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Revisão Sistemática Sobre A Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes

A revisão sistemática analisa a Exploração Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes (ESCCA) no Brasil, destacando a complexidade do fenômeno e suas implicações sociais. Foram revisados 76 estudos, dos quais 22 atenderam aos critérios de inclusão, revelando que a ESCCA é um problema multidimensional relacionado a desigualdades sociais e culturais. O estudo conclui que é necessário aprofundar a discussão sobre a temática para proteger os vulneráveis e combater a violência simbólica na sociedade.
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A revisão sistemática analisa a Exploração Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes (ESCCA) no Brasil, destacando a complexidade do fenômeno e suas implicações sociais. Foram revisados 76 estudos, dos quais 22 atenderam aos critérios de inclusão, revelando que a ESCCA é um problema multidimensional relacionado a desigualdades sociais e culturais. O estudo conclui que é necessário aprofundar a discussão sobre a temática para proteger os vulneráveis e combater a violência simbólica na sociedade.
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MOTA,R.M.G.; et al.

Revisão Sistemática sobre a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes

Systematic Bibliographic Review about Commercial Sexual Exploitation of Children and


Teenagers

Raquel Martins Fernandes Motaa*; Luiz Augusto Passosa; Cleonice Terezinha Fernandesb; Degmar Francisco dos Anjosb

Universidade Federal de Mato Grosso, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em EnsinoCA. MT. Brasil.
a

b
Universidade de Cuiabá, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino.CA MT. Brasil.
*E-mail: [email protected]

Resumo
Revisão sistemática - RS é um processo metodológico que sintetiza resultados de estudos sobre determinado tema. A RS seleciona pesquisas
relevantes no âmbito teórico-prático para a pesquisa bibliográfica. A presente RS teve como objetivo conhecer a realidade da ESCCA –
Exploração Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes em nosso país em uma perspectiva fenomenológica, a partir do olhar de pesquisas
empíricas. Descritores em língua portuguesa foram: exploração sexual comercial, violência sexual contra crianças e adolescentes -abuso
sexual contra crianças e adolescentes, tráfico sexual de crianças e adolescentes, turismo sexual, pornografia infantil e pedofilia. Foram
encontradas 76 publicações nas bases de dados eletrônicas: Google acadêmico, Scielo e Portal de periódicos da Capes, sendo que 22 estudos
preencheram os critérios de inclusão: i) estudos empíricos: ii) entre 1990 e 2011; iii) publicados em Língua Portuguesa; iv) sobre quaisquer
tipos de exploração, exclusivamente, para o público de crianças e adolescentes. Constatou-se que a problemática da ESCCA está banhada
de pluridimensionalidade, que não se esgota na violência da opressão socioeconômica e de reconhecimento da condição humana; implica na
produção de um sistema simbólico gerador de estigma cultural, que traz impactos sobre todas as dimensões do ser com implicações locais,
pessoais, políticas e planetária. A partir do diálogo teórico entre as pesquisas empíricas desta RS e estudiosos da área, pode-se concluir que a
temática precisa ser aprofundada, em suas especificidades, para que os vulneráveis invisíveis e suscetíveis a todo tipo de violência simbólica
da nossa sociedade desigual não permaneçam nesta situação.
Palavras-chave: Ensino. Educação. Exploração Sexual Comercial. Violência.

Abstract
Systematic review - RS is a methodological process that synthesizes results of studies on a given theme. The RS selects relevant research in
the theoretical-practical scope for the bibliographic research. The purpose of this present RS was to know the reality of ESCCA - Commercial
Sexual Exploitation of Children and Adolescents in our country in a phenomenological perspective from the perspective of empirical research.
Descriptors in Portuguese: sexual violence against children and adolescents, sexual abuse of children and adolescents, sexual trafficking of
children and adolescents, sexual tourism, child pornography and pedophilia; 76 publications were found in the electronic databases: Google
academic, Scielo and Portal of journals of Capes, 22 studies fulfilled the inclusion criteria: i) empirical studies: ii) between 1990 and 2011; iii)
published in Portuguese; iv) on any kind of exploitation exclusively for the public of children and adolescents. It was verified that the ESCCA
problem is loaded with multidimensionality, which is not barred with the violence of socioeconomic oppression and recognition of the human
condition; It implies the production of a symbolic system that generates cultural stigma, which impacts on all dimensions of being with local,
personal, political and planetary implications. From the theoretical dialogue between the empirical researches of this RS and scholars in the
area, it can be concluded that the theme needs to be deepened in its specificities, so that the vulnerable individuals which are invisible and
susceptible to all kinds of symbolic violence of our unequal society do not remain in this situation.
Keywords: Teaching. Education. Commercial Sexual Exploitation. Violence.

1 Introdução realizada pelo Grupo de Pesquisa em Movimentos Sociais e


Educação - GPMSE. Serviu de base e se constituiu como parte
A Exploração Sexual e Comercial de Crianças
e Adolescentes, aqui aplicada na utilização do registro dos estudos do GPMSE e do Núcleo de Estudos em ensino,
ESCCA, enquanto exploração sexual comercial é considerada linguagens e vulnerabilidades sociais do IFMT.
um tipo de violência e envolve interesses mercadológicos, em A ESCCA se tornou objeto de estudo e pesquisa no Brasil,
que acontece a troca sexual via remuneração ou favorecimento a partir da década de 1990, quando ocorreu a Comissão
- tráfico de influências. A compreensão da ESCCA, a Parlamentar de Inquérito - CPI, investigando sobre denúncias
partir de estudos empíricos da temática e suas respectivas de comércio sexual de menores de 18 anos (LIBÓRIO, 2003). A
linhas teóricas, permite observar a realidade, as lacunas presente RS apontou pesquisas de iniciativas governamentais
investigativas, a fim de ampliar as perspectivas interpretativas (projetos estaduais e municipais), que visam minimizar o
sobre este fenômeno polissêmico em busca de trazer luz às problema, com relatos de programas de prevenção à ESCCA.
invisibilidades, vulnerabilidades e ambiguidades. Destacou papéis importantes dos educadores e agentes de
Este estudo se pauta em uma revisão sistemática - RS prevenção no desenvolvimento saudável dessas pessoas, visto

