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Livro - Clamper - 2° Ed

O livro 'Proteção de equipamentos elétricos e eletroeletrônicos contra surtos elétricos em instalações' é uma obra revisada e ampliada que aborda a proteção contra surtos elétricos, incluindo novas aplicações e métodos de ensaio. Escrito por um time de especialistas em engenharia elétrica, o texto serve como uma referência técnica para profissionais da área. A obra enfatiza a importância de seguir normas técnicas e apresenta boas práticas para a instalação de dispositivos de proteção.

Enviado por

RicardoNubiato
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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Livro - Clamper - 2° Ed

O livro 'Proteção de equipamentos elétricos e eletroeletrônicos contra surtos elétricos em instalações' é uma obra revisada e ampliada que aborda a proteção contra surtos elétricos, incluindo novas aplicações e métodos de ensaio. Escrito por um time de especialistas em engenharia elétrica, o texto serve como uma referência técnica para profissionais da área. A obra enfatiza a importância de seguir normas técnicas e apresenta boas práticas para a instalação de dispositivos de proteção.

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José Osvaldo Saldanha Paulino

Célio Fonseca Barbosa


Ronaldo Kascher Moreira
Wagner Almeida Barbosa
Marcelo Augusto Freire Lobo
Ailton Ricaldoni Lobo

2ª Edição
Lagoa Santa - MG
Editora CLAMPER
2024
Editora CLAMPER
Proteção de equipamentos elétricos e eletroeletrônicos contra surtos elétricos em instalações

Projeto Gráfico e diagramação:


Jefferson Barbosa e HLD Studio

Revisão:
Versão Final

Capa: Mariana Aramuni / Desenhos: J.O.S. Paulino e Rafael Sola / Impressão: Gráfica Formato

Catalogação na fonte:

Proteção de equipamentos elétricos e eletrônicos


contra surtos elétricos em instalações
[livro eletrônico] / José Osvaldo Saldanha Paulino...[et al.]. -- 2. ed. --
Belo Horizonte, MG : Clamper, 2024.
PDF

Outros autores: Célio Fonseca Barbosa, Ronaldo Kascher Moreira, Wagner Almeida
Barbosa, Marcelo Augusto Freire Lobo, Ailton Ricaldoni Lobo.
Bibliografia.
ISBN 978-85-93065-01-9
1. Circuitos elétricos 2. Descargas elétricas
3. Engenharia elétrica 4. Equipamentos elétricos 5. Geradores elétricos 6. Medidores
elétricos 7. Raios I. Paulino, José Osvaldo Saldanha
II. Barbosa, Célio Fonseca. III. Moreira, Ronaldo Kascher. IV. Barbosa, Wagner Almeida. V.
Lobo, Marcelo Augusto Freire. VI. Lobo, Ailton Ricaldoni.

24-234247 CDD-621.3192

Todos os direitos reservados à CLAMPER

Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por nenhum meio sem a autorização prévia por escrito da Editora
(CLAMPER.com.br)

Limitação de responsabilidade, isenção de responsabilidade: a editora e os autores empreenderam os seus melhores


esforços na preparação deste livro. O objetivo deste trabalho é trazer informações e oferecer recomendações e
estratégias de caráter genérico. Em situações específicas, é necessária a consulta e a aplicação de procedimentos
previstos em normas técnicas com o devido acompanhamento feito por profissionais habilitados.
__________________________________________________________________________________________________________________

Biografia dos Autores

José Osvaldo Saldanha Paulino é Doutor em Engenharia Elétrica, Professor Titular aposentado do Departamento
de Engenharia Elétrica e Professor Emérito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Célio Fonseca Barbosa (in memoriam) era Doutor em Engenharia Elétrica e pesquisador da Fundação CPqD.
Ronaldo Kascher Moreira é Doutor em Engenharia Elétrica, professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais e empresário.
Wagner Almeida Barbosa é Engenheiro Eletricista, MBA em Gestão de Empresas e Negócios, membro do comitê
IEC TC37/SC37A – Proteção contra surtos elétricos e coordenador da ABNT CE037.001 – Comissão para estudo de
dispositivos de proteção contra surtos elétricos em baixa tensão e COO da CLAMPER.
Marcelo Augusto Freire Lobo é Engenheiro Eletricista, MBA em Gestão de
Empresas e Negócios e CEO da CLAMPER.
Ailton Ricaldoni Lobo é Engenheiro Eletricista. Iniciou como Pesquisador no Dep. de Eletrônica do Centro Técnico
Aeroespacial. Trabalhou na CEMIG de 1976 a 1996, chegando ao cargo de gerente da Área de Desenvolvimento
Energético. É Diretor da ACMinas, ABINEE Nacional, ex-Diretor da ABINEE Regional MG, ex-Coordenador do CE C6
do CIGRÉ-Brasil (Geração Distribuída e Energia Renovável), Presidente do Conselho Técnico Consultivo do CIT/
SENAI, membro das Câmaras da Indústria da Defesa e Segurança; e Industria de Energia Petróleo e Gás, ambas da
FIEMG. Fundador da CLAMPER Indústria e Comércio S/A, Presidente do Conselho e sócio da Nanum Nanotecnologia
S.A, além de participar do Desenvolvimento de Projetos de Geração Eólica e Solar Fotovoltaico, principalmente no
Estado de Minas Gerais.
HOMENAGEM
Dr. Célio Fonseca Barbosa foi um ilustre engenheiro brasileiro que
infelizmente faleceu antes da publicação da segunda edição desse livro.

Célio nasceu em Nova Lima, Minas Gerais e faleceu em Campinas, São


Paulo, era casado e teve dois filhos.

Fez graduação, mestrado e doutorado em Engenharia Elétrica na UFMG.


Trabalhou como engenheiro no Laboratório de Extra Alta Tensão da
UFMG de 1984 a 1985, trabalhou de 1984 a 1998 na Telecomunicações
Brasileiras SA (Telebrás), onde exerceu diversas funções gerenciais.
Trabalhou de 1998 a 2017 como pesquisador da Fundação Centro
de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), onde
desenvolveu projetos de pesquisa aplicada. Atuou de 2000 a 2012
como Relator para proteção contra descargas atmosféricas da União
Internacional de Telecomunicações (UIT-T SG5) e de 2013 a 2016 como
Chairman do SG5 WP1 (Prevenção de danos elétricos e segurança). De
2019 a 2022 foi Pós-Doutor Residente no Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da UFMG e a partir 2018 atuou como consultor.

Célio publicou mais de cem artigos técnicos e científicos e possuía vinte


e duas patentes em seu nome. Participou da elaboração de normas
técnicas nacionais e internacionais e ministrou cursos e palestras em
todo o Brasil e também no exterior.

Suas áreas de trabalho eram variadas, passando por sistemas de energia


e de telecomunicação, com grande ênfase na proteção contra descargas
atmosféricas e sistemas de aterramento. Em seu trabalho de doutorado
apresentou uma modelagem inédita para o cálculo de tensões induzidas
por descargas atmosférica em redes elétricas e de telecomunicação
considerando os efeitos da resistividade do solo. Sua tese foi agraciada
com menção honrosa no prêmio UFMG de Teses e também no prêmio
CAPES de Teses.

Célio era uma pessoa culta, inteligente, cordada e um grande


companheiro. Ele deixou sua marca por onde passou e cativou as
pessoas com quem conviveu.

Célio nos deixou precocemente e a comunidade científica nacional e


internacional perdeu um grande pesquisador.

Nós, coautores dele nesse livro, gostaríamos de deixar uma palavra de


agradecimento por suas contribuições e pelos anos de boa convivência
que tivemos o prazer de ter.
AGRADECIMENTOS
É essencial expressar profunda gratidão e reconhecer o dedicado
envolvimento de todos os que tiveram um papel na realização
deste livro. Gostaríamos de estender um agradecimento especial
aos profissionais dos setores de Engenharia de Aplicação,
Pesquisa e Desenvolvimento (Laboratório) e Marketing da
CLAMPER.

O compartilhamento generoso de conhecimento por parte do


corpo técnico da CLAMPER foi essencial. A todos, nosso sincero
agradecimento por tornarem este projeto uma realidade.
PREFÁCIO
A partir da percepção de que existia uma carência de informações
técnicas e recomendações acerca da proteção contra surtos
elétricos em equipamentos eletroeletrônicos e instalações, a
CLAMPER, em 2016, juntamente com seus técnicos, engenheiros,
pesquisadores e professores ligados ao meio acadêmico lançou a
primeira edição desta obra que foi muito bem recebida e passou
a ser referência na academia bem como no meio técnico entre
engenheiros, técnicos e instaladores.

A segunda edição traz, além de uma revisão cuidadosa nos


textos, novos capítulos que incluem, a partir da experiência
de campo da CLAMPER, novas aplicações de dispositivos de
proteção contra surtos- DPS para a proteção de sistemas de
recarga para veículos elétricos, automação incluindo indústria
4.0, dentre outros.

Foi adicionado ainda um capítulo totalmente dedicado aos


métodos de ensaios em dispositivos de proteção contra surtos
elétricos – DPS. Mais uma vez, com linguagem simples e direta,
são apresentados os vários tipos de geradores de tensão e de
corrente normalmente utilizados, bem como técnicas e boas
práticas para realização de ensaios de tipo e de rotina aos quais
os DPS devem ser submetidos para avaliação de performance
e segurança.

Sempre é bom relembrar que esta obra não substitui a


necessidade de consultar as normas técnicas, referenciadas por
capítulo no final do livro, para a execução de projetos. A obra
constitui uma importante ferramenta auxiliar para compreender
os fenômenos envolvidos, as normas aplicáveis, e as melhores
práticas para aplicação e instalação dos dispositivos de proteção
contra surtos elétricos – DPS.
INTRODUÇÃO

A CLAMPER é sinônimo de proteção para o O projeto de criação da CLAMPER foi gestado


mercado. Essa é a sua marca. Esta conquista é durante a construção de uma Estação de
fruto de uma busca incansável pela excelência Pesquisa de Raios da Companhia Energética
e por melhorar a vida das pessoas. A empresa de Minas Gerais (CEMIG) na década de 80.
é hoje reconhecida pelo mercado como líder Trabalhei na estatal por 20 anos e fui um
na pesquisa, desenvolvimento e fabricação dos responsáveis pela implantação dessa
de Dispositivos de Proteção contra Surtos estação localizada na Serra do Cachimbo,
Elétricos (DPS) para os diversos segmentos Região Metropolitana de Belo Horizonte.
do mercado nacional e internacional.
A filosofia de vida e a prática empresarial que
O nome “CLAMPER” tem origem na principal desenvolvemos nos ensinam que o sucesso
função dos nossos produtos que é de depende, exclusivamente, de boas escolhas
limitar os surtos elétricos a níveis seguros, e decisões. Portanto, uma vez que influencia
garantindo a integridade e longevidade dos e direciona o futuro do negócio, a tomada de
equipamentos. decisão pode ser tanto para o sucesso quanto
para o insucesso.
Acreditamos que um bom começo para uma
empresa esteja na escolha de um nome que Mais ainda; além do sucesso, as escolhas
transmita seus objetivos, metas e propósitos, definem a qualidade de vida, a alegria, a
tornando-se uma marca. felicidade e a prosperidade.

A condução da empresa foi sempre pautada O mundo empresarial exige de quem toma a
pela observância de dois princípios decisão de implantar e dirigir uma empresa,
fundamentais; ética e qualidade. Esses são os a exemplo da CLAMPER, algumas qualidades
pilares de uma produção de excelência, além fundamentais: conhecimento, determinação,
de serem propulsores da marca “CLAMPER”. confiança, coragem, visão de longo prazo,
ideias inovadoras e “ESPÍRITO PÚBLICO”.
O nosso lema é Generosidade Foi a partir desse conjunto de atributos e da
gera Prosperidade. colaboração de pessoas que acreditaram na
proposta que colocamos em prática a ideia
Nessa empreitada, tivemos as participações acalentada, por muito tempo, de encarar o
fundamentais de sócios, colaboradores, desafio e criar a CLAMPER em 1991.
clientes, fornecedores e parceiros de diversos
setores, que ajudaram a escrever esta Na ocasião, percebemos uma grande
história de sucesso. oportunidade de oferecer ao mercado
um produto de extrema importância e A missão inovadora da empresa levou
necessidade, principalmente por ser o Brasil a CLAMPER a adquirir uma empresa
o país com a maior incidência de raios no
de nanotecnologia na incubadora da
mundo.
Universidade Federal de Minas Gerais
As atividades da CLAMPER foram iniciadas, (UFMG) em 2008. O objetivo principal era
exclusivamente, com projetos customizados desenvolver componentes utilizados nos
para atender a demandas específicas. Não protetores, com melhor desempenho e
havia, até então, produtos de prateleira
menor custo, a partir do desenvolvimento
padronizados. Com muito empenho e
dedicação da equipe, em 1998 lançamos de materiais nanoestruturados. Contudo, ao
o VCL, desenvolvido para instalação nos mirar em um alvo, a empresa acertou em
quadros de distribuição de energia de todo cheio em outro, tornando-se produtora de
tipo de instalação: residencial, comercial, e uma tinta magnética nanoestruturada para
industrial.
aplicação em impressoras de jato de tinta.
Naquele momento a empresa ganhou
grande destaque e passou a ser conhecida Um dos grandes desafios da empresa está
mais amplamente pelo mercado. Mesmo na escolha dos colaboradores. Costumamos
com esse direcionamento ao mercado mais
chamá-los de “cúmplices” (no bom sentido,
massificado, a empresa manteve e mantém
até hoje sua oferta de soluções customizadas. é óbvio) porque, graças ao comprometimento
e à dedicação de cada um, conseguimos
Apesar das várias crises econômicas pelas levar a CLAMPER até este patamar e vamos
quais o país passou, a condução da empresa continuar almejando chegar onde queremos
sempre valorizou o aprendizado com as
no futuro.
vicissitudes, estabelecendo novos rumos
e tomando novas decisões. Foi durante a
crise econômica de 2003 que decidimos, por Como otimista confesso que sou, mesmo
exemplo, expandir os negócios da empresa diante de dificuldades que às vezes
para além das nossas fronteiras. Foi então bambeiam as pernas, sempre tive confiança
que começamos a estruturar as atividades
de exportação. no que faço. A nossa inspiração profissional
vem de uma característica que os amigos
Participamos de missões da Federação mais próximos identificam em mim e gostam
das Indústrias do Estado de Minas de destacar: o espírito público. É importante
Gerais (FIEMG) para diversos países e
acreditar que devemos pensar global e agir
de feiras internacionais para entender o
funcionamento dos mercados lá fora e local.
divulgar nossa empresa. Evoluímos para
a abertura de uma empresa no México, a Por isso, tenho a crença de que a CLAMPER
CLAMPER México, com o objetivo de explorar seja fruto da coragem, do comprometimento,
a segunda maior economia da América
da dedicação e da competência dos nossos
Latina. Hoje, exportamos para mais de 15
países na América Latina, Europa, África “cúmplices”, colaboradores, clientes e
além dos Estados Unidos. fornecedores.

AILTON RICALDONI LOBO


Fundador
SUMÁRIO

ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................................................................................................... 20

TABELA DE SIMBOLOGIA....................................................................................................................................... 22

CAPÍTULO 1 - DESCARGAS ATMOSFÉRICAS..................................................................................................... 25

1.1 - A formação da descarga ....................................................................................................................................................25


1.2 - O número de descargas para a terra............................................................................................................................27
1.3 - A corrente da descarga atmosférica............................................................................................................................28
1.4 - Os riscos das descargas atmosféricas..........................................................................................................................31
1.5 - A proteção contra descargas atmosféricas................................................................................................................32
1.6 - Conclusões do capítulo.......................................................................................................................................................33

CAPÍTULO 2 - A NORMA BRASILEIRA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS


ATMOSFÉRICAS - CONCEITOS BÁSICOS E ANÁLISE DE RISCO.................................................................... 34

2.1 - Proteção de edificações - NBR 5419, Partes 1 e 3..................................................................................................35


2.1.1 - Princípios gerais................................................................................................................................................................35
2.1.2 - As correntes de descarga...............................................................................................................................................37
2.1.3 - Os níveis de proteção.......................................................................................................................................................39
2.1.4 - O SPDA externo..................................................................................................................................................................42
2.1.5 - As zonas de proteção.......................................................................................................................................................44

2.2 - Análise de riscos e de danos às instalações eletroeletrônicas internas ................................................46


2.2.1 - Danos causados por descarga atmosférica direta na estrutura (Fonte S1).............................................46
2.2.2 - Danos causados por descarga atmosférica próxima à estrutura (Fonte S2)...........................................51
2.2.3 - Danos causados por descarga atmosférica na linha externa de alimentação ou de sinal
conectada com a instalação (Fonte S3) ........................................................................................................................54
2.2.4 - Danos causados por descarga atmosférica próxima à linha externa de alimentação ou de sinal
conectada com a instalação (Fonte S4).................................................................................................................................57

2.3 - Exemplos de aplicação ......................................................................................................................................................59


2.3.1 - Caso 1 - Estação de telecomunicações com torre de 100 metros................................................................60
2.3.2 - Caso 2 - Estrutura horizontalizada com grandes dimensões em planta...................................................61
2.3.3 - Caso 3 - Estrutura verticalizada de grandes dimensões..................................................................................63
2.3.4 - Caso 4 - Casa simples de um pavimento.................................................................................................................65

2.4 - Conclusões do capítulo.......................................................................................................................................................67

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 13


CAPÍTULO 3 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS EM LAÇOS INTERNOS E EM LINHAS QUE
ATENDEM A EDIFICAÇÕES..................................................................................................................................... 68

3.1 - Técnicas de Análise..............................................................................................................................................................68


3.1.1 - Domínio do Tempo vs Domínio da Frequência....................................................................................................68
3.1.2 - Laço vs Linha......................................................................................................................................................................68
3.1.3 - Campo Elétrico vs Campo Magnético.......................................................................................................................69

3.2 - Tensões e correntes induzidas em laços internos de edificações....................................................................70


3.2.1 - Aspectos Qualitativos .....................................................................................................................................................71
3.2.2 - Tensão induzida em um laço aberto.........................................................................................................................73
3.2.3 - Corrente induzida em um laço em curto-circuito...............................................................................................75
3.2.4 - Tensão e corrente induzidas em um laço com carga.........................................................................................76
3.2.5 - Metodologia da NBR 5419-4........................................................................................................................................81

3.3 - Tensões e correntes induzidas em linhas que atendem a edificações...........................................................82


3.3.1 - Os campos indutores.......................................................................................................................................................83
3.3.2 - Tensões e correntes induzidas em linhas aéreas................................................................................................85
3.3.3 - Tensões e correntes induzidas em condutores enterrados ...........................................................................88
3.3.4 - Tensões e correntes induzidas em cabos blindados ........................................................................................90
3.3.5 - Surtos esperados no interior de edificações.........................................................................................................90
3.3.5.1 - Estimativa de surtos em linhas de baixa-tensão..............................................................................................91
3.3.5.2 - Estimativas de surtos em linhas de telecomunicações.................................................................................93

3.4 - Conclusões do capítulo......................................................................................................................................................96

CAPÍTULO 4 - ATERRAMENTO, EQUALIZAÇÃO DE POTENCIAIS E ISOLAMENTO ................................ 98

4.1 - Aterramento de Sistemas Elétricos...............................................................................................................................98


4.1.1 - Aterramento para a Segurança Pessoal...................................................................................................................98
4.1.2 - Aterramento do Neutro de Transformadores....................................................................................................101
4.1.3 - Configurações de Aterramento Conforme a NBR 5410.................................................................................103

4.2 - Aterramento para Proteção contra Descargas Atmosféricas..........................................................................107


4.2.1 - Prescrições da NBR 5419...........................................................................................................................................107
4.2.2 - Impedância de aterramento......................................................................................................................................110

4.3 - Equalização de Potenciais..............................................................................................................................................114


4.3.1 - Equalizações no Exterior de Edificações.............................................................................................................115
4.3.2 - Equalizações no Interior de Edificações..............................................................................................................119
4.3.3 - Aterramento das Blindagens de Cabos que Interligam Edificações.........................................................123

4.4 - Isolamento...........................................................................................................................................................................125
4.4.1 - Isolamento entre Partes Internas e o SPDA........................................................................................................125
4.4.2 - Interfaces de isolamento.............................................................................................................................................127

4.5 - Conclusões do Capítulo...................................................................................................................................................129

14 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CAPÍTULO 5 - BLINDAGEM DA EDIFICAÇÃO, CABOS BLINDADOS E REDUÇÃO DE LAÇOS...............130

5.1 - Conceitos básicos de blindagem eletromagnética...............................................................................................130

5.2 - Blindagem da edificação.................................................................................................................................................133


5.2.1 - Premissas consideradas..............................................................................................................................................133
5.2.2 - Descargas que atingem pontos próximos da edificação...............................................................................134
5.2.3 - Descargas que atingem diretamente a edificação............................................................................................136
5.2.4 - Volume seguro para a instalação de equipamentos........................................................................................140

5.3 - Uso de cabos blindados...................................................................................................................................................140


5.3.1 - Modo comum e modo diferencial............................................................................................................................140
5.3.2 - Impedância de transferência....................................................................................................................................141
5.3.3 - Terminações da blindagem........................................................................................................................................144

5.4 - Arranjo da fiação reduzindo laços..............................................................................................................................148

5.5 - Conclusões do capítulo....................................................................................................................................................149

CAPÍTULO 6 - CORRENTES QUE CIRCULAM NOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS


INSTALADOS NA EDIFICAÇÃO.............................................................................................................................150

6.1 - Descargas diretas que incidem na edificação (S1) .............................................................................................151


6.1.1 - Correntes nos DPS devido ao acoplamento resistivo.....................................................................................151
6.1.1.1 - Edificação alimentada por linha aérea de baixa-tensão............................................................................151
6.1.1.2 - Influência de tubulações metálicas enterradas.............................................................................................155
6.1.2 - Correntes nos DPS devido à indução nos cabos internos da edificação.................................................157

6.2 - Descargas próximas da edificação (S2)....................................................................................................................159

6.3 - Descargas diretas nas linhas que atendem à edificação (S3).........................................................................160

6.4 - Descargas próximas das linhas que atendem à edificação (S4)....................................................................163


6.4.1 - Correntes induzidas nos cabos da linha aérea de energia elétrica...........................................................164
6.4.2 - Correntes induzidas nos cabos aéreos blindados de telecomunicações................................................167
6.4.3 - Correntes induzidas nos cabos blindados enterrados que alimentam a edificação.........................169

6.5 - Síntese e análise dos valores calculados..................................................................................................................171

6.6 - Valores de correntes propostos nas NBR 5419 e NBR 5410...........................................................................172

6.7 - Conclusões do capítulo....................................................................................................................................................175

CAPÍTULO 7 - DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS (DPS).....................................................177

7. 1 - O que é e como funciona um DPS..............................................................................................................................177

7.2 - Componentes de um DPS..............................................................................................................................................180

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 15


7.2.1 - Centelhadores .................................................................................................................................................................181
7.2.2 - Varistores.........................................................................................................................................................................182
7.2.3 - Diodos.................................................................................................................................................................................183
7.2.4 - DPS híbrido ou combinado.......................................................................................................................................183
7.2.5 - Outras tecnologias de componentes de proteção............................................................................................184

7.3 - Principais parâmetros de um DPS..............................................................................................................................186


7.3.1 - Classes de DPS.................................................................................................................................................................186
7.3.2 - Tensão máxima de operação contínua (UC)........................................................................................................188
7.3.2.1 - Linhas de energia elétrica.......................................................................................................................................188
7.3.2.2 - Linhas de telecomunicações..................................................................................................................................189
7.3.3 - Tensão de proteção (Up)..............................................................................................................................................189
7.3.4 - Corrente impulsiva (Iimp).............................................................................................................................................190
7.3.5 - Corrente nominal (In)...................................................................................................................................................190
7.3.6 - Corrente máxima de descarga (Imáx)......................................................................................................................190
7.3.7 - Corrente subsequente que o DPS é capaz de interromper (Ifi) sem operar o desligador...............190
7.3.8 - Suportabilidade ao curto-circuito (Isccr)...............................................................................................................190

7.4 - Instalação de DPS .............................................................................................................................................................191


7.4.1 - Onde instalar um DPS .................................................................................................................................................191
7.4.2 - Como instalar um DPS.................................................................................................................................................192
7.4.2.1 - Comprimento dos cabos de conexão.................................................................................................................192
7.4.2.2 - Laço a jusante do DPS...............................................................................................................................................193
7.4.2.3 - Reflexão de onda.........................................................................................................................................................193
7.4.3 - Esquemas de instalação de DPS...............................................................................................................................195
7.5 - DPS Multiproteção............................................................................................................................................................196
7.6 - Conclusões do capítulo....................................................................................................................................................198

CAPÍTULO 8 - INSTALAÇÃO DE DPS EM EDIFICAÇÕES DE PEQUENO E MÉDIO PORTE....................200

8.1- Introdução.............................................................................................................................................................................200

8.2 - Os produtos CLAMPER....................................................................................................................................................201

8.3 - Uma casa................................................................................................................................................................................202


8.3.1 - Casa com sistema TN-C...............................................................................................................................................203
8.3.2 - Casa com sistema TN-S e sem SPDA externo.....................................................................................................206
8.3.3 - Casa com sistema TN-Se SPDA externo................................................................................................................207

8.4 - Um prédio de 20 andares...............................................................................................................................................209


8.4.1 - Proteção das instalações de baixa-tensão...........................................................................................................209
8.4.2 - Proteção das instalações de telecomunicações.................................................................................................212
8.4.3 - Proteção da antena de televisão..............................................................................................................................213

8.5 - Imagens de instalações típicas.....................................................................................................................................213

8.6 - Conclusões do capítulo....................................................................................................................................................213

16 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CAPÍTULO 9 - PROTEÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE BAIXA-TENSÃO, PLANTAS DE GERAÇÃO
FOTOVOLTAICA E EÓLICA....................................................................................................................................214

9.1 - Rede de distribuição de energia em baixa-tensão..............................................................................................214


9.1.1 - Transformadores............................................................................................................................................................215
9.1.1.1 - Surtos elétricos em transformadores................................................................................................................216
9.1.1.2 - Sistema monofásico com retorno por terra (MRT)......................................................................................218
9.1.2 - Proteção contra surtos em religadores.................................................................................................................219
9.1.3 - Proteção contra surtos em sistemas de medição centralizados (SMC)..................................................220
9.1.4 - Proteção contra surtos nas unidades consumidoras......................................................................................222

9.2 - Sistema de geração fotovoltaica..................................................................................................................................223


9.2.1 - Proteção contra surtos em sistemas de geração fotovoltaica.....................................................................223
9.2.1.1 - Instalação de painéis fotovoltaicos em edificação com SPDA externo isolado do SFV................226
9.2.1.2 - Instalação de painéis fotovoltaicos em estrutura com SPDA externo conectado aos painéis...226
9.2.1.3 - Planta de geração fotovoltaica de grande porte - usinas fotovoltaicas (UFV)..................................229
9.2.2 - - Proteção no lado CC do sistema de geração.....................................................................................................230
9.2.3 - Tipos de conexões para DPS......................................................................................................................................231
9.2.3.1 - Sistemas com os dois polos isolados..................................................................................................................231
9.2.3.2 - Sistemas com um dos polos aterrados..............................................................................................................232
9.2.4 - Caixa de junção (String Box/Combiner Box).....................................................................................................232

9.3 - Sistema de geração eólica..............................................................................................................................................235

9.4 - Conclusões do capítulo....................................................................................................................................................241

CAPÍTULO 10 - PROTEÇÃO PARA SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES, AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL E


SEGURANÇA ELETRÔNICA...................................................................................................................................242

10.1 - Requerimentos para proteção dos condutores de sinalização e telecomunicações..........................242


10.2 - Rede de telefonia fixa e de comunicação de dados usando pares metálicos.........................................245
10.2.1 - Prédio da Estação de telecomunicações ...........................................................................................................246
10.2.1.1 - Sistema de energia..................................................................................................................................................246
10.2.1.2 - Distribuidor geral....................................................................................................................................................247
10.2.2 - Armário óptico.............................................................................................................................................................248

10.3 - Estações de radiobase de telefonia móvel celular............................................................................................250


10.3.1 - Sistema de energia......................................................................................................................................................250
10.3.2 - Balizamento...................................................................................................................................................................251
10.3.3 - Cabos coaxiais e guias de onda conectados às antenas da torre............................................................252
10.3.4 - Linhas de telecomunicações...................................................................................................................................252

10.4 - Automação industrial....................................................................................................................................................252


10.4.1 - Controlador lógico programável (CLP)..............................................................................................................252
10.4.1.1 - Alimentação do CLP................................................................................................................................................253
10.4.1.2 - Entradas e saídas analógicas e digitais..........................................................................................................254
10.4.1.3 - Protocolos de comunicação.................................................................................................................................256

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10.4.2 - Inversores de frequência.........................................................................................................................................257
10.4.3 - Atuadores........................................................................................................................................................................258
10.4.4 - Sinalização remota......................................................................................................................................................260

10.5 - Segurança eletrônica.....................................................................................................................................................261


10.5.1 - Exemplos de aplicação..............................................................................................................................................263

10.6 - Conclusões do Capítulo................................................................................................................................................265

CAPÍTULO 11 - PROTEÇÃO DE SISTEMAS FERROVIÁRIOS, DUTOS DE ÓLEO E GÁS, VEÍCULOS


ELÉTRICOS E ILUMINAÇÃO LED.........................................................................................................................266

11.1 - Sistemas ferroviários....................................................................................................................................................................... 266


11.1.1 - Descrição dos sistemas de automação e sinalização ferroviários..........................................................266
11.1.2 - Linhas de energia........................................................................................................................................................268
11.1.3 - Sistemas de sinalização ferroviária.....................................................................................................................268
11.1.3.1 - Detector de descarrilamento (DD)...................................................................................................................269
11.1.3.2 - Circuito de via (CDV)..............................................................................................................................................270
11.1.3.3 - Máquina de chave....................................................................................................................................................271
11.1.3.4 - Sinaleiros.....................................................................................................................................................................272
11.1.3.5 - Instalação dos DPS nos abrigos que recebem os sinais da ferrovia...................................................273

11.2 - Dutos de óleo e gás.........................................................................................................................................................274


11.2.1 - Proteção catódica........................................................................................................................................................274
11.2.2 - Seleção de DPS para o retificador........................................................................................................................276
11.2.3 - Seleção de DPS para a junta isolante .................................................................................................................276
11.2.4 - Seleção de DPS para duto com indução de 60 Hz em regime permanente........................................278

11.3 - Proteção de veículos elétricos (VE) e estacões de recarga...........................................................................279


11.3.1 - Sistemas de recarga de veículos elétricos.........................................................................................................279
11.3.2 - Posicionamento e seleção de DPS para estações de recarga....................................................................281

11.4 - Sistemas de iluminação em LED...............................................................................................................................285


11.4.1 - Sistemas de iluminação pública de LED............................................................................................................285
11.4.1.1 - Proteção contra descargas atmosféricas indiretas...................................................................................285
11.4.1.2 - Proteção contra descargas atmosféricas diretas.......................................................................................287
11.4.2 - Sistema de iluminação interna de LED..............................................................................................................288
11.4.3 - Sobretensão temporária...........................................................................................................................................288
11.4.4 - Instalação e conexões................................................................................................................................................289

11.5 - Conclusões do capítulo.................................................................................................................................................290

CAPÍTULO 12 - MÉTODOS E ENSAIOS EM DPS..............................................................................................291

12.1 - Ensaios de DPS.................................................................................................................................................................291


12.2 - Geradores de surtos.......................................................................................................................................................291
12.2.1 - Gerador de corrente com forma de onda 10/350 μs...................................................................................293
12.2.2 - Gerador de corrente com forma de onda 8/20 μs.........................................................................................294

18 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


12.2.3 - Gerador de onda combinada 1,2/50 μs e 8/20 μs........................................................................................295
12.2.4 - Acoplamento e desacoplamento...........................................................................................................................296

12.3 - Medições.............................................................................................................................................................................297
12.3.1 - Medições realizadas com pontas de prova de tensão..................................................................................297
12.3.2 - Medições realizadas com transformadores de corrente............................................................................298

12.4 - Ensaios ................................................................................................................................................................................298


12.4.1 - Introdução......................................................................................................................................................................298
12.4.2 - Ensaios de tipo.............................................................................................................................................................298
12.4.3 - Ensaios de rotina.........................................................................................................................................................299
12.4.4 - Ensaios de aceitação / recebimento...................................................................................................................300

12.5 - Técnicas de medição e boas práticas......................................................................................................................300

12.6 - Laboratório CLAMPER..................................................................................................................................................302

12.7 - Conclusões deste capítulo...........................................................................................................................................302

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Capítulo 1........................................................................................................................................................................................303
Capítulo 2........................................................................................................................................................................................304
Capítulo 3........................................................................................................................................................................................304
Capítulo 4........................................................................................................................................................................................306
Capítulo 5........................................................................................................................................................................................307
Capítulo 6........................................................................................................................................................................................308
Capítulo 7........................................................................................................................................................................................308
Capítulo 8........................................................................................................................................................................................309
Capítulo 9........................................................................................................................................................................................309
Capítulo 10......................................................................................................................................................................................310
Capítulo 11......................................................................................................................................................................................311
Capítulo 12......................................................................................................................................................................................311

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ABREVIATURAS E SIGLAS

ADSL - linha digital assimétrica para FC - fator de compensação (dB);


assinante (Asymmetric Digital Subscriber
FDTD - Diferença Finita no Domínio do
Line);
Tempo (Finite-Difference Time-Domain);
AREMA - Associação Americana de
Fundação CPqD - Centro de Pesquisa e
Engenharia Ferroviária e Manutenção de
Desenvolvimento em Telecomunicações;
Vias (American Railway Engineering and
Maintenance-of-Way Association); GASMIG - Companhia de Gás de Minas Gerais;
ANATEL - Agência Nacional de grad - gradiente;
Telecomunicações;
IEEE - Instituto dos Engenheiros Eletricistas
BEL - barramento de equalização local; e Eletrônicos (Institute of Electrical and
Electronic Engineers);
BEP - barramento de equalização principal;
IEEE SPDC - Instituto dos Engenheiros
CA - corrente alternada;
Eletricistas e Eletrônicos - Comitê de
CC - corrente contínua; dispositivos de proteção contra surtos
(Institute of Electrical and Electronic
CEMIG - Companhia Energética de Minas
Engineers – Surge Protective Devices
Gerais;
Committee);
CFTV – circuito fechado de televisão;
IHM – interface homem-máquina;
CIGRÉ - Conseil International des Grands
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas
Réseaux Électriques;
Espaciais;
CLP - controlador lógico programável;
IoT - internet das coisas (internet of things);
CP – concentrador primário;
IT - esquema de aterramento em que todas
CS – concentrador secundário; as partes vivas são isoladas da terra ou um
ponto da alimentação é aterrado por meio de
CTP-APL - cabo telefônico de pares
impedância;
com isolamento termoplástico sólido,
blindagem de fita de alumínio polietenado e ITU-T - União Internacional de
revestimento externo de polietileno na cor Telecomunicações - Setor de
preta; Normalização de Telecomunicações
(International Telecommunication Union –
D1 - tipo de dano: ferimentos em seres vivos;
Telecommunication Standardization Sector);
D2 - tipo de dano: danos físicos à estrutura;
LED - diodo emissor de luz (Light Emitting
D3 - tipo de dano: falhas em dispositivos Diode);
eletroeletrônicos;
LAN - rede local (Local Area Network);
DG – distribuidor geral;
L1 - tipo de perda: perda de vida humana;
DGO – distribuidor geral óptico;
L2 - tipo de perda: perda de serviço ao
DPS - dispositivo de proteção contra surtos; público;
DSLAM - multiplexador de acesso à linha L3 - tipo de perda: perda de patrimônio
digital do assinante (Digital Subscriber Line cultural;
Access Multiplexer);
L4 - tipo de perda: perda de valor econômico;
DVR – Digital Video Recorder;
MOV – Varistor de Óxido Metálico (Metal
ERB - estação radiobase de telefonia celular; Oxide Varistor);
Ethernet - protocolo de interconexão MPS - medidas de proteção contra surtos
utilizado em redes locais; induzidos por descargas atmosféricas;
FB - fator de blindagem (dB); MRS - empresa ferroviária que opera a malha

20 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


ABREVIATURAS E SIGLAS

regional sul (MRS Logística); atmosféricas;


MRT – monofásico com retorno por terrar; STFC - sistema telefônico fixo comutado;
MTBF - período médio entre danos (Mean STP - cabo de par trançado blindado (Shielded
Time BetweenFaults); Twisted Pair).
N - cabo neutro; TIC - Tecnologia da Informação e
Comunicação
Ng – densidade de descargas para terra;
TIDA - programa computacional para
NP I - nível de proteção “I”;
cálculo de tensões induzidas por descargas
PE - condutor de proteção; atmosféricas;
PEN - condutor que combina as funções de TINA TI - programa de simulação de circuitos
neutro e de fio de proteção; eletroeletrônicos (Toolkit for Interactive
Network Analysis - Texas Instruments);
PID – pedidos de indenização por danos;
TL - linha de transmissão (Transmission
PLC - Controlador Lógico Programável
Line);
(Programmable Logic Controller);
TN-C - esquema de aterramento em que as
PoE – Power over Ethernet;
funções de neutro e proteção são combinadas
PSpice - programa de simulação de circuitos no mesmo condutor;
eletroeletrônicos (Personal Simulation
TN-C-S - esquema de aterramento em que
Programwith Integrated Circuit Emphasis);
parte do sistema é TN-S e parte é TN-C;
PRBT - para-raios de baixa-tensão;
TN-S - esquema de aterramento em que o
PRMT - para-raios de média-tensão; condutor neutro e o condutor de proteção
são distintos;
PTR - ponto de conexão física da rede externa
com a rede interna do assinante (ponto de TSI - tensão suportável de impulso
terminação de rede); atmosférico;
QDG - quadro de distribuição geral; TT - esquema de aterramento que possui um
ponto da alimentação diretamente aterrado,
QDC - quadro de distribuição de circuitos;
estando as massas da instalação ligadas
QDF - quadro de distribuição de força; a eletrodo de aterramento eletricamente
distinto do eletrodo de aterramento da
R, S, T - fases do sistema trifásico;
alimentação;
RJ45 - conector para cabo UTP/STP,
VDSL - linha digital de assinante com taxa
normalmente utilizado para conexões
de transmissão muito alta (Very-high-bit-rate
Ethernet;
Digital Subscriber Line);
S1 - fonte de danos: descargas diretas na
UNICAMP - Universidade Estadual de
estrutura;
Campinas;
S2 - fonte de danos: descargas na vizinhança
UFMG - Universidade Federal de Minas
da estrutura;
Gerais;
S3 - fonte de danos: descargas diretas nas
UTP - cabo de par trançado não blindado
linhas que alimentam a estrutura;
(Unshielded Twisted Pair).
S4 - fonte de danos: descarga na vizinhança
VE – veículo elétrico;
das linhas que alimentam a estrutura;
VALE - empresa de mineração;
SMC - sistema de medição centralizado;
WABTEC - Fabricação e Manutenção de
SFV – sistema fotovoltaico;
Equipamentos Ferroviários Ltda;
SPDA - sistema de proteção contra descargas
ZPR – zona de proteção contra raios.

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TABELA DE SIMBOLOGIA

P Protetor de
Impedância Aterramento SC sobrecorrente

DPS
DPS
Resistência de
aterramento Centelhador DPS

DPS

Indutor Centelhador DPS em estado


bipolar a gás de condução

Resistor Centelhador DPSM DPS


tripolar a gás Multiproteção

Capacitor Varistor Fusível

Fonte Diodo I
impulsiva supressor T RELÉ

Fonte Termistor Chave


senoidal S
+0

Transformador Transformador LED


monofásico

22 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CAPÍTULO 1

DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

1.1 - A FORMAÇÃO DA DESCARGA Capricórnio, Figura 1.1, é caracterizada por


temperatura ambiente alta e elevado índice
As descargas atmosféricas ocorrem em todas de chuvas e tempestades. Essa é a região de
as regiões da Terra e são decorrentes do maior incidência de descargas atmosféricas.
carregamento eletrostático de partículas em
suspensão no ar. Como o Brasil é o país de maior extensão
territorial localizado na região tropical, ele
é o campeão de incidência de descargas
A maior parte das descargas está associada
atmosféricas.
com nuvens de chuva que são formadas
por gotas de água, vapor de água e cristais
As cargas acumuladas na nuvem induzem
de gelo. Esses elementos são carregados
cargas de sinal contrário na superfície. Então
eletrostaticamente devido ao atrito e à um campo elétrico se forma entre a nuvem
fragmentação das gotas de água e de cristais e o solo. Na própria nuvem e entre nuvens
de gelo que atingem maiores volumes próximas existem cargas de polaridades
(pulverização). opostas acumuladas em diferentes regiões,
gerando também campos elétricos de alta
Em toda atividade atmosférica que envolve intensidade.
grandes movimentações de ar, como
erupções vulcânicas, tempestades, furacões e As descargas ocorrem quando os valores
tornados é comum a ocorrência de descargas desses campos elétricos excedem o suportável
atmosféricas. pelo ar, levando à sua ionização. Como
consequência, o ar que se comportava
A zona tropical do planeta, região como um isolante passa a ser um condutor,
compreendida entre os Trópicos de Câncer e permitindo a circulação de cargas elétricas.

Trópico de
Câncer

Equador

Trópico de
Capricórnio

Figura 1.1 - A região tropical fica situada entre os Trópicos de Câncer e de Capricórnio

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As descargas podem ocorrer dentro das uma corrente intensa denominada corrente
nuvens, entre nuvens, da nuvem para o de retorno. Esse canal ionizado que se inicia
espaço e da nuvem para o solo, como pode no solo é chamado de líder ascendente.
ser visto na Figura 1.2.
A Figura 1.3 ilustra as principais etapas de
uma descarga nuvem-solo, em que se observa
+
+ + + + o carregamento da nuvem, a formação do
+ + + +
+ + + + + + + + canal de descarga e a circulação da corrente
+ + + + + +
-40 ºC + + +
de retorno. A descarga atmosférica pode
+
+ + + + +
começar na nuvem e se propagar em direção
– – – – –
– – – ao solo (descargas descendentes) ou pode
-15 ºC
– – – – começar no solo e se propagar em direção à


– – – –



– nuvem (descargas ascendentes). Em terrenos
– – –
– +

– – + planos, a descarga se inicia na nuvem e se
– – – – –
-5 ºC
+
+ +
+ +
– – –– – + propaga em direção ao solo. Em terrenos
com elevações (montanhas), a descarga
pode se iniciar nos pontos mais elevados e
se propagar em direção à nuvem, conforme
++++++++ – – – – – – – – + + + + + + + + + + + + – mostrado na Figura 1.4.

Figura 1.2- Diferentes tipos de descargas atmosféricas.


Quando o líder atinge o solo (no caso de uma
descarga descendente) ou atinge a base da
As distâncias envolvidas em uma descarga nuvem (no caso de uma descarga ascendente),
nuvem-solo são da ordem de centenas de forma-se um caminho condutor entre a nuvem
metros e a ionização do ar se dá em etapas: e o solo. Uma corrente de grande intensidade
um trecho de ar de comprimento na faixa de circula por esse caminho, anulando a carga
50 metros a 100 metros é ionizado, o processo depositada no canal ionizado e parte da carga
é interrompido por alguns microssegundos e acumulada na nuvem. Antes da formação do
um novo trecho é ionizado. O trajeto formado canal ionizado, as correntes envolvidas são de
apresenta diversas derivações, resultando em baixa intensidade.
um canal ionizado semelhante a uma raiz.
Esse canal é chamado de líder descendente. As descargas podem ser de polaridade negativa,
Quando a ponta da raiz se aproxima do solo, quando a nuvem está carregada negativamente
um segundo canal ionizado originado no em relação à terra, ou de polaridade positiva,
solo avança em direção ao líder descendente quando a nuvem está carregada positivamente
e, ao se encontrarem, começa a circulação de em relação à terra.

Carregamento Formação do Circulação da


da nuvem canal da descarga corrente de retorno

+
+ + + +
+ + +
+
+ + +

Figura 1.3 - Principais – – – – – – – – – – – – – – – – – –


– – – –
etapas de uma
– – – –
descarga nuvem-solo: – – – –
carregamento da – –
– – – – – – – – – – – –
nuvem, formação do – – – – – – – – – –
– – – – – – – – – –
canal de descarga e – – – – – –
– – – –
circulação da corrente – – – – – – – –
de retorno – – – – – – – –
– – – –
– – – –

+
+ +
+ +
+ + I0
+

+ + + + + + + + +

26 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Em Minas Gerais, cerca de 77% das descargas pela descarga). Uma forma de medir a
nuvem-solo são de polaridade negativa [1]. quantidade de descargas atmosféricas que
A NBR 5419-1 [2] sugere a adoção de um incide em determinada região é usando o
percentual de 90% para as descargas de índice ceráunico. Trata-se do número de
polaridade negativa, se o local não for dias de trovoada que ocorre por ano em um
especificado. local. Um mapa ceráunico mostra os níveis
ceráunicos de uma dada região. A Figura 1.5
mostra o mapa ceráunico da Terra. Os dados
da Figura 1.5 confirmam que as descargas
atmosféricas são mais frequentes na região
tropical do planeta.

Outra forma mais precisa para avaliar a


atividade elétrica da atmosfera é utilizando
sensores e antenas que captam a radiação
eletromagnética emitida pela descarga. Esses
receptores medem a densidade de descargas
para a terra, que é o número de descargas
Figura 1.4 - Formação de descargas atmosféricas ascendente e que incidem por ano em um quilômetro
descendente
quadrado. A Figura 1.6 mostra os valores
1.2 - O NÚMERO DE DESCARGAS das densidades de descargas para a terra no
PARA A TERRA estado de Minas Gerais.

Os seres humanos detectam a ocorrência A nova versão da NBR 5419-2 [3] traz mapas
de uma descarga atmosférica por meio detalhados da densidade de descargas
de dois sentidos: a visão e a audição. A para a terra em todo o país. Os mapas são
descarga atmosférica provoca uma grande divididos por região e podem ser acessados
luminosidade detectada pelo olho humano no site do Instituto Nacional de Pesquisas
chamada relâmpago e produz um grande Espaciais (INPE): www.inpe.br/webeleat/
ruído captado pelos ouvidos chamado trovão ABNT_NBR5419_Ng.
(provocado pela expansão do ar aquecido

Figura 1.5 - Mapa ceráunico mundial (número de dias de trovoada por


ano). Figura disponível em várias publicações. Adaptação feita pelo autor

Número de dias
de trovoada por ano

0-2
2-4
4-8
8 - 12
12 - 30
30 - 60
60 - 80
80 - 100
100 - 140
140 - 180

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51 49 47 45 43 41

15 15
descargas /km2/ ano

<1
1a2
17 17 2a3
3a4
4a5
19 19 5a6
6a7
7a8

21 21 8a9 Figura 1.6 - Mapa de densidade


de descargas atmosféricas
9 a 10
41 (descargas/km2/ano) obtidos
> 10 por contadores de descargas.
Base de dados: 1985 a 1995
23 23
(CEMIG). Adaptado de [1]
51 49 47 45 43

1.3 - A CORRENTE DA DESCARGA As medições dos valores das correntes das


ATMOSFÉRICA descargas que incidem em edificações e torres
elevadas começaram a ser feitas há bastante
Duas técnicas para a medição direta das tempo. Na década de 30 foi iniciado um
correntes das descargas atmosféricas têm importante projeto de medição de correntes
sido muito utilizadas. A primeira consiste no Empire State Building [4], na época, o
na medição das correntes das descargas que edifício mais alto do mundo. Desde então,
vários laboratórios foram instalados ao
incidem em torres ou edificações elevadas,
redor do planeta com o objetivo de medir a
que são equipadas com instrumentos
intensidade e a forma de onda das correntes
especiais para fazer essas medições. A
de descarga atmosférica. Dentre outros
segunda é a utilização de foguetes disparados
locais, medições foram feitas em vários países
em direção a uma nuvem carregada.
europeus, nos EUA, no Canadá, no Japão, na
Estende-se um fio de cobre fino entre a China e na África do Sul. Na década de 80,
nuvem e um ponto no solo. Essa segunda um desses laboratórios foi instalado em Belo
técnica é conhecida pela sigla em inglês RTL Horizonte (MG) pela CEMIG (Estação Morro
(Rocket Triggered Lightning). A Figura 1.7 do Cachimbo) [5] e continua em atividade.
ilustra essas técnicas. Dentre as diversas campanhas de medição
com torres instrumentadas, destaca-se o
trabalho desenvolvido por Berger no Monte San
Salvatore, na Suíça [6]. As medições de Berger
são consideradas o mais completo conjunto de
dados sobre as descargas atmosféricas, como
foi recentemente reconhecido pelo Comitê
Internacional de Produção e Transmissão
de Energia Elétrica (Cigré) [7], localizado na
França.

A utilização de foguetes para iniciar descargas


atmosféricas entre o solo e a nuvem começou
a ser feita em Saint Privat D’Allier - França, na
década de 70 [8]. Desde então, vários campos
de testes foram instalados ao redor do mundo,
notadamente nos EUA, México, Japão e China.
De 2000 a 2008, um desses campos foi
instalado no INPE de Cachoeira Paulista-SP.
Um grande projeto de pesquisas foi realizado
Figura 1.7 - Técnicas para medição direta dos parâmetros de uma
descarga atmosférica. Esquerda: Torre fixa instrumentada; Direita: com a participação de empresas francesas,
Descargas iniciadas por foguetes canadenses e brasileiras, contando com a

28 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


participação da UNICAMP, da Fundação CPqD, da UFMG e do INPE [9]. As Figuras 1.8 e
1.9 mostram uma descarga captada nesse projeto.

Figura 1.8 - Foguete lançado para iniciar uma descarga Figura 1.9 - Descarga iniciada por foguete no campo de testes do
atmosférica no campo de testes do INPE em Cachoeira Paulista INPE em Cachoeira Paulista - SP
- SP

Medições indiretas dos valores das correntes As medições mostram que é comum a
das descargas atmosféricas também são ocorrência de várias descargas no mesmo
feitas. A partir da medição dos campos canal ionizado (relâmpago). A primeira
eletromagnéticos gerados pelas descargas, descarga geralmente tem maior intensidade e
que são captados por antenas, é possível é chamada de descarga principal. As demais
estimar o valor e a forma de onda das são chamadas de descargas subsequentes.
correntes de descarga. Se forem utilizadas As formas de onda típicas de uma descarga
várias antenas, é possível estimar o ponto de principal e das subsequentes são mostradas
incidência das descargas por meio de técnica na Figura 1.11.
de triangulação. A Figura 1.10 mostra uma
ilustração do primeiro desses sistemas: o que
Tempo (µs)
foi instalado em Minas Gerais pela CEMIG
na década de 80. A partir desse sistema 0 10 20 30 40

pioneiro, a rede se expandiu e hoje o Sistema


Rindat fornece os pontos de incidência das 24

descargas e uma estimativa dos parâmetros 48

da descarga. O sistema cobre hoje toda a 72


região Sul e Sudeste e está sendo expandido
para as regiões Centro-Oeste, Nordeste e
Corrente (kA)

Norte [10].
24

48

72

24

48

Figura 1.11 - Formas de onda típicas de uma descarga nuvem-


solo de polaridade negativa. Primeira curva: descarga principal;
segunda e terceira curvas: descargas subsequentes. Adaptado de
[11 e 12].

Figura 1.10 - Ilustração do primeiro sistema de rastreamento de


descargas atmosféricas instalado pela CEMIG e na década de
80 [1].

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 29


Anderson e Erikson [11] examinaram valores da Tabela 1.1 apresentam pequenas
os valores medidos de intensidades de diferenças em relação aos valores mostrados
descargas. Daí eles propuseram os seguintes na Figura 1.12.
valores da mediana e do desvio padrão para
a descarga principal negativa: Essas diferenças acontecem porque
os valores da Tabela 1.1 foram obtidos
diretamente de dados de medição e os da
MEDIANA = 31,1 kA
Figura 1.12, a partir da expressão analítica
DESVIO PADRÃO = 0,48 kA. aproximada.

A mediana corresponde ao valor acima do TABELA 1.1 (ADAPTADA DA NBR 5419-1) -


qual 50% das descargas são superiores e DESCARGAS PRINCIPAIS NEGATIVAS
50% são inferiores. No caso das descargas
NUVEM-SOLO
principais negativas, metade está acima de
31,1 kA e metade abaixo. Após analisarem
Valor de pico da corrente % de descargas com
exclusivamente dados medidos em Minas (kA) valores acima dos valores
Gerais, Guimarães et al [5] propõem o da primeira coluna
valor de 45 kA para a mediana da descarga 3 99
principal negativa. Portanto, o valor está 5 95
acima do utilizado nas medições feitas 20 80
mundo afora. 30 60
35 50
A partir dos valores medidos ao redor do 50 30
mundo, Anderson e Erikson [11] propõem
60 20
a expressão mostrada na Figura 1.12 para
80 10
o cálculo da probabilidade de um valor de
100 5
descarga ser excedido. O critério válido
para descargas principais negativas. Essa
expressão também é recomendada [12] em As formas de onda mostradas na Figura 1.11
estudos de proteção de redes e de linhas são de difícil reprodução em laboratório. As
de transmissão de energia elétrica. Pela normas utilizam formas de onda mais simples,
expressão da Figura 1.12, a probabilidade geralmente denominadas dupla exponencial
de uma descarga ter um valor de corrente porque podem ser matematicamente
igual ou superior a 99 kA é de 5%. A tabela representadas pela soma de duas expressões
na Figura 1.12 mostra a distribuição de exponenciais e facilmente geradas em
probabilidade acumulada de ocorrência de laboratório. As Figuras 1.13 e 1.14 mostram
valores de pico das descargas principais formas de onda típicas geradas em
negativas nuvem-solo. A NBR 5419-1 [2] laboratório com indicação dos principais
propõe a Tabela 1.1 com valores de pico das parâmetros que caracterizam a forma de
correntes e as probabilidades associadas. Os onda. Na Figura 1.13, a onda é mostrada

Valor de pico % de descargas


I
da corrente acima dos valores P ( I0 ≥ i0 ) = 2,6
(kA) da primeira coluna i0
1+
31
5 99

20 76

31 50

Figura 1.12
50 22
Probabilidade acumulada
P ( I0 ≥ i0 ) é a probabilidade de que o de ocorrência de valores
70 11 valor de pico da corrente tenha um de pico das descargas
valor I0 que seja superior ao valor i0 principais negativas
nuvem-solo. Expressão
100 5
retirada de [11]

30 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


num lapso de tempo longo para que a cauda utilizada no ensaio de aeronaves. Os aviões
da onda possa ser visualizada. são regularmente atingidos por descargas
atmosféricas. Por razões de segurança,
Na Figura 1.14, a onda é mostrada num os ensaios nas aeronaves são bastante
período de tempo curto para que a frente de rigorosos, procurando representar todas as
onda seja visualizada. etapas de uma descarga [13].

1.0

200 kA Descarga principal

Descarga subsequente
Corrente (kA)

0.5

100 kA
2 kA
Componentes de longa duração

0 0,5 kA
Tempo (µs)

Tcauda
< 500µs < 5 ms <1s

Figura 1.13 - Onda de corrente que representa uma descarga


atmosférica gerada em laboratório. A onda é mostrada numa Figura 1.15 - Ilustração da onda de corrente que representa uma
escala de tempo longa para que a sua cauda possa ser visualizada descarga atmosférica completa. Os valores mostrados são os
utilizados em ensaios de aeronaves. Adaptado de [13]

1.0
A onda de corrente mostrada na Figura
0.9
1.15 submete a aeronave a três esforços
distintos: o eletrodinâmico, o térmico e o
Corrente (kA)

eletromagnético.
0.5 Ipico

De forma simplificada, os esforços


eletrodinâmicos (as forças de atração ou
0.1
repulsão entre condutores de correntes)
0
Tempo (µs)
dependem do valor da corrente. Já os esforços
térmicos dependem do valor da corrente e da
Tfrente
sua duração e os esforços eletromagnéticos
Figura 1.14 - Onda de corrente que representa uma descarga dependem da taxa de variação temporal da
atmosférica gerada em laboratório. A onda é mostrada numa corrente.
escala de tempo curta para que a frente de onda possa ser
visualizada
Como vai ser discutido em detalhes no Capítulo
2, a normalização brasileira de proteção contra
Os principias parâmetros das ondas descargas atmosféricas também utiliza um
mostradas nas Figuras 1.13 e 1.14 são o conjunto de ondas de corrente que representa
valor de pico (Ipico), o tempo de frente de onda as etapas da descarga, considerando todos os
(Tfrente) e o tempo de cauda de onda (Tcauda). tipos de solicitação.

É comum que entre a descarga principal e as


1.4 - OS RISCOS DAS DESCARGAS
subsequentes ocorra uma etapa de corrente
ATMOSFÉRICAS
contínua que pode durar um tempo longo
(milissegundos).
Cerca de cem pessoas são vitimadas por
A Figura 1.15 ilustra a forma de onda descargas atmosféricas por ano no Brasil.
da corrente de uma descarga completa A maioria dos acidentes ocorre em áreas
constituída de uma descarga principal, uma descampadas, onde as pessoas estão
etapa de longa duração (que engloba a cauda desabrigadas. Um grande acidente ocorreu
da corrente principal e a etapa de corrente em 2014 no litoral de São Paulo e atingiu nove
contínua) e uma descarga subsequente. pessoas, resultando em quatro óbitos [14].
A onda da Figura 1.15 é a da corrente

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 31


Centenas de animais são vítimas de dos desligamentos que ocorrem nas redes
descargas atmosféricas por ano no país. A de distribuição de energia elétrica são
maioria dos acidentes ocorre junto das cercas provocados por descargas atmosféricas.
que utilizam arames metálicos. Portanto as
cercas e os currais precisam ser protegidos 1.5 - A PROTEÇÃO CONTRA DESCARGAS
contra os efeitos das descargas. A referência
ATMOSFÉRICAS
[15] apresenta soluções para a proteção
de propriedades rurais contra descargas
Os primeiros sistemas de proteção contra
atmosféricas.
descargas atmosféricas baseados em
observações experimentais e análises
Um grande número de incêndios em edificações
científicas datam de mais de 200 anos.
começa por descargas atmosféricas. No caso
Em 1753, Benjamin Franklin publicou um
de instalações que armazenam material
combustível, as consequências podem ser pequeno artigo sobre como proteger edificações
catastróficas. Grande parte dos incêndios contra as descargas atmosféricas [17].
florestais também é iniciada por descargas
atmosféricas. Desde então, ocorreu um grande número de
estudos e pesquisas e existem metodologias
Milhões de dólares são perdidos anualmente de proteção que ainda não garantem 100% de
com a queima de equipamentos elétricos e proteção, mas atingem percentuais elevados
eletrônicos ao redor do mundo, conforme de segurança. Muita ênfase se deu à proteção
ilustrado na Figura 1.16. Numa sociedade das pessoas e edificações e somente a partir
cada vez mais dependente de equipamentos da década de 70 foi que a proteção dos
eletroeletrônicos, além dos custos financeiros, equipamentos eletrônicos e elétricos começou
a perda de equipamentos traz uma série a ser mais estudada. Os equipamentos
de transtornos para os usuários que ficam anteriores ao uso dos circuitos transistorizados
privados de serviços essenciais. e integrados eram bastante resistentes
às sobretensões. Por isso, a proteção dos
Sistemas de distribuição de energia elétrica componentes não era tarefa prioritária. Com
e de combustíveis, hospitais, semáforos e a mudança de tecnologia e devido à grande
telecomunicações são serviços essenciais que disseminação de equipamentos com circuitos
podem deixar de operar devido às descargas integrados nas instalações industriais,
atmosféricas. Conforme [16], cerca de 40% comerciais e residenciais, surgiu a necessidade

Figura 1.16 - Danos em equipamentos provocados por descargas atmosféricas

32 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


de desenvolver tecnologias para a proteção 1.6 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO
desses equipamentos contra as sobretensões
originadas pelas descargas atmosféricas. As seguintes conclusões podem ser
formuladas com base no exposto ao longo
A Norma Brasileira de Proteção Contra deste capítulo:
Descargas Atmosféricas (NBR 5419)
publicada em 2015 passou a incorporar Devido à sua grande extensão territorial
uma parte específica sobre a proteção de e sua localização no planeta, o Brasil é
equipamentos eletroeletrônicos instalados um dos países com maior incidência de
nas edificações. Antes disso, a Norma descargas atmosféricas;
Brasileira de Instalações Elétricas de
Baixa-Tensão, NBR 5410 [18] recomendava A descarga atmosférica é um dos
a instalação de dispositivos de proteção fenômenos naturais que mais
contra surtos (DPS) nas linhas de energia provocam mortes de pessoas e animais
e de telecomunicações que alimentam em todo o mundo e é responsável pelo
edificações instaladas em regiões de atividade desligamento de linhas de energia e de
atmosférica significativa. telecomunicações, além da queima de
equipamentos eletroeletrônicos;
Não existe tecnologia que garanta a proteção
dos equipamentos. Na realidade, somente Os valores das correntes envolvidas
com a aplicação de uma série de medidas em uma descarga são extremamente
coordenadas é possível atingir um patamar elevados, obrigando que linhas,
seguro de proteção. O objetivo deste livro estruturas e equipamentos sejam
é ajudar o leitor a definir esse conjunto de protegidos contra os efeitos das
medidas adequadas para cada situação, tendo descargas;
como base a sua fundamentação técnica e as
recomendações das NBRs 5410 e 5419. A adoção de um conjunto de medidas,
devidamente coordenadas, permite
atingir níveis seguros de proteção para
os equipamentos eletroeletrônicos
instalados nas edificações.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 33


CAPÍTULO 2

A NORMA BRASILEIRA DE PROTEÇÃO


CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS

CONCEITOS BÁSICOS E ANÁLISE DE RISCO

A norma brasileira (NBR) 5419 [1 a 4], revisada Parte 3 são relevantes, elas também serão
e reeditada em 2015, apresenta um conjunto detalhadas. Em relação ao gerenciamento
de critérios a serem adotados para a proteção de riscos (Parte 2 da norma), este capítulo
de edificações contra descargas atmosféricas. vai explorar apenas os aspectos relativos aos
A norma é dividida em quatro partes conforme riscos e danos às instalações eletroeletrônicas
pode ser visto na Figura 2.1. internas. A Parte 4 da norma basicamente
analisa as Medidas de Proteção Contra Surtos
A nova edição da norma é bastante completa e detalhadas na Figura 2.2.
as duas maiores inovações estão nas partes 2
e 4 que tratam respectivamente da análise de As interseções da NBR 5419 com a NBR 5410
riscos e da proteção de equipamentos e sistemas [5], que trata da proteção das instalações de
elétricos e eletrônicos internos. baixa-tensão, também precisam ser analisadas,
pois algumas medidas sugeridas são comuns
O objetivo deste livro é analisar a proteção às duas normas e outras são complementares.
dos sistemas internos. Portanto, vai ser As maiores superposições são relativas ao
dado destaque à Parte 4. Como algumas das aterramento, à equipotencialização e à instalação
técnicas de proteção (projeto da malha de de DPS (Figura 2.3) a serem analisados nos
aterramento e SPDA interno) descritas na Capítulos 4 e 6.

Proteção contra descargas atmosféricas


Parte 1: Princípios gerais
NBR - 5419

Análise de riscos e de danos às


Parte 2: Gerenciamento de risco
instalações eletrônicas internas

}
Malha de
aterramento
Parte 3: Danos físicos a
estruturas e perigos à vida
SPDA
interno
Figura 2.1
Divisões da
NBR 5419.
Em destaque, os
itens que serão
Parte 4: Sistemas elétricos e
eletrônicos internos na estrutura
examinados
em profundidade
neste livro

34 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Medidas de Proteção contra Surtos
MPS

Aterramento
Equalização de potenciais
Blindagem eletromagnética de ambientes e de cabos
Roteamento de linhas e cabos
Instalação coordenada de (Dispositivos de Proteção contra Surtos) DPS
Utilização de interfaces de isolamento Figura 2.2
Medidas de
proteção contra
surtos (MPS)

Aterramento e equipotencialização

Proteção contra Instações elétricas


descargas atmosféricas de baixa-tensão
NBR - 5419 Proteção contra sobretensões NBR - 5410
Dispositivos de Proteção contra Surtos
DPS

Figura 2.3 - Pontos de interseção da NBR 5410 com a NBR 5419

Um pequeno resumo das Partes 1 e 3 da atmosféricas deve considerar a proteção


NBR 5419 [1 e 3] é apresentado no Item da edificação em si, das pessoas que estão
2.1. O Item 2.2 é um extrato da Parte 2 dentro e no entorno e dos vários sistemas
[2] referente à análise do risco de danos às existentes nela (distribuição de água, gás,
instalações eletroeletrônicas internas. Esse energia elétrica e telecomunicações).
trecho é apresentado com alguns exemplos
de aplicação que abrangem uma instalação Como possibilidades de interação das
de telecomunicações, uma indústria, um descargas com a edificação, devem ser
prédio e uma casa. consideradas as descargas diretas na
edificação (fonte de danos S1), as descargas
2.1 - PROTEÇÃO DE EDIFICAÇÕES nas imediações da edificação (fonte de
- NBR 5419, PARTES 1 E 3 danos S2), as descargas diretas nas linhas
de energia e de telecomunicações que
2.1.1 - PRINCÍPIOS GERAIS alimentam a edificação (fonte de danos S3)
e as descargas na vizinhança das linhas de
A definição de critérios para a proteção energia e de telecomunicações (fonte de danos
de uma edificação contra descargas S4), conforme mostrado na Figura 2.4.

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Figura 2.4
Fontes de danos S4
possíveis conforme Descarga nas proximidades
a NBR 5419 das linhas de energia
ou telecomunicações

S3
Descarga direta na
S2 S1 linha de energia ou
Descarga nas Descarga direta de telecomunicações
proximidades na edificação
da edificação

As quatro possibilidades de
interação podem provocar
os três tipos de danos
mostrados na Figura 2.5.

Os danos podem provocar


Figura 2.5 perdas classificadas da
D1 D2 D3
Tipos de forma mostrada na Figura
danos devido
Ferimentos em
seres vivos
Danos físicos à estrutura Falhas em dispositivos
eletroeletrônicos às descargas 2.6.
atmosféricas

Figura 2.6
Tipos de perdas
L1 L2 L3 L4 devido aos
Perda de Perda de serviço Perda de patrimônio cultural Perda de valor danos causados
vida humana ao público econômico pelas descargas
atmosféricas

36 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


2.1.2 - AS CORRENTES DE DESCARGA
Corrente com características de uma
Para a execução dos projetos, a norma sugere descarga principal de polaridade
um conjunto de formas de onda e uma negativa (Figura 2.8);
série de valores máximos para o pico das
correntes de descarga a serem utilizados. Corrente com características de uma
descarga subsequente de polaridade
Para os estudos são sugeridas quatro negativa (Figura 2.9);
formas de onda:
Corrente com características da
Corrente com características de uma descarga de corrente contínua de longa
descarga principal de polaridade duração (Figura 2.10).
positiva (Figura 2.7); A norma fornece expressões analíticas para

Descarga principal positiva


(10/350 μs)

250 250
200 kA
200 200
150 kA
Corrente (kA)

Corrente (kA)

150 150
100 kA
100 100

50 50

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 2.7 - Onda de corrente com características de uma descarga principal de polaridade positiva,
tempo de frente de 10µs e tempo de cauda de 350µs

Descarga principal negativa


(1/200 μs)

0 0

-20 -20

-40 -40
Corrente (kA)

Corrente (kA)

-60 -50 kA -60

-80 -80
-75 kA
-100 -100
-100 kA
-120 -120
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 2.8 - Onda de corrente com características de uma descarga principal de polaridade negativa,
tempo de frente de 1 µs e tempo de cauda de 200 µs.

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Descarga subsequente negativa
(0,25/100 μs)

0 0
-5 -5
-10 -10
-15 -15
Corrente (kA)

Corrente (kA)
-20 -25 kA -20
-25 -25
-30 -30
-35 -37,5 kA -35
-40 -40
-45 -50 kA -45
-50 -50
0 0.5 1 1.5 2 2.5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 2.9
Onda de corrente com
características de uma
descarga subsequente de
polaridade negativa, Tempo
Corrente contínua de longa duração de frente de 0,25 µs e tempo
(0,5 s) de cauda de 100 µs
Corrente (A)

Carga total
Q = 200, 150 e 100 C

Figura 2.10 - Onda


de corrente com
características da etapa de
corrente contínua

0 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5


Tempo (s)

a representação das ondas de corrente mostradas nas Figura 2.7 a 2.9. A Figura 2.11
mostra as expressões.

Descarga Descarga Descarga


Parâmetros principal principal subsequente
positiva negativa negativa

I0 (kA) 200 - 150 - 100 100 - 75 - 50 50 - 37,5 - 25

k 0,93 0,986 0,993

T1 (μs) 19 1,82 0,454

T2 (μs) 485 285 143

Figura 2.11 - Expressão


analítica para a 10

representação das ondas I0 t / T1 -


t
T2
de corrente da descarga. I(t)= e
Expressão retirada de [1] k 10

1 + t / T1

38 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


2.1.3 - OS NÍVEIS DE PROTEÇÃO externo ou se um ponto desprotegido da
estrutura (Figura 2.12).
A norma define quatro níveis de proteção.
Para cada nível são recomendados valores
máximos e mínimos das correntes de
descarga. Os valores máximos são utilizados
para o projeto e a definição das bitolas dos
condutores, espessura de telhas e chapas
Captação
metálicas, capacidade de condução de eficiente

corrente dos DPS, valores dos campos Condutores

magnéticos e distâncias de separação.


do SPDA

Falha do
Os valores mínimos são utilizados para a sistema de
captação

determinação dos raios das esferas rolantes


utilizadas para o projeto do SPDA e para a
definição das zonas de proteção.
Figura 2.12 - Falha do sistema de captação

O Nível I garante uma proteção mais efetiva e


O método é derivado do modelo eletrogeométrico.
o Nível IV proporciona uma proteção menos
Esse modelo considera que a descarga se
efetiva. A Tabela 2.1 mostra os níveis de
proteção e os valores de pico das correntes forma em etapas porque a distância nuvem-
utilizados para os estudos relativos aos solo é muito grande para ser ionizada de uma
esforços térmicos, eletrodinâmicos e só vez.
eletromagnéticos. As formas de onda das
correntes são as mostradas no item anterior. Uma descarga descendente começa na base
da nuvem e se propaga em direção ao solo,
Para os estudos relativos à eficiência do em etapas. Quando se aproxima de um
sistema de captação das descargas, a norma objeto aterrado, um canal ionizado começa
sugere, dentre os métodos normatizados, no objeto e avança em direção ao canal que
a utilização da esfera rolante como o mais vem da nuvem. Quando eles se encontram,
indicado. começa o processo de circulação da corrente
de retorno ou da descarga propriamente
O método da esfera rolante é utilizado para dita. Esse canal ionizado que se inicia no
definir se uma descarga que se aproxima de solo é denominado líder ascendente. A
uma edificação atinge um ponto do SPDA distância entre a ponta do canal que vem

TABELA 2.1
Valores de pico das correntes de descarga utilizados para os estudos de proteção relativos aos esforços
térmicos, eletrodinâmicos e eletromagnéticos

CORRENTE PRINCIPAL POSITIVA

Níveis de proteção
PARÂMETROS
I II III IV

VALOR DE PICO (kA) 200 150 100 100

CORRENTE PRINCIPAL NEGATIVA

VALOR DE PICO (kA) 100 75 50 50

CORRENTE SUBSEQUENTE NEGATIVA

VALOR DE PICO (kA) 50 37,5 25 25

CORRENTE CONTÍNUA DE LONGA DURAÇÃO

CARGA TOTAL (C) 200 150 100 100

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da nuvem e a ponta do objeto aterrado, A Figura 2.14 mostra uma edificação e, por
no momento em que começa a formação meio de um corte, exibe as esferas relativas
do líder ascendente, é denominada raio de a dois valores de corrente com raios rE1 e rE2.
atração da estrutura. Na Figura 2.15, a esfera de raio rE2, ao rolar
sobre a edificação, toca apenas nos captores
O raio de atração é função do valor de pico do SPDA, não tocando em nenhum ponto da
da corrente da descarga, conforme mostrado edificação. Já na Figura 2.16, a esfera de raio rE1
na expressão da Figura 2.13. rola sobre a edificação e toca na edificação em

+
+ + + +
+ + +
+
+ + +

– – – – – – – – – – – – – – – – – –
– – – –
– – – – – –
– – – – – –
– – –
– – – – – – – – – – – – –
– – – – – – – – – – – –
– – – – – – – – – –
– – – – – – – – –
– –
– – – – – – – –
– – – – – – – –
– – – – 0,65
– – – – R Atração= 10 I0
+
+
+
+

R Atração

+ + + + + + + + + + + + + + +

Figura 2.13 - Modelo eletrogeométrico. Definição do raio de atração de uma estrutura

pontos onde não há captores do SPDA. Isso significa que, nesse caso, o sistema de captação falhou
e a edificação pode ser atingida diretamente.

Cabos
do SPDA
rE 2

rE 1

Figura 2.14 - Edificação e duas esferas rolantes relativas a dois Figura 2.15 - Esfera que ao rolar sobre a edificação só toca nos
valores diferentes de corrente. A esfera de raio rE1 corresponde a captores do SPDA. Para o valor de corrente associado a essa
uma corrente de valor menor do que a corrente relativa à esfera esfera, o sistema de captação funciona eficientemente
de raio rE2

Para o valor de corrente associado à esfera mostrada na Figura 2.16, o SPDA precisa ser
melhorado para que seja eficiente. A Figura 2.17 mostra um novo SPDA que atua de forma
eficiente.

40 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Detalhe

Falha do
Sistema
de Captação

Figura 2.16 - Esfera que, ao rolar, toca em pontos da edificação


em que não existem captores do SPDA. Para o valor de corrente
associado a essa esfera, o sistema de captação não funciona
Voltando aos níveis de proteção para os
eficientemente estudos relativos ao raio de atração das
estruturas, a norma sugere quatro valores de
pico para as correntes e, consequentemente,
quatro valores para os raios da esfera rolante,
mostrados na Tabela 2.2. Como foi visto,
quanto maior o grau de proteção, menor é o
valor de corrente considerado.

O valor de corrente considerado para o Nível


I é de 3 kA. Somente 1% das descargas vai
ter valores abaixo de 3 kA.

