TEORIA GERAL DAS
OBRIGAÇÕES
Prof.ª Me. Rosemara Unser
UNIVAR
1 CONCEITO DE
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
Consiste num complexo de normas que regem as relações jurídicas de ORDEM
PATRIMONIAL, que têm por objeto prestações de um sujeito em proveito de outro
Visa regular os vínculos jurídicos: poder de exigir umaprestação conferido a alguém,
corresponde umdever de prestar, imposto a outrem
Trata dos vínculos entre credor e devedor
Sociedade de consumo
CONCEITO DE OBRIGAÇÕES
“A obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor
e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou
negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através
de seu patrimônio.” (Washington de Barros Monteiro).
“Obrigação é a relação transitória de direito, que nos constrange a dar, a fazer ou
não fazer alguma coisa economicamente apreciável em proveito de alguém, que,
por ato nosso ou de alguém conosco juridicamente relacionado, ou em virtude de
lei, adquiriu o direito de exigir de nós essa ação ou omissão.” (Clóvis Beviláqua)
“Obrigação caracteriza-se como o vínculo jurídico transitório entre credor e devedor
cujo objeto consiste numa prestação patrimonial de dar, fazer ou não fazer.”
(Wikipédia)
O QUE É OBRIGAÇÃO?
A essência da obrigação consiste no poder de EXIGIR de outrem a satisfação de um
interesse econômico através da máquina judiciária, no direito de obter uma
prestação do devedor inadimplente, indo buscar no seu PATRIMÔNIO o quantum
necessário à satisfação do crédito e à composição do dano causado
Obrigação é uma relação jurídica O objeto consiste numa
(exclui gratidão e cortesia) prestação pessoal
Caráter transitório (não há Relação jurídica de natureza
obrigações perpétuas) pessoal (credor e devedor)
Natureza econômica por ser necessário Tem o credor à sua disposição, como
que a prestação positiva ou negativa (dar, garantia do adimplemento, o patrimônio
fazer ou não fazer) tenha valor pecuniário do devedor (art. 391, CC)
ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA
RELAÇÃO OBRIGACIONAL
PESSOAL VÍNCULO JURÍDICO
MATERIAL
a) Pessoal/subjetivo: relacionados aos sujeitos da relação jurídica, sujeito
ativo ou credor e sujeito passivo ou devedor;
b) Material/objetivo: relativo ao seu objeto, que se chama prestação; e
c) Vínculo jurídico/imaterial: abstrato ou espiritual.
Sujeitos da Relação Obrigacional
Sujeito ativo: CREDOR - ou accipiens – pode exigir o cumprimento
da obrigação ou a execução – art. 331 CC.
Sujeito passivo: DEVEDOR ou solvens – tem um dever perante o
credor.
Pessoa Natural ou
jurídica
a)Devem ser determinados ou, ao menos determináveis (troféu concurso)
b)Sujeito ativo qualquer pessoa não importa a capacidade;
c)Sujeito ativo pode ser individual ou coletivo
Objeto da relação obrigacional
• Objeto da obrigação é sempre uma conduta ou ato humano: dar, fazer ou
não fazer (dare, facere, praestare, dos romanos). E se chama prestação,
que pode ser positiva (dar e fazer) ou negativa (não fazer). Objeto da
relação obrigacional é, pois, a prestação debitória. É a ação ou omissão a
que o devedor fica adstrito e que o credor tem o direito de exigir.
Qualquer que seja a obrigação assumida pelo devedor, ela se subsumirá
sempre a uma prestação:
a) de dar, que pode ser de dar coisa certa (CC, arts. 233 e s.) ou incerta
(indeterminada quanto à qualidade: CC, art. 243) e consiste em
entregá-la ou restituí-la (na compra e venda o vendedor se obriga a
entregar a coisa, e o comprador, o preço; no comodato, o comodatário
se obriga a restituir a coisa emprestada gratuitamente, sendo todas
modalidades de obrigação de dar); ou
b) de fazer, que pode ser infungível ou fungível (CC, arts. 247 e 249) e de
emitir declaração de vontade (CPC, art. 466-B); ou, ainda,
c) de não fazer (CC, arts. 250 e s.).
LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU
DETERMINÁVEL.
Objeto lícito é o que não O objeto deve ser, também,
atenta contra a lei, a moral ou possível. Quando
os bons costumes. impossível, o negócio é
nulo. A impossibilidade do
Por exemplo, no art. 150 do objeto pode ser física ou
Código Civil, que reprime o jurídica. Impossibilidade
dolo ou torpeza bilateral, e no física é a que emana de leis
art. 883, que nega direito à físicas ou naturais.
repetição do pagamento feito Configura-se sempre que a
para obter fim ilícito, imoral, prestação avençada
ou proibido por lei. Impedem ultrapassa as forças
eles que as pessoas humanas.
participantes de um contrato
imoral sejam ouvidas em
juízo.
LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU
DETERMINÁVEL.
Admite-se, assim, a
venda de coisa incerta,
Impossibilidade jurídica do
indicada ao menos pelo
objeto ocorre quando o
gênero e pela quantidade
ordenamento jurídico proíbe,
(CC, art. 243), que será
expressamente, negócios a
determinada pela escolha,
respeito de determinado
bem como a venda
bem, como a herança de
alternativa, cuja
pessoa viva (CC, art. 426), o
indeterminação cessa
bem público (CC, art. 100) e
com a concentração (CC,
os gravados com a cláusula de
art. 252).
inalienabilidade, por exemplo.
1 FONTES DAS OBRIGAÇÕES
Constituem fonte das obrigações os fatos jurídicos que
dão origem aos vínculos obrigacionais, em
conformidade com as normas jurídicas; fatos jurídicos que
condicionam o aparecimento das obrigações
1 LEI: é a fonte primária ou imediata de todas as obrigações;
2 CONTRATOS: fonte principal e mediata do direito obrigacional, pois é o negócio jurídico
bilateral ou plurilateral que visa a criação, modificação e extinção de direitos e deveres com conteúdo
patrimonial;
3 ATOS ILÍCITOS e o ABUSO DE DIREITO: fonte mediata; geram o dever de indenizar; abuso de
direito art. 187, CC;
4 TÍTULOS DE CRÉDITO: fonte mediata; têm caráter autônomo e trazem a existência de uma
relação obrigacional de natureza privada
5 ATOS UNILATERAIS: fonte mediata; declarações unilaterais de vontade, p. ex. promessa de
recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa
PROMESSA DE RECOMPENSA (arts. 854 a 860 do CC): Art. 854 Aquele que,
por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha
certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o
prometido.
Ex.: um caso de alguém que perdeu um animal e propõe recompensa para recuperá-lo.
GESTÃO DE NEGÓCIOS (arts. 861 a 875 do CC): Existe uma atuação sem poderes,
a parte nunca recebeu a incumbência expressa. Art. 861 Aquele que, sem
autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á
segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a
este e às pessoas com que tratar.
Ex.: Gestão de negócio.
PAGAMENTO INDEVIDO (arts. 876 a 883 do CC): Art. 876 Todo aquele que recebeu o que
lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida
condicional antes de cumprida a condição.
Pagamento objetivamente indevido: quando a dívida paga não existe ou não é justo seu
pagamento. Ex.: dívida paga, mas com valor maior ao pactuado.
Pagamento subjetivamente indevido: quando realizado à pessoa errada. Ex.: pagou-se a
quem não era o legítimo credor.
**Repetição de indébito: art. 877 do CC. Em alguns casos pode cobrar em dobro: art. 940 do
CC e art. 42, parágrafo único, CDC. Exceções: arts. 882 e 883 do CC.
ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA (arts. 884 a 886 do CC): Art. 884 Aquele que, sem justa
causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido,
feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único: Se o enriquecimento tiver por
objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais
subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
**Também pode ser aplicada a repetição de indébito.
***O enriquecimento sem causa é o gênero e o pagamento indevido é a espécie.
2 MODALIDADES DAS OBRIGAÇÕES
2.1OBRIGAÇÕES CONSIDERADAS EM SIMESMAS a) OBRIGAÇÃO MORAL
2.1.1OBRIGAÇÕES EM RELAÇÃO AO SEU VÍNCULO b) OBRIGAÇÃO CIVIL
a) OBRIGAÇÃOMORAL c) OBRIGAÇÃO NATURAL
- Constitui mero dever de consciência, cumprido apenas por questão de princípios.
- Sob o prisma jurídico, é uma mera liberalidade.
- O dever moral não constitui vínculo jurídico.
Ex.: obrigação de cumprir determinação de última vontade que não tenha sido
expressa em testamento, bem como o da obrigação de socorrer pessoas
necessitadas. Se houver inadimplemento de dever moral, será impossível
constranger o devedor a cumpri-lo, visto que o credor carece do direito de ação.
b)OBRIGAÇÃOCIVIL
- Na
Na obrigação
obrigação civil
civilhá
háum
umvínculo
vínculojurídico
jurídicoque
quesujeita o devedor
sujeita o devedorà realização de de
à realização uma prestação
(positiva ou negativa)
uma prestação noou
(positiva interesse
negativa)do no
credor.
interesse do credor.
Dever da
- Dever da pessoa
pessoa obrigada
obrigada(debitum)
(debitum)e e suasua responsabilidade
responsabilidade em emcasocaso de
de inadimplemento
inadimplemento (obligatio).
(obligatio).
