o principal dos rios que deságuam na
costa ocidental da Palestina ao sul do Carmelo. Verte suas águas no mar ao sul de Gaza.
(1 Sm 30.9,10);
Sior: (Sihor Rinocoluro) é uma corrente hibernal do deserto na fronteira meridional da
Palestina. (Js 13.3).
o Vertente do Jordão
Esta compreende :

Jordão: Único em seu gênero, é formado pela confluência de quatro correntes que
se unem perto da extremidade setentrional do Lago Merom, a saber:

Barreighit: Que constitui a única cabeceira ocidental;


Hasbany: É o arroio mais extenso, embora o menos caudaloso dos quatro, que mana de
um manancial num dos contrafortes do Hermom.
Leddan: A fonte central que sai do Tell-el-Kady (antigo Dã) no vale do Jordão;
Banias: (O antigo Cesaréia-Filipo) que irrompe impetuosamente de uma caverna ao pé
do Hermom. É o que mais impressiona por sua beleza.

O Jordão percorre 64 km desde Hasbany até ao Lago Merom, cujas águas


atravessa, para depois seguir precipitadamente uns 24 km até ao Mar da Galiléia, outro
lago alimentado por ele. Saindo do aludido lago, transforma-se num curso sinuoso que
desce a depressão numa carreira veloz e impetuosa entre numerosos meandros
24

caprichosos, inumeráveis quedas, cataratas e ziguezagues, perdendo profundidade à


medida que se aproxima do Mar Morto, onde vão parar as suas águas.

A distância em linha reta de seu trajeto desde as neves do Hermom até sua
desembocadura chega a 215 km, porém tomando-se suas múltiplas sinuosidades dá uns
320 km. Sua largura varia entre 27 e 45 m, oscilando sua profundidade entre 1,50 e 3,50
m. (Gn 32.10).

O rio é flanqueado de ambos os lados por penhascos escarpados de rocha


calcárea, entre os quais aparecem tamarindos e salgueiros, além de outras árvores
subtropicais. Os bosques e espessos matagais na parte sul serviam antigamente de
guarida às feras. Não se atravessaram suas águas por pontes até a época dos romanos,
porém as escrituras fazem referência aos vaus, um dos quais se encontrava defronte a
Jericó, outro perto da desembocadura do Jaboque, e outro ainda perto de Sucote.

Afluentes Orientais:

Hieromax ou Iarmuc: Que rega o planalto de Basã;


Jaboque: Corrente perene que atravessa os montes de Gileade. Verte suas águas no
Jordão, a duas terças partes da distância que há no Mar da Galiléia ao Mar Morto. (Gn
32.22).
Afluentes Ocidentais:
Querite: Supõe-se que desembocava no Jordão a curta distância do norte do Mar
Morto. (1 Rs 17.5).
Lagos:
Merom: Hoje chamado Huleh, ocupa a parte meridional de um vale pantanoso. É
triangular, de 6 km de comprimento por 5 km de largura, e é o mais setentrional dos
lagos abastecidos pelo Jordão. De pouca profundidade, grande parte de sua superfície
está coberta de plantas aquáticas. (Js 11.5-7);
Galiléia ou Quinerete: O belíssimo lago da Palestina setentrional, cujas águas se
renovam constantemente pelas do Jordão. (Nm 34.11);

Mar Morto: Ocupa a parte inferior da depressão vulcânica que se estende através da
Palestina de norte a sul. Alem do caudal do Jordão, recebe as águas de muitos riachos e
mananciais, a maioria dos quais nascem de fontes sulfurosas ou atravessam um terreno
salitrado, de maneira que seu conteúdo salino é muito elevado antes de desaguar no
lago. Sua profundidade máxima chega a 390 m. Em quase toda a sua extensão está
rodeado por um baluarte de penhascos nus, dispostos em formas de terraços, que
chegam às vezes pelo lado ocidental até à beira do mar, por trás dos quais, pelo lado
oriental, levantam-se os elevados montes de Moabe.
A estreita praia de cascalho de espessura variável está semeada de
enormes quantidades de madeira de deriva, branqueada ao sol, além de massas de
betume e fragmentos de enxofre. Apesar da vegetação que brota ao redor dos
mananciais de água doce que borbulham por entre o cascalho, o aspecto em geral de
toda essa região é de melancolia e desolação.

Este mar se distingue por não ter saída, porém suas águas se mantém
num nível constante, devido, em parte, à infiltração, mas principalmente à evaporação; o
25

calor excessivo que predomina naquela depressão acelera enormemente a evaporação,


circunstância que explica a elevada quantidade de sal que abunda em suas águas. (Nm
32.19).

Afluentes Orientais do Mar Morto


Arnom: Forma a fronteira entre Moabe e Rúben, desemboca no ponto médio da
margem oriental do Mar Morto. (Js 13.9);
Zerede: Constitui o limite meridional de Moabe. (Dt 2.13).

Afluente Ocidental do Mar Morto:


Cedrom: Torrente que nasce ao noroeste de Jerusalém, que somente tem água na
temporada das chuvas. Separa Jerusalém do Monte das Oliveiras. (2 Sm 15.23).

A estratigrafia de um Tel
Em 1890, Flinders Petrie provou que os outeiros de cume achatado, em pontos
estratégicos de uma determinada região eram o acúmulo de escombros de cidade após
cidade, construídas no decorrer dos séculos. Tais outeiros são geralmente chamados tell,
termo semítico significando “outeiro” ou “morro pequeno”, que gradualmente
adquiriram tratamento específico designando um monte formado por ruínas antigas. Tell
é o termo arábico para outeiro, e tel, o hebraico.

Nos últimos sessenta anos, inúmeras escavações foram feitas em sítios importantes
da Palestina. As camadas de entulho são o foco principal da escavação; as camadas de
ocupação são chamadas de estratos (daí estatigrafia). Todas as características
arquitetônicas e outros artefatos são atribuídos às suas respectivas camadas. A data
relativa é baseada na natureza dos artefatos encontrados em cada estrato, especialmente
ferramentas de pedra e vasos de cerâmica (geralmente em pedaços).

