FARMACOEPIDEMIOLOGIA
FARMACOEPIDEMIOLOGIA
Primeira Era: Até meados do século XX, a avaliação de medicamentos era baseada em experiências
pessoais e amostras limitadas, sem vigilância pós-comercialização. Medicamentos eram lançados sem
avaliação rigorosa, como a aspirina, que foi "testada" de forma rudimentar.
Segunda Era: Essa fase trouxe uma abordagem mais rigorosa, com a introdução de ensaios clínicos
randomizados e duplo-cegos, minimizando a subjetividade e a confusão. Tornou-se o padrão-ouro para
avaliação de medicamentos, com ênfase na medicina baseada em evidências. Um marco foi o ensaio de
1948 que demonstrou a eficácia da estreptomicina para tuberculose.
Terceira Era: Sobrepondo-se à segunda, esta era reconhece a importância da avaliação em ambientes de
uso real. A farmacoepidemiologia emerge dessa conscientização, focando na utilização prática e nos
efeitos dos medicamentos na população.
A avaliação clínica de medicamentos antes da aprovação segue uma metodologia rigorosa, com ensaios
clínicos divididos em três fases:
Fase III: Realizada em ensaios multicêntricos. (estudo realizado de acordo com um único
protocolo, em mais de um centro de ensaio e/ou em mais do que um país)
Monitoramento da automedicação.
Métodos em Farmacoepidemiologia
Transversal: Coleta dados de um único momento, oferecendo uma "fotografia" de uma situação
atual.
Exemplo: Estudo de reações adversas a medicamentos (RAM) usando o método caso/não caso.
Esse método analisa a desproporcionalidade entre o número de RAM associado a um
medicamento específico e a média de RAM de outros medicamentos. Essa validação inicial
pode ser seguida por estudos mais rigorosos, como caso-controle ou coorte, para confirmar os
achados.
Essas abordagens complementares permitem uma análise abrangente da segurança e eficácia dos
medicamentos na prática clínica.
CASO CONTROLE: Permite medir a associação entre um fármaco e um evento (desejável ou não)
indetectável durante os ensaios clínicos. Os estudos de caso-controle incluem primeiro os casos para a
análise. Eles permitem especialmente a detecção de eventos raros ou de início tardio.
Foco: Avalia a eficácia a longo prazo dos medicamentos em condições reais, considerando
critérios clínicos, como:
o Diminuição da morbidade.
o Diminuição da mortalidade.
O uso racional de medicamentos pode ser definido como a prescrição do medicamento certo, em dose
suficiente para a duração apropriada e adequada às necessidades clínicas dos pacientes, ao menor custo.
mas a realidade mostra que o uso irracional é comum, com mais de 50% dos medicamentos prescritos
de forma inadequada. Isso impacta significativamente os orçamentos de saúde, com os medicamentos
representando de 10% a 40% desses gastos, dependendo do país. Embora o uso racional tenha se
tornado mais importante, a literatura revela que muitos pacientes ainda não utilizam os medicamentos
de forma adequada.
motivos que levam ao uso irracional dos medicamentos: Pouca informação sobre os medicamentos.
Treinamento e educação defeituosos e insuficientes dos profissionais da saúde. Comunicação
desprivilegiada entre profissionais da saúde e pacientes Ausência de serviços de diagnósticos. Insistência
do paciente. Sistema de fornecimento de medicamentos abaixo do padrão e sem regulamentação.
Marketing promocional das indústrias farmacêuticas.
Uso de muitos medicamentos por paciente (polimedicação). Uso inadequado de antimicrobianos, muitas
vezes em condições inadequadas de doses e para infecções não bacterianas. Uso excessivo de injeções
quando as formulações orais seriam mais apropriadas. Falha em prescrever de acordo diretrizes clínicas.
Automedicação inadequada, muitas vezes sem orientação.
As razões para o uso irracional de medicamentos incluem falta de conhecimento, fácil acesso a
medicamentos, sobrecarga dos profissionais de saúde, promoção inadequada e preços elevados. Apesar
dos avanços recentes na promoção do uso racional, é crucial quantificá-lo e garantir que essa abordagem
seja aplicada em todas as situações médicas. Isso é vital para melhorar o acesso a cuidados de saúde e
garantir os direitos humanos relacionados à saúde.
A falta de acesso a medicamentos e doses inadequadas podem causar sérias consequências de saúde,
especialmente em doenças crônicas, resultando em alta morbidade e mortalidade. O uso excessivo e
inadequado pode levar a reações adversas e aumentar a demanda por medicamentos desnecessários,
afetando o estoque para outros pacientes.
Para combater o uso irracional, é essencial monitorar a prescrição, dispensação e uso de medicamentos,
focando em três aspectos: tipos e quantidades de uso irracional, e razões subjacentes para esses
padrões. Métodos estabelecidos na literatura podem ajudar a medir e entender esses problemas,
permitindo o desenvolvimento de estratégias eficazes.
