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Art Opiniao

O documento apresenta uma sequência didática para trabalhar o gênero textual artigo de opinião com alunos, incluindo atividades de leitura, produção e discussão sobre temas polêmicos como a redução da maioridade penal e a legalização do aborto. Os objetivos incluem diagnosticar conhecimentos prévios, identificar características do gênero e promover a argumentação. A proposta culmina na criação de um mural 'Seção Opinião' para expor os textos produzidos pelos alunos.

Enviado por

Renata Rocha
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Art Opiniao

O documento apresenta uma sequência didática para trabalhar o gênero textual artigo de opinião com alunos, incluindo atividades de leitura, produção e discussão sobre temas polêmicos como a redução da maioridade penal e a legalização do aborto. Os objetivos incluem diagnosticar conhecimentos prévios, identificar características do gênero e promover a argumentação. A proposta culmina na criação de um mural 'Seção Opinião' para expor os textos produzidos pelos alunos.

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Apresentação da situação comunicativa e Produção inicial

Objetivos: Expor aos alunos a proposta que será desenvolvida ao longo das oficinas;
Diagnosticar os conhecimentos dos educandos sobre o gênero textual
proposto.
Nesta oficina, o/a professor/a deverá descrever aos alunos, detalhadamente, a
proposta e a finalidade do trabalho com o gênero textual artigo de opinião em que o
suporte será um mural intitulado Seção Opinião, construído na sala de aula, onde
serão fixados os textos produzidos pelos alunos e os textos de outras atividades
propostas, para a leitura dos interessados que circulam nesse ambiente.

A situação comunicativa aborda as questões: Qual é o gênero abordado? A


quem se dirige a produção? Quem participará da produção? Com que objetivo? Que
forma assumirá a produção?

1 – Leia os textos abaixo.

15/05/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1762-20130515
Redução da maioridade penal
Com o devido respeito à opinião de cada cidadão relativo à redução da
maioridade penal, não vejo solução no combate à criminalidade a simples redução
da maioridade penal. Até porque encher cadeias e educandários de delinquentes
não resolverá o problema, ao contrário, aumentarão os gastos com construções de
mais estabelecimentos prisionais, alimentação, funcionalismo público, desvio de
verbas e tantos outros gastos que estamos calejados de saber e pagar. Vejo como
única e necessária solução, embora a longo prazo, mas que carece ser iniciada já, a
escolaridade em tempo integral, desde a iniciação escolar, com inclusão de esporte
de qualidade, educação religiosa, ensinamentos básicos constitucional e político,
para que passe a ser realmente construídos homens, ao invés de reformá-los.
REGINALDO ARCEBISPO DE SÁ (serventuário da Justiça) – Londrina.

19/04/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2216-20130419&tit=opiniao +do+leitor


Redução da maioridade já
Os crimes cometidos pelos menores de idade, principalmente daqueles
situados entre 16 e 18 anos, já romperam todos os limites suportáveis. A sociedade
brasileira, insegura e assustada, necessita de medidas urgentíssimas para conter
essa banalização da morte de inocentes. Os defensores da atual situação mais
teorizam e filosofam do que apresentam soluções práticas e objetivas. O Estatuto da
Criança e do Adolescente, criado há 23 anos, é ineficiente. O Estado falha em
educação, saúde, na ressocialização dos infratores e não dá sinais que isso vai
melhorar. Uma pessoa de 16 anos tem vontade própria, pode recusar ir à escola e
ninguém é responsabilizado, está apto a votar e já tem maturidade psíquica. Estudos
do Unicef mostram que dos 40 países mais avançados em direitos das crianças e
dos adolescentes, apenas Colômbia, Peru e Brasil adotam a maioridade de 18 anos.
Na Argentina é 16; no Egito, 15; no Japão e na Alemanha, 14; na França, 13; e na
África do Sul, 7. Reino Unido e USA adotam a capacidade psíquica, em vez da
idade, que varia de 7 a 10 anos. Por isso, não há razão plausível para "demonizar" a
redução da maioridade penal no Brasil.
LUDINEI PICELLI (administrador de empresas) – Londrina