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Revisão Sistemática sobre a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes

que, em muitos casos, as famílias não dão a atenção devida: a “As pesquisas apontam para aspectos diversos da PIJ: o
violência sexual acaba reproduzida e sancionada pelo silêncio, cotidiano das crianças e adolescentes; a díade prostituição/
como fato não desejável, mas de difícil controle, adquirindo saúde-doença; a relação entre prostituição, pobreza e uso de
certa “normalidade”. drogas; a associação entre o ‘estar nas ruas’ e ‘ser prostituta’”
De um modo geral, esta RS traz dados do Brasil em (GOMES, 2011, p. 22).
relação à violência sexual em suas várias formas. Os números O objetivo desta investigação foi conhecer a realidade
permitem perceber a dimensão do fenômeno, tanto em da ESCCA – Exploração Sexual e Comercial de Crianças
extensão como repetição, ao ponto de qualificá-lo em suas e Adolescentes em nosso país em uma perspectiva
características. fenomenológica, a partir do olhar de pesquisas empíricas
Os estudos encontrados nesta RS apresentam conceitos sobre a temática.
básicos sobre a temática: a violência sexual contra crianças
2 Desenvolvimento
e adolescentes que é considerada uma violação dos direitos
humanos e dos direitos da pessoa em desenvolvimento e está 2.1 Metodologia
relacionada ao que não é aceito socialmente. Em geral, as
Realizou-se uma revisão sistemática da literatura,
investigações apresentam a violência sexual contra crianças e
utilizando critérios de inclusão e de exclusão, sujeitos a análise
adolescentes em dois principais tipos: a) o abuso sexual e b) a
de vários pesquisadores. A RS é uma técnica de pesquisa que
exploração sexual comercial. O primeiro tipo se refere a atos
surgiu como forma de organização de informações devido ao
intra, extrafamiliar ou institucional. Ambos serão explicados
crescente volume das mesmas. Surgiu na década de 1950 do
no desenvolvimento deste texto.
século XX e se tornou largamente utilizada na década de 1990
Nas definições neste âmbito utilizadas e dentre outras
do mesmo século.
sobre a violência, a mesma se caracteriza por uma relação
A revisão sistemática é um método de investigação científica
de poder e de desrespeito ao corpo do outro. O desrespeito que tem por objetivo reunir, avaliar criticamente e conduzir
está relacionado ao não consentimento do ato. No caso de a uma síntese dos resultados de múltiplos estudos primários
crianças e adolescentes, estes sujeitos podem até consentir, [...] Na medida em que permite um resumo claro e explícito
mas sem exatamente saber o significado dos atos do abusador. de todos os estudos sobre determinado tema, a revisão
sistemática possibilita a integração de uma gama maior de
Segundo as definições trazidas por Faleiros (2012), o objetivo resultados relevantes, ao invés de limitar as conclusões aos
é a gratificação do abusador, seja estimulando a vítima resultados de alguns artigos de forma não sistemática como
sexualmente ou usá-la para estimulação sexual de outra acontece nas revisões bibliográficas habituais (LEITÃO et
al., 2010, p.9-10).
pessoa, envolvendo desde a manipulação da genitália, mama
ou ânus, voyeurismo, pornografia, exibicionismo, podendo Para desenvolvimento do texto foram realizadas buscas
incluir o ato sexual com ou sem penetração, com ou sem sistemáticas em bases de dados científicas eletrônicas,
violência. No caso, uma situação de abuso sexual pressupõe sobretudo, podendo haver acréscimo de títulos a partir de
que a criança ou adolescente não é capaz de compreender indicação das listas de referências dos estudos encontrados,
as atividades, em que é envolvida e isso compromete seu ou mesmo por meio de informação pessoal. As buscas
desenvolvimento psicossocial. ocorrem por meio de critérios de inclusão bem definidos,
Segundo a Organização Mundial da Saúde - OMS, que podem delimitar a língua, o tipo de pesquisas, no caso,
a ESCCA pode ser considerada como um dos maiores preferencialmente empíricas, compreendidas entre um
problemas de saúde pública (LUCI; SALVAGNI, 2005), período de tempo específico. Após as buscas, os estudos são
ou seja, é considerada um problema social acompanhado sistematizados, em geral, comparando-se e sintetizando-se os
de problemas de saúde pública, com interface em questões resultados. se
políticas e jurídicas (MARTINS; JORGE, 2010, p. 246). A definição dos descritores, para a presente revisão
Trata-se de reconhecer a criança e o adolescente como sujeito sistemática, ocorreu após uma pesquisa inicial, que mostrou
de direitos. As pesquisas sugerem explorações e abusos a interligação destes assuntos ao se tratar da ESCCA e,
sexuais tendo como vítimas crianças e adolescentes em porque, inicialmente não se tinha uma separação dentre os
situação de pobreza, de miséria e de vulnerabilidade social, níveis e tipos de violência sexual nas pesquisas. As buscas
que possuem família desestruturada ou simplesmente não foram realizadas nas seguintes bases de dados: Google
possuem família alguma, principalmente, em locais em que acadêmico, Scielo e portal de periódicos da Capes. Dentre
o acesso ao trabalho, aos serviços sociais e ao sistema de os artigos observados nas bases de dados foi realizada uma
informação (cartórios, registros, sistema de segurança pública) seleção inicial ao observar aqueles que realmente tratavam
não é disponível a todos os cidadãos e cidadãs. Situação que do descritor, enquanto essência do artigo. Após as buscas,
revela a necessidade de resgate de condições dignificantes. foram lidos primeiramente os resumos, a partir dos quais se
A violência e a exploração sexual fazem milhões de vítimas, definiu a permanência ou exclusão dos mesmos, para uma
danos físicos e/ou psicológicos irreversíveis são deixados. leitura inicial. Em seguida, procedeu-se a revisão sistemática