Um órgão nacional para multidisciplinar é crucial coordenar políticas de uso racional de medicamentos,
abordando fatores sociais e do sistema de saúde. Esse órgão deve implementar regulamentações, como
a ANVISA, e envolver o governo, profissionais de saúde, academia, indústria farmacêutica, grupos de
consumidores e ONGs. A eficácia das intervenções aumenta quando são realizadas de forma
coordenada, pois ações isoladas geralmente têm impacto limitado. Isso destaca a necessidade de uma
abordagem colaborativa na promoção do uso racional de medicamentos.
As diretrizes clínicas são orientações sistemáticas que auxiliam prescritores na escolha de tratamentos
adequados para condições específicas, sendo essenciais para promover o uso racional de medicamentos.
Elas oferecem referências de diagnóstico e tratamento, permitindo comparações com outras opções. As
diretrizes são eficazes porque são desenvolvidas de forma participativa, são de fácil leitura, e são
acompanhadas de treinamento e ampla divulgação. Além disso, são reforçadas por auditorias de
prescrição. Devem ser elaboradas para todos os níveis de atendimento, considerando as condições
clínicas prevalentes e as habilidades dos prescritores, com recomendações baseadas em evidências e
atualizações regulares para garantir credibilidade e aceitação.
Medicamentos essenciais são aqueles que atendem às principais necessidades de saúde da população.
Uma lista de medicamentos essenciais (LME) facilita o gerenciamento, compras, armazenamento e
prescrição, simplificando o trabalho dos profissionais. A LME nacional deve ser baseada em diretrizes
clínicas e servir como base para listas em estados e municípios. A seleção dos medicamentos é feita por
um comitê central, usando critérios acordados que consideram eficácia, segurança, qualidade, custo e
relação custo-benefício. As LME devem ser atualizadas regularmente, com sua utilização acompanhada
por lançamentos oficiais, treinamento e divulgação.
As Comissões de Farmácia e Terapêutica (CFT) são grupos responsáveis por garantir a segurança e
eficácia no uso de medicamentos, promovendo seu uso racional e econômico, especialmente em
hospitais. O sucesso das CFTs depende de objetivos claros, apoio da alta direção, transparência,
representação diversificada, competência técnica e recursos adequados. No Brasil, além dos hospitais, as
CFTs também atuam em órgãos do SUS, como o Ministério da Saúde e Secretarias de Saúde.
A informação sobre medicamentos que os médicos recebem frequentemente é fornecida pela indústria
farmacêutica, o que pode ser tendencioso. Portanto, informações imparciais são essenciais, sendo os
Centros de Informação de Medicamentos (CIM) e boletins de medicamentos duas formas eficazes de
divulgação. Esses serviços podem ser geridos pelo governo, hospitais universitários ou ONGs, sempre
sob a supervisão de profissionais de saúde treinados.
Para promover o uso racional de medicamentos, além das práticas já mencionadas, podem ser
implementadas várias estratégias, como:
- Treinamento em farmacoterapia na graduação e educação continuada para profissionais de saúde.
- Regulamentação obrigatória.
Organizações que promovem a saúde e o uso racional de medicamentos incluem o governo, que realiza
investigações e avalia programas, e a OMS, que recomenda ações e coordena esforços regionais. ONGs
também desempenham um papel importante ao interpretar dados e envolver a população.
- Lidar com excessos da indústria farmacêutica para reduzir seu impacto negativo.
Essas ações visam garantir um uso mais seguro e eficaz de medicamentos em benefício da saúde pública.
Modulo 3
O Brasil é o 5º maior país e 10ª maior economia do mundo, com uma população de mais de 209,5
milhões, 81% vivendo em áreas urbanas. A expectativa de vida média é de 76,3 anos, com um aumento
na população idosa e no surgimento de doenças crônicas, como doenças cardíacas e diabetes, que são
responsáveis por quase 27% das mortes. Apesar da diminuição das doenças infecciosas, elas ainda
impactam, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece cobertura integral a todos os cidadãos e é descentralizado, com
a gestão da saúde em nível municipal. A coleta de dados é realizada pelo DATASUS, e a evolução do
sistema de saúde no Brasil tem se intensificado desde a década de 1990, culminando na criação do SUS
em 1988, que estabeleceu a saúde como um direito universal.
Historicamente, a partir dos anos 1970, houve esforços para organizar a política de saúde, levando à
Reforma Sanitária e à definição de princípios que guiam o SUS. A informatização no setor de saúde tem
avançado, mas ainda enfrenta desafios, especialmente no setor privado, onde menos de 7% dos
hospitais têm sistemas de informação.