2- Com base na leitura dos textos você irá produzir um artigo de opinião, ou seja, um
texto argumentativo em qual deverá expor sua opinião e defendê-la com argumentos
convincentes ao leitor do seu texto. De acordo com o assunto abordado nos textos,
você deverá opinar sobre: A redução da maioridade penal de 18 para 16 anos
reduzirá a criminalidade? O seu texto deverá apresentar um título e conter, no
mínimo 15, e no máximo, 25 linhas.

O/A professor/a deverá conscientizar os alunos de que essa produção servirá


para norteá-los ao que sabem ou não sabem, quanto ao gênero artigo de opinião,
pois as dúvidas apresentadas serão trabalhadas passo a passo nas próximas
oficinas. O professor fará comentários sobre as produções.

3- Troque seu texto com um colega de classe para fazer uma leitura com sugestões
de melhoria. Para dúvidas de ortografia, consulte um dicionário ou professor/a.

4- Produzir um mural, intitulando-o “Seção Opinião”, fixá-lo na parede da sala de


aula ou outro lugar na escola e expor os textos produzidos.

Apresentando o gênero textual Artigo de Opinião

Objetivos: Ter contato com o artigo de opinião;


Identificar entre diversos textos o artigo de opinião;
Reconhecer o gênero em seu suporte, jornal e revista (impresso e digital).

Para trabalhar esta oficina o/a professor/a deverá providenciar com


antecedência os materiais e recursos necessários. Questionar os educandos sobre o
artigo de opinião e auxiliá-los nas atividades propostas. Expor no mural os vários
exemplos de artigos de opinião desta oficina.

O que é artigo de opinião?


É um gênero discursivo que defende um ponto de vista sobre um tema
geralmente polêmico, buscando convencer o leitor. É sempre assinado e pode ser
escrito em primeira pessoa.
 É escrito por jornalista ou colaborador de jornal ou revista, considerado autoridade
na área/tópico.
 O propósito é de convencer o leitor a aderir à posição tomada pelo autor.
 Circula, em âmbito geral amplo, em jornais e revistas (impressos ou virtuais).
 É publicado diariamente, semanalmente, quinzenalmente, mensalmente, de acordo
com a periodicidade do veículo.
 Os leitores são principalmente adultos, com um nível de instrução médio ou
superior (profissionais, aposentados, estudantes etc.) A leitura serve para informar e
formar opinião sobre temas polêmicos.
 Possível influência da leitura é tomada de posição alinhada com a do autor, ou
contrária a ela, quando os argumentos não forem convincentes.
 As reações em resposta à leitura serão comentários nos círculos de convívio e
manifestação ao veículo através de e-mail ou carta do leitor. (Cf. FONTANA,
PAVIANI, PRESSANTO, 2009, p. 147)

1- Em dupla, leiam os diversos textos e identifiquem entre estes o artigo de opinião.


(carta do leitor, notícia, artigo de opinião, charge, anúncio publicitário etc.).

2- Leiam os artigos de opinião identificados na atividade anterior e respondam às


seguintes questões:
a) Qual é o veículo de circulação em que o artigo de opinião foi publicado?
b) Quem o escreveu? Quais outras informações há sobre o autor?
c) Qual é o assunto principal tratado no artigo de opinião ?
d) Em relação à data de publicação o assunto é atual ou ultrapassado?
Comente.
e) O texto está relacionado a alguma notícia (fato) desse período? Qual?
f) Para que tipo de leitor o artigo de opinião é destinado?
g)Com que objetivo o assunto é abordado?

3- Localizem no jornal o artigo de opinião e observem a página em qual está


disposto. Como ela está intitulada? Quais outros gêneros discursivos compõem
a página? Qual é a relação entre esses textos?