A Figura 2.18 ilustra os raios das esferas


rolantes propostos na norma. Na figura,
as relações entre os raios são as mesmas
Figura 2.17 - O novo SPDA, com reposicionamento dos captores,
funciona de forma eficiente mostradas na Tabela 2.2: rE1 = 0,33 rE4, rE2 =
0,50 rE4, rE3 = 0,75 rE4.

TABELA 2.2
Valores de pico das correntes de descarga utilizados para o cálculo dos raios das esferas
rolantes utilizadas nos projetos

Níveis de proteção
PARÂMETROS
I II III IV

VALOR DE PICO (kA) 3 5 10 16

RAIO DA ESFERA (m) 20 30 45 60

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 41


rE 4

rE 3 Figura 2.18
raios das esferas
rolantes propostos
na norma NBR
5419.
rE 2

rE 1

2.1.4 - O SPDA EXTERNO essa divisão de correntes utilizando um


fator denominado kc. O fator kc é mostrado
O SPDA externo consiste na instalação de na Figura 2.20 para alguns arranjos de
condutores metálicos envolvendo a edificação SPDA. Na norma são apresentados arranjos
para interceptar a descarga, evitando que mais complexos de SPDA com a respectiva
ela atinja a edificação. Esse conjunto divisão de correntes.
de condutores é ligado a um sistema de
aterramento (via condutores de descida), Para que não ocorram centelhamentos entre
constituído de condutores enterrados. O as partes metálicas da edificação e essas
aterramento se encarrega de dissipar a partes metálicas e os condutores do SPDA, é
corrente da descarga pelo solo (Figura 2.19). promovida uma equalização de potencias por
meio da interligação das partes metálicas.

É comum observar que interligar os condutores


por onde flui a corrente de descarga com
a tubulação de distribuição de gás é um
procedimento perigoso, pois a interligação
vai permitir a circulação de parte da corrente
da descarga atmosférica na tubulação. Essa
estrutura tem paredes grossas, dimensionadas
para suportar a circulação dessa corrente. Por
outro lado, se a interligação não for feita, pode
ocorrer um centelhamento entre a tubulação e
os condutores do SPDA.
Figura 2.19 - SPDA constituído de condutores para a
interceptação da descarga. Eles são ligados à malha de O centelhamento é a formação de um arco
aterramento para dissipar a corrente no solo
voltaico entre os dois metais (condutores do
A corrente da descarga se divide entre os SPDA e tubulação). A temperatura do arco
condutores do SPDA externo. Essa divisão elétrico é muito elevada, podendo atingir
de correntes será importante nos estudos valores acima de 5000 ºC. Basta lembrar
relativos aos campos magnéticos que atingem que a solda elétrica utiliza um arco voltaico
o interior da edificação. A norma caracteriza para fundir metais e fazer a solda. Portanto,

42 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


se um arco é formado entre os condutores grandes comprimentos. A situação descrita
do SPDA e a tubulação de gás, a chance de é ilustrada nas Figuras 2.21 e 2.22.
que ocorra a perfuração da tubulação e um
incêndio seja iniciado é muito alta. Esse raciocínio feito para a tubulação de
gás vale para os demais sistemas (redes de
Se os sistemas estiverem interligados, as água, energia elétrica, telecomunicação,
chances são muito menores. A interligação etc.) que têm partes metálicas, embora o
só não precisa ser feita se a distância entre risco de incêndio dependa da presença de
os dois sistemas for muito grande (alguns material combustível nas imediações do
metros). É que as tensões desenvolvidas arco elétrico.
pela corrente de descarga podem ser da
ordem de centenas de milhares de volts. A equalização de potencial é uma das
Então os centelhamentos podem ter técnicas mais importantes para proteger a

I0 I0

IC IC

KC = 0,74 KC = 0,47

Figura 2.20
Divisão de correntes
pelos condutores do
SPDA externo.
A divisão de correntes
I0 I0 é caracterizada pelo
fator kc . Adaptado
de [3]
IC IC

KC = 0,43 KC = 0,36

SPDA Figura 2.21


Centelhamento
Tubulação entre tubulação de
de gás gás e condutor do
SPDA externo. O
centelhamento ocorre
devido à falta de
equalização entre a
tubulação e o SPDA

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Equalização
Figura 2.22 de potencial
A equalização
de potencial
evita o
centelhamento
entre a
tubulação
de gás e o
condutor do
SPDA externo

edificação, as pessoas e os equipamentos. Se


não for possível fazer a equipotencialização, ZPR 0 - zona externa à estrutura onde
vai ser preciso manter uma distância de a ameaça se deve à não atenuação do
segurança entre as partes internas e o campo eletromagnético da descarga
SPDA externo. atmosférica e onde os sistemas internos
podem estar sujeitos a correntes de
Se não for possível fazer nenhuma das duas surto totais ou parciais. A ZPR 0, com
medidas, o DPS pode ser usado para fazer a base no modelo eletrogeométrico, é
equipotencialização. Para isso, o DPS precisa subdividida em:
ter capacidade de condução de corrente e
energia compatíveis com a corrente esperada ZPR 0A - zona onde a ameaça é devido
no ponto. Esse assunto vai ser aprofundado à descarga atmosférica direta e à
no Capítulo 4. totalidade do campo eletromagnético
gerado pela descarga;
2.1.5 - AS ZONAS DE PROTEÇÃO ZPR 0B - zona protegida contra as
descargas atmosféricas diretas,
A proteção contra surtos é baseada no mas onde a ameaça é causada pela
conceito de Zonas de Proteção contra Raios totalidade do campo eletromagnético.
(ZPR) onde a severidade do surto é compatível
com a capacidade que os sistemas internos ZPR 1, ZPR 2, ZPR n: zonas internas à
têm de suportar. Um projeto de proteção estrutura onde as correntes de surto são
baseado na NBR 5419 é desenvolvido para limitadas, podendo ou não ter o campo
que as delimitações de sucessivas ZPR se eletromagnético limitado.
caracterizem por significativas mudanças
na severidade do surto. Em geral:

Os limites de uma ZPR são definidos pelas ZPR 1: zona onde a corrente de surto é
medidas de proteção empregadas no projeto. limitada pela distribuição das correntes
A Figura 2.23 apresenta uma estrutura e interfaces isolantes e/ou por DPS
dotada de SPDA com as ZPR 0A, 0B , 1 e 2. ou blindagem espacial instalados na
As ZPR são definidas na NBR 5419 [4] como: fronteira das zonas. Blindagens

44 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


ZPR 0 A

ZPR 0 B
ZPR 0 A

ZPR 1
ZPR 0 B
∆Y
ZPR 2

DPS

ZPR 1

∆Y

DPS

DPS ZPR 0 A

Figura 2.23 - Divisão do ambiente em zonas de risco. Adaptado de [4]

espaciais em forma de tela podem instalado no limite entre a ZPR 1 e a ZPR 2


atenuar significativamente o campo não conduz parcela da corrente de descarga,
eletromagnético; mas correntes induzidas. Então ele pode ser
do tipo Classe II, não sendo exigida grande
ZPR 2 : zona onde a corrente de surto capacidade energética. As classes do DPS
pode ser ainda mais limitada pela serão analisadas no Capítulo 7.
distribuição de correntes e interfaces
isolantes e/ou por DPS adicionais Em síntese, essa coordenação será
nas fronteiras entre as zonas mais satisfatória, caso a energia de surto esperada
internas. Blindagens adicionais podem for menor que a energia suportada pelo DPS
ser usadas para atenuação adicional no ponto de sua instalação e se as tensões
do campo eletromagnético gerado pela transitórias remanescentes que chegarem
descarga atmosférica. aos equipamentos eletroeletrônicos da
instalação tiverem amplitudes menores que
As solicitações de energia, corrente e tensões as suportadas por eles.
de operação dos DPS dependem da ZPR
onde se localizam. Um DPS, por exemplo, A utilização do conceito de zonas de proteção
locado na transição entre a ZPR 0A e a e aplicação das MPS permitem a elaboração
ZPR 1, deve suportar parcela significativa de projetos seguros e eficientes.
da corrente total da descarga. Portanto,
é denominado como Classe I. Já o DPS

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2.2 - ANÁLISE DE RISCOS E DE DANOS O produto entre o número de eventos
ÀS INSTALAÇÕES ELETROELETRÔNICAS perigosos em um ano e a probabilidade de
INTERNAS um desses eventos danificar os sistemas
eletroeletrônicos fornece o número de danos
Este item trata das inovações descritas na por ano. Invertendo-se esse número, obtém-
Parte 2 da NBR 5419 [2]. O foco vai ser o se o período médio entre danos nos sistemas
risco de danos em equipamentos elétricos e eletroeletrônicos, também conhecido por
eletrônicos internos à estrutura. O leitor com Mean Time Between Faults (MTBF).
algum conhecimento prévio sobre as técnicas
de proteção contra descargas atmosféricas Para cada fonte (S1, S2, S3, ou S4), é
vai entender facilmente o que será descrito possível avaliar o período entre danos nos
a seguir. Nos próximos capítulos, ele pode sistemas eletroeletrônicos para uma dada
aprofundar e refinar seus conhecimentos configuração de projeto de SPDA. Essa
sobre as técnicas utilizadas. Em relação condição permite ao projetista fazer uma
a quem tem poucas informações sobre as avaliação crítica das medidas de proteção
técnicas de proteção, recomenda-se uma mais adequadas para ampliar esse período
leitura prévia dos Capítulos 4, 5 e 6. Lá ele com o menor investimento. O item seguinte
tem acesso aos detalhes das medidas de faz uma análise da contribuição de cada
proteção contra surtos que são utilizadas fonte de danos.
para a avaliação dos riscos.
2.2.1 - DANOS CAUSADOS POR DESCARGA
Características como dimensões físicas ATMOSFÉRICA DIRETA NA ESTRUTURA
da edificação, quantidades e arranjos (FONTE S1)
físicos das linhas metálicas que adentram
a instalação, densidade de descargas A fonte S1 acopla muita energia à instalação
atmosféricas na região, valor da resistividade por se tratar de uma fonte de corrente.
do solo, existência de laços de indução, etc. Basicamente, a Fonte S1 produz transitórios
definem as fontes de danos que têm mais que podem danificar os equipamentos
peso nos riscos associados às descargas internos de duas formas:
atmosféricas. Em relação à possibilidade
de danos em equipamentos elétricos e A parcela de corrente da descarga que
eletrônicos pelas descargas atmosféricas, a trafega pelos condutores de descida do
situação se enquadra no Dano D3 (falhas SPDA externo gera campos magnéticos
em dispositivos eletroeletrônicos). Em variantes no tempo. Quando atravessam
princípio, qualquer fonte (S1, S2, S3 e S4) os laços internos formados pelas redes
pode causar o dano. A maioria dos danos elétricas e eletrônicas que se interligam
em equipamentos elétricos e eletrônicos aos equipamentos, esses campos induzem
depende das características da estrutura surtos nas redes;
e dos serviços metálicos entrantes
(rede de alimentação elétrica, rede de A elevação de tensão do aterramento
telecomunicação, de controle, etc.). da instalação atinge um patamar
aproximadamente igual ao do produto
O risco na NBR 5419-2 é definido como o da corrente da descarga que penetra o
valor relativo a uma provável perda anual aterramento por sua impedância. Essa
média. A NBR 5419-2 calcula o risco tensão acaba sendo aplicada aos serviços
multiplicando três parâmetros: metálicos entrantes (transferência de
potencial). Em outras palavras, a corrente
Número de eventos perigosos em um da descarga se divide entre a malha de
ano; aterramento da edificação, os cabos e as
tubulações metálicas que adentram a
Probabilidade de um desses eventos edificação. As parcelas de corrente que
danificar os sistemas eletroeletrônicos; circulam pelos cabos das redes de energia
e de telecomunicação geram surtos que
A perda consequente desse dano. podem atingir os equipamentos internos.
O número de eventos que causam danos nos

46 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


equipamentos eletroeletrônicos internos devido à S1 (ES1) é obtido conforme mostrado na
Figura 2.24.

Número de danos em equipamentos


eletroeletrônicos internos devido à S1

ES1 = ND PC

PC - Probabilidade de um evento S1
danificar equipamentos internos

ND - Número de eventos S1 por ano na estrutura

ND é avaliado pelo produto da área de exposição


S1 equivalente da estrutura para S1 pela densidade
Descarga direta de descargas no local da estrutura
na edificação
ND = NG AD CD

NG - Densidade de descargas no local da


estrutura (Descargas / km2 / ano)

AD - Área de exposição equivalente para S1 (km2)

CD - Fator de localização da estrutura

Figura 2.24 - Número de danos em equipamentos eletroeletrônicos internos devido à S1 (ES1)

Figura 2.25 - Área equivalente para


estruturas simples para cômputo
do número de eventos S1. Adaptado
de [2]

3h
No cálculo de AD , a altura
h
w da estrutura tem muito
d peso. Em estruturas
3h simples, calcula-se a área
da estrutura planificada,
multiplicando-se por
três a sua altura (Figura
2.25).
2
AD = dw + 2(3h)(d + w) + π(3h)

Em estruturas complexas
com partes mais altas,
como em estações de
telecomunicações com
torres, calcula-se a área
hTORRE
equivalente do disco com
3 x hTORRE
raio igual a três vezes a
sua altura (Figura 2.26).

Figura 2.26 - Área equivalente para


estruturas com partes mais elevadas
para cômputo do número de eventos
S1. Adaptado de [2]

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Em estruturas complexas com
partes distintas, com alturas e
geometria distintas, avalia-se
a interação gráfica das áreas
conforme Figura 2.27.
Estrutura
O parâmetro CD, que corresponde
ao fator de localização da
estrutura, é obtido na Tabela 2.3 Torre

(Tabela A.1 da Parte 2 da norma).

Figura 2.27 - Área equivalente


para estruturas com partes
mais elevadas considerando
interação de áreas para
cômputo do número de
eventos S1. Adaptado de [2]

TABELA 2.3
Fator de localização da estrutura CD (Tabela A.1 da NBR 5419-2)

LOCALIZAÇÃO RELATIVA CD

Estrutura cercada por objetos mais altos 0,25

Estrutura cercada por objetos da mesma altura ou mais baixos 0,5

Estrutura isolada, nenhum objeto nas vizinhanças 1

Estrutura isolada no topo de uma colina ou de um monte 2

O cálculo de Pc (probabilidade de um evento S1 danificar equipamentos internos) é mostrado


na Figura 2.28. O parâmetro PDPS está indicado na Tabela 2.4 (Tabela B.3 da norma) transcrita
abaixo.

Probabilidade de um evento S1
danificar equipamentos internos

PC = PDPS CLD

PDPS - Probabilidade de danos em equipamentos


quando um sistema de DPS coordenados
é instalado - Tabela 2.4

CLD - Fator dependente da blindagem, aterramento


e condições de isolação da linha à qual o sistema
interno está conectado - Tabela 2.5
DPS

Figura 2.28 - Probabilidade de um evento S1 danificar equipamentos internos (Pc )

48 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Verifica-se que ele adquire valores de 1 torna zero. A condição para zerá-lo é atender
(nenhuma redução na probabilidade de simultaneamente a três requisitos:
dano) considerando a instalação sem DPS a
0,01 (redução de cem vezes), caso exista um Sistemas internos blindados;
sistema de DPS coordenados para o Nível de
Proteção I.
Cabo protegido contra descargas
atmosféricas ou cabeamento em dutos
TABELA 2.4
Valores de probabilidade de PDPS em função do NP
para cabos protegido contra descargas
para o qual os DPS foram projetados atmosféricas, eletrodutos metálicos ou
(adaptado da Tabela B-3 da NBR 5419-2) tubos metálicos;

NÍVEL DE PROTEÇÃO PDPS


Conexão na entrada da estrutura
Nenhum sistema de DPS coordenado 1 com blindagem interligada ao mesmo
barramento de equipotencialização que
III-IV 0,05
o equipamento.
II 0,02
Caso os sistemas internos não sejam
I 0,01 blindados e não sejam conectados a linhas
DPS especial*
0,005 externas (sistemas independentes); ou sejam
- 0,001 conectados a linhas externas por meio de
* DPS com características melhores de proteção (maior corrente
interfaces isolantes; ou sejam conectados a
nominal, menor tensão residual) comparados aos os requisitos linhas externas constituídas de cabo protegido
definidos para o NP I
contra descargas atmosféricas, não vai ser
Já o parâmetro CLD indicado na Tabela 2.5 preciso utilizar um sistema coordenado de DPS
(Tabela B4 da norma) tem valores iguais a zero para reduzir PC, desde que a tensão induzida
ou a 1. Sendo zero, a probabilidade Pc de S1 não seja maior que a tensão suportável Uw do
danificar equipamentos internos também se sistema interno.

TABELA 2.5
Valores dos fatores CLD (descargas diretas)e CLI (descargas indiretas)
(Tabela B.4 da NBR 5419-2)

TIPO DE LINHA EXTERNA CONEXÃO NA ENTRADA CLD CLI

Linha aérea não blindada Indefinida 1 1

Linha enterrada não blindada Indefinida 1 1

Linha de energia com neutro multiaterrado Nenhuma 1 0,2

Blindagem não interligada ao mesmo barramento de


Linha enterrada blindada (energia ou sinal) 1 0,3
equipotencialização que o equipamento
Blindagem não interligada ao mesmo barramento de
Linha aérea blindada (energia ou sinal) 1 0,1
equipotencialização que o equipamento
Blindagem interligada ao mesmo barramento de
Linha enterrada blindada (energia ou sinal) 1 0
equipotencialização que o equipamento
Blindagem interligada ao mesmo barramento de
Linha aérea blindada (energia ou sinal) 1 0
equipotencialização que o equipamento
Cabo protegido contra descargas
atmosféricas ou cabeamento em dutos
Blindagem interligada ao mesmo barramento de
para cabos protegido contra descargas 0 0
equipotencialização que o equipamento
atmosféricas, eletrodutos metálicos ou tubos
metálicos
Sem conexões com linhas externas (sistemas
Nenhuma linha externa 0 0
independentes)

Qualquer tipo Interfaces isolantes de acordo com a NBR 5419-4 0 0

Nota: Os valores de CLD referem-se aos sistemas internos blindados; para sistemas internos não blindados CLD =1

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O período entre danos em equipamentos internos devido à S1 é mostrado na Figura 2.29.

Período entre danos de equipamentos


internos devido à S1

1
PeríodoS1 = (anos)
ES1

ES1 - Número de danos em equipamentos


eletroeletrônicos internos devido à S1

Figura 2.29 - Período médio entre danos em equipamentos internos devido à S1

Esse período é fortemente dependente da 71 e 142 anos para instalação sem DPS e
altura da estrutura e do NP utilizado para a com DPS coordenado com NP III/IV, II e I,
especificação dos DPS. Considerando uma respectivamente.
instalação clássica de telecomunicações
dotada de torre muito alta, tem-se o gráfico Caso a torre tivesse altura de 80 metros, os
mostrado na Figura 2.30. Para a situação períodos passariam a ser de 0,6; 11; 28 e 55 anos
considerada com altura de torre de 50 metros, para instalação sem DPS e com DPS coordenado
ter-se-ia um período entre falhas de 1,4; 28; com NP III/IV, II e I, respectivamente.

1000

100
Período entre danos (anos)

Análise de S1
10

DPS NP I
DPS NP II
DPS NP III - IV
Sem DPS

Figura 2.30 - Período entre


falhas devido à S1 em função
da altura da torre e de PDPS.
Considerou-se NG= 10
descargas/km2/ano, CLD = 1
0,1
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Altura da torre (m)

50 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


2.2.2 - DANOS CAUSADOS POR DESCARGA redes elétricas e eletrônicas da instalação.
ATMOSFÉRICA PRÓXIMA À ESTRUTURA Descargas que incidam a até 500 metros
(FONTE S2) da estrutura são consideradas fontes
S2. O número de eventos de falhas dos
A Fonte S2 acopla menos energia à instalação equipamentos eletroeletrônicos internos
quando comparada à Fonte S1, pois trata-se causados pela S2 é dado na Figura 2.31. A
de indução provocada por descarga próxima altura da estrutura não influencia AM. Em
à estrutura. O campo provocado pela corrente estruturas simples, calcula-se AM como sendo
da descarga próxima é preponderantemente a área em planta da estrutura somada à área
magnético e variante no tempo e penetra nos no seu entorno, limitada a uma distância 500
laços involuntários criados entre cabos de metros, conforme Figura 2.32.

Número de danos em equipamentos


eletroeletrônicos internos devido à S2

ES2 = NM PM

PM - Probabilidade de um evento S2
danificar equipamentos internos

NM - Número de eventos S2 por ano na estrutura

S2 NM é avaliado pelo produto da área de exposição


equivalente da estrutura à S2 pela densidade
Descarga nas
de descargas no local da estrutura
proximidades
da edificação
NM = NG AM

NG - Densidade de descargas no local da


estrutura (Descargas / km2 / ano)

AM - Área de exposição equivalente para S2 (km2)

Figura 2.31 - Número de danos em equipamentos eletroeletrônicos internos devido à S2 (ES2)

500 m

h
w

500 m Figura 2.32


Área
equivalente
para estruturas
simples para
2
cômputo do
AM = 2(500)(d + w) + π 500 número de
eventos S2

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A vista em planta de AM fica delimitada, eventualmente provida pelo arranjo utilizado
conforme Figura 2.33. O cálculo de PM é para compor a ZPR 2, ao campo magnético
mostrado na Figura 2.34. remanescente na ZPR 1.

O fator K S1 considera a blindagem, O fator KS3 é obtido por meio da Tabela 2.6
eventualmente provida pelo arranjo do (Tabela B.5 da norma). Ele está relacionado
SPDA externo utilizado para compor a ZPR com a forma na qual os cabos internos de
1, ao campo magnético total produzido pela energia e de sinais internos estão roteados
descarga. O fator KS2 considera a blindagem, dentro da estrutura.

500 m

500 m 500 m
Estrutura

Figura 2.33
500 m Área equivalente
AM para cômputo
da quantidade de
eventos S2

Probabilidade de um evento S2
danificar equipamentos internos

PM = PMS PDPS

PDPS - Probabilidade de danos em equipamentos


quando um sistema de DPS coordenado
é instalado - Tabela 2.4

PMS - Probabilidade de danos em sistema interno


WM1 caso não seja instalado DPS

PMS = (KS1 KS2 KS3 KS4)2

KS1 = 0,12WM1 KS2 = 0,12WM2


DPS

WM1 - Largura da malha formada pelos condutores


do SPDA externo

WM2 - Largura da malha formada pelos condutores


da eventual ZPR 2

WM2

KS3 é obtido através da Tabela 2.6

1 UW a tensão de suportabilidade
KS4 =
UW dos equipamentos internos em kV

Figura 2.34 - Probabilidade de um evento S2 danificar equipamentos internos (PM)

52 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


TABELA 2.6
Valor do fator KS3 dependente da fiação interna (Tabela B.5 da NBR 5419-2)

TIPO DE FIAÇÃO INTERNA KS3

Cabo não blindado - sem preocupação com o roteamento para evitar laços a 1

Cabo não blindado - preocupação com o roteamento para evitar grandes laços b 0,2

Cabo não blindado - preocupação com o roteamento para evitar laçosc 0,01

Cabos blindados e cabos instalados em eletrodutos metálicosd 0,0001


a
Condutores em laço com diferentes roteamentos em grandes edifícios (área do laço da ordem de 50 m2)
b Condutores em laço roteados no mesmo eletroduto ou nos condutores em laço com diferentes roteamentos em edifícios pequenos
(área do laço da ordem de 10 m2)
c
Condutores em laço roteados no mesmo cabo (área do laço da ordem de 0,5 m2)
d
Blindagens e eletrodutos metálicos interligados a um barramento de equipotencialização em ambas extremidades e equipamentos
conectados no mesmo barramento de equipotencialização

O período entre danos de equipamentos comprimento de 20 metros e largura de 10


internos devido à S2 (Períodos2 ) é calculado metros, o gráfico mostrado na Figura 2.35
invertendo-se ES2, da mesma forma que foi apresenta o período entre danos causados
feito com ES1 (Figura 2.29). Esse período por S2. Para Wm1 com 8,3 metros e 4 metros e
é muito dependente do fator de blindagem DPS coordenados com NP III/IV, os períodos
provido pela malha do SPDA externo e são de 15 e 67 anos respectivamente. Sem
com o NP utilizado para especificar os a instalação de DPS, esses períodos seriam
DPS. Considerando uma estrutura com de 0,77 e 3,3 anos.

10000

1000
Período entre danos (anos)

100 Análise de S2

DPS NP I
DPS NP II
DPS NP III - IV
10
Sem DPS

Figura 2.35
Período entre falhas devido
1 à S2 em função da largura
da malha Wm1 e de PDPS.
Considerou-se NG = 10
descargas/km2/ano,
KS3 = 1, W=10 m,
0,1 L = 20 m, Uw = 2,5 kV

2 3 4 5 6 7 8 9 10
Largura da malha WM1 (m)

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2.2.3 - DANOS CAUSADOS POR DESCARGA natural que as instalações têm em relação
ATMOSFÉRICA NA LINHA EXTERNA DE à S3 são as disrupções que ocorrem nas
ALIMENTAÇÃO OU DE SINAL CONECTADA estruturas das linhas devido aos elevados
COM A INSTALAÇÃO (FONTE S3) valores das tensões que circulam pela linha.
Essas tensões são obtidas pelo produto
A Fonte S3, que representa uma injeção de da impedância de surto longitudinal da
corrente diretamente na linha, acopla muita linha, da ordem de 500 Ω, pela corrente de
energia à instalação. Uma vez atingida a descarga (metade do valor de pico). O número
linha em um ponto intermediário, a corrente de eventos de falhas dos equipamentos
da descarga se distribui nos dois sentidos eletroeletrônicos internos devido à S3 é
até atingir a instalação. Uma proteção mostrado na Figura 2.36.

Número de danos em equipamentos


eletroeletrônicos internos devido à S3

ES3 = NL PL

PW - Probabilidade de um evento S3
danificar equipamentos internos

NL - Número de eventos S3
por ano linha externa

NL é avaliado pelo produto da área de exposição


equivalente da linha pela densidade de
S3 descargas no local da estrutura
Descarga direta na
linha de energia ou
de telecomunicações NL = NG AL CI CT CE 10-6

NG - Densidade de descargas
no local da estrutura

AL - Área de exposição da linha para S3 (km2)

CI - Fator de instalação da linha. Tabela 2.7

CT - Fator do tipo da linha. Tabela 2.8

CE - Fator ambiental. Tabela 2.9

Figura 2.36- Número de danos em equipamentos eletroeletrônicos internos devido à S3 (ES3)

TABELA 2.7 - Fator de instalação da linha CI (Tabela A.2 da NBR 5419-2)

ROTEAMENTO CI

Aéreo 1

Enterrado 0,5

Cabos enterrados instalados completamente dentro de uma malha de aterramento 0,01

TABELA 2.8 - Fator tipo de linha CT (Tabela A.3 da NBR 5419-2)

INSTALAÇÃO CT

Linha de energia ou de sinal 1

Linha de energia em AT (com transformador AT/BT) 0,2

54 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


a mil metros) e largura de 40 metros. Para
TABELA 2.9 - Fator ambiental CE
linhas subterrâneas, a largura considerada
(Tabela A.4 da NBR 5419-2)
para a área de exposição pode ser ampliada
AMBIENTE CE ou diminuída de acordo com a resistividade
Rural 1 elétrica aparente do solo (Figura 2.37).

Suburbano 0,5
No cômputo de AL, caso a linha esteja perto
Urbano 0,1 de outra estrutura, a contribuição dessa
Urbano com edifícios mais altos que 20 metros 0,01 estrutura no aumento da área de exposição
à S3 deve ser levada em consideração. O
Calcula-se AL considerando a área em torno cálculo da probabilidade de um evento S3
da linha delimitada por um retângulo com danificar equipamentos internos (PW) é dado
o mesmo comprimento da linha (limitado na Figura 2.38.

Figura 2.37
Linha Área equivalente de exposição
da linha para cômputo do
número de eventos S3
40 m Estrutura

Até 1 km

Para linha aérea AL = 40LL

a
Para linha subterrânea AL = 40LL
400
Figura2.38
LL = Comprimento da linha (m) Probabilidade de um
= Resistividade aparente do solo (Ωm) evento S3 danificar
a

equipamentos
internos (PW )

Probabilidade de um evento S3
danificar equipamentos internos

PW = PDPS PLD CLD

PDPS - Probabilidade de danos em equipamentos


quando um sistema de DPS coordenado
é instalado - Tabela 2.4

PLD - Probabilidade de danos em sistemas


internos devido a uma descarga em
uma linha conectada, dependendo das
características da linha - Tabela 2.10

CLD - Fator dependente de blindagem,


DPS

aterramento e condições de isolação


da linha à qual o sistema interno
está conectado - Tabela 2.5

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 55


TABELA 2.10
Valores da probabilidade PLD dependendo da resistência RB da blindagem e da tensão suportável Uw
do equipamento (Adaptado da Tabela B.8 da NBR-5419-2)

TENSÃO SUPORTÁVEL Uw EM kV
TIPO DE LINHA CONDIÇÕES DO ROTEAMENTO, BLINDAGEM E INTERLIGAÇÃO
1 1,5 2,5 4 6

Linha aérea ou subterrânea, não blindada ou com


a blindagem não interligada ao barramento de 1 1 1 1 1
equipotencialização do equipamento

LINHAS DE 5 Ω/km <Rb 1 1 0,95 0,9 0,8


ENERGIA Linha aérea ou
OU SINAL subterrânea com 0,9 0,8 0,6 0,3 0,1
1 Ω/km <Rb ≤ 5 Ω/km
blindagem interligada
ao barramento de
equipotencialização
do equipamento Rb ≤ 1 Ω/km 0,6 0,4 0,2 0,04 0,02

O período entre danos de equipamentos Um exemplo são as condições mostradas na


internos devido à S3 (Período S3) é calculado Figura 2.39 e considerando uma linha sem
invertendo-se ES3 da mesma forma que foi DPS instalado. O período é de 12,5 anos entre
feito para o cômputo de ES1 (Figura 2.29). danos para linha sem blindagem (PLD = 1) e
Esse período é fortemente dependente do 625 anos para linha blindada com RB ≤ 1 Ω/
Nível de Proteção (NP) selecionado para km e Uw = 6 kV (PLD = 0,02).
o sistema coordenado de DPS. Depende
também, em menor escala, do Nível Na mesma figura, se for considerada uma linha
Suportável (Uw ) de surto dos equipamentos sem blindagem (PLD = 1), os períodos entre
e da resistência elétrica longitudinal da danos são de 12,5; 250; 625 e 1250 anos para
blindagem da linha, caso exista (Figura linhas sem DPS, com DPS NP I, com DPS NP
2.39). II e com DPS NP III-IV respectivamente.

100000

10000
Período entre danos (anos)

Análise de S3

1000
DPS NP I
DPS NP II
DPS NP III - IV
Sem DPS

100
Figura 2.39- Período entre
falhas devido à S3 em função
da PLD e PDPS. Considerou-se
NG = 10 descargas/km2/ano,
CLD = 1,
10 PDPS = 0.05, LL =1000 m,
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 ρa = 400 Ω.m, CI = 1, CE =1,
PLD (UW e Rb) CT = 0,2, Uw = 2,5 kV

56 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


2.2.4 - DANOS CAUSADOS POR DESCARGA que incidam a até 2 mil metros da linha são
ATMOSFÉRICA PRÓXIMA À LINHA consideradas Fontes S4. O número de danos
EXTERNA DE ALIMENTAÇÃO OU DE SINAL nos equipamentos eletroeletrônicos internos
CONECTADA COM A INSTALAÇÃO (FONTE devido à S4 é dado na Figura 2.40.
S4)
Calcula-se AI como sendo a área em torno
A Fonte S4 acopla menos energia à instalação da linha delimitada por um retângulo com
quando comparada à S3, pois trata-se de o mesmo comprimento da linha (limitada a
indução provocada por descarga próxima mil metros) e largura de 4 mil metros (Figura
à linha que atende à instalação. Descargas 2.41).

Número de danos em equipamentos


eletroeletrônicos internos devido à S4

ES4 = NI PZ

PZ - Probabilidade de um evento S4
danificar equipamentos internos

NI - Número de sobretensões por ano


maiores que 1 kV na seção da linha

NI é avaliado pelo produto da área de


exposição equivalente da linha pela
densidade de descargas no local
da estrutura

S4
Descarga nas proximidades NI = NG AI CI CT CE 10-6
das linhas de energia
ou telecomunicações
NG - Densidade de descargas
no local da estrutura

AI - Área de exposição da
linha para S4 (km2)

CI - Fator de instalação da linha.


Tabela 2.7

CT - Fator do tipo da linha. Tabela 2.8

CE - Fator ambiental. Tabela 2.9

Figura 2.40 - Número de


danos nos equipamentos
eletroeletrônicos internos
devido à S4

Linha

4000 m Estrutura

Até 1 km

Figura 2.41 - Área


AI = 4000LL equivalente de exposição
da linha para cômputo do
LL = Comprimento da linha (m) número de eventos S4

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 57


O cálculo da probabilidade de um evento S4 danificar equipamentos internos (PZ) é mostrado na Figura 2.42.

Probabilidade de um evento S4
danificar equipamentos internos

PZ = PDPS PLI CLI

PDPS - Probabilidade de danos em


equipamentos quando um sistema
de DPS coordenado é instalado
Tabela 2.4

PLI - Probabilidade de danos em sistemas


internos devido a uma descarga em
uma linha conectada dependendo
do tipo de linha e da tensão
suportável (UW) da linha
Tabela 2.11

CLI - Fator dependente da blindagem,


aterramento e condições de
isolação da linha à qual o sistema
DPS

interno está conectado


Tabela 2.5

Figura 2.42 - Probabilidade de um evento S4 danificar equipamentos internos (PZ )

TABELA 2.11
Valores da probabilidade PLI dependendo do tipo de linha e da tensão suportável de impulso Uw dos
equipamentos (Tabela B.9 da NBR 5419-2)

TENSÃO SUPORTÁVEL Uw EM kV
TIPO DE LINHA
1 1,5 2,5 4 6

Linhas de energia 1 0,6 0,3 0,16 0,1

Linhas de sinais 1 0,5 0,2 0,08 0,04

O período entre danos de equipamentos danos para o caso de equipamentos com


internos devido à S4 (PeríodoS4) é calculado nível de suportabilidade Uw = 1 kV (PLI = 1) e
invertendo-se ES4, da mesma forma como foi de 12,5 anos para o caso de equipamentos
feito com ES1 (Figura 2.29). com nível de suportabilidade Uw = 6 kV (PLD
= 0,1).
Esse período é muito dependente do Nível
de Proteção (NP) selecionado para o sistema Na mesma figura, se forem considerados
coordenado de DPS. Depende também, em equipamentos com nível de suportabilidade
menor escala, do Nível Suportável (Uw ) de Uw = 2,5 kV (PLD = 0,3), os períodos entre
surto dos equipamentos e do tipo da linha danos passam para 4,2; 82; 205 e 411 anos
(Figura 2.43). para linhas sem DPS, com DPS NP I, com DPS
NP II e com DPS NP III-IV respectivamente.
Por exemplo, para as condições mostradas na
Figura 2.43 e considerando uma linha sem
DPS instalado, o período é de 1,25 ano entre
58 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES
10000

1000
Período entre danos (anos)

Análise de S4

100
DPS NP I
DPS NP II
DPS NP III - IV
Sem DPS

10

Figura 2.43 - Período entre


falhas devido à S4 em função
da PLI e PDPS. Considerou-se
1 NG = 10 descargas/km2/ano,
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 LL = 1000 m, CLI = 0,1, CI = 1,
PLI (UW e tipo de linha) CE = 1, CT = 0,2

2.3 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO

A ferramenta de análise de danos é importante para subsidiar as soluções de projeto que


serão adequadas com base no conhecimento da fonte de dano que mais contribui para a
diminuição do período entre falhas da instalação. Para todos os casos estudados neste
item, os parâmetros mostrados na Tabela 2.12 vão ser mantidos.

TABELA 2.12
Parâmetros fixos utilizados nos casos estudados

PARÂMETROS FIXOS SIGLA VALORES TABELA

Fator dependente de blindagem, aterramento e condições de


CLD 1 2.5
isolação da linha à qual o sistema interno está conectado
Fator dependente de blindagem, aterramento e condições de
CLI 0,1 2.5
isolação da linha à qual o sistema interno está conectado

Largura da malha formada pelos condutores da eventual ZPR 2 WM2 10 m ---

Tensão suportável de impulso dos equipamentos Uw 2,5 kV ---

Probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma descarga


PLD 1 2.10
em uma linha conectada, dependendo das características da linha

Resistividade aparente do solo ρa 400 Ω ---

Probabilidade de falha de sistemas internos devido a uma descarga


em uma linha conectada, dependendo do tipo de linha e da tensão PLI 0,3 2.11
suportável (Uw) da linha

Comprimento da linha LL 1000 m ---

Fator de instalação da linha CI 1 2.7

Fator ambiental CE 1 2.9

Fator do tipo de linha (baixa-tensão, alta-tensão com


CT 0,2 2.8
transformador, telecomunicações)

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Para todos os casos estudados, os parâmetros que serão variados estão mostrados na
Tabela 2.13.

TABELA 2.13
Parâmetros variáveis utilizados nos casos estudados

PARÂMETROS VARIÁVEIS SIGLA VALORES TABELA

1 - 0,05 -
Probabilidade de falha dos equipamentos quando um sistema PDPS 0,02 - 0,01 2.4
de DPS coordenados é instalado - 0,001

Fator dependente do arranjo da fiação interna KS3 1 - 0,2 2.6

Largura da malha formada pelos condutores do SPDA externo WM1 3 - 5 - 10 m ---

2.3.1 - CASO 1 - ESTAÇÃO DE as três situações que serão analisadas e o


TELECOMUNICAÇÕES COM TORRE período total esperado entre falhas. A seguir
DE 100 METROS são analisadas as contribuições de cada

A Figura 2.44 ilustra o caso que será fonte de danos para a composição do período
estudado. Na Tabela 2.14 são mostradas total esperado entre falhas.

NG = 10 descargas / km2 / ano

hTorre = 100 m

d = 30 m
w = 20 m

h = 10 m

Figura 2.44 - Estação de telecomunicações. Arranjo típico com torre de 100 metros de altura

TABELA 2.14
Situações estudadas para o caso de uma estação de telecomunicações com torre de 100 metros de altura

Arranjo otimizado Largura da malha Período entre


SITUAÇÕES ESTUDADAS DPS instalado
da fiação interna do SPDA externo falhas (anos)

Situação 1 Sim - NP III e IV Não 10 5

Situação 2 Sim - NP I Não 10 22

Situação 3 Sim - DPS especial Não 10 223

60 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Os valores dos períodos entre falhas referentes às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e o período
total entre falhas são mostrados na Figura 2.45. A análise a seguir é referente aos dados
mostrados na Figura 2.45.

12500

4200
1250
748

416
354

250

223
Anos

83
75

Figura 2.45 - Períodos


35

esperados entre falhas devido

22
15

às fontes de danos S1, S2, S3


e S4 e período total esperado
7

5
entre falhas. Estação de
telecomunicações com torre
de 100 m de altura

S1 S2 S3 S4 Total

Fonte de danos

Situação 1 Situação 2 Situação 3

Na Situação 1 foi instalado DPS para entrante não sejam empreendidas. Nota-se
Nível de Proteção III/IV, a fiação interna que o período total passou a ser de 223 anos.
formando laços e a largura da malha do
SPDA externo de dez metros. Verifica-se na Nesse exemplo, a análise mostra que a
figura um período total de cinco anos entre mitigação de S1 como fonte de dano na
danos. A Fonte S1, que causa um dano a instalação é possível adotando sistemas
cada sete anos, é a maior contribuinte de internos blindados e agindo sobre a linha
danos. Destaca-se a altura da torre como a entrante. A linha deve ser instalada em
responsável pela quantidade de eventos S1. eletrodutos metálicos ou tubos metálicos,
conectados na entrada da estrutura ao
Na Situação 2 foi instalado o DPS para Nível barramento de equipotencialização. Pode-se,
de Proteção I, separada a fiação interna nesse caso, prescindir da blindagem dos
formando laços, largura da malha do SPDA sistemas internos, caso se comprove que
externo de dez metros. Observa-se que o as descargas na estrutura não induzam
DPS NP I diminui a contribuição de todas as internamente tensões maiores que as
fontes de danos, aumentando o período total suportadas pelo equipamento (Uw).
para 22 anos. A Fonte S1 passa a contribuir
com um dano a cada 35 anos. 2.3.2 - CASO 2 - ESTRUTURA
Aplicando-se DPS com características HORIZONTALIZADA COM GRANDES
superiores às especificadas para o NP I, DIMENSÕES EM PLANTA
Situação 3, tem-se o período máximo possível,
supondo que outras modificações na linha A Figura 2.46 ilustra o caso que será estudado.

W = 100 m

Figura 2.46
NG = 10 descargas / km2 / ano Estrutura
H=6m horizontalizada
com grandes
dimensões em
L = 100 m
planta

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A Tabela 2.15 apresenta seis situações a serem analisadas e o período total esperado entre
falhas. A seguir vai ser analisada a contribuição de cada fonte de danos para a composição
do período total esperado entre falhas.

TABELA 2.15
Situações estudadas para o caso de uma edificação de grande extensão horizontal

Largura da malha
Arranjo otimizado Período entre
SITUAÇÕES ESTUDADAS DPS instalado do SPDA externo
da fiação interna falhas (anos)
(m)

Situação 1 Sim - NP III-IV Não 10 10

Situação 2 Sim - NP II Não 10 24

Situação 3 Sim - NP III-IV Não 5 19

Situação 4 Sim - NP III-IV Sim 10 35

Situação 5 Sim - NP II Não 5 47

Situação 6 Sim - NP II Sim 10 88

Os valores dos períodos entre falhas referentes às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e o período
total entre falhas são mostrados na Figura 2.47.
793

625

625
625
317
275

274
274

250

250
250

208

208
208
110

110
110

88

88
83

83
83

47
35

35
32

24
Anos

19
13

10

S1 S2 S3 S4 Total

Fonte de danos

Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Situação 5 Situação 6

Figura 2.47 - Períodos esperados entre falhas devido às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e período total esperado entre falhas.
Estrutura horizontalizada de grandes dimensões em planta

62 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A análise a seguir é referente aos dados período total de 35 anos entre danos. A Fonte
mostrados na Figura 2.47. Considerou-se na S2 passa a causar um dano a cada 317 anos,
Situação 1 apenas a instalação de sistema DPS e a S4 se torna a maior contribuinte do período
coordenados NP III/IV. Verifica-se um período entre danos, passando para 83 anos.
total de dez anos entre danos. A Fonte S2,
que causa um dano a cada 13 anos, é a maior Outra medida eficaz seria adotar as Situações
contribuinte. 2 e 3, como pode ser visto na Situação 5,
diminuindo a malha do SPDA externo para
Na Situação 2, os DPS coordenados foram cinco metros para agregar fator de blindagem
especificados para NP II. Verifica-se o aumento e adotando o sistema de DPS coordenados com
do período total de dez para 24 anos entre NP II, em vez de NP III/IV. Como resultado, o
danos. A Fonte S2 continua sendo a maior período total entre danos passa de dez (Situação
contribuinte com um dano a cada 32 anos. 1) para 47 anos. Observa-se a efetividade desse
arranjo, proporcionando período entre danos de
Uma medida eficaz para controlar os efeitos 47 anos. A Fonte S2 é a maior contribuinte com
das descargas próximas à instalação (Fonte S2) um período de 88 anos.
é a diminuição da malha provida pelo SPDA
externo. Por exemplo: implantando-se um Adotando-se simultaneamente DPS coordenados
SPDA com malha de cinco metros, retornando NP II (Situação 2) e reinstalando-se a fiação
os DPS para NP III/IV, tem-se a Situação 3. interna com a preocupação de evitar grandes
Comparando-se os resultados da Situação 3 laços (Situação 4, KS3 = 0,2), com áreas menores
com a Situação 1, o aumento da contribuição que 10 m2, tem-se o período total entre falhas
de S2 vai de 13 para 35 anos e faz com que o aumentado para 88 anos, conforme mostrado
período total entre falhas seja ampliado de dez na Figura 2.47. Verifica-se nesse arranjo que
para 19 anos. a Fonte S4 é a mais crítica, contribuindo com
um período de 208 anos e resultando em um
Se a malha do SPDA fosse reduzida para dois período total entre danos de 88 anos.
metros e meio, o período total entre danos
passaria a ser de 35 anos. 2.3.3 - CASO 3 - ESTRUTURA
VERTICALIZADA DE GRANDES
Voltando a malha do SPDA para dez metros DIMENSÕES
(retirando-se o efeito de blindagem provido
pelo SPDA externo), mas instalando-se a fiação A Figura 2.48 ilustra o caso que será estudado,
interna com a preocupação de evitar grandes considerando os períodos esperados entre
laços (com áreas menores que 10 m2), tem-se falhas devido às fontes de danos S1, S2, S3
a Situação 4 (em que KS3= 0,2).Verifica-se um e S4 e o período total esperado entre falhas.

W = 30 m

NG = 10 descargas / km2 / ano

H = 20 m

Figura 2.48
Estrutura
L = 60 m verticalizada
de grandes
dimensões

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Na Tabela 2.16 são mostradas as cinco situações que serão analisadas e o período total
esperado entre falhas. A seguir são analisadas as contribuições de cada fonte de danos para
a composição do período total esperado entre falhas.

TABELA 2.16
Situações estudadas para o caso de estrutura verticalizada

Largura da malha
Arranjo otimizado Período entre
SITUAÇÕES ESTUDADAS DPS instalado do SPDA externo
da fiação interna falhas (anos)
(m)

Situação 1 Não Não 10 0,5

Situação 2 Não Não 3 1,4

Situação 3 Sim - NP III-IV Não 10 10

Situação 4 Sim - NP III-IV Não 3 27

Situação 5 Sim - NP II Não 10 26

Situação 6 Sim - NP II Não 3 68

Os valores dos períodos entre falhas referentes às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e o período
total entre falhas são mostrados na Figura 2.49.
625
625
275

250
250

208
208
209
209

110
84
84

83
83

68
36

27
26
Anos

14

13
13

10
6

4
4
4
4

1,4
1

S1 S2 S3 S4 Total

Fonte de danos

Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Situação 5 Situação 6

Figura 2.49 - Períodos esperados entre falhas devido às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e período total esperado entre falhas.
Estrutura verticalizada tipo prédio de escritórios de grandes dimensões

64 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A análise a seguir é referente aos dados Obtém-se um aumento expressivo do período
mostrados na Figura 2.49. Considera-se total entre danos para 27 anos, sendo as
para a Situação 1 que o prédio tem apenas maiores contribuintes para os danos as
SPDA externo com malha de dez metros. Fontes S1 e S4.
Nenhuma medida de proteção adicional foi
tomada. Verifica-se, para a Situação 1, um Na Situação 5, a malha do SPDA externo
período total de 0,5 ano (6 meses) entre voltou a ser de dez metros sem efeito de
danos (arredondado para 1 ano na figura). A blindagem, mas foi considerada a instalação
Fonte S2, que causa um dano a cada 0,7 ano de DPS coordenados Classe II. Obtém-se um
(8,5 meses) é a maior contribuinte (também aumento expressivo do período total entre
arredondado para 1 ano na figura). danos para 26 anos, praticamente o período
conseguido na Situação 4. Nesse cenário o
No intuito de melhorar o desempenho da maior contribuinte para os danos é a Fonte
proteção da S2, a malha do SPDA externo S2, com 36 anos.
foi reduzida para três para incrementar o
efeito de blindagem (Situação 2). Obteve-se Na Situação 6, a malha do SPDA externo
um aumento do período entre danos devido voltou a ser de três metros, propiciando
à S2 de 0,7 para 5,5 anos, superando a efeito de blindagem e, ao mesmo tempo,
contribuição de S4 e perfazendo um período considerou-se a instalação de DPS
total de 1,4 ano, ainda muito pequeno. coordenados Classe II, combinando-se a
Situação 4 e a Situação 5. Obtêm-se um
Na Situação 3 considerou-se apenas a período total entre danos para 68 anos,
instalação de sistema DPS coordenados NP sendo o maior contribuinte para os danos,
III/IV. Verifica-se um aumento substancial a Fonte S1.
no período entre danos devido à S2 de 0,7
para 14 anos, perfazendo um período total 2.3.4 - CASO 4 - CASA SIMPLES DE
entre danos de dez anos, evidenciando a UM PAVIMENTO
eficácia dos DPS coordenados.
Nessa situação, a casa conta apenas com
Na Situação 4 aplicou-se simultaneamente SPDA externo com malha de dez metros.
DPS coordenados NP III/IV (Situação 3) com Nenhuma medida de proteção adicional foi
a malha do SPDA externo e dimensão de três tomada. A Figura 2.50 ilustra essa situação.
metros para efeito de blindagem (Situação 2).

NG = 10 descargas / km2 / ano

h=5m

d = 15 m

w=8m

Figura 2.50 - Casa simples de um pavimento

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A Tabela 2.17 mostra cinco situações que serão analisadas e o período total esperado entre
falhas. A seguir são analisadas as contribuições de cada fonte de danos para a composição
do período total esperado entre falhas.

TABELA 2.17
Situações estudadas para o caso da casa simples de um pavimento

Arranjo otimizado Largura da malha do Período entre


SITUAÇÕES ESTUDADAS DPS instalado
da fiação interna SPDA externo (m) falhas (anos)

Situação 1 Não Não 10 0,6

Situação 2 Sim - NP III-IV Não 10 12

Situação 3 Sim - NP III-IV Não 3 40

Situação 4 Sim - NP II Não 3 99

Situação 5 Sim - NP II Não 10 31

Os valores dos períodos entre falhas referentes às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e o período
total entre falhas são mostrados na Figura 2.51.
3296
3296
1319
1319

625
625
288

250
250

208
208
119

99
83
83
66
Anos

40
39

31
16

13

12
4
1

S1 S2 S3 S4 Total

Fonte de danos

Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Situação 5

Figura 2.51 - Períodos esperados entre falhas devido às fontes de danos S1, S2, S3 e S4 e período total esperado entre falhas.
Casa simples de um pavimento

A análise a seguir é referente aos dados laços e largura da malha do SPDA externo
mostrados na Figura 2.51. de dez metros. Computa-se um período
total de 0,61 ano (7,3 meses) entre danos
Considera-se na Situação 1 que a casa não (arredondado para 1 ano na figura). Por
tem DPS instalado, fiação interna formando ordem de contribuição decrescente para

66 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


os danos, temos a Fonte S2 com 0,77 ano 2.4 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO
(arredondado para 1 ano na figura), a Fonte
S4 com quatro anos, a Fonte S3 com 13 anos As seguintes conclusões podem ser
e a Fonte S1 com 66 anos. formuladas com base no exposto ao longo
deste capítulo:
Comparando-se com o Caso 3 (prédio de
grande altura), verifica-se o grande aumento A avaliação do período entre falhas dos
do período dos danos devido à S1, que equipamentos elétricos e eletrônicos
passou de 4 para 18 anos, em decorrência internos, feita com base na análise
da diferença de alturas entre as estruturas e de riscos apresentada na Parte 2 da
a pequena variação do período devido à S2, NBR 5419:2015, é uma ferramenta
que era de 0,71 ano. A altura da estrutura não poderosa que auxilia o projetista na
influencia o número de danos devido à S2. escolha das técnicas de proteção mais
adequadas. Essa escolha considera o
Na Situação 2, a casa foi dotada de sistemas tipo de edificação, os tipos de linhas de
DPS coordenados NP III/IV, fiação interna alimentação e de telecomunicações que
formando laços e a largura da malha do SPDA atendem à estrutura, a localização da
externo é de dez metros. Todos os períodos edificação e as condições ambientais
aumentaram com essa ação, passando o mais relevantes;
período total entre danos a ser de 12 anos,
muito superior aos 7,3 meses calculados na Evidencia-se, com base na análise do
Situação 1. O maior contribuinte para os período entre falhas, a fonte de danos
danos continua sendo a Fonte S2, com 16 (S1, S2, S3 ou S4) que mais contribui
anos. para a redução desse período e otimiza-
-se o projeto de proteção, investindo-se
Na Situação 3, além da instalação de sistema nas ações mais adequadas e eficazes;
DPS coordenados NP III/IV, foi agregada a
malha do SPDA externo de três metros no Em muitos casos, existe mais de uma
intuito de conferir o fator de blindagem à casa. solução de projeto que apresenta
O período total entre danos que era de 12 anos eficiências semelhantes. Nesse caso,
com apenas a utilização de DPS coordenados a decisão sobre a melhor solução para
NP III/IV passou a ser de 40 anos. A Fonte o SPDA pode ocorrer com base na
S2, que era na Situação 2 a mais agressora, configuração mais econômica;
passou a contribuir com período entre falhas
de 120 anos. Observa-se que agora a Fonte S4 Da análise dos exemplos apresentados,
passou a ser a mais agressiva, com período é possível concluir que a instalação de
entre danos de 84 anos. DPS coordenados é uma das técnicas
mais eficazes e que a escolha adequada
Na Situação 4, repetiu-se a Situação 3 com do NP da instalação influencia bastante
malha do SPDA externo de três metros, mas na eficiência da proteção;
mudou-se para NP II e o sistema de DPS
coordenados. O período total entre danos Os cálculos relativos à análise de
aumentou para 99 anos, bem superior aos riscos foram feitos para uma densidade
40 anos conseguidos na Situação 3. A Fonte de descargas para a terra de dez
S4 permanece como principal contribuinte descargas/km2/ano. O período entre
para os danos. danos é inversamente proporcional à
densidade de descargas. Por exemplo:
Na Situação 5, repetiu-se a Situação 2, mas se para uma densidade de dez
utilizando DPS coordenados com NP II em descargas/km2/ano o período entre
vez de NP III/IV. A malha do SPDA externo danos é igual a 15 anos, para uma
foi mantida em dez metros, não agregando densidade de uma descarga/km2/ano,
blindagem. O período total entre danos passa o período entre danos vai ser de 150
a ser de 31 anos. Na Situação 2, em que se anos.
utilizou também somente DPS com NP III/IV,
esse período era de 12 anos.

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CAPÍTULO 3

TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS


EM LAÇOS INTERNOS E EM LINHAS
QUE ATENDEM A EDIFICAÇÕES

3.1 - TÉCNICAS DE ANÁLISE O estudo de transitórios, como os surtos


atmosféricos, é mais facilmente realizado no
3.1.1 - DOMÍNIO DO TEMPO VS DOMÍNIO domínio do tempo. Cabe observar que alguns
autores preferem tratar problemas transitórios
DA FREQUÊNCIA
no domínio da frequência, utilizando as
transformadas de Fourier.
Há duas possibilidades de trabalhar com
fenômenos eletromagnéticos: no domínio
do tempo ou no domínio da frequência. No 3.1.2 - LAÇO VS LINHA
domínio do tempo, as grandezas (tensões,
correntes, campos eletromagnéticos) são Para o cálculo de surtos induzidos, circuitos
expressas pelos seus valores instantâneos, condutores fechados podem ser tratados
determinados pela variável tempo. Dessa como laços (“loops”) ou como linhas. A escolha
forma, uma tensão V(t) é definida no domínio depende do comprimento do circuito e do
do tempo como V(t) = f(t), em que f(t) é uma tempo de frente (no domínio do tempo) ou
expressão matemática envolvendo a variável do comprimento de onda (no domínio da
tempo (t). Já no domínio da frequência, as frequência) da grandeza indutora. Para essa
grandezas são expressas por uma notação definição, é conveniente usar o conceito de
complexa (fasor), tendo a frequência angular comprimento elétrico (LE ) do circuito que,
como variável. Dessa forma, uma tensão no domínio do tempo, pode ser definido
V(ω) é definida no domínio da frequência conforme mostrado na Figura 3.1, em que
como V(ω) = f(ω) + j g(ω), em que f(ω)e g(ω) L é o comprimento físico do circuito, T é o
são expressões matemáticas envolvendo a tempo de frente da onda e v é a velocidade
frequência angular (ω) e j denota a unidade de propagação das ondas eletromagnéticas.
imaginária (j = √-1). Essa velocidade depende do meio e, no caso
do ar, ela é muito próxima da velocidade da
A escolha do domínio do tempo ou da luz no vácuo (v ≈ c = 3×108 m/s).
frequência depende da preferência de cada
pessoa e das características do problema. A classificação de um circuito como “laço”
Em geral, problemas que envolvem regime ou como “linha” é feita com base em seu
permanente são mais facilmente tratados no comprimento elétrico. Considere-se o
domínio da frequência, enquanto problemas circuito mostrado na Figura 3.2 (A), em
que envolvem transitórios ficam mais que um condutor é disposto na forma de
simples no domínio do tempo. Por exemplo, um retângulo de comprimento l = 30 m e
o cálculo das tensões e correntes de regime terminado em uma impedância Z na sua
permanente em um sistema elétrico de extremidade direita cuja tensão é medida
potência é muito mais facilmente tratado no por um voltímetro. Do lado esquerdo do laço
domínio da frequência, pois essas grandezas há um fio vertical em que flui a corrente i
podem ser expressas por fasores. Além disso, que apresenta um tempo de frente T = 1 μs.
nesse exemplo a frequência é fixa (f = 60 Hz, Nessas condições, o comprimento elétrico do
no Brasil). Significa que a frequência angular circuito é dado por LE = 30 / (1×10-6 × 3×108)
vale ω = 2 π f = 2 π 60 = 377 rad/s. = 0,1.

68 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


De forma geral, circuitos com comprimento elétrico igual ou menor que 0,1 podem ser

Comprimento elétrico de um circuito: L E ≤ 0,1 Laço


l L E ≥ 0,5 Linha
LE=
vT FRENTE

V(t)

V
V0

L
V(t)

TFRENTE t

Figura 3.1 - Comprimento elétrico de um circuito no domínio do tempo

A B

ZL
i
V(t)
h = 2 m Z V Z V

l = 30 m

Figura 3.2. (A) - Laço excitado por uma corrente; (B) - Circuito equivalente

tratados como laços, enquanto aqueles com A vantagem de tratar um circuito como laço
comprimento elétrico igual ou maior que 0,5 reside na possibilidade de desprezar os
devem ser tratados como linhas. Circuitos com fenômenos de propagação, o que simplifica
comprimento elétrico entre 0,1 e 0,5 podem muito o cálculo das tensões e correntes
ser tratados como laços com base em uma induzidas.
aproximação que se torna progressivamente
melhor à medida que o comprimento elétrico 3.1.3 - CAMPO ELÉTRICO VS CAMPO
diminui e vice-versa. Dependendo do tempo MAGNÉTICO
de frente da grandeza indutora, um mesmo
circuito pode ser classificado como laço ou Duas abordagens podem ser utilizadas para
como linha. Por exemplo: se a corrente do o cálculo de tensões induzidas: (i) baseada na
exemplo tivesse um tempo de frente de 0,1 µs variação temporal do fluxo magnético na área
o mesmo circuito de 30 metros teria de ser formada pelo laço; e (ii) baseada na integral do
tratado como uma linha. campo elétrico ao longo do condutor.

Para uma análise mais detalhada sobre os O cálculo das tensões induzidas com base no
critérios para essa classificação, recomenda-se campo magnético é bastante adequado para
a referência [1].

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laços nos quais haja uma área bem definida Fica claro, portanto, que tratar um circuito
para integrar o campo magnético, e os efeitos como uma linha requer uma solução bem
de propagação podem ser desprezados. Por mais complexa do que tratá-lo como um laço,
exemplo, considere o circuito da Figura necessitando normalmente de programas
3.2 (A), em que a corrente i induz tensões de computador dedicados para esse cálculo
e correntes no laço. O cálculo da tensão [3]-[5]. Felizmente, a maioria dos casos de
medida pelo voltímetro pode ser feito por instalações elétricas em edificações pode ser
meio do circuito mostrado na Figura 3.2 (B). tratada como laço, em que a solução por meio
Nesse circuito, a tensão induzida no laço foi do campo magnético resulta em fórmulas
“concentrada” em uma fonte de tensão V(t) compactas e de fácil uso. Essa característica
cuja magnitude corresponde à tensão de será analisada na seção seguinte.
circuito aberto induzida no laço. O cálculo das
tensões e correntes será tratado na Seção 3.2. 3.2 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS
EM LAÇOS INTERNOS DE EDIFICAÇÕES
No caso de linhas, a abordagem a partir do
campo magnético não é muito prática. A
Esta seção aborda as tensões e correntes
abordagem mais utilizada é a proposta por
induzidas por descargas atmosféricas
Agrawal et al.[2], que se baseia no campo
elétrico tangencial ao condutor. Nesse modelo, (“surtos”) nos laços (“loops”) formados
diversas fontes de tensão são inseridas no pelo cabeamento interno de edificações.
condutor, cada uma correspondendo ao As descargas atmosféricas normalmente
produto do campo elétrico tangencial (Ek (t)) incidem no SPDA de uma edificação ou em
pelo comprimento do trecho k considerado, objetos elevados situados nas proximidades,
conforme mostrado na Figura 3.3. como árvores ou torres. Os intensos campos
eletromagnéticos produzidos pelas descargas
Cada segmento da linha vai corresponder atmosféricas podem induzir surtos perigosos
a uma fonte de tensão cuja amplitude é nos condutores internos da edificação, que
dada pelo produto do campo elétrico pelo são aplicados nas portas dos equipamentos
comprimento do segmento, resultando elétricos e eletrônicos. Caso a intensidade do
em diversas fontes de tensão distribuídas surto seja superior à do nível de suportabilidade
ao longo da linha, conforme mostrado na de um dado equipamento, ele será danificado.
Figura 3.3. Como resultado, ondas de tensão A Figura 3.4 ilustra como descargas
e corrente vão ser excitadas pelas fontes atmosféricas incidindo em diferentes pontos
distribuídas e propagadas ao longo da linha. induzem surtos no laço formado pelo cabo de
A tensão e a corrente em um dado ponto da força e pelo cabo de sinais de uma televisão.
linha resultam da superposição das diversas
ondas incidentes e refletidas.

E 1( t ) E 2( t ) E k (t)

l1 l2 lk

l 1E 1( t ) l 2E 2( t ) l k E k (t)

Figura 3.3 - Modelo de Agrawal para indução de tensões em linhas

70 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


O acoplamento dos campos eletromagnéticos abraçando-se o condutor com a mão direita
com os laços internos de edificações é e estendendo-se o polegar no sentido da
complexo. Então esta seção vai dar apenas corrente, os outros dedos indicam o sentido
uma visão geral do problema. O objetivo é do campo magnético (ver Figura 3.6). Por
apresentar uma abordagem qualitativa que, exemplo, na Figura 3.5(A), as linhas do campo
com a utilização de fórmulas aproximadas, magnético “entram” no plano do laço, o que
possibilite estimar os valores dos surtos é indicado pelos símbolos “xxx” na figura. Já
esperados nas portas dos equipamentos. Essa na Figura 3.5(B), como o sentido da corrente
abordagem também possibilita dimensionar foi invertido, as linhas do campo magnético
técnicas de proteção visando mitigar os “saem” do plano do laço, o que é indicado pelos
surtos para a integridade dos equipamentos símbolos “....” na figura.
instalados no interior da edificação.
O sentido e a variação do campo magnético
Esta seção considera os circuitos eletricamente que atravessa o laço determina a polaridade da
curtos, isto é, aqueles que podem ser tratados tensão induzida. Considera-se que a corrente
como laços (ver Seção 3.1.2). A abordagem na Figura 3.5(A) aumenta linearmente com
será feita no domínio do tempo, considerando o tempo, levando a intensidade do campo
a corrente de retorno de uma descarga magnético também a aumentar linearmente
atmosférica como fonte de excitação. Esses com o tempo. Nessa condição, a corrente
surtos são gerados por descargas atmosféricas induzida no laço se opõe à variação do campo
que atingem a estrutura que abriga o laço ou magnético no laço. Isso leva a uma corrente
que atingem um ponto nas proximidades da induzida no sentido anti-horário (veja a regra
estrutura (ver Figura 3.4). da mão-direita) e a uma tensão negativa
detectada pelo voltímetro. De maneira análoga,
na Figura 3.5(B), a corrente induzida circula
no sentido horário e a tensão no voltímetro tem
polaridade positiva.

A intensidade da tensão induzida no laço é


proporcional ao fluxo magnético concatenado
pelo laço. Isso significa que quanto maior
for a área do laço iluminada pelo campo
magnético, maior será a tensão induzida.
Dessa forma, reduzindo o tamanho do laço da
Figura 3.7(A) para o laço da Figura 3.7(B),
reduz-se a tensão induzida. Outra forma de
reduzir a tensão induzida é aumentando a
distância entre o laço e a fonte indutora, pois
a intensidade do campo magnético cai com o
aumento da distância da fonte.
Figura 3.4 - Indução de surtos no cabeamento interno de uma
edificação Outra possibilidade é mudar a posição do
plano do laço em relação ao condutor por
3.2.1 - ASPECTOS QUALITATIVOS onde flui a corrente indutora. Isso é mostrado
na Figura 3.7(C), em que o laço é girado de
Considere-se o circuito da Figura 3.5(A), em um ângulo θ em relação ao plano que contém
que a corrente i gera um campo magnético que a corrente indutora e passa pelo centro do
“ilumina” o laço da figura. Como a corrente laço. Como resultado, a tensão induzida fica
é vertical, o campo magnético é azimutal, ou atenuada pelo fator k = cos θ. O θ = 90º leva a
seja, as suas linhas de campo são circulares, cos θ = 0 e a uma tensão induzida nula, pois as
centradas no condutor e contidas em planos linhas de campo magnético ficam tangenciais
horizontais. O sentido do campo magnético ao plano do laço, resultando em um fluxo
é dado pela “regra da mão direita”, ou seja, magnético nulo.

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A tensão induzida em um laço também pode transposto, a tensão reduzida resultante é
ser reduzida com a transposição do laço, que próxima de zero. A técnica de transposição
significa mudar a posição relativa entre seus é muito utilizada em cabos de comunicação,
condutores. Isso é mostrado na Figura 3.7(D), como aqueles utilizados em linhas de
em que a tensão induzida em uma parte telecomunicações (pares trançados) e nos
do laço tem polaridade positiva e, na outra cabos de dados, como os UTP de rede Ethernet
parte, polaridade negativa, cancelando-se (UTP: Unshielded Twisted Pair), conforme
mutuamente. Para um laço adequadamente mostrado na Figura 3.8.

A B

i i

- + - +

Figura 3.5 - Laço iluminado por campo magnético. (A) Corrente ascendente; (B) Corrente Figura 3.6 - Regra da Mão Direita
descendente

A B

- + - +
i i

C D

- +

- +
i i

Figura 3.7 - Variações da tensão induzida em um laço. (A) Caso de referência; (B) Área do laço reduzida; (C) Laço em ângulo; (D) Laço
transposto

72 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Observa-se que, no caso considerado de um fio
longo retilíneo, o campo magnético não varia com
a altura. O fluxo magnético Φ concatenado no
laço é dado pela integral do campo magnético ao
longo do laço, multiplicada pela permeabilidade
magnética μ do meio. Dessa forma, o fluxo
magnético é dado por:

(3.2)
Autor: Baran Ivo - Imagem
em domínio público obtida
de wikipedia.org

Figura 3.8 - Par trançado


De acordo com a Lei de Faraday [6], a tensão
de cabo UTP como exemplo induzida no laço é dada pela taxa de variação
de transposição de temporal do fluxo magnético:
condutores

(3.3)
3.2.2 - TENSÃO INDUZIDA EM UM LAÇO
ABERTO
Observa-se que, na equação (3.3), o sinal
A seção anterior trouxe vários aspectos negativo indica a polaridade da tensão
qualitativos que afetam a tensão induzida. induzida, conforme visto na seção anterior.
Esta seção vai abordar os aspectos A permeabilidade magnética do ar é muito
quantitativos - aqueles que possibilitam próxima da do vácuo e vale μ0 = 4π 10-7 H/m.
o cálculo da tensão induzida em um laço Inserindo-se esse valor em (3.3), obtém-se:
aberto.
(3.4)
Considera-se a situação mostrada na Figura
3.9, em que a corrente indutora flui por um
condutor com comprimento muito maior que
Por exemplo: considera-se que o laço tem dois
a distância que o separa do laço e situado no
metros de altura, quatro metros de largura e
mesmo plano que contém o laço. A resistência
está situado a 20 metros de uma torre metálica
do voltímetro é assumida como muito elevada.
atingida por um raio. Nessas condições, h =
Assim o laço pode ser considerado aberto na
2 m, a = 20 m e b = 24 m. Considera-se que a
posição do voltímetro. De acordo com a Lei de
taxa de variação da corrente é di/dt = 100 kA/
Ampère [6], a intensidade do campo magnético
μs, que corresponde ao valor padronizado para
é proporcional à corrente e inversamente
a descarga negativa principal [7]. Inserindo-se
proporcional à distância x do fio.
esses valores em (3.4), obtém-se o valor de pico
da tensão induzida Vp = 7,3 kV. A fórmula (3.4)
pode ser escrita de uma forma mais compacta,
(3.1) conforme indicado na Figura 3.9.

i(t) a

b
x Lm = 2 x 10-7h ln
a
V(t) h
di Figura 3.9
V(t) = Lm
dt Dimensões
H consideradas no
cálculo da tensão
induzida:
a = 20 m;
b = 24 m;
h=2m

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A forma de onda da tensão induzida depende principalmente durante a frente da onda de
da forma de onda da corrente indutora. A corrente (elevados valores de di/dt). Além
Figura 3.10(A) mostra a forma de onda de disso, o valor de pico da tensão induzida
corrente trapezoidal, considerando o valor de (10,2 kV) é maior do que o calculado para a
pico de 100 kA e o tempo de frente de 1 μs. corrente trapezoidal (7,3 kV) porque a taxa
Já a Figura 3.10(B) mostra a forma de onda de variação temporal da corrente atinge
de tensão induzida para essa corrente, obtida o valor máximo de 139,6 kA/μs em um
a partir da fórmula (3.4). Observa-se que a momento durante a frente de onda.
tensão induzida é nula depois que a corrente
indutora atinge o valor de 100 kA, pois ela
Para as dimensões consideradas na Figura
passa a ser constante (di/dt = 0).
3.9, a indutância mútua entre o condutor
Por sua vez, a Figura 3.11(A) mostra a vertical (torre) e o laço é Lm = 2×10-7×2×ln
forma de onda padronizada [7] com o valor (24/20) = 7,3×10-8 H, ou seja, Lm = 73 nH.
de pico de 100 kA, enquanto a Figura Nota-se que, embora a indutância mútua
3.11(B) mostra a forma de onda de tensão seja muito pequena, a tensão induzida no
induzida para essa corrente, também obtida caso considerado atingiu 7,3 kV de pico. Isso
a partir da fórmula (3.4). Observa-se que decorre da elevada taxa de variação temporal
a tensão induzida tem duração menor que da corrente das descargas atmosféricas (no
a corrente indutora, pois a indução ocorre exemplo, 100 kA/μs).

A B

I(kA) V(kV)

100 7,3

1 t(µs) 1 t(µs)

Figura 3.10 - (A) Corrente trapezoidal; (B) Tensão induzida no laço da Figura 3.9

A B

120 12
100 10
Corrente (kA)

Tensão induzida (kV)

80 8
60 6
40 4

20 2
0 0
0 2 4 6 8 0 2 4 6 8
-2
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.11 - (A) Corrente de descarga negativa principal; (B) Tensão induzida no laço da Figura 3.9

74 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


3.2.3 - CORRENTE INDUZIDA EM UM LAÇO Essa indutância é necessária para calcular
EM CURTO-CIRCUITO a corrente induzida.

Considera-se a situação mostrada na Figura Cabe observar que essa expressão é a base
do funcionamento de transformadores de
3.12, em que o voltímetro foi substituído por
corrente, em que a corrente do secundário
um amperímetro, caracterizando um laço
(no caso, i 2 ) reproduz a corrente do
em circuito fechado. Conforme foi visto, a
primário (no caso, i1), reduzida pelo fator
corrente induzida no laço tende a cancelar de transformação. Para um transformador
o campo magnético incidente. De fato, caso de corrente, a relação entre a indutância
a resistência dos fios do laço seja nula, a própria e a mútua corresponde à relação de
corrente que flui pelo laço é necessária para espiras.
cancelar totalmente a tensão induzida pela
corrente indutora. Em termos matemáticos, Considerando o laço da Figura 3.12 e que
essa condição de contorno se expressa por: o raio do fio é de um milímetro, obtém-se
uma indutância própria de Lp = 17,1 μH.
Portanto, a corrente induzida é idêntica à
corrente indutora, multiplicada pelo fator
(3.5)
Lm / Lp = 0,073 / 17,1 = 0,00427. O valor
de pico da corrente induzida é 100 kA ×
i 1 é a corrente indutora, i 2 é a corrente 0,00427 = 427 A. Em termos práticos,
induzida, Lm é a indutância mútua entre o supondo-se que o laço esteja conectado
circuito da corrente indutora e o laço, e LLaço na porta de um equipamento eletrônico
é a indutância própria do laço. Considerando protegida por um DPS, esse DPS deve ser
que inicialmente tanto i1 quanto i2 são nulas capaz de conduzir a corrente do surto.
(i.e., i1(0) = i2(0) = 0), a expressão (3.5) pode
ser simplificada pela expressão mostrada A aplicação dessa fórmula é ilustrada na
na Figura 3.12. Essa expressão mostra que Figura 3.13, considerando as dimensões do
a corrente induzida i2 é idêntica à corrente laço da Figura 3.9. A corrente indutora e a
indutora i1, exceto pela sua amplitude, que é corrente induzida são mostradas na Figura
reduzida pelo fator Lm / LLaço. A Figura 3.12 3.13(A) e na Figura 3.13(B) respectivamente.
também apresenta uma expressão para a Observa-se que a corrente induzida é uma
indutância própria de um laço retangular. “miniatura” da corrente indutora.

Laço em curto-circuito

i1

Lm
i2 i2 = il
LLaço

2h 2l
r r
LLaço = 0,8 l 2 + h 2 - 0,8 (l + h) + 0,4 l ln + 0,4 h ln
2 2
h l
1+ 1+ 1+ 1+
l h Figura 3.12
Corrente
induzida em
um laço em
Em que h é a altura, l é o comprimento e r é o raio do fio do laço. curto-circuito
A indutância calculada está em µH.

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A B

120 0,5

Corrente induzida (kA)


100 0,4
Corrente (kA)

80
0,3
60
0,2
40

20 0,1

0 0
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.13 - (A) Corrente de descarga negativa principal, segundo IEC62305-1; (B) Corrente induzida no laço da Figura 3.12

3.2.4 - TENSÃO E CORRENTE INDUZIDAS calculada pela fórmula apresentada na Figura


EM UM LAÇO COM CARGA 3.9.