A cerâmica se adapta perfeitamente a esta tarefa por duas razões : quando um vaso é
quebrado, ele se torna inútil e é descartado; mas os fragmentos de cerâmica,
especialmente os vasos queimados no forno são duros como pedra e sobrevivem assim
às devastações do tempo (ao contrário dos materiais orgânicos que logo se desintegram
no solo úmido). Os muitos fragmentos de louça de barro em cada camada são
classificados segundo seu estilo e tipo (tipologia). Uma comparação entre as descobertas
nos vários estratos de diferentes escavações está gradualmente formando uma escala
reconhecida de tipologia da cerâmica para datação arqueológica. A descoberta de
inscrições ou de objetos importados de estilos artísticos datáveis também ajuda a
depurar a datação.
26

Antigas civilizações: os sumérios

O termo "sumério" é na verdade um exônimo aplicado (e, provavelmente, cunhado)


pelos acádios. Os sumérios autodescreveram-se como sag-gi-ga (o povo de cabeças
negras) e chamaram sua terra Ki-en-gi, o lugar dos senhores civilizados. A palavra
acadiana Shumer possivelmente representa esse nome num dialeto diferente.

A respeito dos sumérios, donos de língua, cultura (e, provavelmente, aparência)


diferentes da dos seus vizinhos semíticos e sucessores, acredita-se que foram invasores
ou migrantes, apesar de que seja difícil determinar exatamente quando esses eventos
ocorreram ou mesmo suas origens geográficas. Alguns arqueólogos afirmam que os
sumérios procediam, de fato, das planícies mesopotâmicas. Outros sugerem que o termo
'suméria' deveria se restringir à língua sumeriana, baseando-se no fato de que não havia
grupos étnicos 'sumérios' avulsos.

O próprio termo 'sumério' é geralmente usado para se referir a uma língua isolada
no campo da Lingüística, já que ela não pertence a nenhuma família lingüística
27

conhecida - ao contrário do acádio, por exemplo, que pertence ao hamito-semítico, ou às


chamadas línguas afro-asiáticas.

A origem e a história antiga dos sumérios ainda são pouco conhecidas. Sabe-se que
no final do período neolítico, os povos sumerianos, vindos do planalto do Irã, fixaram-
se na Caldéia e fundaram diversas cidades autônomas, verdadeiros Estados
independentes, como Ur, Uruk, Nipur e Lagash. A primeira cidade que conseguiu
estabelecer controle sobre a totalidade da Suméria foi Kish. Mais tarde, Kish, Ur e
Erech travaram renhida luta pela hegemonia na região suméria.

Após um período de domínio dos reis elamitas (que viviam no sudoeste do atual
Irã), os sumérios voltaram a gozar de independência. As cidades de Lagash, Umma,
Eridu, Uruk e principalmente Ur tiveram seus momentos de glória.

Pouco depois os acádios - grupos de nômades vindos do deserto da Síria -


começaram a penetrar nos territórios ao norte das regiões sumérias, terminando por
dominar as cidades-estados desta região por volta de 2550 a.C. Mesmo antes da
conquista, porém, já ocorria uma síntese entre as culturas suméria e acádia, que se
acentuou com a unificação dos dois povos. Os ocupantes assimilaram a cultura dos
vencidos, embora, em muitos aspectos, as duas culturas mantivessem diferenças entre
si, como por exemplo - e mais evidentemente - no campo religioso.

Mais tarde, por volta de 2.369 a.C., Sargão, o Velho, patési da cidade de Ágade,
unificou a maioria das cidades-templos. O grande rei acádio, guerreiro e conquistador,
tornou-se conhecido como "soberano dos quatro cantos da terra". Apesar da unificação,
as estruturas políticas da Suméria continuaram existindo. Os reis das cidades-estados
sumerianas foram mantidos no poder e reconheciam-se como tributários dos
conquistadores acadianos.

O império criado por Sargão desmoronou após um século de existência, em


conseqüência de revoltas internas e dos ataques dos guti, nômades originários dos
montes Zagros, no Alto do Tigre, que investiam contra as regiões urbanizadas, porque a
sedentarização das populações do Oriente Médio lhes dificultava a caça e o pastoreio.
Por volta de 2150 a.C., os guti conquistaram a civilização sumério-acadiana.Depois
disso, a história da Mesopotâmia parecia se repetir. A unidade política dos sumério-
acadianos era destruída pelos guti, que, por sua vez, eram vencidos por revoltas internas
dos sumério-acadianos.

 Renascença Sumeriana
O domínio intermitente dos guti durou um século, sendo substituído no século
seguinte (cerca de 2.100 a.C. – 1.950 a.C.) por uma dinastia proveniente da cidade-
estado de Ur. Expulsos os guti, Ur-Nammur reunificou a região sobre o controle dos
sumérios. Foi um rei enérgico, que construiu os famosos zigurates e promoveu a
compilação das leis do direito sumeriano. Os reis de Ur não somente restabeleceram a
28

soberania suméria, mas também conquistaram a Acádia. Nesse período, chamado de


renascença sumeriana, essa civilização atingiu seu apogeu, mas esse foi o último ato de
manifestação do poder político da Suméria.

 Declínio
Uma vez que os estados locais cresceram em força bruta os sumérios começaram a
perder sua hegemonia política sobre a maioria das partes da Mesopotâmia.

Atormentados pelos ataques de tribos elamitas e amoritas, o império ruiu. Nesta


época, os sumérios desapareceram da história, mas a influência de sua cultura nas
civilizações subseqüentes da Mesopotâmia teve longo alcance. Os amoritas fundaram a
Babilônia. Os hurrianos da Armênia estabeleceram o império de Mitanni na parte norte
da Mesopotâmia por volta de 2.000 a.C., enquanto os babilônios controlavam o sul.
Ambos os grupos defendiam-se dos egípcios e dos hititas. Esses últimos derrotaram
Mitani, mas foram expulsos pelos babilônios. Os cassitas, entretanto, venceram os
babilônios em 1.400 a.C. Os cassitas foram depois vencidos pelos elamitas por volta de
1.150 a.C.