Os sistemas de informação em saúde no Brasil têm sido fragmentados, mas estão se integrando com
iniciativas do Ministério da Saúde. Estatísticas de mortalidade são frequentemente mais confiáveis do
que as de morbidade, e eventos significativos na década de 1970, como a regulamentação do registro
civil e a criação de sistemas de informação, foram cruciais para o desenvolvimento do setor. Hoje, o
Ministério da Saúde e outras fontes complementares produzem dados importantes para entender a
saúde da população.
O DATASUS é a divisão de informática do SUS, responsável por coordenar a implantação do Sistema
Nacional de Informação em Saúde. Sua missão inclui auxiliar estados e municípios na utilização da
informática, proteger as bases de dados nacionais de informação sanitária, disponibilizar dados ao
público e definir padrões para o intercâmbio de informações entre os sistemas de saúde público e
privado. Os principais usuários do DATASUS são: secretarias e conselhos de saúde federais, estaduais e
municipais; funcionários de unidades de saúde, universidades e centros de pesquisa; órgãos de
fiscalização; instituições judiciais e policiais; sociedade civil; ONG; imprensa; e cidadãos.
O fluxo de informações em saúde inicia na unidade de atendimento, onde os dados são coletados
manualmente ou por software do DATASUS. Esses dados são enviados à Secretaria Municipal de Saúde,
que os digita e encaminha à Secretaria Estadual de Saúde. Esta última agrega as informações do estado,
utilizando softwares do DATASUS, e envia os dados para a própria entidade. O DATASUS também
disponibiliza software e acesso ao banco de dados nacional pela internet. Além disso, desenvolveu
diversos sistemas de informação para facilitar esse processo: O Sistema de Informação sobre
Mortalidade (SIM) foi implementado em 1975, inspirado em experiências bem-sucedidas de estados
como Rio Grande do Sul e São Paulo. O SIM visa criar um quadro epidemiológico nacional e desenvolveu
um formato padrão para a declaração de óbito, adotado em todo o Brasil. Desde sua criação, o
Ministério da Saúde é responsável pela coleta e publicação regular de dados sobre mortalidade no país.
O Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) foi instituído pelo Ministério da Saúde em 1990
para coletar informações epidemiológicas sobre todos os nascidos vivos no Brasil. O sistema utiliza a
declaração de nascido vivo, padronizada em todo o país, que é preenchida tanto para partos hospitalares
quanto domiciliares. Além de sua função estatística, essa declaração ajuda a localizar mães e recém-
nascidos, facilitando o planejamento de ações de saúde. As informações do SINASC são particularmente
úteis para analisar e apoiar intervenções na saúde materno-infantil, como acompanhamento da gravidez
e cuidados com recém-nascidos.
O Sistema de Notificação de Agravos de Notificação (SINAN) foi implementado a partir de 1993 como
parte da vigilância epidemiológica no Brasil, regulamentado pela Lei 6.259 de 1975. Seu objetivo é
coletar, transmitir e divulgar dados sobre doenças e agravos listados como de notificação obrigatória,
recebidos de relatórios e investigações nas três esferas de governo. Os dados são registrados, por
exemplo, na folha de investigação de caso individual. O SINAN possibilita uma análise dinâmica das
doenças na população, ajudando a identificar riscos e oferecendo explicações causais, o que contribui
para um entendimento mais abrangente das condições epidemiológicas em diferentes regiões do país.
O Sistema de Informação Hospitalar (SIH) foi criado em 1976 pelo Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS) com foco no gerenciamento financeiro dos pagamentos de serviços intra-hospitalares. Além
de sua função original, o SIH também é utilizado para fins epidemiológicos. O principal documento de
entrada é a Autorização de Internação Hospitalar (AIH), que reúne dados sobre internações no Sistema
Único de Saúde (SUS) em todo o país.
O VigiMed é um sistema eletrônico disponibilizado pela ANVISA desde dezembro de 2018, destinado a
coletar informações sobre eventos adversos relacionados a medicamentos e vacinas no Brasil. O sistema
permite à ANVISA avaliar e monitorar esses eventos para minimizar riscos e aumentar a segurança no
uso de medicamentos. Vantagens incluem um fluxo melhor de notificações, modernização das
funcionalidades e facilitação na divulgação de dados. O VigiMed substituiu o Notivisa para eventos
adversos, enquanto este último continua a ser utilizado para queixas técnicas sobre qualidade. O foco é
garantir a qualidade, segurança e eficácia dos medicamentos e vacinas.
A prevalência é uma medida que indica a frequência de casos existentes de uma doença em uma
população em um determinado momento. Ela é calculada pela soma dos casos antigos e novos (casos
incidentes) em um período específico. A prevalência é influenciada pela incidência e é especialmente útil
para identificar a necessidade de recursos e estratégias de saúde, principalmente em relação a doenças
crônicas ou de longa duração. Medir a prevalência permite a formulação de ações terapêuticas e
diagnósticas que beneficiam populações vulneráveis.