As seções anteriores abordaram casos de um Além da fonte de tensão, foi inserida no laço
laço em circuito aberto e em curto-circuito, uma indutância correspondente à indutância
que são situações extremas que se aproximam própria do laço. Para um laço retangular,
de alguns casos encontrados na prática. No essa indutância pode ser calculada pela
entanto, na maioria dos casos práticos há fórmula da Figura 3.9. Observa-se que foi
sempre alguma carga no circuito: a terminação também inserida no laço uma resistência
capacitava da porta de um equipamento, a que corresponde à resistência do condutor
resistência e indutância do condutor do laço ou do laço. Em muitos casos, essa resistência é
mesmo a impedância não linear apresentada desprezível, especialmente quando há outras
por um DPS. Esta seção analisa esses casos, resistências no laço. No entanto, não se pode,
fazendo uso das expressões desenvolvidas nas a priori, desprezar a resistência do condutor
seções anteriores. do laço, principalmente para condutores finos
como os usados em linhas de comunicação.
Considera-se o circuito da Figura 3.14(A), em A resistência Rf do fio pode ser obtida pelas
que a impedância Z1 pode ser uma combinação expressões dadas na Figura 3.15, em que r e l
de cargas resistiva, capacitiva e indutiva. são o raio e o comprimento do fio. Dessa forma,
Interessa saber a tensão desenvolvida nessa o condutor de cobre de um milímetro de raio
impedância. Em termos práticos, Z1 pode ser e 12 metros de comprimento, considerado no
a impedância de entrada de um equipamento exemplo anterior, apresenta uma resistência
eletrônico. Supõe-se, para simplificar, que o de 65 mΩ.
outro lado do laço tenha entrado em curto-
circuito provocado por um DPS. O circuito Um aspecto a ser considerado na determinação
vertical da corrente indutora pode representar da resistência do condutor é o efeito pelicular,
uma torre de telefonia celular instalada nas que é o aumento na resistência devido à
imediações da edificação. O objetivo do migração da corrente para a periferia do
estudo é saber se um raio pode danificar o condutor. Esse efeito é difícil de ser modelado
equipamento de comunicação, caso venha a com precisão no domínio do tempo. A alternativa
atingir uma torre. é uma adaptação do modelo aproximado
desenvolvido por Al-Asadi et al. [8], que também
Para calcular a tensão em Z1, é necessário é mostrado na Figura 3.15.
montar um circuito equivalente para o laço,
como mostra a Figura 3.14(B). Observa-se Considerando o efeito pelicular e o tempo
nessa figura que foi introduzida uma fonte de frente da corrente indutora de 1 μs, o
de tensão V(t) que depende da corrente condutor do exemplo anterior terá sua
da descarga atmosférica e das dimensões resistência aumentada de 65 mΩ para
envolvidas. A tensão fornecida por essa fonte é 390 mΩ. Como visto, o efeito pelicular

76 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A B

L R
i
V(t)
ZL V ZL V

Figura 3.14 - (A) Laço com carga Z1 exposto aos efeitos da corrente indutora i; (B) Circuito equivalente para o cálculo da tensão
induzida observada em Z1

Se for considerado o efeito pelicular:

-1
2
l -r
Rf = r -
2
r - 1 -e
Resistência do fio do laço: πr 2
l
Rf =
πr 2 e = 2,718 é a base de logaritmos naturais e
é a profundidade de penetração dada por:
l

2r 2TFRENTE
=
πµ

é a resistividade do material: TFRENTE é o tempo de frente da corrente indutora


Cobre: = 1,7 x 10-8 Ωm e µ é a permeabilidade magnética do condutor
Alumínio: = 2,8 x 10-8 Ωm (µ = µ0 = 4µ x 10-7 H/m para os metais não ferrosos).

Figura 3.15 - Resistência de um condutor cilíndrico

aumenta consideravelmente a resistência tensão desenvolvida na impedância Z1. O cálculo


do condutor para uma corrente impulsiva. A analítico dessa tensão é muito trabalhoso para
aproximação expressa na Figura 3.15(B) é ser feito manualmente. Felizmente esse tipo de
válida para correntes induzidas oscilatórias e circuito é facilmente resolvido pelos métodos
para a frente de onda de correntes induzidas numéricos incorporados nos softwares de
unipolares, pois a resistência do condutor simulação de circuitos. Dessa forma, é altamente
tende a voltar para o seu valor dado na Figura recomendável utilizar um desses softwares
3.15(A), uma vez que a taxa de variação da para resolver o circuito da Figura 3.14(B). São
corrente induzida tende a zero. Caso exista no exemplos de softwares de simulação de circuitos
circuito uma resistência da ordem de algumas o PSpice e o TINA TI. Disponibilizado pela Texas
dezenas de ohms, o efeito da resistência do Instrument, o TINA TI é bastante intuitivo e pode
condutor se torna desprezível, o que ocorre na ser obtido gratuitamente pela internet.
maioria dos casos práticos. Para os exemplos
apresentados neste capítulo, será considerada Para efeito de ilustração, considera-se que a
uma resistência do condutor de 400 mΩ. impedância Z1 corresponde a um capacitor de
1 nF em série com um resistor de 19 Ω. Esse
Uma vez montado o circuito para representar o tipo de impedância representa a terminação
laço da Figura 3.14(A) e calculados os valores de modo comum de uma porta LAN, que é
dos seus parâmetros e da fonte, cabe calcular a o terminal padrão Ethernet utilizado para

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acesso à internet por meio metálico (ver seja, as tensões aplicadas às portas LAN são
Figura 3.16). idênticas. Na prática, pequenas diferenças
podem ocorrer em função de variações nos
Dessa forma, o circuito simulado representa valores dos componentes.
um cabo de rede (UTP) conectando duas
portas LAN (em geral, um roteador com um
computador). O fechamento do laço é feito
pelo condutor de proteção (PE) da linha de
energia elétrica (linha de força), conforme
mostrado na Figura 3.17. Caso um ou os
dois equipamentos não tenham condutor PE,
o fechamento do laço se dá pelos cabos de
força.

A representação do circuito da Figura 3.17 é


mostrada na Figura 3.18, em que as tensões
V1 e V2 correspondem às tensões de modo
Figura 3.16 - Cabo UTP e conector RJ45 de uma porta LAN
comum (para a massa) desenvolvidas nas (Ethernet). Autor: Clemens Pfeiffer - Imagem em domínio público
portas LAN do roteador e do computador. obtida de wikepedia.org
Por simetria, conclui-se que V1 = V2 , ou

Porta LAN Porta LAN

Cabo UTP

Roteador
Área do laço

Figura 3.17
Possível
situação prática
Condutor PE
de um laço
conectando dois
equipamentos

O resultado da simulação é mostrado na


L R
Figura 3.19, em que se observa a semelhança
da forma de onda da tensão aplicada nas
portas LAN com a tensão de circuito aberto
V2 R2 R1 V1 (ver Figura 3.11(B)), embora apresente
algumas oscilações na sua cauda. Essas
C2 C1 oscilações são causadas pela indutância do
laço e pelas capacitâncias das portas LAN,
V(t) enquanto sua atenuação é produzida pelas
resistências das portas LAN. Observa-se
também que o valor de pico é próximo da
metade do valor de pico da tensão induzida
Figura 3.18 - Circuito equivalente ao da situação apresentada na em circuito aberto, pois a tensão induzida
Figura 3.14
no laço se divide entre as duas portas LAN.

78 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


O valor de pico da tensão nas portas LAN antes havia dois capacitores em série e agora ficou
é de 5,9 kV, o que significa que não haverá apenas um. Da mesma forma, antes havia dois
danos nesses equipamentos, caso eles resistores em série e agora resta apenas um.
atendam ao requisito especificado pela ITU-T Observa-se que a resistência do fio tem efeito
K.21 [9], conforme indicado na Tabela A1 desprezível nesse caso.
da NBR 5419-4 [10]. Essa norma inclui um
teste que requer que a porta LAN suporte a O valor de pico atingido pela tensão induzida
aplicação de pulsos de 6 kV de amplitude em foi de 13,5 kV superior ao valor de pico da
ambas as polaridades. tensão de circuito aberto, que é de 10,2 kV
(ver Figura 3.10(B)). Esse aumento do valor
Para efeito de exemplo, supõe-se que a de pico da tensão aplicada na entrada do
porta LAN do computador produza um equipamento se deve ao efeito da indutância
centelhamento para a massa (chassi da própria do laço e da capacitância de entrada
placa). Para simplificar a simulação, do equipamento. Além disso, esse valor é mais
considera-se que o centelhamento é do dobro do valor de pico observado quando
representado por um curto-circuito do não havia centelhamento no computador (5,9
cabo UTP para a massa, na entrada do kV), pois a tensão não mais se divide entre as
computador da Figura 3.17. O circuito duas portas LAN. Nesse caso, é provável que
equivalente para simulação é mostrado na ocorra centelhamento também no roteador.
Figura 3.20.
Em termos práticos, a ocorrência de
7 centelhamento pode ou não causar danos no
6 equipamento, dependendo de onde ele ocorre. Por
5 exemplo: um centelhamento do pino do conector
RJ45 diretamente para a massa do equipamento
Tensão (kV)

3 provavelmente não causará danos, enquanto


2 um centelhamento desse pino para uma trilha
1 ativa provavelmente causará. Em última
0 análise, a consequência de um centelhamento
-1
0 1 2 3 4 5 6
depende do projeto do equipamento e deve ser
Tempo (µs) avaliada por meio de ensaios laboratoriais.
Figura 3.19 - Tensão desenvolvida na porta LAN do roteador da Preferencialmente, o equipamento deve conter
Figura 3.14 componentes de proteção contra surtos para
evitar centelhamentos.
15
L R

10
Tensão (kV)

R1 V 5
V(t)
C1
0

-5 1 2 3 4 5 6
0
Tempo (µs)

Figura 3.21 - Tensão desenvolvida na porta LAN do roteador da


Figura 3.20 - Circuito equivalente da situação apresentada na Figura 3.17, considerando um centelhamento para a massa do
Figura 3.17, supondo centelhamento na porta LAN do computador lado do computador

O resultado da simulação é mostrado na Figura Supõe-se agora que o equipamento seja dotado
3.21, em que se observa que as oscilações de um DPS na sua porta LAN para limitar a
na cauda ficam bem mais nítidas e menos tensão em níveis seguros. Nesse caso, importa
atenuadas. Isso ocorre porque a capacitância do saber a corrente conduzida por esse DPS,
circuito dobrou e a resistência caiu praticamente visando verificar se ele não será danificado
para a metade, devido ao centelhamento na porta por conduzir uma corrente excessiva. Para
LAN do computador. A capacitância dobra porque simplificar, o DPS é simulado por um curto-

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 79


circuito, conforme mostrado na Figura 3.22. A na forma de onda da corrente que por eles flui.
representação do DPS por um curto-circuito é Essa situação é mostrada na Figura 3.24, em
válida quando o DPS é baseado na tecnologia que os DPS são modelados para apresentar
de centelhador a gás. uma tensão residual de Vz = 100 V cada. A
simulação desse componente pode ser feita por
O resultado da simulação é mostrado na dois diodos Zenner em série com polaridades
Figura 3.23, em que se verifica que o valor de opostas cujos parâmetros são convenientemente
pico da corrente é bem próximo do valor de ajustados. Esse tipo de DPS não é normalmente
pico da corrente induzida no laço em curto- utilizado em portas LAN.
circuito (ver Figura 3.13.(B)). No entanto, a
cauda é bem mais curta, apresentando um O resultado da simulação é mostrado na Figura
tempo de cauda de 25 μs, enquanto a corrente 3.25, em que se observa que a corrente de pico
no laço em curto-circuito apresenta um tempo é praticamente a mesma da Figura 3.20, mas
de cauda de 200 μs. Essa redução no tempo a sua cauda é significativamente mais curta. De
de cauda se deve à resistência do fio do laço, fato, o uso de um DPS baseado em tecnologia
o que ressalta a sua importância nesse caso. MOV ou semicondutor levou a um tempo de
A duração da corrente é importante para cauda que é cerca da metade do tempo de
determinar a energia dissipada no DPS. cauda observado para um DPS baseado em
Então, quanto mais longa a corrente, maior a tecnologia de centelhador a gás. Observa-se
solicitação feita ao DPS. que o tempo de cauda da corrente é de 20 μs.
O valor coincide com o da forma de onda de
L R corrente normalmente utilizada para especificar
esse tipo de DPS (onda 8/20 μs). A Figura 3.25
também mostra que a corrente cai de forma
praticamente linear com o tempo e se extingue
V(t) A
na passagem por zero.

L R

Figura 3.22 - Circuito equivalente da situação apresentada na VZ VZ


Figura 3.17, supondo a instalação de DPS do tipo centelhador a
gás nas portas LAN do computador e do roteador
V(t) A
500

400

300
Figura 3.24 - Circuito equivalente da situação apresentada
Corrente (A)

na Figura 3.17, supondo instalação de DPS do tipo MOV ou


200
semicondutor nas portas LAN do computador e do roteador

100
500

0
400
20 40 60 80 100
-100
0 Tempo (µs)
300
Corrente (A)

Figura 3.23 - Corrente através dos DPS baseados em tecnologia de


centelhador a gás e instalados nas portas LAN dos equipamentos 200
da Figura 3.17

100
No exemplo anterior, os DPS foram representados
como curto-circuito. Essa aproximação é válida 0

para DPS baseados em centelhadores a gás, 0 10 20


Tempo (µs)
30 40 50

pois a impedância do arco elétrico normalmente Figura 3.25 - Corrente através dos DPS baseados em tecnologia
pode ser desprezada. No entanto, DPS baseados MOV ou semicondutor instalados nas portas LAN dos
em varistores de óxido metálico (MOV) ou em equipamentos da Figura 3.17

junções semicondutoras apresentam uma


tensão residual que exerce importante influência

80 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


3.2.5 - METODOLOGIA DA NBR 5419-4 As expressões para a tensão de circuito
aberto (Uoc/max) e para a corrente de curto-
A NBR 5419-4 [10] apresenta no seu Anexo -circuito (Isc/max), de acordo com a NBR 5419-4,
A5 uma metodologia simplificada para o são dadas na Figura 3.26. Essa figura usou
cálculo do valor de pico da tensão (Uoc/max) os símbolos utilizados na NBR 5419-4 para as
induzida em um laço em circuito aberto e variáveis, visando facilitar a identificação das
da corrente (Isc/max) induzida em um laço em expressões na norma.
curto-circuito. As principais simplificações
consideradas são: A aproximação da forma de onda da corrente
por um trapézio leva a um valor ligeiramente
A forma de onda corrente da descarga menor para a tensão induzida porque as formas
atmosférica é representada por um de onda usuais das descargas atmosféricas
trapézio, caracterizado por um tempo apresentam valores máximos das derivadas
de frente (T1) e um valor de pico (I0). temporais da corrente (di/dt) mais elevados do
Nessas condições, a derivada temporal que o valor correspondente à onda trapezoidal.
da corrente durante a frente de onda é Já a aproximação do campo magnético pelo
constante e dada por di/dt = I0 /T1; seu valor no meio do laço fornece resultados
em boa concordância com a formulação mais
O campo magnético é considerado completa apresentada nas Seções 3.2.2 e
constante ao longo do laço e é 3.2.3, desde que a distância entre a corrente
representado pelo seu valor no ponto indutora e o laço (dw1) seja muito maior do que
médio do laço; a largura do laço (d). Conforme demonstrado,
não considerar a resistência do condutor do
A resistência do condutor do laço é laço tende a aumentar o valor de pico da
desprezada. corrente induzida para a descarga principal
positiva.

d w1 d

d w1
U OC/M AX
b
I S C/M AX

2 rc LS

Figura 3.26
Expressões
H 1/MAX
aproximadas
UOC/MAX = µ0 x b x d x da NBR 5419-4
0,8 d 2 + b 2 - 0,8 d + b + T1 [10] para o
cálculo dos
H 1/MAX
valores de pico
2b / rc ISC/MAX = µ0 x b x d x das correntes
LS e tensões
LS = 0,4 dln 2 + 10 -6
1+ 1+ b/d induzidas
I0 em um laço
2b / rc H1/MAX = d por uma
2 x π x ( d W1 + )
0,4 bln 2
2 corrente em
1+ 1+ b/d um condutor
vertical longo
µ0 = 4 x π x 1 0 - 7 H / m

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A título de exemplo, é calculada a tensão induzida no laço da Figura 3.9, de acordo com
as expressões da NBR 5419-4 reproduzidas na Figura 3.26. Considerando a descarga
principal negativa normalizada pela NBR 5419-1 [7], tem-se I0 = 100.000 A e T1 = 10-6 s. O
campo magnético no centro do laço é dado por:

A tensão de circuito aberto no laço é dada por:

Esse valor concorda muito bem com o valor calculado na Seção 3.2.2 para uma corrente
trapezoidal (7,29 kV). Nesse caso, a diferença entre os valores decorre da aproximação feita
pela NBR 5419-4 ao considerar o campo magnético constante. Essa aproximação se mostra
muito boa para a condição considerada, em que a largura do laço (4 m) é muito menor do
que a distância entre o laço e a corrente indutora (20 m).

Por outro lado, ao considerar a forma de onda padronizada pela NBR 5419-1 [7] para a
primeira descarga positiva, obtém-se 10,2 kV para o valor de pico da tensão de circuito
aberto. Conforme comentado, essa diferença decorre do maior valor de pico da derivada
temporal da corrente (di/dt) da descarga padronizada.

De maneira análoga, a corrente de curto-circuito no laço é calculada pela formulação da


NBR 5419-4 como:

Esse valor concorda muito bem com a das linhas geram tensões e correntes
corrente de curto-circuito de 427 A calculada perigosas nos condutores dessas linhas,
na Seção 3.2.3. Essa boa concordância se que são conduzidas para o interior da
deve ao fato de a largura do laço (4 m) ser edificação e aplicadas nas portas dos
muito menor do que a distância entre o laço equipamentos elétricos e eletrônicos (ver
e a corrente indutora (20 m). A indutância Figura 3.27). Caso as tensões e correntes
própria do laço considerado é Ls = 17,1 μH, sejam superiores ao nível de resistibilidade de
calculada com a expressão mostrada na um dado equipamento, ele será danificado. As
Figura 3.26. descargas que incidem diretamente nas linhas
também implicam em correntes elevadas que
3.3 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS são conduzidas para o interior da edificação.
EM LINHAS QUE ATENDEM A EDIFICAÇÕES Essa situação será analisada no Capítulo 6.

Esta seção aborda as tensões e correntes O acoplamento dos campos eletromagnéticos


induzidas por descargas atmosféricas nas gerados pelas descargas atmosféricas com
linhas de energia e de comunicação que os condutores das linhas é um assunto
chegam a uma edificação. As descargas complexo que ainda é objeto de estudos.
atmosféricas que incidem nas imediações Dessa forma, este capítulo apresenta uma

82 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


visão geral dos modelos mais utilizados, que possibilitam cálculos suficientemente
mostrando amplitudes e formas de onda precisos para as aplicações práticas. O
típicas das tensões e correntes induzidas em modelo mais simples e utilizado é o TL
linhas. Essas informações serão úteis para (Transmission Line) [11], que modela o canal
a definição de técnicas para mitigar essas da descarga atmosférica como uma linha de
tensões e correntes, garantindo a integridade transmissão retilínea e vertical, por onde a
dos equipamentos instalados no interior da corrente da descarga de retorno viaja sem
edificação. sofrer atenuação nem distorção. Os efeitos
da carga depositada pelo líder descendente
são desprezados, pois o processo de deposição
dessa carga é relativamente lento.

Nesse modelo, a descarga de retorno é iniciada


na base do canal e se propaga com uma
velocidade v da ordem de 50% da velocidade
da luz no vácuo. À medida que se propaga, a
descarga de retorno deposita cargas ao longo
do canal, conforme ilustrado na Figura 3.28.
Nessas condições, o campo elétrico tem uma
componente gerada pelas cargas do canal e
outra componente gerada pela corrente.
Figura 3.27 - Tensões e correntes de origem atmosférica
conduzidas por linhas para o interior de uma edificação
A primeira componente é dada pela derivada
3.3.1 - OS CAMPOS INDUTORES espacial do potencial escalar φ gerado pelas
cargas, enquanto a segunda componente é
A descarga de retorno (returnstroke) é a dada pela derivada temporal do potencial
componente de uma descarga atmosférica vetor A gerado pela corrente, conforme
que envolve uma corrente elevada. Ela é a mostrado na Figura 3.28. Os campos
principal fonte de surtos nas linhas. Essa eletromagnéticos gerados pela descarga de
descarga de retorno é usualmente modelada retorno são mostrados na Figura 3.29.
pelos chamados “modelos de engenharia”,
que são simplificações do fenômeno físico A presença de um solo de condutividade finita

dA
E = - grad -
V V dt

I0

A B C

Figura 3.28 Formação da descarga de retorno segundo o modelo TL: (A) Carga depositada no canal pelo líder; (B) Carga depositada no
canal pela descarga de retorno; (C) corrente associada com a descarga de retorno. Adaptado de [12]

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A B

I0

EH1

H A EV1 h
EV 2 E

Solo ideal Solo ideal

Figura 3.29(A) Campo magnético e elétrico gerado pela corrente; (B) Campo elétrico gerado pela carga depositada no canal de descarga
de retorno

também dá origem a mais duas componentes apresentam dois inconvenientes: (i) são de
de campo elétrico: (i) Componente resultante difícil convergência; (ii) são expressas no
da circulação de correntes induzidas no domínio da frequência. Esses inconvenientes
solo; (ii) Componente resultante do fluxo de fazem com que a sua solução numérica para
corrente pela base do canal da descarga. uma excitação impulsiva (como no caso de
Essas componentes são ilustradas na Figura descargas atmosféricas) requeira alto recurso
3.30. computacional, em termos de capacidade
e tempo de processamento, o que é crítico
Um trabalho clássico que modela de mesmo para computadores modernos.
forma consistente o fenômeno da indução
de tensões em uma linha aérea por uma Uma solução aproximada para o problema foi
descarga atmosférica foi realizado por S. desenvolvida por Rubinstein [15], tendo como
Rusck [12], em que o solo é modelado como base a impedância de superfície modelada
sendo um condutor perfeito. O tratamento por Cooray [16]. A expressão resultante é
do solo como imperfeito (com condutividade conhecida como fórmula Cooray-Rubinstein
finita) para efeito do cálculo dos campos e tem sido amplamente utilizada para
eletromagnéticos gerados por uma descarga cálculo de tensões induzidas por descargas
atmosférica foi realizado pela primeira vez atmosféricas em linhas [17]-[19]. No entanto,
por Zeddam [13]. Ele utilizou uma solução a fórmula Cooray-Rubinstein é no domínio da
numérica das integrais de Sommerfeld [14]. frequência, o que impõe algumas limitações
No entanto, as integrais de Sommerfeld no seu uso. A primeira delas é o custo

A B

I0

EH2 I0
H
EH3

Solo real Corrente induzida Solo real Corrente de retorno


no solo pelo campo H que circula no solo

Figura 3.30 - Campos originados no solo. (A) Campo elétrico gerado pelas correntes induzidas no solo; (B) Campo elétrico gerado pela
corrente que flui pela base do canal

84 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


computacional, pois o cálculo deve ser feito 3.3.2 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS
em milhares de frequências para possibilitar a EM LINHAS AÉREAS
aplicação da transformada inversa de Fourier
visando expressar o resultado no domínio do
Como foi visto, a descarga atmosférica
tempo. Outra limitação, inerente ao domínio
da frequência, é a impossibilidade de tratar gera campos elétricos com componentes
fenômenos não lineares, como o chaveamento horizontais e verticais que interagem com
de circuitos ou a operação de DPS. os condutores de uma linha horizontal,
conforme mostrado na Figura 3.31. A
Uma solução aproximada para o problema, componente de campo elétrico paralela ao
criada diretamente no domínio do tempo, foi condutor “empurra” as cargas livres do
desenvolvida por Barbosa et al. [20]. Essa condutor, dando origem a tensões viajantes
solução foi posteriormente complementada na linha (usualmente designadas como
para cobrir regiões relativamente próximas scattered voltages). Já a componente de
do canal da descarga [21], em que a fórmula campo vertical não afeta as cargas no
Cooray-Rubinstein perde a sua validade. condutor.
O limite de validade dessas expressões foi
investigado por Cooray [22], utilizando como
Se, em um dado ponto da linha, um fio do
referência resultados obtidos a partir das
integrais de Sommerfeld. condutor for esticado até o solo e intercalado
com um voltímetro, a tensão medida pelo
Trabalhos posteriores desenvolveram versões voltímetro corresponderá à integral do campo
da fórmula Cooray-Rubinstein no domínio elétrico ao longo do fio. Essa tensão tem
do tempo [24]-[25] sem, no entanto, remover duas componentes: (i) integral do campo
a sua limitação para pontos relativamente vertical indutor pela descarga; (ii) integral
próximos do canal da descarga. do campo pelas cargas viajantes. Essa última
componente é chamada “tensão viajante” ou
Nos últimos anos, tem aumentado o uso de “scattered voltage” no ponto considerado.
técnicas numéricas para o cálculo direto dos
campos eletromagnéticos produzidos por Dependendo da resistividade do solo e da
descargas atmosféricas, sendo a mais popular
posição ao longo da linha, essas componentes
a Diferença Finita no Domínio do Tempo
(FDTD: Finite-Difference Time-Domain). Baba podem ter a mesma polaridade ou polaridades
e Rakov apresentam uma visão geral dessas opostas. Se forem opostas, podem resultar
técnicas numéricas com ênfase em FDTD [26]. em tensões induzidas bipolares.

EH = EH1 + EH2 + EH 3

I0
EV = EV1 + EV2 h

Figura 3.31
Campos elétricos
atuando em um
condutor aéreo

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Linha casada
nas extremidades
0m
100

R=Z

V I ND

I0
h=5 m

R= Z

y=50 e 300 m

Figura 3.32- Arranjo para cálculo da tensão induzida em linha de um fio

Baseado nas equações e na metodologia Formas de onda da corrente


de cálculo de tensões induzidas descritas padronizadas [7]: descarga principal
em [27]-[28], o grupo de Compatibilidade negativa (100 kA@1/200 µs) e descarga
Eletromagnética e Alta-Tensão da UFMG subsequente (50 kA@0,25/100 µs).
desenvolveu o código computacional
para Tensões Induzidas por Descargas As formas de onda das tensões induzidas são
Atmosféricas (TIDA), que é uma plataforma mostradas nas Figuras 3.33 e 3.34.
computacional que permite o cálculo
das tensões induzidas por uma descarga As curvas das Figuras 3.33 e 3.34 mostram
atmosférica em uma linha de dois fios. Um que as tensões induzidas atingem valores
deles pode ser multiaterrado. O solo pode bem elevados. A influência do valor da
ser modelado como uniforme ou de duas resistividade do solo é marcante: quanto
camadas com resistividades diferentes [29]. maior o valor da resistividade, maior o
Utilizando o TIDA, foram simuladas algumas valor das tensões induzidas. A distância
formas de onda da tensão induzida em uma da descarga até a linha também é um fator
linha aérea de um fio. O arranjo para o importante: quanto menor a distância
cálculo da tensão induzida é mostrado na descarga-linha, maiores os valores das
Figura 3.32. As simulações foram feitas tensões. As tensões induzidas pela descarga
considerando: subsequente têm valores da ordem de 50%
dos valores das tensões induzidas pelas
Distâncias descarga-linha iguais a 50 e descargas principais, mostrando que o valor
300 metros; de pico da tensão induzida depende mais do
valor de pico da corrente indutora do que do
Altura da linha igual a cinco metros; seu tempo de frente. Observa-se que as ondas
utilizadas são aquelas padronizadas [7], em
Solo ideal (ρ = 0) e solos de resistividades que a corrente de descarga subsequente tem
iguais a ρ = 100 Ωm e ρ = 1000 Ωm; tempo de frente quatro vezes menor e valor

86 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Corrente principal negativa Corrente principal negativa
y = 50 m y = 300 m

800 250

700
200
600
Tensão induzida (kV)

Tensão induzida (kV)


= 1000 Ωm
500 150
= 1000 Ωm
400

300 100

200 = 100 Ωm
= 100 Ωm
50
100 =0 =0
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.33 - Tensões induzidas em um condutor a h = 5m de altura; Descarga principal negativa (110 kA) incidindo a a 50 m e 300 m
para diferentes valores de resistividade do solo

Corrente subsquente Corrente subsquente


y = 50 m y = 300 m
450 120
400
100
350 = 1000 Ωm
Tensão induzida (kV)

Tensão induzida (kV)

300 80
250 = 1000 Ωm
60
200
= 100 Ωm
150 40
= 100 Ωm
100
=0 20
50 =0

0 0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.34 - Tensões induzidas em um condutor a h = 5 m de altura; Descarga subsequente (50 kA) incidindo a 50 m e 300 m, para
diferentes valores de resistividade do solo

de pico duas vezes menor do que a descarga provocou uma variação de apenas 30%
principal. no valor da corrente induzida. A variação
relativamente pequena no valor da corrente
Foram também simuladas algumas formas ocorre porque a impedância de surto da
de onda da corrente induzida em uma linha linha, que é da ordem de 500 Ω, limita o
aérea de um condutor, conforme mostrado valor da corrente.
na Figura 3.35. As curvas da Figura
3.36 mostram que as correntes induzidas Portanto, um DPS conectado a uma linha
atingem valores bem elevados, da ordem aérea deve ser capaz de drenar uma corrente
de milhares de ampères, mas com caudas impulsiva de alguns milhares de ampères
relativamente curtas (da ordem de 10 μs). de pico com uma forma de onda que pode
Observe-se que uma variação de dez vezes ser representada pela onda padronizada de
no valor da resistência de aterramento 8/20 μs.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 87


= 1000 Ωm Linha casada
nas extremidades
0m
100

R=Z

I I ND

I0
h=5 m

R=Z
R=10, 50 ou 100 Ω

y=50 e 300 m

Figura 3.35 - Arranjo para cálculo da corrente induzida em um condutor aéreo aterrado

Corrente principal negativa Corrente principal negativa


y = 50 m y = 300 m

3500 1000
R = 10 Ω R = 10 Ω
900
3000
R = 50 Ω 800 R = 50 Ω
Corrente induzida (A)

Corrente induzida (A)

2500 700
R = 100 Ω 600 R = 100 Ω
2000
500
1500
400
1000 300
200
500 = 1000 Ωm = 1000 Ωm
100
0 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Tempo (µs) Tempo (µs)
Figura 3.36 - Correntes induzidas em uma linha de um condutor aéreo aterrado. Descarga Principal Negativa (100 kA) a 50 ou 300 m
da linha, ρ = 1000 Ωm e R = 10, 50 ou 100Ω

3.3.3 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS aéreos, embora, nesse caso, a contribuição


EM CONDUTORES ENTERRADOS do campo elétrico vertical seja desprezível.
Além disso, o campo elétrico horizontal
As descargas atmosféricas também induzem produzido pelas cargas do canal também é
tensões e correntes em condutores isolados desprezível, restando apenas a componente
enterrados no solo. O processo de indução de campo elétrico horizontal gerada no solo
é semelhante ao descrito para condutores de condutividade finita.

88 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Essa componente de campo “empurra” as mostra a configuração considerada para
cargas livres do condutor, gerando tensões o cabo enterrado e a posição da descarga
viajantes (scattered voltages). Essas tensões e atmosférica, enquanto a Figura 3.38 mostra
as correntes associadas podem atingir valores as correntes induzidas para diferentes valores
significativos, especialmente para solos de resistência de aterramento. Observa-se
de elevada resistividade. A referência [30] que essas correntes não são muito diferentes
apresenta resultados obtidos em medições das calculadas para o condutor aéreo
realizadas em um cabo enterrado. (ver Figura 3.36). Contribui para essa
característica o fato de a impedância do
Utilizando a metodologia descrita na condutor enterrado ser menor do que a do
referência [31] é possível o cálculo da corrente condutor aéreo.
induzida no cabo enterrado.
Portanto, um DPS conectado a uma linha
Considerando um solo de resistividade subterrânea deve ser capaz de drenar uma
igual a 1000 Ωm e a corrente padronizada corrente impulsiva de alguns milhares de
para a descarga negativa principal (100 ampères de pico com uma forma de onda que
kA), o valor de pico da corrente induzida pode ser representada pela onda padronizada
atinge 2,5 kA em um ponto de aterramento de 8/20 μs.
onde a resistência vale 10 Ω. A Figura 3.37

150 m

0,90 m

R = Z = 147 Ω I I ND R = 10, 50 e 100 Ω R = Z = 147 Ω

= 1000 Ωm

75 m 75 m

10 m

50 m

Figura 3.37 - Arranjo para cálculo da corrente induzida em um condutor enterrado aterrado

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 89


3000 R = 10 Ω

R = 50 Ω

2000 R = 100 Ω
Corrente (A)

1000

-500
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Tempo (µs)
Figura 3.38 - Correntes induzidas em uma linha de um condutor enterrado aterrado. Descarga Principal Negativa (100 kA) a 50 ou
300 m da linha, ρ = 1000 Ωm e R = 10, 50 ou 100 Ω

3.3.4 - TENSÕES E CORRENTES INDUZIDAS e do comprimento da blindagem. A Figura


EM CABOS BLINDADOS 3.39 ilustra as tensões que aparecem entre
os condutores internos para um cabo blindado
No caso de cabos blindados, a tensão é contendo um par de fios, em que podem ser
induzida da blindagem para a terra. A identificadas as tensões: (i) entre o fio 1 e a
blindagem se comporta como se fosse um blindagem (V1B); (ii) entre o fio 2 e a blindagem
condutor, e a metodologia apresentada para (V2B); (iii) e entre os fios 1 e 2. Esse assunto
o cálculo das correntes e tensões induzidas será tratado em detalhes no Capítulo 5.
pode ser aplicada, inclusive nos casos em que
a blindagem esteja aterrada. 3.3.5 - SURTOS ESPERADOS NO INTERIOR
DE EDIFICAÇÕES
As correntes que circulam na blindagem
dos cabos induzem tensões nos condutores As seções anteriores mostraram como as
internos do cabo. Em geral, os valores dessas descargas atmosféricas induzem tensões
tensões não são elevados, mas dependem das e correntes nas linhas que atendem a
características (impedância de transferência) uma edificação. Esses valores podem ser

Fio 1

V12 V2B

V1B

IB Fio 2

Figura 3.39 - Tensões que aparecem nos fios internos devido à circulação de corrente pela blindagem de um cabo

90 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


calculados com boa precisão pelo software SPDC) que tratam dos surtos em redes
TIDA. Foi visto também que essas tensões e elétricas de baixa-tensão [32]-[34]. Essas
correntes dependem das características das normas propõem o uso do gerador de onda
descargas atmosféricas que têm natureza combinada para representar a fonte dos
probabilística: distância da linha, intensidade surtos. Esse gerador apresenta uma tensão
e forma de onda da corrente, velocidade da de circuito aberto com forma de onda 1,2/50
descarga, etc. Além disso, as características μs e uma corrente de curto-circuito com
do solo e os parâmetros da linha afetam forma de onda de 8/20 μs. As formas de
as tensões induzidas: resistividade e onda de tensão e corrente são mostradas
permissividade do solo, altura e topologia da nas Figura 3.40(A) e 3.40(B). O gerador
linha, aterramentos, centelhamentos, etc. de onda combinada pode ser simulado em
Dessa forma, as normas técnicas se baseiam software de simulação de circuitos com base
em resultados de medições que representam no circuito da Figura 3.41.
estatisticamente o fenômeno considerado.
Essa seção apresenta uma metodologia para Segundo o IEEE SPDC, a amplitude da tensão
estimar a intensidade dos surtos conduzidos na entrada da edificação normalmente fica
para o interior de edificações com base nas limitada em 6 kV devido aos centelhamentos
diretrizes propostas por normas técnicas. que ocorrem nas instalações elétricas de
baixa-tensão a partir do ramal de entrada.
3.3.5.1 - ESTIMATIVA DE SURTOS EM Como o gerador de onda combinada tem
LINHAS DE BAIXA-TENSÃO uma impedância interna de 2 Ω, a corrente
de curto-circuito fica limitada em 3 kA.
A metodologia apresentada nesta seção se Observe-se que esse valor de corrente é
baseia nas normas técnicas publicadas pelo compatível com aqueles calculados na Seção
Institute of Electrical and Electronic Engineers 3.3.
- Surge Protective Devices Committee (IEEE

A B

Tempo de frente = 1,2 µs Tempo de frente = 8 µs


1,0 1,0

0,8 0,8
Corrente (p.u.)
Tensão (p.u.)

0,6 0,6

0,4 Tempo de cauda = 50 µs 0,4 Tempo de


cauda = 20 µs
0,2 0,2

0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.40 - Formas de onda do Gerador de Onda Combinada para linhas de energia. (A) Tensão de circuito aberto; (B) Corrente de
curto-circuito

Figura 3.41 - Exemplo de circuito


UC S1 para o Gerador de Onda Combinada
L1 R2 Linha
1,2/50 μs.
C1 = 5,93 μF; L1 = 10,9 μH;
R1 = 20,2 Ω;
R1 R3 R2 = 0,841 Ω; R3 = 26,1 Ω.
C1
Tensão de pico (Up) / Tensão de carga
Retorno (Uc) = 0,943. Adaptado de [35]

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Como exemplo de aplicação, considera-se são usualmente instalados na entrada de
um equipamento conectado a uma tomada força de equipamentos visando reduzir as
de força no interior da edificação, conforme emissões de ruído pela porta de energia
mostrado na Figura 3.42. O circuito elétrica e, dessa forma, atender às normas de
equivalente para a avaliação da tensão compatibilidade eletromagnética. Supõe-se
aplicada nesse equipamento é mostrado que a fase e o neutro estejam providos de
na Figura 3.43(A). Nesse circuito, o gerador um capacitor de 2,2 nF, resultando em um
de onda combinada é representado por um capacitor equivalente de 4,4 nF para o circuito
bloco cujos componentes são mostrados equivalente em modo comum. Já o indutor
na Figura 3.41, enquanto o indutor L deve ter seu núcleo saturado durante a
representa a indutância da fiação entre a passagem do surto, restando uma indutância
entrada de força e a tomada. Essa indutância equivalente de 20 μH para os dois indutores
é proporcional ao comprimento da fiação em paralelo. Considera-se que o retorno do
e pode ser considerada como igual a 1,5 circuito é feito pelo condutor de proteção (PE).
μH/m. Para esse exemplo, considera-se dez
metros de fiação, resultando em 15 μH. A A Figura 3.44 mostra a forma de onda de tensão
resistência do condutor é considerada como resultante na entrada do equipamento. Como
400 mΩ. é esperado, essa forma de onda é próxima
da tensão de circuito aberto do gerador, à
A impedância de entrada do equipamento, qual são superpostas as oscilações inerentes
conforme mostrado na Figura 3.43(A), é ao circuito. O valor de pico chega perto de 7
representada pela indutância L1 em série kV em função do efeito das indutâncias e
com o capacitor C1. Esses componentes capacitâncias do circuito.

Ramal de
Entrada

Equipamento

QDF
Fase + Neutro
Padrão de
Entrada
Condutor PE

Figura 3.42 - Exemplo para cálculo da sobretensão aplicada pela rede elétrica de baixa-tensão em um equipamento no interior da
edificação

Figura 3.43 -
Circuito para
representar um
A B surto conduzido
pela rede externa
de baixa-tensão.
L R L R (A) Equipamento
sem proteção.
(B) Equipamento
protegido com DPS
VZ (varistor).
L1 V
Up = 6 kV;
V(t) V(t)
L = 15 μH;
C1
A R = 400 mΩ;
L1 = 20 μH;
C1 = 4,4 nF;
Vz = 1200 V

92 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


8

5
Tensão (kV)

2
Figura 3.44
Tensão na
1 entrada do
equipamento
representado na
0 Figura 3.41
0 20 40 60 80 100
Tempo (µs)

Caso um DPS seja instalado na entrada do 3.3.5.2 - ESTIMATIVA DE SURTOS EM


equipamento, cabe avaliar a corrente que vai LINHAS DE TELECOMUNICAÇÕES
circular por ele. Nesse caso, o capacitor C1 e o
indutor L1 da Figura 3.43(A) são substituídos A metodologia apresentada nesta seção se
por um varistor (MOV) com tensão residual baseia nas normas técnicas publicadas
Vz = 1200 V, conforme a Figura 3.43(B). A pela International Telecommunication Union
Figura 3.45 mostra a forma de onda da - Telecommunication Standardization Sector
corrente através do DPS, em que se observa (ITU-T) que apresentam uma compilação
um valor de pico próximo de 1 kA, que é bem de medições de surtos em linhas de
inferior ao da corrente de curto-circuito do telecomunicações feitas em diversas partes
gerador (3 kA). Essa redução no valor de pico do mundo [36]-[37], assim como requisitos
da corrente é consequência da indutância da para ensaios de equipamentos visando avaliar
fiação e da impedância do DPS. Caso o DPS sua suportabilidade aos surtos [9], [38]-[40].
seja instalado próximo da entrada de força Essas normas propõem o uso de um gerador
da edificação, a corrente drenada por ele se de onda combinada para representar a fonte
aproxima da corrente de curto-circuito do dos surtos que tem uma tensão de circuito
gerador. aberto com forma de onda 10/700 μs e

1
0,9

0,8

0,7
Corrente (kA)

0,6

0,5

0,4
Figura 3.45
0,3
Corrente
através do
0,2 DPS instalado
na entrada
0,1 de força do
equipamento
0 (Figura 3.42)
0 10 20 30 40 50
Tempo (µs)

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uma corrente de curto-circuito com forma e relativamente curtas), enquanto o nível
de onda de 5/320 μs. As formas de onda reforçado se refere a locais com elevada
de tensão e corrente são mostradas nas exposição às descargas atmosféricas (alta
Figura 3.46(A) e 3.46(B). O gerador de onda densidade de descargas atmosféricas, linhas
combinada pode ser simulado em software aéreas e relativamente longas).
de simulação de circuitos, tomando-se como
base o circuito mostrado na Figura 3.47. Como exemplo de aplicação, considera-se
uma linha de telecomunicações composta
A amplitude da tensão de circuito aberto por um cabo de pares metálicos que atende
depende da exposição da linha às descargas a uma instalação. A região é exposta às
atmosféricas. Esses valores são mostrados descargas atmosféricas para que seja
na Tabela 3.1, em que o nível básico se refere utilizado o nível reforçado para a simulação.
a locais com baixa exposição às descargas Dentro da edificação, a linha telefônica
atmosféricas (em geral, baixa densidade de segue por 20 metros até um modem ADSL,
descargas atmosféricas, linhas subterrâneas conforme mostrado na Figura 3.48.

A B

Tempo de frente = 10 µs Tempo de frente = 5 µs


1 1
Corrente (p.u.)
Tensão (p.u.)

0,5 0,5
Tempo de cauda = 700 µs Tempo de
cauda = 320 µs

0 0
0 200 400 600 800 1000 0 200 400 600 800 1000
Tempo (µs) Tempo (µs)

Figura 3.46 - Formas de onda do Gerador de Onda Combinada para linhas de telecomunicações. (A) Tensão de circuito aberto;
(B) Corrente de curto-circuito

UC Figura 3.47 - Exemplo de circuito para o


R2 R3 Linha Gerador de Onda Combinada 10/700 μs.

C1 = 20 μF; C2 = 0,2 μF; R1 = 50 Ω;

R1 R2 = 15 Ω; R3 = 25 Ω.
C1 C2

Retorno Tensão de pico (Up ) / Tensão de carga


(Uc ) = 0,882. Adaptado de [40]

TABELA 3.1
Amplitude dos Surtos nas Linhas de Telecomunicações

VALOR DE PICO
NÍVEL IMPEDÂNCIA (Ω)
Tensão (kV) Corrente (A)

BÁSICO 1,5 37,5 40

REFORÇADO 6 150 40

94 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


O objetivo da simulação é determinar o nível de circuito aberto do gerador (6 kV). Dessa
de tensão em modo comum (entre o par forma, a isolação desse equipamento deve ser
telefônico e a terra) que chega a esse modem, suficiente para suportar a tensão impulsiva.
considerando que não há DPS na linha.
Considera-se agora que um DPS do tipo
O circuito para a simulação desse caso é centelhador a gás é instalado no equipamento.
mostrado na Figura 3.49(A), em que o modem O circuito equivalente é mostrado na
ADSL é representado por uma capacitância de Figura 3.49(B), em que o centelhador a
2 nF, correspondente ao capacitor de bypass gás é representado por um curto-circuito. O
da fonte de alimentação desse aparelho. O resultado da simulação é mostrado na Figura
indutor de 30 μH representa a indutância do 3.51, em que se observa que a corrente
fio telefônico dentro da instalação, enquanto através do DPS é bem próxima da corrente
o gerador de surtos é representado pelo de curto-circuito do gerador (150 A). Essa
circuito da Figura 3.47. A forma de onda de corrente pode ser drenada com folga por um
tensão é mostrada na Figura 3.50, em que centelhador a gás.
se observa que ela é bem próxima da tensão

Caixa de
Derivação

Cabo
Modem ADSL Telefônico
Fio drop
Caixa de
passagem
PTR

Figura 3.48 - Exemplo para cálculo da sobretensão aplicada na rede de telecomunicações em um equipamento no interior da
edificação

A B

L R L R

V(t) C V V(t) A

Figura 3.49 - Circuito para representar um surto conduzido pela rede externa de telecomunicações.
(A) Equipamento sem proteção. (B) Equipamento protegido com DPS (centelhador a gás)
Up = 6 kV; L = 30 μH; R = 800 mΩ; C = 2 nF

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7

5
Tensão (kV)

1 Figura 3.50 - Tensão


na entrada do modem
ADSL representado na
0 Figura 3.49
0 200 400 600 800
Tempo (µs)

160

120
Corrente (A)

80

40

Figura 3.51 - Corrente


através do DPS
0 instalado na entrada do
modem da Figura 3.49
0 200 400 600 800
Tempo (µs)

3.4 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO função do seu comprimento elétrico.


Como regra geral, pode-se considerar
As seguintes conclusões podem ser que um circuito cujo comprimento
formuladas com base no exposto ao longo elétrico seja menor que 0,1 pode ser
deste capítulo: considerado como laço, enquanto um
circuito cujo comprimento elétrico
As descargas atmosféricas induzem maior que 0,5 deve ser considerado
surtos significativos nos laços como linha.
internos e nas linhas que atendem
às edificações. Esses surtos podem O cálculo de surtos induzidos em laços
danificar equipamentos elétricos e é feito de forma mais conveniente a
eletrônicos conectados aos laços e/ou partir do campo magnético gerado
às linhas, caso a intensidade do surto pela descarga atmosférica, enquanto o
(tensão/corrente) ultrapasse o nível de cálculo de surtos induzidos em linhas
suportabilidade do equipamento. é feito de forma mais conveniente a
partir do campo elétrico.
Um circuito metálico pode ser
classificado como laço ou linha em

96 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Tensões induzidas em laços abertos e Valores típicos das tensões e correntes
correntes induzidas em laços fechados induzidas em laços e em linhas são
podem ser calculadas com boa precisão apresentados no Capítulo 6. Esses
a partir de fórmulas relativamente valores foram calculados com a
simples. Já para o cálculo de tensões e metodologia apresentada neste capítulo.
correntes em um laço com carga finita O capítulo 6 também apresenta os
e diferente de zero (caso mais comum), valores típicos fornecidos pelas normas
é necessário utilizar um software aplicáveis.
de simulação de circuitos. Existem
diversos softwares de simulação de As normas técnicas especificam
circuitos que podem ser utilizados para geradores que visam simular os surtos
esse cálculo. Alguns deles são gratuitos. induzidos por descargas atmosféricas
nos laços e nas linhas. Esses geradores
Para o cálculo de tensões e correntes são normalmente utilizados para
induzidas em linhas, geralmente ensaiar equipamentos elétricos e
é necessário utilizar um software eletrônicos, visando determinar o seu
específico (por exemplo, TIDA). Fórmulas nível de suportabilidade aos surtos.
aproximadas podem ser utilizadas
apenas em situações específicas.

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CAPÍTULO 4

ATERRAMENTO, EQUALIZAÇÃO DE
POTENCIAIS E ISOLAMENTO

Para controlar os valores dos campos A configuração do aterramento do neutro


eletromagnéticos e das tensões e correntes e do condutor de proteção também são
originadas na descarga atmosférica, várias importantes para a definição da forma de
técnicas devem ser utilizadas de forma instalação dos dispositivos de proteção
integrada. O SPDA é encarregado de contra surtos, como será visto no Capítulo 7.
interceptar a descarga e conduzir a corrente
para a terra. Entretanto, mesmo que ele opere O aterramento de uma edificação tem
de forma satisfatória, parcelas da corrente de diversas funções como segurança pessoal,
descarga circulam em componentes internos segurança da edificação, proteção
e induções ocorrem na fiação interna e nos contra descargas atmosféricas, controle
cabos que alimentam a edificação. de sobretensões, controle do valor da
corrente de curto-circuito fase-terra e
Para reduzir os valores dessas tensões e controle da formação de arcos elétricos.
correntes é utilizado um SPDA interno [1] Para garantir a segurança pessoal, quase
associado a um conjunto de MPS [2]. O SPDA sempre é necessário utilizar um condutor
interno consiste em ligações equipotenciais ou de proteção (PE). Além disso, é mandatório
isolação elétrica entre os sistemas internos da interligar todas as partes metálicas e utilizar
edificação e o SPDA externo. As MPS são as uma malha de aterramento única. Esses
técnicas aplicadas no interior da edificação princípios são adotados na maioria dos
que envolvem aterramento, equalização de países, incluindo o Brasil. Partindo-se deles,
potenciais, blindagem, roteamento de linhas, é possível definir a filosofia de aterramento
instalação coordenada de DPS e utilização de que engloba o sistema elétrico (neutro
interfaces isolantes. Este capítulo vai analisar dos transformadores), as carcaças dos
as seguintes técnicas: equipamentos, os cabos e captores do SPDA,
as blindagens dos cabos e da eletrônica
Aterramento; analógica e digital. Esses aspectos são
analisados neste capítulo.
Equalização de potenciais;
4.1 - ATERRAMENTO DE SISTEMAS
Isolamento entre partes internas da ELÉTRICOS
edificação e o SPDA;
4.1.1 - ATERRAMENTO PARA A
Instalação de interfaces de isolamento.
SEGURANÇA PESSOAL
O próximo capítulo vai tratar das demais
Para evitar que tensões perigosas sejam
técnicas.
aplicadas em pessoas, a regra de ouro é
interligar eletricamente todas as partes que
Este capítulo também vai apresentar as
a pessoa possa tocar, pisar ou encostar.
configurações de aterramento de sistemas
Uma forma eficiente para garantir essa
elétricos, conforme a NBR 5410 [3]. Essas
interligação é a utilização de um cabo
configurações incluem o tratamento do cabo
específico para fazer a interligação das
neutro e do condutor de proteção (PE).
carcaças dos equipamentos e a terra. Esse

98 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


cabo é chamado de condutor de proteção ou que está aterrado, fica em paralelo com a
simplesmente PE (Protective Earth). pessoa, minimizando os valores de corrente
que eventualmente poderiam circular por
Componentes da infraestrutura (eletrodutos ela. Entretanto, se houver o rompimento do
metálicos, eletrocalhas, malhas de cabo neutro, a fase será ligada na carcaça via
equalização e leitos de cabos) podem ser impedância da carga. Nessa situação, mesmo
utilizados para desempenhar a função se não houver contato acidental, a carcaça fica
do condutor PE em condições especiais, energizada e a pessoa pode levar um choque,
desde que seja garantida a continuidade conforme mostrado na Figura 4.2(B).
elétrica ao longo da infraestrutura e que
ela tenha seção transversal compatível com A Figura 4.3 mostra a utilização do condutor
as correntes de falta e de surto previstas. de proteção. O condutor de proteção fica em
Entretanto, em muitos casos é mais seguro paralelo com o corpo da pessoa, evitando
utilizar um condutor específico para essa a circulação de correntes perigosas. Se
função (condutor PE), pois serviços de houver o rompimento do neutro, a carcaça
manutenção ou modificação das instalações não fica em contato com a fase, como no
podem interromper a continuidade elétrica caso anterior.
da infraestrutura.
A utilização do condutor de proteção pode ser
Nas instalações de baixa-tensão, o neutro conjugada com a interligação das carcaças via
é um cabo onde circula corrente e somente infraestrutura (Figura 4.4).
nos circuitos trifásicos equilibrados e sem
componentes de correntes harmônicas de O condutor de proteção deve ser isolado
terceira ordem e de seus múltiplos ímpares é e, para cada circuito de alimentação,
que a corrente no cabo neutro é zero. Assim, precisa haver um condutor de proteção
devido à possível perda de continuidade, não que deve ser instalado seguindo a mesma
se recomenda a utilização do neutro como rota física da fase e do neutro. Devido à
cabo de equalização de potenciais. A Figura elevada sensibilidade dos seres humanos
4.1 ilustra a situação que se quer evitar. à circulação de correntes elétricas, a NBR
Devido a uma falha de isolamento, a fase toca 5410 [3] recomenda que, além do condutor
na carcaça metálica e uma pessoa que toca de proteção, sejam utilizados dispositivos
na carcaça pode levar um choque. de proteção diferencial-residual (DR) que
desligam o circuito, caso o valor da corrente
A Figura 4.2(A) mostra a utilização do cabo de fuga venha a ultrapassar o nível ajustado.
neutro como condutor de proteção. O neutro,

Carcaça Falha no isolamento

Fase

Neutro Aterramento do neutro

Figura 4.1 - Situação que se quer evitar com o condutor de proteção

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A

Carcaça Falha no isolamento

Fase

Neutro Aterramento do neutro

Neutro interligado na carcaça

Fase ligada na carcaça


(mesmo sem falha no isolamento)

Neutro interrompido

Aterramento do neutro

Figura 4.2 - Utilização do neutro como cabo de proteção. Se o cabo neutro for interrompido, a carcaça fica energizada, mesmo se não
houver contato acidental

Falha no isolamento

Aterramento do
condutor de proteção
Fase

Neutro

Aterramento Condutor de proteção


da carcaça

Figura 4.3 - Utilização do condutor de proteção

100 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Falha no isolamento

Aterramento do
condutor de proteção
Carcaça interligada
Fase
na infraestrutura

Neutro

Aterramento Condutor de proteção


da carcaça

Figura 4.4 - Utilização do condutor de proteção e da interligação das carcaças via infraestrutura

4.1.2 - ATERRAMENTO DO NEUTRO DE aterramento do neutro das fontes e dos


TRANSFORMADORES transformadores trifásicos:

A forma de aterramento do neutro dos Sistema com neutro isolado (não


transformadores trifásicos é importante, pois aterrado);
ela determina:
Sistema com neutro solidamente
O valor da corrente de curto-circuito aterrado;
fase-terra;
Sistema com neutro aterrado usando
O valor da sobretensão nas fases não resistência;
envolvidas no curto-circuito (fases sãs);
Sistema com neutro aterrado usando
A existência de arco no ponto de curto- reatância sintonizada.
circuito.
A Figura 4.5 mostra as opções de
Existem basicamente quatro opções de aterramento do neutro.

A B

Figura 4.5
VFF VFF Formas de
aterramento do
neutro, a) isolado,
b) solidamente
VFN VFN aterrado, c)
aterrado via
resistor e d)
aterrado via
indutor. VFF é
tensão fase-fase
e VFN é a tensão
VFF = 3 VFN fase-neutro

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C
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D 101
VFF = 3 VFN

C D

Figura 4.5
VFF VFF Continuação

VFN VFN

A Figura 4.6 mostra um curto-circuito fase-terra nos quatro sistemas mostrados na Figura
4.5.
A Tabela 4.1 mostra os valores das correntes e as condições de curto-circuito fase-terra.

A B

V = VFF V = VFF

V = VFF V = VFF

ICC 0 CF-Terra ICC ≠ 0

C D

Figura 4.6
V < VFF V = VFF Curto-circuito
fase em
sistemas com
V < VFF V = VFF neutro: (a)
isolado, (b)
solidamente
aterrado, (c)
aterrado via
resistor e (d)
ICC ≠ 0 ICC = 0 CF-Terra aterrado via
indutor

TABELA 4.1 - Condições de curto-circuito

VALORES DAS SOBRETENSÕES NAS FASES EXISTÊNCIA DE ARCO NO


CASO CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO
SÃS (V É A TENSÃO DA FASE PARA A TERRA) PONTO DE CURTO

A Valor baixo V = VFF Sim

B Valor elevado V ≈ VFN Sim

Depende do valor do resistor de


C V < VFF Sim
aterramento

D Próxima de zero V = VFF Não

102 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


O sistema com neutro isolado (Figura 4.6 Ambientes industriais geralmente
(A)) é pouco utilizado no Brasil. Nele, a apresentam sistema elétrico com diferentes
corrente de curto-circuito fase-terra é baixa, configurações de aterramento do neutro,
as sobretensões nas fases sãs são elevadas dependendo do nível de tensão. A Figura 4.7
e a possibilidade de arco elétrico no ponto mostra um exemplo em que a concessionária
de curto-circuito é grande. Os sistemas entrega energia em alta-tensão (138 kV) e
mais utilizados no Brasil são o solidamente utiliza sistema com neutro solidamente
aterrado (Figura 4.6 (B)), adotado pela aterrado. Na subestação da indústria, a
maioria das concessionárias de energia tensão é reduzida para 13,8 kV e o sistema
elétrica, e os sistemas aterrados com resistor é aterrado via resistor, que limita a corrente
(Figura 4.6 (C)), bastante utilizados nas fase-terra em, por exemplo, 400 A. Nas
plantas industriais. unidades consumidoras de pequeno porte
(escritórios, casas de controle e comando), a
Nos sistemas com neutro aterrado com tensão é reduzida para 220/127 V e o neutro
resistor (Figura 4.6 (C)) o valor da corrente é solidamente aterrado.
de curto-circuito fase-terra e o valor das
sobretensões nas fases sãs podem ser
4.1.3 - CONFIGURAÇÕES DE
controlados a partir da escolha adequada do
valor do resistor de aterramento. No sistema ATERRAMENTO CONFORME A NBR 5410
com neutro aterrado por meio de indutor
(Figura 4.6 (D)), se o valor do indutor o Baseando nos conceitos anteriormente
levar a entrar em ressonância com as discutidos, a NBR 5410 [3], que trata
capacitâncias fase-terra das fases sãs (fases das instalaçãos elétricas de baixa-
sem curto-circuito), a corrente capacitiva tensão, apresenta algumas configurações
anula a corrente indutiva e a tensão no de aterramento que são mostradas
ponto de curto tende a zero. Esse sistema é nas Figuras 4.8 a 4.11. As principais
conhecido como ressonante ou sistema com características de cada configuração
Bobina de Petersen [4]. A grande vantagem também são relacionadas nas figuras.
desse sistema é que um curto-circuito fase-terra
não obriga a um desligamento imediato da Nas figuras, as letras R, S e T identificam as
rede. Como os curtos-circuitos fase-terra três fases; a letra N, o cabo neutro; a sigla
são os mais comuns, as redes aterradas PE, o condutor de proteção, e a sigla PEN,
com Bobina de Petersen têm um índice de o cabo que acumula as funções de neutro e
desligamento muito baixo. condutor de proteção.

500 kV 138 kV 13,8 kV 0,22 kV

R
Subestação
Concessionária industrial

Figura 4.7 - Aterramento do neutro dos transformadores

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 103
Configuração TN
Tem um ponto da alimentação diretamente aterrado e as massas
são ligadas a esse ponto por meio de condutores de proteção

Esquema TN-C Esquema TN-S

R R
S S
T T
PEN N
PE

As funções de neutro e de proteção O condutor neutro e o condutor


são combinadas no mesmo condutor de proteção são distintos

Esquema TN-C-S

R
S
T
PEN N
PE

TN-C TN-S

Parte do sistema é TN-S e parte é TN-C

Figura 4.8 - Configuração TN e suas variantes: TN-C, TN-S e TN-C-S. Adaptado de [3]

Configuração TT
Tem um ponto da alimentação diretamente aterrado, estando
as massas da instalação ligadas a eletrodo(s) de aterramento
eletricamente distinto(s) do eletrodo de aterramento da alimentação

R R
S S
T T
N N
PE

PE PE

Massas ligadas a eletrodo Massas ligadas a eletrodos


de aterramento comum, de aterramento distintos
mas distinto do eletrodo entre si e distintos do eletrodo
de aterramento da alimentação de aterramento da alimentação

Figura 4.9 - Configuração TT. Adaptado de [3]

104 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Configuração IT
Todas as partes vivas são isoladas da terra ou um
ponto da alimentação é aterrado utilizando a impedância

R R
S S
T T
N N
PE PE

A - Sem aterramento da alimentação B - Alimentação aterrada via impedância

Figura 4.10 - Configuração IT. Adaptado de [3]

Configuração IT (B)
Um ponto da alimentação é aterrado por meio de impedância

R R
S S
T T
N N
PE

PE PE

B1 - Massas aterradas em eletrodos B2 - Massas coletivamente aterradas


separados e independentes do eletrodo em eletrodo independente do eletrodo
de aterramento da alimentação de aterramento da alimentação

R
S
T
N
PE

B3 - Massas coletivamente aterradas


no mesmo eletrodo da alimentação

Figura 4.11 - Configuração IT e sua variantes: IT-B1, IT-B2 e IT-B3. Adaptado de [3]

A configuração recomendada para os Como foi informado, uma configuração


consumidores residenciais e comerciais muito utilizada nas indústrias brasileiras é
atendidos por uma concessionária de a IT (B) mostrada na Figura 4.13. O neutro
distribuição de energia elétrica é o TN-C-S, do transformador da subestação da planta
sendo o esquema TN-C adotado na rede industrial é aterrado usando um resistor de
de distribuição e o TN-S na edificação aterramento. Esse resistor vai limitar o valor
consumidora. O arranjo é mostrado na da corrente de curto-circuito fase-terra. Esse
Figura 4.12. é o tipo de curto-circuito mais comum.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 105
O valor do resistor é escolhido de maneira não provocar estresse nos equipamentos.
que a corrente de curto-circuito fase-terra Além disso, a redução no valor da corrente de
seja suficientemente alta para permitir a curto limita os valores das tensões de passo
coordenação e a escolha da proteção de e de toque.
sobrecorrente e suficientemente baixa para

TN-C-S

TN-C Neutro
Fase R
Fase S
Fase T
PE
Neutro + PE = PEN
Fase R
Fase S
Fase T TN-S

Equipamento Equipamento Equipamento


trifásico fase-neutro fase-fase

Figura 4.12 - Configuração TN-C-S. Configuração TN-C no circuito da concessionária de energia e TN-S na rede interna do consumidor

IT (B) Neutro
Fase R
Fase S
Resistor de Fase T
aterramento PE

Figura 4.13 - Configuração IT com neutro aterrado via resistor de aterramento. Arranjo muito utilizado na área industrial do Brasil

106 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


4.2 - ATERRAMENTO PARA PROTEÇÃO fundação como anel de aterramento. Essa
CONTRA DESCARGAS ATMOSFÉRICAS opção garante a melhor equipotencialização
da estrutura e dos serviços que atendem à
O aterramento do sistema de proteção contra edificação. Entretanto, para ser eficiente,
descargas atmosféricas deve ser integrado ao ela deve ser concebida com o projeto das
sistema de aterramento geral, e os detalhes fundações.
da malha de aterramento recomendada
na NBR 5419-3 [1] são apresentados nos A opção B é similar à opção A e deve ser adotada
próximos itens. quando não for possível adotar a opção A.

4.2.1 - PRESCRIÇÕES DA NBR 5419 A opção C melhora a equalização


proporcionada pela malha e controla
Conforme a NBR 5419-3, a malha de os potenciais perigosos, melhorando a
aterramento deve ser constituída de um segurança no entorno da estrutura. Pode ser
anel formado por um condutor nu (cabo implementada em casos especiais.
ou cordoalha) de cobre, aço cobreado ou
aço zincado (galvanizado), envolvendo a A NBR 5419-3 sugere que o valor da
edificação. O anel deve ser enterrado no resistência de aterramento da malha seja
mínimo a meio metro de profundidade e ficar o menor possível, mas não recomenda
a um metro da edificação. nenhum valor. A norma estabelece que o
raio equivalente (requivalente) da malha deve
No caso de anel embutido em fundação de ser igual ou superior ao comprimento
concreto armado, deve ser utilizado o próprio mínimo (L1) que é função da resistividade
ferro de construção do cintamento. Não se do solo e do nível de proteção da edificação.
deve embutir o condutor de cobre nem o aço O raio equivalente corresponde ao raio da
cobreado no concreto. O contato desses cabos circunferência que tenha a mesma área da
com o cimento ou a ferragem estrutural pode malha de aterramento, conforme ilustrado na
causar corrosão nos anéis. Figura 4.15.

A Figura 4.14 mostra três situações: (A) o anel A Figura 4.16 fornece o valor do comprimento
é a própria ferragem do alicerce da edificação; mínimo (L1) para cada um dos quatro níveis
(B) o anel está afastado da edificação (1 m); de proteção sugeridos na norma, em função
(C) além de estar a um metro da edificação, o da resistividade do solo.
anel foi complementado por um reticulado de
cabos que envolve a edificação e se estende a Algumas vezes, não existe área disponível para
pontos mais distantes. a construção da malha. Então o anel tem de
ser suplementado com eletrodos horizontais
A melhor opção é a A, que mostra a e verticais. O comprimento dos eletrodos
utilização da própria ferragem estrutural da suplementares deve ser calculado conforme

A B C

d1 < 1 m d2 < 5 m

Figura 4.14 - Malha de aterramento da edificação. (A) Malha em anel embutida no alicerce; (B) Malha em anel ao redor da edificação;
(C) Malha em anel complementada por um reticulado

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 107
requivalente
A1 Área da malha = A1 + A2

A2

2
Área da malha = π requivalente requivalente = Área da malha
π

Figura 4.15 - Raio equivalente da malha de aterramento

100

90

80 Nível I
Para > 3000 Ωm
70 Nível I L1 = 0,03 - 10
Nível II L1 = 0,02 - 11
60
L1 (m)

50 Nível II

40

30

20

10
Níveis III e IV
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000

Resistividade do solo (Ωm)

Figura 4.16 - Comprimento mínimo L1. O raio equivalente da malha deve ser igual ou superior ao comprimento mínimo. Adaptado de
[1]

mostrado nas Figuras 4.17 e 4.18 para eletrodos suplementares, eles devem ser
eletrodos verticais e horizontais. instalados o mais próximo possível dos
Os comprimentos LV e LH mostrados nessas pontos onde os condutores de descida forem
figuras são referentes a cada um dos conectados ao anel.
eletrodos suplementares. O comprimento
necessário de eletrodos verticais corresponde A norma também estabelece que apenas
à metade do comprimento de eletrodos 20% do valor do comprimento mínimo pode
horizontais. No caso da utilização de aflorar, ou seja, não estar enterrado.

108 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Os condutores verticais suplementares de
comprimento LV devem ser instalados em
cada terminação de condutores de descida

2
1 LM
LV = L1 -
2 π
LM

LV

Figura 4.17 - Utilização de condutores suplementares verticais. O valor L1 é dado na Figura 4.16

Os condutores horizontais suplementares de


comprimento LH devem ser instalados em
cada terminação de condutores de descida

2
LM
LH = L 1 -
π
LM

LH

Figura 4.18 - Utilização de condutores suplementares horizontais. O valor de L1 é dado na Figura 4.16

A NBR 5419-3 [1] é totalmente baseda na do concreto úmido é baixa (<200 Ωm) [1].
Norma IEC-62305-3 [5] e uma das poucas Uma característica do concreto é que, mesmo
diferenças é que a IEC permite a utilização na época seca, ele retém a umidade por um
de dois tipos de malhas de aterramento: Tipo longo período. A Figura 4.20 mostra que a
A, que utiliza eletrodos verticais e horizontais utilização das fundações contribui bastante
sem formar um anel; e Tipo B, que utiliza para a redução do valor da resistência de
eletrodos em anel e é adotada pela NBR aterramento da malha.
5419.
Para que não haja danos na estrutura
Como foi dito, as ferragens estruturais da fundação, recomenda-se que sejam
podem e devem ser utilizadas como parte do feitas boas conexões elétricas entre
sistema de aterramento, pois a resistividade suas ferragens. Ressalta-se que existem

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 109
restrições para a utilização das ferragens malha da edificação para a área externa é
estruturais como parte do SPDA nos utilizar anéis de equalização concêntricos.
casos em que elas trabalham tensionadas A Figura 4.23 ilustra um arranjo de anéis
(concreto protendido) [1]. concêntricos que envolvem a edificação.

Em edificações onde a circulação de pessoas Outra forma de aumentar a segurança é o


na área externa próxima da edificação é recobrimento em torno da edificação com
grande, é importante aumentar a segurança. material de alta resistividade (alfalto ou
Em área externa, o maior risco para as brita), como mostrado na Figura 4.24. Nesse
pessoas são as tensões de passo e toque, caso, a cobertura de alta resistividade limita
que surgem devido à circulação da corrente a corrente que pode passar pela pessoa.
de descarga pelo solo na região onde termina
a malha equalizada, conforme mostrado nas 4.2.2 - IMPEDÂNCIA DE ATERRAMENTO
Figuras 4.21 e 4.22.
Nos problemas envolvendo sistemas elétricos
A corrente que flui pela malha de aterramento operando em regime permanente, a frequência
é dissipada no solo e provoca uma elevação envolvida é relativamente baixa (60 Hz no
do potencial do solo que teoricamente se Brasil). Nesse caso, um aterramento pode
estende da periferia da malha até o infinito. ser caracterizado pela sua resistência. Como
Na prática, para uma malha de aterramento as frequências das descargas atmosféricas
constituída de uma haste vertical de três são relativamente elevadas (variando de 25
metros de comprimento, a dez metros de kHz a 1 MHz), o aterramento se comporta
distância, o potencial do solo é apenas 4% como uma impedância por ter elementos
do potencial da haste. capacitivos, indutivos e resistivos. No caso
Uma forma de estender a equalização da de aterramentos compostos por eletrodos

Figura 4.20
Utilização
da ferragem
estrutural
como parte
da malha de
aterramento

110 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Região da malha = região equalizada
Tensões de passo e toque muito baixas

V é a elevação de potencial da malha;


é a tensão que aparece da malha para
um ponto distante dela.

I0
V = R AT I 0

R AT

d ∞

Figura 4.21 - Elevação de potencial em uma malha de aterramento

Tensão de toque Tensão de passo

Figura 4.22
Tensões de
passo e toque
nas imediações
da malha de
aterramento
Vtoque Vpasso

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 111
1m 3m

Figura 4.23
Utilização
de anéis
concêntricos
que envolvem
a edificação
para estender
0,5 m a equalização
1m
proporcionada
pela malha até a
área externa

Asfalto
ou brita

Figura 4.24
Recobrimento da
área externa da
edificação com
material de alta
Asfalto T = 50 mm
resistividade [5]
Brita T = 200 mm

longos, uma boa representação é o circuito do tempo de frente). Nessa situação, a


da Figura 4.25, que mostra uma linha caracterização da malha é feita por meio de
de transmissão com perdas transversais sua impedância.
elevadas [6].
A medição da impedância da malha pode
Se uma corrente impulsiva for aplicada ser feita com um circuito similar ao utilizado
em um cabo nu enterrado, a corrente vai para medir a resistência, só que fazendo
se dispersando no solo e, após se propagar uso de ondas de corrente impulsivas ou de
em certo comprimento de cabo (denominado alta frequência. A impedância medida com
comprimento crítico), a maior parte da ondas impulsivas é a chamada transitória.
corrente já terá sido dispersada no solo. O cálculo da impedância pode ser feito com
Então não adianta utilizar cabos de grande o modelo mostrado na Figura 4.25.
comprimento na malha, pois apenas o trecho
de cabo de comprimento inferior ao valor do A Figura 4.26 mostra uma série de curvas
comprimento crítico vai ajudar na dispersão com os valores das impedâncias transitórias
da corrente. O valor do comprimento crítico de uma malha de aterramento constituída
depende do valor da resistividade do solo (ρ) de um cabo horizontal com comprimento
e da forma de onda da corrente (notadamente variando entre 20 e 120 metros. Para fazer

112 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 4.25 - Representação da malha de aterramento por um circuito RLC distribuído

os cálculos, utilizou-se uma corrente com A Figura 4.26 mostra que não precisa
forma de onda impulsiva 1,2/20 µs. O valor aumentar o valor do comprimento do cabo da
do comprimento crítico depende do valor malha acima do valor do comprimento crítico.
do tempo de frente da onda de corrente. Entretanto, para o valor da resistência de
Quanto maior o tempo de frente, maior o aterramento, quanto maior for o comprimento
comprimento crítico. do cabo, menor será o valor da resistência.

As impedâncias transitórias foram calculadas Outro efeito das descargas atmosféricas é


com a metodologia descrita em [7]. Foram a ionização do solo nas proximidades dos
calculados os valores para solos de resistividade condutores. Esse fenômeno é provocado
iguais a 1000, 2400, 3500 e 5000 Ωm. A pelos elevados valores de campo elétrico no
permissividade relativa do solo foi igual a 10. solo. Esse campo elétrico é função do valor
Foram utilizados os valores de 3500 e 2400 da corrente e da resistividade do solo. Como
Ωm porque são os valores correspondentes as correntes são muito elevadas, ocorre
à resistividade aparente média da primeira uma ionização intensa em solos de alta
camada do solo e ao valor médio da resistividade resistividade.
aparente, respectivamente, dos solos de Minas
Gerais [8].