- Possibilita
Possibilita ao
aocredor
credorrecorrer
recorrerà intervenção
à intervençãoestatal parapara
estatal obterobter
a prestação, tendo tendo como
a prestação,
garantia o patrimônio
como garantia do devedor.
o patrimônio do devedor.
c) OBRIGAÇÃONATURAL
- É aquela em que o credor não pode exigir do devedor uma certa prestação, embora no caso
de seu adimplemento, espontâneo ou voluntário, possa retê-la a título de pagamento.
- Não é obrigação moral e não acarreta exigibilidade da prestação.
- Produz irretratabilidade do pagamento feito o seu cumprimento.
- Norma não autônoma por não autorizar o emprego da coação como meio para exigibilidade.
Ex.: gorjetas a empregados de restaurantes, etc; débitos resultantes de jogo e aposta (arts. 814
e 815, CC); dívida prescrita (art. 882, primeira parte, CC).
a) OBRIGAÇÃO DE DAR
b)OBRIGAÇÃO DE FAZER
2.1.2OBRIGAÇÕES QUANTO AO SEU OBJETO
c) OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER
a) OBRIGAÇÃODE DAR
d) OBRIGAÇÃO POSITIVA E
NEGATIVA
a.1)Espécies de prestação de coisa
- A obrigação de prestação de coisa (obrigações de dar) vem a ser aquela que
tem por objeto mediato uma coisa que, por sua vez, pode ser certa ou
determinada (arts. 233 a 242 do CC) ou incerta (arts. 243 a 243 do CC).
- Obrigação específica: tem por objeto coisa certa e determinada. Ex.: quadro X
de Portinari.
- Obrigação genérica: tem por objeto coisa indeterminada. Ex.: vendedor de 50
sacas de café.
Ex. de prestações de coisa as obrigações do vendedor e do comprador, do locador
e do locatário, do doador e do depositário, etc.
Nas chamadas obrigações de dar (de prestação de coisa) incluem-se prestações de naturezas
diversas:
1) Obrigação de dar (ad dandum):
- A prestação do obrigado é essencial à constituição ou transferência do direito real sobre a
coisa móvel ou imóvel.
- A entrega da coisa tem por objetivo a transferência de domínio ou de outros direitos reais.
- A obrigação de dar, por si só, confere ao credor somente mero direito pessoal e não real, visto
que o credor só adquirirá o domínio pela tradição da coisa pelo vendedor, pois o contrato não
opera transferência de propriedade, exigindo, para tanto, tradição para os móveis e tradição
solene/registro para os imóveis.
Ex.: contrato de compra e venda, em que o devedor se compromete a transferir o domínio para o
credor do objeto da prestação, tendo este, então, direito à coisa, embora a aquisição do direito
fique na dependência da tradição do devedor.
- Se o vendedor deixar de entregar a coisa, o adquirente não poderá requerer a reivindicatória,
pois não há direito real de propriedade
- Ação de indenização para ser ressarcido pelos danos sofridos com o inadimplemento da
obrigação (art. 389, CC)
a.1.2) Obrigação de restituir:
- Não tem como objetivo a transferência de propriedade, apenas proporcionar o uso, fruição ou posse
direta da coisa temporariamente.
- Se caracteriza por envolver uma devolução.
- O devedor, por haver recebido coisa alheia, encontra-se em obrigação de devolvê-la.
- O credo é o proprietário do bem; houve apenas uma cessão de posse da coisa ao devedor.
Ex.: as obrigações de devolução que incidem sobre o locatário, mutuário - Art. 586., comodatário –
Art. 579., depositário, mandatário, uma vez que findo o contrato, o devedor deverá devolver a coisa.
- Perda (destruição total) da coisa sem culpa do devedor: art. 238 do CC.
- Perda (destruição total) da coisa por culpa do devedor: art. 239 do CC.
- Deterioração da coisa: art. 240 do CC.
- Melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor: art. 241 do CC.
- Melhoramentos em razão de dispêndio ou trabalho do devedor (art. 242 do CC):
* devedor de boa-fé: direito a indenização dos melhoramentos necessários
(conservação) e úteis (facilitar o uso), podendo, sem detrimento da coisa, levantar os
voluptuários (embelezamento ou recreação), se não for reembolsado da respectiva
importância, art. 1.219 do CC.
* devedor de má-fé: apenas direito à indenização dos melhoramentos necessários, art.
1.220 e 1.222 do CC.
a.1.3) Obrigação de contribuir:
- Rege-se pelas normas da obrigação de dar, de que constitui uma modalidade, e pelas disposições
legais alusivas às obrigações pecuniárias.
Ex.: condomínio (arts. 1.315, 1.334, I, 1.336, I, §1º, do CC); casamento (arts. 1.568 e 1.688 do CC).
a.1.4) Obrigação de solver dívida em dinheiro:
- É uma modalidade da obrigação de dar, abrangendo prestação consistente em dinheiro, reparação
de danos e pagamento de juros, isto é, dívida pecuniária, dívida de valor e dívida remuneratória.
