INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS - Apanhado
INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS - Apanhado
A charge:
Alternativa correta: D
Comentário: A charge indica que, dependendo da posição, a pessoa vê um “seis” ou um
“nove”. Ou seja, alude-se a uma situação em que o certo e o errado dependem da
posição do observador.
Rita Alves
Recentemente, circulou pelas redes sociais digitais uma pequena história na qual um casal de idosos,
juntos há décadas, é interrogado sobre o segredo de se manter um relacionamento tão longo; respondem
que na época em que se casaram não se costumava jogar fora um aparelho quebrado, mas se buscava
consertá-lo e, assim, seguia-se a vida por muitos anos com os mesmos equipamentos. O casal estava
dizendo, em outras palavras, que a longevidade de seu relacionamento se baseava na capacidade de
“consertar” as fissuras da relação em vez de descartá-la quando os problemas aparecem.
Os relacionamentos, assim como as mercadorias, passam por um período de intensa descartabilidade. O
cientista social polonês Zygmunt Bauman já apontou a íntima relação entre as práticas de consumo
contemporâneas e a fragilidade dos laços humanos na atualidade.
O consumo é pautado pela obsolescência planejada e pelo desejo intenso por novidades, mudanças e,
principalmente, novos desejos. Para ele, a satisfação dos desejos é angustiante na medida em que nos
obriga a eleger um novo objeto de desejo; aponta que atualmente “o desejo não deseja a satisfação; o
desejo deseja o desejo”. Daí a sensação constante de angústia e a incessante busca por novos desejos e
realizações. O mesmo acontece com os relacionamentos atuais. As relações amorosas, as amizades, os
contratos de trabalho e até mesmo os laços familiares são afetados por essa lógica da descartabilidade e
da efemeridade do consumo, ou melhor, do consumismo.
Segundo o antropólogo David Harvey, trata-se da lógica do capitalismo implementada após a Segunda
Guerra Mundial, que trouxe a alteração das nossas noções de tempo e espaço a partir da aceleração do
tempo de giro das mercadorias. Os bens materiais passaram a ser produzidos, distribuídos, consumidos e
descartados com maior velocidade. Com essa compressão do tempo, passamos a valorizar a velocidade e a
aceleração, que se transformaram em valores inquestionáveis, como se o veloz fosse, necessariamente, o
bom e o desejável.
A partir daí, nosso cotidiano passou a ser pautado pela efemeridade, pela volatilidade, pela
instantaneidade, pela simultaneidade e, no limite, pela descartabilidade. Para Bauman, neste mundo
líquido, flexível e mutável em que vivemos, a única coisa sólida e perene que nos sobra é o lixo, que se
amplia, acumula e permanece como um dos maiores problemas do planeta.
O desejo de mudança já está interiorizado e presente nas nossas ações. Desejamos mudar os cabelos, a cor
das paredes das nossas casas, nossos corpos, automóveis. “Mude a sua sala de estar mudando apenas a
mesinha de centro”, dizia o anúncio de uma revista de decoração.
“Mude, seja outra pessoa”, sugere a cultura contemporânea. Os reality shows de intervenção trocam todo o
guarda-roupa dos participantes e jogam no lixo toda sua história, todas as suas lembranças e memórias
impregnadas nas roupas; trocam todos os móveis da casa por outros novos e alinhados com as tendências
contemporâneas, mas que, sabe-se, não durarão mais que cinco ou seis anos em boas condições, posto
que são feitos apenas para atender à moda do momento. Essas práticas de consumo envolvem não só a
qualidade das mercadorias adquiridas, mas também a quantidade, nunca tivemos tantos objetos.
É esse o cenário que envolve também os relacionamentos humanos, dos matrimônios às amizades, da
sexualidade aos circuitos familiares. As relações amorosas, por exemplo, entram na mesma lógica
quantitativa e efêmera que desenvolvemos com os objetos, especialmente entre os jovens, que não
escondem a valorização dos “ficantes” nas suas baladas noturnas; numa mesma noite “fica-se” com vários
parceiros efêmeros e passageiros, às vezes nem mesmo perguntam-se os nomes e já partem para outra
conquista rápida; ao final da noite, uma contabilidade geral indica o status de cada um. Mesmo quando a
relação é duradoura, o tempo entre o namoro, o casamento e a separação pode ser de alguns anos, às
vezes meses. A angústia do compromisso duradouro está na base dessa volatilidade amorosa; “será que
estou perdendo algo melhor?”; o medo da descartabilidade aflige as duas partes: ou seremos descartados
ou descartaremos nosso par. Entre as amizades juvenis, acontece quase o mesmo; troca-se de turma,
incorporam-se novos amigos; as redes sociais digitais registram a intensidade do relacionamento, “adorei
te conhecer!”, e, depois de alguns dias de exposição das afinidades e afetos, deixa-se que a nova amizade
esfrie até que seja substituída por outra mais nova ainda. No âmbito de trabalho, antigamente dedicava-se
à mesma empresa por 30 ou 40 anos; hoje em dia, dizem os especialistas em gestão de carreiras que não
se deve permanecer num mesmo emprego por mais de cinco anos, que isso pode parecer acomodação e
falta de ousadia profissional. Busca-se descartar o emprego antes de ser descartado pelo patrão.
De certa forma, as redes sociais digitais vieram contribuir para essa situação, provocando o aumento dos
relacionamentos superficiais e passageiros, as conversas fragmentadas e teatralizadas, o excesso de
“amigos” e convites para eventos aos quais não conseguimos dar muita atenção.
As vozes pessimistas consideram que as tecnologias digitais estão contribuindo para o isolamento, a
separação e a superficialidade das relações humanas. Isso pode ser verdadeiro em muitas situações, mas
existem outros lados dessa questão. As redes on-line também resgatam antigas amizades e recuperam,
mesmo que pontualmente, relações deixadas no passado; recuperam-se fotografias antigas, marcam-se
encontros de turmas do colégio, apresentam-se os filhos e maridos ou esposas. Com a recente entrada dos
idosos nas redes sociais, temos presenciado interessantes alterações nas dinâmicas familiares, com a
criação de novos canais de comunicação entre avós e netos, por exemplo, ou ainda entre parentes há
muito separados pela distância ou dificuldades de locomoção; as separações geográficas e geracionais no
âmbito familiar estão sendo reconfiguradas de forma interessante e contribuindo positivamente para o
resgate da socialização dos idosos.
Apesar do quadro desalentador que envolve o consumo exacerbado e os relacionamentos humanos, temos
observado práticas alternativas que vão na contramão dessa situação. Espalha-se pelo mundo o movimento
slow, que questiona a velocidade e a descartabilidade das mercadorias e relações, propondo um retorno às
práticas desaceleradas de tempos atrás. A vertente mais conhecida desse movimento é o slow food, que
propõe que voltemos a preparar a comida lentamente, que conversemos com o açougueiro, o padeiro e o
verdureiro; que convivamos com nossos amigos na beira do fogão enquanto preparamos a comida
lentamente. Na contramão do fast food, o slow food busca resgatar os rituais de alimentação que sempre
estruturaram as relações familiares e de amizades. Vemos ainda a emergência de grupos que questionam o
consumo excessivo e inconsequente, propondo o consumo consciente no qual se buscam informações
sobre as práticas sociais das empresas produtoras, questionam-se as embalagens, aponta-se a
possibilidade de reutilizar e reciclar embalagens e objetos.
Existe ainda o recente consumo colaborativo, no qual os sujeitos partilham equipamentos como máquinas
de cortar grama, furadeiras elétricas e até automóveis, considerando que individualmente estão
subutilizados e que com os usos partilhados e coletivos pode-se otimizar os recursos. Do ponto de vista das
relações humanas, temos observado nas grandes cidades o surgimento de grupos que propõem o resgate
das relações de vizinhança, a ocupação e revitalização das praças públicas, a produção de hortas urbanas
comunitárias, piqueniques coletivos e o resgate da convivência comunitária nos bairros. Na base desses
movimentos está uma consciência ecológica renovada, que vai além dos discursos de preservação da
natureza e que se volta à transformação dos cotidianos e das relações interpessoais. Para além da
descartabilidade das mercadorias e pessoas, continuamos com a certeza de que a base da humanidade não
está no avanço da tecnologia ou no acúmulo de riquezas, mas na força dos relacionamentos humanos;
foram eles que ergueram o edifício da sociedade e da cultura e, seguramente, não serão descartados com
tanta facilidade.