4- Apresentar à classe o jornal digital, com o uso de data show, evidenciando os


textos argumentativos que compõem uma seção especial e destacando o artigo
de opinião.

Da informação à opinião
Objetivos: Relacionar e diferenciar informação/fato de opinião.

1- Leia e compare os seguintes textos:

Texto 1

30/04/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--3557-20130430
LEGISLAÇÃO - Reforma do Código Penal levanta polêmicas
O anúncio do Conselho Federal de Medicina (CFM) defendendo a legalização
do aborto até a 12ª semana de gestação por decisão da mulher suscitou com fervor
a discussão sobre as mudanças que podem ocorrer com a reforma do Código
Penal (CP). O projeto está na fase de elaboração do relatório com a realização de
audiências públicas. A iniciativa tem causado polêmica e é alvo de várias críticas
de entidades e da própria comunidade jurídica, que apontam que o teor não foi
amplamente discutido com a sociedade.
Entre as reformulações que causaram reação imediata estão a
descriminalização do uso e porte de drogas, novas hipóteses de aborto legal,
tipificação de crimes cibernéticos, terrorismo e jogos de azar, criminalização do
preconceito contra estrangeiro, ao que vem de outra região do país ou ao
homossexual, e especificação do crime de eutanásia.
Outras mudanças importantes são o aumento da pena máxima para até 40
anos, redução de pena para os que trabalharem na prisão, criminalização do
abandono de animais, do bullying, do jogo do bicho e do "enriquecimento ilícito",
além de penas mais duras para quem cometer calúnia, injúria ou difamação através
de meios de comunicação.
Para o advogado Gabriel Bertin, de Londrina, o modelo atual precisa de
mudanças, mas "há grandes chances de o projeto não ser aprovado pela conturbada
situação que se instalou". "Em bens jurídicos que tratam da vida (aborto e eutanásia)
é normal que aspectos ideológicos e religiosos sejam colocados em questão. Mas o
código deve refletir a vontade da maioria", destaca.
Criado em 1940, é o conjunto de leis que visa a um só tempo defender
os cidadãos e punir aqueles que cometam crimes e infrações. Já passou por
várias modificações com o propósito de modernizá-lo.
Reuniões em que a população pode debater sobre as mudanças de leis
que envolvem a administração pública.

Texto 2

09/06/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1067-20130609
Fim da polêmica sobre o aborto
O Conselho Federal de Medicina (CFM) enviou ao Legislativo o seu
posicionamento a respeito do aborto no último dia 21 de março. Segundo consta no
documento, o CFM propõe a criação de "causas excludentes de ilicitude". Deixando
o eufemismo de lado, a situação prática é deixar a decisão do aborto para cada um.
É de causar espanto que uma entidade como CFM tenha emitido esse
documento. Mais do que qualquer outro profissional, o médico sabe que realizar um
aborto é a última opção considerada pela mulher que o pratica. É considerado
mesmo a falta de opção. Se uma consulta de rotina ao ginecologista já é um
procedimento desconfortável, imaginemos o contexto da mulher se encaminhando
para a realização do procedimento abortivo.
Se existe realmente uma preocupação com a integridade feminina, se
efetivamente se quer dar à mulher o direito de escolha, então o óbvio é dar-lhe a
opção de engravidar ou não. Porque uma vez havendo a gestação e feita a opção
pelo aborto, não há ninguém, absolutamente ninguém, que possa assegurar a essa
mulher a ausência de sequelas, físicas ou psicológicas, após o aborto. Todo
procedimento médico, clandestino ou legalizado, envolve diversos riscos, desde
infecções hospitalares a erros de conduta, sem falar no impacto psicológico,
impossível de ser dimensionado e muitas vezes ignorado.
A polêmica sobre o aborto precisa ter um fim. É inquestionável que é muito
melhor evitar uma gestação não programada do que decidir sobre o aborto. Aos que
pensam ser o aborto a melhor solução, considerem que estarão contribuindo muito
mais para a integridade feminina se aplicarem suas energias na prevenção da
gravidez indesejada. Mais fácil, mais barato, mais eficiente, mais inteligente e isento
de sequelas físicas e psicológicas.
Seria de se esperar que o CFM atuasse com uma bandeira de vanguarda, na
raiz do problema. O cerne da questão é a necessidade urgente de uma educação
adequada, para que a sexualidade seja compreendida e vivenciada de modo
saudável e responsável. Falando em educação sexual, não estamos nos referindo
somente às aulas, mas no diálogo franco e aberto, no aproveitamento das imensas e
gratuitas oportunidades de comunicação da internet, das redes sociais, dos vídeos
didáticos, etc. Quantos vídeos didáticos, extremamente úteis, poderiam ser
disponibilizados pelo CFM na internet, a custo zero?
É importante ressaltar que para os casos de riscos à saúde materna, já há
protocolos e procedimentos estabelecidos para aplicação imediata. Portanto, a
questão aqui se trata da nossa postura, enquanto sociedade, para a situação
massiva de gravidez não planejada. Se realmente queremos preservar e respeitar a
mulher, o caminho verdadeiro é o da prevenção da gestação indesejada. Esta é a
solução adequada. Chega de propostas "tapa-buracos".
Vamos encarar a questão do modo mais racional. Independente de
convicções religiosas, biológicas, jurídicas ou qualquer outra, a primeira opção para
priorizar a mulher, sua vontade, seu corpo, seus direitos é dar-lhe plenas condições
de decidir quando e se quer engravidar. Esta questão deve ser a grande proposta
para nossa sociedade. Ao invés de nos desgastarmos sobre o que fazer com a
gravidez indesejada, vamos todos aproveitar nosso tempo e nossa energia com a
bandeira de prevenir a concepção, pois assim, certamente, a mulher terá sua melhor
condição de escolha e respeito.
MARCELO SENEDA é doutor em biotecnologia da reprodução, pós-doutorado
em epigenética de gametas e professor da Universidade Estadual de Londrina.

2- Responda as questões com base na leitura dos textos 1 e 2.


a) O texto 1 é um tópico de uma reportagem. Qual é a sua finalidade?
b) Há palavras, no texto, que você desconhece os seus significados? Destaque-
as e procure-as no dicionário.
c) Qual é a função do trecho em destaque no final do texto?
d) No texto há opinião sobre o fato ou apenas noticia mostrando sua
repercussão?
e) Por que as reformulações do Código Penal são consideradas polêmicas?
f) Das reformulações citadas no texto, qual você considera a mais relevante?
Por quê?
g) Qual das reformulações propostas você considera menos importante? Por
quê?
h) O texto 2 é um artigo de opinião. O que o título do texto sugere?
i) No 1º. parágrafo, o que quer dizer “Deixando o eufemismo de lado”?
j) O articulista manifesta-se favorável ou contra a questão levantada?
k) Identifique e grife, no texto 2, os trechos que indicam que o articulista teve
contato com o fato e os que constituem a opinião dele.
l) Na opinião do autor, qual é a possível solução para o problema discutido?

Questões Polêmicas e Argumentação

Objetivos: Identificar e formular questões polêmicas.


Estabelecer uma definição de argumentação.

1- Discuta com os colegas e o professor: o que é uma questão polêmica? Anote a


conclusão.

2- Identifique e elabore questões consideradas polêmicas.


Na escola:
No bairro:
No município:

3- Retome o texto 1 (oficina 3). Entre os itens de reforma do Código Penal, formule
as possíveis questões polêmicas.

4- Identifique e elabore outras questões polêmicas universais, por exemplo, as que


referem ao meio ambiente, comunicação virtual, comportamento etc.
5- Troque as questões entre os colegas para avaliar se as questões são mesmo
polêmicas e discuta se realmente estão bem formuladas.

O/A professor/a deverá discutir com os alunos sobre as questões polêmicas,


reformulando-as se necessário. Poderá fazer exposição no mural da sala de aula.

6- Discuta com seus colegas e professor: o que é argumentação? Qual é a


importância da argumentação no nosso dia a dia? Anote sua conclusão.

O professor poderá apresentar a definição segundo PERELMAN (apud


FONTANA et al, 2009) e ir além com outras informações, buscando promover uma
discussão.
A argumentação pode ser entendida como uma função da linguagem ou um
modo de organizar o discurso para conseguir a adesão do nosso interlocutor.
Já que todas as ações realizadas por meio da linguagem têm intencionalidade,
argumentar é orientar o discurso para determinadas conclusões. Usando a
argumentação podemos convencer (visando à razão, por meio de raciocínio lógico e
de provas objetivas) ou persuadir (atingindo a vontade e a emoção, por meio de
argumentos subjetivos).

7- Dinâmica argumentativa: (Os alunos selecionam uma questão polêmica, o


professor solicita ao aluno A que diga um argumento favorável à questão
polêmica, ao aluno B que diga um argumento contra a questão e ao aluno C que
diga com qual dos dois concorda e por quê. A dinâmica terá continuidade com a
solicitação de novos argumentos. O professor comentará os argumentos
apresentados).

8- Escolha uma das questões polêmicas (atividade anterior) e escreva um


argumento em defesa do seu ponto de vista (tese).

Caracterizando o Artigo de Opinião


Objetivos: Reconhecer as características do artigo de opinião;
Analisar a organização textual de um artigo de opinião.

Estrutura textual prototípica do artigo de opinião


Texto argumentativo, apresentando uma ou mais teses (posições) sobre um tema,
geralmente, combinadas com argumentos para defendê-las (evidências, provas,
exemplos, citações).
 Contextualização inicial (abordagem geral), detalhamento, problema, análise, tese,
argumentos, conclusão (idéia geral ou convite à ação). (FONTANA et al, 2009, p.
147)

Tipos de argumentos
(O professor apresentará os conceitos disponíveis no endereço abaixo)

http://cidinhasantosfernandes.blogspot.com.br/2011/05/tipos-de-argumentos-e-
elementos.html

1- Em dupla, leiam o artigo de opinião abaixo.

10/07/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--1245-20130710&tit=espaco +aberto


Aborto e a educação sexual
A educação sexual foi apontada, no artigo de "Fim da polêmica sobre o aborto"
(Espaço Aberto, 9/6), como sendo a alternativa eficaz para se pôr fim ao problema
do aborto. De fato, ela pode contribuir, significativamente, para reduzir o número de
gravidezes não planejadas. Contudo, para alcançarmos um nível satisfatório de
educação sexual, precisaríamos do envolvimento real dos órgãos municipais e
estaduais de educação e das universidades, com investimentos em formação inicial
e continuada dos educadores. Além disso, seria imprescindível oferecer ao educador
assessoria de profissionais especializados. Trabalho há mais de 20 anos, com a
formação de educadores sexuais, na Universidade Estadual de Londrina, e posso
afirmar, com tristeza e convicção: o Brasil está longe, muito longe, de um quadro
satisfatório nessa área.
Portanto, considero utópico creditar à educação sexual o potencial de
modificar a realidade de abortos clandestinos, pois, ainda que tivéssemos uma
situação idealmente positiva em relação à educação sexual, isso, por si só, não se
apresentaria como uma solução para a questão. E por que não? Porque, segundo
estudos feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), todos os métodos
contraceptivos apresentam falhas, inclusive, a laqueadura e a vasectomia. Além
disso, o índice de estupros é altíssimo e há fatores de ordem inconsciente que levam
uma mulher a engravidar sem planejar.
Em todos os tempos, a mulher tem sofrido não só com o cerceamento de sua
autonomia como também com penalizações e culpabilizações de toda ordem que
recaem sobre ela. Lembro-me de um caso que me foi relatado em uma palestra que
ministrei: uma estudante de Pedagogia contou que era a quarta filha de uma família
e que, quando tinha 5 anos, sua mãe engravidou e submeteu-se a um aborto, vindo
a falecer. Os boatos que surgiram, na época, sobre tal fato, imagino que diziam mais
ou menos assim: "Viu só?! Pecou e foi castigada!". Mas outra leitura pode ser feita
da situação: "Se essa mãe vivesse em um país em que o aborto fosse um direito e
pudesse ser realizado em condições de segurança, não teria deixado órfãos seus 4
filhos!".
A 4ª Conferência Mundial da Mulher, em Beijing, na China, em 1995,
recomendou "a todos os países a revisão das leis punitivas em relação à realização
de abortos ilegais" e reconheceu "o aborto como uma questão de saúde pública",
pois este é feito clandestinamente, o que gera mortes ou sequelas físicas e mentais
para a mulher. No Brasil, que foi signatário deste compromisso, a estimativa é que
aconteçam cerca de um milhão de abortos clandestinos por ano, e as mulheres
pobres são as mais prejudicadas, pois quem tem dinheiro paga mais e corre menos
risco. A OMS também recomenda aos países que autorizem a interrupção da
gravidez em condições de segurança e que preservem a saúde física e psíquica da
mulher. Nas regiões onde o aborto é permitido não se constatou aumento em seu
índice.
O presidente do Uruguai, José Mujica, em outubro do ano passado, ao
descriminalizar o aborto em seu país, afirmou: "É mais inteligente não proibir!". A
presidente Dilma está se acovardando diante deste assunto, pois sabemos que a
postura dela seria em prol da autonomia da mulher. Prefere calar-se para não perder
a aceitação à popularidade. É uma omissão que ficará na história da única
presidente mulher que o país já teve.
Penso que se o aborto for descriminalizado e equipes de profissionais de
apoio forem capacitadas, muitas mulheres que optariam por abortar talvez não o
façam, pois passarão a ter com quem dividir seu desespero. O tema aborto precisa,
sim, ser debatido, ser compreendido, pois é um sério problema social para o qual
não podemos fechar os olhos.
MARY NEIDE DAMICO FIGUEIRÓ é psicóloga, doutora em Educação e
professora sênior da Universidade Estadual de Londrina.

2- Observe que a articulista levanta uma questão polêmica e apresenta uma


posição de acordo com o seu ponto de vista e na tentativa de convencer o leitor
a concordar com sua opinião, defende-a com argumentos, ou seja, o texto é
argumentativo. Responda as seguintes questões:
a) Qual é a questão polêmica discutida no texto?
b) A questão polêmica é socialmente relevante? Por quê?
c) Por se tratar de um texto argumentativo, a autora procura defender uma tese.
Qual é a tese (opinião) defendida?
d) Identifique no texto as partes que o compõem: Introdução (contextualização
inicial); desenvolvimento (detalhamento, argumentos etc.) e conclusão.
e) Quais são os argumentos usados para defender a tese?
f) No texto, há alguma referência a posições anteriores? Identifique-a.
g) O artigo apresenta estratégias argumentativas como a refutação
(contestação) e uso de citações? Grife-as no texto.
h) Analise e classifique os tipos de argumentos usados pela autora.

O artigo de opinião e os mecanismos linguísticos

Objetivos: Analisar a argumentação do autor;


Conhecer palavras e expressões que organizam um texto argumentativo.

Mecanismos linguísticos do artigo de opinião


 Apresentação de informações e ideias de outros autores (citação direta ou indireta,
a partir de verbos de dizer e expressões de conformidade: segundo fulano; de
acordo com sicrano; fulano diz/afirma/adverte/contrapõe/argumenta/questiona...).
 Emprego de conectores que introduzem argumentos (já que, visto que, pois, posto
que, dado que).
 Emprego de conectores que acrescentam argumentos (também, e, além disso,
mais, ainda).
 Emprego de conectores que expressam oposição (no entanto, mas, porém,
contudo, todavia) ou concessão (embora, apesar de).
 Emprego de conectores que expressam conclusão (portanto, assim, assim sendo,
deste modo).
 Predomínio do uso do presente do indicativo. ( FONTANA et al, 2009, p. 147)

1- Leia o artigo de opinião abaixo:

24/04/2013 http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2789-20130424
Causas estruturais da violência juvenil
O estudo das causas do fenômeno da violência é controvertido. Desde os
primórdios da formação da sociedade e do Estado vários estudiosos buscaram
compreender a natureza humana e suas lutas e o papel que o Estado deveria
desempenhar nesse contexto. Alguns basearam-se na natureza maldosa do ser
humano, outros na formação do indivíduo a partir de sua relação com a sociedade.
Na atualidade, discute-se demasiadamente a violência praticada por jovens
relacionando-a as leis específicas que delimitam a imputabilidade penal aos
menores de 18 anos. Em momentos de comoção, faz-se necessário a centralidade
nas causas desse fenômeno, evitando o sensacionalismo ou as soluções que
aparentemente aparecem como mágica, como a redução da idade penal. Vale a
pena ressaltar que o Brasil contou, por décadas, com uma lei discriminatória e
punitiva que deixou evidenciado que não resolve o problema.
Precisamos encarar a questão a partir da estrutura da nossa sociedade
capitalista, em sua organização em classes, com interesses inconciliáveis. Com a
expansão do capitalismo, expandiu-se juntamente o consumismo, ideologia que
mantém o capital, repassada de forma global sem distinção. Assim o impulso de
consumir está presente em todas as classes, sendo que todos buscam adquirir bens
de consumo. No entanto, o poder de aquisição não é o mesmo.
A sociedade contemporânea está baseada no ter e não no ser. Esse contexto
tem um impacto especial sobre os adolescentes que, impulsionados pelo possuir,
procuram formas de adquirir bens e serviços e, muitas vezes, questionam e invadem
a propriedade privada alheia.
Para minimizar essas sequelas tão evidentes e amenizar o conflito entre as
classes, é chamado o Estado. Vários teóricos buscaram explicar seu papel nesse
contexto. Thomas Hobbes delimitou que o homem era mal por natureza, egoísta e
imoral. Para ele, os homens não respeitam uns aos outros, conduzindo-se a um
estado permanente de guerra. Dessa instabilidade surge a necessidade de uma
força soberana - no caso o Estado - que por meio da repressão coloque ou imponha
a paz e a segurança a todos. Todavia, outros teóricos como Marx, nos trouxeram
que o homem é produto de seu meio, sendo um ser sócio histórico e que o Estado,
apesar de sua aparência neutra, mantém e reproduz a desigualdade.
Podemos de fato acreditar na maldade do ser humano que somente busca a
fama, a glória e o poder e criar leis muito severas já para a criança que cometer
algum ato infracional. Basta saber para quem serão aplicadas e para qual classe
social. Ou temos a opção de encarar a realidade que nenhum adolescente nasce
com uma arma na mão, sendo delineado a partir de suas relações pessoais e
influência de uma sociedade que prega, por exemplo, que para ser incluído
socialmente é necessário usar uma roupa de marca e que o Estado de fato somente
repassa os mínimos sociais, o que mantém a classe subalterna viva, porém, não
diminui a desigualdade social.
Não existe mágica e solução a curto prazo, por mais que todos desejem.
Somente políticas eficazes que ofereçam de fato os direitos igualitários e
perspectivas de ascensão social poderão trazer alternativas, pois o sistema está
imposto e não mudará. No caos a que chegamos todos, em algum dado momento,
se tornam vítimas: sejam das condições discriminatórias e precariedade diária ou
pela violência brutal que invade famílias, destrói vidas e choca a todos. A punição
severa poderá trazer a falsa sensação de justiça, porém a história já demonstrou
que não resolve.
JACQUELINE MARÇAL MICALI é mestre em Políticas Sociais e assistente
social em Londrina e Cambé.

2- Com base na leitura do texto responda as seguintes questões:


a) Qual é a questão polêmica de fundo tratada no texto?
b) A autora manifesta-se favorável ou contra essa questão?
c) Qual é a tese defendida por ela no texto?
d) Qual é o principal tipo de argumento usado pela articulista?
e) Qual é a relação entre a função social da articulista e a tese defendida por ela?
f) De que forma a articulista apresenta as citações em seu texto? Para que
servem essas citações?
g) Destaque no texto os conectivos usados pela autora e identifique a ideia que
cada um expressa.
h) Substitua o conectivo do último período do texto, mantendo um sentido
adequado.
i) Em dupla, procurem em jornais, revistas ou internet um artigo de opinião,
analisem-no em todos os aspectos constituintes do gênero e apresentem-no à
classe. Vocês poderão usar a tv pendrive ou data show para a apresentação.
Depois, vocês deverão fixá-lo no mural.

Pesquisar para produzir

Objetivos: Obter informações sobre uma questão polêmica de livre escolha;


Apresentar os resultados da pesquisa à classe.

1- Escolha uma das questões polêmicas levantadas em atividades anteriores ou


outra se preferir e faça uma pesquisa focalizando o assunto sobre o qual irá
produzir o seu texto, você deverá buscar informações como: pontos de vistas de
diferentes autoridades no assunto, dados histórico-culturais, dados estatísticos,
causas e consequências, exemplos de acontecimentos e leis. (atividade
extraclasse)

2- Organize sua pesquisa fazendo uma síntese das informações consideradas


mais importantes, necessárias para a construção de argumentos consistentes,
ou seja, bem fundamentados na produção do seu texto. Não esqueça de citar as
referências.

3- Apresente à classe a síntese da sua pesquisa. Você poderá usar a tv pendrive


ou data show.

Produção final e Refacção textual

Objetivos: Produzir um artigo de opinião;


Analisar e reescrever o texto.

1- Com base na questão polêmica sobre a qual você pesquisou, produza o seu
artigo de opinião, planejando-o de acordo com as seguintes perguntas:
_ Que aspecto da questão polêmica você irá discutir?
_ Qual opinião (tese) será defendida?
_ Quais argumentos serão usados para defender o seu ponto de vista (tese)?
_ De quais fatos (acontecimentos) ou dados você irá partir?
_ O que escreverá na introdução de forma que contextualize a discussão?
_ Como serão desenvolvidos os argumentos?
_ Como será concluído o seu texto?
_ Que título será adequado de forma que situe o leitor sobre a tese (opinião)
defendida e desperte o interesse pela leitura do seu texto?
_ Seu texto deverá conter no mínimo 15, e no máximo, 25 linhas.

2- Releia o seu texto, troque-o com um colega, faça comentários e sugestões no


texto dele e ele fará o mesmo em seu texto, com base nas perguntas abaixo,
faça uma autoavaliação e depois, reescreva-o.

_ O título está adequado e interessante?


_ A questão polêmica está indicada claramente?
_ Os argumentos apresentados são consistentes?
_ Considerou pontos de vista opostos para construir seus argumentos?
_ São usadas palavras ou expressões que estabelecem conexões entre as
partes do texto?
_ A conclusão reforça a posição defendida?
_ Tirou as dúvidas quanto à ortografia e pontuação?
_ Evitou repetições desnecessárias?
_ Fez a organização dos parágrafos do texto (introdução, desenvolvimento,
conclusão)?

3- Entregue o seu texto ao/à professor/a para fazer uma correção final. Finalmente,
digite o seu texto para exposição no mural, “Seção Opinião”, exposto na sala de
aula.

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