Os indicadores em saúde são cruciais para a avaliação das condições de saúde da população e o
planejamento de ações em saúde. Eles podem ser positivos, relacionados à expectativa de vida, ou
negativos, refletindo taxas de mortalidade. Além disso, podem ser gerais ou específicos, considerando
variáveis como sexo, idade e causa.
**Indicadores de Mortalidade:**
- **Taxa de Mortalidade Geral (TMG)**: Mede o número total de óbitos em relação à população total,
refletindo a saúde coletiva.
- **Taxa de Mortalidade Específica (TME)**: Avalia o risco de óbito em grupos específicos da população,
como por faixa etária, causa ou gênero.
Os estudos em Epidemiologia são fundamentais para investigar questões de saúde em populações. Eles
se dividem em dois tipos principais: estudos experimentais, onde o investigador realiza intervenções, e
estudos observacionais, onde não há intervenção.
Estudos Observacionais
1. Descritivos:
2. Analíticos:
Estudos Experimentais
Esses métodos são cruciais para entender e melhorar a saúde da população, formulando e testando
hipóteses sobre a relação entre fatores de risco e doenças.
A pesquisa epidemiológica busca identificar relações causais entre exposições e desfechos. As principais
medidas de associação incluem:
1. Risco Relativo (RR): Compara o risco de desenvolver uma doença entre expostos e não
expostos.
2. Razão de Chances (RC): Mede a chance de um evento ocorrer em um grupo em relação ao
outro.
3. Risco Atribuível (RA): Indica a proporção de casos que podem ser atribuídos a uma exposição
específica.
4.
6. Número Necessário para Tratar (NNT): Quantidade de pacientes que precisam ser tratados para
prevenir um evento adverso.
7. Número Necessário para Causar Efeito Colateral (NNEC): Quantidade de pacientes que
precisam ser tratados para observar um efeito colateral.
8. A redução absoluta de risco (RAR) expressa a redução do risco no grupo que sofreu a
intervenção (no caso do nosso estudo hipotético, a intervenção de interesse é utilizar o novo
medicamento) em relação ao grupo controle
9. número necessário para causar dano ou efeito colateral (NND) serve para definir quantos
indivíduos deverão sofrer exposição a determinado fator de risco em um período e que tenha a
capacidade de causar algum dano. Em termos práticos, o NND, a partir do total de pessoas
tratadas, estipula em quantas haverá a manifestação de um evento adverso
- **Diferença do Risco Relativo (RR)**: A OR foca nas chances, enquanto o RR considera a probabilidade.
A OR é calculada pela razão das odds de exposição entre casos e controles, sendo útil quando não é
prático calcular o risco diretamente.
Princípios e Fases
Fases: Após estudos pré-clínicos, os ensaios clínicos são geralmente classificados em quatro
fases, cada uma com objetivos específicos, incluindo a avaliação em larga escala e a
comparação com tratamentos padrão.
Grupos: Um grupo recebe o novo tratamento (intervenção) e o outro atua como controle,
recebendo o tratamento padrão.
Tamanho da Amostra: Deve ser suficiente para garantir resultados robustos e poder estatístico,
permitindo que os achados sejam aplicáveis na prática clínica.
Ética nos Estudos: Ensaios clínicos devem seguir diretrizes éticas rigorosas, como a Declaração
de Helsinki, e serem aprovados por um Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Consentimento
informado é essencial.
Revisões Sistemáticas e Metanálises
Metanálise: Técnica estatística que combina dados de estudos similares, proporcionando uma
estimativa quantitativa da eficácia da intervenção.
Para realizar uma revisão sistemática, deve-se primeiramente elaborar uma pergunta de
pesquisa que guiará a busca por estudos clínicos relevantes em diferentes bases de dados. A
seleção dos artigos deve ser baseada nessa pergunta e na similaridade das metodologias
empregadas. Após a seleção, procede-se à extração de dados e à análise da qualidade dos
estudos. A metanálise é então realizada para sintetizar os dados dos artigos escolhidos,
avaliando as evidências. Por fim, os resultados da revisão sistemática são compilados,
desenvolvidos, redigidos e publicados.
Farmacovigilância
Os bancos de dados administrativos não são amplamente utilizados, mas podem ser vantajosos ao
aproveitar dados existentes. Na Europa, o relato espontâneo é frequentemente o único método aplicado
devido ao baixo custo, enquanto o monitoramento prospectivo também é comum. Nos EUA, métodos
computadorizados e a análise de grandes bancos de dados de seguros são prevalentes.