 Administração e Política
Os sumérios habitaram várias cidades-estados, cada uma erigida em torno de seus
respectivos templos, dedicados ao deus a cuja proteção a cidade competia. Estas
cidades, grandes centros mercantis, eram governadas por déspotas locais denominados
patésis, supremo-sacerdotes e chefes militares absolutos, auxiliados por uma
aristocracia, constituída por burocratas e sacerdotes.

O patési controlava a construção de diques, canais de irrigação, templos e celeiros,


impondo e administrando os tributos a que toda população estava sujeita. As cidades-
estados sumerianas, tradicionalmente, eram cidades-templos. Isto porque os sumérios
acreditavam que os deuses haviam fundado as cidades para que fossem centros de
cultos. Mais tarde, segundo a religião, os deuses limitavam-se a comunicar os soberanos
as plantas das cidades e dos santuários. A ligação dos patésis aos ritos da cidade era
extremamente íntima.

Os templos estavam ligados ao poder estatal e suas riquezas eram usufruídas pelos
soberanos, considerados intermediários entre os deuses e os homens. Junto com os
tempos das cidades, homenageando o seu deus patrono, não raramente eram erguidos
zigurates - pirâmides de tijolos maciços cozidos ao sol, que serviam de santuários e
acesso aos deuses quando desciam até seu povo.

Dentre cidades mais importantes do território sumério estavam Eridu, Kish, Lagash,
Uruk, Ur e Nippur. Com o desenvolvimento dessas cidades, a tentativa de supremacia
duma sobre a outra tornou-se inevitável. O resultado foi um milênio de embates quase
incessantes sobre o direito de uso de água, rotas de comércio e tributos a tribos
nômades.
29

 Agricultura e Caça
Os sumérios mantinham uma produção de cevada, grão-de-bico, lentilha, milhete,
trigo, nabo, tâmara, cebola, alho, alface, alho-poró e mostarda. Eles também criavam
gado, carneiro, cabra e porco. Além disso usavam bois como opção principal no
trabalho de carga e burros como animal de transporte. Os sumérios pescavam peixes e
caçavam aves galináceas.

A agricultura suméria dependia muito da irrigação, sendo efetuada através do uso de


canais, barragens, diques e reservatórios. Os canais requeriam reparos freqüentes e a
remoção contínua de lodo. O governo ordenava a determinados cidadãos a tarefa de
trabalhar nos canais, apesar de os ricos poderem ser dispensados.

Com o uso de canais os fazendeiros irrigavam seus campos e então drenavam a


água. Depois deixavam que os bois macerassem a terra e matassem as ervas daninhas. O
passo seguinte era dragar os campos com picaretas. Depois de secar, eles os aravam,
gradavam e varriam três vezes, pulverizando-os depois com um alvião.

Os sumérios ceifavam durante a fase seca do outono em equipes de três pessoas,


consistindo de um ceifador, um enfardador e um feixador. Os fazendeiros usavam um
tipo de colheitadeira arcaica para separar a cabeça dos cereais de seus respectivos talos,
para então usar um tipo de trenó de triagem, que separava o grão dos cereais. Em
seguida peneiravam a mistura de grãos e debulhos.

 Arquitetura
A planície Tigre-Eufrates carecia de minerais e árvores. As edificações sumérias
compreendiam estruturas planoconvexas feitas de tijolos de barro, desprovidas de
argamassa ou cimento. Uma vez que tijolos planoconvexos são de composição
relativamente instável, os pedreiros sumerianos adicionavam uma mão extra de tijolos,
postos perpendicularmente a cada poucas fileiras.

Aí então preenchiam as lacunas com betume, engaço, cana e cizânias. Construções


feitas com tijolos de barro, entretanto, acabam se deteriorando, de forma que eram
periodicamente destruídas, niveladas e reconstruídas no mesmo lugar. Essa constante
reconstrução gradualmente elevou o nível das cidades, de modo que se ergueram acima
da planície à sua volta. Os aterros resultantes (chamados em inglês de tell) são
encontrados através do antigo Oriente Próximo.

O tipo mais famoso e impressionante dentre as edificações sumérias chama-se


zigurate, uma construção de largas, amplas plataformas sobrepostas em cujo topo
encontravam-se templos. Esse maciço edifício de celsa estatura pode ter sido a
inspiração para a Torre de Babel bíblica. Selos cilíndricos sumerianos também
descrevem casas construídas com cana, similares àquelas construídas pelos árabes das
terras baixas da parte sul do Iraque até anos recentes.
30

Por outro lado, templos sumérios e palácios fizeram uso de materiais e técnicas mais
avançadas como reforços (suporte para os tijolos), recessos (quinas), pilastras e pregos
de argila.

 Economia e Comércio
Empreendedores e criativos, os sumérios estabeleceram relações comerciais com
vários povos da costa do Mediterrâneo e do Vale do Indo.

Descobertas de obsidiana em locais longínquos da Anatólia e no Afeganistão


remontam a Dilmun (hoje Bahrain, um principado no Golfo Pérsico), e vários selos
inscritos na grafia dos povos do Vale do Indo sugerem uma rede consideravelmente
extensa de comércio antigo, centrado nos limites do Golfo Pérsico.

A Epopéia de Gilgamesh refere-se ao comércio, com terras longínquas, de


mercadorias como madeira, já que esse item representava um material escasso na
Mesopotâmia. O cedro do Líbano era especialmente apreciado.

Os sumérios usavam escravos, embora esses não representassem a maior parte da


economia. Mulheres escravas trabalhavam como tecelãs, prensadoras, moleiras e
carregadoras.