- O objeto dessas prestações consiste no valor quantitativo, do qual o dinheiro não passa de um meio.
Ex.: o pagamento do preço, na compra e venda; pagamento do aluguel, no contrato de locação, etc.
Parte Geral:
arts. 233a 480doCC (objeto da teoria geral das obrigações)
CONTEÚDODODIREITO DAS
OBRIGAÇÕES
Parte Especial:
- arts. 481a 886doCC (matéria das obrigações contratuais)
- arts. 887a 954doCC (teoria das obrigações extracontratuais)
2 CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS
OBRIGACIONAIS
Os DIREITOSPATRIMONIAIS consistem no conjunto de bens, direitos e obrigações de uma
pessoa natural ou jurídica, sendo suscetíveis de estimação pecuniária, DIVIDINDO-SE EM
PESSOAIS E REAIS
Os direitos obrigacionais disciplinam relações jurídicas
patrimoniais
Os direitos de crédito regem os vínculos
patrimoniais entre as pessoas
Impõem ao devedor: dever de DAR, FAZER
ou NÃO FAZER
PRINCIPAIS DIFERENÇAS
ENTRE OS DIREITOS
PESSOAIS/OBRIGACIONAIS
E OS DIREITOSREAIS
Importante: se os direitos
obrigacionais disciplinam
relações jurídicas
patrimoniais, somente
incluem os direitos
pessoais.
4.1 PESSOAL
Pessoal ou subjetivo: requer duplo sujeito (ativo e
passivo)
Os sujeitos precisam ser individuados para que se saiba quem é o
devedor, contudo, um deles pode estar indeterminado, caso em que é
necessária sua determinabilidade; deve ser momentânea essa
indeterminação
Mudança subjetiva: não há necessidade de permanência dos sujeitos
originários; mudança por transmissão da obrigação ou por sucessão (salvo
obrigação personalíssima)
Sujeito ATIVO: credor, aquele a quem a prestação, positiva ou
negativa, é devida; direito de exigi-la (art. 331, CC) ou a execução da
obrigação (art. 778 e 786, CPC), permissão para ceder seu crédito
(art. 286, CC), aceitar coisa diferente (art. 356 e ss, CC), para perdoar
no todo ou em parte (arts. 385 e 386, CC)
Sujeito PASSIVO: devedor, aquele
que deverá cumprir a prestação
obrigacional, limitando sua liberdade;
deverá dar, fazer ou não algo em
atenção ao interesse de outrem, que,
em caso de inadimplemento, poderá
buscar via judicial, no patrimônio
do devedor, os recursos para
satisfazer seu direito de crédito (arts.
779 e 789, CPC)
VÍNCULO JURÍDICO/IMATERIAL
Teoria monista (não aceita pela doutrina): considera que existe um único
vínculo jurídico entre o credor e o devedor, que é o dever de cumprir a
obrigação.
Teoria dualista (mais utilizada pela doutrina): a relação obrigacional tem dois
vínculos, um atinente ao dever do sujeito passivo em satisfazer a prestação positiva
ou negativa em benefício do credor (débito) , outro relativo à autorização, dada pela
lei ao credor de acionar o devedor, alcançando seu patrimônio,
(responsabilidade) que responderá pelo inadimplemento da prestação.
* Dever da pessoa obrigada +responsabilidade em caso de inadimplemento.
Exceções na teoria dualista:
a) Pagamento de dívida prescrita: a prescrição extingue a pretensão, mas
não o direito, razão pela qual subsiste o débito (obrigação), sem a
correspondente responsabilidade;
b)Obrigação de pagamento de dívida de jogo: em tais casos, o débito existe,
mas também não pode ser exigido; e
c) Fiança: nesse caso, há responsabilidade sem débito, pois o
fiador assume a responsabilidade pelo pagamento de uma obrigação de um
terceiro, que é o sujeito passivo da obrigação.
DAS OBRIGAÇÕES DE DAR
COISA CERTA
Aspectos da Obrigação de dar
Obrigação de dar – obrigações positivas
Obrigação de dar coisa Obrigação de dar coisa
Certa Incerta
Gênero Gênero
Quantidade Quantidade
Qualidade Qualidade
Espécies de obrigação de dar
Obrigação de Dar
Entregar Restituir Pagar
Transferência Devolver valor de-
de domínio (não há transferência) terminado
(propriedade) domínio (juros, multa
Correção monetária)
Obrigação de dar coisa Certa
• Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios
dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do
título ou das circunstâncias do caso.