Atualmente, não há formação específica para profissionais de saúde sobre monitoramento prospectivo
ou intensivo para RAM. Contudo, com a RDC 36/2013 da ANVISA, os hospitais brasileiros são obrigados a
notificar RAM e outros eventos adversos em sistemas oficiais, como NOTIVISA e VIGIMED.
- **Queixa Técnica:** Notificação sobre irregularidades de produtos que podem afetar a saúde.
Embora o sistema de notificação espontânea seja vital, ele possui limitações que exigem métodos
complementares. As **ferramentas de gatilho** foram identificadas como eficazes na detecção de
RAM, sendo 50 vezes mais eficazes que o sistema de notificação espontânea. Essas ferramentas
automatizam a detecção de RAM a partir dos prontuários dos pacientes, permitindo uma análise mais
precisa e rápida.
### Farmacoepidemiologia
O relatório "Errar é Humano" destaca que aproximadamente 98.000 mortes anuais nos EUA são
atribuídas a erros de assistência em saúde. A OMS, em 2004, enfatizou a necessidade de programas de
segurança do paciente, e o Brasil lançou o **Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)** em
2013.
A segurança do paciente foi discutida pela primeira vez na Assembleia Mundial da Saúde em 2002.
Desde então, várias iniciativas foram lançadas, focando em:
- Estímulo à pesquisa.
Os erros de medicação são uma das principais causas de lesões evitáveis nos sistemas de saúde, com um
custo global estimado em US $ 42 bilhões anuais. Eles podem ocorrer em qualquer etapa do processo de
uso de medicamentos, sendo frequentemente exacerbados por sistemas fracos e fatores humanos,
como fadiga e falta de pessoal.
A OMS lançou o **Desafio Global para a Segurança do Paciente: Medicação sem Dano**, visando
envolver os Estados Membros e organizações profissionais para reduzir danos associados à medicação. O
objetivo é abordar os obstáculos atuais para garantir práticas de medicação seguras e eficazes.
Gravidade do Problema
Práticas inseguras e erros de medicação são causas principais de danos evitáveis na saúde global,
destacando-se por:
Fatores Humanos: Erros ocorrem devido a sistemas de medicação fracos e fatores humanos
como fadiga e ambiente inadequado, afetando as etapas de prescrição, transcrição,
dispensação, administração e monitoramento.
Desigualdade Global: Pacientes em países de baixa renda enfrentam um risco duas vezes maior
de danos devido a medicamentos em comparação aos de alta renda.
Custos Elevados: O custo global estimado associado a erros de medicação é de US$ 42 bilhões
anuais.
O Desafio visa fortalecer sistemas e práticas que possam promover ações corretivas em diversos países,
com os seguintes objetivos específicos:
3. Avaliar Danos Evitáveis: Avaliar o escopo e a natureza dos danos associados a medicamentos,
além de fortalecer sistemas de monitoramento para detectar e rastrear esses danos.
Problemas Fundamentais
As ações prioritárias propostas pelo Desafio visam proteger os pacientes em três áreas principais:
Conclusão
O terceiro Desafio Global para a Segurança do Paciente se propõe a ser um catalisador para mudanças
significativas na segurança do uso de medicamentos, visando a implementação de práticas seguras e a
redução de danos evitáveis em todo o mundo. A mobilização global e o compromisso de todos os
envolvidos são fundamentais para o sucesso deste esforço.
História da Farmacovigilância
A Tragédia da Talidomida
A talidomida, que começou a ser comercializada no final dos anos 1950, era amplamente utilizada como
um medicamento para tratar náuseas, dores de cabeça e insônia. Especialmente famosa por seu efeito
antiemético, tornou-se um tratamento comum para o enjoo matinal durante a gravidez. Contudo, logo
após sua introdução no mercado, foram relatados milhares de casos de malformações congênitas graves,
como a focomelia, em bebês cujas mães haviam usado o medicamento durante a gestação. Essa tragédia
expôs a necessidade urgente de sistemas robustos de farmacovigilância para monitorar e garantir a
segurança dos medicamentos.
Em resposta à crise gerada pela talidomida, em 1961, a Organização Mundial da Saúde (OMS)
reconheceu a necessidade de esforços internacionais focados na segurança de medicamentos. A
Farmacovigilância é definida pela OMS como “a ciência e atividades relativas à detecção, avaliação,
compreensão e prevenção de eventos adversos ou quaisquer outros problemas relacionados a
medicamentos” (WHO, 2005).
A 16ª Assembleia Mundial da Saúde, realizada em 1963, adotou uma resolução que enfatizava a
importância da comunicação rápida sobre reações adversas a medicamentos, o que levou à criação do
Projeto de Pesquisa Piloto para a Monitorização Internacional de Medicamentos da OMS, em 1968.