A cerâmica suméria decorava vasos com pinturas em óleo de cedro. Os ceramistas


utilizavam furadeiras arqueadas para produzir o fogo necessário ao cozimento da
cerâmica. Os pedreiros e ourives sumérios não só conheciam como faziam uso de
marfim, ouro, prata, galena e lápis-lazúli.

 Medicina
Como em qualquer sociedade pré-moderna, os sumérios possuíam um conhecimento
limitado de diagnose e tratamento médicos. Laxantes, purgantes e diuréticos formavam
a maioria dos remédios daquele povo. Determinadas cirurgias também eram postas em
prática.

Os sumérios manufaturavam salitre, conseguido a partir da urina, do cal, de cinzas e


do sal. Eles combinavam esses materiais com leite, pele de cobra, casco de tartaruga,
cássia, murta, timo, salgueiro, figo, pêra, abeto e/ou tâmara. A partir daí, misturavam
esses agentes com vinho, usando o resultado obtido de duas formas: ou passando o
produto como se fosse uma pasta, ou então misturavam-no com cerveja, consumindo o
remédio por via oral.

Os sumérios explicavam a doença como uma conseqüência do aprisionamento, e


conseqüente tentativa de escape, de um demônio dentro do corpo humano. O objetivo
do remédio era persuadir o demônio a acreditar na idéia de que continuar residindo
naquele corpo seria uma experiência desagradável. Comumente os sumérios colocavam
um carneiro ou cabra próximo ao doente, esperando atrair o demônio para dentro do
corpo do animal, que, então, seria morto. No caso de não haver ovelhas à disposição,
31

tentavam a sorte com uma estátua, que, se conseguisse transferir o demônio para dentro
de si, seria coberta de betume.

 Características Militares
As cidades sumérias eram defendidas por muralhas. Os sumérios engajavam-se em
guerras de sítio entre suas cidades, e as muralhas de tijolos de barro obviamente não
podiam deter os inimigos, que já conheciam o material.

O exército sumério consistia, em sua maior parte, na infantaria. A infantaria leve


carregava machados de guerra, adagas e lanças. A infantaria de linha de frente também
usava capacetes de cobre, capas de feltro e saias (kilts) de couro.

Os sumérios inventaram a carruagem, à qual atavam onagros (burros selvagens).


Essas carroças antigas não funcionavam tão bem em combate quanto os modelos
construídos a posteriori, e alguns sugeriram que as carroças serviam primeiramente
como meio de transporte, embora o time de guerra sumério carregasse machados de
guerra e lanças. A carroça, ou carruagem, suméria constituía de um dispositivo quatro-
rodas manejado por uma equipe de duas pessoas e ligado a quatro onagros. A carroça
era composta por cestas entretecidas, e as rodas possuíam um sólido design triplo.

Os sumérios usavam fundas e arcos simples (só mais tarde a humanidade inventaria
o arco composto).

 Religião
Tratar dum assunto tal como a "Religião Suméria" pode ser complicado, uma vez
que as práticas e crenças adotadas por aquele povo variaram largamente através do
tempo e distância, cada cidade possuindo sua própria visão mitológica e/ou teológica.

Entre as principais figuras mitológicas adoradas pelos sumérios, é possível citar An


(ou Anu), deus do céu; Nammu, a deusa-mãe; Inanna, a deusa do amor e da guerra
(equivalente à deusa Ishtar dos acádios); e Enlil, o deus do vento. Cada um dos deuses
sumérios (em sua própria língua, dingir - no plural, dingir-dingir ou dingir-a-ne-ne) era
associado a cidades diferentes, e a importância religiosa a eles atribuída intensificava-se
ou esmorecia dependendo do poder político da cidade associada. Segundo a tradição
suméria, os deuses criaram o ser humano a partir do barro com o propósito de serem
servidos por suas novas criaturas. Quando estavam zangados ou frustrados, os deuses
expressavam seus sentimentos através de terremotos ou catástrofes naturais: a essência
primordial da religião suméria baseava-se, portanto, na crença de que toda a
humanidade estava à mercê dos deuses.

Os sumérios acreditavam que o universo consistia num disco plano fechado por uma
cúpula de latão. Já a vida após a morte envolvia uma descida ao vil submundo, onde se
passava a eternidade numa existência deplorável, em uma espécie de inferno, chamado
Sheol.
32

Os templos sumérios consistiam de uma nave central com corredores em ambos os


lados, flanqueados por aposentos para os sacerdotes. Numa das pontas do corredor
achavam-se um púlpito e uma plataforma construída com tijolos de barro, usada para
sacrifícios animais e vegetais.

Granéis e depósitos geralmente se localizavam na proximidade dos templos. Mais


tarde, os sumérios começaram a construir seus templos no topo de colinas artificiais,
terraplanadas e multifacetadas: esses templos especiais chamavam-se zigurates.

 Tecnologia
Exemplos da tecnologia suméria incluem: serras, couro, cinzéis, martelos,
braçadeiras, brocas, pregos, alfinetes, anéis, enxadas, machados, facas, lanças, flechas,
espadas, cola, adagas, odres de água, caixas, arreios, barcos, armaduras, aljaves,
bainhas, botas, sandálias e arpões.

Os sumérios possuíam três tipos de barco:

o os barcos de pele, feitos a partir de cana e peles de animais.


o os barcos a vela, caracterizados por serem feitos com betume, sendo à prova
d'água.
o os barcos a remo (com remos feitos de madeira), às vezes usados para subir a
correnteza, sendo puxados a partir de ambas as margens do rio por pessoas e
animais.

 Astronomia
Os sumérios são geralmente considerados os inventores da astronomia, o estudo da
observação dos astros. Nas ruínas das cidades sumérias escavadas por arqueólogos
desde o principio do século XX, foram encontradas muitas centenas de inscrições e
textos deste povo sobre suas observações celestes. Entre estas inscrições existem listas
especificas de constelações e posicionamento de planetas no espaço, bem como
informações e manuais de observação.