450
Comprimento
400 = 5000 Ω (Ωm) crítico (m)
350 1000 35
Impedância transitória (Ω)

= 2400 Ω 2400 60
300
3500 78
= 3500 Ω 5000 98 Comprimento do cabo
250

200 = 1000 Ω (Ωm)


150

100
1,2/20 µs
50 I (A)

0
T (µs)
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
Comprimento do cabo enterrado (m)

Figura 4.26 - Comprimento crítico de malha de aterramento constituída de um cabo horizontal enterrado em solos de 1000, 2400,
3500 e 5000 Ωm. Adaptado de [7]

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 113
A consequência é uma redução do valor da Os efeitos da variação dos parâmetros do
resistência e da impedância transitória do solo com a frequência são mais claros em
aterramento. Esse fenômeno não é detectado solos de resistividade acima de 1000 Ωm.
nas medições usuais porque elas medem As curvas da Figura 4.28 mostram os
correntes de baixa intensidade. valores das impedâncias de uma malha
constituída por um cabo horizontal de 30
As curvas da Figura 4.27 mostram resultados metros enterrado em um solo de 4000 Ωm.
de medição feitas no campo de testes do Os valores das impedâncias transitórias na
Laboratório de Extra-Alta-Tensão da UFMG Figura 4.28 são muito influenciados pela
pelos autores [9]. Eles usaram ondas de variação dos parâmetros do solo.
corrente impulsiva com valores de até 5 kA.
Nessa medição, a impedância (Z) é a relação Portanto, a impedância apresentada por
entre o valor de pico da tensão medida pelo um sistema de aterramento em relação à
valor de pico da corrente. Os resultados corrente de uma descarga atmosférica é
obtidos se referem a duas malhas constituídas bem diferente da resistência medida em
de hastes verticais. Pode-se ver nas curvas baixa frequência. Além disso, a impedância
que o valor da impedância diminui com o depende de diversos fatores difíceis de
aumento do valor de pico da corrente. No determinar.
caso de descargas atmosféricas reais, os
valores das correntes nas hastes podem ser Devido aos fatos mencionados e conforme
mais elevados, causando maior redução da visto na seção anterior, os requisitos para
impedância em relação à resistência. um sistema de aterramento prescritos pela
NBR 5419-3 não especificam valores para
Outro fator que dificulta o cálculo das a resistência nem para a impedância de
impedâncias de malhas de aterramento são aterramento.
os parâmetros elétricos do solo (resistividade
e permissividade), pois eles variam com 4.3 - EQUALIZAÇÃO DE POTENCIAIS
a frequência. Então, cada forma de onda
da corrente de descarga gera um valor A NBR 5419-4 [2] considera a equalização de
diferente de impedância na malha. As curvas potenciais um conjunto de medidas usadas
mostradas na Figura 4.28 foram obtidas com para reduzir os valores das tensões causadas
dois modelos que descrevem a variação dos por descargas atmosféricas. As equalizações
parâmetros do solo com a frequência [10, 11]. devem ser feitas dentro e fora das edificações.
Os cálculos foram feitos com a metodologia
descrita em [12].

100

90
Malha B
80
70

60 Ionização do solo
(Z / R) x 100%

50
Malha A
40

30

20 Figura 4.27
Impedância
10 de hastes
verticais de
0 aterramento
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 Malha A Malha B normalizada
Valor de pico da corrente (kA) R=215 Ω R=48 Ω pela
resistência

114 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 4.28 - Impedâncias transitórias de um eletrodo horizontal de 30 metros enterrado em solo de 4 kΩm. Impedâncias calculadas
considerando os parâmetros do solo fixos e variáveis na frequência, conforme os modelos propostos em [10 e 11]

4.3.1 - EQUALIZAÇÕES NO EXTERIOR DE valores, as correntes de descarga atmosférica


EDIFICAÇÕES têm uma elevada taxa de variação temporal
(elevado valor de di/dt). Essa característica
De maneira análoga ao procedimento implica o aparecimento de elevadas tensões
recomendado para a segurança pessoal, indutivas entre os cabos e a edificação,
a regra de ouro para a segurança das conforme ilustrado na Figura 4.30.
edificações é a equalização das suas
diversas partes metálicas:

Infraestrutura elétrica (eletrodutos,


eletrocalhas e bandejas);
A B

Ferragem das estruturas de aço e de


concreto armado;
Telhas metálicas;
Tubulações metálicas (água, gás, esgoto,
ar comprimido, ar-condicionado, etc.);
Condutores dos sistemas de proteção
contra descargas atmosféricas (SPDA);
Blindagens dos cabos de força e de
Figura 4.29 - (A) Sistema com as partes metálicas não
sinais; equalizadas. (B) Sistema com as partes metálicas equalizadas.
A interligação das partes evita a ocorrência de centelhamento
Condutores de proteção (PE);
Condutor neutro (nos casos As tensões desenvolvidas nos cabos de
pertinentes), etc. aterramento explicam por que os SPDA do
tipo “gaiola”, que utilizam vários condutores de
A equalização (interligação) das partes descida interligados envolvendo a edificação,
metálicas de um sistema impede têm um desempenho superior ao dos SPDA
centelhamentos, no caso da incidência de constituídos apenas por um ou dois condutores
descargas atmosféricas. Esse aspecto é de descida. Esse aspecto é ilustrado na Figura
ilustrado na Figura 4.29. 4.31, em que os vários condutores de descida em
paralelo do Caso (B) diminuem consideravelmente
Os centelhamentos mostrados na Figura o valor da indutância e, consequentemente, das
4.29 ocorrem porque, além de elevados tensões desenvolvidas nesses condutores.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 115
V Indutância típica de um cabo
na horizontal: L = 1 µH / m

di
V= L
dt

di
= 10 kA / µs a 200 kA / µs
dt

I
Para um cabo de 5 m de comprimento

di
= 10 kA / µs V = 50 kV
dt
L
di
= 200 kA / µs V = 1000 kV
dt

RATERRAMENTO

Figura 4.30 - Tensões desenvolvidas em um condutor de descida de um SPDA

Além da redução das tensões entre o SPDA A B

e a estrutura, a gaiola contribui para a


redução dos campos magnéticos dentro da
edificação. Isso ocorre por causa da divisão
da corrente de descarga entre os vários
condutores da gaiola. Se os condutores
da gaiola forem interligados à ferragem
estrutural da edificação, as tensões entre o
SPDA e a estrutura tendem a valores muito
baixos. A NBR 5419 recomenda a utilização
da ferragem de estruturas metálicas ou de
estruturas de concreto armado como parte
do SPDA.
Figura 4.31 - (A) SPDA com dois condutores de descida; (B)
SPDA formando uma gaiola

116 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A fundação da estrutura também deve caso, a NBR 5410 [3] recomenda instalar um
ser utilizada como parte do sistema de centelhador em paralelo com a luva.
aterramento.
Nessa barra também devem ser interligadas
Outro procedimento importante é a as demais massas metálicas da edificação
equalização de condutores e tubulações e os condutores de aterramento do sistema
metálicas que adentram a edificação. A elétrico. A Figura 4.33 mostra o detalhe da
Figura 4.32 mostra que essa equalização interligação da BEP com os barramentos
deve ser feita na interface da parte de fora do neutro e do condutor de proteção
com a de dentro da edificação. Para isso, localizados no quadro de distribuição para
precisa instalar uma barra de equalização as configurações TN e TT.
principal (BEP) nessa interface. Sempre
que possível, as tubulações metálicas e os Em alguns casos, não é possível que todos os
condutores devem penetrar na edificação em serviços metálicos entrem na edificação no
um local próximo da BEP. mesmo ponto. Nessa situação, a NBR 5410
recomenda que a equalização dos elementos
No caso de tubulação metálica de gás, com metálicos com o sistema de aterramento seja
proteção galvânica utilizando retificadores, feita nas proximidades do ponto de entrada
pode ser necessário instalar uma luva isolante da edificação, conforme ilustrado na Figura
para evitar problemas de corrosão. Nesse 4.34.

Para Barra PE Barra de


Gás
equalização
principal

PEN

Luva
isolante
Energia

Figura 4.32
Interligação das
Água tubulações metálicas
Para SPDA
que adentram a
edificação por meio
de uma barra de
equalização (BEP).
Adaptado de [3]

Esgoto Comunicação

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 117
N PE N PE

Quadro de Quadro de
distribuição distribuição
principal principal

Barra de Barra de
equalização equalização
Configuração TN principal Configuração TT principal

PEN N

Figura 4.33 - Detalhe da interligação do barramento de equalização principal com os barramentos do neutro e do condutor de proteção
localizados no quadro de distribuição. Adaptado de [3]

Para Barra PE Barra de


equalização
principal

PEN

Energia

Água

Esgoto Comunicação

Figura 4.34 - Procedimento para equalização de tubulações metálicas que adentram a edificação em local afastado da BEP. Adaptado de
[3]

No passado, muitas instalações utilizavam é consenso entre as diversas entidades


uma malha de aterramento separada (isolada) normativas que esse procedimento é perigoso
para os sistemas eletrônicos. Atualmente e contraindicado. A Figura 4.35 mostra em

118 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Barra PE

BEP

Figura 4.35
Interligação
das partes
metálicas
Canos de Sistema de em uma
Neutro estação
água e gás aterramento
radiobase

detalhes as interligações recomendadas pelas metálicas de equipamentos, gabinetes


normas atuais, tomando-se como exemplo uma metálicos, armários, etc. A interligação dessas
estação radiobase. partes metálicas com a BEP deve ser feita
também pelo condutor de proteção (PE). O PE
Partes metálicas de pequenas dimensões não deve ser isolado e cada circuito de alimentação
precisam ser vinculadas à BEP. Dentre essas deve ter o seu PE, conforme mostrado na
partes previstas na NBR 5410 [3] estão: Figura 4.36.

Suportes metálicos de isoladores de Ressalta-se que o SPDA e o condutor neutro


linhas aéreas fixados à edificação que do sistema elétrico também devem ser
estiverem fora da zona de alcance vinculados à BEP. As normas geralmente
normal; permitem que, além da vinculação da carcaça
ao PE, a carcaça e o PE podem ser ligados
Postes de concreto armado em que a a pontos aterrados, como infraestrutura e
armadura não é acessível; malhas de equalização de sinais. Esse aspecto
é mostrado na Figura 4.37. É importante
Massas que, por suas reduzidas dimensões ressaltar que a interligação dessas partes
(até cerca de 50 mm x 50 mm) ou por sua não elimina a necessidade de utilização do
disposição não possam ser agarradas até condutor de proteção (PE).
estabelecer contato significativo com parte
do corpo humano, desde que a ligação a As configurações mostradas nas Figuras 4.36
um condutor de proteção seja difícil ou e 4.37 designadas pela NBR 5419-4, como
pouco confiável (isso se aplica a parafusos, Configuração Estrela (S) e Configuração
pinos, placas de identificação e grampos em Malha (M), são ilustradas de forma
de fixação de condutores). esquemática na Figura 4.38.

4.3.2 - EQUALIZAÇÕES NO INTERIOR DE A Configuração Estrela (S) é indicada para


EDIFICAÇÕES sistemas de pequeno porte em que os
condutores normalmente adentram a edificação
As partes condutoras internas de uma no mesmo ponto. Nessa configuração, todos
edificação também devem ser vinculadas os componentes metálicos (gabinetes, caixas,
à BEP. Essas partes podem ser carcaças armários) dos sistemas internos devem ser

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 119
Carcaça do Equipamento
equipamento eletrônico

BEP
Condutor de proteção

Barra PE O condutor de proteção deve ser


instalado no mesmo duto dos cabos
de alimentação (fases e neutro)

Figura 4.36 - Aterramento das carcaças via condutor de proteção. Adaptado de [13]

Carcaça do Equipamento
equipamento eletrônico

BEP

Barra PE

Equalização suplementar

Figura 4.37 - Interligação da carcaça ao condutor de proteção e à infraestrutura. Adaptado de [13]

Configuração Configuração
estrela (S) em malha (M)

Figura 4.38
Configurações
recomendadas
pela NBR 5419
para interligação
das partes
metálicas
internas da
edificação.
Adaptado de [2]

120 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


integrados ao sistema de aterramento na Uma prática adotada em ambientes com
mesma barra de equipotencialização atuando muitos equipamentos eletrônicos é a
como ponto de referência do aterramento. utilização de uma malha de referência de
Além disso, os cabos entre os equipamentos sinais. Essa malha proporciona uma melhor
individuais devem correr paralelamente equalização de potenciais garantindo melhor
entre si e próximos aos condutores de desempenho do sistema diante de ruídos
equalização. Isso dificulta muito a utilização de alta frequência. A Figura 4.39 ilustra a
dessa configuração em sistemas de grandes utilização de uma malha de referência de
dimensões, instalados em ambientes amplos. sinais.

A Configuração em Malha (M) é mais A Figura 4.40 mostra uma visão detalhada
indicada para sistemas de grande porte com da utilização de uma malha de referência
vários cabos interligando equipamentos e de sinais, incluindo o condutor de proteção
cabos adentrando a edificação em mais de (PE). Em edificações com regiões de alta
um ponto. Nesse arranjo, os componentes concentração de equipamentos eletrônicos
metálicos dos sistemas internos devem ser sensíveis, a utilização de várias malhas de
integrados ao sistema de equalização por referência de sinal é uma boa alternativa,
meio de múltiplos pontos de interligação. conforme ilustrado na Figura 4.41.

Carcaça do Equipamento
equipamento eletrônico

Figura 4.39
Utilização de
uma malha de
BEP Malha de referência de
Barra PE Condutor de proteção referência sinais. Adaptado
de sinal
de [14]

Malha de
referência
de sinal

Condutor PE

Figura 4.40

∆Y
Instalação com o
aterramento dos
equipamentos na
malha de referência
e utilização conjunta
do condutor de
proteção. Adaptado
de [14]

Para o sistema
de equalização Para o barramento PE

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 121
Para edificações cujos equipamentos já esses eletrodutos e leitos não tenham uma boa
estejam instalados, uma alternativa é interligação elétrica, a utilização de cordoalha
instalar uma malha de referência de sinais de cobre interligando as várias partes é uma
no teto, conforme mostrado Figura 4.42. boa alternativa, conforme ilustrado na Figura
4.43. Além da equalização, as bandejas vão
Os eletrodutos e leitos de cabos (canaletas, proporcionar uma blindagem para os cabos nela
eletrocalhas e bandejas) metálicos também instalados.
podem ajudar na equalização interna. Caso

∆Y

Figura 4.41 - Malhas de referência de sinal em instalação de Figura 4.42 - Malha de referência de sinal instalada no teto da
grande porte sala

Cordoalha de cobre

Cordoalha de cobre

Figura 4.43 - Bandejas eletricamente bem conectadas que podem integrar o sistema de equalização interno

122 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


4.3.3 - ATERRAMENTO DAS BLINDAGENS blindagens de cabos que porventura estejam
DE CABOS QUE INTERLIGAM EDIFICAÇÕES ligados entre as edificações, conforme
ilustrado na Figura 4.44. Dependendo da
Um caso que merece atenção particular amplitude e da duração da corrente, o cabo
é o aterramento de blindagens de cabos pode ser danificado.
na barra de equalização de potenciais.
Esse caso se aplica aos cabos de força e A interligação das duas malhas por
de sinais que interligam duas edificações. condutores nus diretamente enterrados
Como cada edificação tem a própria malha no solo diminui significativamente a
de aterramento, alguns cuidados devem corrente que circula pela blindagem do
ser tomados nessas equalizações, conforme cabo, conforme mostrado na Figura 4.45.
discutido nesta seção. A NBR 5410 [3] estabelece que todo cabo
de sinal que interliga duas edificações
Quando existe um conjunto de edificações deve ser acompanhado de um condutor de
próximas, é importante avaliar a necessidade equalização ao longo do seu comprimento,
de interligação das malhas das edificações. o qual deve ser conectado aos sistemas de
A utilização de malhas independentes aterramento das duas edificações.
pode levar à circulação de corrente pelas Mesmo em malhas interligadas, se a corrente

∆Y ∆Y

Figura 4.44
Circulação de
R AT- 1 R AT-2
corrente pela
blindagem de
um cabo que
interliga duas
edificações

Figura 4.45
Redução da
corrente que
circula pela
blindagem
de cabo de
comunicação
∆Y ∆Y devido à
interligação
das malhas
por condutores
R AT- 1 R AT-2 enterrados

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 123
de curto-circuito para a terra for muito pontas da blindagem na BEP. O DPS deve
elevada, valores consideráveis de corrente ter uma tensão de operação contínua (UC)
de frequência industrial (60 Hz), além da igual ou superior à tensão fase-terra do
parcela da corrente da descarga, podem sistema elétrico para não atuar nas tensões
circular pela blindagem do cabo, conforme resultantes do curto-circuito. A NBR 5419-4
ilustrado na Figura 4.46. Nessas condições, sugere a utilização de DPS tipo comutador
as parcelas de corrente que circulam pelos (centelhador a gás) para essa aplicação.
condutores da malha e pela blindagem do
cabo vão ser inversamente proporcionais às Outra possibilidade é a utilização de um cabo
suas resistências. A blindagem do cabo pode com dupla blindagem, em que a segunda
ser danificada dependendo da amplitude e blindagem deve ser dimensionada para
da duração da corrente que flui pela malha. suportar elevadas correntes resultantes
dos curto-circuitos. Em muitos casos, um
Uma alternativa para impedir o fluxo de eletroduto metálico contínuo e corretamente
corrente de frequência industrial pela dimensionado pode fazer o papel dessa
blindagem do cabo e, ao mesmo tempo, segunda blindagem. A Figura 4.47 mostra as
garantir a equalização da blindagem no alternativas para a equalização da blindagem
caso de uma sobretensão atmosférica, é nessas situações.
utilizar um DPS para conectar uma das

Transformador Transformador

Figura 4.46
Corrente de
curto-circuito
circulando pela
blindagem do
cabo

A
C = 0,5 μF
ƒ = 60 Hz Xc = 5,3 kΩ

ƒ = 25 kHz Xc = 12,7 Ω
Figura 4.47
ƒ = 250 kHz Xc = 1,3 Ω
Alternativas
para o
aterramento da
blindagem de
um cabo que
interliga duas
B edificações (A)
utilizando DPS;
(B) utilizando
uma segunda
blindagem ou
um eletroduto
metálico

124 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


4.4 - ISOLAMENTO A Figura 4.49 mostra duas situações em
que equipamentos internos e o cabo de
4.4.1 - ISOLAMENTO ENTRE PARTES descida formam laços. A norma sugere uma
expressão simplificada, mostrada na mesma
INTERNAS E O SPDA figura, para a determinação da distância de
segurança. É possível ver na Figura 4.49
Em situações em que partes metálicas que, para a mesma edificação, os valores das
internas das edificações estejam próximas distâncias podem ser diferentes, dependendo
de captores e de condutores de descida da área do laço formado.
do SPDA e uma ligação equipotencial não
puder ser realizada, é preciso manter uma Estão relacionados na Figura 4.50 os
distância de segurança para que não fatores a serem utilizados na expressão
haja centelhamento. O laço formado pelos para o cálculo da distância de segurança
elementos do sistema de captação externo e S, conforme NBR 5419-3 [1]. O fator ki é
os objetos e cabos internos são responsáveis definido em função do Nível de Proteção
pelo aparecimento de tensões induzidas. A desejado. O fator km depende do material
Figura 4.48 mostra a situação de um laço existente entre o condutor externo e a parte
formado em parte pelo próprio condutor onde interna, e o fator kc depende da divisão da
circula a corrente, que é similar à situação corrente de descarga entre os cabos do SPDA
que ocorre nas edificações. externo.

µ0d l s
LM = n
2π r
s VI N D
I0
dI0 Figura 4.48 -
VIND = LM
dt Tensão induzida
2r em um laço
formado em parte
pelo condutor que
conduz a corrente

I0 I0

Ki Ki
S2 = Kc d2 S1 = Kc d1
Km Km
Figura 4.49 -
Tensões induzidas
(V1 e V2) em laços
Km = 1 Km = 1 formados pelos
Kc = 1 I0 I0 Kc = 1 condutores de
descida do SPDA e
por equipamentos
V2 da edificação.
Estrutura com
V1 apenas um
s2 condutor de descida
d2
s1 d1 e isolamento de
ar [1]

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 125
Material km
Ki
S= Kc d Ar 1
Km
Concreto, tijolo e madeira 0,5

Nível de proteção ki Nº de cabos de descida kc

I 0,08 1 (SPDA isolado) 1

II 0,06 2 0,66

III e IV 0,04 3 ou mais 0,44

Figura 4.50 - Cálculo da distância de segurança S a ser observada entre partes metálicas internas da edificação e os condutores do
SPDA. Adaptado de [1]

Quando é utilizado mais de um tipo de concreto armado em que a ferragem não está
material (em série) nas paredes, com valores integrada ao SPDA externo, que tem dois cabos
de km diferentes, a norma sugere a adoção de descida. Os fatores km e kc podem ser vistos
do menor valor para o fator km. Quando nessa figura.
forem utilizados materiais diferentes dos
listados na Figura 4.50 o fabricante deve ser A Figura 4.52 mostra uma situação em que
consultado sobre a capacidade de isolamento o equipamento interno é ligado no sistema de
do material para a definição do fator km. Os equalização, mas, devido ao seu porte, um laço
valores do fator kc mostrados na Figura 4.50 é formado e a distância de segurança precisa
são válidos para uma edificação com malha ser adotada. Já para uma edificação com mais
de aterramento em forma de anel envolvente. de dois cabos de descida, a norma sugere kc =
A Figura 4.51 mostra uma estrutura de 0,44, como mostrado na Figura 4.53.

Km = 0,5
I0 Kc = 0,66

Km = 0,5
Kc = 0,66

I0 / 2 I0 / 2
s
d

Concreto

d s

Figura 4.51 - Distância de segurança considerando dois cabos Figura 4.52 - Distância de segurança para um equipamento
de descida numa edificação com estrutura de concreto armado e vinculado ao SPDA pela sua base. Devido às dimensões do
cuja ferragem não está interligada ao SPDA equipamento, um laço é formado com o cabo de descida do SPDA

126 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


I0

kc = 0,44
Figura 4.53
Fator kc para
edificação com mais
de dois cabos de
descida

Para uma determinação mais precisa do 4.4.2 - INTERFACES DE ISOLAMENTO


valor de kC , a NBR 5419-3 apresenta uma
metodologia mais elaborada em seu Anexo Interfaces de isolamento são dispositivos
C. Para edificações de estrutura metálica ou instalados em cabos que vêm de áreas
de concreto armado, desde que a ferragem externas ou de regiões onde estejam sujeitos
do concreto esteja conectada ao sistema a induções eletromagnéticas intensas.
de equalização, não é preciso adotar uma As interfaces devem propiciar isolamento
distância de segurança. Essa situação é elétrico entre a parte externa (ou exposta) do
mostrada na Figura 4.54. cabo e a parte interna e devem ser instaladas
na fronteira dos ambientes. Essas interfaces
O cálculo das distâncias de segurança pela são geralmente utilizadas em cabos que
expressão simplificada proposta na NBR interligam edificações com malhas de
5419 tem sido questionado e a referência aterramento distintas.
[14] apresenta uma boa discussão sobre
o assunto. No caso de edificações de Uma alternativa muito utilizada em
estrutura de concreto armado cuja ferragem ambientes industriais é o transformador de
não está integrada ao SPDA, podem isolamento para a alimentação de cargas
ocorrer centelhamentos perigosos entre eletrônicas sensíveis. O transformador
os condutores do SPDA e a ferragem da evita a penetração de surtos na região
estrutura, como mostrado na referência [15]. onde as cargas estão instaladas. Ele deve

Figura 4.54 - Em edificações com estrutura metálica ou de concreto armado com ferragem interligada ao SPDA não é necessário
observar uma distância de segurança

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 127
ser instalado junto das cargas e ter uma A Figura 4.55 ilustra essa situação.
blindagem eletrostática. O transformador Duas alternativas para estabelecer um
atenua as induções de modo comum enlace de telecomunicações entre duas
e a blindagem eletrostática diminui edificações, sem utilizar cabos metálicos,
consideravelmente a chegada de ruídos de são mostradas na Figura 4.56. Essas
alta frequência nas cargas, uma vez que a alternativas utilizam fibra óptica ou enlace
blindagem elimina a capacitância entre os de rádio. No caso de cabos de fibra óptica, é
enrolamentos primário e secundário. Para importante que eles não tenham condutores
ser efetiva, a blindagem eletrostática deve auxiliares metálicos, comumente utilizados
ser vinculada ao sistema de equalização de para tração ou para proteção mecânica.
potenciais da instalação.

Carcaça do
transformador

Blindagem Fase
eletrostática

Neutro

Condutor de proteção (PE) Condutor de proteção (PE)

Figura 4.55
Transformador
com blindagem
eletrostática.
Interligação com o Adaptado de [14]
sistema de equalização

A Fibra óptica

Figura 4.56
Metodologias
para o
Rádio Rádio estabelecimento
de enlace de
comunicação
entre edificações
com malhas de
B
aterramento
distintas

128 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


4.5 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO Todas as partes metálicas da instalação
devem ser interligadas (condutores
As seguintes conclusões podem ser do SPDA, canos metálicos, estruturas
formuladas com base no exposto ao longo metálicas, etc.). Se a interligação não
deste capítulo: puder ser feita diretamente, ela pode
ser feita com um DPS;
É possível adotar uma filosofia de
aterramento que englobe o aterramento A interligação entre as partes metálicas
do sistema elétrico (neutro dos do sistema promove uma equalização
transformadores), das carcaças dos de potenciais, ou seja, minimiza os
equipamentos, dos cabos e captores do valores das diferenças de potencial
SPDA, das blindagens dos cabos e dos entre as partes. Esse procedimento
equipamentos eletrônicos com o objetivo evita o centelhamento entre partes,
de garantir a segurança do pessoal, da aumenta a segurança pessoal e melhora
edificação e dos equipamentos; o desempenho do sistema diante de
surtos e transitórios. Na impossibilidade
É altamente recomendável (e até obri- de interligação, deve ser adotada uma
gatório na maioria dos casos) utilizar o distância de segurança entre as partes
condutor de proteção (PE) nas edificações; não interligadas;

É recomendável a utilização da mesma Utilizar transformador de isolamento


malha de aterramento. No caso de com blindagem eletrostática para
mais de uma malha, elas devem ser alimentar equipamentos eletrônicos e
interligadas; utilizar malha de referência de sinal são
práticas recomendáveis.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 129
CAPÍTULO 5

BLINDAGEM DA EDIFICAÇÃO, CABOS


BLINDADOS E REDUÇÃO DE LAÇOS

Neste capítulo são analisados a blindagem problema em duas aproximações [1, 2]:
eletromagnética proporcionada pela própria
estrutura da edificação e pelo SPDA, a Blindagem na região de campo próximo;
utilização de cabos blindados e o arranjo
otimizado da fiação interna visando a redução Blindagem na região de campo distante.
de laços. Essas Medidas de Proteção contra
Surtos (MPS) contribuem para a redução A região de campo próximo é o entorno da
dos campos eletromagnéticos e das tensões fonte de campo onde a relação entre o campo
induzidas que atingem os equipamentos elétrico e o campo magnético é complexa.
eletrônicos. Nessa região, os dois campos são tratados
como se fossem independentes e a blindagem
5.1 - CONCEITOS BÁSICOS DE BLINDAGEM é calculada para cada um deles. Na região
ELETROMAGNÉTICA de campo próximo os campos são muito
influenciados pela presença da fonte de
Os princípios físicos da blindagem campo. É o caso dos problemas envolvendo
eletromagnética são simples, mas o seu as frequências e os circuitos utilizados na
cálculo é relativamente complexo. Visando geração e distribuição de energia elétrica (60
simplificar o cálculo, é comum dividir o Hz).
Região da antena

d Região de campo próximo Região de campo distante

Antena

r 2
r = 2D / se d <
2
r = 2D / + se d <

Figura 5.1
Regiões de
campo próximo e
campo distante

130 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A região de campo distante é mais afastada da região os princípios básicos de blindagem
fonte, onde a relação entre o campo elétrico e são facilmente entendidos, considerando-se
o campo magnético é dada pela impedância um ambiente blindado contra a entrada de
do meio. Nessa região, os dois campos luz (que é uma radiação eletromagnética de
são tratados conjuntamente, conforme frequência muito alta). Se forem utilizadas
mostrado na Figura 5.1. Na região de paredes de espelhos, toda a luz incidente
campo distante, a fonte de campo influencia será refletida e não haverá penetração de
pouco o comportamento dos campos, que luz na área interna. Por outro lado, se as
dependem mais das características do meio paredes forem feitas de material opaco, por
onde ocorre a propagação. Nessa região, o exemplo, um pano preto, a luz incidente será
campo eletromagnético pode ser aproximado totalmente absorvida (a energia luminosa
por uma onda transversal plana, em que o é transformada em calor). A reflexão e a
campo elétrico e o campo magnético estão absorção são os dois princípios básicos
defasados no espaço de 900 e em fase no da blindagem eletromagnética, conforme
tempo, conforme mostrado na Figura 5.1. A mostrado na Figura 5.3.
blindagem precisa ser calculada para apenas
um dos dois campos. Esse é o caso dos Muitas vezes, os dois efeitos ocorrem
problemas envolvendo ondas de rádio para simultaneamente. Por exemplo: a luz que
locais afastados do transmissor. incide num vidro escuro será parcialmente
refletida; parte será absorvida ao atravessar
Na região de campo distante, os campos se o vidro e parte vai atravessar o vidro, saindo
comportam como uma onda plana. Nessa mais fraca do outro lado.

E
Ondas em
fase no tempo
Tempo

y E μ0
= = 120π ≈ 377 Ω
H 0

E
Ondas defasadas V
de 90º no espaço
x

Figura 5.2 - Região de campo distante em que os campos se comportam como uma onda plana. Ex: campo elétrico; H: campo
magnético; v: direção da propagação

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 131
A B C

Espelho Pano preto grosso Vidro escuro

A luz é refletida A luz é absorvida Parte da luz é refletida,


parte é absorvida e
parte é transmitida

Figura 5.3 - Princípios básicos da blindagem eletromagnética

Os mesmos efeitos ocorrem no caso de uma diâmetro dos furos for muito menor do que
onda de campo eletromagnético de frequência o comprimento de onda do campo incidente,
mais baixa que a da luz e que atinge uma a blindagem será bastante eficaz. O mesmo
chapa metálica. A onda é parcialmente vale para telas metálicas.
refletida na superfície (esse efeito é chamado
de perda por reflexão) e a porção transmitida Em geral, a literatura sobre blindagem
é atenuada quando se propaga através do trabalha no domínio da frequência utilizando
meio. Esse último efeito é chamado de perda ondas senoidais para representar os campos
de absorção ou penetração. Essa atenuação eletromagnéticos. A análise da blindagem
ocorre porque são induzidas correntes na eletromagnética para campos em forma
chapa metálica que aquecem o material. de impulso, que é o caso da descarga
Nesse processo ocorrem reflexões dentro da atmosférica, é tarefa difícil e só recentemente
própria chapa, conforme mostrado na Figura vem sendo apresentadas algumas
5.4. modelagens no domínio do tempo [3]. Devido
à complexidade do problema, a utilização
Mesmo no caso de chapas com perfurações, de programas de cálculo de campo é uma
o campo incidente será atenuado. Se o alternativa interessante para a determinar a

Incidente

Hi
Refletido Hr Ht

Transmitido Et
Er
Ei
μ0 , 0
μ0 , 0

μ,

μ0 , 0 μ, ,

Figura 5.4 - Princípios básicos da blindagem eletromagnética

132 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


blindagem fornecida pela própria estrutura As normas técnicas geralmente consideram
da edificação. Os programas não demandam que a aproximação de campo próximo é a
as aproximações de campo próximo nem de mais adequada para o estudo das induções
campo distante porque trabalham com as de uma descarga atmosférica na fiação
equações de campo completas. de uma edificação. Em geral, é utilizada a
modelagem clássica proposta em [7]. Essa
Como visto no Capítulo 3, as tensões referência considera que os campos gerados
induzidas em laços de pequenas dimensões pela descarga, mesmo na região de campo
são devidas ao campo magnético. Dessa próximo, podem ser tratados como uma
forma, a análise feita na NBR 5419-4 [4] é onda plana. Mas a aproximação é válida,
baseada apenas no campo magnético. No caso caso as impedâncias das fontes de campo
de grandes laços dentro das edificações, essa sejam devidamente caracterizadas. Para
simplificação pode levar a erros, conforme isso, as fontes de campo magnético devem
pode ser visto nas referências [5] e [6]. ser tratadas como fontes de baixa impedância
e as de campo elétrico como de alta
impedância. Apesar de esse processo ser uma
5.2 - BLINDAGEM DA EDIFICAÇÃO
aproximação do fenômeno real, a comparação
com resultados obtidos em modelagens mais
5.2.1 - PREMISSAS CONSIDERADAS precisas valida a metodologia [1].

Para uma descarga atmosférica não é trivial Como as expressões para o cálculo da
definir as regiões de campo próximo e campo blindagem são deduzidas no domínio da
distante. Em geral, essa definição é feita em frequência, a sua aplicação no caso de
função do comprimento da antena (fonte de descargas atmosféricas requer a definição
campo) e da frequência (Figura 5.1). No caso de frequências representativas. A definição
da descarga atmosférica, o canal ionizado de uma frequência representativa a partir do
tem um grande comprimento, da ordem de valor do tempo de frente de onda da corrente
1000 a 2000 metros. Em vez de uma onda é conhecida como aproximação de Vance
de corrente senoidal estacionária como em [12]. A Figura 5.5 mostra as frequências
uma antena, tem-se uma onda impulsiva de representativas das ondas de corrente
corrente que se propaga pelo canal. sugeridas na NBR 5419.

I (A)

I0
1
ƒ=
4TFRENTE

TF Tempo

Ondas de corrente / Norma NBR-5419


Figura 5.5
Corrente principal positiva: TFRENTE = 10 µs f = 25 kHz
Frequências
Corrente principal negativa: TFRENTE = 1 µs f = 250 kHz representativas
Corrente subsequente: TFRENTE = 0,25 µs f = 1 MHz das ondas
de corrente
de descarga
atmosférica

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 133
A blindagem proporcionada pelos cabos 5.2.2 - DESCARGAS QUE ATINGEM
do SPDA e pela ferragem da estrutura da PONTOS PRÓXIMOS DA EDIFICAÇÃO
edificação reduz os valores dos campos
magnéticos originados nas descargas O fator de blindagem da edificação é definido
atmosféricas que incidem diretamente conforme mostrado na Figura 5.7 [4]. Para o
na edificação ou na vizinhança. A norma cálculo do fator de blindagem são utilizadas
analisa a blindagem para duas situações: equações clássicas, deduzidas para ondas
(i) uma descarga que atinge um ponto nas planas e válidas para telas, conforme
vizinhanças da edificação, denominada fonte mostrado na Figura 5.8.
de danos S2 pela NBR 5419 e mostrada na
Figura 5.6(A); (ii) e uma descarga que atinge Na Figura 5.8, os fatores de blindagem para
diretamente o SPDA, denominada fonte de o aço e o cobre/alumínio são diferentes para
danos S1 e mostrada na Figura 5.6(B). baixas frequências (25 kHz) porque o valor da

A B

Figura 5.6 - Campos


oriundos de uma
descarga. (A) Descarga
que atinge um ponto
nas proximidades da
edificação (S2); (B)
Descarga que atinge o
SPDA da edificação (S1)

A B

I0

r0

H0 H1

I0 Fator de H0
H0 = blindagem em dB H1 = FB
2πr0 10 20

H0
FB = 20log
H1

Figura 5.7 - Definição do fator de blindagem (em dB) provido pelo SPDA. H0 é o campo calculado sem considerar a blindagem e H1 é o
campo calculado considerando a blindagem

134 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


ws

ƒ = 250 kHz ou ƒ = 1 MHz


Tela de cobre, alumínio ou aço

rc 8,5
FB = 20log
wm
H0
H1

ƒ = 25 kHz
8,5
Tela de cobre ou alumínio - FB = 20log
wm
E1

E0 Tela de aço - FB = 20log 8,5 / wm / 1 + 18x10 - 6 / rc2

Se FB < 0 FB = 0

Figura 5.8 - Fatores de blindagem (em dB) para uma tela de grandes dimensões. Campo magnético modelado como uma onda plana.
Adaptado de [4]

permeabilidade magnética relativa do cobre/ A blindagem proporcionada pela tela formada


alumínio é de 1 e a do aço é maior que 1. No pelos cabos do SPDA e da estrutura só será
caso, o valor da permeabilidade relativa do efetiva, caso o reticulado seja pequeno. Para
aço foi de 200. uma tela com reticulado de dez metros, a
atenuação do campo magnético é desprezível.
Se na edificação for adotado um sistema Já para um reticulado de um metro, o
de aterramento com um anel que envolve o campo é reduzido para 15% do valor sem a
perímetro do edifício e esse anel for malhado, blindagem para a frequência de 25 kHz. A
conforme mostrado na Figura 5.9, devem ser Tabela 5.1 mostra alguns valores do fator de
acrescidos 6 dB aos valores calculados para blindagem calculados para telas de aço de
o fator de blindagem [4]. diferentes malhas.

Malha de aterramento que


envolve a edificação com
“grid” menor do que 5 m.

Figura 5.9 -
Sistema de
aterramento
com um anel s<5m
malhado que
envolve o
perímetro da
edificação

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 135
TABELA 5.1
Fatores de blindagem para o caso de uma descarga próxima da edificação.
Blindagem formada pelos vergalhões de aço da estrutura

CABO DE AÇO - rc = 5 mm

Wm (m) FB (dB) - 25 kHz H1/H0- 25 kHz FB(dB) - 1 MHz H1/H0 - 1 MHz

10 0 1 0 1

5 2,3 0,76 4,6 0,59

2 10,2 0,31 12,6 0,23

1 16,3 0,15 18,6 0,12

0,5 22,3 0,08 24,6 0,06

5.2.3 - DESCARGAS QUE ATINGEM três modelos de edificações, como mostrado


DIRETAMENTE A EDIFICAÇÃO na Figura 5.10. O canal de descarga foi
modelado como um condutor vertical de cem
No caso da descarga que atinge diretamente metros. O solo foi modelado como uma placa
a edificação, a NBR 5419 utiliza resultados metálica.
obtidos em simulações numéricas para a
dedução de uma expressão que permite A partir da análise dos resultados obtidos nas
o cálculo do campo magnético que atinge simulações computacionais, foi proposta a
os equipamentos e cabos instalados expressão mostrada na Figura 5.11 para o
internamente. Foram feitas simulações em cálculo do campo dentro da edificação.

Tipo 3

Tipo 2
10 m

100 m
Tipo 1

50 m
50 m

10 m

10 m 10 m

10 m 50 m 10 m

Figura 5.10 - Modelos de edificações utilizados para o cálculo do fator de blindagem de uma edificação atingida diretamente por uma
descarga atmosférica. O canal de descarga foi modelado como um condutor vertical de 100 m de comprimento. Adaptado de [4]

136 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


wm

kh I0 wm
H1 =
I0 dw dr

Kh = 0,01
dr

H1
dw

Figura 5.11 - Cálculo do campo magnético dentro da edificação atingida diretamente por uma descarga atmosférica. Adaptado de [4]

De maneira análoga ao caso da descarga vai ser preciso tomar medidas adicionais de
indireta, se na edificação for adotado um proteção.
sistema de aterramento com um anel que
envolve o seu perímetro e esse anel for malhado, Para avaliar o efeito de blindagem proporcionado
conforme mostrado na Figura 5.9, os valores pelos condutores do SPDA e pela ferragem,
de campo devem ser reduzidos à metade [4]. serão calculados alguns dos valores do campo
magnético dentro da estrutura e esses valores
Os valores de campo magnético calculados serão confrontados com os calculados supondo
devem ser confrontados com os valores a inexistência de SPDA na estrutura, conforme
suportáveis pelos equipamentos. Se os valores ilustrado na Figura 5.12. Os valores calculados
suportáveis forem inferiores aos calculados, estão relacionados na Tabela 5.2.

I0
H0 =
wm 2π ( 2 dw )

0,01 I0 wm
dr H1 =
H1 dw dr

dw
H0

H1
Atenuação = x 100
H0

Se na edificação for adotado um sistema de


aterramento com um anel que envolve o perímetro
do edifício e esse anel for malhado, os valores de
campo devem ser reduzidos à metade

Figura 5.12 - Efeito de blindagem proporcionado pelos condutores do SPDA e pela ferragem da edificação, no caso de incidência de
uma descarga direta. Adaptado de [4]

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 137
TABELA 5.2
Valores de campo dentro de uma edificação atingida por uma descarga direta comparados aos valores
calculados sem a presença do SPDA

I0 = 100 kA - Dw= 10 m - Dr = 10 m

Wm (m) H0 (A/M) H1 (A/M) ATENUAÇÃO (%)

8 1126 253 22

5 1126 158 14

2 1126 63 5,6

0,5 1126 16 1,4

No caso da descarga direta na edificação, a Como foi visto, existem frequências


redução do campo magnético é significativa representativas das formas de onda de
mesmo para a malha de grandes dimensões corrente das descargas atmosféricas.
formada pelos condutores do SPDA (Wm = 8 Essas frequências podem ser utilizadas
m). Nesse caso, o campo magnético é reduzido para caracterizar os campos magnéticos
para 22% do valor calculado sem a presença que incidem nos equipamentos. A NBR
do SPDA e da ferragem. Esse resultado é bem 5419 remete essa questão para as normas
diferente do caso da descarga indireta, em que o IEC 61000-4-9 [9] e IEC 61000-4-10
SPDA e a ferragem só vão proporcionar alguma [10] que sugerem a realização de ensaios
blindagem para reticulados relativamente nos equipamentos visando avaliar a sua
pequenos (inferiores a 5 m). imunidade ao campo magnético incidente. São
prescritos dois ensaios relativos à descarga
Entretanto, os valores calculados de campo principal positiva e à descarga subsequente
só são válidos para regiões dentro do volume negativa, conforme descrito a seguir:
de segurança definido no Item 5.2.4. No caso
de um reticulado de oito metros de largura, Descarga principal positiva: o campo
os valores calculados só serão válidos para magnético deve ter forma de onda
pontos que estiverem a uma distância mínima senoidal amortecida com frequência
de oito metros do reticulado. Para pontos mais de 25 kHz e amplitudes de 100, 300 e
próximos do reticulado, os valores de campo 1000 A/m;
podem ser diferentes dos calculados na Tabela
5.2. Descarga subsequente negativa: o
campo magnético deve ter forma
A redução dos valores dos campos dentro da de onda senoidal amortecida com
edificação leva a uma redução dos valores frequência de 1 MHz e amplitudes de
das tensões e correntes induzidas nos cabos 10, 30 e 100 A/m.
internos. Além disso, é importante controlar
o valor do campo magnético que atinge As formas de onda recomendadas são
diretamente os equipamentos, pois eles podem mostradas na Figura 5.13.
ser suscetíveis a esses campos.

HFPP-MAX HFSN-MAX

10 µs Tempo 0,25 µs Tempo

Figura 5.13 - Formas de ondas dos campos magnéticos utilizadas em ensaios de suportabilidade de equipamentos. Adaptado da NBR-5419

138 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Como visto no Capítulo 3, outro fator do SPDA mostrados na Figura 5.14. Foi
relacionado com os campos magnéticos considerada a corrente principal positiva com
dentro da estrutura são as correntes e as valor de pico de 100 kA e tempo de frente de
tensões induzidas nos laços formados pela 10 µs.
fiação interna das edificações. A Figura
5.14 mostra as expressões para a tensão e Os valores calculados com a presença do
a corrente induzida, considerando o fator SPDA podem ser comparados com o de um
de blindagem proporcionado por um SPDA SPDA constituído de apenas um condutor
constituído de cabos espaçados de uma de descida, ou seja, sem efeito de blindagem.
distância Wm, conforme mostrado na figura. Para o caso de apenas um condutor de
descida os valores foram calculados com
A título de exemplo, são calculados a seguir as expressões mostradas nas Figuras 3.9
alguns valores de tensões e correntes e 3.12 do Capítulo 3, considerando uma
induzidas em um laço de 50 m2 instalado corrente de forma de onda trapezoidal com
em uma edificação, considerando o efeito de taxa de variação de 10 kA/µs. A comparação
blindagem proporcionado pelos condutores é mostrada na Tabela 5.3.

wm

d r1
d w1 d

d w1

b V IND - MAX

I IND - MAX

2 rc L L aç o

d wm I0 d wm I0
VIND - MAX = 0,01µ 0 bln 1+ IIND - MAX = 0,01µ 0 bln 1+
dw1 dr1 TF re n te dw1 dr1 LLa ço

Figura 5.14 - Cálculo das correntes e tensões induzidas em um laço formado pela fiação interna de uma edificação, considerando o
efeito de blindagem do SPDA. Adaptado de [4]

TABELA 5.3
Tensões e correntes induzidas em um laço de 50 m2 dentro de uma edificação com SPDA malhado
atingida por uma descarga direta comparadas aos os valores calculados para uma edificação com
SPDA de apenas um cabo de descida

I0 = 100 kA - TFrente= 10 µs - b = 10 m - d = 5 m -dw1 = 1 m - dr1 = 6 m


Wm (m)
V01 cabo de descida VSPDA com reticulado I01 cabo de descida ISPDA com reticulado
(kV) (kV) (kA) (kA)

5 36 4,6 9 1,2

2 36 1,8 9 0,48

1 36 0,9 9 0,24

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5.2.4 - VOLUME SEGURO PARA A redes que alimentam a edificação reduzem os
INSTALAÇÃO DE EQUIPAMENTOS valores das correntes e tensões conduzidas
para dentro da edificação. A análise feita a
As expressões apresentadas para o cálculo do seguir é válida para cabos blindados cujo
campo magnético dentro de uma edificação comprimento é inferior ao comprimento de
são válidas para o chamado volume seguro onda do campo incidente e a blindagem é feita
para a instalação de equipamentos ou volume de material não magnético.
para sistemas eletrônicos. A definição desse
volume é mostrada na Figura 5.15. É preciso Como visto no Capítulo 3, a circulação de
separar as paredes do volume seguro e da corrente em um condutor perto de uma espira
edificação porque os campos em pontos (laço) induz uma corrente, caso a espira esteja
muito próximos de cabos e ferragens da fechada e uma tensão, caso a espira esteja
edificação diferem dos valores fornecidos aberta. Também foi visto que a amplitude da
pelas expressões aproximadas da NBR 5419. corrente e da tensão induzida depende da
No volume seguro, os valores calculados área da espira e da intensidade do campo
são válidos. Os fatores de blindagem (FB) magnético incidente.
utilizados na definição das distâncias ds1 e
Se vários laços forem conectados em série,
ds2 são os mostrados na Figura 5.8.
a tensão induzida pode ser a soma ou a
subtração das tensões induzidas nos vários
5.3 - USO DE CABOS BLINDADOS laços, dependendo da forma de ligação desses
laços. Essa característica é mostrada na
5.3.1 - MODO COMUM E MODO Figura 5.16.
DIFERENCIAL
A Figura 5.16 mostra o princípio de
A utilização de cabos blindados ou cabos funcionamento de um cabo de par trançado.
instalados em dutos metálicos na edificação A indução entre os dois condutores é anulada
reduz os valores de tensões e correntes pela transposição dos condutores do par
induzidas pelos campos magnéticos. Os cabos (trança). Entretanto, a tensão dos condutores
blindados ou em dutos metálicos usados nas para a terra não é anulada.

Válido para o caso de descarga


que incide diretamente na edificação

Volume seguro para


instalação de equipamentos
FB
ds1 = wm se FB ≥ 10 dB
10

d s1 ou d s2 ds1 = wm se FB < 10 dB

Válido para o caso de descarga que


incide nas proximidades na edificação

d s1 ou d s2 FB

ds2 = wm10 se FB ≥ 10 dB

ds2 = wm se FB < 10 dB

Figura 5.15 - Volume de segurança para a instalação de equipamentos dentro de uma edificação. FB é fornecido na Figura 5.8.
Adaptado de [4]

140 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


I0

V1 V2 V1 V2

V = V1 + V2 V = V1 - V2 = 0

Figura 5.16 - Princípio de funcionamento do par trançado

I0

V 12 0

V 1 = V/ 2 S V 1 = V/2 V 2 = V 1 + V 12

Figura 5.17 - Tensões de modo comum em um cabo de par trançado

As tensões induzidas dos dois condutores V é a tensão de circuito aberto induzida na


para a terra (V 1 do condutor 1 para a área S. Além da tensão da blindagem para
terra e V2 do condutor 2 para a terra) são a terra, aparecem tensões dos condutores
denominadas tensões de modo comum internos para a blindagem, designadas como
ou modo longitudinal. A relação entre as tensões V1b e V2b na Figura 5.19.
tensões é dada pela expressão mostrada na
Figura 5.17. A diferença de tensão entre os 5.3.2 - IMPEDÂNCIA DE TRANSFERÊNCIA
condutores (V12) é chamada de tensão de
modo diferencial ou tensão transversal. Uma A simetria de um cabo com blindagem tubular
forma de controlar o valor da tensão de modo impede que a corrente da blindagem crie
comum é utilizar um cabo blindado contendo campo magnético no interior da blindagem.
pares trançados com a blindagem aterrada, Esse aspecto é mostrado na Figura 5.20, em
conforme mostrado na Figura 5.18. que se observa que cada filete de corrente
tem o seu correspondente na borda oposta da
O valor da tensão de modo comum depende blindagem para cancelar o campo magnético
diretamente do valor da área S. A corrente no interior da blindagem. Embora seja
Ib que circula na blindagem é dada pela intuitivo concluir que o campo magnético é
expressão mostrada na Figura 5.18, em que nulo no centro da blindagem, nota-se que

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 141
I0

V 12 0

IB S
VC = RT - IB

RT RT

V é a tensão induzida na área S Z B é a i mpedâ n ci a da bl i n dagem,


e m ge ral ZB << RT
V V V
IB = IB = VC = = RT IB
2R T + Z B 2R T 2

Figura 5.18 - Tensões


de modo comum e de
modo diferencial em um
V2B cabo blindado de par
trançado

V1B Figura 5.19 - Tensões


induzidas entre os
IB condutores internos e a
blindagem

ele também é nulo em qualquer ponto da com o aumento da frequência, pois a corrente
blindagem. Essa demonstração é obtida pela passa a fluir pela periferia da blindagem,
aplicação direta da Lei de Ampère. devido ao Efeito Pelicular.

Ainda considerando um cabo com blindagem A Figura 5.21 mostra o aparecimento da


tubular, a tensão que aparece da blindagem tensão entre a blindagem e o condutor interno
para os condutores internos depende do valor em um cabo blindado em cuja blindagem
de sua impedância de transferência Zt [1]- tubular circula uma corrente I.
[2]. Em baixa frequência, essa impedância é
igual à resistência da blindagem. Nesse caso, A Figura 5.22 mostra um detalhe de
o valor da impedância de transferência cai uma blindagem tubular e as expressões

A B C

H=0 H=0

I E INT Vt

I I IB
I

Figura 5.20 - Campo magnético dentro de um cabo blindado. Aparecimento de um campo elétrico interno devido à circulação de
corrente na blindagem

142 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


d

V1B

IB
RT

V 1B = d Z T I B

Figura 5.21 - Tensão induzida dentro de um cabo blindado

aproximadas para o cálculo da impedância de magnético penetra na blindagem, [1] e a


transferência Zt [1]-[2]. Nessas expressões, δ é tensão entre condutor e blindagem passa a
a profundidade de penetração da corrente na ter uma componente indutiva. O conceito de
blindagem, f é a frequência, σ é a condutividade impedância de transferência continua válido,
e μ é a permeabilidade do material da mas as equações dadas na Figura 5.22 não
blindagem. Em geral, Zt é dada em Ω/m. são mais válidas.

Para os cabos usuais de blindagem tubular e A Figura 5.23 mostra o detalhe de uma
frequências até algumas centenas de kHz, a cordoalha trançada comumente utilizada
espessura da blindagem T é muito menor que como blindagem, com destaque para regiões
a profundidade de penetração e a impedância sem recobrimento que facilitam a entrada
de transferência se iguala à resistência em do campo magnético. Para minimizar esse
corrente contínua da blindagem Rb. efeito, é comum o uso de diversas camadas
de cordoalhas sobrepostas para aproximar o
Muitos cabos blindados utilizados na prática desempenho da blindagem daquele propiciado
apresentam blindagem não tubular. As por uma blindagem tubular. A vantagem do
blindagens feitas com lâminas metálicas uso de blindagem com cordoalha em lugar de
longitudinais, com lâminas espiraladas e blindagem tubular é a flexibilidade mecânica
cordoalhas trançadas (braided shield) são um da cordoalha.
exemplo. Nesses casos, uma parte do campo

- T
1
ZT = 2 2 e T >>
2πr
r d
ZT = RB T <<

= 1
T ƒπμ

Figura 5.22 - Detalhe da blindagem tubular para o cálculo da impedância de transferência [1]-[2]

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Figura 5.23
Cordoalhas
sobrepostas
utilizadas como
blindagem, com
destaque para
a região sem
recobrimento.
Adaptado de [11]

A Figura 5.24 mostra a variação do valor da 5.3.3 - TERMINAÇÕES DA BLINDAGEM


impedância de transferência para algumas
blindagens em função da frequência. Nota-se Deve-se tornar muito cuidado com o controle
que, para blindagens tubulares (tubo sólido das terminações dos cabos blindados. Essas
de cobre e tubo sólido de aço), a impedância terminações são necessárias para conectar
de transferência cai fortemente com a o cabo com os equipamentos terminais ou
frequência. Já para blindagens não tubulares em junções/emendas. A Figura 5.25 mostra
(espiral, lâmina ou cordoalha trançada), a tensão em modo diferencial de um cabo em
a impedância de transferência aumenta cuja blindagem circula a corrente Ib de 200 A
com a frequência, devido à componente induzida por uma descarga atmosférica que
indutiva. Em todos os casos, a impedância incide perto do cabo. Considera-se que a
de transferência para baixa frequência (f ≈ blindagem é tubular e suficientemente fina
0) corresponde à resistência em corrente para que a sua impedância de transferência
contínua da blindagem (em Ω/m). seja igual à sua resistência em corrente
contínua (Zt = 5 mΩ/m). Para uma blindagem
O gráfico da Figura 5.24 mostra que o valor de 100 m, a impedância de transferência
da impedância de transferência para um total é 0,5 Ω. Supondo-se que o cabo seja
tubo sólido de aço é limitado pelo valor da terminado em ambos os lados com o mesmo
sua resistência em corrente contínua e cai valor de resistência e que esse valor seja
fortemente com a frequência. Isso mostra que muito superior a 0,5 Ω, a tensão desenvolvida
eletrodutos metálicos podem atuar como uma em cada extremidade do cabo será a metade
boa blindagem.

1000,0
Espiral de Lâmina de
Al ou Cu Al ou Cu
Impedância de transferência (mΩ/m)

Cordoalha de
100,0 cobre trançada

10,0 Tubo sólido de


aço inoxidável
Tubo sólido de cobre

1,0 Várias camadas

Figura 5.24
Impedância de
Blindagem composta transferência
para blindagens.
0,1 Adaptado de [11]
0 0,01 0,1 1 10 100
Frequência (MHz)

144 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


do produto da impedância de transferência pela meio metro de comprimento em uma blindagem
corrente: Vb = 0,5 × 0,5 × 200 = 50 V. de cem metros de comprimento implicou a
indução de uma tensão cinco vezes maior do
Se houver uma interrupção da blindagem, que a que seria induzida, caso não houvesse
a corrente vai induzir uma tensão no laço a abertura.
formado pelo condutor interno e pelo condutor
que faz a continuidade da blindagem, conforme Os cálculos usaram uma corrente com uma
mostrado na Figura 5.26. taxa de variação pequena (1 kA/µs). Se a taxa
de variação for maior, a tensão induzida será
Nota-se na Figura 5.26 que uma abertura de maior.

100 m

VB

IB
Figura 5.25 -
Tensão induzida
entre o condutor
dI B interno e a
I B = 200 A = 1 k A / µs ZT = 5 mΩ / m R B = 0,5 Ω blindagem devido
dt
à circulação de
1 corrente pela
VB = R B I B = 50 V
2 blindagem.
Blindagem sem
aberturas

100 m

0,5 m

1,5 mm

0,1 m VB

IB
IB

dI B
I B = 200 A = 1 kA / µ s ZT = 5 mΩ / m R B = 0,5 Ω
dt

1 1 dI B
M = 0,4 µH V 1B = RB IB + M = 50 + 20 0 = 2 50 V
2 2 dt

µ0 d y Figura 5.26 -
M = ln
2π r Tensão induzida
V/2 V/2 y entre o condutor
dI B interno e a
V = M blindagem, devido
dt
à circulação de
corrente pela
blindagem.
2r Blindagem com
IB
abertura

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 145
O mesmo fenômeno ocorre nas terminações inglês pig tail (rabo de porco), pois, algumas
de cabos blindados. Se a blindagem não for vezes, o instalador faz uma espiral com a
adequadamente conectada ao gabinete ou sobra de condutor, o que aumenta ainda
ao painel metálico, ela perde muito da sua mais a indutância de transferência. Esse
eficácia. A Figura 5.27 ilustra essa situação, tipo de instalação (inadequada) é mostrado
mostrando o lado esquerdo do cabo dotado na Figura 5.28, em que o fio espiralado (pig
de um conector apropriado para a blindagem, tail) acrescenta uma indutância que prejudica
mas o lado direito com uma conexão significativamente o efeito da blindagem
inadequada que usa um condutor. Esse contra surtos.
condutor é usualmente designado pelo termo

Conector apropriado “Pig tail”

Área S

IB

Figura 5.27 - Terminação malfeita de um cabo blindado, deixando uma abertura denominada pig tail

Figura 5.28 - Blindagem de


cabo de telecomunicações
terminada em "pig tail" para
a estrutura do painel. A
indutância dessa conexão
prejudica o efeito da
blindagem contra surtos

146 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Outra situação que compromete a eficácia A solução ideal é mostrada na Figura 5.29(C),
dos cabos blindados é a terminação de um em que o uso de um conector apropriado que
cabo vinculado ao gabinete/painel do lado vincula a blindagem com o gabinete/painel
de dentro. Essa situação é mostrada na em toda a extensão radial da blindagem (360º)
Figura 5.29(A), em que a corrente que circula garante que não entra nenhuma tensão nem
na blindagem e no condutor de vinculação corrente espúria no gabinete/painel.
provoca induções em cabos e componentes
instalados no interior do gabinete/painel.
De forma similar ao caso anterior, se as
Uma solução bem melhor é mostrada na Figura correntes induzidas nas blindagens de cabos
5.29(B), em que a terminação da blindagem é que adentram edificações não forem barradas
feita do lado de fora. Mesmo nessa situação, no ponto de entrada, elas vão circular na área
ainda entra um pouco de campo magnético interna e podem provocar induções perigosas
através da abertura para passar o cabo. Além na fiação da edificação e nos próprios
disso, para frequências muito altas haverá equipamentos. A Figura 5.30 ilustra essa
correntes capacitivas fluindo dentro do situação para um cabo enterrado, embora a
gabinete, o que pode causar interferência. mesma situação se aplique a um cabo aéreo.

A B C

IB IB IB

Figura 5.29 - Terminação de um cabo blindado. (A) Ruim: terminação do lado de dentro com pig tail; (B) Melhor: terminação do lado de
fora com pig tail; (C) Ideal: terminação com um conector coaxial apropriado

I I ND I I ND

I I ND

I I ND I I ND

Figura 5.30 - Corrente na blindagem de um cabo que é aterrado no interior da edificação e induz tensões perigosas no cabeamento
interno. O correto é aterrar o cabo na entrada da edificação

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5.4 - ARRANJO DA FIAÇÃO REDUZINDO é diretamente proporcional à redução na área
LAÇOS do laço. A Figura 5.32 ilustra um exemplo
em que a mudança da posição de uma das
A escolha adequada das rotas dos cabos redes implica uma redução significativa da
internos dos sistemas de energia e de área do laço.
telecomunicações de uma edificação pode
evitar a formação de laços e consequentemente Mesmo no caso de equipamentos instalados
sobre malhas de referência de sinal, conforme
reduzir os valores de tensões e correntes
mostrado na Figura 5.33, a redução dos
induzidas. Os laços podem ser formados por laços formados pelos cabos é uma técnica
cabos da mesma rede ou por cabos de redes eficiente.
diferentes. O caso clássico é mostrado na
Figura 5.31, em que os cabos das redes de No caso de cabos externos, a minimização
telecomunicações e de energia formam um das áreas dos laços também reduz os valores
grande laço. de tensões e correntes conduzidas para
dentro da edificação, conforme mostrado na
A redução nos valores das tensões induzidas Figura 5.34.

I0

V/2

I0 Rede AC

I0
Rede
Telefônica
S

V/2

Figura 5.31 - Tensão induzida em laço formado pela rede de telecomunicações e pela rede elétrica

S VS
se S 1 = V S1 ≈
10 10

I0 I0
S1

VS VS1

Figura 5.32 - Redução do valor da tensão induzida devido à redução da área do laço

148 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Área S Área S1

Figura 5.33 - Redução de laços em cabos que interligam equipamentos instalados sobre malhas de referência de sinal

A B C

Figura 5.34 - Redução do valor da tensão induzida devido à redução da área dos laços formados pelas linhas de alimentação e de
comunicação de uma edificação

5.5 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO Os valores dos campos dentro da edificação


gerados pelas descargas precisam ser
As seguintes conclusões podem ser formuladas confrontados com os valores suportáveis
com base no exposto ao longo deste capítulo: pelos equipamentos. Se os valores
suportáveis forem inferiores aos valores
O cálculo dos fatores de blindagem para dos campos incidentes, medidas de
os campos eletromagnéticos originados proteção (instalação de blindagem adicional)
em uma descarga atmosférica é tarefa precisam ser adotadas;
complexa e uma boa alternativa é a
utilização de programas; A utilização de cabos blindados também
é efetiva na redução dos valores das
O valor do fator de blindagem proporcionado tensões e correntes induzidas. No entanto,
pelos condutores do SPDA e da ferragem aberturas nas blindagens do cabo e
estrutural pode ser estimado por meio das terminações inadequadas podem reduzir
expressões simplificadas apresentadas na significativamente o efeito da blindagem;
NBR 5419;
O arranjo dos condutores internos evitando
Em geral, a blindagem proporcionada a formação de laços é uma técnica poderosa
pelo SPDA e pela ferragem estrutural de para minimizar os valores de tensões e
uma edificação só será efetiva na redução correntes induzidas.
dos valores dos campos originados
em uma descarga que incide nas suas
proximidades, caso o reticulado formado
pelos condutores e pelas ferragens seja
relativamente pequeno (menor que 10 m);

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 149
CAPÍTULO 6

CORRENTES QUE CIRCULAM NOS


DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA
SURTOS INSTALADOS NA EDIFICAÇÃO

Uma das medidas de proteção contra surtos Este capítulo apresenta os resultados obtidos
(MPS) mais eficazes é a instalação coordenada em simulações computacionais que mostram
de dispositivos de proteção contra surtos que o tipo de instalação interfere muito nos
(DPS). Entretanto, para a correta especificação valores e nas formas de onda das correntes.
dos DPS, é fundamental o conhecimento dos Mostra também que os valores obtidos nas
valores de pico e das formas de onda das simulações são coerentes com os valores
correntes que eles devem suportar. típicos sugeridos nas normas.

A NBR 5419-4 [1] sugere que, para a A modelagem utilizada nas simulações
especificação dos DPS a serem instalados em computacionais apresentadas pode ser
uma edificação, seja feito um estudo para útil para a realização de outros estudos de
determinar os valores de pico das correntes proteção. Além disso, as simulações e os
e das formas de onda, se possível, com o resultados obtidos ajudam a compreender
auxílio de simulações computacionais. Caso a origem dos valores típicos recomendados
não seja possível fazer um estudo específico, na norma. Foram analisados os valores das
a norma sugere valores típicos. A NBR 5410 correntes nas seguintes situações:
[2], por sua vez, estabelece valores mínimos
para os valores de pico das correntes que Descargas diretas que incidem na
os DPS devem suportar e sugere formas de edificação (fonte de danos S1);
onda de corrente que devem ser utilizadas
nos ensaios de qualificação. Descargas próximas da edificação
(fonte de danos S2);

Circuito equivalente

SPDA SPDA
Neutro
Fase R
Fase S
Fase T

RED RED
BEP DPS em condução

Figura 6.1 - Modelagem utilizada para os DPS em estado de condução

150 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Descargas diretas nas linhas que aterramento e a corrente da descarga direta
atendem à edificação (fonte de danos é dividida entre os vários cabos e demais
S3); serviços entrantes metálicos. Foi avaliada
uma edificação alimentada por rede de
Descargas próximas das linhas que baixa-tensão com neutro multiaterrado
atendem à edificação (fonte de danos S4). e a influência de tubulações metálicas
interligadas na malha de aterramento.
Os DPS são analisados em detalhes no
Capítulo 7. Para os estudos apresentados Para o cálculo das correntes que circulam
neste capítulo, esses dispositivos foram na rede, nos cabos da edificação e nos
modelados como chaves ideais: antes de dispositivos de proteção contra surtos, foram
atuar, eles funcionam como chaves abertas feitas simulações computacionais cujos
e, após a atuação, funcionam como chaves resultados são apresentados a seguir. As
fechadas. A Figura 6.1 mostra um sistema simulações usaram a plataforma PSpice [3], e
em que as fases estão protegidas com os parâmetros utilizados nas simulações são
DPS. Devido à incidência de uma descarga mostrados a seguir. Foi considerado que os
atmosférica, os DPS atuam e o circuito DPS instalados na edificação estão em estado
equivalente, que é utilizado nas simulações, de condução plena. O valor da impedância
é mostrado na mesma figura. dos dispositivos é zero.

6.1 - DESCARGAS DIRETAS QUE 6.1.1.1 - EDIFICAÇÃO ALIMENTADA


INCIDEM NA EDIFICAÇÃO (S1) POR LINHA AÉREA DE BAIXA-TENSÃO
Esta seção trata das correntes que circulam
nos DPS devido às descargas atmosféricas A Figura 6.2 ilustra o caso de uma edificação
que incidem no SPDA da edificação, alimentada por uma linha de baixa-tensão
correspondendo à fonte de danos S1 definida com o neutro multiaterrado. O cabo neutro
na NBR 5419. Foram calculadas as correntes da linha de baixa-tensão é aterrado de 50
que circulam nos DPS para duas situações
metros em 50 metros, com três hastes verticais
básicas:
com comprimentos unitários de 2,4 metros.
Acoplamento resistivo; Essa configuração é similar à de uma linha
de baixa-tensão urbana em que o neutro é
Indução nos cabos internos da edificação. aterrado na entrada de todas as edificações.
O neutro está aterrado em dez pontos e no
6.1.1 - CORRENTES NOS DPS DEVIDO final da linha de baixa-tensão existe um
AO ACOPLAMENTO RESISTIVO segundo conjunto de DPS. Esse segundo
conjunto representa os DPS instalados em
Com a atuação dos DPS, os diversos cabos outra edificação que também é alimentada
e as tubulações que alimentam a edificação pela linha de baixa-tensão.
ficam em contato direto com o sistema de

RN

RN Figura 6.2
Edificação
RED RN alimentada por
rede elétrica
com neutro
multiaterrado

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 151
A onda de corrente de descarga utilizada é mostrada na Figura 6.4 com base em valores
mostrada na Figura 6.3. Ela corresponde medidos pela CEMIG [4].
à onda da descarga principal positiva, com
forma de onda de 10/350 µs e valor de pico de A edificação é classificada com o Nível de
100 kA. Esses parâmetros são sugeridos na Proteção III ou IV. Como visto no Capítulo
NBR 5419-1[6] para os estudos de proteção 4, para esse tipo de edificação, a NBR
de edificações com Níveis de Proteção III e IV. 5419-3 [5] sugere a adoção de uma malha
de aterramento em forma de anel, em que
O valor da resistividade do solo foi considerado o raio equivalente da malha deve ser maior
de 1700 Ωm, que corresponde à mediana dos do que cinco metros. A Figura 6.5 mostra a
valores da resistividade aparente dos solos do geometria considerada para a malha e o valor
estado de Minas Gerais. Essa distribuição é da sua resistência de aterramento.

120

80
Corrente (kA)

Figura 6.3 - Onda


de corrente
utilizada nas
40 simulações.
Descarga principal
positiva, forma de
onda de 10/350 µs
e valor de pico de
100 kA [6]
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (µs)

100

80
% de valores acima da abscissa

Resistividade aparente em Minas Gerais

Média - 2400 Ω.m


Desvio padrão - 2600 Ω.m
60 Mediana - 1700 Ω.m
Moda - 1500 Ω.m
Figura 6.4
Distribuição
40 estatística
dos valores da
resistividade
aparente dos
solos do estado
20 de Minas Gerais.
Valores medidos
pela CEMIG.
Adaptado de [4]

0
0 2000 4000 6000 8000 10000
Intervalo de classe de resistividade (Ω.m)

152 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


2
requivalente = d = 5,1 m
π

requivalente > L1
Níveis de proteção III e IV
d = 9 m L1 = 5 m
= 1700 Ωm

RED = = 85 Ω
4 requivalente

Figura 6.5 - Malha de aterramento sugerida pela NBR 5419 para utilização em edificações com Níveis de Proteção III ou IV instaladas
em um solo de resistividade de 1700 Ωm

O aterramento do neutro é feito com três hastes verticais de 2,4 metros de comprimento
cada. A Figura 6.6 mostra o valor da resistência de cada ponto de aterramento do neutro.
A mesma figura mostra o arranjo utilizado para o cálculo dos parâmetros da linha.

2r Ca bo

r Hast e = 7 , 9 mm
h

L H a ste = 2, 4 m

h=8m - rCabo = 5 mm
4 LHaste
R1 Haste = ln -1 Z = 484 Ω
2 π LHaste r Haste

R 1 Haste
R3 Hastes = 1,19
3

= 1700 Ωm R3 Hastes = 287 Ω

Figura 6.6 - Aterramento do neutro da rede de baixa-tensão com arranjo típico composto de três hastes. Resistividade do solo igual a
1700 Ωm e impedância de surto dos cabos de 484 Ω. Expressões retiradas de [5]

Conforme mostrado no Capítulo 3, a em que L é o comprimento do circuito, v a


representação de um circuito por parâmetros velocidade de propagação e TFRENTE é o tempo
concentrados é válida, caso o comprimento de frente de onda da corrente.
elétrico do circuito (lE) seja inferior a 0,5
(Figura 3.2 do Capítulo 3). O comprimento O comprimento do circuito mostrado na
elétrico foi definido como: Figura 6.2 é de 450 metros, considerando a
velocidade de propagação igual à velocidade
L da luz no vácuo e o tempo de frente de onda
lE =
v TFRENTE da corrente é de 10 µs, o comprimento
(6.1)

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 153
elétrico é lE = 0,15 m. Como o comprimento Os valores das indutâncias próprias e mútuas
elétrico é inferior a meio metro, é razoável foram calculados com as expressões e os
modelar os condutores da rede elétrica como parâmetros mostrados na Figura 6.8.
indutâncias concentradas.
O circuito utilizado na simulação é o mostrado
Foi considerado um circuito com três fases na Figura 6.9, em que LF é indutância própria
representadas por um condutor de raio do condutor equivalente que representa as
igual ao raio geométrico (RMG), conforme três fases, LN a indutância própria do neutro
mostrado na Figura 6.7. e LM a indutância mútua dos dois condutores.

9 3 2 2 2
R MG = r F d RS d ST d RT

Figura 6.7
d RS dRS = dST = 200 mm Representação
d RT
dRT = 400 mm
das três
d ST fases por um
rF = 5 mm
condutor
RMG = 68 mm
equivalente
de raio igual
2r F ao raio médio
geométrico

Neutro

2h F
2r N L F = 0,2ln ( μH / m)
rF

hN = 8 m - rN = 5 mm
2h N
L N = 0,2ln ( μH / m) hF = 7,6 m - rF = 68 mm
2r F rN
hN
L’F = 1,08 µH/m
Figura 6.8
hF Fase hN + hF L’N = 1,61 µH/m
L M = 0,2ln ( μ H/m) Parâmetros da
hN - hF L’M = 0,73 µH/m
linha elétrica
e valores das
indutâncias

LF = 54 µH
LN = 81 µH
LM = 37 µH
RED = 85 Ω
RN = 287 Ω
I0
IFASES
LF LF

LM LM
IN
LN LN

IED RED RN RN RN RN
Figura 6.9
50 m Circuito
utilizado na
simulação
1 2 9 10

154 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A Figura 6.10 mostra os valores e as formas 6.1.1.2 - INFLUÊNCIA DE
de onda das correntes que circulam na malha TUBULAÇÕES METÁLICAS ENTERRADAS
da edificação (IED), no condutor neutro (IN) e
no condutor equivalente que representa as Será utilizada a mesma edificação da simulação
três fases (IFASES). anterior com a diferença de que foi considerada
a existência de uma tubulação metálica
diretamente enterrada no solo e interligada
Pode ser visto na Figura 6.10 que a corrente na malha da edificação. Foi considerada uma
no condutor que representa as três fases é tubulação de 100 metros de comprimento.
de 29 kA e a corrente em cada fase é de
9,7 kA. A Figura 6.11 mostra a distribuição A tubulação enterrada foi modelada como
sendo um cabo enterrado, e o valor da
de correntes considerando as três fases. A resistência de aterramento foi calculado pela
corrente que circula em cada DPS é igual à formulação de Sunde [7] mostrada na Figura
corrente que circula em cada fase (If). 6.12.

60
IN = 45 kA

IED = 34 kA

40
Corrente (kA)

IFASES = 29 kA
Figura 6.10 - Valores
das correntes na
malha da edificação no
20 condutor neutro e nas
fases da linha elétrica
para o caso mostrado
na Figura 6.2

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (µs)

IN = 45 kA

IF = 9,7 kA RN

RN

RED IED = 34 kA RN

Figura 6.11 - Distribuição de correntes no caso de uma edificação alimentada por uma rede de baixa-tensão trifásica com neutro
multiaterrado

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 155
2 Ltubulação
rtubulação Rtubulação = ln -1
π Ltubulação r tubulação

Ltubulação
LTUBULAÇAO = 100 m - rTUBULAÇÃO = 25 mm
RTUBULAÇAO = 43 Ω

Figura 6.12 - Modelagem adotada para o cálculo da resistência de aterramento da tubulação metálica enterrada que está interligada
na malha de aterramento da edificação. Foi considerada uma tubulação de cem metros de comprimento enterrada diretamente em um
solo de 1700 Ωm. Expressão proposta em [7]

Os valores das correntes são mostrados diferença que foram utilizadas três tubulações
na Figura 6.13, em que Is é a corrente que metálicas enterradas e interligadas na malha da
circula na tubulação enterrada. edificação. A modelagem utilizada foi a mesma.
O valor da corrente (Is = 66 kA) mostrado na
A Figura 6.14 mostra a mesma edificação figura corresponde ao valor total da corrente
utilizada na simulação anterior, com a que circula pelas três tubulações.

