ISSN 2357-8211

Centro Histórico de Manaus/AM: Subsídios para o

reordenamento turístico
Historic Center of Manaus/AM: Subsidies for tourist
reorganization

Sibelle da Silva Oliveira

Bacharel em Turismo pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Manaus/AM, Brasil
E-mail: [email protected]

Márcia Raquel Cavalcante Guimarães

Docente do curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Manaus/AM,
Brasil
E-mail: [email protected]

Karla Cristina Ribeiro Maia

Docente do curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, Manaus/AM,
Brasil
E-mail: [email protected]

Artigo recebido em: 24-01-2019

Artigo aprovado em: 24-04-2020

Revista de Turismo Contemporâneo, Natal, v. 8, n. 2, p. 274-292, jul./dez. 2020. 274

 Centro Histórico de Manaus/AM: Subsídios para o reordenamento turístico

RESUMO

O presente artigo é fruto de uma investigação inédita sobre o Centro Histórico de Manaus, no
que consiste a inventariação da oferta turística nessa localidade que preserva boa parte dos
seus patrimônios edificados, bem como dispõe de atrativos, serviços e equipamentos
turísticos. A coleta de dados teve como objetivo inventariar as avenidas Eduardo Ribeiro e
Sete de Setembro, bem como as ruas Guilherme Moreira, Dr. Moreira, Marcílio Dias,
Marechal Deodoro, Teodoreto Souto e José Paranaguá. Os resultados da pesquisa são
considerados preliminares por tratar-se de uma amostra fragmentada do Centro Histórico de
Manaus. A pesquisa é em um estudo de caso exploratório e descritivo, com os procedimentos
do tipo bibliográficos e documentais, onde foram utilizados como método de coleta de dados
os formulários do Ministério do Turismo (2011). Na pesquisa de campo a oferta turística
totalizou em 135 itens, distribuídos entre 15 atrativos culturais, 9 espaços de lazer, 14 meios
de hospedagem, 6 agências de viagens, 37 empreendimentos gastronômicos, 5 eventos
programados, dentre outros serviços de apoio que complementam essa oferta. Deste modo,
esse estudo pretende ser um instrumento de planejamento turístico para o reodernamento
dessa área central da cidade, capaz de gerar mudanças significativas no cenário atual do
turismo.

Palavras-chave: Planejamento Turístico. Inventariação. Centro Histórico.

ABSTRACT

This article is the result of an unpublished investigation about the Historical Center of
Manaus, which consists of the inventory of tourist supply in this place that preserves a good
part of its built assets, as well as tourist attractions, services and facilities. The collection of
data had as objective to inventory the avenues Eduardo Ribeiro and Sete de Setembro, as well
as Guilherme Moreira, Dr. Moreira, Marcílio Dias, Marechal Deodoro, Teodoreto Souto and
José Paranaguá streets. The results of the research are considered preliminary because it is a
fragmented sample of the Historical Center of Manaus. The research consisted of an
exploratory and descriptive case study, with bibliographic and documentary procedures,
where the forms of the Ministry of Tourism (2011) were used as data collection method. In
the field research, the tourism offer totaled 135 items, distributed among 15 cultural
attractions, 9 leisure spaces, 14 lodging facilities, 6 travel agencies, 37 gastronomic
enterprises, 5 programmed events, among other support services that complement this offer.
Therefore, this study intends to be an instrument of tourism planning for the re-development
of this central area of the city, capable of generating significant changes in the current tourism
scenario.

Keywords: Tourism Planning. Inventory. Historic Center.

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 Sibelle da Silva Oliveira, Márcia Raquel Cavalcante Guimarães e Karla Cristina Ribeiro Maia

1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da cidade Manaus iniciou-se no que hoje é o seu Centro Histórico,
e até os dias atuais causa grande admiração nos visitantes que se deparam com a arquitetura
pomposa dos prédios históricos. Boa parte dos atrativos turísticos que a área central de
Manaus possui são resultados do ciclo da borracha, período de ascensão financeira vividos
pela capital, que permitiu a construção de uma cidade moderna para sua época. Visitar o
Centro Histórico de Manaus possibilita uma viagem ao passado, onde pode ser vislumbrado
tempos de glória e riquezas que a cidade vivenciou durante a produção gomífera. A paisagem
histórica representada por meio de suas edificações, são os bens materiais e culturais herdados
desse período.
Na área central da cidade são realizadas parte significativa das atividades turísticas que
ocorrem em Manaus. No entanto, as mesmas vêm ocorrendo de maneira desordenada, o que
gera resultados insatisfatórios no cenário do turismo local. De forma a contribuir com o
reordenamento turístico, por meio de estudos e pesquisas sobre o Centro Histórico de
Manaus, realizou-se uma investigação pioneira através da inventariação turística da área em
questão, que permitiu conhecer a oferta turística local.
O objetivo consistiu em inventariar as avenidas Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro, e
as ruas Guilherme Moreira, Dr. Moreira, Marcílio Dias, Marechal Deodoro, Teodoreto Souto
e José Paranaguá, sendo que estas estão entre as mais importantes vias de acesso do Centro
Histórico de Manaus. A compilação dos resultados permitiu diagnosticar as atividades
turísticas desenvolvidas, gerando informações úteis para o planejamento turístico, sendo um
importante instrumento para o desenvolvimento do turismo local.
A coleta de dados seguiu as diretrizes e orientações do Ministério do Turismo (2011),
a partir da metodologia do Inventário da Oferta Turística, em que se realizou a investigação
em dois momentos, entre pesquisa de laboratório e pesquisa de campo. A primeira obteve
resultados insatisfatórios, detectando que as informações sobre o Centro Histórico são
escassas e indisponíveis em mídias digitais, e na segunda parte, que compreendeu a pesquisa
de campo, foi verificado que as atividades ocorrem de maneira desordenada, sem fiscalização,
segurança e acessibilidade. Além das questões de vulnerabilidade social que tem
comprometido a imagem do Centro Histórico como atrativo e, por conseguinte, do destino
turístico Manaus.
A pesquisa consistiu em um estudo de caso exploratório, pois ocorreu a necessidade de
aprofundamento da temática em questão, bem como uma análise descritiva em função de

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relatar a situação atual da problemática. Os procedimentos foram do tipo bibliográficos e

documentais, onde houve um levantamento do arcabouço teórico, técnico e informativo,
relativo ao locus da pesquisa.
Os resultados obtidos indicaram a existência de uma oferta turística significativa,
porém, alguns atrativos, serviços e equipamentos turísticos ainda não alcançaram o nível de
profissionalização almejado pelos consumidores, precisando de melhorias e investimentos,
além de políticas públicas que qualifiquem as atividades turísticas na área em questão.

2. PERCURSO METODOLÓGICO E CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A pesquisa objetivou inventariar uma parte fragmentada do Centro Histórico de
Manaus, totalizando a área delimitada em oito logradouros que concentram parte dos
principais atrativos, serviços e equipamentos turísticos além de ser caracterizada pelas
atividades comerciais em geral.
A realização do inventário da oferta turística do Centro Histórico de Manaus teve
como foco coletar informações de duas avenidas, a Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro,
ambas possuem uma grande representatividade no contexto histórico local, concentram os
principais atrativos culturais da área central, bem como serviços e equipamentos turísticos.
Quanto as ruas, foram selecionadas seis, dentre elas tem-se o intenso comércio de modo geral,
com grande fluxo de pessoas, em algumas delas é possível encontrar serviços e equipamentos
turísticos, além de serem o acesso principal para se chegar em determinados atrativos. As ruas
selecionadas são a Marechal Deodoro, Guilherme Moreira, Marcílio Dias, Dr. Moreira, José
Paranaguá e Teodoreto Souto, conforme imagem abaixo:

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Figura 1 – Área da pesquisa realizada no Centro Histórico de Manaus

Fonte: Google Maps, 2017. Editado de acordo com a pesquisa.

A Avenida Sete de Setembro é uma das principais vias de acesso ao Centro Histórico,
a mais extensa e que apresentou maior quantitativo de atrativos, serviços, equipamentos da
oferta turística. A mesma tem seu início no Sítio Histórico, dentro dos limites do Centro
Antigo de Manaus, local considerado o marco zero da cidade, “há diferenciais significativos
frente a outros espaços do centro urbano de Manaus, já que as origens e aspectos relativos a
evolução da cidade convergem nesse local” (Guimarães, 2012, p. 21). Quanto aos eventos que
ocorrem nessa avenida, tem-se em fins de semana alternados, a Feira do Paço, que oferece
uma programação diferenciada a população, com a comercialização de artesanatos, bem como
de serviços gastronômicos, inicia-se pelo fim da tarde, indo até a noite, é realizado no início
dessa avenidade e no entorno de outros logradouros. Existe ainda outro evento que
movimenta um grande público, intitulado a Feira Gastronômica do Passo a Paço, realizada em
diferentes meses do ano, onde conta com a participação de chefs renomados bem como de
artistas nacionais e regionais.
Já a Avenida Eduardo Ribeiro é menor em comparação a avenida supracitada, mas
também de igual relevância, em função da existência de atrativos turísticos com maior fluxo
de visitação, pois nessa via encontra-se o Teatro Amazonas, ícone histórico e que tem uma
movimentação intensa de turistas nacionais e internacionais. Existe uma grande diversidade
de comércio e serviços que são oferecidos nessa via e por isso a movimentação é sempre
intensa, possuindo grande fluxo de turistas a passeio, pedestres e veículos durante o horário
comercial. Aos domingos a rua é fechada para receber a tradicional Feira do Artesanato da
Av. Eduardo Ribeiro, reunindo artesãos que comercializam suas artes ressaltando a cultura

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local, além da gastronomia (oferecida no café da manhã e almoço) tipicamente regional, de

modo geral, a feira movimenta um grande fluxo de turistas e residentes.
A rua Marechal Deodoro é uma via totalmente comercial, encontram-se muitos
comerciantes nesse logradouro, tanto informais, como os ambulantes, quanto os formais,
sendo empresas que na sua maioria trabalham com vestuário e calçados. Essa rua é
popularmente conhecida com a “Rua do Bate Palma”, sendo uma forma que os vendedores
encontraram de chamar a atenção dos clientes e atrai-los até as lojas batendo palmas, nessa
rua não é permitida a entrada de veículos, somente pedestres, possuindo grande fluxo de
pessoas, alguns prédios históricos preservam as fachadas originais, muitos turistas visitam
essa rua para conhecer o modo do comércio varejista e atacadista local.
Na rua José Paranaguá predomina uma oferta razoável de meios de hospedagem, mas
todos trabalham com o sistema de diárias e como rotativos ao cobrar em horas pelo uso das
unidades habitacionais. Nesse caso, os serviços oferecidos possuem um perfil mais
econômico, porém, não é aconselhável que o turista se hospede nesses empreendimentos,
justamente por trabalharem com as duas formas de tarifa. Também é possível encontrar
prédios históricos ainda com as fachadas originais.
Nas ruas Guilherme Moreira, Marcílio Dias, Dr. Moreira e Teodoreto Souto
encontramos alguns atrativos, serviços e equipamentos turísticos além da venda de
eletroeletrônicos. Tem algumas opções de meios de hospedagem, serviços de gastronomia e
bancários. Através dessas ruas é possível ter acesso a espaços livres e áreas verdes, porém, o
aspecto negativo dessa área é que ao anoitecer, os espaços são tomadas por moradores de
ruas, mendigos, prostituição, dentre outros que se refugiam nesses logradouros, o que
compromete os estabelecimentos, como os meios de hospedagem em que os clientes não se
sentem à vontade para sair do empreendimento pela parte da noite.
A pesquisa seguiu as orientações presentes no Inventário da Oferta Turística do
Ministério do Turismo (2011), desta forma, entende-se que inventariar consiste em levantar,
identificar, registrar e divulgar os atrativos, serviços e equipamentos turísticos, as estruturas
de apoio ao turismo, dentre outros itens que indicam as condições gerais que viabilizam a
atividade turística, como base de informações para que se planeje e gerencie adequadamente o
processo de desenvolvimento (Ministério do Turismo, 2011).
O mesmo recomenda que a coleta de dados seja realizada em duas etapas, sendo em
pesquisa de laboratório, e posteriormente, em pesquisa de campo. Nessa primeira etapa as
informações serão coletadas em documentos, arquivos, internet, dentre outros, o objetivo é

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obter um conhecimento prévio sobre a área de pesquisa. Na etapa seguinte, o pesquisador vai
a campo confirmar e atualizar as informações obtidas na etapa anterior, o que no caso do
estudo em epígrafe foi cumprido rigorasamente essa metodologia.
Baseados em Dencker (1998) os objetivos dessa pesquisa são: exploratório (pois é um
estudo que não se conhece de forma profunda), explicativo (em função da identificação dos
fatores que contribuem para a razão e o porquê das coisas, os quais estão ligados aos objetivos
específicos) e descritivo (em função de descrever o motivo da situação). Quanto aos
procedimentos técnicos do estudo, são bibliográficos, documentais e do tipo estudo de caso.
O foco da pesquisa para catalogação foram os atrativos naturais e/ou culturais,
serviços e equipamentos turísticos, onde teve como intuito desvendar aspectos escondidos ou
não potencializados da oferta turística do Centro Histórico de Manaus. Sendo essa a base, o
estudo de iniciação científica ainda se fundamentou na metodologia da hierarquização dos
atrativos turísticos proposta pelo Ministério do Turismo (2007), onde a mesma foi adaptada
de acordo com o modelo da Organização Mundial do Turismo (OMT) e pelo Centro
Internacional de Capacitação Turística (CICATUR).

3. PERSPECTIVAS DO TURISMO NO CENTRO HISTÓRICO DE MANAUS

O Centro Histórico de Manaus está inserido próximo à orla fluvial centro-sul da malha
urbana da cidade de Manaus, localizado no bairro do Centro, que faz parte da zona sul da
cidade. No ano de 2011, a zona sul era considerarada a região mais populosa da capital, com
quase 286.488 habitantes, apresentando uma renda média de R$ 805,00 por habitante. É na
zona Sul que se localizam também os bairros mais antigos da capital amazonense. As
atividades de comércio e serviços predominam no bairro do Centro, tradicional área de
concentração de negócios (Guimarães, 2012).
A área do objeto de pesquisa situa-se dentro da área urbana mais antiga, denominada
Sítio Histórico, de acordo com o artigo 235 da Lei Orgânica do Município de Manaus de
1990, que por sua vez, ainda está contida em uma área maior, delimitada e tombada como
Centro Histórico de Manaus, conforme consta no artigo 342 da mesma LOMAN, conforme a
figura 2.
Desta forma, percebe-se que essa área possui representatividade legal (sob a tutela do
governo municipal) da identidade manauara. Esse arcabouço de leis de proteção ao
patrimônio histórico e cultural recebeu a intervenção federal, por intermédio do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, que reconheceu a importância do Centro

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Histórico de Manaus para o país, determinando sua proteção, através do tombamento da área,
publicado no Diário Oficial da União nº 22 de 22 de novembro de 2010.
Essa área é depositária da maior parte do patrimônio edificado remanescente da
fundação e evolução urbana de Manaus, uma espécie de marco urbano da cidade, com valores
patrimoniais distintos e complementares, como o paisagístico e o urbanístico, o histórico e o
pré-histórico, fortem
ente entrelaçados como autênticos representantes do patrimônio natural e cultural da
região. Atualmente, a população formal usuária caracteriza-se parcialmente por uma
comunidade permanente de residentes, empregados, funcionários públicos, comerciantes e
prestadores de serviços. Há também uma imensa população informal representada por
viajantes, passantes e comerciantes de Manaus e de outros municípios, que diariamente
chegam ao Porto, também localizado no Centro Histórico, em atendimento às suas demandas
institucionais, comerciais, de saúde, educacionais ou até mesmo, em busca de oportunidade de
negócios e trabalho.
Enquanto bairros modernos e mais qualificados se desenvolviam em outras áreas do
município, o Centro Histórico deteriorou-se do ponto de vista da valorização econômica,
apesar de concentrar funções vitais da capital, tais como os serviços financeiros e
administrativos. Identifica-se hoje que o aspecto principal desta defasagem resultou da falta
de planejamento do poder público nas esferas municipal e estadual no estabelecimento de
prioridades, tais como: inventariar e reordenar o espaço nos aspectos turísticos, sociais,
econômicos e de infraestrutura.

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Figura 2 – Mapa do Centro Histórico de Manaus

Fonte: Manauscult1, 2017.

A Manaus do período de 1890 a 1920 foi espelhada e construída em moldes europeus,

uma cidade moderna surgiu no meio da selva amazônica e para isso, igarapés foram aterrados,
árvores removidas, logradouros construídos, prédios erguidos, bondes elétricos instalados, ou
seja, toda uma infraestrutura urbana moderna foi projetada e concretizada para atrair
estrangeiros e também nacionais, ricos ou pobres, todos estavam interessados nas riquezas
advindas da extração do látex (Dias, 2007).
Conforme Guimarães (2012) o Centro Histórico retrata diferentes ciclos no que tange
a sua evolução histórica, e nos remete às origens da cidade de Manaus, onde se concentram o
desenvolvimento de diversas atividades econômicas locais. Através do turismo existe a
oportunidade de preservar, potencializar e valorizar o patrimônio histórico que marca um
importante período da história da capital amazonense.
Deste modo, considera-se a vocação dessa área para o desenvolvimento do turismo
cultural, capaz de atrair visitantes interessados em conhecer o contexto sociocultural que
influenciou na construção da cidade de Manaus, e consequentemente, seu Centro Histórico.
Barretto (2015) enfatiza que os praticantes desse tipo de segmento turístico estão interessados

1
Recuperado de http://manauscult.manaus.am.gov.br/

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em conhecer aspectos culturais de um determinado local, apreciando as paisagens

arquitetônicas, consumir serviços e experienciar profundamente a cultura do outro, o que se
torna possível vivenciar no Centro Histórico de Manaus.
A partir da pesquisa de campo na área delimitada, foi constatado que as atividades
turísticas ocorrem de maneira desordenada, sem fiscalização, segurança e acessibilidade, o
que gera resultados insatisfatórios no cenário do turismo. A imagem dessa área está
comprometida, pois também se tem questões de vulnerabilidade social, com a chegada de
imigrantes que em sua maioria são venezuelanos, colombianos e haitianos que estão pelas
ruas do centro realizando trabalhos informais através de vendas ambulantes, outros estão na
mendicância e prostituição. Essas circunstâncias têm prejudicado bastante a dinâmica da
organização turística na cidade, acarretando prejuízos não apenas para os empresários, com o
consequente afastamento dos turistas, mas também para o poder público com a desvalorização
da área. Isso tem influenciado negativamente na imagem do produto turístico local.
Das residências ao comércio, predominam no Centro Histórico de Manaus paisagens
arquitetônicas diferenciadas que remetem a um período histórico marcante da cidade de
Manaus e do Estado do Amazonas, porém relegados a subutilização, principalmente,
referindo-se ao turismo. São áreas carentes de melhorias de infraestrutura básica, que
facilitem a mobilidade e a permanência do turista. As perpectivas para o desenvolvimento do
turismo no Centro Histórico, condizente com as necessidades da população e do turista, estão
condicionadas as melhorias da oferta turística, fortalecendo as atividades desenvolvidas e
inspirando novas estratégias para a valorização do espaço.

4. INVENTARIAÇÃO E DIAGNÓSTICO COMO SUBSÍDIOS PARA O

PLANEJAMENTO DO CENTRO HISTÓRICO DE MANAUS
O turismo ganha destaque na economia global devido ser uma relevante atividade,
além de estar se beneficiando das inovações tecnológicas, principalmente das tecnologias de
informação e comunicação, sendo assim, o setor privado e público tem considerado as
atividades turísticas como a melhor alternativa para gerar desenvolvimento nas localidades,
enfatizam Marujo e Carvalho (2010). O planejamento e o desenvolvimento do turismo tem
como primeira tomada de ação a inventariação turística, sendo um método de grande
importância para o estudo do turismo, destaca Pinto e Moesch (2006). Desta forma, “o
inventário turístico é considerado um imprescindível instrumento de planejamento para toda e
qualquer localidade” (Cavalcante, Flores, & Pedrini, 2012, p. 5).

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O ponto de partida na definição de qualquer estratégia de ação para um produto ou

localidade turística, passa pela análise diagnóstica do lugar, sendo esta a base para a
elaboração e implementação de um planejamento efetivo no turismo em todas as instâncias
governamentais e junto a iniciativa privada. Rose (2002, p. 58) afirma que “o diagnóstico é
um resumo da situação-problema analisada e deverá conter a análise do ambiente e as
principais características levantadas no inventário turístico”.
Como complemento a essa análise, Dias (2008, p. 97) menciona que nesse processo de
diagnóstico existe: “a coleta de dados, análise das informações obtidas e da situação atual.
São listados, quantificados e qualificados os problemas e estabelecidas as tendências atuais”.
Desta forma, o inventário turístico de uma localidade é um instrumento fundamental e
norteador para tomadas de ações, “para que tais atividades turísticas possam ser executadas,
os inventariantes e envolvidos, precisam dispor de informações que embasem confiabilidade e
assegurem o um bom processo de planejamento” (Cavalcante, 2016, p. 43), sendo ele
componente do diagnóstico bem como elemento integrador do planejamento turístico.
Nessa perspectiva, verificou-se a inexistência de registros e pesquisas científicas sobre
o Centro Histórico de Manaus, especificamente no que se refere ao levantamento e análise dos
equipamentos, atrativos e serviços turísticos disponíveis na área, o que oportunizou a
realização de um trabalho inédito, interessado em conhecer a oferta turística local.
Segundo o Ministério do Turismo (2011), “inventariar significa registrar, relacionar,
contar e conhecer aquilo de que se dispõe e gerar informação, para pensar de que maneira se
pode atingir determinada meta” (Ministério do Turismo, 2011, p. 20). A realização da
pesquisa permitiu compreender a dinâmica da área central, diagnosticando seus pontos
positivos e negativos em relação ao desenvolvimento do turismo que vem ocorrendo.
O diagnóstico turístico é um processo analítico dos dados coletados a partir da
inventariação, onde são verificados os tipos de ações que podem ser executadas para melhorar
o cenário do turismo na localidade, estando de acordo com o planejamento turístico elaborado
especificamente para a área do inventário. “As informações coletadas devem ser analisadas,
processadas e aplicadas para fins de desenvolvimento do turismo, a começar por um
diagnóstico, a partir do qual se podem estabelecer e executar políticas e ações” (Ministério do
Turismo, 2011, p. 22).
Portanto, o diagnóstico serve como orientador para as ações executadas no
planejamento turístico, que é importante no desenvolvimento de um local, onde serão
fomentadas ações condizentes com a realidade e com a prática de atividades turísticas

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sustentáveis, contribuindo para que as tarefas e objetivos sejam eficientes e eficazes,

ordenando as ações dando prioridade a elas para que se permita mapear dificuldades e assim,
selecionar previamente caminhos alternativos.
Nesse contexto, o Centro Histórico é uma área de recepção turística e fluxo de
visitação relevante, mas precisa de planejamento para que se possa estabelecer melhores
condições da prática turística com mais profissionalismo, visando reordenar o turismo na
localidade. Sendo assim, com esse intuito, os resultados obtidos a partir da inventariação
turística, permitiu conhecer profundamente a oferta turística da área de pesquisa, onde
auxiliou para o diagnóstico e planejamento da localidade em questão. A seguir serão
apresentados os resultados do quantitativo e qualitativo dos logradouros inventariados.
Destaca-se uma boa oferta, oferecendo diversas opções aos consumidores, que em conjunto
com outros logradouros próximos, complementam as atividades turísticas. A pesquisa de
campo atingiu ao quantitativo de:

Tabela 1 – Resultado do Quantitativo da Pesquisa de Campo

Oferta Turística Quantidade Acessibilidade
Sistema de Saúde 22 7
Outros Serviços e Equip. de Apoio 24 20
Serviços e Equip. de Hospedagem 14 4
Serviços e Equip. de Alimentos e Bebidas 37 0
Serviços e Equip. de Agências de Turismo 6 1
Serviços e Equip. para Eventos 2 2
Serviços e Equip. de Lazer 9 7
Outros Serviços e Equip.Turísticos 1 0
Atrativos Culturais 15 2
Eventos Programados 5 5
TOTAL 135 50
Fonte: Elaborado pelos autores de acordo com a pesquisa, 2017.

A oferta turística alcançou um quantitativo total de 135 itens, distribuídos entre

atrativos, serviços e equipamentos turísticos, presentes nos oito logradouros do Centro
Histórico de Manaus. No item sistema de saúde, conforme destaca a tabela 1, a área de
pesquisa possui uma grande oferta de serviços farmacêuticos e de clínicas odontológicas,
ambos fazem parte dessa categoria. Esse item não constava como parte dos objetivos da
pesquisa, mas foram considerados por assim serem importantes ao uso do turista. A maioria
desses empreendimentos não oferecem acessibilidade e nem atendimento bilíngue.

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Na categoria Outros Serviços e Equipamentos de Apoio, corresponde a um

quantitativo de 24 empreendimentos que atuam com serviços bancários, shopping e lojas de
artigos fotográficos, com exceção deste último, os demais apresentaram acessibilidade em seu
espaço físico. Os meios de hospedagem da área totalizaram em 14 empreendimentos são da
categoria hotéis, pousadas e hostels, sendo que alguns deles não possuem o CADASTUR
(Cadastro de Pessoas Físicas ou Jurídicas que Trabalham com Turismo), além de muitos
funcionarem como rotativos. Contudo, foram verificados nove meios de hospedagem com
CADASTUR e outros cinco que não possuem, a maioria deles realizam atendimentos em
línguas estrangeiras inglês e espanhol. Na tabela 2 abaixo são apresentados os dados dos
empreendimentos com CADASTUR ativo, de acordo com o site do Ministério do Turismo:

Tabela 2 – Quantitativo dos Meios de Hospedagem com CADASTUR

Meios de Hospedagem Quantidade UH Leitos Acessibilidade
Hotel 8 358 761 4
Pousada 1 20 40 0
TOTAL 9 378 801 4
Fonte: Elaborado pelos autores de acordo com a pesquisa, 2017.

Na tabela 2 são demonstrados os dados referentes ao quantitativo dos meios de

hospedagem com CADASTUR, além de ressaltar o número total de Unidades Habitacionais:
378, Leitos: 801 e acessibilidade: 04. Quanto a qualidade dos serviços oferecidos, são
aparentemente bons e com funcionários que dominam línguas estrangeiras inglês e espanhol.
Os Serviços e Equipamentos de Alimentos e Bebidas foi o item que apresentou maior
quantitativo de 37 empreendimentos, os mesmos funcionam como restaurantes, lanchonetes,
bares, sorveteria e cafeteria. Nenhum deles oferecia acessibilidade e nem atendimento
bilíngue, já a qualidade dos serviços e atendimento, de modo geral são bons, com
características mais econômicas, preços acessíveis e com um cardápio universal, alguns
tinham o diferencial de inserir elementos da gastronomia regional em seus cardápios ou na
ornamentação do espaço físico, poucos elementos lembravam a cultura nativa e quanto a
higiene na manipulação dos alimentos e bebidas, precisa de melhorias.
Os serviços de agenciamento totalizaram em seis agências de viagens, quatro delas
com CADASTUR, e outras duas atuando sem. Abaixo segue os dados organizados na tabela
dos empreendimentos com o CADASTUR ativo:

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Tabela 3 – Quantitativo de Agências de Viagem com CADASTUR

Agências de Turismo Quantidade Acessibilidade
Agências de Viagem 4 1
TOTAL 4 1
Fonte: Elaborado pelos autores de acordo com a pesquisa, 2017.

De acordo com a tabela 3, a acessibilidade é insuficiente nesses empreendimentos,

apenas um deles dispõem, mas os serviços oferecidos são excelentes, com atendimento em
mais de uma língua estrangeira, todas trabalham como AV (agências de viagens), e tem como
principal característica serem emissivas, além da comercialização de pacotes turísticos
regionais, visitas guiadas, city tour e com recomendação de guias de turismo devidamente
credenciados.
Os serviços e equipamentos de eventos são 2 empreendimentos que possuem espaço
para realizar eventos sociais ou reuniões de pequeno porte, ambos possuem acessibilidade,
sendo especificamente adaptados com rampas de acesso. Um deles faz parte de um meio de
hospedagem e o outro é dedicado somente a finalidade de locação para eventos.
Dentre os equipamentos de lazer, tem-se 9 áreas livres e verdes, sendo praças e
parques, com guardas municipais e oferecendo serviços gastronômicos. Duas delas estão em
processo de requalificação urbana, porém nem todas estão em bom estado de conservação.
Em Outros Serviços e Equipamentos Turísticos, tem-se o quantitativo de 1, sendo o CAT
(centro de atendimento ao turista) na Avenida Eduardo Ribeiro, que atende aos turistas em
língua estrangeira, inglês e espanhol, sem acessibilidade.
Dentre os atrativos culturais, tem-se 15, sendo todos os patrimônios históricos
edificados, dentre eles tem-se três teatros, um aberto a visitações, com visitas guiadas em
língua inglesa e espanhola, com acessibilidade na parte do térreo do prédio e os outros dois
teatros que não realizam visitas guiadas, são apenas abertos ao público quando ocorre algum
evento em específico.
Assim como, três Centros Culturais com exposições permanentes e temporárias, com
visitas guiadas em língua inglesa e sem acessibilidade, um deles no ato da pesquisa,
encontrava-se com suas atividades paradas e sem visitações abertas ao público.
Tem-se ainda dois museus com um acervo riquíssimo, onde é enaltecida a cultura local
e o contexto histórico da cidade, ambos oferecem visitas guiadas em língua inglesa e
espanhola, porém sem acessibilidade. Os demais atrativos fazem parte do conjunto
arquitetônico que integra a paisagem urbana da cidade de Manaus, sendo também a herança
deixada pela ascensão financeira que a cidade obteve no ciclo da borracha. Dentre eles tem-
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se: um colégio, uma cadeia pública, uma biblioteca municipal, um casario, uma igreja matriz
e uma ponte.
E quanto aos eventos programados, são feiras de artesanatos que tem um grande fluxo
de visitantes locais e turistas, além de festas/celebrações, sendo realizadas durante o carnaval,
onde em sua maioria o público alvo são os residentes locais, outra de cunho religioso no mês
de junho, além do evento em comemoração pelo aniversário da cidade de Manaus, em que o
público alvo também é local.

5. DIAGNÓSTICO DA OFERTA TURÍSTICA DO CENTRO HISTÓRICO DE MANAUS:

UM ESTUDO ANALÍTICO
O diagnóstico é entendido como o processo analítico dos dados coletados a partir da
inventariação turística, visando identificar os pontos fortes e fracos da área objeto de estudo,
verificando que tipos de ações podem ser executadas para melhorar o cenário do turismo na
localidade, ou seja, estando de acordo com o planejamento turístico elaborado
especificamente para a área do inventário.
Assim sendo, os dados coletados a partir da metodologia de inventário da oferta
turística nas avenidas Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro e nas ruas Marechal Deodoro,
Guilherme Moreira, Marcílio Dias, Dr. Moreira, José Paranaguá e Teodoreto Souto,
indicaram que o turismo é uma atividade promissora no Centro Histórico de Manaus, pois
essa área possui uma grande riqueza arquitetônica em seus patrimônios edificados,
demonstrando grande aptidão para o segmento turístico cultural.
Porém, as atividades turísticas que vem sendo desenvolvidas, ocorrem de maneira
desordenada, sem fiscalização, segurança e acessibilidade aos residentes e visitantes. Esses
itens geram resultados insatisfatórios e inferiores ao potencial que o destino Manaus possui, o
que compromete a imagem da cidade, e consequentemente do seu Centro Histórico.
Observa-se que alguns meios de hospedagem, assim como agências de viagem não
estão com CADASTUR ativo, sendo que esse cadastro de pessoas físicas e jurídicas que
atuam no setor do turismo é obrigatório, mas não há ações que conscientizem os empresários
sobre a importância desse mecanismo e também fiscalize esses empreendimentos que entram
e saem do mercado com muita rapidez. Foi verificado que ainda há várias prédios e edifícios
com a marca de empreendimentos que já saíram do mercado, o que confunde o consumidor
sem saber se está fechado temporariamente ou se realmente já não atua mais na atividade de
hotelaria ou agenciamento.

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No aspecto de segurança e questões sociais, o Centro Histórico está vulnerável 24

horas por dia, de domingo a domingo. Durante o dia, tem-se o surgimento de vendedores
ambulantes que se apoderam do espaço urbano para comercializar seus produtos, que em sua
maioria é constituída de imigrantes venezuelanos, colombianos e haitianos, assim como
outros atuam como mendigos. Encontra-se também muitos menores de idade vendendo
produtos diversos ou pedindo ajuda em bares, lanchonetes, bancos, praças, eles estão em
todos os lugares importunando as pessoas. E pela parte da noite, o cenário não muda, as
avenidas e ruas são tomadas pela prostituição, moradores de ruas, mendigos, pessoas com
problemas psicológicos, meliantes, dentre outros.
Essa vulnerabilidade social acontece mais fortemente nos logradouros objeto de estudo
dessa pesquisa, sendo principalmente as ruas Guilherme Moreira, Marcílio Dias e Dr.
Moreira, que possuem meios de hospedagem em que suas vitrines são tomadas
especificamente por mendigos e meliantes. Desta forma, torna-se inseguro e não
recomendável passear pelo Centro Histórico pela parte da noite, a exceção do entorno do
Teatro Amazonas, que já desenvolve uma vida noturna consolidada com fluxo de residentes e
turistas concentrados nesse local, com segurança privada e patrulhamento mais intensivo pela
polícia militar, o que implica em poucas ocorrências no que tange a violência, prostituição,
mendicância e ocupação informal por parte de ambulantes.
A acessibilidade é insuficiente de modo geral, poucos são os lugares que estão
adaptados ou com profissionais capacitados para receber as pessoas com alguma necessidade
especial, e quando se encontra, a adaptação contempla apenas uma modalidade, que
geralmente é a motora, através de uma rampa de acesso, porém, as demais deficiências,
auditiva, visual e intelectual não possuem nenhum privilégio.
A divulgação feita sobre a atratividade turística do Centro Histórico, de modo geral, é
baixa e insuficiente, pois não há uma folheteria ou mídia digital que reúna todas essas
informações, encontra-se apenas fragmentos, sendo que esses ainda estão desatualizados e
outros indisponíveis. Essa ausência de informações compromete a imagem da cidade, já que
hoje em dia o turista faz uso da tecnologia para pesquisar a oferta turística de um determinado
local, antes de escolhê-lo como seu destino, consequentemente, compromentendo a
atratividade turística do município de Manaus.
A sinalização turística existe, mas precisa ser repensada, pois muitas delas não levam a
lugar nenhum, se acaso um visitante tentar seguir as placas, com certeza ele não chegará ao
local almejado, pois a informação passada nem sempre está coerente com a realidade, outras

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precisam ser atualizadas bem como as demais necessitam de manutenção, melhorias e serem
recolocadas.
O Centro Histórico é dinâmico, ocorrem mudanças a todo momento, algumas que
melhoram as condições, outras que nem tanto. Isso ocorre principalmente com sua
infraestrutura urbana, as ruas e avenidas são pavimentadas, mas necessitam de melhorias e
manutenções, as calçadas, em sua grande maioria, são irregulares, menores que o padrão e
sem acessibilidade.
Quanto a estacionamento, nas ruas e avenidas que permitem, acabam sendo tomadas
por um serviço de guardadores de carros informais, que praticamente obrigam as pessoas a
pagarem por algo que elas não querem e quando se recusam, já que as ruas e avenidas são
públicas, as pessoas sofrem ameaças e correm o risco de ter seus veículos danificados.
A arborização desses logradouros inventariados é escassa, chega a ser uma utopia vê-
los arborizados. É incoerente ver que na capital do Estado do Amazonas, que possui a maior
floresta tropical do mundo, não tem arborização em suas ruas e avenidas. Sem dúvida, que se
existisse uma política de incentivo a plantação de árvores, o calor seria amenizado na cidade
de Manaus, essa realidade equivale-se também ao seu Centro Histórico.
Em suma, o Centro Histórico de Manaus possui grande potencial para as atividades
turísticas culturais, pois trata-se de uma área rica em atrativos, principalmente os patrimônios
históricos edificados, mas precisa de reordenamento turístico para efetivar essa prática de
maneira eficiente.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Planejar significa anteceder-se e o planejamento de qualquer área de interesse turístico
tem a premissa de ser um indutor do desenvolvimento dessa atividade. Coadunados com a
visão de Petrocchi (1998) na sua definição de que finalidade do planejamento do turismo é
definir decisões básicas na busca por articular as políticas turísticas de um estado, região ou
organização, ou seja, estabelecer as diretrizes e decisões para o desenvolvimento turístico, o
tipo de segmento que se quer promover, os mercados que serão atingidos, a posição que se
deseja nestes mercados, as metas a alcançar e as estratégias dos programas de ação em prol da
coerência, convergência e crescimento de uma localidade com pretensões turísticas.
O Centro Histórico é o cartão de visita e portão de entrada da cidade de Manaus
através da orla fluvial, muitas melhorias precisam ser feitas para que se alcance o nível de
profissionalização almejado pelo turismo, pois essa área central possui grande potencial para

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 Centro Histórico de Manaus/AM: Subsídios para o reordenamento turístico

as atividades turísticas culturais, mas precisa de reordenamento turístico para definitivamente

efetivar essa prática de maneira eficiente e sustentável. O descaso público e privado tem
demonstrado pouca importância na preservação das edificações pertencentes a essa localidade
central, diversos imóveis encontram-se abandonados, reproduzindo uma paisagem inferior ao
potencial que a mesma possui. Poucas ações são realizadas em Manaus pensando no
desenvolvimento do turismo e as políticas públicas são insuficientes para fomentar as
atividades turísticas e inserir o residente local na cadeia produtiva do turismo, gerando
emprego e renda.
Nesse caso, o planejamento turístico para essa área central da cidade, é entendido
como uma importante ferramenta, capaz de gerar mudanças significativas no cenário atual do
turismo. Os dados coletados, por meio da técnica de inventariação, foram analisados e
compilados em um relatório técnico que será disponibilizado no portal do Observatório do
Turismo no Amazonas-OBSERVATUR, gerenciado pela equipe de pesquisadores docentes e
discentes do curso de Turismo da Universidade do Estado do Amazonas-UEA, bem como aos
órgãos competentes e trade turístico para que possam utilizar da melhor forma as informações
diagnosticadas.
As principais dificuldades encontradas nessa pesquisa foram a ausência de
informações consolidadas ou até mesmo desencontradas, o que exigiu um trabalho minucioso
no campo para garantir a credibilidade dos dados levantados e compilados. Por se tratar
apenas de uma amostra, sugere-se a continuidade desse estudo em toda a área do Centro
Histórico delimitada pelo tombamento federal e validada pelo plano diretor da cidade de
Manaus. E posteriormente, mapear os dados levantados sobre os serviços, equipamentos e
atrativos turísticos que tenham condições de receberem turistas e residentes com segurança e
legalidade, podendo proporcionar a consolidação do Centro Histórico de Manaus como um
produto turístico disponibilizado em folhetaria ou plataformas digitais.

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FORMATO PARA CITAÇÃO DESTE ARTIGO

OLIVEIRA, S. S., GUIMARÃES, M. R. C., & MAIA, K. C. R. (2020). Centro Histórico de
Manaus/AM: Subsídios para o reordenamento turístico. Revista de Turismo Contemporâneo,
8(2), 274-292. https://doi.org/10.21680/2357-8211.2020v8n2ID16502

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