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propriamente dita, que inclui novas exclusões a partir da exploração comercial de crianças entendeu-se que o termo
leitura dos artigos completos. mais apropriado seria exploração sexual comercial, visto que
O termo prostituição infantil foi incluído nas buscas, as crianças e os adolescentes não têm autonomia no ato e há
por ser um termo utilizado inicialmente nas pesquisas uma ação ou omissão do adulto, que favorece o ato, elas não
e, posteriormente, substituído pelo termo ESCCA. Os se prostituem, mas são prostituídas. A ESCCA é considerada
descritores foram usados em separado e combinados entre si:
pela Organização Internacional do Trabalho - OIT uma das
exploração sexual comercial, violência sexual contra crianças
cinco piores formas de trabalho infantil - Convenção 182,
e adolescentes, abuso sexual contra crianças e adolescentes,
um trabalho indecente; a ser combatido com processos
tráfico sexual de crianças e adolescentes, turismo sexual,
pornografia infantil e pedofilia. emancipatórios. A exploração sexual comercial envolve
Para esta revisão foram os seguintes critérios de inclusão: atividades, tais como: turismo sexual, prostituição, tráfico e
i) estudos empíricos: ii) entre 1990 e 2011; iii) publicados em pornografia infantil. E pode acontecer de maneira formal ou
Língua Portuguesa; iv) sobre quaisquer tipos de exploração, informal.
exclusivamente, para o público de crianças e adolescentes; e Diferencia-se, no caso, o explorador do pedófilo, visto que
critérios de exclusão: i) estudos inconclusos; ii) publicados a pessoa que explora o menor não o faz momentaneamente
em revistas sem fator de impacto; iii) em não publicados, não e, assim, não necessariamente é um pedófilo, mas alguém
pertencentes a stricto sensu. que se beneficia de um negócio altamente lucrativo. As
Os artigos selecionados, apresentados nas referências, diferenciações teóricas e conceituais apontam para diferenças
foram os que apresentavam, no corpo do texto, relação
de implicações jurídicas, políticas e psicológicas para com a
direta com a ênfase desta pesquisa: - a ESCCA e a educação.
questão. Vários textos definem abuso e exploração de forma
Observa-se que os artigos mencionavam Merleau-Ponty e
semelhante.
nenhum o fez. Somente uma dissertação citou o autor nas
referências bibliográficas (SERPA, 2009). Para Araújo (2012, p.15):
O abuso sexual infantil é uma forma de violência que envolve
2.2 Discussão poder, coação e/ou sedução. É uma violência que envolve duas
Inicia-se a discussão apontando que o fenômeno é desigualdades básicas: de gênero e geração. O abuso sexual
infantil é frequentemente praticado sem o uso da força física e
mundial, pois dados contidos no relatório Situação Mundial
não deixa marcas visíveis, o que dificulta a sua comprovação,
da Infância, divulgado pelo UNICEF (2005), estimam que principalmente quando se trata de crianças pequenas. O abuso
275 milhões de crianças no mundo são vítimas de violência sexual pode variar de atos que envolvem contato sexual com
intrafamiliar, para a OMS 150 milhões de meninas e 73 ou sem penetração a atos em que não há contato sexual, como
milhões de meninos menores de 18 anos sofreram relações o voyeurismo e o exibicionismo.
sexuais forçadas ou alguma outra forma de violência sexual Dentre os mais de 76 artigos encontrados na busca inicial,
ou física (NEVES et al., 2010).
foram selecionados apenas 22, conforme os critérios de
Em geral, as investigações apresentam a violência sexual
inclusão anteriormente apresentados, porém ao final foram
contra crianças e adolescentes em dois principais tipos: a) o
considerados 25, haja vista que três são exclusivamente
abuso sexual e b) a exploração sexual comercial. O primeiro
tipo se refere a atos intra, extrafamiliar ou institucional, cuja bibliográficos e se configuram nas discussões devido à
diferenciação se apresenta a seguir: a violência é considerada pertinência do teor.
um caso intrafamiliar, quando envolve familiares da vítima Em uma breve síntese sobre a origem geográfica das
ou pessoas que são responsáveis pela criança/adolescente; pesquisas, tem-se que: 19 no sudeste ou sul do Brasil, o que
a violência doméstica envolve pessoas não familiares que corresponde a 76 % dos artigos; um artigo de Portugal, dois
frequentam o ambiente doméstico. No caso do extrafamiliar do nordeste e dois do Centro-Oeste. Sendo que as instituições
denota ambientes e pessoas fora do convívio familiar. Há que apresentaram maior número de pesquisas são USP (4) e
o abuso institucional, realizado por pessoas vinculadas a PUC/SP (3), seguidas por UFRN, UFRJ, UFRS (dois artigos
instituições governamentais ou não, que deveriam prover cada uma).
cuidados à criança e ao adolescente e se ausentam deles.
Em relação às palavras-chave constantes nos artigos,
O segundo tipo de violência sexual é definido como a
percebe-se grupos de sentidos correlatos, os quais são
exploração sexual comercial. O adolescente ou a criança, neste
apresentados com o número de ocorrências ao lado; em que
último caso, não é considerado prostituto (a); mas prostituído;
visto que é explorado para fins de obtenção de benefícios em cada grupo se percebe uma ênfase distinta. No grupo
auferidos por um adulto, segundo terminologia utilizada pelo A, a ênfase é a violência e o ato em si; no B, os sujeitos do
Instituto Interamericano Del Niño/OEA, desde 1988. recorte de pesquisa; no C; as esferas sociais envolvidas; no D,
O termo prostituição inclui um consentimento voluntário elementos ligados à saúde e, por fim, a preocupação com os
para o ato, a partir dos congressos mundiais contra a sentidos do sujeito.

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Revisão Sistemática sobre a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes

Quadro 1 - Quantificação dos descritores das pesquisas encontradas na revisão sistemática sobre ESSCA (1990 a 2011)
B-
A- C- D- E-
Os sujeitos da
Violência e o ato em si Esferas sociais Relação com a saúde Os sentidos do sujeito
pesquisa
Palavra-chave Nº Palavra-chave Nº Palavra-chave N° Palavra-chave N° Palavra-chave N°
Produção de
Prostituição 8 Adolescência 5 Políticas Públicas 2 Saúde Pública 2 1
sentidos
Prostituição Criança/ Significação de
1 4 Problemas sociais 2 Saúde Mental 1 1
infantil Infância infância
Prostituição Populações Vulneráveis Constituição do
1 1 Bem-estar da criança 1 1
juvenil trabalho infantil sujeito
Exploração
3 Direitos Humanos 1 Afetos 1
Sexual
Sistema Nacional de
Exploração
Combate ao Abuso e
Sexual Infanto- 2 1 Psicologia social 1
à Exploração Sexual
juvenil
Infantojuvenil
Exploração sexual Fatores de risco e
1 1
comercial proteção
Violência 3 Plano Nacional 1
Violência Sexual 1 Meios de comunicação 1
Maus-tratos
1 Turismo 1
sexuais infantis
Abuso Sexual 1 Observatório 1
Maus-tratos
1 Legalidades 1
infantis
Família 1
Fonte: Dados da Pesquisa.