Figura 6.13
IN = 30 kA Edificação
alimentada por rede
de baixa-tensão com
neutro multiaterrado.
IF = 6,3 kA RN Destaque para a
tubulação metálica
RN
enterrada de 100 m
de comprimento e
interligada na malha
RED IED = 20 kA RN de aterramento da
IS = 40 kA edificação. Indicação
dos valores de pico das
correntes

Figura 6.14
Distribuição de
IN = 17 kA
correntes em uma
edificação alimentada
por rede de
baixa-tensão com
IF = 3,7 kA RN neutro multiaterrado.
Destaque para as
RN três tubulações
metálicas de 100
RED RN
m de comprimento
IED = 11 kA
cada, enterradas
diretamente e que
IS = 66 kA estão interligadas na
malha de aterramento
da edificação

156 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A presença das tubulações enterradas uma forma de onda de corrente, pois, no
provoca uma redução significativa no valor caso das descargas diretas o parâmetro mais
da resistência de aterramento da edificação significativo é o valor de pico da corrente.
porque a resistência de aterramento das No caso das tensões induzidas, a taxa de
tubulações está ligada em paralelo com variação da corrente de descarga também é
a resistência de aterramento da malha importante. As formas de onda das correntes
da edificação. Isso implica uma redução induzidas no laço e que circulam pelo DPS
significativa dos valores das correntes que são mostradas na Figura 6.16.
circulam pelo DPS.
Os casos simulados consideram que toda a
6.1.2 - CORRENTES NOS DPS DEVIDO corrente de descarga flui pelo mesmo condutor
de descida. Isso foi feito para determinar
À INDUÇÃO NOS CABOS INTERNOS DA
os maiores valores de corrente que podem
EDIFICAÇÃO circular pelos DPS. Se a edificação tiver vários
condutores de descida, a metodologia descrita no
Utilizando a metodologia de cálculo de Capítulo 5 para o cálculo do campo magnético
tensões induzidas nos condutores internos dentro da edificação pode ser utilizada. As
de uma edificação, descrita em detalhes no expressões apresentadas no Capítulo 5 só
Capítulo 3, foram calculadas as correntes se aplicam nas situações em que o campo
que circulam por um laço formado pelos magnético é calculado dentro do volume de
condutores internos. Como mostrado na segurança, também definido no Capítulo 5.
Figura 6.15, foi considerado que o laço se
fecha com um DPS. O laço utilizado tem 50 Como visto no Capítulo 3, se a resistência dos
m2 de área e seu lado maior (de dez metros) cabos que formam o laço for considerada nos
está localizado a um metro de distância de cálculos, as formas de onda das correntes
um condutor do SPDA externo da edificação terão uma duração menor (cauda mais curta).
que conduz toda a corrente de descarga. A Figura 6.17 mostra o mesmo caso anterior
considerando a resistência do laço (RLAÇO) de
Nos casos anteriores, foi utilizada apenas zero e de 400 mΩ.

LM
ILAÇO = I0
I0 LLAÇO

b - r
LLAÇO ≈ 0,4 (b + h) ln - 0,55b
r

I0
b=5m r = 5 mm Válida para h≥b e b >> r
d=1m

ILAÇO
h = 10 m
b + d
L M = 0,2 h ln
r

Figura 6.15 - Arranjo utilizado para o cálculo da corrente induzida em um laço de 50 m2 instalado dentro de uma edificação, por uma
descarga direta que incide na edificação. A corrente da descarga circula no único condutor de descida do SPDA que dista 1 m do laço

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10000

9000
9300 A r = 5 mm
8000

7000 I0 5m

6000
Corrente (A)

4600 A
5000
1m
4000 ILAÇO
3000 2315 A
2000

1000

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (µs)
Figura 6.16 - Corrente induzida que circula
no laço e no DPS devido à incidência de
Principal positiva - 100 kA uma descarga direta na edificação. Foram
Principal negativa - 50 kA consideradas as correntes dos Níveis de
Subsequente negativa - 25 kA Proteção III e IV

Pode ser visto na Figura 6.17 que os valores de principal positiva, a resistência do laço provoca
pico das correntes induzidas para os casos das uma redução de cerca de 10% no valor de
descargas principal negativa e subsequente pico da corrente induzida. Em todos os casos,
negativa não são influenciados pelo valor a duração da corrente é significativamente
da resistência do laço. No caso da descarga influenciada pela resistência do laço.

10 9300 A

8415 A

I0
Corrente (kA)

5 4600 A
1m
ILAÇO

2315 A

RLAÇO
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (µs)

Principal positiva - 100 kA


Principal negativa - 50 kA RLAÇO = 0
Subsequente negativa - 25 kA RLAÇO = 400 mΩ

Figura 6.17 - Corrente induzida que circula no laço e no DPS devido à incidência de uma descarga direta na edificação para
diferentes valores de resistência do laço. A tensão induzida foi calculada considerando a resistência do laço de zero e de 400 mΩ

158 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


6.2 - DESCARGAS PRÓXIMAS uma descarga pode incidir nas proximidades
DA EDIFICAÇÃO (S2) da edificação pois, se incidir mais perto,
ela se torna uma descarga direta. O valor
Esta seção trata das correntes que circulam
da distância mínima foi calculado como
nos DPS devido a descargas atmosféricas
mostrado na Figura 6.18, retirado de [1].
que incidem nas proximidades da edificação,
correspondendo à fonte de danos S2 definida
na NBR 5419-4. Foram considerados os A Figura 6.19 mostra a situação que foi
casos de descargas que incidem a 39, 48 e simulada, e a Figura 6.20, as formas
60 metros de uma edificação. Esses valores de onda das correntes induzidas no laço
correspondem às distâncias mínimas que interno e que vão circular pelo DPS.

yMínimo = 2RAtração h - h2 + b/2 para h < RAtração


RAtração= 10 I00,65
yMínimo = RAtração + b/2 para h ≥ RAtração

RAtração
r-h

Figura 6.18
Distância mínima
b=8m - h=8m
de incidência de
I0 = 100 kA yMínimo = 60 m uma descarga nas
h
I0 = 50 kA yMínimo = 48 m proximidades de
uma edificação.
I0 = 25 kA yMínimo = 39 m Adaptado de [1]

yMínimo b/2

Figura 6.19 - Descarga incidindo nas proximidades de uma


y = 39, 48 e 60 m
ILAÇO
edificação. Foram consideradas as distâncias de 60 m, 48 m e
39 m para as correntes principal positiva, principal negativa e
subsequente negativa respectivamente

450

400 414 A
350

300
256 A
Corrente (A)

250 Principal positiva - 100 kA


Principal negativa - 50 kA
200 156 A Subsequente negativa - 25 kA
150 Figura 6.20
Formas de onda das
100 correntes induzidas
para a situação
50
mostrada na Figura
0 6.19
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (µs)

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 159
A Figura 6.21 mostra os valores das correntes 6.3 - DESCARGAS DIRETAS NAS
induzidas no laço interno para o caso da LINHAS QUE ATENDEM À EDIFICAÇÃO
descarga principal positiva e considerando (S3)
os fatores de blindagens proporcionados pelo
reticulado formado pelos cabos do SPDA. O Essa seção trata das correntes que circulam
laço utilizado é o mostrado na Figura 6.15. nos DPS devido a descargas atmosféricas
Os fatores de blindagem utilizados são os que incidem nas linhas de energia elétrica e
mesmos calculados no Capítulo 5 (Tabela telecomunicações que atendem à edificação,
correspondendo à fonte de danos S3 definida
5.1). Como foi visto, se a resistência dos
na NBR 5419. Quando uma descarga direta
cabos que formam o laço for considerada nos atinge uma linha aérea, um elevado valor de
cálculos, as formas de onda das correntes corrente circula nos cabos, conforme mostrado
terão uma duração menor (cauda mais curta) na Figura 6.22. Como resultado, uma tensão
do que as mostradas na Figura 6.20. elevada surge no isolamento fase-terra da

Fatores de blindagem para o caso de uma


descarga que incide próximo da edificação.
Blindagem formada pelos vergalhões
Descarga principal positiva 100 kA de aço da estrutura.

Vergalhão de aço - rC = 5 mm

Wm Wm FB (db) H1 / H2 ILAÇO
(m) 25 kHz 25 kHz (A)

10 0 1 414

5 2,3 0,76 315

2 10,2 0,31 128


y = 70 m
1 16,3 0,15 62

0,5 22,3 0,08 33

Figura 6.21 - Valores das correntes induzidas no laço interno para o caso da descarga principal positiva e considerando os fatores de
blindagens proporcionados pelo reticulado formado pelos cabos do SPDA. H1 é o valor do campo magnético considerando a presença
do SPDA reticulado e H2 o campo sem a presença do SPDA

I 0 /2

I0

I 0 /2

Figura 6.22
Descarga direta em uma
rede aérea e divisão de
corrente da descarga

160 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


I0
I0 /2 I0 I0 /2 2r
V = Z
2

Z Z
2h
Z = 60l n
r
h
V

Figura 6.23 - Valor da tensão da fase atingida para a terra devido à circulação da corrente de descarga. A expressão para o cálculo da
impedância de surto da fase (Z) é mostrada na figura

I0

I0 /2

Disrupção nas estruturas

h=8m Z = 484 Ω
I0 = 31 kA
V = 7,5 MV

Figura 6.24 - Disrupções que ocorrem nas estruturas da linha devido ao elevado valor da tensão fase-terra. Podem também ocorrer
disrupções entre as fases

estrutura atingida (Figura 6.23), provocando da Tensão Suportável de Impulso Atmosférico


disrupções nos isoladores dessa estrutura e nas (TSI). Essa Tensão tem o valor máximo
estruturas adjacentes (Figura 6.24). suportável pelo isolamento da linha, quando
submetido a ondas impulsivas. Essa situação
Nas estruturas onde ocorrem disrupções, é mostrada na Figura 6.25.
parte da corrente de descarga flui para
a terra e parte segue se propagando pela Como o valor da TSI das redes de distribuição
linha. Enquanto o valor da tensão for de energia elétrica é relativamente baixo,
elevado, vão ocorrer disrupções ao longo da os valores de corrente que circulam pela
linha. Essas disrupções só vão cessar, quando linha após as estruturas onde ocorreram
o valor da tensão na linha for inferior ao valor disrupções também são relativamente

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I MAX

Valor máximo de corrente que circula


na linha sem provocar disrupções

TSI
I MAX =
Z

TSI é a tensão suportável


de impulso atmosférico da rede

Figura 6.25 - Valor máximo de corrente impulsiva que circula pela linha sem a ocorrência de disrupções

TSI = 100 kV TSI = 200 kV TSI = 300 kV


Poste de concreto Rede compacta Poste de madeira

IMAX = 207 A IMAX = 413 A IMAX = 620 A

Figura 6.26 - Valores típicos das TSI de estruturas de redes de distribuição de 13,8 kV e valores máximos da corrente que se propaga
pela rede sem provocar disrupções

baixos, conforme mostrado na Figura 6.26. curto-circuito. Esse é o caso de uma linha
No caso das linhas de baixa-tensão e de terminada em um DPS (Figura 6.28). Como
cabos de telecomunicação, a TSI ainda é as correntes que se propagam pelas linhas
mais baixa, conforme mostrado na Figura são de valores relativamente baixos, os casos
6.27. A TSI entre a blindagem de um cabo críticos serão aqueles em que as estruturas
típico de telecomunicações e um poste de diretamente atingidas estão localizadas nas
concreto é da ordem de 100 kV. Se o cabo proximidades da edificação. O pior caso é o
for isolado do poste por um isolador de de uma descarga que atinge o poste mais
roldana, esse valor pode subir um pouco, próximo da edificação, conforme mostrado
mas este capítulo vai considerar o valor de na Figura 6.29. Essa figura mostra uma
100 kV. edificação alimentada por uma linha de
baixa-tensão constituída de três fases e o
Ressalta-se que a corrente dobra de valor neutro multiaterrado.
em uma extremidade de linha terminada em

162 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


TSI = 50 kV TSI = 100 kV
Rede secundária Cabo blindado
com capa isolante

IMAX = 103 A IMAX = 207 A

Figura 6.27 - Valores típicos das tensões suportáveis de impulso atmosférico de estruturas de rede de baixa tensão e cabos telefônicos,
e valores máximos da corrente que se propaga pela rede sem provocar disrupções

IMAX

IDPS

Valor máximo de corrente que circula no DPS


IDPS = 2 IMAX

Figura 6.28 - Corrente que circula em um DPS instalado na extremidade de uma linha de grande comprimento

Se a distância entre o poste e a edificação 6.4 DESCARGAS PRÓXIMAS DAS


for pequena (d < 100 m), os efeitos serão LINHAS QUE ATENDEM À EDIFICAÇÃO (S4)
praticamente os mesmos de uma descarga
que atinge diretamente a edificação, como Esta seção trata das correntes que circulam
mostrado na Figura 6.29. Isso ocorre porque nos DPS devido a descargas atmosféricas
essa corrente tem uma frente de onda de que incidem nas proximidades das linhas
10 µs. Esse tempo é bem superior ao do de energia elétrica e de telecomunicações
trânsito da linha existente entre o poste e a que atendem à edificação, correspondendo
edificação, já que a impedância da linha pode à fonte de danos S4 definida na NBR 5419-4.
ser desconsiderada. Portanto, uma descarga
direta em estruturas próximas da edificação Utilizando a metodologia de cálculo de tensões
representa uma situação semelhante a induzidas em linhas aéreas, descrita de
uma descarga direta na estrutura, como a forma resumida no Capítulo 3 e em detalhes
considerada na Seção 6.1. em [8, 9], foram calculadas as correntes que
clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 163
DPS em
condução

RN

RN

RED d < 100 m RN

Figura 6.29 - Se a distância entre a edificação e o primeiro poste for pequena (d < 100 m), os efeitos de uma descarga direta no poste
vão ser similares aos de uma descarga direta na edificação

circulam pelo DPS de uma edificação devido de variação da corrente de descarga também
a tensões induzidas nas linhas de energia é importante porque se beseia no cálculo de
elétrica e de telecomunicações por descargas correntes induzidas, considerando a corrente
que incidem nas proximidades. principal positiva, a corrente principal negativa
e a corrente subsequente negativa.
6.4.1 - CORRENTES INDUZIDAS NOS
CABOS DA LINHA AÉREA DE ENERGIA Foram utilizadas descargas relativas aos
ELÉTRICA Níveis de Proteção III e IV, ou seja, corrente
principal positiva com pico de 100 kA,
No caso das tensões induzidas em linhas, a taxa corrente principal negativa com pico de

21
IDPS 1
20

11
8m
RED 2

Raio de atração da linha:

RAtração = 0,67 h0,6 I0,74 50 m I0


y = RAtração
I = 100 kA RAtração = 70 m
I = 50 kA RAtração = 42 m
I = 25 kA RAtração = 25 m

Figura 6.30 - Arranjo que representa uma edificação alimentada por uma linha aérea em que são induzidas tensões e correntes devido
à incidência de uma descarga nas proximidades

164 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


50 kA e corrente subsequente negativa aproximada com as equações mostradas
com pico de 25 kA. Para cada descarga, os na Figura 6.31 e retiradas de [11]. Essas
valores dos raios de atração da linha foram expressões são válidas para uma linha
calculados pela expressão mostrada na Figura infinita, mas os valores obtidos podem ser
6.30, proposta por Eriksson em [10]. Foi utilizados para estimar os valores das tensões
considerada uma descarga incidindo em um induzidas em uma linha de mil metros de
ponto distando da linha de um valor igual ao comprimento.
raio de atração, pois, se ela incidisse mais
próximo da linha, seria atraída e ia se tornar Os valores de pico das tensões induzidas
uma descarga direta. utilizando as expressões aproximadas
mostradas na Figura 6.31 são mostrados
Foi considerado um solo de resistividade na Tabela 6.1 para os casos das correntes
de 1700 Ωm e o valor da resistência de de descargas associadas à descarga principal
aterramento da edificação onde termina a positiva, à descarga principal negativa e à
linha de 85 Ω. A Figura 6.30 mostra uma descarga subsequente negativa.
edificação alimentada por uma linha aérea
de mil metros de comprimento, sendo que a Como foi visto, a TSI tem o valor máximo
edificação está conectada no meio da linha. suportado por uma linha sem provocar
disrupções. Se o valor da tensão induzida for
As tensões induzidas na linha podem superior ao da TSI, vão ocorrer disrupções ao
ser calculadas com o programa TIDA [8, longo da linha e parte da corrente induzida
9] descrito no Capítulo 3 ou de forma vai fluir para a terra nesses pontos.

V IND

I0
h VIND = k3 VR + 1,28 Io
y

Descarga principal positiva


k1 = 0,032 - k2 = 600 - k3 = 0,915
y
Figura 6.31
Valor de pico
Descarga principal negativa da tensão
k1 = 0,32 - k2 = 60 - k3 = 0,915 induzida em
uma linha
2 infinita por
2
Descarga subsequente negativa uma descarga
1+ 1 + k2 / y + k2 / y
k1 = 1,28 - k2 = 15 - k3 = 0,90 atmosférica
VR = k1 I0 h ln
2
2 que incide nas
1+ 1 + k2 / y - k2 / y proximidades
- resistividade do solo (Ωm) da edificação

TABELA 6.1 - Tensões induzidas na linha calculadas pelas expressões analíticas

DISTÂNCIA DESCARGA
CORRENTE VALOR DE PICO (kA) TENSÃO INDUZIDA (kV)
LINHA (y) (m)

PRINCIPAL POSITIVA 100 70 710

PRINCIPAL NEGATIVA 50 42 642

SUBSEQUENTE NEGATIVA 25 25 442

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 165
Os resultados estão na Figura 6.33, que mostra
Pode ser visto na Tabela 6.1 que as tensões as formas de onda das correntes que circulam
induzidas são superiores às TSI de redes de pelo DPS, obtidas por meio do programa
distribuição de energia de alta e baixa-tensão computacional TIDA [8]-[9]. No caso da descarga
e de cabos blindados com capa isolante. positiva, a polaridade da corrente induzida foi
Nessa situação vão ocorrer disrupções nos invertida para facilitar a comparação entre as
postes, como ilustrado na Figura 6.30. As
ondas mostradas na Figura 6.33.
disrupções que ocorrem nos postes colocam
o cabo da rede elétrica em contato com o
poste. Se esse poste for de concreto armado ou Os valores obtidos nas simulações
metálico, ele vai funcionar como um ponto de computacionais mostram que as formas de
aterramento. Nas simulações apresentadas a onda das correntes induzidas têm a cauda mais
seguir, a resistência de aterramento dos postes curta do que as das ondas das correntes de
foi considerada de 287 Ω, ou seja, valor do descarga. As caudas das ondas de correntes
aterramento do neutro. O circuito utilizado na induzidas se aproximam da cauda da onda
simulação é o mostrado na Figura 6.32, em normalizada (8/20 µs).
que foram utilizados 21 postes espaçados de 50
metros entre eles.

= 1700 Ωm 21
RED = 85 Ω
12
RPoste = 287 Ω
11

10

1
IDPS RPoste

RPoste

RED

RPoste I0

RPoste

Figura 6.32 - Circuito para o cálculo da corrente induzida considerando disrupções nos postes. Foram considerados 21 postes
condutores espaçados de 50 metros entre eles. A resistência de aterramento de cada poste foi de 287 Ω

3000

2476 A Principal positiva - 100 kA


2500 Principal negativa - 50 kA
Subsequente negativa - 25 kA
2048 A

2000
Corrente (A)

1500 1410 A
Figura 6.33
Correntes que circulam
pelo DPS para solo com
1000
resistividade de 1700 Ωm
e para ondas de corrente
principal positiva de 100
500 kA, principal negativa
de 50 kA e subsequente
negativa de 25 kA.
0 Resistência de aterramento
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 da edificação de 85 Ω e
distâncias descarga-linha
Tempo (µs) iguais a 70, 42 e 25 m

166 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


6.4.2 - CORRENTES INDUZIDAS NOS O valor típico da TSI da blindagem de um
CABOS AÉREOS BLINDADOS DE cabo com capa isolante para o poste é da
TELECOMUNICAÇÕES ordem de 100 kV e, como foi mostrado,
vão ocorrer disrupções da blindagem para
No caso de cabos aéreos blindados, a tensão o poste. O circuito utilizado na simulação
é induzida da blindagem para a terra. A é mostrado na Figura 6.35 e os valores
blindagem se comporta como se fosse um das correntes induzidas na blindagem são
cabo aéreo, e a mesma metodologia utilizada mostrados na Figura 6.36.
para o cálculo das correntes e tensões
induzidas pode ser aplicada. O caso estudado A Figura 6.37 mostra o cálculo das correntes
é mostrado na Figura 6.34. que circulam pelo DPS instalado entre um

Raio de atração da linha: = 1700 Ωm


RED = 85 Ω
RAtração = 0,67 h0,6 I0,74
RB = 287 Ω
I = 100 kA RAtração = 70 m
I = 50 kA RAtração = 42 m
I = 25 kA RAtração = 25 m

8m
IB

ITELECOM

y = RAtração I0
RED

Figura 6.34 - Arranjo representando um cabo aéreo blindado que alimenta uma edificação e no qual são induzidas
tensões e correntes devido à incidência de uma descarga nas proximidades

= 1700 Ωm
RED = 85 Ω 11
RPoste = 287 Ω
2

IB
RPoste

RPoste

RED RPoste
I0

Figura 6.35 - Circuito utilizado para o cálculo da corrente induzida na blindagem considerando que ocorrem disrupções
em todos os postes. Foram considerados 11 postes condutores com o espaço de 50 metros entre eles. A resistência de
aterramento de cada poste é de 287 Ω

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 167
2500

1991 A Principal positiva - 100 kA


2000 Principal negativa - 50 kA
Subsequente negativa - 25 kA
1524 A
Corrente (A)

1500

993 A
1000

500

0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (µs)

Figura 6.36 - Correntes induzidas na blindagem do cabo. Foi considerado um solo de 1700 Ωm e as ondas de corrente principal positiva de
100 kA, principal negativa de 50 kA e subsequente negativa de 25 kA. A resistência de aterramento da edificação é de 85 Ω e as distâncias
descarga-linhas são de 70, 42 e 25 m

dos condutores internos e a barra de equalização da edificação (considerando um cabo


blindado de 500 m de comprimento) e a corrente de descarga principal positiva.
No cálculo mostrado na Figura 6.37, é importante distinguir a impedância de surto da

Cabo telefônico CTP-APL

500 m

VINTERNO

IB

IB = 1991 A ZT = 4 mΩ / m RB = 2 Ω
Figura 6.37
Cálculo da corrente que
1
V INT E RNO = RB IB = 1991 V circula pelo DPS instalado
2
entre um dos condutores
internos e a barra de
equalização da edificação.
ZCABO
Foi considerado um cabo
telefônico blindado, tipo
CTP-APL, com resistência
da blindagem de 4 mΩ/m.
V IN T E RN O 1991 A impedância de surto
VINTERNO ITELECOM I T E LE COM = = = 20 A
Z C AB O 100 interna do cabo (Zcabo ) foi
considerada como sendo
de 100 Ω

168 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


blindagem em relação ao solo, que é o valor já calculado para o caso dos cabos aéreos, e a
impedância de surto interna entre o condutor interno e a blindagem (ZCABO). A Figura 6.38
ilustra essas duas impedâncias de surto. A melhor forma de obter o valor da impedância
de surto do cabo (ZCABO) é por meio de uma consulta ao catálogo do fabricante, mas ela
normalmente se situa entre 50 Ω e 150 Ω.

2rE

2h
2rI ZBLINDAGEM = 6 0 l n
rE

2r E
r Figura 6.38
60 rE
ZCABO = ln Impedâncias de
rI surto da blindagem
r

em relação ao solo
h1 (ZBLINDAGEM) e entre o
r - permissividade relativa condutor interno e a
do dielétrico do cabo blindagem (ZCABO)

6.4.3 - CORRENTES INDUZIDAS NOS elétrica), de forma que a blindagem do cabo


CABOS BLINDADOS ENTERRADOS QUE subterrâneo que interliga as duas edificações
não pode ser aterrada diretamente nas duas
ALIMENTAM A EDIFICAÇÃO
malhas. Como mostrado no Capítulo 4, uma
alternativa para essa situação é aterrar uma
Com base na metodologia de cálculo de
das extremidades da blindagem do cabo
tensões induzidas em cabos enterrados,
diretamente na malha de uma das edificações
descrita de forma sucinta no Capítulo 3
e aterrar a outra extremidade na malha da
e de forma detalhada em [12,13], foram segunda edificação usando um DPS.
calculadas as correntes que circulam pelo
DPS instalado na blindagem de um cabo A Figura 6.39 mostra o arranjo que será
subterrâneo que interliga duas edificações estudado. Foi considerado um cabo de 150
e no DPS que interliga um dos condutores metros de comprimento que interliga duas
internos do cabo ao barramento de edificações. O cabo está instalado dentro de
equalização da edificação. um duto isolante de PVC. O cabo é o mesmo
utilizado no Capítulo 3 para o cálculo das
O caso estudado é referente a uma situação correntes induzidas nas blindagens de cabos
onde há alguma restrição (por exemplo, valor subterrâneos. Detalhes da modelagem do cabo
elevado da corrente de curto-circuito na rede podem ser vistos nas referências [12, 13].

= 1700 Ωm
RED = 85 Ω

Blindagem Blindagem
aterrada aterrada Figura 6.39
via DPS diretamente Arranjo para o cálculo
da corrente induzida
na blindagem de um
cabo subterrâneo
que interliga duas
edificações. Uma
RED das extremidades da
blindagem é aterrada
IDPS 2 IDPS 1 I0 diretamente na malha
150 m
da edificação e a outra
extremidade é aterrada
via DPS
RED 50 m

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 169
Novamente foram utilizadas as ondas blindagem do cabo são mostradas na Figura
correspondentes à descarga principal positiva 6.40. A Figura 6.41 mostra o cálculo da
de corrente com 100 kA de valor de pico. A corrente que circula pelo DPS instalado
corrente principal negativa tem valor de pico entre um dos condutores internos do
de 50 kA e a corrente subsequente negativa, cabo blindado e a barra de equalização da
o valor de pico de 25 kA. As formas de onda edificação. O cálculo foi feito para a corrente
das correntes induzidas na extremidade da principal positiva de 100 kA de pico.

1200
Principal positiva - 100 kA
1100 A Principal negativa - 50 kA
Subsequente negativa - 25 kA
780 A
800 Corrente principal positiva - 100 kA
= 1700 Ωm
Corrente (A)

400

192 A
IDPS-1

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Tempo (µs)

Figura 6.40 - Correntes induzidas que circulam na extremidade da blindagem de um cabo subterrâneo que interliga duas edificações.
IDPS-1 é a corrente que circula na extremidade aterrada pelo DPS. Corrente de descarga principal positiva com 100 kA de pico, corrente
principal negativa com 50 kA de pico e corrente subsequente negativa com 25 kA de pico

150 m

VINTERNO

Figura 6.41
IB Cálculo da corrente
que circula pelo
DPS instalado entre
um dos condutores
I B = 11 00 A Z T = 1 0 mΩ / m RB = 1,5 Ω
internos e a barra
de equalização
1 da edificação. Foi
V I N TE R N O = R B I B = 825 V
2 considerado um
cabo blindado, com
blindagem de fios
ZCABO de cobre trançados,
com resistência
da blindagem
de 10 mΩ/m. A
V I NTERNO 825 impedância de
VINTERNO IDPS 2 I DPS 2 = = = 8,3 A surto interna do
Z C ABO 100
cabo (ZCABO) foi
considerada de
100 Ω. Descarga
principal positiva

170 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


No caso do cabo subterrâneo, é fundamental valor de corrente (1,1 kA correspondente à
verificar se o valor da tensão induzida é descarga principal positiva) e considerando
superior ao da TSI do cabo. Se estiver acima, o valor da resistência de aterramento de 85
podem ocorrer disrupções da blindagem Ω, a tensão induzida será de 94 kV, que é
para o solo. Valores típicos da TSI são da inferior ao valor da TSI. Isso significa que
ordem de 100 kV. no exemplo apresentado não vão ocorrer
disrupções da blindagem para o solo.
No caso analisado, como o comprimento
do cabo é pequeno, os valores das tensões 6.5 - SÍNTESE E ANÁLISE
induzidas podem ser estimados pelo produto DOS VALORES CALCULADOS
das correntes que circulam na blindagem
do cabo multiplicado pela resistência de A Tabela 6.2 mostra um resumo dos valores
aterramento da blindagem. Para o maior calculados nas simulações realizadas.

TABELA 6.2
Valores de corrente que circulam pelos DPS de uma edificação obtidos em simulações computacionais (kA)

CORRENTE DE DESCARGA

CASO Principal Principal Subsequente


positiva negativa negativa
(100 kA) (50 kA) (25 kA)

DESCARGAS DIRETAS NA EDIFICAÇÃO (S1)

Corrente no DPS de edificação alimentada por rede de


9,7 --- ---
baixa-tensão trifásica com neutro multiaterrado
Corrente no DPS de edificação alimentada por rede de
baixa-tensão trifásica com neutro multiaterrado. 6,3 --- ---
Uma tubulação metálica enterrada
Corrente no DPS de edificação alimentada por rede de
baixa-tensão trifásica com neutro multiaterrado. 3,7 --- ---
Três tubulações metálicas enterradas
Correntes nos DPS devido à indução nos condutores
9,3 4,6 2,3
internos da edificação causada por descarga direta

DESCARGAS NAS PROXIMIDADES DA EDIFICAÇÃO (S2)

Corrente no DPS instalado em laço formado pelos


condutores internos da edificação (edificação sem 0,41 0,26 0,16
blindagem).

DESCARGAS DIRETAS NA LINHA QUE ATENDE À EDIFICAÇÃO (S3)

Corrente que propaga por linha aérea sem provocar


0,6 0,6 0,6
disrupções (descarga distante)1
Corrente que circula em um DPS instalado no final da linha
1,2 1,2 1,2
(descarga distante)1

DESCARGAS NAS PROXIMIDADES DAS LINHAS QUE ATENDEM À EDIFICAÇÃO (S4)

Corrente no DPS de edificação alimentada por rede aérea 2,5 2,0 1,4

Corrente no DPS de edificação alimentada por cabo aéreo


0,020 --- ---
blindado de comunicação e sinal
Corrente no DPS instalado na blindagem de cabo
1,1 0,78 0,19
subterrâneo que alimenta uma edificação
Corrente no DPS instalado no condutor interno de cabo
0,008 --- ---
blindado subterrâneo que alimenta uma edificação
(1) Os valores de corrente que trafegam pelas linhas devido a descargas que incidem nessas em pontos longe da edificação são de
baixo valor. Isso significa que as correntes máximas nos DPS instalados nessas linhas ficam limitadas a 1,2 kA. No entanto, os
valores de corrente nos casos de descargas diretas no poste que alimenta a edificação se aproximam dos valores obtidos nos casos
de descargas diretas na edificação (S1)

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 171
Os valores mostrados na Tabela 6.2 permitem 6.6 - VALORES DE CORRENTES
formular as seguintes conclusões: PROPOSTOS NAS NBR 5419 E NBR 5410
O maior valor de corrente no DPS (9,7 kA)
A NBR 5419-4 [1] sugere que, para a execução do
foi no caso da descarga direta em uma
projeto de proteção, seja feito um estudo para a
edificação alimentada por rede de baixa-
tensão com neutro multiaterrado e sem determinar os valores das correntes, se possível
tubulações metálicas. com o auxílio de simulações computacionais.
Um pequeno roteiro de cálculo aproximado é
A presença de longas tubulações metálicas apresentado na norma. Para os casos nos quais
enterradas diretamente no solo (maiores não é possível fazer um estudo específico, a
que 100 m) reduzem significativamente NBR 5419-1 [6] sugere valores típicos que são
a corrente que circula pelos DPS. Numa apresentados e comparados com os valores
edificação com uma tubulação, a corrente é obtidos nas simulações realizadas.
reduzida para 6,3 kA e, com três tubulações,
para 3,7 kA. Uma aproximação sugerida na norma considera
Para o caso das descargas diretas, a forma que, no caso de uma descarga direta na
de onda das correntes que circulam nos edificação, cerca de 50% da corrente de descarga
DPS é de cauda longa e se aproxima da flua pela malha de aterramento da edificação e
onda padronizada 10/350 µs. 50%, pelos condutores e tubulações que atendem
à edificação. Para uma edificação atendida
Nos casos das correntes induzidas nos por uma rede elétrica de quatro condutores e
condutores internos, as ondas apresentam atingida por uma descarga principal positiva de
cauda curta, aproximando-se da onda 200 kA de pico, 100 kA passam pela malha de
padronizada 8/20 µs. aterramento e 25 kA seguem em cada um dos
condutores da rede, como mostrado na Figura
Nos casos das correntes induzidas na
rede externa, as ondas apresentam 6.42.
cauda curta, aproximando-se da onda
padronizada 8/20 µs. Para o caso de uma edificação que, além da
rede elétrica, recebe duas tubulações metálicas
As simulações foram feitas com a onda de enterradas, o critério da NBR 5419 fornece
corrente de descarga principal positiva de uma corrente de 8,3 kA em cada fase da rede,
100 kA. Para correntes de descarga de maior conforme mostrado na Figura 6.43.
valor de pico, as correntes nos DPS serão
proporcionalmente maiores. A NBR 5419-1 apresenta duas tabelas (E.2
e E.3) que mostram valores de corrente que
As correntes induzidas nos condutores
internos da edificação também podem circulam pelos DPS para várias situações. Os
atingir valores elevados (da ordem de valores propostos são baseados em medições e
9 kA) para um laço interno de 50 m2. O na experiência operativa de várias entidades ao
maior valor de corrente foi induzido pela redor do mundo.
descarga principal positiva.
Os valores mostrados nas tabelas são função
No caso das tensões induzidas por do nível de proteção adotado para a edificação
descargas que incidem nas proximidades e ordenados em função da fonte de danos
das linhas aéreas que alimentam a considerada. Conforme visto no Capítulo 2, para
edificação, o maior valor de corrente foi cada Nível de Proteção são definidos valores de
devido à incidência da descarga principal pico máximo para as ondas de corrente. Para a
positiva (2,5 kA). Entretanto, esse valor
comodidade do leitor, são repetidas na Figura
é bem próximo do valor induzido pela
6.44 as definições das fontes de danos (S1,
descarga principal negativa (2 kA).
S2, S3 e S4) e, na Tabela 6.3, os valores de
No caso de cabos subterrâneos blindados corrente associados a cada Nível de Proteção.
que atendem à edificação, os valores de
corrente induzidas na blindagem podem
atingir números elevados no caso de solos
de alta resistividade.

172 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 6.42
Aproximação
proposta na NBR
5419: 50% da
corrente de descarga
I0 flui pela malha de
IREDE =
2 aterramento da
edificação e 50%
flui pelos cabos das
redes que atendem à
IF = 25 kA
edificação. Para uma
descarga de 200 kA
de pico, 25 kA vão
circular por cada um
dos DPS ligados nas
I0 fases
RED IED =
2

Figura 6.43
Influência de
tubulações metálicas
interligadas na malha
de aterramento da
edificação. A corrente
que flui pelos DPS
fica reduzida a
um terço do valor
calculado, sem
considerar a presença
IF = 8,3 kA das tubulações
enterradas. Para uma
corrente de descarga
de 200 kA de pico,
8,3 kA vão circular
por cada um dos DPS
RED ligados nas fases

S4
Descarga nas proximidades
das linhas de energia
ou de telecomunicações

S3
Descarga direta na
S2 S1 linha de energia ou
Descarga nas Descarga direta de telecomunicações
proximidades na edificação
da edificação

Figura 6.44
Fontes
de danos
conforme a
NBR 5419

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 173
TABELA 6.3 - Valores de pico das correntes de descarga para cada Nível de Proteção

CORRENTE PRINCIPAL POSITIVA

NÍVEIS DE PROTEÇÃO
PARÂMETROS
I II III IV

VALOR DE PICO (kA) 200 150 100 100

CORRENTE PRINCIPAL NEGATIVA

VALOR DE PICO (kA) 100 75 50 50

CORRENTE SUBSEQUENTE NEGATIVA

VALOR DE PICO (kA) 50 37,5 25 25

As Tabelas E.2 e E.3 da NBR 5419-1 são reproduzidas a seguir nas Tabelas 6.4 e 6.5.

TABELA 6.4 - Valores esperados de correntes de surto devido à incidência de descargas nas linhas de
baixa-tensão. Adaptada da NBR 5419-1 (Tabela E.2)

Descargas nas
Descargas diretas e nas proximidades Descargas diretas
proximidades da
das linhas na edificaçãoa)
edificaçãoa)
Fonte de danos Fonte de danos
NÍVEL DE PROTEÇÃO Fonte de danos S3 Fonte de danos S4
S2 (corrente S1 (corrente
(descarga direta)b) (descarga indireta)c) induzida) induzida)
Forma de onda da Forma de onda da Forma de onda da Forma de onda
corrente: corrente: corrente: da corrente:
10/350 µs (kA) 8/20 µs (kA)
8/20 µsd) (kA) 8/20 µsd)(kA)

III E IV 5 2,5 0,1 5

II 7,5 3,75 0,15 7,5

I 10 5 0,20 10

Nota: Os valores de corrente são referentes a uma fase


a) O tamanho e o posicionamento do laço em relação à descarga afetam os valores mostrados na tabela, que foram obtidos para um
laço curto-circuitado, sem blindagem, de 50 m2, com largura de 5 m e distante 1 m da parede da edificação. A edificação é dotada de
SPDA (kc = 0,5). Para laços e edificações com outras características, os valores devem ser multiplicados pelos fatores KS1, KS2 e KS3
(Seção B-4 da parte 2 da ABNT 5419).
b) Valores típicos para uma descarga que incide no poste mais próximo da edificação. Linha de energia com três fases e neutro.
c) Valores válidos para linhas aéreas. Para linhas subterrâneas, os valores devem ser divididos por 2.
d) A indutância e a resistência do laço influenciam bastante a forma de onda da corrente induzida. Quando a resistência do laço é
desprezível, a forma de onda da corrente tende a ser 10/350 µs. Esse é o caso em que DPS do tipo comutador de tensão (curto-
circuitante) é utilizado.

TABELA 6.5 - Valores esperados de correntes de surto devido à incidência de descargas nas linhas de
telecomunicações. Adaptada da NBR 5419-1 (Tabela E.3)

Descargas nas
Descargas diretas e nas proximidades Descargas diretas
proximidades da
das linhas na edificaçãoa)
edificaçãoa)

Fonte de danos Fonte de danos


NÍVEL DE PROTEÇÃO Fonte de danos S3 Fonte de danos S4
S2 (corrente S1 (corrente
(descarga direta)b) (descarga indireta)c) induzida)
induzida)
Forma de onda da Forma de onda da Forma de onda
Forma de onda da
corrente: corrente: da corrente:
corrente:
10/350 µs (kA) 8/20 µs (kA)
8/20 µs (kA) 8/20 µs (kA)

III E IV 1 0,035 0,1 5

II 1,5 0,085 0,15 7,5

I 2 0,160 0,20 10

174 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Nota: Os valores de corrente são referentes a apenas um dos condutores. Para mais detalhes, consultar a Recomendação K.67 da ITU-T [14]
a) O tamanho e o posicionamento do loop em relação à descarga afetam os valores mostrados na tabela que foram obtidos para um
laço curto-circuitado, sem blindagem, de 50 m2, com largura de 5 m e distante 1 m da parede da edificação. A edificação tem o SPDA
com Kc = 0,5. Para laços e edificações com outras características, os valores devem ser multiplicados pelos fatores KS1, KS2 e KS3
(Seção B-4 da parte 2 da ABNT 5419).
b) Valores referentes a uma linha de cabo não blindado e com vários pares. Para fios externos não blindados (fio drop), os valores
devem ser multiplicados por 5.
c) Valores válidos para linhas aéreas não blindadas. Para linhas subterrâneas, os valores devem ser divididos por 2.

Os fatores KS1, KS2 e KS3 citados nas fases da rede elétrica estão relacionados na
Tabelas 6.3 e 6.4 e já analisados no Tabela 6.6.
Capítulo 2 levam em conta a existência de
blindagem proporcionada pelos cabos do A NBR 5410 também fornece dados para a
SPDA, existência de blindagem interna especificação de DPS para proteção de linhas
na edificação e as técnicas adotadas para telefônicas. Ela recomenda a utilização de
evitar a formação de laços [15]. DPS curto-circuitante (centelhador a gás)
para instalação nos pares telefônicos e
para aterramento de blindagens e capas
Se os valores mostrados na Tabela 6.1,
de cabos. A corrente mínima sugerida para
obtidos em simulações computacionais, o caso de cabos telefônicos com blindagem
forem comparados com os valores sugeridos aterrada é 5 kA e para cabos com blindagem
na NBR 5419-1 (Tabelas 6.3 e 6.4), será não aterrada é 10 kA. No caso de regiões
observada uma boa concordância entre com atividade atmosférica severa, a norma
eles. sugere que sejam adotados maiores valores
de corrente. A NBR 5410 não especifica a
A NBR 5410 [2] também recomenda valores forma de onda de corrente.
mínimos para a capacidade de condução
de corrente dos DPS a serem utilizados em Os valores mínimos sugeridos na NBR 5410
edificações. Os valores de corrente sugeridos são conservativos e trabalham no lado da
nessa norma para DPS instalados nas segurança.

TABELA 6.6 (ADAPTADA DA NBR 5410) - Valores de pico das correntes utilizadas nos testes dos DPS

ORIGEM DOS SURTOS

CARACTERÍSTICAS DOS DPS PARA Transmitidos


Descargas
PROTEÇÃO CONTRA SOBRETENSÕES Descargas diretas e surtos pela linha
diretas na
pela linha externa externa de
edificação
alimentação
FORMA DE ONDA DAS In 8/20 µs ---- 8/20 µs
CORRENTES UTILIZADA
NOS ENSAIOS Iimp 10/350 µs 10/350 µs ----

VALOR DE PICO MÍNIMO DA CORRENTE


DO DPS INSTALADO ENTRE FASE E Iimp= 12,5 kA - In= 5 kA Iimp = 12,5 kA In = 5 kA
NEUTRO OU ENTRE FASE E TERRA (PE)

CLASSE Classes I e II simultaneamente Classe I Classe II

6.7 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO descarga atmosférica, da edificação e


das linhas de alimentação;
As seguintes conclusões podem ser
formuladas com base no exposto ao longo No caso das correntes induzidas nas
deste capítulo: linhas, a cauda da onda é de curta
duração, ou seja, é mais curta que a
Os valores de pico e as formas de cauda da onda de corrente de descarga.
onda das correntes que circulam pelos Para uma corrente de descarga com
DPS dependem das características da forma de onda 10/350 µs, a onda de

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 175
corrente induzida se assemelha á onda Plataformas computacionais que simulam
padronizada de forma 8/20 µs; circuitos elétricos são ferramentas úteis
para o estudo da distribuição de correntes
em edificações e redes atingidas por
No caso das correntes induzidas em descargas atmosféricas diretas;
laços internos, a cauda da onda também
fica de curta duração, caso a resistência Os valores calculados neste capítulo
do laço não seja desprezível. Para laços são coerentes com os valores típicos
de resistência desprezível, a onda de sugeridos na NBR 5419-1;
corrente se aproxima da forma de onda
da corrente de descarga atmosférica; Nas simulações, os DPS em condução
foram modelados como tendo uma
No caso das correntes originadas em impedância desprezível. As referências
descargas diretas nas linhas ou na [16] e [17] apresentam resultados de
edificação, as caudas das ondas são medições e simulações mais elaborados,
longas e a onda se aproxima da onda da que mostram as correntes que circulam
corrente de descarga atmosférica; pelos DPS instalados em redes de baixa-
tensão;
Nas redes com cabos enterrados (linhas
subterrâneas), as correntes induzidas A NBR 5410 [2] recomenda valores
nas blindagens dos cabos podem atingir mínimos para as capacidades de
valores elevados; condução de corrente dos DPS a serem
utilizados em edificações.

176 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CAPÍTULO 7

DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA


SURTOS (DPS)

Este capítulo apresenta os principais aspectos Um DPS comutador de tensão ideal pode ser
relativos aos Dispositivos de Proteção contra representado por uma chave conectada em
Surtos (DPS). Analisa os componentes que paralelo com o circuito ou equipamento que
formam um DPS, as técnicas de instalação e se quer proteger. Essa chave é comandada
os parâmetros necessários para a sua correta pelo valor da tensão nos seus terminais.
especificação. Se a tensão está abaixo de certo limite,
a chave permanece aberta. No entanto,
7. 1 - O QUE É E COMO FUNCIONA UM DPS se a tensão atinge o limite, a chave fecha
automaticamente, conforme mostrado na
A ABNT 5419-4 [1] define DPS como Figura 7.1. O limite especificado para o
“Dispositivo destinado a limitar as fechamento da chave (Up) deve ser menor
sobretensões e desviar correntes de surto. que o valor de tensão suportável pelo
Contém pelo menos um componente não equipamento protegido (Uw). A a tensão de
linear”. A mesma norma classifica o DPS em serviço contínuo (Uc) não pode provocar o
dois tipos: comutador de tensão e limitador fechamento da chave.
de tensão.

Tensão de serviço (UC)

S
UC

A chave fica aberta para a tensão de serviço UC

UW é a tensão suportável
Tensão de serviço + surto pelo equipamento
Figura 7.1
Atuação simplificada
Z de um DPS. Ele não
atua para a tensão
de serviço (Uc) e atua
S se a tensão atingir
UP
o valor (Up), que
deve ser inferior ao
valor suportável pelo
equipamento (Uw)

A chave fecha quando a tensão no DPS atinge o valor UP

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 177
A Figura 7.2(A) mostra a situação em que Máxima tensão de serviço contínuo da
a chave está fechada porque o valor da linha (Uc );
tensão da fonte somado ao valor da tensão
de um surto presente na linha atingiu o valor Tensão de proteção do DPS (Up );
Up. Nessa situação, circula pelo DPS uma
Máxima tensão que o equipamento
parcela de corrente proveniente da fonte (If )
suporta (Uw );
e outra do surto. Considera-se aqui que a
corrente do surto é igual à corrente nominal Corrente nominal do DPS (In );
do DPS (In ).
Corrente subsequente da fonte (If );
A Figura 7.2(B) mostra a situação em que
a corrente do surto já se extinguiu e circula Máxima corrente subsequente que o
pelo DPS apenas a corrente subsequente da DPS consegue interromper (Ifi ).
fonte (If ). Caso a corrente que o DPS seja
capaz de interromper por si mesmo (Ifi ) seja Como foi visto, um DPS comutador de
maior que a corrente subsequente da fonte tensão apresenta uma baixa-tensão entre
(If ), a chave interrompe a corrente da fonte seus terminais quando no estado de
e abre o circuito, restabelecendo a condição condução. Já um DPS limitador de tensão
normal do serviço (ver Figura 7.2.(C)). apresenta uma impedância não linear no
estado de condução, resultando em uma
A análise permite identificar alguns dos tensão entre seus terminais que é próxima
principais parâmetros envolvidos na de seu nível de proteção (Up ). A Figura 7.3
especificação de um DPS: ilustra os dois tipos de DPS.

IN
IF
S
A

IF
S
B

IF
S
C

Figura 7.2 - Correntes drenadas por um DPS. Ele deve drenar a corrente do surto (In) e interromper a corrente de curto-circuito da
fonte (If) para restabelecer o serviço

178 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


DPS ideal S DPS comutador de tensão
ou curto-circuitante

Z 0

S DPS limitador de tensão


ou não curto-circuitante

Figura 7.3 - DPS comutador de tensão e DPS limitador de tensão

É importante fazer a distinção entre um DPS A Figura 7.4 mostra um DPS de rede elétrica de
e um componente de proteção (centelhador, baixa-tensão instalado normalmente no quadro
varistor ou diodo). Um DPS contém um ou de força. Observe-se que, além do varistor, o
mais componentes de proteção encapsulados DPS contém um desconector térmico (para
em um invólucro seguro e apropriado para a o caso de sobreaquecimento), contatos para
instalação. Isso inclui um sistema de fixação sinalização remota (normalmente aberto e
mecânica e conectores elétricos apropriados normalmente fechado), uma bandeirola
para a aplicação. Além disso, é comum que frontal para sinalização local, conectores
o DPS seja capaz de indicar o seu fim de para instalação dos condutores e sistema de
vida útil, facilitando a manutenção. Dados fixação no painel (padrão DIN). Além disso,
os aspectos de segurança envolvidos, é o seu desenho mecânico é similar ao de um
altamente recomendável que um DPS atenda disjuntor termomagnético, o que facilita a sua
às normas aplicáveis. instalação em quadros de força.

I
T
L/N ( L / N)

14
12
Sinalização remota
11

Figura 7.4 - Exemplo de DPS utilizado em rede elétrica de baixa-tensão e seu diagrama elétrico

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 179
7.2 - COMPONENTES DE UM DPS enquanto a Figura 7.6 mostra imagens
desses componentes. Além dos componentes
Esta seção resume os principais componentes descritos nas Figura 7.5 e 7.6, existem DPS
utilizados em DPS, como centelhadores, varistores constituídos por tiristores e centelhadores
e diodos. O texto foi adaptado da referência [2]. especiais. Esses últimos são capazes de
A Figura 7.5 mostra a simbologia utilizada para extinguir valores significativos da corrente de
representar os componentes mais usuais, seguimento de 60 Hz.

Centelhador

Centelhador bipolar a gás Dispositivos comutadores ou curto-circuitantes

Centelhador tripolar a gás

Varistor

Dispositivos limitadores ou não curto-circuitantes

Diodo supressor

Figura 7.5 - Exemplos de componentes de proteção utilizados nos DPS

Figura 7.6 - Imagens de


componentes de proteção
utilizados nos DPS

180 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


centelhadores podem drenar correntes muito
7.2.1 - CENTELHADORES elevadas e sua tensão de disparo nominal
pode variar de 70 V a milhares de volts.
Os centelhadores mais simples são constituídos
de dois eletrodos no ar. Ao ser aplicada uma Quando sujeito a surtos de elevada taxa de
sobretensão entre esses eletrodos, a rigidez crescimento, o centelhador apresenta variação
dielétrica do ar é rompida e forma-se um em sua tensão de disparo, devido ao tempo
arco elétrico entre eles. A tensão entre os para a ionização do gás. No entanto, a tensão
dois eletrodos depois que o arco se forma é de disparo se mantém constante para baixas
relativamente baixa. A sobretensão que causa taxas de crescimento da tensão aplicada. A
o arco elétrico é chamada tensão de disparo. tensão de disparo nominal é normalmente
Como os eletrodos estão no ar, a tensão de medida a uma taxa de 100 V/s e é também
disparo depende das condições ambientais, conhecida como “tensão de disparo em
como pressão, temperatura e umidade. corrente contínua” ou apenas Vcc.
Em decorrência dessas desvantagens, os
centelhadores a ar foram substituídos pelos Uma das limitações para o uso de
centelhadores a gás em muitas aplicações. centelhadores em linhas de potência é sua
dificuldade em extinguir o arco elétrico após
A diferença está na instalação dos eletrodos. a passagem do surto. Isso ocorre porque,
Os eletrodos do centelhador a gás ficam após a extinção da corrente de surto, a
dentro de uma câmara com o argônio e neônio corrente subsequente da fonte (If ) mantém
(gases nobres) a baixa pressão. O gás nobre o centelhador ionizado causando um curto-
é usado porque ele não reage com o metal -circuito na linha. A elevada corrente que
dos eletrodos. A câmara fechada permite o flui por esse curto-circuito impede que o
funcionamento ótimo do DPS porque ele não centelhador restabeleça o isolamento do
sofre influências das variantes ambientais. circuito. Portanto, um centelhador não deve
A baixa pressão na câmara possibilita obter ser utilizado diretamente em uma rede elétrica
uma grande estabilidade para a tensão de de baixa-tensão. Existem centelhadores que
disparo, pois permite que o espaçamento são especialmente projetados para uso em
entre os eletrodos seja muito maior do que linhas de potência em corrente alternada, em
no caso do centelhador a ar para a mesma que mecanismos sofisticados de expulsão e
tensão de disparo nominal. Por exemplo: o resfriamento do arco elétrico possibilitam que
antigo centelhador a ar para telecomunicações esse arco seja extinto na passagem da corrente
tinha uma distância entre eletrodos (gap) de por zero.
0,076 mm, enquanto um centelhador a gás
equivalente tem um gap de quase de 1mm. Normalmente os surtos em pares trançados
A precisão de um gap maior é muito mais são induzidos em modo comum, ou seja,
fácil de ser obtida em um processo industrial, entre cada fio e a terra. No entanto, os surtos
contribuindo para a maior uniformidade da em modo comum podem ser convertidos em
tensão de disparo do centelhador a gás. Além modo diferencial (entre os dois fios) porque
disso, um gap maior evita que pequenos se rompe o isolamento de um dos fios para a
fragmentos de material se soltem dos eletrodos terra ou em função de operação assíncrona de
durante uma descarga e fechem curto-circuito centelhadores bipolares. Nesse último caso,
no centelhador. mais comum, o centelhador de um fio atua
antes do centelhador do outro fio, originando
Para valores abaixo da sua tensão de um surto entre os fios.
disparo, a resistência do centelhador a
gás é da ordem de 10 GΩ. Já durante A Figura 7.7 mostra dois circuitos: o Circuito
a condução (arco elétrico), ela cai para A com dois centelhadores bipolares (um para
próximo de 0,1 Ω. A capacitância de um cada fio) e o Circuito B com um centelhador
centelhador a gás é muito baixa, da ordem tripolar, em que os três eletrodos (Fio 1, Fio
de alguns pF. Essa característica torna esse 2 e terra) estão na mesma câmara. Nessas
componente especialmente adequado para condições, o surto induzido em modo comum
a proteção de circuitos por onde trafegam nos fios do Circuito A pode ser convertido
sinais de comunicação de alta frequência. Os em modo diferencial em função da operação

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 181
A

Par trançado

Surto
modo
diferencial
Surto
modo
comum
CG 1 CG2

Surto
CG modo
diferencial
Surto
modo
comum

Figura 7.7 - Conversão de surto em modo comum para modo diferencial em função de operação assíncrona de centelhadores bipolares.
O centelhador tripolar evita esse problema

assíncrona dos centelhadores CG1 e CG2. Uma desvantagem do varistor é que a tensão
No caso do Circuito B, o surto induzido da rede provoca a circulação permanente
em modo comum provoca a ionização da de uma corrente de fuga. O valor dessa
câmara única do centelhador tripolar, o que corrente é muito baixo (da ordem de micro
resulta em um surto em modo diferencial àmperes) quando o componente é novo. Só
desprezível. que ele vai aumentando ao longo do tempo.
Essa corrente de fuga aquece o componente
7.2.2 - VARISTORES e pode levá-lo a uma degradação térmica.
Dessa forma, é recomendável que um
Após um tratamento térmico (ou processo de varistor seja instalado em uma linha de
sinterização) do óxido de zinco associado com potência acompanhado de um dispositivo
outros óxidos metálicos (óxido de antimônio, de segurança que o desliga em caso de
bismuto, cobalto e manganês), obtém-se sobreaquecimento.
um material cerâmico que apresenta uma
resistência ôhmica dependente da tensão Como o varistor mantém uma tensão
aplicada. Esse material é denominado varistor residual entre os seus terminais, ele não
ou Metal Oxide Varistor (MOV). causa um curto-circuito na linha. Essa
característica torna esse componente
Em baixa-tensão, a resistência do varistor é da particularmente apropriado para a proteção
ordem de 1 MΩ e a sua resistência aparente de linhas de potência, já que ele interrompe
cai para menos de 1 Ω durante a condução a corrente após o surto. Além disso, há
de uma corrente impulsiva elevada. O varistor varistores capazes de drenar várias dezenas
é normalmente caracterizado pela tensão de kA. Essas características permitem que
desenvolvida entre os seus terminais quando os varistores sejam largamente utilizados em
ele é percorrido por uma corrente de 1 mA. É sistemas elétricos de potência. Essa aplicação
a chamada “tensão de varistor” ou “tensão de vai desde os pequenos varistores na entrada
referência”. de força dos equipamentos de uso doméstico

182 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


até os grandes para-raios utilizados nas um diodo em uma linha muito exposta a
subestações de alta-tensão. Os varistores surtos pode danificar o componente, dada a
têm capacitância elevada (da ordem de nF), sua capacidade de corrente ser relativamente
o que frequentemente inviabiliza o seu uso baixa. Nesse caso, o diodo pode entrar em
em circuitos de comunicação que operam curto-circuito e proteger o equipamento a
em alta frequência. jusante, mas a linha fica fora de serviço.

7.2.3 - DIODOS Uma alternativa comumente utilizada é a


combinação de diferentes componentes
Existem diodos projetados para conduzir em um arranjo híbrido, que tem um diodo
correntes de surto no sentido inverso, e um centelhador no mesmo circuito. A
como um diodo Zener. São também Figura 7.8(A) mostra um arranjo desse
denominados diodos supressores de surtos tipo, no qual a condição de coordenação Vd
e frequentemente dois diodos são montados > 1,2 VCC deve ser observada, em que Vd
no mesmo encapsulamento, porém com é a tensão de operação do diodo e VCC é a
polaridades opostas. Essa montagem confere tensão de disparo em corrente contínua do
ao conjunto uma característica bidirecional. centelhador. O fator 1,2 visa comportar a
variação de VCC em um lote de produção que
Para os diodos com tensão nominal de até 6 normalmente é de 20%.
V, o mecanismo de condução é o efeito Zener.
Acima desse valor, o principal mecanismo Nesse caso, um surto com alta taxa de
é o efeito avalanche. São encontrados crescimento de tensão causa a atuação do
comercialmente diodos de proteção com diodo. Isso limita a tensão a jusante na sua
tensão nominal de 3 a 200 V e corrente de tensão de proteção. Decorrido um pequeno
surto de até 10 kA (onda 8/20 μs). intervalo de tempo (da ordem de alguns μs),
o centelhador a gás atua e drena a maior
A capacitância dos diodos supressores de parte da energia do surto. Observa-se que
surtos é da ordem de dezenas de pF, embora o diodo vai drenar a corrente do surto
se observe uma variação considerável apenas durante o tempo necessário para
dependendo do projeto do dispositivo. De o centelhador atuar. Se não houvesse o
forma geral, a capacitância dos diodos centelhador, o diodo poderia ser danificado
supressores de surtos não inviabiliza o pela energia do surto. Por outro lado, se
uso desses componentes em circuitos que houvesse apenas o centelhador na linha, a
trabalham com alta frequência, embora seja sua elevada tensão de disparo em rampa
recomendável fazer uma análise de cada rápida poderia danificar o equipamento.
caso. Nessa configuração, o diodo protege o
equipamento, e o centelhador protege o
Uma característica muito positiva do diodo diodo.
é que a sua atuação não é sensível à taxa de
crescimento da tensão aplicada. Além disso, No exemplo considerado, a tensão de
os principais parâmetros do diodo podem operação do diodo é maior do que a
ser determinados a partir do projeto do tensão de disparo em corrente contínua
componente. É que o diodo pode ser projetado do centelhador. No entanto, nem sempre
de forma customizada para determinada essa condição pode ser satisfeita, pois os
aplicação. Essas características, aliadas à centelhadores a gás apresentam um limite
sua baixa capacitância, tornam o diodo um inferior para a sua tensão de disparo,
componente adequado para a proteção de que é inerente à tecnologia. Nesse caso, é
circuitos eletrônicos. necessário introduzir um componente em
série com a linha, entre o centelhador e o
7.2.4 - DPS HÍBRIDO OU COMBINADO diodo, para a garantir a coordenação entre
esses componentes.
Para linhas de comunicação onde trafegam
sinais de alta frequência, um diodo Essa situação é mostrada na Figura 7.8(B),
adequadamente selecionado pode ser a em que um resistor foi inserido no circuito.
melhor opção. No entanto, a instalação de A condição de coordenação é VD + R × ID >

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 183
1,2 VCC, em que R é a resistência do resistor 7.2.5 - OUTRAS TECNOLOGIAS
e ID é a corrente nominal do diodo. Essa DE COMPONENTES DE PROTEÇÃO
condição garante que o centelhador vai
atuar quando a corrente drenada pelo diodo A seção anterior descreveu as principais
atingir o seu valor nominal. tecnologias de componentes de proteção.
Ao utilizar um resistor para a coordenação No entanto, existem outras tecnologias,
entre dois componentes de proteção, é variantes das tecnologias apresentadas na
inevitável haver uma perda de sinal (perda seção anterior. Uma análise abrangente
de inserção). Dessa forma, as características dessas tecnologias foge ao escopo deste
dos componentes devem ser escolhidas para capítulo, mas vão ser brevemente descritas.
minimizar o valor da resistência necessária. Para ilustrar as mais utilizadas:
Por exemplo: um resistor de 20 Ω em série
com uma linha ADSL causa uma perda de Centelhador a ar com disparo
inserção de 0,35 dB. forçado: Trata-se de um centelhador
com gap de ar (spark-gap) cujo disparo
Quando a capacitância paralela do diodo é provocado por um circuito dedicado
representar um problema maior de perda por que produz uma pequena centelha que
inserção, uma solução bastante praticada é ioniza o gap principal. O objetivo dessa
inserir o diodo em uma ponte retificadora. tecnologia é associar a capacidade de
A capacitância resultante será a da ponte, corrente do centelhador a ar com uma
que é bem menor do que a capacitância do tensão de disparo mais precisa. Esse
diodo. Já existe disponível diodo e ponte componente é utilizado em DPS Classe
retificadora juntos, montados no mesmo I, conforme será visto na Seção 7.4.
encapsulamento.

VD > 1,2 VCC

A V CC VD

Centelhador Diodo

VD + R ID > 1,2 VCC


R

B V CC VD

Centelhador Diodo

Figura 7.8 - Exemplo de coordenação entre centelhador a gás e diodo, formando um DPS híbrido

184 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Centelhadores a gás combinados: Arranjo de diodos (diode array): É
É a montagem em série de diversos uma associação de diodos criada para
centelhadores a gás, com capacitores maximizar o desempenho do conjunto.
ou varistores em paralelo. Os Um arranjo usual consiste na montagem
componentes em paralelo controlam de um diodo de proteção em uma ponte
a distribuição da tensão em cada formada por diodos retificadores. A
centelhador, possibilitando o controle principal vantagem desse arranjo é a
da tensão de disparo do conjunto. redução da capacitância apresentada
pelo conjunto, a qual é relevante para
A principal vantagem desse arranjo aplicações em circuitos com sinais de
é associar a elevada capacidade de banda larga.
corrente do centelhador a gás com uma
elevada capacidade de interromper a
corrente subsequente ao surto, por Circuito integrado de proteção: Esse
meio da soma das tensões de arco dos circuito foi projetado para atuar como
diversos centelhadores. componente de proteção. Usualmente
contém tiristores e diodos no mesmo
Varistor com desconector térmico: encapsulamento. A atuação dos
É a incorporação de um desconector componentes é customizada para
térmico ao corpo de um varistor, de cada tipo de aplicação. Normalmente
três pinos. A vantagem é obtida pela esses componentes são utilizados em
proximidade do desconector com o placas de circuito impresso para dar
varistor, o que garante uma atuação uma proteção fina aos equipamentos
precisa do desconector térmico. eletrônicos.

Transição de linha
aérea para subterrânea
Junto do Limite entre área
equipamento externa e interna

Figura 7.9 - Instalação de DPS nos limites entre áreas de exposição e junto de equipamento sensível

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 185
7.3 - PRINCIPAIS PARÂMETROS DE UM DPS Para DPS do tipo comutador de tensão,
Up é igual ao maior valor entre:
7.3.1 - CLASSES DE DPS
Valor de pico da tensão residual obtida
Um DPS especificado para suportar uma quando o DPS drena uma corrente com
parcela da corrente de uma descarga valor de pico igual a In e forma de onda
atmosférica é classificado como Classe I. O 8/20 μs;
DPS Classe I é normalmente utilizado na
entrada de edificações expostas às descargas Valor de pico obtido quando é aplicado
atmosféricas diretas e ele deve ser capaz de no DPS um impulso de tensão com onda
conduzir uma corrente impulsiva (Iimp ) com 1,2/50 μs e 6 kV de pico (tensão de
forma de onda 10/350 μs. Conforme a IEC circuito aberto do gerador).
61643-11 [3], o nível de proteção Up de um
DPS Classe I é determinado da seguinte A Classe III de DPS é normalmente utilizada
forma:
no interior de edificações, imediatamente a
montante do equipamento a ser protegido.
Para DPS do tipo limitador de tensão,
Up é igual ao valor de pico da tensão Essa classe de DPS é especificada de acordo
residual obtida quando o DPS drena com o surto fornecido por um Gerador de
uma corrente com valor de pico igual a Onda Combinada. Esse gerador apresenta
Iimp e forma de onda 8/20 μs; tensão de circuito aberto e corrente de curto-
circuito com formas de onda 1,2/50 μs e
Para DPS do tipo comutador de tensão, 8/20 μs e uma impedância de 2 Ω. Conforme
Up é igual ao maior valor entre: a IEC 61643-11 [3], a tensão de proteção Up
de um DPS Classe III é igual à máxima tensão
Valor de pico da tensão residual obtida
quando o DPS drena uma corrente com obtida quando o DPS é submetido a uma
valor de pico igual a Iimp e forma de onda descarga do gerador de onda combinada.
8/20 μs;
Alguns fabricantes produzem DPS que podem
Valor de pico obtido quando é aplicado
no DPS um impulso de tensão com onda
ser classificados tanto como Classe I quanto
1,2/50 μs e 6 kV de pico (tensão de como Classe II, com os respectivos valores de
circuito aberto do gerador). Iimp e In. Esses DPS costumam ser designados
por Classe I/II.
Um DPS especificado para suportar
apenas correntes induzidas por descargas A Figura 7.10 mostra as formas de onda
atmosféricas é classificado como Classe II. 8/20 μs e 10/350 μs na mesma escala de
O DPS Classe II é normalmente utilizado
tempo para ilustrar a maior duração da
na entrada de edificações que não estão
última. A Figura 7.11 mostra as formas
expostas às descargas atmosféricas diretas
(no SPDA da edificação ou nas linhas que de onda da tensão de circuito aberto e da
atendem à edificação) e em quadros internos corrente de curto-circuito do Gerador de
das edificações em geral. De acordo com a Onda Combinada.
IEC 61643-11 [3], o nível de proteção Up de
um DPS Classe II é determinado da seguinte Como foi visto no Capítulo 6, a NBR 5419
forma: sugere que seja feito um estudo específico
para calcular os valores das correntes que
Para DPS do tipo limitador de tensão,
devem ser especificados para cada classe
Up é igual ao valor de pico da tensão
de DPS em função de sua aplicação. Na
residual obtida quando o DPS drena
uma corrente com o valor de pico igual impossibilidade de fazer esse estudo, a norma
a In e forma de onda 8/20 μs; sugere os valores conservativos mostrados
nas Tabelas 6.4 e 6.5 do Capítulo 6.

186 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


12
Onda 8/20 µs
Onda 10/350 µs

10

8
Corrente

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (µs)
Figura 7.10 - Ondas de corrente para ensaio de DPS Classe I (10/350 µs) e Classe II (8/20 µs)

12
Onda de corrente 8/20 µs
Onda de tensão 1,2/50 µs

10

8
Corrente ou tensão

0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Tempo (µs)
Figura 7.11 - Ondas de corrente (8/20 µs) e de tensão (1,2/50 µs) para ensaio de DPS Classe III

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 187
7.3.2 - TENSÃO MÁXIMA DE com a terra, a tensão nas fases sãs pode
OPERAÇÃO CONTÍNUA (UC) atingir valores iguais à tensão fase-fase.
Nesses casos, a máxima tensão de operação
7.3.2.1 - LINHAS DE ENERGIA ELÉTRICA contínua do DPS deve ser maior ou igual à
tensão fase-fase da linha, mesmo que o DPS
O DPS não deve atuar com a tensão de esteja instalado entre fase e neutro.
operação da linha onde ele está instalado. O valor
da tensão de operação de uma linha pode variar. De acordo com a NBR 5410 [4], a máxima
Por exemplo: nas linhas de energia é permitida tensão de operação contínua (Uc ) deve ser
a operação da rede com 6% de sobretensão
maior ou igual aos valores indicados na
permanente. Portanto, deve ser considerada uma
Tabela 7.1. O valor de Uc depende do esquema
margem de segurança para especificar a tensão
máxima de operação contínua do DPS. de aterramento e dos cabos onde o DPS está
Como foi visto no Capítulo 4, em redes com instalado. U é o valor da tensão entre fases e
o neutro isolado ou aterrado via impedância, U0 o valor da tensão fase-neutro.
durante a ocorrência de contato de uma fase

TABELA 7.1 (ADAPTADA DE [4])


Valor mínimo da tensão UC do DPS em função do esquema de aterramento

ESQUEMAS DE ATERRAMENTO
DPS CONECTADO ENTRE
TT TN-C TN-S IT COM NEUTRO IT SEM NEUTRO

Fase e Neutro 1,1 U0 - 1,1 U0 1,1 U0 -

Fase e PE 1,1 U0 - 1,1 U0 √3 U0 U

Fase e PEN - 1,1 U0 - - -

Neutro e PE U0 - U0 U0 -

Além das tensões máximas de operação


indicadas na Tabela 7.1, os DPS também A IEC 61643-11 requer que o DPS suporte a
podem ser submetidos a sobretensões sobretensão temporária decorrente da falha
temporárias (U t ) que podem ocorrer no na rede de baixa-tensão do consumidor. Por
sistema, devido a falhas na rede elétrica. outro lado, para as outras falhas mostradas
A Tabela 7.2, adaptada da IEC 61643-11 na Tabela 7.2, a norma admite que o DPS
[3], indica os máximos valores e a duração suporte a sobretensão temporária ou falhe
de Ut em função do tipo de sistema elétrico, de forma segura.
considerando uma regulação de 10% da
tensão nominal. Visando mitigar os problemas relacionados
com as sobretensões temporárias, é
Nos esquemas TN-C e TN-S, os maiores recomendável que os DPS apresentem tensão
valores ocorrem nos casos de rompimento de operação contínua (UC) igual ou superior
do neutro e podem atingir o valor da à tensão fase-fase da rede elétrica, mesmo se
tensão fase-fase acrescido de 10% devido instalados entre fase e terra. Um erro comum
à regulação da rede. Já nos sistemas TT e na especificação de DPS é escolher uma
IT, os maiores valores são devidos a faltas tensão de proteção baixa sem necessidade,
na rede de média ou alta-tensão, em que a com a correspondente redução da tensão
circulação de corrente de curto-circuito pelo máxima de operação contínua. Com isso, a
sistema de aterramento do transformador margem de segurança entre a tensão máxima
pode levar a uma sobretensão temporária de operação contínua e a tensão de operação
de 1200 V, que é adicionada à tensão de da linha fica comprometida, podendo levar
serviço. à atuação indevida do DPS. Nesses casos,

188 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


um DPS mal-especificado passa a ser um corresponde à tensão de campainha somada
ofensor para o sistema elétrico que ele à tensão contínua do serviço analógico de voz.
deveria proteger. Portanto, um DPS para uma linha do STFC
deve ter uma tensão de serviço contínuo (UC)
7.3.2.2 - LINHAS DE TELECOMUNICAÇÕES acima de 200 V. No caso de um centelhador
a gás instalado junto do equipamento de
Para os casos de DPS instalados em linhas comutação, recomenda-se que sua tensão de
de telecomunicações, a sua máxima tensão de disparo em corrente-contínua seja igual ou
operação contínua também deve ser superior à maior que 250 V. Esse valor se justifica porque
máxima tensão de serviço esperada na linha. um lote de centelhador a gás normalmente
Por exemplo: uma linha do Sistema Telefônico apresenta uma variação de 20% em torno do
Fixo Comutado (STFC) normalmente opera seu valor nominal.
com tensões até 180 V de pico. Essa tensão

TABELA 7.2 (ADAPTADA DE [4])


Sobretensões temporárias esperadas em DPS instalados em rede de baixa-tensão (BT)

Falha na rede BT da
Falha na rede BT do Faltas na rede de média/
concessionária ou perda
Configuração consumidor alta-tensão
de neutro
(duração: 5 s) (duração: 0,2 s)
(duração: 120 min.)
L-PEN
TN 1,45 U0 1,1 U -
L-N

L-PE 1,1 U 1,45 U0 1200 + 1,1 U0

TT L-N 1,45 U0 1,1 U -

N-PE - - 1200

L-PE - - 1200 + 1,1 U0

IT L-N 1,45 U0 1,1 U -

N-PE - - 1200 + 1,1 U0

Uma linha de telecomunicações que tenha


serviço ADSL compartilha o meio físico Quanto menor a tensão de proteção de
com o STFC. Então a tensão máxima de um DPS, melhor proteção ele oferece ao
operação contínua do DPS instalado nessa equipamento. Portanto, o valor de Up deve
linha é determinada pelas características do ser o menor possível, desde que não se
STFC. Portanto, um distribuidor-geral (DG) comprometa a margem de segurança da
que atenda a uma Digital Subscriber Line tensão máxima de operação contínua do
Access Multiplexer (DSLAM) e uma central de DPS (Uc). A tensão de proteção de um DPS
comutação deve ser protegido por DPS com comutador normalmente depende da taxa de
tensão máxima de operação contínua igual crescimento da tensão nos seus terminais.
ou maior que 250 V. Quanto maior a taxa de crescimento,
maior a tensão de proteção. Já para um
7.3.3 - TENSÃO DE PROTEÇÃO (UP) DPS limitador, a sua tensão de proteção
normalmente depende do valor da sua
Conforme mostrado na Seção 7.4, o nível corrente de descarga nominal.
de proteção efetiva do DPS (Up/f) depende
da tensão residual do DPS (U p) e das A título de exemplo, considere uma rede local
características da instalação. Por melhor que residencial composta por um conjunto de
seja a instalação considerada (em termos de equipamentos de tecnologia da informação
proteção contra surtos), o nível de proteção e comunicação (TIC), como modem, roteador,
do DPS deve sempre ser inferior ao nível de computadores, impressora e scanner. Esses
resistibilidade do equipamento (Uw). equipamentos são todos alimentados em 127

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 189
V por uma régua de força conectada a um A corrente nominal de um DPS corresponde
quadro equipado por um DPS. Supõe-se que a um valor de corrente que tem uma baixa
foram tomadas precauções na instalação probabilidade de ocorrer no seu local de
para a tensão efetiva ficar igual à tensão de instalação e é utilizada para especificar
proteção do DPS (Up/f = Up). Considerando que o DPS Classe II. Naturalmente o DPS
os equipamentos de TIC são homologados deve suportar essa corrente, sem que suas
pela Anatel, eles apresentam um nível características de proteção sejam alteradas.
de resistibilidade Uw = 4 kV para surtos A corrente nominal (I n) é definida com
aplicados da linha elétrica para a terra (modo forma de onda 8/20 μs, a qual é também
comum). Nessas condições, a instalação característica de correntes induzidas por
do DPS CLAMPER Front V 275V 20kA [6] descargas atmosféricas.
no quadro de força garante que a máxima
tensão aplicada em modo comum na linha 7.3.6 - CORRENTE MÁXIMA DE DESCARGA
elétrica é dada por Up = 1,2 kV. Essa tensão (Imax)
é bem inferior ao nível de resistibilidade dos
equipamentos (Uw = 4 kV), o que garante a A corrente máxima de descarga de um DPS
sua proteção. A tensão máxima de operação corresponde a um valor de corrente que tem
contínua desse DPS é 275 V. Essa condição uma baixíssima probabilidade de ocorrer no
fornece uma boa margem de segurança em
seu local de instalação. Essa corrente tem
relação à tensão nominal da linha elétrica
forma de onda 8/20 μs e é utilizada para
(127 V).
determinar a capacidade máxima de um DPS
Classe II. Após conduzir a corrente máxima,
A NBR 5410 estabelece que a tensão de
o DPS não deve ter as suas características de
proteção do DPS deve ser compatível com
proteção significativamente alteradas.
a Categoria II de suportabilidade indicada
no Anexo A. Por exemplo: para sistema
trifásico com tensão 127/220 V, a tensão 7.3.7 - CORRENTE SUBSEQUENTE QUE
de proteção do DPS não deve ser superior a O DPS É CAPAZ DE INTERROMPER (Ifi)
1,5 kV. Dessa forma, verifica-se que o DPS SEM OPERAR O DESLIGADOR
CLAMPER Front V 275V 20kA também
atende à recomendação da NBR 5410. O DPS deve ser capaz de interromper a
corrente subsequente ao surto para restaurar
O Anexo A apresenta os valores de tensão as condições normais de funcionamento
suportáveis de equipamentos (Uw), de acordo do circuito. A corrente máxima que o DPS
com a NBR 5410 [4], enquanto no Anexo B consegue interromper é designada por IFI,
são apresentados os valores especificados que depende das características do circuito
pela Anatel para a certificação compulsória considerado (tensão de serviço). Os DPS
de equipamentos de telecomunicações [5]. tipo comutador de tensão, por exemplo,
centelhadores e spark-gaps, normalmente
7.3.4 - CORRENTE IMPULSIVA (Iimp) têm capacidade limitada de interromper
correntes subsequentes.
A corrente impulsiva de um DPS corresponde
a um valor de corrente que tem uma baixa 7.3.8 - SUPORTABILIDADE AO
probabilidade de ocorrer no seu local de CURTO-CIRCUITO (Isccr)
instalação e é utilizada para especificar o DPS
Classe I. Naturalmente o DPS deve suportar Um DPS para proteção de linhas de energia
essa corrente, sem que suas características deve ser capaz de interromper correntes
de proteção sejam alteradas. A corrente de valor igual ou superior ao da corrente de
curto-circuito presumida no ponto onde ele
impulsiva (Iimp) é definida com forma de onda
está instalado. Será necessário associar um
10/350 μs, que visa reproduzir os estresses
dispositivo de proteção contra sobrecorrente
decorrentes da condução de uma parcela da ao DPS, compatível com a corrente de curto-
corrente de uma descarga atmosférica direta. circuito presumida no ponto de instalação
do DPS, caso a corrente de curto-circuito
7.3.5 - CORRENTE NOMINAL (In) presumida no ponto de instalação do DPS
for superior à capacidade de interrupção do

190 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


dispositivo. Além disso, o DPS deve dispor exclusivo, se o DPS apresentar problemas e o
de sistema que indique se ele está em boas dispositivo de proteção contra sobrecorrente
condições de operação ou se está em condição atuar, o DPS será desconectado. Nesse
de falha e deve ser substituído. O elemento caso, o sistema continua funcionando
de proteção contra sobrecorrente pode ser normalmente, mas sem a proteção contra
exclusivo do DPS ou ser compartilhado com surtos. Somente quando for detectado que o
o restante do sistema, conforme mostrado DPS está desconectado e ele for substituído
na Figura 7.12. é que o sistema vai voltar a ser protegido
No caso de DPS com protetor de sobrecorrente contra surtos.