Existem textos específicos sobre o sistema solar e o movimento dos planetas em


torno do sol, na sua ordem correta. Muitas destas inscrições, cuja idade ultrapassa os
4.500 anos de idade, estão agora conservadas no Museu do Antigo Oriente Próximo
(Vorderasiatisches Museum), uma conjunto de 14 salas na ala sul do Museu Pérgamo
(Pergamonmuseum).

 Língua e Escrita
A língua suméria é uma língua isolada, o que significa que não está diretamente
relacionada a nenhuma outra língua conhecida, apesar das várias tentativas equivocadas
de provar ligações com outros idiomas. A língua suméria é aglutinante, ou seja, os
morfemas (as menores unidades com sentido da língua) se justapõem para formar
palavras.
33

Credita-se aos sumérios a invenção do sistema cuneiforme de escrita (caracteres em


forma de cunha), que foi utilizada por toda a Mesopotâmia e povos vizinhos. Os
próprios acádios, após invadirem e conquistarem a Suméria, adotaram o sistema
cuneiforme daquele povo para materializar a própria língua (similarmente ao que há
hoje entre o português e o inglês, por exemplo, onde ambos usam o mesmo alfabeto
para representar idiomas diferentes).

A escrita cuneiforme começou como um sistema pictográfico, onde o objeto


representado expressava uma idéia. Um barco marcado por determinados sinais, por
exemplo, poderia significar que ele estava carregado ou vazio. Com o tempo, os
cuneiformes passaram a ser escritos em tabuinhas de argila, nos quais os símbolos
sumérios eram desenhados com um caniço afiado chamado estilete. As impressões
deixadas pelo estilete tinha forma de cunha, razão pela qual sua escrita terminou sendo
chamada de cuneiforme.

Um corpo extremamente vasto (muitas centenas de milhares) de textos na língua


suméria sobreviveu, sendo que a maioria está gravada nas tabuinhas de argila citadas no
parágrafo anterior. A escrita suméria está grafada em cuneiforme e é a mais antiga
língua humana escrita conhecida.

Os tipos de textos sumérios conhecidos incluem cartas pessoais e de negócios e/ou


transações comerciais, receitas, vocabulários, leis, hinos e rezas, encantamentos de
magia e textos científicos incluindo matemática, astronomia e medicina. Inscrições
monumentais e textos sobre diversos objetos, como estátuas ou tijolos, também são
bastante comuns. Muitos textos sobrevivem em múltiplas cópias pelo fato de terem sido
transcritos repetidamente por escribas "estagiários".

A escola de Edubba (termo sumério que significa "Casa de Tabuinhas"), por


exemplo, era um dos centros de aprendizagem onde arquivos e escritos literários eram
guardados (ou seja, grafados) em tabuinhas de argila. Edubba foi um dos primeiros
centros acadêmicos e um dos primeiros receptáculos de sabedoria de que se tem
conhecimento.

A compreensão dos textos sumérios hoje em dia pode ser problemática até mesmo
para especialistas. Os textos mais antigos são os mais difíceis, pois não mostram a
estrutura gramatical da língua de forma sólida.

 Legado
Os sumérios talvez sejam mais lembrados devido às suas muitas invenções. Muitas
autoridades lhes dão crédito pelas invenções da roda e do torno de oleiro. Seu sistema
de escrita cuneiforme foi o primeiro sistema de escrita de que se tem evidência, pré-
datando os hieróglifos egípcios em pelo menos 75 anos. Os sumérios estavam entre os
primeiros astrônomos, possuindo a primeira visão heliocêntrica de que se tem
conhecimento (a próxima apareceria por volta de 1.500 a.C. por parte dos Vedas na
34

Índia). Afirmavam também que sistema solar constituía-se de 5 planetas (apenas 5


planetas podiam ser vistos a olho nu).

Desenvolveram também conceitos matemáticos usando sistemas numéricos


baseados em 6 e 10. Através desse sistema, inventaram o relógio com 60 segundos, 60
minutos e 12 horas, além do calendário de 12 meses que usamos atualmente. Também
construíram sistemas legais e administrativos com cortes judiciais, prisões e as
primeiras cidades-estados. A invenção da escrita possibilitou aos sumérios o
armazenamento do conhecimento e a possibilidade de transferi-lo a outros. Isso levou à
criação de escolas, à educação e oficialização da matemática, religião, burocracia,
divisão de trabalho e sistema de classes sociais.

Também os sumérios inventaram a carroça e, possivelmente, as formações militares.


Inventaram a cerveja. O mais importante de tudo, talvez, seja o fato de que, de acordo
com muitos acadêmicos, os sumérios foram os primeiros a domesticar tanto plantas
como animais. No caso do primeiro termo, através de plantações sistemáticas e da
colheita de uma descendência de grama mutante, conhecida atualmente como einkorn, e
de sementes de milho e de trigo. Com relação ao segundo termo (i. é, os animais), os
sumérios os domesticaram através do confinamento e da procriação de carneiros
ancestrais (similares à cabra montês e ao gado selvagem (búfalos)). Foi a primeira vez
que essas espécies foram cultivadas e criadas em larga escala.

Essas invenções e inovações facilmente colocam os sumérios entre uma das culturas
mais criativas de toda a pré-história, e mesmo da história.
35
36

Antigas civilizações: os hicsos

Os semitas vindos do ocidente, havendo estabelecido uma colônia comercial em


Avaris, no braço leste do Nilo, continuaram a prosperar durante o reinado da 13ª
dinastia e da 14ª dinastia paralela no delta a oeste, mas o caos estabelecido no final da
linhagem anterior de governantes deu aos semitas ocidentais, possivelmente reforçados
por forças siro-palestinas, a oportunidade de fundar seu próprio reino com Avaris como
a nova capital. Esse foi o início da 15ª dinastia cujos vassalos egípcios do Egito Central
e Baixo Egito são reconhecidos como a 16ª dinastia. Uma dinastia rival, a 17ª, obteve o
controle de No-Amon (Tebas) no Alto Egito.