A metodologia utilizada nas pesquisas foi participante (1), Inserção ecológica (1), rapid assessment (1),
predominantemente qualitativa, sendo que se utilizou Entrevista semiestruturada II, histórias infantis, desenhos e
a classificação das mesmas, conforme a relação entre fotografia (1).
conhecimento e interesse, estabelecida por Habermas (1989), Dos 25 artigos analisados, apenas três se constituem
em que se tem a maioria caracterizada na perspectiva histórico- puramente bibliográficos, conforme já mencionado, cujas
hermenêutico (11); um grupo com o viés crítico-dialético (6) reflexões serão utilizadas nas discussões teóricas; três
e duas pesquisas podem estar associadas ao primeiro grupo pesquisas são documentais, com mais de 5000 reportagens
ou ao viés empírico-analítico (somente a leitura do artigo não e denúncias analisadas (5156), 90 depoimentos; e as demais
permite classificar precisamente). pesquisas são empíricas.
Quatro pesquisas indicaram apenas os instrumentos Acerca do perfil dos participantes dos estudos se tem:
de coleta de dados e duas disseram tratar de uma pesquisa duas pesquisas com profissionais da saúde e técnicos do
qualitativa, somente. Os principais métodos utilizados e o Executivo municipal, legisladores, empresários de turismo,
número de vezes que aparecem, segundo a terminologia usada representantes da sociedade civil organizada (número de
no próprio artigo, são: - Revisão bibliográfica (3), Qualitativa entrevistados não informado); três pesquisas com ONG; nove
(2), Descritivo exploratório (1), Análise do Discurso (1), pesquisas com Adolescentes e crianças prostituídas (174
Análise de Conteúdo (2), Pesquisa Estratégica (1), História de participantes ao todo, uma pesquisa não informa quantos
Vida Tópica (1), Pesquisa Histórica (1), Relato de experiências entrevistados); duas pesquisas com mulheres que começaram
de profissionais de saúde (1), Experimental - campos de a se prostituir na menoridade; três pesquisas com homens e
intervenção na área de saúde (técnica de Acompanhamento mulheres prostituídos (14 pessoas); uma pesquisa com jovens
Terapêutico - 2), Desconstrução Estética e da Narrativa que fazem programas sexuais; uma pesquisa com crianças e
noticiosa (1), Pesquisa bibliográfica (4) e documental adolescentes em situação de risco (75 participantes ao todo,
(4) Análise da literatura da área (1), Estudo de campo sendo que 18 destas estão sob a responsabilidade da equipe,
(2), Questionários-entrevista, relatos orais e observação devido à situação de rua e de exploração sexual), cuja síntese
(1), Projeto de intervenção (1), Etnografia e observação se encontra a seguir:

Quadro 2 - Perfil numérico das pesquisas pelo tipo de participantes (N total)


Formadores de Jovens
Adolescentes Mulheres Homens e Crianças e
opinião (prof., que fazem
ONG e crianças prostituídas mulheres adolescentes em
técnicos e políticos, programas
prostituídas desde a infância prostituídos situação de risco
empresários) sexuais
2 (N=não 1 (N=não
2 (N=não revelado) 3 9 (N=174) 3 (N=14) 1 (N=75)
revelado) revelado)
Fonte: Dados da Pesquisa.

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Dentre os artigos pesquisados sobre a ESSCA, percebe-se condições, levando a naturalização da violência até ao ponto
a questão da violência sexual dentro das famílias, na maior de vender o corpo das crianças/adolescentes para o prazer
parte dos casos, na infância e que por vezes leva as vítimas à sexual. Também há indícios que mostram a possibilidade
exploração sexual comercial. Percebe-se, a partir dos textos de uma violência sexual, quando ocorre violência física ou
selecionados, que a violência sexual contra crianças possui psicológica, visto que estas podem levar à violência sexual,
uma extensão capaz de difundi-la como um padrão cultural propriamente dita, em seus diferentes níveis.
e de torná-la aceitável, escondendo sua perfídia. Por se Para entender a ESCCA, os trabalhos consultados
tratar de violação dos direitos humanos e por trazer graves analisam o histórico familiar da criança e do adolescente, com
danos físicos, psicológicos e sociais às vítimas, a realidade o intuito de saber se houve abuso dentro do âmbito familiar.
de violência sexual precisa ser enfatizada nas pesquisas no Analisam as causas que levam esses jovens à prostituição,
Brasil e outros países, enquanto um compromisso social pela e os motivos de alguns homens adultos preferirem sexo
salvaguarda destes direitos. com crianças e adolescentes. A maioria dos textos retrata a
A ESCCA é definida como uma relação de mercantilização, desestruturação das famílias das quais esses jovens provem.
em que ocorre abuso sexual do corpo, o uso do corpo da Há casos de abandono, maus tratos e descaso dos pais, que os
criança e/ou adolescente, e envolve a comercialização local leva às ruas. Gomes (2011, p. 26) apresenta várias pesquisas
ou global. No ato há uma coerção física e psicológica, sendo e causas possíveis para a ESCCA, desde a estrutura familiar,
considerado um abuso de poder. É considerada uma das a situação social.
piores formas de violação dos direitos humanos, identificada Os artigos atestam que o maior índice de violência sexual
como uma forma moderna de escravidão, violando o direito ocorre no ambiente familiar, mais de 50% dos casos (SANTOS;
à liberdade individual (FALEIROS, 2012, p. 13). “Consiste DELL’AGLIO, 2008), sendo o pai (38%), e posteriormente o
no uso de uma criança ou adolescente para fins sexuais em padrasto (29%), os principais agressores (SERAFIM et al.,
troca de dinheiro ou favores em espécie, entre a criança 2011; pesquisa realizada em São Paulo).
ou adolescente, o cliente, o intermediário ou agenciador Até julho de 2002, do total das violações computadas pelo
e outros que se beneficiam do comércio de crianças para SIPIA, 57% haviam sido cometidas pelo pai, pela mãe ou por
esses propósitos” (Congresso Mundial Contra a Exploração outra pessoa detentora da guarda da criança. Uma pesquisa do
Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual
Comercial de Crianças Unicef, 1996). - CERAS, do Departamento de Medicina Legal, Ética Médica
As classificações visam esclarecer a temática e o tipo de e Medicina Social e do Trabalho da Faculdade de Medicina
situação em que a pessoa está inserida, mas segundo Faleiros, da USP aponta informações na mesma direção: do total de
84 casos de abuso sexual atendidos no período de 1993 a
estas classificações são pontuais, mas não passíveis de total 1999, cerca de 53% ocorreram entre pais e filhos, sendo que
separação, visto que a violência sexual é também violência o pai biológico estava envolvido em 38,2% das ocorrências
física e psicológica, há um processo de violência simbólica (AURINO et al., 2007, p.2).
(FALEIROS; FALEIROS, 2008, p. 31). Estudo realizado por meio de reportagens, em São Paulo,
A ESCCA, segundo os autores dos artigos, é parte de uma sobre violência sexual aponta que os pais são responsáveis
conjunção de fatores e afeta o ser como um todo, sendo uma por 50% dos estupros e que a violência familiar atinge cerca
forma de violência que engloba todas as outras. Separar a de 500 mil crianças (LANDINI, 2000, p. 245). Neves et al.
violência sexual por tipos, nem sempre explicita a realidade, (2010, p. 104) citam pesquisa que aponta que 71,1% dos
visto que muitos casos envolvem várias formas e situações. agressores eram pais biológicos das vítimas e 11,5% eram
Como atestam os dados desta pesquisa realizada em padrastos, sendo que em escala mundial o pai biológico é o
Londrina/PR, 2006, as violências são diversas em um mesmo que mais vitimiza sexualmente as crianças (97% dos casos),
caso e mostram a necessidade de compreender o ser como as agressoras sexuais se limitam entre 1% a 3%.
um todo: “Houve lesão corporal em 90,3% dos casos, com Mesmo estudos em regiões diferentes apresentam dados
sequela física e psicológica em 97,8%” (MARTINS; JORGE, semelhantes, como este artigo sobre uma pesquisa em Maceió:
2010, p.246). Dessa forma, “não se deve esperar um perfil
As meninas são as maiores vitimas (63,4%). A faixa etária
extremamente característico (da violência), pois isto limitaria de maior risco para as meninas e entre 7 e 10 anos de idade
o diagnóstico” (VIODRES INOUE; RISTUM, 2008, p.15). (48,5%), enquanto para os meninos e de 3 a 6 anos (54,6%).
Sabe-se que desde a exploração da imagem de crianças e/ Os pais são os maiores perpetradores do abuso sexual
(38%), seguidos do padrasto (29%). Meninos e meninas
ou de adolescentes na mídia ao estímulo à atividade sexual expressaram elevada frequência para depressão e transtorno
e ao consumo desenfreado, há um contexto propenso aos de estresse pós-traumático (TEPT). As meninas expressam
indivíduos buscarem satisfazer suas necessidades (mesmos que comportamento mais erotizado, enquanto os meninos ficam
mais isolados (CANUDO et al., 2010, p.143).
necessidades criadas) a qualquer preço. A pornografia infantil
via internet, por exemplo, é considerado um negócio barato, Esta pesquisa compara os dados em relação ao gênero,
difícil de ser detectado e fácil de ser distribuído (LANDINI, muitos artigos afirmam a preponderância de abusadores
2000). A violência começa pelo sistema e a desigualdade de masculinos (MARTINS; JORGE, 2010, p. 246) sobre vítimas