• Princípio da Gravitação Jurídica
• Acessórios (parte integrantes do bem principal)
• Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não
abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da
manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
• Pertenças (bem utilizado em conjunto com o bem principal, mas não
se integra)
Impossibilidade de dar coisa diversa,
ainda que mais valiosa
• Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação
diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.
• A entrega de coisa diversa da prometida importa
modificação da obrigação, denominada novação
objetiva, que só pode ocorrer havendo consentimento
de ambas as partes.
• o credor de coisa certa não pode pretender receber
outra ainda de valor igual ou menor que a devida, e
possivelmente preferida por ele, pois a convenção é lei
entre as partes.
Da transferência de domínio
• O contrato, por si só, não basta para a transferência do
domínio. Por ele criam-se apenas obrigações e direitos.
Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos
contratantes se obriga a transferir o domínio de certa
coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
• O domínio só se adquire pela tradição, se for coisa
móvel, e pelo registro do título (tradição solene), se for
imóvel.
Art. 1.226. Os direitos reais sobre coisas móveis, quando
constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se
adquirem com a tradição.
Da Tradição
Da tradição (quer a título gratuito ou oneroso)
Real simbólica ficta
Entrega ato simbolizar a entrega da á tinha a
Efetiva da coisa coisa. posse
direta da
coisa
torna-se
proprietár
io
Melhoramento e acrescidos
Art. 237. Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus
melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento
no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a
obrigação.
Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao
credor os pendentes.
• Melhoramento é tudo quanto opera mudança para melhor, em
valor, em utilidade, em comodidade, na condição e no estado
físico da coisa, (benfeitorias).
• Acrescido é tudo que se ajunta, que se acrescenta à coisa,
aumentando-a.
• Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente
produz. Nascem e renascem da coisa, sem acarretar-lhe a
destruição no todo ou em parte, como o café, os cereais, as
frutas das árvores, o leite.
Perecimento da coisa certa
Art. 234. Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se
perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou
pendente a condição suspensiva, fica resolvida a
obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de
culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais
perdas e danos.
• Com culpa do devedor – há responsabilidade, devendo
indenizar e ressarcir o credor
• Sem culpa do devedor – não há responsabilidade,
resolvendo a obrigação
Deterioração da coisa certa
• Art. 235. Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o
credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que
perdeu.
• Art. 236. Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente,
ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um
ou em outro caso, indenização das perdas e danos.
• Com culpa do devedor – não aceitar a coisa, receber o valor equivalente
acrescidos de perdas e danos, ou aceitar a coisa, mais perdas e danos
acrescidos pela desvalorização.
• Sem culpa do devedor – resolve-se a obrigação, ou poderá aceitar a coisa,
com o devido abatimento no valor pela dano.
Perda da Obrigação de Restituir
Art. 238. Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta,
sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá
o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados
os seus direitos até o dia da perda.
Art. 239. Se a coisa se perder por culpa do devedor,
responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.
• Sem culpa do devedor – O credor sofrerá a perda.
• Com culpa do devedor – O credor tem direito ao
ressarcimento acrescidos de perdas e danos
Deterioração da Obrigação de Restituir
Art. 240. Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do
devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito
a indenização; se por culpa do devedor, observar-se-á o
disposto no art. 239.
• Sem culpa do devedor – o credor receberá a coisa no
estado que se encontra, sem perdas e danos.
• Com culpa do devedor – O credor tem direito ao valor
do bem, acrescidos de perdas e danos, ou receber o
bem no estado que se encontra, acrescidos de perdas e
danos.
Melhoramentos ou acréscimos na
obrigação de restituir
Art. 241. Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento
ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do
devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização.
• Se houve sobrevivência do melhoramentos em caso de
perda da coisa que deveria restituir, sem despesas ou
trabalhos do devedor, o credor lucrará.
Art. 242. Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o
devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas
normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas
pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-
se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do
possuidor de boa-fé ou de má-fé.
Melhoramentos ou acréscimos na
obrigação de restituir
Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias
necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem
pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá
exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis.
• Benfeitorias necessárias e uteis – direito a indenização e retenção do
bem.
• Benfeitorias voluptuárias – podendo ser retirada sem detrimento do
bem, o credor poderá escolher se indenizará ou se deixara levantar a
benfeitoria, caso não possa ser retirada sem detrimento do bem, não
terá direito a indenização, nem a levantar a benfeitoria.
Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias
necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas,
nem o de levantar as voluptuárias.
• O devedor só terá direito a indenização no caso das benfeitorias
necessárias, sem direito a retenção, nas demais benfeitorias não há
direito.
Frutos na obrigação de restituir
Art. 1.214. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos
frutos percebidos.
Parágrafo único. Os frutos pendentes ao tempo em que cessar a boa-
fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da
produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos
com antecipação.
• Frutos percebidos – pertencem ao devedor
• Frutos pendentes e percebidos com antecipação – pertencem ao
credor, deduzido as despesas para seu custeio
Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos
colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de
perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.