Alguns reis da 15ª dinastia continuaram a usar seus nomes semitas. Os egípcios
continuaram a chamá-los de “governantes estrangeiros”, devido à sua origem levantina.
A influência desses reis “hicsos” chegou pelo menos até a cordilheira do Carmelo,
desde que camafeus dos seus reis e de numerosos oficiais da corte foram encontrados
nas cidades cananitas em todo o sul da Palestina. Objetos com os nomes dos reis hicsos
foram também encontrados por toda parte no Oriente Próximo da Antiguidade.

A maior e aparentemente a mais próspera cidade de Canaã na época era Hazor. É a


única cidade mencionada nos vastos arquivos da cidade amorréia de Mari no médio
Eufrates (destruída finalmente pelo rei Hamurabi da Babilônia).

Os reis hicsos foram expulsos do delta do Egito por Amósis I, fundador da 18ª
dinastia em Tebas. O único testemunho de captura de Avaris, capital dos hicsos, e o
cerco subseqüente de Saram / Sarom (possivelmente equipara-se com Sharuhen, lugar
que a Bíblia chama de corrupto) na terra de Reteno (Canaã) é a inscrição na tumba de
Amósis, filho de Ébem. Ele relata que a guerra contra Saram / Sarom durou três anos. A
cidade avançada dos hicsos talvez ficasse em algum ponto próximo ou logo além de
Gaza. Não se sabe quantas outras campanhas foram conduzidas por Amósis I e seu
sucessor Amenotepe, mas o mesmo soldado, Amósis, filho de Ébem, conta como ele
acompanhou Tutmósis I numa campanha em Naarina (a Naarim bíblica), na região do
alto Eufrates. Ele atacou ali o principal governante antes que este reunisse as suas
forças. Tutmósis III encontrou mais tarde uma Estela deixada por Tutmósis I do lado
leste do Eufrates. A partir desses testemunhos, é óbvio que os egípcios já tinham obtido
o controle do sul do Levante, caso contrário, não poderiam ter-se movido tão facilmente
para o norte.

Enquanto os hicsos estavam sendo expulsos, os hurrianos estabeleciam um império


próprio ao norte da Síria e da Mesopotâmia. Eles se aproveitaram de uma campanha
relâmpago conduzida por um rei hitita, Mursilis I, que destruiu Alepo e penetrou até a
Babilônia, onde deu fim à dinastia de Hamurabi e seus antecessores. Os hurrianos
37

podiam agora expandir o seu reino, chamado Mitani, a partir da sua capital Washukanni
(possivelmente Tell el-Fakheriyeh).

Os hurrianos eram um povo não-semita da região central do Cáucaso. Eles haviam


tido contato com os indo-arianos, de quem adotaram certas características religiosas e
culturais, tais como a criação de cavalos para uso nos carros de guerra. O carro de
guerra tornou-se a plataforma de fogo móvel e padrão para atirar flechas nos flancos da
infantaria inimiga e perseguir um adversário em fuga. Ele era demasiado leve e indefeso
para ser usado num ataque frontal.

Através de todo o restante do século XVI e a maior parte do século XV a.C., a


história do Levante é principalmente a descrição de um conflito violento entre Mitani e
o Egito pelo controle da Síria e da Palestina.
38

A migração de Abraão
(Gn 11.31-25.8). Em resposta ao chamamento divino Abraão partiu de:

o Ur
Sua cidade natal, rumo a Canaã, viagem que o conduziu por toda a extensão do
Fértil Crescente. O politeísmo prevalecia na cidade, mas por outro lado os
progressos realizados pela civilização naquela época foram notáveis. A arte de
escrever, por exemplo, havia sido cultivada muito antes de Abraão. Subiu o curso do
Eufrates, acompanhado de grande número de sua parentela até:

o Harã
Destacou-se esta cidade por ter sido santuário da Lua e também grande centro
comercial da Mesopotâmia, situada num dos afluentes setentrionais do Eufrates.
Depois da morte de Terá, Abraão partiu de novo para Canaã. Depois da breve
parada, foi para

o Damasco
Possivelmente a cidade mais antiga do mundo. Constituiu provavelmente o
primeiro lugar onde fez uma pausa em sua viagem para o sul. Era o ponto de
encontro de várias rotas de caravanas que conduziam à Arábia, ao Egito, ao
Mediterrâneo e a Babilônia. Depois estacionou em:

o Betel
Situada a oeste de Ai, na linha fronteiriça entre Benjamim e Efraim. Chamava-se
Luz pelos cananeus, porém, Jacó mudou seu nome para Betel, por motivo da visão
que teve nesse lugar.
39

Império Egípcio
Geografia do Egito Antigo

Seria impossível imaginar o Egito sem o rio Nilo. Olhando o mapa, constatamos ser
este país um verdadeiro oásis em meio a uma região desértica. A área povoada tinha um
comprimento superior à largura abrangendo 30.000 km2 de área cultivável.

Sua população era de 7.000.000 de pessoas, um verdadeiro “formigueiro humano”


formado por uma mescla de grupos étnicos, pois o Egito e um ponto de confluência
entre os mundos mediterrâneo, asiático e africano.

 A formação do estado egípcio


Por volta de 3.300 a.C., as chuvas na região diminuíram, levando a população a s
aproximar cada vez mais do vale do Nilo. Durante a época das cheias (julho a outubro)
o rio depositava em suas margens uma lama fértil, onde eram plantados cereais e
hortaliças durante a vazante (novembro a junho). A necessidade de construção de canais
para irrigação e barragens para armazenar água perto das plantações foi responsável,
segundo estudiosos, pelo aparecimento de um Estado centralizado.