Desde 1978, o Programa Internacional de Monitorização de Medicamentos é coordenado pelo Uppsala
Monitoring Centre (UMC), na Suécia, e atualmente abrange mais de 140 países.
Reconhecendo a importância de medir o uso de medicamentos para iniciar a batalha pelo uso racional, a
OMS organizou em 1969 o primeiro encontro sobre consumo de medicamentos na Noruega. Esse
encontro ressaltou a necessidade de um método padronizado e aplicável internacionalmente para a
realização de estudos de utilização de medicamentos. Isso levou ao desenvolvimento do sistema de
Classificação Anatômica Terapêutica Química (ATC) e à unidade de medida Dose Diária Definida (DDD),
que continuam a ser utilizados amplamente.
Conclusão
A história da farmacovigilância, impulsionada por tragédias como a da talidomida, destaca a importância
da segurança no uso de medicamentos. As iniciativas internacionais e o desenvolvimento de sistemas de
monitoramento e avaliação são fundamentais para garantir a proteção dos pacientes e promover o uso
racional de medicamentos no mundo todo. A farmacovigilância continua a evoluir, adaptando-se às
necessidades e desafios da saúde pública contemporânea.
Os estudos de utilização de medicamentos foram definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
em 1977 como “estudos que tratam da comercialização, distribuição, prescrição e uso de medicamentos
na sociedade, com ênfase especial sobre as consequências médicas, sociais e econômicas resultantes”
(OMS, 1977). Em 2008, uma definição mais abrangente foi proposta, descrevendo-os como uma
“coleção eclética de métodos descritivos e analíticos para a quantificação, compreensão e avaliação dos
processos de prescrição, dispensação e consumo de medicamentos e para o teste de intervenções que
objetivem aumentar a qualidade destes processos” (WETTERMARK et al., 2016).
De acordo com a OMS, o principal objetivo dos estudos de utilização de medicamentos é facilitar o uso
racional de medicamentos nas populações. O uso racional de medicamentos é definido pela OMS (Brasil,
s.d.) como:
"O uso racional de medicamento ocorre quando pacientes recebem medicamentos para suas condições
clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor
custo para si e para a comunidade."
Padrões de Prescrição: Quais medicamentos são mais frequentemente prescritos e quais são as
justificativas para essa escolha?
Adesão ao Tratamento: Qual é a taxa de adesão dos pacientes aos tratamentos prescritos?
Efeitos Colaterais e Interações Medicamentosas: Quais são os efeitos adversos mais comuns e
como as interações entre medicamentos afetam a eficácia do tratamento?
Custos: Quais são os custos associados ao uso de medicamentos para os pacientes e o sistema
de saúde?
Essas questões são cruciais para o desenvolvimento de estratégias que promovam a qualidade no uso de
medicamentos, assegurando que a terapia medicamentosa seja eficaz e segura para a população. O
entendimento e a avaliação contínua dos padrões de utilização de medicamentos ajudam a identificar
áreas que necessitam de intervenção e a promover políticas de saúde mais efetivas.
A pandemia destacou como o uso irracional de medicamentos pode ser exacerbado em situações de
emergência, muitas vezes pela falta de diretrizes claras e de evidências robustas. Isso resultou em um
aumento do uso de medicamentos sem comprovação, reforçando a necessidade de práticas baseadas
em evidências e da disseminação de informações confiáveis para guiar tanto profissionais de saúde
quanto o público em geral.
Portanto, os EUM são essenciais para otimizar o uso de medicamentos, ajudando a garantir que sejam
prescritos e utilizados de maneira segura, eficaz e racional, minimizando os riscos e maximizando os
benefícios para a saúde da população.
A Prática Baseada em Evidências (PBE) é uma abordagem que integra a experiência clínica do
profissional de saúde com os melhores dados disponíveis da pesquisa científica para tomar decisões de
tratamento mais eficazes. A PBE exige um compromisso das instituições em promover as melhores
práticas e garantir acesso a bases de dados atualizadas. Depender apenas da experiência pessoal pode
levar a erros sistemáticos e comprometer a qualidade do cuidado. Ao utilizar evidências científicas
confiáveis, os profissionais aumentam a efetividade terapêutica, reduzem erros e fazem uma gestão mais
racional dos recursos. A PBE orienta os profissionais a refletirem criticamente sobre suas ações,
perguntando-se: "O que é melhor fazer, para este paciente, nesta situação específica?". O Sistema de
Classificação Anatômica Terapêutica Química (ATC) organiza os fármacos em grupos com base no órgão
ou sistema que eles afetam e suas propriedades químicas, farmacológicas e terapêuticas. Esse sistema é
dividido em cinco níveis:
1. Primeiro nível: 14 grupos principais que indicam o órgão ou sistema em que o fármaco age.
Fármacos podem receber múltiplos códigos no sistema ATC, dependendo de seus diferentes usos
terapêuticos. Esse sistema é utilizado em diversos países, como no Brasil na Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais (RENAME). A ATC é atualizada regularmente, e a consulta à versão mais
recente da OMS é essencial para estudos sobre o uso de medicamentos.