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do sexo feminino. Contudo Almeida et al. (2009) comentam Os autores falam da necessidade de estratégias de combate
que este aspecto pode demonstrar que o abuso sexual contra específicas para cada região ou grupo vulnerável (MARTINS;
meninos é menos noticiado, relatado e, portanto, menos JORGE, 2009). Na realidade brasileira, têm-se pesquisas
compreendido. que pretendem mostrar as características predominantes e
As relações no meio parental são as mais complexas, peculiares da ESCCA nas diferentes regiões brasileiras:
influindo diretamente nas situações de abuso. Esta pesquisa No Norte e no Centro-Oeste, o tráfico de escravas nas áreas
retrata as vivências maternas diante do abuso sexual do garimpo é uma tônica; o turismo sexual destaca-se no
intrafamiliar e apontam o perfil destas mães, em termos Nordeste, no Sudeste a discussão sobre meninas que vivem
na rua surge junto com a discussão da prostituição infanto-
socioeconômico e culturais: juvenil; e no Sul, a base da exploração está no aliciamento
As mães entrevistadas tinham, na época da pesquisa, idades das crianças e adolescentes do interior, a partir do uso de
que variavam de 25 a 50 anos, sobressaindo-se 8 na faixa informações falsas e de abuso da ingenuidade dos pais
etária de 30. Das 13 mães que participaram da pesquisa, 4 (GOMES; MINAYO; FONTOURA, 1999, p.175).
definiram-se como não trabalhadoras ou ‘do lar’ e 9 definiram-
se como trabalhadoras nas atividades de copeira, lavadeira de
Sendo assim, é preciso admitir que a ESCCA envolve
roupas, manicure, funcionária pública, diarista, empregada vários aspectos da realidade em que se vive, sendo um
doméstica e técnica em Enfermagem. No que concerne ao problema complexo: “Observou também que, a partir dos
grau de escolaridade das entrevistadas, verificou-se que oito informantes que os jornais ‘ouviram’ sobre a prostituição
têm ensino fundamental e cinco, ensino médio completo
(uma delas cursou o ensino técnico). infantil, é possível afirmar que ela é vista como um problema
[...] Entre as participantes da pesquisa, nove revelaram que policial, jurídico, médico, psicológico, socioantropológico,
mantinham relações maritais antes do conhecimento do técnico e moral” (GOMES, 2011, p.23).
abuso sexual contra suas filhas e quatro, não. Entre as que
conservavam, três romperam após o abuso sexual intrafamiliar
Para garantir o direito e exercício da sexualidade, bem
de sua filha, sendo, nesses casos, seus companheiros os como estabelecer ações de combate à ESCCA, relevante
abusadores. Ao falarem de seus relacionamentos maritais, pressupor o entendimento de sua realidade pluridimensional
as entrevistadas revelaram história de vários maridos, que, de múltiplas causalidades:
segundo elas, poderiam chegar a três companheiros. [...] As
13 entrevistadas revelaram que os abusadores de suas filhas, Trata-se de um fenômeno multidimensional de extrema
em 5 das situações, eram seus companheiros (sendo que 3 violação de direitos do ser humano, dentre eles, o direito
eram genitores e 2 eram padrastos das meninas); em 6, o ao exercício de uma sexualidade saudável. O tema, além
agressor era seu cunhado, 1 era seu compadre e 1 era seu filho de prioritário, passa a figurar entre os mais desafiadores e
(LIMA; ALBERTO, 2010, p.132). contundentes da agenda social do país, exigindo do Poder
Público e da sociedade um esforço conjunto de enfrentamento
O que atesta a predominância do abuso intrafamiliar e e de coibição de sua prática [...] Para o estabelecimento de
as questões afetivas envolvidas e que podem ser afetadas no ações nesse campo faz-se necessário considerar as multi-
causalidades que envolvem a problemática da violência
processo, levando até mesmo a uma situação de repetição e sexual infanto-juvenil, a essencial implantação de programas
tendência ao abuso, com a presença da multigeracionalidade Inter setoriais e a construção de redes de serviços com fluxos
da violência (SANTOS; DELL’AGLIO, 2008, p. 603). complementares (BELLENZANI; MALFITANO, 2006,
p.117).
Estes autores ainda citam várias outras pesquisas mundiais
que atestam o atendimento de crianças, cujas mães também A ESCCA assume proporções gigantescas em relação
haviam sido violentadas sexualmente. O artigo de Aded et al. ao tráfico de pessoas, em termos mundiais (PEREIRA;
(2006, p. 206) aponta, também, uma possível relação, em que GONÇALVES, 2011, p.2). Devido às diferenças culturais e
mulheres prostitutas foram crianças abusadas sexualmente. de legislação, o tráfico sexual e o turismo sexual são ações
Os artigos demonstram a relação com o ambiente que propiciam a ESCCA e cujo combate se torna mais difícil.
intrafamiliar, com familiares próximos à vítima, uma vez que O principal objetivo na atualidade é conseguir um acordo
os casos ocorrem na infância e afetam, principalmente, o sexo sobre um código de conduta para a proteção das crianças
feminino: contra a exploração sexual nas viagens e no turismo. Entre as
iniciativas comuns da política geral de proteção das crianças
Estima-se que 96% dos casos de violência física e 64% dos contra a exploração sexual no turismo figura a Declaração
casos de abuso sexual contra crianças de até seis anos de idade Comum da OMT e da IATA de 17 de Dezembro de 2001
sejam cometidos por pais ou familiares próximos (NEVES et (BADARÓ, 2011, p.3-4).
al., 2010, p. 103).
Trata-se de estabelecer acordos e legislações internacionais,
Em âmbito regional, os dados confirmam a mesma que permitam enfrentar o problema em sua extensão, ou seja,
realidade. Gomes (1994b, p.166) cita pesquisas realizadas em nas possíveis causas:
Recife e em São Paulo, em que os casos são do sexo feminino,
Outra tarefa política importante para enfrentar o tráfico
limitando a apenas três vítimas do sexo masculino. de pessoas para fins de eexploração sexual é avançar nas
Das próprias vivências e processos de violência sexual mudanças das normativas nacionais e internacionais,
podem ser universalizados dentro do tecido das próprias avaliando os acordos bilaterais e tripartites já existentes,
numa perspectiva de alinhar estratégias globais de políticas
culturas, mesmo com causas distintas, mas brotando das públicas e economias transnacionais de enfrentamento à
relações estabelecidas no interior das culturas. pobreza, às desigualdades sociais e às diversidades culturais

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MOTA,R.M.G.; et al.

para globalizar direitos, cidadania, desenvolvimento e Estudos realizados em diferentes partes do mundo sugerem
crescimento para todos (LEAL; LEAL, 2011a, p.29). que, aproximadamente, 7,4% das meninas e 3,3% dos
meninos já sofreram algum tipo de abuso sexual. A sua real
Os autores mostram que a solução não é só a criação de prevalência é desconhecida, visto que muitas crianças não
leis, mas estratégias que permitam o apoio para erradicar as revelam o abuso, somente conseguindo falar sobre ele na
idade adulta (CANUDO et al., 2010, p.144).
possíveis causas que geram a ESCCA. No Brasil, as limitações
quanto ao combate ao tráfico sexual incluem a ineficácia da Por mais que a denúncia possa ser feita através do
legislação interna: anonimato, há certa barreira que impede até mesmo a vítima
Outra grande dificuldade, diz respeito à falta de uma lei que de realizar a denúncia, se ela tiver algum vínculo afetivo
tipifique o crime de tráfico no território brasileiro, porque o com o agressor, por exemplo. Nem sempre é a vítima que
artigo 231 do Código Penal, só fala de tráfico de mulheres em realiza a denúncia, mas as pessoas próximas, principalmente
âmbito internacional e para fins de prostituição, reduzindo-se
à questão de gênero (mulher) e a uma condição específica da familiares, vizinhos e amigos. Em muitos casos, para evitar
exploração sexual, que é a prostituição, não considerando a constrangimentos e por receio de represálias daqueles que são
questão de geração (criança e adolescente) e de territorialidade responsáveis pelo abuso, os que denunciam deixam a vítima
(tráfico interno) (LEAL; LEAL, 2011b, p.12-13).
exposta e sem defesa (SANTOS; DELL’AGLIO, 2009, p.86).
Apesar dos dados serem alarmantes e do problema atingir Há diversas formas de realizar a denúncia como: por
todas as classes sociais desde a Antiguidade, só há cerca de 50 telefone, utilizando o Disque-100; ao Conselho Tutelar da
anos se tem estudado esse tema, segundo Aded et al. (2006, Criança e do Adolescente; comunicar diretamente à Polícia
p.206), que iniciaram pesquisas sobre o assunto. Somente Civil; nas delegacias de Proteção à Criança e ao Adolescente;
em 1977, que mundialmente se começou a legislar contra nos Conselhos Tutelares ou nas instâncias responsáveis pela
pornografia infantil (LANDINI, 2000). Há uma carência de Justiça do município.
legislação, fiscalização e diagnóstico da extensão da ESCCA A escola pode desempenhar um papel em termos de
em todo o mundo. linguisticidade, ao perceber no silêncio, as possibilidades de
Para a integralidade das ações é necessário que haja união ocorrência do abuso:
de diversos setores sociais e políticos. Foi possível verificar seis modos pelos quais se deu a
Com relação à exploração sexual de meninas no Brasil, esta identificação da violência sexual: relato da vítima (36,36%),
temática foi agendada pelo Poder Público em 2003, dando presença de sinais físicos (18,18%), faltas às aulas (18,18%),
início à construção de um novo cenário político, do ponto alteração de comportamento (13,63%), comportamento
de vista governamental, a partir da criação da Comissão sexual inadequado (9,09%), e resposta a um questionário
Inter setorial para o Enfrentamento da Violência Sexual (4,54%) (VIODRES INOUE; RISTUM, 2008, p.18).
contra Crianças e Adolescentes. A Comissão Inter setorial é
composta pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, No entanto, necessita-se de um preparo por parte dos
além do Ministério Público, organismos internacionais e profissionais, em termos culturais e sociais, para lidar
organizações da sociedade civil, notadamente o Comitê com a situação de modo a favorecer a emancipação e não
Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-
a continuidade do problema: “os profissionais precisam
Juvenil e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente – CONANDA (LEAL; LEAL, 2011b, p.99). compreender o tema, seus sinais ou indicadores para realizar
a comunicação da violência de forma protetiva e consciente”
O enfrentamento precisa ser em todos os aspectos, que
(SANTOS; DELL’AGLIO, 2010, p.333).
favorecem a ESCCA, uma vez que os estudos mostram
Os dados das pesquisas levam os pesquisadores a avaliar
a complexidade do problema, em que os fatores que o
e sugerir alguma ação minimizadora dos casos de violência e
perpetuam são de origens diversas, desde socioeconômicas
exploração. Considera-se que muitas ações são realizadas após
a psicológicas e culturais, em nível social e, em termos
o dano, ao invés de promover formas de defesa, de proteção,
pessoais, é preciso entender o processo de construção de
de apoio, de acompanhamento, sobretudo educacional e
identidade. Esta pesquisa abaixo exposta, foi realizada em
cultural, que fortaleça pessoal e coletivamente as vítimas.
Maceió e mostra a amplitude da situação, que requer estudos
Para tal, as pesquisas apontam que a conscientização, por
e acompanhamentos interdisciplinares:
parte da sociedade, é essencial, é preciso envolver os setores
De 205 crianças e adolescentes com idade entre 6 e 14 anos, da educação e realizar iniciativas de prevenção, que permitam
sendo 130 meninas (9,6} 3,4 anos) e 75 meninos (7,2}
mudar a cultura dominante que estabelece um incentivo à
2,9 anos) vitimas de abuso sexual passaram por avaliação
psicológica e psiquiátrica individual no período de 2005 violência, ao narcismo, ao individualismo, à despersonalização
a 2009. As variáveis estudadas foram: gênero, faixa etária, das relações, em que é cada um por si, e ocorre a perda do
grau de relação da vitima com o perpetrador, aspectos sentido do outro, comprometendo todo desenvolvimento do
psicológicos, dados psiquiátricos, aspectos comportamentais
e afetivo-emocionais (culpa, vergonha, medo, insegurança, ser.
percepção da figura masculina e feminina e de si em relação Há organizações governamentais e não-governamentais,
ao ambiente). (CANUDO et al., 2010, p.143). que se mobilizam a fim de proteger, prevenir e dar tratamento
Outra questão que favorece a violência, apresentada nas às vítimas da exploração ou abuso sexual.
pesquisas, é a não denúncia. Como vimos, as ONGs, os fóruns, os conselhos e os

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Revisão Sistemática sobre a Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes

CEDECAs são espaços de construção da ‘publicização’ br, o primeiro a iniciar uma campanha nacional de combate
da defesa dos direitos de crianças e adolescentes violados a pedofilia na Internet, no Brasil, que recebe e encaminha
sexualmente, dentro da esfera dos governos e, portanto,
do poder público brasileiro, tendo por objetivo fortalecer denúncias (NOGUEIRA, 2010, p.4).
estratégias de mobilização em redes, pactos, comissões e No entanto, até mesmo as instituições, que deveriam
comitês, entre outros, com participação mista (governo e favorecer a proteção, perpetuam o processo:
sociedade civil) em níveis federal, estadual e municipal, para
incluir o fenômeno da exploração sexual comercial como Há um fato que merece ser ressaltado pelo que achamos que
uma questão social, cujo enfrentamento deve constituir a seja uma contradição: várias meninas relatam violências
esfera das políticas públicas (LEAL, 2011a, p.326). sofridas em instituições que teriam o objetivo de protegê-
las, entre outras coisas, da violência. Outra situação que
É válida a realização de campanhas de sensibilização evidencia o desrespeito aos direitos das meninas são os
e de mobilização social, que são instrumentos essenciais, constantes depoimentos de agressão física contra meninas
grávidas (GOMES, 1994b, p.163).
visando a transformação do contexto de exploração e de
abuso. No entanto, estas podem não ser suficientes sem o Dessa forma, de um modo geral, organizações
apoio governamental e da escola. Necessária uma cultura governamentais e não-governamentais têm-se articulado com
de proteção e eficaz debate e compreensão dos limites e das a sociedade civil em prol da justiça social frente a questão:
possibilidades de políticas públicas, que protejam crianças e As redes que compõem o movimento de combate à exploração,
adolescentes. abuso sexual e maus tratos de crianças e adolescentes têm se
baseado nas seguintes dimensões: Política (estabelecimento de
O grande desafio deste movimento de mobilização para o correlação de forças); Educação - construção de conhecimento
enfrentamento da ESCCA (prostituição, turismo sexual, e competência histórica; Informação - mobilização através da
pornografia e tráfico para fins sexuais) é construir uma nova sistematização de dados, experiências e denúncias; Parceria
racionalidade com bases democráticas, que transforme as - cooperação autônoma e conflituosa para a reformulação
relações de violência sexual em relações sociais capazes e implantação de projetos e políticas públicas. [...]. Nesta
de satisfazer as necessidades de prazer/desejo e sexo dos direção as ações desenvolvidas pelo fim da exploração, abuso
cidadãos, a partir da construção de uma cidadania que sexual e maus tratos de crianças e adolescentes no Brasil têm
desenvolva o direito a uma sexualidade emancipada e o se constituído em Redes que articulam as ONGs, organismos
reconhecimento do direito dos infantes e jovens a vivenciar governamentais e internacionais a partir de informações/
a sua sexualidade protegidos dos abusos e da exploração denúncias, criando laços de solidariedade, de projetos
(LEAL, 2011a, p.333). políticos e culturais, compartilhados em identidades e valores
coletivos (LEAL, 2011b, p.11).
Vários artigos citam o Projeto Sentinela e fazem avaliações
do mesmo (BAPTISTA et al., 2008; NEVES et al., 2010; Para se pensar propostas de erradicação os textos mostram
PAIXAO; DESLANDES, 2010), com suas contribuições para que a situação é complexa e que, é essencial entender o estado
diagnóstico da ESCCA e sua atuação. psicológico e social, que leva crianças e adolescentes a esta
Os artigos apontam alguns projetos e iniciativas situação.
institucionais: O desafio da sociedade civil, do poder público, da mídia, da
O Programa Sempre Viva, criado em junho de 1989, recebe academia e das agências multilaterais, é o fortalecimento da
apoio institucional do Instituto Brasileiro de Inovação em correlação de forças em nível local e global, para interferir
Saúde Social (IBISS), organização não-governamental nos planos e estratégias dos blocos hegemônicos, a fim de
sediada na Avenida Beira Mar, 406/710, no Centro do Rio. A diminuir as disparidades sociais entre países; dar visibilidade
relação do Sempre Viva com o IBISS se desenvolve a partir ao fenômeno para desmobilizar as redes de crime organizado;
de princípios de autonomia (GOMES, 1994b, p.160). e criar instrumentos legais e formas democráticas de regular
a ação do mercado global do sexo, a omissão do Estado e
Alguns projetos desenvolvem um trabalho multidisciplinar, criar mecanismos competentes que desanimem a ação do
explorador, entendendo que o enfrentamento do tráfico de
com apoio de universidades:
mulheres, crianças e adolescentes para fins de exploração
O projeto De Olho no Futuro (projeto de ação interdisciplinar sexual é, sobretudo, uma questão de globalização de bens
no combate à violência praticada contra crianças e sociais e de direitos humanos (LEAL; LEAL, 2011b, p.17).
adolescentes, aprovado pelo CNPq) é desenvolvido pelos
Departamentos de Direito, Departamento de Serviço Social e Observar como pode ser feita a emancipação e combate
Departamento de Psicologia Social da Universidade Estadual a esse problema social, que afeta o mundo, repensando os
de Londrina, integrando ensino, pesquisa e extensão, direitos das crianças e adolescentes, considerando os valores
atendendo crianças e adolescentes vítimas de violência
encaminhados pelos Conselhos Tutelares, Promotoria da Vara culturais e sociais, a sexualidade e, de modo geral, como a
da Infância e da Juventude, pelo Hospital Universitário de globalização (dimensão econômica, política e social) gera
Londrina da Universidade Estadual de Londrina (MARTINS; impactos na vida dessas pessoas.
JORGE, 2010, p.248).
Mesmo em pesquisas e depoimentos mais recentes
Outra iniciativa é a publicação de livros e materiais, (RAUPP, 2014; UNICEF, 2014), os autores apontam a
além de sites que combatem a violência sexual. Em 2003, a complexidade do tema e a importância social de pesquisar e
ANDI publicava o livro O Grito dos Inocentes, em parceria agir sobre o mesmo:
com a UNICEF, sobre o tratamento jornalístico dado ao tema Um dos maiores problemas está na conscientização das
(SOUZA, 2005, p.3). Fundado em 1998, o site censura.com. pessoas que a exploração sexual comercial é tão severa

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MOTA,R.M.G.; et al.

quanto o abuso sexual, que o fato da criança/adolescente estar ALMEIDA, T.M.C.; PENSO, M.A.; COSTA, L.F. Abuso Sexual
nesse mercado tão cruel e perverso não a torna prostituta ou infantil masculino: o gênero configura o sofrimento e o destino?
profissional do sexo, deve-se levar em consideração o fato Estilos Clínica, v.14, n.26, p.46-67, 2009.
das mesmas não possuírem discernimento de escolha ou não
possuírem outra opção a não ser trocar serviços sexuais por ARAÚJO, M.F. Violência e abuso sexual na família. Psicol.
dinheiro ou comida. Criança e adolescente não se prostituem, Estud., v.7, n.2, p.5-11, 2002.
elas são prostituídas pelos chamados aliciadores, ou ASSUNÇÃO, A. M. Narrativas silenciadas. Cuiabá: UFMT,
agenciadores, que se aproveitam da fragilidade, ingenuidade 2011.
e, muitas vezes, a situação financeira e social dos infantes
(SIMON; GALERA, 2017, p.21). AURINO, A.L.B. et al. Expansão do programa de ações
integradas de enfrentamento à violência sexual 2007. Disponível
Diversos aspectos culturais podem ser abordados, bem em: http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html/
mesas/3948c82c5c62884c4e5cAna_Maria_Nilza_Marlene_
como singularidades do fenômeno, no entanto, um dos
Fatima.pdf. Acesso em: 10 set. 2016.
aspectos que se torna notório é a questão da invisibilidade,
BADARÓ, R.A.L. O Direito internacional do turismo e a
uma vez que se sabe o que e como ocorre, mas não se erradica
proteção das crianças contra a exploração sexual no turismo.
o problema, pois pessoas que deveriam ser cuidadores das 2011. Disponível em: http://www.ibcdtur.org.br/downloads/ed8_
crianças e dos adolescentes e seus protetores se mostram art04.pdf. Acesso em: 10 set. 2016.
coniventes com a situação, seja um familiar ou um agente BAPTISTA, R.S. et al. Caracterização do abuso sexual em
de segurança ou até mesmo legisladores e a morosidade do crianças e adolescentes notificado em um Programa Sentinela.
sistema jurídico, de forma que, estes propiciam ser um dos Acta Paul. Enferm. v.21, n.4, p.602-608, 2008.
fatores que gera a naturalização da violência e a dificuldade BELLENZANI, R. MALFITANO, A.P.S. Juventude,
vulnerabilidade social e exploração sexual: um olhar a partir da
na formação de elementos, que permitam a intervenção no
articulação entre saúde e direitos humanos. Saúde Soc., v.15,
contexto da ESCCA. p.115-130, 2006.

3 Conclusão CANUDO, P.Q. et al. Epidemiologia do abuso sexual em crianças


e adolescentes no município de Maceió. Maceió: CESMAC,
Dos artigos lidos, e das pesquisas por seus autores 2010.
realizadas, se percebem alguns elementos em comum, FALEIROS, E.T.S. Conceituação e categorização da violência
tais como: - educação como uma forma de emancipação, sexual contra crianças e adolescentes. 2012. disponível
erradicação e prevenção à ESCCA; - a violência sexual em: portal.mj.gov.br/sedh/ct/seminario.../conceituacao_
categorizacao.pp. Acesso em: 10 set. 2016.
que afeta a pessoa como um todo; - as pesquisas envolvem
FALEIROS, V.P.; FALEIROS, E.S. Escola que protege:
uma práxis transformadora, na medida em que pesquisam
enfrentando a violência contra crianças e adolescentes. Brasília:
e pretendem influir no contexto significativamente; - o MEC, 2008.
conhecimento é tido como vivencial e atuante (pensando de
FERNANDES, R.M. O olhar, a menina dos olhos, única e
fato a interligação do ensino-pesquisa e extensão), dimensões total: compreensão fenomenológica do Programa Meninas dos
da corporeidade; - há uma relação entre a vulnerabilidade Olhos de Deus e das dimensões da exploração sexual comercial
da vítima e a família; - pensar a situação de forma global; de crianças e adolescentes em interface com a educação Tese
(Doutorado em Educação) – Universidade Federal de Mato
- a dificuldade em relação ao silêncio e invisibilidade; - a Grosso. Cuiabá, 2012.
situação da violência sexual contra crianças e adolescentes
GOMES, R. A prostituição infantil sob a ótica da saúde pública.
não é apenas uma questão sexual, mas envolve abuso de poder Cad. Saúde Pública, v.10, n.1, p.58-66, 1994a.
e de reconhecimento da criança e do adolescente como sujeito
GOMES, R. A violência enquanto agravo à saúde de meninas
de direitos, o que mostra a fragilidade dos sistemas políticos que vivem nas ruas. Cad. Saúde Públ.,v.10, p.156-167, 1994b.
e jurídicos.
GOMES, R.; MINAYO, M.C.S.; FONTOURA, H.A. Prostituição
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atrelada a um legalismo oriundo de uma cultura adultocêntrica n.2, p.2-9, 1999.
e machista, que mantém a injustiça social. Os depoimentos GOMES, S.M.S. Pesquisas e estudos brasileiros sobre
emocionam, mas não se configuram ações de resistência, prostituição infantil e juvenil. 2011. Disponível em: http://
pois é preciso reconhecer a subjetividade deste segmento da www.pucminas.br/imagedb/documento/DOC_DSC_NOME_
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Considera-se emergente favorecer ações, que permitam
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uma mudança estrutural na sociedade brasileira, ao reconhecer
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