DPS com protetor de DPS com protetor de


sobrecorrente exclusivo sobrecorrente compartilhado

P
SC

P
SC

DPS
DPS

Figura 7.12 - DPS com protetor de sobrecorrente exclusivo e com protetor de sobrecorrente compartilhado

No caso de DPS com protetor de atingir um equipamento ou instalação e a


sobrecorrente compartilhado, se o DPS intensidade estimada do surto for superior
apresentar problemas, o dispositivo de ao valor suportável pelo equipamento ou
proteção contra sobrecorrente vai atuar e o pela instalação.
sistema será desligado. Somente quando o 7.4.1 - ONDE INSTALAR UM DPS
DPS for substituído, o sistema vai poder ser
religado. Nesse caso, o sistema não fica sem Os DPS devem ser instalados nos limites
a proteção contra surtos, mas fica desligado dos ambientes, por exemplo, entre a área
externa e a interna de uma edificação e
até que a manutenção seja realizada. na transição entre uma linha aérea e uma
subterrânea. Pode também ser necessário
7.4 - INSTALAÇÃO DE DPS instalar DPS nas entradas de equipamentos
sensíveis. A Figura 7.13 mostra a instalação
Um DPS deve ser instalado sempre de DPS nas transições de áreas de exposição
que existir a possibilidade de um surto e junto de equipamentos.

Transição de linha
aérea para subterrânea
Junto do Limite entre área
equipamento externa e interna
Figura 7.13
Instalação
de DPS nos
limites entre
áreas de
exposição
e junto de
equipamento
sensível

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 191
O grau de exposição do local onde será 7.4.2.1 - COMPRIMENTO DOS
instalado o DPS define a sua capacidade de CABOS DE CONEXÃO
corrente: quanto maior o grau de exposição,
maior deve ser a capacidade de condução de
Um fator muito importante em uma
corrente. A Figura 7.14 ilustra a instalação
instalação é o comprimento dos cabos
coordenada de DPS em uma linha de
energia que alimenta uma edificação. Um utilizados para a conexão do DPS. Cada
DPS Classe I tem uma suportabilidade de cabo tem indutância própria. Quando ele
corrente superior ao DPS Classe II, que tem é percorrido por uma corrente impulsiva,
capacidade superior ao DPS Classe III. Essas dá origem a uma tensão indutiva que pode
classes são definidas na Seção 7.3. atingir valores significativos. A Figura
7.15 ilustra a situação em que a tensão
7.4.2 - COMO INSTALAR UM DPS desenvolvida nos cabos (ΔU1 e ΔU2) também
é aplicada ao equipamento a ser protegido.
A forma de instalação do DPS pode resultar A tensão resultante (U p/f ) é de proteção
em tensões a jusante do DPS que são efetiva do DPS e pode ultrapassar o nível de
significativamente maiores do que a tensão resistibilidade do equipamento (Uw ).
de proteção do DPS (Up ). Essas tensões são
aplicadas ao equipamento a ser protegido
Se o DPS for do tipo limitador (varistor), a
e podem danificá-lo, mesmo que o nível de
tensão resultante Up/f pode ser calculada
resistibilidade do equipamento (Uw ) seja
superior ao da UP. As principais causas de forma conservativa por Up/f = ΔU + Up.
dessas sobretensões são: (i) comprimento Como os valores de pico da tensão indutiva
dos cabos de conexão; (ii) laço a jusante ΔU e de Up ocorrem em instantes um pouco
do DPS; e (iii) reflexão de onda. Os itens a diferentes, somar esses valores de pico
seguir descrevem técnicas de instalação para implica uma margem de segurança.
mitigar essas sobretensões.

1 - DPS Classe I - instalado no QDG


2 - DPS Classe II - instalado no QDC
3 - DPS Classe III - junto do equipamento

3 2
DPS

DPS
DPS

Figura 7.14 - Exemplo de instalação de DPS. As Classes de DPS são descritas na Seção 7.3

192 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Queda de tensão indutiva

I
Se o DPS for do tipo limitador, o nível
de proteção efetivo (UP/F) é dado por:
Equipamento
∆U 1 = L 1di/dt L1
UP/F = ∆U1 + ∆U2 + UP

UP DPS UP/F

Se o DPS for do tipo comutador, o nível


∆U 2 = L 2di/dt L2 de proteção efetivo (UP/F) é dado pelo
maior valor entre UP e (∆U1 + ∆U2)

Figura 7.15 - Instalação ruim: a tensão indutiva ΔU é aplicada ao equipamento

7.4.2.2 - LAÇO A JUSANTE DO DPS


UP/F = UP
A existência de um laço formado pelos cabos a
I jusante do DPS também pode adicionar uma
sobretensão à tensão residual do DPS. A Figura
7.17(A) ilustra a situação em que a corrente
∆U 1
de uma descarga atmosférica que flui por um
condutor de descida induz uma tensão U1 no
laço formado a jusante do DPS. Esse tipo de
DPS

UP/F sobretensão é facilmente controlado ao reduzir


a área do laço. Para isso, basta aproximar
os condutores que vão até o equipamento,
conforme ilustrado na Figura 7.17(B). Caso
seja viável, recomenda-se que os cabos que vão
Figura 7.16 - Instalação boa: a tensão indutiva ΔU não é aplicada do DPS até o equipamento sejam trançados.
ao equipamento
Os Capítulos 3 e 5 apresentam diversas
possibilidades para reduzir a exposição de
Se o DPS for do tipo comutador (centelhador um laço às tensões induzidas por descargas
a gás), o valor de pico de ΔU ocorre depois que o atmosféricas.
DPS atua, enquanto o valor de pico de Up ocorre
antes da atuação do DPS. Portanto, a tensão 7.4.2.3 - REFLEXÃO DE ONDA
de proteção do DPS é determinada pelo maior
valor entre ΔU e Up. Se o comprimento dos cabos entre o DPS e o
equipamento for longo o suficiente para que os
O valor de pico da tensão indutiva ΔU depende cabos se comportem como linha (ver Capítulo
da taxa de variação da corrente que percorre 3), a onda de tensão se propaga pelos cabos
os cabos de conexão do DPS. Essa taxa pode e reflete nos terminais do equipamento. O
ser muito diferente da taxa de variação da resultado é uma tensão oscilatória na porta
corrente da descarga atmosférica. Quando do equipamento. O valor de pico dessa tensão
não houver dados para calcular o valor pode atingir o dobro do nível de proteção do
DPS (2 × Up/f ).
esperado da tensão indutiva, a NBR 5419-4
[1] sugere utilizar o valor de 1 kV/m.
A Figura 7.18 ilustra a sobretensão resultante
da reflexão de onda na porta do equipamento.
A tensão indutiva ΔU pode ser significativamente Embora essa reflexão dependa da impedância
reduzida pela forma de instalação mostrada apresentada pela porta do equipamento (ver
na Figura 7.15. Observe-se que, nessa forma Capítulo 3) e da existência de derivações no
de instalação, a tensão indutiva não é mais circuito considerado, a NBR 5419 fornece um
aplicada a jusante do DPS. critério conservativo para considerar essas
sobretensões.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 193
A Tensão induzida no laço formado pela
I fiação entre o DPS e o equipamento

Equipamento
DPS

H
U1

Figura 7.17 - (A) Instalação ruim: laço grande

B Redução da tensão induzida


I pela redução da área do laço

Equipamento

U1
DPS

Figura 7.17 - (B) Instalação boa: laço pequeno

De acordo com esse critério, se o comprimento de proteção efetiva do DPS (Up/f ). Esse caso se
dos cabos é desprezível, a máxima tensão aplica a DPS instalados no circuito de entrada
esperada na porta do equipamento é a tensão do próprio equipamento. Para DPS instalados

194 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


até 10 metros do equipamento, a máxima 7.4.3 - ESQUEMAS DE INSTALAÇÃO DE DPS
tensão aplicada ao equipamento é 1,25
× Up/f . Já para DPS distantes mais de 10 Os DPS devem ser instalados em todos os
metros do equipamento, considera-se que cabos e serviços metálicos que não são
ocorre uma reflexão completa e a máxima diretamente aterrados nos limites entre
tensão aplicada ao equipamento é 2 × ZPR, incluindo a entrada da edificação (limite
Up/f.. O quadro da Figura 7.18 mostra a entre ZPR 0 e ZPR 1). Esse princípio vale
aplicação desse critério na seleção da para fases, neutro, cabos de telecomunicação
tensão de proteção efetiva do DPS, em que e blindagens de cabos. As Figuras 7.19 a
se observa que a tensão induzida no laço 7.21 mostram as situações mais usuais.
(U1 ) é considerada apenas para circuitos
O DPS instalado entre neutro e PE na
com comprimento superior a 10 metros.
Figura 7.20(B) deve ter capacidade para
Nota-se que Uw é o nível de resistibilidade drenar a corrente de surto total, somadas
do equipamento. as capacidades dos DPS instalados nas
fases.

Sobretensão causada pela reflexão de onda


na porta do equipamento a ser protegido

UP/F Equipamento
DPS

UP/F ≤ UW se d = 0 m
UP/F ≤ 0,8 UW se d < 10 m
UP/F ≤ (UW - UI) / 2 se d > 10 m

Figura 7.18 - Sobretensão na entrada do equipamento a ser protegido devido à reflexão de onda

A linha de baixa-tensão que alimenta A linha de baixa-tensão que alimenta


a edificação não tem neutro a edificação tem neutro aterrado

R R
S S
T T
DPS

DPS

DPS

DPS

DPS

DPS

PE PEN PE

Figura 7.19 - Esquemas de ligação dos DPS em linha elétrica sem neutro e com neutro aterrado

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 195
A linha de baixa-tensão que alimenta a edificação
tem neutro, mas ele não está aterrado

R R
S S
T T

DPS

DPS

DPS
N
DPS

DPS

DPS

DPS
N

DPS
A B

Figura 7.20 - Esquema de ligação dos DPS em linha elétrica com neutro não aterrado

A blindagem do cabo A blindagem do cabo


é diretamente aterrada é aterrada via DPS
DPS

DPS

DPS

DPS

DPS

DPS

DPS

Figura 7.21 - Esquemas de ligação dos DPS em linha de telecomunicações

7.5 - DPS MULTIPROTEÇÃO


A Figura 7.22 mostra um DPSM que protege
DPS Multiproteção (DPSM) é um DPS especial conexões para:
de Classe III que tem por função proteger (I) iCLAMPER Energia 8 para proteção da
simultaneamente mais de uma porta de um porta de energia em corrente alternada
equipamento. Esse tipo de DPS é designado (tomadas padronizadas);
pela ITU-T como Multiservice Surge Protective (II) iCLAMPER Cabo para proteção da porta
para sinal de antena externa de TV por
Device (MSPD). Um exemplo de DPSM é o
assinatura (conector tipo F);
modelo utilizado para a proteção de modems
(III) iCLAMPER Tel para proteção da porta
ADSL. Ele protege a porta de alimentação
para sinal de linha de telecomunicações,
elétrica em corrente alternada (plugue de como STFC ou xDSL (conector RJ-11);
força padrão) e a porta ADSL (conector (IV) iCLAMPER Ethernet CAT5e para
RJ-11). Em alguns casos, o DPSM protege proteção da porta de sinal de linha ethernet
também a porta Ethernet (conector RJ-45). (via cabo metálico, com conector RJ45).
A principal função de um DPSM é propiciar
uma proteção contra surtos aplicados entre O DPSM limita os surtos entre as diversas
diferentes portas do mesmo equipamento. portas, evitando que eles sejam aplicados no
Esse tipo de DPS pode ou não ter uma equipamento terminal (computador, modem,
conexão de aterramento. televisor, etc.) e os danifiquem.

196 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Visando ilustrar o funcionamento de um linhas. Para isso, é necessário um DPSM (ver
DPSM, considere um computador conectado Figura 7.23.(B)), que conjuga componentes
a um modem ADSL, conforme mostrado na de proteção em cada linha e um componente
Figura 7.23. Como as linhas de força e de de proteção entre as duas linhas. Observe
sinais correm por trajetos distintos na planta que o DPSM fornece uma proteção efetiva
externa e ainda formam um laço no interior aos equipamentos, mesmo se não houver
da edificação, é de se esperar a indução uma conexão de aterramento disponível. As
de sobretensões entre essas duas linhas. tomadas de força do computador e de outros
Conforme mostrado na Figura 7.23(A), a periféricos também devem estar protegidas
instalação de dois DPS tradicionais (na linha pelo DPSM. O esquema típico de um DPSM é
elétrica e na linha de sinais) não é capaz mostrado na Figura 7.24.
de mitigar a tensão induzida entre as duas

Figura 7.22
Exemplo
de DPSM
CLAMPER

Rede de
telecomunicações
A

Fase
DPS

DPS

Rede elétrica Rede de


telecomunicações
Neutro

B
DPS

DPS

Laço

DPS

Figura 7.23 - Arranjo para proteção de equipamento eletrônico que é ligado simultaneamente nas redes de energia elétrica
e de telecomunicações

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 197
PTC1
F ou N L1
+0
F1

EP1 EP3 EP2

A B

F2
Figura 7.24
N ou F L2 DPS Multiproteção
(DPSM) para
+0
proteção de
PTC2
equipamentos ligados
simultaneamente nas
redes de energia e de
F e N - Pontos de conexão da rede de energia elétrica (fase e neutro) telecomunicações
L1 e L2 - Pontos de conexão da linha de sinal ou de comunicação de Ponto de conexão A-B: ligação
dados, via par metálico entre linha de dados e linha de energia
EP1 - Varistores de óxido de zinco desacoplada via centelhador a gás
EP2 - Centelhador tripolar a gás
EP3 - Centelhador bipolar a gás Para linha de dados ou sinal de TV em
F1 e F2 - Fusíveis térmicos cabo coaxial, os fusíveis regenerativos
PTC1 e PTC2 - Fusíveis regeneráveis PTC1 e PTC2 não são utilizados

7.6 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO


Corrente subsequente máxima (Ifi);
As seguintes conclusões podem ser formuladas
com base no exposto ao longo deste capítulo: Suportabilidade ao curto-circuito (Isccr).

O Dispositivo de Proteção contra Surtos Caso o DPS instalado em rede de energia


(DPS) é um produto composto por um elétrica não tenha proteção contra
ou mais componentes não lineares sobrecorrente, deve ser instalado um
comutados por tensão e protegidos contra disjuntor ou um fusível a montante do
sobreaquecimento, podendo também DPS para proteger contra sobrecorrente
incluir proteção contra sobrecorrente, e garantir que o curto-circuito resultante
sistema de fixação, terminais para conexão de uma eventual falha do DPS seja
na rede e capacidade de indicar sua falha.
devidamente eliminado;
É muito importante que o DPS atenda aos
requisitos das normas aplicáveis, visando
garantir que ele exerça a sua função A forma de instalação do DPS é tão
de proteção, assim como evite que ele importante quanto o dispositivo em
apresente risco às instalações do usuário; si, pois características da instalação
podem elevar significativamente sua
A correta especificação do DPS depende do tensão de proteção efetiva do DPS (Up/f).
nível de suportabilidade do equipamento a Conexões curtas que evitem a formação
ser protegido (Uw) e envolve os seguintes de laços são fundamentais para garantir
parâmetros: uma proteção adequada. A instalação
coordenada de DPS é uma medida
Tensão máxima de operação contínua eficaz para a proteção dos equipamentos
(Uc); elétricos e eletrônicos, assim como das
instalações elétricas dos usuários;
Tensão de proteção (Up);

Corrente impulsiva (Iimp), para DPS Os DPS protegem tanto contra surtos
Classe I; originados por descargas atmosféricas
quanto contra surtos originados por outras
Corrente nominal (In), para DPS Classe fontes (manobras no sistema elétrico).
II;

198 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


ANEXO A
Tensões suportáveis de equipamentos de acordo com a NBR 5410

TENSÕES IMPULSIVAS SUPORTÁVEIS PELOS EQUIPAMENTOS E COMPONENTES DA EDIFICAÇÃO

TENSÃO NOMINAL DA INSTALAÇÃO (V) TENSÃO SUPORTÁVEL (Uw) REQUERIDA (kV)

CATEGORIA DE PRODUTO

Produto a ser
Sistemas Produto a ser utilizado em
Produtos
Sistemas trifásicos monofásicos com utilizado na circuitos de Equipamentos de
especialmente
neutro entrada da distribuição utilização (2)
e circuitos protegidos (1)
instalação (4)
terminais (3)

CATEGORIA DE SUPORTABILIDADE A IMPULSOS

IV III II I

115-230
120/208
120-240 4 2,5 1,5 0,8
127/220
127-254
220/380
230/400 - 6 4 2,5 1,5
277/480

400/690 - 8 6 4 2,5

Para componentes associados a linhas de sinal utilizados na entrada da instalação (categoria IV de suportabilidade), a tensão de
impulso suportável mínima é de 1500 V (ver IEC 61663-2)

(1) Produtos a serem conectados à instalação elétrica fixa da edificação, mas providos de alguma proteção específica situada na
instalação fixa ou entre ela e o equipamento;
(2)Também a serem conectados à instalação elétrica fixa da edificação (aparelhos eletrodomésticos, eletroprofissionais, ferramentas
portáteis e cargas análogas);
(3) Componentes da instalação fixa propriamente dita (quadros, disjuntores, condutores, barramentos, interruptores e tomadas) e
outros equipamentos de uso industrial (motores, por exemplo);
(4) Produtos utilizados na entrada da instalação ou nas proximidades, a montante do quadro de distribuição principal (medidores,
dispositivos gerais de seccionamento e proteção e outros itens usados tipicamente na interface da instalação elétrica com a rede
pública de distribuição).

ANEXO B
Tensões suportáveis de equipamentos de telecomunicações de acordo com a
Resolução 442/2006 da ANATEL

PORTA TENSÃO DE CIRCUITO ABERTO (kV) FORMA DE ONDA (μs)

MODO
SERVIÇO CONECTOR MODO COMUM TENSÃO CORRENTE
DIFERENCIAL

Alimentação
Plugue de força 4 2 1,2 / 50 8 / 20
elétrica CA

Linha externa de
RJ11 1,5 1,5 10 / 700 -
telecomunicações

Linha interna RJ45 1 - 1,2 / 50 -

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 199
CAPÍTULO 8

INSTALAÇÃO DE DPS EM EDIFICAÇÕES


DE PEQUENO E MÉDIO PORTE

8.1- INTRODUÇÃO A NBR 5419-2 recomenda a adoção de valores


toleráveis de riscos associados às perdas de
A decisão de instalar um sistema de proteção vida humana, de serviço ao público e de
contra descargas atmosféricas (SPDA) em uma patrimônio cultural. A norma recomenda que
edificação brasileira depende da avaliação de sejam adotadas medidas de proteção para
uma série de fatores técnicos, bem como garantir que os riscos sejam inferiores aos
da necessidade de obedecer à legislação e à valores toleráveis sugeridos na norma. No
normalização pertinentes. caso de perda de valor econômico, a norma
sugere que seja feita uma análise na relação
Vários munícipios brasileiros têm códigos e leis custo-benefício sobre a relativa instalação de
que obrigam a instalação de SPDA. Além disso, sistemas de proteção.
existem duas normas que tratam do tema. A
NBR 5419 [1 a 4], norma específica sobre o A adoção de sistemas de proteção para os
assunto que analisa o tema de forma ampla e equipamentos e sistemas internos (Medidas
aprofundada, e a NBR 5410 [5], que trata das de Proteção contra Surtos - MPS e SPDA
instalações elétricas de baixa-tensão e analisa interno), em princípio, está muito associada
a necessidade de instalação de DPS nas redes à perda de valores econômicos e à perda
de energia e de telecomunicações. de serviço ao público. Por exemplo: uma
estação radiobase de telefonia celular que
A NBR 5410 recomenda a instalação de deixa de funcionar devido a uma descarga
DPS em toda linha de telecomunicações atmosférica implica perda de valor econômico
que adentre uma edificação. De forma geral, e de serviço ao público, que deixa de contar
para linhas de energia, a norma recomenda com o acesso à rede celular. Entretanto, é
a instalação de DPS nos casos de edificações importante observar que as MPS e o SPDA
que são alimentadas por redes aéreas e interno também estão associados à perda
estejam em regiões com nível ceráunico de vida humana. Afinal medidas como
- número de dias de trovoadas - acima de a equalização de potenciais, adoção de
25 por ano. No Brasil é rara a existência de distâncias de isolamento, instalação de DPS,
redes de energia subterrâneas. As poucas uso de interfaces de isolamento e utilização
existentes geralmente ficam nas áreas de malhas equalizadas minimizam as chances
centrais das metrópoles. Também são raras de choques em pessoas no interior e nas
as regiões no país com nível ceráunico abaixo imediações da edificação.
de 25 dias de trovoada por ano. Isso implica
que praticamente toda edificação necessite Como visto no Capítulo 2, a análise de riscos
de DPS instalados nas redes de energia e associados à proteção de equipamentos
telecomunicações para atender à NBR 5410. elétricos e eletrônicos passa por uma avaliação
Além da instalação de DPS, a norma trata do da pertinência de aplicação de todas as MPS.
aterramento, da equalização de potenciais e Nos exemplos apresentados no Capítulo 2, as
da utilização do condutor de proteção (PE), vantagens de adoção das MPS são avaliadas
o que acaba gerando uma interseção com em relação ao período esperado para a
as técnicas de proteção recomendadas na ocorrência de danos à instalação.
NBR 5419.

200 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Fica claro nos casos analisados no Capítulo exemplos uma casa antiga com instalação
2 que não instalar DPS implica riscos elétrica que não atende às recomendações
elevados de danos em pouco tempo. Fica das normas e uma casa moderna, que utiliza
também claro que a escolha da classe de o esquema TN-S recomendado nas normas.
DPS, que está associada ao nível de proteção É também apresentado o arranjo de proteção
escolhido, interfere bastante no período para utilizado em um prédio de 20 andares, que
a ocorrência de danos. atende às recomendações da norma atual.

Apenas a instalação de DPS é exemplificada São sugeridos valores típicos para a


neste capítulo e nos seguintes, tendo em especificação do DPS. Entretanto, para um
vista: dimensionamento otimizado, as metodologias
descritas nos capítulos anteriores devem ser
A obrigatoriedade de instalação de utilizadas.
DPS em quase todas as edificações, de
acordo com a NBR 5410; 8.2 - OS PRODUTOS CLAMPER

A facilidade de sua aplicação em Os sete primeiros capítulos deste livro


edificações existentes e nas que vão ser trazem conceitos teóricos e recomendações
construídas; de normas técnicas nacionais e
internacionais. Neste e nos próximos
Que é uma das MPS mais simples de capítulos são apresentados exemplos de
serem aplicadas; projeto e instalação de DPS em edificações
e em instalações especiais, alinhados com
Que é uma das MPS de menor custo; os conceitos apresentados nos capítulos
anteriores. Os exemplos usam produtos
Que é uma das MPS mais eficazes; desenvolvidos e comercializados pela
CLAMPER, empresa com 30 anos de
Que as demais MPS já foram analisadas experiência de campo e desenvolvimento de
em profundidade nos Capítulos 4 e 5. soluções profissionais ou residenciais.

Este capítulo detalha os arranjos utilizados A Figura 8.1 mostra como são identificados os
para a instalação de DPS em edificações de principais parâmetros de um DPS CLAMPER
pequeno e médio porte. São utilizados como para redes elétricas.

Front V
DPS Classe I / II
275 V Tensão máxima de operação contínua (UC): 275 V

12,5/60 kA Corrente máxima de descarga (Imax) - 1 aplicação (8/20 µs): 60 kA


Corrente de descarga nominal (In) - 15 a 20 aplicações (8/20 µs): 20 kA
Nível de proteção (Up): < 1,5 kV
Corrente máxima de descarga (Iimp) (10/350 µs): 12,5 kA

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 201
B

Front V DPS Classe II


275 V
Tensão máxima de operação contínua (UC): 275 V
45 kA
Corrente máxima de descarga (Imáx) - 1 aplicação (8/20 µs): 45 kA
Corrente de descarga nominal (In) - 15 a 20 aplicações (8/20 µs): 20 kA
Nível de proteção (Up): < 1,5 kV

Figura 8.1 - Identificação dos principais parâmetros de um DPS CLAMPER para redes elétricas. (A) DPS Classe I/II; (B) DPS Classe II

Os principais modelos que serão utilizados nos exemplos apresentados nos Capítulos 8 a
11 são mostrados na Figura 8.2.

CLAMPER CLAMPER CLAMPER CLAMPER


Front S Front G Front V I/II Front V II

Componente básico: Componente básico: Componente básico: Componente básico:


Centelhador (Spark gap) Centelhador a gás Varistor Varistor

Figura 8.2 - Principais modelos de DPS CLAMPER para redes elétricas que serão utilizados nos exemplos

Para a identificação dos principais 8.3 - UMA CASA


parâmetros dos DPS utilizados nas linhas de Os equipamentos elétricos e eletrônicos
telecomunicações, de comunicação de dados instalados nas residências estão sujeitos aos
e os de Multiproteção, é necessário consultar surtos elétricos que podem ser conduzidos
os catálogos [6], pois os dispositivos são ou induzidos nos condutores metálicos da
identificados por nomes genéricos, como: instalação ou condutores metálicos das linhas
que entram na edificação, conforme mostrado
na Figura 8.3. A cada dia, os eletrodomésticos
iCLAMPER Energia 8; estão ficando mais sofisticados com a
iCLAMPER Cabo; utilização de microcontroladores embarcados
e, consequentemente, mais suscetíveis às
iCLAMPER Tel; sobretensões e sobrecorrentes.
iCLAMPER Ethernet CAT5e.
De forma geral, pode-se dizer que todas as

202 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


de equalização. Na maior parte das
edificações existe apenas o condutor neutro
que é aterrado na entrada da edificação,
caracterizando um sistema TN-C (ver Capítulo
4). Apesar de não ser recomendado na norma
atual, é possível, com algumas limitações,
instalar DPS nessas edificações e melhorar a
proteção dos equipamentos eletroeletrônicos.
Mesmo sendo possível instalar DPS nas
Figura 8.3 - Sobretensão originada nas linhas de energia e de edificações sem o condutor de proteção, o
telecomunicações ideal é que a instalação elétrica seja refeita
para a atender às recomendações da norma
linhas que entram na edificação ou saem NBR 5410.
dela devem ser protegidas, conforme mostra
a Figura 8.4. Somente em edificações Considera-se uma residência sem SPDA
instaladas em regiões de baixa atividade instalado com duas possibilidades para esta
atmosférica e sem linhas externas é que se situação. A primeira é que não foi instalado
pode abrir mão da instalação de um arranjo SPDA porque a análise de riscos indicou
de proteção. Como foi dito, os critérios para uma baixa probabilidade de incidência de
cálculo de risco apresentados no Capítulo 2 descargas diretas. Nesse caso, também será
permitem uma avaliação técnica e econômica baixa a possibilidade de circulação pelo DPS
sobre a pertinência da adoção de medidas de de parcela da corrente de descarga direta e
proteção. é recomendável e suficiente a instalação de
DPS Classe II.
8.3.1 - CASA COM SISTEMA TN-C
A segunda possibilidade é que a residência
A instalação elétrica da maioria das faça parte do grande conjunto de residências
residências brasileiras não está de acordo brasileiras que não seguem as normas
com a NBR 5410, que recomenda a utilização técnicas atuais e, por isso, não têm SPDA.
do esquema de aterramento TN-S com Nessa, situação também é recomendável a
condutor de proteção (PE) e barramento instalação de DPS Classe II.

Figura 8.4 - Linhas de energia e de telecomunicações a serem protegidas

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 203
É importante lembrar que a classe do DPS
está associada à possibilidade ou não de
circulação de parcela da corrente de des­
carga pelo DPS. O DPS Classe I suporta
parcela da corrente de descarga (onda
10/350 µs) e o Classe II suporta apenas
as correntes induzidas (onda 8/20 µs). Por
outro lado, o Nível de Proteção da edificação
está associado ao valor de pico da corrente
de descarga esperada.

Para a escolha do DPS em função do Nível


de Proteção da edificação não existem
critérios normalizados. O cálculo dos riscos
associados a danos em equipamentos Front V

275 V

eletroeletrônicos, detalhado no Capítulo


45 kA

2, é válido apenas para edificações com


SPDA externo instalado. Nessa situação,
recomenda-se a utilização de DPS para
edificação com Nível de Proteção (III-IV).

Conforme a Tabela 6.4 do Capítulo 6, para


NP III-IV é recomendável a utilização de
DPS com corrente nominal (onda 8/20 µs)
de 5 kA para os DPS instalados nas redes
elétricas.
Figura 8.5 - Instalação de DPS na entrada da instalação (caixa
De acordo com a Tabela 6.5 do Capítulo de medição)
6, se a edificação for alimentada por rede
telefônica constituída de um fio drop, é localizados a mais de dez metros do QDG
recomendável a utilização de DPS com devem ser protegidos por um DPS Classe
corrente nominal (onda 8/20 µs) também III. São exemplos desses equipamentos:
de 5 kA, para os DPS instalados na linha geladeira, máquina de lavar louça, forno
telefônica. micro-ondas, dentre outros.

Os DPS para linhas de energia devem Os equipamentos eletrônicos com entradas


ser instalados entre fase e neutro, múltiplas, com linha de energia e de
preferencialmente na origem da instalação. telecomunicações, devem ser protegidos
Para isso, torna-se necessário um para cada com DPS combinados. São exemplos desses
fase. Algumas concessionárias de energia já equipamentos: televisores com entrada de
padronizaram a instalação do DPS dentro sinal conectada (por exemplo, cabo coaxial),
da caixa de medição, conforme exemplo modem via cabo (cable modem), modem
mostrado na Figura 8.5. ADSL/VDSL, telefone sem fio, dentre
outros. A equalização de potencial local
De acordo com a IEC 61643-12 [7], os feita pelo DPS é fundamental para garantir
quadros de distribuição de circuitos a proteção desses equipamentos. Esses DPS
secundários (QDC) localizados a mais de 20 combinados são também denominados DPS
metros da entrada de força ou do quadro Multiproteção (DPSM) e são descritos em
de distribuição geral (QDG) também devem detalhes no Capítulo 7.
ser equipados com DPS Classe II (ver Figura
8.6). As Tabelas 8.1 e 8.2 apresentam modelos de
DPS para utilização em redes de 220/127 V
Ainda de acordo com a IEC 61643-12 [7], os e 380/220 V.
eletrodomésticos ou equipamentos eletrônicos

204 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 8.6
Localização dos
Cabo Ethernet
DPS em rede sem
condutor PE

TABELA 8.1
Modelos indicados para aplicação em uma casa com tensão 220/127 V

LOCAL MODELO QUANTIDADE

QDG CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA 01 por fase

QDC CLAMPER Front V 275V 20kA 1


01 por fase
iCLAMPER Energia 8 e
Computador 01
iCLAMPER Ethernet
iCLAMPER Energia 3 e
TV a cabo 01
iCLAMPER Cabo
Home Theater iCLAMPER Energia 8 01
Eletrodoméstico (Geladeira, máquina de
iCLAMPER Pocket Fit 01 por eletrodoméstico
lavar louça, etc)

TABELA 8.2
Modelos indicados para aplicação em uma casa com tensão 380/220 V

LOCAL MODELO QUANTIDADE

QDG CLAMPER Front V 460V 20kA 1


01 por fase
QDC CLAMPER Front V 460V 20kA 1
01 por fase
iCLAMPER Energia 8
Computador 01
e iCLAMPER Ethernet
iCLAMPER Energia 3
TV a cabo 01
e iCLAMPER Cabo
Home Theater iCLAMPER Energia 8 01
Eletrodoméstico (Geladeira, máquina de
iCLAMPER Pocket Fit 01 por eletrodoméstico
lavar louça, etc)

NOTA 1 - O CLAMPER Front V 275V 20kA tem corrente nominal (In) de 10 kA. Apesar da indicação de corrente nominal (In) ser de 5 kA,
conforme Tabela 6.4 do Capítulo 6, o DPS com corrente nominal de 10 kA oferece a melhor relação custo-benefício do que o DPS de 5 kA

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 205
A tensão nominal do DPS varia de acordo discutidos no item anterior. A Figura 8.7
com as sobretensões temporárias a que as ilustra a instalação de DPS na origem de
edificações possam estar sujeitas. Com tensão uma instalação elétrica TN-S trifásica.
nominal de 275 V em sistemas de 220/127
V, o DPS não vai chegar a ser acionado
porque o valor da sobretensão originada no
rompimento do neutro é baixa. E para a
proteção de equipamentos que atendam aos
níveis de suportabilidade da NBR 5410 [5]
(neste caso, tensão suportável Uw = 1,5 kV),
o DPS de tensão nominal 275 V garante uma
margem de proteção adequada, pois a tensão
de proteção do DPS (Up = 1,2 kV) é inferior à
tensão suportável pelo equipamento.

Se a possibilidade de rompimento do neutro na


edificação for remota, um DPS com valor menor
de tensão nominal pode ser utilizado. Nessas Front V

275 V
Front V

275 V
Front V

275 V

condições, um DPS com Uc = 175 V poderia ser


45 kA 45 kA 45 kA

utilizado em sistemas de 220/127 V, quando


conectado entre fase e neutro ou fase e terra. O
DPS de menor tensão nominal vai apresentar
uma menor tensão residual. Entretanto, se
houver o rompimento do neutro, o DPS entra
em operação permanente, e o sistema de
proteção contra sobrecorrentes atua e retira o
DPS do circuito.

A análise anterior é importante, pois muitos


equipamentos eletroeletrônicos não atendem Figura 8.7 - Instalação de DPS na origem da instalação junto da
caixa de medição
aos valores de tensão suportável normalizados.
Eles têm o valor de tensão suportável menor do Quadros de Distribuição de Circuitos
que o especificado pelas normas aplicáveis. Os Secundários (QDC) localizados a mais de 20
valores das tensões suportáveis estão no Anexo metros da origem da instalação ou do Quadro
A do Capítulo 7. Nesses casos, os DPS de 275 de Distribuição Geral (QDG) também devem
V de tensão nominal podem não fornecer uma ser protegidos com DPS Classe II.
proteção adequada. Para que a proteção seja
efetiva, é necessário utilizar DPS de menor Os eletrodomésticos ou equipamentos
valor de tensão nominal. Entretanto, se houver eletrônicos localizados a mais de dez metros
o rompimento do neutro, os DPS podem ser do QDG também devem ser protegidos com
retirados de serviço. DPS Classe III. Esse é o caso de geladeira,
máquina de lavar louça, forno micro-ondas,
O raciocínio anterior feito para redes de dentre outros.
220/127 V vale também para as redes de
380/220 V, desde que os valores relevantes De maneira análoga ao exposto na Seção
de Uc e Uw sejam considerados. 8.3.1, os equipamentos eletrônicos com
entradas múltiplas, como linha de energia e
8.3.2 - CASA COM SISTEMA TN-S de telecomunicações, devem ser protegidos
E SEM SPDA EXTERNO por DPS combinados. São exemplos desses
equipamentos, televisores com entrada de
Os DPS devem ser instalados sinal conectada (por exemplo, cabo coaxial),
preferencialmente na origem da instalação, modem via cabo (cable modem), modem
tanto nas linhas de energia quanto nas de ADSL/VDSL, telefone sem fio, dentre outros.
telecomunicações. A escolha da classe e do A equalização de potencial local feita pelo DPS
nível de proteção deve seguir os critérios é fundamental para garantir a proteção desses

206 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


equipamentos. Esses DPS combinados são com alta densidade de descargas, o período
também denominados DPS Multiproteção esperado entre falhas é mostrado na Tabela
(DPSM) e são descritos em detalhes no 8.3.
Capítulo 7.
A Tabela 8.3 mostra que o Nível de Proteção
A Figura 8.8 ilustra a instalação de DPS num da edificação também interfere no valor do
sistema TN-S em que os modelos de DPS são
período esperado entre falhas.
mostrados nas Tabelas 8.1 e 8.2.
Devido à probabilidade significativa de
8.3.3 - CASA COM SISTEMA TN-S circular uma parcela da corrente de descarga
E SPDA EXTERNO direta pelo DPS, serão necessários DPS com
maior capacidade energética para as linhas
O Capítulo 2 demonstrou que a instalação de energia e de telecomunicações. Os DPS
de DPS em uma casa aumenta de forma devem ser Classe I e instalados na origem
significativa o período esperado entre danos. da instalação da edificação, ou seja, na
Para uma casa de um pavimento com SPDA transição entre a zona de proteção ZPR 0B e
externo instalado e localizada em uma região ZPR 1.

Cabo Ethernet

Figura 8.8
Localização
dos DPS em
rede TN-S

TABELA 8.3 - Período esperado entre falhas para o caso de uma casa simples de um pavimento
com SPDA externo com malha de 10 m de largura

DPS INSTALADO DPS PARA NÍVEL DE PROTEÇÃO PERÍODO ESPERADO ENTRE FALHAS (ANOS)

Não ---- 0,6

Sim III e IV 12

Sim II 30

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 207
Para essa situação, deve ser determinado o Considerando as correntes induzidas (onda
valor da corrente (onda 10/350 µs) que vai 8/20 µs), as Tabelas 6.4 e 6.5 do Capítulo
circular pelo DPS. O valor máximo para a 6 indicam correntes de 5 kA, 7,5 kA e 10
corrente de descarga principal positiva para kA para os Níveis de Proteção III-IV, II e I
o Nível de Proteção I é 200 kA, para o Nível de respectivamente.
Proteção II, 150 kA e para Nível de Proteção
III-IV, de 100 kA. Considera-se que a casa As recomendações contidas na Seção
é alimentada por uma rede elétrica de três 8.3.2 devem ser seguidas para os demais
fases e neutro, uma linha telefônica metálica equipamentos. Adicionalmente devem
e um cabo coaxial (TV a cabo). Utilizando a ser previstos DPS para os seguintes
metodologia descrita na NBR 5419-1, 50% equipamentos expostos aos surtos:
da corrente de descarga flui pela malha de
aterramento e 50%, pelas linhas que atendem Portão eletrônico;
à edificação. Espera-se uma corrente da
Interfone;
ordem de 4,2 kA fluindo pelos DPS para NP
III-IV; 6,25 kA para NP II e 8,3 kA para o NP Sistema de segurança por câmeras (CFTV).
I. Independentemente do Nível de Proteção
da edificação, a NBR 5410 sugere um valor A Figura 8.9 mostra os diversos DPS que
mínimo de 12,5 kA. Portanto, especificar Iimp devem ser instalados na edificação.
= 12,5 kA atende à NBR 5410 e garante uma
longa vida útil para o DPS. As Tabelas 8.4 e 8.5 apresentam modelos de
DPS para utilização em redes de 220/127 V e

Figura 8.9
Localização e tipos
de DPS em uma
residência

208 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


TABELA 8.4
Modelos indicados para aplicação em casa com sistema de aterramento TN-S e SPDA externo
Tensão de alimentação 220/127 V

LOCAL MODELO QUANTIDADE

Entrada da edificação CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA 01 por fase

QDC CLAMPER Front V 275V 20kA 01 por fase

iCLAMPER Energia 3 e iCLAMPER


Computador 01
Ethernet
iCLAMPER Energia 8 e
TV a cabo 01
iCLAMPER Cabo

Home theater iCLAMPER Energia 8 01

Eletrodoméstico (Geladeira, máquina de


iCLAMPER Pocket Fit 01 por eletrodoméstico
lavar louça, etc)

Portão eletrônico CLAMPER Multi 01

Interfone 822.B.020 01

TABELA 8.5
Modelos indicados para aplicação em casa com sistema de aterramento TN-S e SPDA externo
Tensão de alimentação 380/220 V

LOCAL MODELO QUANTIDADE

Entrada da edificação CLAMPER Front V 460V 12,5/60kA 01 por fase

QDC CLAMPER Front V 460V 20kA 01 por fase

iCLAMPER Energia 3 e iCLAMPER


Computador e Modem ADSL/VDSL 01
Ethernet
iCLAMPER Energia 3
TV e Cable Modem 01
e iCLAMPER Cabo

Home Theater iCLAMPER ENERGIA 8 01

Eletrodoméstico (Geladeira, máquina de


iCLAMPER Pocket Fit 01 por eletrodoméstico
lavar louça, etc)

Portão eletrônico CLAMPER Multi 01

Interfone 822.B.020 01

380/220 V. Foi considerada uma edificação tem corrente nominal igual a 20 kA. Esse
com Nível de Proteção II. valor é superior aos valores esperados (5 kA
e 7,5 kA para os Níveis de Proteção III-IV e
O CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA tem II), como foi estimado.
corrente nominal (In) de 20 kA e o CLAMPER
Front V 275V 20 kA, uma corrente nominal 8.4 - UM PRÉDIO DE 20 ANDARES
(In) de 10 kA. Em geral, o valor da corrente
nominal (forma de onda 8/20 µs) de um DPS
Classe I é elevado porque, como o dispositivo 8.4.1 - PROTEÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE
deve suportar correntes com forma de onda BAIXA-TENSÃO
10/350 µs, ele naturalmente tem uma maior
suportabilidade a correntes com forma 8/20 Os DPS primários para linhas de energia e
µs. Essa é a razão para a especificação do de telecomunicações devem ser instalados
CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA, que na origem da instalação, sendo necessário

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 209
Figura 8.10
Prédio
elevado com
SPDA externo

um para cada fase. essas condições, o período entre falhas é


mostrado na Tabela 8.6.
Considerando a exposição mais elevada
de prédios, a definição dos DPS Classe I a A Tabela 8.6 também mostra a intensa
serem instalados na entrada da edificação interferência do Nível de Proteção da
deve levar em consideração o nível de edificação no valor do período esperado
proteção do SPDA. entre falhas. Os modelos recomendados de
Novamente, conforme apresentado no DPS são os mostrados nas Tabelas 8.4 e
Capítulo 2, a instalação de DPS em um 8.5, em que foi considerada uma edificação
edifício aumenta de forma significativa com Nível de Proteção II. Os DPS para
o p e r í o d o e s p e r a d o e n t r e d a n o s. linhas de energia devem ser instalados na
Considerando-se um edifício de 20 metros caixa de medição, conforme mostrado na
de altura, área em planta de 30 m × 60 m, Figura 8.11.
com SPDA externo instalado e localizado
em uma região com densidade de descargas
igual a 10 descargas/km 2 /ano. Para

TABELA 8.6
Período esperado entre falhas para o caso de um edifício de 20 m de altura e área de 30 m x 60 m
com SPDA externo com malha de 10 m de largura

DPS INSTALADO DPS PARA NÍVEL DE PROTEÇÃO PERÍODO ESPERADO ENTRE FALHAS (ANOS)

Não ---- 0,5

Sim III e IV 10

Sim II 26

Sim I 52

210 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


DJ - Disjuntor para DPS
DPS - Classe I/II, modelo
CLAMPER Front V 275V
12,5/60kA, um por fase
Front V Front V Front V

275 V 275 V 275 V


45 kA 45 kA 45 kA

Figura 8.11 - Exemplo de instalação de DPS Classe


I/II dentro da caixa de medição em rede 220/127 V

Módulo MP-R Módulo MP-N

Figura 8.12 - DPS Classe


I para linhas telefônicas
e de dados

TABELA 8.7
Modelos indicados para aplicação nas linhas de telecomunicações na entrada da edificação
DPS para instalação no Distribuidor Geral (DG)

APLICAÇÃO MODELO QUANTIDADE

Linha Telefônica MP-R 01 por linha

Linha ADSL/VDSL MP-N 01 por linha

Cabo coaxial 812.X.050 01 por cabo coaxial

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 211
8.4.2 - PROTEÇÃO DAS INSTALAÇÕES DE A Tabela 8.7 apresenta modelos de
TELECOMUNICAÇÕES DPS para utilização nas redes de
telecomunicações que atendem à
Os DPS para linhas de telecomunicações edificação. As recomendações contidas na
devem ser instalados no Distribuidor Seção 8.3.2 devem ser seguidas para os
Geral (DG) de telecomunicações do prédio, demais equipamentos.
conforme mostrado na Figura 8.12.

DPS 812.X.050 para linha


S
coaxial localizada em ZPR 0B

Distância de segurança

iCLAMPER Energia 3 e iCLAMPER Cabo


para linha coaxial localizada em ZPR 1

DPS para cabo coaxial


Figura 8.13 - Coordenação
de proteção para linhas de
telecomunicações

Figura 8.14
Fotografias de
instalações típicas
de DPS em redes
elétricas

212 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


8.4.3 - PROTEÇÃO DA ANTENA DE A instalação de DPS é uma das medidas
TELEVISÃO de proteção contra surtos (MPS) mais
efetivas e uma das mais simples de
As antenas merecem atenção especial devido serem aplicadas.
ao seu elevado grau de exposição. Antenas
localizadas em coberturas de prédios Mesmo sendo possível a instalação de
com SPDA devem atender à distância de DPS nas edificações antigas que não
segurança, conforme mostrado na Figura têm o condutor de proteção, o ideal é
8.13. Nos casos em que a distância de que a instalação elétrica seja refeita
segurança não é atendida, deve ser realizada para atender às recomendações da
a ligação equipotencial da antena e instalado NBR 5410, principalmente visando a
DPS de categoria D1. segurança pessoal.

8.5 - IMAGENS DE INSTALAÇÕES TÍPICAS Devem ser instalados DPS distribuídos


ao longo da instalação, de forma
A Figura 8.14 mostra imagens de instalações coordenada, para garantir a efetividade
típicas de DPS em redes elétricas. da proteção.

Equipamentos ligados simultaneamente


a linhas de energia e de telecomunicações
8.6 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO podem ser protegidos por DPS Multiproteção
(DPSM) instalados nessas linhas.
As seguintes conclusões podem ser
formuladas com base no exposto ao longo
deste capítulo:

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 213
CAPÍTULO 9

PROTEÇÃO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO


DE BAIXA-TENSÃO, PLANTAS DE
GERAÇÃO FOTOVOLTAICA E EÓLICA

Os DPS devem ser utilizados para a proteção 9.1 - REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE


de quaisquer tipos de equipamentos elétricos ENERGIA EM BAIXA-TENSÃO
e eletrônicos que estejam conectados à
rede de energia ou de dados via cabos As redes de distribuição de energia em baixa-
metálicos. Entretanto, as particularidades -tensão abrangem consumidores de menor
dos equipamentos e dos sistemas onde porte. São pequenos comércios, a iluminação
os dispositivos estão instalados devem pública, residências e outras estruturas que
ser observadas. Os DPS devem ser pertencem aos grupos tarifários de B1 a B4.
selecionados de forma harmoniosa com essas Essas redes são responsáveis por grande parte
características. dos surtos elétricos que chegam às instalações
dos consumidores. Esses surtos normalmente
O Capítulo 8 apresentou exemplos de são gerados pelas descargas atmosféricas ou
aplicação de DPS em edificações residenciais por chaveamentos do próprio sistema elétrico.
ou comerciais de pequeno e de médio porte.
Este e os dois próximos capítulos vão trazer Diversos componentes são essenciais para
exemplos de aplicação de DPS em outros o funcionamento das redes de distribuição
sistemas. Este capítulo vai descrever os de baixa-tensão. Então eles são de grande
arranjos para a proteção contra surtos em: relevância para as concessionárias de energia
e para os consumidores. Uma eventual
falha desses componentes, dentre muitos
Redes de distribuição de energia em problemas, pode causar grandes prejuízos
baixa-tensão; financeiros.
Plantas de geração fotovoltaica de A constante exposição aos surtos elétricos
pequeno e grande porte; requer a utilização de DPS apropriados ao
sistema de distribuição em baixa-tensão.
Plantas de geração eólica. Esta seção vai descrever o uso do DPS como
exemplo de proteção contra surtos que podem
atingir os seguintes componentes da rede de
A NBR-5419 [1] não cobre totalmente a distribuição:
proteção desses sistemas. Mas o auxílio de
outras normas e os conceitos desenvolvidos
neste livro permitem definir arranjos de Transformadores;
proteção eficazes, baseados na instalação de Religadores;
DPS.
Sistemas de medição centralizados;
Unidades consumidoras.

214 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


9.1.1 - TRANSFORMADORES

No Brasil, os raios são responsáveis por cerca de 40% dos desligamentos na rede de
distribuição. Eles também são responsáveis por 55% da queima dos transformadores [2],
conforme ilustra a Figura 9.1.
Causas de danos em transformadores de distribuição

60
55

50

40
(%)

30
21 Figura 9.1
20
Dados referentes
à queima de
10 8 9 transformadores
4 3 de distribuição.
Retirado de [2]
0

Descarga Derramamento Indeterminada Curto circuito Sobrecarga Outros


atmosférica de óleo

É padrão das concessionárias de distribuição Como foi visto, não é possível fazer um
de energia elétrica instalar para-raios aterramento com impedância nula. O item
de média-tensão (PRMT) no primário do 4.2.2 do Capítulo 4 mostra que a corrente
transformador. Ocorre que o procedimento conduzida pelos PRMT não é totalmente
não é suficiente para garantir a proteção drenada pelo sistema de aterramento.
total do equipamento. O condutor de neutro Então parte dessa corrente é direcionada
multiaterrado, conectado ao tanque do para o lado de baixa-tensão pelo condutor
transformador, expõe o transformador a do neutro. Esse fenômeno está ilustrado na
elevados níveis de tensão na ocorrência de Figura 9.2.
surtos.

Figura 9.2 -
Transferência do surto
da média para a baixa-
tensão devido à atuação
dos PRMT

A instalação de para-raios de baixa-tensão com a instalação do DPS, os para-raios de


(PRBT) limita significativamente os valores baixa tensão, assim como os transformadores
das sobretensões, reduzindo [2] em até 99% de distribuição, são ativos considerados
o índice de queima de transformadores de como Capex, ou seja, são ativos cujo valor
distribuição de energia. Além dos benefícios pode ser reinvestido na aquisição de bens
de capital.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 215
9.1.1.1 - SURTOS ELÉTRICOS EM podendo provocar danos cumulativos no
TRANSFORMADORES transformador. A ilustração da Figura 9.3
mostra esse fenômeno.
As interações das descargas atmosféricas
com a rede de baixa-tensão podem se dar
por [3]:

Descargas diretas na rede;

Tensões induzidas na rede primária;


PRMT

Tensões induzidas diretamente na rede Fase

de baixa-tensão;
Neutro
Transferência de surtos da média para
a baixa-tensão;
= +

Descargas diretas sobre as unidades


consumidoras. = ,

As descargas diretas são mais comuns nas


redes primárias por causa da posição dos
condutores. Edificações e árvores podem
blindar as linhas das descargas diretas,
mas contribuem para aumentar o número de
desligamentos por tensões induzidas. Mesmo
não sendo severas, as tensões induzidas Figura 9.3 - Elevação de potencial no sistema de aterramento do
transformador
são mais frequentes do que as descargas
diretas. Valores de sobretensões induzidas As descargas diretas sobre as unidades
no transformador - ponto de medição - consumidoras são outro fator que afeta
podem variar entre 6 kV e 17 kV para uma o funcionamento dos transformadores.
descarga com corrente de 45 kA, incidindo Quanto menor for a relação de aterramento
a uma distância de 50 metros da linha [4]. do transformador (RT) com o aterramento da
edificação (RC), maior vai ser a sobretensão
Sobretensões geradas na rede primária transitória transferida para o transformador
podem ser transferidas para o secundário do [3]. Somente se houver para-raios no
transformador. Isso ocorre por acoplamento secundário é que esse transformador vai
magnético entre bobinas ou pelo acoplamento estar protegido. A Figura 9.4 indica a
resistivo que durante a atuação dos PRMT. injeção de corrente na rede de baixa-tensão
Dependendo das condições do aterramento, proveniente de uma unidade consumidora.
o acoplamento resistivo pode causar uma
elevação no potencial com risco de rompimento
da isolação no lado de baixa-tensão. A
amplitude dessa elevação na baixa-tensão
é proporcional à elevação de potencial no
aterramento do transformador. SPDA

Medições de correntes impulsivas


provocadas por descargas atmosféricas em
cabos de aterramento de transformadores
[5] indicaram valores medianos de 1,2 kA e
que raramente ultrapassaram 10 kA. Assim,
ao atravessar a impedância de aterramento,
o valor mediano de corrente gera uma queda Figura 9.4 - Descargas diretas em unidades consumidoras
de tensão superior a 12 kV no secundário,

216 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


As possibilidades de interação citadas A especificação da corrente nominal de
demonstram a importância da utilização descarga do para-raios de baixa tensão
do para-raios de baixa tensão nos deve convergir para os valores de corrente
transformadores das redes de distribuição adotados pelas concessionárias de energia
porque o para-raio faz o grampeamento nos para-raios de média-tensão (PRMT)
de tensão na ocorrência das sobretensões estabelecidos em 10 kA [6]. Além disso, o
transitórias. para-raios de baixa tensão deve ter robustez
mecânica e elétrica compatível com o
ambiente em que opera. Um exemplo é a
proteção contra raios UV, contra poeira,
jatos de água (IP66) e material metálico não
oxidante.

Deve ser instalado um para-raios de baixa


Para-raios
de baixa tensão por fase, conforme indicado na Figura
tensão
CLAMPER Grid 9.6. O comprimento dos cabos de conexão
utilizados deve ser menor que meio metro
Fase
e esses cabos devem ser o mais retilíneos
=
possível.
Neutro

Figura 9.5 - Aplicação do para-raios de baixa tensão como


elemento de grampeamento de tensões transitórias

Monofásico Bifásico Trifásico

Fase 3

Fase 2

Fase 1 Fase 2

Fase 1

Neutro Fase 1

Neutro

Neutro

Figura 9.6 - Instalação de para-raios de baixa tensão em circuitos monofásico, bifásico e trifásico

Figura 9.7
Detalhe de
instalação do
para-raios de
baixa tensão
no secundário
de um
transformador

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 217
A Figura 9.7 mostra uma instalação real
dos para-raios de baixa tensão no circuito
secundário de um transformador.

O para-raios de baixa tensão deve ter um


dispositivo automático, não explosivo, para
desconexão da rede elétrica no caso de falha
ou término de sua vida útil. Favorecendo
os trabalhos de inspeção e manutenção da Desligador
rede, a indicação visual do para-raios de atuado

baixa tensão desconectado deve permitir a


sua visualização e detecção por uma pessoa
que esteja no solo, conforme mostrado na
Figura 9.8 - Indicação do fim de vida útil do CLAMPER Grid
Figura 9.8.
Os modelos mais indicados de para-raios de baixa tensão para aplicação em redes 220/127
V e 380/220 V são detalhados na Tabela 9.1. Existem modelos para aplicação em redes
secundárias convencionais (cabos nus) e redes isoladas (cabos isolados). Além disso,
dois modelos com valores de corrente nominais de 10 kA e 20 kA são disponibilizados. O
modelo de 20 kA deve ser utilizado em redes com maior grau de exposição às descargas
atmosféricas.

TABELA 9.1
Especificação e modelos de CLAMPER Grid

Rede convencional - Conector chapa barra Rede isolada - Conector tipo L

Tensão 220/127 V Tensão 380/220 V Tensão 220/127 V Tensão 380/220 V

CLAMPER Grid 280V 10kA C CLAMPER Grid 440V 10kA C CLAMPER Grid 280V 10kA I CLAMPER Grid 440V 10kA I

TABELA 9.1 - Especificações e modelos de para-raios de baixa tensão

9.1.1.2 - SISTEMA MONOFÁSICO COM O sistema MRT é empregado principalmente


RETORNO POR TERRA (MRT) na zona rural - composta por áreas mais
sujeitas a maior incidência de descargas
As concessionárias de energia elétrica atmosféricas e a surtos elétricos.
dispõem o sistema com uma gama de opções.
Alguns fatores são importantes nessa O primário, secundário, o PRMT e a carcaça
escolha: o local da unidade consumidora, do transformador são ligados à terra usando
o tipo de carga, a potência disponibilizada, um ponto comum [7]. Essa equalização
dentre outros. de potenciais converge para as medidas
apontadas no item 4.3 do Capítulo 4 e
Além do fornecimento da rede de distribuição provoca impacto direto na redução dos riscos
monofásica, bifásica e trifásica com neutro, de centelhamentos durante a ocorrência de
uma modalidade chama a atenção, dada descargas.
a sua peculiaridade: são os sistemas
Monofásicos com Retorno por Terra Mesmo com essa equalização, há o risco de
(MRT). Esses sistemas utilizam apenas sobretensões perigosas acometerem o lado
um condutor de fase. Então o próprio secundário do transformador. O item 9.1.1.1
aterramento local funciona como meio para detalha esse fenômeno. Para uma descarga
o retorno de corrente. Nessa situação, o solo direta na rede primária, a sobretensão
exerce a função de retorno do primário do desenvolvida no lado secundário do
transformador monofásico até a subestação transformador é resultado da soma vetorial
que alimenta o sistema. das tensões geradas pela corrente do raio no

218 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


aterramento e no condutor de descida conectado à haste de aterramento. Esse evento está
ilustrado na Figura 9.9.

Rede primária MRT

Transformador
Ramal cliente 1

Transformador CLAMPER Grid


monofásico
Aterramento medidor

PRMT
ΔV

CLAMPER Grid

Padrão de
entrada
Ramal cliente 2

00

Aterramento MRT

Aterramento do
Transformador

Figura 9.10 - Esquema de instalação dos para-raios de baixa


Figura 9.9 - Sobretensão no secundário do transformador MRT tensão em um transformador MRT

Esses fatores corroboram a importância dos para-raios de baixa tensão. Sua aplicação
em redes MRT seguem os mesmos princípios do sistema trifásico. A Figura 9.10 ilustra a
instalação dos para-raios de baixa tensão e a Tabela 9.1 apresenta os modelos de para-raios
de baixa tensão adequados a cada nível de tensão presente da rede.

9.1.2 - PROTEÇÃO CONTRA


SURTOS EM RELIGADORES

Religadores são dispositivos instalados na


rede de distribuição de energia, e modelos
modernos têm acionamento automático
para abertura ou fechamento de circuitos na
ocorrência de falhas, como curtos-circuitos
e sobrecargas. Estudos [8] mostram que
91% das faltas nas redes de distribuição
têm natureza transitória e que 80% delas
podem ser eliminadas com religadores. Por
isso, a utilização desse equipamento reduz
os tempos de interrupção no fornecimento
de energia e melhoram os indicadores de
qualidade das concessionárias.

Mesmo fazendo a comutação dos circuitos


em média-tensão, o circuito de controle
desses dispositivos está energizado na rede
de baixa-tensão, responsável por grande
parte das sobretensões transitórias que
danificam os equipamentos.

Quando adotadas as MPS nas redes de


distribuição, conforme detalhado no item
9.1.1.1, o circuito de controle dos religadores
Figura 9.11 - Religador instalado em rede de distribuição
fica situado na ZPR 1, onde a proteção contra

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 219
surtos elétricos pode ser feita por DPS Classe
II. A Figura 9.11 ilustra a instalação de
Transformador
auxiliar um religador em uma rede de distribuição,
e a Figura 9.12, a instalação do protetor
Alimentação
220/127 V
CLAMPER Front V junto do cubículo de
Religador controle.

A corrente nominal de descarga do DPS


para a proteção do circuito de controle deve
adotar os valores de corrente estabelecidos
para a proteção da rede de baixa-tensão
CLAMPER
Front V
Armário
de controle
indicados no item 9.1.1.1. Como alternativa
às restrições de instalação, os DPS com
conexão perfurante podem ser instalados.
Esses dispositivos são acoplados diretamente
aos condutores e possuem corrente nominal
de descarga com valores a partir de 10
kA. A Tabela 9.2 apresenta os modelos de
dispositivos desenvolvidos para proteger a
alimentação do circuito de controle.
Figura 9.12 - Instalação do CLAMPER Front V junto do cubículo
de controle

TABELA 9.2
Modelos de DPS para proteção do circuito de controle

Máxima tensão
Corrente nominal
de operação Tipo de
Modelo de descarga
contínua conexão
(In)
(UC )

CLAMPER Front V 275 V 10 kA Borne

CLAMPER Connect 275 V 10 kA Conector Perfurante

Também é possível instalar os para-raios de baixa tensão junto dos gabinetes do circuito
de controle, conforme indica a Figura 9.13.
Além da função de proteger, os religadores
podem enviar dados coletados para as Fase 1

concessionárias e receber comandos remotos Fase 2

a partir de uma integração feita em redes


Fase 3
inteligentes (smart grid). Como há o risco de Para-raios
de baixa tensão
surtos nas linhas de dados conectadas ao Neutro

circuito de controle dos religadores, é preciso


DPS apropriados ao tipo de sinal, níveis de
tensão, conectores, entre outros. O capítulo
10 descreve sobre a proteção em linhas de
sinais.
Armário
de controle
9.1.3 - PROTEÇÃO CONTRA SURTOS EM
SISTEMAS DE MEDIÇÃO CENTRALIZADOS
(SMC)

Concessionárias de energia vêm investindo


em sistemas de telemedição para clientes de
baixa-tensão, impulsionadas pela redução
das perdas não técnicas decorrentes de
Figura 9.13 - Aplicação de para-raios de baixa tensão para
fraudes proteção dos religadores

220 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


fraudes, ligações clandestinas e O SMC é, basicamente, constituído por
irregularidades. De acordo com um relatório medidores eletrônicos agrupados em um
publicado pela Aneel [9], as perdas não concentrador secundário que faz a medição
técnicas regulatórias representaram 7,5% da energia das unidades consumidoras.
do mercado consumidor em 2020. Esse fator Esses medidores são gerenciados por um
gera um impacto financeiro da ordem R$ 5,6 concentrador principal que envia os dados
bilhões ao ano. às concessionárias de forma remota. Os
medidores têm canal de comunicação para
A instalação de Sistemas de Medição a transação dos dados coletados e podem
Centralizados (SMC) permite às receber comandos, como interrupção e
concessionárias detectar furtos, eliminar restabelecimento de energia da unidade
gastos com a medição manual e programar consumidora. A Figura 9.14 ilustra a
interrupções e religamentos automáticos a arquitetura de um SMC.
distância.

CP – Concentrador primário
CS – Concentrador secundário
TLI – Terminal de leitura individual

Concessionária

CP CS

TLI

Figura 9.14 - Arquitetura de um SMC

Os Concentradores Secundários (CS) são dotados de circuitos microprocessados e alimentados


pela rede de BT. Eles têm saídas de onde derivam ramais de ligação às unidades consumidoras.
A Figura 9.15 exemplifica a instalação de um CS em uma rede de distribuição. A possibilidade
de surtos elétricos apontada no item 9.1.1.1 pode danificar os concentradores do SMC.

Rede de
baixa tensão
A posição dos concentradores na rede de
baixa-tensão, com DPS instalados nos
Alimentação
transformadores como visto no item 9.1.1.1,
contribui para que eles sejam posicionados
do CS

em zonas livres de descargas direta, situadas


na ZPR 1.

Nesse caso, a proteção contra surtos


elétricos Classe II é sugerida. Considerando
as restrições de espaços de muitos desses
Ramal do gabinetes, a utilização de DPS do tipo
perfurante é adequada. A corrente máxima
Consumidor

de descarga dos protetores utilizados não


deve ser inferior a 10 kA. A Figura 9.16
demonstra a aplicação do DPS CLAMPER
Connect acoplado diretamente aos ramais
dos consumidores, por meio de conector
perfurante.

Figura 9.15 - Concentrador Secundário instalado em uma rede


de distribuição

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 221
A exemplo do projetado para os CS, devem ser
previstas proteções para os Concentradores
Primários (CP). Como os CP não têm conexão
com as unidades consumidoras, a proteção
contra surtos deve ser aplicada junto da
alimentação. O DPS utilizado precisa ter
corrente máxima de descarga a partir de 10
kA. Assim como acontece com os protetores
para os CS, os CP podem ser protegidos por
DPS do tipo perfurante.

A Tabela 9.3 apresenta modelos e


especificações de DPS para aplicação em
SMC.

9.1.4 - PROTEÇÃO CONTRA SURTOS NAS


UNIDADES CONSUMIDORAS

Com o uso cada vez maior de equipamentos


eletroeletrônicos, a sociedade passou a
observar mais intensamente a qualidade
Figura 9.16 - Instalação do DPS CLAMPER Connect em um CS

TABELA 9.3
Modelos de DPS para proteção de SMC

Máxima tensão
Corrente máxima
de operação Tipo de
Modelo de descarga
contínua conexão
(Imax)
(UC )

CLAMPER Connect 275 V 15 kA Perfurante

CLAMPER Connect 275 V 20 kA Perfurante

da energia elétrica fornecida. Os Pedidos de


Indenização por Danos (PID) dos aparelhos
eletroeletrônicos vêm crescendo. Os televisores
chegam a representar 30% desses pedidos [10]
[11]. Depois vêm geladeiras e computadores.

A metodologia de proteção aplicada nas redes


secundárias (proteção contra surtos instaladas
junto dos transformadores e religadores) não
é suficiente para garantir níveis de tensão
transitória seguros na interface da rede da
concessionária com as instalações da unidade
consumidora. A sobretensão transitória nesse
ponto pode atingir valores de 3 kV [12] [3] e
esse valor cresce à medida que a unidade
consumidora se afasta do ponto da instalação
do para-raios de baixa tensão.

A instalação de DPS no ponto de interface


da rede de distribuição com a unidade
consumidora mitiga os danos causados pelas
sobretensões transitórias vindas da rede de
distribuição. A Figura 9.17 ilustra a instalação Figura 9.17 - Instalação do DPS CLAMPER Connect no padrão de
entrada
do DPS no padrão de entrada.
222 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES
Essa abordagem já é adotada por muitos de SPDA -, o DPS deve ser de Classe I e ter
países da comunidade europeia, Estados corrente de impulso a partir de 12,5 kA.
Unidos e Canadá. O procedimento passou a
ser uma exigência da concessionária ou das O DPS deve ter um sistema de desconexão
companhias de seguros [13] nesses países. interna para garantir a continuidade do
No Brasil, apenas algumas concessionárias fornecimento de energia elétrica ao fim de
sua via útil. A necessidade de um dispositivo
preveem em suas normas a instalação de DPS
de proteção contra sobrecorrente deve ser
no padrão de entrada. avaliada e sua instalação pode ser feita
de acordo com o descrito no item 7.5.7 do
De acordo com a NBR 5410 [14], o DPS Capítulo 7.
destinado à proteção contra sobretensões
transitórias indiretas transmitidas pela A Tabela 9.4 detalha os modelos de DPS
linha externa de alimentação ou contra para instalação nos padrões de entrada. O
sobretensões de manobras deve ser de Classe CLAMPER Front V 275V 15kA usa o trilho
II e precisa ter corrente nominal de descarga a DIN para instalação, enquanto o CLAMPER
partir de 5 kA. Na possibilidade de descargas Connect é uma boa alternativa, caso não haja
diretas - por exemplo, em edificações dotadas disponibilidade de espaço no trilho DIN.

TABELA 9.4
Modelos de DPS para instalação nos padrões de entrada

Máxima tensão
Corrente nominal
de operação Tipo de
Modelo Classe de descarga
contínua conexão
(In)
(UC )

CLAMPER Connect II 275 V 5 kA Direto no condutor

CLAMPER Front V II 275 V 5 kA Trilho DIN

CLAMPER Front V I/II 275 V 30 kA Trilho DIN

9.2 - SISTEMA DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA 9.2.1 - PROTEÇÃO CONTRA SURTOS EM


SISTEMAS DE GERAÇÃO FOTOVOLTAICA
No mercado de geração de energia elétrica,
soluções sustentáveis de todos os portes Os SFV estão diretamente expostos a surtos
estão ganhando espaço em ritmo acelerado. provocados por descargas atmosféricas ou
Os sistemas de geração fotovoltaica também por chaveamento nas linhas de energia. Esses
evoluíram e representam uma parcela surtos reduzem a vida útil ou, em casos mais
significativa desse mercado. extremos, queimam instantaneamente os
módulos fotovoltaicos ou os inversores. Esses
Devido às características de instalação e a sua eventos certamente causam impacto nos
ampla exposição, os Sistemas Fotovoltaicos custos de manutenção e aumentam o tempo de
(SFV) estão sujeitos a surtos elétricos que amortização do investimento. Várias ocorrências
danificam seus equipamentos - módulos, podem causar sobretensões transitórias em um
inversores, controladores de cargas, etc. SFV, conforme descrito a seguir:

Os itens a seguir apresentam alternativas Descarga direta no SPDA externo da


de proteção para o circuito elétrico da planta instalação;
fotovoltaica. Isso inclui os circuitos de
telecomunicação e de transmissão de dados Descargas próximas à instalação;
e sinais eventualmente existentes na planta.
Esses circuitos também precisam de proteção Descargas diretas ou próximas à rede de
contra surtos. distribuição de energia da concessionária
e próximas aos painéis do SFV;
clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 223
Sobretensões causadas na rede de Suportabilidade dos equipamentos diante
distribuição de energia decorrentes de de sobretensões;
faltas e chaveamentos (operações de
comutação). Existência ou não de um SPDA;

Para evitar danos, é preciso usar DPS Se o DPS vai ser instalado em corrente
apropriados para mitigar os riscos de queima contínua ou corrente alternada.
de componentes do sistema, protegendo o
investimento feito no SFV. Os critérios para a instalação de DPS descritos
a seguir foram baseados na norma IEC 61643-
A seleção e a instalação de DPS em sistemas 32 [16]. Do ponto de vista da suportabilidade
fotovoltaicos depende de vários fatores: dos equipamentos instalados nas linhas
de corrente contínua, os DPS devem ter um
Densidade de descargas para a terra, Ng nível de proteção inferior ao suportável pelos
(descargas/km2/ano); equipamentos.

Características do sistema de energia A Tabela 9.5 mostra os limites de tensão


de baixa-tensão (linhas aéreas ou impulsiva dos equipamentos que compõem
subterrâneas) e do equipamento a ser o sistema de geração. Nessa estrutura, Uocmax
protegido; representa a máxima tensão do SFV em

TABELA 9.5 - ADAPTADA DE [16]


Suportabilidade a tensões impulsivas de equipamentos que compõem o sistema de geração fotovoltaica

Suportabilidade a tensões impulsivas - Uw(kV)


UOCmax (V)
Módulo Classe B Outros Módulo Classe A
Inversor
Isolação básica equipamentos Isolação reforçada

100 0,8 0,8 1,5

150 1,5 2,5 1,5 2,5


(mínimo)
300 2,5 2,5 4

424 4 4 4

600 4 4 6

800 5 4 5 6

849 6 6 8

1000 6 6 6 8

1500 8 8 8 12

corrente contínua e Uw, a suportabilidade dos circuitos e o inversor for menor que dez metros,
equipamentos em relação às sobretensões não vai ser preciso instalar o DPS 2, como está
impulsivas. sendo mostrado na Figura 9.18.