A Dose Diária Definida (DDD) é a dose média de manutenção diária de um fármaco utilizada para sua
principal indicação em adultos. É uma unidade de medida padronizada que permite a comparação de
consumo de medicamentos independentemente de variáveis como preço, tamanho da embalagem ou
concentração do fármaco. A DDD é associada ao quinto nível da classificação ATC.
Esse sistema é essencial para medir e comparar o uso de medicamentos em diferentes contextos e
períodos.
O conceito de Dose Diária Definida (DDD) ajuda a medir o consumo de medicamentos como antibióticos
em unidades de terapia intensiva (UTI). No exemplo fornecido, o consumo de meropeném foi de 4.500
frascos de 1g, resultando em 4.500g utilizados. A DDD para o meropeném é de 3g, portanto, o consumo
em DDD é 1.500 DDD (4.500g / 3g). Isso estima 1.500 dias de tratamento com meropeném na UTI.
Entretanto, a DDD oferece uma estimativa baseada em doses médias e, portanto, não reflete variações
de dosagens individuais, como doses maiores para infecções graves ou doses menores para pacientes
com insuficiência renal. Assim, a DDD é mais útil para medicamentos de uso crônico ou para quando as
indicações terapêuticas e posologias não variam muito.
Essa metodologia de normalização permite comparações mais claras entre diferentes hospitais ou
unidades.
Como farmacêutico, sua tarefa é explicar a metodologia usada e analisar os dados sobre o uso de
antimicrobianos, destacando suas limitações. A equipe utilizará esse conhecimento junto com sua
experiência para desenvolver estratégias de intervenção. A OMS e a ANVISA recomendam a
implementação do gerenciamento de antimicrobianos (Antibiotic Stewardship) nas instituições de saúde.
A métrica DOT, recomendada pelo CDC, contabiliza um dia de terapia para cada dose de antimicrobiano
recebida em 24 horas. Por exemplo, se um paciente está em tratamento com três antimicrobianos por
10 dias, contabiliza-se 30 DOTs (10 DOTs para cada fármaco).
Exemplo Prático: Se, na UTI clínica do Hospital A, um paciente recebe 6 g de meropeném diariamente
(em vez de 3 g, que corresponde à DDD), a contagem da DDD superestima o uso do antibiótico. Com a
métrica DOT, se todos os pacientes da UTI recebem 6 g/dia, o consumo real de meropeném seria de 250
DOTs para 1.000 pacientes-dia, significando que 25% dos pacientes recebem o antibiótico a cada dia, em
contraste com os 50% estimados pela DDD.
Um DOT corresponde a um dia de tratamento, enquanto uma DDD é uma estimativa de um dia de
tratamento.
Farmacoeconomia
A Farmacoeconomia surgiu da necessidade de entender como os recursos em saúde são utilizados para
satisfazer o consumo ilimitado de bens e serviços. A economia, nesse contexto, é vista como o estudo da
relação entre a produção e o consumo. Inicialmente, até a década de 1980, os estudos econômicos na
saúde utilizavam ferramentas tradicionais, como análise de oferta e demanda, para informar políticas
governamentais sobre reembolso de serviços e medicamentos.
Com o advento do movimento de saúde baseada em evidências, a partir da década de 1980, começou
uma pressão crescente para que medicamentos e terapias comprovassem sua eficácia, tanto do ponto
de vista clínico quanto econômico. Em 1993, na Austrália, foi estabelecido que as empresas
farmacêuticas deveriam apresentar um estudo econômico ao introduzir novos medicamentos para
consideração de reembolso. Esse padrão se espalhou para outras regiões, como Ontário no Canadá, e
mais tarde, para a Holanda.
A Farmacoeconomia se consolidou como uma disciplina que aplica princípios econômicos ao estudo da
utilização e eficácia dos medicamentos. A partir desse contexto, muitos profissionais da área da saúde,
especialmente farmacêuticos e médicos, começaram a migrar para essa nova disciplina. Com isso, a
Farmacoeconomia começou a incorporar novas ideias e métodos provenientes de áreas como farmácia,
epidemiologia, medicina clínica e psicologia. Assim, a Farmacoeconomia pode ser entendida como a
descrição e análise dos custos associados à terapia medicamentosa, identificando e comparando custos
e consequências dos produtos e serviços farmacêuticos.
2. Avaliação Econômica da Saúde: Esta vertente é muito mais ativa e multidisciplinar, absorvendo
profissionais de diversas áreas, incluindo farmacêuticos e médicos. A avaliação econômica da
saúde lida com o uso de medicamentos, a qualidade de vida e a medição dos custos de forma
adaptada às estruturas econômicas básicas.