• Todos os frutos pertencem ao credor, cabendo ao devedor apenas
a restituição da despesa.
Obrigação de dar coisa incerta
Art. 243. A coisa incerta será indicada, ao menos, pelo gênero e pela
quantidade.
Art. 244. Nas coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade, a
escolha pertence ao devedor, se o contrário não resultar do título da
obrigação; mas não poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a
prestar a melhor.
• O direito de escolha em via de regra cabe ao devedor, mas não
poderá dar a coisa pior, nem será obrigado a prestar a melhor
Art. 245. Cientificado da escolha o credor, vigorará o disposto na Seção
antecedente.
Art. 246. Antes da escolha, não poderá o devedor alegar perda ou
deterioração da coisa, ainda que por força maior ou caso fortuito.
Questão
OAB XXV 2018- Arlindo, proprietário da vaca Malhada,
vendeu-a a seu vizinho, Lauro. Celebraram, em 10 de janeiro
de 2018, um contrato de compra e venda, pelo qual Arlindo
deveria receber do comprador a quantia de R$
2.500,00, no momento da entrega do animal, agendada para
um mês após a celebração do contrato. Nesse interregno,
contudo, para surpresa de Arlindo, Malhada pariu dois bezerros.
Sobre os fatos narrados, assinale a afirmativa correta.
A. Os bezerros pertencem a Arlindo.
B. Os bezerros pertencem a Lauro.
C. Um bezerro pertence a Arlindo e o outro, a Lauro.
D. Deverá ser feito um sorteio para definir a quem pertencem
os bezerros.
OBRIGAÇÃO DE DAR COISA INCERTA
Denominada obrigação genérica, a expressão
obrigação de dar coisa incerta indica que a
obrigação tem por objeto uma coisa
indeterminada, pelo menos inicialmente, sendo ela
somente indicada pelo gênero e pela quantidade,
restando uma indicação posterior quanto à sua
qualidade que, em regra, cabe ao devedor. Na
verdade, o objeto obrigacional deve ser reputado
determinável, nos moldes do art. 104, inc. II, do
CC.
A título de exemplo, pode ser citada a hipótese
em que duas partes obrigacionais pactuam a
entrega de um animal que faz parte do
rebanho do vendedor (devedor da coisa).
Nesse caso, haverá a necessidade de
determinação futura do objeto, por meio de
uma escolha.
Assim, coisa incerta não quer dizer qualquer
coisa, mas coisa indeterminada, porém
suscetível de determinação futura.
A determinação se faz pela escolha,
denominada concentração, que constitui um ato
jurídico unilateral.
Assim, enuncia o art. 243 do atual Código Civil
que a coisa incerta será indicada, ao menos,
pelo gênero e pela quantidade.
O art. 244 do mesmo diploma civil expressa que nas
coisas determinadas pelo gênero e pela quantidade a
escolha ou concentração cabe ao devedor, se o
contrário não resultar do título da obrigação.
De qualquer forma, cabendo-lhe a escolha o devedor
não poderá dar a pior. Ademais, não será obrigado a
prestar a melhor.
Mais uma vez aplica-se o princípio da equivalência
das prestações, fixando-se o conteúdo da obrigação
no gênero médio ou intermediário. Em todo o
conteúdo do art. 244 do CC, valoriza-se a vedação
do enriquecimento sem causa (arts. 884 a 886 do
CC), sintonizada com a função social obrigacional e
com a boa-fé objetiva.
Se trata de norma de ordem pública, que não pode
ser afastada por vontade dos contratantes ou
negociantes.
Após a escolha feita pelo devedor, e tendo sido cientificado
o credor, a obrigação genérica é convertida em obrigação
específica (art. 245 do CC).
Com essa conversão, aplicam-se as regras previstas para a
obrigação de dar coisa certa (arts. 233 a 242 do CC),
outrora estudadas. Antes dessa concentração, não há que
se falar em inadimplemento da obrigação genérica, em
regra.
Obrigação de fazer
• Obrigação de fazer – obrigações positivas
• Obrigação de fazer Obrigação de Dar
• Tem como foco a prestação do serviço, ato
pactuado, sendo a entrega uma
consequência, diferenciando assim da
obrigação de dar, que possui foco na entrega ou
restituição da coisa.
Espécies de obrigação de fazer
Obrigação de fazer
Personalíssima Impessoal Emitir declaração
ou infungível ou fungível de vontade
Impossibilidade possibilidade não há prestação
de de apenas manifes-
terceiro terceiro tação de vontade
A obrigação de fazer (obligatio ad faciendum) pode ser
conceituada como uma obrigação positiva cuja
prestação consiste no cumprimento de uma tarefa ou
atribuição por parte do devedor.