O chefe de Estado era um rei conhecido como faraó, proprietário nominal de todas
as terras. O faraó era considerado um verdadeiro deus, por isso dizemos que o Egito é
uma teocracia. Os camponeses tinham que produzir um excedente, entregue aos fiscais
do faraó. Parte dessa riqueza servia ao sustento da família real, de um vasto corpo de
funcionários burocráticos e dos militares. O resto era destinado a financiar obras de
drenagem e irrigação e uma parte da produção era armazenada para as épocas de baixas
colheitas. Os camponeses não eram escravos, pois viviam em comunidades, produziam
alimentos e construíam suas moradias. Recebiam também uma certa ajuda do Estado em
momentos de calamidade pública. A esta forma de produção alguns historiadores deram
o nome de Modo de Produção Asiático.

 A Sociedade e a economia
A atividade mais importante na sociedade egípcia era a agricultura. O tempo
disponível nos períodos de entressafra era absorvido na construção de monumentos,
pirâmides, templos, sepulcros, no artesanato e em obras de irrigação. Além dos produtos
agrícolas, os egípcios complementavam sua alimentação com a pesca e a caça.
Fabricavam vinho de uva e tâmara, pão e cerveja de trigo e cevada. Com o papiro
faziam cordas, redes, barcos e o famoso tecido para escrever.

A agricultura adotava uma técnica bastante simples, utilizando os animais para a


semeadura em terrenos moles e a enxada e o arado em terrenos mais duros (esses dois
instrumentos eram feitos em madeira e sílex). O Egito demorou muitos séculos para
substituir a madeira e a pedra pelo bronze; por essa razão seu desenvolvimento técnico
foi mais lento que o da Mesopotâmia.
40

A sociedade egípcia pode ser comparada à construção que mais popularizou sua
cultura: a pirâmide. No vértice estava o faraó, depois vinha a alta burocracia (altos
funcionários, sacerdotes e altos militares) e, na base, os trabalhadores em geral
(camponeses, artesãos e uns poucos escravos).

 A história política do Egito


A história política do Egito antigo é tradicionalmente dividida em 3 grandes
períodos: Antigo Império, Médio Império e Novo Império. Além desses três grandes
períodos, temos o Pré-Dinástico (período de formação do Estado), e dois períodos
intermediários, que ocorreram entre o Antigo e o Médio Império e entre o Médio e o
Novo Império.

Por volta do IV milênio, os egípcios estavam organizados em nomos : pequenos


Estados que tinham um chefe independente da autoridade central. A unificação dos
nomos teria ocorrido por volta de 3.000 a.C., período em que se consolidava uma
economia agrícola, a escrita evoluía e a técnica com metais (cobre e ouro), cerâmica e
tecelagem avançava. Começava assim o período conhecido como Antigo Império.

 O Antigo Império ou Reino Antigo (2.780 a 2.200 a.C.)


O primeiro rei do Antigo Império foi Djoser, que estabeleceu sua capital em Mênfis.
Esse período ficou conhecido como época das pirâmides, pois foi sob Djoser que se
iniciou a construção da primeira pirâmide de degraus de Sakkara. E depois, na 4ª.
Dinastia, foram construídas as famosas pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos.

Durante a 5ª. Dinastia, o culto ao deus Hórus e ao deus Sol (Rá), que se
identificavam com o próprio faraó, aumentou ainda mais seu poder absoluto.

 O primeiro Período Intermediário (2.134 a 2.065 a.C.)


No final da 6ª. Dinastia, os nomos começaram a se tornar independentes, levando o
poder dos faraós à fragmentação. As colheitas desse período também foram
insuficientes, o que aumentou o descontentamento com relação ao faraó.

O Egito voltou a ser dividido em pelo menos dois reinos : o do Alto e o do Baixo
Egito. A reunificação foi feita pelo faraó Mentuhotep, por volta de 2.060 a.C.

 O Médio Império (2.065 a 1.785 a.C.)


A partir da 12ª. Dinastia, o Egito alcançou o período mais glorioso da sua história. A
estabilidade interna coincidiu com o aumento de sua influência no exterior, e as
fronteiras do país se ampliaram.

A nível político surgiu uma nova modalidade sucessória : o faraó dividia o trono
com seu filho, para garantir a sucessão ainda em vida. O cargo de nomarca (autoridade
provincial dos nomos) foi suprimido. O poder central controlava rigorosamente o país :
faziam-se recenseamentos para aferir o número de homens, cabeças de gado e terras
aráveis, podendo assim serem fixados os impostos.
41

A invasão de povos asiáticos pelo delta do Nilo, entretanto corroeu a autoridade


central, iniciando nova divisão do poder.

 O segundo Período Intermediário (1.785 a 1.580 a.C.)


Povos da Ásia, chamados pelos egípcios de Hicsos, estabeleceram-se no delta do
Nilo, fixaram sua cidade em Ávaris e a partir dali foram conquistando o resto do país.

O Egito voltou a ficar dividido. Foi Kamés, chefe militar de Tebas, que iniciou a
luta contra os invasores, e Amósis, seu sucessor, que conseguiu derrota-los
definitivamente, tomando Ávaris.

Os Hicsos deixaram para os egípcios importantes contribuições :

o O uso do cavalo;
o O carro de guerra;
o Tear vertical para fabricar tecidos;
o Introdução do gado zebu na pecuária;
o E, principalmente, introduziram a fundição em bronze.

 O Novo Império (1.580 a 1.200 a.C.)


O Novo Império significou para o Egito um período brilhante, mas sem a grandeza
anterior.

Amósis iniciou a 18ª. Dinastia com a expulsão dos Hicsos e aumentou o poder dos
sacerdotes do templo do deus Amom. Tutmés III dominou o reino de Mitani, tendo-se
efetivado o militarismo no Egito com a formação de um exército permanente.

Desde o início do Novo Império os sacerdotes de Amom vinham aumentando seu


poder. Alguns faraós sentiram nisso uma ameaça ao poder real. Quando o trono foi
ocupado por Amenófis IV, o culto a Amon foi suprimido, uma nova capital foi
instituída e uma nova religião foi criada (adoração ao disco solar, Aton); o faraó mudou
seu nome para Akhenaton – filho do sol – e era adorado como o próprio sol.

Com a morte de Akhenaton, os sacerdotes recuperaram o poder e restauraram o


culto ao deus Amon. O sucessor de Akhenaton, Tutankamon, governou por pouco
tempo, e após sua morte o poder foi tomado por Horemheb, general que se vinha
destacando na luta contra os hititas que tentavam invadir o país. Os sacerdotes de Amon
legitimaram o novo faraó.

A partir daí instituiu-se uma nova dinastia, descendente de militares. Ramsés I,


sucessor de Horemheb, era também oficial e se destacara na luta contra os hititas. No
reinado do faraó seguinte, Ramsés II, o surgimento do império assírio como inimigo
comum levou o Egito e o império hitita a assinarem o que podemos chamar de o
primeiro tratado internacional de cooperação. Para selar a aliança, Ramsés II casou-se
com ma princesa hitita.
42

Após o reinado de Ramsés II, o Egito entrou em franca decadência. A freqüente


ocorrência de movimentos sociais, bem como as constantes invasões e o aumento da
fome e da miséria levaram o país à dominação completa pelos assírios. Isso se deu em
666 a.C., sob o comando de Assurbanipal.

Em 653 a.C. os assírios foram expulsos e iniciou-se o chamado Renascimento Saíta,


uma efêmera restauração do poder central. Mas a formação e o crescimento de uma
nova força ameaçava o Egito : o império persa, que avançava em várias direções.

Apesar das alianças com Esparta e outras cidades gregas, o Egito foi dominado pelo
soberano persa Cambises, depois da batalha de Pelusa.

No ano 404 a.C., o Egito conseguiu sua independência, sendo novamente tomado
pelos persas em 343 a.C. Esse domínio durou até 332 a.C., quando Pérsia e Egito foram
dominados por Alexandre Magno. O Egito passou a ser um importante domínio d
império alexandrino.

 A cultura e a religião
Os egípcios possuíam um pensamento empírico, ou seja, pensavam a partir de
experiências anteriores, do acúmulo de exemplos. Eram conservadores, conformistas e
profundamente místicos: acreditavam que o mundo tinha sido governado por deuses em
tempos mais remotos e que o monarca passou a exercer esse governo por ser a
encarnação dos deuses na terra.

A cultura era privilégio das altas camadas e as letras eram ligadas ao Estado
faraônico. Os escribas, por exemplo, auxiliavam a formação do governo com seus
conhecimentos.

Havia vários deuses para cada localidade, ligados a animais ou fetiches de


antepassados tribais. Com a evolução da cultura egípcia, esses deuses foram tomando
forma humana (antropomorfia). Todos os deuses reinavam simultaneamente, mas
alguns acabaram por se impor sucessivamente – Rá, Ptah, Amon -, demonstrando o
poder dos sacerdotes de cada região.

Para o egípcio antigo a morte tinha um especial interesse. Havia uma crença
absoluta no renascer, daí a necessidade de preservação do cadáver e o desenvolvimento
da técnica da mumificação.

A Astronomia e a Matemática tinham por finalidade a previsão das cheias e das


vazantes do Nilo, o que auxiliava as colheitas. Fizeram um mapa do céu e identificaram
as principais estrelas. Faziam as operações matemáticas de soma, subtração e divisão e
desenvolveram o sistema decimal, mesmo sem conhecerem o zero. Tinham jogos que
perduram até nossos dias, como o xadrez.

A Medicina egípcia desenvolveu-se graças à prática da mumificação. Com o


conhecimento da anatomia humana surgiu a especialização: havia especialistas em
43

olhos, estômago e cirurgiões. Os egípcios também conheciam as ervas medicinais e


compilaram a primeira farmacopéia que se conhece. Vale ressaltar, no entanto, que a
Medicina egípcia era profundamente impregnada de religiosidade, magia e superstição.

A arte egípcia tinha finalidade religiosa e funerária. As maiores manifestações


artísticas dessa cultura se concentraram na arquitetura: as pirâmides, com sua solidez,
construídas com material imperecível, de gigantescas proporções, difundiam a idéia
necessária aos faraós de perpetuidade, poder e força.

Grade parte do conhecimento que hoje temos da civilização egípcia deve-se a


Champolion, que decifrou a escrita hieroglífica no século XIX. Essa forma de escrita
desenvolveu-se no período Pré-Dinástico e foi-se aperfeiçoando paulatinamente. Nela
encontramos sinais que representam a fauna e a flora do rio Nilo, bem como
instrumentos utilizados pelos egípcios, o que nos leva a crer que era uma escrita nascida
no próprio país, isto é, autóctone. Havia também dois outros tipos de escrita: a hierática
(escrita mais simples), derivada da hieroglífica, para textos mais correntes, e a demótica,
ainda mais simples, de caráter popular.
44

BIBLIOGRAFIA:

AHARONI, Yohanan. Atlas Bíblico, Rio de Janeiro : CPAD, 1999.

MONEY, Netta Kemp. Geografia Histórica do Mundo Bíblico, São Paulo :


Editora Vida, 2003.

BUCKLAND. Dicionário Bíblico Universal, São Paulo : Editora Vida, 2000.

TOGNINI, Enéas. Geografia da Terra Santa, São Paulo : Edição Louvores do


Coração, 1987.

PRICE, Randall. Pedras que Clamam, Rio de Janeiro : CPAD, 2004.

ELWELL, Walter A. Manual Bíblico do Estudante, Rio de Janeiro : CPAD,


1997.

WIKIPEDIA, Enciclopédia. www.wikipedia.com.br

PEDRO, Antônio. História Geral, São Paulo : Editora FTD, 1988.

SHEDD, Russell P. Bíblia Vida Nova, São Paulo : Edições Vida Nova e SBB,
1995.

Bíblia Sagrada – Nova Versão internacional, São Paulo : Editora Vida, 2000.

Almanaque Abril – Edição 2008

Você também pode gostar