Nos sistemas instalados em locais com baixa O mesmo ocorre na Figura 9.19: se a distância
incidência de descarga direta pode ser instalada entre o inversor e o painel fotovoltaico for menor
apenas proteção contra os surtos induzidos que dez metros, o nível de proteção UP do DPS
pelas descargas que caem nas proximidades 1 for menor ou igual a 0,8 UW ou se o nível de
dos painéis e das linhas de alimentação. Os proteção UP do DPS 1 for menor ou igual a 0,5 UW
tipos de DPS e seus locais de instalação estão (apresentado na Tabela 9.5), não vai ser preciso
discriminados na Figura 9.18, que coloca uma instalar o DPS 4. O comprimento dos cabos
edificação sem SPDA como exemplo. utilizados para a conexão do DPS deve obedecer
aos requisitos propostos na Seção 7.3.2.1
Se a distância entre o quadro de distribuição de (capítulo 7).

224 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Quadro de distribuição Inversor Painel fotovoltáico
de circuitos

3 2 1 4

DPS

DPS

DPS

DPS
Sistema de aterramento de instalação

Figura 9.18
Barra de aterramento Legenda Diagrama
principal de instalação 1 - DPS Classe II para CC esquemático de
BEP
2 - DPS Classe II localização dos
3 - DPS Classe I ou II
4 - DPS Classe II para CC DPS. Adaptado
de [16]

Caixa de junção

d > 10 m

Figura 9.19
Esquema de
L1 L1 conexão de
DPS instalado
DPS

DPS

na estrutura
de corrente
contínua (no
L1 L1 lado CC) do SFV.
Adaptado de [16]

A Tabela 9.6 sugere modelos de DPS a serem utilizados nessa aplicação.

TABELA 9.6
Especificação e modelos indicados para proteção contra descargas indiretas

Máxima tensão Corrente de Corrente de


operação continua descarga descarga Nível de
DPS Modelo Classe proteção
máxima Imax nominal In UP
UCPV UC
(8/20 μs) (8/20 μs)
CLAMPER Solar
II 150 V - 40 kA 18 kA ≤ 1,0 kV
150V 40kA

CLAMPER Solar
II 300 V - 40 kA 18 kA ≤ 2,0 kV
300V 40kA
1e4
CLAMPER Solar
II 600 V - 40 kA 18 kA ≤ 2,7 kV
600V 40kA

CLAMPER Solar
II 1040 V - 40 kA 18 kA ≤ 5,0 kV
1040V 40kA

CLAMPER Front V
2 II - 275 V 20 kA 10 kA 1,2 kV
275V 20kA

CLAMPER Front V
3 II - 275 V 20 kA 10 kA 1,2 kV
275V 20kA

Nota: Os modelos indicados para aplicação em corrente contínua têm três módulos integrados, preparados para conexão
tipo estrela, conforme detalhado no item 9.2.3.1.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 225
9.2.1.1 - INSTALAÇÃO DE PAINÉIS
FOTOVOLTAICOS EM EDIFICAÇÃO COM
SPDA EXTERNO ISOLADO DO SFV
Distância de separação (s)

A Figura 9.20 ilustra um sistema de painéis


fotovoltaicos instalado em uma edificação com
SPDA sem interligação dos painéis com o SPDA.

DPS
4

Mesmo com a separação entre os sistemas de 2

captação e de geração fotovoltaica, uma parcela

DPS

DPS
1

da corrente da descarga é conduzida pelas


linhas de alimentação elétrica. Nesse caso, deve- kWh
3
BEL
Legenda

DPS
se utilizar, junto do BEP, um DPS Classe I com BEP
1 - DPS Classe II para CC
2 - DPS Classe II
3 - DPS Classe I

capacidade para drenar a parcela da corrente 4 - DPS Classe II para CC

da descarga (DPS 3), conforme mostra a Figura


9.20.
Figura 9.20 - Localização dos DPS no caso de painéis isolados do
Se o inversor estiver junto do quadro de SPDA. Adaptado de [16]
distribuição de circuitos, conectado à mesma
barra de terra (PE) do quadro e o comprimento do DPS 1 for menor ou igual a 0,8 UW ou se
de cabo for menor que meio metro, não o nível de proteção UP do DPS 1 for menor
precisa instalar o DPS 2. O DPS 4 tem um ou igual a 0,5 UW, também não vai precisar
caso análogo ao do DPS 2. Como pode ser instalar o DPS 4.
visualizado na Tabela 9.18, se a distância
entre o inversor e o painel fotovoltaico for
A Tabela 9.7 sugere modelos de DPS a
abaixo de dez metros, o nível de proteção UP
serem utilizados nessa aplicação.

TABELA 9.7
Especificação e modelos indicados para proteção contra descargas diretas, SPDA dos painéis fotovoltaicos

Máxima tensão de Corrente de Corrente de


operação contínua descarga descarga Nível de
DPS Modelo Classe proteção
máxima Imax nominal In UP
UCPV UC
(8/20 μs) (8/20 μs)
CLAMPER Solar
II 150 V - 40 kA 18 kA ≤ 1,0 kV
150V 40kA

CLAMPER Solar
II 300 V - 40 kA 18 kA ≤ 2,0 kV
300V 40kA
1e4
CLAMPER Solar
II 600 V - 40 kA 18 kA ≤ 2,7 kV
600V 40kA

CLAMPER Solar
II 1040 V - 40 kA 18 kA ≤ 5,0 kV
1040V 40kA

CLAMPER Front V
2 II - 275 V 20 kA 10 kA 1,2 kV
275V 20kA

CLAMPER Front V
3 I/II - 275 V 60 kA 20 kA 1,5 kV
275V 20kA

Nota: Os modelos indicados para aplicação em corrente contínua têm três módulos integrados, preparados para a
conexão tipo estrela, conforme detalhado no item 9.2.3.1

9.2.1.2 - INSTALAÇÃO DE PAINÉIS alimentação em correntes alternada e


FOTOVOLTAICOS EM ESTRUTURA COM contínua ficam em paralelo com os condutores
SPDA EXTERNO CONECTADO AOS PAINÉIS de aterramento. Portanto, eles estão sujeitos a
receber uma parcela da corrente de descarga.
A Figura 9.21 ilustra um sistema de painéis A parcela da corrente que vai ser drenada pelo
fotovoltaicos instalado em uma edificação DPS depende:
e integrado ao SPDA. Os condutores de

226 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Do nível de proteção do SPDA estabelecido
na NBR 5419;

Da resistência de aterramento da
edificação;

Do número de condutores de descida do


SPDA;

DPS
4

Da distância entre os painéis e o inversor

DPS

DPS
1

e a barra de aterramento local; kWh BEL


3 Legenda

DPS
1 - DPS Classe I para CC

Da impedância do DPS (curto-circuitante BEP 2 - DPS Classe I


3 - DPS Classe I
4 - DPS Classe I para CC
ou limitador de tensão).

A Figura 9.22 mostra um exemplo de


distribuição de corrente em uma instalação Figura 9.21 - Localização dos DPS no caso de painéis
com dois cabos de descida. interligados ao SPDA. Adaptado de [16]

A Tabela 9.8 mostra valores mínimos para corrente contínua. O número de cabos de
a corrente nominal (In) e a corrente de descida influi na parcela da corrente a ser
impulso (Iimp) para os DPS do tipo limitador desviada pelos condutores do sistema de
de tensão a serem instalados nas linhas de geração fotovoltaica [16].

100% Sistema de
captação

Um condutor
Suporte
de descida
de
de cada lado
fixação
do
1
painel
DPS 3
BEL
DPS

DPS

Impedância Impedância 2 Impedância Impedância


do condutor dos condutores da ligação do condutor
de descida CC equipotencial de descida
1
DPS 3
DPS

DPS

4
DPS
L1
5
DPS
L2 BEP
6
DPS
L3
7
DPS
(PE) N

Sistema de Resistência
aterramento de aterramento

Figura 9.22 - Diagrama esquemático de instalação de DPS em estrutura com dois cabos de descida. Adaptado de [16]

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 227
TABELA 9.8 - ADAPTADO DE [16]
Valores estimados de In e Iimp para DPS tipo limitador de tensão para instalação na linha de corrente contínua

Número de condutores de descida

<4 ≥4

Valores mínimos de In para onda 8/20µs e Iimp para onda 10/350 µs


Nível de proteção do SPDA - Corrente para seleção de DPS
de descarga
Idps3 = Idps3 =
Idps1=Idps2 Idps1+Idps2 = Idps1=Idps2 Idps1+Idps2 =
I8/20 // I10/350 ITotal I8/20 // I10/350 ITotal
I8/20 // I10/350 I8/20 // I10/350

I 200 kA 17 / 10 34 / 20 10 / 5 20 / 10

II 150 kA 12,5 / 7,5 25 / 15 7,5 / 3,75 15 / 7,5

III e IV 100 kA 8,5 / 5 17 / 10 5 / 2,5 10 / 5

Uma instalação com SPDA de Nível de caso o inversor esteja junto do quadro
Proteção III requer a instalação de um DPS de distribuição de circuitos, conectado
nos cabos de corrente contínua com corrente à mesma barra de terra do quadro, com
de impulso Iimp mínima de 5 kA e corrente comprimento de cabo menor que meio
nominal de descarga In mínima de 8,5 kA. metro. O DPS 4 deve ser instalado o mais
Como os condutores estão ligados em próximo possível dos painéis fotovoltaicos.
paralelo com os condutores de aterramento,
os DPS devem ser de Classe I, conforme Sugestão de modelos a serem aplicados
mostra a Figura 9.22. considerando Nível de Proteção III e instalação
com até quatro descidas, conforme Tabela
O DPS 2 da Figura 9.21 não será necessário, 9.9.

TABELA 9.9
Especificação e modelos indicados para proteção contra descargas diretas, SPDA conectado à estrutura dos
painéis

Máxima tensão
Corrente de Corrente de
de operação Corrente de Nível de
contínua descarga descarga
DPS Modelo Classe impulso Iimp proteção
máxima Imax nominal In UP
(10/350 μs)
UCPV UC (8/20 μs) (8/20 μs)

CLAMPER Solar
I/II 150 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 1,2 kV
150V 60kA

CLAMPER Solar
I/II 300 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 3,0 kV
300V 60kA
1e4
CLAMPER Solar
I/II 600 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 2,5 kV
600V 60kA

CLAMPER Solar
I/II 1040 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 5,0 kV
1040V 60kA

CLAMPER Front
2 I/II - 275 V 60 kA 20 kA 12,5 kA 1,5 kV
275V 60kA

CLAMPER Front
3 I/II - 275 V 60 kA 20 kA 12,5 kA 1,5 kV
275V 60kA

Nota: Os modelos indicados para aplicação em corrente contínua têm três módulos integrados, preparados para conexão
tipo estrela, conforme detalhado no item 9.2.3.1

228 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


9.2.1.3 - PLANTA DE GERAÇÃO
FOTOVOLTAICA DE GRANDE PORTE - Do tipo de inversor utilizado, centralizado
USINAS FOTOVOLTAICAS (UFV) ou distribuído. No caso de sistema
centralizado, a corrente parcial de
Geralmente uma planta de geração fotovoltaica descarga vai ser drenada pelo DPS
tem uma malha de aterramento. Isso reduz instalado na linha de corrente contínua.
os valores da corrente de descarga a serem No caso de sistema com inversores
drenados pelos DPS em corrente contínua. A distribuídos, a corrente parcial é drenada
parcela da corrente de descarga que circula pelos DPS instalados nas linhas de
pelo DPS depende: corrente alternada.

Do nível de proteção do SPDA; A Figura 9.23 mostra, de forma simplificada,


uma planta de geração com vários painéis
Da resistência de aterramento (resistência interligados.
de aterramento de valor elevado gera
correntes mais elevadas para os DPS A Tabela 9.10 mostra valores mínimos
instalados nas linhas de corrente para a corrente nominal (In) e a corrente
contínua); de impulso (Iimp) para os DPS tipo limitador
de tensão e para os do tipo comutador de
Do reticulado da malha de aterramento; tensão a serem instalados nas linhas de
corrente contínua, conforme IEC 61643-32
Da impedância do DPS; [16].

Haste do SPDA

Arranjos
Fotovoltáicos
Figura 9.23
Planta de geração
fotovoltaica com
vários painéis
interligados
Malha do Aterramento

TABELA 9.10- ADAPTADO DE [16]


Especificação e modelos indicados para proteção contra descargas diretas, SPDA conectado
à estrutura dos painéis fotovoltaicos

DPS conectado nas linhas de corrente contínua


Iimp em kA (10/350 μs), In em kA (8/20 μs)
DPS tipo comutador de
DPS tipo limitador de tensão
tensão (spark gap)
Nível de proteção
do SPDA - Corrente I10/350 I8/20 I10/350
de descarga, onda
10/350 μs
Cada modo* ITotal Cada modo* ITotal Cada modo ITotal
(kA) (kA) (kA) (kA) (kA) (kA)

III e IV 100 kA 5 10 15 30 10 20
* Refere-se ao modos de proteção: polo positivo para o polo negativo, polo positivo para a terra e polo negativo para a terra

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 229
A Tabela 9.11 sugere DPS com níveis de proteção III e IV e instalação com até quatro
descidas.

TABELA 9.11
Especificação e modelos indicados para proteção de planta de geração fotovoltaica de grande porte

Máxima tensão
Corrente de Corrente de
de operação Corrente de Nível de
contínua descarga descarga
DPS Modelo Classe impulso Iimp proteção
máxima Imax nominal In UP
(10/350 μs)
UCPV UC (8/20 μs) (8/20 μs)

CLAMPER Solar
I/II 150 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 1,2 kV
150V 60kA

CLAMPER Solar
I/II 300 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 3,0 kV
300V 60kA
1e4
CLAMPER Solar
I/II 600 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 2,5 kV
600V 60kA

CLAMPER Solar
I/II 1040 V - 60 kA 20 kA 5 kA ≤ 5,0 kV
1040V 60kA

CLAMPER Front V
2 I/II - 275 V 60 kA 20 kA 12,5 kA 1,5 kV
275V 60kA

CLAMPER Front V
3 I/II - 275 V 60 kA 20 kA 12,5 kA 1,5 kV
275V 60kA

Nota: Os modelos indicados para aplicação em corrente contínua têm três módulos integrados, preparados para conexão
tipo estrela, conforme detalhado no item 9.2.3.1

9.2.2 - PROTEÇÃO NO LADO


CC DO SISTEMA DE GERAÇÃO

A instalação do dispositivo de proteção Assim, DPS com desligadores desenvolvidos


é relativamente simples. Em algumas para atuação em corrente alternada podem
situações, porém, requer alguns cuidados não ser eficazes em sistemas de corrente
para o bom desempenho do sistema. Esse contínua do SFV. Então a proteção do
é o caso do SFV cujas características o lado CC precisa de DPS que atendam às
distinguem de outras aplicações. normas EN 50539-11 [15] ou IEC 61643-
31 [17]. Para elevar o nível de segurança
O comprimento dos condutores de conexão das instalações fotovoltaicas, essas duas
dos DPS deve seguir as recomendações normas preconizam a adoção de ensaios
dadas no item 7.3.2.1 do Capítulo 7 para fazer a desconexão nesse tipo de
para evitar que quedas de tensão nesses aplicação.
condutores e o nível de proteção do DPS
não ultrapassem o nível de suportabilidade Inversores que usam portas de dados como
do equipamento. ethernet ou comunicação serial podem
precisar de proteção adicional. É que esse tipo
De forma natural, alguns DPS tendem a de circuito fica suscetível a surtos elétricos
fechar curto-circuito no fim de vida útil. pela interação de descargas atmosféricas.
Esse é o caso de dispositivos compostos Então é preciso instalar um DPS compatível
por varistores de óxido metálico. Devido a com o sinal trafegado para cada protocolo
essa característica no seu funcionamento, de sinal de dados. A Figura 9.24 ilustra a
esse tipo de DPS requer uma desconexão proteção de um sistema fotovoltaico. Além
segura, independentemente da condição de da aplicação do CLAMPER Solar SB e do
operação do arranjo fotovoltaico. CLAMPER Front V, em corrente contínua e

230 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


alternada, respectivamente, são necessários 9.2.3.1 - SISTEMAS COM OS DOIS POLOS
protetores para as linhas de dados. Assim a ISOLADOS
linha de comunicação de dados, via protocolo
ethernet, deve ser protegida com DPS Três tipos de conexão são utilizados em
CLAMPER S800 Ethernet CAT5e. sistemas isolados:

tipo estrela;
tipo delta;
Módulos FV

em modo comum.
Recomenda-se o uso de uma combinação
de DPS ligados em série para proteger um
sistema de geração fotovoltaica com tensões
Saída em CA
Inversor
CLAMPER
Ethernet Rede ETHERNET
em corrente contínua entre 100 VCC e 1,5 kVCC.
A Figura 9.25 detalha uma ligação tipo estrela.
Os DPS 1, 2 e 3 devem trabalhar com a mesma
DPS

DPS
DPS
DPS
DPS

DPS
DPS
DPS

tensão nominal e ter a mesma capacidade de


DPS em CA

CLAMPER Solar SB

corrente nominal de surto. A soma das tensões


nominais dos DPS 1 e 2, 1 e 3 e DPS 2 e 3
Figura 9.24 - Proteção das portas de dados de um SFV deve ser superior à tensão máxima do sistema
(Uocmax) entre os terminais positivo e negativo.
9.2.3 - TIPOS DE CONEXÕES PARA DPS
O lado de corrente contínua (CC) do sistema
de geração fotovoltaica tem os polos positivo -
e negativo. Eles podem ou não ser aterrados. +
Nos sistemas isolados, nenhum dos dois
DPS

DPS
polos é aterrado. Nos sistemas aterrados, 1 2

um dos polos é ligado diretamente à terra.


Dependendo do tipo de sistema, existe mais
de uma possibilidade para a conexão dos DPS,
DPS

conforme descrito a seguir. 3

Podem ser utilizados DPS tripolares ou


uma combinação de DPS monopolares para
proporcionar proteção em todos os modos:
do polo positivo para a terra, do polo negativo
Figura 9.25 - Conexão tipo estrela para sistema isolado.
para a terra e entre os dois polos. Adaptado de [16]

T T T
DPS

DPS

DPS

1 2 3

Figura 9.26 - Exemplo de produto


com circuito preparado para
conexão tipo estrela. CLAMPER
Solar 1040V 40kA
L+ L-

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 231
A conexão em delta, detalhada na Figura instalação (DPS 2). A Figura 9.29 detalha
9.27, representa a conexão clássica essa estrutura. Se a conexão do DPS 1 for
utilizada para proteção em modo comum: executada na mesma barra de aterramento
entre linha e terra e modo transversal, entre do polo ou se a distância (L) for menor que
linhas. Os DPS 1, 2 e 3 devem trabalhar dez metros, não precisa instalar o DPS 2.
com a mesma tensão nominal e ter a mesma Na conexão transversal, o DPS 1 precisa ter
capacidade de corrente nominal. O DPS 1, a tensão nominal superior à tensão máxima
conectado em modo transversal, deve ter do sistema (Uocmax) entre o polo positivo e o
tensão nominal superior à tensão máxima negativo. Se for indicado o uso do DPS 2,
do sistema (Uocmax) entre os polos positivo e a sua tensão nominal pode ser menor que
negativo. a tensão entre os polos positivo e negativo.

-
+ -
1

DPS
+
L 1
DPS

DPS

2 3
DPS

Figura 9.27 - Conexão em delta para sistema isolado. Adaptado de [16]

Na conexão em modo comum detalhada na Figura 9.29 - Conexão em sistema aterrado. Adaptado de [16]
Figura 9.28, deve ser levada em consideração
a suportabilidade dos equipamentos às 9.2.4 - CAIXA DE JUNÇÃO (STRING BOX/
sobretensões (ver Tabela 9.5). Na operação
dos DPS, a tensão residual a ser estabelecida COMBINER BOX)
entre os polos positivo e negativo deve ser a A proteção contra surtos entre os módulos
soma das tensões residuais dos DPS 1 e 2. fotovoltaicos e o inversor é provida pela
utilização dos DPS ou de caixas de junção
chamadas string box ou combiner box.
- De acordo com a NBR 16690 [18], a caixa
+ de junção é um invólucro que conecta em
paralelo subarranjos, séries ou módulos
DPS

DPS

1 2
fotovoltaicos e pode alojar dispositivos de
proteção e/ou de manobra. Uma string box
pode ser composta por DPS e elementos de
proteção e/ou seccionamento para proteger
os elementos da geração fotovoltaica contra
os surtos elétricos. Se for preciso, a caixa de
junção pode fazer o isolamento do circuito
Figura 9.28 - Conexão em modo comum para sistema isolado.
para impedir acidentes elétricos, como
Adaptado de [16] curtos-circuitos e choques.

9.2.3.2 - SISTEMAS COM UM DOS POLOS Sistemas fotovoltaicos de grande porte


ATERRADOS têm vários módulos conectados em série.
Quando é aplicável, eles são conectados
Em sistema com um dos polos aterrados, em paralelo. Um evento de curto-circuito
deve ser instalado um DPS entre o positivo nesses sistemas pode gerar corrente reversa
e o negativo (DPS 1) e outro entre o polo no circuito, propiciando um efeito em cadeia
aterrado e a barra de aterramento da de queima dos módulos. Isso pode provocar

232 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


aquecimento excessivo e uma situação de risco e grande potencial de acidente. A Figura
9.30 ilustra a conexão de vários módulos e o fluxo de corrente indevida gerado por um
curto-circuito em uma das séries.

Curto-Circuito

+ L

- N

Figura 9.30 - Corrente


reversa em sistemas
fotovoltaicos

A utilização de fusíveis em série com cada O paralelismo de três séries fotovoltaicas é


série de módulos evita que correntes reversas visível na imagem. Dessa forma, a estrutura
circulem pela série danificada. A corrente fica sujeita à ocorrência de corrente reversa
de ruptura do fusível deve ser superior à em caso de curto-circuito em uma das séries.
corrente nominal da série e inferior à corrente
de curto-circuito. A Figura 9.31 apresenta Então, quando o circuito tiver mais de duas
o diagrama elétrico da string box CLAMPER séries conectadas em paralelo, é preciso
Solar SB 1000 18 kA 3E/1S. usar fusíveis na string box.

Entradas Saída
Módulos Fusíveis Inversor

E1+ S1+
E1- S1-

E2+ Chave
Seccionadora
E2-

E3+
E3-

PE

Figura 9.31
L+ L- Diagrama elétrico da
DPS

DPS

DPS

string box CLAMPER


Solar SB 1000 18kA
3E/1S

Uma caixa de junção deve ser versátil invólucro próprio totalmente protegido
para atender aos variados modelos de contra poeira, jatos de água (IP65) e raios
equipamentos fotovoltaicos existentes e ultravioleta (UV) para resistir às intempéries
conseguir protegê-los. Essa versatilidade de uma instalação externa.
contempla, por exemplo, modelos com
quantidades de entradas, saídas e A Figura 9.32 traz uma visão geral de um
tensões distintas. Por causa das variadas sistema fotovoltaico em uma aplicação
características dos locais de instalação, residencial. É preciso prever proteções
a caixa de junção também precisa de um contra surtos elétricos no lado da corrente

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 233
contínua (CC) - com a utilização de string box CLAMPER Solar SB e/ou DPS CLAMPER
Solar - e na corrente alternada (CA) - com a utilização dos DPS CLAMPER Front V.

Sistema fotovoltáico Módulos fotovoltáicos

CC

Clamper
Solar SB

Inversor

Quadro de
Distribuição
(Disjuntores)

Medidor
de Energia

Figura 9.32
Legenda
CA Visão geral de um
CA - Conrrente Contínua
CC - Corrente Alternada sistema fotovoltaico

Além dos fatores apontados no item 9.2.1, operação e a corrente máxima por entrada
a seleção da string box em um SFV vai obtidas na ficha técnica do fabricante
depender da: da string box. As características do SFV
(dentre elas, a quantidade dos painéis e a
Máxima tensão de circuito aberto; máxima corrente por entrada no inversor)
definem a quantidade de string box e de
Máxima corrente contínua (CC); suas entradas e saídas.

Quantidade de séries fotovoltaicas; A Figura 9.33 ilustra a aplicação de uma


string box em um SFV com três séries
Quantidade de entradas nos inversores. fotovoltaicas. O arranjo desse SFV fornece
uma tensão de 1 kVcc. As séries fotovoltaicas
Os dois primeiros itens, obtidos de acordo são conectadas ao inversor de três entradas.
com o arranjo das séries fotovoltaicas, devem A string box para essa aplicação deve ter três
ser compatíveis com a máxima tensão de entradas e três saídas.
DPS
DPS
DPS

DPS
DPS
DPS

DPS
DPS
DPS

Inversor

CLAMPER Solar SB

Figura 9.33 - Exemplo de aplicação da string box CLAMPER Solar SB 1040V 32A 3E/3S P24 em um SFV com três séries fotovoltaicas

234 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


9.3 - SISTEMA DE GERAÇÃO EÓLICA pás rotatórias;

A energia eólica deve ultrapassar 11% da caixa de câmbio (engrenagens);


matriz elétrica do país até o fim de 2021. E
o uso dessa fonte renovável tende a crescer freio;
ainda mais nos próximos anos. Um parque
de geração eólica é composto por um gerador elétrico;
conjunto de aerogeradores que podem ser
instalados na terra ou no mar. anemômetro e sistema de controle.

Os principais componentes de um
aerogerador são: A Figura 9.34 ilustra um aerogerador. Alguns
sistemas trabalham com uma caixa de
torre; engrenagens para aumentar a velocidade
instalada entre a turbina e o gerador.
nacele; Outros, mais modernos, têm a turbina ligada
diretamente ao eixo do gerador, conforme a
cubo do rotor (hub); Figura 9.35.

Balizamento Anemômetro
Pás

Nacele

Rotor Gerador

Caixa de
engrenagens

Sistema
de freio

Torre

Casa de controle

Figura 9.34 - Principais


componentes de um
aerogerador

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 235
A

Turbina

Conversor Rede
eletrônico elétrica

Caixa de Gerador
engrenagens

Figura 9.35 - (A) Turbina


ligada ao gerador por
meio de uma caixa
Conversor
eletrônico
Rede
elétrica
multiplicadora de
velocidade e (B) Turbina
ligada diretamente ao
eixo do gerador

Geralmente as plantas de geração eólica são instaladas em áreas descampadas. Muitas


vezes, as torres atingem alturas superiores a cem metros. O elevado grau de exposição torna
as instalações bastante suscetíveis aos efeitos das descargas atmosféricas. É necessária a
instalação de arranjos de proteção porque as descargas que incidem diretamente e as que
ocorrem nas proximidades do sistema precisam ser consideradas, conforme mostrado na
Figura 9.36.

Figura 9.36 - Descargas


diretas e nas proximidades
dos aerogeradores precisam
ser consideradas no projeto
do sistema de proteção

A frequência de danos a aerogeradores que 75% dos danos ocorrem nas pás. A
na Europa variava entre 4% e 8% ao ano referência [20] afirma que, considerando
(dados obtidos no período 1991 a 1998 aerogeradores de todas as potências, 50%
[19]). Em levantamentos feitos entre 2002 e dos danos ocorrem nos sistemas elétrico e
2006, o Japão apresentava uma frequência de controle.
de danos nos aerogeradores bem maior que
a da Europa: entre 10% e 20%. E o número Os aerogeradores são conectados à rede
subiu ainda mais - para 30% - quando a elétrica, e os elementos que compõem o
região analisada foi a costa japonesa. circuito elétrico precisam de proteção. O
cubo do rotor é responsável pela rotação
Para o caso de aerogeradores de alta das pás da turbina em função da velocidade
potência (> 1 MW), a referência [20] indica e da direção do vento. Se o acionamento e

236 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


o controle do cubo forem elétricos, eles entre equipamentos localizados na nacele,
também precisam ser protegidos. na base e no cubículo de controle. Esses
sistemas também precisam ser protegidos.
Os aerogeradores têm conexões com redes A Figura 9.37 ilustra os componentes que
externas de telecomunicações e usam uma devem ser protegidos com a instalação de
rede interna para a transmissão de dados DPS.

3
1

DPS para proteção do:


1 - Cubo do motor (hub)
2 - Sensores externos e sinalização
Anemômetro
Balizamento
3 - Componentes internos da nacele
Gerador
Redes AC, CC e dados
4 - Componentes instalados na base da torre
Inversores
Redes AC, CC e dados
5 - Componentes instalados no cubículo de controle
Transformador
Redes externas (energia e telecomunicações)

5 4

Figura 9.37 - Sistemas que devem ser protegidos com a instalação de DPS

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 237
A classe dos DPS para um Sistema de às zonas de proteção. As zonas de proteção
Geração Eólica deve ser escolhida em função podem ser vistas na Figura 9.38.
do posicionamento do dispositivo em relação

ZPR 0A ZPR 0B

ZPR 1

ZPR 2

Cabos de
energia e dados

ZPR 1 ZPR 1

Linhas externas

ZPR 2
ZPR 2

Figura 9.38 - Zonas de proteção contra descargas, conforme definido na NBR 5419

A Figura 9.39 mostra o posicionamento de telecomunicações e de dados. As


dos DPS para o circuito elétrico típico de Tabelas 9.12 e 9.13 mostram os modelos
um aerogerador. A Figura 9.40 mostra recomendados para o circuito elétrico e a
o posicionamento dos DPS para a rede rede de telecomunicações.

238 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


DPS
2

DPS

DPS
1 3
6 Gabinete
4 de controle
G

DPS
DPS

DPS
7

DPS
5

Sinalização, equipamentos, sensores

Sinalização, equipamentos, sensores


Gerador (Estator)

Gerador (Rotor)

1 - Cubo do Rotor (hub)


2 - Anemômetro
3 - Balizamento
4 - Gerador (Rotor)
9 11
DPS

5 - Gerador (Estator)
DPS

6 - Gabinete de Controle
7 - Gabinete de Controle
8 - Rede elétrica principal
DPS

DPS

20kV/690V
9 - Inversor Transformador auxiliar
9 10
10 - Gabinete de Controle
DPS

11 - Gabinete de Controle 8

Transformador auxiliar

Figura 9.39 - Circuito elétrico típico de um aerogerador indicando os pontos para a instalação de DPS

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 239
TABELA 9.12
Modelos recomendados de DPS para proteção de aerogeradores (rede elétrica) com tensão de estator 690 V

Local de Instalação Modelo Tensão nominal

CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - N) = 220 V


1 Cubo do rotor
CLAMPER Front V 75V 45kA UN = 24Vdc, 48 Vcc

CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - N) = 220 V


2 Anemômetro
CLAMPER Front V 75V 45kA UN = 24 Vcc

3 Balizamento CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - N) = 220 V

4 Estator - Gerador CLAMPER Front V 680V 45kA UN (L - L) = 690 V

CLAMPER Front V 680V 45kA UN (L - L) = 690 V


5 Rotor - Gerador CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - L) = 480 V
CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - L) = 380 V

6 Gabinete de controle (220 V) CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - N) = 220 V

7 Gabinete de controle (24 V, 48 V) CLAMPER Front V 75V 45kA UN = 24 Vcc

8 Rede elétrica principal CLAMPER Front V 680V 45kA UN (L - L) = 690 V

CLAMPER Front V 680V 45kA UN (L - L) = 690 V

9 Inversor CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - L) = 480 V

CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - L) = 380 V

10 Gabinete de controle (220 V) CLAMPER Front V 460V 45kA UN (L - N) = 220 V

11 Gabinete de controle (24 V, 48 V) CLAMPER Front V 75V 45kA UN = 24 Vcc

Em alguns casos, o transformador de elevação pode estar na nacele. Em situações assim,


a especificação dos DPS 5 e 8 deve ser revista.

Anemômetro
e anemoscópio

ZPR 1 ZPR 0A

Sistema de controle
instalado em
gabinete metálico
DPS

1 Rede externa de
Modem telecomunicações
DPS

4
Figura 9.40 - Circuito
CLP de telecomunicação
e de dados típico de
DPS

DPS

2 3 um aerogerador com
indicação dos pontos
ZPR 2
Rede interna de
dados e controle
para instalação dos DPS

TABELA 9.13
Modelos recomendados de DPS para proteção de aerogeradores (rede de telecomunicações)

Local de instalação Descrição


1 Anemômetro 922.B.0m3.048 Faster
2 Linha de dados ou barramento de dados 822.B.020
3 Linha de dados ou barramento de dados 822.B.020
4 Linha telefônica e modem 822.B.130
Notas:

1) Os DPS 2 e 3 foram especificados para uma aplicação em RS232 ou RS485. Para outras aplicações, como loop de corrente e entradas e
saídas digitais de controladores programáveis, utilizar os protetores 922.B.0m3 para sinais analógicos ou 922.B.010 para sinais digitais.
Esses protetores estão disponíveis nas tensões de 12 Vcc, 24 Vcc, 48 Vcc ou 60 Vcc para sinais analógicos e 12 Vcc, 24 Vcc, 48 Vcc, 60 Vcc,
127 VRMS ou 220 VRMS para sinais digitais.

2) Para as conexões ethernet, com conectores tipo RJ45, utilizar o modelo CLAMPER Ethernet CAT5e

240 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


9.4 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO
As seguintes conclusões podem ser O número de sistemas de geração
formuladas com base no exposto neste fotovoltaica é cada vez maior. Esses
capítulo: sistemas normalmente ficam expostos
a riscos de surtos porque são instalados
As redes de distribuição estão sujeitas em áreas abertas para receber a luz
a surtos elétricos. Esses fenômenos solar e gerar energia;
são responsáveis por grande parte
dos desligamentos e de danos aos A utilização de inversores e painéis
ativos da rede. A prática usual das fotovoltaicos para a conversão da
concessionárias de energia não evita energia solar exige a instalação de DPS
os surtos na rede de baixa-tensão. para a proteção contra surtos;
Consequentemente, acabam ocorrendo
queimas de transformadores e de outros Os sistemas de geração eólica entraram
equipamentos; de forma definitiva na matriz energética
brasileira. A altura elevada das torres
As medidas de proteção, com o uso dos dos aerogeradores e o fato de eles serem
DPS apontadas neste capítulo reduzem instalados em áreas descampadas torna
os riscos de danos em transformadores, obrigatória a instalação de arranjos de
religadores, caixas de medição proteção eficazes. Assim, é possível
centralizada e unidades consumidoras. evitar a queima de equipamentos
Além de contribuir para a melhoria dos ou a interrupção do funcionamento
índices de qualidade, a aplicação de DPS desses sistemas de geração por causa
para-raios de baixa tensão entra como da elevada incidência de descargas
Capex, possibilitando a instalação de atmosféricas.
novos transformadores;

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 241
CAPÍTULO 10

PROTEÇÃO PARA SISTEMAS DE


TELECOMUNICAÇÕES, AUTOMAÇÃO
INDUSTRIAL E SEGURANÇA
ELETRÔNICA

A evolução tecnológica e a redução Com o auxílio da NBR 5419, de outras normas


dos custos possível com a tecnologia e dos conceitos desenvolvidos no livro, este
embarcada permitiram o surgimento de capítulo discorre sobre a aplicação de DPS
cenários animadores para os serviços de para os sistemas de telecomunicações e de
telecomunicações e a automação industrial. automação industrial.
As redes 5G, a internet das coisas (IoT), o uso
de máquinas avançadas e linhas autônomas 10.1 - REQUERIMENTOS PARA PROTEÇÃO
são exemplos dessas novidades. Mais do DOS CONDUTORES DE SINALIZAÇÃO E
que ganhos em produtividade, a crescente TELECOMUNICAÇÕES
convergência da tecnologia da informação e da
automação industrial possibilita a gestão em
As edificações dotadas de serviços
tempo real. Atividades 100% robotizadas e o
de sinalização e telecomunicações
emprego de sistemas inteligentes e integrados
normalmente ficam expostas aos riscos
proporcionam às empresas desempenhos e
das descargas atmosféricas. As interações
resultados inimagináveis até há pouco tempo.
dessas descargas com os sistemas de
sinalização e telecomunicações podem
Mas mesmo a alta tecnologia está vulnerável
ocorrer por:
aos danos provocados por surtos elétricos.
Esses surtos podem ser provocados por
Descargas diretas na estrutura ou na
descargas atmosféricas e manobras na
linha de alimentação (S1 e S3);
rede elétrica. Essas tecnologias operam
com funções de sinalização e comunicação.
Acoplamentos magnéticos: indutivos e
Geralmente esse tipo de estrutura depende
capacitivos nos condutores (S2 e S4);
de longos comprimentos de condutores. A
consequente formação de grandes áreas
Elevação de potencial do aterramento.
de laços inerentes a esse cabeamento pode
aumentar os riscos de danos por surtos
De acordo com a NBR 5410 [1], qualquer
e, consequentemente, comprometer o
linha externa de sinal (telefonia, dados, vídeo
funcionamento do sistema.
ou outro sinal eletrônico) deve ser protegida
contra surtos nos pontos de entrada e/
Daí a necessidade do DPS para proteger os
ou de saída da edificação. Proteções
equipamentos contra os danos causados
adicionais podem ser necessárias ao longo
pelos surtos elétricos. Entretanto, alguns
da instalação interna e em equipamentos
desses equipamentos requerem cuidados
mais sensíveis. A Figura 10.1 mostra um
adicionais porque eles usam condutores
arranjo coordenado e o posicionamento dos
para receber a alimentação da rede elétrica
DPS nas interfaces das zonas de proteção.
e os condutores para o cumprimento das
funções de sinalização e telecomunicações.

242 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


I0

ZPR 0 A

ZPR
ZPR 11

ZPR
ZPR2 2

ZPR
ZPR3 3

i DESCARGA

D D
c P P f
S S

D BEL
D
b P P e
(a) , (b) , (c) - DPS de acordo com a
S S
Tabela 3 da IEC 61643-21
(d) , (e) , (f) - DPS de acordo com as
classes de teste I, II e III da ABNT NBR
IEC 61643-11
D D
a P BEP
0,5 iDESCARGA P d
S S

Rede de telecomunicação 0,5 iDESCARGA Figura 10.1


Rede de energia Posicionamento dos
DPS na interface das
zonas de proteção [2]

O uso dos DPS para proteger equipamentos conectados a redes de telecomunicações e


sinalização precisa ser antecedido de um levantamento que determine as prováveis fontes
de danos e como elas são acopladas às linhas. A Tabela 10.1 relaciona o mecanismo de
acoplamento com as fontes de danos. A tabela também especifica as categorias dos DPS e
as formas de ondas - de tensão e de corrente - utilizadas para os ensaios de proteção.

TABELA 10.1
Mecanismos de acoplamento - Adaptado de [2]

Descarga nas Descarga nas Induções


Fonte de Descargas diretas na Descarga direta
proximidades da proximidades oriundas da
surtos estrutura (S1) na linha (S3)
estrutura (S2) da linha (S4) rede elétrica

Resisitvo Indutivo Indutivo a


Resisitvo Indutivo Resisitvo
Acoplamento
(1) (2) (2) (1,5) (3) (4)

Formas de onda de
--- 1,2/50 µs 1,2/50 µs --- 10/700 µs 60 Hz
tensão

Formas de onda de 10/350 µs


10/350 µs 8/20 µs 8/20 µs 5/320 µs ---
corrente 10/250 µs

Requisitos
D1 C2 C2 D1, D2 B2 A2
do DPS b

a) Também se aplica aos acoplamentos capacitivos/indutivos de comunicação em redes de alimentação de energia adjacentes
b) Conforme Tabela 3 da IEC 61643-21

A seleção dos DPS deve ser norteada pela análise de risco, considerando a escolha da
categoria do DPS compatível com a zona de proteção onde será aplicado. A Tabela 10.2 traz
a categoria recomendada para os protetores de acordo com as zonas de proteção.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 243
TABELA 10.2
Seleção da categoria de acordo com a zona de proteção - Adaptada de [2]

Limite entre zonas de proteção ZPR 0 / ZPR 1 ZPR 1 / ZPR 2 ZPR 2 / ZPR 3

DPS (a)* D1, D2, B2 --- ---


Requisitos do
DPS (b)* --- C2/B2 ---
DPS**
DPS (c)* --- --- C1

* Ver DPS (a), (b) e (c) na Figura 10.1


** Os ensaios de cada categoria são descritos na IEC 61643-21

A Tabela 10.3 apresenta a relação entre classes e categorias dos DPS. Ela se baseia nos
valores das correntes dos ensaios propostos pelas normas IEC 61643-11 [5] e IEC 61643-
21 [6].

TABELA 10.3
Relação entre classes e categorias de DPS - Adaptado de [2]

Categoria do DPS Classe do DPS conforme


Limite entre zonas de proteção
conforme IEC 61643-21 IEC 61643-11

ZPR 0 / ZPR 1 D1 I

ZPR 1 / ZPR 2 C2 II

ZPR 2 / ZPR 3 C1 III

O item 7.5 do capítulo 7 explica as características individuais dentro do DPSM pode ser feito por
do DPS Multiproteção (DPSM) e descreve sua ligação direta ou indireta. Uma tecnologia
aplicação. O DPSM complementa as proteções a adequada promove o isolamento sob tensões
montante porque combina circuitos de proteção nominais numa ligação indireta e garante a
de, no mínimo, dois serviços no mesmo invólucro eficácia na proteção dos serviços, caso ocorra
e fornece ligação equipotencial entre eles. um surto elétrico. A Figura 10.2 ilustra a
ligação equipotencial ao aterramento dentro
O aterramento compartilhado entre os serviços do DPSM feita por ligação direta e indireta.

Figura 10.2 - Aterramento


compartilhado dentro de um
DPSM. A) Ligação direta B)
Ligação indireta

244 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Ressalta-se que os DPS destinados à proteção foram explorados. Este capítulo vai citar
das linhas de sinais devem ter características exemplos de aplicação de DPS nos sistemas
que atendam aos requisitos específicos de de telecomunicações, automação industrial e
sua aplicação. Certos parâmetros dos DPS segurança eletrônica.
podem influenciar as características de
transmissão. Dentre eles, estão: 10.2 - REDE DE TELEFONIA FIXA E DE
COMUNICAÇÃO DE DADOS USANDO
capacitância; PARES METÁLICOS
resistência em série; As redes de telecomunicações passaram a
ser parte de extrema importância para o dia
perda por inserção; a dia de pessoas e empresas. A confiabilidade
e a operacionalidade de sistemas industriais,
perda por retorno. bancários e de muitos outros estão
intrinsecamente ligadas ao desempenho dos
Os DPS com tecnologia a varistor são um sistemas de telecomunicações, notadamente
exemplo porque eles se comportam como ao acesso à internet.
capacitores, com um dielétrico ZnO (Zinc
Oxide). Os valores desses DPS podem variar As redes de telecomunicações estão
proporcionalmente à área do disco e ao diretamente expostas aos surtos elétricos
espaçamento dos eletrodos, dentre outras provocados por descargas atmosféricas
características. diretas, próximas à edificação e causados
por chaveamentos no sistema elétrico de
Os capítulos anteriores trouxeram exemplos de energia. A Figura 10.3 mostra um diagrama
aplicação de DPS em edificações residenciais simplificado de uma rede de telefonia fixa e de
ou comerciais de pequeno e de médio porte. comunicação de dados tipo ADSL. A proteção
As redes de distribuição de energia e os para os equipamentos instalados na residência
sistemas de geração solar e eólica também ou no escritório foi detalhada no Capítulo 8.

Estação de
telecomunicações

Rede
telefônica
pública
comutada
Comutação

Modem
Cabo Cabo ADSL
Metálico Metálico
DSLAM

Internet
DG Residência / escritório
Armário de
distribuição

Figura 10.3 - Diagrama simplificado de rede de telefonia fixa e de comunicação de dados usando pares metálicos

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 245
10.2.1 - PRÉDIO DA ESTAÇÃO diretas. A Tabela 10.4 , mostrada no Capítulo
DE TELECOMUNICAÇÕES 2 e repetida a seguir, reforça que o Nível de
Proteção da edificação também interfere no
De acordo com a NBR 5419 [3], o prédio da valor do período esperado entre falhas. Para
central telefônica normalmente está exposto uma proteção adequada, o Prédio da Estação
aos riscos S1, S2, S3 e S4. O Capítulo 2 de Telecomunicações requer a instalação de
enfatizou que instalações com torres elevadas DPS nos sistemas de energia e no distribuidor
estão ainda mais vulneráveis às descargas geral.

TABELA 10.4
Período esperado entre falhas para o caso de uma Estação de Telecomunicações com torre de 100 m de altura.
SPDA externo com malha de 10 m de largura e sem utilização de arranjo otimizado para a fiação interna. Região
com Ng = 10 descargas/Km2/ano

DPS para nível de proteção Período esperado entre falhas (anos)

III e IV 5

I 22

DPS especial 223

10.2.1.1 - SISTEMA DE ENERGIA NP I) -, o tempo esperado entre falhas aumenta


de forma significativa. A Figura 10.4 dá um
Uma edificação alimentada por uma rede exemplo da utilização de um DPS de grande
trifásica com neutro distribuído e com Nível capacidade de corrente para onda de 10/350
de Proteção I está exposta ao risco de descarga µs (60 kA).
direta na estrutura com valor de pico de 200
kA. Por isso, o DPS para o sistema de energia Os DPS Classe II devem ser utilizados de forma
deve suportar corrente impulsiva mínima de complementar para garantir a coordenação
25 kA (onda 10/350 µs). de energia e a tensão residual adequada à
suportabilidade dos sistemas de energia dos
Como foi mostrado na Tabela 10.1, se for equipamentos da Estação de Telecomunicações.
utilizado um DPS especial - de melhor proteção, A Figura 10.4 mostra um diagrama esquemático
maior corrente nominal e menor nível residual de aplicação de DPS na entrada do prédio da
(se comparado aos requisitos definidos para o Estação de Telecomunicações.

Protetores Primários Protetores Secundários


CLAMPER Front S 275V 60kA CLAMPER Front 275V 45kA

Figura 10.4
Exemplo de
aplicação de DPS
na entrada de
energia elétrica
da Estação de
Telecomunicações

246 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


10.2.1.2 - DISTRIBUIDOR GERAL Um DG de uma Estação de Telecomunicações
urbana pode ter mais de 20 mil pares de fios a
O Distribuidor Geral (DG) é a parte das serem protegidos. A Figura 10.5 mostra um DG
instalações da Estação de Telecomunicações que típico com blocos terminais verticais e módulos
faz a interface dos condutores que vêm da rede protetores.
externa com os que vão para os equipamentos
de telecomunicações. Normalmente o DG é Os módulos protetores para linhas telefônicas
formado por dois conjuntos de blocos terminais: devem ter proteção paralela contra sobretensão
blocos verticais, onde terminam os cabos e em série contra sobrecorrente. A proteção
telefônicos que vêm da rede externa; blocos contra sobrecorrente utiliza um termistor que
horizontais, de onde partem os cabos internos atua como um fusível regenerável: ele abre o
que vão para os equipamentos. Pares de fios circuito quando há sobrecorrente na linha e
trançados (jumpers) fazem as conexões entre volta a fechar, quando a fonte da sobrecorrente
os dois conjuntos de blocos. Existem vários é removida. Esse tipo de módulo é denominado
tipos de distribuidores com diferentes padrões Módulo Protetor Regenerável (MP-R), conforme
de blocos de conexão. Os blocos verticais devem padronizado pela Anatel. A Figura 10.6
ser protegidos com DPS específicos, chamados mostra o circuito típico de um módulo protetor
de módulos protetores. Nesse caso, é necessário regenerável MP-R à base de centelhador a gás.
um módulo protetor para cada par de fios. As chaves desse circuito representam um
Conforme apontado na Tabela 10.2, esses dispositivo de falha segura (fail-safe). A função
protetores devem ser da categoria adequada à dele é aterrar permanentemente o módulo em
transição de zona onde se encontram. caso de sobreaquecimento.

Figura 10.5 - Exemplo de distribuidor geral (DG) equipado com Figura 10.6 - Diagrama elétrico do Módulo Protetor Regenerável
módulos protetores (MP-R)

A Figura 10.7 mostra diversos tipos de módulos protetores MP-R e os respectivos blocos
terminais utilizados em um DG. O bloco C303 era o padrão da época da Telebrás. Esse módulo
ainda é muito encontrado nas estações de telecomunicações mais antigas. Os blocos IDC Contato
Cilíndrico e IDC Engate Rápido têm sido preferidos nas novas instalações, principalmente por
ocuparem menos espaço.

Figura 10.7 - Exemplos de blocos e módulos protetores MP-R

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 247
Para os pares de fios destinados simultaneamente Para facilitar a diferenciação entre os
a linhas telefônicas e comunicação de dados, módulos MP-R e MP-N, as operadoras de
como as linhas ADSL, os módulos protetores telecomunicações padronizam cores distintas
devem ter baixa perda de inserção. Assim eles conforme descrito a seguir:
minimizam o impacto na transmissão digital.
Então é preferível utilizar o Módulo Protetor
Preto - destinado à proteção de linha
Normal (MP-N), que tem proteção paralela contra
sobretensão. A Figura 10.8 mostra o circuito telefônica fixa;
típico de um MP-N.
Verde - destinados à proteção de linha
de comunicação de dados (ADSL/VDSL).

A Figura 10.9 exemplifica os módulos


protetores tipo MP-N-ERCP e MP-N para linhas
de comunicação tipo ADSL/VDSL.

Figura 10.9 - Módulos tipo MP-N-ERCP (esquerda) e MP-N 5


Figura 10.8 - Diagrama elétrico do Módulo Protetor Normal (MP-N) pinos (direita) com pinos para proteção de linhas ADSL/VDSL

10.2.2 - ARMÁRIO ÓPTICO

Ao expandir e atualizar as redes de telecomunicações, os armários de distribuição vêm sendo


substituídos por armários ópticos. A configuração resultante é mostrada na Figura 10.10, que
deve ser comparada com a Figura 10.3. Nesse caso, o DG é substituído por um Distribuidor Geral
Óptico (DGO), onde são feitas as conexões entre as fibras ópticas que vêm da rede e as fibras que
vão para os equipamentos. Um cabo óptico conecta o DGO a um Armário Óptico, onde ficam os
equipamentos que fazem a interface de comunicação com a rede metálica (DSLAM).

Estação de
telecomunicações

Rede
telefônica
pública
comutada
Rede IP

Modem
Cabo Cabo ADSL
Óptico Óptico
Rede IP
Figura 10.10
Diagrama
Internet simplificado de rede
DGO Residência / Escritório de telefonia fixa e
Armário comunicação de
Óptico dados usando de
Armário Óptico

248 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Ponto de transição entre a rede de fibra descarga nominal adequada para a aplicação
óptica e a rede de par metálico, o armário e boa relação custo - benefício.
óptico pode cobrir uma área de alguns
quilômetros quadrados (km²). Assim ele fica A Figura 10.11 detalha o tipo e a atuação
exposto, na maioria dos casos, a descargas do DPS instalado na entrada de um armário
indiretas. Considerando os riscos de danos óptico. O DPS deve ter sistema de sinalização
S2 e S4 conforme norma NBR 5419 [3], a remota para possibilitar o monitoramento
fonte de alimentação dos equipamentos deve de seu fim de vida útil usando o sistema de
ser protegida com DPS Classe II. Existe uma supervisão do próprio armário óptico.
variedade grande de DPS com corrente de

CLAMPER Front 275V 45kA/SR

Figura 10.11 - Detalhe CLAMPER Front V 275V 45kA/SR instalado na linha de energia de um Armário Óptico para a proteção do
retificador

A partir do armário óptico, os cabos da 10.12 mostra diferentes tipos de blocos


rede até o ambiente do cliente da operadora utilizados nos armários ópticos.
são metálicos e devem ser protegidos com
DPS específicos, também chamados de Os módulos protetores devem ter baixa perda
módulos protetores. Esses DPS precisam por inserção para minimizar o seu efeito sobre
ser de categoria C2 ou B2, conforme Tabela a transmissão digital. Portanto, é recomendável
10.2. Um armário óptico é dotado de um utilizar o Módulo Protetor Normal (MP-N) para
Distribuidor Geral (DG) com 200 até 2,4 mil essa aplicação. Esse tipo de módulo protetor é
pares de fios a serem protegidos. A Figura descrito na Seção 10.2.1.2.

Bloco tipo IDC geleado Bloco tipo IDC contato cilíndrico Bloco tipo IDC engate rápido
Módulo MP-N ERBG Módulo MP-N-CC Módulo MP-N ERCP

Figura 10.12 - Exemplos de módulos protetores e blocos terminais para Armário Óptico

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 249
10.3 - ESTAÇÕES DE RADIOBASE principais componentes de uma ERB externa
DE TELEFONIA MÓVEL CELULAR são mostrados na Figura 10.13, com destaque
para:
As estações radiobase (ERB) estão espalhadas
pelas cidades, no topo de edifícios, nas Torre;
montanhas e até mesmo em terrenos comuns.
Existem estações internas, tipo micro-ERB, e Container ou armário;
externas. As estações externas, principalmente
as localizadas em topo de edifícios ou de morros, Fonte de alimentação (retificador);
estão expostas aos riscos S1, S2, S3 e S4,
conforme NBR 5419 [3]. Por isso, elas devem ser Iluminação de balizamento;
protegidas contra as descargas atmosféricas. Os
Rádio instalado no armário ou na torre.

Figura 10.13 - Configuração


básica de uma estação
radiobase (ERB). Adaptado
de [7]

10.3.1 - SISTEMA DE ENERGIA prédio e no limite entre a ZPR 0B e a ZPR 1. Os


Considerando o risco de descarga direta DPS Classe II devem ser utilizados de forma
na estrutura e os níveis de proteção III e IV complementar para garantir a coordenação
previstos na NBR 5419 [3], o DPS para o de energia e a tensão residual adequada
sistema de energia deve suportar corrente à suportabilidade dos sistemas de energia
impulsiva mínima de 12,5 kA para onda dos equipamentos da ERB. A Figura 10.14
10/350 µs. Os sistemas de energia devem ser apresenta um diagrama esquemático de
protegidos com DPS Classe I na entrada do aplicação de DPS no sistema de energia.

Figura 10.14 - Exemplo


de aplicação de DPS na
entrada de estação Radiobase
alimentada em 127/220 V
trifásico

250 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A Figura 10.15 mostra um DPS primário Classe I aplicado na entrada de uma ERB, junto
do medidor da concessionária de energia.

Figura 10.15 - DPS Classe I, modelo CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA, aplicado na entrada da instalação, próximo ao medidor da
concessionária de energia

10.3.2 - BALIZAMENTO
de balizamento deve ser instalado no limite
A fonte de alimentação e o controle da entre a ZPR 0 e a ZPR 1, conforme mostra a
iluminação de balizamento do container ou Figura 10.16. Para sistemas alimentados em
do armário estão expostos aos riscos S1 e S2. -48 Vcc, a tensão nominal do DPS deve ser de
O conjunto de DPS para a proteção do sistema 75 V.

CLAMPER Front V 75V 45kA

Figura 10.16 - Detalhe de aplicação de DPS CLAMPER Front V 75V 45kA para proteção de iluminação de balizamento em estação
radiobase alimentada em -48 VCC

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 251
10.3.3 - CABOS COAXIAIS E GUIAS 10.3.4 - LINHAS DE TELECOMUNICAÇÕES
DE ONDA CONECTADOS ÀS ANTENAS
DA TORRE Em algumas ERBs pode haver conexões com
estações de telefonia fixa utilizando cabos
Os cabos coaxiais das antenas e das guias metálicos. Nesses casos, devem ser aplicados
de onda são blindados e estão conectados DPS nas conexões do limite entre a ZPR
à malha de aterramento em vários pontos. 0 e a ZPR 1. O tipo de DPS a ser utilizado
Mesmo quando os cabos estão longe da vai depender da tecnologia de comunicação
torre, essa proteção permanece para afastar adotada.
o risco de centelhamento. Ainda assim pode
ser necessário fazer a proteção específica
10.4 - AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL
dos cabos coaxiais para bloquear correntes
originadas por acoplamentos indutivos.
A automação das indústrias e a implantação
Quando aplicáveis, os DPS devem ser da indústria 4.0 são uma realidade no
instalados na transição entre a ZPR 0B e a cenário nacional. O principal objetivo dos dois
ZPR 1 (Tabela 10.1) e pertencer à categoria C2. conceitos é aprimorar processos produtivos,
A Figura 10.17 mostra um arranjo típico de integrar setores, controlar a planta fabril e
aterramento das blindagens dos cabos coaxiais usar diversos equipamentos eletroeletrônicos
no limite entre a ZPR 0 e a ZPR 1. para cumprir seu encargo. Essa meta pode
não ser alcançada devido a falhas ocasionadas
pelos surtos elétricos. Comumente, as
infraestruturas industriais são compostas
pelos seguintes equipamentos:

Controladores lógicos programáveis (CLP);

Sensores;

Inversores de frequência;

Atuadores.

O ambiente onde esses equipamentos estão


Figura 10.17 - Aterramento da blindagem de cabos coaxiais instalados favorece a incidência de surtos
por descargas atmosféricas, acionamento
A Figura 10.18 mostra DPS instalado nos constante de cargas reativas, elevação de
cabos coaxiais e na transição entre a ZPR 0B potencial em aterramentos independentes,
e a ZPR 1 onde vai ocorrer um acoplamento como nos esquemas de aterramento TT ou
indutivo. IT, e por falta de equipotencialização entre
os equipamentos.

Esta seção traz recomendações para proteger


equipamentos de automação contra os
surtos elétricos.

10.4.1 - CONTROLADOR LÓGICO


PROGRAMÁVEL (CLP)

Os controladores lógicos programáveis (CLP)


são computadores especiais que processam
dados recebidos por diversas fontes. Esses
dados são transmitidos por sinais elétricos
Figura 10.18 - DPS modelo 812.X.050/N instalado na entrada do
e possibilitam a comunicação do CLP
prédio ou do container com outros componentes do sistema para

252 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


controlar, interpretar e fornecer uma resposta
adequada para cada estágio do processo do
qual o equipamento faz parte.

A proteção do CLP feita por DPS leva em


consideração as entradas e saídas do CLP. A
Figura 10.19 demonstra, de forma genérica, o
posicionamento dos DPS nas entradas e saídas
do CLP. A alimentação é indicada pelas proteções
1 e 2; as entradas e saídas analógico-digitais
são protegidas por 3; as portas de comunicação
estão indicadas pelas proteções 4 e 5.

Como existem diversos níveis de tensão e


meios físicos de comunicação no CLP, a Tabela
10.5 aponta as famílias de DPS aplicáveis a
cada modo. Figura 10.19 - Localização dos DPS em um painel de automação

TABELA 10.5
Linha de DPS indicados para proteção de CLP

Número Aplicação Linha de protetor

1 Alimentação CA CLAMPER Front V

2 Alimentação CC CLAMPER Front V

3 Sinal A/D CLAMPER Control

4 RS 485 CLAMPER Control

5 Porta Ethernet CLAMPER Signal

10.4.1.1 - ALIMENTAÇÃO DO CLP e com risco de incidência de descargas diretas,


os DPS Classe I são a proteção mais adequada.
Geralmente os painéis de controle e automação O uso de uma fonte em corrente contínua (CC)
são secundários e ficam nas ZPR 2. Por para alimentar o CLP gera a necessidade de
estarem menos expostos que os quadros utilizar DPS quando a distância entre a fonte
primários, os DPS Classe II são a melhor e o CLP for maior que dez metros. A Figura
opção para proteger a alimentação desses 10.20 ilustra essa condição. E o DPS para
painéis, conforme indicado na Tabela 10.3. aplicar nesse caso é o específico para corrente
Se os painéis ficarem em áreas mais expostas contínua.

Figura 10.20 - Coordenação de


protetores

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 253
O item 1 da Tabela 10.6 apresenta os modelos de DPS para CLP destinados à alimentação
elétrica em corrente alternada. O item 2 apresenta os modelos destinados à alimentação
em corrente contínua.

TABELA 10.6
Modelos indicados para aplicação na alimentação de Controladores Lógicos Programáveis (CLP)

Item Alimentação Tensão (V) DPS

127/220 CLAMPER Front V 275V 20kA

1 CA 220/380 CLAMPER Front V 385V 20kA

254/440 CLMPER Front V 460V 20kA

< 65 CLAMPER 722.B.010.050


2 CC
< 125 CLAMPER Solar 150V 40kA

A suportabilidade do equipamento a ser A automação industrial utiliza sensores e


protegido (UW ) deve ser verificada para atuadores que, em conjunto, fornecem dados
instruir a escolha dos DPS com níveis de para o CLP que controla o processo com auxílio
proteção (UP/F ) adequados às condições de de contatores, relés, etc.
exposição do equipamento, conforme descrito
no capítulo 7, item 7.4.2. A proteção de sensores, medidores de fluxo,
dentre outros, é prevista na norma IEC 61643-
Essa suportabilidade pode vir descrita no 22 [2]. A instalação deve ser feita próxima
manual do equipamento, no site ou em do sensor e da porta do CLP para reduzir as
consulta direta ao fabricante. Informações diferenças de potenciais de surto nas portas de
sobre suportabilidade aos surtos são dados do equipamento.
comumente acompanhadas da norma que
trata o tema. Esse é o caso da IEC 61000- A escolha do protetor adequado deve observar as
4-5 [4]. Se o fabricante não fornecer essa características propostas no item 10.1, em que a
informação, os anexos A e B no Capítulo 7 Tabela 10.1 apresenta a categoria dos protetores
indicam valores utilizados como base para a para cada fonte de surto. Assim, caso o DPS
escolha do valor seja destinado à proteção dos surtos induzidos,
a categoria dos DPS deve ser a C2.
10.4.1.2 - ENTRADAS E SAÍDAS
ANALÓGICAS E DIGITAIS Se os dispositivos forem utilizados em quadros
de montagem, os protetores com conexão
utilizando borne terão uma aplicação mais
intuitiva, como pode ser visto na Figura 10.21

Figura 10.21 - Protetor


CLAMPER S900

254 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Outras aplicações demandam a utilização de básico, alimentos e bebidas. Trata-se de um
protetores com características mais específicas. tipo de aplicação que geralmente demanda um
Esse é o caso de alguns DPS para medidores de grau de vedação IP66, terminais pré-isolados
vazão, temperatura, nível e pressão. É comum e conexão via rosca NPT ½’’ para acoplamento
encontrar esses dispositivos em sistemas de do DPS diretamente no sensor, como mostra
gás natural, refinarias de petróleo, saneamento a Figura 10.22.

Figura 10.22 - Protetor


CLAMPER 922.E.000_IA

Como foi citado, a proteção desses componentes deve ser feita nas extremidades, conforme
ilustrado na Figura 10.23.

Figura 10.23
Esquema de conexão
protetor NPT 1/2”

Conforme apresentado no item 10.1, as linhas metálicas de transmissão de sinais também estão
sujeitas às diferenças de potencial. Então é preciso atenção na interligação dos aterramentos,
principalmente quando se tratar de edificações distintas. As Figuras 10.24 e 10.25 demonstram
as equipotencializações necessárias entre os equipamentos protegidos, os DPS e as barras
de aterramento, conforme explicado no item 4.3 do Capítulo 4. A ausência das barras de
equipotencialização (BEP) pode expor os DPS e equipamentos a uma tensão de regime contínuo
acima dos limites, devido à distinção entre aterramentos. Esse caso é análogo ao do sistema de
aterramento TT e pode causar danos ou queima dos DPS.

922.B.0m3.024 distância > 10 m 922.B.0m3.024


CLP(ITE)
Sensor
Indutivo/
Capacitivo CLAMPER CLAMPER
Control Control
Figura 10.24
Condições necessárias
de instalação de um
DPS de três, cinco
BEP BEP ou vários terminais
(multiterminais) com um
CLP para minimizar a
interferência no nível de
proteção

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 255
Figura 10.25
Exemplo de aplicação
em sensor indutivo
referenciado ao
barramento de
equipotencialização

10.4.1.3 - PROTOCOLOS DE Conforme apresentado no item 10.1,


COMUNICAÇÃO as induções provocadas por descargas
atmosféricas indiretas em cabos de par
Devido à diversidade de CLP encontrados trançado geram surtos elétricos que podem
surgir em modo diferencial ou em modo
no mercado, é natural também encontrar
comum. Considerando que tensões induzidas
diferentes formas de comunicação e interação podem romper o isolamento dos equipamentos
com outros controladores, plataformas da e causar danos permanentes, é recomendável
interface homem-máquina (IHM), servidores, proteger circuitos expostos a essas induções.
etc. Os DPS devem ser aplicados nos casos em que
a distância entre os equipamentos a serem
Geralmente a comunicação utiliza os protegidos for maior do que dez metros. A
protocolos Profibus ou Modbus de padrões proteção deve ser aplicada em ambas as
RS-232 ou RS-485 como meio físico para extremidades e a equipotencialização do
conexão. A veiculação dessas informações é equipamento e do dispositivo de proteção
feita por pares metálicos. O padrão RS-485 e do sistema deve ser mantida. A Figura
pode alcançar longas distâncias - até 1,2 mil 10.26 mostra, de forma simplificada, os DPS
instalados nas duas extremidades
metros sem o uso de repetidores.

Figura 10.26 - DPS


para proteção nas
duas extremidades
de redes RS usando
o protetor CLAMPER
922.B.0m3.012

256 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


10.4.2 - INVERSORES DE FREQUÊNCIA parâmetros do sistema. Dentre eles estão a
tensão nominal, o valor da corrente de curto-
Inversores de frequência são amplamente circuito presumida do painel, a suportabilidade
utilizados no ambiente industrial. Eles Uw do inversor de frequência e o nível de
estresse em que o DPS e os elementos ficam
também estão sujeitos a danos causados
submetidos em eventos transitórios causados
por surtos elétricos advindos da própria rede por descargas atmosféricas. Os parâmetros de
de alimentação. A Figura 10.27 ilustra os estresse causados por descargas atmosféricas
elementos típicos desse circuito. Para a correta podem ser estimados por meio de cálculos e
escolha do DPS, é preciso observar alguns métodos fornecidos pela NBR 5419 [3].

Figura 10.27 - Localização de dispositivos


para proteção de painel com inversor de
frequência - (1) DPS; (2) Dispositivo DP;
(3) Disjuntor inversor; (4) Inversor de
frequência; (5) DPS para sinais analógicos e
digitais; (6) DPS para comunicação de dados;
(7) Barramento de equipotencialização local
(BEL); (8) Motor elétrico

A instalação dos DPS deve ocorrer, no Os painéis de controle dos inversores de


mínimo, como previsto na norma NBR 5410 frequência na indústria geralmente ficam em
[1] e indicado no item 7.4.3 do Capítulo 7. zonas de proteção onde o nível de estresse
Dependendo do nível de exposição do circuito é menor (ZPR 1, ZPR 2, ZPR n>2). A Tabela
10.7 apresenta os modelos de DPS Classe II
e das características do ambiente, outras
sugeridos para a proteção de inversores de
normas podem ser consultadas para obter frequência em diferentes valores de tensões
a proteção plena dos inversores. encontrados nas indústrias.

TABELA 10.7
Modelos recomendados de DPS para proteção dos inversores de frequência

Tensão de instalação
Protetor DPS
Tensão de fase (V) Tensão de linha (V)

110 a 127 220 a 254 CLAMPER Front V 275V 20kA

220 a 254 380 a 480 CLAMPER Front V 460V 20kA

380 a 480 658 a 830 CLAMPER Front V 680V 45kA

Ainda assim, é possível encontrar instalações e esteiras de transporte de cimento, conforme


em que o painel esteja na ZPR 0B. É o caso de mostra a Figura 10.28.
silos para armazenamento de grãos, teleféricos

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 257
Figura 10.28 - Correia
transportadora de cimento

Como esses locais demandam dispositivos mais robustos, recomenda-se a instalação de DPS
de classes que atendam aos requisitos de surtos diretos (10/350 µs). A Tabela 10.8 indica
os DPS com valores mínimos para essa aplicação.

TABELA 10.8
Modelos recomendados de DPS para proteção dos inversores de frequência

Tensão da instalação
Protetor DPS
Tensão de fase (V) Tensão de linha (V)

110 a 127 220 a 254 CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA

220 a 254 380 a 480 CLAMPER Front V 385V 12,5/60kA

380 a 480 658 a 830 CLAMPER Front V 460V 12,5/60kA

Caso o inversor de frequência tenha outras


conexões metálicas de comunicação, vai ser
preciso prever a proteção desses condutores
com um DPS para cada tipo de conexão. A
forma é análoga à dos casos apresentados
nos itens 10.4.1.2 e 10.4.1.3.

10.4.3 - ATUADORES

Atuadores são sistemas eletropneumáticos


encontrados em indústrias, geralmente
operados em alta velocidade, precisão e
transportando peças de menor porte. Por
serem compostos por válvulas solenoides,
os atuadores podem apresentar falhas em
função do rompimento da sua isolação. Dessa
forma, gera-se um curto-circuito entre espiras
que leva à falha do sistema. O rompimento
do isolamento dos fios do solenoide também
pode ser gerado pela elevação de temperatura
durante a circulação do surto elétrico, como
Figura 10.29 - Exemplo de falha de isolação na bobina
pode ser visto na Figura 10.29.

258 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


A utilização de DPS demonstrada na Figura 10.30 evita a ocorrência desse tipo de dano e
mantém a integridade do sistema durante surtos elétricos.

Fio 1 Válvula solenóide

CLAMPER Control 4 2

IB Fio 2
5 1 3

Figura 10.30 - Esquema de conexão para proteger vávulas solenoides eletropneumáticas

Válvulas solenoides pneumáticas são encontradas, principalmente, em 220 Vca ou em 24 Vcc.


Os protetores contra surtos recomendados para proteção de válvulas solenoides pneumáticas
são indicados na Tabela 10.9.

TABELA 10.9
Modelos de protetor recomendados para proteção de solenoides eletropneumáticas

Item Alimentação Tensão DPS

1 CA 220 V 923.B.010.220 Faster

2 CC 24 V 923.B.010.024 Faster

O mesmo princípio é aplicado às válvulas solenoides encontradas em sistemas eletro-


hidropneumáticos e hidráulicos, conforme ilustrado na Figura 10.31.

Válvula
eletrohidrosolenóide

CLP(ITE)
Distância > 10 m

CLAMPER CLAMPER
Control Control

Figura 10.31 - Esquema de conexão para proteger válvulas eletro-hidrosolenoides

Geralmente essas válvulas são alimentadas em 127 Vca ou 12 Vcc. Os protetores recomendados
para essa aplicação são apresentados na Tabela 10.10.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 259
TABELA 10.10
Modelos de protetor recomendados para proteção de solenoides eletro-hidropneumáticas

Item Alimentação Tensão DPS

1 CA 127 V 923.B.010.127 Faster

2 CC 12 V 923.B.010.012 Faster

10.4.4 - SINALIZAÇÃO REMOTA sistema de automação por meio de supervisório


de controle.
O Capítulo 7 apresenta a solução para um DPS Os DPS da linha de quadros CLAMPER Front D
enviar sinalização remota. Para aprofundar no contidos na Figura 10.32 e os CLAMPER Front
tema e detalhar a sua função, este capítulo usou V têm sinalização remota que consiste em um
contato seco que comuta ao fim de vida útil do
exemplos de aplicação do DPS associada a um DPS.

Sinalização Remota

Figura 10.32 - CLAMPER Front D


SR (Sinalização Remota)

Essa sinalização pode ser integrada aos atingirem o fim de vida útil, um dos contatos
sistemas de automação para detectar a fecha e aciona o contator K3. Por sua vez,
necessidade de substituição do DPS. Os o contato de K3 aciona a Sinalização SL1 e,
contatos SR-DPS1 e SR-DPS2 demonstrados simultaneamente, envia o sinal para o CLP
na Figura 10.33 são as sinalizações remotas detectar a necessidade de substituição do
dos dispositivos protetores. Quando os DPS protetor.
PE
N
L
-X
L
-T

1 2
SR -DPS1 11 SR -DPS2 11 13
-DPS1 -DPS2 -V
-K3 PE
12 14 12 14 14 + -
3 4

A1 X1
-K3 -SL1
A2 X2
Figura 10.33 - Exemplo de
CLP utilização da sinalização
remota de acionamento de
lâmpada ao fim de vida útil
do DPS

260 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Em outro exemplo, um quadro fornece Ao fim de vida útil do DPS, esses contatos
energia para um equipamento sensível que vão comutar e acionar a bobina do contator
não pode ficar sem proteção. A sinalização K3. Os contatos auxiliares de K3 acionam
remota pode ser utilizada para inserir outros os DPS 3 e 4 para assumirem a proteção
DPS enquanto o conjunto de proteção do circuito enquanto os DPS 1 e 2 são
que alcançou o fim de vida útil aguarda desconectados do sistema via desligador
substituição. interno do próprio DPS.

A Figura 10.34 demonstra o arranjo feito Por fim, o sinalizador SL1 é energizado,
com os contatos SR-DPS1 e SR-DPS2 que demonstrando para a equipe de manutenção,
correspondem aos contatos de sinalização via sistema supervisório, que os DPS 1 e 2
remota do dispositivo CLAMPER Front V. precisam ser substituídos.
PE
N
L
-X
L
-T

1 3 13
1 2
-K3 -K3
2 4 14 -V
PE
+ -
3 4

X1 X1 X1
DPS

DPS

-DPS3 -DPS3 -SL1


SR -DPS1 11 SR -DPS2 11
-DPS1 -DPS2 X2 X2 X2
12 14 12 14

CLP

A1
-K3
A2

Figura 10.34 - Exemplo de utilização da sinalização remota para introdução de DPS backup

10.5 - SEGURANÇA ELETRÔNICA Geralmente esses sistemas têm uma central de


processamento e detectores, alarmes, câmeras,
A função da segurança eletrônica é fazer a catracas, dentre outros, que podem variar de
vigilância patrimonial de áreas perimetrais para acordo com o estudo de vulnerabilidades do local
repreender e reduzir riscos de invasão, furto e onde são instalados.
roubo de ativos e monitorar acessos em áreas
de segurança. Esse tipo de aplicação conta com Como foi apontado no início deste capítulo,
diversos equipamentos eletroeletrônicos. Uma o comprimento dos condutores, em muitos
segurança eletrônica geralmente é composta por casos, pode expor os equipamentos aos danos
múltiplos sistemas. Os mais comuns são: causados por surtos elétricos. A seleção dos
DPS deve levar em conta a proteção das linhas
Detecção e acionamento de alarmes; de alimentação e de sinal, garantindo a devida
equipotencialização entre essas linhas durante
Captura ou videomonitoramento; a ocorrência do surto elétrico.