Exemplos típicos ocorrem na prestação de serviço e
no contrato de empreitada de certa obra.
Em inúmeras situações a obrigação de fazer confunde-
se com a obrigação de dar, sendo certo que os seus
conteúdos são completamente diferentes.
Exemplifica-se com uma obrigação cuja prestação é um
quadro (obra de arte). Se o quadro já estiver pronto,
haverá obrigação de dar.
Caso o quadro seja encomendado, devendo ainda ser
pintado pelo devedor, a obrigação é de fazer.
A obrigação de fazer pode ser classificada da
seguinte forma, já constando os efeitos do
seu inadimplemento com culpa do devedor:
a ) Obrigação de fazer fungível, que é aquela que ainda pode ser
cumprida por outra pessoa, à custa do devedor originário, por sua
natureza ou previsão no instrumento. Havendo inadimplemento com
culpa do devedor, o credor poderá exigir:
1.º) O cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela específica,
com a possibilidade de fixação de multa ou astreintes (art. 497 do
CPC/2015 e art. 84 do CDC, o último havendo relação de consumo).
2.º) O cumprimento da obrigação por terceiro, à
custa do devedor originário, nos termos do que
dispõem os arts. 816 e 817 do CPC/2015.
3.º) Não interessando mais a obrigação de fazer,
o credor poderá requerer a sua conversão em
perdas e danos (art. 248 do CC).
b ) Obrigação de fazer infungível, que é aquela que tem natureza
personalíssima ou intuitu personae, em decorrência de regra constante
do instrumento obrigacional ou pela própria natureza da prestação. Em
casos de inadimplemento com culpa do devedor, o credor terá as
seguintes opções:
1.º) Exigir o cumprimento forçado da obrigação, por meio de tutela
específica, com a possibilidade de multa ou astreintes (mais uma vez
com base no art. 497 do CPC/2015 e no art. 84 do CDC, o último se a
relação for de consumo).
2.º) Não interessando mais a obrigação de fazer, exigir perdas e danos
(art. 247 do CC).
Por derradeiro, segundo o art. 248 do CC/2002, caso a
obrigação de fazer, nas duas modalidades, torne-se
impossível sem culpa do devedor, resolve-se a obrigação
sem a necessidade de pagamento de perdas e danos.
A título de exemplo, imagine-se a hipótese de falecimento
de um pintor contratado, que tinha arte única.
Inadimplemento da obrigação de fazer
personalíssima
• Quando estiver expresso que o devedor deverá realizar
pessoalmente a obrigação;
• Quando as qualidades do devedor forem essenciais para a
prestação;
• Diante do inadimplemento o devedor poderá vir a responder
por perdas e danos.
• Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o
devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele
exeqüível.
Obrigação de fazer impossível
• Obrigação de fazer tornou-se impossível, terá que
analisar a culpa do devedor
• Sem culpa – resolverá a obrigação
• Com culpa – responderá por perdas e danos
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem
culpa do devedor, resolver-se-á a obrigação; se por culpa
dele, responderá por perdas e danos.
Inadimplemento da obrigação de fazer
impessoal
• Poderá o credor solicitar judicialmente que terceiro
cumpra a custa do devedor, com possibilidade de
perdas e danos.
• Se for urgente a prestação, poderá acionar terceiro
independente de ação judicial, tendo esta a finalidade
de ressarcir os custos.
Art. 249. Se o fato puder ser executado por terceiro, será
livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor,
havendo recusa ou mora deste, sem prejuízo da
indenização cabível.
Parágrafo único. Em caso de urgência, pode o credor,
independentemente de autorização judicial, executar ou
mandar executar o fato, sendo depois ressarcido.
Obrigação de não fazer
Obrigação de não fazer – obrigação negativa
Abstenção Permissão
Não realizar Permitir que
Determinada o credor realize
Conduta determinada conduta
Contrato de confidencialidade, pelo qual alguém não pode
revelar informações, geralmente empresariais ou
industriais, de determinada pessoa ou empresa.
Alguns exemplos de obrigação de não fazer são:
•Não divulgar informações confidenciais;
•Não concorrer com outra parte;
•Não utilizar marcas registradas;
•Não construir acima de determinada altura;
•Não instalar ponto comercial em determinado local;
•Não divulgar conhecimento técnico para concorrente de ex-
empregador;
•Não sublocar o imóvel a outrem;
•Não exibir determinado programa.
Obrigação de não fazer impossível
• Se a obrigação de não fazer se tornou impossível, sem culpa do
devedor a obrigação se extingue.
Art. 250. Extingue-se a obrigação de não fazer, desde que, sem culpa
do devedor, se lhe torne impossível abster-se do ato, que se obrigou
a não praticar.
Uma obrigação de não fazer impossível é aquela que se torna
impossível de cumprir sem culpa do devedor. Nesse caso, a obrigação
é extinta.