Disponível em: <http://www.sescsp.org.br/online/artigo/6687_OBSOLESCENCIA+PROGRAMADA#/tagcloud=lista>. Acesso em: 15 dez.
2015.
I. O foco do texto é valorizar o mundo atual, em que os produtos são efêmeros e o consumo é possível, pois
há liberdade de mercado.
II. Segundo o texto, apesar do consumismo desenfreado da sociedade atual, surgiram movimentos
contrários a essa tendência, que propõem a desaceleração das atividades cotidianas e questionam a
descartabilidade de objetos e relacionamentos.
III. Para o sociólogo Bauman, vivemos na época das relações líquidas e qualquer mudança é negativa.
IV. A autora posiciona-se contra o fim dos matrimônios, que deveriam ser indissolúveis como antigamente.
Comentário
Alternativa correta: B
Comentário: O texto critica o mundo atual, em que os produtos são efêmeros e o
consumo é possível. Segundo o texto, “apesar do quadro desalentador que envolve o
consumo exacerbado e os relacionamentos humanos, temos observado práticas
alternativas que vão na contramão dessa situação. Espalha-se pelo mundo o movimento
slow, que questiona a velocidade e a descartabilidade das mercadorias e relações,
propondo um retorno às práticas desaceleradas de tempos atrás”. O sociólogo Bauman
afirma que vivemos em um mundo líquido, mas não considera qualquer mudança
negativa.
Texto 1
O Fogo
As noites eram de gelo e os deuses tinham levado o fogo embora. O frio cortava a carne e as palavras dos
homens. Eles suplicavam, tiritando, com a voz quebrada; e os deuses se faziam de surdos.
Uma vez lhes devolveram o fogo. Os homens dançaram de alegria e alçaram cânticos de gratidão. Mas, de
repente, os deuses enviaram chuva e granizo e apagaram as fogueiras.
Os deuses falaram e exigiram: para merecer o fogo, os homens deveriam abrir peitos com um punhal de
pedra e entregar corações.
Os índios quichés ofereceram o sangue de seus prisioneiros e se salvaram do frio.
Os cakchiqueles não aceitaram o preço. Os cakchiqueles, primos dos quichés e também herdeiros dos
maias, deslizaram com pés de pluma através da fumaça, roubaram o fogo e o esconderam nas covas de
suas montanhas.
GALEANO, E. Os nascimentos. Porto Alegre: LP&M, 2010.
Texto 2
O antropólogo Claude Lévi-Strauss estudou o “pensamento selvagem” para mostrar que os chamados
selvagens não são atrasados nem primitivos, mas operam com o pensamento mítico. O mito e o rito,
escreve Lévi-Strauss, não são lendas nem fabulações, mas uma organização da realidade a partir da
experiência sensível enquanto tal. Para explicar a composição de um mito, Lévi-Strauss refere-se a uma
atividade que existe em nossa sociedade e que, em francês, se chama bricolage. O que faz um bricoleur, ou
seja, quem pratica bricolage? Produz um objeto novo a partir de pedaços e fragmentos de outros objetos.
Vai reunindo, sem um plano muito rígido, tudo o que encontra e que serve para o objeto que está
compondo. O pensamento mítico faz exatamente a mesma coisa, isto é, vai reunindo as experiências, as
narrativas, os relatos, até compor um mito geral. Com esses materiais heterogêneos, produz a explicação
sobre a origem e a forma das coisas, suas funções e suas finalidades, os poderes divinos sobre a Natureza
e sobre os humanos. O mito possui, assim, três características principais, citadas a seguir.
1. Função explicativa: o presente é explicado por alguma ação passada cujos efeitos permaneceram no
tempo. Por exemplo, uma constelação existe porque, no passado, crianças fugitivas e famintas morreram
na floresta e foram levadas ao céu por uma deusa que as transformou em estrelas; as chuvas existem
porque, nos tempos passados, uma deusa apaixonou-se por um humano e, não podendo unir-se a ele
diretamente, uniu-se pela tristeza, fazendo suas lágrimas caírem sobre o mundo etc.
2. Função organizativa: o mito organiza as relações sociais (de parentesco, de alianças, de trocas, de sexo,
de idade, de poder, etc.) de modo a legitimar e garantir a permanência de um sistema complexo de
proibições e permissões. Por exemplo, um mito como o de Édipo existe (com narrativas diferentes) em
quase todas as sociedades selvagens e tem a função de garantir a proibição do incesto, sem a qual o
sistema sociopolítico, baseado nas leis de parentesco e de alianças, não pode ser mantido.
3. Função compensatória: o mito narra uma situação passada, que é a negação do presente e que serve
tanto para compensar os humanos de alguma perda como para garantir-lhes que um erro passado foi
corrigido no presente, de modo a oferecer uma visão estabilizada e regularizada da Natureza e da vida
comunitária. Por exemplo, entre os mitos gregos, encontra-se o da origem do fogo, que Prometeu roubou
do Olimpo para entregar aos mortais e permitir-lhes o desenvolvimento das técnicas. Numa das versões
desse mito, narra-se que Prometeu disse aos homens que se protegessem da cólera de Zeus realizando o
sacrifício de um boi, mas que se mostrassem mais astutos do que esse deus, comendo as carnes e
enviando-lhe as tripas e gorduras. Zeus descobriu a artimanha e os homens seriam punidos com a perda do
fogo se Prometeu não lhes ensinasse uma nova artimanha: colocar perfumes e incenso nas partes
dedicadas ao deus.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994 (com adaptações).
I. O mito dos povos pré-colombianos em relação ao surgimento do fogo não coincide com o mito grego de
Prometeu, o que comprova a invalidade do mito na sua função explicativa dos fenômenos naturais.
II. De acordo com o antropólogo Lévi-Strauss, os mitos não são fabulações, eles correspondem a uma
explicação racional e verdadeira do Universo e, por isso, não se pode considerar que os povos indígenas são
atrasados.
III. O mito narrado no texto 1 cumpre a função explicativa do domínio do fogo pelos humanos e também
revela diferentes comportamentos dos povos em relação ao mesmo dilema.
IV. Tanto no texto 1 quanto no texto 2, o mito sobre o domínio do fogo baseia-se em uma artimanha
humana para enganar os deuses.
Alternativa Correta: E
Comentário: O mito oferece uma explicação não científica para os fenômenos e organiza
o mundo a partir da experiência sensível. Nos dois textos, narra-se o domínio do fogo,
conseguido por meio de artimanhas que enganaram os deuses.
I. De acordo com o texto, a língua não é uma linguagem, pois é um fenômeno social e convencional.
II. Segundo o autor, a língua, com suas dimensões físicas, fisiológicas e psíquicas, é subordinada a um
instinto natural; essas características não permitem que a língua seja classificada como um fato social.
III. Para o autor, a língua, entendida como um sistema estruturado e convencional, ocupa o primeiro lugar
entre os fatos de linguagem.
Alternativa correta: B
Comentário: De acordo com o texto, a língua é uma parte determinada e essencial da
linguagem. Segundo o autor, a língua constitui algo adquirido e convencional e pertence
ao domínio social. Para o autor, a língua é, ao mesmo tempo, um produto social da
faculdade de linguagem e um conjunto de convenções necessárias; ela ocupa lugar de
destaque entre os fatos de linguagem.
I. O objetivo da ilustração é mostrar que os meios de comunicação tecem o conhecimento das crianças,
contribuindo para um mundo mais bem informado.
II. A ilustração é uma crítica aos meios de comunicação ultrapassados, que não promoviam o acesso à
informação como a internet faz atualmente.
III. A ilustração sugere que os meios de comunicação de massa provocam perda de autonomia do raciocínio.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e III.
E) II e III.
Alternativa correta: C
Comentário: A ilustração faz uma crítica ao modo como os meios de comunicação
desfazem os pensamentos próprios dos indivíduos. A crítica refere-se à falta de
pensamento crítico que os meios de comunicação causam.
De fato, para grande parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de
perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem
em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os
continentes. A mortalidade infantil permanece, a despeito dos progressos médicos e da informação. A
educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundam-se males espirituais e
morais, como o egoísmo, o cinismo e a corrupção. A perversidade sistêmica que está na raiz dessa
evolução negativa da humanidade tem relação com a adesão desenfreada aos comportamentos
competitivos que atualmente caracterizam as ações hegemônicas. Todas essas mazelas são direta ou
indiretamente imputáveis ao presente processo de globalização.
SANTOS, M. Por uma outra globalização, do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2001.
I. A charge e o texto apresentam visões antagônicas sobre o processo de globalização, pois a charge mostra
a inclusão de todos, e o texto critica a perversidade da economia global.
II. Para Milton Santos, a perversidade caracterizada pelas desigualdades é intrínseca à globalização.
III. A charge destaca o aumento das ofertas de emprego promovido pela globalização, ao contrário do texto,
que afirma que o desemprego é crescente e crônico.
IV. A charge e o texto contrapõem-se ao discurso comum de que a globalização promove igualdade e
crescimento a todos os países e classes sociais.
A) II e IV.
B) I, II e IV.
C) II, III e IV.
D) I e III.
E) II e III.
Alternativa correta: A
Comentário: A charge e o texto apresentam visões similares sobre a globalização. Tanto
a charge quanto o texto contrariam a ideia segundo a qual o processo de globalização
seria capaz de levar à igualdade social e promover o crescimento da totalidade das
nações. A charge mostra uma situação de exclusão social na era da globalização e não
indica que esse processo gere aumento na oferta de emprego. O texto afirma que “para
grande parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de
perversidades”.
O objetivo da charge é:
Alternativa correta: D
Comentário: O texto mostra uma moça de 1600 sonhando em ter mais peso, e uma
moça de 2000 desejando ser mais magra. Ambas estão insatisfeitas com sua aparência e
procuram se adaptar ao padrão de beleza retratado na arte e na mídia.
Questão 8: Considere o gráfico a seguir, que mostra a distribuição dos brasileiros maiores de
25 anos de acordo com os anos de estudo em 2007 e em 2015.
Disponível em: https://brasilemsintese.ibge.gov.br/educacao/anos-de-estudo.html. Acesso em: 21 fev. 2020.
I. Os dados do gráfico mostram que não houve variação no número de pessoas maiores de 25 anos com 8 a
10 anos de estudo no período de 2007 a 2015.
II. De acordo com os dados, observa-se tendência de aumento nos anos de estudo das pessoas maiores de
25 anos no período de 2007 a 2015.
III. Pelos dados, infere-se que pouco mais de 10% da população brasileira havia concluído o ensino superior
em 2015.
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) II, apenas.
Alternativa correta: C.
Comentário: O gráfico apresenta taxas, ou seja, números relativos, e não absolutos.
Assim, não se pode afirmar que o número de pessoas maiores de 25 anos com 8 a 10
anos de estudo permaneceu constante no período. Pode-se inferir que ele tenha
aumentado, pois a população brasileira em 2015 era maior do que a de 2007 e os índices
são aproximadamente os mesmos nesses anos. Pelos dados, observa-se que, no período,
diminuíram as taxas de pessoas com menos de 8 anos de estudo e aumentaram as taxas
de pessoas com mais de 11 anos de estudo. No gráfico, observa-se que, em 2015, havia
cerca de 12% dos maiores de 25 anos com mais de 15 anos de estudo. Deve-se
considerar que o ensino básico (fundamental e médio) exige 12 anos para ser
completado. No superior, existem cursos com duração de 2 a 6 anos.
O objetivo da ilustração é:
Alternativa correta: B
Comentário: Na figura, observa-se que o personagem a salvo em cima de um livro tenta
salvar alguém que está se afogando em um “mar de celulares”. Assim, entende-se que o
livro é o lugar seguro do conhecimento.
Questão 10: Leia o texto a seguir, fragmento da entrevista do filósofo Zygmunt Bauman ao
periódico El País, e analise as afirmativas que seguem.
A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você.
É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que
os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos
individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são
necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter
uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo […]. As
redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não
para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os
reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são
uma armadilha.
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 6 ago. 2017.
I. Segundo o texto, as redes sociais permitem que o indivíduo gerencie suas relações pessoais sem
necessariamente lançar mão de aptidões sociais, como, por exemplo, o diálogo.
II. Para Bauman, as redes sociais são uma armadilha, porque nelas estão presentes pessoas mal
intencionadas.
III. De acordo com o autor, as redes sociais constituem um espaço de muitas controvérsias e não há
possibilidade de diálogo.
Alternativa correta: A
Comentário: O autor afirma que as redes possibilitam relações sem a necessidade do
diálogo pessoal. O foco do texto não é a questão de pessoas mal intencionadas na rede.
I. A ilustração vale-se apenas de signos não verbais para enaltecer o potencial econômico das florestas.
II. O texto é uma crítica à exploração econômica dos recursos naturais.
III. O objetivo da ilustração é incentivar a preservação ambiental e promover o crescimento econômico.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
Alternativa correta: B
Comentário: A ilustração, composta por signos não verbais, critica o desmatamento e a
transformação das árvores em mercadoria (representada pelo código de barras). Não é
objetivo do texto promover o
crescimento econômico.
Questão 12: Leia o trecho do sociólogo contemporâneo Zygmunt Bauman, extraído do livro
Amor líquido, e o meme feito com sua imagem.
Nos compromissos duradouros, a líquida razão moderna enxerga a opressão; no engajamento permanente
percebe a dependência incapacitante. Essa razão nega direito aos vínculos e liames, espaciais ou
temporais. Eles não têm necessidade ou uso que possam ser justificados pela líquida racionalidade
moderna dos consumidores. Vínculos e liames tornam “impuras” as relações humanas - como o fariam com
qualquer ato de consumo que presuma a satisfação instantânea e, de modo semelhante, a instantânea
obsolescência do objeto consumido. […]
A vida consumista favorece a leveza e a velocidade. E também a novidade e a variedade que elas
promovem e facilitam. É a rotatividade, não o volume de compras, que mede o sucesso na vida do Homo
consumens.
Em geral, a capacidade de utilização de um bem sobrevive à sua utilidade para o consumidor. Mas, usada
repetidamente, a mercadoria adquirida impede a busca por variedade, e a cada uso a aparência de
novidade vai se desvanecendo e se apagando. Pobres daqueles que, em razão da escassez de recursos, são
condenados a continuar usando bens que não mais contêm a promessa de sensações novas e inéditas.
Pobres daqueles que, pela mesma razão, permanecem presos a um único bem em vez de flanar entre um
sortimento amplo e aparentemente inesgotável. Tais pessoas são os excluídos da sociedade de consumo,
os consumidores falhos, os inadequados e os incompetentes, os fracassados - famintos definhando em
meio à opulência do banquete consumista.
BAUMAN, Z. Amor líquido. p. 31.
PORQUE
II. O meme, ao colocar uma foto de Bauman em que ele parece espantado, ratifica as ideias do sociólogo,
criticando a volatilidade dos relacionamentos atuais.
Alternativa correta: B.
Comentário: No trecho do sociólogo, ele apresenta sua visão de “sociedade líquida”, em
que os vínculos se diluem. As relações afetivas seguem a mesma lógica do consumismo.
O meme, por sua vez, brinca com esse pensamento de Bauman ao mostrá-lo espantado
ao ver alguém que vai usar o Tinder pela décima vez, ou seja, os relacionamentos foram
fugazes e a pessoa busca mais um.
Não há relação de causa entre as duas asserções.
Questão 13: Observe a foto, leia os versos extraídos do poema “Navio negreiro”, de Castro
Alves, e analise as afirmativas.
A única foto de que se tem notícia de um navio negreiro brasileiro, tirada por Marc Ferrez.
Disponível em: https://www.hypeness.com.br/2016/09/9-expressoes-populares-com-origens-ligadas-a-escravidao-e-voce-nem-
imaginava/. Acesso em: 21 fev. 2020.
I. Foto e poema revelam aspectos horrendos dos navios negreiros, meio pelo qual africanos eram trazidos
ao Brasil como escravos.
II. Castro Alves denuncia os castigos e as más condições a que eram submetidos os negros no navio,
fossem eles homens ou mulheres.
III. Alguns versos do poema, como “E ri-se a orquestra irônica, estridente”, revelam a alegria que
predominava no navio, apesar da escravidão.
IV. A foto, que registra uma cena espontânea do cotidiano do navio, comprova que os versos de Castro
Alves são ficcionais, sem referencialidade histórica.
A) I e II.
B) II e IV.
C) I e III.
D) III e IV.
E) I, II e III.
Alternativa correta: A.
Comentário: Na imagem, observa-se o grupo de escravos, posicionados de forma
artificial para o retrato, em um navio negreiro. Nota-se que estão magros, vestidos de
forma precária e em situação de submissão. Os maus-tratos também são claramente
explicitados nos versos de Castro Alves, poeta romântico que abraçou a causa
abolicionista. No trecho, relatam-se o açoitamento e a fome dos escravos.
Questão 14: Leia o trecho do livro Sociedade do cansaço, do pensador contemporâneo Byung-
Chul Han, e os quadrinhos.
“Cada época possuiu suas enfermidades fundamentais. [...] Visto a partir da perspectiva patológica, o
começo do século XXI não é definido como bacteriológico nem viral, mas neuronal. Doenças neuronais
como a depressão, transtorno de déficit de atenção com síndrome de hiperatividade (Tdah), transtorno de
personalidade limítrofe (TPL) ou a Síndrome de Burnout (SB) determinam a paisagem patológica do começo
do século XXI. Não são infecções, mas enfartos, provocados não pela negatividade de algo
imunologicamente diverso, mas pelo excesso de positividade. Assim, eles escapam a qualquer técnica
imunológica, que tem a função de afastar a negatividade daquilo que é estranho.”
HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes, 2015, p. 7.
Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/428545720776091114/. Acesso em: 10 mar. 2022.
I. De acordo com o filósofo Byong-Chul Han, no século XXI, o cenário patológico é formado exclusivamente
por doenças neuronais.
II. O objetivo dos quadrinhos é mostrar a importância de se consultar um médico no caso de qualquer
doença, pois as pessoas, na pós-modernidade, apresentam excesso de positividade, como afirma o texto do
filósofo.
III. Segundo Byung-Chul Han, as doenças também são determinadas historicamente, de acordo com as
condições sociais em que vivem as pessoas.
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) II e III, apenas.
D) I e III, apenas.
E) III, apenas.
Alternativa correta: E
Questão 15: Leia a charge a seguir.
Disponível em https://www.facebook.com/humorinteligente01/photos/a.302397109784937/2636082953082996/?type=3&theater.
Acesso em: 21 fev. 2020.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Alternativa correta: B.
Comentário: O texto mostra claramente um menino que trabalha na extração e no
tratamento do cacau, matéria-prima para a fabricação de chocolate, e que não pode
consumir o ovo de Páscoa.
I. A charge tem por objetivo enaltecer o valor da imagem como registro dos fatos cotidianos.
PORQUE
II. A charge evidencia que a curiosidade das pessoas supera a solidariedade em momentos de tragédia.
Alternativa correta: D
Comentário: A charge é uma crítica ao comportamento das pessoas que valorizam mais
o registro das tragédias (para posterior postagem nas redes sociais) do que o auxílio
àquelas que necessitam de ajuda.
Questão 17: Clara, que estuda em um colégio localizado na região Nordeste, participou de um
concurso nacional de redação, em que as notas poderiam variar de 0 a 1.000 pontos. Terminada
a competição, o instituto organizador enviou aos participantes seus boletins de desempenho, e
Clara recebeu a tabela a seguir.
I. Clara foi a participante mais bem classificada na região Nordeste e foi a única nessa condição.
II. A nota média no país não poderia ter sido 513 pontos, pois a média da nota mínima (327 pontos) e da
nota máxima (879 pontos) é 603 pontos.
III. Houve alguma região em que a nota máxima superou 862 pontos.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
Alternativa correta: C.
Comentário: Clara realmente obteve a nota máxima da região Nordeste (862 pontos),
mas não foram dadas informações que permitam afirmar que ela foi a única participante
dessa região a fazer 862 pontos. O cálculo da nota média no país não é feito pela média
aritmética da nota mínima e da nota máxima. Para reproduzirmos esse cálculo,
precisaríamos fazer a média aritmética das notas de todos os participantes. Na tabela, já
é dito que esse valor é 513 pontos. Como a nota máxima no país é 879 pontos, houve
alguma região em que a nota máxima superou 862 pontos.
Questão 18: O Pisa, exame internacional desenvolvido e aplicado pela Organização para a
Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), avalia o letramento dos estudantes na faixa
dos 15 anos nas áreas de matemática, ciências e leitura. Os resultados do Pisa são
apresentados de acordo com a escala de desempenho da tabela a seguir, que mostra seis níveis
de proficiência em função da pontuação obtida.
Escala de desempenho dos participantes do Pisa.
Alunos com menos de 358 pontos são classificados como “abaixo do nível 1”, pois não
conseguem compreender nem os enunciados mais simples do exame.
A periodicidade do Pisa é trienal e ele já foi aplicado em 2000, 2003, 2006, 2009, 2012 e 2015.
No gráfico a seguir, estão indicadas as pontuações em matemática de alguns países que
participaram de todas as edições do Pisa, incluindo o Brasil.
I. O Brasil já apresentou, no Pisa, resultados em matemática classificados como “abaixo do nível 1”, em
escala de 1 a 6.
II. Embora os resultados em matemática do Brasil e do México, nas diversas edições do Pisa, nunca tenham
superado o nível 1, em escala de 1 a 6, esses países sempre mantiveram crescimentos de pontuações.
III. A Polônia apresentou significativo crescimento de pontuações em matemática no Pisa de 2009 para
2012, mas, ainda assim, nunca superou o desempenho da China (Hong Kong).
A) I, II e III.
B) II e III, apenas.
C) I e III, apenas.
D) I, apenas.
E) III, apenas.
Alternativa correta: C
Comentário: Em 2000, a pontuação do Brasil em matemática, no Pisa, foi inferior a 358
pontos, o que classifica o país em “abaixo do nível 1”. De 2012 para 2015, tanto o Brasil
quanto o México tiveram decrescimentos de pontuações em matemática no Pisa. A
Polônia apresentou significativo crescimento de pontuações em matemática no Pisa de
2009 para 2012, passando de quase 500 pontos para cerca de 520 pontos. A China (Hong
Kong) sempre obteve cerca de 550 pontos ou mais.
Questão 19: A primeira ilustração foi construída com base no mito de Narciso, cuja imagem
mais conhecida é a representada no quadro de Caravaggio (a segunda ilustração). De acordo
com a mitologia grega, Narciso era um jovem extremamente belo e, embora muito assediado,
preferia ficar só. Um dia, ele debruçou-se à beira de um lago e viu sua imagem na água. Sem
saber que era ele a figura refletida, apaixonou-se pela sua beleza. Em uma versão, Narciso, ao
tentar alcançar a “pessoa” no lago, acabou morrendo afogado. Em outra, Narciso ficou tão
enfeitiçado pela imagem que não saiu mais de lá e definhou, morrendo de fome e de sede.
O termo narcisista é, então, usado para se referir às pessoas que idolatram a própria imagem.
I. A ilustração, ao colocar uma tela do celular com uma rede social no lugar do lago, altera o conceito de
narcisismo, uma vez que a imagem do dispositivo é compartilhada socialmente.
II. A ilustração tem como objetivo alertar sobre o perigo de morte que a moda das selfies vem provocando
no mundo.
III. A ilustração critica o modo narcisista como algumas pessoas utilizam as redes sociais.
IV. A ilustração tem por objetivo mostrar os aspectos positivos das redes sociais, que melhoram a
autoestima.
A) I e IV.
B) II e III.
C) I e III.
D) III.
E) III e IV.
Alternativa correta: D
Comentário: A ilustração, ao mostrar uma pessoa cultuando sua própria imagem
refletida na tela de um celular, critica o narcisismo decorrente do uso das redes sociais.
Disponível em:
<https://www.facebook.com/137459689780175/photos/a.409068539285954.1073741892.137459689780175/409068882619253/?
type=3&theater>. Acesso em: 15 out. 2015.
Alternativa correta: A
Comentário: A ilustração aponta o aspecto negativo das redes sociais: a construção da
autoestima por meio de curtidas (“likes”) jogadas em um comedouro rotulado de “ego”.
Isso não torna o indivíduo mais sensível e empático.
Leia o trecho do texto de Natalia Suzuki e Thiago Casteli e observe a figura a seguir.
O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que persiste no Brasil. A sua existência foi
assumida pelo governo federal perante o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995, o
que fez com que se tornasse uma das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a escravidão
contemporânea em seu território. Daquele ano até 2016, mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de
situações análogas às de escravidão em atividades econômicas nas zonas rural e urbana.
Mas o que é trabalho escravo contemporâneo? O trabalho escravo não é somente uma violação trabalhista,
tampouco se trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa violação de direitos
humanos não prende mais o indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que acometem a
dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm submisso a uma situação extrema de exploração.
Quem é o trabalhador escravo? Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores
condições de vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas
de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos, que podem incluir a falta de opção
econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados
das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países
latino-americanos - como Bolívia, Paraguai e Peru -, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas
pessoas podem se destinar à região de expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de
oportunidades de trabalho.
O trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de
carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é
verificada em centros urbanos, principalmente na construção civil e na confecção têxtil.
No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para
as quais esse tipo de mão de obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam
principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014
indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do
Ensino Fundamental.
Disponível em: http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/. Acesso em:
21 fev. 2020. Adaptado.
I. A figura visa a denunciar, por meio dos produtos selecionados, os setores da indústria que mais se valem
do trabalho escravo.
II. Em 2016, segundo o texto, havia 50 mil trabalhadores no Brasil em condições de escravidão.
III. O texto sugere uma relação entre a falta de instrução e a sujeição a condições que caracterizam o
trabalho escravo.
A) I e II.
B) II e III.
C) I e III.
D) II.
E) III.
Alternativa correta: E.
Comentário: A figura tem por objetivo mostrar que a exploração do trabalho não está na
aparência visível dos produtos. De acordo com o texto, de 1995 a 2016, “mais de 50 mil
trabalhadores foram libertados de situações análogas às de escravidão em atividades
econômicas nas zonas rural e urbana”. Segundo o texto, “entre os trabalhadores
libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do Ensino
Fundamental”
I. A capacidade cognitiva do ser humano está relacionada ao seu domínio sobre a linguagem.
II. A linguagem afasta o ser humano da realidade concreta, da experiência vivida, e, com isso, dificulta a
tomada de consciência do mundo que o cerca.
III. O empobrecimento vocabular enfraquece a possibilidade de expressão e a capacidade reflexiva.
IV. A literatura não ajuda no enriquecimento linguístico e no conhecimento de mundo, uma vez que trata de
temas ficcionais.
A) I e II.
B) II e III e IV.
C) I e III.
D) III e IV.
E) I, II e III.
Alternativa correta: C
Comentário: O texto afirma que a capacidade cognitiva e expressiva está diretamente
relacionada ao domínio de linguagem do indivíduo.
Obs.: Nas faixas, da esquerda para a direita, leem-se as seguintes frases: “100 salários mínimos”, “50
salários mínimos”, “10 salários mínimos” e “5 salários mínimos”.
I. O objetivo da charge é criticar as faixas exclusivas de ônibus, que provocam mais congestionamentos nas
cidades.
II. A quantidade e o tipo de veículos em cada faixa ilustram a distribuição de renda da população brasileira.
III. O objetivo da charge é mostrar a ascensão da classe média, que pôde conquistar o sonho de adquirir um
automóvel nos últimos anos.
IV. De acordo com a charge, a maioria das pessoas tem renda na faixa de 10 salários mínimos.
A) I e II.
B) II e IV.
C) III.
D) IV.
E) II.
Alternativa correta: E
Comentário: A charge associa carros mais caros e menores quantidades de automóveis
a valores mais elevados de salários e associa ônibus lotados ao valor mais baixo de
salário, fazendo alusão à distribuição de renda da população brasileira. De acordo com a
charge, a maioria das pessoas tem renda na faixa de cinco salários mínimos, pois, nessa
categoria, fazemos analogia com o ônibus lotado.
“Ciclo e enraizamento são processos que faltam, em geral, à indústria e ao comércio cultural. Os meios de
comunicação nutrem-se da aparência do novo, que é pura serialidade. […]
Nas manifestações rituais das classes pobres há uma conaturalidade entre os eventos e os seus
participantes. Uma festa popular identifica-se com os festeiros e os convidados: está neles, está entre eles.
O mesmo ocorre com um desafio, uma cantoria, uma procissão, uma congada, um bumba meu boi, uma
reza pelas almas. O distanciamento começa quando o turismo (ou a TV, paraíso do viajante de poltrona)
toma conta dessas práticas: a festa, exibida, mas não partilhada, torna-se espetáculo. Nesse exato
momento, o capitalismo se apropriou do folclore, ocultando o seu teor original de enraizamento.”
BOSI, A. Plural, mas não caótico. In: BOSI, A. (org). Cultura brasileira. Temas e situações. São Paulo: Ática, 2004. p.11.
Com base na leitura, avalie as asserções e a relação proposta entre elas.
I. O autor considera que a cultura popular, expressa em manifestações como o bumba meu boi ou uma
cantoria, tem o enraizamento como característica, o que empobrece essas produções.
porque
Alternativa correta: D.
Comentário: O autor afirma que a cultura popular se caracteriza pelo enraizamento, mas
isso não
empobrece suas produções; ao contrário, enriquece-as. Ele ainda coloca que a
apropriação das manifestações populares pelo capitalismo, especialmente pelos meios de
comunicação, provoca o
distanciamento entre os eventos e seus manifestantes e a transformação da cultura em
espetáculo.
O lixo é um dos grandes vilões do planeta Terra, pois o descarte inadequado pode gerar desastres na
natureza. O plástico, que demora 400 anos para ser decomposto, assola os mares, matando animais
marinhos e quase extinguindo espécies. Além disso, o lixo é acumulado em aterros sanitários e espalhado
em locais inadequados.
De acordo com a pesquisa, 2,4 milhões de toneladas de lixo plástico são descartados incorretamente no
Brasil. Dos 11 milhões de toneladas de lixo plástico produzidos no país por ano, apenas 1,2% é reciclado, o
que torna o Brasil um dos países que menos recicla no mundo.
O meio ambiente pede socorro e a coleta seletiva para a reciclagem pode ser um começo perfeito para
começar a se atentar mais ao destino e à produção de lixo.
Disponível em: https://ndmais.com.br/videos/balanco-geral-florianopolis/conheca-maneiras-praticas-de-reciclar-o-lixo-e-preservar-o-
meio-ambiente/. Acesso em: 21 fev. 2020. Adaptado.
I. A charge tem por objetivo revelar a ignorância de pessoas que não percebem os problemas ambientais e
acreditam que os seus filhos terão um bom futuro.
II. A charge e o texto mostram pontos de vistas antagônicos, pois, na imagem, temos um cenário urbano e,
no artigo, o foco é a natureza.
III. De acordo com as informações, no Brasil, são recicladas anualmente cerca de 132 mil toneladas de lixo
plástico.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e III.
E) II e III.
Alternativa correta: C.
Comentário: O texto e a charge criticam o descarte inadequado de lixo, que prejudica o
meio ambiente. A reciclagem é uma forma de amenizar o problema, mas apenas 1,2% do
lixo é reciclado, o que corresponde a cerca de 132 mil toneladas (1,2% de 11 milhões).
O objetivo da ilustração é:
Unidade I
Nível: Fácil
Questão 27: Com base no texto a seguir, analise as afirmativas.
Eliane Brum
Uma epidemia, como Albert Camus sabia tão bem, revela toda a doença de uma sociedade. A doença que
esteve sempre lá, respirando nas sombras (ou nem tão nas sombras assim), manifesta sua face horrenda.
Foi assim no Brasil na semana passada. Era uma suspeita de ebola, fato suficiente, pela letalidade do vírus,
para exigir o máximo de seriedade das autoridades de saúde, como aconteceu. Descobrimos, porém, a
deformação causada por um vírus que nos consome há muito mais tempo, o da xenofobia. E, como o outro,
o “estrangeiro”, a “ameaça”, era africano da Guiné, exacerbada por uma herança escravocrata jamais
superada.
O racismo no Brasil não é passado, mas vida cotidiana conjugada no presente. A peste não está fora, mas
dentro de nós.
Foi ela, a peste dentro de nós, que levou à violação dos direitos mais básicos do homem sobre o qual
pesava uma suspeita de ebola. Contrariando a lei e a ética, seu nome foi exposto. Seu rosto foi exposto. O
documento em que pedia refúgio foi exposto. Ele não foi tratado como um homem, mas como o rato que
traz a peste para essa Oran chamada Brasil. Deste crime, parte da imprensa, se tiver vergonha, se
envergonhará.
Ainda existe a espera de um segundo teste para o vírus do ebola. Não importa se der negativo ou positivo,
devemos desculpas.
Não sei se há desamparo maior do que alcançar a fronteira de um país distante, nessa solidão abissal. E
pedir refúgio, essa palavra-conceito tão nobre, ao mesmo tempo tão delicada. E então se sentir mal, e cada
um há de saber como a fragilidade da carne nos escava. Corrói mesmo aqueles que têm o melhor plano de
saúde num país desigual. Ele, desabitado da língua, era desterrado também do corpo. Para alcançar o que
viveu o homem desconhecido, porque o que se revelou dele não é ele, mas nós, é preciso vê-lo como um
homem, não como um rato que carrega um vírus. Para alcançá-lo, é preciso vestir o homem. Mas só um
humano pode vestir um humano.
E logo ouviu-se o clamor. “Não é hora de fechar as fronteiras?”, cobrou-se das autoridades. Que os ratos
fiquem do lado de fora, onde sempre estiveram. Que os ratos apodreçam e morram. Para os ratos não há
solidariedade nem compaixão. Parece que nada se aprendeu com a Aids, com aquele momento de
vergonha eterna em que os gays foram escolhidos como culpados, o preconceito mascarado como
necessária medida sanitária.
E quem são os ratos, segundo parte dos brasileiros?
Há sempre muitos, demais, nas redes sociais, dispostos a despejar suas vísceras em praça pública. No
Facebook, desde que a suspeita foi divulgada, comprovou-se que uma das palavras mais associadas ao
ebola era “preto”. “Ebola é coisa de preto”, desmascarou-se um no Twitter. “Alguém me diz por que esses
pretos da África têm que vir para o Brasil com essa desgraça de bactéria (sic) de ebola”, vomitou outro.
“Graças ao ebola, agora eu taco fogo em qualquer preto que passa aqui na frente”, defecou um terceiro.
Acreditam falar, nem percebem que guincham.
“Descrever uma epidemia é uma forma magistral de revelar as diversas formas de totalitarismo que
maculam uma sociedade. Neste quesito, os brasileiros não economizaram. A divulgação, por meios de
comunicação que atingem dezenas de milhões de pessoas, da foto de um homem negro, vindo da África,
como suspeito de ebola, foi a apoteose do fantasma do estrangeiro como portador da doença”, afirmou a
esta coluna Deisy Ventura, professora de direito internacional da Universidade de São Paulo, pesquisadora
das relações entre direito e saúde, autora do livro Direito e Saúde Global - O caso da pandemia de gripe A
(H1N1). “Veja que este fantasma é mobilizado em relação aos pobres, sobretudo negros, nunca em relação
aos estrangeiros ricos e brancos. O escravagismo, terrível doença da sociedade brasileira, associa-se ao
desejo conjuntural de dizer: este governo não deveria ter deixado essas pessoas entrarem. É uma espécie
de lamento: tanto se esforçaram as elites para branquear este país, e agora querem preteá-lo?”.
A África desponta, de novo e sempre, como o grande outro. Todo um continente povoado por nuances e
diversidades reduzido à homogeneidade da ignorância - a um fora.
Como disse um imigrante de Burkina Faso à repórter Fabiana Cambricoli, do jornal O Estado de S. Paulo:
“Os brasileiros não sabem que Burkina Faso é longe dos países que têm ebola. Acham que é tudo a mesma
coisa porque somos negros”.
Ele e dezenas de imigrantes de diversos países da África estão sendo hostilizados e expulsos de lugares
públicos na cidade de Cascavel, no Paraná, onde o primeiro caso suspeito foi identificado. Tornaram-se “os
caras com ebola”, apontados na rua “como os negros que trouxeram o vírus para o Brasil”.
O ebola não parece ser um problema quando está na África, contido entre fronteiras. Lá é destino. O ebola
só é problema, como escreveu o pesquisador francês Bruno Canard, porque o vírus saiu do lugar em que o
Ocidente gostaria que ele ficasse.
“A militarização da resposta ao ebola, que com a anuência do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
em setembro último, passou da Organização Mundial da Saúde a uma Missão da ONU, revela que a grande
preocupação da comunidade internacional não é a erradicação da doença, mas a sua contenção
geográfica”, reforça Deisy Ventura.
Para o homem que alcançou o Brasil em busca de refúgio e teve sua dignidade violada na exposição de seu
nome, rosto e documentos, ainda existe a espera de um segundo teste para o vírus do ebola. Não importa
se der negativo ou positivo, devemos desculpas. Devemos reparação, ainda que saibamos que a reparação
total é uma impossibilidade, e que essa marca pública já o assinala. Não é uma oportunidade para ele, é
para nós.
É preciso reconhecer o rato que respira em nós para termos alguma chance de nos tornarmos mais
parecidos com um humano.
Disponível em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2014/10/13/opinion/1413206886_964834.html>. Acesso em: 13 out. 2014.
I. Metaforicamente, a xenofobia é uma peste que se espalha na sociedade, alimentada por postagens em
redes sociais.
II. A xenofobia manifesta-se, no Brasil, contra o estrangeiro em geral, pois somos um povo ainda
culturalmente atrasado.
III. O ódio e o preconceito são geralmente dirigidos a grupos socialmente excluídos ou desprivilegiados.
A) I, II e III.
B) I, apenas.
C) II, apenas.
D) I e III, apenas.
E) III, apenas.
Alternativa correta: D
Comentário: A autora compara a xenofobia com uma peste, provocada por um vírus, e
considera que o preconceito e o ódio têm sido disseminados nas redes sociais. O texto
destaca que o ódio e o preconceito se dirigem especialmente aos negros e aos pobres.
Segundo Sarmento (2006), em linhas gerais, o discurso de ódio é uma manifestação de linguagem escrita
ou oral que visa à incitação de discriminação, hostilidade e violência contra pessoa ou grupo de indivíduos,
em virtude de sua orientação sexual, gênero, raça, religião, nacionalidade, condição física ou outra
característica. Os comícios nazistas teriam sido uma incitação explícita, portanto trariam o enquadre mais
típico desse discurso. Já as “piadas”, embora materialmente se revistam de todas as características do
discurso de ódio, têm contornos irreverentes e de humor que dissimulam seu conteúdo e, assim, os
componentes que caracterizam o ódio ficam disfarçados, acabam sendo transmitidos de forma velada,
implícita, e passam despercebidas, embora estejam subliminarmente se prestando a propósitos
semelhantes.
FREITAS, L. Performatividade no humor em stand up: discurso de ódio e violência simbólica. Revelli, v.8 n.1. abril/2016, p.170 (com
adaptações).
I. Os quadrinhos e o texto apontam que o humor é, em alguns casos, disfarce para o discurso de ódio.
II. Segundo o texto, as piadas, mesmo que contenham discurso discriminatório, são irreverentes e não se
prestam a propósitos de incitação do ódio.
III. O discurso de ódio caracteriza-se pela incitação à discriminação de pessoas por conta de características
como gênero, orientação sexual, etnia, nacionalidade e condição física.
A) I, II e III.
B) I e II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
E) III, apenas.
Alternativa correta: C
Questão 29: Observe a charge a seguir:
Alternativa correta: B
Comentário: A charge mostra o mapa do Brasil dividido em duas partes. Do lado direito,
construções que indicam pessoas com bom poder aquisitivo. Do lado esquerdo,
moradias precárias que indicam pessoas pobres. Dessa forma, vê-se o país dividido pela
desigualdade social.
Questão 30: Leia a charge a seguir.
A) A charge mostra como o acesso às novas tecnologias é importante e muda as condições de vida dos
cidadãos.
B) A charge tem por objetivo criticar a inclusão digital, pois algumas pessoas não têm preparo suficiente
para usar as novas tecnologias.
C) A charge propõe a reflexão sobre a prioridade das necessidades na definição das políticas públicas.
D) A charge visa a enaltecer as políticas governamentais de inclusão digital, pois elas atingem até
comunidades do sertão.
E) A charge denuncia o consumismo, que faz as famílias pobres adquirirem bens desnecessários.
Alternativa correta: C.
Comentário: A charge mostra que o governo priorizou a inclusão digital em um local que
não dispõe de água. Dessa forma, trata-se de uma crítica ao que é priorizado pelas
políticas públicas.
Pesquisa mostra que brasileiros consideram seus animais de estimação como membros da
família e gastam mais dinheiro com os bichinhos
Animais de estimação são cada vez mais considerados como membros da família ou filhos para seus donos.
Eles passam mais tempo dentro de casa e recebem mais ração, sachês ou petiscos.
Com tanto afeto pelos bichinhos, é natural que o gasto com eles esteja crescendo. Donos de cães gastam
em média R$ 389 por mês, sendo R$ 121 em ração. Os donos de gatos gastam em média R$ 291, sendo R$
90 em ração. A pesquisa entrevistou 3.675 donos de cães e 2.270 donos de gatos em todo o país. De
acordo com o documento, os petshops de bairros e os mega petshops concentram cada vez mais as
compras, em detrimento de supermercados.
Gastos com animais de estimação.
Disponível em: https://abrilexame.files.wordpress.com/2018/04/animais-de-estimaccca7acc83o-karin-salomacc83o1-1.png. Acesso em:
21 fev. 2020. Adaptado.
I. A pesquisa revelou que os donos de cães são mais numerosos e têm mais cuidados com seus animais do
que os donos de gatos.
II. De acordo com a pesquisa, os gastos com ração, tanto para os donos de cães quanto para os donos de
gatos, representam cerca de 31% do total.
III. Segundo os dados, observa-se tendência de crescimento do percentual de animais com plano de saúde.
A) I e II.
B) II e III.
C) I e III.
D) III.
E) II.
Alternativa correta: B.
Comentário: A pesquisa não aborda o número de pessoas que têm cães ou gatos.
Revela que o percentual de animais com plano de saúde aumentou de 3,1% para 8,7%,
de 2016 a 2018 . Os gastos com ração são de 31,1% do total no caso de cães e de 30,9%
no caso dos gatos.
É a América Latina, a região das veias abertas. Do descobrimento aos nossos dias, tudo sempre se
transformou em capital europeu ou, mais tarde, norte-americano, e como tal se acumulou e se acumula nos
distantes centros do poder. Tudo: a terra, seus frutos e suas profundezas ricas em minerais, os homens e
sua capacidade de trabalho e de consumo, os recursos naturais e os recursos humanos. O modo de
produção e a estrutura de classes de cada lugar foram sucessivamente determinados, do exterior, por sua
incorporação à engrenagem universal do capitalismo. Para cada um, se atribuiu uma função, sempre em
benefício do desenvolvimento da metrópole estrangeira do momento, e se tornou infinita a cadeia de
sucessivas dependências, que têm muito mais do que dois elos e que, por certo, também compreende,
dentro da América Latina, a opressão de países pequenos pelos seus vizinhos maiores, e fronteiras adentro
de cada país, a exploração de suas fontes internas de víveres e mão de obra pelas grandes cidades e
portos.
Alternativa correta: D
Comentário: O historiador Eduardo Galeano, no trecho do enunciado, afirma que a
América Latina sempre foi explorada pelos países centrais do capitalismo. Suas riquezas
foram expropriadas por esses países. Além disso, segundo Galeano, dentro da própria
América Latina, há opressão dos países mais fortes economicamente sobre os mais
fracos.
A) I e II.
B) II.
C) III e IV.
D) II e IV.
E) II e III.
Alternativa correta: B
Comentário: I – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA: O autor considera que, ao mesmo
tempo em que temos o máximo de racionalidade técnica, vivemos o máximo de
irracionalidade do comportamento humano. II – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O autor
afirma que o progresso industrial aumenta o conforto de uns, mas exclui grandes massas,
condenadas à miséria. III – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O autor afirma que a
racionalidade técnica permite imaginar a resolução de grandes problemas materiais, mas
não que ela seja suficiente para isso. IV - Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. O autor
não enaltece o progresso industrial, pois ele não vem acompanhado da racionalidade do
comportamento humano. Além disso, destaca que não são todos que usufruem dos
confortos promovidos pela evolução tecnológica.
Questão 34: Considere a charge a seguir e assinale a alternativa que melhor a interpreta.
A) Hoje em dia, as pessoas não querem ler, gostam apenas de aparelhos eletrônicos.
B) Na vida, a pessoa precisa ter luz própria para achar seu caminho.
C) A leitura transforma o modo como vemos as coisas.
D) O livro impresso é um objeto arcaico, que oferece um modo de leitura pouco atraente.
E) As pessoas andam nas trevas até absorverem mensagens de caráter religioso, que iluminam seus
caminhos.
Alternativa correta: C
- Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é somente uma parte
determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao mesmo tempo, um produto social da faculdade de
linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o exercício
dessa faculdade nos indivíduos. Tomada em seu todo, a linguagem é multiforme e heteróclita; o cavaleiro
de diferentes domínios, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence, além disso, ao domínio
individual e ao domínio social; não se deixa classificar em nenhuma categoria de fatos humanos, pois não
se sabe como inferir sua unidade. A língua, ao contrário, é um todo por si e um princípio de classificação.
Desde que lhe demos o primeiro lugar entre os fatos da linguagem, introduzimos uma ordem natural num
conjunto que não se presta a nenhuma outra classificação.
A esse princípio de classificação, poder-se-ia objetar que o exercício da linguagem repousa numa faculdade
que nos é dada pela Natureza, ao passo que a língua constitui algo adquirido e convencional, que deveria
subordinar-se ao instinto natural em vez de adiantar-se a ele.
SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 2006.
I. De acordo com o texto, a língua não é uma linguagem, pois é um fenômeno social e convencional.
II. Segundo o autor, a língua, com suas dimensões físicas, fisiológicas e psíquicas, é subordinada a um
instinto natural; essas características não permitem que a língua seja classificada como um fato social.
III. Para o autor, a língua, entendida como um sistema estruturado e convencional, ocupa o primeiro lugar
entre os fatos de linguagem.
Alternativa correta: C
O papel da mulher mudou radicalmente nas sociedades mais desenvolvidas durante as últimas
quatro décadas. Mas ainda há muito a fazer. E o apoio dos homens é fundamental para
conseguir a tão esperada igualdade.
A palavra “empoderar” aplica-se perfeitamente à mulher do século XXI. Ela, que se adapta a qualquer papel
na sociedade, mudou nos últimos 40 anos, em parte devido à sua progressiva incorporação ao mercado de
trabalho. Desde então, a incessante luta pela igualdade salarial e para ocupar posições de poder
empresarial e institucional, bem como a conciliação trabalhista e as medidas de ação afirmativa
configuraram um papel feminino mais ativo. Mesmo assim, as estatísticas mostram que isso não é
suficiente. Nenhum país alcançou a igualdade de gênero. E mesmo os mais igualitários oferecem menos
oportunidades para as mulheres. Um dado significativo: 44% dos europeus continuam pensando que o
papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da família. Essa é a opinião de 44% das mulheres e de
43% dos homens. A mesma porcentagem afirma que a função mais importante do homem é ganhar
dinheiro. Elas continuam ganhando muito menos. Portanto, esses dados revelam que ambos os gêneros
têm um longo caminho pela frente até alcançar a verdadeira igualdade.
RAMIREZ, P. El País. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2017/11/27/eps/1511812441_406375.htm. Acesso em: 21 fev. 2020.
Adaptado.
I. De acordo com o texto, mais de 40% de mulheres e homens europeus mantêm arraigados valores
tradicionais da sociedade, pois consideram que o trabalho doméstico é função feminina.
II. Os quadrinhos têm o objetivo de mostrar que homens e mulheres exercem as mesmas funções hoje em
dia, contrariando o que afirma o texto.
III. As desigualdades de gênero ocorrem apenas em países subdesenvolvidos, como no Brasil, em que até o
idioma é pobre para expressar a condição feminina, como evidenciam os quadrinhos.
IV. O objetivo dos quadrinhos é apontar que o uso da linguagem é ideológico e reflete as desigualdades
presentes na sociedade.
Alternativa correta: C
Comentário: I – Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. O texto afirma que “44% dos europeus
continuam pensando que o papel mais importante da mulher é cuidar da casa e da
família”. II – Afirmativa incorreta. JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos mostram como a
linguagem reflete a ideologia da sociedade patriarcal. III – Afirmativa incorreta.
JUSTIFICATIVA. O texto afirma que nenhum país alcançou a igualdade de gênero. IV –
Afirmativa correta. JUSTIFICATIVA. Os quadrinhos mostram que a forma de expressão
linguística revela como a sociedade enxerga o homem e a mulher com determinadas
características ou funções.
I. O objetivo dos quadros é evidenciar a sensibilidade e a empatia dos líderes políticos, que sabem se
colocar no lugar dos imigrantes e adotam medidas que visam a beneficiar os refugiados.
II. Os quadros, ao retratarem líderes mundiais em situações de vulnerabilidade, têm a intenção de
denunciar as precárias condições a que são submetidos os refugiados e mostrar que qualquer pessoa
poderia estar nessa situação.
III. Ao atribuir aos políticos a vulnerabilidade, o artista mostra que somos todos iguais e que os que detêm o
poder não devem ser responsabilizados pela crise que atravessa os refugiados.
Questão 39: Leia o texto a seguir, fragmento da entrevista do filósofo Zygmunt Bauman ao
periódico El País, e analise as afirmativas que seguem.
A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a rede pertence a você.
É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas com quem você se relaciona. Isso faz com que
os indivíduos se sintam um pouco melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos
individualistas. Mas, nas redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são
necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com quem se precisa ter
uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, se envolver em um diálogo […]. As
redes sociais não ensinam a dialogar porque é muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não
para unir, não para ampliar seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único que veem são os
reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem serviços muito prazerosos, mas são
uma armadilha.
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2015/12/30/cultura/1451504427_675885.html>. Acesso em: 6 ago. 2017.
I. Segundo o texto, as redes sociais permitem que o indivíduo gerencie suas relações pessoais sem
necessariamente lançar mão de aptidões sociais, como, por exemplo, o diálogo.
II. Para Bauman, as redes sociais são uma armadilha, porque nelas estão presentes pessoas mal
intencionadas.
III. De acordo com o autor, as redes sociais constituem um espaço de muitas controvérsias e não há
possibilidade de diálogo.
A) I.
B) I e II.
C) I e III.
D) II e III.
E) II.
Alternativa correta: A
A pipoca
Rubem Alves
A culinária me fascina. De vez em quando eu até me até atrevo a cozinhar. Mas o fato é que sou mais
competente com as palavras do que com as panelas.
Por isso tenho mais escrito sobre comidas que cozinhado. Dedico-me a algo que poderia ter o nome de
"culinária literária". Já escrevi sobre as mais variadas entidades do mundo da cozinha: cebolas, ora-pro-
nóbis, picadinho de carne com tomate, feijão e arroz, bacalhoada, suflês, sopas, churrascos.
As comidas, para mim, são entidades oníricas. Provocam a minha capacidade de sonhar. Nunca imaginei,
entretanto, que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que
aconteceu.
A pipoca, milho mirrado, grãos redondos e duros, me pareceu uma simples molecagem, brincadeira
deliciosa, sem dimensões metafísicas ou psicanalíticas. Entretanto, dias atrás, conversando com uma
paciente, ela mencionou a pipoca. E algo inesperado na minha mente aconteceu. Minhas ideias começaram
a estourar como pipoca.
Percebi, então, a relação metafórica entre a pipoca e o ato de pensar. Um bom pensamento nasce como
uma pipoca que estoura, de forma inesperada e imprevisível.
A pipoca se revelou a mim, então, como um extraordinário objeto poético. Poético porque, ao pensar nelas,
as pipocas, meu pensamento se pôs a dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma
panela. Lembrei-me do sentido religioso da pipoca. A pipoca tem sentido religioso? Pois tem.
Para os cristãos, religiosos são o pão e o vinho, que simbolizam o corpo e o sangue de Cristo, a mistura de
vida e alegria (porque vida, só vida, sem alegria, não é vida…). Pão e vinho devem ser bebidos juntos. Vida
e alegria devem existir juntas.
Lembrei-me, então, de lição que aprendi com a Mãe Stella, sábia poderosa do Candomblé baiano: que a
pipoca é a comida sagrada do Candomblé…
A pipoca é um milho mirrado, subdesenvolvido. Fosse eu agricultor ignorante, e se no meio dos meus
milhos graúdos aparecessem aquelas espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas.
Pois o fato é que, sob o ponto de vista de tamanho, os milhos da pipoca não podem competir com os milhos
normais. Não sei como isso aconteceu, mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as
espigas e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos amolecessem e pudessem
ser comidos.
Havendo fracassado a experiência com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia
ter imaginado.
Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam da panela com uma enorme barulheira. Mas o
extraordinário era o que acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em flores
brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das pipocas se transformou, então, de uma
simples operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente
das crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre os piruás com os paulistas, descobri que eles
ignoram o que seja. Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é palavra inexistente.
Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho
de pipoca que se recusa a estourar.
Meu amigo William, extraordinário professor pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos e
desvendou cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele tem uma explicação
científica para os piruás. Mas, no mundo da poesia, as explicações científicas não valem.
Por exemplo: em Minas “piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. Minha prima,
passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!”.
Mas acho que o poder metafórico dos piruás é maior. Piruás são aquelas pessoas que, por mais que o fogo
esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito
delas serem.
Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a sua vida perdê-la-á”. A sua presunção e o seu medo são a dura
casca do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a vida inteira. Não vão se
transformar na flor branca macia. Não vão dar alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca,
no fundo da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o lixo.
Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a ser crianças e que sabem que a vida é uma
grande brincadeira…
Nunca imaginei que chegaria um dia em que a pipoca iria me fazer sonhar. Pois foi precisamente isso que
aconteceu.
Disponível em: <http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp>. Acesso em: 3 out. 2013.
I. A pipoca é usada como metáfora para a transformação de pessoas fisicamente feias em bonitas.
II. O autor emprega a palavra “piruá” para pessoas duras que resistem às transformações.
III. O autor considera que só as pessoas não religiosas tornam-se piruás, pois são incapazes de se
transformarem.
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) II e III.
Alternativa correta: B
Questão 41: Analise o anúncio divulgado pela WWF, ONG dedicada à conservação da natureza,
há alguns anos.
Texto traduzido: “Antes que seja tarde demais”.
Disponível em: https://br.pinterest.com/pin/218072806928416329/. Acesso em: 21 fev. 2020.
I. A imagem remete aos pulmões humanos e procura conscientizar o leitor de que o fumo pode trazer várias
doenças respiratórias.
II. O anúncio vale-se da metáfora bastante usada de que florestas são o pulmão do mundo. A floresta
amazônica, por exemplo, é conhecida por esse título.
III. A parte verbal do anúncio chama a atenção para a urgência de medidas de proteção ambiental.
IV. O anúncio tem por objetivo mostrar que, apesar do desmatamento, a maior parte das florestas está
preservada, pois só uma parte de um pulmão está afetada.
V. O anúncio avisa ao leitor de que o processo de desmatamento é irreversível.
A) I, II e III.
B) II e III.
C) II, III, IV e V.
D) IV e V.
E) I, II, III e IV.
Alternativa correta: B
O objetivo do texto é:
Alternativa correta: C