Identificação e controle de acesso. O Capítulo 8 faz uma análise de risco de danos

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 261
e preconiza a aplicação de DPS de Classe I ou em corrente contínua e barramentos de
Classe I e II no quadro geral. Nos quadros de comprimentos superiores a dez metros, o
circuitos estão previstos os DPS de Classe II, mais adequado é instalar DPS Classe III, de
de acordo com a análise de risco feita. Para acordo com o demonstrado na Figura 10.35.
a proteção dos equipamentos com fontes

0 – 65 V CC – 10 A
Fonte de
alimentação CC Equipamento 1
CA
CLAMPER Front
722.8.010.050 722.8.010.050
CLAMPER Front

Equipamento 2
CLAMPER Front

Equipamento 3
CLAMPER Front

Figura 10.35 - Exemplo da aplicação de DPS Classe III em fontes CC

A Tabela 10.11 apresenta os modelos de DPS para instalação na linha de alimentação para
equipamentos que utilizam fontes chaveadas. A tabela também indica os modelos de DPS
para o quadro de distribuição geral (QDG), o quadro de distribuição de circuitos (QDC) e
aplicados na entrada da fonte.

TABELA 10.11
Modelos de DPS aplicados em linha de alimentação

Local Modelo Quantidade

QDG CLAMPER Front V 12,5/60kA 01 por fase

QDC CLAMPER Front V 45kA 01 por fase

Entrada AC da fonte iCLAMPER Pocket Fit 01 por fonte

Saída CC da fonte 722.B.010.050 01 por fonte

A seleção do DPS para a linha de sinal deve


estar em acordo com [2], indicada na Tabela
10.2. O objetivo é garantir que o DPS não seja
exposto a surtos acima de sua capacidade e que
o nível de proteção (UP ), junto do equipamento,
seja menor que a suportabilidade (UW ) do
equipamento.

Assim, para os equipamentos instalados


em áreas externas como na fachada das Volume
protegido
ZPR0
edificações ou em mastros, uma atenção
B

especial deve ser dada à seleção dos DPS.


Com as medidas de proteção indicadas em
[3], esses equipamentos podem estar dentro
do volume protegido (ZPR 0B) pelo SPDA,
Figura 10.36 - Exemplo de equipamento instalado no volume
conforme exemplifica a Figura 10.36. protegido pelo captor

262 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Onde não houver possibilidade de incidência de Por estarem dentro da edificação ou em demais
descargas diretas, a proteção dos equipamentos ambientes com baixa exposição a surtos elétricos,
deve usar DPS de categoria C2. Para os casos os equipamentos devem ser protegidos por
de equipamentos instalados em áreas internas, DPS de categoria C2 ou C1. A Figura 10.37
situados na ZPR 1 ou na ZPR 2, a proteção deve exemplifica equipamentos de segurança em uma
ser feita com DPS de categorias C2 ou C1. edificação. A Tabela 10.12 apresenta os modelos
de protetores indicados para uso dos sistemas
10.5.1 - EXEMPLOS DE APLICAÇÃO convencionais e endereçáveis.

Nos sistemas de detecção e alarme, a


comunicação dos periféricos com a central se
distingue por: Câmara de segurança
Painel de alarme

convencional: quando não há ajuste do nível


de alarme dos dispositivos de detecção;

endereçável: quando a central consegue


identificar cada dispositivo individualmente.

Nos sistemas endereçáveis, é comum o uso dos


protocolos de comunicação serial, ethernet e, em Botão
Botãode pânico
de pânico remotoremoto
Sensor de
Sensorpresença
de

alguns casos, até mesmo protocolos proprietários.


Figura 10.37 - Exemplo de equipamentos de segurança numa
edificação

TABELA 10.12
Modelos a serem aplicados na linha de sinal de sistemas de detecção

Sistemas Protocolo Modelo

Convencional N/A 722.B.010.050

Serial 822.B.020
Endereçável
Ethernet S800 Ethernet CAT5e

Os sistemas de videomonitoramento, também ou uma estrutura de armazenamento em nuvem


conhecidos como Circuito Fechado de Televisão (cloud computing) que permite acesso autorizado
(CFTV), podem ser analógicos ou digitais. Nos por membros da segurança patrimonial e
sistemas analógicos, a conexão entre câmeras e eletrônica e armazenamento de arquivos em
o Digital Video Recording (DVR) é feita por cabo bancos de dados e de imagens.
coaxial, conectores BNC e uma fonte responsável
pela alimentação das câmeras. Os sistemas A Figura 10.38 ilustra a aplicação dos protetores
digitais possibilitam o envio de imagens por uma em um sistema CFTV conectado por meio de
rede IP de cabeamento estruturado ou servida cabo de rede, com tecnologia Power Over
por Wi-Fi. Essas redes usam um servidor local Ethernet (PoE).

Cabo RJ45 com PoE

Energia
iCLAMPER Pocket
Cabo RJ45 com PoE

DVR/NVR
CLAMPER Energia 3 +
iCLAMPER Ethernet

Cabo Ethernet

Cabo RJ45 com PoE Figura 10.38 - Exemplo


Cabo Ethernet
Roteador
da aplicação de DPS em
sistema de CFTV

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 263
A Tabela 10.13 apresenta modelos de DPS para sistemas de monitoramento dos tipos
analógico e digital, considerando que os equipamentos estão localizados na ZPR 1.

TABELA 10.13
Modelos a serem aplicados na linha de sinal dos sistemas de CFTV

Corrente de descarga máxima - Imax


Modelo Conector Tecnologia
(kA)

812.X/F F 10 kA Analógica

812.X/BNC BNC 10 kA Analógica

S800 Ethernet CAT5e + PoE RJ45 10 kA Digital

Geralmente os ambientes corporativos funcionários, visitantes, fornecedores, veículos,


instalam sistemas de segurança eletrônica etc. A Figura 10.39 demonstra os tipos de
mais robustos para garantir a proteção do dispositivos de proteção que podem ser
patrimônio da empresa e permitir o controle aplicados de acordo o com protocolo utilizado
de acessos - entrada e saída de clientes, nos sistemas de segurança eletrônica.

Câmara de 1 4
monitoramento
D 24 VCC RS 485 D
2 P P Detetor de
Alarme S S fumaça

D
P
S Botoeira
1 1 de saída

D D
P P
Sensor S S
de porta

D
P 3
S
Ethernet Figura 10.39
D Exemplo da
P
Fechadura S aplicação de DPS
em sistemas de
5 segurança

D
P Alimentação AC –127 V
S

TABELA 10.14
Modelos de DPS aplicados em sistemas de segurança

Número Modelo Corrente de Descarga Máxima (Imax)

1 722.B.010.050 6,5 kA

2 S800 Ethernet CAT5e + PoE 0,1 kA

3 S800 Ethernet CAT5e 0,1 kA

4 822.B.020 10 kA

5 722.B.010.127 12 kA

264 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


10.6 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO telecomunicações para a sociedade, é
relevante utilizar arranjos de proteção
As seguintes conclusões podem ser formuladas contra surtos em todos os equipamentos
com base no exposto ao longo deste capítulo: que compõem o sistema;

A norma IEC 61643-22 contém Os sistemas de automação têm


orientações complementares para ampla variedade de equipamentos e
a aplicação dos DPS nas linhas de estão difundidos na infraestrutura
sinalização e telecomunicações; industrial. Devido a sua importância
e à sensibilidade aos surtos elétricos,
Surtos elétricos podem acometer Medidas de Proteção contra Surtos
condutores das linhas de energia (MPS) baseadas na aplicação de DPS
e os responsáveis pelas funções reduzem os danos provocados pelos
de sinalização e telecomunicações. surtos elétricos;
Equipamentos conectados
simultaneamente às linhas de energia A evolução tecnológica contribuiu para
e telecomunicações precisam ter uma o avanço da segurança eletrônica. Das
ligação equipotencial entre essas linhas barreiras físicas, como interfones ou
como requisito da proteção contra a catracas, os sistemas avançaram com
ocorrência dos surtos elétricos. Essa o uso de alta tecnologia e passaram
função pode ser exercida por um DPS a trabalhar com diversos níveis de
Multiproteção (DPSM); segurança. A importância da aplicação
dos DPS nesses sistemas supera os
Os sistemas de telecomunicações, benefícios da redução de gastos por
especialmente os que operam queima dos equipamentos, mantendo
com antenas instaladas em torres a sua operação mesmo com a ocorrência
elevadas, são muito suscetíveis aos dos surtos elétricos e, por conseguinte,
efeitos das descargas atmosféricas. garantindo a segurança.
Devido à importância dos sistemas de

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 265
CAPÍTULO 11

PROTEÇÃO DE SISTEMAS FERROVIÁRIOS,


DUTOS DE ÓLEO E GÁS, VEÍCULOS
ELÉTRICOS E ILUMINAÇÃO LED
11.1 - SISTEMAS FERROVIÁRIOS Num Circuito de Via (CDV), os condutores
de sinalização de presença da composição
ligam os trilhos diretamente ao abrigo.
11.1.1 - DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS A distância entre os dois pontos pode ser
DE AUTOMAÇÃO E SINALIZAÇÃO de até 2,5 quilômetros. Os trilhos têm
FERROVIÁRIOS talas com isolação elétrica que separam
os diversos circuitos de via. Isso permite
Há alguns anos, os sistemas de automação e fazer o intertravamento da máquina de
sinalização ferroviários eram eletromecânicos, chave e dos sinaleiros e saber onde estão as
baseados em relés especiais. Para proteção composições.
contra surtos elétricos, as soluções eram
dispositivos mais robustos, como centelhadores Dispositivos que compõem a sinalização
com gap de ar ou de carvão. Atualmente o ferroviária:
sistema ferroviário conta com controladores
lógicos programáveis microprocessados e Circuito de via (CDV);
desenvolvidos especificamente para aplicação Detector de descarrilamento (DD);
no segmento. Para uma proteção efetiva, é
necessário usar DPS devidamente coordenados Máquina de chave (MC);
para garantir desempenho e segurança.
Sinaleiros.
Os sistemas de sinalização ferroviária são de
natureza extremamente complexa. A ocorrência
de intertravamentos e redundâncias é inerente A Figura 11.2 mostra imagens dos principais
a uma série de subsistemas conectados, desde componentes de um sistema de sinalização
o trilho até as salas de controle. ferroviária. Um trecho sinalizado da ferrovia
pode ter até 50 quilômetros de extensão.
São vários sensores de descarrilamento,
A Figura 11.1 mostra o diagrama esquemático
circuitos de via e máquinas de chave para
reduzido de um sistema de sinalização desvios nas entradas e saídas dos pátios
ferroviária. A estrutura é dotada de sensores, instalados em cada trecho.
sinalizadores e controladores nos trilhos.

Pátio 1 Pátio 2

Até
2,5 km
DD DD DD DD

MC MC MC MC

Abrigo 1 Abrigo 2 Abrigo 3 Abrigo 4

Sinaleiro
DD Detector de descarrilamento
MC Máquina de chave elétrica

Circuito de via – CDV –máquina de chaves


Circuito de via – CDV pátio –linha principal e desvio Figura 11.1 - Diagrama
Circuito de via – CDV trecho entre pátios/estações esquemático simplificado de
sinalização ferroviária

266 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Sinaleiro
DD Sala Sala
Dados
de sinalização Distância máxima = 2,5 km de sinalização
Abrigo 1 Abrigo 2

CDV MC

Figura 11.2 - Imagens dos componentes da sinalização em uma ferrovia

A Figura 11.3 mostra a estrutura de um abrigo edificado em alvenaria e outro, tipo bastidor,
chamado de Case, ambos instalados ao longo da ferrovia

Figura 11.3 - Abrigo típico utilizado para equipamentos de sinalização e bastidor Case

Os sistemas estão expostos a:


de equipamentos de automação e
controle;
Descarga direta ou próxima dos trilhos;
Surtos oriundos da rede de distribuição
Descarga direta ou próxima ao sistema
de energia em função de descarga,
de telecomunicações;
faltas ou chaveamentos (operações de
comutação).
Descarga direta ou próxima dos abrigos

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 267
Todas as linhas elétricas ou de sinais devem os DPS Classe I e corrente nominal de descarga
ser protegidas. As linhas de sinais vitais são de 20 kA para os DPS Classe II. Quando o
destinadas ao tráfego de sinais essenciais sistema ferroviário for alimentado por linhas
à segurança e ao correto funcionamento do elétricas não diretamente aterradas (sem
aterramento do neutro) sujeitas a elevadas
sistema básico de sinalização ferroviária. O sobretensões temporárias, recomenda-se que
CDV, a máquina de chave e o sinaleiro fazem a tensão máxima de operação contínua (UC )
parte dessa estrutura e podem requerer DPS dos DPS seja igual ou superior à tensão entre
especiais em função da segurança envolvida linhas do sistema (U).
na operação.
Os DPS devem ser instalados na entrada das
11.1.2 - LINHAS DE ENERGIA linhas de energia, na ZPR 0 e, internamente,
na ZPR 1. Pode ser preciso usar dispositivos
Quando o sistema ferroviário for alimentado de coordenação entre os DPS, caso a distância
por linhas elétricas com neutro aterrado entre eles seja inferior a dez metros, conforme
(esquema de aterramento tipo TN), a seleção do pode ser visto na Figura 11.5 que mostra a
DPS deve atender aos requisitos da NBR 5410 localização dos DPS. Caso não exista cabine
[1]. Considerando a possibilidade de descarga de alimentação com distância adequada,
direta, os DPS devem ser mais robustos, com elementos adicionais de coordenação se
corrente de impulso Iimp mínima de 25 kA para tornam mandatórios.

Figura 11.4
Coordenação entre
os DPS. Módulo de
coordenação modelo
MCP - 20

Figura 11.5
Exemplo de
localização de DPS
para linha de energia

11.1.3 - SISTEMAS DE SINALIZAÇÃO os DPS, a melhor prática é instalar DPS Classe


FERROVIÁRIA I junto dos sensores próximos aos trilhos e DPS
Classe II na entrada do abrigo ou do bastidor
Case. Assim se evita a instalação dos elementos
Considerando o risco de descarga direta no de coordenação indutivos mencionados acima.
trilho e a necessidade de coordenação entre

268 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Os DPS devem ser conectados de acordo com o indicado na Figura 11.6. Os DPS Classe I
devem ser conectados no modo comum. Já os DPS Classe II devem ser conectados em modo
diferencial e no modo comum.

Figura 11.6
Diagrama da
conexão de
DPS para a
sinalização
ferroviária.
Adaptado de [2]

11.1.3.1 - DETECTOR DE DESCARRILAMENTO (DD)

A Figura 11.7 mostra um diagrama simplificado do circuito detector de descarrilamento


normalmente instalado próximo das máquinas de chave responsáveis pelos desvios da composição.

A Figura 11.8 mostra a barra de DD, a caixa de junção e um DPS curto-circuitante Classe I.

DPS 3, 4 e 5
CLAMPER Rail
175V 7,5/90kA

DPS 1 e 2
CLAMPER Front G
250V 50kA

Figura 11.7
Diagrama
simplificado
do circuito de
detecção de
descarrilamento
(DD). Adaptado
de projeto
VALE/ MRS-
CLAMPER

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 269
CLAMPER Front G
250V 50kA Slim

Figura 11.8 - Imagens de um DPS CLAMPER Front G 250V 50kA Classe I instalado na caixa de junção próxima ao trilho

11.1.3.2 - CIRCUITO DE VIA (CDV) diretas, uma vez que os condutores que levam
os sinais são conectados diretamente aos
A Figura 11.9 mostra um diagrama simplificado trilhos.
do circuito de via responsável pela localização da
composição na via. O dispositivo é considerado A Figura 11.10 mostra detalhe do DPS
um sinal vital para o sistema de sinalização curto-circuitante Classe I aplicado na caixa
ferroviária e está mais exposto às descargas de junção do circuito de via junto do trilho.

Figura 11.9
Diagrama simplificado
do circuito de via
(CDV). Adaptado de
projeto VALE/MRS-
DPS 5 a 10 - CLAMPER Rail 175V 7,5/90kA DPS 1 a 4 - CLAMPER Front G 250V 50kA CLAMPER

270 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CLAMPER Front G Figura 11.10 Imagem
250V 50kA Slim de um DPS CLAMPER
Front G 250V 50kA
Classe I instalado
em caixa de junção
próxima do trilho

11.1.3.3 - MÁQUINA DE CHAVE


Os circuitos que acionam a máquina de chave, responsáveis por mudar o trem de linha, são de alta
criticidade. Trabalham com comando de linha de alimentação elétrica e linha de sinal de indicação
de estado da máquina de chave.

A Figura 11.11 mostra um diagrama simplificado da máquina de chave.

CLAMPER Front G 250V 50kA

CLAMPER Front V 175V 7,5/90kA

Lorem CLAMPER Front S 275V 60kA


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CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA

CLAMPER Front V 460V 12,5/60kA

Figura 11.11
Diagrama
simplificado do
circuito da máquina
de chave. Adaptado
de projeto VALE/
MRS - CLAMPER

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 271
A Figura 11.12 mostra um detalhe de DPS Classe I instalado em caixa de junção próxima
da máquina de chave.

Figura 11.12
Imagens de DPS
CLAMPER Front G CLAMPER Front S Classe I instalados
(linha de sinal) (linha de sinal) em caixa de junção
próxima ao trilho.

11.1.3.4 - SINALEIROS
lâmpadas LED, e no lado do abrigo. A Figura
O sistema de sinalização visual, também 11.13 mostra, de forma simplificada, a proteção
considerado como vital para o sistema dos circuitos sinaleiros.
ferroviário, está exposto a surtos induzidos A Figura 11.14 mostra a imagem de um
por descargas atmosféricas próximas. Deve ser sinaleiro com DPS instalados na caixa de
protegido no campo, principalmente no caso de junção localizada no poste metálico.

Figura 11.13
Diagrama simplificado
da proteção dos circuitos
sinaleiros. Adaptado de
projeto WABTEC/ MRS-
CLAMPER

DPS 1 a 10 - CLAMPER Rail 175V 7,5/90kA

272 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 11.14 - DPS instalado na caixa de junção do poste do
sinaleiro

Caso não possam ser instalados próximos do


trilho, os DPS primários podem ser instalados Figura 11.16 - DPS Classe I instalados na entrada do abrigo para
proteção do sistema de sinalização ferroviária
na entrada do abrigo ou no bastidor Case.
É preciso lembrar a necessidade de fazer a
coordenação entre os DPS com a utilização 11.1.3.5 - INSTALAÇÃO DOS DPS NOS
de indutores. A Figura 11.15 mostra um ABRIGOS QUE RECEBEM OS SINAIS DA
exemplo do indutor de coordenação, que deve FERROVIA
ser dimensionado conforme a capacidade de
corrente do circuito a ser protegido. Os bastidores normalmente utilizam sistema
de conexão padrão AREMA [3] para entrada
e saída de cabos. Fixado com parafuso,
porca e contraporca, esse método de fixação
proporciona mais segurança quando é
submetido à trepidação constante. A Figura
11.17 mostra o modelo de DPS adequado para
esse tipo de conexão.

Figura 11.15 - Imagem de indutor de coordenação modelo MCP-


20

A Figura 11.16 mostra a instalação de um Figura 11.17 - DPS plugável adequado para fixação em conector
DPS Classe I em detectores de descarrilamento padrão AREMA [3]

(DD), circuitos de via (CDV) e máquina de chave


integrados no mesmo painel, na entrada do
abrigo.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 273
Um abrigo pode receber uma quantidade expressiva assim, essa estrutura de cabeamento é muito
de sinais vindos do campo. A intensidade da encontrada nas instalações. Os DPS com
operação demanda a instalação dos DPS em comprimentos de cabos mais longos até a
painéis com superfície equipotencial de baixa barra de equipotencialização terão tensões
impedância. A Figura 11.18 mostra uma prática residuais mais elevadas, podendo ser
não recomendada de cabeamento que pode adicionadas tensões de até 2 kV por causa da
comprometer o desempenho da proteção. Mesmo queda de tensão indutiva nos cabos.

Figura 11.18 - Prática de cabeamento não recomendável devido ao grande comprimento dos cabos de aterramento. Adaptado de [2]

A Figura 11.19 mostra uma forma mais 11.2 - DUTOS DE ÓLEO E GÁS
adequada para fazer a conexão de aterramento
dos DPS. Cada DPS é ligado diretamente à 11.2.1 - PROTEÇÃO CATÓDICA
estrutura metálica de sustentação do bastidor, O uso de dutos metálicos para transportar óleos,
que serve de superfície equipotencial de baixa gases combustíveis ou água requer uma série
impedância. de cuidados especiais. As características das
instalações ou algumas finalidades - transporte
de inflamáveis, por exemplo - justificam essa
atenção. Técnicas de proteção catódica contra
corrosão acelerada por meio da injeção de
corrente contínua no duto são largamente
utilizadas, conforme mostrado na Figura 11.20.

Figura 11.19 - DPS conectados ao plano equipotencial de baixa


impedância

Figura 11.20 - Sistema de proteção catódica conta corrosão acelerada

274 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Para seccionar circuitos de proteção catódica provocadas pelas correntes alternadas de
ou isolar o duto com proteção catódica de regime permanente e de curto-circuito.
trechos aterrados - o limite entre o ambiente
do cliente e a rede de distribuição é uma área
que requer isolação -, são utilizados isolantes
nas juntas dos dutos. A isolação das juntas
é fundamental para o correto funcionamento
dos sistemas de proteção catódica, conforme H
detalha a Figura 11.21.

ISOLANTE

Corrente
induzida

Figura 11.21 - Corte longitudinal de junta isolante monobloco -


Fonte: Gasmig

Figura 11.23 - Os dutos estão sujeitos a induções de 60 Hz


quando instalados nas proximidades de linhas de transmissão
As grandes extensões das canalizações de energia elétrica
favorecem a exposição de dutos às descargas
atmosféricas, como pode ser visto na Figura Considerando os diversos tipos de eventos
11.22. possíveis, a escolha do DPS deve levar em
conta:

A densidade de descargas na região;

O nível de isolamento da junta isolante;

A existência de indução de 60 Hz de
forma permanente no duto;

O local de instalação do DPS - se vai


ficar dentro ou fora de área classificada.

A substituição de uma junta de isolação


danificada é extremamente onerosa. É
preciso interromper completamente o
sistema para executar os reparos. Isso, sem
Duto metálico
contar a necessidade de serem observadas
as complexas medidas de segurança que
envolvem a operação. A Figura 11.24 mostra
Figura 11.22 - Duto exposto aos efeitos das descargas uma junta com rompimento do isolamento
atmosféricas diretas e indiretas provocado por descarga atmosférica.

Outra situação que requer cuidado é a


instalação desses dutos sob linhas de
transmissão de alta tensão. No Brasil, grande
parte dos gasodutos foi instalada em paralelo
com as linhas de transmissão de energia
elétrica ou abaixo das redes para aproveitar a
área de concessão. Como foi visto na Figura Figura 11.24 - Rompimento de isolamento em junta monobloco
11.23, os dutos estão sujeitos a induções causado por descarga atmosférica - Fonte: GASMIG

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 275
11.2.2 - SELEÇÃO DE DPS
proteção catódica, os DPS devem ser de
PARA O RETIFICADOR
Classe I na entrada em 60 Hz e na saída em
Considerando o elevado nível de exposição corrente contínua conectada diretamente ao
do retificador que alimenta o sistema de duto, conforme indicado na Figura 11.25.

Figura 11.25
Proteção do
retificador

11.2.3 - SELEÇÃO DE DPS PARA área classificada e instalado na junta de


A JUNTA ISOLANTE isolação, conforme detalhado nas Figuras
11.26, 11.27 e 11.28. As conexões devem
Dutos sujeitos aos impactos de descargas ser menores que 50 centímetros para
atmosféricas devem ser protegidos. O garantir um nível de proteção inferior à
DPS deve ser Classe I, adequado para a tensão disruptiva da junta de isolação.

Figura 11.26
Ligação elétrica
do DPS à junta.
Adaptado de [4]

276 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 11.27 - Proteção de junta isolante ao longo da linha. DPS modelo GCL EC EX

Figura 11.28 - Proteção de junta isolante no citygate. DPS modelo GCL EC EX

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 277
11.2.4 - SELEÇÃO DE DPS PARA a) Tecnologia de estado sólido;
DUTO COM INDUÇÃO DE 60 Hz EM b) Frequência de operação de 60 Hz;
REGIME PERMANENTE c) Tensão de bloqueio de -3 V a 1 V;
d) Corrente de regime de 45 Arms;
Nos casos de tensão induzida em função
e) Corrente de falta máxima (30 ciclos) de
da proximidade do duto com linhas de
3,7 kA;
transmissão, como o apresentado na
Figura 11.29, o DPS deve ser combinado e f) Corrente de impulso máxima (8/20 μs) de
adequado para: 100 kA.

Desacoplar a tensão induzida em 60 A conexão deve ser executada de acordo


Hz, sem prejudicar a proteção catódica; com o apresentado nas Figuras 11.30
Proteger o duto contra os efeitos das e 11.31. Recomenda-se a instalação de
descargas atmosféricas. DPS em todos os afloramentos do duto ao
longo do percurso adjacente ao da linha de
O DPS deve ter as seguintes características: transmissão de energia.

Figura 11.29 - Indução de 60 Hz em duto próximo à linha de transmissão de energia. As correntes de carga normal e as de curto-
circuito provocam induções no duto enterrado

Figura 11.30 - Instalação de DPS desacoplador nos Figura 11.31 - Protetor desacoplador de corrente
dois lados do duto sujeito à indução de tensão 60 Hz alternada modelo DDCC instalado no citygate

278 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


11.3 - PROTEÇÃO DE VEÍCULOS No caso dos híbridos, existem modelos em
ELÉTRICOS (VE) E ESTACÕES DE RECARGA que a recarga das baterias é feita a partir de
um gerador elétrico acionado pelo motor a
combustão e os que podem ser conectados
O desenvolvimento recente de baterias de
diretamente à rede elétrica.
baixo custo, longa vida, pequeno volume,
recarga rápida e os avanços da eletrônica
de potência viabilizaram economicamente Assim como quaisquer aparelhos conectados
os veículos de propulsão elétrica. Eles a redes de fios metálicos de energia ou de
ganharam notoriedade, e o número de dados, o veículo elétrico e o sistema de
exemplares cresce consideravelmente recarga estão sujeitos a interferências e
nas metrópoles. Em escala mundial, queima provocadas por surtos elétricos. Por
a popularização dessa tecnologia é isso, requerem a instalação de dispositivos
exponencial, tendo apresentado um de proteção contra surtos elétricos e
crescimento de 105% entre 2018 e 2019. a adoção das demais recomendações
indicadas nas normas de proteção.
Existem vários tipos desses veículos no
mercado. Dentre eles, estão: Este item apresenta, de forma sucinta e
objetiva, recomendações de arranjos de
os puramente elétricos; proteção contra surtos elétricos em sistemas
de recarga de veículos elétricos.
os cuja recarga das baterias é feita a
partir de uma célula-combustível de 11.3.1 - SISTEMAS DE RECARGA DE
hidrogênio; VEÍCULOS ELÉTRICOS
os que ficam sempre conectados à rede
As baterias de um veículo elétrico podem ser
elétrica (conhecidos como trólebus);
recarregadas a partir de estações de recarga
localizadas em espaços públicos, postos de
e os híbridos, que combinam um motor
abastecimento ou em tomadas localizadas
a combustão com um motor elétrico.
em espaços privados, como indicado na
Figura 11.32.

Carregamento via estação de recarga

Rede pública de VE - Veículos Elétricos


distribuição de energia

Medidor
QDC
kWh

Figura 11.32
Elementos
básicos de
Carregamento via tomada um sistema
de recarga de
veículos elétricos

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 279
A norma IEC 61851-1 (Electric vehicle amplitude de corrente maior, se comparado
conductive charging system - Part 1: General ao modo 1 de recarga: (I) 250 VCA e 32 A
requirements) [6] relaciona quatro possíveis para sistema monofásico e (II) 480 VCA e 32
modos de conexão para a recarga de Veículos A para sistema trifásico.
Elétricos (VE):
Modo 3 - Conexão do VE a uma estação
Modo 1 - Conexão direta do VE a uma de recarga permanentemente conectada
tomada de corrente alternada (CA) por a uma rede pública de energia de CA
meio de cabo e plugue do próprio VE. que tem um sistema de monitoramento
É obrigatório que haja no cabo e na e controle da recarga (control pilot
tomada o condutor de proteção contra function).
choques elétricos (PE). Os limites de
tensão e corrente para esse modo são (I) Modo 4 - Conexão do VE a uma estação
250 VCA e 16 A para sistema monofásico de recarga que fornece energia em
e (II) 480 V CA e 16 A para sistema corrente contínua (CC) que permite
trifásico. recarga rápida e tem um sistema de
Modo 2 - Conexão do VE a uma tomada monitoramento e controle da recarga
de CA por meio de um equipamento com (control pilot function).
cabo e plugue dotado de um sistema
para monitorar e controlar a recarga A Figura 11.33 ilustra os modos de conexão
(control pilot function). O modo 2 tem para recarga.

Figura 11.33 - Modos de conexão, conforme a norma IEC 61851-1

As estações mais comuns são as do tipo de CA normalizada: recarga muito lenta;


Wallbox (instalação em parede, comumente (II) Wallbox: recarga lenta; (III) Totem CA:
para uso residencial) ou as do tipo recarga semirrápida; (IV) Totem CC: recarga
Totem, que são as estações para recarga rápida. A Figura 11.34 ilustra as estações
comunitária. As estações de recarga podem usuais.
ser divididas da seguinte forma: (I) Tomada

280 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 11.34
A) Totem na
área pública
ou em posto de
abastecimento
B) Tomada na
garagem de
edificação

Quase sempre, as estações de recarga conectados aos circuitos elétricos internos


semirrápida e rápida estão diretamente das edificações e localizados em garagens
conectadas às redes públicas de distribuição de ou estacionamentos. Também podem
energia. Então essas unidades ficam sujeitas a estar instalados em ambientes externos e
anomalias da própria rede de distribuição. Nesse conectados diretamente à rede pública de
cenário, as sobretensões transitórias podem energia.
influenciar diretamente na redução do tempo de
vida útil das estações de recarga, caso não sejam
tomadas medidas de proteção contra surtos. O conceito de zonas de proteção apresentado
no Capítulo 2, item 2.1.5, deve ser aplicado
para a seleção dos DPS. A Figura 11.35
11.3.2 - POSICIONAMENTO E SELEÇÃO DE
exemplifica a posição do veículo relacionado
DPS PARA ESTAÇÕES DE RECARGA a cada Zona de Proteção (ZPR).
Os pontos de recarga do VE podem estar

Figura 11.35 - Zonas de proteção e modos de conexão

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 281
Considerando os pontos de recarga expostos (A) As estações de recarga conectadas à
às fontes de danos S1 e S3, o valor mínimo rede pública de energia devem atender à
para a corrente de impulso Iimp deve ser de categoria IV de suportabilidade;
12,5 kA.
(B) As estações de recarga conectadas
Os DPS destinados à proteção dos pontos a circuitos de distribuição internos das
de recarga expostos às fontes de danos S2 edificações, como as estações de modo
3, devem atender à categoria III de
e S4 devem ter corrente nominal In mínima
suportabilidade;
de 5 kA. O item 2.2 do Capítulo 2 detalha o
conceito das fontes de danos. (C) VE e acessórios que atendam ao
modo 2 de conexão devem suportar
Assim como ocorre com os aparelhos impulsos de acordo com a categoria II
eletrodomésticos, as estações de recarga e de suportabilidade.
os veículos elétricos têm tensão de impulso
suportável. Isso é caracterizado pelo nível A NBR 5410 [1] e a NBR 5419 [7],
de sobretensão transitória que o isolamento compatibilizadas com a IEC 62305 [8],
da estação de recarga ou o VE é capaz de categorizam as instalações e estipulam os
suportar sem sofrer disrupções nem danos. valores mínimos que os componentes devem
A norma IEC 61851-1 [6] indica as categorias ter de acordo com o local de sua aplicação. A
Tabela 11.1 apresenta os valores de “Tensão
de suportabilidade a impulsos transitórios a
de Impulso Suportável Requerida”. Os valores
que as estações de recarga devem atender. de suportabilidade estão correlacionados ao
Os níveis desses impulsos dependem modo de conexão e ao valor da tensão nominal
diretamente do local onde essas estações do sistema elétrico de alimentação.
serão instaladas, a saber:

TABELA 11.1
Suportabilidade Uw requerida aos impulsos de tensão

Tensão de impulso suportável requerida - (kV)


Tensão nominal da instalação (V)
Categoria (IEC 60664-1)

Tensão de fase Tensão de linha II(1)


III(2) IV(3) III ou IV(*)

110 a 127 220 a 254 1,5 2,5 4 2,5 ou 4

220 a 254 380 a 480 2,5 4 6 4 ou 6

380 a 480 658 a 830 4 6 8 6 ou 8

Conexão do VE (IEC 60854-1) Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4

(1) - Equipamento de utilização;


(2) - Produto a ser utilizado em circuitos de distribuição e circuitos terminais;
(3) - Produto a ser utilizado na entrada da instalação;
(*) - Depende do local de instalação da estação de recarga

Geralmente os VEs com modos 1 e 2 de aplicável está ilustrado na Figura 11.36, em


conexão são recarregados em ambientes que a proteção contra surtos elétricos é feita
controlados, ZPR 1 ou maior, onde há próximo à tomada de CA.
presença de proteção contra surtos a montante
da tomada de CA. Portanto, os VEs ficam Um aspecto importante nesse cenário é o
expostos aos surtos induzidos por descargas local de instalação do DPS. O dispositivo deve
atmosféricas e/ou gerados pelos elementos ficar o mais próximo possível da tomada de
nos circuitos da própria edificação. A aplicação CA. Assim há uma redução significativa das
de DPS Classe III é suficiente para prover a possibilidades de geração de sobretensões após
devida proteção nesse ambiente. Um modelo a operação do DPS.

282 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


ZPR 1 ou ZPR 2

DPS
DPS
DPS

DPS
Figura 11.36 - Proteção para VE com recarga direta no sistema de CA - Modos 1 e 2

Uma alternativa é usar a proteção Classe III antes da tomada de CA. A Figura 11.37 ilustra
esse modelo. O DPS Classe III pode ser suprimido, caso o valor de suportabilidade do veículo
seja maior que o valor Up do DPS a montante da tomada de CA e se a distância entre eles
for inferior a dez metros.

d >10 m ZPR 1 ou ZPR 2


DPS
DPS
DPS
DPS

Figura 11.37 - Proteção para VE com recarga direta ao sistema de CA - modos 1 e 2

Entretanto, a adoção de DPS Classe I ou II a montante da tomada de CA pode ser efetiva,


caso a tomada esteja exposta a riscos de danos S1 e S3.

Já os modos de recarga 3 e 4 são constituídos por estações que geralmente estão sob forte
influência dos efeitos das descargas atmosféricas diretas (danos S1). Essas estações estão
próximas à ZPR 0 e sem proteção a montante. Assim é prudente instalar DPS Classe I ou
Classe I e II junto da estação de recarga. A Figura 11.38 ilustra esse tipo de aplicação.

ZPR 0
DPS
DPS
DPS

Figura 11.38 - Proteção para estação de recarga - modo 3 e 4

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 283
Se a estação de recarga estiver abrigada na agregada ao DPS, caso a corrente de curto-
ZPR 0B ou maior e contar com uma proteção circuito no ponto de instalação da estação
a montante, a utilização de DPS Classe II ou de recarga seja maior que a capacidade de
desconexão do DPS.
superior deve ser considerada.
A Tabela 11.2 traz exemplos de DPS a serem
Devido à localização das estações de recarga, aplicados aos modos 1 e 2 de recarga dos
é importante haver uma proteção backup VE, de acordo com a ZPR onde o VE estiver.

TABELA 11.2
Sugestão de modelos de DPS para os modos 1 e 2 de recarga do VE em função da ZPR

DPS sugerido para proteção do VE por zona de proteção


Categoria (IEC 62305[8])
Tensão nominal da instalação (VCA)
≥ ZPR 2 ZPR 1 ZPR 0

CLAMPER Front V CLAMPER Front V


Monofásico de até 250 V CLAMPER Mobi Box 220V
275V 20kA 275V 12,5/60kA

CLAMPER Front V CLAMPER Front V


Trifásico de até 480 V CLAMPER Mobi Box 460V
460V 20kA 460V 12,5/60kA

A Tabela 11.3 sugere modelos de DPS para aplicação na proteção de estações de recargas,
de acordo com a tensão nominal do sistema de alimentação e a ZPR onde a estação de
recarga está instalada.

TABELA 11.3
Sugestão de modelos de DPS aplicados às estações de recarga de acordo com as zonas de proteção

DPS sugerido para proteção da estação de recarga


Tensão nominal da instalação (VCA)
Categoria (IEC 62305[8])

Tensão de fase Tensão de linha ≥ZPR1 ZPR 0

110 a 127 220 a 254 CLAMPER Mobi Box 220V CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA

220 a 254 380 a 480 CLAMPER Mobi Box 380V CLAMPER Front V 460V 12,5/60kA

380 a 480 658 a 830 CLAMPER Mobi Box 680V CLAMPER Front V 680V 12,5/60kA

Alguns modelos de estação de recarga têm conexão com redes de dados via ethernet ou
outras tecnologias de comunicação. Como foi abordado no capítulo 6, as linhas de dados
estão sujeitas às fontes de danos S2 e S4. Então elas também devem ser protegidas e
equipotencializadas com as linhas de energia. A Tabela 11.4 traz exemplos de DPS para
essas aplicações.

TABELA 11.4
Sugestão de modelos de DPS aplicados às portas de comunicação das estações de recarga

Tecnologia de comunicação DPS sugerido para proteção das portas de comunicação

Comunicação serial (RS232/RS485) 922.B.0m3.012

Comunicação Ethernet S800 CLAMPER Ethernet CAT5e

284 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


11.4 - SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO EM LED A especificação dos DPS deve ser feita com
base no local onde as luminárias de LED
O uso de luminárias LED tem se tornado estão instaladas. Por estarem em áreas
cada vez mais atrativo. O baixo consumo, externas, essas luminárias requerem atenção
a elevada vida útil, o baixo custo de especial devido ao alto grau de exposição. A
manutenção e a alta eficiência tornam essas localização dessas luminárias é classificada
luminárias um bom investimento, trazendo pela NBR 5419 [7] como ZPR 0. Nesse caso,
benefícios em médio e longo prazo. Como devem ser levados em consideração dois
desvantagem, os sistemas de iluminação cenários:
em LED têm o custo inicial elevado e são
muito suscetíveis a danos por surtos Descargas atmosféricas indiretas - que
elétricos vindos das linhas de energia. atingem objetos nas proximidades da
Essa característica gera a necessidade de rede;
utilização de DPS.
Descargas atmosféricas diretas - que
Para atender aos requisitos mínimos de caem diretamente na rede.
suportabilidade aos surtos elétricos, as fontes
de alimentação (drivers) podem ter proteção 11.4.1.1 - PROTEÇÃO CONTRA
interna, porém podem ser facilmente afetadas DESCARGAS ATMOSFÉRICAS INDIRETAS
por surtos elétricos de maior intensidade por
causa do local de instalação das luminárias. A Figura 11.39 ilustra uma descarga
Dessa forma, recomenda-se a instalação de atmosférica atingindo uma árvore próxima
um DPS externamente ao driver adequado à rede pública com luminárias de LED
para suportar surtos de maior intensidade. instaladas.

Não é recomendável aumentar a capacidade


da proteção interna do driver. Isso pode
danificar os circuitos da fonte durante a
operação da proteção por causa das elevadas
correntes de surtos.

11.4.1 - SISTEMAS DE ILUMINAÇÃO


PÚBLICA DE LED

As luminárias de LED estão diretamente


expostas a surtos provocados por descargas Figura 11.39 - Surto induzido provocado por descarga
atmosférica indireta em rede contendo luminárias LED
atmosféricas ou por chaveamento nas linhas
de energia. Por estarem expostas a tensões
Como foi abordado no Capítulo 7, os DPS
impulsivas de alguns milhares de volts, as
para proteção contra descargas atmosféricas
luminárias de LED podem ter a sua vida útil
indiretas devem suportar correntes
reduzida, diminuir a intensidade luminosa
impulsivas com forma de onda de 8/20 µs
e até mesmo sofrer danos permanentes. As
(Classe II). As zonas de menor exposição
consequências são um impacto no custo
sofrem surtos com tensão em circuito aberto
de manutenção e um aumento do tempo
na forma de onda de 1,2/50 µs e corrente
de amortização. Por isso, é preciso utilizar
de curto-circuito com onda de 8/20 µs.
DPS apropriados para mitigar os riscos de
Esses são os chamados ensaios em onda
danos das luminárias de LED e proteger o
combinada (DPS Classe III). A Tabela 11.5,
investimento.
baseada no guia IEEE C62.41.1 [9], também
segue essa linha.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 285
TABELA 11.5
Especificação de DPS para proteção contra descargas indiretas

Classe do Corrente máxima de descarga Imáx


Exposição Tensão de circuito aberto Uoc (1,2/50 μs)
DPS (8/20 μs)

Baixa III 6 kV 1 3 kA1

Alta II 10 kV 2 10 kA2

Nota 1: Gerador de onda combinada / Nota 2: Geradores independentes (tensão e corrente)

As luminárias de áreas externas não expostas à incidência de descarga direta - ZPR 0B -


devem ser protegidas com DPS Classe II. Os DPS devem ser ensaiados de acordo com a
norma IEC 61643-11 [10] e têm de ser capazes de suportar vários surtos sem se danificar.

A Figura 11.40 mostra o esquema de proteção da luminária LED e a Tabela 11.6 mostra os
modelos adequados para linhas de energia com tensão nominal de 127 ou 220 V.

Figura 11.40
Esquema de
proteção da
luminária de
LED

TABELA 11.6
Modelos a serem aplicados em linhas de energia com tensão nominal de 127 ou 220 V

Tensão de
Corrente máxima
circuito Corrente nominal
Classe de descarga Imáx Modelo
aberto VOC de descarga In
(8/20 μs)
(1,2/50 μs)

II + III 10 kV 12 kA 5 kA CLAMPER Light

286 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


11.4.1.2 - PROTEÇÃO CONTRA reduzir a parcela da corrente da descarga
DESCARGAS ATMOSFÉRICAS DIRETAS a ser conduzida pelos DPS. A Figura 11.41
mostra um sistema de iluminação pública
As luminárias da ZPR 0A devem ser protegidas exposto ao risco de descarga direta na
com DPS Classe I. Os dispositivos devem ser estrutura.
instalados na entrada da estrutura. Uma
coordenação entre DPS Classe I e Classe II
pode ser necessária para garantir o nível de
proteção adequado à capacidade de isolação
dos circuitos a serem protegidos.

Considerando a luminária de LED instalada


em mastro metálico aterrado, grande parte
da corrente de surto será drenada para a
terra. Esse efeito pode gerar surtos nas
linhas de alimentação em todos os modos.

Em sistemas de energia em que o condutor


neutro é multiaterrado, a baixa impedância
Figura 11.41 - Descarga atmosférica direta em estrutura de
oferecida pelos múltiplos caminhos pode iluminação pública de LED

A Figura 11.42 ilustra a aplicação de DPS em luminária com risco de descarga direta e a Tabela
11.7 mostra os modelos adequados para linhas de energia com tensão nominal de 127 ou 220 V.

CLAMPER Light

CLAMPER Front V 275V 12,5/60kA

Figura 11.42 - Aplicação de DPS em luminária com risco de descarga direta

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 287
TABELA 11.7
Modelos a serem aplicados em linhas de energia com tensão nominal de 127 ou 220 V

Corrente Corrente
Tensão de Corrente de
máxima de nominal de
Item Classe circuito aberto impulso Iimp Modelo
descarga Imáx descarga In
VOC (1,2/50 μs) (10/350 μs)
(8/20 μs) (8/20 μs)

1 II 10 kV NA 12 kA 5 kA CLAMPER Light

CLAMPER Front V 275V


2 I + II NA 12,5 kA 60 kA 20 kA
12,5/60kA

11.4.2 - SISTEMA DE ILUMINAÇÃO INTERNA DE LED

As luminárias de áreas internas - ZPR 1 - devem ser protegidas com DPS Classes II e III,
conforme indicado na Figura 11.43.

CLAMPER Light CLAMPER Front V 275V 20kA

Figura 11.43
Indicação de
locais com DPS
para proteção de
sistema interno de
iluminação

TABELA 11.8
Modelos a serem aplicados em linhas de energia com tensão nominal de 127 ou 220 V

Tensão de
Corrente máxima Corrente nominal
circuito
Classe de descarga Imáx de descarga In Modelo
aberto VOC
(8/20 μs) (8/20 μs)
(1,2/50 μs)

III 6 kV 6 kA 3 kA CLAMPER Light Indoor

II NA 20 kA 10 kA CLAMPER Front V 275V 20kA

11.4.3 - SOBRETENSÃO TEMPORÁRIA


estarem conectadas a redes de distribuição
As medidas de proteção demonstradas nos de energia. Essas sobretensões podem
itens anteriores são eficientes contra surtos ser geradas por falha da rede elétrica e
elétricos. Mesmo assim, as luminárias costumam atingir os valores máximos e o
de LED ficam expostas a sobretensões tempo de duração apresentados na Tabela
temporárias (Ut ) e a outras anomalias por 7.2.

288 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Ainda que suas amplitudes sejam inferiores sobretensões. Por isso, eles ficam sujeitos a
à dos surtos elétricos, as sobretensões danos causados por essas sobretensões.
temporárias podem ser determinantes na
isolação elétrica e na especificação dos Nesses casos, é preciso aplicar um dispositivo
equipamentos. Dessa forma, a etapa de projeto de proteção contra sobretensão temporária
deve prever a ocorrência dessas sobretensões que tenha características de tensão e corrente
compatíveis com a do local da instalação.
e adotar medidas para proteger as luminárias
A Figura 11.44 apresenta o diagrama da
e os próprios DPS. instalação em série dos DPS CLAMPER Light
e CLAMPER Limit adequados para suportar
Alguns DPS especificados para a proteção de sobretensões temporárias. O CLAMPER Limit
luminárias LED podem suportar sobretensões monitora a rede e desconecta a luminária de
temporárias. Essa condição garante maior LED, caso ocorram sobretensões temporárias.
robustez ao protetor. Ocorre que muitos dos Após a estabilização da tensão nominal, a
drivers das luminárias não suportam essas luminária é reconectada automaticamente.

Figura 11.44 - Diagrama


elétrico da instalação em
série das proteções:
a) CLAMPER Light:
proteção contra surtos
elétricos
b) CLAMPER Limit:
proteção contra
sobretensões temporárias

11.4.4 - INSTALAÇÃO E CONEXÕES faz com que a luminária se apague e indica


que chegou o momento de trocar o DPS.
O DPS pode ser instalado em série ou em
paralelo com o driver. A escolha do tipo de O DPS em série exerce a função de isolar
conexão deve ser definida com base no fim fisicamente a fonte de alimentação da rede
de vida útil do DPS. Um DPS em série com elétrica, protegendo a luminária contra
a luminária interrompe o fornecimento de outros surtos elétricos que possam ocorrer
energia quando atinge o fim de vida útil. Isso na rede.

Figura 11.45
Detalhe conexão em série
com a luminária

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 289
Figura 11.46
Detalhe conexão em
paralelo com a luminária

O DPS instalado em paralelo com a carga As tubulações metálicas enterradas


se desconecta do sistema, quando chega o (dutos) utilizadas para canalizar líquidos
fim de vida útil. Mas a luminária de LED e gases precisam de proteção contra os
permanece energizada, funcionando, porém efeitos das descargas atmosféricas e
sem proteção contra surtos elétricos. A de correntes de 60 Hz induzidas nas
sinalização de vida útil desse protetor é feita tubulações, caso ocorra o paralelismo
por LED. O LED permanece aceso enquanto o com linhas de transmissão de energia
protetor estiver ativo e apaga quando houver elétrica.
a necessidade de substituição do DPS. Esse
tipo de instalação exige uma manutenção O veículo elétrico e seus acessórios são
preventiva muito bem planejada para que equipamentos elétricos similares aos
se possa verificar o estado dos DPS. demais já utilizados pela sociedade.
Portanto, precisam ser protegidos
11.5 - CONCLUSÕES DO CAPÍTULO contra raios e surtos. Suas estações de
recarga estão sujeitas a surtos elétricos
As seguintes conclusões podem ser porque ficam em áreas expostas e são
formuladas com base no exposto ao longo conectadas a redes elétrica e de dados.
deste capítulo: Em ambas as situações, a proteção
contra surtos elétricos com o uso de DPS,
Os sistemas ferroviários modernos têm corretamente instalados e adequadamente
elevado grau de automação que exige a especificados, é recomendada por normas.
instalação de dispositivos de comando
e sinalização ao longo de toda a via.
Devido à importância desses elementos Os sistemas de iluminação LED são
para garantir a operação segura das bastante eficientes, mas muito sensíveis
ferrovias, é mandatório instalar arranjos aos surtos. Especial atenção deve ser dada
de proteção contra surtos em todos os à proteção dos sistemas de iluminação
componentes do sistema. instalados em área externa.

290 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


CAPÍTULO 12

MÉTODOS E ENSAIOS EM DPS

12.1 - ENSAIOS DE DPS dos surtos suportáveis por esses aparelhos.


Um arranjo de proteção com um sistema
O Capítulo 1 apresentou os valores e as formas coordenado garante que não sejam aplicados
de onda típicas das correntes de descarga valores superiores aos suportáveis pelos
atmosférica e a maneira usual de representá- equipamentos. Portanto, os equipamentos
-las, utilizando ondas duplo-exponenciais. protegidos e os DPS precisam ser ensaiados
Também mostrou a técnica para determinar em laboratório para atingirem o estágio de
os tempos de frente e cauda de uma onda uma proteção coordenada.
impulsiva gerada em laboratório.
Os dois objetivos básicos dos ensaios elétricos
O Capítulo 6 mostrou os valores esperados feitos em DPS são:
e as formas de onda das correntes vindas de
descargas atmosféricas que circulam pelos
DPS. Garantir que o DPS não sofra danos com
a circulação da corrente durante a sua
vida útil;
Os Capítulos 4 e 6 avaliaram as sobretensões
que aparecem na rede elétrica em função
do sistema de aterramento e das condições Garantir que as tensões desenvolvidas
operativas, também chamados de regime durante a operação do DPS tenham
permanente e condição de falta. valores abaixo do limite suportável pelos
equipamentos protegidos.

Além das ondas e de valores típicos impostos


pelas descargas atmosféricas e pelas faltas na Este capítulo vai trazer uma descrição
rede elétrica, é preciso avaliar as formas de onda resumida sobre os geradores e os arranjos de
típicas dos surtos gerados pelos chaveamentos proteção utilizados para os ensaios dos DPS.
que ocorrem nas redes. Medições de surtos O leitor também vai ter acesso às principais
em redes elétricas e de dados feitas durante técnicas para monitorar o desempenho do DPS
muito tempo em vários países e aliadas aos sob ensaio e conhecer os procedimentos de
dados obtidos em estudos teóricos permitiram ensaios. Essa observação possibilita ao leitor
a determinação de valores e de formas de onda e ao público em geral aprender as melhores
dos surtos causados por manobras na rede práticas para alcançar a confiabilidade na
elétrica. coleta dos dados e a consequente qualidade
nas medições.

Essas medições e os estudos foram a base


para a criação de normas técnicas de ensaios 12.2 - GERADORES DE SURTOS
que submetem DPS a condições similares às O objetivo dos ensaios é tentar reproduzir as
que os DPS enfrentam durante a operação. condições operacionais dos DPS. Os ensaios
usam vários modelos de geradores para
O Capítulo 7 apresentou os ensaios feitos simular as condições encontradas em campo.
nos DPS, descrevendo as formas de onda e
os valores utilizados em ensaios nos DPS de DPS instalados em redes localizadas em áreas
classes I, II e III. expostas podem ser submetidos a correntes
com valores, formas de onda e conteúdo
Os equipamentos eletroeletrônicos a serem energético típicos de uma descarga atmosférica
protegidos também passam por ensaios. Os direta. DPS instalados em redes localizadas em
resultados ajudam a conhecer os valores áreas protegidas são submetidos a surtos de

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 291
menor intensidade de energia conduzidos pelos A onda de corrente com forma de 8/20
cabos das redes onde os DPS estão instalados. μs é utilizada para testar DPS Classes
Além dos surtos de origem atmosférica, há os I e II. Durante a operação, esses DPS
originados em manobras da concessionária e podem ser submetidos às correntes
por faltas na rede elétrica, geralmente causadas
por interrupções no fornecimento. Os diversos conduzidas por uma linha ou por uma
geradores visam reproduzir essas condições, rede metálica. As correntes também
utilizando formas de onda e valores típicos são geradas por uma descarga direta
desses eventos. ou nas proximidades das redes;

Os geradores podem ser de tensão ou de corrente, A onda combinada possui forma de


e as formas de onda da tensão e da corrente onda de 1,2/50 μs para tensão de
geradas são normalizadas. Existem também
circuito aberto e forma de onda de 8/20
geradores de onda combinada em que as formas
de onda da tensão em circuito aberto e da corrente μs para corrente quando o gerador é
em curto-circuito são normalizadas. descarregado em curto circuito.

Como foi analisado no Capítulo 7, há três Uma forma simples de gerar ondas
formas de onda usadas para reproduzir os impulsivas de tensão e de corrente é
principais fenômenos que ocorrem durante a utilizando um circuito ressonante -
operação dos DPS no campo. Os ensaios são composto por um Resistor, um Indutor e
feitos nos DPS Classes I, II e III:
um Capacitor, também conhecido como
circuito RLC. Nessa estrutura, um capacitor
A onda de corrente com forma de 10/350 é descarregado no circuito chamado de
μs é utilizada para testar DPS Classe I. conformador de onda e no DPS ensaiado.
Durante a operação, esses DPS podem ser
submetidos a uma parcela das correntes A Figura 12.1 mostra um circuito básico de
provenientes de descargas atmosféricas um gerador de impulsos ou de surtos e o
diretas; sistema de medição geralmente utilizado.

Relé de
Retificador Alta tensão Circuito conformador de onda

R2 L
DPS

Objeto
C1 R1 C2 de teste

Osciloscópio ou Sistema Ponta de


de aquisição de dados Alta tensão
DPS

Objeto
de teste

Transformador
de corrente

Figura 12.1 - a) Arranjo típico


de um gerador de surtos.
b) Sistema de medição de
corrente e de tensão

292 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Nos ensaios, as medições de corrente e de O próximo item especifica os geradores
tensão usam pontas de prova de alta-tensão utilizados nos ensaios e descreve as técnicas
e shunts ou transformadores de corrente de de medição de corrente e de tensão.
alta frequência. Esses dispositivos de medição
precisam ter tempo de resposta compatível com
o das formas de onda a serem medidas. E a 12.2.1 - GERADOR DE CORRENTE COM
relação de transformação na faixa de tensões, FORMA DE ONDA 10/350 μs
correntes e frequências de interesse deve ser
constante. Esse gerador foi criado para ensaiar DPS Classe
Além de estar sujeito às correntes de surtos de I. O equipamento simula a circulação de parte
chaveamento e descargas atmosféricas, o DPS da corrente de uma descarga atmosférica direta.
pode ser submetido à tensão da rede elétrica. A Figura 12.2 mostra o circuito simplificado de
Então, em alguns ensaios, as ondas de corrente um desses geradores. As Figuras 12.3 e 12.4
dos surtos são aplicadas simultaneamente com mostram imagens do gerador na estrutura do
a tensão da rede onde o DPS vai ser instalado. Laboratório da CLAMPER.

S1

DPS
C1 S2

R1 R2
TC

Figura 12.2 - Circuito do gerador de corrente impulsiva para ensaios em DPS Classe I. Forma de onda 10/350 µs

Figura 12.3 - Gerador de corrente de 150 kA para a forma de onda de 10/350 µs - Laboratório da CLAMPER

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 293
Figura 12.4 - Gerador de corrente 150 kA para a forma de onda de 10/350 µs - Laboratório da CLAMPER

12.2.2 - GERADOR DE CORRENTE COM


FORMA DE ONDA 8/20 μs O objetivo é simular os surtos induzidos
na rede. A Figura 12.5 mostra o circuito
Esse gerador de corrente faz ensaios de DPS simplificado de um desses geradores e a
Classe I e Classe II com o pulso de menor Figura 12.6 mostra uma imagem do gerador
duração em relação à onda de 10/350 μs. existente no Laboratório da CLAMPER.

R L

Objeto
C de teste

Figura 12.5 - Circuito do Gerador de corrente impulsiva para ensaios em DPS Classe I e Classe II para forma de onda 8/20 µs

294 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 12.6 - Gerador de corrente de 250 kA para a forma de onda de 8/20 µs - Laboratório da CLAMPER

12.2.3 - GERADOR DE ONDA COMBINADA relação de 2 Ω com a corrente de curto-circuito.


1,2/50 μs E 8/20 μs Essa impedância é uma característica
intrínseca desse gerador. Ela representa a
Esse gerador serve para ensaios de DPS Classe impedância típica das redes reais. A Figura
III. O equipamento fornece uma forma de onda 12.7 mostra o circuito simplificado de um
de tensão com 1,2/50 µs em circuito aberto e desses geradores e a Figura 12.8, a imagem
uma onda de corrente de 8/20 µs em curto- do gerador de onda combinada que opera
circuito. A tensão de circuito aberto tem uma no Laboratório da CLAMPER.

R2 L
DPS

Objeto
C1 R1 R3 de teste

Figura 12.7 - Circuito do gerador de onda combinada para ensaios em DPS Classe III. Forma de onda de tensão de 1,2/50 µs em
circuito aberto e forma de onda de corrente de 8/20 µs em curto-circuito

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 295
Figura 12.8 - Gerador de onda combinada de 20 kV na forma de onda de 1,2/50 µs e de 10 kA na forma de onda de 8/20 µs -
Laboratório CLAMPER

12.2.4 - ACOPLAMENTO E
DESACOPLAMENTO
utilizar elementos de acoplamento e
No caso de ensaios com amostras desenergizadas, desacoplamento, de acordo como o tipo de
o circuito de montagem consiste basicamente em DPS. Esses elementos devem garantir uma
conectar o DPS à saída do gerador de surtos. alimentação sem distorções nem perturbações,
evitando que ruídos sejam inseridos nos ensaios.
A Figura 12.9 mostra o circuito simplificado do
Em situações em que são requeridos ensaios de arranjo para ensaio com tensão de operação
surtos com a amostra energizada, é necessário usando o gerador de surtos.

296 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Gerador de onda
combinada

Circuito de Circuito de
desacoplamento acoplamento

Fase

DPS
Figura 12.9
Neutro Circuito da montagem
com elementos
de acoplamento e
PE desacoplamento, de
Referência de terra
acordo com a norma
IEC 616000-4-5 [1]

O item de acoplamento tem a função de registrador deve ser compatível com as


proteger o gerador contra a entrada de tensão frequências envolvidas nos surtos a serem
AC em seus terminais de saída. Ele opera como medidos.
um filtro passa-alta que permite a passagem
do surto do gerador em direção ao DPS
12.3.1 - MEDIÇÕES REALIZADAS COM
ensaiado, mas impede que a tensão AC (60
Hz) entre no gerador, protegendo-o de danos PONTAS DE PROVA DE TENSÃO
no circuito de saída de surtos.
É recomendável o uso de uma conexão em
De maneira oposta, a rede de desacoplamento modo diferencial com duas pontas de prova
opera como um filtro passa-baixa que impede de alta-tensão para monitorar os surtos.
a passagem do surto em direção à rede de É importante que as duas pontas sejam
alimentação AC, mas permite a energização do iguais. Esse modo de conexão garante maior
DPS com tensão AC durante o ensaio. Graças confiabilidade nos valores medidos e oferece
a essa montagem, os ensaios de surtos com o mais segurança na realização dos ensaios. A
DPS ensaiado energizado podem ser feitos na Figura 12.10 mostra os circuitos com uma ou
mesma rede AC do laboratório sem colocar em duas pontas para a medição do diferencial da
risco os demais equipamentos que estiverem tensão.
ligados no ambiente.

12.3 - MEDIÇÕES
A
DPS

Objeto

Durante os ensaios, é importante registrar


de teste

o surto aplicado na entrada da amostra e o


nível de tensão residual nos seus terminais de
saída. Esses pontos podem ser coincidentes,
caso o DPS a ser ensaiado seja do tipo paralelo.
Assim é possível monitorar o desempenho do
DPS. Os instrumentos de medição devem ser B

calibrados. A medição das tensões usa pontas


de prova com elevado valor de isolamento e
DPS

Objeto
de teste

transformadores de corrente para medir as


correntes impulsivas.

As formas de onda são registradas por


osciloscópios digitais ou sistemas digitais de
Figura 12.10 - Esquema de montagem para medição de tensão.
aquisição de dados. Assim como as pontas a) com uma ponta de prova.
de prova de tensão e os transformadores de b) com duas pontas de prova em modo diferencial.
O arranjo b é o de melhor desempenho e mais segurança
corrente, a faixa de passagem do instrumento

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 297
12.3.2 - MEDIÇÕES REALIZADAS COM De rotina: feitos durante a fabricação
TRANSFORMADORES DE CORRENTE do DPS ou para validar o seu
funcionamento adequado em campo.
Esse tipo de ensaio tem o caráter não
Em vez de usar resistores shunt para
destrutivo.
fazer a medição das correntes de surto, os
transformadores de corrente (TC) devem operar
considerando uma isolação completa do canal De aceitação / recebimento: acontecem
de medição do osciloscópio. Essa condição mediante acordo entre o fabricante e o
permite a medição de altas correntes de comprador.
surto com precisão e segurança. A Figura
12.11 mostra os circuitos para a medição da 12.4.2 - ENSAIOS DE TIPO
corrente com resistor shunt e com TC de alta
frequência.
Para avaliar a efetividade na proteção contra
surtos elétricos, os DPS precisam atender a
uma série de requisitos. Essa é uma forma
A
DPS

Objeto
de teste de garantir a segurança da operação nas
condições normais em regime permanente
Resistor
shunt
e no final de vida útil do DPS. Para verificar
o atendimento a esses requisitos, é preciso
executar uma ampla sequência de checagem
e de ensaios. Os Ensaios de Tipo avaliam os
seguintes requisitos:
B
DPS

Objeto
de teste Identificação: critérios e ensaios para
assegurar que as marcações do produto
sejam adequadas e duradouras. Dessa
forma, o usuário fica seguro sobre a
Transformador
de corrente

identificação do produto em qualquer


tempo;
Figura 12.11 - Esquema de montagem para a medição da
corrente
a) com resistor shunt Elétricos: avaliam a efetividade da
b) com uso de TC proteção contra surtos e a segurança
O arranjo b é o de melhor desempenho e maior segurança contra choques elétricos, consumo
excessivo e fuga de corrente, segurança
12.4 - ENSAIOS na desconexão do produto ao final de
vida útil do DPS e robustez do produto
quando submetido às oscilações da rede
12.4.1 - INTRODUÇÃO de alimentação.
Ensaios:
Antes de iniciar os ensaios, é imprescindível
garantir a segurança dos operadores e dos Proteção contra contato acidental,
equipamentos envolvidos. É que a maior Corrente residual,
parte dos surtos gerados durante os ensaios Nível de tensão de proteção,
apresenta valores elevados de tensão e de
Ciclo de operação (impulsos conforme
corrente. Os equipamentos de ensaio devem
a classe),
estar devidamente conectados e protegidos.
Os ensaios podem ser divididos em três Desligadores (estabilidade térmica e
modalidades principais: comportamento durante um curto-
circuito),
Sinalização,
De tipo: para atestar a qualidade e o
Rigidez dielétrica,
desempenho do produto durante seu
desenvolvimento. Assim é possível obter Comportamento sob sobretensões
um desempenho representativo e de temporárias.
acordo com as normas.

298 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Mecânicos: garantem que o produto Ciclo térmico,
tenha estrutura mecânica adequada Corrosão.
para manter a segurança durante a
manipulação, instalação e operação
permanente do DPS. 12.4.3 - ENSAIOS DE ROTINA
Ensaios:
Os ensaios de rotina são feitos durante a
Montagem, produção dos DPS ou quando estão em
Conexões elétricas, operação no campo. Esse procedimento
Distâncias de isolamento no ar e de verifica se as condições do DPS são capazes
escoamento, de garantir o seu bom desempenho. Existem
Resistência mecânica (impacto). procedimentos simples para a verificação
rápida de parâmetros do DPS que permitem
atestar sua condição de funcionamento.
Ambientais e Materiais: verificar Alguns deles estão indicados a seguir:
a suportabilidade do DPS e de seus
componentes construtivos em relação a
agentes ambientais durante o período de Corrente residual (corrente de fuga):
vida útil do DPS. O ingresso de partes Consiste em aplicar a máxima tensão de
sólidas ou líquidas, o contato com cabos operação contínua (Uc ) nos terminais do
em regime de sobrecarga ou curto- DPS e medir a corrente circulante. Se a
circuito - que podem gerar aquecimento amostra estiver em boas condições de
excessivo - estão entre esses agentes. funcionamento, o valor medido deve ser
da ordem µA e nunca deve ultrapassar
Ensaios: 1 mA. Caso haja circuitos eletrônicos de
Grau de proteção IP (Índice de sinalização e/ou supervisão em paralelo,
Proteção criado pela norma IEC eles devem ser desconsiderados.
60.529 para avaliar a resistência
do DPS e seus componentes contra
interferências de agentes externos, Isolação entre os terminais do DPS:
como poeira, corpos sólidos, água, Com o uso de um aparelho medidor de
etc.), resistência (megôhmetro), obtém-se a
medida da resistência de isolamento
Resistência ao calor (pressão por entre os terminais do DPS. O valor
esfera), medido deve ser superior a 5 MΩ.
Resistência ao calor anormal e ao Ressalta-se a importância de aplicar nos
fogo (fio incandescente), terminais do DPS uma tensão inferior
Resistência ao trilhamento, à máxima tensão de operação contínua
(Uc ) do DPS.
Compatibilidade eletromagnética.

Tensão de referência: A amostra deve


Adicionais para projetos específicos: de
acordo com as especificidades de alguns ser conectada a uma fonte de tensão
projetos de DPS - conexão em série, em corrente contínua com limitação
uso externo, dentre outros -, é preciso de corrente em 1 mA. Com a corrente
fazer ensaios adicionais para verificar a monitorada por um miliamperímetro, a
suportabilidade do DPS aos diferentes tensão deve ser elevada para provocar
regimes de utilização. Como exemplos, a condução do DPS. Quando a corrente
podem ser citados os seguintes ensaios: atingir 1 mA, a tensão nos terminais
Corrente de carga nominal, do DPS deve ser medida. Esse valor
Comportamento em sobrecarga, corresponde à “tensão de referência”
e deve ser comparado com os limites
Corrente total de surtos para DPS declarados na ficha técnica do fabricante
multipolares, do DPS. Como exemplo, em um DPS
Envelhecimento acelerado pela limitador de tensão com Uc igual a 275
exposição à radiação ultravioleta (UV), VRMS, a tensão de referência medida deve
estar entre 387 e 473 VDC.

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 299
Nas medições em campo, os valores que medidas durante os ensaios. Assim o mau
estiverem fora dos limites mencionados acima contato ou as configurações que adicionem
indicam que o DPS alcançou o fim de vida útil impedâncias desnecessárias ao circuito de
ou está próximo disso. Nesses casos, o DPS ensaio não comprometem o procedimento.
precisa ser substituído imediatamente. Recomenda-se evitar, por exemplo, o uso
de garras tipo “jacaré” e cabos longos para
montagem do circuito de conexão das
12.4.4 - ENSAIOS DE ACEITAÇÃO /
amostras.
RECEBIMENTO
Os ensaios de aceitação / recebimento Também é preciso ficar atento aos efeitos
normalmente são feitos mediante acordo indutivos ao circuito de medição que podem ser
entre o fabricante e o comprador. Quando provocados pelas altas correntes impulsivas.
o comprador não especifica ensaios de Essa observação é importante para tornar as
recebimento / aceitação no contrato de coletas de dados mais confiáveis.
compra, os seguintes ensaios devem ser feitos:
A conexão do sistema de medição no circuito de
Inspeção visual das identificações e ensaio deve priorizar o uso de cabos coaxiais.
marcações; Se não for possível, recomenda-se utilizar um
par de condutores trançados, distanciando-
Medição do nível de tensão de proteção -os apenas o suficiente para fazer a conexão
(Up ) na corrente nominal (In ) do DPS. nos terminais da amostra. O uso de pares de
fios separados deve ser evitado, pois o loop
(enlace) criado pode acoplar tensões induzidas
E podem ocorrer outros ensaios elétricos,
pela passagem da alta corrente de surto pela
caso tenham sido requeridos pelo
amostra. Esse efeito eleva o nível de tensão
comprador.
residual medida, mascarando o resultado real.
As Figuras 12.12 e 12.13 mostram exemplos
12.5 - TÉCNICAS DE MEDIÇÃO E BOAS de conexão da ponta de tensão ao DPS
PRÁTICAS ensaiado.

Para obter dados confiáveis e garantir As figuras 12.12 A) e 12.13 A) mostram um loop
segurança na operação, alguns detalhes formado pelos cabos de conexão da ponta de
devem ser levados em conta no momento dos prova no DPS. A tensão induzida pela corrente
ensaios de surtos. de ensaio nesse loop é adicionada à tensão a
ser medida, levando a erros significativos no
As conexões entre o gerador de surtos e o DPS
valor de tensão medida. As figuras 12.12 B)
devem ser as melhores possíveis para reduzir
e 12.13 B) mostram a conexão adequada em
desvios e/ou variações nas formas de onda
que o loop foi reduzido.

A B
DPS

DPS

Figura 12.12 - Exemplo de conexões entre sistema de medição de tensão e DPS ensaiado
A) Arranjo com formação de loop nos cabos de medição.
B) Arranjo otimizado.
O arranjo b é o melhor caso

300 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


Figura 12.13 - A) Circuito de medição com enlace aberto B) Circuito de medição com enlace fechado

Para o mesmo valor de corrente de ensaio (10 kA), a Figura 12.14 mostra as tensões residuais
medidas no DPS com e sem a formação de loop nos cabos de conexão. Na Figura 12.14, os
casos A e B correspondem aos arranjos de medição mostrados nas Figuras 12.12 e 12.13.
Nota-se na Figura 12.14 que o loop formado pelos cabos de conexão eleva em mais de 50%
o valor da tensão residual medida.

3,00 12,00

2,50 10,00

Corrente

2,00 8,00

Corrente Aplicada (kA)


Tensão Residual (kV)

1,50 6,00
Caso A

1,00 4,00

Caso B
0,50 2,00

0,00 0,00

-0,50 -2,00
-10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35 40
Tempo (µs)

Figura 12.14 - Exemplo da variação da tensão residual medida em função de acoplamentos no circuito de medição. Caso A: enlace
aberto; Caso B: enlace fechado. Medição feita no Laboratório da CLAMPER

clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 301
12.6 - LABORATÓRIO CLAMPER Pontas de prova e divisores para medição
de tensões de até 40 kV;
Em 2021, a CLAMPER iniciou a instalação Transformadores de corrente para
de um novo laboratório, mais completo e medição de correntes impulsivas de até
moderno, para substituir a estrutura anterior. 300 kA;
Osciloscópios digitais.
Em uma área com mais de 400 m², a nova
estrutura é composta pelos seguintes 12.7 - CONCLUSÕES DESTE CAPÍTULO
equipamentos principais:
As seguintes conclusões podem ser formuladas
Gerador de surtos de corrente, onda 8/20 com base no exposto ao longo deste capítulo:
µs, corrente máxima de 250 kA;
Gerador de surtos de corrente, onda Para garantir que os DPS cumpram com
10/350 µs, corrente máxima de 150 kA; a função de proteger os equipamentos
Gerador de surtos de corrente, onda 8/20 eletroeletrônicos contra os efeitos dos
µs, corrente máxima de 50 kA; surtos elétricos, os DPS passam por
Gerador de surtos de corrente, onda ensaios em laboratório com o uso de
10/350 µs, corrente máxima de 15 kA; geradores de surtos padronizados para
simular as descargas atmosféricas e as
Gerador de surtos de onda combinada sobretensões transitórias.
1,2/50 µs (tensão máxima de 20 kV) e
8/20 µs (corrente máxima de 10 kA);
Gerador de surtos de tensão onda 10/700 Os geradores de surtos clássicos são
µs; baseados na descarga da energia
armazenada em bancos de capacitores,
Gerador de surtos de corrente onda em um circuito conformador de onda e
10/1000 µs; no DPS ensaiado.
Fonte de alimentação para testes de
surtos com amostras energizadas em até
1000 Vac; O objetivo dos ensaios é garantir que o
DPS suporte valores altos de corrente sem
Fonte de alta tensão para teste de sofrer danos. Os ensaios também servem
sobretensão temporária (TOV); para garantir que, durante a operação do
Equipamento para ensaios de desligadores DPS, as tensões desenvolvidas tenham
em DPS AC (ensaio de estabilidade valores inferiores aos limites suportáveis
térmica em corrente alternada); pelos equipamentos protegidos.
Equipamento para ensaios de desligadores
em DPS DC (ensaio de estabilidade Além dos ensaios com ondas de corrente
térmica em corrente contínua); impulsiva, é preciso fazer uma série
Dispositivo para ensaios de grau de de ensaios - elétricos, dimensionais,
proteção IP X5 até IP X8; mecânicos, de adequação ao ambiente,
Câmara Climática; etc. - para garantir a qualidade e a
Equipamento para ensaio de Fio estabilidade dos DPS.
incandescente (Glow Wire);
Equipamento para ensaio de Resistência
ao trilhamento (Tracking);
Dispositivo para ensaio de Pressão de
esfera (Ball Pressure);
Dispositivo para ensaio de Impacto.

Além disso, o Laboratório CLAMPER conta


com sistemas de medição compostos
principalmente por:

302 PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES


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Catódica de Dutos Terrestres, 2013. [6] EN 50539-11 – “Requisitos e ensaios para
DPS conectados ao lado DC de instalações
5. ABNT NBR 62196-1 – “Plugues, tomadas, fotovoltaicas até 1500 V”.
tomadas móveis para veículos elétricos
e plugues fixos para veículos elétricos — [7] UL 1449 – “Requisitos de ensaios para
Recarga condutiva para veículos elétricos DPS conectados a sistemas AC de até 1000 V
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6. IEC 61851-1 - Electric vehicle conductive


charging system – Part 1: General
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7. ABNT NBR 5419, “Proteção contra


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clamper.com.br PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETROELETRÔNICOS CONTRA SURTOS ELÉTRICOS EM INSTALAÇÕES 311
2ª Edição
Lagoa Santa - MG
Editora CLAMPER
2021

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