Um exemplo de obrigação de não fazer impossível é quando um
estaleiro se obriga a não derrubar um trapiche e isso se torna
impossível por caso fortuito ou força maior.
Inadimplemento da obrigação de não
fazer
• Se o devedor inadimplir com sua obrigação, ou seja, realizar ato
que se obrigou a não fazer, terá que desfazer ou caso se negue,
será desfeito a suas custas, sendo está impossível de desfazer será
convertida em perdas e danos (vide parágrafo único art. 823 CPC).
Art. 251. Praticado pelo devedor o ato, a cuja abstenção se obrigara, o
credor pode exigir dele que o desfaça, sob pena de se desfazer à sua
custa, ressarcindo o culpado perdas e danos.
Parágrafo único. Em caso de urgência, poderá o credor desfazer ou
mandar desfazer, independentemente de autorização judicial, sem
prejuízo do ressarcimento devido.
Obrigações Cumulativas e Obrigações
alternativas
• São obrigações compostas ou complexa, ou seja, existe uma multiplicidade
de prestações, distinguindo-se das obrigações simples, onde só há uma
prestação.
• Nas Obrigações cumulativas as prestações presentes estão interligadas
pelo “e”, ou seja, a necessidade da efetiva prestação de todas as
obrigações.
• Nas Obrigações alternativas as prestações estão interligadas pelo
“ou”, ou seja, a possibilidade de prestar qualquer uma das
obrigações.
Exemplos de obrigações cumulativas:
•Pagar uma quantia e entregar um bem
•O credor se obriga a fazer algo, e depois o devedor paga
Exemplos de obrigações alternativas:
•Entregar um carro ou uma mota
•O Estado fornecer ao cidadão medicamento de
determinada marca ou genérico de propriedades
semelhantes
Direito de escolha da obrigação
alternativa
Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao
devedor, se outra coisa não se estipulou.
§ 1 o Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte
em uma prestação e parte em outra.
§ 2 o Quando a obrigação for de prestações periódicas, a
faculdade de opção poderá ser exercida em cada período.
§ 3 o No caso de pluralidade de optantes, não havendo
acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo
por este assinado para a deliberação.
§ 4 o Se o título deferir a opção a terceiro, e este não
quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se
não houver acordo entre as partes.
Da impossibilidade de cumprir
prestação alternativa
• Se apenas uma das prestações se tornou impossível a
obrigação do devedor permanece sobre a outra
prestação.
• Contudo, se todas as prestações se tornaram impossível
sem culpa do devedor, resolverá a obrigação.
Art. 253. Se uma das duas prestações não puder ser objeto
de obrigação ou se tornada inexeqüível, subsistirá o débito
quanto à outra.
Art. 256. Se todas as prestações se tornarem impossíveis
sem culpa do devedor, extinguir-se-á a obrigação.
Da impossibilidade de cumprir
prestação alternativa
• Se a impossibilidade de cumprir todas as obrigações
alternativas se deu por culpa do devedor, ficará este
obrigado a pagar o valor da última que se
impossibilitou, acrescidos de perdas e danos.
Art. 254. Se, por culpa do devedor, não se puder cumprir
nenhuma das prestações, não competindo ao credor a
escolha, ficará aquele obrigado a pagar o valor da que por
último se impossibilitou, mais as perdas e danos que o
caso determinar.
• Obs. Até o momento todas as hipóteses eram de
escolha do devedor, ou seja, o artigo 253,254 e 256, o
direito de escolha era do devedor.
Da impossibilidade de cumprir prestação
alternativa com direito de
escolha pelo credor
• Se a escolha era do credor e apenas uma se tornou
impossível, caberá ao credor receber a que permanece,
ou exigir o valor da outra, acrescidos de perdas e danos.
• Se ambas se tornaram impossíveis, o credor poderá
reclamar o valor de qualquer uma das prestações,
acrescidos de perdas e danos.
Art. 255. Quando a escolha couber ao credor e uma das
prestações tornar-se impossível por culpa do devedor, o
credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou o
valor da outra, com perdas e danos; se, por culpa do
devedor, ambas as prestações se tornarem inexeqüíveis,
poderá o credor reclamar o valor de qualquer das duas,
além da indenização por perdas e danos.
Referências Bibliográficas
• BRASIL. Lei n. 10.406, 10 de janeiro de 2002. Código Civil.
• GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: Teoria
Geral das Obrigações. Saraiva Educação S.A. São Paulo,
2021.
• PAMPLONA FILHO, Rodolfo; GAGLIANO, Pablo StolzeNovo
Curso de Direito Civil 2 - Obrigações. Saraiva Educação S.A.
São Paulo, 2021.
• DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro:
Teoria Geral das Obrigações. Saraiva Educação S.A. São
Paulo, 2021.