Gerenciamento de formulários
Desenvolvimento de diretrizes para uso de medicamentos
No Sistema Único de Saúde (SUS), onde existe a diretriz de acesso universal, a Farmacoeconomia se
torna fundamental devido ao orçamento limitado. Ela oferece ferramentas para que gestores tomem
decisões informadas sobre intervenções ou tratamentos baseados em dados econômicos.
Com o aumento dos gastos com medicamentos em países de baixa e média renda, a Farmacoeconomia
se torna uma ferramenta crítica para:
Evolução da Farmacoeconomia
Marco Histórico
Equação da Farmacoeconomia
Se apenas os custos forem considerados, trata-se de uma análise de custo (análise econômica
parcial).
Se apenas os resultados forem avaliados, é um estudo clínico, não uma análise econômica.
A pesquisa de resultados busca identificar, medir e avaliar as consequências dos serviços de saúde,
incluindo aspectos clínicos, econômicos, estado de saúde do paciente e satisfação com o atendimento.
Embora a Farmacoeconomia seja um tipo de pesquisa de resultados, nem todas as pesquisas de
resultados são farmacoeconômicas.
Existem quatro tipos de análises farmacoeconômicas que seguem um modelo semelhante, medindo
custos e avaliando resultados associados. Essas análises são categorizadas de acordo com o método
utilizado para avaliar os resultados.
ACB: Se os resultados são medidos em valor monetário, o estudo é chamado de Análise de Custo-
Benefício.
ACE: Se os custos são medidos em unidades naturais (por exemplo, curas, anos de vida, pressão arterial),
o estudo é chamado de Análise de Custo-Efetividade.
Custos Diretos Não Clínicos: Relacionados ao tratamento, mas não clínicos (ex: transporte,
alimentação).
Um exemplo de análise de custos inclui os gastos de uma cirurgia, que podem envolver custos diretos
médicos, não médicos, indiretos e intangíveis. A maioria dos estudos costuma relatar apenas os custos
médicos diretos, que podem ser suficientes dependendo do objetivo da pesquisa.
Perspectiva do Estudo
A perspectiva adotada no estudo é crucial. A teoria econômica sugere que a melhor perspectiva é a da
sociedade, que abrange custos para pacientes, seguradoras e perda de produtividade. Entretanto, as
perspectivas mais comuns nos estudos farmacoeconômicos são:
Avaliação de Resultados
Os métodos para medir resultados (lado direito da equação) incluem AMC, ACB, ACE e ACU. Cada
método possui vantagens e desvantagens:
AMC: Simples, mas só pode ser usado quando os resultados são equivalentes.
ACB: Permite a comparação de alternativas com resultados diferentes, mas é difícil atribuir
valores monetários a resultados como dor e sofrimento.
ACE e ACU: Consideram resultados em termos de utilidade e qualidade de vida. A ACU utiliza
QALYs, mas é desafiador determinar um valor preciso e essa medida não é amplamente
aceita.
Existem três métodos para determinar QALYs: Escalas de Avaliação, Aposta Padrão e Compensação de
Tempo. Cada método busca capturar as preferências dos pacientes em relação a diferentes estados de
saúde.
Alternativa 1: É o tratamento com dois resultados possíveis: o retorno à saúde normal ou a morte
imediata.
A probabilidade (p) de morrer em uma alternativa é ajustada até que o indivíduo se torne indiferente
entre duas opções de tratamento. Por exemplo, se uma pessoa enfrenta a escolha entre um transplante
de rim, que apresenta 20% de chance de morte durante a operação (alternativa 1), e a diálise para o
resto da vida (alternativa 2), esse percentual é o ponto de indiferença. Se a probabilidade de morte for
superior a 20%, a pessoa não optaria pelo transplante. Neste caso, o QALY é calculado como 1 - p,
resultando em 0,8 QALY.
A terceira técnica para medir as preferências de saúde é o método de Compensação de Tempo (CT),
onde a pessoa é apresentada com duas alternativas:
Custos devem ser ajustados para o ano atual se forem baseados em dados coletados há mais de
um ano ou projetados para o futuro.
O ajuste por "desconto" é necessário, pois o valor do dinheiro no tempo implica que um real
recebido hoje vale mais do que um recebido no futuro.
A taxa de desconto considera a inflação e as taxas de juros, permitindo calcular o valor presente
das despesas e economias futuras, utilizando a fórmula: fator de desconto=1(1+r)n\text{fator
de desconto} = \frac{1}{(1 + r)^n}fator de desconto=(1+r)n1.
Análise de Custo-Efetividade (ACE):
Exemplo Prático:
Considerações Finais: